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#1 . ano 1 - 2012 l distribuição gratuita Comida Bebida Diversão Arte Academia Brasileira da Cachaça Academia Brasileira da Cachaça Hoje, na Academia, somos 40 membros, 30 homens e 10 mulheres. O compositor Carlos Cachaça é o patrono geral da Academia. Uma reunião dos apreciadores da “branquinha” Uma reunião dos apreciadores da “branquinha” Paulo Antônio Magoulas, presidente

Calunga de Boteco

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Nossa ideia é levar até você informações sobre tudo que está acontecendo nos melhores bares, botecos e pés sujos do ramo. Seus personagens e histórias servirão de inestimáveis fontes para as nossas pautas.

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Page 1: Calunga de Boteco

#1 . ano 1 - 2012 l distribuição gratuita Comida Bebida Diversão A r t e

Academia Brasileirada CachaçaAcademia Brasileirada Cachaça

Hoje, na Academia, somos

40 membros, 30 homens e

10 mulheres. O compositor

Carlos Cachaça é o patrono

geral da Academia.

Uma reunião dos apreciadores da “branquinha”

Uma reunião dos apreciadores da “branquinha”

Paulo Antônio Magoulas, presidente

Page 2: Calunga de Boteco

Os botecos estiveram presentes na vida do carioca e, com o passar do tempo, frequentá-los passou a ser um estilo de vida. A princípio seus proprietários tinham uma relação muito de perto com seus frequentadores, que estendiam o

pagamento de suas contas, por dias, muitas vezes meses, graças ao famoso “pendura” ou “fiado”, que a intimidade na amizade garantia.

A figura do português, dono de bar, foi por muito tempo retratada nas mú-sicas e nas piadas. O compositor Wil-son Batista sempre os criticava. Das brincadeiras surgiam músicas sobre o assunto, como “No Boteco do José” e de outras falando de bebidas como “Bolinho de Cachaça”, “Coquetel 44” e “Mais uma taça”, entre tantas. No car-naval outros autores fizeram da bebida seu hino momesco, como “Turma do funil”, “Cachaça”, “Camisa listrada” e “Bebo sim”. Até as ditas caipiras como “Marvada Pinga”.

Compositores de várias gerações e gêneros usaram a bebida como tema e inspiração, como “Carlos Cachaça”, Patrono da “Academia Brasileira da Cachaça”, que a incorporou ao nome.

Os músicos sempre estiveram ligados à boemia. Alguns eram estimulados a produzir quando em ação degustativa, como Nelson Cavaquinho, Geraldo Pe-reira, Padeirinho, Gracia do Salgueiro, Roberto Ribeiro, Vinícius de Morais, Tom Jobim e muitos e muitos outros.

Alguns lugares ficaram conhecidos, pela frequência desses artistas, como o “Café Nice”, templo dos artistas, “Bar Gouveia”, “escritório” de Pixinguinha, “Boate Zum - Zum”, frequentada pelo pessoal da bossa nova, capitaneada pelo seu proprietário e compositor Paulo Soledade, e hoje, o “Bip-Bip”, do querido Alfredinho, que não deixa morrer o verdadeiro espírito do bote-

co, com música de primeira qualidade, cerveja gelada e o companheirismo de todos.

Música e birita fizeram ressurgir o bairro boêmio da Lapa, através do belo trabalho de Lefê de Almeida, com seu ponta-pé inicial no bar “Semente” e “Carioca da Gema” e de seus segui-dores muito bem produzidos e através das idéias inovadoras, de Plínio Fróes, em seu “Rio Scenarium” e dos segui-dores “Café Cultural Sacrilégio”, “De-mocráticos”, “Casa da Mãe Joana” e as ruas com bares que enchem de alegria ano após ano seus frequentadores.

Citei a Lapa, porque ela está no cen-tro do mapa dos acontecimentos, mas à sua volta outros bairros crescem, como Santa Teresa, Catete, Botafogo, Cais do Porto, Gamboa e Saúde, esten-dendo-se a Vila Isabel, Tijuca, Madu-reira, Leblon, Humaitá e outros.

São milhares de pessoas espalhadas em bares, boates, blocos, escolas de samba, vibrando ao som de baterias e trios elétricos, em grupos que vão além do carnaval, invadindo o resto do ano, com muita bebida, música e alegria.

Cervejas patrocinando shows e car-naval, cachaças de alambique, com preferência de drinques nacionais, a partir da caipirinha e muito sacole de batidas.

O Rio é uma festa o ano inteiro, tudo organizado pelo espírito alegre do ca-rioca, que de sua cultura dos bares, invade com música o resto do país.

Vou tomar minha cachaça. Agora fi-quei na dúvida entre a “Maguinifica”, “Chacrinha”, “Coqueiro”, “Seleta” ou as que selecionei nas visitas aos alambi-ques. Brindo a todos com “Unidos be-beremos. Sozinho também”. l

Luis Fernado VieiraIlustração: Boni

[email protected]

Editorial

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Exped

iente UMA PUBLICAÇÃO YKENGA EDITORIAL LTDA

DIRETOR-PRESIDENTE: Bonifácio Rodrigues de Mattos - YkengaEDIÇÃO E TEXTO: Geraldo Ri-beiro EDITOR DE ARTE: Boni FOTOGRAFIA: Boni, Geraldo Ribeiro e divulgação ILUSTRAÇÕES: Ykenga, Boni, T.I: Wellington EspindolaCOMERCIAL:Natália EspindolaTIRAGEM: 20 mil exem-plares e internet DISTRIBUIÇÃO: Gratuita www.ykenga.com.br EMAIL: [email protected]

Gostaria de propor um brin-de à primeira edição do Calunga de Buteco, que chega às suas mãos, em-bora para isso o nobre lei-

tor tenha de colocar o jornal na mesa ou no balcão. Nossa ideia é levar até você informações sobre tudo que está acontecendo nos melhores bares, bo-tecos e pés sujos do ramo. Seus per-sonagens e histórias servirão de ines-timáveis fontes para as nossas pautas.

A ideia é usar textos curtos, lingua-gem coloquial e muita ilustração para mostrar o que rola na mesa dos bares e nos balcões dos pés sujos de nosso es-tado. Se você tem uma história interes-sante, como a do grupo da “Turma do Sabão”, que mostramos nesta edição, pode mandar para a gente, que, certa-mente enriquecerá nossas páginas.

O Calunga pretende ser o porta voz dos bebuns e apreciadores em geral das boas coisas da vida, principalmen-te daquelas bem geladas e acompa-nhadas de deliciosos tira-gostos. Além

Birita, boteco e música

dos donos de bares, os frequentadores com boas histórias para contar tam-bém terão espaço em nossas edições.

Vamos estar sempre ao seu lado – sóbrios – para acompanhar os me-lhores momentos de sua vida e dividir com o nobre leitor, entre birinaites e acepipes, informações leves que pos-

sam contribuir para um dia a dia – ou noite - mais agradável. Entre um le-vantamento de copo e outro, vamos sugerir mais um esforço ao nobre com-panheiro etílico, não muito chegado ao esforço físico: a virada de página.

Um brinde e vida longa ao Calunga!

Geraldo Ribeiro. Ilustração: Ykenga

ESPAÇO CULTURALItaipuaçú - Maricá

[email protected]/2638.8031/9260.0122

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[email protected]: Cartuns do NettoBrasa pra minha sardinha Branca Paixão. Jornalista e Artísta Plástica

Foto: Divulgação

Alguns trabalhos da artistas plástica Branca Paixão, em exposição

Branca Paixão: a arte Naif é um dos estilos mais usados em bares e botecos

A pintura sempre esteve presente em ambientes dos mais varia-dos e um dos estilos bastante

usados em botecos é o Naif, considera-do amplamente ingênuo, porque repre-senta os artistas que não frequentaram nenhum tipo de escola. Ao contrário do que já se pensou, a arte primitiva é tão importe quanto todas as outras e possui grande qualidade pictórica. Falando em termos gerais, sua princi-pal característica é a simplicidade pela ausência de elementos que se fazem presentes em obras de artistas que ti-veram formação acadêmica.

Em sendo popular não poderia dei-xar de estar presente num dos luga-res mais frequentados, para encon-

tros etílicos da nossa sociedade, que é o botequim. Neles encontramos em suas paredes as mais variadas repre-sentações desse tipo de arte. Pode-mos então citar um dos artistas de maior representatividade nos botecos cariocas, que foi Nilton Bravo, o pre-ferido entre todos os donos de bote-cos de origem portuguesa, que em princípio e meados do século passa-do, dominavam esse tipo de comér-cio no Rio de Janeiro. Não podería-mos falar de arte nos botecos sem citar Nilton Bravo, o mais conhecido muralista nesse gênero. Ele é um ca-pítulo à parte, inclusive descende de várias gerações de artistas que pinta-vam botecos e igrejas no Rio de Ja-

neiro. Seu avô Manoel Pinto Bravo e seu pai Lino Pinto Bravo foram seus mestres.Quem quiser ver uma obra desse artísta é só ir biritar na Adega Flor de Coimbra, na Lapa.

Sequindo a mesma linha podemos citar artístas que usam como tema de suas obras, botequins, como Vidal (Santa Tereza/RJ) Tuca Moreno (Salva-dor/BA), Di Branco (Maricá/RJ), Hélio Natividade (RJ) e tantos outros. As ar-tes plásticas sempre estarão ligada aos bares, seja na tematica, decoração, ou na frequência da maioria dos artístas nesses botecos da vida.

Foi muito prazeroso colocar azeitona na minha empada, a pintura. Agora vou relaxar e tomar minha cachacinha. l

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A Academia Brasileira da Ca-chaça foi fundada em outubro de 1993, no dia em que o bar

Academia da Cachaça fez oito anos de existência. Foi uma homenagem a um estabelecimento que foi pioneiro no oferecimento de boas cachaças.

Inicialmente, foram escolhidos 30 acadêmicos, sendo que os dez res-tantes seriam convidados no ano se-guinte, para evitar possíveis esqueci-mentos.

Caso algum acadêmico viesse a fale-cer, ele seria substituído por outro que demonstrasse desejo de ocupar a ca-deira. Cada cadeira teria um patrono, escolhido por seu titular, que poderia ser vivo ou não. Mas os patronos se-riam eternos. Na época, três patronos escolhidos estavam vivos: Caio Mou-rão, Paulo Gracindo e Gianfrancesco Guarnieri. Infelizmente, todos falece-ram. No ano seguinte mais dez aca-dêmicos foram selecionados e o Sérgio Arouca, escolheu para seu patrono, o compositor Noca da Portela. Quando mais tarde o Arouca faleceu, o Noca se candidatou à sua cadeira e foi elei-to. Assim ele ficou como patrono dele próprio. É o único caso e também o único patrono vivo atualmente.

Hoje, na Academia, somos 40 mem-bros, 30 homens e 10 mulheres. O compositor Carlos Cachaça é o patrono geral da Academia.

Perdemos alguns companheiros que já foram substituídos: Albino Pinheiro, Fausto Wolff, Ferdi Carneiro, Fran-cisco Milani, Gisela Magalhães, João Nogueira, Machadão, Sargenteli, Yale Renan e o Sérgio Arouca, já citado.

Temos alguns outros que já não os-tentam boa saúde e não podem mais beber, mas consideram a cachaça de alambique a verdadeira bebida brasi-leira e sempre utilizam o seu nome em sua defesa.

Nossa diretoria é Paulo Antonio Ma-goulas, como Presidente, desde o iní-cio, Raul Hazan, como Tesoureiro, e Luiz Fernando Vieira, como secretário.

Continuamos realizando um trabalho de divulgação da boa cachaça, sempre convencendo os proprietários de ba-res e restaurantes à adotá-las em seus cardápios.

Nossas reuniões diminuiram em quantidade, mas quando existem, são sempre maravilhosas. E todas as noi-tes de posse são muito concorridas.

Somos uma entidade que funciona sem nenhuma ajuda governamental e estamos sempre presentes no prin-cipais eventos de cachaça realizados no país. l

Cada vez mais a gastronomia brasileira contemporânea é valorizada aqui e cada vez

mais respeitada no estrangeiro.Não só pelo sabor exótico, como tam-

bém por ser realmente saborosa e bas-tante variada, uma vez que, no quesito culinário, há uma grande diversidade de opções de cardápios & pratos para prati-camente qualquer gosto.

Na realidade, dentro da culinária tupi-niquim, há uma gama enorme de sabores, aromas e a prazerosa possibilidade de inéditas combinações de elementos que transformarão essa alquimia em pratos ir-resistíveis não só para os iniciados, como para quem mais vier. Ou seja, o mundo !!!

Essa química, que rola nos “muitos Brasis culinários”, cada vez mais, traz ao conhecimento geral muitos pratos regio-nais, que virão encantar o paladar dos mais exigentes gourmets.

Isso realmente é muito gratificante e instigante.

Hoje, a culinária regional, com os seus temperos, aromas, sabores e ma-téria prima local partem das cozinhas humildes, para os mais refinados am-bientes.

Essa difusão partiu de fatos muito sig-nificativos e importantes:

- A vontade dos chefs brasileiros (o mestre e baluarte, José Hugo Celidônio) de assumirem como elementos importan-tes no trato e na consequente divulgação da culinária brazuca como um todo, ou particularmente, das muitas possibilida-des culinárias desses muitos Brasis, den-tro de um só Brasil.

- A descoberta e depois a paixão dos grandes chefs internacionais, principal-mente os franceses (capitaneados princi-palmente pelo mestre Claude Troisgros, que assentou âncoras por aqui e desco-briu as múltiplas possibilidades de criar & adaptar a culinária brasileira ao gosto dos mais experientes e renomados gour-mets e logicamente quebrando tabus e criando uma cozinha elaborada e digna dos melhores salões do mundo.

- Com a criação de cursos, em todos os níveis, foi incutida na mente a opção de carreira. A valorização do profissional ligado aos prazeres da boa mesa, em to-dos os níveis e hierarquias. Possibilitaram a melhoria da qualidade na elaboração dos pratos e consequentemente dos car-dápios.

Dentro desse contexto, a cachaça, bebi-da brasileira, com a tradição de mais de

quatro séculos de participação na vida e no cotidiano do pais, cada vez mais, dei-xa de ser “a mardita”, “aquela que matou o guarda”, “marafo” e tantos outros apeli-dos pejorativos e difamantes, para tornar--se um elemento bastante importante e presente nas mais importantes e sofisti-cadas mesas e nas cozinhas brasileiras. Há algum tempo, graças a DEUS, não é pecado, desaforo ou vício, degustar, sem medo de ser feliz, uma boa cachacinha.

Logicamente a cachaça sempre es-teve presente na mesa do brasileiro, primeiramente em todas... Nesse tem-po de Brasil colônia, chegou ao status de moeda de troca para o comércio, o que causou a ira da Coroa Portuguesa, pois era uma forma do povo da Terra de Vera Cruz dar uma sacaneadazinha nos opressores colonizadores. Mais para frente, marginalizou-se e ficou muito mal vista nas grande metrópoles bra-sileiras.

Essa situação permaneceu até bem pouco tempo. No panorama atual, a ca-chaça começa a se valorizar e achar seu lugar nas prateleiras e mesas mais exi-gentes. E o seu nome e sabor viajam por todo pó mundo.

Logo que o estrangeiro chega ao Bra-sil e no Rio, particularmente, quer sa-ber onde pode tomar ou degustar uma “caipirinha”. Aliás, ela é a quinta bebi-da mais consumida nos principais ho-téis de cinco estrelas em todo o mundo.

Pretendemos nesse espaço, mostrar as diversas facetas da nossa cachaça, na harmonização com os pratos da nossa culinária.

Nos aguardem nos próximos núme-ros. Dentro do tema, vamos apresentar as maneiras de harmonizar a cachaça com os mais variados pratos (entradas, pratos principais, sobremesas e até ca-fezinho), a sua vitoriosa utilização na elaboração de pratos & drinques Vamos falar da baixa gastronomia (comida de botequim) e mostrar receitas onde ela está presente.

Nos aguardem. Até o próximo número. l “Academia Brasileira da Cachaça.Uma entidade impar “

Paulo Antonio MagoulasFotomontagem: Boni

Gilvan ChegureIlustração: BoniHarmonização da cachaça

com a gastronomia &culinária brasileira contemporânea

Segundo o Aurélio Gastronomia [Do gr. gastronomía.] Substantivo feminino. - Conhecimento teórico e/ou prático acerca de tudo que diz respeito à arte culinária, às refeições apura-das, aos prazeres da mesa. - Arte de regalar-se com finos acepipes.

Culinária [F. subst. de culinário.] Substantivo feminino. - A arte de cozinhar.

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Presépio - com modelos de Akira YoshizawaDobrado por Boni

Cristo - Criado e dobrado por Boni

São Jorge - Modificado a partir do modelo de Davi Brill.Por Boni

Combinado japonês - Criado e dobrado por Boni

Gazela - por Boni

Carpa - de Robert LangPor boni

origami

O origami entrou meio por acaso e bem cedo na vida de Luiz Edu-ardo Bonifácio, o Boni. Aos qua-

tro anos de idade ganhou um brinque-do em forma de livro, feito pelo artista Plim Plim, com restos de embalagens e papel. No final havia, como desafio, um sapo de origami. Foi o que o me-nino precisava para tomar gosto pela arte da dobradura de papel.

“Era fim de ano. Vi numa revista

qualquer uma ilustração de uma pai-sagem natalina toda feita de papel. Na hora me lembrei do sapinho que tinha feito e vi que existia um universo de origami que eu ainda desconhecia. Depois desse dia procurei saber mais, achar fontes e me apliquei”, relembra.

De lá para cá, buscou pesquisar so-bre o assunto e, mesmo tendo atuado em outras áreas – ilustração, infografia e design –, nunca abandonou o origa-

Até metade do século XIX, o origami era restrito

aos adultos pelo alto custo do papel, porém, em 1876, o origami passou a ser ensinado nas escolas, fazendo parte da educação dos japoneses.

O termo origami vem do japonês: oru, “dobrar”, e kami, “papel” e serve para definir a tradicional e secular arte japonesa de dobrar o papel, criando representações de determinados seres ou objetos com as dobras geométricas de uma peça de papel, sem cortá-la ou colá-la.

Apenas um pequeno número de dobras diferentes é utilizado pelo ori-gami. Elas podem ser combinadas de diversas maneiras, de modo a formar desenhos complexos. Em geral, o artis-ta parte de um pedaço de papel qua-drado, cujas faces podem ser de cores ou estampas diferentes, prosseguindo--se sem cortar o papel.

Praticado desde o Período Edo (1603-1897), o origami tradicional japonês nem sempre é tão rígido em relação a essas convenções. Permite até mesmo o corte do papel durante a criação do desenho, além do uso de outras formas

mi. Boni busca criar modelos próprios, como o Cristo Redentor, que ilustra esta página. Com várias exposições no currículo - a mais recente foi no Espa-ço Capemi, no Centro – tem se dedi-cado a repassar seus conhecimentos através de workshops e cursos minis-trados para crianças e adultos.

Seus trabalhos – alguns deles nestas duas páginas - costumam ser emoldu-radas, se transformando em quadros que podem enfeitar as paredes de es-critórios, salas e quartos. Graduado em Comunicação Social (habilitação publi-cidade e propaganda) pela Faculdade Hélio Alonso, Boni tem passagem por vários órgãos da imprensa, atuando sempre na área de comunicação visual.

“Não me recordo como ou o que me motivou a desenhar. Me entendo por gente já desenhando”, diz.

Boni - encomendas e aulas entrar em contato com nosso Dpt. comercial

Quadros de origami para decoração

O tsuru(cegonha) simboliza a felicidade,

boa sorte e saúde.

Coruja de Roman Diazpor Boni

A arte das dobraduras de papel

de papel que não a quadrada (retangu-lar, circular, etc.).

Reza a lenda que aquele que fizer mil origamis da garça de papel japo-nesa (Tsuru, “garça”) teria um pedido realizado. A crença foi popularizada pela história de Sadako Sasaki, vítima da bomba atômica. l

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O Beco do Rato fica meio escon-dido, literalmente, num beco da Rua Moraes e Vale, circundado

pelas ruas da Lapa, Joaquim Silva e a Avenida Augusto Severo. Apesar de se situar um pouco distante do burbu-rinho da Lapa está sempre cheio. Tudo por conta do cardápio de alternativas que oferece aos frequentadores: sam-ba, choro, teatro e cinema, que podem ser acompanhados de uma cerveja es-tupidamente gelada – especialidade da casa – ou de uma cachacinha minei-ra com uma farta porção de pastel de angu, uma iguaria de origem africana.

A iguaria vem diretamente da cidade mineira de Itabirito para as mesas do bar, trazida pelo proprietário Márcio Pacheco, nascido naquela localidade. A receita ele não revela nem sob tortu-ra. A grande novidade é a massa, feita de um fubá de moinho só encontrado no interior de Minas, de onde Márcio traz mensalmente cerca de duas mil unidades, que fazem o deleite da fre-guesia, composta por artistas, jogado-res de futebol, jornalistas e formadores de opinião em geral.

Além do Beco do Rato, a única chan-

ce de experimentar o famoso pastel é indo a Itabirito. Márcio diz que até po-deria produzir a iguaria no Rio mesmo, mas faz questão de ir buscar em Minas por dois motivos básico:

“Manter a tradição e porque o fubá de moinho, a matéria prima, não é en-contrado por aqui.”

Márcio classifica seu bar como uma “resistência cultural”, da música e de suas raízes. Ele faz questão de dar palpite em tudo. Da decoração, com toques religiosos, à programação va-riada, que acontece de terça a sábado. Uma vez por mês o estabelecimento abre aos domingos – não tem data fixa – para uma feijoada.

O bar, que hoje é um dos estabe-lecimentos mais badalados da Lapa, começou como um pequeno depósito de água. Um dia Márcio chegou com um isopor recheado de cerveja para consumo próprio e foi juntando ami-gos. Foi a deixa para mudar de ramo. De início acanhado, com público que não passava de 15 pessoas, o Beco do Rato atrai hoje nos finais de semana até 450 pessoas.

O samba de raiz que rola às terças-

O endereço da boa música, da cerveja gelada e do pastel de anguGeraldo Ribeiro

Foto: Geraldo Ribeiro

-feiras e sábado é animado pelos gru-pos Empolga Samba e Trio Bacana, integrado por Paulinho da Aba, Clau-dinho Guimarães e Evandro Lima. O samba rola por lá também às quartas e sextas-feiras-feiras. Já a quarta-feira é reservada ao chorinho. Volta e meia o espaço recebe apresentações teatrais e exibição de filmes, em seu cineclube.

O sucesso da programação do Beco do Rato é tamanho, que acabou se expandindo para outras paragens. Em parceria com o músico Moacyr Luz, Márcio Pacheco criou o Samba da Lu-zia, que acontece às sextas feiras, no Clube Santa Luzia, perto do Aeroporto Santos Dumont, espaço onde cabem cerca de 1.500 pessoas, o triplo da ca-pacidade do bar da Lapa.

A título de curiosidade o nome Beco do Rato tem origem numa prática da malandragem dos anos 60 e 70, que fazia pequenos furtos nas imediações e depois de limpar as carteiras dos in-cautos as jogavam no local. Quando as vítimas procuravam a delegacia mais próxima para registrar queixa, o dele-gado os aconselhava a ver se encon-travam documentos ou sinal dos seus pertences num tal “beco do rato”. O nome, de início rejeitado por Márcio, quando da criação do bar, acabou se impondo e hoje representa o endereço da boa música, da cerveja gelada e do pastel de angu no Rio. l

Marcio, dono do Beco do Rato: “meu bar é como uma resistência cultural.”

Binho - grafiteiro [email protected]

... no Beco do Rato(Lapa).

Show

Trio Nordestino Sorteio de brindes

Comidas e bebidas tipicas

Forró e muita diversão

Associação de Cultura e Tradição Nordestina de São Gonçalo - RJ apresenta e convida todos a...

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Teófilo Otoni, Chico (o dono do bar e jockey)

e Otávio Augusto

Roni, Maria Gladys e Chico Salles

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Chico Caruso, Ykenga e Jaguar

O nome da bolaO poeta dos traços precisos e do humor leveChico Salles

O Chico e a Alaide trabalhavam como empregados no bar Bracarense, no Le-blon, point de intelectuais e também famoso pelo chopp bem tirado e acepipes bem temperados, aconteceu o inesperado. Sem motivo aparente, foram sumaria-mente demitidos. Mas como “quem é bamba não bambeia”, como dizia o mestre Candeia, ao invés de ficarem chorando sobre o “chopp derramado” foram à luta e batalha daqui, batalha dali, abriram o próprio bar.

Não deu outra. Se era o Chico quem “tirava“ o melhor chopp do pedaço e a Alaíde a quituteira que deixava chef francês babando, só podia ser, como

se fosse o boi lambendo cria. Não demorou muito e já estava bombando e os seguidores da simpatia, do tempero e do chopp bem tirado da dupla genial não encontram outra alternativa senão mudarem de mala e cuia para o novo Chico&Alaide.

E assim meus camaradas, é possível, nas tardes prosaicas do Leblon compar-tilharmos de uns beberuchos, um bolinho de aipim com carne seca ou camarão com figuras impolutas como o cartunista e PHD em biritologia, Jaguar, o não

menos famoso, o grande chargista Chico Caruso, o poeta Chico Salles, os atores globais Maria Gladys e Otávio Augusto, o Teófilo Otoni, parceiro de longas datas e vários copos, Roni, o grande chef dos petiscos incrementados à base de ca-ranguejos canadense e outras mumunhas internacionais. Não poderíamos deixar de citar o grande (no sentido lato da palavra) Alexandre Milagres, pneumologista renomado e incansável batalhador contra o tabagismo e o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, que também bate ponto por. l

Geraldo RibeiroIlustrações: Arquivo/AdailFoto: Boni

Aos 81 anos de idade e com mais de 60 de estrada como

desenhista, Adail José de Paula, ou simplesmente Adail, como é mais co-nhecido na imprensa, não é do tipo que vive do passado nem se lamentan-do da falta de espaço para seu traba-lho. Ele simplesmente vai à luta

“Hoje, para sobreviver da charge e da caricatura é preciso procurar outros espaços”, ensina, com sabedoria, o ve-lho mestre dos traços precisos, ao falar sobre o pequeno espaço que jornais e revistas reservam atualmente para este tipo de trabalho.

Avesso à tecnologia, ele não se ren-deu à era digital. Se mantém fiel ao lápis, borracha, aquarela e tinta para dar forma às suas idéias e ao seu hu-mor leve, que tem muito a ver com a sua personalidade e seu temperamen-to tranquilo.

Afastado das redações desde 1991, quando se aposentou pela Ultima Hora vem buscando outros espaços para sua arte. De lá para cá já participou de inúmeras exposições de caricaturas e ilustrações, além de ter publicado o livro Humor Espírita. Também tem usado seus traços em favor de causas nobres, como a ajuda a desabrigados das últimas enchentes na Região Ser-rana e, desde 1980, é colaborador as-síduo do Jornal Espírita.

Um outro talento de Aldir tem se mantido paralelamente ao de exímio desenhista: o de compositor. Ele não perde uma oportunidade. Tudo é mo-tivo para virar letras de músicas, mui-tas delas de cunho educativo e voltado para as crianças.

Paulista de Registro, cidadezinha que fica na divisa com o Paraná, Adail começou a demonstrar talento para o desenho ainda em criança. A profissio-nalização também veio cedo. Aos 17 anos começou a publicar no jornal O Governador e, em seguida, no A Mar-mita, ambos paulistas. Daí não parou mais. Nem durante o tempo em que passou na Força Aérea Brasileira, de 1948 a 1954.

Em 1955, depois da passagem pela FAB, veio para o Rio de Janeiro, de onde não saiu mais. Após um curto período num jornal do Amaral Neto, foi em 1957 para o Diário de Notícia, onde permaneceu 20 anos, até o fechamento da publicação, na década de 70.

Com o término do Diário de Notícia trabalhou no suplemento dominical da

revista Manchete e de lá foi para o Jor-nal dos Sportes e, posteriormente, para O Cruzeiro, onde atuou ao lado de um time de primeira, que incluía Ziraldo, Juarez Machado e Daniel Azulay.

Por seu talento e caráter, Adail é até hoje respeitado pelos antigos cole-gas, que sempre têm uma palavra de carinho e admiração. “Adail tem um talento incrível”, “É uma pessoa mui-to carismática, muito fácil de lidar”, “Seus desenhos sempre tiveram uma certa elegância”, falam dele, respec-tivamente, André Brown, Guidacci e Chico Caruso.

Esse é Adial, que hoje se divide entre sua casa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Cen-tro do Rio, onde integra o conselho fiscal, e os trabalhos como free lancer que vão pintando. l

Por seu talento e caráter, os amigos têm sem-pre uma palavra de carinho para o Adail

No ano dois mil e quatorzeAcontecerá no BrasilMais uma Copa do Mundo

Com bola de nome sutilA pesquisa foi profundaE se chamará RaimundaUm apelido gentil.

Raimunda é bem brasileiraGraciosa e redondinhaFoi chamada de pelotaNa pelada é a rainhaNo gramado é a figuraJabaculê, TanajuraChulipa ou Juaninha.

Raimunda é uma belezaÉ um nome originalRepresenta a sutilezaUma idéia genialÉ popular e granfinaAlem de ser femininaFaz o maior carnaval.

Cuidado com a redondaNão chute no ponto erradoEvite chutar no pitoOnde o ar é injetadoEstourando a RaimundaE a alegria se afundaCom o jogo acabado.

Trate sempre a RaimundaCom zelo e aptidãoNa hora do lançamentoMomento de atençãoDe trivela ou, com efeito,Colocando-a no peitoLevantando a multidão. l

... no bote do Chico e Alaíde no Leblon.

Page 8: Calunga de Boteco

... Bar São Jorge(São Gonçalo).

Pé sujo é todo boteco sem muito luxo ou vaidade, onde a freguesia geralmente saboreia seus bebe-

ruchos e tira-gostos em pé ou encosta-do ao balcão. O nome talvez se origine do fato de que o piso e o banheiro nem sempre primem pela limpeza. Mas no bar São Jorge, do “seu” Cláudio, não é bem assim. Localizado no bairro Lin-do Parque, em São Gonçalo, chama a atenção pelo cuidado com a higiene e tem mais. Lá é o “quartel general” da Turma do Sabão”. Com o despre-tensioso propósito de valorizar as boas coisas que a vida reserva, o grupo é

di buteco”, Mathias e Paulo Pepé, que aproveitam a ocasião para mostrar suas habilidades gastronômicas.

Mathias, como bom nordestino, apresenta como “piece de resistence” bode e seus derivados. Isto é: bode as-sado, buchada de bode, churrasco de tripa de bode e feijão carregado com carne de bode. Até os chifres do bode são sorteados e o ganhador fica na obrigação de usar na cabeça o adorno até o final do encontro.

Já Paulo Pepé, como bom gon-çalense que é, prefere desaguar seus experimentos culinários nas iguarias

aquáticas. Faz parte do seu menu a sardinha feita na pressão, caranguejo com molho e tutu de feijão, siri ao leite de coco, cabeça de dourado ensopado, caldeirada de lula e camarão que faz qualquer cristão comer rezando. Isso acompanhado pelas “louras geladas” do “seu” Cláudio, que nessas ocasiões, lá do alto de seus “80 e lá vai fumaça” de idade, desenvolve um outro atribu-to, o de filósofo e psicólogo-conselhei-ro......de boteco é claro ...tem malandro que chora e tudo, dizendo ter feito re-gressão ….é mole ou quer molho? l

constituído por personagens da mais alta estirpe em seu métier tais como: advogados, cachaceiros profissionais, engenheiros, jornalistas, analistas da vida alheia, seguranças, alienigenas, professores, colhedores de descartá-veis e afins.

Presidido pelo venerável e vitalício Carlos, grande promoteur, é ele quem organiza os encontros social-gastronô-micos da Turma do Sabão, em geral quando ocorre aniversário de algum constituinte do grupo ou festa dedica-da ao santo do dia. Nessas ocasiões, entram em cena os “chefs de cuisines

da esquerda para a direita: Mengão, Gaúcho, Prd. Carlos, Eduardo Ivis, chef Matias e Ruy

R: Aliança, Arame farpado, Bacalhau, Baleia, Batata da perna, Bateria, Cachorro quente,

Calçada, Calendario, Cedilha, A letra E.

Abaixo, Seu CláudioAo lado Norivan

CEASA SGO maior distribuidor de

gêneros alimentícios do estado do Rio de Janeiro

Pé Sujo do “seu “ Cláudio, seus personagens e histórias

Passatempos15

LabirintoEste sujeito bebeu muito e não pode dirigir.Ajude o “bebum” a voltar para casa em segurança.Se beber não dirija.

AdivinhaçõesQuando ele bota ela ri, quando ele tira ela chora?

Dificil de ser comido e fácil de cercar gado?

Com a cabeça anda uma parte do mundo, sem a cabeça anda o mundo todo? Entrei no fundo do mar saí no fundo da areia quem quiser me decifrar pegue no bê-a-ba e leia. É batata mas não se come? Que está na cozinhar na orquestra e no automóvel? É cachorro mas não tem rabo?

Chega até a porta da casa mas não entra.

Que sabe os dias mas não sabe as horas.

Que a moça tem embaixo, o homem não tem e a mulher velha já teve quando era moça?

Eu tenho, você tem e ninguém tem?

O encontro está animado, mas existem sete diferenças

entre o primeiro e o segundo quadro. Tente encontrá-los.

Jogo dos 7 erros

Page 9: Calunga de Boteco

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Tinha eu dezessete anos de idade, quan-do deixei de comprar

um cheeseburger e uma li-monada suíça, preparados no capricho pelo Chiqui-to, na cantina do colégio, para ter o privilégio de adquirir o primeiro núme-ro de O Pasquim. Bem, a razão disso tudo eram os “calunguinhas” do Jaguar que eu, ainda moleque, já conhecia das páginas da revista Manchete, que meu pai comprava sema-nalmente. Embora a revis-ta O Cruzeiro fosse a mais badalada, o velho alegava que esta era de direita e, por questões ideológicas, preferia aquela. Aí eu surrupiava a publicação e recortava os cartuns e colava num caderno es-colar. Eles serviam de modelos para meus “ca-lunguinhas”. De lá pra cá muitos alcalóides rolaram goela adentro.

(Tião Calunga)

Cartuns de Jaguar marcaram época em O Pasquim

Homenagem