621
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO Contributos para a Formação Ética dos Educadores de Infância em Formação Inicial Margarida Maria de Oliveira Duarte MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO Área de Especialização em Formação de Professores 2008

Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Contributos para a Formação Ética dos Educadores de

Infância em Formação Inicial

Margarida Maria de Oliveira Duarte

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Área de Especialização em Formação de Professores

2008

Page 2: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Contributos para a Formação Ética dos Educadores de

Infância em Formação Inicial

Margarida Maria de Oliveira Duarte

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Área de Especialização em Formação de Professores

Dissertação orientada pela Prof. Doutora Maria Teresa de Lemos Correia

Cordeiro Estrela

2008

Page 3: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos aqueles que directa ou indirectamente permitiram a realização

deste trabalho.

A Professora Doutora Maria Teresa Estrela pelo apoio e orientação que nos deu ao

longo do trabalho de investigação e pelo seu contributo como autora, cujos trabalhos

foram fundamentais durante todo o percurso investigativo.

A Professora Doutora Manuela Esteves, pela sensibilidade demonstrada e pelo

estímulo que nos incutiu.

A Direcção da Escola onde decorreu o estudo, pela disponibilidade imediata em

colaborar e pelas facilidades concedidas no acesso a toda a informação necessária.

Aos Professores e Formandos da Escola, que amavelmente colaboraram nas

entrevistas.

Aos meus pais e irmão por todo o apoio e incentivo nas horas difíceis e por nunca

terem deixado de acreditar.

A minha grande amiga Joana Marques, pelo seu contributo na informatização do

trabalho, e pela sua disponibilidade, sempre acompanhada de um sorriso de confiança,

A Natália, a Rosário, companheiras de trabalho, pela seu apoio, ajuda e estímulo.

A todos os meus amigos e colegas de turma. O meu grande obrigado!

Page 4: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

RESUMO

O presente estudo relaciona-se com a formação inicial de educadores de infância,

direccionada para a dimensão ética e deontológica da profissão.

Nesta perspectiva, procurámos destacar a importância do Jardim-de-infância no

desenvolvimento moral da criança, e conhecer como se processa a formação dos

educadores, para o desempenho desta função.

Para tal, desenvolvemos um estudo numa ESE de educadores de infância da zona

da Lezíria e Médio-Tejo.

Este estudo centrou-se na conceptualização dos professores de Axiologia sobre a

formação ética, associada à educação de infância, e nas representações dos alunos sobre

a formação que lhes é proporcionada.

Foi igualmente pesquisada a posição de ambos públicos, relativamente à

pertinência de um código deontológico da docência.

Para a realização deste estudo, recorremos à entrevista semi-directiva, como técnica

de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados através da análise de conteúdo.

Desejamos que este trabalho possa contribuir para uma visão mais nítida, da

formação ética em educação de infância, e do seu impacto nos formandos.

Palavras-chave: formação inicial de professores /formação ética/deontologia

profissional

Page 5: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ABSTRACT

This study is related to the ethical and deontological dimensions of the initial

training of pre-scholar teachers.

We have tried to highlight the kindergarten/nursery's importance on the child moral

development. We have also tried to understand how pre-scholar teachers' training is

developed in order to prepare the teachers to perform their functions.

In order to do so, we have developed a study in an ESE of pre-scholar teachers

from the Lezíria and Médio Tejo’s area.

This study focuses on the axiology teachers' conceptualization on the ethical

training in the initial training of pre-scholar teachers as well as on the representations of

future pre-scholar teachers on the training provided to them.

We have also searched both groups' position regarding the relevance assigned to a

teaching code of ethics.

In order to collect the data we used the semi-structured interview. Later, to analyse

these data we used the content analysis.

We hope this study contributes to a clearer perspective of pre-scholar teachers’

ethical training and its impact on the trainees.

Key-words: teachers’ initial training, ethical training, professional deontology

Page 6: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

i

Índice

INTRODUÇÃO 1

I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CAP. I – Dimensão ética em contexto de Jardim-de-infância

1. Conceitos de ética e moral 11

2. O Jardim-de-infância como espaço de formação ética 13

3. O educador como promotor do desenvolvimento moral da criança 18

4. Da necessidade de superação de uma antinomia entre uma ética do cuidado

e uma ética da justiça 24

CAP. II – Formação inicial de professores e formação ética

1. Enquadramento legal da formação inicial de professores 26

2. Conceito de formação de professores 35

3. Da necessidade de formar docentes eticamente orientados 39

4. Estratégias de formação moral na formação inicial de educadores de

infância 41

CAP. III – Deontologia e profissão docente

1. Conceito de Deontologia 53

2. Breve historial da deontologia docente em Portugal 54

3. Da necessidade e pertinência da Deontologia 58

4. A pertinência de um eventual código deontológico da profissão docente 61

5. Desvantagens do código deontológico 73

II PARTE – ESTUDO EMPÍRICO

CAP. I – Fundamentação Metodológica

1. Objectivos da investigação 76

Page 7: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ii

2. Natureza da investigação 77

3. Contexto da investigação 79

3.1. Selecção e Caracterização da População 79

3.2. Caracterização da instituição 81

4. Técnica de recolha de dados 86

4.1. A entrevista 87

4.2. Entrevista aos professores de ética 88

4.3. Guião da entrevista realizada aos Professores de ética 88

4.4. Entrevista às alunas 91

4.4.1. Guião da entrevista realizada às alunas 92

5. Técnica de tratamento de dados 93

5.1. Análise de conteúdo 94

5.1.1. Categorização 95

CAP. II – Apresentação e Interpretação de dados

1. Apresentação e Interpretação dos dados das entrevistas dos professores 99

2. Apresentação e Interpretação dos dados das entrevistas dos formandos 151

CONCLUSÃO 200

CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES DO ESTUDO 215

CONSIDERAÇÕES FINAIS 216

ANEXOS

Page 8: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

iii

Índice de Quadros

Quadros de análise de conteúdo das entrevistas aos professores

Quadro 1 – Tema A: “O professor e a ética” 99

Quadro 2 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 101

Quadro 3 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 103

Quadro 4 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 105

Quadro 5 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 106

Quadro 6 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 107

Quadro 7 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 109

Quadro 8 – Conclusão Tema A: “O professor e a ética” 110

Quadro 9 – Tema B: “Dimensão ética em educação de infância” 111

Quadro 10 – Continuação Tema B: “Dimensão ética em educação de

infância” 113

Quadro 11 – Continuação Tema B: “Dimensão ética em educação de

infância” 114

Quadro 12 – Conclusão Tema B: “Dimensão ética em educação de infância” 116

Quadro 13 – Tema C: “Representações sobre o formando e a ética” 117

Quadro 14 – Conclusão Tema C: “Representações sobre o formando e a

ética” 118

Quadro 15 – Tema D: “Concepções do bom educador ” 119

Quadro 16 – Conclusão Tema D: “Concepções do bom educador ” 121

Quadro 17 – Tema E: “A ética na formação em geral” 122

Quadro 18 – Continuação: Tema E: “A ética na formação em geral” 123

Quadro 19 – Conclusão Tema E: “A ética na formação em geral” 125

Quadro 20 – Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-deontológica

dos formandos” 126

Page 9: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

iv

Quadro 21 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos” 128

Quadro 22 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos” 130

Quadro 23 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos” 131

Quadro 24 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos” 134

Quadro 25 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos” 135

Quadro 26 – Conclusão Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos” 136

Quadro 27 – Tema G: “Os professores e a profissão” 138

Quadro 28 – Conclusão Tema G: “Os professores e a profissão” 140

Quadro 29 – Tema H: “Deontologia da profissão docente” 141

Quadro 30 – Continuação Tema H: “Deontologia da profissão docente” 143

Quadro 31 – Continuação Tema H: “Deontologia da profissão docente” 146

Quadro 32 – Continuação Tema H: “Deontologia da profissão docente” 147

Quadro 33 – Continuação Tema H: “Deontologia da profissão docente” 148

Quadro 34 – Conclusão Tema H: “Deontologia da profissão docente” 150

Quadros de análise de conteúdo das entrevistas aos formandos

Quadro 1 – Tema A: Disciplinas da formação geral 151

Quadro 2 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral 153

Quadro 3 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral 154

Quadro 4 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral 157

Quadro 5 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral 158

Quadro 6 – Conclusão do Tema A: Disciplinas da formação em geral 159

Page 10: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

v

Quadro 7 – Tema B: Repercussões da formação ética no estágio 161

Quadro 8 – Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no

estágio 163

Quadro 9 – Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no

estágio 165

Quadro 10 – Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no

estágio 166

Quadro11 – Conclusão do Tema B: Repercussões da formação ética no

estágio 167

Quadro 12 – Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola 169

Quadro 13 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 171

Quadro 14 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 172

Quadro 15 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 173

Quadro 16 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 174

Quadro 17 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 175

Quadro 18 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 176

Quadro 19 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 178

Quadro 20 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 180

Quadro 21 – Conclusão do Tema C: Formação ética proporcionada pela

Escola 180

Quadro 22 – Tema D: Atitude face a um eventual código da profissão 181

Page 11: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

vi

Quadro 23 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão 184

Quadro 24 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão 187

Quadro 25 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão 189

Quadro 26 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão 190

Quadro 27 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão 191

Quadro 28 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão 192

Quadro 29 – Conclusão do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão 194

Quadro 30 – Tema E: Apreciação geral sobre a Escola 196

Quadro 31 – Conclusão do Tema E: Apreciação geral sobre a Escola 198

Page 12: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

1

INTRODUÇÃO

A dimensão ética da docência tem sido objecto de vários estudos e abordagens,

sendo os mesmos conclusivos da sua importância fundamental para conferir sentido ao

acto educativo, conforme atestam vários autores: (Estrela, 1991; Valente, 1995; D’Orey

da Cunha, 1996; Galveias, 1997; Patrício, 1997; Silva, 1997; Vasconcelos; 2004) entre

outros.

Por seu lado, as estruturas governamentais têm manifestado a sua sensibilidade em

relação a esta problemática, conforme expresso em vários capítulos da Lei de Bases do

Sistema Educativo, Lei nº 49/2005 de 30 de Agosto, versão nova consolidada,

nomeadamente no Cap. I artigo 3º, relacionado com os princípios organizativos do

sistema educativo. Deste capítulo, destacamos as alíneas b) c):

“ b) Contribuir para a realização do educando, através do pleno desenvolvimento

da personalidade, da formação do carácter e da cidadania, preparando-o para uma

reflexão consciente sobre os valores espirituais, estéticos, morais e cívicos e

proporcionando-lhe um equilibrado desenvolvimento físico;

c) Assegurar a formação cívica e moral dos jovens; “.

Relativamente à Educação Pré-escolar, a Lei de Bases do Sistema Educativo no

Cap. II, Secção I, artigo 5º, alínea d), refere como um dos objectivos, a necessidade de:

“Desenvolver a formação moral da criança e o sentido de responsabilidade,

associado ao da liberdade;”.

Quanto à restante legislação que regulamenta a Educação Pré-Escolar,

nomeadamente, a Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar, Lei nº 5/97 de 10 de Fevereiro,

as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, Despacho nº 5220/97 (2ª

série) e ainda o Perfil Geral de Desempenho do Educador e dos Professores do Ensino

Básico e Secundário, Decreto-Lei nº 240/2001 de 30 de Agosto, realçam igualmente a

Page 13: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

2

importância desta dimensão, salientando a necessidade de desenvolver nos alunos,

competências no domínio da ética.

O novo Estatuto da Carreira Docente, aprovado pelo Decreto-lei nº 15/2007 de 19

de Janeiro, refere no Cap. I, artigo 13º, ponto 2, alínea a) a necessidade da formação

inicial dos educadores de infância e professores do Ensino Básico e Secundário,

contemplar a aquisição de “…competências e conhecimentos científicos, técnicos e

pedagógicos” em diferentes dimensões, destacando em primeira instância, a dimensão

profissional e ética.

Acreditamos igualmente nesta necessidade de formar docentes conscientes da

eticidade das funções que futuramente irão desempenhar.

No entanto, no âmbito da docência em educação de infância, o campo de estudos

incidentes na dimensão ética, apresenta-se pouco explorado, quando seria importante

para alicerçar a formação.

Assim, face ao exposto, entendemos ser relevante investigar, como é que os

professores de ética e os formandos pensam acerca da formação inicial em ética, dos

educadores de infância.

Acreditamos que tal investigação, poderá incrementar momentos de reflexão e

discussão, conducentes ao enriquecimento da prática pedagógica de formadores e

formandos. Isto porque o quotidiano do Jardim-de-infância, além da conduta ética do

educador, exige conhecimentos fundamentais sobre o desenvolvimento moral das

crianças, que lhe permita apoiá-las no seu processo de socialização, pois, como afirma

Formosinho, (2003:8) ”…o desenvolvimento sócio-moral da criança pequena está no

centro da educação de infância.”

Subscrevemos esta mesma autora, com base na nossa prática pedagógica que

diariamente nos confronta com a necessidade de mediar e negociar conflitos, incentivar

Page 14: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

3

à tomada de decisões, envolvendo o grupo na resolução de situações problemáticas e na

construção de regras de funcionamento da sala, bem como no desenvolvimento de

projectos de interacção com a comunidade, na perspectiva de sensibilizar para o

exercício da cidadania.

Estes são apenas alguns exemplos mais usuais da nossa realidade vivida em Jardim

de infância, mas a multiplicidade e diversidade de situações, do desafio que representa a

participação do educador na construção da estrutura sócio-moral da criança, exige deste

uma profunda tomada de consciência do seu papel neste domínio.

Para concretizar essa exigência, torna-se essencial sensibilizar os futuros

educadores, para o seu desempenho como promotores do desenvolvimento sócio-moral

da criança, apoiando-os na aquisição de competências que os orientem na definição da

sua ética pessoal e profissional e na adequação de estratégias de formação, a

desenvolver na sua prática pedagógica.

Nesta linha de pensamento, subscrevemos Estrela (1999:30) ao afirmar que “…a

formação ética dos educadores inclui duas vertentes necessariamente complementares,

uma vez que se inscreve na intersecção de dois espaços: o espaço do desenvolvimento

sócio-moral do educando que o educador deve promover; o espaço do seu próprio

desenvolvimento enquanto pessoa moral e responsável educativo”. Este

desenvolvimento não se pode dissociar de uma concepção da profissão e da sua

deontologia.

Assim, considerando a importância atribuída por diversos autores a esta temática e

reconhecendo a necessidade de a aprofundar, decidimos eleger a formação em ética dos

educadores de infância em formação inicial, como objecto de investigação do nosso

estudo.

Page 15: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

4

Esta investigação insere-se numa linha existente na FPCE que originou o Projecto “

Pensamento e Formação ético-deontológicos de professores”, que integra docentes de

vários níveis de ensino e é financiado pela FCT.

A particularidade do presente estudo é incidir sobre o pensamento de intervenientes

no processo de um curso de formação de educadores de infância. Isto porque tal como

Vasconcelos, (2004:110) consideramos que “É urgente pensarmos o exercício da

educação de infância como uma ocupação ética”.

Este apelo contextualiza a pertinência da investigação que pretendemos

desenvolver, na expectativa de contribuir com novos dados para o enriquecimento da

reflexão e reformulação de práticas docentes, eticamente orientadas e definidas.

Partilhamos a perspectiva de Estrela (1999), que considera o Jardim-de-infância

como um espaço privilegiado das experiências básicas de socialização e de construção

de aprendizagens, conducentes à autonomia da criança e à sua descoberta dos valores, e

que o educador desempenha neste processo, um papel decisivo. A mesma autora,

destaca a reconhecida a importância dos modelos de referência, para a construção da

personalidade da criança, sublinhando a exigência de que “…o educador seja

eticamente formado” (Estrela, 1999: 28).

De facto, sendo a docência uma profissão de relação, os docentes são confrontados

diariamente com situações problemáticas, de carácter valorativo, decorrentes das

relações que estabelecem no âmbito do seu universo profissional e accionam de forma

intuitiva, os mecanismos intrínsecos a uma ética pessoal. Como referem Seiça e

Sanches (2002), perante as situações com que se confronta, o professor encontra-se só,

face ás decisões que tem que tomar e, nesse contexto, recorre aos seus próprios valores

e princípios de conduta, para decidir sobre as opções a adoptar.

Page 16: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

5

Tal tendência ilustra, por si só, a importância dos modelos educacionais na

formação da personalidade, remetendo necessariamente para o seu questionamento, na

tentativa de encontrar respostas adequadas ao desafio que a diversidade da prática

pedagógica impõe.

Acreditamos que tais respostas, não decorrem de um formulário de receitas

pedagógicas, mas da construção de uma atitude alicerçada numa dimensão ética,

direccionada para o bem do aluno. (D’Orey da Cunha, 1996).

Esta problemática revela-se, segundo Estrela (1999:27), com maior pertinência em

educação de infância “… dadas as características das faixas etárias dos educandos …

a reconhecida importância dessas idades para o desenvolvimento cognitivo e sócio-

moral do futuro adulto, a dependência da criança em relação ao educador e a

influência que este, enquanto adulto, exerce nela”.

Por seu lado, Vasconcelos (2004) reforça esta mesma posição, salientando o facto

da profissão de educador se desenvolver num espaço privilegiado de relações humanas,

direccionada para um público-alvo caracterizado por faixas etárias baixas, cuja

vulnerabilidade exige dos profissionais, maior grau de responsabilização e de respeito

pela autonomia e individualidade dos educandos.

Constatamos assim, que o educador não pode ignorar o seu papel de modelo e de

uma das principais referências que permitem que a criança vá construindo o seu próprio

sistema de valores. Esta importante responsabilidade, encontra eco na construção de um

ambiente educativo que, como afirma Estrela, (1999:28), “…assente num equilíbrio

nem sempre fácil entre uma ética do cuidado, (“care”) atenta às necessidades de cada

um e uma ética do dever ou da justiça baseada em princípios gerais.”

Por outro lado, a esfera de intervenção da educação de infância, abrangendo não só

as crianças, mas também as suas famílias e a própria comunidade onde se integram,

Page 17: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

6

colocam o educador numa posição privilegiada de interacção, mas impõe-lhe

igualmente maiores responsabilidades, pois de acordo com Estrela (1999:27) “…exige-

se do educador uma coerência e consistência ética que garanta a sua credibilidade

moral, enquanto agente educativo que realiza uma função por delegação social”.

Desta forma, consideramos fundamental que a formação inicial apoie os futuros

educadores, ao nível do seu desenvolvimento moral pessoal e promova a construção de

uma atitude ética profissional, atenta ás necessidades dos diferentes parceiros

implicados no processo educativo

Constatada assim a importância do papel do educador como agente ético, definimos

como ponto de partida para a investigação, a seguinte questão:

- Saber como conceptualizam os professores de ética e os formandos do curso de

formação inicial de educadores de infância, a formação em ética.

Para compreender como é percepcionada essa formação, questionámos os

professores de ética e os formandos de uma escola de formação inicial, situada na região

de Lezíria e Médio-Tejo.

Page 18: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

7

QUESTÕES DA INVESTIGAÇÃO

A dimensão eminentemente ética reconhecida à docência e a influência que o

educador de infância mantém, junto da faixa etária com que trabalha, impõe-lhe o

desafio de se constituir como modelo na formação moral das crianças. (Estrela, 1999)

Situando-nos nesta perspectiva, dela emerge a necessidade de uma formação ética

que habilite o futuro educador para o desempenho do papel de agente ético que a

docência reclama. Deste modo, reconhecendo a importância desta dimensão na

formação dos futuros educadores, pretendemos saber:

- Como conceptualizam os professores de ética e os formandos, a formação inicial

em ética, dos educadores de infância.

Assim sendo, elegemos como relevantes, quatro questões iniciais, que serão alvo

desta investigação, a saber:

Que representações têm os professores de ética da formação que ministram?

Que representações têm os formandos da formação ética obtida na Escola de

Formação?

Que repercussões consideram que essa formação tem na sua prática pedagógica?

Como se posicionam os professores de ética e formandos, quanto à existência de

um código deontológico da profissão docente?

Estas questões originaram os objectivos específicos que enunciamos na PARTE II

do Estudo Empírico.

A tentativa de encontrar resposta a estas questões, constitui a linha condutora da

presente investigação.

Page 19: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

8

APRESENTAÇÃO DO ESTUDO

O nosso trabalho que apresenta-se estruturado em duas partes, a saber:

Parte I, referente ao enquadramento teórico;

Parte II, referente ao estudo empírico.

A parte I é constituída por três capítulos, sendo o primeiro relacionado com a

dimensão ética em contexto de Jardim-de-infância.

Neste capítulo, começámos por explanar os conceitos de ética e moral, pelo facto

de serem essenciais para a natureza deste estudo e a referência aos mesmos, ser uma

constante ao longo do mesmo.

Procurámos também abordar a importância do Jardim-de-infância como espaço de

formação ética, evidenciando o seu papel no desenvolvimento sócio-moral da criança e

a responsabilidade do educador na prossecução deste objectivo.

Abordámos igualmente a função do educador como promotor do desenvolvimento

moral da criança, destacando as competências específicas defendidas por Ryan (1987)

que aquele deve possuir, procurando articulá-las com o contexto ambiental do Jardim-

de-infância.

A finalizar este primeiro capítulo, referenciamos a necessidade de construir no

Jardim-de-infância um ambiente relacional, que conduza à superação da antinomia entre

uma ética do cuidado e uma ética da justiça, por entendermos que ambas as perspectivas

são essenciais e complementares do acto educativo, conducente à formação moral da

criança.

O segundo capítulo, abrange na sua essência a formação inicial de professores e a

sua formação ética.

Page 20: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

9

Começamos por referenciar o enquadramento legal da formação inicial de

professores, seguido de uma breve explanação sobre conceito de formação de

professores.

Nesta capítulo, destacamos igualmente a necessidade de formar docentes

eticamente orientados, daqui sobressaindo a questão de como se forma uma consciência

ética.

Esta temática direcciona-se naturalmente para a importância de formação ética na

formação inicial de professores e para os princípios que lhe estão subjacentes.

Concluímos este segundo capítulo, guiados por Estrela (1991), que apresenta um

conjunto de estratégias de formação moral, propostas para a formação inicial de

professores e educadores e reflecte sobre os condicionalismos e possibilidades dessa

formação.

O terceiro e último capítulo da PARTE I refere-se à deontologia relacionada com a

profissão docente. Inicia-se com uma abordagem ao conceito de deontologia, seguido de

um breve apontamento sobre a deontologia docente em Portugal.

É igualmente abordada a necessidade e pertinência da deontologia, bem como as

suas implicações na profissão docente.

Ainda neste capítulo, perspectivamos também a pertinência de um código

deontológico da profissão docente, apresentamos um resumo de alguns exemplares e

referenciamos as vantagens, desvantagens e alternativas apontadas por vários autores,

sobre este tema.

A PARTE II do presente trabalho refere-se ao estudo empírico.

Esta compreende um primeiro capítulo de Fundamentação Metodológica, onde são

apresentados os objectivos e a natureza da investigação bem como o contexto em que a

mesma decorreu.

Page 21: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

10

O segundo capítulo é dedicado aos Procedimentos Metodológicos, com destaque

para a técnica de recolha e tratamento de dados, realizada com base na análise de

conteúdo das entrevistas realizadas ao público-alvo.

O terceiro e último capítulo refere-se à Apresentação e Interpretação de dados,

seguidas da Conclusão que apresenta as Contribuições e Limitações do estudo, bem

como Considerações finais.

Page 22: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

11

I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CAPÍTULO I – Dimensão ética em contexto de Jardim-de-infância

1. Conceitos de Ética e Moral

Um estudo centrado na formação ética de futuros docentes apela em primeira

instância à definição dos conceitos de ética e moral.

Esta não se afigura uma tarefa fácil, na medida em que muitos são os autores que se

posicionam sobre estes conceitos, em diferentes perspectivas.

Assim, considerando como ponto de partida o seu sentido etimológico, ética deriva

do grego ethos, que de acordo com a Enciclopédia LOGOS, (1990) poderá ser

interpretado segundo dois significados:

- éthos designando costume, uso ou modo visível de proceder;

- êthos como morada habitual, toca, ou seja, relacionado com o espaço íntimo de

cada um, com o carácter, ou modo de ser de cada indivíduo.

Destes dois significados atribuídos ao mesmo vocábulo, podemos diferenciar que o

primeiro se relaciona mais com os modos de proceder habituais, no relacionamento com

os outros, enquanto que o segundo se inclina para uma perspectiva mais individual, ou

seja, relacionada com aquilo que é próprio de cada um: o carácter ou modo de ser.

Cativa desta etimologia, a ética é vulgarmente entendida como sinónimo de moral.

Isto porque o termo moral, de origem latina (mos, moris) também significa

costume ou uso e assim sendo, éthos em grego e mores em latim, traduzem um

significado comum, relacionado com o costume ou modo de proceder.

Page 23: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

12

No entanto, o outro sentido etimológico de ética, relaciona-se com o carácter,

entendido num plano de reflexão sobre o modo de agir para o bem, e como tal, ocupa-se

dos valores e princípios que devem nortear a conduta humana.

Assim o considera Patrício (1993), que defende que a ética se reporta ao universo

dos valores éticos, ou seja, princípios, categorias e normas, num contexto de reflexão

filosófica ou racional. O mesmo autor faz distinção entre ética e moral, considerando

que esta última se relaciona com o comportamento concreto, isto é, com a vivência que

o homem tem dos seus valores éticos.

Por seu lado, D’Orey da Cunha (1996:18) defende igualmente a distinção entre

ética e moral, considerando que ética “…é a articulação racional para o bem” e

exprime conceitos universais e abstractos, enquanto a moral se refere “… a normas

concretas, muitas vezes expressas em códigos,” incluídas numa dada cultura.

Assim, este autor, considera que aspectos integrantes da cultura como o interesse

próprio, o gosto, as inclinações, interferem e bloqueiam a visão da ética e como tal

afirma que “…moral é a contaminação da ética pela cultura”.

Quanto a Ricouer, (1990, citado por Reis Monteiro: 2005), considera que se deve

fazer a distinção entre ética e moral, relacionando o termo ética com questionamento

que antecede a introdução da ideia de lei moral, enquanto que o termo moral se reporta

a leis, normas e imperativos atendendo aos conceitos do bem do mal.

Ainda Russ (1994, citada por Reis Monteiro: 2005), entende a ética como uma

doutrina responsável pela elaboração de princípios ou fundamentos últimos, enquanto a

moral se situa num plano mais concreto que absorve as regras características de uma

cultura.

Deste modo, podemos aferir que a diferenciação entre ética e moral, é defendida

por vários autores, pois embora ambas se relacionem com os valores éticos, a primeira

Page 24: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

13

debruça-se sobre estes numa perspectiva teórica e reflexiva, ao passo que a segunda se

centra na sua aplicação concreta no relacionamento social, podendo neste caso, assumir

diferentes matizes em função da cultura a que respeitam e da sua evolução ao longo do

tempo.

2. O Jardim-de-infância como espaço de formação ética

Se os conceitos de ética e moral nos remetem para o estudo e aplicação de

princípios e valores inerentes à condição humana, importa aferir o seu papel na

formação do sujeito, como ser moral. Tal processo, concretiza-se através da educação,

pois conforme afirma Seiça (2003:37) “…Levar cada pessoa à descoberta do que em si

é humano e a constituir-se, desse modo como sujeito moral e eticamente auto

determinado é, propriamente falando, a tarefa educativa”.

Também Santos (2007:34), reforça esta posição afirmando que, “A tarefa mais

importante da educação e do professor é a de poder contribuir para a formação do

jovem enquanto pessoa, conhecedora de si própria e dos seus interesses, possibilitando-

lhe uma fácil integração social e, ao mesmo tempo, corresponder às necessidades da

sociedade interpretando o modelo de futuro por ela proposto ou contribuir para a

construção de um novo modelo”.

Nesta perspectiva, a educação de infância é por excelência uma actividade ética,

porque se dirige à criança enquanto ser em desenvolvimento, dependente da orientação

do adulto para a estruturação do carácter.

Assim, o Jardim-de-infância constitui-se como uma das primeiras experiências de

âmbito social da criança, fora do contexto familiar, implicando a sua integração num

grupo e num espaço estruturado por tempos e actividades, destinados a promover entre

outras áreas, o seu desenvolvimento pessoal e social, de forma harmoniosa.

Page 25: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

14

Esta linha de pensamento é perspectivada pela Lei nº5/97 – Lei - Quadro da

Educação Pré-Escolar, promulgada Ministério da Educação, que determina como

primeiro dos objectivos pedagógicos da Educação Pré-escolar:

”Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em

experiências da vida democrática numa perspectiva de educação para a cidadania.

(M.E.1997: 22)

Assim, vislumbramos nestes conteúdos a génese de uma formação do carácter,

através da promoção de valores, visando a construção de atitudes que permitam á

criança “a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo livre e solidário.”

(M.E.1997:51)

Neste sentido, subscrevemos a perspectiva de Estrela (1999:27) que considera o

Jardim-de-infância como “…um espaço privilegiado para a aprendizagem de regras de

conduta que tenham em vista a aprendizagem da autonomia e para o encontro da

criança com os valores, isto é, para a sua descoberta e afirmação.”

De facto, o Jardim-de-infância possibilita à criança o contacto com uma realidade

social mais alargada e diversificada que o contexto familiar e que é determinante para o

seu desenvolvimento, porque “É nos contextos sociais em que vive, nas relações e

interacções com outros, que a criança vai interiormente construindo referências que

lhe permitem compreender o que está certo e o que está errado, o que pode e não pode

fazer, os direitos e deveres para consigo e para com os outros.” (M.E.1997:52)

Neste processo, o educador tem um papel crucial, porque são os valores subjacentes

à sua prática, reflectidos na qualidade e no conteúdo das interacções que estabelece com

as crianças, que se reflectirão nessa formação.

Page 26: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

15

Em conformidade com esta perspectiva, Santos (2007:37), afirma que “A formação

do educando está inabalavelmente associada à acção do educador. O docente, pelas

suas atitudes, pelas suas decisões e pelo empenho que demonstra na acção educativa,

constrói uma imagem junto dos seus alunos e com isso contribui para a formação do

carácter dos jovens.”

Seguindo ainda o mesmo autor (2007), consideramos igualmente que o

desempenho ético da profissão docente, está directamente relacionado com formação

ética do professor e da sua capacidade de influenciar os seus alunos, nas diferentes

dimensões do seu trabalho e particularmente na dimensão ética.

Se esta realidade sobressai em outros níveis de ensino, com mais pertinência se

evidencia na educação de infância, etapa crucial do desenvolvimento, que, como tal,

necessita de todo o apoio que não só o educador, mas todos os responsáveis pela

educação lhe devem, conforme salientado por Formosinho e Formosinho, (citado por

Formosinho e Kishimoto, 2002: 4) “ Assumindo o valor formativo dos anos de infância

– confirmado, aliás, pelas investigações recentes da ciência do cérebro – reconhece-se

a necessidade de uma política para a infância que proteja uma criança que, ainda que

psicologicamente competente desde o nascimento, é socialmente indefesa”.

Assim, para além das políticas educativas centralizadas no objectivo de expansão

da Educação Pré-Escolar, desenvolvidas a partir de 1997, com a criação de um conjunto

de instrumentos legais, destinados a valorizar e apoiar este grau de ensino, o Jardim-de-

Infância impõe-se como espaço privilegiado de desenvolvimento global e harmonioso

da criança, onde esta diariamente constrói o seu percurso pessoal e social, com base nas

experiências partilhadas com outros, sob a responsabilidade do educador.

A este respeito, destacamos os resultados do Projecto “Pensamento e Formação

ético-deontológicos de Professores” já anteriormente identificado, que na sua

Page 27: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

16

abordagem qualitativa refere alguns objectivos, estratégias de desenvolvimento,

contextos e efeitos da formação ética, no espaço do Jardim-de-infância, privilegiados

pelos educadores entrevistados.

Assim, em termos de objectivos, o Relatório de Progresso (2007:26) destaca a

necessidade de “…demonstrar a diferença entre o bem e o mal (…) desenvolver a

autonomia”

Relativamente às estratégias de desenvolvimento da formação ética, os educadores

referem “…o uso de do lúdico (jogos, histórias, …) o trabalho em grupo e o diálogo

(…) a construção participada de regras, (…) partir do conhecimento dos alunos (…)

apelo à afectividade.” (idem)

De salientar ainda que “O exemplo do professor apenas não é mencionado como

estratégia pelos educadores.” (idem)

Quanto aos contextos em que decorre a formação ética, os educadores mencionam

“…a sala de aula (…) os espaços exteriores à escola…” (idem)

No que respeita aos efeitos da formação ética, os educadores aludem à

“…superação de conflitos, a aquisição de regras de convivência social, a adaptação

dos comportamentos aos contextos e a reflexão sobre situações…” (idem:27)

Em relação à formação dos alunos para a cidadania, o objectivo mais evidente é o

de “…promover a responsabilidade…”(idem)

Quanto aos efeitos da formação para a cidadania referem-se “…à solidariedade

entre alunos, à solidariedade inter-geracional e à auto-confiança…” (idem:28)

Relativamente ás dificuldades sentidas pelos educadores, no que respeita ao

desenvolvimento desta formação, estas relacionam-se com o “…proveniente

desfasamento ente a vida escolar e familiar.” (idem)

Page 28: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

17

Conforme afirma Zabalza (1987, citado por Formosinho e Kishimoto, 2002: 44) “O

aluno da escola infantil é um sujeito não sectorizável. É toda a criança que vai

desenvolvendo o afectivo, o social, o cognitivo, é um todo integrado com uma dinâmica

intensa em que o eixo fundamental de vertebração das sucessivas experiências é o EU e

as relações que, numa relação bipolar de ida e de volta, de influenciar e ser

influenciado, a partir dele se estabelecem com a realidade ambiental”. Para

corresponder a este desafio, o educador tem que se envolver num desempenho marcado

pela profissionalidade, que de acordo com Formosinho e Formosinho, (2000, citado por

Formosinho e Kishimoto, 2002:43) “…diz respeito à acção profissional integrada que

a pessoa da educadora desenvolve junto às crianças e famílias com base nos seus

conhecimentos, competências, sentimentos, assumindo a dimensão moral da profissão”.

Assim, impõe-se com pertinência a necessidade da formação ética dos educadores,

para que o Jardim-de-Infância traduza, em primeira instância, esta dimensão no

ambiente relacional com a criança, mas tendo em conta que esta se desenvolve

igualmente num contexto familiar e social que é necessário atender e respeitar.

A sensibilização a estes aspectos é, em nosso entender, essencial para todos os

parceiros envolvidos no processo educativo, exigindo do educador um papel

dinamizador, capaz de envolver todos os intervenientes, em ordem ao valor inalienável

que é o Bem da criança.

Page 29: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

18

3. O educador como promotor do desenvolvimento moral da criança

A Lei de Bases do Sistema Educativo define no seu artigo 5º da secção dedicada ao

Pré-escolar, entre outros, o seguinte objectivo:

d) Desenvolver a formação moral da criança e o sentido da responsabilidade,

associado ao da liberdade.

Numa análise sobre esta mesma Lei e incidindo neste objectivo, Pedro D’Orey da

Cunha (1994: 60-61) refere que”…a Lei não se satisfaz com a exigência da formação

moral como objectivo da Educação Pré-Escolar, mas indica em que direcção ela deve

ser feita, isto é, no sentido da responsabilidade associado ao da liberdade”. Esta é uma

opção filosófica clara que implica a teoria de que não há autêntica acção moral sem

sentido de responsabilidade e de que não há sentido de responsabilidade sem

liberdade; teoria que exclui uma formação moral repressiva, feita á base de

endoutrinação estrita que se preocupasse apenas com um comportamento pré-

estabelecido sem ligar à intenção e à adesão interior.”

Daqui decorre a necessidade dos valores como a responsabilidade e a liberdade se

encontrarem em primeira instância, firmados na profissionalidade do educador, pois só

deste modo poderão emergir da sua prática e alicerçar a formação das crianças nesse

sentido, de forma natural e contextualizada na diversidade de situações do acto

pedagógico.

Neste contexto, destacamos Ryan (1987) (cit. in D’Orey da Cunha, 1996: 38-39)

que defende a necessidade do professor enquanto educador moral, desenvolver as

seguintes competências específicas:

Page 30: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

19

1 - Saber aceitar-se como modelo: constitui uma competência à qual nenhum

educador se pode furtar, porque surge associada à necessidade da criança se referenciar

em termos do seu próprio comportamento. A importância do educador como modelo é

uma referência corrente na literatura educacional e a nossa prática pedagógica também o

confirma.

Assim sendo, os educadores deverão estar absolutamente conscientes deste facto

que, por seu lado, lhes coloca o desafio de se questionarem sobre que virtudes ou

comportamentos devem assumir, enquanto modelos para os seus alunos.

A reflexão sobre esta questão, deverá induzir o educador a articular este papel que

os alunos lhe conferem, com a responsabilidade de os apoiar no seu crescimento moral,

o que implica o aceitar-se como modelo que de facto é, e encontrar a melhor postura

para o demonstrar.

2 – Saber comprometer-se com o domínio moral: implica uma sensibilização e

atenção do educador, direccionadas para o domínio moral, de forma a saber aproveitar

as oportunidades que o quotidiano escolar oferece, com o objectivo de promover a

consciência moral dos alunos. De facto, a análise e reflexão de situações

contextualizadas na prática diária, ajuda a criança a protagonizar soluções, que o

educador deverá saber gerir em função dos valores que considera importantes

desenvolver, face à especificidade das ocorrências.

3-Saber argumentar moralmente e assistir ao aluno neste processo: pressupõe que

o educador definiu para si próprio princípios e critérios de juízo moral e como tal,

deverá atender aos estádios de desenvolvimento destas competências nos seus alunos,

Page 31: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

20

para que a sua actuação se oriente por uma linha condutora coerente, construtora de

aprendizagens neste domínio.

Para tal, o educador deverá ser um observador atento e saber gerir a sua intervenção

na resolução de situações problemáticas, atendendo às características específicas da

criança pequena. Esta apresenta uma maior dependência em relação ao adulto,

nomeadamente ao nível do apoio aos cuidados físicos e psicológicos, que a colocam

numa situação de vulnerabilidade.

Conforme afirma Formosinho e Kishimoto (2002:45), “A criança aparece como

pequena, débil, desprovida de poder contratual, incapaz de proceder por sim mesma,

isto é, imatura (…) por isso não pode ser responsabilizada socialmente pelos seus

actos”.

Desta forma, cabe ao educador apoiá-la, firmado numa conduta de ética pessoal e

profissional, que permita á criança criar pontos de referência, que contribuam para o seu

desenvolvimento moral.

4- Saber exprimir a sua visão moral: parece-nos que podemos traduzir esta

competência pelos princípios de liberdade e responsabilidade defendidos na Lei de

Bases do Sistema Educativo relativamente ao Pré-Escolar, pelo facto do educador dever

saber assumir responsável e livremente os princípios e valores morais que privilegia, à

margem de falsas neutralidades, mas dever igualmente promover a liberdade, no sentido

de saber ouvir os alunos e incentivar o diálogo e a cooperação, na resolução de situações

decorrentes do quotidiano.

5- Saber promover a empatia: esta constitui uma das bases afectivas da vida moral,

com maior relevo no contexto de Jardim-de-Infância, pelo facto da criança desta faixa

Page 32: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

21

etária manifestar, para além de outras, necessidades afectivas e emocionais que o

educador de modo algum deverá descurar.

Constitui naturalmente um processo contínuo, que a própria criança como ser

eminentemente afectivo reclama e a que o educador deverá estar permanentemente

atento.

6-Saber promover o clima moral da classe: esta competência relacionada com a

organização de espaços e tempos para a resolução de situações que envolvem o conceito

de justiça e as formas de a aplicar, encontra paralelo no Jardim-de-infância, no que é

designado pela organização do ambiente educativo. Tal consiste na criação de espaços e

tempos, destinados às actividades pedagógicas do quotidiano, nas quais se incluem

momentos de discussão em grupo, em busca de soluções concertadas para a resolução

de conflitos e de sugestões para a construção da dinâmica de funcionamento do Jardim.

7- Saber envolver os alunos na acção moral: a acção reforça o desenvolvimento do

comportamento moral que se pretende desenvolver nos alunos.

Assim, parece consensual a necessidade de proporcionar aos alunos, actividades nas

quais estes possam evidenciar as qualidades morais que lhes permitam uma melhor e

mais plena integração na sociedade, de forma activa.

No Jardim-de-infância, a demonstração de tais qualidades, deverá ser acompanhada

de reforços positivos, de forma a estimular o gosto e o interesse pela participação em

tais actividades, que por vezes se estendem a oportunidades de interagir com a

comunidade.

Page 33: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

22

Consideramos que todas estas competências constituem um importante suporte para

a actuação de qualquer docente enquanto educador moral, e como tal, procurámos

analisá-las à luz do que entendemos ser a sua contextualização em Jardim-de-Infância.

No entanto, ressalvamos que a responsabilidade pela formação moral da criança

não é exclusiva do educador. Este deverá procurar implicar neste processo as famílias,

cuja tendência actual é a de se distanciarem das suas funções educativas tradicionais.

(Estrela, 1999: 27)

Todavia, mercê de circunstâncias várias, o educador reúne condições específicas e

particulares que lhe concedem um papel privilegiado neste domínio.

Para além da sua formação profissional, que o deverá habilitar para este

desempenho, é também o adulto que mais tempo permanece com a criança diariamente.

Por outro lado, face às características das faixas etárias dos educandos, que os

tornam dependentes do adulto e permeáveis à influência deste, o educador não pode,

como já referimos, furtar-se a esta função que está presente em todo o acto educativo.

No entanto, para além das competências pedagógicas e relacionais já enunciadas

que o educador deve promover, reflectidas na forma como se relaciona com as crianças,

destacamos igualmente o seu papel de agente ético, traduzido na postura que assume

face aos adultos que se movem no contexto da interacção educativa e da qual a criança

quando não é actor principal, é sempre um espectador atento.

Nesta perspectiva, Formosinho e Kishimoto (2002:47), referindo-se á

profissionalidade docente das educadoras, considera que esta “… é baseada numa rede

de interacções alargadas. As relações e interacções que se requerem das educadoras de

infância a vários níveis, são responsáveis pelo âmbito alargado do seu papel”.

Assim, considerando que o desempenho ético das educadoras, constituiu um dos

traços da sua profissionalidade, o mesmo não se cinge apenas á relação com o seu grupo

Page 34: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

23

de crianças, mas alarga-se a todos os intervenientes do processo educativo, conferindo-

lhe uma maior abrangência de funções e responsabilidades.

Desta conjuntura decorre a necessidade imperativa de formar educadores

eticamente orientados.

4. Da necessidade de superação de uma antinomia entre uma ética do

cuidado e uma ética da justiça

A Educação Pré-Escolar apresenta especificidades que a distinguem dos restantes

graus de ensino, nomeadamente, o período de desenvolvimento da criança, a sua

vulnerabilidade, bem como a sua dependência do adulto ao nível das suas necessidades

físicas, psicológicas, emocionais e afectivas.

De facto, conforme afirma Formosinho e Kishimoto (2002:47), “Há assim na

educação de infância uma interligação profunda entre educação e “cuidados”, entre

função pedagógica e função de cuidados e custódia, o que alarga naturalmente o papel

da educadora por comparação com os dos professores de outros níveis educativos”.

Nesta medida, consideramos de grande responsabilidade a função pedagógica e

social atribuída ao educador, destacando a necessidade de criar no Jardim-de-Infância

um ambiente facilitador do desenvolvimento global e harmonioso de cada criança e do

grupo.

Vasconcelos (2004:119) apresenta como proposta uma ética do cuidado, que se

traduz “na melhor tomada de decisão em circunstâncias especificas…” no sentido em

que atende á individualidade do sujeito e à circunstancialidade da situação moral.

A ética do cuidado, ou ética do caring originalmente defendida por Carol Gilligan

e Ned Noddigns, (citadas por Seiça, 2003:65) promove a relação empática numa atitude

Page 35: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

24

de descentração de si mesmo, para se concentrar no outro, numa perspectiva de cuidado,

atenção e preocupação com ele, como se de si próprio se tratasse.

Neste sentido, facilmente se compreende a importância de promover, como base

para o desenvolvimento moral da criança, a ética do cuidado.

Além disso, a relação que o educador estabelece com as crianças, influencia de

forma determinante o comportamento destas, no seu relacionamento umas com as

outras.

Assim, é essencial que o educador tenha presente o seu papel de figura de

referência junto das crianças, e invista numa forma de relação que privilegie uma ética

de cuidado e atenção redobrados, pelo facto da criança pequena não saber verbalizar

sentimentos e até situações, que por vezes só com base na observação atenta e cuidada,

é possível compreender e descodificar nos seus comportamentos.

Assim sendo, subscrevemos a perspectiva de Noddings (1992, citada por Galveias

1997:45) que “defende a criação de escolas e salas de aula como círculos de cuidado,

cujo objectivo é potencializar e enriquecer aquilo que cada um tem de melhor, no

âmbito de uma comunidade que se esforça por dar relevo, cada vez mais a uma ética

relacional, alicerçada num relacionamento profundo entre professores e alunos.

Por outro lado, o educador deverá igualmente ter presente que o processo de

desenvolvimento das crianças pequenas implica o confronto com o outro, num percurso

que as leva do egocentrismo á capacidade de reconhecer os interesses das demais.

Este percurso não se faz à margem de conflitos, exigindo do educador uma

estrutura moral firmada numa ética de justiça, próxima do conceito de “comunidade

justa”, defendido por Kohlberg.

Page 36: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

25

Este conceito baseia-se na sua teoria de desenvolvimento moral, e nasce da

necessidade de criar nas escolas uma atmosfera moral, caracterizada pela justiça,

igualdade e sentido de comunidade, isto é, assente no respeito pela vida colectiva.

Para tal, o professor deverá, de acordo com Lourenço, O. (1995:29), promover a

discussão de problemas “no sentido da procura do melhor argumento ou da solução

mais justa” e os membros da escola obrigam-se a seguir a decisão tomada.

Em Jardim-de-infância, a participação activa das crianças na resolução de

problemas, nomeadamente de índole relacional entre elas, implica-as num processo de

raciocínio moral que lhe confere maturidade.

Cabe ao educador, como principal condutor deste processo, saber gerir esta ética de

justiça, devidamente entrosada numa ética de cuidado, conforme atesta Estrela (1999:

28). “…é preciso que haja da parte do educador a preocupação pela constituição no

Jardim-de-infância, de uma “comunidade justa” que assente num equilíbrio nem

sempre fácil entre uma ética do cuidado (care), atenta ás necessidades de cada um, e

uma ética do dever ou da justiça, baseada em princípios gerais.”

Para conseguir este equilíbrio, é necessário, segundo a mesma autora, que o

educador “tenha atingido um estádio avançado de desenvolvimento moral” que lhe

permita avaliar pontos de vista, capazes de integrar perspectivas gerais, particulares e

universais,” conforme defendido por Lourenço (1993, citado por Estrela, 1999: 28).

Assim, se ultrapassa a antinomia tantas vezes salientada, entre a ética orientada para

o cuidado e compaixão e a ética orientada para a justiça, virtude por excelência na

perspectiva de Kolhberg.

Daqui decorre a necessidade da formação inicial do educador ser devidamente

alicerçada na construção de um pensar ético.

Page 37: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

26

CAPÍTULO II – Formação inicial de professores e formação ética

1. Enquadramento legal da formação inicial dos professores

As estruturas governamentais reconhecendo a importância da formação docente

para um melhor desempenho profissional, criaram um conjunto de dispositivos legais,

destinados a regulamentar a formação inicial de professores/educadores, de entre os

quais destacamos:

- A Lei de Bases do Sistema Educativo, já anteriormente citada, no Capítulo IV,

artigo 33 º, faz referência aos Princípios Gerais Sobre a Formação de Educadores e

Professores, conforme se pode ler:

“1 – A formação inicial assenta nos seguintes princípios:

a) Formação inicial de nível superior, proporcionando aos educadores e

professores de todos os níveis de educação e ensino, a informação, os métodos e as

técnicas científicas e pedagógicas de base, bem como a formação pessoal e social

adequadas ao exercício da função;

b) Formação contínua que complemente e actualize a formação inicial numa

perspectiva de educação permanente;

c) Formação flexível que permita a reconversão e mobilidade dos educadores e

professores dos diferentes níveis de educação e ensino, nomeadamente o necessário

complemento de formação profissional;

d) Formação integrada quer no plano da preparação científico-pedagógica quer

no da articulação teórico-prática;

e) Formação assente em práticas metodológicas afins das que o educador e o

professor vierem a utilizar na prática pedagógica;

Page 38: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

27

f) Formação que, em referência à realidade social, estimule um atitude

simultaneamente crítica e actuante;

g) Formação que favoreça e estimule a inovação e a investigação, nomeadamente

em relação com a actividade educativa;

h) Formação participada que conduza a uma prática reflexiva e continuada de

auto-informação e auto-aprendizagem.

2 – A orientação e as actividades pedagógicas na educação pré-escolar são

asseguradas por educadores de infância, sendo a docência em todos os níveis e ciclos

de ensino assegurada por professores detentores de diploma que certifique a formação

profissional específica com que se encontram devidamente habilitados para o efeito”.

Baseada nestes princípios, a legislação mais recente sobre formação inicial de

professores e educadores, surge promulgada no Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de

Fevereiro, contendo uma revogação significativa de diversos artigos constantes no

Decreto-Lei nº 344//89 de 11 de Outubro, correspondente ao Ordenamento jurídico da

formação.

Assim, destacamos alguns aspectos essenciais, introduzidos pelo o novo Decreto-

Lei, que passamos a citar:

“Na delimitação dos domínios de habilitação para a docência privilegia-se, neste

novo sistema, uma maior abrangência de níveis e ciclos de ensino, a fim de tornar

possível a mobilidade dos docentes entre os mesmos”.

Esta mobilidade é justificada por um maior acompanhamento dos alunos pelos

mesmos professores, e durante um período mais longo, assim como pela flexibilização

da gestão dos recursos humanos e do percurso profissional. Deste modo, e continuando

a citar “É neste contexto que se promove o alargamento dos domínios de habilitação do

Page 39: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

28

docente generalista que passam a incluir a habilitação conjunta para a educação pré-

escolar e para o 1º ciclo do ensino básico ou a habilitação conjunta para os 1º e 2º

ciclos do ensino básico”.

Ainda de acordo com este Decreto-Lei, a habilitação profissional para a docência

generalista implica a qualificação através de uma licenciatura em Educação básica,

“comum a quatro domínios possíveis de habilitação nestes níveis e ciclos de educação e

ensino, e de um subsequente mestrado em Ensino, num destes domínios.”

O mesmo decreto-lei defende igualmente que este novo sistema de habilitação para

a docência, valoriza especialmente a dimensão do conhecimento disciplinar, a

fundamentação da prática pedagógica na investigação e a iniciação à prática

profissional. É ainda exigido o domínio oral e escrito da língua portuguesa, para a

qualificação de todos os professores e educadores.

Salientamos ainda o propósito deste decreto-lei enfatizar a área das metodologias

de investigação educacional, com o objectivo de promover o desempenho de

professores e educadores, de forma que este seja “cada vez menos (…) um mero

funcionário ou técnico e cada vez mais o de um profissional capaz de se adaptar ás

características e desafios das situações singulares em função das especificidades dos

alunos e dos contextos escolares e sociais”.

Sem pretendermos desvalorizar este nobre objectivo, antes pelo contrário, saudando

a importância reconhecida ás metodologias de investigação educacional na formação

inicial, conforme legislado, pensamos no entanto que, a imagem de técnico ou

funcionário a que se pretende reduzir a docência até ao momento actual, põe em causa o

esforço de muitos docentes. Isto porque mesmo sem esta indispensável área disciplinar

na sua formação inicial, estes se confrontaram com os desafios das “situações

singulares (…) da singularidade dos alunos (…) dos contextos escolares e sociais” ao

Page 40: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

29

longo de anos e muitas vezes sem as condições de trabalho essenciais, sem os

conhecimentos e apoios necessários para os enfrentar. No entanto, não baixaram os

braços e continuaram a buscar informação e formação, a investir na construção

partilhada de saberes e experiências, a envolver-se de forma dedicada na profissão,

dando o seu melhor em prol dos seus alunos. A docência já tinha destes profissionais,

antes de se produzir este decreto-lei, mas congratulamo-nos uma vez mais com a

relevância que é atribuída às metodologias de investigação na formação inicial, que na

nossa óptica só peca por ser tardia.

No seguimento da análise do mesmo decreto-lei, encontramos no Capítulo III,

artigo 7º, os objectivos da formação, que pretendem assegurar “a prossecução de

aprendizagens exigidas pelo desempenho docente e pelo desenvolvimento profissional

ao longo da carreira”, tendo em conta:

a) Os perfis gerais e específicos de desempenho profissional;

b) As orientações ou planos curriculares da educação básica ou do ensino

secundário, conforme os casos;

c) As orientações de política educativa nacional;

d) As condições socioeconómicas e as mudanças emergentes na sociedade, na

escola, e no papel do professor, a evolução científica e tecnológica e os

contributos relevantes da investigação educacional”.

Relativamente às componentes de formação, referidas ainda no Capítulo III, mas

agora no artigo 14º., são as seguintes:

a) Formação educacional geral;

b) Didácticas específicas;

c) Iniciação à prática profissional;

d) Formação social, cultural e ética;

Page 41: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

30

e) Formação em metodologias de investigação educacional

f) Formação na área da docência.

O decreto-lei em análise, passa de seguida a explicitar os conteúdos de cada

componente, mas que não serão aqui apresentados, para evitar alguma exaustividade.

No entanto, tratando-se de um estudo sobre a formação ética, aludiremos ao ponto

5, do artigo 14º, que atribui à componente de formação cultural, social e ética os

seguintes conteúdos:

a) A sensibilização para os grandes problemas do mundo contemporâneo;

b) O alargamento a áreas do saber e culturas diferentes das do seu domínio de

habilitação para a docência;

c) A preparação para as áreas curriculares não disciplinares e a reflexão sobre

as dimensões ética e cívica da actividade docente.

Outro documento legislativo, relacionado com a formação inicial de professores, já

referenciado no decreto-lei que anteriormente enunciámos, é o Perfil Geral de

Desempenho dos Educadores de Infância e Professores dos Ensinos Básico e

Secundário..

Este documento constitui um quadro orientador para a organização dos cursos de

formação inicial, de educadores e professores dos Ensinos básicos e Secundário, a

certificação da correspondente qualificação profissional e a acreditação desses cursos

nos termos legais. Inclui um conjunto de referenciais comuns, que deverão constar da

organização dos projectos da respectiva formação, direccionada para diversas

dimensões, a saber:

- Dimensão profissional, social e ética;

Page 42: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

31

- Dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem;

- Dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade;

- Dimensão do desenvolvimento profissional ao longo da vida.

Para cada uma destas dimensões foi definido um conjunto de alíneas, destinadas a

especificar os conteúdos a desenvolver.

Outro documento decisivo para a formação inicial dos docentes é o Estatuto da

Carreira Docente, na sua mais recente alteração, baseada no Decreto-lei já

anteriormente referido, que no Capítulo III, Artigo 13º, ponto 2, define que a formação

inicial tem por objectivo a aquisição de competências e conhecimentos científicos,

técnicos e pedagógicos de base para o desempenho da docência, nas dimensões

seguintes:

- Profissional e ética;

- Desenvolvimento de ensino e aprendizagem;

- Participação na escola e na relação com a comunidade;

- Desenvolvimento profissional ao longo da vida.

A par destas medidas legislativas, direccionadas para a qualificação de profissionais

habilitados para a docência na Educação e Ensino Básico e Secundário, as estruturas

governamentais dedicaram a partir de 1997 uma especial atenção à Educação Pré-

Escolar, através da criação da Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar, Lei nº5/97 de 10 de

Fevereiro, que no Capítulo II, artigo 2º, apresenta o seguinte princípio geral:

“A educação pré-escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de

educação ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, com a

qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o

Page 43: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

32

desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na

sociedade como ser autónomo, livre e solidário”.

Com base neste princípio, foram definidos os objectivos pedagógicos que se

seguem:

a) Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em

experiências de vida democrática numa perspectiva de educação para

cidadania;

b) Fomentar a inserção de criança em grupos sociais diversos, no respeito pela

pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva consciência como

membro da sociedade;

c) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o

sucesso da aprendizagem;

d) Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas

características individuais, incutindo comportamentos que favoreçam

aprendizagens significativas e diferenciadas;

e) Desenvolver a expressão e a comunicação através de linguagens múltiplas

como meios de relação, de informação, de sensibilização estética e

compreensão do mundo;

f) Despertar a curiosidade e o pensamento crítico;

g) Proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e de segurança, nomeadamente

no âmbito da saúde individual e colectiva;

h) Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências ou precocidades e

promover a melhor orientação e encaminhamento da criança;

i) Incentivar a participação das famílias no processo educativo e estabelecer

relações de efectiva colaboração com a comunidade.”

Page 44: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

33

Importa ainda salientar que a Lei-Quadro foi seguidamente regulamentada através

do Decreto-lei nº147/97 de 11 de Junho e de uma série de Despachos, Despachos

conjuntos e uma Portaria, que na sua totalidade constituem o ordenamento jurídico da

educação pré-escolar.

Destas medidas legislativas, destacamos as Orientações Curriculares para a

Educação Pré-Escolar, já anteriormente referenciadas, que impulsionaram o educador

para uma maior responsabilidade no seu desempenho.

Segundo Vasconcelos (1997:13) as Orientações Curriculares “constituem uma

referência comum para todos os educadores (…) e destinam-se à organização da

componente educativa”. Esta assenta na organização do ambiente educativo e na

exploração das seguintes áreas de conteúdo:

- Área de formação pessoal e social;

- Área de Expressão /Comunicação, que inclui três domínios:

Domínio das expressões (expressão motora, dramática, plástica e

musical)

Domínio da linguagem e abordagem à escrita;

Domínio da matemática.

- Área de Conhecimento do Mundo.

Por sua vez, a exploração destas áreas de conteúdo, deverá considerar:

- A continuidade educativa, que constitui um processo que parte do que a criança já

sabe, para criar condições que facilitem o sucesso das aprendizagens seguintes;

- A intencionalidade educativa, que implica um processo reflexivo de

observação/planificação/acção e avaliação a cargo do educador, com o objectivo de

adequar a prática pedagógica às necessidades das crianças:

Page 45: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

34

Este modo de olhar a Educação Pré-Escolar, veio sensibilizar para a importância da

atenção e cuidados que se devem à infância e valorizar a profissão, até aqui muitas

vezes confundida como um entretenimento das crianças ou reduzida a uma

escolarização antecipada.

Este ordenamento jurídico da educação pré-escolar reflectiu-se na formação inicial

dos futuros educadores, que deverá ter igualmente em conta o Perfil Específico dos

Educadores de Infância. Este documento determina os aspectos que o educador deverá

desenvolver, nomeadamente:

- Concepção e desenvolvimento do currículo;

- Integração do currículo.

A cada uma destas dimensões corresponde um conjunto orientações, traduzidas em

alíneas que especificam como aquelas deverão ser implementadas.

Seguidamente, iremos debruçar-nos sobre a formação inicial dos educadores

incidindo apenas sobre a dimensão ética, por ser o objectivo do nosso estudo e por

entendermos ser esta dimensão o alicerce fundamental, que contribui para o

cumprimento do princípio geral preconizado para a Educação Pré-Escolar, conforme já

referenciado na Lei-Quadro deste nível de ensino.

No entanto, pensamos ser oportuno considerar primeiramente o que se entende por

formação, na óptica de vários autores.

Page 46: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

35

2. Conceito de formação de professores

O conceito de formação tem sido objecto de diferentes análises, originando

diferentes perspectivas.

Garcia (1999: 19) entende este conceito “…como uma função social de transmissão

de saberes, de saber-fazer ou do saber-ser que se exerce em benefício do sistema

socioeconómico, ou da cultura dominante”

Neste sentido, a formação apresenta-se directamente relacionada com a aquisição

de saberes específicos, destinados a satisfazer necessidades determinadas pelo sistema

social e cultural vigente.

O mesmo autor considera também a formação “…como um processo de

desenvolvimento e estruturação da pessoa que se realiza com o duplo efeito de uma

maturação interna e de possibilidades de aprendizagem, de experiências do sujeito.”

(1999: 19)

Neste caso, a formação centra-se no desenvolvimento pessoal do sujeito, conforme

referenciado também por outros autores como Zabalza (1990a:201) e Ferry (1991:43)

citados por Garcia (1999:19).

De acordo com Ferry, (1991, cit. in Garcia, 1999: 19) a formação assume-se ainda

como instituição quando se reporta à estrutura que organiza, planifica e desenvolve

actividades de formação.

Perspectivado deste modo, o conceito de formação pode ser construído a partir de

diferentes ângulos, abrangendo aspectos como os conteúdos, o sujeito e as instituições

de formação.

Por seu lado, Debesse (1982, citado por Garcia, (1999:19-20) distingue diversos

processos de formação, tendo o sujeito por referência.

Page 47: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

36

Assim, este autor designa por autoformação aquela em que o sujeito domina os

objectivos, os processos, os instrumentos e os resultados da sua própria formação.

Quanto à heteroformação considera-a exterior ao sujeito, sendo organizada e

desenvolvida por especialistas.

Por último, a interformação relaciona-se com a acção educativa que ocorre entre

futuros professores, ou entre professores e baseia-se num trabalho de equipa, cunhado

pelo carácter pedagógico.

Este processo de formação distingue-se dos dois anteriores pelo facto de se dirigir

especificamente à formação de professores, num contexto de trabalho de equipa.

O conceito de formação de professores, também tem sido perspectivado por

diversos autores.

Das pesquisas efectuadas destacamos o conceito de Medina e Dominguez (1989:87,

citado por Garcia, 1999:23) que consideram a formação de professores como “… a

preparação e emancipação profissional do docente para realizar crítica, reflexiva e

eficazmente um estilo de ensino que promova uma aprendizagem significativa nos

alunos e consiga um pensamento-acção inovador, trabalhando em equipa com os

colegas para desenvolver um projecto educativo comum.”

Este conceito percorre assim os aspectos que entendemos essenciais na formação de

professores, a saber, o conhecimento profissional, o pensamento reflexivo em ordem ao

qual o professor estrutura a sua acção, os processos que desenvolve de forma a

promover as aprendizagens dos alunos e o trabalho de equipa como meio de produção

de conhecimento inovador, tendo por alvo a realização de um projecto educativo.

Numa perspectiva mais específica, centrada na formação inicial de educadores,

Cardona (2006: 39) considera-a “… a primeira etapa da sua preparação formal” sendo

que neste período ganham particular relevo as situações de auto e hetero-formação, na

Page 48: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

37

medida em que os formandos são portadores de experiências pessoais e vivências

escolares que influenciam a forma de pensar e encarar a educação e a infância e que se

reflectem no seu processo formativo.

Por outro lado, a mesma autora destaca também a importância da formação inicial

como “primeira etapa do processo de socialização e desenvolvimento profissional.”

(2006:39)

Reflectindo esta importância, são amplos os estudos desenvolvidos por

investigadores que apontam paradigmas, orientações conceptuais e modelos, com o

nobre objectivo de contribuir para a construção da complexa e multifacetada profissão

docente.

Neste contexto, destacamos o Paradigma da Formação de Professores defendido

por Zeichner (1983, citado por Garcia, M., 1999: 30)) definido como “…uma matriz de

crenças e pressupostos acerca da natureza e propósitos da escola, do ensino, dos

professores e da sua formação, que dão características específicas à formação de

professores”. (

Por seu lado, Fieman-Nemser (1990:220, citado por Garcia, M. 1999: 30) considera

a designação de Orientações Conceptuais, definindo-a como “…um conjunto de ideias

acerca das metas da Formação de professores e dos meios para as alcançar”, o que

pressupõe “… uma concepção do ensino e da aprendizagem e uma teoria acerca do

aprender a ensinar”.

Relativamente ao conceito de Modelo de Ensino, explicitado por R. Marques

(1999:149), este autor apresenta-o como “Conjunto articulado e coerente de teorias,

métodos e técnicas de ensino, partindo de um quadro filosófico, psicológico e

pedagógico, comum (…) pressupõe uma coerência lógica entre as finalidades da

educação, as metodologias, as técnicas e os instrumentos de avaliação”.

Page 49: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

38

Todas estas concepções apontam, em nosso entender, para um objectivo comum: o

de destacar a necessidade de revestir a formação de professores da especificidade que

lhe é característica, isto é, formar profissionais participantes na construção da sua

profissão, de uma forma consciente e assente em bases científicas.

Destacamos ainda que esta breve referência ao modo como alguns investigadores se

pronunciam sobre a definição das bases conceptuais da formação de professores, serve

apenas para ilustrar a sua preocupação neste domínio. Ficam por referir inúmeros outros

investigadores, bem como diferentes propostas de formação, de uma forma mais

específica e concreta, de acordo com a perspectiva em que cada um se situa.

A título de exemplo, referiremos apenas alguns modelos de formação apontados por

Joyce e Perlber (1975, 1979, citados por Garcia,.M. 1999: 31) tais como:

- O modelo tradicional que se caracteriza pela separação entre a teoria e a prática,

baseado num currículo centrado nas disciplinas;

- Movimento de orientação social, influenciado pelo trabalho de Dewey, que

assenta numa perspectiva construtivista do conhecimento e é direccionado para a

resolução de problemas;

- Movimento de orientação académica, que considera o professor como especialista

das matérias disciplinares e através da transmissão de conhecimentos científicos e

culturais, procura formar professores numa área especializada, orientada para o

domínio, dos conceitos e da estrutura disciplinar em que ele mesmo é especialista.

- Movimento de reforma personalista que considera a formação de professores

como um meio de promover o desenvolvimento pessoal, profissional e relacional dos

professores em formação, salientando a importância dos aspectos afectivos e da

personalidade, que se pretendem reflectidos na boa relação com os alunos. Resta

acrescentar que, segundo o nosso ponto de vista, estas e outras concepções deverão ser

Page 50: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

39

analisadas e reflectidas, á luz da sua aplicabilidade, pois a especificidade da profissão

docente relaciona-se com o facto de ter como objecto de trabalho, o ser humano e o

contexto em que este se insere, sendo indispensável atender à sua complexidade e à

diversidade de situações com que a docência nos confronta.

3. Da necessidade de formar professores/educadores eticamente orientados

“Falar de ética na formação remete-nos para a questão de saber como se forma

uma consciência ética. Mais do que ensinar princípios deontológicos, põe-se a questão

do como formar para a decisão ética”. (Machado, 2005:130)

A questão é pertinente, na medida em que a mesma autora relaciona a ética, com o

poder de decidir em que consiste uma boa escolha, face à multiplicidade de

circunstâncias com que o quotidiano nos confronta.

Esta é uma realidade que implica, em primeira instância, o reconhecimento de saber

quem somos e o que queremos ser, em suma, de assumir conscientemente o nosso

desenvolvimento pessoal.

Segundo a mesma autora, as decisões nascem da escolha individual, assente naquilo

que cada um entende como “o que deve ser feito,” e este sentido de dever, passa a

determinar a vontade de o fazer.

Mas a ética não se situa num plano absolutamente pessoal. Ela encontra a sua

justificação na relação com o outro, também ele detentor de princípios que determinam

as suas escolhas e enformam a sua vontade.

Deste modo, subscrevemos a perspectiva de Machado, (2005:131) ao afirmar que

“…educar para a ética é acompanhar o outro na subida do monte, sendo o professor

alguém que faz caminho com o outro, procurando criar as condições para que ele

Page 51: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

40

possa ir vendo, descobrindo, descobrindo-se, numa dialéctica em que o pensamento e o

afecto se entrelaçam.”

Daqui decorre a necessidade da formação ética assentar num processo de

construção partilhada, em que o professor assumindo com autenticidade aquilo que é e

investindo na qualidade da relação que estabelece com o aluno, o incita à descoberta de

si próprio e daquilo que quer ser.

Assim, não sendo propriamente um modelo que o aluno deverá taxativamente

imitar, sob pena de se negar a si próprio ao invés de se descobrir, Teresa Estrela,

(1991:586) defende que o professor, deve saber “…conjugar a moralidade interior com

a moralidade exterior” traduzida na autenticidade e coerência de pensamentos,

sentimentos e conduta.

Nesta perspectiva, consideramos a vertente ética uma característica essencial da

identidade profissional, que cada docente deverá construir ao longo do seu percurso.

Naturalmente que cada um de nós é dono de um património ético e moral, herdado

do seu ambiente familiar e social. No entanto, a função docente, pelas suas

características de formação e relação com o outro, assentes num padrão de desigualdade

de poder, nomeadamente no que respeita à relação professor-aluno e na

responsabilidade do professor como formador, pressupõe um desempenho ético que

deverá ser promovido desde a formação inicial.

Assim, importa saber que princípios orientadores subjazem a tal formação.

De acordo com Estrela, T. (2008) tais princípios derivam da reflexão de diversos

autores sobre sistemas de pensamento de filósofos, (Aristóteles, Buber, Ricoeur e Jonas)

que aqueles pretendem transpor para o âmbito da formação de professores.

Segundo a mesma autora, também no campo da Psicologia, autores como Kohlberg,

preconizando uma linha de orientação baseada no conceito de justiça, de que é apanágio

Page 52: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

41

a criação da Comunidade Justa, e Gilligan contrapondo esta posição, com a necessidade

de uma ética de cuidado, têm influenciado princípios e práticas de formação.

Assim, a complexidade desta temática é, conforme afirma Estrela, (2008:15)

“…susceptível de múltiplas abordagens disciplinares (…) abordagens ecléticas (…) e

tentativas de sínteses sempre difíceis e, por vezes, logicamente contraditórias”.

Quanto ás estratégias de formação, Estrela, (idem:15) considera que as mesmas

traduzem igualmente a diversidade de princípios existentes, mas os seus resultados na

prática têm sido pouco validados pela investigação.

No entanto, das diversas estratégias, apoiadas na literatura inglesa e analisadas por

Estrela (1991), considerámos importante referenciar as que se seguem, no intuito de

compreender o contributo de estudiosos e investigadores, para a formação ética dos

professores.

4. Estratégias de formação de desenvolvimento moral na formação inicial

Assim, começamos por abordar:

-Estratégias tradicionais de base intelectualista:

Consistem na integração da disciplina de ética no plano de estudos do curso de

formação inicial, e abordam os conceitos de ética, baseados no pensamento histórico

dos grandes filósofos. Neste caso, privilegia-se a cultura intelectual como meio de

promoção da formação do carácter.

Esta estratégia possibilita a tomada de consciência dos problemas éticos de âmbito

geral, mas não isenta do perigo do relativismo resultante da análise de diferentes

perspectivas filosóficas, podendo deste modo contrariar os objectivos da formação em

causa.

Page 53: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

42

Nesta medida, Estrela (1991: 587) alerta a para a necessidade da reflexão ética

abranger também os problemas concretos da realidade escolar que, segundo nos parece,

se tornará mais eficaz, uma vez que prepara o futuro docente para as reais dificuldades

que irá enfrentar.

Estratégias de tipo pragmático:

Centram-se no estudo de programas de deontologia, baseados na discussão e análise

do código deontológico adoptado, aplicado a situações práticas, reais ou simuladas, do

contexto profissional .(Risk, 1984, citado por Estrela, 1991: 587)

Neste tipo de formação, o professor aprende a reflectir sobre a aplicação às

situações, das normas deontológicas, privilegiando-se a construção de uma moral

profissional e secundarizando a preocupação com a formação da pessoa moral do

professor.

No entanto, como defende Jonas Soltes, (1986, citado por Estrela 1991:587), a

reflexão sobre o código deontológico não responde a todas as necessidades de formação

moral do professor, porque a docência é marcada por uma multiplicidade e diversidade

de situações, que nenhum código pode prever na totalidade.

Por este motivo, uma formação dirigida essencialmente para a reflexão em termos

deontológicos, distancia-se da sensibilização necessária á formação do professor como

pessoal moral, que o habilitaria para a decisão moral, no contexto muitas vezes

imprevisível do acto pedagógico.

-Estratégias inspiradas directamente em correntes cognitivas de desenvolvimento

moral:

Page 54: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

43

Têm por objectivo o treino de competências direccionadas para o raciocínio e

deliberação moral.

Nesta perspectiva destacam-se os trabalhos baseados em Kohlberg e na análise de

dilemas morais, aos quais o professor em formação procurará dar resposta, atendendo às

diferentes soluções que lhe são propostas.

Ainda no âmbito deste tipo de estratégias, salienta-se o treino da negociação moral,

em conformidade com o programa de G. Reagan, (citado por Estrela, 1991: 587) que

privilegia a capacidade de argumentação moral, bem como a avaliação dos argumentos

apresentados.

Por seu lado, autores como Liston e Zeichner (idem: 587), centram-se na

deliberação moral, com o objectivo de preparar o professor para identificar e definir

alternativas de acção, atendendo a princípios inscritos numa ética do dever e numa ética

da virtude.

Reconhecendo a importância do treino de competências, parece-nos no entanto que

este tipo de estratégias, embora promova o desenvolvimento do raciocínio moral do

professor, corre o risco de ficar aquém das suas necessidades de formação, face ao

confronto com a realidade, a menos que as situações analisadas nasçam das dificuldades

reais sentidas pelos próprios professores e que estes possam evidenciar claramente e pôr

em discussão, os princípios e valores pelos quais se regem.

Estratégias mistas:

Resultam da combinação de diferentes estratégias, com o objectivo de articular a

reflexão teórica com a prática.

Page 55: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

44

Deste modo, baseiam-se em estudos de caso provenientes de situações escolares

reais, que colocam problemas morais, analisados á luz de conceitos como a

imparcialidade, a justiça e o respeito pela pessoa.

Procura-se assim, estimular a consciência moral do professor, preparando-o para o

treino do diagnóstico ético e do juízo moral. (Soltes, 1986)

Deste modo, cremos que tais estratégias, centradas na reflexão ética e na sua

aplicação á prática, habilitam o professor para a avaliação e decisão das situações de

carácter moral, que o acto pedagógico lhe impõe.

Correntes ligadas ao movimento de clarificação de valores:

O Movimento de Clarificação de Valores, baseado em autores como Raths,

Harmim e Simon (1966, citado por Estrela, 1991:588) preconiza a descoberta de valores

pelos alunos, à margem da imposição do professor, sendo este apenas o facilitador e

estimulador neste processo.

O professor escusa-se assim a divulgar os seus próprios valores, no intuito de evitar

constituir-se como modelo para os alunos.

Por outro lado, parte-se do princípio que o facto dos alunos descobrirem por si

próprios os valores que consideram mais importantes e a resolução de conflitos com

base nos mesmos, contribuirá para a construção da sua personalidade de forma mais

coerente.

Esta estratégia poderá começar por centrar-se numa questão da vida real, sobre a

qual o professor estimula a reflexão dos alunos, sem fazer juízos de valor, num clima de

abertura que permite a cada aluno expressar-se livremente.

O objectivo é encontrar alternativas de resolução, considerando as suas

consequências com base na reflexão. (R. Marques, 1999)

Page 56: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

45

As críticas a este tipo de estratégia apontam para um potencial relativismo moral,

uma vez que a importância atribuída aos valores assenta numa base de subjectividade

inerente a cada indivíduo e que visa o seu bem -estar e auto-estima. (R. Marques, 1999)

Esta posição poderá favorecer o hedonismo, quanto a nós difícil de conciliar com a

integração na sociedade, que habitualmente assume valores próprios.

Por outro lado, os valores são entendidos apenas num plano de subjectividade,

descurando a sua objectividade, ou seja, a capacidade de valerem por si próprios,

independentes da forma como os sujeitos os encaram.

-Estratégias que se inspiram numa concepção mais ampla da formação moral que

ultrapassa o campo restrito do raciocínio moral e da deliberação moral

Como afirma Estrela, (1991:588) segundo autores como Wilson (1967), a pessoa

moralmente formada, apresenta seis atributos, a saber: ”apreciação como suporte de

deliberação moral, empatia, competências interpessoais, conhecimento, raciocínio e

coragem “.

Deste modo, uma estratégia fundamentada nestes atributos, direccionada para a

análise de situações da vida real e baseada na apresentação de perspectivas devidamente

fundamentadas, proporcionaria o desenvolvimento da actividade racional, num sentido

mais amplo.

Por outro lado, autores como Oja e Sprinthall (1978, citado por Estrela, 1991:588)

apoiam-se nos “…resultados da investigação que estabelece relações entre os estádios de

desenvolvimento do eu (Loevinger), os estádios de desenvolvimento cognitivo (Rest e Hunt) e os

estádios de desenvolvimento moral, para conceberem estratégias de formação, que contemplem

simultaneamente os aspectos referidos.”

Page 57: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

46

Neste caso, o objectivo seria conjugar o treino de competências de comunicação

interpessoal, promovendo a compreensão de si e dos outros, com base em técnicas de

ensino indirecto e individualizado, bem como na análise de dilemas morais.

Em suma, importa ressalvar que grande parte dos trabalhos mencionados é de

carácter apenas reflexivo, não assentando em bases experimentais comprovadas.

Ainda assim, este breve resumo das diferentes estratégias, destinadas a promover o

desenvolvimento moral do professor, sobretudo na formação inicial, reflectem a

importância que esta problemática tem vindo a assumir e a preocupação dos

investigadores, na tentativa de encontrar as melhores formas de actuação,

Esta não se afigura uma tarefa fácil, mediante a multiplicidade de variáveis que

intervêm no processo de desenvolvimento moral dos professores.

Neste aspecto, importa referir a formação moral pessoal, de que cada um é portador

e da qual nem todos têm plena consciência.

Por outro lado, a multiplicidade de situações que caracterizam o nosso quotidiano

pessoal e profissional, desafiam-nos continuamente à tomada de decisões que apelam à

nossa consciência ética.

Assim, reforçamos uma vez mais a pertinência da afirmação de Constança

Machado, (2005:130) ”de saber como se forma uma consciência ética”.

A este respeito e face às estratégias já referidas, pensamos que quaisquer delas

serão melhores que nenhumas, pois tempos houve, em que a formação inicial de

professores nem tão pouco contemplava a dimensão ética nos seus planos de curso.

No entanto, apesar dos progressos alcançados a este nível, entendemos ser relevante

considerar as diferentes estratégias apresentadas, não numa óptica de exclusão de umas

em relação a outras, mas numa perspectiva eclética, que permita conjugar diferentes

estratégias, por adaptação às características do grupo de formandos a que se reporta.

Page 58: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

47

Consideramos assim, que o desenvolvimento moral do professor não se processa à

margem dele próprio, e como tal, terá necessariamente que ter em conta a sua formação

moral pessoal e características da sua personalidade, pois conforme afirma Estrela ”:

(1991:589) “…torna-se impossível dissociar a formação moral de uma formação

pessoal e social de que o professor não pode ser mero objecto, mas terá de ser sujeito

activo”.

A mesma autora defende ainda que um programa de formação moral do professor,

deverá ter como ponto de partida a análise do real, equacionando os problemas dela

resultantes e em função destes definir as necessidades de formação.

Para tal, é necessário “…investigar o pensamento moral do professor” (Estrela

1991:589) pois só este trabalho poderá fornecer dados que permitam elaborar programas

de formação moral, adaptados às necessidades reflectidas pelos formandos, ou seja, uma

formação ligada aos contextos e situações de trabalho.

Nesta perspectiva, a pessoa do professor enquanto ser moral, constitui o principal

sujeito da sua formação, pois como afirma Estrela (1999:31) “…a formação ética não é

uma formação técnico-didáctica que se possa impor do exterior e é indissociável da

consciência moral, forçosamente pessoal e íntima…”.

Assim, desta afirmação, parece-nos poder inferir que a formação ética deverá

centrar-se antes de mais no educador enquanto pessoa, não esquecendo no entanto, o

profissional.

Deste modo, pensamos que os modelos e estratégias de promoção de

desenvolvimento moral preconizados pelos diferentes autores, não deverão ser

adoptados rigidamente, mas sim adaptados ás características pessoais evidenciadas

pelos formandos. No entanto, independentemente da sua formação moral pessoal, estes

Page 59: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

48

necessitam de desenvolver competências profissionais, que os habilitem para o papel de

agente ético que a profissão docente lhes exigirá.

De facto, o percurso profissional, no caso de um educador, não se limita ao espaço

e à relação pedagógica que mantém com o seu grupo e com cada criança.

Além da sua actividade pedagógica, no espaço do Jardim-de-infância e do

relacionamento profissional com os seus colegas, auxiliares e superiores hierárquicos,

acrescem responsabilidades de carácter administrativo e ainda de gestão do Jardim-de-

infância, que implicam um trabalho de articulação com as autarquias.

Do seu universo profissional fazem igualmente parte os pais, parceiros

privilegiados no processo educativo, com os quais é imprescindível trabalhar em

conjunto, o que exige por vezes do educador grande sensibilidade para os incentivar à

colaboração, contornar obstáculos, gerir diferenças, encontrar soluções, dentro de uma

perspectiva de respeito e responsabilidade profissional.

No que respeita ao pessoal não docente, cabe ao educador criar um indispensável

ambiente de equipa, o que implica muitas vezes gerir conflitos, promovendo a

solidariedade, o sentido de responsabilidade e a relação afectiva com o grupo de

crianças.

O desempenho do educador passa igualmente pelo trabalho de equipa com outros

colegas, através da partilha de experiências e conhecimentos, da construção de

instrumentos de trabalho e da planificação de actividades conjuntas, que exigem

capacidade de diálogo, flexibilidade e respeito mútuo. Ademais, o espírito colegial e a

articulação com a escola constituem hoje características do profissionalismo do docente,

apontados por autores como Hargreaves, D. & Hargreaves.

Por outro lado, as crianças com dificuldades de aprendizagem ou de risco social

impõem igualmente uma relação profissional com os diversos técnicos e serviços

Page 60: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

49

especializados, na busca de soluções concertadas, com o objectivo de corresponder da

melhor forma ás necessidades detectadas.

Ao educador cabe ainda o papel de interventor junto da comunidade local, através

da pesquisa e conhecimento das características da mesma, com o objectivo de

inventariar recursos passíveis de integrar projectos conjuntos, que aproximem o Jardim

de Infância do meio em que está inserido.

Face á multiplicidade de funções e de públicos com que tem que interagir, é

essencial que o educador se afirme como agente ético, reforçando-se assim a

importância da sua formação inicial nesta dimensão.

Neste contexto, destacamos a perspectiva de Estrela (1999: 31) ao afirmar “ Porque

a dimensão ética da actividade educativa é aquela em que mais intimamente se

interligam a pessoa e o profissional, requer-se um modelo integrador que contemple

simultaneamente as necessidades da pessoa e as competências profissionais desejáveis,

mobilizando estratégias variadas que contemplem o carácter multifacetado da

formação ética do educador. Esse modelo deverá eleger como centro polarizador da

formação a pessoa do educador enquanto pessoal moral e adulto em

desenvolvimento…” .

Assim, subscrevendo esta autora, pensamos que um programa de formação ética

deverá conjugar modelos e estratégias, que possibilitem harmonizar a formação moral

pessoal do futuro educador, com uma ética profissional, que lhe permita adquirir as

competências necessárias ao desempenho da sua função.

Neste domínio, Estrela. (1999) realça a importância do auto questionamento ético e

do desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o mundo e sobre si próprio,

atendendo aos aspectos relacionais e afectivos, fundamentais neste processo de

formação.

Page 61: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

50

A mesma autora defende que tal questionamento deverá centrar-se na escola e nas

situações ali vivenciadas, privilegiando dinâmicas de trabalho de grupo, uma vez que o

processo de formação passa sempre pela relação com o outro.

Assim, partindo do modelo integrador de várias estratégias, e com base no referido

questionamento, definem-se as necessidades dos formandos, quer ao nível do treino de

competências, quer de pesquisa teórica, que permitam aprofundar as questões em causa.

Nesta medida, Estrela (1999: 31) preconiza estratégias, visando uma dupla

orientação:

- “…a tomada de consciência dos aspectos e problemas de carácter ético inerentes

às situações educativas do Jardim de infância…”

-“…a tomada de consciência de si em acção, enquanto pessoa total, eticamente

responsável perante si e perante os intervenientes no processo educativo.”

Relativamente a situações surgidas no âmbito da actividade educativa do Jardim-

de-infância, Estrela, referindo Soltes (1985), aponta para a análise de situações

observadas ou descritas á luz de uma perspectiva ética.

Neste contexto, cabem acontecimentos múltiplos que envolvem as experiências de

vida da criança, quer no meio familiar e social, quer no espaço do Jardim-de-infância e

que implicam tomadas de decisão moral do educador, decisivas para o desenvolvimento

moral da criança.

Assim, é essencial que a formação inicial desperte o futuro educador para o

exercício destas competências, promovendo o seu auto questionamento, baseado numa

visão ética das situações da prática pedagógica.

Page 62: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

51

Outras estratégias apontadas por Estrela, (1999) referem a análise de códigos

deontológicos, em aspectos relacionados com situações específicas, ou ainda a reflexão

sobre a Declaração Universal dos Direitos das Crianças.

A outra perspectiva apontada por Estrela (1999) na formação ética é, como já foi

referido, a necessidade de tomada de consciência de si, assumindo-se como pessoa

eticamente responsável, quer em relação à tomada de posições pessoais, quer no seu

relacionamento com os outros.

No sentido de atingir este objectivo, a mesma autora propõe estratégias de auto

conhecimento e auto crítica, de carácter fundamentalmente operacional.

Assim, sugere entre outras:

- A auto e hetero-observação de registos áudio e vídeo do educador em acção,

correspondendo a um dia de trabalho ou a diversos momentos e durante vários dias.

- O relato e análise de situações ou dilemas de natureza ética, ocorridos durante um

determinado período de tempo.

- As narrativas orais e escritas derivadas do contexto profissional, que promovem o

desenvolvimento moral, ao permitirem ao educador assumir maior responsabilidade em

relação aos seus pensamentos e acções morais.

- A escrita e análise de diários, espontâneos ou orientados, com o objectivo de

esclarecer a dimensão ética da acção educativa.

O auto questionamento pressupõe igualmente um conjunto de questões centradas na

sua actuação, para as quais o futuro educador deverá ser sensibilizado, no sentido de

promover o espírito auto crítico, essencial para o seu progresso profissional, ao longo da

sua carreira.

Assim, da formação inicial dos educadores deverá resultar, o conhecimento de si

próprio, principalmente ao nível da dimensão ética em que nos situamos, a capacidade

Page 63: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

52

de diagnosticar o real, o pensamento reflexivo sobre a sua actuação à luz de princípios

éticos, e a flexibilidade necessária para saber actuar eticamente, face à multiplicidade de

situações da prática pedagógica.

Para tal, requer-se da formação inicial, o desenvolvimento de competências, através

da implementação de estratégias consonantes com os objectivos a atingir.

É nesta medida que defendemos um modelo de formação integrador, que permita a

utilização de estratégias decorrentes de vários modelos, com o objectivo de

corresponder às necessidades evidenciadas pelos formandos.

Page 64: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

53

CAPÍTULO III – Deontologia e profissão docente

1. Conceito de deontologia

No seu sentido etimológico, deontologia é um vocábulo de origem grega

constituído pelos termos deon, significando obrigação ou dever e logos, relacionado

com discurso ou ciência. (Reis Monteiro, 2005: 24)

Numa perspectiva mais actual e específica, Deontologia refere-se à Ética

Profissional, e tem por objectivo regular o exercício de uma profissão, através da

formulação de princípios, deveres e direitos. Estes, baseiam-se nos valores que essa

profissão considera fundamentais e são expressos através do código deontológico. (Reis

Monteiro, 2005:24)

Segundo o mesmo autor, o código deontológico apoia os interesses e direitos dos

profissionais a quem se dirige, protege-os de pressões ilegítimas e da concorrência

desleal. (2005:27)

Além disso, “Reforça o sentimento de pertença a uma comunidade profissional de

valores, saberes e interesses, promovendo assim a identidade, dignidade, credibilidade

e prestígio da profissão.” (Reis Monteiro, 2005:27)

Deste modo, a definição de um código deontológico contribui para a construção da

identidade de uma profissão, na medida em que promove o Profissionalismo, entendido

como um ideal de serviço, em prol do qual os profissionais se empenham, á luz dos

valores inscritos no código que os representa.

Nesta perspectiva, podemos considerar que a deontologia constitui um pólo

motivador de acção, que assegura o correcto exercício da profissionalidade, traduzida

por um melhor desempenho dos profissionais, o que consequentemente contribui para

um maior estatuto da classe e a torna mais prestigiada e atractiva.

Page 65: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

54

No entanto, acresce salientar que a deontologia incide igualmente sobre a

responsabilidade profissional, no sentido de aferir as faltas ou falhas detectadas, á luz

das normas estabelecidas no respectivo código.

Numa perspectiva mais positiva, é ainda este sentido de responsabilidade que induz

à profissionalidade, que cada sujeito exprime no seu agir profissional, mesmo em

situações que o código não prevê de forma explícita.

2. Breve historial da deontologia docente em Portugal

Não cabe no âmbito deste trabalho, uma análise exaustiva sobre as razões que

contribuíram para inexistência, em Portugal, de um código deontológico da profissão

docente. No entanto, pensamos ser importante desenvolver um breve apontamento

histórico sobre esta questão, baseado nalguns autores.

Assim, segundo Estrela (1993), a inexistência de uma deontologia da profissão

docente em Portugal, deve-se a várias contingências de ordem social e da própria

classe. Em relação a esta última, a mesma autora, (1993) citando Fernandes (1989),

refere-se à importância do associativismo dos professores do Ensino Primário, no final

da monarquia e durante a 1ª República, que poderia ter constituído a génese de uma

deontologia da profissão docente, mas que acabou por nunca se desenvolver, em

virtude das querelas internas entre docentes e do baixo estatuto social da profissão.

Estes factores condicionaram a construção de uma verdadeira identidade

profissional e consequentemente a sua autonomia. Por outro lado, Estrela, (1993:196-

197) refere ainda contingências de ordem social como “…uma pressão social forte e

vigilante sobre os modelos de actuação profissional que não eram postos em causa” e

também porque ao serem criadas as escolas de formação, se estabeleceram os princípios

Page 66: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

55

pelos os quais o ensino se deveria reger, os docentes conformaram-se á condição de

sujeitos dependentes dos deveres definidos pela entidade empregadora.

Esta situação agravou-se durante o Estado Novo em que, como afirma Estrela,

(1993:197) “…tudo parece apontar para o controlo da profissão por parte do Estado.”

Segundo a mesma autora, ao substituir-se aos professores na regulação dos

aspectos ético-pedagógicos que deveriam emanar da reflexão dos docentes sobre a

profissão e serem consonantes com a sua vontade, o Estado impõe princípios ético-

políticos e enfraquece a autonomia dos professores.

Esta atitude de monopólio da educação, centrada no Estado, promove, segundo

Estrela, 1993:197) “…um tipo de profissionalismo exterior à classe, assente na

exemplaridade da pessoa e na submissão à autoridade”.

Com a revolução de Abril, as associações sindicais assumem a voz dos professores,

no diálogo com o Estado.

Neste contexto, nasce o Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos

Professores dos Ensino Básico e Secundário, publicado em 1990, e que na perspectiva

de Estrela, (1993:199) contribuiu para a unificação dos direitos e deveres dos docentes

de todos os níveis de ensino. No entanto, de acordo com Pedro D’Orey da Cunha

(1996) o diálogo entre os sindicatos e o Estado, baseou-se essencialmente num

paradigma deontológico de direitos, assente em reivindicações e na busca de justiça.

Nesta perspectiva, é assumida pelos sindicatos, a defesa dos direitos dos

professores em relação á tutela, sendo a definição dos deveres, resultante da imposição

do Estado ou de uma negociação com aqueles. Este paradigma de direitos, assim

designado por D’Orey da Cunha, (1996) centra-se na condição do professor, face ao

sistema definido pela tutela.

Page 67: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

56

No entanto, o mesmo autor (1996) defende a importância de um paradigma de

responsabilidade, que assenta, não no profissional (professor), mas no cliente (aluno) e

nos deveres do primeiro para com o segundo.

É igualmente neste paradigma que se situam os códigos deontológicos associados

ás profissões liberais e que lhes permitiu assegurar sua autonomia e prestígio social.

Assim, pensamos que o paradigma da responsabilidade será mais eficaz, uma vez

que não diminui os direitos dos docentes, mas antes potencia o seu desempenho e

prestigia a profissão.

Por outro lado, salientamos o aparecimento da Pró-Ordem dos Professores, cuja

iniciativa levou á elaboração de uma proposta de código, para ser debatido pelos

docentes, mas que até à data não parece ter obtido resultados significativos.

Assim, pensamos que o código deontológico da profissão docente tem ainda um

longo caminho a percorrer, até se constituir como documento representativo dos

deveres e direitos profissionais da classe e emanados desta.

Para tal, os aspectos ético-deontológicos têm que ser sentidos como uma prioridade

da profissão, por todos os docentes.

A sensibilização a estes aspectos deve, em nosso entender, passar pela formação

inicial dos professores, como já acontece actualmente em algumas ESES, através de

disciplinas como “Deontologia Profissional”, “Axiologia Educacional” e “Formação

Pessoal e Social”.

Por outro lado, e pensando em todos os professores que não tiveram acesso a esta

temática, nos cursos de Formação inicial, entendemos ser fundamental que a Formação

Contínua se ocupe desta lacuna, pois como afirma A. Reis Monteiro (2006:3)

” Aprender Deontologia é, portanto, aprender a pensar, decidir, agir e reagir

profissionalmente, isto é, responsavelmente”

Page 68: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

57

Finalizamos este breve percurso histórico, com a actual situação da docência que

atravessa um momento crítico.

A comprovar este facto, salientamos o novo Estatuto da Carreira Docente aprovado

apenas pela tutela, (Decreto-lei nº15/2007 de 19 de Janeiro) sem o apoio dos restantes

parceiros, um mal-estar docente generalizado por todo o país, o clima de violência nas

escolas e o desprestígio e desvalorização acentuada da classe, pela própria tutela, tendo

como consequência a indignação dos docentes, manifestada de várias formas.

Face a tais circunstâncias, pensamos que a realidade ultrapassou os esforços que

têm sido feitos, no sentido de construir uma deontologia da profissão docente, porque

entendemos que se esta estivesse claramente definida e oficialmente reconhecida, teria

acompanhado e facilitado todo o processo de mudança introduzido, de uma forma mais

digna para a educação.

Além disso, o novo Estatuto da carreira Docente contém a definição de um

conjunto de direitos e deveres atribuídos aos professores, sem a participação destes

nesse processo, nem o apoio das estruturas que os representam, contrariando assim as

recomendações da UNESCO/OIT.

Nesta medida, consideramos urgente a construção de um código deontológico da

profissão docente, com a participação legitimada dos professores, que defina o seu

papel em relação a todos os intervenientes no processo educativo e a implicação destes

neste processo, clarificando assim as responsabilidades de todos e de cada um, na

defesa de um direito fundamental a todos os seres humanos: o direito de acesso à

melhor educação.

Page 69: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

58

3. Da necessidade e pertinência da deontologia

De acordo com alguns autores, foi possível aferir que a deontologia como

manifestação da ética profissional, nasceu em primeira instância entre as chamadas

profissões liberais, (de entre as quais se destaca a medicina como pioneira) pela

necessidade de controlar o exercício da profissão, através da definição de valores que

assegurem uma prática responsável, e salvaguardem a sua autonomia. (D’Orey da

Cunha, 1996; Silva, L.1977; Reis Monteiro, 2005)

Por seu lado, Pedro D’Orey da Cunha (1996) salienta ainda que as profissões

liberais se desenvolveram na base de uma relação directa entre os respectivos

profissionais e os seus clientes, com o objectivo de lhes prestar os melhores serviços.

Assim, são as necessidades dos clientes que determinam em primeira instância os

deveres dos profissionais.

Por este motivo, D’Orey da Cunha (1996) considera que a deontologia das

profissões liberais assenta num paradigma de responsabilidade, na medida em que os

deveres para com os clientes e o modo como são aplicados, constituem a razão

fundamental para o desempenho profissional, contribuindo assim para regular e

prestigiar a profissão.

Deste modo, são muitas as profissões, que actualmente se constituem em Ordens

Profissionais, que assumem funções de regulação da qualidade da profissão, bem como

a representação e a defesa dos interesses profissionais, alicerçados numa ética

profissional.

Face ao que foi exposto, pensamos poder inferir que a deontologia constitui um

elemento chave de uma profissão, que se quer marcada pela responsabilidade do

compromisso ético, evidenciado na prestação de serviços.

Page 70: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

59

No entanto, no domínio da docência, que apresenta um carácter eminentemente

ético, não tem sido muito visível o empenho pela construção de uma ética profissional,

que oriente, apoie e valorize os seus profissionais, em ordem a um ideal de

Profissionalismo, direccionado para a excelência.

Esta mesma preocupação, foi há muito evidenciada por Estrela (1986:307), que em

defesa do profissionalismo docente, apelou entre outras medidas, a “…uma formação

adequada, pela estruturação da carreira consagrando o mérito e a formação

permanente, por melhores condições de trabalho nas escolas (…) pelo incremento da

investigação científica no domínio do ensino-aprendizagem, (…) pela abertura e

participação dos docentes na investigação (…) pela elaboração de um código ético da

profissão que previna os desvios e contribua para a formação da identidade

profissional dos entram na carreira”.

Subscrevendo esta posição, entendemos que na actual situação, muitas destas

medidas continuam a constituir uma necessidade cada vez mais premente. De entre

estas, destacamos o código deontológico da profissão, que a mesma autora (idem, 307)

referenciando as recomendações da UNESCO de 1966, defende que “…deve ser da

iniciativa das organizações de professores, de modo que os docentes o sintam como seu

e não como uma imposição exterior, violentadora da sua autonomia e até da

consciência profissional”.

Na nossa perspectiva, esta análise exige uma profunda e urgente reflexão por parte

da classe docente, na medida em que as vantagens da existência de um código

deontológico, à semelhança das que se evidenciam noutras profissões, apontam para

uma “… preservação da imagem social da profissão, um traço de união entre os

profissionais, um elemento de construção de identidade profissional e um meio de

criação de um ethos de classe" (Estrela, 1993:188-189).

Page 71: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

60

Por seu lado, Carr, (2000:25 citado por Monteiro, 2005:28-29) considera que

“…uma profissão digna do seu nome deve ser governada por um código de ética

profissional que identifica claramente as obrigações e responsabilidades profissionais

por referência aos direitos dos clientes e pacientes”.

Esta mesma posição, já defendida por D’Orey da Cunha (1996), conforme

anteriormente referenciámos, dirige igualmente o código para a responsabilidade de

corresponder às necessidades dos clientes, neste caso os alunos.

Deste modo, um código deontológico da docência promove o profissionalismo,

atendendo aos múltiplos aspectos da profissão, quer em termos da sua identidade e

credibilidade enquanto classe profissional, quer no paradigma da responsabilidade

assumido em relação aos alunos. Este último, surge realçado também por Teresa Estrela

(1991), que destaca as características da actividade docente, de formação e apoio ao

desenvolvimento de crianças e jovens, considerando que a dimensão ética assume

proporções ainda mais relevantes na docência, do que em muitas outras profissões.

Isto porque a relação professor-aluno põe em destaque dois seres humanos, em

circunstâncias de desigualdade de poder, de vulnerabilidade e maturidade.

Assim, a primeira preocupação de um professor deverá centrar-se no aluno e na

qualidade da relação que estabelece com ele, o que exige uma formação profissional

assente no desenvolvimento de uma consciência ética.

Nesta perspectiva, concordamos com Estrela (1991: 585) quando afirma a

necessidade de “…reconhecer a importância da formação do professor como pessoa

moral…”

No entanto, segundo a mesma autora, é essencial que essa formação alerte e

sensibilize o professor, para a importância de fazer corresponder a intenção ética, á

Page 72: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

61

acção, ou seja, que exista coerência entre a pessoa moral do professor e a sua actuação

na prática pedagógica.

Este constitui mais um dos motivos pelos quais consideramos indispensável a

criação de uma deontologia da profissão docente.

4. A pertinência de um eventual código deontológico da profissão docente

Muitos investigadores têm pugnado por esta causa, reconhecida já em 1966, como

Recomendação da UNESCO/OIT, e que surge citada por Reis Monteiro, (2005: 73) nos

seguintes pontos:

70. “Reconhecendo que a condição da sua profissão depende, numa larga medida,

dos próprios professores, todos os professores deveriam procurar agir em

conformidade com normas tão elevadas quanto possível, em todo o seu trabalho

profissional.

71. Devem ser definidas e mantidas normas profissionais relativas ao desempenho

dos professores, com a participação das suas organizações.

72. Os professores e as suas organizações devem procurar cooperar plenamente

com as autoridades, no interesse dos estudantes, do serviço da educação e da

sociedade em geral.

73.Deveriam ser estabelecidos pelas organizações dos professores códigos de

ética ou de conduta, que contribuem grandemente para assegurar o prestígio da

profissão e o cumprimento dos deveres profissionais segundo princípios aceites.

Page 73: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

62

Estas recomendações, destacam entre outros aspectos, a importância do

desempenho profissional, baseado numa dimensão ética, conforme já foi aferido

anteriormente.

Por outro lado, referem o papel das organizações dos professores na elaboração de

normas profissionais, reconhecendo assim a sua importância na regulação do

desempenho profissional.

Salientam ainda a necessidade dos professores cooperarem com as autoridades,

com outros serviços da educação e com a sociedade em geral, tendo como referência os

interesses dos alunos, cuja formação pessoal e social não se desenvolve apenas em

contexto escolar, mas implica necessariamente o envolvimento de todos os

intervenientes no processo educativo e o apoio da sociedade.

Por último, é recomendada, a elaboração de códigos de ética, pelas organizações de

professores, visando regular o cumprimento dos deveres e direitos profissionais,

contribuindo para a construção de uma imagem social prestigiada da docência,

contrária á que se tem vindo a desenvolver.

Como resultado de tais recomendações, e em conformidade com autores estudiosos

da matéria como, Estrela, (1993) e Monteiro, (2005) parece ser consensual que um

código deontológico da profissão docente contribuiria para:

- Regulamentar o exercício da profissão, salvaguardando os direitos dos

profissionais e dos alunos;

- Definir as competências necessárias para o desempenho da docência e o modo

responsável como esta deve ser exercida;

- Permitir uma maior autonomia da profissão, através da auto-regulação;

- Favorecer a construção da identidade profissional;

Page 74: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

63

- Promover e salvaguardar, a credibilidade, o prestígio e a dignidade da profissão.

- Constituir um factor de união entre os docentes.

- Representar a profissão, perante a sociedade e o Estado;

No entanto, apesar de se revelar como uma profissão de carácter marcadamente

ético e responsável em parte, pela formação dos alunos a este nível, a necessidade de

um código deontológico da profissão docente, não reúne o consenso total dos docentes,

embora uma maioria considerável se manifeste a favor da sua existência.

Esta afirmação assenta nos resultados pela investigação actualmente em curso, na

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa, sob o tema já atrás

referenciado “Pensamento e Formação ético-deontológicos de Professores”.

Esta investigação propõe-se contribuir para o aprofundamento da reflexão ético-

deontológica dos professores e para o desenvolvimento de estratégias de acção

promotoras do desenvolvimento ético dos alunos. (Relatório de progresso, 2007)

O público-alvo deste estudo, abrangeu docentes de todos os graus de ensino, do

distrito de Bragança e da zona de Lisboa e da Lezíria e Médio-Tejo

Em termos metodológicos, a recolha de dados foi realizada através de entrevistas

semi-directivas, seguidas do tratamento de dados com base na análise de conteúdo e

também de um conjunto de investigações que deram origem a dissertações de mestrado,

de que é feita uma revisão por Estrela (2003). Do resultado desta primeira parte do

trabalho, verificou-se alguma heterogeneidade de posições entre os docentes

entrevistados dos diferentes graus de ensino.

Os resultados obtidos são relativos aos sujeitos entrevistados, não se pretendendo

qualquer generalização.

Page 75: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

64

Assim, constatou-se no Relatório de Progresso (2007:28), que os educadores

“…consideram que em vez de um código deveriam existir recursos facilitadores do

trabalho, uma formação adequada e um funcionamento de coordenação dos

agrupamentos” .

Quanto aos docentes do 1º, 2º e 3º ciclos, referem a necessidade de criar um a

Ordem Profissional para regulação a profissão. No entanto, relativamente á existência

de um código, os docentes do 3º ciclo apresentam uma posição parcialmente favorável,

reconhecendo dúvidas e simultaneamente vantagens para a profissão e para a

sociedade.

Alguns professores do 1º e 3º ciclo assumem uma posição céptica quanto aos

resultados do código e um professor do ensino secundário”…considera perigosa a

existência deste documento” (idem:29)

Os docentes do ensino secundário referem ainda a “… indefinição de fronteiras na

aplicação a casos individuais e a possibilidade de enquadrar todos os professores no

mesmo código como fonte de incerteza” (idem:29-30)

Assim, a incerteza manifesta-se em todos os ciclos de ensino, uma vez que todos os

grupos apresentam dúvidas em relação ao código.

Quanto á atitude favorável, traduzida na enumeração das vantagens do código, tais

como: a unificação da classe, facilitação e procedimentos, esta é manifestada pelos

docentes de todos os graus de ensino que foram entrevistados.

Relativamente á necessidade de um código transversal à profissão e á necessidade

de regulamentação da mesma, manifesta-se essencialmente entre os educadores e

professores do 2º ciclo.

Page 76: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

65

No seguimento do Projecto, foram aplicados questionários a uma amostra mais

extensa da população docente, nas zonas geográficas já referenciadas, sendo o

tratamento de dados realizado segundo uma metodologia quantitativa.

A leitura dos resultados quantitativos oferece-nos uma perspectiva diferente da

obtida dos estudos qualitativos.

Assim, em relação à necessidade de um código deontológico da profissão docente,

os resultados apontam para 72,3% de docentes concordantes, 17,9% de indecisos e

5,7% de discordantes.

Quanto às vantagens e inconvenientes do código 30,9% considera que este

apresenta mais inconvenientes do que vantagens, enquanto 57,7% se manifesta em

desacordo com tal posição.

Verificamos assim, que a actual tendência dos docentes se inclina maioritariamente

para a existência de um código que contribua para a auto-regulação da profissão.

Neste medida, considerámos pertinente compreender a organização de um código

deontológico, enquanto documento. Para tal, baseámo-nos na perspectiva de Estrela,

(1993: 190-194) que tendo analisado diversos códigos, constatou que apontam na sua

generalidade para aspectos tais como:

- a sua origem “ nas associações profissionais de carácter sindical ou escolas de

formação de professores “;

- a sua estrutura, que em termos gerais é constituída por um preâmbulo onde se

definem “os grandes princípios que fundamentam a normas” pelas quais se rege o

respectivo código;

- o código em si mesmo, que inclui o conjunto das normas reguladoras do

comportamento dos profissionais. Estas normas podem estar organizadas por capítulos

ou apenas reunidas num bloco único.

Page 77: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

66

- a sua extensão que se apresenta bastante variável em função dos códigos;

- a orientação das normas, sendo que estas dependem dos alvos que pretendem

atingir, ou seja, dos deveres preconizados para com os diferentes destinatários, a saber:

os deveres para com os alunos, para com os colegas, para com os pais, para com a

Escola, para com o público em geral, para com a profissão, para com os superiores,

para com as associações profissionais e em relação ás práticas de emprego.

Relacionado com o presente trabalho, salientamos o código da NAYEC, destinado

aos educadores de infância, em que o preâmbulo destaca o compromisso face a diversos

princípios relacionados com a valorização e apoio à infância, com o envolvimento da

família neste processo e com a importância de respeitar e defender a dignidade da cada

criança.

As secções seguintes incluem sempre um conjunto de ideais, seguido de um

conjunto de princípios.

Assim, o referido código apresenta a seguinte estrutura:

- Secção I – Responsabilidades éticas para com as crianças.

- Secção II – Responsabilidades éticas para com as famílias.

- Secção III – Responsabilidade para com os outros profissionais:

a) - Responsabilidades para com os colegas

b) - Responsabilidades para com os empregadores

c) - Responsabilidades para com os empregados

-Secção IV – Responsabilidades éticas para com a comunidade e a sociedade.

Outra proposta de Código deontológico, surge de um trabalho de investigação

realizado por Celina Ferreira, sob a orientação de João Formosinho, do Instituto de

Estudos da Criança da Universidade do Minho.

Page 78: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

67

Neste trabalho, o código diferencia-se, segundo os seus autores (1996:247-248) dos

“…tradicionais estatutos da profissão, e não se conforma a um mero instrumento de

legitimação e regulação da prática docente”, mas tem por objectivo constituir um

ponto de partida para promoção da reflexão deontológica da docência.

Este estudo foi baseado na análise de diferentes Códigos deontológicos de

profissões liberais e na carta deontológica do serviço público, bem como nos direitos da

Criança e no Estatuto da Carreira Docente (versão que vigorava em 1996) e ainda no

apoio de literatura relacionada com a deontologia e concepções pedagógicas.

Por opção justificada dos seus autores, Ferreira & Formosinho (1996:262) de que

um código deontológico “…é uma compilação de leis baseadas nos deveres especiais

de uma determinada situação…” excluíram-se os direitos, sendo assim um estudo que

se centra exclusivamente nos deveres dos professores como profissionais da educação.

A definição de tais deveres considera a diversidade de papéis que o professor

poderá assumir.

Por outro lado, salienta-se a preocupação pelos princípios éticos e valores que

subscrevam o consenso social, mas que possam simultaneamente salvaguardar a

autonomia individual na sua aplicação às situações.

Assim, do desenvolvimento deste estudo emergiram os seguintes deveres:

- Deveres Genéricos do Professor;

- Deveres para com o cliente (alunos e famílias);

- Deveres para com a comunidade e o público em geral;

- Deveres nas relações com os congéneres;

- Deveres nas relações com outras profissões;

- Deveres nas relações com os serviços públicos;

- Deveres nas relações com a Organização (instituição que assume o código);

Page 79: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

68

-Deveres nas relações com o Estado (subscrevendo uma perspectiva não de

subordinação, mas de parceria educativa).

No entanto, os autores admitem a possibilidade desta proposta de código vir a gerar

controvérsia entre a classe docente, por diversas razões.

Em primeiro lugar, este grupo profissional apresenta-se bastante heterogéneo, não

só em termos de características individuais, como também pelo facto de entre os vários

docentes existirem subculturas que são por vezes motivo de conflito.

Na origem destas subculturas estão, segundo Ferreira & Formosinho (1996:275)

“…factores relacionados com os diferentes níveis de ensino onde os professores

leccionam, a diversidade de graus e tipos de formação que possuem, a posição que

ocupam na carreira e a localização da escola onde trabalham”.

Outros aspectos que podem contribuir para a controvérsia em torno desta proposta

de código, são as associações profissionais e sindicais, que segundo estes autores

“permitem a adesão dos professores em função dos vários interesses em jogo”. (idem,

275)

Nesta perspectiva, subsistem um número elevado de sindicatos e associações

agregadas ao nível de ensino, grau académico ou das disciplinas que leccionam.

Esta estratificação em nada beneficia o consenso necessário à constituição de um

instrumento auto regulador da profissão. Mas as diferenças não se detêm por aqui.

Segundo Formosinho (1992, 1996:275), o modo de encarar e exercer a própria

profissão, reflecte as diferentes concepções que se têm da docência, considerando-a sob

uma perspectiva “…militante, missionária, laboral, burocrática, artística e

profissional”.

A dificuldade de encontrar consenso quanto aos princípios orientadores que

deverão constar num código, no seio de toda esta heterogeneidade, torna urgente a

Page 80: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

69

necessidade da reflexão e debate sobre esta temática, em nome do profissionalismo e de

um futuro melhor para a educação.

Pensamos que este alerta, lançado por Estrela (1986; 1993), reforçado ainda pelos

estudos de Ferreira & Formosinho (1996) e orientado uma vez mais por Maria Teresa

Estrela, enquanto coordenadora do Projecto “Pensamento e Formação ético-

deontológicos de professores”, actualmente em fase de execução, como já

anteriormente referenciado, torna a questão cada vez mais actual e pertinente.

Por seu lado, Reis Monteiro (2005), debruçou-se igualmente sobre a problemática

da deontologia docente, avançando com uma nova proposta de um órgão auto regulador

da profissão.

Este autor salienta que em Portugal, habitualmente os códigos deontológicos têm

por base uma associação, que nalguns casos assume a forma de Ordem. Esta é definida

pelo mesmo autor como “…pessoa colectiva pública de base associativa, de numa

perspectiva analítica da situação actual, natureza intermédia entre associação privada e

instituto público, de inscrição obrigatória, para prossecução de interesses privados e

públicos”. (Monteiro, 2005:19)

Reis Monteiro refere ainda que a organização interna da Ordem é variável, possui

autonomia administrativa, financeira, disciplinar e regulamentar.

Para além das Ordens, existe um número considerável de Associações, ou

Câmaras, que regulamentam deontologicamente várias profissões.

No entanto, no caso da profissão docente, que envolve a construção de um ser

humano, no apoio em todas as suas vertentes e ao longo de todo o seu processo de

crescimento e consequentemente, com grandes implicações ético-morais, não existe um

organismo de carácter deontológico, que favoreça a sua auto-regulação.

Page 81: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

70

Segundo Reis Monteiro (2005:49), várias são as razões que justificam esta

situação, sendo que a principal depende da própria natureza da docência, que é

essencialmente “… dependente e pública, exercida em regime de assalariado, com

limitada autonomia e de modo geralmente colectivo”.

O Estado assume o serviço público da educação, enquanto a representatividade dos

docentes se consigna a vários organismos (sindicatos e associações) com funções

meramente consultivas, em relação ao Estado.

Assim, e citando Reis Monteiro, (2005:49) “…o Estado está na posição de

empregador e regulador, ao mesmo tempo, e os sindicatos também estão na posição de

juízes e partes no que respeita ao controlo do exercício da profissão e ao exercício de

um poder disciplinar”.

Por conseguinte, outro factor que dificulta a criação de um organismo auto

regulador da profissão, tem sido a resistência por parte dos sindicatos, que se assumem

como representantes da classe docente.

Reis Monteiro situa-se no âmago da questão, ao defender que a criação de um

órgão auto regulador da profissão docente não desvincula o Estado e os sindicatos, das

funções que lhe são inerentes, mas ocupa o espaço que falta na docência “…proteger os

destinatários dos serviços da profissão e garantir a sua qualidade no interesse dos

educandos e no interesse do público” Reis Monteiro (2005:50)

Assim, com este objectivo, o mesmo autor, propõe a criação de um Conselho

Superior das Profissões da Educação, composto maioritariamente por profissionais da

educação, mas incluindo também “…representantes do interesse público e de outros

legítimos interesses sectoriais”. (2005:54)

Reis Monteiro sugere ainda que os representantes das diversas profissões poderiam

ser propostos pelos sindicatos e pelas associações profissionais, atendendo ao princípio

Page 82: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

71

da representatividade, salvaguardando assim a proporcionalidade das diferentes

categorias profissionais.

Este Conselho teria como objectivo a “…elevação da profissionalidade e da

qualidade da educação…” assumindo as seguintes funções:

- Estabelecer através de um processo amplamente participado, normas de

competência e conduta profissionais;

-Certificar a qualificação profissional e registar os profissionais qualificados;

-Organizar e acreditar programas de formação contínua.

- Criar mecanismos de aceitação e exame, de um modo objectivo, eficaz e credível,

das queixas relativas à competência e conduta profissionais.

- Difundir informação com interesse para os profissionais da educação, através de

publicação regular apropriada.

Para concretizar tais medidas, Reis Monteiro defende a criação de diversas

comissões, a saber:

- Comissão de Certificação e Acreditação;

- Comissão de Formação Contínua;

- Comissão de Deontologia;

- Comissão de informação.

Este projecto parece, em nosso entender, bastante amplo, no sentido de abranger

uma grande diversidade de aspectos que contemplam a profissão docente, unificando-os

num organismo que, para além de optimizar os objectivos que lhe subjazem, concilia a

participação de todos os que na prática, constituem a comunidade educativa ou são seus

parceiros.

Page 83: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

72

No entanto, não nos parece clara a posição do autor, face aos direitos de defesa dos

docentes, uma vez que “… os mecanismos de aceitação e exame, de um modo

objectivo, eficaz e credível, das queixas…” se referem apenas a queixas relacionadas

com a competência e a conduta profissional, e como tal, entendemos serem

direccionadas apenas para os docentes. Ora, na nossa perspectiva, esta medida não

considera, pelo menos de forma explícita, a possibilidade do professor ser vítima de

situações que põem em causa a sua integridade física e psicológica e a sua dignidade

enquanto ser humano e profissional. Todavia, a realidade confronta-nos com estes

problemas, e como tal, pensamos que deveria estar presente nas funções do Conselho

Superior das Profissões da Educação, uma medida que explicitamente salvaguardasse a

defesa dos direitos profissionais e da profissão.

Um código deontológico, uma Ordem, um Conselho Superior das Profissões da

Educação, estas são até ao momento algumas das alternativas ao vazio deontológico da

profissão docente em Portugal.

Naturalmente que as estruturas governamentais já deram o seu contributo, através

da integração no novo Estatuto da Carreira Docente, dos direitos e deveres dos

professores, alunos e encarregados e educação.

Mas em nosso entender, os docentes não se podem deixar substituir, numa matéria

tão delicada quanto a sua deontologia profissional, sob pena de pôr em causar um dos

aspectos que a justificam: o seu poder auto regulador da profissão.

No entanto, citando Tao Te King, de Lao-Tse “ a maior caminhada começou pelo

primeiro passo”. Nesta perspectiva, pensamos que a preocupação e o contributo de

investigadores e estudiosos destas matérias, constitui já esse primeiro passo. O

segundo, cremos, passa pelo envolvimento de toda a classe, na reflexão e nas tomadas

de decisão sobre esta problemática.

Page 84: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

73

5. Desvantagens do código deontológico

A constituição de um código deontológico da profissão docente em Portugal, não

partilha da consensualidade de todos os docentes.

Diversos estudos sobre este tema, desenvolvidos por diferentes investigadores

(Silva, L. 1997; Menezes, D.2002; Mourinha, L.2002; Santos, J.2007) destacam

diversas desvantagens apontadas por alguns dos professores participantes nos estudos.

Assim, relativamente à investigação desenvolvida por Silva. L. (1997:172)

constata-se que a maioria dos professores considera que existe “…uma ética implícita

ao desempenho da docência”, isto é, os professores reconhecem que têm deveres,

identificam-nos, mas defendem que cada um tem o seu código individual.

Desta forma, embora na sua maioria os professores envolvidos neste estudo se

pronunciem maioritariamente a favor de um código deontológico, evidenciam no

entanto, algumas dúvidas e incertezas quanto à sua existência. Isto porque, por um lado

não sentem necessidade daquele e duvidam da sua utilidade e vantagem, e por outro,

consideram que se trata de um assunto pouco explorado, e como tal, referem ter pouca

informação para se pronunciar sobre o tema.

Assim, de acordo com a autora (idem:184) o conceito de código que sobressai do

discurso destes professores, refere-se à existência de deveres e direitos, mas não

escritos, preferindo códigos individuais inerentes e implícitos, porque “ Pensam (…)

que isso é bem melhor do que haver um para todos e que depois nenhum cumpra.”

Também o estudo desenvolvido por Menezes (2000) refere que não há oposição ao

código, mas este é aceite com reservas, por poder constituir-se como instrumento

limitador de liberdades pessoais, ou permitir a manipulação da classe. Por estes motivos

a existência do código suscita pouco interesse.

Page 85: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

74

Quanto ao estudo de Mourinha (2002), apresenta-se consistente com os acima

referidos, no que respeita às incertezas sentidas pelos professores, quanto a um código

definitivo.

Algumas desvantagens apontadas referem-se à possibilidade deste documento

assumir um carácter geral e não respeitar as diferenças individuais dos professores e a

autonomia profissional.

Assim, o mesmo autor (2002:248) admite a dificuldade da “…criação de um

código geral, aplicável a todos os profissionais e situações profissionais (…) e

integrador das diferenças pessoais e académicas e respeitador da autonomia

profissional docente.”

Relativamente ao estudo desenvolvido por Santos (2007), a maioria dos professores

manifesta-se a favor da existência de um código escrito. No entanto, alguns sobretudo

os do topo da carreira, expressam dúvidas sobre um código explícito e universal,

justificando a sua posição pela falta de informação e de reflexão sobre o tema, que não

lhes permite ter opinião bem fundamentada.

Por outro lado, o autor considera que a falta de reflexão nas escolas e de cursos de

formação sobre este tema, justifica a fraca consciência sobre o assunto.

Os professores manifestam dúvidas, incertezas e desconfiança em relação ao código

escrito, mas não excluem o seu interesse na existência do mesmo. Apenas sentem

necessidade de “uma discussão alargada baseada na troca de experiências e

informação” (idem:137).

Ainda sobre este tema, os resultados mais recentes que decorrem da investigação

em curso sobre “Pensamento e Formação ético-deontológicos de professores “revelam o

Page 86: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

75

desejo amplamente maioritário da existência de um código escrito, mas persistem

algumas opiniões que lhe apontam desvantagens.

No entanto, esta problemática poderá ser ultrapassada se entendermos um código

ético na perspectiva de Estrela (1991:196) como “… um ponto de referência importante

para a classe profissional… “mas precedido de uma formação ética do docente, para o

saber aplicar a situações particulares ou quando estas não estão explícitas no código.

Nesta medida, Estrela (idem:196) refere que “… em alguns países, tem-se

verificado alguma preocupação em incentivar a formação e o desenvolvimento moral

dos professores, preocupação essa que se manifesta nos planos dos cursos de formação

inicial e contínua e se concretiza através de estratégias variadas visando estimular

várias competências subjacentes à actuação moral (…)”.

Pensamos igualmente ser esta a via mais adequada: preparar as futuras gerações de

professores para uma prática ética da docência, consciente e livre de receios,

direccionada para o bem do aluno e alicerçada numa deontologia que lhe confira

credibilidade e dignidade.

No entanto, urge estimular esta mesma formação entre os actuais docentes, porque

o presente não pode esperar pelo futuro, sobretudo quando está em causa a formação

ética daqueles que amanhã serão os nossos decisores.

Page 87: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

76

II PARTE – ESTUDO EMPÍRICO

CAPÍTULO I – Fundamentação metodológica

1. Objectivos da investigação

Como já foi destacado a função docente é essencialmente ética.

Assim, pareceu-nos pertinente conhecer qual a relevância da ética nos programas de

Formação de Educadores de Infância, nomeadamente ao nível das concepções e

representações das práticas dos estagiários, bem como das perspectivas dos seus

Formadores.

Deste modo, definimos como objectivo geral do nosso estudo, saber como

conceptualizam os professores de ética e os educadores estagiários, a formação inicial

em ética, dos educadores de Infância.

Na prossecução deste objectivo, e após uma pesquisa teórica sobre importância da

ética na docência, definimos como relevantes para o nosso estudo os seguintes

objectivos específicos:

Recolher representações, junto dos professores de ética, sobre a formação ética

em educação de infância.

Conhecer as estratégias que os professores de ética desenvolvem para a sua

abordagem.

Recolher representações dos alunos sobre a formação ética recebida.

Averiguar como essa formação se transfere para a prática, na perspectiva dos

formandos.

Page 88: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

77

Saber se há convergência entre as perspectivas dos professores de ética e a dos

formandos sobre a formação ética ministrada.

Indagar os professores de ética e respectivos formandos, sobre a sua opinião

relativamente à possível existência de um código deontológico da docência.

2. Natureza da investigação

Atendendo às características deste estudo, centrado nas concepções e

representações mentais dos sujeitos, inseridos num determinado contexto, optámos por

uma linha de investigação qualitativa interpretativa, assente nos princípios enunciados

por R. Bogdan & S. Biklen (1994), que passamos a destacar:

- A fonte directa dos dados situa-se no ambiente natural. A informação é obtida

através do contacto directo e neste processo o investigador é o instrumento principal,

porque a validade dos dados depende muito da sua sensibilidade, do seu conhecimento e

da sua experiência.

- A investigação qualitativa é descritiva, na medida em que a recolha de dados se

baseia em palavras ou imagens e não em números. A descrição deve pautar-se pelo

rigor, respeitando a forma como os dados foram registados ou transcritos.

- Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo de investigação,

do que pelos resultados que dela decorrem. Isto porque as estratégias qualitativas se

centram essencialmente em explicar o que traduzem as actividades, os comportamentos

e as interacções observadas.

Page 89: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

78

- Os investigadores qualitativos procuram analisar a informação recolhida de forma

indutiva, isto é, não partem de hipóteses ou ideias previamente concebidas com o

objectivo de as confirmar, mas são os dados que depois de recolhidos e analisados

permitem a construção de conceitos e a compreensão dos fenómenos

- A investigação qualitativa atribui uma importância fulcral ao significado, isto é, o

investigador preocupa-se em compreender os sujeitos de forma empática, tentando

identificar-se com eles, para captar a forma como estes encaram a realidade.

Em resumo, a investigação qualitativa baseia-se numa abordagem interpretativa,

naturalista e holística, na medida em que os seus objectos de estudo são as

representações, opiniões, crenças, hábitos e atitudes dos sujeitos em estudo, inseridos no

seu contexto natural, em que o investigador os procura captar, tentando compreendê-los

e interpretá-los, à luz do significado que os sujeitos lhe atribuem.

O presente trabalho, de acordo com as características que apresenta, insere-se num

estudo de caso qualitativo, que segundo Merriam (1988, citada por H. Carmo & M

Ferreira, 1998: 217), se define por ser:

- Particular - porque se centra num determinado acontecimento, fenómeno ou

situação;

- Descritivo - na medida em que o resultado final é uma descrição rigorosa do

objecto ou fenómeno estudado;

- Heurístico – porque leva á compreensão do fenómeno em estudo;

- Indutivo - porque se baseia no raciocínio indutivo;

Page 90: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

79

- Holístico – porque considera a realidade na sua globalidade, sendo atribuída maior

importância aos processos do que aos produtos e valoriza a compreensão e a

interpretação.

Assim, é nesta perspectiva que procuraremos descrever de forma rigorosa todo o

processo de investigação.

3. Contexto de investigação

3.1. Selecção e caracterização da população-alvo

Sendo objectivo principal deste trabalho saber como conceptualizam os professores

de ética e os educadores estagiários, a formação inicial em ética, dos educadores de

Infância, decidimos efectuar o estudo numa ESE da região da Lezíria e Médio-Tejo, por

razões de âmbito geográfico, rentabilidade de tempo e facilidades de acesso por parte da

Direcção da própria ESE que, desde o início, se prontificou a colaborar connosco neste

projecto.

De facto, após um primeiro contacto pessoal, com a Coordenadora do Curso de

Educadores de Infância, explicando o tipo de estudo que pretendíamos realizar e os seus

objectivos, esta mostrou-se receptiva e aconselhou a formalização deste pedido por

escrito, dirigido ao Director da ESE.

Tendo obtido a respectiva autorização, definimos os elementos que constituiriam a

população em estudo, ou seja, o professor de ética e seis alunas, das 20 que no total se

encontravam a frequentar o 4º ano do Curso de educadores de Infância.

Os critérios de selecção inicialmente estabelecidos em relação às alunas baseavam-

se na sua classificação: duas alunas com as melhores notas na disciplina de ética, duas

alunas médias e duas alunas com baixa classificação.

Page 91: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

80

Relativamente ao facto desta selecção incidir sobre o público do 4º e último ano do

Curso de Educadores de Infância, tal deve-se a dois factores:

- Estas alunas frequentaram a disciplina de Axiologia Educacional no 3º ano, onde

de acordo com o programa cedido pela ESE, abordaram temas relacionados com o

nosso estudo;

- As alunas em causa encontravam-se em estágio contínuo nas respectivas

instituições, desde o início do ano lectivo 2006/2007 e a recolha de dados estava

calendarizada para Abril, o que lhes permitia obter já alguma prática para se

pronunciarem sobre as temáticas a abordar.

No entanto, um primeiro contacto com o professor de ética, no sentido de solicitar a

sua colaboração para o estudo, introduziu um factor inesperado na nossa planificação:

este era o primeiro ano que leccionava nesta ESE, e como tal não foi responsável pela

formação das alunas do 4º ano. No entanto, encontrava-se a orientar um grupo dessas

alunas que decidiram fazer o seu trabalho de final de curso, no âmbito das questões

axiológicas.

Assim, decidimos alterar os critérios de selecção da população, procurando adaptá-

los ao estudo que pretendíamos realizar, de forma a não comprometermos os objectivos

iniciais.

Deste modo, decidimos trabalhar com o professor de ética actual, que se prontificou

desde o início a colaborar e procurámos contactar a professora que acompanhou as

alunas na disciplina de Axiologia Educacional, no ano lectivo transacto.

Também esta se disponibilizou para participar no nosso projecto e assim a amostra

passou a incluir dois professores de Axiologia.

Quanto ás alunas do 4º ano, decidimos que seriam seleccionadas duas com as

melhores classificações, que estavam a realizar Monografias sobre ética, orientadas pelo

Page 92: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

81

actual professor de ética e duas das melhores alunas que se encontravam a realizar

aquele mesmo tipo de trabalho, mas no âmbito de outras temáticas.

Com estes critérios de selecção procurámos corresponder ao cumprimento dos dois

primeiros objectivos, a saber:

Recolher representações, junto dos professores de ética, sobre a formação ética

em educação de infância.

Conhecer as estratégias que os professores de ética desenvolvem para a sua

abordagem.

Relativamente às alunas, e face às novas circunstâncias, a alteração nos critérios levou a

redefinir os objectivos que passaram a ser os seguintes:

Recolher representações das alunas sobre a formação recebida no ano transacto;

Averiguar como essa formação se transfere para a prática, na perspectiva dos

formandos;

Compreender até que ponto as alunas que optaram pelo trabalho final sobre

este tema e que foram orientadas pelo actual professor de ética, apresentavam

diferenças de posição em relação às outras, que não enveredaram por um

aprofundamento desta temática.

Saber se há convergência entre as perspectivas dos professores de ética e a dos

formandos, sobre a formação ética ministrada.

Indagar os professores de ética e respectivos formandos, sobre a sua opinião

relativamente à possível existência de um código deontológico da docência.

3.2. Caracterização da instituição

Page 93: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

82

O presente estudo foi desenvolvido numa ESE de natureza privada, sem fins

lucrativos, com estatuto de utilidade pública e cuja tutela recai sobre uma Diocese..

Criada inicialmente pelo Cardeal Cerejeira em 1962, como Escola do Magistério

Primário, adquiriu a sua actual designação através do Decreto-Lei nº 416/88 de 10 de

Novembro e tem os seus Estatutos publicados em Diário da República, Aviso nº

5092/2004 II Série, 21 de Abril 2004.

Trata-se de uma instituição que pretende estar a par do seu tempo e responder às

necessidades sociais, culturais e profissionais dos seus actuais e futuros alunos, através

de uma constante interdisciplinaridade e coesão com a realidade prática.

Tem recebido alunos de Norte a Sul de Portugal, das ilhas e dos PALOP’S.

Esta ESE confere licenciaturas em Educação de Infância, Ensino Básico – 1º Ciclo

e Educação Social e Desenvolvimento Comunitário e implementou em 2007 o processo

de Bolonha, adaptando os referidos cursos a este Tratado.

Relativamente a Pós-Graduação existe apenas uma em Educação Especial no

domínio Cognitivo e motor, estando prevista a implementação de outras futuramente.

O Projecto de formação desta ESE baseia-se nos seguintes princípios:

“- Formação de matriz cristã no sentido de formar pessoas que, como profissionais

de educação, possam ser testemunhas e transmissores dos grandes valores a da vida;

- Só professores devidamente preparados podem assumir as responsabilidades que

lhes cabe na sociedade sendo agentes determinantes no processo educativo;

- Reconhecendo a nobre tarefa das escolas, cabe-lhes a missão de formar humana e

profissionalmente;

- O saber e aptidão requerem renovação e adaptação constantes.”

Para concretizar este projecto de formação, a ESE definiu os seguintes objectivos:

Page 94: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

83

“- Assegurar a formação pessoal e humana que conduzam à identidade profissional

do futuro professor/educador, que favoreça a realização pessoal e a sua função

institucional;

- Estimular a formação científica de nível superior numa atitude reflexiva e num

espírito de investigação, tendente a repensar continuamente, com critério científico, o

acto educativo e possibilitar aos seus alunos o enquadramento das diversas ciências do

currículo;

- Garantir uma formação no campo das Ciências da Educação que permita conhecer

as crianças que lhes forem confiadas, no respeito pelo seu ser único, em evolução e

formação, reconhecer e aceitar vários ritmos no processo educativo, estabelecendo

relações personalizantes;

- Garantir uma formação com metodologias de ensino e aprendizagem que integrem

a formação científica e possibilitem a intervenção adequada e criativa no processo

ensino-aprendizagem;

- Estimular para a intervenção e participação ao nível cultural, social e ética, através

de experiências, graduais e progressivas, na vida da Escola e na organização de acções

para as comunidades locais;

- Assegurar a formação directa na Prática Pedagógica, orientada e avaliada, em

coordenação com a investigação educativa, em ordem a favorecer o contacto com a

realidade educativa;

- Divulgar novas tecnologias de informação e comunicação e enquadrá-las nas

actividades educativas, como recurso individual e pedagógico em ambientes do

processo de ensino – aprendizagem.

Page 95: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

84

População Docente e Discente

O número de docentes a leccionar nesta ESE, no ano lectivo de 2006/2007 é de 28.

Quanto ao número de alunos e a sua distribuição por cursos consta do mapa

seguinte:

Cursos Número total de alunos

Lic 1 Ciclo 81

Lic Ed Inf 100

Lic Ed Soc 14

PG Ed Especial 38

Organização da Instituição

Esta ESE encontra-se organizada por diversos departamentos, a saber:

Departamento de Avaliação e Qualidade, que tem por objectivos:

- Realizar actividades que procurem divulgar e fomentar a cultura de qualidade;

- Desenvolver iniciativas de divulgação da ESE;

- Produzir instrumentos de recolha de informação;

- Produção de relatórios de Auto-avaliação ou outros;

- Avaliar as actividades realizadas na ESE;

- Publicar e divulgar resultados das avaliações;

- Apoiar a Direcção da ESE no diagnóstico e melhoramento de processos.

Equipa Pastoral - da qual fazem parte alunos, docentes e funcionários, com o

objectivo de criar um espaço de reflexão e aprofundamento do cristão de hoje.

Esta equipa é também responsável pela organização e desenvolvimento de

actividades relacionadas com a actividade pastoral da ESE.

Page 96: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

85

Departamento de Áreas Curriculares - abrange as Ciências da Educação /

Ciências Sociais / Línguas e Literaturas / Tecnologias da Informação e Comunicação /

Metodologias e Prática pedagógica / Expressões Artísticas / Ciências e Matemática

Acção Social Escolar – inclui os Serviços Sociais que dão apoio personalizado

pscio-social e pedagógico aos alunos com dificuldades de integração na vida social e

universitária; Concursos a benefícios sociais; Apoio Social traduzido em apoio

económico devidamente regulamentado; Bolsas de Estudo do F.A.S., transportes e

apoio para encontrar alojamento adequado a quem dele necessita.

Ainda no âmbito deste apoio, a ESE coloca ainda á disposição dos alunos os

serviços de Reprografia, papelaria e biblioteca.

No que respeita à alimentação a ESE dispões de um serviço de refeições a preços

reduzidos.

Gabinete de Inserção na Vida Activa - que tem como objectivos a inserção dos

recém licenciados na vida activa e apoiar os antigos alunos no âmbito da Formação

Contínua.

Para atingir estes objectivos, este gabinete desenvolve diversas acções, a saber:

- Organização de uma Base de dados dos estabelecimentos de ensino do 1º ciclo do

Ensino Básico e de Ensino Pré-escolar;

- Esclarecimento aos recém licenciados sobre procedimentos relativos a concursos

para o ensino público e privado;

- Análise da situação profissional dos antigos alunos;

- Identificação das necessidades de formação junto de ex-alunos;

Page 97: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

86

- Divulgação das acções de formação junto de ex-alunos;

- Desenvolvimento de acções de formação.

Recursos

Esta ESE dispõe de diversos recursos, nomeadamente, um Pavilhão

Gimnodesportivo, um Auditório, um Gabinete de Prática Pedagógica, um Laboratório

Multimédia, Secretaria, Biblioteca, Reprografia, bar e diversas salas a saber:

- De informática,

- De expressão Plástica,

- De expressão Musical e Dramática;

- Dos alunos.

Protocolos e Parcerias

Neste âmbito, a ESE tem estabelecido protocolos e parcerias com diferentes

Agrupamentos de Escolas, com diferentes Câmaras Municipais, com diversas

instituições culturais e religiosas, com Centros de Formação de Escolas, com diversos

institutos de apoio social, com instituições de Ensino Especial, com Associações de

Professores e Educadores de Infância, com vários sindicatos, com a Faculdade de

Motricidade humana da Universidade Técnica de Lisboa e com a Universidade Católica.

Actividades

Em termos de actividades esta ESE, conta actualmente com a realização de duas

Jornadas Pedagógicas como as mais significativas, entre outros eventos.

4. Técnica de Recolha de Dados

Page 98: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

87

4.1. Entrevista

Este projecto constitui um estudo de caso, através do qual pretendemos auscultar os

formandos e professores de ética numa ESE, sobre o tema “ Formação ético-

deontológica dos educadores de infância em formação inicial”, com base em entrevistas

como meio de recolha de dados.

De acordo com as pesquisas efectuadas (Estrela, A. 1994; Bogdan & Biklen, 1994;

Carmo, e Ferreira M. 1998) concluímos que as entrevistas podem ser mais ou menos

estruturadas consoante os objectivos da investigação.

Assim, na entrevista directiva ou estruturada o entrevistador dirige o conteúdo de

forma pré-definida e o sujeito tem poucas oportunidades de se expressar, para além dos

limites impostos pelo guião. Este tipo de entrevista parece pouco adequado á

investigação qualitativa, que se debruça sobre o conhecimento das concepções dos

indivíduos, necessitando por isso que estes se exprimam de forma mais aberta.

Na entrevista não directiva ou não estruturada, verifica-se o oposto. O entrevistador

sugere o tema que pretende abordar e deixa que o entrevistado se expresse sobre ele

livremente e sobre vários assuntos, não havendo guião.

Quanto á entrevista semi-directiva ou semi-estruturada baseia-se num guião com

carácter flexível, que permite ao entrevistador abordar uma amplitude de temas, e

levantar uma série de tópicos, dando ao entrevistado a oportunidade de moldar o seu

conteúdo. (Bogdan & Biklen, 1994)

Optámos por este último tipo de entrevista, porque a sua estrutura nos permite

recolher informação sobre as concepções dos entrevistados, quanto aos aspectos que

consideram mais relevantes sobre o problema em estudo, respeitando os objectivos da

investigação, mas dando-lhes simultaneamente espaço para as abordagens que estes

entenderem ser significativas.

Page 99: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

88

De acordo com Bogdan & Biklen (1994:134) “… a entrevista é utilizada para

recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador

desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam

aspectos do mundo”.

A entrevista implica assim uma interacção directa entre o investigador e o

entrevistado.

Deste modo, aqueles autores corroboram a importância defendida por White, (1984.

esp. cap. VI,) de construir previamente uma relação com o entrevistado, para criar um

clima de confiança que lhe possibilite expressar-se de forma mais aberta.

4.2. Entrevista aos Professores de Ética

No seguimento das directrizes de diversos autores, em relação à importância da

criação de um clima aberto e descontraído para a realização da entrevista, iniciámos

uma breve conversa com os professores de ética, trocando impressões sobre aspectos

relacionados com a docência em termos gerais e com a experiência profissional.

Posteriormente iniciámos as entrevistas, sendo o guião das mesmas constituído por

7 blocos que passamos a enunciar, apresentado simultaneamente os respectivos

objectivos.

4.2.1. Guião da entrevista realizada aos professores de ética

BLOCO I – Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado

Com este primeiro bloco pretendemos:

- Situar os entrevistados no contexto da investigação, informando-os sobre o âmbito

e objectivos do trabalho a realizar;

Page 100: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

89

- Motivar os entrevistados referenciando a importância da sua colaboração e a

agradecendo a sua disponibilidade para a participação neste trabalho;

- Criar um clima de confiança e de colaboração garantindo e o anonimato;

BLOCO II – O professor como agente da formação ética

Neste segundo bloco inventariámos um conjunto de questões, destinadas a perceber

o posicionamento dos professores de ética sobre diversos conceitos de carácter ético e a

influência destes na sua vida profissional.

Para tal, definimos os seguintes objectivos:

- Conhecer a orientação ética privilegiada pelos professores, nomeadamente o

conceito de ética com que mais se identificam;

- Conhecer as representações dos professores de ética sobre os conceitos

relacionados com o “bem do aluno “ e o “professor justo”;

- Perceber que princípios éticos privilegiam na resolução de situações dilemáticas

de carácter ético.

BLOCO III – Concepções do professor sobre a dimensão ética em educação de

infância

Neste bloco integrámos algumas questões para nos ajudar a compreender a

importância atribuída pelos professores de ética a esta dimensão em educação de

infância, o modo como a mesma se revela e que qualidades são consideradas essenciais

ao bom educador.

Assim, definimos como único objectivo:

- Conhecer as representações do professor de ética, sobre o papel da ética em

educação de infância,

Page 101: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

90

BLOCO IV – A ética na formação em geral

Para este bloco inventariámos alguns tópicos sobre os princípios e valores

preconizados pelos professores de ética na formação que ministram, bem como o papel

da Escola face a esta formação e os valores que transmite enquanto instituição.

Assim, delineámos os seguintes objectivos:

- Conhecer as representações dos professores sobre os princípios e valores

considerados essenciais à formação ética dos alunos;

- Saber que importância a ESE atribui à formação ética.

BLOCO V – A disciplina de ética

Neste bloco procurámos formular questões sobre como é perspectivada a formação

ética ministrada, bem como o impacto dessa formação. Indagámos também sobre as

estratégias sugeridas para apoiar o desenvolvimento moral das crianças.

Procurámos saber qual o papel das outras disciplinas na formação ética dos

formandos e que propostas de alteração à actual formação defendiam os professores.

Para tal, delineámos os seguintes objectivos:

- Conhecer as representações dos professores de ética sobre a formação que

ministram aos alunos;

- Saber que estratégias os professores aconselham para a resolução de situações

dilemáticas de carácter ético da prática pedagógica;

- Perceber que eficácia os professores atribuem à formação que dão;

- Saber qual a influência das outras disciplinas na formação ética dos alunos;

- Averiguar alternativas á actual formação ética.

BLOCO VI – Deontologia da profissão docente

Page 102: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

91

Para este bloco elaborámos questões que abordassem as perspectivas dos

professores de ética, relativamente à Deontologia da profissão docente, nomeadamente a

pertinência de um código deontológico, os deveres a incluir e os participantes na sua

elaboração.

Pretendemos com tais questões atingir os seguintes objectivos:

- Saber como se posicionam estes professores face à eventualidade de um código

deontológico da profissão docente;

- Averiguar que deveres consideram relevantes num código deontológico da

docência;

- Saber que importância atribuem à participação dos docentes na elaboração desse

código.

BLOCO VII – Validação da entrevista

Este último bloco foi elaborado com o objectivo de recolher elementos de carácter

complementar, considerados importantes pelos entrevistados, que não tivessem sido

abordados e sobre os quais solicitámos que se pronunciassem.

4.3. Entrevista às Alunas

Relativamente às alunas, efectuámos um primeiro contacto para marcação da data e

local das entrevistas. Nas datas previstas para cada uma, realizámos as entrevistas que

decorreram em ambiente calmo, numa das salas da ESE designada para este efeito.

Antes de iniciar cada entrevista, procurámos criar um clima de à-vontade, trocando

impressões sobre as razões da escolha do curso de educação de infância, como carreira

profissional e alguns dos principais problemas sentidos em relação a esta profissão.

Page 103: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

92

Posteriormente, demos início à entrevista propriamente dita, baseada num guião

constituído por 5 blocos, que passamos a apresentar.

4.3.1. Guião da entrevista realizada às alunas

BLOCO I – Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado

Com este bloco pretendemos atingir os mesmos objectivos já enunciados na entrevista

aos professores.

BLOCO II – Formação ética proporcionada pela Escola

Neste segundo bloco abordámos questões relacionadas com as representações das

alunas sobre a formação ética facultada pela Escola, no intuito de perceber a sua opinião

sobre os conteúdos, estratégias e valores envolvidos nessa formação.

Assim, neste contexto definimos os seguintes objectivos:

- Conhecer a importância atribuída pelas alunas, aos conteúdos programáticos da

formação inicial, para o futuro desempenho da profissão de educador;

- Percepcionar a importância atribuída á formação ética na formação inicial;

- Conhecer as representações das alunas sobre a formação ética recebida na Escola.

BLOCO III – Repercussões da formação ética na prática pedagógica

Para este bloco delineámos um conjunto de questões envolvendo a formação ética,

como resposta ás situações de carácter ético surgidas na prática pedagógica, bem como

os valores accionados pelas alunas nessas circunstâncias.

Para tal, definimos os seguintes objectivos:

- Perceber em que medida a formação ética recebida na Escola influencia a atitude das

alunas na sua prática pedagógica;

Page 104: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

93

- Conhecer as representações das alunas sobre o contributo da formação ética na

resolução de problemas de carácter ético;

- Saber quais os valores privilegiados pelas alunas, na resolução desses problemas;

- Saber que valores as alunas atribuem ao “bom educador”.

BLOCO IV – Deontologia Profissional

Relativamente a este bloco elaborámos questões relacionadas com a existência de um

código da profissão docente, incluindo os deveres que este deve contemplar e os

participantes na sua elaboração.

Assim definimos como objectivo único:

- Conhecer a importância atribuída pelas alunas à eventual existência de um código da

profissão docente.

BLOCO V – Validação da entrevista

Este último bloco foi elaborado com o objectivo de recolher elementos de carácter

complementar, considerados importantes pelas alunas entrevistadas, que não tivessem

sido abordados e sobre os quais solicitámos que se pronunciassem.

Sobre a realização das entrevistas resta acrescentar que as mesmas foram gravadas com

o consentimento prévio de todos os entrevistados, em ambiente privado e calmo e foi

respeitado o compromisso de anonimato.

Quanto ao guião, o mesmo não foi aplicado rigidamente, tendo sido adaptado ao

decorrer do discurso, com o objectivo de recolher o máximo de informação e clarificar

as ideias menos perceptíveis apresentadas pelos entrevistados.

5. Técnica de Tratamento de Dados

Page 105: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

94

5.1. Análise de conteúdo

Após a recolha de dados, procedemos à sua análise e tratamento, de forma a

desenvolver o tema deste estudo: a Formação Ético-Deontológica dos Educadores de

Infância em Formação Inicial.

Para tal, utilizámos a análise de conteúdo, definida por Berelson, (1952) cit. in

Bardin. L, 2006:16) como:

“…uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objectiva,

sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação”.

Esta definição reflecte o paradigma positivista, assente essencialmente na

objectividade e quantificação, que norteava a investigação nos anos 50 e 60.

No entanto, conforme salienta Esteves (2006), naquela mesma época já se fazia eco

da perspectiva qualitativa da análise de dados, e como tal, a análise de conteúdo, para

além da descrição, passou a contemplar a inferência. Esta é, de acordo com o Dicionário

da Língua Portuguesa Contemporânea - Academia das Ciências de Lisboa (2001),

considerada uma operação lógica, da qual se tira uma conclusão, a partir de várias

proposições tidas como verdadeiras.

Nesta medida, e perante um determinado texto, o analista através da descrição,

enumera as características da mensagem, estabelece as inferências e como resultado

final, apresenta a sua interpretação e explicação de fenómenos implícitos e explícitos na

comunicação.

Actualmente, tal como refere Bardin (2006:37), a definição de análise de conteúdo,

já não a resume a uma técnica mas a “…um conjunto de técnicas de análise das

comunicações, visando obter por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição

do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a

Page 106: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

95

inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/ recepção (variáveis

inferidas) destas mensagens.”

Esta concepção de análise de conteúdo parece-nos mais aberta, na medida em que,

sem abandonar as suas características iniciais, admite um conjunto de técnicas, o

recurso à quantificação, procurando extrair com rigor, a informação contida de forma

patente e latente, nas mensagens.

Na continuação do nosso trabalho, e posteriormente à realização das entrevistas,

procedemos à transcrição integral das gravações, dando origem aos protocolos das seis

entrevistas, designadas em anexo por A / B/ M/ R/ L/ P.

Estas foram na fase seguinte, objecto de uma “leitura flutuante”, definida por

Bardin (2006:90) como “ …estabelecer o contacto com os documentos a analisar e em

conhecer o texto, deixando-se invadir por impressões e orientações”. Tal tarefa

permitiu - nos aferir as ideias consideradas relevantes para o nosso estudo.

Deste modo, demos início á análise de conteúdo, como técnica por nós privilegiada,

para a descrição e tratamento dos dados recolhidos.

Assim, primeiramente procedemos á leitura das entrevistas feitas aos professores de

ética, seguida da categorização de cada uma delas. Posteriormente, procedemos de igual

modo em relação às entrevistas das alunas.

5.1.1. Categorização

Seguindo a linha de pensamento de Esteves (2006:109) a categorização pode ser

definida em termos gerais como “ (…) a operação através da qual os dados (…) são

classificados e reduzidos, após terem sido identificados como pertinentes, de forma a

reconfigurar o material ao serviço de determinados objectivos da investigação.”

Page 107: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

96

No caso do presente estudo, a categorização baseia-se no procedimento aberto ou

exploratório, que consiste em organizar em grupos, os dados obtidos das entrevistas,

considerados pertinentes em função dos objectivos que se pretendem alcançar com a

investigação.

Deste modo, através de um processo indutivo, os dados empíricos, são agrupados,

de acordo com uma classificação que se ajuste ao conteúdo dos mesmos.

A categorização baseada no procedimento aberto, é passível de remodelação até

que toda a informação considerada pertinente, seja devidamente absorvida pelas

categorias a que corresponde. (Esteves, 2006)

Segundo L. Bardin (2006) as categorias apresentam determinadas características

específicas, a saber:

- A exclusão mútua – implica que cada uma das categorias apenas pode incluir

conteúdos que não se repetem em nenhuma das restantes;

- A homogeneidade – pressupõe que na definição das categorias, citando Bardin

(2006:113) “ Um único princípio de classificação deve governar a sua organização”

De acordo com Esteves (2006:122), esta coerência de critérios permite que “…a

categorização se torne legível como um todo.”

- A pertinência – considera-se que uma categoria é pertinente quando se adapta ao

material de análise escolhido e se relaciona com o quadro teórico, devendo igualmente

corresponder às questões da investigação.

- A objectividade e a fidelidade – significam que, de acordo com Bardin,

(2006:114). “As diferentes partes de um mesmo material, ao qual se aplica a mesma

grelha categorial, devem ser codificadas da mesma maneira, mesmo quando

submetidas a várias análises”.

Page 108: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

97

Nesta medida, uma determinada unidade de registo apenas deve constar de uma

dada categoria, independentemente de quem faz a sua codificação.

Por este motivo, Bardin alerta para a importância de uma definição clara das

categorias para evitar distorções advindas da subjectividade dos codificadores.

- A produtividade – resulta do facto do conjunto de categorias definidas produzir

resultados férteis, ao nível dos índices de inferências, das hipóteses novas e de dados

exactos.

- A exaustividade – citando Esteves (2006:122) “…significa que a categorização

permite acolher todas a s unidades de registo pertinentes para o objecto de pesquisa,

sem excepção, e que todas essas unidades foram efectivamente codificadas”.

Esta característica contribui para uma análise profunda do material que se pretende

trabalhar.

Atendendo a estas características, prosseguimos o nosso estudo, definindo as

unidades de registo que, de acordo com Esteves, (2006:116) consistem no “… elemento

de significação a codificar…”, ou seja, a integrar uma determinada categoria.

No presente estudo, as unidades de registo são de natureza semântica ou temática,

porque têm em conta o significado da palavra ou palavras da mensagem.

Após a definição das unidades de registo, procedemos à sua inserção nas categorias.

Em função do discurso apresentado nas entrevistas, foram ainda criadas

subcategorias, para melhor explicitar o material recolhido, relacionado com os

objectivos do estudo.

Page 109: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

98

Este trabalho consta dos anexos D1 e D2, relativos à análise de conteúdo das

entrevistas dos professores, e dos anexos G1, G2, G3 e G4, no caso da análise de

conteúdo das entrevistas dos formandos.

Posteriormente, procedemos á elaboração de quadros síntese, com a definição de

categorias, subcategorias e indicadores. Estes, como afirma Esteves, (2006:116)

“…representam inferências do investigador a partir das unidades de registo que tem

perante si, mas são inferências ainda muito próximas do conteúdo manifesto das

comunicações”.

Os quadros supracitados referem-se à análise conjunta das entrevistas de

professores e constam do anexo E.

Precedemos de igual modo com as entrevistas dos formandos, que constam do

anexo H.

Page 110: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

99

CAPÍTULO II – Apresentação e Interpretação de Dados

1. Apresentação e interpretação dos dados das entrevistas dos professores

No presente capítulo, passaremos a apresentar as Grelhas de Análise de Conteúdo

das entrevistas dos Professores A e B, procurando fazer a interpretação dos dados,

baseada no cruzamento da informação.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 1 - Tema A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Conceito de

ética

Concepções

universalistas

-Relação com a pessoa (A)

-Respeito pela pessoa humana na sua

universalidade e singularidade (A)

-A ética é inerente ao humano (B)

-A ética assente na relação direito/dever (A)

X

X

X

X

Concepções

contextualistas

-Depende do contexto cultural (A)

-Situada numa perspectiva histórico-

cultural (A)

-Enraizada em múltiplas experiências

relacionais (A)

-A raiz da dimensão humana dispensa o

contexto metafísico (A)

- Manifestada nas relações de

respeito/responsabilidades/autonomia e

competências cidadãs (A)

-A ética como um desafio (B)

X

X

X

X

X

X

Page 111: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

100

- A relação pedagógica como relação ética

(B)

-A relação ética como base da formação (B)

X

X

Tema A: “O professor e a ética”

Este tema abrange diversas categorias que convergem para uma definição dos

professores entrevistados, quanto ao seu posicionamento, relativamente à formação

ética de futuros professores.

Para tal, entendemos ser pertinente definir como primeira categoria, o conceito de

ética, procurando perceber o que cada um subscreve

Categoria 1: Conceito de ética

Esta categoria remete para a forma como os professores entrevistados concebem a

ética no contexto geral e no contexto específico da educação.

. Assim, a análise do quadro 1, permite-nos inferir que, o professor A situa a ética

num perspectiva universalista, associada ao valor da pessoa humana, mas sempre

contextualizada numa perspectiva histórico-cultural, conforme explicitado em A1 “… A

minha perspectiva de ética (…) remete para a dimensão da pessoa humana…” e A19

“…É um pouco nesta perspectiva que eu situo a questão da ética (…) numa perspectiva

evolutiva, (…) histórico-cultural.”

Quanto ao Professor B, entende a ética como uma característica do ser humano,

“…O que é humano é ético…” B3, e enquanto professor, contextualiza-a na relação

pedagógica e na formação: ” A relação pedagógica que se estabelece entre o educador, o

professor e os alunos, as crianças, assenta fundamentalmente numa base humana …”B4

Page 112: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

101

“…Assenta em tudo aquilo que tem a ver… com de formação do outro ser

humano…”B5

Constatamos assim que, ambos os professores relacionam o conceito de ética com a

pessoa humana, numa perspectiva universalista. Mas enquanto ao sujeito A, este integra

o conceito num contexto mais geral das relações humanas, ao passo que o sujeito B

realça a perspectiva pedagógica, contextualizando-a nas relações com os alunos, a

educação e formação.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 2 – continuação:Tema A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Perspectiva do

professor

sobre o

conceito de

“bem “ do

aluno

Centrada no

desenvolvimento

pessoal

-O seu amadurecimento como

pessoa (A)

-Resulta da experiência pessoal do

professor (B)

-Orientar o aluno para realizar a sua

humanidade (B)

-Orientar através de referências (B)

-Reconhecimento da origem animal

(B)

-Promover as suas competências e

capacidades (B)

X

X

X

X

X

X

Centrada no

desenvolvimento

social

-As suas experiências relacionais

com o professor (A)

-As suas experiências relacionais

com os colegas (A)

-O aprofundamento do carácter

ético para o desempenho de

X

X

X

Page 113: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

102

responsabilidades sociais (A)

-Apoiar a integração do aluno no

mundo (B)

-Dar a conhecer os limites e as

regras (B)

-Ajudar a distinguir o bem do mal

(B)

-Formar o aluno a nível social e

ético (B)

X

X

X

X

Categoria 2: Perspectiva do professor sobre o conceito de “Bem do aluno”

Nesta categoria, o “Bem do aluno” é apresenta-se em dois planos distintos mas que

se complementam. Assim, o “Bem do aluno” surge centralizado no seu

desenvolvimento pessoal e no seu desenvolvimento social.

Verificamos que o professor A, considera “… O bem do aluno será certamente, no

meu entender, (…) o crescer como pessoa.” A20, mas dá maior relevância a esse

crescimento integrado no contexto social. - [Não consigo facilmente dissociar a ideia de

bem] do (…) redimensionamento do indivíduo, procurando sempre projectar-se para

outras dimensões do comportamento e da atitude ética nesta perspectiva social.” A31

O professor B defende a importância de orientar o aluno, acentuando uma

perspectiva de apoio mais individualizado, mas com vista á sua integração no mundo.” -

(…) O bem do aluno, aqui é verdadeiramente formá-lo, no sentido de ser um bom

humano…” B106

- [É por via da] educação, e aqui dentro da educação, (…) tudo aquilo que são os

verdadeiros agentes responsáveis por ela (…) fazer com que, á medida que a criança vai

entrando no mundo… vai conhecendo o mundo” B99

Page 114: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

103

Destaca-se assim a perspectiva do aluno enquanto ser único e enquanto ser social,

cujo desenvolvimento e integração na sociedade cabe ao professor promover.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 3-continuação:Tema A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Conceito de

justiça

Perspectiva

legalista

-O cumprimento de leis (A)

-A aplicação de leis (A)

-O respeito por regras estabelecidas

(A)

- As atitudes e comportamentos que

orientam as relações humanas (A)

X

X

X

X

Perspectiva

Pedagógica

- O equilíbrio de atitudes do

professor (A).

- O relacionamento tolerante e

compreensivo com os alunos (A)

- A resolução de conflitos com

parcimónia e bom senso (A)

-A valorização do diálogo (A)

-A justiça perspectivada de forma não

absoluta (A)

- A justiça como arbitragem de

relações (A)

X

X

X

X

X

X

Perspectiva

humanista

- A justiça é ética (B)

- Falível sob o ponto de vista humano

(B)

X

X

Page 115: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

104

Categoria 3: Conceito de Justiça

Apresenta-se segundo várias perspectivas: legalista, pedagógica e humanista.

No entanto, a perspectiva pedagógica, muito entrosada na perspectiva humanista,

destaca-se nitidamente, marcada até pela natureza do próprio estudo.

Constatamos no entanto, que o professor A centra o conceito de a justiça na relação

pedagógica, atribuindo-lhe um carácter de mediação : “- [A justiça diz respeito à forma

como o professor] consegue promover (…) a resolução dos conflitos… A44

Quanto ao professor B, define a justiça de uma forma mais geral, associando-a à

ética e ao humano.” O conceito de justiça aqui é novamente um conceito ético…” B117

Page 116: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

105

Categoria 4: Conceito de professor Justo

Com esta categoria pretendemos perceber quais as características que os

entrevistados consideram que deve ter o “professor justo.

Assim, constatámos que o professor A direcciona essas características

essencialmente para a sua relação com os alunos.” - [O professor deve ser capaz de criar

condições] para o diálogo entre os alunos… “A58.

Quanto ao professor B, considera que o professor justo deve centrar-se no trabalho

desenvolvido pelo aluno e avaliá-lo de forma isenta e rigorosa. “ … Eu julgo que o

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 4 –continuação: Tema A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Conceito de

professor justo

Valoriza a

relação com o

aluno

-Usa e promove o diálogo

construtivamente (A)

- Toma a iniciativa em dialogar (A)

- Baseia a justiça no diálogo (A)

- Deve ser um bom árbitro (A)

- Promove o bom senso (A)

X

X

X

X

X

Avalia com rigor

o trabalho do

aluno

-Avalia considerando todas as

variáveis (B)

-Avalia com objectividade a

produção do aluno (B)

-Constrói escala de avaliação de

competências (B)

-Consciente das implicações éticas da

avaliação (B)

X

X

X

X

Page 117: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

106

professor justo é, pelo menos aquele que em consciência, considera todas as variáveis

no momento da avaliação…” B119.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 5-continuação:Tema A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Dilemas éticos

dos professores

de Axiologia

Avaliação técnica

dos alunos

-Avaliar é eticamente complicado

(A)

-Utiliza técnicas de avaliação

adequadas (A)

- Os mecanismos de avaliação

tranquilizam o professor (A)

-O professor que vê o aluno como

decalcável numa grelha de avaliação

não tem problemas éticos em avaliar

(A)

X

X

X

X

Avaliação

humanista dos

alunos

- O aluno é mais do que a avaliação

fria (A)

- Avaliação baseada na empatia (A)

- Preocupação com os efeitos da

avaliação na auto-estima e no

trabalho do aluno (A)

-Preocupação com os efeitos da

avaliação no relacionamento com os

colegas (A)

-Avalia o aluno num plano mais

amplo que a sua produção (A)

-O esforço para humanizar a

avaliação (A)

X

X

X

X

X

X

Page 118: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

107

Categoria 5: Dilemas éticos dos professores de Axiologia

Esta categoria apresenta os dilemas éticos e outros problemas, mais marcantes para

os professores, nomeadamente ao nível da avaliação dos alunos e da relação com os

colegas.

Os entrevistados revelaram também a sua posição para a resolução das situações

apresentadas.

Assim, para o professor A o dilema ético mais emergente é a avaliação dos alunos.

“… Para mim é sempre… eticamente complicado… avaliar um aluno…” A63.

Isto porque embora a avaliação se baseie em técnicas científicas adequadas, estas

não contemplam as características do aluno enquanto pessoa.” - (…) Por norma, aceito

logo á partida que o aluno que eu avalio, é sempre uma outra coisa… que a avaliação

que dele faço mais fria…” A71.

Assim, para além da avaliação técnica, centrada no trabalho do aluno, o professor A

numa perspectiva humanista da avaliação, procura valorizar a pessoa do aluno” (…) Eu

tento fazer essa medição” A79 (…) Mas (…) o meu esforço é tentar humanizar essa

medição…” A81.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 6 – continuação: Tema A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Dilemas éticos

dos professores

de Axiologia

Dilemas são uma

constante da

profissão

-O professor. confronta-se com

situações dilemáticas com alunos

e com colegas (B)

-A resolução de dilemas apela à

consciência do professor (B)

X

X

Page 119: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

108

-Os dilemas são inevitáveis porque

o professor trabalha com seres

humanos (B)

X

Problemas não

dilemáticos

Falta de interesse

dos colegas pelo

trabalho

-Os juízos de valores sobre os

colegas nem sempre são positivos

(B)

-Percepção das falhas éticas dos

colegas (B)

-Falta de preparação das aulas (B)

X

X

X

Revelação

desadequada de

informação sobre

os alunos

-Desacordo em relação ao modo

como se fala do aluno (B)

- A divulgação da informação sobre

os alunos limitada a vários

contextos (B)

X

X

Categoria 6: Problemas não dilemáticos

A categoria “Problemas não dilemáticos” surge em virtude do professor B, destacar

situações dilemáticas com colegas e alunos.

Assim, embora não apresentando um dilema propriamente dito, referiu problemas

de relação com os colegas, no que respeita ao desempenho profissional “ (…) Tantas

vezes nós vemos infelizmente (…) outros professores muitas vezes a ser pouco

conscientes (…) do seu trabalho …” B137.

Numa outra vertente, o professor B apontou também problemas relativos á atitude

dos colegas para com os alunos” (…) Refiro-me mais ao modo como muitas vezes, se

fala do aluno, ou dos alunos, ou da vida dos alunos, sem que haja aqui a noção de que

nem tudo pode ser dito…” B149.

Page 120: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

109

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 7-continuação:Tema A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Atitude face

ao problema

Atitude de

distanciamento

-Procura não se envolver em

situações que condena (B)

- Distancia-se dos outros professores

(B)

X

X

Dependente do

contacto

-Depende da postura pessoal e das

relações que mantém no meio

escolar (B)

-Avalia o seu envolvimento na

situação (B)

X

X

Dependente dos

efeitos

-Atende as situações que se

reflectem no seu trabalho e no seu

relacionamento com o aluno (B)

-Desvaloriza as situações que não

interferem no seu trabalho (B)

X

X

Dependente da

postura individual

-Depende de como cada um gere as

situações (B)

X

Categoria 7: Atitude face ao problema

Face aos problemas enunciados anteriormente, criámos a categoria “Atitude face ao

problema” com o objectivo de saber como o professor B reage em tais circunstâncias.

A atitude normalmente prevalecente é de distanciar-se “…Procuro nunca me

envolver…” B151

Apenas atende as situações que envolvem o seu trabalho e a sua relação com os seus

alunos. ” Se é um assunto… se é alguma coisa que se diz que tem relevância] no meu

Page 121: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

110

trabalho (…) eu certamente não serei indiferente… B172 (…) se é alguma coisa que se diz

tem relevância] no meu relacionamento com o aluno, eu certamente não serei

indiferente…” B173

Quanto às situações que não interferem no seu trabalho, nem na relação com os seus

alunos, o professor B desvaloriza-as “- [Se considerar (…) que não é de todo algo que

interfira] no relacionamento do aluno com a escola (…) eu sou muito sincera e

educadamente eu desvalorizo a situação…” B176

“…- [Se considerar (…) que não é de todo algo que interfira] com o meu trabalho

em particular, eu sou muito sincera e educadamente eu desvalorizo a situação…” B178

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 8-Conclusão:Tema A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Causas dos

dilemas

Pressão social

sobre o professor

-O professor é um profissional da

educação (B)

-O professor não pode substituir os

encarregados de educação (B)

-A pressão social contribui para a

confusão de funções do professor

(B)

X

X

X

Mistura das

funções

-Os dilemas resultam do professor

misturar funções (B)

X

Categoria 8: Causas dos dilemas

A categoria “Causas dos dilemas “ foi criada para integrar a posição do professor B

relativamente a este assunto. Na sua perspectiva, os dilemas com que os professores se

Page 122: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

111

confrontam, devem-se em parte à pressão social que é exercida sobre estes, para

desempenharem funções que competem a outros, nomeadamente aos encarregados de

educação,” - [O professor/educador] (…) Não é um pai…” B162 , mas também pelo facto

dos próprios professores misturarem essas funções. “ Eu penso que até por via da

pressão social que existe sobre o nosso trabalho, muitas vezes nós misturamos as coisas

umas com as outras.” B165

TEMA B: Dimensão ética em educação de Infância

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 9-Tema B: “Dimensão ética em educação de infância ”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Uma profissão

de base ética

Importância da

dimensão ética na

profissão

-A dimensão ética tem toda a

importância na profissão do

educador (A)

-Qualquer profissão necessita de um

suporte ético de valores (A)

X

X

Importância da

dimensão ética na

formação

-A formação pressupõe um suporte

ético de valores (A)

- É necessária formação e reflexão

ética dos formadores (A)

X

X

Importância da

formação moral

da criança

Papel do

educador

-As crianças são os seres morais de

amanhã (A)

- Atender à formação moral da

criança (A), (B)

-Contribuir para a formação moral

da criança numa perspectiva de

futuro (A)

X

X

X

X

Page 123: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

112

-Sensibilizar para a formação moral

adequada á criança integrada num

projecto de todos (A)

-Reconhecer-se como agente ético

(B)

-Reconhecer-se como formador de

seres humanos (B)

X

X

X

Categoria 1: Uma profissão de base ética

Esta categoria evidencia a importância atribuída pelo professor A à dimensão ética

na profissão e na formação dos docentes. “…O educador (…) tem a meu ver nesta

perspectiva da ética, de atitudes, dos comportamentos, uma importância para mim

fulcral para a criança …” A93 (…) [Nem compreendo] qualquer acção relacionada com

a formação dos indivíduos, nomeadamente no âmbito educacional [sem um suporte

ético em termos de valores, em termos axiológicos] … A84

Sobre esta categoria não temos nenhum registo de opinião do Professor B.

Categoria 2: Importância da formação moral da criança

Esta categoria integra as opiniões dos professores, sobre a importância da formação

moral da criança, salientando numa primeira perspectiva o papel do educador.

Assim, ambos convergem face à na necessidade do educador atender à formação

moral da criança.”… É importante que se perceba que a criança, com a qual a maior

parte dos educadores começa a trabalhar bem cedo, (…) é um ser moral em construção,

em delapidação…A109

“ Eu penso que mais até do que as competências (…) o educador (…) deve ser

absolutamente consciente da importância que tem na formação em educação das

crianças…” B10

Page 124: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

113

Para cumprir este objectivo o professor A, preconiza a sensibilização das

educadoras, para a responsabilidade da formação moral das crianças, se basear numa

perspectiva de futuro.” -- [Devemos contribuir eticamente, (…) para a sua formação]

não numa perspectivação que se esgota no final do pré-escolar. “A120

Na mesma linha de sensibilização, o professor B alerta para a importância do

educador interiorizar o papel de agente ético “…E por ter essa consciência plena [da

importância que tem na formação em educação das criança] ele (o educador) deve

reconhecer-se fundamentalmente como um agente ético…” B12

Na sequência desta categoria, ambos os professores salientam as condições sócio

familiares e culturais em que a criança vive, enquanto o professor A refere o

desenvolvimento que a formação ética poderá proporcionar à criança, face ás

circunstâncias com que se confronta.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 10-continuação: Tema B: “Dimensão ética em educação de infância ”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Importância da

formação

moral da

criança

A criança e as

condições sócio

familiares e

culturais

-O contacto precoce da criança com

realidades socioculturais diversas

(A), (B)

-O acesso fácil à informação (A)

-A estrutura familiar mais híbrida

(A)

-O contributo da formação no

desenvolvimento da sociabilidade

(A)

X

X

X

X

X

-Reconhecer as interacções do seu

trabalho (B)

-A relação de proximidade ética com

X

X

Page 125: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

114

Requisitos do

exercício ético

Dinamizar as

interacções éticas

a criança (B)

-A relação de proximidade ética com

os pais e outros responsáveis pela

criança (B)

-A relação de proximidade ética de

respeito, conhecimento e abertura

com outros educadores (B)

-A relação ética com a Escola

enquanto instituição (B)

-A relação de proximidade ética e de

escuta com as autarquias (B)

X

X

X

X

Categoria 3: Requisitos do exercício ético

Esta categoria apresenta um conjunto de requisitos considerados necessários ao

exercício ético da profissão. È de salientar que o professor B abordou de forma mais

específica, a questão das interacções éticas.

Assim, este professor destaca a importância de estabelecer relações de proximidade

ética com diferentes públicos.”…Aqui a relação de proximidade ética com a criança

“B29 …com os pais B30…com os colegas… B21, com a escola B45 …com as autarquias

B54…com outros agentes da comunidade…”B55.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 11 – continuação: Tema B: “Dimensão ética em educação de infância ”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Dinamizar as

interacções éticas

-A relação de proximidade ética e de

escuta com os agentes da comunidade

(B)

-A relação numa perspectiva de

X

X

Page 126: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

115

Requisitos do

exercício ético

totalidade (A)

Saber reflectir

- Necessidade de reflectir sobre a sua

relação com as crianças e com os pais

(B)

-Necessidade de tomar consciência

dos limites do seu trabalho (B)

X

X

Reconhecer os

seus deveres

profissionais

-Necessidade de identificar os deveres

deontológicos do seu trabalho (B)

X

Desenvolver

trabalho de

parceria

-Professores e educadores tendem

cada vez mais a trabalhar em conjunto

(B)

- O educador/professor tem que estar

consciente de que o seu trabalho

implica parcerias com outros agentes

(B)

X

X

Quanto ao professor A, referiu-se à importância da relação mas numa perspectiva

mais geral. “…Eu perspectivo as coisas numa perspectiva (…) de totalidade, ou seja, é

preciso que nos aprendamos a relacionar não especificamente com crianças…” A113

“- É preciso que nos aprendamos a relacionar com pessoas (…) com as dificuldades

que essa relação deixa antever ou faz prever …” A115

Esta categoria refere ainda a importância atribuída pelo professor B, à reflexão

sobre o papel do educador e a consciência que este deve ter dos limites do seu

trabalho”…A postura ética, exige ao educador verificar que essa acção deve começar

muitas vezes por identificar os limites (…) do seu trabalho.” B24 e dos seus deveres

deontológicos. B25

Page 127: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

116

O professor B destaca também o trabalho de parceria com os colegas e outros

agentes. “… O educador tem que ter muito essa noção (…) de que o seu trabalho é um

trabalho de parceria [com outros agentes que estão para lá de si próprio. B422

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 12-Conclusão:Tema B: “Dimensão ética em educação de infância ”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Requisitos do

exercício ético

Repercussões do

trabalho do

educador

-O trabalho do educador não se limita

ao seu grupo e à sua sala (B)

- O educador tem que estar consciente

de que o seu trabalho tem

repercussões fora da sala (B)

X

X

-A criança projecta para o exterior as

suas aprendizagens (B)

-A criança partilha com os pais o seu

quotidiano na escola (B)

X

X

O professor B enfatiza ainda as repercussões do trabalho de educador, que a criança

projecta para além do espaço da sala

TEMA C: Representações sobre o formando e a ética

Sobre este tema os entrevistados apresentam concepções diferentes, situadas em

planos opostos. Numa categoria, um dos entrevistados considera desvalorização da ética

pelos formandos, enquanto que o outro entende que estes a valorizam.

Page 128: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

117

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 13 - Tema C: “Representações sobre o formando e a ética ”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Subestimação do

papel da ética

Falta de

sensibilidade em

relação à ética

-Dificuldade em perspectivar a

importância da ética (A)

-Pouca importância atribuída aos

valores na formação (A)

-Falta de visibilidade sobre a

importância da ética (A)

na educação de infância

-Apreensão pela desvalorização da

formação ética (A)

X

X

X

X

Razões para a

falta de

sensibilidade

-Visão técnica do Jardim-de-

infância (A)

-Dificuldade em entender o papel

da ética no Jardim-de-infância (A)

-Relações éticas não são visíveis

para os formandos (A)

-Falta de introspecção (A)

-Falta de percepção (A)

-Falta de interesse (A)

-Falta de reflexão (A)

X

X

X

X

X

X

X

Categoria 1: Subestimação do papel da ética

Page 129: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

118

Nesta categoria o professor A entende que os formandos manifestam dificuldade

em perspectivar a importância da ética.”… Regra geral, os educadores de infância têm

alguma dificuldade (…) em perspectivar a importância da ética…” A88

Atribuem pouco relevo aos valores na sua formação e este facto é entendido como

falta de visibilidade e de sensibilidade para as questões da ética.”… Talvez também até

por causa (…) haver ainda uma penumbra, no horizonte da sua formação, quanto à

importância decisiva que têm estes aspectos éticos e morais, na educação de infância.”

A212

Na perspectiva deste professor, as razões que justificam esta situação relacionam-se

com a falta de introspecção, de percepção e de interesse sobre a importância da

formação moral da criança.( A241, A242, A243, A244, A100 )

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 14-Conclusão:Tema C: “Representações sobre o formando e a ética ”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Valorização da

dimensão ética

Formação

pessoal dos

formandos

-São pessoas com uma formação

pessoal definida (B)

-Assumem valores e tomadas de

posição (B)

-Praticavam o bem (B)

-Não eram mal formados (B)

-Eram educados e dedicados (B)

-Tinham alguns conflitos (B)

X

X

X

X

X

X

Atitude face à

profissão

-Atentos aos desafios do mundo e da

profissão (B)

X

Page 130: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

119

Atitude face à

formação

-Receptivos ao abordar questões (B)

-Sensibilizados para a importância

da sua formação ética (B)

X

X

Categoria 2: A valorização da dimensão ética

Esta categoria abrange apenas a opinião do professor B, que considera que os

formandos são pessoas bem formadas do ponto de vista ético e moral,”… Eu penso que

os alunos são boas pessoas, no sentido de prática do bem…” B254

Eram considerados alunos atentos aos desafios do mundo e da profissão.” - [Eram

alunos] fundamentalmente, muito atentos aos grandes desafios do mundo de hoje… B262

(….)- [Eram alunos muito atentos] aos desafios que a profissão deles enfrenta …

B263.

Manifestaram-se receptivos à abordagem de questões éticas e conscientes da

importância das mesmas para a sua formação. “Os alunos são boas pessoas] com

preocupações em perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma formação ética

muito atenta…” B270

TEMA D: Concepções do “Bom educador”

Neste tema mencionam-se as qualidades consideradas desejáveis, a atribuir ao

“bom educador”.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 15 - Tema D: “Concepções do bom educador ”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

-Promotor de felicidade (A)

X

Page 131: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

120

Qualidades

direccionadas

para a pessoa

do aluno

Promotor de

desenvolvimento

-Promotor da aprendizagem (A)

-Facilitador do crescimento (A)

X

X

Orientador

-Sabe orientar (A)

-Sabe apoiar (A)

X

X

Espírito de

humanidade

-Preocupa-se continuamente com

os alunos (B)

-É verdadeiramente humano (B)

X

X

Espírito de

abertura

-É respeitador (B)

-É tolerante (B)

-É aberto (B)

-Sabe escutar (B)

-É livre (B)

-É despreconceituoso (B)

X

X

X

X

X

X

Categoria 1: Qualidades direccionadas para a pessoa do aluno

Nesta categoria, o professor A considera que o bom educador deve promover a

felicidade dos seus alunos, bem como as aprendizagens.”… - [O bom educador] alguém

que fosse capaz de fazer os outros felizes… A123… A125

O bom educador deve saber apoiar o aluno no seu crescimento orientando-o nos

caminhos a seguir. Apresenta assim, uma perspectiva geral do desenvolvimento do

aluno e do papel do educador nesse processo.

Quanto ao Professor B, revela maior especificidade na definição do bom educador,

atribuindo-lhe uma série de valores que integram uma perspectiva humanista. B81, B88

Page 132: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

121

Em ambos os casos a preocupação central é a pessoa do aluno.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 16 – Conclusão: Tema D: “Concepções do bom educador ”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Qualidades

direccionadas

para o seu

trabalho

Reflexivo

-Reflecte sobre o seu trabalho (B)

-Valoriza a diferença (B)

-Consciente de que o resultado do

seu trabalho não é imediato (B)

X

X

X

Dedicado

-Prolonga o trabalho da escola em

casa (B)

-Planifica e avalia o seu trabalho

(B)

-Envolve-se (B)

-Empenha-se (B)

-Não é indiferente (B)

X

X

X

X

X

Categoria 2: Qualidades direccionadas para o trabalho

Esta categoria atende apenas à posição do professor B, que realça a atitude reflexiva

do professor em relação ao seu trabalho, valoriza, a diferença, e está consciente que os

resultados do seu trabalho não são imediatos.

No entanto, empenha-se de forma dedicada na planificação e avaliação do seu

trabalho. Assim, destacam-se como qualidades direccionadas para o trabalho, a

reflexividade e a dedicação.” …parte muito dessa tomada de consciência que cada um

faz do seu trabalho, e da concepção do seu trabalho… “B58…”…Quando

Page 133: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

122

verdadeiramente encaramos a profissão com esse carácter humano nos empenhamos…

“B79

TEMA E: A ética na formação em geral

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 17 - Tema E: “A ética na formação em geral”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Princípios e

valores

essenciais à

formação dos

educadores

Valores

interpessoais

-O diálogo (A)

-A empatia (A)

-Fazer-se respeitar (A)

- O respeito (A), (B)

-A responsabilidade perante si (A),

(B)

-A responsabilidade perante os outros

(B)

-Responsabilidade como valor chave

da profissão (B)

- A responsabilidade como valor

chave da formação (B)

-A tolerância (B)

-A aceitação da diferença (B)

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Valores pessoais

-A autonomia (A)

-O pensamento crítico (A)

-A reflexão (A)

X

X

X

Categoria 1: Princípios e valores essenciais à formação dos educadores

Page 134: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

123

Nesta categoria foram referenciados valores de carácter interpessoal, com maior

incidência na responsabilidade e no respeito, comungados por ambos os professores.

Quanto aos valores pessoais o professor A refere a autonomia, o pensamento crítico e a

reflexão”(A143, A145, A147, ) enquanto o professor B salienta os valores sócio-políticos,

relacionados com a liberdade e a mudança. B207, B214

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 18 –continuação: Tema E: “A ética na formação em geral”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Princípios e

valores

essenciais à

formação dos

educadores

Valores

sociopolíticos

-Liberdade no sentido político (B)

-Liberdade associada á

responsabilidade (B)

-A liberdade como valor fundamental

da profissão (B)

-A mudança (B)

X

X

X

X

Importância da

formação ética

Importância

atribuída pela

Escola

-Importância considerável (A)

-Importância relativa (B)

-Preocupação com a formação de

competências éticas (A)

X

X

X

Importância

atribuída pelos

Professores

-A necessidade da disciplina ser

anual (B)

-A manifestação no Conselho

científico da disciplina ser anual (B)

X

X

Importância

atribuída pelos

-O desejo de mais tempo de

formação (B)

X

Page 135: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

124

alunos

-O reconhecimento da importância

da ética na prática (B)

- Sugestões dos alunos (B)

X

X

Categoria 2: Importância da formação ética

Esta categoria analisa a importância da formação ética, em três perspectivas:

- A importância atribuída pela Escola de formação, na perspectiva dos professores;

- A importância atribuída pelos professores;

- A importância atribuída pelos alunos.

Cada um destes três públicos apresenta a sua justificação para a posição assumida.

Quanto aos professores, assiste-se a alguma divergência, na medida em que o

professor A entende que a escola atribui uma importância considerável á formação

ética, ao passo que o professor B considera apenas uma importância relativa. “Eu penso

que atribui uma importância considerável A149, (…) Basta ver por exemplo, que é uma

disciplina [A Axiologia] que tem uma carga horária de (…) 90 horas”. A150

“Aquilo que me parecia …a Escola atribuía um valor relativo à disciplina… B224

Reforçando a sua opinião relação á importância que atribui a esta formação, o

professor B, considera que a mesma deveria ser anual. “…A prática da própria

disciplina, na prática e pela experiência concreta com os alunos, sentia-se (…) a

necessidade emergente, de a disciplina (…) em vez de ser semestral, a disciplina ser

anual “B226

Quanto aos alunos, de acordo com a perspectiva do professor B, reconheciam a

importância da ética na sua prática e sentiam necessidade de mais tempo de

formação.”… - [Os alunos achavam sempre] que deveríamos ter mais horas para

aprofundar…” B234.

Page 136: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

125

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 19 – Conclusão: Tema E: “A ética na formação em geral”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Importância da

formação ética

Processos de

formação

-Desenvolvimento da Axiologia em

paralelo com outras disciplinas (A)

-Realização de trabalhos pelos alunos

em seminários interdisciplinares (A)

X

X

Valores

promovidos

pela Escola

Valores

religiosos

-Valores de carácter humanista-

cristão (A)

-Associados à Igreja Católica (B)

X

X

Valores gerais

-O humanismo (B)

-Em prol da a família (B)

-Educação (B)

X

X

X

Valores

específicos

-Tolerância (B)

-Pela diferença (B)

X

X

Opinião dos

professores

-O professor partilha os valores da

Escola (A)

- Consistentes com os grandes

valores éticos do mundo de hoje (B)

X

X

Quanto os processos de formação apenas o professor A, refere a realização de

trabalhos no âmbito de formação ética numa perspectiva de interdisciplinaridade.

Categoria 3: Valores promovidos pela Escola

Nesta categoria os entrevistados pronunciam-se sobre os valores que acham que a

Escola promove. As opiniões convergem nos valores de carácter humanista-cristão,

Page 137: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

126

sendo ainda referenciados outros como a família, a educação, a tolerância, o respeito

pela diferença. Ambos os professores entrevistados partilham dos valores promovidos

pela escola.

Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-deontológica dos formandos

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 20 - Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-deontológica dos

formandos”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Estratégias de

formação

Disponibilização da

informação

-A perspectiva histórico-cultural

contextualizada na

contemporaneidade

(A)

-A desmistificação da novidade

(A)

-A abordagem de textos e

reflexões nas aulas teóricas (B)

X

X

X

Promoção do

pensamento crítico

-Provocar (A)

-Estabelecer pontes (A)

-Fazer pensar (A)

-Debates e análise de questões

nas aulas práticas (B)

-Análise das questões éticas do

mundo contemporâneo (B)

X

X

X

X

X

Justificação das

estratégias

-Comportamentos impulsivos (A)

-Predomínio de preocupações

pessoais (A)

X

X

-Aplicação de situações em sala

X

Page 138: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

127

Sugestões de

actividades

práticas

de aula (A)

-Aplicação à exploração de temas

e histórias (A)

-Aplicação a actividades lúdicas

(A)

X

X

Categoria 1: Estratégias de formação

Esta categoria contempla as estratégias de formação privilegiadas pelos professores

na formação ética dos formandos.

A análise do quadro 20 permite-nos verificar que, como estratégia, ambos os

professores disponibilizam informação aos seus alunos, numa perspectiva teórica

baseada na apresentação de matéria e abordagem e de textos.

Quanto á forma como essa informação é trabalhada existem pontos de vista

diferentes.

O professor A procura provocar os alunos para os fazer pensar. “…a minha forma

de dinamizar as aulas vai ser… é sempre numa perspectiva provocativa..” A158

Este professor, justifica a sua estratégia, baseado na necessidade de aprender a

reflectir, para prevenir comportamentos inadequados. “…È precisamente por muitas

vezes (…) não reflectirmos (…) até nas pequenas coisas da inter-relação pessoal do

nosso quotidiano, que muitas vezes nem sequer damos conta que não temos atitudes,

nem comportamentos éticos à altura, daquilo que supostamente deve ser o padrão de um

educador ou de um professor. “A169

Para além de uma abordagem teórica, o professor A refere estratégias de carácter

prático, relacionadas com a aplicação da formação ética na exploração de histórias e

actividades lúdicas.

Page 139: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

128

Quanto ao professor B centra-se na análise e debate de questões éticas”… Nós na

escola atribuíamos muita importância à análise profunda dos grandes desafios éticos do

mundo contemporâneo… “B443

Este professor refere ainda a divisão de aulas em teóricas e práticas, como

estratégia de formação.”… - [Nas aulas teóricas] eram trabalhados textos de referência

…” B276 …

“…[Aulas mais práticas] muitas vezes (…) girando à volta de debate sobre textos

… B279

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 21- continuação: Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Estratégias de

formação

Sugestões de

actividades

práticas

-Estabelecer articulação entre

teoria e prática (A)

-Salvaguardar da liberdade do

educador (A)

X

X

Estruturação das

aulas

-A parceria na dinamização das

aulas (B)

-A divisão em aulas teóricas e

práticas (B)

X

X

Estratégias de

desenvolvimento

Ausência de

estratégias

-Nenhuma estratégia prévia (A)

X

Conhecimento da

criança e do grupo

-Observar o grupo para o

conhecer (A)

-Conhecer cada criança

X

X

Page 140: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

129

moral da criança

individualmente (A)

Construção da

relação afectiva

-Dar atenção às crianças (A)

-Conquistar afectivamente o

grupo (A)

-Estabelecer relação de olhares

(A)

-Manter a disponibilidade (A)

X

X

X

X

Categoria 2: Estratégias de desenvolvimento moral da criança

Esta categoria integra as estratégias que os professores de Axiologia defendem para

a apoiar o desenvolvimento moral da criança.

Em relação ao professor A, este refere a importância de observar a criança e o

grupo “…Aquilo que aconselho (…) aquilo que eu fundamentalmente recomendo é que

observem muito” A188

Defende também a necessidade de construir uma relação afectiva com cada criança

e com o grupo.”… - [A afectividade] é quase que uma estratégia (…) de conquista para

poder formar…” A205

Quanto ao professor B , propõe como estratégias, a construção de materiais

didácticos e a aplicação desses materiais no trabalho com as crianças .”… - (…) Depois

mais concreto na prática e tantas vezes a construção de jogos…” B301

Por outro lado, incentiva os formandos a colher opiniões junto das crianças sobre

temas relacionados com os valores. “… A recolher tomadas de posição [das crianças]”

B310.

Page 141: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

130

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 22 –continuação: Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Estratégias de

desenvolvimento

moral da criança

Planificação e

realização de

actividades

-Sugestões de trabalho baseadas

nos conteúdos teóricos (B)

-Construção de materiais

didácticos (B)

-Aplicação dos materiais à prática

pedagógica (B)

X

X

X

Desenvolvimento

das actividades

com as crianças

-O envolvimento das crianças (B)

-A tomada de posição das

crianças sobre valores (B)

X

X

Conteúdos da

formação

Deontologia

-Sensibilização às questões

deontológicas em geral (B)

-Sensibilização às questões

deontológicas da profissão (B)

-Apoiada em autores portugueses

(B)

-A construção de um código

deontológico (B)

X

X

X

X

Dilemas éticos

-Os dilemas da profissão (B)

X

Paradigmas da

formação ética

-Paradigma da responsabilidade

(B)

- Paradigma da justiça (B)

X

X

Page 142: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

131

Categoria 3: Conteúdos da formação

Sobre os conteúdos da formação apenas se pronunciou o professor B, referindo

como principais, a deontologia, “…As últimas aulas eram dedicadas ao debate de

questões relativas ao deontológico… “B291…os dilemas éticos “…As últimas aulas eram

dedicadas às questões dilemáticas da profissão docente…” B293 e os paradigmas da

responsabilidade e da justiça. “…As últimas aulas eram dedicadas às questões relativas

aos paradigmas da responsabilidade B294….. às questões relativas aos paradigmas da

justiça… “B295.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 23- continuação: Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Objectivos da

formação

-Incentivar tomadas de posição

(B)

-Promover o espírito crítico e a

reflexão (B)

X

X

Impacto da

formação ética

Na avaliação

-Condicionalismos pessoais da

avaliação (A), (B)

-Falta de tempo para aprofundar

as grandes questões (B)

-Necessidade de cumprir o

programa condiciona a

verificação dos resultados da

formação (B)

X

X

X

X

Page 143: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

132

Em situações de

estágio

-Aplicação das temáticas da ética

em sala de Pré-Escolar (A)

-Exemplos trazidos das situações

de estágio (B)

-Exemplos de situações com

crianças (B)

-Exemplos de situações da atitude

do educador com as crianças (B)

X

X

X

X

Em situações de

sala de

de aula

-Aplicação das temáticas da ética

em sala de aula (A)

-Substituição dos planos de aula

pelo debate de situações práticas

(B)

X

X

Categoria 4: Objectivos da formação

Desta categoria constam apenas os objectivos definidos pelo professor B,

nomeadamente, o incentivo de tomadas de posição pelos alunos “…Obrigar os alunos a

tomar posição “B297 e à promoção do espírito crítico e à reflexão. “…Obrigar os alunos]

a assumir posições críticas B298 (…) de reflexão. B299

Categoria 5: Impacto da formação ética

Relativamente ao impacto da formação ética na avaliação dos alunos, os

professores por razões diferentes não podem fornecer informações precisas.

No que respeita ao Professor A , este não dispõe de informação sobre as formandas

entrevistadas, porque à data da entrevista ainda não tinha começado a leccionar a

disciplina de Axiologia e no ano transacto não esteve na nesta escola a exercer.

As suas opiniões ao longo deste trabalho têm como referência, a experiência

adquirida ao logo de dez anos nesta área, com educadores e professores do 1º ciclo, mas

Page 144: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

133

não desta Escola. “… Estamos ainda numa perspectiva muito recente, uma vez que (…)

não leccionei esta disciplina aqui no ano passado…” A157

Quanto ao professor B, refere condicionalismos como a falta de tempo para

aprofundar as matérias e a necessidade de cumprir o programa.”… - (…) Muitas vezes

condicionados pelo tempo (…) [teríamos apenas que ficar muitas vezes (…) admito por

alguma superficialidade e não tanto por aprofundar as questões] … B339 (…) Temos

sempre essa condicionante [o programa cumprir] …” B318

No entanto, ambos os professores reconheceram o interesse dos alunos, para

trabalhar estes temas quer na sala de aula, quer na prática do Jardim-de-infância.

“…[No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi que é muito significativa que]

pega nestas temáticas, para as optimizar depois em sala de aula… A223. (…) No 4º ano

há uma percentagem, que eu não direi que é muito significativa que] pega nestas

temáticas, para as optimizar depois em sala de pré-escolar.” A224

“… Tantas vezes eles [os formandos] auxiliavam-se dessa pouca prática [de

estágio] que ainda tinham (…) com a qual tinham contactado para (…) aprofundar ou

enquadrar dentro daquilo que era tematizado dentro da nossa aula…… B328

Ainda de acordo com a perspectiva do professor A, que embora não tenha sido

responsável pela formação ética das formandas do 4 ano, que fazem parte deste estudo,

este professor orientou os seus trabalhos de final de curso no âmbito da ética. Assim,

pôde conhecer os principais interesses dos formandos que orientou e de entre esses

destaca: o código deontológico”…verifico que têm algum interesse genuíno, em

questões relacionadas com o estatuto deontológico da profissão… A214, a autoridade em

educação, os valores, e a importância da formação pessoal e social.”… - [No 4º ano há

uma percentagem, que eu não direi que é muito significativa que] reconhece a

importância da ética na educação…” A222

Page 145: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

134

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 24-continuação:Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Impacto da

formação ética

Interesses dos

alunos

-Código deontológico da

profissão (A)

-Autoridade em educação (A)

-Valores em educação (A)

-Temas ético-deontológicos (A)

-Importância da ética na formação

pessoal e social (A)

X

X

X

X

X

Importância da

formação extra-

escolar

-Influência do escutismo (A)

-Influência das experiências de

vida (A)

X

X

A ética como

construção

-O reconhecimento da

importância de que a ética tem

que se construir (A)

-O reconhecimento da

importância da ética depende do

interesse e da legitimidade que se

lhe atribui (A)

X

X

No entanto, o mesmo professor associa este interesse pelas questões éticas, não a

necessidades nascidas no contexto profissional (estágios) mas resultantes da formação

Page 146: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

135

extra-escolar.”… - [Tem a ver] com outras experiências anteriores, que os alunos

trazem, ou desenvolvem paralelamente á sua actividade estudantil” A246

Na perspectiva deste professor, o interesse pela ética tem que se construir “ Esta

construção [da importância da ética em educação] depende muito do interesse [que nós

reconhecemos a essas temáticas] …”A229

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 25- continuação:Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Outros

contributos

para a

formação ética

As disciplinas

-A disciplina de Teoria e

desenvolvimento curricular I e II… e

a formação cívica e para a cidadania

(A)

-A disciplina de Teoria e

desenvolvimento curricular I e II e a

formação pessoal e social (A)

-A Matemática promotora de

actividades integradas numa visão

ética (A)

-Os valores humanistas estão

presentes nestas disciplinas (A)

- Filosofia / Sociologia / Axiologia

(B)

X

X

X

X

X

O currículo

oculto da Escola

- Os valores humanistas estão

presentes na orientação da Escola (A)

X

Os professores

de outras

disciplinas

-O reconhecimento das competências

científicas, pedagógicas e éticas dos

outros professores (B)

X

Page 147: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

136

Categoria 7: Outros contributos para a formação ética

Com esta categoria pretendemos dar conta de outros contributos existentes na

escola, para promover a formação ética dos alunos

Entre estes, ambos os professores referem outras disciplinas, que através dos seus

conteúdos reforçam esta formação.

Por seu lado, o professor A, considera que o próprio currículo oculto da Escola,

promove a formação ética.”… Eu penso que pelo elenco que vejo dessas disciplinas

[neste universo de valores que considero humanistas que eles estão presentes, (…)

nem que seja numa perspectiva de currículo oculto.” A255

Quanto ao professor B, refere o contributo dos outros professores, que pelas suas

competências participam igualmente na formação ética dos formandos.”… Eu creio que

sim, que os professores conhecendo-os como conheço, que colaboravam de forma séria

também para a formação ética dos futuros educadores. “B358

Este professor salienta também o ambiente da escola, como contributo para a

formação ética, por entender que o mesmo valoriza a proximidade entre professores e

alunos.

-A colaboração séria na formação

ética dos alunos (B)

X

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 26 – Conclusão: Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Outros

contributos

para a

O ambiente da

escola

-Uma escola pequena (B)

-Promove o conhecimento e

proximidade entre professores e

X

X

Page 148: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

137

Categoria 8: Propostas de alteração à formação ética

Nesta categoria incluem-se as propostas dos professores, para melhorar a formação

ética dos formandos.

Assim, o professor A propõe a introdução de novas disciplinas.”… Se eu pudesse

alterá-la [a formação ética] tentaria que (…) houvesse uma disciplina mais abrangente,

em termos das temáticas éticas (…) naquela perspectiva de evolução histórico-

cultural.”A257 (…) Tentaria que houvesse talvez uma outra (disciplina) que tentasse a

formação ética

alunos (B)

Propostas de

alteração à

formação ética

Introdução de

novas disciplinas

-A perspectiva ética subjacente aos

modelos pedagógicos (A)

-Leitura ético-moral dos modelos

pedagógicos num plano cultural e

antropológico (A)

X

X

Formação mais

alongada

-A necessidade de mais tempo para a

construção ética do aluno (A)

-A necessidade da disciplina ser

anual (B)

X

X

Integração de

sugestões dos

alunos

-Realização de Seminários e

encontros de reflexão conjunta (B)

-Necessidade de alargar horizontes e

aprofundar questões (B)

X

X

Perspectiva da

Escola

-A abertura da Escola para as

questões ético-deontológicas (B)

X

Page 149: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

138

partir dos diferentes modelos pedagógicos para a educação de infância, (…) fazer ver

aos educadores, qual o quadro ético-moral que lhes está subjacente” A258

Em relação ao tempo destinado à formação ética, ambos os professores são

unânimes em reconhecer a necessidade desta ser mais alongada.”… Porque estas coisas

da ética precisam de tempo, porque são do domínio das relações…” A265

“…E tantas vezes este desejo [da disciplina ser anual] era manifestado no Conselho

Científico, (…) pelos docentes, por quem leccionava a disciplina “B227

Tema G: “Os professores e a profissão

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 27 - Tema G: “Os professores e a profissão”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Funções do

professor

Informação

- Profissional da informação (A)

X

Formação

- Profissional da formação (A), (B)

X

X

Relacionais

-Promotor da socialização (A), (B)

X

X

Requisitos do

professor

Saberes

-Têm que saber ser informados (A)

X

Competências

relacionais

-Têm que saber estar em sociedade

(A)

- Têm que saber relacionar-se com

os intervenientes do processo

educativo (A)

- A atenção ao aluno (B)

X

X

X

Page 150: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

139

Categoria 1: Funções do professor

Esta categoria integra a concepção dos professores relativamente ás suas funções.

Assim, regista-se consenso entre ambos, em relação ás funções do professor, como

profissional da formação e promotor da socialização.

Categoria 2: Requisitos do professor

Esta categoria inclui os saberes, as competências relacionais e técnicas que os

professores consideram essenciais.

As competências relacionais reúnem o consenso de ambos os professores. No

entanto, o professor A direcciona-as para todas as pessoas em geral “… São todos eles

profissionais que têm que saber relacionar-se com os outros…” A319 , enquanto que o

professor B dá primazia á relação com o aluno e ao seu contexto familiar

“… Eu acho que o segredo… se é que há aqui algum segredo, o segredo para nos

mantermos verdadeiramente atentos (…) [em relação aos alunos que temos] … B451

(…) São o reflexo das suas famílias, dos seus comportamentos… “B455

- A receptividade (B)

-O conhecimento do aluno e do seu

meio familiar (B)

X

X

Competênci

as técnicas

-Têm que ter competências

específicas para a sua acção

profissional (A

X

Page 151: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

140

Categoria 3: A educação como conceito

Para ao professor A, a educação apresenta-se numa perspectiva deontológica,

traduzida num processo uno, como qual todos os profissionais devem estar

comprometidos.

“…A educação é um só universo… “A331 (…) Ela [a educação] tem também um

contributo de diferentes profissionais na sua especificidade ao longo do processo.” A317

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 28- Conclusão:: Tema G: “Os professores e a profissão”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

A educação como

conceito

-A educação é um processo uno

(A)

-Os profissionais são

comprometidos com a educação

(A)

-Educar é mudar (B)

-Conhecer o mundo para intervir

(B)

X

X

X

X

A

responsabilidade

da profissão

Fundamentos

-Uma responsabilidade acrescida

(A)

-Os direitos e deveres (A)

-Uma grande visibilidade (A)

X

X

X

Necessidade de

regras

-Regras gerais (A)

-Regras de colocação de

professores (A)

X

X

Page 152: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

141

Quanto ao professor B, a educação é vista numa perspectiva mais

desenvolvimentista, associada á mudança e capacidade de intervenção. “…E se

queremos mudar alguma coisa (…) haveria que partir sempre desse… desse pintar do

mundo em que nós vivemos, para percebermos] (…) quais são os desafios que temos

pela frente.” B458

Categoria 4: A responsabilidade da profissão

Esta categoria integra a posição do professor A, relativamente aos fundamentos da

profissão, assentes na responsabilidade que lhe é inerente e da que lhe é atribuída pela

sociedade. “…a importância que têm os profissionais da educação, é óbvio que isso, de

algum modo traduz uma responsabilidade acrescida …” A267

Este aspecto torna-a uma profissão de grande visibilidade. “… E por ter uma grande

visibilidade [a profissão] … julgo que é necessário que as regras de… deve e haver (...)

[devem ser claras, transparentes] … A279

A profissão implica ainda a definição de direitos e deveres.” …O profissionais da

educação são pessoas] que têm direitos e deveres “A335

Tema H: “Deontologia da profissão docente

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 29-Tema H: “Deontologia da profissão docente”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Conceito de

deontologia

-O saber do dever ser (A)

X

Pertinência do

código

deontológico

-Particularmente importante (A)

-A ausência do código docente

X

X

Page 153: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

142

Categoria 1: Conceito de Deontologia

Esta categoria expressa o conceito de deontologia definido pelo professor A.

“…Em termos etimológicos, deontologia será alguma coisa como a ciência ou o

saber do dever ser…” A289

Categoria 2: Pertinência do código deontológico

Esta categoria apresenta a opinião dos professores relativamente à pertinência de

um código deontológico da docência.

Da leitura do quadro podemos observar que ambos os professores consideram

importante a questão deontológica, conforme afirmam: “…- (…) Eu penso que esta

ideia de deontologia é particularmente importante… “A288

motiva à reflexão (B)

Objectivos do

código

-Promover relações de transparência

e justiça (A)

X

Orientar

-Apontar caminhos (B)

X

Reconquistar a

dignidade do

papel do

professor

-Reconquistar a dignidade do

professor como educador e

socializador

(B)

-Reconquistar a dignidade do

professor como promotor de

mudança (B)

X

X

Consolidar a

profissão

-Cristalizar um modo de viver a

profissão docente (B)

X

Page 154: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

143

“…Quando passamos para o plano da docência, nós encontramos ali um vazio

enorme [relativamente ao código deontológico] … B367 (…) Em debate com os alunos, e

confrontados com esta questão (…) é uma das questões que mais os motiva até á

reflexão… B368

Categoria 3: Objectivos do código

Nesta categoria, os professores definem os objectivos que consideram mais

importantes para incluir num código. Assim, o professor A salienta a necessidade do

código promover relações de transparência e de justiça.

Quanto ao professor B considera três aspectos diferentes mas que se

complementam:

- Deve servir para orientar os professores “…E eu creio que o código deontológico

serviria, pelo menos regulando (…) apontando caminhos … B377

- Restaurar a dignidade profissional “…Interiorizando alguns princípios

fundamentais] nós poderíamos de facto caminhar para a reconquista (…) do papel do

professor (…) enquanto motor de mudança da sociedade. B385

- Estabelecer um modo de viver a profissão. “…Que ele cristalizasse, aliás como na

sequência das reflexões que nós fizemos dos textos da Maria Teresa Estrela (…) um

certo (…)] de viver a profissão docente… B390

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 30-continuação:Tema H: “Deontologia da profissão docente”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Perspectiva

idealista

-Não considera necessário (A)

-Promover aprendizagens na base

X

X

Page 155: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

144

Categoria 4: Necessidade do código

Esta categoria refere-se à posição dos professores sobre a necessidade da existência

do código.

Ao pronunciar-se sobre esta questão, o professor A apresenta duas perspectivas:

-Perspectiva idealista: não há necessidade de código em nenhuma profissão porque

“…Penso que devemos todos (…) cada um de nós (…) que entra e que sai do

sistema de ensino e que ao longo da vida (…) continuar a promover as suas

Necessidade do

código

do dever ser (A)

-Desenvolver o saber estar numa

perspectiva de aperfeiçoamento

constante (A)

X

Perspectiva

realista

-O comportamento ético-moral

inato não é viável (A)

-A necessidade de clarificação de

estatuto (A)

- A necessidade de clarificação de

desempenho de papéis (A)

-A desvalorização profissional (B)

X

X

X

X

Sentida pelos

alunos

-A elaboração do código pelos

alunos (B)

X

Inconvenientes

do código

Não vê desvantagens (A)

X

Perigo de ser

normativo e

impositivo

-Um código fechado sobre si

mesmo (B)

-Um código demasiado normativo e

impositivo (B)

X

X

Page 156: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

145

aprendizagens, devem ser sempre numa perspectiva de dever ser …” A294… sempre

numa óptica de (…) aperfeiçoamento constante”. A298

Mas esta perspectiva pressupõe que cada ser humano reage de forma natural,

sempre eticamente. “… É como se houvesse aqui uma dimensão quase de

comportamento ético-moral inato”. A299 Mas conforme afirma o professor A, “…Mas

isso (…) …não é viável [o comportamento ético-moral inato] A300

Assim, numa perspectiva mais realista, o professor A entende o código como uma

forma de clarificar e regular o desempenho profissional.

Quanto ao professor B, partilha desta mesma perspectiva realista, considerando que

o código é necessário para dar resposta “… Por exemplo as questões que têm a ver com

a progressiva desvalorização ou subvalorização geral da sociedade, em relação ao

trabalho do professor.” B375

A necessidade do código é na opinião do professor B, sentida igualmente pelos

alunos.

“… E eles próprios avançaram… o projecto de trabalho final para a disciplina, foi

precisamente a elaboração de um código deontológico” B370

Categoria 5: Inconvenientes do código

Esta categoria integra os inconvenientes que os professores atribuem á existência

do código.

Assim, o professor A, não considera nenhum inconveniente. A292

Quanto ao professor B, alerta para o perigo de se elaborar um código demasiado

normativo e impositivo, que limite a acção e o desempenho do professor.

“…As desvantagens que eu vejo, cingem-se no fundo a isto: (…) não poderia ser

nunca um código deontológico demasiado (…) restritivo nos seus princípios …” B387.

Page 157: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

146

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 31 – continuação: Tema H: “Deontologia da profissão docente”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Inconvenientes

do código

Perigo de

ser limitativo

-Um código demasiado linear e

restritivo nos seus princípios (B)

-Um código limitativo da acção e

desempenho do professor (B)

-Um código limitativo nas

responsabilidades do professor (B)

X

X

X

Composição do

código

Princípios e

Deveres

orientadores da

relação

- Deveres de competência relacional

(A)

- Do Professor-aluno e professor-

professor (B)

- Do professor para com a escola

enquanto instituição (B)

-Do professor para com a sociedade

no seu conjunto (B)

X

X

X

X

Princípios

orientadores da

profissão

-A relação do professor com a

profissão (B)

-Princípios orientadores no início de

carreira (B)

X

X

Categoria 6: Composição do código

Esta categoria abrange os deveres que os professores consideram que devem

constar no código.

Page 158: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

147

Verificamos que ambos os professores apontam deveres de carácter relacional: o

professor A refere-se à relação em geral, enquanto o professor B especifica deveres

relacionais, direccionados para os vários elementos da comunidade educativa.

O professor B considera ainda a relação do professor com a profissão.

“…Princípios que orientasse no estabelecimento das relações] com a profissão em

si…B401 (…) Um conjunto de princípios] que orientem principalmente quem está no

início de carreira, no início da profissão…” B397

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 32 – continuação: Tema H: “Deontologia da profissão docente”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Autoria

Representantes

dos Professores

e elementos do

ME

-Professores com formação ética

(A)

-Representantes das organizações

dos educadores (A)

-Elementos do ME (A)

-Participação conjunta de

professores, representantes de

organizações e M.E. (A)

- O contributo de pessoas ligadas ao

sistema educativo (B)

X

X

X

X

X

Investigadores

-A colaboração de investigadores

direccionados para a elaboração do

código (B

X

Educadores e

- Conhecem melhor a realidade

concreta (B)

- Conhecem as potencialidades da

Escola (B)

X

X

Page 159: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

148

professores

- Conhecem as potencialidades dos

alunos (B)

X

Categoria 7: Autoria

Sobre quem deverá participar na elaboração de um código deontológico da docência, as

opiniões dos dois professores convergem nos educadores e professores ou seus

representantes e nos elementos do ME. ( A310, B429)

O professor B acrescenta ainda o contributo dos pais e alunos, e dos investigadores

ligados a este tema.”… A colaboração penso de quem tem contribuído com a sua

pesquisa, a sua investigação séria, no âmbito destas questões …” B437.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro -33-continuação:Tema H: “Deontologia da profissão docente”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Autoria

Pais e alunos

-O contributo dos pais e alunos (B)

X

Processos de

elaboração

- Deve contemplar as

especificidades necessárias (A)

-Desenvolvido numa perspectiva de

administração da política educativa

(A)

-Desenvolvido numa perspectiva

científico-pedagógica da educação

(A)

-O debate com os agentes

educativos (B)

X

X

X

X

Page 160: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

149

Abrangência do

código

-Todos os professores

indiferenciadamente (A)

-Abrangente e único (A)

-Um código para cada grau de

ensino não é benéfico (A)

X

X

X

Categoria 8: Processos de elaboração

Esta categoria inclui essencialmente a opinião do professor A, sobre o processo de

elaboração do código. Segundo este professor “…este documento pudesse ser

desenvolvido simultaneamente, sob uma perspectiva da administração política

educativa… A308 (…) Tentar que este documento pudesse ser desenvolvido

simultaneamente] numa perspectiva científico-pedagógica e da profissão…” A309

Quanto ao professor B, considera a necessidade do código ser alvo de um debate

com todos os agentes educativos.”… O contributo de um debate (…) que envolvesse

(…) os tais agentes que estão sempre presentes (…) no nosso trabalho”. B433

Categoria 9: Abrangência do código

Esta categoria considera a opinião do professor A, que se pronunciou sobre quem

deverá ser abrangido pelo código docente.

O professor A, defende que deverá abranger todos os professores, de todos os graus

de ensino, ou seja, deverá existir um código único. “… No domínio da educação, da

formação nesta perspectiva, eu desejavelmente entendo que, o código deontológico

deveria abranger todos os profissionais da educação. A314

Page 161: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

150

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

PROFESSORES

Quadro 34-Conclusão: Tema H: “Deontologia da profissão docente”

Categoria Subcategoria Indicadores A B

Opinião face

ao código

-O código como elemento de força

numa óptica política (A)

- O código como forma de pressão

social (A)

- O código como parceiro social (A)

-Não se pretende um código

limitativo (B)

- Um código isento dos interesses

corporativistas dos professores e

educadores (B)

-Professor defensor da existência do

código (B)

- Alunos partilham da opinião do

professor sobre o código (B)

X

X

X

X

X

X

X

Categoria 10: Opinião face ao código

Sobre o tema desta categoria ambos os professores são consensuais, no sentido em

que defendem a existência do código.

No entanto, as razões para tal posição seguem linhas de pensamento diferentes.

O professor A, numa perspectiva mais global considera que o código pode

constituir uma força em termos políticos e sociais. (A336, A337, A338)

O professor B, centra-se numa perspectiva mais relacionada com o funcionamento

da profissão e considera que o código não deve ser limitativo, mas também não deve

ceder aos interesses corporativistas dos professores.”… Não sou apologista de que um

Page 162: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

151

código seria (…) uma espécie (…) de um cânon construído ali em prol dos interesses

mais ou menos corporativistas dos professores e dos educadores… “B431.

Assim, relativamente aos oito temas sobre os quais nos debruçámos, verificámos

alguns pontos de convergência entre ambos os professores, outros divergentes e ainda

outros que se complementam. No entanto, esta apreciação será desenvolvida nas

Conclusões.

Seguidamente passaremos a apresentar os quadros relativos ao tratamento dos

dados recolhidos junto dos formandos.

2. Apresentação e interpretação dos dados das entrevistas dos formandos

Tema A: Disciplinas da formação geral

Este tema integra as disciplinas consideradas mais importantes pelos formandos.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 1 - Tema A: Disciplinas da formação geral

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Contributo

das

disciplinas

da

formação

geral

Disciplinas

orientadas

para os

conteúdos

- A Psicologia educacional (M)

X

- A Psicologia do

desenvolvimento (M), (R)

X

X

- A Axiologia (M), (R), (P), (L)

X

X

X

X

- A Sociologia (M), (P), (L)

X

X

X

- Sintaxe e Linguística (M)

X

- Literatura (M), (R)

X

X

Page 163: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

152

- A Metodologia da

Matemática (R), (L)

X X

- Métodos e Técnicas da

Comunicação (P)

X

Disciplinas

orientadas

para as

práticas

- O Desenvolvimento e drama/

a Música/ as Expressões

Plásticas (M), (R )

X

X

- A Prática Pedagógica (P)

X

Categoria 1: Contributo das disciplinas da formação geral

Esta categoria refere-se à opinião dos formandos, sobre as disciplinas que

consideram mais importantes, em termos dos seus contributos, para a formação e para o

desenvolvimento futuro da profissão,

Assim, da análise do quadro 1, podemos verificar que, nas disciplinas orientadas

para os conteúdos, todos os formandos destacam a disciplina de Axiologia como a mais

importante, logo seguida da Sociologia.

Quanto às disciplinas de Psicologia Educacional e Sintaxe e Linguística são

referenciadas apenas uma vez pelo formando M, enquanto a disciplina de Métodos e

técnicas de Comunicação, é mencionada apenas pelo formando L

No que respeita ás disciplinas orientadas para as práticas, a disciplina de

Expressões é mencionada maioritariamente por dois formandos: M e R, “…Depois

todas aquelas práticas, portanto, Desenvolvimento e Drama, Música, as Expressões

Plásticas… M5 (…) E depois Expressões [acho que são áreas que também são muito

importantes nós desenvolvermos com as crianças …] R17

Page 164: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

153

Quanto à disciplina de Prática Pedagógica apenas é mencionada pelo formando P.

“…Considero importante a Prática Pedagógica, que é uma disciplina que nós temos

desde o 2º ano até ao 4º.” P1

Ainda nesta categoria, o formando M, justifica o contributo da Psicologia e da

Axiologia para ajudar a compreender a criança. “…Estas são mais teóricas, [Psicologia

e Axiologia] que nos ajudam a compreender melhor a criança…” M10

Quanto aos formandos R e L, salientam a disciplina de Metodologias, inserida

numa abordagem mais prática, direccionada para a sensibilização à Matemática e ao

Inglês.

“…Perceberem já antes de irem (…) pró 1º ciclo… (…) no que é que consiste] (…)

a matemática …” R28 (…) E essa disciplina [“Metodologias”] acho que nos deu uma

visão disso tudo.[de como as crianças começam a perceber a matemática e o inglês] L7

No que respeita á formação ética, são os formandos P e L, que justificam a

importância da Sociologia e Axiologia como as que mais contribuíram para esta

formação. “Considero também importante a Sociologia [que são disciplinas que tratam

os valores da nossa sociedade. …” P3 …A Axiologia, que são disciplinas que tratam os

valores da nossa sociedade.”P4 (…) Eu acho…a que nos alertou mais para essa questão

[da formação ética] foi a Axiologia e talvez a Sociologia, mas talvez porque era dada

pela mesma professora…” L36.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 2 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Compreensão

da criança

-A Psicologia e Axiologia

ajudam a compreender melhor

a criança (M)

- A Psicologia e a Axiologia

X

Page 165: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

154

Contributo

das

disciplinas

de formação

geral

como disciplinas principais

(M)

- A Psicologia ajuda a saber

como agir (M)

X

X

Abordagem

das práticas

- O papel da Literatura infantil

na sensibilização à leitura e à

escrita (R)

X

- O papel da Metodologia da

Matemática na sensibilização

à disciplina (R)

- O papel da disciplina de

Metodologias para sensibilizar

as crianças para a matemática

e o inglês (L)

X

X

- Importância da disciplina de

Metodologias na abordagem

da prática (L)

X

Formação

ética

- Importância da Sociologia e

da Axiologia na abordagem a

questões éticas (L)

- O papel da Sociologia e

Axiologia na formação ética

(P)

- O alerta da Prática

Pedagógica para o

comportamento ético em

estágio (L)

X

X

X

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 3 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Ética e Moral

- O conceito de moral

associado ao que está escrito

(M)

X

Page 166: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

155

Conteúdos

de formação

ética

- O conceito de ética associado

à consciência pessoal (M)

X

Relação da

ética com a

profissão

- As questões éticas no

trabalho e no relacionamento

com outros profissionais (L)

- A situação actual da ética da

docência em Portugal (L)

X

X

Ética na

formação da

criança

- Importância de saber agir

eticamente para formar a

criança para a vida e para a

sociedade (L)

- Importância de saber

trabalhar em parceria para

formar eticamente a criança

para a vida e para a sociedade

(L)

X

X

Categoria 2: Conteúdos de formação ética

Esta categoria integra os conteúdos da formação ética mais significativos para os

formandos.

Assim, o formando M destacou a distinção entre os conceitos de ética e moral.

“… A ética está muito relacionada] com os valores da pessoa… M15 …A moral é o

que está escrito… M16

Quanto ao tema da relação da ética com a profissão, foi mencionado apenas pelo

formando L “…A Sociologia e a Axiologia, que nos falaram mais em questões éticas

…do dia a dia do trabalho… L9

Este mesmo formando, destacou ainda o papel da ética na formação da criança.

Page 167: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

156

“… Acho que uma pessoa que não sabe se comportar [nunca vai conseguir passar à

criança, que a vida tem que ter uma questão ética perante a sociedade, e perante os

colegas e perante o mundo infinito de coisas.] … L16

Também integrado na categoria 2, sobre conteúdos de formação, que temos vindo a

analisar, o formando M, enfatiza a importância dos valores e o seu papel na sociedade

“…[Discutimos muito] os valores morais da sociedade actual… M28

Quanto aos Formandos R e P , também referenciaram os valores e a sua

hierarquização, mas apenas brevemente: ”… A Sociologia da Educação, porque nessa

cadeira nós falámos também dos valores… R74 (…) A hierarquização dos valores, do

que é que era mais importante para uns e o que é que era mais importante para outros.”

P10

Quanto aos valores na educação, foram os aspectos mais marcantes para o

formando L “…Eu acho que esse trabalho de ver a evolução de toda a educação (…) a

questão dos valores na educação, foi bastante interessante… L26

Outro tema considerado na formação ética foi deontologia docente. Este tema foi o

que mais consenso reuniu entre os formandos pois foi referenciado por três deles: o

formando M, o R, (que de entre todos foi que lhe deu mais relevo) e o L.

“…Também falámos da deontologia (…) docente… M29 (…) Aquele que me

despertou mais e que eu mais gostei, foi realmente a deontologia,… R44 (…) Fizemos

um trabalho sobre deontologia.... “L20

Ainda relacionado com a deontologia, os formandos M, R e P, destacaram a

importância dos códigos deontológicos e o seu interesse pela sua análise.

“…[A Axiologia] vimos a proposta de um código exactamente para a profissão

docente… M122 (…) Em relação aos códigos deontológicos que nós também falámos

(…) nesta cadeira e foi isso que me despertou bastante… R49

Page 168: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

157

“…Foi basicamente isto [os valores e os códigos deontológicos] os aspectos que eu

considero que foram (…) os mais relevantes, para a importância] da formação…

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 4 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Conteúdos

de formação

ética

Importância

dos valores

-A relevância dos valores (M)

- A abordagem aos valores (R)

- Os valores como

condicionantes (M)

X

X

X

Os valores na

sociedade

- Os valores morais da

sociedade (M)

- A necessidade de

acompanhar os valores em

mudança (M)

- A necessidade de preservar

os valores importantes (M)

- A hierarquização dos valores

(P)

X

X

X

X

Os valores na

educação

- Os valores na educação antes

e durante o antigo regime e na

actualidade (L)

- O interesse pelo estudo da

evolução dos valores na

educação (L)

X

X

Importância

de uma

deontologia

docente

- A importância da deontologia

(R)

- A ausência de uma

deontologia docente (M)

X

X

Page 169: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

158

- A importância de conhecer e

aplicar os deveres da criança

(R)

X

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 5 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Conteúdos

de formação

ética

Importância

de uma

deontologia

docente

- A realização de um trabalho

sobre deontologia (L)

X

Análise de

códigos

deontológicos

- O interesse pelos códigos

deontológicos (R)

- O conhecimento de códigos

para a profissão docente (M)

- Os códigos deontológicos

noutras profissões (P), (M)

- A importância dos valores e

códigos deontológicos na

formação dos formandos (P)

X

X

X

X

X

Opinião

sobre a

Axiologia

Importância

da Axiologia

- O gosto pela disciplina (M)

- A necessidade de aprender

mais (M)

X

X

O papel da

Axiologia

na formação

pessoal

- Desperta para o

autoconhecimento (R)

- Alerta para hábitos e actos de

conduta pessoais (R), (P)

- Influencia o modo de agir e

pensar (R)

- Dá a conhecer os valores da

sociedade (P)

X

X

X

X

X

Page 170: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

159

- A percepção do que se deve e

não deve fazer (L)

- A abordagem da liberdade

como valor pessoal e social (L)

X

X

Categoria 3: Opinião sobre a Axiologia

Esta categoria engloba a opinião dos formandos sobre a disciplina de Axiologia, em

três perspectivas: a importância da Axiologia, o seu papel na formação pessoal e na

formação profissional.

Sobre a importância da Axiologia o formando M afirma “… Adorei a disciplina de

Axiologia… M96… Acho que (…) a gente está sempre a aprender mais….Temos de estar

sempre a acompanhar… M99

Quanto ao papel da Axiologia na formação pessoal, a sua função é mais destacada

pelo formando R, em aspectos como o autoconhecimento e a influência no modo de agir

e pensar. “…[È muito importante] Nós termos uma formação que nos desperte para nós,

enquanto pessoas…” R6, sendo esta perspectiva partilhada pelo formando P “…Essa

disciplina foi importante nesse sentido, (…) de nos apoiar a nós… P17.

Este refere também a divulgação dos valores da sociedade “…[A Axiologia] Acho

que é uma disciplina (…) para (…) nos fazer ver alguns valores da sociedade… P7 .

Por sua vez, o formando L, refere a distinção entre o que se deve e não deve fazer

” … Há coisas que nós devemos e não devemos fazer…” L14.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 6 – Conclusão do Tema A: Disciplinas da formação em geral

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

- Desperta para a atitude e

X

Page 171: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

160

Opinião

sobre a

Axiologia

O papel da

Axiologia na

formação

profissional

desempenho do educador (R)

- Desperta para a importância

da conduta social do educador

(R)

- Sensibiliza para a reflexão

sobre a acção (R)

- Alerta para a necessidade de

dar atenção às crianças do meio

envolvente (R)

- Alerta para a necessidade de

dar atenção aos pais (R)

- Apoia os formandos sobre o

modo de proceder no futuro (P)

- Ajuda os formandos a

fomentar na criança os valores

da sociedade (P)

X

X

X

X

X

X

Quanto ao papel da Axiologia na formação profissional, o formando R é quem mais

se manifesta, destacando o contributo desta disciplina para a construção de uma atitude

profissional. “…[È muito importante] Nós termos uma formação que nos desperte para

nós] (…) enquanto educadores… R7

O formando P salienta igualmente esta posição. “…[A Axiologia] também nos

ajuda a perceber como é que havemos de formar mais tarde o cidadão, neste caso as

crianças. P6.

Tema B: Repercussões da formação ética no estágio

Este tema aborda os problemas éticos, percepcionados pelos formandos durante o

estágio e a atitude destes na sua resolução.

Page 172: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

161

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 7 - Tema B: Repercussões da formação ética no estágio

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Percepção

de

problemas

éticos

Centrados na

criança

- A humilhação da criança na

prática pedagógica (M)

- O insulto (M)

- A reacção dolorosa da criança

(M)

- A necessidade de movimento

da criança (R)

- A pressão sobre a criança para

se manter quieta (R)

- A necessidade de

compreender a criança

colocando-se no lugar dela (R)

- A punição desajustada da

criança em relação ao seu

comportamento (R)

- A proibição da criança

deficiente fazer algumas coisas

que o grupo fazia (P)

X

X

X

X

X

X

X

X

Centrados no

educador

estagiário

- A dificuldade na relação com

os pais (L)

- O conflito consigo próprio

(M), (R )

- O receio de criar conflitos

com os outros (M), (R)

- A observação de actos ética e

deontologicamente errados (R )

X

X

X

X

X

X

Page 173: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

162

Categoria 1: Percepção de problemas éticos

Esta categoria especifica os problemas éticos, detectados pelos formandos durante o

estágio. Assim, pela análise do quadro 7, verificamos que os formandos M, R e P,

referem problemas relacionados com o modo como as crianças são tratadas pelos

adultos, nas instituições onde estagiaram, conforme afirmam:

“… Estou na minha prática e não sei, podia ser uma situação de conflito, mas vejo

muito… muita humilhação… M144

“…A criança faz alguma coisa tipicamente de crianças (…) pegar na criança e dar-

lhe uma punição um bocadinho mais rígida do aquela que deveria ser adequada, sim já

vi muitas vezes. R119

“… Em anos anteriores essa criança [com necessidades educativas especiais] (…)

era um pouco proibida de fazer certas e determinadas coisas, que as restantes crianças

do grupo faziam… P62

Nesta mesma categoria se englobam os problemas éticos percepcionados no

estágio, mas centrados na pessoa do educador. Nesta perspectiva, inserem-se os

formandos

L, M e R.

O formando L refere problemas no relacionamento com os pais das crianças.

“ … Por mais que (…) uma pessoa goste das crianças e elas de nós, ás vezes os pais

não nos conhecem, metem sempre um bocadinho o pé atrás… L65

Quanto aos formandos M e R, sentem-se em conflito consigo próprios, pelo facto

de assistirem a modos injustos de tratar as crianças, e não intervirem.

Também o formando P aponta negativamente a descriminação da criança

deficiente:

Page 174: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

163

“… E eu penso que isso [criança (…) era um pouco proibida de fazer certas e

determinadas coisas] é uma grande lacuna, não é, a nível de ética! P64

Quanto aos problemas centrados nos pais, destaca-se a experiência do formando L:

“ Eu não sei se isso será uma questão ética, se não, mas nos meus primeiros tempos

de estágio, ali onde eu estou, os pais praticamente passavam por cima de mim, entre

aspas… L66.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 8 - Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no estágio

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Percepção de

problemas

éticos

Centrados no

educador

estagiário

- A observação de actos

impensados ( R)

- A descriminação da criança

deficiente como lacuna ética

(P)

X

X

Centrados

nos pais

- A desconfiança dos pais

(L)

- A indiferença dos pais (L)

- As interrogações dos pais à

estagiária (L)

- A repetição das

interrogações à educadora

(L)

X

X

X

X

Reacções aos

problemas

percepcionados

Sentimentos

de revolta e

de pena

- Sentimentos de revolta (M)

- Sentimentos de pena (M)

X

X

Dificuldades

em intervir

- Não se sente com direito de

intervir (M)

X

Page 175: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

164

- Como estagiária sente-se

limitada (R )

- Não se manifesta por ser

estagiária (R )

X

X

Categoria 2: Reacções aos problemas percepcionados

Esta categoria integra as reacções dos formandos aos diferentes problemas que

viveram durante o estágio.

Assim, o formando M apesar dos sentimentos de revolta face à situação, não

interveio, tal como aconteceu com o formando R .

“… Também não… não me sinto no direito, uma vez que também sou estagiária, de

me revoltar contra o adulto… M150.

“… É assim que eu ajo: eu vejo as coisas, não estou em posição de o dizer como

estagiária… R122.

No entanto, idealizaram estratégias de intervenção, caso pudessem aplicá-las.

Assim, o formando M, centraria a sua actuação na atitude do adulto, procurando

sensibilizá-lo. “… Se calhar talvez chamasse atenção do adulto, para não voltar a

fazer… M155.

Quanto ao formando R centraria a sua actuação na criança, apelando à sua

compreensão.

“…Tentar fazer compreender que aquilo que ela está naquele momento a fazer não

é [correcto] … R130.

Por seu lado, os formandos P e L, adoptaram posições diferentes e decidiram

intervir.

O formando L começou por reflectir sobre a situação.

Page 176: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

165

“… É completamente normal que [os pais] (…) a principio não confiem em

mim…” L74.

A estratégia seguinte foi falar com a educadora cooperante: … Ela [a educadora]

disse (…) para eu ter calma, porque isso [a atitude dos pais] é normal nestes primeiros

tempos… L84.

Quanto ao formando P, adoptou igualmente esta atitude. “… Eu neste caso, falei

com a educadora cooperante porque não posso agir (…) sem falar com ela…” P65.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 9 - Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no estágio

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Reacções aos

problemas

percepcionados

Intervenção

idealizada

direccionada

para o adulto

- Chamar o adulto à razão

(M)

- Chamar o adulto à parte

(M)

- Incentivar o adulto a pedir

desculpa à criança (M)

X

X

X

Intervenção

idealizada

direccionada

para a

criança

- Não punir de imediato (R )

- Alertar pessoalmente a

criança sobre o

comportamento errado (R)

- Não humilhar a criança à

frente do grupo (R )

- Levar a criança a entender

o ponto de vista do adulto (R

X

X

X

X

Reflexão

sobre a

- Reflexão sobre o que não

lhe agrada para não o repetir

na sua prática (R )

X

Page 177: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

166

situação

- A compreensão em relação

á desconfiança dos pais (L)

- O sentido de

responsabilidade em relação

ao trabalho (L)

X

X

Diálogo com

os pais e com

as educadoras

- O diálogo com a educadora

cooperante (P), (L)

- A explicação da situação da

criança aos pais (P)

X

X

X

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 10 - Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no estágio

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Reacções aos

problemas

percepcionados

Diálogo com

os pais e com

as educadoras

- A persistência na

informação aos pais sobre os

hábitos da criança (L)

- A sensibilização aos pais

sobre a relação da estagiária

com as crianças (L)

X

X

Intervenção

através do

apoio à

criança

deficiente

- A determinação da

estagiária para apoiar a

criança deficiente (P)

- O apoio à criança na

participação de todas as

actividades do grupo (P)

X

X

Dificuldades à

intervenção

- As graves limitações da

criança (P)

- A inadequação das

actividades das educadoras

de apoio (P)

X

X

- A realização de um estudo

sobre a comunicação

X

Page 178: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

167

Resultados

das

intervenções

realizadas

aumentativa e alternativa na

criança (P)

- A colaboração dos pais e da

educadora (P)

- O interesse dos pais em

sensibilizar a sociedade para

as potencialidades da criança

deficiente (P

- A mudança de atitude dos

pais (L)

- Os pais que mantém a

atitude inicial (L)

X

X

X

X

O formando P decidiu apoiar a criança deficiente em todas as actividades do grupo.

Daqui resultou a realização de um estudo sobre a comunicação aumentativa e

alternativa, com o apoio da educadora e o envolvimento dos pais.

“…Desde o início falei com os pais porque (…) o meu trabalho final, (…) vai ser

sobre ela [a criança deficiente] … P83… Tanto a educadora como os pais são pessoas

bastante acessíveis…” P85

Quanto ao formando L, adoptou uma atitude aberta: “… Continuei a falar com eles

[os pais], a dizer como é que tinha corrido [o dia da criança na instituição] … L82 e

conseguiu uma melhor relação com a maioria dos pais. “… a maior parte [dos pais]

mudou [de atitude] …L98.

Em resultado destas intervenções realizadas os problemas foram ultrapassados.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 11 - Conclusão do Tema B: Repercussões da formação ética no estágio

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

- O predomínio da ética

X

Page 179: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

168

Contributo

da

Formação

ética na

resolução de

problemas

Valorização da

ética pessoal

pessoal (R )

- A valorização da formação

ética recebida no meio

familiar e escolar anterior (P)

- O contributo da ética

pessoal (L)

X

X

Valorização da

Formação ética

recebida na

Escola

- A pertinência da Formação

ética da Escola (R ), (L)

- A importância dos

conselhos da educadora (L)

- A influência conjunta da

ética pessoal e da formação

recebida na Escola e no

estágio (L)

X

X

X

X

Desvalorização

da Formação

ética da Escola

- A intervenção educativa

não dependeu da formação

ética recebida na Escola (P)

X

Categoria 3: Contributo da Formação ética na resolução de problemas

Esta categoria inclui as opiniões dos formandos, sobre o contributo da formação

ética recebida na escola, para a resolução dos problemas registados no estágio.

Assim, constatamos que três dos formandos R, P, e L, consideram que a ética

pessoal tem mais influência na forma como resolvem as situações do que a formação

ética recebida na escola, conforme testemunham:

“… Talvez seja um bocadinho mais vindo do nosso interior, do que propriamente

daquilo que nós estivemos a falar [a formação ética recebida na Escola] …” R66

“…[O contributo da formação ética recebida na escola, para a tomada de posição na

situação] Tê-la-ia tomado independentemente de ter tido a formação ou não.” P94

“…[O contributo da formação ética da Escola para a solução dos problemas]

daquilo que eu penso… L93

Page 180: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

169

No entanto, à excepção do formando P, os outros dois que se pronunciaram sobre

esta questão, também admitem a importância da formação ética proporcionada pela

escola:

“…[A resolução de situações educativas] Sem dúvida que também veio (…) de

toda uma componente de formação que nós tivemos aqui na Escola…. R134

“…As opiniões referentes a pensamentos que eu tinha, e a minha educadora, e

aquilo que aprendi, acho que estava tudo mais ou menos igual… L96.

Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Este tema aborda as estratégias de formação proporcionadas pela escola, para a

formação ética dos formandos.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 12 - Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Estratégias

de formação

ética dos

formandos

Discussão de

situações e

dilemas éticos

em geral

- A discussão de situações

éticas reais não direccionadas

para o Jardim-de-infância

(M)

- A discussão de dilemas

éticos reais não relacionados

com o Jardim-de-infância

(M)

X

X

Ausência de

estratégias de

acção

- Não foram dadas estratégias

de acção (R )

X

Linhas gerais

de orientação

- Foram dadas linhas

orientadoras gerais (R )

- Foram dadas algumas

orientações (P)

X

X

Page 181: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

170

Análise de

situações

educativas

específicas

- A conduta linear do adulto

face à criança (R )

- A aplicação oportuna de

castigos (R )

- A problemática dos

educadores fumar à frente

das crianças (L)

- A apresentação de situações

da prática pelas alunas (L)

X

X

X

X

Análise de

perspectivas e

de textos sobre

valores

- Perspectivas para ensinar

valores da nossa sociedade às

crianças (P)

- A exploração e discussão de

textos sobre os valores e a

liberdade (L)

X

X

Categoria 1: Estratégias de formação ética dos formandos

Nesta categoria pretendemos apresentar as estratégias de formação ética, que na

opinião dos formandos, eram utilizadas para a sua formação nesta área.

Assim, os formandos R e P consideram que não foram dadas estratégias, mas sim

orientações gerais. Sobre estas, o formando R bem como o L referem a análise de

situações educativas específicas

“…Termos atenção em relação, por exemplo, aos castigos que aplicamos (…) se

têm cabimento ou não… “R53

“…Lembro-me especificamente da questão (…) dos educadores fumarem e de

fumarem à frente das crianças” L32

Quanto ao formando M, referiu a discussão de dilemas de índole geral, ou seja, não

relacionados com a educação de infância

Foi ainda referida pelos formandos P e L, a análise de textos sobre valores.

Page 182: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

171

“…A Axiologia deu-nos algumas perspectivas] de como é que havíamos de ensinar

alguns dos valores às crianças, (…) que estão implícitos na nossa sociedade…” P19

“…Depois nós debatíamos em conjunto, umas com as outras e com o professor,

sobre isso [os textos que a professora trazia]…” L31.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 13 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Estratégias de

desenvolvimento

moral dos

alunos

Exploração

do conteúdo

moral de

histórias

- A exploração de histórias

para a formação e o

desenvolvimento moral da

criança (M)

- A exploração do conteúdo

moral das fábulas (M)

- O reconhecimento dos

valores contidos na fábula

em situações do Jardim-de-

infância (M)

- A exploração de histórias

(P)

X

X

X

X

Utilização de

jogos

- A utilização de jogos (P)

X

Abordagem

dos valores

- A necessidade de trabalhar

os valores (R )

X

O educador

como

referência da

criança

- O exemplo do educador

em relação ás crianças (L)

X

Categoria 2: Estratégias de desenvolvimento moral dos alunos

Nesta categoria incluem-se as estratégias utilizadas pelos professores, para ajudar

os formandos a promover o desenvolvimento moral dos alunos.

Page 183: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

172

Pela análise do presente quadro, verificamos que essas estratégias se relacionam

com a exploração do conteúdo moral de histórias, sublinhado pelos formandos M e P.

“… Ao lermos uma fábula à criança, ela tem sempre a moral da história…” M43

“…[O desenvolvimento moral dos alunos] Foi mais basicamente de histórias…”

P23

O formando P referiu ainda a utilização de jogos, enquanto o R salientou a

importância de trabalhar os valores:”… É também importante saber que (…) desde esta

faixa etária (…) devem ser trabalhados os valores… R37

Quanto ao formando L, destacou como estratégia, o exemplo do educador:

“… [Estratégias que possa descrever, para promover o desenvolvimento moral dos

alunos] Foi mais só (…) o nosso exemplo para elas…” L27

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 14 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Lacunas

percepcionadas

na formação

ética

Falta de

análise de

situações

práticas

- A falta de exposição de

situações práticas do

Jardim-de-infância (M)

- A falta de discussão

dilemas do Jardim-de-

infância (M)

- Falta de componente mais

prática na disciplina de

Axiologia

(R)

- A falta de incentivo da

professora à pesquisa de

situações práticas (L)

X

X

X

X

Pouco tempo

- Tempo reduzido para

X

Page 184: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

173

de formação

teórica

aprofundar a disciplina de

Axiologia (R)

Categoria 3: Lacunas percepcionadas na formação ética

Esta categoria integra as principais lacunas apontadas pelos formados, sobre a

formação ética proporcionada pela escola.

A maioria dos entrevistados refere a falta de exploração de situações da prática, nas

aulas.

Por seu lado, o formando R, considera ainda que o tempo de formação na disciplina

de Axiologia é reduzido: “…[A Axiologia] tem muitas coisas a serem abordadas em tão

pouco tempo…” R47

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 15 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Estratégias

sugeridas

para a

formação

ética

Discussão de

dilemas da

prática

pedagógica

- A discussão de dilemas do

Jardim-de-infância nas aulas

(M)

X

Prolongar o

tempo de

formação

ética teórica e

prática

- A necessidade de prolongar o

tempo de formação ética para

melhor a aprofundar (R )

- A necessidade de aumentar a

componente prática para

consolidar conhecimentos da

disciplina (R )

X

X

Page 185: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

174

Categoria 4: Estratégias sugeridas para a formação ética

No que respeita à sugestão de estratégias para a formação ética, apenas dois

formandos se pronunciaram. O formando M pretende a discussão de dilemas associados

à prática do jardim-de-infância: “…[Seria importante] pôr os educadores a discutirem

mesmo… porque é que agiriam assim ou ao contrário… M115

Quanto ao formando R, defende a necessidade de mais tempo para aprofundar a

formação ética e mais prática para interiorizar conhecimentos. “…Devia ser um

bocadinho mais alargado [as estratégias de formação ética] porque depois o tempo é

pouco… R58 … Se calhar se tivermos uma componente um bocadinho mais prática

desta disciplina,[Axiologia] talvez seja melhor e não passe tão ao lado…” R70.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 16 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Princípios e

valores

predominantes

na Escola

Valores

sociais

- A solidariedade (M), (P)

X

X

- O respeito (M)

X

- O valor da família (M)

X

- O amor pelos outros (M)

- O amor pelas crianças (R )

X

X

- A relação de proximidade

humana (R )

X

- A entreajuda nas turmas

(P)

X

- A amizade (P)

X

- A fidelidade (P)

X

Page 186: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

175

- A partilha de ideias (P)

X

- O ambiente familiar (P),

(L)

X

X

- A liberdade pessoal e

perante os outros (L)

X

Categoria 5: Princípios e valores predominantes na Escola

Esta categoria destaca a opinião dos formandos, sobre os valores que a escola mais

evidencia.

No que respeita aos valores de carácter social, a solidariedade, o amor pelos outros

e o ambiente familiar são os mais destacados.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 17 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Princípios e

valores

predominantes

na Escola

Valores

religiosos

- Valores cristãos (M)

- A fé como valor cristão

mais importante (M)

- As disciplinas de conteúdo

cristão (M)

X

X

X

A formação

integral do

aluno

- A formação geral (R)

- A formação ética (R )

X

X

O exemplo

dos

responsáveis

pela escola

- Fomentam o ambiente

familiar nos alunos através

do exemplo (P)

- Ajudam os alunos no que

X

X

Page 187: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

176

eles necessitam (P)

Na continuação da categoria cinco, observamos que a escola defende também

valores religiosos, relacionados com os valores cristãos e promove a formação integral

dos formandos, conforme atestado pelos formandos M e R:

“…[Essencialmente] é mais a fé… M54.

“… Mas talvez nós sairmos daqui (…) com uma formação um bocadinho (…) a

nível de tudo… R78.

Sobre o ambiente familiar existente, o formando P, salienta que este é promovido

pelos responsáveis da escola, através do seu exemplo:”…Eles [os responsáveis pela

escola] são os próprios a dar o exemplo… P40.

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 18 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Opinião

sobre a

Adesão aos

valores

religiosos,

sociais e

morais da

Escola

- A importância da fé (M)

- Necessidade actual de fé (M)

- Importância da afectividade

(R )

- A valorização do clima

familiar da Escola (L)

- Os valores são o pilar da

escola aberta à comunidade (P)

X

X

X

X

X

Page 188: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

177

formação

axiológica

Aspectos

negativos

relacionados

com a

formação em

valores

- A falta de conhecimento de

outras culturas e valores (M)

- A abordagem limitada aos

valores cristãos (M)

- O valor Liberdade foi pouco

trabalhado (M)

- Liberdade não é fazer o que se

quer (M)

- A liberdade nem sempre se

evidencia (L)

- Mostra-se mais os aspectos

negativos da liberdade (L)

- Pouco sentido de

responsabilidade (P)

- O clima familiar da Escola

também tem aspectos negativos

(L)

X

X

X

X

X

X

X

X

Categoria 6: Opinião sobre a formação axiológica

Esta categoria indica a posição dos formandos face aos valores promovidos pela

escola.

Assim, podemos verificar que todos os formandos aderem aos valores da escola,

embora uns se manifestem mais inclinados para valores religiosos e outros para valores

sociais e morais.

No entanto, com excepção do formando R, todos os outros apontam aspectos

negativos relacionados com a formação em valores. Entre estes, o que mais ressalta diz

Page 189: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

178

respeito à liberdade, por ter sido pouco trabalhada e por nem sempre se evidenciar, em

conformidade com as perspectivas dos formandos M e L.

“…[A liberdade] foi pouco trabalhada…” M75

“… Acho que se mostra mais aspectos negativos [da liberdade] do que positivos…”

L49

O formando M refere ainda a falta de conhecimento de outras culturas e valores,

não limitados aos valores cristãos:

“…Ele [o padre que lecciona Humanismo Cristão e Ciências Religiosas] poderia

agarrar nessas duas disciplinas e mostrar-nos outras culturas… M59 …(…) Nós não

vamos ter só crianças católicas… M60

Por seu lado, o formando P, refere: Eu penso que por vezes deveria de haver mais

sentido de responsabilidade, em determinados assuntos… P49

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 19 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Opinião

sobre os

valores

Valores

privilegiados

pelos

formandos

- O amor como o melhor para

a criança (M)

X

- O diálogo (R ), (L)

X

X

- O respeito mútuo (R ), (L),

(P)

X

X

X

- A afectividade como base

para a confiança (R)

X

- A compreensão (L)

X

- Os valores espirituais (M)

X

- O amor (M)

X

Page 190: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

179

Valores do

bom educador

- O respeito para com adultos

e crianças (M), (R ), (P), (L)

X

X

X

X

- O respeito por si próprio (L)

X

- A solidariedade (M), (P)

X

X

- A liberdade (M), (R ), (L)

X

X

X

A família (M)

X

Categoria 7: Opinião sobre os valores

Esta categoria refere-se aos valores privilegiados pelos formandos na resolução de

problemas e aos valores que consideram que um bom educador deve ter.

Relativamente aos valores que os formandos consideram mais importantes na

resolução de problemas, a maioria defende o respeito mútuo, (R146 , L115, P99) seguido do

diálogo.(R145, L103).

Outros valores enunciados foram o amor pela criança, correspondente ao bem do

aluno, no sentido do que é o melhor para ele, a afectividade e a compreensão. (M80 )

Quanto aos valores atribuídos ao bom educador, destaca-se o respeito pelos adultos

e crianças, defendido por todos os formandos, seguido da liberdade, nomeado por três

formandos (M72, R152 L119 ).

A solidariedade foi enunciada por dois formandos (M87, P106) e todos os restantes

valores foram escolhidos a título individual: os valores espirituais e ao amor e a família

(M107) a afectividade e necessidade de conhecimento (R151, R157 ), a cooperação e a

ajuda (P107), o respeito por si próprio, a compreensão, o cuidado, a paciência e a

compreensão, (L110, L111, L112, L117, ).

Page 191: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

180

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 20 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Opinião

sobre os

valores

Valores do

bom educador

- A afectividade (R )

X

- O reconhecimento da

necessidade de investir na

formação contínua (R)

X

- A cooperação (P)

X

- A ajuda (P)

X

- A compreensão (L)

X

- O cuidado (L)

X

- A paciência (L)

X

- A sinceridade (L)

X

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 21 - Conclusão do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Opinião

sobre os

valores

O papel do

educador face

aos valores

- Transmitir valores (M)

- Educar para o consumo (M)

X

X

-Ser responsável pela

integração da criança na vida e

no mundo (R)

X

- Ser modelo de referência

para a criança (R ), (P)

X

X

- Respeitar o que a criança faz

X

X

Page 192: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

181

e diz (P), (L)

- Fazer a criança respeitar as

orientações do educador (P)

(L)

X

X

- Relacionar-se com as

crianças com respeito,

compreensão e diálogo (L)

X

- Saber conhecer as crianças

(L)

X

Na continuação da categoria sete, os formandos pronunciaram-se sobre qual o papel

que consideram que o educador deve desempenhar, em função dos valores.

As opiniões mais consensuais, consideram que o educador deve ser modelo de

referência para a criança, respeitar o que ela faz e diz e fazê-la respeitar as orientações

dele. Pensam assim os formandos (R13, P102 e L104 )

Outros papéis atribuídos ao educador face aos valores, dizem respeito à necessidade

de este transmitir valores e educar para o consumo (M105). O formando R, considera

ainda que o educador é responsável pela integração da criança na vida e no mundo (

R10). Quanto ao formando L, afirma a necessidade de saber conhecer a criança e

relacionar-se com ela com respeito, compreensão e diálogo. (L105, L106, L108)

Tema D: Atitude face a um eventual código da profissão

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 22- Tema D: Atitude face a um eventual código da profissão

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Necessidade de

- A falta de referências do

X

Page 193: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

182

Pertinência

do Código

orientação sobre

como agir

educador sobre como agir

(M)

- Os educadores agem cada

um por si (M)

- Os educadores necessitam

de orientação deontológica

(R )

X

X

Evitar actos

deontologicamente

errados

- É importante porque

muitos docentes cometem

actos deontologicamente

incorrectos (R )

X

Função do

Código

Ser guia de

orientação

- O código como um guia

na resolução de problemas

(M)

- Serve como base de

orientação (R )

- A importância do código

como base para seguir o

que está escrito (P)

- Estabelecer valores que

definam o que se pode e

não pode fazer (L)

- Ter o mesmo código um

código deontológico da

docência que têm outras

profissões (L)

- Harmonizar diferenças de

ser e pensar individuais

através do código (L)

X

X

X

X

X

X

Page 194: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

183

Este tema abrange as opiniões dos formandos relativamente à possibilidade de ser

criado um código deontológico da profissão docente e as implicações que essa iniciativa

poderá acarretar.

Categoria 1: Pertinência do Código

Esta categoria considera as razões dos formandos que justificam a necessidade da

existência do código.

Assim, os formandos M e R entendem ser necessário existir um código, que

sirva de orientação quanto ao modo de agir, para evitar actos deontologicamente

errados.

“…O código deontológico acho que deve ser importante porque (…) ás vezes há

situações…. (…) que o educador não sabe como agir…” M123

“… Penso que é muito importante porque há tantos educadores, tantos professores

que cometem actos deontologicamente incorrectos…” R163

Categoria 2: Função do Código

Esta categoria integra as funções que os formandos atribuem ao código.

De acordo com o quadro 22, todos os formandos consideram que o código deve

servir como um guia para o educador, orientando-o sobre como agir correctamente

O formando L acrescenta ainda que este documento poderá harmonizar formas

diferentes de ser e de pensar.

“… [Cada pessoa] tem modos de pensar diferentes… L125… Acho que um código

deontológico viria … para estabelecer ali até onde é que uma pessoa pode ir ou

não”L126.

Page 195: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

184

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 23 - Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Função do

Código

Não ser restritivo

- Não é para aplicar de

forma rígida (R )

- Deve dar espaço a

situações particulares (R )

- Não cristaliza deveres e

direitos (R )

- Não limita a acção dos

educadores (R )

X

X

X

X

Vantagens do

Código

Valorizar a

profissão

- Favorece a união da

classe (R)

- Valoriza a profissão (R),

(L)

X

X

X

Desvantagens

do Código

Dificuldades no

cumprimento

- As situações que geram

confusão (M)

- A possível dificuldade

dos professores em cumprir

e seguir o código (M), (P)

- Um cumprimento

aparente do código

desconhecendo os seus

deveres e direitos (P)

X

X

X

X

Dificuldade do

código agradar a

todos

- A dificuldade em

harmonizar formas de

pensar (M)

- A dificuldade de

estabelecer um código que

agradasse a todos (L)

X

X

Page 196: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

185

- A possibilidade do código

contribuir para a desunião

da classe (L)

X

Na continuação da categoria dois, o formando R considera ainda que o código não

deve ser restritivo, não deve cristalizar deveres e direitos, nem limitar a acção dos

educadores. Além disso deve considerar situações de especificidade.

“…[O código] Não é para nós estarmos a pôr em prática tal como lá diz…” R166

“…Não é os direitos e os deveres que estão naquele papel que vão limitar a acção

dos educadores.” R183

“…[O código] deve dar espaço de manobra a situações particulares.” R171

Categoria 3: Vantagens do Código

Nesta categoria referem-se as vantagens reconhecidas ao código. Apenas dois

formandos se pronunciaram, afirmando o contributo para a união da classe e para a

valorização da profissão.

“… E porque serve para unir a nossa classe… R165

“...Penso que é muito importante também para …para a nossa profissão ser um

bocadinho mais valorizada, porque não o é… R172

“…Acho que [o código] valorizava muito a profissão… L123

Categoria 4: Desvantagens do Código

Esta categoria inclui as desvantagens apresentadas pelos formandos relativamente

ao código.

Page 197: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

186

Assim, para os formandos M, e P persiste a dúvida quanto a se os professores

cumpririam ou não código, ou se o fariam de um modo apenas formal, sem atender aos

seus princípios.

“… Desvantagens… Eu penso que há sempre aquelas situações críticas, que dão

sempre confusão… M133

“… [Haveria muita gente que] tentava segui-la [a base do código] por saber que

esse código existia, e não (…) pelo conhecimento dos deveres que deve ter…” P121

Outra desvantagem apontada pelos formandos, neste caso pelos formandos M e L,

é a dificuldade de estabelecer um código que agradasse a todos.

“… Nem todas as pessoas pensam da mesma maneira… M141

“… Não sei até que ponto é que as pessoas, com as suas maneiras de pensar

diferentes (…) iriam estabelecer um código deontológico que agradasse a todas as

pessoas. L133

O código pode ainda ser motivo de desunião da classe:

“…[O código] poderia (…) ser um factor de desunião… entre os professores] É

uma possibilidade, penso eu… L134

Ainda na nesta categoria, o formando L admite a possibilidade de haver opositores

ao código, entre os professores.

“… Penso que existiria pessoas que (…) talvez fossem um pouco contra esse

código deontológico...” L130

Quanto ao formando R, não apresenta qualquer desvantagem.

“…[Algumas desvantagens para a existência desse código] Não! Eu não vejo!

[desvantagens] … R174.

Page 198: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

187

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 24 - Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Desvantagens

do Código

Probabilidade de

haver opositores

- A possibilidade de

existirem pessoas contra o

código (L)

- Ser contra o código não

seria bom para os seus

opositores nem para as

crianças (L)

- Ser contra o código não

seria bom para a visão da

profissão (L)

-A possibilidade do código

contribuir para a desunião

da classe (L)

X

X

X

X

Não considera

desvantagens

- Não vê desvantagens na

existência do código (R )

X

Conteúdos

do código

Deveres relativos

à criança

- Dever de não maltratar a

criança (M)

- Respeitar o ritmo da

criança (R )

- O dever de apoiar,

respeitar e amar a criança

(L)

- Contribuir para que a

criança seja feliz (R )

- Preparar a criança para a

sua integração na

sociedade (R )

- Preparar a criança para a

X

X

X

X

X

X

Page 199: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

188

escolaridade (R )

- O dever de lhe

proporcionar todas as

oportunidades (L)

X

Categoria 5: Conteúdos do código

Esta categoria apresenta os deveres que os formandos consideram que o código

deve conter.

Quanto aos deveres relativos á criança salienta-se

- O dever de apoiar, amar e respeitar a criança e o seu ritmo (R191, L140 L141 L142)

- O dever de preparar a integração da criança na sociedade e na escola (R196, R22 )

- O dever de não maltratar a criança (M143)

- O dever de lhe proporcionar todas as oportunidades e contribuir para que seja feliz

(L143, R198 )

Na continuação da categoria sobre conteúdos do código, os formandos

pronunciaram-se sobre os deveres relativos aos colegas. O formando M referiu os

deveres para com colegas da instituição e do meio em que esta se insere (M164, M165)

O formando P referiu as qualidades humanas necessárias para o relacionamento

com os colegas (P123, P124, P125)

No que respeita aos deveres relativos aos pais, todos os formandos contemplam este

aspecto excepção do P.

Quanto aos deveres relativos à comunidade, são mencionados por todos os

formandos (M167, R189, P128, L145).

Page 200: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

189

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 25 - Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Conteúdos

do código

Deveres

relativos aos

colegas

- Deveres com colegas da

instituição e do meio em que

a Escola está inserida (M)

- Ser flexível (P)

- Ser solidário (P)

- Ser autónomo (P)

- O código deveria abranger

deveres para com os docentes

(L)

X

X

X

X

X

Deveres

relativos aos

pais

- Dever de cooperação com os

pais (M)

- A cooperação com os pais

contribui para resolver

problemas da criança (M)

- O código deveria abranger

deveres para com os pais (L),

(R )

X

X

X

X

Deveres

relativos à

comunidade

- Dever de articular com a

comunidade (M)

- Benefícios de articular com

a comunidade (M)

- Dever de trabalhar em

cooperação com a

comunidade envolvente (P)

X

X

X

Page 201: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

190

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 26 - Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Conteúdos

do código

Deveres

relativos à

comunidade

- Deveres dos educadores

para com a comunidade (R )

- O código deveria abranger

deveres para com a sociedade

local (L)

X

X

Deveres

relativos ao

desempenho

da profissão

- O dever do docente perante

a profissão (L)

X

Deveres

relativos ao

meio escolar

- Dever de trabalhar em

cooperação com o meio

escolar (P)

- Dever de trabalhar em

cooperação com o pessoal do

Jardim (P)

X

X

Deveres

relativos à

sociedade

geral

- O código deveria abranger

deveres para com a sociedade

mais global (L)

X

Por seu lado, o formando L menciona deveres para com a profissão (L135) e para com a

sociedade em geral (L146)

Os deveres para com o meio escolar são referidos pelo formando P (P126, P127).

Page 202: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

191

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 27- Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Pertinência

de códigos

diferentes

Necessidade de

especificidade

- A diferença de deveres e

funções entre os professores e

os educadores (M), (L)

- A necessidade de códigos

diferentes para professores e

para educadores (R )

- Necessidade de

especificidade (P)

X

X

X

X

Diferenças

estruturais

- Diferenças de faixa etária

com que os docentes lidam

(R )

- A diferença de problemas

dos vários ciclos (R )

X

X

Divergências

entre a classe

Divergências entre os

docentes dos vários ciclos (R)

X

Pouco

conhecimento

do tema

-A falta de estrutura

profissional e pessoal para

opinar sobre a distinção de

códigos (L)

X

Categoria 6: Pertinência de códigos diferentes

Esta categoria apresenta a necessidade sentida pelos formandos da existência de

códigos diferentes para os professores e educadores.

De facto, todos os formandos se pronunciam a favor de um código específico para

Page 203: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

192

“… Talvez na profissão docente haveria de haver dois [códigos]: um para

professores e outro para educadoras, uma vez que…pronto, são completamente

diferentes.” M184

“… Penso que deveria haver um código deontológico para os educadores e depois

provavelmente para os professores… R206

“… Eu estou só a referir um código (…) para educadores”. P130

“… Mas penso que deveria ser separado, [o código docente] porque uma coisa é ser

educador, outra coisa é ser professor…” L138

Ainda o formando R, justifica a sua posição com base em diferenças estruturais e

divergências entre os professores dos vários níveis de ensino.

“…Se nós formos a ver há diferenças muito grandes a nível da faixa etária com que

os docentes lidam” R204

“… Se formos a ver, mesmo para os professores do 1º,2º e 3º ciclo já há tantas

divergências…” R208

Quanto ao formando L apesar de se pronunciar sobre este tema, reconhece que tem

pouco conhecimento pessoal e profissional, sobre o mesmo. (L137 )

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 28- Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Participação de

professores e

educadores em

códigos

segundo o seu

grau de ensino

- A participação de

professores e educadores

cada qual no seu código (M)

- Quem trabalha na sua área

específica conhece e avalia

melhor as situações (P)

X

X

Page 204: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

193

Autoria do

código

- A possível dificuldade de

professores do 1º ciclo e

educadores elaborarem

códigos que não pertençam

ao seu grau de ensino (P)

X

Ministério da

Educação

- A participação do

Ministério da Educação para

alcançar soluções

consensuais (M)

X

Uma

Associação de

educadores

-Uma Associação de

educadores (R )

- Associação de educadores

com experiência

diversificada (R )

X

X

Os educadores

- Os educadores (R ), (P)

X

X

Todos os

Professores e

educadores

- Um código para

educadores e professores

deve ser elaborado por todos

(L)

X

Um código

único

elaborado por

uma

Associação

- Um código para

educadores e professores

elaborado por Associação

(L)

X

Categoria 7: Autoria do código

Nesta categoria, procurámos reunir as opiniões dos formandos, sobre quem deveria

participar na elaboração de um código deontológico da docência.

Na generalidade, os formandos apontam vários intervenientes neste processo.

Assim, os formandos M, e P, defendem que os professores e educadores deverão

elaborar códigos segundo o seu grau de ensino.

“… Nos [códigos] de professores participarem os professores e nos [códigos] de

educadores, os educadores… M185

Page 205: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

194

“… [Penso que as pessoas que estavam a trabalhar naquilo que realmente tiram, no

curso que tiraram] é que podem verificar se aquilo é o mais correcto, se aquilo não é o

mais correcto… P133

Por seu lado, o formando M considera ainda a participação do ME:

“… Eu não sei bem como isso funciona, [elaboração do código] mas talvez alguém

que faça parte do ministério da educação, (…) que acompanhe e que oriente o debate…

M200

Quanto ao formando R, entende que o código deve ser elaborado por educadores,

ou por uma associação que os represente (R216, R216)

O formando L considera que se o código abranger todos os professores dever

elaborado por todos, através de uma Associação (L149, L150 )

Este formando pondera ainda a possibilidade do código ser elaborado por

Agrupamento.

“…[Elaboração do código] Por Agrupamento por exemplo. “L151

“…Depois [o Agrupamento] transmite [o código] talvez (…) numa reunião mais

geral…”L154

Nessa reunião geral participariam, segundo o mesmo formando, os professores, os

educadores e representantes do ME. (L157, L158, L159 )

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 29 - Conclusão do Tema D: Atitude face a um eventual código da

profissão

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Autoria do

código

O

Agrupamento

faz e debate o

- O Agrupamento faz e

pensa os pontos do código

(L)

X

Page 206: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

195

código com os

docentes e

representantes

do M.E.

- O Agrupamento transmite

o código em reunião geral

(L)

-A participação dos

professores dos educadores

e dos de representantes do

Ministério da Educação no

debate geral do código (L)

X

X

Actualização

do código

- A importância de

actualizar o código (R )

- O código deve acompanhar

a evolução do mundo (R )

X

X

Razões da

inexistência

do código

- A Profissão é muito

abrangente (R )

X

O papel

interventivo do

Ministério

- O Ministério da Educação

é que estabelece direitos e

deveres (R )

X

O conformismo

dos docentes

- Os docentes conforma-se

com as decisões do

Ministério (R )

- Os docentes deixam de

lutar pela dignificação da

profissão (R )

X

X

Categoria 8: Actualização do código

Esta categoria integra a opinião do formando R, que foi o único que se pronunciou

sobre a necessidade de manter o código actualizado, para acompanhar a evolução do

mundo. (R180, R179)

Page 207: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

196

Categoria 9: Razões da inexistência do código

Continuamos com a opinião do formando R, agora sobre as razões da inexistência

do código.

De acordo com este formando, que uma vez mais foi o único a abordar este assunto,

a inexistência do código deve-se a três aspectos:

“…Se nós (…) formos a ver a profissão docente é das mais abrangentes que há.

R202

“… Trabalhamos para o Ministério da Educação, para quem está a trabalhar no

público, (…) e então são eles que estabelecem os nossos direitos… R223

“… [Trabalhamos para o Ministério da Educação, para quem está a trabalhar no

público, (…) e então são eles que estabelecem os nossos deveres… R224

“… Deixamos de lutar por aquilo que quase toda a certeza dignificaria a nossa

profissão …” R226

Page 208: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

197

Tema E: Apreciação geral sobre a Escola

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 30 - Tema E: Apreciação geral sobre a Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Apreciação

geral sobre

a Escola

Aspectos

positivos

- Tem professores muito bons

(R )

- A introdução de mudanças

para corresponder às

necessidades dos alunos (P)

- Mudança ao nível de

disciplinas (P)

- Currículos diferentes em

relação aos dos anos

anteriores (P)

- Matérias diferentes (P)

- A tentativa da escola em

resolver lacunas de anos

anteriores (P)

- O espírito de abertura em

relação aos alunos (P)

X

X

X

X

X

X

X

Aspectos

negativos

- Tem professores que

desconhecem o que é a

profissão de educador (R )

- A tendência dos professores

do 1º ciclo trabalharem mais

com os formandos professores

do que com os educadores (P)

X

X

Page 209: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

198

Categoria 1: Apreciação geral sobre a Escola

Nesta categoria, incluímos as opiniões de alguns formandos, que se pronunciaram

sobre os aspectos que consideram mais positivos e mais negativos em relação ao

funcionamento da escola, e apresentam as sugestões que gostariam de ver

implementadas.

De salientar que o formando P, é quem apresenta a maioria dos aspectos positivos

da escola (P54, P56, P57, P58, P59, P60)

Como aspecto negativo este formando aponta a tendência dos professores do 1º

ciclo trabalharem habitualmente mais com os formandos do 1ºciclo, do que com os

educadores. (P139)

OS aspectos positivos apontados pelo formando R, referem-se à existência de bons

professores (R90) mas nos negativos afirma que:

-“…[Também temos professores] que não sabem o que é que consiste a nossa

profissão. (R92)

GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS

FORMANDOS

Quadro 31 - Conclusão do Tema E: Apreciação geral sobre a Escola

Categoria Subcategoria Indicadores M R P L

Apreciação

geral sobre

a Escola

Sugestões

- A necessidade de estar atenta

à inovação pedagógica (R )

- A necessidade de investir na

formação dos professores-

formadores (R )

- Trabalho mais

individualizado dos

professores do 1º ciclo com os

formandos educadores (P)

X

X

X

Page 210: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

199

Quanto às sugestões dos formandos, apenas dois se manifestaram.

O formando R, sugere que a escola:

“ (...) Podia estar um bocadinho mais atenta ao desenvolvimento (…) de novas

pedagogias que vão aparecendo…” R87

“… Penso que poderiam apostar um bocadinho mais na formação dos professores

que estão a formar-nos a nós…” R88

Quanto ao formando P, sugere que:

“… Devia de haver… um trabalho mais individualizado [dos professores do 1ºciclo

com os educadores] P141…

Relativamente à interpretação dos dados recolhidos junto dos formandos,

aferiremos na Conclusão, os aspectos mais relevantes resultantes deste trabalho.

Page 211: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

200

CONCLUSÃO

Terminada a análise e interpretação de dados, apresentaremos seguidamente as

conclusões obtidas da realização deste estudo, organizadas de acordo com as principais

questões inerentes ao problema investigado. Este, relaciona-se com a Formação ético-

deontológica dos educadores de infância, e apresenta-se assim definido:

- Como conceptualizam os professores de ética e educadores estagiários, a

formação inicial em ética, dos educadores de infância.

O estudo decorreu numa ESE, e em função dos objectivos do mesmo, a população-

alvo direccionou-se para os professores de Axiologia e para os formandos do 4º e último

ano do curso, que desenvolveram estágio contínuo durante o ano lectivo de

2006/2007.

Procuraremos agora dar resposta às questões que originaram este estudo, a saber:

Que representações têm os professores de ética da formação que ministram?

Que representações têm os formandos da formação ética obtida na Escola de

Formação?

Que repercussões consideram que essa formação tem na sua prática pedagógica?

Como se posicionam os professores de ética e formandos, quanto à existência de

um código deontológico da profissão docente?

Para tentar encontrar respostas a estas questões, começámos por recolher

representações, junto dos professores de ética, sobre a formação ética em educação de

infância.

Representações dos professores de Axiologia sobre a formação que

ministram

Page 212: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

201

Para compreender as representações dos professores de Axiologia, sobre a

formação ética, considerámos pertinente conhecer a sua posição face alguns temas

implicados nessa formação. Assim, procurámos conhecer a perspectiva ética que

privilegiam, o seu conceito de bem do aluno, como definem a justiça e o professor justo.

Acreditamos que o posicionamento sobre tais conceitos, nos ajudará a perceber melhor

a formação ética que ministram.

Assim, dos resultados aferidos, (quadro 1) verificamos que ambos associam ética à

condição do humano, uma vez que esta se relaciona com o carácter e, como tal, encontra

eco nas relações humanas. No entanto, o professor A valoriza-a numa perspectiva mais

geral, enquadrando-a num contexto histórico-cultural, ao passo que o professor B a

restringe mais ao âmbito da educação e das relações professor-aluno. Deste modo,

atendendo ao tema do estudo entendemos, que ambas as perspectivas se complementam.

Em relação ao bem do aluno, um conceito que deverá ser primário na relação

pedagógica, e com mais pertinência em educação de infância, dada a fragilidade da

criança, conforme apresentado por Estrela (1999), os professores entrevistados

assumem posições consensuais. De facto, ambos defendem a importância de apoiar o

aluno no seu desenvolvimento pessoal e social (quadro 2). Esta posição reflecte-se na

ética do cuidado preconizada por Gilligan, e na necessidade de apoiar o aluno no seu

desenvolvimento moral, com vista à sua integração plena na sociedade, atendendo a

princípios de justiça, igualdade e sentido de comunidade, conforme defendido por

Kohlberg.

No que respeita ao conceito de justiça, o professor A, define-o essencialmente à luz

de uma perspectiva pedagógica, centrada na relação-professor aluno, baseada em

princípios e valores como o diálogo, a compreensão, tolerância, bom senso, a mediação

de conflitos. Quanto ao professor B referiu apenas a origem ética do conceito.

Page 213: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

202

Relativamente ao conceito de professor justo, encontramos outra grande diferença

entre os dois professores do estudo.

O professor A define o professor justo como aquele que mantém uma boa relação

humana com os alunos, numa perspectiva de desenvolvimento sócio-moral, próxima de

algumas das competências defendidas por Ryan (1987), nomeadamente, o saber

comprometer-se com o domínio moral, e o seu papel de referência na mediação de

situações. (Quadro 4)

Quanto ao professor B, considera justo aquele que avalia o trabalho do aluno com

rigor. Esta perspectiva assume um carácter mais técnico, pois centra-se não no aluno

como pessoa, mas apenas no resultado do seu trabalho. “ … Eu julgo que o professor

justo é, pelo menos aquele que em consciência, considera todas as variáveis no

momento da avaliação…” B119. (Quadro 4)

A perspectiva de avaliação do professor A, é oposta, porque este embora não rejeite

a avaliação técnica ” (…) Eu tento fazer essa medição” A79 “ ainda assim tem em conta

as características dos alunos: “- (…) Por norma, aceito logo à partida que o aluno que eu

avalio, é sempre uma outra coisa… que a avaliação que dele faço mais fria…” A71..”

(Quadro 5)

Desta diferença de posições, parece-nos poder inferir que o professor A se situa

numa perspectiva mais humanista, face ao seu papel de formador.

Quanto ao professor B, ao privilegiar os resultados do trabalho do aluno, pensamos

poder inferir que o seu desempenho como formador se centra mais no rigor técnico.

Confirmando esta posição, este professor apresenta como problemas não

dilemáticos, exactamente a falta de rigor de alguns colegas, em relação ao seu

desempenho profissional. “ (…) Tantas vezes nós vemos infelizmente (…) outros

Page 214: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

203

professores muitas vezes a ser pouco conscientes (…) do seu trabalho …” B137.”

(Quadro 6)

Assim, parece-nos poder inferir que o professor B se preocupa prioritariamente com

um desempenho rigoroso.

Após termos destacado diferentes formas de se posicionar como formadores,

iremos seguidamente perspectivar que representações têm estes professores da formação

que ministram, procurando assim encontrar resposta à primeira questão do nosso estudo.

Assim, começamos por salientar a importância atribuída pelo professor A, à

dimensão ética da profissão: “ [Nem compreendo] qualquer acção relacionada com a

formação dos indivíduos, nomeadamente no âmbito educacional [sem um suporte ético

em termos de valores, em termos axiológicos] … A84 “ (Quadro 9)

De acordo com esta afirmação, parece-nos poder inferir que a ética constitui a

essência da formação do indivíduo, pois é em função dos seus princípios e valores que

este age.

Quanto à importância da formação moral da criança, ambos os professores são

unânimes em considerar o papel do educador fundamental nesse processo.”… É

importante que se perceba que a criança, com a qual a maior parte dos educadores

começa a trabalhar bem cedo, (…) é um ser moral em construção, em

delapidação…A109” (Quadro 9)

“Eu penso que mais até do que as competências (…) o educador (…) deve ser

absolutamente consciente da importância que tem na formação em educação das

crianças…” B10 (Quadro 9)

Assim, reconhecida por ambos os professores, a importância da formação moral da

criança e da responsabilidade que recai sobre o educador, importa perceber como os

professores preparam os formandos para esta função

Page 215: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

204

Nesta linha de pensamento, destacamos de seguida os conteúdos e estratégias de

formação, utilizados por ambos os professores, para promover a formação ética dos

formandos.

Quanto aos conteúdos de formação o professor B, responsável pela formação ética

dos formandos deste estudo, refere: a deontologia, os dilemas éticos e os paradigmas da

formação ética.(Quadro 22)

Em relação às estratégias, os dois professores referem a disponibilização de

informação aos formandos. (Quadro 20). Embora ambos tenham como objectivo

promover o pensamento crítico, o professor A, elege como estratégia provocar os

formandos para os fazer pensar sobre a informação que faculta.

Para além disso, incentiva a realização de trabalhos da disciplina de Axiologia em

paralelo com outras disciplinas promovendo a interdisciplinaridade.(Quadro 19)

Como estratégias de carácter prático, refere a exploração de histórias e actividades

lúdicas, procurando articular a formação teórica com a prática.

Quanto ao professor B, privilegia a análise e debate de questões éticas.

(Quadros 20-21)

Relativamente às estratégias para promover de desenvolvimento moral das crianças,

o professor A, não recomenda aos formandos nenhuma estratégia específica, mas

alerta-os para a importância de observar a criança e o grupo, e para a construção de

uma relação afectiva com cada um..”… - [A afectividade] é quase que uma estratégia

(…) de conquista para poder formar…” A205 “ (Quadro 21)

Neste contexto, o professor A procura sensibilizar os formandos para o facto da

formação moral da criança ser desenvolvida numa perspectiva de futuro, que se estende

para além do pré-escolar.” -- [Devemos contribuir eticamente, (…) para a sua formação]

não numa perspectivação que se esgota no final do pré-escolar. “A120 “ (Quadro 9)

Page 216: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

205

Quanto ao professor B, utiliza como estratégias a construção de materiais e a

sua aplicação ao grupo de crianças, nos momentos de estágio. Incentiva também os

formandos a dialogar com as crianças sobre temas como os valores e a recolher as suas

tomadas de posição. “ - (…) Depois mais concreto na prática e tantas vezes a construção

de jogos… B301” (Quadro 22)

O professor B procura também sensibilizar os formandos, para a necessidade de se

assumirem como agentes éticos. “…E por ter essa consciência plena [da importância

que tem na formação em educação das criança] ele (o educador) deve reconhecer-se

fundamentalmente como um agente ético…” B12 (Quadro 9)

Como requisitos para o exercício ético da profissão, o professor B, defende a

importância de estabelecer interacções com os diferentes elementos do processo

educativo e ser dinamizador dessas interacções. (Quadro 11)

Para além disso, afirma a importância de saber reflectir sobre o seu trabalho,

reconhecer os seus deveres profissionais e desenvolver trabalho de parceria. (Quadro

11).

Na sequência das qualidades necessárias para um desempenho ético da profissão,

consideramos pertinente abordar a concepção de bom educador, na perspectiva dos

professores. Para o professor A, o bom educador deve ser promotor de felicidade, do

desenvolvimento dos alunos e saber orientá-los, ao passo que o professor B considera

necessário o espírito de humanidade e de abertura.(Quadro 15 )

Constatamos assim que ambos os professores direccionam os valores do bom

educador para a pessoa do aluno, priorizando uma perspectiva humanista.

No entanto, o professor B, refere ainda qualidades direccionadas para o

desempenho da profissão. Assim, para este professor o bom educador deve também ser

reflexivo e dedicado. (Quadro 16)

Page 217: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

206

Relativamente aos valores considerados essenciais para a formação ética dos

formandos, ambos os professores consideram valores de carácter interpessoal, como a

responsabilidade e o respeito. No que respeita aos valores pessoais, o professor A

defende a autonomia, o pensamento crítico e a reflexão” (Quadro 17) enquanto o

professor B destaca os valores sócio-políticos, relacionados com a liberdade e a

mudança. (Quadro18).

Em síntese, como representações da formação que ministram, os professores

de Axiologia referem conteúdos e estratégias de formação ética direccionadas para os

formandos e estratégias teóricas e práticas para promover o desenvolvimento moral das

crianças.

Para além disso, referem as qualidades a atribuir a um bom educador e os valores

que consideram essenciais na formação ética

Questionados sobre o impacto da formação ética nos formandos, o professor A não

possui elementos para se pronunciar, porque começou a leccionar recentemente pela

primeira vez nesta escola.

Quanto ao professor B reconheceu que a falta de tempo e a necessidade cumprir o

programa não lhe permitiram aferir o resultado da formação na prática

Representações dos formandos sobre a formação ética obtida na Escola de

Formação

Questionados sobre quais as disciplinas consideradas mais importantes para a

profissão, os formandos foram unânimes em eleger a Axiologia, seguida da Sociologia.

(Quadro 1)

Assim, parece-nos poder inferir que estas disciplinas foram as que tiveram mais

impacto junto de todos os formandos.

Page 218: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

207

Sendo Axiologia a disciplina mais referenciada, considerámos pertinente abordar a

importância que os formandos lhe atribuem.

Deste modo, a análise dos quadros 5 e 6, salienta a importância da Axiologia na

formação pessoal, promovendo o autoconhecimento, alertando para hábitos de conduta

influenciando o modo de agir e pensar, desenvolvendo a percepção sobre o que deve e

não deve fazer e divulgando os valores da sociedade.

Quanto ao seu papel na formação profissional, dois dos formandos destacam a sua

influência na construção de uma atitude de desempenho profissional, pois alerta para a

conduta social do educador, sensibiliza para a reflexão sobre a acção, apoia a formação

perspectivada para o futuro e ajuda o formando a fomentar nas crianças os valores da

sociedade.

Relativamente aos conteúdos da formação ética abordados, os formandos

referenciaram a distinção entre a Ética e a Moral, a relação da ética com a profissão e a

ética na formação da criança. Para além destes, destacaram também os valores na

sociedade e na educação, a importância de uma deontologia docente e a análise de

códigos deontológicos. (Quadros 4-5)

Sobre os conteúdos abordados, podemos desde já comparar a informação dos

professores sobre este assunto, com as dos alunos, e constatamos que estes

mencionaram mais pormenorizadamente esses conteúdos do que os professores.

Assim, podemos concluir que os alunos mantêm presente o que foi abordado,

embora nem todos com a mesma facilidade, porque nem todos revelaram o mesmo

conhecimento.

Quanto às estratégias de formação ética dos formandos, estes referiram a discussão

de situações e dilemas éticos em geral, a análise de situações educativas específicas e a

Page 219: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

208

análise de perspectivas e de textos sobre valores. Uma vez mais, os formandos nos

parecem mais concisos que os professores. (Quadro 12)

No que respeita às estratégias destinadas a promover o desenvolvimento moral da

criança, apontaram a falta de estratégias, mas referiram-se a orientações gerais,

reforçando a perspectiva do professor A.

No entanto, também mencionaram a exploração do conteúdo moral de histórias, os

jogos, a abordagem dos valores com as crianças e a sensibilização para importância de

ser modelo de referência. Todos estes aspectos foram igualmente mencionados pelos

professores, pelo que destacamos o paralelismo entre a formação proporcionada por

estes e os conhecimentos revelados pelos formandos. (Quadro 13)

Como lacunas da sua formação ética, os formandos apontam a falta de análise

de situações relacionadas com a prática pedagógica e o tempo reduzido de formação

teórica (Quadro 14).

Para superar tais lacunas, os formandos avançam com algumas sugestões: a

discussão de dilemas da prática pedagógica na sala de aula e prolongar o tempo de

formação ética teórica e prática. (Quadro 15)

Em síntese, os formandos revelaram ter presente os conteúdos e estratégias

trabalhados no ano transacto, em que decorreu a sua formação ética, mas apontaram

algumas lacunas e apresentaram sugestões.

Assim, parece-nos poder inferir que as representações dos formandos, sobre a

formação ética que lhes é proporcionada, não corresponde plenamente às suas

necessidades sentidas, nomeadamente quanto à sua articulação com a prática e ao tempo

de duração da formação.

Page 220: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

209

Repercussões da formação ética na prática pedagógica

Seguidamente, iremos relacionar os problemas surgidos na prática pedagógica com

a atitude dos formandos na sua resolução, para perceber quais os efeitos da formação

ética no seu comportamento.

Iniciamos com o exemplo de dois dos formandos, que assistiram a situações de

comportamentos agressivos, a nível físico e psicológico, no trato com as crianças.

O reflexo destas situações deixou sentimentos de pena e de revolta.

No entanto, em reacção a esta situação, nenhum dos formandos interveio por

considerar que na condição de estagiários não o deveriam fazer.

Convenhamos que não é uma situação fácil, muito menos num estágio e com pouca

experiência. Ainda assim, destacamos uma vez mais Estrela (1991:588) ao citar autores

como Wilson (1967), que afirma que a pessoa moralmente formada, apresenta seis

atributos, a saber: ”apreciação como suporte de deliberação moral, empatia,

competências interpessoais, conhecimento, raciocínio e coragem “.

O educador moralmente formado tem que estar preparado para defender a criança,

que na sua fragilidade depende dele. Deste modo, as qualidades acima enunciadas são

essenciais, mas necessitam de tempo e de treino para as saber adequar às situações. No

entanto, devem fazer parte do horizonte ético do educador, para as saber aplicar de

forma conjugada.

Outros dois formandos revelaram problemas diferentes, provavelmente menos

dilemáticos. No entanto, reflectiram sobre a situação, falaram com as educadoras

cooperantes e a partir daí resolveram as situações: com reflexão, com diálogo, com

coragem, com compreensão.

Page 221: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

210

Questionados sobre a influência da formação ética recebida na escola, para a

resolução de problemas, realçaram primeiramente o contributo da ética pessoal, embora

reconheçam a importância de ter formação ética no curso.

No entanto, um dos formandos afirmou que a sua decisão foi independente da

formação recebida na escola. (Quadros 7 a 11)

Em síntese, parece-nos poder inferir que, face a dilemas ou situações problemáticas,

estes formandos reagem primeiramente de acordo com a sua ética pessoal.

Não deixa de ser significativo que os dois formandos com melhores resultados em

ética, em situação de estágio não conseguiram intervir para mudar a situação, enquanto

que os outros dois pelo diálogo, pela compreensão e pela coragem conseguiram

ultrapassar e vencer os problemas.

A influência da formação ética recebida na escola ainda não se faz sentir na

prática, o que pode indicar que é interiorizada apenas num plano teórico.

Esta perspectiva encontra eco nas necessidades sentidas pelos formandos, que

sugerem mais tempo de formação e mais discussão de problemas da prática.

Por seu lado, os professores também apresentam as suas sugestões para alterar a

formação ética . (Quadro 26, tema F)

Assim, o professor A propõe a introdução de novas disciplinas, que permitam

analisar a concepção ética subjacente aos modelos curriculares de educação de infância.

O professor B faz eco das propostas dos formandos e defende a realização de

seminários e encontros mais alargados para discutir estas temática e o ponto mais

consensual de todos: mais tempo para a formação ética

Verificamos assim que existe convergência entre formandos e professores, sobre a

necessidade de introduzir alterações à formação ética, quer ao nível de conteúdos

programáticos, quer de estratégias, quer do tempo dedicado à formação

Page 222: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

211

Posição dos professores de ética sobre a existência de um código

deontológico da profissão docente

O código deontológico revela-se uma questão importante para ambos os

professores. (quadro 29)

Para o professor A , a existência do código promove relações de transparência e de

justiça.(Quadro 29)

Quanto ao professor B considera que o código deve servir para orientar os

professores, restaurar a dignidade profissional e estabelecer um modo de viver a

profissão.(Quadro 29)

Relativamente à necessidade do código, o professor A entende que este seria uma

forma de clarificar e regular o desempenho profissional.(Quadro 30)

Quanto ao professor B, partilha desta mesma perspectiva, considerando que o

código é necessário para dar resposta desvalorização do trabalho do professor. (Quadro

30).

No que respeita aos inconvenientes, o professor A, não considera nenhum.

(Quadro 30 -31)

Quanto ao professor B, alerta para o perigo de se elaborar um código demasiado

normativo e impositivo, que limite a acção e o desempenho do professor.

(Quadro 30 -31)

Quanto à sua composição, ambos os professores apontam deveres de carácter

relacional: o professor A refere-se à relação em geral, enquanto o professor B especifica

deveres relacionais, direccionados para os vários elementos da comunidade educativa.

(Quadro 31)

Page 223: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

212

Na elaboração de um código deontológico da docência, ambos os professores

consideram que devem participar os educadores e professores ou os seus representantes

e os elementos do ME. (Quadro 32-33)

O professor B defende também o contributo dos pais e alunos, e dos investigadores

que se têm dedicado ao estudo das questões deontológicas da docência. (Quadro 32-33)

Na opinião do professor A, sobre o processo de elaboração do código, este devia

ser desenvolvido numa perspectiva da administração política educativa e numa

perspectiva científico-pedagógica e da profissão.(Quadro 33)

Quanto ao professor B, considera a necessidade do código ser alvo de um debate

com todos os agentes educativos. (Quadro 33)

O professor A, defende que o código deverá abranger todos os professores, de todos

os graus de ensino. (Quadro 33)

Por conseguinte, ambos os professores são consensuais, no sentido em que

defendem a existência do código, mas apresentam razões diferentes para justificar a sua

posição

Assim, o professor A, considera que o código pode constituir uma força em termos

políticos e sociais. (Quadro 34)

O professor B, considera que o código não deve ser limitativo, mas também não

deve ceder aos interesses corporativistas dos professores. (Quadro 34)

Posição dos formandos sobre a existência de um código deontológico da

profissão docente

Page 224: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

213

Os formandos M e R consideram pertinente a existência de um código

deontológico, porque sentem necessidade de orientação sobre como agir e como forma

de prevenir actos deontologicamente errados. (Quadro 22).

O código é considerado um guia por todos os formandos, mas na opinião do

formando R não pode ser restritivo. (Quadro 22-23)

Para os formandos R e L o código tem a vantagem de valorizar a profissão, mas

para os formandos M e P apresenta uma possível desvantagem, relacionada com a

dificuldade de todos o cumprirem. (Quadro 23)

Por seu lado, o formando L considera que o código pode vir a ter opositores, no

sentido de que alguém não concorde com a sua existência, ao passo que o formando R,

não vê qualquer desvantagem.(Quadro 24)

Ainda os formandos M e L admitem a possibilidade do código não agradar a todos.

Quanto à composição do código, os formandos consideram que este deve conter:

Deveres para com os colegas. (Quadro 25)

Os deveres relativos aos pais.(Quadro 25)

Deveres relativos à comunidade (Quadro 26)

Deveres relativos ao desempenho da profissão (Quadro 26)

Deveres relativos ao meio escolar (Quadro 26)

Deveres relativos à sociedade geral (Quadro 26)

Os educadores admitem a existência de códigos diferentes de professores e

educadores, por vários motivos:

- Necessidade de especificidade: consideram que ser professor é diferente de ser

educador uma vez que este tem funções e deveres diferentes.

- Há divergências entre a classe docente:

Page 225: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

214

- Há diferenças estruturais relacionadas com as faixas etárias com que lidam e

diferença de problemas dos vários ciclos.

Page 226: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

215

CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Sendo o nosso estudo limitado a uma escola a e a um público reduzido, nada mais

poderemos fazer do que apreciar os seus resultados à luz destas contingências.

Em termos de contributos, pensamos que conhecer as representações de professores

e alunos, sobre a formação ética, na formação inicial de educadores de infância, poderá

constituir uma chamada de atenção para esta dimensão educativa, presente em todos os

momentos da docência.

O decurso das próprias entrevistas impôs uma certa reflexão aos entrevistados e

uma grande ansiedade ao entrevistador, receando não conseguir obter dados passíveis de

serem trabalhados, para deles retirar conteúdos à altura do tema.

Assim, este estudo pôs á prova toda a inexperiência do aprendiz de investigador,

que vez após vez, ora se confrontava com bloqueios, ora descobria a porta de saída, para

constatar posteriormente que afinal não era aquela.

Foi um trabalho feito de avanços e recuos, com toda a ansiedade e frustração que

muitas vezes se impunha.

Mas independentemente dos sobressaltos ou do resultado final, nunca esteve em

causa desistir, porque isso seria recusar aprender.

Aprender mesmo que doa, é sempre um processo de crescimento.

É um passo em frente na caminhada da vida.

Page 227: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

216

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A motivação que nos impulsionou para o estudo da formação ética, na formação

inicial de educadores de infância, relaciona-se com a importância que atribuímos a esta

dimensão, na formação do carácter.

Consideramos que a faixa etária do Pré-Escolar, constitui um momento privilegiado

da vida do ser humano, para promover o seu desenvolvimento sócio-moral,

Por este motivo, o educador de infância deve estar consciente de que o seu

desempenho ético irá influenciar decisivamente a construção da ética pessoal das suas

crianças

Por outras palavras, formar eticamente alguém na idade adulta, é um projecto

utópico, na medida em que esse alguém teria que renunciar a todas as experiências

vividas até ali e que foram definindo a sua ética pessoal.

Vimos através deste trabalho que, apesar da formação ética recebida, quando se

passa para a experiência prática, a tendência é socorrer-se dos padrões éticos pessoais.

Daqui podemos tirar duas ilações:

- a idade pré-escolar é uma etapa fundamental para promover valores e

comportamentos éticos, que influenciam decisivamente a personalidade da criança.

Por seu lado, nesta etapa da vida, a criança centra-se no adulto como modelo de

referência para o seu comportamento.

Daqui resulta segunda ilação:

- o educador tem que sentir a responsabilidade de formar eticamente a criança, e

para tal não pode socorrer-se apenas da sua ética pessoal, sob o risco de perpetuar

comportamentos e atitudes não alicerçadas em princípios éticos.

Page 228: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

217

Assim, necessita de competências específicas que a formação inicial poderá ajudar

a desenvolver, com base nos modelos e estratégias propostos por investigadores, mas

trabalhados numa perspectiva de reflexão crítica, para poder reformular sempre

estratégias que se mostrem infrutíferas

Um estudo experimental de como aplicar os modelos e estratégias referenciados por

Estrela, (1991, 1999) á formação inicial de educadores, traria certamente importantes

contributos para redimensionar a formação ética dos formandos.

Tão longe não chegou o nosso trabalho. Apenas ficámos pela abordagem,

superficial de como se processa essa formação numa ESE .

No entanto, dado que o público envolvido foi reduzido pensamos não poder fazer

generalizações mesmo dentro da própria escola, porque o tema é demasiado pessoal e

deixaria de fora os restantes alunos que não foram alcançados com o nosso estudo.

Assim, pensamos que este será apenas um modesto contributo, para abordar um

tema que para além de vasto e profundo, requer uma maior amplitude.

No entanto, pessoalmente congratulamo-nos com a experiência e os conhecimentos

obtidos, na certeza porém de que não alcançámos a ponta do iceberg, mas conseguimos

visualizá-lo. Estar consciente de que ele existe é apenas um passo, mas a caminhada

continua, a bem das crianças e do seu futuro, do qual também depende o nosso, pois nã

podemos esquecer que amanhã estarão elas no nosso lugar e nós na situação de

dependência. Colheremos amanhã o que semearmos hoje.

Page 229: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

218

BIBLIOGRAFIA

Alves, A.J. (2007). “Éthos/Êthos, O ser e o dever. O desenvolvimento de um

conflito”. Jornal de Ciências Cognitivas

(http://www.jcienciascognitivas.home.sapo.pt)

Ávila de Lima, J. & Pacheco Augusto, J. (2006). Fazer investigação –

Contributos para a elaboração de dissertações e teses. Porto: Porto Editora.

Bardin, L.(2006). Análise de Conteúdo. Lisboa : Edições 70.

Barros de Oliveira, J.H. (1997). Filosofia, Psicanálise e Educação. Coimbra:

Livraria Almedina.

Bindé, J. (2004). Où vont les valeurs? Lisboa: Instituto Piaget.

Bogdan, R. & Biklen, S.(1994). Investigação Qualitativa em Educação – uma

introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.

Cardona, M.J. (2006) “Educação de Infância - Formação e Desenvolvimento

Profissional”

Carmo, H. & Ferreira, M.M. (1998). Metodologia de investigação – Guia para

auto-aprendizagem. Lisboa, Universidade Aberta.

D’Orey da Cunha, P. (1994). “A formação moral no Ensino Público – Evolução

de uma ideia”. Brotéria, 138, pp. 59-80.

D’Orey da Cunha, P. (1996). Ética e Educação. Lisboa: Universidade Católica

Portuguesa.

Page 230: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

219

Galveias, F. (1997). “Significações de ordem moral atribuídas pelos professores

ao seu papel educativo no contexto da interacção pedagógica”. Revista de

Educação, vol. VI, nº2, pp. 43-56.

Garcia, C. M. (1999) “Formação de Professores para uma mudança educativa”

Porto - Porto Editora.

Grancho, J. (2007). “Dimensión moral de la profession docente. Un

compromisso europeu”. In Jornadas Europeas sobre Convivencia Escolar.

Estrela, T. (1986). “Algumas considerações sobre o conceito de profissionalismo

docente”. Lisboa: Separata da Revista Portuguesa de Pedagogia, Ano XX.

Estrela, T. (1991). “Deontologia e Formação moral dos professores”. Ciências

da Educação em Portugal. Situação Actual e Perspectivas. Porto: SPCE, pp.

581-591.

Estrela, T. (1993). Profissionalismo docente e deontologia. Lisboa: Colóquio

Educação e Sociedade, n.º4, Dez. 1993, pp. 1985-210.

Estrela, A. (1994). Teoria e Prática de Observação de classes – Uma estratégia

de Formação de Professores. Porto: Porto Editora.

Estrela, T. (1995). “Valores e normatividade do professor na sala de aula”.

Revista de Educação, vol. V, 1, 65-77.

Estrela, T. (1999). Ética e formação profissional dos educadores de infância.

Cadernos de Educação de Infância, nº 52, 27-32.

Page 231: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

220

Formosinho, J. & Ferreira C. (1997). “Código deontológico dos professores:

Que Código? Que Professores?”, In Teodoro, A. & Pereira, R. (orgs)., Actas do

1.º Congresso do Fórum Educação, Professor/A: Uma profissão em mutação?,

pp. 249-279.

Formosinho, J. org. (1998). Modelos Curriculares para a Edcuação de Infância.

Porto: Porto Editora.

Formosinho, J. et al (2003). Educação Pré-Escolar – A construção social da

moralidade. Lisboa: Texto Editora.

Formosinho, J. & Formosinho J. (2002). “A formação em contexto: a

perspectiva da Associação Criança”. In Formosinho, J. & Kishimoto, T. (orgs).

Formação em contexto: uma estratégia de integração. Brasil: Cengage Learning

Editores.

Lourenço, O. (1995) “A comunidade justa de Kohlberg: Um caso especial de

educação moral”, Revista de Educação, nº1, pp. 27-39.

Lourenço, O. (1997). “Psicologia do desenvolvimento e educação para os

valores: que valores, que educação?”. Actas do III Congresso da Sociedade

Portuguesa de Ciências da Educação – Contributos da Investigação Científica

para a Qualidade do Ensino. Lisboa: SPCE.

Marques, R. (1999). Modelos Pedagógicos actuais. Lisboa: Plátano Edições

Técnicas

Marques, R. (2000a). O livro das virtudes de sempre. Lisboa: Edições ASA.

Page 232: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

221

Marques, R. (2000b). Breve história da ética ocidental. Lisboa: Plátano Edições

Técnicas.

Marques, R.(2003), Valores éticos e cidadania na Escola. Lisboa: Editorial

Presença

Menezes, D. (2000). Educação, Ética e Conduta dos Professores. Dissertação de

Mestrado em Ciências da Educação. Lisboa: Universidade de Lisboa, Faculdade

de Psicologia e Ciências da Educação (texto policopiado).

Monteiro Reis, A. (2005). Deontologia das Profissões da Educação. Coimbra:

Almedina

Monteiro Reis, A. (2006). Deontologia ou Ética Profissional: a excepção das

profissões da educação. Comunicação apresentada em Ser Professor Hoje.

(http://www.a-reismonteiro.net/SPGL-06.htm, consultado em 13/08/2008).

Mourinha, L. (2002). Representações ético-deontológicas de Professores

Estagiários. Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação. Lisboa:

Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (texto

policopiado).

Patrocínio, M. (1995). “Formação de professores e educação axiológica”.

Revista de Educação, vol. V, 1, 11-35.

Santos, J. M. (2007). “Ética e Deontologia, Representações de Professores”,

Associação de Professores de Sintra. Sintra: Artes Gráficas.

Seiça, A.B. (2003). A docência como praxis ética e deontológica – um estudo

empírico. Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica, Lisboa

Page 233: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

222

Simões Ralha, H. (1995). Dimensões Pessoal e Profissional na Formação de

Professores. Aveiro: CIDINE.

Spodek, B. & Saracho, O. N. (1999). “Código de Conduta da Associação

Nacional para a Educação de Crianças Pequenas. In CEI, 52, Out/Nov/Dez,

Lisboa: APEI.

Vasconcelos, T. (1997). Ao redor da mesa grande. Porto: Porto Editora.

Vasconcelos, T. (2004). “A educação de infância é uma ocupação ética” Revista

Portuguesa de Pedagogia, Ano 38 - 1, 2 e 3, pp. 109-126.

Documentos Legais / Projectos

Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de

Lisboa, 2001, Editorial Verbo.

Lei de Bases do Sistema Educativo – Versão Nova Consolidada – Lei nº49/2005

de 30 de Agosto.

Estatuto da Carreira Docente – Ministério da Educação – DECRETO-LEI

Nº15/2007 DE 19 DE Janeiro.

Orientações Curriculares para a Edução Pré-escolar – Ministério da educação –

1997.

Perfil Geral de desempenho profissional dos Educadores de Infância e

Professores dos Ensinos Básico e Secundário – Decreto-lei nº 240 / 2001 de 30

de Agosto.

Page 234: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

223

Perfil Específico do desempenho profissional do Educador de Infância –

Decreto-lei nº 241 / 2001 de 30 de Agosto.

Regime jurídico da habilitação profissional para a docência na educação pré-

escolar e nos ensinos básico e secundário - Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de

Fevereiro.

Pró-Ordem dos Professores (1997). Projecto de Código Deontológico dos

Professores Portugueses. Lisboa: Associação Pró-Ordem.

Relatório de Progresso 2007/1.º semestre de 2008 do projecto “Pensamento e

Formação Ético- deontológicos de professores”.

M.E.- (1977) ”Legislação” Departamento de á Educação Básica -Núcleo de

Educação Pré-Escolar Lisboa.

Page 235: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXOS

Page 236: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo A – GUIÃO DE ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE

AXIOLOGIA E AOS FORMANDOS

Anexo A1 – GUIÃO DE ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE

AXIOLOGIA

Anexo A2 – GUIÃO DE ENTREVISTAS AOS FORMANDOS

Anexo B – ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Anexo B1 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO PROFESSOR A

Anexo B2 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO PROFESSOR B

Anexo C – ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS AOS

PROFESSORES

Anexo C1 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO

PROFESSOR A

Anexo C2 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO

PROFESSOR B

Anexo C3 – QUADROS-SÍNTESE DA ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS

ENTREVISTAS AOS PROFESSORES A e B

Anexo D – ENTREVISTAS AOS FORMANDOS

Page 237: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Anexo D1 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO M

Anexo D2 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDA R

Anexo D3 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO P

Anexo D4 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO L

Anexo E – ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS AOS

FORMANDOS

Anexo E1 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO

FORMANDO M

Anexo E2 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO

FORMANDO R

Anexo E3 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO

FORMANDO P

Anexo E4 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO

FORMANDO L

Anexo E5 – QUADROS-SÍNTESE DA ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS

ENTREVISTAS AOS FORMANDOS M, R, P, L

Page 238: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A

GUIÃO DAS ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE

AXIOLOGIA E AOS FORMANDOS

Page 239: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A

GUIÃO DAS ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA E AOS

FORMANDOS

Tema: Formação ético-deontológica dos educadores de infância

Problema de investigação: como conceptualizam os professores de ética e

educadores estagiários a formação inicial em ética dos educadores de infância

População-alvo

- Professores de Axiologia de uma ESE de educadores de Infância

- Formandos de uma ESE de Educação de Infância, com formação ética concluída e

prática de estágio

Natureza da investigação: estudo exploratório

Objectivos

- Recolher representações junto dos professores de ética, sobre a formação ética em

educação de infância;

- Conhecer as estratégias que desenvolvem para a sua abordagem;

- Recolher representações dos formandos, sobre a formação ética recebida;

- Averiguar como essa formação se transfere para a prática, na perspectiva dos

formandos;

- Saber se há convergência entre as perspectivas dos professores de ética e a dos

formandos, sobre a formação ética ministrada;

- Indagar os professores de ética e respectivos formandos, sobre a sua opinião

relativamente á possível existência de um código deontológico da docência.

Page 240: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A1

GUIÃO DAS ENTREVISTAS

AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Page 241: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A1

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Blocos

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário de

questões

0bservações

I

Legitimação da

entrevista

e

Motivação do

entrevistado

- Situar o

entrevistado no

contexto da

investigação

- Motivar o

entrevistado

- Criar clima de

confiança e

colaboração

- Informação ao

entrevistado sobre o

âmbito do trabalho

de investigação.

- Solicitação de

colaboração do

entrevistado.

- Referência à

importância da

entrevista para a

realização do

trabalho.

- Pedido de

autorização para a

gravação da

entrevista

- Agradecimento ao

entrevistado pelo

seu contributo para

a realização do

trabalho

- Compromisso de

anonimato

- Criação de um

clima propício à

comunicação.

- Explicitar os

objectivos do

trabalho

- Esclarecer com

precisão todas as

dúvidas colocadas

pelo entrevistado.

- Entrevista de

carácter semi-

directivo, com

perguntas abertas,

permitindo a livre

expressão do

entrevistado

- O tempo não é

delimitado, dada a

imprevisibilidade do

decurso da entrevista

Page 242: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A1

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Blocos

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário de

questões

0bservações

II

O professor e a

ética

- Conhecer a

orientação ética

privilegiada

- Conhecer as

representações do

professor sobre os

conceitos de “Bem

do aluno “ e de

“Professor Justo”

- Perceber que

princípios éticos

que privilegia na

resolução de

dilemas

- Conceito de ética

com que mais se

identifica

- Caracterização

dos conceitos de

“Bem do aluno” e

de “ Professor

Justo”

Relato de dilema ou

situação ética difícil

vivido como

professor

- Como Prof. de

Axiologia qual o

conceito de ética

que privilegia?

- O que é apara si

o “Bem do aluno”’

- Como definiria o

“Prof. justo”?

Recorda-se de

algum um dilema

ou situação ética

difícil que tenha

vivido a nível

profissional?

Como o resolveu?

- Verificar que

orientação ética

privilegia

- Verificar como

caracteriza o bem

do aluno

- Verificar que

qualidades atribui

ao Prof. justo

- Verificar que

princípios éticos

accionou na

resolução

de dilemas

Page 243: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A1

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Bloco

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário

de questões

0bservações

IV

A ética na formação em

geral

- Conhecer as

representações

do prof. sobre a

importância e os

princípios de

uma formação

ética dos

estagiários

- Saber que

importância a

Escola de

formação inicial

atribui à

formação ética

- Princípios e

valores

essenciais à

formação ética

- Posição da

ética no curso

de formação

- Valores

transmitidos

pela Escola de

formação

- Que princípios

éticos considera

essenciais para a

formação ética

de um educador?

- Que valores

privilegia na

formação ética

dos futuros

educadores?

- Que

importância acha

que a Escola

atribui à

formação ética

no curso de

formação inicial?

- Que valores

acha que esta

Escola

transmite?

- Verificar que

princípios éticos

defende para a

formação de

educadores

- Verificar que

valores são

preconizados pelo

prof. de Axiologia

- Verificar que

iniciativas a

escola desenvolve

ou apoia neste

âmbito

- Verificar que

valores são

preconizados pela

Escola em geral

Page 244: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A1

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Bloco

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário de

questões

0bservações

V

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica dos

formandos

- Conhecer as

representações do

professor de

Axiologia sobre a

formação que dá

aos alunos

estagiários

- Saber que

estratégias o

professor

aconselha para a

resolução de

situações da

prática pedagógica

- Perceber que

eficácia o

professor atribui à

formação que dá

- Saber qual a

influência das

outras disciplinas

na formação ética

dos estagiários

- Averiguar

alternativas à

actual formação

ética

- Perspectiva do

professor sobre a

formação que dá

- Estratégias

sugeridas pelo

prof para a

formação ética da

criança

- Impacto da

formação na

perspectiva do

professor

- Opinião do

professor sobre a

relação entre as

outras disciplinas

e a formação

ética

- Propostas d de

alteração á

formação ética

- Como

descreveria a

formação ética que

dá aos seus alunos?

-Que estratégias

sugere que os

estagiários utilizem

na formação ética

das crianças?

Qual o impacto

que acha que a

formação ética tem

na prática

pedagógica dos

estagiários?

- Qual considera

ser o contributo

das outras

disciplinas para a

formação ética dos

estagiários?

- Se tivesse que

alterar a formação

ética

proporcionada pela

Escola o que

alteraria?

-Verificar como

caracteriza a

formação que dá

- Verificar se

existem estratégias

específicas e quais

- Verificar em que

aspectos se salienta

a eficácia da

formação

- Verificar se existe

contributo e em que

aspectos

- Verificar quais os

aspectos propostos

para alteração

Page 245: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A1

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Blocos

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário de

questões

0bservações

VI

Deontologia da

profissão docente

VII

Validação da

entrevista

- Saber como se

posiciona face à

eventualidade de

um código

deontológico da

profissão docente

- Averiguar que

deveres considera

relevantes num

código

deontológico da

docência

- Saber que

importância

atribui á

participação dos

profs. na

elaboração do

código

- Recolher

elementos de

carácter

complementar

- Pertinência de

um código

deontológico da

profissão docente

- Deveres

explicitados no

código

deontológico

- Responsáveis

pela elaboração do

código

- Considera

importante a

existência de um

código

deontológico da

profissão docente?

Porquê?

- Que deveres

incluiria nesse

código?

- Quem deveria

participar na sua

elaboração

- Solicitar ao

entrevistado que

acrescente, o que

considere

importante sobre o

assunto e que não

tenha sido referido

anteriormente

-Verificar se

concorda ou não

que justificação

apresenta e se

refere vantagens ou

desvantagens

- Verificar que

deveres mais

valoriza

- Verificar se refere

professores e/ou

outras entidades

Page 246: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A2

GUIÃO DAS ENTREVISTAS

AOS FORMANDOS

Page 247: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A2

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS FORMANDOS

Blocos

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário de

questões

0bservações

I

Legitimação da

entrevista

e

Motivação do

entrevistado

- Situar os

entrevistados no

contexto da

investigação

- Motivar o

entrevistado

- Criar clima de

confiança e

colaboração

- Informação ao

estagiário sobre o

âmbito do trabalho

de investigação.

- Solicitação de

colaboração do

entrevistado.

- Referência à

importância da

entrevista para a

realização do

trabalho.

- Pedido de

autorização para a

gravação da

entrevista

- Agradecimento

ao entrevistado

pelo seu contributo

para a realização

do trabalho

- Compromisso de

anonimato

- Criação de um

clima propício à

comunicação.

- Explicitar os

objectivos do

trabalho

- Esclarecer com

precisão todas as

dúvidas

colocadas pelo

entrevistado.

- Entrevista de

carácter semi-

directivo, com

perguntas abertas,

permitindo a livre

expressão do

entrevistado

- O tempo não é

delimitado, dada a

imprevisibilidade do

decurso da

entrevista

Page 248: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A2

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS FORMANDOS

Blocos

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário de

questões

0bservações

II

Formação ética

proporcionada

pela Escola

- Conhecer a

importância

atribuída pelos

estagiários aos

conteúdos

programáticos

adquiridos na sua

formação inicial

- Conhecer as

representações

dos estagiários

sobre a formação

ética recebida na

Escola

- Conteúdos

programáticos da

formação inicial

mais valorizados

pelos estagiários

- Importância

atribuída pelos

estagiários à

formação ética

- Aspectos mais

importantes da

formação ética

recebida

- Opinião dos

estagiários em

relação á

formação ética

promovida pela

Escola

- Quais as

disciplinas da sua

formação que

considera mais

importantes para o

exercício da

profissão de

educador? Porquê?

- Considera

importante a

existência de uma

disciplina sobre

ética na formação

inicial dos

educadores?

Porquê?

- Que conteúdos

considera mais

importantes na

formação ética que

recebeu?

- Que estratégias

conhece que

promovem o

desenvolvimento

moral dos alunos?

- Que outras

disciplinas

considera que

contribuíram para a

sua formação ética?

- Que aspectos acha

que a formação

ética desta escola

mais valoriza?

- Concorda com

eles ou acha que

deveria valorizar

outros? Quais?

- Verificar se

menciona a

disciplina de

Axiologia ou se

justifica com base

em aspectos

relativos á

dimensão ética

- Verificar se

valoriza a

formação ética e

que motivos

fundamentam a

sua posição

- Verificar que

aspectos da

formação ética

mais

sensibilizaram o

estagiário

- Verificar se

existe

convergência entre

a formação ética

que Escola

transmite e a que o

estagiário

apreende

-Verificar se existe

convergência entre

a perspectiva da

Escola e a do

estagiário

Page 249: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A2

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS FORMANDOS

Blocos

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário de

questões

0bservações

III

Repercussões da

Formação ética na

prática

pedagógica

- Perceber em que

medida a

formação ética

recebida

influencia a

atitude dos

estagiários na sua

prática pedagógica

- Conhecer as

representações dos

estagiários sobre o

contributo da

formação ética na

resolução de

problemas

- Saber que tipo de

ética os estagiários

valorizam (pessoal

ou profissional)

- Saber que

valores atribuem

ao bom educador

- Dilemas ou

situações éticas

vivenciadas

- Soluções

adoptadas

Relação entre a

formação ética e a

prática

pedagógica

- Valores

privilegiados na

resolução de

problemas

- Requisitos éticos

essenciais ao bom

educador

- Na sua prática

pedagógica

confrontou-se com

algum dilema ou

situação ética

difícil que queira

relatar?

- Como resolveu a

situação?

- Considera que a

formação ética

recebida contribuiu

para essa

resolução?

Porquê?

- Que valores

privilegia na

resolução de

situações

problemáticas:

- com os adultos

- com as crianças

- Que valores acha

que um bom

educador deve ter?

Verificar se

recorreu a soluções

relacionadas com a

formação ética

recebida na Escola

- Verificar a

utilidade (ou

pertinência?) da

formação ética na

acção pedagógica

- Verificar se

remete para valores

inerentes á

formação ética

recebida ou se

apela a valores de

ordem pessoal

- Verificar que

valores considera

essenciais num

bom educador

Page 250: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO A2

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS FORMANDOS

Blocos

Objectivos

específicos

Tópicos

Para um

formulário de

questões

0bservações

VI

Deontologia

profissional

V

Validação da

entrevista

- Conhecer a

importância

atribuída pelos

entrevistados a

um código

deontológico da

profissão docente

-

- Recolher

elementos de

carácter

complementar

- Importância

atribuída ao

código

deontológico da

docência

- Deveres

explicitados no

código

deontológico

- Responsáveis

pela elaboração de

um código

deontológico

- Considera

importante a

existência de um

código

deontológico da

profissão docente?

Porquê?

- Que deveres

incluiria nesse

código?

- Que vantagens e

desvantagens

aponta á

existência de um

código

deontológico da

profissão docente?

- Quem deverá

participar na

elaboração desse

código?

- Solicitar ao

entrevistado que

acrescente, o que

considere

importante sobre o

assunto e que não

tenha sido referido

anteriormente

-Verificar se

concorda ou não e

e que justificação

apresenta.

- Verificar que

deveres mais

valoriza

-Verificar a

receptividade a um

código

deontológico da

docência

- Verificar se

refere outros

professores ou

outras entidades

Page 251: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO B

PROTOCOLOS DAS ENTREVISTAS AOS

PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Page 252: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO B1

PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO PROFESSOR A

Page 253: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO B1 - ENTREVISTA AO PROFESSOR A

Entrevista Prof. de Axiologia Educacional da ESE

Realizada por Margarida Duarte

E – Entrevistador A - Entrevistado

A entrevista decorreu na sala de professores, de uma Escola Superior de Educação, onde

se lecciona o Curso de Licenciatura em Educação de Infância.

Decorreu num ambiente tranquilo e ameno e foi solicitada e consentida autorização para

a sua gravação.

E – Eu começaria por informá-lo que esta entrevista se baseia num trabalho de

investigação, sobre as representações que os professores de formação ética dos

cursos de formação inicial têm, sobre essa mesma dimensão ética em educação de

infância.

Por conseguinte, gostaria de lhe agradecer a colaboração a que prestimosamente se

dispôs e realçar também que esta entrevista é fundamental para o desenrolar do

trabalho, porque irá ajudar a clarificar, portanto, o pensamento dos professores

que trabalham nesta área.

Agradeço-lhe a autorização que me dá para poder gravar a entrevista.

Agradeço-lhe igualmente a sua colaboração porque sem ela era impossível realizar

este trabalho.

A entrevista será anónima e então se for de todo oportuno iríamos iniciar.

A – Vamos lá!

E – Na qualidade de professor de Axiologia qual é o conceito de ética que mais

privilegia?

A – É uma pergunta de grande profundidade. Fundamentalmente, fundamentalmente a

minha perspectiva de ética…vai muito para … uma perspectiva que remete para a

dimensão da pessoa humana, ou seja, para tudo aquilo que visa o respeito pela dimensão

da pessoa humana, pela sua dignidade, pela sua especificidade e universalidade próprias

Page 254: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Por isso, concebo a ética sempre numa relação de direito e dever, mas num

enquadramento cultural, que eu direi que é a sua moldura fundamental. Para mim a

moldura fundamental da ética, é o enquadramento cultural onde ela acontece, que é

obviamente o enquadramento cultural da relação entre as pessoas, uma vez que somos,

como eu costumo dizer aos meus alunos, somos seres de relação e em virtude de não

podermos escapar a esta dimensão da relação a nós próprios e à dimensão da inter

relação, é aqui neste encontro de pessoas, de indivíduos, não é… de homens e mulheres

que eu situo culturalmente a ética. Não faz…não faz sentido situá-la fora, ou inventar

um contexto mais… metafísico, porque porventura quando assim acontece,

tendencialmente o nosso entendimento da ética nas sociedades contemporâneas e nas

circunstâncias que lhe são próprias no mundo actual, pecam por defeito, não é! Parece

que estamos a falar de uma outra coisa que não propriamente a ética e por isso eu, um

pouco à maneira anglo-saxónica, quase posso dizê-lo, tento aproximá-la disto que nos

une, que é toda esta teia entrecruzada de relações de respeito, de responsabilidades, de

autonomias, de competências cidadãs. É um pouco nesta perspectiva que eu situo a

questão da ética e desejavelmente para que se tenha depois uma leitura de conjunto,

desejavelmente numa perspectiva evolutiva, não é, histórico-cultural.

E – Remetendo-nos para relação professor – aluno, o que é para si o Bem do

aluno?

A – O bem do aluno? O bem do aluno será certamente, no meu entender, o crescer que

através…o crescer como pessoa, o tornar-se não adulto, mas o amadurecer gradual, que

decorre do relacionamento que tem, no espaço da comunidade escolar com o professor,

com os colegas.

No fundo será, por assim dizer, correspondente á síntese da …do conjunto das

experiências que vai tendo, não só na sua relação aluno-alunos, aluno-professor …a

forma como ele nesta … nesta perspectiva vai crescendo, se vai tornando numa pessoa

gradualmente diferente, e aqui o sentido da diferença entendido como um sinal de

aprofundamento, de redimensionamento, não só do carácter, mas no sentido ético mais

profundo da pessoa e das suas responsabilidades, para com a sociedade em que vive, a

sociedade dos outros e para com os outros. É um pouco nesta perspectiva.

Para mim, não consigo facilmente dissociar a ideia de bem, na perspectiva a em que a

colocou, dessa ideia de crescimento, de redimensionar ou redimensionamento do

Page 255: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

indivíduo, procurando sempre projectar-se para outras dimensões do comportamento e

da atitude ética nesta perspectiva social.

E – Quando falo em bem do aluno estava a situar-me mais exactamente ao nível

dos alunos do curso do formação inicial dos educadores de infância, portando era

essa a perspectiva que estava a referir?...

A – Sim, sim, sim …

E – Ainda nessa mesma perspectiva, porque este trabalho incide essencialmente

sobre a formação inicial de educadores de infância, portanto quando falamos em

professores e alunos, é sempre nesse contexto, como é que definiria o professor

justo?

A – Isso é uma noção…a noção de justiça… ela própria é… uma noção ás vezes um

pouco ambígua. É evidente que se nós quisermos… e ambígua por isto, porque se nós

quisermos entendê-la de uma forma legalista, pronto, a justiça terá necessariamente a

haver com um certo cumprimento da lei, uma certa aplicação de leis, respeito por

regras, regulamentações. No fundo toda aquela moldura infra-estrutural de atitudes e

comportamentos, que permitem que uma sociedade funcione e que as relações entre

indivíduos se possam produzir num universo sustentável. De qualquer forma, para mim,

uma ideia de justiça terá sempre a haver com um equilíbrio que o professor… o

educador…quando digo professor, o educador… deve ser capaz de encontrar nas suas

próprias atitudes, nomeadamente naquilo que diz respeito á… á forma como é tolerante

para com os alunos, á forma como é compreensivo, á forma como com alguma

parcimónia, com algum bom senso acima de tudo, consegue deslindar conflitos,

consegue promover não só a resolução dos conflitos, mas essencialmente como

consegue passar uma mensagem, que para mim é essencial, e a qual não dissocio destas

questões, que é a do diálogo. O professor justo para mim será sempre um professor do

diálogo, para o diálogo, mas na perspectiva… nesta perspectiva, professor e educador

que sabe… sabe ele próprio como promover e sustentar construtivamente o diálogo.

Não é aquele… a ideia de um professor que fala da necessidade de dialogar, ser

compreensivo, tolerante e que depois ele próprio se escapa a esse diálogo e a essa

tolerância. Portanto, eu vejo sempre isto na perspectiva da primeira pessoa, ou seja, o

Page 256: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

diálogo deve partir do professor e nesse sentido é pelo diálogo que ele deve tentar

construir a tal justiça, que será sempre algo que não é para ser entendido de uma forma

extremista nem absoluta. Terá a ver no fundo com negociação, com mediação, com um

encontro entre partes. …Será um pouco uma arbitragem. É nesta perspectiva que eu

vejo essa ideia do professor justo como um…é evidente que nós podemos dizer á

partida que um árbitro será sempre bom. Eu não diria…não diria …não diria

assim…mas o professor, nesta perspectiva da justiça, deverá ser sempre um bom

árbitro, na medida em que deve ser capaz de criar condições para o bom senso, para o

diálogo entre os alunos, entre as pessoas e ele deve ser veículo de transmissão desse

mesmo diálogo. É nessa perspectiva que eu percebo a justiça. Nunca a percebo numa

base de …há uma infracção então tem que se aplicar a correspondente penalização. Não

entendo…não entendo aqui a justiça como aquilo que deve servir para penalizar

alguém, beneficiando outrem que foi por sua vez vítima de uma infracção.

E – Olhe, na sua profissão de professor, recorda-se de algum dilema ou de alguma

situação ética difícil, pela qual tenha passado?

A – Verdadeiramente falando… verdadeiramente falando… uma situação ética difícil,

quer dizer…propriamente não…propriamente não. Assim entendendo o difícil…no seu

sentido mais restrito, não me recordo. É evidente que para mim é sempre… eticamente

complicado… se é que posso aplicar este termo… avaliar um aluno. E avaliar um aluno

em que perspectiva? Sabemos perfeitamente que isto tem mecanismos próprios, das

ciências da educação e de todas teorias de avaliação de aprendizagens e grelhas de

avaliação, que nós facilmente podemos aplicar e tentarmos ser isentos. Isso obviamente

deixar-nos-á certamente com uma certa tranquilidade de consciência. Mas isso para

quem entende o aluno como decalcável, naquilo que ele é, numa grelha de avaliação

rigorosa, competente, cientificamente elaborada. Para quem entende assim, certamente

não terá, por certo, problemas éticos ou qualquer dificuldade ética na tarefa avaliativa.

Eu tenho porque, por norma, aceito logo á partida que o aluno que eu avalio, é sempre

uma outra coisa… que a avaliação que dele faço mais fria não espelha com facilidade…

portanto sempre que faço uma avaliação nesta perspectiva ética, coloco-me sempre um

pouco na pele do aluno. Tentar perceber os efeitos que a avaliação que dele faço,

poderão produzir nele, procurar perceber se uma avaliação mais negativa terá algum

efeito em termos da sua… da sua auto-estima, em termos da sua forma futura de

Page 257: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

trabalhar, da mesma maneira que penso, como quando as avaliações são positivas, se

aquele aluno vai eventualmente sentir-se superior aos outros, se a sua auto-estima

também melhora, como é que ele se vai relacionar com aqueles que têm uma…uma

avaliação diferente para vá lá…mas negativa, uma avaliação diferente da dele. Tento

tentar compreender o aluno nesta perspectiva da avaliação, num plano mais amplo, mais

largo do que propriamente aquele em que regra geral os professores se situam, os

professores…educadores, se poderão situar, mais os professores certamente, se calhar,

que os educadores, que é... eu tenho aqui a produção deste aluno, vou ver o que é que

ela vale, vou medi-la. Eu tento fazer essa medição, é óbvio que tenho que a fazer, mas

tento … enfim… o meu esforço é tentar humanizar essa medição …é um pouco isso que

faço.

E – Relativamente á educação ética na educação de infância, que importância

atribui a esta dimensão, numa profissão como a do educador?

A – Toda! Toda! Nem…nem compreendo… nem compreendo qualquer profissão,

qualquer acção relacionada com a formação dos indivíduos, seja ela qual for, mas

nomeadamente no âmbito educacional, não a compreendo de forma nenhuma sem um

suporte ético em termos de valores, em termos axiológicos propriamente ditos Não o

compreendo sem esse suporte, não entendo que a educação, que é ela própria um valor,

possa ser desenvolvida, possa crescer, sem um pensar ético. Honestamente é o que

entendo. Tem que haver sempre uma reflexão ética, uma formação ética, para quem está

na educação, para quem está envolvido na formação de pessoas.

E – Com é que acha que essa dimensão ética se revela, no campo muito restrito da

educação de infância… como é que ela se pode traduzir, essa dimensão ética em

educação de infância?

A – Mas na perspectiva…na perspectiva do formador ou do formando?

E – Na perspectiva do formador…como é que o formador de alguma forma

conceptualiza a dimensão ética… a forma como essa dimensão ética se revela, em

educação de infância?

Page 258: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

A – Pois… essencialmente devo dizer que …espero não a decepcionar… mas a minha

experiência já de cerca de 10 anos, em trabalho nesta área de formação ética,

nomeadamente com educadores e professores, levar-me-á a dizer que, regra geral, os

educadores de infância têm alguma dificuldade …se é que podemos entender

dificuldade neste sentido, em perspectivar a importância da ética, a importância dos

valores na sua formação. Tal um pouco como certamente têm também dificuldade, em

perspectivar a importância da matemática no Jardim-de-infância. Será um pouco

semelhante. Por vezes sinto que não…que não conseguem estabelecer ligações. Dá ideia

que percebem o Jardim-de-infância como quase que uma redoma, onde só deverão

entrar assuntos de conteúdos mais limitados, não tão abrangentes… e isso a meu ver,

pelo menos é assim que o entendo, talvez porque resumem muito a sua acção…a sua

acção, mesmo no plano ético, é desse que falamos aqui… muito voltada para a criança,

quase como se não percebessem…eu diria não por falta de capacidade intelectual, mas

quase por uma vontade em não querer perceber, que o ser moral de que nós podemos

falar mais abertamente numa idade adulta, esse ser moral começa a desenhar-se, começa

a construir-se muito cedo.

O educador, como também por vezes lhes digo, tem a meu ver nesta perspectiva da

ética, de atitudes, dos comportamentos, uma importância para mim fulcral para a

criança, que eu costumo resumir-lhes assim: é no fundo a diferença que vai da

capacidade que temos de fazer os outros felizes ou infelizes. Muito honestamente ás

vezes dá que pensar, o não se perceber esta necessidade crucial, nomeadamente nos

tempos que vivemos, da ética, ou de uma formação ética em educação e direccionado

em concreto para educadores de infância, porque de facto a criança é, da mesma

maneira que um pouco como costumamos dizer, são os homens de amanhã…são

certamente os homens e as mulheres de amanhã, mas são por isso mesmo, os seres

morais de amanhã, por isso é importantíssimo dar alguma atenção a isso. Nesta

perspectiva, lhe direi assim… mais… enfim “en passan”, quase que se pode dizer, é que

os educadores de infância não me parece terem ainda verdadeiramente sentido a

necessidade de reflectir de forma mais aprofundada sobre a importância crucial que tem

cada vez mais a formação ética e moral para as crianças, nomeadamente porque cada

vez mais cedo as crianças se deparam com realidades socioculturais de natureza diversa,

acedem a informação, a conteúdos que lhes chegam de um veículo cultural que talvez

não fossem fáceis de verificar há 15, 20 anos atrás mas que hoje atendendo á grande

alteração que a estrutura sociocultural sofreu, e que começa em muitos casos logo

Page 259: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

propriamente na célula familiar, que já de si não é a célula familiar habitual, é uma

célula familiar mais híbrida, mais estruturada em certas situações, deverá fazer os

educadores repensarem de facto a extrema importância que tem esse tipo de formação

mesmo para a ser esse contributo aproveitado em prol de um benefício que as crianças

devem ter a possibilidade de receber e que permitirá certamente terem uma outra

estrutura no domínio da sociabilidade. Isto pegando um pouco naquilo que lhe dizia ao

início, que é a importância que eu atribuo à contextualização da ética nessa moldura

cultural, no fundo é a moldura onde cada um de nós pinta um bocadinho, nas relações

que temos com os outros, nas nossas múltiplas experiências e da necessidade imperiosa

que temos de socializar com os outros para também assim promovermos o nosso

crescimento, o nosso processo de aprendizagem. Fundamentalmente eu resumiria a

questão que colocou a isto, é importante que se perceba que a criança, com a qual a

maior parte dos educadores começa a trabalhar bem cedo, essa criança é um ser moral

em construção, em delapidação e portanto, a atenção à sua formação moral é a meu ver

fundamental.

E – E essa sensibilização que faz á ética, aos educadores, passa pela criança…ou

apenas pela criança, ou por outros intervenientes? Portanto, estende essa mesma

sensibilização, da necessidade de… de se formar eticamente, para se relacionar só

com a criança, ou com outros intervenientes?

A – Não, não… não, não! Só com a criança, não! Aquilo que chamo a atenção… aquilo

que chamo a atenção, é que a … a ideia que eu tenho…é evidente que, dizendo isto

assim poderá parecer até uma brutalidade, quase que algo ignorante, mas nós

habitualmente, separamos o nosso mundo, socialmente entendido em termos das

hierarquias, em crianças e adultos, e eu não o entendo assim. É evidente que existem

especificidades próprias, das várias fases de desenvolvimento da pessoa, do indivíduo,

isso é evidente, não é… não adianta irmos por aí… mas isto para lhe dizer que eu

perspectivo as coisas numa perspectiva… passo a redundância… de totalidade, ou seja,

é preciso que nos aprendamos a relacionar não especificamente com crianças, não com

especificamente com adultos. É preciso que nos aprendamos a relacionar com…

pessoas, com pessoas… com aquela matéria humana que temos na nossa frente, com as

dificuldades que essa relação deixa antever ou faz prever. É evidente que… sempre

numa óptica de desenvolvimento …sempre numa óptica de desenvolvimento e por ser

Page 260: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

numa óptica de desenvolvimento, é obviamente necessário chamar a atenção e

promover aprendizagens nesse sentido, junto dos educadores para, claramente, a faixa

etária com a qual trabalham… mas chamar a atenção que essa faixa etária não vai ser

criança sempre, não é…É um criança desenvolvente…é um homem em

desenvolvimento, um homem, uma mulher em desenvolvimento que devemos contribuir

eticamente, se me é permitida a imagem, para a sua formação numa perspectivação de

futuro, não numa perspectivação que se esgota no final do pré-escolar. É sempre assim

que percebo, portanto, esta sensibilização que é feita numa perspectiva de maior

abrangência, mas depois com as pinceladas apropriadas ás crianças e ao universo

infantil, mas sempre integrando com o projecto de continuidade, que é o projecto de

todos nós.

E – Se tivesse que definir um bom educador, que qualidade éticas é que lhe

atribuiria?

A – Alguém que… alguém que fosse capaz de fazer os outros felizes. Eu muito

honestamente resumo assim, porque entendo que o educador, tal como também o

professor primário, têm um papel crucial no nosso processo de desenvolvimento, não só

no que diz respeito à aquisição dos conhecimentos que decorrem da normal relação

pedagógica, em que nos situamos, mas no nosso processo de crescimento, de

amadurecimento, de aprendizagem das escolhas que deveremos fazer, dos caminhos que

deveremos seguir e tenho a certeza que 20 anos depois de um pré-escolar ou de um

ensino básico, ao nível do 1º ciclo, um aluno recordar-se da sua educadora ou educador,

professor ou professora, com afecto, a meu ver será correspondente a esta ideia de

alguém que foi eticamente capaz de fazer o outro feliz. Marcou-o positivamente. Eu

não…é evidente que nós podemos considerar que isto parece dizer muito e não dizer

nada. Alguém que nos ajuda a ser felizes, é certamente alguém que nos ajuda a saber

por onde ir, alguém que nos ajuda quando precisamos, alguém que nos provoca quando

nos sentimos mais conformistas e nos tenta estimular ás vezes até de uma forma

contraditória, precisamente para nos abanar e nós sermos capazes de perceber que temos

que fazer alguma coisa por nós. Esta ideia do alguém que nos faz felizes é associada a

alguém que nos soube ajudar a crescer. Vejo isto assim.

Page 261: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Em relação á formação ética do educador, e agora estamos a situar-nos num

plano mesmo da formação, que princípios éticos é que considera essenciais para a

formação ética de um educador?

A – Em termos de princípios essenciais… Bem, o princípio essencial é… o do diálogo.

Um educador tem que saber dialogar, tem que saber colocar-se no lugar do outro, tem

que se saber fazer respeitar e respeitar o outro, tem que ser capaz de ser responsável,

tem que ser capaz de ser autónomo e de promover autonomia, tem que ser capaz de

pensar criticamente e de fazer pensar criticamente, tem que ser capaz de reflectir e de

fazer reflectir, essencialmente isto.

E – Então penso que em termos de valores, e ainda na formação ética dos

educadores, se situará também da mesma maneira… serão esses os valores que

privilegia?..

Falámos de princípios…Em termos de valores?...

A – Sim…

E – Que importância acha que a escola… esta escola especificamente, atribui á

formação ética no curso de formação inicial?

A – Eu penso que atribui uma importância considerável. Atribui uma importância

considerável. Basta ver por exemplo, que é uma disciplina que tem uma carga horária de

… 120 horas…não, desculpe… de 90 horas…de 90 horas, de 90 horas. É uma disciplina

que, facilmente depois tem desenvolvimentos ou pode ter desenvolvimentos, quase que

em paralelo ao nível de outras disciplinas, nomeadamente a disciplina de Filosofia da

educação, ou por exemplo nos trabalhos que são realizados pelos alunos, em termos de

seminário interdisciplinar e onde eles podem promover e desenvolver um trabalho

nesta… nesta dimensão ética mais alargada, tentando construir correspondências

interdisciplinares. Eu penso que aqui concretamente, há essa preocupação, em dotar os

educadores de competências éticas, se me é permitido falar assim.

...

Page 262: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Que valores é que acha que a escola transmite? A escola … não estamos agora

a falar da disciplina de Axiologia…os valores que esta escola privilegia dentro

desta mesma dimensão?

A – Eu penso que… eu penso que os valores que a escola privilegia, são

essencialmente…penso eu, por aquilo que tenho visto, valores de carácter humanista,

humanista – cristão. São um pouco… são um pouco os valores, ou se quisermos o

quadrante de valores, onde eu próprio me fui formando e os valores que acredito, não

é!...

E – Agora muito especificamente em relação á disciplina de Axiologia, como é que

descreveria a formação que dá aos seus alunos, nessa disciplina? Por exemplo,

como é que dinamiza uma aula?

A – Bom, regra geral, as aulas…e estamos ainda numa perspectiva muito recente, uma

vez que como tive ocasião de dizer, não leccionei esta disciplina aqui no ano passado,

mas partindo da ideia genérica, de como penso que ela irá funcionar… e como

normalmente funcionam as minhas aulas, fundamentalmente, a dinamização em que

quase sempre aposto… e também tendo em consideração a dimensão da turma, que é

considerável, são cerca de 31 elementos, portanto, não é fácil fazer determinado tipo de

trabalhos de dinâmica de grupo, como com grupos mais pequenos, mas

fundamentalmente a minha forma de dinamizar as aulas vai ser… é sempre numa

perspectiva provocativa, ou seja, procuro desenvolver determinado módulo da matéria,

sempre numa óptica evolutiva, a tal perspectiva histórico-cultural, contextualizando-a

com a contemporaneidade. Gosto que os alunos percebam que aquilo que falamos hoje,

não é algo que seja absolutamente novo no nosso tempo, é algo que já foi novo em

quase todos os tempos, só que surge numa perspectiva linguística, numa abordagem

cultural que nos dá essa ilusão, de ser uma coisa recente e então procuro desmistificar

esta ideia e procuro que eles sejam capazes de construir estas pontes e

fundamentalmente, de perceberem onde de facto podem verificar a existência dessas

pontes, para as quais eu estou a convocá-los.

Essencialmente o meu dinamismo para as aulas é… nesta perspectiva: é tentar fazer

com que sejam capazes de pensar …de pensarem criticamente. Fico satisfeito quando

vejo que um aluno sai da sala de aula a pensar, isso é… nesta perspectiva da ética, isso é

Page 263: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

essencial… que sejamos capazes de pensar …porque é precisamente por muitas vezes

não pensarmos e não reflectirmos essencialmente até nas pequenas coisas da inter

relação pessoal do nosso quotidiano, que muitas vezes nem sequer damos conta que não

temos nem atitudes, nem comportamentos éticos á altura, daquilo que supostamente

deve ser o padrão de um educador ou de um professor. Se porventura deixamo-nos levar

ou por preocupações extra profissionais, preocupações de natureza pessoal, depois tudo

isso condiciona o nosso comportamento, portanto, eu tento sempre que as minhas aulas

sigam nesta óptica, isto é, mostrar que o antigo é novo e que o novo não é de agora,

portanto há uma relação quase que de interdependência, como se houvesse uma

reciclagem temporal das temáticas e fazê-los pensar nelas e depois sugerir actividades, a

partir daquilo que se desenvolve em sala de aula, sugerir actividades para contexto de

trabalho específico. Por exemplo, como é que se pode desenvolver uma actividade neste

domínio da ética ou da educação em valores, partindo por exemplo, da protecção ao

ambiente, ou de uma história infantil, ou da realização de uma outra actividade lúdica,

portanto, depois temos sempre uma segunda parte da aula, que visa tentar visualizar

estes aspectos mais teóricos, para um domínio mais prático: o que é que nós poderíamos

fazer com essas coisas aparentemente desligadas da nossa prática … aparentemente…e

o meu esforço é sempre esse, é acabar de vez com o aparentemente desligado. Em

termos éticos está tudo ligado. Depende obviamente muito da inventividade, da

criatividade, dos recursos do educador… poder fazer de uma forma ou de outra.

E – Olhe, em relação a estratégias que os educadores de infância, de alguma forma

utilizam na formação ética das crianças, que estratégia é que lhes sugere?

Portanto, eles são educadores em formação, irão um dia confrontar-se com um

grupo, até mesmo num estágio, que estratégias é que sugere que eles utilizem,

quando se trata de ter um grupo de crianças á sua responsabilidade e com

essa…com essa necessidade de as formar do ponto de vista moral?

A - Verdadeiramente falando… não aconselho estratégia nenhuma. Não aconselho

estratégia nenhuma previamente. Aquilo que aconselho é que, na mesma…na mesma

perspectiva ou no seguimento do tal diálogo, que o educador, ou no qual o educador

deve ser formado, para depois saber formar, aquilo que eu fundamentalmente

recomendo é que…observem… muito. Porque ás vezes e nós sabemo-lo pela nossa

vida, que muitas vezes as coisas que procuramos estão tão perto e nós julgamo-las tão

Page 264: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

longe. E isto para dizer o seguinte: muitas vezes…muitas vezes as situações de conflitos

em sala de aula, ou qualquer problema que um aluno apresenta, qualquer dificuldade,

qualquer dificuldade até mais sistemática, qualquer recusa, qualquer reacção mais

extemporânea, pode ser sempre resolvida ou começar, melhor dizendo, começar a ser

resolvida observando, prestando atenção. Se eu tiver…ou se tivesse que recomendar

habitualmente uma estratégia, seria sempre esta: quando se recebe um grupo, acima de

tudo há que lhe dar atenção para começar a conhecê-lo e não dar uma atenção formal,

ou seja, ser capaz de falar com cada um, saber o nome de cada um, os gostos de cada

um. No fundo ser capaz de entretê-los continuamente, neste horizonte da tal atenção,

que deve ser dada ás crianças e ao grupo, para de uma forma mais sustentável os

conquistar. Porque esta ideia de diálogo, na qual o professor deve ser formado, o

professor e o educador, é para ser entendida, não só como aquele diálogo falado, mas

entendido como a relação… a relação de olhares, ou seja, entre o observar e o também

se saber observado por parte da criança, porque a criança também obviamente reage,

também tem um entendimento, por muito frágil que possa eventualmente ser, também

tem um entendimento da postura, do comportamento, da atenção, do afecto, que é lhe é

dispensado pelo educador e até porque, neste domínio da educação de, infância, a parte

da afectividade é extraordinariamente importante, é quase que uma estratégia, de enfim,

entre aspas, aqui entendida, de conquista… de conquista para poder formar, para poder

chamar ao grupo e nessa óptica se eu tivesse que recomendar uma estratégia seria

sempre esta: vejam com atenção, olhem, estejam disponíveis para …

E – Em relação ao impacto que a formação ética tem, na prática pedagógica dos

estagiários, atendendo a que os grupos que fazem formação ética, já tiveram

alguma experiência de estágio anterior, antes de chegar a essa disciplina, qual é

que acha que tem sido o impacto que essa formação tem tido, na prática que eles já

experimentaram?

A – Pois…Isso é … é algo que não lhe posso responder objectivamente, por força de eu

próprio só este ano estar a leccionar a disciplina. Portanto, não posso com este meu

primeiro grupo, não posso medir qualitativamente esse…esse impacto. Todavia…

Page 265: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Portanto, as educadoras que estão em formação e que agora estão na sua

disciplina, não lhe colocaram ainda questões, relacionadas com a ética, em função

dos estágios anteriores?

A – Não…não! Não colocaram…não colocaram! Não colocaram, talvez também até por

causa daquilo que lhe dizia há pouco, que era haver ainda uma penumbra, no horizonte

da sua formação, quanto à importância decisiva que têm estes aspectos éticos e morais,

na educação de infância. O que poderei eventualmente dizer, é que no que diz respeito a

alunos que estou a orientar…a orientar em trabalhos do 4º ano e que têm…chegam já ao

4º ano com uma carga significativa, em termos de prática pedagógica, não é que me

tenham colocado propriamente problemas, mas verifico que têm algum interesse

genuíno, em questões relacionadas com o estatuto deontológico da profissão, com a

inexistência de um código deontológico, com questões relacionadas com a autoridade

em educação, os valores em educação.

Tenho um naipe de 5 a 6 alunas que trabalham com particular interesse estes temas e

são também, segundo me pude informar, situações nestas escola que são recorrentes em

anos anteriores, ao nível dos seminários do 4º ano, seja, no 4º ano há uma percentagem,

que eu não direi que é muito significativa, mas é interessante verificar… que pensa estas

questões ao nível de uma formação ética, de uma formação social, pessoal e reconhece a

importância da ética na educação e que pega nestas temáticas, para as optimizar depois

em sala de aula, ou em sala de pré-escolar.

E – Então considera que seria viável relacionar o facto de elas já estarem em

confronto com uma prática diária contínua, isso possa de alguma forma ter

influenciado…as ter influenciado para uma maior necessidade de recorrer a

informação, em formação ética?

A – Fundamentalmente, aquilo de que me apercebi… lá está o tal conhecimento que se

deve ter do aluno, da…nomeadamente da sua vida de fora escola, fora dos domínios da

escola, é que muitos deles tinham uma formação ao nível do escutismo. Por exemplo,

foi uma coisa que verifiquei… e que por assim ser, demonstraram logo ideias muito

concretas, muito determinadas, sobre o que queriam, e como queriam e porque é que

queriam fazer e pensar estes temas.

Page 266: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Porque em boa verdade… em boa verdade, esta questão da ética na educação, da ética

nomeadamente na educação de infância, e não quero ser nem repetitivo, nem

deselegante…é que a visão da importância que se deve reconhecer a estes temas, tem

que se construir e esta construção depende muito do interesse, da legitimidade que nós

reconhecemos a essas temáticas. Regra geral, o educador de infância pensa talvez, de

uma forma mais operacional, ou seja, “Para que é que me serve a mim a ética, ou os

valores, para desenvolver uma qualquer actividade em sala de aula? Porque é que eu

hei-de trabalhar uma história ou um conto ou uma outra actividade numa perspectiva

ética?”

Penso que a ideia … que têm é que… as relações entre indivíduos são um bocado…é

como se fossem assépticas, ou seja, eticamente assépticas; é como se não fosse…não

fosse visível este trânsito quase de comércio, entre aspas, de valores, e direitos, de

responsabilidades, de deveres, que trocamos diariamente.

Eu penso que é por não ser facilmente visível para eles, porque talvez não tenham feito

nenhuma introspecção, ou não se tenham apercebido, ou por qualquer outra razão, que

não tenham sequer interesse … que os problemas não são colocados, não são entendidos

como legítimos, mesmo para quem já tem alguma formação, em termos de horas de

prática pedagógica.

Eu penso que aqui há de facto uma importância grande, mas que tem a ver com

formação anterior, com outras experiências anteriores, que os alunos trazem, ou

desenvolvem paralelamente á sua actividade estudantil, porque assim friamente,

imaginando que todos os alunos chegavam aqui sem, pelo menos aqueles com os quais

tenho trabalhado…chegavam aqui sem outro tipo de experiências extras escolares, eu

dir-lhe-ia que todos eles por inteiro, não sentiriam necessidade de pensar a sua

actividade educativa, também utilizando os recursos que a formação ética permite,

como contributos desejáveis á pratica profissional.

E – Olhe, em relação ás outras disciplinas deste curso de formação inicial, qual

considera ser o contributo delas, para a formação ética dos alunos?

A – Verdadeiramente falando, eu poderei…poderei falar essencialmente daquelas que

dou, que são…que são quatro, para já, uma vez que sou também responsável por força

de outras formações que tenho, da disciplina de Teoria e desenvolvimento curricular I e II,

A249nas quais tento fazer perceber aos alunos, o modo como podem integrar, por

Page 267: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

exemplo, formações no domínio da educação cívica ou da educação para a cidadania ou

de uma formação pessoal e social nos conteúdos que seriam eventualmente menos

susceptíveis de serem trabalhados, por exemplo ao nível de um 1 º ciclo, como a

matemática ou até mesmo …ao nível do pré-escolar também utilizando a sensibilização

para a matemática como um domínio que pode permitir diversos jogos, diversas

actividades com uma leitura neste plano ético.

Agora tirando estas disciplinas em concreto, eu penso que pelo elenco que vejo dessas

disciplinas, penso que, também até pela orientação da escola um pouco como lhe disse

há pouco neste universo de valores que considero humanistas que eles estão presentes,

não é… nem que seja numa perspectiva de currículo oculto.

E - Se tivesse que alterar a formação ética proporcionada pela escola, o que é que

alterava?

A – Bom…O que é que eu alterava!... Provavelmente… Provavelmente se…se eu

pudesse alterá-la, tentaria que houvessem…houvesse uma disciplina mais abrangente,

em termos das temáticas éticas, e portanto, naquela perspectiva de evolução histórico-

cultural.

Depois, tentaria que houvesse talvez uma outra, que tentasse a partir dos diferentes

modelos pedagógicos para a educação de infância, por exemplo, tentar fazer ver aos

educadores, qual o quadro ético-moral que lhes está subjacente, porque esse quadro

ético-moral subjacente, remeteria depois para, no fundo, a ideia que nesses modelos

pedagógicos está presente o individuo, a sociedade, eventualmente o homem em termos

futuros; portanto seria tentar haver uma…era como se fosse uma segunda parte da

disciplina, que tentaria pegar na dimensão pedagógica dos modelos, das próprias

concepções curriculares, entre aspas, e fazer a sua leitura ética e moral, sempre nesse

plano cultural e antropológico alargado para que fosse possível aos alunos de uma

forma mais incisiva, mais demorada no tempo … /porque estas coisas da ética precisam

de tempo, porque são do domínio das relações, e que lhes permitisse de facto construir,

no fundo utilizando uma analogia… a sua… neste caso dos educadores, área do

conhecimento do mundo. É a minha perspectiva.

Page 268: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Olhe passando agora para um plano um pouco diferente mas não fugindo

necessariamente do tema, sobre deontologia da profissão docente considera

importante a existência de um código deontológico da profissão docente?

A – Sim, considero! Considero… considero importante porque… a importância que têm

as diferentes sociedades, os profissionais da educação, é óbvio que isso, de algum modo

traduz uma responsabilidade acrescida. São profissionais da informação… da

informação, mas essencialmente da formação e são profissionais que têm que saber, têm

que desenvolver um saber estar, um saber ser, têm que se saber relacionar, não só

propriamente com as crianças, mas com as famílias, com os colegas, com a comunidade

…não é! São figuras que têm uma determinada visibilidade na comunidade …É uma

profissão que tem uma grande visibilidade e por ter uma grande visibilidade é… julgo

que é necessário que as regras de… deve e haver, de comportamento e de atitudes,

devem ser claras, transparentes e estarem devidamente regulamentadas, … até porque

também sabemos que é uma profissão onde se acede propriamente á prática

profissional, em muitos casos pela via do concurso e talvez por isso, devam também ser

claras as regras que permitem a colocação de profissionais, não só numa perspectiva da

sua competência científica e pedagógica, mas também numa perspectiva da sua

formação humana

Nesta perspectiva, eu penso que esta ideia de deontologia é particularmente importante,

até porque em termos…em termos etimológicos, deontologia será alguma coisa como a

ciência ou o saber do dever ser Neste domínio, entendo não só ao nível da educação,

como é óbvio, mas neste domínio concreto, que devemos saber ser o melhor possível,

para que as relações entre pares sejam claras, sejam transparentes sejam feitas de

justiça.

E – Vê algumas desvantagens na existência de um código deontológico? Portanto

falou-me de…por aquilo que percebo, de vantagens… vê algumas desvantagens?

A – Eu aparentemente…aparentemente não…não vejo assim desvantagens… assim a

olho…assim a olho nu, ou seja, desvantagens que sejam de tal forma clamorosas, que

justifiquem a inexistência do código. Agora, mentir-lhe-ia se lhe dissesse que acho

necessário, seja em que área for, códigos deontológicos. Não, não acho! Mas isso é

talvez numa perspectiva idealista, porque penso que devemos todos… e a formação do

Page 269: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

homem… cada um de nós que sai…que entra e que sai do sistema de ensino e que ao

longo da vida promove, continua a promover as suas aprendizagens devem ser sempre

numa perspectiva de dever ser. Como é que eu devo ser em face disto, ou em face de

alguém. Como é que eu devo perspectivar o meu saber estar, sempre numa óptica de

desenvolvimento constante e de aperfeiçoamento constante, ou seja, é como se houvesse

aqui uma dimensão quase de comportamento ético-moral inato. Mas isso não é…não é

viável… e portanto, por não ser viável, por nós sermos seres aprendentes,

desejavelmente sempre aprendentes que por vezes se torna necessário, para clarificar

estatuto, e para clarificar também desempenho de papéis, é necessário haver uma

regulamentação ao nível deontológico.

E – Ainda reportando-nos ao código e na hipótese dele existir, que deveres é que

acha que ele deveria incluir?

A – Fundamentalmente, deveres que remetam para a capacidade e a competência da

relação.

E - Quem acha que deveria participar na elaboração desse código?

A – Certamente, pessoas com formação no domínio da ética Mas desejavelmente

profissionais da educação, simultaneamente com formação na ética, mas também com

experiência na educação. Também desejavelmente representantes das organizações de

profissionais de educação de infância e certamente também elementos do ME. No

fundo, tentar que este documento pudesse ser desenvolvido simultaneamente, sob uma

perspectiva da administração política educativa, da educação numa perspectiva

científico-pedagógica e da profissão, com a presença de dos educadores de infância…

de alguns elementos dessas organizações, da forma como estariam representados. Não

me ocorre agora dizer-lhe, mas fundamentalmente estes três segmentos de público,

poderiam desejavelmente contribuir para a realização deste tipo de documento.

E – E este código está a perspectivá-lo só direccionado para a educação de infância,

ou numa perspectiva global de todos os professores?

Page 270: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

A – Essencialmente ele deve abranger todos os professores. Deve ser…deve ser porque

vejamos …nós quando falamos de uma outra… por muito que queiramos também

estabelecer aqui diferenças e criar especificidades que ás vezes não existem, por muito

que as desejemos, mas da mesma maneira que, em medicina existem diversas

especialidades médicas; não temos um código deontológico para os cardiologistas e um

para os endocrinologistas e por aí adiante…nem para os cirurgiões. Já entre médicos e

enfermeiros se justifica o código deontológico diferente. Agora, no domínio da

educação, da formação nesta perspectiva, eu desejavelmente entendo que, o código

deontológico deveria abranger todos os profissionais da educação. Porque a

educação…isto porquê? Porque a educação não deve ser entendida segundo segmentos,

ela é Educação; é um contínuum de formação e assim sendo…sendo um contínuum de

formação, ela tem também um contributo de diferentes profissionais na sua

especificidade ao longo do processo. Mas são todos eles profissionais comprometidos

com a educação. São todos eles profissionais que têm que saber relacionar-se com os

outros, têm que saber estar em sociedade, têm que saber ser informados na sociedade

em que vivemos, têm que saber… têm que saber apostar na sua formação, em termos de

uma formação perspectivada ao longo da vida, têm que ter todos eles competências, que

são por certo direccionadas e específicas para o seu segmento de acção profissional, mas

são essencialmente competências do profissional da educação e do profissional em

educação. Portanto, não vejo, como nem particularmente benéfico… nem o contrário

haver um a código para cada…para o professor do 1º ciclo, para o educador de infância,

para o professor do 2º ciclo … Eu penso que ele deve ser abrangente… deve ser único.

… É evidente que deve contemplar eventualmente as especificidades próprias que lhe

entenderem atribuir … mas uma coisa é certa: educação é …a educação é um só

universo …… e no fundo estamos sempre á volta do mesmo, são pessoas que formam

pessoas, …que se relacionam com pessoas, que socializam que têm direitos e deveres.

Eu penso que seria mais benéfico e até certamente mais forte, isto aqui agora segundo

uma leitura política mais forte em termos de pressão social, de parceiro social, haver

uma Ordem…perdão… um código deontológico, honestamente é o que penso.

E – Olhe, já para finalizar, eu gostaria de o convidar a falar, dentro desta temática,

de algum assunto que gostasse de falar e que eu não lhe perguntei.

Page 271: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

A – Essencialmente…essencialmente a entrevista foi…foi bem conduzida. Não…penso

que falei aquilo que me suscitou falar a partir, das perguntas que colocou. Não me

ocorre assim nada que não tenhamos falado, ou que não me tenha questionado a

propósito. Dou-me por satisfeito…

E – Eu agradeço-lhe imenso este contributo uma vez mais. Muito obrigada pela sua

atenção, pelo seu tempo e pela sua disponibilidade.

Page 272: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO B2

PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO PROFESSOR B

Page 273: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO B2 - ENTREVISTA AO PROFESSOR B

Professor de Axiologia responsável pela formação das formandas deste estudo

Realizada por Margarida Duarte

E – Entrevistador B - Entrevistado

A entrevista decorreu no escritório da residência da entrevistada, num ambiente

tranquilo e ameno e foi solicitada e consentida autorização para a sua gravação.

E - Em primeiro lugar, gostaria de lhe agradecer a possibilidade que me dá, de me

conceder esta entrevista, que faz parte de um trabalho de investigação no âmbito

da dimensão ética, na formação inicial de educadores de infância e destina-se

realmente a percepcionar, quais são as representações que os professores de

Axiologia têm, sobre a dimensão ética em educação de infância, da mesma forma

que iremos também pesquisar, quais as representações que os alunos do 4º ano de

educadores de infância têm, desta mesma dimensão ética.

Esta entrevista é fundamental, porque faz parte da estrutura do trabalho e,

portanto, sem ela era impossível dar continuidade à investigação, pelo que lhe

agradeço mais uma vez, assim como também a possibilidade que me dá, de a poder

gravar. Esta entrevista será portanto, anónima.

Alguma dúvida que surja na sequência das perguntas, portanto, peço-lhe que a

coloque.

Numa primeira…numa primeira abordagem iríamos falar do conceito de ética.

Como professora de Axiologia qual é o conceito de ética que mais privilegia?

B – Sim senhora!... Conceito de ética creio crer que eu o centre fundamentalmente na

perspectiva da ética da educação. Ou será na perspectiva ou conceito de ética mais

abrangente? É numa perspectiva mais abrangente ou dentro já da ética relativamente á

educação?

Page 274: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Relativamente á educação. No sentido de, como professora de Axiologia, e

atendendo a que deu aulas a alunas de educadores de infância, portanto, nessa

perspectiva qual o conceito que mais privilegia?

B – Bom, então eu julgo que tudo aquilo que tem a ver com as questões da ética, são

neste momento e até por condicionantes, pronto, da sociedade, do mundo em que nós

vivemos, são as questões que mais…mais desafiantes enquanto professora e na

perspectiva que adquiri pela experiência estando portanto na… contribuindo para a

formação de outros professores e também de educadores de infância. Porquê? Porque o

que é ético é aquilo que tem a ver com o humano, não é?!... E a relação pedagógica que

se estabelece entre o educador, o professor e os alunos, as crianças, assenta

fundamentalmente numa base humana, não é?... De tentativa de descoberta do outro…

de …no fundo de…tudo aquilo que tem a ver com a formação ou educação plena, não

é… formação do outro ser humano…e o que é humano é ético, não é? Portanto, é aquilo

que nos obriga de certa maneira a estender o laço da relação ao outro. Portanto… e aí eu

penso que mais até do que as competências… as competências, os conhecimentos

efectivos, o educador deve ter…deve ser absolutamente consciente da importância que

tem na formação em educação das crianças. E por ter essa consciência plena, ele deve

reconhecer-se fundamentalmente como um agente ético, um ser humano que forma

outros seres humanos que, muito e cada vez mais, como nós sabemos… porque as

crianças vão cada vez mais cedo para o Jardim, não é…para os berçários, não é!

…portanto, tem que haver uma tomada de consciência muito, muito profunda, do papel

do educador, quando mantém uma relação tão próxima, tão decisiva, junto das crianças

e junto também dos pais dessas crianças. Porque uma outra perspectiva muito

importante e eu acho que é decisiva, é o educador, o professor, reconhecer as várias

interacções que ele vai manter ao longo do seu trabalho, não é…na educação… o

contributo na educação para a criança e o tipo de relação que mantém com os pais das

crianças … no fundo os responsáveis pelas crianças e, claro, depois com os outros

colegas e com toda a escola enquanto instituição. Portanto, eu penso que neste momento

a ética, a postura ética, exige ao educador uma tomada de consciência muito profunda e

verificar que essa acção deve começar muitas vezes por identificar os limites, os deveres

deontológicos …do seu trabalho.

Page 275: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Olhe, penso que já se referiu com muita precisão, realmente à …à importância

que atribui à dimensão ética, numa profissão como a do educador de infância.

Referiu alguns intervenientes nessa relação… os pais, etc. Que outros

intervenientes é que acha que essa relação ética de alguma forma pode fazer

realçar? Portanto, do educador enquanto profissional ético?

B – Bom… de certo modo já lhes fiz alusão. Contudo, reforçaria uma vez mais que, não

nos podemos esquecer que, qualquer que seja o nível, ou qualquer que seja aqui a idade

com a qual o educador, ou o professor, se quisermos alargar um bocadinho o conceito,

trabalha… ele trabalha sempre numa perspectiva de formar um ser humano, não é?

Portanto, não pode nunca esquecer que, um dos pilares fundamentais da sua acção, é o

outro ser humano, portanto, aqui a relação de proximidade ética com a criança. Depois,

naturalmente com os pais …e quando eu refiro aqui os pais, estou a falar dos pais

biológicos…estou a admitir aqui os pais… o conceito de família numa perspectiva mais

alargada, portanto, no fundo… quem acolhe, quem acompanha directamente a criança.

Depois, penso que uma forma também muito particular, até por todas as mudanças que

o sistema educativo… pelas quais o sistema educativo está a passar…uma proximidade

ética de respeito, de conhecimento, de abertura, em relação aos outros educadores,

portanto, que são sempre parceiros na construção de projectos de escola, portanto, nas

actividades por eles realizadas em grupo. Porque felizmente que hoje cada vez mais os

professores tendem, os educadores tendem a construir essas… esses elos de parceria,

trabalho, de projectos comuns partilhados com os outros educadores, e portanto, /essa

relação ética estende-se sempre ao outro educador, que tal como nós, tudo faz em prol

da…de uma sociedade mais bem formada, apostando de uma forma positiva na

educação. Depois, parece-me a mim, que essa …esse prolongar desse olhar ético, deve

ir também para a escola enquanto instituição, de um ponto de vista mais abrangente, não

é… porque as escolas já não tendem a ser locais isolados, não é! …Estão inseridas em

contextos, espaços, em Agrupamentos, e portanto, esses elos éticos da relação com o

outro, de proximidade, com o outro …de escuta, que é tudo isso que a ética impõe ou

implica, deve estar também pressuposta nessa relação, com outros agentes que fazem a

escola enquanto instituição. E depois claro está, com os agentes sociais que envolvem a

escola não é… portanto, desde as autarquias, ás Juntas de Freguesia, à proximidade que

deve haver sempre entre o educador e os demais agentes que, contribuem numa

comunidade, para definir percursos comuns, trajectos comuns, não é … sempre em

Page 276: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

nome de …de uma educação melhor. Julgo que serão esses à partida, os tais outros

agentes, que também colaboram para a nossa atenção de proximidade, em relação aos

outros.

E – Olhe, que qualidades éticas é que considera que são essenciais para se definir

um bom educador?

B – Bom… essa questão, é uma questão difícil, não é…difícil, desafiante. Eu penso que

não é muito fácil… e aqui não é tentar fugir à pergunta, mas não é muito fácil aqui

encontrar um quadro único, ou um conjunto de características únicas, que permitam

definir um bom...eticamente um bom educador. Penso que parte muito dessa tomada de

consciência que cada um faz do seu trabalho, e da concepção do seu trabalho… E

depois todos nós somos muito diferentes, não é! … É isso que nos particulariza e ao

mesmo tempo nos enriquece. Agora, para além dessa especificidade de cada um de nós,

associada sempre a uma consciência, a uma reflexão consciente, profunda, do nosso

trabalho … porque eu costumo dizer que o educador e o professor, é muito diferente,

enquanto profissional, é muito diferente dos outros profissionais, não é…pronto! Essas

diferenças passam pelo facto de ele não trabalhar uma matéria-prima, uma coisa física

… em que é possível verificar, mais ou menos à posteriori ou de imediato, digamos

assim, o resultado do seu trabalho… Pronto! Eu penso que isso constitui…

pronto…uma…uma…um traço muito próprio do professor e do educador e há-de ter

…ele tem que ter essa noção. Depois, algo que nos distingue dos outros profissionais ou

de outras profissões, é o facto de quando nós saímos de uma sala, não somos capaz

nunca de terminar o nosso trabalho ali, não é …pronto! Seja porque vamos para casa e

em casa temos que planear e projectar e planificar e avaliar o trabalho do dia de

amanhã, ou avaliar o trabalho que fizemos, seja porque somos seres humanos e porque

trabalhamos com seres humanos, a nossa…o nosso pensamento, a nossa reflexão, a

nossa mente se ocupa muito por aquilo ou com aquilo que vamos vivendo, ao longo do

nosso dia a dia, não é… E quantas vezes ocupamos a nossa cabeça, depois de sair do

nosso trabalho, com o comportamento daquela criança, ou porque é que ela se sentiu

daquela maneira assim, ou porque é que ela não fez aquilo. Portanto, de certo modo, nós

prolongamos para fora de Escola, enquanto instituição, sempre o nosso trabalho, não é!

É muito difícil separar…separamo-nos dele. E isto é que é a única questão…Porquê?

Porque…Bom, porque somos humanos! Porque quando verdadeiramente encaramos a

Page 277: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

profissão com esse carácter humano, nos preocupamos, nos envolvemos, nos

empenhamos… e por isso não somos indiferentes, não é! Bom, daí que enquanto

traços...acho que o interiorizar a verdadeira noção de humanidade… e uma noção de

humanidade que implica o respeito, a tolerância, a abertura, o saber escutar o outro, e

depois ser muito livre, portanto, de certa maneira ser muito despreconceituoso, não é…

de certo modo ser capaz de… pronto… humanamente encarar a nossa actividade. Eu

penso que passa por isso. Se é que é possível, aqui resumir assim, ou encontrar aqui

algumas características próprias de um bom educador, não é…ou de um bom professor.

E – Situando-nos agora na perspectiva de Professora de Axiologia, em relação aos

alunos, e tendo em conta a preocupação que manifestou, de prolongar o

pensamento e o sentimento da escola, para além do horário da escola, essa

preocupação que vive acerca da profissão e dos alunos, leva-me a fazer-lhe uma

pergunta: o que é para si o Bem do aluno?

B – O bem do aluno… é outra vez…uma vez mais uma questão interessante mas, uma

questão que se calhar passa por alguma subjectividade da minha parte, não é… que

resulta muito da minha experiência e do olhar, da reflexão que pela prática nós vamos

fazendo. Aqui o bem do aluno é torná-lo verdadeiramente humano, também. É orientá-

lo. Porque uma criança precisa… uma criança pequenina, eu diria até ao

adolescente…ele precisa sempre de pontos de referência, não é… portanto, aqui o bem

do aluno, é fazer contribuir decisivamente para que o aluno, a criança, possa ir ao

encontro daquilo que ela verdadeiramente é capaz, não é… reconhecendo sempre os

nossos limites. Porque somos… não nos podemos esquecer nunca que, antes demais nós

somos seres biológicos e, portanto, somos muito animais, não é…E portanto é por via

da socialização e da educação, e aqui dentro da educação, depois, tudo aquilo que são os

verdadeiros agentes responsáveis por ela, portanto, fazer com que, à medida que criança

vai entrando no mundo, vai conhecendo o mundo, perceba que existem limites,

portanto, que existem regras, que existe a noção do que é o bem e do que é o mal, mas

que existe fundamentalmente uma pessoa humana dentro dele, único e irrepetível, tal

como a própria palavra “pessoa” nos faz adivinhar não é…e que é necessário, e que é

responsabilidade do educador, como agente de educação, saber de certo modo

evidenciar, fazer nascer, não é… Portanto, o bem do aluno, aqui é verdadeiramente

formá-lo, no sentido de ser um bom humano, não é…um bom ser humano, do ponto de

Page 278: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

vista social, do ponto de vista ético, do ponto de vista das suas competências e

capacidades.

E – Uma outra questão que eu gostava de lhe colocar tem a ver com o conceito de

professor justo. Na sua opinião, o que é para si um professor justo?

B – O professor justo… será aquele que …porque ele tem que avaliar, não é…porque o

trabalho do professor, passa por tudo aquilo que nós sabemos que é… ele é… no

sentido em que ele é um agente formador, é informador também, porque ele informa, dá

conhecimentos, desenvolve competências, colabora para todo esse nascer do ser

humano, não é… mas ele não esquece que tem que avaliar, pronto! E o conceito de

justiça aqui, é novamente um conceito ético e todos nós sabemos que, enquanto seres

humanos que somos, tantas vezes erramos também, não é…pronto! Eu julgo que o

professor justo é, pelo menos aquele que em consciência, considera todas as variáveis

no momento da avaliação. No momento de determinar um valor, uma quantificação,

uma nota, ele não esquece nenhuma variável, não é! … E aqui tento sempre recorrer a

dados o mais objectivos possível, portanto, aquilo que o aluno produziu, em termos de

…. mais objectivável, mais concreto, mas também aquilo que foi verificável

…construir uma espécie de escala de avaliação das tais competências que nós devemos

…que o professor, que o educador, deve ter sempre em mente, quando está a realizar o

seu trabalho, e que quer fazer desenvolver nos seus alunos. Portanto, aqui o carácter de

justo, ou de professor justo, é aquele que pelo menos no momento de considerar a

avaliação, ele não esquece nenhuma variável, e de uma forma o mais objectiva possível,

deve aproximar o trabalho do aluno, porque não se está avaliar o aluno enquanto pessoa

humana, está-se a avaliar o trabalho do aluno, não é…e portanto, não esquecendo

nenhuma das variáveis, ele procura ser certeiro na classificação que dá, ou na avaliação

que faz.

E – Na sequência do que acabou de falar, gostava de lhe fazer agora uma outra

pergunta: recorda-se de algum dilema ou de alguma situação ética difícil, que lhe

tenha ocorrido a nível profissional?

B – Recordo de situações que são…eu diria que são…elas são muito constantes, não

é…

Page 279: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quando o professor é…de certa maneira encara a sua profissão com alguma…

deontologicamente, com alguma consciência do seu trabalho, constantemente ele

encontra aqui e ali muitas vezes até na relação, não só com os alunos, mas

inclusivamente com os colegas, encontra situações que são dilemáticas, que são…que

nos obriga…pronto…a apelar á nossa consciência para tentar encontrar uma solução.

Não sei se… vou talvez apenas pegar aqui num exemplo… embora sem que o precise

em termos concretos, mas tantas vezes na relação com os outros…com outros

professores, considerar que…ou avaliar, ou pelo menos passar pela nossa cabeça algum

juízo de valor não tão positivo, não é! … Era tão bom que todos nós fizéssemos uma

avaliação sempre boa do nosso desempenho e do desempenho de com quem nós

trabalha. Mas tantas vezes nós vemos infelizmente…eu digo isto com alguma mágoa,

vemos outros professores muitas vezes a ser pouco conscientes do seu… do seu

trabalho. Não sei se estou a dizer assim algo de…não quero que fique a ideia de que me

considero melhor do que os outros … pronto! Não é nesse sentido! É verificar muitas

vezes na realidade que, nem sempre o trabalho do professor, ou de outros professores, é

um trabalho verdadeiramente sério. Por exemplo, quando nós vemos que há colegas

nossos que vão para a escola e tantas vezes sobre o joelho antes da aula vão dar ali uma

vista de olhos nos conteúdos, na matéria …porque “o que é que eu vou dar… o que é

que não vou dar”, ou então às vezes até no modo como falam na sala de professores

sobre o aluno A. o aluno B. Eu verdadeiramente sou…oponho-me completamente a este

tipo de prática, não é! …Eu acho que o nosso trabalho é muito…na relação por

exemplo, com os nossos alunos, deve ser um trabalho muito…muito parecido com o

trabalho do médico, quer dizer tem que haver ali alguma contenção naquilo que se diz,

no modo como se diz, o que se revela, como é que se revela, às vezes da vida pessoal do

aluno. Embora eu às vezes entenda que é preciso haver conhecimento de determinadas

questões que envolvem os alunos, ou a vida pessoal dos alunos, para às vezes

percebermos o que está na origem de um comportamento mais agressivo, ou de um…

dificuldades de aprendizagem. Mas refiro-me mais ao modo como muitas vezes, se fala

do aluno, ou dos alunos, ou da vida dos alunos, sem que haja aqui a noção de quem nem

tudo pode ser dito, ou nem tudo deve ser dito, em determinados contextos.

E – E quando é confrontada com situações dessas como é que reage?

Page 280: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

B – Procuro nunca me envolver, ou seja, se eu não aceito, então não posso permitir-me

a mim própria envolver-me, ou então às tantas estar já dentro daquilo que

verdadeiramente condeno. Portanto…também é um facto que ás vezes é difícil, porque

nos tratam muitas vezes com uma atitude de arrogância ou de indiferença, ou de pouco

interesse, em relação a determinadas situações. Parece-me ainda assim que…lá está…

tem muito a ver com a nossa postura, não é…depende muito da nossa postura e do

relacionamento que mantemos na escola, com os outros colegas e até com os próprios

alunos. Eu procuro nunca esquecer-me disto: o professor/educador é um profissional de

educação, não é…portanto, não é um pai, /não é uma mãe, nem se pode substituir a

esses agentes. E tantas vezes, eu penso que até por via da pressão social que existe sobre

o nosso trabalho, muitas vezes nós misturamos as coisas umas com as outras, não é… E

eu penso que muitas vezes… quando existem dilemas, os dilemas, os problemas, os

conflitos, resultam dessa … do facto de nós misturarmos as coisas. E isto vai bater

sempre ao mesmo, não é… porque o educador/professor trabalha com seres humanos e

portanto se calhar às vezes é inevitável ter que ser confrontado com estas situações.

E – Alguma vez lhe aconteceu, e especificamente à situação que realmente referiu,

e que lhe desagrada, que é a que diz respeito ao aluno, que um professor a

abordasse directamente sobre um aluno, nos modos que referiu, que não tivesse

gostado, mas que se sentisse na obrigação de lhe dar alguma resposta ou de ter

alguma atitude?

B – Já aconteceu sim!

E – E nessa altura, normalmente que tipo de atitude é que toma?

B – A minha postura é sempre de manter…nessas situações, de saber exactamente qual

é o meu papel, naquela situação em concreto, não é…Portanto, se é um assunto… se é

alguma coisa que se diz, que tem relevância de facto no trabalho do aluno e no meu

trabalho, ou no meu relacionamento com o aluno, eu certamente não serei indiferente e

acolherei aquilo que o outro colega me disser ou me vier contar, etc. Se considerar no

momento que não… que não é de todo algo que interfira no trabalho dele, ou no

relacionamento do aluno com a escola, ou com a minha disciplina em particular, ou com

o meu trabalho em particular, eu sou muito sincera e educadamente eu desvalorizo a

Page 281: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

situação e procuro sempre não prolongar muito a conversa, não é… Portanto, dando a

entender que não é um assunto muito importante, muito relevante … pronto!

Normalmente é assim que eu faço, mas isso também tem a ver às vezes com… Admito

que seja uma questão mais de personalidade do que aqui um princípio mais universal,

não é! … Depende se calhar muito de cada um de nós, não é… o modo como gerimos

essas situações mais particulares.

E – Olhe, situando-nos mais uma vez na formação ética dos educadores, que

princípios éticos é que considera essenciais para essa formação?

B – Portanto, ver se eu percebi exactamente a questão… ver quais os princípios éticos

Orientadores…

E - Da formação ética dos futuros educadores.

B – Antes de mais, a responsabilidade, não é! Bom, por tudo aquilo que envolve a

profissão de educador e de professor e que nós já fizemos referência anteriormente.

Porque a responsabilidade é … a palavra responsabilidade não é outra coisa que não

seja, o sermos capazes de responder perante os outros, por aquilo que fizemos, as nossas

opções, as nossas escolhas. Portanto, ser capaz de assumir perante a criança, perante a

mãe, perante o pai, perante o outro colega que trabalha connosco, perante a instituição

Escola, perante seja quem for, perante elas, nós somos capazes sempre de assumir

responsavelmente, as nossas acções e as nossas escolhas… o que fizemos.

De alguma maneira, eu penso que a noção de responsabilidade… e mais, a

interiorização, a prática da responsabilidade, é o valor chave para o exercício da nossa

profissão, e para a formação que deve ser incutido na formação inicial educadores de

infância e professores. Depois o respeito, a responsabilidade, o respeito, a tolerância. A

tolerância que me parece aqui um valor essencial …o ser capaz de admitir a opinião

diferente, a posição diferente, uma postura diferente um comportamento diferente. A

tolerância pressupõe exactamente essa abertura, essa partilha. Depois um outro valor,

que me parece também essencial: a liberdade. E a liberdade aqui em que sentido? Não é

naquele sentido mais… se quisermos a nossa liberdade individual. É uma …é uma

liberdade num sentido mais político. O professor e o educador deve interiorizar a ideia

de que a sociedade muda e o futuro estará melhor preparado se nós exercermos também

Page 282: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

livremente a nossa… e responsavelmente, a nossa profissão. Ter a noção clara de que a

educação, o educador não está a formar ali para o imediato e, portanto, a sua acção é

também uma acção muito política, não é…no sentido em que ela envolve alterações,

mudanças. Ele é precursor muitas vezes das grandes mudanças de mentalidade,

mudanças nos comportamentos, nas atitudes, mudanças nas nossas acções éticas.

Portanto, acho que aqui a liberdade é um valor fundamental que deve ser vivido,

interiorizado, do ponto de vista individual, por cada professor/educador, mas também

tomar um conceito de liberdade aqui com esse carácter mais social, mais político,

interventivo, não é… e fazer ligá-lo à sua profissão.

E – Olhe, atendendo aos anos em que leccionou na ESE, que importância é que

acha que aquela escola onde leccionou, atribuía à formação ética no curso de

formação inicial dos educadores?

B – Especificamente… portanto, dentro da minha experiência na Escola, em ESE de

xxxxxxxx aquilo que me parecia … a Escola atribuía um valor relativo à disciplina e à

formação nesta área. Porque é que eu digo um valor relativo? Porque a prática da

própria disciplina, na prática e pela experiência concreta com os alunos, sentia-se a

emergência e até a necessidade emergente, de a disciplina ser por exemplo, em vez de

ser semestral, a disciplina ser anual. E tantas vezes este desejo era manifestado no

Conselho Científico, e que era manifestado pelos docentes, por quem leccionava as

disciplina, era corroborada precisamente pelos próprios alunos. É muito interessante,

como na avaliação final que eles faziam da disciplina, e uma das críticas que eles

apontavam, era precisamente a escassez de tempo, para aprofundar verdadeiramente

aquelas questões, que nós durante as 60 horas semestrais que tínhamos, portanto, nessas

60 horas nós não conseguíamos de facto aprofundar, como eles sentiam que deveria ser

aprofundado, esses problemas ou essas questões… portanto, no fundo a experiência que

eu tenho, é que eles tomavam conta, tomavam nota das questões, daquelas questões que

nós verdadeiramente considerávamos como as mais importantes, porque tínhamos que

fazer alguma reflexão. Mas achavam sempre que o tempo era escasso, que deveríamos

ter mais horas para aprofundar, que deveríamos investir mais em acções de formação,

em colóquios, em conferências, encontros, que tematizassem precisamente as questões

da ética …não é….da ética da educação, na educação…a ética até de um ponto de vista

mais abrangente, também as questões da ética do mundo contemporâneo em que

Page 283: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

vivemos, etc, …Os alunos sentiam a importância que essas questões têm e que terão na

sua prática concreta, na sua prática profissional.

E – Ainda situando-nos na mesma Escola, que valores é que acha que a Escola

transmite?

B – Eu julgo que …e porque entrei naquele projecto… nós sabemos que a ESE é uma

entidade em parceria com a diocese de xxxxx, portanto, faz parte em termos digamos

ideológicos e em termos dos seus fundamentos, ela tem ligações com a Igreja Católica, e

portanto, e eu aqui também como católica, os valores que eu julgo que a Escola

preconiza, defende, são partilhados precisamente pelos grandes valores católicos.

Portanto, o humanismo acima de tudo, a tolerância, os valores em prol da família, da

educação, os valores pela diferença, a tolerância, esses são… e por isso penso que me

inseri de forma…me adaptei bem ao projecto da Escola, são esses os valores que …que

no fundo julgo, vão ao encontro dos grandes valores éticos constituindo também

desafios no mundo de hoje.

E – Olhe, agora mais relacionado com a disciplina de ética propriamente dita,

quando deu aulas, como é que descreveria a formação ética, que dava aos alunos?

B – Bom…portanto, a experiência que eu tenho é no meu trabalho com alunos do 3 º

ano, portanto, alunos já com … eu diria em termos da sua formação de base. São

pessoas já com uma certa estrutura individual concretizada, portanto, pessoas com

objectivos, que assumiam já valores pessoais, tomadas de posição pessoal, em relação a

muitas das questões que nós discutíamos e abordámos. Penso que… não sei se

directa…se podemos considerar aqui como traços éticos, porque eu penso que a

experiência que tenho foi uma experiência muito enriquecedora, muito boa. Eu penso

que os alunos são boas pessoas, no sentido de prática do bem, /embora naturalmente

apresentassem os seus conflitos, não é! … Nós somos indivíduos que se relacionamos

com grupos e portanto, construímos…mesmo no grande grupo-turma, era visível de

facto haver ali alguma …muitas vezes algumas diferenças entre eles. Agora não posso

considerar que fossem, do ponto de vista da sua formação, que fossem pessoas mal

formadas, não! …. Portanto, eram alunos educados, respeitadores, até empenhados,

trabalhadores, e fundamentalmente, muito atentos aos grandes desafios do mundo de

Page 284: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

hoje … aos desafios que a profissão deles enfrenta não é!...Portanto, com a inconstância

e as questões que nos levam a pensar a profissão de educador e professor, como sendo

cada vez menos… como é que eu hei-de dizer… menos… não é consistente, não é nesse

sentido…pronto! … Ela tende a ser cada vez mais exigente, mas ao mesmo tempo mais

instável e mais insegura e eram alunos muito sensibilizados para essa dimensão e

sempre com uma postura muito… pelo menos de escuta, de abertura a abordar

determinadas questões numa perspectiva diferente que rompe muitas vezes com o senso

comum que eles têm ou que eles traziam …não é!

Penso que sim…portanto, a experiência diz-me que do ponto de vista humano, são boas

pessoas e com preocupações em perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma

formação ética muito atenta, muito crítica, muito exigente para consigo próprio, para

que depois possamos ser eticamente também atentos aos outros. Penso que …essa é a

experiência que eu tenho.

E – Como é que dinamizava as suas aulas?

B – Bom, então é assim … eu em parceria com o meu colega, o Professor Mário

Piçarra, portanto, nós as 60 horas tentávamos que…portanto, eram 4 horas semanais,

dois blocos, um bloco de duas horas nós dedicávamos a aulas mais teóricas, em que

eram trabalhados textos de referência feitas análises bibliográficas, que fundamentassem

depois as nossas reflexões. Nas outras duas horas da semana, nós dedicávamos essas

duas horas mais àquilo que chamávamos aulas mais práticas, muitas vezes, portanto,

girando à volta de debate, ou sobre textos, ou sobre temas que os alunos pesquisavam.

Muitas vezes os próprios alunos trabalhavam os textos individualmente ou em grupo, e

fazíamos…portanto, a aula era gerida em função precisamente dessa análise, dessas

questões e era assim dessa maneira. Costumava, nas questões mais deontológicas, da

deontologia da profissão docente nós…eu deixava sempre cerca de 4 /5 aulas para a

parte final do semestre, precisamente /porque eles já tinham adquirido um conjunto de

ideias, já tínhamos trabalhado um conjunto de questões, de problemas, já tínhamos

aprofundado outros temas, que lhes permitia depois já no final do semestre, serem mais

sensíveis ás questões deontológicas. E aí houve alguns autores de referência, Maria

Teresa Estrela, Pedro D’Orey da Cunha, Filipe Rocha, alguns autores…Sempre que

possível iríamos buscar bibliografia em português, autores portugueses, embora escassa,

Page 285: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

mas de grande… de grande profundidade do ponto de vista da análise, e os alunos

…portanto, as últimas aulas eram dedicadas ao debate de questões relativas ao

deontológico, á construção de um código deontológico, às questões dilemáticas da

profissão docente, às questões relativas aos paradigmas da responsabilidade, da justiça,

pronto! Eram aulas que nós dividíamos entre aulas teóricas, mas tendo sempre também

aulas práticas, para poder fazer…lá está… obrigar os alunos a tomar posição, a assumir

posições críticas e de reflexão.

E – Olhe, que estratégia é que sugeria aos estagiários que eles utilizassem na

formação ética dos seus alunos, ou seja, que estratégias é que apontava para que

eles pudessem depois utilizar depois na formação das crianças, em estágio? E

estamos sempre a reportarmo-nos à formação ética…

B – Houve algumas situações em que eram os próprios alunos a…partindo, lá está, dos

conteúdos, das reflexões mais teóricas, acabavam por partir delas, para me pedir

sugestões de trabalho. Depois mais concreto na prática e tantas vezes a construção de

jogos, a construção de pirâmides hierárquicas de valores, foram levadas a cabo pelos

alunos, portanto, tentando sempre…é muito interessante porque houve sempre muita

receptividade dos alunos, porque eles davam muita importância a essa dimensão, de

transpor muito daquilo que fomos trabalhando, com pequenas….a referência a pequenos

jogos, estratégias e eles depois na prática acabavam por aplicar junto das crianças em

momentos de estágio, confrontando as crianças com questões, levando-as a reflectir

sobre elas, a recolher tomadas de posição… porque as crianças também já têm a sua

tomada de posição…têm o seu olhar sobre determinadas questões… a posicionar

determinados valores: o valor da família, da amizade…isso de facto aconteceu, de facto

algumas vezes.

E – Qual foi o impacto que achou que a formação ética dos estagiários, teve na sua

prática pedagógica? Reportou-se a esse tipo de situações de trabalho com as

crianças ou estendeu-se a outro tipo de relações, com adultos, etc. os alunos

traziam-lhe para a aula situações vivenciadas na prática, de carácter ético

envolvendo outros intervenientes?

Page 286: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

B – Bom…eu penso que se calhar, lá está, e aí tem a ver precisamente com a tal

denúncia que eles faziam no final, não é… que era as grandes questões, as questões

relevantes que deviam ser trazidas para a aula, depois acabariam por …porque nós

temos um programa também a cumprir, não é… temos sempre essa condicionante. E

tantas vezes não houve oportunidade de fazer esse prolongamento de facto, de pelo

menos ter verificado esse prolongamento de resultados, mais concretos dessa formação

ética. Mas aconteceu, portanto… acontecia muitas vezes que os alunos

traziam…colaboravam com pequenas situações, que eles encontravam em situação de

estágio, para muitas vezes, partindo da constatação do facto daquilo que eles

observavam, daquilo que eles vivenciaram, com a atitude que eles observaram da

atitude de uma criança para com outra, ou até da atitude do educador para com as

crianças, o modo como se relacionava, o modo como constituíam grupos…tantas vezes

e eles auxiliavam-se dessa pouca prática que ainda tinham, mas que lhes era dada,

portanto, com a qual tinham contactado e usavam esses exemplos para, digamos,

aprofundar ou enquadrar dentro daquilo que era tematizado dentro da nossa aula.

Recordo-me de tantas vezes de… nós temos os nossos planos de aula, os nossos guias

de acção… e tantas vezes lembro-me que os meus planos, os meus guias de acção

concreta, eram postos em causa precisamente porque foram enriquecidos com o debate,

a propósito daquele evento, daquela situação, daquela vivência ás vezes coisas positivas,

e tantas vezes também coisas não tão positivas.

E – Olhe para além do aspecto da duração da formação ética que já referiu, se

tivesse que alterar outros aspectos da formação ética que a Escola proporcionava,

que outras propostas é que teria?

B – Bom … vou uma vez mais recorrer-me daquilo que é a experiência dos alunos e do

relato dos alunos, porque eu sempre procurei dar-lhes muito esse…ouvido …não é! …E

tantas vezes eles diziam “Professora que bom que era, se nós para o ano tivéssemos…

por exemplo, fizéssemos um seminário, um encontro aqui na escola, nem que fosse só

para os alunos aqui da Escola … uma coisa… algo assim mais para a Escola, a título

experimental, mas onde nós pudéssemos reflectir em conjunto,” portanto, criar…e eles

manifestavam muito essa necessidade, de criar espaços mais regulares, que permitissem

reunir um conjunto de pessoas e colaborar para alargar os horizontes, digamos assim…

Reflectir sobre essas questões que, muitas vezes na aula nós abordávamos, tocávamos,

Page 287: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

reflectíamos, mas que muitas vezes condicionados pelo tempo, pelo programa que

deveríamos gerir, teríamos apenas que ficar muitas vezes pela… admito por alguma

superficialidade e não tanto por aprofundar as questões. Para além disso, eles próprios

sugeriam alargar o… considerar a hipótese de tornar a disciplina anual. Falavam nisso

constantemente, e quase todos os anos essa era uma das sugestões apontadas. Claro,

aqui nestas questões eu penso que a Escola, esteve sempre aberta e a escola está sempre

aberta, de facto, a contribuir para a reflexão em torno das questões éticas e

deontológicas.

O que há um facto é que nós somos muito condicionados e nem sempre às vezes as

ideias podem ser levadas a bom porto, não é!..

E – Acha que as outras disciplinas, de alguma forma também davam algum

contributo, para a formação ética dos estagiários?

B – Eu penso que sim. Admitindo que quem está…dos meus colegas, quem está como

responsável na área da formação dos educadores e reconheço…são-lhe reconhecidas

competências científicas, pedagógicas, eu penso que também éticas. Não nos podemos

esquecer que a escola, a ESE em xxxxxx é uma escola relativamente pequena, com um

público também… relativamente…portanto, que tem vindo a decrescer. Também não é

a única escola, mas é reflexo de todos os condicionalismos que nós conhecemos,

portanto, mas…o próprio ambiente da escola, eu diria que é um ambiente que se

proporciona a um conhecimento, a uma proximidade dos professores para com os

alunos, de um á vontade até dos alunos para com os professores, eu creio que sim, que

os professores conhecendo-os como conheço, que colaboravam de forma séria também

para a formação ética dos futuros educadores. Creio que sim!

E - Se tivéssemos que falar em disciplinas, quais é que acha que mais contribuíram

para…não falando das disciplinas de carácter ético… das restantes, quais é que

acha que deram maior apoio a esta formação?

B – Eu julgo que a Filosofia da educação lhes dava, também em parceria com a

Sociologia e Axiologia, constituíram uma espécie de pirâmide, não é… com três, os três

pilares fundamentais que reuniam as condições para garantir, julgo eu, a formação ética,

Page 288: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ou pelo menos de ter em consideração a importância da formação ética dos futuros

educadores. Julgo que sim!

E – Passando agora para o plano da deontologia da profissão docente, considera

importante a existência de um Código deontológico da profissão docente?

B – Bom, como há bocadinho acabei de dizer, nós deixávamos sempre um conjuntinho

de aulas no final do semestre, precisamente para nos debatermos sobre essas questões. E

porquê? Porque me parece que quando nós falamos das questões deontológicas, das

questões da ética, no exercício da nossa profissão, que é como sabemos, tão diferente

das outras profissões, eu considero…sou uma defensora de facto, da existência de um

código deontológico. É muito interessante verificar que da experiência que eu tenho,

seja com os alunos do 1º ciclo, seja com os alunos da educação de infância, eles

partilham precisamente da mesma… da mesma ideia. De um modo geral eles partilham

da mesma ideia e portanto, nós partíamos da análise… fazíamos a nossa análise a partir

da análise de outros códigos deontológicos que existem nas outras profissões e quando

passamos para o plano da docência, nós encontramos ali um vazio enorme. E nós

pensamos assim “Então mas porque não?” E em debate com os alunos, e confrontados

com esta questão, eles de facto… é uma das questões que mais os motiva até á reflexão.

E houve até um ano em que… não com alunos de educação de infância, foi talvez em

2002 ou 2003, houve um grupo que sentiu…um grupo… eram três rapazes e uma

rapariga, que sentiram que era um dos problemas centrais, um dos problemas

verdadeiramente importantes e eles próprios avançaram… o projecto de trabalho final

para a disciplina, foi precisamente a elaboração de um código deontológico, porque eles

sentem que é de facto uma questão importante. Se calhar porque eu também sendo

defensora da existência do código deontológico, acabo por … quando nós nos

envolvemos muito nas coisas, acabamos por transmitir aquilo, do modo como nos

envolvemos nelas. Também se calhar por isso… mas não…eu acho que há aqui outras

questões que justificam a necessidade do código deontológico.

E – Como por exemplo…

B – Como por exemplo as questões que têm a ver com a progressiva desvalorização ou

subvalorização geral da sociedade, em relação ao trabalho do professor. E eu creio que o

Page 289: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

código deontológico serviria, pelo menos regulando, apontando …não quer dizer que

ele seja assim muito normativo, mas apontando caminhos, princípios gerais de actuação

do professor na relação com os seus alunos, na relação com os outros professores, na

relação com a Escola enquanto instituição, na relação com a sociedade no seu

conjunto… dando indicação de alguns princípios, interiorizando alguns princípios

fundamentais, nós poderíamos de facto caminhar para a reconquista da dignificação, da

dignidade do papel do professor, enquanto educador, enquanto socializador, enquanto

motor de mudança da sociedade.

E – Vê algumas desvantagens?

B – As desvantagens que eu vejo, cingem-se no fundo a isto: não… não poderia ser

nunca um código deontológico demasiado linear, isto é, demasiado restritivo nos seus

princípios, ou demasiado normativo no sentido em que ele seria muito impositivo. Não!

Agora que ele cristalizasse, aliás como na sequência das reflexões que nós fizemos dos

textos da Maria Teresa Estrela, que cristalizasse um certo modo de estar, de viver a

profissão docente, eu julgo que sim. Portanto, aqui os perigos têm a ver com o facto de

se construir um código demasiado fechado sobre si mesmo, limitativo na acção, no

desempenho, nas responsabilidades do professor e do educador, quando eu penso que

não é isso que se pretende. Ele deve servir sim, como apresentando um conjunto de

princípios que regulem, que orientem principalmente quem está no início de carreira, no

início da profissão, que orientasse em determinadas acções concretas e no

estabelecimento das relações com os alunos, com os outros professores, com a profissão

em si, com a sociedade de um modo geral.

E – Portanto, os valores que preconizaria para esse código, iriam incidir

exactamente sobre essas relações entre esses parceiros?

B – Exactamente. Penso que são os parceiros fundamentais e portanto, não…o educador

não pode nunca pensar que o seu trabalho é um trabalho isolado, não é! …Ou que é um

trabalho que ele faz, que ele prepara em casa, e que leva a bom porto, dentro do seu

território que é sala…a sala com as suas crianças ou a sala…a turma com quem está.

Não! Julgo que não! Julgo que o professor deve encarar sempre o seu trabalho, como

algo que faz parte de uma estrutura que tem que manter relações com a …que tem que

Page 290: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ter interacção com um conjunto muito mais vasto, não é… e que para além disso tem

repercussões para lá …para lá da sala de aula, para lá da … do espaço que lhe é

reservado, na prática… na sua prática pedagógica. Porque a criança quando sai da sua

sala, projecta para fora dela muito daquilo que… do exemplo que observou, do modo

como o educador falou com ele, do modo como geriu ou se soube ou não gerir um

conflito dentro da sala. Portanto, a criança transporta para lá da sala sempre algo que

aprendeu, não é…pronto! E é nesse sentido, é essa consciência que o professor deve ter,

que o educador deve ter. O seu trabalho não se limita apenas numa relação unívoca

entre si e apenas e só os seus alunos, ou as suas crianças… em que o seu trabalho fica

ali fechado na sala de aula. Não! O seu trabalho projecta-se para fora da sala de aula.

Quando a criança vai para casa e conta aos seus pais o seu dia na escola, o que fizeram,

o que não fizeram, o que disse o educador, o que não disse, o que pediu, que tarefas

estão a fazer, os comportamentos, muitas vezes os conflitos que se geram e o modo

como a educadora interveio na resolução daquele…daquele conflito, etc., etc.

Portanto… e o educador tem que ter muito essa noção, não é… de que o seu trabalho é

um trabalho de parceria e de interligação com outros agentes que estão para lá de si

próprio.

E – Em relação ao código, ainda…falamos ainda do código, quem acha que

deveria participar na elaboração desse código?

B – Os educadores… portanto, os educadores, os professores, que são quem conhece

verdadeiramente a realidade: os problemas, as dificuldades, os desafios, até as

potencialidades que a Escola tem, que os meninos também têm, que os alunos têm.

Portanto, antes de mais os educadores e os professores, directamente mais próximos da

realidade concreta. E eu penso que há aqui…haveria um contributo muito importante se

fosse resultado de uma discussão também mais alargada, não é! Portanto, também não

sou apologista de que um código seria uma coisa, uma espécie de uma …de um cânon

construído ali em prol dos interesses mais ou menos corporativistas dos professores e

dos educadores. Não! Acho que passa por um debate. O contributo de um debate, que

deveria ser um debate que envolvesse uma vez mais um conjunto de … os tais agentes

que estão sempre presentes no nosso …no nosso trabalho. Portanto, eu aqui penso que

com o…a colaboração, o contributo dos pais, porque não? Até dos próprios alunos.

Page 291: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Porque não? O contributo de pessoas que estão digamos assim, numa … em termos da

organização até do sistema educativo, portanto, que têm uma percepção mais…muitas

vezes mais vertical das questões, e porque não também entrar nesse debate mais

alargado e a colaboração penso de quem tem contribuído com a sua pesquisa, a sua

investigação séria, não é, no âmbito destas questões. Portanto, para esse efeito seria

necessário certamente a colaboração de pessoas que têm já entre nós uma perspectiva

muito bem fundamentada da importância do código, e da elaboração de um código

deontológico.

E – Olhe em relação a toda esta temática que tivemos abordar, há algum assunto

que eu não lhe tenha perguntado, e que queira de alguma forma apresentar ou

explicar?

B – Há uma questão…uma… apenas uma…uma referência a uma questão que me

parece importante e que tem a ver com …os conteúdos em particular, os conteúdos que

nós trabalhávamos. Porque eu penso que sou sensível à…e se acho que os meus alunos

ficaram sensíveis, sensibilizados para as questões éticas emergentes que se impõem no

nosso trabalho, na nossa profissão, eu penso que é… há que referir que no contexto da

disciplina de Axiologia, nós na escola atribuíamos muita importância na formação,

naquela parte inicial, de introdução ás temáticas da ética, à caracterização à análise

profunda das grandes questões éticas … dos grandes desafios éticos do mundo

contemporâneo. Portanto, era por aí que nós começávamos sempre. Portanto, o reflectir

conjuntamente com os alunos, com a colaboração de muitos textos que eu julgo que

servem … cuja utilidade é sempre alargar a nossa perspectiva, o nosso olhar, e

começávamos sempre por fazer essa abordagem inicial de “ Vamos medir o pulso do

mundo em que nós vivemos” , “Vamos caracterizar a vida que temos, a vida que

levamos.” Pronto! E depois a partir daí sim, a pouco e pouco íamos entrando nas

questões da ética na nossa profissão, a ética na relação do professor, do educador com

os vários agentes. Pronto! Nós, digamos que … a análise inicial obrigava sempre os

alunos a reflectirem sobre e… a fazer um olhar de reflexão crítica sobre o mundo em

que nós vivemos, e que eu acho que é o segredo, se é que há aqui algum segredo, o

segredo para nos mantermos verdadeiramente atentos, sempre receptivos, conscientes

em relação aos alunos que temos. Porque os alunos que temos são sempre reflexo da

sociedade que nós temos, não é… que nós vivemos, porque eles são o reflexo das suas

Page 292: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

famílias, dos seus comportamentos, etc., etc., etc. Portanto, e se queremos mudar

alguma coisa, não é… e educar é também mudar, haveria que partir sempre desse…

desse pintar do mundo em que nós vivemos, para percebermos o que é que temos, quais

são os desafios que temos pela frente.

E – Olhe agradeço-lhe imenso esta sua participação neste trabalho, porque esta

entrevista é uma participação neste trabalho, e que vai ser realmente uma ajuda

valiosa para a realização da investigação. Por isso, uma vez mais muito obrigada.

B – Eu agradeço…eu na minha pouca …aquilo que eu possa em termos de contributo

dar mas eu não me recuso nunca a poder contribuir por muito pouco que seja para que

entre nós, entre profissionais de educação se, entre aspas, se invista tempo

conhecimento em aprofundar as questões, estas questões que têm a ver com a ética, não

é, na educação. Eu é que agradeço

E – Obrigada.

Page 293: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO C

ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS AOS

PROFESSORES DE AXIOLOGIA

Page 294: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO C1

ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO

PROFESSOR A

Page 295: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor

e a ética

Conceito de

ética

Concepções

universalistas

Relação com a pessoa

- (…) A minha perspectiva de ética (…) remete para a

dimensão da pessoa humana…

-[ (…) A minha perspectiva de ética ] visa o respeito

pela dimensão da pessoa humana …

- (…) Somos seres de relação

A1

A2

A10

Respeito pela pessoa humana na sua

universalidade e singularidade

-[ (…) A minha perspectiva de ética visa o respeito]

pela sua dignidade …

-[ (…) A minha perspectiva de ética visa o respeito]

pela sua especificidade …

-[ (…) A minha perspectiva de ética visa o respeito]

pela sua universalidade próprias …

A3

A4

A5

A ética assente na relação

direito/dever - (…) Concebo a ética sempre numa relação de

direito/dever

A6

Concepções

contextualistas

Depende do contexto cultural

- (…) Concebo a ética] num enquadramento cultural,

que eu direi que é a sua moldura fundamental...

- (…) Para mim a moldura fundamental da ética, é o

enquadramento cultural onde ela acontece …

A7

A8

Page 296: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 2 - continuação : Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor

e a ética

Conceito de

ética

Concepções

contextualistas

Depende do contexto cultural

- (…) Para mim a moldura fundamental da ética, é o

enquadramento cultural onde ela acontece …

- (…) Para mim a moldura fundamental da ética] é

enquadramento cultural da relação entre as pessoas

- (…) Não faz sentido situá-la fora [do contexto

cultural] …

A8

A9

A12

Enraizada em múltiplas experiências

relacionais

- (…) Em virtude de não podermos escapar a esta

dimensão da relação a nós próprios e à dimensão da

inter-relação, é aqui neste encontro de pessoas, (…)

que eu situo culturalmente a ética.

- (…) É a moldura onde cada um de nós pinta um

bocadinho, nas relações que temos com os outros, nas

nossas múltiplas experiências …

- (…) A necessidade imperiosa que temos de socializar

com os outros para também assim promovermos o

nosso crescimento, o nosso processo de

aprendizagem…

A11

A107

A108

A raiz da dimensão humana dispensa

o contexto metafísico

- [Não faz sentido] inventar um contexto mais

metafísico…

- (…) Quando assim acontece, tendencialmente o nosso

entendimento da ética nas sociedades contemporâneas e

nas circunstâncias que lhe são próprias no mundo

actual, pecam por defeito …

A13

A14

Page 297: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 3 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor

e a ética

Conceito de

ética

Concepções

contextualistas

Manifestada nas relações de

respeito/responsabilidades/autonomia

e competências cidadãs

- (…) Tento aproximá-la disto que nos une, que é toda

esta teia entrecruzada de relações de respeito…

- [Tento aproximá-la disto que nos une, que é toda esta

teia entrecruzada] de responsabilidades…

- [Tento aproximá-la disto que nos une, que é toda esta

teia entrecruzada] de autonomias…

- [Tento aproximá-la disto que nos une, que é toda esta

teia entrecruzada] de competências cidadãs…

A15

A16

A17

A18

Situada numa perspectiva histórico-

cultural

- (…) É um pouco nesta perspectiva que eu situo a

questão da ética (…) numa perspectiva evolutiva, (…)

histórico-cultural.

A19

Perspectiva do

professor

sobre o

conceito de

“bem “ do

aluno

Centrada no

desenvolvimento

pessoal

O seu amadurecimento como pessoa

- (…) O bem do aluno será certamente, no meu

entender, (…) o crescer como pessoa …

- [O bem do aluno] será o amadurecer gradual …

- [O bem do aluno será] a forma como ele nesta

perspectiva vai crescendo…

- (…) Não consigo facilmente dissociar a ideia de bem,

(…) dessa ideia de crescimento …

A20

A21

A26

A30

Page 298: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 4 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor

e a ética

Perspectiva do

professor

sobre o

conceito de

“bem “ do

aluno

Centrada no

desenvolvimento

social

As suas experiências relacionais com

o professor

- [O bem do aluno] decorre do relacionamento que tem,

no espaço da comunidade escolar com o professor … - [O bem do aluno] será, (…) correspondente à síntese

do conjunto das experiências que vai tendo na sua

relação] aluno-professor …

A22

A25

As suas experiências relacionais com

os colegas

- [O bem do aluno decorre do relacionamento que tem,

no espaço da comunidade escolar] com os colegas…

- [O bem do aluno] será, (…) correspondente á síntese

do conjunto das experiências que vai tendo (…) na sua

relação aluno-alunos…

A23

A24

O aprofundamento do carácter ético

para o desempenho de

responsabilidades sociais

- [A forma como ele … nesta perspectiva] se vai

tornando numa pessoa gradualmente diferente…

- (…) Aqui o sentido da diferença entendido como um

sinal de aprofundamento, de redimensionamento, (…)

do carácter…

- [Entendido] no sentido ético mais profundo da pessoa

e das suas responsabilidades, para com a sociedade em

que vive…

- [Não consigo facilmente dissociar a ideia de bem] do

(…) redimensionamento do indivíduo, procurando

sempre projectar-se para outras dimensões do

comportamento e da atitude ética nesta perspectiva

social.

A27

A28

A29

A31

Page 299: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 5 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor

e a ética

Conceito de

justiça

Perspectiva

legalista

O cumprimento de leis

- (…) A noção de justiça… ela própria é… uma noção

ás vezes um pouco ambígua…

- (…) Se nós quisermos entendê-la de uma forma

legalista (…) a justiça terá necessariamente a haver

com um certo cumprimento da lei…

A32

A33

A aplicação de leis

- [A justiça terá a ver com] uma certa aplicação de

leis...

A34

O respeito por regras estabelecidas

- [A justiça terá a ver] com respeito por regras…

- [A justiça terá a ver com] regulamentações…

A35

A36

As atitudes e comportamentos que

orientam as relações humanas

- [A justiça terá a ver com] toda aquela moldura infra-

estrutural de atitudes e comportamentos, que permitem

que uma sociedade funcione…

- [A justiça terá a ver com toda aquela moldura infra-

estrutural de atitudes e comportamentos, que

permitem] que as relações entre indivíduos se possam

produzir num universo sustentável…

A37

A38

Perspectiva

Pedagógica O equilíbrio de atitudes do professor

- (…) Para mim, uma ideia de justiça terá sempre a

haver com um equilíbrio que o professor… o educador

deve ser capaz de encontrar nas suas próprias

atitudes…

A39

Page 300: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 6 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor

e a ética

Conceito de

justiça

Perspectiva

Pedagógica

O relacionamento tolerante e

compreensivo com os alunos

- [Para mim, uma ideia de justiça] diz respeito à forma

como é tolerante para com os alunos…

- [Para mim, uma ideia de justiça diz respeito] à forma

como é compreensivo…

A40

A41

A resolução de conflitos com

parcimónia e bom senso

- [A justiça diz respeito] à forma como [o professor]

com alguma parcimónia, [consegue deslindar

conflitos] …

- [A justiça diz respeito] à forma como [o professor]

com algum bom senso acima de tudo, consegue

deslindar conflitos…

- [A justiça diz respeito à forma como o professor]

consegue promover (…) a resolução dos conflitos…

A42

A43

A44

A valorização do diálogo

[A justiça diz respeito à forma como o professor] consegue passar uma mensagem, que para mim é

essencial, e a qual não dissocio destas questões, que é

a do diálogo…

- (…) É pelo diálogo que ele [o professor] deve tentar

construir a tal justiça…

A45

A50

Page 301: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 7 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor

e a ética

Conceito de

justiça

Perspectiva

Pedagógica

A justiça perspectivada de forma não

absoluta

- [A justiça] (…) será sempre algo que não é para ser

entendido de uma forma extremista nem absoluta….

- (…) Nunca a percebo [a justiça] numa base de …há

uma infracção então tem que se aplicar a

correspondente penalização…

- (…) Não entendo aqui a justiça como aquilo que

deve servir para penalizar alguém, beneficiando

outrem que foi por sua vez vítima de uma infracção.

A51

A61

A62

A justiça como arbitragem de

relações

- [A justiça] terá a ver no fundo com negociação…

- [A justiça terá a ver no fundo] com mediação…

- [A justiça terá a ver no fundo] com um encontro

entre partes...

- [A justiça] Será um pouco uma arbitragem …

A52

A53

A54

A55

Page 302: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 8 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor

e a ética

Conceito de

professor

justo

Usa e promove o diálogo

construtivamente

- O professor justo para mim será sempre um professor

do diálogo, para o diálogo …

- [O professor justo para mim será] o professor e

educador que (…) sabe ele próprio como promover [o

diálogo] …

- [O professor justo para mim será o professor e

educador que (…) sabe ele próprio] sustentar

construtivamente o diálogo…

- (…) Ele [o professor] deve ser veículo de

transmissão desse mesmo diálogo…

A46

A47

A48

A60

Toma a iniciativa em dialogar

- (…) Eu vejo sempre isto na perspectiva da primeira

pessoa, ou seja, o diálogo deve partir do professor …

A49

Baseia a justiça no diálogo

- (…) É pelo diálogo que ele [o professor] deve tentar

construir a tal justiça…

- [O professor deve ser capaz de criar condições] para

o diálogo entre os alunos…

- [O professor deve ser capaz de criar condições para o

diálogo] entre as pessoas …

A50

A58

A59

Deve ser um bom árbitro

- (…) O professor, nesta perspectiva da justiça, deverá

ser sempre um bom árbitro…

A56

Promove o bom senso

- [O professor] deve ser capaz de criar condições para

o bom senso…

A57

Page 303: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 9 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor

e a ética

Dilemas

éticos dos

professores de

Axiologia

A avaliação dos

alunos

Avaliar é eticamente complicado

- (…) Para mim é sempre… eticamente complicado…

avaliar um aluno…

A63

Utiliza técnicas de avaliação

adequadas

- (…) Isto [a avaliação] tem mecanismos próprios, das

ciências da educação…

-[A avaliação tem mecanismos próprios] de todas

teorias de avaliação de aprendizagens e grelhas de

avaliação…

- (…) Nós facilmente podemos aplicar [teorias de

avaliação de aprendizagens e grelhas de avaliação] … e tentarmos ser isentos…(…) Isto [a avaliação

A64

A65

A66

Os mecanismos de avaliação

tranquilizam o professor

- (…) Isso [a aplicação de mecanismos de avaliação]

(…) deixar-nos-á (…) com uma certa tranquilidade de

consciência …

A67

O professor que vê o aluno como

decalcável numa grelha de avaliação

não tem problemas éticos em avaliar

- (…) Mas isso [tranquilidade de consciência] para

quem entende o aluno como decalcável, naquilo que

ele é, numa grelha de avaliação rigorosa, competente...

- [A tranquilidade de consciência para quem entende o

aluno como decalcável, naquilo que ele é, numa grelha

de avaliação] cientificamente elaborada…

- (…) Para quem entende assim [a avaliação] (…) não

terá, por certo, problemas éticos ou qualquer

dificuldade ética na tarefa avaliativa.

A68

A69

A70

Page 304: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 10 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor

e a ética

Dilemas

éticos dos

professores de

Axiologia

Perspectiva

humanista da

avaliação

O aluno é mais do que a avaliação

fria

- (…) Por norma, aceito logo á partida que o aluno que

eu avalio, é sempre uma outra coisa… que a avaliação

que dele faço mais fria…

A71

Avaliação baseada na empatia - (…) Sempre que faço uma avaliação nesta

perspectiva ética, coloco-me sempre um pouco na pele

do aluno….

A72

Preocupação com os efeitos da

avaliação na auto-estima e no

trabalho do aluno

- (…) Tentar perceber os efeitos que a avaliação que

dele faço, poderão produzir nele… - (…) Procurar perceber se uma avaliação mais

negativa terá algum efeito em termos (…) da sua auto-

estima…

- [Procurar perceber se uma avaliação mais negativa

terá algum efeito] em termos da sua forma futura de

trabalhar…

A73

A74

A75

Preocupação com os efeitos da

avaliação no relacionamento com os

colegas

- (…) Da mesma maneira que penso, (…) quando as

avaliações são positivas, se aquele aluno vai

eventualmente sentir-se superior aos outros…

- (…) Se a sua auto-estima também melhora, como é

que ele se vai relacionar com aqueles que têm (…)

uma avaliação diferente (…) mas negativa…

A76

A77

Page 305: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 11 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

O professor.

e a ética

Dilemas

éticos dos

professores de

Axiologia

Perspectiva

humanista da

avaliação

Avalia o aluno num plano mais

amplo que a sua produção

- (…) Tento (…) compreender o aluno nesta

perspectiva da avaliação, num plano mais amplo, (…)

do que propriamente aquele em que regra geral os

professores se situam, que é... “Eu tenho aqui a

produção deste aluno, vou ver o que é que ela vale,

vou medi-la.”

A78

O esforço para humanizar a

avaliação

- Eu tento fazer essa medição…

- (…) É óbvio que tenho que a fazer [a medição] …

- (…) Mas (…) o meu esforço é tentar humanizar essa

medição …

A79

A80

A81

Page 306: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 12 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Dimensão ética

em educação

de infância

Uma profissão

de base ética

Importância da

dimensão ética

na profissão

A dimensão ética tem toda a

importância na profissão do

educador

- [Importância atribuída à dimensão ética, numa

profissão como a do educador? Toda! Toda!

- (…) O educador (…) tem a meu ver nesta

perspectiva da ética, de atitudes, dos

comportamentos, uma importância para mim fulcral

para a criança …

- (…) É no fundo a diferença que vai da capacidade

que temos de fazer os outros felizes ou infelizes…

A82

A93

A94

Qualquer profissão necessita de um

suporte ético de valores

- (…) Nem compreendo qualquer profissão, [sem um

suporte ético em termos de valores, em termos

axiológicos] …

A83

Importância da

dimensão ética

na formação

A formação pressupõe um suporte

ético de valores

- [Nem compreendo] qualquer acção relacionada

com a formação dos indivíduos, nomeadamente no

âmbito educacional [sem um suporte ético em termos

de valores, em termos axiológicos] …

- (…) Não entendo que a educação, que é ela própria

um valor, possa ser desenvolvida, possa crescer, sem

um pensar ético…

A84

A85

É necessária formação e reflexão

ética dos formadores

- (…) Tem que haver sempre uma reflexão ética,

uma formação ética, para quem está na educação…

- [Tem que haver sempre uma reflexão ética, uma

formação ética] para quem está envolvido na

formação de pessoas.

A86

A87

Page 307: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 13 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Dimensão ética

em educação

de infância

Importância

da formação

moral da

criança

A criança Ser

em construção

As crianças são os seres morais de

amanhã

- (…) De facto a criança é, (…) são certamente os

homens e as mulheres de amanhã…

- (…) Mas [as crianças] são por isso mesmo, os seres

morais de amanhã……

- (…) Por isso é importantíssimo dar alguma atenção

a isso [ao facto das crianças serem os seres morais de

amanhã] …

A97

A98

A99

Atender à formação moral da

criança

- (…) É importante que se perceba que a criança,

com a qual a maior parte dos educadores começa a

trabalhar bem cedo, (…) é um ser moral em

construção, em delapidação…

- (…) A atenção à sua formação moral é a meu ver

fundamental …

A109

A110

Contribuir para a formação moral da

criança numa perspectiva de futuro

- (…) É (…) necessário chamar a atenção e promover

aprendizagens nesse sentido, junto dos educadores

para, (…) a faixa etária com a qual trabalham…

- [É (…) necessário] chamar a atenção [dos

educadores] que essa faixa etária não vai ser criança

sempre…

- (…) É uma criança desenvolvente (…) que

devemos contribuir eticamente, (…) para a sua

formação numa perspectivação de futuro…

A117

A118

A119

Page 308: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 14 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Dimensão ética

em educação

de infância

Importância

da formação

moral da

criança

A criança Ser

em construção

Contribuir para a formação moral da

criança numa perspectiva de futuro

- [Devemos contribuir eticamente, (…) para a sua

formação] não numa perspectivação que se esgota no

final do pré-escolar.

A120

Sensibilização

para a formação

moral da criança

Sensibilizar para a formação moral

adequada á criança integrada num

projecto de todos

- (…) É sempre assim que percebo (…) esta

sensibilização que é feita numa perspectiva de maior

abrangência, com as pinceladas apropriadas ás

crianças e ao universo infantil…

- (…) Mas sempre integrando [a sensibilização] com

o projecto de continuidade, que é o projecto de todos

nós.

A121

A122

A criança e as

condições

sócio-familiares

e culturais

O contacto precoce da criança com

realidades socioculturais diversas

- (…) Cada vez mais cedo as crianças se deparam

com realidades socioculturais de natureza diversa…

A101

O acesso fácil à informação

- [Cada vez mais cedo as crianças] acedem a

informação, a conteúdos que lhes chegam de um

veículo cultural que talvez não fossem fáceis de

verificar há 15, 20 anos atrás…

A102

A estrutura familiar mais híbrida

- (…) Hoje atendendo á grande alteração que a

estrutura sociocultural sofreu, e que começa em

muitos casos logo propriamente na célula familiar,

(…) mais híbrida, mais estruturada em certas

situações, deverá fazer os educadores repensarem de

facto a extrema importância que tem esse tipo de

formação …

A103

Page 309: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 15 –Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Dimensão ética

em educação

de infância

Importância

da formação

moral da

criança

A criança e as

condições sócio-

familiares e

culturais

O contributo da formação no

desenvolvimento da sociabilidade

- (…) Para ser esse contributo [a formação]

aproveitado em prol de um benefício que as crianças

devem ter a possibilidade de receber…

- [A formação] permitirá certamente terem uma outra

estrutura no domínio da sociabilidade.

- (…) É a importância que eu atribuo à

contextualização da ética nessa moldura cultural…

A104

A105

A106

Requisitos do

exercício ético

A hierarquização da relação criança-

adulto

- (…) Nós habitualmente, separamos o nosso mundo,

socialmente entendido em termos das hierarquias, em

crianças e adultos…

- Eu não o entendo assim [o mundo separado entre

crianças e adultos] …

A111

A112

A relação numa perspectiva de

totalidade

- (…) Eu perspectivo as coisas numa perspectiva (…)

de totalidade, ou seja, é preciso que nos aprendamos

a relacionar não especificamente com crianças…

- [É preciso que nos aprendamos a relacionar não

especificamente] com adultos...

- É preciso que nos aprendamos a relacionar com

pessoas (…) com as dificuldades que essa relação

deixa antever ou faz prever …

- [É preciso que nos aprendamos a relacionar com

pessoas] sempre numa óptica de desenvolvimento…

A113

A114

A115

A116

Page 310: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 16 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Representações

sobre o

formando e a

ética

Subestimação

do papel da

ética

Falta de

sensibilidade em

relação à ética

Dificuldade em perspectivar a

importância da ética

- (…) A minha experiência já de cerca de 10 anos,

em trabalho nesta área de formação ética, (…) com

educadores e professores, levar-me-á a dizer que,

regra geral, os educadores de infância têm alguma

dificuldade (…) em perspectivar a importância da

ética…

A88

Pouca importância dada aos valores

na formação

- (…) [Os educadores de infância têm alguma

dificuldade (…) em perspectivar] a importância dos

valores na sua formação…

A89

Falta de visibilidade sobre a

importância da ética

na educação de infância

- [As educadoras em formação não colocaram

questões éticas relacionadas com o estágio]

Não…Não…Não colocaram!

- Não colocaram [questões éticas] talvez também até

por causa (…) haver ainda uma penumbra, no

horizonte da sua formação, quanto à importância

decisiva que têm estes aspectos éticos e morais, na

educação de infância.

- [Os problemas] Não são entendidos como

legítimos, mesmo para quem já tem alguma

formação, em termos de horas de prática

pedagógica…

A211

A212

A245

Page 311: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 17–continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Representações

sobre o

formando e a

ética

Subestimação

do papel da

ética

Falta de

sensibilidade em

relação à ética

Apreensão pela desvalorização da

formação ética

- (…) Ás vezes dá que pensar, o não se perceber esta

necessidade crucial, nomeadamente nos tempos que

vivemos, da ética...

- [Ás vezes dá que pensar, o não se perceber esta

necessidade crucial] de uma formação ética em

educação e direccionado em concreto para

educadores de infância…

A95

A96

Razões para a

falta de

sensibilidade

Visão técnica do Jardim-de-infância

- Dá ideia que [os educadores de infância] percebem

o Jardim-de-infância como quase que uma redoma,

onde só deverão entrar assuntos de conteúdos mais

limitados…

- (…) Talvez porque [os educadores] resumem muito

a sua acção (…) mesmo no plano ético (…) muito

voltada para a criança.

A90

A91

Dificuldade em entender o papel da

ética no Jardim-de-infância

- (…) Regra geral, o educador de infância pensa

talvez, de uma forma mais operacional…

- […O educador de infância pensa] “Para que é que

me serve a mim a ética, ou os valores, para

desenvolver uma qualquer actividade em sala de

aula?

- [O educador de infância pensa] Porque é que eu

hei-de trabalhar uma história ou um conto ou uma

outra actividade numa perspectiva ética?”

A232

A233

A234

Page 312: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 18 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Representações sobre o formando e a

ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Representações

sobre o

formando e a

ética

Subestimação

do papel da

ética

Razões para a

falta de

sensibilidade

Dificuldade em entender o papel da

ética no Jardim-de-infância

- Quase como se não percebessem (…) por uma

vontade em não querer perceber, que o ser moral de

que nós podemos falar mais abertamente numa idade

adulta, (…) começa a desenhar-se, começa a

construir-se muito cedo.

A92

Relações éticas não são visíveis para

os formandos

- (…) Penso que a ideia … que têm é que… as

relações entre indivíduos são um bocado (…)

eticamente assépticas…

- (…) É como se não fosse (…) visível este trânsito

quase de comércio, entre aspas, de valores (…) que

trocamos diariamente.

[- É como se não fosse (…) visível este trânsito quase

de comércio, entre aspas] de (…) direitos que

trocamos diariamente.

- [É como se não fosse (…) visível este trânsito quase

de comércio, entre aspas] de (…) responsabilidades

(…) que trocamos diariamente.

- [É como se não fosse (…) visível este trânsito quase

de comércio, entre aspas] de (…) deveres que

trocamos diariamente.

- (…) Eu penso que é por não ser facilmente visível

para eles [os formandos] (…) que os problemas não

são colocados…

A235

A236

A237

A238

A239

A240

Page 313: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 19–Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Representações

sobre o

formando e a

ética

Subestimação

do papel da

ética

Razões para a

falta de

sensibilidade

Falta de introspecção

- [As relações éticas não são facilmente visíveis para

os educadores] porque talvez não tenham feito

nenhuma introspecção…

A241

Falta de percepção

- [As relações éticas não são facilmente visíveis para

os educadores porque talvez] Não se tenham

apercebido…

A242

Falta de interesse

- [As relações éticas não são facilmente visíveis para

os educadores] Por qualquer outra razão…

- [As relações éticas não são facilmente visíveis para

os educadores porque talvez] não tenham sequer

interesse…

A243

A244

Falta de reflexão

- (…) Os educadores de infância não me parece

terem ainda verdadeiramente sentido a necessidade

de reflectir de forma mais aprofundada sobre a

importância crucial que tem cada vez mais a

formação ética e moral para as crianças…

A100

Page 314: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 20 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Concepções do bom educador”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Concepções do

bom educador

Qualidades

direccionadas

para a pessoa

do aluno

Promotor de felicidade

- [O bom educador] alguém que fosse capaz de fazer

os outros felizes.

- Tenho a certeza que 20 anos depois de um pré-

escolar ou de um ensino básico, ao nível do 1º ciclo,

um aluno recordar-se da sua educadora (…) ou

professora, com afecto, a meu ver será

correspondente a esta ideia de alguém que foi

eticamente capaz de fazer o outro feliz…

- [A educadora/professora] marcou-o [o aluno]

positivamente.

- Esta ideia do alguém que nos faz felizes é associada

a alguém que nos soube ajudar a crescer.

- Alguém que nos ajuda a ser felizes, é certamente

alguém que nos ajuda a saber por onde ir…

A123

A130

A131

A136

A132

Promotor de

desenvolvimento

Promotor da aprendizagem

- (…) Entendo que o educador, tal como também o

professor primário, têm um papel crucial no nosso

processo de desenvolvimento…

- [O educador, tal como também o professor

primário, têm um papel crucial] no que diz respeito à

aquisição dos conhecimentos que decorrem da

normal relação pedagógica em que nos situamos, …

A124

A125

Page 315: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 21 –C onclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Concepções do bom educador”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Concepções do

bom educador

Qualidades

direccionadas

para a pessoa

do aluno

Promotor de

desenvolvimento

Facilitador do crescimento

- [O educador, tal como também o professor

primário, têm um papel crucial] no nosso processo de

crescimento…

- [O educador, tal como também o professor

primário, têm um papel crucial no nosso processo] de

amadurecimento…

- [ O bom educador] alguém que nos provoca quando

nos sentimos mais conformistas …

- [Alguém] que nos tenta estimular (…) para nos

abanar e nós sermos capazes de perceber que temos

que fazer alguma coisa por nós.

A126

A127

A134

A135

Orientador

Sabe orientar

[O educador, tal como também o professor primário,

têm um papel crucial] no nosso processo] de

aprendizagem das escolhas que deveremos fazer…

- [O educador, tal como também o professor

primário, têm um papel crucial] dos caminhos que

deveremos seguir.

A128

A129

Sabe apoiar

- [O bom educador] alguém que nos ajuda quando

precisamos…

A133

Page 316: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 22 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A ética na

formação em

geral

Princípios e

valores

essenciais à

formação dos

educadores

Valores

interpessoais

O diálogo

- (…) O princípio essencial é… o do diálogo.

- Um educador tem que saber dialogar…

A137

A138

A empatia

- (…) Tem que saber colocar-se no lugar do outro…

A139

Fazer-se respeitar

- (…) Tem que se saber fazer respeitar…

A140

O respeito

- (…) Respeitar o outro…

A141

A responsabilidade perante si

- (…) Tem que ser capaz de ser responsável…

A142

Valores pessoais

A autonomia

- (…) Tem que ser capaz de ser autónomo…

- (…) Promover autonomia

A143

A144

O pensamento crítico

- (…) Tem que ser capaz de pensar criticamente …

- (…) Fazer pensar criticamente...

A145

A146

A reflexão

- (…) Tem que ser capaz de reflectir

- (…) Fazer reflectir…

A147

A148

Page 317: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 23 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A ética na

formação em

geral

Importância

da formação

ética

Importância

atribuída pela

Escola

Importância considerável

- [Importância atribuída pela Escola à formação

ética] Eu penso que atribui uma importância

considerável.

- (…) Basta ver por exemplo, que é uma disciplina

[A Axiologia] que tem uma carga horária de (…) 90

horas.

A149

A150

Preocupação com a formação de

competências éticas

- (…) Eu penso que aqui concretamente, há essa

preocupação, em dotar os educadores de

competências éticas.

A154

Processos de

formação

Desenvolvimento da Axiologia em

paralelo com outras disciplinas

- É uma disciplina [a Axiologia] que, facilmente (…)

tem (…) ou pode ter desenvolvimentos, quase que

em paralelo ao nível de outras disciplinas,

nomeadamente a disciplina de Filosofia da

educação…

A151

Realização de trabalhos pelos

alunos em seminários

interdisciplinares

-[ (…)É uma disciplina que, facilmente (…) tem (…)

ou pode ter desenvolvimentos] nos trabalhos que são

realizados pelos alunos, em termos de seminário

interdisciplinar…

- (…) Eles [os alunos] podem promover e

desenvolver um trabalho (…) nesta dimensão ética

mais alargada, tentando construir correspondências

interdisciplinares.

A152

A153

Page 318: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 24 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A ética na

formação em

geral

Valores

promovidos

pela Escola

Valores de carácter humanista-

cristão

- (…) Eu penso que os valores que a escola

privilegia, são essencialmente (…) por aquilo que

tenho visto, valores de carácter humanista, humanista

– cristão.

A155

O professor partilha os valores da

Escola

- (…) São um pouco os valores, ou se quisermos o

quadrante de valores, onde eu próprio me fui

formando e os valores que acredito.

A156

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 25 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação dos ético-deontológica

dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética e a

formação ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

formação

A

disponibilização

da informação

A perspectiva histórico-cultural

contextualizada na

contemporaneidade

- (…) Procuro desenvolver determinado módulo da

matéria, sempre numa óptica evolutiva …

A159

- [Procuro desenvolver determinado módulo da

matéria] a tal perspectiva histórico-cultural,

contextualizando-a com a contemporaneidade.

A160

A desmistificação da novidade

- Gosto que os alunos percebam que aquilo que

falamos hoje, não é algo que seja absolutamente

novo no nosso tempo…

A161

Page 319: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 26 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

formação

A

disponibilização

da informação

A desmistificação da novidade

- [Aquilo que falamos hoje] É algo que já foi novo

em quase todos os tempos, só que surge numa

perspectiva linguística, numa abordagem cultural que

nos dá essa ilusão, de ser uma coisa recente…

- (…) Então procuro desmistificar esta ideia [ de algo

que já foi novo em quase todos os tempos ser uma

coisa recente]…

- (…) Eu tento sempre que as minhas aulas sigam

nesta óptica, isto é, mostrar que o antigo é novo e que

o novo não é de agora…

- (…) Há uma relação quase que de

interdependência, como se houvesse uma reciclagem

temporal das temáticas…

- [Eu tento] fazê-los [aos alunos] pensar nelas [nas

temáticas] …

A162

A163

A172

A173

A174

Promoção do

pensamento

crítico

Provocar

- (…) Mas partindo da ideia genérica de como penso

que ela (a disciplina de Axiologia] irá funcionar (…)

a minha forma de dinamizar as aulas vai ser… é

sempre numa perspectiva provocativa

A158

Page 320: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 27 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

formação

Promoção do

pensamento

crítico

Estabelecer pontes

- (…) Procuro que eles [os alunos] sejam capazes de

construir estas pontes…

- [Procuro que eles sejam capazes] de perceberem

onde de facto podem verificar a existência dessas

pontes, para as quais eu estou a convocá-los.

A164

A165

Fazer pensar

- Essencialmente o meu dinamismo para as aulas é…

nesta perspectiva: é tentar fazer com que sejam

capazes de pensar (…) criticamente.

- Fico satisfeito quando vejo que um aluno sai da sala de

aula a pensar…

- (…) Nesta perspectiva da ética, isso é essencial…

que sejamos capazes de pensar…

A166

A167

A168

Justificação das

estratégias

Comportamentos impulsivos

- (…) È precisamente por muitas vezes não

pensarmos e não reflectirmos essencialmente até nas

pequenas coisas da inter-relação pessoal do nosso

quotidiano, que muitas vezes nem sequer damos

conta que não temos atitudes, nem comportamentos

éticos à altura, daquilo que supostamente deve ser o

padrão de um educador ou de um professor.

A169

Predomínio de preocupações pessoa

- Se porventura deixamo-nos levar ou por

preocupações extra profissionais, depois tudo isso

condiciona o nosso comportamento…

A170

Page 321: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 28 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

formação

Justificação das

estratégias

Predomínio de preocupações

pessoais

- [Se porventura deixamo-nos levar] por

preocupações de natureza pessoal depois tudo isso

condiciona o nosso comportamento…

A171

Sugestões de

actividades

práticas

Aplicação de situações em sala de

aula

- (…) Depois sugerir actividades, a partir daquilo que

se desenvolve em sala de aula…

- (…) Sugerir actividades para contexto de trabalho

específico.

A175

A176

Aplicação à exploração de temas e

histórias

- Por exemplo, como é que se pode desenvolver uma

actividade neste domínio da ética ou da educação em

valores, partindo (…) da protecção ao ambiente…

- [Por exemplo, como é que se pode desenvolver uma

actividade neste domínio da ética ou da educação em

valores partindo] de uma história infantil…

A177

A178

Aplicação a actividades lúdicas

- [Por exemplo, como é que se pode desenvolver uma

actividade neste domínio da ética ou da educação em

valores partindo] da realização de uma outra

actividade lúdica…

A179

Page 322: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 29 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

formação

Sugestões de

actividades

práticas

Estabelecer articulação entre teoria

e prática

- (…) Depois temos sempre uma segunda parte da

aula, que visa tentar visualizar estes aspectos mais

teóricos, para um domínio mais prático…

- (…) O que é que nós poderíamos fazer com essas

coisas aparentemente desligadas da nossa prática …

- (…) O meu esforço é sempre esse, é acabar de vez

com o aparentemente desligado…

- (….) Em termos éticos está tudo ligado…

A180

A181

A182

A183

Salvaguardar a liberdade do

educador

- (…) Depende obviamente muito da inventividade,

do educador… poder fazer de uma forma ou de outra.

(…)

- [Depende obviamente muito] da criatividade (…)

[do educador… poder fazer de uma for do

educador… poder fazer de uma forma ou de outra.]

- [Depende obviamente muito] dos recursos [do

educador… poder fazer de uma forma ou de outra.]

A184

A185

A186

Page 323: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 30 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

desenvolvi-

mento moral

da criança

Ausência de

estratégia

Nenhuma estratégia prévia

- [Estratégias aconselhadas para o desenvolvimento

moral das crianças] Não aconselho estratégia

nenhuma previamente.

A187

Conhecimento

da criança e do

grupo

Observar o grupo para o conhecer

- (…) Aquilo que aconselho (…) aquilo que eu

fundamentalmente recomendo é que observem muito.

- (…) Muitas vezes as situações de conflitos em sala

de aula, ou qualquer problema que um aluno

apresenta (…) qualquer dificuldade até mais

sistemática, qualquer recusa, qualquer reacção mais

extemporânea, pode ser sempre resolvida ou começar

(…) a ser resolvida observando, prestando atenção.

- (…) Se tivesse que recomendar habitualmente uma

estratégia, seria sempre esta: quando se recebe um

grupo, acima de tudo há que lhe dar atenção para

começar a conhecê-lo…

A188

A189

A190

Conhecer cada criança

individualmente

- (…) Ser capaz de falar com cada um…

- (…) Saber o nome de cada um…

- [Saber] os gostos de cada um…

A191

A192

A193

Page 324: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 31 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

desenvolvi-

mento moral

da criança

Construção da

relação afectiva

Dar atenção às crianças

- (…) Ser capaz de entretê-los continuamente, neste

horizonte da tal atenção, que deve ser dada ás

crianças…

- [Ser capaz de entretê-los continuamente, neste

horizonte da tal atenção que deve ser dada] ao grupo

- [Ser capaz de entretê-los continuamente, neste

horizonte da tal atenção] para de uma forma mais

sustentável os conquistar.

A194

A195

A 196

Conquistar afectivamente o grupo

- (…) Neste domínio da educação de infância, a

parte da afectividade é extraordinariamente

importante…

- [A afectividade] é quase que uma estratégia (…) de

conquista para poder formar…

- [A afectividade é quase que uma estratégia] para

poder chamar ao grupo…

A204

A205

A206

Estabelecer relação de olhares

- (…) Esta ideia de diálogo, na qual o professor deve

ser formado, (…) é para ser entendida, não só como

aquele diálogo falado…

- [O diálogo deve ser] entendido como (…) a

relação de olhares, ou seja, entre o observar e o

também se saber observado por parte da criança…

- (…) A criança também obviamente reage…

A197

A198

A199

Page 325: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 32 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

desenvolvi-

mento moral

da criança

Construção da

relação afectiva

Estabelecer relação de olhares

- [A criança] também tem um entendimento, por

muito frágil que possa eventualmente ser (…) da

postura [do educador] …

- [A criança] também tem um entendimento, por

muito frágil que possa eventualmente ser (…) do

comportamento [do educador] …

- [A criança] também tem um entendimento, por

muito frágil que possa eventualmente ser (…) da

atenção [do educador] …

- [A criança] também tem um entendimento, por

muito frágil que possa eventualmente ser (…) do

afecto que é lhe é dispensado pelo educador…

A200

A201

A202

A203

Manter a disponibilidade

- (…) Se eu tivesse que recomendar uma estratégia

seria sempre esta: vejam com atenção, olhem…

- (…) [Se eu tivesse que recomendar uma estratégia

seria sempre esta] estejam disponíveis para …

A207

A208

Impacto da

formação

ética

Condicionalismos pessoais da

avaliação

- (…) Estamos ainda numa perspectiva muito

recente, uma vez que (…) não leccionei esta

disciplina aqui no ano passado…

- (…) É algo que não lhe posso responder

objectivamente, por força de eu próprio só este ano

estar a leccionar a disciplina.

A157

A209

Page 326: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 33 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Impacto da

formação

ética

Condicionalismos pessoais da

avaliação

- (…) Portanto, não posso com este meu primeiro

grupo, não posso medir qualitativamente (…) esse

impacto…

A210

Interesse dos

alunos

Código deontológico da profissão

- (…) No que diz respeito a alunos que estou (…) a

orientar em trabalhos do 4º ano e que (…) chegam já

ao 4º ano com uma carga significativa, em termos de

prática pedagógica, não é que me tenham colocado

propriamente problemas…

- (…) Mas verifico que têm algum interesse genuíno,

em questões relacionadas com o estatuto

deontológico da profissão…

- [Mas verifico que têm algum interesse genuíno,

em questões relacionadas] com a inexistência de um

código deontológico…

A213

A214

A215

Autoridade em educação

[Mas verifico que têm algum interesse genuíno] com

questões relacionadas com a autoridade em

educação…

A216

Valores em educação

- [Mas verifico que têm algum interesse genuíno

com questões relacionadas com] os valores em

educação

A217

Page 327: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 34 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Impacto da

formação

ética

Interesses dos

alunos

Temas ético -deontológicos

- (…) Tenho um naipe de 5 a 6 alunas que trabalham

com particular interesse nestes temas…

A218

Importância da ética na formação

pessoal e social

- (…) São também, segundo me pude informar,

situações nesta escola que são recorrentes em anos

anteriores, ao nível dos seminários do 4º ano…

- (…) No 4º ano há uma percentagem, que eu não

direi que é muito significativa, (…) que pensa estas

questões ao nível de uma formação ética…

- [No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi

que é muito significativa, (…) que pensa estas

questões ao nível] de uma formação social, pessoal

- [No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi

que é muito significativa que] reconhece a

importância da ética na educação…

A219

A220

A221

A222

Em sala de aula

Aplicação das temáticas da ética em

sala de aula

- [No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi

que é muito significativa que] pega nestas temáticas,

para as optimizar depois em sala de aula…

A223

Em sala do pré-

escola

Aplicação das temáticas da ética em

sala de Pré-Escolar

- [No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi

que é muito significativa que] pega nestas temáticas,

para as optimizar depois em sala de pré-escolar.

A224

Page 328: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 35 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Impacto da

formação

ética

Importância da

formação extra-

escolar

Influência do escutismo

- (…) Aquilo de que me apercebi… lá está o tal

conhecimento que se deve ter do aluno (…) da sua

vida de fora escola (…) é que muitos deles tinham

uma formação ao nível do escutismo

- (…) E que por assim ser [terem formação ao nível

do escutismo, os alunos] demonstraram logo ideias

muito concretas [sobre o que queriam, e como

queriam e porque é que queriam fazer e pensar estes

temas….

- [(…) E que por assim ser [terem formação ao nível

do escutismo, os alunos] demonstraram logo ideias

muito determinadas, sobre o que queriam, e como

queriam e porque é que queriam fazer e pensar estes

temas.

A225

A226

A227

Influência das experiências de vida

- (…) Eu penso que aqui há de facto uma

importância grande, mas que tem a ver com

formação anterior…

- [Tem a ver] com outras experiências anteriores,

que os alunos trazem, ou desenvolvem

paralelamente á sua actividade estudantil…

A245

A246

Page 329: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 36 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Impacto da

formação

ética

Importância da

formação extra-

escolar

Influência das experiências de vida

- (…) Assim friamente, imaginando que todos os

alunos chegavam aqui, pelo menos aqueles com os

quais tenho trabalhado (…) sem outro tipo de

experiências extras escolares, eu dir-lhe-ia que todos

eles por inteiro, não sentiriam necessidade de pensar

a sua actividade educativa, também utilizando os

recursos que a formação ética permite, como

contributos desejáveis á pratica profissional

A249

A ética como

construção

O reconhecimento da importância

da ética tem que se construir

- (…) Esta questão da ética na educação, da ética

(…) na educação de infância, (…) é que a visão da

importância que se deve reconhecer a estes temas,

tem que se construir …

A228

O reconhecimento da importância

da ética depende do interesse e da

legitimidade que se lhe atribui

- (…) Esta construção [da importância da ética em

educação] depende muito do interesse [que nós

reconhecemos a essas temáticas] …

- [Esta construção da importância da ética em

educação depende muito] da legitimidade que nós

reconhecemos a essas temáticas.

A229

A230

Page 330: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 37 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Outros

contributos

para a

formação

ética

As disciplinas

A disciplina de Teoria e

desenvolvimento curricular I e II…

e a formação cívica e para a

cidadania

- [O contributo de outras disciplinas para a formação

ética] Eu poderei (…) falar essencialmente daquelas]

que dou, que são (…) quatro (…) a disciplina de

Teoria e desenvolvimento curricular I e II…

- [Nestas disciplinas] tento fazer perceber aos alunos

(…) como podem integrar (…) formações no

domínio da educação cívica [ nos conteúdos que

seriam eventualmente menos susceptíveis de serem

trabalhados] …

- [Nestas disciplinas tento fazer perceber aos alunos

(…) como podem integrar, (…) formações no

domínio] da educação para a cidadania [nos

conteúdos que seriam eventualmente menos

susceptíveis de serem trabalhados] …

A249

A250

A251

A disciplina de Teoria e

desenvolvimento curricular I e II e a

formação pessoal e social

- [Tento fazer perceber aos alunos (…) como podem

integrar (…) formações no domínio] de uma

formação pessoal e social nos conteúdos que seriam

eventualmente menos susceptíveis de serem

trabalhados …

A252

Os valores humanistas estão

presentes nestas disciplinas

- (…) Tirando estas disciplinas em concreto, eu

penso que pelo elenco que vejo dessas disciplinas

[neste universo de valores que considero humanistas

que eles estão presentes, (…) nem que seja numa

perspectiva de currículo oculto

A255

Page 331: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 38 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Outros

contributos

para a

formação

ética

O currículo

oculto da Escola

Os valores humanistas estão

presentes na orientação da Escola

. - (…) Até pela orientação da escola (…) neste

universo de valores que considero humanistas que

eles estão presentes, (…) nem que seja numa perspectiva de currículo oculto.

A256

Propostas de

alteração à

formação

ética

Introdução de

novas disciplinas

A Ética na perspectiva histórico-

cultural

- (…) Se eu pudesse alterá-la [a formação ética]

tentaria que (…) houvesse uma disciplina mais

abrangente, em termos das temáticas éticas (…)

naquela perspectiva de evolução histórico-cultural.

A257

Perspectiva ética subjacente aos

modelos pedagógicos

- (…) Tentaria que houvesse talvez uma outra

(disciplina) que tentasse a partir dos diferentes

modelos pedagógicos para a educação de infância,

(…) fazer ver aos educadores, qual o quadro ético-

moral que lhes está subjacente,

- (…) O quadro ético-moral subjacente [aos modelos

pedagógicos para a educação de infância] remeteria

depois para (…) a ideia que nesses modelos

pedagógicos está presente o individuo…

- [O quadro ético-moral subjacente aos modelos

pedagógicos para a educação de infância remeteria

depois para (…) a ideia que nesses modelos

pedagógicos está presente] a sociedade…

A258

A259

A260

Page 332: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 39 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Propostas de

alteração à

formação

ética

Introdução de

novas disciplinas

Perspectiva ética subjacente aos

modelos pedagógicos

- [O quadro ético-moral subjacente [aos modelos

pedagógicos para a educação de infância remeteria

depois para (…) a ideia que nesses modelos

pedagógicos está presente] eventualmente o homem

em termos futuros…

A261

Leitura ético-moral dos modelos

pedagógicos num plano cultural e

antropológico

- (…) Era como se fosse uma segunda parte da

disciplina que tentaria pegar na dimensão

pedagógica dos modelos (…) [e fazer a sua leitura

ética e moral, sempre nesse plano cultural e

antropológico alargado…]

- [Era como se fosse uma segunda parte da disciplina

que tentaria pegar] (…) nas próprias concepções

curriculares e fazer a sua leitura ética e moral,

sempre nesse plano cultural e antropológico

alargado…]

A262

A263

Formação mais

alongada

A necessidade de mais tempo para a

construção ética do aluno

- (…) Para que fosse possível aos alunos de uma

forma mais incisiva, mais demorada no tempo

[construir (…) a sua (…) área do conhecimento do

mundo] …

- (…) Porque estas coisas da ética precisam de

tempo porque são do domínio das relações…

A264

A265

Page 333: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 40 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Os professores

e a profissão

Funções do

professor

Informação

Profissional da informação

- [Os profissionais da educação] são profissionais da

informação…

A268

Formação

Profissional da formação

[Os profissionais da educação] são essencialmente

[profissionais] da formação

- [Os profissionais da educação] São pessoas que

formam pessoas…

A269

A332

Relacionais

Promotor da socialização

- [Os profissionais da educação são pessoas] que se

relacionam com pessoas…

- [Os profissionais da educação são pessoas] que

socializam…

A333

A334

Requisitos do

professor

Saberes Têm que saber ser informados

- [Os profissionais da educação] têm que saber…

- [Os profissionais da educação] têm que saber ser

informados na sociedade em que vivemos

- [Os profissionais da educação] têm que saber

apostar na sua formação (…) perspectivada ao longo

da vida…

A270

A321

A322

Page 334: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 41 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Os professores

e a profissão

Requisitos do

professor

Competências

relacionais

Têm que saber estar em sociedade

- (…) Têm que desenvolver um saber estar…

- (…) Têm que saber estar em sociedade…

- [Os profissionais da educação têm que

desenvolver] um saber ser…

A271

A320

A272

Têm que saber relacionar-se com os

intervenientes do processo

educativo

- (…) Têm que se saber relacionar, (…) com as

crianças…

- [Têm que se saber relacionar] com as famílias…

- [Têm que se saber relacionar] com os colegas…

- (…) São todos eles profissionais que têm que saber

relacionar-se com os outros…

- [Têm que se saber relacionar] com a comunidade

A273

A274

A275

A319

A276

Competências

técnicas

Tem que ter competências

específicas para a sua acção

profissional

- (…) Têm que ter todos eles competências (…)

direccionadas e específicas para o seu segmento de

acção profissional…

- (…) Mas são essencialmente competências do

profissional da educação e do profissional em

educação.

A323

A324

Page 335: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 42 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Os professores

e a profissão

A educação

como conceito

unificador

A educação é um processo uno

- (…) A educação não deve ser entendida segundo

segmentos…

- (…) Ela é Educação; é um contínuum de

formação…

- (…) A educação é um só universo…

A315

A316

A331

Os profissionais são

comprometidos com a educação

- (…) Ela [a educação] tem também um contributo

de diferentes profissionais na sua especificidade ao

longo do processo.

- (…) Mas são todos eles profissionais

comprometidos com a educação…

A317

A318

A

responsabilidade

da profissão

Fundamentos

Uma responsabilidade acrescida

- (…) Considero importante porque a importância

que têm as diferentes sociedades [é óbvio que isso,

de algum modo traduz uma responsabilidade

acrescida] …

- [Considero importante porque… a importância

que têm] os profissionais da educação, é óbvio que

isso, de algum modo traduz uma responsabilidade

acrescida …

A266

A267

Os direitos e deveres

- [O profissionais da educação são pessoas] que

têm direitos e devieres

A335

Page 336: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 43 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Os professores

e a profissão

A

responsabilidade

da profissão

Fundamentos

Uma grande visibilidade

[Os profissionais da educação] são figuras que têm

uma determinada visibilidade na comunidade…

- (…) É uma profissão que tem uma grande

Visibilidade…

A277

A278

Necessidade de

regras

Regras gerais

- (…) E por ter uma grande visibilidade [a

profissão] … julgo que é necessário que as regras

de… deve e haver (...) [devem ser claras,

transparentes] ……

- [As regras] de comportamento (…) [devem ser

claras, transparentes] …

- As atitudes [devem ser claras, transparentes] …

- [As regras devem estar ] devidamente

regulamentadas…

A279

A280

A281

A282

Regras de colocação de professores

- (…) Também sabemos que é uma profissão onde

se acede propriamente á prática profissional, em

muitos casos pela via do concurso...

- (…) E talvez por isso, devam também ser claras

as regras que permitem a colocação de

profissionais, numa perspectiva da sua

competência científica …

A283

A284

Page 337: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 44 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Os professores

e a profissão

A

responsabilidade

da profissão

Necessidade de

regras

Regras de colocação de professores

- [E talvez por isso, devam também ser claras as

regras que permitem a colocação de profissionais,

numa perspectiva da sua competência]

pedagógica…

-[ E talvez por isso, devam também ser claras as

regras que permitem a colocação de profissionais]

(…) também numa perspectiva da sua formação

humana…

A285

A286

Page 338: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 45 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Deontologia

da profissão

docente

Conceito

O saber do dever ser

- (…) Em termos etimológicos, deontologia será

alguma coisa como a ciência ou o saber do dever

ser…

A289

Importância

Particularmente importante

- (…) Eu penso que esta ideia de deontologia é

particularmente importante…

A288

Objectivos do

código

Promover relações de transparência

e justiça

- (…) Entendo não só ao nível da educação, como é

óbvio, mas neste domínio concreto, que devemos

saber ser o melhor possível, para que as relações

entre pares sejam claras, sejam transparentes…

- [Entendo não só ao nível da educação, como é

óbvio, mas neste domínio concreto, que devemos

saber ser o melhor possível, para que as relações

entre pares] sejam feitas de justiça.

A290

A291

Necessidade do

código

Perspectiva

idealista

Não considera necessário

- (…) Mentir-lhe-ia se lhe dissesse que acho

necessário, seja em que área for, códigos

deontológicos. Não, não acho …

A293

Promover aprendizagens na base

do dever ser

- (…) Numa perspectiva idealista, (…) penso que

devemos todos (…) cada um de nós (…) que entra

e que sai do sistema de ensino e que ao longo da

vida (…) continua a promover as suas

aprendizagens devem ser sempre numa perspectiva

de dever ser …

A294

Page 339: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 46 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Deontologia

da profissão

docente

Necessidade do

código

Perspectiva

idealista

Promover aprendizagens na base

do dever ser

- (…) Como é que eu devo ser em face disto

- [Como é que eu devo ser] em face de alguém …

A295

A296

Desenvolver o saber estar numa

perspectiva de aperfeiçoamento

constante

- (…) Como é que eu devo perspectivar o meu

saber estar, sempre numa óptica de

desenvolvimento (…) constante…

- (…) Como é que eu devo perspectivar o meu

saber estar, sempre numa óptica de (…)

aperfeiçoamento constante…

A297

A298

Perspectiva

realista

O comportamento ético-moral

inato não é viável

- (…) É como se houvesse aqui uma dimensão

quase de comportamento ético-moral inato…

- (…) Mas isso (…) …não é viável [o

comportamento ético-moral inato]

A299

A300

A necessidade de clarificação de

estatuto

- (…) Por nós sermos seres aprendentes,

desejavelmente sempre aprendentes que por vezes

se torna necessário, para clarificar estatuto (…)

[haver uma regulamentação ao nível deontológico].

A301

A necessidade de clarificação de

desempenho de papéis

- (…) Para clarificar também desempenho de

papéis, é necessário haver uma regulamentação ao

nível deontológico.

A302

Page 340: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 47 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Deontologia

da profissão

docente

Inconvenientes

do código

Não vê desvantagens

- (…) Não vejo assim desvantagens… (…) que

sejam de tal forma clamorosas, que justifiquem a

inexistência do código…

A292

Composição do

código

Deveres

Deveres de competência relacional

- (…) Deveres que remetam para a capacidade e a

competência da relação.

A303

Deve contemplar as

especificidades necessárias

- (…) Deve contemplar eventualmente as

especificidades próprias que lhe entenderem

atribuir…

A330

Processos de

elaboração

Desenvolvido numa perspectiva de

administração da política educativa

- (…) Tentar que este documento pudesse ser

desenvolvido simultaneamente, sob uma

perspectiva da administração política educativa…

A308

Desenvolvido numa perspectiva

científico-pedagógica da educação

- [Tentar que este documento pudesse ser

desenvolvido simultaneamente] numa perspectiva

científico-pedagógica e da profissão…

A309

Page 341: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 48 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Deontologia

da profissão

docente

Autoria

Professores com formação ética

- [Participação na elaboração do código

deontológico] Certamente, pessoas com formação

no domínio da ética…

- (…) Desejavelmente profissionais da educação,

simultaneamente com formação na ética mas

também com experiência na educação. …

A304

A305

Representantes das organizações

dos educadores

- (…) Também desejavelmente representantes das

organizações de profissionais de educação de

infância…

A306

Elementos do ME

- (…) Certamente também elementos do M.E.

A307

Participação conjunta de

professores, representantes de

organizações e M.E.

- (…) Fundamentalmente estes três segmentos de

público, poderiam desejavelmente contribuir para a

realização deste tipo de documento…

A310

Abrangência do

código

Todos os professores

indiferenciadamente

- (…) Essencialmente ele deve abranger todos os

professores.

- (…) Por muito que queiramos também

estabelecer aqui diferenças [que ás vezes não

existem, por muito que as desejemos] …

A311

A312

Page 342: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 49 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Deontologia

da profissão

docente

Abrangência do

código

Todos os professores

indiferenciadamente

- [Por muito que queiramos] criar especificidades

que ás vezes não existem, por muito que as

desejemos…

- (…) No domínio da educação, da formação nesta

perspectiva, eu desejavelmente entendo que, o

código deontológico deveria abranger todos os

profissionais da educação.

A313

A314

Um código para cada grau de

ensino não é benéfico

- (…) Não vejo, como nem particularmente

benéfico… nem o contrário haver um a código para

cada…para o professor do 1º ciclo…

- [Não vejo, como nem particularmente benéfico…

nem o contrário haver um a código] para o

educador de infância…

- [Não vejo, como nem particularmente benéfico…

nem o contrário haver um a código] para o

professor do 2º ciclo …

A325

A326

A327

Abrangente e único

- (…) Eu penso que ele deve ser abrangente…

A328

- [Eu penso que ele] deve ser único. …

A329

Page 343: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista A

Quadro 50 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R

Deontologia

da profissão

docente

Opinião face ao

código

O código como elemento de força

numa óptica política

- (…) Eu penso que seria mais benéfico e até

certamente mais forte (…) segundo uma leitura

política (…) [haver uma Ordem…perdão… código

deontológico]

A336

O código como forma de pressão

social

- [Eu penso que seria mais benéfico e até

certamente mais forte (…)] em termos de pressão

social (…) [haver uma Ordem…perdão… um

código deontológico].

A337

O código como parceiro social

-[ Eu penso que seria mais benéfico e até

certamente mais forte (…) em termos de]

parceiro social haver uma Ordem…perdão… um

código deontológico.

A338

Page 344: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO C2

ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO

PROFESSOR B

Page 345: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Conceito

de ética

Concepções

universalistas

A ética é inerente ao humano

- (…) O que é ético é aquilo que tem a ver com o

humano…

- (…) O que é humano é ético…

- (…) É aquilo que nos obriga de certa maneira a

estender o laço da relação ao outro…

B3

B8

B9

Concepções

contextualistas

A ética como um desafio

- (…) Tudo aquilo que tem a ver com as questões da

ética são neste momento e até por condicionantes

(…) da sociedade, do mundo em que nós vivemos,

as questões (…) mais desafiantes enquanto

professora…

-[ As questões éticas são as mais desafiantes] na

perspectiva que adquiri pela experiência (…)

contribuindo para a formação de outros professores e

também de educadores de infância.

B1

B2

A relação pedagógica como relação

ética

- (…) A relação pedagógica que se estabelece entre o

educador, o professor e os alunos, as crianças,

assenta fundamentalmente numa base humana …

- [A relação pedagógica (…) assenta

fundamentalmente na] tentativa de descoberta do

outro…

B4

B5

A relação ética como base da

formação

-[ A relação pedagógica (…) assenta] em tudo aquilo

que tem a ver com a formação ou educação plena…

- [(…) Assenta em tudo aquilo que tem a ver] com de

formação do outro ser humano…

B6

B7

Page 346: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 2 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Perspectiva

do professor

sobre o

conceito de

“Bem do

aluno”

Resulta da experiência pessoal do

professor

- O bem do aluno é …(…) uma questão que se calhar

passa por alguma subjectividade da minha parte…

- (…) Resulta muito da minha experiência…

- [Resulta muito] do olhar, da reflexão que pela

prática nós vamos fazendo…

B89

B90

B91

Centrada no

desenvolvimento

pessoal

Orientar o aluno para realizar a sua

humanidade

- (…) O bem do aluno é torná-lo verdadeiramente

humano…

-- [O bem do aluno] (…) É orientá-lo…

-[ O bem do aluno é fazer com que criança perceba]

que existe fundamentalmente uma pessoa humana

dentro dele, único e irrepetível…

- (…) È necessário, e que é responsabilidade do

educador, como agente de educação, saber de certo

modo evidenciar [a pessoa humana dentro dele

(o aluno) único e irrepetível] …

- [È necessário, e que é responsabilidade do

educador, como agente de educação, saber de certo

modo] fazer nascer [a pessoa humana dentro dele (o

aluno) único e irrepetível] …

- (…) O bem do aluno, aqui é verdadeiramente

formá-lo, no sentido de ser um bom humano…

B92

B93

B103

B104

B105

B106

Page 347: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 3 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Perspectiva

do professor

sobre o

conceito de

“Bem do

aluno”

Centrada no

desenvolvimento

pessoal

Orientar através de referências

- (…) Uma criança pequenina, eu diria até o

adolescente… ele precisa sempre de pontos de

referência…

- (…) Aqui o bem do aluno, é fazer contribuir

decisivamente para que o aluno, a criança, possa ir

ao encontro daquilo que ela verdadeiramente é capaz

reconhecendo sempre os nossos limites…

B94

B95

Reconhecimento da origem animal

- (…) Não nos podemos esquecer nunca que, antes

de mais nós somos seres biológicos

- (…) Somos muito animais…

B96

B97

Promover as suas competências e

capacidades

- [É verdadeiramente formá-lo, no sentido de ser um

bom ser humano] do ponto de vista das suas

competências …

- [É verdadeiramente formá-lo, no sentido de ser um

bom ser humano] do ponto de vista das suas

capacidades.

B109

B110

Centrada no

desenvolvimento

social

Apoiar a integração do aluno no

mundo

- (…) É por via da socialização (…) [fazer com que,

á medida que a criança vai entrando no mundo… vai

conhecendo o mundo] …

- [É por via da] educação, e aqui dentro da educação,

(…) tudo aquilo que são os verdadeiros agentes

responsáveis por ela (…) fazer com que, á medida

que a criança vai entrando no mundo… vai

conhecendo o mundo…

B98

B99

Page 348: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 4 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Perspectiva

do professor

sobre o

conceito de

“Bem do

aluno

Centrada no

desenvolvimento

social

Dar a conhecer os limites e as regras

- [(…) Fazer com que, á medida que a criança vai

entrando no mundo a criança] perceba que existem

limites…

- [(…) Fazer com que, á medida que a criança vai

entrando no mundo a criança perceba] que existem

regras…

B100

B101

Ajudar a distinguir o bem do mal

- [(…) Fazer com que, á medida que a criança vai

entrando no mundo a criança perceba ] que existe a

noção do que é o bem e do que é o mal…

B102

Formar o aluno a nível social e ético

-[(…) É verdadeiramente formá-lo, (o aluno) no

sentido de ser] um bom ser humano, do ponto de

vista social…

- [(…) É verdadeiramente formá-lo, no sentido de

ser um bom ser humano] do ponto de vista ético…

B107

B108

Page 349: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 5 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Conceito de

justiça

A justiça é ética

- O conceito de justiça aqui é novamente um

conceito ético…

B117

Falível sob o ponto de vista humano

- […] Todos nós sabemos que enquanto seres

humanos que somos, tantas vezes erramos…

B118

Conceito de

prof. justo

Características

do prof. justo

Avalia considerando todas as

variáveis

- (…) Eu julgo que o professor justo é, pelo menos

aquele que em consciência, considera todas as

variáveis no momento da avaliação…

- (…) No momento de determinar um valor, uma

quantificação, uma nota, ele (o professor) não

esquece nenhuma variável…

- (…) Aqui o carácter de justo, ou de professor

justo, é aquele que pelo menos no momento de

considerar a avaliação, ele não esquece nenhuma

variável…

B119

B120

B126

Meios de

assegurar a

justiça

Avalia com objectividade a

produção do aluno

- [No momento da avaliação] tento sempre recorrer a

dados o mais objectivos possível…

- [No momento da avaliação tento sempre recorrer]

aquilo que o aluno produziu, em termos de …. mais

objectivável, mais concreto…

B121

B122

Page 350: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 6 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Conceito de

prof. justo

Meios de

assegurar a

justiça

Avalia com objectividade a

produção do aluno

- [No momento da avaliação (…) tento sempre

recorrer] (…) também aquilo que foi verificável …

- (…) De uma forma o mais objectiva possível (o

professor) deve aproximar o trabalho do aluno…

- (…) Ele procura ser certeiro na classificação que

dá, ou na avaliação que faz.

B123

B127

B130

Constrói escala de avaliação de

competências

- [(…) Tento sempre] Construir uma espécie de

escala de avaliação das tais competências (…) que o

professor, que o educador, deve ter sempre em

mente, quando está a realizar o seu trabalho…

- [(…)Tento sempre construir uma espécie de escala

de avaliação das tais competências (…) que o

professor, que o educador] quer fazer desenvolver

nos seus alunos.

B124

B125

Consciente das implicações éticas da

avaliação

- (…) Não se está avaliar o aluno enquanto pessoa

humana…

- (…) Está-se a avaliar o trabalho do aluno…

B128

B129

Page 351: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 7 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Dilemas

éticos dos

professores de

Axiologia.

Os dilemas são

uma constante

da profissão

O professor confronta-se com

situações dilemáticas com alunos

e com colegas

- (…) Quando o professor (…) encara a sua profissão

(…) deontologicamente com alguma consciência do

seu trabalho, constantemente ele encontra aqui e ali

muitas vezes até na relação (…) com os alunos (…)

situações que são dilemáticas…

B131

- [Quando o professor (…) encara a sua profissão]

(…) deontologicamente com alguma consciência do

seu trabalho, constantemente ele encontra aqui e ali

muitas vezes até na relação (…) com os colegas, (…)

situações que são dilemáticas…

B132

A resolução de dilemas apela à

consciência do professor

- [As situações dilemáticas] (…) que nos obriga (…)

a apelar á nossa consciência para tentar encontrar

uma solução…

B133

Os dilemas são inevitáveis porque o

professor trabalha com seres

humanos

- (…) O educador/professor trabalha com seres

humanos e portanto (…) às vezes é inevitável ter que

ser confrontado com estas situações.[dilemáticas] …

B169

Page 352: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 8– continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Problemas

não

dilemáticos

Problemas com

a apreciação dos

colegas

Os juízos de valores sobre os

colegas nem sempre são positivos

- (…) Tantas vezes na relação com os outros

professores avaliar ou pelo menos passar pela nossa

cabeça algum juízo de valor não tão positivo…

- (…) Era tão bom que todos nós fizéssemos uma

avaliação sempre boa do nosso desempenho…

- [Era tão bom que todos nós fizéssemos uma

avaliação sempre boa] do desempenho de com quem

nós trabalha…

B134

B135

B136

Percepção das falhas éticas dos

colegas

- (…) Tantas vezes nós vemos infelizmente (…)

outros professores muitas vezes a ser pouco

conscientes (…) do seu trabalho …

- (…) É verificar muitas vezes na realidade que, nem

sempre o trabalho do professor, ou de outros

professores, é um trabalho verdadeiramente sério…

B137

B138

Falta de preparação das aulas

- (…) Quando nós vemos que há colegas nossos que

vão para a escola e tantas vezes sobre o joelho antes

da aula vão dar ali uma vista de olhos nos conteúdos,

na matéria …

B139

Desacordo em relação ao modo

como se fala do aluno

- (…) Às vezes até no modo como falam na sala de

professores sobre o aluno A. o aluno B…

- (…) Eu verdadeiramente (…) oponho-me

completamente a este tipo de prática [comentários

sobre os alunos na sala dos professores] …

B140

B141

Page 353: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 9 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Problemas

não

dilemáticos

Problemas com

a apreciação dos

colegas

Desacordo em relação ao modo

como se fala do aluno

- (…) Na relação por exemplo, com os nossos

alunos, deve ser um trabalho (…) muito parecido

com o trabalho do médico…

- (…) Tem que haver ali alguma contenção naquilo

que se diz […da vida pessoal do aluno] …

- [Tem que haver ali alguma contenção] no modo

como se diz [… da vida pessoal do aluno] …

- [Tem que haver ali alguma contenção com] o que

se revela […da vida pessoal do aluno] …

- [Tem que haver ali alguma contenção] como é que

se revela, às vezes da vida pessoal do aluno…

B142

B143

B144

B145

B146

A divulgação da informação sobre

os alunos limitada a vários contextos

.

- (…) Embora eu às vezes entenda que é preciso

haver conhecimento de determinadas questões que

envolvem os alunos, ou a vida pessoal dos alunos

para (…) percebermos o que está na origem de um

comportamento mais agressivo…

.

- [Embora eu às vezes entenda que é preciso haver

conhecimento de determinadas questões que

envolvem os alunos, ou a vida pessoal dos alunos

para (…) percebermos o que está na origem de (…)

dificuldades de aprendizagem...

B147

B148

Page 354: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 10 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Problemas

não

dilemáticos

Problemas com

a apreciação dos

colegas

A divulgação da informação sobre

os alunos limitada a vários contextos

- (…) Refiro-me mais ao modo como muitas vezes,

se fala do aluno, ou dos alunos, ou da vida dos

alunos, sem que haja aqui a noção de que nem tudo

pode ser dito…

- [Refiro-me mais ao modo como muitas vezes, se

fala do aluno, ou dos alunos, ou da vida dos alunos,

sem que haja aqui a noção de que] nem tudo deve ser

dito, em determinados contextos.

B149

B150

Atitude face

ao problema

Atitude de

distanciamento

Procura não se envolver em

situações que condena

- [Confrontada com situações dessas] (…) Procuro

nunca me envolver… - (...) Se eu não aceito, então não posso permitir-me a

mim própria envolver-me…

- (…) Ou então às tantas estar já dentro daquilo que

verdadeiramente condeno.

B151

B152

B153

Distancia-se dos outros professores

(…) Também é um facto que ás vezes é difícil, [não

se envolver] porque nos tratam muitas vezes com

uma atitude de arrogância…

- [Ás vezes é difícil (não se envolver) porque nos

tratam muitas vezes com uma atitude] de

indiferença…

- [Ás vezes é difícil (não se envolver), porque nos

tratam muitas vezes com uma atitude] de pouco

interesse, em relação a determinadas situações.

B154

B155

B156

Page 355: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 11 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Atitude face

ao problema

Dependente do

contacto

Depende da postura pessoal e das

relações que mantém no meio

escolar

- (…) Parece-me ainda assim que (…) depende

muito da nossa postura…

- [Depende muito] do relacionamento que mantemos

na escola…

- [Depende muito do relacionamento] com os outros

colegas

- [Depende muito do relacionamento] até com os

próprios alunos…

B157

B158

B159

B160

Avalia o seu envolvimento na

situação

- (…) A minha postura é sempre (…) de saber

exactamente qual é o meu papel, naquela situação em

concreto…

B170

Depende dos

efeitos

Atende as situações que se reflectem

no seu trabalho e na sua relação com

o aluno

- (…) Se é um assunto… se é alguma coisa que se

diz, que tem relevância de facto no trabalho do aluno

(…) eu certamente não serei indiferente…

[Se é um assunto… se é alguma coisa que se diz que

tem relevância] no meu trabalho (…) eu certamente

não serei indiferente…

- Se é um assunto… se é alguma coisa que se diz tem

relevância] no meu relacionamento com o aluno, eu

certamente não serei indiferente…

- (…) Acolherei aquilo que o outro colega me disser

ou me vier contar...

B171

B172

B173

B174

Page 356: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 12 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Atitude face

ao problema

Dependente dos

efeitos

Desvaloriza as situações que não

interferem no seu trabalho

- (…) Se considerar (…) que não é de todo algo que

interfira no trabalho dele (…) eu sou muito sincera e

educadamente eu desvalorizo a situação…

- [Se considerar (…) que não é de todo algo que

interfira] no relacionamento do aluno com a escola

(…) eu sou muito sincera e educadamente eu

desvalorizo a situação…

- [Se considerar (…) que não é de todo algo que

interfira] com a minha disciplina em particular (…)

eu sou muito sincera e educadamente eu desvalorizo

a situação…

- [Se considerar (…) que não é de todo algo que

interfira] com o meu trabalho em particular, eu sou

muito sincera e educadamente eu desvalorizo a

situação…

- (…) E procuro sempre não prolongar muito a

conversa…

- (…) Portanto, dando a entender que não é um

assunto muito importante, muito relevante …

B175

B176

B177

B178

B179

B180

Page 357: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 13 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Atitude face

ao problema

Dependente da

postura

individual

Depende de como cada um gere as

situações

- (…) Admito que seja uma questão mais de

personalidade do que aqui um princípio mais

universal…

- (…) Depende se calhar muito de cada um de nós …

o modo como gerimos essas situações mais

particulares.

B181

B182

Causas dos

dilemas

Pressão social

sobre funções do

professor

O professor é um profissional da

educação

- (…) Eu procuro nunca esquecer-me disto: o

professor/educador é um profissional de educação…

B161

O professor não pode substituir os

encarregados de educação

- [O professor/educador] (…) Não é um pai…

- [O professor/educador] (…) não é uma mãe…

- [O professor/educador] nem se pode substituir a

esses agentes…

B162

B163

B164

A pressão social contribui para a

confusão de funções do professor

- (…) Eu penso que até por via da pressão social que

existe sobre o nosso trabalho, muitas vezes nós

misturamos as coisas umas com as outras.

B165

Page 358: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 14 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

O professor e

a ética

Causas dos

dilemas

Mistura de

funções

Os dilemas resultam do professor

misturar funções

- (…) Quando existem dilemas, os dilemas (…)

[resultam (…) do facto de nós misturarmos as

coisas].

- [Quando existem dilemas] (…) os problemas (…)

[resultam (…) do facto de nós misturarmos as

coisas].

- [Quando existem dilemas] (…) os conflitos

resultam (…) do facto de nós misturarmos as coisas.

B166

B167

B168

Page 359: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 15 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

A importância

da formação

moral

da criança

O contacto precoce da criança com

as instituições de apoio à infância

- (…) Como nós sabemos (…) as crianças vão cada

vez mais cedo para o Jardim…

- [Como nós sabemos (…) as crianças vão cada vez

mais cedo para] (…) para os berçários…

B14

B15

O papel do

educador

Consciente da importância que tem

na formação das crianças

- (…) Eu penso que mais até do que as competências

(…) o educador (…) deve ser absolutamente

consciente da importância que tem na formação em

educação das crianças…

- [Eu penso que mais até do que] os conhecimentos

efectivos, o educador (…) deve ser absolutamente

consciente da importância que tem na formação em

educação das crianças…

B10

B11

Reconhecer-se como agente ético

- (…) E por ter essa consciência plena [da

importância que tem na formação em educação das

criança] ele (o educador) deve reconhecer-se

fundamentalmente como um agente ético…

B12

Page 360: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 16 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de

infância”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

A importância

da formação

moral

da criança

O papel do

educador

Reconhecer-se como formador de

seres humanos

- [Ele (o educador) deve reconhecer-se

fundamentalmente como] um ser humano que forma

outros seres humanos…

- (…) Não nos podemos esquecer que, qualquer que

seja o nível (…) com a qual o educador, ou o

professor (…) trabalha… ele trabalha sempre numa

perspectiva de formar um ser humano…

- [Não nos podemos esquecer] qualquer que seja aqui

a idade com a qual o educador, ou o professor, (…)

trabalha… ele trabalha sempre numa perspectiva de

formar um ser humano…

- [(…) O educador ou o professor] não pode nunca

esquecer que, um dos pilares fundamentais da sua

acção, é o outro ser humano …

B13

B26

B27

B28

Requisitos do

exercício

ético

Saber reflectir

Necessidade de reflectir sobre

relação com as crianças e com os

pais

- (…) Tem que haver uma tomada de consciência

muito, muito profunda, do papel do educador,

quando mantém uma relação tão próxima, tão

decisiva junto das crianças …

- [Tem que haver uma tomada de consciência muito,

muito profunda, do papel do educador, quando

mantém uma relação] tão próxima, tão decisiva junto

também dos pais dessas crianças…

B16

B17

Page 361: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 17 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

Requisitos do

exercício

ético

Saber reflectir

Necessidade de tomar consciência

dos limites do seu trabalho

- (…) Eu penso que neste momento a ética, a postura

ética, exige ao educador uma tomada de consciência

muito profunda… .

- [A postura ética, exige ao educador] verificar que

essa acção deve começar muitas vezes por identificar

os limites (…) do seu trabalho.

B23

B24

Necessidade de identificar os

deveres deontológicos do seu

trabalho

- [A postura ética, exige ao educador] verificar que

essa acção deve começar muitas vezes por identificar

(…) os deveres deontológicos…do seu trabalho.

B25

Dinamizar

interacções

éticas

Reconhecer as interacções do seu

trabalho

- (…) Uma outra perspectiva muito importante e eu

acho que é decisiva, é o educador, o professor,

reconhecer as várias interacções que ele vai manter

ao longo do seu trabalho.

B18

A relação de proximidade ética com

a criança

- (…) O contributo [do educador] na educação para a

criança…

- Aqui a relação de proximidade ética com a criança

B19

B29

A relação de proximidade ética com

os pais e outros responsáveis pela

criança

- [A relação de proximidade ética] depois,

naturalmente com os pais…

- (…) O tipo de relação que mantém com os pais das

crianças … no fundo os responsáveis pelas

crianças… - (…) Quando eu refiro aqui os pais, estou a falar dos

pais biológicos

B30

B20

B31

Page 362: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 18 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

Requisitos do

exercício

ético

Dinamizar de

interacções

éticas

A relação de proximidade ética com

os pais e outros responsáveis pela

criança

- (…) Estou a admitir aqui (…) o conceito de família

numa perspectiva mais alargada…

- (…) Quem acolhe, quem acompanha directamente

a criança…

B32

B33

A relação de proximidade ética de

respeito, conhecimento e abertura

com outros educadores

- [O tipo de relação que mantém] depois com os

outros colegas…

- (…) Penso que uma forma também muito

particular, até por todas as mudanças (…) pelas quais

o sistema educativo está a passar…uma proximidade

ética de respeito (…) em relação aos outros

educadores…

- [Uma proximidade ética] de conhecimento (…) em

relação aos outros educadores…

- [Uma proximidade ética] de abertura em relação

aos outros educadores…

- (…) Essa relação ética estende-se sempre ao outro

educador…

- [O outro educador] tal como nós, tudo faz em prol

da…de uma sociedade mais bem formada…

- [Essa relação ética estende-se sempre ao outro

educador, que tal como nós, tudo faz] apostando de

uma forma positiva na educação.

B21

B34

B35

B36

B42

B43

B44

Page 363: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 19 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

Requisitos do

exercício

ético

Dinamizar de

interacções

éticas

A relação ética com a Escola

enquanto instituição

.

- (…) Esse prolongar desse olhar ético, deve ir

também para a escola enquanto instituição.

- [O tipo de relação que mantém] com toda a escola

enquanto instituição

- (…) Esses elos éticos da relação com o outro (…)

[que é tudo isso que a ética impõe ou implica] …

- [Esses elos éticos da relação] de proximidade, com

o outro (…) [que é tudo isso que a ética impõe ou

implica] …

- [Esses elos éticos] de escuta, que é tudo isso que a

ética impõe ou implica…

- [Esses elos éticos] deve estar também pressuposta

nessa relação, com outros agentes que fazem a escola

enquanto instituição…

B45

B22

B50

B51

B52

B53

A integração das escolas em

Agrupamentos influi na qualidade

das interacções

- (…) As escolas já não tendem a ser locais

isolados…

- [As escolas] estão inseridas em contextos…

- [As escolas] estão inseridas em espaços…

- [As escolas estão inseridas] em Agrupamentos

B46

B47

B48

B49

Page 364: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 20 –continuação Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

Requisitos do

exercício

ético

Dinamizar de

interacções

éticas

A relação de proximidade ética e de

escuta com as autarquias

- [Esses elos éticos de proximidade e de escuta deve

estar também pressuposta nessa relação] (…) com

os agentes sociais que envolvem a escola (…) desde

as autarquias, ás Juntas de Freguesia…

B54

A relação de proximidade ética e de

escuta com os agentes da

comunidade

- (…) A proximidade que deve haver sempre entre o

educador e os demais agentes que, contribuem numa

comunidade, para definir percursos comuns trajectos

comuns (…) sempre em nome de …de uma

educação melhor.

- (…) Julgo que serão esses à partida, os tais outros

agentes, que também colaboram para a nossa atenção

de proximidade, em relação aos outros.

B55

B56

Desenvolver

trabalho de

parceria

Professores e educadores tendem

cada vez mais a trabalhar em

conjunto

- [Os outros educadores] são sempre parceiros na

construção de projectos de escola…

- [Os outros educadores são sempre parceiros] nas

actividades por eles realizadas em grupo..

- (…) Felizmente que hoje cada vez mais os

professores (…) os educadores tendem a construir

esses elos de parceria (…)

- [Felizmente que hoje cada vez mais os professores

(…) os educadores tendem a construir (…) esses

elos] de trabalho…

B37

B38

B39

B40

Page 365: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 21 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

Requisitos do

exercício

ético

Desenvolver

trabalho de

parceria

Professores e educadores tendem

cada vez mais a trabalhar em

conjunto

- [Felizmente que hoje cada vez mais os professores

(…) os educadores tendem a construir] projectos

comuns partilhados com os outros educadores…

B41

O educador/professor tem que estar

consciente de que o seu trabalho

implica parcerias com outros agentes

- (…) Julgo que o professor deve encarar sempre o

seu trabalho, como algo que faz parte de uma

estrutura que tem que manter relações (…) com um

conjunto muito mais vasto…

- (…) O educador tem que ter muito essa noção (…)

de que o seu trabalho é um trabalho de parceria [com

outros agentes que estão para lá de si próprio.]

- [O educador tem que ter muito essa noção (…) de

que o seu trabalho é um trabalho de interligação com

outros agentes que estão para lá de si próprio.

B405

B422

B423

Repercussões do

trabalho do

educador

O trabalho do educador não se limita

ao seu grupo e à sua sala

- (…) O educador não pode nunca pensar que o seu

trabalho é um trabalho isolado…

- [O educador não pode nunca pensar] que é um

trabalho que ele faz, que ele prepara em casa e que

leva a bom porto, dentro do seu território que é sala

(…) com as suas crianças ou a sala…a turma com

quem está …

- (…) O seu trabalho não se limita apenas numa

relação unívoca entre si e apenas e só os seus alunos,

ou as suas crianças.

B403

B404

B413

Page 366: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 22 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

Requisitos do

exercício

ético

Repercussões do

trabalho do

educador

A consciência de que o seu trabalho

tem repercussões fora da sala

- [O trabalho do professor] tem repercussões para lá

(…) da sala de aula…

- [O trabalho do professor] tem repercussões para lá

(…) do espaço que lhe é reservado (…) na sua

prática pedagógica… - (…) O seu trabalho projecta-se para fora da sala de

aula…

- (…) É essa consciência que o professor (…) que o

educador deve ter [de que o seu trabalho projecta-se

para fora da sala de aula] …

B406

B407

B414

B412

A criança projecta para o exterior as

suas aprendizagens

- (…) A criança quando sai da sua sala, projecta para

fora dela muito (…) do exemplo que observou…

- [A criança quando sai da sua sala, projecta para

fora dela muito] do modo como o educador falou

com ele…

- [A criança quando sai da sua sala, projecta para

fora dela muito] do modo como [o educador] geriu

ou se soube ou não gerir um conflito dentro da sala.

- (…) A criança transporta para lá da sala sempre

algo que aprendeu…

B408

B409

B410

B411

Page 367: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 23 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Dimensão

ética em

educação de

infância

Requisitos do

exercício

ético

Repercussões do

trabalho do

educador

A criança partilha com os pais o seu

quotidiano na escola

- (…) Quando a criança vai para casa e conta aos

seus pais o seu dia na escola…

- [A criança conta aos seus pais] o que fizeram e o

que não fizeram…

- [A criança conta aos seus pais] o que disse o

educador e o que não disse, o que pediu] …

- [A criança conta aos seus pais] que tarefas estão a

fazer…

- [A criança conta aos seus pais] os

comportamentos…

- [A criança conta aos seus pais] muitas vezes os

conflitos que se geram…

-- [A criança conta aos seus pais] o modo como a

educadora interveio na resolução (…) daquele

conflito…

B415

B416

B417

B418

B419

B420

B421

Page 368: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 24 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Representações

sobre o

formando e a

ética

A valorização

da dimensão

ética

Formação

pessoal dos

formandos

São pessoas com uma formação

pessoal definida

- (…) Eu diria em termos da sua formação de base,

(os alunos) são pessoas já com uma certa estrutura

individual concretizada…

- [Os alunos são] pessoas com objectivos…

B250

B251

Assumem valores e tomadas de

posição

- [Os alunos são pessoas] que assumiam já valores

pessoais…

- [São pessoas que assumiam] tomadas de posição

pessoal, em relação a muitas das questões que nós

discutíamos e abordámos.

B252

B253

Praticavam o bem

- (…) Eu penso que os alunos são boas pessoas, no

sentido de prática do bem…

- (…) A experiência diz-me que do ponto de vista

humano, são boas pessoas…

B254

B274

Tinham alguns conflitos

- [Eu penso que os alunos são boas pessoas] embora

naturalmente apresentassem os seus conflitos…

- (…) Mesmo no grande grupo-turma, era visível de

facto haver ali (…) muitas vezes algumas diferenças

entre eles…

B255

B256

Não eram mal formados

- (…) Não posso considerar que fossem do ponto de

vista da sua formação, (…) pessoas mal formadas…

B257

Page 369: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 25 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Representações

sobre o

formando e a

ética

A valorização

da dimensão

ética

Formação

pessoal dos

formandos

Eram educados e dedicados

- (…) Eram alunos educados…

- Eram alunos respeitadores…

-[ Eram alunos] até empenhados…

- [Eram alunos] trabalhadores

B258

B259

B260

B261

Atitude face à

profissão

Atentos aos desafios do mundo e da

profissão

- [Eram alunos] fundamentalmente, muito atentos

aos grandes desafios do mundo de hoje…

- [Eram alunos muito atentos] aos desafios que a

profissão deles enfrenta …

- [Eram alunos muito atentos] (…) as questões que

nos levam a pensar a profissão de educador e

professor, como sendo (…) cada vez mais

exigente…

- [Eram alunos muito atentos] (…) as questões que

nos levam a pensarem a profissão de educador e

professor, como sendo (…) mais instável e mais

insegura …

- (…) Eram alunos muito sensibilizados para essa

dimensão [da insegurança e instabilidade da

profissão] …

B262

B263

B264

B265

B266

Page 370: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 26 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Representações

sobre o

formando e a

ética

A valorização

da dimensão

ética

Atitude face à

formação

Receptivos ao abordar questões

- [Eram alunos] sempre com uma postura (…) pelo

menos de escuta [a abordar determinadas questões

numa perspectiva diferente que rompe muitas vezes

com o senso comum que eles têm ou que eles

traziam] …

- [Eram alunos sempre com uma postura] de abertura

a abordar determinadas questões numa perspectiva

diferente que rompe muitas vezes com o senso

comum que eles têm ou que eles traziam…

B267

B268

Sensibilizados para a importância da

sua formação ética

- [Os alunos são boas pessoas] com preocupações em

perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma

formação ética muito atenta…

- [Os alunos são boas pessoas] com preocupações em

perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma

formação ética muito crítica…

- [Os alunos são boas pessoas] com preocupações em

perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma

formação ética muito exigente para consigo próprio,

para que depois possamos ser eticamente também

atentos aos outros.

B270

B271

B272

Page 371: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 27 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Concepções do bom educador”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Concepções do

bom educador

Qualidades

direccionadas

para o seu

trabalho

Reflexivo

Reflecte sobre o seu trabalho

- Eu penso que não é muito fácil (…) aqui encontrar

um quadro único, ou um conjunto de características

únicas, que permitam definir (…) eticamente um

bom educador.

- (…) Penso que parte muito dessa tomada de

consciência que cada um faz do seu trabalho, e da

concepção do seu trabalho…

- (…) Para além dessa especificidade de cada um de

nós, associada sempre a uma consciência, a uma

reflexão consciente, profunda, do nosso trabalho…

(…) o educador e o professor, é muito diferente,

enquanto profissional, (…) dos outros

profissionais…

B57

B58

B62

Valoriza a diferença

- (…) Todos nós somos muito diferentes…

- È isso [a diferença] que nos particulariza…

- È isso [a diferença] que ao mesmo tempo nos

enriquece…

B59

B60

B61

Consciente de que o resultado do seu

trabalho não é imediato

- (…) Essas diferenças passam pelo facto de ele não

trabalhar uma matéria-prima… uma coisa física em

que é possível verificar, mais ou menos à posteriori

ou de imediato o resultado do seu trabalho…

- (…) Eu penso que isso [ o resultado do seu trabalho

não ser imediato] constitui (…) um traço muito

próprio do professor e do educador…

B63

B64

Page 372: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 28 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Concepções do bom educador”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Concepções do

bom educador

Qualidades

direccionadas

para o seu

trabalho

Reflexivo

Consciente de que o resultado do seu

trabalho não é imediato

- (…) Ele [o professor] tem que ter essa noção [de

que o resultado do seu trabalho não é imediato] …

B65

Dedicado

Prolonga o trabalho da escola em

casa

- (…) Algo que nos distingue dos outros

profissionais ou de outras profissões, é o facto de

quando nós saímos de uma sala, não somos capaz

nunca de terminar o nosso trabalho ali…

- (…) De certo modo, nós prolongamos para fora de

Escola, enquanto instituição, sempre o nosso

trabalho…

- (…) É muito difícil separar…separamo-nos dele

[do nosso trabalho]. (…) porque somos humanos!

B66

B75

B76

Planifica e avalia o seu trabalho

- (…) Vamos para casa e em casa temos que planear

e projectar e planificar…

- [Vamos para casa e em casa temos que ] avaliar o

trabalho do dia de amanhã…

- [Temos que] avaliar o trabalho que fizemos…

B67

B68

B69

Envolve-se

- [Quando verdadeiramente encaramos a profissão

com esse carácter humano] nos envolvemos…

B78

Page 373: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 29 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Concepções do bom educador”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Concepções do

bom educador

Qualidades

direccionadas

para o seu

trabalho

Dedicado

Empenha-se

- [Quando verdadeiramente encaramos a profissão

com esse carácter humano] nos empenhamos…

B79

Não é indiferente

- [Quando verdadeiramente encaramos a profissão

com esse carácter humano] (…) não somos

indiferentes…

B80

Qualidades

direccionadas

para a pessoa

do aluno

Espírito de

humanidade

Preocupa-se continuamente com os

alunos

- (…) Somos seres humanos…

- (…) Porque trabalhamos com seres humanos, (…)

o nosso pensamento, a nossa reflexão, a nossa mente

(…) se ocupa muito (…) com aquilo que vamos

vivendo, ao longo do nosso dia a dia…

- (…) Quantas vezes ocupamos a nossa cabeça,

depois de sair do nosso trabalho, com o

comportamento daquela criança…

- [(…) Quantas vezes ocupamos a nossa cabeça]

porque é que ela [a criança] se sentiu daquela

maneira assim…

- (…) Porque é que ela [a criança] não fez aquilo.

- (…) Quando verdadeiramente encaramos a

profissão com esse carácter humano, nos

preocupamos…

B70

B71

B72

B73

B74

B77

Page 374: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 30 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Concepções do bom educador”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Concepções do

bom educador

Qualidades

direccionadas

para a pessoa

do aluno

Espírito de

humanidade

É verdadeiramente humano

- (…) Enquanto traços...acho que o interiorizar a

verdadeira noção de humanidade…

- (…) De certo modo ser capaz de (…) humanamente

encarar a nossa actividade. Eu penso que passa por

isso…

B81

B88

Espírito de

abertura

É respeitador

-(…) Interiorizar a verdadeira noção de humanidade]

que implica o respeito …

B82

É tolerante

- […Interiorizar a verdadeira noção de humanidade

que implica] a tolerância…

B83

É aberto

- […Interiorizar a verdadeira noção de humanidade

que implica] a abertura…

B84

Sabe escutar

[…Interiorizar a verdadeira noção de humanidade

que implica] o saber escutar o outro…

B85

É livre

- (…) Depois ser muito livre …

B86

É despreconceituoso

- (…) De certa maneira ser muito

despreconceituoso…

B87

Page 375: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 31 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Princípios e

valores

essenciais à

formação dos

educadores

Valores

interpessoais

A responsabilidade

- [Princípios éticos essenciais para da formação ética

dos futuros educadores] Antes de mais, a

responsabilidade…

B183

A responsabilidade perante os outros

- (…) A palavra responsabilidade não é outra coisa

que não seja, o sermos capazes de responder perante

os outros, por aquilo que fizemos…

- [A palavra responsabilidade não é outra coisa que

não seja, o sermos capazes de responder perante os

outros] pelas as nossas opções, as nossas escolhas.

- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir

perante a criança…

- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir

perante ] a mãe…

- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir

perante ] o pai…

- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir

perante] o outro colega que trabalha connosco…

- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir

perante] a instituição Escola…

- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir

perante] seja quem for…nós somos capazes sempre

de assumir responsavelmente, as nossas acções…

B184

B185

B186

B187

B188

B189

B190

B191

Page 376: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 32 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Princípios e

valores

essenciais à

formação dos

educadores

Valores

interpessoais

A responsabilidade perante os outros

- [(…), Nós somos capazes sempre de assumir

responsavelmente] as nossas escolhas…

- [(…) Nós somos capazes sempre de assumir

responsavelmente] o que fizemos.

B193

B194

Responsabilidade como valor chave

da profissão

- (…) Eu penso que a noção de responsabilidade (…)

é o valor chave para o exercício da nossa profissão

- [Eu penso que] a interiorização (…) da

responsabilidade (…) é o valor chave para o

exercício da nossa profissão

- [Eu penso que] (…) a prática da responsabilidade

(…) é o valor chave] para o exercício da nossa

profissão …

B195

B196

B197

A responsabilidade como valor

chave da formação

- [A responsabilidade (…) é o valor chave] para a

formação…

- (…) Deve ser incutido [o valor da responsabilidade]

na formação inicial educadores de infância e

professores…

B198

B199

O respeito

- [Princípios éticos essenciais para da formação ética

dos futuros educadores] Depois o respeito…

B200

Page 377: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 33 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Princípios e

valores

essenciais à

formação dos

educadores

Valores

interpessoais

A tolerância

- [Princípios éticos essenciais para da formação ética

dos futuros educadores] a tolerância (…) que me

parece aqui um valor essencial…

[A tolerância pressupõe exactamente] essa

abertura…

- [A tolerância pressupõe exactamente] essa partilha

B201

B205

B206

A aceitação da diferença

- (…) O ser capaz de admitir a opinião diferente…

- [O ser capaz de admitir] a posição diferente… uma

postura diferente…

- [O ser capaz de admitir] um comportamento

diferente...

B202

B203

B204

Valores

sociopolíticos

Liberdade no sentido político

- (…) Depois um outro valor, que me parece também

essencial: a liberdade…

- (…) Não é naquele sentido… se quisermos… a

nossa liberdade individual…

- (…) É uma liberdade num sentido mais político…

B207

B208

B209

Page 378: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 34 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Princípios e

valores

essenciais à

formação dos

educadores

Valores

sociopolíticos

Liberdade associada á

responsabilidade

- (…) O futuro estará melhor preparado se nós

exercermos também livremente a nossa profissão…

- [O futuro estará melhor preparado se nós

exercermos também] responsavelmente a nossa

profissão…

- (…) Ter a noção clara de que (…) o educador não

está a formar ali para o imediato…

B211

B212

B213

A liberdade como valor fundamental

da profissão

- (…) Acho que aqui a liberdade é um valor

fundamental que deve ser vivido (…) do ponto de

vista individual, por cada professor/educador …

- [Acho que aqui a liberdade é um valor fundamental

que deve ser] interiorizado, do ponto de vista

individual, por cada professor/educador …

- (…) Também tomar um conceito de liberdade aqui

com esse carácter mais social (…) e fazer ligá-lo à

sua profissão.

- [Também tomar um conceito de liberdade aqui com

esse carácter mais] político (…) e fazer ligá-lo à sua

profissão.

- [Também tomar um conceito de liberdade aqui com

esse carácter mais] interventivo (…) e fazer ligá-lo à

sua profissão.

B219

B220

B221

B222

B223

Page 379: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 35 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Princípios e

valores

essenciais à

formação dos

educadores

Valores

sociopolíticos

A mudança

- (…) O professor e o educador deve interiorizar a

ideia de que a sociedade muda …

- (…) A sua acção é também uma acção muito

política (…) no sentido em que ela envolve

alterações, mudanças…

- (…) Ele é precursor muitas vezes das grandes

mudanças de mentalidade…

- [Ele é precursor muitas vezes das grandes

mudanças] nos comportamentos…

- [Ele é precursor muitas vezes das grandes

mudanças] nas atitudes…

- [Ele é precursor muitas vezes das grandes

mudanças] nas nossas acções éticas…

B210

B214

B215

B216

B217

B218

Importância

da formação

ética

Importância

atribuída pela

Escola

Importância relativa

- (…) Aquilo que me parecia …a Escola atribuía um

valor relativo à disciplina…

- [Aquilo que me parecia …a Escola atribuía um

valor relativo] à formação nesta área…

B224

B225

Importância

atribuída pelos

Professores

A necessidade da disciplina ser

anual

- (…) A prática da própria disciplina, na prática e

pela experiência concreta com os alunos, sentia-se

(…) a necessidade emergente, de a disciplina (…)

em vez de ser semestral, a disciplina ser anual.

B226

Page 380: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 36 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Importância

da formação

ética

Importância

atribuída pelos

Professores

A manifestação no Conselho

científico da disciplina ser anual

- (…) E tantas vezes este desejo [da disciplina ser

anual] era manifestado no Conselho Científico, (…)

pelos docentes, por quem leccionava a disciplina…

B227

Importância

Atribuída pelos

alunos

O desejo de mais tempo de formação

- [E tantas vezes este desejo [da disciplina

ser anual] era corroborada precisamente pelos

próprios alunos na avaliação final que eles faziam da

disciplina …

- (…) Uma das críticas que eles apontavam, era

precisamente a escassez de tempo, para aprofundar

verdadeiramente aquelas questões…

- (…) Nós durante as 60 horas semestrais que

tínhamos, (…) não conseguíamos de facto

aprofundar, como eles sentiam que deveria ser

aprofundado, esses problemas, essas questões…

- [(…) Os alunos] achavam sempre que o tempo era

escasso…

- [Os alunos achavam sempre] que deveríamos ter

mais horas para aprofundar…

B228

B229

B230

B233

B234

O reconhecimento da importância

da ética na prática

- (…) A experiência que eu tenho, é que eles (…)

tomavam nota (…) daquelas questões que nós

verdadeiramente considerávamos como as mais

importantes…

B231

Page 381: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 37 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Importância

da formação

ética

Importância

atribuída pelos

alunos

O reconhecimento da importância

da ética na prática

- (…) Porque tínhamos que fazer alguma reflexão

[sobre as questões consideradas mais importantes] …

- (…) Os alunos sentiam a importância que essas

questões têm e que terão na sua prática concreta, na

sua prática profissional…

B232

B239

Sugestões dos alunos

- [Os alunos achavam sempre] que deveríamos

investir mais em acções de formação…

- [Os alunos achavam sempre que deveríamos

investir mais] em colóquios, em conferências, em

encontros, que tematizassem precisamente as

questões (…) da ética da educação, na educação…

- [Os alunos achavam sempre que deveríamos

investir mais] a ética até de um ponto de vista mais

abrangente

- [Os alunos achavam sempre que deveríamos

investir mais] também as questões da ética do mundo

contemporâneo em que vivemos…

B235

B236

B237

B238

Page 382: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 38 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Valores

promovidos

pela Escola

A natureza dos

valores

Associados à Igreja Católica

- (…) Nós sabemos que a ESE é uma entidade em

parceria com a diocese de xxxxxxx…

- (…) Em termos digamos ideológicos, em termos

dos seus fundamentos (…) ela tem ligações com a

Igreja Católica…

- (…) E eu aqui também como católica, os valores

que eu julgo que a Escola preconiza, defende, são

partilhados precisamente pelos grandes valores

católicos.

B240

B241

B242

Valores gerais

O humanismo

- (…) O humanismo acima de tudo…

B243

Em prol da a família

- (…) Os valores em prol da família…

B244

Educação

- (…) A educação…

B245

Valores

específicos

Tolerância

- (…) A tolerância…

B246

Pela diferença

- (…) Os valores pela diferença…

B247

Page 383: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 39 –Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A ética na

formação em

geral

Valores

promovidos

pela Escola

A opinião dos

professores

Consistentes com os grandes valores

éticos do mundo de hoje

- (…) Por isso penso que me inseri (…) me adaptei

bem ao projecto da Escola…

- (…) São esses os valores que …que no fundo julgo,

vão ao encontro dos grandes valores éticos

constituindo também desafios no mundo de hoje…

B248

B249

Page 384: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 40 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-deontológica dos

formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

formação

De natureza

estrutural

A parceria na dinamização das aulas

- [Dinamizava as aulas] (…) em parceria com o meu

colega, o Professor Mário Piçarra…

B273

A divisão em aulas teóricas e

práticas

- (…) Eram aulas que nós dividíamos entre aulas

teóricas, mas tendo sempre também aulas práticas…

- (…) Eram 4 horas [de aulas] semanais, dois

blocos…

- (…) Um bloco de duas horas nós dedicávamos a

aulas mais teóricas…

- (…) Nas outras duas horas da semana, nós

dedicávamos essas duas horas mais àquilo que

chamávamos aulas mais práticas…

B296

B274

B275

B278

De natureza

pedagógica

A abordagem de textos e reflexões

nas aulas teóricas

- [Nas aulas teóricas] eram trabalhados textos de

referência …

- [Nas aulas teóricas eram] feitas análises

bibliográficas, que fundamentassem depois as nossas

reflexões…

B276

B277

Page 385: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 41 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

formação

De natureza

pedagógica

Debates e análise de questões nas

aulas práticas

- [Aulas mais práticas] muitas vezes (…) girando à

volta de debate sobre textos …

- [Aulas mais práticas muitas vezes (…) girando à

volta de debate] sobre temas que os alunos

pesquisavam.

- (…) Muitas vezes os próprios alunos trabalhavam

os textos individualmente ou em grupo…

- (…) A aula era gerida em função precisamente

dessa análise, dessas questões e era assim dessa

maneira.

B279

B280

B281

B282

Análise das questões éticas

do mundo contemporâneo

- (…) No contexto da disciplina de Axiologia, nós na escola atribuíamos muita importância na

formação, naquela parte inicial, de introdução ás

temáticas da ética, à (…) à análise profunda das

grandes questões éticas [do mundo contemporâneo]

- [Nós na escola atribuíamos muita importância à

análise profunda] dos grandes desafios éticos do

mundo contemporâneo…

-- (…) Era por aí [pelos grandes desafios éticos do

mundo contemporâneo] que nós começávamos

sempre …

- [(…) Começávamos por] reflectir conjuntamente

com os alunos, com a colaboração de muitos textos

(…) cuja utilidade é sempre alargar a nossa

perspectiva, o nosso olhar …

B442

B443

B444

B445

Page 386: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 42 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

formação

De natureza

pedagógica

Análise das questões éticas

do mundo contemporâneo

- (…) Começávamos sempre por fazer essa

abordagem inicial de “ Vamos medir o pulso do

mundo em que nós vivemos” …

- [E começávamos sempre por fazer essa abordagem

inicial de] ” Vamos caracterizar a vida que temos, a

vida que levamos ” …

- (…) A análise inicial obrigava sempre os alunos

(…) a fazer um olhar de reflexão crítica sobre o

mundo em que nós vivemos…

B446

B447

B450

Conteúdos de

formação

Deontologia

Sensibilização às questões

deontológicas em geral

- (…) Costumava, nas questões mais deontológicas,

da deontologia da profissão docente (…) eu deixava

sempre cerca de 4 /5 aulas para a parte final do

semestre…

- (…) Nós deixávamos sempre um conjuntinho de

aulas no final do semestre, precisamente para nos

debatermos sobre essas questões [questões

deontológicas]

- (…) Porque eles [os alunos] já tinham adquirido um

conjunto de ideias…

- (…) Já tínhamos trabalhado um conjunto de

questões …

- [Já tínhamos trabalhado um conjunto de]

problemas…

B283

B362

B284

B285

B286

Page 387: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 43 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Conteúdos de

formação

Deontologia

Sensibilização às questões

deontológicas em geral

- (…) Já tínhamos aprofundado outros temas, que

lhes permitia depois já no final do semestre, serem

mais sensíveis ás questões deontológicas…

B287

Sensibilização às questões

deontológicas da profissão

- (…) Depois a partir daí sim, a pouco e pouco íamos

entrando nas questões da ética na nossa profissão…

- [Depois a partir daí sim, a pouco e pouco íamos

entrando nas questões da] ética na relação do

professor, do educador com os vários agentes.

- (…) Apenas (…) uma referência a uma questão que

me parece importante e que tem a ver com … (…) os

conteúdos que nós trabalhávamos…

- (…) Acho que os meus alunos ficaram (…)

sensibilizados para as questões éticas emergentes

que se impõem no nosso trabalho, na nossa

profissão…

B448

B449

B440

B441

Apoiada em autores portugueses

- (…) E aí houve alguns autores de referência, Maria

Teresa Estrela, Pedro D’Orey da Cunha, Filipe

Rocha…

- (…) Sempre que possível iria buscar bibliografia

em português, autores portugueses…

- [A bibliografia em português] embora escassa mas

(…) de grande profundidade do ponto de vista da

análise…

B288

B289

B290

Page 388: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 44 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Conteúdos da

formação

Deontologia

A construção de um código

deontológico

- (…) As últimas aulas eram dedicadas ao debate de

questões relativas ao deontológico…

- [As últimas aulas eram dedicadas] à construção de

um código deontológico…

B291

B292

Dilemas éticos Os dilemas da profissão

- [As últimas aulas eram dedicadas] às questões

dilemáticas da profissão docente…

B293

Paradigmas da

formação ética

Paradigma da responsabilidade

- [As últimas aulas eram dedicadas] às questões

relativas aos paradigmas da responsabilidade …

B294

Paradigma da justiça

- [As últimas aulas eram dedicadas] às questões

relativas aos paradigmas da justiça…

B295

Objectivos da

formação

Incentivar tomadas de posição

- (…) Obrigar os alunos a tomar posição…

B297

Promover o espírito crítico e a

reflexão

- [(…) Obrigar os alunos] a assumir posições

críticas…

- [(…) Obrigar os alunos] a assumir posições (…) de

reflexão.

B298

B299

Page 389: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 45 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

desenvolvi-

mento moral

da criança

Planificação e

realização de

actividades

Sugestões de trabalho baseadas nos

conteúdos teóricos

- (…) Houve algumas situações em que eram os

próprios alunos a…partindo (…) dos conteúdos, das

reflexões mais teóricas acabavam por partir delas, para

me pedir sugestões de trabalho…

B300

Construção de materiais didácticos

- (…) Depois mais concreto na prática e tantas vezes

a construção de jogos…

- (…) A construção de pirâmides hierárquicas de

valores, foram levadas a cabo pelos alunos…

B301

B302

Aplicação dos materiais à prática

pedagógica

- (…) Eles [os alunos] davam muita importância a

essa dimensão, de transpor muito daquilo que fomos

trabalhando …

- (….) A referência a pequenos jogos …

- (….) A referência a estratégias…

B304

B305

B306

Desenvolvimento

das actividades

com as crianças

O envolvimento das crianças

- (…) Eles [os alunos] depois na prática acabavam

por aplicar junto das crianças em momentos de

estágio [os jogos e estratégias] …

B307

Page 390: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 46 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-

deontológica

dos formandos

Estratégias de

desenvolvi

mento moral

da criança

Desenvolvimento

das actividades

com as crianças

O envolvimento das crianças

- (…) Confrontando as crianças com questões…

- (…) Levando-as a reflectir sobre elas [as questões]

- (…) A recolher tomadas de posição [das crianças]

- (…) As crianças também já têm a sua tomada de

posição…

- [As crianças também já têm] o seu olhar sobre

determinadas questões…

B308

B309

B310

B311

B312

A tomada de posição das crianças

sobre valores

- [Eles depois na prática acabavam por levar as

crianças] a posicionar determinados valores

- [Eles depois na prática acabavam por levar as

crianças] a posicionar o valor da família…

- [Eles depois na prática acabavam por levar as

crianças] a posicionar da amizade

B313

B314

B315

Page 391: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 47 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-deontológica

dos formandos

Impacto da

formação

ética

Na avaliação

Falta de tempo para aprofundar as

grandes questões

- (…) Eu penso que se calhar (…) aí tem a ver

precisamente com a tal denúncia que eles faziam no

final que era as grandes questões, as questões

relevantes que deviam ser trazidas para a aula,

depois acabariam por…

- (…) Muitas vezes condicionados pelo tempo (…)

[teríamos apenas que ficar muitas vezes (…) admito

por alguma superficialidade e não tanto por

aprofundar as questões] …

B316

B339

Necessidade de cumprir o programa

condiciona a verificação dos

resultados da formação

- (…) Nós temos um programa também a cumprir…

- (…) Temos sempre essa condicionante [o

programa cumprir] …

- (…) Condicionados pelo programa que deveríamos

gerir [teríamos apenas que ficar muitas vezes (…)

admito por alguma superficialidade e não tanto por

aprofundar as questões] …

- (…) E tantas vezes não houve oportunidade (…)

de pelo menos ter verificado esse prolongamento de

resultados mais concretos dessa formação ética.

B317

B318

B340

B319

Outros condicionalismos

- (…) O que há um facto é que nós somos muito

condicionados…

- [O que há um facto é que] nem sempre às vezes as

ideias podem ser levadas a bom porto…

B346

B347

Page 392: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 48 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-deontológica

dos formandos

Impacto da

formação

ética

Em situações de

estágio

Exemplos trazidos das situações de

estágio

- (…) Acontecia muitas vezes que os alunos (…)

colaboravam com pequenas situações, que eles

encontravam em situação de estágio…

- (…) Partindo da constatação do facto [ que eles

encontravam em situação de estágio]

- [Partindo] daquilo que eles observavam […em

situação de estágio]

- [Partindo] daquilo que eles vivenciaram [… em

situação de estágio]

B320

B321

B322

B323

Exemplos de situações com crianças

- (…) Com a atitude que eles [os formandos]

observaram da atitude de uma criança para com

outra…

B324

Exemplos de situações da atitude do

educador com as crianças

- [Partindo] até da atitude do educador para com as

crianças…

- [Partindo] do modo como [o educador] se

relacionava [com as crianças] …

- [Partindo] do modo como constituíam grupos

[… em situação de estágio]

B325

B326

B327

Page 393: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 49 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-deontológica

dos formandos

Impacto da

formação

ética

Em situações de

estágio

Exemplos de situações da atitude do

educador com as crianças

- (…) Tantas vezes eles [os formandos] auxiliavam-

se dessa pouca prática [de estágio] que ainda tinham

(…) com a qual tinham contactado para (…)

aprofundar ou enquadrar dentro daquilo que era tematizado dentro da nossa aula……

B328

Em situações de

sala de aula

Substituição dos planos de aula pelo

debate de situações práticas

- (…) Nós temos os nossos planos de aula, os nossos

guias de acção…

- (…) Tantas vezes lembro-me que os meus planos,

os meus guias de acção concreta, eram postos em

causa porque foram enriquecidos com o debate, a

propósito daquele evento, daquela situação],

daquela vivência …

- [Os meus planos, os meus guias de acção concreta

foram enriquecidos com o debate] ás vezes coisas

positivas…e tantas vezes também coisas não tão

positivas…

B329

B330

B331

Page 394: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 50 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-deontológica

dos formandos

Outros

contributos

para a

formação ética

As disciplinas

Filosofia / Sociologia / Axiologia

- [As outras disciplinas contribuíram para a

formação ética dos estagiários] – Eu penso que sim.

- [As disciplinas que deram apoio à formação ética]

… Eu julgo que a Filosofia da educação (…) em

parceria com a Sociologia e Axiologia, constituíram

uma espécie de pirâmide…

- [A Filosofia da educação (…) a Sociologia e

Axiologia,] os três pilares fundamentais que

reuniam as condições para garantir, julgo eu, a

formação ética…

- [A Filosofia da educação (…) a Sociologia e

Axiologia (…) reuniam as condições para] ter em

consideração importância da formação ética dos

futuros educadores.

B348

B359

B360

B361

Os professores

de outras

disciplinas

O reconhecimento das competências

científicas, pedagógicas e éticas dos

outros professores

- (…) Dos meus colegas, quem está como

responsável na área da formação dos educadores e

reconheço…são-lhe reconhecidas competências

científicas…

- [Dos meus colegas, quem está como responsável

na área da formação dos educadores e

reconheço…são-lhe reconhecidas competências]

pedagógicas…

B349

B350

Page 395: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 51 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-deontológica

dos formandos

Outros

contributos

para a

formação ética

Os professores

de outras

disciplinas

O reconhecimento das competências

científicas, pedagógicas e éticas dos

outros professores

- [Dos meus colegas, quem está como responsável

na área da formação dos educadores e

reconheço…são-lhe reconhecidas competências] eu

penso que também éticas……

B351

A colaboração séria na formação

ética dos alunos

- (…) Eu creio que sim, que os professores

conhecendo-os como conheço, que colaboravam de

forma séria também para a formação ética dos

futuros educadores.

B358

O ambiente da

escola

Uma escola pequena

- (…) Não nos podemos esquecer que a escola, a

ESE em xxxxxx, é uma escola relativamente

pequena…

- [A ESE em xxxxx, é uma escola] com um público

também… relativamente (…) que tem vindo a

decrescer …

- (…) Também não é a única escola [com um

público (…) que tem vindo a decrescer] mas é

reflexo de todos os condicionalismos que nós

conhecemos…

B352

B353

B354

Promove o conhecimento e

proximidade entre professores e

alunos

- (…) O próprio ambiente da escola, eu diria que é

um ambiente que se proporciona a um

conhecimento…

B355

Page 396: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 52 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “ A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-deontológica

dos formandos

Outros

contributos

para a

formação

ética

O ambiente da

escola

Promove o conhecimento e

proximidade entre professores e

alunos

- [O próprio ambiente da escola, eu diria que é um

ambiente que se proporciona] a uma proximidade

dos professores para com os alunos…

- [O próprio ambiente da escola, eu diria que é um

ambiente] de um á vontade até dos alunos para com

os professores...

B356

B357

Propostas de

alteração à

formação

ética

Integração de

sugestões dos

alunos

Realização de

Seminários e encontros de reflexão

conjunta

- (…) Vou uma vez mais recorrer-me daquilo que é

a experiência e do relato dos alunos…

- (…) Eu sempre procurei dar-lhes muito

esse…ouvido [escutar os alunos] …

- (…) Tantas vezes eles diziam “Professora que bom

que era, se nós para o ano (…) fizéssemos um

seminário, (…) onde nós pudéssemos reflectir em

conjunto”

- [“Professora que bom que era, se nós para o ano

(…) fizéssemos (…) um encontro (…) nem que

fosse só para os alunos aqui da Escola (…) onde nós

pudéssemos reflectir em conjunto”

- [(…)Professora que bom que era, se nós para o

ano (…) fizéssemos ] algo assim mais para a Escola,

a título experimental (…) as onde nós pudéssemos

reflectir em conjunto”

B332

B333

B334

B335

B336

Page 397: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 53 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-

deontológica dos formandos”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

A disciplina de

ética

e a formação

ético-deontológica

dos formandos

Propostas de

alteração à

formação

ética

Integração de

sugestões dos

alunos

Necessidade de alargar horizontes e

aprofundar questões

- (…) E eles [os alunos] manifestavam muito essa

necessidade, de criar espaços mais regulares, que

permitissem reunir um conjunto de pessoas e

colaborar para alargar os horizontes…

- [E eles manifestavam muito essa necessidade de]

reflectir sobre essas questões que, muitas vezes na

aula nós abordávamos, tocávamos, reflectíamos…

B337

B338

A necessidade da disciplina ser

anual

- (…) Para além disso, eles próprios [os alunos]

sugeriam (…) considerar a hipótese de tornar a

disciplina anual …

- (…) Falavam nisso constantemente [tornar a

disciplinas anual] …

- (…) E quase todos os anos essa era uma das

sugestões apontadas [da disciplina ser anual] …

B341

B342

B343

Perspectiva da

Escola

A abertura da Escola para as

questões ético-deontológicas

- (…) Claro, aqui nestas questões eu penso que a

Escola, esteve sempre aberta…

- (…) A Escola está sempre aberta (…) a contribuir

para a reflexão em torno das questões éticas e

deontológicas…

B344

B345

Page 398: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 54 - Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “ Os professores e a profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Os professores e

a profissão

Funções do

professor

Formação

Profissional da formação

- (…) O trabalho do professor, passa por tudo aquilo

que nós sabemos que (…) ele é (…) um agente

formador…

- (…) Desenvolve competências…

- (…) Mas ele [o professor] não esquece que tem

que avaliar.

B111

B114

B116

Relacionais

Promotor da socialização

- [O professor] Colabora para todo esse nascer do

ser humano …

B115

Atitude do

professor

Face ao aluno

A atenção ao aluno

- (…) Eu acho que é o segredo… se é que há aqui

algum segredo, o segredo para nos mantermos

verdadeiramente atentos (…) [em relação aos alunos

que temos] …

- [O segredo para nos mantermos] conscientes em

relação aos alunos que temos…

B451

B453

A receptividade

- [O segredo para nos mantermos] sempre

receptivos (…) em relação aos alunos que temos

B452

Page 399: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 55 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Os professores e a profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Os professores e

a profissão

Atitude do

professor

Face ao aluno

O conhecimento do aluno e do seu

meio familiar

- (…) Os alunos que temos são sempre reflexo da

sociedade que nós temos (…) que nós vivemos.

- [Os alunos que temos] são o reflexo das suas

famílias, dos seus comportamentos…

B454

B455

Face à educação

Educar é mudar

- (…) Se queremos mudar alguma coisa e educar é

também mudar…

B456

Conhecer o mundo para intervir

- [(…) E se queremos mudar alguma coisa] (…)

haveria que partir sempre (…) desse pintar do

mundo em que nós vivemos para percebermos o que

é que temos…

- [E se queremos mudar alguma coisa (…) haveria

que partir sempre desse… desse pintar do mundo

em que nós vivemos, para percebermos] (…) quais

são os desafios que temos pela frente.

B457

B458

Page 400: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 56 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Deontologia da

profissão

docente

Pertinência do

código

deontológico

A ausência do código docente

motiva à reflexão

- (…) Fazíamos a nossa análise a partir da análise de

outros códigos deontológicos que existem nas outras

profissões…

- (…) E quando passamos para o plano da docência,

nós encontramos ali um vazio enorme

[relativamente ao código deontológico] …

- (…) Em debate com os alunos, e confrontados com

esta questão (…) é uma das questões que mais os

motiva até á reflexão…

B366

B367

B368

Objectivos do

código

deontológico

Orientar

Apontar caminhos

- (…) E eu creio que o código deontológico serviria,

pelo menos regulando (…) apontando caminhos …

- [(…) Dando indicação de alguns princípios…

- [O código] deve servir sim, como apresentando um

conjunto de princípios] que orientasse em

determinadas acções concretas …

B377

B382

B398

Reconquistar a

dignidade do

papel do

professor

Reconquistar a dignidade do

professor como educador e

socializador

- (…) Interiorizando alguns princípios fundamentais nós poderíamos de facto caminhar para a

reconquista (…) da dignidade do papel do professor,

enquanto educador…

- [(…) Interiorizando alguns princípios

fundamentais] nós poderíamos de facto caminhar

para a reconquista (…) do papel do professor (…)

enquanto socializador…

B383

B384

Page 401: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 57 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Deontologia da

profissão

docente

Objectivos do

código

deontológico

Reconquistar a

dignidade do

papel do

professor

Reconquistar a dignidade do

professor como promotor de

mudança

- [(…)Interiorizando alguns princípios

fundamentais] nós poderíamos de facto caminhar

para a reconquista (…) do papel do professor (…)

enquanto motor de mudança da sociedade.

B385

Consolidar a

profissão

Cristalizar um modo de viver a

profissão docente

- (…) Que ele [o código] cristalizasse, aliás como

na sequência das reflexões que nós fizemos dos

textos da Maria Teresa Estrela (…) um certo modo

de estar [na profissão docente] …

- [(…) Que ele cristalizasse, aliás como na

sequência das reflexões que nós fizemos dos textos

da Maria Teresa Estrela (…) um certo (…)] de

viver a profissão docente…

B389

B390

Necessidade

do código

Sentida pelos

alunos

A elaboração do código pelos

alunos

- (…) Houve até um ano (…) não com alunos de

educação de infância, (…) houve um grupo (…) que

sentiu que era um dos problemas centrais, um dos

problemas verdadeiramente importantes [o código

deontológico].

- (…) E eles próprios avançaram… o projecto de

trabalho final para a disciplina, foi precisamente a

elaboração de um código deontológico.

B369

B370

Page 402: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 58 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Deontologia da

profissão

docente

Necessidade

do código

Sentida pelos

alunos

A elaboração do código pelos

alunos

- (…) Porque eles sentem que é de facto uma

questão importante [a elaboração de um código

deontológico] …

B371

Sentida pelo

professor

A desvalorização profissional

- (…) Eu acho que há aqui outras questões que

justificam a necessidade do código deontológico…

- (…) Por exemplo as questões que têm a ver com a

progressiva desvalorização ou subvalorização geral

da sociedade, em relação ao trabalho do professor.

B374

B375

Inconvenientes

do código

Perigo de ser

Normativo e

impositivo

Um código fechado sobre si mesmo

- (…) Aqui os perigos têm a ver com o facto de se

construir um código demasiado fechado sobre si

mesmo…

B391

Um código demasiado normativo e

impositivo

-[ As desvantagens que eu vejo, cingem-se no

fundo a isto: (…) não poderia ser nunca um código

deontológico] demasiado normativo no sentido em

que ele seria muito impositivo…

B388

Perigo de

ser limitativo

Um código demasiado linear e

restritivo nos seus princípios

- (…) As desvantagens que eu vejo, cingem-se no

fundo a isto: (…) não poderia ser nunca um código

deontológico demasiado linear…

-[ As desvantagens que eu vejo, cingem-se no

fundo a isto: (…) não poderia ser nunca um código

deontológico demasiado (…) restritivo nos seus

princípios …

B386

B387

Page 403: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 59 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Deontologia da

profissão

docente

Inconvenientes

do código

Perigo de

ser limitativo

Um código limitativo da acção e

desempenho do professor

- [Aqui os perigos têm a ver com o facto de se

construir um código demasiado] limitativo na acção

do professor e do educador …

[Aqui os perigos têm a ver com o facto de se

construir um código demasiado limitativo] no

desempenho do professor e do educador…

B392

B393

Um código limitativo nas

responsabilidades do professor

- [Aqui os perigos têm a ver com o facto de se

construir um código demasiado limitativo] nas

responsabilidades do professor e do educador…

B394

Composição

do código

Não se pretende um código

limitativo

- (…) Não quer dizer que ele seja assim muito

normativo…

- (…) Eu penso que não é isso [um código

demasiado limitativo] que se pretende.

B376

B395

Princípios

orientadores

das relações

humanas

Do professor-aluno e professor-

professor

- (…) Princípios gerais de actuação do professor, na

relação com os seus alunos…

- [Um conjunto de princípios que orientasse] no

estabelecimento das relações com os alunos…

- [(…) Princípios gerais de actuação do professor]

na relação com os outros professores…

- [Um conjunto de princípios que orientasse no

estabelecimento das relações] com os outros

professores…

B378

B399

B379

B400

Page 404: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 60 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Deontologia da

profissão

docente

Composição

do código

Princípios

orientadores das

relações

humanas

Do professor para com a escola

enquanto instituição

- [(…)Princípios gerais de actuação do professor] na

relação com a Escola enquanto instituição…

B380

Do professor para com a sociedade

no seu conjunto

- [(…) Princípios gerais de actuação do professor]

na relação com a sociedade no seu conjunto…

- [Um conjunto de princípios que orientasse no

estabelecimento das relações] com a sociedade de

um modo geral.

B381

B402

Princípios

orientadores da

profissão

A relação do professor com a

profissão

- [Princípios que orientasse no estabelecimento das

relações] com a profissão em si…

B401

Princípios orientadores no início de

carreira

- (…) Um conjunto de princípios que regulem (…)

[principalmente quem está no início de carreira, no

início da profissão] …

- [(…) Um conjunto de princípios] que orientem

principalmente quem está no início de carreira, no

início da profissão…

B396

B397

Page 405: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 61 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Deontologia da

profissão

docente

Autoria

Educadores e

professores

Conhecem melhor a realidade

concreta

- (…) Os educadores, os professores, que são quem

conhece verdadeiramente a realidade…

- [Os educadores, os professores, que são quem

conhece verdadeiramente] os problemas, as

dificuldades…

- [Os educadores, os professores, que são quem

conhece verdadeiramente] os desafios…

- (…) Antes de mais os educadores e os

professores, directamente mais próximos da

realidade concreta.

B424

B425

B426

B429

Conhecem as potencialidades da

Escola

- [Os educadores, os professores, que são quem

conhece verdadeiramente] até as potencialidades

que a Escola tem…

B427

Conhecem as potencialidades dos

alunos

- [Os educadores, os professores, que são quem

conhece verdadeiramente] os meninos (…) os

alunos têm…

B428

Pais e alunos O contributo dos pais e alunos

- (…) O contributo dos pais…

B434

- [(…) O contributo] até dos próprios alunos…

B435

Page 406: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 62 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Deontologia da

profissão

docente

Autoria

Representantes

do sistema

educativo

O contributo de pessoas ligadas ao

sistema educativo

- (…) O contributo de pessoas que (…) em termos

da organização até do sistema educativo (…) têm

uma percepção (…) muitas vezes mais vertical das

questões…

B436

Investigadores

A colaboração de investigadores

direccionados para a elaboração do

código

- (…) A colaboração penso de quem tem

contribuído com a sua pesquisa, a sua investigação

séria, no âmbito destas questões …

- (…) A colaboração de pessoas que têm já entre

nós uma perspectiva muito bem fundamentada da

importância do código…

- [(…) A colaboração de pessoas que têm já entre

nós uma perspectiva muito bem fundamentada ]da

elaboração de um código deontológico.

B437

B438

B439

Processos de

elaboração

O debate com os agentes educativos

- (…) Eu penso que (…) haveria um contributo

muito importante se fosse resultado de uma

discussão também mais alargada…

. - (…) Acho que passa por um debate …

- (…) O contributo de um debate (…) que

envolvesse (…) os tais agentes que estão sempre

presentes (…) no nosso trabalho…

B430

B432

B433

Page 407: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista B

Quadro 63 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Deontologia da

profissão

docente

Opinião face

ao código

Um código isento dos interesses

corporativistas dos professores e

educadores…

- (…) Não sou apologista de que um código seria

(…) uma espécie (…) de um cânon construído ali

em prol dos interesses mais ou menos

corporativistas dos professores e dos educadores…

B431

Defende a existência do

Código

(…) Quando nós falamos das questões

deontológicas, das questões da ética no exercício da

nossa profissão, eu considero (…) sou uma

defensora de facto, da existência de um código

deontológico.

B363

Alunos partilham da opinião do

professor sobre o código

- (…) É muito interessante verificar que da

experiência que eu tenho, seja com os alunos do 1º

ciclo, seja com os alunos da educação de infância,

eles partilham precisamente (…) da mesma ideia…

[da existência de um código deontológico] …

- (…) De um modo geral eles partilham da mesma

ideia [da existência de um código deontológico] …

- (…) Se calhar porque eu também sendo defensora

da existência do código deontológico, acabo por…

- (…) Quando nós nos envolvemos muito nas

coisas, acabamos por transmitir aquilo, do modo

como nos envolvemos nelas…

B364

B365

B372

B373

Page 408: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO C3

QUADROS-SÍNTESE DA ANÁLISE DE CONTEÚDO

DAS ENTREVISTAS AOS PROFESSORES A E B

Page 409: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 1 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

A: “O professor e a ética”

Categoria Subcategorias Indicadores

Conceito de ética

Concepções universalistas

-Relação com a pessoa (A)

-Respeito pela pessoa humana na sua universalidade e singularidade

(A)

-A ética é inerente ao humano (B)

-A ética assente na relação direito/dever (A)

Concepções contextualistas

-Depende do contexto cultural (A)

-Situada numa perspectiva histórico-cultural (A)

-Enraizada em múltiplas experiências relacionais (A)

-A raiz da dimensão humana dispensa o contexto metafísico (A)

- Manifestada nas relações de respeito/responsabilidades/autonomia

e competências cidadãs (A)

-A ética como um desafio (B)

- A relação pedagógica como relação ética (B)

-A relação ética como base da formação (B)

Page 410: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Perspectiva do professor sobre o

conceito de “bem “ do aluno

Centrada no desenvolvimento

pessoal

-O seu amadurecimento como pessoa (A)

-Resulta da experiência pessoal do professor (B)

-Orientar o aluno para realizar a sua humanidade (B)

-Orientar através de referências (B)

-Reconhecimento da origem animal (B)

-Promover as suas competências e capacidades (B)

Centrada no desenvolvimento social

As suas experiências relacionais com o professor (A)

-As suas experiências relacionais com os colegas (A)

-O aprofundamento do carácter ético para o desempenho de

responsabilidades sociais (A)

-Apoiar a integração do aluno no mundo (B)

-Dar a conhecer os limites e as regras (B)

-Ajudar a distinguir o bem do mal (B)

-Formar o aluno a nível social e ético (B)

Page 411: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Conceito de justiça

Perspectiva legalista

-O cumprimento de leis (A)

-A aplicação de leis (A)

-O respeito por regras estabelecidas (A)

- As atitudes e comportamentos que orientam as relações humanas

(A)

Perspectiva Pedagógica

- O equilíbrio de atitudes do professor (A).

- O relacionamento tolerante e compreensivo com os alunos (A)

- A resolução de conflitos com parcimónia e bom senso (A)

-A valorização do diálogo (A)

-A justiça perspectivada de forma não absoluta (A)

- A justiça como arbitragem de relações (A)

Perspectiva humanista

- A justiça é ética (B)

- Falível sob o ponto de vista humano (B)

Page 412: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Conceito de professor justo

Valoriza a relação com o aluno

-Usa e promove o diálogo construtivamente (A)

-Toma a iniciativa em dialogar (A)

-Baseia a justiça no diálogo (A)

-Deve ser um bom árbitro (A)

-Promove o bom senso (A)

Avalia com rigor o trabalho do aluno

-Avalia considerando todas as variáveis (B)

-Avalia com objectividade a produção do aluno (B)

-Constrói escala de avaliação de competências (B)

-Consciente das implicações éticas da avaliação (B)

Page 413: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Dilemas éticos dos professores de

Axiologia

Avaliação técnica dos alunos

-Avaliar é eticamente complicado (A)

-Utiliza técnicas de avaliação adequadas (A)

- Os mecanismos de avaliação tranquilizam o professor (A)

-O professor que vê o aluno como decalcável numa grelha de

avaliação não tem problemas éticos em avaliar (A)

Avaliação humanista dos alunos

- O aluno é mais do que a avaliação fria (A)

- Avaliação baseada na empatia (A)

- Preocupação com os efeitos da avaliação na auto-estima e no

trabalho do aluno (A)

-Preocupação com os efeitos da avaliação no relacionamento com os

colegas (A)

-Avalia o aluno num plano mais amplo que a sua produção (A)

-O esforço para humanizar a avaliação (A)

Page 414: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Dilemas éticos dos professores de

Axiologia

Dilemas são uma constante da

profissão

-O professor. confronta-se com situações dilemáticas com alunos

e com colegas (B)

-A resolução de dilemas apela à consciência do professor (B)

-Os dilemas são inevitáveis porque o professor trabalha com seres

humanos (B)

Problemas não dilemáticos

Falta de profissionalismo de colegas

-Os juízos de valores sobre os colegas nem sempre são positivos (B)

-Percepção das falhas éticas dos colegas (B)

-Falta de preparação das aulas (B)

Revelação de informação pessoal

sobre os alunos

-Desacordo em relação ao modo como se fala do aluno (B)

- A divulgação da informação sobre os alunos limitada a vários

contextos (B)

Page 415: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Conclusão tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Atitude face ao problema

Atitude de distanciamento

-Procura não se envolver em situações que condena (B)

- Distancia-se dos outros professores (B)

Dependente do contacto

-Depende da postura pessoal e das relações que mantém no meio

escolar

(B)

-Avalia o seu envolvimento na situação (B)

Dependente dos efeitos

-Atende as situações que se reflectem no seu trabalho e no seu

relacionamento com o aluno (B)

-Desvaloriza as situações que não interferem no seu trabalho (B)

Dependente da postura individual

-Depende de como cada um gere as situações (B)

Causas dos dilemas

Pressão social sobre o professor

-O professor é um profissional da educação (B)

-O professor não pode substituir os encarregados de educação (B)

-A pressão social contribui para a confusão de funções do professor

(B)

Mistura das funções

Os dilemas resultam do professor misturar funções (B)

Page 416: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 2 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

B: Dimensão ética em educação de infância ”

Categoria Subcategorias Indicadores

Uma profissão de base ética

Importância da dimensão ética na

profissão

-A dimensão ética tem toda a importância na profissão do educador

(A)

-Qualquer profissão necessita de um suporte ético de valores (A)

Importância da dimensão ética na

formação

-A formação pressupõe um suporte ético de valores (A)

-É necessária formação e reflexão ética dos formadores (A)

Importância da formação moral

da criança

Papel do educador

-As crianças são os seres morais de amanhã (A)

-Atender à formação moral da criança (A), (B)

-Contribuir para a formação moral da criança numa perspectiva de

futuro (A)

-Sensibilizar para a formação moral adequada á criança integrada

num projecto de todos (A)

-Reconhecer-se como agente ético (B)

-Reconhecer-se como formador de seres humanos (B)

Page 417: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tem B)

Categoria Subcategorias Indicadores

Importância da formação moral

da criança

A criança e as condições sócio

familiares e cultura

-O contacto precoce da criança com realidades socioculturais

diversas

(A), (B)

-O acesso fácil à informação (A)

-A estrutura familiar mais híbrida (A)

-O contributo da formação no desenvolvimento da sociabilidade (A)

Requisitos do exercício ético

Dinamizar as interacções éticas

-Reconhecer as interacções do seu trabalho (B)

-A relação de proximidade ética com a criança (B)

-A relação de proximidade ética com os pais e outros responsáveis

pela criança (B)

-A relação de proximidade ética de respeito, conhecimento e

abertura com outros educadores (B)

-A relação ética com a Escola enquanto instituição (B)

-A relação de proximidade ética e de escuta com as autarquias (B)

Page 418: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Conclusão tema B)

Categoria Subcategorias Indicadores

Requisitos do exercício ético

Dinamizar as interacções éticas

-A relação de proximidade ética e de escuta com os agentes da

comunidade (B)

-A relação numa perspectiva de totalidade (A)

Saber reflectir

-Necessidade de reflectir sobre a sua relação com as crianças e com

os pais (B)

-Necessidade de tomar consciência dos limites do seu trabalho (B)

Reconhecer os seus deveres

profissionais

-Necessidade de identificar os deveres deontológicos do seu trabalho

(B)

Desenvolver trabalho de parceria

-Professores e educadores tendem cada vez mais a trabalhar em

conjunto (B)

- O educador/professor tem que estar consciente de que o seu

trabalho implica parcerias com outros agentes (B)

Repercussões do trabalho do

educador

-O trabalho do educador não se limita ao seu grupo e à sua sala (B)

- O educador tem que estar consciente de que o seu trabalho tem

repercussões fora da sala (B)

-A criança projecta para o exterior as suas aprendizagens (B)

-A criança partilha com os pais o seu quotidiano na escola (B)

Page 419: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 3 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

C: Representações sobre o formando e a ética

Categoria Subcategorias Indicadores

Subestimação do papel da ética

Falta de sensibilidade em relação à

ética

-Dificuldade em perspectivar a importância da ética (A)

-Pouca importância atribuída aos valores na formação (A)

-Falta de visibilidade sobre a importância da ética (A)

na educação de infância

-Apreensão pela desvalorização da formação ética (A)

Razões para a falta de sensibilidade

-Visão técnica do Jardim-de-infância (A)

-Dificuldade em entender o papel da ética no Jardim-de-infância (A)

-Relações éticas não são visíveis para os formandos (A)

-Falta de introspecção (A)

-Falta de percepção (A)

-Falta de interesse (A)

-Falta de reflexão (A)

Page 420: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Conclusão tema C)

Categoria Subcategorias Indicadores

Valorização da dimensão ética

Formação pessoal dos formandos

-São pessoas com uma formação pessoal definida (B)

-Assumem valores e tomadas de posição (B)

-Praticavam o bem (B)

-Não eram mal formados (B)

-Eram educados e dedicados (B)

-Tinham alguns conflitos (B)

Atitude face à profissão

-Atentos aos desafios do mundo e da profissão (B)

Atitude face à formação

-Receptivos ao abordar questões (B)

-Sensibilizados para a importância da sua formação ética (B)

Page 421: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 4 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

D: Concepções do bom educador

Categoria Subcategorias Indicadores

Qualidades direccionadas para a

pessoa do aluno

-Promotor de felicidade (A)

Promotor de desenvolvimento

-Promotor da aprendizagem (A)

-Facilitador do crescimento (A)

Orientador

-Sabe orientar (A)

-Sabe apoiar (A)

Espírito de humanidade

-Preocupa-se continuamente com os alunos (B)

-É verdadeiramente humano (B)

Espírito de abertura

É respeitador (B)

-É tolerante (B)

-É aberto (B)

-Sabe escutar (B)

-É livre (B)

-É despreconceituoso (B)

Page 422: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Conclusão tema D)

Categoria Subcategorias Indicadores

Qualidades

direccionadas para o seu trabalho

Reflexivo

-Reflecte sobre o seu trabalho (B)

-Valoriza a diferença (B)

-Consciente de que o resultado do seu trabalho não é imediato (B)

Dedicado

-Prolonga o trabalho da escola em casa (B)

-Planifica e avalia o seu trabalho (B)

-Envolve-se (B)

-Empenha-se (B)

-Não é indiferente (B)

Page 423: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 5 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

E: A ética na formação em geral

Categoria Subcategorias Indicadores

Princípios e valores essenciais à

formação dos educadores

Valores interpessoais

-O diálogo (A)

-A empatia (A)

-Fazer-se respeitar (A)

- O respeito (A), (B)

-A responsabilidade perante si (A), (B)

-A responsabilidade perante os outros (B)

-Responsabilidade como valor chave da profissão (B)

- A responsabilidade como valor chave da formação (B)

-A tolerância (B)

-A aceitação da diferença (B)

Valores pessoais

-A autonomia (A)

-O pensamento crítico (A)

-A reflexão (A)

Page 424: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema E)

Categoria Subcategorias Indicadores

Princípios e valores essenciais à

formação dos educadores

Valores sociopolíticos

-Liberdade no sentido político (B)

-Liberdade associada á responsabilidade (B)

-A liberdade como valor fundamental da profissão (B)

-A mudança (B)

Importância da formação ética

Importância atribuída pela Escola

-Importância considerável (A)

-Importância relativa (B)

-Preocupação com a formação de competências éticas (A)

Importância atribuída pelos

Professores

-A necessidade da disciplina ser anual (B)

-A manifestação no Conselho científico da disciplina ser anual (B)

Importância

atribuída pelos alunos

-O desejo de mais tempo de formação (B)

-O reconhecimento da importância da ética na prática (B)

- Sugestões dos alunos (B)

Processos de formação

Desenvolvimento da Axiologia em paralelo com outras disciplinas

(A)

-Realização de trabalhos pelos alunos em seminários

interdisciplinares (A

Page 425: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Conclusão tema E)

Categoria Subcategorias Indicadores

Valores promovidos pela Escola

Valores religiosos

-Valores de carácter humanista-cristão (A)

-Associados à Igreja Católica (B)

Valores gerais

-O humanismo (B)

-Em prol da a família (B)

-Educação (B)

Valores específicos

-Tolerância (B)

-Pela diferença (B)

Opinião dos professores

-O professor partilha os valores da Escola (A)

-Consistentes com os grandes valores éticos do mundo de hoje (B)

Page 426: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 6 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

F: A disciplina de ética e a formação ético-deontológica dos formandos

Categoria Subcategorias Indicadores

Estratégias de formação

Disponibilização da informação

-A perspectiva histórico-cultural contextualizada na

contemporaneidade

(A)

-A desmistificação da novidade (A)

-A abordagem de textos e reflexões nas aulas teóricas (B)

Promoção do pensamento crítico

-Provocar (A)

-Estabelecer pontes (A)

-Fazer pensar (A)

-Debates e análise de questões nas aulas práticas (B)

-Análise das questões éticas do mundo contemporâneo (B)

Justificação das estratégias

-Comportamentos impulsivos (A)

-Predomínio de preocupações pessoais (A)

Page 427: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema F )

Categoria Subcategorias Indicadores

Estratégias de formação

Sugestões de actividades práticas

-Aplicação de situações em sala de aula (A)

-Aplicação à exploração de temas e histórias (A)

-Aplicação a actividades lúdicas (A)

-Estabelecer articulação entre teoria e prática (A)

-Salvaguardar da liberdade do educador (A)

Estruturação das aulas

-A parceria na dinamização das aulas (B)

-A divisão em aulas teóricas e práticas (B)

Estratégias de desenvolvimento

moral da criança

Ausência de estratégias

-Nenhuma estratégia prévia (A)

Conhecimento da criança e do grupo

-Observar o grupo para o conhecer (A)

-Conhecer cada criança individualmente (A)

Construção da relação afectiva

-Dar atenção às crianças (A)

-Conquistar afectivamente o grupo (A)

-Estabelecer relação de olhares (A)

-Manter a disponibilidade (A)

Page 428: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema F )

Categoria Subcategorias Indicadores

Estratégias de desenvolvimento

moral da criança

Planificação e realização de

actividades

-Sugestões de trabalho baseadas nos conteúdos teóricos (B)

-Construção de materiais didácticos (B)

-Aplicação dos materiais à prática pedagógica (B)

Desenvolvimento das actividades

com as crianças

-O envolvimento das crianças (B)

-A tomada de posição das crianças sobre valores (B)

Conteúdos da formação

Deontologia

-Sensibilização às questões deontológicas em geral (B)

-Sensibilização às questões deontológicas da profissão (B)

-Apoiada em autores portugueses (B)

-A construção de um código deontológico (B)

Dilemas éticos

-Os dilemas da profissão (B)

Paradigmas da formação ética

-Paradigma da responsabilidade (B)

- Paradigma da justiça (B)

Page 429: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema F )

Categoria Subcategorias Indicadores

Objectivos da formação

-Incentivar tomadas de posição (B)

-Promover o espírito crítico e a reflexão (B)

Impacto da formação ética

Na avaliação

-Condicionalismos pessoais da avaliação (A), (B)

-Falta de tempo para aprofundar as grandes questões (B)

-Necessidade de cumprir o programa condiciona a verificação dos

resultados da formação (B)

Em situações de estágio

-Aplicação das temáticas da ética em sala de Pré-Escolar (A)

-Exemplos trazidos das situações de estágio (B)

-Exemplos de situações com crianças (B)

-Exemplos de situações da atitude do educador com as crianças (B)

Em situações de sala de aula

-Aplicação das temáticas da ética em sala de aula (A)

-Substituição dos planos de aula pelo debate de situações práticas

(B)

Page 430: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema F )

Categoria Subcategorias Indicadores

Impacto da formação ética

Interesses dos alunos

-Código deontológico da profissão (A)

-Autoridade em educação (A)

-Valores em educação (A)

-Temas ético-deontológicos (A)

-Importância da ética na formação pessoal e social (A)

Importância da formação extra-

escolar

-Influência do escutismo (A)

-Influência das experiências de vida (A)

A ética como construção

-O reconhecimento da importância de que a ética tem que se

construir (A)

-O reconhecimento da importância da ética depende do interesse e

da legitimidade que se lhe atribui (A)

Page 431: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema F )

Categoria Subcategorias Indicadores

Outros contributos para a

formação ética

As disciplinas

-A disciplina de Teoria e desenvolvimento curricular I e II… e a

formação cívica e para a cidadania (A)

-A disciplina de Teoria e desenvolvimento curricular I e II e a

formação pessoal e social (A)

-A Matemática promotora de actividades integradas numa visão

ética (A)

-Os valores humanistas estão presentes nestas disciplinas (A)

- Filosofia / Sociologia / Axiologia (B)

O currículo oculto da Escola

- Os valores humanistas estão presentes na orientação da Escola (A)

Os professores de outras disciplinas

-O reconhecimento das competências científicas, pedagógicas e

éticas dos outros professores (B)

-A colaboração séria na formação ética dos alunos (B)

O ambiente da escola

-Uma escola pequena (B)

-Promove o conhecimento e proximidade entre professores e alunos

(B)

Page 432: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Conclusão tema F )

Categoria Subcategorias Indicadores

Propostas de alteração à formação

ética

Introdução de

novas disciplinas

-A perspectiva ética subjacente aos modelos pedagógicos (A)

-Leitura ético-moral dos modelos pedagógicos num plano cultural e

antropológico (A)

Formação mais alongada

-A necessidade de mais tempo para a construção ética do aluno (A)

-A necessidade da disciplina ser anual (B)

Integração de sugestões dos alunos

-Realização de Seminários e encontros de reflexão conjunta (B)

-Necessidade de alargar horizontes e aprofundar questões (B)

Perspectiva da Escola

A abertura da Escola para as questões ético-deontológicas (B)

Page 433: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 7 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

G: “Os professores e a profissão”

Categoria Subcategorias Indicadores

Funções do professor

Informação

-Profissional da informação (A)

Formação

- Profissional da formação (A), (B)

Relacionais

-Promotor da socialização (A), (B)

Requisitos do professor

Saberes

-Têm que saber ser informados (A)

Competências relacionais

-Têm que saber estar em sociedade (A)

- Têm que saber relacionar-se com os intervenientes do processo

educativo (A)

- A atenção ao aluno (B)

- A receptividade (B)

-O conhecimento do aluno e do seu meio familiar (B)

Competências técnicas

-Têm que ter competências específicas para a sua acção profissional

(A)

Page 434: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Conclusão tema G )

Categoria Subcategorias Indicadores

A educação como conceito

-A educação é um processo uno (A)

-Os profissionais são comprometidos com a educação (A)

-Educar é mudar (B)

-Conhecer o mundo para intervir (B)

A responsabilidade da profissão

Fundamentos

-Uma responsabilidade acrescida (A)

-Os direitos e deveres (A)

-Uma grande visibilidade (A)

Necessidade de regras

-Regras gerais (A)

-Regras de colocação de professores (A)

Page 435: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 8 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

H: Deontologia da profissão docente

Categoria Subcategorias Indicadores

Conceito

-O saber do dever ser (A)

Pertinência do código

deontológico

-Particularmente importante (A)

-A ausência do código docente motiva à reflexão (B)

Objectivos do código

-Promover relações de transparência e justiça (A)

Orientar

-Apontar caminhos (B)

Reconquistar a dignidade do papel

do professor

-Reconquistar a dignidade do professor como educador e

socializador

(B)

-Reconquistar a dignidade do professor como promotor de mudança

(B)

Consolidar a profissão

-Cristalizar um modo de viver a profissão docente (B)

Page 436: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema H )

Categoria Subcategorias Indicadores

Necessidade do código

Perspectiva idealista

-Não considera necessário (A)

-Promover aprendizagens na base do dever ser (A)

-Desenvolver o saber estar numa perspectiva de aperfeiçoamento

constante (A)

Perspectiva realista

-O comportamento ético-moral inato não é viável (A)

-A necessidade de clarificação de estatuto (A)

- A necessidade de clarificação de desempenho de papéis (A)

-A desvalorização profissional (B)

Sentida pelos alunos

-A elaboração do código pelos alunos (B)

Inconvenientes do código

-Não vê desvantagens (A)

Perigo de ser normativo e impositivo

-Um código fechado sobre si mesmo (B)

-Um código demasiado normativo e impositivo (B)

Page 437: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema H )

Categoria Subcategorias Indicadores

Inconvenientes do código

Perigo de ser limitativo

-Um código demasiado linear e restritivo nos seus princípios (B)

-Um código limitativo da acção e desempenho do professor (B)

-Um código limitativo nas responsabilidades do professor (B)

Composição do código

Princípios e Deveres orientadores da

relação

- Deveres de competência relacional (A)

- Do Professor-aluno e professor-professor (B)

- Do professor para com a escola enquanto instituição (B)

-Do professor para com a sociedade no seu conjunto (B)

Princípios orientadores da profissão

-A relação do professor com a profissão (B)

-Princípios orientadores no início de carreira (B)

Autoria

Representantes dos Professores

e elementos do ME

-Professores com formação ética (A)

-Representantes das organizações dos educadores (A)

-Elementos do ME (A)

Page 438: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(continuação tema H )

Categoria Subcategorias Indicadores

Autoria

Representantes dos Professores

e elementos do ME

-Participação conjunta de professores, representantes de

organizações e M.E. (A)

- O contributo de pessoas ligadas ao sistema educativo (B)

Investigadores

-A colaboração de investigadores direccionados para a elaboração

do código (B

Educadores e professores

- Conhecem melhor a realidade concreta (B)

- Conhecem as potencialidades da Escola (B)

- Conhecem as potencialidades dos alunos (B)

Pais e alunos

-O contributo dos pais e alunos (B)

Processos de elaboração

- Deve contemplar as especificidades necessárias (A)

-Desenvolvido numa perspectiva de administração da política

educativa (A)

-Desenvolvido numa perspectiva científico-pedagógica da educação

(A)

-O debate com os agentes educativos (B)

Page 439: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Conclusão tema H )

Categoria Subcategorias Indicadores

Abrangência do código

-Todos os professores indiferenciadamente (A)

-Abrangente e único (A)

-Um código para cada grau de ensino não é benéfico (A)

Opinião face ao código

-O código como elemento de força numa óptica política (A)

-O código como forma de pressão social (A)

-O código como parceiro social (A)

-Não se pretende um código limitativo (B)

-Um código isento dos interesses corporativistas dos professores e

educadores (B)

-Professor defensor da existência do código (B)

-Alunos partilham da opinião do professor sobre o código (B)

Page 440: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D

PROTOCOLOS DAS ENTREVISTAS AOS

FORMANDOS

Page 441: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D1

PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO M

Page 442: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D1 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO M

Realizada por Margarida Duarte

E – Entrevistador M - Entrevistado

A entrevista foi realizada numa sala de aula da ESE, disponibilizada para o efeito, e

decorreu num ambiente tranquilo e ameno. Foi solicitada e consentida autorização para

a sua gravação.

Em primeiro lugar, gostaria de lhe agradecer a possibilidade que me dá de poder

realizar esta entrevista, que se situa no âmbito do curso de Mestrado em Ciências

da Educação, na área de especialização de Formação de Professores. Esta

entrevista destina-se exactamente à realização da dissertação deste curso, e tem

por alvo a formação ética dos educadores de infância em formação inicial.

Agradeço-lhe a colaboração prestada para este trabalho.

È essencial porque, sem estas entrevistas não era possível realizar a investigação.

Agradeço-lhe também a possibilidade que me dá de poder gravar a entrevista, e

portanto, está garantido o anonimato da entrevista. Portanto, estará

absolutamente á vontade para prestar todas as declarações que achar.

Entretanto, em relação a qualquer dúvida que tenha, relativamente às questões

que forem colocadas, portanto, estarei também à disposição para clarificar

qualquer pergunta menos clara.

Começaria por lhe perguntar:

E - Em relação à totalidade das disciplinas do seu curso, quais é que considera que

são mais importantes para o exercício da profissão de educador?

M – Amm!... Psicologia… tanto a educacional, como a do desenvolvimento, que nós

tivemos, a Axiologia, a Sociologia … depois todas aquelas práticas, portanto,

Desenvolvimento e Drama, Música, as Expressões Plásticas… também... não é bem

Português… mas pronto, nós demos-lhe o nome de Sintaxe e Linguística… que também

acho que é importante. Não me estou a recordar de mais nenhuma….amm, Literatura!

Page 443: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – E de todas essas que está a referir, qual é que acha que a marcou mais, no

sentido de a sentir mais essencial para o desenvolvimento da profissão de

educador?

M – As essenciais que eu acho mesmo é a Psicologia e a Axiologia.

E – E porque é que considera essas duas, as mais essenciais?

M – È assim …as outras são questões práticas que nós vamos aprendendo, não é, ao

longo do curso. Estas são mais teóricas, que nos ajudam a compreender melhor a

criança…não é…e tudo o que envolve a criança. São…pronto… são mesmo as que eu

acho mesmo principais, são as duas.

E – Olhe, em relação à disciplina de Axiologia, propriamente dita …amm… a

importância que referiu …amm… como é que sente essa importância, como é que

sente amm … como aluna do curso de educadores e já com alguma prática de

estágio, como é que sente a importância desta disciplina?

M – É assim…nós em Axiologia falámos muito da ética, que está muito relacionada

com os valores morais, os valores da pessoa. Temos a moral… portanto, vou tentar

explicar melhor, que é também para me concentrar. Portanto a moral é o que está

escrito… não é! …é da lei… e a ética já é da pessoa, da própria consciência da pessoa e

logo dos valores que a pessoa acredita. Logo, vai condicionar a sua acção…não é…

humana. Portanto, ela vai… a pessoa age consoante os valores que tem e logo aí eu acho

muito importante Se ela valoriza uma coisa claro que depois, na sua acção como

educadoras…como educadora, a sua atitude vai ser em função desse valor, penso. Daí

logo a sua importância.

E – Exacto! Olhe, muito direccionado ainda para a disciplina de Axiologia, de

todos os conteúdos que foram explorados nessa disciplina, quais são os que

considera mais importantes para a sua prática?

Page 444: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

M – Também… vou dizer os que me recordo mais. Portanto, é a tal ética, os valores,

discutimos muito os valores… os valores morais da sociedade actual, e também falámos

da deontologia, que infelizmente, da docente … não…não está em vigor. Todas as

profissões têm mas…nós ainda não.

E – Olhe, no âmbito da disciplina de axiologia, que estratégias é que foram

trabalhadas, é que considera que adquiriu, para promover o desenvolvimento

moral dos alunos? Ou assim estratégias especificas, que lhe foram dadas para

resolver determinadas situações ou para apoiar os alunos em termos de

desenvolvimento moral?

Marta – Não! Não, eu penso que não. Só trabalhámos os valores e pronto… a

deontologia, a ética, mas assim situações de como nós agirmos, não.

E – E nessas aulas não eram colocados problemas dessa ordem, surgidos da

prática, para serem discutidos?

M – Foram, mas não foi de prática em Jardim. Portanto, falámos de dilemas éticos, mas

de casos reais, mas não era…não eram de Jardim.

E – Portanto, as alunas não colocavam situações de prática pedagógica, que de

alguma forma levassem à discussão desses assuntos em termos éticos?

M – Penso que não! Pelo menos não… não me lembro. Pronto, não me lembro, acho

que não.

E – Olhe, que outras disciplinas do curso, é que considera que também

contribuíram para a sua formação ética como educadora?

M – Portanto, a Psicologia… pronto… porque ao darmos várias formações ou as

características das crianças de cada idade, ajuda-nos também a saber como agir. Não sei

se por um lado a literatura, porque por exemplo, nós falámos de várias histórias e vários

textos literários, um deles era a fábula… não sei, pronto…ao lermos uma fábula à

criança, ela tem sempre a moral da história, portanto, penso que também ajudará o

educador. Outra disciplina…

Page 445: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Os textos que me fala e que foram trabalhados em literatura, nessa disciplina,

essa … essa moral que fala, que era o resultante desses textos, era explorada na

aula?

M – Nós explorávamos as fábulas… foi dado a escolher uma fábula a cada…e por acaso

nós explorámos a fábula da cigarra e da formiga, e depois explorámos sim.

E – Portanto, no sentido de perceber que valores é que estavam subjacentes a… a

esses textos.

M – Sim e até mesmo tentámos ver em que contextos é que tinham surgido, em

situações de prática em Jardim.

E – Portanto, falou da Psicologia e Literatura…

M – Sim!

E – Considera que foram também disciplinas que vieram reforçar os conteúdos

que de alguma trabalhou em Axiologia?

M– Sim.

E – É isso?

M – Sim!

E – Em relação a esta escola de formação, que aspectos é que acha que… que esta

escola mais valoriza em termos da formação ética?

M – Que aspectos!? …

E – Ou seja, que princípios ou que valores é que acha que esta escola defende?

Page 446: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

M – É assim … essencialmente, como sendo uma escola católica são os valores cristãos,

sem dúvida. Portanto…tanto na Páscoa, no Natal, portanto, organiza as missas,

portanto, penso que são mais os cristãos que a escola defende.

E – E dentro desses valores cristãos, quais é que destacaria?

M – Destacaria a solidariedade, por causa agora da campanha que há para Guiné.

Depois é a fé… essencialmente são esses…é mais a fé, a solidariedade…

E – Concorda com esses valores ou acha que a escola deveria valorizar outros?

Além destes, ou outros sem ser estes?

M - Eu penso que sim! Por exemplo, nós tivemos uma disciplina, que logo aí mostra

mesmo o carácter que está na escola. Tivemos duas: era o Humanismo Cristão e a outra

era Ciências Religiosas. Portanto, era dado por um padre. Portanto, ele poderia agarrar

nessas duas disciplinas e mostrar-nos outras culturas, que nós não vamos ter crianças só

católicas. Poderia agarrar e mostrar-nos outros valores. Mas não… mostrou-nos

simplesmente os princípios cristãos, os valores cristãos.

E – E… e… e esses… esses valores que esse professor destacou, foram mais uma

vez a solidariedade e a fé, ou alargou a outros?

M – É sempre a Solidariedade, Fé. Mostrou o respeito… estou-me a lembrar, o respeito

pelo outro. Também acho um valor importante, mais importante se calhar do que os

anteriores, principalmente a Fé, porque nós estamos numa sociedade que hoje muita

gente não tem Fé. O respeito… mais… não me estou a conseguir lembra de mais.

E – Olhe, que outros valores na sua perspectiva, que outros valores é que gostaria

que a escola tivesse defendido, para além da solidariedade, da fé, do respeito…

M – Estou-me a lembrar de outra coisa. Também era valorizado o valor da família.

E agora outros…depois é sempre o valor da família, o amor… vá… outros que eu

acharia que também eram necessários… não sei! Trabalhar se calhar o valor da

liberdade, que acho que… não é…mostrar que a liberdade, a nossa liberdade, acaba

Page 447: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

quando a do outro começa, não é! Acho que é…a liberdade não é fazer tudo o que… o

que apetece…foi pouco trabalhada. Foi discutido, lá está, na disciplina de Axiologia,

agora nestas de… de… tem a ver com as disciplinas cristãs, não! Foi pouco.

E – Olhe, em relação ás repercussões que a formação ética que recebeu tem, na sua

prática pedagógica, eu iria colocar-lhe a seguinte questão: durante o tempo de

estágio, portanto, que já começou em Setembro e até ao momento, lembra-se de

algum dilema ou de alguma situação ética, que tivesse surgido no Jardim onde tem

estado a estagiar e que queira relatar?

M – Eu por acaso já estive a pensar e … eu comigo não me lembro… que se tenha

passado comigo, não, nem com outra pessoa.

E – Portanto, em termos de… de… de situações, quer de relação adulto-criança,

quer de relação adulto-adulto…

M – Que me lembre, não! Não, não consigo. Portanto, pode surgir… não sei, quando

nós castigamos uma criança, não é… ficarmos em conflito com nós próprios, se foi ou

não certo… mas não…não…não me lembro se…

E – Nem lhe surgiu ainda essa situação?

M – Não, comigo não!

E – Hipoteticamente falando, se tivesse que se confrontar com uma situação

dilemática, uma situação eticamente difícil, digamos assim, que envolvesse ou o seu

relacionamento com adultos, ou o relacionamento com crianças, que valores é que

gostaria de accionar para resolver essa situação? Isto é uma pergunta difícil

porque a situação não aconteceu, não é?

M – Exacto, exacto!

Page 448: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Se tivesse acontecido era mais fácil. Mas hipoteticamente falando, se um dia

tiver que se confrontar com uma situação desta natureza, que valores é que

gostaria de poder accionar para resolver?

M – Não sei! … Talvez, se calhar o valor do amor… não sei… como sendo aqui…o

valor de amor como sendo o melhor para a criança. Não estou a ver bem a situação

porque não me aconteceu nenhuma. Mas seria o melhor para… portanto, em relação ao

amor, talvez.

E – Por conseguinte, não havendo uma situação definida, e pedindo que se

pronuncie sobre uma situação que não existe, o que é muito difícil, à partida fosse

qual fosse a situação, gostaria que fosse resolvida na base de… o melhor para o

bem da criança é assim?

M – Sim!

E – Olhe, que valores é que acha que um bom educador deve ter?

Marta – O valor do amor, também… do respeito… não só o respeito para com os outros

colegas… vá… educadores adultos, mas também para com as crianças.

O valor da solidariedade… Portanto, são valores importantes que um educador ao tê-los,

logo à partida vai transmiti-los também à criança, não é! Porque a pessoa se acredita

naqueles valores, a pessoa não é neutra… a criança também capta.

A solidariedade, o respeito, o amor, a liberdade…mostrar que não é…não se pode fazer

tudo o que se apetece. Não me estou a recordar de mais valores.

E – Sim senhor! A formação ética que recebeu até ao momento, acha que a satisfez

ou ficou aquém e gostaria de…de saber mais?

M – A gente nunca sabe tudo! É assim… eu fiquei satisfeita! Adorei a disciplina de

Axiologia, portanto, que foi a que tocou mais nesses assuntos, nos valores. Eu gostei

muito e acho que estou sempre… a gente está sempre a aprender mais. Temos de estar

sempre a acompanhar. A Axiologia até foi dito, os valores estão sempre a mudar, e

estão! Nós devemos de acompanhá-los, mas também não deixar os valores importantes.

Page 449: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Acho que hoje em dia está-se a dar muito valor às coisas materiais. É isso que se está a

transmitir às crianças: o ter tudo. O educador não se pode deixar levar por aí! Tem que

ter os espirituais… vá… os ditos espirituais: a família, o amor, o respeito, solidariedade,

liberdade, poder transmiti-los. Portanto, eu acho que é por aí.

E – Se pudesse intervir na…na programação da … de uma disciplina de formação

ética, que outros assuntos é que incluiria, além daqueles que foram abordados?

M – Talvez as situações práticas. Portanto, o expor acontecimentos que tenham ocorrido

mesmo em Jardim… e portanto seria importante trazer os dilemas para a sala e pôr os

educadores a discutirem mesmo… porque é que agiriam assim ou ao contrário.

Portanto, acho que seria importante. Penso que foi o que faltou.

E – E essa proposta nunca foi feita por parte dos alunos?

M – Eu penso que não! Agora que reflicto sobre isso, eu estou-me a lembrar que seria

importante.

E – E portanto os alunos nunca fizeram essa proposta?

M – Penso que não! Falámos apenas, portanto, de dilemas morais e situações reais que

aconteceram, mas nunca direccionados para a prática mesmo de Jardim-de-infância.

E – Olhe, no âmbito de deontologia profissional, considera importante a existência

de um código deontológico da profissão docente?

M – Sim!

E – Porquê?

M – Portanto, nós…a Axiologia vimos vários códigos deontológicos, inclusive o do

médico. Vimos a proposta de um código exactamente para a profissão docente.

Assim o código deontológico acho que deve ser importante porque é… ás vezes há

situações….não é…penso que sim… que o educador não sabe como agir. Talvez tendo

Page 450: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

um código deontológico, portanto, é …ele funciona… vai funcionar como um guia, em

que vai ajudar através dele saber como …qual a melhor solução para aquele problema.

Eu penso que aí, portanto, os educadores não têm referência nenhum, agem por si, pelo

aquilo que eles pensam que está correcto. E se tivesse um…se houvesse um código

deontológico, acho que seria diferente… á que normalmente… pelo menos todos os

educadores já sabiam… nesta situação… portanto, era como… exactamente como um

guia, como um…um livro… vá…onde nós pudéssemos consultar e agir da melhor

forma. Acho que é isso que faz falta.

E – Olhe, vê algumas desvantagens na existência de um código?

M– Desvantagens… Eu penso que há sempre aquelas situações críticas, que dão sempre

confusão. Eu estou-me a lembrar quando a gente viu, portanto, não tem a ver agora com

a educação de infância, até porque nos vimos um código deontológico da profissão

docente, mas para professores e lembro-me de uma…de uma questão que lá estava, que

era das… das explicações… que… pronto…havia professores…e nós depois até

discutimos, se não haveria professores que dessem a matéria mal dada nas aulas, afim

de conseguir arranjar mais alunos para dar… pronto …para dar explicações, visto que…

que recebe bem das explicações. Portanto, é claro que nós dissemos logo que não, visto

que está escrito no código deontológico que ele não deve fazê-lo. Mas se calhar esse

professor não vai ao encontro disso. Portanto, há sempre aquelas situações de conflito.

Nem todas as pessoas pensam da mesma maneira. Mas penso que ajudaria muito o

código deontológico.

E – Portanto, não vê assim desvantagens em que ele não exista.

M – Não, não vejo!

E – Sente a falta dele é isso.

M – Sim!

E – E sente falta dele, por achar que está numa situação de… de inicio de carreira

e precisa de… de pontos referência para a orientação?

Page 451: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

M – Sim, sim, sim!

E – Olhe, que deveres é que incluiria nesse código se fosse chamada a participar na

elaboração dele? Que valores, que deveres é que sugeria?

M – Relacionado com a educação de infância, é assim: o dever de não maltratar a

criança, seja fisicamente ou psicologicamente. Portanto, estou na minha prática e não

sei… podia ser uma situação de conflito, mas vejo muito… muita humilhação, muito o

chamar nomes… pronto! Portanto, o dever era não maltratar a criança seja fisicamente,

seja psicologicamente. Outro dever…

E – Permita-me só interromper? Nessa prática pedagógica em que assiste a essas

situações, portanto, não está directamente envolvida, assiste, quando assiste como é

que se sente?

M – Eu olho para a cara da criança e sinto-me revoltada por ela. Assisti a uma que…

portanto, a criança ficou quase chorosa à minha frente e eu ali… pronto! Fico mesmo

revoltada, mas também não… não me sinto no direito, uma vez que também sou

estagiária, de me revoltar contra o adulto e criar ali também uma situação de conflito.

E olho para a criança e sinto mesmo revolta e pena da situação que… que… que o

adulto causou na criança.

E – Portanto, o seu dilema neste caso, é perceber que a criança ficou numa

situação de fragilidade, provavelmente fragilidade emocional e que não a pode

defender, porque como estagiária não sente a autoridade suficiente para a

defender, é isso?

M – Exactamente1

E – Portanto existe aqui um dilema, entre defender os direitos da criança ou de

alguma forma…

M – Causar se calhar uma situação de conflito…

Page 452: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Causar uma situação de conflito com o adulto.

M – Sim!

E – Imaginando que…que…que podia intervir, como é que resolveria?

M – Não sei…se calhar talvez chamasse atenção do adulto, para não voltar a fazer, não

é?) Não à frente das crianças, porque assim estaria a fazer o que ela fez, mas chamando-

a à parte, não é! Tentá-la chamar à razão, porque não é justo para a criança, portanto,

porque a criança a ser humilhada… vá…entre aspas, à frente das restantes, faço ideia, a

criança fica com uma auto-estima mesmo em baixo. Ia tentá-la chamar à razão. Penso

que seria o mais…mais … e incentivar o adulto também a pedir desculpas á criança, que

eu acho que é um factor importante.

E – Portanto, o primeiro dever que apontava seria, como disse, de salvaguardar a

integridade física e emocional da criança, em relação ao adulto.

Que outros deveres além desse?

M – Outros deveres…

E – Acha que… a profissão de educadores de infância, começa e acaba só na

relação adulto criança ou envolveria outros intervenientes?

M – Acho… não, não, não! A criança de todo o…com os colegas… vá… da instituição,

ou dali daquele meio, pais…os pais são um factor importante e a restante comunidade.

E – Porque é que acha que os pais são um factor importante?

M – Porque os pais… é assim…por ver… as crianças são assim porque os pais o são,

não é! Vá…os pais são o espelho da criança. Se a criança é assim, é porque tem

referências dos pais que são assim e se calhar muitas vezes nós conseguimos resolver

problemas da criança se os juntarmos aos pais e se cooperarmos com eles. Por isso

Page 453: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

também seria um factor importante dentro do código deontológico, o dever de… de

cooperar com os pais. É mesmo o dever de cooperar com eles.

E – E em relação à comunidade, como é que veria o papel da comunidade em

termos de deveres num código deontológico?

M – Em relação à comunidade… por exemplo… mais vale um exemplo prático que é

para… por exemplo, imaginemos que uma comunidade tem um lar de idosos.

Penso que é dever do educador, as crianças ás vezes nem sabem sequer o que é um lar

de idosos, nem sabem que existe… só se for algum que tem por acaso um avô ou

…pronto… ou um familiar. Portanto, acho que é dever da… da educadora, uma vez que

sabe, que tem informação disso, cooperar com…com esse lar, fazer visitas…

não…não…isso não faz só bem às crianças, como também aos idosos que estão nesse

lar. Penso que seria uma mais valia para ambos.

E – Portanto, neste caso esta a falar de um dever do educador de estender o seu

trabalho à comunidade…

M – Sim!

E – Relacionado com a comunidade

M – Sim, exactamente.

E – Olhe, em relação ainda ao código, quem é que acha que deveria participar na

elaboração de um código da profissão docente?

M – É assim… eu não sei…quer dizer…eu não sei como são, os deveres… eu penso

que são diferentes de professores para educadores. Talvez na profissão docente haveria

de haver dois: um para professores e outro para educadoras, uma vez que…pronto, são

completamente diferentes e nos de professores participarem os professores e nos

educadores, os educadores, porque eles é que conhecem bem o meio onde estão, não é!

Page 454: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Portanto, vê uma diferença significativa entre a profissão professor e a

profissão educador?

M– Sim!

E – Em que aspectos?

M – Portanto, um professor é… eu penso que é… portanto, um professor tem um

programa. Ele tem que cumprir aquele programa. Está ali, as crianças estão sentadas e

ele mesmo que não se queira, debita, não é… a matéria. O educador não! Não tem

programa. Tem umas orientações e ele tem de partir de situações do dia a dia, de

situações da criança, a partir do que ela sabe portanto, explorar e tentar transmitir-lhe aí

alguns conhecimentos. Não lhe vai dar matéria, porque a criança também não apreende.

Vai ensinando-a brincando. Portanto, logo aí é diferente. Eu penso que um professor,

guiando-se por um livro, estar ali a dar aulas, é diferente de um educador ali com 25

crianças no máximo, não tem livros, não há dias. Portanto é diferente.

E – E essa diferença, portanto, considera-a que justifica a existência de códigos

diferentes?

M– Sim!

E – Olhe, para além de… de educadores e professores, acha que deveriam outras

entidades integrar esse projecto de elaboração de código, ou somente os

profissionais de cada uma das áreas?

M – Os profissionais e…eu não sei bem como isso funciona, mas talvez alguém que

faça parte do ministério da educação, não é... que acompanhe e que oriente o debate,

porque são sempre… vai sempre haver situações de conflito e chegar à melhor hipótese.

E – Olhe, em relação a tudo o que foi dito, e situando-nos ainda no grande tópico

que é perceber o que os professores e educadores em formação inicial, pensam da

formação ética, há alguma coisa que eu não tenha perguntado e que queria

referir?

Page 455: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

M– Não! Penso que não! Penso que perguntou tudo e acho que não tenho mais nada a

acrescentar.

E – Então agradeço-lhe mais uma vez a sua preciosa ajuda para este trabalho.

Obrigado.

Page 456: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D2

PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO R

Page 457: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D2 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO R

Realizada por Margarida Duarte

E – Entrevistador R - Entrevistado

E – Esta entrevista começaria por informá-la, que se insere na dissertação do

Curso de Mestrado em Ciências da Educação, na Área de Formação de

Professores e destina-se a recolher dados sobre as representações que alunos e

professores têm, sobre a dimensão ética dos educadores de infância, em formação

inicial. A sua colaboração será extremamente útil, porque sem a realização desta

entrevista seria impossível realizar o trabalho, porque é daqui que vamos recolher

os dados que precisamos para fazer esta investigação e eu agradeço-lhe ter-me

dado o consentimento para fazer a gravação. Por conseguinte, será totalmente

anónima, e por conseguinte, agradeço-lhe este contributo a que se prestou.

Se houver alguma pergunta ou alguma questão que queira colocar, de forma a

esclarecer alguma dúvida, portanto, gostaria de a pôr desde já à vontade.

Rita – Obrigada.

E – Olhe, fazendo um balanço de todas as disciplinas do seu curso de educadores

de infância, quais são as que considera mais importantes para o exercício da

profissão de educador?

R – Sem dúvida Axiologia Educacional primeiro, porque acho que tem muito a ver com

a nossa pessoa, (não é?) (E … e depois penso que) também é muito importante

Literatura Infantil, a Metodologia da Matemática, as Expressões… (pronto…) todas

essas áreas que depois nós também iremos trabalhar e desenvolver com as crianças, não

é? Pronto, acho que é basicamente…

E – Porque é que considera, das disciplinas que referiu, porque é que as elege como

mais importantes?

Page 458: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

R – Então…a Axiologia Educacional porque penso que é muito importante para nós.

Nós termos uma formação que nos desperte para nós, enquanto pessoas, e nós enquanto

educadores (e nós não…) nós enquanto educadores, devemos ter uma componente de

formação a nível social, muito importante, não é!...Porque nós vamos despertar nas

crianças a maneira como… como elas vão viver no mundo, e não é…e todas essas

coisas. E então eu acho que é muito importantes nós sabermos como é que havemos de

introduzir a criança no mundo, mas também ter muita atenção aos nosso actos, não

é!...Porque devemos ter cuidado…é a tal coisa. A criança aprende muito mais através de

exemplos, não é…! Porque ela elege um modelo… do que…do que… através daquilo

que nós dizemos … e então é muito importante nós termos atenção à nossa conduta. E é

o que a Axiologia Educacional desperta-nos para isso, tanto em sociedade, como depois

nós na nossa sala de actividades. E depois as Expressões e a Metodologia da

Matemática e a Literatura Infantil, acho que são áreas que também são muito

importantes nós desenvolvermos com as crianças, porque… para já elas…nós vamos

preparando também não só para a vida, para o mundo, como também para a escola, não

é…! Para a sua formação a nível de escolaridade. E então penso que também é

importante dar-mos privilégio a estas áreas e também acho que é bom privilegiar a

Literatura Infantil. Despertar o interesse das crianças pelos livros e pela leitura e pela

escrita também. Perceberem já antes de irem p’ra… p’ra … p’ró 1º ciclo… perceberem

o que é que é escrita no que é que consiste, assim como… como a matemática. Porque

se forem devidamente despertas para estas situações todas, provavelmente terão um

percurso escolar e social muito mais vantajoso e muito melhor, não é?

E – Portanto, em relação a essas disciplinas ficou claro realmente a sua posição,

face à importância que lhes atribui.

R– Sim!

E – Em relação à Axiologia, qual é que acha que tem sido o contributo desta

disciplina… enfim, para a sua prática pedagógica?

R – Para a minha prática? Eu penso que desde que tive esta disciplina, fiquei mais

desperta a certas… certos actos que… que se calhar nós tomamos, ou que nós fazemos e

que se calhar nos passam ao lado, se não tivermos uma disciplina que nos alerte para

Page 459: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

este tipo de coisas. E então penso que me influenciou bastante na minha forma de agir e

de pensar, até porque acho que é muito importante nós, no fim de estarmos com as

crianças um dia inteiro, reflectirmos naquilo que fizemos, se é correcto ou não … e se

calhar são coisas que nós não faríamos, se não tivéssemos esta disciplina. É também

importante saber que desde… desde esta faixa etária que devem… que devem ser

trabalhados os valores e… e devemos desenvolver estas capacidades todas na criança,

não é?

E também é muito importante porque a Axiologia nos alerta que, não é… não devemos

ter em atenção só as crianças, mas também devemos ter em atenção os nossos hábitos

para connosco próprios, crianças do meio envolvente, não é…os pais…porque a nossa

profissão está muito ligada a todas estas coisas. E então penso que é muito importante

nós sabermos como é que devemos agir também. Acho que é…que é isso.

E – Olhe, ainda no âmbito da disciplina da Axiologia, quais são os conteúdos que

considera mais importantes de todos os que aprendeu? Quais são os que mais

valoriza?

R – Então… dentro da disciplina que nós tivemos… tivemos vários conteúdos, não é!

Aquele que me despertou mais e que eu mais gostei, foi realmente a deontologia, porque

acho que é mesmo muito importante. E então…penso até que… que devia ser uma…

uma… uma disciplina, a Axiologia, que se prolongasse por mais um bocadinho, porque

tem muitas coisas a serem abordadas em tão pouco tempo. E penso que a deontologia

devia ser realmente abordada e … e devia ser… devia ser falado um bocadinho com

mais tempo. Até… até em relação aos códigos deontológicos que nós também falamos

na… na nossa… nesta cadeira e foi isso que me despertou bastante.

E – Olhe, que estratégias é que conhece que a apoiem na… no desenvolvimento

moral das crianças, ou seja, na sua prática pedagógica, que estratégias é que… é

que foram exploradas no âmbito da formação, que a ajudem a promover o

desenvolvimento moral dos meninos?

R– Fala de estratégias…como?

Page 460: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Portanto, foram-lhe dadas estratégias de acção, para resolver situações do

âmbito da formação ética com os seus alunos?

R – Enfim, estratégias de acção, não! Mas talvez linhas orientadoras, por aí, acho que

sim.

E – E que linhas orientadoras é que…é que lhe foram dadas nesse sentido?

R– Então… para já, nós termos uma… uma… uma conduta frente ás crianças, enfim,

linear

E depois termos atenção em relação, por exemplo, aos castigos que aplicamos… se…se

têm cabimento ou não; se é na hora que se deve fazer, porque depois se calhar se já for

uma hora depois, não tem qualquer importância para a criança, não é! …Porque ela não

vai compreender que…que está a ser castigada por aquilo que fez. Depois acho que nos

focámos essencialmente aí e que era importante abordar valores. Mas foi tudo assim de

uma maneira muito geral. Por isso é que devia ser um bocadinho mais alargado, porque

depois o tempo é pouco.

E – Sentiu a necessidade de que esta disciplina fosse mais abrangente no tempo…

R – Sim…

E – … E mais… talvez mais especifica, é isso?

R – Sim, talvez …porque… porque é assim, a disciplina é semestral. Eu acho que… que

em 6 meses, menos de 6 meses obviamente, que não… que nunca dá para focar tudo tão

bem, não é!

E depois acho que falta componente…óbvio que nunca vamos ter uma componente

assim muito prática. Mas tal como estava a dizer das estratégias, acho que falta isso à

disciplina. Portanto, é óbvio que nós temos linhas orientadoras, mas nunca…mas é

sempre muito diferente, porque acho que essas linhas orientadoras, quando nós

estivermos num Jardim, na nossa prática diária, não é! … Provavelmente aquilo que nós

vamos fazer, é o que nós achamos que está bem. E então talvez seja um bocadinho mais

vindo do nosso interior, do que propriamente daquilo que nós estivemos a falar.

Page 461: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Olhe, por conseguinte, sente necessidade de que a formação ética que é

proporcionada pela escola, fosse baseada na prática, nos problemas surgidos da

prática, é isso?

R – Sim, também. Acho que já é muito bom a nossa escola ter esta formação, não é! …

Porque provavelmente há muitas escolas que ainda, no curso de educação de infância,

que ainda não têm nenhuma cadeira, em que… em que seja chamada a atenção, entre

aspas para isto, para este tipo de situações. Mas depois sim, também penso que… que

deveria ser um bocadinho mais alargado, para nos dar… p’ra nos… digamos… p’ra nós

nos sentirmos mais preparadas quando vamos p´ra nossa prática pedagógica… porque é

completamente diferente, não é! E se calhar se tivermos uma componente um bocadinho

mais prática desta disciplina, talvez seja melhor e não passe tão ao lado…Porque depois

se calhar há pessoas que gostam da disciplina, mas acabam por esquecer, ou que não é

assim tão importante e que não… e que não vão valorizar, até porque se calhar não

conseguiram tirar as ilações daquilo que nós aprendemos, para depois nós aplicarmos.

E – Olhe, que outras disciplinas do seu curso, é que considera que também

contribuíram para a sua formação ética, a par da Axiologia?

R – A par da Axiologia, a Sociologia da Educação, porque nessa cadeira nós falamos

também dos valores, não é! E da evolução da sociedade que vem a par também com…

com esta formação ética, porque a formação ética é uma coisa que está sempre… que

acompanha a evolução da…da sociedade. E penso que mais nenhuma.

E – Olhe, em relação a esta escola especificamente, que aspectos é que acha que

esta escola valoriza mais, em termos de formação ética, ou seja, que princípios e

que valores é que acha que esta escola valoriza mais?

R – Mas princípios e valores em relação a….

E – À formação ética, portanto no âmbito da formação ética…

R – Sim!

Page 462: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – … que acha… que… que aspectos é que acha que a escola valoriza mais?

R – ….

E – A escola enquanto instituição, terá provavelmente um conjunto de princípios

pelos quais se orienta, não é?

R – Sim, sim!

E – Que princípios ou valores é que acha que a escola segue?

R – É assim…esta resposta vai ser um bocadinho curta, porque também acho que não

estou muito dentro disso. Mas talvez nós sairmos daqui com uma…com uma formação

um bocadinho a nível… a nível de tudo. Mas também penso que valoriza este… este

âmbito da… da formação ética, pela Axiologia, não é! E também…

E – Acha que há assim… se tivesse que destacar determinados valores defendidos

pela a escola, quais é que apontaria?

R – Nós temos o nosso… a nossa frase, que é “QUEM AMA EDUCA SEMPRE”, que

eu acho que é muito importante, não é! Até porque quem não está nesta profissão por

gosto, se ela por gosto já… já tem… já temos que superar tanta coisa, quanto mais se

não gostarmos. E acho que quando não gostamos do que estamos a fazer, mais vale não

fazer, porque nunca vamos… nunca vamos ser eticamente correctos, não é! E então

penso que só pelo lema, acho que já valoriza também esta componente ética.

E – Portanto, para além do amor, nesse caso para além do amor que está contido

no lema, que outros aspectos é que acha que se realçam aqui?

R – Não lhe sei responder.

E – Olhe, então faria outra pergunta. Que valores é que gostaria que esta escola

defendesse? Enquanto instituição, que valores é que acha que esta escola deveria

assumir e valorizar?

R – Então… penso que…deveria valorizar… mais…posso pensar?

Page 463: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Claro!

R – Ai que interessante! Acho que a nossa escola deveria valorizar um bocadinho mais

uma… a dinâmica. Deveria se calhar dar um bocadinho mais de… mais um bocadinho

de… espaço á parte prática, á parte pedagógica que nós temos, que penso que é

reduzida, porque nunca vamos sair daqui com… com uma prática pedagógica

suficiente. Óbvio que nunca ninguém sai, mas acho que poderia ser um bocadinho mais

alargada. Acho que…que podia estar um bocadinho mais atenta ao desenvolvimento

de… de novas… de novas pedagogias que vão aparecendo e…e por exemplo, novas

estratégias a nível de matemática e…e talvez penso que poderiam apostar um bocadinho

mais na formação dos professores que estão a formar-nos a nós, não é! … Porque temos

professores muito bons, não é! Mas depois também temos professores que… que

nunca… nunca souberam o que é estar numa… numa sala de… de actividades…e que

não sabem o que é que consiste a nossa profissão. E acho que se calhar é um

bocadinho… nem que não sejam educadoras, mas que tenham ligação a esta profissão…

acho que é muito importante p´ra depois saber também como é que hão-de avaliar.

E – E em termos de relações humanas, que tipo de relações humanas é que acha

que esta escola promove?

R – Uma…eu penso que é uma relação humana bastante próxima. A esse nível,

totalmente! Porque não são todas as universidades em que os alunos têm uma relação

tão próxima com os funcionários e com os professores. Aqui é um ambiente mais

pequeno, não é! E... mas pronto! Promove realmente verdadeiros laços de afectividade

entre as pessoas e acho que isso é muito importante… e pronto!

E – Sim, Senhor! Olhe, agora em relação a outro aspecto que tem a ver com as

repercussões da formação ética, na prática pedagógica. Já falámos alguma coisa

sobre isso na primeira… na primeira parte. Eu agora gostaria assim de deslocar a

nossa conversa para uma situação mais prática. Por exemplo, na sua prática

pedagógica, já se confrontou com algum conflito ou com alguma… algum dilema

ético e que queira falar sobre ele?

Page 464: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

R – Algum dilema ético?! Podia-me dar um exemplo?

E – Por exemplo, algum problema que tivesse surgido, quer na relação

criança/adulto, quer na relação … adulto/ adulto, algum problema que a deixasse

de alguma forma … como é que vou explicar, talvez como se costuma dizer “entre

a espada e a parede”?

R – Sem saber o que fazer…

E – Que resolução tomar…pronto! A isso chamaremos um dilema… isto em

termos éticos. Há assim alguma situação que a tenha incomodado a esse nível?

R – Eu penso que, assim tão forte, eu penso que ainda não me aconteceu. Mas também

estou ciente de que a qualquer altura pode acontecer, não é! Até porque são coisas que

vão acontecendo. Mas também penso que ainda não tenho uma prática pedagógica

muito alargada e perfeitamente á vontade, portanto, só eu nesse ambiente, não é… sem

nenhum educador Cooperante a conduzir-me. Porque é óbvio que tem que haver uma

relação de cooperação…e então penso que ainda não houve nenhuma situação, em que

eu pudesse chamar que seria um dilema ético.

E – Olhe, e portanto também não sente ainda a responsabilidade de dirigir um

grupo, não é?

R – Exactamente…

E – Na sua… na sua posição de estagiária, observou alguma situação em que se

sentisse em conflito consigo mesma, sobre se devo reagir, não devo reagir… isto

quer em relação ao relacionamento criança/adulto, quer em relação ao

adulto/adulto etc.

R –Eu penso que sim, porque nós como estagiárias estamos um bocadinho limitadas,

não é! Mas também creio que nos é dado… digamos… penso que nos locais onde até

agora me encontrei a estagiar, tenho sido privilegiada porque não…não tenho sido

colocada para trás ou posta abaixo, numa posição a baixo, não é! Têm-me sempre

Page 465: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

encarado com uma colega. Mas há situações obviamente que… que eu entro em conflito

comigo mesma, porque prová…porque é assim… penso que não devo dizer, porque sou

só uma estagiária e porque provavelmente se eu disser, se calhar não vai parecer bem a

quem eu digo, não é…a nível de adulto-adulto! … Mas depois por um lado também

quer dizer… porque… porque há actos, visto isto pelo ponto de vista ético, ou pelo

ponto de vista deontológico, que são errados… que não… e que se calhar as pessoas

cometem ás vezes sem pensar mas… mas há situações completamente absurdas, não

é!...

E – Quer relatar alguma dessas situações?

R – Posso relatar! Por exemplo, acho que ás vezes não é… temos de compreender que

uma criança não tem a mesma capacidade de estar quieta, do que nós, não é! Elas

precisam de movimento. Elas precisam de agir, e ás vezes estar um dia inteiro a dizer

“está calada, senta-te” ou “está quieta”, provavelmente não é… não é a melhor forma

porque a criança tem… tem muita energia e nós também devemos compreender isso. E

estar… e querer que uma criança esteja um dia todo, desde… muitas vezes desde as 8

horas até às 7 horas da tarde, porque é o tempo que geralmente passam no Jardim, estar

todo o dia quieto, é muito complicado. Para nós adultos é, e se nós por exemplo numa…

numa sala de aula também gostamos de conversar, vamos colocar-nos no lugar da

criança, não é! E então ás vezes por coisas mínimas que a criança fala, ou que a criança

faz alguma coisa tipicamente de crianças… fazer isso… a ver fazer isso e

provavelmente pegar na criança e dar-lhe uma punição um bocadinho mais rígida do

aquela que deveria ser adequada, sim já vi muitas vezes.

E- E em função dessa situação como é que costuma reagir?

R – Geralmente não digo nada, não é! Mas fico…fico sempre… quer dizer…eu penso

que pelo menos aquilo que eu vejo, que não me agrada é sempre bom, porque posso me

lembrar disso para quando for a minha prática nunca o fazer, não é! É assim que eu ajo.

Eu vejo as coisas, não estou em posição de o dizer como estagiária.

E – Então e se estivesse em posição de intervir, como é que faria?

R – Penso que… não devemos logo partir para a punição., não é! Sei que gerir um

grupo de 25 crianças que é muito complicado, não é! E então ainda por cima com…com

Page 466: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

a faixa etária! Mas partir logo para a agressão e ás vezes física, não é… acho que não

é… que não é o ideal.

Então alertar a criança para aquilo que ela está a fazer não é o correcto. Falar com ela

pessoalmente, não é! Às vezes falar em frente do grupo humilha a criança… e então

normalmente não é isso que acho que deverá ser feito, mas chamá-la à parte, tentar fazer

compreender que aquilo que ela está naquele momento a fazer não é… E fazê-las

entender também o nosso ponto de vista, porque eu acho que é muito importante,

porque a criança muitas das vezes, a maior parte, não consegue pôr-se no nosso lugar,

não é! E ás vezes pô-la no nosso lugar resulta bastante.

E – Olhe, essa posição que defendeu que assumiria nessas circunstâncias, resulta

da formação ética que recebeu ou teria em função dessa mesma formação…

lembrar-se-ia de outra solução para…para essa situação que referiu?

R – A formação ética que eu tive na Escola? Sem dúvida que também veio de toda…de

toda uma componente de formação que nós tivemos aqui na Escola. Mas também acho

que vai muito da formação de nós enquanto pessoas, porque provavelmente numa turma

de 27 alunas, face à mesma situação, provavelmente reagiriam todas de maneiras

diferentes. E então acho que também vem de nós, mas também acho que é mesmo muito

importante ter uma formação.

E – Por exemplo, para esse tipo de situação que referiu que conteúdos é que acha

que a formação ética lhe forneceu para resolver assim?

R – Sobretudo foi na disciplina de Axiologia… os nossos deveres para com a criança,

não é! Porque é muito importante nós sabermos… nós sabermos que deveres é que

temos para com elas e como aplicar isso…E como não infringir também. Também…e

depois a nível da Psicologia do desenvolvimento, porque para além de ser muito teórica,

tem exemplos muito práticos e que… e que acontecem no nosso quotidiano, não é! E

que nós conseguimos ver como é que poderemos fazer nessas alturas.

E – Olhe, no seu relacionamento com adultos e com crianças, em função de

situações problemáticas, que valores é que privilegia para as resolver? Portanto,

não nos situando agora numa situação específica, mas em termos gerais, no seu

Page 467: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

relacionamento com crianças e com adultos, que valores é que privilegia mais para

resolver problemas?

R – Vou-lhe fazer uma pergunta primeiro. Então e o que é que a senhora entende por

valores?

E – Por valores, portanto estou a referir-me a linhas de conduta orientadoras, para

tomar decisões na resolução de problemas. E nessa altura, por exemplo, em relação

à situação que referiu, da criança que é irrequieta, por exemplo, referiu que

dialogava com a criança, não é! Portanto, seria a sua estratégia. Para essa ou

outras situações, que envolvem problemas de relações humanas ou com adultos ou

com a criança, que outros valores é que a orientam?

R – Para além do diálogo, não é! Como então já referi, penso que é muito importante o

respeito, entre essas duas pessoas, porque se não…se não houver, tanto de uma parte

como da outra, penso que não há muito a fazer, não é! E também além do respeito, acho

que é muito importante assim no relacionamento com as crianças, a afectividade.

Porque sem dúvida se nós não formos afectivos para com eles, se não reconhecerem

essa afectividade por parte de nós, provavelmente nunca vão sentir confiança em nós.

Nunca vão fazer aquilo que nós lhes pedimos, não é!

E – Olhe que valores é que acha que um bom educador deve ter?

R– Isso é uma pergunta complica porque isso são muitos, não é? Mas um bom

educador? E o que é que entende por bom educador?

E – Isso é uma pergunta que eu lhe devolvo. O seu conceito… no seu conceito de

bom educador que valores é que cabem?

R – Então… pronto…aquele que eu elejo assim logo muito rapidamente, é mesmo a

afectividade, não é!

Depois… penso que a liberdade. Dar a liberdade à criança de ser como ela é. E o

respeito que nós temos que ter pela criança, pelas suas necessidades. Deixe-me pensar

mais… e a afectividade como já tinha referido à pouco… e penso que um bom educador

Page 468: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

deve ter o valor, não sei muito bem se é um valor, mas penso que deve sentir

necessidade de conhecer e de aprender mais, para conseguir acompanhar a evolução dos

tempos e para conseguir dar sempre resposta ás crianças. Acho que é muito importantes

nós sabermos que a formação que nós damos quando tiramos uma licenciatura, não

chega de maneira nenhuma para conseguirmos estar com as crianças. Então penso que é

mais ou menos um valor, nós termos o dever de nos formarmos para…para

conseguirmos corresponder às expectativas das crianças.

E – Olhe entrando agora num campo que lhe é particularmente querido, se é que

posso falar assim, considera importante a existência de um código deontológico da

profissão docente?

R – É completamente, não é!

E – Porque é que acha que é importante a existência deste código?

R – Então…Eu penso que é assim... é muito importante porque a nossa classe… vamos

falar… vou-me só remeter às educadoras, porque professores é um bocadinho amplo

demais. Mas acho que… para já a educação de infância é uma profissão recente em

Portugal e que ainda tem muito a trabalhar para…para conseguir levar a nossa profissão

a bom porto. Mas sobretudo porque os educadores não têm nada que os guie para…para

fazerem que… aquilo que estão a fazer está deontologicamente correcto ou não. E …e

penso que é muito importante porque há tantos educadores, tantos professores que

cometem actos deontologicamente incorrectos, não é… que isso às vezes nem passa pela

cabeça, entre aspas, de ninguém de fora, porque é mesmo assim …

E porque serve para unir a nossa classe. E também penso que é importante um código

deontológico mas também é importante saber que não é para nós nos guiar. É só uma

base. Só como se fosse um guião, umas linhas orientadoras. Não é para nós estarmos a

pôr em prática tal como lá diz porque deve dar espaço de manobra a situações

particulares. Penso que é muito importante também para …para a nossa profissão ser

um bocadinho mais valorizada, porque não o é… e penso que isso também é muito

importante. Até porque se a nossa profissão for valorizada nós teremos ainda mais gosto

de fazermos aquilo que fazemos, não é!

E – Olhe, vê algumas desvantagens para a existência desse código?

Page 469: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

R – Não! Eu não vejo! Mas isto sou eu, não é! Mas é óbvio que para haver um código

deontológico isso requer a associação dos educadores e … é muito importante que seja

revisto… e que …não se …não se vai para o código deontológico e depois ficam para

um canto e não se vai revendo e não vai acompanhando as mudanças. Porque tem que

ser não é. Porque se o mundo evolui o código deve acompanhar porque é óbvio que

depois é…vai sendo … vão havendo situações diferentes, não é!

E – Portanto, receia que ele possa vir a ser limitativo ou acabe por ficar … de

alguma forma ultrapassado, é isso?

R – Limitativo não, mas ultrapassado sim! Porque para haver um código deontológico

implica que …que haja…como é que eu me hei-de expressar…que haja vontade de

quem… de quem o elabora para continuar a …a estar atento e a ir actualizando o

código. E depois penso que … que é importante as pessoas saberem que um código não

é a cristalização de os deveres e dos direitos, não é! Não é os direitos e os deveres que

estão naquele papel que vão limitar a acção dos educadores. E antes penso que é um

ponto negativo…é se calhar pensarem que um código deontológico possa ser isso, o que

não é.

E – Olhe, se pudesse ter oportunidade de participar na elaboração do código

deontológico que deveres é que incluiria nesse código?

R – Acerca de deveres, por exemplo …o meu trabalho é precisamente também sobre

isso, não é!

Foca isso um bocadinho e… Portugal ainda não tem nenhum código deontológico mas

há …há países da Europa que… em que os educadores já têm. E então penso que os

deveres não devem ser só os deveres dos educadores para com as crianças, não é! E

então ainda para mais na profissão de educação de infância. Penso que se devem

remeter para os deveres para com as crianças, para com os pais, para com a

comunidade, não é! Portanto penso que deve abranger tudo isso. É isto que quer, que

pretende que eu responda, ou é alguma coisa mais específica?

E- Só queria que imaginando-se numa equipa de elaboração de um código

deontológico, que me dissesse que deveres é que sugeria, quando chegasse a sua

Page 470: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

vez de dar sugestões, que deveres é que sugeria, para incluir nesse código.

Portanto, falou-me de deveres de …de

R – Deveres para com …

E – Deveres de …determinadas … de determinadas camadas digamos assim…

R - Pronto e quer que seja um bocadinho mais específica e diga…

E – Só que diga o que entende do assunto…

R– Eu entendo pouco porque ainda estou a meio do trabalho. Espero que daqui a um

tempo ainda consiga entender mais…

E – Como estagiária agora na prática, que deveres é que sentiu que deveriam estar

num código?

R – Então penso que, isto em relação às crianças, o nosso dever de respeitar o seu ritmo.

Acho que é muito importante, porque vamos a ver e muitas vezes não é respeitado o

ritmo da criança porque estão a fazer trabalhos, que às vezes nem sequer são adequados

e depois exigem que estejam feitos em determinado tempo. Portanto, acho que é muito

importante o dever de respeitar o ritmo…o próprio ritmo da criança e o dever de a

preparar para a nossa sociedade, tanto…pronto… tanto a nível social, como a nível

moral, e como a nível…pronto… tudo o que abrange a escolaridade não é… para ela se

sentir preparada também quando for para a escola.

Há tantos… deixe-me pensar em mais um. Penso que também é muito importante o

dever de … o nosso dever para com as crianças de… de elas serem felizes e terem …e

terem…e terem um percurso feliz ao longo do tempo em que passam pelo Jardim. Acho

que é muito importante a criança ser feliz… implica muito também com a nossa postura

para com ela, não é! Pronto!

Page 471: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Olhe, quem acha que deveria participar na elaboração de um código, que

segundo me apercebi, acha que deve haver um código para educadores específico,

não é!

R – Eu penso que sim porque …eu vou-lhe dizer porquê! Porque é assim: se nós …se

nós formos a ver a profissão docente é das mais abrangentes que há. E até penso que se

calhar é mesmo por causa disso que não há nenhum código deontológico, porque se nós

… se nós formos a ver há diferenças muito grandes a nível da faixa etária com que os

docentes lidam, e depois porque requerem…são componentes muito diferentes desde a

educação de infância até ao secundário.

E então penso que deveria haver um código deontológico para os educadores e depois

provavelmente para os professores… que se calhar haveria necessidade …isto é aquilo

que eu penso, de dividir para os professores do 1º, 2º e 3º ciclo e depois para os

professores do Secundário. Porque se formos a ver, mesmo para os professores do 1º, 2º

e 3º ciclo já há tantas divergências … E então eu penso que deveria haver um código

elaborado para…pelos e para os educadores.

E – Está a falar de nesse código… essa diferença que estabelece é em função do

público que os diferentes professores servem ou em função dos diferentes graus de

ensino em que situam?

R – Das duas coisas. Penso que…porque por exemplo, na disciplina de Axiologia nós

tivemos a… a ver a proposta do código deontológico pelo D’Orey da Cunha, pelo Pedro

D’Orey da Cunha. E por exemplo, um dos pontos deontologicamente discutíveis que

aparecia nesse código elaborado era a questão das explicações. Por exemplo isso para os

educadores não os afecta, porque nós não vamos dar explicações a crianças fora da

nossa …da nossa área, não é! Agora, é uma coisa que já afecta bastante os professores

do 1º, 2º e 3º ciclo e de secundário então bastante.

E- Quem é que acha que deve então participar na elaboração deste código?

R – Então… eu penso que já disse, mas eu penso que o código deontológico deve ser

elaborado por educadores… por professores… mas tendo o ponto de partida que o

Page 472: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

código seria um código deontológico dos educadores penso que deveria ser pelos

educadores, por uma Associação de educadores. E penso que é muito importante nessa

Associação haver educadores já com alguns anos de experiência, portanto, de haver

assim um público um bocadinho alargado, desde aquele que sai do curso ou que ainda

está em formação, até àquele que tenha mais ou menos anos de experiência porque é

bom abranger e ver todas as realidades, não é! Porque são perspectivas muito diferentes

de um educador que acaba de sair de um curso a de um que já tem…já tem muitos mais

anos de experiência, não é!... E penso que não é desaproveitar de todo as ideias de um

ou as ideias de outro mas sim juntar…pronto! Mas penso que deve ser por educadores

porque… não pelo Ministério da Educação, porque esse é outro dos pontos que eu

penso que é outra razão para nós ainda não termos o código deontológico. É que nós

estamos… trabalhamos para o ministério da Educação, para quem está a trabalhar no

público, não é!… E então são eles que estabelecem os nossos direitos, os nossos deveres.

Mas penso que não é o suficiente, e que nós se calhar nos deixamos levar bocadinho

pela maré e deixamos de lutar por aquilo que quase toda a certeza dignificaria a nossa

profissão e com certeza nos faria exerce muito melhor.

E – Olhe para além dos professores incluiriam mais algum outro interveniente?

Neste caso, para além dos educadores incluiria outros intervenientes fora da

classe?

R - Eu penso que não. Mas se por acaso…por um lado até pode ser relevante, não é,

mas… mas penso que incluiria apenas pessoas que estivessem ligadas a esta… a esta

área.

E – Olhe de todas as questões que lhe coloquei sobre esta temática, há alguma coisa

que queira acrescentar e que eu não lhe tenha perguntado. Algo que queira falar,

explicitar melhor ou emitir alguma opinião

R – Acho que está mesmo muito completo o questionário.

E – Então agradeço-lhe realmente a sua …o seu contributo a este trabalho e o seu

tempo e a sua disponibilidade. Muito obrigado.

Page 473: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D3

PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO P

Page 474: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D3 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO P

Realizada por Margarida Duarte

E – Entrevistador P - Entrevistado

A entrevista decorreu numa sala da ESE, num ambiente tranquilo e ameno. Foi

solicitada e consentida a autorização para a sua gravação.

E – Em primeiro lugar gostaria de lhe agradecer a possibilidade que me dá, de a

entrevistar. Esta entrevista serve num trabalho relativo à dissertação de um…de

um curso de Mestrado em Ciências da Educação, na área de especialização de

Formação de Professores e este trabalho tem exactamente a ver com a formação

inicial: a formação ética dos educadores de infância, em formação inicial.

Por conseguinte, esta entrevista é muito importante, porque faz parte de uma

recolha de dados, para a realização desse trabalho e eu agradeço-lhe a sua

colaboração.

Agradeço-lhe também a possibilidade que me dá, de poder gravar e gostaria ainda

de informar que será uma entrevista anónima.

Por conseguinte, se me permite… sempre que houver alguma dúvida, estou à

disposição para esclarecer…e então se me permite iríamos começar.

P– Podemos começar.

E – Olhe, aqui em relação ás disciplinas da sua formação ao longo do curso, quais é

que considera as mais importantes, para desempenho da sua profissão como

educadora?

P – Considero importante a Prática Pedagógica, que é uma disciplina que nós temos

desde o 2º ano até ao 4º. Considero também importante a Metodologia de Investigação,

neste caso nós chamamos os Métodos e as Técnicas da Comunicação. Considero

também importante a Sociologia, a Axiologia, que são disciplinas que tratam os valores

da nossa sociedade. Penso que basicamente, na minha perspectiva são as mais

Page 475: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

importantes. Depois existem outras que acabam por completar um bocadinho estas que

falei. Mas basicamente para mim são estas as mais importantes.

E – Olhe, acha importante a disciplina de Axiologia na… neste curso de formação

inicial de educadores?

P – Sim, acho que é importante!

E – Porquê?

P – Acho que é importante tanto para nós, para nós percebermos um bocadinho como é

que funcionam alguns valores desta sociedade, como também nos ajuda a perceber

como é que havemos de formar mais tarde o cidadão, neste caso as crianças.

Acho que é uma disciplina que para além de nos fazer ver alguns valores da sociedade,

ajuda-nos a fomentar alguns dos valores nas crianças.

E – Nessa disciplina de Axiologia, quais foram os conteúdos que abordaram e que

considerou mais importantes, que a marcaram mais?

P– Falámos de vários, não é? Falámos dos valores, a hierarquização dos valores, do que

é que era mais importante para uns e o que é que era mais importante para outros.

Falámos também dos códigos deontológicos, nomeadamente noutras profissões.

Foi basicamente isto o que marca mais, ou seja, os aspectos que eu considero que foram

os mais importantes, os mais relevantes, para a importância dessa disciplina, para a

importância da formação, para um dia mais tarde podermos virmos a formar alguém,

não é?

E – Foi … foram-lhes dadas estratégias para a ajudarem a promover o desenvolvimento

moral dos alunos? Portanto, conhece estratégias que a ajudem a promover o

desenvolvimento moral dos alunos?

P– Está a perguntar que actividades? Que tipo de actividades?

Page 476: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Portanto, se… se lhes foi sugerido … se lhes foi sugerido estratégias de acção

para poder formar moralmente os meninos com que hoje trabalha?

P – É assim… de certa forma, foi-nos dado algumas dicas, não é? O que quer dizer que

a gente nem sempre aplica o que nos foi dado, porque muitas vezes também não temos

condições para tal. Mas penso que existe… foi… essa disciplina foi importante nesse

sentido, para além de… de nos apoiar a nós, deu-nos algumas perspectivas de como

havíamos de proceder no futuro, de como é que havíamos de ensinar alguns dos valores

às crianças, vá… os valores que estão implícitos na nossa sociedade.

E – Quando diz que… portanto, lhes foram… foi transmitido uma forma de

trabalhar com os meninos, lembra-se por exemplo de… de… duma actividade ou

de qualquer sugestão que lhe tivesse sido dada nesse sentido?

P – Mas a nível dessa disciplina…da Axiologia?

E – A nível da formação ética dos alunos sim…

P – Podemos trabalhar isto de variadas formas com as crianças, não é?

E – Exacto, mas lembra-se de algum exemplo que lhe tivessem dado?

P – Sim, partindo de histórias, por exemplo… de histórias. Não sei se conhece a história

do “Pássaro da alma”?! É uma história um pouco densa, mas se nós conseguirmos

adaptar a história consegue-se trabalhar. E pronto! Foi mais basicamente de histórias, de

jogos também, basicamente é isso. Nós também aprendemos um bocadinho.

E – Olhe, para além desta disciplina da Axiologia, que outras disciplinas é que

considera que contribuíram também para a sua formação ética?

P – Sociologia, que também falámos um pouco dos valores… mais… eu penso que…

como é que eu hei-de explicar… todas servem um pouco para a nossa formação ética,

não é! Mas onde se trabalha mais isso…o que …o que realmente está a pedir, é na

Sociologia e na Axiologia, pronto!

Page 477: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Olhe, em relação a esta escola que está a frequentar, que aspectos é que acha

que esta escola mais valoriza, em termos de formação ética?

P – A nível de valores?

E – Por exemplo!

Paula – Eu penso que… nem sempre o existe, mas a gente já sabe que nem todas as

escolas isso existe, mas eu considero a solidariedade. Acho que existe muito… muito…

muita ajuda, entreajuda, tanto no seio de turma, como de… de diferentes turmas. O 3º

ano costuma ajudar… o 4º ano costuma ajudar muito o 3º ano, pronto, por aí além. E

penso que também existe um ambiente muito familiar. Todas as pessoas se conhecem

todas as pessoas param para temas de conversa, tanto seja a nível da escola como não,

pronto…como outros tipos de conversa. Anda tudo muito por aqui a nível de… a nível

familiar, de solidariedade… mais… também existe a amizade; a fidelidade também em

alguns casos. Penso que é o que eu considero.

E – Portanto, estamos a falar de ambiente em termos de alunos. Em termos por

exemplo dos responsáveis pela escola, que tipo de… de… de aspectos é que acha que

esses responsáveis mais valorizam, no sentido de dar uma ideia do que é esta escola?

P – É o ambiente. Eu acho que tentam passar uma imagem do ambiente que existe aqui,

ser um ambiente familiar… é mais isso.

E – E portanto, de alguma forma fomentam isso. É assim? Nos alunos? …

P – Fomentam… fomentam isso, e até tentam mesmo desenvolver.

E – Portanto, acha que a solidariedade que existe, se deve, não por uma

consequência natural de relação entre alunos, mas que os próprios responsáveis

pela escola fomentam isso, é assim?

P – Sim!

Page 478: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – São responsáveis por este clima de solidariedade…

P – Sim, sim! Eles são os próprios a dar o exemplo. Muitas vezes se nós precisarmos de

alguma ajuda, nós vamos ter com os professores e os professores tentam nos ajudar e se

não conseguem… e se não conseguirem isso, encaminham-nos para outro… para

outro…para outras entidades, que também estejam presentes nesta escola… vamos à

secretaria, biblioteca, director, seja o que for…

E – Portanto este espírito de solidariedade estende-se a todo… a toda a escola é

isso?

P– Sim.

E – Olhe, acha que em relação a estes valores que falou e que a escola defende,

concorda com eles ou acha que esta escola devia valorizar outros?

P – Concordo com eles. Acho que são principais. São o pilar de … de manter a escola…

uma escola aberta para… para outras… para outras pessoas, sejam desta comunidade ou

que sejam de outra comunidade diferente. A solidariedade e o meio familiar acho que é

um bom caminho para as pessoas se darem bem, de poderem partilhar muitas ideias que

até… que tenham, não é! Se viverem numa comunidade diferente, acho que aqui

consegue-se partilhar muito essas ideias.

E – E além desses valores sente necessidade que houvesse outros ou não?

E – Eu penso que por vezes deveria de haver mais sentido de responsabilidade, em

determinados assuntos. Mas penso que isso também com o tempo é uma coisa que se

vai conseguindo, que se vai construindo e não pode… nós não podemos querer que as

coisas se façam logo desde o início. Acho que é uma coisa que se vai construindo. Se

me perguntar o que é que eu acho desde o início até agora, digo que a escola mudou em

muita coisa, e coisas que eu pensava que ela nunca iria mudar. Mas penso que até tem

conseguido corresponder às necessidades dos alunos, de umas… de maneiras diferentes

lá está, também… mas tem conseguido corresponder.

Page 479: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Que mudanças é que acha que foram mais…

P – A nível de disciplinas houve muita mudança. Eu verifico que eu neste ano, que

estou no 4º ano, passei por disciplinas que as minhas colegas deste… do 1º ano estão a

passar, e eu noto muita diferença. Os currículos são totalmente diferentes, as matérias

que estão a dar são muito… são totalmente diferentes. Penso que as lacunas que houve

no meu ano, no meu 1º ano, estão a tentar resolvê-las agora, para que mais tarde não

possam…para que isto mais tarde isso não se possa reflectir, não é?

E – Portanto, acha que quando os alunos avançam com… com as suas opiniões que

sempre são ouvidos, é isso?

P – Sim, são!

E – Olhe, agora em relação à sua prática pedagógica, portanto, já está a decorrer

desde Setembro, não é assim?

P – Outubro… início de Outubro.

E – Desde Outubro.

P – Outubro!

E – Desde Outubro até agora, confrontou-se com algum dilema ou com alguma

situação ética difícil, da sua prática pedagógica de jardim-de-infância?

P – É assim… eu…como é que eu hei-de explicar isto? Eu este ano estou no Jardim...

(como já tive a oportunidade de referir, na xxxxxxx ) e como disse, tenho uma criança

com necessidades educativas especiais. E muitas das vezes não é… não é que haja…que

isso tenha acontecido… vá… concretamente este ano, mas é uma coisa que tem vindo a

afectar este ano. É que em anos anteriores essa criança… vá… era um pouco proibida

de fazer certas e determinadas coisas, que as restantes crianças do grupo faziam. E… e

isso agora está a reflectir um pouco este ano porque muitas vezes os pais têm tendência

Page 480: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

a perguntar se pode, se não pode fazer, visto que nos anos anteriores não conseguiam

fazer. E eu penso que isso é uma grande lacuna, não é, a nível de ética! Penso que…

E – E então como é que resolveu essa situação?

P – Eu neste caso, falei com a educadora cooperante porque não posso agir sem ter…

sem falar com ela. Mas falei com os pais e disse-lhe que o que era passado, era passado.

Nós tínhamos era que se preocupar com o presente e com o futuro que… que vinha…

que por mim nem que eu tivesse que fazer mais esforço, aquela criança participava em

tudo tal como o grupo. Se ela faz parte do grupo, se ela brinca na sala, e faz algumas

actividades tal como as crianças, independentemente das suas limitações, ela irá

participar em tudo.

E – E portanto, antes de… de… de…de falar com os pais, e quando detectou a

situação a primeira… a primeira ideia que lhe ocorreu foi… quando… quando

percebeu que a criança estava, de certa forma, a ser mais limitada que os outros,

na participação das actividades, a primeira estratégia que lhe ocorreu para

resolver isso foi exactamente…

P – Estratégia… foi tentá-la integrá-la um pouco mais no grupo. Como sabe uma

criança com necessidades educativas especiais tem algumas limitações, não é? Naquele

caso é uma criança que tem paralisia cerebral espásmica, tem mesmo graves limitações.

E muitas vezes os trabalhos que… que as educadoras de apoio fazem, servem para

ajudar o nível de desenvolvimento dessa criança, mas muitas vezes as actividades não

são adequadas a actividades do Jardim-de-infância. E então eu tentei que todas as

actividades que as crianças fazem, seja pintar, seja recorte, seja qualquer coisa do

género, eu tento que essa criança faça da mesma maneira que as restantes crianças,

sabendo sempre que ela tem de ter a ajuda de uma terceira pessoa, pronto! Eu do início

sempre disse à minha educadora que estava sempre disponível para isso, nem que

tivesse que ficar mais tempo no Jardim com aquela criança. Quando existe alguma

actividade em que as crianças têm que pintar com pincel, esta tal criança não pode…não

consegue pintar com pincel. Eu meto tinta nas mãos, ela pinta. Tento fazer movimentos

com ela, nem que sejam movimentos bruscos, mas são movimentos que a chamam mais

Page 481: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

a atenção, de modo que ela consiga movimentar os braços, para poder transmitir a

resposta ao estímulo que lhe foi dado.

E – Por conseguinte, disponibilizou-se face à educadora para… apoiar…e portanto

resolveu também dar uma palavrita aos pais.

P – Desde o início falei com os pais porque, o meu…o meu trabalho final, ou seja, a

minha tese vai ser sobre ela. Vou fazer um trabalho com ela…Vou vou fazer sobre a

comunicação aumentativa e alternativa.

E – E não se sentiu, de alguma forma… não sentiu que havia assim alguma

dificuldade em abordar a educadora sobre esse assunto ou os pais?

P – Não. Tanto a educadora como os pais são pessoas bastante acessíveis. Pelo menos

comigo sempre o foram. Nunca me negaram nada. Eu como… como preciso de fazer

entrevistas, preciso de saber coisas de …dessa determinada criança. e nunca me

negaram nada. Inclusivamente, eu na altura das entrevistas, nós temos que referir

sempre que os dados, pronto… são sempre anónimos e até mesmo os pais disseram que

se caso eu quisesse pôr… se quisesse colocar o nome dessa criança ou quisesse pôr a

idade que não havia… não haveria problema porque para eles era uma mais valia. Seria

most… seria como mostrar à sociedade o problema que aquela criança tinha, mas que

apesar do seu problema pode-se vir a desenvolver e pode vir a ser um cidadão como

outra criança qualquer.

E – Olhe, acha que a formação ética que recebeu na escola, de alguma forma a

ajudou a encontrar uma resposta para essa situação? Neste caso, a resposta foi

falar com a educadora sobre o caso, e falar com os pais sobre o caso, e

disponibilizar-se para ajudar a criança, a integrá-la nas mesmas actividades que os

outros, não são? Acha que a formação ética que recebeu contribuiu para esta sua

tomada de posição? Ou tê-la-ia tomado independentemente de… de… de ter tido

formação?

P – Tê-la-ia tomado independentemente de ter tido a formação ou não.

Page 482: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Quando existem situações problemáticas com adultos ou com crianças, no

espaço de Jardim onde trabalha, como é que resolve essas situações? Que valores é

que privilegia, para resolver esses…

P – O respeito! Acho que o respeito é muito importante quando trabalhamos com a

equipa, entre educadores e educadoras ou educadoras e auxiliares, ou quando

trabalhamos com crianças. Acho que o educador tem um papel bastante importante, na

medida em que deve respeitar o que… o que… o espaço das crianças, o que as crianças

dizem, da mesma maneira que a criança também deve de respeitar um pouco isso. Se a

educadora pedir uma determinada actividade, penso que a criança deverá respeitar

aquilo que a educadora pediu. Da mesma maneira, falo isto mesmo a nível de

comportamentos. Acho que também é importante incutir nas crianças que…que é

import… como é que eu hei-de explicar… que é… que torna-se importante, nós termos

determinados comportamentos em deri… em derivadas situações para termos os bons

cidadãos…para formarmos uns bons cidadãos.

E – Olhe, que valores é que acha que um bom educador deve ter?... Imaginando

que era possível existir o educador ideal, como é que imagina em termos de

valores, esse educador?

P – O respeito! Acho que tem de ser… a solidariedade também concordo, a

cooperação… e penso que… será só… penso que é importante… enfim eles estão

todos…estão todos interligados, acabam por se interligar todos, uns nos outros, não é?

Mas penso que o respeito, a solidariedade, a cooperação, a ajuda também… acho que é

importante.

E – Esses valores que mencionou, mais uma vez estão ligados à formação que…

que teve aqui, de alguma forma sentiu-se sensibilizada por essa formação, ou

teria… tê-los-ia defendido da mesma maneira sem essa informa… sem essa

formação’

P – Lá está… o que nós falámos nas disciplinas que há bocado nomeei. Foi um pouco

tudo no geral, nos valores em gerais. Até houve… foi engraçado porque numas

Page 483: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

disciplinas, que se eu não me engano foi em Axiologia, nós chegámos mesmo antes a

ter essa história dos valores, da hierarquização dos valores e o que para uns pode ser tão

importante, para outros não é. Mas para mim esses valores que eu acabei de nomear são

importantes. Não quer dizer que os outros não sejam, mas eram os que eu punha em

primeiro lugar, independentemente de ter essa formação ou não. Porque tivemos esta

formação…tivemos esta formação, mas antes de termos esta formação, já fomos

crianças e já tivemos formação de outro lado, não é? Portanto, seja no seio familiar,

como no seio escolar.

E – Bom, agora num plano…ainda num plano ético, mas associado à deontologia

profissional, na sua opinião considera importante a existência de um código

deontológico da profissão docente?

P – Considero importante.

E – Porquê?

P – Porque apesar de…o código poder ser ou não seguido, acho que é uma base, para

nós nos podermos seguir em relação aquilo que está escrito. Vá!

E – Acha que um código poderá ter desvantagens?

P – Desvantagens… a existência do código?

E – A existência do código já falou de… das vantagens, não é? Das vantagens que

acha que tem… E desvantagens, apontava-lhe alguma, no caso dele existir?

P – Eu penso que… a única desvantagem que eu vejo… (mas isso é como tudo…)

Penso que haveria muita gente que, sabendo que havia aquela base não iria seguir.

Possivelmente poderia não a seguir ou tentava segui-la por saber que esse código

existia, e não pela… pelo… pelo conhecimento dos deveres que deve ter, ou de alguns

direitos que deve ter. Não sei se me fiz entender…

Page 484: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Sim, sim, sim… iria mais por uma perspectiva não de um dever inato de…

de… de ser um bom profissional… vá lá…se é que podemos falar assim, do que

propriamente por estar escrito que ele o deve ser.

P – Pois, é mais por aí.

E – Olhe, se esse código existisse, que deveres é que gostaria que ele contivesse? Na

sua opinião, que deveres é que ele deveria incluir?

P – Que deveres!? Bem…deveres…penso que… deveria estar implícito que a

educadora deveria de ser flexível …mais…. Solidário também … autónomo. Penso que

também deveria estar implícito que os educadores deviam trabalhar em cooperação,

(tanto com a…eu vou explicar… tanto) com o meio escolar, com o Jardim, como com a

comunidade que envolve esse Jardim. Pronto! Penso que assim de repente… penso que

é só isso.

E – Olhe, quem acha que deveria elaborar esse código?

P – Eu acho que… sinceramente acho que deviam ser os educadores.

E – Está a perspectivar um código só… um código deontológico só para

educadores ou defenderia um código para todos os professores?

P – Não, eu estou só a referir um código de… para educadores. Penso que para

educadores deveria ser os educadores e para professores deveria ser os professores …

porque penso que as pessoas que estavam a trabalhar naquilo que realmente tiram, no

curso que tiraram, é que podem prever essas situações…é que podem verificar se aquilo

é o mais correcto, se aquilo não é o mais correcto. Eu não quero dizer com isto, que uma

professora do 1º ciclo não consiga ter a capacidade de o elaborar, mas penso que se

calhar terá (… como é que eu hei-de explicar…) terá dificuldade em fazer isto, porque

se calhar nunca passou por uma situação… como muitos educadores passam, não é?

Digamos assim, da mesma maneira vice-versa, como muitos educadores também nunca

passaram pelo 1º ciclo. Eu digo isto porque muitas de nós temos aqui muitas disciplinas,

e muitas das disciplinas são professores do 1º ciclo que dão. E nós verificamos isto: que

Page 485: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

elas têm tendência, quando são professores do 1º ciclo, têm tendência a trabalhar mais

com os do 1º ciclo, do que trabalhar mais as coisas com a educação pré-escolar. Mas se

ele é professor, tanto é professor para alunas da educação pré-escolar, como alunas para

o 1º ciclo. Deveria de haver…entende? Devia de haver… um trabalho mais

individualizado.

E – Olhe, em relação a esta questão da formação ética no curso de formação inicial

de educadores de infância, há alguma coisa que gostaria de falar e que eu não lhe

tivesse perguntado?

P– Penso que não. Penso que perguntou tudo.

E – Olhe, nesse caso agradeço-lhe uma vez mais a sua participação e a sua

disponibilidade.

P – Está bem obrigado.

Page 486: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D4

PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO L

Page 487: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO D4 - ENTREVISTA AO FORMANDO L

Realizada por Margarida Duarte

E - Entrevistador L - Entrevistada

E – Gostaria de começar esta entrevista, por lhe explicar os objectivos dela.

Esta entrevista insere-se num trabalho de investigação, no curso de… do curso de

Mestrado em Ciências da Educação, mais especificamente em relação à área de

Formação de Professores.

O objectivo deste trabalho é recolher as representações … e perceber quais são as

representações que os professores de formação ética em educação de infância e os

alunos têm, sobre exactamente a formação ética em educação de infância.

Gostaria, portanto, de pedir a sua colaboração para a realização da entrevista, que

terá por objectivo a recolha de dados, á base dos quais iremos depois desenvolver o

trabalho. Como tal a sua colaboração é extremamente importante.

Agradeço-lhe a autorização que me dá para poder gravar a entrevista e resta-me

dizer-lhe que será anónima.

Se ao longo da entrevista houver qualquer pergunta, que não … portanto… que

não entende, que necessite de ser mais clarificada, peço-lhe que… realmente

que…que… faça esse reparo, porque eu faço questão de… de explicitar melhor,

está bem?

L – Sim, sim!

E – Olhe, sobre a formação ética que é proporcionada por esta escola, onde está a

fazer o seu curso, eu iria colocar-lhe então algumas perguntas. Começaria por lhe

pedir o seguinte: em relação às disciplinas da sua formação, (sim … que teve até à

data,) quais são as que considera as mais importantes para o exercício da profissão

de educador?

L – Em questões de disciplinas no geral?

E – Sim!

Page 488: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

L – Penso que um pouco delas todas. Elas todas fizeram um culminar importante, mas

houve disciplinas como a “Metodologias”, com a Professora XXX que nos deu uma …

uma visão muito da prática, porque fizemos muita prática simulada e … esse…essa

dis… essa disciplina para mim acho que foi da mais importante, porque culminou com

as outras… porque nós tivemos um pouco de matemática … de como ensinar…ensinar

não digo, vá! De como… as crianças começam a perceber a matemática… e por

exemplo, do inglês, também!

E essa disciplina acho que nos deu uma visão disso tudo. E depois tivemos outras

disciplinas como por exemplo, a Sociologia e a Axiologia, que nos falaram mais em

questões éticas e em questões … do dia a dia do trabalho… de como nos comportarmos

perante outras … perante outros profissionais e o que é que conheciam hoje em dia em

Portugal, na questão do docente.

E – Hum! Hum! Considera que a disciplina da Axiologia na formação inicial de

educadores, é uma disciplina importante?

L – Eu penso que sim! Penso que sim, porque nem todas as pessoas… como é que eu

hei-de explicar… a Axiologia dá-nos um …mostrou-se o ético…vá … o ético da nossa

profissão.

E é uma profissão que nós temos que ter em atenção essa questão… porque… há coisas

que nós devemos e não devemos fazer e… sendo nós modelos ou tentarmos ser um

modelo para as crianças, não tem muita razão de ser uma …uma pessoa ter pelo menos a

questão da ética minimamente certa, se… se pode chamar assim. Acho que uma pessoa

que não sabe se comportar (ou se não está …ou se não sabe desenvolver um trabalho

com outros colegas, com outros profissionais e que … provoque confusões e essas

coisas assim, nunca vai conseguir passar à criança, que a vida tem que ter uma questão

ética perante a sociedade, e perante os colegas e perante o mundo infinito de coisas.

E – Hum! Hum! Olhe, em relação ainda à disciplina da Axiologia, de todos os

conteúdos que abordou nessa disciplina, quais são os que considera mais

importantes para a sua prática de educadora?

Page 489: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

L – Penso que me lembro mais ou menos … nós falámos bastante… lembro-

me…falámos … eu… eu… é mais… este tema é mais… mais sensível para mim,

porque fizemos um trabalho sobre ele. Fizemos um trabalho sobre deontologia e

fizemos um trabalho sobre a questão…da… dos valores na educação ao longos dos

tempos, em que fizemos uma abordagem do que acontecia na idade do… na altura do

regime… do antigo regime e do… de antes do antigo regime e durante o antigo regime e

agora …o que acontecia agora. Eu acho que esse trabalho de ver a evolução de toda a

educação, de todos… a questão dos valores na educação, foi bastante interessante.

E – Hum! Hum! Olhe, nessa mesma disciplina, /foram-lhe dadas algumas

estratégias que possa descrever, para promover o desenvolvimento moral dos

alunos?

L – Em questões práticas?

E – Exactamente.

L – Não! Foi mais só…só algo que nós … foi o que eu disse há bocadinho, o nosso

exemplo para elas; em relação a estratégias ou actividades, propriamente ditas, não!

E – Pode descrever-me como é que decorria uma aula de Axiologia, qual era a

dinâmica da aula?

L – A dinâmica era… oh pá…por exemplo a professora trazia um texto sobre… ou

sobre os valores, ou sobre a liberdade por exemplo, que abordamos muito essa

questão… e depois nós debatíamos em conjunto, umas com as outras e com o professor,

sobre isso.

E – Habitualmente não traziam para a aula, situações práticas do Jardim-de-

infância, que pudessem servir de base para discussões éticas?

L – Poucas vezes… eu penso…agora lembro-me especificamente da questão do… do

tabaco…dos educadores fumarem e de fumarem à frente das crianças. Debateu-se

bastante esse assunto, até durante uma aula ou duas, mas de resto, não!

Page 490: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – E portanto…

L – Às vezes surgiam… a professora … estávamos a falar de uma matéria e podia surgir

qualquer coisa, mas…ser especificamente da disciplina, a professora pedir “Vejam essa

situação” ou assim e TRAU! Não! Isso não… mas ás vezes nós próprias

falávamos…”Isto aconteceu…”

E – Hum! Hum! Olhe que outras disciplinas ao nível de todo o curso, é que

considera que também contribuíram para a sua formação ética?

L – Eu acho…a que nos alertou mais para essa questão, foi a Axiologia e talvez a

Sociologia, mas talvez porque era dada pela mesma professora.

E – Hum! Hum!

L – Assim… talvez tenhamos … talvez tenha existido professores que nos tenham

falado um pouco, mas assim especificamente não me lembro.

E – Dessas que considera que teve, tiveram maior impacto…

L – Sim!

E – … Na formação em termos de…

L – Nas questões de ética sim!

E – Foi a Sociologia e a Axiologia…

L – Sim!

E – Olhe em relação a esta escola…

Page 491: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

L – E talvez um pouco a Prática Pedagógica, porque a professora antes de nós irmos

para o estágio, dava-nos sempre uns avisosinhos de como nos comportarmos…para não

tentarmos a passar por cima dos educadores …não levarmos ás vezes saltos altos …

vá…é os conselhozinhos próprios de uma pessoa que também quem era educadora.

E – Hum! Hum! Que aspectos é que acha que esta escola mais valoriza, em termos

da formação ética?

L – Que aspectos?

E – Assim sendo mais especifica…

L – Sim!

E – Que valores é que… que valores ou que princípios é que acha que esta escola

defende/?... Em relação á formação ética dos alunos?

L – Talvez a … a liberdade…mas a liberdade em questão de… a nossa liberdade

perante também a dos outros …eu acho que é mais isso. A nossa liberdade… nós

falámos muito nisso. Eu não sei se está certo aquilo que vou dizer mas é… a nossa

liberdade começa quando a dos outros... pronto… eu não sei explicar bem como é que é

… mas pelo menos falámos… essa questão da liberdade na minha turma na altura da

Axiologia. Debateu-se muito porque também levámos para fora da aula e falámos com

alguns professores sobre isso… e com…com empregados da escola… que a nossa

liberdade existe, mas tem que ter em atenção a liberdade dos outros. A liberdade pode-

se…uma pessoa é livre de fazer o que quiser, sim senhora… mas porque vivemos numa

uma sociedade que existem regras.

E – Hum! Hum! E acha, portanto, que o clima da escola a nível geral, é

promotor… defende essa liberdade? Defende esse lema?

L – É complicado, porque estamos numa escola só de… de mulheres como sabe e nem

sempre essa…essas… essa característica se mostra. Acho que se mostra mais aspectos

negativos do que positivos, mas penso que sim. Penso que… acho que… em que… se

Page 492: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

for perguntar, ou for ver as minhas colegas e algum ambiente que aqui se gera, é um

pouco isso… talvez uma questão familiar. Eu acho que esta escola é um pouco familiar,

toda a gente se conhece, todos se falam praticamente.

E – Hum! Hum! E portanto pensa que … o clima de escola em si, o relacionamento

entre as pessoas é marcado essencialmente por essa familiaridade…

L – Sim…

E – E por essa liberdade, é isso?

Luísa – Bastante…em aspectos positivos e negativos. Por essa ligação tão próxima… de

ser uma escola tão… assim relativamente pequena… e é uma… acho que é como se

fosse uma família, porque é como disse, toda a gente se conhece, toda a gente que passa

diz “Boa tarde” ou “Bom dia”. Por mínimo que conheça… Acho que sim!

E – Olhe, para além dos valores da liberdade e dessa familiaridade que existe, e

que nota aqui na escola, concorda com esses valores ou acha que a escola devia

defender outros?

L – Não, eu concordo com esse valores …

E – Como aluna, como é que gostaria que… que tipo de clima é que gostaria que

existisse nesta escola, aquele que existe ou algo mais?

L – É assim…como ser humano nunca estamos satisfeitos, não é? …Dou valor ao clima

que existe ao clima de…familiar… mas também esse clima familiar acarreta aspectos

negativos, mas… acho que não é assim também tão mau quanto isso. Acho que sim,

pelo menos se continuar assim, já é muito bom.

E – Hum! Hum! Olhe, em relação ás repercussões que a formação ética que

recebeu, tem na sua prática pedagógica, eu iria perguntar o seguinte: ao longo de

todo este período em que tem estado em estágio, já se confrontou com algum

dilema, uma situação ética difícil, que queira relatar?

Page 493: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

L – Agora assim questões éticas…dilemas éticos…

E – Uma situação em que… de alguma forma a incomodou e que sente que tinha

que tomar uma decisão e que essa decisão poderá ser difícil para si, em termos

éticos.

L – Ora agora assim de repente não estou a ver…

E – Qual é a situação mais difícil que se lembra que enfrentou até agora em…

em… em estágio?

L – Eu acho que as questões que mais puseram um bocadinho complicação, foi mais a

relação com os pais…

E – Hum! Hum!

L – Porque as pessoas são diferentes, os pais são diferentes e por mais que… que… uma

pessoa goste das crianças e elas de nós, ás vezes os pais não nos conhecem, metem

sempre um bocadinho o pé atrás. Eu não sei se isso será uma questão ética, se não, mas

nos meus primeiros tempos de estágio, ali onde eu estou, os pais praticamente passavam

por cima de mim, entre aspas… não…perguntavam-me como é que tinha decorrido o

dia, o que é que a criança tinha feito, se…se tinha portado bem, se tinha comido, se

tinha dormido, e dois segundos mais tarde aparecia a minha educadora e perguntavam-

lhe o mesmo…

E – Como é que se sentia?

L – Eu sentia…era uma postura… porque eu pensava… portanto… os pais não me

conhecem, é completamente normal que não…que a principio não confiem em mim,

que queiram sempre a opinião da educadora própria da sala. Mas por outro lado também

me sentia um pouco triste, porque ao fim ao cabo eu estou ali a fazer um trabalho, não

estou ali a mentir, não estou ali a enganar ninguém e o que mais me interessa é o bem-

estar da criança.

Page 494: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Hum! E como é que reagiu para resolver essa situação?

L– Eu… eu deixo pá...falar aos pais. Continuei a falar com eles, a dizer como é que

tinha corrido. Na altura falei com a minha educadora, e ela disse que… para eu ter

calma, porque isso é normal nestes primeiros tempos, mas que a partir do momento em

que me vissem ali mais vezes, que soubessem especificamente o que é que eu estava a

fazer …

Alguns pais perguntavam, eu respondia que era estagiária, outros nem por isso. Mas

mesmo assim eu ás vezes dizia e tentava mostrar aos pais, que as crianças comigo que

estavam bem, que eu gostava delas, elas gostavam de mim, que proporcionava um bem-

estar.

E – Portanto, tentou perante os pais marcar, explicar-lhes qual era a sua posição?

L – Sim.

E – Marcar de certo modo seu lugar…

L– Sim, sim!

E – Olhe, acha que /a formação ética que recebeu na escola, contribuiu para essa

solução que encontrou, ou foi mais o conselho da educadora?

L – Eu acho que foi uma mistura de tudo um pouco. Daquilo que eu aprendi, daquilo

que eu penso e daquilo que a minha educadora me aconselhou. Eu acho que…que foi

tudo mais ou menos conciso. As opiniões referentes a pensamentos que eu tinha e a

minha educadora e aquilo que aprendi, acho que estava tudo mais ou menos igual… era

tudo mais ou menos igual.

E – E acha que depois de explicar aos pais o seu… a sua função ali, os seus

objectivos, de marcar o seu lugar, acha que a atitude deles mudou em relação a si?

Page 495: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

L – Alguns mudou. A maior parte mudou. Claro que existe sempre um ou outro, mais

especificamente um, que ainda continua a fazer o mesmo: vir falar comigo, fala comigo

muito bem, mas se for preciso algum, algum outro… por exemplo alguma criança

precisa de tomar aquele remédio àquelas X horas, se calhar chama a minha educadora a

dizer que precisa, em vez de me dizer directamente a mim. Mas de resto noto… noto

que há maior relação e um relacionamento com eles.

E – Olhe, imaginando que era a educadora da sala mesmo e que não tinha a quem

recorrer superiormente e já desvinculada da Escola, se tivesse situações como essas

ou outras, com… de relacionamento com os adultos ou com crianças, que valores é

que acha que iria accionar para resolver essas situações?

L – Do respeito, acima de tudo… e de compreensão… respeito, compreensão, diálogo,

acho que sim…

E – E esse… esse…esses valores que me fala remetem-se para o relacionamento

com os adultos ou abrange também o grupo das crianças?

L – Eu acho que também abrange um pouco o grupo das crianças, porque nós temos de

ter respeito por aquilo que são e temos de ter respeito com elas. Acho que apesar das

minhas crianças serem de tenra idade, só terem um aninho, acho que também talvez o

diálogo sim também. Eles percebem, eles sabem… sabem quando fazem bem e quando

fazem mal.

Pelo menos acho que esses valores também podiam ser abrangidos às crianças.

E – Hum! Hum! Olhe que valores é que acha que um bom educador deve ter? Se

quisesse caracterizar um bom educador, que valores ou qualidades éticas é que lhe

atribuía? O que é que achava que ele devia ter?

L – Eu acho que um educador devia ter o máximo que pudesse de respeito, como já

disse…a compreensão… porque acho que o educador tem que ter isso tudo, porque são

muitas coisas com… com cuidado, paciência, …mas acima de tudo continuo com o

respeito, porque acho que desde que haja respeito por nós e pelos outros, acho que será

um bom educador. Mas acho que todos os outros valores são importantes.

Page 496: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Nesses todos os outros, quais é que destacaria também?

L –A sinceridade. Mas isto vai tudo de encontro ao respeito, vai tudo…a liberdade

como já falei… acho que…

E – Sim senhor! Olhe a… mudemos agora um pouco a perspectiva, situando-nos

ainda no âmbito da ética mais… mais direccionada para a deontologia

profissional.

Considera importante a existência de um código deontológico da profissão

docente?

L – Sim, Penso que sim.

E – Porque é que acha que seria importante ele existir?

L – Eu penso que seria importante, porque…é o exemplo do… do… do …de um código

deontológico que existe, por exemplo, de um médico, de um advogado. Nós…os prof….

os docentes não…não… não têm. E era uma questão em que se estabeleça que…que

valores… que… em que estão mais ou menos entre aspas, o que pode e o que não pode

fazer. Acho que valorizava muito a profissão, porque também uma pessoa é diferente …

tem…cada pessoa é diferente, tem modos de pensar diferentes e acho que um código

deontológico viria … para estabelecer ali até onde é que uma pessoa pode ir ou não. Eu

não sei se estou a passar bem aquilo que penso, porque… portanto, o que penso é muito

complicado estar a explicar por palavras.

E – Acha que ele seria um guia…

L – Sim.

E – Para o professor?

L – Sim, acho que sim.

Page 497: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Acha que esse código poderia dar uma visão maior da profissão!

L – Acho que sim!

E – Situá-la mais em relação àquilo que é ser professor?

L – Sim! Penso que sim, porque acabava por valorizar aos olhos... aos olhos dos

docentes e aos olhos das outras pessoas, esta profissão.

E – Vê algumas desvantagens na existência desse código, ou seja, se ele existisse,

que desvantagens é que acharia que poderiam advir daí?

L – Eu não considero… acho que não…desvantagens… agora não estou a ver… mas

penso que existiria pessoas que mesmo sendo… talvez fossem um pouco contra esse

código deontológico e isso não iria ser… ser bom para eles próprios, nem para as

crianças, nem… nem… nem para a visão que se tem de uma… desta profissão.

E – Então acha que o código poderia não ser bem aceite por todos, é isso?

L– Eu acho que deveria ser. Mas que não sei até que ponto é que as pessoas, com as

suas maneiras de pensar diferentes iria… iria ser um… iriam estabelecer um código

deontológico que agradasse a todas as pessoas.

E – E acha que ele poderia de alguma forma ser um factor de desunião… entre os

professores?

L – É uma possibilidade, penso eu…

E – E essa é uma das vantagens que aponta?

L– Talvez…

E – Desvantagens perdão…

Page 498: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

L - Sim senhor!

E- Se tivesse que se pronunciar sobre os deveres que esse código poderia incluir,

que deveres é que acha que deveriam constar nesse código deontológico?

L – Dever do… do docente ou… isso é muito complicado…pelo menos…dever do

docente perante a profissão, mais isso.

E – Acha que deveria de haver um código deontológico para todos os docentes, ou

que deveria haver distinção entre educadores e professores?

L – Isso é uma questão que eu… nem eu própria sei bem … não tenho…acho que não

tenho… profissionalmente, nem pessoalmente ainda estrutura para dizer. Mas penso que

deveria ser separado, porque uma coisa é ser educador, outra coisa é ser professor.

E – Acha que a profissão de educador tem especificidades diferentes das de

professor é isso?

L – Penso, acho que sim.

E – Então se… se concorda realmente com essa divisão, situando-nos num código

deontológico só para educadores que deveres é que acha que deviam constar nele?

L – Dever… dever de apoiar a criança acima de tudo, de respeitá-la, amá-la e

proporcionar-lhe todas as oportunidades que…que nós tenhamos capacidade.

E – E acha que esse código deveria incluir deveres apenas em relação à criança ou

abranger outros intervenientes?

L – Acho que outros intervenientes, os pais, a sociedade local, a sociedade mais global e

nós próprios.

E – Educadores entre si, é isso?

Page 499: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

L– Sim.

E – Olhe, só para terminarmos, quem é que acha que deveria participar na

elaboração desse código?

L – Caso seja um código que dê tanto para educador como para professor, como referi

não… acho que não tenho experiência suficiente para dizer. Se…o que eu penso é isto

agora neste momento. Não sei se vou continuar a pensar daqui a uns anos, mas se for o

caso, todos os professores, todos os educadores, ou nem que seja por associação, ou

por…

E – Representantes…

L – Por Agrupamento por exemplo…É o Agrupamento que faz… que pensa estes

pontos e depois transmite talvez numa… numa reunião mais geral.

Também não sei especificamente como é que acontece com os outros… com os outros

códigos, mas penso que será essa reunião de membros, de Agrupamentos.

E – Portanto, seria a partir de… dos professores e depois serem, portanto,

participados ou discutidos num debate mais geral, é isso?

L – Sim!

E – E nesse debate mais geral incluiria que tipo de elementos?

L – Os elementos… Os professores, os educadores…talvez representantes do…do…do

Ministério… não sei se mais alguém. Também não tenho muita noção de como isso

funciona.

E – Olhe em relação à formação ética que desenvolveu ao longo deste… deste

curso, há alguma coisa que queira… que queira acrescentar e eu não lhe tenha

perguntado, e que gostaria de abordar?

L – Não, acho que está tudo.

Page 500: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

E – Então, olhe agradeço-lhe mais uma vez o seu contributo, para a realização

deste trabalho, bem como o seu tempo e a disponibilidade que demonstrou.

L – De nada!

Page 501: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO E

ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS

ENTREVISTAS DOS FORMANDOS

Page 502: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO E1

ANÁLISE DE CONTEÚDO DA

ENTREVISTA AO FORMANDO M

Page 503: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da formação

geral

Contributo das

disciplinas da

formação geral

Disciplinas

orientadas para

os conteúdos

A Psicologia educacional

- (…) Psicologia (…) a educacional, [que nós tivemos] …

M1

A Psicologia do desenvolvimento

- (…) Psicologia (…) do desenvolvimento, que nós tivemos

M2

A Axiologia

- (…) A Axiologia …

M3

A Sociologia

- (…) A Sociologia

M4

A Psicologia e Axiologia ajudam a

compreender melhor a criança

- (…) Estas são mais teóricas, [Psicologia e Axiologia] que

nos ajudam a compreender melhor a criança…

- (…) Estas são mais teóricas [Psicologia e Axiologia] que nos

ajudam a compreender melhor] tudo o que envolve a

criança….

M10

M11

Sintaxe e Linguística

(…) Também... não é bem Português… mas pronto, nós

demos-lhe o nome de Sintaxe e Linguística… que também

acho que é importante

M6

Literatura

- (…) Não me estou a recordar de mais nenhuma (….)

Literatura…

M7

Page 504: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 2 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da formação

geral

Contributo

das

disciplinas da

formação

geral

Disciplinas

orientadas para

os conteúdos

A Psicologia e a Axiologia como

disciplinas principais

- (…) As essenciais que eu acho mesmo é a Psicologia e a

Axiologia….

- (…) São (…) mesmo as que eu acho mesmo principais, são

as duas [Psicologia e Axiologia]

M8

M12

A psicologia ajuda a saber como agir

- A Psicologia… pronto… porque ao darmos várias

formações ou as características das crianças de cada idade,

ajuda-nos também a saber como agir…

M40

Disciplinas

orientadas para

a prática

O Desenvolvimento e drama

A Música

As Expressões

Plásticas

- (…) As outras [disciplinas] são questões práticas que nós

vamos aprendendo, (…) ao longo do curso…

- (…) Depois todas aquelas práticas, portanto,

Desenvolvimento e Drama, Música, as Expressões Plásticas

M9

M5

Conteúdos de

formação

ética

Ética e Moral

Falou-se muito de ética

- (…) Nós em Axiologia falámos muito da ética…

- (…) Vou dizer os [conteúdos] que me recordo mais,

portanto, é a tal ética…

- [Trabalhámos] a ética…

M13

M26

M34

Page 505: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 3 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Disciplinas

da formação

geral

Conteúdos de

formação

ética

Ética e Moral

A relação da ética com os valores

morais

- [(…) A ética] está muito relacionada com os valores

morais…

M14

A relação da ética com os valores

pessoais

- [(…) A ética está muito relacionada] com os valores da

pessoa…

M15

O conceito de moral associado ao

que está escrito

- (…) A moral é o que está escrito…

- [(…) A moral] é da leiI…

M16

M17

O conceito de ética associado à

consciência pessoal

- (…) A ética já é da pessoa…

- [(…) A ética já é] da própria consciência da pessoa..

- [(…) A ética já é] dos valores que a pessoa acredita….

M18

M19

M20

A ética como condicionante da acção

humana

-[ (…) A ética] vai condicionar a sua acção ( …) humana.

M21

Page 506: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 4 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Disciplinas

da formação

geral

Conteúdos de

formação

ética

Valores

A relevância dos valores

- (…) Discutimos muito os valores…

- (…) Trabalhámos os valores…

- [(…) A Axiologia] foi a que tocou mais nesses assuntos, nos

valores…

M27

M32

M97

Os valores morais da sociedade

A necessidade de acompanhar os

valores em mudança

- [(…) Discutimos muito] os valores morais da sociedade

actual…

- (…) A Axiologia até foi dito, os valores estão sempre a

mudar, e estão!

- (…) -Nós devemos de acompanhá-los [os valores]

M28

M100

M101

A necessidade ou dever de preservar

os valores importantes

- (…) Mas também não deixar os valores importantes

M102

Os valores como condicionantes

- (…) A pessoa age consoante os valores que tem…

- (…) Logo aí eu acho muito importante […a pessoa agir

consoante os valores que tem]

- (…) Se ela valoriza uma coisa claro que depois, na sua acção

(...) como educadora a sua atitude vai ser em função desse

valor…

- (…) Daí logo a sua importância [dos valores] ….

M22

M23

M24

M25

Page 507: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 5 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Disciplinas

da formação

geral

Conteúdos de

formação

ética

Deontologia

A ausência de uma deontologia

docente

- [Trabalhámos] a deontologia…

- (…) Também falámos da deontologia (…) docente…

- [ (…) A deontologia docente] não…não está em vigor.

- [(…) Todas as profissões têm [deontologia] mas…nós

ainda não…

M33

M29

M30

M31

O conhecimento de vários códigos

deontológicos

-(…) A axiologia vimos vários códigos deontológicos,

inclusive o do médico…

M121

O conhecimento de códigos para a

profissão docente

- [ (…) A axiologia ] vimos a proposta de um código

exactamente para a profissão docente…

- (…) Nós vimos um código deontológico da profissão

docente, mas para professores

M122

M134

Opinião sobre

a Axiologia

O gosto pela disciplina

- (…) Adorei a disciplina de Axiologia…

- (…) Eu gostei muito [da disciplina de Axiologia]…

M96

M98

A necessidade de aprender mais

- (…) Acho que (estou sempre…) a gente está sempre a

aprender mais….Temos de estar sempre a acompanhar…

M99

Page 508: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 6 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Percepção de

problemas

éticos

Centrados na

criança

A humilhação da criança na prática

pedagógica

- (…) Estou na minha prática e não sei, podia ser uma

situação de conflito, mas vejo muito… muita humilhação…

- (…) Não é justo para a criança, (…) ser humilhada… (…) à

frente das restantes…

M144

M159

O insulto

- [Estou na minha prática e não sei podia ser uma situação de

conflito, mas vejo] muito o chamar nomes…

M145

A reacção dolorosa da criança

- (…) Assisti a uma que… portanto, a criança ficou quase

chorosa à minha frente…

- (…) Faço ideia, a criança fica com uma auto-estima mesmo em

baixo.

M148

M160

Centrados no

educador

O conflito consigo próprio

- (…) Pode surgir quando nós castigamos uma criança,

ficarmos em conflito com nós próprios, se foi ou não certo …

M78

O receio de criar conflitos

- [(…) Existe aqui um dilema, entre defender os direitos da

criança ou de alguma forma] Causar se calhar uma situação de

conflito…

-[(Também não… não me sinto no direito, uma vez que

também sou estagiária,] criar ali também uma situação de

conflito…

M154

M151

Page 509: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro7 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

Os sentimentos

de revolta e de

pena

Sentimentos de revolta

– Eu olho para a cara da criança e sinto-me revoltada por

ela…

- (…) Fico mesmo revoltada…

- (…) Olho para a criança e sinto mesmo revolta…

M147

M149 M152

Sentimentos de pena

-[Olho para a criança e sinto mesmo ] pena da situação (que…

que…) que o adulto causou na criança….

M153

Dificuldade me

intervir

Não se sente com direito de intervir

- (…) Também não… não me sinto no direito, uma vez que

também sou estagiária, de me revoltar contra o adulto…

M150

A intervenção

idealizada

Chamar o adulto à razão

- (…) Se calhar talvez chamasse atenção do adulto, para não

voltar a fazer…

- (…) Não à frente das crianças, porque assim estaria a fazer o

que ela fez…

M155

M156

Page 510: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 8 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

A intervenção

idealizada

Chamar o adulto à parte

Incentivar o adulto a pedir desculpa à

criança

- (…) Chamando-a à parte…

- Tentá-la chamar à razão…

- (…) Ia tentá-la chamar à razão…

- (…) Incentivar o adulto a pedir desculpas à criança…

- (…) Acho que é um factor importante [o adulto a pedir

desculpas à criança]

M157

M158

M161

M162

M163

Page 511: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 9 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Formação

ética

proporcionada

pela Escola

Estratégias de

formação ética

dos educadores

Discussão de

situações

educativas em

geral

Discussão de situações

éticas reais não direccionadas para o

jardim de infância

-[Não trabalhámos] situações de como nós agirmos…

- [Nas aulas não eram colocados problemas dessa ordem (de

estratégias de desenvolvimento moral) surgidos da prática]

Foram , mas não foi de prática em Jardim…

- [Falámos de] situações reais que aconteceram, mas nunca

direccionados para a prática mesmo de Jardim de Infância

M35

M36

M120

Discussão de

dilemas

A discussão de dilemas éticos reais

não relacionados com o Jardim de

Infância

(…) Portanto, falámos de dilemas éticos, mas de casos

reais…

- [Portanto, falámos de dilemas éticos] mas não eram (…) de

Jardim de Infância…

- (…) Falámos apenas, portanto de dilemas morais

M37

M38

M119

Estratégias de

desenvolvimento

moral dos alunos

Histórias

A exploração de histórias para a

formação e o desenvolvimento moral

da criança

- (…) Nós falámos de várias histórias…

M41

A utilização de

fábulas

A exploração do conteúdo moral das

fábulas

- [Nós falámos de (…) de vários textos literários, um deles

era a fábula…

- (…) Ao lermos uma fábula à criança, ela tem sempre a

moral da história…

M42

M43

Page 512: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 10 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Formação

ética

proporcionada

pela Escola

Estratégias de

desenvolvimento

moral dos alunos

A utilização de

fábulas

A exploração do conteúdo moral

das fábulas

- (…) Penso que também ajudará o educador [ o uso da

fábula]

- (…) Nós explorávamos as fábulas…

- (…) Foi dado a escolher uma fábula a cada… - (…) Por acaso nós explorámos a fábula da cigarra e da

formiga…

M44

M45

M46

M47

O reconhecimento dos valores

contidos na fábula em situações do

Jardim de Infância

- (…) E até mesmo tentámos ver em que contextos é que

tinham surgido [os valores subjacentes às fábulas] em

situações de prática em Jardim..

M48

Lacunas

percepcionadas

A falta de

análise de

situações

práticas

A falta de exposição de situações

práticas do Jardim de Infância

-[Assuntos a incluir na formação ética que não foram

abordados] Talvez as situações práticas…

- (…) O expor acontecimentos que tenham ocorrido mesmo

em Jardim…

M112

M113

A não

abordagem de

dilemas do

Jardim de

Infância

A falta de discussão dilemas do

Jardim de Infância

-- (…) Acho que seria importante, [trazer os dilemas para a

sala] penso que foi o que faltou …

- [A proposta de trazer os dilemas para a sala nunca foi feita

pelos alunos] Eu penso que não!

M116

M117

Page 513: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 11 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Formação

ética

proporcionada

pela Escola

Estratégias

sugeridas

A discussão de dilemas do Jardim

de Infância nas aulas

- (…) Seria importante trazer os dilemas para a sala…

-[ (…) Seria importante ] pôr os educadores a discutirem

mesmo… porque é que agiriam assim ou ao contrário…

- (…) Agora que reflicto sobre isso, [ a proposta dos alunos

sobre trazer os dilemas para a sala] eu estou-me a lembrar

que seria importante…

M114

M115

M118

Princípios e

valores

predominantes na

Escola

Valores sociais

A solidariedade

- [ O professor destacou] (…) a solidariedade…

- Destacaria a solidariedade por causa agora da campanha

que há para a Guiné…

-[Essencialmente ] a solidariedade

M64

M52

M55

O respeito

-- [O professor] Mostrou o respeito…

-[O professor mostrou] o respeito pelo outro…

M66

M67

O valor da família

- (…) Também era valorizado o valor da família

M70

O amor

- [(…) Também era valorizado] o amor…

M71

Page 514: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 12 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Formação

ética

proporcionada

pela Escola

Princípios e

valores

predominantes na

Escola

Valores

religiosos

Valores cristãos

(…) Sendo uma Escola católica são os valores cristãos

[predominantes]…

- (…) Na Páscoa, no Natal [a Escola] organiza as missas…

- (…) Penso que são mais os [valores] cristãos que a Escola

defende…

M49

M50

M51

A fé como valor cristão mais

importante

-[Destacaria] Depois é a fé…

- (…) Essencialmente ] é mais a fé…

- (…) É sempre (…) a fé…

M53

M54

M65

As disciplinas de conteúdo cristão

- (…) Nós tivemos uma disciplina que logo aí mostra

mesmo o carácter da escola…

- Tivemos duas [disciplinas] era o Humanismo Cristão e a

outra era Ciências Religiosas…

- (…) Era dado por um padre [as disciplinas Humanismo

Cristão e Ciências Religiosas]

M56

M57

M58

Page 515: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 13 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre

os valores

Adesão

A importância da fé

- (…) Também acho um valor importante (…) a Fé…

M68

Necessidade actual de fé

- (…) Nós estamos numa sociedade que hoje muita gente

não tem Fé…

M69

Aspectos

negativos

A falta de conhecimento de outras

culturas e valores

- (…) Ele [o padre que lecciona Humanismo Cristão e

Ciências Religiosas] poderia agarrar nessas duas disciplinas

e mostrar-nos outras culturas…

- (…) Nós não vamos ter só crianças católicas…

- [ (…) O padre] Poderia agarrar e mostrar-nos outros

valores…

M59

M60

M61

A abordagem limitada aos valores

cristãos

- (…) Mas não, [ o padre] mostrou-nos simplesmente os

princípios cristãos…

- [ (…) O padre] mostrou-nos simplesmente os valores

cristãos…

M62

M63

Page 516: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 14 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Formação

ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre os

valores

Aspectos

negativos

O valor da liberdade foi pouco

trabalhado

- [(…) Outros (valores] que eu acharia (…) necessários]

Trabalhar se calhar o valor da liberdade…

-[A liberdade] foi pouco trabalhada…

- (…) Foi discutido [a liberdade] lá está, na disciplina de

Axiologia…

- (…) Agora nestas de… de… tem a ver com as disciplinas

cristãs, não! Foi pouco.[discutida a liberdade]

M72

M75

M76

M77

Liberdade não é fazer o que se

quer

- (…) Mostrar que a liberdade, a nossa liberdade, acaba

quando a do outro começa…

- (…) A liberdade não é fazer tudo o que… o que apetece…

M73

M74

Valores

privilegiados

O amor como o melhor para a

criança

- (…) Talvez, se calhar o valor do amor…

- (…) O valor de amor, como sendo o melhor para a

criança…

- (…) Mas seria o melhor (… ) em relação ao amor, talvez..

M79

M80

M82

Page 517: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 15 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Formação

ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre os

valores

Valores do

bom

educador

Os valores espirituais

[O educador] tem que ter os [valores] espirituais… vá… os

ditos espirituais:

M106

O amor

-[ (…) O Bom educador deve ter ] o valor do amor…

-[ (…) O Bom educador deve ter ] O amor…

-[ (…) O educador tem que ter valores espirituais] O

amor…

M83

M93

M108

O respeito para com adultos e

crianças

- [ (…) O Bom educador deve ter o valor ] do respeito…

-[ (…) O Bom educador deve ter o valor ] do respeito para

com os outros colegas (…) educadores adultos…

-[ (…) O Bom educador deve ter o valor do respeito]

também para com as crianças…

-[O valor ] do respeito…

[ (…) O educador tem que ter valores espirituais ] o

respeito…

M84

M85

M86

M92

M109

A solidariedade

-[ (…) O Bom educador deve ter ] o valor da

solidariedade…

-[ (…) O Bom educador deve ter ] a solidariedade…

-[ (…) O educador tem que ter valores espirituais ]

solidariedade

M87

M91

M110

Page 518: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 16 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre os

valores

Valores do

bom educador

A liberdade

A família

-[ (…) O Bom educador deve ter o valor ] liberdade…

-[ (…) O Bom educador deve] mostrar que (…) não se pode

fazer tudo o que se apetece

[ (…) O educador tem que ter valores espirituais ] a

liberdade

[ (…) O educador tem que ter valores espirituais ] a

família…

M94

M95

M111

M107

O papel do

educador face

aos valores

Transmitir valores

- (…) São valores importantes que um educador ao tê-los,

logo à partida vai transmiti-los também à criança…

- (…) A pessoa se acredita naqueles valores, a pessoa não é

neutra…

- (…) A criança também capta. [os valores]…

M88

M89

M90

Educar para o consumo

- (…) Acho que hoje em dia está-se a dar muito valor às

coisas materiais…

- (…) É isso que se está a transmitir às crianças: o ter

tudo…

- (…) O educador não se pode deixar levar por aí [por

transmitir às crianças o ter tudo]…

M103

M104

M105

Page 519: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 17 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Pertinência do

código

A falta de referências do

educador sobre como agir

-(…) O código deontológico acho que deve ser importante

porque (…) ás vezes há situações…. (…) que o educador

não sabe como agir…

--(…) Eu penso que aí, portanto, os educadores não têm

referência nenhuma…

M123

M126

Os educadores agem cada um

por si

- [Os educadores] agem por si…

-[Os educadores agem] pelo aquilo que eles pensam que

está correcto…

M127

M129

Função do código

O código como um guia

na resolução de problemas

… (…) Talvez tendo um código deontológico, (…) vai

funcionar como um guia…

- [O código] Vai ajudar através dele saber como …qual a

melhor solução para aquele problema…

- [Se houvesse um código] pelo menos todos os

educadores já sabiam… nesta situação… (…) era (…)

exactamente como um guia…

-[O código (…) era (…) exactamente] como um…um

livro… vá…onde nós pudéssemos consultar e agir da

melhor forma…

- Acho que é isso que faz falta [o código para consultar e

agir da melhor forma]…

- (…) Se houvesse um código deontológico, acho que seria

diferente

- (…) Penso que ajudaria muito o código deontológico..

M124

M125

M130

M131

M132

M128

M142

Page 520: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 18 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Desvantagens do

código

As situações que geram confusão

- (…) Desvantagens… Eu penso que há sempre aquelas

situações críticas, que dão sempre confusão…

- (…) Há sempre aquelas situações de conflito…

M133

M140

A possível dificuldade dos

professores em cumprir o código

- (…) Lembro-me (de uma) …de uma questão que lá estava

[no código para professores], que era das… das

explicações…

- (…) Nós depois até discutimos, se não haveria professores

que dessem a matéria mal dada nas aulas, a fim de

conseguir arranjar mais alunos para (…) dar explicações…

-[(…) O professor (…) recebe bem das explicações…

- (…) Nós dissemos logo que não,[o professor não deve dar

a matéria mal] visto que está escrito no código deontológico

que ele não deve fazê-lo…

- (…) Mas se calhar esse professor não vai ao encontro

disso …

M135

M136

M137

M138…

M139

A dificuldade em harmonizar

formas de pensar

- (…) Nem todas as pessoas pensam da mesma maneira…

M141

Page 521: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 19 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Conteúdos do

código

Deveres

relativos à

criança

Deveres

relativos aos

colegas

Deveres

relativos aos

pais

Dever de

não maltratar a criança

Deveres com colegas da

instituição e do meio

Dever de cooperação com os

pais

A cooperação com os pais

contribui para resolver

problemas da criança

- (…) O dever de não maltratar a criança, seja fisicamente

ou psicologicamente…

- (…) O dever era não maltratar a criança seja fisicamente,

seja psicologicamente…

-[Deveres] com os colegas… vá… da instituição...

- [Deveres com os colegas] dali daquele meio…

- (…) Também seria um factor importante dentro do código

deontológico, o dever de… de cooperar com os pais …

- (…) É mesmo o dever de cooperar com eles…

- (…) Os pais são um factor importante …

- (…) As crianças são assim porque os pais o são…

- (…) Os pais são o espelho da criança…

- (…) Se a criança é assim, é porque tem referências dos

pais que são assim…

- (…) Se calhar muitas vezes nós conseguimos resolver

problemas da criança se os juntarmos aos pais e se

cooperarmos com eles….

M143

M146

M164

M165

.M172

M173

M166

M168

M169

M170

M171

Page 522: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 20 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Conteúdos do

código

Deveres

relativos à

comunidade

Dever de articular com a

comunidade

- [Deveres para com ] a restante comunidade…

- (…) Imaginemos que uma comunidade tem um lar de

idosos…

- (…) As crianças ás vezes nem sabem sequer o que é um

lar de idosos…

- [As crianças ás vezes] nem sabem que existe [o lar de

idosos]

- (…) Só se for algum a [criança] que tem por acaso um

avô ou …pronto… ou um familiar.[no lar de idosos]…

-(…) Portanto, acho que é dever da… da educadora, uma

vez que sabe, que tem informação disso, cooperar

com…com esse lar…

- [É dever da educadora] Fazer visitas[ a esse lar]…

M167

M174

M175

M176

M177

M178

M179

Benefícios de articular com a

comunidade

- (…) Isso [fazer visitas ao lar] não faz só bem às crianças,

como também aos idosos que estão nesse lar….

- (…) Penso que seria uma mais valia para ambos [as

crianças e os idosos].

M180

M181

Page 523: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 21 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Pertinência de

códigos diferentes

A diferença de deveres entre os

professores e os educadores

- (…) Eu não sei como são os deveres [dos professores]…

- (…) Eu penso que são diferentes [os deveres] de

professores para educadores…

- (…) Talvez na profissão docente haveria de haver dois

[códigos]: um para professores e outro para educadoras,

uma vez que…pronto, são completamente diferentes…

M182

M183

M184

A distinção entre funções dos

professores e dos educadores

- (…) Um professor tem um programa…

- (…) Ele tem que cumprir aquele programa…

- (…) Está ali, as crianças estão sentadas e ele mesmo que

não se queira, debita, não é… a matéria…

- (…) O educador (…) Não tem programa….

-[O educador] Tem umas orientações …

- (…) Ele tem de partir de situações do dia a dia…

-[O educador tem que partir de ] situações da criança, a

partir do que ela sabe…

-[O educador tem que ]explorar e tentar transmitir-lhe[á

criança] aí alguns conhecimentos…

- (…) Não lhe vai dar matéria, porque a criança também

não apreende…

M187

M188

M189

M190

M191

M192

M193

M194

M195

Page 524: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista M

Quadro 22 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Pertinência de

códigos diferentes

A distinção entre funções dos

professores e dos educadores

- (…) Vai ensinando-a brincando

- (…) Eu penso que um professor, guiando-se por um livro,

estar ali a dar aulas, é diferente de um educador ali com 25

crianças no máximo…

[ O educador] não tem livros, não há dias , portanto é

diferente

M196

M197

M198

Autoria do código

A participação de professores e

educadores cada qual no seu

código

- (…) Nos [códigos] de professores participarem os

professores e nos [códigos ] de educadores, os

educadores…

- (…) Eles [os professores e os educadores] é que conhecem

bem o meio onde estão…

M185

M186

A participação do Ministério da

Educação para alcançar

soluções consensuais

- (…) Eu não sei bem como isso funciona, [elaboração do

código] mas talvez alguém que faça parte do ministério da

educação, (…) que acompanhe e que oriente o debate…

- (…) Porque (…) vai sempre haver situações de conflito e

chegar à melhor hipótese…

M200

M201

Page 525: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO E2

ANÁLISE DE CONTEÚDO DA

ENTREVISTA AO FORMANDO R

Page 526: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Contributo das

disciplinas da

formação geral

Disciplinas

orientadas para os

conteúdos

A Axiologia

- (…) Axiologia Educacional primeiro, porque acho que tem

muito a ver com a nossa pessoa…

R1

A Literatura infantil

- (…) Também é muito importante Literatura Infantil…

- (…) A Literatura [acho que são áreas que também são muito

importantes nós desenvolvermos com as crianças …]

- (…) Também acho que é bom privilegiar a Literatura Infantil.

R2

R19

R23

O papel da Literatura infantil

na sensibilização à leitura e à

escrita

-(…) Despertar o interesse das crianças pelos livros…

-[ (…) Despertar o interesse das crianças] pela leitura…

--[ (…) Despertar o interesse das crianças] pela escrita…

- (…) Perceberem já antes de ir p´ró o 1º ciclo o que é a escrita ,

no que é que consiste…

R24

R25

R26

R27

A Metodologia da Matemática

- [(…) Também é muito importante] a Metodologia da

Matemática

- (…) A Metodologia da Matemática, (…) acho que são áreas

que também são muito importantes nós desenvolvermos com as

crianças …

R3

R18

Page 527: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 2 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Contributo das

disciplinas da

formação geral

Disciplinas

orientadas para os

conteúdos

O papel da Metodologia da

Matemática na sensibilização

à dsiciplina

- [(…) Perceberem já antes de irem (…) p’ró 1º ciclo… (…) no

que é que consiste] (…) a matemática …

R28

A Psicologia do

Desenvolvimento

- (…) A Psicologia do desenvolvimento, porque para além de

ser muito teórica, tem exemplos muito práticos (…) e que

acontecem no nosso quotidiano…

- (…) Nós conseguimos ver [exemplos muito práticos (…)

que acontecem no nosso quotidiano] como é que poderemos

fazer nessas alturas…

R143

R144

Disciplinas

orientadas para as

práticas

As Expressões

- (…) E depois Expressões [acho que são áreas que também são

muito importantes nós desenvolvermos com as crianças …]

R17

Page 528: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 3 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Conteúdos de

formação ética

Deontologia

A importância da deontologia

- (…) Aquele que me despertou mais e que eu mais gostei, foi

realmente a deontologia,…

- (…) Acho que é mesmo muito importante .[ a deontologia] …

R44

R45

O interesse pelos códigos

deontológicos

- (…) Em relação aos códigos deontológicos que nós também

falámos (…) nesta cadeira e foi isso que me despertou

bastante…

R49

A importância de conhecer e

aplicar os deveres da criança

- (…) Os nossos deveres para com a criança…

- (…) É muito importante (…) nós sabermos que deveres é que

temos para com elas…

- [ (…) É muito importante (…) nós sabermos ] como aplicar

isso [os deveres}

[ (…) É muito importante (…) nós sabermos ] como não

infringir também…

R139

R140

R141

R142

Valores

A abordagem aos valores

- (…) A Sociologia da Educação, porque nessa cadeira nós

falámos também dos valores…

R74

Formação ética e

evolução da

sociedade

A formação ética acompanha a

evolução da sociedade

- (…) [Falámos também] da evolução da sociedade que vem a

par também (…) com esta formação ética…

- (…) A formação ética é uma coisa que (…) acompanha a

evolução da sociedade…

R75

R76

Page 529: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 4 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Opinião sobre a

Axiologia

Importância da

Axiologia na

formação pessoal

Desperta para o

autoconhecimento

- (…) A Axiologia Educacional (…) penso que é muito

importante para nós…

- [ (…)È muito importante ] Nós termos uma formação que nos

desperte para nós, enquanto pessoas…

R5

R6

Alerta para hábitos e actos de

conduta pessoais

[ (…)È muito importante ] Também ter muita atenção aos nosso

actos …

- (…) È muito importante nós termos atenção à nossa conduta…

- (…) Também devemos ter em atenção os nossos hábitos para

connosco próprios…

- (…) Eu penso que desde que tive esta disciplina, fiquei mais

desperta a (…) certos actos que se calhar nós tomamos, ou que

nós fazemos …

- [(…) Certos actos ] que se calhar nos passam ao lado, se não

tivermos uma disciplina que nos alerte para este tipo de

coisas….

R11

R14

R40

R31

R32

Influencia o modo de agir e

pensar

- (…) Penso que [a Axiologia] me influenciou bastante na

minha forma de agir…

- (…) Penso que é muito importante nós sabermos como é que

devemos agir…

R33

R43

- [(…)Penso que [a Axiologia] me influenciou bastante na

minha forma ] de pensar…

R34

Page 530: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 5 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Opinião sobre a

Axiologia

A importância da

Axiologia na

formação

profissional

Desperta para a atitude e

desempenho do educador

- [(…)È muito importante] Nós termos uma formação que nos

desperte para nós] (…) enquanto educadores…

-[ (…) A Axiologia Educacional desperta-nos para isso,[ a nossa

conduta] (…) na nossa sala de actividades. ..

R7

R16

Desperta para a importância

da conduta social do educador

- (…) Nós enquanto educadores, devemos ter uma componente

de formação a nível social, muito importante…

- (…) A Axiologia Educacional desperta-nos para isso,[ a nossa

conduta] (…) em sociedade…

R8

R15

Sensibiliza para a reflexão

sobre a acção

- (…) Acho que é muito importante nós, no fim de estarmos

com as crianças um dia inteiro, reflectirmos naquilo que

fizemos, se é correcto ou não …

- (…) Se calhar são coisas que nós não faríamos, [reflectirmos

aquilo que fizemos] se não tivéssemos esta disciplina…

R35

R36

Alerta para a necessidade de

dar atenção às crianças do

meio envolvente

- (…) É também é muito importante porque a Axiologia nos

alerta que (…) não devemos ter em atenção só as crianças…

- [(…)Também devemos ter em atenção] as crianças do meio

envolvente…

R39

R41

Page 531: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 6 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas do curso mais úteis para a profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Opinião sobre a

Axiologia

A importância da

Axiologia na

formação

profissional

Alerta para a necessidade de

dar atenção aos pais

- [(…)Também devemos ter em atenção] os pais…

R42

Page 532: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 7- Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Percepção de

problemas

éticos

Centrados no

educador

O conflito consigo própria

- (…) Mas há situações obviamente (que…) que eu entro em

conflito comigo mesma…

R104

O receio de criar conflito com

o adulto

- (…) Se eu disser, se calhar não vai parecer bem a quem eu

digo, (…) a nível de adulto-adulto…

R106

A observação de actos ética e

deontologicamente errados

- (…) Depois por um lado (…) há actos, visto isto pelo ponto de

vista ético, [ que são errados] …

- [(…) Há actos, visto isto pelo ponto de vista] deontológico, que

são errados…

R107

R108

A observação de actos

impensados

[(…) Há actos ] que se calhar as pessoas cometem ás vezes sem

pensar …

- (…) Há situações completamente absurdas

R109

R110

Centrados na

criança

A necessidade de movimento

da criança

(…) Temos de compreender que uma criança não tem a mesma

capacidade de estar quieta, do que nós …

- (…) Elas [as crianças] precisam de movimento…

- (…) Elas [as crianças] precisam de agir…

- (…) Acriança (…) tem muita energia e nós também devemos

compreender isso …

R111

R112

R113

R115

Page 533: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista

Quadro 8 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Percepção de

problemas

éticos

Centrados na

criança

A pressão sobre a criança para

se manter quieta

- (…) Às vezes estar um dia inteiro a dizer “está calada, senta-

te” ou “está quieta”, provavelmente (…) não é a melhor

forma…

- (…) Querer que uma criança esteja um dia todo, (…) muitas

vezes desde as 8 horas até às 7 horas da tarde, porque é o

tempo que geralmente passam no Jardim, estar todo o dia

quieto, é muito complicado. ..

R114

R116

A necessidade de compreender

a criança colocando-se no lugar

dela

- (…) Para nós adultos (…) se nós por exemplo (…) numa

sala de aula também gostamos de conversar, vamos colocar-

nos no lugar da criança…

R117

A punição desajustada da

criança em relação ao seu

comportamento

- (…) Às vezes por coisas mínimas que a criança fala (…)

[pegar na criança e dar-lhe uma punição um bocadinho mais

rígida do aquela que deveria ser adequada, sim já vi muitas

vezes].

- (…) A criança faz alguma coisa tipicamente de crianças (…)

pegar na criança e dar-lhe uma punição um bocadinho mais

rígida do aquela que deveria ser adequada, sim já vi muitas

vezes.

R118

R119

Page 534: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 9 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

Dificuldade

em intervir

Como estagiária sente-se

limitada

- (…) Nós como estagiárias estamos um bocadinho limitadas…

R99

Não se manifesta por ser

estagiária

- (…) Geralmente não digo nada …

- (…) Porque é assim… penso que não devo dizer, porque sou só

uma estagiária…

- (…) É assim que eu ajo: eu vejo as coisas, não estou em posição

de o dizer como estagiária…

R120

R105

R122

Intervenção

idealizada

Reflectir sobre o que não lhe

agrada para não o repetir na

sua prática

- (…) Eu penso que pelo menos aquilo que eu vejo, que não me

agrada é sempre bom, porque posso me lembrar disso para quando

for a minha prática nunca o fazer…

R121

Não punir de imediato

- (…) Penso que não devemos logo partir para a punição.

- (…) Sei que gerir um grupo de 25 crianças que é muito

complicado…

- (…) Mas partir logo para a agressão e ás vezes física, (…) acho

(…) que não é o ideal.

R123

R124

R125

Alertar pessoalmente a

criança sobre o

comportamento errado

- (…) Alertar a criança para aquilo que ela está a fazer não é o

correcto…

- (…) Falar com ela pessoalmente…

R126

R127

Page 535: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 10 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

Intervenção

idealizada

Alertar pessoalmente a

criança sobre o

comportamento errado

- (…) Chamá-la à parte [à criança] …

- (…) Tentar fazer compreender que aquilo que ela está naquele

momento a fazer não é [correcto]…

R129

R130

Não humilhar a criança à

frente do grupo

- (…) Às vezes falar em frente do grupo humilha a criança (…)

normalmente não é isso que acho que deverá ser feito…

R128

Levar a criança a entender o

ponto de vista do adulto

- (…) E fazê-las entender também o nosso ponto de vista…

- (…) Eu acho que é muito importante, porque a criança muitas

das vezes, a maior parte, não consegue pôr-se no nosso lugar…

- (…) E ás vezes pô-la no nosso lugar resulta bastante…

R131

R132.

R133

Contributo da

Formação

Ética na

resolução de

problemas

O predomínio da ética pessoal

- (…) É óbvio que nós temos linhas orientadoras [ de formação

ética] (…) mas é sempre muito diferente…

- (…) Acho que essas linhas orientadoras, quando nós estivermos

num Jardim, na nossa prática diária, (…) provavelmente aquilo

que nós vamos fazer, é o que nós achamos que está bem…

- (…) Talvez seja um bocadinho mais vindo do nosso interior, do

que propriamente daquilo que nós estivemos a falar [ a formação

ética recebida na Escola]…

R64

R65

R66

Page 536: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 11 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Contributo da

Formação

Ética na

resolução de

problemas

O predomínio da ética pessoal

- (…) Acho que vai muito da formação de nós enquanto

pessoas…

- (…) Numa turma de 27 alunas, face à mesma situação,

provavelmente reagiriam todas de maneiras diferentes…

- (…) E então acho que também vem de nós [da formação ética

enquanto pessoas]…

R135

R136

R137

A pertinência da

Formação ética da Escola

-[ (…) A resolução de situações educativas] Sem dúvida que

também veio (…) de toda uma componente de formação que nós

tivemos aqui na Escola….

- (…) Também acho que é mesmo muito importante ter uma

formação [ética na escola] …

R134

R138.

- (…) Acho que já é muito bom a nossa escola ter esta formação…

- (…) Provavelmente há muitas escolas que (…) no curso de

educação de infância, (…) ainda não têm nenhuma cadeira, (…)

em que seja chamada a atenção, (…) para este tipo de situações.

[da formação ética]…

R67

R68

Page 537: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 12 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação

ética

proporcionada

pela Escola

Estratégias de

formação ética

dos educadores

Linhas gerais

de orientação

Não foram dadas estratégias

de acção

- [Foram dadas estratégias de acção (…) no âmbito da formação

ética com os seus alunos] – Estratégias de acção não…

R50

Foram dadas linhas

orientadoras gerais

- (…) Mas talvez linhas orientadoras, por aí, acho que sim…

- (…) Mas foi tudo assim de uma maneira muito geral…

R51

R57.

Abordagem de

situações

educativas

específicas

A conduta linear do adulto

face à criança

- (…) Nós termos (…) uma conduta frente ás crianças, enfim,

linear…

R52

A aplicação oportuna de

castigos

- (…) Termos atenção em relação, por exemplo, aos castigos que

aplicamos (…) se têm cabimento ou não…

- (…) Se é na hora que se deve fazer [castigar], porque depois se

calhar se já for uma hora depois, não tem qualquer importância

para a criança…

- (…) Ela não vai compreender (…) que está a ser castigada por

aquilo que fez …

R53

R54

R55

Estratégias de

desenvolvimento

moral dos alunos

A necessidade de trabalhar

os valores

- (…) Focámos (…) que era importante abordar valores…

- (…) É também importante saber que (…) desde esta faixa etária

(…) devem ser trabalhados os valores…

- (…) Devemos desenvolver estas capacidades todas [os valores]

na criança…

R56

R37

R38

Page 538: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 13 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Lacunas

percepcionadas

Pouco tempo

de formação

teórica

Tempo reduzido para

aprofundar a disciplina de

Axiologia

[- (…) A Axiologia] tem muitas coisas a serem abordadas em

tão pouco tempo…

- (…) A disciplina é semestral [a Axiologia]…

- (…) Eu acho que (…) em 6 meses, menos de 6 meses

obviamente, (…) que nunca dá para focar tudo tão bem…

R47

R59

R60

Pouca

componente

prática

Falta de componente mais

prática na disciplina de

Axiologia

(…) E depois acho que falta componente. [à Axiologia]…

- (…) Óbvio que nunca vamos ter uma componente assim muito

prática…

- (…) Mas tal como estava a dizer das estratégias, acho que falta

isso [componente prática ] à disciplina…

R61

R62

R63

Estratégias

sugeridas

Prolongar a

formação

teórica no

tempo

A necessidade de prolongar o

tempo de formação ética para

melhor a aprofundar

- (…) Devia ser (…) uma disciplina, a Axiologia, que se

prolongasse por mais um bocadinho…

- (…) Devia ser um bocadinho mais alargado [as estratégias de

formação ética] porque depois o tempo é pouco…

(…) Penso (…) que deveria ser um bocadinho mais alargado,

(…) p’ra nós nos sentirmos mais preparadas quando vamos p´ra

nossa prática pedagógica…

-(…) E penso que a deontologia devia ser realmente abordada

(…) e devia ser falado um bocadinho com mais tempo…

R46

R58

R69

R48

Page 539: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 14 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Estratégias

sugeridas

Aumentar a

componente

prática

A necessidade de aumentar a

componente prática para

consolidar conhecimentos da

disciplina

- (…) Se calhar se tivermos uma componente um bocadinho

mais prática desta disciplina,[Axiologia] talvez seja melhor e

não passe tão ao lado…

- (…) Depois se calhar há pessoas que gostam da disciplina, mas

acabam por esquecer…

-[ (…) Há pessoas que gostam da disciplina] (…) e que não vão

valorizar…

- (…) Se calhar não conseguiram tirar as ilações daquilo que

nós aprendemos, para depois nós aplicarmos…

R70

R71

R72

R73

Page 540: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 15 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Princípios e

valores

predominantes

na Escola

A formação

integral do

aluno

A formação geral

- (…) Acho que não estou muito dentro disso [Princípios e

valores predominantes na Escola]…

- (…) Mas talvez nós sairmos daqui (…) com uma formação

um bocadinho (…) a nível de tudo…

R77

R78

A formação ética

- (…) Mas também penso que valoriza (…) este âmbito (…) da

formação ética, pela axiologia…

R79

Valores

sociais

O amor

- (…) Nós temos (…) a nossa frase, que é “QUEM AMA

EDUCA SEMPRE”, que eu acho que é muito importante…

- (…) Penso que só pelo lema, [QUEM AMA EDUCA

SEMPRE”] acho que já valoriza também esta componente ética

R80

R81

A relação de proximidade

humana

- (…) Eu penso que é uma relação humana bastante próxima…

- (…) Porque não são todas as universidades em que os alunos

têm uma relação tão próxima com os funcionários …

-[(…) Não são todas as universidades em que os alunos têm uma

relação tão próxima] com os professores…

R95

R96

R97

Opinião sobre

os valores

Valores

privilegiados

A importância da afectividade

- (…) [A escola] Promove realmente verdadeiros laços de

afectividade entre as pessoas e acho que isso é muito

importante…

R98

Page 541: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 16 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre

os valores

Valores

privilegiados

O diálogo

- (…) O diálogo…

R145

O respeito mútuo

- (…) Penso que é muito importante o respeito, entre essas duas

pessoas…

- (…) Se não houver [respeito] tanto de uma parte como da

outra, penso que não há muito a fazer…

R146

R147

A afectividade como base para

a confiança

- (…) Acho que é muito importante a afectividade…

- (…) Se nós não formos afectivos para com eles, se não

reconhecerem essa afectividade por parte de nós, provavelmente

nunca vão sentir confiança em nós…

- [Se nós não formos afectivos para com eles, se não

reconhecerem essa afectividade por parte de nós ] Nunca vão

fazer aquilo que nós lhes pedimos…

R148

R149

R150

Page 542: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 17 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre

os valores

Valores do

bom educador

A afectividade - (…) Aquele que eu elejo assim logo muito rapidamente, é

mesmo a afectividade…

R151

A liberdade

- (…) Depois… penso que [elejo] a liberdade…

-(…) Dar a liberdade à criança de ser como ela é…

R152

R153

O respeito pela criança

- (…) O respeito que nós temos que ter pela criança,...

- [(…) O respeito que nós temos que ter] pelas suas

necessidades…

R154

R155

A necessidade de conhecer e

aprender mais para se

actualizar

- (…) Penso que um bom educador deve ter o valor, não sei

muito bem se é um valor, mas penso que deve sentir

necessidade de conhecer e de aprender mais, para conseguir

acompanhar a evolução dos tempos…

R156

A necessidade conhecer e

aprender mais para

corresponder às expectativas

das crianças

-[ (…) Um bom educador ] (…) deve sentir necessidade de

conhecer e de aprender mais, ] para conseguir dar sempre

resposta ás crianças…

- (…) Penso que é mais ou menos um valor, nós termos o dever

de nos formarmos (…) para conseguirmos corresponder às

expectativas das crianças.

R157

R159

Page 543: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 18 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre

os valores

Valores do

bom educador

O reconhecimento da

insuficiência da formação

inicial para o desempenho

profissional

- (…) Acho que é muito importante nós sabermos que a

formação que nós damos quando tiramos uma licenciatura, não

chega de maneira nenhuma para conseguirmos estar com as

crianças….

R158

O papel do

educador face

aos valores

Responsabilidade pela

integração da criança na vida e

no mundo

- (…) Nós vamos despertar nas crianças a maneira como…

como elas vão viver no mundo…

- (…) Então eu acho que é muito importante nós sabermos como

é que havemos de introduzir a criança no mundo…

- (…) Nós vamos preparando [ a criança] (…) não só para a

vida…

-[ (…)Nós vamos preparando[ a criança] para o mundo,..

R9

R10

R20

R21

O educador como modelo de

referência da criança

- (…) A criança aprende muito mais através de exemplos…

- (…) Ela [a criança] elege um modelo (…) através daquilo que

nós dizemos…

R12

R13

Page 544: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 19 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Pertinência do

Código

É importante porque

muitos docentes cometem

actos deontologicamente

incorrectos

- (…) Penso que é muito importante porque há tantos educadores,

tantos professores que cometem actos deontologicamente

incorrectos…

- (…) Isso [actos deontologicamente incorrectos] às vezes nem passa

pela cabeça, (…) de ninguém de fora, porque é mesmo assim…

R163

R164

Os educadores necessitam

de orientação deontológica

- (…) Os educadores não têm nada que os guie (…) para fazerem (… )

aquilo que estão a fazer está deontologicamente correcto ou não….

R162.

Função do

código

Serve como base de

orientação

- [(…) O código deontológico] É só uma base …

- [(…)O código deontológico] só como se fosse um guião …

- [(…)O código deontológico como ] umas linhas orientadoras

R167

R168.

R169

Não se aplica à letra

- (…) Penso que é importante um código deontológico mas também é

importante saber que não é para nós nos guiar …

-[ (…) O código] Não é para nós estarmos a pôr em prática tal como lá

diz…

R166

R170

Page 545: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 20 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Função do

código

Deve dar espaço a situações

particulares

-[ (…) O código] deve dar espaço de manobra a situações particulares

R171

Não cristaliza deveres e

direitos

- (…) É importante as pessoas saberem que um código não é a

cristalização de os deveres…

-[ É importante as pessoas saberem que um código não é a

cristalização ] dos direitos…

R181

R182

Não limita a acção dos

educadores

- (…)Não é os direitos e os deveres que estão naquele papel que vão

limitar a acção dos educadores.

- (…) Penso que (…) um ponto negativo (…) é se calhar pensarem

que um código deontológico possa ser isso[os direitos e os deveres

que estão naquele papel que vão limitar a acção dos educadores] o que

não.

R183

R184

Vantagens do

código

Favorece a união da classe

-- (…) E porque serve para unir a nossa classe…

R165

Valoriza a profissão

- Penso que é muito importante também para …para a nossa profissão

ser um bocadinho mais valorizada, porque não o é…

-(…) Se a nossa profissão for valorizada nós teremos ainda mais gosto

de fazermos aquilo que fazemos …

R172

R173

Page 546: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 21 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Desvantagens

do código

Não vê desvantagens na

existência do código - [Algumas desvantagens para a existência desse código]

Não! Eu não vejo! [desvantagens]…

R174

Conteúdos do

código

Deveres

relativos à

criança

Respeitar o ritmo da

criança

- (…) Penso que se devem remeter para os deveres para com as

crianças…

- (…) Em relação às crianças, o nosso dever de respeitar o seu ritmo….

- (…) Acho que é muito importante, porque vamos a ver e muitas vezes

não é respeitado o ritmo da criança …

- (…) [ As crianças] Estão a fazer trabalhos, que às vezes nem sequer

são adequados e depois exigem que estejam feitos em determinado

tempo….

- (…) Portanto, acho que é muito importante o dever de respeitar o

ritmo…o próprio ritmo da criança

R187

R191

R192

R193

R194

Preparar a criança para a

sua integração na

sociedade

- (…) O dever de a preparar [a criança] para a nossa sociedade, (…) a

nível social…

- [(…) O dever de a preparar [a criança] para a nossa sociedade, a nível

moral…

R195

R196

Page 547: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 22 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Conteúdos do

código

Deveres

relativos à

criança

Preparar a criança para a

escolaridade

- (…) Nós vamos preparando [a criança] (…) também para a escola (…)

para a sua formação a nível de escolaridade.

- (…) Porque se forem devidamente despertas para estas situações

todas, [as crianças] provavelmente terão um percurso escolar (…) [mais

vantajoso e muito melhor]…

- [(…) Porque se forem devidamente despertas para estas situações

todas, [as crianças] provavelmente terão um percurso] social muito mais

vantajoso e muito melhor…

- [(…) O dever de a preparar [a criança] a nível (…) tudo o que abrange

a escolaridade (.…) para ela se sentir preparada também quando for para

a escola …

R22

R29

R30

R197

Contribuir para que a

criança seja feliz

- (…) Penso que também é muito importante (… ) o nosso dever para

com as crianças (…) de elas serem felizes …

-[ (…) É muito importante (… ) o nosso dever para com as crianças]

terem um percurso feliz ao longo do tempo em que passam pelo

Jardim…

- (…) Acho que é muito importante a criança ser feliz…

- [(…)A criança ser feliz] implica muito também com a nossa postura

para com ela…

R198

R199

R200

R201

Page 548: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 23 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Conteúdos do

código

Deveres

relativos aos

pais

Deveres dos educadores

para com os pais

- (…) Penso que os deveres não devem ser só os deveres dos educadores

para com as crianças…

- [(…) Penso que se devem remeter para os deveres ] para com os pais…

R186

R188

Deveres

relativos à

comunidade

Deveres dos educadores

para com a comunidade

- [(…) Penso que se devem remeter para os deveres ] para com a

comunidade…

- (…) Penso que deve abranger tudo isso…

R189

R190

Pertinência de

códigos

diferentes

A necessidade de

códigos diferentes para

professores e para

educadores

- (…) Penso que deveria haver um código deontológico para os

educadores e depois provavelmente para os professores…

R206

Diferenças de faixa

etária com que os

docentes lidam

- (…) Se nós formos a ver há diferenças muito grandes a nível da faixa

etária com que os docentes lidam …

- (…) São componentes muito diferentes desde a educação de infância

até ao secundário.

- (…) Se calhar haveria necessidade , isto é aquilo que eu penso, de

dividir [ o código] para os professores do 1º, 2º e 3º ciclo e depois para

os professores do Secundário….

R204

R205

R207

Page 549: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 24 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face

a um

eventual

código da

profissão

Pertinência de

códigos

diferentes

Divergências entre os

docentes dos vários

ciclos

-(…) Se formos a ver, mesmo para os professores do 1º,2º e 3º ciclo já há

tantas divergências…

R208

A diferença de

problemas dos vários

ciclos

- (…) Por exemplo, na disciplina de Axiologia nós tivemos a… a ver a

proposta do código deontológico pelo D’Orey da Cunha, pelo Pedro

D’Orey da Cunha…

-(…) Um dos pontos deontologicamente discutíveis que aparecia nesse

código elaborado [por D’Orey da Cunha ] era a questão das

explicações…

- (…) Isso para os educadores não os afecta, porque nós não vamos dar

explicações a crianças fora (…) da nossa área…

- (…) Agora, é uma coisa que já afecta bastante os professores do 1º,2º e

3º ciclo e de secundário então bastante.

R210

R211

R212

R213

Page 550: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 25 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face

a um

eventual

código da

profissão

Autoria do

código

Uma Associação de

educadores

- (…)É óbvio que para haver um código deontológico isso requer a

associação dos educadores…

- [(…) O código seria um código deontológico dos educadores penso

que deveria ser [elaborado] por uma Associação de educadores…

R175

R216

Associação de

educadores

com experiência

diversificada

- (…) Penso que é muito importante nessa Associação haver educadores

já com alguns anos de experiência…

- (…) Haver [na Associação] assim um público um bocadinho alargado,

desde aquele que sai do curso ou que ainda está em formação até àquele

que tenha mais ou menos anos de experiência …

- (…) São perspectivas muito diferentes de um educador que acaba de

sair de um curso a de um que (…) já tem muitos mais anos de

experiência …

- (…) Penso que não é desaproveitar de todo as ideias de um ou as ideias

de outro mas sim juntar.

R217

R218

R219

R220

Os educadores

- (…) Eu penso que deveria haver um código elaborado (…) pelos e para

os educadores….

- (…) Eu penso que o código deontológico deve ser elaborado por

educadores…

- (…) O código seria um código deontológico dos educadores penso que

deveria ser pelos educadores…

R209

R214

R215

Page 551: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 26 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face

a um

eventual

código da

profissão

Autoria do

código

Os educadores

-(…) Penso que [o código]deve ser [elaborado] por educadores…

- [(…) Além dos educadores incluiria outros intervenientes fora da

classe] Eu penso que não. (…) penso que incluiria apenas pessoas que

estivessem ligadas (…) a esta área…

R221

R228

Actualização do

código

A importância de

actualizar o código

- (…) Para haver um código deontológico implica que (…) haja vontade (

…) de quem o elabora para continuar a estar atento e a ir actualizando o

código…

- (…) É muito importante que seja revisto[ o código]…

- (…) Não se vai para o código deontológico e depois ficam para um

canto e não se vai revendo

R180

R176

R177

O código deve

acompanhar a evolução

do mundo

-[(…) Não se vai para o código deontológico e depois ficam para um

canto] e não vai acompanhando as mudanças…

- (…) Se o mundo evolui o código deve acompanhar porque é óbvio que

depois ( …) vão havendo situações diferentes…

R178

R179

Page 552: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 27 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face

a um

eventual

código da

profissão

Razões da

inexistência do

código

A Profissão é muito

abrangente

-(…) Se nós (…) formos a ver a profissão docente é das mais

abrangentes que há.

- (…) E até penso que se calhar é mesmo por causa disso que não há

nenhum código deontológico…

R202

R203

O papel

interventivo do

Ministério

O Ministério da

Educação é que

estabelece direitos e

deveres

- (…) Ministério da Educação, (…) é outro dos pontos que eu penso que

é outra razão para nós ainda não termos o código deontológico…

- (…) Trabalhamos para o Ministério da Educação, para quem está a

trabalhar no público, (… ) e então são eles que estabelecem os nossos

direitos…

- [Trabalhamos para o Ministério da Educação, para quem está a

trabalhar no público, (… ) e então são eles que estabelecem os nossos

deveres…

R222

R223

R224

A acomodação

dos docentes

Os docentes conforma-

se com as decisões do

Ministério

-[ (…) O Ministério da Educação (…) são eles que estabelecem os

nossos direitos (…) e os nossos deveres] mas penso que não é o

suficiente, e que nós se calhar nos deixamos levar bocadinho pela maré

R225

Os docentes deixam de

lutar pela dignificação

da profissão

- (…) Deixamos de lutar por aquilo que quase toda a certeza dignificaria

a nossa profissão …

- [(…)Deixamos de lutar por aquilo que com certeza nos faria exercer

muito melhor. .

R226

R227

Page 553: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista R

Quadro 28 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Apreciação geral sobre a Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Apreciação

geral sobre a

Escola

Sugestões

A necessidade de estar atenta à

inovação pedagógica

- (…) Acho (…) que podia estar um bocadinho mais atenta ao

desenvolvimento (…) de novas pedagogias que vão

aparecendo…

-[ Acho (…) que podia estar um bocadinho mais atenta ]por

exemplo, novas estratégias a nível de matemática …

R87

R89

A necessidade de investir na

formação dos professores-

formadores

- (…) Penso que poderiam apostar um bocadinho mais na

formação dos professores que estão a formar-nos a nós…

- (…) Nem que não sejam educadoras, mas que tenham ligação

a esta profissão…

- (…) Acho que é muito importante [ ter professores que tenham

ligação a esta profissão] p´ra depois saber também como é que

hão-de avaliar…

R88

R92

R93

Aspectos

positivos

Tem professores muito bons

(…) Temos professores muito bons…

R90

Aspectos

negativos

Tem professores que

desconhecem o que é a

profissão de educador

-(…) Mas depois também temos professores (…) que nunca (…)

souberam o que é estar (…) numa sala (…) de actividades…

- [(…) Também temos professores ]que não sabem o que é que

consiste a nossa profissão.

R91

R92

Page 554: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO E3

ANÁLISE DE CONTEÚDO DA

ENTREVISTA AO FORMANDO P

Page 555: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Contributo

das

disciplinas

da

formação

geral

Disciplinas

orientadas

para a prática

A Prática

Pedagógica

- (…) Considero importante a Prática Pedagógica, que é uma disciplina que nós temos

desde o 2º ano até ao 4º.

P1

Disciplinas

orientadas

para os

conteúdos

Métodos e

Técnicas da

Comunicação

- (…) Considero também importante a Metodologia de Investigação, neste caso nós

chamamos os Métodos e as Técnicas da Comunicação...

P2

A Sociologia

- (…) Considero também importante a Sociologia [que são disciplinas que tratam os

valores da nossa sociedade.…

- (…) A Sociologia, que também falámos um pouco dos valores…

P3

P25

A Axiologia

- (…) A Axiologia, que são disciplinas que tratam os valores da nossa sociedade.

P4

O papel da

Sociologia e

Axiologia na

formação ética

- (…) Onde se trabalha mais isso [a formação ética] (…) é na Sociologia e na Axiologia…

P26

Page 556: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 2 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da formação

geral

Conteúdos da

formação ética

Valores

A hierarquização dos valores

- (…) Falámos dos valores…

- (…) Numa disciplinas, que se eu não me engano foi em

Axiologia, nós chegámos mesmo antes a ter essa história dos

valores.…

- (…) A hierarquização dos valores, do que é que era mais

importante para uns e o que é que era mais importante para

outros.

- (…) A hierarquização dos valores e o que para uns pode ser

tão importante, para outros não é…

P9

P110

P10

P111

Deontologia

Os códigos deontológicos

noutras profissões

- (…) Falámos também dos códigos deontológicos,

nomeadamente noutras profissões …

P11

A importância dos valores e

códigos deontológicos

na formação dos formandos

- [(…) Foi basicamente isto [os valores e os códigos

deontológicos] os aspectos que eu considero que foram (…)

os mais relevantes, para a importância] da formação…

- [(…) Foi basicamente (…) os valores e os códigos

deontológicos os aspectos que eu considero que foram (…) os

mais relevantes, (…)] para um dia ais tarde podermos virmos

a formar alguém…

P13

P14

Page 557: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 3 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da formação

geral

Opinião sobre a

Axiologia

Importância da

Axiologia na

formação pessoal

A Axiologia dá a conhecer os

valores da sociedade

- (…) Acho que é importante [a Axiologia] (…) para nós

percebermos um bocadinho como é que funcionam alguns

valores desta sociedade…

-[ (…) A Axiologia] Acho que é uma disciplina (…) para (…)

nos fazer ver alguns valores da sociedade…

P5

P7

Apoia os formandos

sobre o modo de proceder no

futuro

- (…) Essa disciplina foi importante nesse sentido, (…) de nos

apoiar a nós…

- [ (…) A Axiologia] deu-nos algumas perspectivas de como

havíamos de proceder no futuro…

P17

P18

Importância da

Axiologia na

formação

profissional

Ajuda os formandos a

fomentar na criança os valores

da sociedade

- [ (…) A Axiologia] também nos ajuda a perceber como é

que havemos de formar mais tarde o cidadão, neste caso as

crianças.

- [ (…) A Axiologia] ajuda-nos a fomentar alguns dos valores

nas crianças…

- (…) Foi basicamente isto [os valores e os códigos

deontológicos] os aspectos que eu considero que foram (…)

os mais relevantes, para a importância dessa disciplina [a

Axiologia] …

P6

P8

P12

Os valores e os códigos como

aspectos mais relevantes da

disciplina

Page 558: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 4 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Percepção de

problemas

éticos

Centrados na

criança

A proibição da criança

deficiente fazer algumas

coisas que o grupo fazia

- (…) Eu este ano estou no Jardim... (xxxxxxx ) e tenho uma

criança com necessidades educativas especiais….

- (…) Em anos anteriores essa criança (…) era um pouco proibida

de fazer certas e determinadas coisas, que as restantes crianças do

grupo faziam…

- (…) Isso [criança (…) era um pouco proibida de fazer certas e

determinadas coisas] agora está a reflectir um pouco este ano

porque muitas vezes os pais têm tendência a perguntar se pode, se

não pode fazer, visto que nos anos anteriores não conseguiam

fazer…

P61

P62

P63

Centrados no

educador

A descriminação da criança

deficiente considerada lacuna

ética

- (…) E eu penso que isso [criança (…) era um pouco proibida de

fazer certas e determinadas coisas] é uma grande lacuna, não é, a

nível de ética!

P64

Reacções aos

problemas

percepcionados

Diálogo

O diálogo com a educadora

cooperante

- (…) Eu neste caso, falei com a educadora cooperante porque não

posso agir (…) sem falar com ela…

P65

A explicação da situação da

criança aos pais

- (…) Falei com os pais e disse-lhe que o que era passado, era

passado…

- (…) Nós tínhamos era que se preocupar com o presente e com o

futuro (…) que vinha…

P66

P67

Page 559: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 5 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

O apoio á

criança

deficiente

A determinação da estagiária

para apoiar a criança

deficiente

- (…) Por mim nem que eu tivesse que fazer mais esforço, aquela

criança participava em tudo tal como o grupo… - (…) Eu do início sempre disse à minha educadora que estava

sempre disponível para isso [apoiar a criança para participar em

tudo] nem que tivesse que ficar mais tempo no Jardim com aquela

criança…

P68

P77

O apoio à criança na

participação de todas as

actividades do grupo

- (…) Se ela [criança deficiente] faz parte do grupo, se ela brinca

na sala, e faz algumas actividades tal como as crianças,

independentemente das suas limitações, ela irá participar em

tudo…

- (…) Estratégia… foi tentá-la integrá-la [ a criança deficiente] um

pouco mais no grupo…

- (…) Eu tentei que todas as actividades que as crianças fazem,

seja pintar, seja recorte, seja qualquer coisa do género, eu tento que

essa criança faça da mesma maneira que as restantes crianças…

- (…) Sabendo sempre que ela [a criança deficiente] tem de ter a

ajuda de uma terceira pessoa …

- (…) [A criança] não consegue pintar com pincel...

- (…) Eu meto tinta nas mãos, ela pinta….

- (…) Tento fazer movimentos com ela, nem que sejam

movimentos bruscos …

- (…) São movimentos que a chamam mais a atenção, de modo

a resposta ao estímulo que lhe foi dado…

P69

P70

P75

P76

P79

P80

P81

P82

Page 560: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 6 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

Dificuldades

de

intervenção

As graves limitações da

criança

- (…) Como sabe uma criança com necessidades educativas

especiais tem algumas limitações…

- (…) Naquele caso é uma criança que tem paralisia cerebral

espásmica, tem mesmo graves limitações….

- (…) Quando existe alguma actividade em que as crianças têm

que pintar com pincel, esta tal criança não pode…

P71

P72

P78

A inadequação das actividades

das educadoras de apoio

- (…) Muitas vezes os trabalhos (…) que as educadoras de apoio

fazem, servem para ajudar o nível de desenvolvimento dessa

criança…

- (…) Mas muitas vezes as actividades [que as educadoras de

apoio fazem] não são adequadas a actividades do Jardim-de-

infância

P73

P74

Page 561: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 7 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

Trabalho de

investigação

sobre a

criança

A realização de um estudo

sobre a comunicação

aumentativa e alternativa na

criança

- (…) Desde o início falei com os pais porque, (…) o meu trabalho

final, (…) vai ser sobre ela [a criança deficiente] …

- (…) Vou fazer um trabalho com ela [a criança deficiente] (…)

sobre a comunicação aumentativa e alternativa…

P83

P84

A colaboração dos pais e da

educadora

- (…) Tanto a educadora como os pais são pessoas bastante

acessíveis…

- (…) Nunca me negaram nada [os pais e a educadora] …

- (…) Como preciso de fazer entrevistas, preciso de saber coisas

(…) dessa determinada criança. e nunca me negaram nada…

P85

P86

P87

Envolvimento

dos pais

O interesse dos pais em

sensibilizar a sociedade para

as potencialidades da criança

deficiente

- (…) Na altura das entrevistas, nós temos que referir sempre que

os dados, (…) são sempre anónimos…

- (…) Os pais disseram que se caso eu quisesse pôr… (…) o nome

dessa criança [não haveria problema porque para eles era uma

mais valia]….

- [(…) Os pais disseram que] se quisesse pôr a idade que (…) não

haveria problema porque para eles era uma mais valia.

- (…) Seria como mostrar à sociedade o problema que aquela

criança tinha…

P88

P89

P90

P91

Page 562: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 8 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

Envolvimento

dos pais

O interesse dos pais em

sensibilizar a sociedade para

as potencialidades da criança

deficiente

- [(…)Seria como mostrar à sociedade] que apesar do seu

problema [a criança] pode-se vir a desenvolver…

- (…) [A criança] pode vir a ser um cidadão como outra criança

qualquer.

P92

P93

Contributo da

Formação ética

na resolução de

problemas

Irrelevância

da formação

ética da escola

A intervenção educativa

não dependeu da formação

ética recebida na escola

- [O contributo da formação ética recebida na escola, para a

tomada de posição na situação] Tê-la-ia tomado

independentemente de ter tido a formação ou não.

P94

Valorização

da formação

ética pessoal

A valorização da formação

ética recebida no meio

familiar e escolar anterior

- (…) Tivemos esta formação, mas antes de termos esta formação,

já fomos crianças e já tivemos formação de outro lado…

- [ (…) Já fomos crianças e já tivemos formação] (…)

no seio familiar…

- [ (…) Já fomos crianças e já tivemos formação] (…) no seio

escolar.

P114

P115

P116

Page 563: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 9 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Estratégias de

formação

ética dos

educadores

Foram dadas algumas

orientações

- [Estratégias para ajudar a promover o desenvolvimento moral

dos alunos] (…) De certa forma, foi-nos dado algumas dicas…

P15

A falta de condições para

aplicar as orientações

- (…) O que quer dizer que a gente nem sempre aplica o que nos

foi dado, porque muitas vezes também não temos condições para

tal…

P16

Perspectivas para ensinar

valores da nossa sociedade às

crianças

-[(…) A Axiologia deu-nos algumas perspectivas ] de como é que

havíamos de ensinar alguns dos valores às crianças, (…) que estão

implícitos na nossa sociedade…

P19

Estratégias de

desenvolvime

nto moral dos

alunos

As histórias

A exploração de histórias

- (…) Podemos trabalhar isto [o desenvolvimento moral dos

alunos] de variadas formas com as crianças….

- [(…)Podemos trabalhar (…) o desenvolvimento moral dos

alunos ] partindo de histórias, por exemplo…

- (…) A história do “Pássaro da alma” é uma história um pouco

densa, mas se nós conseguirmos adaptar a história consegue-se

trabalhar...

- [(…)[O desenvolvimento moral dos alunos ] Foi mais

basicamente de histórias…

P20

P21

P22

P23

Os jogos

A utilização de jogos

- [ (…) [O desenvolvimento moral dos alunos (…) Foi mais

basicamente] de jogos também, basicamente é isso.

P24

Page 564: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 10 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Princípios e

valores

predominantes

na Escola

Valores

sociais

A solidariedade

- (…) Eu considero a solidariedade…

- (…) Anda tudo muito por aqui a nível (…) de solidariedade…

- (…) A solidariedade [acho que é um bom caminho para as

pessoas se darem bem] …

P27

P35

P46

A entreajuda nas turmas

- (…) Acho que existe (…) muita ajuda, entreajuda (…) no seio

de turma…

- [Acho que existe (…) muita ajuda, entreajuda, (…) no seio] de

(…) de diferentes turmas...

- (…) O 4º ano costuma ajudar muito o 3º ano…

P28

P29

P30

A amizade

- (…) Também existe a amizade…

P36

A fidelidade

- [ (…) Também existe] a fidelidade (…) em alguns casos…

P37

A partilha de ideias

- [ A solidariedade e o meio familiar acho que é um bom

caminho para as pessoas (…) poderem partilhar muitas ideias

que até (…) tenham…

- (…) Se viverem numa comunidade diferente, acho que aqui

consegue-se partilhar muito essas ideias

P47

P48

Page 565: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 11 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Princípios e

valores

predominantes

na Escola

Valores

sociais

O ambiente familiar

- (…) E penso que também existe um ambiente muito familiar.

- (…) Todas as pessoas se conhecem…

- (…) Todas as pessoas param para temas de conversa, (…) seja

a nível da escola como (…) outros tipos de conversa…

- (…) Anda tudo muito por aqui a nível (…) familiar

P31

P32

P33

P34

O exemplo

dos

responsáveis

pela escola

Fomentam o ambiente familiar

nos alunos através do exemplo

- (…) [Aspectos que (…) os responsáveis pela escola mais

valorizam] Eu acho que tentam passar uma imagem do ambiente

que existe aqui, ser um ambiente familiar…

- (…) [Fomentam (…) um ambiente familiar… nos alunos]

Fomentam isso, e até tentam mesmo desenvolver.

- (…) Eles [ os responsáveis pela escola ] são os próprios a dar o

exemplo…

P38

P39

P40

Ajudam os alunos no que eles

necessitam

- (…) Muitas vezes se nós precisarmos de alguma ajuda, nós

vamos ter com os professores e os professores tentam nos ajudar

- (…) Se não conseguirem isso [os professores ajudar os alunos]

encaminham-nos para (…) outras entidades, que também

estejam presentes nesta escola… vamos à secretaria, biblioteca,

director, seja o que for…

P41

P42

Page 566: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 12 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre

os valores

Adesão

Os valores são o pilar da

escola aberta à comunidade

- Concordo com eles. [os valores predominantes na Escola] …

- (…) Acho que são principais. [os valores predominantes na

Escola] …

- [ (…) Os valores predominantes na Escola] São o pilar ( …)

de manter a (…) escola aberta (…) para outras pessoas, sejam

desta comunidade ou que sejam de outra comunidade

diferente…

P43

P44

P45

Aspectos

negativos

Pouco sentido de

responsabilidade

- (…) Eu penso que por vezes deveria de haver mais sentido de

responsabilidade, em determinados assuntos…

- (…) Mas penso que isso [o sentido de responsabilidade]

também com o tempo é uma coisa que se vai conseguindo…

- (…) Acho que é uma coisa [o sentido de responsabilidade] que

se vai construindo….

P49

P50

P51

Valores

privilegiados

pelos

formandos

O respeito em relação aos

adultos e ás crianças

- [Valores privilegiados na resolução de problemas] O respeito!

- (…) Acho que o respeito é muito importante quando

trabalhamos com a equipa, entre educadores e educadoras…

- [Acho que o respeito é muito importante quando trabalhamos

com…] educadoras e auxiliares…

- [Acho que o respeito é muito importante…] quando

trabalhamos com crianças…

P95

P96

P97

P98

Page 567: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 13 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre

os valores

Valores do bom

educador

O respeito

- [Valores que o bom educado deve ter] O respeito!

P105

A solidariedade

- (…) A solidariedade também concordo [que o bom educador

deve ter] …

P106

A cooperação

(…) A cooperação…

P107

A ajuda

- (…) A ajuda também… acho que é importante.

P109

Os valores estão todos

interligados

- (…) Eles [os valores] …estão todos interligados, acabam por

se interligar todos, uns nos outros…

P108

Os valores considerados mais

importantes

independentemente da

formação ética da Escola

- (…) Mas para mim esses valores que eu acabei de nomear

[respeito, solidariedade, cooperação, ajuda] são

importantes….

- (…) Não quer dizer que os outros [valores] não sejam, mas

eram os que eu punha em primeiro lugar, independentemente

de ter essa formação ou não …

P112

P113

Page 568: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 14 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

O papel do

educador face

aos valores

Promover o

respeito

O respeito do educador pelo

que a criança faz e diz

- (…) Acho que o educador tem um papel bastante

importante, na medida em que deve respeitar (…) o espaço

das crianças...

- [(…) O educador tem um papel bastante importante, na

medida em que deve respeitar] o que as crianças dizem...

P99

P100

O respeito da criança pelas

orientações do educador

- (…) Da mesma maneira que a criança também deve de

respeitar um pouco isso [ o espaço do educador e o que ele

diz]

- (…) Se a educadora pedir uma determinada actividade,

penso que a criança deverá respeitar aquilo que a educadora

pediu….

P101

P102

Desenvolver

competências de

cidadania

A importância do

comportamento do educador

na formação da criança

- (…) Torna-se importante, nós ter determinados

comportamentos (…) em derivadas situações para termos os

bons cidadãos…

- [Torna-se importante, nós termos determinados

comportamentos (…) em derivadas situações] para formarmos

uns bons cidadãos.

P103

P104

Page 569: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 15 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Pertinência do

Código

A importância do código

como base para seguir o que

está escrito

- [ (…) A existência de um código deontológico da profissão

docente] Considero importante….

- (…) Apesar de…o código poder ser ou não seguido, acho

que é uma base, para nós nos podermos seguir em relação

aquilo que está escrito…

P117

P118

Desvantagens

do código

A dificuldade de muitos

docentes em seguir o código

- (…) A única desvantagem que eu vejo (…) Penso que

haveria muita gente que, sabendo que havia aquela base não

iria seguir…

- [ (…) Haveria muita gente que] Possivelmente poderia não a

seguir [ a base do código]…

P119

P120

Um cumprimento aparente

do código desconhecendo os

seus deveres e direitos

- [ (…) Haveria muita gente que] tentava segui-la [a base do

código] por saber que esse código existia, e não (…) pelo

conhecimento dos deveres que deve ter…

- [(…) Haveria muita gente que] tentava segui-la [a base do

código] por saber que esse código existia, e não (…) pelo

conhecimento] de alguns direitos que deve ter….

P121

P122

Page 570: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 16 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Conteúdos do

código

Deveres relativos

ao docente

Ser flexível

- (…) Deveria estar implícito que a educadora deveria de ser

flexível…

P123

Ser solidário

[ (…) Deveria estar implícito que a educadora deveria de ser ]

solidário também…

P124

Ser autónomo

- [ (…) Deveria estar implícito que a educadora deveria de

ser] autónomo…

P125

Deveres relativos

o meio escolar

Dever de trabalhar em

cooperação com o meio

escolar

- (…) Penso que também deveria estar implícito que os

educadores deviam trabalhar em cooperação, (…) com o meio

escolar.

P126

Deveres relativos

à instituição

Jardim

Dever de trabalhar em

cooperação com o pessoal

do Jardim

- [ (…) Penso que também deveria estar implícito que os

educadores deviam trabalhar em cooperação] com o Jardim…

P127

Deveres relativos

à comunidade

Dever de trabalhar em

cooperação com a

comunidade envolvente

- [ (…) Penso que também deveria estar implícito que os

educadores deviam trabalhar em cooperação] com a

comunidade que envolve esse Jardim…

P128

Page 571: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 17– Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Pertinência de

códigos

diferentes

Necessidade de

especificidade

- (…) Eu estou só a referir um código (…) para educadores.

- (…) Penso que para educadores deveria ser os educadores [a

elaborar o código] e para professores deveria ser os

professores…

P130

P131

Autoria do

código

Os educadores

- [Quem (…) deveria elaborar esse código] Eu acho que…

sinceramente acho que deviam ser os educadores….

P129

Quem trabalha na sua área

específica conhece e avalia

melhor as situações

- (…) Penso que as pessoas que estavam a trabalhar naquilo

que realmente tiram, no curso que tiraram, é que podem

prever essas situações…

- [ (…) Penso que as pessoas que estavam a trabalhar naquilo

que realmente tiram, no curso que tiraram ] é que podem

verificar se aquilo é o mais correcto, se aquilo não é o mais

correcto…

P132

.

P133

A possível dificuldade de

professores do 1º ciclo e

educadores elaborarem

códigos que não pertençam

ao seu grau de ensino

- (…) Eu não quero dizer com isto, que uma professora do 1º

ciclo não consiga ter a capacidade de o elaborar [o código] …

- (…) Mas penso que se calhar terá (…) dificuldade em fazer

isto, [o código] porque se calhar nunca passou por uma

situação… como muitos educadores passam…

- (…) Da mesma maneira vice-versa, como muitos educadores

também nunca passaram, pelo 1º ciclo [ (terão)] dificuldade

em fazer isto, [o código] …

P134

P135

P136

Page 572: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 18 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Apreciação geral sobre a Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Apreciação

geral sobre a

Escola

Aspectos

positivos

A mudança para

corresponder às

necessidades dos alunos

- (…) Se me perguntar o que é que eu acho desde o início até

agora, digo que a escola mudou em muita coisa…

- [ (…) A escola mudou ] coisas que eu pensava que ela nunca

iria mudar…

- (…) Mas penso que [a escola] até tem conseguido

corresponder às necessidades dos alunos, (…) de maneiras

diferentes lá está, (…) mas tem conseguido corresponder.

P52

P53

P54

Mudança ao nível de

disciplinas

- (…) A nível de disciplinas houve muita mudança…

- (…) Eu verifico que eu neste ano, que estou no 4º ano,

passei por disciplinas que as minhas colegas deste… do 1º

ano estão a passar, e eu noto muita diferença….

P55

P56

Currículos diferentes

- (…) Os currículos são totalmente diferentes…

P57

Matérias diferentes

- (…) As matérias que estão a dar são muito… são totalmente

diferentes…

P58

A tentativa da escola em

resolver lacunas de anos

anteriores

- (…) Penso que as lacunas que houve no meu ano, no meu 1º

ano, estão a tentar resolvê-las agora, para que mais tarde (…)

isso não se possa reflectir…

P59

Page 573: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista P

Quadro 19 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Apreciação geral sobre a Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Apreciação

geral sobre a

Escola

Aspectos

positivos

O espírito de abertura em

relação aos alunos

- [(…) Quando os alunos avançam com as suas opiniões são

sempre ouvidos] Sim são!

P60

Aspectos

negativos

A tendência dos professores

do 1º ciclo trabalharem mais

com os formandos

professores do que com os

educadores

- (…) Nós temos aqui muitas disciplinas…

- (…) Muitas das disciplinas são professores do 1º ciclo que

dão…

- (…) Nós verificamos isto: que elas têm tendência, quando

são professores do 1º ciclo, (…) a trabalhar mais com os do 1º

ciclo, do que trabalhar mais as coisas com a educação pré-

escolar…

- (…) Mas se ele é professor, tanto é professor para alunas da

educação pré-escolar, como alunas para o 1º ciclo…

P137

P138

P139

P140

Sugestões

Trabalho mais

individualizado dos

professores do 1º ciclo com

os educadores

- (…) Devia de haver… um trabalho mais individualizado

[dos professores do 1ºciclo com os educadores] …

P141

Page 574: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO E4

ANÁLISE DE CONTEÚDO DA

ENTREVISTA AO FORMANDO L

Page 575: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Contributo das

disciplinas da

formação geral

Disciplinas

orientadas para a

prática

Importância da disciplina de

Metodologias na abordagem

da prática

- (…) Houve disciplinas como a “Metodologias”, com a

Professora XXX que nos deu (…) uma visão muito da prática…

- (…) Fizemos muita prática simulada …

- (…) Essa disciplina [“Metodologias”] para mim acho que foi

da mais importante, porque culminou com as outras…

L1

L2

L3

Disciplinas

orientadas para os

conteúdos

O papel da disciplina de

Metodologias

na abordagem à matemática e

ao inglês

- (…) Nós tivemos um pouco de matemática …

- [(…) Tivemos um pouco ] de como… as crianças começam a

perceber a matemática…

-[ (…) Tivemos um pouco de como… as crianças começam a

perceber ] o inglês, também!

- (…) E essa disciplina [“Metodologias”] acho que nos deu uma

visão disso tudo.[de como as crianças começam a perceber a

matemática e o inglês]…

L4

L5

L6

L7

Importância da Sociologia e

da Axiologia na abordagem a

questões éticas

- (…) E depois tivemos outras disciplinas como por exemplo, a

Sociologia e a Axiologia, que nos falaram mais em questões

éticas…

- (…) Eu acho…a que nos alertou mais para essa questão [da

formação ética] foi a Axiologia e talvez a Sociologia, mas talvez

porque era dada pela mesma professora…

L8

L36

Page 576: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 2 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Conteúdos da

formação ética

Ética no contexto

profissional

As questões éticas no trabalho

e no relacionamento com

outros profissionais

-[ (…) A Sociologia e a Axiologia, que nos falaram mais em

questões éticas …] do dia a dia do trabalho…

-[ A Sociologia e a Axiologia, que nos falaram] de como nos

comportarmos (…) perante outros profissionais…

L9

L10

Ética da docência

em Portugal

A situação actual da ética da

docência em Portugal

- [(…) A Sociologia e a Axiologia, que nos falaram…] o que é

que conheciam hoje em dia em Portugal, na questão do docente.

.

L11

Deontologia

A realização de um trabalho

sobre deontologia

- (…) Fizemos um trabalho sobre deontologia....

L20

Valores

Os valores na educação antes e

durante o antigo regime e na

actualidade

- (…) Fizemos um trabalho sobre a questão (…) dos valores na

educação ao longos dos tempos…

- (…) Fizemos uma abordagem do que acontecia (…) na altura

(…) do antigo regime…

-[ Fizemos uma abordagem do que acontecia ] antes do antigo

regime…

- [Fizemos uma abordagem do que acontecia] durante o antigo

regime…

- [Fizemos uma abordagem … ] do que acontecia agora….

L21

L22

L23

L24

L25

Page 577: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 3 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Disciplinas da formação geral”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Conteúdos da

formação ética

Valores

O interesse pelo estudo dos

valores na educação

- (…) Eu acho que esse trabalho de ver a evolução de toda a

educação (…) a questão dos valores na educação, foi bastante

interessante…

L26

O alerta da Prática Pedagógica

para o comportamento ético

em estágio

- (…) A Prática Pedagógica, [alertou para a questão da

formação ética] porque a professora antes de nós irmos para o

estágio, dava-nos sempre uns avisosinhos de como nos

comportarmos…

- [A professora (de Prática Pedagógica) antes de nós irmos para

o estágio, dava-nos sempre uns avisosinhos] não tentarmos a

passar por cima dos educadores …

L37

L38

Influência do

comportamento do

educador na

formação ética da

criança

A importância de saber agir

eticamente para formar a

criança para a vida e para a

sociedade

(…) Acho que uma pessoa que não sabe se comportar [nunca

vai conseguir passar à criança, que a vida tem que ter uma

questão ética perante a sociedade, e perante os colegas e perante

o mundo infinito de coisas.] …

L16

-[ (…) Acho que uma pessoa que] (…) provoque confusões e

essas coisas assim [nunca vai conseguir passar à criança, que a

vida tem que ter uma questão ética perante a sociedade, e

perante os colegas e perante o mundo infinito de coisas.] …

L19

Page 578: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 4 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Conteúdos

formação ética

Influência do

comportamento do

educador na

formação ética da

criança

Importância de saber trabalhar

em parceria para formar

eticamente a criança para a

vida e para a sociedade

-[ (…) Acho que uma pessoa que] não sabe desenvolver um

trabalho com outros colegas [nunca vai conseguir passar à

criança, que a vida tem que ter uma questão ética perante a

sociedade, e perante os colegas e perante o mundo infinito de

coisas.] …

-[ (…) Acho que uma pessoa que não sabe desenvolver um

trabalho] com outros profissionais [nunca vai conseguir passar à

criança, que a vida tem que ter uma questão ética perante a

sociedade, e perante os colegas e perante o mundo infinito de

coisas.] …

L17

L18

Page 579: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 5 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Disciplinas da formação geral “

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Disciplinas

da

formação

geral

Opinião sobre a

Axiologia

Importância da

Axiologia na

formação

profissional

A Axiologia mostrou o

carácter ético da profissão

- (…) A Axiologia (…) mostrou-se o ético (…) da nossa

profissão…

- (…) E é uma profissão que nós temos que ter em atenção essa

questão [da ética] …

L12

L13

O educador como modelo

ético da criança

- (…) Sendo nós modelos ou tentarmos ser um modelo para as

crianças, (…) uma pessoa ter pelo menos a questão da ética

minimamente certa…

L15

Importância da

Axiologia na

formação pessoal

A percepção do que se deve e

não deve fazer

- (…) Há coisas que nós devemos e não devemos fazer…

L14

A abordagem da liberdade

como valor pessoal e social

- (…) Falámos… essa questão da liberdade na minha turma na

altura da Axiologia …

- (…) Debateu-se muito [ a liberdade] porque também levámos

para fora da aula e falámos com alguns professores sobre isso…

-[ (…) Debateu-se muito [a liberdade] porque também levámos

para fora da aula] e falámos com empregados da escola…

- (…) A nossa liberdade existe, mas tem que ter em atenção a liberdade

dos outros…

-(…) Uma pessoa é livre de fazer o que quiser, sim senhora…

mas (…) vivemos numa uma sociedade que existem regras….

L43

L44

L45

L 46

L47

Page 580: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 6 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Percepção de

problemas

éticos

Centrados no

educador estagiário

A dificuldade na relação com

os pais

- (…) Eu acho que as questões que mais puseram um

bocadinho complicação, foi mais a relação com os pais…

L62

Centrados nos pais

A desconfiança dos pais

- (…) As pessoas são diferentes…

- (…) Os pais são diferentes…

- (…) Por mais que (…) uma pessoa goste das crianças e elas

de nós, ás vezes os pais não nos conhecem, metem sempre um

bocadinho o pé atrás…

L63

L64

L65

A indiferença dos pais

- (…) Eu não sei se isso será uma questão ética, se não, mas

nos meus primeiros tempos de estágio, ali onde eu estou, os

pais praticamente passavam por cima de mim, entre aspas…

L66

As interrogações dos pais

à estagiária

- [(…) Os pais] perguntavam-me como é que tinha decorrido o

dia,…

- [(…) Os pais perguntavam-me] o que é que a criança tinha

feito…

- [(…) Os pais perguntavam-me se a criança] se tinha portado

bem…

- [(…) Os pais perguntavam-me se a criança] tinha comido…

- [(…) Os pais perguntavam-me se a criança] tinha dormido…

L67

L69

L68

L70

L71

Page 581: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro7 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Percepção de

problemas

éticos

Centrados nos pais

A repetição das interrogações à

educadora

- (…) Dois segundos mais tarde aparecia a minha educadora e

[os pais] perguntavam-lhe o mesmo [sobre como decorreu o

dia da criança na instituição] …

L72

Reacções aos

problemas

percepcionados

Reflexão sobre a

situação

A compreensão em relação á

desconfiança dos pais

- (…) Eu pensava (…) os pais não me conhecem…

- (…) É completamente normal que [os pais] (…) a principio

não confiem em mim…

-[(…) É completamente normal ] que queiram sempre a

opinião da educadora própria da sala…

L73

L74

L75

O sentido de responsabilidade

em relação ao trabalho

- (…) Mas por outro lado também me sentia um pouco triste

- (…) Ao fim ao cabo eu estou ali a fazer um trabalho…

- (…) Não estou ali a mentir…

- (…) Não estou ali a enganar ninguém…

- (…) O que mais me interessa é o bem-estar da criança….

L76

L77

L78

L79

L80

Page 582: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 8 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

Intervenção em

relação aos pais e á

educadora

A persistência na informação

sobre os hábitos da criança

-[ Reacção para resolver essa situação] falar aos pais….

- (…) Continuei a falar com eles [os pais], a dizer como é que

tinha corrido [o dia da criança na instituição] …

L81

L82

A sensibilização aos pais

sobre a relação da estagiária

com as crianças

- (…) Eu ás vezes dizia e tentava mostrar aos pais, que as

crianças comigo que estavam bem…

-[ (…) Tentava mostrar aos pais,] que eu gostava delas,[das

crianças]

-[ (…) Tentava mostrar aos pais,] que elas [as crianças]

gostavam de mim…

-[ (…) Tentava mostrar aos pais,] que proporcionava um bem-

estar [às crianças]….

L87

L88

L89

L90

O diálogo com a educadora

- (…) Na altura falei com a minha educadora…

- (…) Ela [a educadora] disse (…) para eu ter calma, porque

isso [ a atitude dos pais ] é normal nestes primeiros tempos…

- (…) A partir do momento em que [os pais] me vissem ali

mais vezes, que soubessem especificamente o que é que eu

estava a fazer …

L83

L84

L85

Page 583: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 9 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Reacções aos

problemas

percepcionados

Resultado da

intervenção com os

pais

A mudança de atitude dos pais

- (…) Alguns pais perguntavam, eu respondia que era

estagiária, outros nem por isso….

- [A atitude dos pais] alguns mudou…

- (…) A maior parte [dos pais] mudou [de atitude] …

- (…) Noto que há maior relação e um relacionamento com

eles [os pais] …

L86

L97

L98

L100

Os pais raros que mantém a

atitude inicial

- (…) Claro que existe sempre um ou outro (…) que ainda

continua a fazer o mesmo: (…) fala comigo muito bem, mas

se (…) por exemplo alguma criança precisa de tomar aquele

remédio àquelas X horas, se calhar chama a minha educadora

a dizer que precisa, em vez de me dizer directamente a mim…

L99

Contributo da

Formação

Ética na

resolução de

problemas

Formação recebida

na Escola

A pertinência da formação

ética da Escola

- [O contributo da formação ética da Escola para a solução

dos problemas] Daquilo que eu aprendi…

L92

Formação pessoal

O contributo da ética pessoal

- [O contributo da formação ética da Escola para a solução

dos problemas] daquilo que eu penso…

L93

Os conselhos da

educadora

A importância dos conselhos

da educadora

- [O contributo da formação ética da Escola para a solução

dos problemas] daquilo que a minha educadora me

aconselhou….

L94

Page 584: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 10 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Repercussões

da

Formação

ética no

estágio

Contributo da

Formação

Ética na

resolução de

problemas

A ética pessoal e a

formação na Escola

e no estágio

A influência conjunta da ética

pessoal e da formação

recebida

Eu acho que foi uma mistura de tudo um pouco… Eu acho que…que foi tudo mais ou menos conciso…

As opiniões referentes a pensamentos que eu tinha e a minha

educadora e aquilo que aprendi, acho que estava tudo mais ou

menos igual…

L91

L95

L96

Page 585: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 11 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação

ética

proporcionada

pela Escola

Estratégias de

desenvolvimento

moral dos alunos

O educador como

modelo O exemplo do educador em

relação ás crianças

- [Estratégias que possa descrever, para promover o

desenvolvimento moral dos alunos] Foi mais só (…) o nosso

exemplo para elas…

- Em relação a estratégias ou actividades, propriamente ditas,

[para promover o desenvolvimento moral dos alunos] não!

[Não foram dadas] …

L27

L28

Estratégias de

formação ética

dos educadores

Abordagem e

debate de textos

A exploração e discussão de

textos sobre os valores e a

liberdade

- (…) Por exemplo a professora trazia um texto (…) ou sobre

os valores…

- [(…) A professora trazia um texto] sobre a liberdade por

exemplo, que abordamos muito essa questão…

- (…) Depois nós debatíamos em conjunto, umas com as

outras e com o professor, sobre isso [os textos que a

professora trazia]…

L30

L29

L31

Debate sobre

situações práticas

do Jardim

A problemática dos educadores

fumarem à frente das crianças

- (…) Lembro-me especificamente da questão (…) dos

educadores fumarem e de fumarem à frente das crianças….

- (…) Debateu-se bastante esse assunto [ dos educadores (…)

fumarem à frente das crianças ] até durante uma aula ou

duas, mas de resto, não!

L32

L33

A apresentação de situações da

prática pelas alunas

- (…) Mas ás vezes nós próprias falávamos…”Isto

aconteceu…”

L35

Lacunas

percepcionadas

A falta de incentivo da

professora à pesquisa de

situações práticas

- (…) Às vezes (…) estávamos a falar de uma matéria e

podia surgir qualquer coisa, (…) especificamente da

disciplina, a professora pedir “Vejam essa situação” Não!

Isso não!

L34

Page 586: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 12 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Princípios e

valores

predominantes

na Escola

Valores sociais

A liberdade pessoal e perante os

outros

-[ (…) Princípios ou valores que a Escola defende] Talvez a

a liberdade…

- [(…)Princípios ou valores que a Escola defende] A nossa

liberdade perante também a dos outros …

L41

L42

O ambiente familiar

- (…) Se for perguntar, ou for ver as minhas colegas e

algum ambiente que aqui se gera, é um pouco isso… talvez

uma questão familiar…

- (…) Eu acho que esta escola é um pouco familiar…

-[ (…) Nesta Escola] Toda a gente se conhece…

-[ (…) Nesta Escola] todos se falam praticamente..

- (…) Por essa ligação tão próxima… de ser uma escola

tão… assim relativamente pequena (…) acho que é como se

fosse (…) uma família…

- (…) Porque é como disse, [nesta escola] toda a gente se

conhece…

-[Nesta escola] toda a gente que passa diz “Boa tarde” ou

“Bom dia”. Por mínimo que conheça…

L50

L51

L52

L53

L54

L55

L56

Opinião sobre

os valores

Adesão

A valorização do clima familiar

- (…) Eu concordo com esse valores …

- (…) Dou valor ao clima que existe (…) familiar…

- (…) Acho que sim… pelo menos se continuar assim, [o

clima familiar] já é muito bom…

L57

L58

L61

Page 587: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 13 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre a

formação

Axiológica

Aspectos

negativos

A liberdade nem sempre se

evidencia

- (…) É complicado, porque estamos numa escola só de…

de mulheres como sabe e nem sempre (…) essa

característica [a liberdade] se mostra. ..

L48

Mostra-se mais os aspectos

negativos da liberdade

- (…) Acho que se mostra mais aspectos negativos [da

liberdade] do que positivos…

L49

O clima familiar também tem

aspectos negativos mas não

muito significativos

- (…) Também esse clima familiar acarreta aspectos

negativos…

- (…) Mas… acho que não é assim também tão mau quanto

isso. [o clima familiar]…

L59

L60

Opinião sobre

os valores

Valores

privilegiados

pelos formandos

O respeito

- (…) Respeito, acima de tudo…

L101

A compreensão

- (…) A compreensão…

L102

O diálogo

- (…) O diálogo, acho que sim…

L103

Page 588: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 14 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre

os valores

Valores do bom

educador

O respeito como valor

prioritário

- (…) Eu acho que um educador devia ter o máximo que

pudesse de respeito...

- (…) Acima de tudo continuo com o respeito...

- (…) Mas isto [outros valores] vai tudo de encontro ao

respeito…

L109

L113

L118

O respeito por si próprio

- (…) Acho que desde que haja respeito por nós (…)[ acho

que será um bom educador]…

L114,

O respeito pelos outros

- [ (…)Acho que desde que haja respeito ] pelos outros acho

que será um bom educador…

L115

A compreensão

- [(…) Eu acho que um educador devia ter o máximo que

pudesse] a compreensão…

L110

O cuidado

- (…) Acho que o educador tem que ter isso tudo, [respeito

e compreensão] (…) com cuidado.

L111

A paciência

- (…) Acho que o educador tem que ter isso tudo, [respeito

e compreensão] (…) com paciência

L112

A importância dos outros

valores

- (…) Mas acho que todos os outros valores são

importantes.

L116

A sinceridade

- [ (…) Outros valores são importantes] A sinceridade…

L117

A liberdade

- [ (…) Outros valores são importantes] a liberdade como já

falei…

L119

Page 589: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 15 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Formação ética

proporcionada

pela Escola

Opinião sobre

os valores

O papel do

educador face aos

valores

Relacionar-se com as crianças

com respeito, compreensão e

diálogo

- (…) Eu acho que [o respeito, compreensão, diálogo]

também abrange um pouco o grupo das crianças…

- (…) Acho que apesar das minhas crianças serem de tenra

idade, só terem um aninho, acho que também talvez o

diálogo sim…

- (…) Pelo menos acho que esses valores [o respeito,

compreensão, diálogo] também podiam ser abrangidos às

crianças…

L105

L106

L108

Respeitar as crianças pelo que

são

- (…) Nós temos de ter respeito por aquilo que [as crianças]

são …

L104

Saber conhecer as crianças

- (…) Eles [as crianças] (…) sabem quando fazem bem e

quando fazem mal…

L107

Page 590: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 16 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Pertinência do

Código

A importância de um código

deontológico da docência

como existe noutras profissões

- [Importância da existência de um código deontológico da

profissão docente] Sim, Penso que sim.

- (…) Eu penso que seria importante, porque…é o exemplo

(…) de um código deontológico que existe, (…) , de um

médico, de um advogado. (….) os docentes (…) não têm…

L120

L121

Função do

código

Estabelecer valores que

definam o que se pode e não

pode fazer

- [O código] era uma questão em que se estabeleça que (…)

valores (…) o que pode e o que não pode fazer…

L122

Harmonizar diferenças de ser

e pensar individuais através do

código

- (…) Cada pessoa é diferente…

- [(…) Cada pessoa ] tem modos de pensar diferentes…

- (…) Acho que um código deontológico viria … para

estabelecer ali até onde é que uma pessoa pode ir ou não….

L124

L125

L126

Vantagens

Valorização da profissão

em si mesma

- (…) Acho que [o código] valorizava muito a profissão…

L123

Valorização da profissão face

aos docentes e à sociedade

- [O código] acabava por valorizar (... ) aos olhos dos

docentes [esta profissão]…

- [ (O código) acabava por valorizar] aos olhos das outras

pessoas, esta profissão.

L127

L128

Page 591: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 17 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Desvantagens

A possibilidade da

existência de

opositores

A possibilidade de existirem

pessoas contra o código

- (…) Penso que existiria pessoas que (…) talvez fossem

um pouco contra esse código deontológico...

L130

Ser contra o código não seria

bom para os seus opositores

nem para as crianças

- (…) Isso [ ser contra esse código deontológico] não iria

ser (…) bom para eles próprios…

- [ (…) Ser contra esse código deontológico não iria ser

(…) bom] nem para as crianças…

L129

L131

Ser contra o código não seria

bom para a visão da profissão

- [ (…) Ser contra esse código deontológico não iria ser

(…) bom] nem para a visão que se tem (…) desta profissão.

L132

A possibilidade de

desunião da classe

A dificuldade de estabelecer

um código que agradasse a

todos

- (…) Não sei até que ponto é que as pessoas, com as suas

maneiras de pensar diferentes (…) iriam estabelecer um

código deontológico que agradasse a todas as pessoas.

L133

A possibilidade do código

contribuir para a desunião da

classe

-[O código] poderia (…) ser um factor de desunião… entre

os professores] É uma possibilidade, penso eu…

L134

Page 592: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 18 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Conteúdos do

código

Deveres relativos à

profissão

O dever do docente perante a

profissão

- [Deveres que o código poderia incluir] dever do docente

perante a profissão, mais isso. ..

L135

Deveres relativos à

criança

O dever de apoiar, respeitar e

amar a criança

- (…) Dever de apoiar a criança acima de tudo…

L140

-[ (…) Dever de (…) respeitá-la [a criança]…

L141

-[ (…) Dever de (…) amá-la[ a criança]

L142

O dever de lhe proporcionar

todas as oportunidades

-[(…) Dever de (…) proporcionar-lhe [à criança] todas as

oportunidades (…) que nós tenhamos capacidade…

L143

Deveres relativos

aos pais

O código deveria abranger

deveres para com os pais

- [(…) O código deveria incluir deveres apenas em relação

à criança ou abranger outros intervenientes] Acho que

outros intervenientes, os pais…

L144

Deveres relativos à

sociedade local

O código deveria abranger

deveres para com a sociedade

local

[(…) O código deveria (…) abranger deveres para com ]a

sociedade local…

L145

Deveres relativos à

sociedade geral

O código deveria abranger

deveres para com a sociedade

mais global

[(…) O código deveria (…) abranger deveres para com] a

sociedade mais global…

L146

Deveres relativo

aos docentes

O código deveria abranger

deveres para com os docentes

[(…) O código deveria (…) abranger deveres para com]

nós próprios…

L147

Page 593: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 19 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Pertinência de

códigos

diferentes

A falta de estrutura

profissional e pessoal para

opinar sobre a distinção de

códigos

- [(…) Deveria de haver um código deontológico para todos

os docentes, ou (…) haver distinção entre educadores e

professores] Isso é uma questão que (…) nem eu própria

sei bem …

- (…) Acho que não tenho… profissionalmente, nem

pessoalmente ainda estrutura para dizer [se deve ou haver

um código para todos os docentes ou não]…

L136

L137

O código devia ser separado

porque ser educador é

diferente de ser professor

- (…) Mas penso que deveria ser separado, [o código

docente] porque uma coisa é ser educador, outra coisa é ser

professor…

- [(…) A profissão de educador tem especificidades

diferentes das de professor ] Penso, acho que sim!

L138

.L139

Autoria do

código

Todos os

professores e

educadores

Um código para educadores e

professores deve ser elaborado

por todos

- [Participação na elaboração do código] Caso seja um

código que dê tanto para educador como para professor,

como referi (…) acho que não tenho experiência suficiente

para dizer …

- (…) O que eu penso é isto agora neste momento (…) mas

se for o caso, todos os professores, todos os educadores

[participarem na elaboração do código] …

L148

L149

Uma Associação de

professores e

educadores

Um código para educadores e

professores elaborado por

Associação

- [Todos os professores, todos os educadores participarem

na elaboração do código] nem que seja por Associação…

L150

Page 594: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Análise de conteúdo da entrevista L

Quadro 20 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”

Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R

Atitude face a

um eventual

código da

profissão

Autoria do

código

O Agrupamento

O Agrupamento faz e pensa os

pontos do código

- [Elaboração do código] Por Agrupamento por exemplo.

- (…) É o Agrupamento que faz [o código]

- [(…) É o Agrupamento] que pensa estes pontos [do

código]…

L151

L152

L153

O Agrupamento transmite o

código em reunião geral

- (…) Depois [o Agrupamento] transmite [o código] talvez

(…) numa reunião mais geral…

- (…) Não sei especificamente como é que acontece (…)

com os outros códigos mas penso que será essa reunião de

membros de agrupamentos…

- [ A discussão do código num debate mais geral] Sim…

L154

L155

L156

A participação dos professores

dos educadores

e dos de representantes do

Ministério no debate geral do

código

- [Elementos participantes nesse debate] os professores…

L157

- [Elementos participantes nesse debate] os educadores…

L158

- [Elementos participantes nesse debate] talvez

representantes (…) do Ministério…

L159

Page 595: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

ANEXO E5

QUADROS-SÍNTESE DA ANÁLISE DE CONTEÚDO

DAS ENTREVISTAS AOS FORMANDOS M, R, P, L

Page 596: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 1 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

A: Disciplinas do Curso mais úteis para a Profissão

Categoria Subcategorias Indicadores

Disciplinas da formação geral

Disciplinas orientadas para os

conteúdos

- A Psicologia educacional (M)

- A Psicologia do desenvolvimento (M), (R)

- A Axiologia (M), (R), (P), (L)

- A Sociologia (M), (P), (L)

- Sintaxe e Linguística (M)

- Literatura (M)

- A Literatura infantil (R)

- A Metodologia da Matemática (R), (L)

- Métodos e Técnicas da Comunicação (P)

Disciplinas de orientadas para as

práticas

-O Desenvolvimento e drama/ a Música/ as Expressões Plásticas

(M)

- As Expressões (R)

- A Prática Pedagógica (P)

Page 597: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Contributo das

disciplinas de formação geral

Compreensão da criança

-A Psicologia e Axiologia ajudam a compreender melhor a criança

(M)

- A Psicologia e a Axiologia como disciplinas principais (M)

- A Psicologia ajuda a saber como agir (M)

Abordagem das práticas

- O papel da Literatura infantil na sensibilização à leitura e à escrita

(R)

- O papel da Metodologia da Matemática na sensibilização à

disciplina (R)

- O papel da disciplina de Metodologias para sensibilizar as crianças

para a matemática e o inglês (L)

- Importância da disciplina de Metodologias na abordagem da

prática (L)

Formação ética

- Importância da Sociologia e da Axiologia na abordagem a questões

éticas (L)

- O papel da Sociologia e Axiologia na formação ética (P)

- O alerta da Prática Pedagógica para o comportamento ético em

estágio (L)

Page 598: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Conteúdos de formação ética

Ética e moral

- Falou-se muito de ética (M)

- A relação da ética com os valores morais (M)

- A relação da ética com os valores pessoais (M)

- O conceito de moral associado ao que está escrito (M)

- O conceito de ética associado à consciência pessoal (M)

- A ética como condicionante da acção humana (M)

- A formação ética acompanha a evolução da sociedade (R)

Relação da ética com a profissão

- As questões éticas no trabalho e no relacionamento com outros

profissionais (L)

- A situação actual da ética da docência em Portugal (L)

Ética na formação da criança

- Importância de saber agir eticamente para formar a criança para a

vida e para a sociedade (L)

- Importância de saber trabalhar em parceria para formar eticamente

a criança para a vida e para a sociedade (L)

Page 599: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Conteúdos de formação ética

Importância dos valores

-A relevância dos valores (M)

-A abordagem aos valores (R)

- Os valores como condicionantes (M)

Os valores na sociedade

- Os valores morais da sociedade (M)

-A necessidade de acompanhar os valores em mudança (M)

-A necessidade de preservar os valores importantes (M)

-A hierarquização dos valores (P)

Os valores na educação

- Os valores na educação antes e durante o antigo regime e na

actualidade (L)

- O interesse pelo estudo da evolução dos valores na educação (L)

Importância de uma deontologia

docente

- A importância da deontologia (R)

- A ausência de uma deontologia docente (M)

- A importância de conhecer e aplicar os deveres da criança (R)

- A realização de um trabalho sobre deontologia (L)

Page 600: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema A)

Categoria Subcategorias Indicadores

Conteúdos de formação ética

Análise de códigos deontológicos

- O interesse pelos códigos deontológicos (R)

- O conhecimento de códigos para a profissão docente (M)

- Os códigos deontológicos noutras profissões (P), (M)

- A importância dos valores e códigos deontológicos na formação

dos formandos (P)

Opinião sobre a Axiologia

Importância da Axiologia

- O gosto pela disciplina (M)

- A necessidade de aprender mais (M)

O papel da Axiologia

na formação pessoal

- Desperta para o autoconhecimento (R)

- Alerta para hábitos e actos de conduta pessoais (R)

- Influencia o modo de agir e pensar (R)

- Dá a conhecer os valores da sociedade (P)

- A percepção do que se deve e não deve fazer (L)

- A abordagem da liberdade como valor pessoal e social (L)

Page 601: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 2 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

B: Repercussões da Formação ética no estágio

Categoria Subcategorias Indicadores

Opinião sobre a Axiologia

O papel da Axiologia na formação

profissional

-Desperta para a atitude e desempenho do educador (R)

-Desperta para a importância da conduta social do educador (R)

- Sensibiliza para a reflexão sobre a acção (R)

- Alerta para a necessidade de dar atenção às crianças do meio

envolvente (R)

-Alerta para a necessidade de dar atenção aos pais (R)

-Apoia os formandos sobre o modo de proceder no futuro (P)

-Ajuda os formandos a fomentar na criança os valores da sociedade

(P)

Percepção de problemas éticos

Centrados na criança

-A humilhação da criança na prática pedagógica (M)

-O insulto (M)

-A reacção dolorosa da criança (M)

-A necessidade de movimento da criança (R)

Page 602: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema B)

Categoria Subcategorias Indicadores

Percepção de problemas éticos

Centrados na criança

- A pressão sobre a criança para se manter quieta (R)

- A necessidade de compreender a criança colocando-se no lugar

dela (R)

- A punição desajustada da criança em relação ao seu

comportamento (R)

- A proibição da criança deficiente fazer algumas coisas que o grupo

fazia (P)

Centrados no educador estagiário

- A dificuldade na relação com os pais (L)

- O conflito consigo próprio (M), (R )

- O receio de criar conflitos com os outros (M), (R)

- A observação de actos ética e deontologicamente errados (R )

- A observação de actos impensados ( R)

- A descriminação da criança deficiente considerada lacuna ética (P)

Centrados nos pais

- A desconfiança dos pais (L)

- A indiferença dos pais (L)

Page 603: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema B)

Categoria Subcategorias Indicadores

Percepção de problemas éticos

Centrados nos pais

- As interrogações dos pais à estagiária (L)

- A repetição das interrogações à educadora (L)

Reacções aos problemas

percepcionados

Sentimentos de revolta e de pena

- Sentimentos de revolta (M)

- Sentimentos de pena (M)

Dificuldades em intervir

- Não se sente com direito de intervir (M)

- Como estagiária sente-se limitada (R )

- Não se manifesta por ser estagiária (R )

Intervenção idealizada

direccionada para o adulto

- Chamar o adulto à razão (M)

- Chamar o adulto à parte (M)

- Incentivar o adulto a pedir desculpa à criança (M)

Intervenção idealizada

direccionada

para a criança

- Não punir de imediato (R )

- Alertar pessoalmente a criança sobre o comportamento errado (R)

- Não humilhar a criança à frente do grupo (R )

- Levar a criança a entender o ponto de vista do adulto (R)

Page 604: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema B)

Categoria Subcategorias Indicadores

Reacções aos problemas

percepcionados

Reflexão sobre a situação

- Reflexão sobre o que não lhe agrada para não o repetir na sua

prática (R )

- A compreensão em relação á desconfiança dos pais (L)

- O sentido de responsabilidade em relação ao trabalho (L)

Diálogo com os pais e com as

educadoras

- O diálogo com a educadora cooperante (P)

- A explicação da situação da criança aos pais (P)

- A persistência na informação aos pais sobre os hábitos da criança

(L)

- A sensibilização aos pais sobre a relação da estagiária com as

crianças (L)

Intervenção através do apoio à

criança deficiente

- A determinação da estagiária para apoiar a criança deficiente (P)

-O apoio à criança na participação de todas as actividades do grupo

(P)

Dificuldades à intervenção

- As graves limitações da criança (P)

- A inadequação das actividades das educadoras de apoio (P)

Page 605: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema B)

Categoria Subcategorias Indicadores

Reacções aos problemas

percepcionados

Resultados das intervenções

realizadas

- A realização de um estudo sobre a comunicação aumentativa e

alternativa na criança (P)

- A colaboração dos pais e da educadora (P)

- O interesse dos pais em sensibilizar a sociedade para as

potencialidades da criança deficiente (P)

Contributo da Formação ética

na resolução de problemas

Valorização da ética pessoal

- O predomínio da ética pessoal (R )

- A valorização da formação ética recebida no meio familiar e

escolar anterior (P)

- O contributo da ética pessoal (L)

Valorização da Formação ética

recebida na Escola

- A pertinência da Formação ética da Escola (R ), (L)

- A importância dos conselhos da educadora (L)

- A influência conjunta da ética pessoal e da formação recebida na

Escola e no estágio (L)

Desvalorização da Formação ética

da Escola

- A intervenção educativa não dependeu da formação ética recebida

na Escola (P)

Page 606: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 3 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

C: Formação ética proporcionada pela Escola

Categoria Subcategorias Indicadores

Estratégias de formação ética

dos educadores

Discussão de situações e dilemas

éticos em geral

- A discussão de situações éticas reais não direccionadas para o

Jardim-de-infância (M)

- A discussão de dilemas éticos reais não relacionados com o

Jardim-de-infância (M)

Ausência de estratégias de acção

- Não foram dadas estratégias de acção (R )

Linhas gerais de orientação

- Foram dadas linhas orientadoras gerais (R )

- Foram dadas algumas orientações (P)

Análise de situações educativas

específicas

- A conduta linear do adulto face à criança (R )

- A aplicação oportuna de castigos (R )

- A problemática dos educadores fumarem à frente das crianças (L)

- A apresentação de situações da prática pelas alunas (L)

Análise de perspectivas e de textos

sobre valores

-Perspectivas para ensinar valores da nossa sociedade às crianças (P)

-A exploração e discussão de textos sobre os valores e a

liberdade(L)

Page 607: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema C )

Categoria Subcategorias Indicadores

Estratégias de desenvolvimento

moral dos alunos

Exploração do conteúdo moral de

histórias

- A exploração de histórias para a formação e o desenvolvimento

moral da criança (M)

- A exploração do conteúdo moral das fábulas (M)

- O reconhecimento dos valores contidos na fábula em situações do

Jardim-de-infância (M)

- A exploração de histórias (P)

Utilização de jogos

- A utilização de jogos (P)

Abordagem dos valores

- A necessidade de abordar os valores (R )

O educador como referência da

criança

- O exemplo do educador em relação ás crianças (L)

Lacunas percepcionadas na

formação ética

A falta de análise de situações

práticas

- A falta de exposição de situações práticas do Jardim-de-infância

(M)

- A falta de discussão dilemas do Jardim-de-infância (M)

- Falta de componente mais prática na disciplina de Axiologia (R )

- A falta de incentivo da professora à pesquisa de situações práticas

(L)

Page 608: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema C )

Categoria Subcategorias Indicadores

Lacunas percepcionadas na

formação ética

Pouco tempo de formação teórica

- Tempo reduzido para aprofundar a disciplina de Axiologia (R )

Estratégias sugeridas para a

formação ética

Discussão de dilemas da prática

pedagógica

- A discussão de dilemas do Jardim-de-infância nas aulas (M)

Prolongar o tempo de formação

ética teórica e prática

- A necessidade de prolongar o tempo de formação ética para melhor

a aprofundar (R )

- A necessidade de aumentar a componente prática para consolidar

conhecimentos da disciplina (R )

Princípios e valores

predominantes na Escola

Valores sociais

- A solidariedade (M), (P)

- O respeito (M)

- O valor da família (M)

- O amor (M), (R )

- A relação de proximidade humana (R )

- A entreajuda nas turmas (P)

Page 609: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema C )

Categoria Subcategorias Indicadores

Princípios e valores

predominantes na Escola

Valores sociais

- A amizade (P)

- A fidelidade (P)

- A partilha de ideias (P)

- O ambiente familiar (P), (L)

- A liberdade pessoal e perante os outros (L)

Valores religiosos

- Valores cristãos (M)

- A fé como valor cristão mais importante (M)

- As disciplinas de conteúdo cristão (M)

A formação integral do aluno

- A formação geral (R)

- A formação ética (R )

O exemplo dos responsáveis pela

escola

- Fomentam o ambiente familiar nos alunos através do exemplo (P)

- Ajudam os alunos no que eles necessitam (P)

Page 610: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema C )

Categoria Subcategorias Indicadores

Opinião sobre a formação

Axiológica

Adesão aos valores religiosos,

sociais e morais da Escola

- A importância da fé (M)

- Necessidade actual de fé (M)

- Importância da afectividade (R )

- A valorização do clima familiar (L)

- Os valores são o pilar da escola aberta à comunidade (P)

Aspectos negativos relacionados

com a formação em valores

- A falta de conhecimento de outras culturas e valores (M)

- A abordagem limitada aos valores cristãos (M)

- O valor Liberdade foi pouco trabalhado (M)

- Liberdade não é fazer o que se quer (M)

- A liberdade nem sempre se evidencia (L)

- Mostra-se mais os aspectos negativos da liberdade (L)

Pouco sentido de responsabilidade (P)

- O clima familiar também tem aspectos negativos mas não muito

significativos (L)

Page 611: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema C )

Categoria Subcategorias Indicadores

Opinião sobre os valores

Valores privilegiados pelos

formandos

- O amor como o melhor para a criança (M)

- O diálogo (R ), (L)

- O respeito mútuo (R ), (L), (P)

- A afectividade como base para a confiança (R )

- A compreensão (L)

Valores do bom educador

- Os valores espirituais (M)

- O amor (M)

- O respeito para com adultos e crianças (M), (R ), (P), (L)

- O respeito por si próprio (L)

- A solidariedade (M), (P)

- A liberdade (M), (R ), (L)

- A família (M)

- A afectividade (R )

- A necessidade de conhecer e aprender mais para se actualizar (R )

- A necessidade conhecer e aprender mais para corresponder às

expectativas das crianças (R )

- O reconhecimento da insuficiência da formação inicial para o

desempenho profissional (R )

Page 612: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação tema C )

Categoria Subcategorias Indicadores

Opinião sobre os valores

Valores do bom educador

- A cooperação (P)

- A ajuda (P)

- A compreensão (L)

- O cuidado (L)

- A paciência (L)

- A sinceridade (L)

O papel do educador face aos

valores

- Transmitir valores (M)

- Educar para o consumo (M)

-Ser responsável pela integração da criança na vida e no mundo (R)

- Ser modelo de referência para a criança (R ), (P)

- Respeitar o que a criança faz e diz (P), (L)

- Fazer a criança respeitar as orientações do educador (P) (L)

- Relacionar-se com as crianças com respeito, compreensão e

diálogo (L)

- Saber conhecer as crianças (L)

Page 613: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 4 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

D: Atitude face a um eventual código da profissão

Categoria Subcategorias Indicadores

Pertinência do Código

Necessidade de orientação sobre

como agir

- A falta de referências do educador sobre como agir (M)

- Os educadores agem cada um por si (M)

- Os educadores necessitam de orientação deontológica (R )

Evitar actos deontologicamente

errados

- É importante porque muitos docentes cometem actos

deontologicamente incorrectos (R )

Função do Código

Ser guia de orientação

- O código como um guia na resolução de problemas (M)

- Serve como base de orientação (R )

- A importância do código como base para seguir o que está escrito

(P)

- Estabelecer valores que definam o que se pode e não pode fazer

(L)

- Ter o mesmo código um código deontológico da docência que têm

outras profissões (L)

- Harmonizar diferenças de ser e pensar individuais através do

código (L)

Page 614: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação do tema D )

Categoria Subcategorias Indicadores

Função do Código

Não ser restritivo

- Não é para aplicar de forma rígida (R )

- Deve dar espaço a situações particulares (R )

- Não cristaliza deveres e direitos (R )

- Não limita a acção dos educadores (R )

Vantagens do Código

Valorizar a profissão

- Favorece a união da classe (M)

- Valoriza a profissão (M), (L)

Desvantagens do Código

Dificuldades no cumprimento

- As situações que geram confusão (M)

- A possível dificuldade dos professores em cumprir e seguir o

código (M), (P)

- Um cumprimento aparente do código desconhecendo os seus

deveres e direitos (P)

Dificuldade do código agradar a

todos

- A dificuldade em harmonizar formas de pensar (M)

- A dificuldade de estabelecer um código que agradasse a todos (L)

- A possibilidade do código contribuir para a desunião da classe (L)

Page 615: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação do tema D )

Categoria Subcategorias Indicadores

Desvantagens do Código

Probabilidade de haver opositores

- A possibilidade de existirem pessoas contra o código (L)

- Ser contra o código não seria bom para os seus opositores nem

para as crianças (L)

- Ser contra o código não seria bom para a visão da profissão (L)

-A possibilidade do código contribuir para a desunião da classe (L)

Não considera desvantagens

- Não vê desvantagens na existência do código (R )

Conteúdos do código

Deveres relativos à criança

- Dever de não maltratar a criança (M)

- Respeitar o ritmo da criança (R )

- Preparar a criança para a sua integração na sociedade (R )

- Preparar a criança para a escolaridade (R )

- Contribuir para que a criança seja feliz (R )

- O dever de apoiar, respeitar e amar a criança (L)

- O dever de lhe proporcionar todas as oportunidades (L)

Page 616: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação do tema D )

Categoria Subcategorias Indicadores

Conteúdos do código

Deveres relativos aos colegas

- Deveres com colegas da instituição e do meio (M)

- Ser flexível (P)

- Ser solidário (P)

- Ser autónomo (P)

- O código deveria abranger deveres para com os docentes (L)

Deveres relativos aos pais

- Dever de cooperação com os pais (M)

- A cooperação com os pais contribui para resolver problemas da

criança (M)

- Deveres dos educadores para com os pais (R )

- O código deveria abranger deveres para com os pais (L)

Deveres relativos à comunidade

- Dever de articular com a comunidade (M)

- Benefícios de articular com a comunidade (M)

- Dever de trabalhar em cooperação com a comunidade envolvente

(P)

- Deveres dos educadores para com a comunidade (R )

- O código deveria abranger deveres para com a sociedade local (L)

Page 617: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação do tema D )

Categoria Subcategorias Indicadores

Conteúdos do código

Deveres relativos ao desempenho

da profissão

- O dever do docente perante a profissão (L)

Deveres relativos ao meio escolar

- Dever de trabalhar em cooperação com o meio escolar (P)

- Dever de trabalhar em cooperação com o pessoal do Jardim (P)

Deveres relativos à sociedade geral

- O código deveria abranger deveres para com a sociedade mais

global (L)

Pertinência de códigos

diferentes

Necessidade de especificidade

- A diferença de deveres e funções entre os professores e os

educadores (M), (L)

- A necessidade de códigos diferentes para professores e para

educadores (R )

- Necessidade de especificidade (P)

Diferenças estruturais

- Diferenças de faixa etária com que os docentes lidam (R )

- A diferença de problemas dos vários ciclos (R )

Divergências entre a classe

- Divergências entre os docentes dos vários ciclos (R )

Pouco conhecimento do tema

-A falta de estrutura profissional e pessoal para opinar sobre a

distinção de códigos (L)

Page 618: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação do tema D )

Categoria Subcategorias Indicadores

Autoria do código

Participação de professores e

educadores em códigos diferentes

segundo o seu grau de ensino

- A participação de professores e educadores cada qual no seu

código (M)

- Quem trabalha na sua área específica conhece e avalia melhor as

situações (P)

- A possível dificuldade de professores do 1º ciclo e educadores

elaborarem códigos que não pertençam ao seu grau de ensino (P)

Ministério da Educação

- A participação do Ministério da Educação para alcançar soluções

consensuais (M)

Uma Associação de educadores

-Uma Associação de educadores (R )

- Associação de educadores com experiência diversificada (R )

-Os educadores

- Os educadores (R ), (P)

Todos os Professores e educadores

- Um código para educadores e professores deve ser elaborado por

todos (L)

Um código único elaborado por

uma Associação

- Um código para educadores e professores elaborado por

Associação (L)

Page 619: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

(Continuação do tema D )

Categoria Subcategorias Indicadores

Autoria do código

O Agrupamento faz e debate o

código com os docentes e

representantes do Ministério da

Educação

- O Agrupamento faz e pensa os pontos do código (L)

- O Agrupamento transmite o código em reunião geral (L)

-A participação dos professores dos educadores

e dos de representantes do Ministério no debate geral do código (L

Actualização do código

- A importância de actualizar o código (R )

- O código deve acompanhar a evolução do mundo (R )

Razões da inexistência do

código

- A Profissão é muito abrangente (R )

O papel interventivo do Ministério

- O Ministério da Educação é que estabelece direitos e deveres (R )

O conformismo dos docentes

- Os docentes conforma-se com as decisões do Ministério (R )

- Os docentes deixam de lutar pela dignificação da profissão (R )

Page 620: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados

Quadro 5 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA

E: Apreciageral da Escola

Categoria Subcategorias Indicadores

Apreciação geral sobre a Escola

Aspectos positivos

- Tem professores muito bons (R )

- A mudança para corresponder às necessidades dos alunos (P)

- Mudança ao nível de disciplinas (P)

- Currículos diferentes (P)

- Matérias diferentes dos anos anteriores (P)

- A tentativa da escola em resolver lacunas de anos anteriores (P)

- O espírito de abertura em relação aos alunos (P)

Aspectos negativos

-Tem professores que desconhecem o que é a profissão de educador

(R )

- A tendência dos professores do 1º ciclo trabalharem mais com os

formandos professores do que com os educadores (P

Sugestões

- A necessidade de estar atenta à inovação pedagógica (R )

-A necessidade de investir na formação dos professores-formadores

(R )

- Trabalho mais individualizado dos professores do 1º ciclo com os

educadores (P)

Page 621: Contributos para a Formação Ética dos Educadores de ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/777/1/17129_DISSERTACAO_DE... · de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados