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1 Sónia Frias. Professora Auxiliar no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) – Univer- sidade de Lisboa. [email protected] Investigadora do CEsA/ISEG – U. Lisboa e colaboradora do CEI/ISCTE-IUL; CEMRI/Universidade Aberta e CIEG/ISCSP – U. Lisboa. CONTRIBUTO PARA UM ESTUDO SOBRE AS CAUSAS E EFEITOS DOS ÊXODOS RURAIS NA REGIÃO SUBSARIANA Sónia Frias 1

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1 Sónia Frias. Professora Auxiliar no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) – Univer-sidade de lisboa. [email protected]

investigadora do cEsa/iSEG – u. lisboa e colaboradora do cEi/iScTE-iul; cEMri/universidade aberta e ciEG/iScSP – u. lisboa.

CONTrIbUTO PArA UM ESTUDO SObrE AS CAUSAS E EfEITOS DOS ÊXODOS rUrAIS

NA rEgIãO SUbSArIANA

Sónia Frias1

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rESUMO

Neste texto pretendemos analisar algumas características gerais relativas às migrações laborais internas que ocorrem em contexto subsariano, uma vez que estas parecem continuar a constituir-se numa resposta comum, por parte dos camponeses, à crescente escassez de recursos.

Na análise será dedicada particular atenção quer aos motivos que determinam a decisão de partida dos indivíduos para as cidades, quer à questão das remessas, tema que mantém grande atualidade e continua a interessar cientistas de vários quadrantes.

os dados a partir dos quais se baseia a análise, derivam essencialmente de pesquisa de terreno realizada em Moçambique e em angola e da revisão de alguma da literatura que mais recentemente tem vindo a ser dada à estampa.

Palavras-chave: migrações rurais; famílias; remessas

AbSTrACT

in this paper we intend to analyze some general characteristics of the internal labor migration occurring in the sub-Saharan context.

The analysis pays particular attention to the reasons that make people decide to leave and go to the cities. it also deals with remittances issue, which is still highly relevant, and which continues to interest scientists from different fields.

The study is based on data collected from field research in Mozambique and angola and on the review of some recent literature on the subject.

Key-words: rural migrations; families; remittances.

Introdução

as primeiras análises sobre fluxos migratórios em África datam sensivelmente de meados do século xx. Na maior parte dos casos surgiram de modo periférico em estudos sobre cidades, estudos esses que também começaram a ter especial relevo nos anos de 1950, 1960 e 19702:

2 Vejam-se por exemplo as obras de Elkan (1956); Banton (1957 e 1965); caldwell (1968); Boswell (1969), Mitchell (1969), etc.

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Naquelas obras analisava-se, especialmente, o impacto da chegada de migrantes camponeses às cidades, um fenómeno pelo qual os investigadores começavam a mostrar interesse, num período em que a transferência de mão-de-obra rural para os centros urbanos se oferecia decisiva, enquanto fator de desenvolvimento, numa grande maioria dos países de áfrica.

Posteriormente as observações dos sociólogos, antropólogos e geógrafos (os economistas interessaram-se pelo estudo das migrações numa fase já mais tardia) tornaram-se também muito centradas nas motivações económicas dos camponeses para se transferirem para as cidades, acabando naturalmente as discussões por se ampliarem, depois, a um conjunto de questões ligadas à circularidade migratória entre a cidade e o campo e vice-versa, assim como com questões relacionadas com a manutenção das ligações familiares, as relações de parentesco ou a solidariedade laboral.

Nos anos de 1960, as análises continuaram a alargar-se a um conjunto de outros assuntos, nomeadamente aqueles ligados ao envio de remessas, tendo a partir da década de 1970 ganho grande peso, o interesse pela relação entre os êxodos rurais e as profundas transformações político-económicas sofridas por países onde as guerras que se sucederam às independências desestabilizaram a ordem política e social dando origem a crises de orientação administrativa, com impactos particularmente devastadoras na economia rural, nomeadamente ao nível da rutura da produção agrícola e da desestruturação da rede de sustentação (familiar, social e simbólica) das comunidades camponesas.

os custos das guerras foram, numa grande maioria de países subsarianos, substancialmente penosos para as populações rurais que, arrancadas às suas terras e desprezadas nos seus valores e referências, foram as grandes vítimas das transformações políticas impostas pelos sucessivos governos em vários países.

a fuga de população rural rumo às cidades, que a maior parte dos conflitos sempre enceta, acabou nesta altura por empobrecer sobremaneira o mundo rural subsariano e por inaugurar um verdadeiro período de desinvestimento no campo, quer porque os governos não tivessem mostrado capacidade (ou interesse) para implementar políticas de retenção das populações nas áreas rurais, quer porque com os êxodos e a desestruturação camponesa e consequente depauperização das terras, tivessem diminuído as possibilidades produtivas, o que no seu conjunto acabou por ter efeitos diretos no empobrecimento das famílias e das comunidades.

Herdeiros diretos deste passado mais recente, os movimentos de êxodo rural em contextos subsarianos são hoje ponderados pelos camponeses, sobretudo, enquanto estratégias que visam a prevenção de riscos de

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aumento da pobreza local, e também enquanto estratégias de diversificação de recursos, com custos e benefícios a ser avaliados e compartilhados entre os migrantes e a sua família mais próxima e entre estes e o grupo mais alargado de parentes.

Estas são algumas das razões pelas quais uma atenção crescente continua a ser posta nas migrações enquanto estratégia de sobrevivência das famílias camponesas.

fatores que estimulam as migrações laborais

contrariamente às teorias neoclássicas que associavam a decisão migratória ao indivíduo, a nova teoria económica da migração laboral, vem reconhecendo que esse tipo de decisão é hoje, cada vez mais, tomada pelo agregado familiar no seu conjunto (campbell 2010). o empobrecimento socioeconómico e produtivo com efeitos complexos e marcadamente nocivos nas sociedades camponesas tem conduzido a que as famílias, em muitas regiões subsarianas, se vejam muitas vezes forçadas a precipitar a emigração de alguns dos seus elementos. Esta situação prende-se já não como um plano de enriquecimento e de promoção socioeconómica das famílias, tal como era mais comum nas décadas de 1950 e 1960, mas com a consciência que os agregados têm sobre a fragilidade da sua manutenção e sobrevivência no campo. As migrações individuais consistem hoje por isso, mais do que em opções ou aventuras pessoais, em estratégias de grupo, concebidas com o objetivo de se evitarem riscos de agravamento insuportável da pobreza, e em estratégias que visam não apenas o aumento mas a diversificação de recursos das famílias pelo que é comum a contribuição económica do conjunto do agregado, para os custos de preparação para a partida (Gubert 2002).

Estudos recentes (Gibson e Gurmu 2012; Gibson e lawson 2012) remetem para o facto de a própria dinâmica das famílias poder levar inclusivamente a uma definição implícita sobre o momento em que alguns dos elementos devam migrar para as cidades, uma vez que na prática os incentivos para a emigração dos jovens, especialmente dos jovens rapazes, são entre outros fatores, fortemente influenciados quer pela composição, quer pelo comportamento dos núcleos domésticos.

Situações como estas podem ser determinadas por flutuações relacionadas com o crescimento populacional, nomeadamente pelos nascimentos de crianças no seio das famílias ou pelos casamentos, factos que podem dar origem à precipitação da partida de jovens adultos que acaba na prática por se constituir numa solução para aliviar os efeitos nocivos do aumento da

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competição pelos recursos locais. Na verdade, o nascimento de uma criança, porque vem aumentar a família, pode colocar uma pressão adicional sobre os recursos já escassos.

Torna-se assim compreensível e comummente aceite que esse facto deva motivar a saída de um membro da família, havendo situações em que se torna lícito esperar também que essa saída, possa por sua vez, por um processo de contágio, estimular outros elementos à emigração. Gubert (2002) sugere poder considerar-se em casos como este, a migração dos indivíduos como uma migração de perfil altruísta, uma vez que a sua partida deverá ter efeitos benéficos para o conjunto da família, incluindo para o próprio migrante que sai com a expetativa de poder viver melhor na cidade e aceder a experiências e oportunidades de trabalho e enriquecimento que no campo lhe estariam vedadas.

os trabalhos de Gibson e Gurmu (2012), apontam ainda para outro aspeto a ter em conta nestas análises, e que consiste no facto de que a transferência de jovens adultos para a cidade possa ser considerada pelas famílias como um fator de poupança de recursos domésticos, nomeadamente aqueles recursos que seriam gastos por e com esses indivíduos, e que se constituiriam em gastos desinteressantes para o agregado de origem, uma vez que sendo a produção já muito fraca, acaba por não requerer tanta mão-de-obra.

Todavia, se se pode considerar que, por um lado, a promoção da emigração rural se pode constituir para as famílias numa estratégia de poupança, não deixa por outro, de incorrer num vasto conjunto de custos. a racionalidade camponesa examina no entanto esses custos, não só em termos de custos propriamente ditos, mas em termos de investimento a prazo. Sobre esta questão importa chamar a atenção por exemplo para alguns aspetos referidos por cohen (2012), que se relacionam com a questão das expetativas das famílias relativamente ao retorno que esperam obter a partir da experiência de deslocação dos seus jovens para as cidades. Esse retorno pode constituir-se em diferentes tipos de benefícios, nomeadamente benefícios de ordem financeira - ligados ao envio de remessas como adiante se analisará - e benefícios de ordem social, uma vez que as remessas permitem um fluxo de retorno de dinheiro para a família, mas podendo ser vistas igualmente como um fator de desenvolvimento não apenas do capital económico, mas mesmo do capital social da família, dado que a partir da instalação dos familiares na cidade se pode criar uma nova rede de relações sociais, facto que por seu turno, pode fazer aumentar não apenas o grau de prestígio, mas o grau de resiliência da família camponesa. Não obstante o caráter sociocultural das remessas, elas podem acabar assim por constituir-se também nalguns casos, como uma nova variável, como

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refere Cliggett (2005), para redefinir a estratificação as famílias rurais que deixará de se identificar apenas em termos do seu lugar no grupo ou em termos do seu património simbólico, mas de acordo com a sua riqueza. No seguimento deste tipo de situações, é legítimo que as famílias possam esperar que os jovens emigrados na cidade, tenham com base neste novo estatuto alcançado pelo grupo, a possibilidade de contrair, no campo (ou até na cidade) casamentos mais oportunos.

outro fator a que importa dar atenção, prende-se com a crescente valorização e investimento que se vai registando entre as famílias camponesas, mesmo entre as mais pobres, na educação das crianças. Esta circunstância, observa-se, tem uma relação cada vez mais direta com a questão migratória. Para muitas famílias o aumento das possibilidades de acesso das crianças à educação (mais facilitado nas cidades) é um fator importante no que concerne às expetativas da família relativamente ao posterior retorno desse investimento dos pais, na educação dos filhos.

Mais as mães do que os pais, segundo se pode verificar em Moçambique, avaliam muito conscientemente a importância de se fazerem alguns sacrifícios económicos e de se incutir nos filhos a necessidade de estudarem e de alcançarem graus de instrução avançados (a migração precedente de elementos do grupo, é vista como um fator facilitador desta estratégia). as mães calculam que quanto mais instruídos possam vir a ser os seus filhos, maiores poderão ser as possibilidades destes para aspirar e alcançar situações profissionais mais sólidas e bem remuneradas, cujo produto acabará por reverter para a família, que contará então com maior segurança económica, mas também com mais prestígio. aqui, a definição de investimento inclui a ideia de rendimento futuro potenciado pela aposta na educação das crianças. Assim, as famílias que têm investido significativamente na educação das suas crianças ambicionariam, em larga medida obter maiores contrapartidas do esforço, também emocional, da sua deslocação para as cidades.

convém reconhecer que se tem vindo a tornar notório um crescente abaixamento da escolarização nas zonas rurais, sobretudo nas mais isoladas. Este declínio tem sido em grande medida agravado pela dificuldade de colocação de professores, mas continua a derivar também das elevadas taxas de abandono escolar dos alunos (Sear e Mace 2008), dois fatores que contribuem sobremaneira para que a população infanto-juvenil das zonas rurais, tenha cada vez menores possibilidades para aceder a graus de escolaridade significativos. Se nos seus trabalhos Renger e Sabot (1972) nos remetiam para uma associação clara entre o grau de instrução e a propensão para a emigração – notando-se a partir das suas observações, que quanto

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mais elevado fosse o grau de instrução detido pelos indivíduos, maior seria a sua disposição para abandonarem o campo à procura de melhores condições de trabalho e de vida noutros locais, nomeadamente nas cidades – hoje o que se observa é que a vontade dos indivíduos para emigrar, parece ter cada vez menor relação com o grau de instrução e ligar-se mais com a fuga à pobreza absoluta (Neill 2010). Na prática a educação dos filhos é projetada pelas famílias rurais, enquanto esperança numa oportunidade adicional para fomentar os fatores que influenciam a receção de remessas e para determinar o efeito das remessas na redução da pobreza nos lares.

importa, ainda, neste ponto considerar que tradicionalmente, os elementos das famílias que partiam para as cidades, continuavam por bastante tempo a manter-se estreitamente ligados ao grupo e lugares de origem. Era comum que durantes os primeiros anos da mudança os indivíduos visitassem as famílias pelo menos sazonalmente, por alturas das sementeiras e das colheitas, períodos em que os trabalhos agrícolas se tornavam mais pesados, sendo por isso francamente necessário o recurso a essa mão-de-obra extraordinária (little 1973). Era então usual, demonstra a literatura, que os indivíduos, deixassem os seus empregos nas cidades para regressar às suas terras a fim de participar nessas empreitadas domésticas. A mesma literatura não deixa todavia de fazer também referência ao facto de que, com o tempo, se tornava comum que boa parte desses homens (porque eram sobretudo os homens que emigravam uma vez que a mão-de-obra masculina era normalmente mais procurada e mais bem paga) começassem a retornar cada vez menos sistematicamente às suas terras de origem, e que muitos, mesmo que aí tivessem mulher(es) e filhos, viessem posteriormente a constituir novas famílias nas cidades, tornando-se por isso tendencialmente mais pontual e fluída a sua participação nas atividades ligadas à produção, junto dos seus núcleos camponeses.

Presentemente os regressos sazonais quase não se verificam. Do que nos foi dado compreender a partir da pesquisa realizada em Moçambique e em angola, e corroborada por vários autores para outras realidades, a produção agrícola já não requere o empenho de outrora, pelo que, o que se tem vindo a verificar em muitas situações, é que as visitas às aldeias se oferecem cada vez menos regulares. Por outro lado, a vida urbana é também ela cada vez mais chamatica e exigente pelo que, quem tenha um emprego ou mesmo um negócio, não pode correr o risco de o perder para sair em auxílio de parentes a não ser que esse socorro se prenda com situações consideradas muito graves, relacionadas normalmente com doenças ou a morte (estes sim, fatores que ainda hoje mobilizam realmente os indivíduos). importa não esquecer, também, nesta avaliação

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a crescente desertificação a que se assiste no seio das comunidades camponesas e recordar que o êxodo rural se constitui hoje num dos mais importantes fenómenos a decorrer em áfrica (frias 2006), avaliado pelas Nações unidas (2011) como um fenómeno massivo cujos contornos em nada se assemelham aos padrões de mobilidade tradicionalmente reconhecidos como próprios das populações africanas.

registe-se então que quer as visitas, quer o retorno destes imigrantes às suas aldeias e seus lugares de origem se oferecem pois como uma característica mais ligada ao passado. Na verdade, relativamente à década de sessenta, Mitchell (1969) fez por mais de uma vez referência a um fenómeno importante neste contexto, o do retorno definitivo ao campo de muitos adultos imigrados nas cidades e mesmo noutros países, quando atingiam uma idade próxima dos quarenta e cinco a cinquenta anos. ora este é também um fenómeno que dadas as circunstâncias conjunturais presentes parece ter deixado de se verificar.

Byass et all. (2003) e Rakodi (1999), têm vindo nalguns dos seus trabalhos, a fazer continuamente referência à aparente irreversibilidade do processo migratório do campo-cidade em áfrica. Segundo as suas análises, mesmo quando nos anos de 1990 a maior parte das famílias urbanas se encontravam muito empobrecidas, vítimas das reformas operadas pela aplicação dos Planos de Ajustamento Estrutural, o êxodo rural ter-se-á mantido, registando apenas alguns picos de contenção, mas nunca deixando de verificar-se. Este facto, pareceu contrariar a sobreconhecida racionalidade dos camponeses, pois que o que se podia prefigurar era que naquele momento, as populações pudessem viver no campo, melhor do que nas cidades. Esperava-se por isso que se pudesse começar então a desenhar um movimento migratório, já não no sentido campo-cidade, mas de um verdadeiro processo de êxodo urbano. Esse facto porém, não veio a verificar-se.

Com base em evidências empíricas o que se pode compreender foi a existência de um novo pico de movimentações circulares das populações, uma vez que se continuava a assistir à continuação da chegada de populações do campo, embora paralelamente também se fosse observando que diariamente saía das cidades um número interessante de indivíduos. considerou-se que rumassem às suas terras de origem ao encontro dos seus parentes, talvez na expectativa de aí poderem assegurar, mais do que bens alimentares, o reforço da sua pertença (Tacoli 2002).

As evidências revelam que as taxas de retorno ao campo sendo muito inexpressivas, se podem constituir também elas (por diversas das circunstâncias já referidas), num motor de novas vagas de êxodo rural.

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A importância das remessas para a preservação do grupo familiar

desde cedo se começou a tratar a relação da mobilidade laboral dos trabalhadores com o envio de remessas e com a medida em que essas remessas se constituíam no melhoramento da economia camponesa, nomeadamente ao nível da satisfação das necessidades mais básicas das famílias.

Uma análise da literatura dá-nos a compreender que as remessas têm vindo a ser desde sempre apreciadas como um elemento de segurança no tocante à conservação e subsistência do agregado familiar, dado o seu significativo efeito quer na capacidade das famílias para poderem aceder a um conjunto de bens essenciais, quer para poderem manter um padrão de vida razoável. atendendo a estas circunstâncias pode considerar-se que a procura de trabalho nas cidades, se tenha, ao longo dos tempos, constituído para muitas famílias camponesas, não apenas numa estratégia de redução do risco de empobrecimento (Low 2006) mas num mecanismo de diversificação de recursos domésticos, sendo por isso que a principal força motriz na tomada de decisões para a migração se continue ainda hoje e em larga medida, a prender-se com com a expectativa do aumento de segurança e qualidade de vida quer dos migrantes, quer dos vários membros das suas famílias que permanecem no campo.

No que concerne à diversificação de recursos, o valor da emigração de parentes prendeu-se desde sempre especialmente com as novas oportunidades de geração de rendimento e melhoria do acesso a bens mais alcançáveis nos centros urbanos, uma vez que é de fundamental valor para as famílias cada vez mais empobrecidas a entrada de novos tipos de bens de onde se sublinha o dinheiro propriamente dito. Sublinhe-se que muitas famílias dependem hoje muito vincadamente das remessas, para poderem manter uma situação e estado de bem-estar económico minimamente robustos. com o auxílio das remessas, estima-se que as famílias camponesas consigam aumentar a renda familiar melhorando não apenas a capacidade de produção agrícola, mas a capacidade de investimento na fortalecimento de alianças e nalguns casos, até a capacidade para criar pequenos negócios.

Os estudos sobre as remessas, para além da atenção que têm vindo a dar aos aspetos económicos em si mesmos, têm desde sempre vindo a dar importância ao seu valor enquanto instrumento de grande utilidade na manutenção de estratégias de fortalecimentos dos laços sociais dos migrantes não apenas com os seus núcleos domésticos de origem mas também com o círculo mais alargado das famílias.

Em estudos anteriores pode verificar-se que as visitas ao campo tinham, no passado, um carácter mais sistemático do que hoje. Para além dos

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motivos associados ao ciclo produtivo, as visitas sucediam-se muitas vezes por motivos excecionais, que se podiam prender com questões relativas à política do grupo e da própria comunidade, com à contração de casamentos, com funerais e outros rituais muito valorizados.

as visitas dos emigrados aos parentes camponeses eram então analisadas enquanto um fator importante no que concerne ao reforço de laços familiares, mas eram também consideradas como uma oportunidade aproveitada pela família de origem, para vincular e pressionar o visitante à continuação do envio de novas remessas. as migrações são popularmente compreendidas como uma resposta ao fosso económico entre centros rurais e urbanos. Na perspetiva das famílias as remessas enviadas pelos seus imigrantes nas cidades, concorrem para a redução da pobreza, e são particularmente apreciadas como uma garantia extraordinária da subsistência do agregado familiar (cohen 2011).

Na prática as remessas não deixam de refletir a interação humana e podem ser teoricamente articuladas entre os efeitos das relações sociais e do comportamento económico Elas desempenham um papel importante ao nível do reforço das relações de parentesco e da coesão familiar, cultural e comunitária. relativamente a este aspeto, Gardner e Grillo (2002) chamam a atenção para o papel dos rituais tradicionais para o reforço da afinidade dos migrantes (mesmo dos que não enviem remessas) com o grupo de origem. Esses rituais incluem reuniões periódicas da família alargada e os migrantes que não participem delas podem ser notados pelo facto de não estarem a contribuir para o reforço do bem-estar das famílias. Na áfrica Subsaariana, mesmo nas grandes cidades, os funerais por exemplo, são das cerimónias que mais vincadamente fornecem uma justificação para tais reuniões. Em Moçambique, em angola ou em cabo Verde, mas também na Tanzânia e na Guiné Bissau, (para nos referirmos apenas aos contextos que melhor conhecemos), os funerais envolvem normalmente grandes reuniões dos familiares, que podem durar vários dias e onde se aproveita o encontro da família para se tratarem assuntos de grande importância, como o podem ser questões relacionadas com heranças de vária ordem (também simbólicas); alianças e novos casamentos ou ainda o desenvolvimento de negócios.

do que se pode aferir, a partir dos dados de pesquisas anteriormente realizadas, o que acontece é que com o empobrecimento, mas também com os ritmos e os apelos da vida urbana as análises apontam cada vez mais para um decréscimo substancial do número de migrantes com possibilidades de enviar remessas em dinheiro e mercadorias para os seus parentes no campo, pelo que na prática as remessas deixam hoje de ter para muitas famílias camponesas, sequer um efeito moderador sobre a pobreza.

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Afigura-se também segundo Schrieder e Knerr (2000), que as remessas estejam a ser crescentemente substituídas por pequenos presentes esporádicos, facto que, na opinião dos autores, visa acima de tudo manter os vínculos entre os citadinos e as suas origens. de sublinhar que, quer os contactos, quer os presentes pontuais, não deixam de se manter vínculos importantes, hoje também muito fomentados pelos indivíduos das cidades. Este facto oferece-se-nos de particular interesse pois que a insistência dos citadinos nestas ligações e a ocorrência destes presentes, podem considerar-se, entendemos, numa estratégia indicativa da sua pertença, logo também do seu lugar na família e região de origem. No fundo não deixa de se constituir numa forma de self-insurance dos cidadãos na cidade, talvez uma alternativa à constante exposição aos riscos a que os indivíduos estão sujeitos na cidade em virtude do aumento da pobreza urbana.

de sublinhar que com a crescente fuga de cidadãos para as cidades, tende a diminuir francamente a população rural. Segundo as Nações unidas (2011), aumenta constantemente o número de famílias com cada vez mais elementos emigrados nas cidades, pois que na prática, as cidades apesar das poucas condições que vêm oferecendo, continuam segundo esta tendência, a atrair um contingente substancial de populações, grande parte fugidas da fome e do agravamento da pobreza que se oferece mais difícil de suportar no campo do que na cidade.

Por todas estas circunstâncias, o de envio das remessas é hoje muito variável de país para país. campbell (2010), com base num estudo realizado no Botswana, dá-nos uma ideia da prática geral naquele país, estimando que em 2007, menos de 10% dos migrantes enviassem remessas duas vezes por mês; que em cerca 50% dos casos o envio de remessas se fazia uma vez por mês; que cerca de 15% dos imigrantes nas cidades as enviassem para o campo a cada três meses; e cerca de 5% as enviassem apenas uma vez por ano.

o que se constata é que, tal como acontece com as visitas ao campo, o envio das remessas vai diminuindo na proporção inversa ao tempo de estadia nas cidades. acontece também que muitos indivíduos, constituindo aí muitas vezes, novas famílias, acabam por não conseguir por isso a disponibilidade suficiente para continuar a mandar remessas para a família camponesa.

refere ainda campbell (2010) que no que respeita às modalidades de envio das remessas para o campo, metade dos migrantes mostrou preferir leva-las pessoalmente aos seus familiares. a estação de correios e banco constituíam-se então no segundo e terceiro modo mais preferido de transferência. Os inquiridos do seu estudo foram unânimes na preferência da utilização do método de transferência de dinheiro em vez do envio de mercadorias.

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Estudos mais recentes (Brown 2010) remetem-nos contudo para uma nova circunstância, a da preferência pela transferência de remessas em dinheiro por via telefónica (uma novidade só possível porque muitos países em áfrica passaram muito recentemente de uma situação onde as possibilidades de ligação telefónica entre o campo e a cidade quase não existiam (por motivos que se prendiam com o colapso das ligações por fios), para uma situação onde o uso de telemóveis se alastrou aos lugares mais distantes e recônditos. Hoje são comuns em países como a Tanzânia ou a Namíbia, as transferências de dinheiro por via telefónica das Mobile Money Tranfers ou MMTs, (terminologia localmente mais utilizada), que permitem a transferência de dinheiro de pessoa a pessoa por via do uso de telefone pessoal.

Por meio de algumas entrevistas que se puderam realizar a imigrantes guineenses e tanzanianos a residir em lisboa, pudemos aferir que cada vez mais as pessoas vêm preferindo este meio de transferência de dinheiro uma vez que tem custos muito baixos (a companhia de telefones cobram uma taxa pelos serviços de transferência que as pessoas consideram comportável) e muito segura uma vez que eventuais fraudes são fáceis de identificar e as transferências requerem a utilização de códigos acertados entre as partes envolvidas – o emissor e recetor das remessas.

breve apontamento sobre a mudança na estrutura migratória

retomando, ainda que indiretamente, a questão da crescente diminuição do envio de remessas da cidade para o campo, consideramos importante introduzir também aqui, de forma breve, a questão dos êxodos femininos e do seu impacto na mudança da estrutura migratória tradicional.

antes todavia importa recordar, que tradicionalmente, os estudos sobre migrações davam especial atenção à migração masculina ligando nessa análise a mobilidade dos homens às suas responsabilidades relativas ao sustento familiar.

desta forma, acabava por assumir-se que as mulheres que migravam, o faziam devido à sua ligação aos homens, ou seja, não por iniciativa pessoal, mas porque em termos das regras sociais importava a reunião familiar (Little 1973), e a sua transferência do campo para as cidades acaba assim por derivar de um compromisso conjugal e por se enquadrar no âmbito das questões relativas aos laços de parentesco. Em boa parte por via das remessas que os homens enviavam das cidades e pela importância do auxílio laboral em que se constituía o seu retorno sazonal, as mulheres podiam então manter-se com os filhos e os familiares mais velhos, nas suas terras de

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origem. É certo que, também havia outros fatores que contribuíam para que as mulheres permanecessem no campo enquanto os homens partiam para as cidades, fatores que se prendiam em muito sólida medida com os papéis e responsabilidades sociais e económicas de cada género no seio da família e dentro dos sistemas produtivo e reprodutivo.

Presentemente no entanto, o empobrecimento rural é um dos fatores que mais tem contribuído para o aumento da emigração rural feminina, pelo que, estudos recentes, têm vindo a sublinhar um substancial aumento da proporção de mulheres, sobretudo de mulheres de um segmento etário mais jovem, em trânsito, por iniciativa própria, do campo para a cidade.

Estima-se que muitas delas procurem a cidade com a expectativa de aí poderem encontrar trabalho, e melhorar quer a sua situação de vida, quer a esperança relativamente à sobrevivência.

Com a deslocação das mulheres para as cidades tem-se vindo a verificar, como refere dyson (2011), um fenómeno inovador, relacionado com a transferência, por arrasto, para o espaço urbano, de agregados familiares relativamente extensos, uma vez que as mulheres adultas ao deixarem hoje o campo, acabam por levar consigo um importante agregado de familiares, nomeadamente filhos, indivíduos mais velhos e muitas vezes outros parentes relativamente próximos – uma sobrinha, um sobrinho, uma tia mais nova – que não possam deixar à guarda de parentes idosos ou mais pobres.

Esta matéria, dada a sua importância, seria merecedora de uma discussão mais exaustiva. a escassez de dados mais completos, não permite ainda essa análise que deverá todavia constituir-se em objeto de pesquisa futura. Não quisemos porém, deixar de lhe fazer aqui referência por considerarmos ser um argumento relevante e que importa recensear no âmbito da temática em estudo.

Conclusão

Este texto deve ser considerado apenas um contributo para o estudo sobre as estratégias utilizadas por famílias camponesas de algumas regiões subsarianas no sentido de procurarem combater a pobreza e melhorar a qualidade das suas vidas e a das suas comunidades. São feitas referências a alguns dos fenómenos que podem concorrer para estimular a emigração sobretudo dos jovens de sexo masculino, assim como às aspirações de teor não económico que as famílias podem ter para além daquelas relacionadas com o envio de remessas em dinheiro ou bens materiais, aspirações ligadas ao prestígio ou à oportunidade de alianças interessantes do ponto de vista da promoção dentro do grupo de origem.

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aqui se analisa também o valor das remessas enviadas pelos familiares imigrantes nas cidades, remessas essas, apreciadas pelas famílias enquanto estratégia de diversificação e reprodução de recursos por um lado e plataforma de promoção familiar e social por outro.

os estudos consultados indicam que, por comparação com o passado, o auxílio em que se constituem as remessas hoje em dia é particularmente baixo, pelo que tem vindo a contribuir cada vez menos para a melhoria de vida das famílias camponesas, não tendo efeitos evitativos, ou sequer moderadores no que concerne ao agravamento da situação de pobreza de muitas famílias, que acabam por se ver na contingência de terem que promover a migração de um cada vez maior número de elementos a fim de poderem esperar desse investimento um retorno mais seguro, efetivo e duradoiro.

o empobrecimento rural e a atração que cada vez mais as cidades vão exercendo, em especial junto dos mais jovens, são outros dos aspetos abordados, considerando-se que em certa medida estimulam o aumento do êxodo rural mesmo sabendo os camponeses de antemão, que a pobreza urbana se constitui hoje na região, num fenómeno estrutural senão mesmo endémico. Não mostrando os governos capacidade para investir em políticas de desenvolvimento rural, a tendência, segundo as análises, parece poder ser a de um crescente abandono do campo (por parte de homens e mulher) e a sua consequente desertificação, com impactos ao nível do sobrepovoamento urbano e da própria desestruturação rural.

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