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CONTO DE ESCOLA (trecho) - Machado de Assis. “Não é preciso dizer que também eu ficara em brasas, ansioso que a aula acabasse; mas nem o relógio andava como das outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; este lia os jornais, artigo por artigo, pontuando-os com exclamações, com gestos de ombros, com uma ou duas pancadinhas na mesa. E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das calças, que eu não daria a ninguém, nem que me serrassem; guardá-la-ia em casa, dizendo a mamãe que a tinha achado na rua. Para que me não fugisse, ia-a apalpando, roçando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tato a inscrição, com uma grande vontade de espiá-la.” Amigo leitor, Este é o primeiro número de CONTOS DE ESCOLA, um jornal literário feito pra você curtir as divertidas narrativas escritas pelos alunos da escola Mercedes de Paula Sôda. São histórias envolventes, criadas sob orientação do professor de Língua Portuguesa, Odair de Morais. Contos primorosos, selecionados de acordo com a capacidade que possuem de surpreender o leitor. Os desenhos foram feitos por Rodrigo Piasecki, talentoso ilustrador, que empolgado com a leitura dos textos, topou logo de cara a empreitada. Todas as histórias aqui reunidas foram produzidas em sala de aula. Sem exceção. Por isso, ao serem publicadas receberam o nome de CONTOS DE ESCOLA. “Conto de escola” é o título de um texto de Machado de Assis, escritor brasileiro de origem humilde que conseguiu fama e projeção social através das letras. Por fim, queremos deixar claro que, entre os contos escolhidos para esta publicação, temos naturalmente os nossos preferidos. Não convém, entretanto, divulgar nossas preferências. Até porque, devemos dizer com toda sinceridade: todos têm o seu charme. Cabe a você, leitor, fazer agora a devida avaliação. E apontar, ao final da leitura, se o melhor é este ou aquele, e por qual motivo. Tenha um ótimo divertimento! Os editores. CONTOS DE ESCOLA Escola Estadual Mercedes de Paula Sôda

Contos de Escola - 7º Ano

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Uma seleção das melhores historias escritas por alunos do 7º Ano do Colégio Mercedes de Paula Sôda.

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Page 1: Contos de Escola - 7º Ano

CONTO DE ESCOLA (trecho) - Machado de Assis.

“Não é preciso dizer que também eu ficara em brasas, ansioso que a aula acabasse; mas nem o relógio andava como das outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; este lia os jornais, artigo por artigo, pontuando-os com exclamações, com gestos de ombros, com uma ou duas pancadinhas na mesa. E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das calças, que eu não daria a ninguém, nem que me serrassem; guardá-la-ia em casa, dizendo a mamãe que a tinha achado na rua. Para que me não fugisse, ia-a apalpando, roçando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tato a inscrição, com uma grande vontade de espiá-la.”

Amigo leitor,

Este é o primeiro número de CONTOS DE ESCOLA, um jornal literário feito pra você curtir as divertidas narrativas escritas pelos alunos da escola Mercedes de Paula Sôda. São histórias envolventes, criadas sob orientação do professor de Língua Portuguesa, Odair de Morais. Contos primorosos, selecionados de acordo com a capacidade que possuem de surpreender o leitor. Os desenhos foram feitos por Rodrigo Piasecki, talentoso ilustrador, que empolgado com a leitura dos textos, topou logo de cara a empreitada. Todas as histórias aqui reunidas foram produzidas em sala de aula. Sem exceção. Por isso, ao serem publicadas receberam o nome de CONTOS DE ESCOLA. “Conto de escola” é o título de um texto de Machado de Assis, escritor brasileiro de origem humilde que conseguiu fama e projeção social através das letras. Por fim, queremos deixar claro que, entre os contos escolhidos para esta publicação, temos naturalmente os nossos preferidos. Não convém, entretanto, divulgar nossas preferências. Até porque, devemos dizer com toda sinceridade: todos têm o seu charme. Cabe a você, leitor, fazer agora a devida avaliação. E apontar, ao final da leitura, se o melhor é este ou aquele, e por qual motivo. Tenha um ótimo divertimento!

Os editores.

CONTOS DE ESCOLAEscola Estadual Mercedes de Paula Sôda

Page 2: Contos de Escola - 7º Ano

O MEU HERÓIpor Viviane Gomes, 7º

Quando o meu cachorro nasceu, eu fiquei tão feliz que até soltei fogos. Eu fiz de tudo para deixar ele vivo, porque eu já perdi muitos cachorros. E ele foi crescendo, crescendo e ficou grandão, até batia altura do meu peito. A gente não se desgrudava nunca. Pra onde eu ia, ele me acompanhava. Ninguém mexia comigo por causa dele, sempre pronto a me defender. Os anos se passaram e ele ficou velho. Um dia, quando minha mãe me levou para escola, eu deixei vários biscoitos pra ele. Ele tinha uns biscoitinhos próprios pra ele, que ele adorava comer. Quando cheguei em casa, ele veio correndo se encontrar comigo. Mas tinha um carro vindo em alta velocidade. Logo notei que o carro podia estar sem freio. Quando o meu cachorro pulou em mim, eu caí do outro lado da rua. Quando eu vi o carro tinha atropelado ele. Por pouco eu não morri. Parece até que ele já sabia que o carro ia bater em mim. Por isso ele é meu herói. Quero dizer que ele era o meu herói porque ele morreu para me salvar. Quando ele morreu, eu chorei tanto que parecia que era minha família no lugar dele. O motorista ficou lá pedindo desculpa, dizendo que era só um cachorro. Mas quando levaram ele... Eu nem quero falar sobre isso, porque foi terrível. Assim termina a história do meu herói que, por incrível que pareça, se chamava Vilão.

Page 3: Contos de Escola - 7º Ano

O CIENTISTA MALUCOpor Wagner Mendes, 7º

Há mais ou menos três anos, havia um cientista que fazia experiências com animais em uma ilha não localizada no mapa. O cientista Agner de Paula Monteiro foi declarado desaparecido, mas, na verdade, estava escondido na ilha onde realizava suas experiências malucas. Ele uniu o material genético de uma hiena com o de uma planta carnívora e implantou em si mesmo. Isto o tornou mais forte e resistente a algumas enfermidades, mas teve fortes danos. Todas as noites ele se transformava em monstro e não conseguia se controlar, como se outra pessoa entrasse em seu corpo. Naquele dia, assim que amanheceu, ele voltou a forma humana. Apavorado com o que havia se tornado na noite anterior, decidiu trancar-se em casa. Mas, assim que ficou de noite, ele tornou a virar monstro, uma criatura horrível que destruía tudo pela frente. Um casal de pesquisadores, em trabalho nas proximidades, encontrou a ilha por acaso. Felizes com a descoberta, decidiram passar a noite por ali. Tinham planos de explorar melhor o lugar. Andaram e encontraram uma casa. Foram ver se tinha alguém lá dentro. Entraram na casa e viram o cientista Agner, que lhes perguntou: – Quem são vocês?Eles disseram os seus nomes: – Rafael. – Tati. Vendo que anoitecia, o cientista disse pra eles saírem dali o mais rápido possível, pois em breve ele se transformaria outra vez em monstro. Os pesquisadores correram, mas não conseguiram escapar. O monstro matou os dois. E o cientista maluco não se perdoou pelo que fez. Isolou-se outra vez em sua masmorra, condenado a pagar pelo que tinha acabado de fazer.

Page 4: Contos de Escola - 7º Ano

A CASA ABANDONADApor Carlos Daniel, 7º

Certo dia, Pedrinho e Ana resolveram brincar de bola. Enquanto brincavam, Pedrinho chutou a bola muito forte. E ela foi parar em uma casa abandonada. Pedrinho foi lá sozinho buscar. O vidro tinha se quebrado. A bola parou no segundo andar da casa. Quando Pedrinho ia subindo as escadas, ouviu um barulho muito forte. Na sua frente, passou um vulto, uma sombra que apareceu e desapareceu. Pedrinho, assustado, voltou correndo para casa de seu avô. Aninha perguntou, ao vê-lo entrar em casa, apavorado: – O que foi, Pedrinho? – Vote, Aninha! Aquela casa é mal-assombrada! – ele respondeu. E foi no mesmo instante perguntar pro seu avô quem é que tinha habitado aquela casa. O avô de Pedrinho contou que, há muitos anos, aquela casa tinha sido construída em cima de um cemitério. E que as pessoas que moravam ali haviam ficado loucas porque todo dia ouviam gritos aterrorizantes de adultos e crianças...

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Page 5: Contos de Escola - 7º Ano

SERÁ QUE UMA PAIXÃO EXISTE?por Ana Carolina Siqueira, 7º

Era um menino que nunca tinha ouvido falar em paixão.

Ele era um menino muito pobre. Ninguém falava com ele.

As pessoas tinham muito preconceito em relação a ele.

Certo dia, ele estava sentado em uma praça, muito triste porque ninguém gostava dele, quando chegou uma menina muito bonita e falou assim pra ele:

Menino, eu me apaixonei por você.

E ele perguntou pra ela: Mas o que é isso?

E ela, muito assustada, falou: Você não sabe o que é paixão?

Ele falou: Não, nunca tinha ouvido falar nisso.

Ela disse: Paixão é uma coisa muito boa de se sentir. Seu coração se abre, fica mais leve. Aposto que você vai gostar.

Ela perguntou pra ele: Você quer experimentar?

Ele: Claro. Como que se faz?

É simples. Vamos namorar. Se você se apaixonar, seu coração vai falar.

Ele perguntou: Mas coração fala?

Não, seu bobo, é só um modo de falar.

Ah! tá.

Então ele aprendeu o que era paixão e gostou muito.

Page 6: Contos de Escola - 7º Ano

A MENINA QUE DESOBEDECEU SUA MÃEpor Rayane Silva, 7º

Uma menina chamada Bela morava com seus pais Beatriz e João. Perto da casa dela havia uma floresta assustadora. Certo dia, ela e sua amiga Karen iam pra escola. Avistaram uma floresta. Quando voltava da escola em direção a sua casa, ela perguntou pra mãe: Mãe, posso passear naquela floresta bem ali? A mãe dela respondeu: Não pode, filha. É muito perigoso. No outro dia, voltando da escola, ela olhou demoradamente para a floresta e pensou: Não parece perigosa! E foi até lá. Curiosidade. Uma hora se passou e Bela não voltou pra casa. Sua mãe ficou muito preocupada. Telefonou pra amiga de Bela, Karen, perguntando se a filha não estava lá. Karen respondeu: Ela não está aqui. D. Beatriz ligou pra escola e a mulher que atendeu falou que Bela já tinha ido embora. A mãe de Bela ficou desesperada e ligou para seu marido João. Contou que bela estava desaparecida. Pensaram que Bela tivesse sido sequestrada. Esperaram mais um pouco pra ver se o sequestrador ia ligar pra pedir resgate. Mas nenhum sequestrador ligou. Logo dona Beatriz lembrou daquilo que Bela tinha falado no caminho e pensou: Será que bela foi pra floresta? Ligaram pra polícia. Os policiais fizeram uma busca na floresta, mas não encontraram Bela. No outro dia, colaram fotos de Bela pelos muros e postes procurando por ela. Dez anos se passaram e eles nunca mais viram sua filha. Nunca souberam que Bela foi comida por uma onça na floresta.

Page 7: Contos de Escola - 7º Ano

O SONHO DE SE CASARpor Ábia Alves, 7º

Era uma garota que sonhava se casar com um belo rapaz.

Um amigo pelo qual, com o passar do tempo, ela tinha se apaixonado. Só que ela tinha medo de falar tudo o que sentia e estragar a amizade que havia entre os dois.

E outra: o pai não gostava de sua amizade com esse rapaz. Por isso, tinha proibido eles de se encontrarem.

Um dia, a garota que se chamava Patrícia decidiu encontrá-lo escondido.

“Vou marcar um encontro para falar tudo o que sinto por ele”, ela pensou.

Em uma sorveteria, enquanto ela abria seu coração para o Pedro, seu pai apareceu de repente, se deparou com a cena e fez um escândalo na frente de todos.

Patrícia foi correndo pra casa, fez as malas chorando e decidiu que fugiria com Pedro. Pegaram um ônibus na rodoviária mais perto e se mudaram pra São Paulo.

O pai nunca mais ficou sabendo de sua filha.

Patrícia, finalmente, teve realizado o sonho de se casar com Pedro.

Tiveram três filhos.

Alguns anos depois, ela teve a notícia de que seu pai faleceu com depressão, por causa da falta que sentia de sua filha.

Page 8: Contos de Escola - 7º Ano

O CAPITÃO E O TESOURO DAS SETE PEDRASpor Thaíza Santiago, 7º

Um capitão muito velho, careca, baixo e magro, estava procurando emprego pelas ruas. No caminho, ele entrou em um bar grande e arruinado. Lá dentro estavam muitos piratas que já tinham desistido de suas profissões, mas o capitão entrou sem medo. Viu, no fundo do bar, um cartaz escrito: “Recompensa de 20.000 dobrões para quem encontrar o Tesouro das Sete Pedras.” E voltou pra casa, disposto a contar pra sua família. Ninguém concordou, pois era muito perigoso. Mesmo assim, o capitão arranjou um barco e partiu em busca da recompensa. Em alto-mar, à noite, preparou sua janta. O vento estava muito forte. A visão era pouca por conta da forte chuva. Ainda assim, o capitão conseguiu avistar um monstro – de cabeça grande como a de um polvo, e de corpo comprido como o de uma serpente. Uma onda enorme inclinou o barco e quase o virou. Todos os móveis e objetos, incluindo um grande e pesado baú, desceram em direção ao monstro, que, voltando pro fundo do mar, levou consigo a reserva de alimentos do capitão. O capitão se salvou, mas os perigos estavam apenas começando. Estava com fome e cansado, por isso tentou dormir. Mas, pouco tempo depois, ele acordou assustado com a neblina escura na qual o seu barco entrava, e não conseguia desviar. Ía de encontro a um monstro de duas cabeças. O barco começou a tremer e o monstro, saindo do fundo do mar furioso, atingiu o barco com uma de suas nadadeiras. O barco já estava quase afundando quando bateu em uma pedra. O capitão acordou, depois de algumas horas, em uma ilha cuja areia era branquinha e as árvores tinham uns frutinhos vermelhos que lembravam um tipo de maçã muito comum em sua região. Ele não pensou duas vezes, e alcançou uma com a mão. Quando levava o fruto à boca, a árvore criou vida e começou a chicotear o chão com seus galhos tentando pegar o capitão. Ele escapou por pouco. Então vagou perdido pela ilha desconhecida, com fome, sede, sem mapa e sem o seu barco. Já estava anoitecendo. O capitão montou uma cabana e conseguiu comer o resto das frutas deixado pelos animais. As horas passaram. Pra ele, a noite não acabava nunca. O sol começou a nascer. De longe, ele viu uma luz forte, que até doía em seus olhos. Caminhou nessa direção. O céu começou a ficar nublado. De uma hora pra outra, a luz parou. Mas, antes que percebesse, ele chegou ao ponto em que a luz estava: eram as sete pedras, cada uma com um formato diferente, e, bem no meio das sete, uma oitava pedra pequena e pontiaguda. O capitão tocou a pedra, que, ao ser puxada, abriu imediatamente uma escadaria tão profunda que nem dava pra ver o final. “Pode ser que o tesouro esteja lá embaixo ou não”, ele pensou. E não desceu. A escada se fechou. A terra começou a tremer. Lá de baixo saiu um bicho enorme que não atacou o capitão e, sim, fugiu acovardado para o outro lado da ilha. O capitão riu ao ver o buraco deixado pelo bicho, e, sem noção do perigo, entrou. De fora só deu para ouvir uma sequência de gritos, que, passados alguns minutos, silenciaram para sempre. Anos mais tarde, outros capitães e piratas foram tentar a sorte de encontrar o Tesouro da Sete Pedras, mas, até hoje, nenhum deles voltou para contar a história.