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1 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais Contação Cantando coisas do vale Pé na caminhada Prazler Sementes Crioulas Nº. 1 - Nov./2015 Revista de Extensão Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais ISSN 2447-3480

Contação - Revista de Extensão do IFNMG - Nº 1

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Por meio de relatos de participantes dos projetos, a Revista "Contação" visa divulgar as ações de extensão realizadas pelos campi do IFNMG junto às comunidades.

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1 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Contação

Cantando coisas do vale

Pé na caminhada

PrazlerSementes Crioulas

Nº. 1 - Nov./2015Revista de Extensão

Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

ISSN 2447-3480

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QUEM SOMOSInstitutos Federais

Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tec-nologia foram criados pela Lei nº 11.892, de 29 de de-

zembro de 2008, a partir da integra-ção dos centros federais de educação tecnológica, escolas agrotécnicas e escolas técnicas existentes. São 38 instituições presentes em todos os estados, que ofertam educação pro-fissional e tecnológica, em todos os níveis e modalidades, qualificando profissionais para atuar nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional.

Os institutos federais devem ga-rantir o mínimo de 50% de suas vagas para cursos técnicos de nível médio e, pelo menos, 20% para os cursos supe-riores de licenciatura destinados à for-mação de professores para a educa-ção básica e a educação profissional.

Essas instituições têm autonomia, nos limites de sua área de atuação territorial, para criar e extinguir cur-sos, bem como para registrar diplo-mas dos cursos por elas oferecidos. Exercem, ainda, o papel de institui-ções acreditadoras e certificadoras de competências profissionais, além de terem inserção nas áreas de pes-quisa e extensão.

O Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) foi criado por meio da integração do Centro Fede-ral de Educação Tecnológica (Cefet) de Januária e da Escola Agrotécnica Federal de Salinas, instituições com mais de 50 anos de experiência em educação profissional. Atualmente, constitui-se de nove Campus, dois Campus Avançados e da Reitoria, si-tuada em Montes Claros/MG.

Para o ano de 2015, está previs-ta uma nova expansão do Instituto, com a implantação de outras qua-tro unidades: Campus Teófilo Otoni, Campus Diamantina, Campus Avan-çado Janaúba e Centro de Referência de Porteirinha.

O IFNMG oferece cursos técnicos de nível médio, presenciais e a distância, cursos técnicos PROEJA (educação de jovens e adultos), FIC (formação inicial e continuada) e cursos superiores em diversas. Também são ofertados cur-sos no âmbito do Programa Mulheres Mil e Bolsa-Formação do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao En-sino Técnico e Emprego).

Somando todos os cursos, o Ins-tituto chegou ao primeiro semestre de 2015 com mais de 30 mil alunos matriculados.

O Instituto oferta educação gra-tuita e comprometida com a justiça social e com o desenvolvimento da região em que está inserido. Além disso, tem como compromisso de-senvolver programas de extensão e divulgação científica e tecnológica,

bem como realizar e estimular a pes-quisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativis-mo e o desenvolvimento científico e tecnológico.

ONDE ESTAMOSO IFNMG, com a estrutura atual dos

Campi, encontra-se nas cidades de Almenara, Araçuaí, Arinos, Diamanti-na, Janaúba, Januária, Montes Claros, Porteirinha, Pirapora, Salinas e Teófilo Otoni, com uma área de abrangência total de 171 municípios, distribuídos em três mesorregiões (Norte e Noro-este de Minas, Jequitinhonha e Vale do Mucuri), ocupando uma área total de 249.376,20 km², com população estimada de 2.844.039 habitantes , segundo dados do IBGE, 2010.

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A criação da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica trouxe vários desafios para a atividade

extensionista realizada pelos Insti-tutos Federais. Um deles foi integrar a Extensão ao Ensino e à Pesquisa, formando a tríade a partir da qual se deve organizar a instituição e o traba-lho da comunidade acadêmica.

Dessa forma, não se pode mais pensar projetos de Pesquisa e Ensino sem a necessária intermediação dos resultados desses dois através da es-trutura, objetivos e métodos próprios da Extensão. Assim também, não é possível pensar a Extensão disso-ciada do fazer científico e alheia aos apelos do dia a dia da sala de aula.

Somando a esse quadro as expec-tativas advindas da interiorização dos Institutos Federais, veremos quão re-levante é a ação extensionista, capaz de mitigar a sede dessas comunida-des por tecnologias, saber científico e cultura, itens de primeira necessi-dade, levados adiante por indivíduos capazes de transformar a vida das pessoas através de ações, por vezes, simples e concretas.

Nesse afã, cabe à Extensão conti-nuar construindo as pontes entre as comunidades atendidas e a produ-ção dos conhecimentos pedagógico, tecnológico, cultural e científico con-cebidos em nossas unidades.

Concluindo essa reflexão, sauda-mos o primeiro número da revista

Contação, que reúne as experiências exitosas nascidas no âmbito dos pro-jetos de Extensão do IFNMG, poten-cializados pelo alinhamento com as duas dimensões sobre as quais dis-corremos.

Aproveitamos este espaço para ho-menagear a Pró-Reitoria de Extensão e todos os profissionais e estudantes do IFNMG que colaboraram para am-pliar, ainda mais, o alcance do traba-lho realizado por nossa instituição.

As experiências registradas nas pró-ximas páginas comprovam o interesse dos nossos servidores, alunos e cola-boradores em promover a rotativida-de dos conhecimentos e técnicas pro-duzidos por nossa instituição em favor de todos os que deles necessitam.

José Ricardo Martins da SilvaReitor do IFNMG

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Programa Mulheres Mil- Elaboração de produtos alimentícios

Políticas de Extensão

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A Extensão no IFNMG é con-cebida como uma instân-cia fundamental para o aprimoramento e forta-

lecimento do processo educativo, cultural e científico e, ainda, como um componente que se articula ao Ensino e à Pesquisa de forma indis-sociável, buscando assim viabilizar uma relação dinâmica e transforma-dora entre o Instituto e a sociedade. Vale salientar que nessa articulação procura-se valorizar e estabelecer a troca de saberes sistematizados, acadêmicos e populares, funda-mentada numa postura dialética da relação teoria/prática. A atuação da Extensão e sua dinamicidade em re-lação à articulação teoria/prática se configuram como espaço destinado ao acolhimento da diversidade de saberes e da sua plena expressão. Assim, a função primordial de to-das as ações da Extensão se conso-lida no esforço de contribuir para a construção das práticas de Ensino, da Pesquisa e os saberes de toda a comunidade. Pois, dessa forma, o re-conhecimento da multiplicidade de saberes contribui, consequentemen-te, para o desenvolvimento local e regional, por meio de uma dinâmica interação entre a vida acadêmica e o contexto social. O IFNMG, ao assu-mir essas convicções, expressa, por meio de suas ações de Extensão, o reconhecimento de seu papel como articulador dos saberes do mundo da vida e da instância acadêmica. Dessa forma, propõe-se a descons-truir a hegemonia validando apenas uma forma de saber, possibilitando assim a desestabilização de um úni-co conhecimento como detentor da verdade. Tal postura credencia a Ex-tensão como um espaço privilegiado de produção de conhecimento e de compromisso com uma formação integral e cidadã, instaurada numa postura dialógica entre a instituição e a sociedade, consubstanciada no compromisso ético e humano.

Confirmando tais concepções, o IFNMG

tem como objetivos:

I. desenvolver atividades de acor-do com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do tra-balho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos;

II. estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desen-volvimento socioeconômico local e regional;

III. realizar ações voltadas prefe-rencialmente para a população em situação de risco, colaborando para a diminuição das desigualdades sociais através da indicação de soluções para inclusão social, geração de oportu-nidades e melhoria das condições de vida;

IV. estabelecer ações de formação inicial e continuada de trabalhadores e da população em geral, na pers-pectiva de melhoria da qualidade de vida;

V. colaborar para o firmamento da identidade institucional do IFNMG, desempenhando papel de agente transformador da realidade local e regional; e,

VI. integrar o ensino e a pesquisa com as demandas da sociedade, seus interesses e necessidades, estabele-cendo mecanismos que inter-rela-cionem o saber acadêmico e o saber popular.

Do mesmo modo, constituem-se como as diretrizes da extensão

no IFNMG:

I. contribuir para o desenvolvimento da sociedade, constituindo um vínculo que estabeleça troca de saberes, conhe-cimentos e experiências para a constan-te avaliação e vitalização da pesquisa e do ensino;

II. promover e fortalecer as relações entre os Campus do IFNMG;

III. promover ações sociais;IV. estimular a cultura;V. apoiar atividades de pesquisa, de-

senvolvimento e inovação no âmbito do IFNMG;

VI. ofertar cursos de qualificação pro-fissional (Formação Inicial e Continua-da – FIC) para a comunidade Externa e Interna;

VII. promover eventos de extensão para a comunidade externa e interna do IFNMG;

VIII. prestar assistência técnica e con-sultorias para o mundo produtivo;

IX. prospectar e divulgar estágio e emprego aos Discentes e/ou egressos;

X. contribuir com o desenvolvimento dos empreendimentos locais e regio-nais(rurais e urbanos);

XI. sistematizar visitas técnicas e ge-renciais de alunos e professores às em-presas/instituições;

XII. participar em conjunto com os Campus do processo de definição da política de apoio estudantil nas áreas educacional, social e da saúde;

XIII. estimular o uso dos recursos na-turais de forma responsável;

XIV. manter e buscar novas parcerias com instituições públicas, organizações não governamentais, entidades do “Sis-tema S” e empresas privadas para uma atuação conjunta, no sentido de desen-volver ações extensionistas;

XV. articular políticas públicas que oportunizem o acesso à educação pro-fissional estabelecendo mecanismo de inclusão;

XVI. captar recursos, tanto na área pública, quanto na área privada.

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A Extensão é um meio funda-mental para as instituições de educação atingirem seus objetivos e metas, como

também cumprirem com a sua mis-são. Compreende lócus privilegiado, onde a instituição efetiva o seu com-promisso social, ao produzir dialogi-camente o conhecimento e, por meio desse, propor soluções para a supera-ção das desigualdades sociais. Sem-pre de forma indissociável do ensino e da pesquisa, aproxima as comuni-dades interna e externa, com a inten-ção manifesta de acolher demandas e saberes diversos e superar a dicoto-mia e a dominação do conhecimento acadêmico sobre o popular.

É imperativa a compreensão do papel da Extensão como prática educativa, indicando a superação da concepção assistencialista ou de en-trega dos conhecimentos elaborados na instituição de ensino à sociedade, que entende, de forma errônea, que o conhecimento pode ser introduzi-do, transmitido ou imposto a outrem. É imperativo também ampliar o in-tercâmbio entre saberes populares e acadêmicos, os quais servirão de ca-talisadores numa interação dialógica.

A troca de conhecimentos potencia-liza a articulação ensino-pesquisa-extensão, tendo como resultado a transformação social.

A Extensão desenvolvida no IFNMG retrata o anteriormente des-crito, e hoje a Pró-reitoria de Exten-são, com muita alegria, apresenta a edição número 1 da Revista Conta-ção, que tem como objetivo divulgar, para a sociedade e sua comunidade acadêmica, as ações de extensão re-alizadas pelos campi do IFNMG, cum-prindo assim a sua função social.

Sabedores do desafio que é editar uma revista, temos a plena convicção de que o seu sucesso está condicio-nado ao propósito da comunidade extensionista em alimentá-la com os seus notórios trabalhos, promo-vendo assim o tripé ensino, pesquisa aplicada e extensão e a interação do IFNMG com o mundo do trabalho e a sociedade, através da produção e difusão do conhecimento.

Finalizando, a Pró-reitoria de Ex-tensão externa efusivos agradeci-mentos a todos aqueles que fizeram com que a revista se tornasse uma feliz realidade.

Boa leitura!

EditorialPaulo Cesár Pinheiro de AzevedoPró-Reitor de Extensão do IFNMG

“ Contação” é um dos vários neologismos criados pelo escritor mineiro João Guimarães Rosa. A palavra, que segundo o “Léxico de Guimarães Rosa”, de Nilce Sant’Anna Martins, significa uma narrativa, unindo as palavras “contar” e “ação”, aparece no conto “No Urubuquaquá, no pinhém”: “Era uma contação custosa e puxada, indo adiante e retornando, de ora aos arrancos, de ora mastigando o gaguêjo, e umas esbarradas para pensar melhor, que punham a gente nervoso”.

As estórias, projetos e trabalhos da extensão do IFNMG com seus diversos públicos aparecem nesta revista em forma de “contação”, ou seja, contadas por participantes de forma livre. São ações corporificadas em cada uma das pessoas e ambientes alcançados e transmitidas no contar desta revista. Como Guimarães Rosa, muito nos satisfaz desbravar o sertão mineiro, conhecendo, estimulando e promovendo estórias, ações e contações.

Braulio Quirino SiffertRelações Públicas do IFNMG

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ReitorJosé Ricardo Martins da SilvaPró-Reitor de ExtensãoPaulo Cesár Pinheiro de AzevedoDiretor de ExtensãoKleber Carvalho dos SantosCoordenadora Programas, Projetos e ConvêniosAngela Gama Dias de OlivaNúcleo de Assistência EstudantilRony Enderson de Oliveira

Diretores/Coordenadores de ExtensãoCampus AlmenaraPaulo Sérgio de Souza e SilvaJoaquim Neto de Souza SantosCampus AraçuaíIrã Pinheiro NeivaNarjara Fonseca SouzaCampus ArinosAna Amélia Santos CordeiroCampus DiamantinaJoão Antônio Motta NetoCampus Avançado JanaúbaDayse Aparecida Silva Pereira CoutinhoCampus JanuáriaEduardo Souza NascimentoLeila Souza AlmeidaCampus Montes ClarosMario Sérgio Costa SilveiraCampus PiraporaFlavio Augusto Maia Santiago Talita Aparecida da GuardaCampus SalinasVilson MoreiraCampus Teofilo OtoniYuri Bento Marques

Projeto Gráfico e DiagramaçãoMarcos Aurélio de Almeida e MaiaNome da RevistaBraulio Quirino SiffertFoto de CapaRony Enderson de OliveiraFotosArquivos dos ProjetosRevisão TextualLuciana Lacerda de CarvalhoColaboradoresAriane Gonçalves OliveiraGustavo Henrich E. VieiraTiragem: 1.000Circulação: NacionalPeriodicidade: AnualImpressãoTavares & Tavares Empreendimentos Comerciais

Reitoria do IFNMGRua Coronel Luís Pires, 202 - CentroMontes Claros/MG - Cep:39400-106Fone: (038) 3201-3080www.ifnmg.edu.brfacebook.com/Ifnmgoficialtwitter.com/Ifnmg_oficial

ExpedienteIFNMG

Contação

Extensão

Projetos SeminaisPé na caminhadaMulheres em açãoINCUBATECS

Projetos Artísticos, Culturais e EsportivosCantando coisas do valeJogos do IFNMG A arte da fotografiaPedais do SertãoHistórico do grupo de teatro Cores da VidaDiversidade étnica

Projetos SociaisReciclando com a CooprarteProfissionalizando o terceiro setorSeja a mudança que você quer no mundoPrazlerPapo federalInformática na escolaAgroecologia Vazanteira: (Re)construindo saberesCaracterização dos agricultores familiaresPráticas de revegetação

Extensão TecnológicaMostras de tecnologias sociaisSementes Crioulas - Resgatando a agrobiodiversidadeAcessibilidade no CampusCarneiro hidráulico de baixo custoViveiro florestalCriação de abelhasVida na ponta do lápisMoeda socialArmadilhas caseiras contra mosquito da dengueTratamento de resíduos sólidos orgânicosParceria entre a AMAMS e IFNMGNúcleo de estudo em agroecologia e produção orgânica

Sumário91114

82022242628

313335363839414346

4850

52535558606263656769

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Projetos SeminaisPé na CaminhadaMulheres em AçãoINCUBATECS

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O Projeto Pé na Caminhada não era isolado dentro dos limites da escola: sua exis-tência caracterizava a ins-

tituição como plenamente inserida na comunidade regional. Para tanto, contava com a parceria da Diocese de Januária, com a qual foram assinados convênios para transporte, insumos e equipamentos. Com o CIMI – Con-selho Indigenista Missionário, órgão não governamental ligado à CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o projeto trabalhava a organi-zação dos índios. O CAA – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas prestava apoio técnico na for-mação dos seus integrantes, no que se refere à agroecologia e metodolo-gia de intervenção em comunidades rurais de pequenos produtores. Além

do apoio ao Projeto Pé na Caminha-da, as entidades tinham convênios com a escola para atender os alunos em estágio supervisionado do Curso Técnico em Agropecuária.

Enumero, a seguir, as comunida-des que foram atendidas pelo Projeto Pé na Caminhada:- Vazanteiros do Rio São Francisco: povos que moram às margens ou dentro das ilhas do Rio São Francisco e têm nele (no rio) sua base de sus-tentação e sua cultura. Uma caracte-rística histórica daquele povo barran-queiro é o aproveitamento racional da vazante do rio, que “lava a ilha na época da cheia”, deixando para trás, em sua vazante, a certeza (ou seria esperança?) de sobrevivência digna pelo plantio em terras férteis.- Assentados da Reforma Agrária –

Fazenda Picos: povo que, a partir de algumas famílias, há tempos, criou uma comunidade em terra devoluta e precisou lutar contra grileiros pela posse dessa terra. Diferentemente de outros assentamentos, os moradores da Fazenda Picos têm história no lu-gar pelo qual lutaram. É localizada no interior do município de Januária, a cerca de 60 km, entre uma vereda e o Rio Pandeiros, principal afluente do Rio São Francisco na região.- Terra Indígena Xakriabá: área de-marcada, no município de São João das Missões; experienciaram uma história de longo e complexo conta-to com a sociedade nacional e, por consequência, vivem em recorrente interação com ela, sem terem sido dissolvidos, enquanto povo indígena, nesse convívio.

Pé na Caminhada Projeto

Primeiras Experiências de Extensão no Campus Januária

Entre os anos de 1993 a 1998, o IFNMG - Campus Januária, à época, Escola Agrotécnica Federal de Januária, vivenciou uma experiência de interlocução com comunidades excluídas da dinâmica social, política e econômica e com peculiaridades culturais: algumas aldeias da Terra Indígena Xakriabá, va-zanteiros do Rio São Francisco e os assentados da Reforma Agrária da Fazenda Picos, no denominado Projeto “Pé na Caminhada”. Tratava-se de uma experiência pedagógica do Curso Técnico em Agro-pecuária, realizada numa prática diferenciada de extensão rural, que buscava o desenvolvimento comunitário, a partir da valorização humana e do respeito à cultura do povo.

Coordenadora: Profª. Suzana Escobar

Campus: Januária

“Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, sem aprender a refazer, a retocar o sonho por causa do qual a gente se pôs a caminhar”

Paulo Freire

Alin

e Cac

iqui

nho

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intervenção, foram levadas as mudas prontas para algumas aldeias, acom-panhadas de orientações quanto ao manejo agroecológico e conscientiza-ção em relação a hábitos alimentares. Numa segunda intervenção, as mudas foram levadas e preparadas no pró-prio local, com orientação em relação à enxertia. Por fim, os próprios xakria-bá, com orientação de monitores, de-senvolveram as mudas com espécies locais. Ainda hoje, temos notícia de índios realizando experiências bem-sucedidas, numa atitude completa-mente independente de orientações e insumos das entidades.

Outro destaque foram as unidades experimentais de agroecologia nas comunidades. Foram escolhidos locais onde eram atendidas algumas famí-lias; em áreas pequenas, foram feitas experiências com irrigação alternativa, plantio consorciado, com utilização de técnicas alternativas de agricultura: cobertura morta, composto orgânico, caldas, etc. Hábitos alimentares foram também discutidos na ocasião.

Muitos outros projetos foram de-senvolvidos: criação da unidade de olericultura orgânica na instituição, plantio de mandioca nas ilhas, instala-ção de oficinas de farinha, campanhas de vacinação animal na Fazenda Picos.

Um programa de rádio semanal fa-zia a ligação entre os participantes do projeto. O “Programa Pé na Caminha-

da” era feito pela coordenação, com a participação de alunos e professores; eram discutidos vários pontos do tra-balho e servia como integração social.

O Projeto Pé na Caminhada serviu, ainda, de sustentação para importan-tes decisões pedagógicas, por ocasião das mudanças curriculares, em conse-quência da implantação da nova LDB 9394/96. Criou-se o Iº Fórum sobre desenvolvimento Agropecuário na área de abrangência da então Escola Agrotécnica Federal de Januária, que ajudou a apontar rumos na conjuntu-ra de mudanças curriculares.

As metas arrojadas colocavam a escola frente a uma realidade com-plicada e desafiadora. O projeto não era mera extensão rural. Aliás, não era essa a função da instituição à época; a experiência sinalizava para um novo modelo de escola, que desafiava sua organização interna e sua ação peda-gógica. O modelo de agricultura con-vencional adotado historicamente foi fragilizado pelas soluções requeridas pelas ações do projeto.

Os passos dados foram pequenos, porém firmes. O lema era “o cami-nho se faz no caminhar”, inspirado em Paulo Freire, que dizia: “Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho ca-minhando, sem aprender a refazer, a retocar o sonho por causa do qual a gente se pôs a caminhar”.

As ações a serem desenvolvidas nas comunidades eram planejadas coletivamente, numa relação de con-fiança e solidariedade. Os contatos aconteciam em visitas periódicas, encontros comunitários, celebrações, assembleias e festas. Nestas opor-tunidades, aconteciam discussões sobre a situação em que se encontra-vam, buscando o entendimento das causas dos problemas apresentados e as possíveis soluções. As atribuições para resolução dos problemas eram discutidas e distribuídas, de modo a não criar laços de dependência das comunidades em relação aos parcei-ros. Assim estabelecido, buscava-se evitar a relação caracterizada como assistencialismo (como exemplo, para evitar a doação, a opção era pelo intercâmbio de sementes e equi-pamentos entre as comunidades e parceiros); todos eram convocados a contribuir, para promover avanços no desenvolvimento das comunidades.

Dos projetos desenvolvidos, desta-ca-se o plantio de feijão nas ilhas e na reserva indígena. As comunidades au-mentaram consideravelmente a sua produção, que serviu para a subsistên-cia, comercialização do excedente e, ainda, garantia da semente para poste-riores plantios que, em muitas oportu-nidades, foram reproduzidos na escola.

Outra ação importante foi a fruticul-tura com os xakriabá: numa primeira

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Mulheres em AçãoProjeto

Minas Gerais: primeiro projeto de extensão com financiamento- PROEXT

A produção de sabão casei-ro era realizada com o que cada uma das participantes tinha em casa. A partir da

experiência de uma das moradoras na produção do sabão, o processo foi repassado às demais componen-tes do grupo. Desta forma, o óleo comestível usado, recolhido nas pró-prias casas e nas casas dos vizinhos, tornou-se a matéria-prima para pro-duzir o sabão caseiro com a tecnolo-gia que conheciam.

Mas, mesmo com produção pe-quena e sem nenhuma padroniza-ção, o excedente da produção era vendido à comunidade, de porta em porta e na feira livre municipal. A ou-tra parte era destinada ao uso das fa-mílias do grupo produtor. O espírito

empreendedor estava impregnado em cada ação realizada pelo grupo. É verdade que não havia, até ali, ne-nhuma preocupação em aproveitar as oportunidades ou minimizar os riscos do negócio. A intenção se res-tringia em revelar a capacidade das mulheres em produzir e melhorar as condições de vida de cada uma.

Mas foi justamente essa vontade, esse querer de buscar alternativas de geração de renda, mesmo sob as intempéries e toda sorte de dificul-dades, o diferenciador do grupo e o revelador da sua potencialidade. A equipe de extensão do então CEFET - Januária fez a leitura desse potencial. Enxergou a luz escondida debaixo da cama à noite. A iniciativa da equipe de extensão foi juntar as duas pon-

tas: o Edital do PROEXT e o poder de produção das mulheres. Combustão pronta para o desenvolvimento, do que veio a ser chamado: “Mulheres em Ação: jogando limpo com a Na-tureza”.

Assim, o projeto “Mulheres em Ação: Jogando Limpo com a Natu-reza” surgiu de um ideal de desen-volvimento comunitário sustentável, protagonizado por um grupo orga-nizado de senhoras empreendedo-ras, donas de casa, de bairros da pe-riferia da cidade de Januária, norte do Estado de Minas Gerais. As ações empreendedoras na comunidade ga-nharam status de projeto social, com maior abrangência e repercussão com a parceria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Os registros de ações protagonizadas por grupos organizados, que buscam alternativas sustentá-veis de desenvolvimento, são raros em Januária. No bairro Jussara, desde 31 de agosto de 2003, um grupo composto por 16 donas de casa do bairro se organizou com o propósito de buscar alternativas para a produção e o aumento da renda de suas famílias. Entre as diferentes atividades do grupo (pro-dução de doces, bordados, marmitas, feijão-tropeiro), ocupava lugar de pouco destaque a produção de sabão caseiro em barra.

Coordenador: Kleber Carvalho dos Santos

Campus: Januária

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Norte de Minas Gerais – IFNMG, que atuou como incentivador das ações empreendedoras do grupo comuni-tário.

A parceria, iniciada em meados de 2007, realizou uma aproximação com o trabalho realizado pelo grupo comunitário, que se materializou no projeto: “Mulheres em Ação: Jogan-do Limpo com a Natureza”, iniciado fevereiro de 2008 e operacionaliza-do no mesmo ano. O projeto, que foi enquadrado nas atividades de extensão do Instituto, teve como ob-jetivo principal capacitar e fortalecer o grupo comunitário empreendedor, contribuindo assim para a geração de renda, observados os princípios da sustentabilidade e, ainda, fazer deste grupo um multiplicador das iniciativas empreendedoras sociais na região.

A proposta de fomentar a gera-ção de renda através das iniciativas populares, embasada numa propos-ta de sustentabilidade ambiental e não-agressão ao meio ambiente, foi abraçada pelo IFNMG, que buscou assistir o grupo durante um ano e ca-pacitá-lo tecnicamente para produ-ção, administração, vendas e gestão

do novo negócio. A ação do IFNMG foi efetivada

através da disponibilização de as-sessoria técnica, por meio de equipe multidisciplinar, que viabilizou a efe-tiva implantação e funcionamento de uma microindústria comunitária de sabão em barra, como uma estra-tégia de fortalecimento de grupos comunitários que busquem a auto-nomia e a sustentabilidade econômi-ca e ambiental.

Um aspecto importante conside-rado no projeto “Mulheres em Ação: Jogando Limpo com a Natureza” foi, justamente, buscar a conscientiza-

ção das famílias da região quanto ao descarte inadequado do óleo e pro-mover, através de parcerias e organi-zação comunitária, a implantação de um programa para o recolhimento do óleo vegetal comestível utiliza-do em estabelecimentos comerciais, educacionais e residências que, por sua vez, seria transformado em ma-téria-prima para produção do sabão caseiro. A utilização da revista em quadrinhos foi uma das estratégias mais aprovadas, por alcançar justa-mente o público infantil, que se en-carregou de propagar a ideia de re-colher o óleo comestível usado.

Equipe ProfessoresRita de Cássia Souza de Queiroz, Maria Aparecida Colares Mendes, Edson Oliveira Neves, Roberto Comini Frota, Paola Alfonsa Lo Mônaco, Soraia Ataíde Linhares Frota, André Silva de Oliveira, Anderson de Oliveira Vallejo, Marcelo Moreira Freire e Ivy Daniela Monteiro Mattos

Equipe Discentes:Tecnologia em Sistemas de InformaçãoWelington dos Santos Silva, Arilson Rodrigues de Souza, José Geraldo Oliveira Sales, Wilton da Silva Carvalho e Jailson Ferreira BarbosaTecnologia em Administração de EmpresasRafael Farias Gonçalves e Vagner Antônio BorgettiTecnologia em Irrigação e DrenagemFirmino Ricardo Lima de Souza, Pablo Henrique Bispo Durães, Carlos Alberto Moreira de Souza, Claudiane Moreira Costa, Thomas Heric Ferreira da Silva e Elzo Lisboa Costa

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Para consecução do projeto, foi formada uma grande equipe multidisciplinar. Esta se deu

com uma chamada pública no antigo CEFET - Januária (hoje IFNMG). Re-correu-se a uma lista de adesão vo-luntária, tendo recebido 37 adesões em uma população de 137 servido-res. Foi realizado um encontro onde teve início o processo de seleção de profissionais, dentre os inscritos, para compor a equipe multidisciplinar. A escolha dos professores participan-tes, num total de nove, levou em consideração o grau de interesse em trabalhar em comunidades, o conhe-cimento e as habilidades específicas relacionadas ao foco do projeto.

Concomitantemente à definição da equipe de professores, iniciou-se a divulgação do processo seletivo junto aos alunos dos cursos técni-cos e superiores do CEFET - Januá-ria. Foram selecionados 15 alunos, privilegiando a multidisciplinarida-de, formação e conhecimento que pudessem contribuir com as ações do projeto, além da disponibilidade para as atividades planejadas.

A equipe coordenadora multidis-ciplinar era composta por 11 profes-sores de diferentes áreas, sendo a coordenação geral do projeto exer-

cida por dois professores ligados ao departamento de extensão da Ins-tituição. O engajamento de profis-sionais de diferentes especialidades (bioquímica, engenharia agrícola, direito, administração, informática, letras, pedagogia etc.) e de diferen-tes categorias, como docentes, dis-centes e técnicos, foi essencial para fazer frente às inúmeras dificulda-des e desafios do projeto. O caráter transdisciplinar do projeto exigia uma troca constante de informações e uma intensa interação entre todos os envolvidos.

Na concepção do projeto, bus-cou-se trabalhar e desenvolver no grupo a predisposição para a auto-gestão. A partir do desenvolvimen-to de cursos direcionados para o planejamento estratégicos de ações e de gerenciamento de negócios, pretendeu-se engendrar no grupo a capacidade empreendedora.

A equipe coordenadora multidis-ciplinar trabalhou por um período de um ano, utilizando a infraestrutu-ra e os recursos do Instituto Federal e prestando contínua assistência ao grupo. A partir da plena estrutura-ção das operações da microindús-tria na comunidade (bairro Jussara) e da consolidação do mercado con-

sumidor, o grupo passou a ter plena autonomia, entendida como a auto-gestão e autofinanciamento de suas atividades.

O trabalho junto ao grupo envol-veu três grandes fases, compostas de uma série de atividades, como: viagens para troca de experiências em nível estadual, com atividades se-melhantes que tenham apresentado sucesso na geração de emprego com a produção de sabão artesanal; estu-do de viabilidade econômica do pro-duto – sabão em pedra; realização de concurso, com os graduandos do Curso de Administração, com vistas a uma campanha publicitária, focando a comercialização do sabão em barra produzido pelo grupo; conscientiza-ção da população quanto à respon-sabilidade ambiental, no que se re-fere à importância do recolhimento do óleo vegetal comestível usado; realização de cursos sobre gestão de negócios, cooperativas populares, desenvolvimento sustentável, reutili-zação de óleos vegetais comestíveis e regulamentação do Terceiro Setor; aquisição de equipamentos perma-nentes para utilização, pelo grupo comunitário, através do edital MEC/PROEXT – Programa de Apoio à Ex-tensão Universitária.

Desenvolvimentodo projeto

Protagonistas do Mulheres em Ação: Ana Dias, Fostina,

Margarida, Josefa, Zilda, Cidinha, Maria lúcia (in memorian),

Geraldina, Sidelcinda, Francisca, Paula e

Lúcia.

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14 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

INCUBATECSProjeto

Incubadora Tecnológica de Empreendimentos da Economia Solidária

Uma proposta dessa natureza não poderia ser consolidada sem parceiros. O primeiro parceiro dessa empreitada

foi o professor Hélder Seixas Lima, professor da área de informática do IFNMG – Campus Januária, um janua-rense que converte a sua indignação com o atraso político, social, econô-mico e cultural da cidade em ações que promovem transformações con-cretas na vida das pessoas. A partir daí, outros parceiros vieram, junto com os desafios.

Em dezembro de 2011, apresenta-

mos o “programa” à diretoria e ani-madores sociais da Cáritas Diocesa-na, de quem recebemos todo apoio e a adesão da entidade. Em fevereiro de 2012, o programa foi registrado no Departamento de Extensão do IFNMG – Campus Januária, sendo submetido ao edital daquele mesmo ano, no âmbito do então Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBED); porém, inconcebivelmente, não foi aprovado. Esse mesmo pro-grama foi submetido ao Edital do PROEXT MEC do mesmo ano, fican-do em oitavo lugar, após o último

programa aprovado e contemplado com recursos. Com essa classificação somada às articulações que fizemos junto a contatos em Brasília-DF, o programa foi contemplado por Ter-mo de Cooperação Técnica do Go-verno Federal, através da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SE-NAES), órgão do Ministério do Traba-lho e Emprego (MTE), com valor total da proposta em R$149.082,80 (cento e quarenta e nove mil, oitenta e dois reais e oitenta centavos).

Até a sua inauguração, em 14 de novembro de 2013, em espaço físico

A Incubadora Tecnológica de Empreendimentos da Economia Solidária, INCUBATECS, surgiu a par-tir da vocação de seu idealizador, professor André Aristóteles, em trabalhar com as questões sociais e da necessidade de uma intervenção qualificada de promoção do desenvolvimento social e econômi-co da microrregião de Januária. A vivência durante a graduação em Administração na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), atuando como membro e formador da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) daquela Universidade, desde a sua inauguração em 1999, somada ao resultado de sua imersão na cultura, economia e meio ambiente da microrregião de Januária, con-correram para a proposição do programa. A expectativa inicial com o “programa” era acompanhar e prestar assessoria técnica e formação aos grupos de produção acompanhados pela Cáritas Diocesa-na, considerados empreendimentos da economia popular solidária.

Coordenador: Prof. André Aristóteles da

Rocha munizCampus: Januária

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15 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

cedido pela direção do IFNMG – Cam-pus Januária, foram executados dois projetos de pesquisa, com o objetivo de mapear e diagnosticar os empre-endimentos econômicos solidários acompanhados pela Cáritas em Janu-ária, incluindo comunidades rurais. Foi a partir dos resultados desse mapea-mento que a maior parte dos grupos hoje incubados foram selecionados.

Com o financiamento da SENAES e o apoio da direção do Campus, parte da equipe técnica e estagiários foram capacitados pela ITCP da Universida-de Federal de Viçosa (UFV), em Meto-dologia de Incubação e, desde então, vêm prestando assessoria técnica e formação multidisciplinar aos mem-bros de 9 (nove) empreendimentos econômicos solidários. São eles: do município de Cônego Marinho – As-sociação dos Produtores Rurais e Artesãos da Comunidade de Olaria e Adjacências; do município de Pe-dras de Maria da Cruz – Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Unidos Com Deus Venceremos (ASPRUVE) e Colônia de Pescadores Z16; do município de Ja-nuária – Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis (AREJAN), Grupo de Apicultores do Rio dos Cochos, Grupo de Extrativistas de Frutos do Cerrado e de Quintal do Rio dos Co-chos, Grupo de Mulheres em Exercí-cio Comunitário da Comunidade de São Bento (GEMEC), Artesanato, As-sociação dos Apicultores (ARAJAN) e Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar e Derivados (COOPCAD).

A partir do Termo de Cooperação Técnica entre IFNMG e SENAES/MTE, outros parceiros importantes foram se somando à empreitada, aos quais, desde já, registramos a nossa grati-dão: Pró-Reitoria de Extensão, espe-cialmente nas pessoas dos professo-res Paulo Azevedo e Kleber Carvalho; ONG CEDUC; EMATER; IEF; Prefeituras Municipais de Januária, Cônego Ma-rinho e Pedras de Maria da Cruz; Gru-po do Programa de Educação Tutorial (PET) do Curso de Bacharelado em Administração do IFNMG - Campus

Januária; direção-geral do IFNMG – Campus Januária, na pessoa do pro-fessor Cláudio Mont’Alvão; deputado federal Padre João.

Dentre os resultados alcançados, estão: estruturação dos processos mercadológicos dos empreendimen-tos, criação de sites, transferência de tecnologias e ferramentas de gestão, reestruturação/regularização dos as-pectos formais e jurídicos de alguns empreendimentos, estudo de mer-cado para inserção dos produtos, mapeamento dos empreendimentos

econômicos solidários, capacitação através de cursos e oficinas, contem-plando temas como: informática, cooperativismo/associativismo, eco-nomia solidária, precificação, pro-cessos mercadológicos, gestão, boas práticas em produção de alimentos, produção de canteiro econômico e produção de pequenos animais. Aci-ma de tudo, os principais resultados que vem sendo alcançados com a execução do programa são a própria consolidação da INCUBATECS como equipamento público multidiscipli-

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16

nar de ensino, pesquisa e extensão a serviço da sociedade, a colaboração para a reprodução da vida através de trabalho e renda das famílias envol-vidas com os empreendimentos e a renovação da esperança em cada be-neficiário atendido.

Os resultados poderiam ser em maior número e ainda mais consis-tentes, não fossem os desafios que enfrentamos. Os desafios podem ser classificados em 3 (três) grupos: os de natureza orçamentária e institucio-nal, ligados à própria INCUBATECS, os ligados à rede de parceiros e os vincu-lados aos próprios empreendimen-tos. No primeiro grupo, os desafios são, principalmente, garantir o fun-cionamento permanente e efetivo da INCUBATES, do ponto de vista or-çamentário, para além dos editais e, do ponto de vista institucional, para além de apoios políticos pontuais. Os desafios do segundo grupo envol-vem a dificuldade em se estabelecer uma rede de parceiros e apoiadores que funcione efetivamente, especial-mente no que diz respeito ao que se espera das prefeituras municipais. No terceiro e último grupo, os desafios são: comportamento individualista de parte dos membros dos empre-endimentos, excessiva dependência de apoio externo, ausência de jovens para perpetuação das atividades e logística.

A INCUBATECS possui uma equi-pe técnica formada por 8 docentes, 2 técnicos, 9 estagiários e 3 bolsis-tas de extensão, de diferentes áreas de formação, possibilitando uma intervenção multidisciplinar. Vem se consolidando como um laborató-rio de ensino, pesquisa e extensão, oportunizando intensa troca de sa-beres e experiências. “A INCUBATECS deve ser entendida como programa de ensino, pesquisa e extensão, cuja dimensão e natureza possibilitam incorporar projetos de pesquisa e extensão, estágios, aulas de campo, práticas, TCCs, intercâmbio e geração de novas tecnologias de diferentes campos do conhecimento”, destaca o seu idealizador e coordenador.

A execução do programa INCUBA-TECS possibilitou a geração de: 2 Tra-balhos de Conclusão de Curso (TCCs); 2 projetos de pesquisa; 6 projetos de extensão; 2 resumos em formato de pôster e 1 trabalho autogestionado no III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica; realização de 2 edições do Fórum de Economia Solidária da Microrregião de Januária; realização de 2 Feiras de Economia Solidária; 10 parcerias institucionais; representação nas conferências mu-nicipal, regional, estadual e nacio-nal de economia solidária em 2014; representação no Fórum Norte Mi-neiro de Economia Solidária; criação do Fórum Permanente de Economia Solidária de Januária e região; parti-cipação em 2 feiras com produtos de alguns empreendimentos incubados; mais de 20 visitas técnicas; participa-ção na conquista de recursos, através de emenda parlamentar, dentre ou-tros frutos. Está sendo gestada uma publicação, a fim de mostrar à socie-dade e meio acadêmico um pouco dos resultados e desafios desses qua-se 2 anos de trabalho.

Equipe Técnica: Amanda  Pedrosa (até o 1º sem/15), Áureo Ribeiro, Cláudio Pereira, Danilo Ribeiro, Dilermando Pacheco, Eduardo Cruz, Eliane Brito, Fábio Carvalho, Geralda Nobre, Hélder Lima, Jomar Vasconcelos, Kleber Santos e Sildimar Ferreira.

Estagiários: Alisson Vinicius Souza Fernandes Fernandes, Beluza Veloso Martins de Souza Santos, Camila Viera Rocha, Édila Aparecida Salustiano dos Santos, Gildarly Costa Cruz, Marília Fernandes Santos, Renata Pereira Sant’ana, Patrícia Oliveira Correa e Victor Felipe dos Reis Oliveira.Ex-Estagiários: Até o 1º sem/15: Daniel Pereira Magalhães Filho, Diego Pereira Costa, Lisbérgma Katsut Saraiva da Mota, Marinalva Martins dos Santos e Robson de Souza Almeida. Até o 1º sem/14: Ládyla Cristine Bezerra da Silva, Mariane Soares de Araújo, Micilene Bispo Santos e Marluce Gonçalves dos Santos.

Voluntário: Paulo Victor de JesusBolsistas parceiros: Edenilma Duarte Galvão e Ketila Luanne Almeida Santos.

Link para as fotos: https://www.dropbox.com/sh/wrtmyowio8chppa/AAAHeeE331bu2U5BM-vfunOPa?dl=0

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17 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

ProjetosArtísticos, Culturais e EsportivosCantando Coisas do ValeJogos do IFNMG A Arte da FotografiaPedais do SertãoHistórico do Grupo de Teatro Cores da VidaDiversidade Étnica

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18 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Com o intuito de valorizar os talentos musicais dos alu-nos do IFNMG – Campus Al-menara e mostrar aos mes-

mos a riqueza da música regional, foi pensado o projeto de extensão “Cantando Coisas do Vale”, submeti-do ao Edital 004/2014 para Projetos de Extensão 2014, pelos professores Rômulo Lima Meira (coordenador) e

Rosimária Sapucaia Rocha (desenvol-vedora). Após a aprovação do projeto em edital, foi criada a Banda Gênese, que surgiu com o objetivo de valo-rizar o repertório e o saber popular, para se apresentar nos eventos e pro-jetos do próprio campus, assim como em outros campi da instituição e para a comunidade em geral.

O impulso para criar a banda veio

da observação diária do talento dos alunos, que era evidente e precisa-va ser direcionado, principalmente, porque a maioria deles não conhecia os artistas da terra e tinha uma visão bastante periférica e desvalorizada da arte regional. Com o início dos tra-balhos da Banda Gênese, esperava-se que os alunos fossem capazes de promover ações integradas, visando

"Cantando Coisas do Vale" leva música regional à juventude

Projeto

A Banda Gênese é fruto do projeto de extensão “Cantando Coisas do Vale”, submetido ao Edital dos Projetos de Extensão 2014 pelo professor Rômulo Meira, tendo como desenvolvedora a professora Rosimária Sapucaia Rocha, docente temporária da disciplina Artes/Música desde setembro de 2013.

Apresentação no XII Festival de Goiás: Cleudiana Porto (Vocal) Athos Vinicius (Bateria) Jhonny Aguilar (Vocal) Larissa Rodrigues (Violão) e Lucas Gandra (Guitarra)

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19 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Coordenadores: Prof. Rômulo Lima Meira e

Profª. Rosimária Sapucaia RochaEquipe: Jhonny Rodrigues, Giselle Souza,

Lucas Gandra, Larissa Rodrigues, Athos Vinícius , Guilherme Dias e Tayná Reis

Campus: Almenara

sempre ao bem coletivo e que tives-sem maior conhecimento e valoriza-ção da cultura regional, desenvolven-do o aprimoramento técnico vocal e instrumental, participando de manei-ra efetiva nos eventos, tanto do cam-pus quanto da comunidade. Esses objetivos foram alcançados e, através de audições, com encontros motiva-cionais e ensaios semanais, foi reali-zada conjuntamente uma pesquisa acerca do repertório do Vale do Je-quitinhonha, o que possibilitou que a banda se apresentasse em algumas ocasiões. Em 2014, foram feitas apre-sentações em eventos no campus e no Festival de Arte de Goiás, na cida-de de Goiás; já em 2015, participou da 1ª Mostra de Informática e da inaugu-ração da Biblioteca do Campus.

“Tenho muito orgulho dos alunos e da forma como o projeto foi desen-volvido; conseguimos implantá-lo e adquirir a confiança e o interesse dos alunos, que é o mais importante”, de-clara a professora Rosimária Rocha. Na sociedade atual, onde os valores midiáticos ditam e interferem na cul-tura musical, conseguir formar um grupo onde os jovens fazem releitu-ras de músicas da região (e o fazem com prazer) é um conquista.

Com o desenvolvimento das ati-vidades do projeto, é possível afir-mar que os resultados esperados foram atingidos. Os alunos envolvi-dos na banda conheceram muitas músicas e artistas regionais, e hoje, ao escolher o repertório, mesmo em momentos livres, escolhem, pri-meiramente, as músicas regionais e também alguns clássicos da música popular brasileira. E isso ocorre de maneira espontânea.

Algumas deficiências precisam ser sanadas; contudo, fica a certeza do dever cumprido e da história que foi construída até o momento, acredi-tando na continuidade das atividades e agradecendo pela oportunidade de desenvolver tal ação. A educação musical tem um poder socializador e transformador, pois “a música pode mudar o mundo, porque pode mu-dar as pessoas” (VOX, Bono).

Banda Gênese: Giselle (Vocal), Jhonny Rodrigues (Vocal), Larissa (Violão), Breno (Teclado), João Carlos (Baixo) Lucas Gandra (Guitarra) Athos Vinícius (Bateria)

Rosy

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Apresentação na Inauguração da Biblioteca do Campus Almenara

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20 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Jogos do IFNMG: aprendizados para a vida

Projeto

Autor do texto: Bráulio Siffert

Relações Públicasdo IFNMG

Em cada vitória, derrota, acerto e erro certamente foram gera-das reações pessoais e coleti-vas que, ainda que não perce-

bidas naquele momento, produziram ou produzirão efeitos positivos na formação dos envolvidos. E os be-nefícios e aprendizados não se resu-miram aos apitos iniciais e finais das disputas; estiveram também nos rela-cionamentos nos espaços comuns do Campus, na distância de casa, no res-peito aos professores e “adversários”, na superação dos desgastes.

Vale ressaltar também os bons exemplos, como o dos atletas da na-tação de Arinos que, ainda sem pis-cina, treinaram no Rio Urucuia e, no

JIFENMG, conquistaram duas meda-lhas. Como o da nadadora de Montes Claros que havia cogitado desistir de participar, mas persistiu, foi a Salinas e levou as duas únicas medalhas de ouro do Campus. Como o goleiro do time masculino de handebol de Pira-pora, que levou um corte na cabeça mas, mesmo enfaixado, insistiu em retornar e segurar o título. Como os times de futebol de Salinas, que su-peraram o desgaste e venceram no campo e na quadra, com boa parte dos jogadores tendo jogado as duas modalidades ao longo de toda a se-mana. Houve também quem, sem jamais ter praticado um determinado esporte, começasse a treiná-lo, exclu-

sivamente, para competir nos Jogos ou mesmo tivesse que disputá-lo para completar o time.

E nada se encerra no próprio JI-FENMG. Os efeitos vão além e se manifestam na construção de equi-pes, na dedicação aos treinamentos, na organização para viajar, na maior seriedade atribuída às aulas de edu-cação física, na seleção de atletas, na participação nas próximas etapas e na ansiedade pelo próximo JIFENMG.

A propósito, o simples fato de ter no horizonte a participação em um desafio provoca nos envolvidos um sentimento de vivacidade, de au-toimportância. É como quando te-mos pela frente um concurso, uma

Não é à toa que Sérgio Alberto Rodrigues, professor de educação física da então Escola Agrotécnica Federal de Salinas por mais de 30 anos, foi homenageado na segunda edição dos Jogos InterCampus do IFNMG (JIFENMG), realizada em maio, no Campus Salinas. Educação, respeito, união, disciplina e dedicação foi o que sempre tentou, através do esporte, passar aos alunos. E, em 2015, o JIFENMG resgatou, de várias formas, essas características entre os mais de 400 alunos dos Campi Almenara, Araçuaí, Arinos, Januária, Montes Claros, Pirapora e Salinas, que participaram dos jogos.

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21 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

prova final, uma entrevista de em-prego, uma possibilidade de paque-ra, uma reunião importante: além de nervosos e ansiosos, ficamos anima-dos, vívidos e, idealmente, confian-tes. E, passado o evento que se aguar-dava, sendo a conclusão positiva ou negativa, fazemos, conscientemente ou não, uma relação entre o que se preparou e o que se alcançou, de tal forma que, das próximas vezes, com mais experiência, tenhamos mais possibilidade de nos prepararmos melhor, com resultados mais próxi-mos do desejado.

Como no esporte, na vida tam-bém precisamos comunicar, marcar pontos, saber ganhar e saber perder, aprimorar nossas ações, pensar an-tes de agir e ter tesão para alcançar vitórias. Assim foi no JIFENMG, assim continua sendo no IFNMG, assim é no nosso dia a dia.

Cabe aos professores e servidores envolvidos na organização dos Jo-gos, bem como aos próprios alunos-atletas, fazer com que, a cada ano, o JIFENMG melhore na organização e na promoção de momentos de diver-são, de prática esportiva e de, como queria o professor Sérgio Alberto Rodrigues, aprendizado e amadure-cimento.

“Sérgio Alberto Rodrigues, professor da Escola Federal de Salinas por 30 anos, foi o homenageado do II JIFENMG. O novo ginásio do Campus Salinas foi batizado com seu nome.”

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22

Coordenador: Prof. Leandro de Paula Liberato

Equipe Discente: Reginaldo Barbosa; Tainara de Matos; Vinicius Vilarino; Vinícius

Gonçalves; Wdislaine Pinheiro; Yanne Borges; Maylane Gonçalves; Caroline Vieira; Luiza

Otoni; Elizeth Chaves; Evelline Murta; Farik Duarte; Giuseppe Alves; Guilherme Carvalho; Gustavo Pereira; Hannah Gazel; Costa Prates;

Ivan dos Santos; João Paulo Borges; João Pedro Caires; Vitor Costa; Joyce ferreira;

Ana Karolina; Lucas Alves; Luicky Nunes; Fernando Esteves; Cláudio Nunes; Marta

Santos; Patrick Caminhas; Rayan Medeiros e Rayane Ramalho

Campus: Araçuaí, MG

A Arte da FotografiaProjeto

e Seu Poder de Difusão do Valor Natural, Histórico e Cultural de Araçuaí e Região

Em certos momentos, o repouso do olhar captura as transforma-ções do espaço geográfico pela ação humana na natureza, na

direção de criar seus objetos físicos, de fé, de representação cultural. Diante da mais deleitosa e atenta contempla-ção, a fotografia é exigida como ele-mento comprobatório e revelador da

beleza daquele mundo sob o domínio natural. Lamentam os discentes não poderem revelar, por meio das suas fo-tografias, o cheiro, a textura e os sons da natureza e dos espaços criados pelo homem, mas rogam aos leitores que emprestem a sua sensibilidade e imaginem, em plenitude dos sentidos, como é lindo o Vale do Jequitinhonha.

A paisagem do Vale do Jequitinhonha sendo revelada pelo olhar ampliado da lente fotográfica dos discentes do Campus Ara-çuaí, sob a orientação do professor Leandro de Paula Liberato.

Feira de Araçuaí (MG), Vale do Jequitinhonha, representa grande parte da renda dos produtores rurais.

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O mercado de Araçuaí é um local de amplo estoque de cultura.

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Ponte do Rio Jequitinhonha, carrega consigo grande valor histórico-cultural,

para os moradores de Coronel Murta.

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“Vale da miséria”, detentor de rica cultura e de boas pessoas, de gente humilde que levanta com o sol a cada amanhecer, de gente

que conhece e enfrenta o calor e o sol escaldante da região.

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Page 23: Contação - Revista de Extensão do IFNMG - Nº 1

23 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Reginaldo, em passeio de férias por Itira, “achou o lugar lindo de se ver e para mostrar às pessoas”. Nesse sentido, o compartilhar se posicio-nou como desejo.

Wdisleine tomou a história na mão e fotografou o Rio Araçuaí, salienta-do por pedras arredondadas e asse-verou ser o primeiro povoamento de Araçuaí denominado “Calhau” por conta dessas pedras.

Luiza dispara: “A árvore disposta tenta reagir à seca do nosso sertão”. A falta de folhas não retrata a carac-terística do outono, mas a estratégia da natureza para enfrentar a falta de água que tanto assola a região.

Giovana, de longe, fotografa a ponte e relembra os modais de trans-portes de Coronel Murta, confrontan-do-os no tempo: “Antes da sua cons-trução, os habitantes dessa pequena cidade só chegavam até o outro lado do rio por meio de canoas”.

Ana Karolina relembra a constru-ção da Matriz de Santa Rita de Cássia, em Medina-MG que, “com muito es-forço e trabalho braçal, os fiéis medi-nenses erigiram”.

Guilherme observa que “dentre tantas belezas e grandes exuberân-cias da natureza, está o Rio Araçuaí, cortado por uma grande linha de concreto” e relembra que, no pas-sado, a elevação no nível das águas destruiu a vegetação no entorno do rio, que se recupera gradativa-mente.

Tainara e Rayan fazem questão de reafirmar, por meio das lentes, o que os araçuaienses preservam e valori-zam: a feira no mercado municipal. De acordo com Tainara, o local é “um ponto de visita de turistas e de ale-gria dos moradores” e, para Rayan, este é o ponto de exposição cultural “que se manifesta por meio dos pro-dutos fabricados pelos nossos habili-dosos artesãos”.

No caminhar fotográfico, esses e outros discentes manifestaram gran-de apreço pela fotografia e, acima de tudo, pela oportunidade de serem observadores e difusores de conheci-mento e de sua própria arte.

Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, teve sua obra iniciada em 1932, maior obra arquitetônica da cidade de Medina-MG.

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Rio Araçuaí, cortado por uma grande linha de concreto por onde seguem transportações que

movimentam parte da economia regional.

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24 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Pedais do SertãoProjeto

São objetivos do projeto: res-ponder concretamente à questão do sedentarismo, despertar o interesse pela prá-

tica esportiva e pela conscientização ambiental e agir, de forma incisiva, no combate aos efeitos da desigual-dade social.

O projeto foi oficialmente apresen-tado na II Semana do Meio Ambien-te. Apresentamos a ideia principal e algumas regras, como a análise de-

sempenho escolar, pois alunos com comportamento inadequado e infre-quentes não poderiam participar dos passeios.

Na III Semana da Ciência e Tecnolo-gia, em 2013, os integrantes do grupo apresentaram os resultados do proje-to, número de pessoas envolvidas, lo-cais visitados, público externo aten-dido. Nesse evento, também houve um momento de conscientização so-bre a importância da preservação das

matas ciliares, para que locais como os que visitamos continuem impres-sionando a nós e às futuras gerações.

O projeto também realiza pales-tras sobre a importância da atividade física para a qualidade de vida e so-bre cicloturismo: radicais no espor-te e com compromisso social. Essas características fizeram com que a ideia do projeto continuasse viva e a galera permanecesse pedalando e lutando pela preservação ambiental

Projeto “Pedais dos Sertões” é um grupo formado por servidores, alunos, adolescentes de comu-nidades carentes e funcionários terceirizados. O projeto teve origem a partir de um passeio de bici-cleta semanal, realizado por um grupo de servidores, que acreditavam ser essa atividade física, além de excelente para a saúde, importante para desenvolver um ideal ecológico, por ser praticada na natureza, além de disseminar a cultura biker entre os habitantes da região. O projeto se constitui de passeios ciclísticos programados e orientados, palestras sobre conservação da natureza, artesanato e teatro, também chamados de “Oficinas Culturais e Específicas”. Com o projeto, os educandos não só participam dos passeios como também ministram minicursos sobre consciência ambiental, o que proporciona o desenvolvimento do seu potencial por meio do exercício da sensibilidade.

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25 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Coordenador: Prof. Marcelo Tiago de Brito

Campus: Arinos

da nas instalações do IFNMG – Cam-pus Arinos, que ocorreu durante os Jogos Escolares (JIFA) de 2014.

O projeto Pedais dos Sertões, além de conscientizar alunos, funcionários terceirizados e servidores, busca criar elos com as comunidades carentes e tirar adolescentes da situação de risco social, criando oportunidades para sua socialização. Foca também na valorização da identidade am-biental, cidadania e autoestima.

Todo trabalho foi baseado nas te-orias construtivistas, onde os alunos aprendem a partir de suas próprias vivências, na busca pela melhoria da qualidade de vida. A ideia principal é que os participantes, futuramente, ministrem palestras em escolas da rede pública municipal e estadual, estabelecendo contato com alunos de outras instituições de ensino e garantindo o caráter social do proje-to. Neste sentido, já foram realizadas algumas atividades, como o Passeio Ciclístico da Semana do Meio Am-biente do IFNMG – Campus Arinos, que já se tornou tradicional e vários outros passeios organizados. Dentre eles, destacamos o Passeio Sagarana, onde conhecemos o local imortaliza-

do por Guimarães Rosa. Esse passeio foi realizado em parceria com as es-tudantes do Curso de Monitoria em Turismo do PRONATEC, que organi-zaram visitas às cachoeiras, comidas típicas e apresentações culturais, além do passeio à Cachoeira da Ji-boia, local de beleza rara e que ne-cessita ser preservado.

Num município carente de recur-sos e sem políticas públicas que favo-reçam crianças e adolescentes, faz-se necessária a implantação de projetos socioculturais. A falta de uma ciclo-via, de um estacionamento e de um vestiário impossibilitam, muitas ve-zes, que se utilize a bicicleta para tra-balhar ou estudar. Demandas como essas surgem constantemente nos debates que realizamos.

O Projeto Pedais dos Sertões pro-cura desmistificar o ensino escolar formal, aliando as práticas esportivas às pedagógicas, valorizando o uso das bicicletas e lutando por uma me-lhor qualidade de vida e conquista de cidadania.

O Projeto Pedais dos Sertões é um projeto permanente voltado para servidores efetivos, terceirizados, alunos do IFNMG e comunidade em geral. Os passeios ocorrem duas ve-zes por mês e as palestras, uma vez ao mês. Os alunos se dividem entre os passeios e as palestras. O proje-to, além das questões citadas acima, conta também alimentação saudável todos os dias, atividades recreativas e passeios culturais uma vez por mês, como forma de estimular a perma-nência no projeto.

“O projeto Pedais

dos Sertões, além de conscientizar

alunos, funcionários terceirizados e

servidores, busca criar elos com

as comunidades carentes e tirar

adolescentes da situação de risco

social, criando oportunidades para

sua socialização.”

na região Noroeste, região inserida em um dos mais belos biomas, que é o Cerrado.

Foi feito um trabalho de compro-misso com o fortalecimento do elo IFNMG – Crispim Santana, através de parceria com ONG’s daquele bairro. Foram realizadas palestras e visitas, atendendo toda a comunidade, bus-cando a participação da família nas diversas fases do projeto.

Também foi organizada uma corri-

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26 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Histórico do Grupo de Teatro "Cores da Vida"

Projeto

Desta oficina, nasceu a comé-dia intitulada “No túnel do tempo”, que fez uma retros-pectiva dos fatos históricos

que marcaram a escola. Mais tarde, a peça “Sensatez”, de

autoria dos professores Maria Araci Magalhães e Lázaro Gonçalves Siquei-ra, chamou a atenção, principalmente por abordar o tema das ações antró-picas e suas drásticas consequências para o meio ambiente.

Em 2004, foi feita uma releitura da peça pela professora Santina Men-des. A nova versão foi apresentada em vários eventos, inclusive na ca-pital mineira, quando da realização do Seminário sobre Meio Ambiente, promovido pela CEMIG e UFMG.

Em 2006, a partir do convite para fazer a abertura da “4TH INTERNATIO-

NAL CONFERENCE ON SAFE WATER END HEALT –2006”, na cidade do Rio de Janeiro, foi escrita a peça “Nosso Rio, Nossa Terra, Nossa Gente” pela professora Santina Mendes. Este tra-balho foi bastante requisitado, por se tratar de um espetáculo que ressalta a riqueza do Vale do Jequitinhonha e resgata suas tradições culturais, como forma de reverter o autoconceito ne-gativo de uma região, que carrega sobre si o estigma de carência social, sendo conhecida como “vale da mi-séria”, “bolsão da pobreza”, embora seja, antes de tudo, uma região cultu-ralmente e ambientalmente rica.

A peça cumpriu uma extensa agenda: CAMINHOS DAS GERAES: NA GARUPA DO ROSA, na cidade de Montes Claros/MG (2006); 8º SIMPÓ-SIO BRASILEIRO DE CLIMATOLOGIA

GEOGRÁFICA, na cidade de Alto Ca-paraó-MG (2008); I ENCONTRO DE NAPNE’S – Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educa-tivas Específicas – DO ESTADO DE MI-NAS GERAIS, Campus Salinas (2010); 40 anos do Instituto de Geografia, da Universidade Federal de Uberlândia – UFU (2011); Instituto Federal do Tri-ângulo Mineiro – Campus Uberlândia (2011); escolas das cidades de Uber-lândia e Araguari (2011); II Fórum de Educação Profissional e Tecnológica, realizado na cidade de Florianópolis-SC (2012).

Neste ano de 2015, foi escrita a peça “Enfim, Instituto Federal”, de autoria da professora Santina Men-des, para a abertura do II Jogos Inter-Campus do IFNMG. A peça ressalta a importância dos institutos federais

O Grupo de Teatro “Cores da Vida” do IFNMG – Campus Salinas foi criado em 1997, a partir de uma oficina teatral ministrada à época, nas dependências da então Escola Agrotécnica Federal de Salinas-MG, cujo objetivo era capacitar um grupo de estudantes e servidores para desenvolverem ativida-des cênicas, visando incentivar e despertar, na comunidade escolar, o gosto pelo teatro.

Coordenadoras: Santina Mendes,

Fabiene Brito e Stefânia Xavier

Campus: Salinas

Apresentação da peça “Nosso Rio, Nossa Terra, Nossa Gente”,

II FMEPT, Florianópolis /SC.

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e, de forma específica, a importân-cia do IFNMG para a sua região de abrangência. Conta a história da ori-gem dos institutos federais, desde a criação das escolas de aprendizes e artífices, em 1909, pelo então Presi-dente da República, Nilo Peçanha. A peça faz também uma homenagem a todos os Campus que compõem o IFNMG, através de suas manifesta-ções culturais e folclóricas, mostran-do que o IFNMG é um mosaico de luzes, cores, gostos e aromas no seu lema: “Derrubando muros e cons-truindo pontes, para que o Norte se torne cada vez mais forte”.

A peça em referência foi apresen-tada também no III Fórum de Educa-ção Profissional e Tecnológica, na ci-

dade de Recife-PE, no período de 26 a 29 de maio de 2015.

Ao longo destes anos, o grupo “Cores da Vida” vem inscrevendo, nos vários palcos em que se apre-senta, o nome do Campus Salinas e do IFNMG, revelando sua singular missão de contribuir para a formação de sujeitos capazes de compreender o mundo e agir nele de forma crítica, levando à descoberta da cidadania, da autonomia, do resgate da auto-estima, do empoderamento e da melhoria nas relações familiares e no convívio com a comunidade e com o meio ambiente.

Atualmente, o grupo “Cores da Vida” conta com 30 integrantes, es-tudantes regularmente matriculados

nos cursos técnicos integrados ao En-sino Médio e Superior e três professo-ras coordenadores.

Todo ano, o grupo sofre mudan-ças, tendo em vista a saída dos es-tudantes concluintes dos cursos, o que faz com que o grupo esteja em permanente transformação, sem, no entanto, perder de vista a essência da arte e seu caráter libertário e eman-cipador.

O grupo já esteve sob a coordena-ção da professora Maria Araci Maga-lhães, atual Diretora-geral do Cam-pus Salinas e da servidora Noelba de Oliveira. Atualmente, encontra-se sob a coordenação das professoras Santina Mendes, Fabiene Brito e Ste-fania Xavier.

Apresentação da peça “Enfim, Instituto Federal”, no III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica , Recife /PE.

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Apresentação da peça “Nosso Rio, Nossa Terra, Nossa Gente”, II FMEPT, Florianópolis /SC.

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á Apresentação da peça “Nosso Rio, Nossa Terra, Nossa Gente”,

II FMEPT, Florianópolis /SC. Giuli

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Diversidade Étnica: remexendo as raízes, resgatando as memórias...

Projeto

Reconhecendo a realidade das etnias afro e indígena no Brasil e compreendendo a necessidade social de imple-

mentação das leis n° 10.639/03 e n° 11.645/08 nesta instituição de ensino, este projeto, para além da promoção da integração entre as disciplinas do currículo escolar, busca o despertar da comunidade escolar e externa para a diversidade, para as diferenças étnicas existentes no Brasil e para a luta contra o preconceito.

O projeto iniciou-se no IFNMG – Campus Montes Claros no ano de 2013 e, devido à percepção do en-grandecimento cultural proporciona-do pelo mesmo a todos os atores, foi (re)avaliado pelas coordenadoras e

apresentado à Coordenadoria de Ex-tensão para o ano de 2014 e, poste-riormente, para o ano de 2015. O refe-rido projeto é desenvolvido durante todo o ano escolar. Para tanto, conta com o apoio de professores colabora-dores, que trabalham em sala de aula com os temas indicados e auxiliam na organização dos eventos do projeto. A participação dos alunos sempre nos surpreende positivamente, uma vez que atuam como protagonistas do projeto, principalmente, durante a culminância do projeto: a Mostra da cultura afro-brasileira e indígena do IFNMG – Campus Montes Claros.

Tratar da importância e valoriza-ção da cultura negra e indígena den-tro da escola, criando espaços para

O projeto “Diversidade étnica: remexendo as raízes, resgatando as memórias...” busca oportunizar o (re)conhecimento da história e da cultura de etnias que, ainda na sociedade atual, estão envoltas em temáticas como racismo, demarcação territorial, etnocentrismo, resistência cultural, política, ex-clusão social e violência.

Coordenadoras: Profª. Valesca R. Souza

e Profª. Juliana Mendes Campos Quintino

Campus: Montes Claros

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29 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

manifestações artísticas que propor-cionem reflexão crítica da realidade e afirmação positiva dos valores cultu-rais negros e indígenas pertencentes a nossa sociedade, é extremamente prazeroso. No terceiro ano de desen-volvimento desse projeto, observa-se a grande necessidade de publicizar as ações dentro da nossa instituição, de forma que o silêncio que envolve a temática vá sendo quebrado e o entendimento da diversidade seja, de fato, vivenciado.

Remexer essas raízes e resgatar essas memórias é permitir a (re)cons-trução de uma valorização perdida no tempo e nos caminhos sinuosos do (pre)conceito e da indiferença. Busca-se, com esse projeto, fazer da promoção da cidadania uma cons-tante em nosso cotidiano e, conse-quentemente, no currículo escolar.

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30 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Projetos SociaisReciclando com a CooprarteProfissionalizando o Terceiro setorSeja a mudança que você quer no mundoPrazlerPapo FederalInformática na EscolaComunidades ribeirinhas vazanteirasPráticas de Revegetação

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31 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Reciclando com a COOPRARTE

Projeto

Coordenadora: Prof. Juliara Lopes da Fonseca

Participante: Prof. Willy de Oliveira

Bolsistas: Bianca Borges Santos Sousa, Gilcier Conceição dos Reis,

Wanderley Aparecido Pereira SilvaCampus: Pirapora

A Política Nacional de Resí-duos Sólidos (Lei nº 12.305) estabeleceu a proibição de aterros sanitários a céu

aberto e a proibição da destinação de resíduos recicláveis ou reutilizá-veis nesses aterros, a partir do dia 02 de agosto de 2014, devendo ser dado a eles destinos que viabilizem o rea-proveitamento (BRASIL, 2010).

Com o estabelecimento do Plano de Gerenciamento Integrado de Re-síduos Sólidos Urbanos (PGIRSU), em 2011, a Cooperativa de Produção Ar-tesanal de Pirapora (COOPRARTE), o Serviço Autônomo de Água e Es-

goto (SAAE Pirapora) e a Prefeitura Municipal foram indicados como as entidades responsáveis pela im-plantação da coleta seletiva na ci-dade.

Fruto de atividades oriundas do projeto interdisciplinar desenvolvido, desde 2013, no curso de bacharelado em Administração, o projeto de ex-tensão “Reciclando com a COOPRAR-TE” teve por objetivo diagnosticar e analisar a coleta seletiva formal de resíduos sólidos realizada no muni-cípio de Pirapora, Minas Gerais, a fim de propor sugestões para a melhoria do serviço prestado.

A sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental tornaram-se pautas presentes nas dis-cussões mundiais. Ações mínimas realizadas hoje podem representar resultados incalculáveis no futuro. Dentre as possíveis soluções encontradas para a minimização da degradação ambiental, encontram-se o consumo consciente e a coleta seletiva, pois são comportamentos que podem ser estimulados junto à população. Materiais com potencial de reaproveitamento ou reutilização ganham importância, já que possibilitam uma utilização mais racional dos recursos naturais não renováveis e uma redução na poluição do meio ambiente.

Separação de materiais - Galpão de armazenamento de materiais

Doação de cestas básicas para os

cooperados

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Metodologia

O diagnóstico foi realizado entre agosto de 2013 e outubro de 2014, através de entrevistas semi-estrutu-radas e observação não participante na COOPRARTE. As entrevistas foram realizadas com os catadores associa-dos à cooperativa, com a diretoria e com a gestão municipal do programa, sob a responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). Foram elaborados três roteiros de en-trevista distintos, de forma a ampliar o conhecimento acerca do assunto. As informações obtidas foram comple-mentadas através de dados quantitati-vos, obtidos por meio da aplicação do questionário de Índice de Coleta Sele-tiva (ICS), desenvolvido pela Compa-nhia Tecnológica de Saneamento Bá-sico do Estado de São Paulo (CETESB). O questionário estabelece um parâ-metro de avaliação, definindo como inadequado, regular ou adequado, identificando o quão preparado está o local analisado para o desenvolvi-mento do serviço de coleta, triagem e reciclagem de materiais. São avaliadas cinco dimensões: resultados, gestão, infraestrutura, condições operacionais e educação ambiental.

Os dados das entrevistas foram analisados através da técnica de aná-lise de conteúdo e foram confronta-dos com os dados obtidos através da observação e do questionário ICS.

Principais Resultados

O projeto possibilitou identificar aspectos qualitativos, quantitativos, financeiros, além de variáveis econô-micas, políticas e culturais, que facili-tam e/ou prejudicam a ampliação do programa de coleta seletiva.

Apesar do conceito favorável obti-do através do questionário ICS (nota 8,87, em uma escala de 1 a 10), foi pos-sível observar que o programa de co-leta seletiva no município ainda ca-rece de investimentos relacionados a infraestrutura e conscientização da população. Para a efetiva implan-tação da coleta seletiva na cidade, é essencial a recuperação do espaço físico da cooperativa, deteriorado desde um incêndio ocorrido em 2011; o volume dos rejeitos, após o proces-so de triagem, é alto, decorrente de falhas nos processos operacionais da cooperativa; falta um programa per-manente de conscientização da po-pulação sobre os benefícios da coleta seletiva e a necessidade da correta separação dos materiais.

Como sugestões dadas, desta-cam-se a necessidade de fortaleci-mento da cooperativa, através da associação dos catadores informais e a criação de pontos de entrega vo-luntária para o descarte de materiais reciclados e especiais.

O relatório contendo os resulta-dos do trabalho desenvolvido foi

entregue ao representante do SAAE Pirapora e apresentado na Mostra de Projetos de Extensão – 2014 (Campus Pirapora). Além disso, um resumo do relatório, intitulado “A Sustentabili-dade da Coleta Seletiva: Um Estudo de Caso no Município de Pirapora/MG”, foi apresentado no XII SEMEAD – Seminário de Administração da Fa-culdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

Galpão de armazenamento de materiais

Área externa da COOPRARTE

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03 ago. 2010. p. 03.

CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Inventário estadual de resíduos sólidos. Documento eletrônico disponível em: < http://www.cetesb.sp.gov.br/solo/publicacoes-e-relatorios/1-publicacoes-/-relatorios>. Acesso em: março de 2014.

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33 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Profissionalizandoo Terceiro Setor :

Projeto

Coordenador: Profª. Cleiane Gonçalves Oliveira

Equipe: Profª. Ariane Gonçalves de Oliveira

Discentes: Áquilla Odlainer Ferreira Nascimento e

Amauri Pereira de Jesus

capacitando a entidade SERVIR nas áreas de Administração e Informática

A consulta bibliográfica foi o primeiro passo para iden-tificar experiências de ou-tras entidades. O próximo

passo foi o estudo da estrutura da entidade SERVIR, para melhor com-preendê-la e verificar quais seriam as intervenções possíveis em rela-ção à tecnologia. Foram realizadas diversas entrevistas com a equipe

de direção e funcionários. Foram, então, identificadas três interven-ções viáveis. A primeira intervenção foi o treinamento dos funcionários da entidade em ferramentas de automação de escritório, a fim de agilizar suas atividades diárias. A segunda intervenção foi identificar problemas específicos da organi-zação para o desenvolvimento de

softwares personalizados e gratui-tos pelos acadêmicos envolvidos no projeto. A terceira e última inter-venção foi a divulgação da entidade na internet através de sites e redes sociais. Todas as intervenções foram definidas em conjunto com a dire-ção da entidade e desenvolvidas nos laboratórios de informática do IFNMG – Campus Januária.

O terceiro setor é o espaço da economia ocupado, especialmente, pelo conjunto de entidades sem fins lucrativos, que realizam atividades complementares às públicas, visando contribuir com a solu-ção de problemas sociais, orientadas ao bem comum. Como não tem fins lucrativos, suas atividades são financiadas a partir de doações, subvenções, transferências e parcerias com pessoas físicas, ju-rídicas e órgãos do setor público. No que se refere a recursos de tecnologia da informação (TI), mui-tas organizações do terceiro setor também não possuem meios financeiros para tal. Entretanto, os recursos tecnológicos se tornam ferramentas fundamentais no auxílio à realização das atividades e serviços da organização. A partir do cenário apresentado, foi realizado trabalho de extensão por alu-nos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do IFNMG – Campus Januária, na entidade SERVIR, localizada na mesma cidade. Essa entidade tem como objetivo atender crianças e adolescentes carentes, oferecendo-lhes melhores condições para atuarem no contexto social em que vivem, tomando como base a formação humana e cidadã. O trabalho foi estudar a viabilidade da inserção de recursos tecnológicos e implantar aqueles que favorecessem a instituição.

SERVIR em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, através do PETI, realizaram um evento em comemoração e conscientização ao dia mundial de combate ao trabalho infantil…

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A primeira intervenção, o treina-mento dos funcionários, focou ini-cialmente o treinamento em edito-res de texto e servidores de e-mail. Entretanto, tal atividade foi dificul-tada devido à falta de disponibilida-de de tempo dos funcionários para o treinamento em detrimento das atividades da entidade. A segunda intervenção identificou a dificulda-de da entidade em realizar o contro-le manual das matrículas dos alunos (crianças e adolescentes assistidos pelo SERVIR). Assim, foi proposto o desenvolvimento de um softwa-re específico para conseguir gerar informações, como: a quantidade de alunos frequentes atualmente; alunos que deixaram de frequen-tar; faixa etária mais atendida; pre-sença dos alunos em cada oficina; atividades que cada aluno realiza, entre outros dados relacionados à

frequência dos alunos. Esta ativi-dade encontra-se em andamento e já foi realizado o levantamento de requisitos e a definição do primei-ro protótipo. A terceira interven-ção resultou na criação de um site para a entidade, a fim de divulgá-la na internet e nas mídias sociais. Os custos envolvidos foram alcançados a partir de doações. O perfil da en-tidade no Facebook também foi re-visado para uma melhor divulgação da entidade e conquista de novos colaboradores.

A partir do trabalho de extensão desenvolvido, observou-se que a in-serção de recursos tecnológicos no terceiro setor pode trazer benefícios relacionados à gestão, realização de atividades rotineiras e divulgação das instituições.

Este trabalho de extensão inseriu recursos tecnológicos que trouxe-

ram benefícios para a instituição, alcançando maior eficiência na rea-lização das suas atividades e colabo-rando para uma melhor assistência às crianças e adolescentes atendi-dos. A partir do projeto de exten-são, a instituição terá acesso a esses recursos a um custo muito reduzi-do (somente o de manutenção dos equipamentos).

Concluímos também que os re-cursos tecnológicos, bem formata-dos em relação à necessidade da instituição, podem contribuir para o alcance de mais colaboradores, por meio de uma ampla divulgação das atividades realizadas, via mídias sociais, e para maior eficiência no cumprimento de suas ações. Os aca-dêmicos envolvidos puderam apli-car o conhecimento adquirido em sala de aula em um cenário real, em benefício de muitas pessoas.

SERVIR em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, através do PETI, realizaram um evento em comemoração e

conscientização ao dia mundial de combate ao trabalho infantil…

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35 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Seja a mudança que você quer no mundo

Projeto

Coordenador: Prof. Vinícius Rodrigues Neves

Equipe: 7º/JANBCAD112MA Campus Januária

De forma bastante sumária, pode-se afiançar que a ideia básica, alicerçadora do ca-minhar dos discentes rumo

a intervenção consentida nos espa-ços sociais de acolhimento de idosos, crianças e apenados, foi a convicção de que os problemas socioeconô-micos somente podem ter resoluti-vidade, mediante a manifestação da solidariedade humana. E a solidarie-dade se manifestou de forma diversa e concretizou-se, independentemen-te de qualquer pré-requisito de cada ator; porém, vinculou-se e dependeu da vontade e do desejo de fazer algo fraternal pelo outro. Ao final, “ver a fe-licidade espelhar os olhos do outro e contentar-se plenamente pelo outro ficar feliz, foi demais”, garantiu um dos participantes.

Na percepção dos discentes, o tra-balho disciplinar seria transformar o li-mão em uma belíssima limonada, para refrescar o caminhar e o viver de vários grupos sociais apartados e invisibiliza-dos da comunidade social de Januária – MG. Pois, vejam bem, o objetivo da disciplina era: elaborar, desenvolver e executar diferentes projetos sociais, que visassem à capacitação dos aca-dêmicos do curso de bacharelado em Administração do IFNMG, na discipli-na Análise e Elaboração de Projetos, na área social da cidade de Januária, e ajudar diferentes instituições a desen-volverem suas atividades. Uma grande desafio que, nas rodadas, dizem: um grande limão. Pois bem, os discentes toparam transformá-lo e, nesse espíri-to e determinação, transformaram os desafios impostos pela disciplina Ela-

boração de Projetos Sociais em opor-tunidades para o desenvolvimento pleno da cidadania.

O resultado da intervenção consen-tida se concretizou em uma relação de ganha-ganha. Pelo lado das institui-ções sociais, indicou estratégias para gerir o dia a dia, bem como caminhos para ampliar a receita das instituições. Pelo lado dos discentes, além da opor-tunidade de exercerem, de forma con-creta, a construção do projeto e do co-nhecimento, proporcionou também o maior ganho do mundo: o exercício da solidariedade humana.

É nesse sentido que convidamos os leitores a visitarem o testemunho e o esperanciar dos acadêmicos do curso de bacharelado em Adminis-tração de Empresas nas instituições sociais de Januária – MG.

Tendo como slogan: seja a mudança que você quer no mundo, o professor-orientador Vinícius Ro-drigues Neves incitou os acadêmicos da turma do 7º período/JANBCAD112MA do curso bacharelado em Administração, do Campus de Januária, a vivenciarem a experiência de protagonizarem ações cuja essência é o exercício da solidariedade humana.

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36 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

vo, possibilitou driblar o comportamento agitado, inato às crianças, com ativida-des coordenadas, de forma a prender a atenção delas e acolhê-las, indicando saídas para vidas que foram negligencia-das ou apartadas do seio familiar.

Mão amigaO projeto “Mão Amiga” foi desenvolvi-

do no abrigo Lar de Jesus, um asilo de Ja-nuária – MG, com a missão de contribuir para melhoria das práticas administrati-vas, aumentando a receita institucional e dando conhecimento, à comunidade local, das ações promovidas pelo abrigo. Ao final, os acadêmicos avaliaram como positiva a ação e, sentindo-se agora também responsáveis pelo abrigo, pre-tendem dar continuidade ao projeto.

Projeto de Apoio Financeiro:

promovendo cidadania

A instituição escolhida pelo grupo foi o Serviço de Promoção do Menor – Servir. A estratégia engendrada para ampliação da receita da instituição foi a campanha de doação por meio de carnê. Para atingir a meta, foi realizada uma campanha de sensibilização da

comunidade, no sentido de despertar na sociedade januarense o espírito de soli-dariedade, participação e responsabili-dade com uma entidade, cujo princípio é a vontade de servir. Nas falas dos acadê-micos, o comprometimento com o pro-jeto propiciou ganho para a formação individual e proporcionou um encontro com um universo profissional e social, até então, desconhecido.

Compartilhe cidadania

A Associação de Proteção e Assistên-cia aos Condenados - APAC foi a institui-ção escolhida por um grupo e a razão para tal decisão estava pronta: “a errar, todos estão sujeitos e, ao reconhecer essa possibilidade humana, impõe o compromisso solidário de promover a melhoria da autoimagem e fazer aflorar os valores intrínsecos do ser humano, para que o mesmo reflita e passe a rein-serir-se no convívio social”. Nesse senti-do, a estratégia executada pelos acadê-micos foi a introdução, na comunidade januarense, da política de valorização dos produtos artesanais dos apenados. Deste modo, puderam introduzir os pro-dutos artesanais confeccionados pelos recuperandos da APAC e, concomitante-mente a esta ação, promoveram meios de capacitação dos mesmos.

Meu presente, seu futuro

O projeto “Meu presente, seu futuro” proporcionou lazer e atividade física aos idosos do Asilo João XXIII, contribuindo para o fortalecimento dos vínculos fa-miliares e comunitários. A equipe exe-cutora assim revelou o resultado do con-tato com os idosos: “os ganhos foram enormes para nós, ampliamos nossa visão social, entendemos que o meio em que vivemos pode ser um lugar melhor quando compartilhamos, com outras pessoas, carinho, afeto, solidariedade, apoio emocional e conhecimento”. E, de forma determinante, descobriram que o PRESENTE desse grupo esquecido pela sociedade poderá ser o nosso FUTURO.

Brincando e aprendendo

“O pequeno Davi”, entidade que se dedica à recuperação de crianças em es-tágio crítico de desnutrição, contou com o desenvolvimento do projeto “Brincan-do e aprendendo”. O objetivo central foi levar as crianças a participarem de ativi-dades periódicas para o fortalecimento dos seus laços sociais e proporcionar a in-teração com as pessoas da comunidade local. O brincar, com um caráter educati-

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37 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

PrazlerProjeto

Coordenadora: Profª. Shirlene

Aparecida da RochaCampus: Araçuaí

Para isso, propusemos uma campanha para arrecadar recursos para fazermos uma festa, distribuirmos presen-

tes etc. Não queríamos apenas pedir “dinheiro” para as pessoas, mas cons-cientizá-las de que, muitas vezes, apegamo-nos a objetos materiais que sequer usamos e que poderiam ser doados para alguém que fizesse bom uso dele. Assim, criamos o IF Solidário, que foi um bazar virtual, onde eram expostas fotos e descri-ção de roupas, calçados, bijouterias, etc, doados por servidores e alunos do IFNMG. O bazar foi muito bem aceito e, com a colaboração de alu-nos, professores, técnicos e outros, conseguimos muitas doações, arre-cadamos mais de R$ 600,00. Com o dinheiro arrecadado, conseguimos realizar uma grande festa, com distri-buição de panetone e presentes para

todas as crianças, que ficaram imen-samente felizes, conforme algumas fotos abaixo.

Roupas e calçados não vendidos fo-ram doados para outras instituições. Foi extremamente gratificante o tra-balho com as crianças, a convivência maior com alunos brilhantes que me auxiliaram. Ver o sorriso nos rostos daquelas crianças, esperando-nos ansiosamente nas quintas-feiras, re-clamando quando chegávamos 5 mi-nutos atrasados, chorando quando íamos embora, é indescritível. Con-

forme disse a irmã Marilda, na nossa confraternização, “estar em sala de aula é importante, mas estar no meio da comunidade a qual pertencemos é essencial”. Segundo ela, já foram realizados vários projetos lá, mas o nosso foi diferente, foi marcante e nós não temos noção do tamanho do bem que fizemos àquelas crianças que, mais do que bens materiais, pre-cisam de carinho e atenção.

Lá também aprendi com uma frase marcante: “um homem só tem o direi-to de olhar o outro de cima para bai-xo se for para ajudá-lo a se levantar.” Muito obrigada aos meus bolsistas Larissa Costa, Breno Chaves, aos vo-luntários Guilherme Chaves, Natalice Guedes e Iara Cristine, aos alunos do 3º ano informática 2014, à Ação So-cial Santo Antônio pela acolhida e a todos que colaboraram para a reali-zação deste projeto!

O projeto que desenvolvi, o “PraZler”, mais do que extensão, foi um aprendizado para meus alu-nos bolsistas e voluntários. Em princípio, seriam 2 bolsistas e, no final, contava com uma turma intei-ra engajada. Tive a sensação de que meus alunos, do 3º ano do curso de Informática, queriam ajudar aquelas crianças abrigadas na Ação Social Santo Antônio e aguardavam que eu os convidasse. Quan-do fiz a sessão de cinema no Campus Araçuaí com as crianças, a maioria da turma esteve presente para ajudar e, a partir daí, tornaram-se meus parceiros no projeto. Tanto que queríamos encerrar o projeto de forma marcante para as crianças.

Atividades desenvolvidas na Ação Social Santo Antônio

Participação das crianças em evento realizado no Campus

Araçuaí - II MOSTRAR

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38 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

PapoFederal

Projeto

A população de jovens e adolescentes no Brasil, 54 milhões de habitantes na faixa etária de 10 a 24 anos, representa 30,3% da população nacional. Neste sentido, é relevante desenvolver trabalhos relacionados à educação e socialização dessa parcela da população, exposta a riscos e relações de vulnerabilidade, uma vez que o comportamento do ser humano é desenvolvido, em grande parte, dentro do ambiente social em que vive, devendo este ser compatível com o que é exigido socialmen-te. Neste cenário, a escola tem um papel abrangente na educação, socialização e conscientização.

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39 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Coordenadoras: Alana Mendes da Silva (Assistente Social) e Amanda Chaves Moreira

Cangussu (Psicóloga)Campus: Montes Claros

A presença dos profissionais de Psicologia e Serviço Social na escola expressa uma tendência de compre-

ensão da educação numa dimensão mais integral. É sabido que as rela-ções psicossociais que os discentes vivenciam devem ser observadas, visto que estas têm rebatimentos diretos no processo ensino-aprendi-zagem. Nesse sentido, estes profis-sionais devem se pautar na atuação, principalmente, sob a perspectiva de intervenções preventivas e cole-tivas, com ações que atendam aos alunos em sua totalidade.

Diante dessa concepção, foi pen-sado o projeto “PAPO FEDERAL”, desenvolvido com alunos do ensi-no médio integrado ao técnico do IFNMG – Campus Montes Claros. O trabalho teve como proposta discu-tir temas transversais, no que tange à sexualidade, identidade, respeito às diferenças, autoestima, dentre outros, além de favorecer as rela-ções interpessoais dos discentes, que se encontram em peculiar de-senvolvimento. Trabalhos de cons-cientização precisam ser desenvol-vidos frequentemente para que o adolescente tenha ciência de seu papel na sociedade, tendo a capa-cidade de discernir sobre como agir diante das questões de sua vida.

Assim, o “Papo Federal” visa de-senvolver atividades que orientem e eduquem os adolescentes para a busca de autonomia e decisões saudáveis, bem como proporcionar uma assistência educacional para a construção de valores, responsa-bilidade e ética, indo ao encontro das concepções e princípios que norteiam a organização da estrutu-ra curricular dos projetos de cursos integrados do Campus e do Projeto de Desenvolvimento Institucional do IFNMG.

O trabalho foi realizado dentro da perspectiva de intervenção de trabalho com grupos, através de oficinas com dinâmicas de grupo, considerando que esta metodolo-

gia possibilita uma reflexão inte-grada ao pensar, ao sentir e culmina na ação. As oficinas aconteceram quinzenalmente, totalizando sete encontros de duas horas cada, que ocorreram após a assinatura do ter-mo de consentimento por um de seus responsáveis.

No decorrer das ativida-des desenvolvidas, foram obti-dos resultados positivos com os adolescentes, o que ficou claro com o avançar dos encontros, na medida em que houve mudanças de com-portamentos e habilidades na con-vivência grupal. Além disso, obser-vou-se que, com a estimulação das habilidades sociais, houve um avan-ço no que diz respeito à inclusão dos sujeitos participantes ao grupo, sendo que alguns alunos que, em princípio, apresentavam compor-tamento de afastamento do grupo, conseguiram se incluir ao meio. A cooperação, o respeito à opinião dos outros, a capacidade crítica e o direito de expressar suas opiniões certamente foram situações impres-cindíveis para que houvesse esse avanço de inclusão no grupo.

Diante das evoluções observadas, concluiu-se que o projeto atingiu o objetivo de trabalhar as habilidades sociais dos adolescentes a partir do momento em que possibilitou a estes expressarem sentimentos, atitudes, desejos, opiniões, direitos e incentivou o respeito ao direito do outro. Inevitavelmente, quando foram trabalhadas as habilidades sociais dos alunos, também se tra-balhou a autoestima dos mesmos de forma positiva, uma vez que esta aumenta quando o sujeito tem ati-tudes compatíveis com o que acre-dita ser correto, gerando satisfação. Ao final do trabalho, com o grupo de adolescentes com bons resul-tados alcançados, vale reafirmar a importância de pensar intervenções que considerem o sujeito enquanto ser social, que precisa se desenvol-ver para estabelecer relações saudá-veis no grupo em que está inserido.

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40 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Informática na Escola

Projeto

Coordenador: Prof. Hélder Seixas Lima

Campus: Januária

A demanda do projeto de ex-tensão Informática na Es-cola foi percebida em uma visita do professor Hélder

Seixas Lima à Comunidade Quilom-bola de Palmeirinha, localizada na zona rural do município de Pedras de Maria da Cruz/MG. Com uma popu-lação de cerca de 800 pessoas, essa é uma comunidade como muitas outras do Brasil: população de baixa renda, com poucos recursos e com poucas perspectivas de desenvolvi-mento. Não há serviço de Internet na comunidade, tampouco há compu-tadores na maioria dos domicílios de lá. O único local com acesso à Inter-net é um telecentro que fica anexo à Escola Municipal Guilherme Arcanjo de Oliveira, única da comunidade. Ao visitar a escola, constatou-se que os professores não utilizavam aquele es-paço em suas aulas. Mesmos conhe-cedores do poder que a informática proporciona para o desenvolvimento

dos alunos, alegavam que não possu-íam habilidades e conhecimentos ne-cessários para conduzirem aulas no laboratório de informática e fazerem uso dos jogos e softwares educacio-nais ali disponíveis.

A primeira edição do projeto In-formática na Escola, que foi realizada no ano de 2014, teve como objetivo geral promover a inclusão digital das crianças da Comunidade Quilombo-la de Palmeirinha, através do uso do computador nas práticas escolares. Para tal, foi necessário realizar capa-citação dos professores da escola na operação básica do computador e no uso do Linux Educacional, sistema operacional instalado na maioria dos laboratórios de informática das esco-las públicas brasileiras. A capacitação foi realizada pelas acadêmicas Rosia-ne dos Santos Nascimento e Jessica Silva de Oliveira, bolsistas do Progra-ma Institucional de Bolsas de Exten-são do IFNMG - Campus Januária.

O principal resultado obtido foi a ocupação de um espaço outrora inu-tilizado pela escola. Hoje é comum os professores dessa escola adota-rem jogos e softwares educacionais em suas aulas.

A subutilização dos laboratórios de informática também foi constatada em escolas do município de Januária/MG. Isso motivou uma nova edição do projeto, que já está em andamen-to. Neste ano, os acadêmicos Antônio Mesquita da Costa e Josimar Pereira Santana, também bolsistas do Progra-ma Institucional de Bolsas de Extensão do IFNMG – Campus Januária, estão rea-lizando capacitação de professores das escolas municipais Santa Rita e Joana Porto. Um grande conhecimento tem sido construído com a realização dessas capacitações. A experiência acumula-da tem permitido aprimoramento do método e apostilas adotadas. Tem-se como expectativa ampliar a oferta de capacitações nos próximos anos.

No dia 04 de dezembro de 2014, aconteceu a aula de encerramento, com entrega dos certificados, da Capacitação de Professores em Informática na Educação. Tal capacitação fez parte do projeto de extensão Informática na Escola: Uso do Computador na Escola da Comunidade Quilombola de Pal-meirinha como Recurso Pedagógico, desenvolvido pelo IFNMG – Campus Januária, através do incen-tivo do Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX).

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41 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Agroecologia Vazanteira: (Re)construindo saberes

Projeto

Coordenador: Sérgio Leandro Sousa NevesEquipe: Geralda Magela Costa Nobre, Vitor Hugo Heniques de Almeida, Leonardo Passos de Sá, Marli Silva Fróes, Jomar de Oliveira Vasconcelos,

César Vinícius Mendes Nery e Cristiane Gonçalves.Discentes: Beluza Veloso Martins de Souza Santos, Handray Fernandes

de Souza, Ubirajara Guanais Castelo Branco e Saulo Oliveira Souza. Campus: Januária

A partir da segunda metade do século XX, o Brasil vivenciou algumas mudanças no espaço rural, através da chamada Revolução Verde – RV. De forma sintética, pode-se apontar que ocorreu o aumento da produtivi-dade de alimentos para demanda externa, a dependência de insumos e equipamentos provenientes dos países ricos, a degradação e contami-nação dos solos através de técnicas impactantes, o uso abusivo de agro-químicos, a concentração fundiária e a exclusão do processo produtivo e marginalização dos povos tradicionais, sobretudo, na privatização de suas terras e recursos, foram os principais resultados destas alterações.

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No Norte de Minas Gerais, essa política agrícola desen-volvimentista, orientada em quatro eixos (agropecuário,

irrigação, monocultura de eucalipto & pinus e o eixo industrial) e liderada pela Superintendência de Desenvol-vimento do Nordeste – SUDENE, a partir dos planos de desenvolvimen-to regional, não fugiu à regra. Os fi-nanciamentos e incentivos fiscais oriundos do Fundo de Investimen-to do Nordeste – FINOR e do Fundo Constitucional do Nordeste – FNE possibilitaram a ampliação e concen-tração de latifúndios e o crescimento e fortalecimento de empresas rurais.

Esse processo contribuiu para que os recursos ambientais, que estavam nas mãos dos povos do lugar, pas-sassem para o controle dos órgãos governamentais, que, através da gri-lagem das terras e de forma, muitas vezes, violenta, expropriaram os di-reitos das populações locais, reorga-nizando a estrutura fundiária.

Dentro deste arcabouço desenvol-vimentista, algumas comunidades ribeirinhas localizadas entre os muni-cípios de Januária e Itacarambi, deno-minadas vazanteiras, continuaram a perpetuar, nas margens do rio e ilhas, a agricultura tradicional, baseada na forte dependência do ciclo natural das águas, porém cada vez mais sob influência direta do “pacote tecnoló-gico” da RV, o que viria a influenciar as novas gerações na assimilação de algumas técnicas impactantes.

A partir deste cenário apresenta-do e com base nas diretrizes nortea-doras da extensão do IFNMG, foram desenvolvidos ações e projetos na Ilha do Jenipapo, localizada no alto médio São Francisco, entre os muni-cípios de Itacarambi e Januária, com o intuito de minimizar os impactos da agricultura convencional, por meio do fortalecimento e resgate das téc-nicas tradicionais de cultivo.

A política de extensão do IFNMG – Campus Januária forneceu a logísti-ca e os subsídios para realização dos projetos que, atualmente, estão na segunda fase. Em primeiro momen-

to, o projeto denominado “Agroe-cologia Vazanteira (Re)construindo os Saberes” (PIBEX 2014) objetivou a difusão das técnicas tradicionais rea-lizadas pela comunidade vazanteira da Ilha do Jenipapo, bem como das técnicas agroecológicas realizadas no Campus Januária, numa troca mú-tua de saberes e conhecimentos.

O público-alvo é composto por, aproximadamente, 42 famílias, sendo a maioria de idosos, parte dessa reali-za movimentos migratórios sazonais e pendulares diários/semanais, cons-tituindo e configurando um território fragmentado e articulado. A ilha tem uma extensão territorial de, aproxi-madamente, 235 hectares e engloba mais cinco territorialidades: Morro Velho, Vila Florentina, Itacarambi, Re-tiro e Terras Altas na APA Sabonetal.

A metodologia foi desenvolvida a partir de oficinas realizadas no Cam-pus Januária e na Ilha do Jenipapo, em cinco etapas, a saber: a identifi-cação dos agroambientes da ilha, o manejo e conservação dos solos, as técnicas de plantio agroecológicas, o manejo agroecológico de lavouras e produção de bioinseticidas e a pro-dução, estocagem e armazenamento de alimentos.

Em todas as etapas, houve a intera-ção da comunidade com os discentes dos cursos integrados de Agropecuá-ria e Informática, como prática inclu-siva e de integração das disciplinas técnicas e propedêuticas. O envolvi-mento da comunidade resultou em mudanças quanto ao manejo dos ro-çados, com diminuição significativa no uso de insumos industrializados na produção agrícola, melhoria na ar-mazenagem de alimento e conscien-tização sobre a soberania alimentar.

O projeto alcançou os objetivos es-pecíficos propostos e, devido à parti-cipação comunitária, em sua maioria, acabou por culminar na fundação de uma associação agroecológica e for-talecimento da luta pelo reconheci-mento das territorialidades e modo de vida vazanteiro.

Atualmente, está sendo desenvol-vido um novo projeto com a comu-nidade vazanteira, “Agroecologia Va-zanteira: Sistematizando os Saberes” - PIBED 2015, que objetiva sistemati-zar os saberes da comunidade local, por meio de cartilhas didáticas, num processo mútuo de troca de conheci-mentos entre vazanteiros, docentes e discentes envolvidos direta ou indire-tamente no projeto.

Este último projeto surgiu da ne-cessidade do público-alvo de facilitar e difundir a troca de conhecimentos com aqueles que não participaram das oficinas ou de comunidades cir-cunvizinhas, irradiando, desta forma, os conhecimentos adquiridos pelo projeto - PIBEX 2014.

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43 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Caracterização dos agricultores familiares da comunidade de Buqueirão/MG

Projeto

Coordenador: Prof. Magalhães Teixeira de Souza

Campus: Salinas

O projeto de extensão foi coordenado pelo professor Magalhães Teixeira de Souza, do IFNMG – Campus Salinas, junto com os acadêmicos dos cursos de Engenharia Florestal e Medicina Veterinária e em parceria com os produtores rurais da comunidade de Buqueirão - município de Salinas – MG. O objetivo foi mostrar como é a atuação desses produtores em suas atividades, bem como a estrutura e o sistema de produção, visando estimar a porcentagem de ajuda que as instituições governamen-tais e de fomento disponibilizam a estas famílias e de que maneira ela é fornecida.

Foram ministradas algumas pa-lestras, buscando aumentar o leque de conhecimento dos produtores, como “manejo do

gado corte e de leite”, “administração de pequenas propriedades rurais”, “escrituração rural” e, também, a dis-ponibilização de referências, como amostras de outras propriedades, que pudessem servir como estímulo e modelo para essas famílias rurais. Após proferir as palestras, questioná-rios foram distribuídos aos presentes, que foram respondidos e coletados para tabulação dos dados.

As informações pesquisadas pelo questionário foram:

1 Como é o acesso à assistência técnica do produtor;

2 Como é a utilização da terra e de que maneira o produtor desfruta dos recursos da natureza;

3 Como é a disponibilidade de mão de obra;

4 O nível de capital da propriedade;

5 O nível cultural da população em geral.

Participantes do projeto e membros da comunidade de Buqueirão

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44 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Através dos dados e informações coletadas, percebeu-se que cerca de 86% dos participantes não possuí-am nenhuma especialização na área, sendo os conhecimentos práticos adquiridos dos pais e avós. Nenhum produtor tinha o ensino fundamental completo e cerca de 57% dos mes-mos exercem outras atividades para complementar a renda familiar.

A carência por assistência técnica e ações preventivas é surpreendente, principalmente, dos órgãos governa-mentais, pois os agricultores da co-munidade não possuem água trata-da e, raramente, recebem visitas com propósito de melhoria da qualidade de vida.

O trabalho realizado pôde mostrar a grande importância da agricultura familiar, o descaso com essa classe de trabalhadores, sendo este sistema ainda responsável por grande parte da nossa produção, além de manter o homem e a natureza em harmonia, o que contribui para o desenvolvi-mento sustentável dos municípios e proporciona uma melhor qualidade de vida ao ser humano.

Projeto realizado pelos acadêmi-cos Artur Almeida Tupy, Jaíssa Bitten-cort de Figueiredo (bolsista), Rômulo Ewerton Gomes Sousa, Sarah Souza Oliveira, Dermeval Magalhães Gue-des Júnior e pelos professores Maga-lhães Teixeira de Souza (orientador) e Fabiano Matos Pereira.

Palestra sendo ministrada aos participantes pelo acadêmico

Artur Almeida Tupy

Palestra sendo ministrada aos participantes pelo acadêmico

Artur Almeida Tupy

Palestra ministrada pelo acadêmico Dermeval Magalhães Guedes Júnior

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45 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Práticas de Revegetação em Bairro Residencial de Salinas/MG

Projeto

Coordenador: Prof. Wagner Patrício de

Sousa JúniorCampus: Salinas

Com o intuito de contribuir na revegetação de uma peque-na área no bairro Belvedere, localizado na cidade de Sa-

linas/MG, empresários, moradores, servidores e acadêmicos de vários períodos do curso de Engenharia Florestal do IFNMG – Campus Salinas desenvolveram uma ação conjunta para propiciar condições para que a área em questão pudesse se tornar mais atrativa, do ponto de vista pai-sagístico, restaurando-se suas fun-ções ecológicas.

Sob a coordenação do professor Wagner Patrício de Sousa Júnior, do curso de Engenharia Florestal e da Fer-retti Incorporações Imobiliárias, a ação envolveu atividades, como: preparo das mudas no viveiro do IFNMG, aqui-sição de mudas de espécies de maior porte, incremento com solo de melhor qualidade, transplante de serrapilhei-ra, nivelamento da área, retirada de fragmentos de rocha, adoção de téc-nicas de nucleação, dentre outras. As ilustrações a seguir evidenciam a área e canteiros, antes e após as atividades.

A implantação de um novo bairro residencial sempre requer muitas atividades que acabam alte-rando, em algum nível, as características originais do local, tais como, grande movimentação de má-quinas, transporte de diferentes materiais de construção e plantio e/ou retirada de determinadas espécies vegetais.

Graduandos preparando as covas no canteiro nas imediações da área que foi alvo do projeto

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46 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Salienta-se que novas ações estão sendo organizadas, com o intuito de desenvolvimento de projetos subse-quentes para a área abordada e, tam-bém, para outras áreas do bairro.

Agradecimentos:Moradores do bairro BelvedereFerretti Incorporações ImobiliáriasAcadêmicos do curso de Engenharia FlorestalPrefeitura Municipal de Salinas

Aplicação de técnicas de transplante de serrapilheira e

Canteiro pronto, com gramado e mudas de Aroeira Salsa e Ipê

Mirim produzidas no IFNMG

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47 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

ExtensãoTecnológicaMostras de Tecnologias SociaisSementes CrioulasAcessibilidade no CampusCarneiro Hidráulico de baixo custoViveiro FlorestalCriação de AbelhasVida na ponta do lápisMoeda SocialArmadilhas caseiras contra mosquito da dengueTratamento de resíduos sólidosCurso de Informática BásicaNúcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica

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48 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Mostras de Tecnologias Sociais do Campus Araçuaí

Projeto

Coordenadores: Prof. Harley Alves Lima e Prof.

Fernando Vieira de FariaCampus: Araçuaí

De forma cronológica, apre-sentamos as Mostras de Tec-nologias Sociais realizadas no Campus:

I MostraA I Mostra foi realizada em agosto

de 2012. Naquela mostra, foram difun-didas tecnologias sociais já adaptadas ao semiárido. Adaptadas, pois foram

avaliadas por seus usuários como efi-cientes e de baixo custo de implanta-ção. Mas a apresentação das tecno-logias era apenas uma fase, pois, de forma complementar, estabelecia-se o compromisso de prestar assistência técnica aos interessados na reaplica-ção das tecnologias sociais. Mais ain-da, havia a preocupação em informar sobre as práticas agroecológicas, a agricultura conservacionista e sobre

recuperação de áreas degradadas e nascentes de água.

Nessa primeira edição, foram apre-sentadas 07 tecnologias sociais: Pro-dução Agroecológica, Integrada e Sus-tentável (PAIS); Barraginhas; Lago de múltiplo uso; Fossa séptica econômica; fogão solar; aquecedor solar de água e soro caseiro. Concomitantemente à apresentação das tecnologias, ocorre-ram palestras vinculadas às temáticas.

As tecnologias sociais, setor notadamente potencial, não são percebidas pela maioria dos gestores públicos regionais, como sendo fundamentais para implantação de programas estratégicos para o setor. Esta assertiva balizou a decisão do Campus Araçuaí, especificamente de seu Núcleo de Produ-ção, com o apoio irrestrito dos profissionais de áreas afins, do Polo de Inovação Tecnológica e Pasto-ral da Criança, em promover Mostras de Tecnologias Sociais. O objetivo central da mostra é, por meio da demonstração, disponibilizar ferramentas tecnológicas ao homem do campo e famílias de baixa renda dos núcleos urbanos da microrregião de Araçuaí.

Barraginha implantada no Campus Araçuaí / demonstrativa.As “Barraginhas”, apresentam função de interceptar e reter as enxurradas, proporcionando, dessa forma, um aumento da infiltração e uma diminuição do escoamento superficial das águas de chuvas, como consequência, impedem o avanço dos processos erosivos, promovem a elevação do nível do lençol freático, colaboram para a estabilização das vazões dos canais fluviais, evitam o carreamento de solo e assoreamento dos rios, disponibilizam água coletada para fins de agricultura e dessedentação de animais, inclusive os silvestres.

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49 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

II MostraNa II Mostra, realizada em outubro

de 2013, foram expostas tecnologias sociais, engenhocas agrícolas e pro-jetos de pesquisa que demonstraram como a ciência e a tecnologia podem ser utilizadas no dia a dia dos agri-cultores e das famílias: Microscópio Alternativo, construído com material reciclado; mão amiga – arrancador de mandioca; Patrol – facilitador na rolagem de toras de madeira; uso da Roldana no meio rural; irrigação auto-matizada de baixo custo; Biodigestor – alternativa de produção de gás e bio-fertilizante; substrato agrícola a partir do bagaço de cana; uso do triângulo na agricultura; fogão solar; aquecedor solar de água; Mosquitérica – alternati-va ao combate a dengue; fossa sépti-ca econômica; farinha enriquecida de múltiplo uso; PAIS – Produção agroe-cológica integrada e sustentável; Bar-raginhas e Lago de múltiplo uso. Além disso, várias palestras sobre temas cor-relatos foram apresentadas.

III MostraA III Mostra, realizada em outubro

de 2014, teve como diferencial a ofer-ta de minicursos aos participantes. Além das tecnologias apresentadas nos eventos anteriores, foram difun-didas outras como: reciclagem de papel; tinta de terra; compostagem e vermicopostagem; lago de múltiplo uso; Mulching – uso de lona plástica no cultivo de hortaliças; pé de galinha e nível de mangueira para locação de curvas de nível; artesanato de fibra de bananeira; sabão caseiro feito com óleo de cozinha usado e robótica na escola.

O que concluir? O IFNMG – Campus Araçuaí tor-

nou-se multiplicador de tecnologias sociais. Mas não se pode esquecer que isso somente foi possível pelo comprometimento dos coordena-dores, das Comissões Organizado-ras, dos palestrantes e dos GRANDES

PARCEIROS: Polo de Inovação Tecno-lógica de Araçuaí – SECTES, Pastoral da Criança de Araçuaí e da Universi-dade Federal de Viçosa (professor Vi-cente Wagner D. Casali).

E, para encerrar o relato com chave de ouro, pode-se informar que a Mos-tra de Tecnologias Sociais é o maior evento de extensão do Campus Ara-çuaí. Todo trabalho é realizado por meio de voluntariado e os materiais e estruturas são patrocinados pelo co-mércio local!!!! Os desdobramentos da mostra na comunidade microrregional já se fazem sentir, por meio das capaci-tações em saneamento básico rural em várias instituições; implantação de bar-raginhas em diversas comunidades; publicação da cartilha de produção agroecológica, integrada e sustentável no semiárido de Minas Gerais; produ-ção do videodocumentário “Unidade demonstrativa de tecnologias sociais” com a participação dos nossos parcei-ros e inauguração do “Horto de Ervas Medicinais” do Campus Araçuaí.

Comissão organizadoraCampus AraçuaíJosé Fernando Vieira de Faria, Natalino Martins Gomes. André Marcos de Sousa NunesPolo de inovação tecnológicaHilcácia Siqueiro Leite, Rafael Gomes Ribeiro, Fabrícia Silva Leite, Alan Oliveira Ribeiro, Leonardo OnnisParceiros externosPolo de Inovação Tecnológica de Araçuaí / SECTES , Pastoral da Criança de Araçuaí, Universidade Federal de Viçosa

I Mostra de Tecnologias Sociais

Mulching. Consiste no cultivo de hortaliças sobre lona plástica aplicada sobre o solo, criando uma barreira física à transferência de calor e vapor de água entre solo e a atmosfera.

Fossa séptica econômica. Economicamente viável e ecologicamente correta.

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50 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Sementes Crioulas - Resgatando a agrobiodiversidade

Projeto

Coordenadores: Prof. Aroldo Gomes Filho e Profª.

Eliane Souza Gomes BritoEquipe Discente: Wesley Borges,

Gabriel Pires e Daniel SoaresCampus: Januária

No dia 22 de agosto de 2014, foi realizada, na comunidade de Araçá, localizada na região do vale do Peruaçu, uma reunião com produtores rurais da agricultura familiar para a apresentação da didá-tica do projeto de extensão Sementes Crioulas de Milho – Resgatando a Agrobiodiversidade.

Nesta reunião, foram discuti-das a realidade das comu-nidades, mediante o uso de sementes de milho crioulo

e a apresentação da ideologia do projeto. A reunião contou com a pre-sença de, aproximadamente, 30 agri-cultores familiares, sendo estes bem participativos e dinâmicos, demons-trando bastante interesse em partici-par do projeto.

O objetivo do projeto é coletar as sementes junto aos agricultores que mantêm a prática de utilizar e conser-var as sementes crioulas, e também junto a bancos de sementes crioulas, a fim de realizar um estudo agronô-mico destas sementes, multiplicá-las

e, posteriormente, distribuí-las aos produtores que não as possuem e que tenham interesse em partici-par do projeto, como guardiões e multiplicadores das sementes. Este projeto visa também auxiliar os pro-dutores na formação de uma casa de sementes na comunidade, onde po-derão ter acesso às sementes, quan-do necessário.

O projeto de extensão, desenvolvi-do pelos acadêmicos Wesley Borges, Gabriel Pires e Daniel Soares, sob a coordenação e orientação dos pro-fessores Aroldo Gomes Filho e Elia-ne Souza Gomes Brito, está sendo executado em parceria com a Cari-tas Diocesana de Januária, que está

implementando a estrutura física da casa de sementes e adquirindo algu-mas sementes para distribuição junto aos produtores.

O agricultor Odenilson Fiuza Oli-veira, morador da comunidade de Araçá, quando indagado sobre a te-mática do projeto e sobre as princi-pais dificuldades, em seu ponto de vista, para a agricultura local, emo-cionou a todos quando respondeu: “O projeto trará mais motivos para permanecer na comunidade, pois, hoje em dia, o produtor desacreditou dele próprio. Ele precisa de um incen-tivo, não só os mais velhos, mas os mais jovens também, para permane-cerem na comunidade trabalhando.”

Milho crioulo pendoando.

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51 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Igreja Nossa Senhora do Carmo, comunidade de Araçá. Local de realização da reunião.

Apresentação da temática do projeto aos produtores.

Plantio e multiplicação do milho Crioulo. O milho é uma das bases da economia local, pois serve de alimento à população e, principalmente, às criações de animais que são utilizados na alimentação e comercialização local, tendo papel fundamental na geração de renda da agricultura familiar.Visando propiciar, aos produtores rurais das comunidades do Vale do Peruaçu, acesso a sementes crioulas, montou-se, no IFNMG – Campus Januária, uma área de multiplicação dessas sementes, para sua posterior distribuição às comunidades rurais.

Milho crioulo embonecando.

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52 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Acessibilidade no Campus - ACESSCAMPUS

Projeto

Coordenador: Prof. Anderson Ricardo dos Anjos

Discente: Heverton Alves Cardoso Campus: Pirapora

A ação seguinte foi tomar como desafio indicar, à co-munidade escolar, soluções para a questão de acessibi-

lidade interna no Campus. Ter e não poder acessar é o mesmo que não ter!!!! Para tanto, desenvolver estudos de projetos de acessibilidade seria o primeiro passo para se garantir o acesso universal, livre de barreiras, para os portadores de necessidades especiais. Esse trabalho se transfor-mou no objetivo central do projeto

ACESSCAMPUS – elaborar projetos técnicos para subsidiar as ações em busca de recursos públicos para exe-cução e adequação dos espaços físi-cos, tornando-os acessíveis.

A metodologia de trabalho se or-ganizou da seguinte maneira: na primeira etapa, foi realizado um le-vantamento arquitetônico das insta-lações do IFNMG – Campus Pirapora; na segunda etapa, foram elaborados os estudos de acessibilidade arqui-tetônica no Campus e seu entorno

imediato; na terceira etapa, foi apre-sentado o projeto para a coorde-nação e direção-geral, contendo o relatório de adequações do espaço físico do Campus com projetos, plani-lhas e memoriais descritivos. Por fim, o projeto foi apresentado para a co-munidade escolar durante a Mostra de Projetos de Extensão, realizada no Campus. Atualmente a direção-geral empenha-se em buscar recursos fi-nanceiros para a execução do Projeto de Acessibilidade.

Acessibilidade é “a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utiliza-ção, com segurança e autonomia, de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elemen-tos”. Em teor, é isso que indica a ABNT/NBR – 9050/2004. De outra forma, entende-se acessibilidade como a possibilidade de chegarem, às pessoas, espaços, recursos e serviços, para garantir direitos e construir caminhos. Diante dessa diretiva, o olhar crítico do professor Anderson Ricardo dos Anjos e do discente do curso Técnico em Edificações, Heverton Alves Cardoso, dirigiu-se para as edificações do Campus Pirapora, com o propósito de, em primeiro lugar, identificar as edificações que não ofere-cem as condições adequadas de acessibilidade em sua totalidade.

Inexistência de condições de acessibilidade universal no acesso

ao IFNMG – 10/mai/2014.

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53 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

O projeto de Acessibilidade no Campus – ACESSCAMPUS constitui uma medida estruturante para que se consolide um sistema educacional inclusivo, contribuindo para que a meta de inclusão plena possa ser im-plementada, condição indispensável para uma educação de qualidade.

Além do mais, espera-se que esta proposta, quando executada fisica-mente, seja experiência premissa para a irradiação da ideia da Acessibi-lidade Universal em todos os Campus do IFNMG, adequando-se, por com-pleto, à Lei Federal de Acessibilidade. Espera-se ainda, com essa experiên-cia, que o tema ACESSIBILIDADE pos-sa fazer parte do cotidiano estudan-til, servindo como ideia irradiadora de novas ações e intervenções neste campo de estudo, estendendo seus efeitos a outras necessidades, como, por exemplo, a criação de setores de estudos em braile, audiotecas e ergo-nomia do mobiliário.

Sinalização horizontal, sinalização vertical e contar com um espaço adicional de circulação.

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vo do

auto

r

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Carneiro Hidráulico de Baixo Custo

Projeto

Coordenadores: Prof. Fabiano Magalhães,

Marcelo Rossi Vicente e Rogério Amorim

(Técnico em Edificações)Discente: Felipe Teixeira

Braga CapuchinhoCampus: Salinas

Os membros do Núcleo de Estudos Rurais, Felipe Teixeira Braga Capuchinho (discente), Fabiano Maga-lhães (professor de Sociologia), Marcelo Rossi Vicente (professor) e Rogério Amorim (Técnico em Edifica-ções), realizaram uma oficina de montagem do equipamento junto às comunidades geraizeiras.

A demanda por este tipo de equipamento surgiu duran-te as atividades de pesquisa do Núcleo de Estudos Rurais

do IFNMG – Campus Salinas junto às comunidades geraizeiras do Alto do Rio Pardo e foi atendida através de projeto de extensão.

Sob orientação do professor de Irri-

gação, Marcelo Rossi Vicente, o aluno do curso de Engenharia Florestal, Feli-pe Teixeira Braga Capuchinho, bolsis-ta do PIBEX/2013 – IFNMG – Campus Salinas, vinculado ao Núcleo de Estu-dos Rurais, desenvolveu um “Carneiro Hidráulico” de baixo custo, a partir de conexões de PVC.

O carneiro hidráulico é um equipa-

mento para bombeamento de água, que tem como princípio de funcio-namento o golpe de Aríete, que é a variação brusca de pressão, acima ou abaixo do valor normal de funciona-mento, devido às mudanças bruscas da velocidade da água.

Este equipamento faz o bombeamen-to de água sem o uso de energia elétrica.

Componentes do Carneiro Hidráulico de PVC

Carneiro Hidráulico em funcionamento

Montagem e demonstração de funcionamento do Carneiro Hidráulico

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55 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Viveiro FlorestalProjeto

Coordenador: Prof. Carlos Henrique Batista

Discente: Ernesto Filipe LopesCampus: Januária

para produção de mudas de espécies nativas a serem utilizadas em áreas de preservação permanente

O trabalho iniciou-se, nas co-munidades de Araçá, Bu-ritizinho, Vargem Grande, Estiva e Vereda Grande I,

com o levantamento diagnóstico de espécies características da mata ciliar de áreas da sub-bacia do rio Peruaçu, priorizando-se as de relevância reco-nhecida regionalmente e as de dife-rentes classes sucessoriais. Também procurou identificar, por meio do ca-minhar, procurar e conversar com os moradores daquele território, quais espécies eram encontradas anterior-mente e que agora não eram mais encontradas por ali. A intenção era reconstituir, pela narrativa, a vegeta-ção existente no passado e, a partir daí, criar as estratégias para restaurar aquele espaço, o mais próximo possí-vel do original.

Mãos à obra, as sementes foram, em sua maioria, conquistadas por meio de coleta nas comunidades. A outra parte das sementes, algumas de espé-cies extintas, foram doadas pela WWF – Brasil – Projeto Água Brasil, do qual somos parceiros. Certas espécies cita-das no diagnóstico não tiveram mu-das produzidas por falta de sementes. De posse das sementes conquistadas, foram estas armazenadas em garrafas pet e mantidas em locais adequados até o momento do plantio.

Entre a conquista das sementes até o plantio, foram realizados testes de germinação das sementes, para verificar a germinabilidade das mes-mas. As sementes foram plantadas em bandejas de isopor de 72 células, contendo substrato. Após a germina-ção, as mudas ainda ficaram 35 dias

na bandeja; só então foram trans-plantadas para as fito células, onde ficaram em torno de 90 dias.

Findada a etapa da produção de mudas, o procedimento de plantio destas nas áreas degradadas seguiu metodologia proposta por Silva (2010), que, em suma indica, a aplica-ção da técnica de restauração, de for-ma a compor sistemas agroflorestais, onde são plantadas, na mesma área, espécies florestais arbóreas, frutíferas e muvuca de sementes. Nesse senti-do, os sistemas agroflorestais surgem como um processo de consórcios de espécies arbóreas com espécies agrí-colas no mesmo ambiente, permi-tindo, com o tempo, a obtenção de múltiplos benefícios advindos das in-terações ecológicas destes sistemas produtivos (Silva, 2010).

Certeza tínhamos de sobra: ao produzir espécies florestais nativas e frutíferas, poderíamos efetiva-mente contribuir para a restauração ambiental. Sim, poderiam ser poucas mudas, por volta de 1.640, mas, ao levarmos a cabo a missão, sairíamos da inércia de sermos apenas observadores passivos para fazermos a diferença. Esperançávamos, além de produzir as mudas, reflorestar áreas de preservação permanente em comunidades inseridas no Vale do Peruaçu. Vinculado a essa primeira ação, estendia o trabalho de mobilizar os produtores que vivem em comunidades do Vale do Peruaçu, a agirem no sentido de conter ou amenizar o assoreamento de rios e nascentes, através do uso de mudas nativas na recomposição de matas ciliares.

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56 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

A adoção dessa técnica, na per-cepção da equipe, permitiria ganhos múltiplos: acesso a alimento saudá-vel, valorização do ambiente e, ainda, incitaria a conscientização ambiental dos atores envolvidos no projeto.

Sabemos que os leitores, na curio-sidade criativa, estão a indagar quais foram as espécies reproduzidas. Res-pondendo à questão, citamos: um-burana, jatobá, pau preto, braúna, pau jaú, pau ferro, angico, sabonetei-ra, neem, muringa, sucupira, acerola, caju e pau formiga.

Ao final da jornada, na avaliação de todos, valeu a pena!!!! Como va-leu!!! Mesmo com espaço físico insu-ficiente para a produção e armaze-namento das mudas, dificuldade em articular oficinas, dificuldade de loco-moção até as comunidades e tempo de vigência do projeto. Mesmo com essas dificuldades, valeu a pena. E a resposta é bastante simples: vimos que realmente as comunidades es-tavam comprometidas em acolher as mudas e cuidarem delas, imbuídas do sentimento de fazerem a diferen-ça dentro do território que vivem.

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57 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Criação de AbelhasProjeto

Coordenador: Prof. Eduardo Souza do

Nascimento Colaborador:

Fernando Mendes Barbosa (Técnico em Agropecuária)

Discentes: Thúlio Ferreira Barros e

Roberto Jose de Oliveira

na sub-bacia do Rio dos Cochos, Januária/MG: uma doce alternativa

No ano de 2008 iniciou-se um projeto de recuperação da sub-bacia dos cochos (IGAM, Cáritas Brasileira,

Misereor, IFNMG, UFLA, UFMG, Pre-feitura Municipal, ASSUSBAC) o qual propunha ações de revitalização, entre elas a atividade apícola e meli-ponícola. No mesmo ano iniciou-se a identificação das principais espécies de abelhas sem ferrão da região e a capacitação das comunidades sobre biologia e manejo de Meliponini.

Tendo em vista o baixo custo de implantação da criação de abelhas, a necessidade de se preservar espécies de abelhas; o alto potencial da região norte mineira pelas suas caracterís-ticas geográficas, e o crescente in-centivo do governo em incrementar a merenda escolar com produtos da agricultura familiar, a criação de abe-lhas passa a ocupar uma posição de destaque como uma atividade com-plementar, melhorando a renda de pequenos agricultores. Muitas vezes,

nota-se o interesse de muitos agricul-tores em trabalhar com abelhas, prá-tica que nem sempre é possível pela falta de domínio das técnicas corre-tas para manejo de enxames. Tal si-tuação acaba colocando o agricultor na posição de meleiro, o qual retira somente o mel das abelhas, provo-cando na maioria das vezes a morte do enxame.

Com o objetivo de estimular a cria-ção de abelhas, profissionais do Cam-pus Januária se mobilizaram para de-senvolver atividades de extensão com a comunidade de Rio dos Cochos.

O primeiro contato com a comuni-dade de Sambaíba (pertencente ao Rio dos Cochos) se efetivou no dia 22 de maio de 2014, por meio da aproxi-mação de um dos representantes da Associação dos usuários da sub-ba-cia do Rio dos Cochos (Assusbac) – Sr. Jacy Borges de Souza. A pretensão do momento era o agendamento de reunião com os integrantes da Asso-ciação. O acolhimento da proposta

pela comunidade foi imediato e se firmou o compromisso de encontro na semana seguinte.

A reunião ocorreu conforme pre-visto. Na roda de conversa e na liber-dade de expor as idéias, conseguiu-se compreender o fazer do dia a dia dos pequenos apicultores, bem como identificar as dificuldades enfrenta-das com o negócio, com o viver e mais ainda, realizou um diagnóstico da situação atual da apicultura (abe-lhas africanas) e meliponicultura (abe-lhas nativas sem ferrão) na região.

Constituídos os laços de amizade e confiança, a indicação da necessida-de de firmar uma valiosa parceria foi um pulo. Dos presentes, 05 apiculto-res com diferentes níveis de atuação na apilcultura mostraram grande interesse de desenvolver e aperfei-çoar a atividade de apicultura e me-liponicultura. Na argumentação dos mesmos, “a apicultura e meliponicul-tura podem ser uma fonte de renda importante dentro da agricultura di-

Projeto de recuperação da sub-bacia dos cochos estimula a criação de abelhas e a venda de seus produtos, complementando a melhoria de renda dos produtores e despertando o interesse por questões relacionadas à preservação das espécies de abelhas e trabalho coletivo, o que contribui com o desenvolvimento sustentável das comunidades atendidas.

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versificada que praticam”; mais ainda, acreditam ser a atividade propiciado-ra de benefícios ambientais.

As etapas do projeto, definidas nas reuniões entre grupo e comunidade compreendiam cursos de capacitação técnica, de gestão e estabelecimento de parcerias com outras instituições.

Além do acompanhamento in locu dos membros do projeto e das orien-tações contextualizadas a cada api-cultor, as capacitações compreende-ram ainda uma viagem técnica ao 11° Seminário de Apicultura do Norte de Minas, evento organizado pela EMA-TER e CODEVASF que ocorreu dia 16 de outubro de 2014, em Montes Cla-ros. Esta viagem teve como objetivo a

busca de novos conhecimentos, bem como conhecer a situação da criação de abelhas no norte de Minas Gerais.

A INCUBATECs do IFNMG realizou ação de capacitação, objetivando dotar os apicultores de práticas de gestão financeira da empresa rural e incentivá-los a melhorar a rentabi-lidade das colmeias. Todas as ações visavam a otimização do uso da es-trutura e equipamentos doados à comunidade através da parceria an-terior com a CODEVASF.

Essas iniciativas ampliaram os desa-fios da equipe do projeto, por conta de trazer novas variáveis a serem enten-didas, para que o negócio de criação de abelha continuasse sendo “uma doce alternativa”! Exemplificando a situação, pode ser citado o ataque se-vero da “abelha limão ou sete portas” (Lestrimelitta rufipes) dizimando um meliponário instalado, desmotivando

momentaneamente os envolvidos. No decorrer do projeto outros desafios fo-ram aparecendo: construção da casa do mel com o propósito de melhoria da qualidade do produto; capacitação para realização de troca anual de rai-nhas e alimentação dos enxames no período de escassez de pólen e néctar. A busca dos apicultores era o aumento da produtividade.

Alimentação do enxame no perío-do de escassez da florada foi encara-da como prioridade. Assim em 13 de junho de 2014 aconteceu a capacita-ção referente à alimentação artificial na apicultura. O servidor do Campus Januária Fernando Mendes Barbosa (Engenheiro Agrônomo), ministrou oficina abordando os principais itens dentro da nutrição de abelhas, de-monstrando como fazer e quais os alimentos alternativos encontrados na nossa região.

Diversas palestras foram minis-tradas neste seminário, entre as quais:- Produção, qualidade e mercado do pólen apícola;- Regularização da produção orgânica do mel;- Indicação geográfica do mel de melato “honeydew-mata seca”, produzido por abelhas Apis Melli-fera no norte de MG;- Papel dos meliponídeos nos ecossistemas;- Normas técnicas para estabele-cimentos rurais de pequeno porte elaboradores de produtos de ori-gem animal e Gestão e inovação para seu apiário ser competitivo.

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Em aula demonstrativa, preparou-se na comunidade uma receita a base de 2 partes de farelo de soja, uma parte de farelo de milho e uma parte de açúcar. A mistura foi umedecida com xarope a base de 50% de açúcar e 50% de água até tomar uma consis-tência pastosa. A mistura foi levada e testada no apiário do apicultor José Martinho dos Santos Pacheco.

Vencida a dificuldade de alimenta-ção das colônias, em 26 de junho de 2014, na comunidade de Roda D´água foi realizada reunião avaliativa para discutir a realidade da meliponicultu-ra e estabelecer as prioridades para o crescimento da atividade. O diagnósti-co foi preocupante: o número de en-xames nativos havia reduzido, como alento, os participantes da reunião identificaram vários Meliponini po-tenciais para criação e o mais impor-tante: “uma vontade muito grande de retorno da atividade pelos agricultores participantes da reunião”. Juntaram-se naquele momento as duas possibi-lidades, a existência de Meliponini e a vontade de ampliar os enxames.

O trabalho com os apicultores con-tinuou e em 10 de julho de 2014, reali-zou-se nas propriedades dos Senhores

José Martinho dos Santos Pacheco e Lourival Justiniano de Almeida, na co-munidade de Sambaíba, ação com o propósito de aumentar o número de colmeias de abelhas africanizadas. Foi colocada em prática naquele momen-to a técnica de divisão de enxames para ampliar o potencial genético das colônias e evitar enxameações natu-rais que podem ocorrer devido ao pro-cesso de reprodução das abelhas. Ou-tras práticas também foram postas em ação como a captura de enxames em voo de deslocamento, captura de en-xames por meio de caixas iscas, remo-ção de colmeias alojadas na natureza, divisão de colônias fortes e aquisição de colmeias povoadas.

Mesmo reconhecendo as dificulda-des apresentadas à execução do pro-jeto, seja pela distância entre o IFNMG e as comunidades assistidas, as condi-ções das estradas rurais, as dificulda-des de conciliação entre os tempos do agricultor e dos discentes/profes-sores, ficou a certeza da grande possi-bilidade de trocas de conhecimento; mais importante ainda, a convicção de todos: que o conhecimento e as habilidades se realizam é no fazer.

Com a intervenção do projeto de

extensão, aliado ao desejo de desen-volvimento da atividade apícola e meliponícola na sub-bacia do Rio dos Cochos, a venda dos produtos das abelhas complementará a renda dos produtores, além despertar neles o interesse por questões relacionadas à preservação das espécies de abelhas e trabalho coletivo, contribuindo de modo geral com o desenvolvimento sustentável das comunidades atendi-das. Os vínculos entre Campus e pro-dutores foram estabelecidos e a assis-tência técnica se faz continuamente através de consultorias demandadas pelas comunidades, como atividade contínua do projeto desenvolvido.

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60 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Vida na Ponta do Lápis

Projeto

Coordenadora: Profª. Juliana Silva Ramires

Campus: Piorapora

Partindo do pressuposto que a educação financeira torna-se essencial para a condição fi-nanceira equilibrada das famí-

lias, frente à economia atual do país, o projeto buscou, de forma simples e didática, apresentar os conceitos de economia doméstica, renda, despe-sas, gastos e investimentos para os participantes, através de palestras e minicursos. Durante o curso, os par-ticipantes têm reforçado os concei-tos básicos de finanças e tornam-se usuários críticos das ferramentas de controle financeiro apresentadas, podendo decidir corretamente seu futuro pessoal e/ou familiar, evitando tornarem-se consumidores que efe-tuam gastos desnecessários ou exor-bitantes, oriundos de propagandas e

vantagens enganosas e, consequen-temente, indivíduos endividados.

Os professores do curso de Admi-nistração do Campus Pirapora, prin-cipalmente, os professores ligados à área de Finanças, ministraram as palestras e os minicursos à popula-ção piraporense. Considerando que muitos são responsáveis pela gestão do orçamento familiar, as palestras não só beneficiaram estas pessoas, como também outros agentes que se encontram direta e/ou indiretamente vinculados a instituições públicas e privadas, a exemplo de escolas que atendem crianças, jovens e adultos, bem como universidades, unidades empresariais e organizações sociais. Assim, as atividades beneficiaram diversos agentes de diferentes faixas

etárias, classes sociais e ocupações. A proposta inicial do projeto teve

como foco as mulheres cadastradas no programa “Mulheres Mil”, justa-mente por apresentarem uma baixa renda familiar. Entretanto, os profes-sores envolvidos no projeto decidi-ram estender a oferta das palestras e minicursos aos demais públicos, em virtude da demanda de pessoas que o projeto não contemplava. No de-senvolvimento do projeto, notou-se o interesse de intensificar as palestras com novos temas, justamente pelo interesse dos participantes no apro-fundamento dos assuntos tratados. Foi nítida a interação do público com os professores que ministravam as palestras e minicursos. Percebeu-se a importância do conteúdo abordado

O projeto de extensão – Projetos de Vida na Ponta do Lápis busca ensinar as pessoas como lidar com as finanças pessoais. Tem o objetivo de promover a orientação em questões relativas ao planeja-mento e ao gerenciamento do orçamento familiar, numa perspectiva solidária, de modo a potenciali-zar a renda auferida e a economizar recursos financeiros com o intuito de ensinar a investir.

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III Mostra de Oportunidades

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61 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

durante as palestras e minicursos, a participação ativa das pessoas em re-alizar perguntas, expor situações que vivenciaram e a constante demons-tração de motivação para atingir uma vida financeira equilibrada.

O projeto contou com a participa-ção de cerca de 300 pessoas no ano de 2014, dentre acadêmicos, mem-bros das famílias de baixa renda (pro-grama Mulheres Mil),estudantes de instituições de ensino da rede públi-ca estadual, servidores do IFNMG – Campus Pirapora, etc.

Dessa forma, o projeto proporcio-nou aos participantes o conhecimen-to dos conceitos financeiros inseridos nas finanças pessoais e contribuiu para a implantação de uma gestão eficiente dos recursos financeiros pessoais, através dos três elementos: renda, consumo e poupança. As pa-lestras e minicursos oferecidos pelo projeto de extensão – Projetos de Vida na Ponta do Lápis aconteceram no âmbito do IFNMG – Campus Pira-pora, nos eventos promovidos pelo IFNMG e nas empresas que enviaram solicitação da palestra para o coorde-nador do projeto.

A demonstração da importância da elaboração de um planejamento

financeiro pessoal e, consequente-mente, de uma vida financeira equi-librada, foi o foco principal das pa-lestras e minicursos. Dessa forma, os professores demonstravam, durante as palestras e minicursos, através de exemplos e cases, como atingir o equilíbrio financeiro, ferramentas de controle do orçamento pessoal e fa-miliar e formas de evitar armadilhas financeiras, como cartões de crédi-to, empréstimos, dívidas do cheque

especial. Por fim, o projeto vislum-bra, para cada participante, a cons-cientização e a aplicação prática de uma vida financeira equilibrada. As palestras e minicursos proporciona-ram um aprendizado para as pessoas tomarem decisões acerca de investi-mentos que possam garantir um fu-turo com qualidade de vida, evitando o endividamento demasiado, que provoca a inadimplência e afeta dire-tamente a economia como um todo.

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III Mostra de Oportunidades

III Mostra de Oportunidades

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62 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Coordenadores: Professor Felipe Lisboa Guedes

Professora Celimar Reijane Alves DamascenoBolsistas: José Mendes dos Santos Júnior

Viviane Silva de Souza

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63 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Análise dos projetos em funcionamento de moeda social

Projeto

como indutora da inclusão social e desenvolvimento local, num contexto da economia solidária

A moeda social é uma das fer-ramentas analisadas pela economia solidária e funcio-na como uma moeda para-

lela ao real, criada e gerida pela co-munidade, para que possa promover maior integração econômica local. Sua circulação é baseada na confian-ça mútua entre seus usuários.

O objetivo do projeto é avaliar, com base em estudos de caso, visi-tas in loco, e levantamento de dados, quais dos projetos em andamento de moedas sociais no Brasil alcançaram o status de desenvolvimento local sustentável e promoveram inclusão socioeconômica. Para alcançar o objetivo almejado do trabalho, se-rão feitos levantamentos de dados, visando identificar a quantidade de bancos comunitários em funcio-namento no país. Por conseguinte, com base nessas informações, será

possível estabelecer um roteiro para investigar a situação de cada projeto, através de questionários aos dirigen-tes dos bancos. A próxima etapa será fazer a coleta de dados, através de questionários, com todos os envol-vidos no processo, para verificar se houve alguma alteração na econo-mia local, com maior distribuição de renda e inclusão social e promover um debate, a fim de discutir sobre a moeda social, com o objetivo de construir um protocolo de implanta-ção do programa.

De acordo com pesquisas e le-vantamento de dados feitos até o momento, somam-se, aproximada-mente, 100 bancos comunitários em funcionamento, tanto em pequenos quanto em grandes centros urbanos. O projeto está na etapa de aplicar questionários aos dirigentes (coorde-nadores) dos bancos comunitários. O

grande desafio é entrar em contato com eles, pois, muitas das vezes, os bancos apresentam informações de-fasadas e muitos não possuem acesso à internet ou, até mesmo, ao telefone.

Portanto, o projeto em questão empenha-se, sobretudo, em analisar e compreender a forma de funcio-namento dos bancos comunitários. Espera-se que, com os resultados obtidos, seja possível descobrir se o funcionamento da moeda social tem gerado inclusão social para a população de baixa renda atingida pelos projetos e, também, conhecer as práticas bem-sucedidas adotadas pelos projetos para alcançarem êxi-to na inclusão socioeconômica, com vistas a construir um protocolo que permita a reprodução dos projetos em pequenas comunidades do Norte de Minas Gerais e demais regiões iso-ladas do país.

“Análise dos projetos em funcionamento de moeda social como indutora da inclusão social e de-senvolvimento local, num contexto da economia solidária” é um projeto de extensão com interface na pesquisa, em operação desde novembro de 2014. Nasceu a partir do projeto “Protocolo de implan-tação de moeda social como indutora de desenvolvimento local de pequenos municípios, a partir da experiência do município de Chapada Gaúcha – MG”, desenvolvido em 2012, que teve como base de estudo a moeda social Veredas.

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64 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Oficinas de confecção de armadilhas caseiras contra mosquito da dengue

Projeto

Coordenador: Professor Luiz Carlos FerreiraDiscentes - Licenciatura em Ciências Biológicas :

Élida Patrícia Pinto Souza e Gersica Caroline Bezerra NevesCampus: Januária

(Aedes aegypti) em escolas públicas de ensino fundamental da cidade de Januária/MG

O projeto teve como objeti-vo disseminar a prática de confecção de armadilhas caseiras contra o mos-

quito Aedes aegypti nas escolas do ensino fundamental da cidade de Januária - MG. Foram propostas par-cerias com as escolas de ensino fun-damental da cidade de Januária-MG e, posteriormente, realizadas uma campanha de conscientização acer-ca do tema do projeto e oficinas para confecção das armadilhas caseiras. Para tanto, utilizou-se tesoura, lixa de madeira, fita isolante, tecido mi-cro tule, alpiste ou ração felina. O projeto contou com o apoio do Cen-tro de Vigilância de Endemias Muni-cipal de Januária – MG, fornecendo materiais, como cartilhas e cartazes de conscientização.

O projeto conscientizou o público alvo da dimensão que o problema dengue tomou no mundo, uma vez que a luta contra a doença não é só

de responsabilidade da saúde públi-ca, mas sim, de toda a comunidade. Através das oficinas, propagou-se a ideia do uso de armadilhas caseiras contra dengue entre os alunos do ensino fundamental da cidade de Januária – MG, tornando-os disse-

minadores. Devido à acessibilidade, pessoas de várias classes sociais pu-deram ser alcançadas, o que poderá, futuramente, levar a uma redução considerável da incidência da doença na cidade Januária-MG.

A dengue é uma doença infecciosa causada pela picada da fêmea do mosquito adulto Aedes ae-gypti. Cerca de 2,5 bilhões de pessoas vivem em países nos quais a doença ocorre de forma endêmi-ca, sendo que entre 50 e 100 milhões de pessoas são infectadas pelo vírus da dengue a cada ano. De cerca de 500 mil pessoas com dengue que necessitam de hospitalização a cada ano, 2,5% morrem, a maioria crianças. As formas tradicionais de controle de mosquitos têm fortes limitações no ambiente urbano, como o controle químico, que tem sido associado a problemas como o desenvolvimento de resistência, agressão ao ambiente e à saúde da população.

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65 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Coordenador: Prof. Bruno Lacerda Denucci

Equipe: discentes do Curso Técnico em Agroecologia e Meio Ambiente

Campus: Araçuaí

Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos Orgânicos

Projeto

A ideia inicial

Desenvolver o processo de tratamento dos resíduos sólidos orgânicos, utilizan-do a vermicompostagem,

foi tomado como a grande oportu-nidade de construir conhecimentos e desenvolver habilidades dos dis-centes em Agroecologia e Meio Am-biente – Campus Araçuaí. Além disso, colocar-se-ia em prática a integração completa entre o ensino e extensão, concretizando a prática desejada de integração de áreas. Por conta disso, a proposição final estabelecida foi a construção de uma unidade, onde todas as fases da produção da com-postagem, até a produção de tomate, seriam conduzidas e, posteriormen-te, poder-se-ia difundir esse processo aos agricultores das comunidades ao entorno do Campus Araçuaí.

A produção do húmus

Etapa 1. Seleção de minhocas a serem utilizadas na vermicompos-tagem. Este tipo de minhoca é ideal para a produção do vermicomposto, já que ela consegue digerir o material e é bem-adaptada às condições no interior da massa do substrato.

Etapa 2. Prévia decomposição do substrato. Nesta etapa, o composto é irrigado constantemente e revirado. Esses procedimentos são essenciais para o esterco ser previamente de-composto por bactérias anaeróbicas, antes de ser colocado nos baldes. Esse procedimento evita a morte das minhocas, já que, no início da fase de decomposição do material, há uma intensa atividade metabólica, au-mentando a temperatura no interior da massa, podendo causar a morte dos anelídeos.

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66 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Etapa 3. Nesta etapa as minho-cas realizam o trabalho de trans-formação do substrato em húmus. Ao final, as minhocas são separadas manualmente do vermicomposto e do restante dos materiais. Esse pro-cesso é necessário para que facilite a contagem das minhocas, procedi-mento este importante, pois permi-te identificar o crescimento popu-lacional, inclusive determinando a reprodução do minhocário. O trato requer cuidados com os anelídeos, evitando ferimentos ou mesmo a morte das mesmas.

Etapa 4: Retiradas a minhoca do composto, o resultado é o vermicom-posto em forma de grânulos. Após o peneiramento, surge um material escuro, sem odor e estabilizado, que denominamos de húmus.

Do húmus ao tomateEtapa 5. Dentro do tubo de PVC,

insere-se o húmus e esse, devida-mente irrigado, recebe as sementes de tomate. Na figura abaixo, podem ser vistos os tomateiros, ainda na fase inicial de crescimento.

Etapa 6. Essa etapa foi o tempo da incerteza e dúvidas: como os toma-teiros seria capazes de se desenvol-verem em um espaço tão restrito? A resposta veio com o próprio passar do tempo e a visualização do cresci-mento espetacular das plantas.

Etapa 7. O resultado final, de-monstrado pela produção de frutos sadios e belos.

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67 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Coordenador: Rony Enderson de Oliveira.

Assistente Social Pró-Reitoria de Extensão do IFNMG

Parceria entre a AMAMS e IFNMG

Projeto

AMAMS - Associação dos Municípios da Área Mineira da SudeneIFNMG - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais

Em cada município, foram mon-tadas duas turmas, sendo uma no período matutino e outra no noturno; em algumas ci-

dades, houve a formação de três tur-mas, uma em cada período. Em cada turma, atuaram um professor e um técnico de informática, sendo este responsável pela parte de instalação de internet e apoio ao professor.

Durante o projeto foram atendi-dos 11 municípios, sendo eles, por ordem de atendimento, Itacarambi, Patis, Arinos, Buritizeiro, Bocaiuva,

Diamantina, Grão Mogol, Jequitinho-nha, Almenara e Virgem da Lapa. A escolha desses municípios se baseou

no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e proximidade com o Cam-pus sede.

O projeto de extensão, fruto da parceria entre o IFNMG e a AMAMS, iniciado no ano de 2012, teve como objetivo apoiar e fomentar a capacitação e formação inicial e continuada (FIC) de professores e profissionais, funcionários e gestores para a Educação Básica, a distância, semipresencial e presen-cial, inclusive na implementação da política da educação especial na perspectiva da educação inclu-siva, bem como contribuir para o desenvolvimento de estudos e pesquisas voltados para a melhoria da formação; capacitar professores e profissionais da educação básica em 14 municípios (dentro da área de abrangência do IFNMG), por meio da ação 20 RJ/6333, ofertando curso de Informática Básica, de curta duração (carga horária de 20 h), utilizando o laboratório móvel de informática do IFNMG.

Buritizeiro/MG

Patis/MG

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68 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Quadro de participantes por município

Total de servidores atendidos por campus

Obs.: Os municípios de Grão Mogol, Diamantina e Bu-ritizeiro receberam o laboratório móvel por duas semanas seguidas, devido à desistência do município de Francisco – Sá e Porteirinha.

São Francisco/MG

Diamantina/MG

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69 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Implantação do Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA)

Projeto

Coordenador: Prof. Renildo Ismael Félix Costa

Campus: Januária

IFNMG – Campus Januária

Eixo 1Conhecimento, preservação, en-

riquecimento e aproveitamento da agrobiodiversidade local, envolven-do as atividades de produção de mu-das e restauração florestal, meliponi-cultura, estruturação e organização de casas de sementes crioulas, le-vantamento e conservação de orga-nismos para regulação biológica de insetos e patógenos.

Eixo 2Implantação, estruturação, disse-

minação e fortalecimento de sistemas produtivos agroecológicos, envol-vendo as atividades de implantação

e manutenção de quintais produtivos agroecológicos, estruturação de uma biofábrica de insetos para controle biológico e uso de produtos naturais para a regulação de insetos e patóge-nos, adubação orgânica e composta-gem, implantação de culturas e tec-nologias adaptadas ao semiárido.

Eixo 3Estratégias de comercialização

baseadas no princípio da economia popular solidária e associadas às po-líticas governamentais, envolvendo capacitações, organização e partici-pação em eventos, feiras e visitas às experiências.

O Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) Minas d’Água, IFNMG – Campus Januária executa pro-jetos de desenvolvimento rural sustentável, visando ao atendimento de agricultores e agricultoras de comunidades tradicionais do Norte de Minas Gerais, incluindo os veredeiros, geraizeiros e qui-lombolas. Com o olhar voltado para a convivência com o semiárido e contando com a parceria de en-tidades que se destacam como agentes de desenvolvimento microrregional, como a Cáritas Diocesa-na de Januária e a WWF Brasil, o grupo desenvolve atividades de pesquisa, extensão e educação, com vistas ao fortalecimento da agricultura familiar e preservação ambiental, através da implementação de sistemas de produção agroecológicos.

As atividades de pesquisa, educação e extensão estão sendo desenvolvidas

a partir de três eixos:

Dona Teodolina da comunidade de Vereda

Grande I, ostentando a sua produção de

hortaliças e as frutas de quintal.

Dona Eurica da comunidade de Olhos D’água recebendo a assistência técnica do Núcleo de Estudo em Agroecologia.

Cavalgada do Peruaçu, produtores rurais

plantando mudas de gameleiras durante o

percurso as margens do Rio Peruaçu em sua

revitalização.

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70 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

No primeiro momento, valorizan-do o conhecimento popular local, estão sendo inventariadas as princi-pais espécies nativas da bacia do Pe-ruaçu, conforme seus usos, incluindo o medicinal, produção de madeira e lenha, produção de frutos do cerrado e mata seca e potencial de restaura-ção ecológica/florestal. De acordo com as espécies de interesse popular ou apontadas pela pesquisa, iniciou-se a orientação quanto à coleta de sementes e técnicas de propagação, sendo feito o mapeamento de ár-vores matrizes através de georrefe-renciamento, escolhendo-se plantas que, comparadas a outras árvores da mesma espécie, apresentam caracte-rísticas superiores, tais como, vigor, boa produção de sementes e boas condições de fitossanidade, cuja mar-cação possibilita a produção de mu-das a custo reduzido e diversidade genética (Rodrigues, et al.2007).

A coleta de sementes está sendo realizada pelos agricultores e estu-dantes no decorrer do projeto. Na composição de sistemas agroflores-tais, foi dada preferência às espécies locais e ao uso de sementes crioulas da própria comunidade, mas também

utilizou-se da aquisição de sementes nativas, culturas agrícolas e espécies usadas para adubação verde, produ-zidas por empresas especializadas ou doadas por entidades, como a CEMIG.

Os estudos em restauração flores-tal no Brasil baseiam-se em silvicultu-ra, envolvendo a produção e o plantio de mudas de espécies arbóreas, con-forme os princípios da sucessão eco-lógica e técnicas agroflorestais para regeneração de áreas de preservação ou recuperação de áreas degradadas, reduzindo-se as necessidades de in-sumos externos, sendo mais adapta-dos do ponto de vista ambiental (Reis et al. 2003; Bechara, 2006; Rodrigues et al., 2009; Durigan et al. 2010; Silva, 2010), podendo incluir espécies fru-tíferas perenes, ou culturas agrícolas na fase inicial da sucessão, no sentido de se recuperar as áreas de preserva-ção permanentes, prioritariamente, para as famílias cujas propriedades se encontram às margens do rio Pe-ruaçu ou em áreas de vereda.

No sentido de ampliar a utiliza-ção sustentável de recursos naturais e, como estratégia de valorização e preservação da agrobiodiversidade e geração de renda para agricultores

familiares, foram feitos levantamentos para inventariar as principais espécies de abelhas indígenas da região e estão sendo realizadas atividades de capaci-tação para agricultores, que culmina-rão na implantação de quatro melipo-nários nas comunidades do Peruaçu.

Através das trocas de saberes vi-venciadas a partir das experiências dos quintais agroflorestais e das uni-dades demostrativas, já é possível ob-servar, nas comunidades, o fortaleci-mento da soberania alimentar entre os povos envolvidos e o crescimento no sentimento de empoderamento dos atores, que têm ampliado as suas participações na implementação dos sistemas produtivos, bem como nos espaços de decisões comunitários.

Curso: Produtor Orgânico – Comunidade do Araçá/Peruaçu. Produtores produzindo alimentos alternativos (ração de folha de leucena, rama e folha de mandioca, feijão guandu, milho e

batata doce) para o fornecimento de galinhas caipiras.

Sr. Jucelino e Dona Carmina da comunidade de Vereda Grande I, recebendo orientação no plantio de mudas frutíferas e semeando sementes de hortaliças em bandejas.

Equipe: Juscelina Leite Ferreira Neta, José Wilson Ferreira Bispo, Luana Ferreira de Almeida, Ana Gonçalves Nunes, Jarbas Mendes Andrade, Danielle Mota Carvalho, Ricardo da Silva Cardoso, Tatiele Pereira dos Santos, Laís Gonçalves Martins, Carlos Henrique Batista, Jonas Torres, Tatiana Tozzi, Suzana Escobar e Eliane Souza Gomes Brito

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71 Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

“Comunidades

Ribeirinhas Vazanteiras na Escola.”

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