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CONTOS...CONTOS DE MISTÉRIO DA RUA GOLFE Capa Nicole Gallego Dias Autores Professor e alunos do Year 7 da escola Maple Bear Golfe – São José do Rio Preto/SPSUMÁRIO O MOTORISTA

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CONTOS DE

MISTÉRIO DA

RUA

GOLFE

Capa Nicole Gallego Dias

Autores Professor e alunos do Year 7 da escola Maple Bear Golfe – São José do Rio Preto/SP

2020

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SUMÁRIO

O MOTORISTA MORTO

Marcos Neviani ........................................................................................................ 5

A BONECA DA JULIE

Ana Laura Caffagni .................................................................................................. 7

ERA UMA VEZ

Ana Letícia............................................................................................................... 8

22/10/2020

Bia Hayoshi ............................................................................................................. 9

26 DE OUTUBRO - O QUE HÁ DE ERRADO EM NIGHTVILLE?

Beatriz Silva ........................................................................................................... 12

LONDRES EM SOMBRAS

Breno Medici ......................................................................................................... 17

UM SUICÍDIO MISTERIOSO

Camila Totoli ......................................................................................................... 21

QUEM MATOU?

Neto ....................................................................................................................... 26

A FAZENDA DOS HORRORES

Enzo Conti ............................................................................................................. 27

O IMPOSTOR DA NAVE

Filipe Aquino Pereira ............................................................................................. 28

O SUMIÇO DE MARIA DE LURDES

Helena Miyazaki .................................................................................................... 30

DO LIVRO PARA A VIDA

José Luis Crivellin Filho ........................................................................................ 36

ASSASSINATO ELABORADO

Enzo Siqueira ......................................................................................................... 38

O MISTÉRIO DO HOTEL MAPLE BEAR

Julia Aquino ........................................................................................................... 41

CIDADE AMALDIÇOADA

Lais Ladeia............................................................................................................. 44

A FUGA

Luisa Graciani Reis ................................................................................................ 49

MORTE EM FAMÍLIA

Manuella Gandolfi ................................................................................................. 53

O ASSASSINO NA FAMÍLIA

Maria Beatriz Mauad Alves .................................................................................... 54

TAKI

Nicole Gallego Dias ............................................................................................... 58

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MISTÉRIO NA MATA

Pedro Girardi Rebua ............................................................................................... 60

O MISTÉRIO DO VIZINHO

Pietra Veronese ...................................................................................................... 63

NÃO CONFIE EM NINGUÉM

Thiago Luiz Chaves Júnior ..................................................................................... 64

O MISTÉRIO DE SÃO RIQUELME

Victor Hugo ........................................................................................................... 65

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O MOTORISTA MORTO

Marcos Neviani

Não é de hoje que enrolo para contar essa história. Parece muito uma história contada

pelo amigo de um amigo. Mas essa não. Ela é real e aconteceu comigo. Agora, aproveito esse

breve espaço para tentar perpetrar essa história, ou seja, para que contem aos seus filhos e para

os filhos de seus filhos. Mas saibam que tudo é muito difícil de contar e vocês entenderão o

motivo conforme seguirem a leitura.

Certa feita, dirigindo-me a um centro de compras da cidade, precisei parar na rodovia,

pois ela estava sendo duplicada, funcionando naquele dia em sistema de pare e siga. Eu era o

terceiro da fila, estando a minha frente um carro e a frente deste um caminhão. Após cerca de

dez minutos de espera, um dos funcionários que trabalhava na obra autoriza os motoristas a

seguirem em frente. Teimoso, o homem que guiava o caminhão não segue adiante, mantendo-

se, recalcitrante, em seu lugar. Um tanto quanto irritadiço, o motorista do carro desvia e segue

sua viagem. Ainda que cheio de dúvidas sobre o motivo do caminhão estar parado, decido por

desviar também, afinal tinha compromisso e já estava quase atrasado. Todavia, mal sabia que

o atraso seria maior por conta de um motivo tão mórbido.

Pois bem, desvio do veículo irritantemente parado e, prestes a ultrapassá-lo, percebo a

figura do homem que controlava o tráfego correndo desesperadamente em direção ao meu carro.

De imediato, o coração pulsante e um gosto acre na boca. Em meu íntimo, imaginei que ele nos

autorizara a seguir adiante em momento errado e que outro veículo em alta velocidade viria em

minha direção e bateria de frente comigo. Frio na barriga e pesar pela decisão errada de desviar

do bendito teimoso ali parado. Imediatamente, pensei em minha família e lamentei que não

pudesse mais vê-los.

O rapaz que cuidava das obras, no auge de seu desespero, grita por ajuda e solicita que

eu pare o carro, pois havia uma emergência. Mesmo que com os batimentos acelerados pelo

susto, pergunto calmamente ao tal o que ocorrera. Quase em prantos ele diz em alto e bom som:

“Me ajuda, por favor!”. Nesse momento, eu já era pura ansiedade, mas ainda fingindo placidez,

perguntei do que ele precisava, obtendo como resposta o pior que eu podia ouvir: “O homem

do caminhão... o motorista... meu Deus... ele morreu... liga para o resgate... para os bombeiros...

me ajuda... meu Deus... ele morreu!”.

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Nesse momento, quem quase morreu fui eu, confesso. Só de imaginar aquela situação,

me desesperei: um homem morto, o choro da família, o auxílio aos amigos que pudessem ir ao

local, os relatos aos policiais, bombeiros ou médicos. A situação toda era puro desconforto e

tornou-se pior quando resolvi olhar para o finado motorista: boquiaberto, olhos levemente

cerrados, corpo jogado para trás, estático. Quis entender o motivo da morte, então associei ao

calor insuportável do dia e até mesmo, em um ato gordofóbico, à robustez do homem.

Entretanto, nada devolveria àquele indivíduo a sua vida e, por isso, só conseguia lamentar e

aguardar, amedrontado, a chegada de sua família e da equipe do IML, crente de que teria como

função ali ser um simples consolador de pessoas e testemunha ocular dos fatos.

Só que, como bem sabemos, o ser humano é um bicho curioso. Assim, humano que sou,

decidi por me aproximar do corpo do motorista. Chamei-o repetidas vezes “Companheiro!

Amigo! Está tudo bem com você?”. Óbvio nenhuma reposta a não ser a sua boca aberta, seus

olhos levemente cerrados, seu corpo jogado para trás, estático. Decidi lamentar e resolvi tocá-

lo. O corpo estava rígido. Lastimei: “Poxa, meu amigo...”.

Ao proferir essas palavras e encostar em seu nenhum pouco gélido braço, escuto um

som estrondoso, vindo de dentro do mais profundo ser daquele defunto. Um ronco tão profundo

quanto o sono imposto pela indesejável morte. Eis então que o ex-finado se levanta de sua

fúnebre posição e exclama: “Nossa! Dormi!” e acelera seu caminhão rumo ao seu destino, que,

pelo jeito, ainda não era a morte. Eu respiro aliviado à medida em que escuto ao fundo um

sonoro “Quer matar a gente de susto, cara?!”. E a vida seguiu. O funcionário tocando os carros,

eu em meu automóvel rumo ao centro de compras e o agora vivo motorista onde a vista já não

alcançava mais.

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A BONECA DA JULIE

Ana Laura Caffagni

Era uma vez uma menina chamada Julie. Ela era uma pessoa muito determinada e que

vivia em uma mansão enorme. Julie tinha tudo, os pais eram ricos e faziam tudo o que a garota

quisesse.

Certa vez no aniversário da Julie, os pais deram um cachorro e a avó deu uma boneca

usada. A Julie já tinha 13 anos, então ficou chateada com a senhora, ainda mais porque era uma

boneca estragada e velha e bem de presente de aniversário de 13 anos.

A Julie guardou a boneca em uma caixa e foi brincar com o cachorro, chamado Spot.

Quando acabou a festa, a menina foi dormir e colocou o Spot para dormir na cama dele.

Quando acordou no próximo dia, ela viu o Spot morto no chão por facadas. O pai não

gostou do Spot no primeiro dia, embora tenha sido ideia da mãe dar um filhote à garota, que

agora chorava e gritava “Spot! Spot!”.

De repente, ela viu que a caixa da boneca estava aberta e a boneca suja de um sangue

grosso que parecia ketchup. O pai estava com a mesma mancha na camisa.

A Julie confusa não sabia quem foi. Ela quebrou a boneca em pedaços e deixou ela

derreter completamente no fogo. A Julie enterrou o cachorro, e depois continuou uma vida

normal. Mas em seu coração, para sempre permaneceu a dúvida: foi o pai ou a boneca quem

matou Spot?

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ERA UMA VEZ

Ana Letícia

Um certo dia em uma cidade chamada West, o dia amanhecia triste e com fumaça no

céu. Naquele dia, ninguém foi ao trabalho e a maioria não saiu de casa até as 14h. Quando o

fizeram, caminharam para o velório do velho West.

Provavelmente você não sabe quem era o velho West. Era conhecido por todos na

cidade, claro por ter o a nome, mas não era só isso. Todos tinham medo do Sr. West, o homem

que ninguém conseguia enfrentar e ao mesmo tempo amigo de todo. Bom, nem todos. O Havem

nunca gostou dele e sempre queria acabar com o velho.

Enfim, quando bateu as quatorze badaladas, todos foram ao cemitério e lá pensaram ter

descoberto quem tinha matado o velho West. E quem o teria matado? Afinal todos eram amigos

dele e os que não eram tão próximos tinham mais medo ainda dele. Mas havia o Havem, então

já sabíamos quem fora o assassino. Quer dizer, imaginávamos, uma vez que não tinha como ser

o Havem pois ele estava preso,

E assim fez-se o burburinho: mas ele estava preso, quem teria sido o assassino? Outro

suspeito: o único ausente no cemitério e assim que demos a falta dele acionamos a polícia da

cidade vizinha e os da cidade West que estavam no velório. Os policiais foram a casa daquele

homem e quando chegaram lá ele misteriosamente também estava morto.

Outro mistério no ar: então quem matou o West estava ou no velório ou era de outra

cidade? Repentinamente, os policiais surgem no velório afirmando que o Havem tinha fugido.

“Então já sabemos quem foi” - todos falaram de uma vez só – “foi o Havem!”.

E quando os policiais investigaram a arma, viram que tinha sido mesmo o Havem.

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22/10/2020

Bia Hayoshi

O sono é uma coisa que eu sempre questionei. O que fazemos quando estamos

dormindo? Será que temos controle sobre o nosso corpo?

Sábado eu acordei com uma dor, principalmente nas minhas pernas. Na realidade, isso

não me impressiona. Desde pequena sou sonâmbula. Houve algumas raras vezes que eu dormi

no meu quarto e, na outra manhã, acordei na sala. Cinco anos atrás, depois que fui adotada pelos

Norman, essas situações diminuíram. Eu estava feliz. Eu estava calma.

Logo que acordei, saí como uma barata tonta, passando a minha mão pela minha

penteadeira até achar um remédio para dor. Então desci para a sala. Estava chovendo. Fiquei

surpresa de não ver Bonnie (meu irmão, ele é dois anos mais velho que eu, tem 18 anos) nem o

papai vendo o jogo de futebol que passa todo sábado de manhã. Pensei que, provavelmente,

foram comprar o café da manhã na padaria da esquina. Aproveitei, e fui pegar uma água na

geladeira. Virei lentamente a cabeça para o chão, e lá estavam eles. Três almas lindas, agora

sem vida. A minha família.

Deitei-me sobre os corpos e chorei. Eles foram os únicos que me acolheram quando eu

fugi da minha antiga casa. Eles eram os únicos que sabiam o quanto eu sofri quando morava

com meus pais biológicos. E agora, eles estavam mortos no chão da cozinha. Meu mundo

acabou, tudo era preto e branco. Não conseguia sentir felicidade, só o frio e o terror.

Após a polícia chegar, eles me interrogaram e perguntaram se eu tinha visto alguma

coisa. Eu, com o olho inchado, respondi que não, então eles continuaram com a investigação.

Naquela semana, fui morar na casa de uma amiga. Toda noite eu tinha um sonho. Até

que, finalmente, percebi que todas as vezes, era o mesmo sonho, ou melhor, pesadelo.

Todo dia, voltando da escola, passava em frente de nossa casa. Parava e olhava. Eu

nunca entrava. Tinha medo, medo de sentir saudade deles. Medo de saber que nunca mais vou

tê-los de volta. Na casa da minha amiga, chorava quase todo dia. Sua mãe me indicou um

psiquiatra. No começo eu recusei, pois sempre fui muito fechada com as pessoas que não eram

minha família. Acho que eu não gosto de contar da minha vida pessoal para estranhos.

Depois de eu quase sair da casa dela enquanto dormia, não teve jeito, comecei a ir ao

psiquiatra. Aquilo nem era tão ruim. Eu o contava como era minha vida antes dos Norman,

depois dos Norman, e assim vai.

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Era só mais uma consulta, eu estava contando sobre os animais de estimação que já tive,

e quando eu contei (rindo) como cada um deles morreu, ele se assustou. Disse que ficou

preocupado e me indicou um remédio. Era remédio para loucos. Óbvio que eu não ia tomar.

Decidi que nunca mais iria naquele psiquiatra e nem falaria para ninguém como assassinei,

quando criança, todos os meus bichinhos.

Quando cheguei na casa da minha amiga, sua mãe tinha tirado todas as minha roupas do

quarto e ela estava falando que eu não podia ficar lá. Pensei "o que aquele psiquiatra falou?".

Fiquei com raiva, muita raiva. Fui até a cozinha e já estava abrindo a gaveta de facas quando

percebi o que eu estava fazendo. Era como se eu não conseguisse controlar meu próprio corpo.

Olhei para trás e vi a mãe da minha amiga na frente dela, protegendo-a de algo. Protegendo-a

de mim.

Saí de lá correndo. Liguei para os meus avós biológicos (as únicas pessoas que eu ainda

não tinha afastado da minha vida) e perguntei se podia ficar na casa deles. Eles responderam

que sim, já que fazia anos que eu não os via. No caminho, recebi uma ligação da polícia. Eles

acharam digitais. Perguntaram se eu não queria ir na delegacia, pois iriam fazer o teste para

descobrir quem esteve lá naquela noite. Então, depois de meia hora esperando na delegacia,

eles me avisaram que a chuva da noite passada tinha causado um problema e não iam conseguir

fazer o teste. Naquele ponto já sabia que nunca iriam encontrar o assassino da minha família.

Chegando na casa dos meus avós, me senti bem incomodada. Estava escura, tinha roupa

em cima da mesa, comida na cama. Acabei dormindo no sofá mofado. Como eu já esperava,

acordei em outro lugar (droga de sonambulismo), mas nem liguei para isso, porque essa manhã

eu lembrava um pouco do sonho. É, aquele sonho. Nele eu ouvia passos e… gritos. Não me

lembro de ver nada. Tudo estava bem escuro.

Depois de chegar da escola, eu estava me sentindo muito mal. Deitei em um banco no

parque e algo muito estranho aconteceu. Era como se eu estivesse acordada, mas não via nada.

Eu conseguia sentir as coisas que estavam na minha frente. Meus pés estavam descalços, senti

algo como um tapete. Me lembrou muito o tapete do quarto da minha mãe. Bati em vários

móveis. Abajures, travesseiros. Ouvi uma porta abrindo, e uma voz gritando. Não consegui

entender o que falava. Então, eu saí correndo. Sabia disso pois senti meus pés se movendo muito

rápido. Como isso era possível? Consegui sentir minha mão se envolver sobre algo… ou

alguém. Levei um chute na perna e acabei acordando. O que será que aconteceu depois? Eu

queria tanto saber que nem percebi que enquanto dormia, fui andando até a casa dos Norman.

Estava agora deitada sobre a cama da minha mãe. O quarto estava todo quebrado. Saí andando

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pela casa. Era como se tivesse algo no ar, uma energia estranha. Parei na cozinha, bem aonde

encontrei os corpos. A dor na minha perna voltou. A mesma dor na perna do sábado.

Sentei no sofá e congelei. Ri. Eu tinha acabado de desvendar o caso do assassinato da

família Norman.

Agora, não se preocupem. É menos uma entre vocês. Vou ficar junto das únicas pessoas

que realmente se importavam comigo.

Ass. Melanie Norman

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26 DE OUTUBRO O QUE HÁ DE ERRADO EM NIGHTVILLE?

Beatriz Silva

Na noite fria do dia 26 de outubro, Mário e Lúcio caminhavam pela escura estrada do

bairro Nightville. Por mais que pareça assustador, andar em um lugar escuro era o menos

assustador que acontecia naquele bairro. E para os moradores, isso era normal.

Mas em um bairro como Nightville, o que faziam duas crianças sozinhas no meio da

rua, em pleno toque de recolher? Na verdade, ninguém respeita as ordens em Nightville. Se

fossem possuídos pelo medo, não sairiam nem de casa. O ar tenebroso que estava nas

redondezas parecia até sobrenatural, mas não era isso que causava medo. O que fazia crianças

e adolescentes não saírem à noite eram os vizinhos, uns mais estranhos que os outros.

O velho da casa 974 era misterioso e sombrio, não saía de dia, só à noite, não gostava

de visitas ou incômodos. Além dele, havia o vizinho da casa 453, que saía de dia, mas se

escondia à noite. Entretanto, o mais estranho é o cachorro dele, cujos uivos eram audíveis em

toda lua cheia. Mas os mais assustadores eram os seis adolescentes da casa 666, Lúcifer, Vanya,

Scott, Rachel, Sabrina e Alex. Eles sim eram muito estranhos. Lúcio jurava que eles eram

bruxos e que tinham visto eles fazerem rituais e entrarem em portais mágicos para uma escola

também mágica. Que criatividade! É claro que ninguém acreditou nele.

Mas eu repito a perguntar, o que duas crianças estavam fazendo em um bairro tão

perigoso como Nightville? Bem, eles estavam procurando seu amigo Rupert, que

misteriosamente havia sumido.

- Tem certeza de que o último lugar que o Rupert passou foi aqui na casa 242? -

perguntou Lúcio.

- Tenho! As pegadas dizem o mesmo. Essa é a vantagem de morar em um lugar que só

chove a cada dois dias. Se tivéssemos demorado mais, a chuva de amanhã teria lavado as

pegadas.

- M-mas o moço da casa 242 é muito estranho. E ele t-tem aquele problema lá com a

filha dele - gaguejou Lúcio.

Para você, que deve estar lendo e não entendendo nada, Carl Grintch (o moço da casa

242) era um pai normal, até que um caminhão atropelou sua filha de três anos, Alisson. Desde

então, Carl decidiu buscar vingança. Para isso, adotou o nome de LKW (que ridiculamente

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significa caminhão em alemão) e foi atrás do caminhoneiro que tinha matado sua filha e

amarrou-o aos trilhos de um trem. Mas uma coisa que ele não esperava era ficar corrompido

pelo desejo de matar, tornando-se um psicopata. Assim, todo dia 26 do mês de outubro, ele

escolhia uma criança boa entre três e sete anos, acreditando que se ele matasse essa criança, sua

filha teria alguém para brincar lá no céu. Como Rupert tinha sumido e as pegadas dele estavam

naquela direção da casa de Carl, Mário e Lúcio estavam preocupados.

- T-tem certeza que você quer entrar aí? – indagou Lúcio.

- Você tá com medo?

- Não! É claro que eu não estou com medo da casa sombria do psicopata que mata

crianças justo no dia de hoje – ironizou Lúcio.

Assim que entraram, o silêncio tomou conta da casa. De tão silenciosa, era possível

ouvir os passos na madeira que rangia e os corações batendo forte. Quanto mais para dentro

eles entravam, mais sombria ficava a casa. Até que perto de algo que parecia um porão eles

ouviram murmúrios.

- Rupert? - gritou Mário

A cada passo que eles davam para perto do porão, mais altos ficavam os murmúrios

desesperados. Prontos para abrir a porta, Lúcio disse:

- Mário, tem algo de errado, eu consigo sentir.

- Para de ser medroso, Lúcio!

Mário estava pronto para abrir a porta, quase virando a maçaneta até que Lúcio disse

preocupado:

- Espera! Você não acha estranho? A gente chegou até aqui, sem problema nenhum! Se

o vizinho não está aqui, ele deve estar lá dentro!

- Mas o Rupert está lá também – respondeu Mário – e ele faria o mesmo por nós.

Decidiram abrir a porta com cuidado. A primeira coisa que viram foi Rupert amarrado

em uma cadeira. Apesar do suor e a cara de medo, era incrível como ele estava vivo e intacto.

Mas onde estava o LKW?

- Ok! Já deu pra mim! Vamos soltar o Rupert e correr daqui – disse Lúcio, preocupado.

Então soltaram Rupert e correram o mais rápido possível, mas eles não esperavam

trombar com uma montanha de corpos e com Carl, que carregava um machado afiado

recentemente.

- O que vocês estão fazendo? – gritou ele – Eu preciso desta criança.

- Eu disse! Eu disse! – disse Lúcio aos berros.

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- Eu estava errado sobre você garoto ruivo. Disse Carl irritado. – você não é uma criança

pura, ou uma alma boa, vocês são crianças travessas e infelizes, e crianças assim geram adultos

estúpidos e impuros. Esse tipo de adultos acaba com a vida de pessoas inocentes, adultos assim

merecem apodrecer no inferno.

Carl jogou o martelo na direção de Rupert, que por sorte foi salvo por Mário.

Saíram correndo cada vez mais rápido, mas o vento tinha batido e fechado a grande

porta da entrada, impedindo que eles saíssem. Então, eles subiram as velhas escadas para o

andar de cima e se trancaram no sótão.

- Genial, Mário! – vociferou Lúcio – trancou a gente aqui dentro!

- Você tinha outra ideia? – perguntou Mário.

Rupert puxou a camisa de Lúcio desesperadamente e apontou para a porta. Carl estava

batendo com machado, tentando quebrá-la. Os meninos então tomaram uma atitude e foram

para o telhado.

- Como a gente sai daqui agora? - perguntou Lúcio.

Mário olhou ao redor e sugeriu para que pulassem todos em uma árvore.

Primeiro pulou Mário, que foi seguido pelo pequeno Rupert.

- Pula, Lúcio! – gritou Mário.

- E-eu não consigo! – respondeu.

O assassino subiu no telhado e foi atrás de Lúcio.

- Lúcio, pula! – gritou Mário novamente.

Rupert, que não sabia falar, fazia um sinal para que Lúcio pulasse. Então, sabendo que

de um jeito ou outro ele ia morrer, pulou mas acabou desequilibrando da árvore. Por sorte,

Mário estava por perto e conseguiu colocar a mão sob a cabeça de Lúcio para que ele não

batesse a cabeça no chão. Eles correram o mais rápido possível na direção de casa, mas Carl

conseguiu agarrar Mário antes e ameaçou cortar sua garganta.

- Rupert, solta o telefone – pediu Lúcio insistentemente.

Carl foi cortando devagar o braço de Mário.

Rupert soltou o telefone.

- A-agora larga o nosso amigo! – disse Lúcio gaguejando.

Mas Carl não o soltava. Por sorte, nesse momento um policial que passava por lá viu a

cena.

- Mãos ao alto, senão eu atiro! – gritou quase teatralmente.

Antes de levantar as mãos, Carl tomou um líquido preto e caiu imóvel no chão.

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- Veneno de Taipan - disse Lúcio lendo o frasco - Porque ele beberia o veneno da cobra

mais venenosa do mundo?

- Porque você fez isso? - perguntou Mário agarrando as bordas da camisa do assassino

– Você tem medo de ser preso?

Carl deu uma risada maquiavélica e disse:

- Não faço isso por medo, jovem Mário. Sim, Mário, eu conheço vocês, e te asseguro

que meu patrão não vai descansar até ver mortos você e seus malditos amigos. O mundo não

precisa de criaturas como vocês.

- Para quem você trabalha? – perguntou o policial.

O assassino deu outra risada maquiavélica e disse:

- Para a Humanidade.

Depois de ter dito isso, Carl morreu.

- Bem, garotos, parece que tudo voltou ao normal. Disse o policial.

- Normal? Nesse bairro? - perguntou Lúcio – Fala sério, um assassino acabou de tentar

matar a gente! Os vizinhos são bruxos, vampiros, reptilianos...

- Lúcio! - gritou Mário chamando a atenção do amigo.

- Tudo bem, um pouco de paranoia é normal - respondeu o policial – Agora vão, suas

mães devem estar preocupadas.

Algum tempo depois, toda a situação não saía da cabeça dos garotos.

- O mundo não precisa de criaturas como vocês. O que será que o vizinho da casa 242

quis dizer com isso? - perguntou Mário – Quer dizer, olha o Rupert, o que ele é se não um

simples garoto mudo? Sem querer ofender.

- É com isso que você se preocupa? - perguntou Lúcio – Ele disse que o chefe dele quer

nos matar! O vizinho da casa 242 era só o começo!

- Ele devia estar só blefando, o que mais pode dar de errado?

- Não diga isso Mário! - berrou Lúcio -Sempre que uma pessoa diz isso começa a...

De repente escutou-se um trovão seguido de uma longa tempestade.

- ... chover.

- Deve ser só uma coincidência.

- Mário, Rupert, Lúcio! – gritou uma garota que corria na direção deles.

- Laila, o que aconteceu? - perguntou Lúcio.

- Amélia... C-casa 329... sangue! – gaguejou exausta.

- Laila, respira e conta devagar.

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- É a Amélia...

- A irmã do Rupert? O que aconteceu?

- Ela, ela...

- Diz logo, Laila - disse Mário lendo os sinais de Rupert.

- Ela morreu...

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LONDRES EM SOMBRAS

Breno Medici

Era mais um dia comum em Londres, a cidade mais perigosa do mundo no século 19.

Eu estava trabalhando em um dia como todos os outros, após meu dia de trabalho, fui com

alguns amigos até um bar próximo a minha casa. Eu estava bebendo quando um homem grande

e barbudo chegou em mim, e derrubou a minha cerveja, então eu não me segurei, levantei e bati

nele, nós começamos a brigar e eu quase o matei, se não fosse pelos meus companheiros que

estavam comigo, eu com certeza o mataria.

Mais tarde quando estava voltando para casa, descobri que aquele homem do bar era um

grande criminoso que trabalhava para o Bill, o maior traficante da cidade, mas eu não me

preocupei, pois eu morava ao lado da principal delegacia de Londres, um dos lugares mais

seguros da cidade. Mas infelizmente o Bill não ligou pra isso pois ele tinha muitos contatos

dentro da polícia, e muitos policiais que ele pagava suborno para fazer vista grossa, então por

isso, no dia seguinte quando eu cheguei em casa, avistei a minha mulher no sofá morta a tiros

e facadas pelo corpo todo, o que os vizinhos e testemunhas disseram era que eles ouviram o

Bill e seus capangas gritando com a minha mulher perguntando sobre mim, mas como eu estava

no trabalho eles fizeram com a minha mulher o que iriam fazer comigo.

Depois desse dia eu estourei. Eu que sempre já fui considerado pelos psiquiatras como

“uma mente conturbada”, agora passei a ter pensamentos estranhos, crendo que por algum

motivo todas as pessoas que fizeram algum tipo de crime na vida poderiam simplesmente

morrer. Assim, após esse dia, eu realmente parei de somente pensar e comecei a fazer. No

primeiro dia após a morte de Marie, minha esposa, eu fui às ruas para procurar possíveis vítimas,

que no caso seriam criminosos em lugares de possíveis fugas. A partir disso comecei a planejar

os meus assassinatos.

Desse modo, no fatídico dia de 13 de outubro de 1888, exatamente à meia noite, eu fui

às ruas e encontrei um assaltante de bolsas e pensei que ele seria minha primeira vítima. Assim

que terminou de assaltar uma mulher que passava pela rua, eu o segui, e quando ele entrou em

um beco para ver o que havia dentro da bolsa que havia roubado, eu apareci e o matei com as

minha próprias mãos. Comecei a fazer isso diariamente. Um mês depois que eu fiz a minha

primeira vítima, já havia morrido trinta criminosos e todos no mesmo bairro e do mesmo jeito.

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Claro, após todas essas mortes a polícia finalmente começou a perceber que isso era trabalho

da mesma pessoa.

No mês seguinte eu comecei a ir atrás dos homens do Bill em busca de vingança. Por

isso, eu esperei o primeiro mês passar para não levantar suspeitas, pois todos da cidade sabiam

que quem tinha matado minha esposa tinha sido o Bill. Aguardado todo esse tempo, no dia 1º

de janeiro de 1889, Bill, que tinha mais de vinte mil homens como capangas em sua rede

criminosa, perdeu trinta dos homens mais importantes. E foi seguindo esse padrão que em 2

meses eu matei sessenta criminosos com as minhas próprias mãos.

Eu segui o ano de 1889 inteiro só punindo criminosos que trabalhavam para o Bill, de

modo que, ao fim do ano, o mafioso chegou a perder mais de 390 homens mortos por mim,

além daqueles que os que deixaram a organização somente por medo de perderem suas vidas

pelas mãos do assassino. Enquanto tudo isso acontecia, a polícia de Londres começou a abrir

várias e várias investigações contra mim, mas a minha identidade, até então, era desconhecida.

Na realidade, quase desconhecida, pois certa feita um camponês passava pela rua quando eu

enforcava um dos homens do Bill. Após me avistar, foi até a delegacia para descrever as minhas

características. Pensei em mata-lo ali no beco, mas a regra de só matar criminosos me impediu.

Na delegacia, soube que me descrevera muito bem: “Era um homem muito alto, com

aproximadamente dois metros de altura, tinha mãos grandes e era bem magro. Também usava

um sobretudo preto e uma cartola, imagino que se camuflar melhor nas ruas escuras e sombrias

de Londres”. De fato ele me descreveu exatamente como eu era, e as minhas características

batiam com as que eram encontradas nos corpos de minhas vítimas.

Fiquei sabendo do ocorrido por acaso, quando, certo dia, passei em frente a uma banca

e li em um jornal as minhas características. Vi também que havia algo escrito antes das minhas

características que eu não entendi muito bem o que era, mas eu nem liguei. Depois disso eu dei

um tempo de uma semana de matar criminosos. Mas quando eu voltei, comecei a escutar várias

pessoas falando sobre um tal de “Golen o vingador de Londres”. Logo relacionei com o que

estava escrito no jornal que eu havia lido, e então associei que Golen era o apelido que o povo

de Londres e a polícia haviam me dado.

Seguro de certa aprovação popular, comecei a quadruplicar as minhas morte,

assassinando mais criminosos por dia, dessa vez sem um padrão. Nesse ritmo, fiquei mais de

um ano matando criminosos normais e muitos dos homens do Bill, eu parei de ser sistemático,

de maneira que em quatro anos eu já havia matado aproximadamente mais de 4 mil criminosos,

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sendo assim conhecido por alguns como “Golen o salvador de Londres” e por outros como

“Golen, o terror das sombras”.

Mas apelidos não me importavam. Eu só ligava para acabar com a vida do Bill, e em

pouco mais de quatro anos havia matado mais de dois dos vinte mil de seus homens, e contando

com os outros que saíram, sobraram aproximadamente cinco mil homens. Ao ver isso, Bill não

deixou barato e, assim como a polícia, ele montou uma pequena força tarefa com os poucos

homens que sobraram para me caçar. Isso facilitou muito meu trabalho de matar os homens do

Bill, de forma que, em um ano, tirei a vida de 4.800 dos cinco mil homens do Bill que haviam

no começo do ano. E assim o Bill começou a querer me enfrentar pessoalmente.

Mas eu não queria matá-lo antes que ele visse a organização criminosa dele cair aos

pedaços. Em cinco anos, de acordo com os dados da polícia, o “Golen” havia matado

aproximadamente nove mil criminosos sendo eles 6.800 homens do Bill. Esses dados

começaram a fazer com que a polícia ficasse cada vez mais próxima da minha verdadeira

identidade, pois eles começaram a achar estranho o fato de que, entre tantos mafiosos de

Londres, eu escolher apenas aos relacionados a Bill.

E não foi difícil eles chegarem no fato da morte de Marie, que consequentemente levou

até mim, mas eu nunca tive medo de ser preso, pois eu sempre soube que mesmo se eu fosse

preso eu poderia matar os criminosos que haviam dentro da prisão, então eu poderia continuar

matando sem medo da polícia. Mas eu tinha muito medo da morte, pois eu só tinha uma certeza:

eu ia para o inferno de qualquer jeito, mas eu também não ligava tanto para a morte, eu nunca

deixei as minhas emoções me afetarem desde quando eu era uma criança, por que então eu faria

isso agora?

Cada dia que se passava, mais criminosos morriam e mais a polícia se aproximava de

mim. No final do ano de 1893, seis anos depois da minha primeira vítima, eu era o matador em

série mais conhecido da história, e não era só em Londres, era no mundo todo, eu tinha muitas

mortes nas costas, no final daquele anos eu tinha aproximadamente 10.500 mortes registradas

pela polícia de Londres, tirando as que não foram registradas. Eu era temido pelos que já haviam

cometido crimes e era amado pelos que nunca tinham cometido crimes e que precisavam de

proteção, alguns chegavam até a me chamar de algum tipo de policial, que combatia o crime

em Londres, coisa que a polícia londrina não fazia.

Desde o início meu objetivo era fazer o que a polícia corrupta de Londres não fazia, que

era punir criminosos. Quando faltavam apenas duzentos homens do Bill eu decidi acabar com

essa história de matar qualquer criminoso. Então durante dois meses eu decidi acabar com a

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organização do Bill de uma vez por todas. Assim, tirei caprichosamente a vida de 199 homens

do Bill, o único que sobrou foi ele e seu guarda costas, Gordon. Em uma noite do dia 22 de

dezembro de 1897 eu entrei no galpão principal de trabalho do Bill onde ele e o Gordon

conversavam sobre qual seria o meu destino, se eles só iriam me deixar seguir ou se eles iam

tentar me matar.

Mas antes que eles chegassem em uma conclusão eu apaguei a luz do galpão e também

apaguei os dois. Assim, no fatídico dia de 23 de dezembro de 1897 eu matei o Gordon na frente

do Bill e o matei depois, coloquei seu corpo em frente à delegacia do mesmo bairro que mataram

minha mulher. Junto ao corpo, deixei uma cópia dessas páginas e coloquei dentro do terno do

Bill. Então, se você está lendo as páginas que estavam dentro do terno do Bill, saibam que eu

irei voltar, e vou continuar minha missão.

Depois de 10 anos e aproximadamente 17.800 vítimas, eu entrego essa carta para que

todos saibam minha história. E se vocês policiais não quiseram publicar essa história para o

povo por medo de que seus escândalos de corrupção venham à tona, podem ficar tranquilos,

pois todas as pessoas no mundo vão saber através disso o porquê eu fiz o que fiz e o que

realmente é a vergonha da polícia de Londres.

Eu voltarei

Golen

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UM SUICÍDIO MISTERIOSO

Camila Totoli

Meu nome é Maggie Larrat. Sei que meu nome não é comum, mas é porque minha mãe

tinha uma amiga chamada Maggie, que era uma grande detetive e escritora. Claro que depois

de conhecer esses detalhes do meu nome, entendi o meu destino: solucionar um grande mistério.

Eu não era uma criança comum, não gostava de brincar de pega-pega, esconde-esconde

ou outros tipos de brincadeiras. Não. Enquanto meus amigos perdiam tempo com essas

barbaridades, eu lia grandes livros de mistério e jornais. Quando completei 14 anos, comecei a

contribuir com o jornal da escola, escrevendo artigos e revelando alguns mistérios. Eu era tão

desconfiada, que certa vez descobri que o zelador da escola bebia em trabalho, isso apenas

porque ele tinha ido duas vezes ao banheiro. Por conta dessas minhas características, as pessoas

me chamavam de radar de mistérios e também de lunática algumas vezes, o que não era algo

que me incomodasse. Mas eu não era sozinha, morava com a minha mãe Margaret Larrat e ela

tinha uma família de primos distantes que moram na Argentina: tia Apple, prima Julie, tio Bart,

primo Otavius, e um amigo de Otavius, chamado Renan. Eles tinham muito dinheiro e também

eram conhecidos como “Os Larrat e seu império de vinho”. Me lembro de algumas vezes ter

estado lá e visitado eles, eles são muito legais e muito engraçados.

Faltando uma semana pro Natal, estava no avião indo visitar os meus primos. Viajava

sozinha, pois minha mãe tinha saído a negócios a uns dois dias atrás e não tinha voltado nem

dado notícia, mas me mandou um bilhete dizendo me explicando a situação.

Aguardando minha chegada calmamente no avião, recebi repentinamente um

telefonema:

- Ele morreu! Ele morreu! - minha prima chorava e gritava desesperada!

- Quem? - perguntei assustada.

- Ele! Ele!

- Ele quem? - falei com desespero estampado no rosto.

- O meu Otavius! Meu irmãozinho! Não!

- Calma! Calma!

- Ele não! Ele não! - ela gritava cada vez mais alto.

Houve uma interferência e a chamada caiu. A tristeza me dominava. Era uma família

tão feliz.

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E foi assim que descobri que meu primo Otavius tinha se suicidado, ou não, mas isso só

são pensamentos de uma garota irritada pela morte do primo. Mesmo assim eles me imploraram

para passar o Natal lá, mesmo com esse grande desastre acontecendo. Eu topei porque tinha

que descobrir porque meu primo se suicidou.

Quando cheguei lá, minha tia estava de preto e com a polícia na porta quase saindo,

então pedi para conversar com o policial alegando ser da família. Ele me disse que do lado de

seu corpo havia drogas e uma arma na sua mão. Minha tia estava em estado catatônico e meu

tio em desespero profundo. Já Renan estava assustado, nada mais.

- Cadê a Julie!? – perguntei, mas ninguém me respondeu.

Até que ela veio até mim e estava chorando!

Olhei atentamente os rostos de todos indignada, pois quem faria uma família tão pura

sofrer? Até que parei e vi Renan. Quando olhei seu rosto me lembrei do Natal passado: ele e o

meu primo haviam brigado o meu primo tinha dito alguma coisa de “te dei abrigo e comida é

assim que você me retribui!” As drogas! Foi como se alguma coisa tivesse clareado na minha

cabeça! Organizei meus pensamentos, pois não queria contar nada para minha tia e tio até que

eu tivesse uma confirmação.

Eu entrei na mansão era grande e bonita com paredes brancas e tapetes tradicionais,

castiçais de ouro nas mesas, um lindo lustre e um piano que tia Apple adorava tocar. Tudo

estava o mesmo, exceto que meu primo não estava morto da última vez que eu vim, Minha tia

continuava em choque sem dizer uma palavra, e o meu tio empurrava sua cadeira de rodas. Julie

olhou para mim e assentiu. Me levou até meu quarto: era grande maior que o de costume com

uma cama vermelha, um grande armário, um tapete tradicional e um banner escrito bem-vinda

prima, pelo visto tinham feito isso antes do grande desastre. Sentei na cama abracei Julie e falei:

- Pode chorar!

Ela me abraçou e caiu aos prantos, eu só conseguia pensar que descobriria esse assassino

cruel!

Depois de um tempo era hora de dormir, Julie já estava em seu quarto, então resolvi

fazer um mural com todas as pistas que eu tinha e investigar mais um pouco. Eu estava indo até

o quarto que pertencia a Otavius até que meu tio, desorientado, trombou comigo.

- Oi, tio. Tudo bem? - perguntei a ele

Ele olhou pra mim, forçou um sorriso e disse:

- Vai ficar! - com uma voz rouca de tanto chorar.

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Meu tio era emotivo, nunca segurava seus sentimentos (e eu adorava isso nele). Quando

virei até meu quarto, um barulho de vidro sendo quebrado ecoou nos nossos ouvidos, vinha do

quarto de Renan. Saímos correndo e vimos ele perto do vidro, lá embaixo tinha uma maleta,

meu tio ficou assustado desceu e pegou a maleta.

- O que você tá fazendo? - Renan falou desesperado.

- Verificando o que tem aqui dentro disso!

Meu tio achou drogas dentro da maleta e nos entreolhamos com olhos arregalados.

- Não fui! - ele disse desesperado.

- Desgraçado! Vendendo drogas na minha casa!

- Calma, calma, já é noite amanhã nós conversamos sobre isso! - eu disse tentando

diminuir os ânimos.

- Não, vai ser agora! - meu tio falou.

- Por favor, tio! Agora você está cansado!

- Ok! Amanhã você sai da minha casa! - gritou novamente.

- Tio, amanhã a gente conversa! - disse em um tom de autoridade.

Tentei acalmar meu tio e ele foi direto pra cama. Eu estava nervosa então não consegui

dormir e desci com uma vela, ouvi um barulho olhei de canto e tinha uma pessoa lá. Logo

diagnostiquei que era minha prima com o Renan. Estranhei logo de cara e aí eles perceberam e

no meio do nada eles começaram a discutir.

Saí correndo, mas achei muito estranho a atitude deles, daí tomei uns calmantes que

estavam na bolsa e consegui dormir.

Quando acordei eram seis da manhã, peguei meu mural e comecei a colocar os suspeitos

e registrar tudo que havia acontecido. Confesso que tudo ligava ao Renan, mas ainda faltava

relatar a conversa de hoje. Repentinamente, ouvi um grito e saí correndo, desci as escadas e lá

estava meu tio gritando falando que queria Renan fora de casa. O rapaz prometeu que não faria

mais isso, mas algo me dizia que ele não iria parar, visto que era um cínico e que matara meu

primo. Sabia que era ele só precisava provar. Irritado, meu tio não tinha condição de responder,

então eu impedi sua resposta e falei que ele podia ficar uns dias ali.

Passou um tempo e era hora de jantar, Renan parecia não estar incomodado com a

conversa que tivemos de manhã e muito menos agradecido por eu ter salvado ele, até que recebi

uma ligação. Pedi educadamente para me retirar da mesa, atendi e era a voz de uma moça em

um tom alto e claro

- Você é Margaret Larrat?

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- Esse é o nome da minha mãe - respondi curiosa.

- Pode passar para ela um endereço? - perguntou rapidamente

- Como assim?

- É sobre o assassinato de Otavius, quem foi o assassino ou melhor assassinos! - ela me

respondeu sem paciência.

- Pode passar!

- Sabe o Shopping Bueno? Nos encontramos no estacionamento dele. Espero ver sua

mãe lá!

- Ok, passarei o recado. - finalizei

Ela desligou. Meu Deus, uma testemunha? Por que minha mãe estava investigando o

suicídio de Otavius? Quem era o assassino ou os assassinos? Um monte de perguntas brotaram

na minha mente, liguei para minha mãe e ela não atendeu, então mandei uma mensagem.

Fui correndo e desci as escadas. Minha prima me abordou e me perguntou onde eu

estava indo, falei qualquer desculpa tola e sai até o Shopping Bueno, de Buenos Aires, muito

ansiosa.

Procurei cautelosamente minha mãe ou informante, quando bati de cara com a polícia

isolando o local. Lá estava uma moça desconhecida, com cerca de 30 anos, morta no chão e do

lado um brinco de ouro. O mesmo que a minha mãe tinha. Tremi, e seguido de uma tontura,

desmaiei, não lembro do que aconteceu, só lembro de acordar no hospital com a minha prima

do meu lado.

- Se quisesse ir ao shopping fazer compras eu iria com você! - falou dando uma leve

risadinha

- Eu estava um pouco tonta e... - tentei terminar de falar, sendo interrompida por minha

prima

- Eu sei, poupe suas palavras, tá tudo bem!

Já estava mais calma até que a enfermeira me avisou que teria de dormir no hospital,

algo pelo qual sinto muita raiva, e dormir não era uma opção já que tinha acabado de descobrir

que minha mãe era uma assassina.

Passei a noite pensando, até que vi o meu tio com a polícia na frente do meu quarto.

Eles deram uma ficha pro meu tio, que a deixou na cabeceira da minha maca e saiu. Eu muito

curiosa abri e lá estavam mais de 10 casos de mortes da família Larrat e todas ligada ao suicídio.

Então minha mãe não tinha sido a única? E porque meu tio não me contou sobre isso? Fiquei a

noite inteira conspirando e consegui pegar meu celular escondido, a única maneira de saber é

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checando. Então liguei para um contato para investigar o número da informante e descobrir a

casa que ela morava.

Minha fonte me deu rapidamente a informação, então a única coisa que precisava fazer

era ir até lá. Esperei o dia amanhecer e me darem alta, mas minha prima e meu tio ficaram com

olho grudado em mim o dia todo, então era difícil escapar. Fingi ir ao banheiro e fugi, fui até a

casa da vítima, lá estavam os parentes muito confusos. Olhei para eles e falei:

- Bom dia! Vocês conhecem Margaret Larrat, ela é a minha mãe? - perguntei

esperançosa

- Ah! Você é parente dela! - eles me responderam.

- Sim!

- Temos uma fita escrito o nome dela com uma pasta!

- Posso pegar? - falei muito animada.

- É claro, era para nós darmos a vocês.

- Obrigada.

Peguei rapidamente tudo e pedi gentilmente um videocassete emprestado. Eles me

forneceram, então coloquei a fita e comecei a escutar uma voz que dizia:

- Foram eles, os Larrat, mataram o próprio filho, inclusive a pequena Julie ajudou, e o

amigo ingrato de Otavius também!

A fita acabava, eu estava com uma expressão de horror, estava tremendo. Na pasta havia

documentos comprovando relatos de algumas testemunhas, tudo o que eu precisava para provar.

Corri assustada e pedi a uma moça seu telefone. Liguei para a polícia e em 15 minutos

já estavam lá com todas as provas em mãos. Todos olharam horrorizados e logo estava protegida

no carro da polícia, até que o carro subitamente capotou. Não vi mais nada. Quando cheguei no

hospital já era tarde, meus olhos fechavam lentamente e meu tio, minha tia e minha prima, todos

estavam ao meu redor e olhavam pra mim com um sorriso maléfico no rosto.

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QUEM MATOU?

Neto

Era uma vez, em um dia com muita chuva, em uma mansão mal-assombrada, um

detetive que precisava descobrir o caso de quem matara o filho do advogado Carlos Luís

Andrade da Silva. Ele olhou nas câmeras de segurança e percebeu que havia quatro pessoas na

casa do momento da tragédia. Assim, decidiu interrogar todos que eram suspeitos.

O primeiro a ser questionado foi o cozinheiro, que dizia que estava preparando e janta

e limpando as suas roupas logo em seguida. Em seguida, o próprio advogado Carlos foi

interrogado, uma vez que ele mesmo poderia ter assassinado seu filho. Como álibi, disse que

estava trabalhando em seu escritório. O camareiro, por sua vez, disse que estava limpando os

quartos. Por fim, o último a ser entrevistado fora o jardineiro, que dizia estar regando as plantas

do jardim.

Mas o detetive, já famoso devido ao seu raciocínio tão esperto quanto o de Einstein, em

pouco tempo descobriu quem era o verdadeiro culpado desse crime feroz. Assim, percebeu que

o álibi do jardineiro não era possível, afinal no dia do assassinato estava chovendo, não fazendo

sentido ele estar regando as plantas. Assim, o Einstein das investigações começou a desconfiar

do jardineiro Elvis, de maneira que, passados alguns dias, descobriu-se que o corpo fora

enterrado no jardim, deixando claro, inclusive, a motivação do crime, uma vez que no cadáver

havia um bilhete que dizia: “Nunca seja racista...”

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A FAZENDA DOS HORRORES

Enzo Conti

Em um dia Enzo, Heitor, Léo e Pedro queriam fazer algo diferente entre eles.

Acabaram chegando à conclusão de que acampar seria a melhor escolha e assim foram

sozinho nas fazenda do Luciano, tio do Léo. Chegando lá, repararam que era uma fazenda bem

velha e que tinha uma floresta ao lado e nela vários animais por perto.

Na primeira noite ocorreu tudo bem. Escutaram alguns, mas pensaram que era coisa da

cabeça deles. Após acordarem, encontraram três galinhas mortas, o que os deixou confusos e

assustados

A noite seguinte chegou e junto com ela os barulhos, mas dessa vez eram mais intensos,

o que os fez pensarem que era outro animal sendo morto. Aflitos, tentaram se esconder. Porém,

quando abriram a porta, avistaram várias espingardas. Cada um pegou uma e tentaram adentrar

pela floresta. Pouco tempo depois, viram um urso fazendo o mesmo barulho que estavam

escutando anteriormente. Aliviados, mas ainda assustados, pensaram que não era nada

assombroso, mas era apenas um simples urso.

Depois voltaram à fazenda gargalhando e não dormiram mais aquela noite, pois já

estavam muito ativos. Por isso, conversaram muito e riram da situação, indo embora apenas ao

meio-dia.

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O IMPOSTOR DA NAVE

Filipe Aquino Pereira

Certa feita, nos idos de 1990, uma empresa investiu fundo em pesquisas científicas, de

modo que preparavam uma nave para ir ao espaço com doze tripulantes a fim fazer inúmeras

pesquisas científicas no espaço. Após muitas revisões, partiram todos, felizes e ansiosos, em

direção ao espaço.

Já na órbita da Terra, se organizaram e já foram para as pesquisas. O primeiro dia foi

um sucesso, com tudo ocorrendo dentro do esperado. Entretanto, em relação ao dia seguinte,

não era possível dizer o mesmo. Logo pela manhã havia um corpo morto nos fios da nave.

Todos ficaram muito assustados no momento, porém se acalmaram e chamaram uma reunião

de emergência, e lá perguntaram onde estava cada um nesse momento e o que faziam. Todos

falaram que estavam dormindo, menos uma pessoas chamada Maia, que disse que estava

tomando café na cozinha. Obviamente, todos suspeitaram dela, porém não a expulsaram, porque

não tinha tantas provas e poderia ser outro alguém.

No terceiro dia, eles acordam, tomam café e vão as pesquisas, mas agora em dupla. Uma

das duplas se separou do resto, pois não sabia que estava perto de um impostor e ele podia matar

ele a qualquer momento. Esperto, o impostor não matou, porque seria muito óbvio, visto que

ele estava na única dupla que se separou.

Quando quase todos tinham retornado de seus estudos, descobre-se que havia mais uma

pessoa morta. Aproveitando-se da distração de uma das duplas, o impostor utilizou a tubulação

da espaçonave, indo até a sala de câmeras e cometendo o assassinato. Cometido o crime, voltou

à sala de reunião sem que ninguém percebesse e fingindo que nada tinha acontecido. Pouco

tempo depois, viram o corpo e chamaram uma nova reunião. Nela, todos acharam que era o

sobrevivente da dupla quem havia cometido o assassinato e reportado aos demais, de modo que

o expulsaram da nave.

Quando foram atrás do corpo novamente, acharam uma cartinha em cima do cadáver,

na qual estava escrito que a pessoa que matou esse corpo iria acabar com uma vida por dia, o

que causou medo em todos. Mas como tinha afazeres, terminaram as pesquisas e foram dormir,

fechando e trancando todas as portas dos quartos com medo, afinal, dentre os nove tripulantes,

já que dois morreram e um foi jogado para fora da nave, havia um impostor assassino entre

todos.

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Depois de uns dias, o impostor começou a matar muitos, de modo que cada vez mais o

número de mortos aumentava. Agora, eles já eram em seis, sendo apenas cinco pessoas

confiáveis, o que deixava o clima bem tenso.

No próximo dia o impostor decidiu matar dois de uma vez, deixando os dois corpos

juntos. Os tripulantes ficaram com medo e todos ficaram juntos, porque se o impostor tentasse

matar qualquer um, os outros iriam ver e iriam tirar o impostor da nave. Todos ficavam parados

sem fazer pesquisas olhando um ao outro. Todavia, nada aconteceu, então quando foram dormir

todos na mesma cama, o impostor matou mais um, e voltou a dormir fingindo que nada tinha

acontecido naquela noite. Assim, tão logo amanheceu, passaram uma água na cara para acordar

direito e já chamaram a reunião para ter mais informações e tentar achar o impostor e tirá-lo

logo da nave.

E então pensaram que o só faltava mais uma pessoas para o impostor matar e depois iria

sobrar apenas dois, o impostor e uma pessoa, o que seria ser muito fácil para o assassino.

Arthur perguntou para Matheus e Maia onde eles estavam. Maia respondeu calmamente

que estava dormindo e não viu nada, Arthur falou normalmente que também estava dormindo

e por esse fato não viu nada, e quando Matheus, o último a falar, ficou nervoso e acabou

gaguejando ao dizer que não vira nada. Então Maia disse que, com certeza, era ele. Matheus

tentou se defender, dizendo que estava nervoso e que não era o impostor, acusando Maia pelos

assassinatos. A decisão ficou nas mãos de Arthur, que pediu para eles esclarecerem mais. Maia

falou que todas as vezes que tinha alguém morto, ela sempre estava longe.

Matheus disse que quando mataram uma pessoas nos fios da nave, ele estava perto de

seus amigos e inclusive de Arthur, e que apenas Maia estava longe e ninguém a viu. Então

Arthur ficou mais convencido com a história de Matheus e por isso votou para que Maia saísse

da nave imediatamente. Ao ser jogada fora, confirmaram que Maia era a impostora...

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O SUMIÇO DE MARIA DE LURDES

Helena Miyazaki

Olá! Meu nome é Maria Iracema. Não sei por que eu estou fazendo isso, mas desde

pequena eu gosto de escrever, fazer o quê. De qualquer modo, vou aproveitar esse espaço para

desabafar, então vou contar o que está acontecendo aqui. Caso queira ler, tudo bem, vem

comigo. Mas se não quiser, tchau! Vá para o próximo conto.

Maria De Lurdes sumiu. Minha filha. Bem que de certo modo ela merecia. Brincadeira.

Ela teve dois namorados, um era demoníaco, o outro pior ainda. Mas eu não gostava nem do

dedo do pé primeiro, o Paulo André. Aquele moleque me dá nos nervos. Tenho certeza que foi

ele que raptou minha filha.

Por quê? Você também vai ficar de perguntinhas? Ah! Ele era bonzinho demais, e eu

sei que nenhuma pessoa é 100% boa. Mesmo eu achando a mãe dele uma sem vergonha, o pai

um estrela podre, a irmã uma influencer sem sal, e ele um ridículo, rolha de poço, macarrão

sem molho, assento de bicicleta, aterrorizador de sogras, barriga de Shrek, big feioso, boi da

cara preta, bulldog, cara de camelo, cara de cavalo, cara de ovo e cara de pombo, ele ainda

falava que gostava de mim. Imagine!

Confesso que meu objetivo de vida era fazer ele me odiar. Isso geralmente era fácil, mas

com ele se tornou impossível. Até Maria de Lurdes achou estranho ele ainda gostar de mim

depois de muitas baixarias (merecidas) que eu falei pra ele. Mas depois de muito tempo, eu

venci e ele terminou o namoro com minha filha.

Maria de Lurdes tem 16 anos. Menina bonita, intel... ia falar inteligente, mas ela não era

muito. Não percebia os pormenores das coisas. Ela não sabe, mas eu sou uma ótima mãe. Já

Maria de Lurdes parece que usa perfume para atrair pivete. E eu sou antipivete. Ela também é

cabeça dura. Mas eu amo minha filha. Sinto saudades dela, inclusive.

Depois de um tempo do primeiro término, veio o outro safado. João Lucas. Ele era

melhorzinho. Demonstrava mais o ódio por mim. Eu até que gostava dele por isso. Mas ele

roubava minha filha de mim. Levava ela só pra família dele. Teve um dia que eles foram para

uma festa e eu fui buscar Maria de Lurdes. Cheguei lá e o cara da portaria não me deixava

entrar.

- Como assim você não vai abrir essa porta?

- É, a senhora não pode entrar.

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- Ah, eu posso…

- Eu vou ser obrigado a chamar os seguranças.

Meu sangue já me subia à cabeça.

- Olha aqui, guardinha de m… - segurei o que veio à boca – guardinha da vovózinha da

esquina! Minha filha está aí e eu não quero nem saber, eu vou entrar.

- A senhora não vai entrar, ligue e peça para sua filha sair.

Ah, mas ele não conhece minha filha. Maria de Lurdes saindo da festa? Sem eu puxar

ela pelos cabelos? Ele definitivamente não conhece minha filha. E nem a mãe dela. Dona Maria

Iracema em ação!

- Senhor, dá licença! – disse já pegando o spray de pimenta “margarenta”, sei lá o nome,

só sei que arde, e joguei bem na fuça dele. Dois beijos.

Entrei na festa com estilo. Olhei pro lado e vi aquele moleque, cara de sapo, cara de

sabão, cara de camelo velho, cara de cogumelo, safado, traidor, nojento, mimadinho do João

Lucas. Eu tinha mais 500 apelidos inventados na hora, mas eu olhei para o outro lado e Maria

de Lurdes estava vindo toda boba e inocente. Saí correndo, catei minha filha e enfiei a cara dela

na frente do cara de sapo do João Lucas e da piriguetinha que ele estava beijando na festa que

minha filha estava. Claro que o sangue me subiu. Sim! Ele estava traindo ela na mesma festa

em que foi acompanhado de minha filha.

Em um raro momento de esperteza, Maria de lurdes fez o que eu ensinei. Deu uma na

fuça dele e jogou spray de pimenta nos dois. Dois beijos! É claro que eles romperam. Nunca

mais vi João Lucas. Só que depois de um tempo vi no Instagram que a menina, chamada Anna

Paola, estava esperando um bebê. Fiz um sinal da cruz e agradeci não ser a avó.

Foi assim o término dos dois amorzinhos de Maria de Lurdes. Duas semanas depois, eu

acordei e minha filha não estava mais comigo. Em um primeiro momento eu aproveitei né. A

televisão era minha, tinha comida só pra mim e eu não tinha que dar exemplo. Mas depois de

uma semana, ela não tinha voltado. Eu liguei para as amigas dela e elas não sabiam de nada. Aí

me recordei que tinha tido a nítida impressão de ter ouvido uns gritos na noite que ela tinha

sumido, mas achava era só mais um dos dramas dela, tanto que, sonolenta, gritei:

- Cala boca Maria de Lurdes, quero dormir.

Quando caiu a ficha, eu dei a louca e fui procurar um detetive, pois não queria envolver

policialzinho no caso. Tinha o telefone dele por um acaso, pois certa vez achei um cartão jogado

em frente de casa ainda na época que minha filha namorada o demoníaco do Paulo André. Fui

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até ele em um lugar estranho, meio isolado. Depois batemos um papo. Ele parecia ser bom,

porque ele já sabia de umas coisas.

- Bom dia, Dona Maria Iracema.- Fiquei pasma, pois ele já sabia meu nome.

- Bom dia, seu... - Não sabia o nome dele.

- Detetive Frederico.

- Que bom gosto desse nome hein. - ironizei

Eu vi que ele não gostou muito da minha piada.

- Vamos, sente-se, me conte tudo.

Contei tudo. Ele não parecia surpreso, parecia até que já sabia de tudo. Claro que eu

tentei induzi-lo a crer que era o maldito do Paulo André, mas repentinamente ele me diz:

- E o João Lucas? Ele é um suspeito.

- Não acho que seja ele. É o Paulo André seu detetive. Você não acha suspeito tudo o

que eu te falei dele?

- Não! – disse ríspido - quero dizer sim, sem dúvidas, mas...

Ali meu sangue, como já é de costume, subiu.

- Olhe aqui seu filhote de javali. Trate de suspeitar do Paulo André sim, pois ele é um

suspeito!

- Minha senhora, o detetive sou eu. Vá para sua casa. Conversarei com os dois e te ligo

amanhã para apresentar minhas impressões – disse em um tom acima do meu.

Levantei fingindo que ele tinha ganhado, mas não. Usei um outro spray, uma essência

de urina direto na fuça dele e saí. Dois beijos!. E antes que perguntem: sim, dentro da minha

bolsa tem spray de todo tipo. Ele não sabia que eu ia fazer isso, e também não sabia que eu não

iria pra casa. Fiquei escondida e o segui. Qual não foi minha surpresa quando vi o Paulo André,

aquele ser demoníaco, entrar na casa do detetive com cara feia por causa do spray de urina. Eu

tive vontade de subir na cara dos dois. Mas eu tinha que me segurar para descobrir pistas sobre

minha filha.

Fiquei embaixo da janela ouvindo tudo, mas eles não conversaram sobre nada, apenas

sobre suas vidas. Paulo falava sobre uma namorada qualquer aí que, segundo ele, estava

viajando, e junto do detetive dava muitas risadas. Foi então entendi: eles eram conhecidos.

João Lucas entrou e fez a mesma cara de nojo de Paulo André. Tudo o que ele falava, o

detetive anotava e fazia cara de suspeito. João dizia que está construindo uma família feliz com

Anna Paola, que ele nunca gostou de mim mesmo, que amava minha filha, mas se apaixonou

pela outra menina, que não tinha motivos pra gostar de Maria de Lurdes. De repente, a própria

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Anna Paola, acompanhada de um velha que não parava de acariciar a barriga grávida como uma

babona, entrou na sala do detetive. Definitivamente eu não tinha razões para suspeitar de João

Lucas.

Fui pra casa e dormi como uma pedra. Acordei com o celular que eu deixei lá na sala.

Deu uma preguiça de levantar. Mas então eu lembrei que a Maria de Lurdes tinha sumido e a

pessoa que ligou as 8:00 da manhã podia ter notícias dela. Atendi. Era Frederico, o detetive.

Ele disse uma coisa que surpreendentemente não me afetou de alguma forma.

- Você precisa ser forte.

- Larga de drama e fala logo.

- Sua filha morreu.

- Mentira.

- Como mentira?

- Mentira.

- Dona…

Desliguei. Sentei no sofá e comecei a pensar. 8:05.. 8:15... 8:30... 8:50... 8:59! Pronto!.

Tudo fazia sentido na minha cabeça. Fiz um coque rápido, troquei de roupa, catei minha bolsa,

mastiguei algumas pastilhas e fui.

Passei nas lojinhas onde vendiam os melhores sprays de todos os cheiros e sabores.

Aproveitei e comprei uma tesoura linda que eu vi, vai que, né? Fui falar com a polícia. Sim, a

polícia. Era a única opção. Contei tudo a um policial, deu certo. Não tinha nada de informação

do detetive Frederico. Rapidamente a polícia agiu e ele foi preso preventivamente, aquele tatu,

filhote de javali, mentiroso, traidor, bobão, cara de pedra e cara de sapo.

Depois de um tempo, a polícia continuou as buscas da minha filha. O policial disse que

eu precisava passar os números de celular da família dos dois possíveis assassinos de minha

filha, Paulo André e João Lucas. Passei. Na família do João Lucas falaram tudo que ele disse

na entrevista, mas quem garante que eles estavam mentindo? Ligamos pra família do Paulo

André:

- Bom dia, quem fala?

- Policial Junior.

- O que você quer? Eu estou ocupada.

Era a irmã dele. Sangue subindo. Tentei pegar o telefone, mas o policial Junior me

acalmou antes que eu perdesse a cabeça e fizesse caca.

- Preciso saber do seu irmão – disse o policial.

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- Mãe! É um policial, quer saber do Paulo André! – berrou em alto e bom som.

Ele afastou o telefone do ouvido.

- Ela está no banho, o que você quer saber? Pode falar comigo.

- Primeiro: ele está solteiro?

- Está.

- Segundo: ele está viajando?

- Paulo André viajando? De jeito nenhum – disse aos risos.

- Última pergunta: onde ele está agora?

- Na fazenda. Foi a última né? Tchau! – disse desligando grosseiramente.

-Não, dona, tenho mais perguntas – disse já para o silêncio do outro lado da linha.

Quando ele virou, eu já estava longe. Eu sabia onde ficava essa tal fazenda, já fui pra lá

quando Maria de Lurdes ainda namorava Paulo André. Eu sabia que era ele. Tinha certeza.

Peguei meu carro e fui. Ele tinha mentido. Apesar de demoníaco, burro, pois não tinha álibi

armado com a família.

Cheguei. Não bati na porta. Lembrei que tinha uma entrada pelo lado de fora, que dava

para um porão, que dava pra um quarto que não tinha chave. Entrei. Pela janela, vi Paulo André

dando sopa para Maria de Lurdes. Quase morri de susto e de riso segurar a risada. Foi a primeira

vez que eu vi minha filha comendo legumes. Ela fez a mesma cara quando eu faço alguma

comida que ela não gosta. Devia estar passando fome, pois afinal estava comendo sem reclamar.

Respirei fundo e esperei ela acabar de comer pra ele sair de lá.

Minha filha estava amarrada em uma cadeira e… deixa pra lá, o maldito saiu de lá eu

fui correndo pra resgatar minha filha. Quando ela me viu, deu um gritinho: “Mãe!”. Peguei a

tesoura que eu achei linda na loja e cortei rápido as cordas. Mas ele me viu. Nem esperei.

Lasquei a mão no spray de pimenta com wasabi (pasmem!) e taquei na fuça dele. Dois beijos!

Terminei de desamarrar Maria de Lurdes e corri com ela para o carro.

- Mãe, o Paulo André, foi ele, o detetive, naquele dia, não era drama...

- Cala a boca Maria de Lurdes. Mamãe descobriu tudo, olha só. Mamãe procurou um

detetive. Eu tinha o cartão dele em frente de casa ainda na época que você namorava esse cara

de sapo do Paulo André. Curiosamente, o já sabia meu nome e parecia saber já de tudo o que

eu tinha falado. Assim eu pensei: deve ter sido o diabo do Paulo que deixou o cartão cair na

frente de minha casa, e como ele conhecia o detetive, trocavam informações a meu respeito.

Além disso, o Paulo nunca demonstrou ódio por mim (sinal de psicopatia, né?) e na entrevista

eles não conversaram do crime, conversaram sobre assunto banais da vida. Após ele dizer que

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você tinha morrido, não acreditei. Sou mãe, né? Mãe sente as coisas! Então juntei os pontinhos

fui falar com a polícia. Para minha surpresa, ele não era detetive, sendo essa cena toda apenas

um disfarce. Não tinha registros dele em lugar nenhum. Por isso, ele foi preso preventivamente

pela polícia. Paulo André tinha contratado esse tal de Frederico para me despistar. Depois,

ligamos pra família dele e ele tinha inventado pro detetive dizer a mim que ele estava

namorando e viajando. Mas a irmã dele negou e disse que estava na fazenda fazia um tempo.

- Nossa, mãe! Que esperteza! Ele me pegou, porque ainda gostava de mim, e achou um

absurdo eu namorar o João Lucas e...

- Cala a boca, Maria de Lurdes.

- Ai, mãe, só você fala.

-Eu sei. É que eu sou demais e sei das coisas. Agora vamos, você precisa é de sprays

para sua segurança.

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DO LIVRO PARA A VIDA

José Luis Crivellin Filho

Certo dia JP, um menino de 12 anos que morava em uma cidade no interior de São

Paulo, foi se divertir um pouco com seus amigos. Eles foram ao campo de futebol que era perto

da casa de JP. Antes de sair de casa, sua mãe, Cleusa, lhe alertou:

- JP, vai com muito cuidado, porque atualmente o mundo está bem diferente e bem mais

perigoso. Não converse com estranhos!

Ele agradeceu o conselho da mãe, deu-lhe um beijo carinhoso e saiu de sua casa para

encontrar os amigos. No caminho, eles perceberam que tinha um carro os perseguindo, mas não

se importaram e seguiram o caminho. Porém, ao contrário de seus amigos, JP começou a ficar

preocupado com o que estava acontecendo e lembrou o que sua mãe tinha dito. Ao chegarem

no campo, notaram que o carro havia passado reto, então deduziram que fosse um exagero

tamanha preocupação e começaram a jogar. Jogaram por muito tempo até que notaram que o

carro continuava dando voltas em torno do campo.

Pouco tempo depois, um colega de JP chutou a bola para longe e JP foi buscar. Quando

chegou perto da bola, olhou para cima e viu que a bola estava no pé do homem, que havia saído

do carro e estava com uma máscara preta. Ele pegou o garoto, o jogou dentro do porta-malas e

saiu correndo, deixando para trás a bola.

Os colegas, horrorizados, saíram correndo para avisar a mãe de JP, que só conseguia

gritar e chorar. Por sorte, o pai de um dos colegas era o policial Jorge, que rapidamente saiu em

busca do menino por toda a cidade. Chamou todos os seus colegas da polícia para ajudarem na

busca e, claro, as crianças não ficaram de fora. Juntaram todas as pistas que tinham e no

caminho acharam as luvas de goleiro de JP jogadas. Talvez ele tivesse feito isso para ajudar as

pessoas a o acharem, pensaram.

E realmente foi! Enquanto todos o procuravam, JP estava cheio de medo naquele porta-

malas, sempre lembrando das palavras de sua mãe. Pensava no quão preocupada ela estaria e

no medo de seus colegas também, mas tinha esperança que iam o achar. Nesse momento,

passaram por uma lombada muito alta e o porta-malas se abriu. Foi então que JP teve a ideia de

tirar suas luvas e jogá-las pelo caminho, como uma pista.

Dentro do porta-malas ele achou diversos objetos, inclusive armas e facas, e aproveitou

para jogar todos, mostrando por onde passou. Quando não tinha mais o que jogar, tirou suas

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chuteiras e meias e ao se ver sem mais nada, olhou para frente e viu um carro cheio de seus

colegas e policiais chegando para resgatá-lo.

O problema é que o homem também viu o carro e saiu correndo muito, quase derrubando

JP do carro e despistando o policial. O menino acabou desmaiando e, ao acordar, estava em um

lugar escuro e assustador, cheio de homens fortes falando em uma língua que ele não conseguia

entender, mas que os faziam parecer ainda mais bravos. Nessa hora, JP pensou que nunca mais

conseguiria sair e chorou baixinho, sem esperança.

Contudo, JP sempre foi muito estudioso, gostava muito de ler e ouvir sobre mistérios e

crimes. Então, se lembrou de tudo que já havia lido e escutado, juntou tudo em sua cabeça e foi

atrás de uma solução. A princípio não tinha muito o que fazer, só esperar e torcer para que

Pedrinho, seu amigo e companheiro de leitura, se lembrasse também dos livros e tivesse alguma

ideia.

Enquanto isso, Pedrinho já havia pensado em tudo e estava pronto para realizar uma

cena digna de filme, só faltava receber um sinal. Foi aí que JP se lembrou das brincadeiras de

detetive dos dois e seu código secreto “cocó piupiupiu”. Para seu alívio e felicidade, JP havia

esquecido seu walkie-talkie da brincadeira no bolso do short. Assim, cheio de esperança, JP

ligou seu radinho, colocou-o perto da janelinha e bem baixinho disse o código de perigo. A

espera pela resposta nunca foi tão demorada, mas quando menos esperava viu Pedrinho e o

policial Jorge entrarem junto com todos os outros, pegando os sequestradores um por um e

libertando JP, que foi bravo como os heróis dos livros que lia. Assim, depois de detidos aqueles

homens, ele pôde voltar são e salvo para casa.

A mãe de JP o esperava aflita e ao vê-lo tão bem não poderia ficar mais feliz. Foi um

dia memorável e que ficou melhor ainda. JP e seus colegas receberam prêmios por terem

ajudado os policiais a pegarem os sequestradores, que estavam envolvidos em diversos crimes

e procurados há muito tempo. Além disso, a história de JP chamou a atenção de seu escritor

preferido, que resolveu publicá-la para inspirar diversas crianças a serem corajosas e destemidas

também.

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ASSASSINATO ELABORADO

Enzo Siqueira

Eu estava calmo em minha casa quando, repentinamente, chega uma carta pedindo a

minha contratação para resolver um caso na mansão dos Sanchez que fora dado como suicídio.

A carta foi escrita anonimamente e junto a ela havia uma boa quantidade de dinheiro. Fui até à

casa com meu traje de trabalho, que era praticamente só uma camisa social e calça jeans.

Quando cheguei, percebi que era uma casa gigantesca, com pelo menos dois andares, e

claramente antiga. Lá habitavam cinco pessoas e lá dentro perguntaram meu nome, ao que

prontamente respondi: “Pietro Fritz”. Alguns me reconheceram por alguns crimes que já resolvi

e outros não me conheciam, então relembrei-os que fui contratado como detetive para descobrir

o que aconteceu com Carlos Sanchez, o mais velho da família.

Todos apresentados, comecei a interrogar um por um. Os primeiros foram o casal Alfred

Marvin e a Carol Sanchez, que disseram que, no dia da morte, estava acontecendo uma festa e

que ouviram Thiago Sanchez discutindo com Carlos sobre algo de cortar da herança. Além do

casal, falei com Ronaldo Sanchez, que relatara ter chegado tarde à festa, tendo apenas visto

Carlos descer as escadas após o término do evento. Em seguida, interroguei Gabriella Hart, a

funcionária responsável por cuidar da saúde de Carlos, o que o tornava uma grande suspeita.

Entretanto, em seu relato ela disse que esteve fora de casa em um determinado momento da

festa, tendo voltado bem depois. Por fim, conversei com Thiago, pedindo a ele maiores detalhes

a respeito da conversa sobre a pensão, deixando claro que minha suspeita era sobre ele, Thiago,

ser retirado da herança familiar. Entretanto, Thiago não admitiu que era esse o conteúdo do

diálogo, desconversando sobre tudo.

Comecei a investigar as pistas. Em um primeiro momento, olhei as câmeras por perto

da casa e vi o carro da Gabriella saindo e depois voltando. Apesar de estar de acordo com o

relato, ainda não havia desistido dela, por isso fui olhar em torno da casa e, em um caminho

para um portãozinho aos fundos, percebi algumas pegadas deixadas no chão molhado da chuva

da noite passada. Além disso, achei rastros de pedras na grama, claramente parte do material de

uma decoração externa, que estava até danificada. Mas o que mais me surpreendeu foi a lama

no tapete do andar de cima, perto da sala de Carlos, justamente onde estava o corpo, o que me

permitiu deduzir o caminho feito pelo provável assassino, talvez o caminho feito por Gabriella.

Assim, com essas novas informações, fui investigá-la melhor, descobrindo-a como uma pessoa

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muito próxima e muito amiga de Carlos, de modo que não teria motivos para ter cometido o

crime. Por precaução, decidi esperar a revelação do ganhador da herança de Carlos.

Chegado esse dia, inesperadamente foi anunciado que quem a receberia seria Gabriella

Hart. Todos ficaram revoltados, porque nem da família era ela, de maneira que todos diziam

para que renunciasse à herança. Entristecida, retirou-se da casa com Thiago. De imediato, fui

conversar com ela querendo saber o porquê do recebimento da herança, mas ela disse que não

sabia, porém, de modo bem particular, decidiu revelar um segredo crucial para a investigação.

Segundo a moça, ao final da festa ela foi com Carlos para o quarto para dar-lhe os remédios.

Além dos medicamentos convencionais, ela ofereceu a ele um pouco de morfina, que

costumava tomar em dias especiais para que pudesse aguentar as dores que sentia. O homem

aceitou, porém, ao medicá-lo, Gabriella confundiu o remédio habitual com a morfina, de modo

que ele ingeriu-a em quantidade muito elevada. Percebendo que morreria em menos de cinco

minutos e que não daria tempo de chegar qualquer socorro, Carlos sugeriu à Gabriella que

fugisse para que nenhuma suspeita contra ela fosse levantada.

Gabriella seguiu o pedido, então pegou seu carro e saiu da mansão, deixando seu carro

alguns quarteirões de distância. Pensando em criar outro álibi, a mulher voltou para a mansão,

entrou pelo portãozinho, subiu pela decoração e foi até o quarto. Lá dentro, vestiu as roupas de

Carlos e desceu as escadas disfarçada. Ronaldo, ao avistar a mulher, caiu no truque e pensou

realmente que ele fosse o avô, mandando-o de volta para o quarto. Satisfeita com o sucesso da

empreitada, ela fez esse mesmo caminho para voltar, pegou seu carro e foi novamente para a

mansão, retornando ao fim da festa.

Depois disso nós teríamos descoberto o culpado, mas uma coisa ainda estava estranha:

Thiago conversou com ela e já sabia que do ocorrido, chegando, inclusive, a chantageá-la e

pedindo uma parte da herança. De posse de todas essas novas informações, fui direto conversar

com Thiago, que me revelou o real teor da conversa com Carlos foi sim a herança, mas

especialmente sobre os motivos que o levavam a entregar apenas para Gabriella. Outro fato que

gerou desconfiança foram os testes feitos no corpo da vítima, que revelaram não haver registro

de morfina, mas apenas a marca de uma facada no peito. Nesse ponto, já tinha quase certeza de

quem era o verdadeiro culpado.

Então falei para Gabriella que ela não era a responsável pelo assassinato, mas que o

verdadeiro criminoso era Thiago Sanchez, pois depois de saber que fora retirado da herança e

que Gabriella iria recebê-la, decidiu incriminá-la. Assim, durante a festa, ele subiu pela

decoração de fora da casa e entrou pela janela, pegou o pote de morfina e o de remédio e os

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trocou, para que ela se confundisse e, desse modo, Carlos morresse envenenado e Gabriella se

tornasse culpada. Mas o que o maléfico rapaz não esperava é que os potes fossem trocados

novamente acidentalmente por Gabriella e que Carlos, consequentemente, recebesse a

medicação corretamente, sendo salvo pela moça. De todo modo, crente de que fora envenenado

mesmo que sem querer, Carlos mandou sua amiga embora, tendo, logo em seguida, cravado e

removido uma faca em seu próprio peito.

Depois de dizer isso a ela, fomos conversar com Thiago, que negou os fatos, alegando

que todas as provas levavam até Gabriella. Mas eu tinha certeza que era ele, pois não havia

restos de morfina no corpo do velho, como ele insistia em afirmar, o que fazia de Thiago vítima

de sua própria mentira. Após sentir-se pressionado, ele assumiu que de fato trocou os remédios,

mas que nada poderia ser feito, já que não havia provas claras. Espertamente, Gabriella gravava

a conversa naquele exato momento, de modo que agora tinham registrado uma confusão.

Irritado, Thiago partiu pra cima da garota, mas não a tempo de agredi-la, pois eu o interrompi,

algemei-o e, assim, prendemos o verdadeiro culpado por tentativa de assassinato.

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O MISTÉRIO DO HOTEL MAPLE BEAR

Julia Aquino

O dia estava muito bonito no Hotel Maple Bear, porém a calmaria foi rapidamente

interrompida quando, de repente, ocorreu um homicídio. Infelizmente, não havia testemunhas,

de modo que, para solucionar o mistério, chamaram um detetive para resolvê-lo: o detetive

Marcos, que rapidamente investigou a situação e o local do crime, pedindo para que todos os

hóspedes saíssem, exceto Ana, Marcela, Lívia, Jean, Solange, Andrea, Ziggy, Tatiane, Priscila

e Aline. Todos estes eram suspeitos pela proximidade que estavam do corpo. Assim, logo o

hotel fechou suas portas e Marcos disse: “Ninguém pode sair daqui até identificarmos o

assassino”, e logo em seguida começou a interrogá-los. Resumidamente, todos afirmaram estar

distraídos e que não viram nada. Além disso, descobriu que Solange era médica, o que poderia

ajudar caso o assassino fizesse outra vítima.

No amanhecer do dia, o investigador coloca algumas câmeras escondidas. Enquanto as

instalava, Andrea grita desesperando, dizendo que mataram Aline e Priscila no pátio do Hotel

Maple Bear. Marcos chama Solange e vão direto para o pátio, mas já era tarde: elas estavam

mortas. Preso ao tênis de Priscila, o detetive encontra um bilhete no qual dizia que não havia só

um impostor entre eles e alertando para que o detetive cuidasse de sua vida para não morrer

também.

Depois de conseguir colocar todas as câmeras de segurança, ele faz algumas perguntas

para todos, descobrindo que Jean estava com Lívia e Tati, a Ana com o Ziggy e Andrea sozinha

fazendo um lanchinho. “Talvez aquela carta seja para não incriminarem Andrea. Ou será

verdade e é para a gente tomar cuidado?”, pensa o detetive. Após tanto pensar nesse assunto,

vê que não tem provas suficientes para acusar Andrea e mais ninguém, decidindo ficar mais

atento aos fatos e ao que acontecia dentro do hotel.

Alguns dias se passam e nada mais de misterioso ocorre. Durante esse tempo, Marcos

percebeu que Jean sempre vai para a sala de jogos depois do jantar e do almoço, então decidiu

segui-lo para ver se ele estava tramando alguma ou não. Ao chegar no corredor, Marcos leva

uma pancada na cabeça e uma facada na barriga. Por sorte, Andrea estava por perto e chamou

rapidamente a doutora Solange. Assim, graças aos esforços desta, ele conseguiu sobreviver,

mas tendo que ficar internado por um bom tempo na enfermaria do Hotel. Revigorado, o

investigador fala para a doutora, Andrea e os demais se reunirem com ele na enfermaria. Nesse

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momento, começa um embate: Jean afirma que estava na sala de jogos e não sabia que Marcos

estava indo para lá. Tati, Marcela, Lívia e Ana disseram que estava na academia, Ziggy que

estava no pátio e Andrea que estava no restaurante, mas que saiu para ir ao banheiro que fica

no corredor da sala de jogos, tendo sido lá que avistou o corpo do detetive. Por fim, Solange

afirmou estar cochilando um pouco em seu dormitório.

Depois de alguns dias, enquanto o detetive se recuperava dos ferimentos, bolou um

plano no qual colocou, sem o conhecimento dos demais, Tatiane nas câmeras de segurança,

observando o movimento de todos. Em uma dessas noites como vigia, Tati teve que ir ao

banheiro, sendo que ao retornar uma delas estava quebrada. Tatiane foi correndo ao corredor

da academia para ver o que tinha acontecido e lá viu Marcela caída no chão. Pelo rádio, Tatiane

alertou o detetive e Solange, que, com ajuda de Ziggy e Jean, levaram a machucada Marcela

para receber os tratamentos médicos necessários. Todos choravam muito, pois Marcela era

muito querida para eles, principalmente para Ana e Jean, que eram os mais próximos dela.

Infelizmente, Marcela não sobreviveu aos ferimentos e morreu na frente de todos. Jean se sentiu

culpado por ficar tanto tempo no computador em vez de ficar com os amigos. Rapidamente,

Marcos fez algumas perguntas e começou a desconfiar de Ziggy, pois este era muito misterioso

e não falava com os outros. Agora, então, havia dois suspeitos na lista do detetive: Ziggy e

Andrea.

Durante o almoço, o investigador percebeu que Solange e Ziggy não estavam na mesa

e quando se levantou para procurá-los, Ziggy vinha machucado, dizendo que Andrea havia

matado Solange em sua frente e que também tentara matá-lo, mas que conseguiu se esconder a

tempo. Andrea rapidamente se defendeu rapidamente e disse que o tempo todo esteve com as

meninas e com o Jean na sala de jogos. Lívia, por sua vez, relatava que Andrea de fato saiu por

um momento, afirmando que iria ao banheiro. Infelizmente, nada disso foi gravado, então o

detetive decidiu não acusar Andrea de nada e que iria falar com um de cada vez para encontrar

o culpado. Feito isso, Marcos liga para a polícia, que prende Andrea preventivamente. Por outro

lado, todos continuam no hotel, especialmente devido ao fato de que as câmeras foram

hackeadas, dando a entender que Jean fosse um possível culpado.

Passado um tempo, o investigador chegou à conclusão de que não podia ser Jean e

decidiu deixar todos irem embora para suas casas. Porém, antes de dizer isso para todos, quis

colocar uma pequena câmera na sala de jogos. Assim o fez, chamou alguns policiais para que

o ajudasse nessa empreitada. Repentinamente, Jean sentou no computador e percebeu que

estava sendo observado, de modo que decidiu ir tirar satisfação com o detetive Marcos sobre as

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razões que o levaram a instalar uma câmera nesse lugar. Marcos foi sincero e disse: “Suspeitei

que você tivesse hackeado as câmeras”. Enquanto distraía Jean, os policiais analisavam as

imagens da câmera e por ela perceberam um rádio escondido. Rapidamente os policiais se

deslocaram para o local e prenderam Jean. Pelo rádio, o detetive e os policiais obrigaram Jean

a emitir um falso comunicado, solicitando um encontro na sala de jogos com quem estava do

outro lado do rádio. Todos se esconderam, aguardando a chegada de quem fora convocado. De

repente, surgem pela porta Ana e Ziggy. Os policiais executaram a prisão preventiva, reviraram

o computador de Jean e descobriram que os três eram os criminosos dos assassinatos do Hotel

Maple Bear. Imediatamente foram todos para a prisão e o detetive libertou Andrea, pagando a

ela uma indenização de quinhentos reais.

Agora que, finalmente, os impostores foram descobertos, todos puderam voltar para

suas casas.

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CIDADE AMALDIÇOADA

Lais Ladeia

Um idoso e seu filho foram morar em uma pequena cidade chamada Dark City, cidade

sobre o qual todos falavam que era amaldiçoada, que tinha assassinos e por isso ninguém queria

morar. Mesmo assim, Rony, o velho, e seu filho David arranjaram uma casa em um beco sem

saída, onde havia grandes casas que pareciam estar abandonadas.

Quando eles chegaram em Dark City, viram que realmente aquela cidade tinha uma

aparência assustadora, mas continuaram até chegar na nova casa. Quando chegaram, a porta

estava emperrada e tiveram que fazer muita força para abri-la. Entraram e se depararam com

teias de aranhas, ratos, poeira nos móveis e outras coisas que causariam arrepio imediato na

maioria das pessoas. Porém, a casa já estava comprada e não havia mais o que pudessem fazer.

Arrumadas as coisas, saíram para dar uma volta e conhecer seus novos vizinhos.

Próximo a casa deles, moravam Ted, Rose e Dany, sendo que este tinha uma Ferrari vermelha

recém comprada e que estava sempre brilhando. Na realidade, chamava tanta atenção que

impossível não vê-la estonteante frente à casa de Dany. Em uma cidade arrepiante, aqueles

eram os melhores vizinhos que David e Rony poderiam ter.

Passados cerca de quinze dias, nada fora do comum aconteceu, o que lhes permitia uma

vida corriqueira, em que David saía toda manhã para correr com o vizinho Ted, enquanto Rony

fazia café da manhã para si mesmo. À tarde, almoçavam juntos, jogavam xadrez, jantavam e

iam dormir. Entretanto, como a atmosfera da cidade era bem pesada, Rony perguntou intrigado

ao seu filho:

- Filho, e se for verdade tudo isso que as pessoas dizem, isso sobre essa cidade ser

mesmo amaldiçoada? Confesso que me sinto meio incomodado nessa cidade, me sinto muito

sozinho, até mesmo vigiado o tempo todo. Acho que precisamos sair da cidade. Inclusive,

pretendo fazer isso amanhã mesmo.

- Pai, eu não quero ir. Estou satisfeito com nossa nova vida aqui.

- Você que sabe, mas eu vou!

Apesar do diálogo desconfortável, foram dormir. No dia seguinte, David fez sua rotina

de sempre, mas quando ele voltou para casa, percebeu que o seu pai não estava mais lá, o que

o deixou levemente preocupado e pensativo:

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- Ué, onde meu pai foi? Será que ele foi embora mesmo, até mesmo sem despedida?

Será que o Ted sabe de algo?

Com certo desespero, pega o telefone.

- Alô, Ted?

- Oi, David, tudo bem?

- Mais ou menos. Estou precisando de uma ajudinha, então pode vir aqui em casa?

- Claro, já estou indo.

David desliga e em pouco mais de dois minutos Ted chega e bate na porta

- Oi, Ted, pode entrar.

- Aconteceu alguma coisa?

- Voltei para casa e meu pai não estava. Não havia me dito que sairia, tampouco deixou

algum bilhete. Não faço ideia de onde ele está.

- Calma, está tudo bem. A gente vai encontrá-lo.

- Pode ficar tranquilo, eu estou bem. Pode deixar que eu irei encontrá-lo, não se

preocupe. Desculpe-me, mas... você poderia me dar licença? Preciso pensar um pouco.

- Tudo bem! Quando você quiser é só me chamar – disse Ted se despedindo.

Ted sai, fecha a porta e David senta na cadeira da mesa de jantar e começa a pensar:

- O que eu faço agora? Preciso de pistas, vamos lá. Vou ver o caminho que o meu pai

poderia ter feito depois que eu saí de casa

Assim, David saiu de casa e viu que a Ferrari de Dany não estava no lugar em que

costumava ficar.

- Olá, David! – disse Rose vindo em direção a ele.

- Oi, Rose. Desculpe-me, não posso falar agora, estou bem ocupado.

- Eu sei, o Ted acabou de me contar. Inclusive, me pediu para falar com você.

David, distraído e reflexivo, não disse nada. Chamando sua atenção, Rose pergunta:

- David, está tudo bem?

Sem prestar atenção na pergunta de Rose, ele diz para si mesmo:

- Acho que encontrei uma pista!

- Qual?

- O carro do Dany não está aqui onde costuma estar.

- E o que tem isso a ver? Quando estava vindo para cá, encontrei-o regando as plantas

da casa dele, então eu perguntei o que houve com o carro e ele disse que tinha levada para lavar.

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- Eu preciso falar com ele! – respondeu David dando pouca importância à fala de Rose

e indo direto para a casa de Dany.

- Oi, Rose. Oi, David, como vocês estão? Puxa, David, eu soube do seu pai...

- Preciso falar com você – interrompeu rapidamente David.

- Claro, o que foi?

- O que aconteceu com o seu carro?

- Bom, eu já disse para a Rose...

- É! Ela me disse, mas eu quero ouvir de você.

- O meu carro estava lavando, oras!

- Ah, claro! Coincidência das coincidências! O carro que você acabou de comprar está

lavando, sendo que você nunca tinha saído com ele. – disse em tom de sarcasmo.

- Eu só gosto que o meu carro fique brilhando sempre.

- Mesmo que você nem tenha andado com ele?

- Claro, ainda mais porque um passarinho sujou no meu carro.

- Certo. E onde você estava na hora que o meu pai sumiu?

- Levando o meu carro para lavar.

- Nossa, que outra coincidência, não é? Mas que fique claro: vou juntar todas as pistas

a descobrir tudo o que está acontecendo.

David e Rose saíram da casa de Dany e, buscando consolar o rapaz, Rose sugeriu que

ele viesse jantar na casa dela a fim de alegrar-se um pouco. Ainda que contrariado, David

aceitou.

- Bem-vindo, David!

- Obrigado.

- Teve alguma notícia do seu pai?

- Ainda nada.

- Que pena, mas tenha paciência, pois tudo há de se resolver. Mas sente-se ali, já vou

servir o jantar. Fiz carne!

- Eu adoro carne!

Ambos comeram sem pressa. David, inclusive, demonstrava certo alívio por conseguir

um pouco de paz após um dia até então bem ruim. Terminada a refeição, Rose perguntou:

Depois de um tempo eles terminaram de comer, Rose diz:

- E aí a comida estava boa, David?

- O tempero estava bom, mas eu não gostei muito da carne.

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- Eu acho que você não deveria falar isso do seu pai – disse Rose com um sorriso

maléfico no rosto.

- O quê? Como assim? – perguntou David, sentindo um embrulho no estômago e um

arrepio atravessar-lhe a espinha.

Rose riu e disse:

- Isso mesmo! Você não tem nenhuma prova de que o seu pai esteja morto a não ser as

que estão na sua barriga nesse exato momento!

- Você é louca!

- É, já me falaram isso algumas vezes, já estou acostumada. E sabe a verdade? Acho que

realmente sou! – disse rindo descontroladamente.

- Por que você fez isso?

- Desde que vocês chegaram aqui em nossa cidade eu estou de olho em vocês.

- Por que você estava de olho em nós?

- Porque as histórias são reais, meu caro. Além disso, ninguém, absolutamente ninguém

sai da minha cidade nunca mais.

- Então é por isso que você matou o meu pai? Ele queria ir embora. Mas confesso que

eu já suspeitava de tudo.

- Temos um metido a detetive aqui. Então me explique tudo.

- Comecei a suspeitar com o Dany, quando mencionou o passarinho. Nesta maldita

cidade, nunca vi ou ouvi um pássaro sequer. Além disso, percebi que você estava protegendo o

álibi dele. Mas de fato ele lavou o carro, mas não por causa de um pássaro, mas por causa do

sangue do meu pai! Sim, eu vi gotas de sangue próximas ao local em que o carro costumava

ficar e vi um canivete na grama do jardim de Dany. Agora tenho certeza! Vocês mataram meu

pai e o esquartejaram, picaram ele inteiro e você ainda preparou esse amaldiçoado jantar.

- Muito inteligente, David. Parabéns! Mas há algo que você não mencionou...

- O quê?

- Ted...

Ao mencionar o nome do amigo, Ted e Dany saíram das sombras com um olhar

maléfico, o que fez o coração de David bater extremamente rápido.

- Ted... você... sua amizade...

Nesse momento, tudo ficou claro na cabeça de David. Ted tornara-se seu amigo apenas

para que, no dia do assassinato do pai, todo o crime fosse perpetrado mais facilmente.

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- Há apenas uma coisa que eu não entendi – disse o rapaz tremendo – Quando eu te

perguntei o motivo pelo qual você estava de olhos em nós, você disse que ninguém sairia mais

da sua cidade. Outros já escaparam? Por que ninguém pode mais sair?

-Você chegou em um ponto que eu não queria mencionar, mas vou deixar tudo claro

para você: durante a Segunda Guerra Mundial, nossa cidade era um local muito próspero.

Porém, por conta do excesso de idas e vindas de pessoas que só queriam maldade, nossa cidade

começou a definhar. Assim, nossa felicidade tornou-se desgraça rapidamente. Ainda que

poucos saibam, eu sou feiticeira. Então, protegi a cidade com um feitiço para que nada e

ninguém pudesse destruir Dark City novamente. Porém, para que o feitiço funcionasse, era

preciso que todas as pessoas que viessem morar aqui se livrassem de suas almas. Então, David,

agora é a hora de você ceder a sua alma para nós! Adeus, David!

- Como é? – disse o rapaz com os olhos estatelados.

Ted, Dany e Rose se aproximam de David e, juntos, disseram as últimas palavras que

David escutou em sua vida: “Ninguém sai de minha cidade nunca mais”.

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A FUGA

Luisa Graciani Reis

Acordei! Minha cabeça doía muito e eu não lembrava de nada. Quando abri meus olhos,

tinha três pessoas deitadas do meu lado, sendo uma menina e dois meninos. Fiquei calada por

um tempo tentando entender onde eu estava e quem eram aquelas pessoas. Mas entre todas as

inúmeras perguntas, a principal era: “quem sou eu?”. Tentava lembrar de algo, mas nada. Eu

estava em um quarto totalmente branco, sem móveis ou portas, apenas uma rede de ventilação

bem no topo da sala. No meu pulso, do lado direito, estava escrito “Olivia”. Esse nome parecia

muito familiar, mas ainda não sabia o que significava realmente. De repente, as três pessoas

que até então dormiam, acordaram.

- Quem são vocês? Onde estou? – disse a menina.

Ninguém respondeu, porque ninguém sabia a resposta. Todos leram o que estava escrito

em seus pulsos: Julie, Miguel e Jake. Julie tinha cabelo curto e marrom com mechas azuis, já

seus olhos eram castanhos claros. Miguel era loiro, seu cabelo era um pouco longo e tinha olhos

azuis. Jake, por sua vez, tinha cabelo marrom e olhos castanhos.

- O que será que devemos fazer com esses nomes? - perguntou Jake.

- Não sei, mas acho que podíamos nos chamar assim para facilitar nossa identificação.

Provavelmente são nossos nomes.

- Pode ser, não me lembro de nada – disse Julie.

Miguel e Jake concordaram prontamente. Como eu disse, não sabia quem essas pessoas

eram, mas todos nós tínhamos uma coisa em comum: todos queríamos sair daquele lugar.

Ficamos um bom tempo em silêncio até que um barulho alto, feito sirene, começou a soar.

- O que é isso? – gritei assustada, colocando a mão no ouvido.

A sirene parou e uma voz forte começou a repetir insistentemente:

- Saia desta sala antes que seja tarde. Saia desta sala antes que seja tarde. Saia desta sala

antes que seja tarde.

Repentinamente, a voz parou e água começou a sair dos lados do quarto, o que nos

causou um forte temor. Julie rapidamente apontou a rede de ventilação no topo da sala, então

arrumamos um jeito de todos nós passarmos e chegarmos ao topo. Quando todos nós estávamos

salvos, a voz voltou, mas agora com um recado diferente

- Parabéns, jogadores! Passaram da primeira fase!

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- Jogadores? Primeira fase? – questionava Julie.

- De quem é essa voz? Quem é você – vociferou Miguel.

Tudo estava muito confuso, não entendíamos nada. Nos sentamos para tentar organizar

nossas ideias, quando, já mais calmos, percebemos que estávamos no meio de uma ilha sem

nada em torno.

Chegou a noite e não tínhamos nada para comer, tampouco lugar para dormir. Para

piorar ainda mais a situação, ninguém se lembrava de nada. Assim, acampamos na beira da

praia. Não falamos nada uns com os outros além de um simples “boa noite”.

Mal o sol estava nascendo e todos nós já estávamos acordados. Ninguém conseguiu

dormir normalmente. Do nada, o barulho da sirene toca outra vez e a voz do narrador ressoa

por todo lugar, gerando pavor:

- Bom dia, jogadores! Eu sei que vocês devem estar perguntando o que estão fazendo

aqui ou até mesmo quem sou eu. Não sou ninguém importante em suas vidas, mas vou ajudá-

los a encontrarem as respostas que procuram. Agora, é cada um por si, individualmente. Caso

contrário, haverá consequências. O objetivo de vocês é descobrir a resposta de tudo. Neste lugar

há uma porta que leva à verdade. Então, quem encontrá-la primeiro compreenderá toda a

situação em um instante. Vocês têm 48h para achá-la. Caso queiram desistir, basta gritar

“Acabou!”. Boa sorte a todos.

Eu comecei a olhar para todos incrédula, não sabia o que falar ou como reagir. Por outro

lado, Miguel,Julie e Jake iam correndo para dentro da ilha

- O que vocês estão fazendo? – perguntei em desespero.

- Vamos começar a busca. Bom, pelo menos eu vou – respondeu Julie.

- Acho melhor você ir também – concordaram os rapazes.

Comecei a tremer e não sabia o que fazer, mas não tinha mais ninguém e eu estava só.

Então resolvi andar para qualquer direção. Andei por vários quilômetros ilha adentro. Quando

já estava – ou acreditava estar – no meio da ilha, vi uma porta! Comecei a correr na direção

dela, mas parecia que quanto mais eu corria, mais longe a porta ficava. Parei repentinamente,

pois minha cabeça começou a girar, cambaleei alguns passos e desmaiei. Quando acordei, ainda

estava no mesmo lugar, mas minha cabeça doía consideravelmente. Olhei para o céu, já era

noite, mas ainda assim resolvi andar mais um pouco, até que encontrei Julie tremendo e deitada

no chão.

- O que aconteceu, Julie?

- Não tenho muito tempo – disse tremendo – não confie em ninguém! Acabou!

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Após dizer essas palavras, ela começou a transformar-se em pó até sumir diante de meus

olhos. Comecei a chorar copiosamente, pois não sabia mais o que fazer. Chorei muito até cair

em um sono profundo.

- Bom dia, jogadores! Vejo que passaram do primeiro dia. Ou melhor, quase todos. Hoje

nosso jogo consiste em uma pergunta, cuja resposta correta pode indicar onde está a porta. A

pergunta é: “Verdade ou mentira?”.

Não compreendi o que a voz queria com esse recado. Nada fazia sentido, então não

conseguia responder. Me senti inútil, como se não pudesse fazer nada. Para mudar um pouco

esse sentimento, decidi me concentrar melhor nas palavras ditas pela voz, seu tom e como e

quando ela surge. De fato, ela apenas perguntou “verdade ou mentira?”. Será que tudo isso era

uma farsa? Ou seria tudo muito real? Talvez fosse isso que eu precisasse descobrir. Comecei a

andar pela ilha novamente, mas agora não procurando uma porta, e sim procurando a verdade

sobre esse lugar. Reparei em cada detalhe que possam imaginar, mas ainda não tinha descoberto

nada. Quando parei para descansar, Miguel aproximou-se tranquilamente, porém falando como

se estivesse com alguém o acompanhando, muito embora estivesse sozinho, sem ninguém a seu

lado.

- Miguel, tudo bem? – perguntei preocupada.

- Que susto, Olívia – respondeu sobressaltado.

- Desculpa, mas o que você está fazendo? Conversando com alguém? – perguntei

temendo pela resposta.

- Pensando, Olívia, pensando. Não tem jeito de achar essa porta. Não tem!

- Deve haver alguma maneira – disse tentando acalmá-lo.

- Não, não tem! Já pensei em tudo, não aguento mais...não consigo ficar mais aqui

Confesso que ele estava parecendo um doido! Mas eu também estava preocupada com

ele.

- Calma. Vamos ajudar uns aos outros e ...

- Não! Não podemos! É contra as regras. Só deve haver um jeito de que eu possa ficar

bem. Boa sorte, Olívia. Acabou!

Miguel tinha desistido e assim como Julie, ele se desfez em pó em minha frente.

Restávamos apenas eu e Jake. Confesso que eu também não estava muito bem. Em seguida,

outro toque de sirene e a maldita voz de novo.

- Eis nossos grandes finalistas! Parabéns, Jake e Olívia. O tempo já está acabando. Se

acabar e nenhum descobrir a verdade, ficarão presos aqui pra sempre.

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Enquanto a voz falava, percebi que o som ficava mais alto conforme eu ficava mais

perto das árvores. Tentei observar algo de diferente por lá, quando notei, no topo de uma delas,

um rádio e uma câmera. Olhei ao redor e percebi que havia inúmeros desses aparelhos

espalhados em todas as árvores. Estranhava tudo aquilo, quando fui subitamente interrompida

em meus pensamentos pelo grito de Jake:

- É mentira! Mentira! Não existe porta nenhuma! A porta a que você se refere é o nosso

conhecimento sobre tudo o que está acontecendo e não uma porta real pelo qual iremos passar.

A porta é a descoberta da verdade e a verdade é que tudo isso aqui é falso! Tudo é mentira!

Ilusão!

Tudo ficou escuro repentinamente. Não enxergava mais nada em minha frente, mas

consegui me lembrar de tudo. Então, retirei meus óculos de realidade virtual e vi ao meu redor

uma gigantesca plateia, inúmeras pessoas que aplaudiam sem parar. Olhei para o lado, Julie

estava com uma coberta e ainda tremendo.

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MORTE EM FAMÍLIA

Manuella Gandolfi

Um dia, uma menina estava com seu pai em uma velha praça de uma longínqua cidade.

Entretanto, o que a menina, infelizmente, não sabia, é que seu pai deseja matá-la.

Ansioso por realizar seu intento, o pai abriu um sorriso maléfico e foi em direção da

menina. Próximo a ambos, passada uma pessoa, que viu a grotesca cena, pegando diretamente

o celular e ligando para a polícia.

Quando os policiais chegaram, encontraram tão somente o corpo da menina e o vulto

do pai, já distante, correndo. Entretanto, prontamente a polícia correu em direção ao demoníaco

assassino, capturando-o prontamente e levando-o para a prisão, da qual nunca mais saiu.

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O ASSASSINO NA FAMÍLIA

Maria Beatriz Mauad Alves

Para você entender o que aconteceu, primeiro preciso falar sobre como minha família é

constituída. Eu morava com minhas quatro irmãs: Ana é a mais velha, depois nasceram as

gêmeas, Clara e Sara, que eram inseparáveis. Depois delas eu nasci, seguida por Katy, a caçula.

Nós cinco morávamos com nossa mãe, que não tinha uma preferida, amando-nos do mesmo

jeito. A irmã mais velha, Ana, era inteligente e brincalhona, um exemplos para todas nós. E se

você está perguntando do meu pai, nem eu sei te responder, pois ele deixou mamãe pouco

depois que eu nasci. Ela ficou com uma raiva tão grande dele, que nunca me deixou nem ver

uma foto sequer.

Nós éramos todas unidas, até que em uma noite, em meio a imensa escuridão da

madrugada, acordei com sede e fui para o andar de baixo beber uma água. Ao descer as escadas,

vi uma das gêmeas, a Clara, pegando uma tesoura em uma gaveta perto da cozinha. Não me

importei muito, mas fiquei curiosa e decidi espionar o que ela estava fazendo. Ela entrou na

sala e infelizmente fechou a porta, me impedindo de ver o que estava acontecendo. Esperei uns

minutos, ouvi um grito e uma sombra correndo pela janela, próximo à porta da sala. Levei um

susto e fiquei apavorada pensando no que poderia ter acontecido. Não conseguia ver quem

estava lá fora, quando Clara abriu a porta da sala repentinamente e saiu correndo. Me esgueirei

pelo escuro e ela não me viu. Por sorte, a porta ficou entreaberta, então cheia de curiosidade e

de espanto, criei coragem e fui ver o que tinha acontecido lá dentro. Infelizmente, fiquei

chocada com o que vi.

Na sala, vi minha irmã mais velha, Ana, com uma tesoura enfiada na cabeça de uma

maneira tão profunda que quase atravessava seu rosto. Seu cabelo estava encharcado de sangue,

seu corpo pálido e imóvel. Fiquei horrorizada com aquilo, perdendo a sede imediatamente.

Comecei a chorar silenciosamente, com medo e com o coração pulsando tão rápido, que pensei

que iria desmaiar. O medo tomava conta de meu corpo naquele instante. Quis sair correndo,

quando vi, Sara – a outra gêmea – dando um baixo gritinho de pavor quase imperceptível. Ela

também estava chocada com a cena. Ainda escondida, vi ela pegando Ana no colo e

escondendo-o no guarda-roupa ao lado e saindo como se nada tivesse acontecido. Por que ela

esconderia o corpo? Ela era a culpada ou cúmplice da irmã? De quem era aquela sombra?

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Saí correndo para o meu quarto apenas quando estava certa de que ninguém tinha me

visto. Fiquei a noite inteira chorando e pensando quem poderia ter matado a Ana de uma forma

tão horrível? Estava tão horrorizada que nem dormi, pensando que eu pudesse ser a próxima.

Na manhã seguinte, todas acordamos e fomos tomar café da manhã. Katy, a mais nova,

perguntou onde estava a Ana. A Clara rapidamente respondeu que ela tinha se mudado para a

casa do namorado dela. Naquele momento sabia que ela estava mentindo e não entendia porque

todos fingiam que nada acontecera. Será que foi um sonho ruim? Engoli meu choro e saí da

mesa correndo para meu quarto, onde pude chorar um pouco. Troquei de roupa e fui para a

escola com muito medo de todos que passavam por mim.

Na escola tudo ocorreu normalmente. Fiquei a aula inteira pensando no que faria caso

alguém me ameaçasse, ou matasse outra irmã minha. Todo esse pensamento me deixou com o

coração pesado que quase esqueci que estava em aula. Ao voltar para casa, sem que ninguém

me visse, fui abrir o guarda-roupa da sala para ver se Ana ainda estava lá. Assim que o abri, vi

que estava vazio, mas por dentro havia uma pequena mancha de sangue. Naquele instante,

soube de cara que todo o acontecido não era um pesadelo. Quando ouvi alguém chegar, fechei

o guarda-roupa e saí.

Como a vida parecia normal, eu precisava fingir que estava tudo bem. Assim, im pouco

mais tarde, fui brincar com a mamãe e a Katy de quebra-cabeça. Do nada, um forte barulho de

algo caindo no chão veio lá de fora. Fomos correndo ver o que era. Quando chegamos, lá estava

um cadáver. Era o corpo de Sara que jazia morto no chão. Não consegui ver ela bem, porque

assim que mamãe viu, cobriu os meus olhos e os da Katy com as suas mãos. Vários pensamentos

ruins vieram na minha cabeça. Primeiro a morte de Ana, agora a de Sara. Não podia ser tudo

simples coincidência, mas ao mesmo tempo, quem poderia estar por trás de tudo isso?

O medo tomava meu corpo. Apavorada, vomitei ali mesmo, enquanto pensava que de

uma coisa eu estava certa: Clara era muito suspeita. Mamãe chamou a ambulância o mais

possível, mas nada puderam fazer, pois quando chegaram, Sara já estava morta.

A polícia veio depois da ambulância e considerou suicídio, pois não havia rastros ou

qualquer outra coisa suspeita. Uma semana depois, encerradas as investigações, fizemos um

funeral para ela. Como eu já esperava, Ana não apareceu. Jogavam a culpa no tal namorado,

mas eu sabia que ela tinha é morrido mesmo com uma tesoura cravada em seu crânio. No

funeral, todos pareciam muito tristes, inclusive eu, que amava a Sara com todo o meu coração.

Obviamente amava Ana também, então usei o funeral para chorar pelas duas. O funeral foi

muito bom para aliviar um pouco a minha dor e o sofrimento. Porém, uma pergunta não saía de

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minha cabeça: e se não tivesse sido suicido? A partir dessa pergunta, inúmeras outras vieram:

e se a mesma pessoa que matou a Ana matou a Sara também? Seria Clara essa pessoa? Vários

pensamentos do tipo vieram na minha mente.

Depois do funeral, fui direto para a igreja, com a autorização da mamãe. Lá conversei

com o padre. Não disse nada das mortes, só precisava de um pouco de paz para me livrar de

toda essa dor. Ele me benzeu, rezei um pouco e depois voltei para a casa,

Passados uns dias, tomei coragem e decidi espionar a Clara, então a vi entrando no

quarto e pegando uma carta em uma gaveta. Ela chorava muito enquanto lia a carta. Em um

momento de distração de minha irmã, peguei a carta rapidamente e a li. Era a carta de despedida

da Sara, escrita momentos antes de seu suicídio. Na carta, Sara fala que se matou porque na

noite da morte da Ana, ela vira Clara perto do corpo, deduzindo que ela era a assassina.

Temendo uma possível prisão ou que algo pior pudesse ocorrer com sua irmã gêmea, decidira

esconder o cadáver de Ana no guarda-roupas e dar um sumiço nele no dia seguinte. Entretanto,

não aguentando o terror de sua consciência, decidiu se matar, escondendo tudo o que sabia.

Depois de ler, fiquei tão surpresa que minha mente quase explodiu. Clara era a assassina! Meu

medo acabou voltando e dessa vez bem mais forte, então fiquei um tempo chorando e refletindo

sobre tudo.

Algum tempo depois, eu ouvi a mamãe e a Clara discutindo. Decidi ver o que estava

acontecendo, quando me deparei com elas gritando uma com a outra. Fiquei tão espantada com

tamanha agressividade, que não conseguia entender o que falavam. Repentinamente, mamãe

pegou um objeto afiado que estava perto e, sem piedade, cortou a garganta de Clara. O corte foi

tão grande e profundo que o sangue começou a escorrer por todo o chão da cozinha e ali, jogado

e com a cabeça quase fora dele, o corpo de Clara. Fiquei desesperada e meu coração batia muito

rápido. Acabei gritando por ajuda, o que, obviamente, chamou a atenção da minha mãe.

Quando mamãe virou a cabeça, não deu tempo de me esconder, e ela correu atrás de

mim, me segurou pela blusa e me ameaçou com o objeto afiado. Ela estava pronta para fazer

comigo o que havia feito com Clara. Em pleno desespero, perguntei aos gritos os motivos de

tudo isso. Ela, com muita raiva, olhou para mim com o rosto mais assustador e confessou que

matou a Ana apenas porque ela iria se mudar com seu namorado para longe. Também disse que

tinha acabado de matar a Clara, pois ela tinha testemunhado o assassinato da irmã. Eu,

desesperada lutando pela minha vida, ouvi e tudo fez sentido: a mamãe era a sombra correndo

pela janela! Mesmo sabendo de tudo, pensei que era meu fim e que já não tinha mas como

escapar. Próxima da morte, surgiu-me uma ideia: dei um chute forte em minha mãe, na boca do

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estômago. Saí correndo pela casa, peguei minha irmãzinha Katy e fomos para o lado de fora da

casa. Mamãe veio correndo atrás de nós duas. Pegamos as bicicletas e saímos pedalando

desesperadamente. Como Katy ainda é nova, mamãe conseguiu alcançá-la, segurando-a

fortemente pelo braço. Eu, desesperada, peguei uma garrafa de alumínio que estava na bicicleta

e joguei-a na direção de minha mãe, acertando-o no olho. Imediamente, ela soltou Katy.

Apavorada, agarrei minha irmã no colo e gritei por socorro. Ninguém ouvia. Coloquei Katy na

garupa de minha bicicleta e saí o mais rápido que pude pela rua. Por sorte, mamãe não conseguiu

nos seguir. Depois disso, encontrei você, pessoa gentil, que me trouxe até essa delegacia, onde

relato para todos minha história.

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TAKI

Nicole Gallego Dias

Eu era um homem muito solitário, que vivia isolado em um apartamento no décimo

andar de um edifício bem pacato. Enjoado dessa rotina silenciosa, decidi adotar um cachorro,

um animal grande da espécie, um Golden Retrivier, para quem dei o nome de Taki.

Taki era um cachorro um tanto estranho, pois não latia, não chamava por atenção, apenas

comia, bebia e dormia, o que, no fim, não resolveu muito o meu problema de solidão.

Incomodado com o fato de que ele não melhorara a rotina solitária que eu tinha, decidi colocar

uma coleira no animal e voltar à mesma loja em que o pegara para devolvê-lo. Quando lá

cheguei, percebi que o pequeno petshop havia sumido, sobrando em seu lugar apenas terra

inabitada. Fazia um bom tempo que eu não passava por aquela rua, então achei que o lugar

havia falido e sido demolido, o que me obrigava a ficar preso ao animal, já que não queria

abandoná-lo em qualquer lugar. Assim, decidi ficar com Taki.

Algumas semanas depois, uma amiga minha veio me visitar em meu humilde

apartamento. Eu já falara com ela sobre Taki e como acabei mesmo ficando com o animal.

Interessada na história, ela quis conhecer o cachorro. Quando ela chegou, recebi com muito

carinho e apontei para o local em que Taki estava deitado. Entretanto, para minha surpresa, esta

amiga olhou para mim como se eu fosse louco e me disse que não havia nenhum cachorro ali.

Fiquei impressionado com a resposta, mas ainda assim fui até Taki e o acariciei, o que fez com

que ela me olhasse ainda mais indignada e perguntasse por que eu estava acariciando o ar. Após

isso, me afastei, assustado, do cachorro.

Como se irritado por tudo isso, Taki levanta e corre ferozmente em direção a minha

amiga, pulando sobre ela e mordendo-lhe o rosto de modo tão feroz que retira um de seus olhos.

Ela grita desesperadamente, enquanto eu tento tirar o maldito cachorro de seu rosto. Após

finalmente conseguir, o animal avança pavorosamente sobre mim. Tento segurá-lo, quando

escuto o barulho de minha campainha e, quando dou por mim, estava em minha cama. Confuso,

pergunto-me se tudo foi apenas um sonho ou algum tipo de delírio.

Ainda sem compreender adequadamente a situação, vou atender a porta para ver quem

era. A cena que vejo embrulha meu estômago, deixando-me mais confuso: atrás da porta está a

minha amiga, a mesma do sonho, e sem um de seus olhos, justamente aquele que fora atacado

por Taki. Pálido, atendo a porta e fico ainda mais surpreso com o fato de ela não se importar

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com a situação de seu rosto. Convido-a para entrar e sentamos em uma mesa para tomar café.

Conto a ela sobre meu “sonho” e ela começa a rir e dizer que tudo era apenas um sonho e que

estava tudo bem. Tudo isso me parecia impossível, pois eu a via ali, em minha frente, com um

olho faltando.

Quando minha amiga foi embora, imediatamente olhei para o cachorro e vi ele

sangrando, com um enorme buraco no peito, bem como com uma pelagem preta em vez da

habitual dourada e, pior de tudo, seus olhos eram de um vermelho vivo. Pela primeira vez, o

escuto latir, um latido demoníaco, parecendo o próprio inferno chamando. Então ele vem em

passos curtos até mim, me lambe duas vezes e uiva como o som do próprio Satanás chamando.

Observo a cena arrepiado e tremo de ansiedade quando ele se vira, corre até a janela e pula do

meu apartamento. Olho para baixo, mas não o encontro.

Até hoje, nunca achei o corpo ou sinais do animal. Perguntei para vizinhos e eles dizem

nunca ter ouvida nada. Perguntei para várias pessoas sobre a loja, mas todos me disseram que

nunca houve nada naquele terreno vazio. Até hoje, quando olho para minha amiga, ainda vejo

o buraco vazio em seu rosto, no qual deveria estar o olho que fora arrancado pelo demoníaco

animal. Entretanto, ela jura até hoje ter os dois. Além disso, no local em que ela deu as duas

lambidas ficou uma marca eterna, que arde toda vez que pronuncio o nome do animal. Alguns

dizem que sou louco, outros falam que foi um sonho, mas eu sei muito bem o que vi, ainda

vejo, e o ardor que está minha pele ao contar essa história.

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MISTÉRIO NA MATA

Pedro Girardi Rebua

Em uma linda irmã de domingo, dois irmãos, Roberto e Julia, decidiram por fazer uma

viagem para refrescar a distrair a cabeça. Assim, arrumaram as malas e caíram na estrada. Ao

longo do trajeto, Roberto disse a Júlia que precisava muito parar o carro para que pudesse, como

ele mesmo, esvaziar-se da água que tinha tomado. Enquanto fazia suas necessidades, o homem

ouviu a voz de um menino clamando por ajuda. Questionou para a voz onde ela estava, e esta

respondeu que estava perdido no meio daquele imenso matagal.

Assustado, Roberto volta para o carro depressa e conta a Júlia o que havia ocorrido. Ela,

por sua vez, concorda em ajudar o garoto. Porém, quando foram ligar, perceberam que o celular

estava fora de área. Ainda assim, Julia decide por ajudar, por si mesmos, o tal menino. Então,

Júlia grita ao garoto: “Qual seu nome?”, ao que ele diz: “Oscar”.

Roberto retruca falando para ele continuar conversando e que eles iam entrar na mata

para encontrá-lo. Oscar agradece e pede para que eles fossem logo. Ansioso, Roberto entra

correndo na frente de Júlia, não seguindo a orientação da irmã para que ele esperasse e não se

perdessem. Minutos se passam e Roberto, correndo, percebe que já estava longe de Júlia e que,

de fato, acabou perdendo-se dela. Então, começa a gritar pela irmã, chamando pelo nome dela.

Com a voz muito longe, a irmã responde. Só então Roberto percebe que estava sozinho,

no meio do nada, e que sua irmã, em algum lugar, também estava. Horas se passaram, ambos

continuaram um tentando achar o outro, até que Roberto tropeçou em algo e caiu. Quando olha,

encontra um cachorro morto com sinais de crueldade e já com moscas rondando em cima da

cabeça. Pendurado em seu pescoço, uma plaquinha escrito Rex. Refletiu que deveria tomar mais

cuidado, pois poderia haver alguém lá. Por fim, ainda que com medo, continuou a procura de

Júlia e do menino Oscar.

Caminhando mata adentro, em vez de encontrar sua irmã, ele vê uma figura diminuta,

parada e com cara assustada. Era Oscar, que de pronto agradece Roberto por ter vindo procurá-

lo e pergunta:

- Moço, não tinha alguém com você? Podia jurar ter ouvido a voz de uma mulher.

Então, Roberto diz que se separou dela acidentalmente, ao que Oscar retruca:

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- Que pena! Mas, moço, ainda preciso de ajuda. Entrei aqui com meus pais para

procurarmos pelo meu cachorro, Rex. Não o encontramos e, pior, acabamos nos perdendo uns

dos outros.

Roberto preferiu não comentar que achara o cachorro, mas morto. Decidiu por contar

depois, mas continuou a conversa com o menino:

- Entendo. E como seus pais se chamam?

- Patrícia e Mário – responde Oscar tristemente.

- Você sabe quanto tempo faz que vocês estão aqui?

- Acho que já faz umas 15 horas – diz Oscar parecendo confuso.

Roberto diz ao menino que era melhor eles saírem e encontrarem Júlia, e depois

procurarem pelos pais dele, pois poderia ser que estivessem bem mais longe, talvez até na

polícia, solicitando ajuda de autoridades.

Depois de uns 20 minutos andando, os dois chegaram à estrada. De lá, ouviram Júlia

gritando muito alto, em pleno desespero, como se estivesse sendo agredida, ou pior,

assassinada. Correram mata adentro novamente, enquanto Roberto gritava pela irmã,

perguntando se estava tudo bem com ela. Como resposta, obteve apenas um estranho silêncio.

Ao chegarem até o local dos gritos, já era muito tarde. Júlia estava caída no chão, imóvel,

e sobre ela havia alguém. Em estado catatônico, Roberto se aproximou de Júlia e da figura,

percebendo que, na verdade era um homem. Nesse momento, Oscar gritou:

- Papai, o que você fez com essa mulher?

Quando viu aquilo, Roberto pulou em cima do homem como um animal, jogando-o para

longe e perguntando ferozmente:

- O que você fez com minha irmã? Por que você fez isso? Entramos aqui para salvar seu

filho!

Mário, o pai de Oscar, segurou os braços enfurecidos de Roberto e respondeu:

- Eu não fiz isso! Cheguei instantes antes de vocês e já a encontrei jogada no chão. No

começo, achei que ela pudesse estar apenas desmaiada. Porém, quando cheguei mais perto, vi

que ela não esboçava reação. Quando fui verificar a pulsação dela, para conferir se estava viva,

vocês me encontraram.

Ainda com raiva, Roberto vociferou:

- Por que devo acreditar em você?

- Basta ver os fatos: olhe para ela, nitidamente levou alguma facada. Veja se eu tenho

algum objeto nas mãos? Porém, eu vi algo que vocês não viram: uma pessoa com cabelos loiros,

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provavelmente uma mulher. Acredito que as duas entraram em combate, mas sua irmã acabou

perdendo e sendo assassinada.

Nesse exato momento, alguém correu pelo mato, indo para longe de todos. Vendo

aquilo, Mário e Roberto começam a correr atrás dessa pessoa. Entretanto, apesar dos esforços,

não conseguiram alcançá-la e tinham a nítida sensação de estarem andando em círculos.

- Não adianta ficarmos correndo sem direção. Precisamos montar um plano para pegar

quem quer que seja, não acha?

Mário concorda com a cabeça.

- Alguma sugestão? – pergunta Roberto – você já está aqui há mais tempo.

- Na verdade tenho sim. A pessoa de cabelos loiros correu justamente quando percebeu

sua presença e, como você sabe, assassinos não deixam testemunhas. Assim, poderíamos te usar

como isca.

Ainda que ligeiramente contrariado, Roberto aceitou, afinal a raiva por ter perdido sua

irmã, assassinada cruelmente, era muito maior, impedindo-o de analisar a situação friamente.

Desse modo, eles pegaram peças de roupas que estavam na mala dos irmãos e fizeram um pano

gigante, o qual encheram com muitas pedras e ergueram com a ajuda de uma corda. A ideia era

que, assim que visse o assassino, Roberto o conduzisse até o local combinado, então Mário

cortaria a corda, fazendo com que as pedras caíssem sobre a cabeça do culpado.

De repente, Roberto viu por entre as árvores uma mulher de cabelos loiros. Pela

descrição de Mário, bem como pelas manchas de sangue nas mãos e nas roupas, ele teve certeza

de que era a assassina de sua irmã. Aos poucos a figura foi se aproximando, tirou uma faca de

sua cintura e começou a correr na direção de Roberto. Nesse instante, Roberto sentiu uma

pontada em suas costas. Olhou para trás, era Roberto, que sorria para ele e dizia com um olhar

demoníaco: “Nós três somos cúmplices”. Roberto olhou para Oscar, então fechou seus olhos

para sempre. Depois desse dia, Roberto e Júlia nunca mais foram vistos.

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O MISTÉRIO DO VIZINHO

Pietra Veronese

Olá. Eu me chamo Alice. Queria muito falar aqui sobre algumas coisas suspeitas que

andam ocorrendo em meu bairro e que estão me deixando de cabelo em pé.

Eu tenho um vizinho. Seu nome é Jack e o de sua esposa é Laura. Eu estava indo para a

minha casa quando vi Jack com um saco de lixo extremamente grande e, pelo jeito, bem pesado.

Ele saiu de sua casa e foi direto para a estação de lixo que tem próximo a nossa casa.

Eu, curiosa e tonta, perguntei:

- O que tem dentro desse saco de lixo, Seu Jack? Que treco imenso!

- Nada que seja de seu interesse, menina! Só lixo mesmo, curiosa – respondeu em um

tom pouco amigável.

Fiquei quieta na hora, especialmente pelo tom agressivo de sua fala.

Naquele exato momento, senti um arrepio na espinha. Tinha acabo de me lembrar que

fazia um bom tempo que eu não via Laura, sua esposa. Novamente, movida pelo desejo de

saciar minha curiosidade, perguntei sobre ela. Em sua resposta seca, disse apenas que ela estava

viajando. Achei bem estranho aquilo, pois ela já havia comentado comigo que não gosta de

viajar sozinha. Entretanto, como Seu Jack estava meio irritadiço naquele dia, dei de ombros.

Semanas depois, vi que cada vez menos o vizinho saía de casa, cujas luzes ficavam

apagadas praticamente o tempo todo. Quando percebemos, ele dava clara sinais de depressão e

a desenvolver outros problemas psiquiátricos. De noite, ouvíamos gritos vindos da casa dele, o

que achei muito estranho, além, é claro, de figuras estranhas que transitavam pela casa.

Nunca mais os vi em pessoa.

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NÃO CONFIE EM NINGUÉM

Thiago Luiz Chaves Júnior

Fria era a noite, quando um advogado chamado Michael recebe uma ligação da polícia

que dá uma terrível notícia: uma mulher e uma menina foram encontradas mortas em um buraco

entre uma escola e uma estação de trem. Para deixar o advogado ainda mais inquieto, essa

escola era exatamente a mesma em que sua filha e esposa estavam em uma apresentação de

Halloween.

Com o coração saindo pela boca, Michael pegou seu carro e foi direto para a cena do

crime. Lá, descobriu o que temia: as vítimas eram sua esposa e sua filha. Berrando da dor e

ardência no coração por causa da perda de sua família, Michael fez um juramento, bem ali

naquele lugar: ele jamais iria descansar até encontrar o assassino que tinha feito aquilo.

Passaram-se seis meses e a polícia não tinha nenhuma pista de quem poderia ter feito

aquilo. No máximo, eles encontraram algumas linhas de ouro e perceberam que o corpo das

vítimas estava sem nenhum arranhão, ou seja, o que indicava que o assassino travou o pescoço

das vítimas com um mata leão. Michael sabia que por causa da sua profissão criara muitos

inimigos. Assim, ele sabia que a polícia não iria encontrar o suspeito, então decidiu ir sozinho

atrás do assassino.

Primeiro ele examinou o local em que sua mulher e filha foram encontradas. Para sua

sorte, havia uma testemunha até então não interrogada, um morador de rua que frequentava a

região. Aproveitou essa oportunidade para fazer perguntas, mas obteve apenas respostas

bizarras, de maneira que o homem dizia apenas “A polícia, a polícia!”. Ainda que tudo

parecesse desconexo, Michael entrou secretamente no computador da polícia procurou quais

policiais estavam patrulhando aquele dia, encontrando imagens do assassinato. Percebeu então

que seus familiares foram mortos por um policial e o advogado deste.

Rapidamente, ele juntou todas as provas e entregou ao chefe de polícia. O assassino foi

preso e Michael continuou sua vida.

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O MISTÉRIO DE SÃO RIQUELME

Victor Hugo

Era a manhã de um dia comum como os outros na pequena e misteriosa cidade de São

Riquelme. O clima da cidade estava frio e nublado. Naquele dia, todos estavam trabalhando,

conversando e comemorando. Como se vê, o dia estava normal até o xerife da cidade, Ramon,

encontrar em um armazém abandonado o corpo do prefeito da cidade ensanguentado e com

marcas que pareciam ser da lâmina de uma faca. Como a cidade era pequena, horas depois todos

já sabiam da triste notícia. Entretanto, ninguém sabia quem havia cometido aquele sério e grave

crime.

Ainda naquele dia, Ramon falou com alguns familiares do prefeito. Além dessa

conversa, outros civis contaram que suspeitavam de seus vizinhos, mas nada que se mostrasse

como uma prova concreta. Naquela noite em que ocorreu o trágico assassinato, ninguém

conseguiu dormir bem, pois tinham pesadelos, alucinações e criavam inúmeras teorias a

respeito de quem teria perpetrado aquele crime.

Confuso e desconfiado, Ramon foi até o jornal da cidade para ver se havia algum registro

que o ajudasse. Lá ele encontrou um jornal cuja chamada da matéria falava sobre a inflação de

preços na cidade de São Riquelme. Logo abaixo, na matéria, dizia: “A revolta da população foi

liderada pelos trabalhadores Roberto, açougueiro que zelava pela boa culinária, e Denis, dono

do único restaurante da cidade”.

Na cabeça de Ramon já veio uma certa felicidade por ter encontrado possíveis

criminosos, mas essa felicidade durou pouco, pois chegando na residência de Roberto, Ramon

se deu conta de que não havia uma alma viva naquela casa. Novamente preocupado, Ramon foi

até o açougue de Roberto para ver se ele estava lá. Ao chegar no local, Ramon viu uma pessoa,

era o funcionário do suspeito, ele parecia tranquilo e feliz, curioso Ramon perguntou:

“Olá, rapaz, sabe onde Roberto está?

“Oi. Sei sim. Mais cedo ele passou aqui e me disse que iria viajar com sua família”.

“Ele te disse quando irá voltar?”.

“Disse que voltaria amanhã pela parte da manhã”.

Ramon agradeceu, despediu-se do rapaz e foi até a casa de Denis. Lá estava a cena de

crime mais cruel que ele já tinha visto: janelas da sala abertas e quatro cadáveres jogados ao

chão. Eram os corpos de Roberto, sua esposa e os dois filhos, todos mortos com marcas em

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seus pescoços e furos em seus peitos. Sentado na poltrona, com um avental ensanguentado,

estava Denis, com uma cara de quem não se arrepende do que fez.

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