Conservação Bacelos

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Como conservar Bacelos de Videira

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    Enxerto pronto: uma afirmao na viticultura PortuguesaAutor(es): Garrido, JooPublicado por: PublindstriaURLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/25571

    Accessed : 13-Oct-2015 16:12:52

    digitalis.uc.ptimpactum.uc.pt

  • VITICULTURA

    A chegada Europa no ltimo tero do sculo XIX da Filoxera - inse-to que destri o sistema radicular da Vitis vinifera, espcie qual pertence a generalidade das castas cultivadas - trouxe como consequncia uma intensa de-vastao das reas de vinhas por todo o velho continente, e determinou uma mudana radi-cal na forma de se cultivar e multiplicar a vi-deira em toda a Europa. Em termos da histria da viticultura europeia temos portanto dois tempos: um perodo pr e outro ps filoxera.

    Se no perodo pr filoxera as nossas castas podiam vegetar sobre as suas prprias razes, com a invaso filoxrica isso jamais se pde manter, e a soluo encontrada para a con-tinuidade da cultura das tradicionais castas passou, aps vrios anos de estudo, pela rea-lizao da enxertia das castas europeias sobre espcies de Vitis americanas, as quais resis-tem s picadas do inseto sobre o seu sistema radicular. A partir de ento a reconstituio e plantao da vinha na Europa apenas se efe-tua recorrendo ao uso de espcies americanas ou seus hbridos, sobre as quais se enxertam as castas, cabendo quelas apenas a funo de fornecer o sistema radicular videira para que esta possa apresentar uma vegetao sau-dvel e duradoura.

    Vrias tcnicas de enxertia foram gradu-almente desenvolvidas na busca da unio per-feita entre o garfo e o cavalo, sendo que o grau do seu sucesso depende das condies clim-ticas que variam como sabemos de ano para ano, para alm do bom estado de conservao dos materiais e da maestria do enxertador. Como consequncia era, e continua a ser nor-mal, termos anos de boas ou ms enxertias.

    Este condicionalismo climtico para o sucesso das enxertias da videira em pleno campo, acentua-se ainda mais nas regies onde o clima lhe menos favorvel, como o caso das zonas que se situam no limite da latitude Norte para a cultura da vinha.

    Entende-se por isso que, enquanto os pa-ses vitcolas do sul da Europa estabeleciam as suas vinhas com resultados satisfatrios -

    ENXERTO PRONTO: UMA AFIRMAO NA

    VITICULTURA PORTUGUESA

    plantando os bacelos de espcies americanas sobre as quais realizavam as enxertias no campo no ano seguinte plantao - os pases vitcolas mais a norte, desenvolviam tcnicas de enxer-tia na mesa, para ultrapassar as falhas considerveis com que eram confrontados nas enxertias em pleno campo. Foi portanto a partir da realizao da enxertia da mesa bastante desenvolvida na Alemanha e no norte da Frana, que chegamos tcnica de produo de enxertos prontos e a qual constitui tambm, j em Portugal, o melhor recurso na plantao de uma vinha.

    O enxerto pronto portanto uma planta que resulta da enxertia geralmente realizada na mesa, recorrendo a mquinas a pedal ou pneumticas, unindo uma estaca de porta enxerto ain-da sem razes a um garfo de apenas um olho, da casta que queremos multiplicar e cujo processo de soldadura e de enraizamento ocorre sob condies ambientais controladas e mais favorveis.

    Esta tcnica de produo de videiras bastante desenvolvida na Alemanha foi introduzida em Portugal no incio dos anos 80 do sculo passado, essencialmente como uma alternativa dificuldade que entretanto surgia de encontrar enxertadores. As primeiras plantas enxertadas com algum significado, foram postas no mercado portugus pelos Viveiros Plansel e pela Esta-o Vitivincola Amndio Galhano por volta do ano de 1985.

    Se bem que na fase inicial, a aderncia da viticultura portuguesa utilizao deste tipo de plantas para efetuar as novas vinhas, foi de alguma reserva, nomeadamente pondo em causa o seu bom desenvolvimento e at a sua longevidade, o passar dos anos e a diminuio da mo-de-obra veio a determinar que na atualidade as novas plantaes sejam maioritariamente efetuadas recorrendo ao uso de videiras enxertadas.

    Os valores apresentados no Grfico 1 traduzem a evoluo verificada no material usado na plantao das vinhas em Portugal nos ltimos 12 anos.

    Grfico 1Produo e utilizao das estacas de porta enxertos de videira em PortugalFonte: VITICERT - Associao Nacional dos Viveiristas Vitcolas Produtores de Material Certificado

    Por: Joo GarridoEstao Vitivincola Amndio Galhano/Comisso de Viticultura da Regio dos Vinhos Verdes

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  • FASES DE PRODUO DO ENXERTO PRONTONa Grfico 2 encontra-se o esquema de produo de enxertos prontos seguido na Estao Vi-tivincola Amndio Galhano. As estacas de porta enxerto so recolhidas dos campos de ps-mes durante os meses de inverno, devendo estar bem atempadas. So utilizadas para as en-xertias estacas com dimetro superior a 6,5mm, que so cortadas a 40cm de comprimento e desgomadas (Figura 1). A conservao destas estacas e dos respetivos garfos (recolhidos nos campos de multiplicao das castas), efetua-se em cmara frigorfica a 4C (Figura 2) at ao momento da realizao das enxertias, que normalmente ocorrem a partir de meados de feve-reiro. Previamente enxertia, as estacas e os garfos, cortados a um gomo apenas, devem ser rehidratados e desinfetados mediante a imerso numa calda antifngica. A enxertia efetua-se na mesa por intermdio de mquinas especficas (Figura 3), que fazem o corte e a juno do garfo com a estaca. O tipo de enxertia mais comum a enxertia em Omega, pois o corte tem a forma da letra grega com esse nome (Figura 4). Aps enxertadas as estacas so parafinadas (Figura 5) e colocadas em caixas (Figura 6) e de seguida introduzidas em cmaras aquecidas a 28-30C e com humidade relativa elevada (Figura 7) onde ficam a estratificar durante cerca de 15 dias, perodo de tempo necessrio para que ocorra a proliferao do tecido de cicatrizao e portanto a soldadura entre o garfo e a estaca; simultaneamente ao processo de cicatrizao, inicia-se tambm o processo da proliferao radicular. sada da estratificao procede-se triagem do material (Figura 8).

    Colheita de estacas e garfos nos campos de ps-me

    (porta-enxertos e V.vinifera)Conservao em cmaras

    de frio a 4CRehidratao Desinfeo

    Enxertia na mesa em Omega

    1 Parafinagem

    Estratificao(28-30C e HR> 90%)

    2 ParafinagemTriagem

    VIVEIRO(abril - novembro)

    Enxerto pronto atempado de raiz nua(plantao de inverno - primavera)

    ESTUFA(abril junho)

    Enxerto pronto em vaso(plantao de vero)

    Grfico 2

    As estacas soldadas so ento novamente parafinadas e colocadas em viveiro (Figura 9) para continuarem com o enraizamento e respetivo desenvolvimento vegetativo. fundamental que as estacas sejam plantadas no viveiro j com uma temperatura mdia do ar e do solo que estimule o seu desenvolvimento, pois caso contrrio, as falhas no pegamento em viveiro so grandes. De-vem pois escolher-se para viveiro, terrenos que, entre outras caractersticas, apresentem bom teor de matria orgnica, sejam bem drenados, que aqueam bem e que no sofram geadas tardias. Considera-se um bom aproveitamento no viveiro sempre que as taxas de pegamento so supe-riores a 60%.

    As estacas enxertadas ficam em viveiro de abril a novembro, perodo durante o qual devem ser regadas, limpas de ervas daninhas e tratadas contra as principais doenas e pragas da videira. A obteno de enxertos prontos mais robustos, em termos de sistema radicular, favorecida pela realizao de uma a duas despontas, durante a fase de desenvolvimento vegetativo (Figura 10).

    Geralmente o arranque em viveiro efetua-se durante os meses de novembro e dezembro; pro-cede-se a uma triagem do material e poda a 2 olhos do lanamento desenvolvido, sendo de novo parafinado. A sua comercializao efetua-se em molhos de 25 unidades (Figura 11), devidamen-

    Figura 1

    Figura 2

    Figura 3

    Figura 4

    Figura 5

    79AGROTEC / DEZEMBRO 2012

  • VITICULTURA

    Figura 9 Figura 10

    Figura 11

    Figura 12 Figura 13 Figura 14

    te etiquetados de acordo com a categoria do material. Tratando-se de material certificado a cor da etiqueta azul e de material standard laranja. A conservao dos enxertos pron-tos no frio feita at serem expedidos para os viticultores, dando lugar s plantaes de Inverno-Primavera.

    Esta a forma de produo mais utiliza-da, todavia, outra via de produo de enxertos pronto ocorre pelo enraizamento em estufa (Figura 12), ou seja, as estacas enxertadas sada da estratificao, so colocadas em va-sos de turfa que so dispostos em bancadas de foragem do enraizamento. Esta alternativa permite dispor de videiras enxertadas pron-tas para plantao em verde (Figura 13), em pleno campo e no final da primavera (Figura 14), cerca de ms e meio aps realizada a sua enxertia.

    VANTAGENSE INCONVENIENTES DO ENXERTO PRONTOEntre as vantagens da utilizao deste tipo de plantas, destaca-se antes de tudo o facto de permitirem ultrapassar a j referida falta de enxertadores de campo, que foram gradual-mente desaparecendo quando em simultneo se assistia a um aumento significativo da rea de vinhas novas. Por outro lado, o enxerto pronto permite um fcil acesso s castas pre-tendidas, hoje em dia j nas diferentes formas clonais entretanto selecionadas. As vinhas plantadas com enxertos prontos apresentam tambm maior homogeneidade que as vinhas plantadas tradicionalmente, proveniente do facto de se diminuirem as falhas que ocorrem em maior nmero com a enxertia de campo.

    No que diz respeito s desvantagens face ao processo de plantao tradicional, advm do maior custo das plantas na fase de insta-lao da vinha e do maior acompanhamento cultural, nomeadamente na necessidade de tratamentos fitossanitrio no ano de planta-o (Figura 15).

    Figura 6

    Figura 7 Figura 8

    Figura 15

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