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Durkheim: consciência coletiva Texto de Gilberto Cotrim em: Fundamentos de Filosofia. Boa parte dos conteúdos que preenchem a cada instante da nossa consciência são informações que nos chegam de fora já “prontas”, podendo ser “processadas” depois no contexto de novas experiências. Freud (1856 1939) chamou atenção para o fato de que muitos desses conteúdos absorvidos por nós desde a mais tenra infância, mesmo não sendo totalmente conscientizados acabam mudando nossa consciência moral (noção de como se deve agir) e nosso eu ideal (a pessoa que queremos ser) (...). Sigmund Freud. Fonte: http://www.arautoveritatis.com/2011/05/terapia-anti-freud-marx-e-etc.html Trata-se das normas e visões de mundo que aprendemos da família e do meio social a que pertencemos. Em seu conjunto, podemos dizer que esses elementos culturais constituem outro tipo de consciência, que é coletiva, como aponta um contemporâneo de Freud, o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917): “O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema determinado que tem vida própria; poderemos chamá-lo consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por substrato um órgão único; é, por definição, difusa em toda extensão da sociedade; mas não deixa de

CONSCIENCIA COLETIVA ATIVIDADES

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Consciência coletiva

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  • Durkheim: conscincia coletiva

    Texto de Gilberto Cotrim em: Fundamentos de Filosofia.

    Boa parte dos contedos que preenchem a cada instante da nossa conscincia so

    informaes que nos chegam de fora j prontas, podendo ser processadas depois no

    contexto de novas experincias. Freud (1856 1939) chamou ateno para o fato de que

    muitos desses contedos absorvidos por ns desde a mais tenra infncia, mesmo no

    sendo totalmente conscientizados acabam mudando nossa conscincia moral (noo

    de como se deve agir) e nosso eu ideal (a pessoa que queremos ser) (...).

    Sigmund Freud.

    Fonte: http://www.arautoveritatis.com/2011/05/terapia-anti-freud-marx-e-etc.html

    Trata-se das normas e vises de mundo que aprendemos da famlia e do meio social a

    que pertencemos. Em seu conjunto, podemos dizer que esses elementos culturais

    constituem outro tipo de conscincia, que coletiva, como aponta um contemporneo

    de Freud, o socilogo francs mile Durkheim (1858-1917):

    O conjunto das crenas e dos sentimentos comuns mdia dos membros de uma

    mesma sociedade forma um sistema determinado que tem vida prpria; poderemos

    cham-lo conscincia coletiva ou comum. Sem dvida, ela no tem por substrato um

    rgo nico; , por definio, difusa em toda extenso da sociedade; mas no deixa de

  • ter caracteres especficos que fazem dela uma realidade distinta. Com efeito,

    independente das condies particulares em que os indivduos esto colocados; eles

    passam, ela permanece. a mesma no norte e no sul, nas grandes e pequenas cidades,

    nas diferentes profisses. Da mesma forma, no muda a cada gerao, mas ao contrrio,

    liga umas s outras as geraes sucessivas. Portanto completamente diversa das

    conscincias particulares, se bem que se realize somente entre indivduos. Ela o tipo

    psquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, suas condies de existncia, seu

    modo de desenvolvimento, tudo como os tipos individuais, embora de uma outra

    maneira. (Da diviso do trabalho social, p. 40).

    mile Durkheim

    Fonte: http://www.consciencia.org

    Durkheim concebe, portanto, a existncia de uma conscincia coletiva como

    uma realidade distinta do indivduo, no sentido de que no minha nem sua, no

    pessoal, no nasce de ns individualmente. Ela pertence a um ou outro grupo social

    ou sociedade inteira e passa de gerao em gerao, podendo ser estudada como um

    fenmeno especfico. No entanto, como a conscincia coletiva absorvida por cada um

    de ns e opera tambm dentro da nossa mente, ela passa a ser nossa tambm.

    Quando dizemos, por exemplo, Precisamos de cidados mais conscientes,

    Agiu de acordo com sua prpria conscincia ou Eu no tinha conscincia, estamos

    falando de uma conscincia individual como um saber que envolve no apenas possuir

    uma informao, mas tambm sentir que essa informao a mais adequada. E esse

    sentido de adequao dado, de modo geral, pela conscincia coletiva, que funciona

    dentro de ns como um filtro cultural orientador de nossa percepo: Isso bom,

  • aquilo no ; isso belo, aquilo feio; isso pode, aquilo proibido; isso existe, aquilo

    fico; isso eu vejo, aquilo eu ignoro; e assim por diante. Em consequncia, teramos

    dentro de ns dois tipos de conscincia, ou, como expressou Durkheim:

    Existem em cada uma de nossas conscincias [...] duas conscincias: uma comum

    com o nosso grupo inteiro e, por conseguinte, no somos ns mesmos, mas a sociedade

    vivendo e agindo dentro de ns. A outra representa, ao contrrio, o que temos de

    pessoal e distinto, o que faz de ns um indivduo. [...] Existem a duas foras contrrias,

    uma centrpeta e outra centrfuga, que no podem crescer ao mesmo tempo. (Da diviso

    do trabalho social, p. 69).

    Isso quer dizer, por exemplo, que se eu penso demais em meus interesses

    pessoais (conscincia individual, fora centrfuga), dando pouco espao mental para

    os interesses dos outros, posso sofrer depois a presso moral advinda do grupo ou da

    sociedade que se v afetada (conscincia coletiva, fora centrpeta). A coeso social

    dependeria, portanto, de acordo com Durkheim, de certa conformidade das

    conscincias particulares conscincia coletiva, a qual expressa principalmente por

    meio das normas morais e das leis, isto , do direito.

    O importante que voc perceba aqui que o que considera sua maneira prpria

    de pensar e observar isto , sua conscincia- est moldada, em grande parte, por sua

    cultura. E que descubra que muitos de seus pensamentos e valores indiscutivelmente

    prprios e verdadeiros podem estar condicionados a um conjunto de construes

    culturais e vises da realidade fornecidas pela sociedade, o qual pode variar no tempo

    (pocas distintas) e no espao (de um lugar para outro).

    Atividade em grupo:

    ALUNOS:

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  • ATENO: Os trabalhos podero ser entregues at os

    dias 26 de Maro (para turmas 204 e 201) e 28 de Maro

    (para turmas 203 e 202).

    1) Procure em notcias exemplos concretos de situaes em que a conscincia

    individual e a conscincia coletiva atuam (ou atuaram) como foras contrrias e:

    a) a prevalncia conscincia individual possa significar (ou significou) uma

    ameaa coletividade;

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    b) a prevalncia da conscincia coletiva possa implicar (ou implicou) a

    impossibilidade de busca da felicidade por um indivduo ou um grupo

    social.

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