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1 CONTRATO DE TRANSPORTE (NACIONAL E INTERNACIONAL) ENQUADRAMENTO O QUE SE ENTENDE POR CONTRATO DE TRANSPORTE? É o acordo pelo qual o transportador se obriga a deslocar mercadorias de outrem (o expedidor), mediante o pagamento do preço acordado (o frete) e a entregá-las ao destinatário, no local estabelecido, sem perdas, avarias ou demoras. QUAL A RELAÇÃO ENTRE O CONTRATO DE TRANSPORTE E O CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS? São dois contratos diferentes e autónomos. Os contratos de compra e venda e outros relativos à propriedade ou usufruto da mercadoria são estabelecidos entre o vendedor e o comprador e, eventuais compromissos acordados entre estes, só integram o contrato de transporte se forem transmitidos e aceites pelo transportador, não bastando que constem das faturas ou outros documentos relativos à compra da mercadoria. QUAL A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CONTRATO DE TRANSPORTE? Transporte nacional: Decreto-Lei nº 239/2003 de 4 de outubro: Estabelece o regime jurídico do contrato de transporte rodoviário nacional de mercadorias; Aplica-se aos contratos de transporte rodoviário nacional de mercadorias, celebrado entre transportador e expedidor, nos termos do qual o primeiro se obriga a deslocar mercadorias, por meio de veículos rodoviários, entre locais situados no território nacional e a entregá-las ao destinatário. Transporte internacional: Convenção CMR (Convenção Relativa ao Contrato de Transporte Internacional de Mercadorias por Estrada) Estabelece o regime jurídico do contrato de transporte rodoviário internacional de mercadorias; Aplica-se a todos os contratos de transporte de mercadorias por estrada a título oneroso por meio de veículos, quando o lugar do carregamento da mercadoria e o lugar da entrega previsto, tais como são indicados no contrato, estão situados em dois países diferentes, sendo um destes, pelo menos, país contratante e independentemente do domicílio e nacionalidade das partes (Consultar em www.antram.pt países aderentes à Convenção CMR). Nota: Atendendo que o DL 239/2003 de 4 de outubro transpôs para o transporte nacional a maioria das regras da Convenção CMR, abordaremos este tema em conjunto só diferenciando o transporte nacional do internacional quando se justificar.

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CONTRATO DE TRANSPORTE (NACIONAL E INTERNACIONAL) ENQUADRAMENTO O QUE SE ENTENDE POR CONTRATO DE TRANSPORTE? É o acordo pelo qual o transportador se obriga a deslocar mercadorias de outrem (o expedidor), mediante o pagamento do preço acordado (o frete) e a entregá-las ao destinatário, no local estabelecido, sem perdas, avarias ou demoras. QUAL A RELAÇÃO ENTRE O CONTRATO DE TRANSPORTE E O CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS? São dois contratos diferentes e autónomos. Os contratos de compra e venda e outros relativos à propriedade ou usufruto da mercadoria são estabelecidos entre o vendedor e o comprador e, eventuais compromissos acordados entre estes, só integram o contrato de transporte se forem transmitidos e aceites pelo transportador, não bastando que constem das faturas ou outros documentos relativos à compra da mercadoria. QUAL A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CONTRATO DE TRANSPORTE?

Transporte nacional: Decreto-Lei nº 239/2003 de 4 de outubro:

Estabelece o regime jurídico do contrato de transporte rodoviário nacional de mercadorias;

Aplica-se aos contratos de transporte rodoviário nacional de mercadorias, celebrado entre transportador e expedidor, nos termos do qual o primeiro se obriga a deslocar mercadorias, por meio de veículos rodoviários, entre locais situados no território nacional e a entregá-las ao destinatário.

Transporte internacional: Convenção CMR (Convenção Relativa ao Contrato de Transporte Internacional de Mercadorias por Estrada)

Estabelece o regime jurídico do contrato de transporte rodoviário internacional de mercadorias;

Aplica-se a todos os contratos de transporte de mercadorias por estrada a título oneroso por meio de veículos, quando o lugar do carregamento da mercadoria e o lugar da entrega previsto, tais como são indicados no contrato, estão situados em dois países diferentes, sendo um destes, pelo menos, país contratante e independentemente do domicílio e nacionalidade das partes (Consultar em www.antram.pt países aderentes à Convenção CMR).

Nota: Atendendo que o DL 239/2003 de 4 de outubro transpôs para o transporte nacional a maioria das regras da Convenção CMR, abordaremos este tema em conjunto só diferenciando o transporte nacional do internacional quando se justificar.

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EXISTEM TIPOS DE TRANSPORTE EXCLUÍDOS DA LEGISLAÇÃO MENCIONADA? Sim:

Transporte Nacional Transporte Internacional

Transporte de envios postais a efetuar no âmbito dos serviços postais

Transportes de mercadorias sem valor comercial

Transportes efetuados ao abrigo de convenções postais internacionais

Transportes funerários Transportes de mobiliário por mudança de domicílio

Exceção: - É opinião dominante que o transporte de mudanças

só está excluído quando o objeto principal do contrato consista na prestação de serviços que não sejam execução de transporte (desmontagem de móveis, embalagem, etc.)

- Quando a prestação de serviço consista no transporte do mobiliário está sujeita à CMR

CONTRATO DE TRANSPORTE COMO SE ESTABELECE O CONTRATO DE TRANSPORTE? Quando exista acordo entre o expedidor e o transportador quanto aos termos de execução e preço do serviço de transporte. O tradicional telefonema, tão usual na atividade, é quanto baste para que o contrato seja considerado como válido.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

O CONTRATO DE TRANSPORTE TEM DE SER REDUZIDO A ESCRITO PARA SER VÁLIDO? Não. A validade do contrato de transporte não depende da sua redução a escrito ou adoção de qualquer formalidade.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

QUAIS OS CUIDADOS A TER NA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO DE TRANSPORTE? Elabore, para sua segurança, o seu modelo de contrato de transporte, de acordo com os elementos que a seguir fornecemos (cuja identificação deveria, no interesse de todos os intervenientes no serviço, constar em documento escrito - fax, carta, e-mail etc., não obstante aquilo que obrigatoriamente deve já constar na guia de transporte e/ou declaração CMR).

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Identificação dos Intervenientes no Contrato

Expedidor/Contratante Transporte (nome, endereço, telefone, fax, e-mail, pessoa de contacto e telemóvel)

Destinatário (nome, endereço, telefone, fax, e-mail, pessoa de contacto e telemóvel)

Transportador (nº alvará ou lic. comunitária, nome, endereço, telefone, fax, e-mail, pessoa de contacto e telemóvel)

Identificação da Mercadoria e Embalagem/Veículo

Tipo de Mercadoria

Identificação de mercadorias que careçam de precauções especiais (mercadorias perigosas, mercadorias perecíveis, resíduos, etc.)

Nº de Volumes/ Tipo de Embalagem

Peso Bruto/Volume

Características do veículo (quando necessário ou solicitado)

Execução do Transporte

Data (e hora quando aplicável) de início do Transporte

Identificação do Local de Carga

Identificação do Local de Descarga

Identificação dos responsáveis pela carga e descarga*

Estabelecimento dos tempos de espera na carga e na descarga* (* matéria não contemplada na Lei que deve ser acordada com o expedidor)

Instruções/Especificações de Transporte Alterações ou Impedimentos ao Transporte

Exigência de especificações/instruções claras, precisas e completas quanto à mercadoria e/ou transporte quando careçam de precauções especiais

Definição expressa de responsabilidades quanto à entrega e preenchimento da documentação relativa à mercadoria

Identificação e contacto do responsável para eventuais instruções quanto a alteração ou impedimentos no transporte

Responsabilidade do Transportador

Definição e exigência de suplemento de preço de qualquer causa que aumente a responsabilidade do transportador (por exemplo declaração de valor da mercadoria, interesse especial na entrega e entrega contra reembolso)

Preço

Preço do Transporte

Despesas de paralisações por demoras nas cargas/descargas

Despesas e encargos com alterações de instruções ou impedimentos ao transporte

Despesas com armazenamento ou reparação não previstas

Correção Extraordinária do preço por alteração superveniente das circunstâncias, motivo de força maior ou caso fortuito (por exemplo, aumento dos combustíveis)

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QUAL É A FUNÇÃO DA GUIA DE TRANSPORTE E DA DECLARAÇÃO CMR NO CONTRATO DE TRANSPORTE? A falta, irregularidade ou perda da guia de transporte ou declaração CMR não prejudicam a existência nem a validade do contrato de transporte, contudo:

A guia de transporte, utilizada no transporte nacional e a declaração CMR, utilizada no transporte internacional e nacional, quando existam, fazem prova dos termos e condições da realização e execução do contrato e do estado, quantidade, peso e número de volumes recebidos pelo transportador.

Através da guia de transporte e da declaração CMR as partes podem invocar judicialmente os seus direitos e exigir o cumprimento por parte do faltoso, facto pelo qual o seu correto preenchimento e a clareza das suas disposições podem evitar conflitos entre o transportador e o seu cliente.

No tema “Documentação de Transporte” poderão encontrar todas as informações relativas à emissão e correto preenchimento da Guia de Transporte e da Declaração CMR.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

DIREITOS E DEVERES DOS INTERVENIENTES NO CONTRATO DE TRANSPORTE QUEM SÃO OS INTERVENIENTES NO CONTRATO DE TRANSPORTE?

O expedidor: Aquele que remete a mercadoria ao destinatário por intermédio do

transportador, seja o próprio, seja outra pessoa que disso se incumbiu, por exemplo, um transitário, que pode agir em nome próprio ou em nome de quem o contratou;

O transportador: Aquele que efetua o transporte, sob a sua responsabilidade e mediante

determinado preço (frete);

O destinatário: Aquele a quem a mercadoria tem que ser entregue.

Havendo dúvidas de quem é o expedidor ou o destinatário, o transportador deverá contactar quem constar como expedidor ou destinatário na guia de transporte ou declaração CMR.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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EXPEDIDOR QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO EXPEDIDOR? Constituem direitos do expedidor, nomeadamente: Designar-se a si próprio como destinatário; Exigir, suportando as despesas, que o transportador verifique o peso bruto da

mercadoria, número ou conteúdo dos volumes a transportar, mencionando os resultados da verificação na guia de transporte ou declaração CMR;

Alterar as instruções durante o transporte (pode suspender o transporte, alterar lugar de entrega ou designar destinatário diferente);

Afastar o limite de responsabilidade do transportador em caso de perda ou avaria declarando o valor da mercadoria na guia de transporte (Declaração de Valor da Mercadoria);

Afastar o limite de responsabilidade do transportador em caso de perda, avaria ou demora na entrega declarando o valor do interesse especial na entrega da mercadoria (Interesse Especial na Entrega);

Dar instruções no sentido da entrega da mercadoria só ocorrer mediante pagamento do destinatário (entrega mediante reembolso).

Constituem obrigações do expedidor, nomeadamente:

Identificar corretamente a mercadoria a transportar, sob pena de ser responsável pelos danos causados pela omissão, insuficiência ou inexatidão das declarações por ele prestadas sobre a natureza da mercadoria;

Entregar a mercadoria para o transporte em perfeito estado, corretamente embalada e identificada, no local combinado;

Entregar ao transportador a guia de transporte ou declaração CMR corretamente preenchida;

Entregar a documentação complementar da mercadoria exigida por força de legislação especial, por exemplo, faturas, guias de remessa, fichas de segurança, etc.;

Pagar o preço do transporte (frete), a menos que tenha sido acordado o seu pagamento no destino;

Pagar as despesas da verificação da mercadoria, quando o exija;

Pagar as despesas e prejuízos causados pelas alterações ao transporte;

Pagar um suplemento do preço do transporte em caso de imposição das cláusulas de “declaração de valor da mercadoria” e “interesse especial na entrega”.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

EM QUE CONSISTE A “DECLARAÇÃO DE VALOR DA MERCADORIA”? Consiste na possibilidade do expedidor afastar/alterar os limites de responsabilidade do transportador por perda ou avaria da mercadoria transportada, mediante a declaração de que a mercadoria tem um determinado valor. A validade da “Declaração de Valor da Mercadoria”, que pressupõe sempre uma negociação prévia, depende do preenchimento de 2 pressupostos:

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O pagamento de um suplemento ao preço do transporte (frete), a acordar com o transportador;

A indicação escrita, por exemplo no campo das instruções do expedidor, do valor da mercadoria na guia de transporte ou declaração CMR (a indicação deve ser feita expressamente e não por referência a outros documentos, por exemplo, fatura, documentos aduaneiros, etc.).

Face à responsabilidade acrescida do transportador nestes casos, aconselhamos que o transportador dê orientações aos seus motoristas para não aceitarem, sem um contacto prévio com a empresa, uma guia de transporte ou declaração CMR de onde conste “declaração de valor da mercadoria”.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

EM QUE CONSISTE O “INTERESSE ESPECIAL NA ENTREGA”? Consiste na possibilidade do expedidor prever uma indemnização por outros prejuízos que não sejam os decorrentes de perda, avaria ou demora, por exemplo lucros cessantes, danos morais, etc. A validade do “Interesse Especial na Entrega”, que pressupõe sempre uma negociação prévia, depende do preenchimento de 2 pressupostos:

O pagamento de um suplemento ao preço do transporte (frete), a acordar com o transportador;

A indicação escrita, por exemplo no campo das instruções do expedidor, do interesse especial na entrega na guia de transporte ou declaração CMR (a indicação deve ser feita expressamente e não por referência a outros documentos, por exemplo, factura, documentos aduaneiros, etc.).

Face à responsabilidade acrescida do transportador nestes casos, aconselhamos que o transportador dê orientações aos seus motoristas para não aceitarem, sem um contacto prévio com a empresa, uma guia de transporte ou declaração CMR de onde conste o “interesse especial na entrega”.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

TRANSPORTADOR QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO TRANSPORTADOR? Constituem direitos do transportador, nomeadamente:

Receber a mercadoria corretamente identificada e embalada;

Receber: A guia de transporte ou declaração CMR corretamente preenchida; A documentação complementar da mercadoria;

Receber o preço do transporte (frete);

Receber os montantes devidos por:

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Despesas da verificação da mercadoria, quando exigida pelo expedidor; Despesas e prejuízos causados pelas alterações ao transporte;

Receber um suplemento do preço do transporte em caso de imposição das cláusulas de “declaração de valor da mercadoria” e “interesse especial na entrega” pelo expedidor.

Constituem obrigações do transportador, nomeadamente:

Formular reservas se, no momento da receção da mercadoria: Constatar que esta ou a embalagem apresentam defeito aparente; Não puder verificar a mercadoria e/ou indicações constantes da guia de

transporte ou declaração CMR;

Acompanhar o transporte com os todos os documentos relativos à mercadoria e ao transporte;

Entregar a mercadoria ao destinatário, no local estabelecido, sem perdas, avarias ou demoras;

Executar as alterações durante o transporte exigidas pelo expedidor ou destinatário (que podem suspender o transporte, alterar lugar de entrega ou designar destinatário diferente);

Solicitar instruções ao expedidor ou destinatário se não puder executar o transporte nas condições acordadas;

Assumir a responsabilidade em caso de demoras, perdas ou danos que não resultem das causas de exclusão de responsabilidade previstas na lei;

Indemnizar por atrasos na entrega, perdas e avarias da mercadoria de acordo com os limites estabelecidos por lei ou acordados com o expedidor;

Provar que existem causas concretas, previstas na lei, que provocaram diretamente as avarias, perdas ou atrasos.

Nota: Mesmo que não tenha efetuado ou assistido à carga, o transportador tem que assegurar que o veículo foi carregado, estivado e amarrado por forma a não comprometer a circulação rodoviário e a segurança de terceiros.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

EXISTEM REGRAS ESPECÍFICAS QUANTO AOS PRAZOS E FORMAS DE PAGAMENTO DO FRETE? Não. Quer a CMR quer o DL 239/2003 não contemplam quaisquer normas quanto a prazos e formas de pagamento do frete devido ao transportador. Contudo o DL 239/2003, para salvaguarda deste direito, considera o transportador como credor privilegiado e titular de 2 garantias acessórias dos créditos resultantes do contrato de transporte:

O direito de retenção: é o direito que o transportador tem de recusar a entrega da mercadoria enquanto os seus créditos não forem pagos;

O privilégio creditório: é o direito de ser pago com preferência a outros credores.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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QUE REGRAS DEVE OBEDECER O EXERCÍCIO DO DIREITO DE RETENÇÃO? Para que o exercício do direito de retenção seja considerado como legítimo, o transportador tem que respeitar um conjunto de regras, relativamente:

Aos créditos em dívida:

Os créditos em causa têm que ser efetivamente vencidos E

O devedor do transportador não lhe tenha prestado garantias idóneas de cumprimento efetivo das suas obrigações, por exemplo, através de garantia bancária ou títulos de créditos suscetíveis de execução fácil e garantida (por ex.: letras avalizadas por entidade idónea).

Uma vez assegurado o pagamento dos créditos, o transportador deixa de ter o direito de retenção sobre as mercadorias que se encontrem em seu poder.

Aos prazos e notificações:

Notificar o destinatário e/ou expedidor (se um e outro forem pessoas diversas) nos 3 dias imediatos à data prevista para a entrega da mercadoria

E

Interpor ação judicial nos 20 dias posteriores ao prazo previsto para a notificação.

As despesas com a conservação das mercadorias, efetuadas no exercício do direito de retenção, ficam a cargo do devedor.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

DESTINATÁRIO QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO DESTINATÁRIO? Constituem direitos do destinatário, nomeadamente:

Alterar as instruções durante o transporte, quando acordado (pode suspender o transporte, alterar lugar de entrega ou designar destinatário diferente);

Receber do transportador a mercadoria, sem perdas, avarias ou demoras;

Formular reservas que indiquem a natureza da perda ou avaria:

No momento da aceitação: em caso de verificação exaustiva da carga (pelo destinatário e transportador) ou em caso de vício aparente da mercadoria ou defeito da embalagem;

No prazo de 7 dias (internacional) ou 8 dias (nacional) da data de aceitação da mercadoria.

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Constituem obrigações do destinatário, nomeadamente:

Pagar o frete (quando acordado) e/ou o valor da mercadoria (quando exista “entrega mediante reembolso”);

Provar os prejuízos causados por atraso na entrega, nos casos em que o contrato não preveja indemnização para esse fim.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR RELATIVAMENTE À MERCADORIA TRANSPORTADA, QUAL É A RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR? O transportador é responsável pela mercadoria desde o momento em que a tomou a seu cargo até à sua entrega e aceitação no local do destino, no mesmo estado, qualidade e quantidade em que a recebeu.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

QUAIS AS OCORRÊNCIAS QUE PODEM LEVAR O TRANSPORTADOR A INDEMNIZAR O EXPEDIDOR OU O DESTINATÁRIO?

Perda total, nada é entregue ao destinatário;

Perda parcial, o nº de volumes ou o peso da mercadoria entregues são menores do que aqueles que o transportador tinha tomado a cargo;

Avaria, deterioração da mercadoria ou alteração das suas qualidades ou propriedades;

Demora na entrega:

Com prazo acordado: o prazo estabelecido pelas partes;

Sem prazo acordado: - Transporte nacional: quando não for entregue ao destinatário nos 7 dias

seguintes à aceitação da mercadoria pelo transportador; - Transporte internacional: o prazo normal para a realização do

transporte, o qual dependerá do circunstancialismo que envolver o transporte e da diligência média exigida a um transportador.

O transportador responde, como se fossem cometidos por ele próprio, pelos atos e omissões dos seus empregados, agentes, representantes ou outras pessoas a quem recorra para a execução do contrato.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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O SEGURO DE MERCADORIAS É OBRIGATÓRIO? Não. Contudo é de toda a conveniência transferir a responsabilidade das empresas de transporte para uma seguradora, para indemnizar qualquer perda, avaria ou demora causados à mercadoria de terceiros transportada nos seus veículos. Consoante os casos, a empresa deve subscrever:

Seguro de transporte nacional de mercadorias

É executado exclusivamente em território português (Contrato de Transporte Nacional);

Seguro de transporte internacional de mercadorias

Implica o atravessamento de fronteiras em que os pontos de carga e descarga da mercadoria se situam em dois países diferentes (CMR).

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

EM CASO DE PERDA, AVARIA OU DEMORA NA ENTREGA DA MERCADORIA, QUAIS OS PASSOS A SEGUIR? Consoante o tipo de danos (perda total ou parcial, avaria ou demora), se o transportador não provar os factos previstos na lei que excluem a sua responsabilidade, é obrigado a pagar uma indemnização, pelo que deve:

Verificar se existem factos que excluam a sua responsabilidade;

Conhecer o valor da mercadoria;

Conhecer os limites de responsabilidade previstos na lei;

Verificar se existem cláusulas que afastem os limites de responsabilidade. QUAIS SÃO AS CAUSAS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR?

Causas gerais de exclusão da responsabilidade:

Transporte Nacional Transporte Internacional

- Caso fortuito ou de força maior - Natureza ou vício próprio da mercadoria - Culpa do expedidor ou do destinatário

- Circunstâncias que o transportador não podia evitar e a cujas consequências não podia obviar

- Vício próprio da mercadoria - Falta do interessado (expedidor, destinatário

ou seus agentes) - Ordem do interessado (expedidor,

destinatário ou seus agentes) que não resulte de falta do transportador

Causas privilegiadas

Transporte Nacional Transporte Internacional

Falta ou defeito da embalagem relativamente às mercadorias que, pela sua natureza, estão sujeitas a perdas ou avarias quando não estão devidamente embaladas

Manutenção, carga, arrumação ou descarga da mercadoria pelo expedidor ou pelo

- Falta ou defeito da embalagem quanto às mercadorias que, pela sua natureza, estão sujeitas a perdas ou avarias quando não estão embaladas ou são mal embaladas

- Manutenção, carga, arrumação ou descarga

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destinatário ou por pessoas que actuem por conta destes

Insuficiência ou imperfeição das marcas ou dos símbolos dos volumes

da mercadoria pelo expedidor ou pelo destinatário ou por pessoas que actuem por conta do expedidor ou do destinatário

- Insuficiência ou imperfeição das marcas ou

dos números dos volumes - Uso de veículos abertos e não cobertos com

encerado, quando este uso foi ajustado de maneira expressa e mencionado na declaração de expedição

- Natureza de certas mercadorias, sujeitas, por

causas inerentes a essa própria natureza, quer a perda total ou parcial, quer a avaria, especialmente por fratura, ferrugem, deterioração interna e espontânea, secagem, derramamento, quebra normal ou ação de bicharia e dos roedores

- Transporte de animais vivos. (o artigo 18º CMR estabelece determinadas limitações à invocação das 3 últimas causas particulares de exclusão da responsabilidade)

QUAL A DIFERENÇA ENTRE CAUSAS GERAIS E CAUSAS PRIVILEGIADAS DE AFASTAMENTO DE RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR? Nas causas gerais, ao transportador apenas basta provar a existência dos factos considerados como exclusão de responsabilidade. Nas causas privilegiadas ou riscos particulares, para se libertar de responsabilidade, o transportador tem que provar:

A existência de um dos factos previstos na CMR ou no regime do contrato nacional;

A possibilidade de que a perda, avaria ou demora resulta daquele facto.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

COMO PROCEDER QUANDO O TRANSPORTADOR NÃO BENEFICIA DE NENHUMA CAUSA DE EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE? O transportador tem a obrigação de indemnizar. Na fixação do valor da indemnização, o transportador tem que:

Regra geral:

Determinar o valor da mercadoria;

Comparar o valor da mercadoria com a regra da limitação de responsabilidade prevista na Lei:

- Se o valor da mercadoria for inferior: deverá pagar este valor; - Se o valor da mercadoria for superior: deverá pagar o limite previsto.

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Regra especial:

O valor da regra da limitação de responsabilidade prevista na lei não se aplica, quando exista:

- Atuação dolosa do transportador; - Declaração de Valor da Mercadoria; - Interesse Especial na Entrega; - Entrega contra reembolso.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

COMO SE DETERMINA O VALOR DA MERCADORIA? Quando não tenha sido fixado antes do início do transporte, o valor da mercadoria será determinado:

Transporte Nacional Transporte Internacional

Segundo o preço corrente no mercado relevante para mercadorias da mesma natureza e qualidade

Em primeiro lugar: pela cotação na bolsa

Em seguida e na sua falta: ao preço corrente do mercado

Por último e na falta de ambos: pelo valor usual das mercadorias da mesma natureza e qualidade

QUAL O LIMITE DE RESPONSABILIDADE POR PERDA (TOTAL OU PARCIAL) OU AVARIA DA MERCADORIA? Limite de Responsabilidade por perda (total ou parcial da mercadoria):

Transporte Nacional: 10 euros/kg;

Transporte Internacional: 8, 33 DSE/kg. O DSE (Direito de Saque Especial) é uma unidade de conta criada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e que é utilizada nas trocas entre os Países Membros. A sua cotação diária e evolução histórica poderão ser encontradas no Site do Banco de Portugal, seguindo as seguintes instruções:

1. Em: www.bportugal.pt 2. “Taxas de Câmbio” (Homepage - Menu Vertical) 3. “Ouro e DSE” ou “Informação Histórica” (Menu Horizontal Topo)

Exemplo: Tendo em conta que a cotação do DSE, em 14 de junho de 2005, era de 1,20999 euros, o limite máximo de responsabilidade do transportador internacional seria nessa data de 10,08 por kg de mercadoria perdida. Considerando um transporte com 24 toneladas de mercadoria totalmente perdida, o transportador não teria que pagar mais do que:

No transporte nacional: 240 000 euros (10 euros x 24 000 kgs);

No transporte internacional: 241 920 euros (8,33 DSE x 1,20999 euros = 10,08 euros x 24000 kg).

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QUAL O LIMITE DE RESPONSABILIDADE EM CASO DE DEMORA NA ENTREGA? A indemnização por demora na entrega:

Só é devida quando o interessado demonstrar que dela resultou prejuízo efetivo (ela não é devida automaticamente)

E

Não poderá ultrapassar o preço do transporte. A esta indemnização poderá acrescer uma outra, caso tenha sido acordada entre transportador e expedidor a cláusula “interesse especial na entrega”.

Quando a demora se transformar em perda terá que aplicar-se as regras da limitação por perda total da mercadoria.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

QUAIS AS SITUAÇÕES EM QUE O TRANSPORTADOR NÃO BENEFICIA DA REGRA DO LIMITE DE RESPONSABILIDADE PREVISTA NA LEI?

No caso de atuação dolosa do transportador:

Existe dolo no contrato de transporte quando há intenção deliberada do transportador em não cumprir o contrato, ou sabe que um comportamento é ilícito e nada faz para o evitar;

No caso de o expedidor afastar os limites de responsabilidade do transportador, através de:

Declaração de Valor da Mercadoria;

Interesse Especial na Entrega;

No caso de incumprimento da instrução de entrega contra reembolso.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

PODERÃO SER ACUMULADAS VÁRIAS INDEMNIZAÇÕES RELATIVAMENTE À MESMA MERCADORIA TRANSPORTADA? Sim. Pode suceder que a carga só seja parcialmente entregue, com atraso e avariada. Nesse caso há lugar a várias indemnizações, calculadas segundo as regras e limites fixados na Lei para cada uma delas:

Indemnização por perda parcial, relativamente à parte em falta;

Indemnização por avaria ou demora da outra parte entregue E

Indemnização por danos suplementares no caso da existência do “Interesse Especial na Entrega”.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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QUANDO PRESCREVE A RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR? O direito à indemnização por danos decorrentes de responsabilidade do transportador prescreve no prazo 1 ano (transporte nacional e transporte internacional). No transporte internacional este prazo é alargado para 3 anos em caso de atuação dolosa do transportador. A PARTIR DE QUE MOMENTO SE CONTA O PRAZO DE PRESCRIÇÃO?

Situações Prazos

Transporte Nacional Transporte Internacional

Demora, perda parcial ou avaria

12 Meses a contar do dia da entrega ao destinatário

12 Meses a contar do dia da entrega ao destinatário

Perda Total (com prazo de entrega)

13 Meses a contar da aceitação da mercadoria pelo transportador

13 Meses a contar do fim do prazo acordado

Perda total (sem prazo de entrega)

13 Meses a contar da aceitação da mercadoria pelo transportador

14 Meses a contar da aceitação da mercadoria pelo transportador

ANTES DO INICIO DO TRANSPORTE QUAIS AS REGRAS QUE DEVO OBEDECER NA CORRETA EMISSÃO E PREENCHIMENTO DA GUIA DE TRANSPORTE OU DECLARAÇÃO CMR? A guia de transporte ou declaração CMR

Quando existam, fazem prova dos termos e condições da realização e execução do contrato e do estado, quantidade, peso e número de volumes recebidos pelo transportador.

Através da guia de transporte e da declaração CMR as partes podem invocar judicialmente os seus direitos e exigir o cumprimento por parte do faltoso, facto pelo qual o seu correto preenchimento e a clareza das suas disposições podem evitar conflitos entre o transportador e o seu cliente. No preenchimento e assinatura da guia de transporte e/ou declaração CMR, a empresa deverá ter em atenção, nomeadamente, que:

É da responsabilidade do expedidor o preenchimento dos campos da guia de transporte/declaração CMR relativos à sua identificação e do destinatário, locais de carga e descarga, identificação e quantidade/peso da mercadoria e outras instruções específicas à execução do transporte;

O transportador pode preencher na totalidade a guia de transporte e a declaração CMR, (quando utilizada no transporte nacional), presumindo-se que o faz em nome e por conta do expedidor;

A guia de transporte e/ou declaração CMR deve ser assinada pelo expedidor e pelo transportador (contudo a sua ausência não é sancionada com qualquer multa). No contrato de transporte nacional a assinatura do expedidor pode ser substituída por

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uma aceitação através de uma forma escrita: por meio de carta, telegrama, fax ou outros meios informáticos equivalentes.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

A RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR, RELATIVAMENTE À MERCADORIA, INICIA-SE COM A SUA CARGA? A responsabilidade do transportador inicia-se com a tomada a cargo da mercadoria, isto é, o momento a partir do qual o transportador assumiu o controlo da mercadoria e assinou a guia de transporte ou declaração CMR.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

EXISTE ALGUMA REGRA ESTABELECIDA SOBRE QUEM DEVE EFETUAR AS OPERAÇÕES DE CARGA? Não. Apesar de ao transporte estarem associadas as operações de carga, quer o regime do transporte nacional quer a CMR não contemplam esta matéria. No entanto, face à importância destas operações na determinação da responsabilidade do transportador por perdas ou avarias, quando a carga da mercadoria não é feita pelo transportador ou alguém por ele designado, aconselhamos a que na guia de transporte ou declaração CMR se inscreva, a título de exemplo, o seguinte:

“As operações de carga foram efetuadas pelo expedidor ou por sua conta” Esta menção deverá ser aceite pelo expedidor aquando da assinatura da guia de transporte ou declaração CMR.

Nota: Mesmo que não tenha efetuado ou assistido à carga, o transportador tem que assegurar que o veículo foi carregado, estivado e amarrado por forma a não comprometer a circulação rodoviário e a segurança de terceiros.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

EXISTE ALGUMA REGRA SOBRE TEMPOS DE ESPERA NA CARGA E EVENTUAL INDEMNIZAÇÃO POR PARALISAÇÕES EXCESSIVAS? Não. O regime do transporte nacional e a CMR não contemplam esta matéria. No entanto, chamamos a atenção para a importância de se negociar, previamente à execução do transporte, os tempos de espera considerados normais e os valores a pagar em caso de paralisações excessivas e, se possível, inscrever e fazer aceitar pelo expedidor os valores acordados nas guias de transportes ou declarações CMR.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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AO TRANSPORTADOR É EXIGIDO ALGUM TIPO DE VERIFICAÇÃO ANTES DO INÍCIO DO TRANSPORTE? Ao tomar conta da mercadoria, o transportador tem o dever de verificar: ­ A exactidão das indicações da guia de transporte ou declaração CMR (que são da

responsabilidade do expedidor); ­ O estado aparente da mercadoria e da sua embalagem. No caso de dúvida, nada impede o transportador de efetuar quaisquer outras verificações desde que tenha autorização do expedidor.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

O EXPEDIDOR PODE EXIGIR VERIFICAÇÕES ADICIONAIS ANTES DO INÍCIO DO TRANSPORTE? Sim. Quer no transporte nacional quer no transporte internacional, o expedidor tem o direito de exigir, mediante o pagamento das despesas inerentes, que o transportador verifique: O peso bruto da mercadoria ou a sua quantidade expressa de outro modo; O número ou o conteúdo dos volumes.

O resultado da verificação exigida pelo expedidor tem que ser inscrito na guia de transporte ou declaração CMR.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

NÃO ASSISTI À CARGA OU VERIFIQUEI ALGUMA DESCONFORMIDADE EM RESULTADO DAS VERIFICAÇÕES EFECTUADAS? O transportador, antes do início do transporte, deve formular reservas na guia de transporte ou declaração CMR, quando:

A mercadoria ou a embalagem apresentem defeito aparente (detetável a olho nu);

Não tiver meios razoáveis de verificar a exatidão das indicações constantes da guia de transporte ou declaração CMR, nomeadamente acerca do número de volumes, marcas e números.

O transportador deve ainda formular reservas:

Do resultado de outras verificações que tenha feito;

Do responsável pela carga e/ou estiva (caso não tenha sido efetuada por ele);

Das eventuais falhas de segurança nas operações de carga/estiva, caso tenha assistido.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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O QUE SIGNIFICA O TERMO “RESERVAS” E QUAL A SUA VALIDADE PARA EFEITOS DO CONTRATO DE TRANSPORTE? As reservas consistem em anotações escritas do transportador relativamente à mercadoria transportada e às condições de execução do transporte, incluindo as operações de carga e descarga.

A validade das reservas dependem de: - Justificação precisa e adequada, não tendo valor reservas genéricas; - Inscrição na guia de transporte ou declaração CMR; - Assinatura (aceitação) pelo expedidor.

A não elaboração de reservas válidas implica a

Presunção de Responsabilidade do Transportador Isto é, presume-se que a mercadoria e ou a embalagem estavam em bom estado aparente no momento em que o transportador as recebeu e que as indicações da guia de transporte ou declaração CMR eram exatas, sendo que qualquer perda ou avaria ocorreram durante o transporte.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

COMO SE PROVA A ACEITAÇÃO DAS RESERVAS PELO EXPEDIDOR? Pela assinatura do expedidor numa guia de transporte ou declaração CMR já preenchida. Ou, com mais rigor e se houver disponibilidade do expedidor para o efeito, mediante assinatura deste por debaixo da reserva. A aceitação deve ocorrer antes do início do transporte, por forma a constar já no exemplar guia de transporte ou declaração CMR que fica em posse do expedidor.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

E SE O EXPEDIDOR NÃO QUISER ACEITAR AS RESERVAS? O transportador terá que optar entre:

Efetuar o transporte, agindo por sua conta e risco;

Tentar um acordo com o cliente com base numa peritagem autónoma;

Recusar o transporte.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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EXECUÇÃO DO TRANSPORTE QUEM PODE EXECUTAR O TRANSPORTE, PARA ALÉM DO TRANSPORTADOR ORIGINÁRIO?

O transportador originário;

O transportador sucessivo;

O transportador subcontratado ou subsequente.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

QUEM É O TRANSPORTADOR ORIGINÁRIO? É a empresa que se compromete a executar o transporte, perante o expedidor. Com exceção de alguma limitação contratual, o transportador pode executar o contrato de transporte diretamente por si ou por terceiros, recorrendo ao transporte em regime de:

Subcontratação, também designado por transporte subsequente;

Sucessivo.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

O QUE É O TRANSPORTE DE SUBCONTRATAÇÃO OU SUBSEQUENTE? É o transporte cujo transportador originário subcontrata outro transportador, que o executa integralmente, sem qualquer intervenção do transportador originário. Se não existir nenhum tipo de limitação contratual, o segundo transportador ainda poderá subcontratar um terceiro transportador e assim sucessivamente

Na subcontratação existem tantos contratos de transporte, autónomos entre si, quantos os transportadores que acordarem entre si o serviço de transporte.

O transportador originário que cumpra o contrato de transporte por meio de terceiros mantém para com o expedidor a sua originária qualidade e assume para com o terceiro a qualidade de expedidor. Isto é: Um transporte que envolva 1 transportador originário (designado por A) e 3 subcontratados (designados por B, C e D):

Quem responde perante o expedidor e o destinatário da mercadoria é o transportador A e não os transportadores subcontratados B, C e D;

Os transportadores subcontratados B, C e D apenas respondem para com o transportador com o qual celebraram contrato:

O transportador B responde perante o A;

O transportador C responde perante o B;

O transportador D perante o C;

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Os transportadores B, C e D nunca poderão exigir diretamente ao expedidor o pagamento do frete, mas sim ao transportador que o contratou.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

O QUE É O TRANSPORTE SUCESSIVO? É o transporte executado por vários transportadores, sendo que cada transportador é responsável solidariamente pela totalidade do transporte.

Para o efeito tem que: Existir um único contrato de transporte, que produz efeitos em relação a

todos que intervêm na sua execução; Existir uma só guia de transporte ou declaração CMR (onde os vários

transportadores sucessivos colocam a sua identificação no 2º exemplar da guia de transporte ou declaração CMR);

A mercadoria transportada tem que ser sempre a mesma (por exemplo, com transbordo da mercadoria ou com tração do mesmo reboque ou semirreboque por outro transportador).

Com a aceitação da guia de transporte ou declaração CMR e da mercadoria, o transportador sucessivo integra-se no contrato inicial celebrado com o expedidor. Qualquer deles responderá, perante o expedidor ou o destinatário, pela totalidade do transporte, a menos que prove que a perda ou avaria ocorreu antes de ele tomar conta da mercadoria (de acordo com as reservas que fez). O transbordo da mercadoria de um veículo para outro não faz perder a unidade do contrato, nem a responsabilidade do transportador primitivo pela totalidade do transporte. Isto é, Um transporte Lisboa – Braga que envolva vários transportadores sucessivos (designados por A, B e C): ­ O transportador A efetua o transporte até Leiria, o transportador B até Aveiro e o

Transportador C até Braga, todos eles assumem responsabilidade solidária pelo transporte total.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE SUBCONTRATAÇÃO OU TRANSPORTE SUBSEQUENTE E TRANSPORTE SUCESSIVO?

Transporte de subcontratação ou transporte subsequente é o transporte executado vários transportadores, existindo tantos contratos de transporte, autónomos entre si, quantos os transportadores que ajustarem entre si o serviço de transporte.

Transporte sucessivo é o transporte executado por vários transportadores ao abrigo de um único contrato.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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O EXPEDIDOR PODE ALTERAR AS SUAS INSTRUÇÕES DURANTE O TRANSPORTE? Sim. Desde que transportador e expedidor não tenham acordado em sentido diferente, durante a execução do contrato o expedidor pode: ­ Suspender o transporte; ­ Modificar o local previsto para a entrega da mercadoria; ­ Designar destinatário diferente do indicado na guia de transporte ou declaração

CMR.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

EXISTEM ALGUMAS REGRAS QUE O EXPEDIDOR TEM QUE CUMPRIR PARA ALTERAR AS INSTRUÇÕES DURANTE O TRANSPORTE? Sim. As alterações para serem válidas têm que ser inscritas na guia de transporte ou declaração CMR (inclusive no primeiro exemplar que ficou em posse do expedidor).

Quando o transportador não puder executar as instruções que recebeu, deve avisar imediatamente o expedidor. O expedidor deve indemnizar o transportador pelas despesas e pelos prejuízos causados pela execução das novas instruções.

No transporte internacional, a CMR prevê normas suplementares para as alterações durante o transporte.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

O DESTINATÁRIO TAMBÉM PODE DAR INSTRUÇÕES DURANTE A EXECUÇÃO DO TRANSPORTE? Sim, desde que o expedidor tenha dado instruções nesse sentido. No transporte internacional, a CMR prevê normas suplementares para as alterações durante o transporte pelo destinatário.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

E SE A EXECUÇÃO DO CONTRATO DE TRANSPORTE, NOS TERMOS INICIALMENTE ACORDADOS, SE TORNAR IMPOSSÍVEL ANTES DA ENTREGA DA MERCADORIA? Exemplos: Carga tombada por má estiva, avaria irreparável do veículo trator, etc. Regra (transporte nacional e transporte internacional)

1º Passo: O Transportador deve solicitar instruções ao expedidor ou destinatário (quando assim estiver convencionado); 2º Passo: Na ausência de instruções em tempo útil o transportador deve devolver a mercadoria ao Expedidor; 3º Passo: Não sendo possível a devolução ao expedidor, o transportador deve:

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Adotar as medidas mais adequadas à sua conservação, ou

Vender as mercadorias, nomeadamente quando são produtos perecíveis, e

Colocar o produto da venda à disposição do expedidor.

Nota: No transporte nacional presume-se que não é possível a devolução quando o tempo necessário provocar uma depreciação na mercadoria de 30% do respectivo valor.

O transportador tem direito ao reembolso das despesas causadas pelo pedido de instruções ou pela sua execução, bem como das ocasionadas pela devolução, pelas medidas de conservação ou venda das mercadorias, a não ser que estas despesas sejam consequência de falta do transportador.

Especificidades (transporte internacional - CMR), nomeadamente quanto:

À venda da mercadoria;

Ao encaminhamento da mercadoria para outros modos de transporte.

NUM TRANSPORTE LISBOA - MADRID HOUVE UM ACIDENTE EM VILAR FORMOSO COM PERDA TOTAL DA CARGA, QUAL O REGIME APLICÁVEL? A Convenção CMR, uma vez que a Convenção se aplica quando o “ponto de origem e o previsto para a descarga e situam em países diferentes”, isto é, aplica-se mesmo nos casos que o veículo não chegue a transpor a fronteira do país de partida do transporte. ENTREGA EXISTE ALGUMA REGRA ESTABELECIDA SOBRE QUEM DEVE EFETUAR AS OPERAÇÕES DE DESCARGA? Não. Apesar de ao transporte estarem associadas as operações de descarga, quer o regime do transporte nacional quer a CMR não contemplam esta matéria. No entanto, face à importância destas operações na determinação da responsabilidade do transportador por perdas ou avarias, quando a descarga da mercadoria não é feita pelo transportador ou alguém por ele designado, aconselhamos a que na guia de transporte ou declaração CMR se inscreva, a título de exemplo, o seguinte:

“As operações de descarga são/foram efetuadas pelo destinatário ou por sua conta.” Esta menção deverá ser aceite pelo expedidor aquando da assinatura da guia de transporte ou declaração CMR.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

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EXISTE ALGUMA REGRA SOBRE TEMPOS DE ESPERA NA DESCARGA E EVENTUAL INDEMNIZAÇÃO POR PARALISAÇÕES EXCESSIVAS? Não. O regime do transporte nacional e a CMR não contemplam esta matéria. No entanto, chamamos a atenção para a importância de se negociar, previamente à execução do transporte, os tempos de espera considerados normais e os valores a pagar em caso de paralisações excessivas e, se possível, inscrever e fazer aceitar pelo expedidor os valores acordados nas guias de transportes ou declarações CMR.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

QUANDO SE CONSIDERA EXISTIR ENTREGA DA MERCADORIA? Só há entrega quando o destinatário aceita a mercadoria assinando a guia de transporte ou a declaração CMR (o exemplar do transportador assinado pelo destinatário fará fé, até prova em contrário, da entrega).

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

O DESTINATÁRIO TEM QUE EFETUAR AS SUAS RESERVAS NO MOMENTO DA ENTREGA E ACEITAÇÃO DA MERCADORIA? Não. A lei atribui prazos diferentes para o destinatário efetuar reservas dependendo do tipo de avarias:

Perda ou avaria aparente da mercadoria ou da embalagem corresponde a uma deterioração visível a “olho nu”;

Perda ou avaria não aparente, carece de uma verificação cuidada ou de peritagem.

Tipo de Avaria Prazos para Efetuar Reservas

Transporte Nacional Transporte Internacional

Perda ou avaria aparente No momento da entrega No momento da entrega

Perda ou avaria não aparente 8 Dias (seguidos) após a aceitação da mercadoria

7 Dias (úteis) após a aceitação da mercadoria

Aquando da entrega pode ainda existir uma verificação contraditória, normalmente através de peritagem, a pedido do destinatário ou do transportador, por exemplo, quando a perda resulta de um caso de força maior, verificado durante o transporte e o transportador se queira, por essa via, exonerar das suas responsabilidades. A prova em contrário do resultado desta verificação só poderá fazer-se se se tratar de perdas ou avarias não aparentes e se o destinatário tiver apresentado ao transportador reservas por escrito dentro dos prazos legais.

Se o destinatário receber a mercadoria sem verificar o seu estado com o transportador, ou sem formular reservas, presume-se que as mercadorias se encontravam em boas condições.

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O TRANSPORTADOR TEM QUE ACEITAR AS RESERVAS DO DESTINATÁRIO PARA ESTAS SEREM VÁLIDAS? Não. No entanto, as reservas do destinatário, à semelhança das do transportador, deverão ser precisas e fundamentadas com indicação da natureza da perda ou avaria.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

AS RESERVAS DO DESTINATÁRIO TÊM DE SER INSCRITAS NA GUIA DE TRANSPORTE OU DECLARAÇÃO CMR? Não. Os regimes do contrato de transporte, nacional e internacional, só obrigam a reservas escritas quando se tratar de perdas ou avarias não aparentes e como estas podem ser efetuadas em data posterior à aceitação da mercadoria, o normal e usual é que as mesmas sejam efetuadas por carta ou fax.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

AS RESERVAS DO DESTINATÁRIO PODERÃO SER CONSIDERAS COMO PEDIDOS DE INDEMNIZAÇÃO? Não. O efeito útil das reservas do destinatário, desde que válidas, é criarem a presunção, até prova em contrário, que os prejuízos foram causados durante o transporte. No entanto, tais reservas apenas representam a posição do destinatário (um dos passos para o pedido de indemnização) quanto ao estado, quantidade, peso e prazo de entrega das mercadorias.

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

E SE O DESTINATÁRIO SE RECUSAR A ACEITAR A MERCADORIA OU COLOCAR OUTROS IMPEDIMENTOS, POR EXEMPLO, NÃO QUISER PAGAR A MERCADORIA, QUANDO EXISTA A MENÇÃO “ENTREGA MEDIANTE REEMBOLSO? Regra (transporte nacional e transporte internacional)

1º Passo: O Transportador deve solicitar instruções ao expedidor 2º Passo: Na ausência de instruções em tempo útil o transportador deve devolver a mercadoria ao Expedidor 3º Passo: Não sendo possível a devolução ao expedidor, o transportador deve:

Adoptar as medidas mais adequadas à sua conservação, ou

Vender as mercadorias, nomeadamente quando são produtos perecíveis, e

Colocar o produto da venda à disposição do expedidor.

Nota: No transporte nacional presume-se que não é possível a devolução quando o tempo necessário provocar uma depreciação na mercadoria de 30% do respectivo valor.

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O transportador tem direito ao reembolso das despesas causadas pelo pedido de instruções ou pela sua execução, bem como das ocasionadas pela devolução, pelas medidas de conservação ou venda das mercadorias, a não ser que estas despesas sejam consequência de falta do transportador.

Especificidades (transporte internacional - CMR), nomeadamente quanto:

À possibilidade de o destinatário designar outro destinatário diferente.

ENTREGUEI A MERCADORIA SEM QUE O DESTINATÁRIO A TENHA PAGO, QUAIS AS RESPONSABILIDADES EM QUE INCORRO? Sempre que na guia de transporte ou da declaração CMR conste a menção de “entrega mediante reembolso” e a mercadoria seja entregue ao destinatário sem cobrança, o transportador fica obrigado a indemnizar o expedidor até esse valor, sem prejuízo do direito de regresso que lhe possa assistir. A validade da menção “entrega mediante reembolso”, depende da indicação escrita, por exemplo no campo das instruções do expedidor, na guia de transporte ou declaração CMR (a indicação deve ser feita expressamente e não por referência a outros documentos, por exemplo, fatura, documentos aduaneiros, etc.).

Aplicável ao transporte nacional e ao transporte internacional.

EXISTE ALGUM PRAZO A PARTIR DO QUAL SE ENTENDA QUE HÁ ATRASO NA ENTREGA? Sim. Existem regras e prazos diferentes para “demora na entrega” consoante se trate do transporte nacional ou do transporte internacional:

Prazos

Transporte Nacional Transporte Internacional

Existência de prazo estabelecido

O prazo estabelecido pelas partes

O prazo estabelecido pelas partes

Não existência de prazo estabelecido

7 Dias seguintes à aceitação da mercadoria pelo transportador

O prazo normal dependerá do circunstancialismo que envolver o transporte e a diligência média exigida a um transportador

No transporte internacional, relativamente ao atraso na entrega da mercadoria, só haverá lugar a indemnização se tiver havido uma reserva escrita no prazo de 21 dias a contar da colocação da mercadoria à disposição do destinatário. O depósito justificado da mercadoria valerá como sua colocação à disposição do destinatário.

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QUANDO É QUE O ATRASO NA ENTREGA DA MERCADORIA É CONSIDERADO PERDA DA MERCADORIA? Considera-se que há transformação da demora em perda da mercadoria quando:

Prazos

Transporte Nacional Transporte Internacional

Existência de prazo estabelecido

7 Dias seguintes ao termo do prazo

30 Dias seguintes ao termo do prazo

Não existência de prazo estabelecido

15 Dias seguintes à aceitação da mercadoria pelo transportador

60 Dias seguintes à aceitação da mercadoria pelo transportador

Verificando-se estas circunstâncias a indemnização a pagar pelo transportador já não será devida pelo atraso mas sim pela perda total. No transporte internacional, a CMR ainda prevê que o interessado, em simultâneo com a indemnização, possa pedir por escrito que o transportador o avise imediatamente se a mercadoria aparecer no prazo de 1 ano a contar do pagamento da indemnização. Se a mercadoria aparecer a CMR prevê ainda um conjunto de possibilidades que o expedidor e transportador terão de optar.

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EM SÍNTESE Preenchimento da Guia de Transporte e/ou Declaração CMR:

É da responsabilidade do expedidor o preenchimento dos campos da guia de transporte/declaração CMR relativos à sua identificação e do destinatário, locais de carga e descarga, identificação e quantidade/peso da mercadoria e outras instruções específicas à execução do transporte;

O transportador pode preencher na totalidade a guia de transporte e a declaração CMR, (quando utilizada no transporte nacional), presumindo-se que o faz em nome e por conta do expedidor.

Direito/dever de o transportador efetuar reservas à carga da mercadoria:

Se o transportador constatar que a mercadoria ou a embalagem apresentam defeito aparente ou não tiver meios razoáveis de verificar a exatidão das indicações constantes da guia de transporte/ declaração CMR deve formular reservas (precisas e fundamentadas) e fazê-las aceitar (assinar) pelo expedidor;

Na falta de reservas, presume-se que a mercadoria e ou a embalagem estavam em bom estado no momento em que o transportador as recebeu e que as indicações da guia de transporte eram exatas, pelo que qualquer perda ou avaria ocorreram durante o transporte e serão da responsabilidade do transportador.

Assinatura da guia de transporte e/ou declaração CMR:

A guia de transporte e/ou declaração CMR deve ser assinada pelo expedidor e pelo transportador (contudo a sua ausência não é sancionada com qualquer multa). No contrato de transporte nacional a assinatura do expedidor pode ser substituída por uma aceitação através de uma forma escrita: por meio de carta, telegrama, fax ou outros meios informáticos equivalentes.

Alterações/impedimentos ao transporte:

O expedidor, salvo acordo em contrário com o transportador, pode fazer suspender o transporte, modificar o lugar previsto para a entrega da mercadoria ou designar destinatário diferente do indicado na guia de transporte/declaração CMR desde que pague as despesas e prejuízos causados pelas alterações ao contrato.

Responsabilidade do Transportador:

O transportador é responsável relativamente à mercadoria, desde que a tomou a seu cargo e até à sua entrega, pela sua perda (total ou parcial), avaria ou demora na entrega o transportador.

Cláusulas de isenção da responsabilidade do transportador:

- A responsabilidade do transportador pode ser afastada ou reduzida em determinadas circunstâncias.

Limites de responsabilidade do transportador por perdas ou avarias ou demoras:

- Perdas ou Avarias: Transporte Nacional: 10 euros por kg de mercadoria / Transporte Internacional: 8, 33 DSE (+/- 10,08 euros) por kg de mercadoria;

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- Importante: se o valor da mercadoria for inferior ao limite de responsabilidade do transportador será esse o valor devido a título de indemnização;

- Demora na entrega (regra igual nacional e internacional): preço do transporte e desde que o interessado demonstre prejuízo sério provocado pela demora.

Afastamento limite de responsabilidade do transporte (declaração de valor e interesse especial na entrega):

- Expedidor e transportador podem acordar, mediante o pagamento de um suplemento de preço, o valor a pagar em caso de perdas, avarias ou demoras (afastando os limites de responsabilidade do transportador). Face ao aumento de responsabilidade, sugerimos que o Associado dê instruções aos seus motoristas para não assinarem ou aceitarem, sem contacto prévio com a empresa, qualquer guia de transporte/declaração CMR de onde constem cláusulas desta natureza.

Direito de retenção do transportador:

- O transportador goza do direito de retenção sobre as mercadorias transportadas como garantia de pagamento de créditos vencidos de que seja titular relativamente a serviços de transporte prestados. Para o efeito deve notificar o destinatário e o expedidor dentro dos 3 dias imediatos à data prevista para a entrega da mercadoria e interpor a competente ação judicial dentro dos 20 dias subsequentes à notificação.