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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” CONTRIBUIÇÕES DA ARTETERAPIA NO PROCESSO DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO TATIANE SANTOS DE OLIVEIRA DA FONSECA ORIENTADORA Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

CONTRIBUIÇÕES DA ARTETERAPIA NO PROCESSO DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO

TATIANE SANTOS DE OLIVEIRA DA FONSECA

ORIENTADORA

Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

CONTRIBUIÇÕES DA ARTETERAPIA NO PROCESSO DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO

Rio de Janeiro

2010

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Arteterapia em Saúde e Educação. Por: Tatiane Santos de Oliveira da Fonseca

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AGRADECIMENTOS

Obrigada Senhor, ao meu marido e amigos por

me amparar nos momentos mais difíceis, proporcionando-me força e perseverança para finalizar este trabalho.

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“O trabalho de arte passa pela mente, pelo coração, pelos olhos, pela garganta, pelas mãos; e pensa e recorda e sente e observa e escuta e fala e experimenta

e não recusa nenhum momento essencial do processo poético.“

Alfredo Bosi

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RESUMO

O presente trabalho trouxe como tema a utilização da Arteterapia no processo diagnóstico psicopedagógico. Para investigar a possibilidade de este método contribuir na avaliação de sujeitos com dificuldades de aprendizagem, realizou-se estudo sobre os aspectos da Arteterapia, do Processo de Aprendizagem, da Psicopedagogia, bem como a utilização da arte para fins terapêuticos.

Palavras chave: Arteterapia, Psicopedagogia, aprendizagem, dificuldades de aprendizagem, criatividade.

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METODOLOGIA

Pesquisa Bibliográfica em livros e revistas acadêmicas da área,

baseada inicialmente nos seguintes teóricos: Aurora Ferreira, Cristina Dias

Allessandrini, Beatriz Scoz, Liomar Quinto de Andrade e muitos outros que

estão na referência bibliográfica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 10

A ARTETERAPIA CONCEITOS E CONTEXTOS

CAPÍTULO 2 16

PROCESSO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 3 23

PSICOPEDAGOGIA PARA QUÊ?

CAPÍTULO 4 33

A UTILIZAÇÃO DA ARTE PARA FINS TERAPÊUTICOS

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 44

WEBGRAFIA 46

ÍNDICE 48

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INTRODUÇÃO

A Arteterapia, mais do que uma técnica, é um processo expressivo,

um caminho que através das artes plásticas transforma o ser humano

ampliando suas potencialidades pela criatividade. Essas transformações

ultrapassam as questões práticas da vida atingindo a pessoa num nível mais

profundo.

Hoje, se sabe que a aprendizagem não está restrita somente ao

ambiente escolar, mas se faz presente em todos os contextos em que o

aprendiz está inserido. Além disso, como o conhecimento tem grande

importância na cultura, apresentar dificuldades pode comprometer o processo

de aprender.

Diante da não aprendizagem na escola que, é uma das causas do

fracasso escolar, surge a psicopedagogia fruto de várias disciplinas que se

propõe a compreender o processo da dificuldade de aprendizagem. Segundo

Scoz (2004), é a área de atuação mais indicada para atender às crianças com

problemas para aprender, porque oferece uma ação multidisciplinar e conta

com um acervo de técnicas de diagnóstico e tratamento capazes de atingir e

eliminar problemas de aprendizagem em suas raízes.É no processo avaliativo

que, diversas atividades serão realizadas a fim de analisar os fatores que

determinam a dificuldade ou sofrimento do sujeito.

Como a Arteterapia utiliza diversas técnicas e materiais, dando

oportunidade a qualquer pessoa de desenvolver habilidades, despertar todo

seu potencial através da expressão artística e objetivando mostrar os recursos

da arteterapia que podem auxiliar o processo diagnóstico psicopedagógico,

levando em conta as diferentes modalidades expressivas serão abordados no

Capítulo 1, Estudo sobre histórico do surgimento da Arteterapia no mundo e no

Brasil, seus conceitos, as diferentes abordagens e campos de atuação.

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No Capítulo 2, Processo de aprendizagem a partir da teoria de Jean

Piaget, seus conceitos e a relação entre Arteterapia e Aprendizagem.

O Capítulo 3, intitulado Psicopedagogia pra quê?; Será apresentada

a visão atual da psicopedagogia e as etapas do processo diagnóstico.

O Capítulo 4 refere-se à análise da utilização da arte para fins

terapêuticos, destacando o valor terapêutico dos materiais artísticos, bem como

a apresentação de algumas técnicas, a importância da criatividade e a função

da Arteterapia no contexto Psicopedagógico.

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CAPÍTULO 1

A ARTETERAPIA CONCEITOS E CONTEXTOS

1.1 Breve Histórico

O surgimento da Arte como terapia data dos primórdios, do tempo

em que o homem vivia em cavernas e descobriria o fogo. Embora ainda não

conhecessem a escrita, eles eram capazes de produzir obras de arte. Estudos

apontam para os desenhos sob rochas como os primeiros sinais de expressão

humana. Seus desenhos representavam os animais e pessoas da época, com

cenas e ritos religiosos. A essas manifestações artísticas foi dado o nome de

Arte Rupestre. Já na antiga Grécia, antes de Cristo, a arte era usada no

tratamento de enfermos na forma de apresentações teatrais, musicais, etc. Os

índios, também sempre utilizaram o uso da arte nos rituais de cura ou mesmo

em preparações para guerra. A pintura no corpo toma sentido de fortalecimento

e proteção espiritual. Logo se pode dizer que a arte sempre teve valor

terapêutico na nossa cultura.

Segundo Ferreira (2010, p.16), a arteterapia é entendida como uma

técnica que une arte e psicologia capaz de trazer à consciência conteúdos

reprimidos no inconsciente, a fim de serem trabalhados. No entanto, mais do

que uma técnica, a arteterapia é um processo expressivo, um caminho que, por

meio da arte, poderá transformar o homem ao ampliar suas potencialidades

criativas.

Para Canclini (1984, p.207 a 209):

(...) abrange todas aquelas atividades ou aqueles aspectos de atividades de uma cultura em que se trabalha o sensível e o imaginário, com o objetivo de alcançar o prazer e desenvolver a identidade simbólica de um povo ou uma classe social, em função de uma práxis transformadora.

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Enquanto instrumento terapêutico, a Arteterapia é recente, se

desenvolveu na Inglaterra, após 2ª Guerra, baseadas nas idéias de Jung e

influenciada pelo surgimento da nova visão da Arte. Já o termo Arteterapia,

surge por volta dos anos 50, através de duas correntes distintas: Margareth

Naumburg (1941) e Edith Kramer (1958).

Naumburg Foi responsável por sistematizar a Arteterapia. Começou a desenvolver sua teoria a partir do âmbito educacional e fez algumas relações com trabalhos realizados de forma espontânea. Suas técnicas de Arteterapia eram baseadas na pressuposição de que todo indivíduo pode projetar seus conflitos em formas visuais. Com abordagem psicanalítica, fazia o uso da associação livre, no trabalho de arte espontâneo, o qual era compreendido como uma projeção do inconsciente. (ARCURI, 2006, p.21-22)

Já Edith Kramer, Andrade (2000) coloca que também é pioneira da

arteterapia, utilizava referencial teórico psicanalítico, no entanto não praticava a

interpretação. Sua preocupação estava muito mais no fazer, criar a arte,

expressar, do que estudar e discutir o produto finalizado. Para ela, a

compreensão da linguagem artística tornava o objeto do diálogo terapêutico.

Como a ênfase era no processo e não no produto, recebeu críticas do seu

trabalho, o qual foi considerado apenas como arte-educação e não um trabalho

de arteterapia como foi defendido por Margareth Naumburg.

Janie Rhyne (1973) e Natalie Rogers (1974) também contribuíram

de forma significativa para a história da arteterapia. Rhyne uniu a teoria

gestáltica ao trabalho da arte e Natalie Rogers desenvolveu um trabalho

denominado “Conexão Criativa”, que seria a aplicação dos princípios da teoria

“centrada na pessoa” ao trabalho de terapia expressiva, propondo a utilização

de várias artes: pintura, modelagem, teatro etc.

1.2 Arteterapia no Brasil

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No Brasil, a Arteterapia surge com a Psiquiatria, no tratamento de

pacientes com distúrbios mentais. Em São Paulo, na cidade de Franco da

Rocha, em 1923, Osório Cesar, estudante interno no Hospital Juqueri

desenvolve estudos sobre a arte dos alienados. Em 1929 publica o livro "A

expressão artística nos alienados", onde propõe uma forma de compreender as

produções artísticas destes indivíduos. No seu trabalho, com psicóticos, usava

como critério a espontaneidade, pois acreditava que o fazer arte já propiciava a

“cura por si”, por ser um veículo de acesso ao conhecimento do mundo interior

e também por ser uma arte autêntica que poderia levar a profissionalização.

“Reconhecia a existência de um manancial criador no ser humano,

independente de sua condição de saúde mental.” (ANDRADE, 2000, p.58)

No Rio de Janeiro, outra representante no país, é a Drª Nise da

Silveira, psiquiatra, seguidora das idéias de Jung, fundadora do Museu de

Imagens do Inconsciente em 1952, um centro de estudo e de pesquisa, que

reunia obras produzidas nos ateliês de pintura e modelagem, no Centro

Psiquiátrico D. Pedro II, No Rio de Janeiro. Apesar de trabalhar com sistema de

ateliê, o que caracteriza uma ramificação da Arteterapia, intitulava seu trabalho

como Terapeuta Ocupacional. Poucos anos depois, em 1956, desenvolve outro

projeto também revolucionário para sua época: cria a Casa das Palmeiras, uma

clínica voltada à reabilitação de antigos pacientes de instituições psiquiátricas.

Drª Nise acreditava que através do processo artístico poderíamos compreender

o mundo interno dos pacientes, e pesquisou novas formas de expressão como

desenho, música, dança e dramatização.

No Recife, Ulysses Pernambucano com sua assistente Noemia

Varela se dedica principalmente à educação das crianças e adolescentes

deficientes e à educação de suas famílias para aceitá-los e ajudá-los,

despendendo esforços para evitar o confinamento.

Quanto ao campo e nomeação das práticas realizadas no Brasil, a

Arteterapia teve início por volta da década de 1960, com a vinda de Hanna

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Kwiatkowska. Hoje ocorreu uma ampliação, o movimento da arteterapia é muito

ativo no Brasil, se encontra inserida em diversos campos e com sua

formulação, sendo proposta pela União Brasileira das Associações de

Arteterapia (UBAAT), órgão representativo das Associações de Arteterapia

estaduais ou regionais de nosso país.

1.3 Conceitos e as Abordagens em Arteterapia

A arte tem uma função extremamente importante e essencial para o desenvolvimento humano, podendo fazer a integração de elementos conflitantes: impulso-controle, amor-acolhimento, versus ódio-agressividade, sentimentos-pensamento, fantasia-realidade, consciente-inconsciente, verbal, pré-verbal e não verbal. (ANDRADE, 2000, p.34)

A arteterapia promove diversos benefícios, representa um ótimo

recurso terapêutico, além de inúmeras modalidades artísticas, é um campo que

se depara com diferentes referenciais teóricos da psicologia, a Psicologia

Analítica e a Gestalt Terapia, são algumas delas. Neste caminho, os conceitos

também irão se diferenciar de acordo com o embasamento teórico escolhido

pelo profissional.

A análise dos signos, símbolos, alegorias, arquétipos, da imagem,

sonhos, mitos, inconsciente coletivo, persona, sombra, mitos e self, constituem

as bases da abordagem junguiana (Psicologia Analítica). Esta teoria se

distingue da Psicanálise iniciada por Freud, por uma noção mais alargada da

libido e pela introdução do conceito de Inconsciente Coletivo.

No processo arteterapêutico assume um direcionamento e

interpretação peculiar em comparação com outras abordagens. O terapeuta

neste contexto, é um facilitador, cabe a ele, oferecer variedade de materiais

e/ou formas de expressão artísticas que estimulem a expressão e elaboração

das imagens arquetípicas.

Segundo Urrutigaray (2004, p.33), o arquétipo é um modelo criado

para explicar padrões de organização de pensamento presentes em todos os

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homens, por possuir uma característica de generalidade e universalidade, mas

vazio de conteúdo (por seu formato modelar), o qual será preenchido através

do ambiente experimental e pessoal de cada um.

A abordagem gestáltica, é uma terapia existencial-fenomenológica,

fundada na década de 1940, por Frederick (Fritz) e Laura Perls. Gestalt é

forma, totalidade. Seu único objetivo é a awareness¹. Nesta abordagem reúnem

pressupostos teóricos e filosóficos que representam um modo específico de

observar o desenvolvimento humano na sua relação com o meio. No corpo

teórico e na prática destacam-se como conceitos básicos: Campo, Contato,

Fronteira de Contato, Ajustamento Criativo e Suporte².

No trabalho de arteterapia, esta abordagem busca facilitar a

compreensão do indivíduo consigo mesmo e com seu contexto. O

relacionamento é horizontal, o enfoque não é interpretativo, é um trabalho mais

objetivo, enfatiza-se o aqui e agora. O indivíduo através da reflexão de suas

produções, fala de si de uma maneira menos ameaçadora. A função do

terapeuta é estimular o crescimento do seu cliente, torná-lo consciente (aware),

responsável, para que aprenda a aceitar-se e valorizar-se. Neste contexto, o

“como” e o “para que” são mais importantes do que “o que” ou o “porquê”.

1.4 Campos de Atuação

A Arteterapia hoje está inserida no contexto terapêutico como

também em outros campos de atuação onde é usada profilaticamente.

“Em todos os cenários, é possível utilizar a força da experiência

criadora como forma de autoconhecimento e transformação do ser humano.”

(COUTINHO, 2005, p.47)

_______________________________________________________________

1. Awareness é uma forma de experienciar. É o processo de estar em contato vigilante com o evento mais importante do campo indivíduo/ambiente, com total apoio sensório-motor, emocional, cognitivo e energético. YONTEF, Processo, Diálogo e Awareness, 1998, p.215. 2. Sobre estes conceitos, LOFFREDO, A Cara e Rosto, 1994, p.82.

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Por ser uma técnica que atua de maneira sutil, menos dolorida nas

questões humanas, individualmente ou em grupo, vem sendo utilizada em

diversas áreas como:

ü Educacional: Escolas e Instituições de Ensino Superior;

ü Social: Presídios, Organizações não governamentais e Comunidades de

baixa renda;

ü Psicológica: Psicoterapia individual e grupal (com crianças,

adolescentes, adultos, idosos, casais, famílias);

ü Saúde Mental: Centros de Atenção Psicossocial;

ü Organizacional: Organizações públicas e Privadas;

ü Hospitalar: Enfermarias de hospitais da rede pública e privada.

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CAPÍTULO 2

PROCESSO DE APRENDIZAGEM

A aprendizagem tem papel fundamental na constituição do sujeito

humano. Este processo é bastante complexo e pessoal, envolve aspectos

cognitivos, afetivos, sociais, econômicos e até políticos. Ocorre num movimento

permanente originado no início de sua própria vida e evolui gradativamente a

partir das experiências vivenciadas no mundo, primeiro pela mãe e depois pela

linguagem e cultura.

2.1 Desenvolvimento Cognitivo Segundo Teoria de Jean Piaget

Durante a segunda metade do século 20, no campo da educação,

Jean Piaget foi nome mais influente.

Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética - isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. (Revista Nova Escola, Grandes Pensadores, 2008, p.55)

Com o apoio da experimentação, a epistemologia genética procura

mostrar, os processos fundamentais da formação do conhecimento da criança.

Sob essa perspectiva, Piaget apresenta os quatro estágios que marcam a

evolução do desenvolvimento das estruturas da inteligência.

De acordo com esse quadro teórico, a aprendizagem praticamente não interfere no curso do desenvolvimento. A ênfase nos processos internos e na atividade construtiva da própria criança resulta em uma concepção que considera a aprendizagem como dependente do processo de desenvolvimento. Ou seja, aquilo que a criança pode ou não

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aprender é determinado pelo nível de desenvolvimento de suas estruturas cognitivas (FONTANA e CRUZ, 1997, p.54)

Cabe destacar a importância de se ter claro este processo, pois o

não aprender está caracterizando uma situação não assimilada: é como um

alerta de que é necessária uma intervenção para que possa acontecer esse

equilíbrio, do que se está construindo.

2.2 Alguns Conceitos Piagetianos

Para compreender o processo de desenvolvimento da inteligência,

serão examinados alguns conceitos piagetianos, segundo Rappaport (1981):

Ø Hereditariedade: patrimônio genético herdado pelo sujeito que se

desenvolve em contato com o meio ambiente. Esse amadurecimento do

organismo contribui de forma decisiva para que apareçam novas

estruturas mentais que proporcionam possibilidade de adaptação cada

vez melhor ao ambiente; conseqüentemente, a qualidade da

estimulação interferirá no processo de desenvolvimento da inteligência.

Assim, no caso da linguagem ou de outros aspectos que dependem do desenvolvimento cognitivo, o sujeito herda a capacidade para aprendizagem e desempenho. Mas a plena realização destas capacidades depende das condições que o meio ambiente irá oferecer. (Idem, p.57)

Ø Adaptação: possibilita ao indivíduo responder aos desafios do ambiente

físico e social. Para tanto vai se utilizar às estruturas mentais já

existentes ou então, quando estas se mostrarem ineficientes, elas serão

modificadas a fim de se chegar a uma forma adequada para se lidar com

a nova situação.

No processo de adaptação, dois processos complementares estariam

implicados: a assimilação e a acomodação.

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O processo de assimilação se refere à tentativa, o sujeito usa suas

estruturas mentais para conhecer o meio, o novo.

O processo de acomodação, o sujeito acomoda suas estruturas mentais

antigas às novas informações que o meio fornece.

Logo, é muito difícil, se não impossível, imaginar uma situação em que possa ocorrer assimilação sem acomodação, pois dificilmente um objeto é exatamente igual ao outro já conhecido, ou uma situação é exatamente igual à outra. (RAPPAPORT, 1981, p. 58)

Ø Esquemas: uma das primeiras formas de organização cognitiva.

Constitui estrutura básica do pensamento ou de ação e que

corresponde, de certa maneira, a estrutura biológica que muda e se

adapta. Seu contínuo desenvolvimento permite ao indivíduo uma

adaptação mais complexa, de forma cada vez mais diferenciada e

abrangente, exigindo, portanto evolução nas formas de comportamento

e de pensamento.

Ø Equilibração das estruturas cognitivas ou equilíbrio: processo de

reorganização das estruturas cognitivas, que possibilita ao individuo

solucionar situações e problemas novos. É um processo de auto-

regulação interna. A cada solicitação o equilíbrio é rompido, ocorrendo

uma movimentação das estruturas mentais no sentido de solucionar o

desequilíbrio, buscando atingir novamente o estado de equilíbrio.

2.3 Estágios de Desenvolvimento Cognitivo

Conforme a concepção piagetiana, o desenvolvimento é um

processo de equilibrações sucessivas que conduzem a maneiras de agir e

pensar cada vez mais complexas e elaboradas. Esse processo apresenta

períodos ou estágios definidos, cada qual com características próprias e que

ocorreram numa ordem fixa de desenvolvimento.

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O primeiro estágio é chamado de sensório-motor, caracteriza-se por

uma coordenação sensório-motora, baseada na evolução da percepção e da

motricidade. Estende-se do nascimento até os 2 anos, com o aparecimento da

linguagem. Neste período a inteligência é essencialmente do tipo prática,

devido à busca de resultados favoráveis.

Segundo Goulart (2001), do ponto de vista do desenvolvimento do

pensamento, o período sensório-motor é dividido em 6 subestágios:

1) Reflexo (0 a 1 mês) - a atividade é puramente reflexa, e desencadeada a

partir de uma estimulação, como por exemplo, o sugar. A inteligência é

caracterizada pela repetição dos esquemas motores.

2) Reação circular primária (1 a 4 meses) - esta noção indica que, quando

um comportamento de forma não intencional leva a um resultado

interessante, a criança tende a repeti-lo.

3) Reações circulares secundárias (4 a 8 meses) - aqui a criança já

começa a manipular objetos. A repetição da ação busca prolongar ou

reproduzir um efeito interessante.

4) Coordenação de esquemas secundários (8 a 12 meses) - neste

subestágio a inteligência progride e repercute na evolução da imitação.

A criança já encontra objetos escondidos; porém se o objeto é

escondido primeiro sob uma almofada e depois sob outra, ela persiste

em procurá-lo sob a primeira.

5) Reações circulares terciárias (12 a 18 meses) - neste ponto, a criança

começa a experimentar ativamente novos comportamentos para atingir

seus objetivos. Parece perceber que os esquemas do seu repertório são

adequados para atingir todos os fins.

6) Início do simbolismo (18 meses a 24 meses) – este subestágio

representa uma transição para o estágio pré-operacional. É

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caracterizado pelo aparecimento da representação, que abrirá novas

perspectivas para o desenvolvimento intelectual.

O segundo estágio é o pré-operatório, que vai aproximadamente

dos 2 aos 7 anos, período em que acontecerão as primeiras experiências

escolares. Este período marca o acesso progressivo à inteligência

representativa, cada objeto é representado, isto é, corresponde a uma imagem

mental que permite evocar esse objeto em sua ausência. A criança é levada a

desenvolver sua função simbólica (ou semiótica): a linguagem, a imitação

diferida, a imagem mental, o desenho e o jogo simbólico.

Essa função simbólica desenvolve-se entre 3 e 7 anos por imitação,

sob forma de atividades lúdicas. A linguagem acompanha a brincadeira e

permite a interiorização progressiva. Entretanto, a criança ainda não é capaz

de se colocar no lugar do outro nem de avaliar seu próprio pensamento. O

pensamento é egocêntrico, repousa sobre a intuição direta – a criança pensa e

dá explicações na base de intuições e da percepção e não da lógica.

O terceiro estágio é o das operações concretas. Período que vai

aproximadamente dos 7 aos 11/12 anos e marca um grande progresso na

socialização e na objetivação do pensamento.

O egocentrismo intelectual e social, caracterizado no período

anterior, é superado. A criança torna-se capaz de compreender o ponto de

vista de outra pessoa e de conceitualizar algumas relações. O limite operatório

desse período permanece marcado pela necessidade do suporte concreto: a

criança ainda não consegue raciocinar partindo apenas dos enunciados

verbais.

Dessa forma, por meio das operações – inicialmente só aplicáveis a

objetos concretos e presentes no ambiente – os conhecimentos construídos

anteriormente pela criança vão se transformando em conceitos.

Portanto, a criança que se desenvolve normalmente do ponto de

vista intelectual, ao chegar aos 6 ou 7 anos (idade cronológica) terá feito essas

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aquisições sucessivamente e passado pelos três estágios, estando apta a

iniciar a aprendizagem formal (escolar), ao passo que uma criança atrasada no

desenvolvimento mental não conseguirá.

O quarto estágio, das operações formais vai dos 11 aos 12 anos

em diante, marca a entrada na adolescência e representa a última aquisição

mental. Nele ocorre o desenvolvimento das operações de raciocínio abstrato.

De acordo com Piaget esta nova unidade apresenta como característica

essencial à distinção entre o real e o possível: o adolescente ao tomar em

consideração um problema, é capaz de prever todas as relações que poderiam

ser válidas e logo procura determinar, por experimentação e análise, qual

dessas relações possíveis tem validez real. Em lugar de limitar-se a organizar o

que lhe chega através dos sentidos, o adolescente tem a capacidade potencial

de imaginar o que poderia estar ali. (GOULART, 1983, p.47)

A estratégia cognitiva tem caráter hipotético-dedutivo, não há mais

necessidade de estar diante de dados concretos ou de operar sobre eles para

relacioná-los.

O adolescente torna-se, enfim, capaz de pensar sobre seu próprio

pensamento, ficando cada vez mais consciente das operações mentais que

realiza ou que pode ou deve realizar diante dos mais variados problemas.

(FONTANA e CRUZ, 1997, p.52)

2.4 Arteterapia e Aprendizagem

Na sociedade de hoje, o modelo de educação com enfâse na

transmissão e memorização de informações já não responde às necessidades

do indivíduo. A aprendizagem não vem sendo mais encarada de maneira linear

e determinista. Seu conceito teve que se tornar mais dinâmico e, aprender

passou a ser exigência instrumental, relativa, deixando de ser capacidade

determinante e absoluta.

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Coutinho (2005), diz que o processo de aprendizagem necessita do

estabelecimento de vínculo positivo para se dar, além do fato de ser

absolutamente necessário que o aprendiz deseje aprender. A arte, por suas

características libertadoras e organizadoras, pode se constituir um caminho

para que a aprendizagem se dê de forma mais prazerosa, respeitando

potencialidades únicas e tempos próprios, em uma construção que é singular

de cada sujeito.

Para Urrutigaray (2004), num sentido literal ”fazer arte” envolverá

vários níveis humanos como sensório-motor, o emocional, o cognitivo e o

intuitivo. O sujeito ao transformar sua realidade e a si mesmo, promoverá o

desabrochar da percepção, da organização e ordenação de seu pensamento.

Neste contexto, aumentar a criatividade supõe optar pela qualidade

das aprendizagens. Entretanto, não significa optar pela qualidade ou

quantidade e, sim, encontrar uma quantidade suficiente que não anule a

qualidade. De fato, a criatividade não pode ser potencializada sem uma base

mínima de conhecimentos sobre as aquisições científicas e sociais.

(DALABELA, F.; ANDRADE, V.F.- s/d.)

Assim, a prática da arte tanto pode ser considerada como uma abordagem terapêutica quanto educativa (por visar o sentido da integração da complexidade humana). Ela proporciona tanto o desenvolvimento racional quanto o irracional, simultaneamente, possibilitando, assim, o sentido da auto-organização por equilibrar razão – emoção e, conseqüentemente, o desenvolvimento dos aspectos volitivos, afetivos e cognitivos. (URRUTIGARAY, 2004, p.88)

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CAPÍTULO 3

PSICOPEDAGOGIA PARA QUÊ?

Embora a falta de preparo dos educadores e a precariedade das

condições funcionais e estruturais da escola, entre outros fatores, sejam

apontados como causa do fracasso escolar, a culpa ainda é, em grande parte,

atribuída a problemas individuais do aluno.

O fracasso escolar é uma patologia recente. Só pôde surgir com a

instauração da escolaridade obrigatória no fim do século XIX e tomou um lugar

considerável nas preocupações de nossos contemporâneos em conseqüência

de uma mudança radical da sociedade. (CORDIÉ, 1996, p.17),

A dificuldade para lidar com o que é diferente com tudo aquilo que

se afasta dos padrões normais, não é tarefa simples para professores, nem

para alunos e suas famílias. As crianças que apresentam dificuldades de

aprendizagem são um desafio para todos aqueles que estão a sua volta, pois

compreender os fatores que levam ao insucesso escolar requer, acima de tudo,

reflexão.

Em busca de melhorar as condições de aprendizagem, surge a

psicopedagogia:

(...) área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes, recorrendo aos conhecimentos de várias ciências, sem perder de visa o fato educativo, nas articulações sociais mais amplas. (SCOZ, 2004, p.12)

Com atuação tanto no nível clínico como no institucional, com ações

preventivas e interventivas.

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3.1 Visão Atual

Desde a década de 70, a Psicopedagogia, enquanto área de

atuação vem conquistando terreno no Brasil de uma forma marcante.

Nessa trajetória, mesmo com todas as transformações de costumes,

valores e modos, de pensar e aprender, que são experimentados diariamente,

a Psicopedagogia continuou crescendo. Além de dominar a patologia e a

etiologia dos problemas de aprendizagem, vem aprofundando conhecimentos

que lhe possibilitam oferecer uma contribuição efetiva não só relacionada aos

problemas de aprendizagem, mas, também, quanto à melhoria da qualidade do

ensino oferecido a instituições,

Entretanto, Beauclair (2008) coloca que isso não significa afirmar

que a Psicopedagogia é a salvação de todas as nossas mazelas, que é a

redenção de nossas tantas limitações.

Aprender a conviver com o contexto espaço-temporal que a cerca,

em suas contínuas mudanças e sucessivos desafios, faz parte de sua história.

Mais do que isso, é condição de sua sobrevivência e frutificação, pois um de

seus grandes desafios não é apenas enxergar dificuldades , mas procurar ver

aspectos positivos e buscar criar condições de multiplicá-los.

Nesse desafio Gonçalves (2006) coloca que, nesta nova escola há

um papel a desempenhar, pois se sabe que todos os seres são dotados da

possibilidade de transformar vida em existência, informação em conhecimento,

e todos tem um saber a ser explorado em benefício da sociedade.

3.2 Avaliação Psicopedagógica

Avaliação psicopedagógica, é um processo que tem como objetivo

identificar as causas dos bloqueios que se apresentam nos sujeitos com

dificuldades de aprendizagem.

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Há que considerar à avaliação como um processo dinâmico, aberto e contextualizado que se desenvolve ao longo de um período de tempo; não é uma ação pontual ou isolada. (Site: http://pt.wikilingue.com/es/Avalia%C3%A7%C3%A3o_psicopedag%C3%B3gica)

Sampaio (2009), coloca que esse processo é como montar um

quebra-cabeça, entretanto, a maneira de montá-lo, só depende do profissional.

Um bom resultado, precisa levar em conta aspectos objetivos (observados e

identificados, direta ou indiretamente, pelo próprio examinador) e subjetivos

(perceptíveis apenas pelo paciente) observados nos diversos âmbitos:

cognitivo, familiar, pedagógico e social.

Avaliação psicopedagógica nos coloca em contato com o sintoma; reconhêce-lo como tal é a primeira tarefa do psicopedagogo e não a mais simples, pois estará lidando com diferentes conceitos de normal e patológico, na escola e na família; conceitos muitas vezes não explicitados e por isso de difícil acesso e controle (...). (KIGUEL (1991), p.24-25 apud OLIVEIRA,V.B.; BOSSA,N.A. (orgs), 2008, p.212 - 213)

Segundo Weiss (2004), a investigação não se pretende classificar o

paciente em determinadas categorias nosológicas, mas sim obter uma

compreensão global da forma de aprender do sujeito. Essa avaliação

possibilita ao profissional levantar hipóteses provisórias que serão confirmadas

ou não, ao longo do processo.

No entanto, para iniciar o diagnóstico, Weiss (2004) coloca que é

fundamental o terapeuta ter claro os dois eixos de análise:

Horizontal (a histórico) – visão do presente ( aqui, agora, comigo).

Explora-se o campo presente, a busca está centrada nas causas que

coexistem temporalmente com o sintoma.

Vertical (histórico) – visão do passado, visão da construção do

sujeito,sempre contextualizada nos diferentes momentos.

Deve ficar claro que o proposta da autora para obter dados dos dois

eixos, não é regra prefixada, existem diferentes instrumentos que podem

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captar e de forma articulada, elementos na área cognitiva, afetivo-social e

pedagógica.

Para Weiss (2004), o objetivo de todo esse processo é identificar os

desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem³ do sujeito que, o

impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social.

Deve ficar claro que o proposta da autora para obter dados dos dois

eixos, não é regra prefixada, existem diferentes instrumentos que podem

captar e de forma articulada, elementos na área cognitiva, afetivo-social e

pedagógica.

3.3 Etapas do Processo Avaliativo

O processo avaliativo em psicopedagogia é composto de vários

momentos, podendo variar dependendo da postura teórica adotada pelo

profissional.

Segundo o modelo clínico proposto por Weiss (2004), a Seqüência

Diagnóstica, é estabelecida a partir dos primeiros contatos, podendo ser

modificada segundo a necessidade de cada caso. Para melhor entendimento

será abordado, individualmente as seguintes etapas:

1- E.F.E.S.- Entrevista Familiar Exploratória Situacional

2- Anamnese

3- Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças)

____________________

3. Modelo de Aprendizagem - conjunto dinâmico que estrutura os conhecimentos que o sujeito já possui, os estilos usados nessa aprendizagem, o ritmo e as áreas de expressão da conduta, a mobilidade e o funcionamento cognitivos, os hábitos adquiridos, as motivações presentes, as ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender, as relações vinculares com o conhecimento em geral e com os objetos de conhecimento escolar, em particular, e o significado da aprendizagem escolar para o sujeito, sua família e a escola. WEISS, M. l. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar, 2004, p. 32.

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4- Se necessário, complementação com provas e testes

5- Síntese diagnóstica – prognóstico

6- Devolução – encaminhamento

3.3.1 E.F.E.S.- Entrevista Familiar Exploratória Situacional

É a primeira entrevista, realizada com os pais, a criança ou

adolescente, com duração mínima de cinqüenta minutos. Esta sessão conjunta

tem como objetivos:

(...) compreender a queixa nas dimensões familiar e escolar, a

captação das relações e expectativas familiares centradas na

aprendizagem escolar, a expectativa em relação à atuação do

terapeuta, a aceitação e o engajamento do paciente e seus

pais no processo diagnóstico, a realização do contrato e do

enquadramento de forma familiar e o esclarecimento do que é

um diagnóstico psicopedagógico. (WEISS, 2004, p.50)

É importante o registro fiel das informações, pois no primeiro

momento, pais podem não revelar todos os dados.

3.3.2 Anamnese

Considerada como um dos pontos cruciais de um bom diagnóstico,

esta entrevista possibilita ter uma visão da história de vida do paciente, nas

dimensões de passado, presente e futuro. Com esta entrevista dados

significativos do paciente serão colhidos, sendo necessário ser bem conduzida

e registrada, pois as informações contribuirão para o levantamento de

hipóteses sobre a possível etiologia do caso.

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3.3.3 Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças)

São utilizadas no diagnóstico, como mais uma possibilidade de

compreender, o funcionamento dos processos cognitivos e afetivo-sociais em

suas interferências mútuas, no Modelo de Aprendizagem. (WEISS, 2004)

Weiss (Idem) coloca que sua utilização na clínica infantil é comum,

sendo utilizado também na área Psicopedagógica por Sara Pain “Hora do

Jogo” e Alicia Fernandez dentro da sua visão teórica e em outra

contextualização.

O jogo é uma atividade criativa e curativa, pois permite à criança (re) viver ativamente as situações dolorosas que vivenciou passivamente, modificando os enlaces dolorosos e ensaiando na brincadeira as suas expectativas da realidade. (FREUD, vol.XX apud BOSSA, 2000, p.111)

Bossa (Idem), afirma que o jogo é uma ferramenta terapêutica

importante, que significa, do ponto de vista cognitivo a via de acesso do saber.

Conforme aponta Pain (1992), há quatro aspectos que podem ser

extraídos da sessão ”hora do jogo”: distância de objeto, capacidade de

inventário; função simbólica, adequação significante-significado; organização,

construção da seqüência; integração, esquema de assimilação.

Já Weiss (Idem), apóia sua observação nos seguintes pontos:

escolha do material e da brincadeira (atividade), modo de brincar e a relação

com terapeuta e coloca a importância de se fixar na aprendizagem,

investigando o que pode estar envolvido nesse processo e sua relação com a

queixa.

3.3.4 Se necessário, complementação com provas e testes

Provas e testes, no diagnóstico psicopedagógico, representam em

alguns casos, um recurso a mais a ser explorado, por isso não é indispensável.

É uma complementação que funciona com situações estimuladoras que

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provocam reações variadas, às vezes intensas, em pouco espaço de tempo.

São utilizados em casos onde há necessidade de um aprofundamento de

aspectos que não ficaram claros nas etapas anteriores (E.F.E.S., anamnese,

atividades lúdicas, etc.).

A seguir serão apresentados alguns comentários sobre alguns testes

e sua aplicação no diagnóstico psicopedagógico.

Os testes psicométricos procuram medir de forma objetiva e

padronizada, aspectos da inteligência. A importância na sua utilização não é

definir QI, mas verificar como o sujeito vem utilizando sua inteligência que,

poderá ser a seu favor ou contra.

Segundo Weiss (idem, p. 113), os testes CIA4, WISC5, RAVEN6 são

os mais utilizados na clínica psicopedagógica, em função da facilidade na

aplicação e avaliação, possibilidade de análise operatória, análise qualitativa,

de uso parcial das provas, da realização de inquéritos após as respostas, além

da possibilidade de boa observação do processo de realização.

Os testes projetivos investigam os vínculos que o sujeito pode

estabelecer em três domínios: a escola, a família e consigo mesmo.

Pregnolato (s/d) coloca que, são instrumentos menos estruturados

que os testes acima citados e, devido a essa característica, estimulam a

projeção de vivências internas na realização das tarefas propostas.

_____________________

4. Teste CIA Adaptação brasileira da “Escala de Inteligência para Adultos” de Wechsler (Wechsler – Bellevue Scale – FormI) utilizado com crianças na faixa de 10anos e 9 meses a 49 anos. WEISS, M. l. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar, 2004, p. 114. 5. Teste WISC- É um instrumento clínico, de aplicação individual, para avaliar a capacidade intelectual de crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos e 11 meses. Catálogo de testes. http://www.magopsi.com.br/ 6. Teste das Matrizes Progressivas de RAVEN - Teste não verbal para avaliação da inteligência, especificamente fator “g”. Destina-se a crianças de 5 anos a 11 anos e meio, deficientes mentais e pessoas idosas. Catálogo de testes. http://www.magopsi.com.br/

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Weiss (idem, p. 117), observa que as tarefas propostas permitem

uma diversidade de respostas, havendo, portanto, o livre jogo da imaginação,

da fantasia, dos desejos.

Dentre os mais utilizados a autora Weiss (2004), aborda dois grupos

de técnicas: o relato e grafismo.

Técnica de relatos estão presentes o C.A.T. (Children’s Apperception

Test – Teste de Apercepção Infantil), para crianças organizado por L. S. Bellak,

e o T.A.T. (Thematic Apperception Test - Teste de Apercepção Temática), teste

de apercepção temática para adolescentes e adultos, organizado por Henry

Murray.

Grafismo, técnica de fácil administração, sem contra-indicação,

podendo ser usado em qualquer lugar e com materiais simples, lápis e papel.

No processo de produção do desenho Weiss (2004) coloca que, é

fundamental observar: a postura corporal, a motricidade fina, o ritmo como

trabalha e a forma de elaborar as figuras e a cena. Essas informações são

importantes, pois, fornecerão dados da área cognitiva do sujeito, assim como

do processo simbólico normal ou desvios patológicos.

Outro ponto que a autora destaca se refere à interpretação:

Os símbolos expressos, consciente ou inconscientemente, apenas terão significado na história pessoal do paciente, de sua família nuclear e de seus ancestrais. Por essa razão, não se pode interpretar desenhos dentro de regras rígidas, preestabelecidas ou tabeladas. (Idem, p.122)

Sobre a aplicação das provas operatórias, elas permitem investigar o

nível cognitivo em que a criança se encontra e se há defasagem em relação à

sua idade cronológica.

Para Visca, A aplicação de provas operatórias tem como objetivo determinar o nível de pensamento do sujeito realizando uma análise quantitativa, e reconhecer as diferenças funcionais realizando um estudo predominantemente qualitativo. (VISCA apud SAMPAIO, 2009, p. 41.)

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Weiss, alerta sobre a necessidade de o terapeuta ter domínio sobre

esse “método clínico piagetiano”, pois falhas podem comprometer os

resultados. O profissional deve estar seguro das hipóteses alternativas e das

formas apropriadas de comprovação, tendo habilidade para alterar as

formulações em face de respostas imprevistas. Por isso é de suma importância

não só o registro detalhado das respostas, mas também suas reações, falas,

inquietações, seus argumentos, como organiza e manipula o material. Além de

não considerar as provas do diagnóstico operatórias um instrumento infalível,

absoluto, pois o desenvolvimento operatório, resultante de uma interação

indivíduo-meio, está sujeito a progressos após o momento das provas.

3.3.5 Síntese diagnóstica – prognóstico

A síntese diagnóstica é a formulação de uma hipótese, a partir da

análise de todos os dados coletados no processo do diagnóstico. Nesta etapa

deverão ser relatados não só, a hipótese final sobre o estado futuro do

paciente, mas também as recomendações e indicações para outros

profissionais.

3.3.6 Devolução – encaminhamento

Devolução é uma comunicação verbal feita aos pais e paciente,

sobre os resultados obtidos, ao final de um processo avaliativo. Essa

entrevista, não demonstra ser um momento isolado do diagnóstico, mas uma

parte do processo que se prolonga com o tratamento.

Weiss (2004) coloca que nesse encontro terapeuta, família e sujeito

analisam todos os aspectos apresentados seguindo de uma síntese

integradora e um encaminhamento. Faz-se necessário levar em consideração

não só as fantasias de doença, mas também as defesas que a família utiliza

para não se aprofundar no que é falado. Outro ponto importante é que se

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toquem inicialmente nos aspectos positivos do paciente, para que o mesmo

sinta valorizado, pois revelar inicialmente os aspectos negativos pode perturbar

ainda mais não só o sujeito, mas também sua família, que pode não acreditar

na possibilidade de novas conquistas.

Para Bossa (2008) restabelecer a confiança na dinâmica familiar,

assim como rebaixar a culpa e a ansiedade dos responsáveis a fim de obter

sua colaboração é o passo final desta avaliação e o primeiro para um

tratamento ou um encaminhamento eficaz.

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CAPÍTULO 4

A UTILIZAÇÃO DA ARTE PARA FINS TERAPÊUTICOS

A arte possui a virtude de aliviar a espécie humana, e por extensão, toda a vida deste planeta, da violência, da insensibilidade, do absurdo, da loucura e da miséria, em suas múltiplas e variadas formas. (TRINCA, 1988, p.9)

Segundo Coutinho (2005), a arte, em termos de mobilização de

afetos, em vários momentos da história da humanidade, foi percebida como

caminho para fins terapêuticos, tanto para quem, efetivamente, a exercia, como

para quem a apreciava, pois é fato conhecido que algumas expressões

artísticas podem atingir níveis afetivos profundos e provocar que venham à

tona emoções guardadas.

O fazer criativo, geralmente é uma atividade prazerosa, não apenas

pelo contato com os diversos materiais (papéis, tintas), mas pela possibilidade

de materializar imagens que trazemos na mente. Desta forma, através de uma

análise cuidadosa, possibilitada pela relação terapêutica, constituem-se meios

de autoconhecimento, que podem auxiliar no desenvolvimento do ser.

Andrade (2000) coloca que a arte é um caminho novo, único ao

exteriorizar a interpretação-síntese da experiência pessoal.

Para Urrutigaray (2004, p.50):

O fazer arte é terapêutico, porque proporciona integração de uma personalidade, mediante a aplicação de técnicas e práticas expressivas, que tanto facilitam a materialização de formas, doadas por conteúdos projetados, bem como permitem a identificação funcional das mesmas, já que possibilitam a sua integração, restituindo à personalidade os sentimentos acerca de si que estavam faltosos. Dando ao sujeito que a utiliza como prática o deleite de desfrutar de si mesmo.

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Neste contexto, pode-se dizer que o processo de criação artística,

ajuda a reforçar aspectos saudáveis do ser humano, no entanto para se ter

chance de uma transformação se faz necessário que o profissional tenha

conhecimentos de qual técnica oferecer para cada sujeito e em cada situação.

4.1 Valor Terapêutico dos Materiais Artísticos

Existem inúmeras possibilidades do ser humano exercitar sua

expressão criativa. Ainda que cada profissional tenha suas preferências em

relação a algumas técnicas, se faz necessário oferecer um ateliê

multidisciplinar, e estimular a experimentação de diversos materiais. É

indispensável o domínio da técnica, assim como o estudo detalhado e análise

do valor terapêutico do material para cada cliente.

A seguir será abordado o emprego dos materiais, segundo

Urrutigaray (2004):

1. Material seco

São materiais de fácil manuseio e controle que, transmite ao sujeito

que utiliza segurança e reforça a sensação de equilíbrio e de bem estar

facilitando o encontro com o material a ser projetado.

Nesta classificação se encontram:

Lápis: objeto muito utilizado por profissionais de ilustração gráfica e

publicidade. Possuem diferentes graus de dureza: categoria B (bem macios),

HB (dureza média) e H (mais duro).

O resultado obtido com sua utilização é excelente indicativo de

estados internos, uma vez que a maneira como é segurado, a força e o

controle dos movimentos influenciarão o aspecto final do desenho.

Canetas Hidrográficas: São fáceis de usar, envolve princípios

semelhantes à utilização da aquarela, no entanto sua diferença consiste em

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não escorrer, não ser diluída em água e aplicada com pincel. É um material

que expande a libera afetos e impulsos, permitindo certo controle sobre os

resultados. Podem ser de pontas finas, que servem para fazer contornos ou

preencher superfícies pequenas. Os de ponta grossa ou normal são indicados

para obter traços estreitos, largos, preenchem pinturas de superfície pouco

extensas. Já os de ponta chanfrados, colorem áreas grandes e produzem

efeitos distintos em termos de espessura.

Pastel Oleoso e Pastel a Seco: os oleosos possuem cores fortes

requerem um esforço na sua utilização, pois na sua constituição possui uma

mistura de pigmento e óleo. Apresentam o elemento resistência ao trabalho,

sendo abandonado por clientes ansiosos, impacientes ou com baixa auto-

estima.

“É como se o material tivesse uma certa independência em relação à

vontade daquele que o manipula”. (CHRISTO e SILVA, 2006, p.54)

Pastel a seco, é de fácil manuseio, no entanto o trabalho final pode

ficar borrado, porque o material produz um pó. Pode provocar frustrações ou

promover sensações de exaltação, torando aliado para manifestar sentimentos:

idealizados, pueris, sutis ou mais elevados.

2. Tintas

Material fluido que não permite tanto controle, proporcionando meios

para manifestar emoções e aumentar o conhecimento de si mesmo.

As tintas geralmente utilizadas são:

Aquarela: material caro, de difícil manipulação e impossível de ser

corrigido, apenas amenizá-los. Podem ser encontradas em pastilhas ou em

tubos.

O fato de as pessoas mais controladoras terem dificuldades com a aquarela e demais técnicas que não permitem controle não significa que estas técnicas devam ser descartadas, e sim que devam ser utilizadas com cautela, inclusive para que as

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respostas afetivas de desconforto possam emergir e serem trabalhadas e melhor elaboradas. (COUTINHO, 2005, p.75)

Christo e Silva (2006) destacam outro ponto da aquarela, contato

estreito com a delicadeza, mesmo quando estão sendo usadas cores mais

vibrantes.

Tinta em pó: material de custo baixo e de difícil manuseio. Provoca

insatisfação com o resultado do trabalho, quando não bem misturado

Tinta acrílica: material de custo caro, fácil de ser utilizada. Produz

sensações de satisfação, possibilitando o conserto de erros durante o processo

criativo.

Tinta para pintura a dedo: material de textura grossa que permite a

manipulação direta com as mãos, sem necessidade de instrumento

intermediário. Possibilita o ajuste ou coordenação motora necessária frente à

dosagem a ser utilizada no trabalho, de maneira que a quantidade de tinta

saída do recipiente esteja de acordo com o resultado pretendido. Outra

característica relaciona-se com o aspecto formal, o material favorece retorno a

estados regressivos, sendo indicado para crianças e para despertar da criança

interior em adultos. Para pintar com os vários tipos de tintas, Coutinho (2005)

sugere a utilização de: esponja de aço, escova de dente, algodão, espumas,

barbantes, canudos, colheres e garfos de plástico, conta-gotas, peninha,

folhas, bolinhas de gude, cotonetes, etc.

3. Materiais tridimensionais:

Constituem poderoso recurso para manifestar experiências

interiores, em especial as mais maleáveis. Entre as escolhas possíveis estão:

Plastilina e massa de modelar industrializada: indicados

preferencialmente para crianças, por ser de fácil manuseio e por seu colorido

vibrante, sendo adequado para pequenos trabalhos.

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A utilização destes materiais viabiliza o desenvolvimento da

coordenação motora, a expressão da imaginação, produzindo sensações de

realização de algo mágico, principalmente em crianças.

Argila: material natural flexível e maleável. Provoca o emergir de

emoções, favorecendo descargas emocionais, atuando como produtora de

feitos calmantes e promovendo também o desenvolvimento da autoconfiança

de quem pratica, visto que o trabalho pode ser feito e refeito.

Em algumas pessoas pode provocar rejeição, dada às questões

regredidas que o material aporta. Em casos de resistência e negação, outros

materiais (massa de modelar ou papel marche) podem ser oferecidos, e com a

adaptação, aos poucos a argila é incluída.

Comparada ao material anterior, Coutinho (2005, p.81) coloca que:

(...) a argila é material mais rico, tanto nas possibilidades afetivas quanto na maior plenitude da troca que o sujeito estabelece com ela, inclusive transmitindo o calor de suas mãos para a massa, que, inicialmente fria, vai se aquecendo ao ser manuseado. O trabalho, por um lado, pode ser transformador com a ajuda da água, Por outro, uma vez seco, endurece e pode receber diversos tratamentos como verniz, tinta, queima em fornos especiais, etc.

Sucatas: arte com significado forte, provoca estados de profunda

virtualidade e de criatividade. A partir da inovação de algo já criado, permite a

experiência de que tudo tem uma continuidade e, de que neste processo, a

remoção de algumas peças é necessária no presente.

“Tal atividade pode ajudar na elaboração de que, de uma situação

em princípios caótica, pode nascer uma solução, mais harmônica e mais

interessante”. (Idem, p. 82)

Para os trabalhos podem ser reutilizados: rolo de papel higiênico,

caixas (de fósforo, de leite, de sapatos, de remédios etc.), tecidos, fitas,

pedrinhas, pedacinhos de madeira, copos e pratos descartáveis, etc.

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4. Colagem: feito com imagens selecionadas de revistas, jornais e

outros, acrescidos da tarefa de ordenar as mesmas. Possuindo inúmeras

possibilidades de utilização no ambiente arteterapêutico.

Nesta atividade, o cliente busca nos materiais, idéias que possam expressar e comunicar seus sentimentos, emoções e idéias em relação ao tema. O planejamento, o direcionamento, e a atenção do paciente, ajudam na estruturação de sua vida. VALOR DOS MATERIAIS. <http://www.terapeutaocupacional.com.br/valmaterial.htm>

Quanto às imagens utilizadas, Urrutigaray (2004, p.66) afirma que:

Imagens de catástrofes da natureza, de criaturas furiosas, de aleitamento etc. podem estar sinalizando tópicos difíceis de serem colocados de maneira mais direta. Mas que, sem sombra de dúvida, já estão sendo projetadas para uma futura confrontação.

4.2 Algumas Técnicas

A seguir serão apresentadas algumas técnicas segundo CHRISTO e

SILVA, (2006):

4.2.1 Pintura

§ Água sanitária na anilina: essa técnica trabalha o elemento surpresa,

por isso possibilita que o sujeito se solte um pouco mais, fazendo

contato com suas emoções.

§ Com rolha: essa técnica reduz a possibilidade de controle por parte de

quem expressa, podendo despertar impaciência pela dificuldade de

dirigir o resultado planejado.

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§ Com rolo de espuma: permite maior controle e pequena dose de

elemento surpresa, devido o rolo ser controlado pela mão do sujeito.

§ Por impressão: diferente da rolha, utilizando sabão ou legumes

esculpidos com a faca, permite resultados mais próximos da imagem

que se idealizou e alternativa na direção do que se está imprimindo.

§ Soprada: técnica liberadora, que pode ajudar a trabalhar controle e

rigidez, fugindo da situação convencional de criar com as mãos. Podem

ser utilizados canudos de diferentes espessuras e comprimentos.

4.2.2 Desenho

§ Lápis de cera e removedor: este recurso possibilita trabalhar a

transformação de um desenho, na medida em que o resultado após

aplicação do removedor é diferente do que se tinha antes. Isso propicia

uma surpresa agradável, podendo ser explorada as diferenças que se

manifestam com sutileza.

§ Lápis de cor no papel camurça: é uma técnica que não permite

correções. Podendo ser explorado pelo terapeuta a possibilidade de

transformação, quando não é possível “voltar atrás”.

§ Em papel alumínio: outra técnica que não permite correções, pois cada

traço feito fica marcado. Nesta técnica há a necessidade de se encostar

o ponto certo para força a ser empregada na criação do trabalho: fraco

demais não surge efeito, forte demais pode furar, rasgar, danificar o

suporte.

§ Com carvão fusain: a técnica ajuda a trabalhar a paciência e a

delicadeza, uma vez que traços feitos com mais força não conseguirão

ser apagados.

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§ Hidrográfica no papel celofane: técnica proporciona grande prazer

pelo seu poder de transformação de uma imagem. Permite trabalhar a

multiplicidade de opções diante de uma mesma situação.

4.2.3 Recortando, colando e dobrando

§ Tecelagem em papel: técnica organizadora. Permite trabalhar

alternativas, a composição de um todo a partir de porções separadas.

Esta técnica vai privilegiar o cuidado e a paciência. Falta de atenção no

início do trabalho pode dificultar o fechamento da composição.

§ Montagem de imagens e fotos: esta técnica permite explorar várias

alternativas de solução para um mesmo ponto de partida. A opção de

montar um personagem pode ser utilizada para trabalhar a relação com

o corpo.

§ Compondo palavras: esta técnica estruturada oferece trabalhar em

cima de alternativas e coerência. Possibilita a organização do

pensamento, aliviando o peso da própria expressão e ajuda os que

tenham maior dificuldade de expressão.

§ Montagem com flores: esta técnica além de proporcionar impacto

visual, trabalha sensações táteis, olfativas e explora o aspecto de que os

momentos precisam ser vividos no presente, pois podem não existir no

futuro.

§ Dobradura: esta técnica consiste em dobrar um papel e fazer com que

se torne uma forma. Pode ser usado como recurso de concretização,

objeto que se deseja presentear algo ou alguém, pode ser utilizado

como elemento de uma história, entre outros.

4.3 A Importância da Criatividade

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A criatividade não é atributo de pessoas especiais, e embora todo

ser humano possua potencial criativo, esta qualidade se manifesta de forma

diversa em cada sujeito.

(...) remete à consciência de singularidade no ser humano, constituindo-se uma qualidade de vida. Diz do modo como cada pessoa percebe a sua realidade e nela se expressa, fazendo escolhas, estabelecendo relações, descobrindo suas possibilidades de ser e agir. DESENVOLVIMENTO, CRIATIVIDADE E APRENDIZAGEM: DESAFIOS AO EDUCADOR/EDUCADORA DA EDUCAÇÃO BÁSICA, http://www.ufpe.br/cap/images/aplicacao/artigofeiracap%20lavinia.pdf

Para Torre (2005) a criatividade deixa de ser um dom, uma

capacidade pessoal para se converter em um bem social, uma riqueza coletiva.

Na perspectiva de Allessandrini (1996), visa preencher o desejo –

consciente ou não – de um novo objeto ou estado experimental que não seja

facilmente encontrado ou atingido, e que seja perceptível tanto no processo

quanto no produto criativo.

No processo arteterapêutico, a função criativa é elemento essencial.

Ela auxilia o ser humano no resgate do seu potencial mais saudável e criativo,

proporcionando ao sujeito condições para que estabeleça uma relação de

aprendizagem diferenciada com seu semelhante e com o mundo que o rodeia.

Mesmo ligada à espontaneidade, deve ser incentivada, pois críticas constantes

reduzem a capacidade de expandir, de vivenciar experiências ricas e

indispensáveis para o desenvolvimento como pessoa. (FERREIRA, 2010)

4.4 Arteterapia no Contexto Psicopedagógico

A Arteterapia pode ser utilizada como elo de interação entre os

vários campos do conhecimento. Dentro do contexto educativo, oferece muitas

possibilidades de trabalho para ampliar a aprendizagem.

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Por meio das diferentes expressões artísticas o sujeito é estimulado

a participar de um processo de criação e leitura da sua obra, tocando

impreterivelmente em pontos significativos e/ou em conflitos da sua vida, com a

intenção de reorganizar e equilibrar os mesmos.

Toscanini e Basso num texto publicado na revista ABC Educatio em

Abril de 2005, ao falar sobre o processo de criação, colocam que a arteterapia

possibilita: Aumentar a autoconsciência e auto-estima; Lidar com sintomas de

doenças, stress e experiências traumáticas; Desenvolver habilidades cognitivas

e sociais; Estimular a imaginação e a criatividade; Expressar sentimentos

difíceis de verbalizar; Desenvolver hábitos saudáveis; Identificar sentimentos e

bloqueios na expressão emocional/afetiva e no crescimento; Abrir canais de

comunicação, tornando a expressão verbal mais acessível.

No contexto psicopedagógico, a arte funciona como facilitador para

que o sujeito volte a criar, estabelecendo uma relação positiva com o aprender.

O desafio será resgatar o aprendiz em sua totalidade, como pessoa que cria e

que se manifesta, com capacidade de se desenvolver e de criar, descobrindo

outras formas de pensar e expressar.

Nesta proposta Allesssandrini (1996) considera a percepção,

atenção, memória, habilidade construtiva e linguagem, atividades mentais que

podem ser trabalhadas de forma criativa, proporcionando ao sujeito uma

melhor condição de aprendizagem não só na escola, mas também na vida.

A descoberta de um fazer criativo surpreende aquele que faz, pois muitas vezes ele se percebe capaz de realizar o novo, de dar um corpo a sua idéia, de apresentá-la com um colorido próprio, representando simbolicamente o que lhe é tão precioso. (Idem, p.49)

Segundo Fagali (1987, p. 40):

A proposta da psicopedagogia é trabalhar basicamente com as relações afetivas ocorridas durante a aprendizagem, de modo a garantir que o sujeito seja criativo, espontâneo, perseverante e transformador ao trabalhar seu pensamento. Além disso, é fundamental neste trabalho, desenvolver todos os processos

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psicomotores e de raciocínio que estão por trás de qualquer aprendizagem.

CONCLUSÃO

A psicopedagogia ocupa-se com as questões da aprendizagem e

muito tem contribuindo para explicar e tratar as causas do não aprender. Como

área de conhecimento e prática de avaliação, intervenção, encontra-se

comprometida com a visão integrada do homem e do conhecimento (corpo,

emoção e cognição) e com a dinâmica do encontro, na situação de

aprendizagem. Sua prática reconhece que o sujeito deve desenvolver-se por

meio de um processo de aprendizagem junto à família, ou grupo social, ou

então na escola, onde o aprender é intencional.

Quando ocorre dificuldade e o sujeito se depara com a necessidade

de reestruturar a maneira de aprender, novos caminhos e experiências tornam

fundamentais para que redescubra o valor e o sentido de aprender.

Para esse entrave a Arteterapia apresenta a Psicopedagogia um

leque de possibilidades para que o aprendiz manifeste suas dificuldades. A

expressão artística pode proporcionar condições para que se estabeleça uma

relação diferenciada com a aprendizagem não só com seus pares, mas

também com o mundo que o rodeia.

Nesta proposta, a arte além de auxiliar na identificação das causas

da não aprendizagem; na intervenção facilita o desenvolvimento da

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criatividade, permitindo que o sujeito elabore suas habilidades de forma mais

completa.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS 3 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO 1 10 A ARTETERAPIA CONCEITOS E CONTEXTOS 1.5 Breve Histórico 10 1.6 Arteterapia no Brasil 11 1.7 Conceitos e Abordagens em Arteterapia 13 1.8 Campos de Atuação 14 CAPÍTULO 2 16 PROCESSO DE APRENDIZAGEM 2.1 Desenvolvimento Cognitivo Segundo Teoria de Jean Piaget 16 2.2 Alguns Conceitos Piagetianos 17 2.3 Estágios de Desenvolvimento Cognitivo 18 2.4 Arteterapia e Aprendizagem 21 CAPÍTULO 3 23 PSICOPEDAGOGIA PARA QUÊ? 3.1 Visão Atual 24 3.2 Avaliação Psicopedagógica 24 3.3 Etapas do Processo Avaliativo 26

3.3.1 E.F.E.S. - Entrevista Familiar Exploratória Situacional 27 3.3.2 Anamnese 27 3.3.3 Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças)28 3.3.4 Se necessário, complementação com provas e testes 28

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3.3.5 Síntese diagnóstica – prognóstico 31 3.3.6 Devolução – encaminhamento 31

CAPÍTULO 4 33 A UTILIZAÇÃO DA ARTE PARA FINS TERAPÊUTICOS 4.1 Valor Terapêutico dos Materiais Artísticos 34 4.2 Algumas Técnicas 38

4.2.1 Pintura 38 4.2.2 Desenho 39 4.2.3 Recortando, Colando e Dobrando 39

4.3 A Importância da Criatividade 40 4.4 Arteterapia no Contexto Psicopedagógico 41 CONCLUSÃO 43 BIBLIOGRAFIA 44 WEBGRAFIA 46