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CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE MARCA NO MARKETING DE EVENTOS PAULO EDUARDO DE CASTRO SALDANHA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Gestão de Varejo RIO, JULHO / 2009

CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE MARCA NO MARKETING DE … · Qual será o preço inicial? Uma vez que o marketing não ... O conceito de marketing fala de três pontos. Primeiro,

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CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE MARCA NO MARKETING DE EVENTOS

PAULO EDUARDO DE CASTRO SALDANHA

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Gestão de Varejo

RIO, JULHO / 2009

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CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE MARCA NO MARKETING DE EVENTOS

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CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE MARCA NO MARKETING DE EVENTOS

PAULO EDUARDO DE CASTRO SALDANHA

Orientador: Jorge Tadeu

4 SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................05 1. Marketing................................................................................... 07 1.1 Definições***********************07 1.2 O Desenvolvimento Histórico.....................................................10 1.3 Mix de marketing********************13 1.4 Os Ambientes de Marketing**********...**...*..14 1.5 Segmentação de Mercado.........................................................15 2. Marketing de Eventos*****************...18 2.1 Tipos de eventos********************20 2.2 O mercado de eventos****************......23 3. Construção de marca*****************....29 4. Fortalecimento de Marca**************..........35 5. Fatores Críticos de Sucesso************............41

6. Estudo de Casos.........................................................................45 6.1 Case Bradesco Seguros..............................................................45 6.2 Case Rock In Rio.........................................................................49 CONCLUSÃO*.********************.......55 . BIBLIOGRAFIA......................................*******..................57 ANEXOS...........................................................................................58

I

5INTRODUÇÃO

O presente estudo pretender explicar, com clareza e objetividade,

os principais aspectos relacionados ao tema eventos – o que são, como se

classificam, quem faz parte desse mercado e qual a sua importância.

O marketing de eventos será abordado como uma ferramenta que

pode alavancar negócios fortalecendo marcas, e como base para a criação de

eventos que são próprio produto, levando à construção da marca.

Então, o primeiro capítulo tratará do marketing em si, suas bases,

conceitos fundamentais, histórico e evolução, e como tudo isso interage nos

ambientes de marketing.

O segundo capítulo fará uma introdução ao marketing de eventos,

pretende-se explicar o que é, bem como detalhar seus tipos de classificações.

Ainda neste capítulo será situado o mercado de eventos, delimitando o seu

tamanho, tanto em volume de dinheiro movimentados tanto em quantidade de

eventos realizados divididos geograficamente pelo Brasil.

O terceiro capitulo, que abordará a construção de marca, tem

como objetivo demonstrar como o processo de construção de marca que tem

por ponto inicial um evento ocorre. Isto, através de uma parte teórica de alguns

exemplos práticos.

Enquanto que o quarto capítulo sobre fortalecimento de marca,

procura demonstrar porque grandes empresas optam por essa ferramenta na

hora de traçar seus planejamentos táticos.

6A citação e o detalhamento dos fatores críticos do sucesso,

necessários para a aplicação do marketing de eventos, são discutidos no

quinto capítulo.

Por fim o capítulo sobre cases vem para exemplificar

praticamente tudo o que foi dito anteriormente, tentando mostrar o sucesso que

se pode alcançar quando uma empresa usa o marketing de eventos, seja para

fortalecer sua marca, seja para criar uma marca.

A conclusão é um apanhado de todos os conceitos, dados e

idéias colhidos visando gerar uma conclusão sobre o marketing de eventos,

seu futuro e expectativas.

71.MARKETING

1.1 DEFINIÇÕES

"Marketing é o processo social e gerencial através do qual

indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam, criando e

trocando produtos e valores uns com os outros." Kotler, Philip Princípios de

Marketing

Essa é apenas uma das inúmeras definições de marketing

possíveis, todas estão certas e todas se complementam, cito esta para situar

nosso objeto de estudo.

Compreender e atender satisfatoriamente as necessidades e

desejos do consumidor são dois dos principais objetivos do marketing.

A Associação Americana de Marketing explica que marketing é a

execução de atividades comerciais que dirigem o fluxo de mercadorias e

serviços do produtor ao consumidor ou usuário.1 Em seus comentários, o

comitê apresenta uma definição um pouco mais ampla que essa, e para as

finalidades do moderno marketing, até que uma definição assim se faz

necessária.

O processo do marketing se inicia muito antes de a mercadoria

entrar em produção. As decisões de marketing devem ser tomadas em relação

ao produto e ao mercado a que se destina, ao preço e ao volume de produção.

Então surgem algumas questões. Será que o produto deve ser mesmo criado?

8Como deverá ser embalado e que nome terá? Qual a composição de seu

mercado potencial? Qual será o preço inicial? Uma vez que o marketing não

começa no fim da linha de produção, também não termina após a venda. O

comprador deve ficar satisfeito, se a empresa quiser que ele repita a compra ou

que ele fale bem da empresa. Assim sendo, uma garantia do produto e um bom

atendimento são essenciais depois de concluída a venda. Esta definição

objetiva reflete a orientação de produção que tem caracterizado em grande

parte o mercado dos Estados Unidos. Simplesmente criar um bom produto não

redundará em sucesso para a empresa, nem terá grande influência no bem-

estar do consumidor. O produto precisa ser comercializado junto aos

consumidores ou usuários antes que toda sua utilidade seja compreendida.

Mas para que tudo isso ocorra, primeiro é preciso entender alguns

conceitos. A necessidade surge antes do desejo, vem do cotidiano, dos

sentimentos básicos, como fome, sede, segurança, etc, a necessidade não

pode ser inventada. O desejo então, aparece depois da necessidade

estabelecida, podemos ter várias soluções para uma necessidade, mas o

desejo escolhe uma específica. As pessoas procuram satisfazer seus desejos

com produtos, estes são por conseqüência a materialização dos desejos,

podendo ser tangíveis (uma roupa) ou intangíveis (um serviço). É em volta do

produto que orbitam todas as interfaces e ferramentas do marketing.

O local onde os consumidores potenciais e reais com mesmas

necessidades e desejos estão, é o mercado. Este é dividido por tipo de

1 Comitê de Definições: Glossário de Termos de Marketing, Associação Americana de Marketing.

9produto/serviço e subdivido em segmentos e nichos, e ainda separado por

regiões geográficas.

Cada mercado tem características diferentes, como tipo de

concorrência, tamanho da demanda, tipo de consumidor, entre outros.

Exemplificando podemos dizer que existe o mercado de roupas femininas

jovens de classe AB no sudeste, onde o tipo de produto é vestuário, o

segmento é feminino, o nicho é jovem de classe AB e a região é o sudeste do

Brasil.

Todo mercado tem uma demanda, que está relacionada a procura

por um produto/serviço. Quanto maior a procura ou o desejo por algo maior a

demanda, ela pode ser potencial (o desejo existe mas o produto não) ou

existente.

Produtos e serviços não são os únicos objetos passíveis de serem

colocados no mercado; pessoas, lugares, idéias, experiências e sensações

também são. A partir daí podemos desenvolver um raciocínio sobre o

marketing , seus objetivos e resultados.

Os diretores, e CEO's´, de empresas devem reconhecer que o

marketing é de importância vital para o sucesso da empresa, e entender que

uma empresa é uma organização de marketing. É o chamado conceito de

marketing, ele vem se desenvolvendo à medida que as empresas estão

deixando ser voltadas para a produção e passando a ser voltadas para o

mercado.

10O conceito de marketing fala de três pontos. Primeiro, todo o

planejamento, políticas e operações da empresa, devem voltar-se para o

cliente. Segundo, um faturamento lucrativo deve ser a meta da empresa.

Terceiro, todas as atividades da empresa devem ser empresarialmente

integradas e coordenadas. Conseqüentemente, todas as áreas da empresa,

seja produção, seja financeira, seja de marketing, devem concentrar-se, antes

de tudo, em saber quais são os anseios do cliente, e então satisfazer tais

desejos, e ainda assim conseguir um lucro razoável.

Para que uma empresa comercial compreenda todos os

benefícios do conceito de marketing, a filosofia deve ser posta em prática. Isso

quer dizer que as atividades de marketing de uma firma devem ser mais bem

organizadas, coordenadas e dirigidas, e que o principal executivo de marketing

deve exercer um papel mais destacado no planejamento e na política total da

empresa, do que de um modo geral acontece. Enquanto essas mudanças

ocorrem, surge no mundo dos negócios a idéia de administração de marketing.

Administração de marketing é o conceito de marketing em ação.

1.2 O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO

Nesta rápida recapitulação histórica, será visto o surgimento do

marketing e seu desenvolvimento à medida que a sociedade se transforma de

uma economia artesanal auto-suficiente para um sistema sócio-econômico que

compreende a divisão do trabalho, a industrialização e a urbanização da

população.

11 Numa economia agrária ou rural, o povo é, em sua maioria, auto-

suficiente. As pessoas plantam ou criam o que comem, fazem suas próprias

roupas e constroem suas casas e utensílios. Existe muito pouca especialização

do trabalho e quase não há necessidade de comércio de espécie alguma. À

medida que o tempo passa, no entanto, o conceito de divisão do trabalho

começa a evoluir e os artesãos concentram-se na produção daquilo em que

cada um se sobressai. Isso resulta em que cada pessoa produz mais do que

precisa de alguns artigos e menos do que necessita de outros. Sempre que

alguém produz mais do que precisa, ou precisa mais do que produz, estão

lançadas as bases para o comércio, e o comércio é a alma do marketing.

O intercâmbio começa a se desenvolver numa economia agrária,

em bases simples, é claro. A maioria dos negócios são em pequena escala,

empreendimentos sem qualquer especialização administrativa. A atenção

concentra-se apenas na produção, e pouca ou nenhuma atenção é dada ao

marketing, ou comercialização. Na verdade, a prática no geral é de manufaturar

produtos sob medida.

Na etapa seguinte, vem a evolução histórica do marketing.

Pequenos produtores começam a fabricar seus produtos em quantidades

maiores, antevendo pedidos futuros. Ocorre, então, uma nova divisão do

trabalho, pois um certo tipo de homem de negócios surge para ajudar a vender

a produção aumentada. Esse homem de negócios, ou comerciante - que age

como intermediário entre os produtores e os consumidores - é o revendedor.

Para facilitar a comunicação, a compra e a venda, as várias partes

12interessadas procuram reunir-se geograficamente. Assim se formam os centros

comerciais. Pode-se concluir que os avanços ou refinamento do marketing de

um modo geral andam de mãos dadas com progresso da civilização.

O marketing nos Estados Unidos nasceu com a Revolução

Industrial. Simultâneo, ou como subproduto da Revolução Industrial, deu-se o

crescimento de centros urbanos e um declínio da população rural. O artesanato

caseiro, passou para as fábricas, e as pessoas foram para as cidades a fim de

trabalhar nas indústrias. Desenvolveu-se também o ramo de prestação de

serviços para atender às necessidades diárias do operários, que não mais

eram auto-suficientes. Mas o marketing permaneceu uma criança durante a

última metade do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX. Toda

atenção se voltava para a expansão das empresas industriais, pois a demanda

do mercado geralmente excedia a oferta dos produtos.

Na verdade o marketing de massa era um pré-requisito da

produção em massa bem sucedida. Somente com um sistema de

comercialização em massa ou em grande escala, poderiam as fábricas

funcionar ao ritmo ideal de produção e assim beneficiar-se com a economia de

escala. Ao mesmo tempo em que a economia se tornava mais complexa, os

canais pelos quais fluía o comércio começaram a se tornar cada vez mais

longos. Era preciso desenvolver métodos melhores para vender a produção

industrial. Portanto, o aparecimento de especialistas de marketing foi um passo

natural dessa evolução.

13O marketing atingiu a maioridade após a Primeira Guerra Mundial

quando os termos "excedentes" ou "superávit" e "superprodução" se tornaram

cada vez mais comuns no vocabulário econômico. Desde 1920, mais ou

menos, existe nos Estados Unidos um poderoso mercado consumidor. Isto é,

tem havido pouca dificuldade em produzir a maioria dos produtos, o verdadeiro

problema está em como comercializa-los.

Normalmente não pode haver uma intensa atividade econômica

sem que haja um nível igualmente elevado de atividades de marketing. Durante

os períodos de retração econômica, todo mundo logo percebe que é uma

diminuição na atividade comercial que força reduções na produção. Torna-se

evidente que em nossa economia nada acontece até que alguém resolve

vender algo, e assim, passam a existir solicitações urgentes de um marketing

mais intenso, e não de uma produção maior. Deste jeito é formado o cenário do

marketing moderno.

1.3 MIX DE MARKETING

Ainda é de extrema importância falar sobre o mix de marketing, ou

seja, as variáveis controláveis de marketing usadas para direcionar a demanda

de um produto para um ponto desejado, essas variáveis são os 4´ps: praça,

produto, preço e promoção.

O produto é o bem físico e/ou serviço oferecido por uma empresa.

14A praça é local de comercialização do produto, bem como os

processo que disponibilizam o produto para o mercado consumidor.

O preço é o recurso que o consumidor usará para obter o produto,

deve-se observar que o preço é a única variável que implica em receita e não

em gasto para a empresa, e pode ser associado ao custo ou ao valor. O custo

é aquilo que a empresa gastou para produzir/gerar um bem/serviço. O valor é

aquilo que o consumidor está disposto a pagar em face dos benefícios que ele

acha que terá. Por exemplo em um show, uma pessoa pode pagar mais por um

lugar na platéia ou no camarote, no fim ela verá o show que é a necessidade

inicial, mas o valor percebido por esses dois lugares faz com que ela pague

mais pelo camarote.

A promoção engloba todas as ações que apresentam os atributos

e vantagens do produto para os clientes, a fim de convence-lo a adquirir este

produto.

Todos esses conceitos estão de inseridos no ambiente de

marketing, que dividi-se em microambiente e macroambiente.

1.4 OS AMBIENTES DE MARKETING

O microambiente envolve tudo que está ligado à empresa. Como

o próprio ambiente interno, levando em consideração seus processos e

15departamentos; os fornecedores; os concorrentes; a carteira de clientes; e os

outros públicos (financeiros, de mídia, de interesse, governamentais, etc.).

O macroambiente estabelece forças que são incontroláveis pela

empresa, resta a ela se preparar para mudanças, que podem gerar ameaças

ou oportunidades.

Essas forças são a demografia, a política, a economia, a

tecnologia, a cultura/hábitos e o ambiente natural.

Então quando uma empresa traça seu planejamento de marketing

e/ou desenvolve estratégias deve levar em consideração todos esses fatores e

forças, tanto do micro quanto do macroambiente.

1.5 SEGMENTAÇÃO DO MERCADO

Uma empresa voltada para a produção poderá encarar todo o seu

mercado como uma única unidade homogênea, indistinta. Dentro desse

conceito - conhecido como agregação de mercado -, a administração da

empresa cria um só produto, um só plano de comercialização destinado a

atingir o maior número possível de consumidores. A agregação de mercado

permite que uma empresa maximize suas economias de escala e de produção,

na distribuição física e na promoção de vendas. Produzir e comercializar um

produto significa períodos mais longos de produção a um custo unitário menor.

Os custos de manutenção de estoque são mantidos no mínimo quando não

existe variedade, ou, então, uma variedade muito pequena de cores, estilos,

tipos e tamanhos. A armazenagem e o transporte são mais eficientes.

16Possivelmente os custos de propaganda por unidades também sejam menores

para um único produto do que quando diversos artigos são promovidos ao

mesmo tempo.

Quando a concorrência se torna muito forte e a empresa é

forçada a reduzir preços, com uma conseqüente diminuição dos lucros, ela

pode procurar diferenciar seus produtos dos sus concorrentes. Dentro desse

conceito de diferenciação de produtos, uma empresa poderá lançar algo novo

como a mudança de embalagem, novos tamanhos, novos sabores, ou novas

cores, por exemplo. Essa nova característica é geralmente seguida de grandes

inversões na promoção, num esforço para transmitir ao mercado global que

existem vantagens reais ou psicológicas que diferenciem o produto.

O mercado global para a maior parte dos produtos é por demais

heterogêneo, para que os homens de marketing possam tirar máximo proveito

de uma análise do mesmo como um todo. Falar do mercado de comprimidos

de vitamina ou de barbeadores elétricos, é o mesmo que ignorar o fato de que,

dentro do mercado global existem segmentos que diferem uns dos outros. Esta

falta homogeneidade pode ser encontrada na diferença dos hábitos de compra,

maneiras segundo os quais os produtos são usados, motivos para usa-los,

entre outros.

Então, segmentação de mercado é o processo de tornar-se o

mercado global de um produto e dividi-lo em diversos submercados

(segmentos), sendo que cada um destes tende a ser homogêneo em seus

aspectos fundamentais. Em termos usados pelos economistas, estamos

17criando diversas escalas de demanda, uma para cada faixa de segmento de

mercado.

A segmentação de mercado é uma filosofia voltada para o cliente.

Primeiro, descobre-se as necessidades dos compradores de um segmento, e

então elabora-se ou adapta-se um produto para atender a estas necessidades

específicas. Cada segmento exige um plano de marketing separado. Como

parte da estratégia de segmentar o mercado, empresas freqüentemente criam

uma versão diferente do seu produto básico. Assim os fabricantes de

automóveis, por exemplo, criaram diversos produtos, cada um focado em um

segmento (que pode ser caracterizado pela idade, estilo de vida, sexo, classe

social, posição geográfica ou uma mistura de alguns ou todos estes itens).

Para cada caso os planos promocionais e provavelmente os canais de

distribuição serão diferentes.

18

2. MARKETING DE EVENTOS

O evento é um instrumento institucional e promocional, utilizado

na comunicação dirigida, com a finalidade de criar conceito e estabelecer a

imagem de organizações, produtos, serviços, idéias e pessoas, por meio de um

acontecimento previamente planejado, com a aproximação entre os

participantes.

Assim, o marketing de eventos é toda ação de marketing que usa

o evento como veículo de comunicação para se difundir o nome, produto ou

fixar imagem de uma empresa.

O marketing de eventos surgiu para preencher uma lacuna

deixada pela mídia tradicional, onde empresas precisavam se expor mas não

tinham capital para fazer isso do modo convencional (tv-rádio-jornal). O evento

é uma forma alternativa e original de veicular uma marca e/ou produto,

existindo inúmeras formas de exibi-la dentro do evento, desde banners, e

brindes até shows de laser e demonstrações.

Outro atrativo do marketing de eventos é o retorno de mídia

espontânea, o gasto operacional para planejar e executar o evento é na

maioria das vezes muito menor que o gasto potencial com mídia, caso as

aparições espontâneas tivessem sido pagas. Para melhor entender, cito a

empresa de cartões de crédito Credicard2, esta, investiu R$1,2 milhões em um

2 Site Marketing Best Consulta em set/02

19evento durante o carnaval 2001 de Salvador, obtendo um retorno de mídia

espontânea equivalente a 712 comerciais de 30 segundos, o que consumiria

uma verba de R$3,3 milhões, e além disso obteve um recall de marca de 26%

entre os 2 milhões de foliões que estavam na cidade .

Para se fazer marketing de eventos não há formula fechada, pois

há variáveis que, conforme combinadas, podem resultar numa excelente ação

de marketing. O que manda é a criatividade para atingir o público alvo de forma

a atender os objetivos de comunicação da empresa com os recursos

disponíveis. Ao realizar um show, por exemplo, a empresa pode não só

associar sua marca a aquele tipo de música e público como pode também

oferecer amostras de produto (promoção); distribuir ingressos para os seus

funcionários (endomarketing); eleger um dia exclusivo para convidados

especiais (marketing de relacionamento); enviar mala-direta aos

consumidores/clientes informando que o show está acontecendo e é realizado

pela empresa (marketing direto); mostrar o artista consumindo o produto

durante o show (merchandising); levantar informações gerais sobre o

consumidor por meio de pesquisas feitas no local (database marketing); fazer

uma publicação sobre o evento (marketing editorial); realizar uma campanha

específica destacando a importância do patrocínio (publicidade) e muitas outras

ações paralelas que tem o poder de ampliar o raio de alcance da ação de

marketing de eventos.

Deve-se entender que ações diferenciadas geram melhores

resultados. Então associamos o público jovem com eventos musicais,

preferivelmente noturnos, regados a muita paquera; ou a eventos esportivos.

20Por outro lado se o público é adulto de classe média/alta podemos associa-lo a

eventos ligados a arte, para a dona de casa seria melhor um evento com

demonstrações (ligadas a facilitação do seu dia-a-dia), e assim por diante,

sempre usando a equação target + produto = tipo de evento.

Apesar de todas as vantagens, tanto estratégicas quanto

econômicas, ainda existe uma grande resistência ao marketing de eventos,

muitas pessoas não querem investir em uma “festa”, e não acreditam em um

retorno real. Isso deve-se a uma cultura enraizada de priorizar o volume de

vendas a todo custo, menosprezando esforços que elevem a parte intangente

da companhia, como a marca e a imagem. Logicamente existe retorno nas

vendas, mas o evento funciona melhor como uma ferramenta de alavancagem

de imagem. Seja, formando uma nova imagem, fortalecendo uma já existente

na cabeça do consumidor, ou ainda alterando a percepção sobre uma

empresa, em relação a uma imagem arranhada ou depreciada.

2.1 TIPOS DE EVENTOS

Os eventos podem ser divididos em categorias, sendo

classificados como institucionais, quando pretendem criar ou firmar o conceito

e a imagem da empresa/produto, entidade, governo ou pessoa; e promocional

ou mercadológico, quando visa a promoção de um produto ou serviço de uma

empresa, governo, entidade ou pessoa, em apoio ao marketing, objetivando

assim fins mercadológicos.

21Ainda pode-se classificar os eventos por área de interesse,

algumas vezes certos eventos podem se encaixar em mais de uma área de

interesse, são elas:

• Artística: ligado a qualquer espécie de arte (música,

dança, poesia...).

• Científica: ligada a assuntos científicos nos campos

da medicina, física, química, biologia ou pesquisa.

• Cultural: pretende ressaltar aspectos culturais, para

conhecimento geral ou promocional.

• Folclórica: trata das manifestações de cultura

regionais ou estrangeiras.

• Educativa: o objetivo final é a educação.

• Política: ligado a política, mais especificamente à

partidos (showmícios), associações de classe e entidades sindicais.

• Lazer: objetiva proporcionar entretenimento aos

seus participantes.

• Desportiva: qualquer evento no setor esportivo,

independente de sua modalidade.

• Turística: deve divulgar os recursos turísticos de

uma região ou país.

22Ainda há a possibilidades de classificar eventos de diversas

maneiras, mas, de acordo com o objeto de estudo escolhido apenas serão

abordados os eventos demonstrativos (ou expositivos), pois são neles que as

empresas conseguem expor a sua marca e seus produtos, a fim de gerar um

retorno seja em volume de vendas seja em recall de imagem.

Os eventos demonstrativos ou expositivos dividem-se em: show,

festival, desfile, lançamento, inauguração e feira.

O show caracteriza-se pelo entretenimento em si, com sua base

na música, dança, teatro, com fim cultural ou não. O show pode se enquadrar

em qualquer uma das categorias de eventos institucionais ou promocionais,

sendo uma grande ferramenta de alavancagem de campanhas.

O festival, é uma festa de variedades girando em torno de um

tema principal, que pode ser um estilo de música, um tipo de esporte, um tipo

de culinária...

O desfile é a apresentação de produtos ligados a moda, com o

uso de modelos e manequins.

A inauguração é a apresentação ao público-alvo de novas

instalações da empresa, podendo ser uma loja, uma unidade fabril, ou uma

instalação totalmente diferente do escopo da empresa. Temos como exemplo a

empresa de telefonia celular ATL, quando inaugurou um espaço para shows, o

ATL Hall.

23 A feira expõe produtos em estandes, e é regida por regras pré-

estabelecidas por uma entidade reguladora. A feira acolhe diversas empresas

de um mesmo setor, que tentam demonstrar seus produtos em meio a um mar

de opções.

2.2 O MERCADO DE EVENTOS

As empresas estão enfrentando novos desafios para manter-se

competitivas em um mercado em contínua mutação. Os modelos empresariais

estão sendo ininterruptamente reavaliados e reinventados. Os ciclos de vida

dos produtos e serviços são cada vez mais curtos, porque os consumidores se

entediam mais rápido.

Isto significa que a capacidade das empresas de sobreviver e

crescer dependerá da sua habilidade em compreender e dominar este novo

ambiente.

O mercado de eventos no Brasil vem crescendo rapidamente, no

último ano o Sebrae realizou uma pesquisa intitulada "1° Dimensionamento

Econômico da Indústria de Eventos do Brasil" 3. Os números são, no mínimo,

empolgantes. No Brasil acontecem nada mais do que 330 mil eventos por ano,

envolvendo 79,9 milhões de participantes. A soma dos gastos dos participantes

com receita das locações e das empresas organizadoras chega a uma renda

total de R$37 bilhões por ano, o que representa 3,1% do PIB brasileiro. Além

disso, a industria de eventos responde atualmente por cerca de 3 milhões de

empregos diretos, terceirizados e indiretos e a arrecadação de tributos é

24

Empregos gerados pela indústria de eventos

2,182,872

551,200176,424

75% indiretos 19% terceirizados 6% diretos

estimada em R$ 4,2 bilhões. Esses empregos vão desde os montadores de

estruturas, recepcionistas, serviços de limpeza e segurança, até a confecção

de brindes, Dj's, impressão de ingressos, operadores de Hot line, etc...

A pesquisa ainda aponta que o sudeste responde pela maior

parte dos eventos realizados no país: são 168.963 por ano, ou seja, 52%. O sul

vem em segundo lugar com 63.168 eventos por ano, correspondendo a 19%.

3 Meio & mensagem fev 2003

Fonte: Revista Meio&Mensagem Fev 2003

25

Renda gerada pela indústria de eventos do Brasil (em Reais)

31.429.563.653

1.615.013.1873.986.172.874

85% renda dos gastos dos participantes11% renda gerada pelas empresas organizadoras4% renda das locações de espaços

Essa pesquisa expõe o avançado estágio que o setor se encontra, não é

necessário ser nenhum economista para constatar a importância direta e

indireta do mercado de eventos, em todas as regiões do país, como fator de

geração de riqueza e desenvolvimento sócio econômico.

Fonte: Revista Meio&Mensagem Fev/2003

26O marketing de eventos vem ganhando força no meio empresarial

porque apresenta soluções relativamente baratas a três novas exigências

do mercado:

1) necessidade de diferenciação das marcas;

2) diversificação do mix de comunicação das empresas para melhor atingir seu

público;

3) necessidade das empresas se relacionarem com a sociedade.

Ao realizar um evento a empresa se diferencia das demais a partir do

momento em que toma para si de terminados valores relativos àquele

projeto (por exemplo tradição, modernidade, competência, criatividade,

popularidade etc.).

O mercado de eventos exige muita pesquisa, para por exemplo

delimitar um target e um linha de ações a ser seguida, avaliar os resultados

operacionais de um evento e o retorno de vendas e imagem para a empresa..

Deve-se dedicar especial atenção à pesquisas dentro do evento,

estas mostram a satisfação e aceitação do público presente em relação ao

evento em si e a marca/produto exibida nele. Podendo ser feita por meio de um

questionário rápido porém eficaz, aplicados por funcionários circulantes ou em

um local determinado, pela de Internet ou por escrito. Em ambos os casos se

faz necessário oferecer algum atrativo para que as pessoas se disponham a

gastar um certo tempo com isso, esse atrativo (que pode ser um brinde) deve

27ser acompanhado de uma conscientização de que a contribuição dessa pessoa

é muito importante para empresa.

A seguir há um gráfico4 demonstrativo do resultado de uma

pesquisa de satisfação realizada pelo IBOPE para a ArtPlan, com uma amostra

de 500 (quinhentas) pessoas, nos dias 24 e 25 de janeiro de 2001, na Cidade

4 Revista Rock In Rio Resultados - Fev/01

28do Rock, com pessoas entre 14 e 50 anos, que foram pelo menos uma vez ao

Rock In Rio III. O perfil do público entrevistado foi descrito como sendo 46%

feminino e 54% masculino, 26% das pessoas tinham mais de 26 anos, 24%

entre 21 e 25 anos, 28% entre 18 e 20 anos e 22% entre 14 e 17 anos; a

escolaridade de nível superior foi confirmada em 44% do público e a classe

social de maior presença foi a B com 47%, seguida da A com 35%. O nível de

satisfação foi medido em uma escala de 0 (zero) a 100 (cem).

Essa pesquisa foi realizada com o intuito de identificar os pontos

fracos e fortes da infra-estrutura do Festival. Em paralelo uma pesquisa de

share of mind das marcas presentes (Coca-Cola, Polaroid, Schincariol, entre

outras) foi feita. Posteriormente ao Festival uma terceira pesquisa mediu o

recall do consumidor em relação a própria marca Rock In Rio, bem como aos

seus produtos, além da aferição do retorno de mídia espontânea.

Esse exemplo confirma a importância da pesquisa para o

marketing de eventos, como ferramenta fundamental de determinação de

objetivos e controle de resultados.

293. CONSTRUÇÃO DA MARCA

Os custos, a fragmentação dos mercados e os novos canais de

mídia, onde os clientes são capazes de evitar os anúncios, parecem atuar em

conjunto contra os velhos recursos de marketing. As campanhas na mídia de

massa para a construção de marcas fortes talvez pertençam ao passado.

Muitas empresas européias, transformando a necessidade em

virtude, desenvolveram abordagens alternativas para a construção da marca e

estão desbravando novas trilhas na era pós-mídia de massa. Por exemplo a

Hugo Boss e a Swatch realizaram eventos esportivos e sociais que ficaram

associados às suas marcas.

A Hugo Boss, fabricante de roupas finas, criou a sua imagem de

exclusividade e alta qualidade em boa parte devido ao seu envolvimento

certeiro em eventos. No início dos anos setenta, a Hugo Boss participou da

Fórmula 1, associando-se a marca Porsche, se beneficiando com a forte

imagem exclusiva e presença internacional tanto do carro quanto do evento. Ao

longo dos anos a Hugo Boss realizou eventos desportivos de esqui, tênis e

golfe, e eventos culturais como exposições.

Campanhas de sucesso normalmente apresentaram

características em comum que talvez sirvam como orientação para muitas

empresas que pretendem desenvolver marcas de sucesso. Os gerentes se

envolveram profundamente nos programas de construção de marca; as

empresas reconheceram a importância de esclarecer a essência da identidade

da marca; e se asseguraram de que todos os seus esforços para a conquista

30da visibilidade se associavam aquela identidade essencial. Os testes-piloto e o

uso de uma única medida contínua do valor patrimonial da marca também

ajudam os gerentes a extrair o máximo das novas abordagens, no seu mundo

cada vez mais competitivo.

A identidade da marca - o conceito da marca do ponto de vista do

dono - é a base de qualquer bom programa de construção da marca. Seja pela

adoção de abordagens alternativas de construção de marca, seja por meio de

acesso a vários canais de mídia, ou mediante ambas alternativas, a empresa

deve dispor de uma clara identidade da marca, com profundidade, para que os

responsáveis pelo planejamento e implantação dos programas de comunicação

não enviem aos clientes, mensagens conflitantes e confusas. A identidade

nítida e eficaz, que promova a compreensão e adesão de toda a organização,

deve estar vinculada à visão da empresa e à sua cultura e valores

organizacionais. Deve ser fonte de orientação quanto aos programas e formas

de comunicação que sustentarão e reforçarão a marca. A identidade da marca

tão ambígua e genérica a ponto de justificar qualquer tipo de comunicação com

o cliente não é proveitosa.

A construção de uma marca é algo que pode começar de diversas

formas. Mas principalmente podemos dividir este processo em dois tipos:

quando o produto é tangível e quando é intangível. É lógico que geralmente a

construção da marca não faz parte do pensamento original, temos apenas a

idéia do produto e o desafio de como inseri-lo no mercado, idéias mais

ambiciosas ocorrem com o tempo.

31Quando o produto é tangível pode-se dizer que fica mais fácil a

definição do mix de marketing. A Coca-Cola é um exemplo de força de marca

muito usado, mas vamos pensar no início de tudo. Ao inventar o produto físico

Coca-Cola, apenas pensou-se nas características dele, seu sabor,

refrescância, cor... e tudo foi desenvolvido com base no produto em si. Depois

de um certo tempo que foi sentida a necessidade de investir em um "Coca-Cola

way of life ". Hoje simplesmente o contorno da garrafa de vidro ( que já nem é

mais a embalagem padrão, sendo substituída gradativamente pela lata de

alumínio ) remete instintivamente a uma infinidade de sensações e idéias, que

não somente relacionadas ao sabor.

Quando o produto em foco é intangível, tudo passa a ser

extremamente conceitual. O desafio passa a ser vender uma idéia. Então,

construir uma marca a partir de um evento, é na verdade trabalhar com

conceitos. O evento vende experiências, sensações e principalmente um estilo

de vida.

Pode-se começar somente com um evento, e então torna-lo

periódico, assim as pessoas passam a associar aquele nome a um conceito e

as vantagens agregadas á ele. O evento ter esse ou aquele nome, passa a ser

garantia de qualidade e diversão por exemplo.

O envolvimento do cliente numa experiência mais ampla,

sensorial, aumenta o poder de construção da marca.

Então é certo dizer que a construção de marca de um evento,

normalmente decorre de um "evento mestre" , que estabelece um padrão para

32a realização de suas edições seguintes. Esse padrão aplica-se desde a

estrutura, até a identidade visual e também outros itens que possibilitem a

criação de uma imagem própria. Os avanços devem existir na forma de

melhorias e inovações, sem esquecer "aquilo" que fidelizou o cliente em

primeiro lugar, seja a qualidade do ambiente, seja o atendimento, seja estar

antenado com as tendências mundiais.

Para ilustrar esta idéia de evento mestre, temos como exemplo

um fenômeno da noite carioca, que vem tomando corpo desde 1999: as festas

com marca. O que nada mais é do que um evento do tipo lazer que tem como

“produto” a ser exposto ou vendido ele mesmo.

Um case de sucesso é a moonight5, criada pelo estudante e agora

empresário Marcelo Arar, começou como uma brincadeira entre amigos, e após

5 anos, se tornou uma marca fortíssima, entre a faixa etária dos jovens de 15 a

19 de classe média da cidade Rio de Janeiro.

Sua premissa principal é diversão, paquera e segurança, com

música eletrônica de pano de fundo. Hoje chegam a ocorrer quase trinta

edições por ano, nos mais diversos locais da cidade, movimentando centenas

de milhares de reais por mês.

Com tamanha aceitação e reconhecimento foi inevitável a

extensão de linha, assim foi lançado uma coletânea de Cd’s com músicas

executadas nas festas produzida pela Som

5 Revista Veja Rio 10 Jan/ 02

33Livre. O cd de estréia lançado em 1999, conseguiu em apenas 1 mês entrar

para a lista dos mais vendidos do país, em primeiro lugar.

As vezes a extensão de linha se torna algo de proporções

gigantescas, deve-se então ter cuidado para não perder o foco do negócio e

acabar explorando excessivamente a marca, levando-a a exaustão. O Rock In

Rio chegou a licenciar mais de 60 produtos com sua marca na época de sua

terceira edição em 2001, mas neste caso uma empresa foi contratada

especialmente para cuidar dessa área, assim a organização do festival não

ficou prejudicada.

Mas como saber se há mercado para a extensão de linha?

Mais uma vez usando a pesquisa de opinião. O melhor laboratório

é o próprio evento. Neste caso as pesquisas devem ser desenvolvidas de

modo que consigam delimitar os hábitos de consumo, o perfil do público

presente, e sua abertura para esses produtos. A partir daí avaliar as

necessidades e desejos desse target, e as janelas estratégicas geradas pelo

evento. As extensões de linha mais usadas são: cds, roupas, e linha de

papelaria (estojo, caderno, canetas...).

É devido atentar para o fato que ao analisar novos produtos e

serviços, as empresas devem avaliar com cuidado não apenas a maneira como

34a marca afeta a extensão de linha, mas também o modo como a extensão de

linha afeta a marca.

Construir uma marca que na verdade é um evento requer um mix

de marketing adaptado a conceitos sensitivos, o custo x benefício será

relacionado a emoções e ao prazer da participação. Cada pessoa percebe o

mundo a sua volta de uma forma, e assim será com o seu evento, o importante

é saber que não se pode agradar a todos e por isso segmentar o evento.

O diagrama abaixo mostra os públicos a serem levados em

consideração, quando a empresa está escolhendo o segmento a ser focado.

35

4. FORTALECIMENTO DE MARCA

Existem empresas que buscam o marketing de eventos para

fortalecer suas marcas. Geralmente isso ocorre quando:

§ as empresas já estão estabelecidas no

mercado, mas pretendem atingir novos targets

§ a empresa quer relacionar sua imagem a um

conceito

§ seu share of mind está baixo

§ a imagem da empresa foi arranhada /

depreciada por algum motivo

É imprescindível antes de tudo avaliar a adequação do público e

do evento à imagem da empresa, a relação custo x benefício, a qualidade e

capacidade dos locais onde os eventos serão realizados, a capacidade de

geração de mídia espontânea, a seriedade da empresa montadora da infra-

estrutura e das prestadoras de serviços (como segurança e limpeza) e a

flexibilidade para ações promocionais paralelas. A não avaliação ou avaliação

incorreta de qualquer um dos itens acima pode resultar em um desastre,

arranhando a imagem da empresa, pois seu nome estará ligado a um mal

atendimento e a falta de respeito ao público que compareceu ao evento.

36Quando da decisão do target, a escolha do tipo de evento

marcará os conceitos que serão posteriormente associados à empresa. Um

evento ligado a cultura, remete a seriedade, beleza e sofisticação (exemplo

Chivas Jazz Festival), ligado ao esporte lembra energia, alegria e vigor

(exemplos Copa Toyota Libertadores da América, Circuito BB de vôlei de

praia), e ligado à comunidade leva a responsabilidade, compromisso e

maturidade (exemplo Natal Bradesco Seguros).

Existem vários públicos a serem explorados, estes podem ser

divididos pela faixa etária, pela profissão, pela área de interesse, etc.

Exemplo de divisão por faixa etária: crianças, jovens, adultos,

idosos; por profissão: médicos, advogados; engenheiros, por área de interesse:

culinária, tecnologia, música...

No final da década de setenta, o mercado de vodka nos Estados

Unidos, estava definido, tendo a russa Stolichnaya 80% do segmento de vodka

importada. Em dez anos, entretanto, as vendas da sueca Absolut dispararam

de 5 mil para 2,5 milhões de caixas por ano. Como a Absolut conseguiu este

feito? A Absolut sabia que os ingredientes tradicionais das marcas de sucesso

já não eram suficientes para destacar um produto de seus concorrentes. Seu

sucesso foi alcançado através de uma campanha bem integrada de identidade

de marca, com o tema "moderna, vistosa, elegante, sofisticada, às vezes tola,

mas com estilo refinado". A empresa passou a associar o produto ao ambiente

da moda e da arte, porém sem exagero ou pretensão. O anúncio típico da

empresa, mostra a inconfundível garrafa com um título de duas palavras que

37sempre começa com a palavra Absolut. Assim, a imagem foi ligada a uma série

de eventos culturais fora do circuito convencional, apresentando títulos

idênticos à campanha de anúncios de duas palavras. Como a série Absolut

Concerto, de obras clássicas contemporâneas, e o Absolut Story, de narrativas

da revista Esquire.

Um dos públicos mais explorados pelo marketing de eventos é o

jovem, e por isso concentraremos nosso foco nele.

Prender a atenção do consumidor é um desafio para qualquer

marca. Quando o alvo é o jovem a tarefa exige ainda maior esforço, pois trata-

se de um público que utiliza variados meios de comunicação para se informar e

é muito suscetível a novidades. Ainda devemos atentar para o fato que o jovem

formador de opinião tem alto poder de decisão na compra da família

dependendo do segmento do produto, este poder revela-se principalmente nos

segmentos tecnológico e alimentício.

O investimento em situações criativas é essencial para divulgar e

consolidar uma marca a esse target. O marketing de eventos entra em cena

então, aproveitando a descontração para envolver a turma de amigos ou

casais. A tendência é realizar um evento do tipo lazer ou do tipo desportivo,

que remete a jovialidade.

O evento desportivo não deve ser confundido com patrocínio,

para entender melhor serão expostas duas ações do Banco do Brasil. A

primeira é patrocínio do tenista Gustavo Kuerten, ele “carrega” a marca do BB

em seu uniforme e participa de comerciais, já a segunda é a realização do

38Circuito BB de Vôlei de Praia, nesse caso o Banco na é representado por esse

ou aquele atleta, todo o evento é ligado a sua marca, e o público vai atribuir

falhas ou acertos por exemplo na infra-estrutura ao BB, pois ele entende ser o

Banco o responsável por tudo.

Em abril de 1999, a missão da área de marketing era tornar o

Banco do Brasil mais ágil e focado no cliente. O plano foi direcionar o trabalho

de marketing para a realização de eventos esportivos e culturais, promovendo

assim uma revisão da marca, associando o BB a conceitos já vistos

anteriormente neste trabalho, ligados a jovialidade, classe e aumentando o

contato com a comunidade. “Para manter nossa liderança e vencer a

concorrência precisamos desenvolver e priorizar produtos e serviços. Por isso,

resolvemos investir no institucional, via eventos e promoção, e não em

propaganda”. Informou o diretor de marketing Renato Luiz Belineti.

Desenvolveu-se então, um projeto de evento esportivo ligado ao

vôlei, este evoluiu em tamanho e em aceitação por parte do público, chegando

em 2002 a um valor investido no circuito BB de vôlei de praia de R$22 milhões

com 65 ações programadas.

A exposição espontânea positiva da instituição na mídia cresceu

de 80% em 1999 para 90% em julho de 2002, as promoções atingiram a marca

de 500 mil produtos vendidos, o que equivale a uma renda de 25 milhões de

reais.6

6 revista Marketing Ago/02

39O evento do tipo Lazer é o preferido pelo público jovem, ali ele se

sente adulto e dono de suas ações. Proporcionar um ambiente alegre e

antenado com as novidades deve ser a principal preocupação dos realizadores.

Para os fabricantes de bebidas alcoólicas uma oportunidade

ímpar é se encaixar nos eventos de laser, e não são poucos que aproveitam

para conquistar e fidelizar consumidores. As ações visam mais a divulgação

das marcas do que o volume de vendas. Esse tipo de estratégia é

importantíssimo, já que a mídia brasileira é uma das mais caras do mundo.

Para visualizar melhor essa idéia cita-se a companhia Allied

Domeq, do ramo de bebidas alcoólicas. O principal objetivo do projeto de

eventos 7era rejuvenescer a marca e conquistar o público jovem, este projeto

foi inovador para a empresa, pois falou sobre a atitude e comportamento do

jovem que procura tornar-se dono de seu tempo, com uma linguagem que

motiva aspirações e é relevante para o público jovem adulto. Uma série de

eventos sob o slogan "tem coisas que ninguém ensina", foram montados para a

faixa etária entre 18 e 24 anos. Realizados no Rio e São Paulo, festas

fechadas com um ambiente de design arrojado e elegante, expuseram o

produto com promoções no local da festa, degustações (inclusive do

lançamento "TG - Teacher´s com guaraná"). A expectativa era aumentar a

lembrança do whisky Teacher´s nesse target em 10% e ultrapassar a marca

histórica de meio milhão de caixas vendidas, trazendo para a filial brasileira o

posto de mercado onde mais se vende whisky - atualmente o país ocupa a

segunda colocação.

40Deve-se observar que existe um grande número de empresas que

opta por realizar eventos ligados a música, diversão, noite, a todo um conceito

de entretenimento noturno jovem/adulto. O que difere é o modo como as

empresas apresentam seus produtos e marcas dentro dos locais do evento.

Fala-se então, que o marketing de eventos é amplamente usado

por empresas já conhecidas e estabelecidas em seus mercados com uma

ferramenta de fortalecimento de marca e alavancagem de negócios.

7 Meio & Mensagem 28/10/02

415. FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO

"O planejamento é a base essencial ao desenvolvimento da

organização de eventos, permitindo a racionalização das atividades, o

gerenciamento dos recursos disponíveis e a implantação do projeto." É o que

diz Gilda Fleury, enumerando assim o primeiro fator crítico de sucesso para um

evento.

O principal fator crítico de sucesso do marketing de eventos é o

planejamento, este deve ser feito globalmente e deve ajustar-se aos meios e

condições disponíveios para o tipo e tamanho do evento que foi escolhido.

Dentro do planejamento três elementos devem ser determinantes para a sua

execução: os objetivos, o público e as estratégias.

Os objetivos, traduzem o que se almeja alcançar com o evento,

seja ele institucional ou promocional. Eles são essenciais para criar,

estabelecer, firmar, manter e divulgar o conceito e a imagem de uma

organização, pessoa ou produto.

Públicos são aqueles conjuntos de indivíduos que queremos

atingir com o evento, o gráfico a seguir mostra o universo de públicos para

qualquer organização.

A necessidade básica das pessoas de socialização, ou seja, viver

em comunidade, faz com que elas desejem dialogar. Participando de um

evento os seres humanos partilham interesses, sentimentos e idéias.

42O evento seleciona um público-alvo e o aglutina, em um certo

local, assim estes indivíduos se identificam uns com os outros e passam a

trocar informações e experiências em torno daquele ponto escolhido para ser

divulgado pelo evento.

Estratégias são as ações desenvolvidas e executadas para se

atingir os objetivos traçados, conseqüentemente gerando os resultados

esperados.

• Outros fatores críticos de sucesso:

• Análise de variáveis sócio-ambientais

• Alocação de recursos financeiros de acordo com a realidade

• Programação visual

• Divulgação

• Organização

A análise das variáveis sócio-ambientais é um fator

importantíssimo para não cometer erros na abordagem. Cores, símbolos, ritos,

etc devem ser respeitados e percebidos como ponto identificador não só para

povos como para tribos urbanas. O que para um é bonito, agradável, para outro

pode ser ofensivo, pior do que não informar é informar errado.

A empresa deve fazer um estudo de quanto cada fase do projeto

gastará, contando com flutuações dos preços, variação do dólar, e a partir

43deste estudo alocar os seus recursos financeiros, mas sempre pensando na

realidade da empresa. Quando os recursos são escassos, a empresa decidirá

se é preferível fazer um evento de pequeno porte, atingindo pouca gente, mas

com uma qualidade diferenciada, ou um evento de grande porte atingindo um

número maior de pessoas, mas mais ‘modesto’.

A programação visual precisa ser desenvolvida de forma a passar

os conceitos pré-determinados pela empresa que se adeqüem ao tipo de

evento (ex.: jovialidade, energia, classe...). Esta deve ser uniforme e

abrangente no sentido de estar presente em todos os detalhes (decoração,

convites, crachás, entre outros). A programação visual é a cara da empresa

para o público presente, por isso deve ser elaborada cuidadosamente, a fim de

difundir a melhor mensagem possível.

Já a divulgação é cara da empresa para o público fora do evento,

lembrando que a programação visual deve ser mantida em folhetos, cartazes,

anúncios, etc. A forma de divulgação também constituí um ponto importante a

ser definido, as formas podem ser: por anúncios em veículos de comunicação

(Internet, rádio, TV, revistas, jornal); galhardetes, faixas e cartazes na rua,

no(s) ponto(s) de venda(s) ou no local de realização do evento; folhetos

distribuídos por equipes de divulgação em vários locais estratégicos, onde

pode-se encontrar o target do evento; por mala-direta; ou por um mix das

formas citadas acima. É imprescindível treinar adequadamente a equipe de

divulgação, para esta saber como abordar o público-alvo, utilizando-se de seu

44modo de se expressar e de agir , mas sendo cordial e educada, e acima de

tudo sabendo as informações detalhadas do evento.

Ainda destaca-se a organização, que é a parte mais complexa do

processo de preparação e montagem de um evento, devido as peculiaridades

próprias de cada evento, para que esta seja bem sucedida é preciso ter o apoio

operacional (toda a infra-estrutura física necessária para atender direta ou

indiretamente a realização do evento), logístico (equipamentos para a

operacionalização do evento),de pessoal (da própria empresa realizadora, de

empresas contratadas e autônomos) e externo (serviços fora do local de

realização, como por exemplo estacionamento).

456. ESTUDO DE CASO

6.1 CASE BRADESCO SEGUROS

A Bradesco Seguros ilustra o case sobre fortalecimento de marca

no marketing de eventos, como uma empresa que fortaleceu sua marca e

imagem através da criação do "Natal Bradesco Seguros" aumentando o top of

mind e o market share da empresa no mercado carioca significativamente. O

case em questão apresenta estratégias e ações elaboradas pela diretoria de

marketing da Bradesco Seguros para o evento do Natal em 2001, em busca de

dois objetivos: elevar os índices de reconhecimento da companhia como

realizadora única do projeto "Natal" e encantar o público com uma proposta

mais surpreendente do que as anteriores.

A Bradesco Seguros foi fundada em 1935 como Atlântica

Companhia Nacional de Seguros. A empresa iniciou suas atividades operando

em seguros de ramos elementares.

Em 1984, a Bradesco Seguros começa a atuar no ramo de saúde,

através da compra do Seguro Saúde Internacional da Golden Cross. Em 1992

amplia seu canal de distribuição, aumentando os pontos de venda e criando

escritórios de produção em várias regiões do país.

O grupo Bradesco Seguros consolida sua posição de maior grupo

segurador do Brasil em 1999. Neste ano, arrecada volume de prêmios e

contribuições da ordem de 6,289 bilhões de Reais.

Em 1996, a diretoria de marketing deparou-se com um desafio:

apesar da força e do tamanho da empresa, não havia um símbolo eficaz e

contundente que associasse a sua marca ao Rio de Janeiro, cidade onde se

46originou e está sediada. Criado este símbolo, era preciso também relacioná-lo

a uma data importante no calendário de eventos da cidade e do Brasil.

Havia espaço para se criar uma festa especial que unisse três

ingredientes infalíveis: paisagem, música e público. Uma festa religiosa, que

por si só estimula a solidariedade e a paz em uma sociedade

predominantemente católica, selaria o evento. Então o Natal, que era uma data

sem grande expressão no calendário de eventos do Rio, foi escolhido.

Nasce o "Natal Bem Brasileiro", a primeira festa oficial em

comemoração do natal no Rio de janeiro. Até o presente momento nenhuma

empresa de grande porte no Brasil, havia promovido isoladamente uma festa

de representatividade para o público. A Bradesco Seguros inaugurava uma

nova estratégia focada em eventos, expondo sua marca para toda a cidade e o

país.

O chamariz do evento era a árvore de natal, em sua estréia tinha

48 metros de altura, pesando 90 toneladas, com estrutura iluminada por 1,5

milhão de micro lâmpadas. A árvore foi evoluindo com o passar dos anos,

ficando mais alta, mais pesada e com efeitos de iluminação cada vez mais

espetaculares e modernos; chegando a entrar para o Guiness como maior

enfeite de natal flutuante do mundo.

O que mais poderia ser feito para maravilhar o espectador?

Para a diretoria de marketing da Bradesco Seguros, a palavra que

define com precisão o sentimento que, a cada ano, move o lançamento do

projeto "Natal Bradesco Seguros" é superação.

47Além disso, os índices de recall, que registravam o

reconhecimento da Bradesco Seguros como realizadora do evento não eram

satisfatórios. O público não associava totalmente o símbolo à marca da

companhia, apesar do sucesso do projeto. Em 2000 o recall espontâneo da

árvore, constatara que 28% dos entrevistados reconheciam a árvore como

único evento de Natal da cidade, e 27% assimilavam-na como o símbolo de

natal mais importante do Rio, por outro lado, a Bradesco Seguros era pouco

reconhecida como responsável única pelo projeto.

Passou também a ser uma preocupação não permitir que ela se

distanciasse da realidade das pessoas que tanto a admiram. Ou seja, mesmo

com as 350 toneladas de ferro, é necessário mantê-la parecida com a árvore

que as pessoas tem dentro de suas casas.

Era essencial tratar do quesito surpresa e encantamento, ou seja,

pensar em uma estrutura ainda maior, em mais luzes, efeitos mais modernos,

enfim, em um espetáculo majestoso. As empresas Artplan e Backstage seriam

as encarregadas do evento. Tarefa nada fácil, uma vez que só a construção da

árvore levava sempre mais de três meses para ser concluída. Do desenho à

desmontagem, passando pela construção e manutenção, incluindo o corpo

artístico dos shows, o trabalho envolvia cerca de 1.500 profissionais.

A empresa em face desses objetivos, investiu em 2001 a cifra de

R$1,5 milhão. A estrutura da árvore chegou à números anteriormente

inimagináveis: 82 metros de altura, 2,6 milhões de microlâmpadas, 20 mil

metros de mangueiras luminosas, que simularam o efeito de mais de 300 bolas

e 500 estrelas. O show de luzes ficou por conta de quinze refletores que

48iluminaram o céu da cidade. As estratégias de marketing são mais agressivas e

abrangentes que no passado, incluindo a distribuição de camisetas, cartões

DDD gratuito, balões coloridos, além de folhetos e cartazes distribuídos em

agências do banco Bradesco, hotéis, restaurantes bereaus de turismo,

cooperativas de táxi e aeroportos e a colocação de duplos outdoors, totens e

veiculação via Internet e teaser. A campanha publicitária teve como objetivo

fazer com que a árvore fosse vista como um enfeite integrado à paisagem e ao

cotidiano das pessoas, ela é do maestro, dos casais, da família, enfim de

todos. A mídia impressa e eletrônica foi reforçada, e o site passou a ser

atualizado regularmente, contendo histórico e imagens de todas as edições.

Como um presente de Natal, o retorno desta estratégia foi

excepcional. O público compareceu em peso: 35 mil pessoas foram à lagoa

acompanhar a inauguração da árvore.

Confrontando os resultados de 2000 e 2001, é significativa a

evolução do recall espontâneo, que aponta a Bradesco seguros como

patrocinadora, crescendo 46%. O recall estimulado chega a índices ainda mais

animadores, alcançando a marca de 31% de reconhecimento, o que significa

um aumento de 50% em relação ao anterior. O retorno de mídia espontânea

comprova a eficácia das ações de marketing. O número de matérias em

jornais, revistas e sites chega a 228, sendo que 67% delas citam a Bradesco

Seguros como realizadora do evento. Comparado a 2000, o número de

matérias cresceu em 17,5% e a citação da empresa cresceu em 35,3%.

49Verificou-se um ganho progressivo (desde o primeiro ano do Natal

Bradesco Seguros) na imagem da empresa, esta passou a ser mais aceita e

bem vista entre seus consumidores existentes e potenciais

6.2 CASE ROCK IN RIO

O Rock In Rio ilustra o case sobre construção de marca no

marketing de eventos. Um festival nascido de um sonho, que enfrentou muitos

obstáculos e hoje é considerado o precursor deste tipo de evento no Brasil, é o

nosso objeto de estudo. A partir de um evento, criou-se, construiu-se uma

marca que atualmente licencia mais de 60 produtos com o seu nome nos mais

diversos ramos. À beira de sua quarta edição, veremos a escalada de sucesso

deste que é um dos maiores eventos musicais do planeta.

Em Janeiro de 1985 o país do samba ousava pela primeira vez na

música, realizando o maior festival internacional de rock de todos os tempos.

Foram 10 dias de música que reuniram 14 grandes astros internacionais e 15

dos maiores artistas brasileiros para uma platéia recorde de 1 milhão e 350 mil

pessoas, colocando o Brasil no Guiness Book of Records. A maratona foi

assistida por 40 milhões de telespectadores, apenas no Brasil, e contou com a

cobertura de jornalista de mais de 30 países.

Assim nasceu o Rock In Rio, um evento que fez tanto sucesso

que acabou gerando mais duas edições, e está prestes a dar a luz ao seu

quarto rebento. Com o foco no público jovem formador de opinião, hoje o Rock

50In Rio não se restringe mais a um evento, se tornou uma marca fortíssima que

engloba uma grande variedade de produtos, como CDs, linha de roupas, de

enfeites, e até boates. Roberto Medina construiu uma das marcas mais

poderosas do setor eventos no Brasil. Essa é história desse fenômeno

brasileiro.

No início dos anos 80, o desafio de fazer o Festival era grande e,

hoje, pode-se afirmar que a música brasileira divide-se entre antes e depois do

Rock In Rio. A credibilidade internacional era nenhuma, o Brasil não tinha

know-how no ramo, nem infra-estrutura necessária para um evento daquele

porte.

Para viabilizar o Festival, Roberto Medina teve de superar o

descrédito que até então marcara o showbizz nacional. Fez isso atraindo

patrocinadores dispostos a vincular suas marcas a uma aventura que só se

encontra paralelo em Woddstock. O primeiro Festival teve por trás a cerveja

Malte 90, o segundo a Coca-Cola e o terceiro a América On Line.

Ainda existia o problema da montagem, era necessário um local

que comportasse um grande público e que tivesse um palco a altura das

estrelas participantes. Administradas por Manoel Ribeiro, atualmente

coordenador do projeto "Favela -Bairro", da prefeitura carioca, as obras

consumiram 5 meses de trabalho intenso, que no seu auge mobilizaram 1.800

operários. Os números da empreitada foram talvez, tão sonoros quanto os

decibéis dos melhores shows: o gramado à frente do palco equivalia a 12

campos de futebol de dimensões iguais ao Maracanã, foram utilizados 600

quilômetros de cabos e fios, foram construídos 400 banheiros, e o sistema de

51água e esgoto construído tinha capacidade para suportar a presença diária de

250.000 pessoas no local.

O desafio foi vencido e o Festival foi realizado com um sucesso

incontestável, tanto que já ocorreram mais dois , o que veremos a seguir é a

construção da marca Rock In Rio .

A evolução da marca acompanhou a evolução do festival, nesse

case abordaremos especificamente a terceira e mais recente edição do Rock In

Rio.

Para o grande público, calculado em 1,3 milhão, além dos shows

e palestras, dois shoppings, com 25 lojas cada, e dois cyber spaces foram

montados para garantir a distração.

Para as marcas vendidas criou-se um grande mercado, onde

números estratosféricos de vendas foram alcançados em poucos dias, tudo

apontando para o binômio lucro/visibilidade.

Dessa forma, entrou em jogo a capacidade criativa de cada um

levar o que tivesse de melhor e mais interessante, expondo a sua vantagem

competitiva para uma platéia que faz a diferença.

Para a marca Rock In Rio o Festival foi o ponto de partida para o

lançamento de produtos próprios. Inicialmente vendendo em estandes dentro

do shopping do evento, para tirar proveito ao máximo da compra por impulso, e

depois negociando produtos com grandes magazines e distribuidores. Mais de

sessenta produtos foram comercializados com a marca Rock In Rio, entre eles,

chaveiros, cadernos, relógios, barracas e cadeiras de praia, garrafas térmicas,

copos...

52O grande filão disso tudo foi a t-shirt, foram vendidas 1,9 milhão

de unidades durante 6 meses, para atender a essa demanda ao invés de

buscar fornecedores, o contato foi feito diretamente com os varejistas. As lojas

Renner fabricaram seus próprios produtos e venderam no festival e em suas 55

lojas espalhadas por todo Brasil, o mesmo ocorreu com a Hering.

A comercialização de produtos na Cidade do Rock foi um capítulo

à parte no trabalho. A preocupação com a venda de artigos falsificados do lado

de fora dos portões, levou à elaboração de uma complexa estratégia de venda

e marketing. Pode-se destacar entre as ações dessa estratégia a distribuição

dos produtos licenciados, que foi pulverizada dentro da cidade em várias lojas

e em vendedores ambulantes, e principalmente por preços justos; e a

exaltação do apelo social, onde parte do dinheiro das vendas seria revertido

para instituições de caridade e filantrópicas. O sucesso das vendas pôde ser

visto nos números. Desde que foram colocados no mercado até o fim do

evento, estima-se que tenham sido vendidos 60 mil bonés, 25 mil cadernos, 15

mil canecas e 20 mil copos entre outros. Alguns produtos existem até hoje, o

destaque fica por conta da coletânea de cd's que levam os nomes das tendas

do Festival. Esses produtos geram muito lucro, mas mais do que isso geram

visibilidade para a marca.

Para a marca Rock In Rio a última edição foi decisiva para a sua

consolidação entre o público jovem de classe AB formador de opinião. A

marca, segundo pesquisas foi associada à festa, diversão, mas também a

organização e respeito ao público. Seu nome é o mais lembrado quando se fala

de eventos musicais de grande porte, e seu top of mind se agrega aos produtos

53próprios gerando um faturamento mesmo em épocas intermediárias, ou seja

entre um evento e outro. Além disso, foram abertas duas boates com a marca

Rock In Rio Café, decoradas com motivos e objetos do Festival, e abrigando

lojas de roupas e acessórios licenciados, aumentando a visibilidade da marca

na mídia e na mente dos consumidores.

O Rock In Rio 3 também gerou divisas para o país e para a

cidade: o Produto Interno Bruto (PIB) teve um crescimento de R$ 503,6

milhões, pelo critério da soma de gastos. A movimentação turística no Rio de

Janeiro trouxe para o município um incremento de U$300 milhões e a taxa de

ocupação nos hotéis chegou a 100%.

A marca Rock In rio nasceu em 1985 do

aerógrafo único instrumento na época de trabalho

dos publicitários. Ninguém imaginava que ela

conseguiria extrapolar uma ligação somente com a

música e se transformar em referência para uma

geração que cantou, dançou e protestou na Cidade

do Rock.

A felicidade de aliar ao ícone musical, representado naquela

época pela guitarra, à América do Sul e colocar em evidência o Brasil gerou

uma das marcas mais fortes do cenário de eventos musicais do país.

Do nascimento até a primeira fase da infância, quando ela retorna

seis anos depois na Segunda versão do Festival,

a marca Rock In rio não foi esquecida. Era

54reconhecida até por quem não viveu os dias de "paz e amor" na Barra da

Tijuca. Ela tomou amplitude depois do sucesso da primeira edição deixando de

ser uma marca e se tornando um símbolo.

A aparição no Rock In Rio 2, agregou um novo elemento: a onda

Coca-Cola, então patrocinadora do evento. O festival, serviu, também para

mantê-la viva. Se ela não retornasse naquele momento poderia ser prejudicial

ao patrimônio construído pelo primeiro Festival.

Aos 15 anos, a marca volta madura e de cara nova, agregando

agora as cores do Brasil e de seu novo patrocinador: a América On Line. Com

um formato mais espacial, não chapado, possibilitando o uso de recursos

gráficos mais avançados, acompanha as novas tendências do mundo

globalizado ligado na rede.

55CONCLUSÃO

Cada vez mais as empresas investem na promoção de eventos,

fazendo com que marcas desconhecidas tornem-se de repente de domínio

público, ou fortalecendo ainda mais marcas já estabelecidas. Sendo assim

chega-se a conclusão que os eventos divulgam empresas, cidades, governos,

produtos, e aproximam pessoas e comunidades; mas o importante é saber

aproximar o público certo de forma adequada para sua empresa.

Pode-se então dizer que o marketing de eventos ajuda a construir

relacionamentos.

E um relacionamento entre um cliente e uma empresa é algo que

caminha em uma tênue linha de amor/ódio, deste modo, todo o cuidado é

pouco quando uma empresa opta pela ferramenta “evento”, pois assim são os

eventos: acontecimentos que congraçam pessoas em momentos intimistas ou

em verdadeiras catarses coletivas, eles são inesquecíveis quando bons e mais

inesquecíveis ainda se fracassarem.

Uma empresa pode ficar com sua imagem danificada quase

permanentemente quando associada a um evento problemático, mas também

quando análise e o planejamento são adequados e a organização é executada

de forma primorosa, só resta colher os louros do sucesso, seja ele em aumento

de share of mind, seja em crescimento em volume de vendas, ou em ambos.

Ainda foi entendido que as empresas devem realizar pesquisas e

estabelecer objetivos estratégicos de forma a atacar o publico certo, evento

56não é marketing de massa, ele tem foco e direção. Por isso, é imprescindível

definir o target adequado ao produto/serviço para então concentrar seus

esforços. Do contrario frustrações e desapontamentos com os resultados são

inevitáveis, além, é claro, do gasto de recursos ser inútil.

O desenvolvimento de um conjunto de abordagens alternativas

para a construção e o fortalecimento de marcas não é fácil, especialmente para

um mercado que há muito depende da mídia como pedra angular. Mas com a

dedicação das empresas, as alternativas talvez justifiquem tempo e os

investimentos gastos.

Marketing de eventos é a ferramenta de quem sabe o quer, sabe

quem quer atingir e acima de tudo quer impressionar.

57BIBLIOGRAFIA

KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas,

2000.

KOTLER, Philip. Fundamentos do Marketing. São Paulo: Futura,

1997.

KOTLER, Philip. Marketing para o Século XXI. São Paulo: Futura,

1999.

MEIRELLES, Gilda Fleury. Tudo Sobre Eventos. São Paulo: STS,

1999.

MELO NETO, Francisco. Marketing de Eventos. Rio de Janeiro:

Sprint, . . 1998.

PRUSHAN, Victor. Os 101 Segredos do Marketing para

Conquistar e . . Manter Clientes. São Paulo: Futura, 1999.

REVISTA ROCK IN RIO. Rio de Janeiro: Proper, 2001.

REVISTA ROCK IN RIO RESULTADOS. Rio de Janeiro: Proper,

2001.

58

ANEXOS

59

O triste fim do Free Jazz Agora é oficial. A Souza Cruz confirmou que neste ano não haverá o Free Jazz, nem numa versão menor, no Rio e São Paulo, e nem mesmo no Jockey Clube Paulistano. A notícia causa maior tristeza ainda por conta de que este seria o último Free Jazz -a partir do ano que vem estarão proibidos eventos patrocinados pela indústria do fumo.

O motivo alegado pela assessoria de imprensa da Souza Cruz seria a instabilidade do preço do dólar, o que inviabilizaria a qualidade do evento, que se já tinha custos altos, agora estes teriam ficado insuportáveis

Os criadores do evento, Monique Gardenberg e Carlos Martins, procuram novos patrocinadores para montar um grande festival, nos moldes do Free Jazz, ainda no ano que vem.É esperar e torcer pra que dê certo.

Reportagem exibida em setembro de 2002 no site:

http://www2.uerj.br/~rsirius/boletim/noticias_v4n37ago_set2002..htm

60

Com apoio ao futebol A Toyota também investe no lazer e nas paixões de seus consumidores. Por isso, ela é a patrocinadora oficial da Copa Toyota Libertadores, o mais tradicional campeonato de futebol de toda a América Latina, que credencia o time vencedor a disputar a Toyota Cup no Japão, também conhecida como o Mundial Interclubes.

Material de divulgação exibido no site da empresa Toyota.

61

Material de divulgação usado em panfletos (distribuídos em

agências por todo o país), e também no site da empresa,

www.bb.com.br.

62

Anúncio publicado na Revista Veja São Paulo de 18 de maio de 2003.

63

.

Loja da Coca-Cola montada dentro do evento “Coca-Cola Vibe”

realizado em maio de 2003 no Rio de Janeiro.

64

65Produtos com a marca do evento “Skol Beats” comercializados no

próprio evento em abril de 2003 nas cidades do Rio de Janeiro e São

Paulo, e também disponível no site da empresa e em alguns pontos de

varejo nas respectivas cidades.

66

Anúncio veiculado na Revista Veja em 14/12/02.

67