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CONTINUIDADE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER RUBENS SILVIO GERMINHASI ESPÍRITOS DIVERSOS

CONTINUIDADE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER …Desencarnação: 09 de junho de 1984 Idade: 15 anos ESCLARECIMENTOS: PAIS: Fernando Kerr a Campos e Regina Helena Freitas Kerr Amaral –

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CONTINUIDADE

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

RUBENS SILVIO GERMINHASI

ESPÍRITOS DIVERSOS

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ÍNDICE

CONTINUIDADE ............................................................................... 3

FAMÍLIA D’UTRA DE CSTRO ......................................................... 4

FAMÍLIA GINJO ............................................................................... 7

FAMÍLIA FREITAS CAMPOS ........................................................ 12

FAMÍLIA MACHADO PINTO ........................................................ 18

FAMÍLIA MANO JÚNIOR ............................................................. 28

FAMÍLIA MARTINI ......................................................................... 32

FAMÍLIA ROSSATI LEMES ......................................................... 38

FAMÍLIA SILVA PARAIZO ............................................................ 44

FAMÍLIA TOMAZ DE OLIVEIRA .................................................. 49

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CONTINUIDADE

Emmanuel

Amigo Leitor.

Se a dificuldade e a provação constituem traços

predominantes sem eu caminho não te revoltes nem admitas que o

desânimo te assopre aos ouvidos alguma sugestão infeliz.

Atente aos deveres que te competem e prossegue em tua

jornada renovadora.

Problemas pertencem a todos as vidas na senda da

evolução.

Lembra-te: Uma pessoa que traga consigo a paz da fé em

Deus mesmo cansada ou doente se tem o prodígio da boa-vontade

para com o próximo, seguirá para frente, trabalhando e servindo, por

muitos quilômetros.

EMMANUEL

Uberaba, 13 de setembro de 1990.

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FAMÍLIA D’UTRA DE CSTRO

JOMAR D’UTRA DE CASTRO

Nascimento: 26 de maio de 1974

Desencarnação: 15 de abril de 1981

Idade: 7 anos

ESCLARECIMENTOS:

Pais: Sebastião de Castro e Denise de Almeida d’Utra de Castro,

residentes no Rio de Janeiro – RJ.

Irmãos: Patrícia d’Utra de Castro; Ana Paula d’Utra de Castro.

Avó: Herondina de Almeida d’Utra, materna.

Bisavó: Mariana Dias de Almeida, materna, desencarnada em

27.04.1956.

-COMENTÁRIOS-

O que nos diz Dona Denise de Almeida.

“Desde o seu nascimento, Jomar apresentava problemas

relacionados à sua saúde”.

Aos 15 dias do seu nascimento, foi vitimado por um abscesso na

face esquerda.

Após exames necessários a doença foi diagnosticada:

neutropenia crônica-congênita.

Aos quatro anos precisou ser internado numa clínica para

tratamento de pneumonia, envolvendo sérias complicações.

Recuperou-se, em 1980, aos cinco anos, foi novamente

acometido pela mesma moléstia, sendo na ocasião submetido a uma

intervenção cirúrgica cardíaca, também com várias complicações.

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Em 12 de abril de 1981, brincando no quintal da casa de uma

amiga, levou um tombo, ralando superficialmente o joelho,

sobrevindo também sérias complicações, agora, irreversíveis, que o

levaram à desencarnação no dia 15 de abril de 1981.

Cursava a classe de alfabetização.

Gostava de freqüentar a escola onde tinha vários amiguinhos,

relacionando-se muito bem com os mesmos e com a professora.

Jomar gostava sempre de fazer perguntas relacionadas à religião,

como por exemplo:

Como é o Céu?

Como é Deus?

Eu não gostava e não sabia responder e, nessas ocasiões,

procurava mudar de assunto.

Intimamente eu pressentia que Jomar não ficaria comigo por

muito tempo.

Três dias antes de desencarnar, ele aproximou-se de mim e disse:

-Mãe, eu sei que você não gosta de falar nisso, mas me responda

só uma coisa:

O que é anjo da guarda?

Respondi, rapidamente:

Anjo da guarda é o anjo que protege a gente. Agora vá brincar.

Respondeu-me: Ah... E foi brincar.

Assim foi, em poucos detalhes, a presença de nosso filho na

Terra.

Antes de passar por todo esse drama que se abateu sobre a nossa

família, jamais passou por nossas mentes visitar a cidade de Uberaba

e, particularmente, conhecer o médium Chico Xavier.

Motivados por essa dor formos de encontro ao querido médium.

Ao receber a primeira mensagem de nosso querido filho,

sentimo-nos mais confiantes e mais esperançosos, pois estávamos

chegando à Doutrina Espírita que muito nos tem ajudado a prosseguir

e compreender que a vida prossegue aguardando-nos o futuro para

novo reencontro.

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Muito devemos a Francisco Cândido Xavier, não só pela

mensagem, mas por tudo o que ele representa às almas carentes, como

nós, dos ensinamentos de Jesus.

Com paciência, resignação e a confiança em Deus, temos a

certeza de que, se for permitido, Chico Xavier estará sempre a

oferecer esse consolo como enviado de Deus a este Planeta, sem

desconsiderar o esforço e abnegação de muitos outros médiuns,

trabalhadores na Doutrina Espírita.

MENSAGEM DE: JOMAR d’UTRA

Querida mãezinha Denise e meu querido papai Sebastião, a

vovó Mariana me trouxe para dizer-lhes que estou muito forte,

crescendo em vida nova.

Mãezinha Denise, não se aflija lembrando a minha queda, em

que me feri o joelho. Tudo devia ser como aconteceu.

O corpo frágil, sem defesa, era aquele mesmo de que eu

precisava para valorizar a vida.

Agora, querida Mamãe, tudo mudou.

Estou mais forte e não acredite que o seu carinho me pudesse

afastar da provação que era minha, em permanência curta no lar de

nossas alegrias.

Sempre que possível retorno a vê-la em nosso ninho feliz da Rua

Tenente Cleto Campelo, em nossa ilha de trabalho e de paz.

Envio muitos abraços às irmãs queridas e desejo dizer à vovó

Herondina, que a vovó Mariana e ela se confundem - nos mesmos

gestos de bondade e na mesma luz de amor.

Querida mamãe Denise e querido Papai; fiquemos nós todos

com Deus nos corações e recebam muitos beijos do filho sempre grato

e que espera crescer em boas experiências na vida renovada para que

lhes possa, um dia, ser útil tanto quanto desejo.

Muito carinho e gratidão do filho que tanto lhes deve.

Jomar

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FAMÍLIA GINJO

AVELINO GINJO

Nascimento: 29 de julho de 1918

Desencarnação: 12 de março de 1978

Idade: 60 anos

ESCLARECIMENTOS:

Esposa: Lídia Ginjo – residente em São Paulo - SP.

Ana Coelho: Sogra, desencarnada em 1951.

Manoel Coelho: Sogro

Avelino Ginjo Filho: Filho

José Manoel Ginjo: Filho

“... normalizar os problemas que fui constrangido a deixar...” –

Refere-se à compra de um imóvel, seis meses antes de seu

falecimento, ainda com inquilino, que não havia sido regularizado.

-COMENTÁRIOS-

Para dizer com mais propriedade quem era esse amigo;

fomos buscar depoimento feito na Folha Espírita de São Paulo,

numero 73 – abril de 1980, nas palavras do ilustre Dr. Freitas Nobre:

“AVELINO GINJO, O COMPANHEIRO”.

Sinto-me na obrigação de prestar este depoimento sobre a

figura inesquecível de Avelino Ginjo, repórter - fotógrafo com o qual

trabalhei no Jornal da Manhã, e em vários outros diários paulistanos.

Cheguei a São Paulo com 15 anos de idade e, de imediato, passei

a procurar trabalho.

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No Diário da Noite, fui entrevistado pelo então repórter

Maurício Loureiro Gama e, a entrevista, em manchete de página

inteira, ajudou-me a procurar emprego em jornal.

No dia seguinte, estava empregado como repórter no Jornal da

Manhã, onde encontrei Avelino Ginjo, já prestigiado na classe e no

próprio jornal em que trabalhava.

Desprendido, preocupado apenas em servir, quando o aperto era

maior, ele me emprestava um pouco do pouco que ganhava, pois meu

salário era baixíssimo, talvez em razão da idade.

Guardo uma lembrança muita querida dos vários anos em que

trabalhamos juntos, em vários jornais paulistanos, eu escrevendo e ele

fotografando.

Sua figura de jornalista e de cidadão, de amigo e de

companheiro, cresce no tempo, na lembrança e na saudade.

Agora, que através da psicografia de Chico Xavier ele volta ao

diálogo com sua família, alegro-me porque sei que simplicidade, sua

fraternidade, seu carinho de amigo, lhe permitem colher as flores que

espalhou em vida e os frutos sazonados de tanto bem que plantou no

caminho de sua existência terrena.

Freitas Nobre ““.

Pequeno relato de sua vida profissional:

Profissional de imprensa com 40 anos de atividades.

Trabalhou em 1939, no Jornal da Manhã, Departamento

Estadual de Informações, onde se destacou o principal fotógrafo.

Jornal Trabalhista, cujo setor fotográfico foi organizado sob sua

orientação.

A Noite de São Paulo.

A partir de 1959, chefiou o Departamento Fotográfico do

Serviço de Imprensa do Governo do Estado.

Conselheiro do Museu de Imagem e Som do Estado. Recebeu

numerosos prêmios fotográficos, um dos quais pelas fotos que fez

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durante a chegada dos integrantes da FEB que combateram na

Segunda Guerra.

Muitas personalidades estrangeiras que visitaram São Paulo;

foram por ele fotografadas.

A Prefeitura de São Paulo, na gestão do Prefeito Olavo Setúbal,

deu seu nome à Rua 3, do Jardim Marisa, em Pirituba.

A Câmara Brasileira do Livro; instituiu o prêmio Avelino Ginjo,

atribuído à melhor fotografia publicada sobre a V Bienal Internacional

do Livro.

“Dados extraídos da Folha Espírita de São Paulo”.

A família inconsolada pela sua desencarnação; foi ao Chico

Xavier desejando encontrar uma resposta às suas preces. O objetivo

foi alcançado.

Neste elo verdadeiro de carinho e amor que encontrou em Chico

Xavier, expõe o seu sentimento para que as mensagens contidas neste

livro possam dar forças a quem necessite e, com muita gratidão, o seu

muito obrigado a FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.

MENSAGEM DE: AVELINO GINJO

Querida Lídia; Deus nos proteja.

Venho ao seu encontro com o objetivo de agradecer ao seu

carinho de companheira, o tesouro de amor que recebi de sua

dedicação, com o mínimo de recursos para retribuir.

Querida, não julgue, haja na morte do corpo qualquer expressão

de esquecimento. Lembro-me das menores minudências de nosso

convívio e a memória está quase que fixa nas preces que formulo ao

Mais Alto, rogando bênçãos de paz e saúde, tranquilidade e alegria

para você e nossos queridos filhos. Sei que retornei à Vida Verdadeira

quase que de improviso e quero manifestar-lhe a minha gratidão pelo

devotamento e serenidade com que você me auxiliou a normalizar os

problemas que fui constrangido a deixar sem a devida solução.

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Creia que a sua família, igualmente minha pelo coração, me

acolheu com a ternura de antigo parentesco.

A sua querida avó Ana; fez-se minha segunda mãe e seu pai

Manoel Coelho tem sido para mim um apoio de valor inexcedível.

A princípio, sabe você que não poderia reconhecer-me por aqui,

sem lastimar a vinda rápida e compulsória.

O homem na Terra acredita que o momento terminal da viagem

na experiência física, certamente nunca chegará e, por isso, devem ser

muito raro os que chegam aqui, sem esse espanto angustiado de que

me vi possuído quando reconheci que o meu campo de vivência se

alterara de maneira sensível.

Felizmente, as dificuldades foram passando e preciso dizer que a

sua coragem, muitas vezes, foi a minha resistência para que o meu

reajuste à vida nova se processasse com segurança.

Sei que tem lutado bastante para reerguer as forças do nosso

Avelino.

Querido filho; impressionado com o inevitável, rogo a você

dizer-lhe que estou bem e que espero delo e do nosso querido José

Manoel a justa fidelidade aos estudos, na preparação dos dias que hão

de vir, dias em que eles também, na condição de homens feitos, serão

compelidos a facear os problemas que nós dois tantas vezes

resolvemos juntos.

Creio que o seu entendimento com os nossos rapazes, no alicerce

destas palavras que lhes dirijo, trará o efeito que desejamos.

Querida, os filhos são sempre os reflexos de nós mesmos,

especialmente quando crianças ou quando se encaminham para a

juventude. Alguém poderá acusar-nos por havê-los mimado com o

nosso amor, entretanto, ambos; estamos tranqüilos, porque a nossa

edificação a eles se,pré se baseou no imenso desejo de vê-los felizes.

Querida Lídia; não posso ser mais extenso.

Amigos que me auxiliam convidam-me a observar a minha ficha

de tempo e devo terminar.

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Muito carinho aos filhos sempre queridos e guarde em seu

coração a confiança total e o invariável amor de todos instantes, do

esposo e companheiro que vive ao seu lado, pelos fios do pensamento.

Gratidão e afeto constantes do esposo sempre seu;

Avelino Ginjo

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FAMÍLIA FREITAS CAMPOS

CHRISTIAN W. FREITAS CAMPOS

Nascimento: 21 de outubro de 1969

Desencarnação: 09 de junho de 1984

Idade: 15 anos

ESCLARECIMENTOS:

PAIS: Fernando Kerr a Campos e Regina Helena Freitas Kerr Amaral

– residentes em Santos – SP.

Irmã: Paola Rossi Kerr Freitas Campos

Vovó Francisca: Materna, desencarnada quando Christian ainda era

bebê.

Vovó Maximínia: Avó por afinidade. Desencarnada.

Paulo Júnior: Amigo que estava na moto por ocasião do acidente.

- COMENTÁRIOS –

Em círculo de muitos amigos e em idade de plena

felicidade. Christian construía seu castelo de sonhos. Seu mundo

encantado era projetado através da pintura, da leitura e de viagens que

se completavam ao sabor de sua vontade.

Vivia feliz. Seu coração vibrava com os computadores. A todo

instante procurava a aprovação de sua mãe para que lhe

proporcionasse possibilidades de formar-se num curso de computação

eletrônica.

A mãe percebendo seu entusiasmo incentivou-o.

Lamentavelmente, o tempo para iniciá-lo não lhe foi suficiente.

Cursava o Colégio Objetivo.

Certa manhã, sempre feliz, propôs à mãe um passeio de

motocicleta. Com alguns problemas em casa ela hesitou por instantes,

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mas para não querer apagar o brilho de sua alegria aceitou com a

condição de segui-lo andando.

Christian concordou. Convidou um amigo para acompanhá-lo.

O passeio iniciou-se.

Os dois rapazes, na moto em velocidade bem moderada para não

perder dona Regina de vista, estavam tranqüilos.

Aproxima-se um caminhão em alta velocidade e, em seguida,

um barulho horrível se fez ouvir.

Pessoas deslocavam-se afobadas, gritando, quando dona Regina

sentiu ter perdido seu filho.

Adiantou-se rapidamente ao encontro do acidente, desesperada,

rogando a Deus que lhe desse foras para enfrentar aquele momento em

que seu coração gritava de dor.

Impossível descrever. Seu desejo era partir junto.

A cena ficou em seu coração como a lembrança da dor. Ao seu

amigo nada aconteceu.

Dona Regina tendo nascido e crescido dentro da Igreja Batista,

nunca aceitou a Doutrina Espírita e dela evitava qualquer

aproximação.

As leis de Deus, mesmo que não queiramos aceitá-las por

opiniões ou simpatias religiosas, se fazem sempre presentes onde quer

que estejamos.

É evidente que o livre-arbítrio é respeitado.

Importante salientar que o curso da vida está vinculado ao nosso

passado. Dona Regina é mais um exemplo.

Duas semanas do ocorrido, de mãos amigas recebe uma

mensagem psicografada por Chico Xavier e o livro “O Evangelho

Segundo o Espiritismo”.

A partir daí, sentiu vontade de ir a Uberaba e, mesmo

contrariando os familiares que lhe diziam ser bobagem “essas coisas”,

quatro meses após, viajou para a cidade mineira.

Christian comunica-se.

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Dona Regina emocionada nos relata os seus preciosos momentos

frente a Chico Xavier.

“Prevenida da maneira que eu estava contra a Doutrina Espírita,

confesso que se tivesse conversado e comentado alguma coisa sobre o

acidente, eu não acreditaria, mas deu-se tudo ao contrário. As únicas

palavras minhas foram para dar o meu nome e o do meu filho a Chico

Xavier e nada mais”.

Nesse momento Chico perguntou-me quem era vovó Maximínia.

Queria falar comigo.

Dizia que o menino estava bem e feliz.

Pedia para não me desesperar.

Sorriu e disse-me ainda: “O menino está aqui, é muita luz, ele

está feliz por ter uma mãezinha que o auxiliou a ajudar duas pessoas

que agora estão enxergando”.

Por sua vontade, doei as suas córneas.

Ao ouvir aquilo, chorei muito e agradeci a Deus por ter aliviado

a alma. À noite, voltei ao Culto do Evangelho no Grupo Espírita da

Prece, achando já ter recebido minha dádiva, quando o Chico me

chamou e leu a mensagem que meu filho havia enviado.

Chico também não sabia do que ocorria com mamãe, que sempre

reclamou sua ausência na mensagem recebida.

Em outra viagem. Christian envia pequena mensagem onde

tranqüiliza sua avó.

Eis o trecho de sua lembrança:

“... Diga, mamãe, à vovó Biga para não se sentir esquecida

por mim, porquanto lhe tenho o amor no íntimo do meu coração

agradecido por todo o amor que ela nos deu e continuará a nos doar,

com a riqueza de compreensão que lhe enfeita a alma querida...”.

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Para mim, agora, não existe morte, apenas uma separação

temporária, umas férias.

Quando a saudade me aperta o coração, eu converso com ele,

não ouço a sua voz, mas sinto a sua alegria de me saber bem.

Se ele me ama, não que me ver triste.

Conforme a sua própria definição de saudade quando ainda

encarnado: “A saudade é um barato”.

Logo estaremos juntos “”.

MENSAGEM DE: CHRISTIAN W. FREITAS CAMPOS

Querida mãezinha Regina, agora é o momento de voltar a ser

criança pedindo-lhe a bênção.

Estou em companhia do meu pai e da vovó Francisca, que me

recolhera nos braços quando fui atirado ao longo pela moto batida

pela pesada máquina que nos colheu de improviso.

Foi um saldo que nunca esperei viesse a experimentar.

Mãezinha; peço-lhe perdão se desejei que você saísse em minha

companhia na hora fatal.

Desde muitos dias, andava sentindo uma tristeza que me corroia

por dentro. Seria saudade de meu pai ou alguma contrariedade que não

conseguia precisar?

Não sei por que motivo me sentia mais necessitado de sua

presença e de sua companhia.

Tinha um medo de tudo, que não confessava por senti-lo

absurdo, quando tudo nos sorria no cotidiano.

Naquele dia, sem a mínima intenção de expô-la a qualquer

perigo, convidei-a para passear comigo...

Nós dois e a moto amiga; transportados para longe, a fim de

admirarmos a natureza.

Você, graças a Deus, não se sentiu disposta a acompanhar-me

em face dos serviços que a nossa querida Paola lhe reclamava, e segui

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sem você Pois foi nesse dia que os meus pressentimentos se

cumpriram.

O choque das máquinas me deixou descordado e de nada mais

fiquei sabendo, senão que um dia, creio que depois de muitos outros

dias, despertei entre amigos que me fitavam com simpatia.

Supondo-me numa casa de tratamento e repouso, quando

consegui falar, pedi-lhes à volta para a nossa casa, mas uma das

sombras que me solicitou chamá-la por vovó Maximínia disse à

companheira que eu crescera e me desenvolvera muito depressa,

elogiando-me a coragem e o destemor com que eu manejava a minha

moto.

A senhora interpelada, que me recomendou chamá-la por vovó

Francisca, fez um sinal afirmativo, e o companheiro me abraçou com

carinho, indagando se eu não o reconhecia.

Tudo foi reajustamento de um instante.

Nos olhos colocados nos meus, vi meu pai, reconhecendo-lhe a

bondade e proteção. Então choramos juntos, misturando nossas

lágrimas de alegria no reencontro, com tamanha intensidade, que eu

não sabia se eu era meu pai, ou se meu pai era eu.

Depois falamos de sua presença e de nossa querida Paola, e a

morte naqueles momentos se fizeram vitória para nós, porque ali

guardávamos, nós quatro, a certeza de que Deus não nos criaria para

separa-nos, e que um tempo virá em que estaremos novamente

reunidos para ser felizes sem adeus.

Mãe querida, estas notícias eu lhe trouxe com o meu coração.

Peço-lhe não permitir que amigos ou parentes nossos acusem a

moto que me foi companheira e colaboradora em todas as vezes que

eu necessitasse ganhar tempo. Estou bem, e se não fosse a saudade,

creio que estaria no melhor que me pudesse acontecer. Entretanto, a

saudade é um ponto incessante de intercâmbio e, pela saudade,

estaremos sempre juntos.

Muito carinho a nossa Paola. Não e esqueço do Paulo Júnior.

E com os sentimentos de carinho e apreço que meu pai me

solicita transmitir-lhe, deixa-lhe aqui neste papel em que o lápis me

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traduz os garranchos de amor e saudade, muitos beijos de afetuosa

gratidão, do seu filho e companheiro de sempre.

Christian

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FAMÍLIA MACHADO PINTO

LAURA MARIA MACHADO PINTO

Nascimento: 14 de janeiro de 1949

Desencarnação: 22 de julho de 1982

Idade: 33 anos

ESCLARECIMENTOS:

-HENRIQUE PINTO – Esposo Laura Maria – Residente em São

Paulo – SP.

-Patrícia de Fátima Machado Pinto – Filha. Cursava o 1o grau no

Ginásio Nossa Senhora Aparecida, em Moema e Ballet na Izabel

Schimit Ballet. Desencarnada no acidente.

-Maria Beatriz Machado Pinto – Filha. Cursava o primeiro colegial

no Ginásio Nossa Senhora Aparecida, Moema – Desencarnada no

acidente.

-Zélia Aparecida Lana Fontes – Formada em Enfermagem.

Desencarnada no acidente.

-João Evangelista Lana – Fazendeiro, pais de Zélia. Desencarnado

no acidente.

-Vó Carmela – Carmela Cúria, materna de Henrique. Desencarnada

em 1949.

-Carlos Fontes Filho – Esposo de Zélia A Lana Fontes.

-Tio Domingos –Domingos Aloi, tio de Henrique, desencarnado em

1950.

-Mãezinha Maria – Maria Piconi Machado, mãe de Laura Maria.

- COMENTÁRIOS -

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O que dizer a um homem que perdeu toda a sua família

aqui na Terra, quando o seu lar florescia em felicidades!

O que dizer! Vejamos como lhe aconteceu.

A fim de aproveitar o fim de férias escolares em julho, Dona

Laura Maria Machado Pinto; acompanhada das filhas e mais a

afilhada de casamento, Zélia Aparecida Lana Fontes, (casada há 90

dias com Carlos Fontes Filho, sócio de Henrique Pinto) dirigiam-se à

fazenda do pai de Zélia, Sr. João Evangelista Lana, em São Sebastião

do Paraíso – Sul de Minas.

Já na fazenda, o Sr. João Evangelista, sugeriu visitarem parentes

na cidade de Cássia, aonde chegaram no dia seguinte.

Posteriormente, também passeando, dirigiam-se à cidade de

Franca em visita a outros parentes, onde ficaram até o dia 22 de julho

de 1982.

Nesse mesmo dia, por volta das 20:30 horas, em noite de luar,

resolveram retornar à fazenda em São Sebastião do Paraíso e,

tomando rumo de Batatais, pela Rodovia Cândido Portinari, aconteceu

o inesperado.

Na altura do quilômetro 12, defronte ao Clube Esportivo e

Recreativo de Franca, no lugarejo conhecido por Restinga, um

caminhão da cidade de Nuporanga colidiu frontalmente com o

automóvel dirigido por Dona Laura onde se encontravam as cinco

pessoas.

O choque foi inevitável e, com a sua violência, tanque de

combustível da Brasília, por estar cheio, explodiu e tudo

instantaneamente virou cinzas.

O marido e pai Henrique Pinto, aconselhado por Dona Yolanda

Cezar, resolveu conhecer Chico Xavier. Algumas Visitas foram feitas

até que, numa delas, foi recebida a linda mensagem.

A fé e a esperança em Chico Xavier eram muito grandes.

O recebimento dessa mensagem foi como um bálsamo. Passou a

não se sentir tão só como dantes.

Palavras do Sr. Henrique Pinto:

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“Passei por momentos terríveis, indesejáveis a qualquer ser

humano. Foram dois meses de martírio. Tive a impressão de que o

mundo desabara sobre a minha cabeça”.

A mensagem trouxe-me calor, ânimo e vida.

Passei a não me sentir mais só.

Deixei de lado as intenções de acabar com tudo, inclusive com

minh apropria vida.

Hoje, com toda essa experiência de vida, sou feliz.

Às famílias que passaram por esses momentos, coloco-me ao

inteiro dispor para, com palavras confortadoras, tentar reanima-las.

É difícil concebermos tais acontecimentos, mas de uma coisa

podemos ter certeza:

Nenhuma porta é fechada por Deus, sem que uma infinidade de

outras sejam abertas.

Para mim ficou mais claro que tudo na Terra é efêmero. Tudo o

que é do homem se acaba, menos o amor de Deus que é infinito.

As novas portas que se abriram me permitiram novos horizontes

e me deram outras razões para viver.

Pude crer que há mil verdades entre a vida e a morte, e que

somos uma migalha no imenso Universo.

Por isso, só temos que viver com amor no coração, sem motivos

para orgulho, vaidade e tolices humanas.

O homem espera paz, união entre os seus e motivo de amor para

continuar vivendo. A mensagem me deu tudo isso.

Tive coragem de me reerguer, de constituir nova família e viver

com alegria e prazer entre os que agora me abrigam.

Cultivo com todos que agora convivem comigo, um ambiente

altamente sadio, alegre e cheio de esperança.

Trabalho com dedicação inteiramente voltada à minha nova

família, carregando a minha cruz com dignidade.

Força maior para viver, dão-me agora, minha atual esposa,

Marilda Aloi Pinto e minha filhinha, Mariana Aloi Pinto, nascida em

22.10.1987 “”.

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MENSAGEM DE: LAURA MARIA

Henrique; é muito difícil escrever depois de tamanhas

provações. Isso ocorre porque de um lado é a dor fixada de modo

irremovível e de outro a transformação amarga na essência, mas

sempre configurando a promessa de melhores dias.

Compreendo o seu sofrimento que é o nosso, entretanto, estaria

consolada com o reconforto que você pudesse articular, adentro de

você mesmo, em nosso benefício. Nossas lágrimas se entrelaçam,

nossas tribulações ainda não diminuíram. Ainda assim, muito embora

traga o coração partido pela saudade e pela angústia daquele

acontecimento que as palavras não descrevem; peço a você coragem e

fé em Deus.

Endereço este mesmo apelo à mãezinha Maria e ao Carlos que

nos acompanham. Seria faltar com a verdade informar que nos

achamos bem, qual se houvéssemos atingindo São Paulo numa viagem

feliz.

Aquela tempestade concentrada de opressão que nos retirou do

corpo foi algo de espantoso que a mente humana, ao que acredito, não

consegue conceber.

Seguíamos respirando o ar puro da estrada, conversando com as

crianças, quando fomos colhidos pelo peso irresistível de ferro e fogo

que nos consumiu a existência física em rápidos minutos.

Creiam vocês que não houve lugar para a dor, porque as aflições

reunidas numa só visão de assombro e sofrimento, nos deixaram

desorientados.

Tivemos instantes de lucidez, fora da vestimenta corpórea, no

entanto, a Providência Divina jamais, nos abandona. Lá mesmo, ante a

visão do campo aberto, uma equipe de enfermeiros nos aguardava.

Aquilo nos fez pensar em preparação. Agarradas comigo, as nossas

queridas filhas Patrícia e Beatriz me tomavam a alma toda. Gritos e

lamentações surgiam, próximos de nós, no entanto, as ambulâncias

que não conhecíamos nos recolhiam com pressa.

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Zélia, como que aparvalhada, buscava em meus olhos alguma

força que também a mim faltava, de todo, naquela hora em que

unicamente a idéia de Deus me dominava os pensamentos.

O nosso amigo senhor João desmaiara e, ainda na inconsciência,

as nossas pequenas atendendo-me aos pedidos se acomodavam nos

veículos de socorro. Não sei. Tive a impressão de que uma energia

estranha a mim própria me resguardava numa couraça de metal

impermeável, porque a noção de responsabilidade prevalecia por

dentro de mim.

Uma fogueira que nos despojasse do corpo, deliberadamente,

não nos faria tanto pânico. Uma espécie pânico mortal; se pudéssemos

dizer que penetrávamos num domínio em que a morte existisse.

Sentia-me exausta, com o cérebro tangido por alucinações de

pavor que não conseguiria comunicar ao papel se o desejasse, me

marcava todas as emoções, quando uma senhora de semblante

simpático se abeirou de mim e notificou-me que o acidente

imprevisível na Terra, fora anotado na Vida Espiritual antes de vir a

ser e que ela estava junto de nós, com o fim de estender-nos mãos

amigas.

Apesar do espanto que me arrasava diante daquele montão de

cinzas e objetos fumegantes, ainda tive meios de perguntar-lhe a que

vinha e quem era que com tanta bondade se interessava por nós. Ela

me informou ser a vovó Carmela, nome de que não me lembrava

naquela hora de suplício de que ainda não nos desvencilháramos.

Vovó Carmela! Fosse quem fosse, confiei-me àqueles braços que me

estendiam carinho e proteção. Abracei-me a ela, a avó que naquele

momento se me fazia plenamente desconhecida e só então conseguia

dar vazão às lágrimas que meu peito represava.

Querido Henrique; você pode imaginar o mundo de pensamentos

contraditórios que me desabrochava no íntimo. Por quê? A

interrogação me atormentava, no entanto, ambas as máquinas

socorristas que nos amparavam se colocavam em movimento. A vovó

Carmela se instalou ao meu lado e abrigou-nos as filhinhas então

desacordadas.

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Até ali os meus raciocínios se mostravam vigilantes. Não creio

que isso acontecia em razão de forças de que eu mesma não dispunha.

Acontece que, por dentro de mim, os instintos de mãe falavam mais

altos, o cansaço me envolvia de todo, mas o anseio de valer pelas

filhas não me permitia o repouso.

Minha benfeitora falou do estranho poder materno de que Deus

dotou a alma da mulher-mãe e me afirmou que o descanso me

alcançaria tão logo visse as meninas devidamente protegidas e

reconfortadas.

Entre o medo e a inconsciência, notei que retornávamos para as

vizinhanças de Franca, onde um hospital de emergência nos recebeu.

Somente aí, ao ver que nossos companheiros e as filhas queridas

encontravam abrigo e apoio certos, é que consegui aceitar o repouso

no leito improvisado que se me oferecia. Entrei num torpor

emoldurado de inquietação, pois, na realidade, eu mesma ignorava se

éramos mortos-vivos, atingindo um local desconhecido para mim para

o tratamento de que necessitávamos ou se éramos vivos-mortos com a

possibilidade de regressar aos nossos lares. Pensava em você com

insistência, queria vê-lo, reclamava-lhe a presença, no entanto,

agradecia também a Deus a sua ausência daquele conflito de forças

em movimento que nos havia esmagado. Não era justo desejar que

você ali estivesse, simplesmente, por egoísmo de minha aparte,

suportando conosco aquela travessia de sofrimento e perplexidade

inenarráveis.

Então, pude chorar, a sós, de verdade. Não poderia sustentar

qualquer ilusão. Estávamos numa vida diferente, arrancados todos de

nosso corpo físico, a pancadas e chamas que não gastaram senão

momentos rápidos para nos expulsarem do mundo.

Penso que a Infinita Bondade de Deus manipula recursos de

amparo, qual se fosse constituída por braços mágicos. Fôramos

conduzidos par alugar de silêncio e misericórdia.

Admito que não suportaria ver você, chorando por mim,

desconhecendo em que cinzas se me consumira a identidade pessoal.

Refletindo na sua agonia espiritual, diante do que restava de nós,

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deixei que as lágrimas ensopassem as vestes alvas do pouso em que

me estirara.

Mãos devotadas ao Bem me alcançaram e me transmitiam

brandos anestésicos para mim invisíveis e, logo após, achei o caminho

indeterminado do sono em que me prostrei não sei por quanto tempo.

Mais tarde; acordei para reconscientizar-me de tudo o que nos

ocorrera, encontrando suficientes energias para chorar mais

intensamente.

A vovó Carmela; e outras afeições se encarregavam de consolar-

nos. Nós, os adultos, para logo entramos no conhecimento do acidente

de que nos retiráramos tão despojados de tudo, como quando

nascemos na Terra.

Somente a Patrícia e a Beatriz indagavam de nossa volta para

casa e os nossos diálogos se acentuaram até hoje, de maneira a

recolhermos esclarecimentos precisos sobre a desencarnação, assunto

sobre o qual, habitualmente, na Terra não se pensa, conquanto a

fatalidade de semelhante encontro com as realidades que nos presidem

a vida. Nossa situação prossegue desse modo até hoje, porque você

compreenderá que dois meses são tempo demasiadamente curto para

se medir o tamanho de acontecimentos tão dolorosos.

Ainda assim, venho até aqui amparada pela vovó Carmela e por

um benfeitor que se nos deu a conhecer por irmão Domingos, a fim de

rogar a você e à mamãe, tanto quanto a todos os nossos; conformação

e coragem. Zélia nos recomenda transmitir idêntica solicitação ao

Carlos, porquanto ambas pedimos a vocês dois para tolerarem as

dificuldades do momento, procurando viver e renovar o próprio

caminho.

Querido Henrique, você sabe que eu não entregaria você a

ninguém, no sentido de me substituir junto ao seu coração de esposo

dedicado e amigo, entretanto, neste outro lado da vida, é impossível

que o nosso amor deixe de ser amor verdadeiro e o amor verdadeiro

pede forças para afirmar-lhe que, depois do aguaceiro de pranto,

outras alvoradas surgirão. Você está moço e não nascei para uma vida

de experimentações e desequilíbrios.

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O lar tão nosso não foi destruído. Permanece o sustentáculo de

tudo o que tínhamos e fomos, que é você. Pese comigo, amado

companheiro, na imposição de um retorno à realidade humana. Não

digo que você se apresse através de deliberações sugeridas pela dor

que ainda nos pressiona os sentimentos.

Entretanto, busque tranqüilizar-se a fim de meditarmos com

acerto. Semelhante comportamento é igualmente o meu, agora em que

me vejo na contingência de rogar a Deus nos auxilie a vê-lo

reintegrado em sua vida normal de homem de bem. Não nos percamos

da fé e estejamos conscientes de que as circunstâncias oportunamente

nos trarão alguém que me ampare, amparando a você, como se faz

preciso. Você não nos perdeu. Querido Esposo; apenas viemos antes.

Você, porém, ainda tem muitas realizações a promover no bem dos

outros. Que você e o nosso amigo Carlos não admitam a idéia da

morte. Compreendemos que a formação cristã que nos levantou os

sentimentos de confiança para a vida não nos aprova a inspiração do

suicídio direto, mas temos muitas formas indesejáveis de deserção

voluntária, como seja o esquecimento de nosso interesse pela vida.

Não julgue que a sua Laura Maria estivesse desagregado o afeto que

lhe consagra num estranho processo de indiferença. É que existem

momentos, entre a existência no corpo e a morte reconhecida, nos

quais as nossas almas são obrigadas a uma opção humana e cristã

perante os entes adorados que deixamos.

Muito mais justo, continuar amando a você qual se lhe fosse

outra mãe carinhosa e atenta, junto de outra companheira que lhe

amenize os dias terrestres, do que observá-lo em delírio, afrontando as

Leis de Deus, a pretexto de buscar-nos para um reencontro que se

faria então mais remoto, pela insubmissão a Deus e à vida em que

pretenderia alicerçar-se. Você sempre me ensinou equilíbrio e

compreensão, quando o ciúme rondava de longe o meu zelo por sua

paz. Agora, isso deve ser mais forte em minha alma de esposa

repentinamente transformada, mas não destruída. Apresento-me

perante você e diante de minha mãe a fim de confirmar-lhes que estou

de acordo com os preceitos de Deus e não segundo os meus desejos.

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Querido Henrique; perdoe-me se me exponho assim, nestas

palavras, nas quais procuro reerguer-lhe as forças. Acontece que amo

a você com a dedicação de todos os dias e não se me faria possível

dizer-lhe o que afirmo, sem o misto do carinho humano que precisa

ceder ao carinho espiritual. Minha mãe saberá entender-me. E o

mesmo acontecerá ao nosso amigo Carlos, para quem a nossa Zélia

espera igualmente um dia novo.

Querido Henrique, quando você conversar comigo, muitas

vezes, visualizando-me os retratos e as imagens, especialmente à

noite, quando a solidão se nos faz mais amiga, quando isso corra, não

chore tanto... As suas lágrimas me caem no coração, queimando-me os

sentimentos. Lembre-se de mim e me auxilie, mas prometa-me que

viverá e será forte, diga que confiará em Deus e no tempo e que

estamos decididos a acatar as provas que nos foram reservadas.

Anime-se me reanimando. Ainda preciso de suas forças para me

escorar a vida. Deus nos auxiliará. Tenho disso a certeza. Nossas

filhinhas estarão conosco. Crescerão aqui, amando a você cada vez

mais, qual me acontece. Voltar-se-ão à Terra mais cedo, talvez até

mesmo para pousarem nos seus braços paternos, ainda não sei. Mas

tudo se fará com a proteção de Jesus, cujo amor ilimitado nos guarda a

todos.

A nossa Zélia agradece à Mãezinha Laura as vibrações e preces

de bondade e proteção com que a reconforta e eu agradeço à querida

mamãe as orações com que nos acompanha. Não posso especificar os

meus agradecimentos; porque teria de alongar-me indefinidamente.

Querido Henrique; auxilie-me com a sua coragem e envie-me os seus

pensamentos de esperança para que eu saiba aceitar as ocorrências

como são e como devem ser. Saiba que estarei com você em quaisquer

momentos da vida e em todos os empreendimentos novos que você

seja induzido a realizar.

Abençoe-me com as suas energias positivas de homem de bem e

receba todo o coração da esposa e hoje companheiro maternal que

deseja ser para você o apoio e a compreensão de que ambos

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necessitamos para ser mais felizes. Em você e com você todo o

carinho, com as muitas saudades e esperanças de sua;

Laura Maria

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FAMÍLIA MANO JÚNIOR

CLÁUDIO MANO JÚNIOR

Nascimento: 07 de novembro de 1969

Desencarnação: 09 de junho de 1985

Idade: 16 anos

ESCLARECIMENTOS:

Pais: Cláudio Mano e Maria Piedade Manoel Mano, residentes em

São Paulo – SP.

Vovó Olga: Olha Gonçalvez Manoel, avó materna; a quem ele era

muito apegado.

Avó Marta: Maria Marta Ferreira Gonçalvez, bisavó materna,

desencarnada em 09.08.1975.

Dr. João: Dr. João Antonio Ardito, na ocasião noivo de sua tia

materna Olga, foi quem o operou e deu assistência médica até a hora

de sua partida.

Dra. Zilda: Dra. Zilda Manoel, tia materna, médica que também o

assistiu nesses dias até a hora da partida.

-COMENTÁRIOS-

Em sua mobilete, no dia 04.06.1985, aproximadamente às

19:00 horas, Cláudio ia para a escola. Na Rua Fernando Falcão, um

carro, ao entrar à esquerda, atropelou-o, caindo com a cabeça na guia

da calçada e fraturando o crânio. Foi levado para o Hospital Tatuapé

em coma. Quando a família chegou, ele ainda estava no corredor

aguardando os primeiros socorros.

O Dr. João Antonio Ardito, neurocirurgião, percebendo a

gravidade do momento, levou-o para o Hospital Bandeirantes,

operando-o, drenando um hematoma sub dural. Ficou na UTI durante

cinco dias. Apresentou problema de broncopneumonia, vindo a falecer

no dia 09, às 22:00 horas, nesse momento acompanhado de sua tia

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Dra. Zilda Manoel. Cursava na época a 7a. Série do Curso Supletivo

Meta. Pouco gosto pelo estudo, aos 14 anos pediu aos pais para ir

trabalhar com seu tio em Agência de automóveis de sua propriedade.

Mostrou-se muito responsável nas suas novas atribuições e, com isso,

passou a interessar-se mais pelos estudos.

Postumamente recebeu uma homenagem pública. Seu

nome foi dado a uma Praça no Jardim Anália Franco, à Rua Coronel

Irineu de Castro.

Como os pais e a família se mostrassem intensamente

traumatizados, vários amigos, que passaram pelo mesmo drama; como

Dr. Gabriel Fernandes Sais e Edson Elisei; levaram alguns livros com

mensagens de entes queridos que partiram nas mesmas circunstâncias.

Despertou na família o interesse pela Doutrina Espírita. Em 28 de

setembro de 1985, os pais foram levados ao Chico Xavier pela

primeira vez pelo casal Adelaide e Sr. Antero dos Santos Dias, na

esperança de conforto ou de esclarecimento. Após várias tentativas

infrutíferas, a primeira mensagem foi enviada à avó materna Olga

Gonçalvez Manoel.

Antes da primeira mensagem, Chico Xavier já transmitira

palavras de conforto, explicando o Mundo Espiritual, o que

proporcionou, principalmente aos pais um início de compreensão e

aceitação do drama que vivia. No despertar da fé espírita, os pais

passaram a freqüentar Uberaba com mais assiduidade, quase todos os

meses quando tinham oportunidade, sempre à espera de mais conforto.

Sabemos que esses momentos a ansiedade por palavras

que confortem e amenizem o sofrimento é muito forte, mas é preciso

que se tenha confiança e fé. O momento que o Plano Espiritual

permitir as mensagens; sejam por palavras ou psicografadas, chegarão.

MENSAGEM DE: CLAÚDIO MANO JÚNIOR

Querida mãezinha Piedade e querido papai Cláudio;

abençoe-me.

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As saudades que atuam em nós são tão grandes e a mamãe

chegou aqui tão esperançada de me obter as notícias diretas que a

vovó Maria Marta me trouxe para lhes confirmar que estou bem.

Primeiro foi aquela de hospital e tratamento, com a vovó

Cândida a me servir de enfermeira, com as instruções dos Benfeitores

Espirituais para que não me desse ao desespero e ao pessimismo os

dias se foram com a indiferença do relógio, por nossos gemidos de

saudade na separação.

Apesar de minha inexperiência, observo que as nossas

provações parecem não interessar à natureza, porque, enquanto sofria

e pensava nos pais queridos e em nossa querida vovó Olga, o Sol

brilhava tão claro como antes e as flores no jardim-parque, onde fui

acolhido, desabrocham ignorando os nossos padecimentos. Agora

estou mais habilitado a dar notícias, se bem que as minhas incursões

por aqui são raras e curtas.

O choque foi muito grande.

Quando a mobilete me atirou ao chão por influência da

máquina pesada, que nos surpreendeu, tive a idéia de que eu era um

passarinho aniquilado numa armadilha de caçadores.

Nas últimas possibilidades de registrar o que se falava em

torno de mim, escutei alguém a dizer: -“ Mas essas máquinas são um

perigo, pois não são motos, nem bicicletas, parecem transportes de

brinquedos”.

Fiquei desencantado com o que assinalei em momentos

terríveis como aqueles de junho passado e, conquanto as dores que

sentia, quis replicar que a mobilete é máquina tão respeitável quanto

às outras e, se a gente não está na hora de possuir um carro, a bicicleta

motorizada é um recurso para vencer distâncias.

Por que aprovar unicamente os motoristas competentes do

ônibus e automóveis e censurar os nossos veículos humildes, quando

tantos homens entregadores de encomendas ou “boys”, portadores de

recados, ganham honestamente a vida e consegue, ser úteis aos seus

familiares, enfrentando os monstros do trânsito e passando por eles

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com sacrifício e agilidade para cumprir deveres profissionais e

estudantis em cima da hora?

Desculpem-me os pais queridos essa minha divagação,

mas se louvamos os grandes mastodontes da rua, tocados velozmente

para essa ou aquela finalidade, nós, os pequenos, isto é, os ciclistas em

serviço, a meu ver, carecem igualmente o respeito de todos.

Felizmente, estou seguindo com tantas melhoras em meu

estado geral que já estou conseguindo fazer o meu protesto que não

julgo seja inconveniente ou desprimoroso para quem quer que seja.

Mas, não há de ser nada.

Logo que eu puder, estarei servindo aí nas turmas de

solidariedade e socorro em aparelhos daqui, que os dinossauros da rua

nem de leve conseguirão estragar.

Agradeço as sugestões da vovó Olga para que vivesse às

preces deste lar de orações, porque eu precisava muito pedir à querida

Mãezinha calma e coragem, sem chorar e sem sofrer.

Ainda não sei, mas acredito que por aqui terei excelentes

oportunidades de estudo e prometo-lhe comportar-me com a limpeza

de sempre em meus compromissos e atitudes.

Fiquem tranqüilos a meu respeito e continuem a lembrar-

me com os pensamentos de amor e paz, com os quais me auxiliaram

tanto.

Um abraço à vovó Olga e lembranças a todos os nossos do

nosso mundo familiar.

E recebam, os queridos pais, um respeitoso beijo do filho

que lhes entrega nesta hora o próprio coração agradecido.

Cláudio Mano.

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FAMÍLIA MARTINI

SIDNEI MARTINI

Nascimento: 13 de outubro de 1955

Desencarnação: 20 de dezembro de

1976

Idade: 21 anos

ESCLARECIMENTOS:

PAIS: José Martini e Maria Pastorello Martini, residentes em São

Paulo – SP.

Irmãos: Valdir e Laerte Martini

Avós: Vovó Marietta – materna, desencarnada oito meses após a

desencarnação de Sidnei. Bisavô Giacomo Pedrina, desencarnou na

Itália ao término da 1a. Guerra Mundial.

- COMENTÁRIOS -

Em sua moto, 10 de dezembro de 1976, Sidnei dirigia-se para a

sua casa, às 23:00 horas; vindo do Parque Ibirapuera. Na Rua Sena

Madureira, o semáforo em uma das suas travessas fechou para o

trânsito no sentido de sua direção, abrindo-o aos pedestres. No

retorno, liberado para o trânsito de veículos novamente, duas jovens

que se encontravam prestes a atravessar, nessa tentativa, indecisas

na passagem, ficaram no vai e vem quando resolveram voltar. Nesse

momento, o trânsito fluía normalmente.

Sidnei, à distância, aproximava-se trafegando em sua mão de

direção. De inesperado deparou-se com aquela situação: as moças à

sua frente. Freou sua máquina motociclista instantaneamente e mesmo

assim não pôde evitar a colisão com uma das jovens, também

internada na ocasião do acidente, sendo jogado ao chão. Desse choque

resultou fratura de crânio, levando-o a ficar hospitalizado durante dez

dias em estado de coma, vindo a falecer.

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Este episódio foi narrado por sua das jovens companheiras que

saiu ilesa do acidente.

Dona Maria e Sr. José; hoje com o equilíbrio e a compreensão

adquiridos no tempo de Deus, comentam com a sinceridade de pais,

que amam e sofrem na saudade física, mas que se regozijam de saber

que o seu Sidnei trouxe-lhes a certeza do amanhã, com a mensagem

para os seus corações.

No diálogo esclarecedor, nos dizem:

“Quando Sidnei partiu; ficamos desesperados e revoltados ao

mesmo tempo”.

Desesperados e revoltados pela perda física, pois que o

advertíamos sempre do perigo das motos, mas, nada disso adiantava.

Hoje nos arrependemos dessa revolta.

Podemos dizer com segurança que acontece com todos os seres

constituídos em família.

Quando se perde um ente querido especialmente na condição de

um filho ou filha; tem-se a impressão que o mundo de nossas vidas

desabou, jogando por terra todo sonho imaginado para os filhos.

A descrença passa a ser a tônica enfatizada pela dor a derrotar

qualquer fio de esperança e fé.

Os dias são tristes, sem o tempero da alegria. Nos esquecemos

de Deus que ampara a todos os filhos, achando até que somos os

sofredores da sua justiça.

Nada disso é verdade quando entendemos a vida verdadeira.

Nosso filho; Valdir, em viagem na ocasião em uma cidade

qualquer, adquiriu o livro; “Jovens no Além”, psicografado por

Francisco Cândido Xavier e trouxe para que nos servisse de bálsamo.

Ali estavam também famílias que testemunhavam a sua dor convertida

em vida de trabalho e ajuda ao semelhante.

Com a leitura desse livro, começamos a despertar e, por

indicação, passamos a ler outros; onde mães e pais confortavam-se

pelas mensagens abençoadas de seus filhos.

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Conversando com uma preclara amiga da família, indicou-nos o

ideal – Instituto Divulgação Editora André Luiz, o qual tem o Sr.

Orlando Moreno como dirigente.

Procuramos entrar em contato e passamos a freqüentar essa casa

de caridade espiritual.

Por intermédio desse amigo, Sr. Orlando Moreno, pudemos nos

dirigir ao Chico Xavier. Estivemos por lá quatro vezes, sendo que, na

primeira vez, recebemos um curto recado que nos alegrou e

tranqüilizou muito. Por fim, na quarta viagem, recebemos a mensagem

de nosso filho “”.

Dona Maria, sensibilizada, ainda deixa transparecer o desejo de

contar para esclarecimento mais esses fatos.

“O que nos deixou surpresos foi o Sidnei ter falado sobre a avó

Marietta, minha mãe, que desencarnou nove meses após ele. Chico

de nada sabia”.

Outro fato realmente esclarecedor e confirmador da Vida

Espiritual, solidificando ainda mais essa certeza, foi a menção de vovô

Giacomo. Na hora eu e meu marido, em dúvida, não sabíamos se era

por parte de meu pai ou de minha mãe. Não lembrávamos. Chegando

em casa, curiosa ainda, perguntei aos meus irmãos mais velhos, por

parte de quem era o vovô. Esclareceram-me que se tratava de nosso

avô materno, Giacomo Pedrina, falecido na Itália em 1918, na 1a.

Guerra Mundial.

Por essas alegrias, pela confiança readquirida, pelo caminho

descoberto de trabalho aos semelhantes, nós dizemos com segurança:

“Chico, tu és amado, respeitado pelos carentes desta vida terrena. Tu

és a paz, tu és o amor de Jesus entre nós. Chico; continue conosco

sempre na graça de Deus e que Ele o abençoe”.

MENSAGEM DE: SIDNEI MARTINI

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Querida mãezinha e meu caro papai, o tempo já me

proporcionou novos encargos, obrigando-me a refletir com

maturidade, mas prossigo sendo o filho necessitado do carinho dos

corações amados que me trouxeram para a Vida na Terra.

Afinal, depois de tanto ruído e tantas reclamações, a moto não

me aniquilou e, muito ao contrário, entrego-me agora a estudos

especiais a fim de colaborar com a melhoria das máquinas mais

velozes do futuro.

A moto já parece em casa, com a desconfiança de todos. Ainda

não vi pessoa alguma que lhe recordasse os benefícios, nem mesmo os

doentes para os quais esse veículo agia e continua agindo com

eficiência nas tarefas do socorro.

Não se agastem comigo se lhes disser que, por enquanto, a moto

nos grupos familiares; é motivo de pânico e antagonismo sem razão.

Recordo-me do meu próprio caso.

A vovó Marietta, sempre carinhosa, não me desaprovou, mas

exibiu todo o medo que lhe ia por dentro quando lhe mostrei o meu

cavalo voador.

Ela que queria tanto, a ponto de se entristecer e voltar ao

chamado Além logo depois de meu regresso, como que a me procurar

neste Espaço Imenso, e, em me fitando na montaria inesperada, me

disse que estava disposta a orar para que nada de mal me sucedesse.

Vi o pesar de tantos amigos, que mais me apeguei à máquina,

buscando auxiliá-la para que não fosse tão mal querida.

Acontece, porém, que me cabia voltar mais cedo à Vida

Espiritual e, foi; ela o repositório de todas as lamentações, porque com

ela encontrei a renovação espiritual, forçado que fui a me desvencilhar

do traje estragado que se tingiu de vermelho para que eu fosse

impelido a deixá-lo.

Se me regozijei com o fato, isso é que não.

Queria viver, namorar, distrair-me, estudar, habilitar-me para ser

matriculado entre os maiores de idade e responsabilidade, mas a

chamada Força Maior me convocou à transformação. E a moto amiga

foi acusada de condução perigosa e inconveniente.

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É verdade que o choque não foi nada agradável e fui

constrangido a muitos contratempos, mas defendo o nobre cavalo rico,

feito de rodas e enfeites, antenas e holofotes, como se quisesse vencer

a má impressão que sempre causa onde aparece em definitivo.

Mas... A moto devia ser a razão para a viagem diferente e eis-me

aqui a defende-la, para que o Valdir e o Laerte se informem de que o

mano vai indo bem, embora as saudades.

Tenho muitos amigos e companheiros novos, mas ninguém

consegue substituir um irmão amigo e bom, e em meu caso tive dois.

Sei que ainda os tenho, mas o espaço de tempo para a saudade vai se

tornando maior e, por isso, ao ofertar de novo todo o meu amor aos

pais queridos, não me esqueço dos meus sócios de casa.

Espero que não tenham tido receio de minhas roupas e pertences,

porque estou certo de que a mamãe Maria já terá liberado o meu

espólio de rapaz lutador. Se ainda não o fez, que o papai José me

auxilie e dê andamento na liberação do que não deve ser objeto de

tentação para as traças.

Quero dizer-lhes que a vovó Marietta chegou muito bem e hoje é

uma obreira incansável da beneficência junto de nós.

Quem me carrega carinhosamente para o repouso do qual me

reergui animado a continuar fazendo o melhor, foi vovó Giacomo

Pedrina que, em me vedo inclinado a buscar novas máquinas, me disse

com bondade e entendimento:

- “Meu filho, eu sou o seu bisavô Giacomo e compreendo muito

pouco da vida nova no mundo, mas creio que você foi criado por Deus

para ser um astronauta. Não terei surpresa nenhuma se você inventar

por aqui algum aparelho que ande mais depressa que o pensamento”.

Achei graça no apontamento e por isso estou trabalhando com o

cérebro e com as mãos em novos planos para o futuro.

Bem, já falei o bastante.

Ninguém é obrigado a estar me ouvindo, mas os queridos pais

sabem que, por dentro de mim, a saudade é uma dor escondida que

ambos me auxiliam a suportar. Entretanto, não desejo lamentar por

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nada, porque tenho Deus por nós e os melhores pais do mundo em

meu favor.

Lembranças aos irmãos e, para os dois, meu pai amigo e minha

querida mãe de todas as horas, um beijo valendo muitos outros do

filho reconhecido que pede a Deus conceder-lhes toda a felicidade que

nunca pude lhes dar.

Todo o carinho e toda a gratidão do

Sidnei

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FAMÍLIA ROSSATI LEMES

NELSON ROSSATI LEMES

Nascimento: 24 de dezembro de 1944

Desencarnação: 13 de junho de 1978

Idade: 34 anos

ESCLARECIMENTOS:

Pais: Irineu Lemes e Helena Rossati Lemes, residentes em Ponta Porã

– MS.

Esposa: Nilda lemes

Avôs: Cirilo, materno, desencarnado.

Manoel Lemes, paterno, desencarnado.

Helena: Serviçal conhecida e tratada carinhosamente por babá “negra

velha”.

Irmãos: Irineu; Adilson; Paulo e Adilta.

Cate: Filha.

-COMENTÁRIOS-

Meu filho ficava preso à televisão quando Francisco Cândido

Xavier aparecia nos diversos programas e aos quais tinha a

oportunidade de assistir.

Cada vez que isto ocorria, ele dia: “-Mamãe, eu creio de coração

nesse homem e logo que eu possa faço questão absoluta de visitá-la”.

Não houve tempo para completar esse desejo.

Pelo fato de meu marido já ter desencarnado, meu filho era o

homem da casa. Cuidava de sua família, esposa e filhos, e de mim

com extremoso amor.

Amoroso com todos, não media qualquer sacrifício para atender

a quem precisasse.

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Delicado, suave no trato com as pessoas, como pôde ele

desencarnar por meios tão violentos?

Foi atingido por um tiro de espingarda.

Incompreensível, no círculo de suas amizades, alguém, de

repente, sem dar a mínima chance lhe põe termo à vida.

Para um atendimento médico mais eficiente e completo, foi

obrigado a seguir para o Rio de Janeiro, aonde veio a desencarnar três

dias depois.

Fiquei a ponto de enlouquecer.

As minhas atitudes, completamente desordenadas, preocupavam

meus familiares.

A cena dessa tragédia em minha vida era uma constante.

Por mais que quisesse, nada havia que me consolasse. Os amigos

se acercavam e, na tentativa, com palavras, com gestos de carinho,

com preces, esforçavam-se para que eu encontrasse um pouco de paz.

Tão logo me deixavam, tudo se repetia.

Procurava em cada rosto o de meu filho. Não sabia mais o que

fazer.

Quase louca fui levada à presença de Francisco Cândido Xavier.

Lembrava-me, então, de meu filho Nelson quando, falava em

conhecer Chico Xavier.

Junto dele ago me aconteceu: transformei-me, esperançosa,

aguardei o meu momento com fé e confiança plena em Jesus. Suas

palavras nesse dia; criaram raízes de esperança, de conforto e fé.

Comecei a compreender um pouco mais as razões da vida. Chico me

ensinou.

Por mais duas vezes voltei à sua presença em ocasiões diferentes

e senti-me feliz e agradecida a Deus por meu querido Nelson ter

podido se comunicar.

Depois de sua mensagem; parei de chorar, conquanto, ainda,

carregue a dor no coração, aguardando o remédio do tempo para

cicatriza-la. Rogo aos corações em sofrimento, fé em Deus, porque

hoje eu compreendo que os nossos entes vivem e vivem para nós.

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Vamos viver para eles, para que eles continuem sentindo as

vibrações de amor e equilíbrio dos nossos corações.

Francisco Cândido Xavier está aí para nos auxiliar com as

bênçãos de Jesus, mas precisamos contribuir com a nossa parte.

Deus seja louvado!

MENSAGEM DE: NELSON ROSSATI LEMES

Querida Mãezinha Helena; abençoe o seu filho que

agradece a Jesus estes momentos de reencontro.

Sinceramente, não saberia escrever neste recanto de orações, não

fosse a necessidade que tenho de me comunicar com o seu

devotamento, a fim de pedir pela tranquilidade de nossa casa e de

nossa família.

Mãezinha Helena, tudo aconteceu de maneira assim tão rápida

que não consigo minudenciar as notícias a meu próprio respeito.

Quando o corpo estranho me alcançou, imaginei que houvesse

sido vítima de uma pedrada de cujo peso não consegui me

desvencilhar.

Quis levantar0me e observar o que se passava, no entanto, não

tive mais qualquer noção de mim mesma.

Um torpor muito grande me absorveu e não consegui espaço no

pensamento para recordar com nitidez o que eu ansiava recompor na

imaginação.

O seu semblante e o semblante de nossa querida Nilda; estavam

em minha memória. Não supus fosse a morte o clima em que estava

entrando sem perceber. E hoje creio que se tivesse tido o necessário

discernimento, seria realmente para as duas, minha mãe e minha

esposa, para quem se voltaria o meu olhar nos instantes últimos do

corpo. Pouco a pouco um sono compulsivo me dominou e até hoje não

sei dizer quanto tempo durou aquele estado de sonambulismo que eu

não previa.

Acordei num aposento de hospital e julguei que fora vítima de

algum acidente.

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Pedi a presença dos meus, no entanto, era preciso obedecer às

disciplinas.

Foram meu avô Cirilo e a Mamãe Helena os primeiros que me

falaram da realidade. A querida babá de que as suas lembranças nos

contavam tantas histórias lindas, ali se achava perto de mim.

Não precisava, para identificá-la, senão do retrato falado que as

suas recordações sabem transmitir.

Ao certificar-me de que fora despojado de tudo, a minha

sensação foi a idéia de total desespero, mas as palavras daqueles

amigos me sossegaram gradativamente. Depois pude ser abraçado

pelo vovô Manoel, pelo mano e pelo papai Irineu e todos me

prometiam saúde espiritual e bom ânimo à medida que eu me

aceitasse dentro da nova situação.

Querida Mamãe; foi talvez pelo interesse de merecer revê-los

que cedi. A princípio, me sentia na condição de um potro na corda

curta, mas as preces de seu coração repletas de lágrimas e consolações

me buscavam a dor de Nilda e, às vezes, de meus filhos, chegavam ao

meu coração e seria impossível para eu opor resistência a tanto amor.

Agora ficou um problema. É que desejo rogar ao seu carinho de

mãe, apagar no coração de meus irmãos as idéias de vingança, triste

palavra para a qual não encontro outra que a substitui na força violenta

com que se destaca diante de mim.

Peço ao Nei e a todos cessarem qualquer movimento para uma

atitude que não passaria de uma sombra sobre outra, ou de sofrimento

incalculável a projetar-se para o futuro sobre o nosso sofrimento que

já passou.

Por amor a Deus e à família. À nossa Cate e aos irmãozinhos;

peço para que a bênção de Deus seja procurada na conformação com

que devemos aceitar as tribulações que merecemos. Não desejo que

meus filhos cresçam com a marca do ódio. Jesus nos protegerá para

que meus irmãos e nossos queridos familiares procurem esquecer.

Não quero dizer para não sofrermos, porque isso seria falsear a

nossa condição de criaturas humanas, mas fazer outros sofrerem

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conscientemente, como se fôssemos donos da vida, seria esquecer a

paternidade de Deus que a todos nos criou para o bem.

Se um companheiro da Terra foi envolvido de repente por uma

idéia infeliz; fazendo dessa idéia um ato impensado, cujo golpe recaiu

sobre nós, isso não é motivo para que façamos o pior, imaginando de

que modo entrar na ilusão do sangue sobre outro sangue.

Peço a todos que me poupem nesta vida nova a angústia em que

me reconheceria, observando que os meus entes mais queridos não

souberam auxiliar a mim, à esposa e aos filhos com paz de que

precisamos, a fim de relegar para trás tudo aquilo que sucedeu e cuja

causa ainda desconheço.

Mãezinha Helena; ajude-me e peço dizer à Nilda para que ela

ore comigo; pedindo a Deus para que as nossas crianças sejam

vacinadas contra qualquer sintoma de ódio, através de perseguições

que nos fariam aumentar a taxa de sofrimento que já se abateu sobre

nós na dose que as Leis da Vida permitiram.

Agradeço; querida Mamãe, a sua bênção buscando-me a palavra,

através da expectativa de que me expressasse sobre o assunto que

tanto desejaria sepultar, para sempre, na terra bendita do

esquecimento, com a lição de Jesus em nosso íntimo.

Creia, Mãe querida, que o meu anseio de fazer a paz não me

permitiu falar das saudades.

Diga à querida Nilda que a falta dela e os meninos é um vazio

sem tamanho, tanto quanto está vazio o recanto do coração que

sempre dedique à sua presença de mãe e ao carinho dos meus irmãos,

entretanto, por agora, é preciso pensar em paz me fixo para rogar, a

todos, para que me auxiliem.

Faltas humanas não dissolvem faltas humanas, apenas,

engrossam a correntes das trevas que já se faz tão grande onde os

homens se fazem sentir. Nossos familiares daqui me fazem intérpretes

das lembranças que trazem a todos e eu, querida Mamãe, em sua

presença, imagino a presença de todos para abraçar a todos com a

minha confiança. Rogando a Deus abençoar a nossa querida Nilda e

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aos nossos garotos, beijo as suas mãos de mãe e amiga, companheira e

protetora, de todos os dias.

O seu filho sempre reconhecido. Nelson

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FAMÍLIA SILVA PARAIZO

CARLOS ALEXANDRE DA SILVA PARAIZO

Nascimento: 11 de setembro de 1957

Desencarnação: 08 de novembro de 1980

Idade: 23 anos

ESCLARECIMENTOS:

- Pais: Guilherme Costa de Souza Paraizo e Edite da Silva Paraizo –

Residentes em Rio Doce - Olinda – PE.

- Irmã: Boné – Fabíola da silva Paraizo

- Esposa: Iracema de Lima Paraizo

-Filha: Germana Karla de Limpa Paraizo, não chegou a conhece-la,

nascida em 12.06.1980.

-Vovó Severina: Severina Maria da silva, materna, nascida em São

Caetano, Pernambuco, desencarnada em 23.12.1959 em Recife – PE.

-Vovô Carlos Afonso: Carlos Afonso de Souza Paraizo, paterno,

nascido em Recife-PE em 07.07.1938, desencarnado em 11.11.1968.

-Narciso: Personagem da Mitologia Grega que o mesmo se ligava

muito.

- COMENTÁRIOS -

Muitas pessoas diziam ser difícil ou mesmo impossível

conseguir falar com Chico Xavier e que eu perderia a viagem.

Mesmo assim, esperançosa, viajei para Uberaba e o meu contato

com ele bem como o conforto espiritual que recebi através dele

foram maravilhosos e muito importantes para minha vida.

Não encontrei empecilho para chegar até ele. Fiquei na fila que

se formava desde cedo e, logo mais à tarde, estava eu falando com o

querido médium.

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Quando em sua presença, perguntou-me quem era Ana. Muito

aflita; nervosa, não pude lhe responder com segurança. Tinha uma

vaga lembrança sobre minha avó. Quando ela desencarnou; eu era

ainda muito pequena. Em seguida, perguntou quem era Severina.

Respondi-lhe tratar-se de minha mãe, desencarnada. As duas ali

estavam e acompanharam a desencarnação de meu filho.

Em Recife, busquei informações com minha irmã sobre o

nome de minha avó Ana, obtendo a confirmação do mesmo.

Chico ainda perguntou-me para qual vestibular meu filho

estava se preparando. Disse-lhe que era Psicologia... “E as opções?”

– quis ele saber. Ainda descontrolada pela emoção não consegui lhe

responder e ele então, me dizia ser Odontologia e Veterinária, o que

confirmava plenamente.

Outra verdade:

Perguntou-me se Carlinhos escrevia muito.

Como podia Chico saber, se não lhe dissera nada?

Meu filho, por vezes, acordava altas horas da madrugada e

escrevia até principiar o dia. Eu lhe perguntava o que tanto escrevia.

Mostrava-me e eu nunca o levei a sério. Quando de sua partida, em

seu escritório, achei todos os seus escritos. Colocando-os numa

pasta, guardei-as. Em minha viagem peara Uberaba, como se

alguém me sugerisse, levei-os comigo. Mais surpresa ainda fiquei

quando Chico pediu-me para vê-los e se estavam comigo naquele

instante. Respondi-lhe que os havia deixado na pensão em que me

hospedara. Pediu então a um senhor de nome Pedro, pessoa

colaboradora presente, que abrisse o portão para minha saída em

busca dos textos. Encontrei certa dificuldade em minha volta para

adentrar ao Centro, pelo Grande número de pessoas que o

aguardava. Consegui atravessar e entregar-lhe a pasta. Ele leu

algumas e achou-as lindas. Perguntei-lhe se aquelas mensagens

eram reais. Respondeu-me que eram realíssimas, para guarda-las

bem e com todo o carinho, pois eram uma obra prima que o meu

filho me deixou e que, quando pudesse deveria fazer um livro.

Acrescentou ainda que meu filho não era para ficar aqui. Uma

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senhora que estava ao seu lado, por eu estar chorando muito, pediu-

me que parasse de chorar. Ele, carinhosamente, dizia ser choro de

felicidade, pois o meu filho estava muito contente, feliz e em lugar

maravilhoso.

Pedi-lhe então que gostaria de uma comunicação com ele.

Falou-me que se o meu filho tivesse ordem dos seus superiores viria

me confortar com uma mensagem, que eu tivesse fé. Eram

precisamente 14:00 horas da sexta-feira. Às 0200 horas da

madrugada do sábado, ouvi estas palavras pelo Sr. Weaker Batista,

“Esta mensagem é assinada por Carlos Alexandre da silva Paraizo”.

Fui até a sua mesa de trabalho e o nosso querido médium leu-a e me

entregou. Que emoção, meu Deus!

Beijei-lhe as mãos; recebendo o mesmo em retribuição e

desejando-me a bênção de Deus.

Como agradeci aquele momento, como pedi a Deus pelo Chico

e pelo meu filho. Na viagem de volta, de ônibus, sonhei com o meu

filho pela primeira vez.

A mensagem foi para mim um verdadeiro “Prêmio do Céu”.

Tive a certeza da sobrevivência do meu filho, e, hoje, mais do que

nunca, sei que ele está morando num outro País que não sei onde é,

mas que existe e eu espero encontra-lo um dia.

MENSAGEM DE: CARLOS ALEXANDRE

Mãezinha Edite; abençoe-me, como se visse de novo criança

em seus braços...

Desejo identificar-me consigo de tal modo neste instante, que

me sinta na forma de um ramo pobre ligado à bênção da árvore de

que nasci...

Sinto, em verdade, a presença do papai Guilherme e da Bone

conosco, da nossa Iracema e da nossa Germana, entretanto, quero

escrever como na escola assinando o nome do seu Carlinhos.

Mãezinha; compreendi tudo. Muitos disseram até que desertei

do caminho, que não suportei a pressão da caldeira em que tantas

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vezes resumi a experiência humana, mas você e eu sabemos que o

coração se me rebentou no peito, talvez sob o peso de meus

complexos emotivos sempre mais amplos e sempre mais

constringentes. Veio um torpor de tal maneira irresistível sobre mim

que não me furtei ao encontro daquele convite ao repouso que de

modo algum, poderia supor fosse definitivo para a vestimenta de

células físicas que usava por mais de vinte anos.

O espanto do despertar foi compreensível para mim,

entretanto, não me perdoava pelo fato de não haver previsto o que

me sucedeu. A meu ver, cabia-me por dever de filho prever a parada

cardíaca de logo curso. Em assunto da morte, porém, estava muito

cru para imaginar coisas de disritmia ou de extra-sístoles...

O coração fibrilou de uma vez, como que recusando qualquer

possibilidade de socorro e não julguei que estava despejado de casa,

da casa física que me servira com tanta obediência e precisão.

No fundo, querida Mamãe, admito que os próprios

pensamentos me arrebataram...

As idéias com as quais convivia eram demasiado fulminativas.

Queria que, indebitamente, um mundo somente meu, no qual

conseguisse refletir a minha apropria imagem.

Esqueci-me de Narciso e fiz o mesmo.

Somente aqui em contato com a vovó Severina; que me

recolheu carinhosamente, posso efetuar a revisão de meus próprios

conceitos. Exigiu uma habitação planetária de que nossa Terra ainda

se acha muito longe. Abominava tudo o que fosse mentira, mas não

compreendi que a própria pessoa humana precisa disfarçar-se no

corpo transitório a fim de assimilar os ensinamentos da vida.

Achava-me oculto em meu próprio abrigo de carne e ossos e

me supunha livre, quando me competia aceitar as disciplinas da

existência e observar os valores que me seria possível entesourar

com elas.

Não conseguia de minha parte desculpar a presença da lama e

da sombra, inabilitado a reconhecer que o prodígio do pão nascia no

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barro da terra e que o ventre da meia noite liberava o dia num parto

deslumbrante de luz.

Vi talvez unicamente o mal e fui demasiado míope do ponto de

vista espiritual, a fim d enxergar o bem.

O vovô Carlos Afonso atualmente me analisa as formações

mentais e vou identificando as novas nuances da vida, entre a

surpresa e a alegria do aprendiz que, gradativamente, se desvincula

da cegueira de espírito.

Creia que devia estas explicações ao carinho de meus pais

queridos e à bondade dos amigos que acreditavam em minha

sinceridade.

Mãezinha Edite; peço-lhe comunicar aos companheiros que a

morte é uma fantasia do masoquismo da Humanidade.

Não se lastima o animal que será imolado à nossa fome no

mundo e nem se chora o tronco que o machado decepa,

transformando-o em objeto servil para uso doméstico.

A morte é um imperativo da própria vida. Ninguém se renova

sem desencarnar algum pensamento que terá vivo em nossa forma

de ser durante tempos e tempos. Tudo é vida, porque tudo vem da

morte existe a morte porque tudo, na essência, é unicamente vida em

manifestações incontáveis.

Mas a vovó Severina me lembra que está assembléia de

pessoas simpáticas não se formou aqui para registrar as minhas

saberenças de filósofo-mirim.

Que eu termine, porque já é tempo.

Estou contente, porque consegui transmitir-lhe os pensamentos

e as novas ideações de seu filho.

A cada um de nossos entes caros, um fragmento do meu amor

e do meu reconhecimento, entregando-lhe, porém à sua guarda,

como sempre, todo o coração de seu filho.

Carlos Alexandre

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FAMÍLIA TOMAZ DE OLIVEIRA

MARIA CRISTINA SUMMO

TOMAZ DE OLIVEIRA

Nascimento: 06 de março de 1961

Desencarnação: 19 de agosto de 1983

Idade: 22 anos

ESCLARECIMENTOS:

Pais: Victor Geraldo Summo e Ignez Teixeira Summo, residentes em

São Paulo – SP.

Irmã: Cláudia Regina Summo.

Esposo: Milton Tomaz de Oliveira

Vovó Guilhermina: materna, desencarnada em 05.07.1975.

Vovó Josefina: paterna, desencarnada em 22.05.1983.

-COMENTÁRIOS-

“Quero dizer à mãezinha e ao papai que estou bem”, palavras de

Maria Cristina.

Nesta imagem percebemos que a verdade não pertence a

ninguém, senão a Deus que transfere na criação aos espíritos pela fé, a

razão como propriedade única, reconhecida na consciência de cada um

quando envolvida pelo equilíbrio natural da vida.

Quem é que pode dizer às famílias Summo e Thomaz de

Oliveira que a mensagem de sua querida filha e esposa não é a

realidade, quando surpreendentemente, depois de um ano de

sofrimentos, mais precisamente em 24.02.1984, através de Chico

Xavier no Grupo Espírita da Prece, recebem a carta de Maria Cristina.

Nesse lar espírita; praticantes do Evangelho no Lar,

inesperadamente, viram Maria Cristina partir, sem chances, atingida

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pela meningite bacteriana (Septecemia) segundos os diagnósticos

médicos.

Os sonhos e as esperanças de felicidade terminaram.

Desespero e lágrimas foram uma constante nos dias que se

seguiram.

A mensagem foi a prova irrefutável de que Maria Cristina vivia.

A verdade absoluta para os familiares.

A presença dos nomes citados, sem que fosse feita qualquer

menção a Chico Xavier, coroaram de êxito todo o esforço e a

confiança na Espiritualidade.

Só a presença da família, como de tantas outras no Grupo

Espírita da Prece, representa aos ansiosos da mensagem, uma

consolação.

Quem não a recebe, conforta-se com o drama do semelhante ao

perceber que existem necessidades maiores que as suas.

Com isso, voltam reconfortados, mesmo sem terem conseguido a

sua carta.

Por isso, Francisco Cândido Xavier é o mensageiro da Paz, da

Esperança e do Amor em nosso século.

MENSAGEM DE: MARIA CRISTINA SUMMO

Querida mãezinha Ignez e meu querido pai Victor; peço-lhes

para que me abençoem.

Tudo terminou como num pesadelo que o sonho iniciara

Amava tanto a vida e me sentia tão segura da proteção do nosso

querido Milton, que a idéia de ausentar-me estava longe de mim.

De início, ainda acompanhei as definições e os diagnósticos dos

médicos amigos que me amparavam, entretanto, depois, a cabeça não

suportou as dificuldades de que me via agredida pela doença.

Apesar de tudo, apesar das dores e perturbações que a febre,

talvez, me inoculasse, acreditava que sobreviveria.

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Um esposo e eu tão jovem para atravessarmos o mundo e, as

esperanças que nos povoavam as idéias eram para que eu recusasse a

ordem da natureza para deixa-los de vez.

Perdoem-me se me refiro aos problemas finais do corpo, com

esse tom de rebeldia que me assinala as considerações.

Não. Eu não podia revoltar-me contra a Bondade de Deus que

palpitava em tudo.

Se Deus salvava as flores nos momentos de aguaceiro, se Deus

ocultava os vermes em furnas de socorro para que não perecessem,

por que me haveria de abandonar quando eu mais desejava

permanecer?

Mas a certeza do amor divino devia inspirar-me respeito e

consideração para não fracassar em minha confiança na hora extrema.

Agarrei-me a Deus e pedi-lhe proteção e consolo.

O cérebro delirava. Eu não sabia mais de que maneira controlar

os meus pensamentos, mas uma força poderosa me inspirava

resignação.

Soube, depois, que eram a vovó Guilhermina e a vovó Josefina a

me conduzirem as intuições.

Tive tempo de lembrar fragmentariamente os pais queridos e a

nossa Cláudia.

Senti-me a despedir do lar que eu amava tanto e, por último,

chegou o momento de entregar também a Deus o esposo querido que

Ele mesmo me concedera.

Revi o nosso Milton na lembrança e pedi ao Senhor da Vida para

que o consolasse e mantivesse calmo e paciente.

Ele era um tesouro que eu devia entregar sem revolta, sabendo

que Deus nos empresta a felicidade para saber se aprendemos a dividi-

la.

Era tão difícil dividir o esposo que me dera a alegria de viver e o

dom de esperar o melhor que houvesse no mundo...

Entretanto, era necessário restituí-lo a Deus e esforcei-me.

Chorei no íntimo lágrimas pesadas que não me vinham mais aos olhos

e pensei que Deus me emprestara o nosso Milton para faze-lo feliz e

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se era preciso partir ao chamado de forças que me separavam do corpo

doente, era indispensável estar em paz e rogar aos Céus para que ele

encontrasse a felicidade sem a minha companhia.

Graças às preces que me clareavam o íntimo, fiz o esforço

supremo e confiei a Deus o esposo que se me erguia diante da

existência, por amigo e companheiro que me completavam em todos

os meus anseios e emoções.

Agora, a tempestade passou.

Quero dizer à mãezinha Ignez e ao Papai que estou bem, embora

a carência afetiva que vou preenchendo com o ideal de servir e com as

orações que me alentam.

Digam por mim ao Milton que isso não é renúncia e sim

compreensão. Ele que é tão sincero e tão digno de amor, encontrará

quem me substitua para formar ou reformar o lar com que

sonhávamos.

A mulher, com certeza, por força da Criação Divina, guarda no

coração reservas de entendimento e renovação que no mundo é

impossível mentalizar.

Sentindo que o perigo se interpunha entre nós, o perigo da

revolta ante a sabedoria da vida, confiei-o a Deus que saberá orienta-

lo melhor do que eu mesma.

Não é possível que se aprove a solidão irreversível para um

homem jovem e digno da maior felicidade que a Terra possa oferecer.

O nosso Milton refará a sua tranquilidade e segurança e estaremos

juntos de outro modo. O esposo para as companheiras é também filhos

espirituais carecedores de proteção e de entendimento para viverem

com as alegrias possíveis da existência.

Querida mamãe Ignez, Istoé que me ocorre dizer, agora que a

vovó Guilhermina e a vovó Josefina me ensinaram a trilha do dever

com alegria. Do ponto de vista pessoal, prossigo melhorando e

reajustando as minhas energias para me identificar com a vida nova

que fui chamada a viver.

Não me lembrem com lágrimas, porque a nossa dor passou como

a noite que, de repente, se faz dia claro.

Page 53: CONTINUIDADE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER …Desencarnação: 09 de junho de 1984 Idade: 15 anos ESCLARECIMENTOS: PAIS: Fernando Kerr a Campos e Regina Helena Freitas Kerr Amaral –

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Espero ser-lhes útil e desejo se convençam de que estou cada vez

mais viva para amá-los e respeitá-los a todos.

Um beijo à nossa Cláudia. E, reunindo os pais queridos no

carinho de minhas saudades, com a presença do nosso Milton em

minha ternura e gratidão, beija-lhes; os corações queridos, a filha que

lhes pertence e lhes pertencerá em nome de Deus para sempre.

Maria Cristina