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    CONSERVAO PREVENTIVADE ACERVOS

    COLEOESTUDOS

    MUSEOLGICOSVolume 1

    .: Lia Canola Teixeira e Vanilde Rohling Ghizoni :.

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    Lia Canola Teixeira

    Licenciada em Educao Artstica - Habili-tao Artes Plsticas, UDESC - 1982. Espe-

    cialista em Conservao de Obras em Papel- UFPR, 1999. Filiada a Associao Brasileirade Conservadores e Restauradores de BensCulturais, ABRACOR, Rio de Janeiro, desde1994. Filiada a Associao Catarinense deConservadores e Restauradores de BensCulturais. Florianpolis, desde 1993. Sciaproprietria da empresa Memria Conser-vao-Restaurao de Bens Culturais Ltda.,

    Florianpolis.

    Vanilde Rohling Ghizoni

    Conservadora-Restauradora de Bens Cul-turais Mveis. Licenciada em Educao

    Artstica - Artes Plsticas, UDESC, 1988;Especialista em Conservao de Obras deArte sobre Papel - UFPR, 1999; Mestre emArquitetura da UFSC, 2011; Fez estgio emTratamentos Especficos em Obras de ArteContempornea - Museu Nacional Centrode Arte Reina Sofia - Ministrio da Culturada Espanha, 2007. Foi scia proprietria daempresa Memria Conservao-Restaura-

    o de Obras de Arte. Atualmente Restau-radora da Universidade Federal de SantaCatarina. Ao longo dos anos atuou junto avrias instituies museolgicas por meiode projetos e consultorias.

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    COLEO ESTUDOS MUSEOLGICOS

    Volume 1

    CONSERVAO PREVENTIVA DE ACERVOS

    Lia Canola Teixeira e Vanilde Rohling Ghizoni

    Florianpolis, 2012

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    Ficha Catalogrfica elaborada por Esni Soares da SilvaCRB - 14/704

    T266c TEIXEIRA, Lia Canola Conservao preventiva de acervos / Lia Canola

    Teixeira, Vanilde Rohling Ghizoni - Florianpolis: FCC, 2012.74p. il. 19cm (Coleo Estudos Museolgicos, v.1)

    ISBN: 978-85-85641-12-2

    1. Conservao de acervos 2. Museus - conservao 3. Conservaode acervos museolgicos I. GHIZONE, Vanilde Rohling II. Ttulo III.Coleo.

    CDD 069.53CDU 069

    REVISO GRAMATICALDbora Silveira de Souza Cardoso

    Erclito Pereira

    PROJETO GRFICO E DIAGRAMAOMoyss Lavagnoli

    ISBN da coleo: 978-85-85641-11-5

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    GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINAJoo Raimundo Colombo

    SECRETRIO DE ESTADO DE TURISMO, CULTURA E ESPORTE

    Celso Antonio CalcagnottoPRESIDENTE DA FUNDAO CATARINENSE DE CULTURA

    Joceli de Souza

    DIRETORA DE PRESERVAO DO PATRIMNIO CULTURALAndra Marques Dal Grande

    COORDENADOR DO SISTEMA ESTADUAL DE MUSEUS

    Maurcio RafaelEQUIPE TCNICA DO SISTEMA ESTADUAL DE MUSEUS

    Erclito PereiraMarli Fvero

    Renata CittadinRenilton Roberto da Silva Mattos de Assis

    GERNCIA DE LOGSTICA DE EVENTOS E MARKETINGLuis Carlos Enzweiler

    ASSESSORIA DE COMUNICAOMarilene Rodrigues

    Fernanda Peres

    COLEO ESTUDOS MUSEOLGICOS

    COORDENAO EDITORIALAndra Marques Dal Grande

    Maurcio Rafael

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    / PALAVRA DO PRESIDENTE DA FCC

    A Fundao Catarinense de Cultura - FCC, enquanto rgo execu-tor das polticas pblicas culturais no Estado, vem desenvolvendoconstantes aes estruturantes com o objetivo de preservar a me-mria e valorizar a produo e a difuso cultural.

    Um dos focos de nossa ateno se concentra na qualificao epromoo dos museus, equipamentos que registram a histria eidentidade cultural de nossa sociedade. Diariamente, esses espa-

    os coletam, organizam e armazenam bens culturais de inmerastipologias e constituies, que necessitam de condies adequa-das de conservao para que possam continuar contribuindo nadifuso das memrias individuais e coletivas, por meio dos acer-vos nelas salvaguardados.

    Dessa forma e atendendo aos anseios dos profissionais atuan-tes nos museus inseridos em Santa Catarina, apresentamos estapublicao com orientaes sobre conservao de acervos mu-seolgicos, cujo maior objetivo instrumentalizar o trabalho de-senvolvido pelos valorosos tcnicos desses importantes espaosculturais.

    Florianpolis (SC), novembro de 2012.

    Joceli de SouzaPresidente

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    / A P R E S E N TA O

    Quando o homem compreende sua realidade, pode le-

    vantar hipteses sobre o desafio dessa realidade e pro-

    curar solues... assim, pode transform-la e com seu

    trabalho pode criar um mundo prprio: seu eu e suas

    circunstncias.

    Paulo Freire

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    1Fato museolgico: conceito desenvolvido pela professora e museloga paulistana Waldsia Russio Guarnieri (1935-1990). Waldsia argumentava que os acervos museolgicos deveriam servir ao estudo crtico de uma realidade eno mais sacralizados e isolados dentro de vitrines de museus, desprovidos de um contexto histrico e social.

    O campo museolgico catarinense est em expanso. O novo cenrio abre-se s mu-danas do setor e necessidade de desenvolver aes que propiciem reflexes sobre

    procedimentos tcnicos que auxiliem os museus a desempenhar suas funes bsicas:salvaguardar, pesquisar e comunicar seus acervos, promovendo a relao social entrehomem e objeto1.

    Entretanto algumas lacunas ainda so percebidas dentro das instituies museais. Aescassez de equipe tcnica especializada, os parcos recursos materiais e financeiros,bem como a falta de qualificao de alguns profissionais para o desenvolvimento deatividades de preservao dos bens culturais que impedem o alcance - de forma exitosa- das reais funes dos museus.

    Portanto, atendendo a uma das diretrizes da Poltica Estadual de Museus, que versasobre a orientao e valorizao dos profissionais de museus, a Fundao Catarinensede Cultura (FCC), por meio do Sistema Estadual de Museus (SEM/SC), lana a ColeoEstudos Museolgicos.Anualmente ser publicado um volume, trazendo tona refle-xes, ideias e prticas sobre temas pertinentes aos museus e que possibilitem o forta-lecimento dessas instituies.

    Este primeiro volume agrega orientaes e procedimentos bsicos para a conservaopreventiva e a gesto de riscos de acervos museolgicos. Agradecemos Lia CanolaTeixeira e Vanilde Rohling Ghizoni, autoras desta publicao, por partilhar seus co-nhecimentos tcnicos nesta rea.

    Nossos agradecimentos tambm so direcionados ao Museu de Arqueologia e EtnologiaProfessor Oswaldo Rodrigues Cabral da UFSC, ao Museu de Arte de Santa Catarina, aoMuseu Etnogrfico Casa dos Aores e ao Museu Sacro da Capela do Menino Deus pelacesso das imagens ilustrativas que acompanham os textos.

    Maurcio RafaelCoordenador do Sistema Estadual de Museus (SEM/SC)

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    / S U M R I O

    1 INTRODUO

    2 FATORES AMBIENTAIS E A CONSERVAO DE ACERVOS

    2.1 Temperatura e Umidade Relativa

    2.2 Monitorando a temperatura e umidade relativa

    2.3 Equipamentos para monitoramento da umidade relativa e da temperatura

    2.4 Iluminao2.5 Manuseio de objetos museolgicos

    2.6 Armazenamento

    2.7 Transporte e embalagem

    2.8 Segurana em museus

    2.9 Limpeza dos espaos

    2.10 Procedimentos de conservao

    3 CONSERVAO DE ACERVOS MUSEOLGICOS

    3.1 Materiais de suporte orgnico:

    3.1.1 Pintura sobre tela

    3.1.2 Papel

    3.1.3 Madeira

    3.1.4 Material etnogrfico3.1.5 Taxidermia

    3.1.6 Couro

    3.1.7 Txteis

    3.2 Materiais de suporte inorgnico:

    3.2.1 Metais

    3.2.7 Materiais cermicos3.2.8 Vidro

    4. RESTAURAO

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

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    / 1 I N T R O D U O

    Atualmente h grande conscientizao em relao preservao do

    patrimnio histrico, artstico e cultural, reconhecendo e valorizandoos acervos mantidos nos museus e instituies afins. Dessa forma, o

    museu responsvel pela preservao de suas colees, pressupondo a

    guarda, a segurana e a disponibilizao para pesquisa e apreciao es-

    ttica por meio de exposies e em condies adequadas. Aes estas,

    que possibilitam instituio museolgica democratizar seu acervo,tornando-o socialmente protegido e amplamente usufrudo.

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    Portanto, esta publicao aborda a conservao de acervos museolgi-

    cos trazendo questes relacionadas aos fatores que causam a deteriora-o dos materiais, condies ambientais de armazenagem e exposio,

    tipos de materiais e procedimentos de conservao para vrios tipos de

    suporte.

    Este material foi elaborado a partir de bibliografia pertinente, de nossaexperincia profissional e contribuir para esclarecer dvidas, estimu-

    lar a criao de projetos e aes relacionadas com a preservao dos

    acervos dos museus em Santa Catarina.

    As autoras

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    / 2 F AT O R E S A M B I E N TA I S E AC O N S E R V A O D E A C E R V O S

    O estado de conservao de um objeto est intrinsicamente ligado ao material no qualfoi elaborado, na tcnica construtiva e na trajetria das condies de armazenagem eexposio. Quando um objeto mantido em condies adequadas na armazenagem eexposio, os fatores de degradao so estabilizados, necessitando apenas a sua ma-nuteno com procedimentos preventivos de conservao, como higienizao, controlede micro-organismos e insetos, embalagens de proteo, manuseio correto, entre outros.

    Em situaes adversas, o processo de deteriorao pode instalar-se, necessitando deuma interveno que estabilize e repare os danos ocorridos no objeto. Nesses casos, preciso profissional especializado em restaurao que possa fazer diagnstico do esta-do de conservao, avaliando as condies fsicas da obra, o grau de deteriorao emque se encontra e a possibilidade de interveno restauradora.

    Os procedimentos de conservao devem ter prioridade sobre os de restaurao, ques dever ser realizada quando for estritamente necessrio. A manuteno das caracte-

    rsticas originais da obra deve ser uma constante preocupao, buscando a intervenomnima, e, dentro do possvel, o restabelecimento de sua integridade fsica e esttica.

    A degradao de um objeto um processo natural de envelhecimento e resultante dereaes que ocorrem em sua estrutura, na busca de um equilbrio fsico-qumico como ambiente. Alm do processo natural, existem os fatores externos que podem acelerara deteriorao, principalmente nos materiais orgnicos. Os fatores ambientais so ascausas principais da deteriorao dos materiais e influenciam diretamente na perma-nncia do objeto.

    Como o controle ambiental fator determinante, Toledo (2011, p. 1) define-o:

    [...] como o estudo e o conhecimento do desempenho do edifcio, e a tomada

    de medidas que minimizem os efeitos de condies atmosfricas externas e

    em seu interior. O controle ambiental est condicionado a vrios fatores: cli-

    ma local, edifcio (suas caractersticas fsicas, materiais construtivos, uso etc.),

    coleo (suas caractersticas fsicas, materiais construtivos, uso etc.), dos re-

    cursos institucionais (humanos e financeiros), tipo de acesso s colees pelos

    visitantes (caractersticas, nmero e frequncia etc).

    Atualmente um dos principais desafios no campo da conservao preventiva dos mate-riais constitutivos de acervos museolgicos o controle da deteriorao qumica, danosmecnicos e a biodeteriorao. Podem-se citar os seguintes fatores externos:

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    fsicos: temperatura, umidade relativa do ar, luz natural ou artificial;

    qumicos: poeira, poluentes atmosfricos e o contato com outros materiais ins-

    tveis quimicamente;biolgicos:micro-organismos, insetos, roedores e outros animais;

    antrpicos:manuseio, armazenamento e exposio incorreta, interveno ina-dequada, vandalismo e roubo;

    catstrofes:inundaes, terremotos, furaces, incndios e guerras.

    A finalidade de aprofundar o conhecimento de um determinado objeto museolgico

    consiste em conhecer esse objeto, para que era utilizado, qual o material usado e comofoi confeccionado, e, ainda, como se relaciona com outros objetos similares. A com-preenso desse objeto est baseada na pesquisa e estudo, necessitando, na maioria dasvezes, exames e anlises fsico-qumicas para datao, comprovao de autenticidade,composio qumica dos materiais constituintes e de interveno restauradora que an-tecederam a entrada do objeto na instituio. Portanto, os objetos so valorizados peloque se pode aprender com eles (BRADLEY, 1994, p. 20).

    Os acervos, de maneira geral, so constitudos de objetos variados, compostos dos maisdiferentes materiais e tcnicas, muitas vezes num nico objeto, o que dificulta o traba-lho de conservao dos profissionais.

    Podemos dividir os materiais que constituem os objetos dos acervos museolgicos emdois grupos:

    materiais orgnicos: uma grande parte dos objetos dos museus constitudapor materiais orgnicos, como por exemplo: papel, pergaminho, couro, txteis, fi-

    bras vegetais e animais, madeira, tela etc.;

    materiais inorgnicos: a outra parte dos objetos que constituem os acervos mu-seolgicos composta por materiais inorgnicos, como: pedras, metais, vidros,cermicas, porcelanas etc.

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    // 2.1 Temperatura e Umidade Relativa

    A umidade relativa e a temperatura em ndices inadequados so as principais causas de

    degradao de acervos, e a ao em conjunto destes fatores contribuem para desenca-dear ou acelerar o processo de degradao dos objetos.

    A ao da umidade relativa nos materiais que compem os objetos dos acervos podeestar associada aos seguintes fatores:

    mudanas de forma e tamanho por dilatao e contrao;

    reaes qumicas que ocorrem em presena de umidade;

    biodeteriorao.

    As mudanas de temperatura e umidade relativa do ar prejudicam o acervo, princi-palmente os objetos higroscpicos, que tendem a dilatar e contrair em funo das va-riaes de umidade. Estas variaes dimensionais causam tenses internas no objetogerando deformaes, fissuras e empenamento nos mesmos.

    Em reservas tcnicas e espaos de exposies o indicado

    que os ndices de umidade relativa e temperatura permane-

    am o mais estvel possvel, pois as variaes destas condi-

    es so as principais causas de deteriorao dos acervos.

    A corroso dos objetos em metal causada por reaes qumicas que acontecem empresena de umidade. A gua um dos reagentes principais nos processos de corroso,tanto em sua forma lquida ou gasosa. Os processos de corroso dos metais podemser acelerados em presena de poluentes do meio ambiente, como a brisa do mar quecontm sais e cloretos. Em reas industrializadas a presena de poluentes como o di-xido de enxofre e de nitrognio tambm so fatores determinantes para a corroso dosmetais, devido formao de cidos sulfricos e ntricos, que catalisam os processosde corroso.

    Os papise ostxteisem condies de umidade relativa elevada esto sujeitos a rea-es de hidrlise2, causando a deteriorao das fibras e dos materiais e a perda de suaresistncia mecnica.

    Ambientes com clima quente e mido so extremamente favorveis a infestaes. As-sociada umidade, a biodeteriorao3ocorre em condies de umidade relativa acima

    2 Diminuio do tamanho das molculas por reaes qumicas em presena de gua.3 Deteriorao de materiais por fungos e microrganismos que utilizam luz e umidade como fonte de energia eproduzem pigmentos que causam o escurecimento de objetos.

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    de 70%, ndice em que a ocorrncia de fungos provvel, alm do desenvolvimento demicroorganismos que, por consequncia atraem insetos. A maioria dos materiais org-nicos, tais como papis, colas, leos, gomas, couros, fibras vegetais, pergaminhos, entre

    outros, servem de alimento a agentes biolgicos, como fungos, roedores, bactrias, li-quens, insetos etc.

    Insetos xilfagos, como os cupinse asbrocas, so cada vez mais resistentes a diferentestipos de combate, como por exemplo, os inseticidas normalmente utilizados; alm deprejudicar a sade de quem os manuseia.

    Fig. 2.1: Exemplos de biodeteriorao - ataque de cupim em objeto etnogrfico e obra em papel4.

    // 2.2 Monitorando a temperatura e umidade relativa

    O conhecimento das condies do ambiente de armazenagem, ou exposio de umacoleo num museu, somente ser obtido com exatido por meio do monitoramento eo registro das condies do ambiente. Uma vez organizados e avaliados os dados cole-tados na etapa de monitoramento possvel planejar o controle das condies do local.Importante salientar que equipamentos de monitoramento da umidade relativa e datemperatura no realizam o controle.

    4 Fotos: Vanilde Rohling Ghizoni.

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    Basicamente, para posterior controle das condies ambientais so necessrios os se-guintes passos:

    monitoramento: por meio de equipamentos, com registro em horrios estabe-lecidos anteriormente, coleta de dados da umidade relativa e temperatura doambiente;

    caracterizao do ambiente: tratamento dos dados obtidos no monitoramento;comparao entre os dados nos diferentes espaos de exposio e armazenagemdo museu, para classific-las de acordo com as caractersticas climticas;

    avaliao dos resultados:devem ser ponderados por meio de uma integraocom outros dados do local onde esto armazenados ou expostos os acervos;

    implantao de sistema e procedimentosque melhorem as condies do am-biente de armazenagem e de exposio.

    A climatizao do ambiente de fundamental importncia para os museus, tendo emvista a necessidade de condies climticas apropriadas para conservao do acervo ede tratamento especial de acordo com sua especialidade. O aparelhamento das institui-es museolgicas com equipamentos adequados para permitir a melhoria na realiza-o de seus trabalhos e atendimento ao pblico deve ser priorizado. Para tanto, torna-se

    necessria a contratao de profissional que tenha conhecimento em climatizao deambientes e preservao de colees.

    O sistema de climatizao deve estar ligado durante 24 horas por dia, inclusive nos diasque o museu estiver fechado. Este cuidado deve ser observado, considerando que osacervos no podem sofrer grandes variaes de temperatura e umidade.

    O controle climtico em museus difere dos demais sistemas

    de condicionadores de ar. Deve principalmente controlar,

    alm da temperatura, a taxa e a variao de umidade relativa.

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    Procedimentos que podem minimizar danos aos objetos:

    observar a colocao correta dos objetos numa exposio, longe de correntes dear, de portas e janelas, de plantas ornamentais e de velas;

    manter o mobilirio de armazenagem ou exposio afastado das paredes, bus-cando circulao de ar;

    evitar um nmero muito grande de visitantes na mesma sala de exposio etambm a presena com roupas e calados molhados, evitando alterao nascondies climticas do ambiente;

    no usar vassoura e pano mido na limpeza do cho das salas de exposio e dareserva tcnica, o ideal a utilizao de aspirador de p;

    realizar inspees peridicas nos espaos, verificando as condies das paredese dos telhados, observando a presena de entrada de umidade (rachaduras, go-teiras e infiltraes);

    proibir funcionrios de fumar, comer ou armazenar alimentos nas reas de ex-posio, nas reservas tcnicas e reas de conservao.

    // 2.3 Equipamentos para monitoramento

    da umidade relativa e da temperatura Psicrmetro: mede a umidade relativa do ar mediante a diferena de tempe-

    ratura de dois termmetros, um que mede a temperatura do ambiente (bulboseco) e outro que possui a sua superfcie coberta com gua em evaporao (bulbomido).

    Higrmetro mecnico: funciona baseado nas mudanas dimensionais de seussensores sensveis a umidade como: madeira, cabelo, pele e membrana animal,

    polmeros e txteis. Higrmetro e termohigrmetro eletrnico: o sensor composto por sal higrosc-

    pico, que muda suas propriedades eltricas dependendo da UR.

    Fig. 2.2: Modelos de equipamentos para monitoramento da umidade relativa e da temperatura.

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    Os modelos de higrmetros e termohigrmetros eletrnicos desenvolveram-se muitonos ltimos anos, priorizando cada vez mais a exatido das informaes registradaspelos data-loggers5. Os data-loggers podem ser programados por um computador pararegistrar os valores de UR e T em intervalos de tempo regulares.

    Fig. 2.3: Modelo de termohigrmetro eletrnico.

    As planilhas e grficos resultantes do monitoramento dascondies do ambiente so muito importantes para que oconservador possa tomar decises com segurana e esta-

    belecer uma rotina de trabalho que vise a longevidade doacervo. Esta planilha deve ter as horas do dia em funodos dias do ms, onde so anotados os dados de umidaderelativa e temperatura. Estes dados podem ser inseridosem um grfico onde sero observadas as mdias dirias,semanais e mensais de temperatura e umidade relativa.

    // 2.4 Iluminao

    A incidncia de radiao da luz natural e artificial prejudicial aos objetos, uma vez queseus efeitos so cumulativos e irreversveis, provocando danos irreversveis, capaz defragilizar os materiais constitutivos dos objetos, introduzindo um processo de envelhe-cimento acelerado. Por exemplo, nos objetos orgnicos a luz provoca a modificao dascores e amarelecimento, mas tambm afeta a resistncia mecnica dos materiais, comoa perda de elasticidade nos tecidos.

    A luz natural do sol emite radiao visvel e uma grande quantidade de ultravioleta(UV) e infravermelho (IV). As lmpadas incandescentes produzem radiao visvel, umaquantidade grande de raios infravermelhos sob a forma de calor e pouca radiao ultra-violeta. J os tubos fluorescentes produzem radiaes visveis, poucos raios IV e grandequantidade de UV.

    Para reduzir a deteriorao da superfcie o mximo possvel, precisamos controlar a

    iluminao, adotando alguns procedimentos: manter as cortinas e persianas fechadas, para evitar que os raios solares incidam

    diretamente sobre os objetos expostos ou armazenados;

    utilizar o dispositivo arquitetnico brise-soleil6na edificao, para impedir a inci-dncia direta de radiao solar no interior do edifcio de forma a evitar a mani-festao de calor excessivo;

    5Equipamentos que registram e armazenam dados vindos analgica ou digitalmente.6Dispositivo arquitetnico utilizado para impedir a incidncia direta de radiao solar nos interiores de um edi-

    fcio, de forma a evitar no local a manifestao de um calor excessivo.

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    usar filtros especiais em tom apropriado para uso em museus, aderidos aos vi-dros para barrar a entrada de radiao ultravioleta, de forma a reduzir os efeitosfotoqumicos. Substituir periodicamente os filtros, conforme orientao do fa-bricante;

    cobrir as vitrines, caso o material seja extremamente sensvel luminosidade;

    usar a iluminao indireta como recurso expositivo;

    reduzir a iluminao artificial ao mnimo possvel nos locais das reservas tcni-cas e exposies. O ideal manter as luzes apagadas quando no tiver visitantesna exposio e no estiver realizando atividade no local de reserva tcnica;

    as lmpadas incandescentes devem ser fixadas longe do objeto exposto, e as

    florescentes, apesar de no emitirem calor, devem ser usadas com filtros pararadiao UV e no esquecer que o reator emite calor;

    evitar a utilizao de equipamentos com emisso de flashs diretamente sobre oobjeto, pois apresentam uma concentrao em raios UV e IV.

    No h material completamente imune degradao causada pela luz, sendo muitoimportante enfatizarmos que, todo material orgnico afetado quando submetido aalgum tipo de iluminao.

    Segundo atabela de referncia7, os valores mximos de iluminao para materiais sens-veis luz so os seguintes:

    objetos frgeis: o valor mximo aceitvel de 5 a 50 lux8(papis de livros e do-cumentos, papis com diferentes tcnicas como desenhos, aquarelas, pastis;fotografias, couros, txteis, pinturas, tapearia, tecido, indumentrias, plumas epena etc);

    objetos menos frgeis: aceitvel uma intensidade luminosa de at 150 lux(objetos em madeira, gesso, telas etc.);

    objetos mais resistentes:como as pedras e metais (onde se quer ressaltar deta-lhes) so aceitveis uma intensidade de at 300 lux.

    Para medir a radiao visvel utiliza-se um instrumento denominado luxmetro, quemede a energia que o olho humano percebe. Como o olho no percebe radiao UV e IR,este aparelho no serve para estes tipos de radiao.

    O medidor de UV usado como complemento do luxmetro. Depois de medir a ilumi-nncia, deve-se medir a proporo de UV na luz. Quando a medio da proporo deradiao UV numa fonte de luz ultrapassar 75 W/lm, necessrio utilizar um filtro deabsoro de UV.

    7Valores baseados em referncia bibliogrfica: DALAMBERT, Clara Correia; MONTEIRO, Marina Garrido; FERREI-RA, Silva Regina. Conservao, postura e procedimento. So Paulo: Secretaria do Estado da Cultura do Estado deSo Paulo, s/ data, p. 100.

    8Lux (smbolo lx): no Sistema Internacional de Unidades a unidade de iluminamento. Corresponde incidnciaperpendicular de 1 lmen em uma superfcie de 1 metro quadrado.

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    H vrias alteraes causadas pelo aumento de tempera-tura, onde este atua como fator de acelerao da degra-dao dos acervos. Por exemplo, o seu efeito na umidaderelativa pela secagem do ar (seja pela luz direta do sol oude uma fonte artificial).

    Substancialmente, toda radiao, visvel ou invisvel,absorvida por um objeto, seja luz do dia ou artificial, convertida em calor. A fonte de luz diretamente sobreum determinado objeto vai aquec-lo acima da tempe-ratura ambiente, causando danos como o surgimento de

    craquels9

    e empenamentos.

    // 2.5 Manuseio de objetos museolgicos

    Na maioria das vezes, muitos danos irreversveis no acervo so causados por pessoasinabilitadas durante o manuseio. Os objetos pertencentes ao museu, sejam quadros, es-culturas, mobilirios, documentos, entre outros, apresentam caractersticas e fragilida-

    de em algum aspecto especfico, podendo sofrer danos fsicos de diferentes naturezas,sendo necessrios cuidados especiais, tais como:

    todo objeto museolgico, antes de ser transportado, deve passar por um processode avaliao do seu estado de conservao e, caso seja inevitvel o manuseio, ga-rantir o mximo de segurana neste procedimento. Somente pessoas capacita-das para a tarefa e autorizadas pela instituio devem manipular estes objetos;

    evitar o uso de materiais que possam manchar, descolorir, abrasonar, inflamar,

    rabiscar os objetos que esto sendo manipulados. utilizar lpis 6B e borracha, em caso de serem feitas anotaes e registros em

    locais prximos s obras que esto sendo manipuladas;

    no verso da obra nunca se deve anotar, marcar, carimbar e fixar papis e etique-tas com dados da obra;

    o uso de guarda-p indicado para quem vai manipular os objetos. Retirar anis,pulseiras, relgios e cintos, pois podem causar algum dano ao objeto. No caso decabelos compridos, tambm se deve ter o cuidado de prend-los para no cau-sar acidentes e que fios caiam sobre o objeto. As mos devem estar limpas, semqualquer creme, cobertas por luvas brancas de algodo ou cirrgicas;

    9Tipo de rachadura que ocorre no verniz, na camada pictrica, na base de preparao ou nas trs simultanea-mente. Pode ser causado por tenso que se desenvolve durante vrios processos, desde a secagem at o enve-lhecimento, choque trmico e mecnico, entre outros.

    Fig. 2.4: Modelo de luxmetro.

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    o objeto deve sempre ser carregado com as duas mos, sendo que o apoio dapea deve estar na palma das mos e dos dedos. Nunca se deve carregar umobjeto pelas partes mais frgeis. Acessrios e partes complementares do objetodevem ser manuseados separadamente;

    no fumar prximo dos acervos, pois o objeto poder ser danificado pelo contato,pelas cinzas e pela fumaa, alm do risco de incndio;

    em caso de acidente, somente o restaurador autorizado pela instituio poderrecuperar o objeto danificado.

    Cada tipologia de acervo estabelece suas prprias regras para o manuseio e so defini-das de acordo com o material e a tcnica que constituem os seus objetos, como veremos

    a seguir:

    As esculturasdevem ser manuseadas pela base, sempre que for possvel, com uma dasmos segurando com estabilidade o corpo, na parte mais apropriada. Nunca se devemovimentar ou levantar esculturas por partes mais frgeis, como braos, pernas e ex-tremidades. E quando for de grande dimenso ou muito pesada, dever ser manuseadapor mais pessoas. O indicado que a instituio tenha um carrinho pra fazer o desloca-mento da obra, minimizando o risco de acidentes. Estes cuidados devem ser adotadospara qualquer objeto tridimensional, independente do tipo de material que constituao objeto.

    Os quadrosdevem ser carregados individualmente, segurando pela moldura ou chassi,evitando apoiar no suporte da tela. A parte da frente da tela, a pintura, no deve serapoiada pelos dedos de quem a carrega. As pinturas sobre telas flexveis devem ser en-roladas somente em casos especiais. Neste caso, utilizar cilindro grosso, com a superf-cie da pintura protegida com material adequado, que pode ser desde um papel alcalinoou neutro, tecido tipo TNT10ou similar. A camada pictrica deve sempre ficar voltadapara fora, desta forma ser distendida e no comprimida. Pinturas com empastes muitogrossos no podero ser enroladas, pois ocorrero danos e provvel perda de material.

    Para manipular obras em papel no emolduradas, segurar pelas extremidades superio-res, mesmo assim em operaes que no indiquem deslocamento da obra para outrolocal. Quando for deslocar formatos maiores para outros espaos fsicos, utilizar umabase rgida como apoio, entre folhas de carto ou folders. Obras em papel nunca devemser enroladas e se for extremamente necessrio, usar cilindro grosso.

    10TNT a sigla para Tecido No Tecido, um tecido classificado como um no tecido. produzido a partir defibras desorientadas que so aglomeradas e fixadas, no passando pelos processos txteis mais comuns queso fiao e tecelagem (ou malharia). H basicamente dois tipos distintos, os durveis e os no durveis, po-dendo ambos serem produzidos a partir de fibras naturais (p. ex.: algodo, l) ou sintticas (p. ex.: polister,polipropileno).

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    Fig. 2.5: Cuidados especiais para deslocamento de obra de arte sobre papel11.

    Os tecidosdevem ser manuseados na horizontal, apoiados sobre os dois braos ou so-

    bre superfcie rgida e protegida com material adequado.Para os acervos fotogrficos recomenda-se a reproduo dos originais como medidasde preservao, reduzindo assim o manuseio dos mesmos. Usar lpis 6B caso seja estri-tamente necessrio algum tipo de registro, sempre no verso da imagem. No usar cli-pes, grampos, colas, fitas adesivas, etiquetas em nenhum dos lados da fotografia. Apoiara fotografia na palma da mo, segurando pelas bordas, e de forma nenhuma, inserir osdedos na imagem.

    11Foto do Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral - Universidade Federal deSanta Catarina (MArquE/UFSC).

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    // 2.6 Armazenamento

    As reservas tcnicasdevem ser espaos seguros, com ampla porta de acesso, para en-trada e sada das obras em grandes formatos. Os pisos e revestimentos devero serfceis de limpar e no inflamveis. No seu espao ou prximo, no devem passar canosde gua e nem fios de alta tenso.

    O mobiliriodeve ser distribudo de maneira que permita a ventilao e manutenodo edifcio, sendo aconselhvel manter um corredor, de no mnimo 1 metro de largura,entre as estantes e as paredes.

    As esculturas devem ser mantidas em mobilirios de metal, fechados ou abertos, com

    as prateleiras revestidas com material para proteo e acomodao, do tipo ethafoan12

    ou similar. Se necessrio, acomodar o objeto em um bloco deste material escavado naforma do mesmo.

    Os quadrosdevem ser mantidos na posio vertical e em trainis. Quando forem encos-tados a uma parede, os maiores ficam posicionados atrs e os menores na frente e in-tercalados com alguma proteo. Devem ser colocados face com face e verso com verso.As pinturas sobre tela nunca devem servir de apoio para outro objeto, para no ocorrerdanos com a camada pictrica, como afundamentos, craquels e rupturas. As obras de-

    vem ficar apoiadas sobre uma base, tipo estrado, para evitar contato direto com o piso.

    Fig. 2.6: Espao de reserva tcnica para obras bidimensionais, com mobilirio em forma de trainis13.

    12Espuma de polietileno de clulas fechadas, altamente resistente umidade.13Reserva Tcnica do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC).

    Foto: Mrcio Henrique Martins

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    As obras em papeldevem ser guardadas em mapotecas, e acondicionadas individual-mente primeiro, tipo passe-partout14 e/ou com envelope, somente depois ser colocadaoutra obra sobre a anterior. Opasse-partoutoferece proteo e facilidade para o manu-seio, alm de estar preparada para montagem em moldura no momento da exposio.Quando uma obra precisa ser retirada da gaveta, remover todas as anteriores que esti-verem sobrepostas.

    Os txteis nunca devem serguardados em sacos plsticos.Recomenda-se que sejam acon-dicionados na horizontal e semdobras, envolvidos em papel

    adequado ou tecidos de algodobranco, sem goma, armazenadoem gavetas ou em estantes demetal. Os cabides devem ter boasustentao, ser acolchoados eforrados com tecido de algodo;caso sejam utilizados para in-dumentrias. Objetos como cha-pus, bolsas e sapatos devem re-

    ceber enchimento para que nosurjam deformaes, dobras evincos.

    Cada fotografia deve ter umaproteo individual, sendo que omaterial de proteo da imagemdeve ser de papel alcalino ou neu-tro ou em plstico de alta quali-

    dade. Os negativos e diapositivostambm devem ser acondiciona-dos em invlucros individuais fa-bricados com materiais especiais.O mobilirio para armazenagemde fotografias deve ser de metalcom pintura polimerizada.

    As fitas eletromagnticas no podem ser guardadas em armrios metlicos, devidoao risco de propagao de cargas eletromagnticas, causando danos irreversveis aosregistros.

    Os filmes a base de nitrato de celulosedevem ser acondicionados separadamente porsofrerem combusto espontnea, sendo que os gases gerados no processo de decompo-sio do nitrato de celulose so nocivas s demais fotografias. O cheiro caracterstico decido actico (similar ao odor de vinagre) a indicao de que o processo de degradao

    14Borda de carto que contorna uma obra sobre papel ou tela quando da incluso da moldura. Sua principal fun-o (obra emoldurada com vidro) criar um espao para evitar o contato do vidro com a obra.

    15Foto do Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral - Universidade Federal de SantaCatarina (MArquE/UFSC).

    Fig. 2.7: Armazenamento e acondicionamento de obras dearte sobre papel em mapotecas15.

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    est presente, sendo necessria a duplicao imediata e medidas que no coloquem orestante do acervo em risco.

    Materiais etnogrficosdevem ser armazenados em mobilirios fechados, de prefern-cia, e em mapotecas. Dependendo da fragilidade da pea, confeccionar caixas em cartoneutro para o acondicionamento ou proteger com embalagens em tecido de algodo,ethafoanou similar.

    // 2.7 Transporte e embalagem

    O transporte de acervos museolgicos envolve uma srie de riscos aos objetos do mu-

    seu, por isso o cuidado com a embalagem, a preparao para o embarque e a seleodo meio de transporte essencial para a segurana do trabalho. O embarque deve seriniciado quando todos os objetos estiverem embalados adequadamente, com seus res-pectivos laudos do estado de conservao.

    Objetos que sairo da instituio para participarem de exposio extramuros devem seracondicionados em caixas de madeira ou similar, com alas e sistema de fechamento(lacre). A embalagem deve ser maior em cada dimenso de no mnimo 10 centmetrosem relao ao objeto a ser transportado. O interior da caixa deve ser revestido com ma-

    terial tipo ethafoan, esponja ou isopor, completando os espaos vazios, com flocos, oumesmo modelando a parte interna da caixa no formato da pea.

    As telas com suporte flexvel devem ser protegidas e estabilizadas contra as vibraescom isopor ou material similar.

    O objeto deve ser embalado antes de ir para a caixa com material especfico e adequado,tipo papelno-woven (entretela de papel sem goma), algodo, papel neutro ou alcalino.Partes pontiagudas e salientes das esculturas devem ser protegidas, isto , acolchoadas,

    e os espaos vazios preenchidos. Os vidros das molduras devem ser encobertos pormalhas de fita crepe, para garantir maior proteo obra, no caso da quebra do mesmo.

    Fig 2.8:Embalagens de peas tridi-mensional e bidimensionalpara transporte16.

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    As embalagens devem ser marcadas em seu exterior com instrues que facilitem omanuseio. As marcaes devem ser convencionais, claras e legveis.

    Fig. 2.9: Smbolos convencionais de transporte: frgil, para cima, sensvel ao calor e sensvel umidade.

    16 Foto: Vanilde Rohling Ghizoni.

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    O transporte deve ser realizado por empresas especializadas, com equipe capacitadapara executar o trabalho com cuidado, proporcionando a maior estabilidade possvelao objeto. Assim mesmo, deve ser observado se o caminho recebeu as adequaesnecessrias, como pisos e laterais acolchoadas por materiais que amorteam vibraes,

    golpes, impacto de maneira geral. As obras devem sair da instituio acompanhadaspelo conservador-restaurador ou responsvel pelo acervo e protegidas por seguro emcaso de sinistro.

    // 2.8 Segurana em museus

    A segurana em museus, de maneira geral, envolve cuidados de proteo contra incn-

    dio, roubo e depredaes, proteo contra danos causados por condies de guarda eexposio inadequadas e medidas para salvaguarda contra catstrofes. Estes cuidadosdevem ser observados e implantados prontamente, e no depois que o incidente ocor-reu com o objeto.

    O acervo museolgico deve ser monitorado por vigilncia eletrnica e por vigilantes,ininterruptamente. Os vigilantes devem ser capacitados para observar os objetos e oambiente, relatando se algo estranho ou anormal esteja acontecendo.

    Um funcionrio da instituio deve ser designado como

    chefe da segurana, responsvel pelo cumprimento das nor-

    mas estabelecidas para segurana do acervo e coordenar as

    funes dos vigilantes, que muitas vezes so terceirizados e

    mudam com frequncia.

    Desta forma, os seguintes procedimentos so recomendados:

    os objetos no devem ser manipulados ou tocados, devendo ser apenas observa-dos pela vigilncia;

    manuteno do ambiente e higienizao de objetos expostos somente no diaespecfico em que o museu no atender ao pblico. No espao de exposio oude guarda a vigilncia deve acompanhar os servios de terceiros.

    vistoria das obras em exposio antes de abrir e fechar o museu, relatando pos-sveis anormalidades e alteraes;

    observar o fechamento correto de portas e janelas aps o fechamento do museuao pblico;

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    controle permanente das reas de acesso ao pblico, em especial das salas deexposio, sendo que o visitante deve deixar seus pertences na recepo, emguarda-volumes;

    servio de segurana eletrnica, por meio de alarmes, sistema de televiso emcircuito fechado etc.;

    instalao de extintores17e detectores de fumaa, com obrigatoriedade da ma-nuteno peridica;

    qualificao da equipe para que, em caso de sinistro, estejam preparadas paraagir preventivamente. Garantir acesso dos vigilantes aos telefones de emergn-cia (responsvel pelo museu, polcia, bombeiros);

    as normas de segurana, de comportamento e de procedimentos de emergnciadevem ficar visveis ao pblico do museu.

    // 2.9 Limpeza dos espaos

    A limpeza das salas de exposio, reservas tcnicas, sala de conservao e de restaura-o deve se restringir ao espao fsico, pois os objetos no devem ser tocados.A equipe de limpeza deve receber orientaes para os procedimentos, observando o

    cuidado necessrio exigido para a ao. O responsvel, sempre que possvel, deve acom-panhar os servios.

    O profissional da limpeza, quando bem orientado, torna-se

    um aliado na identificao de problemas e nas aes de

    conservao.

    Recomendam-se os seguintes cuidados na execuo dos trabalhos:

    usar aspirador de p para no levantar poeira, caso necessite pano mido, estedeve ser bem torcido;

    no esbarrar nas peas, mobilirio e paredes, cuidando com o uso de escadas eoutros objetos quando se vai fazer alguma manuteno;

    avisar o responsvel caso observe manchas de umidade, goteiras, vazamentos erachaduras;

    observar a presena de excrementos de insetos xilfagos, asas de insetos, traase pequenos orifcios prximos s obras, mobilirios ou no piso do museu.

    17Os agentes extintores mais empregados na extino de incndio so: gua, espuma, gs carbnico e p qu-mico seco. Deve ser observada a classe do incndio para o uso adequado.

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    // 2.10 Procedimento de conservao

    Todo profissional responsvel pela conservao de acervos de um museu precisa esta-belecer uma rotina de trabalho que vise a conservao preventiva. Umas das aes maisrotineiras executada diretamente nos objetos a higienizao mecnica, que consistena eliminao da sujidade, como poeiras e partculas slidas que se depositam sobrea superfcie do objeto, limpando de forma cuidadosa, o que evita danos futuros obra. importante ressaltar que ao observar qualquer despendimento o procedimento deveser imediatamente interrompido, pois aes inadequadas podem causar danos graves,muitas vezes irreversveis.

    Qualquer procedimento de higienizao dever ser executado com guarda-p, luvas,

    mscaras e culos de proteo, evitando a contaminao do profissional por fungos. Omuseu deve dispor de uma mesa especfica para higienizao do acervo, de prefernciacom dispositivo que aspire as partculas de sujidades eliminadas.

    Fig. 2.10: Procedimento de higienizao com trincha18.

    18Foto: Acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral - Universidade Federalde Santa Catarina (MArquE/UFSC).

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    / 3 C O N S E R V A O D EA C E RV O S M U S E O L G I C O S

    // 3.1 Materiais de suporte orgnico

    /// 3.1.1 PINTURA SOBRE TELA

    Tela um suporte de tecido vegetal, como o linho, algodo, cnhamo ou juta, esticadonum chassi (armao de madeira encaixada) por meio de pregos, tachas ou grampos

    metlicos. Sobre o tecido esticado aplicada uma base de preparao

    19

    , cujo objetivo proteger a tela da ao dos leos que so empregados nas tintas que podem degradaro tecido.

    O chassi mais adequado aquele que possui as quatro rguas chanfradas, para evitarque parte do tecido da tela encoste-se madeira causando marcas; com cunhas, queso colocadas nos ngulos reto no verso do chassi, para distender a armao e esticar otecido, caso seja necessrio.

    19Nas telas mais antigas essa base era composta por gesso e cola protica de cartilagens animais. No sc. XIX astelas passaram a receber uma base de preparao base de gesso, cola e leo.

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    Figuras 3.1: Detalhe de chassi com cunha20.

    Algumas tcnicas de pintura

    Pintura a leo: tem como base a utilizao de pigmentos modos aglutinadoscom certos leos, tais como linhaa, nozes e de dormideira. A terebentina acrescentada para tornar algumas cores mais fluidas e transparentes. A tcnicaa leo pode receber, no final, uma camada de verniz como proteo para as cores,sendo os mais comuns as resinas naturais, como o copal, o mbar e o damar,

    dissolvidos em terebentina. Tmpera: utiliza pigmentos secos misturados com aglutinante, como goma ar-

    bica, gema de ovo e da casena, que tem o poder de fixar os pigmentos sobre osuporte, geralmente tela ou madeira.

    20 Fotos: Memria Conservao Restaurao de Bens Culturais Ltda.

    E ti t i i t i t d li d t

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    Encustica: a tcnica que usa pigmentos misturados na cera, aplicado quentesobre o suporte, que, em geral, um tecido de algodo aderido sobre painel demadeira.

    Pintura acrlica: tcnica moderna, baseada em produtos sintticos de naturezaacrlica, feita pela disperso dos pigmentos. No txica, sua diluio a basede gua e de secagem rpida.

    Fig. 3.2: Pintura leo sobre tela antes e depois da restaurao21.

    21Acervo do Museu Sacro da Capela Menino Deus Irmandade do Nosso Senhor dos Passos e Imperial Hospitalde Caridade. Fotos: Memria Conservao de Bens Culturais Ltda.

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    3821Acervo do Museu Sacro da Capela Menino Deus Irmandade do Nosso Senhor dos Passos e Imperial Hospital

    de Caridade. Fotos: Memria Conservao de Bens Culturais Ltda.

    Fig. 3.3: Processo de restaurao: exame com luz negra para identificao de repinturas (com lmpa-

    da de Wood), remoo de interveno anterior,enxerto e nivelamento do suporte.21

    .

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    Ao de conservao

    as pinturas devem ser assentadas sobre uma mesa e higienizadas com pincel

    de pelo macio. Neste processo importante observar os resduos de sujidadesremovidos, se h excrementos de insetos, o que indica ataque de insetos xil-fagos, geralmente no chassi e ou na moldura. Caso apresente ataque de insetosxilfagos, o procedimento a ser adotado separar a obra com ataque do restantedo acervo. Na observncia de algum fragmento solto ou em desprendimento decamada pictrica, a higienizao deve ser interrompida imediatamente, e enca-minhada ao restaurador;

    a inspeo peridica uma rotina que deve ser adotada como medida de con-

    servao preventiva; tmperas devem ser mantidas em condies de umidade estveis, pois a umi-

    dade causa movimentao nas vrias camadas que constituem uma pintura tmpera. A taxa de umidade relativa indicada para conservao de tmpera de45 a 60%;

    pinturas encusticas devem ficar longe de fontes que irradiam calor, como a lu-minosidade natural e lmpadas incandescentes para que no amoleam;

    os locais de reserva tcnica para guarda de pinturas devem ser climatizados,com controle e averiguao peridica dos nveis de umidade e temperatura;

    o controle da iluminao deve ser rigoroso nas salas de exposio, evitar que aluz artificial incida diretamente sobre o objeto exposto. Iluminao direcionadasomente lmpadas de baixa potncia, com alto ndice de reproduo da cor ebaixa radiao de raios ultravioleta.

    /// 3.1.2 PAPELA humanidade sempre sentiu a necessidade de imortalizar os pensamentos e as aesde cada poca por meio de registros, sendo esta uma forma de se comunicar. Esta ne-cessidade levou o homem a transcrever sua histria na pedra, na argila, no metal, nopapiro, no pergaminho ou no papel.

    Com a evoluo no processo e fabricao do papel, em 1450, iniciou-se o processo deimpresso de livros, tendo como consequncia a escassez da matria-prima22deste ma-

    terial (na poca linho e algodo). Isto provocou o surgimento de pesquisa de outros ele-mentos para substituir e ampliar a viabilidade da fabricao do papel.

    Depois de vrias tentativas, cria-se o papel produzido a partir da madeira, cuja compo-sio a celulose. Esta composio vem por meio da hidratao, macerao e a pren-sagem da parte fibrosa da celulose, de fibras muito curtas, com excesso de lignina, comadio de alvejantes, tornando o papel extremamente cido, e consequentemente debaixa resistncia e durabilidade. Esse tipo de papel, geralmente era destinado produ-

    22O linho e o algodo, matria-prima mais utilizada. In: Mundo do Papel. 4 edio, Companhia Industrial dePapel Pirahy (1986, p. 9).

    o de jornais, revistas e outras funes.

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    o de jornais, revistas e outras funes.As variaes da qualidade dos papis ficam restritas s formas adotadas pelas inds-trias na fabricao. Algumas indstrias procuram produzir papis de boa qualidade edurabilidade, podendo ter vrias gramaturas, dimenses, pH23entre 7.0 e 8.5, branco,

    colorido ou pautado.

    Fatores de deteriorao

    Fazem parte de acervos nos museus objetos cuja composio da matria-prima o pa-pel, tais como: documentos, livros, obras de arte, mapas, cartas etc. Esses acervos noesto livres do processo de deteriorao, principalmente pela substncia orgnica quecaracteriza a sua fragilidade. Entende-se que as causas principais de deterioraes soordenadas em intrnsecas e extrnsecas:

    a causa intrnsecaest relacionada produo do papel, como os resduos nacomposio da pasta qumica, com a lignina e cargas, na colagem com almen(resina), os cidos que reagem e destroem aos poucos as cadeias moleculares dacelulose, rompendo-as, tornando o papel quebradio, mesmo com uma simplesdobra;

    a causa extrnseca formada por fatores que representam o meio ambiente, as-sim como: umidade relativa, temperatura, radiaes luminosas, poeira, poluio

    atmosfrica, insetos e roedores, microrganismos, tintas de escrever, manuseio eacondicionamento inadequado, vandalismo, catstrofes (enchentes e incndios).

    Acervo pictrico em papel

    O acervo das obras de arte sobre papel constitudo do mesmo suporte do material gr-fico. O que diferencia uma obra de arte da outra a tcnica pictrica. Portanto, torna-sede extrema importncia conhecer as vrias tcnicas utilizadas pelos artistas, para esta-

    belecer a melhor forma de acondicionamento e conservao das mesmas.Muitas instituies adotam emoldurar desenhos, gravuras e pinturas sobre papel, comoforma de proteo contra entrada de poeira e outras sujidades, ataque de insetos, fun-gos e danos causados por mudanas bruscas de temperatura e umidade. Deve-se ter ocuidado com a confeco das molduras, procurando utilizar materiais apropriados e dequalidade.

    No momento da colocao da obra de arte em papel na moldura, deve-se tomar o cui-

    dado para no encostar no vidro, pois o desenvolvimento de fungos e bactrias muitopropcio devido falta de aerao. Uma das solues o uso de umpasse-partout, fican-do assim a obra afastada do vidro em alguns milmetros.

    Outra possibilidade de acondicionamento para obras de arte sobre papel montar asobras sobre o passe-partout e, depois de montadas, acondicion-las em envelopes depapel alcalino ou similar e armazenar em mapotecas, deixando-as prontas para receber

    23pH: representa a grandeza fsico-qumica potencial de hidrognio inico, calculado a partir da concentrao deons de hidrognio (H+) numa soluo.

    a moldura no momento de serem expostas. Para montar a obra na base do passe-partout

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    p p pdevem-se utilizar cantoneiras, de preferncia em papel ou polister; alas de papel ja-pons, utilizando metilcelulose como adesivo ou fita de papel japons acidfree, especfi-cas para uso em conservao e restaurao.

    Algumas tcnicas de pinturaPara aes de conservao em obras cujo suporte o papel, necessrio conhecer a tc-nica de pintura utilizada na elaborao da obra. Abaixo listamos as tcnicas mais usuais.

    Pastel seco:tcnica de pintura sobre o papel de pigmento seco, confeccionadoem bastes. Uma tcnica de difcil conservao, pois no resiste a toques e apermanncia das suas cores depende da qualidade dos pigmentos.

    Pastel oleoso:tambm chamado pastel-leo, composto de giz precipitado, mis-turado com pigmentos de granulao relativamente mais grossa, com veculooleoso e com cera, em forma de bastes, as cores so muito mais escuras.

    Aquarela:tcnica que utiliza corantes dissolvidos em gua.

    Guache:tinta confeccionada com goma arbica e mel de abelha ou glicerina.

    Gravura: a impresso e reproduo de desenhos e imagens sobre papel. A gra-vura ocorre por uma matriz de madeira (xilogravura), pedra (litogravura) ou me-tal (gravura em metal) que sofre talhos e incises de maneira manual ou mec-nica.

    Grafite: um carvo mineral, natural, encontrada quase pura, o suporte maisempregado o papel, fino ou espesso, liso ou texturizado. Permite um trao fir-me e preciso e, ao contrrio do carvo, fixa-se bem ao papel e de ser apagadafacilmente.

    Nanquim: chamada de tinta da china ou tinta da ndia, compondo-se de um pig-mento, o negro de fumo obtido da fuligem produzida pela queima de madeiras e

    resinas, aglutinante, goma-arbica, cola de cartilagem de peixe etc.

    Aes de conservao

    o responsvel pelo acervo deve estar atento s medidas de controle ambiental,mtodos atualizados em preservao, para que possa ser retardado o mximopossvel a degradao do acervo. Tambm deve-se recorrer a um profissional darea de conservao e restaurao para estabelecimento dos procedimentos;

    a iluminao dever ser sempre indireta, nunca permitir que o sol ou lmpadasatuem diretamente sobre o papel;

    a umidade relativa e a temperatura devem ser controladas. Segundo literaturaespecializada, entre 45 e 60% de umidade e 20 a 22 C de temperatura;

    a ventilao muito importante para evitar a proliferao de microrganismos.Usar ventiladores e as janelas abertas25quando possurem barreira mecnicapara filtragem do ar;

    25O indicado que janelas tenham proteo com algum tipo de tela ou tecido de algodo, que desempenhe afuno de filtro e barreira contra a poluio.

    a instituio deve estabelecer uma rotina com periodicidade na verificao do

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    estado de conservao do seu acervo e aes de higienizao mecnica do mes-mo. No procedimento de higienizao, o ideal que seja realizado em mesa desuco, com trincha macia, folha por folha do volume ou documento. Nesse mo-

    mento, caso seja encontrado algum volume ou documento contaminado ou comproblema, dever ser separado e anotar os problemas na ficha de diagnstico doestado de conservao;

    evitar agregar ao papel, clipes, grampos, elsticos, fitas adesivas, etiquetas auto--adesivas, para no causar reaes oxidantes, causando manchas ao papel. Pararemoo de adesivos so necessrios conhecimentos especficos de restauro;

    utilizar lpis 6B para qualquer anotao, e sempre no verso, cuidando para nopressionar o grafite;

    evitar fazer anotaes particulares em papis avulsos colocados sobre documen-tos ou livros, pois poder marcar os mesmos;

    jamais marcar o texto com grafite, tintas ou dobras na rea superior ou inferiordas folhas;

    no comer, beber ou fumar perto de livros, documentos e obras de arte evitandoo perigo de manchas, queimaduras, alm de serem atrativos para insetos;

    manter mos sempre limpas, protegidas por luvas de algodo ou cirrgica du-

    rante o manuseio; a disposio dos livros e outros documentos nas estantes devem estar de p,

    com certo afastamento para a retirada segura e firme do mesmo. Nunca acondi-cion-lo com a lombada voltada para cima e o corte lateral voltado para baixo,enfraquecendo assim a costura;

    no manuseio das pginas, jamais umedecer os dedos com saliva para virar p-ginas de livro ou separar documentos, procedimento que causar manchas,muitas vezes irreversveis, devendo a pgina ser virada pela parte superior dafolha. Importante alertar que no se deve apoiar os cotovelos sobre documentose livros, atitude que causar o rompimento e a separao dos cadernos do livro;

    quando se trata de obra em suporte de papel de formatos maiores, para o ma-nuseio necessrio envolv-la em folders de papel alcalino ou similar, apoiandosobre uma base rgida, tipo carto, polionda (placa em polipropilenocorrugado),MDF26, evitando problemas no deslocamento;

    evitar enrolar e dobrar documentos, gravuras e outros. O modo mais eficaz de or-

    ganizar esse tipo de acervo confeccionar pastas ou envelopes, um pouco maio-res que o documento, entrefolhar com papel de baixa gramatura, pH neutro oualcalino e no mais de trs documentos no mesmo envelope ou pasta. O maisadequado que o envelope no tenha as partes coladas, facilitando a retirada domaterial, evitando rupturas;

    26MDF (Medium Density Fiberboard Fibra de Mdia Densidade) um painel de fibras de madeira, sendo suacomposio homognea em toda a sua superfcie como em seu interior. Graas a sua resistncia e estabilidade possvel obter-se excelentes acabamentos em mveis, artesanatos, molduras, rodaps, colunas, balastres,divisrias e forros.

    muitas vezes, mesmo adotando os procedimentos j citados, ocorrem algumasi di i i l id d d i

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    situaes extraordinrias, que iro resultar na necessidade de uma interveno.Observa-se que ao realizar uma interveno de restaurao, num documento oulivro, recomenda-se o uso de adesivo reversvel, a carboximetil celulose, mais co-

    nhecida como metylan ou metyl. Nunca usar cola plstica (PVA)27, por ser muitocida e irreversvel, na maioria das vezes.

    Fig. 3.4: Acondicionamento em pasta de carto alcalino, com entrefolhamento dos documentos28.

    Fotografia

    Existem vrios recortes histricos sobre a trajetria da fotografia como arte29, pois sua

    criao causou controvrsias entre pintores, fotgrafos, pesquisadores em referncia experincia da captura da imagem.

    Os aspectos histricos do desenvolvimento da fotografia que mais se destacaram seroesboados no que tange perspectiva de reconhecer, estruturar e diagnosticar o estadode conversao de colees fotogrficas que fazem parte de acervos.

    necessrio conhecer as tcnicas fotogrficas para correto diagnstico sobre o estadode conservao, portanto, segue tcnicas fotogrficas, segundo PIMESTEIN (1997).

    Daguerritipo (1839 1865):o suporte30era composto por cobre, com camadafina de prata polida, formando uma imagem bem definida, revelada com vaporesde mercrio. Como produzia uma nica cpia, geralmente encontrada emol-durada em estojo protegida com vidro, lacrada para no ter imperfeies e nooxidar.

    27Atualmente j encontrada cola PVA neutra.28Foto: Vanilde Rohling Ghizoni.29 BENJAMIN, W. Pequena histria da fotografia. In: Magia e Tcnica, Arte e Poltica. So Paulo: Brasiliense, 1994.30 GOREN (1998, p. 166) Suporte: Material-base sobre el que se adhieren distintos tipos de recubrimientos, con

    que el artista realiza su obra; con ser madera, tela, metal, papel, marfil etc.

    Caltipo ou Talbtipo (1841 1855):neste processo fotogrfico o papel salgadod d i ti ti d t i d t t

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    era usado para produzir o negativo e, a partir deste, copiado por contato em ou-tro papel salgado, criando assim a imagem positiva, possibilitando gerar vriascpias.

    Ambrtipo (1854 1870):este processo fotogrfico empregava negativos de vidrode coldio31e a imagem tornava-se positiva ao se colocar um fundo negro portrs da placa de vidro, preta. Sendo melhor para a conservao guard-la em umestojo emoldurado, lacrado, com formatos variados, em conformidade com a fo-tografia. Nesse caso especfico, o que oxida o verniz e a deteriorao origina-sena camada preta.

    Ferrtipo (1856 1890):o suporte era uma fina chapa de metal, pintada de pretoe envernizada, que gerava uma imagem positiva em coldio e sais de prata de

    formatos variados. Placa de vidro base de coldio mido e sais de prata (1850 1900):suporte de

    vidro onde a placa era emulcionada com coldio e sais de prata, quando aindamido, era exposta e revelada. Comumente encontrados embrulhados em jor-nal, causando sujidades, mas esse ato tambm evitava que um vidro ficasse emcontato com o outro, o que poderia causar deteriorao.

    Fotografia albuminada (1847 1910):processo fotogrfico feito com soluo base de albumina, cloreto de sdio e nitrato de prata, colocada sobre um papelmuito fino. A partir de negativos em placa de coldio era feito o contato comeste papel albuminado, gerando a imagem positiva. Sendo o suporte muito fino,era aderido em suporte mais espesso, com diferentes formatos e denominaes.

    Carto de visita:retratos de 5,7 x 10,8 cm, aproximadamente, montado em cartorgido.

    Gabinete: retratos de 10 x 14 cm, montados em cartes espessos e decorados.

    Estereoscpia:imagem observada pelo visor estereoscpio32, onde duas imagens

    eram coladas lado a lado, dando uma iluso tridimensional popularmente deno-minada cineminha, utilizando imagens sobre a natureza e arquitetura.

    Carto vitria:retratos e paisagens de 8,3 x 12,7 cm.

    Carto promenade:retratos e paisagens com dimenses de 10,2 x 17,8 cm.

    Carto imperial:compreendem retratos e paisagens que se apresentam na di-menso de 20 x 25,1 cm.

    Carto boudoir: retratos e paisagens com dimenses de 12,7 x 20,6 cm.

    Negativo de chapa e vidro em gelatina33(1871 at hoje): essa tcnica substituiua do negativo de placa de vidro em coldio mido, consolidando-se como tcni-ca aperfeioada at a atualidade. Para a fotografia um passo importante, pois agelatina se transforma no veculo de sustentao dos cristais de prata utilizadosem papis fotogrficos e em filmes flexveis.

    31Substncia composta de ter e lcool em uma soluo de nitrato de celulose.32Instrumento de ptica no qual duas imagens planas, superpostas pela viso binocular, do a impresso de uma

    nica imagem em relevo.33Gelatina: produto orgnico, obtido de couros, ossos, nervos, tendes de animais.

    Atualmente outras tcnicas de fotografia surgiram, tais como: fotografia em papis semrevestimento fotografias impressas fotografias permanentes fotografias em papis

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    revestimento, fotografias impressas, fotografias permanentes, fotografias em papiscom revestimento.

    Alm das tcnicas j mencionadas, nos acervos podem ser encontrados outros suportescom emulses de gelatina, assim como: filme em nitrato de celulose34, filmes embuti-rato, propianato e diacetato de celulose; filme em triacetato de celulose, transparnciapositiva em gelatina, polaroid; papel fibra de gelatina e prata com revelao qumica;papel resinado de gelatina e prata com revelao qumica; filmes negativos e positivoscoloridos com revelao cromognica, branqueamento de corantes e difuso de coran-tes; fotografia colorida em papel com revelao qumica.

    A constituio de acervos, sejam eles familiares ou de registros histricos e culturais,

    trata-se de um patrimnio que faz parte de arquivos, os quais so instrumentos impor-tantes na pesquisa e anlise histrica e cultural.

    Portanto, vivel observar qual a linha de atuao das instituies em questo de-tentora do acervo, para normatizar as pesquisas e o acesso ao acervo fotogrfico, bemcomo manter um ordenamento para a conservao do acervo segundo os interesses dasinstituies.

    Desses primeiros esclarecimentos sobre as tcnicas e cons-

    tituio da fotografia, num panorama histrico, pode-se

    situar esse objeto como de complexidade, fragilidade e

    bastante varivel em sua composio material, sendo im-

    portante zelar por sua preservao.

    Fatores e causas de deteriorao das fotografias

    Umidade relativa deve ficar nos ndices indicados que so entre 30 e 45%. A taxade umidade mais alta atua na emulso, destruindo a imagem e favorecendo o

    desenvolvimento de fungos e microorganismos; temperaturas altas atuam no suporte e a emulso que reagem de maneiras dis-

    tintas, causando rachaduras na imagem, podendo haver uma possvel penetra-o da umidade;

    poluentes atmosfricos compostos de enxofre e mercrio atuam reagindosobre a prata e como resultado aparece uma colorao amarelada;

    34 relevante lembrar que quando o grau de deteriorao avanado ocorre a combusto.

    colas cidas causam esmaecimento da imagem quando atingem a prata metlica;

    d l d d l d i l i

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    ao da luz, quando expostas por perodos prolongados e em excesso, inclusivea luz solar, causam degradaes;

    o manuseio de maneira incorreta pode ser nociva para as imagens, causandoabrases e marcas de digitais que deixam engorduradas a superfcie da foto;

    grampos e clipes perfuram, deixam marcas e causam oxidao;

    fitas adesivas deixam resduos de adesivo alm de proporcionarem faltas nasimagens;

    mobilirio inadequado como o de madeira, que absorvem a umidade, alm deatrair cupins, brocas e outros insetos. Os mobilirios de metal devem recebertratamento adequado do fabricante para no oxidarem com o uso.

    Essas so algumas das causas e fatores da deteriorao do acervo fotogrfico. A compo-sio da fotografia em suas tcnicas deve ser conhecida para que haja a possibilidadede evitar ou prevenir a deteriorao. Assim, existem alguns procedimentos que podemauxiliar no controle da deteriorao ou mesmo estabilizar o processo.

    Aes de conservao o indicado para a conservao de material que os espaos de exposio e de

    reserva tcnica sejam climatizados. Observar os ndices da temperatura que nopode ultrapassar os 20 C e da umidade relativa deve variar entre 35 a 40% darea onde se encontra o acervo fotogrfico;

    a radiao luminosa precisa ser controlada, de preferncia deve ser evitada sobreos objetos em exposio;

    fitas adesivas e colas no devem ser utilizadas, entretanto, na necessidade,deve-se utilizar material especial, fitas de papel japons com pH neutro;

    ao manipular um lbum coloque-o em forma de V para no prejudicar suacostura e a lombada;

    use lpis de grafite macio (6B) para possveis anotaes no verso, tipo nmero decatalogao e somente o que for estritamente necessrio;

    jamais utilizar clipes e grampear fotos;

    materiais fotogrficos a base de nitrato de celulose devem ser separados do res-tante do acervo;

    quanto ao mobilirio existem os gaveteiros ou de outros formatos especiais, comportas, em metal com pintura polimerizada. Ambos tm a funo de no permi-tir a entrada de p ou insetos. Ressalta-se que o seu fechamento no pode serhermtico para que haja circulao de ar, expulsando gases que ocasionalmente

    possam estar acumulados. O mobilirio precisa estar separado do piso em 20 cme na base ter rodas que suportam o peso dos objetos acondicionados;

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    e na base ter rodas que suportam o peso dos objetos acondicionados;

    relativo ao acondicionamento35deste acervo pode-se considerar diferentes tiposde artifcios, dentre eles destacam-se: cartela para porta negativos, folders, ja-quetas,passe-partout, estojos para portar chapas, pastas suspensas, envelopes devrios modelos, caixas e outros.

    Estas aes asseguram a integridade fsica do suporte e da imagem e para uma longe-vidade do objeto, sendo necessrio que a matria-prima seja de boa qualidade e comsistemas diferenciados de armazenamento como: acondicionamento vertical, que com-preende pastas suspensas e envelopes, e acondicionamento horizontal, para grandesformatos.

    Ainda sobre o acondicionamento vale lembrar que o papel a ser utilizado deve ter reser-va alcalina e pH neutro, e os plsticos originalmente devem ser em polister (melinex).O acondicionamento feito com materiais de baixa qualidade e formatos imprpriospode acelerar a deteriorao.

    de responsabilidade da instituio que o acondicionamento seja realizado de maneiraadequada, conforme as orientaes e normas de conservao expostas. fundamentalestar atento e pensar em formas de melhoramento do acondicionamento, visando sem-pre melhorias para a preservao dos objetos.

    Na realizao dos procedimentos de conservao existem instrumentos que servem deapoio para a sua execuo, como: trinchas de diversos tamanhos, de pelo macio, separarquando do uso para a imagem e outro para o suporte, utilizando na higienizao pararemoo de sujidade; pincel soprador (perinha) ideal para fotografias e diapositivos;pinas, bisturis, estiletes, esptulas de metal (de uso odontolgico) de osso e teflon eoutros.

    /// 3.1.3 MADEIRA

    A madeira constitui um material de origem vegetal, obtido do tronco das rvores, cha-mada cerne (camada intermediria entre a medula e a casca). Devido a sua resistnciamecnica, boas condies de isolamento trmico, obteno com facilidade (matria--prima renovvel) e manejo, e sua aparncia com variedade de cores e texturas tem sidoutilizada para os fins mais variados. As desvantagens so a biodegradao, facilidadeem inflamar, variao dimensional na presena de umidade, entre outros.

    Fatores de deteriorao

    os fungos e os insetos xilfagos so os responsveis pela ao biolgica maiscomum que ataca as madeiras. Os fungos podem causar o emboloramento, man-chamento e o apodrecimento da madeira. Os insetos xilfagos, como os cupinse os besouros, so os que mais danificam a madeira. Os cupins se organizam em

    35Ver MINISTRIO DA CULTURA. Cadernos tcnicos de conservao fotogrfica 1. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1997.

    colnias e possuem hbitos de vida bem definidos. O reprodutor, quando adulto,parte da colnia me em revoada para formar novos casais.

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    p p

    Os cupins podem ser divididos em 3 grupos:

    1. cupim de madeira seca: atacam madeiras secas em re-

    gies de clima quente;

    2. cupim de solo ou subterrneo: agem nas partes enterra-

    das da madeira em funo da alta umidade do solo, mas

    dependendo das condies, podem atacar a parte area

    da pea. So encontrados nos climas temperados;

    3. cupim de madeira mida: atacam madeiras atingidas por

    fungos ou em apodrecimento.

    todas as espcies de besouros ou brocas so xilfagos na fase larval. O principalfator para esse tipo de ataque a existncia de umidade elevada, e, em muitoscasos, de fungos. As larvas constroem galerias individuais na madeira e, na faseadulta, saem atravs da perfurao de orifcios.

    a madeira sensvel a degradao fotoqumica ocasionada pela radiao ultra-violeta emitida pela luz natural e por certos tipos de lmpadas, como as fluores-

    centes e de descarga de alta presso. as substncias suspensas na atmosfera poluda e a poeira dos grandes centros

    provocam alterao de cor e de textura nas peas sem proteo.

    Aes de conservao

    os objetos devem ser higienizados para remoo de poeiras e outras sujidades. Oprocedimento pode ser realizado com pincel de pelo macio ou pano (tipo flanela)e com regularidade. No recomendado o uso de espanador, pois espalham apoeira, sem que haja a remoo total;

    quando as madeiras forem naturais ou cruas, enceradas ou pintadas, usar so-mente pincel ou escova de cerdas macias para remover o p. Caso tenha partesquebradas, lascas ou levantamento da camada pictrica, no caso de madeiras

    pintadas ou policromadas, o procedimento deve ser interrompido imediatamen-te, recolhido as partes cadas, encaminhado posteriormente ao restaurador;

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    na inspeo dos objetos deve-se observar se h asas, excrementos de insetos,orifcios no objeto, indicando o ataque de cupins. O procedimento separar aobra com ataque e encaminhar para o tratamento de desinfestao e imuniza-o;

    peas em madeira nunca deverem ser guardadas em contato direto com o solo enem ser lavadas. No se deve usar pano mido neste tipo de material;

    para evitar que fungos se instalem causando emboloramento e manchamentos necessrio manter o objeto em ambiente climatizado, se possvel, caso contrrio,em local seco e arejado, livre de umidade;

    para prevenir o ataque biolgico em madeiras (exceto em obras de arte) podemser aplicados vrios produtos qumicos na sua superfcie, que formam uma ca-mada isolante, que obstrui os poros. A aplicao de preservativos em qualquerpea de madeira deve ser realizada por profissionais especializados, devido aalta toxidade dos produtos empregados no tratamento;

    quando a pea apresentar ataque biolgico em desenvolvimento, costuma-seusar produtos qumicos biocidas. A utilizao de gases fumegantes muito efi-caz com extermnio imediato. Devido toxidade, danos que podem causar a sa-

    de do profissional e o meio ambiente, este procedimento est sendo substitudopor tratamento com atmosfera anxia36;

    as tcnicas de tratamento tpico mais indicado so a injeo e o pincelamento.A imerso e a pulverizao no so indicadas para obras de arte.

    Fig. 3.5: Escultura em madeira policromada com ataque de insetosxilfagos, antes e depois da restaurao.37

    36Mtodo de erradicao de pragas em bens mveis sem uso de biocidas. O mtodo priva o oxignio dos insetosfazendo-os morrer por asfixia.

    37Acervo do Museu Sacro da Capela Menino Deus Irmandade do Nosso Senhor dos Passos e Imperial Hospitalde Caridade. Foto: Memria Conservao de Bens Culturais Ltda.

    /// 3.1.4 MATERIAL ETNOGRFICO

    A l fi i d i d d d bj l d

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    As colees etnogrficas so constitudas por uma variedade de objetos, resultantes dacultura material e imaterial e de diferentes manifestaes de carter local ou regional,

    do ambiente, das atividades domsticas, artsticas e industriais de um grupo particularde indivduos.

    A grande heterogeneidade dos materiais etnogrficos exige um estudo muito aprofun-dado de cada objeto de forma a no apagar, nos tratamentos de conservao e restauro,a informao que estes contm, seja ela de uso cotidiano, tecnolgico, artstico ou ritual.

    Os materiais empregados geralmente so de origem animal (couros, penas, ossos etc.) evegetal (palha, madeira, bambu, vime etc.). Esses materiais se degradam com facilidade,

    necessitando ateno especial para serem preservados. Geralmente, na produo des-ses objetos, junto com o material de origem orgnica, so acrescidos metais diversos,dificultando ainda mais a tarefa dos profissionais. A conservao de materiais etnogr-ficos fundamental, j que estes so fonte de informao, investigao e estudo para aantropologia e outras reas.

    Fig. 3.6: Cestaria indgena38.

    38Foto: Acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral - Universidade Federalde Santa Catarina (MArquE/UFSC).

    Aes de conservao

    a marcao do nmero tombo pode ser realizada na prpria pea com tinta

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    a marcao do nmero tombo pode ser realizada na prpria pea, com tintananquim preta ou branca e depois de seco, sobrepor camada de verniz incolor,

    para proteger e fixar o nmero. O lugar de marcao do nmero tombo deve serrealizado de forma que no atrapalhe esteticamente o objeto na hora de exp-lo,e ao mesmo tempo que seja fcil a sua localizao;

    toda pea nova no acervo deve ficar em quarentena antes de ser introduzida nareserva tcnica, por medida de precauo. Caso esteja contaminada, dever sertratada antes;

    para acomodar arcos e lanas de madeira ou metal devem ser colocados em en-gradados de ao na posio vertical e as bordunas na horizontal. A limpeza deve

    ser feita com pincel macio, tomando o cuidado com qualquer detalhe que a peatenha, como penas e contas;

    de forma geral, os bancos, piles, raladores de madeira e outros, devem ser guar-dados em armrios de metal, protegidos por embalagens como entretela semgoma, algodo cru lavado ou material similar;

    a plumagem, por ser extremamente frgil, deve ser higienizada com pincel bemmacio, seguindo o movimento das hastes;

    a colocao de saquinhos de algodo ou fil com naftalina tem se mostradoeficiente para ataque de insetos em objetos com pena. Assim como o uso de pi-menta do reino em gros para traas;

    devido fragilidade de alguns artefatos necessrio cuidado especial para queno haja desgaste na exposio ou na guarda, sendo necessrio suporte paraacondicionamento adequado;

    o mobilirio indicado para armazenamento so as mapotecas ou armrios comprateleiras deslizantes em metal, com acabamento especial. As prateleiras das

    estantes ou gavetas devem ser revestidas com ethafoan39

    ou similar, para que osobjetos tenham uma base de proteo contra impacto. Caso a pea seja muitofrgil, utiliza-se uma espessura maior e adequada necessidade, removendo oque for necessrio do material para confeccionar um suporte (bero) no formatoda pea;

    as caixas de transporte de acervos para exposies externas devem receberrevestimento em ethafoan, esculpindo o formato da pea e os espaos vaziospreenchidos com flocos de isopor ou similar;

    para colagem de alguma parte solta, usar metilcelulose na proporo de 5% decola para 95% de gua deionizada.

    39Ethafoan: Polietileno expandido ou espuma de polietileno. Possui propriedade bsica de isolamento trmico,acstico e hidrulico, leveza, maleabilidade, flutuao, durabilidade, alta proteo contra impactos, facilidadede manuseio e corte, alm de no soltar partculas e no absorver umidade e fungos.

    /// 3.1.5 TAXIDERMIA

    Tcnica que trata do empalhamento de animais vertebrados consistindo no curtimento

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    Tcnica que trata do empalhamento de animais vertebrados, consistindo no curtimentode suas peles ou seus couros, para fins de estudos cientficos ou para exposio. Esse

    tipo de tratamento dever ser feito por especialista chamado taxidermista40

    .Esta tcnica, geralmente, utiliza palha de madeira ou algodo, para substituir as partesinternas flexveis do animal, e o esqueleto substitudo por armaes de arame. Essasarmaes so recobertas pela pele ou couro do animal, tendo-se o cuidado de manter apostura mais natural do animal.

    Aes de conservao

    manusear os animais somente com luvas descartveis; na exposio, a forma mais indicada conservao a utilizao de vitrines,

    pois protegem da poeira em geral;

    para a melhor conservao, o local onde esto armazenados este tipo de acervodeve possuir controle ambiental de temperatura e umidade relativa, principal-mente para preveno de ataque de fungos e outros microrganismos;

    a higienizao deve ser realizada com o mximo de cuidado, utilizando pincis

    de cerdas curtas, finas e macias para remoo de poeira e qualquer outra suji-dade.

    /// 3.1.6 COURO

    Trata-se de pele curtida de alguns animais como o boi, o bfalo, o cavalo, a cabra, ocarneiro etc. No Brasil, os couros mais utilizados so os de pele de boi, carneiro, bode eporco. O procedimento de curtir o couro basicamente o mesmo desde o surgimentoat hoje, onde a pele limpa em gua de cal ou em outra soluo e os pelos so remo-vidos com curtimento a sal, podendo ser substitudo por azeite, para lubrificar o couro.Hoje, dependendo do processo, pode ser utilizado o tanino e os sais de cromo para ocurtimento.

    Devido facilidade da manufatura e o manejo, pode ser utilizado na confeco de ves-timentas, calados, arreios, selas, mobilirio, cobertura de embarcaes, capas de livros,entre outros usos.

    O couro um material orgnico e sofre os mesmos danos causados por fatores quedegradam materiais semelhantes. Os principais degradantes do couro so as alteraesbruscas de temperatura e umidade relativa do ar, a luminosidade, as sujidades comopoeira, a biodeteriorao e o manuseio incorreto.

    Espaos de exposio e reas de guarda com taxa de umidade relativa acima de 70%so propcios proliferao de fungos e microrganismos, causando o desbotamento

    40Taxidermista o profissional responsvel pelo empalhamento de animais vertebrados. Geralmente trabalha emmuseus botnicos.

    e fragilidade do material, ativando seu processo de decomposio. J as temperaturaselevadas associadas a sujidades ressecam o couro, tornando-o quebradio; e a lumino-sidade esmaece o couro tingido e o de cor natural

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    sidade esmaece o couro tingido e o de cor natural.

    Aes de conservao os locais de exposio devem ser climatizados e limpos regularmente. Caso no

    tenha controle de umidade relativa e temperatura nas salas de exposio, deve--se utilizar slica gel dentro das vitrines, para reduzir a taxa de umidade interna;

    para higienizao de uma pea, primeiro necessrio avaliar o seu estado deconservao e o tipo de sujidade. Pea com reentrncia deve ser limpa com pin-cel e finalizado com flanela macia;

    para manter a maleabilidade e a hidratao do couro pode ser usada na super-fcie uma soluo de lanolina e leo de mocot (4:6), encontrado em farmciasde manipulao;

    peas de grandes dimenses precisam de suporte auxiliar, tanto para exporquanto para armazenar, para que no dobre ou curve. Os cintos devem ficar es-tendidos na horizontal, os sapatos em prateleiras, recheados com sacos de te-cido de algodo preenchidos com manta acrlica. Outra opo moldar a parteinterna do objeto com ethafoanou similar;

    as roupas podem ser penduradas em cabides forrados com tecido de algodoou cabides de acrlico, ou estendidas em posio horizontal, evitando vincos edobras.

    /// 3.1.7 TXTEIS

    Traar o percurso da materialidade constituda nos objetos txteis requer uma viagem apocas remotas, onde as vestes utilizadas eram peles de animais, cuja nica finalidade

    era a proteo do corpo.

    Posteriormente, com a evoluo da constituio desses objetos e materiais, sua utili-dade perpassa da proteo para outros propsitos, mesmo os mais simples, como ospequenos retngulos de pano em volta da cintura ou outros tipos de quadrados eramenrolados sobre o ombro e presos por um tipo de broche, alm da utilidade primria.

    A composio das fibras dividem-se em naturais ou artificiais. As fibras naturais podemser orgnicas e inorgnicas. Dessa diviso, aborda-se primeiro a composio dafibra

    orgnica:

    Fibra natural orgnica vegetal: compostos por fibras de sementes, como, algodoe a paina, ou fibras de caule, entre eles, o linho, o cnhamo, a juta, o rami e ou-tras. J nas fibras das folhas, o sisal destaca-se.

    Fibra natural orgnica animal: como exemplo de materiais podemos citar a seda,obtida por meio do cultivo dos casulos do bicho-da-seda; e a l por intermdioda criao de ovinos, destinados produo tcnica dessa fibra para o comrcio.

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    , p p

    Fibra natural inorgnica: originria dos minerais, como o amianto, utilizado para

    tecido contra incndio, sendo associada l durante o processo de fiar.

    No decorrer da evoluo da utilizao das fibras, houve tambm a criao de outrasfibras que no eram encontradas nos compostos naturais j citados. Surgem, as fibrasartificiais:

    Fibra artificial: so compostas de fibras de polmeros naturais e sintticas.

    As fibras de polmeros naturais so produzidas com celulose, linter de algodo e polpade madeira. As fibras sintticas so produzidas base de resinas, derivadas do petrleo.

    /// 3.1.8 TRAMAS

    Para formar o tecido, os fios so tranados entre si num tear manual ou mecnico41,formando a urdidura, onde os fios so colocados paralelamente na mesma distncia,

    posteriormente, presos a um cilindro do tear e fios que se entrelaam na urdidura.O tecido, em sua evoluo, foi sendo utilizado em diversas finalidades, como a decora-o, estofamento, toalhas, almofadas, tapetes, cortinas, sapatos, roupas e outras finali-dades.

    Os tecidos recebem cor e estampas de diversas maneiras, onde os fios so tingidos comcorantes que podem ser de origem animal, vegetal, mineral ou at artificial. Alm dacolorao, o tecido tambm pode ser decorado, agregando valor esttico, com destaque

    nos veludos, brocados, bordados, tapearia, gobelem e outros.

    Deteriorao dos txteis

    o principal fator de deteriorao de um txtil a luz, que no s afeta os corantese pigmentos como tambm desencadeia o processo de degradao estruturaldas fibras;

    a poluio atmosfrica com todas as impurezas;

    o calor e a umidade excessivos sem o devido controle ambiental; os insetos podem causar danos irreversveis nos txteis, principalmente em re-

    gies de clima temperado e tropical;

    uso de etiquetas adesivas, alfinetes ou grampos, causando pontos de oxidao.

    41O tear manual sucedeu o tear de pedais, estando relacionado ao desenvolvimento do artesanato, e posterior-mente mecanizao.

    Aes de conservao

    tecidos confeccionados em fibras naturais orgnicas so extremamente sens-

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    gveis e devem ser expostos e armazenados em espaos com controle ambiental.

    O indicado nvel de iluminao mximo de 50 lux, temperatura entre 18 e 22o

    Ce umidade relativa entre 45 e 60%;

    no caso da limpeza para remoo de p, utilizar um pincel macio ou aspiradorde p. A pea coberta com um tecido fino e branco, sendo necessrio evitar queo tubo do aspirador seja passado diretamente sobre a pea, tapete, estofadose outros. Este procedimento adotado toda vez que a pea sai ou volta para areserva tcnica;

    no recomendvel a utilizao direta de fungicidas ou inseticidas em objetos

    atacados por baratas, traas, cupins e outros insetos. Recomenda-se o uso desach com vrias bolinhas de naftalina espalhadas, sem encostar-se s peas;

    guardar os txteis horizontalmente, sem dobrar, ocupando os espaos vaziosda pea42. Forrar e cobrir as superfcies dos objetos com algodo ou TNT. Casonecessrio, sobrepor as peas no mesmo espao, as mais pesadas devem ficarpor baixo. Tambm indicado a separao dos tecidos claros dos mais escuros;

    as peas de grandes dimenses como toalhas, cobertores, tapetes e outros sonecessrios enrolar43;

    para expor as peas de vesturio, utilizar suportes apropriados como manequime cabides acolchoados. Chapus e sapatos devem receber suporte adequado, oindicado sempre dentro de vitrine. O tempo de exposio deve ser restrito emfuno da fragilidade do material.

    Fig. 3.7: Higienizao mecnica com proteo de material fragilizado44.

    42Essa ocupao deve ser feita por material em formato cilndrico ou semiesfera, dependendo qual parte da peaque necessita deste preenchimento.

    43Caso necessrio, utilizar tubo de PVC, envolvido em TNT, e caso tenha bordado em relevo, ou s relevo, enrolarpara fora.

    44Foto: Lia Canola Teixeira.

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    Fig. 3.8: Tecido degradado por oxidao45.

    // 3.2 Materiais de suporte inorgnico/// 3.2.1 METAIS

    Os metais constituem estruturas minerais modificadas com caractersticas fsicas equmicas diferenciadas dos seus elementos formadores, que naturalmente a matria estvel, passando por processos metalrgicos que a transforma num estado instvel.

    Todos os metais, com exceo do ouro, sofrem alteraes qumicas e eletroqumicas,

    sob a ao do tempo e do meio ambiente, onde o material tende a voltar a seu estadooriginal. Este fenmeno chama-se corroso e identificado por apresentar manchas,resduos ou incrustaes minerais na superfcie do objeto.

    O processo corrosivo causado pela presena do oxignio e

    a umidade do ar que desencadeiam reaes qumicas. A cor-roso altera o volume, a cor, a forma, o peso, a estrutura e a

    resistncia do metal, alterando o aspecto do objeto metlico.

    45Foto: Lia Canola Teixeira.

    O processo corrosivo ocorrer com maior ou menor rapidez, dependendo da composi-o do metal e das condies ambientais que esteja submetido, podendo acontecer nasuperfcie das peas ou nas camadas internas do metal.

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