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CONSTITUIÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE PADRÕES SOROLÓGICOS INTERNACIONAIS PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE IMUNOENSAIOS USADOS NA VIGILÂNCIA ATIVA DA FEBRE AFTOSA i

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CONSTITUIÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E

APLICAÇÃO DE PADRÕES SOROLÓGICOS INTERNACIONAIS PARA

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE IMUNOENSAIOS USADOS NA

VIGILÂNCIA ATIVA DA FEBRE AFTOSA

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Renata de Mendonça Campos

CONSTITUIÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE PADRÕES SOROLÓGICOS INTERNACIONAIS PARA AVALIAÇÃO DO

DESEMPENHO DE IMUNOENSAIOS USADOS NA VIGILÂNCIA ATIVA DA FEBRE AFTOSA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências (Microbiologia), Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas (Microbiologia)

Orientadores: Ingrid Evelyn Bergmann Moacyr Alcoforado Rebello

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MICROBIOLOGIA PROF PAULO DE GÓES

RIO DE JANEIRO DEZEMBRO DE 2008

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FICHA CATALOGRÁFICA

Campos, Renata de Mendonça Constituição, caracterização e aplicação de padrões sorológicos internacionais para avaliação do desempenho de imunoensaios usados na vigilância ativa da febre aftosa / Renata de Mendonça Campos – Rio de Janeiro, 2008 XIX, 100 Tese [Doutorado em Ciências (Microbiologia)] Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, 2008. Orientadores: Ingrid Evelyn Bergmann e Moacyr Alcoforado Rebello Referências bibliográficas:f 95 1. Padrões de soros internacionais 2. Vírus da Febre Aftosa 3. Testes para proteínas não-capsídais 4. Validação 5. Controle de Qualidade 6. Imunoensaios I. Bergmann, Ingrid Evelyn. II. Rebello, Moacyr Alcoforado. III. UFRJ, Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, Doutorado em Ciências (Microbiologia). IV. Constituição, caracterização e aplicação de padrões sorológicos internacionais para avaliação de desempenho de imunoensaios usados na vigilância ativa da febre aftosa

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Renata de Mendonça Campos

CONSTITUIÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE PADRÕES SOROLÓGICOS INTERNACIONAIS PARA AVALIAÇÃO DO

DESEMPENHO DE IMUNOENSAIOS USADOS NA VIGILÂNCIA ATIVA DA FEBRE AFTOSA

Rio de Janeiro,16 de Dezembro de 2008 Moacyr Alcoforado Rebello, Doutor, UFRJ Ingrid Evelyn Bergmann, Doutora, Centro Pan-Americano de Febre Aftosa Davis Fernandes Ferreira, Doutor, UFRJ Edson Elias da Silva, Doutor, FIOCRUZ Viviana Malirat, Doutora, Centro Pan-Americano de Febre Aftosa Walter Martin Roland Oelemann, Doutor, UFRJ

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O presente trabalho foi realizado no Laboratório do Centro Pan-americano de Febre Aftosa, OPAS/OMS, em colaboração com o Departamento de Virologia, Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, Centro de Ciências da Saúde (CCS), Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação dos Profs Ingrid Evelyn Bergmann e Moacyr Alcoforado Rebello

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Agradecimentos

Aos meus orientadores Dra Ingrid Evelyn Bergmann pela oportunidade concedida, a confiança depositada, o incentivo para o ingresso no Doutorado, o apoio na concretização desse trabalho, os inestimáveis ensinamentos e pela amizade; ao Dr Moacyr Alcoforado Rebello pelos ensinamentos e pelo apoio recebido durante toda a minha trajetória acadêmica. Ao Diretor, Dr. Eduardo Corrêa Melo “in memória”, atualmente, ao Dr. Albino Belotto e ao Administrador, Dr João Luiz de Oliveira Gondomar, do Centro Pan-americano de Febre Aftosa, por autorizarem e apoiarem o desenvolvimento desse trabalho. À Coordenação do curso de Pós-graduação em Microbiologia e Imunologia do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes (IMPPG), na pessoa da Dra Thaís Christina B.S. Souto-Padrón e a sua equipe. Ao Dr Abraham Falczuk do Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentária da Argentina, ao Dr Camilo Sanchéz do Instituto Colombiano Agropecuário e ao Dr Salomón Ortiz do Serviço Nacional de Saúde Agrária do Peru e as suas equipes, pela extensa colaboração nesse estudo, que permitiram a obtenção, a caracterização do material utilizado e possibilitaram, através da vasta experiência e conhecimento, o aprimoramento das discussões e uma melhor compreensão da problemática da doença a campo. À Dra Emiliana Brocchi e a sua equipe pelos estudos de caracterização realizados no Istituto Zooprofilattico Sperimentale della Lombardia e dell'Emilia Romagna (IZSLER), Brescia, Itália. À Doutora Erika Neitzert pela oportunidade de aprendizado, pois, sem os ensinamentos e as discussões científicas, este trabalho não poderia ter sido realizado.

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Ao Dr. Walter Oelemann por ter aceito, prontamente, o convite para ser revisor desse trabalho. A toda equipe de profissionais, consultores, funcionários e estagiários do laboratório do PANAFTOSA, sem os quais esse trabalho também não poderia ter sido realizado e, em especial, aos funcionários que compõem a equipe de soroepidemiologia e ativamente participaram na realização do mesmo. Meu muito obrigado ao Carlos Chagas, Carlos Senna, Luis Cláudio, Paulo Dias, Ivan Teixeira, Marcos Ramos, Rosane Nunes, e particularmente ao amigo e companheiro de trabalho Alberto Tadeu por todo apoio e dedicação. Ao companheiro e amigo Maurício Martins, responsável pelos processos de inativação e liofilização dos soros no laboratório do PANAFTOSA e ao amigo José Junior por todo apoio nos momentos difíceis. Ao Engenheiro Aristelmo por toda dedicação para compreensão e solução dos nossos problemas. A todos os meus amigos que, de longe ou perto, me incentivaram a continuar, mas principalmente, aos amigos eternos Marcelo, Leandro e Daniel, por todos os momentos solidários e felizes que partilhamos e a minha amiga Eliane Veiga por todo apoio profissional e moral. Ao Rodrigo pelo incentivo e carinho que me ajudaram a continuar nos momentos difíceis. À minha amiga e companheira de trabalho Viviana Malirat, cujo apoio diário foi inestimável, para a realização desse trabalho e para a minha formação profissional. Á Deus pela abençoada oportunidade de conhecer, conviver e aprender com todas essas pessoas.

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Dedico este trabalho com muito amor aos meus pais Renato e Célia e aos meus irmãos Márcia Helena e Thiago

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RESUMO

Renata de Mendonça Campos

Constituição, caracterização e aplicação de padrões sorológicos

internacionais para avaliação do desempenho de imunoensaios

usados na vigilância ativa da febre aftosa

Orientadores: Ingrid Evelyn Bergmann e Moacyr Alcoforado Rebello

Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências (Microbiologia), Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do título de Doutor em Ciências (Microbiologia).

A Febre Aftosa (FA), enfermidade de origem viral muito

contagiosa que atinge animais bingulados, produz grandes perdas

econômicas no mercado internacional de animais e produtos

derivados.

O avanço do Plano Hemisférico de Erradicação da FA na

América do Sul, sustentado no uso de vacinas inativadas,

evidenciou a necessidade de contar com metodologias laboratoriais

para avaliar de forma confiável a ausência de circulação viral

silenciosa em animais vacinados. Principalmente devido a habilidade

do vírus da FA (VFA) de estabelecer infecção subclínica e inclusive

persistente (assintomática) em alguns animais independentemente

da condição de vacinação. Nesse sentido, foi desenvolvido no

Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (PANAFTOSA), um sistema

diagnóstico baseado na detecção de anticorpos contra as proteínas

não capsidais (PNCs) do VFA, os quais podem ser associados à

circulação viral independentemente da vacinação. O mesmo é

composto por um ELISA indireto, utilizando a poliproteína

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recombinante 3ABC como método de triagem seguido por um

western blot utilizando 5 antígenos não capsidais recombinantes

(3A, 3B, 2C, 3D e 3ABC), como método confirmatório para as

amostras suspeitas ou positivas pelo ELISA. O sistema foi validado,

reconhecido pela Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE)

como teste de referência (índice ou padrão ouro) e estabelecido

como kit completo.

A ampla e exitosa utilização do mesmo gerou respaldo junto à

OIE para a aceitação da categoria de áreas/países livres da doença

com vacinação. Igualmente, promoveu internacionalmente o uso da

vacinação em contraposição ao sacrifício abrindo a possibilidade de

utilização de testes PNCs em outras regiões, o que incentivou o

desenvolvimento de novos ensaios com PNCs.

De acordo com as diretrizes de validação de ensaios da OIE,

para a avaliação do desempenho de outros kits e/ou metodologias

em desenvolvimento em comparação ao teste índice é necessário o

preparo de padrões internacionais de calibração e avaliação. Este

trabalho apresenta a seleção, caracterização e aplicação de três

soros (negativo, fraco positivo e forte positivo) denominados

Padrões Internacionais bovinos (PIBs) e de um Painel Internacional

de Avaliação (PIA), composto de 34 soros de bovinos com

comprovado estado de exposição/infecção, obtidos por condições

experimentais ou a campo. Valores de referência no sistema índice,

dados de reprodutibilidade e dados de estabilidade estão aqui

descritos.

De acordo com o bom resultado obtido os padrões foram

utilizados para avaliar o desempenho comparativo de kits

comerciais e testes “in house”, para avaliar a viabilidade de um

teste em desenvolvimento e em exercícios de proficiência na

utilização do sistema PNC do PANAFTOSA nos laboratórios nacionais

de referência da América do Sul, harmonizando o diagnóstico da

região.

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As características dos padrões (PIBs e PIA) que incluem um

amplo espectro de reatividade, estabilidade satisfatória, o preparo

das amostras seguindo os padrões internacionais, e a capacidade de

apontar diferenças na sensibilidade relativa, tornam essas

ferramentas apropriadas, como padrões de referência

internacionais, para controlar se métodos equivalentes ao teste

índice são utilizados na vigilância epidemiológica e pelos parceiros

comerciais. Os padrões descritos nesse trabalho foram adotados

pela OIE como padrões de referência internacional para os testes

PNCs.

Palavras-chave: 1. Padrões de soros internacionais 2. Vírus da

Febre Aftosa 3.Testes para proteínas não-capsídais 4.Validação

5.Controle de Qualidade 6.Imunoensaios

Rio de Janeiro

Dezembro de 2008

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ABSTRACT

Renata de Mendonça Campos

Assembly, characterization and application of international serum

standards to evaluate the performance of immunoassays used in

active surveillance of Foot-and-Mouth disease

Orientadores: Ingrid Evelyn Bergmann e Moacyr Alcoforado Rebello

Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências (Microbiologia), Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do título de Doutor em Ciências (Microbiologia).

Foot-and-Mouth disease (FMD) is a highly contagious disease

of cloven-hoofed animals that causes severe economic losses in

international trade of animals and their derived products.

The progress of the Hemispheric Plan for the FMD Eradication

in South America, based on the use of inactivated vaccines,

revealed the necessity for laboratory methodologies that

unequivocally detect the absence of viral circulation in

asymptomatic vaccinated populations. This need was reinforced by

the fact that FMD virus (FMDV) can establish subclinical as well as

persistent asymptomatic infections in some animals, irrespective of

their vaccination status. In this regard the Pan American Foot-and-

Mouth Disease Center (PANAFTOSA) developed a diagnostic system

based on the detection of antibodies against FMDV non-capsid

proteins (NCP), which are biological markers of virus circulation

irrespective of the animal vaccination status. The system consists of

an indirect ELISA as a screening test, that uses 3ABC recombinant

polyprotein, followed by a western blot assay as a confirmatory test

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for positive or suspect samples, using 5 non-capsid recombinant

proteins (3ABC, 3D, 2C, 3B and 3A). The NCP-PANAFTOSA system

was validated, recognized as the World Organization for Animal

Health (OIE) index test for NCP test, and produced as complete kits.

The extensive and successful application of the NCP

PANAFTOSA system supported the incorporation of the “FMD-free

country/zone where vaccination is practiced” concept into OIE code.

Likewise, it globally promoted the vaccination policy over the

stamping out policy, opening the way to the application of NCP tests

in other regions, and encouraging the development of new NCP

assays.

According to the OIE guidelines for assay validation,

international standards for calibration and evaluation were needed

to evaluate the comparative performance of in use kits and of

upcoming tests against the OIE index assay. To this end, this work

describes the selection, characterization and application of three

sera (negative, weak positive and strong positive) named Bovine

International Standard (BIS) and one International Evaluation Panel

(IEP) composed of 34 cattle sera from animals with unambiguous

exposed/infected status, obtained either under experimental

conditions or from the field. Reference values in the Index test and

their reproducibility in other laboratories, as well as data on stability

are reported here.

The standards were applied for the evaluation of comparative

performance of commercial kits and in-house tests, and to evaluate

the feasibility of tests under development. Moreover, they were

used in proficiency tests, which evaluate the NCP PANAFTOSA

system application in South American National Reference

laboratories, harmonizing regional diagnostic procedures.

The characteristics of the standards (BIS and IEP) comprising

a broad range of antibody reactivity, proper stability, an adequate

preparation following international guidelines, and the ability to

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assess differences on relative sensitivity, make these tools suitable

as reference standard to evaluate if tests equivalent to the OIE

Index method are used in support of FMD control programs and by

trading partners, and also whether laboratories maintain their

standards of diagnostic performance. The Standards described here

were recognized as International reference standard to NCP tests by

the OIE.

Keywords: 1.International Serum standards 2.Foot-and-mouth

disease virus 3. Non-capsid protein tests 4.Validation 5.Quality

Control 6. Immunoassays

Rio de Janeiro

December 2008

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LISTA DE ABREVIATURAS

Abs – Absorbância

AL – Área livre

ALV – Área livre com vacinação

BHK-21 – Células de rim de hamster recém nascido – “baby

hamster kidney” -clone 21

BSA – Albumina sérica bovina – “bovine serum albumin”

BEI – Etilenoamina binária

CA – Controle de Anticorpo

Cap – 7-metil guanosina trifosfato

CF – Controle de Fluorescência

CI – Controle do Instrumento

CN – Controle Negativo

CP1 – Controle Padrão 1

CP2 – Controle Padrão 2

CV – Coeficiente de Variação

DI50% - Dose infectante a 50%

DO – Densidade óptica

dpd – Dias após descarga

dpe – Dias após exposição

dpfoco – Dias após foco

dpi – Dias após infecção

E – Endêmico

E. coli – Escherichia coli

EITB – Ensaio de imunotransferência associado à enzima –

“Enzyme linked immunoelectrotransfer assay”

ELISA – Ensaio de imunoadsorção associado à enzima - “Enzyme

linked immunosorbent assay”

Exp Inf – Experimentalmente infectado

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Exp Vac – Experimentalmente vacinado

Exp Vac Des – Experimentalmente Vacinado e desafiado

F - Foco

FA – Febre aftosa

FN – Falso negativo

FP – Falso positivo

IDGA – Imunodifusão em gel de agarose

I-ELISA – ELISA indireto

IgG – Imunoglobulina G

IMF – Intensidade Média de Fluorescência

IBRS-2 - Células de rins de suíno

IRES – Sítio interno de entrada do ribossomo

LEF – Líquido Esofágico-faríngeo

LN – Laboratórios Nacionais

M – molar

mM - milimolar

MEM – Meio Eagle mínimo essencial – “Minimum Essential Médium

Eagle”

mg - Miligrama

ml - Mililitro

OIE - Organização Mundial de Saúde Animal – “World Organization

for Animal Health”

PA – Painel de Avaliação

PAL – Painel de área livre

PANAFTOSA – Centro Pan-Americano de Febre Aftosa

PEG – Polietileno Glicol

PHEFA – Plano Hemisférico para a Erradicação da Febre Aftosa

PIA – Painel Internacional de Avaliação

PIBs – Padrões internacionais Bovinos

PI – Porcentagem de inibição

PNCs – Proteínas não-capsidais

PP – Porcentagem de positividade

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RNA – Ácido ribonucléico

RNAm – RNA mensageiro

RNase – Ribonuclease

Sn-A – Sensibilidade Analítica

Sn-D – Sensibilidade Diagnóstica

SP – Soro forte positivo

Sp-A – Especificidade Analítica

Sp-D – Especificidade Diagnóstica

T/C – Densidade óptica do soro teste / valor do ponto de corte

TPB – Caldo Triptose fosfato – “Tryptose phosphate broth”

U - Unidade

VC – Condições de vacinação a campo

VFA – Vírus da febre aftosa

VIAA – Antígeno associado à infecção viral – “Viral Infection

Associated Antigen”

VN – Verdadeiro negativo

VP – Verdadeiro positivo

VPg – Polipeptídeo genômico

ZC – Zona cinza

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1 1.1. A Febre Aftosa ............................................................................................................. 1 1.2. O Vírus da Febre Aftosa............................................................................................... 2 1.2.1. Classificação e Estrutura.......................................................................................... 2 1.2.2. Organização do Genoma.......................................................................................... 3 1.2.3. Ciclo de Replicação ................................................................................................. 5 1.2.4. Variação Antigênica................................................................................................. 8 1.2.5. Infecção Persistente.................................................................................................. 9 1.3. Diagnóstico................................................................................................................. 10 1.4. Febre Aftosa nos países da América do Sul - Plano Hemisférico de Erradicação ..... 11 1.5. Vigilância Ativa - Soroepidemiologia........................................................................ 12 1.5.1. Desenvolvimento dos testes para a detecção de anticorpos contra PNCs.............. 12 1.5.2. Aplicação do sistema PNC do PANAFTOSA ....................................................... 15 1.6. Validação de provas de diagnóstico ........................................................................... 17 1.6.1. Validação de Testes Imunoenzimáticos ................................................................. 17 1.6.2. Validação do teste Índice da OIE........................................................................... 21 1.6.3. Preparo de padrões sorológicos.............................................................................. 22 2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 24 3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 25 3.1. Amostras de soros bovinos candidatos a padrões de referência ................................. 25 3.1.1. Soros Padrões Internacionais Bovinos (PIBs)........................................................ 25 3.1.2. Painel Internacional de Avaliação - Bovino (PIA) ................................................ 27 3.2. Soros bovinos adicionais ............................................................................................ 30 3.3. Inativação dos Soros Bovinos .................................................................................... 31 3.4. Testes imunoenzimáticos ........................................................................................... 32 3.4.1. Sistema PANAFTOSA .......................................................................................... 32 3.4.1.1. NCPanaftosa Teste de Triagem – Bovino (I-ELISA 3ABC)............................. 32 3.4.1.2. NCPanaftosa Prova Confirmatória – Bovino (EITB) ........................................ 32 3.4.2. Ceditest® FMDV-NS, Cedi Diagnosis B.V., Lelystad, Holanda............................ 34 3.4.3. CHEKIT*FMD-3ABC bo-ov, Dr Bommeli AG a subsidiaria do laboratório IDEXX, Inc. Liebefeld-Bern, Suíça ........................................................................................ 34 3.4.4. SVANOVIRTM FMDV 3ABC-Ab ELISA, Svanova, Upsala, Suécia.................... 35 3.4.5. UBI® FMDV NS ELISA, United Biomedical Inc., New York, USA.................... 36 3.4.6. ELISA de captura In House 3ABC do Instituto Zooprofilattico Sperimentalle della Lombardia e dell’Emilia Romagna (IZSLER), Brescia, Itália ................................................ 36 3.4.7. “Luminex Liquid array–Multiplex” ....................................................................... 37 3.5. Desenho das provas laboratoriais utilizadas............................................................... 38 3.5.1. Caracterização dos soros........................................................................................ 38 3.5.1.1. Determinação de valores de referência dos soros PIBs e PIA ........................... 38 3.5.1.2. Determinação da estabilidade dos soros PIBs e PIA ......................................... 39 3.5.1.3. Determinação dos valores dos soros PIBs e PIA em outros laboratórios .......... 39 3.5.2. Aplicação dos Padrões Internacionais PIBs e PIA................................................. 40 3.5.2.1. Avaliação comparativa de imunoensaios........................................................... 40 3.5.2.1.1. Testes em uso..................................................................................................... 40 3.5.2.1.2. Teste em desenvolvimento ................................................................................ 41 3.5.2.2. Aplicação em teste de proficiência .................................................................... 41 3.6. Estudos adicionais de comparação de provas ELISA ................................................ 43 4. RESULTADOS ............................................................................................................. 44 4.1. Inativação dos soros ................................................................................................... 44 4.2. Resultados de referência – Sistema PNC do Panaftosa (índice) ................................ 46

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4.2.1. Soros Padrões Internacionais – PIBs: Características e valores de referência ....... 46 4.2.2. Painel Internacional de Avaliação – PIA: Características e valores de referência. 50 4.2.3. Avaliação de estabilidade dos soros PIBs e PIA.................................................... 54 4.2.4. Reprodutibilidade dos valores de referência em outros laboratórios (PIBs e PIA) 56 4.3. Aplicações dos Padrões Internacionais (PIBs e PIA)................................................. 58 4.3.1. Desempenho comparativo de imunoensaios .......................................................... 58 4.3.1.1. Testes em uso (ELISAs comerciais e “in house”) ............................................. 59 4.3.1.1.1. Sensibilidade analítica ....................................................................................... 59 4.3.1.1.2. Sensibilidade diagnóstica relativa...................................................................... 66 4.3.1.2. Teste em desenvolvimento (Luminex) .............................................................. 70 4.3.1.2.1. Luminex – “Liquid array” – desenvolvido como Multiplex.............................. 70 4.3.2. Teste de proficiência .............................................................................................. 73 4.4. Estudos Adicionais para a comparação de kits........................................................... 82 4.4.1. Resultados de provas comparativas com painéis adicionais .................................. 82 5. DISCUSSÃO ................................................................................................................. 87 6. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 95 7. ANEXO ........................................................................................................................ 100

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1. INTRODUÇÃO

1.1. A Febre Aftosa

A Febre Aftosa (FA) é uma enfermidade de origem viral, muito contagiosa, que

atinge animais bingulados domésticos e selvagens, dentre as espécies afetadas

destacam-se bovinos, ovinos, suínos, caprinos, lhamas, búfalos e veados (Pereira,

1981). A doença se caracteriza por um período febril inicial e o aparecimento de

lesões vesiculares nas mucosas oral e nasal, espaços interdigitais e epitélio dos

mamilos. Foi primeiramente relatada no século XVI por Fracastorius no Norte da

Itália (Bullock, 1927 citado por Pereira, 1981).

Embora a doença não apresente uma alta mortalidade em animais adultos, os

efeitos debilitantes que incluem a claudicação do animal, diminuição da alimentação

com a concomitante perda de peso e a redução da produção de leite resultam em uma

diminuição crescente de produtividade. A mortalidade pode ser alta em animais

jovens, quando o vírus pode apresentar tropismo para o coração. Dessa forma, a

doença se destaca pelas implicações sócio-econômicas originadas no mercado

internacional de animais e seus derivados. Conseqüentemente, é a doença animal com

maior quantidade de recursos, alocados em todo o mundo, para combate e prevenção.

Com referência à ocorrência da doença, historicamente, ela se apresentava de

forma global com surtos registrados em todas as regiões que apresentavam rebanhos,

com exceção da Nova Zelândia. Na América do Norte a doença ingressou no fim do

século XIX e foi controlada em 1929 nos EUA, e na década de 50 no Canadá e

México através do sacrifício de animais infectados e seus contatos imediatos

susceptíveis (“stamping out”). Nessa mesma década a primeira vacina contra FA foi

disponibilizada e para a erradicação da doença na América do Sul a vacinação em

massa dos rebanhos tem sido a ferramenta de escolha.

A Organização Mundial para Saúde Animal (OIE) tem a responsabilidade de

produzir uma lista dos países membros ou regiões que se encontram livres de certas

doenças. Devido a grande importância econômica, a FA foi a primeira a ter uma lista

contendo os status dos países e/ou regiões. As regiões eram tradicionalmente

divididas em livres da doença sem vacinação e regiões infectadas. Nos últimos anos,

devido ao grande avanço obtido com a vacinação e o desenvolvimento de ferramentas

de diagnóstico capazes de identificar circulação viral em rebanhos vacinados,

1

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realizado na América do Sul, foi aceita pela OIE uma nova categoria, áreas livres da

doença com vacinação.

Dessa forma, os países previamente afetados, que logrem controlar a doença por

meio de vacinação e demonstrar ausência de circulação viral nos rebanhos, podem

solicitar a alteração de seus status, facilitando assim sua participação no mercado

internacional. Na Figura 1 estão relacionadas os surtos ou focos (ocorrência de um ou

mais casos da doença ou infecção em um rebanho) de FA notificados a OIE em 2008.

Resolvido Contínuo

Figura 1: Distribuição geográfica dos surtos de FA notificados a OIE em 2008. WAHID Interface em http://www.oie.int acessado em 01/10/2008.

1.2. O Vírus da Febre Aftosa

1.2.1. Classificação e Estrutura

O vírus da FA (VFA) pertence ao gênero Aphthovirus, dentro da família

Picornaviridae. A classificação taxonômica desta família inclui oito gêneros:

Aphthovirus (VFA e da renite eqüina), Cardiovirus (vírus da encefelomiocardite,

Mengovirus, vírus de Theiler, vírus de Maus Elberfeld, vírus Columbia, etc.);

Hepatovirus (vírus da hepatite A); Enterovirus, que agrupa os vírus da poliomielite,

vírus de Coxsackie A e B, Ecovirus e os Rhinovirus; Parechovirus; Erbovirus;

Kobuvirus e o Teschovirus.

2

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A partícula viral é constituída por uma molécula de RNA fita simples (não

segmentada) de polaridade positiva envolta por um capsídeo protéico de simetria

icosaédrica medindo aproximadamente 22 nm de diâmetro (Vazquez et al., 1978). O

vírus não apresenta envoltório lipoprotéico. O capsídeo protéico é constituído por 60

cópias de cada uma das quatro proteínas: VP4, VP2, VP3 e VP1 (Rueckert &

Wimmer, 1984). Estas 60 cópias estão organizadas em 12 subunidades pentaméricas,

cujo coeficiente de sedimentação é 12 S, contendo cinco cópias de cada uma das

proteínas VP1, VP2 e VP3 (Figura 2) que se encontram parcialmente expostas no

capsídeo e mais cinco cópias de VP4 localizadas mais internamente em associação

com o genoma. Newman & Brown em 1997 relataram que, além da cópia da proteína

3B (VPg) covalentemente ligada ao RNA, traços de outras proteínas também podem

ser encontradas em partículas virais purificadas.

Figura 2: Diagrama do capsídeo icosaédrico dos picornavírus, onde a área contornada representa o pentâmero 12 S (adaptado de Luo, Rossman & Palmember, 1988).

1.2.2. Organização do Genoma

O material genômico do VFA é composto de um RNA fita simples com

polaridade positiva apresentando aproximadamente 8200 nucleotídeos. Esse RNA é

traduzido em uma única poliproteína, a qual sofre clivagens pós traducionais e gera os

precursores, as proteínas do capsídeo e as proteínas não capsidais (PNCs) maduras

(Grubman et al.,1984; Robertson et al.,1985; Rueckert & Wimmer 1984) (Figura 3).

3

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Clivagem

als odutos

Figura 3: Representação do RNA viral e da poliproteína por ele codificada. Na região 5`não codificante “untranslated region”(5`UTR) encontram-se representadas as seguintes estruturas: VPg (3B) – proteína viral associada ao genoma; S – fragmento S; PKs – Falsa junção “pseudoknots”; cre – elemento replicativo agindo em cis “cis-acting replicative element” e IRES – sítio interno de entrada ao ribossomo “internal ribosome entry site”. Na região aberta de leitura encontram-se representadas as proteínas virais (VP) nomeadas de acordo a nomenclatura de Rueckert & Wimmer, 1984: Lpro – protease L; proteínas do capsídeo codificadas pela região P1 (VP4; VP2; VP3 e VP1); proteínas não capsidais codificadas pela região P2 (2A, 2B e 2C) e proteínas não capsidais codificadas pela região P3 (3B; 3Cpro – protease 3C; 3Dpol – polimerase 3D). Na região 3` não codificante (3`UTR) encontra-se a região poli-A (poly-A). AUG – códon de iniciação. As figuras geométricas indicam os sítios de clivagem das proteases: ▲ 3Cpro; □ 2A; ■ desconhecida e Lpro (adaptado de Grubman & Baxt , 2004).

Dentro da região codificante do RNA genômico, na porção 5’, se localiza a

região L, que codifica o componente N-terminal da poliproteína, e apresenta dois

códons iniciadores AUG que resultam na tradução de proteínas L (L e L’). Seguida à

região L está a região P1 que codifica as quatro proteínas do capsídeo do vírus (VP4,

VP2, VP3 e VP1). Após a região P1 está a região P2, que codifica três PNCs (2A, 2B,

e 2C), e a região P3, que codifica a proteína 3A, três cópias da VPg (3B), 3Cpro

(protease) e 3Dpol (RNA polimerase RNA dependente).

Além das regiões descritas, o RNA apresenta duas regiões não codificantes

situadas em ambas extremidades (3´e 5`) que flanqueam a região codificante. A

Pacidopr

Proteínas Capsidais Proteínas não capsidais

Clivagem

als odutos

Pacidopr

Proteínas Capsidais Proteínas não capsidais

4

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região 5’ não codificante contém 1300 bases e pode ser dividida em 5 elementos

funcionais que atuam na tradução e replicação do RNA viral. Na extremidade 3` do

RNA se encontra uma região poli-A com tamanho variável entre 40 e 100

nucleotídeos (Fellner, 1979). Essa seqüência poli-A é sintetizada a partir do próprio

genoma viral e não adicionada a extremidade 3` como ocorre com os RNAm

transcritos por vírus RNA de polaridade negativa. Essas seqüências não codificantes

estão relacionadas com a regulação da iniciação da tradução e da replicação viral,

respectivamente, apresentando estruturas primárias e secundárias altamente

conservadas, como, por exemplo, o sítio interno de entrada do ribossomo (IRES)

(Rueckert, 1996). Esta região, contendo aproximadamente 450 nucleotídeos está

presente na extremidade não codificante 5` e associada ao início da síntese de

proteínas (Belsham & Sonenberg, 1996; Poyry, Hentze & Jackson, 2001).

1.2.3. Ciclo de Replicação

O VFA, como os demais picornavirus, apresenta um ciclo replicativo de curta

duração e citoplasmático. Em cultura de células pode ser observado efeito citopático

nas células infectadas. Alterações bioquímicas incluindo a inibição da tradução e

transcrição do hospedeiro também são observadas (Rueckert, 1996).

A primeira etapa do ciclo replicativo é o processo de adsorção. A adsorção é

mediada pela proteína VP1, sendo o tripeptídeo composto pelos resíduos de Arg-Gly-

Asp, nas posições 145, 146 e 147, responsável pela ligação vírus-célula. Esse

tripeptídeo em forma de alça é altamente conservado nos 7 sorotipos virais (Baxt &

Becker, 1990). Também há evidencias da participação dos aminoácidos situados nas

posições 203-213 no processo de interação da VP1 com os receptores celulares.

Os receptores celulares descritos para o VFA são duas famílias de integrinas,

αvβ3 (Beristein et al., 1995) e a αvβ6 (Jackson et al., 2000), e proteoglicanas de

sulfato de heparana (Rueckert, 1996).

Uma vez a partícula viral adsorvida a membrana da célula, ocorrem os

processos de penetração e desnudamento. A partícula viral é internalizada por

processo endocítico, há formação de endossomas, o viron (140S) é desagregado em

subunidades pentaméricas (12S) e o RNA viral é liberado. (Baxt, 1987).

5

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Quando o RNA é liberado no citoplasma da célula, a ligação fosfodiéster entre o

fosfato 5`-terminal do RNA viral e o resíduo de tirosina na VPg é clivada por uma

enzima celular, o que torna o RNA apto para a tradução (Ambros, Peterson &

Baltimore, 1978).

Diferentemente da maioria dos RNAs mensageiros do hospedeiro o RNAm viral

não contém Cap e a síntese de proteína se inicia internamente na IRES pelo

mecanismo cap-independente.

O polipepitídeo de 250 KDa traduzido necessita de processamento pós-

traducional para a geração das proteínas funcionais. Durante a síntese desse

polipepitídeo ocorrem às primeiras clivagens, originando as quatro proteínas

precursoras L, P1, P2 e P3. Posteriormente, as proteínas precursoras sofrem a ação de

proteases virais e dão origem às proteínas do capsídeo e às não capsidais.

O precursor L apresenta dois produtos finais denominados (L / L´) (Cao et al.,

1995). As formas da proteína L do VFA são proteases com múltiplas atividades: uma

autolítica, responsável pela maturação das proteínas capisidais adjacentes; e a outra

que parece ajudar na inibição da tradução celular dependente de Cap, sem, entretanto,

afetar a tradução do RNAm viral “não capeado” (Medina et al., 1993).

As quatro proteínas do capsídeo são originadas após o processamento do

polipepitídeo P1 (1ABCD-2A). A ordem de tradução dessas proteínas NH2-VP4-

VP2-VP3-VP1-COOH (Sangar et al., 1980) propicia a associação das mesmas

favorecendo, posteriormente, a formação das unidades similares que fazem parte do

capsídeo viral (Grubman et al., 1984).Também encontra-se nesse precursor um

pequeno polipeptídeo chamado de proteína 2A, constituído de apenas 16 aminoácidos

que, nos enterovírus e rinovírus, atua como uma protease semelhante à tripsina, cuja

clivagem é pré-requisito para o processamento proteolítico da região precursora do

capsídeo.

No precursor P2 se incluem as proteínas funcionais 2B e 2C. A função das

proteínas codificadas pelas regiões 2B e 2C é pouco conhecida. A proteína e seu

precursor 2BC estão ambos contidos exclusivamente no complexo de replicação

dentro das vesículas induzidas pelo vírus (Bienz et al., 1990), contudo, sabe-se que

mutações dessas regiões levam a uma forte queda na síntese de RNA viral (revisado

por Porter, 1993).

Em relação ao precursor P3 (3ABCD) observa-se a presença da enzima 3D na

extremidade carboxi-terminal que é uma RNA polimerase dependente de RNA

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(Newman & Brown, 1997). Essa proteína também possui as atividades de RNA

helicase e de nuclease (Newman et al., 1994). A proteína 3B, também conhecida

como VPg, está presente em três cópias nos Aftovírus e tem um importante papel na

iniciação da síntese do RNA viral de sentido positivo, funcionando como um “primer”

(iniciador) para que a polimerase inicie a replicação (Agol, Paul & Wimmer, 1999). O

precursor 3AB da proteína 3A, por ser muito hidrofóbico, parece estar ancorado às

membranas vesiculares dos complexos replicativos, servindo como doador de 3B

(VPg) (Porter, 1993). A proteína 3C é a protease responsável pela maioria das

clivagens necessárias à maturação da proteína precursora. A proteólise mediada pela

3C ocorre em uma complexa cascata de clivagens cis e trans em sítios específicos. No

VFA essa proteína parece induzir a clivagem das proteínas básicas histonas H3, o que

contribui com a severa inibição da transcrição de RNA celular e fatores celulares de

iniciação da tradução (eF4A e eIF4F (p220). Desta forma, as células infectadas

apresentam uma grande inibição na síntese de suas próprias proteínas (Belsham,

Mcnermey & Ross-Smith, 2000).

A replicação do genoma viral ocorre através de um intermediário replicativo,

um RNA de polaridade (-). Essa molécula é utilizada como molde para a síntese de

novas fitas de RNA de polaridade (+). As novas fitas positivas poderão ser traduzidas,

encapsidadas (formando uma nova partícula viral) ou servirão de molde para novas

fitas de polaridade (-) (Baltimore & Girard, 1966).

A montagem das partículas virais ocorre quando a proteína precursora do

capsídeo (P1) é clivada formando os protômeros imaturos compostos por três

proteínas agregadas de forma compacta (VP0, VP1, VP3). Esse processo é regulado

no inicío da infecção pela baixa concentração do precursor (P1) e da enzima

responsável pela clivagem (3C ou 3CD). Na etapa tardia do ciclo replicativo, ocorre

um aumento na concentração do precursor e da enzima, disponibilizando as proteínas

para montagem dos pentâmeros, os quais empacotam as fitas positivas de RNA

associadas a VPg para formar os provírus (revisado por Olascoaga et al.,1999).

O empacotamento do RNA viral é um processo específico, pois, apenas as fitas

de polaridade positiva associadas a VPg são empacotadas. São excluídas as fitas que

servem como mensageiro, fitas negativas e qualquer outro RNA celular. Existem

estudos que atribuem esse processo de sinalização à polimerase viral, ela

permaneceria ligada às fitas positivas nascentes marcando-as para o processo de

empacotamento (Newman et al., 1994).

7

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Finalmente ocorre a clivagem das cadeias de VP0, formando as quatro

subunidades maduras características dos picornavírus (VP4, VP2, VP3 e VP1). Com

as clivagens o provirus imaturo se torna infeccioso. As partículas virais maduras

formam cristais nas células infectadas e posteriormente são liberadas por

desintegração das mesmas, uma vez que a síntese de macromoléculas das células

hospedeiras foi inibida.

1.2.4. Variação Antigênica

O VFA apresenta 7 sorotipos com propriedades antigênicas e imunologicas

diferentes e, dentro deles múltiplos subtipos. Os sorotipos não estão uniformemente

distribuídos no mundo. A África apresenta ocorrência de 6 dos 7 sorotipos (O, A, C,

SAT-1, SAT-2 e SAT-3), enquanto a Ásia apresenta 4 (O, A, C, Ásia-1) e a América

do Sul 3 (O, A e C).

Esta variação antigênica pode ser facilmente explicada considerando que o

genoma do VFA é molécula RNA, que como tal apresenta uma alta taxa de mutação

durante o processo de replicação. Esta heterogeneidade está associada à ausência de

um sistema de correção da RNA polimerase que gera, um extenso, polimorfismo

genético da população de vírus na natureza (Meyer et al., 1994, Domingo et al.,

1985).

A variabilidade na população do VFA é manifestada quando mutações levam a

alterações de códons resultando na mudança de fenótipos. A maioria dessas mutações

ocorre na região que codifica para as proteínas do capsídeo, levando a uma variação

antigênica. Tem sido observado que a infecção prévia ou a vacinação com um dado

sorotipo não confere proteção contra outros sorotipos e pode até falhar na proteção

total de outros subtipos do mesmo sorotipo (Bergmann, Malirat & Falczuk, 2005). As

mutações também ocorrem nas regiões que codificam para as PNCs, entretanto essas

são menos toleradas já que essas proteínas estão envolvidas no processo de replicação

(Grubman & Baxt, 2004).

8

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1.2.5. Infecção Persistente

Após a fase aguda da infecção pelo VFA em ruminantes, alguns animais

podem apresentar uma longa infecção persistente assintomática. O tempo de duração

da infecção persistente depende da espécie hospedeira e do indivíduo. O búfalo

Africano (Syncerus caffer) pode apresentar infecção persistente por mais de 5 anos,

bovinos por mais de 3 anos, ovinos por mais de 9 meses e caprinos e ruminantes

selvagens por curto período de tempo. Além das características do hospedeiro,

também devem ser considerados a cepa e o sorotipo do vírus (Sutmöller & Olascoaga,

2002).

Desta forma, um animal é considerado persistentemente infectado ou portador

quando é possível recolher vírus infeccioso após 28 dias da infecção (Sutmöller,

McVicar & Cottral, 1968, Salt, 1993). O número de animais portadores na população

depende de vários fatores tais como: a espécie, a incidência de infecção e o estado

imune do rebanho (vacinado ou não vacinado).

A identificação de um hospedeiro assintomático pode ser feita pelo isolamento

de vírus, em cultura de células e/ou mediante detecção de RNA viral. O isolamento do

vírus é feito a partir do material de células superficiais e/ou muco da faringe, obtidos

através de raspagem. (Sutmöller et al., 2003; Moonen & Schrijver, 2000). A

quantidade de vírus presente no tecido da faringe de um animal persistentemente

infectado pode variar e o isolamento das partículas virais depende de vários fatores,

como a sensibilidade do sistema de cultura de células utilizado, o estado de imunidade

do animal, o cuidado com a amostra. A recuperação do vírus a partir do líquido

esofágico-faríngeo (LEF) não é contínua durante todo o estado de persistência no

animal (Bergmann et al., 1993).

O papel dos portadores na disseminação da doença a campo ainda é

controverso. Apesar das evidências circunstanciais de transmissão de vírus de búfalos

Africanos para bovinos domésticos, não há evidências que comprovem a campo ou

experimentalmente, em espécies da América do Sul, a capacidade de transmissão dos

portadores bovinos ou ovinos a animais susceptíveis. Igualmente, para avaliação do

risco de transmissão também deve ser considerada a disseminação na excreção de

vírus em animais vacinados. (Bergmann, Malirat & Falczuk, 2005). Mesmo com o

acima exposto, a idéia de que os animais portadores representam um risco de

9

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transmissão da doença parece persistir, em alguns grupos, e permanece como base

para a regulamentação do comércio de animais e seus derivados (Alexandersen,

Zhang & Donaldson, 2002; Bergmann, Malirat & Falczuk, 2005).

1.3. Diagnóstico

O diagnóstico da FA se baseia em observações clínicas, epidemiológicas e

laboratoriais. As mesmas devem ser rápidas e confiáveis, possibilitando a

implementação de medidas para o controle da disseminação da doença.

O diagnóstico clínico da enfermidade deve ser confirmado pelo diagnóstico

laboratorial, pois a sintomatologia pode ser confundida com outras enfermidades

vesiculares tais como Doença Vesicular dos Suínos, a Estomatite Vesicular e o

Exantema Vesicular dos Suínos, entre outras. Estas doenças têm em comum a

propriedade de provocar a formação de vesículas típicas com coloração

esbranquiçada, contendo um líquido incolor ou ligeiramente sanguinolento. Desta

forma, o diagnóstico clínico necessita de provas diferenciais (OIE 2008a).

O diagnóstico laboratorial é feito, preferencialmente, pela detecção do vírus ou

de seus antígenos em tecidos ou fluidos. Também é possível realizar o diagnóstico

através da detecção de anticorpos específicos contra o vírus sempre que relacionado

com um episódio vesicular. (OIE 2008a)

A amostra clínica empregada para isolamento do vírus é preferencialmente

obtida a partir das lesões vesiculares. Quando as lesões já estão cicatrizadas, o vírus

pode ser recuperado do LEF. São utilizados para o isolamento cultivo celular de rim

de filhote de hamster (BHK-21) e rim de porco (IBRS-2). A tipificação do sorotipo

envolvido é realizada pelo teste de ELISA Sanduíche Indireto (SI) (Alonso et al.,

1992) e, alternativamente, pela fixação de complemento a 50 % (Alonso, 1986). De

forma semelhante, o RNA viral pode ser extraído diretamente do tecido infectado ou

após as passagens celulares e a caracterização do vírus realizada por seqüenciamento

do genoma. A comparação do genoma do vírus envolvido com os bancos genéticos

permite inferir uma hipótese de origem.

10

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1.4. Febre Aftosa nos países da América do Sul - Plano Hemisférico de Erradicação

O primeiro registro de FA na América do Sul ocorreu em Buenos Aires,

Argentina, por volta de 1870 como resultado da importação de animais vivos da

Europa. Posteriormente, a doença foi registrada na Região Central do Chile, no

Uruguai e nos estados da Região Sul do Brasil. Em seguida, a FA se espalhou para os

estados do Centro Oeste do Brasil, e durante a primeira metade do século 20 foi

registrada no Peru, Bolívia e Paraguai, atingindo a Venezuela e Colômbia em 1950 e

o Equador em 1961. (Rweyemamu, 2008).

Em 1988 os países da América do Sul assinaram o Plano Hemisférico de

Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA). Esse plano tem como objetivo:

a) Erradicar a Febre Aftosa,

b) Prevenir sua introdução nas áreas livres.

A estratégia do PHEFA consiste, dentre outras medidas, na resposta imediata a

surtos, no controle da movimentação dos animais de áreas afetadas para áreas livres e

na vacinação em massa de animais susceptíveis. Atualmente, a maioria das vacinas é

formulada com antígenos produzidos em culturas de células em suspensão. Os

antígenos são quimicamente inativados com inativantes de primeira ordem

(Bahnemann, 1975), tais como, etilenoamina binária (BEI), concentrados com

polietilenoglicol (PEG) e parcialmente purificados. Desta forma, são utilizadas

principalmente proteínas do capsídeo do vírus na vacina.

Desde 1995 as campanhas de vacinação atingem uma alta cobertura do rebanho

do continente. Essas campanhas, aliadas às demais medidas de controle, têm sido

responsáveis pela diminuição do número de surtos relatados por ano em toda a

América do Sul. Em 1990 foram relatados 950 episódios e esse número foi reduzido

para 130 em 1999. (Melo & Lopez, 2002). Os grandes avanços, principalmente no

Cone Sul, levaram no final da década de 90 a suspensão da utilização da vacina na

Argentina, Uruguai e região sul do Brasil. Contudo, a re-introdução da doença nessa

região em 2001 gerou uma enorme perda econômica e levou aos líderes dos

programas regionais a uma re-avaliação das estratégias empregadas. A região sul do

continente voltou a controlar a doença e a vacinação continua sendo utilizada. Desde

então, episódios isolados foram relatados e rapidamente controlados.

11

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A região andina também tem apresentado avanços no controle da doença,

principalmente na Colômbia e no Peru. Atualmente, as áreas de risco se encontram na

Bolívia, no Equador e na Venezuela, sendo os dois últimos países de maior risco, pois

ainda apresentam deficiências nos serviços veterinários.

A situação epidemiológica da América do Sul está representada na Figura 04.

s

on

e

Source: OI

EpidemioloPANAFTOS

Livre sem vacinação

Livre com vacinação

Não livreZona de alta vigilância

s

on

e

Source: OI

EpidemioloPANAFTOS

s

on

e

Source: OI

EpidemioloPANAFTOS

Livre sem vacinação

Livre com vacinação

Não livreZona de alta vigilância

Livre sem vacinação

Livre com vacinação

Não livreZona de alta vigilância

Livre sem vacinação

Livre com vacinação

Não livreZona de alta vigilância

Focos relatados por ano

País 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Argentina 1 0 0 0 1 0 0

Figura 04 – A tabela indica o número de focos relatados por ano por país a OIE. O mapa indica a situação epidemiológica da América do Sul considerada pela OIE em maio de 2008 (Fonte:OIE).

Na etapa final do PHEFA, os esforços estão direcionados para o controle da

doença no Equador e na Venezuela e um programa de trabalho conjunto nas fronteiras

entre Argentina/Bolívia/Brasil/Paraguai (zona de alta vigilância), para evitar a

recorrência da doença no Cone Sul.

1.5. Vigilância Ativa - Soroepidemiologia

1.5.1. Desenvolvimento dos testes para a detecção de anticorpos contra PNCs

Na década de 60, Cowan e Graves (1966) descreveram um complexo empírico

de proteínas obtido de células infectadas com VFA o qual foi denominado VIAA

Bolívia

Equador

Venezuela

9 5 0 0 0 15 0 Brasil 0 0 5 34 0 0 0 Chile LIVRE

Colômbia 8 2 2 1 0 0 7 108 42 42 22 15 7 7

Guiana LIVRE

Peru 0 20 20 0 0 0 0 Paraguai 1 1 0 0 0 0 0 Uruguai 0 0 0 0 0 0 0

9 34 34 13 36 43 29

s

on

e

Source: OI

EpidemioloPANAFTOS

Livre sem vacinação

Livre com vacinação

Não livreZona de alta vigilância

s

on

e

Source: OI

EpidemioloPANAFTOS

s

on

e

Source: OI

EpidemioloPANAFTOS

Livre sem vacinação

Livre com vacinação

Não livreZona de alta vigilância

Livre sem vacinação

Livre com vacinação

Não livreZona de alta vigilância

Livre sem vacinação

Livre com vacinação

Não livreZona de alta vigilância

Focos relatados por ano

País 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Argentina 1 0 0 0 1 0 0 9 5 0 0 0 15 0

Brasil 0 0 5 34 0 0 0 Chile LIVRE

Colômbia 8 2 2 1 0 0 7 108 42 42 22 15 7 7

Guiana LIVRE

Peru 0 20 20 0 0 0 0 Paraguai 1 1 0 0 0 0 0 Uruguai 0 0 0 0 0 0 0

9 34 34 13 36 43 29

Bolívia

Equador

Venezuela

12

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(antígeno associado à infecção viral, do inglês “Viral Infection Associated Antigen”).

Em 1970 foi descrita pela primeira vez por McVicar e Stumöller (1970) a técnica de

imunodifusão em gel de agar (IDGA) para a detecção de anticorpos contra o VIAA.

Essa técnica foi inicialmente utilizada para verificar se um rebanho havia entrado em

contato com o vírus. Com o aumento da aplicação dessa metodologia em estudos de

vigilância ficou evidente a limitação causada pela baixa sensibilidade da mesma.

Logo, com o objetivo de aumentar a sensibilidade, Alonso e colaboradores, em 1990

desenvolveram um ELISA em fase líquida, utilizando o VIAA como antígeno.

Contudo, apesar do aumento de sensibilidade, também foi verificado nos animais não

infectados vacinados e revacinados com vacinas contendo antígenos parcialmente

purificados, um aumento no número de positivos. Além do já exposto, tanto a técnica

de ELISA quanto o IDGA utilizando o VIAA apresentaram uma reprodutibilidade

limitada. A falta de reprodutibilidade parece estar associada tanto às características

intrínsecas da metodologia de IDGA quanto à natureza semi-purificada da preparação

do VIAA pois, o mesmo é parcialmente purificado de suspensões virais replicadas em

células BHK, e pode variar muito entre lotes. Para diminuir uma das limitações acima

mencionadas foi proposto a substituição na metodologia de IDGA com antígeno

VIAA pela proteína 3D recombinante descrita por Neitzert e colaboradores (1991), os

quais descreveram essa proteína como principal composto do complexo VIAA. Os

resultados com o antígeno 3D recombinante demonstraram maior consistência, uma

vez que os lotes são mais homogêneos, além da mesma especificidade e da mesma

sensibilidade que o antígeno VIAA. Contudo, a sensibilidade alcançada com a

metodologia de IDGA não foi suficiente para atender as necessidades de uma

vigilância ativa. (Bergmann, et al 1998).

Com a implementação do PHEFA e o progresso conseguido com relação à

diminuição dos casos clínicos da doença, e considerando a característica do VFA de

estabelecer infecções persistentes, ficou ainda mais evidente a necessidade de contar

com um teste sorológico de fácil aplicação, altamente sensível e específico que

permitisse avaliar a ausência de circulação viral. Desta forma, PANAFTOSA

desenvolveu o ensaio imunoenzimático de eletrotransferência (EITB) ou “Western

blot” para a detecção de anticorpos contra as PNCs. Este ensaio utiliza como antígeno

de captura 5 antígenos do VFA, 3A, 3B, 2C e 3ABC, obtidos por técnicas de DNA

recombinante e altamente purificados.

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A técnica de EITB demonstrou uma maior sensibilidade quando comparado

com a técnica de IDGA, permitindo detectar como positivos soros coletados durante

estágios mais avançados da infecção. Além da alta sensibilidade também foi

observada alta especificidade, pois, o ensaio de EITB foi capaz de eliminar um grande

número de soros com reatividade positiva induzida pela vacina, na técnica de IDGA.

Essa reatividade positiva é ocasionada por soros de bovinos vacinados com vacinas

não corretamente purificadas (Bergmann, et al., 1993).

O avanço das áreas livres no continente gerou um aumento expressivo das

amostragens em apoio à demonstração da ausência de atividade viral com

conseqüente aumento no número de soros a serem testados. Isso incentivou a busca de

uma metodologia que compatibilizasse custo e possibilitasse a análise de um elevado

número de amostras, sem perder a sensibilidade e especificidade alcançadas com o

teste de EITB. Nesse sentido, os antígenos não capsidais recombinantes (3A, 3B, 2C,

3D e 3ABC), foram avaliados em um ensaio imunoenzimático em fase sólida no

formato indireto (I-ELISA). Dos 5 ELISAs testados, os que utilizaram os antígenos

3A, 3B ou 3ABC apresentaram melhor desempenho para a detecção de anticorpos em

animais nas etapas tardias de uma infecção persistente. Com base nesses resultados e

na experiência com EITB foi selecionada a poliproteína 3ABC para a padronização de

um ELISA indireto como prova de triagem (Bergmann, et al., 2000).

Para a avaliação de circulação viral em áreas com vacinação sistemática foi

proposto como uma abordagem adequada, rápida e precisa para levantamento

soroepidemiológico o uso de um sistema ou algoritmo de provas baseado na detecção

de anticorpos PNC denominado Sistema PNC PANAFTOSA que consiste no I-

ELISA 3ABC, atualmente denominado NCPanaftosa Teste de Triagem, como uma

prova de triagem, seguido da confirmação das amostras suspeitas ou reativas pelo

método de EITB, atualmente denominada, NCPanaftosa Teste Confirmatório.

As características de desempenho do I-ELISA 3ABC aliadas a facilidade,

simplicidade, rapidez de execução e baixo custo permitem a análise de um grande

número de amostras tornando-o um perfeito método de triagem. Além dessa

vantagem, o teste de ELISA permite a análise da população através de perfis,

possibilitando o acompanhamento de reatividade no espaço e no tempo. E o teste de

EITB se tornou a prova confirmatória. Essa estratégia permite trabalhar em condições

de alta sensibilidade sem perda de especificidade (Malirat et al., 1998; Bergmann et

al., 2000).

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Igualmente, o sistema PNC pode ser utilizado para a confirmação da doença em

áreas livres sem vacinação. Por ser uma prova sorotipo independente, é mais fácil de

ser utilizada que as provas baseadas na detecção de anticorpos contra as proteínas

capsidais, quando a origem do vírus é desconhecida.

O sistema PNC do PANAFTOSA foi validado e serviu como base para a

implementação da guia da OIE de validação de ensaios indiretos. Todos os

parâmetros solicitados para validação estão descritos no ponto 1.6.1 dessa seção.

1.5.2. Aplicação do sistema PNC do PANAFTOSA

Na década de 90, a OIE solicitava para a aprovação de áreas livres de FA ode se

aplica a vacinação um dossiê incluindo os testes sorológicos efetuados em apoio à

demonstração de ausência de infecção viral, para o qual o sistema PNC do

PANAFTOSA foi amplamente utilizado. È relevante mencionar que a identificação

com precisão de animais infectados que eventualmente possam permanecer em um

rebanho, provavelmente em baixo número, em regiões com programas avançados de

erradicação, onde se espera uma baixa prevalência, apresenta limitações, sendo

necessário a existência de testes imunoenzimáticos perfeitos. Uma das limitações que

podemos mencionar é a possibilidade de encontrar anticorpos contra as PNCs em

animais até 12 meses após o último isolamento do vírus a partir do LEF, o que não

permite distinguir infecção passada de infecção recente. Por outro lado, resultados

negativos podem ser obtidos em animais em fase de soroconversão, a qual pode ser

retardada em animais vacinados e expostos. Para a avaliação confiável da atividade

viral remanescente são necessários desenhos estatísticos apropriados e grandes

amostragens.

Dessa forma, a realização de estudos populacionais à procura de animais

infectados (portadores) não ignorar a possibilidade de obter resultados positivos e

negativos relacionados aos pontos acima descritos; e, em alguns casos, a busca por

esses animais pode precisar da amostragem de um número considerado, podendo até

necessitar a análise de todos os animais, dependendo do tamanho do rebanho.

De qualquer forma e caso haja risco epidemiológico em termos de transmissão

oriundo de possíveis animais portadores, a circulação viral no rebanho pode ser

detectada pela análise populacional. Essa análise deve apresentar um desenho

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apropriado, contemplando a investigação de soroconversão em animais jovens, os

quais são mais susceptíveis (Bergmann, Malirat & Neitzert, 2005).

Nesse contexto, a complexidade de identificar e comprovar os animais

verdadeiramente infectados, associado ao fato desses animais portadores só

apresentarem importância epidemiológica se forem capazes de transmitir a doença,

promoveu uma mudança de conceitos, dentro das guias da OIE voltada à busca de

circulação viral ao invés de infecção.

O uso em grande escala com a análise de mais de 1 milhão de soros, pelo

sistema PNC do PANAFTOSA, durante pelo menos 4 anos, nos permitiu comprovar

que a ausência de soroconversão em animais jovens reflete a ausência de circulação

viral. (Bergmann et al., 1996; Bergmann et al., 1998).

A experiência obtida com o uso do sistema I-ELISA 3ABC / EITB na América

do Sul permitiu não só a identificação das áreas de risco como também um melhor

entendimento sobre o papel dos portadores na população sistematicamente vacinada.

Os dados obtidos apóiam a eficácia da vacinação sistemática para conter a circulação

viral após um episódio. Quando milhões de bovinos foram sistematicamente

vacinados em várias regiões da América do Sul, a FA foi controlada nessas áreas sem

a necessidade do sacrifício de animais. Um baixo número de animais portadores pode

persistir, mas, esses não são capazes de interromper o processo de erradicação da

doença. Os resultados da sorovigilância reforçaram a manutenção do status de áreas

livres com vacinação e proveram alternativas para evitar o sacrifício sanitário frente à

emergência “stamping out policy”.

Considerando todas as questões anteriormente mencionadas, a OIE na Sessão

Geral de Maio de 2004, alterou o requerimento para solicitação de reconhecimento de

áreas/países livres da doença com vacinação. Ao invés de solicitar às autoridades a

demonstração de ausência de infecção, passou a solicitar a demonstração de ausência

de circulação viral.

O cenário apresentado incentivou o desenvolvimento de novos testes tanto “in

house” (De Diego et al., 1997) quanto comerciais (Shen et al., 1999; Sorensen et al.,

1998), para a avaliação de atividade viral residual, o que desencadeou a aplicação

mundial dos mesmos para a detecção de anticorpos contra as PNCs. A experiência da

América do Sul aliada à disponibilidade de novos testes apoiou a elaboração de

normas a favor da vacinação para a vida “vaccination to live” em oposição à política

de sacrifício (OIE 2007).

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O avanço na utilização dos testes PNCs, principalmente no formato de kits

completos e o impacto dos mesmos na liberação de áreas, gerou a necessidade

internacional de avaliação da equivalência do desempenho dos kits comercialmente

disponíveis, e principalmente, a equivalência de desempenho dos mesmos frente ao

teste índice. Para a avaliação dessa problemática extensos exercícios internacionais,

com um número elevado de amostras foram realizados. Nesse contexto, o teste índice

apresenta a função de construir e caracterizar padrões sorológicos capazes de avaliar a

equivalência de desempenho de provas, gerando indicadores para respaldar as etapas

de avaliação e manutenção dos critérios de desempenho no processo de validação.

1.6. Validação de provas de diagnóstico

As discussões sobre a relevância da aplicação dos conceitos de qualidade têm

avançado em todo o mundo e ocupado cada vez mais espaço nos fóruns

internacionais.

Especificamente na área de saúde animal a OIE publicou em 2008 uma guia de

gerenciamento de qualidade para orientar aos laboratórios veterinários que realizam

diagnóstico de enfermidades infecciosas (OIE 2008b).

Dentro das diretrizes recomendadas está a utilização de provas validadas.

1.6.1. Validação de Testes Imunoenzimáticos

O processo de validação avalia os ensaios determinando se os mesmos estão

apropriados para um uso em particular, além de conferir confiabilidade. A validação

de um ensaio é um processo contínuo e leva em consideração o propósito de uso do

mesmo. Nesse contexto, antes do desenvolvimento de qualquer novo ensaio estudos

de viabilidade devem ser realizados e deve ser também avaliada a capacidade do novo

ensaio de atender aos seus propósitos.

Todas as etapas do processo de validação recomendados pela OIE estão

descritas a seguir (OIE 2008c).

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Etapa 1 – Viabilidade, calibração, estimativas de repetibilidade e sensibilidade

analítica

Esse estágio tem por objetivo padronizar os protocolos, os parâmetros físico-

químicos para a realização do ensaio e realizar os estudos de titulação e calibração.

Também visa identificar os pontos críticos e descrever os critérios de

aceitação/rejeição dos ensaios, a normalização, expressão e interpretação dos

resultados.

Nessa etapa os valores de sensibilidade analítica (Sn-A) e especificidade

analítica (Sp-A) são determinados. A Sn-A representa a menor parte do analito ou a

menor reação que pode ser detectada. Para a determinação desse parâmetro é

recomendado a utilização do analito purificado. Nos sistemas biológicos complexos

como nas interações antígeno-anticorpo, isso não é possível. Nesses casos, a

determinação indireta da sensibilidade analítica pode ser obtida através da diluição de

padrões de referência. Para a determinação desses parâmetros é recomendada a

utilização de soros padrões forte e fraco positivos. No caso de testes em uso, com

pontos de cortes definidos, esse parâmetro pode ser expresso como a última diluição

detectada como positiva, quando um soro de referência diluído em base 2 é avaliado.

A Sp-A é determinada através da análise de amostras obtidas de animais que

foram infectados com agentes patogênicos relacionados. Dependendo da aplicação

diagnóstica do ensaio em desenvolvimento, a sensibilidade analítica pode ser testada

frente a espécies, grupos ou sub-grupos. Quanto menor o nível de reação cruzada

melhor o nível de especificidade analítica da prova.

Etapa 2 - Estimativa da sensibilidade e especificidade diagnóstica

As características de sensibilidade e especificidade diagnóstica só podem ser

estimadas a partir da definição do ponto de corte da prova (“cut-off”) e conseqüente

separação das categorias positiva e negativa.

Idealmente, a estimativa desses parâmetros deve ser baseada na análise de

animais de referência com histórico e status de infecção conhecidos. Contudo, a

constituição de painéis com essas amostras é extremamente difícil. Em alguns casos

se faz necessário a imunização ou a infecção experimental de grupo de animais, e o

acompanhamento da imunização ou infecção com a coleta de material. A constituição

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de painéis de amostras de animais livres, em alguns casos, pode ser difícil. Para

contornar essa adversidade, faz-se necessário o teste de grupo de animais não

infectados distantes da população alvo.

A sensibilidade diagnóstica (Sn-D) é definida pela proporção de animais de

referência, conhecidamente infectados, que são identificados como positivos pelo

teste e, a especificidade diagnóstica (Sp-D) é determinada pela proporção de animais

de referência não infectados, que são identificados como negativo pelo teste. O

número de amostras de referência necessárias para a determinação desses parâmetros

deve ser calculado. Para isso, devem ser computados os valores esperados de

sensibilidade e especificidade, e deve ser adotado um intervalo de confiança de 95%.

Entretanto, as fórmulas não podem computar todas as variações que podem afetar o

desempenho de um ensaio. Dessa forma, a OIE recomenda como regra geral a

avaliação de não menos que 300 animais infectados e 1000 não infectados. Nesta

etapa também devem ser realizadas comparações com outras provas, previamente

estudadas. As fórmulas abaixo são utilizadas para o cálculo de sensibilidade e

especificidade.

Sensibilidade Diagnóstica = VP/(VP+FN)

Especificidade Diagnóstica = VN/(VN+FP)

Onde VP = verdadeiro positivo; VN = verdadeiro negativo; FP = falso positivo e FN=

falso negativo.

Segundo a guia de validação da OIE para a determinação dos parâmetros de Sn-

D e Sp-D de novos testes, esses podem ser comparados com o teste índice. Os testes

índices são os ensaios que apresentam melhor sensibilidade e especificidade de todos

os testes em uso corrente. Contudo, os resultados obtidos nessa forma refletem os

dados de sensibilidade e especificidade relativa. Nesse caso assume-se que os

resultados do teste padrão refletem precisamente o estado de infecção do animal.

Quando essas comparações são realizadas sem o histórico e/ou acompanhamento do

animal as divergências não podem ser explicadas. Para reduzir as possíveis

divergências geradas por falsos positivos e negativos podem ser utilizados uma

bateria de testes para caracterizar a amostra.

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Etapa 3 – Estimativa de reprodutibilidade e repetibilidade

Os parâmetros de precisão, repetibilidade, reprodutibilidade e exatidão também

devem ser determinados.

A precisão pode ser definida como a medida de dispersão do resultado de uma

amostra repetidamente testada.

A exatidão é definida como a medida de concordância entre o valor obtido e o

valor esperado para um padrão de referência de título ou concentração conhecida.

A repetibilidade apresenta duas abordagens: a variação entre as réplicas

(geralmente duplicatas ou triplicatas) de cada soro controle em uma mesma placa ou

membrana e, a variação entre provas dos valores de cada soro controle. Os limites de

variação devem ser estipulados para cada soro controle e os parâmetros para

aprovação ou rejeição estipulados. Também devem ser avaliadas a repetibilidade das

amostras testes. Uma variação muito grande, principalmente próximo ao ponto de

corte da prova, pode causar dificuldade para tomada de decisão com relação ao status

de infecção do animal. Para o teste de ELISA indireto os resultados compreendidos

em até 2 desvios padrões são satisfatórios.

A reprodutibilidade é determinada quando um painel de amostras de reatividade

definida é testado por vários laboratórios utilizando protocolos e reativos idênticos.

Em alguns casos, não é apropriado predeterminar o valor esperado, mas sim

estabelecer estatisticamente os limites superior e inferior de reatividade com base nos

resultados concordantes dos laboratórios participantes. Esse conceito é extremamente

importante para o desenvolvimento de padrões.

Etapa 4 – Implementação, manutenção e aprimoramento dos critérios de

validação

A última comprovação do sucesso de um ensaio é a sua aplicação a campo. E

isso deve incluir aspectos internacionais, regionais e/ou nacionais. Um novo ensaio

para substituir um ensaio padrão deve provar que atende melhor ao propósito desejado

e isso deve ser demonstrado pelos registros da sua ampla utilização. Quando

reconhecido como teste índice, o ensaio deve ser utilizado para produção de reagentes

de referência para o controle de qualidade, testes de proficiência e para harmonização.

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Um teste validado deve estar sob constante monitoramento para a verificação da

manutenção do seu desempenho.

Modificações nos protocolos de produção requerem uma nova avaliação, para

confirmar a permanência de desempenho do teste. Modificações menores que não

implicam em alterações no desempenho analítico do ensaio, não necessitam de uma

reavaliação dos parâmetros de sensibilidade e especificidade diagnóstica.

Finalmente, mudanças da doença a campo, tais como, diminuição de

prevalência, alterações sazonais, surgimento de microorganismos relacionados ou

mudança nas práticas de vacinação podem gerar a necessidade de re-validação do

teste segundo o seu propósito de uso.

1.6.2. Validação do teste Índice da OIE

Os dois testes que constituem o sistema PNC do PANAFTOSA foram validados

com um extenso número de soros de animais em distintas condições epidemiológicas.

O elevado desempenho alcançado pelo sistema levou ao reconhecimento do mesmo

como teste índice ou teste de referência para a OIE (OIE 2008a). Os resultados

obtidos durante o exercícios realizados na América do Sul e na Europa foram

apresentados para registro seguindo o formato da guia da OIE.

O sistema do PANAFTOSA pode ser utilizado para atender aos seguintes

propósitos:

1) Demonstração do estado de livre de infecção em uma população definida

(país/região/compartimento/rebanho) (prevalência aproximadamente zero)

a) Livre com ou sem vacinação

b) Histórico do estado de livre de infecção

c) Restituição do estado de livre de infecção após surto

2) Certificação de livre de infecção ou agente em animais individuais ou produtos

para comércio ou movimentação.

3) Diagnóstico confirmatório de suspeitas ou casos clínicos (incluindo a confirmação

de amostras positivas nos testes de triagem)

5) Estimativa da prevalência de infecção ou exposição para facilitar a análise de risco

(vigilância, estado de saúde do rebanho, medidas de controle da doença)

6) Comparação de novos testes PNCs

7) Controle da indução de anticorpos contras as PNCs produzidos pelas vacinas

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1.6.3. Preparo de padrões sorológicos

Para concretizar todas as exigências de validação de um teste índice é

importante que o mesmo conte com ferramentas que possibilitem a avaliação do

desempenho acima descrito, fixando as bases para a comparação de testes futuros. É

preconizado o preparo de “Padrões de Referência Internacional”, este termo é

entendido como padrão de referência primário e representa os padrões que devem ser

utilizados para comparação e calibração de todos os demais.

Os padrões são necessários para assegurar que uma determinada prova mede a

presença e/ou atividade dos anticorpos com nível de desempenho esperado. Nesse

contexto, os padrões são utilizados não só para avaliação contínua do teste índice,

apontando possíveis distorções nos parâmetros de repetibilidade, reprodutibilidade,

sensibilidade analítica, sensibilidade diagnóstica e especificidade, mais também para a

avaliação individual ou comparativa de metodologias novas ou já comercialmente

disponíveis.

Transpondo a avaliação das metodologias os padrões também se mostram

ferramentas úteis para a avaliação de laboratórios em testes de proficiência.

Para ser selecionado como padrão de referência internacional, um soro tem que

apresentar: um histórico detalhado da origem do animal, o qual deve apresentar um

histórico clínico representativo para a aplicação da metodologia em questão; deve ser

obtido em grande volume; deve ser submetido a um procedimento de inativação

internacionalmente reconhecido; e deve, finalmente, apresentar inocuidade e

estabilidade comprovadas. No caso dos padrões positivos, sempre que possível,

devem ser selecionados soros que representem uma resposta humoral típica, desta

forma, os animais hiperimunes devem ser evitados.

Para a avaliação de sensibilidade analítica, calibração de controles de provas e

análises iniciais de repetibilidade, três soros padrões de referência internacional

devem ser constituídos: um forte positivo, um fraco positivo e um negativo.

Para a avaliação do desempenho devem ser preparados painéis de soros, que

representem todo o espectro de reatividade encontrado na população-alvo. Estes

podem ser utilizados para a avaliação de desempenho entre lotes do próprio teste

índice, para confirmação das características de desempenho declaradas pelos

fabricantes de kits nos dossiês de validação, para a avaliação de metodologias em

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desenvolvimento e para a determinação de desempenho comparativo dos kits

comerciais disponíveis.

Dessa forma, este trabalho descreve o preparo, a caracterização e a avaliação de

três soros padrões internacionais bovinos (PIBs) (forte positivo, fraco positivo e

negativo), os quais foram reconhecidos como Padrões de Referência Internacional da

OIE durante a Sessão Geral número 73. Em seguimento, para a avaliação de

desempenho, este trabalho descreve a seleção, o preparo, a caracterização e a

utilização/aplicação de um Painel Internacional de Avaliação (PIA) constituído de 34

soros bovinos (Campos et al., 2008).

A aplicação dos padrões internacionais de referência contribui para a utilização

de testes de diagnóstico com desempenho equivalente pelos programas de controle e

pelos parceiros comerciais.

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2. OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho foi a obtenção de padrões sorológicos

internacionais de referencia para a avaliação do desempenho dos kits usados na

vigilância ativa da FA capazes de:

a) verificar a manutenção dos parâmetros de desempenho definidos pelo teste índice

b) estabelecer a equivalência com outros testes em uso

c) promover a confiabilidade dos resultados obtidos nos laboratórios nacionais de

referência

Para alcançar os objetivos gerais propostos foi necessário concretizar os

objetivos específicos listados a seguir:

• Selecionar, preparar, caracterizar e validar três soros padrões de referência

internacionais (negativo, fraco positivo e forte positivo) de origem bovina

(PIBs) para serem utilizados principalmente nas etapas de calibração e

estabelecimento de sensibilidade analítica de imunoensaios baseados na

detecção de anticorpos contra as PNCs do VFA.

• Constituir, caracterizar e validar um painel de Soros de Avaliação

Internacional PIA (34 soros) de origem bovina para serem aplicados na

avaliação do desempenho, principalmente da sensibilidade analítica e

diagnóstica, de imunoensaios baseados na detecção de anticorpos contra as

PNCs do VFA.

• Avaliar com os padrões desenvolvidos (PIBs e PIA) o desempenho

comparativo de testes imunoenzimáticos PNCs comercialmente disponíveis,

“in house” e analisar a viabilidade de testes em estágios iniciais de

desenvolvimento.

• Estender os estudos de desempenho comparativo de testes imunoenzimáticos

PNCs incluindo um maior número de soros representativos da situação

epidemiológica da América do Sul comparando os resultados com as

tendências obtidas com os padrões PIBs e PIA, assim como com os dados

disponíveis na literatura com soros de outras regiões.

• Avaliar com os padrões desenvolvidos o desempenho dos Laboratórios

Nacionais de Referência da América do Sul na utilização do testes PNCs

através da realização de testes de proficiência.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Amostras de soros bovinos candidatos a padrões de referência

3.1.1. Soros Padrões Internacionais Bovinos (PIBs)

Para soros padrões internacionais foram selecionados e preparados dois soros

positivos (A e B) e um soro negativo.

O soro negativo foi preparado a partir de uma mistura de soros de animais não

vacinados de áreas livres.

O soro positivo A foi obtido de um bovino, de raça Crioula, de 2 anos de

idade, com histórico de vacinação com uma vacina trivalente (O,A,C), naturalmente

infectado com o vírus sorotipo A e cujo sangue foi coletado entre 13 e 15 dias após o

desenvolvimento de sinais clínicos.

O soro positivo B foi obtido de um bovino, raça Hereford, proveniente de uma

área livre sem vacinação, inoculado com 10.000 doses infectantes a 50% (DI50%) do

vírus tipo A24 Cruzeiro e coletado 12 dias após infecção (dpi). Os três soros foram

inativados conforme descrito no item 3.2 e testados nas provas de referência do

PANAFTOSA (NCPanaftosa Teste de Triagem - Bovino/NCPanaftosa Teste

Confirmatório - Bovino).

Para a avaliação do desempenho dos soros positivos A e B, os mesmos foram

diluídos de forma seriada em base dois utilizando como matriz negativa o soro bovino

negativo, cada diluição foi testada em triplicata no teste de Triagem do

PANAFTOSA, seguindo as instruções de uso para o processamento de soros

problema.

Como padrões forte e fraco positivo, foram preparados 300 ml de cada uma das

diluições escolhidas. Parte desse volume foi liofilizado no aparelho LabConco em

alíquotas de 500µl, totalizando 400 frascos por soro. O restante do material foi

estocado a -700C.

Para a análise da homogeneidade do processo de liofilização, 4 frascos dos

soros A, B diluídos, agora denominados forte e fraco positivo, e negativo,

aleatoriamente escolhidos foram reconstituídos e testados em quadruplicata,

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totalizando 16 determinações de cada soro. Na mesma placa o material

correspondente às diluições não liofilizadas foram testados 16 vezes, o soro negativo

não liofilizado 8 vezes. Essa prova foi realizada com dois lotes de kit NCPanaftosa

Teste de Triagem (Figura 05). Na análise dos resultados foram incluídos os dados

obtidos em ambos os lotes de kit. Foi calculado o coeficiente de variação (CV), o

desvio padrão (desvpad) e a média aritmética dos resultados obtidos para os soros

forte e fraco positivos liofilizados e para as réplicas das amostras não liofilizadas.

Os valores de referência dos soros fraco e forte positivo foram calculados com

a média aritmética do material liofilizado.

Placa lote 1

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12A CN A ( F1) A (F3) A ñ liof A ñ liof Neg (F1) Neg (F3) Neg ñ liof B ( F1) B (F3) B ñ liof B ñ liofB CN A ( F1) A (F3) A ñ liof A ñ liof Neg (F1) Neg (F3) Neg ñ liof B ( F1) B (F3) B ñ liof B ñ liofC CP 1 A ( F1) A (F3) A ñ liof A ñ liof Neg (F1) Neg (F3) Neg ñ liof B ( F1) B (F3) B ñ liof B ñ liofD CP 1 A ( F1) A (F3) A ñ liof A ñ liof Neg (F1) Neg (F3) Neg ñ liof B ( F1) B (F3) B ñ liof B ñ liofE CP 2 A ( F2) A (F4) A ñ liof A ñ liof Neg (F2) Neg (F4) Neg ñ liof B ( F2) B (F4) B ñ liof B ñ liofF CP 2 A ( F2) A (F4) A ñ liof A ñ liof Neg (F2) Neg (F4) Neg ñ liof B ( F2) B (F4) B ñ liof B ñ liofG SP A ( F2) A (F4) A ñ liof A ñ liof Neg (F2) Neg (F4) Neg ñ liof B ( F2) B (F4) B ñ liof B ñ liofH SP A ( F2) A (F4) A ñ liof A ñ liof Neg (F2) Neg (F4) Neg ñ liof B ( F2) B (F4) B ñ liof B ñ liof

Placa lote 21 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

A CN A ( F1) A (F3) A ñ liof A ñ liof Neg (F1) Neg (F3) Neg ñ liof B ( F1) B (F3) B ñ liof B ñ liofB CN A ( F1) A (F3) A ñ liof A ñ liof Neg (F1) Neg (F3) Neg ñ liof B ( F1) B (F3) B ñ liof B ñ liofC CP 1 A ( F1) A (F3) A ñ liof A ñ liof Neg (F1) Neg (F3) Neg ñ liof B ( F1) B (F3) B ñ liof B ñ liofD CP 1 A ( F1) A (F3) A ñ liof A ñ liof Neg (F1) Neg (F3) Neg ñ liof B ( F1) B (F3) B ñ liof B ñ liofE CP 2 A ( F2) A (F4) A ñ liof A ñ liof Neg (F2) Neg (F4) Neg ñ liof B ( F2) B (F4) B ñ liof B ñ liofF CP 2 A ( F2) A (F4) A ñ liof A ñ liof Neg (F2) Neg (F4) Neg ñ liof B ( F2) B (F4) B ñ liof B ñ liofG SP A ( F2) A (F4) A ñ liof A ñ liof Neg (F2) Neg (F4) Neg ñ liof B ( F2) B (F4) B ñ liof B ñ liofH SP A ( F2) A (F4) A ñ liof A ñ liof Neg (F2) Neg (F4) Neg ñ liof B ( F2) B (F4) B ñ liof B ñ liof

CV CV CV CVMédia Média Média Média

Desvpad Desvpad

Calculado: Calculado: Calculado: Calculado:

Figura 05 – Desenho das placas do teste NCPanaftosa Teste de Triagem utilizadas para avaliação do processo de liofilização. A figura apresenta a posição e a quantidade de repetições de cada soro estudado. Os retângulos em vermelho apontam os resultados que foram utilizados para os cálculos da média aritmética e do coeficiente de variação (CV) e os retângulos em azul apontam os resultados que foram utilizados para os cálculos da média aritmética, do coeficiente de variação (CV) e do desvio padrão (desvpad). Coluna 1 – Controles da prova. Colunas 2 e 3 – Soro A diluído 1:4, denominado forte positivo, (F1-F4) frascos de 1 a 4. Colunas 4 e 5 – Soro A diluído 1:4 não liofilizado. Colunas 6 e 7 – Soro negativo frascos de 1 a 4. Coluna 8 – Soro negativo não liofilizado. Colunas 9 e 10 – Soro B diluído 1:16 denominado fraco positivo, (F1-F4) frascos de 1 a 4. Colunas 11 e 12 – Soro B diluído 1:16 não liofilizado.

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3.1.2. Painel Internacional de Avaliação - Bovino (PIA)

Foram coletadas amostras de soro, em grande volume (100 a 300ml), de 34

animais de regiões apresentando distintas situações epidemiológicas. As informações

sobre cada soro estão resumidas na Tabela 01. Estão descritos abaixo os detalhes de

cada grupo de amostra coletado.

a) Quatro amostras de soros de animais de áreas livres de FA sem

vacinação da América do Sul (AL).

b) Seis amostras de soro de animais de áreas com mais de cinco anos

sem registro de enfermidade clínica e em intenso programa de

vacinação (ALV), incluindo dois animais plurivacinados e três

animais apresentando menos de seis meses que nunca foram

vacinados.

c) Um soro de um animal imunizado com uma vacina experimental

com processo de purificação limitado (Exp Vac).

d) Dez amostras de soro de animais envolvidos em focos (F), em três

países da América do Sul, coletados entre 10 – 26 dias após

identificação da doença. Sete desses animais apresentaram

sintomatologia clínica compatível com FA.

e) Cinco amostras de soros de animais de áreas endêmicas (E) da

América do Sul, coletados durante investigações de rotina entre 30 –

240 dias após a identificação da doença.

f) Oito amostras de soros de animais infectados conforme indicado

abaixo. a) um animal imunizado com vacina monovalente contra C3

Indaial e desafiado após 93 dias de imunização com injeção

intradermolingual de 10.000 ID50 de vírus homólogo. O soro foi

coletado 11 dias após o desafio (Exp Vac Des). b) sete animais não

vacinados foram infectados com injeção intradermolingual contendo

10 000 ID50 de vírus C3 Indaial, A24 Cruzeiro ou O1 Campos. Os

soros foram coletados entre 12 – 37 dpi (Exp Inf).

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As provas utilizadas para a determinação dos valores de referência, para

verificação da estabilidade e para avaliação da aplicabilidade do painel estão descritas

no item 3.4 dessa seção.

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Tabela 1 – Informação dos soros do painel de referência

Via Dias pós- Vírus Sinais DosesExposição exposição tipo clínicos vacinas

PIA-1 AL Crioula < 2 anos - - - - -PIA-2 AL Crioula < 2 anos - - - - -PIA-3 AL Crioula < 2 anos - - - - -PIA-4 AL Crioula > 2 anos - - - - -PIA-5 ALV Crioula 5 - 6 meses - - - - 1PIA-6 ALV Crioula 3 - 4 anos - - - - ≥ 6PIA-7 ALV Crioula < 6 meses - - - - 0PIA-8 ALV Crioula < 6 meses - - - - 0PIA-9 ALV Crioula < 6 meses - - - - 0PIA-10 ALV Crioula > 2 anos - - - - ≥ 4PIA-15 Exp Vac Crioula 2 anos - - - - 1PIA-12 F Crioula > 2 anos contato 10 dpe b O ? VC cPIA-14 F Crioula > 2 anos contato 15-20 dpe O ? VCPIA-16 F Crioula > 2 anos contato 15-20 dpe O ? VCPIA-17 F Crioula 1 - 2 anos contato 26 dpe A sim VCPIA-22 F Crioula > 2 anos contato 15-20 dpe O sim VCPIA-30 F Crioula 14 meses contato 15 dpe A sim VCPIA-31 F Crioula 6 meses contato 26 dpe A sim VCPIA-32 F Crioula > 2 anos contato 15-20 dpe O sim VCPIA-33 F Crioula 1 - 2 anos contato 26 dpe A sim VCPIA-34 F Crioula > 2 anos contato 15-20 dpe O sim VCPIA-19 E Crioula > 2 anos contato 150 dpe A ? VCPIA-21 E Crioula > 2 anos contato 140 dpe A ? VCPIA-23 E Crioula > 2 anos contato 240 dpe A ? VCPIA-24 E Crioula 1 - 2 anos contato 30 dpe A sim VCPIA-27 E Crioula 1 - 2 anos contato 60 dpe A sim VCPIA-13 Exp Vac Des Hereford 18 - 24 meses Inoculação 11 dpd d C3 Indaial não 1PIA-18 Exp Inf Hereford 1 - 2 anos Inoculação 12 dpi e A24 sim 0PIA-20 Exp Inf Crioula 18 meses Inoculação 25 dpi O1Campos sim 0PIA-25 Exp Inf Crioula 18 meses Inoculação 30 dpi A 24 sim 0PIA-26 Exp Inf Crioula 18 meses Inoculação 25 dpi A 24 sim 0PIA-28 Exp Inf Hereford 18 - 24 meses Inoculação 15 dpi C3 Indaial sim 0PIA-29 Exp Inf Hereford 18 - 24 meses Inoculação 15 dpi C3 Indaial sim 0PIA-35 Exp Inf Crioula 18 meses Inoculação 37 dpi A 24 sim 0

Soro Origem a Raça Ano

a Origem do soro: animais virgens (não expostos e sem vacinção) (área livre – sem vacinação) (AL); animais em áreas livres sob programa de vacinação (ALV); animal vacinado com uma vacina experimental com limitada purificação (Exp Vac); animais envolvidos em surtos (amostras coletadas entre 10 e 26 dpe) (F); animais em regiões endêmicas (E); animal experimentalmente vacinado e desafiado (Exp Vac Des); animais experimentalmente infectados (Exp inf). b dpe = dias após exposição c VC = condição de vacinação a campo: animais em regiões sob intenso programa de vacinação (pelo menos 2 vacinações/ano em animais menores de 2 anos e uma vez ao ano para animais mais velhos) com vacinas sob controle de lote estrito, seguindo as normas da OIE. d dpd = dias após desafio e dpi = dias após infecção

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3.2. Soros bovinos adicionais

Soros bovinos, com volume limitado, de animais infectados experimentalmente

e a campo, foram utilizados particularmente para estudos comparativos do

desempenho de kits PNCs. Esses soros positivos foram selecionados de animais

representando infecção inicial e tardia, além de animais envolvidos em foco. A Tabela

02 resume o número de animais e o estado clínico. Nesse estudo, foram avaliados os

kits de ELISA do PANAFTOSA, CEDI, Bommeli (atualmente IDEXX) e UBI, os

únicos disponíveis no mercado na data do exercício. Os soros foram estudados, em

determinações únicas, simultaneamente em todos os kits.

Tabela 02- Resumo das condições epidemiológicas dos animais utilizados para a

avaliação de sensibilidade diagnóstica.

No. de

animaissoroconversão 8;9;10;11 2 B1 e B2

Infecção temprana 11;13;25;30;37;34 6 Sd.1 a Sd. 6cepa atenuda 49;56;63;77;70 5 Sd.7 a Sd.11

Infecção tardia (LEF+) 532; 602; 615 3 Sd.12 a Sd.14Animais de foco 115Animais de foco com vacinação LEF+ 90 2 Sd.15 a Sd.16

Origem dpi / dpfoco Soro

Experimentalmente infectado

LEF+ - Isolamento de vírus a partir do líquido esofágico-faríngeo dpi – dias após infecção dpfoco – dias após foco

Para a avaliação do desempenho da metodologia em desenvolvimento que

utiliza microesferas associadas a corantes fluorescentes (Luminex) foi utilizado, além

do PIA dois painéis adicionais denominados PAL 1 e PIC 3, que constituído

respectivamente por 294 soros de animais de áreas livres sem vacinação da América

do Sul e 121 soros de animais infectados da América do Sul. Para cada soro foi feita

uma única determinação.

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3.3. Inativação dos Soros Bovinos

Todos os soros utilizados foram inativados com 2-Bromoetilenoamina

hidrobromado “2-Bromoethylamine hydrobromide” (BrCH2CH2NH2 · HBr) (BEI) a

0,1M segundo a metodologia descrita por Bahnemann, 1976.

Antes do processo de inativação uma alíquota de cada soro foi retirada para

avaliação comparativa.

O BEI é preparado por ciclização de 2 bromoetilamina hidrobromado (Fluka

06670) em 0,2 N de hidróxido de sódio (NaOH). Foi preparado 1 litro da solução de

BEI a 0,1M, para isso, foi adicionado 20,5g de 2-bromoetilamina hidrobromado em

um litro de NaOH 0,2N. Foi mantida so agitação suave por uma hora a 370C. Em

seguida, a solução foi filtrada com filtro Millipore 0,22µm.

Ao volume total de cada soro foi adicionado a solução de BEI 0,1M na

proporção de 1:100, de forma que, a concentração final do BEI no soro foi de

0,001M. Os soros foram incubados por 5 horas a 370C. Após o processo de inativação

o resíduo de BEI foi neutralizado com tiosulfato de sódio a 1M. Para isso, foi

preparada uma solução de tiosulfato de sódio 1M esterilizada por filtração através de

filtro Millipore 0,22µm. Esta solução foi adicionada a cada soro até uma concentração

final de 1%.

Após a inativação foi realizado o teste de inocuidade. Este teste foi feito em

cultura de células linhagem BHK-21, cultivada em monocamadas em frascos de

plástico tipo Falcon. Foi utilizado o meio mínimo essencial (MEM) de Eagle

(Glasgow) suplementado com TPB (Tryptose Phosphate Broth, Difco) a 2,95 g/L;

NaHCO3 a 2,5 g/L; penicilina a 100 U/mL; estreptomicina a 0,1 mg/mL; fungizona a

2,5 mg /mL e soro fetal bovino a 2 % e soro bovino a 8 %. De cada soro foi retirado

0,5ml e misturado com 1,5ml de meio MEM sem soro e inoculado nas monocamadas

de células BHK-21. A ausência de efeito citopático, após três passagens sucessivas de

48h, foi considerada como isolamento viral negativo.

Os soros foram fracionados e estocados congelados a – 700C, alíquotas para

futuras análises de estabilidade foram estocadas a -200C.

Para análise da estabilidade do soro ao processo de inativação alíquotas antes e

depois do processo de inativação foram testadas nas provas de triagem e confirmatória

do PANAFTOSA.

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3.4. Testes imunoenzimáticos

3.4.1. Sistema PANAFTOSA

3.4.1.1. NCPanaftosa Teste de Triagem – Bovino (I-ELISA 3ABC)

O NCPanaftosa Teste de Triagem é um ELISA indireto que usa a poliproteína

recombinante 3ABC como sonda sorológica. As placas são cobertas diretamente com

a poliproteína 3ABC purificada. A diluição teste dos soros é 1:20. Um anticorpo

contra IgG bovino conjugado à peroxidase é utilizado como sistema revelador. Como

controles de prova são utilizados: um soro negativo (CN), um soro forte positivo (SP),

um intermediário (CP2) e um soro fraco positivo (CP1). Os resultados são expressos

em porcentagem de positividade (PP) em relação ao controle positivo, sendo

considerado positivo soros com PP ≥ 10.

Os resultados são expressos na forma de PP.

PP = (DO Amostra – Média DO CN) / (Média DO SP - Média DO CN) x

100

Soros positivos na prova de triagem devem ser confirmados pela prova

confirmatória.

Para o NCPanaftosa Teste de Triagem a sensibilidade de diferentes grupos de

animais, com comprovado estado de infecção, experimental ou a campo atinge

valores próximos a 100%. A especificidade em animais de áreas virgens excede a

98%. O ensaio pode apresentar um maior número de animais reativos em áreas com

intenso programa de vacinação, dependendo da qualidade das vacinas utilizadas e do

número de revacinações. Essas informações e as referências bibliográficas estão

descritas no instrutivo de uso do kit.

3.4.1.2. NCPanaftosa Prova Confirmatória – Bovino (EITB)

A prova de EITB é um Western Blot que usa cinco proteínas recombinantes

purificadas como sondas sorológicas (3ABC, 3D, 2C, 3B e 3A). As sondas são

fixadas à membrana de nitrocelulose por eletrotransferência. Os soros são testados em

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diluição final de 1:200. Um anticorpo anti-IgG Bovino conjugado a fosfatase alcalina

é utilizado como sistema revelador.

O resultado desta prova será obtido através de comparação entre as reatividades

apresentadas pelos soros estudados e os soros controles. A prova apresenta três soros

controles; um soro negativo (CN), um positivo (CP2) e outro fraco positivo (CP1) ou

limite, que é utilizado como limite de positividade da prova.

Os soros controles devem apresentar o seguinte padrão de reatividade:

• Controle Negativo (CN) – não deve apresentar bandas de reação para

nenhum dos cinco antígenos ou estas devem ser apenas apreciáveis, com

intensidade inferior a intensidade observada para a banda correspondente

no soro limite (CP1)..

• Controle Padrão 1 (CP1) – deve apresentar bandas apenas apreciáveis e de

intensidade homogênea para cada um dos cinco antígenos.

• Controle Padrão 2 (CP2) – deve apresentar bandas bem visíveis para cada

um dos cinco antígenos com intensidades superiores as do CP1.

A reatividade de cada soro é analisada por comparação com a reatividade do

soro controle CP1 processado no mesmo gel e na mesma prova.

O soro deverá ser considerado não reativo quando se observa alguma destas

condições:

• Ausência total de reação para os cinco antígenos ou,

• Reatividade com intensidade menor a da banda correspondente no CP1

para cada um dos cinco antígenos, individualmente ou em conjunto ou,

• Reatividade igual ou maior a da banda correspondente no CP1 para no

máximo dois antígenos simultaneamente.

O soro é considerado reativo quando se observa:

• Reatividade para 3ABC, 3D, 3B e 3A (± 2C) com intensidade igual ou

superior a banda correspondente no soro controle CP1.

O resultado é considerado indeterminado:

Quando o padrão de bandas obtido não se ajusta aos parâmetros definidos para

os soros reativos ou não reativos.

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Para o NCPanaftosa Teste Confirmatório a sensibilidade em populações da

América do Sul e Europa não vacinadas e experimentalmente infectadas ou de campo,

com comprovado estado de infecção persistente, atinge 100%. A especificidade em

animais virgens, da América do Sul e Europa excedeu 99%. Nos animais vacinados,

em áreas de vacinação sistemática, a especificidade também excedeu a 99%, para

animais menores de 2 anos. Essas informações e as referências bibliográficas estão

descritas no instrutivo de uso do kit.

3.4.2. Ceditest® FMDV-NS, Cedi Diagnosis B.V., Lelystad, Holanda.

O ELISA Ceditest® FMDV-NS (Cedi) é um ELISA de bloqueio que usa um

anticorpo monoclonal aderido à placa para fixar a proteína 3ABC recombinante

produzida no sistema de expressão de baculovirus. A diluição teste para os soros é de

1:5. Um anticorpo monoclonal contra 3B conjugado à peroxidase é utilizado como

sistema detector. O kit contém três controles, uma amostra positiva forte, uma

amostra positiva fraca e o controle negativo que determina a máxima DO do teste. Os

resultados são expressos em porcentagem de Inibição (PI) relativo a DO450 média do

soro controle negativo. Soros com PI ≥ 50 são considerados positivos.

PI = (DO Soro Problema / DO máxima ) x 100

No instrutivo de uso do kit não há informações sobre os valores de sensibilidade

e especificidade do teste.

3.4.3. CHEKIT*FMD-3ABC bo-ov, Dr Bommeli AG a subsidiaria do laboratório IDEXX, Inc. Liebefeld-Bern, Suíça

O CHEKIT*FMD-3ABC bo-ov (IDEXX) é um ELISA indireto que usa a

poliproteína 3ABC recombinante como antígeno. As placas são cobertas diretamente

com o antígeno purificado. A diluição teste para o soro é de 1:100. Um anticorpo

monoclonal anti IgG de ruminate conjugado a peroxidase é utilizado com sistema

detector. O kit apresenta um soro controle positivo (CP) e um soro controle negativo

(CN). Os resultados são expressos como porcentagem de positividade (PP)

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comparado ao controle positivo, sendo negativo quando PP < 20, suspeito quando 20

≤ PP < 30 e positivo quando PP ≥ 30.

PP = (DO Amostra – Média DO CN) / (Média DO CP - Média DO CN) x

100

Foram utilizadas duas versões desse kit o produzido pela IDEXX como

mencionado acima e a original produzida pela Bommeli Diagnostica – Intervet

(Bommeli). As duas versões apresentam o mesmo desenho de prova e análise de

resultados. Diferenciando apenas na diluição do conjugado. A versão produzida pela

Bommeli fornecia o conjugado concentrado para diluição antes do uso. Já a versão

atual da IDEXX fornece o reativo já diluído.

No instrutivo de uso do kit não há informações sobre os valores de sensibilidade

e especificidade do teste

3.4.4. SVANOVIRTM FMDV 3ABC-Ab ELISA, Svanova, Upsala, Suécia.

O kit FMDV 3 ABC-Ab SVANOVIRTM (Svanova) é um ELISA indireto que usa

a proteína recombinante 3ABC produzida em E. coli como antígeno. As placas são

diretamente sensibilizadas com o antígeno purificado. A diluição teste dos soros é

1:40. Anticorpo anti-IgG bovino conjugado a perixadase é utilizado como sistema

detector. O kit apresenta dois soros controles um positivo e um negativo. As amostras

devem ser corridas em duplicata. Com cada amostra dever ser feita uma correção da

DO. Para isso, deve ser subtraído do valor da DO obtida para a amostra no poço que

contém 3ABC o valor da DO da respectiva amostra no poço controle. Os resultados

são expressos em procentagem de positividade (PP) comparado ao controle positivo.

O ponto de corte recomendado para os soros positivos é PP ≥ 48.

PP = (DOcorr Amostra / (DOcorr CP) x 100

No instrutivo de uso do kit não há informações sobre os valores de sensibilidade

e especificidade do teste

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3.4.5. UBI® FMDV NS ELISA, United Biomedical Inc., New York, USA.

O ELISA UBI® FMDV Nonstructural protein (UBI) é um ELISA indireto que

usa o peptídeo sintético 3B como antígeno. As placas são cobertas diretamente com o

peptídeo sintético. A diluição utilizada para teste dos soros é 1:21. A proteína

recombinate A/G conjugada a peroxidase é utilizada como sistema revelador. O kit

apresenta dois controles um negativo e um positivo. O controle positivo corresponde

ao soro de uma cabra não infectada hiperimunizada com o peptídeo sintético. Esse

soro determina o ponto de corte da prova, que é determinado multiplicando a DO do

soro controle positivo pelo fator 0,23 (segundo as instruções do fabricante) ; amostras

com valores de DO maior ou igual ao valor do ponte de corte são consideradas

positivas. Nesse trabalho, para simplificar a comparação dos valores obtidos em

diferentes placas, os resultados foram normalizados como DO soro teste / Valor do

ponto de corte (T/C). Valores de T/C ≥ 1 foram considerados positivos.

A sensibilidade de 94% é descrita, no instrutivo de uso do kit, para bovinos

experimentalmente infectados e sangrados entre 10-14 dpi. Também está descrito

ausência de reação cruzada em amostras de animais vacinados, com 4 semanas de

antecedência, com vacina para o sorotipo O fabricada pela empresa Intervet, Holanda.

Mas, o valor de especificidade esperado em porcentagem não está descrito.

Os kits foram utilizados segundo as instruções fornecidas por cada empresa.

3.4.6. ELISA de captura In House 3ABC do Instituto Zooprofilattico Sperimentalle della Lombardia e dell’Emilia Romagna (IZSLER), Brescia, Itália

O ensaio é um ELISA indireto que usa um antígeno 3ABC recombinante

expresso em E. coli como sonda sorológica, capturado na placa de ELISA por um

anticorpo monoclonal anti 3A. Os soros são testados na diluição 1:100. O conjugado é

uma mistura de dois anticorpos monoclonais um reagindo contra a IgG1 de ruminantes

e o outro contra a IgG2 de bovino. Os resultados são expressos como porcentagem de

positividade (PP) comparado ao soro controle positivo. Valores de PP ≥ 10 são

considerados positivos.

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3.4.7. “Luminex Liquid array–Multiplex”

A tecnologia de “Luminex liquid array” é um sistema de detecção de analitos

composto de microesferas de poliestireno no qual moléculas de captura tais como

pequenas moléculas antigênicas, anticorpos ou oligonucleotídeos podem ser

covalentemente conjugadas. Esse tipo de suporte permite a detecção de diferentes

analitos em um único ensaio.

Resumidamente, o princípio de ensaio consiste em embeber as microesferas

utilizadas em dois corantes fluorescentes vermelho e infravermelho, que ao serem

excitados emitirão fluorescência em diferentes comprimentos de onda formando para

cada analito pesquisado um único endereço espectral. O analito capturado em cada

microesfera corada é detectado utilizando um reagente secundário indiretamente

marcado com um indicador fluorescente. Cada microesfera é então avaliada por um

citômetro de fluxo. No teste utilizado, o laser a 635nm (classificador) excita as

moléculas de corante no interior das microesferas e classifica as esferas de acordo

com o seu grupo. O laser a 532 nm (indicador) excita as moléculas fluorescentes

ligadas à superfície das microesferas quantificando-as. O citômetro de fluxo é capaz

de ler 1000 microesferas por segundo (Figura 06).

No ensaio de Luminex desenvolvido na forma de “Multiplex” foram utilizados

como moléculas de captura os peptídeos sintéticos 3A, 3B e 3D e a proteína

recombinante 3ABC, conjugados as microesferas. Como sistema revelador foi

utilizado uma mistura de um antibovino de cabra conjugado com biotina.

A leitura das microesferas foi realizada no aparelho Bio-Plex da Bio Rad.

Como controle negativo (CN) o ensaio apresenta uma microsesfera recoberta

de albumina sérica bovina (BSA), pois o analito não apresenta afinidade por BSA, e

consequentemente, a Intensidade Média de Fluorescência (IMF) deve sempre ser

baixa. Altas IMF nas esferas de CN obtidas na presença de amostras provavelmente

indicam reação não específica.

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Microesferas codificadas pela cor

Portão

Figura 06 – Representação esquemática do processo de leitura das microesferas realizado pelo Luminex. Interface em http://www.innogenetics.com acessado em 20/10/2008.

Para a análise dos resultados as amostras tiveram os valores de IFM subtraídos

dos valores de IFM do CN utilizado.

Para cada antígeno foi construído um gráfico de distribuição da população,

isto é, a IFM foi separada em intervalos e a porcentagem dos animais positivos e

negativos compreendidos em cada intervalo foi calculada.

3.5. Desenho das provas laboratoriais utilizadas

3.5.1. Caracterização dos soros

3.5.1.1. Determinação de valores de referência dos soros PIBs e PIA

Os valores de referência para os soros PIBs e os soros do PIA foram obtidos nos

testes NCPanaftosa Teste de Triagem e NCPanaftosa Prova Confirmatória. Estas

provas foram realizadas segundo instrutivo de uso de cada kit.

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A determinação dos valores de referência para os soros PIBs (negativo, forte

positivo e fraco positivo) está descrita na prova de avaliação do processo de

liofilização (item 3.1.1 figura 05).

Para os soros do PIA os resultados de referência foram baseados em seis

determinações (realizadas em duplicata em três dias diferentes) para o teste

NCPanaftosa Teste de Triagem e em três provas, com uma única aplicação de cada

soro, processadas em ocasiões diferentes para o teste NCPanaftosa Prova

Confirmatória.

3.5.1.2. Determinação da estabilidade dos soros PIBs e PIA

A verificação da estabilidade ao armazenamento dos soros foi realizada com os

testes de referência do PANAFTOSA. Para esse estudo, uma alíquota de cada soro foi

armazenada a -200C e em intervalos bimestrais testada em duplicata no teste de

Triagem, e em uma única determinação no teste confirmatório. Para o resultado final,

no teste de triagem, foi calculada a média aritmética das duplicatas de cada prova. O

resultado de cada bimestre foi comparado com o resultado de referência. Variações

compreendidas entre ± 20% do valor de referência foram aceitas. Além da variação

padrão adotada foi verificado se algum soro apresentou redução de reatividade

constante e progressiva durante as provas de estabilidade.

Cabe ressaltar que os soros PIBs liofilizados foram reconstituídos e mantidos a

-200C e utilizados na prova de estabilidade.

3.5.1.3. Determinação dos valores dos soros PIBs e PIA em outros laboratórios

Os soros PIBs e o PIA foram analisados em três laboratórios da América do Sul,

que rotineiramente usam o sistema NCPanaftosa Testes de Triagem e Confirmatório.

Os soros foram fornecidos aos laboratórios codificados. Para o NCPanaftosa Teste de

Triagem foram solicitadas seis determinações realizadas em duplicata em três

ocasiões diferentes. Os resultados foram informados ao PANAFTOSA como valores

de absorbância e analisados (valores de PP). Para a prova confirmatória foi solicitado

uma única determinação em duas ocasiões.

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Para a análise dos resultados da prova de triagem foi calculado o CV de cada

laboratório e a média aritmética dos valores de PP. Em seguida, foi realizada a média

aritmética das determinações dos três laboratórios e o CV entre eles. Para avaliar a

variação frente aos dados de referência de PANFTOSA foi realizado o cálculo do CV

dos resultados dos laboratórios incluindo os valores de referência de PANFTOSA.

3.5.2. Aplicação dos Padrões Internacionais PIBs e PIA

3.5.2.1. Avaliação comparativa de imunoensaios

3.5.2.1.1. Testes em uso

Os padrões de referência internacional (PIBs e PIA) foram utilizados para

apontar variações no desempenho comparativo dos testes ELISA, 4 ELISAs

comerciais e um ELISA “in house” foram comparados quanto a sensibilidade analítica

e a sensibilidade diagnóstica.

A sensibilidade analítica, ou limite de detecção, de cada prova foi avaliada

utilizando os soros PIBs e o PIA. Para isso, os soros positivos foram diluídos em base

2 até 1:128, utilizando o soro negativo como matriz. Cada diluição foi processada

como um soro problema em duplicata nos testes NCPanaftosa Teste de Triagem,

CEDI, IDEXX, Svanova e UBI segundo as instruções do fabricante. A análise dos

resultados obtidos com os soros PIBs foi feita através da construção de curvas de

titulação, expressando as médias obtidas nas duplicatas. Para a análise do resultado

obtido com as diluições dos soros positivos do PIA, além das curvas de tiltulação, foi

conformada uma tabela indicando, para cada kit avaliado, a diluição máxima que

apresentou resultado positivo.

O PIA completo foi utilizado para avaliação da sensibilidade diagnóstica

comparativa dos testes. Os testes comerciais (CEDI, IDEXX, Svanova e UBI) foram

utilizados no PANAFTOSA, cada soro foi testado em duplicata em três ocasiões

diferentes. O estudo do painel com o teste IZSLER “in house” foi realizado no

próprio instituto em Brescia, Itália. Nesse teste uma determinação de cada soro foi

realizada em três dias diferentes, e os resultados encaminhados ao PANAFTOSA para

a análise comparativa. Para cada réplica foi calculado o CV e a média aritmética.

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3.5.2.1.2. Teste em desenvolvimento

O padrão de referência internacional PIA e painel de soros de área livre PAL 1

foram utilizados para apontar o desempenho do teste imunoenzimático em

desenvolvimento luminex montado como Multiplex, como descrito no item 3.3.7.

Esses soros descritos no itens 3.1 e 3.2 foram testados no PANAFTOSA. Cada soro foi

processado uma única vez. A capacidade do teste em discriminar populações

verdadeiramente positivas e negativas foi verificada com a construção de gráficos de

distribuição, para isso foram utilizados diretamente os dados de intensidade de

fluorescência média (IFM) obtidos sem normalização.

3.5.2.2. Aplicação em teste de proficiência

O PIA foi utilizado para avaliar o desempenho dos laboratórios oficiais de

referência para FA da América do Sul no processamento dos kits NCPanaftosa Teste

de Triagem e Confirmatório. Os soros foram codificados e fornecidos aos

laboratórios, os mesmos foram instruídos a processar os soros individualmente em

cada prova, não utilizando a forma de sistema.

Na prova de triagem foram solicitadas três provas distintas, com os soros

processados em duplicata e uma única prova confirmatória. Tanto os resultados de

absorbância quanto os resultados analisados foram encaminhados ao PANAFTOSA

para análise.

Para a avaliação do desempenho dos laboratórios três pontos foram

considerados. O primeiro foi a correta classificação (categoria) dos soros (reativo, não

reativo e indeterminado/inconclusivo) e, em seguida, a repetibilidade intra-placa e

inter-placa. Para a análise da prova de triagem foram aceitas mudanças de categoria

para os soros próximos ao ponto de corte da prova (PP = 10 ± 20%) (PIA-12; PIA-13;

PIA-14), desde que o valor indicado pelo laboratório estivesse dentro da variação de

20%. Desta forma, os 34 soros do painel foram incluídos na análise de categoria. Para

análise de repetibilidade os soros negativos foram excluídos, restando 24 soros para a

análise desse parâmetro. Para cada soro foi solicitada uma análise em duplicata, em

três provas diferentes, logo foram gerados 3 CVs intraplaca por soro e 72 CVs para

todos os soros. Também foram calculados CV inter-placa com as seis determinações

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de cada soro, totalizando 24 CV. A Figura 07 exemplifica a planilha utilizada para a

análise dos resultados de NCPanaftosa teste de triagem de cada laboratório.

Média CV CategoriaPP1 PP2 Média CV * PP1 PP2 Média CV * PP1 PP2 Média CV * Final interplaca

Soro 1 83 86 85 3 78 81 80 3 84 88 86 3 83 4 ReativoNA NA NA NA Não reativoSoro 2 5 4 5 4 5 5 3 3 3 4

Soro 3Soro 4Soro 5Soro 6Soro 7

Soro 35

...

NCPanaftosa Teste de Triagem Prova 3Prova 1 Prova 2

Figura 07 – Representação da planilha utilizada para a análise dos resultados do teste NCPanaftosa Teste de Triagem recebidos no exercício de proficiência. PP – porcentagem de positividade; CV * – coeficiente de variação intraplaca e NA - não aplica

Para cada laboratório foi calculado a porcentagem de soros informados

corretamente e a porcentagem de soros com CV dentro das variações aceitáveis, intra-

placa 10% e inter-placa 20%.

Para avaliação da reprodutibilidade obtida pelos laboratórios frente ao valor de

referência do PANAFTOSA. Gráficos foram construídos, para cada soro, expressando

o valor de referência ± 20%, a média final obtida por cada laboratório e o desvio

padrão obtido.

Para o NCPanaftosa Teste Confirmatório da mesma forma, foram aceitas

diferenças na classificação dos soros que apresentavam bandas com intensidades

próximas as bandas do soro limite (CP1) e que poderiam gerar mudanças de

categorias (PIA-12; PIA-13 e PIA-15). O soro PIA-12 apresenta a proteína 3B

próxima ao soro limite CP1 e as demais bandas com intensidade superior ao CP2.

Para este soro foi aceita a classificação de indeterminado ou reativo. O soro PIA-13

detecta as proteínas 3ABC e 3A com intensidade semelhante ao soro CP1, as demais

proteínas com intensidade entre CP1 e CP2. Desta forma, esse soro deve ser

considerado entre indeterminado ou reativo. O soro PIA-15, apresenta as 5 bandas

com intensidades homogêneas próximas ao soro limite (CP1), e deve ser considerado

reativo ou indeterminado.

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3.6. Estudos adicionais de comparação de provas ELISA

Foi realizado no PANAFTOSA um exercício de provas comparativas. Nesse

estudo foram utilizadas 139 amostras provenientes de 133 animais, verdadeiramente

positivos. As características desses animais estão descritas no item 3.2

Foram utilizados os testes de ELISA da CEDI, UBI, Bommeli (atual IDEXX) e

NCPanaftosa Teste de Triagem. Cada soro foi analisado em determinação única em

cada um dos testes.

As tendências obtidas no estudo comparativo de PANFTOSA, no estudo

comparativo realizado no laboratório do Instituto Zooprofilattico Sperimentalle della

Lombardia e dell`Emilia Romagna, Brescia em 2004 e as tendências obtidas com os

soros PIBs e o PIA foram resumidas para comparação.

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4. RESULTADOS

4.1. Inativação dos soros

Como os padrões de referência internacional destinam-se a utilização em

laboratórios de referência de diversos países e considerando que por ser um material

biológico pode conter diferentes patógenos, os mesmos foram inativados e, para

garantir a segurança, selecionados de animais provenientes de áreas livres de

Encefalopatia Espongiforme bovina (BSE).

Como metodologias de inativação reconhecidas internacionalmente e adotadas

pela OIE estão o processo de irradiação e a initivação química com etilenoamina

binária (BEI). Esse último foi o processo escolhido neste trabalho pois, é seguro,

apresenta baixo custo e, é inócuo, em princípio não interferindo na reatividade dos

soros.

Todos os soros destinados aos padrões internacionais descritos nesse trabalho

foram inativados com BEI segundo a metodologia detalhada no item 3.3 e para a

avaliação da manutenção da reatividade alíquotas antes e após o tratamento foram

testadas nas provas de triagem e confirmatória do PANAFTOSA. A Tabela 03

apresenta os valores obtidos e o CV entre as alíquotas comparadas.

Na prova de triagem do PANAFTOSA os valores de reatividade variaram

dentro do esperado (CV< 10%) e na prova confirmatória não foram observadas

alterações de reatividade dos soros (dado não mostrado), indicando que os mesmos se

mostraram estáveis após o tratamento e que, o inativante não interferiu na reatividade

dos soros estudados.

Após o tratamento os soros foram inoculados em cultura de células BHK. Não

foi evidenciado efeito citopático em nenhuma das três passagens sucessivas

realizadas.

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Tabela 03 – Resultados dos soros do PIBs e PIA obtidos no NCPanaftosa Teste de

Triagem antes e após o processo de inativação

Soros PP(antes) PP(após) CVNeg (PIB) -1 1 -A (PIB) 125 120 3B (PIB) 70 72 2PIA-1 -2 -1 -PIA-2 -1 -1 -PIA-3 -2 -2 -PIA-4 4 4 -PIA-5 -3 -2 -PIA-6 4 5 -PIA-7 -1 -1 -PIA-8 -2 -2 -PIA-9 -2 -2 -PIA-10 2 6 -PIA-15 19 21 8PIA-12 12 11 7PIA-14 10 9 7PIA-16 30 28 5PIA-17 34 30 9PIA-22 71 72 1PIA-30 93 88 4PIA-31 85 90 4PIA-32 104 107 2PIA-33 120 131 6PIA-34 120 125 3PIA-19 62 59 4PIA-21 59 56 4PIA-23 73 71 3PIA-24 65 63 2PIA-27 82 83 1PIA-13 14 14 2PIA-18 37 35 4PIA-20 40 45 8PIA-25 83 73 9PIA-26 60 65 6PIA-28 82 79 3PIA-29 93 93 0PIA-35 149 132 8

NCPanaftosa Teste de Triagem

PP(antes) - Valores em porcentagem de positividade (PP) das médias de duplicatas obtidas para as alíquotas retiradas antes da inativação. PP(após) - Valores em porcentagem de positividade (PP) das médias de duplicatas obtidas para as alíquotas retiradas após a inativação CV – Coeficiente de variação entre as quatro determinações Neg – Soro Negativo

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4.2. Resultados de referência – Sistema PNC do Panaftosa (índice)

4.2.1. Soros Padrões Internacionais – PIBs: Características e valores de referência

Os soros Padrões Internacionais são padrões primários utilizados principalmente

para a calibração dos testes de diagnóstico e avaliação da sensibilidade analítica.

Esses soros são utilizados nas etapas iniciais de calibração de um teste e sua curva

infere os limites de detecção obtidos pelo teste índice.

A seleção desses soros levou em consideração as características dos animais,

descritas no item 3.1.1., o volume, a reprodutibilidade, a estabilidade e,

principalmente, a curva de diluição obtida quando os soros diluídos em base dois são

processados no teste de triagem do PANAFTOSA, apresentada na Figura 08. As setas

indicam as diluições escolhidas para o preparo dos padrões de referência. Para o

preparo do soro de referência forte positivo foi escolhida a diluição 1:4 do soro A, que

se encontra entre o platô superior da curva e o ponto central da região linear. Para o

preparo do soro fraco positivo foi escolhida a diluição entre o ponto central da curva e

o platô inferior que corresponde a diluição 1:16 do soro B. Ambas as diluições estão

situadas nas porções lineares das curvas de diluição evitando os extremos não lineares

(Wright, 1998).

As diluições escolhidas foram preparadas e liofilizadas conforme descrito no

item 3.1.1. Após a liofilização 4 frascos de cada soro aleatoriamente escolhidos foram

reconstituídos e testados na prova de triagem do PANAFTOSA em comparação com

uma alíquota do material não liofilizado. O desenho da prova utilizada para a

verificação da homogeneidade está detalhado na Figura 05.

O soro forte positivo não liofilizado foi avaliado em 32 réplicas, sendo 16

determinações em cada placa. O CV de todas as 32 réplicas foi igual a 8%, logo todas

foram utilizadas para o cálculo da média da porcentagem de positividade (média =

119 PP), essa média foi usada como referência para o soro não liofilizado, assim

mesmo foi calculado o desvio padrão. O soro liofilizado da mesma forma foi avaliado

com 32 réplicas. Para comparação entre o soro liofilizado e não liofilizado foi

construído um gráfico de dispersão de resultados (Figura 09A). No gráfico A estão

indicados a média obtida para o soro não liofilizado, ± 1, 2 e 3 desvios padrões. Os

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resultados obtidos para as quatro alíquotas do soro liofilizado estão mostrados em

forma de gráfico de dispersão para comparação. Como pode ser observado, o processo

de liofilização não produziu alteração na reatividade apresentada pelo soro forte

positivo, pois os resultados obtidos encontraram-se dispersos entre dois desvios

padrões. O CV obtido entre as 32 réplicas do soro forte positivo liofilizado foi igual a

9%, dessa forma, para a determinação do valor de referência, foi calculada a média

das 32 réplicas correspondentes ao soro liofilizado (média = 118 PP).

Para o soro fraco positivo o mesmo desenho de prova foi adotado. As 32

determinações do soro fraco positivo não liofilizado apresentaram média de PP igual a

32 e CV 16%. Para avaliação da dispersão dos resultados, também foi calculado o

desvio padrão. Igualmente ao observado para o soro forte positivo o processo de

liofilização não produziu alteração no título de anticorpos. Os valores de porcentagem

de positividade obtidos para o soro fraco positivo liofilizado também não superaram

dois desvios padrões. Dos 32 valores de PP obtidos para o soro fraco positivo

liofilizado, um ponto foi descartado, a determinação 4 da placa 1. Como pode ser

observado no gráfico da Figura 09B, o valor descartado é superior a 3 desvios padrões

e, é possível que tenha sido ocasionado por um erro de manipulação. O valor de

referência (PP=32) foi obtido pela média de 31 repetições do material liofilizado, as

quais apresentaram CV igual a 9%.

Em geral, para os ensaios de ELISA indireto valores podem variar até dois

desvios padrões (Crowther, 2001).

A incorporação de um soro negativo como padrão internacional é essencial,

uma vez que se recomenda que a matriz de diluição para os soros padrões positivos

seja semelhante a matriz dos soros em questão. Por exemplo, para a diluição de um

soro bovino de animal adulto não é recomendada a utilização de soro fetal bovino

como base negativa. O soro negativo também foi testado após a liofilização. Quatro

frascos foram selecionados de forma aleatória, reconstituídos e testados em quatro

repetições, totalizando 24 determinações por placa. Foram utilizadas duas placas.

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-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

1/25

6

1/51

2

1/10

24

1/20

48

Diluições

PP

A B Neg

Forte Positivo

Fraco Positivo

Negativo

Figura 08 – Curva de diluição dos soros Padrões Internacionais Bovinos (PIBs) na prova NCPanaftosa Teste de Triagem. O gráfico apresenta a curva de diluição dos soros A e B, os quais foram utilizados como base para a preparação dos PIBs. A – Soro A coletado de um bovino naturalmente infectado, características descritas no item 3.1, e diluído em base 2 em soro bovino negativo. B - Soro B coletado de um bovino experimentalmente infectado, características descritas em M & M item 3.1, e diluído em base 2 em soro bovino negativo. PP - Porcentagem de positividade frente ao controle positivo. As setas indicam as diluições selecionadas para o preparo dos soros de referência internacional.

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A

020406080

100120140160

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Determinações

PP

Placa 1 Placa 2

B

0

10

20

30

40

50

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Determinações

PP

Placa 1 Placa 2

Figura 09 – Determinação dos valores de reatividade dos soros PIBs. Comparação entre o material liofilizado e não liofilizado. O gráfico A apresenta os valores obtidos para o soro forte positivo liofilizado, comparando com os valores obtidos para o mesmo soro antes da liofilização. Gráfico B apresenta os valores obtidos para o soro fraco positivo liofilizado, comparado com os valores obtidos para o mesmo soro antes do processo de liofilização. Média dos valores obtidos nas placas 1 e 2 com soros não liofilizados. ±1 desvio padrão, calculado para os valores obtidos nas placas 1 e 2 com soros não liofilizados. ±2 desvios padrões , calculado para os valores obtidos nas placas 1 e 2 com soros não liofilizados. ±3 desvios padrões, calculado para os valores obtidos nas placas 1 e 2 com soros não liofilizados. ♦ Valores obtidos para o soro liofilizado na placa 1 ♦ Valores obtidos para o soro liofilizado na placa 2

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4.2.2. Painel Internacional de Avaliação – PIA: Características e valores de referência

Além dos soros PIBs, descritos até o momento nesse trabalho, a construção e

caracterização de indicadores capazes de avaliar a sensibilidade diagnóstica dos testes

imunoenzimáticos e comparar o desempenho dos mesmos com o desempenho

apresentado pelo teste índice é de extrema relevância. Para uma correta avaliação da

sensibilidade diagnóstica são necessários soros abrangendo um amplo espectro de

reatividade e que reflitam, da melhor maneira possível, a complexidade da interação

antígeno anticorpo que pode ser encontrada a campo. Dessa maneira, foram

selecionados e caracterizados soros de animais da América do Sul em regiões com

distintas situações epidemiológicas, assim como soros de animais de modelos

experimentais e infectados e vacinados, para a constituição de um Painel Internacional

de Avaliação (PIA).

Os resultados de referência obtidos para os soros do PIA no sistema PNC do

PANAFTOSA estão descritos na Tabela 04 e Figura 10. Os valores de referência

obtidos para o teste de triagem do PANAFTOSA foram baseados em duplicatas

obtidas em três provas, totalizando seis determinações. Para prova confirmatória os

resultados de referência se basearam em três determinações processadas em provas

diferentes.

Os quatro soros provenientes de animais virgens (não expostos e não vacinados)

(PIA-1; PIA-2; PIA-3 e PIA-4) apresentaram resultados negativos na Prova de

Triagem e na prova confirmatória do PANAFTOSA. Os seis soros de animais de

áreas livres com vacinação (ALV) (PIA-5; PIA-7; PIA-8; PIA-9), incluindo animais

com múltiplas vacinações (PIA-6 e PIA-10) utilizando vacinas convencionais também

apresentaram resultados negativos em ambos os testes.

O Soro PIA-15, coletado de um animal imunizado com uma vacina

experimental com purificação limitada (Exp Vac) apresentou PP = 18 no teste de

triagem e confirmou positivo no teste confirmatório.

No grupo de animais infectados/expostos todos os 10 soros coletados logo após

o foco (O) (PIA-12; PIA-14; PIA-16; PIA-17; PIA-22; PIA-30; PIA-31; PIA-32; PIA-

33 e PIA-34) e os cinco soros de animais em regiões endêmicas (E) (PIA-19; PIA-21;

PIA-23; PIA-24 e PIA-27) apresentaram resultado positivo no teste de triagem. Todos

esses soros confirmaram positivos no teste confirmatório do PANAFTOSA.

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O grupo constituído do soro de sete animais não vacinados e inoculados com

uma das três cepas protótipos dos sorotipos O, A e C (O1 Campos; A24 Cruzeiro ou

C3 Indaial), sangrados entre 12-37 dpi (Exp inf) (PIA-18; PIA-20; PIA-25; PIA-26;

PIA-28; PIA-29 e PIA-35) apresentaram resultados positivos em ambos os testes. O

soro coletado de um animal vacinado e desafiado (PIA-13) também apresentou

resultado positivo na prova de triagem e confirmou positivo no teste confirmatório.

O painel apresentou para os soros positivos um amplo espectro de reatividade que

variou de PP 11 a 139. Essa variação também foi observada na intensidade das bandas

do teste confirmatório (Figura 10). Os soros de PIA -1 a PIA-10 não apresentaram

mais de duas bandas com intensidade superior as bandas do soro controle CP1, ponto

de corte da prova, sendo classificados como não reativos. Os soros PIA-12 a PIA-35

apresentaram perfis de reatividade compatível com a classificação de soro reativo

para a prova: reatividade para as bandas (3ABC, 3D, 3B, 3A ± 2C) com intensidade

igual ou superior às bandas do soro controle CP1 correspondentes.

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Tabela 04 – Valores de referência para o PIA: NCPanaftosa Teste de Triagem e

NCPanaftosa Teste Confirmatório

PP1 PP2 Cve PP1 PP2 Cve PP1 PP2 Cve

PIA-1 AL 0 1 - 0 -1 - 0 0 - 0 - NegPIA-2 AL 0 0 - -1 -1 - -1 0 - -1 - NegPIA-3 AL 0 0 - -1 -1 - 0 0 - 0 - NegPIA-4 AL 3 3 - 3 4 - 3 3 - 3 - NegPIA-5 ALV 0 0 - -1 -1 - 0 0 - 0 - NegPIA-6 ALV 1 2 - 3 2 - 4 6 - 3 - NegPIA-7 ALV 0 0 - -1 0 - -1 0 - 0 - NegPIA-8 ALV -1 -1 - -1 -1 - -1 -1 - -1 - NegPIA-9 ALV 0 5 - -1 -1 - -1 1 - 1 - NegPIA-10 ALV 5 6 - 3 3 - 5 5 - 5 - NegPIA-15 Exp Vac 17 19 8 19 17 8 19 19 0 18 6 PosPIA-12 F 12 12 0 10 12 13 14 17 14 13 19 PosPIA-14 F 9 10 7 11 10 7 12 12 0 11 11 PosPIA-16 F 22 23 3 21 23 6 24 26 6 23 7 PosPIA-17 F 31 31 0 27 27 0 31 30 2 30 7 PosPIA-22 F 53 53 0 67 66 1 61 62 1 60 10 PosPIA-30 F 72 77 5 77 79 2 81 84 3 78 5 PosPIA-31 F 70 73 3 73 72 1 80 82 2 75 6 PosPIA-32 F 97 95 1 99 98 1 97 95 1 97 2 PosPIA-33 F 121 118 2 130 121 5 132 132 0 126 5 PosPIA-34 F 103 102 1 113 110 2 116 115 1 110 6 PosPIA-19 E 47 48 1 58 60 2 51 54 4 53 10 PosPIA-21 E 57 57 0 51 50 1 58 57 1 55 6 PosPIA-23 E 69 74 5 54 53 1 70 68 2 65 14 PosPIA-24 E 56 56 0 44 45 2 64 65 1 55 16 PosPIA-27 E 69 70 1 63 63 0 73 75 2 69 7 PosPIA-13 Exp Vac Des 11 11 0 11 12 6 11 12 6 11 5 PosPIA-18 Exp Inf 31 30 2 29 31 5 31 35 9 31 7 PosPIA-20 Exp Inf 35 36 2 39 37 4 43 45 3 39 10 PosPIA-25 Exp Inf 69 69 0 77 77 0 71 72 1 73 5 PosPIA-26 Exp Inf 64 57 8 64 61 3 64 66 2 63 5 PosPIA-28 Exp Inf 66 69 3 68 71 3 70 75 5 70 4 PosPIA-29 Exp Inf 79 77 2 77 82 4 78 84 5 80 4 PosPIA-35 Exp Inf 132 126 3 150 137 6 144 142 1 139 6 Pos

Placa 3Soro Origema NCPanaftosa

Teste ConfirmatóriaMean PPc CVd

NCPanaftosa Teste de Triagemb

Placa 1 Placa 2

a ver Tabela 1 para detalhe b PP = Porcentagem de positividade. Ponto de corte: Pos ≥ 10 PP c Média de seis determinações d CV = Coeficiente de variação interplaca e CV = Coeficiente de variação intraplaca

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PIA

CN P1 P2 1 10

CN P1 P2PIA

12 35

3ABC3D2C

3B3A

3ABC3D2C

3B3A

PIACN P1 P2 1 10

CN P1 P2PIA

12 35

3ABC3D2C

3B3A

3ABC3D2C

3B3A

Figura 10 – Resultado dos soros do Painel de Avaliação Internacional (PIA) na prova NCPanaftosa Teste Confirmatório (“Western blot”). Perfil de reatividade dos anticorpos dos 34 soros do PIA para os cinco antígenos recombinantes utilizados no teste confirmatório do PANAFTOSA. CN – Soro controle negativo. P1- Soro controle positivo 1, limite de positividade. P2- Soro controle positivo 2. Os soros PIA -1 a PIA-10 não apresentaram mais de duas bandas com intensidade superior as bandas do soro controle 1, sendo classificados como não reativos. Os soros PIA -12 a PIA-35 apresentaram perfis de reatividade compatível com a classificação de soro reativo para a prova: reatividade para as bandas (3ABC, 3D, 3B, 3A ± 2C) com intensidade igual ou superior as bandas do soro controle 1 correspondentes. Destacamos que, a perda de definição na digitalização da imagem inviabiliza a visualização de algumas bandas mais tênues.

53

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4.2.3. Avaliação de estabilidade dos soros PIBs e PIA

Apenas soros com comprovada estabilidade podem ser aceitos como padrões de

referência internacional. Para garantir a estabilidade dos soros por um longo período

os soros PIBs foram liofilizados e os soros PIA serão liofilizados a continuação desse

trabalho. Segundo a experiência do PANAFTOSA, que mais uma vez foi corroborada

nesse trabalho, o processo de liofilização nas condições padronizadas não induzem

alterações de reatividade nos soros.

Por outro lado, é importante obter informações sobre as condições de

armazenamento do material reconstituído, bem como o tempo em que o mesmo pode

ser utilizado com confiança foram realizados. Esse estudo de estabilidade visa

observar se há perda de reatividade durante o armazenamento a -200C e seis ciclos de

congelamento e descongelamento, em um período de um ano. Dessa forma apenas os

soros positivos PIBs e os soros positivos do painel foram estudados no sistema do

PANAFTOSA.

A Tabela 05 apresenta os resultados de seis determinações obtidas em intervalos

bimestrais (média de duplicatas) para cada soro no teste de triagem do PANAFTOSA.

Como pode ser visto na tabela os valores flutuam dentro da variação esperada, com

nenhuma redução contínua de reatividade. Os mesmos resultados foram observados

na prova confirmatória (dado não mostrado), demonstrando uma estabilidade

satisfatória durante o período experimental e após seis ciclos subseqüentes de

congelamento e descongelamento.

.

54

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Tabela 05 – Resultado de Estabilidade dos soros PIBs e PIA

ValorReferênciaa 4 6 8 10 12

Forte Pos (PIB) 118 123 119 124 117 120Fraco Pos (PIB) 32 28 33 34 27 30

PIA-15 18 21 17 14 20 24PIA-12 13 15 13 11 15 17PIA-14 11 14 13 14 13 13PIA-16 23 21 25 27 29 28PIA-17 30 38 28 31 26 36PIA-22 60 80 69 67 65 64PIA-30 78 104 91 90 86 87PIA-31 75 77 63 71 82 77PIA-32 97 123 112 98 97 95PIA-33 126 132 100 100 122 128PIA-34 110 91 103 97 100 93PIA-19 53 58 49 45 66 51PIA-21 55 56 47 43 65 42PIA-23 65 74 68 67 72 76PIA-24 55 50 70 59 48 58PIA-27 69 60 52 54 77 75PIA-13 11 11 14 10 14 10PIA-18 31 31 36 28 34 26PIA-20 39 50 30 52 44 34PIA-25 73 69 64 64 73 65PIA-26 63 82 62 65 63 65PIA-28 70 86 85 86 80 82PIA-29 80 97 85 81 69 62PIA-35 139 144 105 145 134 124

SoroNCPanaftosa Teste de Triagem (PP)b

Tempo transcorrido (meses)

a ver Tabela 04 e resultados item 4.2.2 b PP = os valores representam a média de duplicatas (CV ≤ 10%).

55

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4.2.4. Reprodutibilidade dos valores de referência em outros laboratórios (PIBs e PIA)

Considerando que os soros PIBs e o PIA, são ferramentas para a harmonização e

conseqüentemente devem ser utilizados por outros grupos trabalho, particularmente

em laboratórios de referência, foi realizado um estudo para a avaliação da

reprodutibilidade do valor de referência dos soros, no sistema índice, em três

laboratórios da América do Sul. Os laboratórios escolhidos utilizam rotineiramente o

sistema em suporte aos programas de controle e sorovigilância da FA. Resultados

representando a média de seis determinações obtidas no NCPanaftosa Teste de

Triagem, como descrito no item 3.5.1.3 são mostrados na Tabela 06. Os CVs

calculados para cada soro positivo que compõe o painel em cada laboratório

demonstraram, em todos os casos valores dentro da variação esperada de

repetibilidade interplaca. Da mesma forma, os CVs entre as médias dos resultados

obtidos nos três laboratórios, incluindo ou não o laboratório do PANAFTOSA,

apresentaram resultados satisfatórios em todos os casos.

Os resultados relatados para o teste de EITB apresentaram concordância com os

resultados obtidos no PANAFTOSA (dado não mostrado).

Em relação aos soros PIBs ressaltamos que os mesmos foram fornecidos

liofilizados aos laboratórios participantes e que o processo de reconstituição não

gerou falta de reprodutibilidade.

Os resultados aqui descritos corroboram, tanto para os soros PIBs como para os

soros do PIA os resultados de referência obtidos no PANAFTOSA, pois não foi

observada nenhuma variação ou tendência contrária nos resultados obtidos pelos

laboratórios quando comparados com os valores obtidos no PANAFTOSA.

56

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Tabela 06 – Resultados dos soros PIBs e PIA obtido em Laboratórios Nacionais

de Referência

PPb CVc PPb CVc PPb CVc PPf CVg

Neg (PIB) 0 0 - 0 - 1 - 0 - 0 -Fraco Pos (PIB) 32 35 10 28 14 30 12 31 12 31 10Forte Pos (PIB) 118 122 6 116 5 124 2 121 3 120 3

PIA- 1 0 1 - 0 - 1 - 1 - 1 -PIA- 2 -1 0 - 0 - 1 - 0 - 0 -PIA- 3 0 0 - 1 - 0 - 0 - 0 -PIA- 4 3 4 - 4 - 4 - 4 - 4 -PIA- 5 0 -1 - 0 - 0 - 0 - 0 -PIA- 6 3 2 - 2 - 3 - 2 - 2 -PIA- 7 0 -1 - 0 - 0 - 0 - 0 -PIA- 8 -1 -1 - 0 - 0 - 0 - 0 -PIA- 9 1 -1 - 0 - 0 - 0 - 0 -

PIA- 10 5 7 - 8 - 4 - 6 - 6 -PIA- 15 18 17 6 17 15 15 17 16 6 17 7PIA- 12 13 9 14 12 19 9 17 10 19 11 19PIA- 14 11 12 7 13 11 13 7 13 6 12 9PIA- 16 23 28 7 26 12 29 5 27 4 26 9PIA- 17 30 37 8 38 9 34 10 36 5 35 11PIA- 22 60 62 11 57 9 60 3 60 4 60 3PIA- 30 78 78 11 78 5 91 4 82 9 81 8PIA- 31 75 94 7 79 10 86 8 86 9 83 10PIA- 32 97 89 7 101 13 81 7 90 11 92 9PIA- 33 126 143 7 140 2 137 8 140 2 136 5PIA- 34 110 135 3 132 7 134 5 134 1 128 9PIA- 19 53 63 8 50 9 65 11 59 14 57 13PIA- 21 55 65 4 56 8 68 10 63 10 61 11PIA- 23 65 70 17 67 5 65 9 67 4 67 4PIA- 24 55 71 8 66 5 73 9 70 5 66 12PIA- 27 69 73 3 65 7 69 5 69 5 69 4PIA- 13 11 13 13 12 20 11 14 12 9 12 8PIA- 18 31 30 6 33 14 28 6 30 7 31 6PIA- 20 39 42 5 48 9 41 2 44 9 43 9PIA- 25 73 72 5 77 5 70 8 73 5 73 4PIA- 26 63 52 5 66 8 46 12 55 19 57 16PIA- 28 70 68 3 69 9 54 16 63 13 65 11PIA- 29 80 91 7 88 4 75 7 84 10 83 9PIA- 35 139 163 4 148 3 190 5 167 13 160 14

Laboratórios Nacionais 1 2 3Soro

Média PPd CVeValor Ref (PP) PANAFTOSAa LNs

Panaftosa +

a Ver tabela 04 b Média das seis determinações c CV – Coeficiente de variação do laboratório d Média dos valores médios obtidos nos três laboratórios e CV – Coeficiente de variação interlaboratório f Média dos valores médios obtidos em cada laboratório, incluindo os valores de

referência do PANAFTOSA. g CV – Coeficiente de variação interlaboratório, incluindo os valores de referência do

PANAFTOSA. LN – Laboratórios nacionais de referência

57

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4.3. Aplicações dos Padrões Internacionais (PIBs e PIA)

4.3.1. Desempenho comparativo de imunoensaios

Um dos principais mandatos da OIE é a regulamentação do comércio de

animais e seus derivados entre os países membros. Com esse objetivo a OIE tem a

responsabilidade de recomendar os testes de diagnóstico utilizados e identificar para

cada doença os testes que apresentam alto grau de confiabilidade categorizando-os

como testes índices.

A disponibilidade de vários kits comerciais para PNCs tem gerado a

necessidade de avaliação e comparação do desempenho destes frente ao teste índice.

Estudos de comparação de testes foram realizados, a nível internacional, com

um elevado número de soros, e algumas vezes, os resultados obtidos foram

contraditórios. Para simplificar esse processo e garantir que avaliações corretas sejam

realizadas, é essencial que o teste índice disponibilize painéis e soros em menor

número capazes de apontar diferenças em sensibilidade (analítica e diagnóstica). O

parâmetro de especificidade, por ser intrínseco a cada teste, necessita de um maior

número de soros para avaliação e normalmente, a falta de especificidade é suficiente

para excluir o teste do mercado, principalmente quando esse é aplicado em áreas de

baixa prevalência. Dessa forma, as ferramentas descritas neste trabalho estão

destinadas principalmente a avaliação de sensibilidade analítica e diagnóstica.

Para comprovar a eficácia dos PIBs e do PIA em discriminar diferenças de

sensibilidade foram utilizados 4 kits ELISA para PNCs comercialmente disponíveis,

um teste “in house” e o tests luminex em desenvolvimento.

Cabe ressaltar que as características de desempenho dos testes comercialmente

utilizados nesse trabalho não são descritas pelos fabricantes em seus instrutivos de

uso. Apenas o teste da empresa UBI, indica uma sensibilidade de 94% quando soros

coletados de animais entre 10 e 14 dias após infecção experimental são testados

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4.3.1.1. Testes em uso (ELISAs comerciais e “in house”)

4.3.1.1.1. Sensibilidade analítica

Para a avaliação da sensibilidade analítica os soros positivos PIBs liofilizados

foram reconstituídos e diluídos em base 2 utilizando como matriz o soro bovino

negativo PIB e testados simultaneamente na Prova de triagem do PANAFTOSA e nos

ELISAs da CEDI, Svanova, UBI e IDEXX.

Os dois soros foram analisados separadamente. Para o soro forte positivo as

últimas diluições que resultaram positivas nos testes do PANAFTOSA, CEDI,

IDEXX, Svanova e UBI foram 1:32; 1:32; 1:16; 1:8 e 1:2, respectivamente (Figura

11). Logo, os kits podem ser categorizados, segundo a sensibilidade analítica, em três

grupos. Os que apresentam maior sensibilidade analítica (PANAFTOSA e CEDI), os

kits com uma sensibilidade intermediária (IDEXX e Svanova) e o kit com baixa

sensibilidade analítica (UBI).

Para o soro fraco positivo as maiores diluições que resultaram positivas nos

testes do PANAFTOSA, IDEXX e Svanova foram 1:2; 1:2; e 1:1, respectivamente.

Esse soro, mesmo antes da diluição, não foi detectado como positivo nos kits da CEDI

e da UBI. Entretanto, deve ser ressaltado que para o kit da CEDI o soro fraco positivo

apresentou reatividade próxima ao ponto de corte da prova PP igual a 41 (esse valor

corresponde a média de 6 determinações com CV igual 4%). Já para o kit da UBI a

reatividade apresentada pelo soro fraco positivo (T/C=0,2) está muito abaixo do valor

do ponto de corte da prova (T/C=1) ± 20%. Dessa forma, considerando os resultados

do soro fraco os kits do PANAFTOSA e IDEXX apresentam maior sensibilidade

analítica, seguidos pelo teste da Svanova com sensibilidade intermediária e UBI que

apresentam menor sensibilidade analítica. O teste da CEDI como pode ser visto na

Figura 11, mesmo não detectando o soro fraco positivo puro apresenta um

comportamento que parece se assemelhar mais ao teste da Svanova que ao teste da

UBI.

A Figura 11 apresenta a curva de diluição dos soros PIBs em cada kit utilizado e

uma tabela indicando as últimas diluições reconhecidas como positivas, em cada kit,

para cada soro.

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Panaftosa

0102030405060708090

100110120

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

Forte Pos Fraco Pos

CEDI

-20-10

0102030405060708090

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PI

Forte Pos Fraco Pos

Svanova

-20-10

0102030405060708090

100110120

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

Forte Pos Fraco Pos

UBI

0

1

2

3

4

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

T/C

Forte Pos Fraco Pos

IDEXX

-51535557595

115135155175

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

Forte Pos Fraco Pos

Soro Panaftosa CEDI IDEXX Svanova UBIForte Pos (PIB) 1/32 1/32 1/16* 1/8 1/2Fraco Pos (PIB) 1/2 - 1/2* 1/1 -

Figura 11 – Curva de diluição em base 2 dos soros PIBs. Valor de reatividade da diluição do soro apresentada em porcentagem de inibição (PI) para o teste da CEDI; Valor de DO do soro teste/valor de corte (T/C) para o teste da UBI e porcentagem de positividade (PP) para os demais. Pontos de corte de cada teste. Últimas diluições detectadas como positivas. Diluições identificadas como indeterminadas no teste da IDEXX. A tabela apresenta a última diluição identificada como reativa em cada teste. Indica para cada soro a maior diluição com resultado positivo * Indica que a próxima diluição foi classificada como indeterminada no teste da IDEXX – Resultado negativo obtido para o soro não diluído.

60

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Para ampliar a análise da sensibilidade analítica comparativa incluindo um

maior número de soros possibilitando estudar a incidência das eventuais diferenças

intrínsecas de cada soro assim como a relação da sensibilidade analítica com o

formato de ELISA adotado por cada kit, os soros positivos do PIA foram

seriadamente diluídos em base 2 e estudados nos 4 kits comercialmente disponíveis

no PANAFTOSA (CEDI, IDEXX, Svanova e UBI). Esta análise também possibilitou

avaliar melhor a correlação entre as sensibilidades analítica e diagnóstica.

Para facilitar a análise os soros foram agrupados segundo a reatividade obtida

no teste de triagem do PANAFTOSA em dois grupos (PP < 60 e PP ≥ 60) e foram

construídas curvas de diluição para cada soro. As curvas de cada soro em cada teste

avaliado estão demonstradas nas Figuras 12 e 13.

Os soros com PP acima de 60 no teste de triagem do PANAFTOSA

demonstraram sensibilidade analítica semelhante para os kits do PANAFTOSA e

CEDI, uma sensibilidade analítica intermediária para IDEXX, seguida pela Svanova e

uma menor sensibilidade para o kit da UBI. As curvas de diluição de cada soro em

cada teste estão nos gráficos da Figura 12.

61

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Panaftosa

020406080

100120

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-22 PIA-23 PIA-25 PIA-26PIA-27 PIA-28 PIA-29

Cedi

0

20

40

60

80

100

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PI

PIA-22 PIA-23 PIA-25 PIA-26PIA-27 PIA-28 PIA-29

Svanova

020406080

100120140

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-22 PIA-23 PIA-25 PIA-26PIA-27 PIA-28 PIA-29

UBI

0123456

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

T/C

PIA-22 PIA-23 PIA-25 PIA-26PIA-27 PIA-28 PIA-29

IDEXX

04080

120160200240

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-22 PIA-23 PIA-25 PIA-26PIA-27 PIA-28 PIA-29

Panaftosa

020406080

100120140160

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-30 PIA-31 PIA-32PIA-33 PIA-34 PIA-35

Cedi

0

20

40

60

80

100

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

DiluiçõesPI

PIA-30 PIA-31 PIA-32PIA-33 PIA-34 PIA-35

Svanova

020406080

100120140

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-30 PIA-31 PIA-32PIA-33 PIA-34 PIA-35

UBI

012345678

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

T/C

PIA-30 PIA-31 PIA-32PIA-33 PIA-34 PIA-35

IDEXX

020406080

100120140160180200

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-30 PIA-31 PIA-32PIA-33 PIA-34 PIA-35

62

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Soro Panaftosa CEDI IDEXX Svanova UBIPIA-22 1/32 1/64 1/16 1/8 1/2PIA-23 1/8 1/8 1/2 1/1 1/2PIA-25 1/8 1/16 1/4* 1/4 1/2PIA-26 1/64 1/16 1/64* 1/32 1/1PIA-27 1/8 1/4 1/1* 1/1 1/2PIA-28 1/64 1/64 1/64* 1/32 1/4PIA-29 1/32 1/16 1/16* 1/8 1/2PIA-30 1/32 1/32 1/16 1/16 1/8PIA-31 1/8 1/16 1/2 1/2 1/2PIA-32 1/64 1/64 1/32* 1/32 1/8PIA-33 1/32 1/32 1/2 1/4 1/4PIA-34 1/16 1/8 1/2* 1/4 1/1PIA-35 1/32 1/32 1/2 1/4 1/4

Figura 12 – Curva de diluição em base 2 dos soros PIA. Valor de reatividade da diluição do soro apresentada em porcentagem de inibição (PI) para o teste da CEDI; Valor de DO do soro teste/valor de corte (T/C) para o teste da UBI e porcentagem de positividade (PP) para os demais. Pontos de corte de cada teste. A tabela apresenta a última diluição identificada como reativa em cada teste. Indica para cada soro a maior diluição com resultado positivo * Indica que a próxima diluição foi classificada como indeterminada no teste da IDEXX – Resultado negativo obtido para o soro não diluído.

Na avaliação das curvas de diluição utilizando soros com reatividade baixa foi

possível observar que alguns soros não diluídos não foram identificados como

reativos por alguns kits.

Seguindo às tendências já apresentadas os soros dessa categoria identificam

uma maior sensibilidade para o teste de triagem do PANAFTOSA, seguido pelo teste

da CEDI e IDEXX. Os kits da Svanova e UBI apresentaram menor sensibilidade. A

curva de diluição desses soros e uma tabela resumindo a sensibilidade analítica estão

apresentadas na Figura 13.

63

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Panaftosa

0

10

20

30

40

50

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-12 PIA-13 PIA-14PIA-15 PIA-16

Cedi

0

20

40

60

80

100

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PI

PIA-12 PIA-13 PIA-14PIA-15 PIA-16

Svanova

0

20

40

60

80

100

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-12 PIA-13 PIA-14PIA-15 PIA-16

UBI

0

1

2

3

4

5

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

T/C

PIA-12 PIA-13 PIA-14PIA-15 PIA-16

IDEXX

0

20

40

60

80

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-12 PIA-13 PIA-14PIA-15 PIA-16

Panaftosa

01020304050607080

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-17 PIA-18 PIA-19PIA-20 PIA-21 PIA-24

Cedi

0

20

40

60

80

100

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PI

PIA-17 PIA-18 PIA-19PIA-20 PIA-21 PIA-24

IDEXX

0

20

40

60

80

100

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8Diluições

PP

PIA-17 PIA-18 PIA-19PIA-20 PIA-21 PIA-24

Svanova

0

20

40

60

80

100

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

PP

PIA-17 PIA-18 PIA-19PIA-20 PIA-21 PIA-24

UBI

0

1

2

3

4

5

1/1

1/2

1/4

1/8

1/16

1/32

1/64

1/12

8

Diluições

T/C

PIA-17 PIA-18 PIA-19PIA-20 PIA-21 PIA-24

64

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Soro Panaftosa CEDI IDEXX Svanova UBIPIA-12 1/1 - 1/1 - -PIA-13 1/1 - - - 1/1PIA-14 1/2 1/2 1/1 - -PIA-15 1/1 1/1 1/1 - -PIA-16 1/1 - 1/1 - -PIA-17 1/2 1/1 1/1 - 1/1PIA-18 1/4 1/16 - 1/2 1/2PIA-19 1/4 1/4 1/1* 1/2 -PIA-20 1/4 1/4 1/1 1/1 1/1PIA-21 1/4 1/4 1/1* 1/1 1/1PIA-24 1/8 1/4 1/1 1/1 1/2

Figura 13 – Curva de diluição em base 2 dos soros PIA. Valor de reatividade da diluição do soro apresentada em porcentagem de inibição (PI) para o teste da CEDI; Valor de DO do soro teste/valor de corte (T/C) para o teste da UBI e porcentagem de positividade (PP) para os demais. Pontos de corte de cada teste. A tabela apresenta a última diluição identificada como reativa em cada teste. Indica para cada soro a maior diluição com resultado positivo * Indica que a próxima diluição foi classificada como indeterminada no teste da IDEXX – Resultado negativo obtido para o soro não diluído.

A avaliação das curvas de titulação dos soros do PIA em todos os kits,

principalmente os soros de alto título, permitiu observar o padrão de redução de

reatividade de cada teste. Cabe ressaltar, que o kit da CEDI apresenta um maior

número de soros que sustentam a reatividade nas diluições seriadas, isto é, esses soros

apresentam uma queda de reatividade de forma menos acentuada. Essa característica

pode estar associada ao formato do kit (ELISA competitivo/bloqueio). Dos testes

analisados, o teste da CEDI é o único que apresenta este formato competitivo, todos

os demais são ensaios indiretos. Esse parâmetro deve ser cuidadosamente considerado

ante qualquer extrapolação sobre a expectativa de sensibilidade do teste baseado na

análise de sensibilidade analítica.

Os resultados com os soros positivos do PIA corroboram as tendências

observadas com os soros PIBs, isto é, os kits podem ser divididos em três grupos os

mais sensíveis (PANAFTOSA, CEDI e IDEXX), os de sensibilidade intermediária

(Svanova) e o grupo com baixa sensibilidade (UBI).

65

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4.3.1.1.2. Sensibilidade diagnóstica relativa

Os resultados de sensibilidade analítica obtidos até o momento indicam

diferenças no comportamento dos kits. Nesse contexto, foi relevante o estudo da

sensibilidade diagnóstica relativa já que este parâmetro é relevante quando o objetivo

do ensaio está direcionado a aplicação de uma população para detectar uma

determinada condição de infecção. Como anteriormente explicado, a sensibilidade

diagnóstica de um teste é a habilidade do mesmo em detectar animais ou indivíduos

com a condição de interesse em uma população ou grupo e é expressa em

porcentagem. A sensibilidade diagnóstica está mais relacionada com a habilidade de

detectar a substância alvo em uma amostra processada a partir de um indivíduo, que

apresenta a condição, do que com a própria habilidade do teste de detectar baixas

concentrações do analito. Nesse contexto, esse parâmetro reflete melhor o

desempenho que o teste pode apresentar a campo. A seleção de soros para a

constituição do PIA incluiu soros abrangendo um amplo espectro de reatividade de

forma a melhor avaliar a sensibilidade diagnóstica comparativa. Com o PIA foram

testados quatro kits comercialmente disponíveis (CEDI; IDEXX, Svanova; UBI) e um

teste “in-house” (IZSLER). As informações detalhadas de cada teste e as condições de

avaliação dos soros estão descritos em nos itens 3.3 e 3.4.

A Tabela 07 apresenta os dados obtidos em cada ELISA.

Os soros de animais negativos tanto de áreas livres (AL) quanto os de áreas

livres com intenso programa de vacinação (ALV) não apresentaram reatividade em

nenhum dos testes utilizados, com exceção do soro PIA-5 que no kit da IDEXX foi

avaliado como suspeito.

A análise dos soros de animais experimentalmente infectados ou

conhecidamente expostos/infectados em áreas afetadas, apresentando um amplo

espectro de reatividade no teste índice, se mostrou de grande relevância para

discriminar a sensibilidade diagnóstica relativa nos referidos kits.

Quatro dos cinco testes avaliados não detectaram pelo menos dois soros dos 10

soros coletados de animais logo após o foco (F), todos apresentando resultado

positivo nos testes de triagem e confirmatório do PANAFTOSA e no teste da IDEXX.

O teste de IZSLER e CEDI apresentaram resultado negativo para os soros PIA-12 e

PIA-16. SVANOVA e UBI apresentaram resultado negativo em quatro amostras

66

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(PIA-12, PIA-14 e PIA-16 em ambos os testes; PIA-17 em SVANOVA e PIA-34 em

UBI).

Dos soros coletados de bovinos em áreas endêmicas (E), um soro (PIA-23)

apresentou resultado negativo em SVANOVA e dois apresentaram resultado negativo

em UBI. Todos os soros nesse grupo foram positivos no sistema do PANAFTOSA,

como também nos testes da CEDI, IDEXX e IZSLER.

Os sete soros pertencentes ao grupo dos animais não vacinados e infectados

(Exp Inf) apresentaram resultado positivo na CEDI, IZSLER e no sistema do

PANAFTOSA. Para esse grupo resultados negativos foram observados para os soros

PIA-18 e PIA-20 nos testes da Svanova e UBI, respectivamente. O soro PIA-18 foi

classificado como suspeito no kit IDEXX.

O soro do animal vacinado e desafiado (PIA-13), com resultado positivo no

sistema do PANAFTOSA e no teste da UBI foi classificado como suspeito no teste da

IDEXX e apresentou resultado negativo nos testes da CEDI, IZSLER e SVANOVA.

A partir dos resultados apresentados pode-se concluir que os testes apresentam

desempenho diferente com relação à sensibilidade diagnóstica. Os testes da CEDI,

IDEXX e IZSLER demonstraram sensibilidade próxima ao observado no teste índice.

Dos 23 soros de animais expostos/infectados mencionados acima, todos positivos nos

ensaios de triagem e confirmatório do PANAFTOSA, 21 foram identificados como

reativos e dois foram classificados como suspeitos no teste da IDEXX e 20 foram

positivos nos testes de IZSLER e CEDI. Dentre os quatro soros que apresentaram

resultado negativo em pelo menos 1 dos 3 ensaios (CEDI, IDEXX, IZSLER), o soro

PIA-13 de um animal experimentalmente desafiado e sangrado a 11 dias após o

desafio apresentou resultado suspeito no kit da IDEXX e negativo nos kits CEDI e

IZSLER. Os soros PIA-12 e PIA-16, coletados de animais logo após o foco (em

fazendas onde a maioria dos animais apresentou sinais clínicos), não foram

identificados pela CEDI e IZSLER, mas apresentaram resultado positivo no teste da

IDEXX. Para o soro PIA-12 deve ser ressaltado que o teste de IZSLER apresentou

reatividade aumentada quando comparado com os valores obtidos para a população

negativa. O soro PIA-18, de um animal experimentalmente infectado, foi classificado

como suspeito no teste da IDEXX e foi positivo no teste da CEDI e IZSLER.

Os soros não identificados pela CEDI, IDEXX e IZSLER estavam limitados aos

que apresentaram baixa reatividade no sistema índice. Contrariamente, os ensaios de

Svanova e UBI não somente falharam em detectar os soros de baixo título, mas

67

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também os soros com intermediário e alto título de anticorpos, demonstrando uma

baixa sensibilidade diagnóstica. O ensaio da SVANOVA apresentou resultado

negativo para sete dos 23 soros. O teste da UBI também falhou em detectar sete soros,

mas detectou como positivo o soro de baixo título do animal desafiado (PIA-13).

O soro PIA-15 de um animal imunizado com uma vacina experimental com

limitada purificação, apresentou resultado positivo nos testes de triagem e

confirmatório do PANAFTOSA, na CEDI, IDEXX e IZSLER e apresentou resultado

negativo no teste da SVANOVA e da UBI. Da mesma forma, apresentar reatividade

positiva para esse soro indica alta sensibilidade, pois, os anticorpos encontrados são

provavelmente provenientes de indução gerada por impurezas de antígenos PNCs nas

vacinas, que são produzidas por inativação de suspensão de células infectadas com

VFA que quando não devidamente purificadas podem carrear traços de antígenos

PNCs, os quais atuam na replicação do vírus

68

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Tabela 07 – Resultados obtidos utilizando o PIA para a comparação de testes

Sistema NCPanaftosabSoro Origema

Triagem (PP) ConfirmatórioCedi* (PI)

IDEXX* (PP)

Svanova* (PP)

UBI* (T/C)

IZSLER** (PP)

PIA-1 AL 0 Neg -8 12 2 0.1 1PIA-2 AL -1 Neg -6 17 -1 0.1 0PIA-3 AL 0 Neg -5 17 -2 0.1 0PIA-4 AL 3 Neg 13 18 11 0.1 2PIA-5 ALV 0 Neg 18 26 -4 0.1 2PIA-6 ALV 3 Neg 38 18 7 0.2 4PIA-7 ALV 0 Neg 22 6 -6 0.1 2PIA-8 ALV -1 Neg 13 13 -5 0.2 2PIA-9 ALV 1 Neg 16 15 -5 0.1 0

PIA-10 ALV 5 Neg 14 9 0 0.1 1PIA-15 Exp Vac 18 Pos 61 31 16 0.2 11PIA-12 F 13 Pos 34 33 9 0.1 9PIA-14 F 11 Pos 65 49 17 0.3 29PIA-16 F 23 Pos 27 39 -4 0.3 1PIA-17 F 30 Pos 58 53 30 1.2 11PIA-22 F 60 Pos 86 111 94 2.8 111PIA-30 F 78 Pos 92 201 113 5.2 116PIA-31 F 75 Pos 86 62 59 2.3 59PIA-32 F 97 Pos 87 178 119 5.0 123PIA-33 F 126 Pos 90 107 97 3.9 74PIA-34 F 110 Pos 77 63 66 0.7 64PIA-19 E 53 Pos 76 41 64 0.7 32PIA-21 E 55 Pos 77 42 63 0.7 27PIA-23 E 65 Pos 93 78 46 1.6 30PIA-24 E 55 Pos 88 49 54 2.1 20PIA-27 E 69 Pos 88 38 49 2.1 21PIA-13 Exp Vac Des 11 Pos 27 21 8 1.1 6PIA-18 Exp Inf 31 Pos 78 26 47 2.1 51PIA-20 Exp Inf 39 Pos 75 52 50 0.9 54PIA-25 Exp Inf 73 Pos 86 141 82 2.3 109PIA-26 Exp Inf 63 Pos 83 236 98 1.5 107PIA-28 Exp Inf 70 Pos 87 245 129 3.5 129PIA-29 Exp Inf 80 Pos 78 116 92 3.4 113PIA-35 Exp Inf 139 Pos 94 86 110 4.8 87

Ponto de corte Pos ≥ 10 Pos ≥ 50 Pos ≥ 30c Pos ≥ Pos ≥ 1 Pos ≥ 10 Os resultados estão expressos em porcentagem de positividade (PP) comparada ao controle positivo, porcentagem de inibição (PI) comparada ao controle negativo ou OD do soro teste / valor do soro ponto de corte (T/C). Os números sombreados indicam os resultados não concordantes com o teste de referência. a Para detalhes ver Tabela 01 b Resultados de referência ver Tabela 04 c Amostras suspeitas 20 ≤ PP ≥ 30 * media de 6 determinações; ** media de 2 determinações

69

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4.3.1.2. Teste em desenvolvimento (Luminex)

4.3.1.2.1. Luminex – “Liquid array” – desenvolvido como Multiplex

A tecnologia de Luminex surge como uma proposta de desenvolvimento de um

imunoensaio multiplex, isto é, capaz de detectar simultânea e individualmente

anticorpos contra dois ou mais PNCs em forma semi-quantitativa. O ensaio multiplex

aqui avaliado se baseia na utilização de quatro PNCs, 3ABC, 3B, 3A e 3D, sendo a

3ABC uma proteína recombinante e os demais peptídeos sintéticos. Os antígenos são

adsorvidos em diferentes microesferas de poliestireno, cada uma florescendo em um

comprimento de onda distinto. Os anticorpos específicos para cada antígeno são

capturados e os imunocomplexos detectados com um anticorpo conjugado com

biotina. Para a revelação é utilizada streptavidina conjugada a ficoeritrina. A

irradiação das microesferas com dois comprimentos de ondas de raio laser, permite a

identificação e quantificação. Dessa forma, o ensaio de multiplex está sendo

desenvolvido pela Universidade da Califórnia em parceria com o Centro Nacional

para Doenças Animais Exógenas do Canadá como um teste confirmatório alternativo

capaz de quantificar os anticorpos contra PNCs no soro.

Para a análise mais extensa do teste Luminex e a eventual determinação do

ponto de corte da prova foram selecionados, além do PIA, dois painéis adicionais de

soros, o PIC 3 constituído de 121 soros de animais verdadeiramente positivos e o PAL

1 constituído de 295 soros verdadeiramente negativos.

Os painéis foram utilizados para avaliar o ensaio multiplex. Os soros foram

processados e os valores de intensidade média de fluorescência (IMF) utilizados para

a construção de gráficos de distribuição de freqüência. Esse tipo de análise permite

avaliar os resultados e eventualmente identificar a necessidade de ajuste no teste

prévio a determinação do ponto de corte. A Figura 13 apresenta os gráficos de

distribuição da IMF obtida para os soros dos painéis PIC 3 e PAL 1 em cada antígeno

utilizado.

Como pode ser observado nos gráficos de distribuição (Figura 13) na

configuração utilizada, nenhum dos antígenos estudados permitiu uma separação clara

entre os soros verdadeiramente positivos e os negativos, que possibilitasse a definição

de um ponto de corte sem perdas expressivas de sensibilidade e especificidade.

70

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Observa-se nos gráficos uma superposição dos valores de IMF para os soros positivos

e negativos que se apresenta mais crítica no caso dos antígenos 3B e 3D.

Antígeno 3A

0,02,04,06,08,0

10,012,014,016,018,020,0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 910

,5 12 13,5 15 16

,5 18 60 120

180

IMF

Porc

enta

gem

PAL 1 PIC 3

A Antígeno 3B

0,02,04,06,08,0

10,012,014,016,018,020,0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 910

,5 12 13,5 15 16

,5 18 60 120

180

IMF

Porc

enta

gem

PAL 1 PIC 3

B

Antígeno 3D

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 910

,5 12 13,5 15 16

,5 18 60 120

180

IMF

Porc

enta

gem

PAL 1 PIC 3

C Antígeno 3ABC

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 910

,5 12 13,5 15 16

,5 18 60 120

180

IMF

Porc

enta

gem

PAL 1 PIC 3

D

Figura 13 – Curva de distribuição dos soros dos painéis PIC 3 e PAL 1 no teste Luminex. As barras indicam para cada intensidade média de fluorescência (IMF) a porcentagem de soros. Barras vermelhas PIC 3 (verdadeiros positivos) e barras azuis PAL 1 (verdadeiros negativos)

Para o antígeno 3B, 99,7 % da população negativa (PAL 1) apresentou

reatividade menor ou igual a 10,5 IMF. Contudo, 72,7 % da população

verdadeiramente positiva (PIC 3) também apresentou reatividade menor ou igual a

10,5 IFM, o que inviabilizou a definição do ponto de corte da prova sem perda de

sensibilidade (gráfico B - Figura 13).

O antígeno 3D também não demonstrou capacidade para discriminar as duas

populações. Aproximadamente 100 % da população negativa (PAL 1) e 83,5% da

população positiva (PIC 3) apresentaram distribuições de IMF até 10,5 (gráfico C –

Figura 13).

71

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Entretanto, os antígenos 3A e 3ABC demonstraram ser mais promissores,

apresentando 48 % e 42,1 % da população positiva, respectivamente, sobrepostas à

aproximadamente 100% da população negativa. Ambos precisam de ajustes para uma

adequada definição de ponto de corte entre os soros positivos e negativos.

Da mesma forma a utilização do PIA permitiu avaliar o teste Luminex e

concluir que o mesmo não apresenta sensibilidade e especificidade suficiente para

iniciar um processo de validação e deve ser reajustado. Apesar do painel PIA estar

destinado a avaliação de sensibilidade a inclusão de soros negativos no painel é

fundamental para verificar, principalmente em ensaios novos, a capacidade de

distinção de soros positivos e negativos.

A Figura 14 apresenta os gráficos de distribuição da IMF obtida para os soros

do PIA em cada antígeno utilizado.

Antígeno 3A

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 910

,5 12 13,5 15 16

,5 18 60 120

180

IMF

Porc

enta

gem

PIA Neg PIA Pos

A Antígeno 3B

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 910

,5 12 13,5 15 16

,5 18 60 120

180

IMF

Porc

enta

gem

PIA Neg PIA Pos

BB

Antígeno 3D

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 910

,5 12 13,5 15 16

,5 18 60 120

180

IMF

Porc

enta

gem

PIA Neg PIA Pos

C Antígeno 3ABC

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,045,0

0 1,5 3 4,5 6 7,5 910

,5 12 13,5 15 16

,5 18 60 120

180

IMF

Porc

enta

gem

PIA Neg PIA Pos

D

Figura 14 – Curva de distribuição dos soros do painel de avaliação (PIA) no teste Luminex. As barras indicam para cada intensidade média de fluorescência (IMF) a porcentagem de soros. Barras vermelhas soros positivos do PIA e barras azuis soros negativos do PIA

Para o antígeno 3B, 100% da população negativa apresentou reatividade menor

ou igual a 10,5 IMF. Contudo, 54,2 % da população verdadeiramente positiva também

72

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apresentou reatividade menor ou igual a 10,5 IMF, o que inviabilizou a definição do

ponto de corte da prova sem perda de sensibilidade (gráfico B - Figura 14).

O antígeno 3D também não demonstrou capacidade para discriminar as duas

populações. Toda a população negativa (100%) e 62,5% da população positiva

apresentaram distribuições de IMF até 10,5 (gráfico C – Figura 14).

Já os antígenos 3A e 3ABC também demonstraram ser mais promissores

quando analisados com os soros do PIA. E, apresentaram 41,7 % e 37,5 % da

população positiva, respectivamente, com IMF abaixo de 10,5.

Os resultados da Figura 14 apontam a necessidade de ajuste na prova Luminex

prévio ao processo de validação e a eficácia do PIA em apontar a necessidade de

recalibração do ensaio.

4.3.2. Teste de proficiência

Considerando a amplitude e importância da utilização dos testes PNCs

principalmente para respaldar a ausência de circulação viral e o movimento de

animais, com a conseqüente abertura de mercados, é necessário demonstrar que os

laboratórios que os executam geram resultados de alta confiabilidade. Nesse contexto,

tão importante quanto dispor de ferramentas de diagnóstico robustas e confiáveis é

necessário garantir que os laboratórios responsáveis por utilizar essas metodologias

estejam trabalhando de forma adequada.

Para fortalecer a harmonização dos resultados regionais, o laboratório do

PANAFTOSA promove, como apoio à implementação de normas de qualidade,

exercícios interlaboratoriais de proficiência. O painel PIA foi utilizado para avaliar o

desempenho dos laboratórios que utilizam os testes do PANAFTOSA (triagem e

confirmatório), nos programas de vigilância ativa. Para esse estudo o painel foi

codificado e fornecido aos laboratórios nacionais de referencia da América do Sul

Os critérios para a análise dos resultados estão detalhados no item 3.4.2.2.

A Tabela 08 indica a porcentagem de soros com resultado satisfatório em cada

critério avaliado para a prova de triagem. Foi considerado satisfatório até 95% de

acerto

73

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Tabela 08 – Resultado do Teste de Proficiência utilizando o PIA no Teste de

Triagem do PANAFTOSA

A B C D E F Gacertos/n acertos/n acertos/n acertos/n acertos/n acertos/n acertos/n

Categoria 33/34 (97%) 34/34 (100%) 34/34 (100%) 34/34 (100%) 32/34 (94%) 34/34 (100%) 34/34 (100%)intra-placa 68/72 (94%) 48/48* (100%) 70/72 (97%) 71/72 (99%) 68/72 (94%) 71/72 (99%) 69/72 (96%)inter-placa 23/24 (96%) 24/24 (100%) 24/24 (100%) 20/24 (83%) 21/24 (88%) 24/24 (100%) 23/24 (96%)

Laboratórios

Repetibilidade

I-ELISA 3ABC

* O laboratório B apresentou resultado de 2 placas

O primeiro critério para a avaliação do desempenho dos laboratórios foi a

correta categorização dos soros. Nesse caso, foram aceitas mudanças de categorias

para os soros que se encontram na zona cinza, próximos ao ponto de corte da prova,

desde que o valor informado não tenha ultrapassado ± 20% do valor de referência.

Cinco dos sete laboratórios que participaram apresentaram 100% de acerto na

classificação dos soros (categoria) e os laboratórios A e E apresentaram 97% e 94%,

respectivamente. Nestes casos, os erros estiveram relacionados à incorreta

categorização dos soros positivos PIA-12 e PIA-13, com valores de PP =13 e PP = 11,

respectivamente.

A inclusão de soros de baixa reatividade no teste de proficiência é relevante para

lograr uma análise mais detalhada das diferenças de procedimento nos laboratórios.

Pequenas variações nos mesmos procedimentos não seriam detectadas se as análises

de categoria se limitassem a soros com valores extremos de reatividade.

Em relação à repetibilidade intra-placa, os mesmos cinco laboratórios que

apresentaram bom desempenho na classificação dos soros, apresentaram valores de

concordância acima de 95%. Novamente os laboratórios A e E obtiveram

porcentagem menor de acerto (94%). Ambos laboratórios totalizaram 4 valores de CV

intra-placa acima do valor aceitável (10%) para diferentes soros.

Para a repetibilidade inter-placa, somente os laboratórios D e E apresentaram

valores concordância abaixo de 95%. O laboratório D apresentou valores de CV inter-

placa acima do recomendável, isto é maior que 20% em 4 oportunidades. Já o

laboratório E apresentou 3 soros, todos eles com baixo título de anticorpos, com CV

inter-placa acima de 20%. Contudo, os valores médios de PP obtidos pelo laboratório

D estiveram próximos ao valor de referência. Já para o laboratório E, as variações

refletiram também um distanciamento dos valores médios obtidos com relação ao

74

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valor de referência, o que acarretou na classificação equivocada de dois soros

(gráficos 16A, 16B, 16C e 16D), como descrito anteriormente.

Adicionalmente, a reprodutibilidade obtida em cada laboratório em relação ao

valor de referência do PANAFTOSA foi analisada mediante a construção de gráficos

onde as médias dos valores PP obtidos por cada laboratório estão dispersos para a

comparação com os valores de referência ± 20%, variação máxima aceitável. Os

gráficos das figuras 16A, 16B, 16C e 16D apresentam os resultados das médias de PP

obtidas por cada laboratório, para cada soro, frente ao valor de referência do Painel.

Os resultados dos soros negativos não foram apresentados em gráficos, pois, em

todos os laboratórios participantes nenhum soro foi identificado como falso positivo,

na prova de triagem do PANAFTOSA.

O laboratório B apresentou a melhor exatidão, pois todos os soros apresentaram

média de PP dentro da margem de 20% do valor de referência. Os laboratórios F e D

também apresentaram boa exatidão com 22 e 21 soros, respectivamente,

compreendidos nos limites referência. Os laboratórios A e C apresentaram 20 soros

dentro da margem aceitável e, no laboratório A a variação obtida para o soro PIA-12,

ocasionou a classificação equivocada do mesmo. Já os laboratórios E e G

apresentaram baixa exatidão com 13 e 17 soros, respectivamente, com valores médios

fora da margem aceitável. O laboratório E apresentou além da falta de exatidão, uma

variação de repetibilidade intra-placa e inter-placa também acima do esperado. Nesse

caso, dois soros foram classificados equivocadamente. Entretanto, o laboratório G

apresentou de uma maneira consistente um aumento nos valores de PP obtidos para os

soros positivos do painel frente aos valores de referência. Dessa forma, mesmo

apresentando falta de exatidão, o laboratório não apresentou equívoco na classificação

dos soros. Esses laboratórios foram acompanhados para a identificação das não

conformidades e, conseqüente aperfeiçoamento da aplicação do teste de triagem do

PANAFTOSA.

75

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PIA - 17

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 30

PIA - 13

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 11

PIA - 16

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 23

PIA - 14

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 11

PIA - 12

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 13

PIA - 15

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 18

Figura 16A – Valores de reatividade obtidos pelos laboratórios participantes do exercício de proficiência com teste de triagem de PANATOSA utilizando os soros do PIA. Os gráficos apresentam para cada soro (PIA-12 ao PIA-17) a dispersão do resultado dos laboratórios frente ao valor de referência em porcentagem de positividade. Valor de referência. ±20% do valor de referência ● PP – valor de porcentagem de positividade, média das seis determinações obtidas em cada laboratório. A barra de erro indica o desvio padrão obtido com as médias das três placas.

76

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PIA - 21

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 55

PIA - 20

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 39

PIA - 23

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 65

PIA - 22

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 60

PIA - 18

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 31

PIA - 19

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 53

Figura 16B – Valores de reatividade obtidos pelos laboratórios participantes do exercício de proficiência com teste de triagem de PANATOSA utilizando os soros do PIA. Os gráficos apresentam para cada soro (PIA-18 ao PIA-23) a dispersão do resultado dos laboratórios frente ao valor de referência em porcentagem de positividade. Valor de referência. ±20% do valor de referência ● PP – valor de porcentagem de positividade, média das seis determinações obtidas em cada laboratório. A barra de erro indica o desvio padrão obtido com as médias das três placas.

77

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PIA - 25

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 73

PIA - 29

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 80

PIA - 26

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 63

PIA - 24

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 55

PIA - 27

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 69

PIA - 28

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 70

Figura 16C – Valores de reatividade obtidos pelos laboratórios participantes do exercício de proficiência com teste de triagem de PANATOSA utilizando os soros do PIA. Os gráficos apresentam para cada soro (PIA-24 ao PIA-29) a dispersão do resultado dos laboratórios frente ao valor de referência em porcentagem de positividade. Valor de referência. ±20% do valor de referência ● PP – valor de porcentagem de positividade, média das seis determinações obtidas em cada laboratório. A barra de erro indica o desvio padrão obtido com as médias das três placas.

78

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PIA - 32

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 97

PIA - 34

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 110

PIA - 33

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 126

PIA - 35

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 139

PIA - 31

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 75

PIA - 30

0

50

100

150

200

A B C D E F G

Lab.

PP

Valor Ref PP = 78

Figura 16D – Valores de reatividade obtidos pelos laboratórios participantes do exercício de proficiência com teste de triagem de PANATOSA utilizando os soros do PIA. Os gráficos apresentam para cada soro (PIA-30 ao PIA-35) a dispersão do resultado dos laboratórios frente ao valor de referência em porcentagem de positividade. Valor de referência. ±20% do valor de referência ● PP – valor de porcentagem de positividade, média das seis determinações obtida em cada laboratório. A barra de erro indica o desvio padrão obtido com as médias das três placas.

79

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Para a prova confirmatória, da mesma forma que na prova de triagem, foram

definidos critérios para análise da classificação dos soros. Os critérios adotados estão

detalhadamente descritos no item 3.4.2.2.

A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos nos 7 laboratórios participantes. Os

laboratórios A, B, C, e F apresentaram 100% de acerto na classificação dos soros. O

laboratório E classificou corretamente todos os soros reativos, contudo, apresentou

um resultado falso positivo ao informar o soro PIA-10, negativo, como reativo. O

laboratório D apresentou dois resultados falso negativos, pois, classificou os soros

PIA-13 e PIA-15, classificados como reativo/indeterminado como não reativo.

O painel permitiu verificar diferenças no desempenho dos laboratórios, nos

vários parâmetros avaliados, apontando as distorções que acarretaram a liberação de

resultados equivocados.

80

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Tabela 09 – Resultado no teste confirmatório do PANAFTOSA para os soros do

PIA determinados durante o exercício de proficiência

A B C D E F GPIA- 1 NR NR NR NR NR NR NR NRPIA- 2 NR NR NR NR NR NR NR NRPIA- 3 NR NR NR NR NR NR NR NRPIA- 4 NR NR NR NR NR NR NR NRPIA- 5 NR NR NR NR NR NR NR NRPIA- 6 NR NR NR NR NR NR NR NRPIA- 7 NR NR NR NR NR NR NR NRPIA- 8 NR NR NR NR NR NR NR NRPIA- 9 NR NR NR NR NR NR NR NR

PIA- 10 NR NR NR NR NR R NR NRPIA- 12 R/I I R R I R R IPIA- 13 R/I I R I NR R R NRPIA- 14 R R R R R R R RPIA- 15 R/I R I I NR R R IPIA- 16 R R R R R R R IPIA- 17 R R R R R R R NRPIA- 18 R R R R R R R RPIA- 19 R R R R R R R NRPIA- 20 R R R R R R R RPIA- 21 R R R R R R R IPIA- 22 R R R R R R R RPIA- 23 R R R R R R R RPIA- 24 R R R R R R R RPIA- 25 R R R R R R R RPIA- 26 R R R R R R R RPIA- 27 R R R R R R R RPIA- 28 R R R R R R R RPIA- 29 R R R R R R R RPIA- 30 R R R R R R R RPIA- 31 R R R R R R R RPIA- 32 R R R R R R R RPIA- 33 R R R R R R R RPIA- 34 R R R R R R R RPIA- 35 R R R R R R R R

LaboratóriosReferênciaSoros

R – Reativo; I – Indeterminado; NR – Não reativo; R/I – soros que apresentam até duas bandas (3ABC; 3D; 3B e 3A) com intensidades próximas as intensidades apresentadas pelo soro limite (CP1).

O laboratório G não apresentou desempenho aceitável e classificou

equivocadamente 5 soros positivos (PIA-13; PIA-16; PIA-17; PIA-19 e PIA-21),

desses soros relatados como falso negativos, apenas o soro PIA-13, encontra-se com

resultados reativo/indeterminado, os demais apresentam, para as bandas das proteínas

3ABC, 3D, 3B e 3A, intensidade de reação próxima ao soro controle CP2. Esse

laboratório foi acompanhado para correção das não conformidades.

81

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4.4. Estudos Adicionais para a comparação de kits

4.4.1. Resultados de provas comparativas com painéis adicionais

Dentro das funções de laboratório de referência da OIE e após o

desenvolvimento e produção do atual teste índice para PNC, estudos para comparação

do desempenho de testes PNC comercialmente disponíveis são realizados pelo

PANAFTOSA. Nesses estudos são utilizadas amostras de campo representativas da

América do Sul e modelos experimentais, com as quais foram constituídos painéis

adicionais, que apresentam um maior número de soros com volume reduzido. Nesse

estudo foram utilizados os testes comerciais da CEDI, UBI e Bommeli, atualmente

fabricado pela IDEXX.

Para a avaliação da sensibilidade diagnóstica soros de animais representando

diferentes etapas e condições de infecção foram estudados em 3 grupos. Os

experimentalmente infectados com 16 animais, os de foco com 115 animais e os

animais de foco com vacinação (2 animais). A Tabela 02 resume o estado de infecção

dos animais utilizados.

Dois animais (bovino 1 e bovino 2) experimentalmente infectados foram

submetidos a sangrias seqüenciais do oitavo ao décimo primeiro dia após a infecção.

Esses animais foram utilizados para avaliação da capacidade de detecção de

soroconversão (Tabela 10).

Os soros coletados a 8 dpi dos bovinos B1 e B2, positivos no ELISA do

PANAFTOSA, foram confirmados positivos pelo teste confirmatório do

PANAFTOSA. Dos testes comerciais o teste da CEDI apresentou sensibilidade para

detecção de soroconversão semelhante ao teste índice, detectando positividade, para

as amostras coletadas a 8dpi nos bovinos B1 e B2. O kit ELISA da Bommeli detectou

a soroconversão para o bovino B1 somente a 11dpi e para o bovino B2 a 9 dpi. O kit

ELISA da UBI detectou para os dois bovinos a soroconversão a 10 dpi.

82

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Tabela 10 – Resultado dos soros dos bovinos 1 e 2 (B1 e B2) sangrados

sequencialmente para a análise de soroconversão.

PP PP PI T/C8 10 4 63 0,39 13 10 82 0,10 22 21 88 1,111 35 47 90 1,68 10 10 68 0,9 13 38 84 0,10 19 115 89 2,211 22 198 91 3,8

Ponto de corte PP ≥ 10 20 ≥ PP ≥ 30 PI ≥ 50 T/C ≥ 1

B1

B2

Bommeli CEDI UBI

Kits

Bovino dpi Triagem Panaftosa

4

27

Os números sombreado representam os resultados não concordantes com o teste índice. dpi – dias após infecção; PP – porcentagem de positividade; PI – Porcentagem de inibição e T/C - Densidade óptica do soro teste / valor do ponto de corte.

Outros seis animais experimentalmente infectados foram utilizados para a

avaliação da sensibilidade diagnóstica em tempos iniciais de infecção, soros

denominados Sd1 a Sd 6. A Tabela 11 apresenta por soro o resultado obtido com cada

kit. O kit ELISA do PANAFTOSA detectou todos os soros como positivos, os quais

foram confirmados positivos por EITB. O kit da Cedi também identificou todos os

soros como positivos. O kit da Bommeli identificou 3 soros como positivos, 1 como

negativo e 2 como indeterminados. Já o kit da UBI identificou 3 soros como positivos

e 3 como negativos.

Para a investigação do desempenho dos kits em detectar soro de animais com

reduzido número de anticorpos, condição esperada para animais portadores

assintomáticos. Foram utilizados soros de animais experimentalmente infectados com

cepas atenuadas para bovinos (Sd 7 a Sd 11) (Tabela 11). Esses soros (Sd.7 a Sd. 11)

foram reativos no ELISA do PANAFTOSA e no EITB. O teste da CEDI também

apresentou reatividade para todos os soros, os kits da Bommeli e da UBI não foram

capazes de detectar nenhum destes soros como reativos.

83

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Tabela 11 - Resultados obtidos para cada soro dos animais experimentalmente

infectados e sangrados.

Bommeli CEDI UBI

PP PP PI T/CSd.1 13 O1Campos 60 244 86 2,7Sd.2 11 O1Campos 38 221 83 1,1Sd.3 34 O1Campos 18 8 83 0,8Sd.4 25 O1Campos 24 163 82 0,1Sd.5 30 O1Campos 19 24 90 0,9Sd.6 37 O1Campos 68 26 90 4,6Sd.7 49 O1C atenuada 19 6 84 0,7Sd.8 56 O1C atenuada 16 5 80 0,7Sd.9 63 O1C atenuada 15 4 78 0,5Sd.10 77 O1C atenuada 10 4 71 0,4Sd.11 70 O1C atenuada 12 7 74 0,5

Ponto de corte PP ≥ 10 20 ≥ PP ≥ 30 PI ≥ 50 T/C ≥ 1

Bovino Cepa

Kits

dpi Triagem Panaftosa

Os números sombreado representam os resultados não concordantes com o teste índice. dpi – dias após infecção; PP – porcentagem de positividade; PI – Porcentagem de inibição e T/C - Densidade óptica do soro teste / valor do ponto de corte.

Em seguimento a avaliação de soros reativos, amostras de três animais

experimentalmente infectados, que apresentaram LEF positivos ocasionais após a

infecção, foram coletadas em tempos tardios (532, 602, 615 dpi) (Sd.12, Sd.13 e

Sd.14). O estudo comparativo desse material demonstrou que o sistema do

PANAFTOSA foi capaz de detectar positividade no soro dos três animais, seguido

pelo teste da Cedi e Bommeli. Apenas o teste da UBI não detectou positividade nos

três soros (Tabela 12).

84

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Tabela 12 - Resultados obtidos para cada soro dos animais experimentalmente

infectados e sangrados em tempos tardios.

PP PP PI T/CSd.12 532 21 56 91 0,4

Sd.13 602 18 35 85 0,3

Sd.14 615 17 32 78 0,5

Ponto de corte PP ≥ 10 20 ≥ PP ≥ 30 PI ≥ 50 T/C ≥ 1

Triagem Panaftosa Bommeli CEDI UBIBovino dpi

Kits

Os números sombreado representam os resultados não concordantes com o teste índice. dpi – dias após infecção; PP – porcentagem de positividade; PI – Porcentagem de inibição e T/C - Densidade óptica do soro teste / valor do ponto de corte.

Para avaliação do desempenho a campo, soros de 115 animais que estavam

presentes em episódios foram estudados. Seguindo a tendência observada para os

modelos experimentais, o sistema do PANAFTOSA detectou o maior número de

soros como positivos 113, os dois animais restantes foram classificados como

indeterminados. Já o teste da CEDI foi capaz de detectar 99 soros reativos, a Bommeli

73, sendo 9 indeterminados e o teste da UBI 67soros.

Fechando a avaliação do grau de detecção a campo animais vacinados e

presentes em região de foco, em que foi recuperado vírus a 90 dpfoco, foram

avaliados. Os dois animais foram detectados como positivos pelo sistema do

PANAFTOSA e pelo kit da CEDI. Os kits da Bommeli e da UBI não foram capazes

de detectar o soro Sd.15 (tabela 13).

85

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Tabela 13 - Resultados obtidos para cada soro dos animais vacinados, presentes em

áreas de foco e com recuperação de vírus a 90 dpfoco.

PP PP PI T/CSd.15 90 36 9 96 0,5Sd.16 90 66 227 96 5,9

Ponto de corte PP ≥ 10 20 ≥ PP ≥ 30 PI ≥ 50 T/C ≥ 1

Bovino dpo

KitsTriagem

Panaftosa Bommeli CEDI UBI

Os números sombreado representam os resultados não concordantes com o teste índice. dpi – dias após-infecção; PP – porcentagem de positividade; PI – Porcentagem de inibição e T/C - Densidade óptica do soro teste / valor do ponto de corte.

Para estimar a sensibilidade diagnóstica comparativa e o grau de detecção a

campo dos testes em questão, os soros foram agrupados em modelos experimentais e

de campo (tabela 14). Quando são analisados apenas os modelos experimentais, o

sistema do PANAFTOSA e o teste da CEDI apresentam a mesma sensibilidade

(100%). Com desempenho bem inferior encontram-se os testes da Bommeli,

(sensibilidade 44%) e da UBI (sensibilidade 25%). Entretanto, com os soros de campo

o sistema do PANAFTOSA apresenta um índice de detecção a campo de 98% seguido

pela CEDI com 86%, pela Bommeli com 63% e a UBI com 58%.

Tabela 14 - Resumo dos valores de sensibilidade diagnóstica e o índice de detecção a

campo obtida para cada kit em cada classe de animais.

Panaftosa Bommeli Cedi UBIPos. (Ind.) / n Pos. (Ind) / n Pos. / n Pos./ n

16/16 7/16 16/16 4/16100% 44% 100% 25%113(2)/115 73(9)/115 99/115 67/115

98% 63% 86% 58%

Kits

Animais experimentais

Animais de campo

Pos – Positivo; Ind – Indeterminado e n - negativo

86

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5. DISCUSSÃO

Desde a última década os testes PNCs são utilizados, amplamente e

principalmente na América do Sul, para monitorar o progresso das campanhas de

erradicação de FA, para o rastreamento sorológico após emergências em áreas livres,

para o respaldo das áreas livres de enfermidade (demonstração de ausência de

circulação viral), e para a certificação como livre de infecção de animais individuais

ou produtos para o comércio ou movimentação (Bergmann, I.E., Malirat, V., Neitzert,

E. 2005). O sucesso da aplicação desses testes promoveu a ampliação do uso em

outras partes do mundo (Blanco et al., 2002; Chung et al., 2002; Paton et al.,2006).

Para atender aos propósitos acima mencionados são necessários testes com alta

sensibilidade e especificidade, necessidades que são atendidas pelo sistema de PNC

do PANAFTOSA que é composto por um teste de triagem de alta sensibilidade,

seguido por um teste confirmatório altamente sensível e específico. A alta

sensibilidade permite a detecção de baixos títulos de anticorpos os quais podem ser

encontrados em estágios tardios de uma infecção persistente ou em um animal

vacinado e infectado. Contar com um teste confirmatório com alta sensibilidade e,

principalmente, alta especificidade permite contornar possíveis distorções de valores

preditivos positivos em regiões de baixa prevalência (Bergmann et al. 2000).

A experiência de utilização dos testes PNCs incentivou o surgimento de novos

kits PNCs comerciais e testes “in house”, para a avaliação de atividade residual, o que

desencadeou a aplicação mundial dos mesmos, demandando esforços internacionais

para o desenvolvimento de padrões destinados a avaliação de equivalências dos kits

disponíveis, principalmente frente ao teste índice.

Este trabalho descreve o desenvolvimento, a caracterização e a aplicação de

dois grupos de soros padrões internacionais (PIBs e PIA) que acompanham o teste

índice. Os soros PIBs estão destinados principalmente a calibração e avaliação de

sensibilidade analítica relativa e o painel PIA foi construído principalmente para

avaliação de sensibilidade diagnóstica relativa.

Os soros PIBs e o PIA provaram ser estáveis após ciclos repetidos de

congelamento e descongelamento, durante o período de 1 ano (Tabela 05), e após o

transporte como demonstrado pelos resultados obtidos nos três laboratórios da

América do Sul (Tabela 06). Essas características aliadas ao fato dos soros terem sido

87

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inativados usando a metodologia internacionalmente reconhecida são requisitos

importantes para a aceitação dessas ferramentas como padrões internacionais.

O painel PIA foi constituído preferencialmente de amostras de campo, a fim de

representar ao máximo as amostras que serão avaliadas nos testes estudados. Embora

os soros de animais experimentais sejam de obtenção mais fácil, especialmente em

grande volume, sob condições controladas, esses podem não refletir a resposta

humoral típica (Wright P.F., 1998).

Os padrões descritos nesse trabalho não visam à avaliação de especificidade,

pois cada teste apresenta um universo particular de reações não específicas e para a

comparação precisa desse parâmetro são necessárias um grande número de amostras

de animais de áreas livres. E, considerando que, o principal propósito de aplicação dos

testes PNCs na América do Sul é a vigilância ativa, uma baixa especificidade já é

capaz de impossibilitar a utilização dos mesmos.

Os valores de referência e os resultados obtidos nos testes de triagem e

confirmatório do PANAFTOSA (Tabela 04 e Figura 10) aliados à estabilidade e à

robustez para utilização em outros laboratórios, qualificam os soros PIBs e o PIA para

a avaliação comparativa da sensibilidade. Cabe ressaltar que o painel PIA se destaca

por conter soros positivos com vários níveis de reatividade, em seus diferentes grupos,

o que permite detectar diferenças sutis de sensibilidade.

Devido à relevância dos soros PIBs e o PIA, os mesmos devem ser utilizados

para construção de padrões secundários utilizados para a rotina do controle de

qualidade em processo e de produto acabado. Os padrões secundários podem ser

construídos por laboratórios nacionais de referência aplicados e, quando necessário,

distribuídos (Wright P.F., 1998). Apesar da padronização e validação dos processos

industriais, normalmente adotados com a implementação das normas de qualidade, a

avaliação de homogeneidade, especialmente nos sistemas biológicos, não deve ser

descartada. Atualmente, as empresas produtoras de kits PNCs não descrevem em seus

certificados de análise, a metodologia e as ferramentas que utilizaram para o controle

de qualidade dos seus reativos. A disponibilidade dessas informações nos certificados

de análise dos kits permite uma melhor orientação do usuário durante a utilização do

mesmo.

Os soros PIBs foram preparados principalmente para a avaliação de

sensibilidade analítica relativa. Esta pode ser determinada pela última diluição

detectada como positiva em cada teste quando os soros PIBs diluídos são testados. A

88

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avaliação comparativa dos quatro kits comerciais (CEDI, IDEXX, Svanova e UBI),

no PANAFTOSA, demonstrou que tanto os resultados obtidos com os PIBs e os soros

do painel PIA apontaram a mesma tendência de desempenho para os kits estudados. A

análise geral dos resultados apresenta os testes do PANAFTOSA, CEDI e IDEXX

como os mais sensíveis, o teste da Svanova com a sensibilidade intermediária e o teste

da UBI com baixa sensibilidade.

A análise de um maior número de curvas de diluição permitiu observar que cada

teste de diagnóstico apresenta um perfil de diminuição de reatividade, e que

provavelmente estes perfis estão relacionados com a metodologia adotada no teste

diagnóstico (indireto, competitivo / bloqueio). Observando o comportamento do soro

forte positivo no teste da IDEXX, verificamos que o mesmo apresenta nas duas

primeiras diluições a formação de um platô seguido de uma acentuada redução de

reatividade (gráfico IDEXX, Figura 11). A redução de reatividade acentuada também

foi observada nos soros do PIA, e isso pode explicar a menor sensibilidade analítica

demonstrada pelo teste da IDEXX, apesar de ser um teste que apresenta alta taxa de

detecção, como será discutido na análise de sensibilidade diagnóstica. Da mesma

forma, o kit da CEDI apresenta para o soro forte positivo uma diminuição gradativa

de reatividade (gráfico CEDI, Figura 11). Esse padrão de diminuição de reatividade

pode ser confirmado quando os soros do PIA foram analisados em diluições seriadas,

demonstrando que, essa tendência parece estar associada à metodologia e não ao soro

selecionado para análise.

Os resultados de sensibilidade analítica relativa apresentados com o estudo dos

soros PIBs de forma conjunta permitiu observar tendências correlacionáveis com as

tendências observadas na avaliação de sensibilidade diagnóstica descrita a seguir.

Dessa forma, a utilização dos soros PIBs para a calibração inicial de um teste é de

extrema relevância.

Para a avaliação de desempenho dos testes também é necessário conhecer a

sensibilidade diagnóstica. Esse parâmetro depende não apenas da concentração do

anticorpo, mas também da complexidade gerada pelo universo de interferências

possíveis na interação antígeno-anticorpo encontrados em amostras de campo. A

determinação desse parâmetro permite inferir o desempenho do kit na população alvo.

Os resultados obtidos para ao PIA nos 5 kits PNCs estudados prova a sua

capacidade de discriminar as diferenças em sensibilidade diagnóstica relativa. Dos 23

soros originados de animais experimentalmente infectados ou de animais com

89

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concreto status de infecção/exposição, todos positivos nos testes NCPanaftosa de

triagem e confirmatório, 11 demonstraram capacidade de apontar variações na

sensibilidade diagnóstica dos 5 testes avaliados (Tabela 07). Em cada categoria pelo

menos um soro não foi corretamente classificado por um dos testes.

A relevância epidemiológica de detectar esses 11 soros como falso negativos está

exemplificada, por exemplo, na categoria de foco, na qual os quatro soros capazes de

apontar diferenças foram coletados de animais entre 10 e 26 dias após a detecção da

doença, sendo a identificação destes, crítica durante a vigilância de emergências.

Adicionalmente, apenas os soros positivos de baixo título foram capazes de

apontar diferenças entre os testes mais sensíveis. Da mesma forma, o impacto

epidemiológico da não detecção desses soros está refletido na possibilidade dos

mesmos estarem presentes em rebanhos vacinados e infectados ou em rebanhos com

infecção persistente. Esta última observação fortalece a importância da correta seleção

dos soros para a avaliação da sensibilidade comparativa.

O soro PIA-15 obtido de um animal imunizado com uma vacina experimental com

semi-purificada, que apresentou resultado negativo nos dois testes menos sensíveis

(UBI e Svanova). Esse soro representa os soros de animais vacinados com vacinas

que não atingem os requisitos de purificação. A inclusão desse soro no painel é

importante para apontar os testes que não seriam eficazes para o controle de qualidade

de pureza de vacinas.

Embora os PIBs e o PIA só incluam soros de animais infectados com os sorotipos

O, A e C, resultados prévios com amostras de animais infectados com outros

sorotipos (SAT1, SAT2 e Ásia 1) demonstraram o mesmo comportamento em provas

de desempenho comparativo (Bronsvoort et al., 2006; Brocchi et al., 2006). Este

resultado não surpreende considerando a natureza conservada das PNCs.

O comportamento observado quando o PIA foi usado para comparar kits e testes

está de acordo com os resultados previamente obtidos por outros grupos. Estudos têm

sido publicados descrevendo a sensibilidade relativa de testes PNCs, alguns incluem

análises baseadas nas curvas ROC (“receiver operating curves”) e também em

formulações bayesianas (“Hui-Walter latent class analysis”) (Bronsvoort et. al., 2006;

Brocchi et. al., 2006; Dekker et al., 2006). Esses estudos foram realizados com um

grande número de soros. A concordância desses resultados com os resultados obtidos

pelo PIA comprova a aplicabilidade do mesmo para analisar a sensibilidade relativa

entre testes, com grande vantagem de trabalhar com um número reduzido de soros. A

90

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possibilidade de contar com um PIA contendo soros corretamente selecionados é de

grande importância. Pois, o uso inapropriado de grupos de soros pode gerar resultados

contraditórios. Efetivamente, Neidbalski (2004) publicou que os ELISAs da Chekit

FMDV-3ABC da Bommeli Diagnostics, Suíça, o teste CEDI da Cedi Diagnosis B.V.

e o teste “in house” IZSLER, Brescia apresentavam a mesma sensibilidade,

contradizendo os resultados publicados por Bronsvoort et al., 2006; Brocchi et al.,

2006; e Dekker et al., 2006.

Da mesma forma, o painel pode ser usado para avaliar a viabilidade de testes em

desenvolvimento utilizando um número reduzido de soros, essa aplicação foi

comprovada com a avaliação do teste Luminex. O painel foi capaz de demonstrar que

nenhum dos antígenos utilizados no novo teste discrimina populações negativas e

positivas. O teste não se encontra em condições de utilização, a sensibilidade e

especificidade dos antígenos deve ser melhorada. Dos antígenos utilizados apenas as

proteínas 3ABC e 3A se apresentam como os mais promissores (Figura 14). Cabe

ressaltar, que para a análise de metodologias em desenvolvimento é fundamental a

presença de soros negativos no painel, apesar do mesmo não estar enfocado a análise

de especificidade. A avaliação dos 10 soros positivos do painel permitiu concluir que

o teste Luminex, na padronização atual, não discrimina soros negativos e positivos.

A avaliação do desempenho de kits deve ser um processo contínuo e realizado

com ferramentas adequadas. Estudos comparativos abrangendo um maior número de

soros também foram realizados no PANAFTOSA. Na época da realização desta

comparação, o kit da Svanova não estava disponível na América do Sul e o kit da

Bommeli, ainda estava sendo produzido pela empresa Bommeli Diagnostics –

INTERVET. Durante essas análises podemos concluir que o kit CEDI apresentava

sensibilidade relativa mais próxima ao teste índice e que o kit UBI apresentava a

menor sensibilidade. Essas características de desempenho permanecem até hoje e

foram mais uma vez corroboradas pela a utilização do painel. Contudo, o desempenho

do teste da Bommeli não foi o mesmo. O kit atualmente produzido pela empresa

IDEXX apresentou uma melhora significativa na sensibilidade. Cabe ressaltar, que

esse estudo é o primeiro trabalho em que o desempenho do teste fabricado pela

empresa IDEXX está sendo relatado. É recomendado para a adoção desse teste

estudos adicionais destinados à determinação dos valores intrínsecos de sensibilidade

diagnóstica e especificidade de acordo com o propósito desejado. Da mesma forma

que já descrito para o Luminex, a utilização dos soros negativos para o teste da

91

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IDEXX também foi importante já que um deles foi classificado como indeterminado,

indicando que a especificidade desse teste deve ser melhor avaliada.

Outro ponto importante que deve ser ressaltado é a comparação dos resultados

obtidos com os soros de modelos experimentais e de campo nas provas comparativas.

Resguardando o número distinto de amostras, os dois modelos não indicam as

mesmas tendências (Tabela 14). Como na maioria das vezes, os modelos

experimentais trabalham em condições forçadas e com cepas padrões, gerando soros

com alto título de anticorpos, que quando utilizados para comparação apresentam

tendência a harmonização dos resultados comparativos. Além do alto título, o

universo restrito pode gerar distorções nos resultados, como por exemplo, os dois

soros PIA-13 e PIA-18 oriundos de animais inoculados que apresentaram baixo título

no teste de triagem do PANAFTOSA e foram classificados como positivos pelo teste

da UBI (Tabela 07), o qual tem sido reiteradamente identificado como o teste que

apresenta menor sensibilidade. Esse resultado fortalece a necessidade do

desenvolvimento de ferramentas direcionadas à utilização de soros de campo.

Diferenças na utilização de soros que apontam extremos também foram claramente

visualizadas no trabalho comparativo, realizado em conjunto com o laboratório

IZSLER (Brocchi et al., 2006), soros de modelos experimentais, coletados próximos à

infecção aguda apresentam maior tendência em harmonizar o desempenho dos testes.

Para melhor ilustrar o acima exposto, os resultados descritos estão resumidos na

Tabela 15. Os valores de porcentagem de sensibilidade estão relacionados à categoria

dos soros e ao número total de amostra. Dessa forma, não devem ser comparados

valores de categorias distintas. Contudo, as tendências de desempenho obtidas entre

os testes nos diferentes estudos (estudos comparativos realizados nos laboratórios

IZSLER e PANAFTOSA) e com o PIA pode ser comparada. No trabalho comparativo

realizado no laboratório IZSLER diversas categorias foram utilizadas, entre todas,

estão aqui transcritas, na Tabela 15, as categorias de maior importância no contexto

epidemiológico da América do Sul. Os resultados das provas comparativas realizadas

em PANFTOSA também estão incluídos para a comparação. O teste da IDEXX está

tratado separadamente uma vez que, os kits utilizados durante as provas comparativas

e o painel foram produzidos por fabricantes distintos.

92

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Tabela 15- Resumo dos resultados obtidos em provas comparativas e os resultados

obtidos com o PIA para a avaliação comparativa de ELISAs

Panaftosa IZSLER CEDI Svanova UBI IDEXX

Lab IZSLER Exp inf. 28-100dpia 26 100 % 100 % 100 % 96,2 % 100 % 92, 3%Portador 28-100 dpia 66 93,9 % 86,4 % 86,4 % 71,2 % 77,3 % 68,2 %

25% 44 %58% 63 %

70 % 70 %

Campoa 326 99,7 % 99,5 % 97,2 % 85,0 % 84,0 % 84,4 %

Lab PANAFTOSA Experimentaisb 16 100 % - 100 % -Campob 115 98 % - 86 % -

PIAc 23 100 % 87 % 87 % 91 % *

PopulaçãoProvas comparativas N Testes

Valores de sensibilidade relativa entre 100 e 91% - preto; entre 90 71% - azul e

valores abaixo de 70% - vermelho. dpi – dias após infecção; PIA – Painel Internacional de Avaliação e N – número de amostras

a Brocchi et al, 2006 b Ver Tabela 02 para informações complementares c Ver Tabela 01 para informações complementares * Resultado obtido com o kit produzido pela empresa IDEXX, os demais resultados

foram obtidos com o mesmo kit produzido pela empresa Bommeli Diagnostica – Intervet.

Como demonstrado na tabela, o PIA é capaz de separar os kits em dois grupos

quando comparados ao teste índice: os mais sensíveis, que incluem os testes IZSLER,

CEDI e IDEXX, e os menos sensíveis, que incluem Svanova e UBI.

Ampliando a aplicação dos PIBs e do PIA, os mesmos foram utilizados para

teste de proficiência. No exercício realizado em 7 laboratórios o PIA se mostrou

eficaz para avaliar o desempenho dos laboratórios na utilização individual dos testes

de triagem e confirmatório do PANAFTOSA. O painel pode ser utilizado para a

avaliação de diversos parâmetros de qualidade. O desenho de prova solicitado em um

teste de proficiência também é importante para ampliar o espectro de atuação do

painel. Os exercícios não devem ser baseados apenas na classificação final dos soros.

Pois, como observado para o laboratório G no teste de triagem, apesar da correta

classificação dos soros, os valores obtidos apresentam uma variação acima do

aceitável. Da mesma forma como observado na aplicação do painel em provas

comparativas, os soros de baixo título são importantes para a discriminação do

desempenho. Contudo, os soros de alto título não devem ser desprezados, pois

possibilitam uma visão mais ampla e a identificação de problemas graves. É

importante ressaltar que os Testes NCPanaftosa Teste de Triagem e NCPanaftosa

93

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Teste Confirmatório são utilizados nos laboratórios da América do Sul principalmente

na forma de sistema ou algoritmo de provas e para a análise populacional. O exercício

de proficiência realizado em forma individual se apresenta mais exigente.

Com relação ao desenvolvimento de painéis de avaliação, Parida et al (2007)

descreveram recentemente um painel bovino para detectar anticorpos contra PNCs.

Apesar do painel possibilitar a discriminação de sensibilidade dos testes, o mesmo

apresenta restrições para a sua aplicação internacional. O processo de inativação por

calor escolhido pelos autores, não atende as exigências internacionais (75 Sessão

Geral da OIE endereço eletrônico http:// www.oie.in), e não garante a ausência de

vírus vivo, como enfatizado pelo autor. Outras desvantagens incluem a falta de

resultados no teste Índice, a falta de soros de animais de campo e a ausência de dados

de estabilidade. Esse painel inclui soros de animais infectados pelos sorotipos SAT2,

Ásia, O e A, mas não apresenta os sorotipos C, SAT 1 e SAT3.

As características dos PIBs e do PIA descritos nesse trabalho, que incluem um

amplo espectro de reatividade, estabilidade satisfatória, a preparação das amostras

seguindo os padrões internacionais, e a capacidade de apontar diferenças no

desempenho, no teste índice ou em comparação com os demais testes, tornam

ferramentas apropriadas para controlar se o teste índice e os testes disponíveis estão

apresentando o desempenho descrito e se, métodos equivalentes estão sendo

utilizados para os controles epidemiológicos e os parceiros comerciais.

Os soros PIBs e o PIA foram aceitos como padrões de referência internacional e

podem ser disponibilizados para os laboratórios de referência da OIE, e destinam-se a

avaliação de testes em estágios avançados de validação e que já tenham apresentado

seus dossiês de validação a OIE.

94

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7. ANEXO

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