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Conselho Editorial desta edição Conselho Científico

Iranilse Pinheiro (Dir. Geral-ESMAC)

Sandra Christina F. dos Santos (UEPA)

Ilton Ribeiro dos Santos (ESMAC)

Silvana de Fatima Oliveira de Almeida

Asmaa Abduallah Hendawy

Rider Moura da Silva

Sônia Ferreira Garcia

Sandra Christina F. dos Santos (ESMAC -UEPA)

llton Ribeiro Santos (ESMAC)

Mário Jorge Santos Pinheiro (ESMAC)

Asmaa Abduallah Hendawy

Maria Do Perpétuo S. Dionízio Carvalho Da Silva

Marco Antonio Rocha dos Remédios

Cândida Assumpção Castro

Rider Moura da Silva

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Direção Geral - ESMAC

Direção Acadêmica SANDRA CHRISTINA F. DOS SANTOS

Divisão de Pesquisa E Extensão– ISE/NUPEX

Coordenador de Pesquisa ISE - NUPEX ASMAA ABDUALLAH HENDAWY

ILTON RIBEIRO DOS SANTOS

Coordenadora de Extensão ISE – NUPEX MARCIA JORGE

Projeto Gráfico da Revista

SANDRA CHRISTINA F. DOS SANTOS ILTONRIBEIRO DOS SANTOS

Ilustração da Capa Textura de papel

Revisão

CÂNDIDA ASSUMPÇÃO CASTRO

Editoração eletrônica Assessoria de Comunicação – ASCOM

RITA DE CÁSSIA RODRIGUES MARTINS ILTON RIBEIRO DOS SANTOS

Editores:

SANDRA CHRISTINA F. DOS SANTOS ILTON RIBEIRO DOS SANTOS

Bibliotecária

MARIANA ARAÚJO

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central/ESMAC, Ananindeua/PA

REVISE – Revista Interdisciplinar da Divisão de Pesquisa/ESMAC – V. 05, n.16 (MAIO/2019) - Ananindeua/PA. Organizadores: Sandra Christina F. dos Santos, Asmaa Abduallah Hendawy, Ilton Ribeiro dos Santos, Cândida Assumpção Castro e Rider Moura da Silva.

Publicado em edição temática; v. 05, n. 16: Ensino Superior. ISSN: 2359-4861 Periódicos brasileiros. I. Escola Superior Madre Celeste. 2. Ananindeua/Pa.

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S U M Á R I O

SÍNDROME DE DOWN E O JOGO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Alex Marques de Vasconcelos Rafael Costa Martins

.......................................................................................................................................................................09 SURDOCEGUEIRA E PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES Rafael Costa Martins

............................................................................................................................. ..........................................23 COMPOSIÇÃO CORPORAL EM ATLETAS DE FUTEBOL DE CINCO Breno Bauer Notargiacomo Costa Lediane Lobato Martins

Anselmo de Athayde Costa e Silva ........................................................................................................................... .........................................35 COMUNIDADES RIBEIRINHAS: PROPOSIÇÕES PARA AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE Eliseu de Sousa Costa,

Breno Lins de Alencar e Silva,

Sônia Sueli Serrão da Silva,

Shirley Aviz de Miranda,

Nádile Juliane Costa de Castro

............................................................................................................................. ..........................................43 AÇÃO EDUCATIVA SOBRE HIGIENE ENTRE ESCOLARES DE UNIDADE EDUCACIONAL RIBEIRINHA: RELATO DE EXPERIÊNCIA Ianny Ferreira Raiol Gabriela Nascimento de Souza Leticia de Souza Rodrigues Marina Pereira Queiroz dos Santos

Nicole Râmilly de Oliveira Lameira Shirley Aviz de Miranda

.......................................................................................................................................................................55

NÍVEIS DE EXPOSIÇÃO AO MERCÚRIO EM PEIXES COMERCIALIZADOS NO VER-O-PESO: UMA REVISÃO DA LITERATURA Carolina de Sena Fernandes dos Santos Renata Pacheco Vasconcelos Veloso Helder Douglas Cuimar Moreira Filho Maísa Lima Miranda

Sara Bianca Almeida Luz Thayenne Correia Costa de Souza Renata Novaes da Silva

.......................................................................................................................................................................65

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AUDITORIA COM ENFÂSE EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO Adriana Cristina Nobre Adegas Alan Alves Magalhães Gilvania da Silva Costa Petrus Fabiano Araújo de Oliveira Diogo Willavian Maciel Dantas Flávio Heleno Solano Reis Mário Jorge Santos Pinheiro ............................................................................................................................. ..........................................77

O USO DA FERRAMENTA AUDITORIA EXTERNA NA IDENTIFICAÇÃO DE FRAUDE EMPRESARIAL Francinete Silva Santiago Samera dos Anjos Trindade Suzianne dos Santos Rocha Petrus Fabiano Araújo de Oliveira Diogo Willavian Maciel Dantas Flávio Heleno Solano Reis Mário Jorge Santos Pinheiro

............................................................................................................................. ..........................................89

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Colhe o Dia, porque És Ele Uns, com os olhos postos no passado,

Veem o que não veem: outros, fitos Os mesmos olhos no futuro, veem

O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto — A segurança nossa? Este é o dia,

Esta é a hora, este o momento, isto É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora

Que nos confessa nulos. No mesmo hausto Em que vivemos, morreremos. Colhe

O dia, porque és ele.

Ricardo Reis

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APRESENTAÇÃO

Núcleo de Pesquisa da Escola Superior Madre Celeste/ESMAC tem a

satisfação de apresentar o número 16 da revista interdisciplinar REVISE. É

importante lembrar que esta revista recebe seus artigos por duas vias. A

primeira como resultado de iniciação científica dos cursos de bacharelado e

licenciatura da própria instituição. A segunda via trata-se do edital da

revista publicado todo o início do semestre e aberto para toda a comunidade

de pesquisadores disponíveis a colaborar para um mundo melhor.

Comemoramos nesse ano de 2019 o quinto ano desse periódico; é

uma data festiva para nós da Escola Superior Madre Celeste, pois

acreditamos que essa revista é uma das formas da valorização da educação

superior embasada no tripé ensino, pesquisa e a extensão.

Assim, com os esforços das equipes de profissionais junto com os

alunos e a comunidade ao em torno acreditamos que esse tempo de

divulgação tem nos ajudado no aprimoramento de nossas indagações,

buscando as melhores respostas para o cuidado de uma vida melhor,

Organizadores

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SÍNDROME DE DOWN E O JOGO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Alex Marques de Vasconcelos* Rafael Costa Martins†

RESUMO: O Jogo nas aulas de Educação Física para alunos com Síndrome de Down (SD) trata-se de uma investigação acerca dos benefícios que esse conteúdo da Educação Física pode proporcionar aos alunos com esta síndrome. Objetivou-se analisar como os jogos realizados nas aulas Educação Física pode contribuir para o desenvolvimento desses alunos, promovendo-lhes bem estar e qualidade de vida. Como metodologia foi realizada uma pesquisa bibliográfica acerca dos aspectos históricos e características da SD, seguido de uma análise do Jogo e seus aspectos sociais, bem como, a utilização através de questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, com três professores de Educação Física de duas escolas da Rede Particular de Ensino de Belém/PA. PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Down. Jogo. Educação Física.

INTRODUÇÃO

Segundo Schwartzman (1999, p.3), os primeiros trabalhos científicos sobre

a Síndrome de Down (SD) datam do século XIX; porém, possivelmente ela sempre

esteve presente na espécie humana. Referências claras a indivíduos com a SD

podem ser encontradas na cultura dos Olmecas, tribo que viveu na região que hoje

conhecemos como Golfo do México, de 1500 aC até 300 dC. Achados

arqueológicos nessa região encontraram gravações, esculturas e desenhos de

crianças e adultos com características tais que fazem supor que fossem indivíduos

com a síndrome.

Dados históricos sugerem que os Olmecas acreditavam que estes indivíduos com SD resultassem do cruzamento das mulheres mais idosas da tribo com o jaguar, este último objeto de culto religioso. Desta forma, a criança com SD era

* Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física (ESMAC) e Especialista em Educação Física

Escolar (ESMAC). Graduando-se em Bacharelado em Educação Física e Gestão Esportiva e de Lazer

(FCC). Professor da Educação Básica na Rede particular de Ensino. E-mail: [email protected] † Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física (UFPA) e Mestre em Educação (PPGED/UFPA).

Professor efetivo da SEDUC/PA – Modalidade Educação Especial e do Ensino Superior no curso de

Graduação em Educação Física da ESMAC. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física e

Educação Especial – GEFES. E-mail: [email protected]

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considerada um ser híbrido, deus-humano, e aparentemente cultuado como tal (SCHWARTZMAN, 1999, p. 3).

De acordo com esse mesmo autor, nas sociedades europeias mais antigas,

pessoas com deficiências eram pouco consideradas, e os bebês com quadros mais

evidentes, como aqueles com SD, muito possivelmente eram abandonados para

morrer de inanição (extrema debilidade) ou para serem devorados por animais

selvagens.

Na Grécia Antiga, para os espartanos, os indivíduos com deficiência não

eram tolerados. Justificavam tais atos cometidos contra os deficientes postulando

que estas criaturas não eram humanas, mas um tipo de monstro pertencente a outras

espécies.

Os portadores de deficiência, na Idade Média, foram considerados como produto da união entre uma mulher e o demônio. Lutero, que viveu no século XVI, propunha que a criança deficiente e sua mãe fossem queimadas, pois somente entendia o nascimento de uma criança defeituosa como resultado desta união malévola (SCHWARTZMAN, 1999, p. 4).

Assim, percebe-se que é um campo vasto para investigação, visto que trata-

se de um segmento que cresce cada vez mais no meio social, havendo necessidade

de oferecer melhores condições de vida para essas pessoas e sua inserção no meio

educacional. Dessa forma, cabem maiores investimentos em busca de melhorias em

termos de qualidade de vida, uma vez que se trata de seres humanos com

possibilidades de desenvolvimento de suas habilidades.

Segundo o Movimento Down (2014), existe uma parcela significativa de

alunos com Síndrome de Down em escolas regulares, com um crescimento

significativo do número de matrículas nos últimos anos. No entanto, nem sempre a

inclusão se dá de maneira satisfatória: geralmente faltam recursos humanos e

pedagógicos para atender às necessidades educacionais específicas dos alunos.

Esses alunos, por terem a síndrome, muitas vezes ficam excluídos e acabam

não participando efetivamente, com os demais alunos, das aulas de Educação Física.

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Diante disso, considera-se a área da Educação Física um campo socializador, bem

como de desenvolvimento dos aspectos: cognitivo, motor e afetivo, uma vez que, a

disciplina realiza atividades lúdicas que favorecem a expressão corporal, a relação

afetiva tanto entre alunos com SD e com as demais pessoas.

Frente ao exposto, busca-se neste artigo, apresentar o conteúdo Jogo nas

aulas de Educação Física, e de que forma contribui no desenvolvimento de alunos

com SD. A pesquisa foi desenvolvida por meio de um levantamento bibliográfico de

caráter qualitativo, seguido de uma pesquisa de campo, valendo-se de um

questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, tendo como

sujeitos professores de Educação Física atuantes com alunos que apresentam a

síndrome.

CONHECENDO A SÍNDROME E SUAS CARACTERÍSTICAS

Segundo Pueschel (2012, p. 45), o registro antropológico mais antigo da

Síndrome de Down (SD) deriva das escavações de um crânio saxônio, datado do

século VII, apresentando modificações estruturais vistas com frequência em crianças

com a síndrome. Algumas pessoas acreditam que a SD tenha sido representada no

passado em escultura e pictografias. Os traços faciais de estatuetas esculpidas pela

cultura Olmeca há quase três mil anos foram considerados semelhantes aos de

pessoas com SD. O exame cuidadoso dessas estatuetas, porém, gera dúvidas sobre

essa afirmação.

Numa tentativa de identificar crianças com a síndrome em pinturas antigas,

Hans Zellweger (apud Pueschel, 2012, p. 46) concluiu que o pintor Andrea

Mantegna, artista do século XV, o qual pintou diversos quadros de Madonas com o

menino Jesus, representou o menino Jesus com feições sugestivas da SD na pintura

Virgem e Criança. Zellweger (apud Pueschel, 2012, p. 46) também alega que uma

criança com a síndrome foi representada na pintura Adoração dos Pastores, pintada

pelo artista flamengo Jacob Jordaens em 1618.

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A primeira descrição de uma criança que, presume-se, tinha a síndrome foi

fornecida por Jean Esquirol em 1838. Logo a seguir, em 1846, Edouard Seguin

descreveu um paciente com feições que sugeriam a SD, denominando a condição de

“idiotia furfurácea”. Em 1866, Duncan registrou uma menina “com uma cabeça

pequena e redonda, olhos parecidos com os chineses, projetando uma grande língua

e que só conhecia algumas palavras”. Naquele mesmo ano, Jhon Langdon Down

publicou um trabalho no qual descreveu algumas das características da síndrome que

hoje leva o seu nome. Down mencionou: “O cabelo não é preto, como é o cabelo

de um verdadeiro mongol, mas é de cor castanha, liso e escasso. O rosto é achatado

e largo. Os olhos posicionados em linha oblíqua. O nariz é pequeno. Estas crianças

têm um poder considerável para a imitação”.

Assim como muitos cientistas contemporâneos dos meados do século XIX,

Down foi certamente influenciado pelo livro de Charles Darwin, “A origem das

espécies”. Em conformidade com a teoria da evolução de Darwin, Down acredita

que a condição que agora chamamos de SD era um retorno a um tipo racial mais

primitivo. Ao reconhecer nas crianças afetadas uma aparência oriental; Down criou

o termo “mongolismo” e chamou a condição, inadequadamente, de “idiotia

mongoloide”. Hoje sabe-se que as implicações raciais são incorretas. Por esta razão

e também por causa das conotações étnicas negativas dos termos mongol,

mongoloide e mongolismo, terminologia desse tipo devem ser definitivamente

evitadas.

Segundo alguns autores, o uso da terminologia poderia comprometer o

potencial para a aceitação social dessas crianças, a justiça na alocação de educação e

outros recursos e a definição da política a longo prazo para a questão. Mais

importante ainda, chamar uma criança com a síndrome de mongoloide não é apenas

um insulto degradante à criança, mas também uma descrição incorreta da pessoa,

que, embora detentora de uma deficiência intelectual, é, antes de tudo, um ser

humano capaz de aprender e de participar da sociedade.

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De acordo com Pueschel (2012, p. 77), a aparência e as funções de todo o

ser humano são determinadas, principalmente, pelos genes. Da mesma maneira, as

características físicas de crianças com Síndrome de Down são formadas por

influências de seu material genético. Como as crianças herdam os genes tanto da

mãe quanto do pai, elas se parecerão, até certo ponto, com os pais em aspectos

como estrutura corporal, cor de cabelo e olhos, padrões de crescimento (embora em

ritmo mais lento).

Entretanto, devido ao material genético adicional no cromossomo 21 extra,

crianças com SD também têm características corporais que lhes dá uma aparência

diferente das de seus pais, irmão ou outras crianças sem deficiência. Como o

cromossomo 21 extra se encontra nas células de toda a criança com SD, ele exerce

uma influência na formação do corpo em todas elas de forma semelhante.

A SD está relacionada a uma cromossomopatia, ou seja, uma aberração

cromossômica, sendo a principal causa genética da deficiência intelectual. Esse erro

genético se apresenta mais comumente sobre a forma de uma trissomia simples do

cromossomo 21, ou seja, a presença de um cromossomo extra no cariótipo de uma

pessoa, fazendo com que o número total de cromossomos na SD seja 47 e não 46.

Entretanto, outros tipos de alterações cromossômicas também foram detectados

nos cariótipos de pessoas com SD como, por exemplo, a trissomia por translocação

e o mosaissismo. No entanto, em todos os três casos é sempre o cromossomo 21 o

responsável pelas características peculiares dessa síndrome. Nesse sentido, Pimentel

(2012, p. 29) afirma,

A Síndrome de Down está relacionada a uma cromossomopatia, ou seja, a uma anormalidade na constituição cromossômica que ocorre no momento após a concepção. Esse erro genético não tem relação com a etnia ou classe social e se apresenta mais comumente sob a forma de um cromossomo extra no par 21, por isso é também chamado de trissomia 21 ou trissomia simples. Porém, outros tipos de alterações cromossômicas também foram detectados nos cariótipos de pessoas com Síndrome de Down como, por exemplo, a translocação e o mosaicismo. No entanto, em

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todos os três casos é sempre o cromossomo 21 o responsável pelas características fenotípicas peculiares dessa síndrome.

Segundo Schwartzman (1999, p. 16-20), alguns fatores podem modificar a

incidência da SD, e são classificados em ambientais ou exógenos e endógenos. Entre

os endógenos, o mais importante é a idade materna, sendo que a anomalia é

aumentada à medida que aumenta a idade da mãe. Mulheres mais velhas apresentam

riscos maiores de terem filhos trissômicos, possivelmente devido ao fato do

envelhecimento dos óvulos. O mesmo não acontece com os espermatozoides, e por

esta razão e que não há uma relação direta entre a SD e a crescente idade paterna. Já

entre os fatores ambientais, quanto maior o número de gestações interrompidas

após o diagnóstico pré-natal da síndrome, menor será a incidência ao nascimento.

Nesse sentido, segundo alguns autores, a Síndrome de Down apresenta

algumas características, como as elencadas por Alves (2011, p. 23),

(...) a baixa estatura, o crânio apresenta braquicefalia (crânio mais largo que comprido), com o ocipital achatado, o pavilhão das orelhas é pequeno e disfórmico, a face é achatada e arredondada, os olhos mostram fendas palpebrais e exibem Manchas de Brushfild ao redor da margem da Iris, a boca é aberta, muitas vezes mostrando a língua sulcada (enrugada, com fendas e cortada) e saliente, alterações no alinhamento dos dentes, as mãos são curtas e largas, frequentemente com uma única prega palmar transversa, chamada de prega simiesca (semelhante ou relativo ao macaco) (...), os pés mostram um amplo espaço entre o primeiro e o segundo dedo, músculos hipotônicos (diminuição do tônus muscular) e articulações com flexibilidade exageradas, excesso de pele atrás do pescoço, displasia pélvica, tendência para luxação atlanto-axial (...).

Todas as características são semelhantes entre as pessoas com a síndrome,

não importando a que etnia pertença, tais características, segundo Schwartzman

(1999, p. 16-20), não são específicas e cada uma delas, isoladamente, poder estar

presente em indivíduos sem a síndrome. Também é importante destacar, segundo o

Mundo Down (2014), que a SD não é uma doença, e sim uma condição inerente à

pessoa, portanto não se deve falar em tratamento ou cura. Entretanto, como esta

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condição está associada a algumas questões de saúde que devem ser observadas

desde o nascimento da criança.

Na SD os problemas cardíacos congênitos representam uma causa

importante de mortalidade na infância, mas atualmente as taxas de sobrevida

aumentaram significativamente de tal modo que até 70% destes bebês com doenças

cardíacas sobrevivem até seu primeiro ano de vida. Alguns estudos afirmam que

6,1% das crianças e adolescentes com menos de 20 anos de idade apresentam a

desordem do deficit de atenção, e também algumas porcentagens, apresentam

comportamentos autoagressivos e estereotipados (ALVES, 2011, p. 26).

De acordo com o mesmo autor, as malformações congênitas e as infecções

respiratórias, combinadas com doenças e/ou insuficiência cardíaca, também, são

causas importantes de morte. Sendo assim, faz-se necessário a periodicidade ao

médico para que seu desenvolvimento e estado geral de saúde possam ser

acompanhados e também para serem oferecidos procedimentos preventivos

(ALVES, 2011, p. 25).

O JOGO E SUAS CONSIDERAÇÕES

Buytendijk (apud Elkonin, 1998, p. 36) entende que o jogo possui dentre

suas peculiaridades a alegria, liberdade e espontaneidade, entretanto, apenas esses

elementos não conseguem possibilitar uma boa compreensão sobre a finalidade, a

intenção e a evolução dos jogos. Nessa perspectiva, Elkonin (1998, p. 36) destaca

que dentre as várias teorias que trabalharam com o jogo, vale ressaltar a de Schiller,

para quem é uma atividade que propicia prazer para seus indivíduos, e a de Spencer

(apud Elkonin, 1998, p. 36), que caracteriza sua origem como estando relacionada a

um excesso de energia presente nas crianças, consequentemente a criança jogava

porque precisava gastar as energias que possuíam de sobra.

O primeiro passo em direção ao entendimento social do jogo, segundo

Elkonin (1998, p. 36), foi de Wundt (1988), para quem, a origem do jogo, ou

melhor, seu nascimento está relacionado ao trabalho. Qualquer jogo, por mais

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simples que pareça é uma idealização de um trabalho anteriormente realizado, pois

este sempre precedeu a gênese da atividade lúdica. Já Groos (apud Elkonin, 1998, p.

37), foi o primeiro a considerar a importância dos jogos e brincadeiras no

desenvolvimento infantil, por caracterizar os jogos como potentes instrumentos

para a análise da personalidade das crianças, sua compreensão é fundamental para

explicar a construção da psique infantil.

A partir das teorias desenvolvidas pelos autores acima citados, Elkonin

(1998, p. 36) construiu sua visão de jogo, entendendo este como uma atividade

eminentemente social, exercendo grande importância para a construção da

personalidade e da psique infantil. Seu desenrolar, apesar de proporcionar prazer

para seus praticantes, não se resume de forma alguma apenas a este aspecto, pois

sua funcionalidade social extrapola as simples manifestações do prazer.

Elkonin (1998, p. 33-35) destaca que o primeiro aspecto fundamental para a

construção de qualquer teoria sobre o jogo deve incidir na sua diferenciação com as

atividades lúdicas praticadas pelos animais, pois, os humanos possuem a

peculiaridade de planejarem suas ações previamente, ao passo que os animais, agem

puramente por instintos.

Para Elkonin (1998, p. 80), o jogo, enquanto atividade humana surge do

trabalho. Mais do que isso, toda atividade lúdica provém de uma situação séria dos

adultos, consequentemente, não existe jogo descolado da realidade. Qualquer

proposta que entende o jogo como fenômeno dado e, não construído socialmente,

representa um falho entendimento humano sobre o processo de construção do

próprio homem, o qual só pode ser realizado de forma histórica e cultural.

Jogar para a criança é dominar seu mundo e, consequentemente, propor

soluções para os principais problemas que visualizam em sua realidade. Cabe

ressaltar que as situações representadas nos jogos não constituem um mundo

separado da realidade, pois eles se dialogam constantemente. A criança joga a partir

da apropriação que faz da realidade, assim, para Elkonin (1998, p. 80), a teoria

defendida por Piaget (1971) de que existem dois mundos para as crianças (real versus

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lúdico) está completamente enganada, pois a criança não se evade completamente de

sua realidade quando joga.

Apenas por intermédio dos jogos e brincadeiras infantis a criança pode se

apropriar da complexidade do mundo objetivo dos adultos, esse fato coloca essas

atividades como potentes elementos educacionais. Além disso, desempenham um

papel ativo na construção da personalidade, da psique e do aprimoramento de seu

repertorio motor, consequentemente, os jogos e brincadeiras oferecem novas

possibilidades de “exploração” social e ambiental para as crianças.

Ao jogar a criança liberta-se relativamente da dependência dos adultos, pois

agora torna-se independentes em suas atitudes, já não há mais obstáculos para a

tomada de decisões. Essa característica promove uma verdadeira reestruturação

mental em diversas áreas do cérebro das crianças, atuando decisivamente na

construção de sua personalidade.

O agir como adulto nos jogos é o primeiro sinal de independência das

crianças, já que pela primeira vez ela toma consciência de seu pequeno lugar nas

atividades sociais. Não há como negar, entretanto, que os jogos representam uma

necessidade de comunicação das crianças com o mundo, facilitando a construção de

um pensamento crítico e reflexivo.

Elkonin (1998, p. 258) destaca que na vida real a criança não é mais do que

uma criança, não possuindo atitudes independentes. Já no jogo, a criança vira

protagonista de certa situação, prova e experimenta suas forças e criações. Em nossa

realidade, o jogo assume o caráter de atividade principal para as crianças.

Segundo o mesmo autor, o desenvolvimento dos jogos possibilita a criança

se apropriar de algumas regras sociais, as quais são fundamentais para o

desenvolvimento moral das crianças. O desenvolvimento dos jogos contém em seu

interior a evolução de suas próprias regras, portanto, não existem jogos sem regras.

Uma das grandes contribuições que o jogo oferece para a construção da

psique humana é a possibilidade de vivenciar através de uma situação lúdica algumas

das principais problematizações da vida real. O desenvolvimento psíquico

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produzido pelos jogos está intimamente relacionado com o tipo de apropriação que

as crianças realizam em seu cotidiano.

A partir do que foi discutido, destaca-se a importância assumida pela prática

dos jogos em nossa sociedade e, da necessidade da Educação Física se apropriar

teoricamente deste importante conteúdo. Assim, a Educação Física pode ser

caracterizada como uma área que promove uma efetiva e verdadeira

interdisciplinaridade entre algumas áreas da ciência, o que a caracteriza como um

componente fundamental nas diversas relações sociais presentes em nosso

cotidiano.

UMA BREVE DISCUSSÃO ACERCA DO ESTUDO

Com todas as informações colhidas na pesquisa de campo realizada com os

professores da “Comunidade Educativa o Mundo do Peteleco” e “Centro de

Educação Montessoriano do Pará – CEMP” chegou-se as seguintes considerações

em forma de breve análise. Perguntou-se inicialmente se esses professores já haviam

trabalhado ou se trabalham com alunos com SD. As opiniões foram diversas: Dois

responderam sim e um respondeu não. Nessa perspectiva, os professores 01 e 02

comentaram,

“Que durante o desenvolvimento das atividades, sempre tentam adequar os alunos aos seus planos de aula, tentando trazer os alunos para a realidade desses planos e fazer com que eles participem das aulas junto com os demais”.

Em relação às atividades que melhor beneficiam esses alunos nos aspectos

cognitivos, motor e afetivo, os entrevistados 01, 02 e 03 relataram,

“Devem existir vários tipos de atividades, e não apenas um único estilo, como por exemplo: voltado para desenvolvimento do lado social, é interessante desenvolver atividades e jogos em equipe, em conjunto, tanto os jogos cooperativos como os competitivos; voltado para o desenvolvimento motor e cognitivo, é interessante a realização dos circuitos individuais e dos jogos individuais, para ajudar no desenvolvimento da coordenação, do equilíbrio, da flexibilidade”.

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Quanto as contribuições dos jogos nas aulas de Educação Física para os

alunos com SD, o professor 01 disse,

“Dentre as inúmeras contribuições, no aspecto biológico, o aluno portador da SD tem que participar dessas atividades, pois como eles se alimentam bastante, principalmente de doce, e tem um ganho de massa corporal (massa gorda) muito fácil, eles têm que praticar as atividades e se movimentar para manter uma qualidade de vida; no aspecto motor, tem-se o desenvolvimento do equilíbrio, da coordenação motora, da percepção; no aspecto cognitivo, as atividades ajudam a estimular mais o raciocínio lógico deles, estimular a criatividade, a entender as regras dos jogos e das atividades que realizam durante o dia, a entender o convívio com as outras pessoas e crianças, entender o que deve e o que não se deve fazer; no aspecto social, proporciona a interação com outras pessoas, de diferentes classes sociais, sexo e culturas. Então isso é muito importante para que ele seja aceito e para que as pessoas o aceitem também, para que não haja descriminação por possuírem a síndrome ou alguma outra limitação, limitação essa que tem que ser adequadas à realidade dele e das outras pessoas”.

O Professor 02 afirmou,

“As contribuições dos jogos para os alunos com SD são muitos, mas em primeiro tem-se a liberação da cerotonina, pois apesar de apresentarem a síndrome, esses alunos apresentam as mesmas condições fisiológicas que os alunos “normais”; a atividade física ajuda a tonificar os músculos desses alunos. Além disso, como se fala que fisiologicamente eles são iguais, a entrevistada acredita que os benefícios são os mesmos.

No que se refere às contribuições dos jogos durante as aulas de Educação

Física nos aspectos sociais e afetivos, o professor 02 afirma,

“Dependendo do estímulo que o Down receber e se ele for bem estimulado, ele tem a possibilidade de ter as mesmas habilidades que uma pessoa “normal”, entretanto, isso tudo vai depender do estímulo que é dado. Sendo assim, é fundamental que o professor de Educação Física seja essa pessoa a estimular esse aluno em sua aula, prestando atenção

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de qual forma que esse aluno corresponde mais, para poder desenvolver e fazer com que a sua habilidade seja desenvolvida de forma aumentada. Para isso, é necessário traçar uma parceria com essa criança, que se tenha um olhar especial sobre ele e que se deixe desenvolver com os outros alunos, não deixando que o grupo o rejeite por alguma ou qualquer falta de habilidade que ele venha apresentar”.

No que diz respeito a isso, Nascimento, Araújo e Migueis (2009, P. 293),

afirmam que o jogo é entendido como uma atividade na qual o homem reconstrói as

relações sociais e, nesse processo, formam-se novas funções psíquicas. Desse modo,

o jogo protagonizado, umas das possibilidades de trabalho, surge como uma forma

peculiar e específica da atividade humana pela qual as crianças se apropriam da

experiência social da humanidade e se desenvolvem como personalidade.

A professora 02, em sua entrevista disse ainda que: “não se pode esquecer

que muitas vezes os professores de Educação Física são os únicos estímulos que

esse aluno recebe, que às vezes os próprios pais os vedam dessas possibilidades de

desenvolvimento”. Ficou claro que os jogos realizados nas aulas Educação Física

passam a fazer parte da vida desses indivíduos estimulando tanto os seus aspectos

cognitivos, sociais quanto afetivos e motores.

Considerações Finais

Após esse percurso, nem de longe se ousou afirmar ter esgotado o tema e

ter colocado um ponto final na discussão. Certamente continuará a ser uma temática

geradora de tantas outras reflexões, uma vez que se trata de um público que cresce

cada vez mais no meio social, havendo necessidade de oferecer melhores condições

de vida para essas pessoas e sua consequente inserção no meio social, bem como

uma resposta a sociedade quanto aos avanços educacionais que possam favorecer os

desenvolvimentos cognitivos, emocionais e físicos de pessoas com a síndrome.

Nesse sentido, segundo Nascimento, Araújo e Migueis (2009, P. 297), é

importante compreender que, ao jogar, a criança reproduzirá de modo singular um

determinado aspecto da realidade. Sendo assim, o jogo é justamente a forma pela

qual a criança pode apropriar-se cada vez mais desse mundo, aproximar-se cada vez

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mais dele. Assim, o jogo é a forma principal de a criança vivenciar o seu processo de

humanização, uma vez que é a atividade que melhor permite à criança apropriar-se

das atividades (motivos, ações e operações) culturalmente elaboradas.

De acordo com as autoras, o jogo para a criança em idade pré-escolar, é a

atividade que melhor lhe permite ir se compreendendo como um ser em si e um ser

para si, sendo um recurso largamente empregado na educação infantil, etapa escolar

em que o lúdico ou a brincadeira é um meio bastante utilizado nos processos de

educação e aprendizagem.

Certamente que a Educação Física para alunos com SD ainda tem muitos

obstáculos a suplantar em termos de formação profissional, estimulação do

desenvolvimento e atividades a serem realizadas, entretanto, esperamos que esse

breve estudo possa servir de ponto de partida para que outros

professores/pesquisadores avancem nessa construção e a própria Educação Física

para alunos com SD alcance novos espaços.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ELKONIN, Daniil, B. Psicologia do jogo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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PUESCHEL, Siegfreid. Síndrome de Down: um guia para pais e educadores. 14. ed. São Paulo: papirus, 2012.

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SURDOCEGUEIRA E PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES

Rafael Costa Martins‡

RESUMO: O processo de ensino e aprendizagem de pessoas surdocegas no Brasil ocorre desde o século XX, apesar disso, muitos atendimentos são comprometidos pela falta de metodologia adequada de professores que atuam nesta área. O estudo objetiva relacionar o Método Van Dijk com a Pedagogia Histórico-Crítica (PHC), na tentativa de sistematização dos conhecimentos de ambas as áreas, apresentando estratégias didático-metodológicas para professores que atuam com este segmento na Educação Especial. Utilizou-se como metodologia uma pesquisa bibliográfica acerca dos temas pesquisados. Concluiu-se que é possível relacionar a Método Van Dijk e a PHC.

PALAVRAS-CHAVE: Surdocegueira. Método Van Dijk. Pedagogia Histórico-Crítica.

INTRODUÇÃO

Entende-se a educação, através do processo ensino e aprendizagem, como

uma prática social fundamental a existência e permanência do funcionamento da

sociedade, a partir do momento que se organizam formas de transmissão dos

conhecimentos elaboradas para as futuras gerações.

Buscando afirmar a necessidade de superação de uma pedagogia tradicional,

e de transmissão de conhecimentos enraizados como parte integrante do processo

educacional, têm se a escola como uma instituição básica em oportunizar, através

dos professores, o trabalho formativo e de apropriação do conhecimento elaborado,

não se tratando de um saber fragmentado, mas sim de um saber universal e

democrático.

A tentativa de construção deste trabalho surge a partir de elementos

constituintes de uma educação de senso crítico, relacionando a prática pedagógica

de professores e o processo de ensino e aprendizagem com pessoas surdocegas, e é

sabido que há poucos registros na área da Surdocegueira, principalmente quando se

trata em seus procedimentos metodológicos.

‡ Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física (UFPA) e Mestre em Educação (PPGED/UFPA).

Professor efetivo da SEDUC/PA – Modalidade Educação Especial e do Ensino Superior no curso de

Educação Física da ESMAC. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física e Educação

Especial – GEFES. E-mail: [email protected]

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Este trabalho, tem como proposta metodológica a pesquisa bibliográfica

(SEVERINO, 2007, p. 122), e como objetivo precípuo relacionar o Método Van

Dijk com a Pedagogia Histórico-Crítica (PHC), na tentativa de sistematizar os

conhecimentos de ambas as áreas, apresentando estratégias didático-metodológicas

para professores que atuam com este segmento na Educação Especial.

ASPECTOS HISTÓRICOS DA SURDOCEGUEIRA

Historicamente, os estudos e atendimentos sobre Surdocegueira iniciaram no

século XVIII, na Europa, especificamente na França, onde uma mulher surdocega,

iniciou sua educação formal em Paris; houve presença também na Noruega, Itália e

Ucrânia, o qual neste último, já no ano de 1914, uma mulher surdocega doutorou-se

em Psicologia e Ciências Pedagógicas (CADER-NASCIMENTO, 2007, apud

GALVÃO, 2010, p. 20).

Já na América Latina, mais especificamente no Brasil, teve início com a visita

da surdocega, mundialmente conhecida, Helen Keller, em 1953, a partir deste marco

da educação de pessoas surdocegas, fundou-se diversas instituições, como por

exemplo, Instituto de Cegos Padre Chico, em 1961, no Estado de São Paulo; o

Serviço de Atendimento ao Deficiente Audiovisual (SEADAV), em 1963; também

em São Paulo, e outras mais, estendendo-se para outros Estados, Bahia, Ceará, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rondônia, etc.

(FREDERICO, 2006, p. 25).

Desde então, a terminologia Surdocegueira vem sofrendo diversas alterações

desde o século XIX, período histórico no qual surgiu o primeiro atendimento à

pessoas com essa deficiência, como por exemplo, Dificuldade de Aprendizagem

Profunda e Múltipla (DAPM), Múltipla Deficiência Severa, Cego com Deficiência

Adicional, Múltipla Privação Sensorial (MPS), Dupla Deficiência Sensorial, e

finalmente Surdocegueira (FREDERICO, 2006, p. 31).

Posteriormente, a crise terminológica surgiu na grafia da palavra

Surdocegueira, que inicialmente fora escrita com hífen, “surdo-cegueira”, e

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consequentemente, a pessoa que adquiria a Surdocegueira era denominado de

“surdo-cego”, com hífen.

Como afirma Lagati (1995, apud FREDERICO, 2006, p. 31),

O Termo surdocegueira e surdocego, foi proposto em 1991, na Itália, onde começou uma cruzada para conseguir a aceitação da palavra única surdocego, no lugar da palavra hifenizada “surdo-cego”, sua crença era de que a surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades do que aquelas causadas pela cegueira e pela surdez.

Ainda segundo a autora,

Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo (LAGATI, 1995 apud FREDERICO, 2006, p. 32).

A Surdocegueira ainda mantém-se como uma deficiência pouco conhecida

entre os profissionais da área da educação e da saúde, talvez um pouco mais

evidenciada pelos profissionais que atuam com pessoas com deficiência. Além disso,

a Surdocegueira, nos estudos atuais, ainda é um tema relativamente novo na

literatura especializada, se comparada a outras deficiências, como Deficiência Física

(DF), Deficiência Auditiva (DA) e Deficiência Visual (DV).

Essa deficiência pode ser causada de maneira variada pré, peri e pós-natal,

em decorrência de doenças infecto contagiosas, que a própria mãe adquire durante a

gravidez, ou a pessoa adquire quando é recém nascida, ou quando criança, na

adolescência ou na fase adulta, por síndromes genéticas, ou traumas, em qualquer

momento da vida.

Algumas síndromes genéticas§, podem ser associadas à visão e a audição,

podendo desencadear, ainda no desenvolvimento embrionário, alterações

§ FREDERICO (2006).

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autossômicas, durante as 12 semanas de gestação, como por exemplo, Síndrome de

Cockayne, Síndrome de Flynn-aird, Síndrome de Refsum, Síndrome de Edwards –

Trissomia 18, e a Síndrome de Usher, que esta, caracteriza-se como uma doença

genética com padrão de herança autossômica recessiva, causa perda auditiva e visual,

ao nascer.

Muitos indivíduos surdocegos possuem outras deficiências associadas, sejam

elas físicas e intelectuais, e possuem ainda, quatro categorias que podem ser

agrupadas em surdocegos adquiridos ou congênitos, que são: indivíduos que eram

cegos e se tornaram surdos; indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;

indivíduos que se tornaram surdocegos e indivíduos que nasceram ou

desenvolveram precocemente a Surdocegueira, sendo esta classificada de duas

formas, Pré-linguístico (antes da aquisição da linguagem, seja oral ou gestual) e Pós-

linguístico (depois da aquisição da linguagem, seja oral ou gestual).

A conceituação da deficiência Surdocegueira é motivo de muitas inquietações

e debates, por isso, há diversos conceitos que são divulgados por especialistas da

área da Surdocegueira, que se manifestam alegando que esta deficiência caracteriza-

se como uma única deficiência, e não sendo classificada como Deficiência Múltipla

(DM), inclusive Cader-Nascimento, define que,

A surdocegueira é um comprometimento, em diferentes graus, dos sentidos receptores a distância (audição e visão). A combinação desses comprometimentos pode acarretar sérios problemas de comunicação, mobilidade, informação e consequentemente, a necessidade de estimulação e atendimentos educacionais específicos (CADER-NASCIMENTO, 2010, p. 18).

Para Maia (2000), a surdocegueira é uma deficiência única que apresenta

perda de visão e audição, de tal forma que a combinação das duas deficiências

impossibilita o uso dos sentidos de distância.

Pessoas são surdocegas quando apresentam graves deficiências visuais e auditivas que resultam em problemas de

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comunicação, informação e mobilidade. O grupo deverá incluir pessoas com dificuldades severas visuais e auditivas de nascença ou adquiridas na tenra infância e as que desenvolveram a deficiência na vida adulta (MAIA, 2000, p. 53).

Percebe-se então, que a Surdocegueira é reconhecida de maneira singular,

como uma única deficiência, mesmo possuindo características de uma DM, presença

de DA e DV. Nesse sentindo, o processo de ensino e aprendizagem dos indivíduos

surdocegos, promovido pelos professores, exige um atendimento especializado, com

estimulação especifica e individualizada, oferecendo condições educacionais de

qualidade, valendo-se de metodologias específicas e adequadas às necessidades dos

alunos surdocegos.

O MÉTODO VAN DIJK E A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA.

Van Dijk ao longo de seus estudos e experiências, desenvolveu algumas

estratégias de ensino através de uma Abordagem Co-Ativa, a qual contribuiu na

interação de crianças surdocegas com seu ambiente. Esta proposta de ensino parte

do princípio que as atividades precisam ser realizadas em conjunto, ou seja, o

professor e o aluno, devem realizar os movimentos de maneira simultânea. As

atividades devem partir inicialmente do interesse da criança, sendo compartilhado e

vivenciado pelo professor (CADER-NASCIMENTO, 2003, p. 42).

Ao conviver com crianças surdocegas, Van Dijk descobre que o

desenvolvimento delas parte de uma proposta de manipulação de objetos, familiares

ou não, que aos poucos vão adquirindo padrões motores iniciais. Desta forma, a

criança percebe que pode realizar e controlar seus próprios movimentos,

proporcionando novas descobertas de movimentos.

As fases metodológicas que constituem a Abordagem Co-Ativa, que tratam

da prática pedagógica dos professores que atuam com alunos surdocegos, são seis:

Nutrição, Ressonância, Movimento Co-ativo, Referência Não-Representativa,

Imitação e Gesto Natural. O objetivo dessas fases metodológicas, é proporcionar

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condições de aprendizagem às pessoas surdocegas, aumentando suas

potencialidades e possibilidades de comunicação e interação com o ambiente,

atingindo assim, um maior desenvolvimento do indivíduo com Surdocegueira.

Segundo Cader-Nascimento,

As seis fases constituem-se como um processo dinâmico de incorporação de estímulos sociais. As fases não são excludentes, nem exclusivas, e, às vezes, podem ser sequenciais e cumulativas. Essa flexibilidade permite à criança mover-se por várias fases simultaneamente, sendo uma via para compreender o mundo. Assim, a capacidade de participação da criança, em cada fase, pode aparecer, desaparecer e reaparecer durante todo o trabalho pedagógico realizado. O tipo, o local, as condições de realização das atividades propostas e as necessidades da criança são fatores que determinarão as características de sua participação (CADER-NASCIMENTO, 2010, p. 44).

Portanto, é de suma importância a utilização de uma metodologia adequada,

através dessa Abordagem educacional trabalhada na educação e ensinamentos

cotidianos de alunos surdocegos, faz-se necessário que os professores que atuam

com estes alunos, compreendam e se apropriem desses procedimentos, sendo

essencial para o êxito do trabalho.

A Pedagogia Histórico-Crítica (PHC), originou-se dos estudos de Saviani**,

onde delimitou uma pedagogia de caráter dialético valendo-se das teorias críticas da

educação, inspirando-se em Karl Marx e seu Materialismo Histórico-Dialético,

conseguiu desenvolver uma pedagogia que contribuísse para a tentativa de

transformação da sociedade.

Essa pedagogia, através das análises e contribuições de Gasparin (2012), o

qual sistematizou-a em uma metodologia, para ser trabalhada pedagogicamente em

aulas, trazendo um conteúdo teórico crítico e ampliador de novas possibilidades

didáticas. A PHC foi sistematizada em cinco fases, a Prática Social Inicial,

Problematização, Instrumentalização, Catarse e Prática Social Final, onde professor

** Obra intitulada - Pedagogia Histórico-Crítico: Primeiras aproximações. 11º ed. São Paulo: Autores

Associados, 2011.

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e alunos irão adquirir a consciência sobre a prática pedagógica a ser realizada

durante o processo ensino e aprendizagem.

Vejamos a seguir cada uma das fases da Abordagem Co-Ativa, criada por

Van Dijk, e os momentos pedagógicos elaborados por Gasparin, a partir dos

conceitos da PHC de Saviani, tentando relacionar suas principais características, e

suas possíveis aplicações na prática pedagógica dos professores.

A RELAÇÃO DO MÉTODO VAN DIJK COM A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.

A Nutrição é a primeira fase da Abordagem Co-Ativa, tem como objetivo

permitir que a pessoa com Surdocegueira aceite um mediador, cooperando com as

atividades pedagógicas apresentadas por ele. Durante esta fase, o processo de

aproximação deve ser priorizado, constituindo a base de sentimentos como,

segurança e confiança, que determinarão o sucesso da ação pedagógica, atual e

futura (CADER-NASCIMENTO, 2010, p. 45).

A fase da Nutrição tem uma relação com o momento pedagógico

denominado de Prática Social Inicial, devido também caracterizar-se pelo primeiro

contato, a primeira leitura que o professor faz de seus conteúdos a seus alunos.

Segundo Gasparin (2012), a Prática Social Inicial é o primeiro passo do método,

caracteriza-se por uma preparação, uma mobilização do aluno para a construção do

conhecimento escolar. É a primeira leitura da realidade, um contato inicial com o

tema a ser estudado, ou seja, é o primeiro momento do trabalho pedagógico,

consiste em ver a realidade e tomar consciência de como ela se coloca no seu todo e

em suas relações com o conteúdo que será desenvolvido durante o processo (p. 34).

A segunda fase desenvolvida por Van Dijk é a Ressonância, este termo é

emprestado da Física, que significa “fenômeno pelo qual um corpo sonoro vibra ao

ser atingindo por vibrações produzidas por outro corpo, quando o período delas

coincide com o seu, ou com o de um de seus harmônicos” (FERREIRA, 1986).

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O objetivo dessa fase é proporcionar a interação do indivíduo com o outro,

introduzindo modalidades alternativas de comunicação, fazendo-o perceber a

influência e os efeitos de seus movimentos no corpo do outro.

Para Amaral (2002),

No nível da ressonância, o adulto e a criança estão muito próximos, movendo-se juntos em um espaço muito limitado. O adulto imita os movimentos da criança ou então inicia sua própria conta; o adulto começa com a criança um movimento de que esta goste, e cessa o movimento em um momento esperando que a criança dê um sinal para reiniciar (AMARAL, 2002, p. 5).

Esta segunda fase, chamada de Ressonância, relaciona-se com o segundo

momento pedagógico da PHC, a Problematização, que, por sua natureza e função,

se torna fundamental para o encaminhamento de todo o processo de trabalho

docente-discente. Nesse processo de Problematização, tanto o conteúdo quanto a

prática social tomam novas feições. Ambos começam a alterar-se: é o momento em

que começa a análise da prática e da teoria. Inicia-se o desmonte da totalidade,

mostrando ao aluno que ela é formada por múltiplos aspectos interligados. São

evidenciados também as diversas faces sob as quais pode ser visto o conteúdo,

verificando sua pertinência e suas contradições, bem como seu relacionamento com

a prática (GASPARIN, 2012, p. 34).

O Movimento Co-Ativo, ou mão sobre mão, é a terceira fase, e caracteriza-se

pela ampliação comunicativa entre o mediador e o indivíduo, valendo-se de um

espaço mais amplo. O objetivo dessa fase é aumentar a utilização de recursos de

comunicação e ampliar a ação motora do indivíduo no ambiente.

Segundo Frederico (2006),

Esta atividade é uma continuidade da ressonância, mas acontece com uma separação física. Os movimentos co-ativos mais funcionais são os que compreendem o uso de objetos em acontecimentos cotidianos como: comer, limpar a mesa, guardar objetos, vestir-se com um apoio de mão sobre mão. Os movimentos co-ativos com o uso de objetos, proporcionam à criança uma maior independência funcional,

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e elas aprendem que as atividades têm começo e fim. Este é um passo essencial para desenvolver o conceito de tempo (FREDERICO, 2006, p. 45).

Para relacionar o Movimento Co-Ativo de Van Dijk, evidencia-se o terceiro

momento pedagógico que é a Instrumentalização, a qual realiza-se nos atos docentes

e discentes necessários para a construção do conhecimento científico. Os educandos

e o educador agem no sentido da efetiva elaboração interpessoal da aprendizagem,

através da apresentação sistemática do conteúdo por parte do professor e por meio

da ação intencional dos alunos de se caracterizarem desse conhecimento

(GASPARIN, 2012, p. 49).

Ainda para Gasparin (2012),

Os sujeitos aprendentes e o objeto da sua aprendizagem são postos em recíproca relação através da mediação do professor. É sempre uma relação tríade, marcada pelas determinações sociais e individuais que caracterizam os alunos, o professor e o conteúdo (GASPARIN, 2012, p. 49). A Instrumentalização é o caminho pelo qual o conteúdo sistematizado é posto à disposição dos alunos para que o assimilem e o recriem e, ao incorporá-lo, transformem-no em instrumentos de construção pessoal e profissional (GASPARIN, 2012, p. 51).

A quarta fase é a Referência Não-Representativa, nesta, as atividades com

manipulação de objetos começam a fazer sentido para o indivíduo, inicia-se a

caracterização das referências realizadas pelo indivíduo no ambiente em que se

encontra, e com as pessoas que se relaciona.

Segundo Cader-Nascimento,

(...) objetiva propiciar condições para a criança surdocega compreender alguns símbolos indicativos de atividades, pessoas, situações. Para isso, utiliza-se o objeto de referência, o qual inicialmente não terá significado para a criança; no entanto, precisa ser introduzido antes da realização de qualquer atividade (CADER-NASCIMENTO, 2010, p. 49).

O quarto momento pedagógico da PHC, é a Catarse, uma síntese do

cotidiano e do científico, do teórico-prático a que o educando chegou, marcando

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sua nova posição em relação ao conteúdo e à forma de sua construção social e

reconstrução na escola.

Segundo Gasparin,

É a expressão teórica dessa postura mental do aluno que evidencia a elaboração da totalidade concreta em grau intelectual mais elevado de compreensão. Significa, outrossim, a conclusão, o resumo que ele faz do conteúdo aprendido recentemente. É o novo ponto teórico de chegada; a manifestação do novo conceito adquirido (GASPARIN, 2012, p. 124).

O educando mostra que, de um sincretismo inicial sobre a realidade social do

conteúdo trabalhado, conclui agora com uma síntese, que é o momento em que ele

organiza e estrutura, em nova forma, seus pensamentos sobre as questões que

conduziram seu processo de aprendizagem. Este momento pedagógico, a Catarse,

além de possuir uma relação com a quarta fase, Referência Não-Representativa,

possui também uma íntima relação com a quinta fase, a Imitação.

A Imitação, objetiva estimular a pessoa surdocega na realização das

atividades propostas, com a criação e possibilidades do próprio indivíduo, dos

movimentos e ações realizados pelo professor. Nesta fase também, o surdocego

começa a recriar os elementos simbólicos assimilados, para realizar suas

necessidades. Difere-se do movimento Co-Ativo, pois na Imitação o indivíduo

reelabora de forma criativa a ação após demonstração do professor, acrescentando

ou omitindo elementos, enquanto no movimento Co-Ativo a ação é simultânea, e

não há evocação de situações já vivenciadas (CADER-NASCIMENTO, 2003, p.

47).

O por último, a sexta fase de Van Dijk, é o Gesto Natural, a qual representa

uma manifestação da expressão corporal na identificação do objeto, pessoa ou

situação. Os Gestos Naturais podem ser uma forma alternativa de comunicação pré-

linguística, e que para desenvolvê-la, a melhor forma é a integração dos movimentos

Co-Ativos e Imitação durante o processo (FREDERICO, 2006, p. 46).

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Outra observação importante, é destacado por Cader-Nascimento (2010),

quando descreve que é nesta fase que o indivíduo começa a criar seus próprios

gestos, conquistando e realizando suas necessidades e desejos.

A Prática Social Final é o último momento pedagógico elaborado por

Gasparin (2012, p. 142), relaciona-se com o Gesto Natural, pois é a confirmação de

que aquilo que o educando somente conseguia realizar com ajuda dos outros, agora

o consegue sozinho, ainda que trabalhando em grupo. É a expressão mais forte, de

fato se apropriou do conteúdo, aprendeu, e por isso sabe e o aplica. É o novo uso

social dos conteúdos científicos aprendidos na escola, durante o processo de ensino

e aprendizagem.

Para o autor,

A prática Social Final é a nova maneira de compreender a realidade e de posicionar-se nela, não apenas em relação ao fenômeno, mas à essência do real, do concreto. É a manifestação da nova postura prática, da nova atitude, da nova visão do conteúdo no cotidiano. É, ao mesmo tempo, o momento da ação consciente, na perspectiva da transformação social, retornando à Prática Social Inicial, agora modificada pela aprendizagem (GASPARIN, 2012, p. 143).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das apresentações e descrições dessas Abordagens metodológicas,

percebeu-se uma relação proximal entre suas características e seus procedimentos

metodológicos, na tentativa de aperfeiçoar e qualificar os conhecimentos referentes

aos atendimentos de alunos com Surdocegueira, realizados por professores.

Durante a realização das atividades educacionais com pessoas surdocegas, é

importante utilizar as fases e os momentos pedagógicos descritos e desenvolvidos

por Van Dijk e Gasparin, fazendo-se necessário também, a organização do trabalho

pedagógico dos professores atuantes com este segmento, a estruturação adequada

do ambiente em que se realizarão as atividades, estabelecendo uma rotina, variando

os estímulos de acordo com o avanço, entendimento e progressão de cada aluno.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, I. E educação de estudantes portadores de surdocegueira. In: MANSINI, E.F.S. (Org.). Do sentido...pelos sentidos...para o sentido. São Paulo: Vetor editora, 2002. CADER-NASCIMENTO, F. A. A. A. Implementação e avaliação empírica de programas com duas crianças surdocegas, suas famílias e com a professora. Tese (Doutorado em Educação Especial) – Programa de Pós Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, 2003. ______; COSTA, M. P. R. Descobrindo a surdocegueira: educação e comunicação. 2º ed. São Carlos: EdUFSCar, 2010. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2º ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. FREDERICO, Carlos Eduardo. O domínio de atividades de vida autônoma e social referentes à alimentação de crianças surdocegas com fissuras lábio palatal. Dissertação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2006. GALVÃO, Nelma de Cássia Silva Sandes. A comunicação do aluno surdocego no cotidiano da escola inclusiva. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal da Bahia, 2010. GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico Crítica. 5º ed. São Paulo: Autores Associados, 2012. MAIA, Shirley Rodrigues. A Educação do surdocego. In: Seminário Surdez: Desafios para o próximo Milênio – INES, Rio de Janeiro, 2000. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23º ed. São Paulo: Cortez, 2007.

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COMPOSIÇÃO CORPORAL EM ATLETAS DE FUTEBOL DE CINCO

Breno Bauer Notargiacomo Costa††

Lediane Lobato Martins‡‡

Anselmo de Athayde Costa e Silva§§

RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar os parâmetros antropométricos de atletas de futebol de 5 em dois momentos diferentes do período competitivo. Oito atletas do Clube de Futebol para Cegos do Pará (CFCP), com média de idade 27,2 ±2,14 anos foram submetidos à avaliação da composição corporal através da técnica de espessura de pregas cutâneas. No momento inicial a massa dos sujeitos foi de 75,13 ±13,4 kg, enquanto que no momento final a massa foi de 76,59 ±12,1 kg; o IMC variou de 26,4 ±4,5 kg/m² para 25,4 ±4,2 kg/m² no momento pós. A gordura corporal não mostrou variação significativa (pré: 24,8 ±4,8% e pós: 25,06 ±3,9%). Concluiu-se que os atletas possuem percentual de gordura acima dos valores normais para população. Além disso, não foi observada modificação nos parâmetros de composição corporal entre os dois momentos da análise.

PALAVRAS-CHAVE: Composição corporal; Deficiente Visual; Avaliação.

INTRODUÇÃO

A prescrição de programas de treinamento para diversas modalidades

esportivas exige conhecimento da especificidade de cada uma delas (CYRINO et al,

2002). Desse modo em modalidades coletivas, como por exemplo, o futebol, o

conhecimento sobre a composição corporal tem se revelado importante para a

caracterização das exigências especificas como na velocidade e salto vertical desse

esporte (CYRINO et al., 2002).

É importante deixar claro que o conhecimento da especificidade permite

adquirir bons resultados esportivos. Pois a necessidade de simular os exercícios de

acordo com a realidade para se obter bons resultados nas modalidades esportivas.

(MOLINUEVO; ORTEGA, 1989; SANTOS et al., 1991).

†† UFPA. Universidade Federal do Pará. Pós-graduação em treinamento esportivo, E-mail:

[email protected]. ‡‡ Professora de Educação, pós graduada Educação Especial com Ênfase em inclusão

E-mail: [email protected] §§ Orientador. Doutor em Atividade Física Adaptada pela Faculdade de Educação Física da UNICAMP,

E-mail: [email protected]

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Outro aspecto importante sobre a composição corporal, é que valores

elevados da gordura corporal estão associados ao baixo condicionamento físico e a

queda de rendimento nas modalidades esportivas. Portanto o excesso de gordura

para atletas que a todo o momento se deslocam e sustentam seu peso, está

relacionado ao decréscimo de performance. (BUENO et al,. 2011; KEOGH, 1999;

OLIVEIRA et al., 2014). Por este motivo, se faz necessário compreender melhor

como estes componentes morfológicos do atleta se comportam no período da

preparação física antes dos campeonatos.

Embora existam referências sobre a composição corporal em atletas

cegos de futebol (GORLA et al., 2017; SOUZA et al., 2014), esses autores

apresentam alguns testes que são administráveis a pessoa com deficiência visual

dentro do futebol de cinco, como antropometria, composição corporal e coletas

dados da seleção brasileira de futebol de cinco. Ainda assim, pouco se escreveu até o

presente momento sobre o futebol de cinco e consequente pouco sobre a

composição corporal. Portanto, o objetivo desta pesquisa consiste na análise de

dados da composição corporal dos atletas durante o período de preparatório para

competição e posterior a mesma.

Matérias e Métodos

Caracterização da amostra

A amostra foi constituída por oito atletas que se organizavam nas

seguinte posições ala 2 atletas, pivôs com 3 atletas e fixos com 3 atletas com média

de idade de 27,2 (±2,14 anos) que integram Clube de Futebol para Cegos do Pará

(CFCP). Em relação à classificação visual, todos eram cegos e classificados como

B1. A classificação B1 corresponde aqueles que podem ter percepção de luz, mas

não são capazes de reconhecer as formas das mãos em qualquer distância

(FONTOURA et al., 2008). E foram avaliados em dois períodos diferentes (maio e

agosto) na duração de 12 semanas. Os atletas possuíam uma frequência de

treinamento de duas vezes na semana, sendo duas horas semanais. Foi recomendado

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aos participantes que não treinassem na véspera das avaliações para se tornar mais

fidedignas as medidas. Cada avaliação consistiu em medidas antropométricas (massa

corporal, altura, e dobras cutâneas utilizando a equação Dc=1,1631-0,0632

Log10(TR+BC+SB+SI) de Durnin e Womersley (1974). Todos os atletas

participaram do Campeonato Regional Centro-Norte de Futebol de 5 no período de

20 a 23 julho de 2017, organizado pela Confederação Brasileira de Desporto de

Deficiente Visuais.

Medidas antropométricas

A massa corporal foi mensurada com balança digital da marca

RelaxMedic® com capacidade máxima de 180kg e escala de leitura de 100g. A

estatura foi mensurada com estadiômento de bolso da marca Cescorf® com escala

de medida de 0,1 cm. Foram mensurados com plicômetro da marca Cescorf® as

dobras cutâneas tríceps (TR), bíceps (BC), subescapular (SB), axilar média (AM),

peitoral (PT), suprailíaca (SI), abdominal (ABD), coxa (CX) e perna (PTH). E para o

cálculo da densidade corporal utilizou-se a equação de quatro dobras cutâneas (TR-

BC-SB-SI) validada por Durnin e Womersley (1974) equação utilizada a partir dos

trabalhos realizado referente à composição corporal da seleção brasileira. Calculou-

se o percentual de gordura corporal (%G) por meio da equação de Siri (1961) %G =

[(4,95/D) – 4,50] x 100. E foi calculado o índice de massa corporal (IMC, kg/m²).

A análise dos dados foi realizada através do teste de Wilcoxon para

comparação dos momentos pré e pós intervenção e foi utilizado o software Bioestat

5.5 e o nível de significância de p≤0,05.

Resultados

As variáveis que caracterizam a amostra são apresentadas na tabela 1.

Não foram observadas diferenças significativas após o tempo de intervenção para as

variáveis antropométricas e de composição corporal (Tabela 2).

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Tabela 1: Média e desvio padrão das características da amostra.

Variável Média ±dp Amplitude

Idade, anos 27,2 ±2,14 17 a 41

Massa, kg 75,13 ±13,4 55,3 a 95,6

Estatura, cm 169 ±0,1 159 a 177

IMC, kg/m² 26,4 ±4,5 18,2 a 32,4

GC, % 24,6 ±4,8 15,4 a 30,5

∑ 9DC 127,5 ±38,8 62 a 179

Legenda: ±dp - desvio padrão; IMC - Índice de Massa Corporal; GC, Gordura

Corporal.

Tabela 2. Características antropométricas dos atletas de acordo com

posicionamento na pré-temporada e pós temporada.

Variáveis Idade anos MC (KG)

Estatura (cm)

IMC (kg/m)2 GC (%) ∑ 9DC

Pré-temporada 27,4(±6,9) 75,13(±13,4) 169(±0,1) 26,4(±4,5) 24,66(±4,8) 127,5(±38,8)

Pós temporada 27,4(±6,9) 76,59(±12,1) 169(±0,1) 25,4(±4,2) 25,06(±3,9) 129,7(±32,8)

Legenda: MC, massa corporal; IMC, índice de massa corporal; GC, gordura corporal;

Ʃ9DC, somatório das 9 dobras cutâneas.

Os resultados indicam que após 12 semanas de treinamento técnico tático e

físicos na pré-temporada e no pós-temporada verificou-se que a massa corporal de

ambas as posições estudadas (Ala, fixo e pivô) para todo o grupo analisado, não

apresentou diferença estatística significativa (p≤0,05). Na variável antropométrica

MC (75,13kg), nas variáveis de composição corporal de %GC (26,40%) e Ʃ 9DC

(127,5mm) em relação à pós-temporada.

Discussão

Este estudo buscou comparar características antropométricas de atletas

de futebol de cinco entra pré e pós temporada pertencentes à principal equipe de

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estado do Pará. O estudo da composição corporal representa um dos elementos

importante para identificar o perfil do atleta. Considerando que o perfil

antropométrico de atletas de elite de futebol de cinco (Gorla et al, 2017) server

como fonte de referência ao presente estudo.

Contanto nesta pesquisa, notou-se que a equipe analisada apresenta

percentual de gordura acima da média 24,83% (Gorla, 2017; Lohman, 1992;

Mantovani, 2008; Souza, 2014). Em decorrência da baixa frequência de treinamento,

como resultado, gera dificuldade na melhora dos valores de composição corporal

(BARTHOLO, 2011; DUARTE, 2016). Que recomendam uma carga-horária de

treinamento semanal seja obedecendo o tempo real de jogo 50 minutos 6 vezes por

semana totalizando 5h de treinamento semanal. Essas evidências sugerem que a

preparação física dos atletas deve ter uma frequência de treinamento maior.

Comparando os presentes resultados às evidências na literatura é possível

tecer alguns comentários. Faz-se importante ressaltar que os valores de percentual

de gordura da equipe estão acima do valor de percentual desejado para atletas de

futebol de cinco segundo o que demonstra 10,5% (GORLA et al., 2017). Que

realizou estudo com 23 atletas com média de 27,3 ± 5,5 anos que integram a seleção

brasileira de futebol de cinco, sendo 4 goleiros e 19 atletas com classificação B1,

desta forma acreditamos que o perfil de composição corporal dos atletas se mostra

desfavorável para fins competitivos. Segundo Petreça e Rucke Neto (2016)

demonstram em seu estudo que o percentual de gordura em atletas de futsal e

futebol variam em médias de 16,40%.

Portanto este trabalho vem contribuir para o crescimento de

conhecimento nesta área. O estudo foi realizado com uma amostra de atletas que

não tem a carga ideal de treino semanal. Assim, é importante ressaltar que a

generalização dos resultados fica prejudicada quanto à análise longitudinal. O n do

estudo é baixo, porém, está próximo do normal para estudos envolvendo esporte

paraolímpico (SILVA et al., 2002; SILVA et al., 2015), que geralmente utilizam baixa

amostra pela dificuldade de recrutar sujeitos que atendam aos critérios de inclusão.

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Por exemplo, Silva et al. (2002) realizou uma pesquisa com 11 jogadores de futebol

portadores de paralisia cerebral para fazer avaliação isocinética e Silva et al. (2015)

que realizou a pesquisa com 14 atletas paraolímpicos de ambos o sexo para avaliar

queixas musculoesqueléticas em atletas paraolímpicos no qual foi executado 3 vezes

em 1 ano. Em vista disso foi à primeira tentativa de um desenho longitudinal.

No entanto a pesquisa foi realizada com equipe de futebol de cinco com

os treinamentos já em andamento. Contudo, vale ressaltar a necessidade de

reproduzir este experimento com uma amostra que tenha uma carga mínima de 6-8

horas semanais de treinamento. Para verificar as prováveis alterações que possam

ser encontradas para justificar uma possível hipótese de mudança. Por isso, um

estudo planejado em futuras equipes ou na própria equipe pesquisada seria uma

oportunidade de demonstrar essa experiência cientifica.

Conclusão

Os resultados do presente artigo permitiram constatar que os atletas de

futebol de 5 da equipe analisada possuem valores percentuais de gordura acima do

normal para a população, bem como em comparação a atletas de modalidades

análogas e que estes valores não se alteraram após o período de treinamento.

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COMUNIDADES RIBEIRINHAS: PROPOSIÇÕES PARA AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE Eliseu de Sousa Costa*** ¹, Breno Lins de Alencar e Silva2, Sônia Sueli Serrão da Silva3,

Shirley Aviz de Miranda4, Nádile Juliane Costa de Castro5.

RESUMO: O objetivo da pesquisa é identificar o contexto de uma comunidade ribeirinha e sua implicação para atividades de educação em saúde. É uma pesquisa exploratória-descritiva realizada na comunidade ribeirinha da Ilha do Combu no município de Belém-PA, localizada a frente a Belém. A técnica de coleta de dados foi baseada na observação não participante com o suporte da captura fotográfica e a busca de dados em documentos históricos e na legislação. Os resultados emergiram três categorias: Contexto, Acesso: transporte e dificuldades e Enfrentamentos para educação em saúde. Conclui-se que as peculiaridades regionais devem ser observados ao se oportunizar atividades de educação em saúde em comunidades ribeirinhas, haja vista que possibilitam a aceitação e compressão mais efetiva no processo de aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE: Educação em saúde; Populações Vulneráveis; Saúde Coletiva; Enfermagem; Comunidades.

INTRODUÇÃO

A educação em saúde pressupõe uma combinação de oportunidades que

favoreçam a manutenção da saúde e sua promoção, não entendida somente como

transmissão de conteúdos mas também como a adoção de práticas educativas que

busquem a autonomia dos sujeitos na condução de sua vida. Desse modo, educação

em saúde nada mais é que o pleno exercício de construção da cidadania

(ROECKER et al. 2012). É vista como uma das estratégias utilizadas na atenção

primária, para efetivar uma aproximação entre os serviços de saúde e a comunidade,

entre o educador e o educando, em um processo de ensino-aprendizagem, sendo

este, complexo e de construção permanente (FERNANDES, BACKES, 2010).

Nessa diretiva, com a criação e implementação do Estratégia Saúde da

Família, populações tradicionais da Amazônia, como é o caso de algumas das

populações ribeirinhas, tiveram a oportunidade de acesso à saúde. Em conjunto a

*** 1 Especialista em Saúde da Família. SESMA Benevides.2 - Graduado em Enfermagem. Universidade

da Amazônia (UNAMA). 3 - Graduada em enfermagem. SESMA Belém. 4 - Mestre em enfermagem.

Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ). 5 - Doutora em Ciências

socioambientais. Departamento de Atenção Primária à Saúde da ABEn Seção Pará. E-

mail:[email protected]

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essa estratégia, como ferramenta a subsidiar transformações no processo saúde-

doença têm-se utilizado a educação em saúde em comunidades amazônidas

(SANTOS et al., 2018). Por certo, é necessário aplicar desde a formação acadêmica

ações voltadas para a realidade regional, para que subsidiem reflexões na vida

profissional (CASTRO et al., 2017).

É pertinente reconhecer as peculiaridades do cenário amazônico. Por certo,

em se tratando de uma região geográfica de dimensões continentais e sua população

se estabelecer ao longo de centenas de rios, na maioria das vezes, sem acesso por

estradas, o que gera isolamentos e dificulta o desenvolvimento de ações em saúde

(MACHADO et al., 2010). Logo, por meio das ações da equipe de enfermagem é

possível sistematizar o serviço e utilizar metodologias baseadas em práticas

educativas e que subsidiem a atenção básica e os cuidados individuais e coletivos

(ARAÚJO et al., 2018) e que podem ser direcionadas as realidades ao

conhecimentos das populações regionais a fim de diminuir agravos (SANTOS et al.,

2017).

Nestes termos, o objetivo da pesquisa é identificar o contexto de uma

comunidade ribeirinha e sua implicação para atividades de educação em saúde.

MATERIAL E MÉTODO

Pesquisa exploratória-descritiva realizada na comunidade ribeirinha da Ilha

do Combu no município de Belém-PA, localizada a frente a Belém. Esta pesquisa

iniciou-se em maio de 2015 até agosto de 2018. A fim de atender ao objetivo deste

estudo, buscou-se na abordagem qualitativa as ferramentas teórico metodológicas

que possibilitam caminhar pela perspectiva em que a dinâmica do mundo

sociocultural e ambiental. A pesquisa qualitativa aborda o campo social como um

“mundo de significados” em que as práticas e linguagens dos grupos sociais, com

suas motivações, aspirações, crenças, valores, atitudes se expressam na vida

cotidiana (TEIXEIRA, 2014, p. 140).

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Para isso, o objeto deste estudo suscitou como técnica de coleta de dados a

observação não participante com o suporte da captura fotográfica e a busca de

dados em documentos históricos e na legislação que trata das feiras em geral. Partiu-

se também da produção de um diário de campo, realizadas por visitas in loco. O

instrumento de coleta de dados possui dois elementos a serem observados:

infraestrutura dos serviços de saúde e educação, realidade geográfica, sendo

registrados em diário de campo. Considerando que as técnicas de coleta de dados

levaram a produção de um relatório textual, utilizou-se - como técnica de análise de

dados que é um conjunto de técnicas de análise de comunicações (BARDIN, 2016).

A pesquisa irá obedecer ao que rege a resolução nº 466, de 12 de dezembro

de 2012 do conselho nacional de saúde em que constam as Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos e foi aprovado no

comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos (CEP/CONEP) sob número:

1.082.776.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Contexto

Segundo Cirilo (2013), a APA da ilha do Combu foi criada em 1997, através

da lei estadual n° 6.083, e a mesma tem como objetivo o ordenamento do uso dos

recursos naturais de maneira sustentável, como o extrativismo do açaí e do palmito.

A partir da criação dessa lei, a gestão desta APA passou a ser de competência da

Secretária Estadual de Meio Ambiente (SEMA/PA). Neste sentindo, a APA é de

fundamental importância para a preservação do ecossistema da ilha do Combu,

assim como para a manutenção da qualidade de vida do ribeirinho e tem como

objetivo a garantia da fauna e da flora, a preservação dos ecossistemas, a

manutenção do meio ambiente e a garantia da sustentabilidade na utilização dos

recursos naturais.

Geograficamente, a Ilha do Combu está localizada às margens do rio Guamá,

na porção sul do município de Belém, a uma distância de 1,5 km da zona urbana da

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cidade. Com uma área de 15 Km2, constitui-se a quarta maior ilha do município,

distante da capital de Belém em média 15 minutos de rabeta. A mesma pertence ao

Distrito de Outeiro (DAOUT), que envolve as ilhas localizadas na parte norte e na

parte sul da região insular do município de Belém (CIRILO, 2013). Nesse espaço

tipicamente amazônico, caracterizado pela presença de vegetação de várzea, por

furos, igarapés e paranás (Figura 1), vivem cerca de 1.700 moradores que estão

distribuídos em quatro comunidades: comunidade do Igarapé Combu, comunidade

Beira Rio, comunidade Santo Antônio ou do Igarapé do Piriquitaquara e

comunidade do São Benedito a preservar ou do Furo de São Benedito (TEIXEIRA;

ALVEZ, 2008).

De acordo com Reis et al. (2012), a população do Combu é composta na sua

maioria por crianças e adolescente com idade entre 0 a 19 anos (54%) seguido da

população adulta com faixa etária entre 20 a 90 anos (45,6%). Desta forma, a

comunidade constitui-se essencialmente por uma população jovem, já que 65,6%

dos moradores encontram-se no intervalo etário de 0 a 24 anos.

O fato de a população ser formada em sua maior parte por jovens, que hoje

tem maior acesso a informação e a educação, acabam por incorporar valores

Figura 1 – Vegetação a margem do furo do Combu. Fonte: Arquivo de campo

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culturais diferentes dos preservados pelas comunidades tradicionais ribeirinhas, as

quais viviam predominantemente da exploração dos recursos naturais, da pesca e da

agricultura de subsistência. A incorporação dos novos valores é resultante

principalmente da proximidade com o centro urbano, do acesso à informação, do

contato com outras culturas

Nestes termos é necessário compreender que as moradias tradicionais dos

povos ribeirinhos são denominadas de palafitas, termo utilizado para designar um

tipo de habitação construída sobre troncos ou pilares. Esse tipo de construção é

comum em áreas alagadas, com estrutura de madeira, de palha ou de taipa. Neste

estudo foi identificado que as casas da ilha em sua grande maioria são de madeira,

com pisos elevados, telhas de barro, todas muito próximas às margens dos rios.

Essas moradias são adequadas ao sistema de cheia dos rios, quase sempre possuem

um pequeno trapiche ou ponte, que tem como objetivo facilitar o acesso, haja vista,

que o rio é o principal meio de deslocamento dos ribeirinhos.

Reis et al. (2012), aponta que nestas realidades há um pequeno trapiche ou

ponte na parte frontal das residências, tendo por finalidade estacionar/atracar as

rabetas e/ou montarias. Além disso, há um banheiro localizado na parte externa da

casa, uma espécie de compartimento independente interligado a residência por uma

ponte feita por tronco de açaizeiro ou miritizeiro, sendo descrito como um pequeno

barraco coberto, com um orifício no assoalho. Em paralelo, é importante salientar

que a comunidade não tem acesso ao saneamento básico: água encanada, sistema de

esgoto, coleta e separação de lixo, muitas patologias podem estar associadas a essas

condições precárias de moradias, a destacar: diarreia, anemia, hepatites, amebíase,

tifo, salmonela, febre tifoide, viroses, patologias gastrointestinais, infecção urinárias,

entre outras.

ACESSO: TRANSPORTE E DIFICULDADES

Para Silva et al. (2013), o termo ribeirinho, não se refere ao simples fato de

alguém morar às margens de um rio ou igarapé, mas se refere a uma população que

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possui um modo de vida peculiar, que a diferencia das demais populações do meio

rural ou urbano, possuindo uma dinâmica marcada pela presença do rio, o qual não

é apenas um elemento do cenário ou da paisagem, mas algo constitutivo do modo

de ser e de viver. E por habitarem em um ambiente onde a força da natureza se faz

presente, os ribeirinhos aprenderam a sobreviver em um meio repleto de limitações

e desafios impostos pelo rio e pela floresta. Logo, a relação desse povo com as

mudanças naturais fez com eles que adaptassem o seu cotidiano, seu modo de morar

e de buscar meios para sua subsistência (MORIM, 2014).

Neste sentido, Santana (2013), ressalta que o rio institui o alicerce de

sobrevivência dos ribeirinhos, sobretudo às terras férteis de suas margens, além de

se apresentar como via de transporte. O rio possui um papel fundamental em suas

vidas, pois, é através dele que são estabelecidas as ligações entre as localidades com a

utilização de jangadas e barcos como o único meio de transporte. É nele também

que os ribeirinhos executam uma das principais atividades que lhes proporciona

fonte de renda e de sobrevivência: a pesca (MORIM, 2014).

Diante disso, entende-se que embora o rio seja indissociável das atividades de

subsistência e da vida ribeirinha, apresenta-se de forma paradoxal, pois é também

um fator limitante, pelo fato de diminuir as possibilidades de acesso a serviços como

saúde, educação, comunicação e deslocamento, dentre outros, em decorrência ao

isolamento geográfico, o que reflete em carências socioeconômicas, como a

inexistência de saneamento básico, condições precárias de habitação, ausência de

tratamento adequado do lixo, desemprego e limitação da renda.

Esse cenário reflete também na mobilidade dos ribeirinhos, visto que os

principais meios de transportes utilizados na comunidade ribeirinha do Combu e

demais ilhas, que compõem a região insular do município de Belém são: rabetas,

barcos e montarias, estes transportam nativos em suas atividades diárias, servidores

de serviços públicos destas áreas, além de turistas.

Mesmo próximo à área urbana de Belém o acesso à ilha do Combu é

dificultado pela escassez de transporte coletivo regular, principalmente nos dias

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úteis, pois o transporte regularizado é para transportar alunos que estudam na área

urbana, profissionais da educação e saúde que atuam na ilha (Figura 2). Para as

demais pessoas como: pesquisadores, visitantes, turistas e mesmo ribeirinhos que

precisem realizar atividades fora da ilha que, por ventura, se interessem transitar

entre a ilha e área urbana do município nos dias úteis, o acesso é escasso, sendo

estes obrigados a arriscar-se em meio a transportes irregulares, que não obedecem às

normas de segurança estabelecidas pela Agência Nacional de Transportes

Aquaviários (ANTAQ).

A partir desse pressuposto, é possível afirmar que a ilha do Combu

estabelece uma relação de dependência com o centro urbano de Belém,

principalmente ao que concerne a economia, pois seu desenvolvimento resulta da

interação comercial entre as duas partes, uma vez que os produtos do extrativismo

são comercializados principalmente no mercado belenense. Do mesmo modo, é no

centro comercial de Belém que o ribeirinho adquire a maioria dos produtos e artigos

Fotografia 02 - Transporte escolar dos ribeirinhos. Fonte: Arquivo pessoal.

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usados no seu dia a dia, como, vestuário, alimentação, utensílios domésticos, dentre

outros.

Além disso, ainda ocorre dependência de profissionais e serviços, como

educação e saúde, haja vista, que na ilha estes serviços são oferecidos de forma

básica e os profissionais que lá atuam residem na região metropolitana de Belém.

Assim, essa relação de dependência ser fortifica e perpetua, principalmente, devido

às necessidades que a ilha possui, em termos de infraestrutura social, comercial e de

serviços. É importante compreender a necessidade de ir e vir, de segurança, lazer,

saúde, respeito, dentre outros, está sendo negligenciada, mediante a atual condição

que se apresenta o espaço da praça princesa Isabel e do porto lá instalado.

No caso dos serviços de saúde, por exemplo, os impactos destas carências

caracterizam-se como dificuldades para realizar consultas, exames, vacinas, ações

preventivas dentre outros, resulta em uma população com um maior potencial de

adoecimento sem possibilidade acessível de tratamento pela medicina moderna, o

que representa acentuação dos índices epidemiológicos destas populações.

Assim, o isolamento geográfico afeta a epidemiologia da ilha, como evidencia

Azevedo et al. (2014) que como parte de sua pesquisa realizou campanha de coleta

de material para PCCU, e constatou que aproximadamente 23% das mulheres

pesquisadas não compareceram para a coleta de material e a justificativa ao não

comparecimento teria sido a dificuldade de acesso à ESF do Combu, pelo fato de

residirem em área ribeirinha e não disporem de transporte para o deslocamento.

É prudente afirmar que as populações das ilhas são prejudicadas devido às

dificuldades de acesso a serviços como a saúde, seja pela escassez ou pelo

isolamento geográfico, o que pode acarretar no agravamento do quadro

epidemiológico dessas populações. Por outro lado, o isolamento geográfico favorece

a manutenção das características naturais e antropológicas destas comunidades, visto

dessa forma como um fator favorável para a preservação da cultura, pois os mantêm

pouco contato com outras comunidades.

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ENFRENTAMENTOS PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE:

Comunidade como da ilha do Combu, ainda que possuam proximidade com

a área urbana, possuem um acesso limitado de informação. Mas, se comparado com

outras comunidades isoladas geograficamente podem ter a introdução de novas

tecnologias sociais de comunicação que são viabilizadas por essa proximidade com a

região metropolitana. Com base em todas essas dificuldades, o Ministério da saúde

criou a Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF), que o objetiva suprir essas

dificuldades de acesso a tais comunidades (BRASIL, 2013).

Embora, já haja preocupação por parte do Ministério da Saúde com as

comunidades ribeirinhas mais isoladas, a UBSF ainda não é uma realidade no

Combu, pois hoje a ilha dispõe apenas de uma Casa de Saúde da Família que

funciona pela manhã e oferece apenas serviços básicos, como consultas. Este espaço

é fixo e o acesso é através do rio, contudo, sabe-se que nem todos os ribeirinhos

dispõem de transporte para isso. A UBSF se faz necessário devido principalmente

ao fato de a ilha ter uma enorme extensão territorial, onde muitos ribeirinhos ainda

vivem em situação de isolamento, com precárias condições sanitárias, como

ausência de saneamento básico, de sistema de tratamento água, coleta de lixo dentre

outros, além do fato de a região insular do município de Belém ser formada por

várias ilhas que também poderiam se beneficiar.

Deste modo, teriam acesso a serviços de saúde que proporcionaria

informação em saúde e consequentemente promoção à saúde e qualidade de vida.

Ademais, isso se faz necessário também, por que o isolamento geográfico permite

que estas comunidades conservem suas características antropológicas, culturais,

religiosas, crenças e valores. Nestes termos, é necessário compreender que cenários

como estes são representativos de processos sociais que determinam a saúde dos

indivíduos (MEDEIROS et al., 2018).

Por certo, ao se objetivar produzir ações de educação em saúde é necessário

compreender o cenário e buscar informações pertinentes de modo a agir

coerentemente com as necessidades locais referentes a saúde. No mais, deve-se

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reconhecer os indivíduos pertencentes a esta comunidade como sujeitos que

possuem conhecimentos que devem ser considerados no processo das ações de

educação em saúde (SILVA, 2018). Como aporte pode-se enveredar-se pelas rodas

de conversa (DIAS, et al., 2018) e que contemplem a realidade socioambiental e

antropológica destas comunidades (SANTOS et al., 2017) e busquem informações

necessárias para compreensão das dinâmicas locais.

Nestes termos, as ações voltadas para educação sem saúde seriam mais

eficazes. Uma educação em saúde deve ser voltada para a realidade de modo a

resolver problemas reais, mas sobretudo, compreender a complexidade que envolve

processos interdisciplinares (TENÓRIO et al., 2018). Este olhar é necessário, haja

vista que nestes cenários como já apontado há características que são peculiares a

região. O profissional em saúde deve construir suas ações então pela realidade, pelo

campo da saúde coletiva que abrange um olhar interdisciplinar e buscando resolver

problemas reais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

As peculiaridades de uma região são condições que devem ser consideradas

no contexto das ações de educação em saúde. Na Amazônia é sempre pertinente

identificar questões geográficas e de mobilidade de comunidades ribeirinhas, pois,

possuem suas rotinas envoltas aos recursos naturais e por costumes e culturas

amazônidas. Por certo, a compreensão do ser amazônida deve sempre ser discutida

no âmbito da execução de atividades dos serviços de atenção primária à saúde.

O trabalho limita-se a compreender o cenário, mas é possível encontrar mais

evidências identificando agravos e relacionando-os ao ambiente. Recomenda-se que

sejam realizados estudos parasitológicos e de acidentes pertinentes a essas realidades

de modo a corroborar com os apontamentos já discutidos.

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AÇÃO EDUCATIVA SOBRE HIGIENE ENTRE ESCOLARES DE UNIDADE EDUCACIONAL RIBEIRINHA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Ianny Ferreira Raiol††† Gabriela Nascimento de Souza2

Leticia de Souza Rodrigues2 Marina Pereira Queiroz dos Santos2

Nicole Râmilly de Oliveira Lameira2 Shirley Aviz de Miranda3

RESUMO: Objetivo: Realizar uma ação educativa para incentivar a adoção de hábitos de higiene com crianças em idade pré-escolar. Metodologia: Trata-se de uma ação educativa, utilizando a metodologia de problematização com o Arco de Maguerez. A ação foi realizada em Cotijuba. O público-alvo destinou- se às crianças de 3 a 5 anos. A aplicação da metodologia de problematização ocorreu por meio de 5 etapas, nas quais foram: Observação do local, Identificação do problema, Investigação, Criação de estratégias e Execução de ações, a fim de minimizar o problema observado. Houve uma dinâmica voltada à avaliação dessas crianças nas quais foram utilizadas músicas e coreografias. Resultados: Observou-se que as crianças continham bastante conhecimento acerca da higienização pessoal, sobre os itens mostrados, também sobre a forma de utilizá-los. Porém, nem todas as crianças tinham acesso a tais objetos em suas casas. Além disso, percebeu-se alto índice de pediculose. Conclusão: O processo vivenciado na metodologia da problematização proporcionou uma experiência em termos de aprendizagem, em saber lidar com essa realidade e adquirir novas experiências de campo. Vale ressaltar que é de grande importância a participação dos profissionais de saúde que lidam direta ou indiretamente na elaboração e atuação de programas de promoção de bons hábitos higiênicos. Palavras-Chave: Educação em saúde; Higienização; Promoção da saúde. INTRODUÇÃO

A educação em saúde vem sendo construída desde início, sempre tendo em

vista a melhoria e reabilitação, pois é na idade pré-escolar que há maior absorção de

informações. As ações educativas e preventivas devem ser incorporadas aos hábitos

das crianças de modo que elas sejam aptas a compreender as necessidades e

††† Discente da Faculdade Metropolitana da Amazônia. E-mail: [email protected]

² Discente da Faculdade Metropolitana da Amazônia. 3 Docente da Faculdade Metropolitana da Amazônia. E-mail: shirleyaviz@hotmail.

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importância de ter hábitos higiênicos desde cedo que contribuirá para evitar várias

doenças decorrentes. (NASCIMENTO, 2015).

A família está presente como a estrutura social básica e o primeiro núcleo da

construção da aprendizagem de um indivíduo, sendo assim, os hábitos na família

podem interferir na construção dos saberes de uma criança. E a escola, também

assume um papel relevante, pois como espaço de apropriação de conhecimentos,

tem dever de subsidiar propostas preventivas e promocionais à saúde. A ausência de

hábitos higiênicos aumenta a aquisição de doenças como cáries dentárias e

pediculose. (GABANI, 2010).

A criação de hábitos de higiene na educação infantil proporciona ao

desenvolvimento, aprendizagem lúdica, multidisciplinar e interdisciplinar

possibilitando as crianças a estabelecerem relações entre as atividades com a

realidade vivenciada por elas. A promoção da saúde no âmbito escolar visa

desenvolver o conhecimento de higiene e prevenção de doenças através de

conhecimento prático e teórico. A participação do contexto familiar, comunitário,

social e ambiental é fundamental para bons hábitos. (ROGEL, 2016).

Nessa perspectiva, para manter boa qualidade de vida, adotar bons hábitos

de higiene é uma das medidas mais necessárias. Dentre os hábitos saudáveis, o

banho é fundamental. A pele, o maior órgão do corpo humano, funciona como uma

barreira natural impedindo a entrada de microrganismos. Quando a proliferação

dessas bactérias boas é acentuada, ou quando é eliminada, a pele pode ficar

vulnerável, permitindo a infestação de outros organismos causadores de infecções.

(SILVA, 2016).

Dessa maneira, refletir sobre como as práticas de promoção da saúde são

elaboradas na perspectiva do cuidado, tem salientado discussões a respeito da

diversidade de atores sociais da saúde e o diálogo capaz de reconhecer as diferentes

realidades instituídas pelos mais variados aspectos que dão sentido de existência do

humano. Enquanto foco de reflexões, o cuidado vem auxiliando na elaboração de

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novos planejamentos e intervenções voltadas ao atendimento da criança em sua

integralidade. (STEIN; VIEIRA, 2016).

O profissional deve direcionar a elaboração de suas atividades a partir da

realidade e do contexto em que está inserido, ou seja, buscar uma interpretação da

realidade educacional para então compreender os diferentes elementos que

envolvem a prática educativa, visando sua transformação. (SARUBBI, 2014).

Os dados epidemiológicos a respeito dos problemas relacionados à saúde

bucal de pré-escolares salientam a importância de intervenções educativas planejadas

de acordo com as características do desenvolvimento dessa faixa etária, a qual

compreende crianças entre três e cinco anos de idade. As escolas de educação

infantil são espaços privilegiados para intervenções coletivas visando à promoção de

comportamentos saudáveis e o desenvolvimento da autonomia da criança.

(CARVALHO et al., 2013).

A pediculose é vista como uma ectoparasitose mais prevalente entre a

população infantil e de difícil resolutividade. Apesar dos professores de Centros de

Educação Infantil vivenciar frequentemente a presença de infestação, seja em seus

núcleos familiares ou profissionais, muitas de suas práticas ainda se embasam no

senso comum, sem conhecimento e respaldo científico. Geralmente, quando as

pessoas tratam, muitas vezes, é por conhecimentos empíricos. (GABANI;

MAEBARA; FERRARI, 2010)

O enfermeiro, como profissional da saúde, tem como atribuições fazer

avançar ações na perspectiva do desenvolvimento integral da criança no ambiente

pré-escolar por meio de projetos que articulem saúde e educação para o

enfrentamento das vulnerabilidades que comprometam o pleno desenvolvimento

das crianças. (SIGAUD et al., 2017).

As necessidades e condições de higiene de crianças em idade pré-escolar em

zonas rurais ainda são muito precárias. Muitas vezes ocasionada pela ausência dos

pais relacionada, principalmente, a carga horária excessiva de trabalho.

Consequentemente, tais crianças se tornam vulneráveis a diversos problemas de

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higiene, devido à falta de conhecimento do cuidado com o próprio corpo, também

pela realização inadequada de cuidados higiênicos. Para o crescimento e

desenvolvimento saudável da população infantil, é essencial organizar e planejar

ações educativas voltadas à promoção do cuidado em saúde (NASCIMENTO,

2015).

Dessa forma, para que essa prevalência diminua é necessário medidas de

educação em saúde visando à promoção e prevenção de forma que os problemas

higiênicos de alto índice epidemiológico, principalmente, na educação infantil, sejam

diminuídos e/ou combatidos. Assim, a realização de ações, preferencialmente em

ambientes de convívio social (como nas escolas) promovem a incorporação de

hábitos e comportamentos saudáveis no seu dia a dia (SARUBBI, 2014).

Diante disso, é esperado que por meio dessa prática, as crianças

compreendam a necessidade e importância de ter hábitos higiênicos desde cedo,

pois, quanto melhor estas tais crianças forem esclarecidas, mais chances elas terão de

formarem seu ego de forma própria e de contribuir para um ambiente mais asseado.

Assim, a representatividade para que a adoção de hábitos de higiene na educação

infantil aconteça de maneira prática, é necessária uma aprendizagem lúdica

(ROGEL, 2016).

Dessa forma, o objetivo geral desse trabalho relatar a realização de ação

educativa sobre hábitos saudáveis de higiene entre crianças em idade pré-escolar em

uma escola municipal de educação infantil na ilha de Cotijuba, Belém/PA.

PERCURSSO METODOLÓGICO

Trata-se de um relato de experiencia sobre ação educativa com a temática

sobre hábitos de higiene na educação infantil. O método utilizado foi através da

metodologia de problematização na qual pressupõe um discente ativo, protagonista

do processo de construção do conhecimento com a própria realidade, apreendida

como problema real a ser resolvido ou melhorado mediante a ação conjunta.

(CASTRO; GONÇALVES; BESSA, 2017).

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A elaboração da atividade foi baseada na metodologia da problematização e

das etapas do Arco de Maguerez e suas etapas, nas quais: a primeira etapa foi uma

observação da realidade, por meio de uma visita prévia a unidade educacional, a fim

de conhecer o espaço escolar, assim como as crianças e a necessidade de

intervenção no local. A segunda etapa foi identificação dos pontos-chave sobre as

possíveis vulnerabilidades relacionadas a higiene. Na etapa seguinte aconteceu a

teorização, com imersão teórica sobre a temática. Na quarta etapa consistiu na busca

por estratégias de formas didáticas, por meio de metodologias ativas a serem

desenvolvidas com as crianças na busca de solucionar ou minimizar a situação

identificada e a última etapa se constituiu na execução em si da ação educativa.

A atividade foi desenvolvida realizada em uma Unidade Municipal de

Educação Infantil, localizada na ilha de Cotijuba, município de Belém, no estado do

Pará. Ocorreu no horário de 09:00 horas às 12:00 horas do dia 30 de novembro do

ano 2018. O público-alvo foi destinado às crianças da escola na faixa etária de três a

cinco anos, além de professores.

RELATO DA EXPERIÊNCIA

Essa experiência oportunizou-nos desenvolver a atividade de educação em

saúde, de maneira criativa e dinâmica, utilizando recursos áudio visuais e

estimulando a participação das crianças. Tendo como objetivo a prevenção das

doenças, buscando a mudança de comportamento através do despertar de uma

consciência crítica.

Destarte, a dinâmica foi dividida em duas etapas, as quais: a primeira etapa

foi utilizada músicas e coreografias de forma lúdica, relacionados as higiene com

objetivo de envolver a criança com a temática abordada e com intuito de fortalecer

nas crianças a forma adequada de tomar banho, representar os locais a serem

lavados, a forma correta de escovar os dentes e como tratar a pediculose, para que

eles pudessem adquirir hábitos de higienização desde pequenos.

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Outra forma de analisar, foi através da exposição de uma cartolina, que

continha objetos, sendo eles: shampoo, sabonete, creme dental, escova de dente,

pente fino e um pente comum. Visto que, tais itens eram apontados e

posteriormente eram feitas perguntas, com o objetivo de avaliar o conhecimento das

crianças acerca de cada objeto apontado, na identificação do nome do item, como

utilizá-lo e se eles tinham acesso a este item em suas casas.

A metodologia utilizada teve intuito de promover o incentivo para que elas

tenham hábitos higiênicos desde cedo, para que possam evitar quaisquer tipo de

doenças decorrentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram da ação educativa vinte e uma crianças, na faixa etária de três à

cinco anos, sendo onze meninos e nove meninas. Contamos também com a

presença dos professores da unidade educacional. Foi observado que eles têm

conhecimento de como fazer a higienização pessoal. Apesar do incentivo à escovar

os dentes, alguns setem preguiça ao fazer a limpeza bucal, a maioria relata tomar

banho sozinhos sem a presença dos pais/responsável, ou seja, tem uma

precariedade na vigilância e as crianças acabam fazendo de forma inadequada.

A professora da escola relatou que tem um alto índice de pediculose e

algumas crianças relataram que ao tomar banho utilizam o pente fino, outras falaram

que a mãe as “catava”. Porém, o índice ainda continua alto já que nem todas têm o

mesmo hábito.

Percebeu-se que 100% das crianças sabiam o que era cada item de higiene

pessoal, mas nem todas tinham em seu domicilio; 85,7% das crianças falaram que

utilizavam sempre que tomavam banho; 14,2% das crianças falaram que passam o

pente fino quando lavam o cabelo; 90,5% afirmam que lavam as mãos antes das

refeições; 100% afirmam que escovam os dentes; 19% das crianças dizem ter

preguiça e acabam não escovando sempre, somente uma vez ao dia.

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Durante a atividade, percebemos que as crianças demonstraram interesse

pelo tema abordado através da verbalização/diálogo no que diz respeito aos

cuidados de higiene, sendo destacados como pontos mais importantes para esse

cuidado: o banho, lavagem das mãos antes e após de comer algo, do uso de pente

fino, a importância de escovar os dentes e o corte das unhas. Tal verbalização

Nota-se que por conta de serem crianças com pais, possivelmente, com baixa

renda, acabam tendo deficiência/ausência de bons hábitos. Consequentemente, os

riscos da aquisição de doenças são maiores. Além disso, foi possível perceber a

carência dos pais com relação aos cuidados com a limpeza e asseio perante seus

filhos, pois os professores presentes na atividade relataram que a maioria da

criançada chega na creche de forma suja e mal asseada.

De acordo com Nascimento (2015), é necessário o desenvolvimento de

atividades de Educação em Saúde para garantia de melhores condições de saúde.

Nesse sentido, é importante que se comece atuar justamente na idade infantil,

estimulando o desenvolvimento da responsabilização sobre seu próprio bem-estar e

consequentemente contribuindo para a manutenção de um ambiente saudável.

Desse modo, percebemos que comportamentos simples (escovar os dentes,

pentear o cabelo, tomar banho, lavar as mãos, cortar as unhas etc.,) com materiais

acessíveis e de baixo custo (como a escova de dentes, pente de cabelo, sabonetes,

dentre outros) não são desempenhados e utilizados, respectivamente, devido a baixa

renda familiar e/ou a negligência dos pais/responsáveis com relação ao incentivo na

educação e conscientização sobre as práticas de higienização.

Portanto, a atividade de educação continuada é fundamental nesse

aprendizado, de maneira a estimular e reforçar a importância da limpeza pessoal e

dos hábitos de higiene fora e dentro de casa, a fim de incutir nessas crianças tais

comportamentos, de forma a enxergá-los com mais naturalidade em vez de uma

obrigação. (SIGAUD et al., 2017).

Segundo Gomes (2016) a educação em saúde além de uma estratégia de

baixo custo, sendo capaz de atingir resultados significativos e duradouros e tem

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como principal objetivo a prevenção das doenças, buscando a mudança de

comportamento através do despertar de uma consciência crítica, além de construir

nas pessoas um conceito acerca de hábitos saudáveis.

CONCLUSÃO

A experiência de promoção a saúde com os escolares foi válida e

extremamente rica, servindo para mostrar a importância de se adotar medidas de

higiene tanto de forma individual como coletiva. Haja vista, nessa oportunidade que

tivemos junto com as crianças, pudemos ensiná-las por meio de gestos, palavras,

canções e atitudes, além de ampliar os horizontes para o processo de construção de

hábitos higiênicos.

O processo vivenciado na metodologia da problematização proporcionou

novos modos de construção do conhecimento, e estreitou as vivências no ensino-

comunidade. Destaca-se a importância da participação dos profissionais de saúde

que lidam direta ou indiretamente nos programas de promoção da saúde na infância,

com ênfase nos hábitos adequados de limpeza.

Os profissionais na área da saúde devem sempre utilizar a educação em

saúde como algo que esteja presente em suas orientações, tanto no ambiente escolar,

quanto no familiar, devendo ser enfocado as medidas de prevenção e adoção de

bons hábitos de higiene. Quando a pessoa é orientada, ela passa a ter o poder de

decidir sobre as questões referentes à saúde e, assim, poderá agir de maneira crítica

refletindo sobre suas próprias atitudes.

Portanto, tivemos a oportunidade de abranger o olhar dessas crianças no

contexto de qualidade de vida, não somente sobre o benefício próprio, mas da

família e da comunidade, com relação as boas práticas de higiene. Assim, ao se

trabalhar com essas questões ainda na infância, quando adultos, essas pessoas irão

ter uma melhor qualidade de vida e consequentemente, terão uma boa condição de

saúde no que diz respeito às suas práticas de higiene. Vale ressaltar, que é

fundamental a participação de profissionais de saúde que lidam com as crianças, na

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elaboração e atuação de programas com o objetivo de prevenção e promoção que

envolva a família/cuidadores.

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NÍVEIS DE EXPOSIÇÃO AO MERCÚRIO EM PEIXES COMERCIALIZADOS NO VER-O-PESO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Carolina de Sena Fernandes dos Santos‡‡‡ Renata Pacheco Vasconcelos Veloso1

Helder Douglas Cuimar Moreira Filho§§§ Maísa Lima Miranda2

Sara Bianca Almeida Luz2 Thayenne Correia Costa de Souza2

Renata Novaes da Silva****

RESUMO: Este artigo é resultado de um trabalho desenvolvido de acordo com a proposta da disciplina de Educação Ambiental, ao longo do segundo semestre de 2018. Tem como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre os níveis de mercúrio encontrados nos pescados comercializados no Ver-o-Peso, Belém-Pará, comparando os resultados obtidos por Amaro (2014) e Arrifano (2011). O presente estudo ratifica a importância do acompanhamento dos níveis de Hg-T nos peixes, a fim de contribuir para a prevenção dos possíveis males causados por este metal ao meio ambiente e saúde humana.

PALAVRAS CHAVE: Peixes. Mercúrio. Ribeirinhos. Contaminação.

INTRODUÇÃO

O Mercúrio é um metal liquido, substância natural facilmente encontrada no meio

ambiente. Exatamente por esta característica particular, é empregado em diversas

atividades econômicas, em especial na mineração. Segundo Costa et al (2014), o

mercúrio é um dos poluentes com maior potencial tóxico dentre os metais pesados,

e desperta uma grande preocupação ambiental, pois apresenta capacidade de

bioacumulação†††† nos organismos e v‡‡‡‡ ao longo da cadeia trófica. A mineração é

‡‡‡ Discentes do 3° semestre de Nutrição na Escola Superior Madre Celeste – ESMAC

([email protected]) §§§ Discentes do 3º semestre de Biomedicina na Escola Superior Madre Celeste – ESMAC **** Docente Orientadora da Escola Superior Madre Celeste – ESMAC, Mestra em Planejamento

do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA), Pós-Graduanda em

Gestão Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Economista pela Universidade

Federal do Pará (UFPA) e Engenheira Florestal pela universidade Federal Rural da Amazônia

(UFRA) ([email protected]) †††† “...transferência cumulativa de contaminantes do meio externo para o organismo, no qual as

concentrações observadas são muito superiores que as do meio”. (Cf. MARANHO, Lucineide

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uma das atividades que mais causa contaminação pelo mercúrio por elevar o nível de

Hg no ambiente terrestre e aquático (COSTA JUNIOR et al, 2017).

O mercúrio ao entrar no organismo humano se deposita em alguns tecidos

causando lesões, pode provocar úlceras gastrointestinais e necrose tubular, além de

atravessar a barreira placentária causando danos ao feto, desencadear diversas

reações psicóticas, por exemplo, alucinações e tendências suicidas (SOUZA e

BARBOSA, 2000). Uma das maneiras do mercúrio chegar até o homem é através da

contaminação ambiental, comumente pela ingestão de peixes que apresentam o

meio mais viável de obtenção de mercúrio total (Hg-T) para seres humanos.

Em Minamata no Japão, ficou evidenciado todo o potencial contaminante do

Hg devido a sua alta toxicidade para o organismo humano, onde a causa da

contaminação foi o despejo de produtos industriais diretamente na referida baia. A

partir daí, informações sobre manifestações clínicas características de contaminação

mercurial como comprometimento do sistema nervoso, paralisia e atrofia muscular

que posteriormente viriam a caracterizar a doença ou mal de Minamata, serviram

para mobilização de segmentos da sociedade em diversas regiões, inclusive no Brasil

(PEREIRA, 2019).

Partindo desse pressuposto, o garimpeiro e a comunidade ribeirinha estão

mais predispostos à contaminação por este elemento através da água contaminada e

alimentos produzidos em hortas próximas ao garimpo, além do peixe que é

consumido em larga escala pelos paraenses e é um importante marcador de

contaminação, isto se tornou um fato preocupante (AMARO, 2014). No mercado

de peixes no Ver-O-Peso, maior feira livre da América-Latina, se comercializa

Aparecida. Biomagnificação do heptacloro num modelo de simulação em condições.

Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agro ecossistemas) - Universidade de São Paulo,

Piracicaba, 2006. p. 12-13). ‡‡‡‡ “... acumulo de toxicante de forma direta ou indireta nos corpos receptores em diferentes

níveis tróficos, sendo transferidos de organismos menores para organismos maiores”. (Cf.

MARANHO, L. A. Biomagnificação do heptacloro num modelo de simulação em condições.

Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agroecossistemas) - Ecologia de Agroecossistemas, Universidade

de São Paulo, Piracicaba, 2006. p. 12-13).

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diversas especiarias amazônicas e entre elas estão os peixes, que são concentradores

naturais do mercúrio.

Diante da relevância da temática, a presente pesquisa tem como objetivo

verificar quais são os níveis de Hg-T em peixes comercializados no mercado do Ver-

o-Peso, encontrados na bibliografia. Para tanto, foram selecionadas três pesquisas

que avaliam o grau de contaminação do pescado comercializado no Ver-o-Peso.

MERCÚRIO E O CICLO DO MERCÚRIO NO MEIO AMBIENTE

O Mercúrio (Hg) é um metal líquido que possui propriedades químicas

importantes para a manipulação, segregação e refinação de outros componentes

químicos muito conhecidos pelo seu valor monetário como o ouro (Au) e a prata

(Ag). Porém, quando se diz respeito à saúde coletiva e ambiental apresenta um vasto

e abrangente maleficio, uma vez que o metal não contem aspectos essenciais para a

sobrevivência ou que beneficiem o organismo humano, tal como outros organismos

(FREITAS et al, 2016).

O mercúrio se apresenta em três formas, Mercúrio elementar que devido sua

estabilidade é transportado a longas distancias e permanece no ambiente por um

longo período, Mercúrio inorgânico que é representado por um conjunto de sais

mineiras e compostos e o Metilmercúrio que é considerado o mais importante

devido a sua alta toxicidade e facilmente incorporado ao ecossistema aquático,

cumulando-se nos organismos existentes na água (SOUZA, 2000).

O Mercúrio Hg0 pode sofrer oxidação fotoquímica perdendo elétrons para

se tornar mercúrio inorgânico, que ao se combinar com vapores de água cai sobre a

terra como chuva por meio do processo de deposição seca e úmida, a partir daí o

mercúrio é encontrado na forma de íon e cerca de 40% é depositado nos corpos de

água podendo adentrar ao solo, ser absorvido pelas plantas, depois por peixes

menores, peixes maiores até chegar ao consumo humano (WASSERMAN, 2001).

O Mercurio pode sofrer um processo de metilação que é a sintetização do

Mercúrio elementar por bactérias presentes na água, este processo pode ocorrer de

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duas formas, biótica ou abiótica, a primeira é por meio de bactérias chamadas

Desulfovibrio desulfurican, e a segunda por meio da meitilcobalamina (metilador),

um dos fatores que acabam propiciando essa metilação é o despejo de rejeitos

orgânicos nos rios, fazendo com que o mercúrio se torne mais facilmente

metilmercurio, sendo assim, por meio de biomagnificação chegar ao ser humano

(SOUZA, 2014).

Embora o grau de prevalência do mercúrio seja considerado normal na maior

parte do mundo, as informações acerca do mercúrio em áreas com altas

concentrações do metal constatam um leque devastador de consequências

relacionado à biosfera, podendo afetar corpos hídricos (geralmente causados por

grandes empresas despejando resíduos contendo mercúrio em rios e mares) solos

(principalmente os que sofrem erosão por meio de garimpagem) e atmosfera

(incipientes de vaporização do metal como, por exemplo, a queima de combustíveis

minerais.

As consequências em relação a saúde da população variam desde a perda das

arcadas dentárias até o comprometimento do sistema nervoso central, a retirada

total do mercúrio varia de 6 meses a 2 anos dependendo da exposição em que o

indivíduo foi submetido (GLINA et al, 1997), porém as sequelas adquiridas são

crônicas e em sua maioria levam os portadores à morte.

ACIDENTES CAUSADOS POR MERCÚRIO NO MUNDO E NO BRASIL

Entre os casos mais famosos sobre desastre ambiental envolvendo

contaminação por mercúrio, certamente destaca-se o ocorrido em Minamata no

estado de Kyushu no Japão, em meados dos anos 1950, caracterizado pelo despejo

de dejetos de uma fábrica diariamente na baia de Minamata. Nesses dejetos

encontrava-se o metilmercúrio que é a versão mais tóxica do metal e que pode ser

absorvida pela pele. Os efeitos desastrosos causados pela imprudência dos

responsáveis pela fábrica resultaram na intoxicação primeiramente dos animais

aquáticos da região, posteriormente os indivíduos consumidores da agua e peixes

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provenientes da baia foram intoxicados, as consequências incluíam atrofia muscular,

paralisia, convulsões e danos ao sistema nervoso.

Do ponto de vista nacional evidencia-se o desastre na barragem da

mineradora SAMARCO em Mariana/ MG no ano de 2015, o rompimento originou

toneladas de lama abarcando metais pesados derivados da indústria mineradora.

Segundo Freitas et al (2016), dentre os lamaçais que devastaram a cidade e

alastraram-se para os arredores além de Mariana, ressaltam-se concentrações muito

acima do tolerável de metais como chumbo (Pb) e mercúrio (Hg) resultando na

morte e extinção eminente da fauna aquática local e destruição da flora, além de

atingir a saúde da população (foram contabilizados aproximadamente 10.000

pessoas atingidas) direta e indiretamente por meio da precária qualidade de água

afetada pelo desastre tal como os suprimentos alimentares, proliferação de doenças,

problemas físicos, neurológicos e respiratórios, alterações climáticas e impactos

socioeconômicos.

Em menos de quatro anos, em janeiro de 2019, na cidade de Brumadinho

ocorreria o rompimento de mais uma barragem de rejeitos, barragem da mina

Regente Feijão. De acordo com o boletim de monitoramento divulgado pelo

Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM, 2019), o rompimento lançou no

meio ambiente aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos,

causando grandes impactos sociais para as famílias atingidas e provocando a

contaminação do rio Paraopeba por metais pesados, identificando uma

concentração de mercúrio total 21 vezes maior do que o limite permitido pelas

normas ambientais.

METODOLOGIA

O presente estudo é uma pesquisa exploratória com caráter qualiquantitativo.

Trata-se de uma revisão da literatura, realizada em três estágios: estágio 1)

identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a

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elaboração da revisão; estágio 2) estabelecimento de critérios para seleção da

literatura; estágio 3) avaliação e interpretação dos estudos.

A escassez de estudos sobre análise da intensidade da contaminação do

pescado comercializado no Ver-o-Peso, foi determinante para o desenvolvimento

do estágio 2, restringindo a análise da literatura no intervalo temporal de 2011 a

2014, período onde foi possível identificar estudos sobre a temática pretendida.

Desta forma, os trabalhos de Amaro (2014) e Arrifano (2011) foram adotados para

fins comparativos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

MERCÚRIO NOS PEIXES COMERCIALIZADOS NO VER-O-PESO

Algumas pesquisas desenvolvidas em comunidades da Região Metropolitana

de Belém (RMB), com o objetivo de verificar a contaminação do pescado

comercializado no mercado Ver-o-Peso, relacionando indicadores epidemiológicos,

níveis de exposição ao mercúrio e contaminação de peixes (AMARO, 2014;

ARRIFANO, 2011).

Na pesquisa de Arrifano (2011) foram coletadas cinco espécies de peixes

piscívoros no mercado Ver-o-Peso: Tucunaré (Cichla sp.), Pescada Branca (Plagioscion

squamosissimus), Filhote (Brachyplatystoma filamentosum), Sarda (Pellona sp.) e Dourada

(Brachyplatystoma flavicans); e quatro espécies não-piscívoras no mercado municipal de

Itaituba: Aracu (Leporinus sp.), Pacú (Mylossoma sp.), Caratinga (Satanoperca sp.), Jaraqui

(Colossoma macropomum). A pesquisa identificou que o Tucunaré apresentou elevado

nível de metilmercúrio, fato justificado pela espécie ser proveniente da região de

Tucuruí que, historicamente estudos já demonstram análises de peixes

contaminados. Entre as espécies não-piscívoras analisadas, o estudo identificou que

o grau de concentração de metilmercúrio reduz a medida em que o índice de estado

nutricional (IEN) aumenta (Gráfico 1).

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Gráfico 1. Correlação negativa entre o IEN e a concentração de MeHg em espécies não piscívoras da região do Tapajós. IEN vs MeHg (P<0,01; r: -0,5303)

Fonte: Arrifano (2011).

Em seu estudo, Amaro (2014) coletou amostras de espécies de peixes do tipo

carnívoro (Brachyplatystoma rousseauxii/Dourada e Brachyplatystoma

filamentosum/Filhote) e herbívoro (Schizodon fasciatum/Aracu), em períodos sazonais,

na época de maior pluviosidade e época de menor pluviosidade. Foi possível

evidenciar o potencial de bioacumulação do Hg-T na cadeia alimentar, uma vez que

as espécies predadoras apresentaram maior concentração da substância, com

destaque para a Dourada, quando comparadas com a espécie não predadora

(Gráfico 2), principalmente no período menos chuvoso, quando o nível da água é

mais baixo o que pode promove maior movimentação do Hg-T.

Os resultados encontrados por Amaro (2014) foram semelhantes aos de

Arrifano (2011), quanto a maior concentração de Hg-T em peixes piscívoros,

comprovando que a bioacumulação de Hg-T está associada aos hábitos alimentares,

peixes no topo da cadeia alimentar, vão apresentar maior concentração da

substância.

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Gráfico 2. Comparação das médias de Hg-T dos peixes do Mercado do Ver-o-Peso (Belém, Pará), período menos chuvoso e mais chuvoso.

Fonte: Amaro (2014).

Nota: Os resultados são expressos com a média ± E.P.M., de 20 peixes por espécie. *p < 0,05 difere significativamente do período mais chuvoso (Teste t Student).

Ao avaliar o grau de concentração de mercúrio, a pesquisa de Arrifano (2011)

aponta níveis acima do limite de 0,5mg/g recomendado pela Organização Mundial

de Saúde – OMS para as espécies Tucunaré (quase 1,5 mg/g), enquanto no estudo

de Amaro (2014) a espécie Dourado foi a que apresentou maior concentração de

Hg-T de 0,45 mg/g, nível abaixo do recomendado pela OMS (Quadro 1).

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Quadro 1. Comparativo entre os resultados encontrados nos estudos de Amaro (2014) e Arrifano (2011).

AUTOR RESULTADOS ENCONTRADOS

Arrifano (2011)

No mercado municipal de Itaituba na região do Tapajós, os níveis de mercúrio encontrados nas amostras dos peixes (Tucunaré, Sarda, Dourada, Pescada Branca, Filhote e Surubim) analisados estão acima do valor tolerado pela OMS, enquanto que a amostra de Cichla spp. (Tucunaré) coletado no mercado Ver-o-Peso em Belém, possui origem de Tucurí e apresenta níveis acima do valor de tolerância.

Amaro (2014)

Nenhuma das espécies analisadas alcançaram o limite máximo de Hg-T para consumo, porém, as concentrações ficaram próximas ao valor de referência estabelecido pela ANVISA, e maior do que o indicado pela OMS de 0,5 µg/g, para o consumo seguro.

Fonte: elaborado pelos autores, a partir de Amaro (2014) e Arrifano (2011).

É importante destacar que, as espécies analisadas são comercializadas no

Ver-o-Peso e tem origem de diversas partes do estado do Pará. Com um histórico

de exploração mineral e atividade garimpeira, é possível que o nível de

contaminação por mercúrio dos peixes seja proporcional a esse histórico, amostras

oriundas de regiões com histórico de uso e contaminação por mercúrio

provavelmente apresentaram maior nível de Hg-T, o que é evidenciado no estudo

de Arrifano (2011).

CONCLUSÃO

O presente estudo permite concluir que uma das vias de exposição do

mercúrio (Hg) pela população paraense e comunidade ribeirinha é através da

ingestão de pescados e que os níveis encontrados nos pescados consumidos na

região do Ver-o-Peso estão dentro do limite permitido pela ANVISA. Além disso, o

presente estudo permitiu concluir, através de pesquisa de literatura, quais os tipos de

peixes são mais propícios a ser contaminados bem como as doenças ocasionadas

devido ao seu consumo, pois o mercúrio é conhecido por ser um dos poluentes de

maior potencial tóxico dentre os grupos de metais pesados, trazendo grandes

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preocupações para os ambientalistas, devido seu poder de acumulação no organismo

e na cadeia trófica.

Ratifica-se a importância do monitoramento dos níveis de mercúrio através dos

peixes como marcadores de contaminação, uma vez que fazem parte alimentação do

paraense.

Com isso, conclui-se que a educação ambiental é de suma importância no

que diz respeito à informação da comunidade e aos atores econômicos, com o

intuito de inibir práticas comuns que pulverizam e potencializam a poluição do meio

ambiente. A distribuição do mercúrio no ambiente apresenta níveis toleráveis de

prevalência, no entanto, os aspectos de bioacumulação e biomagnificação resultam

na preocupação em relação à saúde da população e meio ambiente pelo fato do Hg-

T possuir um alto potencial acumulativo em organismos.

REFERÊNCIAS

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AUDITORIA COM ENFÂSE EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Adriana Cristina Nobre Adegas§§§§ Alan Alves Magalhães***** Gilvania da Silva Costa†††††

Petrus Fabiano Araújo de Oliveira‡‡‡‡‡ Diogo Willavian Maciel Dantas§§§§§

Flávio Heleno Solano Reis****** Mário Jorge Santos Pinheiro††††††

RESUMO: o presente estudo pretende identificar a importância da utilização dos sistemas de informação contábil utilizado na auditoria e é direcionado a pesquisadores e contadores auditores, buscando identificar a importância dos sistemas de informação com os avanços tecnológicos, e tem como objetivo demonstrar quais os benefícios que o sistema de informação proporciona para o auditor em uma auditoria interna, identificando tipos de sistemas utilizados, os objetivos da auditoria interna e identificando as normas do profissional de auditoria. PALAVRAS-CHAVE: Auditoria; Sistemas; Auditor.

1. INTRODUÇÃO

A evolução da tecnologia em um processo de auditoria tem como necessidade o

fornecimento de informações com rapidez e qualidade. O sistema de informação

trás para a auditoria instrumentos tecnológicos que não dispensa o conhecimento

teórico e técnico.

§§§§ Discente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua –PA. E-mail: [email protected], ***** Discente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua –PA. E-mail: [email protected] ††††† Discente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua –PA. E-mail: [email protected] ‡‡‡‡‡ Docente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua – PA. E-mail: [email protected] §§§§§ Docente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua – PA. E-mail: [email protected] ****** Docente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua – PA. E-mail: [email protected] †††††† Docente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua – PA. E-mail: [email protected]

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A auditoria é uma ferramenta utilizada pelo contador auditor que

proporciona as organizações um suporte com ética e segurança em informações

principalmente diante desse constante avanço da tecnologia da informação. Sua

principal característica é detectar os riscos nas entidades com o objetivo de prevenir

futuros prejuízos financeiros, bem como, garantindo salvaguardando os ativos da

empresa. As ferramentas utilizadas em uma auditoria de sistema de informação são

importantes, além de ajudarem em cálculos, planejamentos, praticidade e

confiabilidade no processo a ser auditado. Uma auditoria realizada em sistema de

informação analisa apenas a parte de informática buscando e analisando diversos

arquivos onde para cada auditoria há ferramentas para ao auxílio.

Com a constante evolução na tecnologia, o auditor deve acompanhar todas

as mudanças tecnológicas ocorridas nos sistemas, pois esse avanço da tecnologia

trouxe para o mercado da auditoria contribuições essenciais e indispensáveis para os

auditores que trabalham com os softwares onde permite acompanhamento das

atividades de auditoria como Audit Automation Facilities (AAF) e o Sistema de

Auditoria Interna (Audin), onde sempre buscam atualizações para proporcionar um

trabalho com qualidade, ética e eficiência, superando as expectativas dos seus

clientes.

Dentro dos sistemas de informação há o sistema de informação contábil, que

proporciona fornecimento de dados essenciais para a contabilidade que é

considerado uma das áreas mais importantes desse conjunto de sistema.

Nos dias atuais o uso da tecnologia está cada vez mais avançado em todas as

áreas e isso exige que os profissionais estejam constantemente se atualizando e

acompanhando tais mudanças. O mundo do trabalho está cada vez mais dependente

das inovações tecnológicas, que geram crescimento, produtividade e agilidade.

Dominar o conhecimento tecnológico é fundamental, pois ela está presente em

todos os ambientes profissionais.

Assim, a informática tornou-se imprescindível para qualquer organização ou

profissional, pois vem facilitando cada vez mais seu dia-a-dia. Os profissionais da

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informática elaboram diversos programas para atender a qualquer necessidade do

mercado, haja vista que, atualmente, existem diversificados sistemas de informações

que têm colaborado com todo o processo decisório organizacional, gerando

informações completas em pouco espaço de tempo e auxiliando ainda mais em toda

a administração da organização.

Segundo Morese (2010, p.14):

A importância da informação para as organizações é universalmente aceita, constituindo, senão o mais importante, pelo menos um recurso cuja gestão e o aproveitamento estão diretamente relacionados com o sucesso desejado. A informação também é considerada e utilizada em muitas organizações como um fato estruturante e instrumento de gestão. Portanto a gestão efetiva de uma organização requer a percepção objetiva e precisa dos valores da informação e do sistema de informação.

Para o autor, as organizações do século XXI utilizam a tecnologia como

ponto de partida de seu negócio, logo essas organizações já inclusas na era digital

têm um sistema de controle bem elaborado, facilitando o seu potencial informativo

e decisório para os negócios.

Para o autor, na atualidade, os avanços tecnológicos vêm sendo marcados

pelo ritmo acelerado e pela variedade de inovações tecnológicas que estão sendo

introduzidas no mercado. Esses fatores, aliados à disseminação da tecnologia da

informação por todas as atividades das empresas, vêm impondo a necessidade de

refletir, cada vez mais, sobre os impactos gerados por esses avanços tecnológicos.

Tal reflexão leva à percepção da necessidade de efetivo gerenciamento dos

recursos tecnológicos disponíveis e aqueles possíveis de serem acessados, na busca

por critérios que possam permitir avaliar como a introdução de uma inovação

tecnológica pode contribuir com a geração de informações relevantes e em tempo

hábil, de modo a atender a demanda por informações advindas dos diversos

usuários da organização.

No mesmo sentido, Mattos (2009, p.18) considera que, com base na

Tecnologia da Informação, as empresas devem possuir um sistema estruturado de

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forma tal que atenda a legislação pertinente à empresa; a elaboração de relatórios

gerenciais internos; acompanhamento orçamentário; órgãos governamentais

(Receita Federal e o Fisco) e particulares (bancos e fornecedores) e, portanto, que

atenda às necessidades estruturais e administrativas da empresa, em contribuição ao

seu processo decisório.

De acordo com o autor, um sistema de informação assume dimensões

organizacionais com o auxílio da tecnologia, existindo para responder às

necessidades da empresa, incluindo-se problemas apresentados pelo ambiente

externo, criados por situações políticas, demográficas, econômicas e tendências

sociais. Além disso, os sistemas de informação se desenvolvem em uma empresa, de

acordo com os componentes desta (setores que executam as diferentes funções

necessárias ao funcionamento da empresa – produção, marketing, finanças) e

conforme os níveis de decisão (estratégico, tático e operacional).

O estágio estratégico refere-se ao processo de decisão sobre os objetivos e as

metas da empresa, e as alterações sobre os recursos a serem utilizados para alcançar

os mesmos e sobre as políticas a serem adotadas na aquisição utilização e

distribuição dos recursos.

O estágio tático refere-se ao processo pelo qual os gestores se asseguram de

que os recursos são obtidos e usados eficaz e eficientemente para o cumprimento

dos objetivos da organização.

O estágio operacional visa assegurar que as tarefas específicas são executadas

eficaz e eficientemente.

As fases do processo decisório são: identificação do problema; análise do

problema; estabelecimento de soluções alternativas; análise e comparação das

soluções alternativas; seleção de alternativas mais adequadas; implantação da

alternativa selecionada; avaliação da alternativa selecionada.

As decisões são classificadas em:

a) Decisões programadas: caracterizam-se pela rotina e repetitividade,

podendo ser possível estabelecer um procedimento padrão.

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b) Decisões não programadas: caracterizam-se pela novidade. Estão

inseridas num contexto do ambiente dinâmico, que se modifica

rapidamente com o decorrer do tempo.

c) Elementos do processo decisório:

- A incerteza;

- Os recursos do tomador de decisões.

d) Fatores de influência no processo de tomada de decisões:

- Complexidade evolutiva do mundo moderno;

- Redução do tempo disponível para a tomada de decisão;

- Velocidade das comunicações;

- Melhoramento nos processos de informações e com expectativa de

resultado a curto prazo.

Nosso trabalho encontra-se dividido em quatro capítulos que passamos a

apresentar de forma resumida.

No primeiro capitulo apresentamos a história, o conceito e as principais

diferença entre auditoria interna e externa.

No segundo capitulo abordamos a contribuição da tecnologia perante os

sistemas de informação utilizado na auditoria.

No terceiro capitulo apresentamos os sistemas de informação contábil com

suas definições e seus objetivos.

No quarto capitulo abordamos a metodologia da auditoria focalizada nos

sistemas de informação contábil, nomeadamente no que diz respeito às principais

atribuições dos sistemas de informação para a área contábil.

2. HISTÓRIA DA AUDITORIA

A auditoria nasceu antes mesmo da exploração mercantil. A auditoria surgiu como

consequência da necessidade de confirmação dos registros contábeis, em virtude do

aparecimento das grandes empresas e da taxação do imposto de renda, baseado nos

resultados apurados em balanço. BATISTA, (2017, p.1). RIBEIRO (2013, p. 3) “[...] Surgiu

da necessidade de se garantir a veracidade das informações derivadas dos registros

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contábeis”. Certo é que o surgimento da auditoria ocorreu com a evolução do comércio. A

evolução do comercio fez com que surgisse o profissional capacitado em auditoria.

2.1. AUDITORIA

A auditoria tem como conceito de auditoria inspecionar as atividades desenvolvidas em

determinada empresa ou setor que tem por objetivo analisar, averiguar se elas estão de

acordo com as disposições planejadas.

[...] auditoria é um conjunto de técnicas e procedimentos que visam apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais, a submissão aos princípios fundamentais e normas de contabilidade, além da legislação pertinente a entidade auditada, expressando comentários, recomendações, pareceres e relatórios, confirmados nos papéis de trabalho. (SILVA, 2017).

2.2.AUDITORIA INTERNA

A auditoria interna verifica os controles internos em uma organização, averiguando

a qualidade dos registros e segurança destes, é um controle administrativo, cuja função é

indagar, questionar, avaliar a eficiência e a eficácia de outros controles da organização.

Batista (2017, p.32) diz que a auditoria interna é:

Prestação de serviço que visa fortalecer o Controle Interno da instituição, fornecendo meios à administração para identificar o andamento do sistema contábil, a coerência legal dos procedimentos, a gestão administrativa, o controle patrimonial, os procedimentos adotados e o cumprimento ou não das políticas definidas pela administração ou gerencia da entidade.

2.3. AUDITORIA EXTERNA OU INDEPENDENTE

A auditoria independente é um parecer técnico de um exame procedente da

demonstração financeira de uma entidade, com o objetivo das adequações consoante aos

Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, e

relevante a sua legislação. No quadro 2, observa-se as características gerais da auditoria

externa.

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Esta Norma de Auditoria trata das responsabilidades gerais do auditor independente na condução da auditoria de demonstrações contábeis em conformidade com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. (...) (COELHO, 2016)

2.4.AUDITORIA DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO

A auditoria de sistema de informação tem como objetivo garantir a

produtividade e a segurança na estrutura computacional analisando a eficiência e

assegurando o cumprimento das leis. “Uma auditoria em sistemas de informação

consiste em um processo de verificação de toda a estrutura computacional da

empresa, feito por profissionais específicos e capacitados para tal”. (DUTRA, 2017)

A auditoria de sistema de informação verifica o ambiente informatizado das

organizações garantindo a segurança de integridade dos dados que o computador

manipula.

O principal aspecto do gerenciamento de um Sistema de Informação é o envolvimento da administração do sistema e do usuário final; nesse sentido, observa-se a atuação dos gestores contábeis no planejamento, coordenação e desenvolvimento dos Sistemas de Informações. (GIL, 2010 P. 64)

3. A CONTRIBUIÇÃO DA TECNOLOGIA NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO NA AUDITORIA 3.1 TIPOS DE SISTEMAS USADO NA AUDITORIA

Na auditoria é utilizado sistemas tecnológicos avançados que contribuem aos

auditores e organizações resultados mais rápidos com melhorias significativas.

IMONIANA,(2016, p. 54), “cita o Técnica de Auditoria Assistida por Computador

(TAAC), onde relata que os papeis de trabalho do TAAC devem conter informações

suficientes para descrever os testes executados e as conclusões alcançadas”. O

TAAC tem como objetivo da suporte nas atividades de levantamento de dados na

auditoria dando maior credibilidade ao parecer técnico.

Os softwares são utilizados na auditoria, onde contribuem para o planejamento

dos trabalhos com eficácia na execução de monitoramento e análise de dados dos

clientes e na emissão de relatórios pelos auditores. Imoniana (2016, p. 130) diz que

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“Audit Automation Facilities (AAF), padroniza ações, integra equipes, automatiza

processos de cobrança, gera gráficos e relatórios, disponibiliza os dados com total

segurança, permitindo inserção, documentação verificação e acompanhamento dos

controles internos”. Em um planejamento de uma auditoria esse sistema busca

informações necessárias com segurança e eficiência reduzindo custos e tendo

excelência na comunicação com os envolvidos no trabalho trazendo bons

resultados.

Ainda sobre sistemas de softwares Imoniana, (2016, p.132) diz que o

Sistema de Auditoria Interna (AUDIN) “(...) auxilia as equipes envolvidas nas

auditorias a realizarem os planejamentos e executarem suas tarefas, permitindo aos

gerentes acompanhar os trabalhos, emitir comentários e aprovar ou não os

documentos gerados pela equipe (...)”. Diante dos avanços tecnológicos os softwares

contribuem com a possibilidade de aplicar e extrair diversas informações com

eficiência e eficácia.

4. METODOLOGIA

O presente trabalho tem como principal objetivo identificar quais os benefícios

que o sistema de informação contábil proporciona para a contabilidade,

identificando o conceito de auditoria, os objetivos da auditoria de sistemas, as

normas da NBC T da auditoria interna e externa, tipos de sistemas e as

contribuições que os softwares trazem para a auditoria.

Trata-se de uma pesquisa, cuja finalidade é aprimorar as informações sobre o

sistema de informações contábil para estudante e profissional na área de

contabilidade no Estado do Pará. No quadro 4, observa-se os passos da

metodologia.

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Quadro 1:Metodologia de Pesquisa

Metodologia de Pesquisa

Campo da ciência Monodisciplinar

Finalidade Básica

Abrangência Temporal Transversal

Natureza Qualitativa

Objetivo Descritiva

Procedimento técnico Bibliográfico

Local de Realização Estado do Pará

Procedência dos dados Secundário

Fonte: FARIAS FILHO; ARRUDA FILHO. Adaptado (2013, pg.60)

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância fundamental do sistema de informação contábil utilizado na

auditoria e no dia a dia das empresas é analisar e avaliar oferecendo segurança e

eficiência das informações produzidas para tomada de decisão.

A confiabilidade dos sistemas de informação durante uma auditoria é

também verificada. É importante que esteja de acordo com os padrões da empresa,

isso traz mais estabilidade para a empresa enfrentar os problemas, e está sempre à

frente das outras no mercado com inovação e criando novas soluções. Também

certifica que os sistemas estão seguindo a legislação e outras normas de qualidade.

A metodologia aplicada neste trabalho e os resultados obtidos foram

relevantes para atingir o objetivo geral, que foi identificar quais os benefícios que o

sistema de informação proporciona para a área contábil.

Foi neste sentido que se desenvolveu este estudo na expectativa de obter

conhecimentos sobre o funcionamento do sistema de informação contábil utilizados

por contadores e auditores dentro das entidades e nos escritórios contábeis.

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Pode-se dizer que a utilização da tecnologia agregada ao sistema de

informação está evoluindo, porém necessita de algumas melhorias mudanças nas

atitudes dos profissionais da área e melhoria na segurança dos sistemas de

informações transmitidas pelos sistemas.

Acredita-se que os contadores estão procurando acompanhar o

desenvolvimento da tecnologia fazendo com que seus trabalhos sejam feitos com

segurança proporcionando rapidez aos seus clientes.

Diante dos avanços tecnológicos os sistemas de informação vêm

desempenhando de forma geral um papel de suma importância para os contadores e

auditores nas tomadas de decisões trazendo rapidez e qualidade no fornecimento de

informações.

Apesar de ter vários sistemas de informação, conclui-se que a finalidade deles

é processar, coletar, armazenar e distribuir as informações necessárias para as

tomadas de decisões, e a forma de gerenciamento de cada organização.

Sabe-se que a auditoria é um processo de extrema importância para a contabilidade

de cada empresa, e o contador hoje tem a possibilidade de ter com a ajuda desses

sistemas de informação uma maior exatidão, veracidade nas informações, para um

controle interno da organização no geral. Os procedimentos de auditoria foram

evidenciados com diversos estudos em várias bibliografias.

Nesse sentido, a utilização dos Sistemas de Informação na auditoria permite

aos auditores realizarem seu trabalho de maneira mais rápida e eficiente. Além disso

diminui o tempo, e a produtividade do dia a dia nas rotinas administrativas melhora

consideravelmente.

Com isso através de levantamentos de dados, de questionários aplicado com

profissionais da área contábil, podemos afirmar que a auditoria com ênfase no

sistema de informação traz inúmeros benefícios, no qual podemos citar: maior

eficiência e redução de custos, qualidade no trabalho de auditoria reduzindo os

riscos, prepara o contador para o mundo globalizado dos negócios, melhora a

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qualidade nas informações e consequentemente afeta diretamente nas tomadas de

decisões.

Nos dias de hoje sabendo que para os contadores enfrentarem os desafios de

uma tomada de decisão assertiva, são imprescindíveis a auditoria e o uso do sistema

de informação em qualquer empresa que utilize recursos computacionais.

Este trabalho teve como finalidade aprimorar e esclarecer o entendimento do

tema proposto. É importante informar que o sistema a cada dia passa por uma

renovação e atualização, com isso claro, vai haver a necessidade de novas pesquisas

para atender a demanda dos usuários da contabilidade para aprimorar cada vez mais

seus conhecimentos

REFERÊNCIAS BATISTA, D. G. Manual de controle e Auditoria: Com ênfase na gestão de recursos públicos. 1. ed. [S.l.]: Saraiva, 2017.

COELHO, J. M. A. AUDITORIA INDEPENDENTE (NBC TA 200(R1). CFC-CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016. Disponivel em: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade>. Acesso em: 21 jun. 2018.

DUTRA, E. C. Auditoria de sistemas de informação. jus.com.br, 2017. Disponivel em: <http://www.jus.com.br>. Acesso em: 16 jun. 2018.

FARIAS FILHO, M. C.; ARRUDA FILHO, E. J. M. Planejamento da pesquisa cientifíca. 1ª. ed. São Paulo-Sp.: Atlas, 2013.

FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria Contábil. 4 ed. ed. [S.l.]: Atlas, 2001.

GIL, A. D. L.; BIANCOLINO, C. A.; BORGES, T. N. Sistema de Informação Contábeis. 1ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

IMONIANA, J. O. Auditoria de Sistemas de Informação. 3. ed. [S.l.]: Atlas, 2016.

MATTOS, P. R. Transformação Organizacional: a teoria e a pratica de inovar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.

MORESE, J. C. Importância da Informação nas Organizações. Distrito Federal: Senac, 2010.

RIBEIRO, O. M.; MOURA, R. J. Auditoria Fácil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

SILVA, D. Q. D. S. Auditoria Interna: estudo sobre a percepção dos alunos do curso de Ciencias Contabeis da UEPB-Campos VI-Monteiro/PB. 2017, p. 48, 2017.

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O USO DA FERRAMENTA AUDITORIA EXTERNA NA IDENTIFICAÇÃO DE FRAUDE EMPRESARIAL

Francinete Silva Santiago‡‡‡‡‡‡

Samera dos Anjos Trindade§§§§§§ Suzianne dos Santos Rocha*******

Petrus Fabiano Araújo de Oliveira††††††† Diogo Willavian Maciel Dantas‡‡‡‡‡‡‡

Flávio Heleno Solano Reis§§§§§§§ Mário Jorge Santos Pinheiro********

RESUMO: O presente artigo aborda a observância histórica e teórica de conceitos de auditoria externa, demonstrando a importância da mesma dentro de uma instituição e, mais precisamente seu auxílio na Identificação de Fraude Empresarial. Estabelecendo uma a relação entre a questão de fraudes e atuação e eficácia da auditoria externa no momento da ocorrência da fraude. Palavras-Chave: Auditoria externa. Identificação. Auditor. Fraudes.

1.INTRODUÇÃO

O presente artigo baseado no tema o uso da ferramenta auditoria externa na

identificação de fraude empresarial, tem como objetivo geral demonstrar a função

da ferramenta auditoria externa para a prevenção de fraude empresarial, além de

confirmar a função da auditoria externa e descrever o papel do auditor na auditoria

externa para a identificação de fraudes.

‡‡‡‡‡‡ Discente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua –PA. E-mail: [email protected], §§§§§§ Discente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua –PA. E-mail: [email protected] ******* Discente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua –PA. E-mail: [email protected] ††††††† Docente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua – PA. E-mail: [email protected] ‡‡‡‡‡‡‡ Docente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua – PA. E-mail: [email protected] §§§§§§§ Docente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua – PA. E-mail: [email protected] ******** Docente do Curso de Ciência Contábeis na Escola Superior Madre Celeste – (ESMAC) de Ananindeua – PA.E-mail: [email protected]

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A contabilidade é a ciência que estuda, analisa e controla todo o patrimônio

das entidades e possui uma técnica de contra prova aos resultados obtidos ao final

de cada período registrado. Chamada de auditoria contábil essa contra prova é

aplicada com a finalidade de avaliar as informações obtidas pela contabilidade da

instituição fazendo com que a riqueza patrimonial seja analisada profundamente,

número por número, no caso de suspeita de divergências entre os resultados ou

somente como rotina administrativa. A forma com que os auditores desempenham

sua função varia bastante de empresa para empresa, o que faz com que os resultados

obtidos sejam mais precisos e confiáveis dentro de cada situação.

A auditoria externa vem evoluindo ao longo dos anos, fazendo com que

muitos profissionais da área contábil busquem conhecimentos e habilidades

específicas para atuar nesta área. A auditoria externa é um instrumento de controle

administrativo, onde se destaca como um ponto de convergência de todos os

efeitos, fatos e informações originadas dos diversos segmentos da empresa. A

execução de uma auditoria, não se isola somente ao controle da contabilidade, mas

se estende aos diversos segmentos de uma empresa onde surgem cuidados especiais,

análises de resultados ou ainda fatores que venham trazer confiabilidade ou

benefícios à empresa.

2.1. AUDITORIA INTERNA E EXTERNA

As técnicas utilizadas tanto pela Auditoria Externa, como pela Auditoria

Interna, são as mesmas. A auditoria em geral procura voltar-se ao Controle Interno

das empresas, pois assim, poderá realizar seus exames a fim de identificar possíveis

falhas no processo dos diversos setores da empresa e proporcionar a recomendação

de melhorias nesses setores para que estes não venham a conter mais falhas.

Segundo Franco e Marra (2001, p. 26),

A auditoria compreende o exame de documentos, livros e registros, inspeções e obtenção de informações e confirmações, internas e externas, relacionadas com o controle do patrimônio,

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objetivando mensurar a exatidão desses registros e das demonstrações contábeis deles decorrentes.

Alguns autores como Sá (1998) entendem que a auditoria tem objetos básicos

e secundários. Os básicos seriam os da opinião da fidedignidade das demonstrações

contábeis, o segundo refere-se a matérias como as descobertas de erros e fraudes,

informações acerca do controle interno, assistência na área econômico-financeira,

etc. que se refere a possíveis modificações para melhorar o operacional da

organização.

Assim segundo Franco e Marra (2001) no geral as auditorias têm também a

finalidade da apuração de erros e fraudes, ocorrem as revisões integrais dos

documentos relativos à conta examinada e dos registros contábeis, o que muitas

vezes confunde-se com a perícia contábil, que consiste em exame localizado de

menor extensão.

Duarte e Valério (2004, p. 47) discorrem acerca do tema auditoria da seguinte

forma:

A temática revela-se de extrema relevância dado que em auditoria é bastante importante o suporte da opinião, surgindo assim, o conceito de evidência de auditoria como a informação que sustenta os relatórios, conclusões ou opiniões do auditor ou entidade competente para desempenhar a auditoria, e que se caracteriza pela idoneidade, relevância e razoabilidade.

Para José Maffei (2015, p.38), o auditor deve ser independente, não podendo

deixar-se influenciar por fatores estranhos, por preconceitos ou quaisquer outros

elementos materiais ou afetivos que resultem perda, efetiva ou aparente, de sua

independência.

Acordi (2010) afirma que essas etapas a serem seguidas pelo auditor o

auxiliam no sentido de que ao finalizar a auditoria o resultado seja o mais verdadeiro

possível e sem erros, pois em cada etapa o auditor focará sua atenção somente na

etapa em que está, não deixando passar despercebido nenhum dado.

Deste modo, após todo o processo de auditoria, o auditor externo, além de

emitir o seu parecer acerca das demonstrações contábeis, ainda emite um relatório

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onde apresenta sugestões para a solução de problemas na empresa, problemas estes

identificados no decorrer de seu trabalho de auditoria.

Segundo José Maffei (2015, p. 3), comparando-se os dois tipos de auditoria,

podem-se traçar as seguintes características marcantes:

Quadro 1 - Principais diferenças entre auditoria interna e externa

Auditoria interna Auditoria Externa

Objetivos

Presta serviços de avaliação e consultoria

com o intuito de adicionar valor e melhorar

as operações de uma organização

Emitir um parecer as

demonstrações contábeis e os

relatórios financeiros

Foco

Principal

Avalia os processos e controles e a

efetividade da gestão de riscos

Validar saldos e movimentações

Outros

serviços

● Consultoria em gestão

● Colaboração com cultura de controle

● Alerta sobre risco estratégicos

● Atuação como facilitador

● Apoio á tomada de decisão

● Coordenação entre os diversos elementos-chave da governança corporativa

● Apoio a projetos e avaliações para fins de aquisição, fusão ou cisão

● Consultoria tributária

● Consultoria em gestão e outros temas

● Terceirização dos serviços de auditoria interna

● Assessoria contábil e outros serviços de apoio

● Apoio a projetos

● Avaliação para fins de aquisição, fusão ou cisão

● Serviços de avaliação, perícia e atuarias

Fonte: Maffei(2015)

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3.AUDITOR

A contratação de um auditor externo por um empresa é motivada por fatores

determinantes, entre ele podemos destacar:

a exigência de instituições financeiras no momento de ceder

empréstimos;

como forma de controlar os procedimentos internos e para maior

controle dos acionistas;

obrigatoriedade legal, como é o caso das Cia de capital abertas;

A fim de atender as exigências contratual;

A fim de demonstrar maior confiabilidade e credibilidade das

informações financeiras as partes interessadas.

De acordo com Sá (1982, p. 16) “é necessário um auditor saber como

analisar as possibilidades de ocorrência de fraudes, para identificar os seus indícios,

sendo esse conhecimento, condição essencial para sua formação profissional”.

José Maffei (2015, p. 54) discorre acerca dos objetivos de um auditor ao

conduzir um trabalho de auditoria nas demonstrações financeiras são:

● Obter razoável certeza de que as demonstrações como um todo não contém discrepância materiais, seja por fraude ou erro, e, portanto, permitem ao auditor expressar uma opinião sobre os critérios pelos quais elas foram preparadas, em todo os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura aplicável de reporte no País.

● Elabora seu relatório sobre a demonstrações financeiras e comunicar sua opinião de acordo com o que requerem as Normas, e de acordo com os achados do auditor.

Portanto, para não encontrar dificuldades no exercício de suas funções, o

auditor deve conhecer a organização auditada para uma melhor identificação das

possíveis fraudes/e ou erros que tenham sido detectadas e quais os casos mais

frequentes. Ao identificar as possíveis fraudes/ou erro, o auditor tem que comunicar

imediatamente a administração e sugerir medidas corretivas a serem implantadas,

informando as possíveis consequências dos feitos, caso as medidas orientadas não

sejam adotadas.

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4.FRAUDE

A fraude nas empresas tem sido amplamente questionada através dos meios

de comunicação, profissionais que atuam e outros profissionais de diversas áreas do

conhecimento humano discute assuntos acerca do assunto por ser de grande

relevância para as entidades. Tal discussão é resultado da necessidade de

transparência e segurança nos números apresentados pelas empresas para seus

investidores.

4.1.PROCEDIMENTOS QUANDO EXISTE INDICAÇÃO DE FRAUDE

OU ERRO

Ao aplicar os procedimentos de auditoria, com base no planejamento e na

avaliação de risco o auditor considerar que há provável existência de fraude e/ou

erro, o profissional auditor deve levar em conta os efeitos que essa informação

causará sobre as demonstrações contábeis. Se o auditor acreditar que tais fraudes

causar distorções relevantes nas demonstrações contábeis da entidade, o mesmo

deve modificar seus procedimentos ou aplicar outros adicionais.

Para Crepaldi (2014) ‘a continuidade desses procedimentos adicionais ou

modificados depende do julgamento do auditor quanto aos possíveis tipos de fraude

ou á probabilidade de fraude e/ou erro possa resultar em distorções relevantes nas

demonstrações contábeis.

5.METODOLOGIA

A pesquisa é o procedimento que o pesquisador utiliza para a investigação de

um problema. Para que seja possível alcançar as respostas necessárias para

conclusão da pesquisa é indispensável a escolha correta do tipo de conhecimento

científico e método que será aplicado. E através de sua aplicação, destes métodos e

procedimentos que pesquisa trará retorno satisfatório, mesmo que os resultados

obtidos tragam respostas contrárias ao esperado.

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5.1.QUANTO NATUREZA DA PESQUISA

A pesquisa realizada é de natureza básica, sem aplicação imediata, que busca

geração e ampliação do conhecimento já existente sobre o assunto auditoria externa.

5.2.QUANTO A ABORDAGEM

A pesquisa é qualitativa, não se preocupando apenas com a representação

gráfica e numérica das informações encontradas, mas também com a clareza e

qualidade do conhecimento a ser repassado com a pesquisa.

5.3.QUANTOS AOS OBJETIVOS

Enquadra-se em pesquisa com fins descritivos, onde os resultados serão

alcançados através da aplicação e análise de questionário aplicado a profissional

experiente no tema abordado. Bem como exploratória, visando o desenvolvimento

sobro o tema.

5.4.QUANTOS AOS PROCEDIMENTOS

Para alcançar os resultados desta pesquisa utilizou-se o levantamento,

pesquisa bibliográfica para maior compreensão sobre o tema e sobre as informações

existentes até o momento do trabalho.

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre as diversas atividades executadas pela função de auditoria, destaca-

se a importância da visão do auditor para a continuidade operacional do órgão

auditado. O status da função auditoria não deve ser restrito apenas à fidedignidade

das demonstrações contábeis das auditorias independentes ou implementação de

controles e normas internas pelo auditor.

Sob este contexto, a fraude pode representar um elevado obstáculo à

sobrevivência das empresas devido ao seu aprofundamento nos últimos anos, o qual

certamente tem influenciado negativamente nas atividades empresariais. Assim,

como pode ser notada, a fraude exerce um mal de extrema relevância em uma

organização empresarial.

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A auditoria externa visa realizar um trabalho de verificação completa dos

controles da empresa, principalmente os contábeis e, através de seu parecer e de

suas recomendações, são identificados pontos vulneráveis em relação às possíveis

fraudes. O auditor, por sua vez, recomenda à empresa as ações a serem tomadas

para que essas fraudes ou qualquer outro tipo de ação que seja prejudicial à entidade

sejam evitadas.

Ao término deste estudo objetiva-se contribuir com mais debates e

esclarecimentos a respeito desta temática e que reforcem e apareçam maiores

empenho e técnicas voltadas para esta investigação de suma importância para a vida

financeira das empresas bem como para o equilíbrio da economia como um todo.

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