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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência. Nota Técnica nº 155/2016–SRM/ANEEL Em 14 de junho de 2016. Processo: 48500.000916/2016-21 Assunto: Aprimoramento das Regras de Comercialização de Energia Elétrica referentes ao mecanismo de Reconciliação Quadrienal de Contratos de Energia de Reserva. I. DO OBJETIVO 1. Esta Nota Técnica tem por objetivo propor a instauração de audiência pública, na modalidade Intercâmbio Documental, com vistas a colher subsídios à proposta de aprimoramento das Regras de Comercialização de Energia Elétrica (REGRAS) referentes ao processo de Reconciliação Quadrienal de Contratos de Energia de Reserva (CER) associados à fonte de geração eólica. II. DOS FATOS 2. Por meio das Resoluções Normativas (REN) 456, de 18/10/2011, e 637, de 5/12/2014, foram aprovados, respectivamente, os módulos de “Contratação de Energia de Reserva” 1 e de “Receita de Venda de CCEAR” 2 que compõem as REGRAS aplicáveis ao Sistema de Contabilização e Liquidação da CCEE. 3. Em 08/05/2015, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) encaminhou a correspondência CT 0027/15 3 à ANEEL, por meio da qual solicita que: (i) Para a apuração quadrienal e reconciliação quadrienal dos contratos regulados, nos casos em que o início da operação comercial ocorreu após o início do 1º quadriênio, o histórico seja recomposto até o início da operação comercial por meio da disponibilidade mensal constante no Anexo I dos referidos contratos; (j) Para a apuração anual dos contratos regulados, nos casos em que o início de suprimento não ocorreu no início do ano contratual, seja considerada a disponibilidade mensal constante no Anexo I dos referidos contratos em substituição ao valor médio contratado (“flat”), de forma a considerar os efeitos da sazonalidade de geração. 4. A CCEE enviou em 31/5/2016 a carta CT-CCEE 1252/2016 em que analisa a provável situação das vendedoras do 2º Leilão de Contratação de Energia de Reserva (LER) de 2009 ao término do primeiro quadriênio. 1 Alterado posteriormente por meio das REN 533/2013, 551/2013, 578/2013, 619/2014 e 637/2014. 2 Alterado posteriormente por meio da REN 683/2015. 3 Sic: 48513.011742/2015-00.

Contratos de Energia de Reserva. I. DO OBJETIVO...(Fl. 5 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016) * A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

Nota Técnica nº 155/2016–SRM/ANEEL

Em 14 de junho de 2016.

Processo: 48500.000916/2016-21 Assunto: Aprimoramento das Regras de Comercialização de Energia Elétrica referentes ao mecanismo de Reconciliação Quadrienal de Contratos de Energia de Reserva.

I. DO OBJETIVO

1. Esta Nota Técnica tem por objetivo propor a instauração de audiência pública, na modalidade Intercâmbio Documental, com vistas a colher subsídios à proposta de aprimoramento das Regras de Comercialização de Energia Elétrica (REGRAS) referentes ao processo de Reconciliação Quadrienal de Contratos de Energia de Reserva (CER) associados à fonte de geração eólica.

II. DOS FATOS

2. Por meio das Resoluções Normativas (REN) 456, de 18/10/2011, e 637, de 5/12/2014, foram aprovados, respectivamente, os módulos de “Contratação de Energia de Reserva”1 e de “Receita de Venda de CCEAR”2 que compõem as REGRAS aplicáveis ao Sistema de Contabilização e Liquidação da CCEE.

3. Em 08/05/2015, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) encaminhou a correspondência CT 0027/153 à ANEEL, por meio da qual solicita que:

(i) Para a apuração quadrienal e reconciliação quadrienal dos contratos regulados, nos casos em que o início da operação comercial ocorreu após o início do 1º quadriênio, o histórico seja recomposto até o início da operação comercial por meio da disponibilidade mensal constante no Anexo I dos referidos contratos;

(j) Para a apuração anual dos contratos regulados, nos casos em que o início de suprimento não ocorreu no início do ano contratual, seja considerada a disponibilidade mensal constante no Anexo I dos referidos contratos em substituição ao valor médio contratado (“flat”), de forma a considerar os efeitos da sazonalidade de geração.

4. A CCEE enviou em 31/5/2016 a carta CT-CCEE 1252/2016 em que analisa a provável situação das vendedoras do 2º Leilão de Contratação de Energia de Reserva (LER) de 2009 ao término do primeiro quadriênio.

1 Alterado posteriormente por meio das REN 533/2013, 551/2013, 578/2013, 619/2014 e 637/2014. 2 Alterado posteriormente por meio da REN 683/2015. 3 Sic: 48513.011742/2015-00.

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(Fl. 2 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

III. DA ANÁLISE

III.1 – Da Apuração Anual e Quadrienal dos Contratos Regulados.

5. Em seu documento “Estudos para Expansão da Geração”4, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresenta a metodologia de contabilização da produção de energia de empreendimentos eólicos para o LER, que busca entre outros objetivos:

I. “Comprometer o agente empreendedor com a efetiva produção da energia contratada”: obtido pela contratação da produção eólica por quantidade e a penalização por geração abaixo do montante contratado, considerando uma margem de tolerância;

II. “Minimizar o custo da energia, através da redução do custo financeiro dos empreendimentos pela mitigação da incerteza da receita da venda da energia”: obtido pela contabilização da produção média anual, com compensação de desvios (positivos e negativos) dentro de uma faixa de tolerância entre os anos, liquidada quadrienalmente;

III. “Incentivar a contratação eficiente do parque eólico”: obtido por meio do pagamento diferenciado da produção acima do montante contratado e penalização da produção abaixo, considerando as margens de tolerância.

6. As premissas apresentadas pela EPE para o LER constam desenvolvidas no caderno das Regras “Contratação de Energia de Reserva” e, para facilitar o entendimento da metodologia de apuração anual e quadrienal dos Leilões de Energia de Reserva, apresenta-se a seguir um exemplo em que:

I. No Ano 1, o agente gera 140% do montante contratado; dessa forma, os 10% acima da faixa de tolerância superior são remunerados conforme previsto no contrato5, ao passo que os 30% gerados acima do montante contratado (Saldo de Conta de Energia Preliminar) serão alocados no Ano 2.

Exemplo – Apuração ANO 1

4 http://www.epe.gov.br/leiloes/Documents/Leil%C3%B5es%202014/DEE-NT-081-2014-r0-E%C3%B3lica.pdf 5 Para os CERs, a Receita Variável por Excedente de Geração pode ser valorada a (i) 0,7 * Preço de Venda Atualizado da Usina ou

(ii) PLD médio do ano contratual anterior, e é paga em doze parcelas mensais uniformes ao longo do ano contratual vigente.

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(Fl. 3 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

II. No Ano 2, o agente gera apenas 40% do montante contratado; dessa forma, considerando os 30% alocados do Ano 1, este agente ainda está 20% abaixo da faixa de tolerância inferior, o que enseja o ressarcimento anual conforme previsto no contrato6. Por fim, os 10% referente à diferença entre o montante contratado e a faixa de tolerância inferior são alocados como um déficit a ser compensado no Ano 3.

Exemplo – Apuração ANO 2

III. No Ano 3, o agente gera 110% do montante contratado; dessa forma, considerando os 10% de déficit alocados do Ano 2, este agente não possui qualquer desvio (positivo ou negativo) para alocar no Ano 4.

Exemplo – Apuração ANO 3

6 No caso do CER, o ressarcimento anual é valorado a 1,15 * Preço de Venda Atualizado da Usina.

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(Fl. 4 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

IV. No Ano 4, o agente gera 120% do montante contratado; dessa forma, considerando que não há qualquer desvio a ser compensado do Ano 3, este agente atendeu o montante contratado do Ano 4 e ainda ficou com um saldo positivo de 20%.

Exemplo – Apuração ANO 4

7. Caso o desvio constatado no Ano 4 seja:

(i) positivo (como no exemplo acima), até o limite da faixa de tolerância superior de 130% (montantes superiores a essa faixa são remunerados conforme contrato7), essa quantidade é passível de: (a) cessão para empreendimentos do mesmo LER (e produto); (b) alocação no primeiro ano do próximo quadriênio; ou (c) recebimento valorada ao preço de venda; ou

(j) negativo, a partir do limite da faixa de tolerância inferior de 90% (montantes abaixo dessa faixa são ressarcidos conforme contrato8), essa quantidade é passível de: (a) ser coberta via cessão; ou (b) ressarcimento à Conta de Energia de Reserva (CONER) valorado conforme contrato9.

8. Conforme se nota das ilustrações dos anos 2 e 3 do exemplo, o valor já ressarcido no ano 2 (referente ao montante em vermelho igual a 20) não é considerado no saldo preliminar da conta de energia do ano 3 (apenas o montante entre as faixas 90 e 100 é lançado). Ou seja, esse valor não é considerado novamente na apuração quadrienal, e por isso não há que se falar em duplicidade de ressarcimento (anual x quadrienal).

9. Por fim, cabe destacar que para os demais contratos regulados (Leilões de Fontes Alternativas – LFA e Leilões de Energia Nova – LEN), a dinâmica de apuração anual e quadrienal das fontes eólicas é análoga ao LER. Sua principal diferença reside na faixa de tolerância superior que é igual a: 30% no primeiro ano, 20% no segundo, 10% no terceiro e 0% no quarto.

7 Assim como no ANO 1 do exemplo em tela. 8 Assim como no ANO 2 do exemplo em tela. 9 Para os contratos de energia de reserva após o 5º LER, o ressarcimento é valorado ao preço de venda atualizado da usina

acrescido de 6% (esse acréscimo não existe para os LERs anteriores).

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(Fl. 5 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

III.1.1 – Do Mecanismo de Cessão dos Contratos de Energia de Reserva.

10. Os Contratos de Energia de Reserva de fonte eólica permitem que os vendedores cedam seus saldos positivos de energia ao final do quadriênio para outros geradores “deficitários” do mesmo leilão e produto. A cláusula 12 do 2º LER 2009 estabelece:

“CLÁUSULA 12 – DA CESSÃO E AQUISIÇÃO DE ENERGIA

12.1. A critério exclusivo do VENDEDOR, parcela da ENERGIA GERADA poderá ser cedida a outros agentes de geração que se sagraram vencedores no LEILÃO, conforme disciplina estabelecida em REGRAS e PROCEDIMENTOS DE COMERCIALIZAÇÃO.

12.2. A opção de que trata a Subcláusula 12.1 só será permitida ao final de cada quadriênio, e estará condicionada à verificação de saldo positivo da CONTA DE ENERGIA ao final do quadriênio.

12.3. O montante de ENERGIA associado à opção de que trata a Subcláusula 12.1 será considerado na definição:

(i) da RECEITA VARIÁVEL correspondente ao item (iii) da Subcláusula 8.8, nos termos da Subcláusula 8.13; e

(ii) do saldo acumulado da CONTA DE ENERGIA para o início do quadriênio seguinte, conforme disposto no ANEXO II.

12.4. A critério exclusivo do VENDEDOR, ao final de cada quadriênio, na situação de eventual parcela de ENERGIA associada ao saldo acumulado da CONTA DE ENERGIA, contida na FAIXA DE TOLERÂNCIA e proveniente de desvios negativos de geração, poderá ser adquirida ENERGIA proveniente de centrais geradoras eólicas comprometidas com a contratação de ENERGIA DE RESERVA, cujos agentes de geração se sagraram vencedores no LEILÃO.

12.5. O montante de ENERGIA adquirido nos termos da Subcláusula 12.4 será considerado apenas na definição do valor do ressarcimento devido pelo VENDEDOR de que trata a Subcláusula 11.4, não sendo considerado no processo de reconciliação contratual definido na Subcláusula 6.4”.

11. Portanto, considerando um exemplo em que um “gerador 1” apresenta ao final do 4º ano um déficit de 20% de sua energia contratada anual, ele deverá realizar o ressarcimento anual de 10% (em vermelho na figura a seguir) e poderá receber apenas 10% via mecanismo de cessão (que será o seu saldo negativo da conta de energia ao final do quadriênio).

Exemplo de Cessão de Energia ao final do Quadriênio (CER Eólica)

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(Fl. 6 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

12. Para o 2º LER, que terá seu primeiro quadriênio encerrado em junho de 2016, adotando-se como premissas: (i) a energia gerada de março a junho de 201610 sendo igual à média anterior do período nos anos anteriores; e (ii) a inexistência de dados de energia não fornecida neste período (ENF_DT), a CCEE realizou uma simulação e estimou que até 90% de todo o saldo quadrienal negativo dos agentes envolvidos poderá ser coberto via mecanismo de cessão.

13. Vale destacar que a cessão não apresenta efeitos sobre o processo de reconciliação contratual, conforme disposto na subcláusula 12.5.

III.2 – Da Sazonalização “Flat” dos Contratos Regulados.

14. A ABEEólica aborda em sua carta que no “mecanismo de apuração anual, observa-se que quando o início de suprimento não ocorre no início do ano contratual, as Regras de Comercialização estabelecem que a produção de energia não entregue deve ser considerada de acordo com o valor médio anual contratado ("flat"). Em virtude da sazonalidade de produção mensal dos parques eólicos, nestes casos específicos, o gerador também pode ser penalizado incorretamente”.

15. No caso dos CCEARs, a sazonalização “flat” decorre de cláusula contratual que está refletida nas Regras de Comercialização. O CCEAR do 2º LFA (2010), por exemplo, determina em sua subcláusula 6.3:

“6.3. A SAZONALIZAÇÃO da(s) ENERGIA(S) CONTRATADA(S) será feita de forma uniforme ao longo do ano (“sazonalização flat”).”

16. Com relação à sua utilização como base para estabelecimento do compromisso de entrega em cenários de início de suprimento após o início do ano contratual, de maneira diversa ao exposto pela ABEEólica, julgamos que o mecanismo está adequado conforme será apresentado no exemplo a seguir.

17. Primeiramente, ressalta-se que o ressarcimento é uma apuração que tem como principal objetivo o acerto financeiro em virtude da diferença positiva entre o montante contratado e o montante gerado11 no período de apuração correspondente à receita fixa anual paga.

18. Cita-se o exemplo de um vendedor que possui um CCEAR com o compromisso de entrega anual de 120 unidades de energia (sazonalização “flat” igual a 10 unidades por mês), cujo início de ano contratual ocorreu em julho de 2015, mas devido à concatenação com as instalações de transmissão teve seu suprimento iniciado em janeiro de 2016, além de possuir a disponibilidade representada na figura abaixo.

10 Visto que a contabilização de energia de reserva ocorre em “m+2”, esses valores ainda não estavam disponíveis para avaliação. 11 Considera-se como gerado ainda os valores de energia não fornecida por parques que estão “aptos” e apresentam atraso na

entrada em operação comercial das instalações de transmissão/distribuição (ENF_DT), assim como valores de constrained-off.

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(Fl. 7 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

Exemplo – Ressarcimento x Sazonalização “Flat”

19. Entre janeiro e junho de 2016, esse hipotético vendedor recebeu uma receita fixa referente ao montante contratado de 60 unidades de energia valorado ao preço de venda atualizado, ao passo que entregou ao consumidor somente 37 unidades de energia no período. Assim, tomando por base a sazonalização “flat”, seu compromisso de entrega é 60 (compatível com a receita recebida) e, por isso, terá que ressarcir ao consumidor 23 unidades.

20. Caso a proposta da ABEEólica para utilização dos valores de disponibilidade mensal do Anexo I ao invés da sazonalização “flat” prosperasse, teríamos um cenário inadequado em que o vendedor receberia receita fixa referente ao montante de 60, a despeito de ter entregue ao consumidor apenas 37 unidades de energia no período, sem qualquer ressarcimento.

21. Acerca do ressarcimento das 23 unidades de energia no exemplo anterior, alguns pontos precisam ser detalhados antes da conclusão da análise do assunto:

I. Os casos de suprimento iniciado após o início do ano contratual ocorrem em cenários de atraso na entrada em operação comercial da usina (atraso) ou das instalações de transmissão/distribuição (concatenação);

II. Conforme detalhado na seção III.1, apenas os valores abaixo da margem inferior de 90% ensejarão ressarcimento anual, e mesmo assim em 12 parcelas mensais12. Assim, os valores acima dessa margem podem ser compensados nos anos seguintes (e via cessão ao final do quadriênio); e

12 Com exceção dos leilões a partir de 2015 (3º LFA), que são lançados em parcela única no primeiro mês do quadriênio

subsequente.

Início de Suprimento

Início do Ano

Contratual

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(Fl. 8 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

III. O ressarcimento quadrienal (montantes não cobertos por cessão) será valorado conforme contrato13: (i) para Leilões de Reserva anteriores ao 5º LER, receita fixa unitária; (ii) para 5º LER, 1,06 * receita fixa unitária; (iii) para 13º e 15º LEN, maior valor entre receita fixa unitária e PLD médio quadrienal (PLD_QD_REOLp,t,l,q); e (iv) para 17º e 19º LEN e 3º LFA, maior valor entre 1,06 * receita fixa unitária e PLD médio quadrienal (PLD_QD_REOLp,t,l,q).

22. Conforme se depreende do item “III”, o ressarcimento da energia não gerada ao consumidor pode representar não apenas uma devolução de valores recebidos, mas um valor maior ressarcido pelo gerador (casos em que o ressarcimento ocorre por valores acima de sua receita fixa unitária).

23. Ocorre que o referido valor decorre do descumprimento da entrega de energia prevista para o período e o gerador deve arcar com as implicações estabelecidas em contrato.

24. Mesmo para os casos em que houve concatenação devido ao atraso em operação comercial das instalações de transmissão/distribuição sem culpa do agente gerador, cumpre destacar que o vendedor possuía a prerrogativa de concluir a construção de seu empreendimento e receber a receita fixa na condição de “apto a entrar em operação comercial”, conforme dispõe a Resolução Normativa 583/2013.

25. Ou seja, o agente tomou a decisão comercial de concatenar seu início de suprimento ciente de sua disponibilidade, de que a sazonalização de seu contrato é “flat” e de que a geração em valores inferiores ao disposto no contrato enseja em ressarcimento anual e quadrienal por um determinado valor. A referida decisão foi tomada pelo agente conhecendo as condições do contrato e o custo global para ele, seja por conta da inviabilidade técnica ou do elevado custo para se concluir o empreendimento em prazo hábil.

26. Destacamos ainda que essa discussão foi travada no âmbito da Audiência Pública n° 84/2015, especificamente no item III.2 da Nota Técnica n° 99/2015-SRM/ANEEL14 que sugeriu alterar o módulo Reajuste da Receita de Venda de CCEAR, versão 2014.2.2, justamente para que o valor suportado pelo comprador na hipótese de atraso refletisse a energia contratada (ao invés da disponibilidade), não conflitando com a utilização desse mesmo parâmetro na apuração anual.

27. Por fim, no que tange ao caso específico do 2º LER 2009, conforme apresentado na seção III.1.1, destaca-se que o mecanismo de cessão poderá ser utilizado pelos geradores de forma eficaz para mitigar o impacto de parte de seus ressarcimentos.

III.3 – Da Reconciliação Quadrienal dos Contratos de Energia de Reserva.

28. O mecanismo de reconciliação quadrienal está previsto nos Contratos de Energia de Reserva, exceto nos contratos assinados no 5º Leilão de Energia de Reserva (2013):

“6.4. A partir do 2º quadriênio, aplicar-se-á dispositivo de reconciliação contratual para fins de mitigação de incertezas relacionadas à produção de ENERGIA proveniente de fonte eólica, devendo a ENERGIA CONTRATADA ser revisada para o valor médio anual do montante de ENERGIA efetivamente produzido pela USINA desde o início do 1º quadriênio até o término do quadriênio anterior, observado

13 A dinâmica de parcelamento do ressarcimento quadrienal é análoga ao anual (apresentado no item II). 14 http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/arquivo/2015/084/documento/nt_99_2015_abertura_ap_correcao_regras_26jun2015.pdf

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(Fl. 9 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

o limite superior conferido pelo montante de ENERGIA associado ao lance vencedor submetido pelo VENDEDOR no LEILÃO, conforme a seguinte expressão algébrica:

𝐶𝑄𝑄 = 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 {𝐺1:𝑄−1, ((𝐶𝑄𝑟𝑒𝑓1:𝑄 − 𝐶𝑄1:𝑄−1) / 𝑁_𝐻𝑜𝑟𝑎𝑠𝑄)}

CQQ = ENERGIA CONTRATADA do quadriênio “Q”, expressa em MWméd; G1:Q-1 = valor médio da geração da USINA referenciada ao CENTRO DE GRAVIDADE, compreendido desde o início do 1º quadriênio até o final do quadriênio “Q-1”, expresso em MWméd; CQref1:Q = montante de ENERGIA associado ao lance vencedor submetido pelo VENDEDOR no LEILÃO, expresso em MWh, obtido conforme Subcláusula 6.4.1; CQ1:Q-1 = montante acumulado de ENERGIA CONTRATADA, expresso em MWh, obtido desde o início do 1º quadriênio até o final do quadriênio “Q-1”; e N_HorasQ = número de horas do quadriênio “Q”. ”

29. Sua operacionalização está detalhada na linha de comando 13.2 do módulo “Contratação de Energia de Reserva” das Regras de Comercialização, em que a Energia Contratada do quadriênio “Q” (ECQp,t,l,q) será o menor valor entre (i) Energia Contratada no Leilão, (ii) Geração Média dos Quadriênios Anteriores e (iii) a Geração Média do Quadriênio:

Cálculo da Energia Contratada do quadriênio “Q”

ECQp,t,l,q = min (

,

,

)

30. O cálculo da Geração Média do Quadriênio (GMRp,t,l,q) consta detalhado na linha de comando 13.2.1 do referido caderno de Regras e consiste na divisão dos recursos15 pelo total de horas do quadriênio:

Cálculo da Geração Média do Quadriênio

15 Considera-se recurso do agente: (i) a geração efetiva no período ponderada pelo fator de comprometimento, (ii) a energia não

fornecida por conta do atraso na entrada em operação comercial das instalações de transmissão/distribuição para usinas “aptas” (ENF_DT) e (iii) os ajustes decorrentes de decisões do CAd para atendimento de demandas judiciais e administrativas (ADDC).

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(Fl. 10 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

31. Nota-se que em cenários onde o período em operação comercial ou “apto” (numerador) for inferior ao do quadriênio (denominador) há uma distorção em que o agente será prejudicado, pois sua geração média do quadriênio resultará em um valor a menor, sem qualquer relação com o real desempenho do parque.

32. Para continuarmos a análise, cabe destacar acerca da reconciliação contratual:

I. Seu objetivo é conciliar a geração estimada (disponibilidade) com o real desempenho do empreendimento (geração efetiva) e por esse motivo não é passível de “alívio” via mecanismo de cessão (utilizado apenas para fins de ressarcimento); e

II. A despeito de parecer desvantajoso para os vendedores por reduzir o montante de energia contratada para o quadriênio seguinte, nos casos em que o desempenho real do parque de fato é inferior à disponibilidade declarada, o mecanismo é benéfico para o agente, visto que o ressarcimento anual16 abaixo da faixa de tolerância inferior (90%) é valorado no LER a 1,15 do preço de venda atualizado.

33. A CCEE realizou um estudo para analisar a situação das vendedoras do 2º LER (cujo primeiro quadriênio termina em junho de 2016), tomando como premissas: (i) valor zero para eventuais montantes de energia não fornecida (ENF_DT) para o 4º ano; e (ii) média histórica do período de cada usina para o intervalo de março a junho de 2016.

34. Inicialmente, reproduzimos o gráfico da CCEE em que se apresenta a evolução do número de usinas em operação comercial do 2º LER e destacamos que do total de 71 parques contratados, 47 (66%) entraram em operação no primeiro ano e 12 (16,9%) o fizeram no mês de início de suprimento (julho de 2012):

Evolução do Número de Usinas em Operação Comercial do 2º LER (2009)

35. A referida evolução aliada a outros fatores como o baixo desempenho de alguns parques (vide gráfico a seguir, disponibilizado pela CCEE na carta CT-CCEE 1252/2016) resultou em uma estimativa pela CCEE de redução da energia contratada para o segundo quadriênio de 13,11% (93,438 MWmédios) em relação

16 O Ressarcimento quadrienal dentro da margem (entre 90 e 100%) pode ser valorado a 1 ou 1,06 do preço de venda atualizado,

conforme apresentado na seção III.2 dessa NT, e esse montante é passível de ser coberto por meio do mecanismo de cessão.

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(Fl. 11 da Nota Técnica no 155/2016 – SRM/ANEEL, de 14/06/2016)

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

ao volume total dos contratos do primeiro quadriênio do referido LER (713 MWmédios) por meio do mecanismo de reconciliação contratual.

Fator de Capacidade x Atendimento ao CER (2º LER 2009)

36. Ressalta-se que dessa possível redução (93,438 MWmédios) estimada pela Câmara, cerca de 87% seriam suportados por apenas 10 parques, o que implicaria inclusive em cenários de agentes que aufeririam receita líquida negativa devido ao ressarcimento apurado ser maior do que a receita fixa reconciliada para o ano subsequente.

37. Assim, como forma de mitigar as reduções de energia contratada acarretadas por cenários sem relação com ao desempenho real da usina, a ABEEólica propôs na carta CT 0027/15 que, para o período anterior à entrada em operação comercial do parque, os registros faltantes (medição de geração) fossem substituídos pela disponibilidade mensal constante no Anexo I dos contratos.

Proposta ABEEólica – utilizar disponibilidade em período anterior à operação comercial

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

38. Ademais, a CCEE realizou a simulação de dois cenários alternativos à proposta da ABEEólica:

(i) Cálculo da reconciliação considerando apenas o desempenho real da usina, ou seja, adota-se apenas o período em que se iniciou a geração de fato, sendo ele atrasada ou antecipada;

CCEE – simulação 1: desempenho real

(ii) Cálculo da reconciliação considerando o desempenho real da usina e ainda os eventos de constrained-off17 verificados no período.

CCEE – simulação 2: desempenho real + constrained-off

39. As simulações das três opções e seus dados detalhados constam na Análise de Impacto Regulatório (Anexo I).

40. Com relação aos cenários simulados pela CCEE, destacamos que a despeito de ambos os cálculos alternativos reduzirem o valor médio da redução de energia contratada provocada pela reconciliação, para alguns parques sua utilização seria inadequadamente prejudicial.

17 Na 15ª Reunião Pública Extraordinária, realizada em 5/12/2014, a Diretoria da ANEEL deliberou pela inclusão de tratamento de

casos de constrained-off por restrição elétrica para usinas sem CVU declarado na versão 2015.1.0 das REGRAS, enquanto não se instaura Audiência Pública específica para discutir o assunto.

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

41. Cita-se como exemplo disso uma usina que tenha sido considerada “apta” no início de suprimento (o que lhe confere a disponibilidade de 150 unidades como recurso nesse período) e que após iniciar sua geração efetiva tenha desempenhado (300 unidades) abaixo de sua disponibilidade (330 unidades).

42. A utilização de todo o quadriênio no caso em tela, conforme metodologia atual, tem o condão de amortizar o valor a ser reconciliado em relação à consideração apenas do desempenho real:

Metodologia atual: 450 / 480 = 93,75%

Metodologia por “desempenho real”: 300 / 330 = 90,9%

43. Nesse sentido, a proposta ABEEólica se mostra mais adequada, visto que: (i) preserva o conceito original do mecanismo de reconciliação de se aproximar os valores estimados do desempenho real da usina (pois no período em que não há operação comercial, se mantém a utilização da disponibilidade); e (ii) mantém o cálculo em janela quadrienal, o que amortece eventuais distorções (positivas e negativas) no período em que houver geração.

IV. DO FUNDAMENTO LEGAL

44. As argumentações expressas nesta Nota Técnica são fundamentadas nos seguintes instrumentos legais e regulatórios:

Leis 9.427, de 26 de dezembro de 1996 e 10.848, de 15 de março de 2004;

Decreto 5.163, de 30 de julho de 2004;

Resoluções Normativas 109, de 26 de outubro de 2004; 456, de 18 de outubro de 2011; 511, de 23 de outubro de 2012; e 637, de 05/12/2014.

V. DA CONCLUSÃO

45. Diante do exposto, entendemos que a proposta de utilização dos dados de disponibilidade mensal, constantes no Anexo I dos CERs de fonte eólica, em substituição aos registros faltantes (medição de geração) para o processo de Reconciliação Quadrienal dos LERs anteriores à 2013, reúne condições de ser submetida ao processo de audiência pública, de forma a serem colhidos subsídios e informações dos agentes para seu aprimoramento.

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

46. Por fim, entendemos que os mecanismos de Apuração Anual e Quadrienal estão adequados e não requerem aprimoramentos.

VI. DA RECOMENDAÇÃO

47. Com respaldo na competência da ANEEL de aprovar as Regras de Comercialização, recomendamos:

I. Instauração de Audiência Pública, na modalidade intercâmbio documental, pelo prazo de 30 dias, com vistas ao aprimoramento das Regras de Comercialização relativas ao processo de Reconciliação de Entrega de Energia de Contratos de Energia de Reserva de fonte eólica, conforme minuta de REN (Anexo II); e

II. Emissão de despacho autorizando a CCEE a utilizar a regra proposta na minuta REN (Anexo II), para utilização dos dados de disponibilidade mensal constantes no Anexo I dos CERs de fonte eólica em substituição aos registros faltantes (medição de geração) para o processo de Reconciliação Quadrienal, para a contabilização da primeira janela quadrienal do 2º Leilão de Energia de Reserva, devendo haver recontabilização na hipótese de modificação nas diretrizes apontadas após a análise das contribuições recebidas no processo de AP.

BENNY DA CRUZ MOURA Especialista em Regulação SRM

EDUARDO JOSÉ FAGUNDES BARRETO Especialista em Regulação SRM

GENTIL NOGUEIRA DE SÁ JÚNIOR Especialista em Regulação SRM

De acordo:

JÚLIO CÉSAR REZENDE FERRAZ Superintendente de Regulação Econômica e Estudos do Mercado

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

ANEXO I – Análise de Impacto Regulatório – AIR

ANÁLISE DE IMPACTO REGULATÓRIO

Data: 14 de junho de 2016 Área Responsável: SRM

Título da Regulação: Aprimoramento das Regras de Comercialização de Energia Elétrica referentes ao mecanismo de Reconciliação Quadrienal de Contratos de Energia de Reserva.

Qual é o problema que se quer resolver?

Descrever a natureza e a extensão do problema.

O dispositivo de reconciliação contratual foi instituído nos Contratos de Energia de Reserva de Fonte Eólica anteriores à 2013 para fins de mitigação de incertezas relacionadas à produção de energia proveniente de fonte. Sua operacionalização está detalhada na linha de comando 13.2 do módulo “Contratação de Energia de Reserva” das Regras de Comercialização, em que a Energia Contratada do quadriênio “Q” será o menor valor entre (i) Energia Contratada no Leilão, (ii) Geração Média dos Quadriênios Anteriores e (iii) a Geração Média do Quadriênio. Ocorre que o cálculo da Geração Média do Quadriênio (linha de comando 13.2.1) não considerou em sua formulação a possibilidade de entrada em operação comercial dos parques geradores após o início de suprimento, seja por conta de atraso das usinas ou em cenários de concatenação (motivados por atraso nas instalações de transmissão/distribuição necessárias para escoamento da energia). Assim, o objetivo da regulação proposta é aprimorar o dispositivo de reconciliação contratual de forma que não trate atraso e concatenação como desvios entre geração estimada e efetiva.

Identificar os principais grupos afetados pelo problema.

Vendedores de Leilões de Energia de Reserva de Fonte Eólica.

Estabelecer as causas do problema.

A causa do problema está na formulação algébrica para cálculo da Geração Média do Quadriênio, em que se divide os recursos (geração + energia não fornecida ENF_DT + ajuste por deliberação do Conselho de Administração da CCEE ADDC) pelo total de horas do quadriênio, sem considerar situações em que a entrada em operação comercial implique em um número menor de horas para geração (denominador da equação).

Justificativas para a intervenção:

Por que a intervenção é necessária?

A intervenção é necessária para que o dispositivo de reconciliação contratual não realize a redução de montantes contratados por motivos alheios ao real desempenho do parque.

Existem outras formas de intervenção que não a implementação de nova regulamentação?

Não.

Objetivos perseguidos:

Quais são os objetivos e os efeitos esperados com a regulamentação?

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

O objetivo perseguido é preservar o conceito original do mecanismo de reconciliação, em que se pretende aproximar os valores estimados do desempenho real da usina, considerando o cálculo em janela quadrienal.

Qual é o prazo para a implantação do regulamento?

Imediato.

Opções consideradas:

Quais as alternativas para solução do problema foram consideradas?

I. Modificar as REGRAS para reconciliação contratual de forma a considerar apenas o desempenho real da usina, ou seja, utilizar no cálculo apenas o período em que se iniciou a geração de fato, sendo ele atrasado ou antecipado;

II. Modificar as REGRAS para reconciliação contratual de forma a considerar o desempenho real da usina e ainda eventos de constrained-off, ou seja, utilizar no cálculo apenas o período em que se iniciou a geração de fato, sendo ele atrasado ou antecipado; e

III. Modificar as REGRAS para reconciliação contratual de forma a, para o período anterior à entrada em operação comercial do parque, substituir os registros faltantes (medição de geração) pela disponibilidade mensal constante do Anexo I dos Contratos de Energia de Reserva de Fonte Eólica.

Justificar a opção escolhida, inclusive a de não regular.

As três propostas elencadas foram simuladas com auxílio da CCEE para o 2º LER (cujo quadriênio termina em junho de 2016) e são apresentadas abaixo, adotando as seguintes premissas:

a) Não foram considerados valores de montantes de energia não fornecida (ENF_DT) para o último ano do quadriênio;

b) Para o período de março a junho de 2016, considerando-se a indisponibilidade dos dados de geração no instante da simulação, utilizaram-se os dados de geração média no mesmo período para anos anteriores.

Proposta I – Performance Real: Nessa proposta, considerou-se para os cálculos da Geração Média do Quadriênio (GMR) apenas o período após a entrada em operação comercial do parque, ou seja, desconsiderou-se o período anterior (apto, atraso ou concatenação). Os dados da simulação para os dez agentes mais impactados estão apresentados a seguir:

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Conforme se nota da tabela, há casos em que o valor de degradação reduziu consideravelmente (destaque para as usinas 1, 2, 3 e 4), bem como dois casos (em vermelho) de usinas que tiveram sua situação agravada pela metodologia proposta. Explica-se a seguir o porquê do referido comportamento:

Usinas atrasadas ou concatenadas: considerando que o período anterior à entrada em operação comercial (que possui geração igual à zero) é utilizado na conta do GMR, a metodologia proposta sempre é benéfica para o gerador e responde pela redução da degradação apresentada na tabela;

Usinas aptas: visto que esses parques apresentam a disponibilidade contabilizada como geração no período em que estão “aptas” (ENF_DT), desconsiderar esse período no cálculo do GMR pode ter dois efeitos para o agente – neutro ou prejudicial. Caso o parque apresente um desempenho inferior à sua disponibilidade após a entrada em operação comercial, desconsiderar o período “apto” resultará em aumento de sua degradação (caso dos dois parques marcados em vermelho); de maneira diversa, se o parque desempenhar sua disponibilidade, considerar o período de apto se mostra indiferente para o agente.

Ao simular a proposta desde os valores previstos de ressarcimento até a reconciliação contratual, identificamos que mesmo usinas que tiveram cenários de degradação atenuada (como as usinas 1 e 3) apresentarão receitas líquidas para o próximo ano em torno de 30% de sua receita fixa atual. No limite, há uma usina que além de não receber receita fixa mensal, ainda terá que ressarcir mensalmente à CONER (usina 6):

A redução drástica de receita da simulação ocorre por dois motivos:

a) Degradação de seu compromisso de entrega, que ocorre por conta de baixo desempenho e janela quadrienal reduzida (esse impacto será avaliado na “Proposta III”); e

b) Altos valores de ressarcimento que são devidos ao consumidor de energia de reserva. Proposta II – Performance Real + Constrained-off: Nessa proposta, realizamos os cálculos da Geração Média do Quadriênio (GMR) de forma análoga à proposta I, mas considerando ainda os eventos de constrained-off (ENF_DT) reconhecidos pela ANEEL após a entrada em operação comercial do parque.

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O resultado dessa simulação é muito próximo ao obtido na Proposta I, com exceção das 14 usinas que tiveram seus eventos de constrained-off validados pela ANEEL (nenhuma usina entre as avaliadas na Proposta I teve eventos de constrained-off homologados):

Proposta III – Disponibilidade no Período Anterior à Entrada em Operação Comercial: Nessa proposta, considerou-se para os cálculos da Geração Média do Quadriênio (GMR) todo o período desde o início do suprimento, como forma de atenuar o efeito da reconciliação por meio da preservação da janela quadrienal. Para o período anterior à entrada em operação comercial consideraram-se os dados de disponibilidade constantes no Anexo I aos CERs e para o período posterior considerou-se a geração efetiva da usina. Para fins de comparação das propostas, efetuamos a compilação dos resultados para os dez maiores impactados apresentados na avaliação da Proposta I:

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* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

* As usinas em tela não tiveram eventos de constrained-off validados pela ANEEL, por esse motivo os resultados

da Proposta I e II são iguais.

O resultado da tabela aponta que as usinas que entraram em operação comercial próximo ao início de suprimento tiveram seus valores de degradação pouco alterados (o que se mostra razoável, pois consiste em geração real abaixo da estimativa), ao passo que usinas que tiveram um período reduzido de geração efetiva não são inadequadamente prejudicadas pela utilização de uma janela quadrienal nos moldes da Proposta III. Visto que a proposta ainda mantém o conceito do dispositivo de reconciliação contratual (aproximar dados estimados do real), essa alternativa se mostra mais adequada para ser submetida a Audiência Pública.

Análise de custo-benefício:

Descrever e mensurar os custos e os benefícios, em termos financeiros, da regulação para os principais grupos afetados.

Os custos e benefícios estão apresentados no item anterior deste documento de AIR.

Elencar custos e benefícios não financeiros. Avaliar os riscos envolvidos nas alternativas consideradas.

Não se aplica.

Análise do estoque regulatório:

O regulamento proposto implica alteração e/ou revogação de outro regulamento existente? Caso afirmativo, discriminar.

Não, implica somente em alteração das Regras de Comercialização.

Avaliar a correlação entre a regulação proposta e o estoque regulatório.

A proposta ora encaminhada não altera o estoque regulatório.

Acompanhamento dos efeitos do regulamento proposto:

Propor alternativas para acompanhamento dos efeitos do regulamento proposto.

Realizar o acompanhamento dos efeitos da regulação sobre a reconciliação contratual do 2º Leilão de Energia de Reserva a ser contabilizado em agosto de 2016.

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ANEXO II – Minuta de Resolução Normativa

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL

RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº XXX, DE XX DE XXXXX DE 2016

Altera as Regras de Comercialização de

Energia Elétrica relacionadas ao dispositivo

de Reconciliação Contratual de Energia de

Reserva para Fonte Eólica.

O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA –

ANEEL, no uso de suas atribuições regimentais, de acordo com a deliberação da Diretoria, tendo em

vista o disposto no art. 2º e art. 3º, inciso XIV, da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996; art. 1º,

inciso V, e art. 4º, da Lei nº 10.848, de 15 de março de 2004; art. 2º do Anexo I do Decreto nº 2.335,

de 6 de outubro de 1997; art. 1º, inciso II do § 1º, do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004, e o

que consta do Processo nº 48500.000916/2016-21, resolve:

Art. 1º Estabelecer que o valor médio da geração da usina a que se refere o dispositivo de

reconciliação contratual para fins de mitigação de incertezas relacionadas à produção de energia

proveniente de fonte eólica deve utilizar os dados de disponibilidade mensal em substituição aos

registros faltantes de medição de geração no período entre o início de suprimento e a entrada em

operação comercial da usina.

Parágrafo único. A disponibilidade mensal de que trata o caput corresponde àquela

constante no Anexo I aos Contratos de Energia de Reserva – CER.

Art. 2º Até que se proceda à alteração algébrica das Regras de Comercialização de

Energia Elétrica, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE deverá efetuar a

operacionalização do disposto nesta Resolução por meio de mecanismo auxiliar de cálculo.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

ROMEU DONIZETE RUFINO