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Contribuições da Andragogia na Educação para Segurança A educação para a prevenção é um caminho que ajuda, e muito, as empresas a modificarem, mesmo que a longo prazo, os comportamentos reativos dos funcionários de todos os níveis hierárquicos. Para uma mudança real e construção de uma Cultura de Segurança forte e sólida, é fundamental que todos os funcionários de uma empresa se coloquem como partes ativas no processo de mudança de comportamento organizacional. A dificuldade identificada reside no modelo de educação utilizado dentro da maior parte das empresas, pois normalmente não há nenhum tipo de preparo para que os funcionários sejam educadores, para que tenham um mínimo de conhecimento e habilidade sobre métodos, técnicas e recursos para ajudar as pessoas a aprender. Assim, cada funcionário que tem a missão de “ensinar” alguém, utiliza os modelos e referências de professores – entendendo professores como aqueles que participaram da educação formal e da educação familiar - que teve ao longo da sua vida, que podem ter sido bons ou ruins. E então, cada um faz o melhor que pode para tentar ensinar seus conhecimentos aos outros. Mas o “melhor” que cada um pode oferecer talvez não seja o bastante para educar as pessoas ou ajudá-las a agir preventivamente. E assim forma-se um círculo vicioso que envolve uma série de lacunas no processo educativo da empresa, desde a integração, passando pelo DDS e outras ferramentas que se propõem a fazer educação para segurança. Isso não quer dizer que o processo atual está completamente errado e que será necessário acabar com tudo e reconstruir um modelo de educação a partir do zero. Mas precisa existir um contínuo entre a educação de crianças e adultos; aproveitando alguns modelos e técnicas da educação de crianças e principalmente incrementando os processos educativos com as considerações, técnicas e modelos de uma educação para adultos, a qual atribui-se o nome de andragogia. Existem várias diferenças e uma semelhança na forma como adultos e crianças aprendem. A semelhança diz respeito a uma forma de aprendizagem conhecida dentro da psicologia comportamental como modelação, que explica um modelo de aprendizagem por imitação. Crianças e adultos tendem a imitar os comportamentos (independente da qualificação deste comportamento) das pessoas que são seus referenciais na vida, na escola, no trabalho e no lazer. Isso explica porque, com razão, muitas empresas adotam a “liderança pelo exemplo”. Por mais incômodo que isso possa parecer, a modelação funciona. Basta

Contribuições da Andragogia na Educação para Segurança

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Contribuições da Andragogia na Educação para Segurança

A educação para a prevenção é um caminho que ajuda, e muito, as empresas a modificarem, mesmo que a longo prazo, os comportamentos reativos dos funcionários de todos os níveis hierárquicos. Para uma mudança real e construção de uma Cultura de Segurança forte e sólida, é fundamental que todos os funcionários de uma empresa se coloquem como partes ativas no processo de mudança de comportamento organizacional.

A dificuldade identificada reside no modelo de educação utilizado dentro da maior parte das empresas, pois normalmente não há nenhum tipo de preparo para que os funcionários sejam educadores, para que tenham um mínimo de conhecimento e habilidade sobre métodos, técnicas e recursos para ajudar as pessoas a aprender. Assim, cada funcionário que tem a missão de “ensinar” alguém, utiliza os modelos e referências de professores – entendendo professores como aqueles que participaram da educação formal e da educação familiar - que teve ao longo da sua vida, que podem ter sido bons ou ruins. E então, cada um faz o melhor que pode para tentar ensinar seus conhecimentos aos outros. Mas o “melhor” que cada um pode oferecer talvez não seja o bastante para educar as pessoas ou ajudá-las a agir preventivamente.

E assim forma-se um círculo vicioso que envolve uma série de lacunas no processo educativo da empresa, desde a integração, passando pelo DDS e outras ferramentas que se propõem a fazer

educação para segurança. Isso não quer dizer que o processo atual está completamente errado e que será necessário acabar com tudo e reconstruir um modelo de educação a partir do zero. Mas precisa existir um contínuo entre a educação de crianças e adultos; aproveitando alguns modelos e técnicas da educação de crianças e principalmente incrementando os processos educativos com as considerações, técnicas e modelos de uma educação para adultos, a qual atribui-se o nome de andragogia.

Existem várias diferenças e uma semelhança na forma como adultos e crianças aprendem. A semelhança diz respeito a uma forma de aprendizagem conhecida dentro da psicologia comportamental como modelação, que explica um modelo de aprendizagem por imitação. Crianças e adultos tendem a imitar os comportamentos (independente da qualificação deste comportamento) das pessoas que são seus referenciais na vida, na escola, no trabalho e no lazer. Isso explica porque, com razão, muitas empresas adotam a “liderança pelo exemplo”. Por mais incômodo que isso possa parecer, a modelação funciona. Basta uma simples análise nas pessoas ao seu redor para encontrar a fonte de vários dos seus comportamentos. Sobre as diferenças entre a andragogia (educação de adultos) e a pedagogia (educação de crianças), pode-se dizer que a segunda tem o foco da educação na figura do professor, enquanto a segunda tem o foco no aprendiz

A revisão destes itens pode trazer muitos benefícios, porém aconselha-se que a empresa sempre conte com a ajuda de um especialista da área educativa, pois existe uma forte tendência de manter o modelo mental atual, pois o processo sensório perceptivo está mergulhado neste modelo e precisa ser estimulado de forma diferente, compreendendo razões técnicas e também através de experiências e até mesmo emoções que possam modificar um determinado padrão de funcionamento. É importante frisar que este artigo não pretende diminuir a importância da pedagogia ou defender a andragogia, mas ao invés disso, colocar luz sobre um modelo educativo que a maior parte das pessoas não têm contato e gerar um movimento neste sentido, afinal de contas, a pedagogia já está presente no nosso contexto educativo. Lançar mão de estratégias que apresentem um contínuo entre a pedagogia e a andragogia parece ser o ideal para realizar processos de educação e aprendizagem efetivas, especialmente de adultos. E para isso, é necessário amplo conhecimento sobre aqueles que precisam aprender e suas

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necessidades. O que não parece ser uma tarefa fácil ou simples. É preciso uma boa dose de dedicação e comprometimento para ajudar as pessoas a aprender e talvez por isso, grande parte dos processos educativos estejam fadados à falência.