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contexto setembro de 2011 1 Showmício Jornalismo da Justiça De Fato Juiz de Mossoró propõe realizar comício com show dançante para educar eleitores A história de um jornal que nasceu no interior e ganhou o Estado contexto Na capital potiguar, um padre mantém viva a tradição medieval da luta contra o demônio MOSSORÓ/RN | AGOSTO DE 2012 | N O 6 | ANO 1 | R$ 9,90

Contexto nº 6

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Revista Contexto número 6

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contexto setembro de 2011 1

Showmício

Jornalismo

da Justiça

De Fato

Juiz de Mossoró propõe realizar comício com show dançante para

educar eleitores

A história de um jornal que nasceu no interior

e ganhou o Estado

contexto

Na capital potiguar, um padre mantém viva a tradição medieval da luta contra o demônio

MOSSORÓ/RN | AGOSTO DE 2012 | NO 6 | ANO 1 | R$ 9,90

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O jornalista escritor

Do Nordeste para o mundo

Um pescador, somente

Um exorcista no Rio Grande do NortePadre José Mário mantém acesa uma das mais intrigantes atividades do cristianismo

Desde que deixou a redação, Lira Neto se tornou um dos maiores biógrafos do Brasil

Vencedor do TUF Brasil, cearense Rony Jason também tem um pedaço de Mossoró na bagagem

Do porto de Areia Branca, contamos a história de um simples pescador que nunca passou disso

Entrevista

Esporte Crônica

COLUNAS & PONTOS DE VISTA

Juiz quer educar eleitores em comício da Justiça – 36

Jovens mossoroenses criam o Cardápio Digital – 44

Jornal De Fato faz 12 anos e conta a sua história – 60

Inusitado

Tecnologia

Aniversário

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POIS BEM... - César Santos 20 PONTO DE VISTA – João da Mata Costa 42 CONTXTUALIZANDO – Kildare Gomes 48 RUBENS LEMOS FILHO – 66 SAÚDE EM AÇÃO – Costa Júnior 68 COZINHA PRÁTICA – Angelina Tavares 70 MINUTO VISUAL – Gildo Bento 72 CONTEXTO INDICA – Margot Fernandes 73 ENTÃO, TÁ! – Neisa Fernandes 74

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Na era digital, a preocupação com a quantidade, muitas vezes, reduz o aprofundamento da notícia. Nos jornais, os espaços ficam cada vez menores, e na Internet, por mais infinita que seja, ela precisa limitar-se ao tempo exíguo do homem do século 21. Nesse ambiente, nasce a revista Contexto, um produto novo e atrevido que, na contramão dessa aceleração moderna, destinou-se a contar histórias. Em apenas seis edições bimestrais, o

projeto solidificou-se e ocupou um espaço que fazia muito tempo estava vazio no Rio Grande do Norte. Hoje, a única revista periódica e regular do Estado criou leitores fiéis e exigentes. Eles se acostumaram, ao longo deste ano, a conhecer um novo mundo construído a partir de suas próprias janelas. A Contexto nasce em Mossoró, mas não é um produto local. Ao desbra-var pelo mundo além-Rio Grande do Norte, ganhou uma característica regional e quebrou paradigmas. Agora, depois de madura, prepara passos firmes, mas mantendo-se leve, para que não haja rupturas ou desacertos; apenas histórias e muitas vidas.

Obrigado por este ano.

José de Paiva RebouçasJornalista

Editor: Esdras MarchezanReportagem: José de Paiva Rebouças, Higo Lima, Carlos Guerra Jr. e Nathan FigueiredoProjeto Gráfico e Diagramação: Augusto Paiva Revisão: Stella SâmiaComercial: Hernegildo Silva e Adriana AraújoMarketing: Larissa Gabrielle AraújoTiragem: 5 mil exemplares

Colaboraram nesta edição:

Um anodepois

ExpedienteContexto é uma publicação de responsabilidade da Santos Editora

César SantosNeisa FernandesKildare Gomes

Rubens Lemos FilhoJoão da Mata CostaAngelina Tavares

Costa JúniorMargot Ferreira

Quer enviar críticas, sugestões, dúvidas ou apenas dar um alô? Envie e-mail para: [email protected]: (84) 3323 8900

Contato comercial 3323-8914Email para receber anúncios: [email protected]

Endereço:Avenida Rio Branco, 2203 Centro – Mossoró (RN) – CEP: 59.611-400

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Entrevista

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“Em vez de macaquear e correr atrás das mídias digitais, os veículos impressos precisam parar de tanto histerismo e reafirmar seu verdadeiro papel”, Lira Neto.

Depois de lançar a biografia de Padre Cícero em Mossoró, Lira Neto voltou como convidado na 8ª edição da Feira do Livro, desta vez para apresentar seu novo trabalho: o primeiro volume de sua trilogia política que conta a história de Getúlio Var-gas.Considerado um dos principais biógrafos do Brasil hoje, o ce-arense de Fortaleza, que nasceu no jornalismo e embrenhou para a literatura, emprestou um pouco de seu tempo à CON-TEXTO para conversar sobre sua obra, desconstruir alguns mi-tos sobre suas personagens e, claro, alfinetar o modelo de jor-nalismo vigente.

POR JOSÉ DE PAIVA REBOUÇ[email protected]

LiraNeto

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CONTEXTO – Os biógrafos Ruy Cas-tro, Sérgio Cabral, Zé Castello, entre outros, têm sua obra dedicada a cele-bridades e movimentos artísticos. Você escreveu as biografias de Maysa e Rodolfo Teófilo, mas tem se empe-nhado na história de personagens da política. Você se tornou um biógrafo político?

LIRA NETO – O poder é meu campo central de interesse. Isso não significa que me dedique apenas a biografias de políti-cos. Compreendo o poder em seu aspecto mais amplo, inclusive – e principalmente – em suas articulações com a cultura, es-ta aqui também entendida em seu sentido lato. Em Maysa, por exemplo, naquilo que está subjacente ao texto, discuto as rela-ções entre música e mercado fonográfico, entre arte e indústria cultural, entre a vi-da das celebridades e a fábrica midiática de escândalos. Na biografia do romancis-ta José de Alencar (O Inimigo do Rei), pa-ra citar outro exemplo, trabalho na pers-pectiva de mostrar como a literatura e a política, para o autor de O Guarani, eram elementos indissolúveis de um mesmo

projeto pessoal para a construção de um conceito de nacionalidade entre nós.

VOCÊ fez as biografias do ex-pre-sidente Castello Branco, do escritor e político José de Alencar, de Padre Cícero e agora iniciou a “trilogia po-lítica” que contará, em três livros, a história de Getúlio Vargas. O sucesso de suas obras reflete o interesse que os brasileiros têm por política?

CREIO que não só o leitor brasileiro, mas o público de modo geral, tem grande interesse não só em política, mas sim em biografias. Este é um gênero híbrido, ca-paz de articular história e jornalismo, es-fera pública e vida privada, memória e cotidiano. Em todo o mundo, as biografias representam parte significativa do mer-cado editorial. No Brasil, o gênero passou por um processo de modernização e de profissionalização, desde o final da déca-da de 80 e início da década de 90, por meio do trabalho de excelentes jornalistas co-mo Ruy Castro e Fernando Morais. Creio que, hoje, as biografias brasileiras vivem um segundo grande momento, onde o ri-gor da pesquisa histórica e o trabalho

O poder é meu campo central de interesse. Isso não significa que me dedique apenas a biografias de políticos."

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estético do texto fazem parte de um mes-mo processo. Talvez isso ajude a explicar porque o gênero biográfico, antes visto com certa reserva pelos meios acadêmi-cos, começa a experimentar livre trânsi-to no meio universitário, considerado como uma produção legítima de conhe-cimento histórico.

EXCETO por Alencar, os outros biografados são dois ditadores e um coronelista. A repercussão de seu trabalho também tem a ver com o interesse dos brasileiros pelo po-der?

RESUMIR a controvertida figura his-tórica de Padre Cícero ao rótulo de “co-ronelista” é um simplismo do qual pro-curei fugir. Na biografia que escrevi deste líder religioso e político, ponho em

discussão algo que vai muito além do estereótipo cristalizado em torno de sua figura. Por que a Igreja oficial da época renegou o catolicismo popular dos bea-tos e beatas como algo impuro? Ora, quanto de etnocentrismo estava envol-vido na interpretação de que a fé serta-neja estaria mais próxima da superstição do que da fé? No caso de Castello Bran-co, utilizo a trajetória do biografado pa-ra mostrar, na verdade, como as Forças Armadas, e particularmente o Exército, historicamente se arvoraram como os árbitros supremos da vida política bra-sileira. E as terríveis consequências ad-vindas disso.

DIZEM que brasileiro tem a me-mória curta, por isso endeusa seus políticos e os reelegem. É possível constatar isso na construção de sua obra?

MAIS uma vez, prefiro não cair na tentação de fazer afirmações tão pe-remptórias. O que costumamos chamar de “memória curta”, nessa situação es-pecífica, talvez seja algo de natureza muito mais complexa, que passa pelo baixo nível de escolaridade e de consci-ência política do país, aliada a uma situ-ação de desigualdade social extrema.

GETÚLIO, por exemplo, tinha sim-patia pelo fascismo, mas acabou se rendendo aos americanos por ques-tões econômicas, abandonando os próprios ideais. Você acha que isso teve ou tem alguma importância pa-ra os brasileiros?

É PRECISO compreender o homem e as suas circunstâncias. De fato, o jovem Getúlio foi um simpatizante ardoroso do fascismo. Mas voltemos os olhos para o contexto de época e não procuremos apenas analisá-lo com nossas lentes de hoje. No final dos anos 20, início dos anos 30, a democracia representativa e a li-berdade individual eram valores que estavam em xeque. O mundo ocidental e capitalista enfrentava uma das piores crises da história. Os EUA estavam afun-dados na Grande Depressão. É neste contexto de desencanto radical que sur-gem as tentações totalitárias à esquerda

No final dos anos 20, início dos anos 30, a democracia representativa e a liberdade individual eram valores que estavam em xeque."

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e à direita. Hitler, Mussolini, Franco, Salazar, entre outros, surgiam como as grandes “novidades” de seu tempo, eram tidos como “modernos” por mui-tos de seus contemporâneos, uma vez que a democracia parecia ser um valor morto ou anacrônico. Getúlio não ficou imune a isso. No volume 2 da trilogia, discutirei os porquês da aproximação do Brasil com o Eixo e, em especial, os motivos que levaram Getúlio a mudar de lado. Isso, é claro, mudou os rumos da história brasileira.

POR outro lado, Padre Cícero, primeiro prefeito de Juazeiro do Norte (CE) – lembrado pela religio-sidade e criticado por se comportar como um coronel – levou em seu currículo a criação do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, no Crato (CE), construído por ele e o beato Zé Lourenço. Por que esse episódio

não teve a mesma repercussão que Canudos?

PADRE Cícero tinha uma capacida-de singular de estabelecer alianças estratégicas. Sabia falar ao coração das massas sertanejas e, ao mesmo tempo, sentar na mesa de banquetes dos figurões de sua época. Isso, inclu-sive, foi decisivo para sua sobrevivên-cia. Não me parece ser uma simples coincidência histórica o fato de que exatamente no instante em que Antô-nio Conselheiro era passado na espada da repressão governamental, Padre Cícero estivesse trocando cartas com o Palácio do Catete, como mostram seus arquivos pessoais. Boa parte dos estudos sobre Padre Cícero padeceu do pecado original de tentar analisar o fenômeno do Juazeiro do Norte pelo esquematismo de um marxismo mal lido e mal digerido. E, para me referir objetivamente à sua pergunta, o Cal-deirão, de fato, ainda é uma história que precisa ser revelada ao resto do Brasil. De preferência, numa perspec-tiva nada maniqueísta, buscando com-preender como o ideário de Padre Cí-cero movia os beatos que foram mas-sacrados pelas tropas governamen-tais.

VOCÊ nasceu em Fortaleza, mas co-mo jornalista conheceu bem a situação política do interior do Ceará, que não difere da realidade de nenhum outro estado nordestino e, talvez, brasileiro. Analisando os contextos pesquisados por você em seus livros, houve alguma mudança no comportamento político nessas regiões?

SE eu dissesse que nada mudou, estaria cometendo uma heresia histó-rica. É claro que ainda persiste uma cultura política baseada na troca de favores, no coronelismo, no compadris-mo e no voto de cabresto. Mas qualquer pessoa que viaje hoje pelo sertão nor-destino será testemunha de que, ape-sar da renitência e da brutalidade da miséria endêmica da região, há algo ali em movimento contínuo. As políticas compensatórias federais, posta em ação nas últimas décadas, foram res-

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Boa parte dos estudos sobre Padre Cícero padeceu do pecado original de tentar analisar o fenômeno do Juazeiro do Norte pelo esquematismo de um marxismo mal lido e mal digerido."

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ponsáveis por uma injeção inédita de recursos nas ainda frágeis economias municipais. Não sou lulista, muito me-nos petista, mas descartar a importân-cia de projetos como o Bolsa Família é coisa para quem assiste à realidade de dentro de um gabinete refrigerado.

FALANDO nele, o ex-presidente Lu-la se tornou a maior personalidade po-lítica do início dos anos 2000. Além de ser populista, que outras característi-cas o aproximariam dos outros ex-pre-sidentes biografados por você?

LULA, que era antigetulista, a partir de determinado momento procurou associar sua imagem à de Getúlio. E também não falta quem o compare a Padre Cícero, em certos aspectos: líder carismático, de fala simples, capaz de articular com as massas e cortejar as elites, simultaneamente. Mas não dá para comparar personagens de contex-tos históricos tão distintos.

O POPULISMO de Lula então, de alguma forma, devolveu aos brasileiros um pouco de Getúlio Vargas ou isso é mais um mito que se cria?

TALVEZ o que mais aproxime Lula e Getúlio seja a capacidade de articu-lação política, o senso de oportunidade histórica e o discurso em favor da clas-se trabalhadora. Mas, em ambos, esse discurso vem permeado por um certo viés messiânico, da construção imagé-tica de um generoso “Pai dos Pobres”, o que revela uma postura paternal e profundamente personalista.

EXISTE muita polêmica no mundo acadêmico e literário. Você, por exem-plo, tem sido muito criticado e até acu-sado de requentar informação. O escri-tor e jornalista Juremir Machado che-gou até a criar, em sua coluna no jornal Correio do Povo, o “Caso Lira Neto” para atacá-lo com isso. Por outro lado, o historiador Boris Fausto acabou as-sinando a quarta capa do primeiro vo-lume de sua trilogia sobre Getúlio Var-gas. Qual a semelhança entre a política intelectual e a política partidária?

ACREDITO que o exercício da crí-tica é imprescindível. Mas é óbvio que, para criticar, é preciso rigor. No míni-mo, o crítico deve ler primeiro o livro, antes de escrever sobre ele. Senão não dá sequer para levar a sério. A crítica precisa ser substantiva e não mera-mente adjetiva. O primeiro volume de Getúlio, na verdade, vem sendo sau-dado por grandes especialistas na chamada Era Vargas. Além de Boris Fausto, que assinou a contracapa do livro, a cientista política Maria Celina D’Araújo, por exemplo, escreveu uma resenha bastante positiva sobre a obra, no Estadão. Na Folha de S. Pau-lo, a historiadora Marly Motta, da Fun-dação Getúlio Vargas, e o economista Marcos Fernandes Gonçalves da Sil-va, também da FGV, elogiaram o livro. Jornalistas como Otávio Frias Filho, ainda na Folha, e Augusto Nunes, na Veja, escreveram artigos saudando a biografia. Todos eles apenas fizeram o mínimo que se pede a qualquer um que se meta a escrever uma crítica sobre um trabalho intelectual: leram o livro antes de sair disparando juízos de valor.

AO ESCREVER biografias você não se afasta do jornalismo, mas o fato de poder se aprofundar num tema lhe trouxe alguma reflexão sobre a profis-são e o comportamento dela no Bra-sil?

O JORNALISMO está numa encru-zilhada. Os jornais, principalmente. Em vez de macaquear e correr atrás das mídias digitais, os veículos impres-sos precisam parar de tanto histerismo e reafirmar seu verdadeiro papel. Faz muita falta um jornalismo mais analí-tico, com apuração mais rigorosa. As mídias eletrônicas produziram uma maravilhosa revolução, ao inaugurar a notícia instantânea, a informação em tempo real. Mas a análise e a interpre-tação dessas informações exigem tem-po para ser elaboradas. Não se faz bom jornalismo sem boa apuração. E, prin-cipalmente, sem reflexão.

Em vez de macaquear e correr atrás das mídias digitais, os veículos impressos precisam parar de tanto histerismo e reafirmar seu verdadeiro papel."

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A outra facepois [email protected]

A IMPORTÂNCIA DA VIDA

N o primeiro dia deste ano, uma cena revoltante: gestantes na calçada da Maternidade Almeida Castro por falta de atendimento. Não havia pro-

fissionais para fazer o parto. Em carros alugados às pres-sas, as mulheres seguiram para o município de Russas, no vizinho Ceará, onde deram à luz. Dois pontos ficaram bem claros nesse triste episódio: 1 - A falta de compro-misso dos profissionais da Medicina, que decidiram pa-ralisar as atividades no feriado pós-Réveillon, deixando dezenas de gestantes desamparadas; 2 - A completa fal-ta de estrutura da maternidade controlada pela Associa-ção de Proteção e Assistência à Maternidade e à Infância (APAMIM). As reclamações surgiram de forma mais con-tundente, revelando o caos; daí, relatórios negativos chegaram ao conhecimento público. Em 2009, naquele local, morreram quase 70 bebês, possivelmente, por fal-ta de assistência de qualidade. No ano seguinte, em 2010, as mortes continuaram, embora em menor número. Na época, numa entrevista publicada no TN online, no dia 3 de julho de 2010, o presidente da Apamim, médico e ex-deputado Laíre Rosado (PSB), considerou os números “baixíssimos” e disse que a sua maternidade era de “pon-ta”, contrariando as mães que haviam perdido os seus bebês. Pois bem... Aquele episódio acelerou a decisão do Governo do Estado de instalar o primeiro Hospital da Mulher de Mossoró e do interior do Rio Grande do Norte, inaugurado em março. A partir daí, houve a preferência natural da gestante pela nova maternidade, bem equipa-da em instalações adequadas e capaz de permitir o bom parto. Essa é a importância do Hospital da Mulher de Mossoró. É a importância da Vida.

Arrojado e modernoÉ arrojado o projeto do W.Tower Centro Empresar-ial, que tem a marca da WSC. Lançado agora em agosto, o empreendimento vai oferecer um espaço moderno para empresários e profissionais da área jurídica. O W. Tower será erguido em frente à sede da Justiça Federal, vizinho ao campus da Ufersa. McDonald’s está chegandoA loja do McDonald's no Mossoró West Shopping ficará pronta em setembro. As obras estão na fase de montagem da rede de esgotos e alvenaria. Não precisa repetir que O McDonald’s é a maior rede de fast-food do mundo, presente em 119 países. Maxxi AtacadoMossoró ganhará mais uma bandeira da gigante americana Walmart. A Maxxi Atacado se instalará nas imediações do campus da UnP, ao lado do Atacadão e do Mossoró West Shopping. Coisa para 2013.

Outra giganteQuem também está de olho no mercado de Mos-soró é a Casas Bahia. Projeta se instalar no centro comercial. Interessa o imóvel onde funcionou a loja da Insinuante, na Praça Rodolfo Fernandes.

Ainda dependenteA loja da Rede de Supermercados Queiroz no West Shopping já tem cinco anos, mas ainda não con-segue caminhar com saúde financeira própria. É bancada pelas outras lojas do grupo. No entanto, a Queiroz não vai desistir desta unidade.

NEGÓCIOS & CIA

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Em Natal, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) caminha para vencer as eleições em primeiro turno. Todas as pesquisas eleitorais apontam a sua vitória. E ninguém dúvida. A bolsa de aposta – pasme! – é quanto tempo ele e a vice Wilma de Faria (PSB) continuarão em boa convivência. Na gestão ante-rior, Carlos Eduardo suportou a vice Micarla de Souza por dois anos. Hoje, são inimigos políticos e pessoais. No caso de Wilma, que gosta de mandar, há quem aposte que o tempo de parceria será mais curto. Será? Faça a sua fezinha.

Vice é vice

As obras de reforma e ampliação da Estação Rodoviária de Mossoró serão iniciadas até o final de setembro. A última etapa da concorrência, com abertura dos envelo-pes, está prevista para este final de mês. A velha rodovi-ária será transformada em Centro Administrativo Inte-grado, para receber a sede do Detran-RN, a Central do Cidadão e outras repartições públicas. Investimento da ordem de R$ 8 milhões.

Centro Administrativo

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Muitas vezes, é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos...”

NELSON RODRIGUESPensador

A construtora CLC trabalha com a previsão de concluir em um ano a obra de duplicação e urbanização da estrada

Mossoró-Tibau. Para cumprir o cronograma, a construtora formou duas frentes de trabalho: Gangorra/Mossoró e Gan-gorra/Tibau. O Governo do Estado está investindo R$ 39 milhões na obra.

A Prefeitura de Pau dos Ferros anunciou o show da dupla Victor e Léo na Finecap 2012, agora em setembro. A atração

nacional tem a tradição do maior evento da região. A Feira Intermunicipal de Educação, Cultural do Alto Oeste atrai a participação dos municípios da chamada “Tromba do Ele-fante”.

O(a) futuro(a) prefeito(a) de Mossoró tem um compromis-so indispensável com a educação: consolidar a Lei de Res-

ponsabilidade Fiscal, garantindo até 2014 o investimento na área de 30% da arrecadação do Município. A LRF, criada pela gestão Fafá Rosado (DEM), é ferramenta decisiva para a rede municipal de ensino continuar avançando em quali-dade.

A Gondim & Garcia e a KM Promoções estão trazendo a baiana Ivete Sangalo para o Mossoró Mix 2012, que acon-

tece em novembro. Um bom nome para o público esquecer de vez a péssima apresentação de Lulu Santos na edição de 2011. O velho roqueiro cantou pouco, quase nada, e sobrou em arrogância. Para virar a página...

Até aqui nenhum candidato a prefeito de Mossoró colocou em debate a construção de um novo aeroporto. Nem as-

sumiu compromisso. Também nenhuma proposta concreta para revitalizar o aeroporto Dix-sept Rosado. Tema impor-tantíssimo deixado em último ou nenhum plano. Isso não é bom.

O defato.com já está alcançando uma média de 20 mil visualizações por dia e 600 mil por mês. Algumas repor-

tagens registram um pique maior de acessos, como a entre-vista do empresário Porcino Júnior sobre o fim do sequestro do seu filho Popó. O portal de notícias é o único do Rio Gran-de do Norte com redações em Natal e Mossoró, o que garan-te a cobertura jornalística em todo o Estado em tempo real. Acesse.

Só Mossoró pode colocar Lauro na AL A disputa pela Prefeitura de Mossoró criou uma nova espécie: o "candidato oculto", aquele que procura se beneficiar do pleito sem aparecer de público. É o caso do suplente de deputado Lauro Maia, filho da ex-governadora Wilma de Faria (PSB). Ele reforça a campanha da candidata Larissa Rosado (PSB), para se "eleger" deputado estadual. Ele precisa do mandato para ganhar foro privilegiado nos processos de corrupção. Dessa forma, só Mossoró, com o voto, pode beneficiar Lauro Maia a se livrar da Justiça.

HOJE TÁ BOM Se a escolha do novo presidente da Câmara dos Deputados fosse realizada hoje, o potiguar Henrique Alves, líder do PMDB, seria o eleito. Com certa facilidade, até. O herdeiro do governador Aluízio Alves vem se articulando com rara habilidade, penetrando em todas as bancadas e conquistando os apoios necessários. O problema, no entanto, é que a escolha só acontecerá em 2013, e até lá muita coisa pode mudar, inclusive o humor da presidente Dilma Rousseff com o líder peemedebista.

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O lutador Rony Jason posa para foto ao lado de crianças de academia no bairro Vingt Rosado

Um novoJason

Carlos Guerra Jr.

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CARLOS GUERRA JR.E-mail: [email protected]))

Mas todos esses adjetivos são uma surpresa até mesmo para o próprio atleta. O campeão da 1ª edição do reality show da Rede Globo, TUF Brasil, já

foi mal visto na sociedade. Ele viveu o auge do preconceito sofrido pelas artes marciais e tam-bém confessa que “pisou na bola” em algumas vezes. Em dez anos que morou em Mossoró, ele jamais deu um autógrafo ou foi chamado para fotos.

Quem o conhece de hoje jamais imagina a sua fama de bad boy de pouco tempo atrás. Rony já extrapolou limites em baladas e saiu das re-gras. O próprio ex-treinador dele, Moab Freire, afirma que chegou a desacreditar do lutador. Segundo Moab, talento não faltava, mas o pro-blema era o exagero nas baladas. Gleison Tibau, atleta de renome mundial, via o atleta como uma pedra preciosa que precisava ser lapidada, mas que muito disso dependia do próprio Jason.

“Acreditava que ele pudesse alcançar o su-cesso pelo seu talento, não por sua dedicação. Rony não se empenhava nos treinamentos, gos-tava de beber e farrear. Quando a chance apa-receu, ele mudou. Participar da academia Team Nogueira, uma das melhores do mundo, foi uma virada na vida dele. Ficou mais focado e dedica-do. Está aí o resultado”, revela o ex-técnico do atleta, Moab Freire.

Mas Jason tem personalidade forte e admite tudo que já fez sem perder o sorriso no rosto e a atenção na entrevista. Para ele, o amadureci-mento veio justamente por consequência dos erros.

“Todos os meus erros do passado refletem em acertos hoje. Criei imunidade, uma criança não pega no fogo duas vezes. Amadureci com os acertos, mas também com os erros. Tudo que já passei fez com que eu evoluísse e me ajudou a ver qual é o caminho certo. Por isso, Deus me trouxe tudo isso”, afirma o lutador.

Rony já foi, inclusive, proibido de namorar

Famoso, bem-sucedido e bastante solicitado para fotos onde passa. Essa é a imagem atual do lutador Rony Jason, novo astro das artes marciais

uma garota. O pai associava a vida de lutador com malandragem. Além disso, as tatuagens do atleta não foram bem vistas. Jason ainda tentou esconder, mas de nada adiantou.

“Isso realmente aconteceu, mas jamais vou responder com palavras. Para quem desacredi-tou de mim, minha resposta é com treino e de-dicação, para me fazer um campeão e ser um exemplo. Tenho certeza que as pessoas que an-tes me viam com maus olhos, hoje torcem pelo meu sucesso”, declara, ressaltando que todas as pessoas que desacreditaram dele foram im-portantes na sua trajetória. “Cada frase pessi-mista se tornou uma inspiração, para buscar a superação e conquistar meus objetivos”.

Mas Jason também não pode ser visto como uma pessoa que era totalmente sem dedicação. Na verdade, ele extrapolava os limites, mas bus-cava se empenhar para continuar em forma. Optar pela carreira de lutador trouxe muito so-frimento e vontade de superação. A história de-le mostra uma dedicação até mesmo sem limites. Ele deixou a cidade de Quixadá (CE) há 12 anos, para treinar em Mossoró, já que a sua terra na-tal não tinha uma academia bem estruturada para treinar jiu-jitsu, modalidade em que ele iniciou.

E de Mossoró ele colocou na cabeça que só sairia campeão. Rony Mariano Bezerra passou fome, chegou a morar em um tatame na acade-mia Combate Real e tinha que contar com a so-lidariedade dos amigos para não sofrer ainda mais. “Eu comia os restos, o que me davam. Pas-sei pelo pior que alguém pode passar, que é fome. Mas nunca pensei em abandonar esse meu sonho de virar um lutador de renome”, conta Rony Ja-son.

“Quando eu vi Rony passando fome e moran-do em um tatame e sem querer voltar para a sua cidade, eu tive a certeza de que ele seria um grande campeão”, disse o lutador Edilberto Nas-cimento, o “Ceará”, que foi o primeiro aluno de Rony Jason a receber uma faixa preta de jiu-jitsu.

A decisão de vir morar em Mossoró, no ano de 2001, foi um misto de risco e dedicação. Ele preferiu abdicar de viver com a família em Qui-xadá, onde tinha pelo menos o básico garantido,

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para se arriscar totalmente em Mossoró.“Eu decidi sair de Quixadá porque o ser humano tem que

sonhar. Mas não adianta só sonhar, tem que lutar a cada dia pelo seu sonho. Só com a batalha e acreditando no seu po-tencial é que a realização acontece”, comenta Rony Jason.

Esse não foi o único risco que cometeu como lutador. Quando decidiu iniciar a carreira no MMA, então conhecido como vale-tudo, em 2006, o atleta sequer tinha treinado uma modalidade diferente do jiu-jitsu. Para o amigo, orientador e companheiro de treinos, Blasco Braga, ainda não era o momento para a estreia, mas Rony estava decidido.

“Ele foi para essa luta sem qualquer preparação especí-fica. A principal arma foi a inteligência dele. Rony também sempre foi um cara atento, por isso, observava os treinos das outras modalidades”, comenta Blasco, afirmando que a pri-meira luta de Rony no vale-tudo não foi um show de técnica. “Ele deu só o ‘desdobro’ em pé e partiu logo para o chão e finalizou”, relembra.

Apesar de encontrar melhor estrutura em relação a Qui-xadá, Mossoró nunca foi um lugar que deu estabilidade a Rony Jason. Depois de realizar quatro lutas de MMA no seu primeiro ano na modalidade, ele teve que esperar três longos anos para receber apoios e voltar ao cenário das artes mar-ciais mistas.

O retorno ao MMA aconteceu somente em agosto de 2009 no Platinum Fight, em Natal, quando ele sentiu o ritmo e foi derrotado por João Paulo Rodrigues. Apesar da derrota, mos-trou talento e fechou uma parceria logo depois com a acade-mia Platinum, de Natal. Porém, quando estava vivendo um momento de auge, Rony ficou sem patrocínio novamente e teve que cancelar participação em eventos como Max Fight e JungleFight, que estão entre os principais do Brasil.

Rony prefere não se aprofundar sobre o assunto da perda dos patrocínios, mas reconhece que foi o pior momento da

sua carreira profissional, já que estava em uma crescente muito grande e se viu desamparado.

O amigo e companheiro de treinos, o lutador potiguar Patrício Pitbull, foi quem trouxe uma nova chance para Jason. Pitbull conseguiu agendar uma luta para Rony no Face to Face 4, em abril de 2011, evento que é promovido pela lenda do MMA, Rodrigo Minotauro, com o intuito de descobrir no-vos talentos. Com a certeza de que poderia ser a última gran-de chance na carreira, Rony entrou com toda garra para encarar o mineiro Diego Ribeiro e nocauteou o adversário ainda no primeiro round.

A partir daí, veio o convite para morar no Rio de Janeiro. Rony Jason estava no quinto período de Direito na UnP. Con-selheiros do atleta, como o professor de jiu-jitsu João Paulo Marques e Blasco Braga, pediram para que o lutador anali-sasse bem. Mas Rony não tinha dúvidas: aceitou o convite, trancou a faculdade e se transferiu para o Rio.

Lá, o que se viu foi muita batalha do atleta e nada de luxo. Rodrigo Minotauro cedeu um espaço na própria academia para o lutador dormir. O atleta se transformou e nunca mais excedeu nas farras, foi sempre um dos mais dedicados da equipe Nogueira Team. Quando perguntado se a academia o fez mudar, Rony afirma que “foi a vida que me fez mu-dar”.

Nas lutas, Rony Jason brilhou. Nos três desafios que en-frentou após chegar à equipe carioca, o atleta venceu todas no primeiro round e já estabeleceu que entraria no UFC, principal evento de MMA do mundo, em 2012.

“Quando a imprensa me perguntava, eu já dizia que che-garia ao UFC em 2012. Tinha convicção disso. Sabia que era meu ano e tinha certeza que minha chance viria, mesmo se eu tivesse que vencer todos os brasileiros da categoria”, disse Jason.

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todos os brasdidididisssss e e JaJason.

Divulgação

Jason exibe o troféu da primeira edição do reality show TUF Brasil, promovido pela Rede Globo e UFC

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Trajetória no TUF Brasil A chance certa, na hora certa. É assim que pode ser consi-

derado o TUF Brasil para Rony Jason. Justamente no momento em que o atleta vivia a melhor fase da carreira, o esporte passou a se popularizar no Brasil. Em pouco tempo, a Rede Globo de Televisão fechou parceria com o UFC e promoveu a primeira edição do TUF Brasil, reality show que já é sucesso nos Estados Unidos e busca novos campeões do MMA.

Entre centenas de inscritos, Rony Jason já chegou sendo observado com bons olhos pela comissão atlética do reality. O seu técnico, Rodrigo Minotouro, tem credibilidade no meio das artes marciais e apontou o pupilo como futuro campeão, fazen-do com que todos olhassem Rony de uma forma diferente.

E nos combates, o lutador mostrou a que veio. Ele colecio-nou vitórias no primeiro round nas eliminatórias que não foram transmitidas pela televisão e deu um show de técnica quando começou a fase da TV. A vitória sobre o amazonense Dileno Lopes confirmou a participação de Rony Jason no reality show.

Logo depois foram formadas as equipes e Jason viu o quan-to já estava com credibilidade. O técnico Wanderley Silva ga-nhou o sorteio e, com isso, o direito de optar se prefere começar escolhendo os lutadores ou opta por decidir a formação dos confrontos. A tradição é que o sorteado opte pela segunda opção, para “casar” o combate entre o melhor lutador, contra o pior da equipe adversária. Mas Wanderley contrariou as es-tatísticas e preferiu escolher primeiro, para ter a certeza de que teria Rony Jason em sua equipe e, daí, já garantir teorica-mente um título.

Wanderley Silva pagou pela escolha. O técnico rival, Vitor Belfort, pôde “casar” melhor as lutas e conseguiu cinco vitórias nos primeiros combates. Porém, Silva mostrou que estava cer-to em apostar na força de Rony Jason, pois foi o lutador que trouxe a primeira vitória do time azul. O adversário foi um companheiro de treinos, o potiguar Anistávio Gasparzinho, em uma luta que emocionou o público, por conta da amizade dos dois, que já tinham dito anteriormente que preferiam não se enfrentar. Dentro do octagon, Rony esqueceu a amizade e do-minou o adversário, conseguindo uma finalização, que foi con-siderada a melhor do evento e resultado uma premiação extra de 45 mil reais.

Depois disso, o lutador encarou o baiano Hugo Wolverine, em uma luta bastante equilibrada, que só teve o resultado definido pelos jurados. Rony ganhou por decisão unânime.

Na grande final, Jason encarou um antigo desafeto, o cea-rense Godofredo Pepey, que já havia lhe derrotado em uma luta de jiu-jitsu há dois anos. E foi justamente aí que Rony Jason mostrou o quanto evoluiu. Ele dominou a maior parte do con-fronto e chegou à vitória na decisão dos juízes, se tornando o primeiro campeão do TUF Brasil.

A máscara de Jason Rony Mariano Bezerra escolheu a máscara de Jason inspi-

rado no atleta japonês Kazushi Sakuraba, que sempre inven-tava brincadeiras antes de entrar nas lutas. Daí, Rony gostou da máscara do Jason e passou a adotá-la no jiu-jitsu, transfe-rindo posteriormente para o MMA.

“Sempre fui fã dos eventos japoneses. Vi aquelas brinca-deiras do Sakuraba e me inspirei. Usava a máscara quando eu

ficava aquecendo no jiu-jitsu, como forma de ganhar forças. No MMA, sempre usei na caminhada até a luta. Acabou se transformando na minha marca registrada”, disse Rony.

Entretanto, depois de lutar 13 vezes no MMA e dezenas de vezes no jiu-jitsu, Rony foi impedido de usar a sua marca regis-trada no momento mais importante da carreira. Depois de vencer todas as etapas do TUF Brasil, o atleta estava pronto para final do reality show e estreia no Ultimate Fighting Cham-pioship, no UFC 147, em junho. Porém, quando se preparava para entrar com a máscara de Jason, ele foi comunicado que não poderia usá-la. A organização do UFC temia um processo da produção do filme “Sexta-feira 13”, já que o Jason original é um personagem do filme.

Rony não aguentou, mostrou o seu lado emocional e chorou, sem a máscara. Da sua equipe, ele ouviu que o verdadeiro Jason estava dentro dele. Na plateia, o lutador observou que vários torcedores usavam a máscara.

O atleta inclusive chegou a desafiar a organização e colocou a máscara por alguns instantes. “Sem a minha máscara, eu me sinto um samurai sem a sua espada. Ela me ajuda a ser o Rony Jason lutador”, disse o atleta, que superou a dificuldade e se tornou campeão do TUF.

A lamentação do público chocou a mídia e fãs. Por isso, o presidente do UFC, Dana White, teve que se explicar. O diri-gente negou qualquer participação na decisão e afirma que foi um erro e a máscara está liberada para as próximas lutas no Ultimate. “Graças a Deus, já foi tudo resolvido e vou usar minha marca, minha arma, minha inspiração”, comemora.

A Zuffa, empresa que gerencia o UFC, não teme o risco de um processo porque a própria máscara do Jason vem dos jogos de hóquei e não se trata de uma marca registrada do filme.

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A famaPara Rony, tudo é muito novo. O lutador conta que jamais

pensou em ser tão famoso e, principalmente, de uma forma tão rápida. Há três meses, ele não passava de um ilustre desconhecido, com nome reconhecido somente no meio das lutas.

Agora, ele é solicitado para fotos com “a vovó e os netos”, vê a máscara do Jason sendo usada em vários lugares do país e ainda é badalado em qualquer lugar por onde passa no Brasil. Enfim, é o famoso do momento no meio esporti-vo.

“É a vovó, que quer tirar uma foto comigo. A criança que diz que quer ser igual a mim. Tudo é muito novo. Estranho tudo isso, mas procuro levar a vida do mesmo jeito. É muito diferente, mas me sinto muito feliz com esse reconhecimento”, disse.

Apesar de ser tido como um ídolo nacional, Rony afirma que tem os mesmos comportamentos com os amigos e não mudou a personalidade. Para ele, a mudança é apenas externa, com o reconhecimento do público.

“Tudo é muito novo para mim, uma grande surpresa. A ficha ainda não caiu e acho que nem vai cair, pois eu continuo sendo a mesma pessoa. O que mudou mesmo foi o reconhecimento das pessoas, a fama. Eu continuo sendo o mesmo”, comen-tou.

Rony concedeu essa entrevista enquanto comandava um treino de jiu-jitsu na academia Punho Forte, no Vingt Rosado. Lá, estavam cerca de dez crianças, o que mostra uma mudança da visão social sobre artes marciais. “Quan-do eu vejo os pais trazendo as crianças para treinar, passa um filme na minha cabeça. Eu era muito recriminado, como todos os outros lutadores. Nenhum pai queria isso para os seus filhos”, ressaltou, cercado de crianças que pediam autógrafos e fotos.

Ídolos de JasonRony afirma que não se inspira em lutado-

res famosos. Os ídolos dele são pessoas nas quais o atleta convive no dia a dia. Jason afirma que admira pessoas como o lutador Ceará, por ser um cara simples, que hoje conta com dezenas de atletas e é faixa-preta no jiu-jitsu, ou Blasco Vieira, que emagreceu mais de cinquenta qui-los.

“Os meus ídolos são pessoas do meu convívio. Inspiro-me em pes-soas que têm um sonho e conse-guem realizar. Sei como foi a bata-lha de cada um deles. Melhor do que ter como ídolo alguém que não

lo nacional, Rony afirmaos com os amigos e nãoudança é apenas externa,

a grande surpresa. A fichair, pois eu continuo sendomo foi o reconhecimentoendo o mesmo”, comen-

a enquanto comandavaa Punho Forte, no Vingtcrianças, o que mostra

e artes marciais. “Quan-nças para treinar, passa

muito recriminado, comom pai queria isso para ose crianças que pediam

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conheço e não sei sobre sua personalidade”, destacou.No UFC, um dos poucos ídolos é o lutador Gleison Tibau,

que saiu do interior do Rio Grande do Norte, superando a fome e o abandono até chegar ao Ultimate. Tibau está no evento há seis anos e, segundo Jason, está em um nível bem acima.

“Tibau é um cara que está em um nível bem acima do meu. Ele tem seis anos de UFC, conseguiu uma estabilidade e vem evoluindo a cada dia. Por isso, o admiro bastante, pois é apenas o meu primeiro ano no evento”, disse o recém-contratado Rony Jason.

Outro ídolo especial para Rony é o irmão Yuri Mariano, que praticava jiu-jitsu, mas se entregou ao mundo das drogas. Atu-almente, está em uma clínica de recuperação.

“Ele é meu ídolo porque encara e está vencendo a cada dia uma luta diária. Minhas lutas acontecem a cada três me-ses e a batalha dele é a cada instante. Tenho certeza que ele vai se recuperar e vai voltar a seu meu córner (integrante da equipe de apoio do atleta nas lutas), como era no início da minha carreira”, disse o lutador, que sempre motiva o irmão na luta contra as drogas. “Eu digo a ele que nascemos para ser vencedores e que acredite nisso. Tenho centenas de ad-versários e estou vencendo. Ele só tem um e vai conseguir derrotá-lo”.

Carlos Guerra Jr.

Em visita a Mossoró, o lutador brinca com fi lho

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A crônica de um pescador que nunca passou dissoPiculiu

No mundo de Piculiu, quem tem um barco é rei. Ele mesmo só usa um emprestado de um amigo que não diz o nome. Uma baitera, na verdade, que mal cabe ele, o ajudante e os trinta reais de peixe que pega quando tem sorte. Aliás, sorte nunca foi uma boa companhia do mais antigo pescador do porto de Areia Branca. Nos 58 anos de marujo, Piculiu viu o mundo, mas parece que o mundo nunca viu Piculiu.

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Nazareno do Nascimento só é conhecido assim nos documentos. Virou Piculiu ainda na década de 1950, quando pegou nas armas. Talvez, o seu tamanho e sua magreza sejam a definição para o nome que não está nos dicionários. Franzino de nascença, virou pescador por vontade própria por volta da maioridade. Órfão de pai aos seis anos, precisou entrar na viração para ter o de comer. Embrenhou-se no mar em

busca de sua odisseia, mas só pescou dificuldade e desilusão. Hoje, beirando a senilidade, vive da pensão da mulher que morreu tem uns anos. Ele mesmo nunca conseguiu fazer a burocracia acre-ditar em sua profissão, por isso nunca se aposentou. Piculiu é a versão potiguar do Coronel de García Márquez.

Sozinho na vida, mora em um quartinho insalubre, alugado na rua Vila Nova, bairro dos Índios, onde se tranca para comer e dormir. Diz ele que tem uma filha no Recife, mas a última vez que soube dela foi em 1958, quando ainda tinha braços para a lida. Aos 19 anos, estava em alto-mar quando sonhou com a mãe morta. Perdeu um dia e uma noite para voltar ao continente, depois de 22 dias à deriva, porém não a viu mais sobre a terra firme.

Depois que ela morreu, me danei pelo mundo, disse Piculiu entre os poucos dentes que lhe restam. Estudou até a quinta série, o que era educação demais para o tempo em que nasceu, mas foi o mar que lhe ensinou tudo que sabe, inclusive, que a vida é extensa, mas cabe dentro de um barco.

No mar nunca viu muita coisa além de água e peixes. Não tem aventuras marítimas, nem his-tórias de trancoso. As maiores navegações foram a 144 milhas náuticas do porto de Natal, no Atol das Rocas, mas lamenta nunca ter pisado em Fernando de Noronha. “Cheguei a sentir o cheiro”, disse o pescador, “mas o capitão tomou outro rumo assim que avistamos terra”.

Quando Piculiu casou-se, já morava em Areia Branca. Chegou lá por volta de 1962, para viver na casa da madrinha. A pesca valia a pena no mar do norte e a cidade vivia ainda os últimos suspi-ros da boemia da Belle Époque. Não gostava de sair nem de conversar muito, resumia-se aos bar-cos e ao cinema nas noites de sessão. A luz da cidade ainda era a motor a diesel e se apagava cedo, por isso, às nove da noite, o pescador já dormia. O namoro com Maria Perpétua, filha de barcacei-ro, ainda foi na base da pastora, com meninos segurando vela na calçada de casa. Nem tinha pre-cisão: Piculiu engolia as ventas e se detinha ao permitido até cumprir matrimônio.

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Casar foi a alternativa concreta para amenizar a solitude que lhe impôs o mar. Piculiu nunca foi dependente de mulher, por isso entregou ao cinema seus maiores sonhos. Apaixonou-se por Ingrid Bergman em Por Quem os Sinos Dobram, depois por Rossana Podestà em Helena de Tróia. Inte-lectualizou-se e virou cinéfilo. Viu Ulisses com Kirk Douglas e outros clássicos da literatura tradu-zidos para a linguagem cinematográfica. Decorou num inglês quase perfeito, o nome dos mais ilustres elencos da sétima arte e tornou-se especialista em contar as cenas na pescaria. Mas Picu-liu não tinha paletó para entrar nos cinemas de Natal e Recife, por isso, só via os filmes nas salas da periferia quando não estavam mais em cartaz. Menino, eu já vi cinema! Disse ele um dia a um bilheteiro que talvez só tivesse o mesmo terno, mesmo assim, não conseguiu convencê-lo a entrar na sessão. Depois que o cinema fechou, ele passou a escutar só rádio e tem horror à televisão.

Piculiu teve outra paixão: o futebol. Jogou de ponteiro direito, armador, lateral, mas nunca saiu do Santos de Areia Branca. Como não sabe contar vantagens, não conseguiu nada além das cacha-ças que tomava depois dos treinos, mas até isso ele deixou de lado há 35 anos, quando o cigarro e a bebida lhe turvaram os olhos. Me senti mal e larguei, disse o pescador que, pela primeira vez, nos seus anos de vastidão marítima, revelou ter medo da morte. Mas na calada da noite, nem a desdita lhe quis a alma. Preferiu Perpétua, sua esposa, talvez o seu único grande amor.

Os barcos de Areia Branca perderam as chaminés e ganharam força. Mas Piculiu se perdeu na distração do peixe. Nunca viu pescador com dinheiro e sempre precisou dos donos do mar pra sobreviver. Aos 77 anos, deixou que a maresia roesse seus músculos e comesse os seus amigos. Anda solitário numa bicicleta velha que o carrega em terra firme. Seu último sentimento vivo é o medo de voltar a ser assaltado, mesmo sem ter nada que lhe roubem. Por isso, se tranca à chave e só atende as visitas pela janelinha da porta na altura que dá sua cabeça. O resto do tempo dedica a jogar conversa fora nas calçadas do antigo mercado do peixe, à beira do cais.

De gente, só lhe restou o ajudante de mar de 67 anos e pele de sol. Camarão é Edmilson, mas ninguém o conhece assim. Seguiu os passos do mestre e vive desabitado nas mesmas condições: sem mulher e sem nada. Ouviu falar que tem dois filhos, um em Fortim e outro em Macau, mas também nunca encontrou nenhum deles. Camarão era mais boêmio e se perdeu de casar foi por causa das raparigas que lhe davam colo. Só dono de barco ganha dinheiro, diz ele, mas Piculiu é barra limpa. Tem gente que é como eu, só vivia no meio do mundo.

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Existe, na internet, a crônica de um Piculiu que saiu de Areia Branca para engolir o mundo e voltar quando fosse rico. Tempos depois, um teco-teco sobrevoou a cidade es-palhando pequenos panfletos de propaganda que diziam, em letras de imprensa: Piculiu voltou! Houve pandemônio e o filho ausente foi recebido com honras e abraços dos ami-gos. O cronista não mentiu, mas o Piculiu de quem falou era outro aventureiro que sumiu no mar, mas essa é outra história.

POR: JOSÉ DE PAIVA REBOUÇAS

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Aideia – é bom destacar – nada tem a ver com a promoção pessoal de nenhum can-didato ou partido. O juiz pediu autorização aos órgãos superiores da Justiça para or-ganizar um comício no qual o protagonis-

ta seja o próprio processo eleitoral, usando a estrutu-ra típica do período: carros de som, propaganda e música.

Com isso, pretende atrair a população, em especial os jovens e as pessoas que tiveram pouco acesso à educação formal, para um evento que visa esclarecer a real importância das eleições.

O projeto, batizado de “Conscientizando o Eleitor na Rua”, pode ser uma iniciativa, inédita no país, de tirar os magistrados das salas fechadas dos Fóruns e levá-los à rua, para junto do povo.

Na opinião dele, não há problema na justiça eleito-ral de se falar “em abstrato”, quer dizer, da lei, do Código Eleitoral e da Constituição. “Não estamos fa-lando de situação concreta nenhuma”. Por isso, o juiz está confiante de conseguir a autorização necessária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para levar a ideia à prática.

O processo eleitoral é o destaque, mas as discussões não se resumirão apenas à importância do voto. O ma-gistrado quer atacar um mal muito enraizado no pro-cesso político brasileiro: a compra do voto.

“Qualquer tipo de vantagem econômica que o elei-tor receba é tão criminosa quanto o próprio político que assim age”, destaca. Do que depender de sua al-çada, a Justiça será “implacável” no combate ao crime eleitoral neste ano.

“Nós vamos dizer às pessoas para não insistirem nessa prática, que ainda existe infelizmente, de po-lítico querer comprar o mandato, de querer dar al-guma vantagem econômica, de qualquer sorte que

seja, dinheiro, promessa de emprego, material de construção. A lei não permite nenhuma”, senten-cia.

O juiz conta que conseguiu apoio de alguns empre-sários para bancar a estrutura de palco, de som e de segurança. Os shows de música também estariam ga-rantidos com algumas bandas que ele mantém conta-to.

Para falar no palco, Herval Sampaio pretende levar, além dele próprio, outras autoridades jurídicas, como a promotora eleitoral Ana Ximenes, ou, a depender do caso, algum candidato que esteja disposto a falar sem se promover.

“Mas o ápice dessa ideia seria a presidente do TSE, a ministra Carmen Lúcia, vir” a Mossoró e subir no palanque para falar com a população. Ousado? O juiz parece não se importar, visto que iniciou os primeiros contatos com a ministra no sentido de trazer a autori-dade à capital do Oeste potiguar.

“Eu estou me comunicando direto com o assessor dela e falei com ela pessoalmente. Ela pediu para eu enviar um e-mail (com o pedido)”, contou.

O projeto do comício seria o ponto inusitado de uma campanha de esclarecimento que o TRE faz há algum tempo na rádio e na televisão, além de um complemen-to a uma verdadeira maratona que o juiz Herval Sam-paio vem empreendendo em Mossoró com represen-tantes de partidos políticos, assessores de candidatos, imprensa e segmentos envolvidos com as eleições des-te ano.

Tudo para tornar a eleição municipal a mais demo-crática e limpa possível.

Herval Sampaio já avisou – será “implacável” com as denúncias de crimes eleitorais que lhe chegarem às mãos.

Paralelamente, produziu programas para rádio e televisão. Do que depender da disposição dele, a im-portância do processo eleitoral vai estar na cabeça de todos os mossoroenses. “Só não vou se o TRE e TSE não me autorizarem”. Um evento dessa natureza, realmente seria difícil de apagar da memória.

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quando o Judiciário vai à ruaO juiz educador

NATHAN FIGUEIREDOE-mail: [email protected]))

Presenciar uma cena em que um juiz eleitoral promove e participa de um “showmício”, com discursos inflamados e bandas de forró na retaguarda, seria no mínimo inusitado, mas isso bem que poderia se tornar real em Mossoró, se dependesse da vontade do juiz José Herval de Sampaio Júnior, titular da 33ª Vara Eleitoral.

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Há seis anos como apresentador do programa “Co-nheça Seus Direitos”, veiculado pelo TV Mossoró, o juiz Herval Sampaio já acumula experiência de comunicador. Segundo ele, foi justamente a facilidade para falar e pa-ra entrar em contato com a população que o inspirou a fazer o “showmício” educacional.

Tirar o famoso “jurisdiquês” de um assunto não mui-to agradável aos ouvidos da maior parte da população é uma tarefa árdua que o magistrado assumiu para si. Se depender do resultado obtido nos últimos anos no pro-grama televisivo, a expectativa é das melhores, ainda mais com o público-alvo que pretende alcançar.

“O povo menos esclarecido é o mais interessado, o que mais aprende, e eu acredito que eu possa chegar a

Um juiz com talento para comunicador

eles”, aposta. O problema – diz – é justamente a parcela mais esclarecida da população.

“Eles sabem que estão cometendo um crime e devem ser processados. Aqueles ali, se estiverem vendendo vo-to, não tem que esclarecer mais nada. Eles estão come-tendo o crime com discernimento. Eu não quero atingir a eles, eu quero atingir a classe menos favorecida”.

PLANO B

Se o Tribunal não autorizar o projeto, o juiz tem um plano B: trabalha com a possibilidade de combinar com os candidatos e usar a estrutura de som e de palco de-les.

“A segunda ideia seria aproveitar a estrutura dos can-didatos existentes, nos comícios que eles comunicarem à Comissão de Segurança. No início ou no final da estru-tura deles, conforme combinado, a gente faria outro co-mício institucional”.

Mas o ápice dessa ideia seria a presidente do TSE, a ministra Carmen Lúcia, vir a Mossoró e subir no palanque para falar com a população"

Em Mossoró, boa parte da população, principalmente dos jovens, tem acesso à internet, que dá acesso a diversos con-teúdos. É diferente de anos atrás quando se estava restrito ao espaço em que vivia. Mesmo assim, alguns hábitos histó-ricos persistem.

Não é surpresa dizer, por exemplo, que ainda existem no Rio Grande do Norte os chamados currais eleitorais (expres-são utilizada por historiadores na República Velha para indi-car uma região onde um político ou grupo político teria gran-de influência ou onde é muito bem votado).

Na opinião de Herval Sampaio, continua também o pro-blema com aquelas pessoas que, pelo hábito, acham natural a venda do voto. “Os eleitores acham que época de política é época deles se darem bem, é época deles ganharem um di-nheirinho, deles conseguirem material de construção, deles conseguirem um emprego, quando isso é errado”, afirma.

IMPORTÂNCIAPara Herval Sampaio, “o processo eleitoral é tudo”, mui-

to mais do que apenas eleger e ser eleito. “Tudo que é gerido por esses políticos vai refletir na nossa vida individual”.

Para o juiz, na maior parte das vezes, o eleitor não enxer-ga que o problema pode se virar contra ele no futuro.

“Sinceramente, o político que compra o mandato tem cer-ta coerência: a de não ter compromisso com ninguém. Na hora que os eleitores ‘fajutos’ dele vêm cobrar (uma promes-sa) a ele depois, ele vai responder: ‘Eu comprei o seu voto e de sua família, paguei tanto. Não lhe devo nada!’”.

Daí a conclusão que o magistrado tira de que “quem ven-deu seu voto perdeu toda a moral”.

Novos tempos, velhas práticasQuem é Herval Sampaio?

Cearense de Fortaleza e formado pela Universi-dade de Fortaleza (UNIFOR), Herval Sampaio en-trou cedo no curso de Direito, aos 17 anos, após cursar apenas seis meses de História na Universi-dade Estadual do Ceará (UECE). Entre um curso e outro, exerceu a inusitada profissão de dançarino num grupo que trabalhava para o cantor Beto Bar-bosa.

No início dos anos 2000, com pouco mais de 24 anos, passou para juiz para comarca de Areia Bran-ca, Tibau e Grossos, além de iniciar sua carreira

como professor do curso de Direi-to da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Desde abril de 2004, foi promo-vido para a comarca de Mossoró, onde permanece até hoje. Atual-mente com 38 anos, concilia a ro-tina de juiz e professor universitá-rio com a de escritor, palestrante e apresentador de televisão. Le-ciona ainda cursos jurídicos em videoaulas disponibilizadas na in-ternet.

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Afinal, o que é o processo eleitoral?

O Brasil é uma democracia representativa, em que uma pessoa ou grupo é eleito, normalmente por votação, para falar e decidir “em nome do povo”. O sistema eleitoral é baseado no voto direto e secreto, ou seja, o eleitor vota diretamente no candidato ao cargo a ser preenchido de maneira sigilosa. Além disso, é obrigatório para pessoas entre 18 e 70 anos e facultativo para os maiores de 16 e menores de 18, os maiores de 70 e os analfabetos. Existem dois sistemas eleitorais no Brasil: majoritário e proporcional. No primeiro

modelo, ganha o candidato que obtiver maioria de votos. É como são eleitos o Presidente da República, ou governadores, os senadores e os prefeitos. No sistema proporcional, o número de representantes políticos é distribuído proporcionalmente entre os partidos políticos concorrentes. Dessa forma se elegem os deputados federais, estaduais e distritais, além dos vereadores.No primeiro turno, as eleições ocorrem sempre no primeiro domingo do mês de outubro. Se o primeiro colocado não obtiver maioria absoluta dos votos (50% mais um), as eleições vão para o segundo turno, geralmente realizado no último domingo do mesmo mês. Esta última fase, só pode ocorrer em eleições presidente, governador e prefeito, no caso de o município ter mais de 200 mil eleitores e ter mais de dois candidatos no primeiro turno.

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Ponto de Vista O colecionismo

O colecionador quase sempre é um sujeito metódico. Algu-mas síndromes são potencia-lizadas. Por vezes o colecio-

nador é um psicopata como no filme o colecionador de William Wyler protago-nizado por Freddy, um rapaz solitário que coleciona borboletas e aprisiona uma bela estudante de arte. Belo filme com roteiro adaptado do livro homônimo de John Fowles. O colecionismo pode transformar hábitos e vidas. A escolha da coleção nem sempre é voluntária e tem várias motivações. Creio que a mo-tivação algumas vezes possa ser a supe-ração de algo. Algum trauma psicológi-co ou não. Gosto muito das histórias de colecionadores e por isso frequento fei-ras de artes e antiguidades. Algumas coleções são valiosíssimas e comparti-lhadas por um seleto grupo. Coleciona-dores de moedas e objetos de ouro. Ar-mas de fogo e relógios. Outros colecio-nam moedas antigas e selos. O mínimo defeito é percebido com uma lupa. Al-

guns, não conseguindo o objeto de de-sejo, roubam. Trocam por outro de me-nor valor. Histórias de colecionadores são enredos de muitos livros policiais e outros. Mortes acontecem por uma pri-meira e única edição. Outros escondem a sua obsessão das mulheres. Alugam casas para abrigar suas coleções. Cole-cionam revistas e livros que nunca vão ler. Para o meu colega Mindlin, a sua indisciplinada coleção era uma loucura sã. A coleção por vezes domina o cidadão e a vida fica refém de uma solidão que não tem explicação. O motivo da coleção nem sempre é objetivo. Pode ser uma falta. Um complemento para a vida que espalha. Um sentimento de pertenci-mento. A coleção pode ser motivo de estudos e diz muito da personalidade do colecionador. Diz muito da relação com o outro e com a vida que eu escolho pa-ra viver. O colecionismo é uma matéria extremamente rica e pode ser motivo para estudos nas mais diversas áreas das ciências humanas.

JOÃO DA MATA COSTA*

*João da Mata Costa – Professor da UFRN e escritor. Bibliófilo e estudioso de Cervantes, Camões e dacultura popular. Tem uma dezena de trabalhos científicos publicados em revistas indexadas internacionalmente.

Curador de exposições artísticas e literárias, escreve regularmente em jornais e revistas locais sobre osmais diferentes assuntos culturais e de divulgação científica.

O colecionismo é uma matéria extremamente rica e pode ser motivo para estudos nas mais diversas áreas das ciências humanas"

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É difícil imaginar um cardápio digital? Não mais: qualquer pessoa consegue hoje visualizar o ato de, num restaurante, fazer pedidos numa espécie de tablet sem a presença do garçom. “Falta pouco para chegar a isso” – é o pensamento comum, que tem sua razão. O difícil é pensar que tal modernidade possa ser criada por jovens nascidos no sertão potiguar e, daqui, partir para o resto do Brasil.

Tão imprevisível quanto o tempo é a tecnologia, que permitiu essa realização. O projeto de cinco estudantes da Universidade Fede-ral Rural do Semi-árido (UFERSA) destacou-se na Campus Party, maior evento de tecnologia do país que neste ano ocorreu em Recife, justamente com essa ideia, de um cardápio digital, com

opções a serem disponibilizadas via tablet pelo sistema Android.O pedido iria diretamente para cozinha, sem intermediários e chegaria à

mesa com muito mais rapidez. Além disso, seria automaticamente registrado pelo caixa do estabelecimento. Para restaurantes que trabalham com entre-ga, seria possível ao cliente fazer a solicitação pelo sistema. E no futuro, haveria velocidade ainda na hora de pagar, pois o aplicativo permitiria a utilização, também virtual, do cartão de crédito – este seria o próximo passo a ser dado.

“É um aplicativo que pode ser utilizado por vários restaurantes, cada um teria o seu, colocaria a sua logomarca, o seu produto. O restaurante vem e a gente adapta ao estilo dele”, explica um dos idealizadores do cardápio, Edson Júnior.

Útil? O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SE-BRAE) também achou e aposta no desenvolvimento do conceito para usá-lo na Copa do Mundo de 2014. De acordo com o Sebrae, o sistema pode desafo-gar o fluxo de clientes durante a realização do evento. Como é notória a falta de fluidez dos brasileiros em idiomas estrangeiros, o cardápio viria ainda com a opção de ser lido em várias línguas; os cozinheiros receberiam as mensagens traduzidas, sem risco de erro.

Deus quer, o homem sonha e o obra nasce

A ideia surgiu na empresa Sunset, formada pelos cinco estudantes poti-guares para desenvolver projetos de tecnologia para a Petrobras, na qual dois deles estagiavam. Edson Júnior, Felipe Torres, Edileuson Cunha e Porlhan Hiphellyson e Jodley Venceslau pensaram, por exemplo, num sistema chama-do Boletim Diário de Equipamento Digital (BDE), direcionado à localização de transportes, que faz o mapeamento do percurso do veículo e permite a empresa fiscalizar a rota.

Enquanto desenvolviam a ideia para a Petrobras, os rapazes matutavam formas de expandir os negócios. Num dia, reuniram-se num restaurante e se incomodaram com a demora no atendimento. “Foi aí que a gente pensou como seria bom se o cardápio viesse num tablet”, conta Edson Júnior, inte-grante do grupo. “Por que não?”, pensaram todos. A partir de então, mergu-lham de cabeça nesse trabalho, com foco na Copa do Mundo de 2014.

Os dois projetos foram levados à Campus Party por Jodley Venceslau, in-tegrante mais recente da Sunset. No evento, ele recebeu atendimento da Agente Local de Inovação (ALI) Marieli Musskopf, do Sebrae em Santa Cata-rina. ALI são bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). O estudante recebeu ajuda dela para elaborar um mapa do modelo de negócio, que identifica o foco na geração de valor de uma empresa ou de um produto.

Jodley contou que os dois projetos da Sunset foram considerados interes-santes. Mas, até pelo foco na Copa, o cardápio digital foi priorizado; e Marie-li sugeriu ao estudante a procurar o Programa Sebrae 2014, iniciativa que

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apoia micro e pequenas empresas e empreendedores indivi-duais a buscarem oportunidades no evento mundial de fute-bol.

A ideia empolgou também o coordenador do Sebrae 2014, Dival Schmidt. Segundo a assessoria do serviço, ele disse que os donos da Sunset apontavam novos caminhos para formação de negócios. “Hoje, por meio dessa geração, há uma mudança de leitura de como se inserir no mundo em-preendedor, agora de forma instantânea. Por isso, é preciso estar próximo deste novo público e da sua linguagem”, afir-mou.

Mundo sem fronteiras

Com tanta tecnologia pipocando ao redor do mundo, seria difícil imaginar que alguém já não tivesse lançado um proje-to assim. De fato, em grandes metrópoles brasileiras ou es-tadunidenses, alguns estabelecimentos trabalham com um sistema semelhante. A diferença – apostam os garotos da Sunset – é a integração das funções num único aplicativo. No mesmo suporte, seria possível fazer pedidos, acréscimos de ingredientes e pagar a conta, no caso de compras feitas pelo cartão de crédito.

No momento, o problema seria pensar num aplicativo de pagamento via cartão, adaptável ao sistema digital do car-dápio. A tecnologia já existe em alguns smartphones para determinados tipos de compra, mas não especificamente direcionado ao setor gastronômico e sem a integração do cardápio.

A necessidade de ter uma espécie de integrador virtual foi exposta por Jodley num texto escrito pela Agência Sebrae e publicado na revista Exame. Outra startup de São Paulo chamada “Go Pay”, focada em aplicativos de pagamento vir-tual, leu a matéria, achou interessante e entrou em contato com os potiguares por Facebook. “A gente vai mandar o pro-jeto para ele para ver uma parceria, uma sociedade, talvez juntar as duas empresas”, conta Jodley.

Para o estudante, a mudança dos negócios com a internet permitiu a criação de network, uma espécie de integração em rede e quem não estiver inserido na teia terá dificuldades de formar parcerias, por melhor que seja seu projeto. Os estudantes da Ufersa tiveram mais facilidade de achar esse profissional em São Paulo, cidade altamente conectada, ao contrário de Mossoró, onde a integra-ção ainda engatinha.

“A gente sabia que era pouco pro-vável ter alguém com essa tecnologia na região e, se fosse procurar alguém no Nordeste, iria para Recife, porque a network está lá. Aqui não teria como encontrar uma pessoa que suprisse as nossas necessidades, seria quase impossível de localizar”, completa o jovem empreendedor potiguar.

Startup: a ideia antes da empresa

A Sunset é uma empresa do tipo startup; a “Go Pay” é outra startup. Mas o que é uma startup? O conceito começou nos Estados Unidos no final do século passado com o boom das chamadas empresas “ponto-com”, que dizer, as compa-nhias que trabalham, formam-se e lucram com o mundo vir-tual. Em resumo, seria um grupo de pessoas que se adianta-ria no tempo ao lançar uma ideia original ou criaria uma necessidade futura. Para eles, o mais importante é ter uma ideia a ser vendida, antes mesmo de ter uma sede própria ou qualquer outro tipo de bem.

As redes sociais, os smartphone, os tablets seriam exemplos de produtos que surgiram com firmas que tinham esse foco.

Os estudantes mossoroenses levaram a fundo o conceito: estudaram, informaram-se e procuraram se integrar. A Sun-set, por exemplo, não tem sede própria e apenas um parco faturamento inicial, obtido com o desenvolvimento de web-sites, além de algumas dívidas. Loucos? Chame-os assim e eles agradecem. Para os empreendedores potiguares, ter a ideia é ter tudo de que necessitam.

Não só isso. A história da empresa também poderia ser imaginada em qualquer parte do mundo. Tudo começou com os estágios de Edson e de Porlhan na Petrobras e, a partir de pequenos aplicativos pensados para a empresa, a decisão de montar a Sunset meados do ano passado.

Ato contínuo, chamaram amigos que pagavam algumas cadeiras em comum na Ufersa e, já em novembro, formali-zaram a empresa. Menos de um ano depois, foram ao Campus Party, conseguiram apoio do Sebrae e parceria com profis-sionais paulistas para lançar um projeto inovador a ser dis-ponibilizado no maior evento esportivo do mundo, daqui a apenas dois anos.

Para eles, a noção de tempo e espaço já se modernizou. “A gente pensa no mundo, a gente não se importa com re-lação ao lugar que a gente está, se em Mossoró ou em Dr. Severiano. A gente acredita na teoria que se pode chegar a qualquer pessoa no mundo. Eu conheço uma pessoa, que conhece a tia de outra, que acaba chegando àquela pessoa final, que é o meu interessado. Então, se eu posso chegar até ele, por que eu não posso também encurtar esse ne-twork?”, questiona Jodley.

Edson Júnior, Jodley Venceslau, Felipe Torres, Edileuson Cunha e Porlhan

Hiphellyson

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ConTXTextualizando

* Jornalista (PB 4830JP) e professor do Curso de Direito da UERN Email: [email protected]

Dedilhando as “coisas” da vida...

Um bom papo na calçada com os amigos acompanhado com uma partida de dominó. Os ambien-tes já não são os mesmos e o

território confortável da comunidade local também não pertence à realidade na qual está inserida a cultura de um jogo tradi-cional nas calçadas. É na atualidade que os jogos modernos proporcionam o novo dimensionar da realidade e ao desterrito-rializá-lo impulsiona novos ares em terri-tórios virtuais comuns, mas longe do cor-po que produz o pensamento da aventu-ra.

Assegura o pensamento popular: “Se de novo não se morre, de velho não se es-capa”. E, como a expectativa de vida dos seres humanos tem aumentado considera-velmente, é de se imaginar que o planeja-mento para a velhice deva ocorrer enquan-to está se vivendo. A parafernália tecno-lógica bem que possibilita esse planeja-mento digital, sem muita profundidade, claro. Escrever um livro com editor eletrô-nico, jogar paciência, palavras cruzadas eletrônicas e até um variado número de jogos eletrônicos em rede têm possibilita-do o ócio criativo e divertido para a melhor idade.

Mas aprender a manipular uma máqui-na moderna pode trazer, na idade maior, os desafios não alcançados na idade me-nor. E isso desafia consideravelmente um sistema intelectivo que desabrochou em plena era da máquina de datilografia. Equipamento quase (i)móvel que forçava carregar assessórios para o dedilhar das letras. Todos os itens de produção analó-gica posicionavam-se no setor externo das sensações da escrita; dentro mesmo da máquina, a fita que possibilitava a forma-tação da cor e a margarida que impunha a força dos formatos com relevo para im-pressão das letras. Entre o dominó e a margarida resta apenas a organização se-quencial da lembrança de um tempo que ficou velho demais para servir à realida-de.

E O QUE FAZER COM O MELHOR DA IDADE?

A aposentadoria que chegou mais cedo destinou mais tempo para curtir o “novo ma-rujo” que navega por outras (cyber)ondas. O que ocorre é que um número sempre crescen-te de pessoas “jovens há mais tempo” estão desenvolvendo suas habilidades para aceitar o novo. Foram esses mesmos que resistiram a TV a cores e o controle remoto, mas não desistiram de reclamar que a fórmula eletrô-nica desenvolvida pela tecnologia não acom-panhava o seu raciocínio analógico, e a remo-ta onda do controle saía sempre do controle dos jovens aposentados.

E bem que depois de tanta juventude a melhor idade está decidida em apresentar os seus dotes digitais. Muitos se inscreveram nas redes ditas sociais e, claro, ainda se ga-rantem no bate papo da esquina como o gran-de sábio em desvendar a nova realidade vir-tual. A resistência no trato com os caixas eletrônicos para recebimento da aposentado-ria foi um desafio vencido a duras penas. O voto eletrônico rechaçado frente ao românti-co ato de escrever o nome dos candidatos ou candidatas de sua preferência. E o termôme-tro que esquecera o mercúrio? Tantas coisas que os “jovens há mais tempo” decidiram ade-rir para chegar na melhor idade... Essa popu-lação no RN, segundo dados pesquisados pelo IBGE, entre o sexo masculino e feminino, chega a ocupar pouco mais de 313 mil, na faixa etária compreendida entre 60 e 84 anos. Ótimos números para se navegar!

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já assegurou que até 2025, o nosso país será o sexto do mundo com o maior número de pessoas acima de 60 anos. Falta-nos estudo, sobra-nos desinformação. Oh! Vontade que temos de ficar velhos, mas ainda não sabemos como. Só queremos chegar na linha que cru-za a juventude com os “jovens há mais tempo” ainda com feições de criança. É uma tecnolo-gia ainda desconhecida para uma sabedoria não explorada. E haja paciência, digital, de preferência.

O voto eletrônico rechaçado frente ao romântico ato de escrever o nome dos candidatos ou candidatas de sua preferência."

KILDARE GOMES*

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Inimigo dodiabo

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Amissa celebrada na noite do dia 9 de julho de 2012 na Capela Bom Jesus das Dores, na Ribeira, em Natal, ficará para sempre na mente de muitos fiéis. Quase um mês antes daquele dia, uma faixa pendurada no gradeado que protege a entrada para a Sacristia já anunciava a celebração do que

viria a ser a missa da Cura e da Libertação.Cura e libertação, na verdade, já são por si fortes verbetes para atrair os fiéis

mais atônitos, ou mesmo os leigos que penam sob as chagas do mundo moderno e buscam na religião a vazão e equilíbrio. Porém, só o argumento de “cura” e “liber-tação” talvez não fosse o suficiente para aquela ocasião, uma vez que esse tipo de evento já é tradicional na capela.

No entanto, naquela mesma faixa, quase como um rodapé, havia o anúncio de que o diferencial para aquela noite estava no primeiro ritual de exorcismo que o padre José Mário Medeiros, 70 anos, realizaria na capital do Rio Grande do Norte, Natal. Esse sim parece ter sido o apelo exato para a superlotação de fiéis que ocu-pou praticamente quase todos os espaços da igreja.

Há na lateral de uma das entradas daquele pequeno templo uma escadaria, que ficou tomada pelo público; o altar foi ocupado pelo clero, mas os fiéis também se espremiam por um pequeno espaço; além dos tradicionais bancos, foram espalha-das mais 200 cadeiras, todas ocupadas; havia gente pelo lado de fora que buscava o melhor ângulo. Eram fiéis de todas as idades que, mais do que fé, buscaram a igreja naquela noite movidos pela curiosidade, para assistir um dos rituais mais antigos da igreja católica.

Enquanto o coral da celebração entoava cânticos religiosos munidos por pedi-dos a Deus de perdão e misericórdia, na plateia, jovens e idosos se entregavam a outra dimensão de vínculo com a vida: olhos fechados, mãos entrelaçadas postas, cabeça curvada e um leve balançado no corpo que flutuava de um lado para o outro alguns elevavam fotos de familiares e pousavam. Já outros, como se fosse inevitá-vel, não conseguiam conter as lágrimas, tampouco faziam questão de escondê-las ou pelo menos enxugar o rosto.

O que se passava no pensamento de cada um daqueles devotos, obviamente, ficará guardado com eles, porém, sem muita cerimônia, o padre José Mário encer-rou aquele momento inicial com uma fala em tom explicativo, quase didático, ad-vertindo para o que iria acontecer, ou pelo menos uma prévia do que poderia acontecer naquela noite. Primeiro, nada do que houvesse ali deveria ser encarado como “anormalidade” ou mesmo ser assistido com espanto, advertiu ele.

Como um amigo que aconselha, o senhor de olhos grandes e saltados, traços robustos e um cabelo de nuvens, já quase na sua totalidade tomado pelo branco, baixou a cabeça, olhou por cima da armação dos óculos, amenizou o tom de voz e, mansinho, pediu: “não reprimam nada do que acontecer com vocês. Aqui é o mo-mento”, pediu padre José Mário.

Em outras palavras, o sacerdote pedia para que ninguém tentasse conter a manifestação do diabo, caso o diabo incorporasse em alguém. O ritual do exorcis-mo é um parêntese muito bem estabelecido dentro do roteiro da Santa Missa.

O padre José Mário é o único sacerdote do Nordeste autorizado pela Igreja Católica para realizar rituais de exorcismo. Ele mantém latente uma das tradições mais antigas e polêmicas do cristianismo

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muito som, muita gente lhe olhando e, o mais perturbador, muitas câmeras ligadas. A imprensa compareceu em massa para a primeira missa de exorcismo.

Quando questionada sobre o que sentia, ela disse que a sensação se divide em dois momentos. “estava numa oração muito próxima a Deus. Quando o sacerdote me chamou, fui, e quando começamos a orar me senti numa paz tão gigantes-ca que eu não consigo explicar. Não lembro que caí, mas quan-do eu acordei achei muito estranho tudo aquilo. Acho que foi muita coisa ao mesmo tempo”, detalha Maria Estevani.

O ritualQuando novamente chegou a vez do padre José Mário falar,

já era o instante tão aguardado. Dali por diante, seria condu-zido, ao pé da letra, o ritual de exorcismo. O silêncio paira sobre a igreja, era o momento de apenas o padre, consigo, no pensamento, proferir uma oração ensinada apenas aos sacer-dotes exorcistas. Depois ele ora, com muito fervor como quem incita, cutuca, provoca o demônio...

Mas, o demônio naquela noite não resolvera aparecer. O que não é nenhuma novidade para o padre José Mário, que há 10 anos recebeu a autorização da Diocese de Natal para rea-lizar os rituais de exorcismo. De acordo com ele, “o diabo é mais inteligente do que a gente pensa, ele sabe bem a hora de se manifestar, é melindroso, e muito perigoso”, explica. Sem nenhum devoto “com o cão no couro”, como se diz no sertão, a missa de padre Mário segue no ritmo normal e se transforma em apenas mais uma missa.

Nem sempre é assim, vale ressaltar. José Mário já perdeu as contas de quantas pessoas já exorcizou, só não esqueceu às vezes em que o diabo lhe deu muito trabalho para abando-nar o corpo alheio. “Você nunca imagina de quem o demônio pode fazer uso. Já estive conversando naturalmente com ami-

gos e, de repente, a voz muda e as alterações e manifes-tações que não são comuns àquela pessoa come-

çam a aparecer. Não dá outra. É o Satanás agindo”.

Pelo jeito que o padre exorcista fala de seu ofício, imagina-se uma guerra constante entre ele e o “Demo”. Há ritu-ais em que basta pouco esforço e a pes-soa está de volta à normalidade. No entanto, ele pontua que já teve sessão que levou horas e, mais, a tentativa partiu para o embate físico. “Uma vez uma jovem estava conversando comi-go e, repentinamente ela começou a mudar a voz, a falar como homem, eu desconfiei logo que ela estava possuí-da. Quando dei por mim a jovem estava se rastejando no chão como se fosse uma cobra. Mas é como se fosse uma cobra mesmo. Ela, inclusive, colocava a língua pra fora. A moça franzina, magra, se fortaleceu de tal forma que eu e outros quatro homens quase não conseguíamos domá-la”, relembra o padre, completando que esse fo-ra um dos seus rituais mais difí-ceis.

O exorcismo é uma das ver-

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O OO OOOOOOOOO OO exexexexexxxexeeeexeeexe

Antes, bem antes de chegar a sua vez, as palavras do padre José Mário conduziam aquela noite para, como dissemos an-teriormente, a cura e a libertação.

Do altar, o religioso observava tudo, quase passando a vista em um por um dos que estavam na plateia. De longe, lá de baixo, a impressão era a de que ele procurava o Satanás, o seu maior inimigo. Enquanto isso, o seu assistente João San-tana passeava pelo povo e escolhia fiéis. Os motivos para os chamamentos não são muito claros, mas, das mais de uma dezena de convocados, todos eram mulheres e todas estavam completamente entregues àquele momento.

As cenas com João Santana até lembram aquelas imagens eclesiásticas da Idade Média. Vestido com um manto Francis-cano, sisudo, com as mãos entrelaçadas, ele escolhia entre o seu rebanho aqueles que seriam conduzidos até o altar. Lá, pousa sua mão direita sobre a testa, fecha o olho e reza, reza, reza... até que as reações aparecem.

A estudante Carla Anzambra, 20 anos, foi uma das chama-das naquela noite e, quase que de imediato, quando a mão do assistente parou em sua fronte, ela caiu, numa rápida impres-são de desmaio. “É uma sensação indescritível. Eu só soube que tinha caído quando acordei e me senti no chão”. Foi assim com Carla, foi assim também com quase todas as outras. En-quanto João Santana seguia o ritual, o padre José Mário acom-panhava tudo, atento, lá de cima do altar.

Além de Carla, a dona de casa Maria Estevani, 48 anos, foi surpreendida ao ser uma das escolhidas. Ela estava de joelhos no chão e, como quem recebe um chamado, ela atendeu ao aceno de João Santana para comparecer ao altar. Bastou por sua mão sobre a testa dela para as lágrimas jorrarem copio-samente. Caiu! No chão Maria estremeceu por alguns segun-dos e, quando acordou, parecia alheia àquele ambiente de

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tentes mais polêmicas do catolicismo. Primeiro porque o Dia-bo propriamente dito anda fora de moda depois da fase racio-nalista do século XX. Há os que consideram muito caricata a concepção do diabo e lhe atribuem apenas como a presença do mal. A psiquiatria avançou, e muito do que era atribuído à presença do Satanás, na verdade, não passa de fatos explicá-veis, na maioria casos de esquizofrenia e remediáveis.

Mas a Igreja insiste. Sendo uma das instituições mais tra-dicionais e resistentes a mudanças, o alto clero sacerdotal editou um livro, uma espécie de manual para sacerdotes-exorcistas no qual alivia os termos, porém mantém vivo o ri-tual para o exorcismo espalhado nos quatro cantos do mundo. O assunto ganhou força depois que o cardeal Josef Ratzinger assumiu o mais alto posto da Igreja. Ele é um entusiasta da causa e profere em alto e bom tom a sua vontade de criar um “exército contra o mal”.

Mas a batalha do Papa Bento XVI não é assim tão fácil. Ele enfrenta, majoritariamente, dois desafios para conseguir en-gatar essa ideia: um vem do próprio desgaste da religião mo-tivado pela apatia dos devotos. Há uma migração constante dos fiéis católicos para outras religiões, quando não, o ateísmo. O outro é que a Igreja passa por uma crise para atrair jovens à vocação sacerdotal.

E não para por aí. O assunto “Exorcismo” não é bem dige-rido até mesmo dentro da própria Igreja. Por exemplo, os bispos paroquiais são os responsáveis pela investidura do pa-dre nos caminhos do exorcismo dentro da sua Igreja. Muitos, no entanto, não demonstram o menor interesse pela causa. Prova maior disso é que o padre José Mário é o único religioso

do Rio Grande do Norte a ter enveredado por este caminho. O sacerdote estima que hajam apenas mais 11 padres no Bra-sil que abraçaram a causa.

Se por um lado a Igreja insiste que o Diabo não é ape-nas uma construção simbólica e subjetiva, mas sim uma entidade capaz de causar o mal na pessoa humana, a dis-cussão fica mais calorosa, porque, na outra ponta, a ci-ência segue rígida no confronto. O Manual de Diagnósti-co e Estatísticas das Perturbações Mentais, de 1994, qualifica as possíveis incorporações do diabo na catego-ria em que o paciente é vítima de “Transtorno Dissocia-tivo Sem outra Especificação”.

A verdade é que a concepção do demônio existe sobre a humanidade, sobretudo na visão cristã, antes mesmo do ho-mem. Longe da Bíblia, mais delineada pelos estudiosos da Fé, a história conta que, antes de Deus criar a humanidade, fez os anjos para que lhe ajudassem. O mundo, na sua imper-feição, não foi de bom grado para alguns desses seres espi-rituais que logo se opuseram à Divindade. Como castigo, Deus mandou os anjos caídos ao Inferno. E a história segue! Já na Bíblia, o paraíso de uma existência sem sofrimento foi interrompido quando Adão e Eva cederam aos encantamen-tos da serpente.

“O diabo está solto e se apega àquelas pessoas despren-didas de Deus. A droga, a prostituição, a desobediência e tantas outras vulnerabilidades desse mundo são convite ao diabo fazer morada. Ele vai buscar justamente aquelas pes-soas de fé abalada, sem Deus e sem espiritualidade”, alerta o padre José Mário.

Durante a missa, padre chamou alguns fieis. Oração gerou choro e desmaios

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Como sendo um dos poucos sacerdotes brasileiros voltados para o exorcismo, o padre José Mário viaja o Brasil todo para proferir palestras, celebrar missas e também realizar o ritual. A orientação da Igreja Católica é que a prática seja feita em ambientes fechados, todavia, o reduzido número de padres nessa segmentação fez a Igreja repensar a norma e permitir o ato coletivo do exorcismo, assim como aconteceu em Natal.

“O ideal é que cada paróquia tivesse o seu exorcista, mas infelizmente poucos padres têm interesse pela área”, lamenta José Mário. Por essas estradas que já passou, o que não faltam são histórias pra contar. Em quase todas elas, claro, se resume ao seu entrave com o seu rival número um: o diabo.

Embora cada oração de exorcismo dure em média 30 minu-tos, o cansaço é inevitável. José Mário confessou que a sobre-carga de adrenalina é muito alta. Tanto que uma vez ficou afas-tado durante três meses por orientação médica. Hoje, ele se divide mais para celebrar missas por onde é convidado e a re-alizar a oração do exorcismo, todo primeiro domingo de cada mês, no Eremitério de Santo Lenho, às margens da BR 101, em Macaíba.

Mesmo o assunto sendo delicado, José Mário mantém vivo um tom descontraído. Ele recebeu a equipe da Revista Contex-to antes do início da Missa, na sacristia da Igreja do Bom Jesus das Dores, uma das Igrejas mais antigas de Natal. Entre um causo e outro, sempre deixava fluir uma piada ou ainda um comentário descomprometido.

Contou, por exemplo, que em Teresina (PI), o bispo o auto-rizou a fazer um exorcismo e, depois, foi lhe perguntado porque durante todo o ritual "só uma mulher se espritou, como se diz no Seridó". José Mário respondeu: “o demônio é muito inteli-gente. Ora, ao saber que na terra tem um lugar mais quente do que o lugar onde ele vive, disse, lá eu não vou não" (risos).

E tem mais: “uma vez uma moça, carente, começou a olhar estranho, mas era muito estranho mesmo. Daí ela começou a falar em Latim, coisas que eu conseguia entender. Daí eu per-gunto, aquela jovem provavelmente sequer sabia ler ou escre-ver direito, de onde ela tirou aquilo? Era coisa do Diabo”, pon-tua ele.

Sem estresse para o Diabo

Na igreja lotada, a concentração dos fiéis

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CONTEXTO - Qual a diferença entre uma pessoa possuída e aquelas que sofrem de transtornos da mente?JM - É preciso, primeiramente, que se tenha a maturidade de que, realmente, essas são duas coisas distintas. Muitas pessoas me pro-curam insistentemente para eu desconjurar um parente e pergun-to logo: “quanto tempo ele está assim?”. Ora se me responder que está por 10 ou 15 anos, já desisto porque o Diabo não se apodera por tanto tempo de uma pessoa. A diferença é porque as doenças são prescritivas, têm sintomas comuns e o ser possuído não, ele é um objeto do diabo.

COMO o senhor identifica uma pessoa possuída?COM o tempo e a maturidade do ofício você acaba ficando mais sensível as manifestações. E Deus sempre nos guia a um caminho que facilita identificar. O diabo é mais inteligente do que a gente pensa. Ele se transveste, muda de voz, muda as características marcantes da pessoa. Então, quando percebo uma desconfiguração, já sei que é coisa dele. Geralmente ele fala em línguas estranhas, esculhamba, adota posturas diferentes da pessoa possuída.

O QUE leva o diabo a escolher determinada pessoa para se apossar?OLHE, o Satanás precisa apenas de uma oportunidade, de um es-paço para se chegar. Pense comigo! Imagine uma pessoa que reza, que pratica o bem, faz boas ações e mantém uma espiritualidade e veja também aquele ser que vive na desonra, na desobediência, na rebeldia, entregue às coisas negativas desse mundo, desobedece pai e mãe, enfim... Qual desses dois perfis você acha que é mais atraente para ele? Ele se chega justamente nos momentos de maior fragilidade, por isso é importante a fé.

QUAL é o ritual para expulsar, exorcizar, o demônio?PRIMEIRO o padre estar muito preparado espiritualmente. Ele começa rezando uma oração em silêncio, que é de entrega e força. Depois ele rezar as orações chamadas de Fórmulas para Expulsar Demônios. Essa daí existe em duas formas: a Depreciativa é uma clamor mais direto a Deus, já a Imperativa, é uma ordem direta ao Demônio para que ele saia da pessoa.

QUALQUER sacerdote pode praticar exorcismo?NÃO! Primeiro só podem adotar o exorcismo como ofício os padres autorizados pelo bispo. É preciso obediência. Isso porque o bispo deve ter a maturidade de escolher um religioso que tenha maturi-dade intelectual, uma vida de honradez, obediência. O diabo não tem escrúpulos e ele tem conhecimento de nossa vida. Se for um sacerdote com algum desvio, já pensou, ele (o diabo) começa a contar.

E COMO surgiu o interesse do senhor pelo exorcismo?QUANDO eu ainda estava no Seminário, os seminaristas se orde-navam nas tradicionais “Ordem Menor”, hoje já extinta. E eu me ordenei, em 1970, no Exorcismo. Porém, nunca tinha exercido o ritual, fato que só acontecera anos depois quando o arcebispo da Arquidiocese de Natal, dom Heitor de Araújo Sales (1993-2003), me nomeou como exorcista da Diocese.

O SENHOR sabe quantos exorcismos já fez?PERDI a conta. Por onde eu chego as pessoas sempre pedem para eu fazer o ritual, mas nem sempre elas estão possuídas. Há casos muito marcantes, dos quais não me esqueço pela riqueza de deta-lhes. O que mais me surpreende até hoje é a astúcia do Satanás sobre as pessoas.

“Ele ilude, enfeitiça”Padre José Mário Medeiros tem 70 anos e é natural de Caicó, região do Seridó potiguar. Ordenou-se padre em 1970 e há mais de 10 anos realiza as orações de exorcismo, convocado pelo bispo de Natal.

O ritual de exorcismo1º PASSOO padre faz aspersão de água benta sobre a pessoa possuída.

2º PASSORealiza a leitura de textos da bíblia

3º PASSOO exorcista põe a mão na cabeça do possuído e invoca o Espírito Santo para que o demônio se desaproprie do corpo

4º PASSOPara encerrar o ritual, o sacerdote apresenta a cruz, como poder de Cristo sobre o Diabo

>> Mais: Apenas os sacerdotes autorizados podem fazer o ritual e em ambientes fechados. Porém, devido ao reduzido número de padres exorcistas, a Igreja autoriza o ritual coletivo.

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Quando foi criado, há 12 anos, o Jornal De Fato tinha o propósito de mudar a perspectiva da notícia no Oeste, mas acabou transformando o mercado regional e ganhando o Estado

Um jornal para um novojornalismo

Uma ideia na mão e uma pergunta na cabeça. Foi assim que nas-ceu o JORNAL DE FATO. Quando o jornalista César Santos de-cidiu abrir uma redação, ele não queria apenas editar notícias, queria implantar um novo modelo de jornalismo no Estado a partir de Mossoró. Contudo, para concretizar esse projeto, pre-

cisava responder uma questão básica a qualquer empreendedor: como supe-rar a concorrência? E foi justamente a resposta dessa pergunta que o colocou à frente do mercado regional logo no início do projeto.

O JORNAL DE FATO arrebatou os leitores desde a primeira edição, mesmo tendo poucas páginas e tiragem semanal. A primeira capa, publicada no dia 28 de agosto de 2000, trazia duas situações distintas e paradoxais. No topo, uma pesquisa para a sucessão municipal e, no centro, a foto de um garoto comendo uma fruta em pleno lixão, reproduzindo, fielmente, a poesia de Ma-nuel Bandeira: o bicho, meu Deus, era um homem. Essa atitude editorial de-terminou, daí por diante, que tipo de jornalismo o DE FATO se propunha a fazer.

Na primeira informação, o jornal não apenas reproduzia os números da sondagem, mas ele próprio tinha encomendado a pesquisa assumindo o papel de mediador social. Isso não só fomentou o interesse pelo produto como tam-bém o credenciou junto aos leitores ao admitir sua parcela de responsabilida-de como partícipe das atividades públicas. A matéria secundária, embora chocante, recriava uma nova perspectiva sobre o banal e permitiu a humani-zação da notícia a partir do olhar do repórter. A imagem do fotojornalista Carlos Costa recontou o cotidiano com outros olhos e, mesmo que contivesse violência, estava muito distante das fotografias sangrentas das páginas policiais que, até então, eram regra para vender jornal.

César Santos queria ser jogador de futebol profissional até ser apresentado pelo irmão, Phabiano Santos, ao jornalismo, quando ainda era editor do jornal O Mossoroense, isso em 1985. De lá para cá, não deixou mais o traçado. Na década de 1990, passou pelo jornal Gazeta do Oeste, onde atuou na maioria das editorias até chegar a chefe. No ano 2000, viu uma lacuna no jornalismo potiguar e montou seu próprio jornal.

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O tempo de uma gestação foi o que durou desde a pri-meira edição semanal em 2000, até a primeira tiragem diá-ria no dia 23 de maio de 2001. O JORNAL DE FATO então amadurecia e ganhava outra forma com o novo projeto grá-fico do diagramador Augusto Paiva. Também ganhava fôle-go e outras mãos. Nessa nova etapa, assumiu a editoria o jornalista William Robson, que trouxe na mochila outros projetos que se tornaram fundamentais para ampliar a abrangência do novo diário. Como a criação da revista Do-mingo e dos cadernos Mulher, Drible e Total, que ampliaram a abrangência e o alcance do jornal.

A aceitação foi imediata, tanto que, um ano mais tarde, o Jornal De Fato deu outro passo audacioso e se tornou o primeiro do interior do RN a utilizar cores na capa. Hoje, 12 anos depois, tudo está diferente, começando pelo núme-ro de colaboradores. No começo, eram 15 pessoas para fazer tudo, da redação à distribuição, agora, já são mais de 100. A única coisa que não mudou foi o caráter inovador que, por gravidade, influencia diretamente na estrutura externa do mercado de notícia da cidade e região.

Fazer moda ou ditar regras no mercado nunca foi o propósito de César Santos, mas ele acabou realizando faça-nhas talvez não imaginadas para uma empresa desse ramo, sobretudo por estar fora da grande Natal. O JORNAL DE FATO não foi pioneiro apenas em ampliar a visão jornalísti-ca ou a publicar em cores. A empresa nasceu com um dife-rencial inédito no Rio Grande do Norte: foi o primeiro jornal potiguar aberto por um jornalista e não por um político.

A gestação do diário

Sua Vida Mulher

Caderno semanal de variedades sobre o compor-tamento da mulher e assuntos de seu interesse. O projeto foi lançado em 27 de agosto de 2006 e tem no comando a jornalista Janaína Holanda.

Drible

Suplemento semanal que trás o resumo e a opinião sobre o esporte da região e do país. O projeto é de responsabilidade do jornalista Marcos Santos.

Total

O caderno diário destaca os assuntos de cultura, literatura e arte, enfocando os acontecimentos locais e nacionais. Na frente está o editor-geral William Robson.

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Inovação

O JORNAL DE FATO foi pioneiro e continua sendo o único de Mossoró e um dos únicos do Estado a utilizar a infografia elemento complementar das reportagens. O designer Neto Silva trabalha exclusivamente para, li-teralmente, desenhar a notícia.

A primeira capa do Jornal de Fato

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A valorização da reportagem sempre colocou o JORNAL DE FATO à frente da concorrência. Diversos prêmios foram conquistados a partir do trabalho minucioso dos jornalistas que foram a fundo na investigação dos fatos. Duas reporta-gens são consideradas base para a consolidação da credibi-lidade do Jornal no mercado potiguar. A primeira delas foi a investigação sobre o desvio de uma adutora por um secretá-rio do próprio Governo do Estado. O caso, ocorrido em 2000, ficou conhecido como “escândalo das adutoras” e mesmo ainda sendo semanal, o JORNAL DE FATO pautou o resto do Estado e foi parar em rede nacional. O apresentador Bóris Casoy passou uma semana repercutindo o fato. A reportagem

da jornalista Katiana Azevedo obrigou o governo a tomar medidas enérgicas para evitar os desvios.

Nos anos de 2004 e 2006, as reportagens “Trabalho Infantil Doméstico” e “Meninos do Semiárido”, na revista Domingo, realizadas pela jornalista Janaína Holanda, volta-ram a destacar o JORNAL DE FATO em âmbito nacional. Os dois trabalhos ficaram entre os finalistas do Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, concorrendo com veículos de todo o Brasil, incluindo as grandes corporações. O resultado social disso é que depois da participação no prêmio, o Instituto Airton Senna ampliou o número de crianças atendidas em Mossoró.

Reportagens especiais

Domingo

A revista Domingo, de tiragem semanal, foi mais um projeto inovador para o jornalismo mossoroense. A ideia nasce com a chegada de William Robson no JORNAL DE FATO e se torna um dos principais produtos logo nas primeiras edições, atraindo diversos prêmios e colecionadores. Focada na reportagem, Domingo aborda temas mais gerais de maneira analítica, mantendo viva a proposta de humanização da empresa jornalística. As primeiras a editar a revista foram as jornalistas Daiany Dantas e Afra Valle, em 2002, mas desde 2003 a editoria está nas mãos da jornalista Izaíra Thalita. Outros profissionais como Janaína Holanda, Sandra Monteiro, Higo Lima e Paulo Sérgio Freire também assumiram o posto interinamente ao longo deste percurso.

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Quando a era da tecnologia exigiu que o jornal saísse do papel, o DE FATO voltou a pensar diferente. Não bastava apenas adequar a home page, era preciso criar um espaço ousado que permitisse uma reconfiguração do jornalismo, baseado nas novas tecnologias de comunicação, que fosse capaz de atender a sociedade midiatizada, movida pelos dis-positivos tecnológicos. “Não existe um suporte próprio para o jornalismo, ele sempre se apropria dos suportes disponíveis, como fez com o papel, o cinema e agora a internet”, explica o editor-geral William Robson, que está à frente dessa trans-formação.

A ideia de um portal que abrisse o leque da empresa para o mundo começou a ser discutida há algum tempo e passou a ganhar corpo em setembro de 2011. Em fevereiro de 2012, o Defato.com começou a virar realidade, e no mês de maio, já estava disponível na internet. A proposta não apenas bateu a concorrência na região de Mossoró, como

também superou e passou a concorrer diretamente com ou-tras empresas mais antigas do Estado. “A recepção do pro-jeto ocorreu como pensávamos, mas o número de acessos está acima do esperado”, comemora o editor. Além disso, segundo o diretor César Santos, não houve nenhuma retra-ção nas assinaturas do impresso, mesmo tendo sido dispo-nibilizado de graça no on-line. “Temos uma média de seis mil acessos por dia só no flip e, mesmo assim, continuamos ven-dendo o impresso”.

Para Willian, esse modelo de jornalismo está se tor-nando o novo nicho de mercado para as empresas do setor, mas ela exige uma metamorfose do jornalista. “O jornalista entender que o leitor não pode esperar pelo dia seguinte”, explica. De acordo com ele, com a convergência das mídias, a empresa deixa de ser um jornal impresso e passa a ser uma central de notícias que passa a pensar na melhor maneira de divulgar a informação.

Willian Robson está à frente de muitas das grandes transformações do JORNAL DE FATO. Com carta bran-ca, ele criou algumas das principais ferramentas que estão à disposição dos leitores e tem carregado com dedicação a missão de informar com qualidade. Para ele, a mudança no jornalismo não acontece de forma natural, precisa de muito trabalho e não se deve apenas à percepção, mas também aos estudos teóricos. Para César Santos, o jornalismo on-line não se estabiliza sozinho, ele precisa de uma marca consolidada. “Se a marca não for forte, o on-line também não vinga”, en-fatiza.

Estar na internet não é suficiente para uma empresa séria que tem um projeto de comunicação. Por isso, Mos-

soró ficou pequena para o jornalismo do DE FATO, que decidiu abrir a primeira sucursal em Natal, com foco no on-line. A missão incorporou outros profissionais à equi-pe e rendeu resultados positivos. “Natal é uma caixa de ressonância, mas chegamos aqui para somar”, esclarece César Santos.

De acordo com ele, o futuro do DE FATO é ampliar a possibilidade da notícia e aproveitar todas as mídias dis-poníveis, permitindo mais agilidade e interatividade. A proposta é deixar o jornal cada vez mais na palma da mão do leitor. “Vamos ampliar a presença nas duas pontas: impresso e on-line, investindo em aplicativos para tablets, criando nossa web rádio e profissionalizando a TV DE FATO”, conclui César Santos.

O on-line e a transformação do jornal

É preciso ficar atento

Site do Jornal de Fato: conteúdo de qualidade com rapidez

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DomingoPrêmio José Martins de Vasconcelos (UERN/2005)Prêmio Mão Amiga Sobre o Meio Ambiente (Ong DNA/2007)Prêmio Fapern de Jornalismo Científico (Fapern/2008).Entre as cinco melhores do país no Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo (2004/2006)

Caderno Especial Novas EnergiasPrêmio Fiern de Jornalismo (2008)

FotografiaRepórter-fotográfico Fred Veras.Leica-Fotografe (2009) – Prêmio Fiern de Jornalismo (2008) BNB de Jornalismo (2009) 2º Lugar no Prêmio de Fotografia da Secretaria Nacional Antidrogas.

Repórter-fotográfico Marcos Garcia.

Prêmio Dorian Jorge Freire (2008)

Outros:Prêmio BNB de Jornalismo – categoria reportagem – (2005) Dorian Jorge Freire – categoria reportagem – (2007/2008) Jornalista Amigo da Criança – (ANDI/2005)Jornalista Cidadã – (Companhia TerrAmar/2006)

Investimento SocialProjetos Sociais do Jornal De Fato.De Fato em Ação: Um dia de Cidadania com atendimento ao público e realização de serviços básicos.Formando Novos Leitores: espaço dentro da Feira do Livro de Mossoró com cursos, palestras e lançamentos; mantém relação direta com escolas na formação do novo público leitor;

VOTAR – Seminário Político de Marketing Eleitoral: O evento reúne grandes nomes da política e do marketing eleitoral discutindo estratégias e ações para as campanhas.

Prêmios

O JORNAL DE FATO é um dos jornais mais premiados do Rio Grande do Norte. Para se ter uma ideia, na primeira década dos anos 2000, a empresa ganhou mais prêmios que todos os outros jornais do Estado.

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Subliteratura

Nunca se entenderam. O pai ti-nha um desgosto profundo. Aos dois filhos, nunca deixara faltar nada. O velho, formara-se em

Direito quando a faculdade nem existia em sua cidade, esquina da América do Sul. Dedicara-se aos estudos, recebera o diploma em Recife (PE), fora assistente de promotor público, mais tarde juiz, de-pois desembargador, até a aposentado-ria.

A um amigo e confidente, queixava-se de Gervásio, mais novo um ano do que Genário, crédulo e amigo, solidário e seu seguidor. Queria ser advogado para tra-balhar pelos mais humildes. No que me-xia com os nervos e o coração seco do irmão.

Gervásio sempre sonhara em ser um bacharel, adorava a pompa do nome, não iria jamais ser um tolo como o pai, que tantas vezes atendera a gente simples, até tarde, povo que descia o morro atrás de conselhos e de gestos do Doutor Jerô-nimo, ou Jeromo, no idioma da pobre-za. Que o pagava com galinha, pato, car-ne de charque.

Gervásio tinha ojeriza à comida, hono-rário pago por quem não tem dinheiro. O irmão se deliciava com o pai. Era o seu ídolo. Doutor Jerônimo queria os dois uni-dos, quem sabe sócios da maior banca da cidade. Nem pensar. Até ao futebol, iam separados.

Genário apertava-se por entre os ara-mes da geral, tantas vezes economizou o dinheiro do ingresso assistindo às parti-das do morro que emoldurava o estádio. Ele e a turma que descia à sua casa ou ao escritório do Doutor Jerônimo. Gervásio ficava nas sociais, ia todo vestido no li-nho.

Dependendo do resultado do jogo, os domingos terminavam em pancadaria. “Porco, imundo, se juntando à negrada! Assim você jamais arrumará uma mulher distinta, uma senhora de nível para ca-sar”. Assim era o palavreado da época. Usado por Gervásio contra o irmão.

Genário nem ligava. Ria da arrogância do irmão. Os amigos desconfiavam que um não tinha o mesmo sangue do ou-

tro. Água e óleo, vinho e azeite, Genário e Gervásio foram seguindo na vida. Um menos preocupado com o outro.

Gervásio queria saber tudo. Quanto o irmão ganhava, onde morava. Genário seguiu carreira jurídica. O pai já havia morrido quando ele passou no concurso de juiz. Foi trabalhar no interior, para onde seguia de ônibus.

“Idiota, imbecil!, um juiz com carro velho e andando de ônibus. Deus que me perdoe, mas este puxou mesmo a papai” , esperneava Gervásio, casado com uma mulher belíssima. Que o corneava, de acordo com os seus companheiros de uís-que, ele pela oitava dose, sem ouvir nada nem falar coisa alguma com nexo.

Também tornou-se advogado. Sua ri-queza era afrontosa e obscura. Seus clientes, ainda mais. Soltava traficantes. Mas frequentava colunas sociais. Os fi-lhos viviam no exterior. Os de Genário estudavam no mesmo colégio onde ele fizera o secundário. Gervásio e Genário não se visitavam.

Aos domingos de futebol, um ficava em camarote, rodeado de gente chique. Genário, rádio de pilha ao ouvido, na ar-quibancada. Gervásio e Genário passa-vam dos 45, chegavam aos 50 quando a Polícia Federal estourou a casa do esno-be.

Dólares remetidos ilegalmente ao ex-terior, dinheiro gerado por assaltos. O advogado que adorava um suspensório foi jogado à carceragem. “Tenho curso superior”, disse de dedo apontado a um policial, que alegou que a graduação era em bandidagem.

Meses depois, a mulher pediu divór-cio. Juntou escovas de dente com um dos seus melhores amigos. Sozinho, na cela, domingo, dia de clássico, Gervásio ouvia a partida em que o seu time, franco favo-rito, perdia para o de Genário.

O juiz do interior fora visitar o irmão. Chegou a vê-lo chorar e pedir perdão. Genário calado estava, mas não se negou ao abraço. Entregou-lhe de presente o livro Soberba, da Série Plenos Pecados. E, pela primeira vez, agradeceu pelo pai estar morto.

Sozinho, na cela, domingo, dia de clássico, Gervásio ouvia a partida em que o seu time, franco favorito, perdia para o de Genário. "

Rubens Lemos Filho

Rubens Lemos Filho é jornalista desde 1988. Foi repórter e editor dos principais veículos de comunicação de Natal, secretário de Estado de Comunicação Social e hoje é coordenador de Comunicação Social da Assem-bleia Legislativa do Rio Grande do Norte / Twitter: @RubensLemos, e-mail: [email protected]

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Desafiando ‘limites’

N unca gostei muito de correr, mas percebi que o problema mesmo era que eu não achava um objetivo na corrida e com isso não encontrava

motivação para continuar com a atividade. En-contrei então o problema, não foi difícil encon-trar a solução. Depois de tantos desafios que resolvi encarar neste ano de 2012 decidi que não seria problema acrescentar mais um. Parti para a ação!

Filosofando um pouco mais, acabei por tra-çar meu “perfil de atleta”, julgando ser algo importante para definir meus objetivos na cor-rida: gosto de competir com meus próprios resultados, do contato com a natureza, de so-lucionar problemas, de desafiar limites, da companhia dos amigos e nem precisa citar que sou iniciante na modalidade. Sabendo disto, o próximo passo foi achar uma competição que se encaixasse neste perfil e que ao mesmo tem-

COSTA JÚNIOR*

Saúde em Ação

po me desse tempo suficiente para treinar e não fazer feio. O resultado foi uma corrida no-turna de 9km em trilha e para apimentar um pouco mais resolvi instigar uma galera a me acompanhar.

Tudo certo, com treino devidamente ajus-tado, claro que não pude deixar de fora o bônus da coisa, o treinamento específico: pelo menos 2 vezes por semana tenho que treinar nas con-dições da competição. Escolhi de cara um es-tradão que conheço desde a minha infância, com natureza até onde a vista alcança e de quebra a companhia de um amigo de vez em quando.

No primeiro treino oficial, após a avaliação inicial, tive o privilégio da companhia de meu amigo e colega de trabalho Edgard Pereira, um cara que tem uma energia impar e que parece carregar-se em baterias alcalinas quando entra em contato com a natureza. Saímos às 5h da matina, esperando o Sol nascer assim que pu-séssemos os pés no estradão. Já vendo os pri-meiros raios, contemplando a natureza a nossa volta, nos deparamos de repente com um imen-so arco-íris atrás de nós, este veio anunciar o milagre anual do nordestino, estamos no perí-odo de chuvas de uma região quase desértica e esse ano foi daqueles em que a seca castigou do sul da Bahia até o sertão do Rio Grande. Mas lá estava ele para anunciar a redenção do ser-tão, denunciando a garoa que caiu na madru-gada para molhar a terra seca, dando um alen-to para aqueles que sobrevivem dela e para nós um cheiro bom durante o treino. Passamos pe-lo estradão, fizemos a última curva. Seguimos! Decida, subida, mais terra pela frente. Resol-vemos correr um pouco mais. Chegamos à mar-ca dos 7km apenas 3 dias após eu ter comple-tado meus "recordísticos" 5km da avaliação física. Essa é a diferença de se fazer as coisas com motivação! 9km me aguardem!

E quanto a você? Quais os seus limites? O que acha de fazer uma autoanálise e desenvol-ver em você o(a) atleta que está faltando? Não precisa ser 9km de corrida, pode ser 1km de natação, 10km de bike, 3 vezes por semana de musculação ou quem sabe participar do iron-man no Hawaii, da São Silvestre no final do próximo ano ou atravessar o Canal da Mancha. Seja o que for, faça!

* Educador Físico (CREF: 1014g/RN) e Personal Trainer Twitter: @costa_fit

O que acha de fazer uma autoanálise e desenvolver em você o(a) atleta que está faltando?

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GILDO BENTO*minutovisual

Velas arriadasOs barcos de pesca, ancorados na área da Costa Branca, ao fim de mais um dia. A pesca é a principal atividade econômica desta região do litoral do Estado

*Gildo Bento é repórter-fotográfico [email protected]: gildobentowww.gildobento.bogspot.com

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Email: [email protected]

Sempre fui apaixonada por biografias. Principalmente as que envolvem nomes da música. Tô lendo neste momento "Para Seguir Minha Jornada" de Regina Za-ppa, que conta histórias de vida de Chico Buarque de Hollanda. O livro é rico em fotos, fatos históricos e jornalísticos envolvendo o nome de Chico. Dos livros do passado, acho que posso destacar "As Brumas de Ava-lon" de Marion Zimmer Bradley, que mar-cou toda a geração 80. A saga do Rei Arthur contada sob a ótica das mulheres – e que

m

contextoindica Margot

Ferreira*

Livros

Passeio Cultural

Televisão

Meus passeios culturais passam pela gastronomia. Gosto de descobrir e visitar cafés e bistrôs. E se esses estabelecimen-tos vêm acompanhados de saraus poéticos e apresentações musicais, um tanto me-lhor. É o que acontece com o Nalva Melo Café Salão, na Ribeira, por exemplo. Além disso, costumo passear pelas ruas de Na-tal nas tardes de domingo para apreciar o que ainda resta da arquitetura original da cidade – algo que a expansão imobiliária verticalizada tem comprometido com uma assustadora rapidez.

Sou noveleira e tô adorando o remake de Gabriela, de Jorge Amado. Gosto também do roteiro e dos personagens de "Desperate Housewi-ves" do canal Sony.

• Canto do Povo de um Lugar (Caetano Veloso)

• Cruzada (Tavinho Moura/Márcio Borges)

• Noites do Sertão (Tavinho Moura e Milton Nascimento)

• Fantasia Barroca (Flávio Venturini)

• Foi no mês que vem (Vitor Ramil)

• Pra te lembrar (Nei Lisboa)

PLAY-LIST

Filmes

Livros

Tenho ido bem menos ao cinema do que gostaria. Mas se eu fosse citar um filme que marcou a minha vida citaria "Hair" de Milos Forman, que conta uma história de amizade verda-deira em tempos de guerra, em pleno movimento hippie nos Estados Uni-dos. Na época eu fazia teatro e tive-mos – eu e o grupo – que assisti-lo várias vezes para adaptar o texto pa-ra os palcos. A peça nunca foi monta-da por nós, mas valeu a experiência.

virou best-seller – levou mais de 20 anos para ser concluída. Tirando o misticismo é uma verdadeira aula de História, de Geo-grafia e, principalmente, de religião. Mas confesso que aos 18 anos, quando eu o li, toda a aura mágica envolvendo as poderosas mulheres do reino foi o que me atraiu. O italiano "Porcos com Asas" de Marco Radice e Lidia Ravera foi outro que marcou minha adolescência.

*Margot Ferreira é jornalista

Marion Zimmer Bradley, que mara geração 80. A saga do Rei Arthur sob a ótica das mulheres – e que

evisão

• À Segunda Vista (Valéria Oliveira/Luiz Gadelha)

• Virgem (Marina Lima/Antônio Cícero)

• In My Life (The Beatles)

• Your Song (Elton John)

• Maggie May (Rod Stewart)

• Só deixo meu coração na mão de quem pode (Fausto Fawcett/Kátia B)

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Quase no fim...

tá...entãoNeisa

Fernandes

PRONTO, FALEI! O aniversário dele é dia 31 de agosto, mas Chrystian de

Saboya vai comemorar no primeiro dia de setembro ao som “discotecante” de Lady Zu, Carlos Navas, além dos Djs Luis Couto e Pedro Lucas. No Olimpo Recepções em Natal.

Rolou mais uma festa para recordar os bons tempos da nossa cidade e dessa vez a “Mossoró das Antigas” aconteceu no Oba Restaurante, no último dia 10. A galera foi ao delírio ao som de José Orlando, Perfume de Gardênia, Cantarerê, Dj Lenilton Jr. e Netinho. Perdeu? Sem problema, em janeiro vai acontecer o “Verão das Antigas” em Tibau. Voltarei trazendo novidades, ok?

Wanderlânia Lima prepara mais uma festa de sucesso para comemorar o aniversário da sua coluna “Na Berlinda”. Fé é o título do evento que acontecerá no Requinte Buffet no dia 22 de setembro. Renata Falcão, Radiola Club, I’m Not Cat Now, Salsalada e Dj Balinha animarão a festa. Programe-se e vai na fé.

A doce amiga Doriana Burlamaqui dirá sim ao amado André Cirne no dia 9 de novembro, em Mossoró, numa noite cheia de emoção ao lado de familiares e amigos. Felicidade aos noivos.

[email protected]

E a cegonha resolveu pousar mais uma vez na casa dos amigos Erika e Diego Barros. Agora é esperar para saber se José Luiz vai ganhar uma irmãzinha ou irmãozinho. Parabéns aos papais!

E quem já está nos últimos meses de gestação é a arquiteta Kelly Moraes. Sempre linda, a morena aguarda a chegada de seu herdeiro ao lado de Christiano Tito, ansiosa e muito realizada!

Quando 2013 chegar é a vez dos queridos Everton Diniz e Andrea Freitas subirem ao altar. Os papais da noiva, Neto e Danusia Freitas, já nos preparativos para o grande dia da sua filhota.

A Feira do Livro de Mossoró deste ano aconteceu na Expocenter e recebeu um grande público interessado nas palestras e lançamentos das editoras. Um dos palestrantes foi o compositor e arquiteto Humberto Gessinger, ex-integrante da Banda Engenheiros do Hawaii. Muitos elogios em torno da feira deste ano. Parabéns ao jornalista Hilder Medeiros e toda a sua equipe.

Dia 17 de agosto foi um dia especial para Paulinha Fernandes, filha de Wilne Magali e Paulo Almeida, que disse sim ao noivo Kelvin Dournay em Mossoró. Felicidades aos noivos, que residem na França.

Sempre que chegamos em agosto dá aquela sensação de que o ano já está no final, mas nem é verdade, já que ainda temos quatro meses para por em prática tudo aquilo que ainda não conseguimos e que no final do ano anterior planejamos fazer. É que nós temos mania de adiantar as coi-sas, pode ser que seja ansiedade.

Para mim agosto é o mês termômetro. Vou explicar: Já percebi que quando um ano está sendo bom, cheio de re-alizações, eu nem me lembro da pro-ximidade do seu fim, mas se for ao contrário, o mês de agosto é “prato cheio” para começar a contagem re-gressiva para o ano que vem. Com você também é assim? Repare... A

verdade é que ainda estamos no mês oito do calendário e que real-mente está mais perto do fim. Va-mos produzir, trabalhar e chegar ao final do ano mais leves, com a sensação do dever cumprido. Os ventos tão característicos do mês podem estar a favor sim, então va-mos aproveitar?

Wanderlânia Lima se prepara para desfi lar a sua FÉ no dia 22 de setembro pelos salões do Requinte Buff et

Um brinde ao sucesso da NOITE BRANCA 2012 em Caicó: Bárbara, Lucineide, Andréa Araújo, Neile, Maísa Batista e Júlia

Foto: Facebook Foto: Site Kurtição

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@vladimirvidalAlgumas coisas na vida sempre foram e sempre serão chatas independente de qualquer coisa. Como uma espinha no buço. (Vladimir Vidal – Publicitário) @alexmedeiros59 O namoro surgiu com Adão e Eva, já o presente foi inventado pela serpente, que era publicitária e atendia a conta do Éden. (Alex Medeiros – Jornalista) @lu_ubarananão que interesse, mas acho que o Dr. Ray é exatamente o Brasil: falsamente americanizado, histérico, exagerado, sem noção e vergonhoso. (Luciana Ubarana – Nutricionista)

@HitBoyA turma que aposta no Jogo-do-Bicho passou a desconfiar da honestidade do resultado quando soube que bicheiros se relacionavam com políticos (Alexandre Nascimento – Advogado)

@CaioFAbreuCitouComece, ironicamente, seguindo o conselho de quem deixou de te amar: Cuide de você. (Caio Fernando Abreu – Escritor)

@pamirandaFidelidade, aquele super-poder que poucos humanos têm. (Paulo Augusto – Desenhista)

@cristiano_nilo Há 2 palavras que abrem muitas portas: Puxe e empurre. (Cristiano Nilo – Estudante de Direito)

@TurbayJunior Não existe ressonância pra ver pensamento, portanto cada um pensa o que quer, e expressa como quiser (Turbay Júnior – Jornalista e blogueiro)

DEU NO TWITTER!

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Os noivos de agosto Paulinha Fernandes e Kevin Dournay

Mossoró das Antigas - Ivana Linhares, Eduardo Falcão, Lenilton Júnior e Danielson Santos

As belas da noite Priscyllianna Gondim, Sandra Barreto, Luciana Sivini e Doca Fernandes

Pelas lentes de Ricardo Lopes, Maria Fernanda, Mell e Fernanda Bessa

Olhos nos olhos - Erasmo Carlos (Tio Colorau) e sua linda esposa Chrristianne Alves no dia do "sim"

Ubiranilson Fernandes, descansando em suas merecidas férias pela Europa

“Acredito que nessa época seja uma minoria que realmente esteja usando as redes sociais, principalmente pela falta de tempo dos que estão em campanhas. Acredito que as assessorias é que estejam no ‘comando’, mas acho sim que uns usam com muita coerência, enquanto outros realmente, ao invés de buscarem soluções, dar sugestões, preferem mesmo é criticar os que são oposição e seus projetos!”

“Acho que alguns candidatos estão utilizando de forma razoável o twitter. Acho errado quando o candidato transforma o perfil pessoal dele no perfil oficial da campanha, e com isso o candidato perde um elo importante de comunicação com o eleitor.”

JANAÍNA VALE É PROFESSORA

ALEXANDRE RÊGO É ENGENHEIRO CIVIL

DIGA AÍA “Então Tá...” fez a seguinte pergunta: Na sua opinião, as redes sociais estão sendo bem utilizadas pelos candidatos, durante essa campanha eleitoral? DIGA AÍ!

Foto: Pacifi co Medeiros Foto: Facebook

Foto: Instagram

Foto: Facebook

Foto: Facebook

Foto: Ricardo Lopes

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Vitrine contexto

O decorador do Stand Edilson Nery, que inovou com a árvore das notícias

Colunista do Jornal de Fato, Marilene Paiva, fi gura presente na Feira

Equipe de Joalda Cabelos sempre presente nos eventos do De Fato

Rilder Medeiros, idealizador da Feira do Livro de Mossoró

Jornalista Osni Damásio, da Ofi cina da Notícia, também curte o De Fato

O poeta e professor Chico Alves, curtindo o DeFato.com

O jornalista Carlão de Souza, da Tribuna do Norte, veio conversar sobre jornalismo Literário

Sarah Cardoso, repórter da Inter Tv Cabugi, dando uma pausa no stand do De Fato

O advogado Wagner Araújo e a assistente social Jordana Gurgel visitando o stand do DeFato

Ana Kelly também curte o DeFato

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No ínicio do mês, aconteceu em Mossoró a 8° Edição da Feira do Livro.O JORNAL DE FATO com o seu projeto Formando Novos Leitores recebeu vários convidados para consagrar mais um ano de sucesso!

Depois de participar de ofi cina, Noelli Magna e Maria Cecíliaencantam no nosso stand

Joãozinho Escóssia também curte o DeFato

O poeta Caio César Muniz também nos visitou

Os professores Paulo Fernandes, Regiane de Paiva e Paulinho Silva

Publicitário Nilo Thiago com a noiva Moniky Rodrigues, que participou de palestra no Formando Novos Leitores

A cantora Nataly Vox encantando na Feira do Livro

O historiador Kidelmyr Dantas bateu muito papo durante a Feira

Gustavo Luz representando a editora Queima Bucha

Jornalista Sabatta Raquel visitou o stand do De Fato

A consagrada atriz Tony Silva sempre se apresentando na Feira

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