Upload
doannhu
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
CONTRIBUIÇÕES DO TEATRO PARA O DESENVOLVIMENTO CULTURAL E
FORMATIVO DO ALUNO
Vera Lucia Costa1
Pedro Carlos de Aquino Ochôa2
RESUMO
Atualmente a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Brasileira propõe a busca do aprofundamento de estudos para o professor da disciplina de Arte, direcionado ao Teatro, que de acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Artes do Estado do Paraná trata-se de uma área do conhecimento inserida na disciplina. Este artigo apresenta uma proposta que visa contribuir para a compreensão da função do Teatro na educação formativa dos alunos. Por meio da dramatização, desenvolver o pensamento simbólico, auxiliando os estudantes em sua formação humana. Utilizando como metodologia os Jogos Dramáticos, criar a representação dos conflitos que fazem parte da realidade dos alunos, oportunizando um trabalho voltado para a cultura da paz no ambiente escolar, incentivando a cooperação, a boa convivência, o respeito às diferenças, o exercício da imaginação, a descoberta, a criação, a invenção, a expressão de sentimentos e emoções, e o aprimoramento do diálogo e da comunicação. O trabalho tem como foco a orientação para a valorização da vida, o resgate de valores e as relações humanas no âmbito da escola e da sociedade. Através de observação e diagnóstico realizado no Colégio Santo Inácio de Loyola na cidade de Terra Rica – Paraná, no ano de dois mil e onze, quando verificou-se a necessidade de um trabalho complementar efetivando ações educativas mais comprometidas com a formação humana do educando, considerando ser este componente de uma sociedade marcada por conflitos que, trazidos ao ambiente estudantil, se acumulam, dificultando os relacionamentos e a própria tarefa de educar. Neste contexto apresenta-se a experiência do Teatro na Escola contribuindo para o desenvolvimento humano, porque oferece o espaço para a criação, faz com que o aluno seja sujeito de sua aprendizagem, promove a criatividade, o princípio da alteridade, o respeito ao outro, propicia o diálogo, conduz o educando a desenvolver as relações interpessoais, o autoconhecimento, suas possibilidades de expressão e comunicação, considerando que os conflitos trazidos para a sala de aula nada mais são do que um reflexo da nossa sociedade individualista, intolerante, preconceituosa e consequentemente violenta. O trabalho foi realizado com alunos do 9º ano e finalizou com a apresentação de uma encenação, na qual abordou-se o tema ____________________________ 1Graduada em Arte pela Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente Estado São Paulo e
Especialista em Educação Especial. D.M. pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Paranavaí. Professora de Arte no Colégio Estadual Santo Inácio de Loyola – EFM, em Terra Rica-PR.
2Professor no Curso Livre de Teatro da Universidade Estadual de Maringá deste 1988, no Curso Superior de
Artes Cênicas da Universidade Estadual de Maringá deste 2011, Mestrando em Educação com pesquisa em Teatro pela mesma Instituição. Ator e Diretor de Teatro Profissional. Professor das disciplinas de Teatro na Educação I e II, Jogos Dramáticos I, II e III, Estudos Dirigidos aos Teatro, Teatro na Escola I e II e Teorias Teatrais e Contexto Histórico no Curso Licenciatura em Teatro da UEM- Universidade Estadual de Maringá.
“Combate à Violência por meio da Cidadania”. Posteriormente ao diagnóstico, seguimos para a sequência didática e as discussões com o Grupo de Trabalho em rede. PALAVRAS-CHAVE: Teatro; educação formativa; conflitos; comunicação; relações
humanas.
1 INTRODUÇÃO
.
A proposta de trabalho com o Teatro desenvolvida na Escola e apresentada
neste artigo visa contribuir para o desenvolvimento humano dos alunos. Na
implementação do projeto foi utilizado como material de apoio a Produção Didático
Pedagógica construída no primeiro ano do Programa de Desenvolvimento
Educacional/2010, contendo a fundamentação teórico-metodológica e uma
sequência de atividades. Aborda situações diversas, partindo de temas bem
presentes no dia a dia dos adolescentes, possibilitando espaço para
questionamentos e reflexões, vivenciados por meio dos Jogos Cênicos.
Posteriormente à implementação do projeto na escola, teve-se a oportunidade de
apresentar o mesmo, juntamente com a produção Didático Pedagógica a um grupo
de professores de Arte da Rede Estadual de ensino, durante o contato com o Grupo
de Trabalho em Rede, on line, realizado no segundo semestre de 2011. O Grupo de
Trabalho em Rede constitui uma atividade do Programa de Desenvolvimento
Educacional que tem como objetivo a interação virtual entre os professores da Rede
Pública Estadual, e possibilita novas alternativas de formação continuada aos
docentes. É formado por Fóruns e Diários, nos Fóruns os participantes contribuem
com perguntas propostas pelo (a) professor (a) do Programa de Desenvolvimento
Educacional em interação com os demais cursistas. Com estas e outras ações
acreditou-se estar contribuindo para a educação formativa dos alunos, por meio do
Teatro.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 TEATRO
Este projeto enfoca o Teatro como uma área do conhecimento, dentro da
disciplina de Artes, e para o seu desenvolvimento foram realizadas pesquisas em
documentos oficiais do ensino, Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Artes
do Estado do Paraná, e buscando autores que nos apresentam a arte como uma
forma de trabalho criador, presente em todo o processo da evolução humana.
Conforme as pesquisas feitas a estes autores, e de acordo com as Diretrizes
Curriculares supracitadas, o Teatro a serviço da educação, partindo dessa
abordagem, acrescentará experiências significativas aos alunos, uma vez que está
voltado à formação humana. Portanto, o projeto foi trabalhado no Colégio Santo
Inácio de Loyola – Ensino Fundamental Médio, direcionado a alunos do 9º ano do
Ensino Fundamental, sendo que o mesmo contribuiu para o desenvolvimento no
sentido da cidadania, bem como para trabalhar questões sociais de relevância para
a educação formativa dos alunos.
Oficialmente publicadas em 2008, as Diretrizes Curriculares da Educação
Básica de Artes do Estado do Paraná (PARANÁ/SEED, 2009) orientam para que o
ensino de Teatro na escola seja coerente à concepção de Arte adotada na mesma:
A arte é fonte de humanização e por meio dela o ser humano se
torna consciente da sua existência individual e social; percebe-se e
se interroga, é levado a interpretar o mundo e a si mesmo. A arte
ensina a desaprender os princípios das obviedades atribuídas aos
objetos e às coisas, é desafiadora, expõe contradições, emoções e
os sentidos das suas construções. Por isso o ensino de Arte deve
interferir e expandir os sentidos, a visão de mundo, aguçar o espírito
crítico, para que o aluno possa situar-se como sujeito de sua
realidade histórica. (PARANÁ/SEED, 2009, p.56.)
De acordo com a concepção de arte adotada pelas citadas Diretrizes, o
ensino de Teatro contribuirá para que o aluno amplie sua visão de mundo,
percebendo que a dramatização é uma construção social da humanidade no
decorrer de sua evolução. Neste sentido, o trabalho pedagógico com as encenações
considera que elas permeiam os ritos, os festejos populares, os rituais do cotidiano,
as fantasias e brincadeiras infantis, ao longo da história humana, como
manifestações pertencentes ao universo do conhecimento simbólico.
Considerando tais pressupostos, busca-se superar o momento em que o
Teatro na escola era visto apenas como uma oportunidade de produção de uma
peça para comemorar as datas importantes de nosso calendário, e propõe-se o
Teatro como espaço que viabiliza o pensar simbólico, por meio da dramatização
individual ou coletiva, sendo que o processo de aprendizagem que se encaminha
através das atividades envolvendo principalmente os jogos dramáticos é mais
importante do que a própria finalização, ou seja, a montagem de uma peça.
Embora no Brasil ainda não haja uma vasta pesquisa no campo do Teatro
aplicado à educação, foi possível encontrar referencial teórico para este projeto nas
obras de Augusto Boal, Teatro do Oprimido, Técnicas Latino-Americanas de Teatro
Popular e Jogos para Atores e não Atores, complementado com atividades e jogos
dramáticos de Viola Spolin (tradução de Ingrid Dormien Koudela) e Maria C. Novelly.
Segundo Boal (1988, p.13), em seu livro Teatro do Oprimido e outras
Poéticas Políticas, “todo teatro é necessariamente político porque políticas são todas
as atividades do homem e o teatro é uma delas”, assim deixando evidente a
dimensão do que o Teatro pode significar estando a serviço da educação, pois a
educação como um ato político, pode conferir ao indivíduo o poder de reivindicar,
lutar contra a dominação, a opressão, numa perspectiva de transformação da
sociedade.
O Teatro foi utilizado através dos tempos de formas bem diversificadas.
Pelos governantes, para difundir a sua visão de mundo, pelos que se opõem a
governos injustos, para denunciar o presente e anunciar o futuro. Inicialmente,
instrumento de dominação, com o passar do tempo, instrumento de libertação, é
nesse sentido que a escola dele se utiliza, quando o educador se posiciona por uma
educação comprometida com uma sociedade mais justa, o Teatro pode contribuir
sendo eficaz na atualidade. Considerando que nesse país a desigualdade social é
gritante, não temos outro caminho que não seja através da educação, não aquela
que apenas reproduz o estado de coisas já instituído, porém uma educação que leva
o indivíduo à reflexão, conscientização e a transformação da sociedade. Nesse
sentido, segundo BOAL, a expressão teatral é como arma, como instrumento de
luta, que propicia aos alunos a se utilizarem de suas capacidades de pensamento
reflexivo, senso crítico e expressividade, libertando a voz e o gesto, descobrindo o
poder da palavra e da atitude, posicionando-se de maneira consciente, e com isso
se fazendo ouvir, preparados para difundirem mensagens de conscientização,
amizade, alegria, solidariedade, amor e paz, em uma sociedade injusta, competitiva,
individualista e violenta.
1.2 UM POUCO DE HISTÓRIA DO TEATRO
1.2.1 O Teatro era ritual e sagrado
A arte da representação é tão antiga quanto o próprio homem.
Provavelmente a necessidade de expressar e comunicar sentimentos tenha sido a
causa da invenção do Teatro. Para melhor entendimento e compreensão de sua
utilidade e função é necessário que viajemos no tempo, para alguns momentos da
história humana, observando as diferentes funções que lhe foram atribuídas.
A função decisiva da arte nos seus primórdios foi, inequivocamente,
a de conferir poder: poder sobre a natureza, poder sobre os inimigos,
poder sobre o parceiro de relações sexuais, poder sobre a realidade,
poder no sentido de um fortalecimento da coletividade humana.
(FISCHER, 2002, p.4).
Os homens da pré-história já praticavam as representações cênicas, que
tinham função mágica e narrativa. Utilizava-se de elementos musicais, movimentos
corporais e pinturas, desse modo o Teatro surgiu com o próprio homem, assim como
a dança, a música e a pintura, usada em seus rituais, para a caça, em louvor aos
seus deuses.
O homem personificou as forças naturais. Converteu em seres vivos
o sol e a lua, o vento e o mar; em seres que disputam, lutam e
batalham entre si e que podem ser influenciados em proveito do
homem, mediante o sacrifício, a adoração, o cerimonial e a dança.
(BRECHT, 1974, p.9).
O homem da pré-história já se utilizava do recurso de fingir ser outro
indivíduo, que vivia outra vida, e agia representando acontecimentos que faziam
parte de seu cotidiano.
Os nossos antepassados pré-históricos enfrentavam muitos perigos, lutavam
pela subsistência contra a natureza inóspita, criavam seus filhos enfrentavam os
medos e as angústias. Ao chegarem à caverna depois de um dia difícil, reuniam-se
ao redor do fogo para contarem suas peripécias na busca de alimento, nas caçadas,
e contando suas histórias surgiu a necessidade de mostrar como aconteceu. Foi
nesse momento então que surgiu o fenômeno teatral, ou seja, uma pessoa que finge
ser algo ou alguém – personagem; uma história ou uma ação para ser representada
– ação; um determinado espaço (lugar ocupado durante a ação) - espectador;
alguém que veja ou assista essa representação. Contudo, no começo, todos
participavam do ritual porque não se especificava ainda quem era ‘ator’ e quem era
‘espectador’. O lugar também ainda não era chamado de ‘palco’ ou ‘teatro’. Em
algumas manifestações populares da atualidade ainda permanece essa forma de
representação primitiva.
1.2.2 Na Grécia Antiga
Há quase 3000 anos, ou seja, aproximadamente 700 anos a.C. surgiu a
tragédia e a comédia, apresentadas pelos gregos no teatro (Theatai ou Theátron):
lugar onde se vê. Mais tarde, ‘teatro’ passou a significar não só o local, porém, o
próprio espetáculo e a sua linguagem própria.
Na Grécia antiga o Teatro era muito importante nas festas religiosas e os
atores das tragédias eram membros ilustres da sociedade. Os atores usavam
máscaras de madeira leve com aberturas para a boca e olhos; usavam peruca e
trajes coloridos. Todos os atores eram homens, mesmo com papéis femininos. O
teatro então tornou-se uma das principais formas de educar os espíritos e
sensibilizar os cidadãos da Grécia.
Os gregos construíram os grandes auditórios ao ar livre, com capacidade
para milhares de pessoas. A exemplo de Epidauro no Peloponeso, que ainda
continua de pé até os nossos dias e foi construído no século IV a.C., tem lugar para
14.000 pessoas. No verão, nesse local são apresentadas peças dos ‘pais’ do Teatro
ocidental: Ésquilo (525-456 a.C), Sófocles (496-406 a. C.), Eurípedes (480-406
a.C.), autores de tragédias como Prometeu Acorrentado, Édipo Rei ou As Bacantes;
e Aristófanes (445-386 a. C.), autor de comédias como As Rãs.
As comédias de Aristófanes também continuam no agrado dos espectadores
como Lisístrata, que apresenta as mulheres espartanas fazendo greve de sexo para
convencer seus homens a não irem para a guerra.
Naquela época os festivais de Teatro aconteciam uma vez por ano e
duravam o dia inteiro. As pessoas saíam de casa ao amanhecer, levavam suas
refeições e retornavam para suas casas só à noite.
Foi um tempo em que o Teatro significava uma celebração de cunho cívico e
religioso. As pessoas se identificavam com a representação do sofrimento humano,
por meio da dança e do canto, os atores usavam máscaras (máscara é ‘persona’ em
grego; daí vem as palavras personalidade e personagem). Depois dessa experiência
as pessoas saíam do teatro purificadas: acontecia a catarse ou limpeza (do grego
khatarsis) em seus espíritos.
A respeito desse assunto Augusto Boal, em sua obra Teatro do Oprimido,
explicita sobre o ‘Sistema Trágico Coercitivo de Aristóteles’. De acordo com Boal
(1988, p.18), “o filósofo construiu o primeiro sistema poderosíssimo de intimidação
do espectador, entendido como uma forma de esvaziar a rebeldia e submeter o
homem ao poder”.
[...] este sistema é amplamente utilizado até os dias de hoje, não
somente no teatro convencional como também nos dramalhões em
série da TV e nos filmes de far West: cinema, teatro e TV,
aristotelicamente unidos para reprimir o povo. (BOAL, 1988, p. 18)
Isso revela que o Teatro era um instrumento político, e porque os
governantes estimulavam as atividades artísticas para divulgar certo tipo de
memória histórica que interessava ao Estado.
O teatro moderno encontra suas raízes no ‘ditirambo’ (hino cantado ao redor
do altar de Dionísio, o deus do vinho).
O culto dionísico era uma grande festa popular realizada quatro vezes ao
ano, na Grécia, quando Dionísio era cultuado pela fartura da terra, do leite, do vinho
e do mel. Nestas festividades havia danças e cantos do ditirambo. (COSTA &
REMÉDIOS, 1988, p.09).
Esse ritual evoluiu para a tragédia grega, como é conhecida. Nas primeiras
peças aparecem o coro e o altar de Dionísio no centro do palco. Nas canções do
coro estão presentes a forma lírica e o conteúdo poético do ditirambo.
Nas peças pode-se observar as transformações do ditirambo que,
originalmente, tratava-se apenas da vida e louvor a Dionísio, passando a incluir
lendas de semi-deuses ou heróis e ancestrais lendários da Grécia. As ações desses
heróis, bons ou maus, suas guerras, feudos, casamentos e adultérios, o destino de
seus filhos, que frequentemente sofrem pelos pecados dos pais, constituem a força
da tensão dramática e fornecem o elemento essencial do conflito, entre o homem e
Deus, o bem e o mal, os filhos e os pais, a obediência e a rebeldia.
Com o passar do tempo, o Teatro, o ator, o dramaturgo evoluíram, se
profissionalizaram, do drama à comédia, dos grupos de rua às salas de espetáculo,
conforme o momento, a cultura, a política, e com as marcas de cada época e lugar.
2. O TEATRO NA ÉPOCA MEDIEVAL E SUA RELAÇÃO COM A RELIGIOSIDADE
Por ser considerada uma atividade pagã, o Teatro era visto nessa época
como um sacrilégio. Assim, todo cristão batizado era proibido de participar ou
assistir teatro, porém, fugindo ao controle da Igreja, algumas manifestações teatrais
ainda permaneceram.
Essa proibição durou bastante tempo até que a Igreja percebeu o grande
poder de influência e atração do Teatro e começou a se utilizar dele para propagar
sua doutrina religiosa.
A partir do século XIV os Mistérios, Autos, Paixões e Milagres passaram a
ser representados. Episódios da Bíblia, ou da vida dos santos e peças explicando as
doutrinas do cristianismo. Eram grandes dramatizações que duravam vários dias,
realizadas não só na Igreja, mas também envolvendo toda a cidade.
Um exemplo de nossos dias são as representações da Paixão de Cristo na
semana santa que também se presta ao ensinamento da doutrina cristã.
2.1 A COMÉDIA DELL’ARTE. O TEATRO DE MÁSCARAS
Do final da Idade Média para o início do Renascimento o Teatro na Europa
já era muito apreciado e também já servia a outros propósitos além do religioso.
Na Península Itálica, onde fica a Itália, novo centro econômico da época,
surgiram as primeiras companhias de atores itinerantes, também chamados de
mambembes que levavam o Teatro de cidade em cidade, em carroças que serviam
de palco. Esses artistas não mais se prendiam aos temas religiosos, mas inspirando-
se na comédia grega criaram na Itália uma forma de Teatro chamada de Comédia
Dell’arte, nesse tipo de representação destacava-se a habilidade de improvisar e a
utilização da pantomima e esses recursos eram mais importantes do que o texto
escrito. Os atores usavam máscara e interpretavam personagens fixos. Tinha como
função divertir o povo, e quando caiam no agrado recebiam pagamento do povo
como os artistas de rua fazem hoje, ‘passando o chapéu’.
Utilizando-se de temas como amores proibidos, relações de patrões com
seus empregados, e personagens da sociedade da época, a Comédia Dell’arte
propagou-se pela Europa, destacando personagens como Arlequim – criado
fofoqueiro, muito esperto; Doutor - velho falador; Capitão – soldado farrista, covarde
e mentiroso.
Por se tratar de um gênero popular de Teatro, a Comédia Dell’Arte não
agradava a Igreja, pois seu tom irônico e sarcástico provocava o riso e a crítica no
espectador.
2.2 O TEATRO ELISABETANO
Durante o reinado da Rainha Elisabeth I, na Inglaterra, houve uma evolução
considerável do Teatro, nessa época surgiram grandes dramaturgos como Willian
Shakespeare.
Foi o maior símbolo do Teatro, nascido em 1564 na Inglaterra, em Stratford
– Avon, escreveu cerca de 35 peças. Suas obras foram muito apreciadas em sua
época e continuam a emocionar pessoas em todo o mundo. É uma outra função que
o Teatro pode assumir: ‘emocionar’. São textos muito conhecidos de Shakespeare:
Romeu e Julieta, Hamlet, Otelo, A Megera domada, entre outros.
2.3 O TEATRO COM FUNÇÂO SOCIAL E POLÍTICA
O capitalismo se expandiu e também as desigualdades sociais que o
acompanham, muitas questões sociais necessitavam ser revistas a partir da
revolução Industrial ocorrida no século XVIII. Nessa época o historiador, filósofo e
economista alemão Karl Heinrich Marx (1818 – 1883) desenvolveu teorias a respeito
da exploração das relações de trabalho, como por exemplo, a exploração que
acontece entre as classes sociais.
Essas questões preocuparam também outro alemão chamado Bertold Brecht
(1898 – 1956), sociólogo e dramaturgo que criou uma nova forma de fazer teatro – o
‘Teatro Épico’ que, ao contrário da ‘Forma Dramática’ enfoca as questões sociais em
suas peças.
3. FUNÇÃO SOCIAL DO TEATRO NOS DIAS DE HOJE
3.1 O TEATRO DO OPRIMIDO
Augusto Boal, brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, em 1931 onde é diretor
de centros de Teatro, e também em Paris. É autor de vários livros. A partir da
década de 70, durante seu exílio na Europa devido a Ditadura Militar, desenvolveu a
técnica chamada ‘Teatro do Oprimido’. Boal propõe nessa obra nos mostrar o
caminho percorrido pelo Teatro, desde o seu surgimento, e suas transformações
fundamentais, dentro de uma ótica política: o ‘canto ditirâmbico’, nas origens do
teatro, era o povo cantando livremente, o povo era ao mesmo tempo criador e
destinatário, eram festividades em que todos participavam livremente, ainda não
havia divisão.
A aristocracia estabeleceu a divisão: uns poucos somente poderiam ir ao
palco, e só eles poderiam representar, enquanto que os demais deveriam
permanecer sentados, receptivos, passivos – os espectadores, a massa, o povo. E
para que o espetáculo se prestasse com mais eficácia à ideologia do poder, foi
estabelecida outra divisão: alguns atores ‘aristocratas’ seriam os protagonistas e os
demais seriam o coro, que simbolizava a massa. Essa forma de Teatro Boal explicita
com minúcias, como apresentado anteriormente, é o ‘Sistema Trágico Coercitivo de
Aristóteles’.
Na seqüência, encontramos a ‘Poética da Virtú de Maquiavel’ – a burguesia
veio transformar os protagonistas: agora não mais imbuídos de valores morais,
superestruturais, porém sujeitos multidimensionais, indivíduos excepcionais, também
afastados do povo, como os aristocratas.
Vem então Brecht, com seu Teatro Épico – Poética Marxista converte o
personagem em objeto, porém, de forças sociais. Segundo ele, ‘o ser social
determina o pensamento’ e não vice-versa.
[...] o ser social, como dizia Marx, determina o pensamento social.
Por isso, em momentos críticos, as classes dominantes podem
aparentar bondade e podem se tornar reformistas: e aos seres
sociais ‘operários’ lhes oferecem um pouco mais de pão e carne,
esperando que esses seres sociais menos famintos, se tornem
igualmente menos revolucionários. E este mecanismo funciona. Não
é por outra razão que as classes operárias dos países capitalistas
imperialistas são tão pouco revolucionárias e chegam a ser
reacionárias, como a maioria do proletariado norte-americano: trata-
se de seres sociais com geladeira, carros e casas, que certamente
não têm os mesmos pensamentos sociais dos seres latino-
americanos que, em sua maioria, vivem em favelas, têm fome e
nenhuma segurança contra a doença e o desemprego. (BOAL, 1988,
p.117).
Completando o ciclo, Boal afirma que na América Latina estão
desmoronando as barreiras criadas pelas classes dominantes. Primeiro cai à
barreira entre atores e espectadores – todos devem representar, todos devem
protagonizar as mudanças, necessárias na sociedade, como está em ‘Uma
Experiência de Teatro Popular no Peru’.
Depois cai a barreira entre os protagonistas e o coro: todos devem ser ao
mesmo tempo coro e protagonistas – é o ‘Sistema Coringa’ criado num momento em
que o Teatro brasileiro enfrentava uma crise de ‘violenta limitação do poder
aquisitivo da população’, restringindo a plateia e tornando impossível a produção
teatral nos moldes vigentes. De acordo com o autor, a ‘Poética do Oprimido’ é o
teatro vencendo as barreiras no tempo e no espaço e conquistando seu lugar,
‘criando as formas correspondentes’, a serviço da transformação da sociedade.
3.2 JOGOS TEATRAIS
Os jogos teatrais são atividades pedagógicas para aquisição, leitura,
domínio e fluência da comunicação por meio do Teatro, de uma
perspectiva improvisacional (sem roteiros nem combinações
apriorísticas de como será a atuação na área de jogo e sem textos
de sustentação à representação teatral previamente elaborados).
Basicamente, os jogos teatrais constituem desafios (problemas
cênicos de atuação) apresentados aos jogadores, na forma de jogos
com regras (SPOLIN, 1992 apud JAPIASSU, 2005, P. 80).
Jogo: jocu (latim), quer dizer atividade mental ou física, organizadas
por regras, passatempo, brinquedo, divertimento. É uma atividade onde os
jogadores podem participar sem a preocupação com as normas sociais, jogam por
jogar, ou seja, pelo prazer que encontram na prática lúdica.
O jogo nos acompanha desde muito cedo: na infância brincamos jogando
bolinha de gude, futebol, jogos eletrônicos e as brincadeiras de faz de conta.
Quando jogamos, muitos dos nossos sentimentos vem à tona como prazer, alegria,
mas podemos experimentar também dissabores como a chateação, raiva, entre
outros, mas preferimos sempre os sentimentos agradáveis.
Na escola utiliza-se o jogo em várias disciplinas, entre elas a Arte e a
Educação Física e os jogos podem ser motores (correr, pular), intelectuais (xadrez),
competitivos, entre outros. O jogo estimula o raciocínio e nos ajuda a lidar com as
sensações e emoções.
Veremos, então, o que o jogo e o Teatro têm em comum: o fato de obedecer
regras, e a possibilidade de poder reconstruí-las, a diversão, o prazer, exercício
corporal e mental e também desenvolve sentimentos.
LOPES afirma sobre o Jogo e o Teatro:
O Teatro que faço surge do jogo dramático, que não se inclui nas
Olimpíadas, mas é o mais antigo jogo humano. É a cabeça e o
coração da Comédia Dell’Arte italiana, dos folguedos dramáticos
populares, das correrias dos mamulengos. O jogo dramático é um
exercício de e para a liberdade (LOPES, 1989 apud - Livro Didático
Público – ARTE. Curitiba: SEED/PR, 2007.)
O jogo pode envolver várias pessoas. Mesmo que alguém jogue sozinho, por
exemplo, arremessos de basquete ou futebol, é bem melhor jogar em grupo. No
Teatro podemos jogar sozinhos, fazendo um monólogo, porém, temos o público
como parceiro.
Para que o jogo se realize com sucesso faz-se necessário um acordo sobre
as regras que envolverão a atividade. Para isso precisa-se de: Jogadores (pessoas
que queiram brincar, criar e conhecer); regras (informações necessárias que os
jogadores têm que saber e respeitar); tempos e espaços (determinados e
combinados)
O jogo possibilita aprendizagem, raciocínio, atitude, colaboração, nos ajuda
a lidar com nossos sentimentos e o dos outros.
A prática dos Jogos Teatrais contribui para o aprimoramento do diálogo, da
capacidade de expressão, da espontaneidade, da liberdade pessoal e dos
relacionamentos.
3.3 COMO JOGAR NO TEATRO
3.3.1 O Jogo Dramático
Jogos Dramáticos são os jogos de Teatro. São praticados no grupo de
‘jogadores’ (e não atores). É uma improvisação coletiva, de acordo com um tema
combinado. É uma tentativa de que todos realizem juntos uma atividade cênica, e
nesse momento não há separação entre ator e telespectador.
O objetivo do Jogo Dramático é que os participantes entendam os
mecanismos que fundamentam o Teatro: personagem, ação, e espaço cênico.
Também trabalha a liberação corporal, vocal, emotiva e criativa dos participantes.
3.4 PRINCIPAIS POSSIBILIDADES EXPRESSIVAS DO CORPO
a) A expressão gestual: Antes do desenvolvimento da linguagem o
homem já se comunicava por meio dos gestos. Em Teatro, o gesto é o movimento
do ator, que transmite significado ou mensagens. Gestos são produzidos por todo o
corpo: cabeça, tronco, membros e face. Os gestos mais comuns, porém, são
produzidos pelas mãos e dedos. Para representar bem uma personagem o ator deve
ter domínio de seus gestos, porque em cena, tudo o que o ator faz é observado pelo
público.
b) A expressão facial: caretas, formas de olhar, sorrir, entre outras, são
expressões fisionômicas, produzidas pela face. Rotineiramente fazemos muitas
expressões faciais que transmitem o que sentimos – dúvida, alegria, indiferença,
medo, entre outras. Mas no Teatro as expressões gestuais e faciais devem ser
transmitidas com exatidão ao público, para que fique bem definido o que o ator quis
transmitir e aquilo que o espectador entendeu.
c) A mímica é uma técnica de expressão muito utilizada no Teatro,
consiste em comunicar sentimentos ou sensações sem o uso da palavra, por meio
de um conjunto de expressões fisionômicas e gestos corporais.
d) A expressão vocal: numa encenação, o ator expressa sentimentos e
emoções através de sons emitidos por meio da voz, caracterizando e identificando
uma personagem. Além de ser um poderoso instrumento de comunicação, a voz
humana funciona também como um dos mais completos instrumentos musicais.
Com o volume, a altura, o timbre, e a entonação da voz, podemos produzir
uma infinidade de sons. Com esse recurso importantíssimo que é a voz os atores
buscam maneiras variadas de caracterizar suas personagens.
As falas da personagem devem ser ditas com clareza, por isso é muito
importante uma boa dicção, que pode ser melhorada com exercícios vocais. A
dicção é a arte de pronunciar corretamente os sons da palavra.
3.7 IMPROVISAÇÃO
Representar alguma situação imprevista, que não foi preparada
anteriormente, algo inventado no momento da ação, em Teatro é improvisação. É
uma atividade dramática que estimula o desenvolvimento da espontaneidade,
liberação corporal, criatividade e imaginação. Pode ser espontânea, preparada,
falada ou em mímica.
Quando criada durante a ação é espontânea. É preparada quando é
prevista anteriormente por meio de um roteiro, indicando a seqüência das ações a
serem executadas durante a improvisação.
4. METODOLOGIA
Este projeto foi desenvolvido com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, com
duas aulas semanais de cinquenta minutos, no segundo semestre do ano de 2011,
com início no mês de agosto e finalizado em dezembro. Segundo orientações das
Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Artes do Estado do Paraná, o
encaminhamento do trabalho com o Teatro em sala de aula deverá observar três
etapas importantes, sendo que, para tanto, não há uma ordem estabelecida. As
etapas são: sentir e perceber, teorizar, e o trabalho artístico. A abordagem das
citadas Diretrizes aponta para uma ruptura na maneira como o Teatro vinha sendo
trabalhado na escola e direciona para um novo enfoque: o conceito de Teatro como
“uma forma artística que aprofunda e transforma a visão de mundo do aluno, sob a
perspectiva de que o ato de dramatizar é uma construção social do homem em seu
processo de desenvolvimento” (PARANÁ/SEED, 2009, p.78). Considerando esses
pressupostos o trabalho foi desenvolvido por meio das seguintes atividades:
Reunião com a Equipe pedagógica da Escola para apresentação do projeto,
buscando o apoio da mesma para a organização da turma participante,
através de adesão voluntária; Divulgação do projeto;
Produção, aquisição e organização de materiais didático-pedagógicos
utilizado nas aulas;
Início das aulas, recepção aconchegante à turma, contato inicial para
reconhecimento do grupo, apresentação do professor, apresentação do
projeto aos alunos explicitando o tema Teatro, a metodologia, através de
aulas expositivas e Jogos Teatrais, os objetivos relacionados à educação
formativa, as formas de avaliação contínua/formativa, por meio da frequência
e qualidade de participação nas atividades (JAPIASSU, 2005, p.97);
Encaminhamento das atividades, proporcionando aos alunos momentos para
teorizar, como a própria conceituação de Teatro em uma abordagem nova, a
evolução e a função do Teatro através dos tempos, enfocando a sua função
social na atualidade, ou seja, contribuir para a transformação da sociedade, e
demais conceitos relativos ao conhecimento do tema. Para os momentos com
o trabalho artístico foram desenvolvidas as aulas sobre os elementos formais
do Teatro: personagem (expressão vocal, gestual, corporal e facial), jogos
teatrais, improvisações e transposição do texto literário para o texto
dramático, encenações e formas variadas de exercícios cênicos.
Para o momento – sentir e perceber – os alunos apreciaram as diferentes
formas de representação na televisão e no cinema, para análises, tais como:
formas de expressões dos personagens, cenografia e sonoplastia, a
influência da mídia no telespectador, e principalmente do ponto de vista
relacionado aos temas sociais apresentados, sendo que esse foi o momento
quando o professor considerou o conhecimento que o aluno trouxe,
promovendo questionamentos, direcionando as discussões, para que os
conflitos e as questões da realidade da escola e da sociedade fossem
tratados de forma contextualizada.
É importante lembrar que, no desenvolvimento deste trabalho os três
momentos sentir e perceber, teorizar, e o trabalho artístico, se intercalam, de acordo
com o encaminhamento dado pelo professor para tornar as atividades dinâmicas,
agradáveis, atrativas e proveitosas, considerando os objetivos pensados e propostos
no projeto.
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO E ALGUNS DE SEUS RESULTADOS
O projeto foi trabalhado de acordo com a sequência apresentada no material
didático, em contra turno, com um grupo de 16 alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental, no Colégio Estadual Santo Inácio de Loyola Ensino Fundamental e
Médio, na cidade de Terra Rica/Paraná, em 2011, durante 32 horas aulas. No início
foi esclarecido aos alunos os objetivos do projeto em relação à escola e sobre a
metodologia que seria utilizada - Jogos Teatrais, e por que aplicá-la à educação. Foi
esclarecido também que o projeto não visava formar atores para encenar peças,
porém, os Jogos Teatrais iriam permitir que vivenciassem algumas questões
presentes no cotidiano da escola e também fora dela, e exercitando essa “vivência”
poderiam refletir sobre assuntos muito relevantes para sua formação, buscando
formas diferenciadas e mais amadurecidas para a solução de conflitos. As aulas
iniciais foram trabalhadas com jogos e brincadeiras infantis, momento em que foi
explicado em linhas gerais, aos alunos, a relação existente entre as brincadeiras de
criança e o desenvolvimento do pensamento simbólico e que os Jogos Teatrais são
uma adaptação das brincadeiras infantis, atualmente utilizados na educação como
recurso de aprendizagem. Foram realizadas várias brincadeiras (Gato e Rato,
Amarelinha, Queima, Jogo de Dama, etc.), muito apreciadas pelos alunos, em
seguida uma conversa sobre as regras dos jogos e das brincadeiras, comparando-
as com os Jogos Teatrais, como se fossem um “faz de conta”, e que os mesmos
também são realizados a partir de regras pré-estabelecidas pelos participantes.
Sobre as regras, ficou esclarecido que elas fazem parte da vida em sociedade, são
normas que organizam a vida do ser humano, permitindo a boa convivência.
Portanto, a vida está cheia de normas e regras que devemos observar. Na
continuidade do projeto foi trabalhado um pouco da história do Teatro: nos
primórdios da história humana, antes do desenvolvimento da linguagem, com a
apresentação aos alunos do filme Guerra do Fogo (do diretor Jean- Jacques
Annaud). O homem pré-histórico conseguia comunicar-se por meio dos gestos e,
segundo os historiadores, teria surgido aí o embrião do teatro. Essas colocações
iniciais foram muito importantes para que os alunos assimilassem os objetivos do
projeto, e posteriormente viessem a entender o poder do Teatro como recurso
divulgador de ideias, no decorrer da história da humanidade.
A partir deste ponto, as demais atividades aconteceram de acordo com o
previsto no material didático, sendo que durante as aulas surgiram questionamentos
diversos, partindo dos alunos, que serviram também para o enriquecimento do
trabalho. Quanto aos alunos, houve inibição de alguns no início do projeto que foi
dando lugar à participação, meio tímida, porém melhorando gradativamente, até que
começaram a interagir e se integraram ao grupo. Os exercícios de relaxamento,
expressão corporal e vocal contribuíram bastante para que os alunos se soltassem e
se expressassem melhor, vencendo a timidez. Com o transcorrer das aulas o grupo
foi ficando mais coeso e envolvido com as questões propostas, e à medida que foi
interagindo, por meio dos Jogos Teatrais, o nível de reflexão sobre as situações
vivenciadas foi se demonstrando mais amadurecido, e por várias vezes a postura de
alguns alunos diante das questões trabalhadas nos surpreendeu. Ao término do
projeto constatou-se que a cada vez que o mesmo for aplicado, pode ser
enriquecido, pois os alunos também trazem suas contribuições, acrescentando
experiência ao trabalho docente. Em relação aos objetivos, foi satisfatória essa
intervenção pedagógica na escola, porque percebeu-se que por meio dos Jogos
Teatrais os alunos podem desenvolver criatividade, reflexão, interação, senso de
responsabilidade, expressão, comunicação, conhecimento de mundo
conscientizando-se de que a reflexão e o diálogo é o meio mais apropriado para a
solução dos conflitos na escola e na sociedade, entendendo que a paz pode estar
dentro de cada ser humano. Desse modo, concluiu-se que os objetivos do projeto
foram alcançados com o grupo participante. A importância da interação entre os
docentes da Rede Estadual de Educação ficou aqui registrada com a participação no
Grupo de Trabalho em Rede, momento muito significativo quando o projeto foi
avaliado por outros professores, os quais deram a sua contribuição, com sugestões
e observações construtivas. Finalizando, constatou-se por meio do trabalho
realizado, que o Teatro como recurso utilizado na escola, pode contribuir para a
educação formativa dos discentes, auxiliando-os a melhorar a convivência no seu
dia a dia, tanto no âmbito escolar, quanto na sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente projeto de implementação pedagógica exposto neste artigo foi
proposto com o objetivo de contribuir para a compreensão da função do Teatro na
educação formativa dos alunos e a mediação do professor nesse processo. A
escolha do tema “O Conhecimento na Disciplina de Artes por meio de Encenação
Temática”, considerou a necessidade de um trabalho complementar a ser realizado
no ambiente da escola, que possibilitasse reflexões sobre como melhorar a
convivência entre os educandos, pois os conflitos trazidos para o espaço escolar
estão presentes na nossa sociedade sob as mais diferentes formas de intolerância.
Empregou-se a metodologia dos Jogos Teatrais, sugeridas pelas Diretrizes
Curriculares para o Ensino da Educação Básica de Artes do Estado do Paraná que
apontam uma abordagem diferenciada para o Teatro aplicado à educação, na
atualidade. Ao ser implementado o projeto na escola, observou-se que os objetivos
do mesmo foram alcançados em nível satisfatório, tendo em conta a participação
dos educandos que com entusiasmo realizaram as atividades, propostas com a
intencionalidade de levá-los a “vivenciarem”, por meio dos Jogos Teatrais, diversas
situações de conflitos que fazem parte do universo escolar.
A participação do Grupo de trabalho em Rede (GTR) foi relevante, pois os
docentes participantes trouxeram sua colaboração, avaliando positivamente o
material produzido, ficando evidente a interação entre os profissionais por meio da
troca de experiências, bem como a análise do material didático em relação a sua
viabilidade na escola pública. Concluindo, constatou-se a relevância do Teatro como
recurso significativo no desenvolvimento do individuo, pois através deste projeto de
intervenção pedagógica foi oportunizado aos discentes um trabalho voltado para a
cultura da paz, incentivando a cooperação, a boa convivência, o respeito às
diferenças, o exercício da imaginação, a descoberta, a criação, a invenção, a
expressão de sentimentos e emoções, e o aprimoramento do diálogo e da
comunicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRECHT, Bertolt. Estudos sobre Teatro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.
BERTHOLD, Margot. História Social Del Teatro. Madrid: Guadarrama, 1974. V.1
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras Poéticas Políticas. Rio de Janeiro:
Editora Civilização Brasileira, 1988.
___________. Jogos para Atores e Não – Atores. Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira, 2005.
COSTA. Lígia M; Remédios, Maria Luíza R. A Tragédia Estrutura e História. São
Paulo: Ática, 1988.
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. 1899 – 1972; tradução Leandro Konder
– 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1979.
____________. Pedagogia do Oprimido. 13ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983
(coleção O Mundo, Hoje, v. 21).
HIZINGA, J. Homo Iudens. O jogo como elemento de cultura. 4ª ed. São Paulo:
Perspectiva, 1996.
JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Metodologia do ensino de teatro. Campinas, SP:
Papirus, 2001 (coleção Ágere).
LOPES, J. Pega Teatro. Campinas: Papirus, 1989.
NOVELLY, Maria C. Jogos Teatrais. Exercícios para Grupos e Salas de Aula.
Editora Papirus, 1998.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Ensino de Primeiro
Grau. Projeto Correção de Fluxo / caderno de Arte 1 e 2 Curitiba: 1998.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Departamento de Educação Básica.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica Arte. Curitiba: SEED-PR, 2008.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Livro Didático Público – Arte. Curitiba:
SEED-PR, 2007.
PAVIS, P. Dicionário de Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2003.
REVERBEL, O. Jogos Teatrais na Escola. São Paulo: Scipione, 1996.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica: Primeiras aproximações 2ª ed.
São Paulo: Cortez /Autores Associados, 1991.
SPOLIN Viola. Improvisação para o teatro Viola Spolin, - tradução de Ingrid
Dormien Koudela, Eduardo José de Almeida Amos. São Paulo: Perspectiva 1992.