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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Contributos para a Formação Ética dos Educadores de
Infância em Formação Inicial
Margarida Maria de Oliveira Duarte
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Área de Especialização em Formação de Professores
2008
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Contributos para a Formação Ética dos Educadores de
Infância em Formação Inicial
Margarida Maria de Oliveira Duarte
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Área de Especialização em Formação de Professores
Dissertação orientada pela Prof. Doutora Maria Teresa de Lemos Correia
Cordeiro Estrela
2008
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos aqueles que directa ou indirectamente permitiram a realização
deste trabalho.
A Professora Doutora Maria Teresa Estrela pelo apoio e orientação que nos deu ao
longo do trabalho de investigação e pelo seu contributo como autora, cujos trabalhos
foram fundamentais durante todo o percurso investigativo.
A Professora Doutora Manuela Esteves, pela sensibilidade demonstrada e pelo
estímulo que nos incutiu.
A Direcção da Escola onde decorreu o estudo, pela disponibilidade imediata em
colaborar e pelas facilidades concedidas no acesso a toda a informação necessária.
Aos Professores e Formandos da Escola, que amavelmente colaboraram nas
entrevistas.
Aos meus pais e irmão por todo o apoio e incentivo nas horas difíceis e por nunca
terem deixado de acreditar.
A minha grande amiga Joana Marques, pelo seu contributo na informatização do
trabalho, e pela sua disponibilidade, sempre acompanhada de um sorriso de confiança,
A Natália, a Rosário, companheiras de trabalho, pela seu apoio, ajuda e estímulo.
A todos os meus amigos e colegas de turma. O meu grande obrigado!
RESUMO
O presente estudo relaciona-se com a formação inicial de educadores de infância,
direccionada para a dimensão ética e deontológica da profissão.
Nesta perspectiva, procurámos destacar a importância do Jardim-de-infância no
desenvolvimento moral da criança, e conhecer como se processa a formação dos
educadores, para o desempenho desta função.
Para tal, desenvolvemos um estudo numa ESE de educadores de infância da zona
da Lezíria e Médio-Tejo.
Este estudo centrou-se na conceptualização dos professores de Axiologia sobre a
formação ética, associada à educação de infância, e nas representações dos alunos sobre
a formação que lhes é proporcionada.
Foi igualmente pesquisada a posição de ambos públicos, relativamente à
pertinência de um código deontológico da docência.
Para a realização deste estudo, recorremos à entrevista semi-directiva, como técnica
de recolha de dados, sendo estes posteriormente tratados através da análise de conteúdo.
Desejamos que este trabalho possa contribuir para uma visão mais nítida, da
formação ética em educação de infância, e do seu impacto nos formandos.
Palavras-chave: formação inicial de professores /formação ética/deontologia
profissional
ABSTRACT
This study is related to the ethical and deontological dimensions of the initial
training of pre-scholar teachers.
We have tried to highlight the kindergarten/nursery's importance on the child moral
development. We have also tried to understand how pre-scholar teachers' training is
developed in order to prepare the teachers to perform their functions.
In order to do so, we have developed a study in an ESE of pre-scholar teachers
from the Lezíria and Médio Tejo’s area.
This study focuses on the axiology teachers' conceptualization on the ethical
training in the initial training of pre-scholar teachers as well as on the representations of
future pre-scholar teachers on the training provided to them.
We have also searched both groups' position regarding the relevance assigned to a
teaching code of ethics.
In order to collect the data we used the semi-structured interview. Later, to analyse
these data we used the content analysis.
We hope this study contributes to a clearer perspective of pre-scholar teachers’
ethical training and its impact on the trainees.
Key-words: teachers’ initial training, ethical training, professional deontology
i
Índice
INTRODUÇÃO 1
I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAP. I – Dimensão ética em contexto de Jardim-de-infância
1. Conceitos de ética e moral 11
2. O Jardim-de-infância como espaço de formação ética 13
3. O educador como promotor do desenvolvimento moral da criança 18
4. Da necessidade de superação de uma antinomia entre uma ética do cuidado
e uma ética da justiça 24
CAP. II – Formação inicial de professores e formação ética
1. Enquadramento legal da formação inicial de professores 26
2. Conceito de formação de professores 35
3. Da necessidade de formar docentes eticamente orientados 39
4. Estratégias de formação moral na formação inicial de educadores de
infância 41
CAP. III – Deontologia e profissão docente
1. Conceito de Deontologia 53
2. Breve historial da deontologia docente em Portugal 54
3. Da necessidade e pertinência da Deontologia 58
4. A pertinência de um eventual código deontológico da profissão docente 61
5. Desvantagens do código deontológico 73
II PARTE – ESTUDO EMPÍRICO
CAP. I – Fundamentação Metodológica
1. Objectivos da investigação 76
ii
2. Natureza da investigação 77
3. Contexto da investigação 79
3.1. Selecção e Caracterização da População 79
3.2. Caracterização da instituição 81
4. Técnica de recolha de dados 86
4.1. A entrevista 87
4.2. Entrevista aos professores de ética 88
4.3. Guião da entrevista realizada aos Professores de ética 88
4.4. Entrevista às alunas 91
4.4.1. Guião da entrevista realizada às alunas 92
5. Técnica de tratamento de dados 93
5.1. Análise de conteúdo 94
5.1.1. Categorização 95
CAP. II – Apresentação e Interpretação de dados
1. Apresentação e Interpretação dos dados das entrevistas dos professores 99
2. Apresentação e Interpretação dos dados das entrevistas dos formandos 151
CONCLUSÃO 200
CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES DO ESTUDO 215
CONSIDERAÇÕES FINAIS 216
ANEXOS
iii
Índice de Quadros
Quadros de análise de conteúdo das entrevistas aos professores
Quadro 1 – Tema A: “O professor e a ética” 99
Quadro 2 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 101
Quadro 3 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 103
Quadro 4 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 105
Quadro 5 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 106
Quadro 6 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 107
Quadro 7 – Continuação Tema A: “O professor e a ética” 109
Quadro 8 – Conclusão Tema A: “O professor e a ética” 110
Quadro 9 – Tema B: “Dimensão ética em educação de infância” 111
Quadro 10 – Continuação Tema B: “Dimensão ética em educação de
infância” 113
Quadro 11 – Continuação Tema B: “Dimensão ética em educação de
infância” 114
Quadro 12 – Conclusão Tema B: “Dimensão ética em educação de infância” 116
Quadro 13 – Tema C: “Representações sobre o formando e a ética” 117
Quadro 14 – Conclusão Tema C: “Representações sobre o formando e a
ética” 118
Quadro 15 – Tema D: “Concepções do bom educador ” 119
Quadro 16 – Conclusão Tema D: “Concepções do bom educador ” 121
Quadro 17 – Tema E: “A ética na formação em geral” 122
Quadro 18 – Continuação: Tema E: “A ética na formação em geral” 123
Quadro 19 – Conclusão Tema E: “A ética na formação em geral” 125
Quadro 20 – Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-deontológica
dos formandos” 126
iv
Quadro 21 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos” 128
Quadro 22 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos” 130
Quadro 23 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos” 131
Quadro 24 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos” 134
Quadro 25 – Continuação Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos” 135
Quadro 26 – Conclusão Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos” 136
Quadro 27 – Tema G: “Os professores e a profissão” 138
Quadro 28 – Conclusão Tema G: “Os professores e a profissão” 140
Quadro 29 – Tema H: “Deontologia da profissão docente” 141
Quadro 30 – Continuação Tema H: “Deontologia da profissão docente” 143
Quadro 31 – Continuação Tema H: “Deontologia da profissão docente” 146
Quadro 32 – Continuação Tema H: “Deontologia da profissão docente” 147
Quadro 33 – Continuação Tema H: “Deontologia da profissão docente” 148
Quadro 34 – Conclusão Tema H: “Deontologia da profissão docente” 150
Quadros de análise de conteúdo das entrevistas aos formandos
Quadro 1 – Tema A: Disciplinas da formação geral 151
Quadro 2 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral 153
Quadro 3 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral 154
Quadro 4 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral 157
Quadro 5 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral 158
Quadro 6 – Conclusão do Tema A: Disciplinas da formação em geral 159
v
Quadro 7 – Tema B: Repercussões da formação ética no estágio 161
Quadro 8 – Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no
estágio 163
Quadro 9 – Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no
estágio 165
Quadro 10 – Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no
estágio 166
Quadro11 – Conclusão do Tema B: Repercussões da formação ética no
estágio 167
Quadro 12 – Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola 169
Quadro 13 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 171
Quadro 14 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 172
Quadro 15 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 173
Quadro 16 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 174
Quadro 17 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 175
Quadro 18 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 176
Quadro 19 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 178
Quadro 20 – Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 180
Quadro 21 – Conclusão do Tema C: Formação ética proporcionada pela
Escola 180
Quadro 22 – Tema D: Atitude face a um eventual código da profissão 181
vi
Quadro 23 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão 184
Quadro 24 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão 187
Quadro 25 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão 189
Quadro 26 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão 190
Quadro 27 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão 191
Quadro 28 – Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão 192
Quadro 29 – Conclusão do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão 194
Quadro 30 – Tema E: Apreciação geral sobre a Escola 196
Quadro 31 – Conclusão do Tema E: Apreciação geral sobre a Escola 198
1
INTRODUÇÃO
A dimensão ética da docência tem sido objecto de vários estudos e abordagens,
sendo os mesmos conclusivos da sua importância fundamental para conferir sentido ao
acto educativo, conforme atestam vários autores: (Estrela, 1991; Valente, 1995; D’Orey
da Cunha, 1996; Galveias, 1997; Patrício, 1997; Silva, 1997; Vasconcelos; 2004) entre
outros.
Por seu lado, as estruturas governamentais têm manifestado a sua sensibilidade em
relação a esta problemática, conforme expresso em vários capítulos da Lei de Bases do
Sistema Educativo, Lei nº 49/2005 de 30 de Agosto, versão nova consolidada,
nomeadamente no Cap. I artigo 3º, relacionado com os princípios organizativos do
sistema educativo. Deste capítulo, destacamos as alíneas b) c):
“ b) Contribuir para a realização do educando, através do pleno desenvolvimento
da personalidade, da formação do carácter e da cidadania, preparando-o para uma
reflexão consciente sobre os valores espirituais, estéticos, morais e cívicos e
proporcionando-lhe um equilibrado desenvolvimento físico;
c) Assegurar a formação cívica e moral dos jovens; “.
Relativamente à Educação Pré-escolar, a Lei de Bases do Sistema Educativo no
Cap. II, Secção I, artigo 5º, alínea d), refere como um dos objectivos, a necessidade de:
“Desenvolver a formação moral da criança e o sentido de responsabilidade,
associado ao da liberdade;”.
Quanto à restante legislação que regulamenta a Educação Pré-Escolar,
nomeadamente, a Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar, Lei nº 5/97 de 10 de Fevereiro,
as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, Despacho nº 5220/97 (2ª
série) e ainda o Perfil Geral de Desempenho do Educador e dos Professores do Ensino
Básico e Secundário, Decreto-Lei nº 240/2001 de 30 de Agosto, realçam igualmente a
2
importância desta dimensão, salientando a necessidade de desenvolver nos alunos,
competências no domínio da ética.
O novo Estatuto da Carreira Docente, aprovado pelo Decreto-lei nº 15/2007 de 19
de Janeiro, refere no Cap. I, artigo 13º, ponto 2, alínea a) a necessidade da formação
inicial dos educadores de infância e professores do Ensino Básico e Secundário,
contemplar a aquisição de “…competências e conhecimentos científicos, técnicos e
pedagógicos” em diferentes dimensões, destacando em primeira instância, a dimensão
profissional e ética.
Acreditamos igualmente nesta necessidade de formar docentes conscientes da
eticidade das funções que futuramente irão desempenhar.
No entanto, no âmbito da docência em educação de infância, o campo de estudos
incidentes na dimensão ética, apresenta-se pouco explorado, quando seria importante
para alicerçar a formação.
Assim, face ao exposto, entendemos ser relevante investigar, como é que os
professores de ética e os formandos pensam acerca da formação inicial em ética, dos
educadores de infância.
Acreditamos que tal investigação, poderá incrementar momentos de reflexão e
discussão, conducentes ao enriquecimento da prática pedagógica de formadores e
formandos. Isto porque o quotidiano do Jardim-de-infância, além da conduta ética do
educador, exige conhecimentos fundamentais sobre o desenvolvimento moral das
crianças, que lhe permita apoiá-las no seu processo de socialização, pois, como afirma
Formosinho, (2003:8) ”…o desenvolvimento sócio-moral da criança pequena está no
centro da educação de infância.”
Subscrevemos esta mesma autora, com base na nossa prática pedagógica que
diariamente nos confronta com a necessidade de mediar e negociar conflitos, incentivar
3
à tomada de decisões, envolvendo o grupo na resolução de situações problemáticas e na
construção de regras de funcionamento da sala, bem como no desenvolvimento de
projectos de interacção com a comunidade, na perspectiva de sensibilizar para o
exercício da cidadania.
Estes são apenas alguns exemplos mais usuais da nossa realidade vivida em Jardim
de infância, mas a multiplicidade e diversidade de situações, do desafio que representa a
participação do educador na construção da estrutura sócio-moral da criança, exige deste
uma profunda tomada de consciência do seu papel neste domínio.
Para concretizar essa exigência, torna-se essencial sensibilizar os futuros
educadores, para o seu desempenho como promotores do desenvolvimento sócio-moral
da criança, apoiando-os na aquisição de competências que os orientem na definição da
sua ética pessoal e profissional e na adequação de estratégias de formação, a
desenvolver na sua prática pedagógica.
Nesta linha de pensamento, subscrevemos Estrela (1999:30) ao afirmar que “…a
formação ética dos educadores inclui duas vertentes necessariamente complementares,
uma vez que se inscreve na intersecção de dois espaços: o espaço do desenvolvimento
sócio-moral do educando que o educador deve promover; o espaço do seu próprio
desenvolvimento enquanto pessoa moral e responsável educativo”. Este
desenvolvimento não se pode dissociar de uma concepção da profissão e da sua
deontologia.
Assim, considerando a importância atribuída por diversos autores a esta temática e
reconhecendo a necessidade de a aprofundar, decidimos eleger a formação em ética dos
educadores de infância em formação inicial, como objecto de investigação do nosso
estudo.
4
Esta investigação insere-se numa linha existente na FPCE que originou o Projecto “
Pensamento e Formação ético-deontológicos de professores”, que integra docentes de
vários níveis de ensino e é financiado pela FCT.
A particularidade do presente estudo é incidir sobre o pensamento de intervenientes
no processo de um curso de formação de educadores de infância. Isto porque tal como
Vasconcelos, (2004:110) consideramos que “É urgente pensarmos o exercício da
educação de infância como uma ocupação ética”.
Este apelo contextualiza a pertinência da investigação que pretendemos
desenvolver, na expectativa de contribuir com novos dados para o enriquecimento da
reflexão e reformulação de práticas docentes, eticamente orientadas e definidas.
Partilhamos a perspectiva de Estrela (1999), que considera o Jardim-de-infância
como um espaço privilegiado das experiências básicas de socialização e de construção
de aprendizagens, conducentes à autonomia da criança e à sua descoberta dos valores, e
que o educador desempenha neste processo, um papel decisivo. A mesma autora,
destaca a reconhecida a importância dos modelos de referência, para a construção da
personalidade da criança, sublinhando a exigência de que “…o educador seja
eticamente formado” (Estrela, 1999: 28).
De facto, sendo a docência uma profissão de relação, os docentes são confrontados
diariamente com situações problemáticas, de carácter valorativo, decorrentes das
relações que estabelecem no âmbito do seu universo profissional e accionam de forma
intuitiva, os mecanismos intrínsecos a uma ética pessoal. Como referem Seiça e
Sanches (2002), perante as situações com que se confronta, o professor encontra-se só,
face ás decisões que tem que tomar e, nesse contexto, recorre aos seus próprios valores
e princípios de conduta, para decidir sobre as opções a adoptar.
5
Tal tendência ilustra, por si só, a importância dos modelos educacionais na
formação da personalidade, remetendo necessariamente para o seu questionamento, na
tentativa de encontrar respostas adequadas ao desafio que a diversidade da prática
pedagógica impõe.
Acreditamos que tais respostas, não decorrem de um formulário de receitas
pedagógicas, mas da construção de uma atitude alicerçada numa dimensão ética,
direccionada para o bem do aluno. (D’Orey da Cunha, 1996).
Esta problemática revela-se, segundo Estrela (1999:27), com maior pertinência em
educação de infância “… dadas as características das faixas etárias dos educandos …
a reconhecida importância dessas idades para o desenvolvimento cognitivo e sócio-
moral do futuro adulto, a dependência da criança em relação ao educador e a
influência que este, enquanto adulto, exerce nela”.
Por seu lado, Vasconcelos (2004) reforça esta mesma posição, salientando o facto
da profissão de educador se desenvolver num espaço privilegiado de relações humanas,
direccionada para um público-alvo caracterizado por faixas etárias baixas, cuja
vulnerabilidade exige dos profissionais, maior grau de responsabilização e de respeito
pela autonomia e individualidade dos educandos.
Constatamos assim, que o educador não pode ignorar o seu papel de modelo e de
uma das principais referências que permitem que a criança vá construindo o seu próprio
sistema de valores. Esta importante responsabilidade, encontra eco na construção de um
ambiente educativo que, como afirma Estrela, (1999:28), “…assente num equilíbrio
nem sempre fácil entre uma ética do cuidado, (“care”) atenta às necessidades de cada
um e uma ética do dever ou da justiça baseada em princípios gerais.”
Por outro lado, a esfera de intervenção da educação de infância, abrangendo não só
as crianças, mas também as suas famílias e a própria comunidade onde se integram,
6
colocam o educador numa posição privilegiada de interacção, mas impõe-lhe
igualmente maiores responsabilidades, pois de acordo com Estrela (1999:27) “…exige-
se do educador uma coerência e consistência ética que garanta a sua credibilidade
moral, enquanto agente educativo que realiza uma função por delegação social”.
Desta forma, consideramos fundamental que a formação inicial apoie os futuros
educadores, ao nível do seu desenvolvimento moral pessoal e promova a construção de
uma atitude ética profissional, atenta ás necessidades dos diferentes parceiros
implicados no processo educativo
Constatada assim a importância do papel do educador como agente ético, definimos
como ponto de partida para a investigação, a seguinte questão:
- Saber como conceptualizam os professores de ética e os formandos do curso de
formação inicial de educadores de infância, a formação em ética.
Para compreender como é percepcionada essa formação, questionámos os
professores de ética e os formandos de uma escola de formação inicial, situada na região
de Lezíria e Médio-Tejo.
7
QUESTÕES DA INVESTIGAÇÃO
A dimensão eminentemente ética reconhecida à docência e a influência que o
educador de infância mantém, junto da faixa etária com que trabalha, impõe-lhe o
desafio de se constituir como modelo na formação moral das crianças. (Estrela, 1999)
Situando-nos nesta perspectiva, dela emerge a necessidade de uma formação ética
que habilite o futuro educador para o desempenho do papel de agente ético que a
docência reclama. Deste modo, reconhecendo a importância desta dimensão na
formação dos futuros educadores, pretendemos saber:
- Como conceptualizam os professores de ética e os formandos, a formação inicial
em ética, dos educadores de infância.
Assim sendo, elegemos como relevantes, quatro questões iniciais, que serão alvo
desta investigação, a saber:
Que representações têm os professores de ética da formação que ministram?
Que representações têm os formandos da formação ética obtida na Escola de
Formação?
Que repercussões consideram que essa formação tem na sua prática pedagógica?
Como se posicionam os professores de ética e formandos, quanto à existência de
um código deontológico da profissão docente?
Estas questões originaram os objectivos específicos que enunciamos na PARTE II
do Estudo Empírico.
A tentativa de encontrar resposta a estas questões, constitui a linha condutora da
presente investigação.
8
APRESENTAÇÃO DO ESTUDO
O nosso trabalho que apresenta-se estruturado em duas partes, a saber:
Parte I, referente ao enquadramento teórico;
Parte II, referente ao estudo empírico.
A parte I é constituída por três capítulos, sendo o primeiro relacionado com a
dimensão ética em contexto de Jardim-de-infância.
Neste capítulo, começámos por explanar os conceitos de ética e moral, pelo facto
de serem essenciais para a natureza deste estudo e a referência aos mesmos, ser uma
constante ao longo do mesmo.
Procurámos também abordar a importância do Jardim-de-infância como espaço de
formação ética, evidenciando o seu papel no desenvolvimento sócio-moral da criança e
a responsabilidade do educador na prossecução deste objectivo.
Abordámos igualmente a função do educador como promotor do desenvolvimento
moral da criança, destacando as competências específicas defendidas por Ryan (1987)
que aquele deve possuir, procurando articulá-las com o contexto ambiental do Jardim-
de-infância.
A finalizar este primeiro capítulo, referenciamos a necessidade de construir no
Jardim-de-infância um ambiente relacional, que conduza à superação da antinomia entre
uma ética do cuidado e uma ética da justiça, por entendermos que ambas as perspectivas
são essenciais e complementares do acto educativo, conducente à formação moral da
criança.
O segundo capítulo, abrange na sua essência a formação inicial de professores e a
sua formação ética.
9
Começamos por referenciar o enquadramento legal da formação inicial de
professores, seguido de uma breve explanação sobre conceito de formação de
professores.
Nesta capítulo, destacamos igualmente a necessidade de formar docentes
eticamente orientados, daqui sobressaindo a questão de como se forma uma consciência
ética.
Esta temática direcciona-se naturalmente para a importância de formação ética na
formação inicial de professores e para os princípios que lhe estão subjacentes.
Concluímos este segundo capítulo, guiados por Estrela (1991), que apresenta um
conjunto de estratégias de formação moral, propostas para a formação inicial de
professores e educadores e reflecte sobre os condicionalismos e possibilidades dessa
formação.
O terceiro e último capítulo da PARTE I refere-se à deontologia relacionada com a
profissão docente. Inicia-se com uma abordagem ao conceito de deontologia, seguido de
um breve apontamento sobre a deontologia docente em Portugal.
É igualmente abordada a necessidade e pertinência da deontologia, bem como as
suas implicações na profissão docente.
Ainda neste capítulo, perspectivamos também a pertinência de um código
deontológico da profissão docente, apresentamos um resumo de alguns exemplares e
referenciamos as vantagens, desvantagens e alternativas apontadas por vários autores,
sobre este tema.
A PARTE II do presente trabalho refere-se ao estudo empírico.
Esta compreende um primeiro capítulo de Fundamentação Metodológica, onde são
apresentados os objectivos e a natureza da investigação bem como o contexto em que a
mesma decorreu.
10
O segundo capítulo é dedicado aos Procedimentos Metodológicos, com destaque
para a técnica de recolha e tratamento de dados, realizada com base na análise de
conteúdo das entrevistas realizadas ao público-alvo.
O terceiro e último capítulo refere-se à Apresentação e Interpretação de dados,
seguidas da Conclusão que apresenta as Contribuições e Limitações do estudo, bem
como Considerações finais.
11
I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO I – Dimensão ética em contexto de Jardim-de-infância
1. Conceitos de Ética e Moral
Um estudo centrado na formação ética de futuros docentes apela em primeira
instância à definição dos conceitos de ética e moral.
Esta não se afigura uma tarefa fácil, na medida em que muitos são os autores que se
posicionam sobre estes conceitos, em diferentes perspectivas.
Assim, considerando como ponto de partida o seu sentido etimológico, ética deriva
do grego ethos, que de acordo com a Enciclopédia LOGOS, (1990) poderá ser
interpretado segundo dois significados:
- éthos designando costume, uso ou modo visível de proceder;
- êthos como morada habitual, toca, ou seja, relacionado com o espaço íntimo de
cada um, com o carácter, ou modo de ser de cada indivíduo.
Destes dois significados atribuídos ao mesmo vocábulo, podemos diferenciar que o
primeiro se relaciona mais com os modos de proceder habituais, no relacionamento com
os outros, enquanto que o segundo se inclina para uma perspectiva mais individual, ou
seja, relacionada com aquilo que é próprio de cada um: o carácter ou modo de ser.
Cativa desta etimologia, a ética é vulgarmente entendida como sinónimo de moral.
Isto porque o termo moral, de origem latina (mos, moris) também significa
costume ou uso e assim sendo, éthos em grego e mores em latim, traduzem um
significado comum, relacionado com o costume ou modo de proceder.
12
No entanto, o outro sentido etimológico de ética, relaciona-se com o carácter,
entendido num plano de reflexão sobre o modo de agir para o bem, e como tal, ocupa-se
dos valores e princípios que devem nortear a conduta humana.
Assim o considera Patrício (1993), que defende que a ética se reporta ao universo
dos valores éticos, ou seja, princípios, categorias e normas, num contexto de reflexão
filosófica ou racional. O mesmo autor faz distinção entre ética e moral, considerando
que esta última se relaciona com o comportamento concreto, isto é, com a vivência que
o homem tem dos seus valores éticos.
Por seu lado, D’Orey da Cunha (1996:18) defende igualmente a distinção entre
ética e moral, considerando que ética “…é a articulação racional para o bem” e
exprime conceitos universais e abstractos, enquanto a moral se refere “… a normas
concretas, muitas vezes expressas em códigos,” incluídas numa dada cultura.
Assim, este autor, considera que aspectos integrantes da cultura como o interesse
próprio, o gosto, as inclinações, interferem e bloqueiam a visão da ética e como tal
afirma que “…moral é a contaminação da ética pela cultura”.
Quanto a Ricouer, (1990, citado por Reis Monteiro: 2005), considera que se deve
fazer a distinção entre ética e moral, relacionando o termo ética com questionamento
que antecede a introdução da ideia de lei moral, enquanto que o termo moral se reporta
a leis, normas e imperativos atendendo aos conceitos do bem do mal.
Ainda Russ (1994, citada por Reis Monteiro: 2005), entende a ética como uma
doutrina responsável pela elaboração de princípios ou fundamentos últimos, enquanto a
moral se situa num plano mais concreto que absorve as regras características de uma
cultura.
Deste modo, podemos aferir que a diferenciação entre ética e moral, é defendida
por vários autores, pois embora ambas se relacionem com os valores éticos, a primeira
13
debruça-se sobre estes numa perspectiva teórica e reflexiva, ao passo que a segunda se
centra na sua aplicação concreta no relacionamento social, podendo neste caso, assumir
diferentes matizes em função da cultura a que respeitam e da sua evolução ao longo do
tempo.
2. O Jardim-de-infância como espaço de formação ética
Se os conceitos de ética e moral nos remetem para o estudo e aplicação de
princípios e valores inerentes à condição humana, importa aferir o seu papel na
formação do sujeito, como ser moral. Tal processo, concretiza-se através da educação,
pois conforme afirma Seiça (2003:37) “…Levar cada pessoa à descoberta do que em si
é humano e a constituir-se, desse modo como sujeito moral e eticamente auto
determinado é, propriamente falando, a tarefa educativa”.
Também Santos (2007:34), reforça esta posição afirmando que, “A tarefa mais
importante da educação e do professor é a de poder contribuir para a formação do
jovem enquanto pessoa, conhecedora de si própria e dos seus interesses, possibilitando-
lhe uma fácil integração social e, ao mesmo tempo, corresponder às necessidades da
sociedade interpretando o modelo de futuro por ela proposto ou contribuir para a
construção de um novo modelo”.
Nesta perspectiva, a educação de infância é por excelência uma actividade ética,
porque se dirige à criança enquanto ser em desenvolvimento, dependente da orientação
do adulto para a estruturação do carácter.
Assim, o Jardim-de-infância constitui-se como uma das primeiras experiências de
âmbito social da criança, fora do contexto familiar, implicando a sua integração num
grupo e num espaço estruturado por tempos e actividades, destinados a promover entre
outras áreas, o seu desenvolvimento pessoal e social, de forma harmoniosa.
14
Esta linha de pensamento é perspectivada pela Lei nº5/97 – Lei - Quadro da
Educação Pré-Escolar, promulgada Ministério da Educação, que determina como
primeiro dos objectivos pedagógicos da Educação Pré-escolar:
”Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em
experiências da vida democrática numa perspectiva de educação para a cidadania.
(M.E.1997: 22)
Assim, vislumbramos nestes conteúdos a génese de uma formação do carácter,
através da promoção de valores, visando a construção de atitudes que permitam á
criança “a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo livre e solidário.”
(M.E.1997:51)
Neste sentido, subscrevemos a perspectiva de Estrela (1999:27) que considera o
Jardim-de-infância como “…um espaço privilegiado para a aprendizagem de regras de
conduta que tenham em vista a aprendizagem da autonomia e para o encontro da
criança com os valores, isto é, para a sua descoberta e afirmação.”
De facto, o Jardim-de-infância possibilita à criança o contacto com uma realidade
social mais alargada e diversificada que o contexto familiar e que é determinante para o
seu desenvolvimento, porque “É nos contextos sociais em que vive, nas relações e
interacções com outros, que a criança vai interiormente construindo referências que
lhe permitem compreender o que está certo e o que está errado, o que pode e não pode
fazer, os direitos e deveres para consigo e para com os outros.” (M.E.1997:52)
Neste processo, o educador tem um papel crucial, porque são os valores subjacentes
à sua prática, reflectidos na qualidade e no conteúdo das interacções que estabelece com
as crianças, que se reflectirão nessa formação.
15
Em conformidade com esta perspectiva, Santos (2007:37), afirma que “A formação
do educando está inabalavelmente associada à acção do educador. O docente, pelas
suas atitudes, pelas suas decisões e pelo empenho que demonstra na acção educativa,
constrói uma imagem junto dos seus alunos e com isso contribui para a formação do
carácter dos jovens.”
Seguindo ainda o mesmo autor (2007), consideramos igualmente que o
desempenho ético da profissão docente, está directamente relacionado com formação
ética do professor e da sua capacidade de influenciar os seus alunos, nas diferentes
dimensões do seu trabalho e particularmente na dimensão ética.
Se esta realidade sobressai em outros níveis de ensino, com mais pertinência se
evidencia na educação de infância, etapa crucial do desenvolvimento, que, como tal,
necessita de todo o apoio que não só o educador, mas todos os responsáveis pela
educação lhe devem, conforme salientado por Formosinho e Formosinho, (citado por
Formosinho e Kishimoto, 2002: 4) “ Assumindo o valor formativo dos anos de infância
– confirmado, aliás, pelas investigações recentes da ciência do cérebro – reconhece-se
a necessidade de uma política para a infância que proteja uma criança que, ainda que
psicologicamente competente desde o nascimento, é socialmente indefesa”.
Assim, para além das políticas educativas centralizadas no objectivo de expansão
da Educação Pré-Escolar, desenvolvidas a partir de 1997, com a criação de um conjunto
de instrumentos legais, destinados a valorizar e apoiar este grau de ensino, o Jardim-de-
Infância impõe-se como espaço privilegiado de desenvolvimento global e harmonioso
da criança, onde esta diariamente constrói o seu percurso pessoal e social, com base nas
experiências partilhadas com outros, sob a responsabilidade do educador.
A este respeito, destacamos os resultados do Projecto “Pensamento e Formação
ético-deontológicos de Professores” já anteriormente identificado, que na sua
16
abordagem qualitativa refere alguns objectivos, estratégias de desenvolvimento,
contextos e efeitos da formação ética, no espaço do Jardim-de-infância, privilegiados
pelos educadores entrevistados.
Assim, em termos de objectivos, o Relatório de Progresso (2007:26) destaca a
necessidade de “…demonstrar a diferença entre o bem e o mal (…) desenvolver a
autonomia”
Relativamente às estratégias de desenvolvimento da formação ética, os educadores
referem “…o uso de do lúdico (jogos, histórias, …) o trabalho em grupo e o diálogo
(…) a construção participada de regras, (…) partir do conhecimento dos alunos (…)
apelo à afectividade.” (idem)
De salientar ainda que “O exemplo do professor apenas não é mencionado como
estratégia pelos educadores.” (idem)
Quanto aos contextos em que decorre a formação ética, os educadores mencionam
“…a sala de aula (…) os espaços exteriores à escola…” (idem)
No que respeita aos efeitos da formação ética, os educadores aludem à
“…superação de conflitos, a aquisição de regras de convivência social, a adaptação
dos comportamentos aos contextos e a reflexão sobre situações…” (idem:27)
Em relação à formação dos alunos para a cidadania, o objectivo mais evidente é o
de “…promover a responsabilidade…”(idem)
Quanto aos efeitos da formação para a cidadania referem-se “…à solidariedade
entre alunos, à solidariedade inter-geracional e à auto-confiança…” (idem:28)
Relativamente ás dificuldades sentidas pelos educadores, no que respeita ao
desenvolvimento desta formação, estas relacionam-se com o “…proveniente
desfasamento ente a vida escolar e familiar.” (idem)
17
Conforme afirma Zabalza (1987, citado por Formosinho e Kishimoto, 2002: 44) “O
aluno da escola infantil é um sujeito não sectorizável. É toda a criança que vai
desenvolvendo o afectivo, o social, o cognitivo, é um todo integrado com uma dinâmica
intensa em que o eixo fundamental de vertebração das sucessivas experiências é o EU e
as relações que, numa relação bipolar de ida e de volta, de influenciar e ser
influenciado, a partir dele se estabelecem com a realidade ambiental”. Para
corresponder a este desafio, o educador tem que se envolver num desempenho marcado
pela profissionalidade, que de acordo com Formosinho e Formosinho, (2000, citado por
Formosinho e Kishimoto, 2002:43) “…diz respeito à acção profissional integrada que
a pessoa da educadora desenvolve junto às crianças e famílias com base nos seus
conhecimentos, competências, sentimentos, assumindo a dimensão moral da profissão”.
Assim, impõe-se com pertinência a necessidade da formação ética dos educadores,
para que o Jardim-de-Infância traduza, em primeira instância, esta dimensão no
ambiente relacional com a criança, mas tendo em conta que esta se desenvolve
igualmente num contexto familiar e social que é necessário atender e respeitar.
A sensibilização a estes aspectos é, em nosso entender, essencial para todos os
parceiros envolvidos no processo educativo, exigindo do educador um papel
dinamizador, capaz de envolver todos os intervenientes, em ordem ao valor inalienável
que é o Bem da criança.
18
3. O educador como promotor do desenvolvimento moral da criança
A Lei de Bases do Sistema Educativo define no seu artigo 5º da secção dedicada ao
Pré-escolar, entre outros, o seguinte objectivo:
d) Desenvolver a formação moral da criança e o sentido da responsabilidade,
associado ao da liberdade.
Numa análise sobre esta mesma Lei e incidindo neste objectivo, Pedro D’Orey da
Cunha (1994: 60-61) refere que”…a Lei não se satisfaz com a exigência da formação
moral como objectivo da Educação Pré-Escolar, mas indica em que direcção ela deve
ser feita, isto é, no sentido da responsabilidade associado ao da liberdade”. Esta é uma
opção filosófica clara que implica a teoria de que não há autêntica acção moral sem
sentido de responsabilidade e de que não há sentido de responsabilidade sem
liberdade; teoria que exclui uma formação moral repressiva, feita á base de
endoutrinação estrita que se preocupasse apenas com um comportamento pré-
estabelecido sem ligar à intenção e à adesão interior.”
Daqui decorre a necessidade dos valores como a responsabilidade e a liberdade se
encontrarem em primeira instância, firmados na profissionalidade do educador, pois só
deste modo poderão emergir da sua prática e alicerçar a formação das crianças nesse
sentido, de forma natural e contextualizada na diversidade de situações do acto
pedagógico.
Neste contexto, destacamos Ryan (1987) (cit. in D’Orey da Cunha, 1996: 38-39)
que defende a necessidade do professor enquanto educador moral, desenvolver as
seguintes competências específicas:
19
1 - Saber aceitar-se como modelo: constitui uma competência à qual nenhum
educador se pode furtar, porque surge associada à necessidade da criança se referenciar
em termos do seu próprio comportamento. A importância do educador como modelo é
uma referência corrente na literatura educacional e a nossa prática pedagógica também o
confirma.
Assim sendo, os educadores deverão estar absolutamente conscientes deste facto
que, por seu lado, lhes coloca o desafio de se questionarem sobre que virtudes ou
comportamentos devem assumir, enquanto modelos para os seus alunos.
A reflexão sobre esta questão, deverá induzir o educador a articular este papel que
os alunos lhe conferem, com a responsabilidade de os apoiar no seu crescimento moral,
o que implica o aceitar-se como modelo que de facto é, e encontrar a melhor postura
para o demonstrar.
2 – Saber comprometer-se com o domínio moral: implica uma sensibilização e
atenção do educador, direccionadas para o domínio moral, de forma a saber aproveitar
as oportunidades que o quotidiano escolar oferece, com o objectivo de promover a
consciência moral dos alunos. De facto, a análise e reflexão de situações
contextualizadas na prática diária, ajuda a criança a protagonizar soluções, que o
educador deverá saber gerir em função dos valores que considera importantes
desenvolver, face à especificidade das ocorrências.
3-Saber argumentar moralmente e assistir ao aluno neste processo: pressupõe que
o educador definiu para si próprio princípios e critérios de juízo moral e como tal,
deverá atender aos estádios de desenvolvimento destas competências nos seus alunos,
20
para que a sua actuação se oriente por uma linha condutora coerente, construtora de
aprendizagens neste domínio.
Para tal, o educador deverá ser um observador atento e saber gerir a sua intervenção
na resolução de situações problemáticas, atendendo às características específicas da
criança pequena. Esta apresenta uma maior dependência em relação ao adulto,
nomeadamente ao nível do apoio aos cuidados físicos e psicológicos, que a colocam
numa situação de vulnerabilidade.
Conforme afirma Formosinho e Kishimoto (2002:45), “A criança aparece como
pequena, débil, desprovida de poder contratual, incapaz de proceder por sim mesma,
isto é, imatura (…) por isso não pode ser responsabilizada socialmente pelos seus
actos”.
Desta forma, cabe ao educador apoiá-la, firmado numa conduta de ética pessoal e
profissional, que permita á criança criar pontos de referência, que contribuam para o seu
desenvolvimento moral.
4- Saber exprimir a sua visão moral: parece-nos que podemos traduzir esta
competência pelos princípios de liberdade e responsabilidade defendidos na Lei de
Bases do Sistema Educativo relativamente ao Pré-Escolar, pelo facto do educador dever
saber assumir responsável e livremente os princípios e valores morais que privilegia, à
margem de falsas neutralidades, mas dever igualmente promover a liberdade, no sentido
de saber ouvir os alunos e incentivar o diálogo e a cooperação, na resolução de situações
decorrentes do quotidiano.
5- Saber promover a empatia: esta constitui uma das bases afectivas da vida moral,
com maior relevo no contexto de Jardim-de-Infância, pelo facto da criança desta faixa
21
etária manifestar, para além de outras, necessidades afectivas e emocionais que o
educador de modo algum deverá descurar.
Constitui naturalmente um processo contínuo, que a própria criança como ser
eminentemente afectivo reclama e a que o educador deverá estar permanentemente
atento.
6-Saber promover o clima moral da classe: esta competência relacionada com a
organização de espaços e tempos para a resolução de situações que envolvem o conceito
de justiça e as formas de a aplicar, encontra paralelo no Jardim-de-infância, no que é
designado pela organização do ambiente educativo. Tal consiste na criação de espaços e
tempos, destinados às actividades pedagógicas do quotidiano, nas quais se incluem
momentos de discussão em grupo, em busca de soluções concertadas para a resolução
de conflitos e de sugestões para a construção da dinâmica de funcionamento do Jardim.
7- Saber envolver os alunos na acção moral: a acção reforça o desenvolvimento do
comportamento moral que se pretende desenvolver nos alunos.
Assim, parece consensual a necessidade de proporcionar aos alunos, actividades nas
quais estes possam evidenciar as qualidades morais que lhes permitam uma melhor e
mais plena integração na sociedade, de forma activa.
No Jardim-de-infância, a demonstração de tais qualidades, deverá ser acompanhada
de reforços positivos, de forma a estimular o gosto e o interesse pela participação em
tais actividades, que por vezes se estendem a oportunidades de interagir com a
comunidade.
22
Consideramos que todas estas competências constituem um importante suporte para
a actuação de qualquer docente enquanto educador moral, e como tal, procurámos
analisá-las à luz do que entendemos ser a sua contextualização em Jardim-de-Infância.
No entanto, ressalvamos que a responsabilidade pela formação moral da criança
não é exclusiva do educador. Este deverá procurar implicar neste processo as famílias,
cuja tendência actual é a de se distanciarem das suas funções educativas tradicionais.
(Estrela, 1999: 27)
Todavia, mercê de circunstâncias várias, o educador reúne condições específicas e
particulares que lhe concedem um papel privilegiado neste domínio.
Para além da sua formação profissional, que o deverá habilitar para este
desempenho, é também o adulto que mais tempo permanece com a criança diariamente.
Por outro lado, face às características das faixas etárias dos educandos, que os
tornam dependentes do adulto e permeáveis à influência deste, o educador não pode,
como já referimos, furtar-se a esta função que está presente em todo o acto educativo.
No entanto, para além das competências pedagógicas e relacionais já enunciadas
que o educador deve promover, reflectidas na forma como se relaciona com as crianças,
destacamos igualmente o seu papel de agente ético, traduzido na postura que assume
face aos adultos que se movem no contexto da interacção educativa e da qual a criança
quando não é actor principal, é sempre um espectador atento.
Nesta perspectiva, Formosinho e Kishimoto (2002:47), referindo-se á
profissionalidade docente das educadoras, considera que esta “… é baseada numa rede
de interacções alargadas. As relações e interacções que se requerem das educadoras de
infância a vários níveis, são responsáveis pelo âmbito alargado do seu papel”.
Assim, considerando que o desempenho ético das educadoras, constituiu um dos
traços da sua profissionalidade, o mesmo não se cinge apenas á relação com o seu grupo
23
de crianças, mas alarga-se a todos os intervenientes do processo educativo, conferindo-
lhe uma maior abrangência de funções e responsabilidades.
Desta conjuntura decorre a necessidade imperativa de formar educadores
eticamente orientados.
4. Da necessidade de superação de uma antinomia entre uma ética do
cuidado e uma ética da justiça
A Educação Pré-Escolar apresenta especificidades que a distinguem dos restantes
graus de ensino, nomeadamente, o período de desenvolvimento da criança, a sua
vulnerabilidade, bem como a sua dependência do adulto ao nível das suas necessidades
físicas, psicológicas, emocionais e afectivas.
De facto, conforme afirma Formosinho e Kishimoto (2002:47), “Há assim na
educação de infância uma interligação profunda entre educação e “cuidados”, entre
função pedagógica e função de cuidados e custódia, o que alarga naturalmente o papel
da educadora por comparação com os dos professores de outros níveis educativos”.
Nesta medida, consideramos de grande responsabilidade a função pedagógica e
social atribuída ao educador, destacando a necessidade de criar no Jardim-de-Infância
um ambiente facilitador do desenvolvimento global e harmonioso de cada criança e do
grupo.
Vasconcelos (2004:119) apresenta como proposta uma ética do cuidado, que se
traduz “na melhor tomada de decisão em circunstâncias especificas…” no sentido em
que atende á individualidade do sujeito e à circunstancialidade da situação moral.
A ética do cuidado, ou ética do caring originalmente defendida por Carol Gilligan
e Ned Noddigns, (citadas por Seiça, 2003:65) promove a relação empática numa atitude
24
de descentração de si mesmo, para se concentrar no outro, numa perspectiva de cuidado,
atenção e preocupação com ele, como se de si próprio se tratasse.
Neste sentido, facilmente se compreende a importância de promover, como base
para o desenvolvimento moral da criança, a ética do cuidado.
Além disso, a relação que o educador estabelece com as crianças, influencia de
forma determinante o comportamento destas, no seu relacionamento umas com as
outras.
Assim, é essencial que o educador tenha presente o seu papel de figura de
referência junto das crianças, e invista numa forma de relação que privilegie uma ética
de cuidado e atenção redobrados, pelo facto da criança pequena não saber verbalizar
sentimentos e até situações, que por vezes só com base na observação atenta e cuidada,
é possível compreender e descodificar nos seus comportamentos.
Assim sendo, subscrevemos a perspectiva de Noddings (1992, citada por Galveias
1997:45) que “defende a criação de escolas e salas de aula como círculos de cuidado,
cujo objectivo é potencializar e enriquecer aquilo que cada um tem de melhor, no
âmbito de uma comunidade que se esforça por dar relevo, cada vez mais a uma ética
relacional, alicerçada num relacionamento profundo entre professores e alunos.
Por outro lado, o educador deverá igualmente ter presente que o processo de
desenvolvimento das crianças pequenas implica o confronto com o outro, num percurso
que as leva do egocentrismo á capacidade de reconhecer os interesses das demais.
Este percurso não se faz à margem de conflitos, exigindo do educador uma
estrutura moral firmada numa ética de justiça, próxima do conceito de “comunidade
justa”, defendido por Kohlberg.
25
Este conceito baseia-se na sua teoria de desenvolvimento moral, e nasce da
necessidade de criar nas escolas uma atmosfera moral, caracterizada pela justiça,
igualdade e sentido de comunidade, isto é, assente no respeito pela vida colectiva.
Para tal, o professor deverá, de acordo com Lourenço, O. (1995:29), promover a
discussão de problemas “no sentido da procura do melhor argumento ou da solução
mais justa” e os membros da escola obrigam-se a seguir a decisão tomada.
Em Jardim-de-infância, a participação activa das crianças na resolução de
problemas, nomeadamente de índole relacional entre elas, implica-as num processo de
raciocínio moral que lhe confere maturidade.
Cabe ao educador, como principal condutor deste processo, saber gerir esta ética de
justiça, devidamente entrosada numa ética de cuidado, conforme atesta Estrela (1999:
28). “…é preciso que haja da parte do educador a preocupação pela constituição no
Jardim-de-infância, de uma “comunidade justa” que assente num equilíbrio nem
sempre fácil entre uma ética do cuidado (care), atenta ás necessidades de cada um, e
uma ética do dever ou da justiça, baseada em princípios gerais.”
Para conseguir este equilíbrio, é necessário, segundo a mesma autora, que o
educador “tenha atingido um estádio avançado de desenvolvimento moral” que lhe
permita avaliar pontos de vista, capazes de integrar perspectivas gerais, particulares e
universais,” conforme defendido por Lourenço (1993, citado por Estrela, 1999: 28).
Assim, se ultrapassa a antinomia tantas vezes salientada, entre a ética orientada para
o cuidado e compaixão e a ética orientada para a justiça, virtude por excelência na
perspectiva de Kolhberg.
Daqui decorre a necessidade da formação inicial do educador ser devidamente
alicerçada na construção de um pensar ético.
26
CAPÍTULO II – Formação inicial de professores e formação ética
1. Enquadramento legal da formação inicial dos professores
As estruturas governamentais reconhecendo a importância da formação docente
para um melhor desempenho profissional, criaram um conjunto de dispositivos legais,
destinados a regulamentar a formação inicial de professores/educadores, de entre os
quais destacamos:
- A Lei de Bases do Sistema Educativo, já anteriormente citada, no Capítulo IV,
artigo 33 º, faz referência aos Princípios Gerais Sobre a Formação de Educadores e
Professores, conforme se pode ler:
“1 – A formação inicial assenta nos seguintes princípios:
a) Formação inicial de nível superior, proporcionando aos educadores e
professores de todos os níveis de educação e ensino, a informação, os métodos e as
técnicas científicas e pedagógicas de base, bem como a formação pessoal e social
adequadas ao exercício da função;
b) Formação contínua que complemente e actualize a formação inicial numa
perspectiva de educação permanente;
c) Formação flexível que permita a reconversão e mobilidade dos educadores e
professores dos diferentes níveis de educação e ensino, nomeadamente o necessário
complemento de formação profissional;
d) Formação integrada quer no plano da preparação científico-pedagógica quer
no da articulação teórico-prática;
e) Formação assente em práticas metodológicas afins das que o educador e o
professor vierem a utilizar na prática pedagógica;
27
f) Formação que, em referência à realidade social, estimule um atitude
simultaneamente crítica e actuante;
g) Formação que favoreça e estimule a inovação e a investigação, nomeadamente
em relação com a actividade educativa;
h) Formação participada que conduza a uma prática reflexiva e continuada de
auto-informação e auto-aprendizagem.
2 – A orientação e as actividades pedagógicas na educação pré-escolar são
asseguradas por educadores de infância, sendo a docência em todos os níveis e ciclos
de ensino assegurada por professores detentores de diploma que certifique a formação
profissional específica com que se encontram devidamente habilitados para o efeito”.
Baseada nestes princípios, a legislação mais recente sobre formação inicial de
professores e educadores, surge promulgada no Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de
Fevereiro, contendo uma revogação significativa de diversos artigos constantes no
Decreto-Lei nº 344//89 de 11 de Outubro, correspondente ao Ordenamento jurídico da
formação.
Assim, destacamos alguns aspectos essenciais, introduzidos pelo o novo Decreto-
Lei, que passamos a citar:
“Na delimitação dos domínios de habilitação para a docência privilegia-se, neste
novo sistema, uma maior abrangência de níveis e ciclos de ensino, a fim de tornar
possível a mobilidade dos docentes entre os mesmos”.
Esta mobilidade é justificada por um maior acompanhamento dos alunos pelos
mesmos professores, e durante um período mais longo, assim como pela flexibilização
da gestão dos recursos humanos e do percurso profissional. Deste modo, e continuando
a citar “É neste contexto que se promove o alargamento dos domínios de habilitação do
28
docente generalista que passam a incluir a habilitação conjunta para a educação pré-
escolar e para o 1º ciclo do ensino básico ou a habilitação conjunta para os 1º e 2º
ciclos do ensino básico”.
Ainda de acordo com este Decreto-Lei, a habilitação profissional para a docência
generalista implica a qualificação através de uma licenciatura em Educação básica,
“comum a quatro domínios possíveis de habilitação nestes níveis e ciclos de educação e
ensino, e de um subsequente mestrado em Ensino, num destes domínios.”
O mesmo decreto-lei defende igualmente que este novo sistema de habilitação para
a docência, valoriza especialmente a dimensão do conhecimento disciplinar, a
fundamentação da prática pedagógica na investigação e a iniciação à prática
profissional. É ainda exigido o domínio oral e escrito da língua portuguesa, para a
qualificação de todos os professores e educadores.
Salientamos ainda o propósito deste decreto-lei enfatizar a área das metodologias
de investigação educacional, com o objectivo de promover o desempenho de
professores e educadores, de forma que este seja “cada vez menos (…) um mero
funcionário ou técnico e cada vez mais o de um profissional capaz de se adaptar ás
características e desafios das situações singulares em função das especificidades dos
alunos e dos contextos escolares e sociais”.
Sem pretendermos desvalorizar este nobre objectivo, antes pelo contrário, saudando
a importância reconhecida ás metodologias de investigação educacional na formação
inicial, conforme legislado, pensamos no entanto que, a imagem de técnico ou
funcionário a que se pretende reduzir a docência até ao momento actual, põe em causa o
esforço de muitos docentes. Isto porque mesmo sem esta indispensável área disciplinar
na sua formação inicial, estes se confrontaram com os desafios das “situações
singulares (…) da singularidade dos alunos (…) dos contextos escolares e sociais” ao
29
longo de anos e muitas vezes sem as condições de trabalho essenciais, sem os
conhecimentos e apoios necessários para os enfrentar. No entanto, não baixaram os
braços e continuaram a buscar informação e formação, a investir na construção
partilhada de saberes e experiências, a envolver-se de forma dedicada na profissão,
dando o seu melhor em prol dos seus alunos. A docência já tinha destes profissionais,
antes de se produzir este decreto-lei, mas congratulamo-nos uma vez mais com a
relevância que é atribuída às metodologias de investigação na formação inicial, que na
nossa óptica só peca por ser tardia.
No seguimento da análise do mesmo decreto-lei, encontramos no Capítulo III,
artigo 7º, os objectivos da formação, que pretendem assegurar “a prossecução de
aprendizagens exigidas pelo desempenho docente e pelo desenvolvimento profissional
ao longo da carreira”, tendo em conta:
a) Os perfis gerais e específicos de desempenho profissional;
b) As orientações ou planos curriculares da educação básica ou do ensino
secundário, conforme os casos;
c) As orientações de política educativa nacional;
d) As condições socioeconómicas e as mudanças emergentes na sociedade, na
escola, e no papel do professor, a evolução científica e tecnológica e os
contributos relevantes da investigação educacional”.
Relativamente às componentes de formação, referidas ainda no Capítulo III, mas
agora no artigo 14º., são as seguintes:
a) Formação educacional geral;
b) Didácticas específicas;
c) Iniciação à prática profissional;
d) Formação social, cultural e ética;
30
e) Formação em metodologias de investigação educacional
f) Formação na área da docência.
O decreto-lei em análise, passa de seguida a explicitar os conteúdos de cada
componente, mas que não serão aqui apresentados, para evitar alguma exaustividade.
No entanto, tratando-se de um estudo sobre a formação ética, aludiremos ao ponto
5, do artigo 14º, que atribui à componente de formação cultural, social e ética os
seguintes conteúdos:
a) A sensibilização para os grandes problemas do mundo contemporâneo;
b) O alargamento a áreas do saber e culturas diferentes das do seu domínio de
habilitação para a docência;
c) A preparação para as áreas curriculares não disciplinares e a reflexão sobre
as dimensões ética e cívica da actividade docente.
Outro documento legislativo, relacionado com a formação inicial de professores, já
referenciado no decreto-lei que anteriormente enunciámos, é o Perfil Geral de
Desempenho dos Educadores de Infância e Professores dos Ensinos Básico e
Secundário..
Este documento constitui um quadro orientador para a organização dos cursos de
formação inicial, de educadores e professores dos Ensinos básicos e Secundário, a
certificação da correspondente qualificação profissional e a acreditação desses cursos
nos termos legais. Inclui um conjunto de referenciais comuns, que deverão constar da
organização dos projectos da respectiva formação, direccionada para diversas
dimensões, a saber:
- Dimensão profissional, social e ética;
31
- Dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem;
- Dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade;
- Dimensão do desenvolvimento profissional ao longo da vida.
Para cada uma destas dimensões foi definido um conjunto de alíneas, destinadas a
especificar os conteúdos a desenvolver.
Outro documento decisivo para a formação inicial dos docentes é o Estatuto da
Carreira Docente, na sua mais recente alteração, baseada no Decreto-lei já
anteriormente referido, que no Capítulo III, Artigo 13º, ponto 2, define que a formação
inicial tem por objectivo a aquisição de competências e conhecimentos científicos,
técnicos e pedagógicos de base para o desempenho da docência, nas dimensões
seguintes:
- Profissional e ética;
- Desenvolvimento de ensino e aprendizagem;
- Participação na escola e na relação com a comunidade;
- Desenvolvimento profissional ao longo da vida.
A par destas medidas legislativas, direccionadas para a qualificação de profissionais
habilitados para a docência na Educação e Ensino Básico e Secundário, as estruturas
governamentais dedicaram a partir de 1997 uma especial atenção à Educação Pré-
Escolar, através da criação da Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar, Lei nº5/97 de 10 de
Fevereiro, que no Capítulo II, artigo 2º, apresenta o seguinte princípio geral:
“A educação pré-escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de
educação ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, com a
qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o
32
desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na
sociedade como ser autónomo, livre e solidário”.
Com base neste princípio, foram definidos os objectivos pedagógicos que se
seguem:
a) Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em
experiências de vida democrática numa perspectiva de educação para
cidadania;
b) Fomentar a inserção de criança em grupos sociais diversos, no respeito pela
pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva consciência como
membro da sociedade;
c) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o
sucesso da aprendizagem;
d) Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas
características individuais, incutindo comportamentos que favoreçam
aprendizagens significativas e diferenciadas;
e) Desenvolver a expressão e a comunicação através de linguagens múltiplas
como meios de relação, de informação, de sensibilização estética e
compreensão do mundo;
f) Despertar a curiosidade e o pensamento crítico;
g) Proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e de segurança, nomeadamente
no âmbito da saúde individual e colectiva;
h) Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências ou precocidades e
promover a melhor orientação e encaminhamento da criança;
i) Incentivar a participação das famílias no processo educativo e estabelecer
relações de efectiva colaboração com a comunidade.”
33
Importa ainda salientar que a Lei-Quadro foi seguidamente regulamentada através
do Decreto-lei nº147/97 de 11 de Junho e de uma série de Despachos, Despachos
conjuntos e uma Portaria, que na sua totalidade constituem o ordenamento jurídico da
educação pré-escolar.
Destas medidas legislativas, destacamos as Orientações Curriculares para a
Educação Pré-Escolar, já anteriormente referenciadas, que impulsionaram o educador
para uma maior responsabilidade no seu desempenho.
Segundo Vasconcelos (1997:13) as Orientações Curriculares “constituem uma
referência comum para todos os educadores (…) e destinam-se à organização da
componente educativa”. Esta assenta na organização do ambiente educativo e na
exploração das seguintes áreas de conteúdo:
- Área de formação pessoal e social;
- Área de Expressão /Comunicação, que inclui três domínios:
Domínio das expressões (expressão motora, dramática, plástica e
musical)
Domínio da linguagem e abordagem à escrita;
Domínio da matemática.
- Área de Conhecimento do Mundo.
Por sua vez, a exploração destas áreas de conteúdo, deverá considerar:
- A continuidade educativa, que constitui um processo que parte do que a criança já
sabe, para criar condições que facilitem o sucesso das aprendizagens seguintes;
- A intencionalidade educativa, que implica um processo reflexivo de
observação/planificação/acção e avaliação a cargo do educador, com o objectivo de
adequar a prática pedagógica às necessidades das crianças:
34
Este modo de olhar a Educação Pré-Escolar, veio sensibilizar para a importância da
atenção e cuidados que se devem à infância e valorizar a profissão, até aqui muitas
vezes confundida como um entretenimento das crianças ou reduzida a uma
escolarização antecipada.
Este ordenamento jurídico da educação pré-escolar reflectiu-se na formação inicial
dos futuros educadores, que deverá ter igualmente em conta o Perfil Específico dos
Educadores de Infância. Este documento determina os aspectos que o educador deverá
desenvolver, nomeadamente:
- Concepção e desenvolvimento do currículo;
- Integração do currículo.
A cada uma destas dimensões corresponde um conjunto orientações, traduzidas em
alíneas que especificam como aquelas deverão ser implementadas.
Seguidamente, iremos debruçar-nos sobre a formação inicial dos educadores
incidindo apenas sobre a dimensão ética, por ser o objectivo do nosso estudo e por
entendermos ser esta dimensão o alicerce fundamental, que contribui para o
cumprimento do princípio geral preconizado para a Educação Pré-Escolar, conforme já
referenciado na Lei-Quadro deste nível de ensino.
No entanto, pensamos ser oportuno considerar primeiramente o que se entende por
formação, na óptica de vários autores.
35
2. Conceito de formação de professores
O conceito de formação tem sido objecto de diferentes análises, originando
diferentes perspectivas.
Garcia (1999: 19) entende este conceito “…como uma função social de transmissão
de saberes, de saber-fazer ou do saber-ser que se exerce em benefício do sistema
socioeconómico, ou da cultura dominante”
Neste sentido, a formação apresenta-se directamente relacionada com a aquisição
de saberes específicos, destinados a satisfazer necessidades determinadas pelo sistema
social e cultural vigente.
O mesmo autor considera também a formação “…como um processo de
desenvolvimento e estruturação da pessoa que se realiza com o duplo efeito de uma
maturação interna e de possibilidades de aprendizagem, de experiências do sujeito.”
(1999: 19)
Neste caso, a formação centra-se no desenvolvimento pessoal do sujeito, conforme
referenciado também por outros autores como Zabalza (1990a:201) e Ferry (1991:43)
citados por Garcia (1999:19).
De acordo com Ferry, (1991, cit. in Garcia, 1999: 19) a formação assume-se ainda
como instituição quando se reporta à estrutura que organiza, planifica e desenvolve
actividades de formação.
Perspectivado deste modo, o conceito de formação pode ser construído a partir de
diferentes ângulos, abrangendo aspectos como os conteúdos, o sujeito e as instituições
de formação.
Por seu lado, Debesse (1982, citado por Garcia, (1999:19-20) distingue diversos
processos de formação, tendo o sujeito por referência.
36
Assim, este autor designa por autoformação aquela em que o sujeito domina os
objectivos, os processos, os instrumentos e os resultados da sua própria formação.
Quanto à heteroformação considera-a exterior ao sujeito, sendo organizada e
desenvolvida por especialistas.
Por último, a interformação relaciona-se com a acção educativa que ocorre entre
futuros professores, ou entre professores e baseia-se num trabalho de equipa, cunhado
pelo carácter pedagógico.
Este processo de formação distingue-se dos dois anteriores pelo facto de se dirigir
especificamente à formação de professores, num contexto de trabalho de equipa.
O conceito de formação de professores, também tem sido perspectivado por
diversos autores.
Das pesquisas efectuadas destacamos o conceito de Medina e Dominguez (1989:87,
citado por Garcia, 1999:23) que consideram a formação de professores como “… a
preparação e emancipação profissional do docente para realizar crítica, reflexiva e
eficazmente um estilo de ensino que promova uma aprendizagem significativa nos
alunos e consiga um pensamento-acção inovador, trabalhando em equipa com os
colegas para desenvolver um projecto educativo comum.”
Este conceito percorre assim os aspectos que entendemos essenciais na formação de
professores, a saber, o conhecimento profissional, o pensamento reflexivo em ordem ao
qual o professor estrutura a sua acção, os processos que desenvolve de forma a
promover as aprendizagens dos alunos e o trabalho de equipa como meio de produção
de conhecimento inovador, tendo por alvo a realização de um projecto educativo.
Numa perspectiva mais específica, centrada na formação inicial de educadores,
Cardona (2006: 39) considera-a “… a primeira etapa da sua preparação formal” sendo
que neste período ganham particular relevo as situações de auto e hetero-formação, na
37
medida em que os formandos são portadores de experiências pessoais e vivências
escolares que influenciam a forma de pensar e encarar a educação e a infância e que se
reflectem no seu processo formativo.
Por outro lado, a mesma autora destaca também a importância da formação inicial
como “primeira etapa do processo de socialização e desenvolvimento profissional.”
(2006:39)
Reflectindo esta importância, são amplos os estudos desenvolvidos por
investigadores que apontam paradigmas, orientações conceptuais e modelos, com o
nobre objectivo de contribuir para a construção da complexa e multifacetada profissão
docente.
Neste contexto, destacamos o Paradigma da Formação de Professores defendido
por Zeichner (1983, citado por Garcia, M., 1999: 30)) definido como “…uma matriz de
crenças e pressupostos acerca da natureza e propósitos da escola, do ensino, dos
professores e da sua formação, que dão características específicas à formação de
professores”. (
Por seu lado, Fieman-Nemser (1990:220, citado por Garcia, M. 1999: 30) considera
a designação de Orientações Conceptuais, definindo-a como “…um conjunto de ideias
acerca das metas da Formação de professores e dos meios para as alcançar”, o que
pressupõe “… uma concepção do ensino e da aprendizagem e uma teoria acerca do
aprender a ensinar”.
Relativamente ao conceito de Modelo de Ensino, explicitado por R. Marques
(1999:149), este autor apresenta-o como “Conjunto articulado e coerente de teorias,
métodos e técnicas de ensino, partindo de um quadro filosófico, psicológico e
pedagógico, comum (…) pressupõe uma coerência lógica entre as finalidades da
educação, as metodologias, as técnicas e os instrumentos de avaliação”.
38
Todas estas concepções apontam, em nosso entender, para um objectivo comum: o
de destacar a necessidade de revestir a formação de professores da especificidade que
lhe é característica, isto é, formar profissionais participantes na construção da sua
profissão, de uma forma consciente e assente em bases científicas.
Destacamos ainda que esta breve referência ao modo como alguns investigadores se
pronunciam sobre a definição das bases conceptuais da formação de professores, serve
apenas para ilustrar a sua preocupação neste domínio. Ficam por referir inúmeros outros
investigadores, bem como diferentes propostas de formação, de uma forma mais
específica e concreta, de acordo com a perspectiva em que cada um se situa.
A título de exemplo, referiremos apenas alguns modelos de formação apontados por
Joyce e Perlber (1975, 1979, citados por Garcia,.M. 1999: 31) tais como:
- O modelo tradicional que se caracteriza pela separação entre a teoria e a prática,
baseado num currículo centrado nas disciplinas;
- Movimento de orientação social, influenciado pelo trabalho de Dewey, que
assenta numa perspectiva construtivista do conhecimento e é direccionado para a
resolução de problemas;
- Movimento de orientação académica, que considera o professor como especialista
das matérias disciplinares e através da transmissão de conhecimentos científicos e
culturais, procura formar professores numa área especializada, orientada para o
domínio, dos conceitos e da estrutura disciplinar em que ele mesmo é especialista.
- Movimento de reforma personalista que considera a formação de professores
como um meio de promover o desenvolvimento pessoal, profissional e relacional dos
professores em formação, salientando a importância dos aspectos afectivos e da
personalidade, que se pretendem reflectidos na boa relação com os alunos. Resta
acrescentar que, segundo o nosso ponto de vista, estas e outras concepções deverão ser
39
analisadas e reflectidas, á luz da sua aplicabilidade, pois a especificidade da profissão
docente relaciona-se com o facto de ter como objecto de trabalho, o ser humano e o
contexto em que este se insere, sendo indispensável atender à sua complexidade e à
diversidade de situações com que a docência nos confronta.
3. Da necessidade de formar professores/educadores eticamente orientados
“Falar de ética na formação remete-nos para a questão de saber como se forma
uma consciência ética. Mais do que ensinar princípios deontológicos, põe-se a questão
do como formar para a decisão ética”. (Machado, 2005:130)
A questão é pertinente, na medida em que a mesma autora relaciona a ética, com o
poder de decidir em que consiste uma boa escolha, face à multiplicidade de
circunstâncias com que o quotidiano nos confronta.
Esta é uma realidade que implica, em primeira instância, o reconhecimento de saber
quem somos e o que queremos ser, em suma, de assumir conscientemente o nosso
desenvolvimento pessoal.
Segundo a mesma autora, as decisões nascem da escolha individual, assente naquilo
que cada um entende como “o que deve ser feito,” e este sentido de dever, passa a
determinar a vontade de o fazer.
Mas a ética não se situa num plano absolutamente pessoal. Ela encontra a sua
justificação na relação com o outro, também ele detentor de princípios que determinam
as suas escolhas e enformam a sua vontade.
Deste modo, subscrevemos a perspectiva de Machado, (2005:131) ao afirmar que
“…educar para a ética é acompanhar o outro na subida do monte, sendo o professor
alguém que faz caminho com o outro, procurando criar as condições para que ele
40
possa ir vendo, descobrindo, descobrindo-se, numa dialéctica em que o pensamento e o
afecto se entrelaçam.”
Daqui decorre a necessidade da formação ética assentar num processo de
construção partilhada, em que o professor assumindo com autenticidade aquilo que é e
investindo na qualidade da relação que estabelece com o aluno, o incita à descoberta de
si próprio e daquilo que quer ser.
Assim, não sendo propriamente um modelo que o aluno deverá taxativamente
imitar, sob pena de se negar a si próprio ao invés de se descobrir, Teresa Estrela,
(1991:586) defende que o professor, deve saber “…conjugar a moralidade interior com
a moralidade exterior” traduzida na autenticidade e coerência de pensamentos,
sentimentos e conduta.
Nesta perspectiva, consideramos a vertente ética uma característica essencial da
identidade profissional, que cada docente deverá construir ao longo do seu percurso.
Naturalmente que cada um de nós é dono de um património ético e moral, herdado
do seu ambiente familiar e social. No entanto, a função docente, pelas suas
características de formação e relação com o outro, assentes num padrão de desigualdade
de poder, nomeadamente no que respeita à relação professor-aluno e na
responsabilidade do professor como formador, pressupõe um desempenho ético que
deverá ser promovido desde a formação inicial.
Assim, importa saber que princípios orientadores subjazem a tal formação.
De acordo com Estrela, T. (2008) tais princípios derivam da reflexão de diversos
autores sobre sistemas de pensamento de filósofos, (Aristóteles, Buber, Ricoeur e Jonas)
que aqueles pretendem transpor para o âmbito da formação de professores.
Segundo a mesma autora, também no campo da Psicologia, autores como Kohlberg,
preconizando uma linha de orientação baseada no conceito de justiça, de que é apanágio
41
a criação da Comunidade Justa, e Gilligan contrapondo esta posição, com a necessidade
de uma ética de cuidado, têm influenciado princípios e práticas de formação.
Assim, a complexidade desta temática é, conforme afirma Estrela, (2008:15)
“…susceptível de múltiplas abordagens disciplinares (…) abordagens ecléticas (…) e
tentativas de sínteses sempre difíceis e, por vezes, logicamente contraditórias”.
Quanto ás estratégias de formação, Estrela, (idem:15) considera que as mesmas
traduzem igualmente a diversidade de princípios existentes, mas os seus resultados na
prática têm sido pouco validados pela investigação.
No entanto, das diversas estratégias, apoiadas na literatura inglesa e analisadas por
Estrela (1991), considerámos importante referenciar as que se seguem, no intuito de
compreender o contributo de estudiosos e investigadores, para a formação ética dos
professores.
4. Estratégias de formação de desenvolvimento moral na formação inicial
Assim, começamos por abordar:
-Estratégias tradicionais de base intelectualista:
Consistem na integração da disciplina de ética no plano de estudos do curso de
formação inicial, e abordam os conceitos de ética, baseados no pensamento histórico
dos grandes filósofos. Neste caso, privilegia-se a cultura intelectual como meio de
promoção da formação do carácter.
Esta estratégia possibilita a tomada de consciência dos problemas éticos de âmbito
geral, mas não isenta do perigo do relativismo resultante da análise de diferentes
perspectivas filosóficas, podendo deste modo contrariar os objectivos da formação em
causa.
42
Nesta medida, Estrela (1991: 587) alerta a para a necessidade da reflexão ética
abranger também os problemas concretos da realidade escolar que, segundo nos parece,
se tornará mais eficaz, uma vez que prepara o futuro docente para as reais dificuldades
que irá enfrentar.
Estratégias de tipo pragmático:
Centram-se no estudo de programas de deontologia, baseados na discussão e análise
do código deontológico adoptado, aplicado a situações práticas, reais ou simuladas, do
contexto profissional .(Risk, 1984, citado por Estrela, 1991: 587)
Neste tipo de formação, o professor aprende a reflectir sobre a aplicação às
situações, das normas deontológicas, privilegiando-se a construção de uma moral
profissional e secundarizando a preocupação com a formação da pessoa moral do
professor.
No entanto, como defende Jonas Soltes, (1986, citado por Estrela 1991:587), a
reflexão sobre o código deontológico não responde a todas as necessidades de formação
moral do professor, porque a docência é marcada por uma multiplicidade e diversidade
de situações, que nenhum código pode prever na totalidade.
Por este motivo, uma formação dirigida essencialmente para a reflexão em termos
deontológicos, distancia-se da sensibilização necessária á formação do professor como
pessoal moral, que o habilitaria para a decisão moral, no contexto muitas vezes
imprevisível do acto pedagógico.
-Estratégias inspiradas directamente em correntes cognitivas de desenvolvimento
moral:
43
Têm por objectivo o treino de competências direccionadas para o raciocínio e
deliberação moral.
Nesta perspectiva destacam-se os trabalhos baseados em Kohlberg e na análise de
dilemas morais, aos quais o professor em formação procurará dar resposta, atendendo às
diferentes soluções que lhe são propostas.
Ainda no âmbito deste tipo de estratégias, salienta-se o treino da negociação moral,
em conformidade com o programa de G. Reagan, (citado por Estrela, 1991: 587) que
privilegia a capacidade de argumentação moral, bem como a avaliação dos argumentos
apresentados.
Por seu lado, autores como Liston e Zeichner (idem: 587), centram-se na
deliberação moral, com o objectivo de preparar o professor para identificar e definir
alternativas de acção, atendendo a princípios inscritos numa ética do dever e numa ética
da virtude.
Reconhecendo a importância do treino de competências, parece-nos no entanto que
este tipo de estratégias, embora promova o desenvolvimento do raciocínio moral do
professor, corre o risco de ficar aquém das suas necessidades de formação, face ao
confronto com a realidade, a menos que as situações analisadas nasçam das dificuldades
reais sentidas pelos próprios professores e que estes possam evidenciar claramente e pôr
em discussão, os princípios e valores pelos quais se regem.
Estratégias mistas:
Resultam da combinação de diferentes estratégias, com o objectivo de articular a
reflexão teórica com a prática.
44
Deste modo, baseiam-se em estudos de caso provenientes de situações escolares
reais, que colocam problemas morais, analisados á luz de conceitos como a
imparcialidade, a justiça e o respeito pela pessoa.
Procura-se assim, estimular a consciência moral do professor, preparando-o para o
treino do diagnóstico ético e do juízo moral. (Soltes, 1986)
Deste modo, cremos que tais estratégias, centradas na reflexão ética e na sua
aplicação á prática, habilitam o professor para a avaliação e decisão das situações de
carácter moral, que o acto pedagógico lhe impõe.
Correntes ligadas ao movimento de clarificação de valores:
O Movimento de Clarificação de Valores, baseado em autores como Raths,
Harmim e Simon (1966, citado por Estrela, 1991:588) preconiza a descoberta de valores
pelos alunos, à margem da imposição do professor, sendo este apenas o facilitador e
estimulador neste processo.
O professor escusa-se assim a divulgar os seus próprios valores, no intuito de evitar
constituir-se como modelo para os alunos.
Por outro lado, parte-se do princípio que o facto dos alunos descobrirem por si
próprios os valores que consideram mais importantes e a resolução de conflitos com
base nos mesmos, contribuirá para a construção da sua personalidade de forma mais
coerente.
Esta estratégia poderá começar por centrar-se numa questão da vida real, sobre a
qual o professor estimula a reflexão dos alunos, sem fazer juízos de valor, num clima de
abertura que permite a cada aluno expressar-se livremente.
O objectivo é encontrar alternativas de resolução, considerando as suas
consequências com base na reflexão. (R. Marques, 1999)
45
As críticas a este tipo de estratégia apontam para um potencial relativismo moral,
uma vez que a importância atribuída aos valores assenta numa base de subjectividade
inerente a cada indivíduo e que visa o seu bem -estar e auto-estima. (R. Marques, 1999)
Esta posição poderá favorecer o hedonismo, quanto a nós difícil de conciliar com a
integração na sociedade, que habitualmente assume valores próprios.
Por outro lado, os valores são entendidos apenas num plano de subjectividade,
descurando a sua objectividade, ou seja, a capacidade de valerem por si próprios,
independentes da forma como os sujeitos os encaram.
-Estratégias que se inspiram numa concepção mais ampla da formação moral que
ultrapassa o campo restrito do raciocínio moral e da deliberação moral
Como afirma Estrela, (1991:588) segundo autores como Wilson (1967), a pessoa
moralmente formada, apresenta seis atributos, a saber: ”apreciação como suporte de
deliberação moral, empatia, competências interpessoais, conhecimento, raciocínio e
coragem “.
Deste modo, uma estratégia fundamentada nestes atributos, direccionada para a
análise de situações da vida real e baseada na apresentação de perspectivas devidamente
fundamentadas, proporcionaria o desenvolvimento da actividade racional, num sentido
mais amplo.
Por outro lado, autores como Oja e Sprinthall (1978, citado por Estrela, 1991:588)
apoiam-se nos “…resultados da investigação que estabelece relações entre os estádios de
desenvolvimento do eu (Loevinger), os estádios de desenvolvimento cognitivo (Rest e Hunt) e os
estádios de desenvolvimento moral, para conceberem estratégias de formação, que contemplem
simultaneamente os aspectos referidos.”
46
Neste caso, o objectivo seria conjugar o treino de competências de comunicação
interpessoal, promovendo a compreensão de si e dos outros, com base em técnicas de
ensino indirecto e individualizado, bem como na análise de dilemas morais.
Em suma, importa ressalvar que grande parte dos trabalhos mencionados é de
carácter apenas reflexivo, não assentando em bases experimentais comprovadas.
Ainda assim, este breve resumo das diferentes estratégias, destinadas a promover o
desenvolvimento moral do professor, sobretudo na formação inicial, reflectem a
importância que esta problemática tem vindo a assumir e a preocupação dos
investigadores, na tentativa de encontrar as melhores formas de actuação,
Esta não se afigura uma tarefa fácil, mediante a multiplicidade de variáveis que
intervêm no processo de desenvolvimento moral dos professores.
Neste aspecto, importa referir a formação moral pessoal, de que cada um é portador
e da qual nem todos têm plena consciência.
Por outro lado, a multiplicidade de situações que caracterizam o nosso quotidiano
pessoal e profissional, desafiam-nos continuamente à tomada de decisões que apelam à
nossa consciência ética.
Assim, reforçamos uma vez mais a pertinência da afirmação de Constança
Machado, (2005:130) ”de saber como se forma uma consciência ética”.
A este respeito e face às estratégias já referidas, pensamos que quaisquer delas
serão melhores que nenhumas, pois tempos houve, em que a formação inicial de
professores nem tão pouco contemplava a dimensão ética nos seus planos de curso.
No entanto, apesar dos progressos alcançados a este nível, entendemos ser relevante
considerar as diferentes estratégias apresentadas, não numa óptica de exclusão de umas
em relação a outras, mas numa perspectiva eclética, que permita conjugar diferentes
estratégias, por adaptação às características do grupo de formandos a que se reporta.
47
Consideramos assim, que o desenvolvimento moral do professor não se processa à
margem dele próprio, e como tal, terá necessariamente que ter em conta a sua formação
moral pessoal e características da sua personalidade, pois conforme afirma Estrela ”:
(1991:589) “…torna-se impossível dissociar a formação moral de uma formação
pessoal e social de que o professor não pode ser mero objecto, mas terá de ser sujeito
activo”.
A mesma autora defende ainda que um programa de formação moral do professor,
deverá ter como ponto de partida a análise do real, equacionando os problemas dela
resultantes e em função destes definir as necessidades de formação.
Para tal, é necessário “…investigar o pensamento moral do professor” (Estrela
1991:589) pois só este trabalho poderá fornecer dados que permitam elaborar programas
de formação moral, adaptados às necessidades reflectidas pelos formandos, ou seja, uma
formação ligada aos contextos e situações de trabalho.
Nesta perspectiva, a pessoa do professor enquanto ser moral, constitui o principal
sujeito da sua formação, pois como afirma Estrela (1999:31) “…a formação ética não é
uma formação técnico-didáctica que se possa impor do exterior e é indissociável da
consciência moral, forçosamente pessoal e íntima…”.
Assim, desta afirmação, parece-nos poder inferir que a formação ética deverá
centrar-se antes de mais no educador enquanto pessoa, não esquecendo no entanto, o
profissional.
Deste modo, pensamos que os modelos e estratégias de promoção de
desenvolvimento moral preconizados pelos diferentes autores, não deverão ser
adoptados rigidamente, mas sim adaptados ás características pessoais evidenciadas
pelos formandos. No entanto, independentemente da sua formação moral pessoal, estes
48
necessitam de desenvolver competências profissionais, que os habilitem para o papel de
agente ético que a profissão docente lhes exigirá.
De facto, o percurso profissional, no caso de um educador, não se limita ao espaço
e à relação pedagógica que mantém com o seu grupo e com cada criança.
Além da sua actividade pedagógica, no espaço do Jardim-de-infância e do
relacionamento profissional com os seus colegas, auxiliares e superiores hierárquicos,
acrescem responsabilidades de carácter administrativo e ainda de gestão do Jardim-de-
infância, que implicam um trabalho de articulação com as autarquias.
Do seu universo profissional fazem igualmente parte os pais, parceiros
privilegiados no processo educativo, com os quais é imprescindível trabalhar em
conjunto, o que exige por vezes do educador grande sensibilidade para os incentivar à
colaboração, contornar obstáculos, gerir diferenças, encontrar soluções, dentro de uma
perspectiva de respeito e responsabilidade profissional.
No que respeita ao pessoal não docente, cabe ao educador criar um indispensável
ambiente de equipa, o que implica muitas vezes gerir conflitos, promovendo a
solidariedade, o sentido de responsabilidade e a relação afectiva com o grupo de
crianças.
O desempenho do educador passa igualmente pelo trabalho de equipa com outros
colegas, através da partilha de experiências e conhecimentos, da construção de
instrumentos de trabalho e da planificação de actividades conjuntas, que exigem
capacidade de diálogo, flexibilidade e respeito mútuo. Ademais, o espírito colegial e a
articulação com a escola constituem hoje características do profissionalismo do docente,
apontados por autores como Hargreaves, D. & Hargreaves.
Por outro lado, as crianças com dificuldades de aprendizagem ou de risco social
impõem igualmente uma relação profissional com os diversos técnicos e serviços
49
especializados, na busca de soluções concertadas, com o objectivo de corresponder da
melhor forma ás necessidades detectadas.
Ao educador cabe ainda o papel de interventor junto da comunidade local, através
da pesquisa e conhecimento das características da mesma, com o objectivo de
inventariar recursos passíveis de integrar projectos conjuntos, que aproximem o Jardim
de Infância do meio em que está inserido.
Face á multiplicidade de funções e de públicos com que tem que interagir, é
essencial que o educador se afirme como agente ético, reforçando-se assim a
importância da sua formação inicial nesta dimensão.
Neste contexto, destacamos a perspectiva de Estrela (1999: 31) ao afirmar “ Porque
a dimensão ética da actividade educativa é aquela em que mais intimamente se
interligam a pessoa e o profissional, requer-se um modelo integrador que contemple
simultaneamente as necessidades da pessoa e as competências profissionais desejáveis,
mobilizando estratégias variadas que contemplem o carácter multifacetado da
formação ética do educador. Esse modelo deverá eleger como centro polarizador da
formação a pessoa do educador enquanto pessoal moral e adulto em
desenvolvimento…” .
Assim, subscrevendo esta autora, pensamos que um programa de formação ética
deverá conjugar modelos e estratégias, que possibilitem harmonizar a formação moral
pessoal do futuro educador, com uma ética profissional, que lhe permita adquirir as
competências necessárias ao desempenho da sua função.
Neste domínio, Estrela. (1999) realça a importância do auto questionamento ético e
do desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o mundo e sobre si próprio,
atendendo aos aspectos relacionais e afectivos, fundamentais neste processo de
formação.
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A mesma autora defende que tal questionamento deverá centrar-se na escola e nas
situações ali vivenciadas, privilegiando dinâmicas de trabalho de grupo, uma vez que o
processo de formação passa sempre pela relação com o outro.
Assim, partindo do modelo integrador de várias estratégias, e com base no referido
questionamento, definem-se as necessidades dos formandos, quer ao nível do treino de
competências, quer de pesquisa teórica, que permitam aprofundar as questões em causa.
Nesta medida, Estrela (1999: 31) preconiza estratégias, visando uma dupla
orientação:
- “…a tomada de consciência dos aspectos e problemas de carácter ético inerentes
às situações educativas do Jardim de infância…”
-“…a tomada de consciência de si em acção, enquanto pessoa total, eticamente
responsável perante si e perante os intervenientes no processo educativo.”
Relativamente a situações surgidas no âmbito da actividade educativa do Jardim-
de-infância, Estrela, referindo Soltes (1985), aponta para a análise de situações
observadas ou descritas á luz de uma perspectiva ética.
Neste contexto, cabem acontecimentos múltiplos que envolvem as experiências de
vida da criança, quer no meio familiar e social, quer no espaço do Jardim-de-infância e
que implicam tomadas de decisão moral do educador, decisivas para o desenvolvimento
moral da criança.
Assim, é essencial que a formação inicial desperte o futuro educador para o
exercício destas competências, promovendo o seu auto questionamento, baseado numa
visão ética das situações da prática pedagógica.
51
Outras estratégias apontadas por Estrela, (1999) referem a análise de códigos
deontológicos, em aspectos relacionados com situações específicas, ou ainda a reflexão
sobre a Declaração Universal dos Direitos das Crianças.
A outra perspectiva apontada por Estrela (1999) na formação ética é, como já foi
referido, a necessidade de tomada de consciência de si, assumindo-se como pessoa
eticamente responsável, quer em relação à tomada de posições pessoais, quer no seu
relacionamento com os outros.
No sentido de atingir este objectivo, a mesma autora propõe estratégias de auto
conhecimento e auto crítica, de carácter fundamentalmente operacional.
Assim, sugere entre outras:
- A auto e hetero-observação de registos áudio e vídeo do educador em acção,
correspondendo a um dia de trabalho ou a diversos momentos e durante vários dias.
- O relato e análise de situações ou dilemas de natureza ética, ocorridos durante um
determinado período de tempo.
- As narrativas orais e escritas derivadas do contexto profissional, que promovem o
desenvolvimento moral, ao permitirem ao educador assumir maior responsabilidade em
relação aos seus pensamentos e acções morais.
- A escrita e análise de diários, espontâneos ou orientados, com o objectivo de
esclarecer a dimensão ética da acção educativa.
O auto questionamento pressupõe igualmente um conjunto de questões centradas na
sua actuação, para as quais o futuro educador deverá ser sensibilizado, no sentido de
promover o espírito auto crítico, essencial para o seu progresso profissional, ao longo da
sua carreira.
Assim, da formação inicial dos educadores deverá resultar, o conhecimento de si
próprio, principalmente ao nível da dimensão ética em que nos situamos, a capacidade
52
de diagnosticar o real, o pensamento reflexivo sobre a sua actuação à luz de princípios
éticos, e a flexibilidade necessária para saber actuar eticamente, face à multiplicidade de
situações da prática pedagógica.
Para tal, requer-se da formação inicial, o desenvolvimento de competências, através
da implementação de estratégias consonantes com os objectivos a atingir.
É nesta medida que defendemos um modelo de formação integrador, que permita a
utilização de estratégias decorrentes de vários modelos, com o objectivo de
corresponder às necessidades evidenciadas pelos formandos.
53
CAPÍTULO III – Deontologia e profissão docente
1. Conceito de deontologia
No seu sentido etimológico, deontologia é um vocábulo de origem grega
constituído pelos termos deon, significando obrigação ou dever e logos, relacionado
com discurso ou ciência. (Reis Monteiro, 2005: 24)
Numa perspectiva mais actual e específica, Deontologia refere-se à Ética
Profissional, e tem por objectivo regular o exercício de uma profissão, através da
formulação de princípios, deveres e direitos. Estes, baseiam-se nos valores que essa
profissão considera fundamentais e são expressos através do código deontológico. (Reis
Monteiro, 2005:24)
Segundo o mesmo autor, o código deontológico apoia os interesses e direitos dos
profissionais a quem se dirige, protege-os de pressões ilegítimas e da concorrência
desleal. (2005:27)
Além disso, “Reforça o sentimento de pertença a uma comunidade profissional de
valores, saberes e interesses, promovendo assim a identidade, dignidade, credibilidade
e prestígio da profissão.” (Reis Monteiro, 2005:27)
Deste modo, a definição de um código deontológico contribui para a construção da
identidade de uma profissão, na medida em que promove o Profissionalismo, entendido
como um ideal de serviço, em prol do qual os profissionais se empenham, á luz dos
valores inscritos no código que os representa.
Nesta perspectiva, podemos considerar que a deontologia constitui um pólo
motivador de acção, que assegura o correcto exercício da profissionalidade, traduzida
por um melhor desempenho dos profissionais, o que consequentemente contribui para
um maior estatuto da classe e a torna mais prestigiada e atractiva.
54
No entanto, acresce salientar que a deontologia incide igualmente sobre a
responsabilidade profissional, no sentido de aferir as faltas ou falhas detectadas, á luz
das normas estabelecidas no respectivo código.
Numa perspectiva mais positiva, é ainda este sentido de responsabilidade que induz
à profissionalidade, que cada sujeito exprime no seu agir profissional, mesmo em
situações que o código não prevê de forma explícita.
2. Breve historial da deontologia docente em Portugal
Não cabe no âmbito deste trabalho, uma análise exaustiva sobre as razões que
contribuíram para inexistência, em Portugal, de um código deontológico da profissão
docente. No entanto, pensamos ser importante desenvolver um breve apontamento
histórico sobre esta questão, baseado nalguns autores.
Assim, segundo Estrela (1993), a inexistência de uma deontologia da profissão
docente em Portugal, deve-se a várias contingências de ordem social e da própria
classe. Em relação a esta última, a mesma autora, (1993) citando Fernandes (1989),
refere-se à importância do associativismo dos professores do Ensino Primário, no final
da monarquia e durante a 1ª República, que poderia ter constituído a génese de uma
deontologia da profissão docente, mas que acabou por nunca se desenvolver, em
virtude das querelas internas entre docentes e do baixo estatuto social da profissão.
Estes factores condicionaram a construção de uma verdadeira identidade
profissional e consequentemente a sua autonomia. Por outro lado, Estrela, (1993:196-
197) refere ainda contingências de ordem social como “…uma pressão social forte e
vigilante sobre os modelos de actuação profissional que não eram postos em causa” e
também porque ao serem criadas as escolas de formação, se estabeleceram os princípios
55
pelos os quais o ensino se deveria reger, os docentes conformaram-se á condição de
sujeitos dependentes dos deveres definidos pela entidade empregadora.
Esta situação agravou-se durante o Estado Novo em que, como afirma Estrela,
(1993:197) “…tudo parece apontar para o controlo da profissão por parte do Estado.”
Segundo a mesma autora, ao substituir-se aos professores na regulação dos
aspectos ético-pedagógicos que deveriam emanar da reflexão dos docentes sobre a
profissão e serem consonantes com a sua vontade, o Estado impõe princípios ético-
políticos e enfraquece a autonomia dos professores.
Esta atitude de monopólio da educação, centrada no Estado, promove, segundo
Estrela, 1993:197) “…um tipo de profissionalismo exterior à classe, assente na
exemplaridade da pessoa e na submissão à autoridade”.
Com a revolução de Abril, as associações sindicais assumem a voz dos professores,
no diálogo com o Estado.
Neste contexto, nasce o Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos
Professores dos Ensino Básico e Secundário, publicado em 1990, e que na perspectiva
de Estrela, (1993:199) contribuiu para a unificação dos direitos e deveres dos docentes
de todos os níveis de ensino. No entanto, de acordo com Pedro D’Orey da Cunha
(1996) o diálogo entre os sindicatos e o Estado, baseou-se essencialmente num
paradigma deontológico de direitos, assente em reivindicações e na busca de justiça.
Nesta perspectiva, é assumida pelos sindicatos, a defesa dos direitos dos
professores em relação á tutela, sendo a definição dos deveres, resultante da imposição
do Estado ou de uma negociação com aqueles. Este paradigma de direitos, assim
designado por D’Orey da Cunha, (1996) centra-se na condição do professor, face ao
sistema definido pela tutela.
56
No entanto, o mesmo autor (1996) defende a importância de um paradigma de
responsabilidade, que assenta, não no profissional (professor), mas no cliente (aluno) e
nos deveres do primeiro para com o segundo.
É igualmente neste paradigma que se situam os códigos deontológicos associados
ás profissões liberais e que lhes permitiu assegurar sua autonomia e prestígio social.
Assim, pensamos que o paradigma da responsabilidade será mais eficaz, uma vez
que não diminui os direitos dos docentes, mas antes potencia o seu desempenho e
prestigia a profissão.
Por outro lado, salientamos o aparecimento da Pró-Ordem dos Professores, cuja
iniciativa levou á elaboração de uma proposta de código, para ser debatido pelos
docentes, mas que até à data não parece ter obtido resultados significativos.
Assim, pensamos que o código deontológico da profissão docente tem ainda um
longo caminho a percorrer, até se constituir como documento representativo dos
deveres e direitos profissionais da classe e emanados desta.
Para tal, os aspectos ético-deontológicos têm que ser sentidos como uma prioridade
da profissão, por todos os docentes.
A sensibilização a estes aspectos deve, em nosso entender, passar pela formação
inicial dos professores, como já acontece actualmente em algumas ESES, através de
disciplinas como “Deontologia Profissional”, “Axiologia Educacional” e “Formação
Pessoal e Social”.
Por outro lado, e pensando em todos os professores que não tiveram acesso a esta
temática, nos cursos de Formação inicial, entendemos ser fundamental que a Formação
Contínua se ocupe desta lacuna, pois como afirma A. Reis Monteiro (2006:3)
” Aprender Deontologia é, portanto, aprender a pensar, decidir, agir e reagir
profissionalmente, isto é, responsavelmente”
57
Finalizamos este breve percurso histórico, com a actual situação da docência que
atravessa um momento crítico.
A comprovar este facto, salientamos o novo Estatuto da Carreira Docente aprovado
apenas pela tutela, (Decreto-lei nº15/2007 de 19 de Janeiro) sem o apoio dos restantes
parceiros, um mal-estar docente generalizado por todo o país, o clima de violência nas
escolas e o desprestígio e desvalorização acentuada da classe, pela própria tutela, tendo
como consequência a indignação dos docentes, manifestada de várias formas.
Face a tais circunstâncias, pensamos que a realidade ultrapassou os esforços que
têm sido feitos, no sentido de construir uma deontologia da profissão docente, porque
entendemos que se esta estivesse claramente definida e oficialmente reconhecida, teria
acompanhado e facilitado todo o processo de mudança introduzido, de uma forma mais
digna para a educação.
Além disso, o novo Estatuto da carreira Docente contém a definição de um
conjunto de direitos e deveres atribuídos aos professores, sem a participação destes
nesse processo, nem o apoio das estruturas que os representam, contrariando assim as
recomendações da UNESCO/OIT.
Nesta medida, consideramos urgente a construção de um código deontológico da
profissão docente, com a participação legitimada dos professores, que defina o seu
papel em relação a todos os intervenientes no processo educativo e a implicação destes
neste processo, clarificando assim as responsabilidades de todos e de cada um, na
defesa de um direito fundamental a todos os seres humanos: o direito de acesso à
melhor educação.
58
3. Da necessidade e pertinência da deontologia
De acordo com alguns autores, foi possível aferir que a deontologia como
manifestação da ética profissional, nasceu em primeira instância entre as chamadas
profissões liberais, (de entre as quais se destaca a medicina como pioneira) pela
necessidade de controlar o exercício da profissão, através da definição de valores que
assegurem uma prática responsável, e salvaguardem a sua autonomia. (D’Orey da
Cunha, 1996; Silva, L.1977; Reis Monteiro, 2005)
Por seu lado, Pedro D’Orey da Cunha (1996) salienta ainda que as profissões
liberais se desenvolveram na base de uma relação directa entre os respectivos
profissionais e os seus clientes, com o objectivo de lhes prestar os melhores serviços.
Assim, são as necessidades dos clientes que determinam em primeira instância os
deveres dos profissionais.
Por este motivo, D’Orey da Cunha (1996) considera que a deontologia das
profissões liberais assenta num paradigma de responsabilidade, na medida em que os
deveres para com os clientes e o modo como são aplicados, constituem a razão
fundamental para o desempenho profissional, contribuindo assim para regular e
prestigiar a profissão.
Deste modo, são muitas as profissões, que actualmente se constituem em Ordens
Profissionais, que assumem funções de regulação da qualidade da profissão, bem como
a representação e a defesa dos interesses profissionais, alicerçados numa ética
profissional.
Face ao que foi exposto, pensamos poder inferir que a deontologia constitui um
elemento chave de uma profissão, que se quer marcada pela responsabilidade do
compromisso ético, evidenciado na prestação de serviços.
59
No entanto, no domínio da docência, que apresenta um carácter eminentemente
ético, não tem sido muito visível o empenho pela construção de uma ética profissional,
que oriente, apoie e valorize os seus profissionais, em ordem a um ideal de
Profissionalismo, direccionado para a excelência.
Esta mesma preocupação, foi há muito evidenciada por Estrela (1986:307), que em
defesa do profissionalismo docente, apelou entre outras medidas, a “…uma formação
adequada, pela estruturação da carreira consagrando o mérito e a formação
permanente, por melhores condições de trabalho nas escolas (…) pelo incremento da
investigação científica no domínio do ensino-aprendizagem, (…) pela abertura e
participação dos docentes na investigação (…) pela elaboração de um código ético da
profissão que previna os desvios e contribua para a formação da identidade
profissional dos entram na carreira”.
Subscrevendo esta posição, entendemos que na actual situação, muitas destas
medidas continuam a constituir uma necessidade cada vez mais premente. De entre
estas, destacamos o código deontológico da profissão, que a mesma autora (idem, 307)
referenciando as recomendações da UNESCO de 1966, defende que “…deve ser da
iniciativa das organizações de professores, de modo que os docentes o sintam como seu
e não como uma imposição exterior, violentadora da sua autonomia e até da
consciência profissional”.
Na nossa perspectiva, esta análise exige uma profunda e urgente reflexão por parte
da classe docente, na medida em que as vantagens da existência de um código
deontológico, à semelhança das que se evidenciam noutras profissões, apontam para
uma “… preservação da imagem social da profissão, um traço de união entre os
profissionais, um elemento de construção de identidade profissional e um meio de
criação de um ethos de classe" (Estrela, 1993:188-189).
60
Por seu lado, Carr, (2000:25 citado por Monteiro, 2005:28-29) considera que
“…uma profissão digna do seu nome deve ser governada por um código de ética
profissional que identifica claramente as obrigações e responsabilidades profissionais
por referência aos direitos dos clientes e pacientes”.
Esta mesma posição, já defendida por D’Orey da Cunha (1996), conforme
anteriormente referenciámos, dirige igualmente o código para a responsabilidade de
corresponder às necessidades dos clientes, neste caso os alunos.
Deste modo, um código deontológico da docência promove o profissionalismo,
atendendo aos múltiplos aspectos da profissão, quer em termos da sua identidade e
credibilidade enquanto classe profissional, quer no paradigma da responsabilidade
assumido em relação aos alunos. Este último, surge realçado também por Teresa Estrela
(1991), que destaca as características da actividade docente, de formação e apoio ao
desenvolvimento de crianças e jovens, considerando que a dimensão ética assume
proporções ainda mais relevantes na docência, do que em muitas outras profissões.
Isto porque a relação professor-aluno põe em destaque dois seres humanos, em
circunstâncias de desigualdade de poder, de vulnerabilidade e maturidade.
Assim, a primeira preocupação de um professor deverá centrar-se no aluno e na
qualidade da relação que estabelece com ele, o que exige uma formação profissional
assente no desenvolvimento de uma consciência ética.
Nesta perspectiva, concordamos com Estrela (1991: 585) quando afirma a
necessidade de “…reconhecer a importância da formação do professor como pessoa
moral…”
No entanto, segundo a mesma autora, é essencial que essa formação alerte e
sensibilize o professor, para a importância de fazer corresponder a intenção ética, á
61
acção, ou seja, que exista coerência entre a pessoa moral do professor e a sua actuação
na prática pedagógica.
Este constitui mais um dos motivos pelos quais consideramos indispensável a
criação de uma deontologia da profissão docente.
4. A pertinência de um eventual código deontológico da profissão docente
Muitos investigadores têm pugnado por esta causa, reconhecida já em 1966, como
Recomendação da UNESCO/OIT, e que surge citada por Reis Monteiro, (2005: 73) nos
seguintes pontos:
70. “Reconhecendo que a condição da sua profissão depende, numa larga medida,
dos próprios professores, todos os professores deveriam procurar agir em
conformidade com normas tão elevadas quanto possível, em todo o seu trabalho
profissional.
71. Devem ser definidas e mantidas normas profissionais relativas ao desempenho
dos professores, com a participação das suas organizações.
72. Os professores e as suas organizações devem procurar cooperar plenamente
com as autoridades, no interesse dos estudantes, do serviço da educação e da
sociedade em geral.
73.Deveriam ser estabelecidos pelas organizações dos professores códigos de
ética ou de conduta, que contribuem grandemente para assegurar o prestígio da
profissão e o cumprimento dos deveres profissionais segundo princípios aceites.
62
Estas recomendações, destacam entre outros aspectos, a importância do
desempenho profissional, baseado numa dimensão ética, conforme já foi aferido
anteriormente.
Por outro lado, referem o papel das organizações dos professores na elaboração de
normas profissionais, reconhecendo assim a sua importância na regulação do
desempenho profissional.
Salientam ainda a necessidade dos professores cooperarem com as autoridades,
com outros serviços da educação e com a sociedade em geral, tendo como referência os
interesses dos alunos, cuja formação pessoal e social não se desenvolve apenas em
contexto escolar, mas implica necessariamente o envolvimento de todos os
intervenientes no processo educativo e o apoio da sociedade.
Por último, é recomendada, a elaboração de códigos de ética, pelas organizações de
professores, visando regular o cumprimento dos deveres e direitos profissionais,
contribuindo para a construção de uma imagem social prestigiada da docência,
contrária á que se tem vindo a desenvolver.
Como resultado de tais recomendações, e em conformidade com autores estudiosos
da matéria como, Estrela, (1993) e Monteiro, (2005) parece ser consensual que um
código deontológico da profissão docente contribuiria para:
- Regulamentar o exercício da profissão, salvaguardando os direitos dos
profissionais e dos alunos;
- Definir as competências necessárias para o desempenho da docência e o modo
responsável como esta deve ser exercida;
- Permitir uma maior autonomia da profissão, através da auto-regulação;
- Favorecer a construção da identidade profissional;
63
- Promover e salvaguardar, a credibilidade, o prestígio e a dignidade da profissão.
- Constituir um factor de união entre os docentes.
- Representar a profissão, perante a sociedade e o Estado;
No entanto, apesar de se revelar como uma profissão de carácter marcadamente
ético e responsável em parte, pela formação dos alunos a este nível, a necessidade de
um código deontológico da profissão docente, não reúne o consenso total dos docentes,
embora uma maioria considerável se manifeste a favor da sua existência.
Esta afirmação assenta nos resultados pela investigação actualmente em curso, na
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa, sob o tema já atrás
referenciado “Pensamento e Formação ético-deontológicos de Professores”.
Esta investigação propõe-se contribuir para o aprofundamento da reflexão ético-
deontológica dos professores e para o desenvolvimento de estratégias de acção
promotoras do desenvolvimento ético dos alunos. (Relatório de progresso, 2007)
O público-alvo deste estudo, abrangeu docentes de todos os graus de ensino, do
distrito de Bragança e da zona de Lisboa e da Lezíria e Médio-Tejo
Em termos metodológicos, a recolha de dados foi realizada através de entrevistas
semi-directivas, seguidas do tratamento de dados com base na análise de conteúdo e
também de um conjunto de investigações que deram origem a dissertações de mestrado,
de que é feita uma revisão por Estrela (2003). Do resultado desta primeira parte do
trabalho, verificou-se alguma heterogeneidade de posições entre os docentes
entrevistados dos diferentes graus de ensino.
Os resultados obtidos são relativos aos sujeitos entrevistados, não se pretendendo
qualquer generalização.
64
Assim, constatou-se no Relatório de Progresso (2007:28), que os educadores
“…consideram que em vez de um código deveriam existir recursos facilitadores do
trabalho, uma formação adequada e um funcionamento de coordenação dos
agrupamentos” .
Quanto aos docentes do 1º, 2º e 3º ciclos, referem a necessidade de criar um a
Ordem Profissional para regulação a profissão. No entanto, relativamente á existência
de um código, os docentes do 3º ciclo apresentam uma posição parcialmente favorável,
reconhecendo dúvidas e simultaneamente vantagens para a profissão e para a
sociedade.
Alguns professores do 1º e 3º ciclo assumem uma posição céptica quanto aos
resultados do código e um professor do ensino secundário”…considera perigosa a
existência deste documento” (idem:29)
Os docentes do ensino secundário referem ainda a “… indefinição de fronteiras na
aplicação a casos individuais e a possibilidade de enquadrar todos os professores no
mesmo código como fonte de incerteza” (idem:29-30)
Assim, a incerteza manifesta-se em todos os ciclos de ensino, uma vez que todos os
grupos apresentam dúvidas em relação ao código.
Quanto á atitude favorável, traduzida na enumeração das vantagens do código, tais
como: a unificação da classe, facilitação e procedimentos, esta é manifestada pelos
docentes de todos os graus de ensino que foram entrevistados.
Relativamente á necessidade de um código transversal à profissão e á necessidade
de regulamentação da mesma, manifesta-se essencialmente entre os educadores e
professores do 2º ciclo.
65
No seguimento do Projecto, foram aplicados questionários a uma amostra mais
extensa da população docente, nas zonas geográficas já referenciadas, sendo o
tratamento de dados realizado segundo uma metodologia quantitativa.
A leitura dos resultados quantitativos oferece-nos uma perspectiva diferente da
obtida dos estudos qualitativos.
Assim, em relação à necessidade de um código deontológico da profissão docente,
os resultados apontam para 72,3% de docentes concordantes, 17,9% de indecisos e
5,7% de discordantes.
Quanto às vantagens e inconvenientes do código 30,9% considera que este
apresenta mais inconvenientes do que vantagens, enquanto 57,7% se manifesta em
desacordo com tal posição.
Verificamos assim, que a actual tendência dos docentes se inclina maioritariamente
para a existência de um código que contribua para a auto-regulação da profissão.
Neste medida, considerámos pertinente compreender a organização de um código
deontológico, enquanto documento. Para tal, baseámo-nos na perspectiva de Estrela,
(1993: 190-194) que tendo analisado diversos códigos, constatou que apontam na sua
generalidade para aspectos tais como:
- a sua origem “ nas associações profissionais de carácter sindical ou escolas de
formação de professores “;
- a sua estrutura, que em termos gerais é constituída por um preâmbulo onde se
definem “os grandes princípios que fundamentam a normas” pelas quais se rege o
respectivo código;
- o código em si mesmo, que inclui o conjunto das normas reguladoras do
comportamento dos profissionais. Estas normas podem estar organizadas por capítulos
ou apenas reunidas num bloco único.
66
- a sua extensão que se apresenta bastante variável em função dos códigos;
- a orientação das normas, sendo que estas dependem dos alvos que pretendem
atingir, ou seja, dos deveres preconizados para com os diferentes destinatários, a saber:
os deveres para com os alunos, para com os colegas, para com os pais, para com a
Escola, para com o público em geral, para com a profissão, para com os superiores,
para com as associações profissionais e em relação ás práticas de emprego.
Relacionado com o presente trabalho, salientamos o código da NAYEC, destinado
aos educadores de infância, em que o preâmbulo destaca o compromisso face a diversos
princípios relacionados com a valorização e apoio à infância, com o envolvimento da
família neste processo e com a importância de respeitar e defender a dignidade da cada
criança.
As secções seguintes incluem sempre um conjunto de ideais, seguido de um
conjunto de princípios.
Assim, o referido código apresenta a seguinte estrutura:
- Secção I – Responsabilidades éticas para com as crianças.
- Secção II – Responsabilidades éticas para com as famílias.
- Secção III – Responsabilidade para com os outros profissionais:
a) - Responsabilidades para com os colegas
b) - Responsabilidades para com os empregadores
c) - Responsabilidades para com os empregados
-Secção IV – Responsabilidades éticas para com a comunidade e a sociedade.
Outra proposta de Código deontológico, surge de um trabalho de investigação
realizado por Celina Ferreira, sob a orientação de João Formosinho, do Instituto de
Estudos da Criança da Universidade do Minho.
67
Neste trabalho, o código diferencia-se, segundo os seus autores (1996:247-248) dos
“…tradicionais estatutos da profissão, e não se conforma a um mero instrumento de
legitimação e regulação da prática docente”, mas tem por objectivo constituir um
ponto de partida para promoção da reflexão deontológica da docência.
Este estudo foi baseado na análise de diferentes Códigos deontológicos de
profissões liberais e na carta deontológica do serviço público, bem como nos direitos da
Criança e no Estatuto da Carreira Docente (versão que vigorava em 1996) e ainda no
apoio de literatura relacionada com a deontologia e concepções pedagógicas.
Por opção justificada dos seus autores, Ferreira & Formosinho (1996:262) de que
um código deontológico “…é uma compilação de leis baseadas nos deveres especiais
de uma determinada situação…” excluíram-se os direitos, sendo assim um estudo que
se centra exclusivamente nos deveres dos professores como profissionais da educação.
A definição de tais deveres considera a diversidade de papéis que o professor
poderá assumir.
Por outro lado, salienta-se a preocupação pelos princípios éticos e valores que
subscrevam o consenso social, mas que possam simultaneamente salvaguardar a
autonomia individual na sua aplicação às situações.
Assim, do desenvolvimento deste estudo emergiram os seguintes deveres:
- Deveres Genéricos do Professor;
- Deveres para com o cliente (alunos e famílias);
- Deveres para com a comunidade e o público em geral;
- Deveres nas relações com os congéneres;
- Deveres nas relações com outras profissões;
- Deveres nas relações com os serviços públicos;
- Deveres nas relações com a Organização (instituição que assume o código);
68
-Deveres nas relações com o Estado (subscrevendo uma perspectiva não de
subordinação, mas de parceria educativa).
No entanto, os autores admitem a possibilidade desta proposta de código vir a gerar
controvérsia entre a classe docente, por diversas razões.
Em primeiro lugar, este grupo profissional apresenta-se bastante heterogéneo, não
só em termos de características individuais, como também pelo facto de entre os vários
docentes existirem subculturas que são por vezes motivo de conflito.
Na origem destas subculturas estão, segundo Ferreira & Formosinho (1996:275)
“…factores relacionados com os diferentes níveis de ensino onde os professores
leccionam, a diversidade de graus e tipos de formação que possuem, a posição que
ocupam na carreira e a localização da escola onde trabalham”.
Outros aspectos que podem contribuir para a controvérsia em torno desta proposta
de código, são as associações profissionais e sindicais, que segundo estes autores
“permitem a adesão dos professores em função dos vários interesses em jogo”. (idem,
275)
Nesta perspectiva, subsistem um número elevado de sindicatos e associações
agregadas ao nível de ensino, grau académico ou das disciplinas que leccionam.
Esta estratificação em nada beneficia o consenso necessário à constituição de um
instrumento auto regulador da profissão. Mas as diferenças não se detêm por aqui.
Segundo Formosinho (1992, 1996:275), o modo de encarar e exercer a própria
profissão, reflecte as diferentes concepções que se têm da docência, considerando-a sob
uma perspectiva “…militante, missionária, laboral, burocrática, artística e
profissional”.
A dificuldade de encontrar consenso quanto aos princípios orientadores que
deverão constar num código, no seio de toda esta heterogeneidade, torna urgente a
69
necessidade da reflexão e debate sobre esta temática, em nome do profissionalismo e de
um futuro melhor para a educação.
Pensamos que este alerta, lançado por Estrela (1986; 1993), reforçado ainda pelos
estudos de Ferreira & Formosinho (1996) e orientado uma vez mais por Maria Teresa
Estrela, enquanto coordenadora do Projecto “Pensamento e Formação ético-
deontológicos de professores”, actualmente em fase de execução, como já
anteriormente referenciado, torna a questão cada vez mais actual e pertinente.
Por seu lado, Reis Monteiro (2005), debruçou-se igualmente sobre a problemática
da deontologia docente, avançando com uma nova proposta de um órgão auto regulador
da profissão.
Este autor salienta que em Portugal, habitualmente os códigos deontológicos têm
por base uma associação, que nalguns casos assume a forma de Ordem. Esta é definida
pelo mesmo autor como “…pessoa colectiva pública de base associativa, de numa
perspectiva analítica da situação actual, natureza intermédia entre associação privada e
instituto público, de inscrição obrigatória, para prossecução de interesses privados e
públicos”. (Monteiro, 2005:19)
Reis Monteiro refere ainda que a organização interna da Ordem é variável, possui
autonomia administrativa, financeira, disciplinar e regulamentar.
Para além das Ordens, existe um número considerável de Associações, ou
Câmaras, que regulamentam deontologicamente várias profissões.
No entanto, no caso da profissão docente, que envolve a construção de um ser
humano, no apoio em todas as suas vertentes e ao longo de todo o seu processo de
crescimento e consequentemente, com grandes implicações ético-morais, não existe um
organismo de carácter deontológico, que favoreça a sua auto-regulação.
70
Segundo Reis Monteiro (2005:49), várias são as razões que justificam esta
situação, sendo que a principal depende da própria natureza da docência, que é
essencialmente “… dependente e pública, exercida em regime de assalariado, com
limitada autonomia e de modo geralmente colectivo”.
O Estado assume o serviço público da educação, enquanto a representatividade dos
docentes se consigna a vários organismos (sindicatos e associações) com funções
meramente consultivas, em relação ao Estado.
Assim, e citando Reis Monteiro, (2005:49) “…o Estado está na posição de
empregador e regulador, ao mesmo tempo, e os sindicatos também estão na posição de
juízes e partes no que respeita ao controlo do exercício da profissão e ao exercício de
um poder disciplinar”.
Por conseguinte, outro factor que dificulta a criação de um organismo auto
regulador da profissão, tem sido a resistência por parte dos sindicatos, que se assumem
como representantes da classe docente.
Reis Monteiro situa-se no âmago da questão, ao defender que a criação de um
órgão auto regulador da profissão docente não desvincula o Estado e os sindicatos, das
funções que lhe são inerentes, mas ocupa o espaço que falta na docência “…proteger os
destinatários dos serviços da profissão e garantir a sua qualidade no interesse dos
educandos e no interesse do público” Reis Monteiro (2005:50)
Assim, com este objectivo, o mesmo autor, propõe a criação de um Conselho
Superior das Profissões da Educação, composto maioritariamente por profissionais da
educação, mas incluindo também “…representantes do interesse público e de outros
legítimos interesses sectoriais”. (2005:54)
Reis Monteiro sugere ainda que os representantes das diversas profissões poderiam
ser propostos pelos sindicatos e pelas associações profissionais, atendendo ao princípio
71
da representatividade, salvaguardando assim a proporcionalidade das diferentes
categorias profissionais.
Este Conselho teria como objectivo a “…elevação da profissionalidade e da
qualidade da educação…” assumindo as seguintes funções:
- Estabelecer através de um processo amplamente participado, normas de
competência e conduta profissionais;
-Certificar a qualificação profissional e registar os profissionais qualificados;
-Organizar e acreditar programas de formação contínua.
- Criar mecanismos de aceitação e exame, de um modo objectivo, eficaz e credível,
das queixas relativas à competência e conduta profissionais.
- Difundir informação com interesse para os profissionais da educação, através de
publicação regular apropriada.
Para concretizar tais medidas, Reis Monteiro defende a criação de diversas
comissões, a saber:
- Comissão de Certificação e Acreditação;
- Comissão de Formação Contínua;
- Comissão de Deontologia;
- Comissão de informação.
Este projecto parece, em nosso entender, bastante amplo, no sentido de abranger
uma grande diversidade de aspectos que contemplam a profissão docente, unificando-os
num organismo que, para além de optimizar os objectivos que lhe subjazem, concilia a
participação de todos os que na prática, constituem a comunidade educativa ou são seus
parceiros.
72
No entanto, não nos parece clara a posição do autor, face aos direitos de defesa dos
docentes, uma vez que “… os mecanismos de aceitação e exame, de um modo
objectivo, eficaz e credível, das queixas…” se referem apenas a queixas relacionadas
com a competência e a conduta profissional, e como tal, entendemos serem
direccionadas apenas para os docentes. Ora, na nossa perspectiva, esta medida não
considera, pelo menos de forma explícita, a possibilidade do professor ser vítima de
situações que põem em causa a sua integridade física e psicológica e a sua dignidade
enquanto ser humano e profissional. Todavia, a realidade confronta-nos com estes
problemas, e como tal, pensamos que deveria estar presente nas funções do Conselho
Superior das Profissões da Educação, uma medida que explicitamente salvaguardasse a
defesa dos direitos profissionais e da profissão.
Um código deontológico, uma Ordem, um Conselho Superior das Profissões da
Educação, estas são até ao momento algumas das alternativas ao vazio deontológico da
profissão docente em Portugal.
Naturalmente que as estruturas governamentais já deram o seu contributo, através
da integração no novo Estatuto da Carreira Docente, dos direitos e deveres dos
professores, alunos e encarregados e educação.
Mas em nosso entender, os docentes não se podem deixar substituir, numa matéria
tão delicada quanto a sua deontologia profissional, sob pena de pôr em causar um dos
aspectos que a justificam: o seu poder auto regulador da profissão.
No entanto, citando Tao Te King, de Lao-Tse “ a maior caminhada começou pelo
primeiro passo”. Nesta perspectiva, pensamos que a preocupação e o contributo de
investigadores e estudiosos destas matérias, constitui já esse primeiro passo. O
segundo, cremos, passa pelo envolvimento de toda a classe, na reflexão e nas tomadas
de decisão sobre esta problemática.
73
5. Desvantagens do código deontológico
A constituição de um código deontológico da profissão docente em Portugal, não
partilha da consensualidade de todos os docentes.
Diversos estudos sobre este tema, desenvolvidos por diferentes investigadores
(Silva, L. 1997; Menezes, D.2002; Mourinha, L.2002; Santos, J.2007) destacam
diversas desvantagens apontadas por alguns dos professores participantes nos estudos.
Assim, relativamente à investigação desenvolvida por Silva. L. (1997:172)
constata-se que a maioria dos professores considera que existe “…uma ética implícita
ao desempenho da docência”, isto é, os professores reconhecem que têm deveres,
identificam-nos, mas defendem que cada um tem o seu código individual.
Desta forma, embora na sua maioria os professores envolvidos neste estudo se
pronunciem maioritariamente a favor de um código deontológico, evidenciam no
entanto, algumas dúvidas e incertezas quanto à sua existência. Isto porque, por um lado
não sentem necessidade daquele e duvidam da sua utilidade e vantagem, e por outro,
consideram que se trata de um assunto pouco explorado, e como tal, referem ter pouca
informação para se pronunciar sobre o tema.
Assim, de acordo com a autora (idem:184) o conceito de código que sobressai do
discurso destes professores, refere-se à existência de deveres e direitos, mas não
escritos, preferindo códigos individuais inerentes e implícitos, porque “ Pensam (…)
que isso é bem melhor do que haver um para todos e que depois nenhum cumpra.”
Também o estudo desenvolvido por Menezes (2000) refere que não há oposição ao
código, mas este é aceite com reservas, por poder constituir-se como instrumento
limitador de liberdades pessoais, ou permitir a manipulação da classe. Por estes motivos
a existência do código suscita pouco interesse.
74
Quanto ao estudo de Mourinha (2002), apresenta-se consistente com os acima
referidos, no que respeita às incertezas sentidas pelos professores, quanto a um código
definitivo.
Algumas desvantagens apontadas referem-se à possibilidade deste documento
assumir um carácter geral e não respeitar as diferenças individuais dos professores e a
autonomia profissional.
Assim, o mesmo autor (2002:248) admite a dificuldade da “…criação de um
código geral, aplicável a todos os profissionais e situações profissionais (…) e
integrador das diferenças pessoais e académicas e respeitador da autonomia
profissional docente.”
Relativamente ao estudo desenvolvido por Santos (2007), a maioria dos professores
manifesta-se a favor da existência de um código escrito. No entanto, alguns sobretudo
os do topo da carreira, expressam dúvidas sobre um código explícito e universal,
justificando a sua posição pela falta de informação e de reflexão sobre o tema, que não
lhes permite ter opinião bem fundamentada.
Por outro lado, o autor considera que a falta de reflexão nas escolas e de cursos de
formação sobre este tema, justifica a fraca consciência sobre o assunto.
Os professores manifestam dúvidas, incertezas e desconfiança em relação ao código
escrito, mas não excluem o seu interesse na existência do mesmo. Apenas sentem
necessidade de “uma discussão alargada baseada na troca de experiências e
informação” (idem:137).
Ainda sobre este tema, os resultados mais recentes que decorrem da investigação
em curso sobre “Pensamento e Formação ético-deontológicos de professores “revelam o
75
desejo amplamente maioritário da existência de um código escrito, mas persistem
algumas opiniões que lhe apontam desvantagens.
No entanto, esta problemática poderá ser ultrapassada se entendermos um código
ético na perspectiva de Estrela (1991:196) como “… um ponto de referência importante
para a classe profissional… “mas precedido de uma formação ética do docente, para o
saber aplicar a situações particulares ou quando estas não estão explícitas no código.
Nesta medida, Estrela (idem:196) refere que “… em alguns países, tem-se
verificado alguma preocupação em incentivar a formação e o desenvolvimento moral
dos professores, preocupação essa que se manifesta nos planos dos cursos de formação
inicial e contínua e se concretiza através de estratégias variadas visando estimular
várias competências subjacentes à actuação moral (…)”.
Pensamos igualmente ser esta a via mais adequada: preparar as futuras gerações de
professores para uma prática ética da docência, consciente e livre de receios,
direccionada para o bem do aluno e alicerçada numa deontologia que lhe confira
credibilidade e dignidade.
No entanto, urge estimular esta mesma formação entre os actuais docentes, porque
o presente não pode esperar pelo futuro, sobretudo quando está em causa a formação
ética daqueles que amanhã serão os nossos decisores.
76
II PARTE – ESTUDO EMPÍRICO
CAPÍTULO I – Fundamentação metodológica
1. Objectivos da investigação
Como já foi destacado a função docente é essencialmente ética.
Assim, pareceu-nos pertinente conhecer qual a relevância da ética nos programas de
Formação de Educadores de Infância, nomeadamente ao nível das concepções e
representações das práticas dos estagiários, bem como das perspectivas dos seus
Formadores.
Deste modo, definimos como objectivo geral do nosso estudo, saber como
conceptualizam os professores de ética e os educadores estagiários, a formação inicial
em ética, dos educadores de Infância.
Na prossecução deste objectivo, e após uma pesquisa teórica sobre importância da
ética na docência, definimos como relevantes para o nosso estudo os seguintes
objectivos específicos:
Recolher representações, junto dos professores de ética, sobre a formação ética
em educação de infância.
Conhecer as estratégias que os professores de ética desenvolvem para a sua
abordagem.
Recolher representações dos alunos sobre a formação ética recebida.
Averiguar como essa formação se transfere para a prática, na perspectiva dos
formandos.
77
Saber se há convergência entre as perspectivas dos professores de ética e a dos
formandos sobre a formação ética ministrada.
Indagar os professores de ética e respectivos formandos, sobre a sua opinião
relativamente à possível existência de um código deontológico da docência.
2. Natureza da investigação
Atendendo às características deste estudo, centrado nas concepções e
representações mentais dos sujeitos, inseridos num determinado contexto, optámos por
uma linha de investigação qualitativa interpretativa, assente nos princípios enunciados
por R. Bogdan & S. Biklen (1994), que passamos a destacar:
- A fonte directa dos dados situa-se no ambiente natural. A informação é obtida
através do contacto directo e neste processo o investigador é o instrumento principal,
porque a validade dos dados depende muito da sua sensibilidade, do seu conhecimento e
da sua experiência.
- A investigação qualitativa é descritiva, na medida em que a recolha de dados se
baseia em palavras ou imagens e não em números. A descrição deve pautar-se pelo
rigor, respeitando a forma como os dados foram registados ou transcritos.
- Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo de investigação,
do que pelos resultados que dela decorrem. Isto porque as estratégias qualitativas se
centram essencialmente em explicar o que traduzem as actividades, os comportamentos
e as interacções observadas.
78
- Os investigadores qualitativos procuram analisar a informação recolhida de forma
indutiva, isto é, não partem de hipóteses ou ideias previamente concebidas com o
objectivo de as confirmar, mas são os dados que depois de recolhidos e analisados
permitem a construção de conceitos e a compreensão dos fenómenos
- A investigação qualitativa atribui uma importância fulcral ao significado, isto é, o
investigador preocupa-se em compreender os sujeitos de forma empática, tentando
identificar-se com eles, para captar a forma como estes encaram a realidade.
Em resumo, a investigação qualitativa baseia-se numa abordagem interpretativa,
naturalista e holística, na medida em que os seus objectos de estudo são as
representações, opiniões, crenças, hábitos e atitudes dos sujeitos em estudo, inseridos no
seu contexto natural, em que o investigador os procura captar, tentando compreendê-los
e interpretá-los, à luz do significado que os sujeitos lhe atribuem.
O presente trabalho, de acordo com as características que apresenta, insere-se num
estudo de caso qualitativo, que segundo Merriam (1988, citada por H. Carmo & M
Ferreira, 1998: 217), se define por ser:
- Particular - porque se centra num determinado acontecimento, fenómeno ou
situação;
- Descritivo - na medida em que o resultado final é uma descrição rigorosa do
objecto ou fenómeno estudado;
- Heurístico – porque leva á compreensão do fenómeno em estudo;
- Indutivo - porque se baseia no raciocínio indutivo;
79
- Holístico – porque considera a realidade na sua globalidade, sendo atribuída maior
importância aos processos do que aos produtos e valoriza a compreensão e a
interpretação.
Assim, é nesta perspectiva que procuraremos descrever de forma rigorosa todo o
processo de investigação.
3. Contexto de investigação
3.1. Selecção e caracterização da população-alvo
Sendo objectivo principal deste trabalho saber como conceptualizam os professores
de ética e os educadores estagiários, a formação inicial em ética, dos educadores de
Infância, decidimos efectuar o estudo numa ESE da região da Lezíria e Médio-Tejo, por
razões de âmbito geográfico, rentabilidade de tempo e facilidades de acesso por parte da
Direcção da própria ESE que, desde o início, se prontificou a colaborar connosco neste
projecto.
De facto, após um primeiro contacto pessoal, com a Coordenadora do Curso de
Educadores de Infância, explicando o tipo de estudo que pretendíamos realizar e os seus
objectivos, esta mostrou-se receptiva e aconselhou a formalização deste pedido por
escrito, dirigido ao Director da ESE.
Tendo obtido a respectiva autorização, definimos os elementos que constituiriam a
população em estudo, ou seja, o professor de ética e seis alunas, das 20 que no total se
encontravam a frequentar o 4º ano do Curso de educadores de Infância.
Os critérios de selecção inicialmente estabelecidos em relação às alunas baseavam-
se na sua classificação: duas alunas com as melhores notas na disciplina de ética, duas
alunas médias e duas alunas com baixa classificação.
80
Relativamente ao facto desta selecção incidir sobre o público do 4º e último ano do
Curso de Educadores de Infância, tal deve-se a dois factores:
- Estas alunas frequentaram a disciplina de Axiologia Educacional no 3º ano, onde
de acordo com o programa cedido pela ESE, abordaram temas relacionados com o
nosso estudo;
- As alunas em causa encontravam-se em estágio contínuo nas respectivas
instituições, desde o início do ano lectivo 2006/2007 e a recolha de dados estava
calendarizada para Abril, o que lhes permitia obter já alguma prática para se
pronunciarem sobre as temáticas a abordar.
No entanto, um primeiro contacto com o professor de ética, no sentido de solicitar a
sua colaboração para o estudo, introduziu um factor inesperado na nossa planificação:
este era o primeiro ano que leccionava nesta ESE, e como tal não foi responsável pela
formação das alunas do 4º ano. No entanto, encontrava-se a orientar um grupo dessas
alunas que decidiram fazer o seu trabalho de final de curso, no âmbito das questões
axiológicas.
Assim, decidimos alterar os critérios de selecção da população, procurando adaptá-
los ao estudo que pretendíamos realizar, de forma a não comprometermos os objectivos
iniciais.
Deste modo, decidimos trabalhar com o professor de ética actual, que se prontificou
desde o início a colaborar e procurámos contactar a professora que acompanhou as
alunas na disciplina de Axiologia Educacional, no ano lectivo transacto.
Também esta se disponibilizou para participar no nosso projecto e assim a amostra
passou a incluir dois professores de Axiologia.
Quanto ás alunas do 4º ano, decidimos que seriam seleccionadas duas com as
melhores classificações, que estavam a realizar Monografias sobre ética, orientadas pelo
81
actual professor de ética e duas das melhores alunas que se encontravam a realizar
aquele mesmo tipo de trabalho, mas no âmbito de outras temáticas.
Com estes critérios de selecção procurámos corresponder ao cumprimento dos dois
primeiros objectivos, a saber:
Recolher representações, junto dos professores de ética, sobre a formação ética
em educação de infância.
Conhecer as estratégias que os professores de ética desenvolvem para a sua
abordagem.
Relativamente às alunas, e face às novas circunstâncias, a alteração nos critérios levou a
redefinir os objectivos que passaram a ser os seguintes:
Recolher representações das alunas sobre a formação recebida no ano transacto;
Averiguar como essa formação se transfere para a prática, na perspectiva dos
formandos;
Compreender até que ponto as alunas que optaram pelo trabalho final sobre
este tema e que foram orientadas pelo actual professor de ética, apresentavam
diferenças de posição em relação às outras, que não enveredaram por um
aprofundamento desta temática.
Saber se há convergência entre as perspectivas dos professores de ética e a dos
formandos, sobre a formação ética ministrada.
Indagar os professores de ética e respectivos formandos, sobre a sua opinião
relativamente à possível existência de um código deontológico da docência.
3.2. Caracterização da instituição
82
O presente estudo foi desenvolvido numa ESE de natureza privada, sem fins
lucrativos, com estatuto de utilidade pública e cuja tutela recai sobre uma Diocese..
Criada inicialmente pelo Cardeal Cerejeira em 1962, como Escola do Magistério
Primário, adquiriu a sua actual designação através do Decreto-Lei nº 416/88 de 10 de
Novembro e tem os seus Estatutos publicados em Diário da República, Aviso nº
5092/2004 II Série, 21 de Abril 2004.
Trata-se de uma instituição que pretende estar a par do seu tempo e responder às
necessidades sociais, culturais e profissionais dos seus actuais e futuros alunos, através
de uma constante interdisciplinaridade e coesão com a realidade prática.
Tem recebido alunos de Norte a Sul de Portugal, das ilhas e dos PALOP’S.
Esta ESE confere licenciaturas em Educação de Infância, Ensino Básico – 1º Ciclo
e Educação Social e Desenvolvimento Comunitário e implementou em 2007 o processo
de Bolonha, adaptando os referidos cursos a este Tratado.
Relativamente a Pós-Graduação existe apenas uma em Educação Especial no
domínio Cognitivo e motor, estando prevista a implementação de outras futuramente.
O Projecto de formação desta ESE baseia-se nos seguintes princípios:
“- Formação de matriz cristã no sentido de formar pessoas que, como profissionais
de educação, possam ser testemunhas e transmissores dos grandes valores a da vida;
- Só professores devidamente preparados podem assumir as responsabilidades que
lhes cabe na sociedade sendo agentes determinantes no processo educativo;
- Reconhecendo a nobre tarefa das escolas, cabe-lhes a missão de formar humana e
profissionalmente;
- O saber e aptidão requerem renovação e adaptação constantes.”
Para concretizar este projecto de formação, a ESE definiu os seguintes objectivos:
83
“- Assegurar a formação pessoal e humana que conduzam à identidade profissional
do futuro professor/educador, que favoreça a realização pessoal e a sua função
institucional;
- Estimular a formação científica de nível superior numa atitude reflexiva e num
espírito de investigação, tendente a repensar continuamente, com critério científico, o
acto educativo e possibilitar aos seus alunos o enquadramento das diversas ciências do
currículo;
- Garantir uma formação no campo das Ciências da Educação que permita conhecer
as crianças que lhes forem confiadas, no respeito pelo seu ser único, em evolução e
formação, reconhecer e aceitar vários ritmos no processo educativo, estabelecendo
relações personalizantes;
- Garantir uma formação com metodologias de ensino e aprendizagem que integrem
a formação científica e possibilitem a intervenção adequada e criativa no processo
ensino-aprendizagem;
- Estimular para a intervenção e participação ao nível cultural, social e ética, através
de experiências, graduais e progressivas, na vida da Escola e na organização de acções
para as comunidades locais;
- Assegurar a formação directa na Prática Pedagógica, orientada e avaliada, em
coordenação com a investigação educativa, em ordem a favorecer o contacto com a
realidade educativa;
- Divulgar novas tecnologias de informação e comunicação e enquadrá-las nas
actividades educativas, como recurso individual e pedagógico em ambientes do
processo de ensino – aprendizagem.
84
População Docente e Discente
O número de docentes a leccionar nesta ESE, no ano lectivo de 2006/2007 é de 28.
Quanto ao número de alunos e a sua distribuição por cursos consta do mapa
seguinte:
Cursos Número total de alunos
Lic 1 Ciclo 81
Lic Ed Inf 100
Lic Ed Soc 14
PG Ed Especial 38
Organização da Instituição
Esta ESE encontra-se organizada por diversos departamentos, a saber:
Departamento de Avaliação e Qualidade, que tem por objectivos:
- Realizar actividades que procurem divulgar e fomentar a cultura de qualidade;
- Desenvolver iniciativas de divulgação da ESE;
- Produzir instrumentos de recolha de informação;
- Produção de relatórios de Auto-avaliação ou outros;
- Avaliar as actividades realizadas na ESE;
- Publicar e divulgar resultados das avaliações;
- Apoiar a Direcção da ESE no diagnóstico e melhoramento de processos.
Equipa Pastoral - da qual fazem parte alunos, docentes e funcionários, com o
objectivo de criar um espaço de reflexão e aprofundamento do cristão de hoje.
Esta equipa é também responsável pela organização e desenvolvimento de
actividades relacionadas com a actividade pastoral da ESE.
85
Departamento de Áreas Curriculares - abrange as Ciências da Educação /
Ciências Sociais / Línguas e Literaturas / Tecnologias da Informação e Comunicação /
Metodologias e Prática pedagógica / Expressões Artísticas / Ciências e Matemática
Acção Social Escolar – inclui os Serviços Sociais que dão apoio personalizado
pscio-social e pedagógico aos alunos com dificuldades de integração na vida social e
universitária; Concursos a benefícios sociais; Apoio Social traduzido em apoio
económico devidamente regulamentado; Bolsas de Estudo do F.A.S., transportes e
apoio para encontrar alojamento adequado a quem dele necessita.
Ainda no âmbito deste apoio, a ESE coloca ainda á disposição dos alunos os
serviços de Reprografia, papelaria e biblioteca.
No que respeita à alimentação a ESE dispões de um serviço de refeições a preços
reduzidos.
Gabinete de Inserção na Vida Activa - que tem como objectivos a inserção dos
recém licenciados na vida activa e apoiar os antigos alunos no âmbito da Formação
Contínua.
Para atingir estes objectivos, este gabinete desenvolve diversas acções, a saber:
- Organização de uma Base de dados dos estabelecimentos de ensino do 1º ciclo do
Ensino Básico e de Ensino Pré-escolar;
- Esclarecimento aos recém licenciados sobre procedimentos relativos a concursos
para o ensino público e privado;
- Análise da situação profissional dos antigos alunos;
- Identificação das necessidades de formação junto de ex-alunos;
86
- Divulgação das acções de formação junto de ex-alunos;
- Desenvolvimento de acções de formação.
Recursos
Esta ESE dispõe de diversos recursos, nomeadamente, um Pavilhão
Gimnodesportivo, um Auditório, um Gabinete de Prática Pedagógica, um Laboratório
Multimédia, Secretaria, Biblioteca, Reprografia, bar e diversas salas a saber:
- De informática,
- De expressão Plástica,
- De expressão Musical e Dramática;
- Dos alunos.
Protocolos e Parcerias
Neste âmbito, a ESE tem estabelecido protocolos e parcerias com diferentes
Agrupamentos de Escolas, com diferentes Câmaras Municipais, com diversas
instituições culturais e religiosas, com Centros de Formação de Escolas, com diversos
institutos de apoio social, com instituições de Ensino Especial, com Associações de
Professores e Educadores de Infância, com vários sindicatos, com a Faculdade de
Motricidade humana da Universidade Técnica de Lisboa e com a Universidade Católica.
Actividades
Em termos de actividades esta ESE, conta actualmente com a realização de duas
Jornadas Pedagógicas como as mais significativas, entre outros eventos.
4. Técnica de Recolha de Dados
87
4.1. Entrevista
Este projecto constitui um estudo de caso, através do qual pretendemos auscultar os
formandos e professores de ética numa ESE, sobre o tema “ Formação ético-
deontológica dos educadores de infância em formação inicial”, com base em entrevistas
como meio de recolha de dados.
De acordo com as pesquisas efectuadas (Estrela, A. 1994; Bogdan & Biklen, 1994;
Carmo, e Ferreira M. 1998) concluímos que as entrevistas podem ser mais ou menos
estruturadas consoante os objectivos da investigação.
Assim, na entrevista directiva ou estruturada o entrevistador dirige o conteúdo de
forma pré-definida e o sujeito tem poucas oportunidades de se expressar, para além dos
limites impostos pelo guião. Este tipo de entrevista parece pouco adequado á
investigação qualitativa, que se debruça sobre o conhecimento das concepções dos
indivíduos, necessitando por isso que estes se exprimam de forma mais aberta.
Na entrevista não directiva ou não estruturada, verifica-se o oposto. O entrevistador
sugere o tema que pretende abordar e deixa que o entrevistado se expresse sobre ele
livremente e sobre vários assuntos, não havendo guião.
Quanto á entrevista semi-directiva ou semi-estruturada baseia-se num guião com
carácter flexível, que permite ao entrevistador abordar uma amplitude de temas, e
levantar uma série de tópicos, dando ao entrevistado a oportunidade de moldar o seu
conteúdo. (Bogdan & Biklen, 1994)
Optámos por este último tipo de entrevista, porque a sua estrutura nos permite
recolher informação sobre as concepções dos entrevistados, quanto aos aspectos que
consideram mais relevantes sobre o problema em estudo, respeitando os objectivos da
investigação, mas dando-lhes simultaneamente espaço para as abordagens que estes
entenderem ser significativas.
88
De acordo com Bogdan & Biklen (1994:134) “… a entrevista é utilizada para
recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador
desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam
aspectos do mundo”.
A entrevista implica assim uma interacção directa entre o investigador e o
entrevistado.
Deste modo, aqueles autores corroboram a importância defendida por White, (1984.
esp. cap. VI,) de construir previamente uma relação com o entrevistado, para criar um
clima de confiança que lhe possibilite expressar-se de forma mais aberta.
4.2. Entrevista aos Professores de Ética
No seguimento das directrizes de diversos autores, em relação à importância da
criação de um clima aberto e descontraído para a realização da entrevista, iniciámos
uma breve conversa com os professores de ética, trocando impressões sobre aspectos
relacionados com a docência em termos gerais e com a experiência profissional.
Posteriormente iniciámos as entrevistas, sendo o guião das mesmas constituído por
7 blocos que passamos a enunciar, apresentado simultaneamente os respectivos
objectivos.
4.2.1. Guião da entrevista realizada aos professores de ética
BLOCO I – Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado
Com este primeiro bloco pretendemos:
- Situar os entrevistados no contexto da investigação, informando-os sobre o âmbito
e objectivos do trabalho a realizar;
89
- Motivar os entrevistados referenciando a importância da sua colaboração e a
agradecendo a sua disponibilidade para a participação neste trabalho;
- Criar um clima de confiança e de colaboração garantindo e o anonimato;
BLOCO II – O professor como agente da formação ética
Neste segundo bloco inventariámos um conjunto de questões, destinadas a perceber
o posicionamento dos professores de ética sobre diversos conceitos de carácter ético e a
influência destes na sua vida profissional.
Para tal, definimos os seguintes objectivos:
- Conhecer a orientação ética privilegiada pelos professores, nomeadamente o
conceito de ética com que mais se identificam;
- Conhecer as representações dos professores de ética sobre os conceitos
relacionados com o “bem do aluno “ e o “professor justo”;
- Perceber que princípios éticos privilegiam na resolução de situações dilemáticas
de carácter ético.
BLOCO III – Concepções do professor sobre a dimensão ética em educação de
infância
Neste bloco integrámos algumas questões para nos ajudar a compreender a
importância atribuída pelos professores de ética a esta dimensão em educação de
infância, o modo como a mesma se revela e que qualidades são consideradas essenciais
ao bom educador.
Assim, definimos como único objectivo:
- Conhecer as representações do professor de ética, sobre o papel da ética em
educação de infância,
90
BLOCO IV – A ética na formação em geral
Para este bloco inventariámos alguns tópicos sobre os princípios e valores
preconizados pelos professores de ética na formação que ministram, bem como o papel
da Escola face a esta formação e os valores que transmite enquanto instituição.
Assim, delineámos os seguintes objectivos:
- Conhecer as representações dos professores sobre os princípios e valores
considerados essenciais à formação ética dos alunos;
- Saber que importância a ESE atribui à formação ética.
BLOCO V – A disciplina de ética
Neste bloco procurámos formular questões sobre como é perspectivada a formação
ética ministrada, bem como o impacto dessa formação. Indagámos também sobre as
estratégias sugeridas para apoiar o desenvolvimento moral das crianças.
Procurámos saber qual o papel das outras disciplinas na formação ética dos
formandos e que propostas de alteração à actual formação defendiam os professores.
Para tal, delineámos os seguintes objectivos:
- Conhecer as representações dos professores de ética sobre a formação que
ministram aos alunos;
- Saber que estratégias os professores aconselham para a resolução de situações
dilemáticas de carácter ético da prática pedagógica;
- Perceber que eficácia os professores atribuem à formação que dão;
- Saber qual a influência das outras disciplinas na formação ética dos alunos;
- Averiguar alternativas á actual formação ética.
BLOCO VI – Deontologia da profissão docente
91
Para este bloco elaborámos questões que abordassem as perspectivas dos
professores de ética, relativamente à Deontologia da profissão docente, nomeadamente a
pertinência de um código deontológico, os deveres a incluir e os participantes na sua
elaboração.
Pretendemos com tais questões atingir os seguintes objectivos:
- Saber como se posicionam estes professores face à eventualidade de um código
deontológico da profissão docente;
- Averiguar que deveres consideram relevantes num código deontológico da
docência;
- Saber que importância atribuem à participação dos docentes na elaboração desse
código.
BLOCO VII – Validação da entrevista
Este último bloco foi elaborado com o objectivo de recolher elementos de carácter
complementar, considerados importantes pelos entrevistados, que não tivessem sido
abordados e sobre os quais solicitámos que se pronunciassem.
4.3. Entrevista às Alunas
Relativamente às alunas, efectuámos um primeiro contacto para marcação da data e
local das entrevistas. Nas datas previstas para cada uma, realizámos as entrevistas que
decorreram em ambiente calmo, numa das salas da ESE designada para este efeito.
Antes de iniciar cada entrevista, procurámos criar um clima de à-vontade, trocando
impressões sobre as razões da escolha do curso de educação de infância, como carreira
profissional e alguns dos principais problemas sentidos em relação a esta profissão.
92
Posteriormente, demos início à entrevista propriamente dita, baseada num guião
constituído por 5 blocos, que passamos a apresentar.
4.3.1. Guião da entrevista realizada às alunas
BLOCO I – Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado
Com este bloco pretendemos atingir os mesmos objectivos já enunciados na entrevista
aos professores.
BLOCO II – Formação ética proporcionada pela Escola
Neste segundo bloco abordámos questões relacionadas com as representações das
alunas sobre a formação ética facultada pela Escola, no intuito de perceber a sua opinião
sobre os conteúdos, estratégias e valores envolvidos nessa formação.
Assim, neste contexto definimos os seguintes objectivos:
- Conhecer a importância atribuída pelas alunas, aos conteúdos programáticos da
formação inicial, para o futuro desempenho da profissão de educador;
- Percepcionar a importância atribuída á formação ética na formação inicial;
- Conhecer as representações das alunas sobre a formação ética recebida na Escola.
BLOCO III – Repercussões da formação ética na prática pedagógica
Para este bloco delineámos um conjunto de questões envolvendo a formação ética,
como resposta ás situações de carácter ético surgidas na prática pedagógica, bem como
os valores accionados pelas alunas nessas circunstâncias.
Para tal, definimos os seguintes objectivos:
- Perceber em que medida a formação ética recebida na Escola influencia a atitude das
alunas na sua prática pedagógica;
93
- Conhecer as representações das alunas sobre o contributo da formação ética na
resolução de problemas de carácter ético;
- Saber quais os valores privilegiados pelas alunas, na resolução desses problemas;
- Saber que valores as alunas atribuem ao “bom educador”.
BLOCO IV – Deontologia Profissional
Relativamente a este bloco elaborámos questões relacionadas com a existência de um
código da profissão docente, incluindo os deveres que este deve contemplar e os
participantes na sua elaboração.
Assim definimos como objectivo único:
- Conhecer a importância atribuída pelas alunas à eventual existência de um código da
profissão docente.
BLOCO V – Validação da entrevista
Este último bloco foi elaborado com o objectivo de recolher elementos de carácter
complementar, considerados importantes pelas alunas entrevistadas, que não tivessem
sido abordados e sobre os quais solicitámos que se pronunciassem.
Sobre a realização das entrevistas resta acrescentar que as mesmas foram gravadas com
o consentimento prévio de todos os entrevistados, em ambiente privado e calmo e foi
respeitado o compromisso de anonimato.
Quanto ao guião, o mesmo não foi aplicado rigidamente, tendo sido adaptado ao
decorrer do discurso, com o objectivo de recolher o máximo de informação e clarificar
as ideias menos perceptíveis apresentadas pelos entrevistados.
5. Técnica de Tratamento de Dados
94
5.1. Análise de conteúdo
Após a recolha de dados, procedemos à sua análise e tratamento, de forma a
desenvolver o tema deste estudo: a Formação Ético-Deontológica dos Educadores de
Infância em Formação Inicial.
Para tal, utilizámos a análise de conteúdo, definida por Berelson, (1952) cit. in
Bardin. L, 2006:16) como:
“…uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objectiva,
sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação”.
Esta definição reflecte o paradigma positivista, assente essencialmente na
objectividade e quantificação, que norteava a investigação nos anos 50 e 60.
No entanto, conforme salienta Esteves (2006), naquela mesma época já se fazia eco
da perspectiva qualitativa da análise de dados, e como tal, a análise de conteúdo, para
além da descrição, passou a contemplar a inferência. Esta é, de acordo com o Dicionário
da Língua Portuguesa Contemporânea - Academia das Ciências de Lisboa (2001),
considerada uma operação lógica, da qual se tira uma conclusão, a partir de várias
proposições tidas como verdadeiras.
Nesta medida, e perante um determinado texto, o analista através da descrição,
enumera as características da mensagem, estabelece as inferências e como resultado
final, apresenta a sua interpretação e explicação de fenómenos implícitos e explícitos na
comunicação.
Actualmente, tal como refere Bardin (2006:37), a definição de análise de conteúdo,
já não a resume a uma técnica mas a “…um conjunto de técnicas de análise das
comunicações, visando obter por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição
do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a
95
inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/ recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.”
Esta concepção de análise de conteúdo parece-nos mais aberta, na medida em que,
sem abandonar as suas características iniciais, admite um conjunto de técnicas, o
recurso à quantificação, procurando extrair com rigor, a informação contida de forma
patente e latente, nas mensagens.
Na continuação do nosso trabalho, e posteriormente à realização das entrevistas,
procedemos à transcrição integral das gravações, dando origem aos protocolos das seis
entrevistas, designadas em anexo por A / B/ M/ R/ L/ P.
Estas foram na fase seguinte, objecto de uma “leitura flutuante”, definida por
Bardin (2006:90) como “ …estabelecer o contacto com os documentos a analisar e em
conhecer o texto, deixando-se invadir por impressões e orientações”. Tal tarefa
permitiu - nos aferir as ideias consideradas relevantes para o nosso estudo.
Deste modo, demos início á análise de conteúdo, como técnica por nós privilegiada,
para a descrição e tratamento dos dados recolhidos.
Assim, primeiramente procedemos á leitura das entrevistas feitas aos professores de
ética, seguida da categorização de cada uma delas. Posteriormente, procedemos de igual
modo em relação às entrevistas das alunas.
5.1.1. Categorização
Seguindo a linha de pensamento de Esteves (2006:109) a categorização pode ser
definida em termos gerais como “ (…) a operação através da qual os dados (…) são
classificados e reduzidos, após terem sido identificados como pertinentes, de forma a
reconfigurar o material ao serviço de determinados objectivos da investigação.”
96
No caso do presente estudo, a categorização baseia-se no procedimento aberto ou
exploratório, que consiste em organizar em grupos, os dados obtidos das entrevistas,
considerados pertinentes em função dos objectivos que se pretendem alcançar com a
investigação.
Deste modo, através de um processo indutivo, os dados empíricos, são agrupados,
de acordo com uma classificação que se ajuste ao conteúdo dos mesmos.
A categorização baseada no procedimento aberto, é passível de remodelação até
que toda a informação considerada pertinente, seja devidamente absorvida pelas
categorias a que corresponde. (Esteves, 2006)
Segundo L. Bardin (2006) as categorias apresentam determinadas características
específicas, a saber:
- A exclusão mútua – implica que cada uma das categorias apenas pode incluir
conteúdos que não se repetem em nenhuma das restantes;
- A homogeneidade – pressupõe que na definição das categorias, citando Bardin
(2006:113) “ Um único princípio de classificação deve governar a sua organização”
De acordo com Esteves (2006:122), esta coerência de critérios permite que “…a
categorização se torne legível como um todo.”
- A pertinência – considera-se que uma categoria é pertinente quando se adapta ao
material de análise escolhido e se relaciona com o quadro teórico, devendo igualmente
corresponder às questões da investigação.
- A objectividade e a fidelidade – significam que, de acordo com Bardin,
(2006:114). “As diferentes partes de um mesmo material, ao qual se aplica a mesma
grelha categorial, devem ser codificadas da mesma maneira, mesmo quando
submetidas a várias análises”.
97
Nesta medida, uma determinada unidade de registo apenas deve constar de uma
dada categoria, independentemente de quem faz a sua codificação.
Por este motivo, Bardin alerta para a importância de uma definição clara das
categorias para evitar distorções advindas da subjectividade dos codificadores.
- A produtividade – resulta do facto do conjunto de categorias definidas produzir
resultados férteis, ao nível dos índices de inferências, das hipóteses novas e de dados
exactos.
- A exaustividade – citando Esteves (2006:122) “…significa que a categorização
permite acolher todas a s unidades de registo pertinentes para o objecto de pesquisa,
sem excepção, e que todas essas unidades foram efectivamente codificadas”.
Esta característica contribui para uma análise profunda do material que se pretende
trabalhar.
Atendendo a estas características, prosseguimos o nosso estudo, definindo as
unidades de registo que, de acordo com Esteves, (2006:116) consistem no “… elemento
de significação a codificar…”, ou seja, a integrar uma determinada categoria.
No presente estudo, as unidades de registo são de natureza semântica ou temática,
porque têm em conta o significado da palavra ou palavras da mensagem.
Após a definição das unidades de registo, procedemos à sua inserção nas categorias.
Em função do discurso apresentado nas entrevistas, foram ainda criadas
subcategorias, para melhor explicitar o material recolhido, relacionado com os
objectivos do estudo.
98
Este trabalho consta dos anexos D1 e D2, relativos à análise de conteúdo das
entrevistas dos professores, e dos anexos G1, G2, G3 e G4, no caso da análise de
conteúdo das entrevistas dos formandos.
Posteriormente, procedemos á elaboração de quadros síntese, com a definição de
categorias, subcategorias e indicadores. Estes, como afirma Esteves, (2006:116)
“…representam inferências do investigador a partir das unidades de registo que tem
perante si, mas são inferências ainda muito próximas do conteúdo manifesto das
comunicações”.
Os quadros supracitados referem-se à análise conjunta das entrevistas de
professores e constam do anexo E.
Precedemos de igual modo com as entrevistas dos formandos, que constam do
anexo H.
99
CAPÍTULO II – Apresentação e Interpretação de Dados
1. Apresentação e interpretação dos dados das entrevistas dos professores
No presente capítulo, passaremos a apresentar as Grelhas de Análise de Conteúdo
das entrevistas dos Professores A e B, procurando fazer a interpretação dos dados,
baseada no cruzamento da informação.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 1 - Tema A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Conceito de
ética
Concepções
universalistas
-Relação com a pessoa (A)
-Respeito pela pessoa humana na sua
universalidade e singularidade (A)
-A ética é inerente ao humano (B)
-A ética assente na relação direito/dever (A)
X
X
X
X
Concepções
contextualistas
-Depende do contexto cultural (A)
-Situada numa perspectiva histórico-
cultural (A)
-Enraizada em múltiplas experiências
relacionais (A)
-A raiz da dimensão humana dispensa o
contexto metafísico (A)
- Manifestada nas relações de
respeito/responsabilidades/autonomia e
competências cidadãs (A)
-A ética como um desafio (B)
X
X
X
X
X
X
100
- A relação pedagógica como relação ética
(B)
-A relação ética como base da formação (B)
X
X
Tema A: “O professor e a ética”
Este tema abrange diversas categorias que convergem para uma definição dos
professores entrevistados, quanto ao seu posicionamento, relativamente à formação
ética de futuros professores.
Para tal, entendemos ser pertinente definir como primeira categoria, o conceito de
ética, procurando perceber o que cada um subscreve
Categoria 1: Conceito de ética
Esta categoria remete para a forma como os professores entrevistados concebem a
ética no contexto geral e no contexto específico da educação.
. Assim, a análise do quadro 1, permite-nos inferir que, o professor A situa a ética
num perspectiva universalista, associada ao valor da pessoa humana, mas sempre
contextualizada numa perspectiva histórico-cultural, conforme explicitado em A1 “… A
minha perspectiva de ética (…) remete para a dimensão da pessoa humana…” e A19
“…É um pouco nesta perspectiva que eu situo a questão da ética (…) numa perspectiva
evolutiva, (…) histórico-cultural.”
Quanto ao Professor B, entende a ética como uma característica do ser humano,
“…O que é humano é ético…” B3, e enquanto professor, contextualiza-a na relação
pedagógica e na formação: ” A relação pedagógica que se estabelece entre o educador, o
professor e os alunos, as crianças, assenta fundamentalmente numa base humana …”B4
101
“…Assenta em tudo aquilo que tem a ver… com de formação do outro ser
humano…”B5
Constatamos assim que, ambos os professores relacionam o conceito de ética com a
pessoa humana, numa perspectiva universalista. Mas enquanto ao sujeito A, este integra
o conceito num contexto mais geral das relações humanas, ao passo que o sujeito B
realça a perspectiva pedagógica, contextualizando-a nas relações com os alunos, a
educação e formação.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 2 – continuação:Tema A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Perspectiva do
professor
sobre o
conceito de
“bem “ do
aluno
Centrada no
desenvolvimento
pessoal
-O seu amadurecimento como
pessoa (A)
-Resulta da experiência pessoal do
professor (B)
-Orientar o aluno para realizar a sua
humanidade (B)
-Orientar através de referências (B)
-Reconhecimento da origem animal
(B)
-Promover as suas competências e
capacidades (B)
X
X
X
X
X
X
Centrada no
desenvolvimento
social
-As suas experiências relacionais
com o professor (A)
-As suas experiências relacionais
com os colegas (A)
-O aprofundamento do carácter
ético para o desempenho de
X
X
X
102
responsabilidades sociais (A)
-Apoiar a integração do aluno no
mundo (B)
-Dar a conhecer os limites e as
regras (B)
-Ajudar a distinguir o bem do mal
(B)
-Formar o aluno a nível social e
ético (B)
X
X
X
X
Categoria 2: Perspectiva do professor sobre o conceito de “Bem do aluno”
Nesta categoria, o “Bem do aluno” é apresenta-se em dois planos distintos mas que
se complementam. Assim, o “Bem do aluno” surge centralizado no seu
desenvolvimento pessoal e no seu desenvolvimento social.
Verificamos que o professor A, considera “… O bem do aluno será certamente, no
meu entender, (…) o crescer como pessoa.” A20, mas dá maior relevância a esse
crescimento integrado no contexto social. - [Não consigo facilmente dissociar a ideia de
bem] do (…) redimensionamento do indivíduo, procurando sempre projectar-se para
outras dimensões do comportamento e da atitude ética nesta perspectiva social.” A31
O professor B defende a importância de orientar o aluno, acentuando uma
perspectiva de apoio mais individualizado, mas com vista á sua integração no mundo.” -
(…) O bem do aluno, aqui é verdadeiramente formá-lo, no sentido de ser um bom
humano…” B106
- [É por via da] educação, e aqui dentro da educação, (…) tudo aquilo que são os
verdadeiros agentes responsáveis por ela (…) fazer com que, á medida que a criança vai
entrando no mundo… vai conhecendo o mundo” B99
103
Destaca-se assim a perspectiva do aluno enquanto ser único e enquanto ser social,
cujo desenvolvimento e integração na sociedade cabe ao professor promover.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 3-continuação:Tema A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Conceito de
justiça
Perspectiva
legalista
-O cumprimento de leis (A)
-A aplicação de leis (A)
-O respeito por regras estabelecidas
(A)
- As atitudes e comportamentos que
orientam as relações humanas (A)
X
X
X
X
Perspectiva
Pedagógica
- O equilíbrio de atitudes do
professor (A).
- O relacionamento tolerante e
compreensivo com os alunos (A)
- A resolução de conflitos com
parcimónia e bom senso (A)
-A valorização do diálogo (A)
-A justiça perspectivada de forma não
absoluta (A)
- A justiça como arbitragem de
relações (A)
X
X
X
X
X
X
Perspectiva
humanista
- A justiça é ética (B)
- Falível sob o ponto de vista humano
(B)
X
X
104
Categoria 3: Conceito de Justiça
Apresenta-se segundo várias perspectivas: legalista, pedagógica e humanista.
No entanto, a perspectiva pedagógica, muito entrosada na perspectiva humanista,
destaca-se nitidamente, marcada até pela natureza do próprio estudo.
Constatamos no entanto, que o professor A centra o conceito de a justiça na relação
pedagógica, atribuindo-lhe um carácter de mediação : “- [A justiça diz respeito à forma
como o professor] consegue promover (…) a resolução dos conflitos… A44
Quanto ao professor B, define a justiça de uma forma mais geral, associando-a à
ética e ao humano.” O conceito de justiça aqui é novamente um conceito ético…” B117
105
Categoria 4: Conceito de professor Justo
Com esta categoria pretendemos perceber quais as características que os
entrevistados consideram que deve ter o “professor justo.
Assim, constatámos que o professor A direcciona essas características
essencialmente para a sua relação com os alunos.” - [O professor deve ser capaz de criar
condições] para o diálogo entre os alunos… “A58.
Quanto ao professor B, considera que o professor justo deve centrar-se no trabalho
desenvolvido pelo aluno e avaliá-lo de forma isenta e rigorosa. “ … Eu julgo que o
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 4 –continuação: Tema A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Conceito de
professor justo
Valoriza a
relação com o
aluno
-Usa e promove o diálogo
construtivamente (A)
- Toma a iniciativa em dialogar (A)
- Baseia a justiça no diálogo (A)
- Deve ser um bom árbitro (A)
- Promove o bom senso (A)
X
X
X
X
X
Avalia com rigor
o trabalho do
aluno
-Avalia considerando todas as
variáveis (B)
-Avalia com objectividade a
produção do aluno (B)
-Constrói escala de avaliação de
competências (B)
-Consciente das implicações éticas da
avaliação (B)
X
X
X
X
106
professor justo é, pelo menos aquele que em consciência, considera todas as variáveis
no momento da avaliação…” B119.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 5-continuação:Tema A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Dilemas éticos
dos professores
de Axiologia
Avaliação técnica
dos alunos
-Avaliar é eticamente complicado
(A)
-Utiliza técnicas de avaliação
adequadas (A)
- Os mecanismos de avaliação
tranquilizam o professor (A)
-O professor que vê o aluno como
decalcável numa grelha de avaliação
não tem problemas éticos em avaliar
(A)
X
X
X
X
Avaliação
humanista dos
alunos
- O aluno é mais do que a avaliação
fria (A)
- Avaliação baseada na empatia (A)
- Preocupação com os efeitos da
avaliação na auto-estima e no
trabalho do aluno (A)
-Preocupação com os efeitos da
avaliação no relacionamento com os
colegas (A)
-Avalia o aluno num plano mais
amplo que a sua produção (A)
-O esforço para humanizar a
avaliação (A)
X
X
X
X
X
X
107
Categoria 5: Dilemas éticos dos professores de Axiologia
Esta categoria apresenta os dilemas éticos e outros problemas, mais marcantes para
os professores, nomeadamente ao nível da avaliação dos alunos e da relação com os
colegas.
Os entrevistados revelaram também a sua posição para a resolução das situações
apresentadas.
Assim, para o professor A o dilema ético mais emergente é a avaliação dos alunos.
“… Para mim é sempre… eticamente complicado… avaliar um aluno…” A63.
Isto porque embora a avaliação se baseie em técnicas científicas adequadas, estas
não contemplam as características do aluno enquanto pessoa.” - (…) Por norma, aceito
logo á partida que o aluno que eu avalio, é sempre uma outra coisa… que a avaliação
que dele faço mais fria…” A71.
Assim, para além da avaliação técnica, centrada no trabalho do aluno, o professor A
numa perspectiva humanista da avaliação, procura valorizar a pessoa do aluno” (…) Eu
tento fazer essa medição” A79 (…) Mas (…) o meu esforço é tentar humanizar essa
medição…” A81.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 6 – continuação: Tema A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Dilemas éticos
dos professores
de Axiologia
Dilemas são uma
constante da
profissão
-O professor. confronta-se com
situações dilemáticas com alunos
e com colegas (B)
-A resolução de dilemas apela à
consciência do professor (B)
X
X
108
-Os dilemas são inevitáveis porque
o professor trabalha com seres
humanos (B)
X
Problemas não
dilemáticos
Falta de interesse
dos colegas pelo
trabalho
-Os juízos de valores sobre os
colegas nem sempre são positivos
(B)
-Percepção das falhas éticas dos
colegas (B)
-Falta de preparação das aulas (B)
X
X
X
Revelação
desadequada de
informação sobre
os alunos
-Desacordo em relação ao modo
como se fala do aluno (B)
- A divulgação da informação sobre
os alunos limitada a vários
contextos (B)
X
X
Categoria 6: Problemas não dilemáticos
A categoria “Problemas não dilemáticos” surge em virtude do professor B, destacar
situações dilemáticas com colegas e alunos.
Assim, embora não apresentando um dilema propriamente dito, referiu problemas
de relação com os colegas, no que respeita ao desempenho profissional “ (…) Tantas
vezes nós vemos infelizmente (…) outros professores muitas vezes a ser pouco
conscientes (…) do seu trabalho …” B137.
Numa outra vertente, o professor B apontou também problemas relativos á atitude
dos colegas para com os alunos” (…) Refiro-me mais ao modo como muitas vezes, se
fala do aluno, ou dos alunos, ou da vida dos alunos, sem que haja aqui a noção de que
nem tudo pode ser dito…” B149.
109
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 7-continuação:Tema A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Atitude face
ao problema
Atitude de
distanciamento
-Procura não se envolver em
situações que condena (B)
- Distancia-se dos outros professores
(B)
X
X
Dependente do
contacto
-Depende da postura pessoal e das
relações que mantém no meio
escolar (B)
-Avalia o seu envolvimento na
situação (B)
X
X
Dependente dos
efeitos
-Atende as situações que se
reflectem no seu trabalho e no seu
relacionamento com o aluno (B)
-Desvaloriza as situações que não
interferem no seu trabalho (B)
X
X
Dependente da
postura individual
-Depende de como cada um gere as
situações (B)
X
Categoria 7: Atitude face ao problema
Face aos problemas enunciados anteriormente, criámos a categoria “Atitude face ao
problema” com o objectivo de saber como o professor B reage em tais circunstâncias.
A atitude normalmente prevalecente é de distanciar-se “…Procuro nunca me
envolver…” B151
Apenas atende as situações que envolvem o seu trabalho e a sua relação com os seus
alunos. ” Se é um assunto… se é alguma coisa que se diz que tem relevância] no meu
110
trabalho (…) eu certamente não serei indiferente… B172 (…) se é alguma coisa que se diz
tem relevância] no meu relacionamento com o aluno, eu certamente não serei
indiferente…” B173
Quanto às situações que não interferem no seu trabalho, nem na relação com os seus
alunos, o professor B desvaloriza-as “- [Se considerar (…) que não é de todo algo que
interfira] no relacionamento do aluno com a escola (…) eu sou muito sincera e
educadamente eu desvalorizo a situação…” B176
“…- [Se considerar (…) que não é de todo algo que interfira] com o meu trabalho
em particular, eu sou muito sincera e educadamente eu desvalorizo a situação…” B178
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 8-Conclusão:Tema A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Causas dos
dilemas
Pressão social
sobre o professor
-O professor é um profissional da
educação (B)
-O professor não pode substituir os
encarregados de educação (B)
-A pressão social contribui para a
confusão de funções do professor
(B)
X
X
X
Mistura das
funções
-Os dilemas resultam do professor
misturar funções (B)
X
Categoria 8: Causas dos dilemas
A categoria “Causas dos dilemas “ foi criada para integrar a posição do professor B
relativamente a este assunto. Na sua perspectiva, os dilemas com que os professores se
111
confrontam, devem-se em parte à pressão social que é exercida sobre estes, para
desempenharem funções que competem a outros, nomeadamente aos encarregados de
educação,” - [O professor/educador] (…) Não é um pai…” B162 , mas também pelo facto
dos próprios professores misturarem essas funções. “ Eu penso que até por via da
pressão social que existe sobre o nosso trabalho, muitas vezes nós misturamos as coisas
umas com as outras.” B165
TEMA B: Dimensão ética em educação de Infância
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 9-Tema B: “Dimensão ética em educação de infância ”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Uma profissão
de base ética
Importância da
dimensão ética na
profissão
-A dimensão ética tem toda a
importância na profissão do
educador (A)
-Qualquer profissão necessita de um
suporte ético de valores (A)
X
X
Importância da
dimensão ética na
formação
-A formação pressupõe um suporte
ético de valores (A)
- É necessária formação e reflexão
ética dos formadores (A)
X
X
Importância da
formação moral
da criança
Papel do
educador
-As crianças são os seres morais de
amanhã (A)
- Atender à formação moral da
criança (A), (B)
-Contribuir para a formação moral
da criança numa perspectiva de
futuro (A)
X
X
X
X
112
-Sensibilizar para a formação moral
adequada á criança integrada num
projecto de todos (A)
-Reconhecer-se como agente ético
(B)
-Reconhecer-se como formador de
seres humanos (B)
X
X
X
Categoria 1: Uma profissão de base ética
Esta categoria evidencia a importância atribuída pelo professor A à dimensão ética
na profissão e na formação dos docentes. “…O educador (…) tem a meu ver nesta
perspectiva da ética, de atitudes, dos comportamentos, uma importância para mim
fulcral para a criança …” A93 (…) [Nem compreendo] qualquer acção relacionada com
a formação dos indivíduos, nomeadamente no âmbito educacional [sem um suporte
ético em termos de valores, em termos axiológicos] … A84
Sobre esta categoria não temos nenhum registo de opinião do Professor B.
Categoria 2: Importância da formação moral da criança
Esta categoria integra as opiniões dos professores, sobre a importância da formação
moral da criança, salientando numa primeira perspectiva o papel do educador.
Assim, ambos convergem face à na necessidade do educador atender à formação
moral da criança.”… É importante que se perceba que a criança, com a qual a maior
parte dos educadores começa a trabalhar bem cedo, (…) é um ser moral em construção,
em delapidação…A109
“ Eu penso que mais até do que as competências (…) o educador (…) deve ser
absolutamente consciente da importância que tem na formação em educação das
crianças…” B10
113
Para cumprir este objectivo o professor A, preconiza a sensibilização das
educadoras, para a responsabilidade da formação moral das crianças, se basear numa
perspectiva de futuro.” -- [Devemos contribuir eticamente, (…) para a sua formação]
não numa perspectivação que se esgota no final do pré-escolar. “A120
Na mesma linha de sensibilização, o professor B alerta para a importância do
educador interiorizar o papel de agente ético “…E por ter essa consciência plena [da
importância que tem na formação em educação das criança] ele (o educador) deve
reconhecer-se fundamentalmente como um agente ético…” B12
Na sequência desta categoria, ambos os professores salientam as condições sócio
familiares e culturais em que a criança vive, enquanto o professor A refere o
desenvolvimento que a formação ética poderá proporcionar à criança, face ás
circunstâncias com que se confronta.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 10-continuação: Tema B: “Dimensão ética em educação de infância ”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Importância da
formação
moral da
criança
A criança e as
condições sócio
familiares e
culturais
-O contacto precoce da criança com
realidades socioculturais diversas
(A), (B)
-O acesso fácil à informação (A)
-A estrutura familiar mais híbrida
(A)
-O contributo da formação no
desenvolvimento da sociabilidade
(A)
X
X
X
X
X
-Reconhecer as interacções do seu
trabalho (B)
-A relação de proximidade ética com
X
X
114
Requisitos do
exercício ético
Dinamizar as
interacções éticas
a criança (B)
-A relação de proximidade ética com
os pais e outros responsáveis pela
criança (B)
-A relação de proximidade ética de
respeito, conhecimento e abertura
com outros educadores (B)
-A relação ética com a Escola
enquanto instituição (B)
-A relação de proximidade ética e de
escuta com as autarquias (B)
X
X
X
X
Categoria 3: Requisitos do exercício ético
Esta categoria apresenta um conjunto de requisitos considerados necessários ao
exercício ético da profissão. È de salientar que o professor B abordou de forma mais
específica, a questão das interacções éticas.
Assim, este professor destaca a importância de estabelecer relações de proximidade
ética com diferentes públicos.”…Aqui a relação de proximidade ética com a criança
“B29 …com os pais B30…com os colegas… B21, com a escola B45 …com as autarquias
B54…com outros agentes da comunidade…”B55.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 11 – continuação: Tema B: “Dimensão ética em educação de infância ”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Dinamizar as
interacções éticas
-A relação de proximidade ética e de
escuta com os agentes da comunidade
(B)
-A relação numa perspectiva de
X
X
115
Requisitos do
exercício ético
totalidade (A)
Saber reflectir
- Necessidade de reflectir sobre a sua
relação com as crianças e com os pais
(B)
-Necessidade de tomar consciência
dos limites do seu trabalho (B)
X
X
Reconhecer os
seus deveres
profissionais
-Necessidade de identificar os deveres
deontológicos do seu trabalho (B)
X
Desenvolver
trabalho de
parceria
-Professores e educadores tendem
cada vez mais a trabalhar em conjunto
(B)
- O educador/professor tem que estar
consciente de que o seu trabalho
implica parcerias com outros agentes
(B)
X
X
Quanto ao professor A, referiu-se à importância da relação mas numa perspectiva
mais geral. “…Eu perspectivo as coisas numa perspectiva (…) de totalidade, ou seja, é
preciso que nos aprendamos a relacionar não especificamente com crianças…” A113
“- É preciso que nos aprendamos a relacionar com pessoas (…) com as dificuldades
que essa relação deixa antever ou faz prever …” A115
Esta categoria refere ainda a importância atribuída pelo professor B, à reflexão
sobre o papel do educador e a consciência que este deve ter dos limites do seu
trabalho”…A postura ética, exige ao educador verificar que essa acção deve começar
muitas vezes por identificar os limites (…) do seu trabalho.” B24 e dos seus deveres
deontológicos. B25
116
O professor B destaca também o trabalho de parceria com os colegas e outros
agentes. “… O educador tem que ter muito essa noção (…) de que o seu trabalho é um
trabalho de parceria [com outros agentes que estão para lá de si próprio. B422
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 12-Conclusão:Tema B: “Dimensão ética em educação de infância ”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Requisitos do
exercício ético
Repercussões do
trabalho do
educador
-O trabalho do educador não se limita
ao seu grupo e à sua sala (B)
- O educador tem que estar consciente
de que o seu trabalho tem
repercussões fora da sala (B)
X
X
-A criança projecta para o exterior as
suas aprendizagens (B)
-A criança partilha com os pais o seu
quotidiano na escola (B)
X
X
O professor B enfatiza ainda as repercussões do trabalho de educador, que a criança
projecta para além do espaço da sala
TEMA C: Representações sobre o formando e a ética
Sobre este tema os entrevistados apresentam concepções diferentes, situadas em
planos opostos. Numa categoria, um dos entrevistados considera desvalorização da ética
pelos formandos, enquanto que o outro entende que estes a valorizam.
117
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 13 - Tema C: “Representações sobre o formando e a ética ”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Subestimação do
papel da ética
Falta de
sensibilidade em
relação à ética
-Dificuldade em perspectivar a
importância da ética (A)
-Pouca importância atribuída aos
valores na formação (A)
-Falta de visibilidade sobre a
importância da ética (A)
na educação de infância
-Apreensão pela desvalorização da
formação ética (A)
X
X
X
X
Razões para a
falta de
sensibilidade
-Visão técnica do Jardim-de-
infância (A)
-Dificuldade em entender o papel
da ética no Jardim-de-infância (A)
-Relações éticas não são visíveis
para os formandos (A)
-Falta de introspecção (A)
-Falta de percepção (A)
-Falta de interesse (A)
-Falta de reflexão (A)
X
X
X
X
X
X
X
Categoria 1: Subestimação do papel da ética
118
Nesta categoria o professor A entende que os formandos manifestam dificuldade
em perspectivar a importância da ética.”… Regra geral, os educadores de infância têm
alguma dificuldade (…) em perspectivar a importância da ética…” A88
Atribuem pouco relevo aos valores na sua formação e este facto é entendido como
falta de visibilidade e de sensibilidade para as questões da ética.”… Talvez também até
por causa (…) haver ainda uma penumbra, no horizonte da sua formação, quanto à
importância decisiva que têm estes aspectos éticos e morais, na educação de infância.”
A212
Na perspectiva deste professor, as razões que justificam esta situação relacionam-se
com a falta de introspecção, de percepção e de interesse sobre a importância da
formação moral da criança.( A241, A242, A243, A244, A100 )
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 14-Conclusão:Tema C: “Representações sobre o formando e a ética ”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Valorização da
dimensão ética
Formação
pessoal dos
formandos
-São pessoas com uma formação
pessoal definida (B)
-Assumem valores e tomadas de
posição (B)
-Praticavam o bem (B)
-Não eram mal formados (B)
-Eram educados e dedicados (B)
-Tinham alguns conflitos (B)
X
X
X
X
X
X
Atitude face à
profissão
-Atentos aos desafios do mundo e da
profissão (B)
X
119
Atitude face à
formação
-Receptivos ao abordar questões (B)
-Sensibilizados para a importância
da sua formação ética (B)
X
X
Categoria 2: A valorização da dimensão ética
Esta categoria abrange apenas a opinião do professor B, que considera que os
formandos são pessoas bem formadas do ponto de vista ético e moral,”… Eu penso que
os alunos são boas pessoas, no sentido de prática do bem…” B254
Eram considerados alunos atentos aos desafios do mundo e da profissão.” - [Eram
alunos] fundamentalmente, muito atentos aos grandes desafios do mundo de hoje… B262
(….)- [Eram alunos muito atentos] aos desafios que a profissão deles enfrenta …
B263.
Manifestaram-se receptivos à abordagem de questões éticas e conscientes da
importância das mesmas para a sua formação. “Os alunos são boas pessoas] com
preocupações em perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma formação ética
muito atenta…” B270
TEMA D: Concepções do “Bom educador”
Neste tema mencionam-se as qualidades consideradas desejáveis, a atribuir ao
“bom educador”.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 15 - Tema D: “Concepções do bom educador ”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
-Promotor de felicidade (A)
X
120
Qualidades
direccionadas
para a pessoa
do aluno
Promotor de
desenvolvimento
-Promotor da aprendizagem (A)
-Facilitador do crescimento (A)
X
X
Orientador
-Sabe orientar (A)
-Sabe apoiar (A)
X
X
Espírito de
humanidade
-Preocupa-se continuamente com
os alunos (B)
-É verdadeiramente humano (B)
X
X
Espírito de
abertura
-É respeitador (B)
-É tolerante (B)
-É aberto (B)
-Sabe escutar (B)
-É livre (B)
-É despreconceituoso (B)
X
X
X
X
X
X
Categoria 1: Qualidades direccionadas para a pessoa do aluno
Nesta categoria, o professor A considera que o bom educador deve promover a
felicidade dos seus alunos, bem como as aprendizagens.”… - [O bom educador] alguém
que fosse capaz de fazer os outros felizes… A123… A125
O bom educador deve saber apoiar o aluno no seu crescimento orientando-o nos
caminhos a seguir. Apresenta assim, uma perspectiva geral do desenvolvimento do
aluno e do papel do educador nesse processo.
Quanto ao Professor B, revela maior especificidade na definição do bom educador,
atribuindo-lhe uma série de valores que integram uma perspectiva humanista. B81, B88
121
Em ambos os casos a preocupação central é a pessoa do aluno.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 16 – Conclusão: Tema D: “Concepções do bom educador ”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Qualidades
direccionadas
para o seu
trabalho
Reflexivo
-Reflecte sobre o seu trabalho (B)
-Valoriza a diferença (B)
-Consciente de que o resultado do
seu trabalho não é imediato (B)
X
X
X
Dedicado
-Prolonga o trabalho da escola em
casa (B)
-Planifica e avalia o seu trabalho
(B)
-Envolve-se (B)
-Empenha-se (B)
-Não é indiferente (B)
X
X
X
X
X
Categoria 2: Qualidades direccionadas para o trabalho
Esta categoria atende apenas à posição do professor B, que realça a atitude reflexiva
do professor em relação ao seu trabalho, valoriza, a diferença, e está consciente que os
resultados do seu trabalho não são imediatos.
No entanto, empenha-se de forma dedicada na planificação e avaliação do seu
trabalho. Assim, destacam-se como qualidades direccionadas para o trabalho, a
reflexividade e a dedicação.” …parte muito dessa tomada de consciência que cada um
faz do seu trabalho, e da concepção do seu trabalho… “B58…”…Quando
122
verdadeiramente encaramos a profissão com esse carácter humano nos empenhamos…
“B79
TEMA E: A ética na formação em geral
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 17 - Tema E: “A ética na formação em geral”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Princípios e
valores
essenciais à
formação dos
educadores
Valores
interpessoais
-O diálogo (A)
-A empatia (A)
-Fazer-se respeitar (A)
- O respeito (A), (B)
-A responsabilidade perante si (A),
(B)
-A responsabilidade perante os outros
(B)
-Responsabilidade como valor chave
da profissão (B)
- A responsabilidade como valor
chave da formação (B)
-A tolerância (B)
-A aceitação da diferença (B)
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Valores pessoais
-A autonomia (A)
-O pensamento crítico (A)
-A reflexão (A)
X
X
X
Categoria 1: Princípios e valores essenciais à formação dos educadores
123
Nesta categoria foram referenciados valores de carácter interpessoal, com maior
incidência na responsabilidade e no respeito, comungados por ambos os professores.
Quanto aos valores pessoais o professor A refere a autonomia, o pensamento crítico e a
reflexão”(A143, A145, A147, ) enquanto o professor B salienta os valores sócio-políticos,
relacionados com a liberdade e a mudança. B207, B214
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 18 –continuação: Tema E: “A ética na formação em geral”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Princípios e
valores
essenciais à
formação dos
educadores
Valores
sociopolíticos
-Liberdade no sentido político (B)
-Liberdade associada á
responsabilidade (B)
-A liberdade como valor fundamental
da profissão (B)
-A mudança (B)
X
X
X
X
Importância da
formação ética
Importância
atribuída pela
Escola
-Importância considerável (A)
-Importância relativa (B)
-Preocupação com a formação de
competências éticas (A)
X
X
X
Importância
atribuída pelos
Professores
-A necessidade da disciplina ser
anual (B)
-A manifestação no Conselho
científico da disciplina ser anual (B)
X
X
Importância
atribuída pelos
-O desejo de mais tempo de
formação (B)
X
124
alunos
-O reconhecimento da importância
da ética na prática (B)
- Sugestões dos alunos (B)
X
X
Categoria 2: Importância da formação ética
Esta categoria analisa a importância da formação ética, em três perspectivas:
- A importância atribuída pela Escola de formação, na perspectiva dos professores;
- A importância atribuída pelos professores;
- A importância atribuída pelos alunos.
Cada um destes três públicos apresenta a sua justificação para a posição assumida.
Quanto aos professores, assiste-se a alguma divergência, na medida em que o
professor A entende que a escola atribui uma importância considerável á formação
ética, ao passo que o professor B considera apenas uma importância relativa. “Eu penso
que atribui uma importância considerável A149, (…) Basta ver por exemplo, que é uma
disciplina [A Axiologia] que tem uma carga horária de (…) 90 horas”. A150
“Aquilo que me parecia …a Escola atribuía um valor relativo à disciplina… B224
Reforçando a sua opinião relação á importância que atribui a esta formação, o
professor B, considera que a mesma deveria ser anual. “…A prática da própria
disciplina, na prática e pela experiência concreta com os alunos, sentia-se (…) a
necessidade emergente, de a disciplina (…) em vez de ser semestral, a disciplina ser
anual “B226
Quanto aos alunos, de acordo com a perspectiva do professor B, reconheciam a
importância da ética na sua prática e sentiam necessidade de mais tempo de
formação.”… - [Os alunos achavam sempre] que deveríamos ter mais horas para
aprofundar…” B234.
125
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 19 – Conclusão: Tema E: “A ética na formação em geral”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Importância da
formação ética
Processos de
formação
-Desenvolvimento da Axiologia em
paralelo com outras disciplinas (A)
-Realização de trabalhos pelos alunos
em seminários interdisciplinares (A)
X
X
Valores
promovidos
pela Escola
Valores
religiosos
-Valores de carácter humanista-
cristão (A)
-Associados à Igreja Católica (B)
X
X
Valores gerais
-O humanismo (B)
-Em prol da a família (B)
-Educação (B)
X
X
X
Valores
específicos
-Tolerância (B)
-Pela diferença (B)
X
X
Opinião dos
professores
-O professor partilha os valores da
Escola (A)
- Consistentes com os grandes
valores éticos do mundo de hoje (B)
X
X
Quanto os processos de formação apenas o professor A, refere a realização de
trabalhos no âmbito de formação ética numa perspectiva de interdisciplinaridade.
Categoria 3: Valores promovidos pela Escola
Nesta categoria os entrevistados pronunciam-se sobre os valores que acham que a
Escola promove. As opiniões convergem nos valores de carácter humanista-cristão,
126
sendo ainda referenciados outros como a família, a educação, a tolerância, o respeito
pela diferença. Ambos os professores entrevistados partilham dos valores promovidos
pela escola.
Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-deontológica dos formandos
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 20 - Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-deontológica dos
formandos”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Estratégias de
formação
Disponibilização da
informação
-A perspectiva histórico-cultural
contextualizada na
contemporaneidade
(A)
-A desmistificação da novidade
(A)
-A abordagem de textos e
reflexões nas aulas teóricas (B)
X
X
X
Promoção do
pensamento crítico
-Provocar (A)
-Estabelecer pontes (A)
-Fazer pensar (A)
-Debates e análise de questões
nas aulas práticas (B)
-Análise das questões éticas do
mundo contemporâneo (B)
X
X
X
X
X
Justificação das
estratégias
-Comportamentos impulsivos (A)
-Predomínio de preocupações
pessoais (A)
X
X
-Aplicação de situações em sala
X
127
Sugestões de
actividades
práticas
de aula (A)
-Aplicação à exploração de temas
e histórias (A)
-Aplicação a actividades lúdicas
(A)
X
X
Categoria 1: Estratégias de formação
Esta categoria contempla as estratégias de formação privilegiadas pelos professores
na formação ética dos formandos.
A análise do quadro 20 permite-nos verificar que, como estratégia, ambos os
professores disponibilizam informação aos seus alunos, numa perspectiva teórica
baseada na apresentação de matéria e abordagem e de textos.
Quanto á forma como essa informação é trabalhada existem pontos de vista
diferentes.
O professor A procura provocar os alunos para os fazer pensar. “…a minha forma
de dinamizar as aulas vai ser… é sempre numa perspectiva provocativa..” A158
Este professor, justifica a sua estratégia, baseado na necessidade de aprender a
reflectir, para prevenir comportamentos inadequados. “…È precisamente por muitas
vezes (…) não reflectirmos (…) até nas pequenas coisas da inter-relação pessoal do
nosso quotidiano, que muitas vezes nem sequer damos conta que não temos atitudes,
nem comportamentos éticos à altura, daquilo que supostamente deve ser o padrão de um
educador ou de um professor. “A169
Para além de uma abordagem teórica, o professor A refere estratégias de carácter
prático, relacionadas com a aplicação da formação ética na exploração de histórias e
actividades lúdicas.
128
Quanto ao professor B centra-se na análise e debate de questões éticas”… Nós na
escola atribuíamos muita importância à análise profunda dos grandes desafios éticos do
mundo contemporâneo… “B443
Este professor refere ainda a divisão de aulas em teóricas e práticas, como
estratégia de formação.”… - [Nas aulas teóricas] eram trabalhados textos de referência
…” B276 …
“…[Aulas mais práticas] muitas vezes (…) girando à volta de debate sobre textos
… B279
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 21- continuação: Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Estratégias de
formação
Sugestões de
actividades
práticas
-Estabelecer articulação entre
teoria e prática (A)
-Salvaguardar da liberdade do
educador (A)
X
X
Estruturação das
aulas
-A parceria na dinamização das
aulas (B)
-A divisão em aulas teóricas e
práticas (B)
X
X
Estratégias de
desenvolvimento
Ausência de
estratégias
-Nenhuma estratégia prévia (A)
X
Conhecimento da
criança e do grupo
-Observar o grupo para o
conhecer (A)
-Conhecer cada criança
X
X
129
moral da criança
individualmente (A)
Construção da
relação afectiva
-Dar atenção às crianças (A)
-Conquistar afectivamente o
grupo (A)
-Estabelecer relação de olhares
(A)
-Manter a disponibilidade (A)
X
X
X
X
Categoria 2: Estratégias de desenvolvimento moral da criança
Esta categoria integra as estratégias que os professores de Axiologia defendem para
a apoiar o desenvolvimento moral da criança.
Em relação ao professor A, este refere a importância de observar a criança e o
grupo “…Aquilo que aconselho (…) aquilo que eu fundamentalmente recomendo é que
observem muito” A188
Defende também a necessidade de construir uma relação afectiva com cada criança
e com o grupo.”… - [A afectividade] é quase que uma estratégia (…) de conquista para
poder formar…” A205
Quanto ao professor B , propõe como estratégias, a construção de materiais
didácticos e a aplicação desses materiais no trabalho com as crianças .”… - (…) Depois
mais concreto na prática e tantas vezes a construção de jogos…” B301
Por outro lado, incentiva os formandos a colher opiniões junto das crianças sobre
temas relacionados com os valores. “… A recolher tomadas de posição [das crianças]”
B310.
130
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 22 –continuação: Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Estratégias de
desenvolvimento
moral da criança
Planificação e
realização de
actividades
-Sugestões de trabalho baseadas
nos conteúdos teóricos (B)
-Construção de materiais
didácticos (B)
-Aplicação dos materiais à prática
pedagógica (B)
X
X
X
Desenvolvimento
das actividades
com as crianças
-O envolvimento das crianças (B)
-A tomada de posição das
crianças sobre valores (B)
X
X
Conteúdos da
formação
Deontologia
-Sensibilização às questões
deontológicas em geral (B)
-Sensibilização às questões
deontológicas da profissão (B)
-Apoiada em autores portugueses
(B)
-A construção de um código
deontológico (B)
X
X
X
X
Dilemas éticos
-Os dilemas da profissão (B)
X
Paradigmas da
formação ética
-Paradigma da responsabilidade
(B)
- Paradigma da justiça (B)
X
X
131
Categoria 3: Conteúdos da formação
Sobre os conteúdos da formação apenas se pronunciou o professor B, referindo
como principais, a deontologia, “…As últimas aulas eram dedicadas ao debate de
questões relativas ao deontológico… “B291…os dilemas éticos “…As últimas aulas eram
dedicadas às questões dilemáticas da profissão docente…” B293 e os paradigmas da
responsabilidade e da justiça. “…As últimas aulas eram dedicadas às questões relativas
aos paradigmas da responsabilidade B294….. às questões relativas aos paradigmas da
justiça… “B295.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 23- continuação: Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Objectivos da
formação
-Incentivar tomadas de posição
(B)
-Promover o espírito crítico e a
reflexão (B)
X
X
Impacto da
formação ética
Na avaliação
-Condicionalismos pessoais da
avaliação (A), (B)
-Falta de tempo para aprofundar
as grandes questões (B)
-Necessidade de cumprir o
programa condiciona a
verificação dos resultados da
formação (B)
X
X
X
X
132
Em situações de
estágio
-Aplicação das temáticas da ética
em sala de Pré-Escolar (A)
-Exemplos trazidos das situações
de estágio (B)
-Exemplos de situações com
crianças (B)
-Exemplos de situações da atitude
do educador com as crianças (B)
X
X
X
X
Em situações de
sala de
de aula
-Aplicação das temáticas da ética
em sala de aula (A)
-Substituição dos planos de aula
pelo debate de situações práticas
(B)
X
X
Categoria 4: Objectivos da formação
Desta categoria constam apenas os objectivos definidos pelo professor B,
nomeadamente, o incentivo de tomadas de posição pelos alunos “…Obrigar os alunos a
tomar posição “B297 e à promoção do espírito crítico e à reflexão. “…Obrigar os alunos]
a assumir posições críticas B298 (…) de reflexão. B299
Categoria 5: Impacto da formação ética
Relativamente ao impacto da formação ética na avaliação dos alunos, os
professores por razões diferentes não podem fornecer informações precisas.
No que respeita ao Professor A , este não dispõe de informação sobre as formandas
entrevistadas, porque à data da entrevista ainda não tinha começado a leccionar a
disciplina de Axiologia e no ano transacto não esteve na nesta escola a exercer.
As suas opiniões ao longo deste trabalho têm como referência, a experiência
adquirida ao logo de dez anos nesta área, com educadores e professores do 1º ciclo, mas
133
não desta Escola. “… Estamos ainda numa perspectiva muito recente, uma vez que (…)
não leccionei esta disciplina aqui no ano passado…” A157
Quanto ao professor B, refere condicionalismos como a falta de tempo para
aprofundar as matérias e a necessidade de cumprir o programa.”… - (…) Muitas vezes
condicionados pelo tempo (…) [teríamos apenas que ficar muitas vezes (…) admito por
alguma superficialidade e não tanto por aprofundar as questões] … B339 (…) Temos
sempre essa condicionante [o programa cumprir] …” B318
No entanto, ambos os professores reconheceram o interesse dos alunos, para
trabalhar estes temas quer na sala de aula, quer na prática do Jardim-de-infância.
“…[No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi que é muito significativa que]
pega nestas temáticas, para as optimizar depois em sala de aula… A223. (…) No 4º ano
há uma percentagem, que eu não direi que é muito significativa que] pega nestas
temáticas, para as optimizar depois em sala de pré-escolar.” A224
“… Tantas vezes eles [os formandos] auxiliavam-se dessa pouca prática [de
estágio] que ainda tinham (…) com a qual tinham contactado para (…) aprofundar ou
enquadrar dentro daquilo que era tematizado dentro da nossa aula…… B328
Ainda de acordo com a perspectiva do professor A, que embora não tenha sido
responsável pela formação ética das formandas do 4 ano, que fazem parte deste estudo,
este professor orientou os seus trabalhos de final de curso no âmbito da ética. Assim,
pôde conhecer os principais interesses dos formandos que orientou e de entre esses
destaca: o código deontológico”…verifico que têm algum interesse genuíno, em
questões relacionadas com o estatuto deontológico da profissão… A214, a autoridade em
educação, os valores, e a importância da formação pessoal e social.”… - [No 4º ano há
uma percentagem, que eu não direi que é muito significativa que] reconhece a
importância da ética na educação…” A222
134
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 24-continuação:Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Impacto da
formação ética
Interesses dos
alunos
-Código deontológico da
profissão (A)
-Autoridade em educação (A)
-Valores em educação (A)
-Temas ético-deontológicos (A)
-Importância da ética na formação
pessoal e social (A)
X
X
X
X
X
Importância da
formação extra-
escolar
-Influência do escutismo (A)
-Influência das experiências de
vida (A)
X
X
A ética como
construção
-O reconhecimento da
importância de que a ética tem
que se construir (A)
-O reconhecimento da
importância da ética depende do
interesse e da legitimidade que se
lhe atribui (A)
X
X
No entanto, o mesmo professor associa este interesse pelas questões éticas, não a
necessidades nascidas no contexto profissional (estágios) mas resultantes da formação
135
extra-escolar.”… - [Tem a ver] com outras experiências anteriores, que os alunos
trazem, ou desenvolvem paralelamente á sua actividade estudantil” A246
Na perspectiva deste professor, o interesse pela ética tem que se construir “ Esta
construção [da importância da ética em educação] depende muito do interesse [que nós
reconhecemos a essas temáticas] …”A229
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 25- continuação:Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Outros
contributos
para a
formação ética
As disciplinas
-A disciplina de Teoria e
desenvolvimento curricular I e II… e
a formação cívica e para a cidadania
(A)
-A disciplina de Teoria e
desenvolvimento curricular I e II e a
formação pessoal e social (A)
-A Matemática promotora de
actividades integradas numa visão
ética (A)
-Os valores humanistas estão
presentes nestas disciplinas (A)
- Filosofia / Sociologia / Axiologia
(B)
X
X
X
X
X
O currículo
oculto da Escola
- Os valores humanistas estão
presentes na orientação da Escola (A)
X
Os professores
de outras
disciplinas
-O reconhecimento das competências
científicas, pedagógicas e éticas dos
outros professores (B)
X
136
Categoria 7: Outros contributos para a formação ética
Com esta categoria pretendemos dar conta de outros contributos existentes na
escola, para promover a formação ética dos alunos
Entre estes, ambos os professores referem outras disciplinas, que através dos seus
conteúdos reforçam esta formação.
Por seu lado, o professor A, considera que o próprio currículo oculto da Escola,
promove a formação ética.”… Eu penso que pelo elenco que vejo dessas disciplinas
[neste universo de valores que considero humanistas que eles estão presentes, (…)
nem que seja numa perspectiva de currículo oculto.” A255
Quanto ao professor B, refere o contributo dos outros professores, que pelas suas
competências participam igualmente na formação ética dos formandos.”… Eu creio que
sim, que os professores conhecendo-os como conheço, que colaboravam de forma séria
também para a formação ética dos futuros educadores. “B358
Este professor salienta também o ambiente da escola, como contributo para a
formação ética, por entender que o mesmo valoriza a proximidade entre professores e
alunos.
-A colaboração séria na formação
ética dos alunos (B)
X
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 26 – Conclusão: Tema F: “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Outros
contributos
para a
O ambiente da
escola
-Uma escola pequena (B)
-Promove o conhecimento e
proximidade entre professores e
X
X
137
Categoria 8: Propostas de alteração à formação ética
Nesta categoria incluem-se as propostas dos professores, para melhorar a formação
ética dos formandos.
Assim, o professor A propõe a introdução de novas disciplinas.”… Se eu pudesse
alterá-la [a formação ética] tentaria que (…) houvesse uma disciplina mais abrangente,
em termos das temáticas éticas (…) naquela perspectiva de evolução histórico-
cultural.”A257 (…) Tentaria que houvesse talvez uma outra (disciplina) que tentasse a
formação ética
alunos (B)
Propostas de
alteração à
formação ética
Introdução de
novas disciplinas
-A perspectiva ética subjacente aos
modelos pedagógicos (A)
-Leitura ético-moral dos modelos
pedagógicos num plano cultural e
antropológico (A)
X
X
Formação mais
alongada
-A necessidade de mais tempo para a
construção ética do aluno (A)
-A necessidade da disciplina ser
anual (B)
X
X
Integração de
sugestões dos
alunos
-Realização de Seminários e
encontros de reflexão conjunta (B)
-Necessidade de alargar horizontes e
aprofundar questões (B)
X
X
Perspectiva da
Escola
-A abertura da Escola para as
questões ético-deontológicas (B)
X
138
partir dos diferentes modelos pedagógicos para a educação de infância, (…) fazer ver
aos educadores, qual o quadro ético-moral que lhes está subjacente” A258
Em relação ao tempo destinado à formação ética, ambos os professores são
unânimes em reconhecer a necessidade desta ser mais alongada.”… Porque estas coisas
da ética precisam de tempo, porque são do domínio das relações…” A265
“…E tantas vezes este desejo [da disciplina ser anual] era manifestado no Conselho
Científico, (…) pelos docentes, por quem leccionava a disciplina “B227
Tema G: “Os professores e a profissão
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 27 - Tema G: “Os professores e a profissão”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Funções do
professor
Informação
- Profissional da informação (A)
X
Formação
- Profissional da formação (A), (B)
X
X
Relacionais
-Promotor da socialização (A), (B)
X
X
Requisitos do
professor
Saberes
-Têm que saber ser informados (A)
X
Competências
relacionais
-Têm que saber estar em sociedade
(A)
- Têm que saber relacionar-se com
os intervenientes do processo
educativo (A)
- A atenção ao aluno (B)
X
X
X
139
Categoria 1: Funções do professor
Esta categoria integra a concepção dos professores relativamente ás suas funções.
Assim, regista-se consenso entre ambos, em relação ás funções do professor, como
profissional da formação e promotor da socialização.
Categoria 2: Requisitos do professor
Esta categoria inclui os saberes, as competências relacionais e técnicas que os
professores consideram essenciais.
As competências relacionais reúnem o consenso de ambos os professores. No
entanto, o professor A direcciona-as para todas as pessoas em geral “… São todos eles
profissionais que têm que saber relacionar-se com os outros…” A319 , enquanto que o
professor B dá primazia á relação com o aluno e ao seu contexto familiar
“… Eu acho que o segredo… se é que há aqui algum segredo, o segredo para nos
mantermos verdadeiramente atentos (…) [em relação aos alunos que temos] … B451
(…) São o reflexo das suas famílias, dos seus comportamentos… “B455
- A receptividade (B)
-O conhecimento do aluno e do seu
meio familiar (B)
X
X
Competênci
as técnicas
-Têm que ter competências
específicas para a sua acção
profissional (A
X
140
Categoria 3: A educação como conceito
Para ao professor A, a educação apresenta-se numa perspectiva deontológica,
traduzida num processo uno, como qual todos os profissionais devem estar
comprometidos.
“…A educação é um só universo… “A331 (…) Ela [a educação] tem também um
contributo de diferentes profissionais na sua especificidade ao longo do processo.” A317
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 28- Conclusão:: Tema G: “Os professores e a profissão”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
A educação como
conceito
-A educação é um processo uno
(A)
-Os profissionais são
comprometidos com a educação
(A)
-Educar é mudar (B)
-Conhecer o mundo para intervir
(B)
X
X
X
X
A
responsabilidade
da profissão
Fundamentos
-Uma responsabilidade acrescida
(A)
-Os direitos e deveres (A)
-Uma grande visibilidade (A)
X
X
X
Necessidade de
regras
-Regras gerais (A)
-Regras de colocação de
professores (A)
X
X
141
Quanto ao professor B, a educação é vista numa perspectiva mais
desenvolvimentista, associada á mudança e capacidade de intervenção. “…E se
queremos mudar alguma coisa (…) haveria que partir sempre desse… desse pintar do
mundo em que nós vivemos, para percebermos] (…) quais são os desafios que temos
pela frente.” B458
Categoria 4: A responsabilidade da profissão
Esta categoria integra a posição do professor A, relativamente aos fundamentos da
profissão, assentes na responsabilidade que lhe é inerente e da que lhe é atribuída pela
sociedade. “…a importância que têm os profissionais da educação, é óbvio que isso, de
algum modo traduz uma responsabilidade acrescida …” A267
Este aspecto torna-a uma profissão de grande visibilidade. “… E por ter uma grande
visibilidade [a profissão] … julgo que é necessário que as regras de… deve e haver (...)
[devem ser claras, transparentes] … A279
A profissão implica ainda a definição de direitos e deveres.” …O profissionais da
educação são pessoas] que têm direitos e deveres “A335
Tema H: “Deontologia da profissão docente
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 29-Tema H: “Deontologia da profissão docente”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Conceito de
deontologia
-O saber do dever ser (A)
X
Pertinência do
código
deontológico
-Particularmente importante (A)
-A ausência do código docente
X
X
142
Categoria 1: Conceito de Deontologia
Esta categoria expressa o conceito de deontologia definido pelo professor A.
“…Em termos etimológicos, deontologia será alguma coisa como a ciência ou o
saber do dever ser…” A289
Categoria 2: Pertinência do código deontológico
Esta categoria apresenta a opinião dos professores relativamente à pertinência de
um código deontológico da docência.
Da leitura do quadro podemos observar que ambos os professores consideram
importante a questão deontológica, conforme afirmam: “…- (…) Eu penso que esta
ideia de deontologia é particularmente importante… “A288
motiva à reflexão (B)
Objectivos do
código
-Promover relações de transparência
e justiça (A)
X
Orientar
-Apontar caminhos (B)
X
Reconquistar a
dignidade do
papel do
professor
-Reconquistar a dignidade do
professor como educador e
socializador
(B)
-Reconquistar a dignidade do
professor como promotor de
mudança (B)
X
X
Consolidar a
profissão
-Cristalizar um modo de viver a
profissão docente (B)
X
143
“…Quando passamos para o plano da docência, nós encontramos ali um vazio
enorme [relativamente ao código deontológico] … B367 (…) Em debate com os alunos, e
confrontados com esta questão (…) é uma das questões que mais os motiva até á
reflexão… B368
Categoria 3: Objectivos do código
Nesta categoria, os professores definem os objectivos que consideram mais
importantes para incluir num código. Assim, o professor A salienta a necessidade do
código promover relações de transparência e de justiça.
Quanto ao professor B considera três aspectos diferentes mas que se
complementam:
- Deve servir para orientar os professores “…E eu creio que o código deontológico
serviria, pelo menos regulando (…) apontando caminhos … B377
- Restaurar a dignidade profissional “…Interiorizando alguns princípios
fundamentais] nós poderíamos de facto caminhar para a reconquista (…) do papel do
professor (…) enquanto motor de mudança da sociedade. B385
- Estabelecer um modo de viver a profissão. “…Que ele cristalizasse, aliás como na
sequência das reflexões que nós fizemos dos textos da Maria Teresa Estrela (…) um
certo (…)] de viver a profissão docente… B390
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 30-continuação:Tema H: “Deontologia da profissão docente”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Perspectiva
idealista
-Não considera necessário (A)
-Promover aprendizagens na base
X
X
144
Categoria 4: Necessidade do código
Esta categoria refere-se à posição dos professores sobre a necessidade da existência
do código.
Ao pronunciar-se sobre esta questão, o professor A apresenta duas perspectivas:
-Perspectiva idealista: não há necessidade de código em nenhuma profissão porque
“…Penso que devemos todos (…) cada um de nós (…) que entra e que sai do
sistema de ensino e que ao longo da vida (…) continuar a promover as suas
Necessidade do
código
do dever ser (A)
-Desenvolver o saber estar numa
perspectiva de aperfeiçoamento
constante (A)
X
Perspectiva
realista
-O comportamento ético-moral
inato não é viável (A)
-A necessidade de clarificação de
estatuto (A)
- A necessidade de clarificação de
desempenho de papéis (A)
-A desvalorização profissional (B)
X
X
X
X
Sentida pelos
alunos
-A elaboração do código pelos
alunos (B)
X
Inconvenientes
do código
Não vê desvantagens (A)
X
Perigo de ser
normativo e
impositivo
-Um código fechado sobre si
mesmo (B)
-Um código demasiado normativo e
impositivo (B)
X
X
145
aprendizagens, devem ser sempre numa perspectiva de dever ser …” A294… sempre
numa óptica de (…) aperfeiçoamento constante”. A298
Mas esta perspectiva pressupõe que cada ser humano reage de forma natural,
sempre eticamente. “… É como se houvesse aqui uma dimensão quase de
comportamento ético-moral inato”. A299 Mas conforme afirma o professor A, “…Mas
isso (…) …não é viável [o comportamento ético-moral inato] A300
Assim, numa perspectiva mais realista, o professor A entende o código como uma
forma de clarificar e regular o desempenho profissional.
Quanto ao professor B, partilha desta mesma perspectiva realista, considerando que
o código é necessário para dar resposta “… Por exemplo as questões que têm a ver com
a progressiva desvalorização ou subvalorização geral da sociedade, em relação ao
trabalho do professor.” B375
A necessidade do código é na opinião do professor B, sentida igualmente pelos
alunos.
“… E eles próprios avançaram… o projecto de trabalho final para a disciplina, foi
precisamente a elaboração de um código deontológico” B370
Categoria 5: Inconvenientes do código
Esta categoria integra os inconvenientes que os professores atribuem á existência
do código.
Assim, o professor A, não considera nenhum inconveniente. A292
Quanto ao professor B, alerta para o perigo de se elaborar um código demasiado
normativo e impositivo, que limite a acção e o desempenho do professor.
“…As desvantagens que eu vejo, cingem-se no fundo a isto: (…) não poderia ser
nunca um código deontológico demasiado (…) restritivo nos seus princípios …” B387.
146
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 31 – continuação: Tema H: “Deontologia da profissão docente”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Inconvenientes
do código
Perigo de
ser limitativo
-Um código demasiado linear e
restritivo nos seus princípios (B)
-Um código limitativo da acção e
desempenho do professor (B)
-Um código limitativo nas
responsabilidades do professor (B)
X
X
X
Composição do
código
Princípios e
Deveres
orientadores da
relação
- Deveres de competência relacional
(A)
- Do Professor-aluno e professor-
professor (B)
- Do professor para com a escola
enquanto instituição (B)
-Do professor para com a sociedade
no seu conjunto (B)
X
X
X
X
Princípios
orientadores da
profissão
-A relação do professor com a
profissão (B)
-Princípios orientadores no início de
carreira (B)
X
X
Categoria 6: Composição do código
Esta categoria abrange os deveres que os professores consideram que devem
constar no código.
147
Verificamos que ambos os professores apontam deveres de carácter relacional: o
professor A refere-se à relação em geral, enquanto o professor B especifica deveres
relacionais, direccionados para os vários elementos da comunidade educativa.
O professor B considera ainda a relação do professor com a profissão.
“…Princípios que orientasse no estabelecimento das relações] com a profissão em
si…B401 (…) Um conjunto de princípios] que orientem principalmente quem está no
início de carreira, no início da profissão…” B397
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 32 – continuação: Tema H: “Deontologia da profissão docente”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Autoria
Representantes
dos Professores
e elementos do
ME
-Professores com formação ética
(A)
-Representantes das organizações
dos educadores (A)
-Elementos do ME (A)
-Participação conjunta de
professores, representantes de
organizações e M.E. (A)
- O contributo de pessoas ligadas ao
sistema educativo (B)
X
X
X
X
X
Investigadores
-A colaboração de investigadores
direccionados para a elaboração do
código (B
X
Educadores e
- Conhecem melhor a realidade
concreta (B)
- Conhecem as potencialidades da
Escola (B)
X
X
148
professores
- Conhecem as potencialidades dos
alunos (B)
X
Categoria 7: Autoria
Sobre quem deverá participar na elaboração de um código deontológico da docência, as
opiniões dos dois professores convergem nos educadores e professores ou seus
representantes e nos elementos do ME. ( A310, B429)
O professor B acrescenta ainda o contributo dos pais e alunos, e dos investigadores
ligados a este tema.”… A colaboração penso de quem tem contribuído com a sua
pesquisa, a sua investigação séria, no âmbito destas questões …” B437.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro -33-continuação:Tema H: “Deontologia da profissão docente”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Autoria
Pais e alunos
-O contributo dos pais e alunos (B)
X
Processos de
elaboração
- Deve contemplar as
especificidades necessárias (A)
-Desenvolvido numa perspectiva de
administração da política educativa
(A)
-Desenvolvido numa perspectiva
científico-pedagógica da educação
(A)
-O debate com os agentes
educativos (B)
X
X
X
X
149
Abrangência do
código
-Todos os professores
indiferenciadamente (A)
-Abrangente e único (A)
-Um código para cada grau de
ensino não é benéfico (A)
X
X
X
Categoria 8: Processos de elaboração
Esta categoria inclui essencialmente a opinião do professor A, sobre o processo de
elaboração do código. Segundo este professor “…este documento pudesse ser
desenvolvido simultaneamente, sob uma perspectiva da administração política
educativa… A308 (…) Tentar que este documento pudesse ser desenvolvido
simultaneamente] numa perspectiva científico-pedagógica e da profissão…” A309
Quanto ao professor B, considera a necessidade do código ser alvo de um debate
com todos os agentes educativos.”… O contributo de um debate (…) que envolvesse
(…) os tais agentes que estão sempre presentes (…) no nosso trabalho”. B433
Categoria 9: Abrangência do código
Esta categoria considera a opinião do professor A, que se pronunciou sobre quem
deverá ser abrangido pelo código docente.
O professor A, defende que deverá abranger todos os professores, de todos os graus
de ensino, ou seja, deverá existir um código único. “… No domínio da educação, da
formação nesta perspectiva, eu desejavelmente entendo que, o código deontológico
deveria abranger todos os profissionais da educação. A314
150
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
PROFESSORES
Quadro 34-Conclusão: Tema H: “Deontologia da profissão docente”
Categoria Subcategoria Indicadores A B
Opinião face
ao código
-O código como elemento de força
numa óptica política (A)
- O código como forma de pressão
social (A)
- O código como parceiro social (A)
-Não se pretende um código
limitativo (B)
- Um código isento dos interesses
corporativistas dos professores e
educadores (B)
-Professor defensor da existência do
código (B)
- Alunos partilham da opinião do
professor sobre o código (B)
X
X
X
X
X
X
X
Categoria 10: Opinião face ao código
Sobre o tema desta categoria ambos os professores são consensuais, no sentido em
que defendem a existência do código.
No entanto, as razões para tal posição seguem linhas de pensamento diferentes.
O professor A, numa perspectiva mais global considera que o código pode
constituir uma força em termos políticos e sociais. (A336, A337, A338)
O professor B, centra-se numa perspectiva mais relacionada com o funcionamento
da profissão e considera que o código não deve ser limitativo, mas também não deve
ceder aos interesses corporativistas dos professores.”… Não sou apologista de que um
151
código seria (…) uma espécie (…) de um cânon construído ali em prol dos interesses
mais ou menos corporativistas dos professores e dos educadores… “B431.
Assim, relativamente aos oito temas sobre os quais nos debruçámos, verificámos
alguns pontos de convergência entre ambos os professores, outros divergentes e ainda
outros que se complementam. No entanto, esta apreciação será desenvolvida nas
Conclusões.
Seguidamente passaremos a apresentar os quadros relativos ao tratamento dos
dados recolhidos junto dos formandos.
2. Apresentação e interpretação dos dados das entrevistas dos formandos
Tema A: Disciplinas da formação geral
Este tema integra as disciplinas consideradas mais importantes pelos formandos.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 1 - Tema A: Disciplinas da formação geral
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Contributo
das
disciplinas
da
formação
geral
Disciplinas
orientadas
para os
conteúdos
- A Psicologia educacional (M)
X
- A Psicologia do
desenvolvimento (M), (R)
X
X
- A Axiologia (M), (R), (P), (L)
X
X
X
X
- A Sociologia (M), (P), (L)
X
X
X
- Sintaxe e Linguística (M)
X
- Literatura (M), (R)
X
X
152
- A Metodologia da
Matemática (R), (L)
X X
- Métodos e Técnicas da
Comunicação (P)
X
Disciplinas
orientadas
para as
práticas
- O Desenvolvimento e drama/
a Música/ as Expressões
Plásticas (M), (R )
X
X
- A Prática Pedagógica (P)
X
Categoria 1: Contributo das disciplinas da formação geral
Esta categoria refere-se à opinião dos formandos, sobre as disciplinas que
consideram mais importantes, em termos dos seus contributos, para a formação e para o
desenvolvimento futuro da profissão,
Assim, da análise do quadro 1, podemos verificar que, nas disciplinas orientadas
para os conteúdos, todos os formandos destacam a disciplina de Axiologia como a mais
importante, logo seguida da Sociologia.
Quanto às disciplinas de Psicologia Educacional e Sintaxe e Linguística são
referenciadas apenas uma vez pelo formando M, enquanto a disciplina de Métodos e
técnicas de Comunicação, é mencionada apenas pelo formando L
No que respeita ás disciplinas orientadas para as práticas, a disciplina de
Expressões é mencionada maioritariamente por dois formandos: M e R, “…Depois
todas aquelas práticas, portanto, Desenvolvimento e Drama, Música, as Expressões
Plásticas… M5 (…) E depois Expressões [acho que são áreas que também são muito
importantes nós desenvolvermos com as crianças …] R17
153
Quanto à disciplina de Prática Pedagógica apenas é mencionada pelo formando P.
“…Considero importante a Prática Pedagógica, que é uma disciplina que nós temos
desde o 2º ano até ao 4º.” P1
Ainda nesta categoria, o formando M, justifica o contributo da Psicologia e da
Axiologia para ajudar a compreender a criança. “…Estas são mais teóricas, [Psicologia
e Axiologia] que nos ajudam a compreender melhor a criança…” M10
Quanto aos formandos R e L, salientam a disciplina de Metodologias, inserida
numa abordagem mais prática, direccionada para a sensibilização à Matemática e ao
Inglês.
“…Perceberem já antes de irem (…) pró 1º ciclo… (…) no que é que consiste] (…)
a matemática …” R28 (…) E essa disciplina [“Metodologias”] acho que nos deu uma
visão disso tudo.[de como as crianças começam a perceber a matemática e o inglês] L7
No que respeita á formação ética, são os formandos P e L, que justificam a
importância da Sociologia e Axiologia como as que mais contribuíram para esta
formação. “Considero também importante a Sociologia [que são disciplinas que tratam
os valores da nossa sociedade. …” P3 …A Axiologia, que são disciplinas que tratam os
valores da nossa sociedade.”P4 (…) Eu acho…a que nos alertou mais para essa questão
[da formação ética] foi a Axiologia e talvez a Sociologia, mas talvez porque era dada
pela mesma professora…” L36.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 2 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Compreensão
da criança
-A Psicologia e Axiologia
ajudam a compreender melhor
a criança (M)
- A Psicologia e a Axiologia
X
154
Contributo
das
disciplinas
de formação
geral
como disciplinas principais
(M)
- A Psicologia ajuda a saber
como agir (M)
X
X
Abordagem
das práticas
- O papel da Literatura infantil
na sensibilização à leitura e à
escrita (R)
X
- O papel da Metodologia da
Matemática na sensibilização
à disciplina (R)
- O papel da disciplina de
Metodologias para sensibilizar
as crianças para a matemática
e o inglês (L)
X
X
- Importância da disciplina de
Metodologias na abordagem
da prática (L)
X
Formação
ética
- Importância da Sociologia e
da Axiologia na abordagem a
questões éticas (L)
- O papel da Sociologia e
Axiologia na formação ética
(P)
- O alerta da Prática
Pedagógica para o
comportamento ético em
estágio (L)
X
X
X
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 3 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Ética e Moral
- O conceito de moral
associado ao que está escrito
(M)
X
155
Conteúdos
de formação
ética
- O conceito de ética associado
à consciência pessoal (M)
X
Relação da
ética com a
profissão
- As questões éticas no
trabalho e no relacionamento
com outros profissionais (L)
- A situação actual da ética da
docência em Portugal (L)
X
X
Ética na
formação da
criança
- Importância de saber agir
eticamente para formar a
criança para a vida e para a
sociedade (L)
- Importância de saber
trabalhar em parceria para
formar eticamente a criança
para a vida e para a sociedade
(L)
X
X
Categoria 2: Conteúdos de formação ética
Esta categoria integra os conteúdos da formação ética mais significativos para os
formandos.
Assim, o formando M destacou a distinção entre os conceitos de ética e moral.
“… A ética está muito relacionada] com os valores da pessoa… M15 …A moral é o
que está escrito… M16
Quanto ao tema da relação da ética com a profissão, foi mencionado apenas pelo
formando L “…A Sociologia e a Axiologia, que nos falaram mais em questões éticas
…do dia a dia do trabalho… L9
Este mesmo formando, destacou ainda o papel da ética na formação da criança.
156
“… Acho que uma pessoa que não sabe se comportar [nunca vai conseguir passar à
criança, que a vida tem que ter uma questão ética perante a sociedade, e perante os
colegas e perante o mundo infinito de coisas.] … L16
Também integrado na categoria 2, sobre conteúdos de formação, que temos vindo a
analisar, o formando M, enfatiza a importância dos valores e o seu papel na sociedade
“…[Discutimos muito] os valores morais da sociedade actual… M28
Quanto aos Formandos R e P , também referenciaram os valores e a sua
hierarquização, mas apenas brevemente: ”… A Sociologia da Educação, porque nessa
cadeira nós falámos também dos valores… R74 (…) A hierarquização dos valores, do
que é que era mais importante para uns e o que é que era mais importante para outros.”
P10
Quanto aos valores na educação, foram os aspectos mais marcantes para o
formando L “…Eu acho que esse trabalho de ver a evolução de toda a educação (…) a
questão dos valores na educação, foi bastante interessante… L26
Outro tema considerado na formação ética foi deontologia docente. Este tema foi o
que mais consenso reuniu entre os formandos pois foi referenciado por três deles: o
formando M, o R, (que de entre todos foi que lhe deu mais relevo) e o L.
“…Também falámos da deontologia (…) docente… M29 (…) Aquele que me
despertou mais e que eu mais gostei, foi realmente a deontologia,… R44 (…) Fizemos
um trabalho sobre deontologia.... “L20
Ainda relacionado com a deontologia, os formandos M, R e P, destacaram a
importância dos códigos deontológicos e o seu interesse pela sua análise.
“…[A Axiologia] vimos a proposta de um código exactamente para a profissão
docente… M122 (…) Em relação aos códigos deontológicos que nós também falámos
(…) nesta cadeira e foi isso que me despertou bastante… R49
157
“…Foi basicamente isto [os valores e os códigos deontológicos] os aspectos que eu
considero que foram (…) os mais relevantes, para a importância] da formação…
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 4 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Conteúdos
de formação
ética
Importância
dos valores
-A relevância dos valores (M)
- A abordagem aos valores (R)
- Os valores como
condicionantes (M)
X
X
X
Os valores na
sociedade
- Os valores morais da
sociedade (M)
- A necessidade de
acompanhar os valores em
mudança (M)
- A necessidade de preservar
os valores importantes (M)
- A hierarquização dos valores
(P)
X
X
X
X
Os valores na
educação
- Os valores na educação antes
e durante o antigo regime e na
actualidade (L)
- O interesse pelo estudo da
evolução dos valores na
educação (L)
X
X
Importância
de uma
deontologia
docente
- A importância da deontologia
(R)
- A ausência de uma
deontologia docente (M)
X
X
158
- A importância de conhecer e
aplicar os deveres da criança
(R)
X
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 5 – Continuação do Tema A: Disciplinas da formação em geral
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Conteúdos
de formação
ética
Importância
de uma
deontologia
docente
- A realização de um trabalho
sobre deontologia (L)
X
Análise de
códigos
deontológicos
- O interesse pelos códigos
deontológicos (R)
- O conhecimento de códigos
para a profissão docente (M)
- Os códigos deontológicos
noutras profissões (P), (M)
- A importância dos valores e
códigos deontológicos na
formação dos formandos (P)
X
X
X
X
X
Opinião
sobre a
Axiologia
Importância
da Axiologia
- O gosto pela disciplina (M)
- A necessidade de aprender
mais (M)
X
X
O papel da
Axiologia
na formação
pessoal
- Desperta para o
autoconhecimento (R)
- Alerta para hábitos e actos de
conduta pessoais (R), (P)
- Influencia o modo de agir e
pensar (R)
- Dá a conhecer os valores da
sociedade (P)
X
X
X
X
X
159
- A percepção do que se deve e
não deve fazer (L)
- A abordagem da liberdade
como valor pessoal e social (L)
X
X
Categoria 3: Opinião sobre a Axiologia
Esta categoria engloba a opinião dos formandos sobre a disciplina de Axiologia, em
três perspectivas: a importância da Axiologia, o seu papel na formação pessoal e na
formação profissional.
Sobre a importância da Axiologia o formando M afirma “… Adorei a disciplina de
Axiologia… M96… Acho que (…) a gente está sempre a aprender mais….Temos de estar
sempre a acompanhar… M99
Quanto ao papel da Axiologia na formação pessoal, a sua função é mais destacada
pelo formando R, em aspectos como o autoconhecimento e a influência no modo de agir
e pensar. “…[È muito importante] Nós termos uma formação que nos desperte para nós,
enquanto pessoas…” R6, sendo esta perspectiva partilhada pelo formando P “…Essa
disciplina foi importante nesse sentido, (…) de nos apoiar a nós… P17.
Este refere também a divulgação dos valores da sociedade “…[A Axiologia] Acho
que é uma disciplina (…) para (…) nos fazer ver alguns valores da sociedade… P7 .
Por sua vez, o formando L, refere a distinção entre o que se deve e não deve fazer
” … Há coisas que nós devemos e não devemos fazer…” L14.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 6 – Conclusão do Tema A: Disciplinas da formação em geral
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
- Desperta para a atitude e
X
160
Opinião
sobre a
Axiologia
O papel da
Axiologia na
formação
profissional
desempenho do educador (R)
- Desperta para a importância
da conduta social do educador
(R)
- Sensibiliza para a reflexão
sobre a acção (R)
- Alerta para a necessidade de
dar atenção às crianças do meio
envolvente (R)
- Alerta para a necessidade de
dar atenção aos pais (R)
- Apoia os formandos sobre o
modo de proceder no futuro (P)
- Ajuda os formandos a
fomentar na criança os valores
da sociedade (P)
X
X
X
X
X
X
Quanto ao papel da Axiologia na formação profissional, o formando R é quem mais
se manifesta, destacando o contributo desta disciplina para a construção de uma atitude
profissional. “…[È muito importante] Nós termos uma formação que nos desperte para
nós] (…) enquanto educadores… R7
O formando P salienta igualmente esta posição. “…[A Axiologia] também nos
ajuda a perceber como é que havemos de formar mais tarde o cidadão, neste caso as
crianças. P6.
Tema B: Repercussões da formação ética no estágio
Este tema aborda os problemas éticos, percepcionados pelos formandos durante o
estágio e a atitude destes na sua resolução.
161
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 7 - Tema B: Repercussões da formação ética no estágio
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Percepção
de
problemas
éticos
Centrados na
criança
- A humilhação da criança na
prática pedagógica (M)
- O insulto (M)
- A reacção dolorosa da criança
(M)
- A necessidade de movimento
da criança (R)
- A pressão sobre a criança para
se manter quieta (R)
- A necessidade de
compreender a criança
colocando-se no lugar dela (R)
- A punição desajustada da
criança em relação ao seu
comportamento (R)
- A proibição da criança
deficiente fazer algumas coisas
que o grupo fazia (P)
X
X
X
X
X
X
X
X
Centrados no
educador
estagiário
- A dificuldade na relação com
os pais (L)
- O conflito consigo próprio
(M), (R )
- O receio de criar conflitos
com os outros (M), (R)
- A observação de actos ética e
deontologicamente errados (R )
X
X
X
X
X
X
162
Categoria 1: Percepção de problemas éticos
Esta categoria especifica os problemas éticos, detectados pelos formandos durante o
estágio. Assim, pela análise do quadro 7, verificamos que os formandos M, R e P,
referem problemas relacionados com o modo como as crianças são tratadas pelos
adultos, nas instituições onde estagiaram, conforme afirmam:
“… Estou na minha prática e não sei, podia ser uma situação de conflito, mas vejo
muito… muita humilhação… M144
“…A criança faz alguma coisa tipicamente de crianças (…) pegar na criança e dar-
lhe uma punição um bocadinho mais rígida do aquela que deveria ser adequada, sim já
vi muitas vezes. R119
“… Em anos anteriores essa criança [com necessidades educativas especiais] (…)
era um pouco proibida de fazer certas e determinadas coisas, que as restantes crianças
do grupo faziam… P62
Nesta mesma categoria se englobam os problemas éticos percepcionados no
estágio, mas centrados na pessoa do educador. Nesta perspectiva, inserem-se os
formandos
L, M e R.
O formando L refere problemas no relacionamento com os pais das crianças.
“ … Por mais que (…) uma pessoa goste das crianças e elas de nós, ás vezes os pais
não nos conhecem, metem sempre um bocadinho o pé atrás… L65
Quanto aos formandos M e R, sentem-se em conflito consigo próprios, pelo facto
de assistirem a modos injustos de tratar as crianças, e não intervirem.
Também o formando P aponta negativamente a descriminação da criança
deficiente:
163
“… E eu penso que isso [criança (…) era um pouco proibida de fazer certas e
determinadas coisas] é uma grande lacuna, não é, a nível de ética! P64
Quanto aos problemas centrados nos pais, destaca-se a experiência do formando L:
“ Eu não sei se isso será uma questão ética, se não, mas nos meus primeiros tempos
de estágio, ali onde eu estou, os pais praticamente passavam por cima de mim, entre
aspas… L66.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 8 - Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no estágio
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Percepção de
problemas
éticos
Centrados no
educador
estagiário
- A observação de actos
impensados ( R)
- A descriminação da criança
deficiente como lacuna ética
(P)
X
X
Centrados
nos pais
- A desconfiança dos pais
(L)
- A indiferença dos pais (L)
- As interrogações dos pais à
estagiária (L)
- A repetição das
interrogações à educadora
(L)
X
X
X
X
Reacções aos
problemas
percepcionados
Sentimentos
de revolta e
de pena
- Sentimentos de revolta (M)
- Sentimentos de pena (M)
X
X
Dificuldades
em intervir
- Não se sente com direito de
intervir (M)
X
164
- Como estagiária sente-se
limitada (R )
- Não se manifesta por ser
estagiária (R )
X
X
Categoria 2: Reacções aos problemas percepcionados
Esta categoria integra as reacções dos formandos aos diferentes problemas que
viveram durante o estágio.
Assim, o formando M apesar dos sentimentos de revolta face à situação, não
interveio, tal como aconteceu com o formando R .
“… Também não… não me sinto no direito, uma vez que também sou estagiária, de
me revoltar contra o adulto… M150.
“… É assim que eu ajo: eu vejo as coisas, não estou em posição de o dizer como
estagiária… R122.
No entanto, idealizaram estratégias de intervenção, caso pudessem aplicá-las.
Assim, o formando M, centraria a sua actuação na atitude do adulto, procurando
sensibilizá-lo. “… Se calhar talvez chamasse atenção do adulto, para não voltar a
fazer… M155.
Quanto ao formando R centraria a sua actuação na criança, apelando à sua
compreensão.
“…Tentar fazer compreender que aquilo que ela está naquele momento a fazer não
é [correcto] … R130.
Por seu lado, os formandos P e L, adoptaram posições diferentes e decidiram
intervir.
O formando L começou por reflectir sobre a situação.
165
“… É completamente normal que [os pais] (…) a principio não confiem em
mim…” L74.
A estratégia seguinte foi falar com a educadora cooperante: … Ela [a educadora]
disse (…) para eu ter calma, porque isso [a atitude dos pais] é normal nestes primeiros
tempos… L84.
Quanto ao formando P, adoptou igualmente esta atitude. “… Eu neste caso, falei
com a educadora cooperante porque não posso agir (…) sem falar com ela…” P65.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 9 - Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no estágio
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Reacções aos
problemas
percepcionados
Intervenção
idealizada
direccionada
para o adulto
- Chamar o adulto à razão
(M)
- Chamar o adulto à parte
(M)
- Incentivar o adulto a pedir
desculpa à criança (M)
X
X
X
Intervenção
idealizada
direccionada
para a
criança
- Não punir de imediato (R )
- Alertar pessoalmente a
criança sobre o
comportamento errado (R)
- Não humilhar a criança à
frente do grupo (R )
- Levar a criança a entender
o ponto de vista do adulto (R
X
X
X
X
Reflexão
sobre a
- Reflexão sobre o que não
lhe agrada para não o repetir
na sua prática (R )
X
166
situação
- A compreensão em relação
á desconfiança dos pais (L)
- O sentido de
responsabilidade em relação
ao trabalho (L)
X
X
Diálogo com
os pais e com
as educadoras
- O diálogo com a educadora
cooperante (P), (L)
- A explicação da situação da
criança aos pais (P)
X
X
X
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 10 - Continuação do Tema B: Repercussões da formação ética no estágio
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Reacções aos
problemas
percepcionados
Diálogo com
os pais e com
as educadoras
- A persistência na
informação aos pais sobre os
hábitos da criança (L)
- A sensibilização aos pais
sobre a relação da estagiária
com as crianças (L)
X
X
Intervenção
através do
apoio à
criança
deficiente
- A determinação da
estagiária para apoiar a
criança deficiente (P)
- O apoio à criança na
participação de todas as
actividades do grupo (P)
X
X
Dificuldades à
intervenção
- As graves limitações da
criança (P)
- A inadequação das
actividades das educadoras
de apoio (P)
X
X
- A realização de um estudo
sobre a comunicação
X
167
Resultados
das
intervenções
realizadas
aumentativa e alternativa na
criança (P)
- A colaboração dos pais e da
educadora (P)
- O interesse dos pais em
sensibilizar a sociedade para
as potencialidades da criança
deficiente (P
- A mudança de atitude dos
pais (L)
- Os pais que mantém a
atitude inicial (L)
X
X
X
X
O formando P decidiu apoiar a criança deficiente em todas as actividades do grupo.
Daqui resultou a realização de um estudo sobre a comunicação aumentativa e
alternativa, com o apoio da educadora e o envolvimento dos pais.
“…Desde o início falei com os pais porque (…) o meu trabalho final, (…) vai ser
sobre ela [a criança deficiente] … P83… Tanto a educadora como os pais são pessoas
bastante acessíveis…” P85
Quanto ao formando L, adoptou uma atitude aberta: “… Continuei a falar com eles
[os pais], a dizer como é que tinha corrido [o dia da criança na instituição] … L82 e
conseguiu uma melhor relação com a maioria dos pais. “… a maior parte [dos pais]
mudou [de atitude] …L98.
Em resultado destas intervenções realizadas os problemas foram ultrapassados.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 11 - Conclusão do Tema B: Repercussões da formação ética no estágio
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
- O predomínio da ética
X
168
Contributo
da
Formação
ética na
resolução de
problemas
Valorização da
ética pessoal
pessoal (R )
- A valorização da formação
ética recebida no meio
familiar e escolar anterior (P)
- O contributo da ética
pessoal (L)
X
X
Valorização da
Formação ética
recebida na
Escola
- A pertinência da Formação
ética da Escola (R ), (L)
- A importância dos
conselhos da educadora (L)
- A influência conjunta da
ética pessoal e da formação
recebida na Escola e no
estágio (L)
X
X
X
X
Desvalorização
da Formação
ética da Escola
- A intervenção educativa
não dependeu da formação
ética recebida na Escola (P)
X
Categoria 3: Contributo da Formação ética na resolução de problemas
Esta categoria inclui as opiniões dos formandos, sobre o contributo da formação
ética recebida na escola, para a resolução dos problemas registados no estágio.
Assim, constatamos que três dos formandos R, P, e L, consideram que a ética
pessoal tem mais influência na forma como resolvem as situações do que a formação
ética recebida na escola, conforme testemunham:
“… Talvez seja um bocadinho mais vindo do nosso interior, do que propriamente
daquilo que nós estivemos a falar [a formação ética recebida na Escola] …” R66
“…[O contributo da formação ética recebida na escola, para a tomada de posição na
situação] Tê-la-ia tomado independentemente de ter tido a formação ou não.” P94
“…[O contributo da formação ética da Escola para a solução dos problemas]
daquilo que eu penso… L93
169
No entanto, à excepção do formando P, os outros dois que se pronunciaram sobre
esta questão, também admitem a importância da formação ética proporcionada pela
escola:
“…[A resolução de situações educativas] Sem dúvida que também veio (…) de
toda uma componente de formação que nós tivemos aqui na Escola…. R134
“…As opiniões referentes a pensamentos que eu tinha, e a minha educadora, e
aquilo que aprendi, acho que estava tudo mais ou menos igual… L96.
Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Este tema aborda as estratégias de formação proporcionadas pela escola, para a
formação ética dos formandos.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 12 - Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Estratégias
de formação
ética dos
formandos
Discussão de
situações e
dilemas éticos
em geral
- A discussão de situações
éticas reais não direccionadas
para o Jardim-de-infância
(M)
- A discussão de dilemas
éticos reais não relacionados
com o Jardim-de-infância
(M)
X
X
Ausência de
estratégias de
acção
- Não foram dadas estratégias
de acção (R )
X
Linhas gerais
de orientação
- Foram dadas linhas
orientadoras gerais (R )
- Foram dadas algumas
orientações (P)
X
X
170
Análise de
situações
educativas
específicas
- A conduta linear do adulto
face à criança (R )
- A aplicação oportuna de
castigos (R )
- A problemática dos
educadores fumar à frente
das crianças (L)
- A apresentação de situações
da prática pelas alunas (L)
X
X
X
X
Análise de
perspectivas e
de textos sobre
valores
- Perspectivas para ensinar
valores da nossa sociedade às
crianças (P)
- A exploração e discussão de
textos sobre os valores e a
liberdade (L)
X
X
Categoria 1: Estratégias de formação ética dos formandos
Nesta categoria pretendemos apresentar as estratégias de formação ética, que na
opinião dos formandos, eram utilizadas para a sua formação nesta área.
Assim, os formandos R e P consideram que não foram dadas estratégias, mas sim
orientações gerais. Sobre estas, o formando R bem como o L referem a análise de
situações educativas específicas
“…Termos atenção em relação, por exemplo, aos castigos que aplicamos (…) se
têm cabimento ou não… “R53
“…Lembro-me especificamente da questão (…) dos educadores fumarem e de
fumarem à frente das crianças” L32
Quanto ao formando M, referiu a discussão de dilemas de índole geral, ou seja, não
relacionados com a educação de infância
Foi ainda referida pelos formandos P e L, a análise de textos sobre valores.
171
“…A Axiologia deu-nos algumas perspectivas] de como é que havíamos de ensinar
alguns dos valores às crianças, (…) que estão implícitos na nossa sociedade…” P19
“…Depois nós debatíamos em conjunto, umas com as outras e com o professor,
sobre isso [os textos que a professora trazia]…” L31.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 13 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Estratégias de
desenvolvimento
moral dos
alunos
Exploração
do conteúdo
moral de
histórias
- A exploração de histórias
para a formação e o
desenvolvimento moral da
criança (M)
- A exploração do conteúdo
moral das fábulas (M)
- O reconhecimento dos
valores contidos na fábula
em situações do Jardim-de-
infância (M)
- A exploração de histórias
(P)
X
X
X
X
Utilização de
jogos
- A utilização de jogos (P)
X
Abordagem
dos valores
- A necessidade de trabalhar
os valores (R )
X
O educador
como
referência da
criança
- O exemplo do educador
em relação ás crianças (L)
X
Categoria 2: Estratégias de desenvolvimento moral dos alunos
Nesta categoria incluem-se as estratégias utilizadas pelos professores, para ajudar
os formandos a promover o desenvolvimento moral dos alunos.
172
Pela análise do presente quadro, verificamos que essas estratégias se relacionam
com a exploração do conteúdo moral de histórias, sublinhado pelos formandos M e P.
“… Ao lermos uma fábula à criança, ela tem sempre a moral da história…” M43
“…[O desenvolvimento moral dos alunos] Foi mais basicamente de histórias…”
P23
O formando P referiu ainda a utilização de jogos, enquanto o R salientou a
importância de trabalhar os valores:”… É também importante saber que (…) desde esta
faixa etária (…) devem ser trabalhados os valores… R37
Quanto ao formando L, destacou como estratégia, o exemplo do educador:
“… [Estratégias que possa descrever, para promover o desenvolvimento moral dos
alunos] Foi mais só (…) o nosso exemplo para elas…” L27
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 14 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Lacunas
percepcionadas
na formação
ética
Falta de
análise de
situações
práticas
- A falta de exposição de
situações práticas do
Jardim-de-infância (M)
- A falta de discussão
dilemas do Jardim-de-
infância (M)
- Falta de componente mais
prática na disciplina de
Axiologia
(R)
- A falta de incentivo da
professora à pesquisa de
situações práticas (L)
X
X
X
X
Pouco tempo
- Tempo reduzido para
X
173
de formação
teórica
aprofundar a disciplina de
Axiologia (R)
Categoria 3: Lacunas percepcionadas na formação ética
Esta categoria integra as principais lacunas apontadas pelos formados, sobre a
formação ética proporcionada pela escola.
A maioria dos entrevistados refere a falta de exploração de situações da prática, nas
aulas.
Por seu lado, o formando R, considera ainda que o tempo de formação na disciplina
de Axiologia é reduzido: “…[A Axiologia] tem muitas coisas a serem abordadas em tão
pouco tempo…” R47
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 15 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Estratégias
sugeridas
para a
formação
ética
Discussão de
dilemas da
prática
pedagógica
- A discussão de dilemas do
Jardim-de-infância nas aulas
(M)
X
Prolongar o
tempo de
formação
ética teórica e
prática
- A necessidade de prolongar o
tempo de formação ética para
melhor a aprofundar (R )
- A necessidade de aumentar a
componente prática para
consolidar conhecimentos da
disciplina (R )
X
X
174
Categoria 4: Estratégias sugeridas para a formação ética
No que respeita à sugestão de estratégias para a formação ética, apenas dois
formandos se pronunciaram. O formando M pretende a discussão de dilemas associados
à prática do jardim-de-infância: “…[Seria importante] pôr os educadores a discutirem
mesmo… porque é que agiriam assim ou ao contrário… M115
Quanto ao formando R, defende a necessidade de mais tempo para aprofundar a
formação ética e mais prática para interiorizar conhecimentos. “…Devia ser um
bocadinho mais alargado [as estratégias de formação ética] porque depois o tempo é
pouco… R58 … Se calhar se tivermos uma componente um bocadinho mais prática
desta disciplina,[Axiologia] talvez seja melhor e não passe tão ao lado…” R70.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 16 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Princípios e
valores
predominantes
na Escola
Valores
sociais
- A solidariedade (M), (P)
X
X
- O respeito (M)
X
- O valor da família (M)
X
- O amor pelos outros (M)
- O amor pelas crianças (R )
X
X
- A relação de proximidade
humana (R )
X
- A entreajuda nas turmas
(P)
X
- A amizade (P)
X
- A fidelidade (P)
X
175
- A partilha de ideias (P)
X
- O ambiente familiar (P),
(L)
X
X
- A liberdade pessoal e
perante os outros (L)
X
Categoria 5: Princípios e valores predominantes na Escola
Esta categoria destaca a opinião dos formandos, sobre os valores que a escola mais
evidencia.
No que respeita aos valores de carácter social, a solidariedade, o amor pelos outros
e o ambiente familiar são os mais destacados.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 17 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Princípios e
valores
predominantes
na Escola
Valores
religiosos
- Valores cristãos (M)
- A fé como valor cristão
mais importante (M)
- As disciplinas de conteúdo
cristão (M)
X
X
X
A formação
integral do
aluno
- A formação geral (R)
- A formação ética (R )
X
X
O exemplo
dos
responsáveis
pela escola
- Fomentam o ambiente
familiar nos alunos através
do exemplo (P)
- Ajudam os alunos no que
X
X
176
eles necessitam (P)
Na continuação da categoria cinco, observamos que a escola defende também
valores religiosos, relacionados com os valores cristãos e promove a formação integral
dos formandos, conforme atestado pelos formandos M e R:
“…[Essencialmente] é mais a fé… M54.
“… Mas talvez nós sairmos daqui (…) com uma formação um bocadinho (…) a
nível de tudo… R78.
Sobre o ambiente familiar existente, o formando P, salienta que este é promovido
pelos responsáveis da escola, através do seu exemplo:”…Eles [os responsáveis pela
escola] são os próprios a dar o exemplo… P40.
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 18 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Opinião
sobre a
Adesão aos
valores
religiosos,
sociais e
morais da
Escola
- A importância da fé (M)
- Necessidade actual de fé (M)
- Importância da afectividade
(R )
- A valorização do clima
familiar da Escola (L)
- Os valores são o pilar da
escola aberta à comunidade (P)
X
X
X
X
X
177
formação
axiológica
Aspectos
negativos
relacionados
com a
formação em
valores
- A falta de conhecimento de
outras culturas e valores (M)
- A abordagem limitada aos
valores cristãos (M)
- O valor Liberdade foi pouco
trabalhado (M)
- Liberdade não é fazer o que se
quer (M)
- A liberdade nem sempre se
evidencia (L)
- Mostra-se mais os aspectos
negativos da liberdade (L)
- Pouco sentido de
responsabilidade (P)
- O clima familiar da Escola
também tem aspectos negativos
(L)
X
X
X
X
X
X
X
X
Categoria 6: Opinião sobre a formação axiológica
Esta categoria indica a posição dos formandos face aos valores promovidos pela
escola.
Assim, podemos verificar que todos os formandos aderem aos valores da escola,
embora uns se manifestem mais inclinados para valores religiosos e outros para valores
sociais e morais.
No entanto, com excepção do formando R, todos os outros apontam aspectos
negativos relacionados com a formação em valores. Entre estes, o que mais ressalta diz
178
respeito à liberdade, por ter sido pouco trabalhada e por nem sempre se evidenciar, em
conformidade com as perspectivas dos formandos M e L.
“…[A liberdade] foi pouco trabalhada…” M75
“… Acho que se mostra mais aspectos negativos [da liberdade] do que positivos…”
L49
O formando M refere ainda a falta de conhecimento de outras culturas e valores,
não limitados aos valores cristãos:
“…Ele [o padre que lecciona Humanismo Cristão e Ciências Religiosas] poderia
agarrar nessas duas disciplinas e mostrar-nos outras culturas… M59 …(…) Nós não
vamos ter só crianças católicas… M60
Por seu lado, o formando P, refere: Eu penso que por vezes deveria de haver mais
sentido de responsabilidade, em determinados assuntos… P49
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 19 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Opinião
sobre os
valores
Valores
privilegiados
pelos
formandos
- O amor como o melhor para
a criança (M)
X
- O diálogo (R ), (L)
X
X
- O respeito mútuo (R ), (L),
(P)
X
X
X
- A afectividade como base
para a confiança (R)
X
- A compreensão (L)
X
- Os valores espirituais (M)
X
- O amor (M)
X
179
Valores do
bom educador
- O respeito para com adultos
e crianças (M), (R ), (P), (L)
X
X
X
X
- O respeito por si próprio (L)
X
- A solidariedade (M), (P)
X
X
- A liberdade (M), (R ), (L)
X
X
X
A família (M)
X
Categoria 7: Opinião sobre os valores
Esta categoria refere-se aos valores privilegiados pelos formandos na resolução de
problemas e aos valores que consideram que um bom educador deve ter.
Relativamente aos valores que os formandos consideram mais importantes na
resolução de problemas, a maioria defende o respeito mútuo, (R146 , L115, P99) seguido do
diálogo.(R145, L103).
Outros valores enunciados foram o amor pela criança, correspondente ao bem do
aluno, no sentido do que é o melhor para ele, a afectividade e a compreensão. (M80 )
Quanto aos valores atribuídos ao bom educador, destaca-se o respeito pelos adultos
e crianças, defendido por todos os formandos, seguido da liberdade, nomeado por três
formandos (M72, R152 L119 ).
A solidariedade foi enunciada por dois formandos (M87, P106) e todos os restantes
valores foram escolhidos a título individual: os valores espirituais e ao amor e a família
(M107) a afectividade e necessidade de conhecimento (R151, R157 ), a cooperação e a
ajuda (P107), o respeito por si próprio, a compreensão, o cuidado, a paciência e a
compreensão, (L110, L111, L112, L117, ).
180
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 20 - Continuação do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Opinião
sobre os
valores
Valores do
bom educador
- A afectividade (R )
X
- O reconhecimento da
necessidade de investir na
formação contínua (R)
X
- A cooperação (P)
X
- A ajuda (P)
X
- A compreensão (L)
X
- O cuidado (L)
X
- A paciência (L)
X
- A sinceridade (L)
X
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 21 - Conclusão do Tema C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Opinião
sobre os
valores
O papel do
educador face
aos valores
- Transmitir valores (M)
- Educar para o consumo (M)
X
X
-Ser responsável pela
integração da criança na vida e
no mundo (R)
X
- Ser modelo de referência
para a criança (R ), (P)
X
X
- Respeitar o que a criança faz
X
X
181
e diz (P), (L)
- Fazer a criança respeitar as
orientações do educador (P)
(L)
X
X
- Relacionar-se com as
crianças com respeito,
compreensão e diálogo (L)
X
- Saber conhecer as crianças
(L)
X
Na continuação da categoria sete, os formandos pronunciaram-se sobre qual o papel
que consideram que o educador deve desempenhar, em função dos valores.
As opiniões mais consensuais, consideram que o educador deve ser modelo de
referência para a criança, respeitar o que ela faz e diz e fazê-la respeitar as orientações
dele. Pensam assim os formandos (R13, P102 e L104 )
Outros papéis atribuídos ao educador face aos valores, dizem respeito à necessidade
de este transmitir valores e educar para o consumo (M105). O formando R, considera
ainda que o educador é responsável pela integração da criança na vida e no mundo (
R10). Quanto ao formando L, afirma a necessidade de saber conhecer a criança e
relacionar-se com ela com respeito, compreensão e diálogo. (L105, L106, L108)
Tema D: Atitude face a um eventual código da profissão
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 22- Tema D: Atitude face a um eventual código da profissão
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Necessidade de
- A falta de referências do
X
182
Pertinência
do Código
orientação sobre
como agir
educador sobre como agir
(M)
- Os educadores agem cada
um por si (M)
- Os educadores necessitam
de orientação deontológica
(R )
X
X
Evitar actos
deontologicamente
errados
- É importante porque
muitos docentes cometem
actos deontologicamente
incorrectos (R )
X
Função do
Código
Ser guia de
orientação
- O código como um guia
na resolução de problemas
(M)
- Serve como base de
orientação (R )
- A importância do código
como base para seguir o
que está escrito (P)
- Estabelecer valores que
definam o que se pode e
não pode fazer (L)
- Ter o mesmo código um
código deontológico da
docência que têm outras
profissões (L)
- Harmonizar diferenças de
ser e pensar individuais
através do código (L)
X
X
X
X
X
X
183
Este tema abrange as opiniões dos formandos relativamente à possibilidade de ser
criado um código deontológico da profissão docente e as implicações que essa iniciativa
poderá acarretar.
Categoria 1: Pertinência do Código
Esta categoria considera as razões dos formandos que justificam a necessidade da
existência do código.
Assim, os formandos M e R entendem ser necessário existir um código, que
sirva de orientação quanto ao modo de agir, para evitar actos deontologicamente
errados.
“…O código deontológico acho que deve ser importante porque (…) ás vezes há
situações…. (…) que o educador não sabe como agir…” M123
“… Penso que é muito importante porque há tantos educadores, tantos professores
que cometem actos deontologicamente incorrectos…” R163
Categoria 2: Função do Código
Esta categoria integra as funções que os formandos atribuem ao código.
De acordo com o quadro 22, todos os formandos consideram que o código deve
servir como um guia para o educador, orientando-o sobre como agir correctamente
O formando L acrescenta ainda que este documento poderá harmonizar formas
diferentes de ser e de pensar.
“… [Cada pessoa] tem modos de pensar diferentes… L125… Acho que um código
deontológico viria … para estabelecer ali até onde é que uma pessoa pode ir ou
não”L126.
184
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 23 - Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Função do
Código
Não ser restritivo
- Não é para aplicar de
forma rígida (R )
- Deve dar espaço a
situações particulares (R )
- Não cristaliza deveres e
direitos (R )
- Não limita a acção dos
educadores (R )
X
X
X
X
Vantagens do
Código
Valorizar a
profissão
- Favorece a união da
classe (R)
- Valoriza a profissão (R),
(L)
X
X
X
Desvantagens
do Código
Dificuldades no
cumprimento
- As situações que geram
confusão (M)
- A possível dificuldade
dos professores em cumprir
e seguir o código (M), (P)
- Um cumprimento
aparente do código
desconhecendo os seus
deveres e direitos (P)
X
X
X
X
Dificuldade do
código agradar a
todos
- A dificuldade em
harmonizar formas de
pensar (M)
- A dificuldade de
estabelecer um código que
agradasse a todos (L)
X
X
185
- A possibilidade do código
contribuir para a desunião
da classe (L)
X
Na continuação da categoria dois, o formando R considera ainda que o código não
deve ser restritivo, não deve cristalizar deveres e direitos, nem limitar a acção dos
educadores. Além disso deve considerar situações de especificidade.
“…[O código] Não é para nós estarmos a pôr em prática tal como lá diz…” R166
“…Não é os direitos e os deveres que estão naquele papel que vão limitar a acção
dos educadores.” R183
“…[O código] deve dar espaço de manobra a situações particulares.” R171
Categoria 3: Vantagens do Código
Nesta categoria referem-se as vantagens reconhecidas ao código. Apenas dois
formandos se pronunciaram, afirmando o contributo para a união da classe e para a
valorização da profissão.
“… E porque serve para unir a nossa classe… R165
“...Penso que é muito importante também para …para a nossa profissão ser um
bocadinho mais valorizada, porque não o é… R172
“…Acho que [o código] valorizava muito a profissão… L123
Categoria 4: Desvantagens do Código
Esta categoria inclui as desvantagens apresentadas pelos formandos relativamente
ao código.
186
Assim, para os formandos M, e P persiste a dúvida quanto a se os professores
cumpririam ou não código, ou se o fariam de um modo apenas formal, sem atender aos
seus princípios.
“… Desvantagens… Eu penso que há sempre aquelas situações críticas, que dão
sempre confusão… M133
“… [Haveria muita gente que] tentava segui-la [a base do código] por saber que
esse código existia, e não (…) pelo conhecimento dos deveres que deve ter…” P121
Outra desvantagem apontada pelos formandos, neste caso pelos formandos M e L,
é a dificuldade de estabelecer um código que agradasse a todos.
“… Nem todas as pessoas pensam da mesma maneira… M141
“… Não sei até que ponto é que as pessoas, com as suas maneiras de pensar
diferentes (…) iriam estabelecer um código deontológico que agradasse a todas as
pessoas. L133
O código pode ainda ser motivo de desunião da classe:
“…[O código] poderia (…) ser um factor de desunião… entre os professores] É
uma possibilidade, penso eu… L134
Ainda na nesta categoria, o formando L admite a possibilidade de haver opositores
ao código, entre os professores.
“… Penso que existiria pessoas que (…) talvez fossem um pouco contra esse
código deontológico...” L130
Quanto ao formando R, não apresenta qualquer desvantagem.
“…[Algumas desvantagens para a existência desse código] Não! Eu não vejo!
[desvantagens] … R174.
187
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 24 - Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Desvantagens
do Código
Probabilidade de
haver opositores
- A possibilidade de
existirem pessoas contra o
código (L)
- Ser contra o código não
seria bom para os seus
opositores nem para as
crianças (L)
- Ser contra o código não
seria bom para a visão da
profissão (L)
-A possibilidade do código
contribuir para a desunião
da classe (L)
X
X
X
X
Não considera
desvantagens
- Não vê desvantagens na
existência do código (R )
X
Conteúdos
do código
Deveres relativos
à criança
- Dever de não maltratar a
criança (M)
- Respeitar o ritmo da
criança (R )
- O dever de apoiar,
respeitar e amar a criança
(L)
- Contribuir para que a
criança seja feliz (R )
- Preparar a criança para a
sua integração na
sociedade (R )
- Preparar a criança para a
X
X
X
X
X
X
188
escolaridade (R )
- O dever de lhe
proporcionar todas as
oportunidades (L)
X
Categoria 5: Conteúdos do código
Esta categoria apresenta os deveres que os formandos consideram que o código
deve conter.
Quanto aos deveres relativos á criança salienta-se
- O dever de apoiar, amar e respeitar a criança e o seu ritmo (R191, L140 L141 L142)
- O dever de preparar a integração da criança na sociedade e na escola (R196, R22 )
- O dever de não maltratar a criança (M143)
- O dever de lhe proporcionar todas as oportunidades e contribuir para que seja feliz
(L143, R198 )
Na continuação da categoria sobre conteúdos do código, os formandos
pronunciaram-se sobre os deveres relativos aos colegas. O formando M referiu os
deveres para com colegas da instituição e do meio em que esta se insere (M164, M165)
O formando P referiu as qualidades humanas necessárias para o relacionamento
com os colegas (P123, P124, P125)
No que respeita aos deveres relativos aos pais, todos os formandos contemplam este
aspecto excepção do P.
Quanto aos deveres relativos à comunidade, são mencionados por todos os
formandos (M167, R189, P128, L145).
189
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 25 - Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Conteúdos
do código
Deveres
relativos aos
colegas
- Deveres com colegas da
instituição e do meio em que
a Escola está inserida (M)
- Ser flexível (P)
- Ser solidário (P)
- Ser autónomo (P)
- O código deveria abranger
deveres para com os docentes
(L)
X
X
X
X
X
Deveres
relativos aos
pais
- Dever de cooperação com os
pais (M)
- A cooperação com os pais
contribui para resolver
problemas da criança (M)
- O código deveria abranger
deveres para com os pais (L),
(R )
X
X
X
X
Deveres
relativos à
comunidade
- Dever de articular com a
comunidade (M)
- Benefícios de articular com
a comunidade (M)
- Dever de trabalhar em
cooperação com a
comunidade envolvente (P)
X
X
X
190
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 26 - Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Conteúdos
do código
Deveres
relativos à
comunidade
- Deveres dos educadores
para com a comunidade (R )
- O código deveria abranger
deveres para com a sociedade
local (L)
X
X
Deveres
relativos ao
desempenho
da profissão
- O dever do docente perante
a profissão (L)
X
Deveres
relativos ao
meio escolar
- Dever de trabalhar em
cooperação com o meio
escolar (P)
- Dever de trabalhar em
cooperação com o pessoal do
Jardim (P)
X
X
Deveres
relativos à
sociedade
geral
- O código deveria abranger
deveres para com a sociedade
mais global (L)
X
Por seu lado, o formando L menciona deveres para com a profissão (L135) e para com a
sociedade em geral (L146)
Os deveres para com o meio escolar são referidos pelo formando P (P126, P127).
191
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 27- Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Pertinência
de códigos
diferentes
Necessidade de
especificidade
- A diferença de deveres e
funções entre os professores e
os educadores (M), (L)
- A necessidade de códigos
diferentes para professores e
para educadores (R )
- Necessidade de
especificidade (P)
X
X
X
X
Diferenças
estruturais
- Diferenças de faixa etária
com que os docentes lidam
(R )
- A diferença de problemas
dos vários ciclos (R )
X
X
Divergências
entre a classe
Divergências entre os
docentes dos vários ciclos (R)
X
Pouco
conhecimento
do tema
-A falta de estrutura
profissional e pessoal para
opinar sobre a distinção de
códigos (L)
X
Categoria 6: Pertinência de códigos diferentes
Esta categoria apresenta a necessidade sentida pelos formandos da existência de
códigos diferentes para os professores e educadores.
De facto, todos os formandos se pronunciam a favor de um código específico para
192
“… Talvez na profissão docente haveria de haver dois [códigos]: um para
professores e outro para educadoras, uma vez que…pronto, são completamente
diferentes.” M184
“… Penso que deveria haver um código deontológico para os educadores e depois
provavelmente para os professores… R206
“… Eu estou só a referir um código (…) para educadores”. P130
“… Mas penso que deveria ser separado, [o código docente] porque uma coisa é ser
educador, outra coisa é ser professor…” L138
Ainda o formando R, justifica a sua posição com base em diferenças estruturais e
divergências entre os professores dos vários níveis de ensino.
“…Se nós formos a ver há diferenças muito grandes a nível da faixa etária com que
os docentes lidam” R204
“… Se formos a ver, mesmo para os professores do 1º,2º e 3º ciclo já há tantas
divergências…” R208
Quanto ao formando L apesar de se pronunciar sobre este tema, reconhece que tem
pouco conhecimento pessoal e profissional, sobre o mesmo. (L137 )
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 28- Continuação do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Participação de
professores e
educadores em
códigos
segundo o seu
grau de ensino
- A participação de
professores e educadores
cada qual no seu código (M)
- Quem trabalha na sua área
específica conhece e avalia
melhor as situações (P)
X
X
193
Autoria do
código
- A possível dificuldade de
professores do 1º ciclo e
educadores elaborarem
códigos que não pertençam
ao seu grau de ensino (P)
X
Ministério da
Educação
- A participação do
Ministério da Educação para
alcançar soluções
consensuais (M)
X
Uma
Associação de
educadores
-Uma Associação de
educadores (R )
- Associação de educadores
com experiência
diversificada (R )
X
X
Os educadores
- Os educadores (R ), (P)
X
X
Todos os
Professores e
educadores
- Um código para
educadores e professores
deve ser elaborado por todos
(L)
X
Um código
único
elaborado por
uma
Associação
- Um código para
educadores e professores
elaborado por Associação
(L)
X
Categoria 7: Autoria do código
Nesta categoria, procurámos reunir as opiniões dos formandos, sobre quem deveria
participar na elaboração de um código deontológico da docência.
Na generalidade, os formandos apontam vários intervenientes neste processo.
Assim, os formandos M, e P, defendem que os professores e educadores deverão
elaborar códigos segundo o seu grau de ensino.
“… Nos [códigos] de professores participarem os professores e nos [códigos] de
educadores, os educadores… M185
194
“… [Penso que as pessoas que estavam a trabalhar naquilo que realmente tiram, no
curso que tiraram] é que podem verificar se aquilo é o mais correcto, se aquilo não é o
mais correcto… P133
Por seu lado, o formando M considera ainda a participação do ME:
“… Eu não sei bem como isso funciona, [elaboração do código] mas talvez alguém
que faça parte do ministério da educação, (…) que acompanhe e que oriente o debate…
M200
Quanto ao formando R, entende que o código deve ser elaborado por educadores,
ou por uma associação que os represente (R216, R216)
O formando L considera que se o código abranger todos os professores dever
elaborado por todos, através de uma Associação (L149, L150 )
Este formando pondera ainda a possibilidade do código ser elaborado por
Agrupamento.
“…[Elaboração do código] Por Agrupamento por exemplo. “L151
“…Depois [o Agrupamento] transmite [o código] talvez (…) numa reunião mais
geral…”L154
Nessa reunião geral participariam, segundo o mesmo formando, os professores, os
educadores e representantes do ME. (L157, L158, L159 )
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 29 - Conclusão do Tema D: Atitude face a um eventual código da
profissão
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Autoria do
código
O
Agrupamento
faz e debate o
- O Agrupamento faz e
pensa os pontos do código
(L)
X
195
código com os
docentes e
representantes
do M.E.
- O Agrupamento transmite
o código em reunião geral
(L)
-A participação dos
professores dos educadores
e dos de representantes do
Ministério da Educação no
debate geral do código (L)
X
X
Actualização
do código
- A importância de
actualizar o código (R )
- O código deve acompanhar
a evolução do mundo (R )
X
X
Razões da
inexistência
do código
- A Profissão é muito
abrangente (R )
X
O papel
interventivo do
Ministério
- O Ministério da Educação
é que estabelece direitos e
deveres (R )
X
O conformismo
dos docentes
- Os docentes conforma-se
com as decisões do
Ministério (R )
- Os docentes deixam de
lutar pela dignificação da
profissão (R )
X
X
Categoria 8: Actualização do código
Esta categoria integra a opinião do formando R, que foi o único que se pronunciou
sobre a necessidade de manter o código actualizado, para acompanhar a evolução do
mundo. (R180, R179)
196
Categoria 9: Razões da inexistência do código
Continuamos com a opinião do formando R, agora sobre as razões da inexistência
do código.
De acordo com este formando, que uma vez mais foi o único a abordar este assunto,
a inexistência do código deve-se a três aspectos:
“…Se nós (…) formos a ver a profissão docente é das mais abrangentes que há.
R202
“… Trabalhamos para o Ministério da Educação, para quem está a trabalhar no
público, (…) e então são eles que estabelecem os nossos direitos… R223
“… [Trabalhamos para o Ministério da Educação, para quem está a trabalhar no
público, (…) e então são eles que estabelecem os nossos deveres… R224
“… Deixamos de lutar por aquilo que quase toda a certeza dignificaria a nossa
profissão …” R226
197
Tema E: Apreciação geral sobre a Escola
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 30 - Tema E: Apreciação geral sobre a Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Apreciação
geral sobre
a Escola
Aspectos
positivos
- Tem professores muito bons
(R )
- A introdução de mudanças
para corresponder às
necessidades dos alunos (P)
- Mudança ao nível de
disciplinas (P)
- Currículos diferentes em
relação aos dos anos
anteriores (P)
- Matérias diferentes (P)
- A tentativa da escola em
resolver lacunas de anos
anteriores (P)
- O espírito de abertura em
relação aos alunos (P)
X
X
X
X
X
X
X
Aspectos
negativos
- Tem professores que
desconhecem o que é a
profissão de educador (R )
- A tendência dos professores
do 1º ciclo trabalharem mais
com os formandos professores
do que com os educadores (P)
X
X
198
Categoria 1: Apreciação geral sobre a Escola
Nesta categoria, incluímos as opiniões de alguns formandos, que se pronunciaram
sobre os aspectos que consideram mais positivos e mais negativos em relação ao
funcionamento da escola, e apresentam as sugestões que gostariam de ver
implementadas.
De salientar que o formando P, é quem apresenta a maioria dos aspectos positivos
da escola (P54, P56, P57, P58, P59, P60)
Como aspecto negativo este formando aponta a tendência dos professores do 1º
ciclo trabalharem habitualmente mais com os formandos do 1ºciclo, do que com os
educadores. (P139)
OS aspectos positivos apontados pelo formando R, referem-se à existência de bons
professores (R90) mas nos negativos afirma que:
-“…[Também temos professores] que não sabem o que é que consiste a nossa
profissão. (R92)
GRELHA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS DOS
FORMANDOS
Quadro 31 - Conclusão do Tema E: Apreciação geral sobre a Escola
Categoria Subcategoria Indicadores M R P L
Apreciação
geral sobre
a Escola
Sugestões
- A necessidade de estar atenta
à inovação pedagógica (R )
- A necessidade de investir na
formação dos professores-
formadores (R )
- Trabalho mais
individualizado dos
professores do 1º ciclo com os
formandos educadores (P)
X
X
X
199
Quanto às sugestões dos formandos, apenas dois se manifestaram.
O formando R, sugere que a escola:
“ (...) Podia estar um bocadinho mais atenta ao desenvolvimento (…) de novas
pedagogias que vão aparecendo…” R87
“… Penso que poderiam apostar um bocadinho mais na formação dos professores
que estão a formar-nos a nós…” R88
Quanto ao formando P, sugere que:
“… Devia de haver… um trabalho mais individualizado [dos professores do 1ºciclo
com os educadores] P141…
Relativamente à interpretação dos dados recolhidos junto dos formandos,
aferiremos na Conclusão, os aspectos mais relevantes resultantes deste trabalho.
200
CONCLUSÃO
Terminada a análise e interpretação de dados, apresentaremos seguidamente as
conclusões obtidas da realização deste estudo, organizadas de acordo com as principais
questões inerentes ao problema investigado. Este, relaciona-se com a Formação ético-
deontológica dos educadores de infância, e apresenta-se assim definido:
- Como conceptualizam os professores de ética e educadores estagiários, a
formação inicial em ética, dos educadores de infância.
O estudo decorreu numa ESE, e em função dos objectivos do mesmo, a população-
alvo direccionou-se para os professores de Axiologia e para os formandos do 4º e último
ano do curso, que desenvolveram estágio contínuo durante o ano lectivo de
2006/2007.
Procuraremos agora dar resposta às questões que originaram este estudo, a saber:
Que representações têm os professores de ética da formação que ministram?
Que representações têm os formandos da formação ética obtida na Escola de
Formação?
Que repercussões consideram que essa formação tem na sua prática pedagógica?
Como se posicionam os professores de ética e formandos, quanto à existência de
um código deontológico da profissão docente?
Para tentar encontrar respostas a estas questões, começámos por recolher
representações, junto dos professores de ética, sobre a formação ética em educação de
infância.
Representações dos professores de Axiologia sobre a formação que
ministram
201
Para compreender as representações dos professores de Axiologia, sobre a
formação ética, considerámos pertinente conhecer a sua posição face alguns temas
implicados nessa formação. Assim, procurámos conhecer a perspectiva ética que
privilegiam, o seu conceito de bem do aluno, como definem a justiça e o professor justo.
Acreditamos que o posicionamento sobre tais conceitos, nos ajudará a perceber melhor
a formação ética que ministram.
Assim, dos resultados aferidos, (quadro 1) verificamos que ambos associam ética à
condição do humano, uma vez que esta se relaciona com o carácter e, como tal, encontra
eco nas relações humanas. No entanto, o professor A valoriza-a numa perspectiva mais
geral, enquadrando-a num contexto histórico-cultural, ao passo que o professor B a
restringe mais ao âmbito da educação e das relações professor-aluno. Deste modo,
atendendo ao tema do estudo entendemos, que ambas as perspectivas se complementam.
Em relação ao bem do aluno, um conceito que deverá ser primário na relação
pedagógica, e com mais pertinência em educação de infância, dada a fragilidade da
criança, conforme apresentado por Estrela (1999), os professores entrevistados
assumem posições consensuais. De facto, ambos defendem a importância de apoiar o
aluno no seu desenvolvimento pessoal e social (quadro 2). Esta posição reflecte-se na
ética do cuidado preconizada por Gilligan, e na necessidade de apoiar o aluno no seu
desenvolvimento moral, com vista à sua integração plena na sociedade, atendendo a
princípios de justiça, igualdade e sentido de comunidade, conforme defendido por
Kohlberg.
No que respeita ao conceito de justiça, o professor A, define-o essencialmente à luz
de uma perspectiva pedagógica, centrada na relação-professor aluno, baseada em
princípios e valores como o diálogo, a compreensão, tolerância, bom senso, a mediação
de conflitos. Quanto ao professor B referiu apenas a origem ética do conceito.
202
Relativamente ao conceito de professor justo, encontramos outra grande diferença
entre os dois professores do estudo.
O professor A define o professor justo como aquele que mantém uma boa relação
humana com os alunos, numa perspectiva de desenvolvimento sócio-moral, próxima de
algumas das competências defendidas por Ryan (1987), nomeadamente, o saber
comprometer-se com o domínio moral, e o seu papel de referência na mediação de
situações. (Quadro 4)
Quanto ao professor B, considera justo aquele que avalia o trabalho do aluno com
rigor. Esta perspectiva assume um carácter mais técnico, pois centra-se não no aluno
como pessoa, mas apenas no resultado do seu trabalho. “ … Eu julgo que o professor
justo é, pelo menos aquele que em consciência, considera todas as variáveis no
momento da avaliação…” B119. (Quadro 4)
A perspectiva de avaliação do professor A, é oposta, porque este embora não rejeite
a avaliação técnica ” (…) Eu tento fazer essa medição” A79 “ ainda assim tem em conta
as características dos alunos: “- (…) Por norma, aceito logo à partida que o aluno que eu
avalio, é sempre uma outra coisa… que a avaliação que dele faço mais fria…” A71..”
(Quadro 5)
Desta diferença de posições, parece-nos poder inferir que o professor A se situa
numa perspectiva mais humanista, face ao seu papel de formador.
Quanto ao professor B, ao privilegiar os resultados do trabalho do aluno, pensamos
poder inferir que o seu desempenho como formador se centra mais no rigor técnico.
Confirmando esta posição, este professor apresenta como problemas não
dilemáticos, exactamente a falta de rigor de alguns colegas, em relação ao seu
desempenho profissional. “ (…) Tantas vezes nós vemos infelizmente (…) outros
203
professores muitas vezes a ser pouco conscientes (…) do seu trabalho …” B137.”
(Quadro 6)
Assim, parece-nos poder inferir que o professor B se preocupa prioritariamente com
um desempenho rigoroso.
Após termos destacado diferentes formas de se posicionar como formadores,
iremos seguidamente perspectivar que representações têm estes professores da formação
que ministram, procurando assim encontrar resposta à primeira questão do nosso estudo.
Assim, começamos por salientar a importância atribuída pelo professor A, à
dimensão ética da profissão: “ [Nem compreendo] qualquer acção relacionada com a
formação dos indivíduos, nomeadamente no âmbito educacional [sem um suporte ético
em termos de valores, em termos axiológicos] … A84 “ (Quadro 9)
De acordo com esta afirmação, parece-nos poder inferir que a ética constitui a
essência da formação do indivíduo, pois é em função dos seus princípios e valores que
este age.
Quanto à importância da formação moral da criança, ambos os professores são
unânimes em considerar o papel do educador fundamental nesse processo.”… É
importante que se perceba que a criança, com a qual a maior parte dos educadores
começa a trabalhar bem cedo, (…) é um ser moral em construção, em
delapidação…A109” (Quadro 9)
“Eu penso que mais até do que as competências (…) o educador (…) deve ser
absolutamente consciente da importância que tem na formação em educação das
crianças…” B10 (Quadro 9)
Assim, reconhecida por ambos os professores, a importância da formação moral da
criança e da responsabilidade que recai sobre o educador, importa perceber como os
professores preparam os formandos para esta função
204
Nesta linha de pensamento, destacamos de seguida os conteúdos e estratégias de
formação, utilizados por ambos os professores, para promover a formação ética dos
formandos.
Quanto aos conteúdos de formação o professor B, responsável pela formação ética
dos formandos deste estudo, refere: a deontologia, os dilemas éticos e os paradigmas da
formação ética.(Quadro 22)
Em relação às estratégias, os dois professores referem a disponibilização de
informação aos formandos. (Quadro 20). Embora ambos tenham como objectivo
promover o pensamento crítico, o professor A, elege como estratégia provocar os
formandos para os fazer pensar sobre a informação que faculta.
Para além disso, incentiva a realização de trabalhos da disciplina de Axiologia em
paralelo com outras disciplinas promovendo a interdisciplinaridade.(Quadro 19)
Como estratégias de carácter prático, refere a exploração de histórias e actividades
lúdicas, procurando articular a formação teórica com a prática.
Quanto ao professor B, privilegia a análise e debate de questões éticas.
(Quadros 20-21)
Relativamente às estratégias para promover de desenvolvimento moral das crianças,
o professor A, não recomenda aos formandos nenhuma estratégia específica, mas
alerta-os para a importância de observar a criança e o grupo, e para a construção de
uma relação afectiva com cada um..”… - [A afectividade] é quase que uma estratégia
(…) de conquista para poder formar…” A205 “ (Quadro 21)
Neste contexto, o professor A procura sensibilizar os formandos para o facto da
formação moral da criança ser desenvolvida numa perspectiva de futuro, que se estende
para além do pré-escolar.” -- [Devemos contribuir eticamente, (…) para a sua formação]
não numa perspectivação que se esgota no final do pré-escolar. “A120 “ (Quadro 9)
205
Quanto ao professor B, utiliza como estratégias a construção de materiais e a
sua aplicação ao grupo de crianças, nos momentos de estágio. Incentiva também os
formandos a dialogar com as crianças sobre temas como os valores e a recolher as suas
tomadas de posição. “ - (…) Depois mais concreto na prática e tantas vezes a construção
de jogos… B301” (Quadro 22)
O professor B procura também sensibilizar os formandos, para a necessidade de se
assumirem como agentes éticos. “…E por ter essa consciência plena [da importância
que tem na formação em educação das criança] ele (o educador) deve reconhecer-se
fundamentalmente como um agente ético…” B12 (Quadro 9)
Como requisitos para o exercício ético da profissão, o professor B, defende a
importância de estabelecer interacções com os diferentes elementos do processo
educativo e ser dinamizador dessas interacções. (Quadro 11)
Para além disso, afirma a importância de saber reflectir sobre o seu trabalho,
reconhecer os seus deveres profissionais e desenvolver trabalho de parceria. (Quadro
11).
Na sequência das qualidades necessárias para um desempenho ético da profissão,
consideramos pertinente abordar a concepção de bom educador, na perspectiva dos
professores. Para o professor A, o bom educador deve ser promotor de felicidade, do
desenvolvimento dos alunos e saber orientá-los, ao passo que o professor B considera
necessário o espírito de humanidade e de abertura.(Quadro 15 )
Constatamos assim que ambos os professores direccionam os valores do bom
educador para a pessoa do aluno, priorizando uma perspectiva humanista.
No entanto, o professor B, refere ainda qualidades direccionadas para o
desempenho da profissão. Assim, para este professor o bom educador deve também ser
reflexivo e dedicado. (Quadro 16)
206
Relativamente aos valores considerados essenciais para a formação ética dos
formandos, ambos os professores consideram valores de carácter interpessoal, como a
responsabilidade e o respeito. No que respeita aos valores pessoais, o professor A
defende a autonomia, o pensamento crítico e a reflexão” (Quadro 17) enquanto o
professor B destaca os valores sócio-políticos, relacionados com a liberdade e a
mudança. (Quadro18).
Em síntese, como representações da formação que ministram, os professores
de Axiologia referem conteúdos e estratégias de formação ética direccionadas para os
formandos e estratégias teóricas e práticas para promover o desenvolvimento moral das
crianças.
Para além disso, referem as qualidades a atribuir a um bom educador e os valores
que consideram essenciais na formação ética
Questionados sobre o impacto da formação ética nos formandos, o professor A não
possui elementos para se pronunciar, porque começou a leccionar recentemente pela
primeira vez nesta escola.
Quanto ao professor B reconheceu que a falta de tempo e a necessidade cumprir o
programa não lhe permitiram aferir o resultado da formação na prática
Representações dos formandos sobre a formação ética obtida na Escola de
Formação
Questionados sobre quais as disciplinas consideradas mais importantes para a
profissão, os formandos foram unânimes em eleger a Axiologia, seguida da Sociologia.
(Quadro 1)
Assim, parece-nos poder inferir que estas disciplinas foram as que tiveram mais
impacto junto de todos os formandos.
207
Sendo Axiologia a disciplina mais referenciada, considerámos pertinente abordar a
importância que os formandos lhe atribuem.
Deste modo, a análise dos quadros 5 e 6, salienta a importância da Axiologia na
formação pessoal, promovendo o autoconhecimento, alertando para hábitos de conduta
influenciando o modo de agir e pensar, desenvolvendo a percepção sobre o que deve e
não deve fazer e divulgando os valores da sociedade.
Quanto ao seu papel na formação profissional, dois dos formandos destacam a sua
influência na construção de uma atitude de desempenho profissional, pois alerta para a
conduta social do educador, sensibiliza para a reflexão sobre a acção, apoia a formação
perspectivada para o futuro e ajuda o formando a fomentar nas crianças os valores da
sociedade.
Relativamente aos conteúdos da formação ética abordados, os formandos
referenciaram a distinção entre a Ética e a Moral, a relação da ética com a profissão e a
ética na formação da criança. Para além destes, destacaram também os valores na
sociedade e na educação, a importância de uma deontologia docente e a análise de
códigos deontológicos. (Quadros 4-5)
Sobre os conteúdos abordados, podemos desde já comparar a informação dos
professores sobre este assunto, com as dos alunos, e constatamos que estes
mencionaram mais pormenorizadamente esses conteúdos do que os professores.
Assim, podemos concluir que os alunos mantêm presente o que foi abordado,
embora nem todos com a mesma facilidade, porque nem todos revelaram o mesmo
conhecimento.
Quanto às estratégias de formação ética dos formandos, estes referiram a discussão
de situações e dilemas éticos em geral, a análise de situações educativas específicas e a
208
análise de perspectivas e de textos sobre valores. Uma vez mais, os formandos nos
parecem mais concisos que os professores. (Quadro 12)
No que respeita às estratégias destinadas a promover o desenvolvimento moral da
criança, apontaram a falta de estratégias, mas referiram-se a orientações gerais,
reforçando a perspectiva do professor A.
No entanto, também mencionaram a exploração do conteúdo moral de histórias, os
jogos, a abordagem dos valores com as crianças e a sensibilização para importância de
ser modelo de referência. Todos estes aspectos foram igualmente mencionados pelos
professores, pelo que destacamos o paralelismo entre a formação proporcionada por
estes e os conhecimentos revelados pelos formandos. (Quadro 13)
Como lacunas da sua formação ética, os formandos apontam a falta de análise
de situações relacionadas com a prática pedagógica e o tempo reduzido de formação
teórica (Quadro 14).
Para superar tais lacunas, os formandos avançam com algumas sugestões: a
discussão de dilemas da prática pedagógica na sala de aula e prolongar o tempo de
formação ética teórica e prática. (Quadro 15)
Em síntese, os formandos revelaram ter presente os conteúdos e estratégias
trabalhados no ano transacto, em que decorreu a sua formação ética, mas apontaram
algumas lacunas e apresentaram sugestões.
Assim, parece-nos poder inferir que as representações dos formandos, sobre a
formação ética que lhes é proporcionada, não corresponde plenamente às suas
necessidades sentidas, nomeadamente quanto à sua articulação com a prática e ao tempo
de duração da formação.
209
Repercussões da formação ética na prática pedagógica
Seguidamente, iremos relacionar os problemas surgidos na prática pedagógica com
a atitude dos formandos na sua resolução, para perceber quais os efeitos da formação
ética no seu comportamento.
Iniciamos com o exemplo de dois dos formandos, que assistiram a situações de
comportamentos agressivos, a nível físico e psicológico, no trato com as crianças.
O reflexo destas situações deixou sentimentos de pena e de revolta.
No entanto, em reacção a esta situação, nenhum dos formandos interveio por
considerar que na condição de estagiários não o deveriam fazer.
Convenhamos que não é uma situação fácil, muito menos num estágio e com pouca
experiência. Ainda assim, destacamos uma vez mais Estrela (1991:588) ao citar autores
como Wilson (1967), que afirma que a pessoa moralmente formada, apresenta seis
atributos, a saber: ”apreciação como suporte de deliberação moral, empatia,
competências interpessoais, conhecimento, raciocínio e coragem “.
O educador moralmente formado tem que estar preparado para defender a criança,
que na sua fragilidade depende dele. Deste modo, as qualidades acima enunciadas são
essenciais, mas necessitam de tempo e de treino para as saber adequar às situações. No
entanto, devem fazer parte do horizonte ético do educador, para as saber aplicar de
forma conjugada.
Outros dois formandos revelaram problemas diferentes, provavelmente menos
dilemáticos. No entanto, reflectiram sobre a situação, falaram com as educadoras
cooperantes e a partir daí resolveram as situações: com reflexão, com diálogo, com
coragem, com compreensão.
210
Questionados sobre a influência da formação ética recebida na escola, para a
resolução de problemas, realçaram primeiramente o contributo da ética pessoal, embora
reconheçam a importância de ter formação ética no curso.
No entanto, um dos formandos afirmou que a sua decisão foi independente da
formação recebida na escola. (Quadros 7 a 11)
Em síntese, parece-nos poder inferir que, face a dilemas ou situações problemáticas,
estes formandos reagem primeiramente de acordo com a sua ética pessoal.
Não deixa de ser significativo que os dois formandos com melhores resultados em
ética, em situação de estágio não conseguiram intervir para mudar a situação, enquanto
que os outros dois pelo diálogo, pela compreensão e pela coragem conseguiram
ultrapassar e vencer os problemas.
A influência da formação ética recebida na escola ainda não se faz sentir na
prática, o que pode indicar que é interiorizada apenas num plano teórico.
Esta perspectiva encontra eco nas necessidades sentidas pelos formandos, que
sugerem mais tempo de formação e mais discussão de problemas da prática.
Por seu lado, os professores também apresentam as suas sugestões para alterar a
formação ética . (Quadro 26, tema F)
Assim, o professor A propõe a introdução de novas disciplinas, que permitam
analisar a concepção ética subjacente aos modelos curriculares de educação de infância.
O professor B faz eco das propostas dos formandos e defende a realização de
seminários e encontros mais alargados para discutir estas temática e o ponto mais
consensual de todos: mais tempo para a formação ética
Verificamos assim que existe convergência entre formandos e professores, sobre a
necessidade de introduzir alterações à formação ética, quer ao nível de conteúdos
programáticos, quer de estratégias, quer do tempo dedicado à formação
211
Posição dos professores de ética sobre a existência de um código
deontológico da profissão docente
O código deontológico revela-se uma questão importante para ambos os
professores. (quadro 29)
Para o professor A , a existência do código promove relações de transparência e de
justiça.(Quadro 29)
Quanto ao professor B considera que o código deve servir para orientar os
professores, restaurar a dignidade profissional e estabelecer um modo de viver a
profissão.(Quadro 29)
Relativamente à necessidade do código, o professor A entende que este seria uma
forma de clarificar e regular o desempenho profissional.(Quadro 30)
Quanto ao professor B, partilha desta mesma perspectiva, considerando que o
código é necessário para dar resposta desvalorização do trabalho do professor. (Quadro
30).
No que respeita aos inconvenientes, o professor A, não considera nenhum.
(Quadro 30 -31)
Quanto ao professor B, alerta para o perigo de se elaborar um código demasiado
normativo e impositivo, que limite a acção e o desempenho do professor.
(Quadro 30 -31)
Quanto à sua composição, ambos os professores apontam deveres de carácter
relacional: o professor A refere-se à relação em geral, enquanto o professor B especifica
deveres relacionais, direccionados para os vários elementos da comunidade educativa.
(Quadro 31)
212
Na elaboração de um código deontológico da docência, ambos os professores
consideram que devem participar os educadores e professores ou os seus representantes
e os elementos do ME. (Quadro 32-33)
O professor B defende também o contributo dos pais e alunos, e dos investigadores
que se têm dedicado ao estudo das questões deontológicas da docência. (Quadro 32-33)
Na opinião do professor A, sobre o processo de elaboração do código, este devia
ser desenvolvido numa perspectiva da administração política educativa e numa
perspectiva científico-pedagógica e da profissão.(Quadro 33)
Quanto ao professor B, considera a necessidade do código ser alvo de um debate
com todos os agentes educativos. (Quadro 33)
O professor A, defende que o código deverá abranger todos os professores, de todos
os graus de ensino. (Quadro 33)
Por conseguinte, ambos os professores são consensuais, no sentido em que
defendem a existência do código, mas apresentam razões diferentes para justificar a sua
posição
Assim, o professor A, considera que o código pode constituir uma força em termos
políticos e sociais. (Quadro 34)
O professor B, considera que o código não deve ser limitativo, mas também não
deve ceder aos interesses corporativistas dos professores. (Quadro 34)
Posição dos formandos sobre a existência de um código deontológico da
profissão docente
213
Os formandos M e R consideram pertinente a existência de um código
deontológico, porque sentem necessidade de orientação sobre como agir e como forma
de prevenir actos deontologicamente errados. (Quadro 22).
O código é considerado um guia por todos os formandos, mas na opinião do
formando R não pode ser restritivo. (Quadro 22-23)
Para os formandos R e L o código tem a vantagem de valorizar a profissão, mas
para os formandos M e P apresenta uma possível desvantagem, relacionada com a
dificuldade de todos o cumprirem. (Quadro 23)
Por seu lado, o formando L considera que o código pode vir a ter opositores, no
sentido de que alguém não concorde com a sua existência, ao passo que o formando R,
não vê qualquer desvantagem.(Quadro 24)
Ainda os formandos M e L admitem a possibilidade do código não agradar a todos.
Quanto à composição do código, os formandos consideram que este deve conter:
Deveres para com os colegas. (Quadro 25)
Os deveres relativos aos pais.(Quadro 25)
Deveres relativos à comunidade (Quadro 26)
Deveres relativos ao desempenho da profissão (Quadro 26)
Deveres relativos ao meio escolar (Quadro 26)
Deveres relativos à sociedade geral (Quadro 26)
Os educadores admitem a existência de códigos diferentes de professores e
educadores, por vários motivos:
- Necessidade de especificidade: consideram que ser professor é diferente de ser
educador uma vez que este tem funções e deveres diferentes.
- Há divergências entre a classe docente:
214
- Há diferenças estruturais relacionadas com as faixas etárias com que lidam e
diferença de problemas dos vários ciclos.
215
CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Sendo o nosso estudo limitado a uma escola a e a um público reduzido, nada mais
poderemos fazer do que apreciar os seus resultados à luz destas contingências.
Em termos de contributos, pensamos que conhecer as representações de professores
e alunos, sobre a formação ética, na formação inicial de educadores de infância, poderá
constituir uma chamada de atenção para esta dimensão educativa, presente em todos os
momentos da docência.
O decurso das próprias entrevistas impôs uma certa reflexão aos entrevistados e
uma grande ansiedade ao entrevistador, receando não conseguir obter dados passíveis de
serem trabalhados, para deles retirar conteúdos à altura do tema.
Assim, este estudo pôs á prova toda a inexperiência do aprendiz de investigador,
que vez após vez, ora se confrontava com bloqueios, ora descobria a porta de saída, para
constatar posteriormente que afinal não era aquela.
Foi um trabalho feito de avanços e recuos, com toda a ansiedade e frustração que
muitas vezes se impunha.
Mas independentemente dos sobressaltos ou do resultado final, nunca esteve em
causa desistir, porque isso seria recusar aprender.
Aprender mesmo que doa, é sempre um processo de crescimento.
É um passo em frente na caminhada da vida.
216
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A motivação que nos impulsionou para o estudo da formação ética, na formação
inicial de educadores de infância, relaciona-se com a importância que atribuímos a esta
dimensão, na formação do carácter.
Consideramos que a faixa etária do Pré-Escolar, constitui um momento privilegiado
da vida do ser humano, para promover o seu desenvolvimento sócio-moral,
Por este motivo, o educador de infância deve estar consciente de que o seu
desempenho ético irá influenciar decisivamente a construção da ética pessoal das suas
crianças
Por outras palavras, formar eticamente alguém na idade adulta, é um projecto
utópico, na medida em que esse alguém teria que renunciar a todas as experiências
vividas até ali e que foram definindo a sua ética pessoal.
Vimos através deste trabalho que, apesar da formação ética recebida, quando se
passa para a experiência prática, a tendência é socorrer-se dos padrões éticos pessoais.
Daqui podemos tirar duas ilações:
- a idade pré-escolar é uma etapa fundamental para promover valores e
comportamentos éticos, que influenciam decisivamente a personalidade da criança.
Por seu lado, nesta etapa da vida, a criança centra-se no adulto como modelo de
referência para o seu comportamento.
Daqui resulta segunda ilação:
- o educador tem que sentir a responsabilidade de formar eticamente a criança, e
para tal não pode socorrer-se apenas da sua ética pessoal, sob o risco de perpetuar
comportamentos e atitudes não alicerçadas em princípios éticos.
217
Assim, necessita de competências específicas que a formação inicial poderá ajudar
a desenvolver, com base nos modelos e estratégias propostos por investigadores, mas
trabalhados numa perspectiva de reflexão crítica, para poder reformular sempre
estratégias que se mostrem infrutíferas
Um estudo experimental de como aplicar os modelos e estratégias referenciados por
Estrela, (1991, 1999) á formação inicial de educadores, traria certamente importantes
contributos para redimensionar a formação ética dos formandos.
Tão longe não chegou o nosso trabalho. Apenas ficámos pela abordagem,
superficial de como se processa essa formação numa ESE .
No entanto, dado que o público envolvido foi reduzido pensamos não poder fazer
generalizações mesmo dentro da própria escola, porque o tema é demasiado pessoal e
deixaria de fora os restantes alunos que não foram alcançados com o nosso estudo.
Assim, pensamos que este será apenas um modesto contributo, para abordar um
tema que para além de vasto e profundo, requer uma maior amplitude.
No entanto, pessoalmente congratulamo-nos com a experiência e os conhecimentos
obtidos, na certeza porém de que não alcançámos a ponta do iceberg, mas conseguimos
visualizá-lo. Estar consciente de que ele existe é apenas um passo, mas a caminhada
continua, a bem das crianças e do seu futuro, do qual também depende o nosso, pois nã
podemos esquecer que amanhã estarão elas no nosso lugar e nós na situação de
dependência. Colheremos amanhã o que semearmos hoje.
218
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ANEXOS
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo A – GUIÃO DE ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE
AXIOLOGIA E AOS FORMANDOS
Anexo A1 – GUIÃO DE ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE
AXIOLOGIA
Anexo A2 – GUIÃO DE ENTREVISTAS AOS FORMANDOS
Anexo B – ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA
Anexo B1 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO PROFESSOR A
Anexo B2 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO PROFESSOR B
Anexo C – ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS AOS
PROFESSORES
Anexo C1 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO
PROFESSOR A
Anexo C2 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO
PROFESSOR B
Anexo C3 – QUADROS-SÍNTESE DA ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS
ENTREVISTAS AOS PROFESSORES A e B
Anexo D – ENTREVISTAS AOS FORMANDOS
Anexo D1 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO M
Anexo D2 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDA R
Anexo D3 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO P
Anexo D4 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO L
Anexo E – ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS AOS
FORMANDOS
Anexo E1 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO
FORMANDO M
Anexo E2 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO
FORMANDO R
Anexo E3 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO
FORMANDO P
Anexo E4 – ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO
FORMANDO L
Anexo E5 – QUADROS-SÍNTESE DA ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS
ENTREVISTAS AOS FORMANDOS M, R, P, L
ANEXO A
GUIÃO DAS ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE
AXIOLOGIA E AOS FORMANDOS
ANEXO A
GUIÃO DAS ENTREVISTAS AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA E AOS
FORMANDOS
Tema: Formação ético-deontológica dos educadores de infância
Problema de investigação: como conceptualizam os professores de ética e
educadores estagiários a formação inicial em ética dos educadores de infância
População-alvo
- Professores de Axiologia de uma ESE de educadores de Infância
- Formandos de uma ESE de Educação de Infância, com formação ética concluída e
prática de estágio
Natureza da investigação: estudo exploratório
Objectivos
- Recolher representações junto dos professores de ética, sobre a formação ética em
educação de infância;
- Conhecer as estratégias que desenvolvem para a sua abordagem;
- Recolher representações dos formandos, sobre a formação ética recebida;
- Averiguar como essa formação se transfere para a prática, na perspectiva dos
formandos;
- Saber se há convergência entre as perspectivas dos professores de ética e a dos
formandos, sobre a formação ética ministrada;
- Indagar os professores de ética e respectivos formandos, sobre a sua opinião
relativamente á possível existência de um código deontológico da docência.
ANEXO A1
GUIÃO DAS ENTREVISTAS
AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA
ANEXO A1
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA
Blocos
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário de
questões
0bservações
I
Legitimação da
entrevista
e
Motivação do
entrevistado
- Situar o
entrevistado no
contexto da
investigação
- Motivar o
entrevistado
- Criar clima de
confiança e
colaboração
- Informação ao
entrevistado sobre o
âmbito do trabalho
de investigação.
- Solicitação de
colaboração do
entrevistado.
- Referência à
importância da
entrevista para a
realização do
trabalho.
- Pedido de
autorização para a
gravação da
entrevista
- Agradecimento ao
entrevistado pelo
seu contributo para
a realização do
trabalho
- Compromisso de
anonimato
- Criação de um
clima propício à
comunicação.
- Explicitar os
objectivos do
trabalho
- Esclarecer com
precisão todas as
dúvidas colocadas
pelo entrevistado.
- Entrevista de
carácter semi-
directivo, com
perguntas abertas,
permitindo a livre
expressão do
entrevistado
- O tempo não é
delimitado, dada a
imprevisibilidade do
decurso da entrevista
ANEXO A1
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA
Blocos
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário de
questões
0bservações
II
O professor e a
ética
- Conhecer a
orientação ética
privilegiada
- Conhecer as
representações do
professor sobre os
conceitos de “Bem
do aluno “ e de
“Professor Justo”
- Perceber que
princípios éticos
que privilegia na
resolução de
dilemas
- Conceito de ética
com que mais se
identifica
- Caracterização
dos conceitos de
“Bem do aluno” e
de “ Professor
Justo”
Relato de dilema ou
situação ética difícil
vivido como
professor
- Como Prof. de
Axiologia qual o
conceito de ética
que privilegia?
- O que é apara si
o “Bem do aluno”’
- Como definiria o
“Prof. justo”?
Recorda-se de
algum um dilema
ou situação ética
difícil que tenha
vivido a nível
profissional?
Como o resolveu?
- Verificar que
orientação ética
privilegia
- Verificar como
caracteriza o bem
do aluno
- Verificar que
qualidades atribui
ao Prof. justo
- Verificar que
princípios éticos
accionou na
resolução
de dilemas
ANEXO A1
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA
Bloco
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário
de questões
0bservações
IV
A ética na formação em
geral
- Conhecer as
representações
do prof. sobre a
importância e os
princípios de
uma formação
ética dos
estagiários
- Saber que
importância a
Escola de
formação inicial
atribui à
formação ética
- Princípios e
valores
essenciais à
formação ética
- Posição da
ética no curso
de formação
- Valores
transmitidos
pela Escola de
formação
- Que princípios
éticos considera
essenciais para a
formação ética
de um educador?
- Que valores
privilegia na
formação ética
dos futuros
educadores?
- Que
importância acha
que a Escola
atribui à
formação ética
no curso de
formação inicial?
- Que valores
acha que esta
Escola
transmite?
- Verificar que
princípios éticos
defende para a
formação de
educadores
- Verificar que
valores são
preconizados pelo
prof. de Axiologia
- Verificar que
iniciativas a
escola desenvolve
ou apoia neste
âmbito
- Verificar que
valores são
preconizados pela
Escola em geral
ANEXO A1
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA
Bloco
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário de
questões
0bservações
V
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica dos
formandos
- Conhecer as
representações do
professor de
Axiologia sobre a
formação que dá
aos alunos
estagiários
- Saber que
estratégias o
professor
aconselha para a
resolução de
situações da
prática pedagógica
- Perceber que
eficácia o
professor atribui à
formação que dá
- Saber qual a
influência das
outras disciplinas
na formação ética
dos estagiários
- Averiguar
alternativas à
actual formação
ética
- Perspectiva do
professor sobre a
formação que dá
- Estratégias
sugeridas pelo
prof para a
formação ética da
criança
- Impacto da
formação na
perspectiva do
professor
- Opinião do
professor sobre a
relação entre as
outras disciplinas
e a formação
ética
- Propostas d de
alteração á
formação ética
- Como
descreveria a
formação ética que
dá aos seus alunos?
-Que estratégias
sugere que os
estagiários utilizem
na formação ética
das crianças?
Qual o impacto
que acha que a
formação ética tem
na prática
pedagógica dos
estagiários?
- Qual considera
ser o contributo
das outras
disciplinas para a
formação ética dos
estagiários?
- Se tivesse que
alterar a formação
ética
proporcionada pela
Escola o que
alteraria?
-Verificar como
caracteriza a
formação que dá
- Verificar se
existem estratégias
específicas e quais
- Verificar em que
aspectos se salienta
a eficácia da
formação
- Verificar se existe
contributo e em que
aspectos
- Verificar quais os
aspectos propostos
para alteração
ANEXO A1
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES DE AXIOLOGIA
Blocos
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário de
questões
0bservações
VI
Deontologia da
profissão docente
VII
Validação da
entrevista
- Saber como se
posiciona face à
eventualidade de
um código
deontológico da
profissão docente
- Averiguar que
deveres considera
relevantes num
código
deontológico da
docência
- Saber que
importância
atribui á
participação dos
profs. na
elaboração do
código
- Recolher
elementos de
carácter
complementar
- Pertinência de
um código
deontológico da
profissão docente
- Deveres
explicitados no
código
deontológico
- Responsáveis
pela elaboração do
código
- Considera
importante a
existência de um
código
deontológico da
profissão docente?
Porquê?
- Que deveres
incluiria nesse
código?
- Quem deveria
participar na sua
elaboração
- Solicitar ao
entrevistado que
acrescente, o que
considere
importante sobre o
assunto e que não
tenha sido referido
anteriormente
-Verificar se
concorda ou não
que justificação
apresenta e se
refere vantagens ou
desvantagens
- Verificar que
deveres mais
valoriza
- Verificar se refere
professores e/ou
outras entidades
ANEXO A2
GUIÃO DAS ENTREVISTAS
AOS FORMANDOS
ANEXO A2
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS FORMANDOS
Blocos
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário de
questões
0bservações
I
Legitimação da
entrevista
e
Motivação do
entrevistado
- Situar os
entrevistados no
contexto da
investigação
- Motivar o
entrevistado
- Criar clima de
confiança e
colaboração
- Informação ao
estagiário sobre o
âmbito do trabalho
de investigação.
- Solicitação de
colaboração do
entrevistado.
- Referência à
importância da
entrevista para a
realização do
trabalho.
- Pedido de
autorização para a
gravação da
entrevista
- Agradecimento
ao entrevistado
pelo seu contributo
para a realização
do trabalho
- Compromisso de
anonimato
- Criação de um
clima propício à
comunicação.
- Explicitar os
objectivos do
trabalho
- Esclarecer com
precisão todas as
dúvidas
colocadas pelo
entrevistado.
- Entrevista de
carácter semi-
directivo, com
perguntas abertas,
permitindo a livre
expressão do
entrevistado
- O tempo não é
delimitado, dada a
imprevisibilidade do
decurso da
entrevista
ANEXO A2
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS FORMANDOS
Blocos
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário de
questões
0bservações
II
Formação ética
proporcionada
pela Escola
- Conhecer a
importância
atribuída pelos
estagiários aos
conteúdos
programáticos
adquiridos na sua
formação inicial
- Conhecer as
representações
dos estagiários
sobre a formação
ética recebida na
Escola
- Conteúdos
programáticos da
formação inicial
mais valorizados
pelos estagiários
- Importância
atribuída pelos
estagiários à
formação ética
- Aspectos mais
importantes da
formação ética
recebida
- Opinião dos
estagiários em
relação á
formação ética
promovida pela
Escola
- Quais as
disciplinas da sua
formação que
considera mais
importantes para o
exercício da
profissão de
educador? Porquê?
- Considera
importante a
existência de uma
disciplina sobre
ética na formação
inicial dos
educadores?
Porquê?
- Que conteúdos
considera mais
importantes na
formação ética que
recebeu?
- Que estratégias
conhece que
promovem o
desenvolvimento
moral dos alunos?
- Que outras
disciplinas
considera que
contribuíram para a
sua formação ética?
- Que aspectos acha
que a formação
ética desta escola
mais valoriza?
- Concorda com
eles ou acha que
deveria valorizar
outros? Quais?
- Verificar se
menciona a
disciplina de
Axiologia ou se
justifica com base
em aspectos
relativos á
dimensão ética
- Verificar se
valoriza a
formação ética e
que motivos
fundamentam a
sua posição
- Verificar que
aspectos da
formação ética
mais
sensibilizaram o
estagiário
- Verificar se
existe
convergência entre
a formação ética
que Escola
transmite e a que o
estagiário
apreende
-Verificar se existe
convergência entre
a perspectiva da
Escola e a do
estagiário
ANEXO A2
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS FORMANDOS
Blocos
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário de
questões
0bservações
III
Repercussões da
Formação ética na
prática
pedagógica
- Perceber em que
medida a
formação ética
recebida
influencia a
atitude dos
estagiários na sua
prática pedagógica
- Conhecer as
representações dos
estagiários sobre o
contributo da
formação ética na
resolução de
problemas
- Saber que tipo de
ética os estagiários
valorizam (pessoal
ou profissional)
- Saber que
valores atribuem
ao bom educador
- Dilemas ou
situações éticas
vivenciadas
- Soluções
adoptadas
Relação entre a
formação ética e a
prática
pedagógica
- Valores
privilegiados na
resolução de
problemas
- Requisitos éticos
essenciais ao bom
educador
- Na sua prática
pedagógica
confrontou-se com
algum dilema ou
situação ética
difícil que queira
relatar?
- Como resolveu a
situação?
- Considera que a
formação ética
recebida contribuiu
para essa
resolução?
Porquê?
- Que valores
privilegia na
resolução de
situações
problemáticas:
- com os adultos
- com as crianças
- Que valores acha
que um bom
educador deve ter?
Verificar se
recorreu a soluções
relacionadas com a
formação ética
recebida na Escola
- Verificar a
utilidade (ou
pertinência?) da
formação ética na
acção pedagógica
- Verificar se
remete para valores
inerentes á
formação ética
recebida ou se
apela a valores de
ordem pessoal
- Verificar que
valores considera
essenciais num
bom educador
ANEXO A2
GUIÃO DE ENTREVISTA AOS FORMANDOS
Blocos
Objectivos
específicos
Tópicos
Para um
formulário de
questões
0bservações
VI
Deontologia
profissional
V
Validação da
entrevista
- Conhecer a
importância
atribuída pelos
entrevistados a
um código
deontológico da
profissão docente
-
- Recolher
elementos de
carácter
complementar
- Importância
atribuída ao
código
deontológico da
docência
- Deveres
explicitados no
código
deontológico
- Responsáveis
pela elaboração de
um código
deontológico
- Considera
importante a
existência de um
código
deontológico da
profissão docente?
Porquê?
- Que deveres
incluiria nesse
código?
- Que vantagens e
desvantagens
aponta á
existência de um
código
deontológico da
profissão docente?
- Quem deverá
participar na
elaboração desse
código?
- Solicitar ao
entrevistado que
acrescente, o que
considere
importante sobre o
assunto e que não
tenha sido referido
anteriormente
-Verificar se
concorda ou não e
e que justificação
apresenta.
- Verificar que
deveres mais
valoriza
-Verificar a
receptividade a um
código
deontológico da
docência
- Verificar se
refere outros
professores ou
outras entidades
ANEXO B
PROTOCOLOS DAS ENTREVISTAS AOS
PROFESSORES DE AXIOLOGIA
ANEXO B1
PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO PROFESSOR A
ANEXO B1 - ENTREVISTA AO PROFESSOR A
Entrevista Prof. de Axiologia Educacional da ESE
Realizada por Margarida Duarte
E – Entrevistador A - Entrevistado
A entrevista decorreu na sala de professores, de uma Escola Superior de Educação, onde
se lecciona o Curso de Licenciatura em Educação de Infância.
Decorreu num ambiente tranquilo e ameno e foi solicitada e consentida autorização para
a sua gravação.
E – Eu começaria por informá-lo que esta entrevista se baseia num trabalho de
investigação, sobre as representações que os professores de formação ética dos
cursos de formação inicial têm, sobre essa mesma dimensão ética em educação de
infância.
Por conseguinte, gostaria de lhe agradecer a colaboração a que prestimosamente se
dispôs e realçar também que esta entrevista é fundamental para o desenrolar do
trabalho, porque irá ajudar a clarificar, portanto, o pensamento dos professores
que trabalham nesta área.
Agradeço-lhe a autorização que me dá para poder gravar a entrevista.
Agradeço-lhe igualmente a sua colaboração porque sem ela era impossível realizar
este trabalho.
A entrevista será anónima e então se for de todo oportuno iríamos iniciar.
A – Vamos lá!
E – Na qualidade de professor de Axiologia qual é o conceito de ética que mais
privilegia?
A – É uma pergunta de grande profundidade. Fundamentalmente, fundamentalmente a
minha perspectiva de ética…vai muito para … uma perspectiva que remete para a
dimensão da pessoa humana, ou seja, para tudo aquilo que visa o respeito pela dimensão
da pessoa humana, pela sua dignidade, pela sua especificidade e universalidade próprias
Por isso, concebo a ética sempre numa relação de direito e dever, mas num
enquadramento cultural, que eu direi que é a sua moldura fundamental. Para mim a
moldura fundamental da ética, é o enquadramento cultural onde ela acontece, que é
obviamente o enquadramento cultural da relação entre as pessoas, uma vez que somos,
como eu costumo dizer aos meus alunos, somos seres de relação e em virtude de não
podermos escapar a esta dimensão da relação a nós próprios e à dimensão da inter
relação, é aqui neste encontro de pessoas, de indivíduos, não é… de homens e mulheres
que eu situo culturalmente a ética. Não faz…não faz sentido situá-la fora, ou inventar
um contexto mais… metafísico, porque porventura quando assim acontece,
tendencialmente o nosso entendimento da ética nas sociedades contemporâneas e nas
circunstâncias que lhe são próprias no mundo actual, pecam por defeito, não é! Parece
que estamos a falar de uma outra coisa que não propriamente a ética e por isso eu, um
pouco à maneira anglo-saxónica, quase posso dizê-lo, tento aproximá-la disto que nos
une, que é toda esta teia entrecruzada de relações de respeito, de responsabilidades, de
autonomias, de competências cidadãs. É um pouco nesta perspectiva que eu situo a
questão da ética e desejavelmente para que se tenha depois uma leitura de conjunto,
desejavelmente numa perspectiva evolutiva, não é, histórico-cultural.
E – Remetendo-nos para relação professor – aluno, o que é para si o Bem do
aluno?
A – O bem do aluno? O bem do aluno será certamente, no meu entender, o crescer que
através…o crescer como pessoa, o tornar-se não adulto, mas o amadurecer gradual, que
decorre do relacionamento que tem, no espaço da comunidade escolar com o professor,
com os colegas.
No fundo será, por assim dizer, correspondente á síntese da …do conjunto das
experiências que vai tendo, não só na sua relação aluno-alunos, aluno-professor …a
forma como ele nesta … nesta perspectiva vai crescendo, se vai tornando numa pessoa
gradualmente diferente, e aqui o sentido da diferença entendido como um sinal de
aprofundamento, de redimensionamento, não só do carácter, mas no sentido ético mais
profundo da pessoa e das suas responsabilidades, para com a sociedade em que vive, a
sociedade dos outros e para com os outros. É um pouco nesta perspectiva.
Para mim, não consigo facilmente dissociar a ideia de bem, na perspectiva a em que a
colocou, dessa ideia de crescimento, de redimensionar ou redimensionamento do
indivíduo, procurando sempre projectar-se para outras dimensões do comportamento e
da atitude ética nesta perspectiva social.
E – Quando falo em bem do aluno estava a situar-me mais exactamente ao nível
dos alunos do curso do formação inicial dos educadores de infância, portando era
essa a perspectiva que estava a referir?...
A – Sim, sim, sim …
E – Ainda nessa mesma perspectiva, porque este trabalho incide essencialmente
sobre a formação inicial de educadores de infância, portanto quando falamos em
professores e alunos, é sempre nesse contexto, como é que definiria o professor
justo?
A – Isso é uma noção…a noção de justiça… ela própria é… uma noção ás vezes um
pouco ambígua. É evidente que se nós quisermos… e ambígua por isto, porque se nós
quisermos entendê-la de uma forma legalista, pronto, a justiça terá necessariamente a
haver com um certo cumprimento da lei, uma certa aplicação de leis, respeito por
regras, regulamentações. No fundo toda aquela moldura infra-estrutural de atitudes e
comportamentos, que permitem que uma sociedade funcione e que as relações entre
indivíduos se possam produzir num universo sustentável. De qualquer forma, para mim,
uma ideia de justiça terá sempre a haver com um equilíbrio que o professor… o
educador…quando digo professor, o educador… deve ser capaz de encontrar nas suas
próprias atitudes, nomeadamente naquilo que diz respeito á… á forma como é tolerante
para com os alunos, á forma como é compreensivo, á forma como com alguma
parcimónia, com algum bom senso acima de tudo, consegue deslindar conflitos,
consegue promover não só a resolução dos conflitos, mas essencialmente como
consegue passar uma mensagem, que para mim é essencial, e a qual não dissocio destas
questões, que é a do diálogo. O professor justo para mim será sempre um professor do
diálogo, para o diálogo, mas na perspectiva… nesta perspectiva, professor e educador
que sabe… sabe ele próprio como promover e sustentar construtivamente o diálogo.
Não é aquele… a ideia de um professor que fala da necessidade de dialogar, ser
compreensivo, tolerante e que depois ele próprio se escapa a esse diálogo e a essa
tolerância. Portanto, eu vejo sempre isto na perspectiva da primeira pessoa, ou seja, o
diálogo deve partir do professor e nesse sentido é pelo diálogo que ele deve tentar
construir a tal justiça, que será sempre algo que não é para ser entendido de uma forma
extremista nem absoluta. Terá a ver no fundo com negociação, com mediação, com um
encontro entre partes. …Será um pouco uma arbitragem. É nesta perspectiva que eu
vejo essa ideia do professor justo como um…é evidente que nós podemos dizer á
partida que um árbitro será sempre bom. Eu não diria…não diria …não diria
assim…mas o professor, nesta perspectiva da justiça, deverá ser sempre um bom
árbitro, na medida em que deve ser capaz de criar condições para o bom senso, para o
diálogo entre os alunos, entre as pessoas e ele deve ser veículo de transmissão desse
mesmo diálogo. É nessa perspectiva que eu percebo a justiça. Nunca a percebo numa
base de …há uma infracção então tem que se aplicar a correspondente penalização. Não
entendo…não entendo aqui a justiça como aquilo que deve servir para penalizar
alguém, beneficiando outrem que foi por sua vez vítima de uma infracção.
E – Olhe, na sua profissão de professor, recorda-se de algum dilema ou de alguma
situação ética difícil, pela qual tenha passado?
A – Verdadeiramente falando… verdadeiramente falando… uma situação ética difícil,
quer dizer…propriamente não…propriamente não. Assim entendendo o difícil…no seu
sentido mais restrito, não me recordo. É evidente que para mim é sempre… eticamente
complicado… se é que posso aplicar este termo… avaliar um aluno. E avaliar um aluno
em que perspectiva? Sabemos perfeitamente que isto tem mecanismos próprios, das
ciências da educação e de todas teorias de avaliação de aprendizagens e grelhas de
avaliação, que nós facilmente podemos aplicar e tentarmos ser isentos. Isso obviamente
deixar-nos-á certamente com uma certa tranquilidade de consciência. Mas isso para
quem entende o aluno como decalcável, naquilo que ele é, numa grelha de avaliação
rigorosa, competente, cientificamente elaborada. Para quem entende assim, certamente
não terá, por certo, problemas éticos ou qualquer dificuldade ética na tarefa avaliativa.
Eu tenho porque, por norma, aceito logo á partida que o aluno que eu avalio, é sempre
uma outra coisa… que a avaliação que dele faço mais fria não espelha com facilidade…
portanto sempre que faço uma avaliação nesta perspectiva ética, coloco-me sempre um
pouco na pele do aluno. Tentar perceber os efeitos que a avaliação que dele faço,
poderão produzir nele, procurar perceber se uma avaliação mais negativa terá algum
efeito em termos da sua… da sua auto-estima, em termos da sua forma futura de
trabalhar, da mesma maneira que penso, como quando as avaliações são positivas, se
aquele aluno vai eventualmente sentir-se superior aos outros, se a sua auto-estima
também melhora, como é que ele se vai relacionar com aqueles que têm uma…uma
avaliação diferente para vá lá…mas negativa, uma avaliação diferente da dele. Tento
tentar compreender o aluno nesta perspectiva da avaliação, num plano mais amplo, mais
largo do que propriamente aquele em que regra geral os professores se situam, os
professores…educadores, se poderão situar, mais os professores certamente, se calhar,
que os educadores, que é... eu tenho aqui a produção deste aluno, vou ver o que é que
ela vale, vou medi-la. Eu tento fazer essa medição, é óbvio que tenho que a fazer, mas
tento … enfim… o meu esforço é tentar humanizar essa medição …é um pouco isso que
faço.
E – Relativamente á educação ética na educação de infância, que importância
atribui a esta dimensão, numa profissão como a do educador?
A – Toda! Toda! Nem…nem compreendo… nem compreendo qualquer profissão,
qualquer acção relacionada com a formação dos indivíduos, seja ela qual for, mas
nomeadamente no âmbito educacional, não a compreendo de forma nenhuma sem um
suporte ético em termos de valores, em termos axiológicos propriamente ditos Não o
compreendo sem esse suporte, não entendo que a educação, que é ela própria um valor,
possa ser desenvolvida, possa crescer, sem um pensar ético. Honestamente é o que
entendo. Tem que haver sempre uma reflexão ética, uma formação ética, para quem está
na educação, para quem está envolvido na formação de pessoas.
E – Com é que acha que essa dimensão ética se revela, no campo muito restrito da
educação de infância… como é que ela se pode traduzir, essa dimensão ética em
educação de infância?
A – Mas na perspectiva…na perspectiva do formador ou do formando?
E – Na perspectiva do formador…como é que o formador de alguma forma
conceptualiza a dimensão ética… a forma como essa dimensão ética se revela, em
educação de infância?
A – Pois… essencialmente devo dizer que …espero não a decepcionar… mas a minha
experiência já de cerca de 10 anos, em trabalho nesta área de formação ética,
nomeadamente com educadores e professores, levar-me-á a dizer que, regra geral, os
educadores de infância têm alguma dificuldade …se é que podemos entender
dificuldade neste sentido, em perspectivar a importância da ética, a importância dos
valores na sua formação. Tal um pouco como certamente têm também dificuldade, em
perspectivar a importância da matemática no Jardim-de-infância. Será um pouco
semelhante. Por vezes sinto que não…que não conseguem estabelecer ligações. Dá ideia
que percebem o Jardim-de-infância como quase que uma redoma, onde só deverão
entrar assuntos de conteúdos mais limitados, não tão abrangentes… e isso a meu ver,
pelo menos é assim que o entendo, talvez porque resumem muito a sua acção…a sua
acção, mesmo no plano ético, é desse que falamos aqui… muito voltada para a criança,
quase como se não percebessem…eu diria não por falta de capacidade intelectual, mas
quase por uma vontade em não querer perceber, que o ser moral de que nós podemos
falar mais abertamente numa idade adulta, esse ser moral começa a desenhar-se, começa
a construir-se muito cedo.
O educador, como também por vezes lhes digo, tem a meu ver nesta perspectiva da
ética, de atitudes, dos comportamentos, uma importância para mim fulcral para a
criança, que eu costumo resumir-lhes assim: é no fundo a diferença que vai da
capacidade que temos de fazer os outros felizes ou infelizes. Muito honestamente ás
vezes dá que pensar, o não se perceber esta necessidade crucial, nomeadamente nos
tempos que vivemos, da ética, ou de uma formação ética em educação e direccionado
em concreto para educadores de infância, porque de facto a criança é, da mesma
maneira que um pouco como costumamos dizer, são os homens de amanhã…são
certamente os homens e as mulheres de amanhã, mas são por isso mesmo, os seres
morais de amanhã, por isso é importantíssimo dar alguma atenção a isso. Nesta
perspectiva, lhe direi assim… mais… enfim “en passan”, quase que se pode dizer, é que
os educadores de infância não me parece terem ainda verdadeiramente sentido a
necessidade de reflectir de forma mais aprofundada sobre a importância crucial que tem
cada vez mais a formação ética e moral para as crianças, nomeadamente porque cada
vez mais cedo as crianças se deparam com realidades socioculturais de natureza diversa,
acedem a informação, a conteúdos que lhes chegam de um veículo cultural que talvez
não fossem fáceis de verificar há 15, 20 anos atrás mas que hoje atendendo á grande
alteração que a estrutura sociocultural sofreu, e que começa em muitos casos logo
propriamente na célula familiar, que já de si não é a célula familiar habitual, é uma
célula familiar mais híbrida, mais estruturada em certas situações, deverá fazer os
educadores repensarem de facto a extrema importância que tem esse tipo de formação
mesmo para a ser esse contributo aproveitado em prol de um benefício que as crianças
devem ter a possibilidade de receber e que permitirá certamente terem uma outra
estrutura no domínio da sociabilidade. Isto pegando um pouco naquilo que lhe dizia ao
início, que é a importância que eu atribuo à contextualização da ética nessa moldura
cultural, no fundo é a moldura onde cada um de nós pinta um bocadinho, nas relações
que temos com os outros, nas nossas múltiplas experiências e da necessidade imperiosa
que temos de socializar com os outros para também assim promovermos o nosso
crescimento, o nosso processo de aprendizagem. Fundamentalmente eu resumiria a
questão que colocou a isto, é importante que se perceba que a criança, com a qual a
maior parte dos educadores começa a trabalhar bem cedo, essa criança é um ser moral
em construção, em delapidação e portanto, a atenção à sua formação moral é a meu ver
fundamental.
E – E essa sensibilização que faz á ética, aos educadores, passa pela criança…ou
apenas pela criança, ou por outros intervenientes? Portanto, estende essa mesma
sensibilização, da necessidade de… de se formar eticamente, para se relacionar só
com a criança, ou com outros intervenientes?
A – Não, não… não, não! Só com a criança, não! Aquilo que chamo a atenção… aquilo
que chamo a atenção, é que a … a ideia que eu tenho…é evidente que, dizendo isto
assim poderá parecer até uma brutalidade, quase que algo ignorante, mas nós
habitualmente, separamos o nosso mundo, socialmente entendido em termos das
hierarquias, em crianças e adultos, e eu não o entendo assim. É evidente que existem
especificidades próprias, das várias fases de desenvolvimento da pessoa, do indivíduo,
isso é evidente, não é… não adianta irmos por aí… mas isto para lhe dizer que eu
perspectivo as coisas numa perspectiva… passo a redundância… de totalidade, ou seja,
é preciso que nos aprendamos a relacionar não especificamente com crianças, não com
especificamente com adultos. É preciso que nos aprendamos a relacionar com…
pessoas, com pessoas… com aquela matéria humana que temos na nossa frente, com as
dificuldades que essa relação deixa antever ou faz prever. É evidente que… sempre
numa óptica de desenvolvimento …sempre numa óptica de desenvolvimento e por ser
numa óptica de desenvolvimento, é obviamente necessário chamar a atenção e
promover aprendizagens nesse sentido, junto dos educadores para, claramente, a faixa
etária com a qual trabalham… mas chamar a atenção que essa faixa etária não vai ser
criança sempre, não é…É um criança desenvolvente…é um homem em
desenvolvimento, um homem, uma mulher em desenvolvimento que devemos contribuir
eticamente, se me é permitida a imagem, para a sua formação numa perspectivação de
futuro, não numa perspectivação que se esgota no final do pré-escolar. É sempre assim
que percebo, portanto, esta sensibilização que é feita numa perspectiva de maior
abrangência, mas depois com as pinceladas apropriadas ás crianças e ao universo
infantil, mas sempre integrando com o projecto de continuidade, que é o projecto de
todos nós.
E – Se tivesse que definir um bom educador, que qualidade éticas é que lhe
atribuiria?
A – Alguém que… alguém que fosse capaz de fazer os outros felizes. Eu muito
honestamente resumo assim, porque entendo que o educador, tal como também o
professor primário, têm um papel crucial no nosso processo de desenvolvimento, não só
no que diz respeito à aquisição dos conhecimentos que decorrem da normal relação
pedagógica, em que nos situamos, mas no nosso processo de crescimento, de
amadurecimento, de aprendizagem das escolhas que deveremos fazer, dos caminhos que
deveremos seguir e tenho a certeza que 20 anos depois de um pré-escolar ou de um
ensino básico, ao nível do 1º ciclo, um aluno recordar-se da sua educadora ou educador,
professor ou professora, com afecto, a meu ver será correspondente a esta ideia de
alguém que foi eticamente capaz de fazer o outro feliz. Marcou-o positivamente. Eu
não…é evidente que nós podemos considerar que isto parece dizer muito e não dizer
nada. Alguém que nos ajuda a ser felizes, é certamente alguém que nos ajuda a saber
por onde ir, alguém que nos ajuda quando precisamos, alguém que nos provoca quando
nos sentimos mais conformistas e nos tenta estimular ás vezes até de uma forma
contraditória, precisamente para nos abanar e nós sermos capazes de perceber que temos
que fazer alguma coisa por nós. Esta ideia do alguém que nos faz felizes é associada a
alguém que nos soube ajudar a crescer. Vejo isto assim.
E – Em relação á formação ética do educador, e agora estamos a situar-nos num
plano mesmo da formação, que princípios éticos é que considera essenciais para a
formação ética de um educador?
A – Em termos de princípios essenciais… Bem, o princípio essencial é… o do diálogo.
Um educador tem que saber dialogar, tem que saber colocar-se no lugar do outro, tem
que se saber fazer respeitar e respeitar o outro, tem que ser capaz de ser responsável,
tem que ser capaz de ser autónomo e de promover autonomia, tem que ser capaz de
pensar criticamente e de fazer pensar criticamente, tem que ser capaz de reflectir e de
fazer reflectir, essencialmente isto.
E – Então penso que em termos de valores, e ainda na formação ética dos
educadores, se situará também da mesma maneira… serão esses os valores que
privilegia?..
Falámos de princípios…Em termos de valores?...
A – Sim…
E – Que importância acha que a escola… esta escola especificamente, atribui á
formação ética no curso de formação inicial?
A – Eu penso que atribui uma importância considerável. Atribui uma importância
considerável. Basta ver por exemplo, que é uma disciplina que tem uma carga horária de
… 120 horas…não, desculpe… de 90 horas…de 90 horas, de 90 horas. É uma disciplina
que, facilmente depois tem desenvolvimentos ou pode ter desenvolvimentos, quase que
em paralelo ao nível de outras disciplinas, nomeadamente a disciplina de Filosofia da
educação, ou por exemplo nos trabalhos que são realizados pelos alunos, em termos de
seminário interdisciplinar e onde eles podem promover e desenvolver um trabalho
nesta… nesta dimensão ética mais alargada, tentando construir correspondências
interdisciplinares. Eu penso que aqui concretamente, há essa preocupação, em dotar os
educadores de competências éticas, se me é permitido falar assim.
...
E – Que valores é que acha que a escola transmite? A escola … não estamos agora
a falar da disciplina de Axiologia…os valores que esta escola privilegia dentro
desta mesma dimensão?
A – Eu penso que… eu penso que os valores que a escola privilegia, são
essencialmente…penso eu, por aquilo que tenho visto, valores de carácter humanista,
humanista – cristão. São um pouco… são um pouco os valores, ou se quisermos o
quadrante de valores, onde eu próprio me fui formando e os valores que acredito, não
é!...
E – Agora muito especificamente em relação á disciplina de Axiologia, como é que
descreveria a formação que dá aos seus alunos, nessa disciplina? Por exemplo,
como é que dinamiza uma aula?
A – Bom, regra geral, as aulas…e estamos ainda numa perspectiva muito recente, uma
vez que como tive ocasião de dizer, não leccionei esta disciplina aqui no ano passado,
mas partindo da ideia genérica, de como penso que ela irá funcionar… e como
normalmente funcionam as minhas aulas, fundamentalmente, a dinamização em que
quase sempre aposto… e também tendo em consideração a dimensão da turma, que é
considerável, são cerca de 31 elementos, portanto, não é fácil fazer determinado tipo de
trabalhos de dinâmica de grupo, como com grupos mais pequenos, mas
fundamentalmente a minha forma de dinamizar as aulas vai ser… é sempre numa
perspectiva provocativa, ou seja, procuro desenvolver determinado módulo da matéria,
sempre numa óptica evolutiva, a tal perspectiva histórico-cultural, contextualizando-a
com a contemporaneidade. Gosto que os alunos percebam que aquilo que falamos hoje,
não é algo que seja absolutamente novo no nosso tempo, é algo que já foi novo em
quase todos os tempos, só que surge numa perspectiva linguística, numa abordagem
cultural que nos dá essa ilusão, de ser uma coisa recente e então procuro desmistificar
esta ideia e procuro que eles sejam capazes de construir estas pontes e
fundamentalmente, de perceberem onde de facto podem verificar a existência dessas
pontes, para as quais eu estou a convocá-los.
Essencialmente o meu dinamismo para as aulas é… nesta perspectiva: é tentar fazer
com que sejam capazes de pensar …de pensarem criticamente. Fico satisfeito quando
vejo que um aluno sai da sala de aula a pensar, isso é… nesta perspectiva da ética, isso é
essencial… que sejamos capazes de pensar …porque é precisamente por muitas vezes
não pensarmos e não reflectirmos essencialmente até nas pequenas coisas da inter
relação pessoal do nosso quotidiano, que muitas vezes nem sequer damos conta que não
temos nem atitudes, nem comportamentos éticos á altura, daquilo que supostamente
deve ser o padrão de um educador ou de um professor. Se porventura deixamo-nos levar
ou por preocupações extra profissionais, preocupações de natureza pessoal, depois tudo
isso condiciona o nosso comportamento, portanto, eu tento sempre que as minhas aulas
sigam nesta óptica, isto é, mostrar que o antigo é novo e que o novo não é de agora,
portanto há uma relação quase que de interdependência, como se houvesse uma
reciclagem temporal das temáticas e fazê-los pensar nelas e depois sugerir actividades, a
partir daquilo que se desenvolve em sala de aula, sugerir actividades para contexto de
trabalho específico. Por exemplo, como é que se pode desenvolver uma actividade neste
domínio da ética ou da educação em valores, partindo por exemplo, da protecção ao
ambiente, ou de uma história infantil, ou da realização de uma outra actividade lúdica,
portanto, depois temos sempre uma segunda parte da aula, que visa tentar visualizar
estes aspectos mais teóricos, para um domínio mais prático: o que é que nós poderíamos
fazer com essas coisas aparentemente desligadas da nossa prática … aparentemente…e
o meu esforço é sempre esse, é acabar de vez com o aparentemente desligado. Em
termos éticos está tudo ligado. Depende obviamente muito da inventividade, da
criatividade, dos recursos do educador… poder fazer de uma forma ou de outra.
E – Olhe, em relação a estratégias que os educadores de infância, de alguma forma
utilizam na formação ética das crianças, que estratégia é que lhes sugere?
Portanto, eles são educadores em formação, irão um dia confrontar-se com um
grupo, até mesmo num estágio, que estratégias é que sugere que eles utilizem,
quando se trata de ter um grupo de crianças á sua responsabilidade e com
essa…com essa necessidade de as formar do ponto de vista moral?
A - Verdadeiramente falando… não aconselho estratégia nenhuma. Não aconselho
estratégia nenhuma previamente. Aquilo que aconselho é que, na mesma…na mesma
perspectiva ou no seguimento do tal diálogo, que o educador, ou no qual o educador
deve ser formado, para depois saber formar, aquilo que eu fundamentalmente
recomendo é que…observem… muito. Porque ás vezes e nós sabemo-lo pela nossa
vida, que muitas vezes as coisas que procuramos estão tão perto e nós julgamo-las tão
longe. E isto para dizer o seguinte: muitas vezes…muitas vezes as situações de conflitos
em sala de aula, ou qualquer problema que um aluno apresenta, qualquer dificuldade,
qualquer dificuldade até mais sistemática, qualquer recusa, qualquer reacção mais
extemporânea, pode ser sempre resolvida ou começar, melhor dizendo, começar a ser
resolvida observando, prestando atenção. Se eu tiver…ou se tivesse que recomendar
habitualmente uma estratégia, seria sempre esta: quando se recebe um grupo, acima de
tudo há que lhe dar atenção para começar a conhecê-lo e não dar uma atenção formal,
ou seja, ser capaz de falar com cada um, saber o nome de cada um, os gostos de cada
um. No fundo ser capaz de entretê-los continuamente, neste horizonte da tal atenção,
que deve ser dada ás crianças e ao grupo, para de uma forma mais sustentável os
conquistar. Porque esta ideia de diálogo, na qual o professor deve ser formado, o
professor e o educador, é para ser entendida, não só como aquele diálogo falado, mas
entendido como a relação… a relação de olhares, ou seja, entre o observar e o também
se saber observado por parte da criança, porque a criança também obviamente reage,
também tem um entendimento, por muito frágil que possa eventualmente ser, também
tem um entendimento da postura, do comportamento, da atenção, do afecto, que é lhe é
dispensado pelo educador e até porque, neste domínio da educação de, infância, a parte
da afectividade é extraordinariamente importante, é quase que uma estratégia, de enfim,
entre aspas, aqui entendida, de conquista… de conquista para poder formar, para poder
chamar ao grupo e nessa óptica se eu tivesse que recomendar uma estratégia seria
sempre esta: vejam com atenção, olhem, estejam disponíveis para …
E – Em relação ao impacto que a formação ética tem, na prática pedagógica dos
estagiários, atendendo a que os grupos que fazem formação ética, já tiveram
alguma experiência de estágio anterior, antes de chegar a essa disciplina, qual é
que acha que tem sido o impacto que essa formação tem tido, na prática que eles já
experimentaram?
A – Pois…Isso é … é algo que não lhe posso responder objectivamente, por força de eu
próprio só este ano estar a leccionar a disciplina. Portanto, não posso com este meu
primeiro grupo, não posso medir qualitativamente esse…esse impacto. Todavia…
E – Portanto, as educadoras que estão em formação e que agora estão na sua
disciplina, não lhe colocaram ainda questões, relacionadas com a ética, em função
dos estágios anteriores?
A – Não…não! Não colocaram…não colocaram! Não colocaram, talvez também até por
causa daquilo que lhe dizia há pouco, que era haver ainda uma penumbra, no horizonte
da sua formação, quanto à importância decisiva que têm estes aspectos éticos e morais,
na educação de infância. O que poderei eventualmente dizer, é que no que diz respeito a
alunos que estou a orientar…a orientar em trabalhos do 4º ano e que têm…chegam já ao
4º ano com uma carga significativa, em termos de prática pedagógica, não é que me
tenham colocado propriamente problemas, mas verifico que têm algum interesse
genuíno, em questões relacionadas com o estatuto deontológico da profissão, com a
inexistência de um código deontológico, com questões relacionadas com a autoridade
em educação, os valores em educação.
Tenho um naipe de 5 a 6 alunas que trabalham com particular interesse estes temas e
são também, segundo me pude informar, situações nestas escola que são recorrentes em
anos anteriores, ao nível dos seminários do 4º ano, seja, no 4º ano há uma percentagem,
que eu não direi que é muito significativa, mas é interessante verificar… que pensa estas
questões ao nível de uma formação ética, de uma formação social, pessoal e reconhece a
importância da ética na educação e que pega nestas temáticas, para as optimizar depois
em sala de aula, ou em sala de pré-escolar.
E – Então considera que seria viável relacionar o facto de elas já estarem em
confronto com uma prática diária contínua, isso possa de alguma forma ter
influenciado…as ter influenciado para uma maior necessidade de recorrer a
informação, em formação ética?
A – Fundamentalmente, aquilo de que me apercebi… lá está o tal conhecimento que se
deve ter do aluno, da…nomeadamente da sua vida de fora escola, fora dos domínios da
escola, é que muitos deles tinham uma formação ao nível do escutismo. Por exemplo,
foi uma coisa que verifiquei… e que por assim ser, demonstraram logo ideias muito
concretas, muito determinadas, sobre o que queriam, e como queriam e porque é que
queriam fazer e pensar estes temas.
Porque em boa verdade… em boa verdade, esta questão da ética na educação, da ética
nomeadamente na educação de infância, e não quero ser nem repetitivo, nem
deselegante…é que a visão da importância que se deve reconhecer a estes temas, tem
que se construir e esta construção depende muito do interesse, da legitimidade que nós
reconhecemos a essas temáticas. Regra geral, o educador de infância pensa talvez, de
uma forma mais operacional, ou seja, “Para que é que me serve a mim a ética, ou os
valores, para desenvolver uma qualquer actividade em sala de aula? Porque é que eu
hei-de trabalhar uma história ou um conto ou uma outra actividade numa perspectiva
ética?”
Penso que a ideia … que têm é que… as relações entre indivíduos são um bocado…é
como se fossem assépticas, ou seja, eticamente assépticas; é como se não fosse…não
fosse visível este trânsito quase de comércio, entre aspas, de valores, e direitos, de
responsabilidades, de deveres, que trocamos diariamente.
Eu penso que é por não ser facilmente visível para eles, porque talvez não tenham feito
nenhuma introspecção, ou não se tenham apercebido, ou por qualquer outra razão, que
não tenham sequer interesse … que os problemas não são colocados, não são entendidos
como legítimos, mesmo para quem já tem alguma formação, em termos de horas de
prática pedagógica.
Eu penso que aqui há de facto uma importância grande, mas que tem a ver com
formação anterior, com outras experiências anteriores, que os alunos trazem, ou
desenvolvem paralelamente á sua actividade estudantil, porque assim friamente,
imaginando que todos os alunos chegavam aqui sem, pelo menos aqueles com os quais
tenho trabalhado…chegavam aqui sem outro tipo de experiências extras escolares, eu
dir-lhe-ia que todos eles por inteiro, não sentiriam necessidade de pensar a sua
actividade educativa, também utilizando os recursos que a formação ética permite,
como contributos desejáveis á pratica profissional.
E – Olhe, em relação ás outras disciplinas deste curso de formação inicial, qual
considera ser o contributo delas, para a formação ética dos alunos?
A – Verdadeiramente falando, eu poderei…poderei falar essencialmente daquelas que
dou, que são…que são quatro, para já, uma vez que sou também responsável por força
de outras formações que tenho, da disciplina de Teoria e desenvolvimento curricular I e II,
A249nas quais tento fazer perceber aos alunos, o modo como podem integrar, por
exemplo, formações no domínio da educação cívica ou da educação para a cidadania ou
de uma formação pessoal e social nos conteúdos que seriam eventualmente menos
susceptíveis de serem trabalhados, por exemplo ao nível de um 1 º ciclo, como a
matemática ou até mesmo …ao nível do pré-escolar também utilizando a sensibilização
para a matemática como um domínio que pode permitir diversos jogos, diversas
actividades com uma leitura neste plano ético.
Agora tirando estas disciplinas em concreto, eu penso que pelo elenco que vejo dessas
disciplinas, penso que, também até pela orientação da escola um pouco como lhe disse
há pouco neste universo de valores que considero humanistas que eles estão presentes,
não é… nem que seja numa perspectiva de currículo oculto.
E - Se tivesse que alterar a formação ética proporcionada pela escola, o que é que
alterava?
A – Bom…O que é que eu alterava!... Provavelmente… Provavelmente se…se eu
pudesse alterá-la, tentaria que houvessem…houvesse uma disciplina mais abrangente,
em termos das temáticas éticas, e portanto, naquela perspectiva de evolução histórico-
cultural.
Depois, tentaria que houvesse talvez uma outra, que tentasse a partir dos diferentes
modelos pedagógicos para a educação de infância, por exemplo, tentar fazer ver aos
educadores, qual o quadro ético-moral que lhes está subjacente, porque esse quadro
ético-moral subjacente, remeteria depois para, no fundo, a ideia que nesses modelos
pedagógicos está presente o individuo, a sociedade, eventualmente o homem em termos
futuros; portanto seria tentar haver uma…era como se fosse uma segunda parte da
disciplina, que tentaria pegar na dimensão pedagógica dos modelos, das próprias
concepções curriculares, entre aspas, e fazer a sua leitura ética e moral, sempre nesse
plano cultural e antropológico alargado para que fosse possível aos alunos de uma
forma mais incisiva, mais demorada no tempo … /porque estas coisas da ética precisam
de tempo, porque são do domínio das relações, e que lhes permitisse de facto construir,
no fundo utilizando uma analogia… a sua… neste caso dos educadores, área do
conhecimento do mundo. É a minha perspectiva.
E – Olhe passando agora para um plano um pouco diferente mas não fugindo
necessariamente do tema, sobre deontologia da profissão docente considera
importante a existência de um código deontológico da profissão docente?
A – Sim, considero! Considero… considero importante porque… a importância que têm
as diferentes sociedades, os profissionais da educação, é óbvio que isso, de algum modo
traduz uma responsabilidade acrescida. São profissionais da informação… da
informação, mas essencialmente da formação e são profissionais que têm que saber, têm
que desenvolver um saber estar, um saber ser, têm que se saber relacionar, não só
propriamente com as crianças, mas com as famílias, com os colegas, com a comunidade
…não é! São figuras que têm uma determinada visibilidade na comunidade …É uma
profissão que tem uma grande visibilidade e por ter uma grande visibilidade é… julgo
que é necessário que as regras de… deve e haver, de comportamento e de atitudes,
devem ser claras, transparentes e estarem devidamente regulamentadas, … até porque
também sabemos que é uma profissão onde se acede propriamente á prática
profissional, em muitos casos pela via do concurso e talvez por isso, devam também ser
claras as regras que permitem a colocação de profissionais, não só numa perspectiva da
sua competência científica e pedagógica, mas também numa perspectiva da sua
formação humana
Nesta perspectiva, eu penso que esta ideia de deontologia é particularmente importante,
até porque em termos…em termos etimológicos, deontologia será alguma coisa como a
ciência ou o saber do dever ser Neste domínio, entendo não só ao nível da educação,
como é óbvio, mas neste domínio concreto, que devemos saber ser o melhor possível,
para que as relações entre pares sejam claras, sejam transparentes sejam feitas de
justiça.
E – Vê algumas desvantagens na existência de um código deontológico? Portanto
falou-me de…por aquilo que percebo, de vantagens… vê algumas desvantagens?
A – Eu aparentemente…aparentemente não…não vejo assim desvantagens… assim a
olho…assim a olho nu, ou seja, desvantagens que sejam de tal forma clamorosas, que
justifiquem a inexistência do código. Agora, mentir-lhe-ia se lhe dissesse que acho
necessário, seja em que área for, códigos deontológicos. Não, não acho! Mas isso é
talvez numa perspectiva idealista, porque penso que devemos todos… e a formação do
homem… cada um de nós que sai…que entra e que sai do sistema de ensino e que ao
longo da vida promove, continua a promover as suas aprendizagens devem ser sempre
numa perspectiva de dever ser. Como é que eu devo ser em face disto, ou em face de
alguém. Como é que eu devo perspectivar o meu saber estar, sempre numa óptica de
desenvolvimento constante e de aperfeiçoamento constante, ou seja, é como se houvesse
aqui uma dimensão quase de comportamento ético-moral inato. Mas isso não é…não é
viável… e portanto, por não ser viável, por nós sermos seres aprendentes,
desejavelmente sempre aprendentes que por vezes se torna necessário, para clarificar
estatuto, e para clarificar também desempenho de papéis, é necessário haver uma
regulamentação ao nível deontológico.
E – Ainda reportando-nos ao código e na hipótese dele existir, que deveres é que
acha que ele deveria incluir?
A – Fundamentalmente, deveres que remetam para a capacidade e a competência da
relação.
E - Quem acha que deveria participar na elaboração desse código?
A – Certamente, pessoas com formação no domínio da ética Mas desejavelmente
profissionais da educação, simultaneamente com formação na ética, mas também com
experiência na educação. Também desejavelmente representantes das organizações de
profissionais de educação de infância e certamente também elementos do ME. No
fundo, tentar que este documento pudesse ser desenvolvido simultaneamente, sob uma
perspectiva da administração política educativa, da educação numa perspectiva
científico-pedagógica e da profissão, com a presença de dos educadores de infância…
de alguns elementos dessas organizações, da forma como estariam representados. Não
me ocorre agora dizer-lhe, mas fundamentalmente estes três segmentos de público,
poderiam desejavelmente contribuir para a realização deste tipo de documento.
E – E este código está a perspectivá-lo só direccionado para a educação de infância,
ou numa perspectiva global de todos os professores?
A – Essencialmente ele deve abranger todos os professores. Deve ser…deve ser porque
vejamos …nós quando falamos de uma outra… por muito que queiramos também
estabelecer aqui diferenças e criar especificidades que ás vezes não existem, por muito
que as desejemos, mas da mesma maneira que, em medicina existem diversas
especialidades médicas; não temos um código deontológico para os cardiologistas e um
para os endocrinologistas e por aí adiante…nem para os cirurgiões. Já entre médicos e
enfermeiros se justifica o código deontológico diferente. Agora, no domínio da
educação, da formação nesta perspectiva, eu desejavelmente entendo que, o código
deontológico deveria abranger todos os profissionais da educação. Porque a
educação…isto porquê? Porque a educação não deve ser entendida segundo segmentos,
ela é Educação; é um contínuum de formação e assim sendo…sendo um contínuum de
formação, ela tem também um contributo de diferentes profissionais na sua
especificidade ao longo do processo. Mas são todos eles profissionais comprometidos
com a educação. São todos eles profissionais que têm que saber relacionar-se com os
outros, têm que saber estar em sociedade, têm que saber ser informados na sociedade
em que vivemos, têm que saber… têm que saber apostar na sua formação, em termos de
uma formação perspectivada ao longo da vida, têm que ter todos eles competências, que
são por certo direccionadas e específicas para o seu segmento de acção profissional, mas
são essencialmente competências do profissional da educação e do profissional em
educação. Portanto, não vejo, como nem particularmente benéfico… nem o contrário
haver um a código para cada…para o professor do 1º ciclo, para o educador de infância,
para o professor do 2º ciclo … Eu penso que ele deve ser abrangente… deve ser único.
… É evidente que deve contemplar eventualmente as especificidades próprias que lhe
entenderem atribuir … mas uma coisa é certa: educação é …a educação é um só
universo …… e no fundo estamos sempre á volta do mesmo, são pessoas que formam
pessoas, …que se relacionam com pessoas, que socializam que têm direitos e deveres.
Eu penso que seria mais benéfico e até certamente mais forte, isto aqui agora segundo
uma leitura política mais forte em termos de pressão social, de parceiro social, haver
uma Ordem…perdão… um código deontológico, honestamente é o que penso.
E – Olhe, já para finalizar, eu gostaria de o convidar a falar, dentro desta temática,
de algum assunto que gostasse de falar e que eu não lhe perguntei.
A – Essencialmente…essencialmente a entrevista foi…foi bem conduzida. Não…penso
que falei aquilo que me suscitou falar a partir, das perguntas que colocou. Não me
ocorre assim nada que não tenhamos falado, ou que não me tenha questionado a
propósito. Dou-me por satisfeito…
E – Eu agradeço-lhe imenso este contributo uma vez mais. Muito obrigada pela sua
atenção, pelo seu tempo e pela sua disponibilidade.
ANEXO B2
PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO PROFESSOR B
ANEXO B2 - ENTREVISTA AO PROFESSOR B
Professor de Axiologia responsável pela formação das formandas deste estudo
Realizada por Margarida Duarte
E – Entrevistador B - Entrevistado
A entrevista decorreu no escritório da residência da entrevistada, num ambiente
tranquilo e ameno e foi solicitada e consentida autorização para a sua gravação.
E - Em primeiro lugar, gostaria de lhe agradecer a possibilidade que me dá, de me
conceder esta entrevista, que faz parte de um trabalho de investigação no âmbito
da dimensão ética, na formação inicial de educadores de infância e destina-se
realmente a percepcionar, quais são as representações que os professores de
Axiologia têm, sobre a dimensão ética em educação de infância, da mesma forma
que iremos também pesquisar, quais as representações que os alunos do 4º ano de
educadores de infância têm, desta mesma dimensão ética.
Esta entrevista é fundamental, porque faz parte da estrutura do trabalho e,
portanto, sem ela era impossível dar continuidade à investigação, pelo que lhe
agradeço mais uma vez, assim como também a possibilidade que me dá, de a poder
gravar. Esta entrevista será portanto, anónima.
Alguma dúvida que surja na sequência das perguntas, portanto, peço-lhe que a
coloque.
Numa primeira…numa primeira abordagem iríamos falar do conceito de ética.
Como professora de Axiologia qual é o conceito de ética que mais privilegia?
B – Sim senhora!... Conceito de ética creio crer que eu o centre fundamentalmente na
perspectiva da ética da educação. Ou será na perspectiva ou conceito de ética mais
abrangente? É numa perspectiva mais abrangente ou dentro já da ética relativamente á
educação?
E – Relativamente á educação. No sentido de, como professora de Axiologia, e
atendendo a que deu aulas a alunas de educadores de infância, portanto, nessa
perspectiva qual o conceito que mais privilegia?
B – Bom, então eu julgo que tudo aquilo que tem a ver com as questões da ética, são
neste momento e até por condicionantes, pronto, da sociedade, do mundo em que nós
vivemos, são as questões que mais…mais desafiantes enquanto professora e na
perspectiva que adquiri pela experiência estando portanto na… contribuindo para a
formação de outros professores e também de educadores de infância. Porquê? Porque o
que é ético é aquilo que tem a ver com o humano, não é?!... E a relação pedagógica que
se estabelece entre o educador, o professor e os alunos, as crianças, assenta
fundamentalmente numa base humana, não é?... De tentativa de descoberta do outro…
de …no fundo de…tudo aquilo que tem a ver com a formação ou educação plena, não
é… formação do outro ser humano…e o que é humano é ético, não é? Portanto, é aquilo
que nos obriga de certa maneira a estender o laço da relação ao outro. Portanto… e aí eu
penso que mais até do que as competências… as competências, os conhecimentos
efectivos, o educador deve ter…deve ser absolutamente consciente da importância que
tem na formação em educação das crianças. E por ter essa consciência plena, ele deve
reconhecer-se fundamentalmente como um agente ético, um ser humano que forma
outros seres humanos que, muito e cada vez mais, como nós sabemos… porque as
crianças vão cada vez mais cedo para o Jardim, não é…para os berçários, não é!
…portanto, tem que haver uma tomada de consciência muito, muito profunda, do papel
do educador, quando mantém uma relação tão próxima, tão decisiva, junto das crianças
e junto também dos pais dessas crianças. Porque uma outra perspectiva muito
importante e eu acho que é decisiva, é o educador, o professor, reconhecer as várias
interacções que ele vai manter ao longo do seu trabalho, não é…na educação… o
contributo na educação para a criança e o tipo de relação que mantém com os pais das
crianças … no fundo os responsáveis pelas crianças e, claro, depois com os outros
colegas e com toda a escola enquanto instituição. Portanto, eu penso que neste momento
a ética, a postura ética, exige ao educador uma tomada de consciência muito profunda e
verificar que essa acção deve começar muitas vezes por identificar os limites, os deveres
deontológicos …do seu trabalho.
E – Olhe, penso que já se referiu com muita precisão, realmente à …à importância
que atribui à dimensão ética, numa profissão como a do educador de infância.
Referiu alguns intervenientes nessa relação… os pais, etc. Que outros
intervenientes é que acha que essa relação ética de alguma forma pode fazer
realçar? Portanto, do educador enquanto profissional ético?
B – Bom… de certo modo já lhes fiz alusão. Contudo, reforçaria uma vez mais que, não
nos podemos esquecer que, qualquer que seja o nível, ou qualquer que seja aqui a idade
com a qual o educador, ou o professor, se quisermos alargar um bocadinho o conceito,
trabalha… ele trabalha sempre numa perspectiva de formar um ser humano, não é?
Portanto, não pode nunca esquecer que, um dos pilares fundamentais da sua acção, é o
outro ser humano, portanto, aqui a relação de proximidade ética com a criança. Depois,
naturalmente com os pais …e quando eu refiro aqui os pais, estou a falar dos pais
biológicos…estou a admitir aqui os pais… o conceito de família numa perspectiva mais
alargada, portanto, no fundo… quem acolhe, quem acompanha directamente a criança.
Depois, penso que uma forma também muito particular, até por todas as mudanças que
o sistema educativo… pelas quais o sistema educativo está a passar…uma proximidade
ética de respeito, de conhecimento, de abertura, em relação aos outros educadores,
portanto, que são sempre parceiros na construção de projectos de escola, portanto, nas
actividades por eles realizadas em grupo. Porque felizmente que hoje cada vez mais os
professores tendem, os educadores tendem a construir essas… esses elos de parceria,
trabalho, de projectos comuns partilhados com os outros educadores, e portanto, /essa
relação ética estende-se sempre ao outro educador, que tal como nós, tudo faz em prol
da…de uma sociedade mais bem formada, apostando de uma forma positiva na
educação. Depois, parece-me a mim, que essa …esse prolongar desse olhar ético, deve
ir também para a escola enquanto instituição, de um ponto de vista mais abrangente, não
é… porque as escolas já não tendem a ser locais isolados, não é! …Estão inseridas em
contextos, espaços, em Agrupamentos, e portanto, esses elos éticos da relação com o
outro, de proximidade, com o outro …de escuta, que é tudo isso que a ética impõe ou
implica, deve estar também pressuposta nessa relação, com outros agentes que fazem a
escola enquanto instituição. E depois claro está, com os agentes sociais que envolvem a
escola não é… portanto, desde as autarquias, ás Juntas de Freguesia, à proximidade que
deve haver sempre entre o educador e os demais agentes que, contribuem numa
comunidade, para definir percursos comuns, trajectos comuns, não é … sempre em
nome de …de uma educação melhor. Julgo que serão esses à partida, os tais outros
agentes, que também colaboram para a nossa atenção de proximidade, em relação aos
outros.
E – Olhe, que qualidades éticas é que considera que são essenciais para se definir
um bom educador?
B – Bom… essa questão, é uma questão difícil, não é…difícil, desafiante. Eu penso que
não é muito fácil… e aqui não é tentar fugir à pergunta, mas não é muito fácil aqui
encontrar um quadro único, ou um conjunto de características únicas, que permitam
definir um bom...eticamente um bom educador. Penso que parte muito dessa tomada de
consciência que cada um faz do seu trabalho, e da concepção do seu trabalho… E
depois todos nós somos muito diferentes, não é! … É isso que nos particulariza e ao
mesmo tempo nos enriquece. Agora, para além dessa especificidade de cada um de nós,
associada sempre a uma consciência, a uma reflexão consciente, profunda, do nosso
trabalho … porque eu costumo dizer que o educador e o professor, é muito diferente,
enquanto profissional, é muito diferente dos outros profissionais, não é…pronto! Essas
diferenças passam pelo facto de ele não trabalhar uma matéria-prima, uma coisa física
… em que é possível verificar, mais ou menos à posteriori ou de imediato, digamos
assim, o resultado do seu trabalho… Pronto! Eu penso que isso constitui…
pronto…uma…uma…um traço muito próprio do professor e do educador e há-de ter
…ele tem que ter essa noção. Depois, algo que nos distingue dos outros profissionais ou
de outras profissões, é o facto de quando nós saímos de uma sala, não somos capaz
nunca de terminar o nosso trabalho ali, não é …pronto! Seja porque vamos para casa e
em casa temos que planear e projectar e planificar e avaliar o trabalho do dia de
amanhã, ou avaliar o trabalho que fizemos, seja porque somos seres humanos e porque
trabalhamos com seres humanos, a nossa…o nosso pensamento, a nossa reflexão, a
nossa mente se ocupa muito por aquilo ou com aquilo que vamos vivendo, ao longo do
nosso dia a dia, não é… E quantas vezes ocupamos a nossa cabeça, depois de sair do
nosso trabalho, com o comportamento daquela criança, ou porque é que ela se sentiu
daquela maneira assim, ou porque é que ela não fez aquilo. Portanto, de certo modo, nós
prolongamos para fora de Escola, enquanto instituição, sempre o nosso trabalho, não é!
É muito difícil separar…separamo-nos dele. E isto é que é a única questão…Porquê?
Porque…Bom, porque somos humanos! Porque quando verdadeiramente encaramos a
profissão com esse carácter humano, nos preocupamos, nos envolvemos, nos
empenhamos… e por isso não somos indiferentes, não é! Bom, daí que enquanto
traços...acho que o interiorizar a verdadeira noção de humanidade… e uma noção de
humanidade que implica o respeito, a tolerância, a abertura, o saber escutar o outro, e
depois ser muito livre, portanto, de certa maneira ser muito despreconceituoso, não é…
de certo modo ser capaz de… pronto… humanamente encarar a nossa actividade. Eu
penso que passa por isso. Se é que é possível, aqui resumir assim, ou encontrar aqui
algumas características próprias de um bom educador, não é…ou de um bom professor.
E – Situando-nos agora na perspectiva de Professora de Axiologia, em relação aos
alunos, e tendo em conta a preocupação que manifestou, de prolongar o
pensamento e o sentimento da escola, para além do horário da escola, essa
preocupação que vive acerca da profissão e dos alunos, leva-me a fazer-lhe uma
pergunta: o que é para si o Bem do aluno?
B – O bem do aluno… é outra vez…uma vez mais uma questão interessante mas, uma
questão que se calhar passa por alguma subjectividade da minha parte, não é… que
resulta muito da minha experiência e do olhar, da reflexão que pela prática nós vamos
fazendo. Aqui o bem do aluno é torná-lo verdadeiramente humano, também. É orientá-
lo. Porque uma criança precisa… uma criança pequenina, eu diria até ao
adolescente…ele precisa sempre de pontos de referência, não é… portanto, aqui o bem
do aluno, é fazer contribuir decisivamente para que o aluno, a criança, possa ir ao
encontro daquilo que ela verdadeiramente é capaz, não é… reconhecendo sempre os
nossos limites. Porque somos… não nos podemos esquecer nunca que, antes demais nós
somos seres biológicos e, portanto, somos muito animais, não é…E portanto é por via
da socialização e da educação, e aqui dentro da educação, depois, tudo aquilo que são os
verdadeiros agentes responsáveis por ela, portanto, fazer com que, à medida que criança
vai entrando no mundo, vai conhecendo o mundo, perceba que existem limites,
portanto, que existem regras, que existe a noção do que é o bem e do que é o mal, mas
que existe fundamentalmente uma pessoa humana dentro dele, único e irrepetível, tal
como a própria palavra “pessoa” nos faz adivinhar não é…e que é necessário, e que é
responsabilidade do educador, como agente de educação, saber de certo modo
evidenciar, fazer nascer, não é… Portanto, o bem do aluno, aqui é verdadeiramente
formá-lo, no sentido de ser um bom humano, não é…um bom ser humano, do ponto de
vista social, do ponto de vista ético, do ponto de vista das suas competências e
capacidades.
E – Uma outra questão que eu gostava de lhe colocar tem a ver com o conceito de
professor justo. Na sua opinião, o que é para si um professor justo?
B – O professor justo… será aquele que …porque ele tem que avaliar, não é…porque o
trabalho do professor, passa por tudo aquilo que nós sabemos que é… ele é… no
sentido em que ele é um agente formador, é informador também, porque ele informa, dá
conhecimentos, desenvolve competências, colabora para todo esse nascer do ser
humano, não é… mas ele não esquece que tem que avaliar, pronto! E o conceito de
justiça aqui, é novamente um conceito ético e todos nós sabemos que, enquanto seres
humanos que somos, tantas vezes erramos também, não é…pronto! Eu julgo que o
professor justo é, pelo menos aquele que em consciência, considera todas as variáveis
no momento da avaliação. No momento de determinar um valor, uma quantificação,
uma nota, ele não esquece nenhuma variável, não é! … E aqui tento sempre recorrer a
dados o mais objectivos possível, portanto, aquilo que o aluno produziu, em termos de
…. mais objectivável, mais concreto, mas também aquilo que foi verificável
…construir uma espécie de escala de avaliação das tais competências que nós devemos
…que o professor, que o educador, deve ter sempre em mente, quando está a realizar o
seu trabalho, e que quer fazer desenvolver nos seus alunos. Portanto, aqui o carácter de
justo, ou de professor justo, é aquele que pelo menos no momento de considerar a
avaliação, ele não esquece nenhuma variável, e de uma forma o mais objectiva possível,
deve aproximar o trabalho do aluno, porque não se está avaliar o aluno enquanto pessoa
humana, está-se a avaliar o trabalho do aluno, não é…e portanto, não esquecendo
nenhuma das variáveis, ele procura ser certeiro na classificação que dá, ou na avaliação
que faz.
E – Na sequência do que acabou de falar, gostava de lhe fazer agora uma outra
pergunta: recorda-se de algum dilema ou de alguma situação ética difícil, que lhe
tenha ocorrido a nível profissional?
B – Recordo de situações que são…eu diria que são…elas são muito constantes, não
é…
Quando o professor é…de certa maneira encara a sua profissão com alguma…
deontologicamente, com alguma consciência do seu trabalho, constantemente ele
encontra aqui e ali muitas vezes até na relação, não só com os alunos, mas
inclusivamente com os colegas, encontra situações que são dilemáticas, que são…que
nos obriga…pronto…a apelar á nossa consciência para tentar encontrar uma solução.
Não sei se… vou talvez apenas pegar aqui num exemplo… embora sem que o precise
em termos concretos, mas tantas vezes na relação com os outros…com outros
professores, considerar que…ou avaliar, ou pelo menos passar pela nossa cabeça algum
juízo de valor não tão positivo, não é! … Era tão bom que todos nós fizéssemos uma
avaliação sempre boa do nosso desempenho e do desempenho de com quem nós
trabalha. Mas tantas vezes nós vemos infelizmente…eu digo isto com alguma mágoa,
vemos outros professores muitas vezes a ser pouco conscientes do seu… do seu
trabalho. Não sei se estou a dizer assim algo de…não quero que fique a ideia de que me
considero melhor do que os outros … pronto! Não é nesse sentido! É verificar muitas
vezes na realidade que, nem sempre o trabalho do professor, ou de outros professores, é
um trabalho verdadeiramente sério. Por exemplo, quando nós vemos que há colegas
nossos que vão para a escola e tantas vezes sobre o joelho antes da aula vão dar ali uma
vista de olhos nos conteúdos, na matéria …porque “o que é que eu vou dar… o que é
que não vou dar”, ou então às vezes até no modo como falam na sala de professores
sobre o aluno A. o aluno B. Eu verdadeiramente sou…oponho-me completamente a este
tipo de prática, não é! …Eu acho que o nosso trabalho é muito…na relação por
exemplo, com os nossos alunos, deve ser um trabalho muito…muito parecido com o
trabalho do médico, quer dizer tem que haver ali alguma contenção naquilo que se diz,
no modo como se diz, o que se revela, como é que se revela, às vezes da vida pessoal do
aluno. Embora eu às vezes entenda que é preciso haver conhecimento de determinadas
questões que envolvem os alunos, ou a vida pessoal dos alunos, para às vezes
percebermos o que está na origem de um comportamento mais agressivo, ou de um…
dificuldades de aprendizagem. Mas refiro-me mais ao modo como muitas vezes, se fala
do aluno, ou dos alunos, ou da vida dos alunos, sem que haja aqui a noção de quem nem
tudo pode ser dito, ou nem tudo deve ser dito, em determinados contextos.
E – E quando é confrontada com situações dessas como é que reage?
B – Procuro nunca me envolver, ou seja, se eu não aceito, então não posso permitir-me
a mim própria envolver-me, ou então às tantas estar já dentro daquilo que
verdadeiramente condeno. Portanto…também é um facto que ás vezes é difícil, porque
nos tratam muitas vezes com uma atitude de arrogância ou de indiferença, ou de pouco
interesse, em relação a determinadas situações. Parece-me ainda assim que…lá está…
tem muito a ver com a nossa postura, não é…depende muito da nossa postura e do
relacionamento que mantemos na escola, com os outros colegas e até com os próprios
alunos. Eu procuro nunca esquecer-me disto: o professor/educador é um profissional de
educação, não é…portanto, não é um pai, /não é uma mãe, nem se pode substituir a
esses agentes. E tantas vezes, eu penso que até por via da pressão social que existe sobre
o nosso trabalho, muitas vezes nós misturamos as coisas umas com as outras, não é… E
eu penso que muitas vezes… quando existem dilemas, os dilemas, os problemas, os
conflitos, resultam dessa … do facto de nós misturarmos as coisas. E isto vai bater
sempre ao mesmo, não é… porque o educador/professor trabalha com seres humanos e
portanto se calhar às vezes é inevitável ter que ser confrontado com estas situações.
E – Alguma vez lhe aconteceu, e especificamente à situação que realmente referiu,
e que lhe desagrada, que é a que diz respeito ao aluno, que um professor a
abordasse directamente sobre um aluno, nos modos que referiu, que não tivesse
gostado, mas que se sentisse na obrigação de lhe dar alguma resposta ou de ter
alguma atitude?
B – Já aconteceu sim!
E – E nessa altura, normalmente que tipo de atitude é que toma?
B – A minha postura é sempre de manter…nessas situações, de saber exactamente qual
é o meu papel, naquela situação em concreto, não é…Portanto, se é um assunto… se é
alguma coisa que se diz, que tem relevância de facto no trabalho do aluno e no meu
trabalho, ou no meu relacionamento com o aluno, eu certamente não serei indiferente e
acolherei aquilo que o outro colega me disser ou me vier contar, etc. Se considerar no
momento que não… que não é de todo algo que interfira no trabalho dele, ou no
relacionamento do aluno com a escola, ou com a minha disciplina em particular, ou com
o meu trabalho em particular, eu sou muito sincera e educadamente eu desvalorizo a
situação e procuro sempre não prolongar muito a conversa, não é… Portanto, dando a
entender que não é um assunto muito importante, muito relevante … pronto!
Normalmente é assim que eu faço, mas isso também tem a ver às vezes com… Admito
que seja uma questão mais de personalidade do que aqui um princípio mais universal,
não é! … Depende se calhar muito de cada um de nós, não é… o modo como gerimos
essas situações mais particulares.
E – Olhe, situando-nos mais uma vez na formação ética dos educadores, que
princípios éticos é que considera essenciais para essa formação?
B – Portanto, ver se eu percebi exactamente a questão… ver quais os princípios éticos
Orientadores…
E - Da formação ética dos futuros educadores.
B – Antes de mais, a responsabilidade, não é! Bom, por tudo aquilo que envolve a
profissão de educador e de professor e que nós já fizemos referência anteriormente.
Porque a responsabilidade é … a palavra responsabilidade não é outra coisa que não
seja, o sermos capazes de responder perante os outros, por aquilo que fizemos, as nossas
opções, as nossas escolhas. Portanto, ser capaz de assumir perante a criança, perante a
mãe, perante o pai, perante o outro colega que trabalha connosco, perante a instituição
Escola, perante seja quem for, perante elas, nós somos capazes sempre de assumir
responsavelmente, as nossas acções e as nossas escolhas… o que fizemos.
De alguma maneira, eu penso que a noção de responsabilidade… e mais, a
interiorização, a prática da responsabilidade, é o valor chave para o exercício da nossa
profissão, e para a formação que deve ser incutido na formação inicial educadores de
infância e professores. Depois o respeito, a responsabilidade, o respeito, a tolerância. A
tolerância que me parece aqui um valor essencial …o ser capaz de admitir a opinião
diferente, a posição diferente, uma postura diferente um comportamento diferente. A
tolerância pressupõe exactamente essa abertura, essa partilha. Depois um outro valor,
que me parece também essencial: a liberdade. E a liberdade aqui em que sentido? Não é
naquele sentido mais… se quisermos a nossa liberdade individual. É uma …é uma
liberdade num sentido mais político. O professor e o educador deve interiorizar a ideia
de que a sociedade muda e o futuro estará melhor preparado se nós exercermos também
livremente a nossa… e responsavelmente, a nossa profissão. Ter a noção clara de que a
educação, o educador não está a formar ali para o imediato e, portanto, a sua acção é
também uma acção muito política, não é…no sentido em que ela envolve alterações,
mudanças. Ele é precursor muitas vezes das grandes mudanças de mentalidade,
mudanças nos comportamentos, nas atitudes, mudanças nas nossas acções éticas.
Portanto, acho que aqui a liberdade é um valor fundamental que deve ser vivido,
interiorizado, do ponto de vista individual, por cada professor/educador, mas também
tomar um conceito de liberdade aqui com esse carácter mais social, mais político,
interventivo, não é… e fazer ligá-lo à sua profissão.
E – Olhe, atendendo aos anos em que leccionou na ESE, que importância é que
acha que aquela escola onde leccionou, atribuía à formação ética no curso de
formação inicial dos educadores?
B – Especificamente… portanto, dentro da minha experiência na Escola, em ESE de
xxxxxxxx aquilo que me parecia … a Escola atribuía um valor relativo à disciplina e à
formação nesta área. Porque é que eu digo um valor relativo? Porque a prática da
própria disciplina, na prática e pela experiência concreta com os alunos, sentia-se a
emergência e até a necessidade emergente, de a disciplina ser por exemplo, em vez de
ser semestral, a disciplina ser anual. E tantas vezes este desejo era manifestado no
Conselho Científico, e que era manifestado pelos docentes, por quem leccionava as
disciplina, era corroborada precisamente pelos próprios alunos. É muito interessante,
como na avaliação final que eles faziam da disciplina, e uma das críticas que eles
apontavam, era precisamente a escassez de tempo, para aprofundar verdadeiramente
aquelas questões, que nós durante as 60 horas semestrais que tínhamos, portanto, nessas
60 horas nós não conseguíamos de facto aprofundar, como eles sentiam que deveria ser
aprofundado, esses problemas ou essas questões… portanto, no fundo a experiência que
eu tenho, é que eles tomavam conta, tomavam nota das questões, daquelas questões que
nós verdadeiramente considerávamos como as mais importantes, porque tínhamos que
fazer alguma reflexão. Mas achavam sempre que o tempo era escasso, que deveríamos
ter mais horas para aprofundar, que deveríamos investir mais em acções de formação,
em colóquios, em conferências, encontros, que tematizassem precisamente as questões
da ética …não é….da ética da educação, na educação…a ética até de um ponto de vista
mais abrangente, também as questões da ética do mundo contemporâneo em que
vivemos, etc, …Os alunos sentiam a importância que essas questões têm e que terão na
sua prática concreta, na sua prática profissional.
E – Ainda situando-nos na mesma Escola, que valores é que acha que a Escola
transmite?
B – Eu julgo que …e porque entrei naquele projecto… nós sabemos que a ESE é uma
entidade em parceria com a diocese de xxxxx, portanto, faz parte em termos digamos
ideológicos e em termos dos seus fundamentos, ela tem ligações com a Igreja Católica, e
portanto, e eu aqui também como católica, os valores que eu julgo que a Escola
preconiza, defende, são partilhados precisamente pelos grandes valores católicos.
Portanto, o humanismo acima de tudo, a tolerância, os valores em prol da família, da
educação, os valores pela diferença, a tolerância, esses são… e por isso penso que me
inseri de forma…me adaptei bem ao projecto da Escola, são esses os valores que …que
no fundo julgo, vão ao encontro dos grandes valores éticos constituindo também
desafios no mundo de hoje.
E – Olhe, agora mais relacionado com a disciplina de ética propriamente dita,
quando deu aulas, como é que descreveria a formação ética, que dava aos alunos?
B – Bom…portanto, a experiência que eu tenho é no meu trabalho com alunos do 3 º
ano, portanto, alunos já com … eu diria em termos da sua formação de base. São
pessoas já com uma certa estrutura individual concretizada, portanto, pessoas com
objectivos, que assumiam já valores pessoais, tomadas de posição pessoal, em relação a
muitas das questões que nós discutíamos e abordámos. Penso que… não sei se
directa…se podemos considerar aqui como traços éticos, porque eu penso que a
experiência que tenho foi uma experiência muito enriquecedora, muito boa. Eu penso
que os alunos são boas pessoas, no sentido de prática do bem, /embora naturalmente
apresentassem os seus conflitos, não é! … Nós somos indivíduos que se relacionamos
com grupos e portanto, construímos…mesmo no grande grupo-turma, era visível de
facto haver ali alguma …muitas vezes algumas diferenças entre eles. Agora não posso
considerar que fossem, do ponto de vista da sua formação, que fossem pessoas mal
formadas, não! …. Portanto, eram alunos educados, respeitadores, até empenhados,
trabalhadores, e fundamentalmente, muito atentos aos grandes desafios do mundo de
hoje … aos desafios que a profissão deles enfrenta não é!...Portanto, com a inconstância
e as questões que nos levam a pensar a profissão de educador e professor, como sendo
cada vez menos… como é que eu hei-de dizer… menos… não é consistente, não é nesse
sentido…pronto! … Ela tende a ser cada vez mais exigente, mas ao mesmo tempo mais
instável e mais insegura e eram alunos muito sensibilizados para essa dimensão e
sempre com uma postura muito… pelo menos de escuta, de abertura a abordar
determinadas questões numa perspectiva diferente que rompe muitas vezes com o senso
comum que eles têm ou que eles traziam …não é!
Penso que sim…portanto, a experiência diz-me que do ponto de vista humano, são boas
pessoas e com preocupações em perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma
formação ética muito atenta, muito crítica, muito exigente para consigo próprio, para
que depois possamos ser eticamente também atentos aos outros. Penso que …essa é a
experiência que eu tenho.
E – Como é que dinamizava as suas aulas?
B – Bom, então é assim … eu em parceria com o meu colega, o Professor Mário
Piçarra, portanto, nós as 60 horas tentávamos que…portanto, eram 4 horas semanais,
dois blocos, um bloco de duas horas nós dedicávamos a aulas mais teóricas, em que
eram trabalhados textos de referência feitas análises bibliográficas, que fundamentassem
depois as nossas reflexões. Nas outras duas horas da semana, nós dedicávamos essas
duas horas mais àquilo que chamávamos aulas mais práticas, muitas vezes, portanto,
girando à volta de debate, ou sobre textos, ou sobre temas que os alunos pesquisavam.
Muitas vezes os próprios alunos trabalhavam os textos individualmente ou em grupo, e
fazíamos…portanto, a aula era gerida em função precisamente dessa análise, dessas
questões e era assim dessa maneira. Costumava, nas questões mais deontológicas, da
deontologia da profissão docente nós…eu deixava sempre cerca de 4 /5 aulas para a
parte final do semestre, precisamente /porque eles já tinham adquirido um conjunto de
ideias, já tínhamos trabalhado um conjunto de questões, de problemas, já tínhamos
aprofundado outros temas, que lhes permitia depois já no final do semestre, serem mais
sensíveis ás questões deontológicas. E aí houve alguns autores de referência, Maria
Teresa Estrela, Pedro D’Orey da Cunha, Filipe Rocha, alguns autores…Sempre que
possível iríamos buscar bibliografia em português, autores portugueses, embora escassa,
mas de grande… de grande profundidade do ponto de vista da análise, e os alunos
…portanto, as últimas aulas eram dedicadas ao debate de questões relativas ao
deontológico, á construção de um código deontológico, às questões dilemáticas da
profissão docente, às questões relativas aos paradigmas da responsabilidade, da justiça,
pronto! Eram aulas que nós dividíamos entre aulas teóricas, mas tendo sempre também
aulas práticas, para poder fazer…lá está… obrigar os alunos a tomar posição, a assumir
posições críticas e de reflexão.
E – Olhe, que estratégia é que sugeria aos estagiários que eles utilizassem na
formação ética dos seus alunos, ou seja, que estratégias é que apontava para que
eles pudessem depois utilizar depois na formação das crianças, em estágio? E
estamos sempre a reportarmo-nos à formação ética…
B – Houve algumas situações em que eram os próprios alunos a…partindo, lá está, dos
conteúdos, das reflexões mais teóricas, acabavam por partir delas, para me pedir
sugestões de trabalho. Depois mais concreto na prática e tantas vezes a construção de
jogos, a construção de pirâmides hierárquicas de valores, foram levadas a cabo pelos
alunos, portanto, tentando sempre…é muito interessante porque houve sempre muita
receptividade dos alunos, porque eles davam muita importância a essa dimensão, de
transpor muito daquilo que fomos trabalhando, com pequenas….a referência a pequenos
jogos, estratégias e eles depois na prática acabavam por aplicar junto das crianças em
momentos de estágio, confrontando as crianças com questões, levando-as a reflectir
sobre elas, a recolher tomadas de posição… porque as crianças também já têm a sua
tomada de posição…têm o seu olhar sobre determinadas questões… a posicionar
determinados valores: o valor da família, da amizade…isso de facto aconteceu, de facto
algumas vezes.
E – Qual foi o impacto que achou que a formação ética dos estagiários, teve na sua
prática pedagógica? Reportou-se a esse tipo de situações de trabalho com as
crianças ou estendeu-se a outro tipo de relações, com adultos, etc. os alunos
traziam-lhe para a aula situações vivenciadas na prática, de carácter ético
envolvendo outros intervenientes?
B – Bom…eu penso que se calhar, lá está, e aí tem a ver precisamente com a tal
denúncia que eles faziam no final, não é… que era as grandes questões, as questões
relevantes que deviam ser trazidas para a aula, depois acabariam por …porque nós
temos um programa também a cumprir, não é… temos sempre essa condicionante. E
tantas vezes não houve oportunidade de fazer esse prolongamento de facto, de pelo
menos ter verificado esse prolongamento de resultados, mais concretos dessa formação
ética. Mas aconteceu, portanto… acontecia muitas vezes que os alunos
traziam…colaboravam com pequenas situações, que eles encontravam em situação de
estágio, para muitas vezes, partindo da constatação do facto daquilo que eles
observavam, daquilo que eles vivenciaram, com a atitude que eles observaram da
atitude de uma criança para com outra, ou até da atitude do educador para com as
crianças, o modo como se relacionava, o modo como constituíam grupos…tantas vezes
e eles auxiliavam-se dessa pouca prática que ainda tinham, mas que lhes era dada,
portanto, com a qual tinham contactado e usavam esses exemplos para, digamos,
aprofundar ou enquadrar dentro daquilo que era tematizado dentro da nossa aula.
Recordo-me de tantas vezes de… nós temos os nossos planos de aula, os nossos guias
de acção… e tantas vezes lembro-me que os meus planos, os meus guias de acção
concreta, eram postos em causa precisamente porque foram enriquecidos com o debate,
a propósito daquele evento, daquela situação, daquela vivência ás vezes coisas positivas,
e tantas vezes também coisas não tão positivas.
E – Olhe para além do aspecto da duração da formação ética que já referiu, se
tivesse que alterar outros aspectos da formação ética que a Escola proporcionava,
que outras propostas é que teria?
B – Bom … vou uma vez mais recorrer-me daquilo que é a experiência dos alunos e do
relato dos alunos, porque eu sempre procurei dar-lhes muito esse…ouvido …não é! …E
tantas vezes eles diziam “Professora que bom que era, se nós para o ano tivéssemos…
por exemplo, fizéssemos um seminário, um encontro aqui na escola, nem que fosse só
para os alunos aqui da Escola … uma coisa… algo assim mais para a Escola, a título
experimental, mas onde nós pudéssemos reflectir em conjunto,” portanto, criar…e eles
manifestavam muito essa necessidade, de criar espaços mais regulares, que permitissem
reunir um conjunto de pessoas e colaborar para alargar os horizontes, digamos assim…
Reflectir sobre essas questões que, muitas vezes na aula nós abordávamos, tocávamos,
reflectíamos, mas que muitas vezes condicionados pelo tempo, pelo programa que
deveríamos gerir, teríamos apenas que ficar muitas vezes pela… admito por alguma
superficialidade e não tanto por aprofundar as questões. Para além disso, eles próprios
sugeriam alargar o… considerar a hipótese de tornar a disciplina anual. Falavam nisso
constantemente, e quase todos os anos essa era uma das sugestões apontadas. Claro,
aqui nestas questões eu penso que a Escola, esteve sempre aberta e a escola está sempre
aberta, de facto, a contribuir para a reflexão em torno das questões éticas e
deontológicas.
O que há um facto é que nós somos muito condicionados e nem sempre às vezes as
ideias podem ser levadas a bom porto, não é!..
E – Acha que as outras disciplinas, de alguma forma também davam algum
contributo, para a formação ética dos estagiários?
B – Eu penso que sim. Admitindo que quem está…dos meus colegas, quem está como
responsável na área da formação dos educadores e reconheço…são-lhe reconhecidas
competências científicas, pedagógicas, eu penso que também éticas. Não nos podemos
esquecer que a escola, a ESE em xxxxxx é uma escola relativamente pequena, com um
público também… relativamente…portanto, que tem vindo a decrescer. Também não é
a única escola, mas é reflexo de todos os condicionalismos que nós conhecemos,
portanto, mas…o próprio ambiente da escola, eu diria que é um ambiente que se
proporciona a um conhecimento, a uma proximidade dos professores para com os
alunos, de um á vontade até dos alunos para com os professores, eu creio que sim, que
os professores conhecendo-os como conheço, que colaboravam de forma séria também
para a formação ética dos futuros educadores. Creio que sim!
E - Se tivéssemos que falar em disciplinas, quais é que acha que mais contribuíram
para…não falando das disciplinas de carácter ético… das restantes, quais é que
acha que deram maior apoio a esta formação?
B – Eu julgo que a Filosofia da educação lhes dava, também em parceria com a
Sociologia e Axiologia, constituíram uma espécie de pirâmide, não é… com três, os três
pilares fundamentais que reuniam as condições para garantir, julgo eu, a formação ética,
ou pelo menos de ter em consideração a importância da formação ética dos futuros
educadores. Julgo que sim!
E – Passando agora para o plano da deontologia da profissão docente, considera
importante a existência de um Código deontológico da profissão docente?
B – Bom, como há bocadinho acabei de dizer, nós deixávamos sempre um conjuntinho
de aulas no final do semestre, precisamente para nos debatermos sobre essas questões. E
porquê? Porque me parece que quando nós falamos das questões deontológicas, das
questões da ética, no exercício da nossa profissão, que é como sabemos, tão diferente
das outras profissões, eu considero…sou uma defensora de facto, da existência de um
código deontológico. É muito interessante verificar que da experiência que eu tenho,
seja com os alunos do 1º ciclo, seja com os alunos da educação de infância, eles
partilham precisamente da mesma… da mesma ideia. De um modo geral eles partilham
da mesma ideia e portanto, nós partíamos da análise… fazíamos a nossa análise a partir
da análise de outros códigos deontológicos que existem nas outras profissões e quando
passamos para o plano da docência, nós encontramos ali um vazio enorme. E nós
pensamos assim “Então mas porque não?” E em debate com os alunos, e confrontados
com esta questão, eles de facto… é uma das questões que mais os motiva até á reflexão.
E houve até um ano em que… não com alunos de educação de infância, foi talvez em
2002 ou 2003, houve um grupo que sentiu…um grupo… eram três rapazes e uma
rapariga, que sentiram que era um dos problemas centrais, um dos problemas
verdadeiramente importantes e eles próprios avançaram… o projecto de trabalho final
para a disciplina, foi precisamente a elaboração de um código deontológico, porque eles
sentem que é de facto uma questão importante. Se calhar porque eu também sendo
defensora da existência do código deontológico, acabo por … quando nós nos
envolvemos muito nas coisas, acabamos por transmitir aquilo, do modo como nos
envolvemos nelas. Também se calhar por isso… mas não…eu acho que há aqui outras
questões que justificam a necessidade do código deontológico.
E – Como por exemplo…
B – Como por exemplo as questões que têm a ver com a progressiva desvalorização ou
subvalorização geral da sociedade, em relação ao trabalho do professor. E eu creio que o
código deontológico serviria, pelo menos regulando, apontando …não quer dizer que
ele seja assim muito normativo, mas apontando caminhos, princípios gerais de actuação
do professor na relação com os seus alunos, na relação com os outros professores, na
relação com a Escola enquanto instituição, na relação com a sociedade no seu
conjunto… dando indicação de alguns princípios, interiorizando alguns princípios
fundamentais, nós poderíamos de facto caminhar para a reconquista da dignificação, da
dignidade do papel do professor, enquanto educador, enquanto socializador, enquanto
motor de mudança da sociedade.
E – Vê algumas desvantagens?
B – As desvantagens que eu vejo, cingem-se no fundo a isto: não… não poderia ser
nunca um código deontológico demasiado linear, isto é, demasiado restritivo nos seus
princípios, ou demasiado normativo no sentido em que ele seria muito impositivo. Não!
Agora que ele cristalizasse, aliás como na sequência das reflexões que nós fizemos dos
textos da Maria Teresa Estrela, que cristalizasse um certo modo de estar, de viver a
profissão docente, eu julgo que sim. Portanto, aqui os perigos têm a ver com o facto de
se construir um código demasiado fechado sobre si mesmo, limitativo na acção, no
desempenho, nas responsabilidades do professor e do educador, quando eu penso que
não é isso que se pretende. Ele deve servir sim, como apresentando um conjunto de
princípios que regulem, que orientem principalmente quem está no início de carreira, no
início da profissão, que orientasse em determinadas acções concretas e no
estabelecimento das relações com os alunos, com os outros professores, com a profissão
em si, com a sociedade de um modo geral.
E – Portanto, os valores que preconizaria para esse código, iriam incidir
exactamente sobre essas relações entre esses parceiros?
B – Exactamente. Penso que são os parceiros fundamentais e portanto, não…o educador
não pode nunca pensar que o seu trabalho é um trabalho isolado, não é! …Ou que é um
trabalho que ele faz, que ele prepara em casa, e que leva a bom porto, dentro do seu
território que é sala…a sala com as suas crianças ou a sala…a turma com quem está.
Não! Julgo que não! Julgo que o professor deve encarar sempre o seu trabalho, como
algo que faz parte de uma estrutura que tem que manter relações com a …que tem que
ter interacção com um conjunto muito mais vasto, não é… e que para além disso tem
repercussões para lá …para lá da sala de aula, para lá da … do espaço que lhe é
reservado, na prática… na sua prática pedagógica. Porque a criança quando sai da sua
sala, projecta para fora dela muito daquilo que… do exemplo que observou, do modo
como o educador falou com ele, do modo como geriu ou se soube ou não gerir um
conflito dentro da sala. Portanto, a criança transporta para lá da sala sempre algo que
aprendeu, não é…pronto! E é nesse sentido, é essa consciência que o professor deve ter,
que o educador deve ter. O seu trabalho não se limita apenas numa relação unívoca
entre si e apenas e só os seus alunos, ou as suas crianças… em que o seu trabalho fica
ali fechado na sala de aula. Não! O seu trabalho projecta-se para fora da sala de aula.
Quando a criança vai para casa e conta aos seus pais o seu dia na escola, o que fizeram,
o que não fizeram, o que disse o educador, o que não disse, o que pediu, que tarefas
estão a fazer, os comportamentos, muitas vezes os conflitos que se geram e o modo
como a educadora interveio na resolução daquele…daquele conflito, etc., etc.
Portanto… e o educador tem que ter muito essa noção, não é… de que o seu trabalho é
um trabalho de parceria e de interligação com outros agentes que estão para lá de si
próprio.
E – Em relação ao código, ainda…falamos ainda do código, quem acha que
deveria participar na elaboração desse código?
B – Os educadores… portanto, os educadores, os professores, que são quem conhece
verdadeiramente a realidade: os problemas, as dificuldades, os desafios, até as
potencialidades que a Escola tem, que os meninos também têm, que os alunos têm.
Portanto, antes de mais os educadores e os professores, directamente mais próximos da
realidade concreta. E eu penso que há aqui…haveria um contributo muito importante se
fosse resultado de uma discussão também mais alargada, não é! Portanto, também não
sou apologista de que um código seria uma coisa, uma espécie de uma …de um cânon
construído ali em prol dos interesses mais ou menos corporativistas dos professores e
dos educadores. Não! Acho que passa por um debate. O contributo de um debate, que
deveria ser um debate que envolvesse uma vez mais um conjunto de … os tais agentes
que estão sempre presentes no nosso …no nosso trabalho. Portanto, eu aqui penso que
com o…a colaboração, o contributo dos pais, porque não? Até dos próprios alunos.
Porque não? O contributo de pessoas que estão digamos assim, numa … em termos da
organização até do sistema educativo, portanto, que têm uma percepção mais…muitas
vezes mais vertical das questões, e porque não também entrar nesse debate mais
alargado e a colaboração penso de quem tem contribuído com a sua pesquisa, a sua
investigação séria, não é, no âmbito destas questões. Portanto, para esse efeito seria
necessário certamente a colaboração de pessoas que têm já entre nós uma perspectiva
muito bem fundamentada da importância do código, e da elaboração de um código
deontológico.
E – Olhe em relação a toda esta temática que tivemos abordar, há algum assunto
que eu não lhe tenha perguntado, e que queira de alguma forma apresentar ou
explicar?
B – Há uma questão…uma… apenas uma…uma referência a uma questão que me
parece importante e que tem a ver com …os conteúdos em particular, os conteúdos que
nós trabalhávamos. Porque eu penso que sou sensível à…e se acho que os meus alunos
ficaram sensíveis, sensibilizados para as questões éticas emergentes que se impõem no
nosso trabalho, na nossa profissão, eu penso que é… há que referir que no contexto da
disciplina de Axiologia, nós na escola atribuíamos muita importância na formação,
naquela parte inicial, de introdução ás temáticas da ética, à caracterização à análise
profunda das grandes questões éticas … dos grandes desafios éticos do mundo
contemporâneo. Portanto, era por aí que nós começávamos sempre. Portanto, o reflectir
conjuntamente com os alunos, com a colaboração de muitos textos que eu julgo que
servem … cuja utilidade é sempre alargar a nossa perspectiva, o nosso olhar, e
começávamos sempre por fazer essa abordagem inicial de “ Vamos medir o pulso do
mundo em que nós vivemos” , “Vamos caracterizar a vida que temos, a vida que
levamos.” Pronto! E depois a partir daí sim, a pouco e pouco íamos entrando nas
questões da ética na nossa profissão, a ética na relação do professor, do educador com
os vários agentes. Pronto! Nós, digamos que … a análise inicial obrigava sempre os
alunos a reflectirem sobre e… a fazer um olhar de reflexão crítica sobre o mundo em
que nós vivemos, e que eu acho que é o segredo, se é que há aqui algum segredo, o
segredo para nos mantermos verdadeiramente atentos, sempre receptivos, conscientes
em relação aos alunos que temos. Porque os alunos que temos são sempre reflexo da
sociedade que nós temos, não é… que nós vivemos, porque eles são o reflexo das suas
famílias, dos seus comportamentos, etc., etc., etc. Portanto, e se queremos mudar
alguma coisa, não é… e educar é também mudar, haveria que partir sempre desse…
desse pintar do mundo em que nós vivemos, para percebermos o que é que temos, quais
são os desafios que temos pela frente.
E – Olhe agradeço-lhe imenso esta sua participação neste trabalho, porque esta
entrevista é uma participação neste trabalho, e que vai ser realmente uma ajuda
valiosa para a realização da investigação. Por isso, uma vez mais muito obrigada.
B – Eu agradeço…eu na minha pouca …aquilo que eu possa em termos de contributo
dar mas eu não me recuso nunca a poder contribuir por muito pouco que seja para que
entre nós, entre profissionais de educação se, entre aspas, se invista tempo
conhecimento em aprofundar as questões, estas questões que têm a ver com a ética, não
é, na educação. Eu é que agradeço
E – Obrigada.
ANEXO C
ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS AOS
PROFESSORES DE AXIOLOGIA
ANEXO C1
ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO
PROFESSOR A
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor
e a ética
Conceito de
ética
Concepções
universalistas
Relação com a pessoa
- (…) A minha perspectiva de ética (…) remete para a
dimensão da pessoa humana…
-[ (…) A minha perspectiva de ética ] visa o respeito
pela dimensão da pessoa humana …
- (…) Somos seres de relação
A1
A2
A10
Respeito pela pessoa humana na sua
universalidade e singularidade
-[ (…) A minha perspectiva de ética visa o respeito]
pela sua dignidade …
-[ (…) A minha perspectiva de ética visa o respeito]
pela sua especificidade …
-[ (…) A minha perspectiva de ética visa o respeito]
pela sua universalidade próprias …
A3
A4
A5
A ética assente na relação
direito/dever - (…) Concebo a ética sempre numa relação de
direito/dever
A6
Concepções
contextualistas
Depende do contexto cultural
- (…) Concebo a ética] num enquadramento cultural,
que eu direi que é a sua moldura fundamental...
- (…) Para mim a moldura fundamental da ética, é o
enquadramento cultural onde ela acontece …
A7
A8
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 2 - continuação : Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor
e a ética
Conceito de
ética
Concepções
contextualistas
Depende do contexto cultural
- (…) Para mim a moldura fundamental da ética, é o
enquadramento cultural onde ela acontece …
- (…) Para mim a moldura fundamental da ética] é
enquadramento cultural da relação entre as pessoas
- (…) Não faz sentido situá-la fora [do contexto
cultural] …
A8
A9
A12
Enraizada em múltiplas experiências
relacionais
- (…) Em virtude de não podermos escapar a esta
dimensão da relação a nós próprios e à dimensão da
inter-relação, é aqui neste encontro de pessoas, (…)
que eu situo culturalmente a ética.
- (…) É a moldura onde cada um de nós pinta um
bocadinho, nas relações que temos com os outros, nas
nossas múltiplas experiências …
- (…) A necessidade imperiosa que temos de socializar
com os outros para também assim promovermos o
nosso crescimento, o nosso processo de
aprendizagem…
A11
A107
A108
A raiz da dimensão humana dispensa
o contexto metafísico
- [Não faz sentido] inventar um contexto mais
metafísico…
- (…) Quando assim acontece, tendencialmente o nosso
entendimento da ética nas sociedades contemporâneas e
nas circunstâncias que lhe são próprias no mundo
actual, pecam por defeito …
A13
A14
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 3 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor
e a ética
Conceito de
ética
Concepções
contextualistas
Manifestada nas relações de
respeito/responsabilidades/autonomia
e competências cidadãs
- (…) Tento aproximá-la disto que nos une, que é toda
esta teia entrecruzada de relações de respeito…
- [Tento aproximá-la disto que nos une, que é toda esta
teia entrecruzada] de responsabilidades…
- [Tento aproximá-la disto que nos une, que é toda esta
teia entrecruzada] de autonomias…
- [Tento aproximá-la disto que nos une, que é toda esta
teia entrecruzada] de competências cidadãs…
A15
A16
A17
A18
Situada numa perspectiva histórico-
cultural
- (…) É um pouco nesta perspectiva que eu situo a
questão da ética (…) numa perspectiva evolutiva, (…)
histórico-cultural.
A19
Perspectiva do
professor
sobre o
conceito de
“bem “ do
aluno
Centrada no
desenvolvimento
pessoal
O seu amadurecimento como pessoa
- (…) O bem do aluno será certamente, no meu
entender, (…) o crescer como pessoa …
- [O bem do aluno] será o amadurecer gradual …
- [O bem do aluno será] a forma como ele nesta
perspectiva vai crescendo…
- (…) Não consigo facilmente dissociar a ideia de bem,
(…) dessa ideia de crescimento …
A20
A21
A26
A30
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 4 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor
e a ética
Perspectiva do
professor
sobre o
conceito de
“bem “ do
aluno
Centrada no
desenvolvimento
social
As suas experiências relacionais com
o professor
- [O bem do aluno] decorre do relacionamento que tem,
no espaço da comunidade escolar com o professor … - [O bem do aluno] será, (…) correspondente à síntese
do conjunto das experiências que vai tendo na sua
relação] aluno-professor …
A22
A25
As suas experiências relacionais com
os colegas
- [O bem do aluno decorre do relacionamento que tem,
no espaço da comunidade escolar] com os colegas…
- [O bem do aluno] será, (…) correspondente á síntese
do conjunto das experiências que vai tendo (…) na sua
relação aluno-alunos…
A23
A24
O aprofundamento do carácter ético
para o desempenho de
responsabilidades sociais
- [A forma como ele … nesta perspectiva] se vai
tornando numa pessoa gradualmente diferente…
- (…) Aqui o sentido da diferença entendido como um
sinal de aprofundamento, de redimensionamento, (…)
do carácter…
- [Entendido] no sentido ético mais profundo da pessoa
e das suas responsabilidades, para com a sociedade em
que vive…
- [Não consigo facilmente dissociar a ideia de bem] do
(…) redimensionamento do indivíduo, procurando
sempre projectar-se para outras dimensões do
comportamento e da atitude ética nesta perspectiva
social.
A27
A28
A29
A31
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 5 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor
e a ética
Conceito de
justiça
Perspectiva
legalista
O cumprimento de leis
- (…) A noção de justiça… ela própria é… uma noção
ás vezes um pouco ambígua…
- (…) Se nós quisermos entendê-la de uma forma
legalista (…) a justiça terá necessariamente a haver
com um certo cumprimento da lei…
A32
A33
A aplicação de leis
- [A justiça terá a ver com] uma certa aplicação de
leis...
A34
O respeito por regras estabelecidas
- [A justiça terá a ver] com respeito por regras…
- [A justiça terá a ver com] regulamentações…
A35
A36
As atitudes e comportamentos que
orientam as relações humanas
- [A justiça terá a ver com] toda aquela moldura infra-
estrutural de atitudes e comportamentos, que permitem
que uma sociedade funcione…
- [A justiça terá a ver com toda aquela moldura infra-
estrutural de atitudes e comportamentos, que
permitem] que as relações entre indivíduos se possam
produzir num universo sustentável…
A37
A38
Perspectiva
Pedagógica O equilíbrio de atitudes do professor
- (…) Para mim, uma ideia de justiça terá sempre a
haver com um equilíbrio que o professor… o educador
deve ser capaz de encontrar nas suas próprias
atitudes…
A39
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 6 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor
e a ética
Conceito de
justiça
Perspectiva
Pedagógica
O relacionamento tolerante e
compreensivo com os alunos
- [Para mim, uma ideia de justiça] diz respeito à forma
como é tolerante para com os alunos…
- [Para mim, uma ideia de justiça diz respeito] à forma
como é compreensivo…
A40
A41
A resolução de conflitos com
parcimónia e bom senso
- [A justiça diz respeito] à forma como [o professor]
com alguma parcimónia, [consegue deslindar
conflitos] …
- [A justiça diz respeito] à forma como [o professor]
com algum bom senso acima de tudo, consegue
deslindar conflitos…
- [A justiça diz respeito à forma como o professor]
consegue promover (…) a resolução dos conflitos…
A42
A43
A44
A valorização do diálogo
[A justiça diz respeito à forma como o professor] consegue passar uma mensagem, que para mim é
essencial, e a qual não dissocio destas questões, que é
a do diálogo…
- (…) É pelo diálogo que ele [o professor] deve tentar
construir a tal justiça…
A45
A50
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 7 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor
e a ética
Conceito de
justiça
Perspectiva
Pedagógica
A justiça perspectivada de forma não
absoluta
- [A justiça] (…) será sempre algo que não é para ser
entendido de uma forma extremista nem absoluta….
- (…) Nunca a percebo [a justiça] numa base de …há
uma infracção então tem que se aplicar a
correspondente penalização…
- (…) Não entendo aqui a justiça como aquilo que
deve servir para penalizar alguém, beneficiando
outrem que foi por sua vez vítima de uma infracção.
A51
A61
A62
A justiça como arbitragem de
relações
- [A justiça] terá a ver no fundo com negociação…
- [A justiça terá a ver no fundo] com mediação…
- [A justiça terá a ver no fundo] com um encontro
entre partes...
- [A justiça] Será um pouco uma arbitragem …
A52
A53
A54
A55
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 8 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor
e a ética
Conceito de
professor
justo
Usa e promove o diálogo
construtivamente
- O professor justo para mim será sempre um professor
do diálogo, para o diálogo …
- [O professor justo para mim será] o professor e
educador que (…) sabe ele próprio como promover [o
diálogo] …
- [O professor justo para mim será o professor e
educador que (…) sabe ele próprio] sustentar
construtivamente o diálogo…
- (…) Ele [o professor] deve ser veículo de
transmissão desse mesmo diálogo…
A46
A47
A48
A60
Toma a iniciativa em dialogar
- (…) Eu vejo sempre isto na perspectiva da primeira
pessoa, ou seja, o diálogo deve partir do professor …
A49
Baseia a justiça no diálogo
- (…) É pelo diálogo que ele [o professor] deve tentar
construir a tal justiça…
- [O professor deve ser capaz de criar condições] para
o diálogo entre os alunos…
- [O professor deve ser capaz de criar condições para o
diálogo] entre as pessoas …
A50
A58
A59
Deve ser um bom árbitro
- (…) O professor, nesta perspectiva da justiça, deverá
ser sempre um bom árbitro…
A56
Promove o bom senso
- [O professor] deve ser capaz de criar condições para
o bom senso…
A57
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 9 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor
e a ética
Dilemas
éticos dos
professores de
Axiologia
A avaliação dos
alunos
Avaliar é eticamente complicado
- (…) Para mim é sempre… eticamente complicado…
avaliar um aluno…
A63
Utiliza técnicas de avaliação
adequadas
- (…) Isto [a avaliação] tem mecanismos próprios, das
ciências da educação…
-[A avaliação tem mecanismos próprios] de todas
teorias de avaliação de aprendizagens e grelhas de
avaliação…
- (…) Nós facilmente podemos aplicar [teorias de
avaliação de aprendizagens e grelhas de avaliação] … e tentarmos ser isentos…(…) Isto [a avaliação
A64
A65
A66
Os mecanismos de avaliação
tranquilizam o professor
- (…) Isso [a aplicação de mecanismos de avaliação]
(…) deixar-nos-á (…) com uma certa tranquilidade de
consciência …
A67
O professor que vê o aluno como
decalcável numa grelha de avaliação
não tem problemas éticos em avaliar
- (…) Mas isso [tranquilidade de consciência] para
quem entende o aluno como decalcável, naquilo que
ele é, numa grelha de avaliação rigorosa, competente...
- [A tranquilidade de consciência para quem entende o
aluno como decalcável, naquilo que ele é, numa grelha
de avaliação] cientificamente elaborada…
- (…) Para quem entende assim [a avaliação] (…) não
terá, por certo, problemas éticos ou qualquer
dificuldade ética na tarefa avaliativa.
A68
A69
A70
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 10 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor
e a ética
Dilemas
éticos dos
professores de
Axiologia
Perspectiva
humanista da
avaliação
O aluno é mais do que a avaliação
fria
- (…) Por norma, aceito logo á partida que o aluno que
eu avalio, é sempre uma outra coisa… que a avaliação
que dele faço mais fria…
A71
Avaliação baseada na empatia - (…) Sempre que faço uma avaliação nesta
perspectiva ética, coloco-me sempre um pouco na pele
do aluno….
A72
Preocupação com os efeitos da
avaliação na auto-estima e no
trabalho do aluno
- (…) Tentar perceber os efeitos que a avaliação que
dele faço, poderão produzir nele… - (…) Procurar perceber se uma avaliação mais
negativa terá algum efeito em termos (…) da sua auto-
estima…
- [Procurar perceber se uma avaliação mais negativa
terá algum efeito] em termos da sua forma futura de
trabalhar…
A73
A74
A75
Preocupação com os efeitos da
avaliação no relacionamento com os
colegas
- (…) Da mesma maneira que penso, (…) quando as
avaliações são positivas, se aquele aluno vai
eventualmente sentir-se superior aos outros…
- (…) Se a sua auto-estima também melhora, como é
que ele se vai relacionar com aqueles que têm (…)
uma avaliação diferente (…) mas negativa…
A76
A77
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 11 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
O professor.
e a ética
Dilemas
éticos dos
professores de
Axiologia
Perspectiva
humanista da
avaliação
Avalia o aluno num plano mais
amplo que a sua produção
- (…) Tento (…) compreender o aluno nesta
perspectiva da avaliação, num plano mais amplo, (…)
do que propriamente aquele em que regra geral os
professores se situam, que é... “Eu tenho aqui a
produção deste aluno, vou ver o que é que ela vale,
vou medi-la.”
A78
O esforço para humanizar a
avaliação
- Eu tento fazer essa medição…
- (…) É óbvio que tenho que a fazer [a medição] …
- (…) Mas (…) o meu esforço é tentar humanizar essa
medição …
A79
A80
A81
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 12 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Dimensão ética
em educação
de infância
Uma profissão
de base ética
Importância da
dimensão ética
na profissão
A dimensão ética tem toda a
importância na profissão do
educador
- [Importância atribuída à dimensão ética, numa
profissão como a do educador? Toda! Toda!
- (…) O educador (…) tem a meu ver nesta
perspectiva da ética, de atitudes, dos
comportamentos, uma importância para mim fulcral
para a criança …
- (…) É no fundo a diferença que vai da capacidade
que temos de fazer os outros felizes ou infelizes…
A82
A93
A94
Qualquer profissão necessita de um
suporte ético de valores
- (…) Nem compreendo qualquer profissão, [sem um
suporte ético em termos de valores, em termos
axiológicos] …
A83
Importância da
dimensão ética
na formação
A formação pressupõe um suporte
ético de valores
- [Nem compreendo] qualquer acção relacionada
com a formação dos indivíduos, nomeadamente no
âmbito educacional [sem um suporte ético em termos
de valores, em termos axiológicos] …
- (…) Não entendo que a educação, que é ela própria
um valor, possa ser desenvolvida, possa crescer, sem
um pensar ético…
A84
A85
É necessária formação e reflexão
ética dos formadores
- (…) Tem que haver sempre uma reflexão ética,
uma formação ética, para quem está na educação…
- [Tem que haver sempre uma reflexão ética, uma
formação ética] para quem está envolvido na
formação de pessoas.
A86
A87
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 13 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Dimensão ética
em educação
de infância
Importância
da formação
moral da
criança
A criança Ser
em construção
As crianças são os seres morais de
amanhã
- (…) De facto a criança é, (…) são certamente os
homens e as mulheres de amanhã…
- (…) Mas [as crianças] são por isso mesmo, os seres
morais de amanhã……
- (…) Por isso é importantíssimo dar alguma atenção
a isso [ao facto das crianças serem os seres morais de
amanhã] …
A97
A98
A99
Atender à formação moral da
criança
- (…) É importante que se perceba que a criança,
com a qual a maior parte dos educadores começa a
trabalhar bem cedo, (…) é um ser moral em
construção, em delapidação…
- (…) A atenção à sua formação moral é a meu ver
fundamental …
A109
A110
Contribuir para a formação moral da
criança numa perspectiva de futuro
- (…) É (…) necessário chamar a atenção e promover
aprendizagens nesse sentido, junto dos educadores
para, (…) a faixa etária com a qual trabalham…
- [É (…) necessário] chamar a atenção [dos
educadores] que essa faixa etária não vai ser criança
sempre…
- (…) É uma criança desenvolvente (…) que
devemos contribuir eticamente, (…) para a sua
formação numa perspectivação de futuro…
A117
A118
A119
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 14 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Dimensão ética
em educação
de infância
Importância
da formação
moral da
criança
A criança Ser
em construção
Contribuir para a formação moral da
criança numa perspectiva de futuro
- [Devemos contribuir eticamente, (…) para a sua
formação] não numa perspectivação que se esgota no
final do pré-escolar.
A120
Sensibilização
para a formação
moral da criança
Sensibilizar para a formação moral
adequada á criança integrada num
projecto de todos
- (…) É sempre assim que percebo (…) esta
sensibilização que é feita numa perspectiva de maior
abrangência, com as pinceladas apropriadas ás
crianças e ao universo infantil…
- (…) Mas sempre integrando [a sensibilização] com
o projecto de continuidade, que é o projecto de todos
nós.
A121
A122
A criança e as
condições
sócio-familiares
e culturais
O contacto precoce da criança com
realidades socioculturais diversas
- (…) Cada vez mais cedo as crianças se deparam
com realidades socioculturais de natureza diversa…
A101
O acesso fácil à informação
- [Cada vez mais cedo as crianças] acedem a
informação, a conteúdos que lhes chegam de um
veículo cultural que talvez não fossem fáceis de
verificar há 15, 20 anos atrás…
A102
A estrutura familiar mais híbrida
- (…) Hoje atendendo á grande alteração que a
estrutura sociocultural sofreu, e que começa em
muitos casos logo propriamente na célula familiar,
(…) mais híbrida, mais estruturada em certas
situações, deverá fazer os educadores repensarem de
facto a extrema importância que tem esse tipo de
formação …
A103
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 15 –Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Dimensão ética
em educação
de infância
Importância
da formação
moral da
criança
A criança e as
condições sócio-
familiares e
culturais
O contributo da formação no
desenvolvimento da sociabilidade
- (…) Para ser esse contributo [a formação]
aproveitado em prol de um benefício que as crianças
devem ter a possibilidade de receber…
- [A formação] permitirá certamente terem uma outra
estrutura no domínio da sociabilidade.
- (…) É a importância que eu atribuo à
contextualização da ética nessa moldura cultural…
A104
A105
A106
Requisitos do
exercício ético
A hierarquização da relação criança-
adulto
- (…) Nós habitualmente, separamos o nosso mundo,
socialmente entendido em termos das hierarquias, em
crianças e adultos…
- Eu não o entendo assim [o mundo separado entre
crianças e adultos] …
A111
A112
A relação numa perspectiva de
totalidade
- (…) Eu perspectivo as coisas numa perspectiva (…)
de totalidade, ou seja, é preciso que nos aprendamos
a relacionar não especificamente com crianças…
- [É preciso que nos aprendamos a relacionar não
especificamente] com adultos...
- É preciso que nos aprendamos a relacionar com
pessoas (…) com as dificuldades que essa relação
deixa antever ou faz prever …
- [É preciso que nos aprendamos a relacionar com
pessoas] sempre numa óptica de desenvolvimento…
A113
A114
A115
A116
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 16 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Representações
sobre o
formando e a
ética
Subestimação
do papel da
ética
Falta de
sensibilidade em
relação à ética
Dificuldade em perspectivar a
importância da ética
- (…) A minha experiência já de cerca de 10 anos,
em trabalho nesta área de formação ética, (…) com
educadores e professores, levar-me-á a dizer que,
regra geral, os educadores de infância têm alguma
dificuldade (…) em perspectivar a importância da
ética…
A88
Pouca importância dada aos valores
na formação
- (…) [Os educadores de infância têm alguma
dificuldade (…) em perspectivar] a importância dos
valores na sua formação…
A89
Falta de visibilidade sobre a
importância da ética
na educação de infância
- [As educadoras em formação não colocaram
questões éticas relacionadas com o estágio]
Não…Não…Não colocaram!
- Não colocaram [questões éticas] talvez também até
por causa (…) haver ainda uma penumbra, no
horizonte da sua formação, quanto à importância
decisiva que têm estes aspectos éticos e morais, na
educação de infância.
- [Os problemas] Não são entendidos como
legítimos, mesmo para quem já tem alguma
formação, em termos de horas de prática
pedagógica…
A211
A212
A245
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 17–continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Representações
sobre o
formando e a
ética
Subestimação
do papel da
ética
Falta de
sensibilidade em
relação à ética
Apreensão pela desvalorização da
formação ética
- (…) Ás vezes dá que pensar, o não se perceber esta
necessidade crucial, nomeadamente nos tempos que
vivemos, da ética...
- [Ás vezes dá que pensar, o não se perceber esta
necessidade crucial] de uma formação ética em
educação e direccionado em concreto para
educadores de infância…
A95
A96
Razões para a
falta de
sensibilidade
Visão técnica do Jardim-de-infância
- Dá ideia que [os educadores de infância] percebem
o Jardim-de-infância como quase que uma redoma,
onde só deverão entrar assuntos de conteúdos mais
limitados…
- (…) Talvez porque [os educadores] resumem muito
a sua acção (…) mesmo no plano ético (…) muito
voltada para a criança.
A90
A91
Dificuldade em entender o papel da
ética no Jardim-de-infância
- (…) Regra geral, o educador de infância pensa
talvez, de uma forma mais operacional…
- […O educador de infância pensa] “Para que é que
me serve a mim a ética, ou os valores, para
desenvolver uma qualquer actividade em sala de
aula?
- [O educador de infância pensa] Porque é que eu
hei-de trabalhar uma história ou um conto ou uma
outra actividade numa perspectiva ética?”
A232
A233
A234
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 18 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Representações sobre o formando e a
ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Representações
sobre o
formando e a
ética
Subestimação
do papel da
ética
Razões para a
falta de
sensibilidade
Dificuldade em entender o papel da
ética no Jardim-de-infância
- Quase como se não percebessem (…) por uma
vontade em não querer perceber, que o ser moral de
que nós podemos falar mais abertamente numa idade
adulta, (…) começa a desenhar-se, começa a
construir-se muito cedo.
A92
Relações éticas não são visíveis para
os formandos
- (…) Penso que a ideia … que têm é que… as
relações entre indivíduos são um bocado (…)
eticamente assépticas…
- (…) É como se não fosse (…) visível este trânsito
quase de comércio, entre aspas, de valores (…) que
trocamos diariamente.
[- É como se não fosse (…) visível este trânsito quase
de comércio, entre aspas] de (…) direitos que
trocamos diariamente.
- [É como se não fosse (…) visível este trânsito quase
de comércio, entre aspas] de (…) responsabilidades
(…) que trocamos diariamente.
- [É como se não fosse (…) visível este trânsito quase
de comércio, entre aspas] de (…) deveres que
trocamos diariamente.
- (…) Eu penso que é por não ser facilmente visível
para eles [os formandos] (…) que os problemas não
são colocados…
A235
A236
A237
A238
A239
A240
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 19–Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Representações
sobre o
formando e a
ética
Subestimação
do papel da
ética
Razões para a
falta de
sensibilidade
Falta de introspecção
- [As relações éticas não são facilmente visíveis para
os educadores] porque talvez não tenham feito
nenhuma introspecção…
A241
Falta de percepção
- [As relações éticas não são facilmente visíveis para
os educadores porque talvez] Não se tenham
apercebido…
A242
Falta de interesse
- [As relações éticas não são facilmente visíveis para
os educadores] Por qualquer outra razão…
- [As relações éticas não são facilmente visíveis para
os educadores porque talvez] não tenham sequer
interesse…
A243
A244
Falta de reflexão
- (…) Os educadores de infância não me parece
terem ainda verdadeiramente sentido a necessidade
de reflectir de forma mais aprofundada sobre a
importância crucial que tem cada vez mais a
formação ética e moral para as crianças…
A100
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 20 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Concepções do bom educador”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Concepções do
bom educador
Qualidades
direccionadas
para a pessoa
do aluno
Promotor de felicidade
- [O bom educador] alguém que fosse capaz de fazer
os outros felizes.
- Tenho a certeza que 20 anos depois de um pré-
escolar ou de um ensino básico, ao nível do 1º ciclo,
um aluno recordar-se da sua educadora (…) ou
professora, com afecto, a meu ver será
correspondente a esta ideia de alguém que foi
eticamente capaz de fazer o outro feliz…
- [A educadora/professora] marcou-o [o aluno]
positivamente.
- Esta ideia do alguém que nos faz felizes é associada
a alguém que nos soube ajudar a crescer.
- Alguém que nos ajuda a ser felizes, é certamente
alguém que nos ajuda a saber por onde ir…
A123
A130
A131
A136
A132
Promotor de
desenvolvimento
Promotor da aprendizagem
- (…) Entendo que o educador, tal como também o
professor primário, têm um papel crucial no nosso
processo de desenvolvimento…
- [O educador, tal como também o professor
primário, têm um papel crucial] no que diz respeito à
aquisição dos conhecimentos que decorrem da
normal relação pedagógica em que nos situamos, …
A124
A125
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 21 –C onclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Concepções do bom educador”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Concepções do
bom educador
Qualidades
direccionadas
para a pessoa
do aluno
Promotor de
desenvolvimento
Facilitador do crescimento
- [O educador, tal como também o professor
primário, têm um papel crucial] no nosso processo de
crescimento…
- [O educador, tal como também o professor
primário, têm um papel crucial no nosso processo] de
amadurecimento…
- [ O bom educador] alguém que nos provoca quando
nos sentimos mais conformistas …
- [Alguém] que nos tenta estimular (…) para nos
abanar e nós sermos capazes de perceber que temos
que fazer alguma coisa por nós.
A126
A127
A134
A135
Orientador
Sabe orientar
[O educador, tal como também o professor primário,
têm um papel crucial] no nosso processo] de
aprendizagem das escolhas que deveremos fazer…
- [O educador, tal como também o professor
primário, têm um papel crucial] dos caminhos que
deveremos seguir.
A128
A129
Sabe apoiar
- [O bom educador] alguém que nos ajuda quando
precisamos…
A133
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 22 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A ética na
formação em
geral
Princípios e
valores
essenciais à
formação dos
educadores
Valores
interpessoais
O diálogo
- (…) O princípio essencial é… o do diálogo.
- Um educador tem que saber dialogar…
A137
A138
A empatia
- (…) Tem que saber colocar-se no lugar do outro…
A139
Fazer-se respeitar
- (…) Tem que se saber fazer respeitar…
A140
O respeito
- (…) Respeitar o outro…
A141
A responsabilidade perante si
- (…) Tem que ser capaz de ser responsável…
A142
Valores pessoais
A autonomia
- (…) Tem que ser capaz de ser autónomo…
- (…) Promover autonomia
A143
A144
O pensamento crítico
- (…) Tem que ser capaz de pensar criticamente …
- (…) Fazer pensar criticamente...
A145
A146
A reflexão
- (…) Tem que ser capaz de reflectir
- (…) Fazer reflectir…
A147
A148
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 23 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A ética na
formação em
geral
Importância
da formação
ética
Importância
atribuída pela
Escola
Importância considerável
- [Importância atribuída pela Escola à formação
ética] Eu penso que atribui uma importância
considerável.
- (…) Basta ver por exemplo, que é uma disciplina
[A Axiologia] que tem uma carga horária de (…) 90
horas.
A149
A150
Preocupação com a formação de
competências éticas
- (…) Eu penso que aqui concretamente, há essa
preocupação, em dotar os educadores de
competências éticas.
A154
Processos de
formação
Desenvolvimento da Axiologia em
paralelo com outras disciplinas
- É uma disciplina [a Axiologia] que, facilmente (…)
tem (…) ou pode ter desenvolvimentos, quase que
em paralelo ao nível de outras disciplinas,
nomeadamente a disciplina de Filosofia da
educação…
A151
Realização de trabalhos pelos
alunos em seminários
interdisciplinares
-[ (…)É uma disciplina que, facilmente (…) tem (…)
ou pode ter desenvolvimentos] nos trabalhos que são
realizados pelos alunos, em termos de seminário
interdisciplinar…
- (…) Eles [os alunos] podem promover e
desenvolver um trabalho (…) nesta dimensão ética
mais alargada, tentando construir correspondências
interdisciplinares.
A152
A153
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 24 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A ética na
formação em
geral
Valores
promovidos
pela Escola
Valores de carácter humanista-
cristão
- (…) Eu penso que os valores que a escola
privilegia, são essencialmente (…) por aquilo que
tenho visto, valores de carácter humanista, humanista
– cristão.
A155
O professor partilha os valores da
Escola
- (…) São um pouco os valores, ou se quisermos o
quadrante de valores, onde eu próprio me fui
formando e os valores que acredito.
A156
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 25 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação dos ético-deontológica
dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética e a
formação ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
formação
A
disponibilização
da informação
A perspectiva histórico-cultural
contextualizada na
contemporaneidade
- (…) Procuro desenvolver determinado módulo da
matéria, sempre numa óptica evolutiva …
A159
- [Procuro desenvolver determinado módulo da
matéria] a tal perspectiva histórico-cultural,
contextualizando-a com a contemporaneidade.
A160
A desmistificação da novidade
- Gosto que os alunos percebam que aquilo que
falamos hoje, não é algo que seja absolutamente
novo no nosso tempo…
A161
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 26 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
formação
A
disponibilização
da informação
A desmistificação da novidade
- [Aquilo que falamos hoje] É algo que já foi novo
em quase todos os tempos, só que surge numa
perspectiva linguística, numa abordagem cultural que
nos dá essa ilusão, de ser uma coisa recente…
- (…) Então procuro desmistificar esta ideia [ de algo
que já foi novo em quase todos os tempos ser uma
coisa recente]…
- (…) Eu tento sempre que as minhas aulas sigam
nesta óptica, isto é, mostrar que o antigo é novo e que
o novo não é de agora…
- (…) Há uma relação quase que de
interdependência, como se houvesse uma reciclagem
temporal das temáticas…
- [Eu tento] fazê-los [aos alunos] pensar nelas [nas
temáticas] …
A162
A163
A172
A173
A174
Promoção do
pensamento
crítico
Provocar
- (…) Mas partindo da ideia genérica de como penso
que ela (a disciplina de Axiologia] irá funcionar (…)
a minha forma de dinamizar as aulas vai ser… é
sempre numa perspectiva provocativa
A158
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 27 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
formação
Promoção do
pensamento
crítico
Estabelecer pontes
- (…) Procuro que eles [os alunos] sejam capazes de
construir estas pontes…
- [Procuro que eles sejam capazes] de perceberem
onde de facto podem verificar a existência dessas
pontes, para as quais eu estou a convocá-los.
A164
A165
Fazer pensar
- Essencialmente o meu dinamismo para as aulas é…
nesta perspectiva: é tentar fazer com que sejam
capazes de pensar (…) criticamente.
- Fico satisfeito quando vejo que um aluno sai da sala de
aula a pensar…
- (…) Nesta perspectiva da ética, isso é essencial…
que sejamos capazes de pensar…
A166
A167
A168
Justificação das
estratégias
Comportamentos impulsivos
- (…) È precisamente por muitas vezes não
pensarmos e não reflectirmos essencialmente até nas
pequenas coisas da inter-relação pessoal do nosso
quotidiano, que muitas vezes nem sequer damos
conta que não temos atitudes, nem comportamentos
éticos à altura, daquilo que supostamente deve ser o
padrão de um educador ou de um professor.
A169
Predomínio de preocupações pessoa
- Se porventura deixamo-nos levar ou por
preocupações extra profissionais, depois tudo isso
condiciona o nosso comportamento…
A170
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 28 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
formação
Justificação das
estratégias
Predomínio de preocupações
pessoais
- [Se porventura deixamo-nos levar] por
preocupações de natureza pessoal depois tudo isso
condiciona o nosso comportamento…
A171
Sugestões de
actividades
práticas
Aplicação de situações em sala de
aula
- (…) Depois sugerir actividades, a partir daquilo que
se desenvolve em sala de aula…
- (…) Sugerir actividades para contexto de trabalho
específico.
A175
A176
Aplicação à exploração de temas e
histórias
- Por exemplo, como é que se pode desenvolver uma
actividade neste domínio da ética ou da educação em
valores, partindo (…) da protecção ao ambiente…
- [Por exemplo, como é que se pode desenvolver uma
actividade neste domínio da ética ou da educação em
valores partindo] de uma história infantil…
A177
A178
Aplicação a actividades lúdicas
- [Por exemplo, como é que se pode desenvolver uma
actividade neste domínio da ética ou da educação em
valores partindo] da realização de uma outra
actividade lúdica…
A179
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 29 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
formação
Sugestões de
actividades
práticas
Estabelecer articulação entre teoria
e prática
- (…) Depois temos sempre uma segunda parte da
aula, que visa tentar visualizar estes aspectos mais
teóricos, para um domínio mais prático…
- (…) O que é que nós poderíamos fazer com essas
coisas aparentemente desligadas da nossa prática …
- (…) O meu esforço é sempre esse, é acabar de vez
com o aparentemente desligado…
- (….) Em termos éticos está tudo ligado…
A180
A181
A182
A183
Salvaguardar a liberdade do
educador
- (…) Depende obviamente muito da inventividade,
do educador… poder fazer de uma forma ou de outra.
(…)
- [Depende obviamente muito] da criatividade (…)
[do educador… poder fazer de uma for do
educador… poder fazer de uma forma ou de outra.]
- [Depende obviamente muito] dos recursos [do
educador… poder fazer de uma forma ou de outra.]
A184
A185
A186
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 30 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
desenvolvi-
mento moral
da criança
Ausência de
estratégia
Nenhuma estratégia prévia
- [Estratégias aconselhadas para o desenvolvimento
moral das crianças] Não aconselho estratégia
nenhuma previamente.
A187
Conhecimento
da criança e do
grupo
Observar o grupo para o conhecer
- (…) Aquilo que aconselho (…) aquilo que eu
fundamentalmente recomendo é que observem muito.
- (…) Muitas vezes as situações de conflitos em sala
de aula, ou qualquer problema que um aluno
apresenta (…) qualquer dificuldade até mais
sistemática, qualquer recusa, qualquer reacção mais
extemporânea, pode ser sempre resolvida ou começar
(…) a ser resolvida observando, prestando atenção.
- (…) Se tivesse que recomendar habitualmente uma
estratégia, seria sempre esta: quando se recebe um
grupo, acima de tudo há que lhe dar atenção para
começar a conhecê-lo…
A188
A189
A190
Conhecer cada criança
individualmente
- (…) Ser capaz de falar com cada um…
- (…) Saber o nome de cada um…
- [Saber] os gostos de cada um…
A191
A192
A193
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 31 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
desenvolvi-
mento moral
da criança
Construção da
relação afectiva
Dar atenção às crianças
- (…) Ser capaz de entretê-los continuamente, neste
horizonte da tal atenção, que deve ser dada ás
crianças…
- [Ser capaz de entretê-los continuamente, neste
horizonte da tal atenção que deve ser dada] ao grupo
- [Ser capaz de entretê-los continuamente, neste
horizonte da tal atenção] para de uma forma mais
sustentável os conquistar.
A194
A195
A 196
Conquistar afectivamente o grupo
- (…) Neste domínio da educação de infância, a
parte da afectividade é extraordinariamente
importante…
- [A afectividade] é quase que uma estratégia (…) de
conquista para poder formar…
- [A afectividade é quase que uma estratégia] para
poder chamar ao grupo…
A204
A205
A206
Estabelecer relação de olhares
- (…) Esta ideia de diálogo, na qual o professor deve
ser formado, (…) é para ser entendida, não só como
aquele diálogo falado…
- [O diálogo deve ser] entendido como (…) a
relação de olhares, ou seja, entre o observar e o
também se saber observado por parte da criança…
- (…) A criança também obviamente reage…
A197
A198
A199
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 32 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
desenvolvi-
mento moral
da criança
Construção da
relação afectiva
Estabelecer relação de olhares
- [A criança] também tem um entendimento, por
muito frágil que possa eventualmente ser (…) da
postura [do educador] …
- [A criança] também tem um entendimento, por
muito frágil que possa eventualmente ser (…) do
comportamento [do educador] …
- [A criança] também tem um entendimento, por
muito frágil que possa eventualmente ser (…) da
atenção [do educador] …
- [A criança] também tem um entendimento, por
muito frágil que possa eventualmente ser (…) do
afecto que é lhe é dispensado pelo educador…
A200
A201
A202
A203
Manter a disponibilidade
- (…) Se eu tivesse que recomendar uma estratégia
seria sempre esta: vejam com atenção, olhem…
- (…) [Se eu tivesse que recomendar uma estratégia
seria sempre esta] estejam disponíveis para …
A207
A208
Impacto da
formação
ética
Condicionalismos pessoais da
avaliação
- (…) Estamos ainda numa perspectiva muito
recente, uma vez que (…) não leccionei esta
disciplina aqui no ano passado…
- (…) É algo que não lhe posso responder
objectivamente, por força de eu próprio só este ano
estar a leccionar a disciplina.
A157
A209
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 33 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Impacto da
formação
ética
Condicionalismos pessoais da
avaliação
- (…) Portanto, não posso com este meu primeiro
grupo, não posso medir qualitativamente (…) esse
impacto…
A210
Interesse dos
alunos
Código deontológico da profissão
- (…) No que diz respeito a alunos que estou (…) a
orientar em trabalhos do 4º ano e que (…) chegam já
ao 4º ano com uma carga significativa, em termos de
prática pedagógica, não é que me tenham colocado
propriamente problemas…
- (…) Mas verifico que têm algum interesse genuíno,
em questões relacionadas com o estatuto
deontológico da profissão…
- [Mas verifico que têm algum interesse genuíno,
em questões relacionadas] com a inexistência de um
código deontológico…
A213
A214
A215
Autoridade em educação
[Mas verifico que têm algum interesse genuíno] com
questões relacionadas com a autoridade em
educação…
A216
Valores em educação
- [Mas verifico que têm algum interesse genuíno
com questões relacionadas com] os valores em
educação
A217
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 34 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Impacto da
formação
ética
Interesses dos
alunos
Temas ético -deontológicos
- (…) Tenho um naipe de 5 a 6 alunas que trabalham
com particular interesse nestes temas…
A218
Importância da ética na formação
pessoal e social
- (…) São também, segundo me pude informar,
situações nesta escola que são recorrentes em anos
anteriores, ao nível dos seminários do 4º ano…
- (…) No 4º ano há uma percentagem, que eu não
direi que é muito significativa, (…) que pensa estas
questões ao nível de uma formação ética…
- [No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi
que é muito significativa, (…) que pensa estas
questões ao nível] de uma formação social, pessoal
- [No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi
que é muito significativa que] reconhece a
importância da ética na educação…
A219
A220
A221
A222
Em sala de aula
Aplicação das temáticas da ética em
sala de aula
- [No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi
que é muito significativa que] pega nestas temáticas,
para as optimizar depois em sala de aula…
A223
Em sala do pré-
escola
Aplicação das temáticas da ética em
sala de Pré-Escolar
- [No 4º ano há uma percentagem, que eu não direi
que é muito significativa que] pega nestas temáticas,
para as optimizar depois em sala de pré-escolar.
A224
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 35 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Impacto da
formação
ética
Importância da
formação extra-
escolar
Influência do escutismo
- (…) Aquilo de que me apercebi… lá está o tal
conhecimento que se deve ter do aluno (…) da sua
vida de fora escola (…) é que muitos deles tinham
uma formação ao nível do escutismo
- (…) E que por assim ser [terem formação ao nível
do escutismo, os alunos] demonstraram logo ideias
muito concretas [sobre o que queriam, e como
queriam e porque é que queriam fazer e pensar estes
temas….
- [(…) E que por assim ser [terem formação ao nível
do escutismo, os alunos] demonstraram logo ideias
muito determinadas, sobre o que queriam, e como
queriam e porque é que queriam fazer e pensar estes
temas.
A225
A226
A227
Influência das experiências de vida
- (…) Eu penso que aqui há de facto uma
importância grande, mas que tem a ver com
formação anterior…
- [Tem a ver] com outras experiências anteriores,
que os alunos trazem, ou desenvolvem
paralelamente á sua actividade estudantil…
A245
A246
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 36 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Impacto da
formação
ética
Importância da
formação extra-
escolar
Influência das experiências de vida
- (…) Assim friamente, imaginando que todos os
alunos chegavam aqui, pelo menos aqueles com os
quais tenho trabalhado (…) sem outro tipo de
experiências extras escolares, eu dir-lhe-ia que todos
eles por inteiro, não sentiriam necessidade de pensar
a sua actividade educativa, também utilizando os
recursos que a formação ética permite, como
contributos desejáveis á pratica profissional
A249
A ética como
construção
O reconhecimento da importância
da ética tem que se construir
- (…) Esta questão da ética na educação, da ética
(…) na educação de infância, (…) é que a visão da
importância que se deve reconhecer a estes temas,
tem que se construir …
A228
O reconhecimento da importância
da ética depende do interesse e da
legitimidade que se lhe atribui
- (…) Esta construção [da importância da ética em
educação] depende muito do interesse [que nós
reconhecemos a essas temáticas] …
- [Esta construção da importância da ética em
educação depende muito] da legitimidade que nós
reconhecemos a essas temáticas.
A229
A230
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 37 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Outros
contributos
para a
formação
ética
As disciplinas
A disciplina de Teoria e
desenvolvimento curricular I e II…
e a formação cívica e para a
cidadania
- [O contributo de outras disciplinas para a formação
ética] Eu poderei (…) falar essencialmente daquelas]
que dou, que são (…) quatro (…) a disciplina de
Teoria e desenvolvimento curricular I e II…
- [Nestas disciplinas] tento fazer perceber aos alunos
(…) como podem integrar (…) formações no
domínio da educação cívica [ nos conteúdos que
seriam eventualmente menos susceptíveis de serem
trabalhados] …
- [Nestas disciplinas tento fazer perceber aos alunos
(…) como podem integrar, (…) formações no
domínio] da educação para a cidadania [nos
conteúdos que seriam eventualmente menos
susceptíveis de serem trabalhados] …
A249
A250
A251
A disciplina de Teoria e
desenvolvimento curricular I e II e a
formação pessoal e social
- [Tento fazer perceber aos alunos (…) como podem
integrar (…) formações no domínio] de uma
formação pessoal e social nos conteúdos que seriam
eventualmente menos susceptíveis de serem
trabalhados …
A252
Os valores humanistas estão
presentes nestas disciplinas
- (…) Tirando estas disciplinas em concreto, eu
penso que pelo elenco que vejo dessas disciplinas
[neste universo de valores que considero humanistas
que eles estão presentes, (…) nem que seja numa
perspectiva de currículo oculto
A255
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 38 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Outros
contributos
para a
formação
ética
O currículo
oculto da Escola
Os valores humanistas estão
presentes na orientação da Escola
. - (…) Até pela orientação da escola (…) neste
universo de valores que considero humanistas que
eles estão presentes, (…) nem que seja numa perspectiva de currículo oculto.
A256
Propostas de
alteração à
formação
ética
Introdução de
novas disciplinas
A Ética na perspectiva histórico-
cultural
- (…) Se eu pudesse alterá-la [a formação ética]
tentaria que (…) houvesse uma disciplina mais
abrangente, em termos das temáticas éticas (…)
naquela perspectiva de evolução histórico-cultural.
A257
Perspectiva ética subjacente aos
modelos pedagógicos
- (…) Tentaria que houvesse talvez uma outra
(disciplina) que tentasse a partir dos diferentes
modelos pedagógicos para a educação de infância,
(…) fazer ver aos educadores, qual o quadro ético-
moral que lhes está subjacente,
- (…) O quadro ético-moral subjacente [aos modelos
pedagógicos para a educação de infância] remeteria
depois para (…) a ideia que nesses modelos
pedagógicos está presente o individuo…
- [O quadro ético-moral subjacente aos modelos
pedagógicos para a educação de infância remeteria
depois para (…) a ideia que nesses modelos
pedagógicos está presente] a sociedade…
A258
A259
A260
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 39 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Propostas de
alteração à
formação
ética
Introdução de
novas disciplinas
Perspectiva ética subjacente aos
modelos pedagógicos
- [O quadro ético-moral subjacente [aos modelos
pedagógicos para a educação de infância remeteria
depois para (…) a ideia que nesses modelos
pedagógicos está presente] eventualmente o homem
em termos futuros…
A261
Leitura ético-moral dos modelos
pedagógicos num plano cultural e
antropológico
- (…) Era como se fosse uma segunda parte da
disciplina que tentaria pegar na dimensão
pedagógica dos modelos (…) [e fazer a sua leitura
ética e moral, sempre nesse plano cultural e
antropológico alargado…]
- [Era como se fosse uma segunda parte da disciplina
que tentaria pegar] (…) nas próprias concepções
curriculares e fazer a sua leitura ética e moral,
sempre nesse plano cultural e antropológico
alargado…]
A262
A263
Formação mais
alongada
A necessidade de mais tempo para a
construção ética do aluno
- (…) Para que fosse possível aos alunos de uma
forma mais incisiva, mais demorada no tempo
[construir (…) a sua (…) área do conhecimento do
mundo] …
- (…) Porque estas coisas da ética precisam de
tempo porque são do domínio das relações…
A264
A265
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 40 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Os professores
e a profissão
Funções do
professor
Informação
Profissional da informação
- [Os profissionais da educação] são profissionais da
informação…
A268
Formação
Profissional da formação
[Os profissionais da educação] são essencialmente
[profissionais] da formação
- [Os profissionais da educação] São pessoas que
formam pessoas…
A269
A332
Relacionais
Promotor da socialização
- [Os profissionais da educação são pessoas] que se
relacionam com pessoas…
- [Os profissionais da educação são pessoas] que
socializam…
A333
A334
Requisitos do
professor
Saberes Têm que saber ser informados
- [Os profissionais da educação] têm que saber…
- [Os profissionais da educação] têm que saber ser
informados na sociedade em que vivemos
- [Os profissionais da educação] têm que saber
apostar na sua formação (…) perspectivada ao longo
da vida…
A270
A321
A322
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 41 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Os professores
e a profissão
Requisitos do
professor
Competências
relacionais
Têm que saber estar em sociedade
- (…) Têm que desenvolver um saber estar…
- (…) Têm que saber estar em sociedade…
- [Os profissionais da educação têm que
desenvolver] um saber ser…
A271
A320
A272
Têm que saber relacionar-se com os
intervenientes do processo
educativo
- (…) Têm que se saber relacionar, (…) com as
crianças…
- [Têm que se saber relacionar] com as famílias…
- [Têm que se saber relacionar] com os colegas…
- (…) São todos eles profissionais que têm que saber
relacionar-se com os outros…
- [Têm que se saber relacionar] com a comunidade
A273
A274
A275
A319
A276
Competências
técnicas
Tem que ter competências
específicas para a sua acção
profissional
- (…) Têm que ter todos eles competências (…)
direccionadas e específicas para o seu segmento de
acção profissional…
- (…) Mas são essencialmente competências do
profissional da educação e do profissional em
educação.
A323
A324
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 42 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Os professores
e a profissão
A educação
como conceito
unificador
A educação é um processo uno
- (…) A educação não deve ser entendida segundo
segmentos…
- (…) Ela é Educação; é um contínuum de
formação…
- (…) A educação é um só universo…
A315
A316
A331
Os profissionais são
comprometidos com a educação
- (…) Ela [a educação] tem também um contributo
de diferentes profissionais na sua especificidade ao
longo do processo.
- (…) Mas são todos eles profissionais
comprometidos com a educação…
A317
A318
A
responsabilidade
da profissão
Fundamentos
Uma responsabilidade acrescida
- (…) Considero importante porque a importância
que têm as diferentes sociedades [é óbvio que isso,
de algum modo traduz uma responsabilidade
acrescida] …
- [Considero importante porque… a importância
que têm] os profissionais da educação, é óbvio que
isso, de algum modo traduz uma responsabilidade
acrescida …
A266
A267
Os direitos e deveres
- [O profissionais da educação são pessoas] que
têm direitos e devieres
A335
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 43 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Os professores
e a profissão
A
responsabilidade
da profissão
Fundamentos
Uma grande visibilidade
[Os profissionais da educação] são figuras que têm
uma determinada visibilidade na comunidade…
- (…) É uma profissão que tem uma grande
Visibilidade…
A277
A278
Necessidade de
regras
Regras gerais
- (…) E por ter uma grande visibilidade [a
profissão] … julgo que é necessário que as regras
de… deve e haver (...) [devem ser claras,
transparentes] ……
- [As regras] de comportamento (…) [devem ser
claras, transparentes] …
- As atitudes [devem ser claras, transparentes] …
- [As regras devem estar ] devidamente
regulamentadas…
A279
A280
A281
A282
Regras de colocação de professores
- (…) Também sabemos que é uma profissão onde
se acede propriamente á prática profissional, em
muitos casos pela via do concurso...
- (…) E talvez por isso, devam também ser claras
as regras que permitem a colocação de
profissionais, numa perspectiva da sua
competência científica …
A283
A284
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 44 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Os professores e a profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Os professores
e a profissão
A
responsabilidade
da profissão
Necessidade de
regras
Regras de colocação de professores
- [E talvez por isso, devam também ser claras as
regras que permitem a colocação de profissionais,
numa perspectiva da sua competência]
pedagógica…
-[ E talvez por isso, devam também ser claras as
regras que permitem a colocação de profissionais]
(…) também numa perspectiva da sua formação
humana…
A285
A286
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 45 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Deontologia
da profissão
docente
Conceito
O saber do dever ser
- (…) Em termos etimológicos, deontologia será
alguma coisa como a ciência ou o saber do dever
ser…
A289
Importância
Particularmente importante
- (…) Eu penso que esta ideia de deontologia é
particularmente importante…
A288
Objectivos do
código
Promover relações de transparência
e justiça
- (…) Entendo não só ao nível da educação, como é
óbvio, mas neste domínio concreto, que devemos
saber ser o melhor possível, para que as relações
entre pares sejam claras, sejam transparentes…
- [Entendo não só ao nível da educação, como é
óbvio, mas neste domínio concreto, que devemos
saber ser o melhor possível, para que as relações
entre pares] sejam feitas de justiça.
A290
A291
Necessidade do
código
Perspectiva
idealista
Não considera necessário
- (…) Mentir-lhe-ia se lhe dissesse que acho
necessário, seja em que área for, códigos
deontológicos. Não, não acho …
A293
Promover aprendizagens na base
do dever ser
- (…) Numa perspectiva idealista, (…) penso que
devemos todos (…) cada um de nós (…) que entra
e que sai do sistema de ensino e que ao longo da
vida (…) continua a promover as suas
aprendizagens devem ser sempre numa perspectiva
de dever ser …
A294
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 46 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Deontologia
da profissão
docente
Necessidade do
código
Perspectiva
idealista
Promover aprendizagens na base
do dever ser
- (…) Como é que eu devo ser em face disto
- [Como é que eu devo ser] em face de alguém …
A295
A296
Desenvolver o saber estar numa
perspectiva de aperfeiçoamento
constante
- (…) Como é que eu devo perspectivar o meu
saber estar, sempre numa óptica de
desenvolvimento (…) constante…
- (…) Como é que eu devo perspectivar o meu
saber estar, sempre numa óptica de (…)
aperfeiçoamento constante…
A297
A298
Perspectiva
realista
O comportamento ético-moral
inato não é viável
- (…) É como se houvesse aqui uma dimensão
quase de comportamento ético-moral inato…
- (…) Mas isso (…) …não é viável [o
comportamento ético-moral inato]
A299
A300
A necessidade de clarificação de
estatuto
- (…) Por nós sermos seres aprendentes,
desejavelmente sempre aprendentes que por vezes
se torna necessário, para clarificar estatuto (…)
[haver uma regulamentação ao nível deontológico].
A301
A necessidade de clarificação de
desempenho de papéis
- (…) Para clarificar também desempenho de
papéis, é necessário haver uma regulamentação ao
nível deontológico.
A302
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 47 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Deontologia
da profissão
docente
Inconvenientes
do código
Não vê desvantagens
- (…) Não vejo assim desvantagens… (…) que
sejam de tal forma clamorosas, que justifiquem a
inexistência do código…
A292
Composição do
código
Deveres
Deveres de competência relacional
- (…) Deveres que remetam para a capacidade e a
competência da relação.
A303
Deve contemplar as
especificidades necessárias
- (…) Deve contemplar eventualmente as
especificidades próprias que lhe entenderem
atribuir…
A330
Processos de
elaboração
Desenvolvido numa perspectiva de
administração da política educativa
- (…) Tentar que este documento pudesse ser
desenvolvido simultaneamente, sob uma
perspectiva da administração política educativa…
A308
Desenvolvido numa perspectiva
científico-pedagógica da educação
- [Tentar que este documento pudesse ser
desenvolvido simultaneamente] numa perspectiva
científico-pedagógica e da profissão…
A309
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 48 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Deontologia
da profissão
docente
Autoria
Professores com formação ética
- [Participação na elaboração do código
deontológico] Certamente, pessoas com formação
no domínio da ética…
- (…) Desejavelmente profissionais da educação,
simultaneamente com formação na ética mas
também com experiência na educação. …
A304
A305
Representantes das organizações
dos educadores
- (…) Também desejavelmente representantes das
organizações de profissionais de educação de
infância…
A306
Elementos do ME
- (…) Certamente também elementos do M.E.
A307
Participação conjunta de
professores, representantes de
organizações e M.E.
- (…) Fundamentalmente estes três segmentos de
público, poderiam desejavelmente contribuir para a
realização deste tipo de documento…
A310
Abrangência do
código
Todos os professores
indiferenciadamente
- (…) Essencialmente ele deve abranger todos os
professores.
- (…) Por muito que queiramos também
estabelecer aqui diferenças [que ás vezes não
existem, por muito que as desejemos] …
A311
A312
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 49 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Deontologia
da profissão
docente
Abrangência do
código
Todos os professores
indiferenciadamente
- [Por muito que queiramos] criar especificidades
que ás vezes não existem, por muito que as
desejemos…
- (…) No domínio da educação, da formação nesta
perspectiva, eu desejavelmente entendo que, o
código deontológico deveria abranger todos os
profissionais da educação.
A313
A314
Um código para cada grau de
ensino não é benéfico
- (…) Não vejo, como nem particularmente
benéfico… nem o contrário haver um a código para
cada…para o professor do 1º ciclo…
- [Não vejo, como nem particularmente benéfico…
nem o contrário haver um a código] para o
educador de infância…
- [Não vejo, como nem particularmente benéfico…
nem o contrário haver um a código] para o
professor do 2º ciclo …
A325
A326
A327
Abrangente e único
- (…) Eu penso que ele deve ser abrangente…
A328
- [Eu penso que ele] deve ser único. …
A329
Análise de conteúdo da entrevista A
Quadro 50 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado A sobre o tema “Deontologia da profissão docente ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Significação U.R
Deontologia
da profissão
docente
Opinião face ao
código
O código como elemento de força
numa óptica política
- (…) Eu penso que seria mais benéfico e até
certamente mais forte (…) segundo uma leitura
política (…) [haver uma Ordem…perdão… código
deontológico]
A336
O código como forma de pressão
social
- [Eu penso que seria mais benéfico e até
certamente mais forte (…)] em termos de pressão
social (…) [haver uma Ordem…perdão… um
código deontológico].
A337
O código como parceiro social
-[ Eu penso que seria mais benéfico e até
certamente mais forte (…) em termos de]
parceiro social haver uma Ordem…perdão… um
código deontológico.
A338
ANEXO C2
ANÁLISE DE CONTEÚDO DA ENTREVISTA AO
PROFESSOR B
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Conceito
de ética
Concepções
universalistas
A ética é inerente ao humano
- (…) O que é ético é aquilo que tem a ver com o
humano…
- (…) O que é humano é ético…
- (…) É aquilo que nos obriga de certa maneira a
estender o laço da relação ao outro…
B3
B8
B9
Concepções
contextualistas
A ética como um desafio
- (…) Tudo aquilo que tem a ver com as questões da
ética são neste momento e até por condicionantes
(…) da sociedade, do mundo em que nós vivemos,
as questões (…) mais desafiantes enquanto
professora…
-[ As questões éticas são as mais desafiantes] na
perspectiva que adquiri pela experiência (…)
contribuindo para a formação de outros professores e
também de educadores de infância.
B1
B2
A relação pedagógica como relação
ética
- (…) A relação pedagógica que se estabelece entre o
educador, o professor e os alunos, as crianças,
assenta fundamentalmente numa base humana …
- [A relação pedagógica (…) assenta
fundamentalmente na] tentativa de descoberta do
outro…
B4
B5
A relação ética como base da
formação
-[ A relação pedagógica (…) assenta] em tudo aquilo
que tem a ver com a formação ou educação plena…
- [(…) Assenta em tudo aquilo que tem a ver] com de
formação do outro ser humano…
B6
B7
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 2 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Perspectiva
do professor
sobre o
conceito de
“Bem do
aluno”
Resulta da experiência pessoal do
professor
- O bem do aluno é …(…) uma questão que se calhar
passa por alguma subjectividade da minha parte…
- (…) Resulta muito da minha experiência…
- [Resulta muito] do olhar, da reflexão que pela
prática nós vamos fazendo…
B89
B90
B91
Centrada no
desenvolvimento
pessoal
Orientar o aluno para realizar a sua
humanidade
- (…) O bem do aluno é torná-lo verdadeiramente
humano…
-- [O bem do aluno] (…) É orientá-lo…
-[ O bem do aluno é fazer com que criança perceba]
que existe fundamentalmente uma pessoa humana
dentro dele, único e irrepetível…
- (…) È necessário, e que é responsabilidade do
educador, como agente de educação, saber de certo
modo evidenciar [a pessoa humana dentro dele
(o aluno) único e irrepetível] …
- [È necessário, e que é responsabilidade do
educador, como agente de educação, saber de certo
modo] fazer nascer [a pessoa humana dentro dele (o
aluno) único e irrepetível] …
- (…) O bem do aluno, aqui é verdadeiramente
formá-lo, no sentido de ser um bom humano…
B92
B93
B103
B104
B105
B106
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 3 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Perspectiva
do professor
sobre o
conceito de
“Bem do
aluno”
Centrada no
desenvolvimento
pessoal
Orientar através de referências
- (…) Uma criança pequenina, eu diria até o
adolescente… ele precisa sempre de pontos de
referência…
- (…) Aqui o bem do aluno, é fazer contribuir
decisivamente para que o aluno, a criança, possa ir
ao encontro daquilo que ela verdadeiramente é capaz
reconhecendo sempre os nossos limites…
B94
B95
Reconhecimento da origem animal
- (…) Não nos podemos esquecer nunca que, antes
de mais nós somos seres biológicos
- (…) Somos muito animais…
B96
B97
Promover as suas competências e
capacidades
- [É verdadeiramente formá-lo, no sentido de ser um
bom ser humano] do ponto de vista das suas
competências …
- [É verdadeiramente formá-lo, no sentido de ser um
bom ser humano] do ponto de vista das suas
capacidades.
B109
B110
Centrada no
desenvolvimento
social
Apoiar a integração do aluno no
mundo
- (…) É por via da socialização (…) [fazer com que,
á medida que a criança vai entrando no mundo… vai
conhecendo o mundo] …
- [É por via da] educação, e aqui dentro da educação,
(…) tudo aquilo que são os verdadeiros agentes
responsáveis por ela (…) fazer com que, á medida
que a criança vai entrando no mundo… vai
conhecendo o mundo…
B98
B99
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 4 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Perspectiva
do professor
sobre o
conceito de
“Bem do
aluno
Centrada no
desenvolvimento
social
Dar a conhecer os limites e as regras
- [(…) Fazer com que, á medida que a criança vai
entrando no mundo a criança] perceba que existem
limites…
- [(…) Fazer com que, á medida que a criança vai
entrando no mundo a criança perceba] que existem
regras…
B100
B101
Ajudar a distinguir o bem do mal
- [(…) Fazer com que, á medida que a criança vai
entrando no mundo a criança perceba ] que existe a
noção do que é o bem e do que é o mal…
B102
Formar o aluno a nível social e ético
-[(…) É verdadeiramente formá-lo, (o aluno) no
sentido de ser] um bom ser humano, do ponto de
vista social…
- [(…) É verdadeiramente formá-lo, no sentido de
ser um bom ser humano] do ponto de vista ético…
B107
B108
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 5 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Conceito de
justiça
A justiça é ética
- O conceito de justiça aqui é novamente um
conceito ético…
B117
Falível sob o ponto de vista humano
- […] Todos nós sabemos que enquanto seres
humanos que somos, tantas vezes erramos…
B118
Conceito de
prof. justo
Características
do prof. justo
Avalia considerando todas as
variáveis
- (…) Eu julgo que o professor justo é, pelo menos
aquele que em consciência, considera todas as
variáveis no momento da avaliação…
- (…) No momento de determinar um valor, uma
quantificação, uma nota, ele (o professor) não
esquece nenhuma variável…
- (…) Aqui o carácter de justo, ou de professor
justo, é aquele que pelo menos no momento de
considerar a avaliação, ele não esquece nenhuma
variável…
B119
B120
B126
Meios de
assegurar a
justiça
Avalia com objectividade a
produção do aluno
- [No momento da avaliação] tento sempre recorrer a
dados o mais objectivos possível…
- [No momento da avaliação tento sempre recorrer]
aquilo que o aluno produziu, em termos de …. mais
objectivável, mais concreto…
B121
B122
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 6 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Conceito de
prof. justo
Meios de
assegurar a
justiça
Avalia com objectividade a
produção do aluno
- [No momento da avaliação (…) tento sempre
recorrer] (…) também aquilo que foi verificável …
- (…) De uma forma o mais objectiva possível (o
professor) deve aproximar o trabalho do aluno…
- (…) Ele procura ser certeiro na classificação que
dá, ou na avaliação que faz.
B123
B127
B130
Constrói escala de avaliação de
competências
- [(…) Tento sempre] Construir uma espécie de
escala de avaliação das tais competências (…) que o
professor, que o educador, deve ter sempre em
mente, quando está a realizar o seu trabalho…
- [(…)Tento sempre construir uma espécie de escala
de avaliação das tais competências (…) que o
professor, que o educador] quer fazer desenvolver
nos seus alunos.
B124
B125
Consciente das implicações éticas da
avaliação
- (…) Não se está avaliar o aluno enquanto pessoa
humana…
- (…) Está-se a avaliar o trabalho do aluno…
B128
B129
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 7 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Dilemas
éticos dos
professores de
Axiologia.
Os dilemas são
uma constante
da profissão
O professor confronta-se com
situações dilemáticas com alunos
e com colegas
- (…) Quando o professor (…) encara a sua profissão
(…) deontologicamente com alguma consciência do
seu trabalho, constantemente ele encontra aqui e ali
muitas vezes até na relação (…) com os alunos (…)
situações que são dilemáticas…
B131
- [Quando o professor (…) encara a sua profissão]
(…) deontologicamente com alguma consciência do
seu trabalho, constantemente ele encontra aqui e ali
muitas vezes até na relação (…) com os colegas, (…)
situações que são dilemáticas…
B132
A resolução de dilemas apela à
consciência do professor
- [As situações dilemáticas] (…) que nos obriga (…)
a apelar á nossa consciência para tentar encontrar
uma solução…
B133
Os dilemas são inevitáveis porque o
professor trabalha com seres
humanos
- (…) O educador/professor trabalha com seres
humanos e portanto (…) às vezes é inevitável ter que
ser confrontado com estas situações.[dilemáticas] …
B169
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 8– continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Problemas
não
dilemáticos
Problemas com
a apreciação dos
colegas
Os juízos de valores sobre os
colegas nem sempre são positivos
- (…) Tantas vezes na relação com os outros
professores avaliar ou pelo menos passar pela nossa
cabeça algum juízo de valor não tão positivo…
- (…) Era tão bom que todos nós fizéssemos uma
avaliação sempre boa do nosso desempenho…
- [Era tão bom que todos nós fizéssemos uma
avaliação sempre boa] do desempenho de com quem
nós trabalha…
B134
B135
B136
Percepção das falhas éticas dos
colegas
- (…) Tantas vezes nós vemos infelizmente (…)
outros professores muitas vezes a ser pouco
conscientes (…) do seu trabalho …
- (…) É verificar muitas vezes na realidade que, nem
sempre o trabalho do professor, ou de outros
professores, é um trabalho verdadeiramente sério…
B137
B138
Falta de preparação das aulas
- (…) Quando nós vemos que há colegas nossos que
vão para a escola e tantas vezes sobre o joelho antes
da aula vão dar ali uma vista de olhos nos conteúdos,
na matéria …
B139
Desacordo em relação ao modo
como se fala do aluno
- (…) Às vezes até no modo como falam na sala de
professores sobre o aluno A. o aluno B…
- (…) Eu verdadeiramente (…) oponho-me
completamente a este tipo de prática [comentários
sobre os alunos na sala dos professores] …
B140
B141
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 9 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Problemas
não
dilemáticos
Problemas com
a apreciação dos
colegas
Desacordo em relação ao modo
como se fala do aluno
- (…) Na relação por exemplo, com os nossos
alunos, deve ser um trabalho (…) muito parecido
com o trabalho do médico…
- (…) Tem que haver ali alguma contenção naquilo
que se diz […da vida pessoal do aluno] …
- [Tem que haver ali alguma contenção] no modo
como se diz [… da vida pessoal do aluno] …
- [Tem que haver ali alguma contenção com] o que
se revela […da vida pessoal do aluno] …
- [Tem que haver ali alguma contenção] como é que
se revela, às vezes da vida pessoal do aluno…
B142
B143
B144
B145
B146
A divulgação da informação sobre
os alunos limitada a vários contextos
.
- (…) Embora eu às vezes entenda que é preciso
haver conhecimento de determinadas questões que
envolvem os alunos, ou a vida pessoal dos alunos
para (…) percebermos o que está na origem de um
comportamento mais agressivo…
.
- [Embora eu às vezes entenda que é preciso haver
conhecimento de determinadas questões que
envolvem os alunos, ou a vida pessoal dos alunos
para (…) percebermos o que está na origem de (…)
dificuldades de aprendizagem...
B147
B148
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 10 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Problemas
não
dilemáticos
Problemas com
a apreciação dos
colegas
A divulgação da informação sobre
os alunos limitada a vários contextos
- (…) Refiro-me mais ao modo como muitas vezes,
se fala do aluno, ou dos alunos, ou da vida dos
alunos, sem que haja aqui a noção de que nem tudo
pode ser dito…
- [Refiro-me mais ao modo como muitas vezes, se
fala do aluno, ou dos alunos, ou da vida dos alunos,
sem que haja aqui a noção de que] nem tudo deve ser
dito, em determinados contextos.
B149
B150
Atitude face
ao problema
Atitude de
distanciamento
Procura não se envolver em
situações que condena
- [Confrontada com situações dessas] (…) Procuro
nunca me envolver… - (...) Se eu não aceito, então não posso permitir-me a
mim própria envolver-me…
- (…) Ou então às tantas estar já dentro daquilo que
verdadeiramente condeno.
B151
B152
B153
Distancia-se dos outros professores
(…) Também é um facto que ás vezes é difícil, [não
se envolver] porque nos tratam muitas vezes com
uma atitude de arrogância…
- [Ás vezes é difícil (não se envolver) porque nos
tratam muitas vezes com uma atitude] de
indiferença…
- [Ás vezes é difícil (não se envolver), porque nos
tratam muitas vezes com uma atitude] de pouco
interesse, em relação a determinadas situações.
B154
B155
B156
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 11 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Atitude face
ao problema
Dependente do
contacto
Depende da postura pessoal e das
relações que mantém no meio
escolar
- (…) Parece-me ainda assim que (…) depende
muito da nossa postura…
- [Depende muito] do relacionamento que mantemos
na escola…
- [Depende muito do relacionamento] com os outros
colegas
- [Depende muito do relacionamento] até com os
próprios alunos…
B157
B158
B159
B160
Avalia o seu envolvimento na
situação
- (…) A minha postura é sempre (…) de saber
exactamente qual é o meu papel, naquela situação em
concreto…
B170
Depende dos
efeitos
Atende as situações que se reflectem
no seu trabalho e na sua relação com
o aluno
- (…) Se é um assunto… se é alguma coisa que se
diz, que tem relevância de facto no trabalho do aluno
(…) eu certamente não serei indiferente…
[Se é um assunto… se é alguma coisa que se diz que
tem relevância] no meu trabalho (…) eu certamente
não serei indiferente…
- Se é um assunto… se é alguma coisa que se diz tem
relevância] no meu relacionamento com o aluno, eu
certamente não serei indiferente…
- (…) Acolherei aquilo que o outro colega me disser
ou me vier contar...
B171
B172
B173
B174
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 12 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Atitude face
ao problema
Dependente dos
efeitos
Desvaloriza as situações que não
interferem no seu trabalho
- (…) Se considerar (…) que não é de todo algo que
interfira no trabalho dele (…) eu sou muito sincera e
educadamente eu desvalorizo a situação…
- [Se considerar (…) que não é de todo algo que
interfira] no relacionamento do aluno com a escola
(…) eu sou muito sincera e educadamente eu
desvalorizo a situação…
- [Se considerar (…) que não é de todo algo que
interfira] com a minha disciplina em particular (…)
eu sou muito sincera e educadamente eu desvalorizo
a situação…
- [Se considerar (…) que não é de todo algo que
interfira] com o meu trabalho em particular, eu sou
muito sincera e educadamente eu desvalorizo a
situação…
- (…) E procuro sempre não prolongar muito a
conversa…
- (…) Portanto, dando a entender que não é um
assunto muito importante, muito relevante …
B175
B176
B177
B178
B179
B180
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 13 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Atitude face
ao problema
Dependente da
postura
individual
Depende de como cada um gere as
situações
- (…) Admito que seja uma questão mais de
personalidade do que aqui um princípio mais
universal…
- (…) Depende se calhar muito de cada um de nós …
o modo como gerimos essas situações mais
particulares.
B181
B182
Causas dos
dilemas
Pressão social
sobre funções do
professor
O professor é um profissional da
educação
- (…) Eu procuro nunca esquecer-me disto: o
professor/educador é um profissional de educação…
B161
O professor não pode substituir os
encarregados de educação
- [O professor/educador] (…) Não é um pai…
- [O professor/educador] (…) não é uma mãe…
- [O professor/educador] nem se pode substituir a
esses agentes…
B162
B163
B164
A pressão social contribui para a
confusão de funções do professor
- (…) Eu penso que até por via da pressão social que
existe sobre o nosso trabalho, muitas vezes nós
misturamos as coisas umas com as outras.
B165
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 14 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “O professor e a ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
O professor e
a ética
Causas dos
dilemas
Mistura de
funções
Os dilemas resultam do professor
misturar funções
- (…) Quando existem dilemas, os dilemas (…)
[resultam (…) do facto de nós misturarmos as
coisas].
- [Quando existem dilemas] (…) os problemas (…)
[resultam (…) do facto de nós misturarmos as
coisas].
- [Quando existem dilemas] (…) os conflitos
resultam (…) do facto de nós misturarmos as coisas.
B166
B167
B168
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 15 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
A importância
da formação
moral
da criança
O contacto precoce da criança com
as instituições de apoio à infância
- (…) Como nós sabemos (…) as crianças vão cada
vez mais cedo para o Jardim…
- [Como nós sabemos (…) as crianças vão cada vez
mais cedo para] (…) para os berçários…
B14
B15
O papel do
educador
Consciente da importância que tem
na formação das crianças
- (…) Eu penso que mais até do que as competências
(…) o educador (…) deve ser absolutamente
consciente da importância que tem na formação em
educação das crianças…
- [Eu penso que mais até do que] os conhecimentos
efectivos, o educador (…) deve ser absolutamente
consciente da importância que tem na formação em
educação das crianças…
B10
B11
Reconhecer-se como agente ético
- (…) E por ter essa consciência plena [da
importância que tem na formação em educação das
criança] ele (o educador) deve reconhecer-se
fundamentalmente como um agente ético…
B12
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 16 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de
infância”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
A importância
da formação
moral
da criança
O papel do
educador
Reconhecer-se como formador de
seres humanos
- [Ele (o educador) deve reconhecer-se
fundamentalmente como] um ser humano que forma
outros seres humanos…
- (…) Não nos podemos esquecer que, qualquer que
seja o nível (…) com a qual o educador, ou o
professor (…) trabalha… ele trabalha sempre numa
perspectiva de formar um ser humano…
- [Não nos podemos esquecer] qualquer que seja aqui
a idade com a qual o educador, ou o professor, (…)
trabalha… ele trabalha sempre numa perspectiva de
formar um ser humano…
- [(…) O educador ou o professor] não pode nunca
esquecer que, um dos pilares fundamentais da sua
acção, é o outro ser humano …
B13
B26
B27
B28
Requisitos do
exercício
ético
Saber reflectir
Necessidade de reflectir sobre
relação com as crianças e com os
pais
- (…) Tem que haver uma tomada de consciência
muito, muito profunda, do papel do educador,
quando mantém uma relação tão próxima, tão
decisiva junto das crianças …
- [Tem que haver uma tomada de consciência muito,
muito profunda, do papel do educador, quando
mantém uma relação] tão próxima, tão decisiva junto
também dos pais dessas crianças…
B16
B17
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 17 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
Requisitos do
exercício
ético
Saber reflectir
Necessidade de tomar consciência
dos limites do seu trabalho
- (…) Eu penso que neste momento a ética, a postura
ética, exige ao educador uma tomada de consciência
muito profunda… .
- [A postura ética, exige ao educador] verificar que
essa acção deve começar muitas vezes por identificar
os limites (…) do seu trabalho.
B23
B24
Necessidade de identificar os
deveres deontológicos do seu
trabalho
- [A postura ética, exige ao educador] verificar que
essa acção deve começar muitas vezes por identificar
(…) os deveres deontológicos…do seu trabalho.
B25
Dinamizar
interacções
éticas
Reconhecer as interacções do seu
trabalho
- (…) Uma outra perspectiva muito importante e eu
acho que é decisiva, é o educador, o professor,
reconhecer as várias interacções que ele vai manter
ao longo do seu trabalho.
B18
A relação de proximidade ética com
a criança
- (…) O contributo [do educador] na educação para a
criança…
- Aqui a relação de proximidade ética com a criança
B19
B29
A relação de proximidade ética com
os pais e outros responsáveis pela
criança
- [A relação de proximidade ética] depois,
naturalmente com os pais…
- (…) O tipo de relação que mantém com os pais das
crianças … no fundo os responsáveis pelas
crianças… - (…) Quando eu refiro aqui os pais, estou a falar dos
pais biológicos
B30
B20
B31
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 18 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
Requisitos do
exercício
ético
Dinamizar de
interacções
éticas
A relação de proximidade ética com
os pais e outros responsáveis pela
criança
- (…) Estou a admitir aqui (…) o conceito de família
numa perspectiva mais alargada…
- (…) Quem acolhe, quem acompanha directamente
a criança…
B32
B33
A relação de proximidade ética de
respeito, conhecimento e abertura
com outros educadores
- [O tipo de relação que mantém] depois com os
outros colegas…
- (…) Penso que uma forma também muito
particular, até por todas as mudanças (…) pelas quais
o sistema educativo está a passar…uma proximidade
ética de respeito (…) em relação aos outros
educadores…
- [Uma proximidade ética] de conhecimento (…) em
relação aos outros educadores…
- [Uma proximidade ética] de abertura em relação
aos outros educadores…
- (…) Essa relação ética estende-se sempre ao outro
educador…
- [O outro educador] tal como nós, tudo faz em prol
da…de uma sociedade mais bem formada…
- [Essa relação ética estende-se sempre ao outro
educador, que tal como nós, tudo faz] apostando de
uma forma positiva na educação.
B21
B34
B35
B36
B42
B43
B44
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 19 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
Requisitos do
exercício
ético
Dinamizar de
interacções
éticas
A relação ética com a Escola
enquanto instituição
.
- (…) Esse prolongar desse olhar ético, deve ir
também para a escola enquanto instituição.
- [O tipo de relação que mantém] com toda a escola
enquanto instituição
- (…) Esses elos éticos da relação com o outro (…)
[que é tudo isso que a ética impõe ou implica] …
- [Esses elos éticos da relação] de proximidade, com
o outro (…) [que é tudo isso que a ética impõe ou
implica] …
- [Esses elos éticos] de escuta, que é tudo isso que a
ética impõe ou implica…
- [Esses elos éticos] deve estar também pressuposta
nessa relação, com outros agentes que fazem a escola
enquanto instituição…
B45
B22
B50
B51
B52
B53
A integração das escolas em
Agrupamentos influi na qualidade
das interacções
- (…) As escolas já não tendem a ser locais
isolados…
- [As escolas] estão inseridas em contextos…
- [As escolas] estão inseridas em espaços…
- [As escolas estão inseridas] em Agrupamentos
B46
B47
B48
B49
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 20 –continuação Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
Requisitos do
exercício
ético
Dinamizar de
interacções
éticas
A relação de proximidade ética e de
escuta com as autarquias
- [Esses elos éticos de proximidade e de escuta deve
estar também pressuposta nessa relação] (…) com
os agentes sociais que envolvem a escola (…) desde
as autarquias, ás Juntas de Freguesia…
B54
A relação de proximidade ética e de
escuta com os agentes da
comunidade
- (…) A proximidade que deve haver sempre entre o
educador e os demais agentes que, contribuem numa
comunidade, para definir percursos comuns trajectos
comuns (…) sempre em nome de …de uma
educação melhor.
- (…) Julgo que serão esses à partida, os tais outros
agentes, que também colaboram para a nossa atenção
de proximidade, em relação aos outros.
B55
B56
Desenvolver
trabalho de
parceria
Professores e educadores tendem
cada vez mais a trabalhar em
conjunto
- [Os outros educadores] são sempre parceiros na
construção de projectos de escola…
- [Os outros educadores são sempre parceiros] nas
actividades por eles realizadas em grupo..
- (…) Felizmente que hoje cada vez mais os
professores (…) os educadores tendem a construir
esses elos de parceria (…)
- [Felizmente que hoje cada vez mais os professores
(…) os educadores tendem a construir (…) esses
elos] de trabalho…
B37
B38
B39
B40
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 21 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
Requisitos do
exercício
ético
Desenvolver
trabalho de
parceria
Professores e educadores tendem
cada vez mais a trabalhar em
conjunto
- [Felizmente que hoje cada vez mais os professores
(…) os educadores tendem a construir] projectos
comuns partilhados com os outros educadores…
B41
O educador/professor tem que estar
consciente de que o seu trabalho
implica parcerias com outros agentes
- (…) Julgo que o professor deve encarar sempre o
seu trabalho, como algo que faz parte de uma
estrutura que tem que manter relações (…) com um
conjunto muito mais vasto…
- (…) O educador tem que ter muito essa noção (…)
de que o seu trabalho é um trabalho de parceria [com
outros agentes que estão para lá de si próprio.]
- [O educador tem que ter muito essa noção (…) de
que o seu trabalho é um trabalho de interligação com
outros agentes que estão para lá de si próprio.
B405
B422
B423
Repercussões do
trabalho do
educador
O trabalho do educador não se limita
ao seu grupo e à sua sala
- (…) O educador não pode nunca pensar que o seu
trabalho é um trabalho isolado…
- [O educador não pode nunca pensar] que é um
trabalho que ele faz, que ele prepara em casa e que
leva a bom porto, dentro do seu território que é sala
(…) com as suas crianças ou a sala…a turma com
quem está …
- (…) O seu trabalho não se limita apenas numa
relação unívoca entre si e apenas e só os seus alunos,
ou as suas crianças.
B403
B404
B413
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 22 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
Requisitos do
exercício
ético
Repercussões do
trabalho do
educador
A consciência de que o seu trabalho
tem repercussões fora da sala
- [O trabalho do professor] tem repercussões para lá
(…) da sala de aula…
- [O trabalho do professor] tem repercussões para lá
(…) do espaço que lhe é reservado (…) na sua
prática pedagógica… - (…) O seu trabalho projecta-se para fora da sala de
aula…
- (…) É essa consciência que o professor (…) que o
educador deve ter [de que o seu trabalho projecta-se
para fora da sala de aula] …
B406
B407
B414
B412
A criança projecta para o exterior as
suas aprendizagens
- (…) A criança quando sai da sua sala, projecta para
fora dela muito (…) do exemplo que observou…
- [A criança quando sai da sua sala, projecta para
fora dela muito] do modo como o educador falou
com ele…
- [A criança quando sai da sua sala, projecta para
fora dela muito] do modo como [o educador] geriu
ou se soube ou não gerir um conflito dentro da sala.
- (…) A criança transporta para lá da sala sempre
algo que aprendeu…
B408
B409
B410
B411
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 23 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Dimensão ética em educação de infância
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Dimensão
ética em
educação de
infância
Requisitos do
exercício
ético
Repercussões do
trabalho do
educador
A criança partilha com os pais o seu
quotidiano na escola
- (…) Quando a criança vai para casa e conta aos
seus pais o seu dia na escola…
- [A criança conta aos seus pais] o que fizeram e o
que não fizeram…
- [A criança conta aos seus pais] o que disse o
educador e o que não disse, o que pediu] …
- [A criança conta aos seus pais] que tarefas estão a
fazer…
- [A criança conta aos seus pais] os
comportamentos…
- [A criança conta aos seus pais] muitas vezes os
conflitos que se geram…
-- [A criança conta aos seus pais] o modo como a
educadora interveio na resolução (…) daquele
conflito…
B415
B416
B417
B418
B419
B420
B421
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 24 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Representações
sobre o
formando e a
ética
A valorização
da dimensão
ética
Formação
pessoal dos
formandos
São pessoas com uma formação
pessoal definida
- (…) Eu diria em termos da sua formação de base,
(os alunos) são pessoas já com uma certa estrutura
individual concretizada…
- [Os alunos são] pessoas com objectivos…
B250
B251
Assumem valores e tomadas de
posição
- [Os alunos são pessoas] que assumiam já valores
pessoais…
- [São pessoas que assumiam] tomadas de posição
pessoal, em relação a muitas das questões que nós
discutíamos e abordámos.
B252
B253
Praticavam o bem
- (…) Eu penso que os alunos são boas pessoas, no
sentido de prática do bem…
- (…) A experiência diz-me que do ponto de vista
humano, são boas pessoas…
B254
B274
Tinham alguns conflitos
- [Eu penso que os alunos são boas pessoas] embora
naturalmente apresentassem os seus conflitos…
- (…) Mesmo no grande grupo-turma, era visível de
facto haver ali (…) muitas vezes algumas diferenças
entre eles…
B255
B256
Não eram mal formados
- (…) Não posso considerar que fossem do ponto de
vista da sua formação, (…) pessoas mal formadas…
B257
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 25 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Representações
sobre o
formando e a
ética
A valorização
da dimensão
ética
Formação
pessoal dos
formandos
Eram educados e dedicados
- (…) Eram alunos educados…
- Eram alunos respeitadores…
-[ Eram alunos] até empenhados…
- [Eram alunos] trabalhadores
B258
B259
B260
B261
Atitude face à
profissão
Atentos aos desafios do mundo e da
profissão
- [Eram alunos] fundamentalmente, muito atentos
aos grandes desafios do mundo de hoje…
- [Eram alunos muito atentos] aos desafios que a
profissão deles enfrenta …
- [Eram alunos muito atentos] (…) as questões que
nos levam a pensar a profissão de educador e
professor, como sendo (…) cada vez mais
exigente…
- [Eram alunos muito atentos] (…) as questões que
nos levam a pensarem a profissão de educador e
professor, como sendo (…) mais instável e mais
insegura …
- (…) Eram alunos muito sensibilizados para essa
dimensão [da insegurança e instabilidade da
profissão] …
B262
B263
B264
B265
B266
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 26 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Representações sobre o formando e a ética
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Representações
sobre o
formando e a
ética
A valorização
da dimensão
ética
Atitude face à
formação
Receptivos ao abordar questões
- [Eram alunos] sempre com uma postura (…) pelo
menos de escuta [a abordar determinadas questões
numa perspectiva diferente que rompe muitas vezes
com o senso comum que eles têm ou que eles
traziam] …
- [Eram alunos sempre com uma postura] de abertura
a abordar determinadas questões numa perspectiva
diferente que rompe muitas vezes com o senso
comum que eles têm ou que eles traziam…
B267
B268
Sensibilizados para a importância da
sua formação ética
- [Os alunos são boas pessoas] com preocupações em
perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma
formação ética muito atenta…
- [Os alunos são boas pessoas] com preocupações em
perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma
formação ética muito crítica…
- [Os alunos são boas pessoas] com preocupações em
perceber que o educador deve acima de tudo, ter uma
formação ética muito exigente para consigo próprio,
para que depois possamos ser eticamente também
atentos aos outros.
B270
B271
B272
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 27 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Concepções do bom educador”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Concepções do
bom educador
Qualidades
direccionadas
para o seu
trabalho
Reflexivo
Reflecte sobre o seu trabalho
- Eu penso que não é muito fácil (…) aqui encontrar
um quadro único, ou um conjunto de características
únicas, que permitam definir (…) eticamente um
bom educador.
- (…) Penso que parte muito dessa tomada de
consciência que cada um faz do seu trabalho, e da
concepção do seu trabalho…
- (…) Para além dessa especificidade de cada um de
nós, associada sempre a uma consciência, a uma
reflexão consciente, profunda, do nosso trabalho…
(…) o educador e o professor, é muito diferente,
enquanto profissional, (…) dos outros
profissionais…
B57
B58
B62
Valoriza a diferença
- (…) Todos nós somos muito diferentes…
- È isso [a diferença] que nos particulariza…
- È isso [a diferença] que ao mesmo tempo nos
enriquece…
B59
B60
B61
Consciente de que o resultado do seu
trabalho não é imediato
- (…) Essas diferenças passam pelo facto de ele não
trabalhar uma matéria-prima… uma coisa física em
que é possível verificar, mais ou menos à posteriori
ou de imediato o resultado do seu trabalho…
- (…) Eu penso que isso [ o resultado do seu trabalho
não ser imediato] constitui (…) um traço muito
próprio do professor e do educador…
B63
B64
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 28 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Concepções do bom educador”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Concepções do
bom educador
Qualidades
direccionadas
para o seu
trabalho
Reflexivo
Consciente de que o resultado do seu
trabalho não é imediato
- (…) Ele [o professor] tem que ter essa noção [de
que o resultado do seu trabalho não é imediato] …
B65
Dedicado
Prolonga o trabalho da escola em
casa
- (…) Algo que nos distingue dos outros
profissionais ou de outras profissões, é o facto de
quando nós saímos de uma sala, não somos capaz
nunca de terminar o nosso trabalho ali…
- (…) De certo modo, nós prolongamos para fora de
Escola, enquanto instituição, sempre o nosso
trabalho…
- (…) É muito difícil separar…separamo-nos dele
[do nosso trabalho]. (…) porque somos humanos!
B66
B75
B76
Planifica e avalia o seu trabalho
- (…) Vamos para casa e em casa temos que planear
e projectar e planificar…
- [Vamos para casa e em casa temos que ] avaliar o
trabalho do dia de amanhã…
- [Temos que] avaliar o trabalho que fizemos…
B67
B68
B69
Envolve-se
- [Quando verdadeiramente encaramos a profissão
com esse carácter humano] nos envolvemos…
B78
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 29 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Concepções do bom educador”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Concepções do
bom educador
Qualidades
direccionadas
para o seu
trabalho
Dedicado
Empenha-se
- [Quando verdadeiramente encaramos a profissão
com esse carácter humano] nos empenhamos…
B79
Não é indiferente
- [Quando verdadeiramente encaramos a profissão
com esse carácter humano] (…) não somos
indiferentes…
B80
Qualidades
direccionadas
para a pessoa
do aluno
Espírito de
humanidade
Preocupa-se continuamente com os
alunos
- (…) Somos seres humanos…
- (…) Porque trabalhamos com seres humanos, (…)
o nosso pensamento, a nossa reflexão, a nossa mente
(…) se ocupa muito (…) com aquilo que vamos
vivendo, ao longo do nosso dia a dia…
- (…) Quantas vezes ocupamos a nossa cabeça,
depois de sair do nosso trabalho, com o
comportamento daquela criança…
- [(…) Quantas vezes ocupamos a nossa cabeça]
porque é que ela [a criança] se sentiu daquela
maneira assim…
- (…) Porque é que ela [a criança] não fez aquilo.
- (…) Quando verdadeiramente encaramos a
profissão com esse carácter humano, nos
preocupamos…
B70
B71
B72
B73
B74
B77
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 30 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Concepções do bom educador”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Concepções do
bom educador
Qualidades
direccionadas
para a pessoa
do aluno
Espírito de
humanidade
É verdadeiramente humano
- (…) Enquanto traços...acho que o interiorizar a
verdadeira noção de humanidade…
- (…) De certo modo ser capaz de (…) humanamente
encarar a nossa actividade. Eu penso que passa por
isso…
B81
B88
Espírito de
abertura
É respeitador
-(…) Interiorizar a verdadeira noção de humanidade]
que implica o respeito …
B82
É tolerante
- […Interiorizar a verdadeira noção de humanidade
que implica] a tolerância…
B83
É aberto
- […Interiorizar a verdadeira noção de humanidade
que implica] a abertura…
B84
Sabe escutar
[…Interiorizar a verdadeira noção de humanidade
que implica] o saber escutar o outro…
B85
É livre
- (…) Depois ser muito livre …
B86
É despreconceituoso
- (…) De certa maneira ser muito
despreconceituoso…
B87
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 31 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Princípios e
valores
essenciais à
formação dos
educadores
Valores
interpessoais
A responsabilidade
- [Princípios éticos essenciais para da formação ética
dos futuros educadores] Antes de mais, a
responsabilidade…
B183
A responsabilidade perante os outros
- (…) A palavra responsabilidade não é outra coisa
que não seja, o sermos capazes de responder perante
os outros, por aquilo que fizemos…
- [A palavra responsabilidade não é outra coisa que
não seja, o sermos capazes de responder perante os
outros] pelas as nossas opções, as nossas escolhas.
- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir
perante a criança…
- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir
perante ] a mãe…
- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir
perante ] o pai…
- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir
perante] o outro colega que trabalha connosco…
- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir
perante] a instituição Escola…
- [(…) A responsabilidade é] ser capaz de assumir
perante] seja quem for…nós somos capazes sempre
de assumir responsavelmente, as nossas acções…
B184
B185
B186
B187
B188
B189
B190
B191
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 32 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Princípios e
valores
essenciais à
formação dos
educadores
Valores
interpessoais
A responsabilidade perante os outros
- [(…), Nós somos capazes sempre de assumir
responsavelmente] as nossas escolhas…
- [(…) Nós somos capazes sempre de assumir
responsavelmente] o que fizemos.
B193
B194
Responsabilidade como valor chave
da profissão
- (…) Eu penso que a noção de responsabilidade (…)
é o valor chave para o exercício da nossa profissão
- [Eu penso que] a interiorização (…) da
responsabilidade (…) é o valor chave para o
exercício da nossa profissão
- [Eu penso que] (…) a prática da responsabilidade
(…) é o valor chave] para o exercício da nossa
profissão …
B195
B196
B197
A responsabilidade como valor
chave da formação
- [A responsabilidade (…) é o valor chave] para a
formação…
- (…) Deve ser incutido [o valor da responsabilidade]
na formação inicial educadores de infância e
professores…
B198
B199
O respeito
- [Princípios éticos essenciais para da formação ética
dos futuros educadores] Depois o respeito…
B200
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 33 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Princípios e
valores
essenciais à
formação dos
educadores
Valores
interpessoais
A tolerância
- [Princípios éticos essenciais para da formação ética
dos futuros educadores] a tolerância (…) que me
parece aqui um valor essencial…
[A tolerância pressupõe exactamente] essa
abertura…
- [A tolerância pressupõe exactamente] essa partilha
B201
B205
B206
A aceitação da diferença
- (…) O ser capaz de admitir a opinião diferente…
- [O ser capaz de admitir] a posição diferente… uma
postura diferente…
- [O ser capaz de admitir] um comportamento
diferente...
B202
B203
B204
Valores
sociopolíticos
Liberdade no sentido político
- (…) Depois um outro valor, que me parece também
essencial: a liberdade…
- (…) Não é naquele sentido… se quisermos… a
nossa liberdade individual…
- (…) É uma liberdade num sentido mais político…
B207
B208
B209
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 34 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Princípios e
valores
essenciais à
formação dos
educadores
Valores
sociopolíticos
Liberdade associada á
responsabilidade
- (…) O futuro estará melhor preparado se nós
exercermos também livremente a nossa profissão…
- [O futuro estará melhor preparado se nós
exercermos também] responsavelmente a nossa
profissão…
- (…) Ter a noção clara de que (…) o educador não
está a formar ali para o imediato…
B211
B212
B213
A liberdade como valor fundamental
da profissão
- (…) Acho que aqui a liberdade é um valor
fundamental que deve ser vivido (…) do ponto de
vista individual, por cada professor/educador …
- [Acho que aqui a liberdade é um valor fundamental
que deve ser] interiorizado, do ponto de vista
individual, por cada professor/educador …
- (…) Também tomar um conceito de liberdade aqui
com esse carácter mais social (…) e fazer ligá-lo à
sua profissão.
- [Também tomar um conceito de liberdade aqui com
esse carácter mais] político (…) e fazer ligá-lo à sua
profissão.
- [Também tomar um conceito de liberdade aqui com
esse carácter mais] interventivo (…) e fazer ligá-lo à
sua profissão.
B219
B220
B221
B222
B223
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 35 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Princípios e
valores
essenciais à
formação dos
educadores
Valores
sociopolíticos
A mudança
- (…) O professor e o educador deve interiorizar a
ideia de que a sociedade muda …
- (…) A sua acção é também uma acção muito
política (…) no sentido em que ela envolve
alterações, mudanças…
- (…) Ele é precursor muitas vezes das grandes
mudanças de mentalidade…
- [Ele é precursor muitas vezes das grandes
mudanças] nos comportamentos…
- [Ele é precursor muitas vezes das grandes
mudanças] nas atitudes…
- [Ele é precursor muitas vezes das grandes
mudanças] nas nossas acções éticas…
B210
B214
B215
B216
B217
B218
Importância
da formação
ética
Importância
atribuída pela
Escola
Importância relativa
- (…) Aquilo que me parecia …a Escola atribuía um
valor relativo à disciplina…
- [Aquilo que me parecia …a Escola atribuía um
valor relativo] à formação nesta área…
B224
B225
Importância
atribuída pelos
Professores
A necessidade da disciplina ser
anual
- (…) A prática da própria disciplina, na prática e
pela experiência concreta com os alunos, sentia-se
(…) a necessidade emergente, de a disciplina (…)
em vez de ser semestral, a disciplina ser anual.
B226
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 36 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Importância
da formação
ética
Importância
atribuída pelos
Professores
A manifestação no Conselho
científico da disciplina ser anual
- (…) E tantas vezes este desejo [da disciplina ser
anual] era manifestado no Conselho Científico, (…)
pelos docentes, por quem leccionava a disciplina…
B227
Importância
Atribuída pelos
alunos
O desejo de mais tempo de formação
- [E tantas vezes este desejo [da disciplina
ser anual] era corroborada precisamente pelos
próprios alunos na avaliação final que eles faziam da
disciplina …
- (…) Uma das críticas que eles apontavam, era
precisamente a escassez de tempo, para aprofundar
verdadeiramente aquelas questões…
- (…) Nós durante as 60 horas semestrais que
tínhamos, (…) não conseguíamos de facto
aprofundar, como eles sentiam que deveria ser
aprofundado, esses problemas, essas questões…
- [(…) Os alunos] achavam sempre que o tempo era
escasso…
- [Os alunos achavam sempre] que deveríamos ter
mais horas para aprofundar…
B228
B229
B230
B233
B234
O reconhecimento da importância
da ética na prática
- (…) A experiência que eu tenho, é que eles (…)
tomavam nota (…) daquelas questões que nós
verdadeiramente considerávamos como as mais
importantes…
B231
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 37 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Importância
da formação
ética
Importância
atribuída pelos
alunos
O reconhecimento da importância
da ética na prática
- (…) Porque tínhamos que fazer alguma reflexão
[sobre as questões consideradas mais importantes] …
- (…) Os alunos sentiam a importância que essas
questões têm e que terão na sua prática concreta, na
sua prática profissional…
B232
B239
Sugestões dos alunos
- [Os alunos achavam sempre] que deveríamos
investir mais em acções de formação…
- [Os alunos achavam sempre que deveríamos
investir mais] em colóquios, em conferências, em
encontros, que tematizassem precisamente as
questões (…) da ética da educação, na educação…
- [Os alunos achavam sempre que deveríamos
investir mais] a ética até de um ponto de vista mais
abrangente
- [Os alunos achavam sempre que deveríamos
investir mais] também as questões da ética do mundo
contemporâneo em que vivemos…
B235
B236
B237
B238
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 38 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Valores
promovidos
pela Escola
A natureza dos
valores
Associados à Igreja Católica
- (…) Nós sabemos que a ESE é uma entidade em
parceria com a diocese de xxxxxxx…
- (…) Em termos digamos ideológicos, em termos
dos seus fundamentos (…) ela tem ligações com a
Igreja Católica…
- (…) E eu aqui também como católica, os valores
que eu julgo que a Escola preconiza, defende, são
partilhados precisamente pelos grandes valores
católicos.
B240
B241
B242
Valores gerais
O humanismo
- (…) O humanismo acima de tudo…
B243
Em prol da a família
- (…) Os valores em prol da família…
B244
Educação
- (…) A educação…
B245
Valores
específicos
Tolerância
- (…) A tolerância…
B246
Pela diferença
- (…) Os valores pela diferença…
B247
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 39 –Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A ética na formação em geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A ética na
formação em
geral
Valores
promovidos
pela Escola
A opinião dos
professores
Consistentes com os grandes valores
éticos do mundo de hoje
- (…) Por isso penso que me inseri (…) me adaptei
bem ao projecto da Escola…
- (…) São esses os valores que …que no fundo julgo,
vão ao encontro dos grandes valores éticos
constituindo também desafios no mundo de hoje…
B248
B249
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 40 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-deontológica dos
formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
formação
De natureza
estrutural
A parceria na dinamização das aulas
- [Dinamizava as aulas] (…) em parceria com o meu
colega, o Professor Mário Piçarra…
B273
A divisão em aulas teóricas e
práticas
- (…) Eram aulas que nós dividíamos entre aulas
teóricas, mas tendo sempre também aulas práticas…
- (…) Eram 4 horas [de aulas] semanais, dois
blocos…
- (…) Um bloco de duas horas nós dedicávamos a
aulas mais teóricas…
- (…) Nas outras duas horas da semana, nós
dedicávamos essas duas horas mais àquilo que
chamávamos aulas mais práticas…
B296
B274
B275
B278
De natureza
pedagógica
A abordagem de textos e reflexões
nas aulas teóricas
- [Nas aulas teóricas] eram trabalhados textos de
referência …
- [Nas aulas teóricas eram] feitas análises
bibliográficas, que fundamentassem depois as nossas
reflexões…
B276
B277
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 41 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
formação
De natureza
pedagógica
Debates e análise de questões nas
aulas práticas
- [Aulas mais práticas] muitas vezes (…) girando à
volta de debate sobre textos …
- [Aulas mais práticas muitas vezes (…) girando à
volta de debate] sobre temas que os alunos
pesquisavam.
- (…) Muitas vezes os próprios alunos trabalhavam
os textos individualmente ou em grupo…
- (…) A aula era gerida em função precisamente
dessa análise, dessas questões e era assim dessa
maneira.
B279
B280
B281
B282
Análise das questões éticas
do mundo contemporâneo
- (…) No contexto da disciplina de Axiologia, nós na escola atribuíamos muita importância na
formação, naquela parte inicial, de introdução ás
temáticas da ética, à (…) à análise profunda das
grandes questões éticas [do mundo contemporâneo]
- [Nós na escola atribuíamos muita importância à
análise profunda] dos grandes desafios éticos do
mundo contemporâneo…
-- (…) Era por aí [pelos grandes desafios éticos do
mundo contemporâneo] que nós começávamos
sempre …
- [(…) Começávamos por] reflectir conjuntamente
com os alunos, com a colaboração de muitos textos
(…) cuja utilidade é sempre alargar a nossa
perspectiva, o nosso olhar …
B442
B443
B444
B445
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 42 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
formação
De natureza
pedagógica
Análise das questões éticas
do mundo contemporâneo
- (…) Começávamos sempre por fazer essa
abordagem inicial de “ Vamos medir o pulso do
mundo em que nós vivemos” …
- [E começávamos sempre por fazer essa abordagem
inicial de] ” Vamos caracterizar a vida que temos, a
vida que levamos ” …
- (…) A análise inicial obrigava sempre os alunos
(…) a fazer um olhar de reflexão crítica sobre o
mundo em que nós vivemos…
B446
B447
B450
Conteúdos de
formação
Deontologia
Sensibilização às questões
deontológicas em geral
- (…) Costumava, nas questões mais deontológicas,
da deontologia da profissão docente (…) eu deixava
sempre cerca de 4 /5 aulas para a parte final do
semestre…
- (…) Nós deixávamos sempre um conjuntinho de
aulas no final do semestre, precisamente para nos
debatermos sobre essas questões [questões
deontológicas]
- (…) Porque eles [os alunos] já tinham adquirido um
conjunto de ideias…
- (…) Já tínhamos trabalhado um conjunto de
questões …
- [Já tínhamos trabalhado um conjunto de]
problemas…
B283
B362
B284
B285
B286
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 43 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Conteúdos de
formação
Deontologia
Sensibilização às questões
deontológicas em geral
- (…) Já tínhamos aprofundado outros temas, que
lhes permitia depois já no final do semestre, serem
mais sensíveis ás questões deontológicas…
B287
Sensibilização às questões
deontológicas da profissão
- (…) Depois a partir daí sim, a pouco e pouco íamos
entrando nas questões da ética na nossa profissão…
- [Depois a partir daí sim, a pouco e pouco íamos
entrando nas questões da] ética na relação do
professor, do educador com os vários agentes.
- (…) Apenas (…) uma referência a uma questão que
me parece importante e que tem a ver com … (…) os
conteúdos que nós trabalhávamos…
- (…) Acho que os meus alunos ficaram (…)
sensibilizados para as questões éticas emergentes
que se impõem no nosso trabalho, na nossa
profissão…
B448
B449
B440
B441
Apoiada em autores portugueses
- (…) E aí houve alguns autores de referência, Maria
Teresa Estrela, Pedro D’Orey da Cunha, Filipe
Rocha…
- (…) Sempre que possível iria buscar bibliografia
em português, autores portugueses…
- [A bibliografia em português] embora escassa mas
(…) de grande profundidade do ponto de vista da
análise…
B288
B289
B290
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 44 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Conteúdos da
formação
Deontologia
A construção de um código
deontológico
- (…) As últimas aulas eram dedicadas ao debate de
questões relativas ao deontológico…
- [As últimas aulas eram dedicadas] à construção de
um código deontológico…
B291
B292
Dilemas éticos Os dilemas da profissão
- [As últimas aulas eram dedicadas] às questões
dilemáticas da profissão docente…
B293
Paradigmas da
formação ética
Paradigma da responsabilidade
- [As últimas aulas eram dedicadas] às questões
relativas aos paradigmas da responsabilidade …
B294
Paradigma da justiça
- [As últimas aulas eram dedicadas] às questões
relativas aos paradigmas da justiça…
B295
Objectivos da
formação
Incentivar tomadas de posição
- (…) Obrigar os alunos a tomar posição…
B297
Promover o espírito crítico e a
reflexão
- [(…) Obrigar os alunos] a assumir posições
críticas…
- [(…) Obrigar os alunos] a assumir posições (…) de
reflexão.
B298
B299
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 45 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
desenvolvi-
mento moral
da criança
Planificação e
realização de
actividades
Sugestões de trabalho baseadas nos
conteúdos teóricos
- (…) Houve algumas situações em que eram os
próprios alunos a…partindo (…) dos conteúdos, das
reflexões mais teóricas acabavam por partir delas, para
me pedir sugestões de trabalho…
B300
Construção de materiais didácticos
- (…) Depois mais concreto na prática e tantas vezes
a construção de jogos…
- (…) A construção de pirâmides hierárquicas de
valores, foram levadas a cabo pelos alunos…
B301
B302
Aplicação dos materiais à prática
pedagógica
- (…) Eles [os alunos] davam muita importância a
essa dimensão, de transpor muito daquilo que fomos
trabalhando …
- (….) A referência a pequenos jogos …
- (….) A referência a estratégias…
B304
B305
B306
Desenvolvimento
das actividades
com as crianças
O envolvimento das crianças
- (…) Eles [os alunos] depois na prática acabavam
por aplicar junto das crianças em momentos de
estágio [os jogos e estratégias] …
B307
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 46 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-
deontológica
dos formandos
Estratégias de
desenvolvi
mento moral
da criança
Desenvolvimento
das actividades
com as crianças
O envolvimento das crianças
- (…) Confrontando as crianças com questões…
- (…) Levando-as a reflectir sobre elas [as questões]
…
- (…) A recolher tomadas de posição [das crianças]
- (…) As crianças também já têm a sua tomada de
posição…
- [As crianças também já têm] o seu olhar sobre
determinadas questões…
B308
B309
B310
B311
B312
A tomada de posição das crianças
sobre valores
- [Eles depois na prática acabavam por levar as
crianças] a posicionar determinados valores
- [Eles depois na prática acabavam por levar as
crianças] a posicionar o valor da família…
- [Eles depois na prática acabavam por levar as
crianças] a posicionar da amizade
B313
B314
B315
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 47 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-deontológica
dos formandos
Impacto da
formação
ética
Na avaliação
Falta de tempo para aprofundar as
grandes questões
- (…) Eu penso que se calhar (…) aí tem a ver
precisamente com a tal denúncia que eles faziam no
final que era as grandes questões, as questões
relevantes que deviam ser trazidas para a aula,
depois acabariam por…
- (…) Muitas vezes condicionados pelo tempo (…)
[teríamos apenas que ficar muitas vezes (…) admito
por alguma superficialidade e não tanto por
aprofundar as questões] …
B316
B339
Necessidade de cumprir o programa
condiciona a verificação dos
resultados da formação
- (…) Nós temos um programa também a cumprir…
- (…) Temos sempre essa condicionante [o
programa cumprir] …
- (…) Condicionados pelo programa que deveríamos
gerir [teríamos apenas que ficar muitas vezes (…)
admito por alguma superficialidade e não tanto por
aprofundar as questões] …
- (…) E tantas vezes não houve oportunidade (…)
de pelo menos ter verificado esse prolongamento de
resultados mais concretos dessa formação ética.
B317
B318
B340
B319
Outros condicionalismos
- (…) O que há um facto é que nós somos muito
condicionados…
- [O que há um facto é que] nem sempre às vezes as
ideias podem ser levadas a bom porto…
B346
B347
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 48 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-deontológica
dos formandos
Impacto da
formação
ética
Em situações de
estágio
Exemplos trazidos das situações de
estágio
- (…) Acontecia muitas vezes que os alunos (…)
colaboravam com pequenas situações, que eles
encontravam em situação de estágio…
- (…) Partindo da constatação do facto [ que eles
encontravam em situação de estágio]
- [Partindo] daquilo que eles observavam […em
situação de estágio]
- [Partindo] daquilo que eles vivenciaram [… em
situação de estágio]
B320
B321
B322
B323
Exemplos de situações com crianças
- (…) Com a atitude que eles [os formandos]
observaram da atitude de uma criança para com
outra…
B324
Exemplos de situações da atitude do
educador com as crianças
- [Partindo] até da atitude do educador para com as
crianças…
- [Partindo] do modo como [o educador] se
relacionava [com as crianças] …
- [Partindo] do modo como constituíam grupos
[… em situação de estágio]
B325
B326
B327
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 49 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-deontológica
dos formandos
Impacto da
formação
ética
Em situações de
estágio
Exemplos de situações da atitude do
educador com as crianças
- (…) Tantas vezes eles [os formandos] auxiliavam-
se dessa pouca prática [de estágio] que ainda tinham
(…) com a qual tinham contactado para (…)
aprofundar ou enquadrar dentro daquilo que era tematizado dentro da nossa aula……
B328
Em situações de
sala de aula
Substituição dos planos de aula pelo
debate de situações práticas
- (…) Nós temos os nossos planos de aula, os nossos
guias de acção…
- (…) Tantas vezes lembro-me que os meus planos,
os meus guias de acção concreta, eram postos em
causa porque foram enriquecidos com o debate, a
propósito daquele evento, daquela situação],
daquela vivência …
- [Os meus planos, os meus guias de acção concreta
foram enriquecidos com o debate] ás vezes coisas
positivas…e tantas vezes também coisas não tão
positivas…
B329
B330
B331
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 50 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-deontológica
dos formandos
Outros
contributos
para a
formação ética
As disciplinas
Filosofia / Sociologia / Axiologia
- [As outras disciplinas contribuíram para a
formação ética dos estagiários] – Eu penso que sim.
- [As disciplinas que deram apoio à formação ética]
… Eu julgo que a Filosofia da educação (…) em
parceria com a Sociologia e Axiologia, constituíram
uma espécie de pirâmide…
- [A Filosofia da educação (…) a Sociologia e
Axiologia,] os três pilares fundamentais que
reuniam as condições para garantir, julgo eu, a
formação ética…
- [A Filosofia da educação (…) a Sociologia e
Axiologia (…) reuniam as condições para] ter em
consideração importância da formação ética dos
futuros educadores.
B348
B359
B360
B361
Os professores
de outras
disciplinas
O reconhecimento das competências
científicas, pedagógicas e éticas dos
outros professores
- (…) Dos meus colegas, quem está como
responsável na área da formação dos educadores e
reconheço…são-lhe reconhecidas competências
científicas…
- [Dos meus colegas, quem está como responsável
na área da formação dos educadores e
reconheço…são-lhe reconhecidas competências]
pedagógicas…
B349
B350
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 51 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-deontológica
dos formandos
Outros
contributos
para a
formação ética
Os professores
de outras
disciplinas
O reconhecimento das competências
científicas, pedagógicas e éticas dos
outros professores
- [Dos meus colegas, quem está como responsável
na área da formação dos educadores e
reconheço…são-lhe reconhecidas competências] eu
penso que também éticas……
B351
A colaboração séria na formação
ética dos alunos
- (…) Eu creio que sim, que os professores
conhecendo-os como conheço, que colaboravam de
forma séria também para a formação ética dos
futuros educadores.
B358
O ambiente da
escola
Uma escola pequena
- (…) Não nos podemos esquecer que a escola, a
ESE em xxxxxx, é uma escola relativamente
pequena…
- [A ESE em xxxxx, é uma escola] com um público
também… relativamente (…) que tem vindo a
decrescer …
- (…) Também não é a única escola [com um
público (…) que tem vindo a decrescer] mas é
reflexo de todos os condicionalismos que nós
conhecemos…
B352
B353
B354
Promove o conhecimento e
proximidade entre professores e
alunos
- (…) O próprio ambiente da escola, eu diria que é
um ambiente que se proporciona a um
conhecimento…
B355
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 52 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “ A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-deontológica
dos formandos
Outros
contributos
para a
formação
ética
O ambiente da
escola
Promove o conhecimento e
proximidade entre professores e
alunos
- [O próprio ambiente da escola, eu diria que é um
ambiente que se proporciona] a uma proximidade
dos professores para com os alunos…
- [O próprio ambiente da escola, eu diria que é um
ambiente] de um á vontade até dos alunos para com
os professores...
B356
B357
Propostas de
alteração à
formação
ética
Integração de
sugestões dos
alunos
Realização de
Seminários e encontros de reflexão
conjunta
- (…) Vou uma vez mais recorrer-me daquilo que é
a experiência e do relato dos alunos…
- (…) Eu sempre procurei dar-lhes muito
esse…ouvido [escutar os alunos] …
- (…) Tantas vezes eles diziam “Professora que bom
que era, se nós para o ano (…) fizéssemos um
seminário, (…) onde nós pudéssemos reflectir em
conjunto”
- [“Professora que bom que era, se nós para o ano
(…) fizéssemos (…) um encontro (…) nem que
fosse só para os alunos aqui da Escola (…) onde nós
pudéssemos reflectir em conjunto”
- [(…)Professora que bom que era, se nós para o
ano (…) fizéssemos ] algo assim mais para a Escola,
a título experimental (…) as onde nós pudéssemos
reflectir em conjunto”
B332
B333
B334
B335
B336
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 53 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “A disciplina de ética e a formação ético-
deontológica dos formandos”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
A disciplina de
ética
e a formação
ético-deontológica
dos formandos
Propostas de
alteração à
formação
ética
Integração de
sugestões dos
alunos
Necessidade de alargar horizontes e
aprofundar questões
- (…) E eles [os alunos] manifestavam muito essa
necessidade, de criar espaços mais regulares, que
permitissem reunir um conjunto de pessoas e
colaborar para alargar os horizontes…
- [E eles manifestavam muito essa necessidade de]
reflectir sobre essas questões que, muitas vezes na
aula nós abordávamos, tocávamos, reflectíamos…
B337
B338
A necessidade da disciplina ser
anual
- (…) Para além disso, eles próprios [os alunos]
sugeriam (…) considerar a hipótese de tornar a
disciplina anual …
- (…) Falavam nisso constantemente [tornar a
disciplinas anual] …
- (…) E quase todos os anos essa era uma das
sugestões apontadas [da disciplina ser anual] …
B341
B342
B343
Perspectiva da
Escola
A abertura da Escola para as
questões ético-deontológicas
- (…) Claro, aqui nestas questões eu penso que a
Escola, esteve sempre aberta…
- (…) A Escola está sempre aberta (…) a contribuir
para a reflexão em torno das questões éticas e
deontológicas…
B344
B345
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 54 - Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “ Os professores e a profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Os professores e
a profissão
Funções do
professor
Formação
Profissional da formação
- (…) O trabalho do professor, passa por tudo aquilo
que nós sabemos que (…) ele é (…) um agente
formador…
- (…) Desenvolve competências…
- (…) Mas ele [o professor] não esquece que tem
que avaliar.
B111
B114
B116
Relacionais
Promotor da socialização
- [O professor] Colabora para todo esse nascer do
ser humano …
B115
Atitude do
professor
Face ao aluno
A atenção ao aluno
- (…) Eu acho que é o segredo… se é que há aqui
algum segredo, o segredo para nos mantermos
verdadeiramente atentos (…) [em relação aos alunos
que temos] …
- [O segredo para nos mantermos] conscientes em
relação aos alunos que temos…
B451
B453
A receptividade
- [O segredo para nos mantermos] sempre
receptivos (…) em relação aos alunos que temos
B452
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 55 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Os professores e a profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Os professores e
a profissão
Atitude do
professor
Face ao aluno
O conhecimento do aluno e do seu
meio familiar
- (…) Os alunos que temos são sempre reflexo da
sociedade que nós temos (…) que nós vivemos.
- [Os alunos que temos] são o reflexo das suas
famílias, dos seus comportamentos…
B454
B455
Face à educação
Educar é mudar
- (…) Se queremos mudar alguma coisa e educar é
também mudar…
B456
Conhecer o mundo para intervir
- [(…) E se queremos mudar alguma coisa] (…)
haveria que partir sempre (…) desse pintar do
mundo em que nós vivemos para percebermos o que
é que temos…
- [E se queremos mudar alguma coisa (…) haveria
que partir sempre desse… desse pintar do mundo
em que nós vivemos, para percebermos] (…) quais
são os desafios que temos pela frente.
B457
B458
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 56 – Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Deontologia da
profissão
docente
Pertinência do
código
deontológico
A ausência do código docente
motiva à reflexão
- (…) Fazíamos a nossa análise a partir da análise de
outros códigos deontológicos que existem nas outras
profissões…
- (…) E quando passamos para o plano da docência,
nós encontramos ali um vazio enorme
[relativamente ao código deontológico] …
- (…) Em debate com os alunos, e confrontados com
esta questão (…) é uma das questões que mais os
motiva até á reflexão…
B366
B367
B368
Objectivos do
código
deontológico
Orientar
Apontar caminhos
- (…) E eu creio que o código deontológico serviria,
pelo menos regulando (…) apontando caminhos …
- [(…) Dando indicação de alguns princípios…
- [O código] deve servir sim, como apresentando um
conjunto de princípios] que orientasse em
determinadas acções concretas …
B377
B382
B398
Reconquistar a
dignidade do
papel do
professor
Reconquistar a dignidade do
professor como educador e
socializador
- (…) Interiorizando alguns princípios fundamentais nós poderíamos de facto caminhar para a
reconquista (…) da dignidade do papel do professor,
enquanto educador…
- [(…) Interiorizando alguns princípios
fundamentais] nós poderíamos de facto caminhar
para a reconquista (…) do papel do professor (…)
enquanto socializador…
B383
B384
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 57 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Deontologia da
profissão
docente
Objectivos do
código
deontológico
Reconquistar a
dignidade do
papel do
professor
Reconquistar a dignidade do
professor como promotor de
mudança
- [(…)Interiorizando alguns princípios
fundamentais] nós poderíamos de facto caminhar
para a reconquista (…) do papel do professor (…)
enquanto motor de mudança da sociedade.
B385
Consolidar a
profissão
Cristalizar um modo de viver a
profissão docente
- (…) Que ele [o código] cristalizasse, aliás como
na sequência das reflexões que nós fizemos dos
textos da Maria Teresa Estrela (…) um certo modo
de estar [na profissão docente] …
- [(…) Que ele cristalizasse, aliás como na
sequência das reflexões que nós fizemos dos textos
da Maria Teresa Estrela (…) um certo (…)] de
viver a profissão docente…
B389
B390
Necessidade
do código
Sentida pelos
alunos
A elaboração do código pelos
alunos
- (…) Houve até um ano (…) não com alunos de
educação de infância, (…) houve um grupo (…) que
sentiu que era um dos problemas centrais, um dos
problemas verdadeiramente importantes [o código
deontológico].
- (…) E eles próprios avançaram… o projecto de
trabalho final para a disciplina, foi precisamente a
elaboração de um código deontológico.
B369
B370
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 58 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Deontologia da
profissão
docente
Necessidade
do código
Sentida pelos
alunos
A elaboração do código pelos
alunos
- (…) Porque eles sentem que é de facto uma
questão importante [a elaboração de um código
deontológico] …
B371
Sentida pelo
professor
A desvalorização profissional
- (…) Eu acho que há aqui outras questões que
justificam a necessidade do código deontológico…
- (…) Por exemplo as questões que têm a ver com a
progressiva desvalorização ou subvalorização geral
da sociedade, em relação ao trabalho do professor.
B374
B375
Inconvenientes
do código
Perigo de ser
Normativo e
impositivo
Um código fechado sobre si mesmo
- (…) Aqui os perigos têm a ver com o facto de se
construir um código demasiado fechado sobre si
mesmo…
B391
Um código demasiado normativo e
impositivo
-[ As desvantagens que eu vejo, cingem-se no
fundo a isto: (…) não poderia ser nunca um código
deontológico] demasiado normativo no sentido em
que ele seria muito impositivo…
B388
Perigo de
ser limitativo
Um código demasiado linear e
restritivo nos seus princípios
- (…) As desvantagens que eu vejo, cingem-se no
fundo a isto: (…) não poderia ser nunca um código
deontológico demasiado linear…
-[ As desvantagens que eu vejo, cingem-se no
fundo a isto: (…) não poderia ser nunca um código
deontológico demasiado (…) restritivo nos seus
princípios …
B386
B387
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 59 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Deontologia da
profissão
docente
Inconvenientes
do código
Perigo de
ser limitativo
Um código limitativo da acção e
desempenho do professor
- [Aqui os perigos têm a ver com o facto de se
construir um código demasiado] limitativo na acção
do professor e do educador …
[Aqui os perigos têm a ver com o facto de se
construir um código demasiado limitativo] no
desempenho do professor e do educador…
B392
B393
Um código limitativo nas
responsabilidades do professor
- [Aqui os perigos têm a ver com o facto de se
construir um código demasiado limitativo] nas
responsabilidades do professor e do educador…
B394
Composição
do código
Não se pretende um código
limitativo
- (…) Não quer dizer que ele seja assim muito
normativo…
- (…) Eu penso que não é isso [um código
demasiado limitativo] que se pretende.
B376
B395
Princípios
orientadores
das relações
humanas
Do professor-aluno e professor-
professor
- (…) Princípios gerais de actuação do professor, na
relação com os seus alunos…
- [Um conjunto de princípios que orientasse] no
estabelecimento das relações com os alunos…
- [(…) Princípios gerais de actuação do professor]
na relação com os outros professores…
- [Um conjunto de princípios que orientasse no
estabelecimento das relações] com os outros
professores…
B378
B399
B379
B400
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 60 – continuação:Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Deontologia da
profissão
docente
Composição
do código
Princípios
orientadores das
relações
humanas
Do professor para com a escola
enquanto instituição
- [(…)Princípios gerais de actuação do professor] na
relação com a Escola enquanto instituição…
B380
Do professor para com a sociedade
no seu conjunto
- [(…) Princípios gerais de actuação do professor]
na relação com a sociedade no seu conjunto…
- [Um conjunto de princípios que orientasse no
estabelecimento das relações] com a sociedade de
um modo geral.
B381
B402
Princípios
orientadores da
profissão
A relação do professor com a
profissão
- [Princípios que orientasse no estabelecimento das
relações] com a profissão em si…
B401
Princípios orientadores no início de
carreira
- (…) Um conjunto de princípios que regulem (…)
[principalmente quem está no início de carreira, no
início da profissão] …
- [(…) Um conjunto de princípios] que orientem
principalmente quem está no início de carreira, no
início da profissão…
B396
B397
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 61 –continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Deontologia da
profissão
docente
Autoria
Educadores e
professores
Conhecem melhor a realidade
concreta
- (…) Os educadores, os professores, que são quem
conhece verdadeiramente a realidade…
- [Os educadores, os professores, que são quem
conhece verdadeiramente] os problemas, as
dificuldades…
- [Os educadores, os professores, que são quem
conhece verdadeiramente] os desafios…
- (…) Antes de mais os educadores e os
professores, directamente mais próximos da
realidade concreta.
B424
B425
B426
B429
Conhecem as potencialidades da
Escola
- [Os educadores, os professores, que são quem
conhece verdadeiramente] até as potencialidades
que a Escola tem…
B427
Conhecem as potencialidades dos
alunos
- [Os educadores, os professores, que são quem
conhece verdadeiramente] os meninos (…) os
alunos têm…
B428
Pais e alunos O contributo dos pais e alunos
- (…) O contributo dos pais…
B434
- [(…) O contributo] até dos próprios alunos…
B435
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 62 – continuação: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Deontologia da
profissão
docente
Autoria
Representantes
do sistema
educativo
O contributo de pessoas ligadas ao
sistema educativo
- (…) O contributo de pessoas que (…) em termos
da organização até do sistema educativo (…) têm
uma percepção (…) muitas vezes mais vertical das
questões…
B436
Investigadores
A colaboração de investigadores
direccionados para a elaboração do
código
- (…) A colaboração penso de quem tem
contribuído com a sua pesquisa, a sua investigação
séria, no âmbito destas questões …
- (…) A colaboração de pessoas que têm já entre
nós uma perspectiva muito bem fundamentada da
importância do código…
- [(…) A colaboração de pessoas que têm já entre
nós uma perspectiva muito bem fundamentada ]da
elaboração de um código deontológico.
B437
B438
B439
Processos de
elaboração
O debate com os agentes educativos
- (…) Eu penso que (…) haveria um contributo
muito importante se fosse resultado de uma
discussão também mais alargada…
. - (…) Acho que passa por um debate …
- (…) O contributo de um debate (…) que
envolvesse (…) os tais agentes que estão sempre
presentes (…) no nosso trabalho…
B430
B432
B433
Análise de conteúdo da entrevista B
Quadro 63 – Conclusão: Análise de conteúdo das respostas do entrevistado B sobre o tema “Deontologia da profissão docente”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Deontologia da
profissão
docente
Opinião face
ao código
Um código isento dos interesses
corporativistas dos professores e
educadores…
- (…) Não sou apologista de que um código seria
(…) uma espécie (…) de um cânon construído ali
em prol dos interesses mais ou menos
corporativistas dos professores e dos educadores…
B431
Defende a existência do
Código
(…) Quando nós falamos das questões
deontológicas, das questões da ética no exercício da
nossa profissão, eu considero (…) sou uma
defensora de facto, da existência de um código
deontológico.
B363
Alunos partilham da opinião do
professor sobre o código
- (…) É muito interessante verificar que da
experiência que eu tenho, seja com os alunos do 1º
ciclo, seja com os alunos da educação de infância,
eles partilham precisamente (…) da mesma ideia…
[da existência de um código deontológico] …
- (…) De um modo geral eles partilham da mesma
ideia [da existência de um código deontológico] …
- (…) Se calhar porque eu também sendo defensora
da existência do código deontológico, acabo por…
- (…) Quando nós nos envolvemos muito nas
coisas, acabamos por transmitir aquilo, do modo
como nos envolvemos nelas…
B364
B365
B372
B373
ANEXO C3
QUADROS-SÍNTESE DA ANÁLISE DE CONTEÚDO
DAS ENTREVISTAS AOS PROFESSORES A E B
Quadro 1 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
A: “O professor e a ética”
Categoria Subcategorias Indicadores
Conceito de ética
Concepções universalistas
-Relação com a pessoa (A)
-Respeito pela pessoa humana na sua universalidade e singularidade
(A)
-A ética é inerente ao humano (B)
-A ética assente na relação direito/dever (A)
Concepções contextualistas
-Depende do contexto cultural (A)
-Situada numa perspectiva histórico-cultural (A)
-Enraizada em múltiplas experiências relacionais (A)
-A raiz da dimensão humana dispensa o contexto metafísico (A)
- Manifestada nas relações de respeito/responsabilidades/autonomia
e competências cidadãs (A)
-A ética como um desafio (B)
- A relação pedagógica como relação ética (B)
-A relação ética como base da formação (B)
(continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Perspectiva do professor sobre o
conceito de “bem “ do aluno
Centrada no desenvolvimento
pessoal
-O seu amadurecimento como pessoa (A)
-Resulta da experiência pessoal do professor (B)
-Orientar o aluno para realizar a sua humanidade (B)
-Orientar através de referências (B)
-Reconhecimento da origem animal (B)
-Promover as suas competências e capacidades (B)
Centrada no desenvolvimento social
As suas experiências relacionais com o professor (A)
-As suas experiências relacionais com os colegas (A)
-O aprofundamento do carácter ético para o desempenho de
responsabilidades sociais (A)
-Apoiar a integração do aluno no mundo (B)
-Dar a conhecer os limites e as regras (B)
-Ajudar a distinguir o bem do mal (B)
-Formar o aluno a nível social e ético (B)
(continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Conceito de justiça
Perspectiva legalista
-O cumprimento de leis (A)
-A aplicação de leis (A)
-O respeito por regras estabelecidas (A)
- As atitudes e comportamentos que orientam as relações humanas
(A)
Perspectiva Pedagógica
- O equilíbrio de atitudes do professor (A).
- O relacionamento tolerante e compreensivo com os alunos (A)
- A resolução de conflitos com parcimónia e bom senso (A)
-A valorização do diálogo (A)
-A justiça perspectivada de forma não absoluta (A)
- A justiça como arbitragem de relações (A)
Perspectiva humanista
- A justiça é ética (B)
- Falível sob o ponto de vista humano (B)
(continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Conceito de professor justo
Valoriza a relação com o aluno
-Usa e promove o diálogo construtivamente (A)
-Toma a iniciativa em dialogar (A)
-Baseia a justiça no diálogo (A)
-Deve ser um bom árbitro (A)
-Promove o bom senso (A)
Avalia com rigor o trabalho do aluno
-Avalia considerando todas as variáveis (B)
-Avalia com objectividade a produção do aluno (B)
-Constrói escala de avaliação de competências (B)
-Consciente das implicações éticas da avaliação (B)
(continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Dilemas éticos dos professores de
Axiologia
Avaliação técnica dos alunos
-Avaliar é eticamente complicado (A)
-Utiliza técnicas de avaliação adequadas (A)
- Os mecanismos de avaliação tranquilizam o professor (A)
-O professor que vê o aluno como decalcável numa grelha de
avaliação não tem problemas éticos em avaliar (A)
Avaliação humanista dos alunos
- O aluno é mais do que a avaliação fria (A)
- Avaliação baseada na empatia (A)
- Preocupação com os efeitos da avaliação na auto-estima e no
trabalho do aluno (A)
-Preocupação com os efeitos da avaliação no relacionamento com os
colegas (A)
-Avalia o aluno num plano mais amplo que a sua produção (A)
-O esforço para humanizar a avaliação (A)
(continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Dilemas éticos dos professores de
Axiologia
Dilemas são uma constante da
profissão
-O professor. confronta-se com situações dilemáticas com alunos
e com colegas (B)
-A resolução de dilemas apela à consciência do professor (B)
-Os dilemas são inevitáveis porque o professor trabalha com seres
humanos (B)
Problemas não dilemáticos
Falta de profissionalismo de colegas
-Os juízos de valores sobre os colegas nem sempre são positivos (B)
-Percepção das falhas éticas dos colegas (B)
-Falta de preparação das aulas (B)
Revelação de informação pessoal
sobre os alunos
-Desacordo em relação ao modo como se fala do aluno (B)
- A divulgação da informação sobre os alunos limitada a vários
contextos (B)
(Conclusão tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Atitude face ao problema
Atitude de distanciamento
-Procura não se envolver em situações que condena (B)
- Distancia-se dos outros professores (B)
Dependente do contacto
-Depende da postura pessoal e das relações que mantém no meio
escolar
(B)
-Avalia o seu envolvimento na situação (B)
Dependente dos efeitos
-Atende as situações que se reflectem no seu trabalho e no seu
relacionamento com o aluno (B)
-Desvaloriza as situações que não interferem no seu trabalho (B)
Dependente da postura individual
-Depende de como cada um gere as situações (B)
Causas dos dilemas
Pressão social sobre o professor
-O professor é um profissional da educação (B)
-O professor não pode substituir os encarregados de educação (B)
-A pressão social contribui para a confusão de funções do professor
(B)
Mistura das funções
Os dilemas resultam do professor misturar funções (B)
Quadro 2 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
B: Dimensão ética em educação de infância ”
Categoria Subcategorias Indicadores
Uma profissão de base ética
Importância da dimensão ética na
profissão
-A dimensão ética tem toda a importância na profissão do educador
(A)
-Qualquer profissão necessita de um suporte ético de valores (A)
Importância da dimensão ética na
formação
-A formação pressupõe um suporte ético de valores (A)
-É necessária formação e reflexão ética dos formadores (A)
Importância da formação moral
da criança
Papel do educador
-As crianças são os seres morais de amanhã (A)
-Atender à formação moral da criança (A), (B)
-Contribuir para a formação moral da criança numa perspectiva de
futuro (A)
-Sensibilizar para a formação moral adequada á criança integrada
num projecto de todos (A)
-Reconhecer-se como agente ético (B)
-Reconhecer-se como formador de seres humanos (B)
(continuação tem B)
Categoria Subcategorias Indicadores
Importância da formação moral
da criança
A criança e as condições sócio
familiares e cultura
-O contacto precoce da criança com realidades socioculturais
diversas
(A), (B)
-O acesso fácil à informação (A)
-A estrutura familiar mais híbrida (A)
-O contributo da formação no desenvolvimento da sociabilidade (A)
Requisitos do exercício ético
Dinamizar as interacções éticas
-Reconhecer as interacções do seu trabalho (B)
-A relação de proximidade ética com a criança (B)
-A relação de proximidade ética com os pais e outros responsáveis
pela criança (B)
-A relação de proximidade ética de respeito, conhecimento e
abertura com outros educadores (B)
-A relação ética com a Escola enquanto instituição (B)
-A relação de proximidade ética e de escuta com as autarquias (B)
(Conclusão tema B)
Categoria Subcategorias Indicadores
Requisitos do exercício ético
Dinamizar as interacções éticas
-A relação de proximidade ética e de escuta com os agentes da
comunidade (B)
-A relação numa perspectiva de totalidade (A)
Saber reflectir
-Necessidade de reflectir sobre a sua relação com as crianças e com
os pais (B)
-Necessidade de tomar consciência dos limites do seu trabalho (B)
Reconhecer os seus deveres
profissionais
-Necessidade de identificar os deveres deontológicos do seu trabalho
(B)
Desenvolver trabalho de parceria
-Professores e educadores tendem cada vez mais a trabalhar em
conjunto (B)
- O educador/professor tem que estar consciente de que o seu
trabalho implica parcerias com outros agentes (B)
Repercussões do trabalho do
educador
-O trabalho do educador não se limita ao seu grupo e à sua sala (B)
- O educador tem que estar consciente de que o seu trabalho tem
repercussões fora da sala (B)
-A criança projecta para o exterior as suas aprendizagens (B)
-A criança partilha com os pais o seu quotidiano na escola (B)
Quadro 3 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
C: Representações sobre o formando e a ética
Categoria Subcategorias Indicadores
Subestimação do papel da ética
Falta de sensibilidade em relação à
ética
-Dificuldade em perspectivar a importância da ética (A)
-Pouca importância atribuída aos valores na formação (A)
-Falta de visibilidade sobre a importância da ética (A)
na educação de infância
-Apreensão pela desvalorização da formação ética (A)
Razões para a falta de sensibilidade
-Visão técnica do Jardim-de-infância (A)
-Dificuldade em entender o papel da ética no Jardim-de-infância (A)
-Relações éticas não são visíveis para os formandos (A)
-Falta de introspecção (A)
-Falta de percepção (A)
-Falta de interesse (A)
-Falta de reflexão (A)
(Conclusão tema C)
Categoria Subcategorias Indicadores
Valorização da dimensão ética
Formação pessoal dos formandos
-São pessoas com uma formação pessoal definida (B)
-Assumem valores e tomadas de posição (B)
-Praticavam o bem (B)
-Não eram mal formados (B)
-Eram educados e dedicados (B)
-Tinham alguns conflitos (B)
Atitude face à profissão
-Atentos aos desafios do mundo e da profissão (B)
Atitude face à formação
-Receptivos ao abordar questões (B)
-Sensibilizados para a importância da sua formação ética (B)
Quadro 4 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
D: Concepções do bom educador
Categoria Subcategorias Indicadores
Qualidades direccionadas para a
pessoa do aluno
-Promotor de felicidade (A)
Promotor de desenvolvimento
-Promotor da aprendizagem (A)
-Facilitador do crescimento (A)
Orientador
-Sabe orientar (A)
-Sabe apoiar (A)
Espírito de humanidade
-Preocupa-se continuamente com os alunos (B)
-É verdadeiramente humano (B)
Espírito de abertura
É respeitador (B)
-É tolerante (B)
-É aberto (B)
-Sabe escutar (B)
-É livre (B)
-É despreconceituoso (B)
(Conclusão tema D)
Categoria Subcategorias Indicadores
Qualidades
direccionadas para o seu trabalho
Reflexivo
-Reflecte sobre o seu trabalho (B)
-Valoriza a diferença (B)
-Consciente de que o resultado do seu trabalho não é imediato (B)
Dedicado
-Prolonga o trabalho da escola em casa (B)
-Planifica e avalia o seu trabalho (B)
-Envolve-se (B)
-Empenha-se (B)
-Não é indiferente (B)
Quadro 5 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
E: A ética na formação em geral
Categoria Subcategorias Indicadores
Princípios e valores essenciais à
formação dos educadores
Valores interpessoais
-O diálogo (A)
-A empatia (A)
-Fazer-se respeitar (A)
- O respeito (A), (B)
-A responsabilidade perante si (A), (B)
-A responsabilidade perante os outros (B)
-Responsabilidade como valor chave da profissão (B)
- A responsabilidade como valor chave da formação (B)
-A tolerância (B)
-A aceitação da diferença (B)
Valores pessoais
-A autonomia (A)
-O pensamento crítico (A)
-A reflexão (A)
(continuação tema E)
Categoria Subcategorias Indicadores
Princípios e valores essenciais à
formação dos educadores
Valores sociopolíticos
-Liberdade no sentido político (B)
-Liberdade associada á responsabilidade (B)
-A liberdade como valor fundamental da profissão (B)
-A mudança (B)
Importância da formação ética
Importância atribuída pela Escola
-Importância considerável (A)
-Importância relativa (B)
-Preocupação com a formação de competências éticas (A)
Importância atribuída pelos
Professores
-A necessidade da disciplina ser anual (B)
-A manifestação no Conselho científico da disciplina ser anual (B)
Importância
atribuída pelos alunos
-O desejo de mais tempo de formação (B)
-O reconhecimento da importância da ética na prática (B)
- Sugestões dos alunos (B)
Processos de formação
Desenvolvimento da Axiologia em paralelo com outras disciplinas
(A)
-Realização de trabalhos pelos alunos em seminários
interdisciplinares (A
(Conclusão tema E)
Categoria Subcategorias Indicadores
Valores promovidos pela Escola
Valores religiosos
-Valores de carácter humanista-cristão (A)
-Associados à Igreja Católica (B)
Valores gerais
-O humanismo (B)
-Em prol da a família (B)
-Educação (B)
Valores específicos
-Tolerância (B)
-Pela diferença (B)
Opinião dos professores
-O professor partilha os valores da Escola (A)
-Consistentes com os grandes valores éticos do mundo de hoje (B)
Quadro 6 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
F: A disciplina de ética e a formação ético-deontológica dos formandos
Categoria Subcategorias Indicadores
Estratégias de formação
Disponibilização da informação
-A perspectiva histórico-cultural contextualizada na
contemporaneidade
(A)
-A desmistificação da novidade (A)
-A abordagem de textos e reflexões nas aulas teóricas (B)
Promoção do pensamento crítico
-Provocar (A)
-Estabelecer pontes (A)
-Fazer pensar (A)
-Debates e análise de questões nas aulas práticas (B)
-Análise das questões éticas do mundo contemporâneo (B)
Justificação das estratégias
-Comportamentos impulsivos (A)
-Predomínio de preocupações pessoais (A)
(continuação tema F )
Categoria Subcategorias Indicadores
Estratégias de formação
Sugestões de actividades práticas
-Aplicação de situações em sala de aula (A)
-Aplicação à exploração de temas e histórias (A)
-Aplicação a actividades lúdicas (A)
-Estabelecer articulação entre teoria e prática (A)
-Salvaguardar da liberdade do educador (A)
Estruturação das aulas
-A parceria na dinamização das aulas (B)
-A divisão em aulas teóricas e práticas (B)
Estratégias de desenvolvimento
moral da criança
Ausência de estratégias
-Nenhuma estratégia prévia (A)
Conhecimento da criança e do grupo
-Observar o grupo para o conhecer (A)
-Conhecer cada criança individualmente (A)
Construção da relação afectiva
-Dar atenção às crianças (A)
-Conquistar afectivamente o grupo (A)
-Estabelecer relação de olhares (A)
-Manter a disponibilidade (A)
(continuação tema F )
Categoria Subcategorias Indicadores
Estratégias de desenvolvimento
moral da criança
Planificação e realização de
actividades
-Sugestões de trabalho baseadas nos conteúdos teóricos (B)
-Construção de materiais didácticos (B)
-Aplicação dos materiais à prática pedagógica (B)
Desenvolvimento das actividades
com as crianças
-O envolvimento das crianças (B)
-A tomada de posição das crianças sobre valores (B)
Conteúdos da formação
Deontologia
-Sensibilização às questões deontológicas em geral (B)
-Sensibilização às questões deontológicas da profissão (B)
-Apoiada em autores portugueses (B)
-A construção de um código deontológico (B)
Dilemas éticos
-Os dilemas da profissão (B)
Paradigmas da formação ética
-Paradigma da responsabilidade (B)
- Paradigma da justiça (B)
(continuação tema F )
Categoria Subcategorias Indicadores
Objectivos da formação
-Incentivar tomadas de posição (B)
-Promover o espírito crítico e a reflexão (B)
Impacto da formação ética
Na avaliação
-Condicionalismos pessoais da avaliação (A), (B)
-Falta de tempo para aprofundar as grandes questões (B)
-Necessidade de cumprir o programa condiciona a verificação dos
resultados da formação (B)
Em situações de estágio
-Aplicação das temáticas da ética em sala de Pré-Escolar (A)
-Exemplos trazidos das situações de estágio (B)
-Exemplos de situações com crianças (B)
-Exemplos de situações da atitude do educador com as crianças (B)
Em situações de sala de aula
-Aplicação das temáticas da ética em sala de aula (A)
-Substituição dos planos de aula pelo debate de situações práticas
(B)
(continuação tema F )
Categoria Subcategorias Indicadores
Impacto da formação ética
Interesses dos alunos
-Código deontológico da profissão (A)
-Autoridade em educação (A)
-Valores em educação (A)
-Temas ético-deontológicos (A)
-Importância da ética na formação pessoal e social (A)
Importância da formação extra-
escolar
-Influência do escutismo (A)
-Influência das experiências de vida (A)
A ética como construção
-O reconhecimento da importância de que a ética tem que se
construir (A)
-O reconhecimento da importância da ética depende do interesse e
da legitimidade que se lhe atribui (A)
(continuação tema F )
Categoria Subcategorias Indicadores
Outros contributos para a
formação ética
As disciplinas
-A disciplina de Teoria e desenvolvimento curricular I e II… e a
formação cívica e para a cidadania (A)
-A disciplina de Teoria e desenvolvimento curricular I e II e a
formação pessoal e social (A)
-A Matemática promotora de actividades integradas numa visão
ética (A)
-Os valores humanistas estão presentes nestas disciplinas (A)
- Filosofia / Sociologia / Axiologia (B)
O currículo oculto da Escola
- Os valores humanistas estão presentes na orientação da Escola (A)
Os professores de outras disciplinas
-O reconhecimento das competências científicas, pedagógicas e
éticas dos outros professores (B)
-A colaboração séria na formação ética dos alunos (B)
O ambiente da escola
-Uma escola pequena (B)
-Promove o conhecimento e proximidade entre professores e alunos
(B)
(Conclusão tema F )
Categoria Subcategorias Indicadores
Propostas de alteração à formação
ética
Introdução de
novas disciplinas
-A perspectiva ética subjacente aos modelos pedagógicos (A)
-Leitura ético-moral dos modelos pedagógicos num plano cultural e
antropológico (A)
Formação mais alongada
-A necessidade de mais tempo para a construção ética do aluno (A)
-A necessidade da disciplina ser anual (B)
Integração de sugestões dos alunos
-Realização de Seminários e encontros de reflexão conjunta (B)
-Necessidade de alargar horizontes e aprofundar questões (B)
Perspectiva da Escola
A abertura da Escola para as questões ético-deontológicas (B)
Quadro 7 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
G: “Os professores e a profissão”
Categoria Subcategorias Indicadores
Funções do professor
Informação
-Profissional da informação (A)
Formação
- Profissional da formação (A), (B)
Relacionais
-Promotor da socialização (A), (B)
Requisitos do professor
Saberes
-Têm que saber ser informados (A)
Competências relacionais
-Têm que saber estar em sociedade (A)
- Têm que saber relacionar-se com os intervenientes do processo
educativo (A)
- A atenção ao aluno (B)
- A receptividade (B)
-O conhecimento do aluno e do seu meio familiar (B)
Competências técnicas
-Têm que ter competências específicas para a sua acção profissional
(A)
(Conclusão tema G )
Categoria Subcategorias Indicadores
A educação como conceito
-A educação é um processo uno (A)
-Os profissionais são comprometidos com a educação (A)
-Educar é mudar (B)
-Conhecer o mundo para intervir (B)
A responsabilidade da profissão
Fundamentos
-Uma responsabilidade acrescida (A)
-Os direitos e deveres (A)
-Uma grande visibilidade (A)
Necessidade de regras
-Regras gerais (A)
-Regras de colocação de professores (A)
Quadro 8 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
H: Deontologia da profissão docente
Categoria Subcategorias Indicadores
Conceito
-O saber do dever ser (A)
Pertinência do código
deontológico
-Particularmente importante (A)
-A ausência do código docente motiva à reflexão (B)
Objectivos do código
-Promover relações de transparência e justiça (A)
Orientar
-Apontar caminhos (B)
Reconquistar a dignidade do papel
do professor
-Reconquistar a dignidade do professor como educador e
socializador
(B)
-Reconquistar a dignidade do professor como promotor de mudança
(B)
Consolidar a profissão
-Cristalizar um modo de viver a profissão docente (B)
(continuação tema H )
Categoria Subcategorias Indicadores
Necessidade do código
Perspectiva idealista
-Não considera necessário (A)
-Promover aprendizagens na base do dever ser (A)
-Desenvolver o saber estar numa perspectiva de aperfeiçoamento
constante (A)
Perspectiva realista
-O comportamento ético-moral inato não é viável (A)
-A necessidade de clarificação de estatuto (A)
- A necessidade de clarificação de desempenho de papéis (A)
-A desvalorização profissional (B)
Sentida pelos alunos
-A elaboração do código pelos alunos (B)
Inconvenientes do código
-Não vê desvantagens (A)
Perigo de ser normativo e impositivo
-Um código fechado sobre si mesmo (B)
-Um código demasiado normativo e impositivo (B)
(continuação tema H )
Categoria Subcategorias Indicadores
Inconvenientes do código
Perigo de ser limitativo
-Um código demasiado linear e restritivo nos seus princípios (B)
-Um código limitativo da acção e desempenho do professor (B)
-Um código limitativo nas responsabilidades do professor (B)
Composição do código
Princípios e Deveres orientadores da
relação
- Deveres de competência relacional (A)
- Do Professor-aluno e professor-professor (B)
- Do professor para com a escola enquanto instituição (B)
-Do professor para com a sociedade no seu conjunto (B)
Princípios orientadores da profissão
-A relação do professor com a profissão (B)
-Princípios orientadores no início de carreira (B)
Autoria
Representantes dos Professores
e elementos do ME
-Professores com formação ética (A)
-Representantes das organizações dos educadores (A)
-Elementos do ME (A)
(continuação tema H )
Categoria Subcategorias Indicadores
Autoria
Representantes dos Professores
e elementos do ME
-Participação conjunta de professores, representantes de
organizações e M.E. (A)
- O contributo de pessoas ligadas ao sistema educativo (B)
Investigadores
-A colaboração de investigadores direccionados para a elaboração
do código (B
Educadores e professores
- Conhecem melhor a realidade concreta (B)
- Conhecem as potencialidades da Escola (B)
- Conhecem as potencialidades dos alunos (B)
Pais e alunos
-O contributo dos pais e alunos (B)
Processos de elaboração
- Deve contemplar as especificidades necessárias (A)
-Desenvolvido numa perspectiva de administração da política
educativa (A)
-Desenvolvido numa perspectiva científico-pedagógica da educação
(A)
-O debate com os agentes educativos (B)
(Conclusão tema H )
Categoria Subcategorias Indicadores
Abrangência do código
-Todos os professores indiferenciadamente (A)
-Abrangente e único (A)
-Um código para cada grau de ensino não é benéfico (A)
Opinião face ao código
-O código como elemento de força numa óptica política (A)
-O código como forma de pressão social (A)
-O código como parceiro social (A)
-Não se pretende um código limitativo (B)
-Um código isento dos interesses corporativistas dos professores e
educadores (B)
-Professor defensor da existência do código (B)
-Alunos partilham da opinião do professor sobre o código (B)
ANEXO D
PROTOCOLOS DAS ENTREVISTAS AOS
FORMANDOS
ANEXO D1
PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO M
ANEXO D1 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO M
Realizada por Margarida Duarte
E – Entrevistador M - Entrevistado
A entrevista foi realizada numa sala de aula da ESE, disponibilizada para o efeito, e
decorreu num ambiente tranquilo e ameno. Foi solicitada e consentida autorização para
a sua gravação.
Em primeiro lugar, gostaria de lhe agradecer a possibilidade que me dá de poder
realizar esta entrevista, que se situa no âmbito do curso de Mestrado em Ciências
da Educação, na área de especialização de Formação de Professores. Esta
entrevista destina-se exactamente à realização da dissertação deste curso, e tem
por alvo a formação ética dos educadores de infância em formação inicial.
Agradeço-lhe a colaboração prestada para este trabalho.
È essencial porque, sem estas entrevistas não era possível realizar a investigação.
Agradeço-lhe também a possibilidade que me dá de poder gravar a entrevista, e
portanto, está garantido o anonimato da entrevista. Portanto, estará
absolutamente á vontade para prestar todas as declarações que achar.
Entretanto, em relação a qualquer dúvida que tenha, relativamente às questões
que forem colocadas, portanto, estarei também à disposição para clarificar
qualquer pergunta menos clara.
Começaria por lhe perguntar:
E - Em relação à totalidade das disciplinas do seu curso, quais é que considera que
são mais importantes para o exercício da profissão de educador?
M – Amm!... Psicologia… tanto a educacional, como a do desenvolvimento, que nós
tivemos, a Axiologia, a Sociologia … depois todas aquelas práticas, portanto,
Desenvolvimento e Drama, Música, as Expressões Plásticas… também... não é bem
Português… mas pronto, nós demos-lhe o nome de Sintaxe e Linguística… que também
acho que é importante. Não me estou a recordar de mais nenhuma….amm, Literatura!
E – E de todas essas que está a referir, qual é que acha que a marcou mais, no
sentido de a sentir mais essencial para o desenvolvimento da profissão de
educador?
M – As essenciais que eu acho mesmo é a Psicologia e a Axiologia.
E – E porque é que considera essas duas, as mais essenciais?
M – È assim …as outras são questões práticas que nós vamos aprendendo, não é, ao
longo do curso. Estas são mais teóricas, que nos ajudam a compreender melhor a
criança…não é…e tudo o que envolve a criança. São…pronto… são mesmo as que eu
acho mesmo principais, são as duas.
E – Olhe, em relação à disciplina de Axiologia, propriamente dita …amm… a
importância que referiu …amm… como é que sente essa importância, como é que
sente amm … como aluna do curso de educadores e já com alguma prática de
estágio, como é que sente a importância desta disciplina?
M – É assim…nós em Axiologia falámos muito da ética, que está muito relacionada
com os valores morais, os valores da pessoa. Temos a moral… portanto, vou tentar
explicar melhor, que é também para me concentrar. Portanto a moral é o que está
escrito… não é! …é da lei… e a ética já é da pessoa, da própria consciência da pessoa e
logo dos valores que a pessoa acredita. Logo, vai condicionar a sua acção…não é…
humana. Portanto, ela vai… a pessoa age consoante os valores que tem e logo aí eu acho
muito importante Se ela valoriza uma coisa claro que depois, na sua acção como
educadoras…como educadora, a sua atitude vai ser em função desse valor, penso. Daí
logo a sua importância.
E – Exacto! Olhe, muito direccionado ainda para a disciplina de Axiologia, de
todos os conteúdos que foram explorados nessa disciplina, quais são os que
considera mais importantes para a sua prática?
M – Também… vou dizer os que me recordo mais. Portanto, é a tal ética, os valores,
discutimos muito os valores… os valores morais da sociedade actual, e também falámos
da deontologia, que infelizmente, da docente … não…não está em vigor. Todas as
profissões têm mas…nós ainda não.
E – Olhe, no âmbito da disciplina de axiologia, que estratégias é que foram
trabalhadas, é que considera que adquiriu, para promover o desenvolvimento
moral dos alunos? Ou assim estratégias especificas, que lhe foram dadas para
resolver determinadas situações ou para apoiar os alunos em termos de
desenvolvimento moral?
Marta – Não! Não, eu penso que não. Só trabalhámos os valores e pronto… a
deontologia, a ética, mas assim situações de como nós agirmos, não.
E – E nessas aulas não eram colocados problemas dessa ordem, surgidos da
prática, para serem discutidos?
M – Foram, mas não foi de prática em Jardim. Portanto, falámos de dilemas éticos, mas
de casos reais, mas não era…não eram de Jardim.
E – Portanto, as alunas não colocavam situações de prática pedagógica, que de
alguma forma levassem à discussão desses assuntos em termos éticos?
M – Penso que não! Pelo menos não… não me lembro. Pronto, não me lembro, acho
que não.
E – Olhe, que outras disciplinas do curso, é que considera que também
contribuíram para a sua formação ética como educadora?
M – Portanto, a Psicologia… pronto… porque ao darmos várias formações ou as
características das crianças de cada idade, ajuda-nos também a saber como agir. Não sei
se por um lado a literatura, porque por exemplo, nós falámos de várias histórias e vários
textos literários, um deles era a fábula… não sei, pronto…ao lermos uma fábula à
criança, ela tem sempre a moral da história, portanto, penso que também ajudará o
educador. Outra disciplina…
E – Os textos que me fala e que foram trabalhados em literatura, nessa disciplina,
essa … essa moral que fala, que era o resultante desses textos, era explorada na
aula?
M – Nós explorávamos as fábulas… foi dado a escolher uma fábula a cada…e por acaso
nós explorámos a fábula da cigarra e da formiga, e depois explorámos sim.
E – Portanto, no sentido de perceber que valores é que estavam subjacentes a… a
esses textos.
M – Sim e até mesmo tentámos ver em que contextos é que tinham surgido, em
situações de prática em Jardim.
E – Portanto, falou da Psicologia e Literatura…
M – Sim!
E – Considera que foram também disciplinas que vieram reforçar os conteúdos
que de alguma trabalhou em Axiologia?
M– Sim.
E – É isso?
M – Sim!
E – Em relação a esta escola de formação, que aspectos é que acha que… que esta
escola mais valoriza em termos da formação ética?
M – Que aspectos!? …
E – Ou seja, que princípios ou que valores é que acha que esta escola defende?
M – É assim … essencialmente, como sendo uma escola católica são os valores cristãos,
sem dúvida. Portanto…tanto na Páscoa, no Natal, portanto, organiza as missas,
portanto, penso que são mais os cristãos que a escola defende.
E – E dentro desses valores cristãos, quais é que destacaria?
M – Destacaria a solidariedade, por causa agora da campanha que há para Guiné.
Depois é a fé… essencialmente são esses…é mais a fé, a solidariedade…
E – Concorda com esses valores ou acha que a escola deveria valorizar outros?
Além destes, ou outros sem ser estes?
M - Eu penso que sim! Por exemplo, nós tivemos uma disciplina, que logo aí mostra
mesmo o carácter que está na escola. Tivemos duas: era o Humanismo Cristão e a outra
era Ciências Religiosas. Portanto, era dado por um padre. Portanto, ele poderia agarrar
nessas duas disciplinas e mostrar-nos outras culturas, que nós não vamos ter crianças só
católicas. Poderia agarrar e mostrar-nos outros valores. Mas não… mostrou-nos
simplesmente os princípios cristãos, os valores cristãos.
E – E… e… e esses… esses valores que esse professor destacou, foram mais uma
vez a solidariedade e a fé, ou alargou a outros?
M – É sempre a Solidariedade, Fé. Mostrou o respeito… estou-me a lembrar, o respeito
pelo outro. Também acho um valor importante, mais importante se calhar do que os
anteriores, principalmente a Fé, porque nós estamos numa sociedade que hoje muita
gente não tem Fé. O respeito… mais… não me estou a conseguir lembra de mais.
E – Olhe, que outros valores na sua perspectiva, que outros valores é que gostaria
que a escola tivesse defendido, para além da solidariedade, da fé, do respeito…
M – Estou-me a lembrar de outra coisa. Também era valorizado o valor da família.
E agora outros…depois é sempre o valor da família, o amor… vá… outros que eu
acharia que também eram necessários… não sei! Trabalhar se calhar o valor da
liberdade, que acho que… não é…mostrar que a liberdade, a nossa liberdade, acaba
quando a do outro começa, não é! Acho que é…a liberdade não é fazer tudo o que… o
que apetece…foi pouco trabalhada. Foi discutido, lá está, na disciplina de Axiologia,
agora nestas de… de… tem a ver com as disciplinas cristãs, não! Foi pouco.
E – Olhe, em relação ás repercussões que a formação ética que recebeu tem, na sua
prática pedagógica, eu iria colocar-lhe a seguinte questão: durante o tempo de
estágio, portanto, que já começou em Setembro e até ao momento, lembra-se de
algum dilema ou de alguma situação ética, que tivesse surgido no Jardim onde tem
estado a estagiar e que queira relatar?
M – Eu por acaso já estive a pensar e … eu comigo não me lembro… que se tenha
passado comigo, não, nem com outra pessoa.
E – Portanto, em termos de… de… de situações, quer de relação adulto-criança,
quer de relação adulto-adulto…
M – Que me lembre, não! Não, não consigo. Portanto, pode surgir… não sei, quando
nós castigamos uma criança, não é… ficarmos em conflito com nós próprios, se foi ou
não certo… mas não…não…não me lembro se…
E – Nem lhe surgiu ainda essa situação?
M – Não, comigo não!
E – Hipoteticamente falando, se tivesse que se confrontar com uma situação
dilemática, uma situação eticamente difícil, digamos assim, que envolvesse ou o seu
relacionamento com adultos, ou o relacionamento com crianças, que valores é que
gostaria de accionar para resolver essa situação? Isto é uma pergunta difícil
porque a situação não aconteceu, não é?
M – Exacto, exacto!
E – Se tivesse acontecido era mais fácil. Mas hipoteticamente falando, se um dia
tiver que se confrontar com uma situação desta natureza, que valores é que
gostaria de poder accionar para resolver?
M – Não sei! … Talvez, se calhar o valor do amor… não sei… como sendo aqui…o
valor de amor como sendo o melhor para a criança. Não estou a ver bem a situação
porque não me aconteceu nenhuma. Mas seria o melhor para… portanto, em relação ao
amor, talvez.
E – Por conseguinte, não havendo uma situação definida, e pedindo que se
pronuncie sobre uma situação que não existe, o que é muito difícil, à partida fosse
qual fosse a situação, gostaria que fosse resolvida na base de… o melhor para o
bem da criança é assim?
M – Sim!
E – Olhe, que valores é que acha que um bom educador deve ter?
Marta – O valor do amor, também… do respeito… não só o respeito para com os outros
colegas… vá… educadores adultos, mas também para com as crianças.
O valor da solidariedade… Portanto, são valores importantes que um educador ao tê-los,
logo à partida vai transmiti-los também à criança, não é! Porque a pessoa se acredita
naqueles valores, a pessoa não é neutra… a criança também capta.
A solidariedade, o respeito, o amor, a liberdade…mostrar que não é…não se pode fazer
tudo o que se apetece. Não me estou a recordar de mais valores.
E – Sim senhor! A formação ética que recebeu até ao momento, acha que a satisfez
ou ficou aquém e gostaria de…de saber mais?
M – A gente nunca sabe tudo! É assim… eu fiquei satisfeita! Adorei a disciplina de
Axiologia, portanto, que foi a que tocou mais nesses assuntos, nos valores. Eu gostei
muito e acho que estou sempre… a gente está sempre a aprender mais. Temos de estar
sempre a acompanhar. A Axiologia até foi dito, os valores estão sempre a mudar, e
estão! Nós devemos de acompanhá-los, mas também não deixar os valores importantes.
Acho que hoje em dia está-se a dar muito valor às coisas materiais. É isso que se está a
transmitir às crianças: o ter tudo. O educador não se pode deixar levar por aí! Tem que
ter os espirituais… vá… os ditos espirituais: a família, o amor, o respeito, solidariedade,
liberdade, poder transmiti-los. Portanto, eu acho que é por aí.
E – Se pudesse intervir na…na programação da … de uma disciplina de formação
ética, que outros assuntos é que incluiria, além daqueles que foram abordados?
M – Talvez as situações práticas. Portanto, o expor acontecimentos que tenham ocorrido
mesmo em Jardim… e portanto seria importante trazer os dilemas para a sala e pôr os
educadores a discutirem mesmo… porque é que agiriam assim ou ao contrário.
Portanto, acho que seria importante. Penso que foi o que faltou.
E – E essa proposta nunca foi feita por parte dos alunos?
M – Eu penso que não! Agora que reflicto sobre isso, eu estou-me a lembrar que seria
importante.
E – E portanto os alunos nunca fizeram essa proposta?
M – Penso que não! Falámos apenas, portanto, de dilemas morais e situações reais que
aconteceram, mas nunca direccionados para a prática mesmo de Jardim-de-infância.
E – Olhe, no âmbito de deontologia profissional, considera importante a existência
de um código deontológico da profissão docente?
M – Sim!
E – Porquê?
M – Portanto, nós…a Axiologia vimos vários códigos deontológicos, inclusive o do
médico. Vimos a proposta de um código exactamente para a profissão docente.
Assim o código deontológico acho que deve ser importante porque é… ás vezes há
situações….não é…penso que sim… que o educador não sabe como agir. Talvez tendo
um código deontológico, portanto, é …ele funciona… vai funcionar como um guia, em
que vai ajudar através dele saber como …qual a melhor solução para aquele problema.
Eu penso que aí, portanto, os educadores não têm referência nenhum, agem por si, pelo
aquilo que eles pensam que está correcto. E se tivesse um…se houvesse um código
deontológico, acho que seria diferente… á que normalmente… pelo menos todos os
educadores já sabiam… nesta situação… portanto, era como… exactamente como um
guia, como um…um livro… vá…onde nós pudéssemos consultar e agir da melhor
forma. Acho que é isso que faz falta.
E – Olhe, vê algumas desvantagens na existência de um código?
M– Desvantagens… Eu penso que há sempre aquelas situações críticas, que dão sempre
confusão. Eu estou-me a lembrar quando a gente viu, portanto, não tem a ver agora com
a educação de infância, até porque nos vimos um código deontológico da profissão
docente, mas para professores e lembro-me de uma…de uma questão que lá estava, que
era das… das explicações… que… pronto…havia professores…e nós depois até
discutimos, se não haveria professores que dessem a matéria mal dada nas aulas, afim
de conseguir arranjar mais alunos para dar… pronto …para dar explicações, visto que…
que recebe bem das explicações. Portanto, é claro que nós dissemos logo que não, visto
que está escrito no código deontológico que ele não deve fazê-lo. Mas se calhar esse
professor não vai ao encontro disso. Portanto, há sempre aquelas situações de conflito.
Nem todas as pessoas pensam da mesma maneira. Mas penso que ajudaria muito o
código deontológico.
E – Portanto, não vê assim desvantagens em que ele não exista.
M – Não, não vejo!
E – Sente a falta dele é isso.
M – Sim!
E – E sente falta dele, por achar que está numa situação de… de inicio de carreira
e precisa de… de pontos referência para a orientação?
M – Sim, sim, sim!
E – Olhe, que deveres é que incluiria nesse código se fosse chamada a participar na
elaboração dele? Que valores, que deveres é que sugeria?
M – Relacionado com a educação de infância, é assim: o dever de não maltratar a
criança, seja fisicamente ou psicologicamente. Portanto, estou na minha prática e não
sei… podia ser uma situação de conflito, mas vejo muito… muita humilhação, muito o
chamar nomes… pronto! Portanto, o dever era não maltratar a criança seja fisicamente,
seja psicologicamente. Outro dever…
E – Permita-me só interromper? Nessa prática pedagógica em que assiste a essas
situações, portanto, não está directamente envolvida, assiste, quando assiste como é
que se sente?
M – Eu olho para a cara da criança e sinto-me revoltada por ela. Assisti a uma que…
portanto, a criança ficou quase chorosa à minha frente e eu ali… pronto! Fico mesmo
revoltada, mas também não… não me sinto no direito, uma vez que também sou
estagiária, de me revoltar contra o adulto e criar ali também uma situação de conflito.
E olho para a criança e sinto mesmo revolta e pena da situação que… que… que o
adulto causou na criança.
E – Portanto, o seu dilema neste caso, é perceber que a criança ficou numa
situação de fragilidade, provavelmente fragilidade emocional e que não a pode
defender, porque como estagiária não sente a autoridade suficiente para a
defender, é isso?
M – Exactamente1
E – Portanto existe aqui um dilema, entre defender os direitos da criança ou de
alguma forma…
M – Causar se calhar uma situação de conflito…
E – Causar uma situação de conflito com o adulto.
M – Sim!
E – Imaginando que…que…que podia intervir, como é que resolveria?
M – Não sei…se calhar talvez chamasse atenção do adulto, para não voltar a fazer, não
é?) Não à frente das crianças, porque assim estaria a fazer o que ela fez, mas chamando-
a à parte, não é! Tentá-la chamar à razão, porque não é justo para a criança, portanto,
porque a criança a ser humilhada… vá…entre aspas, à frente das restantes, faço ideia, a
criança fica com uma auto-estima mesmo em baixo. Ia tentá-la chamar à razão. Penso
que seria o mais…mais … e incentivar o adulto também a pedir desculpas á criança, que
eu acho que é um factor importante.
E – Portanto, o primeiro dever que apontava seria, como disse, de salvaguardar a
integridade física e emocional da criança, em relação ao adulto.
Que outros deveres além desse?
M – Outros deveres…
E – Acha que… a profissão de educadores de infância, começa e acaba só na
relação adulto criança ou envolveria outros intervenientes?
M – Acho… não, não, não! A criança de todo o…com os colegas… vá… da instituição,
ou dali daquele meio, pais…os pais são um factor importante e a restante comunidade.
E – Porque é que acha que os pais são um factor importante?
M – Porque os pais… é assim…por ver… as crianças são assim porque os pais o são,
não é! Vá…os pais são o espelho da criança. Se a criança é assim, é porque tem
referências dos pais que são assim e se calhar muitas vezes nós conseguimos resolver
problemas da criança se os juntarmos aos pais e se cooperarmos com eles. Por isso
também seria um factor importante dentro do código deontológico, o dever de… de
cooperar com os pais. É mesmo o dever de cooperar com eles.
E – E em relação à comunidade, como é que veria o papel da comunidade em
termos de deveres num código deontológico?
M – Em relação à comunidade… por exemplo… mais vale um exemplo prático que é
para… por exemplo, imaginemos que uma comunidade tem um lar de idosos.
Penso que é dever do educador, as crianças ás vezes nem sabem sequer o que é um lar
de idosos, nem sabem que existe… só se for algum que tem por acaso um avô ou
…pronto… ou um familiar. Portanto, acho que é dever da… da educadora, uma vez que
sabe, que tem informação disso, cooperar com…com esse lar, fazer visitas…
não…não…isso não faz só bem às crianças, como também aos idosos que estão nesse
lar. Penso que seria uma mais valia para ambos.
E – Portanto, neste caso esta a falar de um dever do educador de estender o seu
trabalho à comunidade…
M – Sim!
E – Relacionado com a comunidade
M – Sim, exactamente.
E – Olhe, em relação ainda ao código, quem é que acha que deveria participar na
elaboração de um código da profissão docente?
M – É assim… eu não sei…quer dizer…eu não sei como são, os deveres… eu penso
que são diferentes de professores para educadores. Talvez na profissão docente haveria
de haver dois: um para professores e outro para educadoras, uma vez que…pronto, são
completamente diferentes e nos de professores participarem os professores e nos
educadores, os educadores, porque eles é que conhecem bem o meio onde estão, não é!
E – Portanto, vê uma diferença significativa entre a profissão professor e a
profissão educador?
M– Sim!
E – Em que aspectos?
M – Portanto, um professor é… eu penso que é… portanto, um professor tem um
programa. Ele tem que cumprir aquele programa. Está ali, as crianças estão sentadas e
ele mesmo que não se queira, debita, não é… a matéria. O educador não! Não tem
programa. Tem umas orientações e ele tem de partir de situações do dia a dia, de
situações da criança, a partir do que ela sabe portanto, explorar e tentar transmitir-lhe aí
alguns conhecimentos. Não lhe vai dar matéria, porque a criança também não apreende.
Vai ensinando-a brincando. Portanto, logo aí é diferente. Eu penso que um professor,
guiando-se por um livro, estar ali a dar aulas, é diferente de um educador ali com 25
crianças no máximo, não tem livros, não há dias. Portanto é diferente.
E – E essa diferença, portanto, considera-a que justifica a existência de códigos
diferentes?
M– Sim!
E – Olhe, para além de… de educadores e professores, acha que deveriam outras
entidades integrar esse projecto de elaboração de código, ou somente os
profissionais de cada uma das áreas?
M – Os profissionais e…eu não sei bem como isso funciona, mas talvez alguém que
faça parte do ministério da educação, não é... que acompanhe e que oriente o debate,
porque são sempre… vai sempre haver situações de conflito e chegar à melhor hipótese.
E – Olhe, em relação a tudo o que foi dito, e situando-nos ainda no grande tópico
que é perceber o que os professores e educadores em formação inicial, pensam da
formação ética, há alguma coisa que eu não tenha perguntado e que queria
referir?
M– Não! Penso que não! Penso que perguntou tudo e acho que não tenho mais nada a
acrescentar.
E – Então agradeço-lhe mais uma vez a sua preciosa ajuda para este trabalho.
Obrigado.
ANEXO D2
PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO R
ANEXO D2 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO R
Realizada por Margarida Duarte
E – Entrevistador R - Entrevistado
E – Esta entrevista começaria por informá-la, que se insere na dissertação do
Curso de Mestrado em Ciências da Educação, na Área de Formação de
Professores e destina-se a recolher dados sobre as representações que alunos e
professores têm, sobre a dimensão ética dos educadores de infância, em formação
inicial. A sua colaboração será extremamente útil, porque sem a realização desta
entrevista seria impossível realizar o trabalho, porque é daqui que vamos recolher
os dados que precisamos para fazer esta investigação e eu agradeço-lhe ter-me
dado o consentimento para fazer a gravação. Por conseguinte, será totalmente
anónima, e por conseguinte, agradeço-lhe este contributo a que se prestou.
Se houver alguma pergunta ou alguma questão que queira colocar, de forma a
esclarecer alguma dúvida, portanto, gostaria de a pôr desde já à vontade.
Rita – Obrigada.
E – Olhe, fazendo um balanço de todas as disciplinas do seu curso de educadores
de infância, quais são as que considera mais importantes para o exercício da
profissão de educador?
R – Sem dúvida Axiologia Educacional primeiro, porque acho que tem muito a ver com
a nossa pessoa, (não é?) (E … e depois penso que) também é muito importante
Literatura Infantil, a Metodologia da Matemática, as Expressões… (pronto…) todas
essas áreas que depois nós também iremos trabalhar e desenvolver com as crianças, não
é? Pronto, acho que é basicamente…
E – Porque é que considera, das disciplinas que referiu, porque é que as elege como
mais importantes?
R – Então…a Axiologia Educacional porque penso que é muito importante para nós.
Nós termos uma formação que nos desperte para nós, enquanto pessoas, e nós enquanto
educadores (e nós não…) nós enquanto educadores, devemos ter uma componente de
formação a nível social, muito importante, não é!...Porque nós vamos despertar nas
crianças a maneira como… como elas vão viver no mundo, e não é…e todas essas
coisas. E então eu acho que é muito importantes nós sabermos como é que havemos de
introduzir a criança no mundo, mas também ter muita atenção aos nosso actos, não
é!...Porque devemos ter cuidado…é a tal coisa. A criança aprende muito mais através de
exemplos, não é…! Porque ela elege um modelo… do que…do que… através daquilo
que nós dizemos … e então é muito importante nós termos atenção à nossa conduta. E é
o que a Axiologia Educacional desperta-nos para isso, tanto em sociedade, como depois
nós na nossa sala de actividades. E depois as Expressões e a Metodologia da
Matemática e a Literatura Infantil, acho que são áreas que também são muito
importantes nós desenvolvermos com as crianças, porque… para já elas…nós vamos
preparando também não só para a vida, para o mundo, como também para a escola, não
é…! Para a sua formação a nível de escolaridade. E então penso que também é
importante dar-mos privilégio a estas áreas e também acho que é bom privilegiar a
Literatura Infantil. Despertar o interesse das crianças pelos livros e pela leitura e pela
escrita também. Perceberem já antes de irem p’ra… p’ra … p’ró 1º ciclo… perceberem
o que é que é escrita no que é que consiste, assim como… como a matemática. Porque
se forem devidamente despertas para estas situações todas, provavelmente terão um
percurso escolar e social muito mais vantajoso e muito melhor, não é?
E – Portanto, em relação a essas disciplinas ficou claro realmente a sua posição,
face à importância que lhes atribui.
R– Sim!
E – Em relação à Axiologia, qual é que acha que tem sido o contributo desta
disciplina… enfim, para a sua prática pedagógica?
R – Para a minha prática? Eu penso que desde que tive esta disciplina, fiquei mais
desperta a certas… certos actos que… que se calhar nós tomamos, ou que nós fazemos e
que se calhar nos passam ao lado, se não tivermos uma disciplina que nos alerte para
este tipo de coisas. E então penso que me influenciou bastante na minha forma de agir e
de pensar, até porque acho que é muito importante nós, no fim de estarmos com as
crianças um dia inteiro, reflectirmos naquilo que fizemos, se é correcto ou não … e se
calhar são coisas que nós não faríamos, se não tivéssemos esta disciplina. É também
importante saber que desde… desde esta faixa etária que devem… que devem ser
trabalhados os valores e… e devemos desenvolver estas capacidades todas na criança,
não é?
E também é muito importante porque a Axiologia nos alerta que, não é… não devemos
ter em atenção só as crianças, mas também devemos ter em atenção os nossos hábitos
para connosco próprios, crianças do meio envolvente, não é…os pais…porque a nossa
profissão está muito ligada a todas estas coisas. E então penso que é muito importante
nós sabermos como é que devemos agir também. Acho que é…que é isso.
E – Olhe, ainda no âmbito da disciplina da Axiologia, quais são os conteúdos que
considera mais importantes de todos os que aprendeu? Quais são os que mais
valoriza?
R – Então… dentro da disciplina que nós tivemos… tivemos vários conteúdos, não é!
Aquele que me despertou mais e que eu mais gostei, foi realmente a deontologia, porque
acho que é mesmo muito importante. E então…penso até que… que devia ser uma…
uma… uma disciplina, a Axiologia, que se prolongasse por mais um bocadinho, porque
tem muitas coisas a serem abordadas em tão pouco tempo. E penso que a deontologia
devia ser realmente abordada e … e devia ser… devia ser falado um bocadinho com
mais tempo. Até… até em relação aos códigos deontológicos que nós também falamos
na… na nossa… nesta cadeira e foi isso que me despertou bastante.
E – Olhe, que estratégias é que conhece que a apoiem na… no desenvolvimento
moral das crianças, ou seja, na sua prática pedagógica, que estratégias é que… é
que foram exploradas no âmbito da formação, que a ajudem a promover o
desenvolvimento moral dos meninos?
R– Fala de estratégias…como?
E – Portanto, foram-lhe dadas estratégias de acção, para resolver situações do
âmbito da formação ética com os seus alunos?
R – Enfim, estratégias de acção, não! Mas talvez linhas orientadoras, por aí, acho que
sim.
E – E que linhas orientadoras é que…é que lhe foram dadas nesse sentido?
R– Então… para já, nós termos uma… uma… uma conduta frente ás crianças, enfim,
linear
E depois termos atenção em relação, por exemplo, aos castigos que aplicamos… se…se
têm cabimento ou não; se é na hora que se deve fazer, porque depois se calhar se já for
uma hora depois, não tem qualquer importância para a criança, não é! …Porque ela não
vai compreender que…que está a ser castigada por aquilo que fez. Depois acho que nos
focámos essencialmente aí e que era importante abordar valores. Mas foi tudo assim de
uma maneira muito geral. Por isso é que devia ser um bocadinho mais alargado, porque
depois o tempo é pouco.
E – Sentiu a necessidade de que esta disciplina fosse mais abrangente no tempo…
R – Sim…
E – … E mais… talvez mais especifica, é isso?
R – Sim, talvez …porque… porque é assim, a disciplina é semestral. Eu acho que… que
em 6 meses, menos de 6 meses obviamente, que não… que nunca dá para focar tudo tão
bem, não é!
E depois acho que falta componente…óbvio que nunca vamos ter uma componente
assim muito prática. Mas tal como estava a dizer das estratégias, acho que falta isso à
disciplina. Portanto, é óbvio que nós temos linhas orientadoras, mas nunca…mas é
sempre muito diferente, porque acho que essas linhas orientadoras, quando nós
estivermos num Jardim, na nossa prática diária, não é! … Provavelmente aquilo que nós
vamos fazer, é o que nós achamos que está bem. E então talvez seja um bocadinho mais
vindo do nosso interior, do que propriamente daquilo que nós estivemos a falar.
E – Olhe, por conseguinte, sente necessidade de que a formação ética que é
proporcionada pela escola, fosse baseada na prática, nos problemas surgidos da
prática, é isso?
R – Sim, também. Acho que já é muito bom a nossa escola ter esta formação, não é! …
Porque provavelmente há muitas escolas que ainda, no curso de educação de infância,
que ainda não têm nenhuma cadeira, em que… em que seja chamada a atenção, entre
aspas para isto, para este tipo de situações. Mas depois sim, também penso que… que
deveria ser um bocadinho mais alargado, para nos dar… p’ra nos… digamos… p’ra nós
nos sentirmos mais preparadas quando vamos p´ra nossa prática pedagógica… porque é
completamente diferente, não é! E se calhar se tivermos uma componente um bocadinho
mais prática desta disciplina, talvez seja melhor e não passe tão ao lado…Porque depois
se calhar há pessoas que gostam da disciplina, mas acabam por esquecer, ou que não é
assim tão importante e que não… e que não vão valorizar, até porque se calhar não
conseguiram tirar as ilações daquilo que nós aprendemos, para depois nós aplicarmos.
E – Olhe, que outras disciplinas do seu curso, é que considera que também
contribuíram para a sua formação ética, a par da Axiologia?
R – A par da Axiologia, a Sociologia da Educação, porque nessa cadeira nós falamos
também dos valores, não é! E da evolução da sociedade que vem a par também com…
com esta formação ética, porque a formação ética é uma coisa que está sempre… que
acompanha a evolução da…da sociedade. E penso que mais nenhuma.
E – Olhe, em relação a esta escola especificamente, que aspectos é que acha que
esta escola valoriza mais, em termos de formação ética, ou seja, que princípios e
que valores é que acha que esta escola valoriza mais?
R – Mas princípios e valores em relação a….
E – À formação ética, portanto no âmbito da formação ética…
R – Sim!
E – … que acha… que… que aspectos é que acha que a escola valoriza mais?
R – ….
E – A escola enquanto instituição, terá provavelmente um conjunto de princípios
pelos quais se orienta, não é?
R – Sim, sim!
E – Que princípios ou valores é que acha que a escola segue?
R – É assim…esta resposta vai ser um bocadinho curta, porque também acho que não
estou muito dentro disso. Mas talvez nós sairmos daqui com uma…com uma formação
um bocadinho a nível… a nível de tudo. Mas também penso que valoriza este… este
âmbito da… da formação ética, pela Axiologia, não é! E também…
E – Acha que há assim… se tivesse que destacar determinados valores defendidos
pela a escola, quais é que apontaria?
R – Nós temos o nosso… a nossa frase, que é “QUEM AMA EDUCA SEMPRE”, que
eu acho que é muito importante, não é! Até porque quem não está nesta profissão por
gosto, se ela por gosto já… já tem… já temos que superar tanta coisa, quanto mais se
não gostarmos. E acho que quando não gostamos do que estamos a fazer, mais vale não
fazer, porque nunca vamos… nunca vamos ser eticamente correctos, não é! E então
penso que só pelo lema, acho que já valoriza também esta componente ética.
E – Portanto, para além do amor, nesse caso para além do amor que está contido
no lema, que outros aspectos é que acha que se realçam aqui?
R – Não lhe sei responder.
E – Olhe, então faria outra pergunta. Que valores é que gostaria que esta escola
defendesse? Enquanto instituição, que valores é que acha que esta escola deveria
assumir e valorizar?
R – Então… penso que…deveria valorizar… mais…posso pensar?
E – Claro!
R – Ai que interessante! Acho que a nossa escola deveria valorizar um bocadinho mais
uma… a dinâmica. Deveria se calhar dar um bocadinho mais de… mais um bocadinho
de… espaço á parte prática, á parte pedagógica que nós temos, que penso que é
reduzida, porque nunca vamos sair daqui com… com uma prática pedagógica
suficiente. Óbvio que nunca ninguém sai, mas acho que poderia ser um bocadinho mais
alargada. Acho que…que podia estar um bocadinho mais atenta ao desenvolvimento
de… de novas… de novas pedagogias que vão aparecendo e…e por exemplo, novas
estratégias a nível de matemática e…e talvez penso que poderiam apostar um bocadinho
mais na formação dos professores que estão a formar-nos a nós, não é! … Porque temos
professores muito bons, não é! Mas depois também temos professores que… que
nunca… nunca souberam o que é estar numa… numa sala de… de actividades…e que
não sabem o que é que consiste a nossa profissão. E acho que se calhar é um
bocadinho… nem que não sejam educadoras, mas que tenham ligação a esta profissão…
acho que é muito importante p´ra depois saber também como é que hão-de avaliar.
E – E em termos de relações humanas, que tipo de relações humanas é que acha
que esta escola promove?
R – Uma…eu penso que é uma relação humana bastante próxima. A esse nível,
totalmente! Porque não são todas as universidades em que os alunos têm uma relação
tão próxima com os funcionários e com os professores. Aqui é um ambiente mais
pequeno, não é! E... mas pronto! Promove realmente verdadeiros laços de afectividade
entre as pessoas e acho que isso é muito importante… e pronto!
E – Sim, Senhor! Olhe, agora em relação a outro aspecto que tem a ver com as
repercussões da formação ética, na prática pedagógica. Já falámos alguma coisa
sobre isso na primeira… na primeira parte. Eu agora gostaria assim de deslocar a
nossa conversa para uma situação mais prática. Por exemplo, na sua prática
pedagógica, já se confrontou com algum conflito ou com alguma… algum dilema
ético e que queira falar sobre ele?
R – Algum dilema ético?! Podia-me dar um exemplo?
E – Por exemplo, algum problema que tivesse surgido, quer na relação
criança/adulto, quer na relação … adulto/ adulto, algum problema que a deixasse
de alguma forma … como é que vou explicar, talvez como se costuma dizer “entre
a espada e a parede”?
R – Sem saber o que fazer…
E – Que resolução tomar…pronto! A isso chamaremos um dilema… isto em
termos éticos. Há assim alguma situação que a tenha incomodado a esse nível?
R – Eu penso que, assim tão forte, eu penso que ainda não me aconteceu. Mas também
estou ciente de que a qualquer altura pode acontecer, não é! Até porque são coisas que
vão acontecendo. Mas também penso que ainda não tenho uma prática pedagógica
muito alargada e perfeitamente á vontade, portanto, só eu nesse ambiente, não é… sem
nenhum educador Cooperante a conduzir-me. Porque é óbvio que tem que haver uma
relação de cooperação…e então penso que ainda não houve nenhuma situação, em que
eu pudesse chamar que seria um dilema ético.
E – Olhe, e portanto também não sente ainda a responsabilidade de dirigir um
grupo, não é?
R – Exactamente…
E – Na sua… na sua posição de estagiária, observou alguma situação em que se
sentisse em conflito consigo mesma, sobre se devo reagir, não devo reagir… isto
quer em relação ao relacionamento criança/adulto, quer em relação ao
adulto/adulto etc.
R –Eu penso que sim, porque nós como estagiárias estamos um bocadinho limitadas,
não é! Mas também creio que nos é dado… digamos… penso que nos locais onde até
agora me encontrei a estagiar, tenho sido privilegiada porque não…não tenho sido
colocada para trás ou posta abaixo, numa posição a baixo, não é! Têm-me sempre
encarado com uma colega. Mas há situações obviamente que… que eu entro em conflito
comigo mesma, porque prová…porque é assim… penso que não devo dizer, porque sou
só uma estagiária e porque provavelmente se eu disser, se calhar não vai parecer bem a
quem eu digo, não é…a nível de adulto-adulto! … Mas depois por um lado também
quer dizer… porque… porque há actos, visto isto pelo ponto de vista ético, ou pelo
ponto de vista deontológico, que são errados… que não… e que se calhar as pessoas
cometem ás vezes sem pensar mas… mas há situações completamente absurdas, não
é!...
E – Quer relatar alguma dessas situações?
R – Posso relatar! Por exemplo, acho que ás vezes não é… temos de compreender que
uma criança não tem a mesma capacidade de estar quieta, do que nós, não é! Elas
precisam de movimento. Elas precisam de agir, e ás vezes estar um dia inteiro a dizer
“está calada, senta-te” ou “está quieta”, provavelmente não é… não é a melhor forma
porque a criança tem… tem muita energia e nós também devemos compreender isso. E
estar… e querer que uma criança esteja um dia todo, desde… muitas vezes desde as 8
horas até às 7 horas da tarde, porque é o tempo que geralmente passam no Jardim, estar
todo o dia quieto, é muito complicado. Para nós adultos é, e se nós por exemplo numa…
numa sala de aula também gostamos de conversar, vamos colocar-nos no lugar da
criança, não é! E então ás vezes por coisas mínimas que a criança fala, ou que a criança
faz alguma coisa tipicamente de crianças… fazer isso… a ver fazer isso e
provavelmente pegar na criança e dar-lhe uma punição um bocadinho mais rígida do
aquela que deveria ser adequada, sim já vi muitas vezes.
E- E em função dessa situação como é que costuma reagir?
R – Geralmente não digo nada, não é! Mas fico…fico sempre… quer dizer…eu penso
que pelo menos aquilo que eu vejo, que não me agrada é sempre bom, porque posso me
lembrar disso para quando for a minha prática nunca o fazer, não é! É assim que eu ajo.
Eu vejo as coisas, não estou em posição de o dizer como estagiária.
E – Então e se estivesse em posição de intervir, como é que faria?
R – Penso que… não devemos logo partir para a punição., não é! Sei que gerir um
grupo de 25 crianças que é muito complicado, não é! E então ainda por cima com…com
a faixa etária! Mas partir logo para a agressão e ás vezes física, não é… acho que não
é… que não é o ideal.
Então alertar a criança para aquilo que ela está a fazer não é o correcto. Falar com ela
pessoalmente, não é! Às vezes falar em frente do grupo humilha a criança… e então
normalmente não é isso que acho que deverá ser feito, mas chamá-la à parte, tentar fazer
compreender que aquilo que ela está naquele momento a fazer não é… E fazê-las
entender também o nosso ponto de vista, porque eu acho que é muito importante,
porque a criança muitas das vezes, a maior parte, não consegue pôr-se no nosso lugar,
não é! E ás vezes pô-la no nosso lugar resulta bastante.
E – Olhe, essa posição que defendeu que assumiria nessas circunstâncias, resulta
da formação ética que recebeu ou teria em função dessa mesma formação…
lembrar-se-ia de outra solução para…para essa situação que referiu?
R – A formação ética que eu tive na Escola? Sem dúvida que também veio de toda…de
toda uma componente de formação que nós tivemos aqui na Escola. Mas também acho
que vai muito da formação de nós enquanto pessoas, porque provavelmente numa turma
de 27 alunas, face à mesma situação, provavelmente reagiriam todas de maneiras
diferentes. E então acho que também vem de nós, mas também acho que é mesmo muito
importante ter uma formação.
E – Por exemplo, para esse tipo de situação que referiu que conteúdos é que acha
que a formação ética lhe forneceu para resolver assim?
R – Sobretudo foi na disciplina de Axiologia… os nossos deveres para com a criança,
não é! Porque é muito importante nós sabermos… nós sabermos que deveres é que
temos para com elas e como aplicar isso…E como não infringir também. Também…e
depois a nível da Psicologia do desenvolvimento, porque para além de ser muito teórica,
tem exemplos muito práticos e que… e que acontecem no nosso quotidiano, não é! E
que nós conseguimos ver como é que poderemos fazer nessas alturas.
E – Olhe, no seu relacionamento com adultos e com crianças, em função de
situações problemáticas, que valores é que privilegia para as resolver? Portanto,
não nos situando agora numa situação específica, mas em termos gerais, no seu
relacionamento com crianças e com adultos, que valores é que privilegia mais para
resolver problemas?
R – Vou-lhe fazer uma pergunta primeiro. Então e o que é que a senhora entende por
valores?
E – Por valores, portanto estou a referir-me a linhas de conduta orientadoras, para
tomar decisões na resolução de problemas. E nessa altura, por exemplo, em relação
à situação que referiu, da criança que é irrequieta, por exemplo, referiu que
dialogava com a criança, não é! Portanto, seria a sua estratégia. Para essa ou
outras situações, que envolvem problemas de relações humanas ou com adultos ou
com a criança, que outros valores é que a orientam?
R – Para além do diálogo, não é! Como então já referi, penso que é muito importante o
respeito, entre essas duas pessoas, porque se não…se não houver, tanto de uma parte
como da outra, penso que não há muito a fazer, não é! E também além do respeito, acho
que é muito importante assim no relacionamento com as crianças, a afectividade.
Porque sem dúvida se nós não formos afectivos para com eles, se não reconhecerem
essa afectividade por parte de nós, provavelmente nunca vão sentir confiança em nós.
Nunca vão fazer aquilo que nós lhes pedimos, não é!
E – Olhe que valores é que acha que um bom educador deve ter?
R– Isso é uma pergunta complica porque isso são muitos, não é? Mas um bom
educador? E o que é que entende por bom educador?
E – Isso é uma pergunta que eu lhe devolvo. O seu conceito… no seu conceito de
bom educador que valores é que cabem?
R – Então… pronto…aquele que eu elejo assim logo muito rapidamente, é mesmo a
afectividade, não é!
Depois… penso que a liberdade. Dar a liberdade à criança de ser como ela é. E o
respeito que nós temos que ter pela criança, pelas suas necessidades. Deixe-me pensar
mais… e a afectividade como já tinha referido à pouco… e penso que um bom educador
deve ter o valor, não sei muito bem se é um valor, mas penso que deve sentir
necessidade de conhecer e de aprender mais, para conseguir acompanhar a evolução dos
tempos e para conseguir dar sempre resposta ás crianças. Acho que é muito importantes
nós sabermos que a formação que nós damos quando tiramos uma licenciatura, não
chega de maneira nenhuma para conseguirmos estar com as crianças. Então penso que é
mais ou menos um valor, nós termos o dever de nos formarmos para…para
conseguirmos corresponder às expectativas das crianças.
E – Olhe entrando agora num campo que lhe é particularmente querido, se é que
posso falar assim, considera importante a existência de um código deontológico da
profissão docente?
R – É completamente, não é!
E – Porque é que acha que é importante a existência deste código?
R – Então…Eu penso que é assim... é muito importante porque a nossa classe… vamos
falar… vou-me só remeter às educadoras, porque professores é um bocadinho amplo
demais. Mas acho que… para já a educação de infância é uma profissão recente em
Portugal e que ainda tem muito a trabalhar para…para conseguir levar a nossa profissão
a bom porto. Mas sobretudo porque os educadores não têm nada que os guie para…para
fazerem que… aquilo que estão a fazer está deontologicamente correcto ou não. E …e
penso que é muito importante porque há tantos educadores, tantos professores que
cometem actos deontologicamente incorrectos, não é… que isso às vezes nem passa pela
cabeça, entre aspas, de ninguém de fora, porque é mesmo assim …
E porque serve para unir a nossa classe. E também penso que é importante um código
deontológico mas também é importante saber que não é para nós nos guiar. É só uma
base. Só como se fosse um guião, umas linhas orientadoras. Não é para nós estarmos a
pôr em prática tal como lá diz porque deve dar espaço de manobra a situações
particulares. Penso que é muito importante também para …para a nossa profissão ser
um bocadinho mais valorizada, porque não o é… e penso que isso também é muito
importante. Até porque se a nossa profissão for valorizada nós teremos ainda mais gosto
de fazermos aquilo que fazemos, não é!
E – Olhe, vê algumas desvantagens para a existência desse código?
R – Não! Eu não vejo! Mas isto sou eu, não é! Mas é óbvio que para haver um código
deontológico isso requer a associação dos educadores e … é muito importante que seja
revisto… e que …não se …não se vai para o código deontológico e depois ficam para
um canto e não se vai revendo e não vai acompanhando as mudanças. Porque tem que
ser não é. Porque se o mundo evolui o código deve acompanhar porque é óbvio que
depois é…vai sendo … vão havendo situações diferentes, não é!
E – Portanto, receia que ele possa vir a ser limitativo ou acabe por ficar … de
alguma forma ultrapassado, é isso?
R – Limitativo não, mas ultrapassado sim! Porque para haver um código deontológico
implica que …que haja…como é que eu me hei-de expressar…que haja vontade de
quem… de quem o elabora para continuar a …a estar atento e a ir actualizando o
código. E depois penso que … que é importante as pessoas saberem que um código não
é a cristalização de os deveres e dos direitos, não é! Não é os direitos e os deveres que
estão naquele papel que vão limitar a acção dos educadores. E antes penso que é um
ponto negativo…é se calhar pensarem que um código deontológico possa ser isso, o que
não é.
E – Olhe, se pudesse ter oportunidade de participar na elaboração do código
deontológico que deveres é que incluiria nesse código?
R – Acerca de deveres, por exemplo …o meu trabalho é precisamente também sobre
isso, não é!
Foca isso um bocadinho e… Portugal ainda não tem nenhum código deontológico mas
há …há países da Europa que… em que os educadores já têm. E então penso que os
deveres não devem ser só os deveres dos educadores para com as crianças, não é! E
então ainda para mais na profissão de educação de infância. Penso que se devem
remeter para os deveres para com as crianças, para com os pais, para com a
comunidade, não é! Portanto penso que deve abranger tudo isso. É isto que quer, que
pretende que eu responda, ou é alguma coisa mais específica?
E- Só queria que imaginando-se numa equipa de elaboração de um código
deontológico, que me dissesse que deveres é que sugeria, quando chegasse a sua
vez de dar sugestões, que deveres é que sugeria, para incluir nesse código.
Portanto, falou-me de deveres de …de
R – Deveres para com …
E – Deveres de …determinadas … de determinadas camadas digamos assim…
R - Pronto e quer que seja um bocadinho mais específica e diga…
E – Só que diga o que entende do assunto…
R– Eu entendo pouco porque ainda estou a meio do trabalho. Espero que daqui a um
tempo ainda consiga entender mais…
E – Como estagiária agora na prática, que deveres é que sentiu que deveriam estar
num código?
R – Então penso que, isto em relação às crianças, o nosso dever de respeitar o seu ritmo.
Acho que é muito importante, porque vamos a ver e muitas vezes não é respeitado o
ritmo da criança porque estão a fazer trabalhos, que às vezes nem sequer são adequados
e depois exigem que estejam feitos em determinado tempo. Portanto, acho que é muito
importante o dever de respeitar o ritmo…o próprio ritmo da criança e o dever de a
preparar para a nossa sociedade, tanto…pronto… tanto a nível social, como a nível
moral, e como a nível…pronto… tudo o que abrange a escolaridade não é… para ela se
sentir preparada também quando for para a escola.
Há tantos… deixe-me pensar em mais um. Penso que também é muito importante o
dever de … o nosso dever para com as crianças de… de elas serem felizes e terem …e
terem…e terem um percurso feliz ao longo do tempo em que passam pelo Jardim. Acho
que é muito importante a criança ser feliz… implica muito também com a nossa postura
para com ela, não é! Pronto!
E – Olhe, quem acha que deveria participar na elaboração de um código, que
segundo me apercebi, acha que deve haver um código para educadores específico,
não é!
R – Eu penso que sim porque …eu vou-lhe dizer porquê! Porque é assim: se nós …se
nós formos a ver a profissão docente é das mais abrangentes que há. E até penso que se
calhar é mesmo por causa disso que não há nenhum código deontológico, porque se nós
… se nós formos a ver há diferenças muito grandes a nível da faixa etária com que os
docentes lidam, e depois porque requerem…são componentes muito diferentes desde a
educação de infância até ao secundário.
E então penso que deveria haver um código deontológico para os educadores e depois
provavelmente para os professores… que se calhar haveria necessidade …isto é aquilo
que eu penso, de dividir para os professores do 1º, 2º e 3º ciclo e depois para os
professores do Secundário. Porque se formos a ver, mesmo para os professores do 1º, 2º
e 3º ciclo já há tantas divergências … E então eu penso que deveria haver um código
elaborado para…pelos e para os educadores.
E – Está a falar de nesse código… essa diferença que estabelece é em função do
público que os diferentes professores servem ou em função dos diferentes graus de
ensino em que situam?
R – Das duas coisas. Penso que…porque por exemplo, na disciplina de Axiologia nós
tivemos a… a ver a proposta do código deontológico pelo D’Orey da Cunha, pelo Pedro
D’Orey da Cunha. E por exemplo, um dos pontos deontologicamente discutíveis que
aparecia nesse código elaborado era a questão das explicações. Por exemplo isso para os
educadores não os afecta, porque nós não vamos dar explicações a crianças fora da
nossa …da nossa área, não é! Agora, é uma coisa que já afecta bastante os professores
do 1º, 2º e 3º ciclo e de secundário então bastante.
E- Quem é que acha que deve então participar na elaboração deste código?
R – Então… eu penso que já disse, mas eu penso que o código deontológico deve ser
elaborado por educadores… por professores… mas tendo o ponto de partida que o
código seria um código deontológico dos educadores penso que deveria ser pelos
educadores, por uma Associação de educadores. E penso que é muito importante nessa
Associação haver educadores já com alguns anos de experiência, portanto, de haver
assim um público um bocadinho alargado, desde aquele que sai do curso ou que ainda
está em formação, até àquele que tenha mais ou menos anos de experiência porque é
bom abranger e ver todas as realidades, não é! Porque são perspectivas muito diferentes
de um educador que acaba de sair de um curso a de um que já tem…já tem muitos mais
anos de experiência, não é!... E penso que não é desaproveitar de todo as ideias de um
ou as ideias de outro mas sim juntar…pronto! Mas penso que deve ser por educadores
porque… não pelo Ministério da Educação, porque esse é outro dos pontos que eu
penso que é outra razão para nós ainda não termos o código deontológico. É que nós
estamos… trabalhamos para o ministério da Educação, para quem está a trabalhar no
público, não é!… E então são eles que estabelecem os nossos direitos, os nossos deveres.
Mas penso que não é o suficiente, e que nós se calhar nos deixamos levar bocadinho
pela maré e deixamos de lutar por aquilo que quase toda a certeza dignificaria a nossa
profissão e com certeza nos faria exerce muito melhor.
E – Olhe para além dos professores incluiriam mais algum outro interveniente?
Neste caso, para além dos educadores incluiria outros intervenientes fora da
classe?
R - Eu penso que não. Mas se por acaso…por um lado até pode ser relevante, não é,
mas… mas penso que incluiria apenas pessoas que estivessem ligadas a esta… a esta
área.
E – Olhe de todas as questões que lhe coloquei sobre esta temática, há alguma coisa
que queira acrescentar e que eu não lhe tenha perguntado. Algo que queira falar,
explicitar melhor ou emitir alguma opinião
R – Acho que está mesmo muito completo o questionário.
E – Então agradeço-lhe realmente a sua …o seu contributo a este trabalho e o seu
tempo e a sua disponibilidade. Muito obrigado.
ANEXO D3
PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO P
ANEXO D3 – PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO P
Realizada por Margarida Duarte
E – Entrevistador P - Entrevistado
A entrevista decorreu numa sala da ESE, num ambiente tranquilo e ameno. Foi
solicitada e consentida a autorização para a sua gravação.
E – Em primeiro lugar gostaria de lhe agradecer a possibilidade que me dá, de a
entrevistar. Esta entrevista serve num trabalho relativo à dissertação de um…de
um curso de Mestrado em Ciências da Educação, na área de especialização de
Formação de Professores e este trabalho tem exactamente a ver com a formação
inicial: a formação ética dos educadores de infância, em formação inicial.
Por conseguinte, esta entrevista é muito importante, porque faz parte de uma
recolha de dados, para a realização desse trabalho e eu agradeço-lhe a sua
colaboração.
Agradeço-lhe também a possibilidade que me dá, de poder gravar e gostaria ainda
de informar que será uma entrevista anónima.
Por conseguinte, se me permite… sempre que houver alguma dúvida, estou à
disposição para esclarecer…e então se me permite iríamos começar.
P– Podemos começar.
E – Olhe, aqui em relação ás disciplinas da sua formação ao longo do curso, quais é
que considera as mais importantes, para desempenho da sua profissão como
educadora?
P – Considero importante a Prática Pedagógica, que é uma disciplina que nós temos
desde o 2º ano até ao 4º. Considero também importante a Metodologia de Investigação,
neste caso nós chamamos os Métodos e as Técnicas da Comunicação. Considero
também importante a Sociologia, a Axiologia, que são disciplinas que tratam os valores
da nossa sociedade. Penso que basicamente, na minha perspectiva são as mais
importantes. Depois existem outras que acabam por completar um bocadinho estas que
falei. Mas basicamente para mim são estas as mais importantes.
E – Olhe, acha importante a disciplina de Axiologia na… neste curso de formação
inicial de educadores?
P – Sim, acho que é importante!
E – Porquê?
P – Acho que é importante tanto para nós, para nós percebermos um bocadinho como é
que funcionam alguns valores desta sociedade, como também nos ajuda a perceber
como é que havemos de formar mais tarde o cidadão, neste caso as crianças.
Acho que é uma disciplina que para além de nos fazer ver alguns valores da sociedade,
ajuda-nos a fomentar alguns dos valores nas crianças.
E – Nessa disciplina de Axiologia, quais foram os conteúdos que abordaram e que
considerou mais importantes, que a marcaram mais?
P– Falámos de vários, não é? Falámos dos valores, a hierarquização dos valores, do que
é que era mais importante para uns e o que é que era mais importante para outros.
Falámos também dos códigos deontológicos, nomeadamente noutras profissões.
Foi basicamente isto o que marca mais, ou seja, os aspectos que eu considero que foram
os mais importantes, os mais relevantes, para a importância dessa disciplina, para a
importância da formação, para um dia mais tarde podermos virmos a formar alguém,
não é?
E – Foi … foram-lhes dadas estratégias para a ajudarem a promover o desenvolvimento
moral dos alunos? Portanto, conhece estratégias que a ajudem a promover o
desenvolvimento moral dos alunos?
P– Está a perguntar que actividades? Que tipo de actividades?
E – Portanto, se… se lhes foi sugerido … se lhes foi sugerido estratégias de acção
para poder formar moralmente os meninos com que hoje trabalha?
P – É assim… de certa forma, foi-nos dado algumas dicas, não é? O que quer dizer que
a gente nem sempre aplica o que nos foi dado, porque muitas vezes também não temos
condições para tal. Mas penso que existe… foi… essa disciplina foi importante nesse
sentido, para além de… de nos apoiar a nós, deu-nos algumas perspectivas de como
havíamos de proceder no futuro, de como é que havíamos de ensinar alguns dos valores
às crianças, vá… os valores que estão implícitos na nossa sociedade.
E – Quando diz que… portanto, lhes foram… foi transmitido uma forma de
trabalhar com os meninos, lembra-se por exemplo de… de… duma actividade ou
de qualquer sugestão que lhe tivesse sido dada nesse sentido?
P – Mas a nível dessa disciplina…da Axiologia?
E – A nível da formação ética dos alunos sim…
P – Podemos trabalhar isto de variadas formas com as crianças, não é?
E – Exacto, mas lembra-se de algum exemplo que lhe tivessem dado?
P – Sim, partindo de histórias, por exemplo… de histórias. Não sei se conhece a história
do “Pássaro da alma”?! É uma história um pouco densa, mas se nós conseguirmos
adaptar a história consegue-se trabalhar. E pronto! Foi mais basicamente de histórias, de
jogos também, basicamente é isso. Nós também aprendemos um bocadinho.
E – Olhe, para além desta disciplina da Axiologia, que outras disciplinas é que
considera que contribuíram também para a sua formação ética?
P – Sociologia, que também falámos um pouco dos valores… mais… eu penso que…
como é que eu hei-de explicar… todas servem um pouco para a nossa formação ética,
não é! Mas onde se trabalha mais isso…o que …o que realmente está a pedir, é na
Sociologia e na Axiologia, pronto!
E – Olhe, em relação a esta escola que está a frequentar, que aspectos é que acha
que esta escola mais valoriza, em termos de formação ética?
P – A nível de valores?
E – Por exemplo!
Paula – Eu penso que… nem sempre o existe, mas a gente já sabe que nem todas as
escolas isso existe, mas eu considero a solidariedade. Acho que existe muito… muito…
muita ajuda, entreajuda, tanto no seio de turma, como de… de diferentes turmas. O 3º
ano costuma ajudar… o 4º ano costuma ajudar muito o 3º ano, pronto, por aí além. E
penso que também existe um ambiente muito familiar. Todas as pessoas se conhecem
todas as pessoas param para temas de conversa, tanto seja a nível da escola como não,
pronto…como outros tipos de conversa. Anda tudo muito por aqui a nível de… a nível
familiar, de solidariedade… mais… também existe a amizade; a fidelidade também em
alguns casos. Penso que é o que eu considero.
E – Portanto, estamos a falar de ambiente em termos de alunos. Em termos por
exemplo dos responsáveis pela escola, que tipo de… de… de aspectos é que acha que
esses responsáveis mais valorizam, no sentido de dar uma ideia do que é esta escola?
P – É o ambiente. Eu acho que tentam passar uma imagem do ambiente que existe aqui,
ser um ambiente familiar… é mais isso.
E – E portanto, de alguma forma fomentam isso. É assim? Nos alunos? …
P – Fomentam… fomentam isso, e até tentam mesmo desenvolver.
E – Portanto, acha que a solidariedade que existe, se deve, não por uma
consequência natural de relação entre alunos, mas que os próprios responsáveis
pela escola fomentam isso, é assim?
P – Sim!
E – São responsáveis por este clima de solidariedade…
P – Sim, sim! Eles são os próprios a dar o exemplo. Muitas vezes se nós precisarmos de
alguma ajuda, nós vamos ter com os professores e os professores tentam nos ajudar e se
não conseguem… e se não conseguirem isso, encaminham-nos para outro… para
outro…para outras entidades, que também estejam presentes nesta escola… vamos à
secretaria, biblioteca, director, seja o que for…
E – Portanto este espírito de solidariedade estende-se a todo… a toda a escola é
isso?
P– Sim.
E – Olhe, acha que em relação a estes valores que falou e que a escola defende,
concorda com eles ou acha que esta escola devia valorizar outros?
P – Concordo com eles. Acho que são principais. São o pilar de … de manter a escola…
uma escola aberta para… para outras… para outras pessoas, sejam desta comunidade ou
que sejam de outra comunidade diferente. A solidariedade e o meio familiar acho que é
um bom caminho para as pessoas se darem bem, de poderem partilhar muitas ideias que
até… que tenham, não é! Se viverem numa comunidade diferente, acho que aqui
consegue-se partilhar muito essas ideias.
E – E além desses valores sente necessidade que houvesse outros ou não?
E – Eu penso que por vezes deveria de haver mais sentido de responsabilidade, em
determinados assuntos. Mas penso que isso também com o tempo é uma coisa que se
vai conseguindo, que se vai construindo e não pode… nós não podemos querer que as
coisas se façam logo desde o início. Acho que é uma coisa que se vai construindo. Se
me perguntar o que é que eu acho desde o início até agora, digo que a escola mudou em
muita coisa, e coisas que eu pensava que ela nunca iria mudar. Mas penso que até tem
conseguido corresponder às necessidades dos alunos, de umas… de maneiras diferentes
lá está, também… mas tem conseguido corresponder.
E – Que mudanças é que acha que foram mais…
P – A nível de disciplinas houve muita mudança. Eu verifico que eu neste ano, que
estou no 4º ano, passei por disciplinas que as minhas colegas deste… do 1º ano estão a
passar, e eu noto muita diferença. Os currículos são totalmente diferentes, as matérias
que estão a dar são muito… são totalmente diferentes. Penso que as lacunas que houve
no meu ano, no meu 1º ano, estão a tentar resolvê-las agora, para que mais tarde não
possam…para que isto mais tarde isso não se possa reflectir, não é?
E – Portanto, acha que quando os alunos avançam com… com as suas opiniões que
sempre são ouvidos, é isso?
P – Sim, são!
E – Olhe, agora em relação à sua prática pedagógica, portanto, já está a decorrer
desde Setembro, não é assim?
P – Outubro… início de Outubro.
E – Desde Outubro.
P – Outubro!
E – Desde Outubro até agora, confrontou-se com algum dilema ou com alguma
situação ética difícil, da sua prática pedagógica de jardim-de-infância?
P – É assim… eu…como é que eu hei-de explicar isto? Eu este ano estou no Jardim...
(como já tive a oportunidade de referir, na xxxxxxx ) e como disse, tenho uma criança
com necessidades educativas especiais. E muitas das vezes não é… não é que haja…que
isso tenha acontecido… vá… concretamente este ano, mas é uma coisa que tem vindo a
afectar este ano. É que em anos anteriores essa criança… vá… era um pouco proibida
de fazer certas e determinadas coisas, que as restantes crianças do grupo faziam. E… e
isso agora está a reflectir um pouco este ano porque muitas vezes os pais têm tendência
a perguntar se pode, se não pode fazer, visto que nos anos anteriores não conseguiam
fazer. E eu penso que isso é uma grande lacuna, não é, a nível de ética! Penso que…
E – E então como é que resolveu essa situação?
P – Eu neste caso, falei com a educadora cooperante porque não posso agir sem ter…
sem falar com ela. Mas falei com os pais e disse-lhe que o que era passado, era passado.
Nós tínhamos era que se preocupar com o presente e com o futuro que… que vinha…
que por mim nem que eu tivesse que fazer mais esforço, aquela criança participava em
tudo tal como o grupo. Se ela faz parte do grupo, se ela brinca na sala, e faz algumas
actividades tal como as crianças, independentemente das suas limitações, ela irá
participar em tudo.
E – E portanto, antes de… de… de…de falar com os pais, e quando detectou a
situação a primeira… a primeira ideia que lhe ocorreu foi… quando… quando
percebeu que a criança estava, de certa forma, a ser mais limitada que os outros,
na participação das actividades, a primeira estratégia que lhe ocorreu para
resolver isso foi exactamente…
P – Estratégia… foi tentá-la integrá-la um pouco mais no grupo. Como sabe uma
criança com necessidades educativas especiais tem algumas limitações, não é? Naquele
caso é uma criança que tem paralisia cerebral espásmica, tem mesmo graves limitações.
E muitas vezes os trabalhos que… que as educadoras de apoio fazem, servem para
ajudar o nível de desenvolvimento dessa criança, mas muitas vezes as actividades não
são adequadas a actividades do Jardim-de-infância. E então eu tentei que todas as
actividades que as crianças fazem, seja pintar, seja recorte, seja qualquer coisa do
género, eu tento que essa criança faça da mesma maneira que as restantes crianças,
sabendo sempre que ela tem de ter a ajuda de uma terceira pessoa, pronto! Eu do início
sempre disse à minha educadora que estava sempre disponível para isso, nem que
tivesse que ficar mais tempo no Jardim com aquela criança. Quando existe alguma
actividade em que as crianças têm que pintar com pincel, esta tal criança não pode…não
consegue pintar com pincel. Eu meto tinta nas mãos, ela pinta. Tento fazer movimentos
com ela, nem que sejam movimentos bruscos, mas são movimentos que a chamam mais
a atenção, de modo que ela consiga movimentar os braços, para poder transmitir a
resposta ao estímulo que lhe foi dado.
E – Por conseguinte, disponibilizou-se face à educadora para… apoiar…e portanto
resolveu também dar uma palavrita aos pais.
P – Desde o início falei com os pais porque, o meu…o meu trabalho final, ou seja, a
minha tese vai ser sobre ela. Vou fazer um trabalho com ela…Vou vou fazer sobre a
comunicação aumentativa e alternativa.
E – E não se sentiu, de alguma forma… não sentiu que havia assim alguma
dificuldade em abordar a educadora sobre esse assunto ou os pais?
P – Não. Tanto a educadora como os pais são pessoas bastante acessíveis. Pelo menos
comigo sempre o foram. Nunca me negaram nada. Eu como… como preciso de fazer
entrevistas, preciso de saber coisas de …dessa determinada criança. e nunca me
negaram nada. Inclusivamente, eu na altura das entrevistas, nós temos que referir
sempre que os dados, pronto… são sempre anónimos e até mesmo os pais disseram que
se caso eu quisesse pôr… se quisesse colocar o nome dessa criança ou quisesse pôr a
idade que não havia… não haveria problema porque para eles era uma mais valia. Seria
most… seria como mostrar à sociedade o problema que aquela criança tinha, mas que
apesar do seu problema pode-se vir a desenvolver e pode vir a ser um cidadão como
outra criança qualquer.
E – Olhe, acha que a formação ética que recebeu na escola, de alguma forma a
ajudou a encontrar uma resposta para essa situação? Neste caso, a resposta foi
falar com a educadora sobre o caso, e falar com os pais sobre o caso, e
disponibilizar-se para ajudar a criança, a integrá-la nas mesmas actividades que os
outros, não são? Acha que a formação ética que recebeu contribuiu para esta sua
tomada de posição? Ou tê-la-ia tomado independentemente de… de… de ter tido
formação?
P – Tê-la-ia tomado independentemente de ter tido a formação ou não.
E – Quando existem situações problemáticas com adultos ou com crianças, no
espaço de Jardim onde trabalha, como é que resolve essas situações? Que valores é
que privilegia, para resolver esses…
P – O respeito! Acho que o respeito é muito importante quando trabalhamos com a
equipa, entre educadores e educadoras ou educadoras e auxiliares, ou quando
trabalhamos com crianças. Acho que o educador tem um papel bastante importante, na
medida em que deve respeitar o que… o que… o espaço das crianças, o que as crianças
dizem, da mesma maneira que a criança também deve de respeitar um pouco isso. Se a
educadora pedir uma determinada actividade, penso que a criança deverá respeitar
aquilo que a educadora pediu. Da mesma maneira, falo isto mesmo a nível de
comportamentos. Acho que também é importante incutir nas crianças que…que é
import… como é que eu hei-de explicar… que é… que torna-se importante, nós termos
determinados comportamentos em deri… em derivadas situações para termos os bons
cidadãos…para formarmos uns bons cidadãos.
E – Olhe, que valores é que acha que um bom educador deve ter?... Imaginando
que era possível existir o educador ideal, como é que imagina em termos de
valores, esse educador?
P – O respeito! Acho que tem de ser… a solidariedade também concordo, a
cooperação… e penso que… será só… penso que é importante… enfim eles estão
todos…estão todos interligados, acabam por se interligar todos, uns nos outros, não é?
Mas penso que o respeito, a solidariedade, a cooperação, a ajuda também… acho que é
importante.
E – Esses valores que mencionou, mais uma vez estão ligados à formação que…
que teve aqui, de alguma forma sentiu-se sensibilizada por essa formação, ou
teria… tê-los-ia defendido da mesma maneira sem essa informa… sem essa
formação’
P – Lá está… o que nós falámos nas disciplinas que há bocado nomeei. Foi um pouco
tudo no geral, nos valores em gerais. Até houve… foi engraçado porque numas
disciplinas, que se eu não me engano foi em Axiologia, nós chegámos mesmo antes a
ter essa história dos valores, da hierarquização dos valores e o que para uns pode ser tão
importante, para outros não é. Mas para mim esses valores que eu acabei de nomear são
importantes. Não quer dizer que os outros não sejam, mas eram os que eu punha em
primeiro lugar, independentemente de ter essa formação ou não. Porque tivemos esta
formação…tivemos esta formação, mas antes de termos esta formação, já fomos
crianças e já tivemos formação de outro lado, não é? Portanto, seja no seio familiar,
como no seio escolar.
E – Bom, agora num plano…ainda num plano ético, mas associado à deontologia
profissional, na sua opinião considera importante a existência de um código
deontológico da profissão docente?
P – Considero importante.
E – Porquê?
P – Porque apesar de…o código poder ser ou não seguido, acho que é uma base, para
nós nos podermos seguir em relação aquilo que está escrito. Vá!
E – Acha que um código poderá ter desvantagens?
P – Desvantagens… a existência do código?
E – A existência do código já falou de… das vantagens, não é? Das vantagens que
acha que tem… E desvantagens, apontava-lhe alguma, no caso dele existir?
P – Eu penso que… a única desvantagem que eu vejo… (mas isso é como tudo…)
Penso que haveria muita gente que, sabendo que havia aquela base não iria seguir.
Possivelmente poderia não a seguir ou tentava segui-la por saber que esse código
existia, e não pela… pelo… pelo conhecimento dos deveres que deve ter, ou de alguns
direitos que deve ter. Não sei se me fiz entender…
E – Sim, sim, sim… iria mais por uma perspectiva não de um dever inato de…
de… de ser um bom profissional… vá lá…se é que podemos falar assim, do que
propriamente por estar escrito que ele o deve ser.
P – Pois, é mais por aí.
E – Olhe, se esse código existisse, que deveres é que gostaria que ele contivesse? Na
sua opinião, que deveres é que ele deveria incluir?
P – Que deveres!? Bem…deveres…penso que… deveria estar implícito que a
educadora deveria de ser flexível …mais…. Solidário também … autónomo. Penso que
também deveria estar implícito que os educadores deviam trabalhar em cooperação,
(tanto com a…eu vou explicar… tanto) com o meio escolar, com o Jardim, como com a
comunidade que envolve esse Jardim. Pronto! Penso que assim de repente… penso que
é só isso.
E – Olhe, quem acha que deveria elaborar esse código?
P – Eu acho que… sinceramente acho que deviam ser os educadores.
E – Está a perspectivar um código só… um código deontológico só para
educadores ou defenderia um código para todos os professores?
P – Não, eu estou só a referir um código de… para educadores. Penso que para
educadores deveria ser os educadores e para professores deveria ser os professores …
porque penso que as pessoas que estavam a trabalhar naquilo que realmente tiram, no
curso que tiraram, é que podem prever essas situações…é que podem verificar se aquilo
é o mais correcto, se aquilo não é o mais correcto. Eu não quero dizer com isto, que uma
professora do 1º ciclo não consiga ter a capacidade de o elaborar, mas penso que se
calhar terá (… como é que eu hei-de explicar…) terá dificuldade em fazer isto, porque
se calhar nunca passou por uma situação… como muitos educadores passam, não é?
Digamos assim, da mesma maneira vice-versa, como muitos educadores também nunca
passaram pelo 1º ciclo. Eu digo isto porque muitas de nós temos aqui muitas disciplinas,
e muitas das disciplinas são professores do 1º ciclo que dão. E nós verificamos isto: que
elas têm tendência, quando são professores do 1º ciclo, têm tendência a trabalhar mais
com os do 1º ciclo, do que trabalhar mais as coisas com a educação pré-escolar. Mas se
ele é professor, tanto é professor para alunas da educação pré-escolar, como alunas para
o 1º ciclo. Deveria de haver…entende? Devia de haver… um trabalho mais
individualizado.
E – Olhe, em relação a esta questão da formação ética no curso de formação inicial
de educadores de infância, há alguma coisa que gostaria de falar e que eu não lhe
tivesse perguntado?
P– Penso que não. Penso que perguntou tudo.
E – Olhe, nesse caso agradeço-lhe uma vez mais a sua participação e a sua
disponibilidade.
P – Está bem obrigado.
ANEXO D4
PROTOCOLO DA ENTREVISTA AO FORMANDO L
ANEXO D4 - ENTREVISTA AO FORMANDO L
Realizada por Margarida Duarte
E - Entrevistador L - Entrevistada
E – Gostaria de começar esta entrevista, por lhe explicar os objectivos dela.
Esta entrevista insere-se num trabalho de investigação, no curso de… do curso de
Mestrado em Ciências da Educação, mais especificamente em relação à área de
Formação de Professores.
O objectivo deste trabalho é recolher as representações … e perceber quais são as
representações que os professores de formação ética em educação de infância e os
alunos têm, sobre exactamente a formação ética em educação de infância.
Gostaria, portanto, de pedir a sua colaboração para a realização da entrevista, que
terá por objectivo a recolha de dados, á base dos quais iremos depois desenvolver o
trabalho. Como tal a sua colaboração é extremamente importante.
Agradeço-lhe a autorização que me dá para poder gravar a entrevista e resta-me
dizer-lhe que será anónima.
Se ao longo da entrevista houver qualquer pergunta, que não … portanto… que
não entende, que necessite de ser mais clarificada, peço-lhe que… realmente
que…que… faça esse reparo, porque eu faço questão de… de explicitar melhor,
está bem?
L – Sim, sim!
E – Olhe, sobre a formação ética que é proporcionada por esta escola, onde está a
fazer o seu curso, eu iria colocar-lhe então algumas perguntas. Começaria por lhe
pedir o seguinte: em relação às disciplinas da sua formação, (sim … que teve até à
data,) quais são as que considera as mais importantes para o exercício da profissão
de educador?
L – Em questões de disciplinas no geral?
E – Sim!
L – Penso que um pouco delas todas. Elas todas fizeram um culminar importante, mas
houve disciplinas como a “Metodologias”, com a Professora XXX que nos deu uma …
uma visão muito da prática, porque fizemos muita prática simulada e … esse…essa
dis… essa disciplina para mim acho que foi da mais importante, porque culminou com
as outras… porque nós tivemos um pouco de matemática … de como ensinar…ensinar
não digo, vá! De como… as crianças começam a perceber a matemática… e por
exemplo, do inglês, também!
E essa disciplina acho que nos deu uma visão disso tudo. E depois tivemos outras
disciplinas como por exemplo, a Sociologia e a Axiologia, que nos falaram mais em
questões éticas e em questões … do dia a dia do trabalho… de como nos comportarmos
perante outras … perante outros profissionais e o que é que conheciam hoje em dia em
Portugal, na questão do docente.
E – Hum! Hum! Considera que a disciplina da Axiologia na formação inicial de
educadores, é uma disciplina importante?
L – Eu penso que sim! Penso que sim, porque nem todas as pessoas… como é que eu
hei-de explicar… a Axiologia dá-nos um …mostrou-se o ético…vá … o ético da nossa
profissão.
E é uma profissão que nós temos que ter em atenção essa questão… porque… há coisas
que nós devemos e não devemos fazer e… sendo nós modelos ou tentarmos ser um
modelo para as crianças, não tem muita razão de ser uma …uma pessoa ter pelo menos a
questão da ética minimamente certa, se… se pode chamar assim. Acho que uma pessoa
que não sabe se comportar (ou se não está …ou se não sabe desenvolver um trabalho
com outros colegas, com outros profissionais e que … provoque confusões e essas
coisas assim, nunca vai conseguir passar à criança, que a vida tem que ter uma questão
ética perante a sociedade, e perante os colegas e perante o mundo infinito de coisas.
E – Hum! Hum! Olhe, em relação ainda à disciplina da Axiologia, de todos os
conteúdos que abordou nessa disciplina, quais são os que considera mais
importantes para a sua prática de educadora?
L – Penso que me lembro mais ou menos … nós falámos bastante… lembro-
me…falámos … eu… eu… é mais… este tema é mais… mais sensível para mim,
porque fizemos um trabalho sobre ele. Fizemos um trabalho sobre deontologia e
fizemos um trabalho sobre a questão…da… dos valores na educação ao longos dos
tempos, em que fizemos uma abordagem do que acontecia na idade do… na altura do
regime… do antigo regime e do… de antes do antigo regime e durante o antigo regime e
agora …o que acontecia agora. Eu acho que esse trabalho de ver a evolução de toda a
educação, de todos… a questão dos valores na educação, foi bastante interessante.
E – Hum! Hum! Olhe, nessa mesma disciplina, /foram-lhe dadas algumas
estratégias que possa descrever, para promover o desenvolvimento moral dos
alunos?
L – Em questões práticas?
E – Exactamente.
L – Não! Foi mais só…só algo que nós … foi o que eu disse há bocadinho, o nosso
exemplo para elas; em relação a estratégias ou actividades, propriamente ditas, não!
E – Pode descrever-me como é que decorria uma aula de Axiologia, qual era a
dinâmica da aula?
L – A dinâmica era… oh pá…por exemplo a professora trazia um texto sobre… ou
sobre os valores, ou sobre a liberdade por exemplo, que abordamos muito essa
questão… e depois nós debatíamos em conjunto, umas com as outras e com o professor,
sobre isso.
E – Habitualmente não traziam para a aula, situações práticas do Jardim-de-
infância, que pudessem servir de base para discussões éticas?
L – Poucas vezes… eu penso…agora lembro-me especificamente da questão do… do
tabaco…dos educadores fumarem e de fumarem à frente das crianças. Debateu-se
bastante esse assunto, até durante uma aula ou duas, mas de resto, não!
E – E portanto…
L – Às vezes surgiam… a professora … estávamos a falar de uma matéria e podia surgir
qualquer coisa, mas…ser especificamente da disciplina, a professora pedir “Vejam essa
situação” ou assim e TRAU! Não! Isso não… mas ás vezes nós próprias
falávamos…”Isto aconteceu…”
E – Hum! Hum! Olhe que outras disciplinas ao nível de todo o curso, é que
considera que também contribuíram para a sua formação ética?
L – Eu acho…a que nos alertou mais para essa questão, foi a Axiologia e talvez a
Sociologia, mas talvez porque era dada pela mesma professora.
E – Hum! Hum!
L – Assim… talvez tenhamos … talvez tenha existido professores que nos tenham
falado um pouco, mas assim especificamente não me lembro.
E – Dessas que considera que teve, tiveram maior impacto…
L – Sim!
E – … Na formação em termos de…
L – Nas questões de ética sim!
E – Foi a Sociologia e a Axiologia…
L – Sim!
E – Olhe em relação a esta escola…
L – E talvez um pouco a Prática Pedagógica, porque a professora antes de nós irmos
para o estágio, dava-nos sempre uns avisosinhos de como nos comportarmos…para não
tentarmos a passar por cima dos educadores …não levarmos ás vezes saltos altos …
vá…é os conselhozinhos próprios de uma pessoa que também quem era educadora.
E – Hum! Hum! Que aspectos é que acha que esta escola mais valoriza, em termos
da formação ética?
L – Que aspectos?
E – Assim sendo mais especifica…
L – Sim!
E – Que valores é que… que valores ou que princípios é que acha que esta escola
defende/?... Em relação á formação ética dos alunos?
L – Talvez a … a liberdade…mas a liberdade em questão de… a nossa liberdade
perante também a dos outros …eu acho que é mais isso. A nossa liberdade… nós
falámos muito nisso. Eu não sei se está certo aquilo que vou dizer mas é… a nossa
liberdade começa quando a dos outros... pronto… eu não sei explicar bem como é que é
… mas pelo menos falámos… essa questão da liberdade na minha turma na altura da
Axiologia. Debateu-se muito porque também levámos para fora da aula e falámos com
alguns professores sobre isso… e com…com empregados da escola… que a nossa
liberdade existe, mas tem que ter em atenção a liberdade dos outros. A liberdade pode-
se…uma pessoa é livre de fazer o que quiser, sim senhora… mas porque vivemos numa
uma sociedade que existem regras.
E – Hum! Hum! E acha, portanto, que o clima da escola a nível geral, é
promotor… defende essa liberdade? Defende esse lema?
L – É complicado, porque estamos numa escola só de… de mulheres como sabe e nem
sempre essa…essas… essa característica se mostra. Acho que se mostra mais aspectos
negativos do que positivos, mas penso que sim. Penso que… acho que… em que… se
for perguntar, ou for ver as minhas colegas e algum ambiente que aqui se gera, é um
pouco isso… talvez uma questão familiar. Eu acho que esta escola é um pouco familiar,
toda a gente se conhece, todos se falam praticamente.
E – Hum! Hum! E portanto pensa que … o clima de escola em si, o relacionamento
entre as pessoas é marcado essencialmente por essa familiaridade…
L – Sim…
E – E por essa liberdade, é isso?
Luísa – Bastante…em aspectos positivos e negativos. Por essa ligação tão próxima… de
ser uma escola tão… assim relativamente pequena… e é uma… acho que é como se
fosse uma família, porque é como disse, toda a gente se conhece, toda a gente que passa
diz “Boa tarde” ou “Bom dia”. Por mínimo que conheça… Acho que sim!
E – Olhe, para além dos valores da liberdade e dessa familiaridade que existe, e
que nota aqui na escola, concorda com esses valores ou acha que a escola devia
defender outros?
L – Não, eu concordo com esse valores …
E – Como aluna, como é que gostaria que… que tipo de clima é que gostaria que
existisse nesta escola, aquele que existe ou algo mais?
L – É assim…como ser humano nunca estamos satisfeitos, não é? …Dou valor ao clima
que existe ao clima de…familiar… mas também esse clima familiar acarreta aspectos
negativos, mas… acho que não é assim também tão mau quanto isso. Acho que sim,
pelo menos se continuar assim, já é muito bom.
E – Hum! Hum! Olhe, em relação ás repercussões que a formação ética que
recebeu, tem na sua prática pedagógica, eu iria perguntar o seguinte: ao longo de
todo este período em que tem estado em estágio, já se confrontou com algum
dilema, uma situação ética difícil, que queira relatar?
L – Agora assim questões éticas…dilemas éticos…
E – Uma situação em que… de alguma forma a incomodou e que sente que tinha
que tomar uma decisão e que essa decisão poderá ser difícil para si, em termos
éticos.
L – Ora agora assim de repente não estou a ver…
E – Qual é a situação mais difícil que se lembra que enfrentou até agora em…
em… em estágio?
L – Eu acho que as questões que mais puseram um bocadinho complicação, foi mais a
relação com os pais…
E – Hum! Hum!
L – Porque as pessoas são diferentes, os pais são diferentes e por mais que… que… uma
pessoa goste das crianças e elas de nós, ás vezes os pais não nos conhecem, metem
sempre um bocadinho o pé atrás. Eu não sei se isso será uma questão ética, se não, mas
nos meus primeiros tempos de estágio, ali onde eu estou, os pais praticamente passavam
por cima de mim, entre aspas… não…perguntavam-me como é que tinha decorrido o
dia, o que é que a criança tinha feito, se…se tinha portado bem, se tinha comido, se
tinha dormido, e dois segundos mais tarde aparecia a minha educadora e perguntavam-
lhe o mesmo…
E – Como é que se sentia?
L – Eu sentia…era uma postura… porque eu pensava… portanto… os pais não me
conhecem, é completamente normal que não…que a principio não confiem em mim,
que queiram sempre a opinião da educadora própria da sala. Mas por outro lado também
me sentia um pouco triste, porque ao fim ao cabo eu estou ali a fazer um trabalho, não
estou ali a mentir, não estou ali a enganar ninguém e o que mais me interessa é o bem-
estar da criança.
E – Hum! E como é que reagiu para resolver essa situação?
L– Eu… eu deixo pá...falar aos pais. Continuei a falar com eles, a dizer como é que
tinha corrido. Na altura falei com a minha educadora, e ela disse que… para eu ter
calma, porque isso é normal nestes primeiros tempos, mas que a partir do momento em
que me vissem ali mais vezes, que soubessem especificamente o que é que eu estava a
fazer …
Alguns pais perguntavam, eu respondia que era estagiária, outros nem por isso. Mas
mesmo assim eu ás vezes dizia e tentava mostrar aos pais, que as crianças comigo que
estavam bem, que eu gostava delas, elas gostavam de mim, que proporcionava um bem-
estar.
E – Portanto, tentou perante os pais marcar, explicar-lhes qual era a sua posição?
L – Sim.
E – Marcar de certo modo seu lugar…
L– Sim, sim!
E – Olhe, acha que /a formação ética que recebeu na escola, contribuiu para essa
solução que encontrou, ou foi mais o conselho da educadora?
L – Eu acho que foi uma mistura de tudo um pouco. Daquilo que eu aprendi, daquilo
que eu penso e daquilo que a minha educadora me aconselhou. Eu acho que…que foi
tudo mais ou menos conciso. As opiniões referentes a pensamentos que eu tinha e a
minha educadora e aquilo que aprendi, acho que estava tudo mais ou menos igual… era
tudo mais ou menos igual.
E – E acha que depois de explicar aos pais o seu… a sua função ali, os seus
objectivos, de marcar o seu lugar, acha que a atitude deles mudou em relação a si?
L – Alguns mudou. A maior parte mudou. Claro que existe sempre um ou outro, mais
especificamente um, que ainda continua a fazer o mesmo: vir falar comigo, fala comigo
muito bem, mas se for preciso algum, algum outro… por exemplo alguma criança
precisa de tomar aquele remédio àquelas X horas, se calhar chama a minha educadora a
dizer que precisa, em vez de me dizer directamente a mim. Mas de resto noto… noto
que há maior relação e um relacionamento com eles.
E – Olhe, imaginando que era a educadora da sala mesmo e que não tinha a quem
recorrer superiormente e já desvinculada da Escola, se tivesse situações como essas
ou outras, com… de relacionamento com os adultos ou com crianças, que valores é
que acha que iria accionar para resolver essas situações?
L – Do respeito, acima de tudo… e de compreensão… respeito, compreensão, diálogo,
acho que sim…
E – E esse… esse…esses valores que me fala remetem-se para o relacionamento
com os adultos ou abrange também o grupo das crianças?
L – Eu acho que também abrange um pouco o grupo das crianças, porque nós temos de
ter respeito por aquilo que são e temos de ter respeito com elas. Acho que apesar das
minhas crianças serem de tenra idade, só terem um aninho, acho que também talvez o
diálogo sim também. Eles percebem, eles sabem… sabem quando fazem bem e quando
fazem mal.
Pelo menos acho que esses valores também podiam ser abrangidos às crianças.
E – Hum! Hum! Olhe que valores é que acha que um bom educador deve ter? Se
quisesse caracterizar um bom educador, que valores ou qualidades éticas é que lhe
atribuía? O que é que achava que ele devia ter?
L – Eu acho que um educador devia ter o máximo que pudesse de respeito, como já
disse…a compreensão… porque acho que o educador tem que ter isso tudo, porque são
muitas coisas com… com cuidado, paciência, …mas acima de tudo continuo com o
respeito, porque acho que desde que haja respeito por nós e pelos outros, acho que será
um bom educador. Mas acho que todos os outros valores são importantes.
E – Nesses todos os outros, quais é que destacaria também?
L –A sinceridade. Mas isto vai tudo de encontro ao respeito, vai tudo…a liberdade
como já falei… acho que…
E – Sim senhor! Olhe a… mudemos agora um pouco a perspectiva, situando-nos
ainda no âmbito da ética mais… mais direccionada para a deontologia
profissional.
Considera importante a existência de um código deontológico da profissão
docente?
L – Sim, Penso que sim.
E – Porque é que acha que seria importante ele existir?
L – Eu penso que seria importante, porque…é o exemplo do… do… do …de um código
deontológico que existe, por exemplo, de um médico, de um advogado. Nós…os prof….
os docentes não…não… não têm. E era uma questão em que se estabeleça que…que
valores… que… em que estão mais ou menos entre aspas, o que pode e o que não pode
fazer. Acho que valorizava muito a profissão, porque também uma pessoa é diferente …
tem…cada pessoa é diferente, tem modos de pensar diferentes e acho que um código
deontológico viria … para estabelecer ali até onde é que uma pessoa pode ir ou não. Eu
não sei se estou a passar bem aquilo que penso, porque… portanto, o que penso é muito
complicado estar a explicar por palavras.
E – Acha que ele seria um guia…
L – Sim.
E – Para o professor?
L – Sim, acho que sim.
E – Acha que esse código poderia dar uma visão maior da profissão!
L – Acho que sim!
E – Situá-la mais em relação àquilo que é ser professor?
L – Sim! Penso que sim, porque acabava por valorizar aos olhos... aos olhos dos
docentes e aos olhos das outras pessoas, esta profissão.
E – Vê algumas desvantagens na existência desse código, ou seja, se ele existisse,
que desvantagens é que acharia que poderiam advir daí?
L – Eu não considero… acho que não…desvantagens… agora não estou a ver… mas
penso que existiria pessoas que mesmo sendo… talvez fossem um pouco contra esse
código deontológico e isso não iria ser… ser bom para eles próprios, nem para as
crianças, nem… nem… nem para a visão que se tem de uma… desta profissão.
E – Então acha que o código poderia não ser bem aceite por todos, é isso?
L– Eu acho que deveria ser. Mas que não sei até que ponto é que as pessoas, com as
suas maneiras de pensar diferentes iria… iria ser um… iriam estabelecer um código
deontológico que agradasse a todas as pessoas.
E – E acha que ele poderia de alguma forma ser um factor de desunião… entre os
professores?
L – É uma possibilidade, penso eu…
E – E essa é uma das vantagens que aponta?
L– Talvez…
E – Desvantagens perdão…
L - Sim senhor!
E- Se tivesse que se pronunciar sobre os deveres que esse código poderia incluir,
que deveres é que acha que deveriam constar nesse código deontológico?
L – Dever do… do docente ou… isso é muito complicado…pelo menos…dever do
docente perante a profissão, mais isso.
E – Acha que deveria de haver um código deontológico para todos os docentes, ou
que deveria haver distinção entre educadores e professores?
L – Isso é uma questão que eu… nem eu própria sei bem … não tenho…acho que não
tenho… profissionalmente, nem pessoalmente ainda estrutura para dizer. Mas penso que
deveria ser separado, porque uma coisa é ser educador, outra coisa é ser professor.
E – Acha que a profissão de educador tem especificidades diferentes das de
professor é isso?
L – Penso, acho que sim.
E – Então se… se concorda realmente com essa divisão, situando-nos num código
deontológico só para educadores que deveres é que acha que deviam constar nele?
L – Dever… dever de apoiar a criança acima de tudo, de respeitá-la, amá-la e
proporcionar-lhe todas as oportunidades que…que nós tenhamos capacidade.
E – E acha que esse código deveria incluir deveres apenas em relação à criança ou
abranger outros intervenientes?
L – Acho que outros intervenientes, os pais, a sociedade local, a sociedade mais global e
nós próprios.
E – Educadores entre si, é isso?
L– Sim.
E – Olhe, só para terminarmos, quem é que acha que deveria participar na
elaboração desse código?
L – Caso seja um código que dê tanto para educador como para professor, como referi
não… acho que não tenho experiência suficiente para dizer. Se…o que eu penso é isto
agora neste momento. Não sei se vou continuar a pensar daqui a uns anos, mas se for o
caso, todos os professores, todos os educadores, ou nem que seja por associação, ou
por…
E – Representantes…
L – Por Agrupamento por exemplo…É o Agrupamento que faz… que pensa estes
pontos e depois transmite talvez numa… numa reunião mais geral.
Também não sei especificamente como é que acontece com os outros… com os outros
códigos, mas penso que será essa reunião de membros, de Agrupamentos.
E – Portanto, seria a partir de… dos professores e depois serem, portanto,
participados ou discutidos num debate mais geral, é isso?
L – Sim!
E – E nesse debate mais geral incluiria que tipo de elementos?
L – Os elementos… Os professores, os educadores…talvez representantes do…do…do
Ministério… não sei se mais alguém. Também não tenho muita noção de como isso
funciona.
E – Olhe em relação à formação ética que desenvolveu ao longo deste… deste
curso, há alguma coisa que queira… que queira acrescentar e eu não lhe tenha
perguntado, e que gostaria de abordar?
L – Não, acho que está tudo.
E – Então, olhe agradeço-lhe mais uma vez o seu contributo, para a realização
deste trabalho, bem como o seu tempo e a disponibilidade que demonstrou.
L – De nada!
ANEXO E
ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS
ENTREVISTAS DOS FORMANDOS
ANEXO E1
ANÁLISE DE CONTEÚDO DA
ENTREVISTA AO FORMANDO M
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da formação
geral
Contributo das
disciplinas da
formação geral
Disciplinas
orientadas para
os conteúdos
A Psicologia educacional
- (…) Psicologia (…) a educacional, [que nós tivemos] …
M1
A Psicologia do desenvolvimento
- (…) Psicologia (…) do desenvolvimento, que nós tivemos
M2
A Axiologia
- (…) A Axiologia …
M3
A Sociologia
- (…) A Sociologia
M4
A Psicologia e Axiologia ajudam a
compreender melhor a criança
- (…) Estas são mais teóricas, [Psicologia e Axiologia] que
nos ajudam a compreender melhor a criança…
- (…) Estas são mais teóricas [Psicologia e Axiologia] que nos
ajudam a compreender melhor] tudo o que envolve a
criança….
M10
M11
Sintaxe e Linguística
(…) Também... não é bem Português… mas pronto, nós
demos-lhe o nome de Sintaxe e Linguística… que também
acho que é importante
M6
Literatura
- (…) Não me estou a recordar de mais nenhuma (….)
Literatura…
M7
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 2 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da formação
geral
Contributo
das
disciplinas da
formação
geral
Disciplinas
orientadas para
os conteúdos
A Psicologia e a Axiologia como
disciplinas principais
- (…) As essenciais que eu acho mesmo é a Psicologia e a
Axiologia….
- (…) São (…) mesmo as que eu acho mesmo principais, são
as duas [Psicologia e Axiologia]
M8
M12
A psicologia ajuda a saber como agir
- A Psicologia… pronto… porque ao darmos várias
formações ou as características das crianças de cada idade,
ajuda-nos também a saber como agir…
M40
Disciplinas
orientadas para
a prática
O Desenvolvimento e drama
A Música
As Expressões
Plásticas
- (…) As outras [disciplinas] são questões práticas que nós
vamos aprendendo, (…) ao longo do curso…
- (…) Depois todas aquelas práticas, portanto,
Desenvolvimento e Drama, Música, as Expressões Plásticas
M9
M5
Conteúdos de
formação
ética
Ética e Moral
Falou-se muito de ética
- (…) Nós em Axiologia falámos muito da ética…
- (…) Vou dizer os [conteúdos] que me recordo mais,
portanto, é a tal ética…
- [Trabalhámos] a ética…
M13
M26
M34
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 3 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Disciplinas
da formação
geral
Conteúdos de
formação
ética
Ética e Moral
A relação da ética com os valores
morais
- [(…) A ética] está muito relacionada com os valores
morais…
M14
A relação da ética com os valores
pessoais
- [(…) A ética está muito relacionada] com os valores da
pessoa…
M15
O conceito de moral associado ao
que está escrito
- (…) A moral é o que está escrito…
- [(…) A moral] é da leiI…
M16
M17
O conceito de ética associado à
consciência pessoal
- (…) A ética já é da pessoa…
- [(…) A ética já é] da própria consciência da pessoa..
- [(…) A ética já é] dos valores que a pessoa acredita….
M18
M19
M20
A ética como condicionante da acção
humana
-[ (…) A ética] vai condicionar a sua acção ( …) humana.
M21
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 4 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Disciplinas
da formação
geral
Conteúdos de
formação
ética
Valores
A relevância dos valores
- (…) Discutimos muito os valores…
- (…) Trabalhámos os valores…
- [(…) A Axiologia] foi a que tocou mais nesses assuntos, nos
valores…
M27
M32
M97
Os valores morais da sociedade
A necessidade de acompanhar os
valores em mudança
- [(…) Discutimos muito] os valores morais da sociedade
actual…
- (…) A Axiologia até foi dito, os valores estão sempre a
mudar, e estão!
- (…) -Nós devemos de acompanhá-los [os valores]
M28
M100
M101
A necessidade ou dever de preservar
os valores importantes
- (…) Mas também não deixar os valores importantes
M102
Os valores como condicionantes
- (…) A pessoa age consoante os valores que tem…
- (…) Logo aí eu acho muito importante […a pessoa agir
consoante os valores que tem]
- (…) Se ela valoriza uma coisa claro que depois, na sua acção
(...) como educadora a sua atitude vai ser em função desse
valor…
- (…) Daí logo a sua importância [dos valores] ….
M22
M23
M24
M25
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 5 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Disciplinas
da formação
geral
Conteúdos de
formação
ética
Deontologia
A ausência de uma deontologia
docente
- [Trabalhámos] a deontologia…
- (…) Também falámos da deontologia (…) docente…
- [ (…) A deontologia docente] não…não está em vigor.
- [(…) Todas as profissões têm [deontologia] mas…nós
ainda não…
M33
M29
M30
M31
O conhecimento de vários códigos
deontológicos
-(…) A axiologia vimos vários códigos deontológicos,
inclusive o do médico…
M121
O conhecimento de códigos para a
profissão docente
- [ (…) A axiologia ] vimos a proposta de um código
exactamente para a profissão docente…
- (…) Nós vimos um código deontológico da profissão
docente, mas para professores
M122
M134
Opinião sobre
a Axiologia
O gosto pela disciplina
- (…) Adorei a disciplina de Axiologia…
- (…) Eu gostei muito [da disciplina de Axiologia]…
M96
M98
A necessidade de aprender mais
- (…) Acho que (estou sempre…) a gente está sempre a
aprender mais….Temos de estar sempre a acompanhar…
M99
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 6 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Percepção de
problemas
éticos
Centrados na
criança
A humilhação da criança na prática
pedagógica
- (…) Estou na minha prática e não sei, podia ser uma
situação de conflito, mas vejo muito… muita humilhação…
- (…) Não é justo para a criança, (…) ser humilhada… (…) à
frente das restantes…
M144
M159
O insulto
- [Estou na minha prática e não sei podia ser uma situação de
conflito, mas vejo] muito o chamar nomes…
M145
A reacção dolorosa da criança
- (…) Assisti a uma que… portanto, a criança ficou quase
chorosa à minha frente…
- (…) Faço ideia, a criança fica com uma auto-estima mesmo em
baixo.
M148
M160
Centrados no
educador
O conflito consigo próprio
- (…) Pode surgir quando nós castigamos uma criança,
ficarmos em conflito com nós próprios, se foi ou não certo …
M78
O receio de criar conflitos
- [(…) Existe aqui um dilema, entre defender os direitos da
criança ou de alguma forma] Causar se calhar uma situação de
conflito…
-[(Também não… não me sinto no direito, uma vez que
também sou estagiária,] criar ali também uma situação de
conflito…
M154
M151
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro7 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
Os sentimentos
de revolta e de
pena
Sentimentos de revolta
– Eu olho para a cara da criança e sinto-me revoltada por
ela…
- (…) Fico mesmo revoltada…
- (…) Olho para a criança e sinto mesmo revolta…
M147
M149 M152
Sentimentos de pena
-[Olho para a criança e sinto mesmo ] pena da situação (que…
que…) que o adulto causou na criança….
M153
Dificuldade me
intervir
Não se sente com direito de intervir
- (…) Também não… não me sinto no direito, uma vez que
também sou estagiária, de me revoltar contra o adulto…
M150
A intervenção
idealizada
Chamar o adulto à razão
- (…) Se calhar talvez chamasse atenção do adulto, para não
voltar a fazer…
- (…) Não à frente das crianças, porque assim estaria a fazer o
que ela fez…
M155
M156
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 8 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
A intervenção
idealizada
Chamar o adulto à parte
Incentivar o adulto a pedir desculpa à
criança
- (…) Chamando-a à parte…
- Tentá-la chamar à razão…
- (…) Ia tentá-la chamar à razão…
- (…) Incentivar o adulto a pedir desculpas à criança…
- (…) Acho que é um factor importante [o adulto a pedir
desculpas à criança]
M157
M158
M161
M162
M163
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 9 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Formação
ética
proporcionada
pela Escola
Estratégias de
formação ética
dos educadores
Discussão de
situações
educativas em
geral
Discussão de situações
éticas reais não direccionadas para o
jardim de infância
-[Não trabalhámos] situações de como nós agirmos…
- [Nas aulas não eram colocados problemas dessa ordem (de
estratégias de desenvolvimento moral) surgidos da prática]
Foram , mas não foi de prática em Jardim…
- [Falámos de] situações reais que aconteceram, mas nunca
direccionados para a prática mesmo de Jardim de Infância
M35
M36
M120
Discussão de
dilemas
A discussão de dilemas éticos reais
não relacionados com o Jardim de
Infância
(…) Portanto, falámos de dilemas éticos, mas de casos
reais…
- [Portanto, falámos de dilemas éticos] mas não eram (…) de
Jardim de Infância…
- (…) Falámos apenas, portanto de dilemas morais
M37
M38
M119
Estratégias de
desenvolvimento
moral dos alunos
Histórias
A exploração de histórias para a
formação e o desenvolvimento moral
da criança
- (…) Nós falámos de várias histórias…
M41
A utilização de
fábulas
A exploração do conteúdo moral das
fábulas
- [Nós falámos de (…) de vários textos literários, um deles
era a fábula…
- (…) Ao lermos uma fábula à criança, ela tem sempre a
moral da história…
M42
M43
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 10 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Formação
ética
proporcionada
pela Escola
Estratégias de
desenvolvimento
moral dos alunos
A utilização de
fábulas
A exploração do conteúdo moral
das fábulas
- (…) Penso que também ajudará o educador [ o uso da
fábula]
- (…) Nós explorávamos as fábulas…
- (…) Foi dado a escolher uma fábula a cada… - (…) Por acaso nós explorámos a fábula da cigarra e da
formiga…
M44
M45
M46
M47
O reconhecimento dos valores
contidos na fábula em situações do
Jardim de Infância
- (…) E até mesmo tentámos ver em que contextos é que
tinham surgido [os valores subjacentes às fábulas] em
situações de prática em Jardim..
M48
Lacunas
percepcionadas
A falta de
análise de
situações
práticas
A falta de exposição de situações
práticas do Jardim de Infância
-[Assuntos a incluir na formação ética que não foram
abordados] Talvez as situações práticas…
- (…) O expor acontecimentos que tenham ocorrido mesmo
em Jardim…
M112
M113
A não
abordagem de
dilemas do
Jardim de
Infância
A falta de discussão dilemas do
Jardim de Infância
-- (…) Acho que seria importante, [trazer os dilemas para a
sala] penso que foi o que faltou …
- [A proposta de trazer os dilemas para a sala nunca foi feita
pelos alunos] Eu penso que não!
M116
M117
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 11 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Formação
ética
proporcionada
pela Escola
Estratégias
sugeridas
A discussão de dilemas do Jardim
de Infância nas aulas
- (…) Seria importante trazer os dilemas para a sala…
-[ (…) Seria importante ] pôr os educadores a discutirem
mesmo… porque é que agiriam assim ou ao contrário…
- (…) Agora que reflicto sobre isso, [ a proposta dos alunos
sobre trazer os dilemas para a sala] eu estou-me a lembrar
que seria importante…
M114
M115
M118
Princípios e
valores
predominantes na
Escola
Valores sociais
A solidariedade
- [ O professor destacou] (…) a solidariedade…
- Destacaria a solidariedade por causa agora da campanha
que há para a Guiné…
-[Essencialmente ] a solidariedade
M64
M52
M55
O respeito
-- [O professor] Mostrou o respeito…
-[O professor mostrou] o respeito pelo outro…
M66
M67
O valor da família
- (…) Também era valorizado o valor da família
M70
O amor
- [(…) Também era valorizado] o amor…
M71
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 12 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Formação
ética
proporcionada
pela Escola
Princípios e
valores
predominantes na
Escola
Valores
religiosos
Valores cristãos
(…) Sendo uma Escola católica são os valores cristãos
[predominantes]…
- (…) Na Páscoa, no Natal [a Escola] organiza as missas…
- (…) Penso que são mais os [valores] cristãos que a Escola
defende…
M49
M50
M51
A fé como valor cristão mais
importante
-[Destacaria] Depois é a fé…
- (…) Essencialmente ] é mais a fé…
- (…) É sempre (…) a fé…
M53
M54
M65
As disciplinas de conteúdo cristão
- (…) Nós tivemos uma disciplina que logo aí mostra
mesmo o carácter da escola…
- Tivemos duas [disciplinas] era o Humanismo Cristão e a
outra era Ciências Religiosas…
- (…) Era dado por um padre [as disciplinas Humanismo
Cristão e Ciências Religiosas]
M56
M57
M58
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 13 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre
os valores
Adesão
A importância da fé
- (…) Também acho um valor importante (…) a Fé…
M68
Necessidade actual de fé
- (…) Nós estamos numa sociedade que hoje muita gente
não tem Fé…
M69
Aspectos
negativos
A falta de conhecimento de outras
culturas e valores
- (…) Ele [o padre que lecciona Humanismo Cristão e
Ciências Religiosas] poderia agarrar nessas duas disciplinas
e mostrar-nos outras culturas…
- (…) Nós não vamos ter só crianças católicas…
- [ (…) O padre] Poderia agarrar e mostrar-nos outros
valores…
M59
M60
M61
A abordagem limitada aos valores
cristãos
- (…) Mas não, [ o padre] mostrou-nos simplesmente os
princípios cristãos…
- [ (…) O padre] mostrou-nos simplesmente os valores
cristãos…
M62
M63
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 14 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Formação
ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre os
valores
Aspectos
negativos
O valor da liberdade foi pouco
trabalhado
- [(…) Outros (valores] que eu acharia (…) necessários]
Trabalhar se calhar o valor da liberdade…
-[A liberdade] foi pouco trabalhada…
- (…) Foi discutido [a liberdade] lá está, na disciplina de
Axiologia…
- (…) Agora nestas de… de… tem a ver com as disciplinas
cristãs, não! Foi pouco.[discutida a liberdade]
M72
M75
M76
M77
Liberdade não é fazer o que se
quer
- (…) Mostrar que a liberdade, a nossa liberdade, acaba
quando a do outro começa…
- (…) A liberdade não é fazer tudo o que… o que apetece…
M73
M74
Valores
privilegiados
O amor como o melhor para a
criança
- (…) Talvez, se calhar o valor do amor…
- (…) O valor de amor, como sendo o melhor para a
criança…
- (…) Mas seria o melhor (… ) em relação ao amor, talvez..
M79
M80
M82
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 15 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Formação
ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre os
valores
Valores do
bom
educador
Os valores espirituais
[O educador] tem que ter os [valores] espirituais… vá… os
ditos espirituais:
M106
O amor
-[ (…) O Bom educador deve ter ] o valor do amor…
-[ (…) O Bom educador deve ter ] O amor…
-[ (…) O educador tem que ter valores espirituais] O
amor…
M83
M93
M108
O respeito para com adultos e
crianças
- [ (…) O Bom educador deve ter o valor ] do respeito…
-[ (…) O Bom educador deve ter o valor ] do respeito para
com os outros colegas (…) educadores adultos…
-[ (…) O Bom educador deve ter o valor do respeito]
também para com as crianças…
-[O valor ] do respeito…
[ (…) O educador tem que ter valores espirituais ] o
respeito…
M84
M85
M86
M92
M109
A solidariedade
-[ (…) O Bom educador deve ter ] o valor da
solidariedade…
-[ (…) O Bom educador deve ter ] a solidariedade…
-[ (…) O educador tem que ter valores espirituais ]
solidariedade
M87
M91
M110
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 16 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre os
valores
Valores do
bom educador
A liberdade
A família
-[ (…) O Bom educador deve ter o valor ] liberdade…
-[ (…) O Bom educador deve] mostrar que (…) não se pode
fazer tudo o que se apetece
[ (…) O educador tem que ter valores espirituais ] a
liberdade
[ (…) O educador tem que ter valores espirituais ] a
família…
M94
M95
M111
M107
O papel do
educador face
aos valores
Transmitir valores
- (…) São valores importantes que um educador ao tê-los,
logo à partida vai transmiti-los também à criança…
- (…) A pessoa se acredita naqueles valores, a pessoa não é
neutra…
- (…) A criança também capta. [os valores]…
M88
M89
M90
Educar para o consumo
- (…) Acho que hoje em dia está-se a dar muito valor às
coisas materiais…
- (…) É isso que se está a transmitir às crianças: o ter
tudo…
- (…) O educador não se pode deixar levar por aí [por
transmitir às crianças o ter tudo]…
M103
M104
M105
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 17 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Pertinência do
código
A falta de referências do
educador sobre como agir
-(…) O código deontológico acho que deve ser importante
porque (…) ás vezes há situações…. (…) que o educador
não sabe como agir…
--(…) Eu penso que aí, portanto, os educadores não têm
referência nenhuma…
M123
M126
Os educadores agem cada um
por si
- [Os educadores] agem por si…
-[Os educadores agem] pelo aquilo que eles pensam que
está correcto…
M127
M129
Função do código
O código como um guia
na resolução de problemas
… (…) Talvez tendo um código deontológico, (…) vai
funcionar como um guia…
- [O código] Vai ajudar através dele saber como …qual a
melhor solução para aquele problema…
- [Se houvesse um código] pelo menos todos os
educadores já sabiam… nesta situação… (…) era (…)
exactamente como um guia…
-[O código (…) era (…) exactamente] como um…um
livro… vá…onde nós pudéssemos consultar e agir da
melhor forma…
- Acho que é isso que faz falta [o código para consultar e
agir da melhor forma]…
- (…) Se houvesse um código deontológico, acho que seria
diferente
- (…) Penso que ajudaria muito o código deontológico..
M124
M125
M130
M131
M132
M128
M142
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 18 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Desvantagens do
código
As situações que geram confusão
- (…) Desvantagens… Eu penso que há sempre aquelas
situações críticas, que dão sempre confusão…
- (…) Há sempre aquelas situações de conflito…
M133
M140
A possível dificuldade dos
professores em cumprir o código
- (…) Lembro-me (de uma) …de uma questão que lá estava
[no código para professores], que era das… das
explicações…
- (…) Nós depois até discutimos, se não haveria professores
que dessem a matéria mal dada nas aulas, a fim de
conseguir arranjar mais alunos para (…) dar explicações…
-[(…) O professor (…) recebe bem das explicações…
- (…) Nós dissemos logo que não,[o professor não deve dar
a matéria mal] visto que está escrito no código deontológico
que ele não deve fazê-lo…
- (…) Mas se calhar esse professor não vai ao encontro
disso …
M135
M136
M137
M138…
M139
A dificuldade em harmonizar
formas de pensar
- (…) Nem todas as pessoas pensam da mesma maneira…
M141
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 19 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Conteúdos do
código
Deveres
relativos à
criança
Deveres
relativos aos
colegas
Deveres
relativos aos
pais
Dever de
não maltratar a criança
Deveres com colegas da
instituição e do meio
Dever de cooperação com os
pais
A cooperação com os pais
contribui para resolver
problemas da criança
- (…) O dever de não maltratar a criança, seja fisicamente
ou psicologicamente…
- (…) O dever era não maltratar a criança seja fisicamente,
seja psicologicamente…
-[Deveres] com os colegas… vá… da instituição...
- [Deveres com os colegas] dali daquele meio…
- (…) Também seria um factor importante dentro do código
deontológico, o dever de… de cooperar com os pais …
- (…) É mesmo o dever de cooperar com eles…
- (…) Os pais são um factor importante …
- (…) As crianças são assim porque os pais o são…
- (…) Os pais são o espelho da criança…
- (…) Se a criança é assim, é porque tem referências dos
pais que são assim…
- (…) Se calhar muitas vezes nós conseguimos resolver
problemas da criança se os juntarmos aos pais e se
cooperarmos com eles….
M143
M146
M164
M165
.M172
M173
M166
M168
M169
M170
M171
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 20 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Conteúdos do
código
Deveres
relativos à
comunidade
Dever de articular com a
comunidade
- [Deveres para com ] a restante comunidade…
- (…) Imaginemos que uma comunidade tem um lar de
idosos…
- (…) As crianças ás vezes nem sabem sequer o que é um
lar de idosos…
- [As crianças ás vezes] nem sabem que existe [o lar de
idosos]
- (…) Só se for algum a [criança] que tem por acaso um
avô ou …pronto… ou um familiar.[no lar de idosos]…
-(…) Portanto, acho que é dever da… da educadora, uma
vez que sabe, que tem informação disso, cooperar
com…com esse lar…
- [É dever da educadora] Fazer visitas[ a esse lar]…
M167
M174
M175
M176
M177
M178
M179
Benefícios de articular com a
comunidade
- (…) Isso [fazer visitas ao lar] não faz só bem às crianças,
como também aos idosos que estão nesse lar….
- (…) Penso que seria uma mais valia para ambos [as
crianças e os idosos].
M180
M181
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 21 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Pertinência de
códigos diferentes
A diferença de deveres entre os
professores e os educadores
- (…) Eu não sei como são os deveres [dos professores]…
- (…) Eu penso que são diferentes [os deveres] de
professores para educadores…
- (…) Talvez na profissão docente haveria de haver dois
[códigos]: um para professores e outro para educadoras,
uma vez que…pronto, são completamente diferentes…
M182
M183
M184
A distinção entre funções dos
professores e dos educadores
- (…) Um professor tem um programa…
- (…) Ele tem que cumprir aquele programa…
- (…) Está ali, as crianças estão sentadas e ele mesmo que
não se queira, debita, não é… a matéria…
- (…) O educador (…) Não tem programa….
-[O educador] Tem umas orientações …
- (…) Ele tem de partir de situações do dia a dia…
-[O educador tem que partir de ] situações da criança, a
partir do que ela sabe…
-[O educador tem que ]explorar e tentar transmitir-lhe[á
criança] aí alguns conhecimentos…
- (…) Não lhe vai dar matéria, porque a criança também
não apreende…
M187
M188
M189
M190
M191
M192
M193
M194
M195
Análise de conteúdo da entrevista M
Quadro 22 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada M sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R.
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Pertinência de
códigos diferentes
A distinção entre funções dos
professores e dos educadores
- (…) Vai ensinando-a brincando
- (…) Eu penso que um professor, guiando-se por um livro,
estar ali a dar aulas, é diferente de um educador ali com 25
crianças no máximo…
[ O educador] não tem livros, não há dias , portanto é
diferente
M196
M197
M198
Autoria do código
A participação de professores e
educadores cada qual no seu
código
- (…) Nos [códigos] de professores participarem os
professores e nos [códigos ] de educadores, os
educadores…
- (…) Eles [os professores e os educadores] é que conhecem
bem o meio onde estão…
M185
M186
A participação do Ministério da
Educação para alcançar
soluções consensuais
- (…) Eu não sei bem como isso funciona, [elaboração do
código] mas talvez alguém que faça parte do ministério da
educação, (…) que acompanhe e que oriente o debate…
- (…) Porque (…) vai sempre haver situações de conflito e
chegar à melhor hipótese…
M200
M201
ANEXO E2
ANÁLISE DE CONTEÚDO DA
ENTREVISTA AO FORMANDO R
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Contributo das
disciplinas da
formação geral
Disciplinas
orientadas para os
conteúdos
A Axiologia
- (…) Axiologia Educacional primeiro, porque acho que tem
muito a ver com a nossa pessoa…
R1
A Literatura infantil
- (…) Também é muito importante Literatura Infantil…
- (…) A Literatura [acho que são áreas que também são muito
importantes nós desenvolvermos com as crianças …]
- (…) Também acho que é bom privilegiar a Literatura Infantil.
R2
R19
R23
O papel da Literatura infantil
na sensibilização à leitura e à
escrita
-(…) Despertar o interesse das crianças pelos livros…
-[ (…) Despertar o interesse das crianças] pela leitura…
--[ (…) Despertar o interesse das crianças] pela escrita…
- (…) Perceberem já antes de ir p´ró o 1º ciclo o que é a escrita ,
no que é que consiste…
R24
R25
R26
R27
A Metodologia da Matemática
- [(…) Também é muito importante] a Metodologia da
Matemática
- (…) A Metodologia da Matemática, (…) acho que são áreas
que também são muito importantes nós desenvolvermos com as
crianças …
R3
R18
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 2 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Contributo das
disciplinas da
formação geral
Disciplinas
orientadas para os
conteúdos
O papel da Metodologia da
Matemática na sensibilização
à dsiciplina
- [(…) Perceberem já antes de irem (…) p’ró 1º ciclo… (…) no
que é que consiste] (…) a matemática …
R28
A Psicologia do
Desenvolvimento
- (…) A Psicologia do desenvolvimento, porque para além de
ser muito teórica, tem exemplos muito práticos (…) e que
acontecem no nosso quotidiano…
- (…) Nós conseguimos ver [exemplos muito práticos (…)
que acontecem no nosso quotidiano] como é que poderemos
fazer nessas alturas…
R143
R144
Disciplinas
orientadas para as
práticas
As Expressões
- (…) E depois Expressões [acho que são áreas que também são
muito importantes nós desenvolvermos com as crianças …]
R17
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 3 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Conteúdos de
formação ética
Deontologia
A importância da deontologia
- (…) Aquele que me despertou mais e que eu mais gostei, foi
realmente a deontologia,…
- (…) Acho que é mesmo muito importante .[ a deontologia] …
R44
R45
O interesse pelos códigos
deontológicos
- (…) Em relação aos códigos deontológicos que nós também
falámos (…) nesta cadeira e foi isso que me despertou
bastante…
R49
A importância de conhecer e
aplicar os deveres da criança
- (…) Os nossos deveres para com a criança…
- (…) É muito importante (…) nós sabermos que deveres é que
temos para com elas…
- [ (…) É muito importante (…) nós sabermos ] como aplicar
isso [os deveres}
[ (…) É muito importante (…) nós sabermos ] como não
infringir também…
R139
R140
R141
R142
Valores
A abordagem aos valores
- (…) A Sociologia da Educação, porque nessa cadeira nós
falámos também dos valores…
R74
Formação ética e
evolução da
sociedade
A formação ética acompanha a
evolução da sociedade
- (…) [Falámos também] da evolução da sociedade que vem a
par também (…) com esta formação ética…
- (…) A formação ética é uma coisa que (…) acompanha a
evolução da sociedade…
R75
R76
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 4 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Opinião sobre a
Axiologia
Importância da
Axiologia na
formação pessoal
Desperta para o
autoconhecimento
- (…) A Axiologia Educacional (…) penso que é muito
importante para nós…
- [ (…)È muito importante ] Nós termos uma formação que nos
desperte para nós, enquanto pessoas…
R5
R6
Alerta para hábitos e actos de
conduta pessoais
[ (…)È muito importante ] Também ter muita atenção aos nosso
actos …
- (…) È muito importante nós termos atenção à nossa conduta…
- (…) Também devemos ter em atenção os nossos hábitos para
connosco próprios…
- (…) Eu penso que desde que tive esta disciplina, fiquei mais
desperta a (…) certos actos que se calhar nós tomamos, ou que
nós fazemos …
- [(…) Certos actos ] que se calhar nos passam ao lado, se não
tivermos uma disciplina que nos alerte para este tipo de
coisas….
R11
R14
R40
R31
R32
Influencia o modo de agir e
pensar
- (…) Penso que [a Axiologia] me influenciou bastante na
minha forma de agir…
- (…) Penso que é muito importante nós sabermos como é que
devemos agir…
R33
R43
- [(…)Penso que [a Axiologia] me influenciou bastante na
minha forma ] de pensar…
R34
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 5 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Opinião sobre a
Axiologia
A importância da
Axiologia na
formação
profissional
Desperta para a atitude e
desempenho do educador
- [(…)È muito importante] Nós termos uma formação que nos
desperte para nós] (…) enquanto educadores…
-[ (…) A Axiologia Educacional desperta-nos para isso,[ a nossa
conduta] (…) na nossa sala de actividades. ..
R7
R16
Desperta para a importância
da conduta social do educador
- (…) Nós enquanto educadores, devemos ter uma componente
de formação a nível social, muito importante…
- (…) A Axiologia Educacional desperta-nos para isso,[ a nossa
conduta] (…) em sociedade…
R8
R15
Sensibiliza para a reflexão
sobre a acção
- (…) Acho que é muito importante nós, no fim de estarmos
com as crianças um dia inteiro, reflectirmos naquilo que
fizemos, se é correcto ou não …
- (…) Se calhar são coisas que nós não faríamos, [reflectirmos
aquilo que fizemos] se não tivéssemos esta disciplina…
R35
R36
Alerta para a necessidade de
dar atenção às crianças do
meio envolvente
- (…) É também é muito importante porque a Axiologia nos
alerta que (…) não devemos ter em atenção só as crianças…
- [(…)Também devemos ter em atenção] as crianças do meio
envolvente…
R39
R41
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 6 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Disciplinas do curso mais úteis para a profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Opinião sobre a
Axiologia
A importância da
Axiologia na
formação
profissional
Alerta para a necessidade de
dar atenção aos pais
- [(…)Também devemos ter em atenção] os pais…
R42
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 7- Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Percepção de
problemas
éticos
Centrados no
educador
O conflito consigo própria
- (…) Mas há situações obviamente (que…) que eu entro em
conflito comigo mesma…
R104
O receio de criar conflito com
o adulto
- (…) Se eu disser, se calhar não vai parecer bem a quem eu
digo, (…) a nível de adulto-adulto…
R106
A observação de actos ética e
deontologicamente errados
- (…) Depois por um lado (…) há actos, visto isto pelo ponto de
vista ético, [ que são errados] …
- [(…) Há actos, visto isto pelo ponto de vista] deontológico, que
são errados…
R107
R108
A observação de actos
impensados
[(…) Há actos ] que se calhar as pessoas cometem ás vezes sem
pensar …
- (…) Há situações completamente absurdas
R109
R110
Centrados na
criança
A necessidade de movimento
da criança
(…) Temos de compreender que uma criança não tem a mesma
capacidade de estar quieta, do que nós …
- (…) Elas [as crianças] precisam de movimento…
- (…) Elas [as crianças] precisam de agir…
- (…) Acriança (…) tem muita energia e nós também devemos
compreender isso …
R111
R112
R113
R115
Análise de conteúdo da entrevista
Quadro 8 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Percepção de
problemas
éticos
Centrados na
criança
A pressão sobre a criança para
se manter quieta
- (…) Às vezes estar um dia inteiro a dizer “está calada, senta-
te” ou “está quieta”, provavelmente (…) não é a melhor
forma…
- (…) Querer que uma criança esteja um dia todo, (…) muitas
vezes desde as 8 horas até às 7 horas da tarde, porque é o
tempo que geralmente passam no Jardim, estar todo o dia
quieto, é muito complicado. ..
R114
R116
A necessidade de compreender
a criança colocando-se no lugar
dela
- (…) Para nós adultos (…) se nós por exemplo (…) numa
sala de aula também gostamos de conversar, vamos colocar-
nos no lugar da criança…
R117
A punição desajustada da
criança em relação ao seu
comportamento
- (…) Às vezes por coisas mínimas que a criança fala (…)
[pegar na criança e dar-lhe uma punição um bocadinho mais
rígida do aquela que deveria ser adequada, sim já vi muitas
vezes].
- (…) A criança faz alguma coisa tipicamente de crianças (…)
pegar na criança e dar-lhe uma punição um bocadinho mais
rígida do aquela que deveria ser adequada, sim já vi muitas
vezes.
R118
R119
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 9 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
Dificuldade
em intervir
Como estagiária sente-se
limitada
- (…) Nós como estagiárias estamos um bocadinho limitadas…
R99
Não se manifesta por ser
estagiária
- (…) Geralmente não digo nada …
- (…) Porque é assim… penso que não devo dizer, porque sou só
uma estagiária…
- (…) É assim que eu ajo: eu vejo as coisas, não estou em posição
de o dizer como estagiária…
R120
R105
R122
Intervenção
idealizada
Reflectir sobre o que não lhe
agrada para não o repetir na
sua prática
- (…) Eu penso que pelo menos aquilo que eu vejo, que não me
agrada é sempre bom, porque posso me lembrar disso para quando
for a minha prática nunca o fazer…
R121
Não punir de imediato
- (…) Penso que não devemos logo partir para a punição.
- (…) Sei que gerir um grupo de 25 crianças que é muito
complicado…
- (…) Mas partir logo para a agressão e ás vezes física, (…) acho
(…) que não é o ideal.
R123
R124
R125
Alertar pessoalmente a
criança sobre o
comportamento errado
- (…) Alertar a criança para aquilo que ela está a fazer não é o
correcto…
- (…) Falar com ela pessoalmente…
R126
R127
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 10 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
Intervenção
idealizada
Alertar pessoalmente a
criança sobre o
comportamento errado
- (…) Chamá-la à parte [à criança] …
- (…) Tentar fazer compreender que aquilo que ela está naquele
momento a fazer não é [correcto]…
R129
R130
Não humilhar a criança à
frente do grupo
- (…) Às vezes falar em frente do grupo humilha a criança (…)
normalmente não é isso que acho que deverá ser feito…
R128
Levar a criança a entender o
ponto de vista do adulto
- (…) E fazê-las entender também o nosso ponto de vista…
- (…) Eu acho que é muito importante, porque a criança muitas
das vezes, a maior parte, não consegue pôr-se no nosso lugar…
- (…) E ás vezes pô-la no nosso lugar resulta bastante…
R131
R132.
R133
Contributo da
Formação
Ética na
resolução de
problemas
O predomínio da ética pessoal
- (…) É óbvio que nós temos linhas orientadoras [ de formação
ética] (…) mas é sempre muito diferente…
- (…) Acho que essas linhas orientadoras, quando nós estivermos
num Jardim, na nossa prática diária, (…) provavelmente aquilo
que nós vamos fazer, é o que nós achamos que está bem…
- (…) Talvez seja um bocadinho mais vindo do nosso interior, do
que propriamente daquilo que nós estivemos a falar [ a formação
ética recebida na Escola]…
R64
R65
R66
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 11 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Contributo da
Formação
Ética na
resolução de
problemas
O predomínio da ética pessoal
- (…) Acho que vai muito da formação de nós enquanto
pessoas…
- (…) Numa turma de 27 alunas, face à mesma situação,
provavelmente reagiriam todas de maneiras diferentes…
- (…) E então acho que também vem de nós [da formação ética
enquanto pessoas]…
R135
R136
R137
A pertinência da
Formação ética da Escola
-[ (…) A resolução de situações educativas] Sem dúvida que
também veio (…) de toda uma componente de formação que nós
tivemos aqui na Escola….
- (…) Também acho que é mesmo muito importante ter uma
formação [ética na escola] …
R134
R138.
- (…) Acho que já é muito bom a nossa escola ter esta formação…
- (…) Provavelmente há muitas escolas que (…) no curso de
educação de infância, (…) ainda não têm nenhuma cadeira, (…)
em que seja chamada a atenção, (…) para este tipo de situações.
[da formação ética]…
R67
R68
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 12 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação
ética
proporcionada
pela Escola
Estratégias de
formação ética
dos educadores
Linhas gerais
de orientação
Não foram dadas estratégias
de acção
- [Foram dadas estratégias de acção (…) no âmbito da formação
ética com os seus alunos] – Estratégias de acção não…
R50
Foram dadas linhas
orientadoras gerais
- (…) Mas talvez linhas orientadoras, por aí, acho que sim…
- (…) Mas foi tudo assim de uma maneira muito geral…
R51
R57.
Abordagem de
situações
educativas
específicas
A conduta linear do adulto
face à criança
- (…) Nós termos (…) uma conduta frente ás crianças, enfim,
linear…
R52
A aplicação oportuna de
castigos
- (…) Termos atenção em relação, por exemplo, aos castigos que
aplicamos (…) se têm cabimento ou não…
- (…) Se é na hora que se deve fazer [castigar], porque depois se
calhar se já for uma hora depois, não tem qualquer importância
para a criança…
- (…) Ela não vai compreender (…) que está a ser castigada por
aquilo que fez …
R53
R54
R55
Estratégias de
desenvolvimento
moral dos alunos
A necessidade de trabalhar
os valores
- (…) Focámos (…) que era importante abordar valores…
- (…) É também importante saber que (…) desde esta faixa etária
(…) devem ser trabalhados os valores…
- (…) Devemos desenvolver estas capacidades todas [os valores]
na criança…
R56
R37
R38
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 13 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Lacunas
percepcionadas
Pouco tempo
de formação
teórica
Tempo reduzido para
aprofundar a disciplina de
Axiologia
[- (…) A Axiologia] tem muitas coisas a serem abordadas em
tão pouco tempo…
- (…) A disciplina é semestral [a Axiologia]…
- (…) Eu acho que (…) em 6 meses, menos de 6 meses
obviamente, (…) que nunca dá para focar tudo tão bem…
R47
R59
R60
Pouca
componente
prática
Falta de componente mais
prática na disciplina de
Axiologia
(…) E depois acho que falta componente. [à Axiologia]…
- (…) Óbvio que nunca vamos ter uma componente assim muito
prática…
- (…) Mas tal como estava a dizer das estratégias, acho que falta
isso [componente prática ] à disciplina…
R61
R62
R63
Estratégias
sugeridas
Prolongar a
formação
teórica no
tempo
A necessidade de prolongar o
tempo de formação ética para
melhor a aprofundar
- (…) Devia ser (…) uma disciplina, a Axiologia, que se
prolongasse por mais um bocadinho…
- (…) Devia ser um bocadinho mais alargado [as estratégias de
formação ética] porque depois o tempo é pouco…
(…) Penso (…) que deveria ser um bocadinho mais alargado,
(…) p’ra nós nos sentirmos mais preparadas quando vamos p´ra
nossa prática pedagógica…
-(…) E penso que a deontologia devia ser realmente abordada
(…) e devia ser falado um bocadinho com mais tempo…
R46
R58
R69
R48
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 14 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Estratégias
sugeridas
Aumentar a
componente
prática
A necessidade de aumentar a
componente prática para
consolidar conhecimentos da
disciplina
- (…) Se calhar se tivermos uma componente um bocadinho
mais prática desta disciplina,[Axiologia] talvez seja melhor e
não passe tão ao lado…
- (…) Depois se calhar há pessoas que gostam da disciplina, mas
acabam por esquecer…
-[ (…) Há pessoas que gostam da disciplina] (…) e que não vão
valorizar…
- (…) Se calhar não conseguiram tirar as ilações daquilo que
nós aprendemos, para depois nós aplicarmos…
R70
R71
R72
R73
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 15 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Princípios e
valores
predominantes
na Escola
A formação
integral do
aluno
A formação geral
- (…) Acho que não estou muito dentro disso [Princípios e
valores predominantes na Escola]…
- (…) Mas talvez nós sairmos daqui (…) com uma formação
um bocadinho (…) a nível de tudo…
R77
R78
A formação ética
- (…) Mas também penso que valoriza (…) este âmbito (…) da
formação ética, pela axiologia…
R79
Valores
sociais
O amor
- (…) Nós temos (…) a nossa frase, que é “QUEM AMA
EDUCA SEMPRE”, que eu acho que é muito importante…
- (…) Penso que só pelo lema, [QUEM AMA EDUCA
SEMPRE”] acho que já valoriza também esta componente ética
R80
R81
A relação de proximidade
humana
- (…) Eu penso que é uma relação humana bastante próxima…
- (…) Porque não são todas as universidades em que os alunos
têm uma relação tão próxima com os funcionários …
-[(…) Não são todas as universidades em que os alunos têm uma
relação tão próxima] com os professores…
R95
R96
R97
Opinião sobre
os valores
Valores
privilegiados
A importância da afectividade
- (…) [A escola] Promove realmente verdadeiros laços de
afectividade entre as pessoas e acho que isso é muito
importante…
R98
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 16 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre
os valores
Valores
privilegiados
O diálogo
- (…) O diálogo…
R145
O respeito mútuo
- (…) Penso que é muito importante o respeito, entre essas duas
pessoas…
- (…) Se não houver [respeito] tanto de uma parte como da
outra, penso que não há muito a fazer…
R146
R147
A afectividade como base para
a confiança
- (…) Acho que é muito importante a afectividade…
- (…) Se nós não formos afectivos para com eles, se não
reconhecerem essa afectividade por parte de nós, provavelmente
nunca vão sentir confiança em nós…
- [Se nós não formos afectivos para com eles, se não
reconhecerem essa afectividade por parte de nós ] Nunca vão
fazer aquilo que nós lhes pedimos…
R148
R149
R150
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 17 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre
os valores
Valores do
bom educador
A afectividade - (…) Aquele que eu elejo assim logo muito rapidamente, é
mesmo a afectividade…
R151
A liberdade
- (…) Depois… penso que [elejo] a liberdade…
-(…) Dar a liberdade à criança de ser como ela é…
R152
R153
O respeito pela criança
- (…) O respeito que nós temos que ter pela criança,...
- [(…) O respeito que nós temos que ter] pelas suas
necessidades…
R154
R155
A necessidade de conhecer e
aprender mais para se
actualizar
- (…) Penso que um bom educador deve ter o valor, não sei
muito bem se é um valor, mas penso que deve sentir
necessidade de conhecer e de aprender mais, para conseguir
acompanhar a evolução dos tempos…
R156
A necessidade conhecer e
aprender mais para
corresponder às expectativas
das crianças
-[ (…) Um bom educador ] (…) deve sentir necessidade de
conhecer e de aprender mais, ] para conseguir dar sempre
resposta ás crianças…
- (…) Penso que é mais ou menos um valor, nós termos o dever
de nos formarmos (…) para conseguirmos corresponder às
expectativas das crianças.
R157
R159
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 18 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre
os valores
Valores do
bom educador
O reconhecimento da
insuficiência da formação
inicial para o desempenho
profissional
- (…) Acho que é muito importante nós sabermos que a
formação que nós damos quando tiramos uma licenciatura, não
chega de maneira nenhuma para conseguirmos estar com as
crianças….
R158
O papel do
educador face
aos valores
Responsabilidade pela
integração da criança na vida e
no mundo
- (…) Nós vamos despertar nas crianças a maneira como…
como elas vão viver no mundo…
- (…) Então eu acho que é muito importante nós sabermos como
é que havemos de introduzir a criança no mundo…
- (…) Nós vamos preparando [ a criança] (…) não só para a
vida…
-[ (…)Nós vamos preparando[ a criança] para o mundo,..
R9
R10
R20
R21
O educador como modelo de
referência da criança
- (…) A criança aprende muito mais através de exemplos…
- (…) Ela [a criança] elege um modelo (…) através daquilo que
nós dizemos…
R12
R13
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 19 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Pertinência do
Código
É importante porque
muitos docentes cometem
actos deontologicamente
incorrectos
- (…) Penso que é muito importante porque há tantos educadores,
tantos professores que cometem actos deontologicamente
incorrectos…
- (…) Isso [actos deontologicamente incorrectos] às vezes nem passa
pela cabeça, (…) de ninguém de fora, porque é mesmo assim…
R163
R164
Os educadores necessitam
de orientação deontológica
- (…) Os educadores não têm nada que os guie (…) para fazerem (… )
aquilo que estão a fazer está deontologicamente correcto ou não….
R162.
Função do
código
Serve como base de
orientação
- [(…) O código deontológico] É só uma base …
- [(…)O código deontológico] só como se fosse um guião …
- [(…)O código deontológico como ] umas linhas orientadoras
R167
R168.
R169
Não se aplica à letra
- (…) Penso que é importante um código deontológico mas também é
importante saber que não é para nós nos guiar …
-[ (…) O código] Não é para nós estarmos a pôr em prática tal como lá
diz…
R166
R170
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 20 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Função do
código
Deve dar espaço a situações
particulares
-[ (…) O código] deve dar espaço de manobra a situações particulares
R171
Não cristaliza deveres e
direitos
- (…) É importante as pessoas saberem que um código não é a
cristalização de os deveres…
-[ É importante as pessoas saberem que um código não é a
cristalização ] dos direitos…
R181
R182
Não limita a acção dos
educadores
- (…)Não é os direitos e os deveres que estão naquele papel que vão
limitar a acção dos educadores.
- (…) Penso que (…) um ponto negativo (…) é se calhar pensarem
que um código deontológico possa ser isso[os direitos e os deveres
que estão naquele papel que vão limitar a acção dos educadores] o que
não.
R183
R184
Vantagens do
código
Favorece a união da classe
-- (…) E porque serve para unir a nossa classe…
R165
Valoriza a profissão
- Penso que é muito importante também para …para a nossa profissão
ser um bocadinho mais valorizada, porque não o é…
-(…) Se a nossa profissão for valorizada nós teremos ainda mais gosto
de fazermos aquilo que fazemos …
R172
R173
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 21 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Desvantagens
do código
Não vê desvantagens na
existência do código - [Algumas desvantagens para a existência desse código]
Não! Eu não vejo! [desvantagens]…
R174
Conteúdos do
código
Deveres
relativos à
criança
Respeitar o ritmo da
criança
- (…) Penso que se devem remeter para os deveres para com as
crianças…
- (…) Em relação às crianças, o nosso dever de respeitar o seu ritmo….
- (…) Acho que é muito importante, porque vamos a ver e muitas vezes
não é respeitado o ritmo da criança …
- (…) [ As crianças] Estão a fazer trabalhos, que às vezes nem sequer
são adequados e depois exigem que estejam feitos em determinado
tempo….
- (…) Portanto, acho que é muito importante o dever de respeitar o
ritmo…o próprio ritmo da criança
R187
R191
R192
R193
R194
Preparar a criança para a
sua integração na
sociedade
- (…) O dever de a preparar [a criança] para a nossa sociedade, (…) a
nível social…
- [(…) O dever de a preparar [a criança] para a nossa sociedade, a nível
moral…
R195
R196
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 22 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Conteúdos do
código
Deveres
relativos à
criança
Preparar a criança para a
escolaridade
- (…) Nós vamos preparando [a criança] (…) também para a escola (…)
para a sua formação a nível de escolaridade.
- (…) Porque se forem devidamente despertas para estas situações
todas, [as crianças] provavelmente terão um percurso escolar (…) [mais
vantajoso e muito melhor]…
- [(…) Porque se forem devidamente despertas para estas situações
todas, [as crianças] provavelmente terão um percurso] social muito mais
vantajoso e muito melhor…
- [(…) O dever de a preparar [a criança] a nível (…) tudo o que abrange
a escolaridade (.…) para ela se sentir preparada também quando for para
a escola …
R22
R29
R30
R197
Contribuir para que a
criança seja feliz
- (…) Penso que também é muito importante (… ) o nosso dever para
com as crianças (…) de elas serem felizes …
-[ (…) É muito importante (… ) o nosso dever para com as crianças]
terem um percurso feliz ao longo do tempo em que passam pelo
Jardim…
- (…) Acho que é muito importante a criança ser feliz…
- [(…)A criança ser feliz] implica muito também com a nossa postura
para com ela…
R198
R199
R200
R201
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 23 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Conteúdos do
código
Deveres
relativos aos
pais
Deveres dos educadores
para com os pais
- (…) Penso que os deveres não devem ser só os deveres dos educadores
para com as crianças…
- [(…) Penso que se devem remeter para os deveres ] para com os pais…
R186
R188
Deveres
relativos à
comunidade
Deveres dos educadores
para com a comunidade
- [(…) Penso que se devem remeter para os deveres ] para com a
comunidade…
- (…) Penso que deve abranger tudo isso…
R189
R190
Pertinência de
códigos
diferentes
A necessidade de
códigos diferentes para
professores e para
educadores
- (…) Penso que deveria haver um código deontológico para os
educadores e depois provavelmente para os professores…
R206
Diferenças de faixa
etária com que os
docentes lidam
- (…) Se nós formos a ver há diferenças muito grandes a nível da faixa
etária com que os docentes lidam …
- (…) São componentes muito diferentes desde a educação de infância
até ao secundário.
- (…) Se calhar haveria necessidade , isto é aquilo que eu penso, de
dividir [ o código] para os professores do 1º, 2º e 3º ciclo e depois para
os professores do Secundário….
R204
R205
R207
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 24 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face
a um
eventual
código da
profissão
Pertinência de
códigos
diferentes
Divergências entre os
docentes dos vários
ciclos
-(…) Se formos a ver, mesmo para os professores do 1º,2º e 3º ciclo já há
tantas divergências…
R208
A diferença de
problemas dos vários
ciclos
- (…) Por exemplo, na disciplina de Axiologia nós tivemos a… a ver a
proposta do código deontológico pelo D’Orey da Cunha, pelo Pedro
D’Orey da Cunha…
-(…) Um dos pontos deontologicamente discutíveis que aparecia nesse
código elaborado [por D’Orey da Cunha ] era a questão das
explicações…
- (…) Isso para os educadores não os afecta, porque nós não vamos dar
explicações a crianças fora (…) da nossa área…
- (…) Agora, é uma coisa que já afecta bastante os professores do 1º,2º e
3º ciclo e de secundário então bastante.
R210
R211
R212
R213
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 25 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face
a um
eventual
código da
profissão
Autoria do
código
Uma Associação de
educadores
- (…)É óbvio que para haver um código deontológico isso requer a
associação dos educadores…
- [(…) O código seria um código deontológico dos educadores penso
que deveria ser [elaborado] por uma Associação de educadores…
R175
R216
Associação de
educadores
com experiência
diversificada
- (…) Penso que é muito importante nessa Associação haver educadores
já com alguns anos de experiência…
- (…) Haver [na Associação] assim um público um bocadinho alargado,
desde aquele que sai do curso ou que ainda está em formação até àquele
que tenha mais ou menos anos de experiência …
- (…) São perspectivas muito diferentes de um educador que acaba de
sair de um curso a de um que (…) já tem muitos mais anos de
experiência …
- (…) Penso que não é desaproveitar de todo as ideias de um ou as ideias
de outro mas sim juntar.
R217
R218
R219
R220
Os educadores
- (…) Eu penso que deveria haver um código elaborado (…) pelos e para
os educadores….
- (…) Eu penso que o código deontológico deve ser elaborado por
educadores…
- (…) O código seria um código deontológico dos educadores penso que
deveria ser pelos educadores…
R209
R214
R215
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 26 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face
a um
eventual
código da
profissão
Autoria do
código
Os educadores
-(…) Penso que [o código]deve ser [elaborado] por educadores…
- [(…) Além dos educadores incluiria outros intervenientes fora da
classe] Eu penso que não. (…) penso que incluiria apenas pessoas que
estivessem ligadas (…) a esta área…
R221
R228
Actualização do
código
A importância de
actualizar o código
- (…) Para haver um código deontológico implica que (…) haja vontade (
…) de quem o elabora para continuar a estar atento e a ir actualizando o
código…
- (…) É muito importante que seja revisto[ o código]…
- (…) Não se vai para o código deontológico e depois ficam para um
canto e não se vai revendo
R180
R176
R177
O código deve
acompanhar a evolução
do mundo
-[(…) Não se vai para o código deontológico e depois ficam para um
canto] e não vai acompanhando as mudanças…
- (…) Se o mundo evolui o código deve acompanhar porque é óbvio que
depois ( …) vão havendo situações diferentes…
R178
R179
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 27 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face
a um
eventual
código da
profissão
Razões da
inexistência do
código
A Profissão é muito
abrangente
-(…) Se nós (…) formos a ver a profissão docente é das mais
abrangentes que há.
- (…) E até penso que se calhar é mesmo por causa disso que não há
nenhum código deontológico…
R202
R203
O papel
interventivo do
Ministério
O Ministério da
Educação é que
estabelece direitos e
deveres
- (…) Ministério da Educação, (…) é outro dos pontos que eu penso que
é outra razão para nós ainda não termos o código deontológico…
- (…) Trabalhamos para o Ministério da Educação, para quem está a
trabalhar no público, (… ) e então são eles que estabelecem os nossos
direitos…
- [Trabalhamos para o Ministério da Educação, para quem está a
trabalhar no público, (… ) e então são eles que estabelecem os nossos
deveres…
R222
R223
R224
A acomodação
dos docentes
Os docentes conforma-
se com as decisões do
Ministério
-[ (…) O Ministério da Educação (…) são eles que estabelecem os
nossos direitos (…) e os nossos deveres] mas penso que não é o
suficiente, e que nós se calhar nos deixamos levar bocadinho pela maré
R225
Os docentes deixam de
lutar pela dignificação
da profissão
- (…) Deixamos de lutar por aquilo que quase toda a certeza dignificaria
a nossa profissão …
- [(…)Deixamos de lutar por aquilo que com certeza nos faria exercer
muito melhor. .
R226
R227
Análise de conteúdo da entrevista R
Quadro 28 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada R sobre o tema “Apreciação geral sobre a Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Apreciação
geral sobre a
Escola
Sugestões
A necessidade de estar atenta à
inovação pedagógica
- (…) Acho (…) que podia estar um bocadinho mais atenta ao
desenvolvimento (…) de novas pedagogias que vão
aparecendo…
-[ Acho (…) que podia estar um bocadinho mais atenta ]por
exemplo, novas estratégias a nível de matemática …
R87
R89
A necessidade de investir na
formação dos professores-
formadores
- (…) Penso que poderiam apostar um bocadinho mais na
formação dos professores que estão a formar-nos a nós…
- (…) Nem que não sejam educadoras, mas que tenham ligação
a esta profissão…
- (…) Acho que é muito importante [ ter professores que tenham
ligação a esta profissão] p´ra depois saber também como é que
hão-de avaliar…
R88
R92
R93
Aspectos
positivos
Tem professores muito bons
(…) Temos professores muito bons…
R90
Aspectos
negativos
Tem professores que
desconhecem o que é a
profissão de educador
-(…) Mas depois também temos professores (…) que nunca (…)
souberam o que é estar (…) numa sala (…) de actividades…
- [(…) Também temos professores ]que não sabem o que é que
consiste a nossa profissão.
R91
R92
ANEXO E3
ANÁLISE DE CONTEÚDO DA
ENTREVISTA AO FORMANDO P
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Contributo
das
disciplinas
da
formação
geral
Disciplinas
orientadas
para a prática
A Prática
Pedagógica
- (…) Considero importante a Prática Pedagógica, que é uma disciplina que nós temos
desde o 2º ano até ao 4º.
P1
Disciplinas
orientadas
para os
conteúdos
Métodos e
Técnicas da
Comunicação
- (…) Considero também importante a Metodologia de Investigação, neste caso nós
chamamos os Métodos e as Técnicas da Comunicação...
P2
A Sociologia
- (…) Considero também importante a Sociologia [que são disciplinas que tratam os
valores da nossa sociedade.…
- (…) A Sociologia, que também falámos um pouco dos valores…
P3
P25
A Axiologia
- (…) A Axiologia, que são disciplinas que tratam os valores da nossa sociedade.
P4
O papel da
Sociologia e
Axiologia na
formação ética
- (…) Onde se trabalha mais isso [a formação ética] (…) é na Sociologia e na Axiologia…
P26
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 2 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da formação
geral
Conteúdos da
formação ética
Valores
A hierarquização dos valores
- (…) Falámos dos valores…
- (…) Numa disciplinas, que se eu não me engano foi em
Axiologia, nós chegámos mesmo antes a ter essa história dos
valores.…
- (…) A hierarquização dos valores, do que é que era mais
importante para uns e o que é que era mais importante para
outros.
- (…) A hierarquização dos valores e o que para uns pode ser
tão importante, para outros não é…
P9
P110
P10
P111
Deontologia
Os códigos deontológicos
noutras profissões
- (…) Falámos também dos códigos deontológicos,
nomeadamente noutras profissões …
P11
A importância dos valores e
códigos deontológicos
na formação dos formandos
- [(…) Foi basicamente isto [os valores e os códigos
deontológicos] os aspectos que eu considero que foram (…)
os mais relevantes, para a importância] da formação…
- [(…) Foi basicamente (…) os valores e os códigos
deontológicos os aspectos que eu considero que foram (…) os
mais relevantes, (…)] para um dia ais tarde podermos virmos
a formar alguém…
P13
P14
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 3 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Disciplinas da formação geral ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da formação
geral
Opinião sobre a
Axiologia
Importância da
Axiologia na
formação pessoal
A Axiologia dá a conhecer os
valores da sociedade
- (…) Acho que é importante [a Axiologia] (…) para nós
percebermos um bocadinho como é que funcionam alguns
valores desta sociedade…
-[ (…) A Axiologia] Acho que é uma disciplina (…) para (…)
nos fazer ver alguns valores da sociedade…
P5
P7
Apoia os formandos
sobre o modo de proceder no
futuro
- (…) Essa disciplina foi importante nesse sentido, (…) de nos
apoiar a nós…
- [ (…) A Axiologia] deu-nos algumas perspectivas de como
havíamos de proceder no futuro…
P17
P18
Importância da
Axiologia na
formação
profissional
Ajuda os formandos a
fomentar na criança os valores
da sociedade
- [ (…) A Axiologia] também nos ajuda a perceber como é
que havemos de formar mais tarde o cidadão, neste caso as
crianças.
- [ (…) A Axiologia] ajuda-nos a fomentar alguns dos valores
nas crianças…
- (…) Foi basicamente isto [os valores e os códigos
deontológicos] os aspectos que eu considero que foram (…)
os mais relevantes, para a importância dessa disciplina [a
Axiologia] …
P6
P8
P12
Os valores e os códigos como
aspectos mais relevantes da
disciplina
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 4 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Percepção de
problemas
éticos
Centrados na
criança
A proibição da criança
deficiente fazer algumas
coisas que o grupo fazia
- (…) Eu este ano estou no Jardim... (xxxxxxx ) e tenho uma
criança com necessidades educativas especiais….
- (…) Em anos anteriores essa criança (…) era um pouco proibida
de fazer certas e determinadas coisas, que as restantes crianças do
grupo faziam…
- (…) Isso [criança (…) era um pouco proibida de fazer certas e
determinadas coisas] agora está a reflectir um pouco este ano
porque muitas vezes os pais têm tendência a perguntar se pode, se
não pode fazer, visto que nos anos anteriores não conseguiam
fazer…
P61
P62
P63
Centrados no
educador
A descriminação da criança
deficiente considerada lacuna
ética
- (…) E eu penso que isso [criança (…) era um pouco proibida de
fazer certas e determinadas coisas] é uma grande lacuna, não é, a
nível de ética!
P64
Reacções aos
problemas
percepcionados
Diálogo
O diálogo com a educadora
cooperante
- (…) Eu neste caso, falei com a educadora cooperante porque não
posso agir (…) sem falar com ela…
P65
A explicação da situação da
criança aos pais
- (…) Falei com os pais e disse-lhe que o que era passado, era
passado…
- (…) Nós tínhamos era que se preocupar com o presente e com o
futuro (…) que vinha…
P66
P67
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 5 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
O apoio á
criança
deficiente
A determinação da estagiária
para apoiar a criança
deficiente
- (…) Por mim nem que eu tivesse que fazer mais esforço, aquela
criança participava em tudo tal como o grupo… - (…) Eu do início sempre disse à minha educadora que estava
sempre disponível para isso [apoiar a criança para participar em
tudo] nem que tivesse que ficar mais tempo no Jardim com aquela
criança…
P68
P77
O apoio à criança na
participação de todas as
actividades do grupo
- (…) Se ela [criança deficiente] faz parte do grupo, se ela brinca
na sala, e faz algumas actividades tal como as crianças,
independentemente das suas limitações, ela irá participar em
tudo…
- (…) Estratégia… foi tentá-la integrá-la [ a criança deficiente] um
pouco mais no grupo…
- (…) Eu tentei que todas as actividades que as crianças fazem,
seja pintar, seja recorte, seja qualquer coisa do género, eu tento que
essa criança faça da mesma maneira que as restantes crianças…
- (…) Sabendo sempre que ela [a criança deficiente] tem de ter a
ajuda de uma terceira pessoa …
- (…) [A criança] não consegue pintar com pincel...
- (…) Eu meto tinta nas mãos, ela pinta….
- (…) Tento fazer movimentos com ela, nem que sejam
movimentos bruscos …
- (…) São movimentos que a chamam mais a atenção, de modo
a resposta ao estímulo que lhe foi dado…
P69
P70
P75
P76
P79
P80
P81
P82
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 6 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
Dificuldades
de
intervenção
As graves limitações da
criança
- (…) Como sabe uma criança com necessidades educativas
especiais tem algumas limitações…
- (…) Naquele caso é uma criança que tem paralisia cerebral
espásmica, tem mesmo graves limitações….
- (…) Quando existe alguma actividade em que as crianças têm
que pintar com pincel, esta tal criança não pode…
P71
P72
P78
A inadequação das actividades
das educadoras de apoio
- (…) Muitas vezes os trabalhos (…) que as educadoras de apoio
fazem, servem para ajudar o nível de desenvolvimento dessa
criança…
- (…) Mas muitas vezes as actividades [que as educadoras de
apoio fazem] não são adequadas a actividades do Jardim-de-
infância
P73
P74
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 7 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
Trabalho de
investigação
sobre a
criança
A realização de um estudo
sobre a comunicação
aumentativa e alternativa na
criança
- (…) Desde o início falei com os pais porque, (…) o meu trabalho
final, (…) vai ser sobre ela [a criança deficiente] …
- (…) Vou fazer um trabalho com ela [a criança deficiente] (…)
sobre a comunicação aumentativa e alternativa…
P83
P84
A colaboração dos pais e da
educadora
- (…) Tanto a educadora como os pais são pessoas bastante
acessíveis…
- (…) Nunca me negaram nada [os pais e a educadora] …
- (…) Como preciso de fazer entrevistas, preciso de saber coisas
(…) dessa determinada criança. e nunca me negaram nada…
P85
P86
P87
Envolvimento
dos pais
O interesse dos pais em
sensibilizar a sociedade para
as potencialidades da criança
deficiente
- (…) Na altura das entrevistas, nós temos que referir sempre que
os dados, (…) são sempre anónimos…
- (…) Os pais disseram que se caso eu quisesse pôr… (…) o nome
dessa criança [não haveria problema porque para eles era uma
mais valia]….
- [(…) Os pais disseram que] se quisesse pôr a idade que (…) não
haveria problema porque para eles era uma mais valia.
- (…) Seria como mostrar à sociedade o problema que aquela
criança tinha…
P88
P89
P90
P91
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 8 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
Envolvimento
dos pais
O interesse dos pais em
sensibilizar a sociedade para
as potencialidades da criança
deficiente
- [(…)Seria como mostrar à sociedade] que apesar do seu
problema [a criança] pode-se vir a desenvolver…
- (…) [A criança] pode vir a ser um cidadão como outra criança
qualquer.
P92
P93
Contributo da
Formação ética
na resolução de
problemas
Irrelevância
da formação
ética da escola
A intervenção educativa
não dependeu da formação
ética recebida na escola
- [O contributo da formação ética recebida na escola, para a
tomada de posição na situação] Tê-la-ia tomado
independentemente de ter tido a formação ou não.
P94
Valorização
da formação
ética pessoal
A valorização da formação
ética recebida no meio
familiar e escolar anterior
- (…) Tivemos esta formação, mas antes de termos esta formação,
já fomos crianças e já tivemos formação de outro lado…
- [ (…) Já fomos crianças e já tivemos formação] (…)
no seio familiar…
- [ (…) Já fomos crianças e já tivemos formação] (…) no seio
escolar.
P114
P115
P116
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 9 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Estratégias de
formação
ética dos
educadores
Foram dadas algumas
orientações
- [Estratégias para ajudar a promover o desenvolvimento moral
dos alunos] (…) De certa forma, foi-nos dado algumas dicas…
P15
A falta de condições para
aplicar as orientações
- (…) O que quer dizer que a gente nem sempre aplica o que nos
foi dado, porque muitas vezes também não temos condições para
tal…
P16
Perspectivas para ensinar
valores da nossa sociedade às
crianças
-[(…) A Axiologia deu-nos algumas perspectivas ] de como é que
havíamos de ensinar alguns dos valores às crianças, (…) que estão
implícitos na nossa sociedade…
P19
Estratégias de
desenvolvime
nto moral dos
alunos
As histórias
A exploração de histórias
- (…) Podemos trabalhar isto [o desenvolvimento moral dos
alunos] de variadas formas com as crianças….
- [(…)Podemos trabalhar (…) o desenvolvimento moral dos
alunos ] partindo de histórias, por exemplo…
- (…) A história do “Pássaro da alma” é uma história um pouco
densa, mas se nós conseguirmos adaptar a história consegue-se
trabalhar...
- [(…)[O desenvolvimento moral dos alunos ] Foi mais
basicamente de histórias…
P20
P21
P22
P23
Os jogos
A utilização de jogos
- [ (…) [O desenvolvimento moral dos alunos (…) Foi mais
basicamente] de jogos também, basicamente é isso.
P24
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 10 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Princípios e
valores
predominantes
na Escola
Valores
sociais
A solidariedade
- (…) Eu considero a solidariedade…
- (…) Anda tudo muito por aqui a nível (…) de solidariedade…
- (…) A solidariedade [acho que é um bom caminho para as
pessoas se darem bem] …
P27
P35
P46
A entreajuda nas turmas
- (…) Acho que existe (…) muita ajuda, entreajuda (…) no seio
de turma…
- [Acho que existe (…) muita ajuda, entreajuda, (…) no seio] de
(…) de diferentes turmas...
- (…) O 4º ano costuma ajudar muito o 3º ano…
P28
P29
P30
A amizade
- (…) Também existe a amizade…
P36
A fidelidade
- [ (…) Também existe] a fidelidade (…) em alguns casos…
P37
A partilha de ideias
- [ A solidariedade e o meio familiar acho que é um bom
caminho para as pessoas (…) poderem partilhar muitas ideias
que até (…) tenham…
- (…) Se viverem numa comunidade diferente, acho que aqui
consegue-se partilhar muito essas ideias
P47
P48
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 11 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Princípios e
valores
predominantes
na Escola
Valores
sociais
O ambiente familiar
- (…) E penso que também existe um ambiente muito familiar.
- (…) Todas as pessoas se conhecem…
- (…) Todas as pessoas param para temas de conversa, (…) seja
a nível da escola como (…) outros tipos de conversa…
- (…) Anda tudo muito por aqui a nível (…) familiar
P31
P32
P33
P34
O exemplo
dos
responsáveis
pela escola
Fomentam o ambiente familiar
nos alunos através do exemplo
- (…) [Aspectos que (…) os responsáveis pela escola mais
valorizam] Eu acho que tentam passar uma imagem do ambiente
que existe aqui, ser um ambiente familiar…
- (…) [Fomentam (…) um ambiente familiar… nos alunos]
Fomentam isso, e até tentam mesmo desenvolver.
- (…) Eles [ os responsáveis pela escola ] são os próprios a dar o
exemplo…
P38
P39
P40
Ajudam os alunos no que eles
necessitam
- (…) Muitas vezes se nós precisarmos de alguma ajuda, nós
vamos ter com os professores e os professores tentam nos ajudar
- (…) Se não conseguirem isso [os professores ajudar os alunos]
encaminham-nos para (…) outras entidades, que também
estejam presentes nesta escola… vamos à secretaria, biblioteca,
director, seja o que for…
P41
P42
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 12 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre
os valores
Adesão
Os valores são o pilar da
escola aberta à comunidade
- Concordo com eles. [os valores predominantes na Escola] …
- (…) Acho que são principais. [os valores predominantes na
Escola] …
- [ (…) Os valores predominantes na Escola] São o pilar ( …)
de manter a (…) escola aberta (…) para outras pessoas, sejam
desta comunidade ou que sejam de outra comunidade
diferente…
P43
P44
P45
Aspectos
negativos
Pouco sentido de
responsabilidade
- (…) Eu penso que por vezes deveria de haver mais sentido de
responsabilidade, em determinados assuntos…
- (…) Mas penso que isso [o sentido de responsabilidade]
também com o tempo é uma coisa que se vai conseguindo…
- (…) Acho que é uma coisa [o sentido de responsabilidade] que
se vai construindo….
P49
P50
P51
Valores
privilegiados
pelos
formandos
O respeito em relação aos
adultos e ás crianças
- [Valores privilegiados na resolução de problemas] O respeito!
- (…) Acho que o respeito é muito importante quando
trabalhamos com a equipa, entre educadores e educadoras…
- [Acho que o respeito é muito importante quando trabalhamos
com…] educadoras e auxiliares…
- [Acho que o respeito é muito importante…] quando
trabalhamos com crianças…
P95
P96
P97
P98
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 13 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre
os valores
Valores do bom
educador
O respeito
- [Valores que o bom educado deve ter] O respeito!
P105
A solidariedade
- (…) A solidariedade também concordo [que o bom educador
deve ter] …
P106
A cooperação
(…) A cooperação…
P107
A ajuda
- (…) A ajuda também… acho que é importante.
P109
Os valores estão todos
interligados
- (…) Eles [os valores] …estão todos interligados, acabam por
se interligar todos, uns nos outros…
P108
Os valores considerados mais
importantes
independentemente da
formação ética da Escola
- (…) Mas para mim esses valores que eu acabei de nomear
[respeito, solidariedade, cooperação, ajuda] são
importantes….
- (…) Não quer dizer que os outros [valores] não sejam, mas
eram os que eu punha em primeiro lugar, independentemente
de ter essa formação ou não …
P112
P113
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 14 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
O papel do
educador face
aos valores
Promover o
respeito
O respeito do educador pelo
que a criança faz e diz
- (…) Acho que o educador tem um papel bastante
importante, na medida em que deve respeitar (…) o espaço
das crianças...
- [(…) O educador tem um papel bastante importante, na
medida em que deve respeitar] o que as crianças dizem...
P99
P100
O respeito da criança pelas
orientações do educador
- (…) Da mesma maneira que a criança também deve de
respeitar um pouco isso [ o espaço do educador e o que ele
diz]
- (…) Se a educadora pedir uma determinada actividade,
penso que a criança deverá respeitar aquilo que a educadora
pediu….
P101
P102
Desenvolver
competências de
cidadania
A importância do
comportamento do educador
na formação da criança
- (…) Torna-se importante, nós ter determinados
comportamentos (…) em derivadas situações para termos os
bons cidadãos…
- [Torna-se importante, nós termos determinados
comportamentos (…) em derivadas situações] para formarmos
uns bons cidadãos.
P103
P104
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 15 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Pertinência do
Código
A importância do código
como base para seguir o que
está escrito
- [ (…) A existência de um código deontológico da profissão
docente] Considero importante….
- (…) Apesar de…o código poder ser ou não seguido, acho
que é uma base, para nós nos podermos seguir em relação
aquilo que está escrito…
P117
P118
Desvantagens
do código
A dificuldade de muitos
docentes em seguir o código
- (…) A única desvantagem que eu vejo (…) Penso que
haveria muita gente que, sabendo que havia aquela base não
iria seguir…
- [ (…) Haveria muita gente que] Possivelmente poderia não a
seguir [ a base do código]…
P119
P120
Um cumprimento aparente
do código desconhecendo os
seus deveres e direitos
- [ (…) Haveria muita gente que] tentava segui-la [a base do
código] por saber que esse código existia, e não (…) pelo
conhecimento dos deveres que deve ter…
- [(…) Haveria muita gente que] tentava segui-la [a base do
código] por saber que esse código existia, e não (…) pelo
conhecimento] de alguns direitos que deve ter….
P121
P122
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 16 - Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Conteúdos do
código
Deveres relativos
ao docente
Ser flexível
- (…) Deveria estar implícito que a educadora deveria de ser
flexível…
P123
Ser solidário
[ (…) Deveria estar implícito que a educadora deveria de ser ]
solidário também…
P124
Ser autónomo
- [ (…) Deveria estar implícito que a educadora deveria de
ser] autónomo…
P125
Deveres relativos
o meio escolar
Dever de trabalhar em
cooperação com o meio
escolar
- (…) Penso que também deveria estar implícito que os
educadores deviam trabalhar em cooperação, (…) com o meio
escolar.
P126
Deveres relativos
à instituição
Jardim
Dever de trabalhar em
cooperação com o pessoal
do Jardim
- [ (…) Penso que também deveria estar implícito que os
educadores deviam trabalhar em cooperação] com o Jardim…
P127
Deveres relativos
à comunidade
Dever de trabalhar em
cooperação com a
comunidade envolvente
- [ (…) Penso que também deveria estar implícito que os
educadores deviam trabalhar em cooperação] com a
comunidade que envolve esse Jardim…
P128
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 17– Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Pertinência de
códigos
diferentes
Necessidade de
especificidade
- (…) Eu estou só a referir um código (…) para educadores.
- (…) Penso que para educadores deveria ser os educadores [a
elaborar o código] e para professores deveria ser os
professores…
P130
P131
Autoria do
código
Os educadores
- [Quem (…) deveria elaborar esse código] Eu acho que…
sinceramente acho que deviam ser os educadores….
P129
Quem trabalha na sua área
específica conhece e avalia
melhor as situações
- (…) Penso que as pessoas que estavam a trabalhar naquilo
que realmente tiram, no curso que tiraram, é que podem
prever essas situações…
- [ (…) Penso que as pessoas que estavam a trabalhar naquilo
que realmente tiram, no curso que tiraram ] é que podem
verificar se aquilo é o mais correcto, se aquilo não é o mais
correcto…
P132
.
P133
A possível dificuldade de
professores do 1º ciclo e
educadores elaborarem
códigos que não pertençam
ao seu grau de ensino
- (…) Eu não quero dizer com isto, que uma professora do 1º
ciclo não consiga ter a capacidade de o elaborar [o código] …
- (…) Mas penso que se calhar terá (…) dificuldade em fazer
isto, [o código] porque se calhar nunca passou por uma
situação… como muitos educadores passam…
- (…) Da mesma maneira vice-versa, como muitos educadores
também nunca passaram, pelo 1º ciclo [ (terão)] dificuldade
em fazer isto, [o código] …
P134
P135
P136
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 18 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Apreciação geral sobre a Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Apreciação
geral sobre a
Escola
Aspectos
positivos
A mudança para
corresponder às
necessidades dos alunos
- (…) Se me perguntar o que é que eu acho desde o início até
agora, digo que a escola mudou em muita coisa…
- [ (…) A escola mudou ] coisas que eu pensava que ela nunca
iria mudar…
- (…) Mas penso que [a escola] até tem conseguido
corresponder às necessidades dos alunos, (…) de maneiras
diferentes lá está, (…) mas tem conseguido corresponder.
P52
P53
P54
Mudança ao nível de
disciplinas
- (…) A nível de disciplinas houve muita mudança…
- (…) Eu verifico que eu neste ano, que estou no 4º ano,
passei por disciplinas que as minhas colegas deste… do 1º
ano estão a passar, e eu noto muita diferença….
P55
P56
Currículos diferentes
- (…) Os currículos são totalmente diferentes…
P57
Matérias diferentes
- (…) As matérias que estão a dar são muito… são totalmente
diferentes…
P58
A tentativa da escola em
resolver lacunas de anos
anteriores
- (…) Penso que as lacunas que houve no meu ano, no meu 1º
ano, estão a tentar resolvê-las agora, para que mais tarde (…)
isso não se possa reflectir…
P59
Análise de conteúdo da entrevista P
Quadro 19 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada P sobre o tema “Apreciação geral sobre a Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Apreciação
geral sobre a
Escola
Aspectos
positivos
O espírito de abertura em
relação aos alunos
- [(…) Quando os alunos avançam com as suas opiniões são
sempre ouvidos] Sim são!
P60
Aspectos
negativos
A tendência dos professores
do 1º ciclo trabalharem mais
com os formandos
professores do que com os
educadores
- (…) Nós temos aqui muitas disciplinas…
- (…) Muitas das disciplinas são professores do 1º ciclo que
dão…
- (…) Nós verificamos isto: que elas têm tendência, quando
são professores do 1º ciclo, (…) a trabalhar mais com os do 1º
ciclo, do que trabalhar mais as coisas com a educação pré-
escolar…
- (…) Mas se ele é professor, tanto é professor para alunas da
educação pré-escolar, como alunas para o 1º ciclo…
P137
P138
P139
P140
Sugestões
Trabalho mais
individualizado dos
professores do 1º ciclo com
os educadores
- (…) Devia de haver… um trabalho mais individualizado
[dos professores do 1ºciclo com os educadores] …
P141
ANEXO E4
ANÁLISE DE CONTEÚDO DA
ENTREVISTA AO FORMANDO L
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 1 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Contributo das
disciplinas da
formação geral
Disciplinas
orientadas para a
prática
Importância da disciplina de
Metodologias na abordagem
da prática
- (…) Houve disciplinas como a “Metodologias”, com a
Professora XXX que nos deu (…) uma visão muito da prática…
- (…) Fizemos muita prática simulada …
- (…) Essa disciplina [“Metodologias”] para mim acho que foi
da mais importante, porque culminou com as outras…
L1
L2
L3
Disciplinas
orientadas para os
conteúdos
O papel da disciplina de
Metodologias
na abordagem à matemática e
ao inglês
- (…) Nós tivemos um pouco de matemática …
- [(…) Tivemos um pouco ] de como… as crianças começam a
perceber a matemática…
-[ (…) Tivemos um pouco de como… as crianças começam a
perceber ] o inglês, também!
- (…) E essa disciplina [“Metodologias”] acho que nos deu uma
visão disso tudo.[de como as crianças começam a perceber a
matemática e o inglês]…
L4
L5
L6
L7
Importância da Sociologia e
da Axiologia na abordagem a
questões éticas
- (…) E depois tivemos outras disciplinas como por exemplo, a
Sociologia e a Axiologia, que nos falaram mais em questões
éticas…
- (…) Eu acho…a que nos alertou mais para essa questão [da
formação ética] foi a Axiologia e talvez a Sociologia, mas talvez
porque era dada pela mesma professora…
L8
L36
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 2 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Conteúdos da
formação ética
Ética no contexto
profissional
As questões éticas no trabalho
e no relacionamento com
outros profissionais
-[ (…) A Sociologia e a Axiologia, que nos falaram mais em
questões éticas …] do dia a dia do trabalho…
-[ A Sociologia e a Axiologia, que nos falaram] de como nos
comportarmos (…) perante outros profissionais…
L9
L10
Ética da docência
em Portugal
A situação actual da ética da
docência em Portugal
- [(…) A Sociologia e a Axiologia, que nos falaram…] o que é
que conheciam hoje em dia em Portugal, na questão do docente.
.
L11
Deontologia
A realização de um trabalho
sobre deontologia
- (…) Fizemos um trabalho sobre deontologia....
L20
Valores
Os valores na educação antes e
durante o antigo regime e na
actualidade
- (…) Fizemos um trabalho sobre a questão (…) dos valores na
educação ao longos dos tempos…
- (…) Fizemos uma abordagem do que acontecia (…) na altura
(…) do antigo regime…
-[ Fizemos uma abordagem do que acontecia ] antes do antigo
regime…
- [Fizemos uma abordagem do que acontecia] durante o antigo
regime…
- [Fizemos uma abordagem … ] do que acontecia agora….
L21
L22
L23
L24
L25
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 3 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Disciplinas da formação geral”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Conteúdos da
formação ética
Valores
O interesse pelo estudo dos
valores na educação
- (…) Eu acho que esse trabalho de ver a evolução de toda a
educação (…) a questão dos valores na educação, foi bastante
interessante…
L26
O alerta da Prática Pedagógica
para o comportamento ético
em estágio
- (…) A Prática Pedagógica, [alertou para a questão da
formação ética] porque a professora antes de nós irmos para o
estágio, dava-nos sempre uns avisosinhos de como nos
comportarmos…
- [A professora (de Prática Pedagógica) antes de nós irmos para
o estágio, dava-nos sempre uns avisosinhos] não tentarmos a
passar por cima dos educadores …
L37
L38
Influência do
comportamento do
educador na
formação ética da
criança
A importância de saber agir
eticamente para formar a
criança para a vida e para a
sociedade
(…) Acho que uma pessoa que não sabe se comportar [nunca
vai conseguir passar à criança, que a vida tem que ter uma
questão ética perante a sociedade, e perante os colegas e perante
o mundo infinito de coisas.] …
L16
-[ (…) Acho que uma pessoa que] (…) provoque confusões e
essas coisas assim [nunca vai conseguir passar à criança, que a
vida tem que ter uma questão ética perante a sociedade, e
perante os colegas e perante o mundo infinito de coisas.] …
L19
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 4 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Conteúdos
formação ética
Influência do
comportamento do
educador na
formação ética da
criança
Importância de saber trabalhar
em parceria para formar
eticamente a criança para a
vida e para a sociedade
-[ (…) Acho que uma pessoa que] não sabe desenvolver um
trabalho com outros colegas [nunca vai conseguir passar à
criança, que a vida tem que ter uma questão ética perante a
sociedade, e perante os colegas e perante o mundo infinito de
coisas.] …
-[ (…) Acho que uma pessoa que não sabe desenvolver um
trabalho] com outros profissionais [nunca vai conseguir passar à
criança, que a vida tem que ter uma questão ética perante a
sociedade, e perante os colegas e perante o mundo infinito de
coisas.] …
L17
L18
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 5 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Disciplinas da formação geral “
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Disciplinas
da
formação
geral
Opinião sobre a
Axiologia
Importância da
Axiologia na
formação
profissional
A Axiologia mostrou o
carácter ético da profissão
- (…) A Axiologia (…) mostrou-se o ético (…) da nossa
profissão…
- (…) E é uma profissão que nós temos que ter em atenção essa
questão [da ética] …
L12
L13
O educador como modelo
ético da criança
- (…) Sendo nós modelos ou tentarmos ser um modelo para as
crianças, (…) uma pessoa ter pelo menos a questão da ética
minimamente certa…
L15
Importância da
Axiologia na
formação pessoal
A percepção do que se deve e
não deve fazer
- (…) Há coisas que nós devemos e não devemos fazer…
L14
A abordagem da liberdade
como valor pessoal e social
- (…) Falámos… essa questão da liberdade na minha turma na
altura da Axiologia …
- (…) Debateu-se muito [ a liberdade] porque também levámos
para fora da aula e falámos com alguns professores sobre isso…
-[ (…) Debateu-se muito [a liberdade] porque também levámos
para fora da aula] e falámos com empregados da escola…
- (…) A nossa liberdade existe, mas tem que ter em atenção a liberdade
dos outros…
-(…) Uma pessoa é livre de fazer o que quiser, sim senhora…
mas (…) vivemos numa uma sociedade que existem regras….
L43
L44
L45
L 46
L47
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 6 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Percepção de
problemas
éticos
Centrados no
educador estagiário
A dificuldade na relação com
os pais
- (…) Eu acho que as questões que mais puseram um
bocadinho complicação, foi mais a relação com os pais…
L62
Centrados nos pais
A desconfiança dos pais
- (…) As pessoas são diferentes…
- (…) Os pais são diferentes…
- (…) Por mais que (…) uma pessoa goste das crianças e elas
de nós, ás vezes os pais não nos conhecem, metem sempre um
bocadinho o pé atrás…
L63
L64
L65
A indiferença dos pais
- (…) Eu não sei se isso será uma questão ética, se não, mas
nos meus primeiros tempos de estágio, ali onde eu estou, os
pais praticamente passavam por cima de mim, entre aspas…
L66
As interrogações dos pais
à estagiária
- [(…) Os pais] perguntavam-me como é que tinha decorrido o
dia,…
- [(…) Os pais perguntavam-me] o que é que a criança tinha
feito…
- [(…) Os pais perguntavam-me se a criança] se tinha portado
bem…
- [(…) Os pais perguntavam-me se a criança] tinha comido…
- [(…) Os pais perguntavam-me se a criança] tinha dormido…
L67
L69
L68
L70
L71
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro7 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Percepção de
problemas
éticos
Centrados nos pais
A repetição das interrogações à
educadora
- (…) Dois segundos mais tarde aparecia a minha educadora e
[os pais] perguntavam-lhe o mesmo [sobre como decorreu o
dia da criança na instituição] …
L72
Reacções aos
problemas
percepcionados
Reflexão sobre a
situação
A compreensão em relação á
desconfiança dos pais
- (…) Eu pensava (…) os pais não me conhecem…
- (…) É completamente normal que [os pais] (…) a principio
não confiem em mim…
-[(…) É completamente normal ] que queiram sempre a
opinião da educadora própria da sala…
L73
L74
L75
O sentido de responsabilidade
em relação ao trabalho
- (…) Mas por outro lado também me sentia um pouco triste
- (…) Ao fim ao cabo eu estou ali a fazer um trabalho…
- (…) Não estou ali a mentir…
- (…) Não estou ali a enganar ninguém…
- (…) O que mais me interessa é o bem-estar da criança….
L76
L77
L78
L79
L80
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 8 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
Intervenção em
relação aos pais e á
educadora
A persistência na informação
sobre os hábitos da criança
-[ Reacção para resolver essa situação] falar aos pais….
- (…) Continuei a falar com eles [os pais], a dizer como é que
tinha corrido [o dia da criança na instituição] …
L81
L82
A sensibilização aos pais
sobre a relação da estagiária
com as crianças
- (…) Eu ás vezes dizia e tentava mostrar aos pais, que as
crianças comigo que estavam bem…
-[ (…) Tentava mostrar aos pais,] que eu gostava delas,[das
crianças]
-[ (…) Tentava mostrar aos pais,] que elas [as crianças]
gostavam de mim…
-[ (…) Tentava mostrar aos pais,] que proporcionava um bem-
estar [às crianças]….
L87
L88
L89
L90
O diálogo com a educadora
- (…) Na altura falei com a minha educadora…
- (…) Ela [a educadora] disse (…) para eu ter calma, porque
isso [ a atitude dos pais ] é normal nestes primeiros tempos…
- (…) A partir do momento em que [os pais] me vissem ali
mais vezes, que soubessem especificamente o que é que eu
estava a fazer …
L83
L84
L85
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 9 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Reacções aos
problemas
percepcionados
Resultado da
intervenção com os
pais
A mudança de atitude dos pais
- (…) Alguns pais perguntavam, eu respondia que era
estagiária, outros nem por isso….
- [A atitude dos pais] alguns mudou…
- (…) A maior parte [dos pais] mudou [de atitude] …
- (…) Noto que há maior relação e um relacionamento com
eles [os pais] …
L86
L97
L98
L100
Os pais raros que mantém a
atitude inicial
- (…) Claro que existe sempre um ou outro (…) que ainda
continua a fazer o mesmo: (…) fala comigo muito bem, mas
se (…) por exemplo alguma criança precisa de tomar aquele
remédio àquelas X horas, se calhar chama a minha educadora
a dizer que precisa, em vez de me dizer directamente a mim…
L99
Contributo da
Formação
Ética na
resolução de
problemas
Formação recebida
na Escola
A pertinência da formação
ética da Escola
- [O contributo da formação ética da Escola para a solução
dos problemas] Daquilo que eu aprendi…
L92
Formação pessoal
O contributo da ética pessoal
- [O contributo da formação ética da Escola para a solução
dos problemas] daquilo que eu penso…
L93
Os conselhos da
educadora
A importância dos conselhos
da educadora
- [O contributo da formação ética da Escola para a solução
dos problemas] daquilo que a minha educadora me
aconselhou….
L94
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 10 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Repercussões da Formação ética no estágio ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Repercussões
da
Formação
ética no
estágio
Contributo da
Formação
Ética na
resolução de
problemas
A ética pessoal e a
formação na Escola
e no estágio
A influência conjunta da ética
pessoal e da formação
recebida
Eu acho que foi uma mistura de tudo um pouco… Eu acho que…que foi tudo mais ou menos conciso…
As opiniões referentes a pensamentos que eu tinha e a minha
educadora e aquilo que aprendi, acho que estava tudo mais ou
menos igual…
L91
L95
L96
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 11 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação
ética
proporcionada
pela Escola
Estratégias de
desenvolvimento
moral dos alunos
O educador como
modelo O exemplo do educador em
relação ás crianças
- [Estratégias que possa descrever, para promover o
desenvolvimento moral dos alunos] Foi mais só (…) o nosso
exemplo para elas…
- Em relação a estratégias ou actividades, propriamente ditas,
[para promover o desenvolvimento moral dos alunos] não!
[Não foram dadas] …
L27
L28
Estratégias de
formação ética
dos educadores
Abordagem e
debate de textos
A exploração e discussão de
textos sobre os valores e a
liberdade
- (…) Por exemplo a professora trazia um texto (…) ou sobre
os valores…
- [(…) A professora trazia um texto] sobre a liberdade por
exemplo, que abordamos muito essa questão…
- (…) Depois nós debatíamos em conjunto, umas com as
outras e com o professor, sobre isso [os textos que a
professora trazia]…
L30
L29
L31
Debate sobre
situações práticas
do Jardim
A problemática dos educadores
fumarem à frente das crianças
- (…) Lembro-me especificamente da questão (…) dos
educadores fumarem e de fumarem à frente das crianças….
- (…) Debateu-se bastante esse assunto [ dos educadores (…)
fumarem à frente das crianças ] até durante uma aula ou
duas, mas de resto, não!
L32
L33
A apresentação de situações da
prática pelas alunas
- (…) Mas ás vezes nós próprias falávamos…”Isto
aconteceu…”
L35
Lacunas
percepcionadas
A falta de incentivo da
professora à pesquisa de
situações práticas
- (…) Às vezes (…) estávamos a falar de uma matéria e
podia surgir qualquer coisa, (…) especificamente da
disciplina, a professora pedir “Vejam essa situação” Não!
Isso não!
L34
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 12 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Princípios e
valores
predominantes
na Escola
Valores sociais
A liberdade pessoal e perante os
outros
-[ (…) Princípios ou valores que a Escola defende] Talvez a
a liberdade…
- [(…)Princípios ou valores que a Escola defende] A nossa
liberdade perante também a dos outros …
L41
L42
O ambiente familiar
- (…) Se for perguntar, ou for ver as minhas colegas e
algum ambiente que aqui se gera, é um pouco isso… talvez
uma questão familiar…
- (…) Eu acho que esta escola é um pouco familiar…
-[ (…) Nesta Escola] Toda a gente se conhece…
-[ (…) Nesta Escola] todos se falam praticamente..
- (…) Por essa ligação tão próxima… de ser uma escola
tão… assim relativamente pequena (…) acho que é como se
fosse (…) uma família…
- (…) Porque é como disse, [nesta escola] toda a gente se
conhece…
-[Nesta escola] toda a gente que passa diz “Boa tarde” ou
“Bom dia”. Por mínimo que conheça…
L50
L51
L52
L53
L54
L55
L56
Opinião sobre
os valores
Adesão
A valorização do clima familiar
- (…) Eu concordo com esse valores …
- (…) Dou valor ao clima que existe (…) familiar…
- (…) Acho que sim… pelo menos se continuar assim, [o
clima familiar] já é muito bom…
L57
L58
L61
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 13 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre a
formação
Axiológica
Aspectos
negativos
A liberdade nem sempre se
evidencia
- (…) É complicado, porque estamos numa escola só de…
de mulheres como sabe e nem sempre (…) essa
característica [a liberdade] se mostra. ..
L48
Mostra-se mais os aspectos
negativos da liberdade
- (…) Acho que se mostra mais aspectos negativos [da
liberdade] do que positivos…
L49
O clima familiar também tem
aspectos negativos mas não
muito significativos
- (…) Também esse clima familiar acarreta aspectos
negativos…
- (…) Mas… acho que não é assim também tão mau quanto
isso. [o clima familiar]…
L59
L60
Opinião sobre
os valores
Valores
privilegiados
pelos formandos
O respeito
- (…) Respeito, acima de tudo…
L101
A compreensão
- (…) A compreensão…
L102
O diálogo
- (…) O diálogo, acho que sim…
L103
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 14 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre
os valores
Valores do bom
educador
O respeito como valor
prioritário
- (…) Eu acho que um educador devia ter o máximo que
pudesse de respeito...
- (…) Acima de tudo continuo com o respeito...
- (…) Mas isto [outros valores] vai tudo de encontro ao
respeito…
L109
L113
L118
O respeito por si próprio
- (…) Acho que desde que haja respeito por nós (…)[ acho
que será um bom educador]…
L114,
O respeito pelos outros
- [ (…)Acho que desde que haja respeito ] pelos outros acho
que será um bom educador…
L115
A compreensão
- [(…) Eu acho que um educador devia ter o máximo que
pudesse] a compreensão…
L110
O cuidado
- (…) Acho que o educador tem que ter isso tudo, [respeito
e compreensão] (…) com cuidado.
L111
A paciência
- (…) Acho que o educador tem que ter isso tudo, [respeito
e compreensão] (…) com paciência
L112
A importância dos outros
valores
- (…) Mas acho que todos os outros valores são
importantes.
L116
A sinceridade
- [ (…) Outros valores são importantes] A sinceridade…
L117
A liberdade
- [ (…) Outros valores são importantes] a liberdade como já
falei…
L119
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 15 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Formação ética proporcionada pela Escola ”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Formação ética
proporcionada
pela Escola
Opinião sobre
os valores
O papel do
educador face aos
valores
Relacionar-se com as crianças
com respeito, compreensão e
diálogo
- (…) Eu acho que [o respeito, compreensão, diálogo]
também abrange um pouco o grupo das crianças…
- (…) Acho que apesar das minhas crianças serem de tenra
idade, só terem um aninho, acho que também talvez o
diálogo sim…
- (…) Pelo menos acho que esses valores [o respeito,
compreensão, diálogo] também podiam ser abrangidos às
crianças…
L105
L106
L108
Respeitar as crianças pelo que
são
- (…) Nós temos de ter respeito por aquilo que [as crianças]
são …
L104
Saber conhecer as crianças
- (…) Eles [as crianças] (…) sabem quando fazem bem e
quando fazem mal…
L107
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 16 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Pertinência do
Código
A importância de um código
deontológico da docência
como existe noutras profissões
- [Importância da existência de um código deontológico da
profissão docente] Sim, Penso que sim.
- (…) Eu penso que seria importante, porque…é o exemplo
(…) de um código deontológico que existe, (…) , de um
médico, de um advogado. (….) os docentes (…) não têm…
L120
L121
Função do
código
Estabelecer valores que
definam o que se pode e não
pode fazer
- [O código] era uma questão em que se estabeleça que (…)
valores (…) o que pode e o que não pode fazer…
L122
Harmonizar diferenças de ser
e pensar individuais através do
código
- (…) Cada pessoa é diferente…
- [(…) Cada pessoa ] tem modos de pensar diferentes…
- (…) Acho que um código deontológico viria … para
estabelecer ali até onde é que uma pessoa pode ir ou não….
L124
L125
L126
Vantagens
Valorização da profissão
em si mesma
- (…) Acho que [o código] valorizava muito a profissão…
L123
Valorização da profissão face
aos docentes e à sociedade
- [O código] acabava por valorizar (... ) aos olhos dos
docentes [esta profissão]…
- [ (O código) acabava por valorizar] aos olhos das outras
pessoas, esta profissão.
L127
L128
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 17 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Desvantagens
A possibilidade da
existência de
opositores
A possibilidade de existirem
pessoas contra o código
- (…) Penso que existiria pessoas que (…) talvez fossem
um pouco contra esse código deontológico...
L130
Ser contra o código não seria
bom para os seus opositores
nem para as crianças
- (…) Isso [ ser contra esse código deontológico] não iria
ser (…) bom para eles próprios…
- [ (…) Ser contra esse código deontológico não iria ser
(…) bom] nem para as crianças…
L129
L131
Ser contra o código não seria
bom para a visão da profissão
- [ (…) Ser contra esse código deontológico não iria ser
(…) bom] nem para a visão que se tem (…) desta profissão.
L132
A possibilidade de
desunião da classe
A dificuldade de estabelecer
um código que agradasse a
todos
- (…) Não sei até que ponto é que as pessoas, com as suas
maneiras de pensar diferentes (…) iriam estabelecer um
código deontológico que agradasse a todas as pessoas.
L133
A possibilidade do código
contribuir para a desunião da
classe
-[O código] poderia (…) ser um factor de desunião… entre
os professores] É uma possibilidade, penso eu…
L134
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 18 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Conteúdos do
código
Deveres relativos à
profissão
O dever do docente perante a
profissão
- [Deveres que o código poderia incluir] dever do docente
perante a profissão, mais isso. ..
L135
Deveres relativos à
criança
O dever de apoiar, respeitar e
amar a criança
- (…) Dever de apoiar a criança acima de tudo…
L140
-[ (…) Dever de (…) respeitá-la [a criança]…
L141
-[ (…) Dever de (…) amá-la[ a criança]
L142
O dever de lhe proporcionar
todas as oportunidades
-[(…) Dever de (…) proporcionar-lhe [à criança] todas as
oportunidades (…) que nós tenhamos capacidade…
L143
Deveres relativos
aos pais
O código deveria abranger
deveres para com os pais
- [(…) O código deveria incluir deveres apenas em relação
à criança ou abranger outros intervenientes] Acho que
outros intervenientes, os pais…
L144
Deveres relativos à
sociedade local
O código deveria abranger
deveres para com a sociedade
local
[(…) O código deveria (…) abranger deveres para com ]a
sociedade local…
L145
Deveres relativos à
sociedade geral
O código deveria abranger
deveres para com a sociedade
mais global
[(…) O código deveria (…) abranger deveres para com] a
sociedade mais global…
L146
Deveres relativo
aos docentes
O código deveria abranger
deveres para com os docentes
[(…) O código deveria (…) abranger deveres para com]
nós próprios…
L147
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 19 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Pertinência de
códigos
diferentes
A falta de estrutura
profissional e pessoal para
opinar sobre a distinção de
códigos
- [(…) Deveria de haver um código deontológico para todos
os docentes, ou (…) haver distinção entre educadores e
professores] Isso é uma questão que (…) nem eu própria
sei bem …
- (…) Acho que não tenho… profissionalmente, nem
pessoalmente ainda estrutura para dizer [se deve ou haver
um código para todos os docentes ou não]…
L136
L137
O código devia ser separado
porque ser educador é
diferente de ser professor
- (…) Mas penso que deveria ser separado, [o código
docente] porque uma coisa é ser educador, outra coisa é ser
professor…
- [(…) A profissão de educador tem especificidades
diferentes das de professor ] Penso, acho que sim!
L138
.L139
Autoria do
código
Todos os
professores e
educadores
Um código para educadores e
professores deve ser elaborado
por todos
- [Participação na elaboração do código] Caso seja um
código que dê tanto para educador como para professor,
como referi (…) acho que não tenho experiência suficiente
para dizer …
- (…) O que eu penso é isto agora neste momento (…) mas
se for o caso, todos os professores, todos os educadores
[participarem na elaboração do código] …
L148
L149
Uma Associação de
professores e
educadores
Um código para educadores e
professores elaborado por
Associação
- [Todos os professores, todos os educadores participarem
na elaboração do código] nem que seja por Associação…
L150
Análise de conteúdo da entrevista L
Quadro 20 – Análise de conteúdo das respostas da entrevistada L sobre o tema “Atitude face a um eventual código da profissão”
Tema Categoria Subcategoria Indicadores Unidades de Registo U.R
Atitude face a
um eventual
código da
profissão
Autoria do
código
O Agrupamento
O Agrupamento faz e pensa os
pontos do código
- [Elaboração do código] Por Agrupamento por exemplo.
- (…) É o Agrupamento que faz [o código]
- [(…) É o Agrupamento] que pensa estes pontos [do
código]…
L151
L152
L153
O Agrupamento transmite o
código em reunião geral
- (…) Depois [o Agrupamento] transmite [o código] talvez
(…) numa reunião mais geral…
- (…) Não sei especificamente como é que acontece (…)
com os outros códigos mas penso que será essa reunião de
membros de agrupamentos…
- [ A discussão do código num debate mais geral] Sim…
L154
L155
L156
A participação dos professores
dos educadores
e dos de representantes do
Ministério no debate geral do
código
- [Elementos participantes nesse debate] os professores…
L157
- [Elementos participantes nesse debate] os educadores…
L158
- [Elementos participantes nesse debate] talvez
representantes (…) do Ministério…
L159
ANEXO E5
QUADROS-SÍNTESE DA ANÁLISE DE CONTEÚDO
DAS ENTREVISTAS AOS FORMANDOS M, R, P, L
Quadro 1 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
A: Disciplinas do Curso mais úteis para a Profissão
Categoria Subcategorias Indicadores
Disciplinas da formação geral
Disciplinas orientadas para os
conteúdos
- A Psicologia educacional (M)
- A Psicologia do desenvolvimento (M), (R)
- A Axiologia (M), (R), (P), (L)
- A Sociologia (M), (P), (L)
- Sintaxe e Linguística (M)
- Literatura (M)
- A Literatura infantil (R)
- A Metodologia da Matemática (R), (L)
- Métodos e Técnicas da Comunicação (P)
Disciplinas de orientadas para as
práticas
-O Desenvolvimento e drama/ a Música/ as Expressões Plásticas
(M)
- As Expressões (R)
- A Prática Pedagógica (P)
(Continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Contributo das
disciplinas de formação geral
Compreensão da criança
-A Psicologia e Axiologia ajudam a compreender melhor a criança
(M)
- A Psicologia e a Axiologia como disciplinas principais (M)
- A Psicologia ajuda a saber como agir (M)
Abordagem das práticas
- O papel da Literatura infantil na sensibilização à leitura e à escrita
(R)
- O papel da Metodologia da Matemática na sensibilização à
disciplina (R)
- O papel da disciplina de Metodologias para sensibilizar as crianças
para a matemática e o inglês (L)
- Importância da disciplina de Metodologias na abordagem da
prática (L)
Formação ética
- Importância da Sociologia e da Axiologia na abordagem a questões
éticas (L)
- O papel da Sociologia e Axiologia na formação ética (P)
- O alerta da Prática Pedagógica para o comportamento ético em
estágio (L)
(Continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Conteúdos de formação ética
Ética e moral
- Falou-se muito de ética (M)
- A relação da ética com os valores morais (M)
- A relação da ética com os valores pessoais (M)
- O conceito de moral associado ao que está escrito (M)
- O conceito de ética associado à consciência pessoal (M)
- A ética como condicionante da acção humana (M)
- A formação ética acompanha a evolução da sociedade (R)
Relação da ética com a profissão
- As questões éticas no trabalho e no relacionamento com outros
profissionais (L)
- A situação actual da ética da docência em Portugal (L)
Ética na formação da criança
- Importância de saber agir eticamente para formar a criança para a
vida e para a sociedade (L)
- Importância de saber trabalhar em parceria para formar eticamente
a criança para a vida e para a sociedade (L)
(Continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Conteúdos de formação ética
Importância dos valores
-A relevância dos valores (M)
-A abordagem aos valores (R)
- Os valores como condicionantes (M)
Os valores na sociedade
- Os valores morais da sociedade (M)
-A necessidade de acompanhar os valores em mudança (M)
-A necessidade de preservar os valores importantes (M)
-A hierarquização dos valores (P)
Os valores na educação
- Os valores na educação antes e durante o antigo regime e na
actualidade (L)
- O interesse pelo estudo da evolução dos valores na educação (L)
Importância de uma deontologia
docente
- A importância da deontologia (R)
- A ausência de uma deontologia docente (M)
- A importância de conhecer e aplicar os deveres da criança (R)
- A realização de um trabalho sobre deontologia (L)
(Continuação tema A)
Categoria Subcategorias Indicadores
Conteúdos de formação ética
Análise de códigos deontológicos
- O interesse pelos códigos deontológicos (R)
- O conhecimento de códigos para a profissão docente (M)
- Os códigos deontológicos noutras profissões (P), (M)
- A importância dos valores e códigos deontológicos na formação
dos formandos (P)
Opinião sobre a Axiologia
Importância da Axiologia
- O gosto pela disciplina (M)
- A necessidade de aprender mais (M)
O papel da Axiologia
na formação pessoal
- Desperta para o autoconhecimento (R)
- Alerta para hábitos e actos de conduta pessoais (R)
- Influencia o modo de agir e pensar (R)
- Dá a conhecer os valores da sociedade (P)
- A percepção do que se deve e não deve fazer (L)
- A abordagem da liberdade como valor pessoal e social (L)
Quadro 2 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
B: Repercussões da Formação ética no estágio
Categoria Subcategorias Indicadores
Opinião sobre a Axiologia
O papel da Axiologia na formação
profissional
-Desperta para a atitude e desempenho do educador (R)
-Desperta para a importância da conduta social do educador (R)
- Sensibiliza para a reflexão sobre a acção (R)
- Alerta para a necessidade de dar atenção às crianças do meio
envolvente (R)
-Alerta para a necessidade de dar atenção aos pais (R)
-Apoia os formandos sobre o modo de proceder no futuro (P)
-Ajuda os formandos a fomentar na criança os valores da sociedade
(P)
Percepção de problemas éticos
Centrados na criança
-A humilhação da criança na prática pedagógica (M)
-O insulto (M)
-A reacção dolorosa da criança (M)
-A necessidade de movimento da criança (R)
(Continuação tema B)
Categoria Subcategorias Indicadores
Percepção de problemas éticos
Centrados na criança
- A pressão sobre a criança para se manter quieta (R)
- A necessidade de compreender a criança colocando-se no lugar
dela (R)
- A punição desajustada da criança em relação ao seu
comportamento (R)
- A proibição da criança deficiente fazer algumas coisas que o grupo
fazia (P)
Centrados no educador estagiário
- A dificuldade na relação com os pais (L)
- O conflito consigo próprio (M), (R )
- O receio de criar conflitos com os outros (M), (R)
- A observação de actos ética e deontologicamente errados (R )
- A observação de actos impensados ( R)
- A descriminação da criança deficiente considerada lacuna ética (P)
Centrados nos pais
- A desconfiança dos pais (L)
- A indiferença dos pais (L)
(Continuação tema B)
Categoria Subcategorias Indicadores
Percepção de problemas éticos
Centrados nos pais
- As interrogações dos pais à estagiária (L)
- A repetição das interrogações à educadora (L)
Reacções aos problemas
percepcionados
Sentimentos de revolta e de pena
- Sentimentos de revolta (M)
- Sentimentos de pena (M)
Dificuldades em intervir
- Não se sente com direito de intervir (M)
- Como estagiária sente-se limitada (R )
- Não se manifesta por ser estagiária (R )
Intervenção idealizada
direccionada para o adulto
- Chamar o adulto à razão (M)
- Chamar o adulto à parte (M)
- Incentivar o adulto a pedir desculpa à criança (M)
Intervenção idealizada
direccionada
para a criança
- Não punir de imediato (R )
- Alertar pessoalmente a criança sobre o comportamento errado (R)
- Não humilhar a criança à frente do grupo (R )
- Levar a criança a entender o ponto de vista do adulto (R)
(Continuação tema B)
Categoria Subcategorias Indicadores
Reacções aos problemas
percepcionados
Reflexão sobre a situação
- Reflexão sobre o que não lhe agrada para não o repetir na sua
prática (R )
- A compreensão em relação á desconfiança dos pais (L)
- O sentido de responsabilidade em relação ao trabalho (L)
Diálogo com os pais e com as
educadoras
- O diálogo com a educadora cooperante (P)
- A explicação da situação da criança aos pais (P)
- A persistência na informação aos pais sobre os hábitos da criança
(L)
- A sensibilização aos pais sobre a relação da estagiária com as
crianças (L)
Intervenção através do apoio à
criança deficiente
- A determinação da estagiária para apoiar a criança deficiente (P)
-O apoio à criança na participação de todas as actividades do grupo
(P)
Dificuldades à intervenção
- As graves limitações da criança (P)
- A inadequação das actividades das educadoras de apoio (P)
(Continuação tema B)
Categoria Subcategorias Indicadores
Reacções aos problemas
percepcionados
Resultados das intervenções
realizadas
- A realização de um estudo sobre a comunicação aumentativa e
alternativa na criança (P)
- A colaboração dos pais e da educadora (P)
- O interesse dos pais em sensibilizar a sociedade para as
potencialidades da criança deficiente (P)
Contributo da Formação ética
na resolução de problemas
Valorização da ética pessoal
- O predomínio da ética pessoal (R )
- A valorização da formação ética recebida no meio familiar e
escolar anterior (P)
- O contributo da ética pessoal (L)
Valorização da Formação ética
recebida na Escola
- A pertinência da Formação ética da Escola (R ), (L)
- A importância dos conselhos da educadora (L)
- A influência conjunta da ética pessoal e da formação recebida na
Escola e no estágio (L)
Desvalorização da Formação ética
da Escola
- A intervenção educativa não dependeu da formação ética recebida
na Escola (P)
Quadro 3 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
C: Formação ética proporcionada pela Escola
Categoria Subcategorias Indicadores
Estratégias de formação ética
dos educadores
Discussão de situações e dilemas
éticos em geral
- A discussão de situações éticas reais não direccionadas para o
Jardim-de-infância (M)
- A discussão de dilemas éticos reais não relacionados com o
Jardim-de-infância (M)
Ausência de estratégias de acção
- Não foram dadas estratégias de acção (R )
Linhas gerais de orientação
- Foram dadas linhas orientadoras gerais (R )
- Foram dadas algumas orientações (P)
Análise de situações educativas
específicas
- A conduta linear do adulto face à criança (R )
- A aplicação oportuna de castigos (R )
- A problemática dos educadores fumarem à frente das crianças (L)
- A apresentação de situações da prática pelas alunas (L)
Análise de perspectivas e de textos
sobre valores
-Perspectivas para ensinar valores da nossa sociedade às crianças (P)
-A exploração e discussão de textos sobre os valores e a
liberdade(L)
(Continuação tema C )
Categoria Subcategorias Indicadores
Estratégias de desenvolvimento
moral dos alunos
Exploração do conteúdo moral de
histórias
- A exploração de histórias para a formação e o desenvolvimento
moral da criança (M)
- A exploração do conteúdo moral das fábulas (M)
- O reconhecimento dos valores contidos na fábula em situações do
Jardim-de-infância (M)
- A exploração de histórias (P)
Utilização de jogos
- A utilização de jogos (P)
Abordagem dos valores
- A necessidade de abordar os valores (R )
O educador como referência da
criança
- O exemplo do educador em relação ás crianças (L)
Lacunas percepcionadas na
formação ética
A falta de análise de situações
práticas
- A falta de exposição de situações práticas do Jardim-de-infância
(M)
- A falta de discussão dilemas do Jardim-de-infância (M)
- Falta de componente mais prática na disciplina de Axiologia (R )
- A falta de incentivo da professora à pesquisa de situações práticas
(L)
(Continuação tema C )
Categoria Subcategorias Indicadores
Lacunas percepcionadas na
formação ética
Pouco tempo de formação teórica
- Tempo reduzido para aprofundar a disciplina de Axiologia (R )
Estratégias sugeridas para a
formação ética
Discussão de dilemas da prática
pedagógica
- A discussão de dilemas do Jardim-de-infância nas aulas (M)
Prolongar o tempo de formação
ética teórica e prática
- A necessidade de prolongar o tempo de formação ética para melhor
a aprofundar (R )
- A necessidade de aumentar a componente prática para consolidar
conhecimentos da disciplina (R )
Princípios e valores
predominantes na Escola
Valores sociais
- A solidariedade (M), (P)
- O respeito (M)
- O valor da família (M)
- O amor (M), (R )
- A relação de proximidade humana (R )
- A entreajuda nas turmas (P)
(Continuação tema C )
Categoria Subcategorias Indicadores
Princípios e valores
predominantes na Escola
Valores sociais
- A amizade (P)
- A fidelidade (P)
- A partilha de ideias (P)
- O ambiente familiar (P), (L)
- A liberdade pessoal e perante os outros (L)
Valores religiosos
- Valores cristãos (M)
- A fé como valor cristão mais importante (M)
- As disciplinas de conteúdo cristão (M)
A formação integral do aluno
- A formação geral (R)
- A formação ética (R )
O exemplo dos responsáveis pela
escola
- Fomentam o ambiente familiar nos alunos através do exemplo (P)
- Ajudam os alunos no que eles necessitam (P)
(Continuação tema C )
Categoria Subcategorias Indicadores
Opinião sobre a formação
Axiológica
Adesão aos valores religiosos,
sociais e morais da Escola
- A importância da fé (M)
- Necessidade actual de fé (M)
- Importância da afectividade (R )
- A valorização do clima familiar (L)
- Os valores são o pilar da escola aberta à comunidade (P)
Aspectos negativos relacionados
com a formação em valores
- A falta de conhecimento de outras culturas e valores (M)
- A abordagem limitada aos valores cristãos (M)
- O valor Liberdade foi pouco trabalhado (M)
- Liberdade não é fazer o que se quer (M)
- A liberdade nem sempre se evidencia (L)
- Mostra-se mais os aspectos negativos da liberdade (L)
Pouco sentido de responsabilidade (P)
- O clima familiar também tem aspectos negativos mas não muito
significativos (L)
(Continuação tema C )
Categoria Subcategorias Indicadores
Opinião sobre os valores
Valores privilegiados pelos
formandos
- O amor como o melhor para a criança (M)
- O diálogo (R ), (L)
- O respeito mútuo (R ), (L), (P)
- A afectividade como base para a confiança (R )
- A compreensão (L)
Valores do bom educador
- Os valores espirituais (M)
- O amor (M)
- O respeito para com adultos e crianças (M), (R ), (P), (L)
- O respeito por si próprio (L)
- A solidariedade (M), (P)
- A liberdade (M), (R ), (L)
- A família (M)
- A afectividade (R )
- A necessidade de conhecer e aprender mais para se actualizar (R )
- A necessidade conhecer e aprender mais para corresponder às
expectativas das crianças (R )
- O reconhecimento da insuficiência da formação inicial para o
desempenho profissional (R )
(Continuação tema C )
Categoria Subcategorias Indicadores
Opinião sobre os valores
Valores do bom educador
- A cooperação (P)
- A ajuda (P)
- A compreensão (L)
- O cuidado (L)
- A paciência (L)
- A sinceridade (L)
O papel do educador face aos
valores
- Transmitir valores (M)
- Educar para o consumo (M)
-Ser responsável pela integração da criança na vida e no mundo (R)
- Ser modelo de referência para a criança (R ), (P)
- Respeitar o que a criança faz e diz (P), (L)
- Fazer a criança respeitar as orientações do educador (P) (L)
- Relacionar-se com as crianças com respeito, compreensão e
diálogo (L)
- Saber conhecer as crianças (L)
Quadro 4 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
D: Atitude face a um eventual código da profissão
Categoria Subcategorias Indicadores
Pertinência do Código
Necessidade de orientação sobre
como agir
- A falta de referências do educador sobre como agir (M)
- Os educadores agem cada um por si (M)
- Os educadores necessitam de orientação deontológica (R )
Evitar actos deontologicamente
errados
- É importante porque muitos docentes cometem actos
deontologicamente incorrectos (R )
Função do Código
Ser guia de orientação
- O código como um guia na resolução de problemas (M)
- Serve como base de orientação (R )
- A importância do código como base para seguir o que está escrito
(P)
- Estabelecer valores que definam o que se pode e não pode fazer
(L)
- Ter o mesmo código um código deontológico da docência que têm
outras profissões (L)
- Harmonizar diferenças de ser e pensar individuais através do
código (L)
(Continuação do tema D )
Categoria Subcategorias Indicadores
Função do Código
Não ser restritivo
- Não é para aplicar de forma rígida (R )
- Deve dar espaço a situações particulares (R )
- Não cristaliza deveres e direitos (R )
- Não limita a acção dos educadores (R )
Vantagens do Código
Valorizar a profissão
- Favorece a união da classe (M)
- Valoriza a profissão (M), (L)
Desvantagens do Código
Dificuldades no cumprimento
- As situações que geram confusão (M)
- A possível dificuldade dos professores em cumprir e seguir o
código (M), (P)
- Um cumprimento aparente do código desconhecendo os seus
deveres e direitos (P)
Dificuldade do código agradar a
todos
- A dificuldade em harmonizar formas de pensar (M)
- A dificuldade de estabelecer um código que agradasse a todos (L)
- A possibilidade do código contribuir para a desunião da classe (L)
(Continuação do tema D )
Categoria Subcategorias Indicadores
Desvantagens do Código
Probabilidade de haver opositores
- A possibilidade de existirem pessoas contra o código (L)
- Ser contra o código não seria bom para os seus opositores nem
para as crianças (L)
- Ser contra o código não seria bom para a visão da profissão (L)
-A possibilidade do código contribuir para a desunião da classe (L)
Não considera desvantagens
- Não vê desvantagens na existência do código (R )
Conteúdos do código
Deveres relativos à criança
- Dever de não maltratar a criança (M)
- Respeitar o ritmo da criança (R )
- Preparar a criança para a sua integração na sociedade (R )
- Preparar a criança para a escolaridade (R )
- Contribuir para que a criança seja feliz (R )
- O dever de apoiar, respeitar e amar a criança (L)
- O dever de lhe proporcionar todas as oportunidades (L)
(Continuação do tema D )
Categoria Subcategorias Indicadores
Conteúdos do código
Deveres relativos aos colegas
- Deveres com colegas da instituição e do meio (M)
- Ser flexível (P)
- Ser solidário (P)
- Ser autónomo (P)
- O código deveria abranger deveres para com os docentes (L)
Deveres relativos aos pais
- Dever de cooperação com os pais (M)
- A cooperação com os pais contribui para resolver problemas da
criança (M)
- Deveres dos educadores para com os pais (R )
- O código deveria abranger deveres para com os pais (L)
Deveres relativos à comunidade
- Dever de articular com a comunidade (M)
- Benefícios de articular com a comunidade (M)
- Dever de trabalhar em cooperação com a comunidade envolvente
(P)
- Deveres dos educadores para com a comunidade (R )
- O código deveria abranger deveres para com a sociedade local (L)
(Continuação do tema D )
Categoria Subcategorias Indicadores
Conteúdos do código
Deveres relativos ao desempenho
da profissão
- O dever do docente perante a profissão (L)
Deveres relativos ao meio escolar
- Dever de trabalhar em cooperação com o meio escolar (P)
- Dever de trabalhar em cooperação com o pessoal do Jardim (P)
Deveres relativos à sociedade geral
- O código deveria abranger deveres para com a sociedade mais
global (L)
Pertinência de códigos
diferentes
Necessidade de especificidade
- A diferença de deveres e funções entre os professores e os
educadores (M), (L)
- A necessidade de códigos diferentes para professores e para
educadores (R )
- Necessidade de especificidade (P)
Diferenças estruturais
- Diferenças de faixa etária com que os docentes lidam (R )
- A diferença de problemas dos vários ciclos (R )
Divergências entre a classe
- Divergências entre os docentes dos vários ciclos (R )
Pouco conhecimento do tema
-A falta de estrutura profissional e pessoal para opinar sobre a
distinção de códigos (L)
(Continuação do tema D )
Categoria Subcategorias Indicadores
Autoria do código
Participação de professores e
educadores em códigos diferentes
segundo o seu grau de ensino
- A participação de professores e educadores cada qual no seu
código (M)
- Quem trabalha na sua área específica conhece e avalia melhor as
situações (P)
- A possível dificuldade de professores do 1º ciclo e educadores
elaborarem códigos que não pertençam ao seu grau de ensino (P)
Ministério da Educação
- A participação do Ministério da Educação para alcançar soluções
consensuais (M)
Uma Associação de educadores
-Uma Associação de educadores (R )
- Associação de educadores com experiência diversificada (R )
-Os educadores
- Os educadores (R ), (P)
Todos os Professores e educadores
- Um código para educadores e professores deve ser elaborado por
todos (L)
Um código único elaborado por
uma Associação
- Um código para educadores e professores elaborado por
Associação (L)
(Continuação do tema D )
Categoria Subcategorias Indicadores
Autoria do código
O Agrupamento faz e debate o
código com os docentes e
representantes do Ministério da
Educação
- O Agrupamento faz e pensa os pontos do código (L)
- O Agrupamento transmite o código em reunião geral (L)
-A participação dos professores dos educadores
e dos de representantes do Ministério no debate geral do código (L
Actualização do código
- A importância de actualizar o código (R )
- O código deve acompanhar a evolução do mundo (R )
Razões da inexistência do
código
- A Profissão é muito abrangente (R )
O papel interventivo do Ministério
- O Ministério da Educação é que estabelece direitos e deveres (R )
O conformismo dos docentes
- Os docentes conforma-se com as decisões do Ministério (R )
- Os docentes deixam de lutar pela dignificação da profissão (R )
Quadro 5 - GRELHA DE CATEGORIAS E INDICADORES PARA O TEMA
E: Apreciageral da Escola
Categoria Subcategorias Indicadores
Apreciação geral sobre a Escola
Aspectos positivos
- Tem professores muito bons (R )
- A mudança para corresponder às necessidades dos alunos (P)
- Mudança ao nível de disciplinas (P)
- Currículos diferentes (P)
- Matérias diferentes dos anos anteriores (P)
- A tentativa da escola em resolver lacunas de anos anteriores (P)
- O espírito de abertura em relação aos alunos (P)
Aspectos negativos
-Tem professores que desconhecem o que é a profissão de educador
(R )
- A tendência dos professores do 1º ciclo trabalharem mais com os
formandos professores do que com os educadores (P
Sugestões
- A necessidade de estar atenta à inovação pedagógica (R )
-A necessidade de investir na formação dos professores-formadores
(R )
- Trabalho mais individualizado dos professores do 1º ciclo com os
educadores (P)