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Patrimônio histórico Cidadania Com o início dos encontros regionais em agosto, MP-GO dá a largada para, mais uma vez, definir coletivamente a prioridade de atuação para 2016-2017. Pesquisas vão embasar decisões. u 3 Projeto Estrada de Ferro tem como objetivo integrar as ações dos promotores de Justiça na proteção ao patrimônio histórico, tendo como foco a região que abriga as principais linhas férreas do Estado . u 4 e 5 MP-GO e outras instituições aproveitam tradicional festa religiosa da comunidade calunga na região do Vão de Almas para conhecer as demandas da população e levar ações de cidadania. u 8 Construindo juntos a próxima bandeira WWW.MPGO.MP.BR JORNAL Mala Direta Básica 9912336351-DR/GO MP-GO ANO 7 Nº 48 | GOIÂNIA, JULHO E AGOSTO DE 2015

Construindo juntos a próxima bandeira · u 4 e 5 MP-GO e outras instituições aproveitam tradicional festa religiosa da comunidade calunga na região do Vão de Almas para conhecer

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Patrimônio histórico Cidadania

Com o início dos encontros regionais em agosto,

MP-GO dá a largada para, mais uma vez, definir

coletivamente a prioridade de atuação para

2016-2017. Pesquisas vão embasar decisões. u 3

Projeto Estrada de Ferro tem como objetivo

integrar as ações dos promotores de Justiça na

proteção ao patrimônio histórico, tendo como

foco a região que abriga as principais linhas

férreas do Estado . u 4 e 5

MP-GO e outras instituições aproveitam

tradicional festa religiosa da comunidade

calunga na região do Vão de Almas para

conhecer as demandas da população e

levar ações de cidadania. u 8

Construindo juntos a próxima bandeira

W W W . M P G O . M P. B R

J O R N A L

Mala DiretaBásica

9912336351-DR/GOMP-GO

ANO 7 Nº 48 | GOIÂNIA, JulhO E AGOstO DE 2015

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www.mpgo.mp.br2 jornal mp goiás | goiânia - julho e agosto de 2015

InformatIvo ofIcIal do mInIstérIo PúblIco do Estado dE GoIásRua 23 esq. c/ Av. B, qd. A-6, lts. 15-24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100Site: www.mpgo.mp.brE-mail: [email protected]: www.twitter.com/mpdegoias

Procurador-GEral dE JustIçaLauro Machado Nogueira

assEssor dE comunIcação socIal Ricardo SantanaDRT-GO 776 JP

assEssora dE ImPrEnsaAna Cristina ArrudaDRT-GO 894 JP

coordEnação Mac Editora e Jornalismo Ltda.

EdItoraMirian ToméDRT-GO 629 JPrEPortaGEmAna Flávia MarinhoDRT-GO 3300Cejane PupulinDRT-GO 2056fotoGrafIasJoão Sérgio AraújoDanila RezendeAline Fortini(estagiárias)dIaGramaçãoFernando RafaelfotolIto E ImPrEssãoOitoene GráficatIraGEm7000 unidades

falE conoscoPara falar com o mP em todo o Estado: 127telefone Geral (Goiânia)3243-8000ouvidoria 3243-8544

cEntros dE aPoIo oPEracIonall cao dos direitos Humanos e do cidadão3243-8200l cao da saúde 3243-8077l cao do meio ambiente3243-8026l cao da Educação3243-8073l cao de defesa do consumidor 3243-8038l cao do Patrimônio Público3243-8057l cao da Infância e Juventude3243-8030 l cao criminal e da segurança Pública3243-8050l centro de segurança Institucional e Inteligência3239-4800

Escola superior do ministério Público3243-8068assessoria de comunicação social3243-8525/ 8499/ 8307/8498denúncia de crime de corrupçãoPortal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br

expediente editorial

o promotor responde

O Centro de Apoio Operacional (CAO) do Consumidor do Ministério Público, com o apoio de dez entidades

parceiras, lançou em julho a campanha Goiás Contra a Carne Clandestina. Nesta entrevista, a coordenadora

do CAO, promotora Alessandra Melo, explica qual o objetivo e as principais ações do projeto, que visa garantir

segurança alimentar para os consumidores goianos.

Qual o objetivo da campanha Goiás Contra a Carne Clandestina?

são quatro objetivos principais. O pri-meiro é assegurar aos consumidores a oferta de carne inspecionada e de qualidade ga-rantida; conscientizar os consumidores da importância do consumo de carne advinda de matadouro ou frigorífico inspecionado; articular a fiscalização da produção e dos estabelecimentos que comercializam carne e promover a adequação dos fornecedores locais (pequeno produtor rural, estabeleci-mentos agroindustriais de pequeno porte de produtos de origem animal, agroindústria familiar), por meio da educação sanitária e regularização de seu trabalho.

Como a campanha será desenvolvida no Estado?

A campanha visa conscientizar a popula-ção de que, ao consumir carne, deverá ad-quirir um produto inspecionado e de quali-dade garantida. O objetivo é a veiculação em todo o Estado. Por enquanto, a comunicação é realizada apenas por meio de cartazes e spots em rádios. Esse material está disponí-vel no site do Ministério Publico.

Um projeto piloto, com ação integra-da de fiscalização, foi realizado em Jus-sara e Santa Fé. O projeto será estendido para outras cidades?

sim. Basta que o promotor de Justiça en-vie um ofício ou e-mail ao Centro de Apoio

Operacional do Consumidor informando que deseja trabalhar o tema em sua comar-ca. Já existem mais três comarcas interessa-das, mas, como a primeira parte do trabalho é a operação conjunta dos órgãos de fisca-lização, não é conveniente enumerar quais, sob pena de se frustrar esse trabalho.

Qual a próxima etapa do trabalho?Na segunda etapa, o foco é a educação

sanitária e a regularização. Primeiramente, serão notificados todos os estabelecimentos comerciais e frigoríficos para uma reunião. Nesse encontro, será proposta a assinatura de termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (tAC), nos termos das legisla-ções sanitárias (Agrodefesa e Vigilância sa-nitária), bem como do Código de Defesa do Consumidor.

Nesse encontro, serão apresentadas ain-da as seguintes propostas:l possibilidade de criação de abatedou-

ros municipais ou regionais, através dos ter-ritórios Rurais;l criação do serviço de inspeção munici-

pal (sIM ou sIE), para regularização das pro-duções familiares com venda local; l implementação do sistema de inspe-

ção municipal (sIM): reuniões com lideran-ças e autoridades municipais, visando discu-tir a sua implantação no município.

Nesta fase, serão veiculados nas rádios lo-cais spots educativos relativos aos riscos do consumo de carne clandestina. Estes spots são disponibilizados pelo CAO. Poderão ser distribuídos cartazes sobre a campanha, além de cartilhas confeccionadas pelos par-ceiros estratégicos (material disponível no CAO Consumidor). O trabalho de educação sanitária ficará a cargo da Agrodefesa.

Quem são os principais parceiros da campanha?

Os parceiros estratégicos nessa segunda etapa são: Emater, territórios Rurais (Ministé-rio de Desenvolvimento Agrário), sebrae e Agrodefesa.

O MP tem algum dado sobre quanto de carne clandestina é revendida ou con-sumida pela população?

Não, justamente porque ela é clandestina e não passa por qualquer tipo de controle.

CAMINhOs tRAçADOs EM CONJuNtOConjugar esforços em busca de um ob-

jetivo único e comum, capaz de integrar a instituição e, ao mesmo tempo, atender aos anseios da sociedade – foi com essa diretriz em mente que o Ministério Público de Goi-ás delineou em 2013 o projeto que levou à elaboração do Plano Geral de Atuação para o biênio 2014-2015. A ampla participação coletiva levou à construção de uma bandei-ra única de atuação, que buscou refletir uma das principais demandas levantadas pela so-ciedade – o combate à corrupção.

Passados dois anos daquele processo, é hora novamente de o MP-GO planejar sua atuação para um novo biênio. E a metodo-logia bem-sucedida de construção conjunta vai novamente embasar a definição da prio-ridade para 2016-2017. Desta vez, os instru-mentos que subsidiarão a decisão coletiva foram ampliados, mantendo, porém, a aten-ção para aquilo que pensa a população. Re-

sultados de enquetes feitas com a sociedade, com membros e servidores e de uma pesqui-sa promovida pelo Conselho Nacional do MP vão nortear as deliberações sobre as propos-tas de atuação. Detalhes desse processo de-cisório podem ser conferidos na reportagem principal dessa edição, na página 3.

Já nesta página 2, a coluna O Promotor Responde traz uma entrevista com a coor-denadora do Centro de Apoio Operacio-nal do Consumidor, promotora Alessandra Melo, na qual ela explica o recém-lançado projeto de combate à carne clandestina, que busca garantir um produto de maior qualidade e devidamente inspecionado aos cidadãos goianos.

um novo projeto de atuação, voltado à preservação do patrimônio histórico na cha-mada Região da Estrada de Ferro, é mostra-do na matéria das páginas 4 e 5, enquanto que o texto da página 7 detalha a criação e

as propostas de trabalho do Grupo de Atu-ação Especial em Grandes Eventos de Fute-bol (GFut), implantado com o objetivo de reforçar as ações de combate à violência nos estádios.

Outro tema abordado na edição, na pági-na 6, é o Projeto semear, desenvolvido na co-marca de Goianésia por iniciativa da promo-tora de Justiça tarsila Costa Guimarães e que conta com o apoio de outras instituições. A intenção do projeto é acompanhar a aplica-ção de medidas socioeducativas aos jovens infratores, com enfoque no desenvolvimento de noções de cidadania e de educação cívica e ambiental.

Concluindo a edição, a página 8 destaca as ações de cidadania em benefício da comu-nidade calunga, realizadas pelo MP-GO no Vão das Almas, no município de Cavalcante, durante a tradicional festa em louvor a Nossa senhora da Abadia. Confira!

COMBAtE à CARNE ClANDEstINA

A campanha

visa conscientizar a população

de que, ao consumir carne,

deverá adquirir um produto

inspecionado e de qualidade

garantida

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3jornal mp goiás | goiânia - julho e agosto de 2015www.mpgo.mp.br

Prioridade com inspiração coletiva

lário, disponível em quase todas as comarcas. O levantamento era preenchido quando do aten-dimento ao público. A orientação era para que o cidadão respondesse ao questionamento sobre o tema de atuação do MP independentemente do motivo que o havia levado a procurar a ins-tituição. “Em Goiânia, por exemplo, saúde foi o tema mais votado”, cita Bernardo Boclin.

Antes dessas pesquisas, foi feita uma en-quete na intranet com o objetivo de identificar com os promotores e servidores qual o proble-ma social mais grave, tendo também prevaleci-do nesta consulta o combate à corrupção.

Além dos resultados das pesquisas, o co-ordenador do GGI informa que também será apresentada para os promotores e procura-dores nos encontros regionais a compilação de uma pesquisa nacional encomendada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), com o objetivo de conhecer a visão dos brasileiros sobre o Ministério Público e so-bre o próprio conselho.

O PGAConforme previsto nos artigos 50 e 50-A

da lei Complementar Estadual nº 25/1998 (lei Orgânica do MP-GO), o Plano Geral de Atuação (PGA) constitui instrumento de planejamento de curto prazo (bienal), a ser estabelecido pelo procurador-geral de Justiça, com participação dos Centros de Apoio Operacional (CAOs), das Procuradorias e Promotorias de Justiça, ouvi-dos o Colégio de Procuradores de Justiça e o Conselho superior do Ministério Público.

Seguindo metodologia

utilizada há dois anos,

elaboração do novo Plano

Geral de Atuação terá

novamente ampla consulta

aos membros do MP-GO,

embasada em dados de

pesquisa com a população

As discussões sobre a escolha do tema único do Plano Geral de Atua-ção (PGA) para o biênio 2016-2017

do Ministério Público de Goiás já começa-ram. A decisão final sobre a bandeira central da instituição para os próximos dois anos sairá somente após debates e reuniões com os promotores e procuradores de Justiça de todo o Estado, programados para os meses de agosto, setembro e outubro. Coordena-dor do Gabinete de Planejamento e Gestão Integrada (GGI), responsável por esse plane-jamento de trabalho, Bernardo Boclin Bor-ges explica que, a partir do levantamento feito com os membros da instituição nos en-contros regionais, o tema será definido por um comitê, constituído por 37 promotores coordenadores de promotorias e 5 procura-dores de Justiça, no final de outubro.

Quatro pesquisas feitas com a popula-ção e com servidores do MP serão apresen-tadas nos encontros regionais com o objeti-vo de embasar a escolha do tema prioritário de atuação. O objetivo de cada reunião nas regiões do Estado é coletar uma ou mais su-gestões de tema que serão analisadas pelo comitê específico, formado por consenso, para eleger o tema do PGA. A metodologia de consulta coletiva é semelhante à ado-tada há dois anos, quando da construção conjunta do PGA 2014-2015, que resultou na bandeira da intensificação do combate à corrupção.

PESQUiSASEntre as pesquisas feitas para o PGA es-

teve uma enquete lançada pelo GGI no site do MP para consulta pública. O levantamen-to ficou disponível até o dia 20 de agosto e trouxe as seguintes opções de temas para votação pela população sobre qual deveria ser a prioridade do MP: violência, saúde, direi-tos humanos, educação, combate ao tráfico de drogas, direito do consumidor, meio am-biente e urbanismo, combate à corrupção e direito da criança e do adolescente. O com-bate à corrupção liderou a pesquisa online.

Além do material online, uma consulta similar foi realizada por meio de um formu-

l calEndárIo

25/8- luziânia27/8 - Rio Verde31/8 - Itumbiara3/9 – Aparecida de Goiânia10/9 – são luís de Montes Belos15/9 – uruaçu21/9 – Catalão

Gráfico com resultado de levantamento na capital: dados vão subsidiar decisão

Cidadã que buscou o MP-GO em Goiânia é consultada por atendente sobre o tema que deve ser priorizado na atuação institucional

Confira a datas das reuniões regionais:

23/9 – Formosa28/9 – Cidade de Goiás1º/10 – Anápolis 19,20 e 21/10 – GoiâniaA definir – Reunião dos procuradores de Justiça

atuação institucional

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4 jornal mp goiás | goiânia - julho e agosto de 2015 www.mpgo.mp.br

Acervo do GGI

Em março deste ano, por meio de portaria assinada pelo promotor de Justiça de leopoldo de Bulhões, Ra-

faello Boschi, o Projeto Estrada de Ferro, concebido pelo Ministério Público, come-çou a tomar forma e a ser desenvolvido em todo o Estado, com o objetivo de estimular a proteção da história goiana construída ao longo das linhas férreas. Conforme explica Boschi, outras iniciativas já foram deflagra-das em municípios distintos, mas a ideia agora é integrar todas elas. “A portaria é de leopoldo de Bulhões, mas todos os promo-tores envolvidos são autores”, salienta.

Devido à falta de cuidados com as esta-ções ferroviárias inativas do Estado, desde Goiânia até Cumari, na Região sudeste, os promotores de Justiça decidiram unir forças para tentar recuperar todo esse patrimônio histórico que vem se perdendo. A Região da Estrada de Ferro, como é conhecido o sudeste de Goiás, está perdendo o vínculo com o objeto que a batizou, na avaliação do MP. Daí resultou a concepção do Projeto Estrada de Ferro.

PrOJEtO Ao longo da Região sudeste de Goiás,

existem estações que estão em operação e outras inativas. Rafaello Boschi observa que não se pode apontar um responsável único pelo abandono. “Não temos como identifi-car quem é o causador do dano. No projeto, temos buscado conseguir a atenção dos ór-gãos com algum tipo de responsabilidade sobre a proteção do patrimônio histórico e, a partir daí, resgatar a identidade dessa re-gião que favoreceu o desenvolvimento do Estado”, explica. segundo ele, com as res-taurações, a intenção é que os municípios passem a respeitar o patrimônio que é de-les. Participam das ações do MP o Instituto do Patrimônio histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Departamento Nacional de Infra-estrutura de transportes (DNIt) e a secreta-ria do Patrimônio da união (sPu).

O que se pretende com a recuperação dos espaços ligados à estrada de ferro é fa-zer com que os locais onde antes se estabe-leciam elos de transporte se tornem palcos

Projeto articulado pelo MP-GO pretende incentivar a recuperação do patrimônio histórico na região das estradas de ferro que trouxeram desenvolvimento para o interior de Goiás

Resgatando os trilhos da históriapatrimônio histórico

culturais e espaços de uso da população, resgatando a história.

Ao final do projeto, a ideia é que seja im-plantada uma linha da estrada de ferro in-tegrando os municípios por um trem Maria Fumaça que passaria pelas estações ferrovi-árias e pela Ponte Epitácio Pessoa restaura-das. Os locais das estações seriam espaços de educação, cultura, artes e gastronomia, fortalecendo a identidade dos habitantes da região e o exercício da cidadania.

Entre os objetivos principais, o Projeto Estrada de Ferro visa garantir ambientes para manifestações artísticas e culturais; viabilizar a formação de um circuito artísti-co, cultural e gastronômico; criar um novo polo turístico; incluir a história da Estrada

de Ferro como atividade escolar; fortalecer a cidadania e garantir o respeito ao patri-mônio histórico, artístico e cultural.

Coordenadora técnica da superinten-dência Regional do Instituto do Patrimônio histórico e Artístico Nacional (Iphan), Be-atriz Otto de santana ressalta que o patri-mônio ferroviário brasileiro é constituído de bens imóveis e móveis, incluindo loco-motivas, vagões e equipamentos como re-lógios, telégrafos e mobiliários, além de um enorme acervo documental. há ainda o pa-trimônio imaterial, representado pelos cos-tumes e tradições narrados no cotidiano de quem viveu as ferrovias brasileiras. “O Iphan, dentro de sua proposta de promover e pre-servar o patrimônio cultural, acredita que

esse conjunto de bens representados pelo patrimônio ferroviário é parte integrante da nossa cultura e identidade, que não pode ser perdida pelo abandono ou arruinamen-to, mas resgatado por meio da ressocializa-ção”, enfatiza.

ExtENSãO dO AbANdONOConforme explica Beatriz Otto, as esta-

ções ferroviárias desativadas pertencem à união. logo, com a extinção da Rede Ferro-viária Federal (RFFsA), o cuidado com elas passou a ser de responsabilidade da secre-taria de Patrimônio da união (sPu). “todavia, em 2007, a lei nº 11.483 incumbiu o Iphan de receber e administrar os bens móveis e imóveis de valor artístico, histórico e cultural oriundos do espólio da extinta RFFsA, visan-do à preservação e difusão da memória fer-roviária. Assim, a sPu repassou ao Iphan os imóveis que são valorados, declarados como Não Operacionais (NOP)”, detalha.

Percorrendo os 2.637 quilômetros de estradas rurais e estaduais em busca do pa-trimônio ferroviário edificado em Goiás, o Iphan constatou um cenário de abandono. segundo Beatriz, isso ocorreu, principalmen-te, pela extinção da RFFsA. Mesmo assim, os locais onde a ferrovia foi extinta ainda guar-dam relíquias conservadas pelo espírito pre-servacionista de funcionários aposentados ou pelo próprio isolamento geográfico.

Atualmente algumas das estações ferro-viárias do sudeste goiano estão abandona-das, em ruínas e desativadas. Com o tempo,

Com a recuperação da antiga estação em Vianópolis, local tornou-se espaço cultural, abrigando eventos voltados às artes

Estação em Silvânia foi inserida no projeto de resgate histórico da Região da Estrada de Ferro

Ricardo Santana

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5jornal mp goiás | goiânia - julho e agosto de 2015www.mpgo.mp.br

Boas notícias começam a ser contadasEm Anápolis, no último dia 10 de julho, a

paisagem central da cidade começou a ser mo-dificada. Em frente à estação ferroviária do mu-nicípio, datada de 1934, havia sido construído um terminal de ônibus para transporte cole-tivo. A edificação está situada bem no Centro do município, local de grande movimentação de pessoas e também grande quantidade de estabelecimentos de comércio. “Em 2008, re-cebemos um abaixo-assinado com mais de 300 assinaturas pedindo a proteção do pa-trimônio. Foi, então, que propusemos uma ação civil pública com esse fim”, relembra a promotora sandra Garbelini, da 15ª Promo-toria de Anápolis e uma das envolvidas no Projeto Estrada de Ferro.

Após o julgamento da ação, ficou de-cidido que o terminal de ônibus deveria

ser demolido até 2013, o que não ocorreu. só agora o MP-GO conseguiu fazer com que a determinação fosse cumprida e o patrimônio protegido. “A estação foi totalmente descorti-nada (fotos). A população está satisfeita com a devolução do bem, que deve ser revitalizado. Já há R$ 500 mil oriundos de fundo nacional destinados a isso”, comemora sandra Garbelini.

Para os próximos meses, as perspectivas são boas. A promotora defende ser fundamen-tal que a comunidade usufrua daqueles bens históricos que remetem principalmente aos lo-cais por onde seus antepassados chegaram para construir e erguer a cidade. “Que isso sirva para futuras gerações, que também devem contem-plar esses bens que fazem parte da história de vida de suas famílias e da cidade.”

A cidade de Vianópolis também viu a história de sua estação ferroviária ser recontada. surgido graças à estrada de ferro, o município foi palco de festivais de inverno nos anos de 2010 e 2011. Durante anos, a vida local girou em torno da Es-tação tavares, tendo ela e o largo à sua volta se tornado palcos de intensas atividades sociais e culturais desenvolvidas pela população. Isso de-pois de um trabalho de recuperação feito pelo Iphan em 2010, já que, na década de 1980, o trem de passageiros foi desativado e a estação havia caído no esquecimento .

O promotor Maurício Alexandre Gebrim, que respondia pela comarca de Vianópolis à época

e se envolveu no projeto de resgate, conside-ra o prédio da estação ferroviária como a “certidão de nascimento” da cidade e, por isso, deve ser valorizado como um lugar de manifestação da cultura. “Por tais razões, foi criado, por iniciativa da Promotoria de Jus-tiça de Vianópolis, em 2010, o Festival Cul-tural de Inverno de Vianópolis.” Ele relembra que o evento foi muito bem recebido pela sociedade, com um público considerável e atrações típicas do Estado. Mesmo sem novas edições do festival, o largo da estação conti-nuou a ser utilizado para atividades culturais, festeja Gebrim.

não só a estrutura física tem sido perdida como também a identidade da região. O Iphan iniciou o processo de restauração em algumas comarcas. Contudo, muito ainda precisa ser feito.

rEStAUrAçõES EM CUrSOEm 2008, o Iphan Goiás elaborou o In-

ventário de Conhecimento do Patrimônio Ferroviário no Estado de Goiás, que percor-reu as estradas de todo o Estado. No mes-mo ano, também foi feita a restauração da Estação Ferroviária de Pires do Rio, entregue em 2009 e que agora abriga o Departamen-to de Cultura da secretaria Municipal de Educação, sob concessão da prefeitura de Pires do Rio. Já no ano de 2009 foi elabora-do o videodocumentário Memória Ferrovi-ária em Goiás, que recuperou, por meio da história oral, a memória coletiva dos ferrovi-ários aposentados e moradores das cidades impactadas pela Rede Ferroviária em Goiás.

Entre 2009 e 2010, o Museu Ferroviário de Pires do Rio e as estações ferroviárias de Vianópolis, Ponte Funda, Caraíba e Goian-dira passaram por intervenções e obras de restauro, com projetos que envolviam sua recuperação e ressocialização. Em 2011, foi a vez das estações de urutaí e silvânia se-rem restauradas, tendo sido desenvolvidos, sequencialmente, projetos de educação pa-trimonial nestas últimas.

Entre as estruturas que devem ser re-cuperadas por meio do Projeto Estrada de Ferro destaca-se a Ponte Epitácio Pessoa (Pires do Rio), inaugurada em 1922, que foi importada da Europa com as característi-cas arquitetônicas da época. Atualmente, foi substituída por uma ponte de concreto, mas a ponte de ferro ainda continua no lo-cal e está abandonada.

Dentro do Projeto Estrada de Ferro, o Iphan Goiás deverá dotar as estações ferro-viárias com a infraestrutura necessária para seu pleno uso social, permitindo que as co-munidades se apropriem delas de maneira natural e reforçando, nesses edifícios, a pre-servação da memória ferroviária.

rEFErêNCiASOutros projetos realizados pelo País são

prova de que a recuperação dá certo e ser-vem com referência para as ações em Goiás. Entre eles, destacam-se a Praça Rui Barbosa, em Belo horizonte (MG), onde se realizam eventos públicos; a Estação Ferroviária de Araguari (MG), que se tornou sede da pre-feitura e abriga o Museu Ferroviário; Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), que reali-za transporte de passageiros; Estação da luz, em são Paulo (sP), que integra a rede de transporte sobre trilhos da Companhia Paulista de trens Metropolitanos, e abriga o Museu da língua Portuguesa; o Projeto Es-tação Cultura Miguel Burnier, em Ouro Pre-to (MG) e o Museu histórico Abílio Barreto (AAMhAB), em Belo horizonte (MG).

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6 jornal mp goiás | goiânia - julho e agosto de 2015 www.mpgo.mp.br

“O Projeto semear mudou a natu-reza do Jorge (nome fictício). Agora, ele fica o dia todo no

projeto e, quando chega em casa, está feliz e convive muito melhor com a família. Ele está querendo até voltar a estudar”. Esse é o relato da responsável legal por um adolescente de 17 anos que traficava drogas em Goianésia.

também inserido no projeto, que é desen-volvido pelo Ministério Público de Goiás na comarca, a 175 quilômetros de Goiânia, Edu-ardo (nome fictício), também de 17 anos, é outro jovem que busca um novo destino. “Ele está mais tranquilo em casa. As reuniões com os pais, desenvolvidas pelo projeto, servem de exemplo para melhorar a convivência familiar”, explica a mãe do menor.

O projeto foi implantado em julho desse

Lançado em Goianésia nos 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, Projeto Semear busca a reinserção de adolescentes que cometeram atos infracionais

Uma nova chance para jovens infratores

infância e juventude

ano, após 78 audiências referentes a procedi-mentos de apuração de ato infracional, que resultaram na inclusão de 55 adolescentes in-fratores na iniciativa. Idealizado pela promoto-ra de Justiça tarsila Costa Guimarães, o projeto tem a finalidade de acompanhar a aplicação de medidas socioeducativas com enfoque no desenvolvimento de noções de cidadania e de educação cívica e ambiental.

“Esse projeto é uma resposta para a so-ciedade, mostrando que realmente são aplicadas medidas punitivas para jovens in-fratores. também dá embasamento para a discussão sobre a maioridade penal, assunto que está em pauta na Câmara dos Deputa-

dos e no senado Federal, com a proposta de alterar a idade penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”. Além disso, 2015 é o ano em que se comemora os 25 anos do ECA, relembra a promotora.

PilArESO Projeto semear é baseado em três pila-

res: o cumprimento da medida socioeducati-va pelo adolescente com noções de civismo, educação ambiental e ética; a orientação e re-estruturação familiar, com reuniões na Escola de Pais, e o retorno dos menores para a sala de aula, com turmas específicas de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Os adolescentes inseridos no projeto não recebem apenas uma punição, mas têm opor-tunidade de aprendizado, já que desenvolvem ações ligadas ao cultivo de mudas, refloresta-mento, jardinagem, limpeza de área degrada-da, combate a incêndios, entre outras ativida-des de cunho ambiental. O projeto funciona das 7 às 17 horas, de segunda a sexta-feira. Caso o menor não compareça à prestação de serviço, a legislação permite que o adolescen-te fique apreendido por até cinco dias.

As atividades são realizadas em parceria com o Poder Judiciário, Corpo de Bombei-ros, Polícia Militar Ambiental, Polícia Militar, Polícia Civil, secretarias do Meio Ambiente e de Promoção social de Goianésia e Centro de Referência Especializado de Assistência social (Creas).

Os pais e os responsáveis por esses ado-lescentes também devem frequentar os sete módulos da Escola de Pais. “Geralmente, o adolescente que cumpre a medida não rece-be apoio em casa. Para as famílias desses me-nores, a educação é um problema do Estado e não do núcleo familiar. Nesses encontros, orientamos os responsáveis a lidar com esses jovens”, revela a promotora.

Para que o cumprimento da medida socio-educativa no projeto seja válida, o adolescen-te deve ter frequência escolar. Grande parte desses adolescentes está fora da escola há muitos anos e é um problema reinseri-los em salas de aula com crianças mais novas. “Vamos identificar a necessidade de cada um e fazer um esforço para que eles voltem a estudar”, enfatiza a promotora. Por isso, o Projeto se-mear faz o levantamento do histórico escolar desses menores nas instituições da região. Em breve, será aberta uma turma do EJA específi-ca para atendê-los.

Ações do projeto incluem capacitação das equipes que vão lidar com os adolescentes

Jovem prepara muda: proposta do Semear envolve a construção de valores de cidadania, o que inclui o estímulo à educação ambiental

Fotos: 3ª Promotoria de Goianésia

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7jornal mp goiás | goiânia - julho e agosto de 2015www.mpgo.mp.br

Representantes das torcidas estiveram presentes no encontro na sede do MP

Por mais segurança nos estádiosGrupo de atuação especial foi criado pelo MP-GO com objetivo

de articular medidas visando assegurar um ambiente mais

seguro para os torcedores de futebol em Goiânia

Criado oficialmente por ato da Procura-doria-Geral de Justiça no final de junho, o Grupo de Atuação Especial em Gran-

des Eventos do Futebol (GFut) já iniciou suas atividades e tem uma série de projetos enga-tilhados com o objetivo de coibir a violência nos estádios em Goiânia e garantir maior segu-rança aos frequentadores desses espaços. Con-forme definido no ato de criação do grupo, a atuação será estruturada em seis eixos: torcida organizada, infância e juventude, organização e segurança no local do evento, segurança pú-blica, consumidor e serviços públicos e articu-lação com os clubes de futebol.

Com a implantação do grupo especiali-zado, o MP-GO pretende estender o trabalho de combate à violência nos estádios para além dos casos tratados no Juizado do tor-cedor, contribuindo com propostas de solu-ção para questões que têm sido apontadas como prioritárias no desenvolvimento do esporte. A estruturação do GFut também está em sintonia com diretrizes nacionais do MP brasileiro. No Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do MP dos Estados e da união (CNPG), por exemplo, há um grupo de prevenção e combate a violência nos está-dios. seguindo essa tendência, o MP de Goi-ás entendeu ser necessário enfrentar o tema de uma forma mais abrangente, por meio de uma equipe com atuação específica.

Conforme explica o promotor Ramiro Car-penedo Martins Netto, que coordena o grupo, a criação do GFut decorreu da necessidade de uniformizar a atuação dos promotores que li-dam com a questão do futebol. “Esse grupo é essencial, porque assim a atuação passa a ser uniforme. Deixamos de ter uma ação pulveri-zada, que é ineficaz no final das contas, e a atu-ação do MP-GO passa a ser mais efetiva”, avalia.

liNhAS dE AtUAçãOPara que as atividades do grupo sejam

desenvolvidas da melhor maneira possível, cada eixo de atuação ficou responsável por demandas específicas, com atividades que seguirão em paralelo, para que se alcance os objetivos traçados. O planejamento do trabalho tem contado com apoio das equi-pes do Gabinete de Planejamento e Gestão Integrada (GGI) e da superintendência de Planejamento e Gestão do MP.

Assim, entre os principais projetos do GFut estão a articulação e o incentivo do ca-dastro dos torcedores que compõem torcidas

combate à violência no futebol

ganizada (com foto) devem ser confeccio-nados para que os torcedores possam voltar a frequentar os estádios no próximo ano. “O grande problema era que não se tinha um controle de quem participava das torcidas organizadas. Algumas pessoas se aproveita-vam disso para causar tumulto. E não se po-dia inibir a manifestação esportiva, que é um direito. Quando se tem controle, o acesso daquelas pessoas que estão indo para fazer baderna fica mais difícil”, explica tiago santa-na. A ideia é que a própria torcida organizada cadastre seus membros e compartilhe os da-dos com os órgãos de segurança, detalha o promotor. Futuramente, deverá haver acesso exclusivo e diferenciado aos estádios, a fim de aumentar o controle.

Quanto ao eixo de atuação na infância e juventude, já foi definido com a secretaria Municipal de Assistência social de Goiânia um atendimento efetivo ao adolescente que pratica ato infracional durante os jogos. “Esta-mos tentando a expedição de uma portaria que regulamente o acesso de adolescentes aos estádios, além de estabelecer medidas socioeducativas específicas para esse gru-po”, comenta um dos responsáveis pelo eixo, Wesley Marques Branquinho – também atua junto com ele o promotor José Divino da sil-va. segundo explica, o MP quer fomentar o cumprimento da lei e o respeito dos direitos da criança e do adolescente. De acordo com o promotor, a medida é importante para que os jovens não frequentem estádios sem no-ção de responsabilidade.

Quanto às ações de segurança pública, o promotor lucas César Costa Ferreira, res-ponsável pelo eixo, juntamente com o co-lega Robertson Alves de Mesquita, adianta que o MP-GO deverá realizar reuniões com o comando da Polícia Militar, da Polícia Civil e representantes da Agência Goiana de trans-portes e Obras (Agetop) com o objetivo de aproximar as instituições para aprimoramen-to do trabalho; para o estabelecimento de um procedimento operacional padrão (POP) com a PM, além da definição do projeto para setorização do serra Dourada.

O ato de criação do GFut prevê a atuação inicialmente apenas em Goiânia. A norma, contudo, estabelece que o grupo poderá as-sessorar Promotorias de Justiça de comarcas do interior do Estado, mediante solicitação feita ao coordenador, conforme a relevância ou impacto social do evento.

organizadas, a elaboração de uma nova porta-ria pelo Juizado da Infância e Juventude para acesso de crianças e adolescentes ao estádio, o fomento à elaboração do regulamento da competição e da setorização do Estádio serra Dourada para melhor controle do acesso.

Além disso, o grupo pretende estreitar o diálogo com a Polícia Militar para que se crie um procedimento operacional padrão para ocorrências relativas aos jogos de fute-bol. A implantação de uma linha de ônibus específica para o estádio em dias de jogos e o estímulo a ações fiscalizatórias da superin-tendência de Proteção aos Direitos do Con-sumidor (Procon-GO) e da Vigilância sanitá-ria também estão em pauta.

EixOSAlgumas ações do planejamento já estão

em andamento. O eixo do consumidor e ser-viços públicos, também de responsabilidade

do promotor Ramiro Carpenedo, por exem-plo, está viabilizando as linhas de ônibus específicas para levar os torcedores direta-mente ao Estádio serra Dourada e ao Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga (OBA). A essas li-nhas específicas, só terão acesso aqueles que já tiverem sido cadastrados.

Em razão de decisão judicial, as torcidas organizadas estão proibidas de frequentar estádios de futebol em Goiás até fevereiro de 2016. O promotor tiago santana Gonçal-ves, responsável pelo eixo que cuida desse assunto, explica que, dentro do projeto do GFut, algumas ações têm sido articuladas para que, quando o prazo da sentença che-gar ao fim, as torcidas estejam preparadas para frequentar os estádios. O MP-GO vai in-termediar as discussões entre líderes das tor-cidas, presidentes dos clubes, e Polícia Militar.

Ao longo do segundo semestre, cadas-tros e carteirinhas vinculados à torcida or-

Coordenada pelo promotor Ramiro Carpenedo (direita), reunião do GFUT com interessados debateu a questão da setorização do estádio e o cadastro dos torcedores

Page 8: Construindo juntos a próxima bandeira · u 4 e 5 MP-GO e outras instituições aproveitam tradicional festa religiosa da comunidade calunga na região do Vão de Almas para conhecer

8 jornal mp goiás | goiânia - julho e agosto de 2015 www.mpgo.mp.br

CriStiNA rOSA

Cavalcante – Romeiros das comunidades quilombolas existentes nos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e teresina

de Goiás reuniram-se, entre os dias 12 e 15 de agosto, para a festa em louvor a Nossa senhora D’Abadia, padroeira do Vão de Almas, uma das principais comunidades calungas. O festejo reu-niu cerca de 3 mil pessoas que, além da tradição religiosa (fotos), foram mobilizadas, neste ano, para participação em ações de cidadania de-senvolvidas por diversas instituições, entre elas o Ministério Público de Goiás.

A intenção da instituição foi, mais uma vez, possibilitar a escuta dos líderes locais quanto às principais demandas e levar esclarecimentos sobre alguns temas, como violência domés-tica e abuso sexual, além de oferecer o aten-dimento sobre outras questões que estão no âmbito de atuação do MP-GO. Assim, no dia 14 de agosto, pela manhã, a promotora de Caval-cante, Úrsula Catarina Fernandes da silva Pinto; o promotor de Campos Belos, Paulo Brondi, e o coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos humanos e do Cidadão, Eduardo Prego, promoveram uma roda de conversa em que várias reivindicações foram apresentadas pelos participantes.

Entre as preocupações citadas estiveram assuntos ligados à própria realização da festa, como questões envolvendo o descarte de lixo e a poluição sonora. sobre este tema, o coordena-dor do CAO Direitos humanos sugeriu que, ao

MP-GO coordenou série de atividades durante a festa de Nossa Senhora D’Abadia na comunidade quilombola de Vão de Almas

Um olhar mais atento às demandas calungas

vão de almas

final da festa deste ano, comece a organização das providências necessárias para o próximo festejo. Assim, ele sugeriu a elaboração de um termo de ajuste de conduta que contenha obri-gações a serem assumidas pelos organizadores do evento, os comerciantes, a prefeitura e outras instituições que contribuem para a realização da romaria.

O procurador da República Onésio Amaral também participou da roda de conversa e escla-receu a atuação do Ministério Público Federal e como a instituição pode auxiliar na resolução de demandas da comunidade calunga, em especial a fiscalização de verbas públicas federais. Partici-param ainda da atividade a superintendente de Igualdade Racial da secretaria Cidadã, Marta Ivo-

ne, além de pesquisadores da universidade de Brasília e da universidade Federal de Goiás.

A promotora Úrsula Catarina reafirmou, na roda de conversa, que o Ministério Público de Goiás está sempre à disposição para garantir a proteção dos direitos dos quilombolas e averi-guar denúncias também em outras áreas, como educação, direitos humanos e meio ambiente, em continuidade ao que já tem sido feito pela Promotoria de Justiça de Cavalcante. “Vamos promover uma atuação unificada entre os ór-gãos, para reforçar ainda mais a proteção desta comunidade”, destacou.

Após o término da roda de conversa o grupo iniciou um abaixo-assinado que reivindica a de-signação de um delegado para o município de

Cavalcante. Ainda pela manhã, foi realizada uma vistoria no Colégio Estadual Calunga I, para a ve-rificação das obras do refeitório da unidade esco-lar, que deverá ser entregue após as adequações necessárias a serem apontadas à empreiteira re-alizadora da construção.

PrOMOçãO dA CidAdANiANo período da tarde, a promotora Úrsula Ca-

tarina e o promotor Eduardo Prego reuniram os participantes da festa para falarem sobre violên-cia doméstica e também do abuso sexual con-tra crianças e adolescentes. A promotora Úrsula reiterou também que o tema do abuso sexual deve superar a lei do silêncio e ser abordado na comunidade. Ela sugeriu às crianças que falem com pessoas de sua confiança, como pais, avós e professores quando notarem situações que as constranjam em relação a um adulto.

Para a promotora, a comunidade vem cons-tantemente sendo vítima de diversos outros abusos, como a falta de educação de qualida-de, de estradas, pontes, merenda escolar. Desse modo, ela tem feito não somente palestras em escolas sobre a questão da violência sexual, como atuado de forma extrajudicial para garan-tir a melhoria da educação nas escolas calungas, em ações dentro do programa Bem Educar.

MP Até VOCêA programação contou ainda com a presen-

ça do projeto MP até Você, no qual o promotor Paulo Brondi atendeu demandas específicas da população. Além disso, houve um momento destinado especialmente às crianças, com a exi-bição de um desenho animado com a temáti-ca do abuso sexual e uma apresentação teatral com a temática da igualdade racial. A apresenta-ção foi feita pelo grupo de teatro Vozes do sertão lutando por transformação, formado por alunas do Colégio Elias Jorge Cheim.

Ao final das atividades, foram distribuídos brinquedos arrecadados entre os integrantes do MP-GO. A organização das ações realizadas durante a festa contou com o auxílio da Coorde-nadoria de Apoio à Atuação Extrajudicial (Caej) e do Gabinete de Planejamento e Gestão Integra-da (GGI) do MP-GO.

Antes das ações do MP-GO, houve uma audiência pública, no dia 13, coordenada pela Corregedoria-Geral da Justiça, para escuta da população.

Promotora Úrsula Catarina reafirmou à comunidade disposição do MP-GO em apoiá-la

Atendimento do MP Até Você foi feito pelo promotor Paulo Brondi: escuta de reivindicações