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Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica - Mestrado - Doutorado CONTROLE DE VIBRAÇÃO DE UM SISTEMA SOB DESBALANCEAMENTO ROTATIVO UTILIZANDO ATUADOR DE LIGA COM MEMÓRIA DE FORMA por Alberdan Santiago de Aquino Tese de Doutorado apresentada à Universidade Federal da Paraíba para obtenção do grau de Doutor João Pessoa - Paraíba abril, 2011

controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

- Mestrado - Doutorado

CONTROLE DE VIBRAÇÃO DE UM SISTEMA SOB

DESBALANCEAMENTO ROTATIVO UTILIZANDO

ATUADOR DE LIGA COM MEMÓRIA DE FORMA

por

Alberdan Santiago de Aquino

Tese de Doutorado apresentada à Universidade Federal da Paraíba para obtenção do grau de Doutor

João Pessoa - Paraíba abril, 2011

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ALBERDAN SANTIAGO DE AQUINO

CONTROLE DE VIBRAÇÃO DE UM SISTEMA SOB

DESBALANCEAMENTO ROTATIVO UTILIZANDO

ATUADOR DE LIGA COM MEMÓRIA DE FORMA

Tese apresentada ao curso de Pós-

Graduação em Engenharia

Mecânica da Universidade Federal

da Paraíba, em cumprimento às

exigências para obtenção do Grau

de Doutor.

Orientador : Professor Dr. Antonio Almeida Silva

Orientador : Professor Dr. José Antônio Riul

João Pessoa – Paraíba 2011

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A657c Aquino, Alberdan Santiago de. Controle de vibração de um sistema sob desbalancea-

mento rotativo utilizando atuador de liga com memória de forma / Alberdan Santiago de Aquino.- João Pessoa, 2011.

134f. : il. Orientadores: Antonio Almeida Silva, José Antônio Riul Tese (Doutorado) – UFPB/CT

1. Engenharia Mecânica. 2. Controle de vibrações. 3. Controle de sistemas. 4. Ligas com Memória de Forma. 5. Variação de temperatura.

UFPB/BC CDU: 621(043)

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iii

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iv

DEDICATÓRIA

A Algérico Santiago e Raimunda Marinho

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v

AGRADECIMENTOS

A minha filha Alícia, que mesmo na ausência do pai, sabia que algo de bom estava

acontecendo em nossas vidas.

A minha esposa Eudna Maria (Baby) e minha irmã Artemis pelo incentivo que me

deram durante esse período.

Ao meu orientador professor Antonio Almeida Silva, pela dedicação, competência,

e pela incansável vontade de ver o progresso do trabalho.

Aos meus amigos Jader, Everaldo, James, Magno, Francisco França, pelo apoio,

amizade, pelas sugestões, e principalmente pelos momentos de descontração,

imprescindíveis no decorrer do trabalho.

Ao professor José Antônio Riul, pela orientação, e pelas sugestões sempre, sempre

oportunas.

Ao professor Carlos José de Araújo pela contribuição direta no desenvolvimento da

pesquisa.

Ao professor Cícero da Rocha Souto, pela ajuda sempre que solicitada.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFPB, pela

oportunidade que me concedeu na realização desse trabalho.

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vi

CONTROLE DE VIBRAÇÃO DE UM SISTEMA SOB

DESBALANCEAMENTO ROTATIVO UTILIZANDO ATUADOR DE

LIGA COM MEMÓRIA DE FORMA

RESUMO

O controle de vibrações é um campo de estudo bastante relevante dentro da

Engenharia Mecânica cujo principal objetivo reside na atenuação e controle das vibrações

de um sistema. Existem técnicas e métodos variados que permitem o controle de vibrações,

e dentre estas existem aquelas que utilizam os absorvedores dinâmicos de vibração. Neste

contexto, as Ligas com Memória de Forma (LMF) podem ser usadas na forma de atuadores

que auxiliam no controle ativo de estruturas devido à sua capacidade de variação da rigidez

e amortecimento. As LMF fazem parte de um grupo de materiais metálicos que apresentam

a propriedade de retornar à sua forma original após uma deformação mecânica, através de

uma transformação de fase obtida por meio de um procedimento térmico. Ligas metálicas

constituídas por Níquel e Titânio (NiTi), podem gerar forças consideráveis após a mudança

de forma, rigidez e amortecimento, através da variação da temperatura. Nesta tese, é

implementado um controlador Fuzzy para reduzir os níveis de vibração de um sistema

massa-mola simulando um rotor desbalanceado utilizando-se um atuador de liga com

memória de forma. Resultados teóricos e experimentais do sistema sendo controlado em

regiões críticas são apresentados, onde se observaram reduções nos níveis da ordem de até

85% na região de ressonância.

Palavras chave: controle de sistemas, memória de forma, temperatura

Page 8: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

vii

VIBRATION CONTROL OF A SYSTEM UNDER UNBALANCED

ROTATING USING SHAPE MEMORY ALLOY ACTUATOR

ABSTRACT

The vibration control is an important field of study within mechanical engineering,

whose main objective is to reduce and control the vibration of a system. There are various

techniques and methods for vibration control, and among them are those using dynamic

vibration absorbers In this context, Shape Memory Alloys (SMA) can be used as actuators

that help the active control of structures due to their ability to change the stiffness and

damping. The SMA is part of a group of metallic materials which have the property

returned to its original shape after mechanical deformation through a phase transition

obtained by a thermal process. Metal alloys consisting of nickel and titanium (NiTi) can

generate significant forces behind the change of shape, stiffness and damping temperature

variation. In this thesis, we implement a fuzzy controller to reduce vibration of unbalanced

rotating system using shape memory alloy actuator. Theoretical and experimental results of

the system, controlled in critical regions, are presented, where level reductions of about

85% in the resonance region were observed.

Keywords: control systems, shape memory alloy, temperature

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viii

SUMÁRIO

Lista de Figuras ...................................................................................................... xi

Lista de Tabelas ...................................................................................................... xv

Lista de Símbolos ................................................................................................... xvi

1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA........................................................................................ 2

1.2 OBJETIVO GERAL................................................................................... 3

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................... 3

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................ 4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 5

2.2 ÁREAS DE APLICAÇÃO E SUAS LIMITAÇÕES.................................. 5

2.3 ABSORVEDORES DE VIBRAÇÃO COM RIGIDEZ VARIÁVEL......... 10

2.4 FUNDAMENTOS DAS LIGAS COM MEMÓRIA DE FORMA............. 20

2.4.1 Transformação de fases nas ligas com memória de forma............................... 21

2.4.2 Efeito memória de forma............................................................................. 24

2.4.3 Comportamento das LMF sob ciclagem termomecânica............................ 25

2.4.4 Métodos de determinação das temperaturas de transformação em ligas com

memória de forma................................................................................................... 27

2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 31

3 PROJETO, FABRICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE MOLAS

HELICOIDAIS COM MEMÓRIA DE FORMA

3.1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 32

3.2 PROJETO E FABRICAÇÃO DE MOLAS HELICOIDAIS EM LIGAS 33

Page 10: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

ix

COM MEMÓRIA DE FORMA..................................................................

3.3 FAIXAS DE TEMPERATURAS DE TRANSFORMAÇÃO.................... 35

3.4 MODELO PARA CÁLCULO DE RIGIDEZ VARIÁVEL........................ 37

3.5 CARACTERISTICAS DE AMORTECIMENTO EM LIGAS COM

MEMÓRIA DE FORMA............................................................................ 42

3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 43

4 MODELO TEÓRICO

4.1 MODELAGEM TEÓRICA......................................................................... 45

4.2 RESULTADOS SIMULADOS................................................................... 48

4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 51

5 BANCADA EXPERIMENTAL

5.1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 52

5.2 DADOS DO SISTEMA.............................................................................. 53

5.2.1 Massa do sistema........................................................................................ 53

5.2.2 Rigidez do sistema....................................................................................... 54

5.2.3 Amortecimento do sistema.......................................................................... 55

5.3 SISTEMA DE AQUECIMENTO DA MOLA DE LMF............................ 58

5.4 SISTEMA DE RESFRIAMENTO DA MOLA DE LMF........................... 60

5.5 SENSOR DE TEMPERATURA................................................................. 61

5.6 MOTOR EXCITADOR ............................................................................. 64

5.7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS.......................................................... 65

5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 67

6 CONTROLE DO SISTEMA

6.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 68

6.2 CONTROLADOR ...................................................................................... 71

6.2.1 Fuzzyficação................................................................................................ 73

6.2.2 Inferência fuzzy........................................................................................... 77

6.2.3 Defuzzyficação............................................................................................ 79

6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 84

Page 11: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

x

7 RESULTADOS

7.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 85

7.2.1 Caso 1 – Sistema excitado com 14 Hz ........................................................ 86

7.2.2 Caso 2 – Sistema excitado com 17 Hz ........................................................ 87

7.2.3 Caso 3 – Sistema sem controle de temperatura e excitado com 14 Hz e 17

Hz intercalados ...........................................................................................

88

7.2.4 Caso 4 – Sistema com controle de temperatura e excitado com 14 Hz e

17 Hz intercalados......................................................................................

90

7.2.5 Caso 5 – Sistema sem controle de temperatura e freqüência de excitação

variando entre 0 e 23 Hz ............................................................................. 92

7.2.6 Caso 6 – Sistema com controle de temperatura e freqüência de excitação

variando entre 0 e 23 Hz ............................................................................ 94

8 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

8.1 CONCLUSÕES........................................................................................... 97

8.2 SUGESTÕES............................................................................................... 99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 100

ANEXOS .................................................................................................... 107

Page 12: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Diagrama de densidade energética indicando a faixa de atuação em

termos de tensão x deformação de diferentes materiais ativos............ 6

Figura 2.2 Diagrama de densidade energética em função da freqüência de

atuação para diferentes materiais ativos.............................................. 7

Figura 2.3 Endoscopia utilizando LMF como atuador.......................................... 8

Figura 2.4 Aerofólio com LMF............................................................................. 8

Figura 2.5 Avião da Boeing com turbina de geometria variável do elemento de

descarga de gases................................................................................. 9

Figura 2.6 Atuador com mola LMF...................................................................... 9

Figura 2.7 Absorvedor de vibrações sintonizado (TVA) e sua resposta em

freqüência........................................................................................... 10

Figura 2.8 Absorvedor de vibrações sintonizado adaptativo................................ 11

Figura 2.9 Resposta do sistema primário excitado na primeira freqüência.......... 12

Figura 2.10 Absorvedor de estado comutado.......................................................... 13

Figura 2.11 Aceleração da base para excitação forçada de 4,5 e 5,5 Hz................ 13

Figura 2.12 ATVA LMF com sistema primário montado sobre o shaker.............. 14

Figura 2.13 Aceleração do sistema primário para mudanças de freqüência de

excitação em degrau............................................................................ 14

Figura 2.14 Composição experimental para obtenção da resposta dinâmica da

viga SMAHC...................................................................................... 15

Figura 2.15 Resposta dinâmica da viga SMAHC................................................... 16

Figura 2.16 Controle da deflexão transversal em tubos de aço............................... 16

Figura 2.17 Sistema de isolação massa-mola de LMF............................................ 17

Figura 2.18 Esquema de sistema dinâmico eixo-rotor para controle de vibrações

em mancal LMF.................................................................................. 18

Figura 2.19 Curvas típicas de deformação versus temperatura de ligas NiTi......... 19

Figura 2.20 Estruturas cristalinas da LMF.............................................................. 22

Page 13: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

xii

Figura 2.21 Transformação da estrutura cristalina sob variação de temperatura.... 23

Figura 2.22 Transformação da estrutura martensitica sob carregamento

mecânico............................................................................................ 23

Figura 2.23 Diagrama tensão-deformação-temperatura para LMF......................... 25

Figura 2.24 Carregamento térmico cíclico (50 ciclos) de um fio de Níquel-

Titânio sob tensão constante de 150MPa............................................. 26

Figura 2.25 Resposta pseudo-elástica de um fio de NiTi com AF=65ºC, ciclado na

temperatura de 70ºC........................................................................ 27

Figura 2.26 Representação esquemática de um DSC.............................................. 28

Figura 2.27 Curva esquemática de um DSC para uma LMF mostrando as curvas

de transformação e o calor latente associado durante o aquecimento e

resfriamento...................................................................................... 29

Figura 2.28 Curva DSC para liga rica em Níquel mostrando dois estágios de

transformação................................................................................... 29

Figura 2.29 Esquema do teste de RE...................................................................... 30

Figura 2.30 Resistência elétrica normalizada vs. Temperatura para liga NiTi......... 31

Figura 3.1 Mola helicoidal de compressão........................................................... 34

Figura 3.2 Mola de LMF Ni-Ti............................................................................. 35

Figura 3.3 Amostra da Liga de NiTi submetida ao ensaio de DSC...................... 36

Figura 3.4 Amostra no DSC................................................................................. 36

Figura 3.5 Temperaturas de transformação obtidas pelo DSC............................. 37

Figura 3.6 Mola de LMF montada para ensaio de compressão............................ 39

Figura 3.7 Rigidez da mola de LMF em função da temperatura.......................... 41

Figura 3.8 Mudança no amortecimento para LMF............................................... 43

Figura 3.9 Relação entre fator de amortecimento e temperatura para liga TiNi... 43

Figura 4.1 Sistema rotativo desbalanceado com 1gdl .......................................... 45

Figura 4.2 Energia dissipada por ciclo.................................................................. 47

Figura 4.3 Resposta em freqüência teórica do sistema para a mola a 35°C e

65°C....................................................................................................... 50

Figura 4.4 Resposta em freqüência teórica em função da temperatura da mola 51

Figura 5.1 Esquema da bancada experimental...................................................... 53

Figura 5.2 Sistema rotativo desbalanceado........................................................... 54

Figura 5.3 Resposta impulsional a 35ºC............................................................... 56

Page 14: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

xiii

Figura 5.4 Resposta impulsional a 65ºC............................................................... 56

Figura 5.5 Variação do coeficiente de amortecimento em função da

temperatura.......................................................................................... 58

Figura 5.6 Sinal PWM com largura de pulso de 40%........................................... 59

Figura 5.7 Circuito amplificador para aquecimento da mola de LMF.................. 59

Figura 5.8 Curvas de aquecimento da mola de LMF com diversas larguras de

pulso do sinal....................................................................................... 60

Figura 5.9 Direcionador do fluxo de ar sobre a mola........................................... 60

Figura 5.10 Circuito amplificador de tensão de alimentação do motor do

direcionador de ar................................................................................ 61

Figura 5.11 Circuito divisor de tensão................................................................... 62

Figura 5.12 Curva de calibração do NTC .............................................................. 63

Figura 5.13 Diagrama de blocos para obtenção da temperatura da LMF............... 64

Figura 5.14 Relação entre tensão aplicada e frequencia de excitação do motor..... 64

Figura 5.15 Resposta em freqüência do sistema para mola a 35°C e a 65°C .......... 66

Figura 5.16 Resposta em freqüência experimental em função da temperatura da

mola..................................................................................................... 67

Figura 6.1 Diagrama de blocos do controle de temperatura da mola LMF ......... 69

Figura 6.2 Resposta em freqüência teórica do sistema......................................... 69

Figura 6.3 Resposta em freqüência do sistema com controle de temperatura da

mola de LMF....................................................................................... 70

Figura 6.4 Variável ERRO e seus termos lingüísticos para o aquecimento.......... 74

Figura 6.5 Variável ERRO e seus termos lingüísticos para o resfriamento.......... 75

Figura 6.6 Variável VERRO e seus termos lingüísticos....................................... 75

Figura 6.7 Variável saída de resfriamento e seus termos lingüísticos.................. 76

Figura 6.8 Variável saída de aquecimento e seus termos lingüísticos.................. 76

Figura 6.9 Exemplo de regra de estratégia de controle ........................................ 79

Figura 6.10 Fuzzificação para Erro= - 7,5°C ......................................................... 80

Figura 6.11 Fuzzificação para Verro= 0,5°C ......................................................... 81

Figura 6.12 Defuzzificação de acordo com o centro de máximo ........................... 82

Figura 6.13 Superfície de controle para variável de saída “aquecimento” ............ 83

Figura 6.14 Superfície de controle para variável de saída “resfriamento” ............ 84

Page 15: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

xiv

Figura 7.1 Vibração do sistema sem e com a ação de controle para um degrau

de aquecimento.................................................................................... 86

Figura 7.2 Vibração do sistema sem e com a ação de controle para um degrau

de resfriamento.................................................................................... 87

Figura 7.3 Sinal de excitação nas freqüências 14 Hz e 17 Hz.............................. 89

Figura 7.4 Vibração do sistema sem controle nas freqüências 14 Hz e 17 Hz..... 90

Figura 7.5 Temperatura da mola para as situações do caso 3............................... 90

Figura 7.6 Vibração do sistema sob ação de controle, com freqüências de

excitação de 14Hz e 17Hz................................................................... 91

Figura 7.7 Sinal de referência de temperatura e temperatura da mola, na ação de

controle........................................................................................... 92

Figura 7.8 Sinal de excitação variando linearmente de 0 a 23 Hz e vice-

versa..................................................................................................... 93

Figura 7.9 Vibração do sistema sem ação de controle quando submetido a uma

freqüência de excitação de 0 Hz a 23 Hz............................................. 94

Figura 7.10 Vibração do sistema com ação de controle quando submetido a uma

freqüência de excitação de 0 Hz a 23 Hz............................................. 95

Figura 7.11 Sinal de referência de temperatura e temperatura da mola, na ação de

controle para o sistema excitado com frequências de 0 a 23 Hz........... 96

Page 16: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

xv

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Rigidez da mola LMF para o aquecimento e resfriamento................... 40

Tabela 4.1 Parâmetros de amortecimento em função da temperatura.................... 48

Tabela 4.2 Dados da simulação............................................................................... 49

Tabela 5.1 Dados da mola utilizada no experimento.............................................. 54

Tabela 5.2 Amortecimento do sistema em função da temperatura......................... 57

Tabela 5.3 Resultados experimentais da calibração do NTC ................................ 63

Tabela 5.4 Dados do experimento........................................................................... 65

Tabela 6.1 Termos lingüísticos para o ERRO......................................................... 73

Tabela 6.2 Termos lingüísticos para a VERRO...................................................... 74

Tabela 6.3 Base de regras lingüísticas para o aquecimento.................................... 77

Tabela 6.4 Base de regras lingüísticas para o resfriamento.................................... 78

Page 17: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

xvi

LISTA DE SÍMBOLOS

A Identificação da fase austenítica

AS Temperatura inicial da fase austenitica

AF Temperatura final da fase austenitica

A1 Amplitude do primeiro pico

An Amplitude do pico do período n

c Amortecimento

cLMF Amortecimento da liga com memória de forma

cmax Amortecimento máximo

cmin Amortecimento mínimo

D Diâmetro da mola

d Diâmetro do arame da mola

dx Desbalanceamento

F Força da mola

F0 Força de excitação

G Módulo de elasticidade transversal

i Indicador de número complexo

kLMF-A Rigidez da mola durante a fase de aquecimento

kLMF-R Rigidez da mola durante a fase de resfriamento

k Rigidez da mola

kmax Rigidez máxima da mola LMF

kmin Rigidez mínima da mola LMF

M Identificação da fase martensítica

MF Temperatura final da fase martensitica

MS Temperatura inicial da fase martensitica

m Massa do sistema

md Massa desbalanceada

N Número de espiras

Page 18: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

xvii

n número de períodos

P Período

R Resistência elétrica

R Identificação da fase R

RF Temperatura final da fase rhombohedral

RS Temperatura inicial da fase rhombohedral

R0 Resistência elétrica na temperatura ambiente

T Temperatura da mola

Tamb Temperatura ambiente

t Tempo

Vi Tensão do circuito divisor

X Módulo da amplitude de deslocamento

x Deslocamentos da massa do sistema

y Deflexão da mola

∆k Diferença entre rigidez máxima e rigidez mínima

β Constante térmica do NTC

µ Fator de perda

ω Velocidade angular, Frequencia de excitação

ωd Frequencia natural amortecida

ωn Frequencia natural

ξA Fração de austenita da liga

ξM Fração de martensita da liga

ξR Fração de martensita da liga na fase Rhombohedral

ζ Coeficiente de amortecimento

Page 19: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

1

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A presença de vibrações em máquinas e equipamentos é normalmente caracterizada

como um problema sério em diversas aplicações. Nestas situações, um sistema de controle

de vibração é aplicado com o intuito de reduzir os danos provenientes de níveis de

vibração mais altos. Basicamente sistemas de controle de vibração podem ser divididos

como passivos e ativos (AHL’EN et al, 1994; AHMAD et al, 2000; CHEN et al, 2004;

FLEMING et al, 2005).

Os métodos de controle passivo de vibrações lidam diretamente com as propriedades

físicas da máquina, como a rigidez, massa e amortecimento. O controle passivo de

vibrações deve agir com uma mudança estrutural básica, o uso de outros materiais, ou a

adição de um elemento passivo, que é um elemento cuja função não depende de uma fonte

de energia externa.

Técnicas passivas apresentam, no entanto, dificuldades de implementação em

regiões de baixa freqüência (FULLER et al, 1990). Além disso, em muitas aplicações é

desejável que o sistema tenha baixos valores da massa, fazendo com que sistemas de

controle de vibração passivos não sejam atrativos (BRENNAM et al, 1992), isto devido a

uma tendência crescente na fabricação de engenharia de sistemas para reduzir o peso de

estruturas mecânicas, principalmente em sistemas utilizados para locomoção como navios

e aeronaves, podendo reduzir substancialmente os custos usando materiais mais leves

(MOHEIMANI et al, 2003). Por outro lado, a redução de massa em máquinas e

equipamentos pode resultar em estruturas mais flexíveis que o desejado, gerando uma

limitação da performance desta estrutura.

Os métodos de controle ativo de vibrações dependem do uso de uma fonte de energia

externa. O controle ativo de vibrações tradicionalmente pertence ao campo da engenharia

Page 20: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

2

de controle. É baseado no uso de sensores, eletrônica de tratamento de sinais e eletrônica

de controle diretamente ligada aos atuadores, fazendo com que todos os erros possíveis que

possam ocorrer numa máquina sejam antecipados e compensados.

O atuador utilizado no controle de vibrações é um elemento que produz uma força

capaz de reduzir os níveis de vibração. A variedade de atuadores utilizados em sistemas de

controle de vibração é muito grande, e o emprego do atuador depende principalmente do

equipamento ou maquinário (variável de projeto) e das características do ambiente de

instalação (umidade, atmosfera explosiva). Podem ser encontrados atuadores de

movimento induzido por cilindros pneumático ou cilindros hidráulicos, motores elétricos,

atuadores piezoeléticos, e mais recentemente atuadores de ligas com memória de forma. As

ligas com memória de forma têm grande potencial de aplicação em situações que

envolvem grandes forças, grandes deformações e baixas freqüências. Como atuadores, as

ligas com memória de forma podem ser aplicadas para controle de forma (SANDERS et al,

2004; CHANDRA, 2001) e para controle de vibração em máquinas e estruturas (ZAK et

al, 2003; OH et al, 2001; SAADAT et al, 2001).

1.1 JUSTIFICATIVA

Um sistema com um grau de liberdade pode ser entendido como um dispositivo que

tem apenas uma massa representativa e que esta massa possui apenas um movimento

possível, sendo este movimento de translação ou rotação. Quando forças externas atuam

sobre este sistema, o mesmo fica submetido à vibrações mecânicas que são aceitáveis até

determinadas amplitudes, e devem se manter assim para um bom funcionamento e vida útil

do equipamento. No entanto, as excitações podem provocar um aumento dos níveis de

vibração até níveis indesejáveis, principalmente quando o sistema entra em ressonância

com a freqüência natural do equipamento (ωn).

O valor da freqüência natural depende da massa e da rigidez do sistema. Sendo

assim, se um equipamento está montado sobre elementos de rigidez variável, é possível

reduzir os níveis de vibração deste sistema.

Page 21: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

3

O controle da variação de rigidez pode ser aplicado utilizando alguns dispositivos,

sejam eles pneumáticos, eletromagnéticos, ou ainda utilizando materiais inteligentes, as

Ligas com Memória de Forma (LMF).

Diante deste contexto, se faz necessária uma investigação mais aprofundada com o

objetivo de reduzir e controlar vibrações mecânicas utilizando Ligas com Memória de

Forma (LMF) por meio da mudança da freqüência natural do sistema.

1.2 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um sistema com um grau de liberdade apoiado sobre uma mola com

propriedades de memória de forma, que será utilizada como atuador, objetivando o

controle dos níveis de vibração em determinadas faixas de freqüências consideradas

críticas.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para atingir o objetivo geral, será necessário desenvolver e implementar os seguintes

objetivos específicos:

• Projetar e confeccionar uma mola helicoidal com memória de forma a partir de fios

de Níquel-Titânio (Ni-Ti);

• Realizar treinamento na mola para que a mesma tenha memória de forma

reversível;

• Caracterizar as temperaturas de transformação da mola de Ni-Ti;

• Caracterizar a rigidez da mola de Ni-Ti em função da temperatura;

• Confeccionar o sistema com um grau de liberdade, excitado harmonicamente por

um motor desbalanceado;

• Desenvolver um sistema de controle de temperatura, incluindo a montagem de

circuitos e placas de aquisição;

• Testar experimentalmente o sistema de controle para diferentes condições de

excitação;

• Avaliar o desempenho do sistema controlado e concluir sobre a sua possível

recomendação em aplicações típicas.

Page 22: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

4

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho é dividido em oito capítulos, distribuídos da seguinte forma: No

capítulo 2 é apresentada uma introdução geral a respeito das técnicas de controle de

vibrações bem como informações a respeito das ligas com memória de forma e suas

propriedades termomecânicas. No capítulo 3, é apresentado um estudo acerca de molas

helicoidais, fabricadas com liga de Níquel-Titânio, mostrando algumas características das

mesmas. O capítulo 4 aborda os aspectos teóricos de sistemas dinâmicos com

desbalanceamento rotativo, onde são mostrados simulações deste sistema com variação da

rigidez e amortecimento. No capítulo 5 é apresentado o desenvolvimento da bancada de

teste com as especificações de todos os componentes utilizados no experimento. O capítulo

6 é reservado ao projeto do sistema de controle de vibração, onde é desenvolvido um

controlador baseado em lógica fuzzy. O capítulo 7 apresenta resultados e discussões dos

testes experimentais onde é analisado o desempenho do sistema atuando com o algoritmo

de controle desenvolvido. Finalmente, no capítulo 8, apresentam-se as conclusões a partir

da análise e comparação dos resultados obtidos e sugestões para futuros trabalhos.

Page 23: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

5

CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INTRODUÇÃO

As manutenções preventiva e preditiva de equipamentos podem ser feitas através de

um sistema supervisório computadorizado ou de monitoramento onde todas as variáveis

que interferem no funcionamento de uma máquina são monitoradas em tempo real.

Variáveis como pressão, temperatura e vibração são controlados de tal forma que a vida

útil dos equipamentos seja bastante estendida visando a redução de custos com paradas e

serviços desnecessários. O monitoramento e controle de vibrações neste caso podem ser

feitos de diversas maneiras, sejam elas de forma passiva com o uso de iso-amortecedores e

absorvedores dinâmicos, ou de forma ativa, onde são usadas plantas eletrônicas de controle

que comandam atuadores que podem ser magnéticos, piezo-elétricos, hidráulicos e mais

recentemente aqueles baseados em materiais inteligentes como os fluidos magneto-

reológicos e as ligas com memória de forma ou internacionalmente denominadas de Shape

Memory Alloys (SMA).

2.2 ÁREAS DE APLICAÇÃO PARA LMF E SUAS LIMITAÇÕES

Atuadores convencionais tais como motores hidráulicos e pneumáticos promovem

grandes perdas de energia, têm um grande volume e pesadas massas para o sistema de

atuação. Novas tecnologias e materiais estão atraindo atenção para que se desenvolvam

sistemas mais leves e com grande poder de atuação (MAVROIDIS, 2007).

Page 24: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

6

Segundo LAGOUDAS (2008), dois parâmetros são importantes quando da escolha

do material do atuador: a densidade energética (capacidade de produção de trabalho por

unidade de volume) e a faixa de freqüência do material. O ideal seria ter um material ativo

com uma elevada densidade energética e de uma alta resposta em freqüência.

As Figuras 2.1 e 2.2 apresentam, respectivamente, dois diagramas representativos

das faixas de atuação da densidade energética e das freqüências de alguns materiais ativos.

É possível verificar pelas figuras que os atuadores de LMF são considerados os de maior

capacidade de produção de trabalho mecânico por volume de material em comparação com

outros materiais utilizados como atuadores. Além disso, os atuadores de LMF têm a

capacidade de recuperação de sua forma quando a temperatura é aumentada, mesmo sob

altas cargas aplicadas, bem como absorver e dissipar energia mecânica quando das

mudanças reversíveis de forma, sendo assim considerados como bons atuadores quando se

trata de amortecer vibrações e absorver impactos.

No entanto, as LMF têm baixas freqüências de resposta em relação à maioria dos

outros materiais ativos, reduzindo assim seu uso às situações onde as faixas de freqüência

em análise são baixas. Para freqüências acima de 10 Hz (10Hz – 1000HZ), é mais viável o

uso de LMF magnéticas. (LAGOUDAS, 2008).

Figura 2.1 – Diagrama de densidade energética indicando a faixa de atuação em termos de tensão x deformação de diferentes materiais ativos. (LAGOUDAS, 2008)

Page 25: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

7

Figura 2.2 – Diagrama de densidade energética em função da freqüência de atuação para diferentes materiais ativos. (LAGOUDAS, 2008)

As Ligas com Memória de Forma são úteis em diversas situações quando trabalham

como atuadores, alterando a forma, rigidez, posição, freqüência natural, e outras

características mecânicas, em resposta a temperatura ou campos eletromagnéticos. O

potencial dessas ligas na condição de atuadores vem sendo ampliado em diversas áreas

científicas, como por exemplo, em sistemas eletromecânicos, controle de vibrações,

indústria civil, aeronáutica e também na medicina.

Na área médica, existem vários exemplos de atuadores com memória de forma, tais

como o tubo intestinal longo (LIT) apresentado na Fig. 2.3, desenvolvido para utilização

no tratamento não operativo de obstrução intestinal. O atuador desenvolvido por (HAGA et

al, 2005) é composto por um tubo de silicone, polímeros de ligação e uma mola helicoidal

com memória de forma, onde o médico pode controlar a direção de flexão do eixo de

rotação. Esse controle acontece com a passagem de uma corrente elétrica na mola de LMF.

Page 26: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

8

Figura 2.3 – Endoscopia utilizando LMF como atuador. (HAGA et al, 2005)

A indústria aeronáutica também tem utilizado protótipos de estruturas flexíveis

inteligentes atuadas por LMF. A empresa Lockheed Martin desenvolveu um protótipo de

aerofólio flexível atuado por fios de LMF, com o objetivo de substituir os flaps atualmente

utilizados em aviões. Os fios atuadores são aquecidos pela passagem de corrente elétrica

externa. Primeiramente, o aerofólio encontra-se numa posição neutra, sem atuação. Depois,

o atuador é aquecido, encurtando o seu tamanho e puxando para baixo a parte traseira do

aerofólio. Neste caso, quando o atuador esfria, a parte traseira volta para a posição de

neutralidade.

Figura 2.4 – Aerofólio com LMF. (LOCKHEED MARTIN, 2006)

Os níveis de ruído gerado por turbinas durante a decolagem e a aterrissagem são

regulamentados em todo o mundo. Para reduzir este tipo de ruido, projetistas estão

modificando a borda de saida da turbina dos aviões para uma forma em “V” ou triangular,

com o intuito de misturar os gases de exaustão (Fig 2.5). Mais recentemente, componentes

de LMF estão sendo utilizados para reduzir ainda mais os níveis de ruido em aviões

Page 27: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

9

(MABE et al, 2006), conforme indica a Fig. 2.5. Nesta aplicação as vigas de LMF dobram

as bordas em “V” durante o vôo a baixa altitude e baixa velocidade de vôo, aumentando

assim a mistura de gases e reduzindo o ruído gerado. Durante velocidades e altitudes de

cruzeiro, os componentes de LMF esfriam, alinhado a forma de “V” que resulta no

aumento do desempenho do motor.

Figura 2.5 – Avião da Boeing com turbina de geometria variável do elemento de descarga

de gases (MABE et al, 2006)

Um tipo comum de atuador com memória de forma, consiste em colocar uma mola

de LMF balanceada contra uma mola de material convencional de modo que quando o

dispositivo é aquecido, a mola de LMF vence a resistência da mola convencional,

empurrando um pistão em uma determinada direção. Por outro lado, quando o dispositivo é

resfriado, a mola com memória de forma sofre uma transformação de fase, sendo

comprimida pela ação da mola convencional, o que empurra o pistão na direção oposta.

Este tipo de atuador é apresentado esquematicamente na Fig. 2.6 e tem inspirado um

grande número de aplicações.

(a) esfriando (b) aquecendo

Figura 2.6 – Atuador com mola LMF. (Adaptado de HODGSON & BROWN, 2000)

Mola comum Mola LMF

Page 28: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

10

2.3 ABSORVEDORES DE VIBRAÇÃO COM RIGIDEZ VARIÁVEL

Os absorvedores dinâmicos e amortecedores de massa sintonizados são os

principais dispositivos para aplicações de controle de vibrações estruturais.

O TVA (Tuned Vibration Absorber) ou absorvedor de vibrações sintonizado é um

sistema clássico de controle passivo de vibrações, conforme ilustrado na Fig. 2.7-a

(INMAN, 2001). Este sistema atenua bastante as vibrações do sistema primário. Um

absorvedor dinâmico passivo trabalha eficientemente em freqüências de projeto pré-

determinadas, como mostrado na Fig. 2.7-b, onde os níveis de vibração numa região de

ressonância podem ser atenuados para valores próximos a zero, onde a relação entre a

freqüência de excitação e freqüência natural é próxima da unidade.

(a) Absorvedor de Vibrações Sintonizado (TVA)

(b) Magnitude dos deslocamentos da massa primária versus a relação de freqüências

Figura 2.7 – Absorvedor de vibrações sintonizado (TVA) e sua resposta em freqüência.

(Adaptado de INMAN, 2001)

No entanto esta solução para redução nos níveis de vibração não pode ser usada em

casos de freqüências de excitação desconhecidas ou variáveis. Esta dificuldade pode ser

resolvida se o sistema se adaptar às freqüências de excitação. Esta adaptação pode ser

realizada com a incorporação de elementos atuadores, transformando desta forma o sistema

em um ATVA (Adaptive Tuned Vibration Absorber) ou absorvedor de vibrações

sintonizado adaptativo (Fig. 2.8).

0 0.5 1 1.5 20

0.5

1

1.5

2

2.5

3

Am

plitu

de

norm

aliza

da

Relação de frequencias

K c

Massa base

k

m

M

Massa absorvedora

Page 29: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

11

Figura 2.8 – Absorvedor de vibrações sintonizado adaptativo.

(NWOKAH e HURMUZLU, 2001)

Neste tipo de sistema, além dos componentes comuns dos absorvedores de

vibração, existe um atuador que interfere nas amplitudes de vibração. Este atuador deve

estar aliado com um sistema de controle com o intuito de melhorar a resposta em relação

aos absorvedores convencionais. NWOKAH e HURMUZLU (2001) mostraram

numericamente a redução significativa dos níveis de vibração na região em torno da

freqüência natural da massa principal, quando da aplicação de um controle realimentado.

PAULA e SAVI (2008) apresentaram uma discussão sobre a utilização de um

elemento com LMF para dissipar energia em sistemas vibratórios. Neste trabalho foram

simulados e comparados os sistemas de controle de vibração TVA e ATVA, onde este

último apresentava um elemento de LMF. A Fig. 2.9 exibe um dos resultados da simulação

que compara os sistemas TVA e ATVA com LMF. Os resultados apresentados indicam

que as ligas com memória de forma possuem um grande potencial no controle de vibrações

através da variação da temperatura de um elemento do tipo resultando em menores

amplitudes de vibração.

Page 30: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

12

(a) TVA (b) ATVA-LMF Figura 2.9 – Resposta do sistema primário excitado na primeira freqüência (PAULA e

SAVI, 2008)

DIAS e CUNHA Jr. (2008) conceberam e simularam numericamente um ATVA

usando LMF. As simulações foram realizadas para um sistema com dois graus de

liberdade. Neste caso, variou-se a freqüência natural do sistema secundário com o intuito

de sintonizar com a freqüência natural do sistema primário para reduzir os níveis vibrações

deste último. O elemento rígido de ligação entre os sistemas primário e secundário foi uma

mola de LMF. Através da variação da temperatura foi possível a variação da freqüência

natural da massa secundária, resultando numa diminuição das amplitudes de vibração.

HOLDHUSEN (2008) fez uso do SSA (State-Switched Absorber) para controle de

vibrações, onde o SSA é uma variação do ATVA. Segundo o autor, o SSA é um sistema

capaz de mudar rapidamente entre as freqüências de ressonância quando comparado com

os clássicos TVA´s. O experimento elaborado considerou uma massa base apoiada sobre

quatro molas helicoidais, e uma massa absorvedora apoiada sobre molas em cima da massa

principal, conforme esquematizado na Fig. 2.10. O estudo considera que a performance do

SSA para reduzir vibrações está baseada em um sistema onde a rigidez varia assumindo

dois valores, que são comutados nas situações de ligado e desligado. Na situação em que o

comutador da mola está desligado, a mola com rigidez adicional (kb), trabalha livremente

no orifício do comutador. Na situação que o comutador esta ligado, a extremidade superior

da mola kb é fixada ao comutador, conferindo uma nova freqüência.

Page 31: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

13

Figura 2.10 – Absorvedor de estado comutado. (Adaptado de HOLDHUSEN, 2008)

A Fig. 2.11 mostra que quando o estado de comutação é habilitado no sistema, a

vibração em termos de amplitudes da base é reduzida em torno de 55% na freqüência

crítica. Esta mesma analogia pode ser utilizada com os materiais com memória de forma,

onde a mola possua a capacidade de rigidez variável. Cada evento de comutação é

representado por “+” na figura.

Figura 2.11 – Aceleração da base para excitação forçada de 4,5 e 5,5 Hz (HOLDHUSEN,

2008)

Comutador da mola

Massa base

Massa absorvedora

Rigidez adicional

k k

ka

kb

m

M

Page 32: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

14

WILLIAMS et al (2005), coletaram dados experimentais de um sistema ATVA

com dois graus de liberdade. O sistema era formado por duas vigas, sendo uma de aço

(sistema primário) e outra viga composta por três pares de barras circulares de LMF

(sistema absorvedor), com massas na extremidade de cada viga, conforme mostrado na

Fig. 2.12.

Figura 2.12 – ATVA LMF com sistema primário montado sobre o shaker. (WILLIAMS et

al, 2005)

O sistema mostrado na Fig. 2.12 foi excitado com o ATVA e sem o mesmo, apenas

para fins de comparação entre as duas situações.

A viga de LMF foi aquecida por meio de corrente elétrica e o resfriamento se deu

por convecção natural. Um dos resultados experimentais, ilustrado na Fig. 2.13, mostra que

as amplitudes do sistema primário reduziram em 70% a amplitude de aceleração quando

aplicada uma corrente elétrica para aquecimento da viga de LMF.

Figura 2.13 – Aceleração do sistema primário para mudanças de freqüência de

excitação em degrau : sem absorvedor, controlado com LMF (WILLIAMS et al, 2005)

Page 33: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

15

LIU et al (2005), fizeram um estudo teórico de um controle on-off de

amortecimento tomando como base um sistema massa-mola-amortecedor com um grau de

liberdade. Foram utilizados dois elementos Voigt em série representando a rigidez e

amortecimento do sistema. A simulação comparou o sistema proposto com os sistemas

convencionais de isolação de vibrações. Os resultados apresentados no artigo mostraram

que o sistema de controle on-off de variação do amortecimento tiveram melhores

resultados que o sistema convencional.

REIS et al (2010) realizaram experimentos com uma viga em balanço constituída

de resina epóxi e 5 fios de LMF, denominada de SMAHC (Shape Memory Alloys Hybrid

Composite). Os fios foram ativados progressivamente através de corrente elétrica para

atenuar os níveis de vibração. Uma representação esquemática do aparato experimental é

mostrado na Fig. 2.14.

Figura 2.14 – Composição experimental para obtenção da resposta dinâmica da viga

SMAHC. (REIS et al, 2010)

A atrativa funcionalidade das LMF foi demonstrada como mecanismo de

enrijecimento adaptativo para uma viga compósita nas diversas combinações de ativação

dos fios de LMF. A Fig. 2.15 mostra resultado com redução das amplitudes de 60%

quando da ativação dos fios, nos modos de vibração verificados no experimento.

Page 34: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

16

Figura 2.15 – Resposta dinâmica da viga SMAHC. (REIS et al, 2010)

HEINONEN et al (2008) fizeram uso de tubos de aço como parte do elemento de

rigidez, onde a relação diâmetro/comprimento foi de 8 para 1. Diametralmente no tubo foi

instalado um fio de LMF, onde este controlava as deformações transversais através da

mudança das condições de contorno resultando na mudança de rigidez do tubo (Fig. 2.16).

Nesta configuração foi observado nos testes dinâmicos que a rigidez transversal do tubo

aumentou em até 4,5 vezes com a ativação do fio de LMF de 23ºC a 70ºC.

Figura 2.16 – Controle da deflexão transversal em tubos de aço. (HEINONEN et al ,2008)

LAGOUDAS et al (2004), montaram um sistema passivo de controle de vibrações

com dois graus de liberdade, mostrado na Fig. 2.17. O experimento teve por objetivo

mostrar como se apresentam os níveis de vibração em estruturas quando elementos de

LMF são utilizados para amortecimento. Neste caso os elementos de LMF foram utilizados

na forma de tubos conforme o arranjo esquematizado na Fig. 2.17-b. No experimento os

Page 35: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

17

tubos foram submetidos a cargas de compressão e analisada a variação do amortecimento e

a resposta da massa principal com deslocamentos na direção y. Os resultados obtidos

mostram que a transmissibilidade foi reduzida em até 25% a depender da configuração ou

número de tubos de LMF utilizados.

(a) (b)

Figura 2.17 – Sistema de isolação massa-mola de LMF. (Adaptado de LAGOUDAS, 2004)

No que se refere ao controle de vibrações em máquinas rotativas, as LMF também

se fazem presente, como mostrado no estudo de HE et al (2007). O estudo consiste no

controle de vibrações de um rotor desbalanceado montado sobre mancais de rolamento,

visando a redução das amplitudes de vibração na passagem pelas freqüências de

ressonância do sistema, onde o elemento de rigidez de um dos mancais é constituído de

molas helicoidais de LMF, como representado na Fig. 2.18. O mancal de rigidez variável é

composto por 12 molas de LMF distribuídas em grupo de 3 a cada 90º em torno do suporte

do rolamento. No interior de cada mola existe uma barra que é aquecida por meio de

corrente elétrica. Este aquecimento provoca uma mudança nos níveis de vibração do eixo

quando o sistema passa pelas freqüências críticas. Os autores concluíram que é possível

controlar vibrações em máquinas rotativas usando este conceito.

Tubos de LMF

Massa y

x

x

y

shaker

Tubos de LMF

Page 36: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

18

Figura 2.18 – Esquema de sistema dinâmico eixo-rotor para controle de vibrações com

mancal LMF. (Adaptado de HE et al, 2007)

SILVA e MESQUITA (2009) mostraram resultados de simulação numérica de um

controle ativo de vibrações em máquinas rotativas ou rotores. Um eixo em rotação

considerado no trabalho está montado sobre dois mancais cuja rigidez apresenta o

comportamento das ligas com memória de forma. Com este comportamento, foi simulado

um eixo com dois rotores desbalanceados e verificadas as amplitudes de vibração em

alguns modos de vibração. Observou-se que o controle ativo reduziu os níveis de vibração

em algumas situações estudadas; 99% para o primeiro rotor e 62% para o segundo rotor

quando comparados com um sistema idêntico, mas sem controle de rigidez nos mancais.

Mesmo diante destes exemplos de bons resultados, as ligas com memória de forma

apresentam uma limitação devido à histerese de temperatura que ocorre exatamente nos

ciclos de aquecimento e resfriamento do material, onde esta diferença de temperatura

geralmente varia de 10 a 50ºC. Enquanto que a histerese de temperatura nas LMF é uma

característica positiva em algumas situações, como, por exemplo, em aplicações

odontológicas, é indesejável no controle de vibrações. As curvas mostradas nas Figuras

2.19-a e 2.19-b representam o comportamento geral da deformação em função da

temperatura das ligas com memória de forma. A histerese de temperatura destas ligas está

representada por ∆T.

Ligas ortodônticas apresentam uma histerese grande, pois devem deformar pouco

diante de grandes variações de temperatura, como mostra a Fig. 2.19-a. A deformação é

pequena durante o resfriamento partindo da temperatura de austenita final (AF) para

martensita inicial (MS). Esta situação não é interessante para o controle de vibrações,

Disco

L

ka

ca

m

Ya Xa

e

L1

X

Y

Page 37: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

19

porque este controle está associado ao controle de temperatura. Quanto mais próximas as

temperaturas de transformação (∆t pequeno), mais eficiente será o controle de vibrações.

Portanto, uma histerese pequena (Fig. 2.19-b) é mais adequada no controle de vibrações.

(a) (b)

Figura 2.19 – Curvas típicas de deformação versus temperatura de ligas NiTi.

Uma das características das ligas com memória de forma é a presença de uma

terceira fase, além das fases martensita e austenita como mostrado na Fig. 2.19. A fase R,

ou fase Romboedral, pode ocorrer em ligas de Níquel-Titânio dependendo do tratamento

térmico recebido, como observaram UCHIL et al. (1998) e LEI e WU (2008). O efeito

memória de forma na fase R é pequeno, no entanto há uma significativa variação do

módulo de elasticidade do material também documentado por LEI e WU (2008). Outro

ponto bastante interessante se deve ao fato que a fase R acontece com pequena ou

nenhuma histerese de temperatura. LEI e WU (2008) demonstraram ainda que a histerese

de temperatura é da ordem de 2ºC em contraste com uma histerese de 20ºC em uma

amostra idêntica, porém com tratamento térmico diferente. PELOSIN e RIVIERE (1998)

apresentaram amostras sem ocorrência de histerese na fase R. A baixa histerese da fase R é

uma característica atrativa do uso de ligas de Níquel-Titânio para aplicações de controle

de vibrações, utilizando-se neste caso a variação do módulo de elasticidade do material.

Temperatura

MF

MS

AS AF

∆t

Temperatura

MF MS AS AF

∆t

Aquecimento Resfriamento Fase R

Def

orm

ação

Def

orm

ação

Page 38: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

20

2.4 FUNDAMENTOS DAS LIGAS COM MEMÓRIA DE FORMA

A descoberta de martensita em aços em torno de 1890 por Adolf Martens foi um

passo importante para a eventual descoberta de ligas de memória de forma. A

transformação martensita foi talvez o fenômeno metalúrgico mais estudado nos anos 1900.

A transformação martensita, como observado no sistema Fe-C, foi estabelecido como um

processo irreversível. O conceito de transformação martensítica termo elástica, que explica

a reversibilidade martensítica, foi introduzida em 1949 por KURDJMOV e KHANDROS

(1949), baseado nas observações experimentais da estrutura martensítica reversivelmente

termo elástica nas ligas CuZn e CuAl. Em 1953, a ocorrência da transformação

martensítica termo elástica foi demonstrada também em outras ligas como InTi.

A transformação martensítica reversível e as ligas que apresentam esta

característica ficaram sem uso até 1963. O avanço para aplicações de engenharia ocorreu

com a descoberta do Níquel-Titânio por BUEHLER (1963) juntamente com a equipe de

trabalho, ao estudar materiais que seriam úteis para a proteção do calor. Percebeu-se que,

além de suas boas propriedades mecânicas, comparável com alguns metais comuns da

engenharia, o material também possuía uma capacidade de recuperação de forma.

Seguindo esta observação, o termo "Nitinol" foi denominado para este material (NiTi) em

homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL). O termo Efeito

Memória de Forma (Shape Memory Effect – SME) foi dado devido ao comportamento de

recuperação da forma. A descoberta do Nitinol reascendeu as pesquisas em torno das LMF.

Os efeitos do tratamento térmico, a composição e a microestrutura foram amplamente

investigados, começando a ser entendida neste período (JACKSON, 1972).

Em 1965, estudos mostraram que a adição de um terceiro elemento de liga como

Co ou Fe no sistema NiTi causa uma grande diminuição nas temperaturas de

transformação (WANG, et al., 1965). As novas ligas inspiradas na primeira aplicação

comercial, conhecida como Cryofit, foram utilizadas em acoplamento de tubos de aviões

F14 (SCHETKY, 1979, WAYMAN, et al, 1989). As temperaturas de transformação para o

Cryofit são tão baixas que, para impedir que a atuação ocorra antes da montagem, os

acoplamentos eram transportados em nitrogênio líquido. A continuação da pesquisa para

resolver o problema da atuação da liga antes da montagem levou ao desenvolvimento do

Page 39: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

21

sistema NiTiNb em 1989, que era mais fácil de manusear, devido à sua maior histerese de

temperatura. Ligas com Memória de Forma com transformações em alta temperatura,

como TiPd, TiPt e TiAu (temperaturas acima de 100ºC), foram desenvolvidas

(DOONKERSLOOT, 1970). MELTON e MERCIER, enquanto estudavam as propriedades

de fadiga em 1978, mostraram que adicionando Cobre ao material não há mudanças

consideráveis nas temperaturas de transformação. Depois em 1999, (MIYAZAKY, et al,

1999) mostrou que ligas de NiTiCu apresentam maior tempo de vida sujeito a fadiga. A

associação entre a resistência à fadiga e o baixo custo do material torna esta liga adequada

para uma variedade de aplicações na engenharia.

Desde a descoberta inicial do Nitinol em 1963, muitas aplicações comerciais tem

sido desenvolvidas. Durante os anos 70, muitas aplicações biomédicas surgiram, mas foi

na década de 90 que os stents foram feitos com o intuito comercial. Neste período, LMF

tem encontrado outras aplicações como em ventilação, ar condicionado, cabos conectores

eletrônicos, válvulas e uma variedade de outros produtos. Além disso, na última década, a

demanda para controle e atuação nas condições de temperatura elevada, impulsionada

pelas indústrias aeroespacial e de petróleo, reascendeu o interesse no desenvolvimento de

HTSMAs (High Temperature Shape Memory Alloys). Finalmente, ligas que apresentam

características de mudança de forma como as LMF, mas que atuam sob influencia de um

campo magnético, vem sendo pesquisadas recentemente (ULLAKKO, et al, 1996 e

KARACA, et al, 2006). As ligas com memória de forma magnética vêm se tornando fortes

candidatas para utilização em equipamentos de atuação em altas freqüências de vibração

mecânicas.

2.4.1. Transformação de fases nas ligas com memória de forma

Dentro de uma faixa de operação típica, uma LMF tem duas fases, cada uma com

uma estrutura cristalina diferente e, portanto, diferentes propriedades. Uma fase acontece a

alta temperatura, chamada de Austenita (A) e outra a baixa temperatura, chamada de

Martensita (M). A austenita apresenta uma estrutura cristalina cúbica de corpo centrado

(Fig. 2.20-a), diferentemente da estrutura martensitica (ortorrômbica ou monoclínica). A

transformação de uma fase para outra não ocorre por difusão de átomos, mas através de

distorção por cisalhamento. Tal transformação é conhecida como transformação

martensitica. Cada cristal de Martensita formado pode ter diferentes direções de

Page 40: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

22

orientação, chamadas de variantes. Um conjunto de variantes martensíticas pode existir em

duas formas: martensita maclada (MT), a qual é formada através de uma combinação de

variantes de martensita “auto-acomodadas” (Fig. 2.20-b), e martensita demaclada ou

reorientada em que há uma variante martensitica especifica dominante (MD) mostrada na

Fig. 2.20-c (após carregamento mecânico). A reversibilidade de transformações da fase

Austenita para Martensita e vice versa forma a base para o comportamento único das LMF.

(a) Austenita final (b) Martensita inicial (c) Martensita final

Figura 2.20 – Estruturas cristalinas da LMF

As temperaturas que implicam nas transformações de fase das ligas com memória

de forma, são estreitamente ligadas à composição da liga. Existem quatro temperaturas

características e determinantes no fenômeno de mudança de fase. Considere uma liga com

memória de forma sem carregamento mecânico e no estado completamente austenitico,

onde a temperatura é indicada por AF, ou temperatura de austenita final (Fig. 2.21-a).

Nestas condições a liga é submetida a um resfriamento, onde as primeiras variantes de

martensita começam a surgir quando a temperatura atinge o estado de martensita inicial

indicada por MS (Fig. 2.21-b). Com a continuação do resfriamento, as variantes de

martensita aumentam em número, chegando à totalidade na liga na temperatura de

martensita final ou MF (Fig. 2.21-c). Neste estágio, a transformação é completa e o material

está completamente na fase de martensita maclada. Similarmente, durante o aquecimento, a

transformação reversa inicia na temperatura de austenita inicial AS (Fig. 2.21-d) e a

transformação é completada na temperatura de autenita final AF (Fig. 2.21-e).

Page 41: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

23

Figura 2.21 – Transformação da estrutura cristalina sob variação de temperatura

Se um carregamento mecânico é aplicado no material quando o mesmo se encontra

na fase de martensita maclada ou na temperatura MF (Fig. 2.22-b), é possível demaclar

(reorientar) a martensita através da reorientação de certo número de variantes. O processo

de demaclagem resulta em uma mudança de forma macroscópica, onde a deformação

permanece quando o carregamento é retirado (Fig. 2.22-c).

Figura 2.22 – Transformação da estrutura martensítica sob carregamento mecânico

MF MF MF AS AF

(a) (b) (c) (d) (e)

Reg

ião

pseu

do-e

lást

ica

MF AS AF MS AF

(a) (b) (c) (d) (e)

Page 42: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

24

Um aquecimento subseqüente na LMF para uma temperatura acima de AF irá

resultar na transformação de fase reversa, ou seja, de martensita maclada para austenita

(Fig. 2.22-e) e levará o material para forma original (Fig. 2.21-a). Resfriando de volta até

uma temperatura abaixo de MF levará o material para formação de martensita maclada

novamente sem mudança de forma observada. O processo descrito acima é denominado

Efeito Memória de Forma Simples(Shape Memory Effect).

2.4.2. Efeito memória de forma

Uma Liga com Memória de Forma apresenta Efeito de Memória de Forma (EMF)

quando a mesma é deformada na fase martensita e depois retirada a força de deformação,

em uma temperatura abaixo de MS. Quando é aplicado um aquecimento subseqüente acima

de AF a LMF irá retornar a forma original. A natureza do EMF pode ser melhor entendida

através de um diagrama tri-axial de Tensão-Deformação-Temperatura, como mostrado na

Fig. 2.23. Esta figura representa os dados experimentais para uma amostra de Ni-Ti testada

sob um carregamento axial. A tensão σ é a tensão axial aplicada na LMF. A deformação

correspondente a esta tensão é representada pela sigla ε. Partindo da fase em que o corpo

se encontra em baixa temperatura, ou na fase martensita maclada, (ponto B), é aplicada

uma tensão para deformação a temperatura constante. Essa tensão chega ao nível de tensão

inicial (σs), que inicia o processo de reorientação, resultando no aparecimento de variantes

martensíticas favoravelmente orientadas e outras variantes menos orientadas. O nível de

tensão para reorientação é muito inferior a tensão de deformação plástica verdadeira da

martensita. O processo de surgimento de martensita demaclada é completado quando o

nível de tensão chega a σf, que é caracterizado pelo final do platô no diagrama σ-ε . O

material é então descarregado elasticamente de C para D, mantendo o estado de martensita

demaclada.

Page 43: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

25

Figura 2.23 – Diagrama tensão-deformação-temperatura típico de uma LMF

Sob aquecimento e na ausência de tensão, a transformação reversa se inicia quando

a temperatura atinge AS (ponto E) e é completada na temperatura AF (ponto F), onde acima

deste o material está completamente austenítico. Na ausência de uma deformação plástica

permanente gerada durante a demaclagem, a forma original da peça é obtida (ponto A). A

deformação recuperada devido à transformação de fase da martensita para a austenita é

denominada de deformação de transformação (εt). Um resfriamento subseqüente irá

resultar na formação de variantes de martensita maclada de auto-acomodação sem

mudança de forma associada, e o ciclo completo pode ser repetido. O fenômeno descrito

acima é chamado de efeito memória de forma simples, ou simplesmente EMF, porque a

recuperação da forma é realizada somente durante o aquecimento, após o material ter sido

deformado por uma carga mecânica aplicada.

2.4.3 Comportamento das LMF sob ciclagem termomecânica

Até o momento foi comentado que a recuperação da forma ocorre apenas por um

caminho: aquecimento. Algumas vezes uma Liga com Memória de Forma pode exibir

mudança de forma sem carregamento mecânico, mas sujeito a um carregamento cíclico

térmico. Este comportamento é chamado de duplo efeito memória de forma (TWSME). O

TWSME pode ser observado em uma LMF que foi submetida a repetidos ciclos

termomecânicos, processo este também conhecido como “treinamento”. Um número

εεεε T(ºC)

σσσσ(MPa)

2 %

4 %

6 %

As

Af

200

400

600

800

100

50 D

C

E F

B

A

σS

σf

Page 44: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

26

grande destes ciclos termomecânicos pode induzir mudanças na microestrutura, o qual

causa mudanças macroscópicas permanentes no comportamento do material.

Vamos considerar o caso de um material que foi submetido a diversos ciclos

térmicos idênticos (aquecimento e resfriamento), bem como a um carregamento constante

de tensão (Fig. 2.24). Durante o primeiro ciclo térmico, só uma parte da deformação gerada

no resfriamento é recuperada no aquecimento, restando assim alguma deformação plástica

sob carga gerada no ciclo. Uma pequena deformação permanente aparece depois que cada

ciclo térmico é completado. A adição de uma deformação permanente associada a cada

ciclo consecutivo começa a diminuir gradualmente até que esse acúmulo se estabiliza,

representado na Fig. 2.24 como ciclo final.

Figura 2.24 – Carregamento térmico cíclico (50 ciclos) de um fio de LMF Ní-Ti sob tensão

constante de 150MPa (MILLER e LAGOUDAS, 2000)

Um comportamento semelhante pode ser observado no caso de uma ciclagem

mecânica repetitiva no regime pseudoeleástico, até que a saturação ocorra (Fig. 2.25).

O comportamento TWSME também pode ser obtido através da adoção de diversas

seqüências de treinamento (CONTARDO, et al, 1990 e MILLER e LAGOUDAS, 2000).

O efeito duplo de memória de forma é resultado de defeitos introduzidos durante o

treinamento. Estes defeitos criam um estado permanente de tensão residual interna,

facilitando a formação de variantes de martensita quando a LMF é resfriada na ausência de

um carregamento externo. Se o estado de tensão interna é modificado por qualquer motivo

Page 45: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

27

(por exemplo, trabalho em altas temperaturas ou sobrecarga mecânica), o TWSME será

alterado (RODRIGUEZ e GUENIN, 1990).

Figura 2.25 – Resposta pseudo-elástica de um fio de NiTi com AF=65ºC, ciclado na

temperatura de 70ºC (MILLER e LAGOUDAS, 2000)

2.4.4 Métodos de determinação das temperaturas de transformação em ligas com

memória de forma

Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

A transformação da martensita para a austenita e vice-versa é associada com a

liberação e absorção de calor latente. O calor de transformação e as temperaturas de

transformação associadas podem ser determinados usando um Calorímetro Diferencial de

Varredura (Differential Scanning Calorimeter - DSC). O DSC é uma técnica de análise

térmica que pode ser usada para medir as temperaturas de transformação de fase, o calor

latente devido à transformação, e a capacidade térmica das diferentes fases do material.

Esta técnica é amplamente usada para determinar as temperaturas de transformação das

Page 46: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

28

LMF com a vantagem de utilizar uma pequena quantidade do material. O princípio de

operação do DSC é a medição da taxa na qual a energia térmica fornecida para a amostra

para manter um taxa constante de aquecimento ou resfriamento. O dispositivo é chamado

de diferencial, porque tem a capacidade de monitorar a resposta de duas amostras e subtrair

os resultados. No caso, as amostras se referem a dois recipientes, um vazio (referência) e

outro com o material a ser analisado (Fig. 2.26). O material da amostra pode ser

encapsulado em um ambiente inerte para evitar oxidação.

Figura 2.26 – Representação esquemática de um DSC

A Fig. 2.27 mostra uma resposta típica de DSC, que corresponde a potência (mW)

requerida para manter constante a taxa de aquecimento ou resfriamento da amostra da

LMF em função da temperatura. Quando a amostra é aquecida a partir do estado

martensitico, a transformação austenítica se inicia em AS. A reação endotérmica durante a

transfromação reversa requer uma potencia térmica adicional fornecida a amostra para

manter a taxa de aquecimento constante. Esta mudança na potência fornecida como um

aumento na temperatura é registrado com um pico durante o aquecimento. Um pico similar

também é verificado no processo de resfriamento no qual a amostra sofre uma

transformação exotérmica da fase austenitica para fase martensítica. As temperaturas de

transformação são obtidas através de linhas traçadas tangencialmente sobre as curvas do

DSC.

Aquecedores

LMF

Recipientes

T (ºC) T (ºC)

Page 47: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

29

Figura 2.27 – Curva esquemática de um DSC para uma LMF mostrando as curvas de transformação e o calor latente associado durante o aquecimento e resfriamento

(LAGOUDAS, 2008)

As temperaturas de transformação podem ser deslocadas e/ou aumentadas devido a

energias mecânicas armazenadas no material (i.e. deformações introduzidas durante o

processo de corte), ou até mesmo causar o surgimento de uma fase intermediária. Uma

curva de DSC de uma LMF Ni-Ti rica em Níquel é mostrada na Fig. 2.28. Observa-se uma

fase intermediária chamada de fase R na curva de resfriamento.

Figura 2.28 – Curva DSC para uma liga Ni-Ti rica em Níquel mostrando dois estágios de transformação (LAGOUDAS, 2008)

Teste de variação de resistência elétrica

A medição da resistência elétrica (RE) pelo método dos quatro terminais é um

procedimento experimental que também permite obter as temperaturas de transformação

das LMF. Para aplicação deste método uma amostra de LMF é fixada em quatro fios

eqüidistantes por meio de solda a ponto. Nos dois fios das extremidades é aplicada uma

Page 48: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

30

corrente contínua estabilizada e fios internos são utilizados para captar a queda de tensão

durante a ciclagem térmica. O conjunto é mergulhado em um banho térmico contendo óleo

de silicone, onde a amostra é aquecida até temperaturas da ordem de 150ºC. Na Fig. 2.29 é

mostrado um esquema do teste de variação de RE em função da temperatura.

Figura 2.29 – Esquema do teste de RE.

Durante o aquecimento da amostra, a fase martensítica se transforma para a fase

austenítica, gerando variações importantes na diferença de potencial na LMF. Os dados da

temperatura e da diferença de potencial são coletados por um sistema de aquisição de

dados que permite traçar uma resposta gráfica da RE em função da temperatura. Com o

auxílio do método das tangentes são determinadas as temperaturas de transformação.

Um resultado típico de um teste de RE de uma liga LMF NiTi (AIROLDI et al,

1997), é mostrado na Fig. 2.30. Observa-se que as temperaturas nas fases rombohedral

inicial e final são respectivamente, RS=60ºC e RF=40ºC. E a temperatura de austenita final

igual a AF=80ºC, respectivamente.

Page 49: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

31

Figura 2.30 – Resistência elétrica normalizada vs. Temperatura para liga NiTi

2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fica claro diante do exposto que as ligas com memória de forma oferecem uma

grande variedade de aplicações em diversas áreas especialmente quando estas são inseridas

em estruturas leves, e atuam de forma a controlar deformações e aplicar forças adicionais

no sistema primário. Na área de controle de vibrações utilizando estes materiais também

segue uma linha de pesquisa bastante atrativa, seja na simulação de dispositivos

absorvedores sintonizados com as freqüências de excitação, seja em novos experimentos

que possam gerar patentes com desenvolvimento tecnológico. Sendo assim, o objetivo

deste trabalho vai ao encontro dos pesquisadores desta área, conseguindo aliar o estudo de

controle de vibrações com as aplicações das ligas com memória de forma.

Page 50: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

32

CAPÍTULO III

PROJETO, FABRICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE MOLAS

HELICOIDAIS COM MEMÓRIA DE FORMA

3.1 INTRODUÇÃO

Em um projeto estrutural que está sujeito a carregamentos dinâmicos, o valor da

freqüência natural, definida como mkn =ω , depende da rigidez do elemento sobre o

qual o equipamento está suportado, como também da massa principal do equipamento.

Sendo assim, se um equipamento está montado sobre elementos de rigidez controlável, é

possível reduzir os níveis de vibração deste equipamento, através de ajustes deste

parâmetro. Por outro lado, a alteração da massa nem sempre é uma boa opção de projeto,

especialmente quando a solução resulta num aumento de peso da estrutura.

Conforme mencionado anteriormente, o controle de rigidez pode ser aplicado

utilizando alguns dispositivos, sejam eles pneumáticos, eletromagnéticos, ou ainda

utilizando atuadores de materiais com memória de forma.

Dentre os principais tipos de elementos em LMF disponíveis para fins de controle

de vibrações, uma boa alternativa é a utilização de molas helicoidais confeccionadas em

material com memória de forma que apresenta variação de rigidez, quando há variação de

temperatura. A relação entre a rigidez máxima e mínima nas molas de LMF pode chegar a

2,8 vezes (SRINIVASSAN, 2001). Diante deste quadro, uma possível alternativa de

controle de vibrações é a utilização de dispositivos contendo molas helicoidais em LMF

com o objetivo de mudar a freqüência natural do sistema por meio de

aquecimento/resfriamento das molas quando a freqüência de excitação do equipamento

estiver próxima da freqüência natural.

Page 51: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

33

Dentre as diversas aplicações dos materiais com memória de forma, o controle de

vibrações em estruturas é um dos mais estudados (LAGOUDAS, 2008). Conforme

comentado, este controle de vibrações se baseia principalmente na alteração da rigidez

estrutural do sistema vibratório (CHOI e HWANG, 2000; HOLDHUSEN e CUNEFARE,

2000; TAO e FRAMPTON, 2006).

3.2. PROJETO E FABRICAÇÃO DE MOLAS HELICOIDAIS COM MEMÓRIA

DE FORMA

A rigidez de uma mola helicoidal depende de parâmetros como geometria e do

módulo de elasticidade do material envolvido na fabricação. No caso de molas feitas de

LMF, o módulo de elasticidade pode variar com o aumento da temperatura. KHAJEPOUR

et al(1998) mostraram que o modulo de elasticidade da LMF depende das frações de

martensita e austenita, e que no caso de molas helicoidais o módulo de elasticidade

aumenta em aproximadamente três vezes com o aumento da temperatura (SRINIVASSAN,

2001).

Na área de projetos mecânicos, molas são elementos mecânicos usados para exercer

forças, absorver impactos e para armazenar energia elástica. As molas podem ser

classificadas tanto quanto à sua forma como também pelo tipo de esforços a que são

solicitadas. Desta forma, temos molas helicoidais, molas de disco, molas de lâminas, entre

outras. Neste trabalho, os estudos foram desenvolvidos utilizando molas helicoidais

submetidas à tração e compressão, situação bastante comum em sistemas vibratórios.

Consideremos uma mola helicoidal com diâmetro efetivo D, fabricada em fio

circular de diâmetro d, submetida à ação de uma força de compressão F, conforme

ilustrado na Fig. (3.1). O efeito da força cisalhante F também impõe um momento de

torção Mt, definido como o produto entre F e o raio do enrolamento representado por D/2.

Page 52: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

34

Figura 3.1 – Mola helicoidal de compressão

Independente do tipo de mola ou do material de fabricação, todas elas possuem uma

constante elástica comumente representada pela letra k. No caso de molas helicoidais

cilíndricas e sob compressão, o valor da rigidez k é definido como a razão entre a força

aplicada pelo deslocamento resultante da aplicação desta força:

y

Fk = (3.1)

Ou ainda:

ND

Gdk

..8

.3

4

= (3.2)

onde:

G é o módulo de elasticidade transversal do material

N é o número de espiras ativas

As molas podem apresentar rigidez linear ou não-linear, sendo mais comum

aplicações para molas lineares. No entanto, para o caso de molas em LMF, certamente as

respostas são não-lineares, uma vez que o módulo G varia com a temperatura.

Para o caso de molas feitas com LMF de Níquel-Titânio, existem faixas de

temperaturas específicas nas quais o fenômeno é evidenciado. Desta forma, para melhor

entendimento do assunto, foi fabricada uma mola com estas propriedades, onde houve uma

Page 53: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

35

caracterização termomecânica da LMF e em seguida a mola foi montada em um sistema

dinâmico vibratório.

A escolha das dimensões da mola foi baseada na faixa de freqüência que o motor

excitador atua (0 a 60 Hz) e na massa principal do sistema (≈ 0,5 Kg). Como o sistema

deve entrar em ressonância para se verificar os efeitos do atuador de LMF na redução dos

níveis de vibração, foi escolhida uma faixa de freqüências naturais de 12 Hz a 20 Hz. Isto

resultou em uma mola com um diâmetro efetivo de 12 mm e 9 espiras ativas. O fio da liga

Ni-Ti (50%), identificada pelo fabricante como sendo liga M (Memory-Metalle GmbH©),

tem 2,59 mm de diâmetro. A mola confeccionada é mostrada na Fig. (3.2).

Figura 3.2 – Mola de LMF Ni-Ti

3.3. FAIXAS DE TEMPERATURAS DE TRANSFORMAÇÃO

Para se obter as temperaturas de transformação das ligas com memória de forma o

método utilizado foi o de calorimetria diferencial de varredura. Uma amostra de 0,05g

(Fig. 3.3) foi retirada da mola de LMF confeccionada.

Page 54: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

36

Figura 3.3 – Amostra da Liga de NiTi submetida ao ensaio de DSC.

Essa amostra foi submetida a um ciclo térmico de aquecimento e resfriamento,

onde foram medidas as quantidades de calor absorvida e liberada. A diferença entre as

quantidades de calor em cada recipiente do equipamento (Fig. 3.4), revela o calor

absorvido ou gerado da amostra. Durante este processo de medição são verificados picos

exotérmicos (durante o ciclo de arrefecimento) e endotérmicos (para a transformação

inversa, durante o aquecimento) que permitiram determinar o início e o final das

transformações responsáveis, respectivamente, pela absorção ou pela liberação de calor.

Figura 3.4 – Amostra no DSC.

A Figura 3.5 mostra o gráfico de DSC em função da temperatura. Por este gráfico

verifica-se que as temperaturas de transformação direta são MS =22°C (temperatura de

início da transformação martensítica), MP =12°C (temperatura de pico da transformação

Amostra

Recipientes

Page 55: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

37

martensítica) e MF=2°C (temperatura de fim da transformação martensítica) e as

temperaturas de transformação reversa são AS=48°C (temperatura de início da

transformação reversa), AP=57°C (temperatura de pico da transformação reversa) e

AF=63°C (temperatura de fim da transformação reversa). As temperaturas de início e fim

da transformação foram interpoladas, podendo apresentar pequenas variações para fora do

intervalo tomado. Atualmente, é usual utilizar-se de temperaturas de pico da transformação

que não apresentam erros de interpretação e, por esses pontos, pode-se observar que a

histerese da transformação martensítica AP-MP é de 45°C.

Figura 3.5 – Temperaturas de transformação obtidas pelo DSC.

3.4. MODELO PARA CÁLCULO DE RIGIDEZ VARIÁVEL

De acordo com a Eq. (3.2), a rigidez de uma mola helicoidal depende de sua

geometria e do material constituído, representado pelo módulo de elasticidade transversal.

Um modelo matemático que descreve o comportamento da mudança de estado

martensítico para austenitico (IKUTA et al, 1991) é apresentado na Eq. (3.3). É possível

então fazer uma relação entre a rigidez e a temperatura em que se encontra uma mola de

LMF:

+−

−+

=

2

261

1

SF

SF

AAA

TAA

.,

exp

ξ (3.3)

-20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

-6

-4

-2

0

2

4

He

atF

loo

w [m

W]

Temperatura [ºC]

Resfriamento

Aquecimento

Mf=2ºC

Ms=22ºC

Rf=34ºC

Rs=51ºC

As=48ºC Af=63ºC

Page 56: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

38

Onde :

ξA : é a fração de austenita da liga;

AF: é a temperatura final da fase austenítica;

AS: é a temperatura de início da fase austenítica;

T: Temperatura da LMF.

Como as LMF, durante o resfriamento, apresentam uma histerese de temperatura

após um aquecimento até o estado completamente austenítico, de modo análogo, as frações

de martensita na fase Rhombohedral podem ser determinadas durante o resfriamento

conforme Eq. (3.4):

+−

−+

=

2.

2,6exp1

1

SF

FS

RRR

TRR

ξ (3.4)

Onde :

ξR : é a fração de martensita da liga na fase Rhombohedral;

RF: é a temperatura final da fase Rhombohedral;

RS: é a temperatura de início da fase Rhombohedral;

T: Temperatura da mola.

No estado em que a fase R está completa (ξR =1 ou ξA=0), a rigidez da mola

apresenta um valor mínimo, que será denotado por kmin. Esta fase ocorre em temperaturas

inferiores a AS, tendo em vista que a estrutura interna do material nesta faixa de

temperatura fornece um módulo de elasticidade mínimo.

Para o estado completamente austenítico (ξR=0 ou ξA=1), a rigidez da mola

apresenta um valor máximo, que será denotado por kmax. Esta fase ocorre em temperaturas

acima de AF, o que resulta em um módulo de elasticidade máximo. Percebe-se então que a

variação da rigidez do material se comporta de maneira distinta entre aquecimento e

resfriamento, levando à Eq. (3.5) para a fase de aquecimento e à Eq. (3.6) para a fase de

resfriamento da liga:

Page 57: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

39

+

−−−+=

+−

2

26

1SF

SF

AAT

AA

ALMF

e

kkkkkk

.,

minmaxminmaxmin

)()( (3.5)

+

−−−+=

+−

2.

2,6

minmaxminmaxmin

1

)()(

SF

FS

RRT

RR

RLMF

e

kkkkkk (3.6)

Para verificar a validade do modelo, a mola de Ni-Ti foi submetida a um ensaio

para determinação da rigidez em função da temperatura. Para isso foi usada uma máquina

universal de ensaios da marca Instron®, onde na Fig. (3.6) é mostrada a mola montada no

equipamento para o ensaio de compressão.

Figura 3.6 – Mola de LMF montada para ensaio de compressão.

No teste de rigidez, a mola foi submetida a 10 ciclos de compressão em cada

temperatura de medição. A faixa de temperatura do teste variou entre 2°C e 71ºC, durante

o aquecimento. O teste também foi aplicado para o resfriamento, começando em 71ºC e

finalizando em 2ºC. Os resultados obtidos neste teste estão apresentados na Tab. (3.1)

Page 58: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

40

Tabela 3.1 – Rigidez da mola LMF para o aquecimento e resfriamento

Temperatura (ºC) Rigidez (N/m)

Aquecimento Resfriamento 2 4766,8 4688,3 5 4580,9 4626,9 8 4661,4 4689,5

11 4611,6 4525,0 14 4446,7 4520,9 17 4520,3 4828,8 20 4311,3 4758,4 23 4414,8 4582,0 26 4295,9 4359,6 29 4400,4 4305,4 32 4370,1 4149,6 35 4164,1 4164,2 38 4208,0 4310,7 41 4149,8 4626,9 44 4222,4 5081,8 47 4092,1 5574,9 50 4120,8 5795,7 53 4828,2 5985,9 56 5659,5 6003,3 59 5916,7 5968,4 62 5847,9 6020,9 65 6004,2 6004,2 68 6102,0 6102,0 71 6103,5 6103,5

De posse dos dados da Tabela (3.1) do teste de rigidez, e dos valores das temperaturas

de transformação de fase encontradas no teste de DSC da Fig. (3.5), e aplicando nas

Equações (3.5) e (3.6), é obtido o resultado gráfico mostrado na Fig. (3.7). Os valores de

rigidez máxima e mínima, observadas na Fig. 3.7, foram respectivamente iguais a

kmax=6103 N/m (71ºC) e kmin=4092 N/m (47ºC) durante a fase de aquecimento. Já durante o

resfriamento os valores de rigidez máxima e mínima, foram respectivamente iguais a

kmax=6103 N/m (71ºC) e kmin=4149 N/m (32ºC). Observa-se ainda que durante o

resfriamento, a rigidez da mola apresentou uma variação pequena entre as temperaturas de

71°C e 53°C, onde só a partir desta última, os valores de rigidez começaram a cair. Se for

comparada a rigidez na temperatura de 47°C no aquecimento e no resfriamento, observa-se

dois valores distintos, 4092 N/m para o aquecimento e 5574 N/m para o resfriamento. Esta

diferença se refere ao comportamento de histerese que a liga possui. O valor da histerese

Page 59: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

41

foi verificado no ponto médio entre a rigidez máxima e mínima (kmed= 5100 N/m),

obtendo-se dois valores de temperatura, 58°C para o aquecimento e 44°C para o

resfriamento, resultando em um ∆T=14°C.

Figura 3.7 – Rigidez da mola de LMF em função da temperatura.

Vale salientar que os resultados experimentais obtidos e mostrados nas Figuras 3.5

e 3.7 são válidos para a amostra de NiTi utilizada na confecção da mola. A utilização de

outra amostra NiTi com porcentagens diferentes dos componentes da liga, pode resultar em

valores diferentes dos mostrados, como temperaturas de transformação e módulo de

elasticidade. O modelo teórico proposto por (IKUTA et al, 1991) enfatiza apenas a

alteração das frações de martensita e austenita entre as temperaturas de austenita inicial e

final, e entre as temperaturas de martensita inicial e final. Neste mesmo modelo, não é feito

nenhum comentário do comportamento das frações de martensita ou austenita entre as

temperaturas de martensita final e austenita inicial, ou entre austenita final e martensita

inicial, onde em ambas as faixas de temperaturas as frações permanecem constantes.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

4000

4500

5000

5500

6000

Rig

ide

z [N

/m]

Temperatura [ºC]

aquecimento exp.

aquecimento teor.

resfriamento exp.

resfriamento teor.

Page 60: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

42

3.5 CARACTERISTICAS DE AMORTECIMENTO EM LIGAS COM MEMÓRIA

DE FORMA

As características de amortecimento das ligas de Niquel-Titânio vem sendo

sistematicamente estudadas através de várias técnicas. Também há uma variedade de

métodos experimentais disponíveis para medir as propriedades de amortecimento de um

material. Cada técnica tem suas próprias vantagens, mas todos métodos apresentam valores

equivalentes de amortecimento (RITCHIE e PAN, 1991).

Resultados experimentais mostram que tanto a fase martensitica como a fase R

possuem amortecimento alto devido ao movimento entre os planos ou placas martensiticas.

A fase austenitica apresenta amortecimento baixo devido ao processo de ordenamento

dinâmico dos defeitos da estrutura. Nas regiões de transformação de austenita para

martensita, de austenita para fase R, e da fase R para a martensita, apresentam-se as

máximas capacidades de amortecimento o qual são atribuídos duas contribuições. Uma

decorrente de uma deformação plástica, e o movimento da interface entre as placas

martensíticas durante a transformação térmica, a qual obedece uma variação linear entre o

fator de fricção interna e a taxa de aquecimento sendo esta maior ou igual a 1ºC/min. A

outra origina-se da transformação por estresse induzido formado pela aplicação de uma

carga de tensão externa com uma taxa de aquecimento menor que 1ºC/min.

As regiões que ocorrem alteração no amortecimento em uma liga com memória de

forma são mostradas na Fig. (3.8). Na figura se observa que na região II a absorção de

energia é maior que o amortecimento verificado na condição martensitica da região I. O

fato da faixa de temperatura para esta região ser relativamente restrito limitará a aplicação

da liga. Na região austenítica de alta temperatura (região III), é mostrado o baixo nível de

amortecimento da liga.

Page 61: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

43

Figura 3.8 – Mudança no amortecimento para LMF (LIN et al, 1993)

Na Figura 3.9 é mostrado o resultado da razão de amortecimento em função da

temperatura de uma liga de Níquel-Titânio (50,2% - 49,8%), onde é observado o baixo

amortecimento nas fases martensita e na fase austenita (B2). O pico de amortecimento foi

verificado na fase R na temperatura de 25°C e fator de 0,051.

Figura 3.9 –Relação entre fator de amortecimento e temperatura para liga Ti49,8 Ni50,2 (LIN

et al, 1993)

3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo das ligas com memória de forma, e mais particularmente a liga de Níquel-

Titânio, mostrou que estes materiais possuem um comportamento macroscópico bastante

atípico na mudança de suas fases cristalinas quando comparado com materiais comumente

utilizados na engenharia.

Page 62: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

44

Outra característica bastante importante verificada neste estudo se refere à mudança

de rigidez e amortecimento quando da aplicação de uma carga térmica. A rigidez da mola

LMF variou em função da temperatura em até 49%, enquanto que em relação ao

amortecimento, é possível obter valores do fator de amortecimento de até cinco vezes entre

a fase R e a fase austenita.

Se for considerado um sistema com um grau de liberdade onde o elemento de

rigidez é constituído de uma LMF, estas mudanças de rigidez e amortecimento influenciam

diretamente nas amplitudes de vibração com o sistema excitado harmonicamente. Desta

forma, fica claro que o controle de temperatura poderá resultar numa forma de controle de

vibrações. A faixa ideal de temperaturas que o controle deve atuar durante o aquecimento

varia de 49°C para 63°C, enquanto que para o resfriamento as maiores variações de rigidez

ocorrem entre 55°C e 31°C. Diante disso, a escolha de temperaturas máximas e mínimas

de operação se faz necessária, onde os valores de rigidez nesta situação sejam muito

próximos.

Page 63: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

45

CAPÍTULO IV

MODELO TEÓRICO

4.1 MODELAGEM TEÓRICA

Os atuadores confeccionados em ligas com memória de forma apresentam mudança de

suas características, sejam elas geométricas ou metalúrgicas, em função da variação de

temperatura. Para o caso de uma mola helicoidal confeccionada neste material, foi

observado que características como rigidez e amortecimento também variam em função da

temperatura. Diante disto, considere um sistema rotativo desbalanceado, sendo md a massa

de desbalanceamento, apoiado sobre uma mola helicoidal de LMF conforme mostrado na

Fig. 4.1.

Figura 4.1 – Sistema rotativo desbalanceado com 1 gdl

A Equação (4.1) define o modelo matemático do sistema mostrado na Fig. 4.1

).().(... tsentFoxkxcxm LMFLMF ω=++ &&& (4.1)

cLMF kLMF

x(t) m

md

dx

ω

Page 64: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

46

Onde:

kLMF é a rigidez da mola de LMF

cLMF é o amortecimento do sistema

Valores para a rigidez da mola com memória de forma foram obtidos

experimentalmente e mostrados nas tabelas (3.1) e (3.2) do capítulo anterior.

Para o sistema rotativo desbalanceado, girando com uma velocidade angular ω e com

uma excentricidade dx, a força imposta ao sistema é dada por:

F(t) = md.dx.ω2.sen (ω.t) (4.2)

Desta forma, a Eq. (4.1) pode ser reescrita na forma:

)t.(sen...... 2 ωωxdLMFLMF dmxkxcxm =++ &&& (4.3)

Fisicamente, a solução em regime permanente segue a excitação senoidal com uma

amplitude X e fase ϕ dada por:

)t.(sen.)t( ϕω −= Xx (4.4)

Derivando a Eq. (4.4) e substituindo na Eq. (4.3) chega-se a amplitude de resposta X

do sistema:

( ) ( )2222

2

..

..

ωω

ω

LMFLMF

xd

cmk

dmX

+−= (4.5)

Durante as transformações de fase na LMF a reorientação martensítica provoca um

arranjo molecular resultando em um atrito interno, que é responsável por uma parte da

dissipação da energia vibratória. Isto implica então, em uma diminuição da amplitude da

vibração livre. Este tipo de amortecimento, também chamado de amortecimento

histerético, pode ser determinado verificando-se a energia dissipada durante o movimento.

Page 65: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

47

A Figura 4.2 mostra a energia dissipada pelo amortecimento em um ciclo de

movimento. A energia dissipada em cada ciclo é dada pela área da elipse inclinada, onde

esta energia é representada pela Eq. (4.6).

Figura 4.2 – Energia dissipada por ciclo

∫ ==∆ 2.... XcdxFW ωπ (4.6)

A Equação (4.7) define o sistema excitado harmonicamente com amortecimento

histerético:

)t.(sen...)..1.(. 2 ωωµ xdLMF dmxikxm =++&& (4.7)

Onde µ é a medida adimensional do amortecimento também conhecido como fator de

perda, e definido como (INMAN, 2001):

LMF

LMF

k

c.ωµ = (4.8)

A solução em regime permanente da Eq.(4.7) é da forma:

+

=

µω

ω

ωω

.1

).(...)(

2

2

ik

tsendmtx

nLMF

xd (4.9)

x

-cLMF.ω.X

cLMF.ω.X

X -X

22.. xXcLMF −ω

kLMF.x

x(t)

F(t

Page 66: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

48

4.2 RESULTADOS SIMULADOS

Para verificar como o sistema se comporta e definir parâmetros de projeto, é

necessário a realização de uma simulação através da resposta em freqüência. Parte dos

dados escolhidos, para a simulação, foi obtido experimentalmente, como a rigidez da mola

e as temperaturas de transformação da liga. Os valores do fator de amortecimento que a

liga pode proporcionar depende de informações como massa, rigidez e do coeficiente de

amortecimento, conforme mostrado na Eq. 4.10.

ζω ... nmc 2= (4.10)

Onde:

m é a massa do sistema

ωn é a freqüência natural

ζ é o coeficiente de amortecimento da LMF

Os valores do coeficiente de amortecimento, ζ, foram baseados na Fig. 3.9., onde se

observa que na fase R, o coeficiente de amortecimento apresenta o valor máximo. Os

valores do coeficiente de amortecimento em função da temperatura são mostrados na Tab.

4.1. O fator de amortecimento mostrado na Tab. 4.1 foi obtido a partir da Eq. 4.10, onde a

massa m considerada é de 514 gramas.

Tabela 4.1 – Parâmetros de amortecimento em função da temperatura

Coef. de amortecimento

( ζζζζ )

Temperatura

(°°°°C)

ωωωωn

(rad/s)

cLMF

(N.s/m)

0,051 35 91,0 4,77

0,03 39 90,7 2,79

0,01 49 89,2 0.91

0,0095 53 92,0 0,89

0,009 57 98,0 0,90

0,009 65 108,5 0,99

Page 67: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

49

Os parâmetros utilizados na simulação são mostrados na Tab. 4.2.

Tabela 4.2 – Dados da simulação

Propriedade Valor numérico Unidade

Massa principal (m) 0,514 Kg

Massa desbalanceada (md) 0,0047 Kg

Desbalanceamento (dx) 0,025 m

Rigidez da mola LMF a 35°C(kmin) 4260 N/m

Rigidez da mola LMF a 63°C (kmax) 6103 N/m

Amortecimento a 35°C (cmax) 4,77 N.s/m

Amortecimento a 65°C (cmin) 0,99 N.s/m

Temperatura de martensita inicial (RS) 51 ºC

Temperatura de martensita final (RF) 35 ºC

Temperatura de austenita inicial (AS) 48 ºC

Temperatura de austenita final (AF) 63 ºC

A Figura 4.3 mostra a resposta em freqüência do sistema quando a mola está a

35°C e a 65°C. Na temperatura de 35°C se observa que a freqüência natural nesta situação

é de aproximadamente 14 Hz. O amortecimento do sistema quando a mola se encontra

nesta temperatura apresenta os maiores valores, o que resulta em baixas amplitudes,

mesmo no estado de ressonância.

Se for considerado a mola com uma temperatura de 65°C, o sistema passará a ter

freqüência natural de aproximadamente 17 Hz tendo em vista a mudança de rigidez da

mola. O amortecimento do sistema quando a mola de LMF está a 65°C é pequeno,

resultando em altas amplitudes no estado de ressonância.

Page 68: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

50

Figura 4.3 – Resposta em freqüência teórica do sistema para mola a 35°C e 65°C

A Figura 4.3 mostrou apenas duas situações onde foi verificado que a resposta em

freqüência depende da temperatura da mola de LMF. Diante desta informação é necessária

uma simulação do sistema para uma faixa de temperatura da mola de LMF. O resultado

desta simulação está mostrado na Fig. 4.4, onde a faixa de temperatura escolhida varia de

25°C até 85°C. Observa-se que as freqüências de ressonância variam de 14 a 17 Hz, a

depender da temperatura da mola.

Na faixa de temperatura compreendida entre 25°C e 35°C as amplitudes de

ressonância apresentam valores semelhantes. O mesmo fato ocorre para temperaturas

acima de 65°C, que apesar das amplitudes na ressonância serem maiores, mas os valores da

amplitude permanecem praticamente os mesmos até os 85°C.

As maiores mudanças de amortecimento e rigidez do sistema ocorrem na faixa de

temperatura da mola compreendida entre 35°C e 65°C.

0 10 20 30 40 50 600

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

0.012

0.014

Am

plitu

de [m

]

Frequencia [Hz]

Teorico a 35ºC

Teorico a 63ºC

Page 69: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

51

Figura 4.4 – Resposta em freqüência teórica em função da temperatura da mola

4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foram realizadas simulações que direcionam o projeto de um

controle de vibrações utilizando ligas com memória de forma. Verificou-se que tanto a

mudança de rigidez como variações de amortecimento influenciam nos níveis de vibração

de um sistema com um grau de liberdade apoiado sobre atuador de LMF. Também foram

verificadas que as mudanças de rigidez e amortecimento dependem da temperatura do

atuador, e estas mudanças ocorrem em uma determinada faixa de temperatura. Podemos

aqui denominar esta faixa de temperatura como zona RA, pois ocorre entre as fases

Rombohedral e Austenita. A determinação da zona RA é importante para se trabalhar com

controle de vibrações utilizando mudanças de rigidez e amortecimento nas ligas com

memória de forma.

10 12 14 16 18 20

20

40

60

80

Frequencia [Hz]

Tem

pera

tura

[C

]

2

4

6

8

10

12

x 10-3

510

1520

25

20

40

60

80

0

0.005

0.01

0.015

Temperatura [C]Frequencia [Hz]

Am

plit

ude [m

]

Page 70: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

52

CAPÍTULO V

BANCADA EXPERIMENTAL

5.1 INTRODUÇÃO

O dispositivo físico proposto e adotado no experimento consiste de um sistema

massa-mola com acionamento rotativo desbalanceado, fixo em uma travessa apoiada sobre

uma mola de LMF Ni-Ti. O sistema é guiado através de duas colunas onde o contato entre

estas e a massa acontece com dois rolamentos lineares de esferas. Estes rolamentos lineares

adicionam ao experimento parte do amortecimento do sistema.

O experimento contém elementos sensores que coletam os dados de temperatura e

vibração, usados no processo de controle. O sensor de temperatura adotado é o NTC, e o

sensor de vibração é o acelerômetro PCB 352B10, da Piezoeletronics.

Estes sensores e atuadores se comunicam com o sistema de controle através de uma

placa USB6008 da National Instruments. Uma ilustração esquemática da bancada de testes

e seus componentes principais é mostrada na Fig. 5.1.

Page 71: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

53

Figura 5.1 – Esquema da bancada experimental.

1 – Computador; 6 – Mola de LMF;

2 – Placa USB 6008; 7 – Massa do sistema;

3 – Cooler de resfriamento; 8 – Circuitos eletrônicos;

4 – Fonte de corrente; 9 – Sensor de temperatura;

5 – Motor excitador; 10 – Sensor de aceleração;

5.2 DADOS DO SISTEMA

5.2.1 Massa do sistema

O valor da massa do sistema foi obtido através de uma balança digital que apresentava

uma capacidade máxima de 1200g com resolução de 0,1g. A massa total do sistema é

constituída por:

• Barra prismática de alumínio;

• Parafusos;

• Motor elétrico;

• Rolamentos lineares;

• Fixador do motor;

• Fixadores das molas.

1

2

3

4

5

9

10 7 6

8

Page 72: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

54

Uma fotografia do sistema massa-mola do experimento esta mostrada na Fig. 5.2. O

valor total da massa principal do sistema foi de 0,5139 Kg.

Figura 5.2 – Sistema rotativo desbalanceado.

5.2.2 Rigidez do sistema

A rigidez do sistema é constituída por uma mola helicoidal de LMF (Alloy M

(Memory-Metalle GmbH©) montada conforme Fig. 5.2. A rigidez da mola varia de acordo

com a variação de temperatura, contexto este comentado na Fig. 3.7. Os dados referentes à

mola de LMF Ni-Ti são apresentados na Tab. 5.1.

Tabela 5.1 – Dados da mola utilizada no experimento

Dados Mola Material Níquel-Titanio

Diâmetro do arame 2,59 mm

Diâmetro da mola 12 mm

Passo 4,61 mm

Espiras ativas 10

Módulo de elasticidade (35°C) 11,75 GPa

Módulo de elasticidade (65°C) 16,75 GPa

Os valores do módulo de elasticidade apresentados na Tabela 5.1 foram calculados

utilizando a Eq. 3.2 e dados da Tabela 3.1.

Page 73: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

55

5.2.3 Amortecimento do sistema

Conforme comentado no capítulo anterior, a LMF apresenta também uma variação

de amortecimento devido ao movimento das placas martensíticas nos processos de

aquecimento ou resfriamento da liga. Diante disto, é de se esperar que o sistema massa

mola em estudo também apresente um comportamento semelhante, sendo necessária uma

investigação acerca da contribuição desse amortecimento.

O procedimento para encontrar o valor do amortecimento consistiu em submeter o

sistema a uma entrada impulsional através de martelo de impacto, e coletar os

deslocamentos ao longo de uma escala temporal. De posse destes dados é possível

encontrar o coeficiente de amortecimento ζ, que é descrito através da Eq. 5.1:

−=

12

1

A

A

nnln.

..πζ (5.1)

Onde:

n: é o número de períodos;

A1: é a amplitude do primeiro pico de medição;

An: é a amplitude do pico do período n.

O amortecimento equivalente é obtido por meio da expressão:

ζω ... nmc 2= (5.2)

Para efeito de comparação, os resultados das respostas vibratórias (teóricas e

experimentais) são mostradas nas Figs. (5.3) e (5.4), onde as curvas teóricas da entrada

impulsional e da envoltória são dadas pelas Eqs. (5.3) e (5.4), que foram baseadas na Eq.

(a.36) apresentada no anexo A.4.

d

dt

m

etI

n

ω

ωως )t(sen)(

= (5.3)

tneXtEnv ως−=)( (5.4)

Onde ωd é a freqüência natural amortecida definida como 21. ςωω −= nd

Page 74: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

56

Figura 5.3 – Resposta impulsional a 35ºC

Figura 5.4 – Resposta impulsional a 65ºC

Observa-se que o amortecimento que a mola de LMF incide no sistema varia de

acordo com a temperatura. Para a mola a 35 ºC o amortecimento é de 10,350 N.s/m e para

a mola a 62 ºC o amortecimento é reduzido para 3,675 N.s/m.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4-0.025

-0.02

-0.015

-0.01

-0.005

0

0.005

0.01

0.015

0.02

0.025

Tempo [s]

Am

plitu

de

Experimental

Teórica

Envoltória

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4-0.025

-0.02

-0.015

-0.01

-0.005

0

0.005

0.01

0.015

0.02

0.025

Tempo [s]

Am

plitu

de

Experimental

Teórica

Envoltória

Page 75: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

57

Observando as figuras 5.3 e 5.4, percebe-se que a mola estando a 35°C, o

decaimento é mais rápido do que na situação em que a mola está a 65°C. Isto significa que

o amortecimento da mola a 35°C é maior que a 65°C.

Após diversas aquisições de entradas impulsionais, coletadas na mesma escala de

temperatura adotada para a rigidez, o resultados do fator de amortecimento são

apresentados na Tab. 5.2 e na Fig. 5.5.

Tabela 5.2 – Amortecimento do sistema em função da temperatura

Temperatura (ºC) Amortecimento (N.s/m)

Aquecimento Resfriamento 2 5,800 5,922 5 6,325 6,211 8 6,750 6,750

11 6,625 7,200 14 5,650 7,650 17 5,550 7,850 20 5,875 7,750 23 5,225 7,625 26 5,425 8,100 29 5,325 9,200 32 5,475 10,125 35 5,050 10,350 38 5,800 8,200 41 6,375 5,500 44 6,650 4,900 47 6,833 4,600 50 6,550 4,050 53 4,575 3,775 56 4,100 4,050 59 4,225 4,225 62 3,675 3,675 65 3,875 3,875 68 3,795 3,795 71 3,810 3,810

Page 76: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

58

Figura 5.5 – Variação do coeficiente de amortecimento em função da temperatura

5.3 SISTEMA DE AQUECIMENTO DA MOLA DE LMF

O aquecimento da mola de LMF é obtido por meio de efeito Joule, ou seja, com a

passagem de uma corrente elétrica utilizando uma fonte de energia. Esta fonte de energia

fornece uma corrente com amplitude de 18 amperes. O aumento de temperatura está

diretamente relacionado à quantidade de energia fornecida à mola. Essa quantidade de

energia é definida por meio de uma modulação do sinal pulsante de corrente, técnica esta

conhecida como PWM (Pulse Width Modulation). A Fig. 5.6 mostra um exemplo de sinal

modulado onde a largura do pulso corresponde a 40% da largura do período. Este exemplo

de sinal modulado é equivalente a um fornecimento de corrente de 40% da amplitude, ou

seja, é o mesmo que aplicar uma corrente constante de 7,6 amperes, conforme ilustrado.

10 20 30 40 50 60 703

4

5

6

7

8

9

10

11

Co

eficie

nte

de

am

ort

ecim

en

to [N

.s/m

]

Temperatura [C]

Aquecimento

Resfriamento

Page 77: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

59

Figura 5.6 – Sinal PWM com largura de pulso de 40%

O sinal PWM fornecido pela placa USB 6008 da National Instruments® possui um

período de 10 segundos, e uma amplitude de 5 volts. Este sinal é amplificado para 12 volts

para alimentar um relé, por meio de um circuito eletrônico mostrado na Fig. 5.7.

Figura 5.7 – Circuito amplificador para aquecimento da mola de LMF

A Fig. 5.8 mostra as curvas de aquecimento da mola quando aplicado sinais PWM

com diversas larguras de pulso. O sinal PWM é iniciado em 10 segundos e finalizado aos

50 segundos.

P 0,4xP

18,0

7,6

tempo

corrente

Page 78: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

60

Figura 5.8 – Curvas de aquecimento da mola LMF com diversas larguras de pulso do sinal

5.4 SISTEMA DE RESFRIAMENTO DA MOLA DE LMF

O resfriamento da mola de LMF é feito por meio de convecção forçada, onde o

sistema é composto de um mini ventilador que fornece até 3,76 m3/min e uma estrutura que

direciona o fluxo de ar para ser aplicado na mola de LMF. Para um melhor rendimento do

sistema de resfriamento, é necessário que o ambiente do experimento esteja com uma

temperatura abaixo dos 26ºC. Um esquema do direcionador do fluxo de ar está mostrado

na Fig.5.9.

Figura 5.9 – Direcionador do fluxo de ar sobre a mola (cooler)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 10020

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Tempo [s]

Te

mp

era

tura

[ºC

]

5%

10%

20%

40%

60%

80%

100%

Page 79: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

61

O controle do fluxo de ar frio é realizado através da variação da tensão do motor do

ventilador. A tensão que a placa de comunicação de dados fornece é de 5 volts, tensão esta

insuficiente para realizar esta tarefa, sendo necessária uma amplificação para 12 volts que é

a tensão máxima de alimentação dos motores dos ventiladores. Um esquema do circuito

amplificador para esta atividade é mostrado na Fig. (5.10), onde a entrada deve ser

alimentada pela tensão da placa USB-6008 da National®.

Figura 5.10 – Circuito amplificador de tensão de alimentação do motor

para o direcionador de ar

5.5 SENSOR DE TEMPERATURA

O sensor de temperatura utilizado é o termistor NTC (Negative Temperature

Coeficiente), cujo funcionamento se baseia na variação da resistência elétrica em função da

mudança de temperatura. Esta variação não é linear, e a temperatura pode ser expressa

conforme Eq. (5.5):

+

=

0R

RT

TT

amb

amb

ln.

.

β

β (5.5)

Page 80: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

62

Onde:

R é a resistência do termistor na temperatura T (Ω);

R0 é a resistência do termistor na temperatura ambiente (Ω);

Tamb é a temperatura ambiente (K);

β é a constante do material.

Para se obter a temperatura da mola de LMF, é necessário um conjunto formado

por uma placa de aquisição de dados USB-6008, um circuito divisor de tensão mostrado na

Fig. (5.11) e o ambiente do software LabView®.

Figura 5.11 – Circuito divisor de tensão

A tensão Vi do circuito divisor é coletada através da placa USB-6008, e esta

informação é inserida na Eq. (5.6) que define a resistência do termistor.

Vi

ViR

−=

15

11200. (5.6)

Para determinação dos parâmetros R0 e β da Equação (5.5), foi necessário um

processo de calibração do sensor para que o mesmo apresente as medidas exatas de

temperatura. O procedimento de calibração consiste inicialmente em instalar o sensor NTC

em contato com a mola de LMF. Em seguida a mola é submetida a um aquecimento

partindo de 2°C, onde para cada valor de temperatura coletado da mola, existe um valor de

resistência elétrica coletado do NTC. O passo seguinte é um ajuste da curva teórica

R1

11200 Ω

RV1

15 V

XMM1

Vi

Page 81: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

63

(Equação 5.5) com os valores experimentais. Os resultados deste procedimento são

mostrados na Fig. 5.12 e na Tabela (5.3).

Tabela 5.3 – Resultados experimentais da calibração do NTC

Parâmetro Valor Tamb 297 K ou 24°C

R0 2330 Ω

β 1200

Figura 5.12 – Curva de calibração do NTC

O diagrama de blocos do software LabView® mostrado na Fig. (5.13), mostra a

implementação das Equações (5.5) e (5.6), onde os valores obtidos na saída, representada

na Fig. 5.13 pelo ícone “Temperatura”, são os valores de temperatura da mola de LMF em

ºC.

0 20 40 60 80 1001000

1500

2000

2500

3000

3500

Re

sis

tencia

[oh

m]

Temperatura [ºC]

teórico

experimental

Page 82: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

64

Figura 5.13 – Diagrama de blocos para obtenção da temperatura da LMF

5.6 MOTOR EXCITADOR

O motor utilizado para excitar o sistema pode ser alimentado com tensões que

variam de zero a 24 volts DC. Foi realizada uma caracterização que relaciona tensão de

alimentação com a freqüência de rotação do motor. O resultado desta caracterização está

mostrado na Fig. (5.14).

. Figura 5.14 – Relação entre tensão aplicada e frequencia de excitação do motor

0 5 10 15 20 250

10

20

30

40

50

60

70

Fre

qu

en

cia

[H

z]

Tensão [Volts]

Page 83: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

65

5.7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Para verificar como o sistema se comporta, foram realizadas várias simulações e

observada a resposta em freqüência quando a mola se encontrava a 35 ºC e a 65ºC. Os

resultados teóricos são comparados com a resposta em freqüência dos resultados

experimentais mostrados nas Figuras 5.3 e 5.4.

Os parâmetros utilizados na simulação são baseados nos dados da bancada,

mostrados na Tab. 5.4.

Tabela 5.4 – Dados do experimento

Propriedade Valor numérico Unidade

Massa principal (m) 0,514 Kg

Massa desbalanceada (md) 0,0047 Kg

Desbalanceamento (dx) 0,025 m

Rigidez mínima da mola LMF (kmin) 4097 N/m

Rigidez máxima da mola LMF (kmin) 6103 N/m

Amortecimento mínimo (cmin) 3,67 N.s/m

Amortecimento máximo (cmas) 10,35 N.s/m

Temperatura de martensita inicial (RS) 51 ºC

Temperatura de martensita final (RF) 35 ºC

Temperatura de austenita inicial (AS) 48 ºC

Temperatura de austenita final (AF) 63 ºC

A Figura 5.15 mostra a resposta em freqüência do sistema quando a mola está a

35°C e a 63°C. A mola estando a 35°C é verificado que a freqüência natural do sistema é

de aproximadamente 14 Hz. O amortecimento do sistema quando a mola se encontra nesta

temperatura apresenta os maiores valores, o que resulta em baixas amplitudes de vibração,

mesmo no estado de ressonância.

Se for considerado a mola com uma temperatura de 63°C, o sistema passará a ter

outro valor para a freqüência natural, ou seja, com o aquecimento a mola mudou de fase

aumentado a rigidez do material, resultando em uma freqüência natural é de

aproximadamente 17 Hz. O amortecimento do sistema a 63°C é pequeno, o que implica em

amplitudes de vibração maiores que as verificadas quando a mola se encontrava a 35°C.

Page 84: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

66

Figura 5.15 – Resposta em freqüência do sistema para mola a 35°C e a 65°C

Foram verificadas também as respostas em freqüência temperaturas compreendidas

entre 2°C e 71°C. O resultado experimental das respostas em freqüência para diversas

temperaturas da mola de LMF está mostrado na Fig. 5.16. Observa-se que as freqüências

de ressonância variam de 14 a 17 Hz, a depender da temperatura da mola.

Na faixa de temperatura compreendida entre 2°C e 35°C as amplitudes de

ressonância apresentam valores semelhantes. O mesmo fato ocorre para temperaturas

acima de 65°C, que apesar das amplitudes na ressonância serem maiores, mas os valores da

amplitude permanecem praticamente os mesmos acima da temperatura de 65°C.

As maiores mudanças de amortecimento e rigidez do sistema ocorrem na faixa de

temperatura da mola compreendida entre 35°C e 65°C

0 10 20 30 40 500

1

2

3

4

5

6

7

8x 10

-3

Am

plitu

de

[m

]

Frequencia [Hz]

X: 14.29

Y: 0.002172

X: 17.26

Y: 0.00645

Experimental a 35ºC

Experimental a 63ºC

Page 85: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

67

Figura 5.16 – Resposta em freqüência experimental em função da temperatura da mola

5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De posse das informações colhidas na bancada experimental, fica evidenciada a

mudança de rigidez e amortecimento que a mola com memória de forma proporciona.

Essas características podem ser utilizadas para controlar vibrações. Neste caso, é possível

relacionar controle de temperatura com controle de vibrações em sistemas que utilizam

atuadores com memória de forma, e a implementação de um controlador que comande e

que faça interagir os sistemas de aquecimento e resfriamento da mola se faz necessário,

para fins de projeto.

Outra informação importante coletada neste momento se refere à faixa de

temperatura que é mais viável trabalhar, a região denominada no capítulo anterior como

zona RA. Neste caso, a zona RA está compreendida entre as temperaturas de 35°C e 64°C.

Percebeu-se que aquecimentos acima de 64°C e resfriamentos da mola abaixo de 35°C são

desnecessários, pois não alteram as amplitudes de vibração. Em outras palavras, a mola

estando a 64°C ou a 85°C, por exemplo, o sistema apresenta praticamente os mesmo níveis

de vibração na ressonância.

5 10 15 20 25 30 010

2030

4050

607071

0

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

Temperatura [C]

X: 17.26

Y: 65

Z: 0.00645

Frequencia [Hz]

X: 14.29

Y: 35

Z: 0.001284

X: 14.88

Y: 5

Z: 0.00116

Am

plitu

de

[m

]

0

1

2

3

4

5

6

7

8x 10

-3

Page 86: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

68

CAPÍTULO VI

CONTROLE DO SISTEMA

6.1 INTRODUÇÃO

O controle de vibrações de um equipamento, que está sujeito a excitações numa

faixa de freqüências, pode ser realizado de diversas formas. Para o caso de sistemas onde a

rigidez varia em função da temperatura, é obvio que o controle de vibrações está

diretamente ligado ao controle de temperatura do elemento que confere rigidez. Para o

modelo experimental adotado neste trabalho, o aumento de temperatura acontece aplicando

corrente elétrica na mola de LMF, enquanto que o resfriamento se dá através de convecção

forçada por meio de um ventilador.

A idéia principal em um controle de vibrações é evitar que o sistema entre no

estado de ressonância, e isso pode ser feito de diversas formas, cada uma com suas

limitações, conforme comentado no capítulo 1. Uma estratégia que pode ser adotada para o

controle em sistemas de rigidez variável, é evitar a aproximação da freqüência de excitação

com a freqüência natural do sistema, ou seja, quanto maior a diferença entre elas, menor

será a amplitude de vibração. Para o sistema em estudo, que utiliza molas de LMF, a

temperatura que a mola se encontra pode ser associada à freqüência natural. Sendo assim, o

controle da temperatura da mola de LMF tem como conseqüência o controle da freqüência

natural do sistema. Este controle da freqüência natural resulta em baixas amplitudes de

vibração do sistema. Resumindo, é preciso controlar a temperatura da mola LMF para

reduzir os níveis de vibração do sistema rotativo desbalanceado.

O diagrama de controle de temperatura da mola de LMF é mostrado na Fig. (6.1).

Page 87: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

69

Figura 6.1 – Diagrama de blocos do controle de temperatura da mola LMF

A freqüência natural do sistema massa-mola em estudo varia de 14,2 Hz (mola a

35ºC) a 17,3 Hz (mola a 63ºC) conforme apresentado no capítulo anterior. Esta freqüência

natural deve se manter o mais distante possível das freqüências de excitação. A Figura 6.2

mostra as respostas em freqüência teóricas do sistema quando a mola se encontra nas

temperaturas de 35°C e 63°C. Observa-se que na freqüência de 15,2 Hz, as amplitudes são

teoricamente iguais a 1,8 milímetros.

Figura 6.2 – Resposta em freqüência teórica do sistema

0 5 10 15 20 25 300

1

2

3

4

5

6

7

8x 10

-3

Am

plitu

de

[m

]

Frequencia [Hz]

63ºC

35ºC

Temperatura de referência

Controlador

erro Aquecedor

Mola

Sensor

Resfriador Z-1

Temperatura da mola

Page 88: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

70

Esta freqüência excitação de 15,2 Hz é uma base para determinar se a mola deve ser

aquecida ou resfriada. Diante deste contexto, a temperatura de referência da mola de LMF

deverá estar em 35ºC (ωn=14,2 Hz) quando a freqüência de excitação do sistema apresentar

valores acima de 15,2 Hz, fazendo com que o sistema tenha uma amplitude máxima de

vibração de 1,8 milímetros. Caso a freqüência de excitação apresente valores abaixo de

15,2 Hz, a mola deve estar a uma temperatura de 63ºC (ωn=17,3 Hz), que resulta também

em uma amplitude máxima de vibração de 1,8 milímetros. A resposta em freqüência para o

que foi descrito está mostrado na Fig. 6.3

Figura 6.3 – Resposta em freqüência do sistema com controle de temperatura da mola de

LMF

O resultado mostrado na Fig. 6.3 é teórico, e difere do resultado experimental

devido às taxas de aquecimento e resfriamento da mola de LMF. Desta forma, na prática o

sistema ainda entra na região de ressonância, mas por períodos de tempo muito curtos, pois

sempre há uma diferença entre a freqüência natural e a freqüência de excitação do

momento. Em suma, essa estratégia de controle pode ser descrita conforme a seguinte

regra:

>=

15,2Hz ,63

15,2Hz ,35ref

0

0

ω

ω

C

CT

0 5 10 15 20 25 300

1

2

3

4

5

6

7

8x 10

-3

Am

plitu

de

[m

]

Frequencia [Hz]

63ºC

35ºC

Page 89: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

71

6.2 CONTROLADOR

Dentro do diagrama de controle mostrado na Fig. 6.1, o elemento controlador tem

por objetivo enviar informações que comandarão um ou mais atuadores, informações essas

sustentadas por um algoritmo de controle. O algoritmo existente no controlador realiza

operações matemáticas baseadas no sinal de erro com o intuito de produzir uma ação

corretiva que, ao ser inserida no processo, faz com que valores os desejados na entrada

(valores de referência) do sistema sejam conseguidos na saída com um bom desempenho.

O cálculo realizado no algoritmo, para se ter os valores do sinal de controle, pode

ser realizado de diversas formas a depender do tipo de controlador. Os métodos de controle

que mais se destacam são o controle on-off, controle PID, controle adaptativo, controle via

redes neurais, e controle fuzzy, onde este último possui um algoritmo de controle chamado

lógica fuzzy.

A lógica fuzzy é uma técnica que reproduz a maneira como o ser humano pensa em

um sistema de controle. Um controlador fuzzy típico pode ser projetado para comportar-se

conforme o raciocínio dedutivo, isto é, o processo que as pessoas utilizam para se chegar à

conclusões baseadas em informações que elas já conhecem (SHAW e SIMÕES, 2004).

Um termo lingüístico pode ser definido quantitativamente por um tipo de conjunto

fuzzy conhecido como uma função de pertinência. A função de pertinência,

especificamente, define graus de possibilidades baseados em propriedades como

deslocamento, posição, tensão entre outras. Com funções de pertinências definidas para

entradas e saídas de sistemas especialistas e de controle, formula-se uma base de regra IF-

THEN (se – então) que são regras condicionais. Desta maneira, uma base de regra e uma

função de pertinência correspondente são empregadas para analisar as entradas e

determinar as saídas de controle pelo processo de inferência da lógica fuzzy.

A estratégia de controle do sistema idealizado consiste em manter a maior diferença

modular possível entre a freqüência natural do sistema e a freqüência de excitação através

do controle de temperatura da mola de LMF. A temperatura de referência da mola será

determinada de acordo com a freqüência de excitação. O sinal que será adotado na entrada

do controlador fuzzy será a diferença entre a temperatura de referência e a temperatura que

a mola se encontra.

O bloco de construção primária de sistemas de lógica fuzzy é a variável lingüística.

Uma variável linguística é usada para combinar múltiplas categorias subjetivas que

Page 90: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

72

descrevem o mesmo contexto. Estas condições são chamadas condições linguísticas e

representam os possíveis valores das variáveis linguísticas de entrada, que para o estudo

em questão são o erro de temperatura (ERRO) e a variação do erro (VERRO),

normalmente gerada a partir da diferença entre o erro atual e o erro anterior. A variável de

saída do controlador é a variação no controle. Como o sistema possui dois atuadores, as

variáveis linguísticas de saída são: a tensão aplicada ao motor do resfriamento e a largura

de pulso do sinal de corrente que aquece a mola. O ambiente computacional no qual o

controlador fuzzy estará inserido é o LabVIEW, que apresenta uma limitação de utilizar

apenas uma saída por cada bloco fuzzy inserido. Sendo assim, serão necessários dois blocos

fuzzy, onde no primeiro bloco a variável de saída irá controlar o aquecimento, e no segundo

bloco, a saída ira controlar o resfriamento.

Cada variável linguística é composta de várias condições linguísticas ou termos que

descrevem as diferentes interpretações linguísticas da quantidade característica que é

modelada. Cada termo linguístico é definido por uma função de pertinência apropriada

(conjunto fuzzy).

Um controlador fuzzy é composto de três partes: Fuzzificação, Inferência Fuzzy e

Defuzzificação. Essa seqüência de controle transforma valores numéricos reais para o

ambiente fuzzy, onde os números são convertidos em uma base numérica nebulosa. Nessa

transformação um conjunto de inferência fuzzy é usado para as tomadas de decisões, e por

fim há uma transformação inversa do ambiente fuzzy para valores numéricos reais, para

que ocorra acoplamento entre a saída do algoritmo fuzzy e as variáveis de atuação (SHAW

e SIMÕES, 2004).

A estratégia de controle, baseada no conhecimento do sistema com respeito ao

controle em malha fechada, é implementada por regras linguísticas integradas na base de

regra do controlador.

Todos os valores das variáveis de entrada, erro e variação do erro, são traduzidos

em valores de variáveis linguísticas correspondentes. Em seguida o passo de inferência

fuzzy é executado para derivar uma conclusão da base de regra que representa a estratégia

de controle. O resultado deste passo é o valor linguístico para a variável de saída.

O passo de defuzzificação traduz o resultado linguístico anterior em um valor real

que representa o valor atual da variável de controle.

Page 91: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

73

6.2.1 Fuzzificação

A freqüência do sinal de excitação pode ser obtida pelo acelerômetro instalado na

massa principal do sistema, ou pela relação existente entre tensão do motor de excitação e

freqüência de rotação. Esta informação da frequência de excitação instantânea é convertida

em uma das duas temperaturas de referencia, 63ºC (Estado austenítico) ou 35ºC (Estado

martensítico). A diferença entre esta temperatura e a temperatura da mola, forma a variável

lingüística de entrada, assim como as variações de erro deste sinal. Para o ERRO são

identificadas cinco posições ou termos linguísticos para cada bloco fuzzy, onde os erros são

definidos como mostrado na Tabela (6.1):

Tabela 6.1 – Termos lingüísticos para o ERRO

Bloco 1 - Resfriamento Bloco 2 – Aquecimento

EN6: (abaixo de -20ºC)

EN5: (-20ºC a -9ºC)

EN4: (-9ºC a -7ºC)

EN3: (-7,0ºC a -5ºC)

EN2: (-5ºC a -3ºC)

EN1: (-3ºC a -1ºC)

EN0: (-1ºC a 0ºC)

EP6: (acima de 20ºC) 100%

EP5: (9,0ºC a 20,0ºC) 80 %

EP4: (7ºC a 9ºC) 60%

EP3: (5ºC a 7ºC) 40%

EP2: (3ºC a 5ºC) 20 %

EP1: (1ºC a 3ºC) 10%

EP0: (0ºC a 1ºC) 5%

A cada termo é associado um ERRO correspondente, por exemplo, o maior erro

positivo foi traduzido para o valor linguístico EP6, que corresponde a um erro acima de

20ºC.

Para a variação do erro da temperatura (VERRO) os procedimentos adotados são os

mesmos conforme mostrado na Tabela (6.2).

Page 92: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

74

Tabela 6.2 – Termos lingüísticos para a VERRO

Bloco 1 / Bloco 2

VEN3: (-5,0ºC a -4,0ºC)

VEN2: (-4,0ºC a -2,5ºC)

VEN1: (-2,5ºC a -1,0ºC)

VE0: (-1,0ºC a 1,0ºC)

VEP1: (1,0ºC a 2,5ºC)

VEP2: (2,5ºC a 4,0ºC)

VEP3: (4,0ºC a 5,0ºC)

As Figuras (6.4), (6.5) e (6.6) mostram as funções de pertinências das variáveis

linguísticas de entrada (ERRO e VERRO) com seus respectivos termos linguísticos.

As funções de pertinência das variáveis de entrada são do tipo triangular, enquanto

que a função de pertinência da variável de saída possui elementos do tipo triangular.

Figura 6.4 - Variável ERRO e seus termos lingüísticos para o aquecimento

Erro de temperatura (ºC)

Grau de pertinên

cia

0,0 5,0 10,0 15.0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

EP4

EP5

EP6

EP3

EP2

EP1

EP0

Page 93: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

75

Figura 6.5 - Variável ERRO e seus termos lingüísticos para o resfriamento

Figura 6.6 - Variável VERRO e seus termos lingüísticos

Para a variável de saída foram utilizados outros termos e a faixa de tensão de 1,2

Volts a 5 Volts para o resfriamento, e de 0 (largura de pulso 0%) a 1 (largura de pulso

100%) para o aquecimento. Estes passos são chamados Fuzzificação porque usa conjuntos

fuzzy para traduzir variáveis reais em variáveis linguísticas.

Na Figura (6.7) temos o universo de discurso da variável de saída do resfriamento.

A placa de comunicação USB 6008 fornece tensões analógicas que variam de zero a 5

Variação do erro de temperatura (ºC)

-5,0 -4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

VEN1

VEN2

VEN3

VE0

VEP1

VEP2

VEP3

Grau de pertinên

cia

Erro de temperatura (ºC)

-50,0 -45,0 -40,0 -35.0 -30,0 -25,0 -20,0 -15,0 -10,0 -5,0 0,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

EN4

EN5

EN6

EN3

EN2

EN1

EN0

Grau de pertinên

cia

Page 94: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

76

volts, e isto explica a tensão máxima de alimentação da placa do motor de ventilação. A

tensão mínima de 1,2 volts corresponde à rotação zero do motor de ventilação.

Figura 6.7 - Variável saída de resfriamento e seus termos lingüísticos

Na Figura (6.8) temos o universo de discurso da variável de saída de aquecimento.

Estes valores determinam a largura de pulso da corrente que aquece a mola de LMF. O

valor 0,4 por exemplo, corresponde a um sinal quadrado onde 40% do período possui

tensão de 5 volts, e os outros 60% possui tensão zero.

Figura 6.8 - Variável saída de aquecimento e seus termos lingüísticos

Largura de pulso

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

A1

A2

A0

A4

A5

A3

Grau de pertinên

cia

A6

Tensão de alimentação da placa do motor de ventilação (Volts)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

R1

R2

R0

R4

R5

R3

Grau de pertinên

cia

R6

Page 95: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

77

6.2.2 Inferência fuzzy

Nesta parte foram definidos os conectivos lógicos usados para estabelecer a relação

fuzzy que modela a base de regras. O método de inferência usado para controladores fuzzy

foi o máximo-mínimo, ou seja, em cada uma das regras da base de regras fuzzy, adotou-se

o operador matemático mínimo para o conectivo lógico “e” e o operador máximo para o

conectivo lógico “ou”. As sentenças “se...e...então...” são modeladas pela aplicação

mínimo, e o relacionamento entre as regras são modelados pela aplicação máximo.

Foram utilizados sete termos para as variáveis linguísticas de entrada o que resulta,

no máximo, em 49 regras disponíveis para formar uma base de regra consistente, que foi

obtida após vários ajustes. A base de regra completa é descrita em forma de matriz, como

mostram as Tabelas (6.3) e (6.4).

Tabela 6.3 - Base de regras lingüísticas para o aquecimento

Erro de temperatura

EP0 EP1 EP2 EP3 EP4 EP5 EP6

Var

iaçã

o do

err

o de

tem

pera

tura

VEN3 A0 A0 A0 A0 A1 A2 A4

VEN2 A0 A0 A0 A1 A2 A3 A5

VEN1 A0 A0 A1 A2 A3 A4 A6

VE0 A0 A1 A2 A3 A4 A5 A6

VEP1 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A6

VEP2 A2 A3 A4 A5 A6 A6 A6

VEP3 A3 A4 A5 A6 A6 A6 A6

A formação da base de regra, seja ela para o resfriamento ou para o aquecimento, se

inicia com a condição básica que se o erro entre a temperatura de referência e a

temperatura atual for zero, então se deve enviar um sinal nulo para os atuadores. Para o

Page 96: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

78

aquecimento isto corresponde a condição (IF Erro=EP0 AND Verro=VE0 THEN A0), na

Tabela (6.3). Esta mesma situação para o resfriamento corresponde à condição (IF

Erro=EN0 AND Verro=VE0 THEN A0) na Tabela (6.4). Vale salientar que a base de

regras lingüísticas para o aquecimento só pode ser utilizada quando o Erro de temperatura

for maior ou igual a zero, ou seja, a temperatura de referência é maior em que a

temperatura que a mola se encontra. Para o caso do resfriamento, a situação é oposta, ou

seja, o atuador que promove a queda de temperatura é acionado quando o Erro é menor ou

igual a zero.

Tabela 6.4 - Base de regras lingüísticas para o resfriamento

Erro de temperatura

EN0 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6

Var

iaçã

o do

err

o de

tem

pera

tura

VEN3 R3 R4 R5 R6 R6 R6 R6

VEN2 R2 R3 R4 R5 R6 R6 R6

VEN1 R1 R2 R3 R4 R5 R6 R6

VE0 R0 R1 R2 R3 R4 R5 R6

VEP1 R0 R0 R1 R2 R3 R4 R6

VEP2 R0 R0 R0 R1 R2 R3 R5

VEP3 R0 R0 R0 R0 R1 R2 R4

A Figura (6.9) ilustra um exemplo do comportamento do controlador quando o erro

de temperatura é de -7,5°C e variação do erro de 0,5°C.

Page 97: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

79

Figura 6.9 – Exemplo de regra de estratégia de controle

6.2.3 Defuzzificação

Na defuzzificação, o valor da variável linguística de saída, inferida pelas regras

fuzzy, será traduzido num valor de tensão para o resfriamento e em um valor de largura de

pulso para o aquecimento. Este valor é o que melhor representa os valores fuzzy inferidos

da variável linguística de saída, a distribuição de possibilidades. Assim, a defuzzificação é

uma operação contrária, que traduz a saída do domínio fuzzy para o domínio discreto. Para

selecionar o método apropriado de defuzzificação, pode-se utilizar um enfoque baseado no

centróide ou nos valores máximos que ocorrem da função de pertinência resultante. Os

seguintes métodos são utilizados: Centro-de-Área (C-o-A), Centro-do-Máximo (C-o-M) e

Média-do-Máximo (M-o-M) (SHAW e SIMÕES, 2004).

O método de defuzzificação deriva um valor de saída preciso, que melhor

representa o resultado linguístico obtido do processo de inferência fuzzy. O método de

defuzzificação usado foi o método Centro-do-Máximo (C-o-M), onde as áreas das funções

de pertinência não desempenham nenhum papel e apenas os máximos (pertinências

singleton) são usados. A saída discreta é calculada como uma média ponderada dos

máximos, cujos pesos são os resultados da inferência. O cálculo do valor defuzzificado é

realizado através da Eq. (6.1), onde µ0,k(ui) indica os pontos em que ocorrem os máximos

(alturas) das funções de pertinência de saída.

Page 98: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

80

∑∑

∑∑

==

===n

1kik0,

N

1i

1kiko,

N

1i

)u(

)u(u

µ

µn

iu (6.1)

Tomemos como base o exemplo mostrado na Fig. 6.9 para explicar o processo de

defuzzificação onde se tem um Erro de -7,5ºC e uma Variação do Erro de 0,5ºC.

Figura 6.10 - Fuzzificação para Erro=-7,5ºC

O Erro de temperatura da mola faz parte dos seguintes termos lingüísticos:

EN6=0; EN5=0; EN4=0,25; EN3=0,75; EN2=0; EN1=0; EN0=0.

Neste caso o Erro de temperatura da mola é traduzido no valor lingüístico 0,0; 0,0;

0,25; 0,75; 0,0; 0,0; 0,0)..

-50 -40 -30 -20 -10 00

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Gra

u d

e p

ert

inê

ncia

Erro [ºC]

Page 99: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

81

Figura 6.11 - Fuzzificação para Verro=0,5ºC

A variação do erro de temperatura da mola faz parte dos seguintes termos

lingüísticos:

VEN3=0; VEN3=0; VEN3=0,71; VE0=0,29; VEP1=0; VEP2=0; VEP3=0.

O passo seguinte consiste da inferência fuzzy que pode ter dois componentes: a

agregação que é a evolução da parte condicional (IF) de cada regra; e a composição que se

trata da evolução da parte conclusiva (THEN) de cada regra

O operador mínimo (min) representa a palavra AND, que no exemplo que está

sendo analisado, quatro regras são descrições como válidas da situação atual. Estas regras

normalmente são chamadas regras ativas. Todas as outras regras são chamadas inativas.

(18) IF ERRO = EN4 (0,25) AND VERRO=VE0 (0,71) THEN tensao=R4.

(19) IF ERRO = EN4 (0,25) AND VERRO=VEP1 (0,29) THEN tensao=R3.

(25) IF ERRO = EN3 (0,75) AND VERRO=VE0 (0,71) THEN tensao=R3.

(26) IF ERRO = EN (0,75) AND VERRO=VEP1 (0,29) THEN tensao=R2.

O resultado final da inferência fuzzy para a variável lingüística “tensão” é mostrado

abaixo:

R0 com grau de pertinência de 0,00

R1 com grau de pertinência de 0,00

-5 0 50

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Gra

u d

e p

ert

inê

ncia

Verro [ºC]

Page 100: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

82

R2 com grau de pertinência de 0,29

R3 com grau de pertinência de 0,25

R4 com grau de pertinência de 0,25

R5 com grau de pertinência de 0,00

R6 com grau de pertinência de 0,00

No processo de defuzzificação o método utilizado foi o Centro-de-máximo (CoM).

Neste método é calculada a média ponderada onde os valores são retirados da Fig. 6.12

(cooler).

R0 com tensão de 1,2

R1 com tensão de 1,79

R2 com tensão de 2,47

R3 com tensão de 3,10

R4 com tensão de 3,73

R5 com tensão de 4,37

R6 com tensão de 5,00

Figura 6.12 - Defuzzificação de acordo com o centro de máximo (CoM)

A média ponderada fica então:

1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 50

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Gra

u d

e p

ertin

ên

cia

Tensão [volts]

Page 101: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

83

068,30,25 0,25 0,29

5,00 . 0 4,37 . 0 3,73 . 0,25 3,10 . 0,25 2,47 . 0,29 1,79 . 01,2 . 0=

++

++++++=R

O resultado encontrado (3,07 volts) corresponde ao valor de tensão que será usado

para alimentar o motor de resfriamento e que para este exemplo escolhido, pode ser

verificado na Fig. 6.9. Uma forma de visualizar a gama de valores de tensão é através do

mapa de regras. O mapa de regras faz uma associação dos valores de entrada do

controlador com a respectiva saída, ou variável de controle, baseada nas regras

implementadas no controlador. Este conjunto de entradas e saída pode ser representada de

acordo com uma superfície tridimensional, observada na Fig. (6.13). O eixo vertical é a

variável de controle enquanto que em cada eixo horizontal estão as entradas do

controlador, ou seja, erro e a variação do erro.

Figura 6.13 - Superfície para variável de controle do aquecimento

A superfície de controle tridimensional para o resfriamento é mostrada na Fig.

(6.14). No eixo vertical identificado como a variável de saída, são mostrados os valores de

tensão que o motor de resfriamento pode receber. Nos eixos horizontais são apresentados o

erro de temperatura e a variação do erro.

Page 102: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

84

Figura 6.14 - Superfície para variável de controle do resfriamento

6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo apresentou-se a lógica do sistema de controle que foi desenvolvida

diretamente para controlar temperatura e indiretamente para controlar as amplitudes das

vibrações mecânicas. A implementação do controle foi baseada no conhecimento

experimental do sistema obtido no Capítulo 5 bem como das informações do atuador. A

estratégia de controle para determinar a temperatura de referência da mola foi baseada em

uma relação entre freqüência de excitação e freqüência natural do sistema, onde o

controlador utilizado foi do tipo fuzzy devido a simplicidade de implementação.

Page 103: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

85

CAPÍTULO VII

RESULTADOS

7.1 INTRODUÇÃO

Para validação do comportamento do sistema rotativo com atuador com Liga com

Memória de Forma, foi feita uma comparação de estudos de casos do sistema controlado e

do sistema sem ação de controle com temperaturas constantes, de 35°C e 63°C, para a

mola. O sistema em estudo (1 gdl) apresenta variações simultâneas de amortecimento e

rigidez que implica nos valores da freqüência natural de ωr= 14,2 Hz e cr=10,350 N.s/m

para a temperatura de 35°C e ωa= 17,3 Hz e ca=3,741 N.s/m para a temperatura de 63°C.

Nos experimentos, foram consideradas seis situações, quatro com variação e duas

sem variação da freqüência: Na primeira situação o sistema está em ressonância com uma

freqüência de 14,2 Hz. Na segunda situação o sistema está em ressonância com uma

freqüência de 17,3 Hz. Estas duas freqüências foram escolhidas por serem pontos críticos

para o sistema em estudo. Na terceira situação, o sistema não apresenta controle de

temperatura da mola de LMF e a freqüência do sinal de excitação varia diversas vezes de

14,2Hz para 17,3Hz e vice versa. A quarta situação é semelhante ao caso 3, no entanto, é

aplicado um controle de temperatura na mola de LMF. No caso 5 o sistema foi excitado

com um sinal onde a freqüência de excitação varia linearmente de 0 a 23 Hz, em um

intervalo de 150 seg, para em seguida começar a diminuir a freqüência até chegar a 0 Hz

quando o tempo está em 300 segundos. Neste quinto caso não é aplicado um controle de

temperatura da mola de LMF. O sinal de excitação aplicado ao sistema caso 6 é semelhante

à situação anterior, no entanto, no sexto caso a mola de LMF tem sua temperatura

controlada.

Page 104: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

86

7.2.1 Caso 1 – Sistema excitado com 14 Hz

Na primeira situação observada, a mola se encontrava inicialmente com uma

temperatura de 35ºC, que resultava na freqüência natural de 14,2Hz. O motor foi

alimentado para se obter esta freqüência durante todo experimento. Após 150 segundos, a

mola foi submetida a um aquecimento para que o sistema saísse da ressonância, tendo

como resultado a redução das amplitudes de vibração (Fig. 7.1).

Figura 7.1 – Vibração do sistema sem e com a ação de controle para um degrau de

aquecimento

Observa-se na Fig. 7.1 que as linhas A e B informam as amplitudes de vibração de

1,8 milímetros e -1,8 milímetros respectivamente. No período de 0 a 150 segundos não há

ação de controle, estando o sistema no estado de ressonância com amortecimento elevado,

tendo em vista que a mola de LMF a 35°C está na fase R.

A partir de 150 segundos a mola passa a ser aquecida onde se verifica um pequeno

aumento das amplitudes de vibração, e estas amplitudes atingem o ponto máximo em 160,5

segundos quando a temperatura da mola já está em 47,87°C. Isto acontece devido à

pequena variação da freqüência natural do sistema aliado com a forte diminuição do fator

de amortecimento. A partir deste ponto o amortecimento permanece quase que constante,

porém há uma variação significativa da rigidez da mola em função da continuidade do

0 50 100 150 200 250 300-0.01

-0.0075

-0.005

-0.0025

0

0.0025

0.005

0.0075

0.01

Am

plitu

de

[m

]

Tempo [s]

0 50 100 150 200 250 30030

35

40

45

50

55

60

65

70

X: 160.5

Y: 47.87

Tem

pe

ratu

ra [°C

]X: 165.5

Y: 53.54

Vibrações do sistema

Temperatura da mola

A

B

Page 105: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

87

aquecimento, resultando em amplitudes de vibração abaixo de 1,8 milímetros, quanto a

temperatura da mola está a 53,54°C, conforme mostrado na Fig. 7.1.

De modo geral, as amplitudes de vibração caíram de 2 milímetros para 0,5

milímetros, se compararmos os 150 primeiros segundos com a outra metade do

experimento. Isto significa uma redução de 75%. Durante o aquecimento acontece uma

mudança da estrutura cristalina da mola com memória de forma, saindo da fase R para fase

austenita. Esta mudança de fase provoca um aumento na rigidez a partir da temperatura de

austenita inicial (48°C) e consequentemente uma mudança na freqüência natural do

sistema.

7.2.2 Caso 2 – Sistema excitado com 17 Hz

Na segunda situação observada, a mola se encontrava inicialmente com uma

temperatura de 63ºC, que resultava na freqüência natural de 17,3Hz. O motor foi

alimentado para se obter esta freqüência durante todo experimento. Após 150 segundos, a

mola foi submetida a um resfriamento para que o sistema deixasse o estado de

ressonância, tendo como resultado a redução das amplitudes de vibração (Fig.7.2).

Figura 7.2 – Vibração do sistema sem e com a ação de controle para um degrau de

resfriamento

0 50 100 150 200 250 300-0.01

-0.0075

-0.005

-0.0025

0

0.0025

0.005

0.0075

0.01

Am

plitu

de

[m

]

Tempo [s]

0 50 100 150 200 250 30030

35

40

45

50

55

60

65

70

T

em

pera

tura

[°C

]

X: 171.1

Y: 43.18

X: 160.1

Y: 54.4

Vibrações do sistemaTemperatura da mola

Page 106: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

88

Verifica-se mais uma vez na Fig. 7.2 que as amplitudes de vibração do sistema

apresentam valores em torno de 7 milímetros no período de tempo de zero a 150 segundos.

Novamente este nível de vibração ocorre devido ao sistema se encontrar em estado de

ressonância na freqüência de 17,3 Hz. Neste mesmo período de tempo, a temperatura da

mola está em torno dos 63ºC e o sistema não está sendo controlado. Nesta temperatura a

mola se encontra na fase austenitica, onde a mola apresenta alta rigidez e baixo

amortecimento, situação contrária em relação à verificada na Fig. 7.1. Na Figura

A partir do tempo de 150 segundos, a mola é resfriada para sair da região de

ressonância. Porém, o que se observa no período de 150 a 160 segundos é uma manutenção

dos mesmos níveis de vibração, e isto acontece devido a pouca variação de rigidez mesmo

com uma redução de temperatura da mola de 64C para 54C. A partir da temperatura de

54C as amplitudes caem com a continuação do resfriamento, pois a partir desta

temperatura são observadas variações significativas de rigidez e amortecimento durante o

resfriamento. As amplitudes de vibração ficam abaixo de 1,8 milimetros a partir da

temperatura de 43C.

De forma geral foi verificado que as amplitudes de vibração do sistema caíram de 7

milímetros para 1 milímetro, ou seja, uma redução de 85%.

7.2.3 Caso 3 – Sistema sem controle de temperatura e excitado com 14 Hz e 17 Hz

intercalados

Para o caso 3 foi considerado a situação sem controle, onde o sistema é excitado e a

mola apresenta um valor fixo de temperatura. Foram consideradas duas temperaturas fixas:

35ºC e 63ºC.

O sinal de excitação apresenta freqüências de ω1=14,2 Hz e ω2=17,3 Hz. Essa

mudança da freqüência de excitação intercalada ocorre a cada 150 segundos, com tempo

total do sinal de 750 segundos.

Optou-se por mostrar o sinal de excitação utilizando um espectrograma, que

apresenta uma imagem bidimensional na qual a ordenada corresponde à freqüência e a

abscissa corresponde ao tempo; a intensidade do sinal é identificada associando uma barra

de cores com as amplitudes relacionadas no gráfico. A Fig. 7.3 mostra o espectrograma do

sinal aplicado.

Page 107: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

89

Figura 7.3 – Sinal de excitação nas freqüências 14 Hz e 17 Hz.

Observa-se que o sinal inicia com uma freqüência de 17 Hz e permanece assim nos

150 segundos seguintes. Em seguida o sinal muda para a freqüência para 14 Hz, e também

dura 150 segundos. Este processo de alteração na freqüência do sinal ocorre mais três

vezes. A amplitude do sinal de excitação depende da massa desbalanceada, da

excentricidade em relação ao eixo do motor e da freqüência de rotação. Desta forma,

observa-se que a força de excitação é maior nos momentos em que a freqüência é de 17

Hz.

Inicialmente o sistema foi excitado com o sinal descrito anteriormente quando a

mola se encontrava com temperatura em torno dos 35°C. Na Fig. 7.4-a as amplitudes de

vibração são maiores quando o sinal de excitação é de 14 Hz, nos intervalos de 150seg. a

300seg. e 450seg. a 600seg., isto porque o sistema está em ressonância nestes intervalos. Já

na Fig. 7.4-b são mostradas as amplitudes de vibração do sistema quando a mola está a

63ºC. Verifica-se que o sistema entra em ressonância nos intervalos de 0 a 150s, de 300 a

450s, e de 600 a 750s. No entanto as amplitudes são maiores que a situação anterior,

devido ao coeficiente de amortecimento ser mais baixo a esta temperatura.

0 100 200 300 400 500 600 7000

5

10

15

20

25

30

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 1 20

5

10

15

20

25

30

Amplitude [N]

Fre

quencia

[H

z]

0 100 200 300 400 500 600 700

-202

Tempo [s]

Page 108: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

90

(a) mola a 35°C (b) mola a 63°C

Figura 7.4 – Vibração do sistema sem controle nas freqüências 14 Hz e 17 Hz.

A Fig. 7.5, mostra o comportamento da temperatura da mola de LMF ao longo da

coleta de dados das Figuras 7.4-a e 7.4-b.

Figura 7.5 – Temperatura da mola para as situações do caso 3

7.2.4 Caso 4 – Sistema com controle de temperatura e excitado com 14 Hz e 17 Hz

intercalados

O sistema foi novamente excitado com o sinal descrito no caso 3. No entanto a

situação agora mostra o resultado quando é aplicado o controle de temperatura com o

objetivo de reduzir os níveis de vibração. A Fig. 7.6 ilustra a vibração do sistema ao longo

0 150 300 450 600 750-0.01

-0.008

-0.006

-0.004

-0.002

0

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

Tempo [s]

Am

plit

ude [m

]

0 150 300 450 600 750-0.01

-0.008

-0.006

-0.004

-0.002

0

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

Am

plitu

de

[m

]

Tempo [s]

0 100 200 300 400 500 600 70020

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Tem

pera

tura

[ºC

]

Tempo [s]

Page 109: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

91

do tempo. Quando comparamos a Fig. 7.6 (com controle de temperatura) com os resultados

da Fig. 7.4 (sem controle de temperatura), observa-se uma nítida redução nas amplitudes

de vibração para o mesmo sinal de excitação, devido ao deslocamento da freqüência

natural. Verifica-se que o sistema de controle reduziu as amplitudes de vibração sempre

que o mesmo entrou no estado de ressonância. Nesta figura ainda é possível verificar a

influência da mudança do amortecimento com baixas amplitudes de vibração mesmo no

estado de ressonância nos tempos de 150s. e 450s. Nestes tempos houve reduções de 2 mm

para o,5 milímetros (75%) nas amplitudes de vibração.

Se for observado os tempos de 300s e 600s onde a mola apresenta rigidez alta e

baixo amortecimento, as amplitudes de vibração da ressonância são as mais as altas,

devido à característica de baixo amortecimento. Neste caso, o controle mudou a

temperatura tendo como resultado a redução das amplitudes de vibração de 7 mm para 1

mm, ou seja, uma queda de 85%.

Figura 7.6 – Vibração do sistema sob ação de controle, com freqüências de excitação de

14Hz e 17Hz.

A Fig. 7.7 mostra o comportamento da variação da temperatura da mola e da

temperatura de referência ao longo do tempo. Quando o sinal de excitação mudou de 17 Hz

para 14 Hz nos tempos de 150 e 450 segundos, a temperatura de referencia passou de 35°C

para 63°C, e a temperatura da mola aumentou devido à ação de controle, resultando na

0 150 300 450 600 750-0.01

-0.008

-0.006

-0.004

-0.002

0

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

Am

plitu

de

[m

]

Tempo [s]

Page 110: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

92

mudança da freqüência natural do sistema, reduzindo assim os níveis de vibração. É

importante ressaltar que a temperatura de referencia é de 35°C de zero a 150s, e o controle

aumenta a temperatura da mola que estava em 25°C (temperatura ambiente) para a

referência.

Nos momentos em que o sinal de excitação mudou de 14Hz para 17Hz, o sistema

novamente entrou em ressonância, o que obrigou a alteração da temperatura de referência

de 63ºC para 35ºC, nos intervalos de tempo de 300s e 600s.

O tempo necessário para atingir a temperatura de referência foi de 23 segundos,

tanto para o aquecimento como para o resfriamento. Conforme verificação experimental, o

percentual de ultrapassagem durante o aquecimento foi de 10%, considerando a aplicação

de uma entrada em degrau de 30ºC.

Durante o resfriamento, o percentual de ultrapassagem foi de 3%, também

considerando um degrau de -30ºC.

Figura 7.7 – Sinal de referência de temperatura e temperatura da mola, na ação de controle

7.2.5 Caso 5 – Sistema sem controle de temperatura e freqüência de excitação

variando entre 0 e 23 Hz

Na quinta situação, o sistema foi excitado com um sinal onde a freqüência de

excitação varia linearmente de 0 Hz a 23 Hz, em um intervalo de 150 seg, e em seguida,

0 150 300 450 600 75020

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Tempo [s]

Te

mp

era

ura

[m

]

Temperatura de referência

Temperatura da mola

Page 111: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

93

diminui a freqüência de 23 Hz a 0 Hertz. O tempo de duração do experimento foi de 300

segundos. A Fig. 7.8 mostra o espectrograma deste sinal.

Figura 7.8 – Sinal de excitação variando linearmente de 0 a 23 Hz e vice-versa.

O sinal de excitação inicia na freqüência de 0 Hz e vai aumentando a uma taxa

constante de 0,15 Hz/s até o tempo de 150 segundos. A partir deste tempo, a freqüência

começa a cair na mesma taxa, chegando a 0 Hz em 300s. A força de excitação oferecida

pelo motor com massa desbalanceada também segue o mesmo padrão da freqüência, onde

a taxa de aumento ou diminuição é de 0,016N/s. Desta forma, observa-se que a força de

excitação é de 2,45 N quando a freqüência atinge 23 Hz.

Novamente foram coletados dados para o sistema sem ação de controle, ou seja,

com temperatura fixa da mola de LMF. Nesta situação o sistema apresentou as curvas de

vibração conforme Figuras 7.9-a e 7.9-b. Observa-se novamente que o fato da mola se

encontrar a 35ºC, implica em menores amplitudes de vibração na ressonância quando

comparados com a mola a 63ºC, isto devido principalmente à diferença de amortecimento

que a mola oferece entre estas duas temperaturas.

50 100 150 200 2500

10

20

30

40

50

-200

-150

-100

-50

0

0 1 2 30

10

20

30

40

50

Amplitude [N]

Fre

quenc

ia [

Hz]

0 50 100 150 200 250 300

-202

Tempo [s]

Page 112: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

94

(a) mola a 35ºC (b) mola a 63ºC

Figura 7.9 – Vibração do sistema sem ação de controle quando submetido a uma freqüência de excitação de 0 Hz a 23 Hz.

Para fazer uma comparação mais criteriosa entre os sistemas sem controle e com

controle de temperatura da mola, foi coletado o tempo em que o sistema fica no estado de

ressonância, estado este com amplitudes de vibração acima de 1 mm. Na Figura 7.9-a

aconteceram duas faixas de ressonância. A primeira faixa de ressonância aconteceu entre

87,6 s. e 105,6 s., ou seja, um tempo de 18 segundos na região de ressonância. E a segunda

região de ressonância iniciou em 195s e finalizou em 213,8s, com duração de 18,8s em

estado de ressonância.

Já na Figura 7.9-b, quando a mola esta a 63°C, a primeira região de ressonância

iniciou em 98,5s e finalizou em 124,5s resultando em uma duração de 26s em regime de

ressonância. Já a segunda região de ressonância, quando a freqüência de excitação

diminuía de 23Hz para 0Hz, teve inicio em 171,5s e finalizou em 201s, resultando num

tempo de 29,5s em estado de ressonância.

7.2.6 Caso 6 – Sistema com controle de temperatura e freqüência de excitação

variando entre 0 e 23 Hz

A Fig. 7.10 mostra a vibração do sistema, sob ação de controle de temperatura da

mola de LMF, quando aplicado um sinal de excitação como apresentado na Fig. 7.8.

Observa-se na Fig. 7.10 que o sistema passou por duas regiões de ressonância. A primeira

região de ressonância iniciou em 100s e finalizou em 116s tendo uma duração de 16s em

situação de ressonância. Já a segunda região de ressonância iniciou em 198s e terminou em

0 50 100 150 200 250 300-0.01

-0.008

-0.006

-0.004

-0.002

0

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01A

mp

litu

de

[m

]

Tempo [s]

0 50 100 150 200 250 300-0.01

-0.008

-0.006

-0.004

-0.002

0

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

Am

plitu

de

[m

]

Tempo [s]

Page 113: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

95

205s, te um tempo de duração de 7 segundos. Se for comparado os períodos na região de

ressonância entre as Figuras 7.9 e 7.10, observamos que o sistema com controle reduziu o

tempo em pelo menos 2 segundos na região crítica. Na melhor situação, o sistema com

controle de temperatura reduziu o tempo de ressonância em 22 segundos.

O sistema com controle também apresentou uma redução nas amplitudes de

vibração quando comparados com os resultados da Fig. 7.9-b, em torno dos 200seg.,

momento este em que o sistema passava por uma situação de ressonância. No entanto, em

torno dos 90seg., quando o sistema passava pela primeira vez na ressonância, as

amplitudes se mostraram maiores quando comparados com a situação da Fig. 7.9-a. Isto

também se deve à diferença de amortecimento em que a mola oferece nas duas situações

comparadas.

Figura 7.10 – Vibração do sistema com ação de controle quando submetido a uma

freqüência de excitação de 0 Hz a 23 Hz.

A Fig. 7.11 mostra a evolução da temperatura da mola no tempo, em relação a uma

variação prevista da temperatura de referência. Observa-se que o sistema não acompanhou

bem a referência, devido à carga térmica aplicada à mola ser menor que a necessária. Para

que o sistema de aquecimento acompanhe um aumento na temperatura referência é

necessária a aplicação de uma corrente maior que a utilizada, que foi de 18 amperes para a

mola em questão.

0 50 100 150 200 250 300-0.01

-0.008

-0.006

-0.004

-0.002

0

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

Am

plitu

de

[m

]

Tempo [s]

Page 114: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

96

Figura 7.11 – Sinal de referência de temperatura e temperatura da mola, na ação de

controle para o sistema excitado com frequências de 0 a 23 Hz.

0 50 100 150 200 250 30020

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Tempo [s]

Te

mp

era

tura

[C

]

Temperatura de referência

Temperatura da mola

Page 115: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

97

CAPÍTULO VIII

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

8.1 CONCLUSÕES

a) Apesar do trabalho se tratar de controle dos níveis de vibração de um sistema com 1

grau de liberdade, e a estratégia adotada para o controle tenha como base utilizar a

propriedade de rigidez variável da mola SMA, e com isso evitar a aproximação da

freqüência de excitação com a freqüência natural do sistema, o parâmetro controlado

foi a temperatura de uma mola helicoidal de Níquel-Titânio que possui características

das ligas com memória de forma. Resultados deste controle de temperatura da mola

mostraram que foi possível uma redução em até 85% das amplitudes de vibração;

b) Para a caracterização das temperaturas de transformação da liga, foi utilizado um

calorímetro de varredura diferencial, e verificou-se que a 35°C a mola se encontra na

fase rombohedral, ou fase R e na temperatura de 63°C a mola se encontra na fase

austenítica. Enquanto que na fase R o amortecimento é alto e rigidez é baixa, na fase

austenítica estas características se invertem. Estas mudanças simultâneas de rigidez e

amortecimento ocorrem em grau menor acima de 63°C e abaixo de 35°C. Conclui-se

então que a faixa de temperatura entre 35ºC e 63ºC foi a ideal para controlar os níveis

de vibração do sistema em estudo;

c) Ainda com relação à faixa de temperatura que foi trabalhada, após uma análise do

comportamento da rigidez em função da temperatura, percebeu-se que a rigidez da

mola apresentava o mesmo valor na temperatura de 35°C, seja durante o aquecimento

Page 116: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

98

ou no resfriamento da liga. Este comportamento também ocorreu à 63°C, no entanto

com uma rigidez 1,47 vezes maior que na temperatura de 35°. Conclui-se também que

a análise da rigidez em função da temperatura pode indicar temperaturas de referência

para o sistema de controle. Por outro lado, quanto ao efeito da variação do fator de

amortecimento (cerca de 3x do valor de referência), também se obteve resultados

interessantes do ponto de vista da escolha da LMF, que apresentou um comportamento

viscoelástico semelhante aos materiais típicos usados como absorvedores de vibração.

d) Quanto ao controlador utilizado para controlar a temperatura da mola foi adotado um

modelo do tipo fuzzy, onde existiram duas temperaturas de referência, 35°C e 63°,

conforme concluído anteriormente. O controlador fuzzy apresentou resultados positivos

na redução dos níveis de vibração nas condições analisadas, usando a estratégia de

escolher uma freqüência de referência de 15,2 Hz, onde se tem um ponto de mínimo

local em termos de amplitude nas curvas simuladas;

e) Com relação ao efeito da mudança da rigidez, a redução dos níveis de vibração ocorre

devido a mudança da freqüência natural quando o sistema entra em ressonância. Já com

relação à contribuição do amortecimento na redução das amplitudes de vibração do

sistema, verifica-se que apesar de existir uma faixa de ocorrência de ressonância entre

as fases austenítica e rombohedral, as menores amplitudes de ressonância ocorrem na

fase R, devido ao alto amortecimento desta fase. Resultados mostraram que nos

momentos em que a mola se encontrava na fase rombohedral, as amplitudes de

vibração do sistema apresentavam valores máximos de pico de 2,5 milímetros durante

a ressonância. Já na fase austenítica, as amplitudes de vibração chegariam a 7

milímetros de pico durante a ressonância. Conclui-se a mudança de amortecimento e

rigidez que estas ligas possuem influenciam de maneira distinta na redução dos níveis

de vibração;

f) O controle de temperatura conseguiu aquecer e resfriar no momento em que esta ação

foi solicitada numa taxa da ordem de 1,3 ºC/s que é considerada baixa para esta

situação. Dependendo da composição de liga, as temperaturas de transformação

mudam e a faixa utilizada neste trabalho (entre 35ºC e 63ºC) pode ser reduzida

dependendo do tipo de aplicação;

Page 117: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

99

g) A LMF apresentou uma histerese da ordem de 14°C, entre os picos da fase austenítica e

da fase rombohedral. Esta é a diferença de temperatura que o sistema tem que superar

para reduzir os níveis de vibração, seja esta diferença no aquecimento ou resfriamento.

A passagem de corrente elétrica através da mola de LMF foi o método adotado no

aquecimento e a convecção forçada para o resfriamento. Ficou claro que a eficiência do

controle está na taxa de energia térmica aplicada ou retirada na mola de LMF. Ou seja,

quanto maior esta taxa, mais rapidamente a histerese é superada e consequentemente

mais eficiente é o controle de vibrações;

8.2 SUGESTÕES

a) O estudo realizado foi desenvolvido utilizando um sistema clássico massa-mola

com 1 grau de liberdade. É interessante que a pesquisa tenha continuidade com a

aplicação em equipamentos do tipo mesa vibratória onde os modos de vibração

sejam mais complexos ou noutros que necessitem um controle de vibração.

b) A eficiência da resposta de um atuador de LMF está diretamente ligada à

quantidade de calor que estes materiais devem receber ou ceder. Neste trabalho foi

utilizada uma mola de LMF que requeria quantidades de calor consideráveis devido

à massa que deveria ser aquecida ou resfriada. Desta forma, faz-se necessária uma

investigação mais aprofundada acerca do tempo de resposta de atuadores com

memória de forma onde seja desenvolvida uma relação entre massa do atuador e a

carga térmica requerida para a ação.

c) O resfriamento da mola de LMF deste trabalho foi feito através de convecção

forçada onde a temperatura do ar estava em torno dos 25ºC. Uma pesquisa

utilizando células de peltier pode ser desenvolvida para que a taxa de calor retirada

da mola possa ser melhorada, e com isso pode ser melhorado o tempo de resposta

para o resfriamento.

Page 118: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

100

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Page 125: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

107

ANEXO A

MODELOS DE SISTEMAS COM 1 GDL

A.1. VIBRAÇÃO FORÇADA CAUSADA POR EXCITAÇÃO HARMÔNICA

Considere a equação do movimento de um sistema massa-mola-amortecedor com 1

grau de liberdade com uma força de excitação F(t) agindo sobre ele, conforme mostrado na

Fig. A.1.

Figura A.1 – Sistema rotativo desbalanceado com 1 gdl

A Equação (a.1) define o sistema mostrado na Fig. A.1

)(.. tFkxxcxm =++ &&& (a.1)

A Equação (a.1) é uma equação diferencial ordinária linear e não-homogênea com

uma força de excitação F(t) do tipo harmônica e descrita como:

)t.(sen.)t( ωFoF = (a.2)

Onde:

Fo é a amplitude de excitação;

ω é a freqüência de excitação.

c k

x(t) m

md

dx

ω

Page 126: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

108

Um caso especial de vibrações excitadas por forças harmônicas ocorre em máquinas

rotativas com massa desbalanceada. Nestes casos o sistema é excitado por uma massa

desbalanceada com uma velocidade angular ω e com uma excentricidade dx. Esta força de

desbalanceamento é dada por:

Fo(t) = md.dx.ω2.sen (ω.t) (a.3)

Desta forma, a Eq. (a.1) é escrita:

)t.(sen..... 2 ωωxd dmkxxcxm =++ &&& (a.4)

A solução para determinar os deslocamentos da massa m no tempo pode ser

encontrada através do método dos coeficientes indeterminados. Um método que pode ser

usado envolve aplicar o método dos coeficientes indeterminados (BOYCE e DIPRIMA,

1986). Assim a solução da equação do movimento (a.4) envolve a soma da solução

homogênea xh(t) e da solução particular xp(t):

)t()t()t( ph xxx += (a.5)

A solução homogênea xh(t) corresponde a solução do sistema quando F(t)=0 e

representa um termo transitório provocado pela resposta livre.

A solução permanente xp(t) depende da freqüência de excitação e é uma resposta em

regime permanente. Fisicamente, a solução em regime permanente xp(t) segue a excitação

F(t) com uma amplitude Xp e fase ϕ em relação a excitação do tipo senoidal, assim a

solução da parte permanente é do tipo:

)t(sen)t( ϕω −= pXxp (a.6)

Derivando a Eq. (a.6) e substituindo na Eq. (a.4) chega-se a amplitude de resposta Xp

do sistema:

Page 127: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

109

( ) ( )2222 .. ωω cmk

FXp

+−= (a.7)

Se for considerado a razão de freqüências r=ω/ωn , onde mk /n =ω , o fator de

multiplicação da força de excitação é:

222 )..2()1(

1.),(

rrF

kXprM

ςς

+−== (a.8)

Onde ζ é o fator de amortecimento

Já a fase ϕ pode ser escrita como:

−= −

21

1

..2tan

r

rςϕ (a.9)

A solução final da equação do movimento para um sistema sub-amortecido, 0<ζ<1,

pode ser escrita como:

).(.)..2()1(

/).()...exp(.)(

222ϕω

ςφωως −

+−++−= tsen

rr

kFtsentXhtx dn (a.10)

sendo Xh a amplitude máxima do deslocamento e φ a fase, definidas por:

d

dn xxvXh

ω

ωως 20

200 ).()..( ++

= (a.11)

+= −

00

01

..

.tan

xv

x

n

d

ως

ωφ (a.12)

Examinando a Eq. (a.10), é possível mostrar duas observações:

Page 128: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

110

• Quando o tempo t é grande (t→ ∞) o termo transiente xh(t) se torna muito pequeno

e consequentemente a resposta de regime permanente xp(t) fica predominante na resposta

final x(t).

• Caso a freqüência de excitação ω seja igual ou próxima da freqüência natural ωn, a

razão r tende a 1. Este fenômeno resulta no aumentyo considerável das amplitudes de

vibração ou do fator de ampliação M (r,ζ) , dependendo do valor do ζ do sistema.

A Fig. (A.2) ilustra como o valor da razão de freqüência r e do fator de

Amortecimento ζ afetam as amplitudes na condição de ressonância, quando r=1. Esta

figura ilustra o fator de ampliação M (r,ζ) para vários valores de ζ. É possível perceber

uma faixa próxima a r=1 onde existe uma ampliação nas amplitudes de vibração, esta

região é conhecida como faixa de ressonância.

É interessante também observar pela Eq. (a.7) que quando ζ=0 e r=1 o valor de

Xp→∞.

Figura A.2 - Curvas de ampliação de amplitudes de vibração para um sistema com 1

gdl.

Pode-se definir também a largura de banda (Bandwidth) BW como sendo o valor da

freqüência em que a magnitude de vibração Xp.k=F fica abaixo de 70,7%, que corresponde

Page 129: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

111

a um decaimento de -3dB. A largura da banda BW pode ser relacionada ao fator de

amortecimento ζ através da expressão:

2.4.4).21(. 242 +−+−= ςςςωnBW (a.13)

A.2. VIBRAÇÃO LIVRE COM AMORTECIMENTO POR HISTERESE

O amortecimento estrutural ou histerético presente em sistemas com vibração livre,

resulta do atrito entre as moléculas de um corpo quando o mesmo é submetido à

deformações.

Considerando um sistema com um grau de liberdade conforme mostrado na Fig.

A.1, a força F(t) necessária para causar um deslocamento x(t) é dada por:

xcxktF &..)( += (a.14)

Considerando um movimento harmônico de freqüência ω e amplitude X, os

deslocamentos passam a ser dados:

)t.(sen.)t( ωXx = (a.15)

A equação (a.15) e sua derivada substituídas na Eq. (a.14), resulta em:

)t.cos(..)t.(sen..)t( ωωω XcXkF += (a.16)

Ou ainda:

)t.(1..)t.(sen..)t( 2 ωωω senXcXkF −±= (a.17)

A Figura A.3 mostra a energia dissipada pelo amortecimento em um ciclo de

movimento. A energia dissipada em cada ciclo é dada pela área da elipse inclinada, onde

esta energia é representada pela Eq. (a.18).

Page 130: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

112

Figura A.3 – Energia dissipada pelo amortecimento em 1 ciclo

∫ ==∆ 2.... XcdxFW ωπ (a.18)

Como a mola e o amortecedor estão ligados em paralelo, e considerando um

movimento harmônico do tipo x(t)=X.ei.ω.t, a Eq. (a.14) passa a ser da forma:

t...ti. e...e..)t( ωω ω iXciXkF += (a.19)

Ou ainda:

)t(..

1.)t( xk

ci.kF

+=

ω (a.20)

A Equação (a.20) pode ser reescrita da forma:

)t(.)t( * xkF = (a.21)

Onde o termo k* é a rigidez complexa do sistema.

O parâmetro µ=ωn.c/k, é definida como a medida adimensional do amortecimento

também conhecido como fator de perda.

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4-6

-4

-2

0

2

4

6

Deslocamento

Forç

a

- X x X

22.. xXc −ω

xk.

Page 131: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

113

A Equação (a.26) define o sistema excitado harmonicamente com amortecimento

histerético:

t..e.)..1(. ωµ iFoxikxm =++&& (a.22)

A solução em regime permanente da Eq.(a.22) é da forma:

+

=

µω

ω

ω

.1

.)(

2

..

ik

eFotx

n

ti

(a.23)

A.3. DECREMENTO LOGARÍTMICO

Em termos de µ, a perda de energia por ciclo vale:

2... XkW µπ=∆ (a.24)

Sob amortecimento por histerese (estrutural), o decréscimo da amplitude por ciclo pode ser

determinado usando um balanço de energia. Tomando a diferença de energia entre dois

pontos que determinam um período de meio ciclo da resposta amortecida, temos que:

4

..

4

...

2

.

2

. 25,0

225,0

2++

+=−jjjj XkXkXkXk πµπ

(a.25)

Ou ainda,

µπ

µπ

.2

.2

5,0 −

+=

+j

j

X

X (a.26)

Da mesma forma, a diferença de energia para o meio ciclo seguinte produz:

Page 132: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

114

µπ

µπ

.2

.2

1

5,0

+=

+

+

j

j

X

X (a.27)

Multiplicando (a.26) por (a.27), temos:

µπ

µπ

.2

.2.

11

5,0

5,0 −

+==

++

+

+ j

j

J

j

j

j

X

X

X

X

X

X (a.28)

O fator de amortecimento viscoso equivalente pode ser encontrado igualando-se as

relações para o decremento logarítmico:

+=

=

−=

+ µπ

µπ

ς

ςπδ

.2

.2lnln

1

..2

12

j

j

X

X

(a.29)

Onde:

k

cnequiv .2

.

2.

ωµς == (a.30)

Assim, a constante de amortecimento equivalente (cequiv) é dada por:

n

kc

ω

µ.= (a.31)

A.4. FUNÇÃO DE RESPOSTA AO IMPULSO (IRF)

Uma situação muito comum em análise de vibrações e em problemas de dinâmica

estrutural é focar na análise transiente da resposta. Nestes casos uma entrada do tipo

impulso ocupa um lugar de destaque. A resposta ao impulso basicamente tem a forma da

resposta as condições iniciais do caso homogêneo. Muitos sistemas mecânicos são

excitados por carregamentos que são aplicados por um tempo breve. Matematicamente,

Page 133: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

115

estas situações são modeladas usando uma representação matemática chamada de impulso

unitário ou função delta de Dirac δ(t – a). Esta representação matemática é definida como:

=∞

≠=−

aa

t,

0 t,0)t(δ (a.32)

Onde

∫∞

∞−=− 1).t( dtaδ (a.33)

Assim a equação do movimento para um sistema massa-mola-amortecedor com um

grau de liberdade é descrita por:

)t(.. akxxcxm −=++ δ&&& (a.34)

A resposta da Eq. (a.16) para o caso subamortecido é escrita como:

<

>=

at , 0

at,m

)t(sene)t(x

d

dt- n

ω

ωως

(a.35)

onde 21. ςωω −= nd é a freqüência natural amortecida. A resposta do sistema quando a

excitação aplicada é uma função impulso unitário é tão importante que nestes casos x(t) é

chamada de função de resposta ao impulso (IRF) e escrita como sendo h(t). Quando a = 0 a

IRF de um sistema de um grau de liberdade é escrita como:

n

dt

m

eth

n

ω

ωως

.

)t.(sen)(

..−

= (a.36)

Page 134: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

116

ANEXO B

DIAGRAMAS DE BLOCOS DO LABVIEW

Figura B1 - Diagrama de blocos do controle de temperatura para o “caso 4”

Page 135: controle de vibração de um sistema sob desbalanceamento rotativo

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Figura B2 - Diagrama de blocos do controle de temperatura para o “caso 6”