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Aula 01 Controle Externo da Administração Pública p/ TCE-PE (Todos os Cargos) Com videoaulas Professor: Erick Alves

Controle Externo da Administração Pública p/ TCE-PE (Todos … · O exercício da função fiscalizadora envolve ainda a apre ciação da legalidade dos atos de concessão de aposentadorias,

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    Controle Externo da Administrao Pblica p/ TCE-PE (Todos os Cargos) Comvideoaulas

    Professor: Erick Alves

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    AULA 01

    Ol pessoal!

    Nosso objetivo nesta aula abordar importantes aspectos doutrinrios e constitucionais sobre controle externo.

    Seguiremos o seguinte sumrio:

    SUMRIO

    Tribunais de Contas: funes, natureza jurdica e eficcia das decises ......................................... 3

    Funes dos Tribunais de Contas ........................................................................................................................... 3

    Natureza Jurdica dos Tribunais de Contas ..................................................................................................... 12

    Natureza e Eficcia das decises dos Tribunais de contas ....................................................................... 17

    Natureza das fiscalizaes ...................................................................................................................................... 27

    Sistemas Administrativos ........................................................................................................................................ 31

    Sistema Administrativo Brasileiro ........................................................................................................... 33

    Mais questes de prova ............................................................................................................................................ 37

    RESUMO DA AULA ..................................................................................................................................................... 56

    Questes comentadas na Aula .............................................................................................................................. 58

    Gabarito ............................................................................................................................................................................. 66

    Ao final temos o resumo da aula e as questes que foram comentadas, seguidas do gabarito.

    Preparado (a)? Vamos l!

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    TRIBUNAIS DE CONTAS: FUNES, NATUREZA JURDICA E EFICCIA DAS DECISES

    Antes de iniciar, vale ressaltar que, embora a maior parte das consideraes apresentadas neste captulo faa referncia s caractersticas da Corte de Contas Federal, elas tambm se aplicam s funes, natureza jurdica e eficcia das decises dos demais Tribunais de Contas, estaduais ou municipais, incluindo o TCE-PE.

    FUNES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

    As funes nada mais so que uma forma de sistematizar as diversas competncias que foram conferidas pela Constituio Federal - e tambm por outras normas - ao TCU e, por simetria, aos demais Tribunais de Contas, dando uma ideia geral da natureza das atividades exercidas pelos rgos de controle externo.

    De acordo com publicao institucional do TCU1, as funes dos Tribunais de Contas podem ser agrupadas da seguinte maneira:

    A seguir veremos exemplos de algumas competncias dos Tribunais de Contas abrangidas por cada uma dessas nove funes. Por ora, as referidas competncias sero apenas mencionadas, para exemplificar as caractersticas de cada funo, visto que o estudo detalhado das atribuies dos TCs ser realizado nas prximas aulas.

    1 Conhecendo o Tribunal. Braslia: TCU, 2008.

    Fiscalizadora Judicante Sancionadora

    Consultiva Informativa Corretiva

    Normativa De ouvidoria Pedaggica

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    Funo fiscalizadora (ou fiscalizatria, ou de fiscalizao)

    A maioria das competncias atribudas ao TCU e aos demais Tribunais de Contas est inserida na funo fiscalizadora. As atividades dessa funo caracterizam-se pelo exame de uma situao ou condio (p.ex. a prtica de um ato administrativo), tendo como referncia um critrio ou padro (p.ex. uma norma legal), com o objetivo de verificar em que medida a situao ou condio est de acordo com o critrio ou padro. A funo fiscalizadora compreende a realizao de levantamentos, auditorias, inspees, acompanhamentos e monitoramentos, relacionados com a fiscalizao de atos e contratos administrativos em geral (CF, art. 71, IV).

    O exerccio da funo fiscalizadora envolve ainda a apreciao da legalidade dos atos de concesso de aposentadorias, reformas e penses e de admisso de pessoal (CF, art. 71, III), a fiscalizao da aplicao de recursos repassados pela Unio mediante convnios e outros instrumentos congneres a Estados, Municpios e DF (CF, art. 71, VI), assim como a fiscalizao das contas nacionais das empresas supranacionais (CF, art. 71, V).

    Funo judicante (ou jurisdicional, ou de julgamento)

    O Tribunal de Contas exerce a funo judicante quando julga as contas dos administradores e dos demais responsveis por bens e valores pblicos (contas ordinrias e extraordinrias), e tambm quando julga as contas dos responsveis por causar prejuzo ao errio (tomada de contas especial) (CF, art. 71, II). Ao julgar as contas, o Tribunal decide se elas so regulares, regulares com ressalva ou irregulares.

    Perceba que, por fora da parte final do art. 71, II da CF, sempre que, na administrao do patrimnio pblico, houver desvio de recursos ou prtica de ato de que resulte dano ao errio, o responsvel pelo prejuzo dever ter suas contas julgadas pela Corte de Contas competente. Se o prejuzo foi causado ao patrimnio da Unio, o julgamento caber ao TCU; se o dano atingiu o patrimnio do Estado de Pernambuco, o julgamento ser de competncia do TCE/PE, e assim por diante.

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    Funo sancionadora (ou sancionatria, ou punitiva)

    A funo sancionadora surge quando da aplicao das sanes previstas em lei, seja na Lei Orgnica do TC, seja em outras leis (CF, art. 71, VIII).

    Essas sanes podem compreender, isolada ou cumulativamente:

    aplicao, ao agente pblico, de multa proporcional ao valor do prejuzo causado ao errio;

    cominao de multa ao responsvel por contas julgadas irregulares, por ato irregular, ilegtimo ou antieconmico, por no-atendimento de diligncia ou determinao do Tribunal, por obstruo ao livre exerccio de inspees ou auditorias e por sonegao de processo, documento ou informao;

    inabilitao do responsvel para o exerccio de cargo em comisso ou funo de confiana no mbito da Administrao Pblica;

    declarao de inidoneidade do responsvel, por fraude em licitao, para participar, por at cinco anos, de certames licitatrios promovidos pela administrao pblica;

    decretao da indisponibilidade de bens.

    Duas observaes importantes:

    (1) ao impor sanes o Tribunal dever permitir o contraditrio e a ampla defesa;

    (2) nos processos de contas, a eventual cobrana do prejuzo causado ao errio (imputao de dbito) tem natureza de responsabilizao civil, com a finalidade de recompor os cofres lesados pela ao do agente pblico. Ou seja, cobrar dbito no impor sano. Logicamente, caso seja cabvel, o Tribunal poder impor sanes juntamente cobrana do dbito.

    Funo consultiva (ou de consulta, ou opinativa)

    A funo consultiva exercida mediante a elaborao de parecer prvio, de carter essencialmente tcnico, sobre as contas prestadas anualmente pelo chefe do Poder Executivo, a fim de subsidiar o julgamento a cargo do Poder Legislativo (CF, art. 71, I; art. 49, IX). Da

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    mesma forma, no caso do TCU, compreende a emisso de pareceres prvios sobre as contas de governo de territrios (CF, art. 33, 2).

    Inclui tambm o exame, sempre em tese, de consultas feitas por autoridades legitimadas para formul-las, a respeito de dvidas na aplicao de dispositivos legais e regulamentares concernentes s matrias de competncia do Tribunal (LO/TCE-PE, art. 2, XIV).

    Outro exemplo de atividade abrangida pela funo consultiva o parecer sobre indcios de despesas no autorizadas (CF, art. 72, 1), emitido por solicitao da comisso de deputados e senadores prevista no art. 166, 1 da CF Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao (CMO).

    Funo informativa (ou de informao)

    A funo informativa exercida quando da prestao de informaes solicitadas pelo Congresso Nacional, por suas Casas ou por qualquer das respectivas Comisses, sobre a fiscalizao exercida pelo Tribunal (CF, art. 71, VII).

    Compreende, ainda, representao ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados (CF, art. 71, XI), assim como o encaminhamento ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, de relatrio das atividades do Tribunal (CF, art. 71, 4).

    Inclui tambm a emisso de alertas destinados aos rgos e Poderes da Unio, como os alertas sobre ultrapassagem de 90% dos limites de gastos com pessoal, endividamento, operaes de crdito e concesso de garantias e demais previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, art. 59, 1).

    Outro exemplo a informao prestada ao Ministrio Pblico Eleitoral acerca da lista de responsveis que tiveram suas contas julgadas irregulares, para fins de aplicao da norma de inelegibilidade (LO/TCE-PE, art. 96, III).

    Funo corretiva

    O Tribunal de Contas exerce a funo corretiva ao:

    emitir determinaes, de carter compulsrio, para corrigir falhas ou impropriedades (LO/TCE-PE, art. 61, 1);

    fixar prazo para cumprimento da lei, se verificada ilegalidade (CF, art. 71, IX);

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    sustar ato impugnado (CF, art. 71, X).

    Funo normativa (ou regulamentar)

    Decorre do poder regulamentar conferido ao TCU por sua Lei Orgnica, que lhe faculta a prerrogativa de expedir instrues e atos normativos (de cumprimento obrigatrio, sob pena de responsabilizao) acerca de matrias de sua competncia e a respeito da organizao dos processos que lhe devam ser submetidos (LO/TCU, art. 3). A Lei Orgnica do TCE-PE, em seu art. 4, tambm prev tal competncia para o Tribunal de Contas Estadual.

    Funo de ouvidoria (ou de ouvidor)

    Reside na possibilidade de o Tribunal de Contas receber denncias e representaes relativas a irregularidades ou ilegalidades que lhe sejam comunicadas por responsveis pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato (CF, art. 74, 1 e 2). Essa funo tem fundamental importncia no fortalecimento da cidadania e na defesa dos interesses difusos e coletivos, sendo importante meio de colaborao com o controle.

    Cabe frisar que, na apurao das denncias e representaes, o Tribunal exerce a funo fiscalizatria.

    Funo pedaggica

    O Tribunal de Contas atua de forma pedaggica quando orienta e informa sobre procedimentos e melhores prticas de gesto, mediante publicao de manuais e cartilhas, realizao de seminrios, reunies e encontros de carter educativo ou, ainda, quando recomenda a adoo de providncias em auditorias de natureza operacional.

    O carter educativo surge tambm quando da aplicao de sanes a responsveis por irregularidades ou prticas lesivas aos cofres pblicos, na medida em que tais punies funcionam como fator de inibio prtica de novas ocorrncias da espcie.

    ---------------------

    Antes de finalizar este tpico, cabe registrar que o TC quase nunca exerce apenas uma das suas funes isoladamente. O normal que as atuaes do Tribunal associem sempre duas ou mais delas. Por exemplo, ao julgar as contas de gesto, o Tribunal pode aplicar penalidades e/ou

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    fazer determinaes. Assim, simultaneamente funo judicante, so exercidas as funes sancionadora e corretiva. Outro exemplo consiste no exerccio simultneo das funes consultiva e normativa quando o Tribunal responde a consulta que lhe seja formulada por autoridade competente, uma vez que, nesse caso, a resposta do Tribunal possui carter normativo (LO/TCE-PE, art. 2, XIV).

    Por fim, vale salientar que o rol de funes apresentado, no total de nove, no imperativo ou exaustivo, embora seja uma boa referncia retirada de uma publicao institucional do TCU. Com efeito, pode-se encontrar na doutrina sistematizaes diferentes para as atribuies dos Tribunais de Contas, mas que so apenas variaes das apresentadas anteriormente. Por exemplo, Nagel2 identifica sete grupos de funes ou atribuies: opinativa, consultiva e informativa; investigatrias; corretivas e cautelares; cautelares; jurisdicionais; declaratrias; e punitivas. J Hely Lopes Meirelles3 reduz sua anlise a quatro categorias: tcnico-opinativas, verificadoras, assessoradoras e jurisdicionais administrativas.

    1. (TCU ACE 2007 Cespe) A funo judicante expressa quando o TCU exerce a sua competncia infraconstitucional de julgar as contas de gesto dos administradores pblicos. Entretanto, no tocante s prestaes de contas apresentadas pelo governo federal, compete ao TCU apenas apreci-las e emitir parecer prvio, j que compete ao Congresso Nacional julg-las, com base na emisso do parecer emitido pela comisso mista permanente de senadores e deputados.

    Comentrio: verdade que o TCU exerce a funo judicante ao julgar as contas de gesto dos administradores pblicos. A competncia para tanto est expressa na prpria Constituio (art. 71, II), sendo apenas reproduzida na LO/TCU (art. 1, I). Portanto, a palavra infraconstitucional torna a questo errada. Da mesma forma, a funo judicante do TCE-PE est expressa na Constituio do Estado (art. 30, II), sendo apenas reproduzida na Lei Orgnica do Tribunal (art. 2, III).

    Cabe lembrar que, no tocante s contas prestadas pelo Chefe do Poder Executivo, o Tribunal de Contas emite parecer prvio, no vinculante, como subsdio ao julgamento realizado pelo Poder Legislativo. Nesse caso, o

    2 Apud. Lima (2011, p. 111). NAGEL, Jos. A fisionomia distorcida do controle externo. Revista do TCE MG, edio n 4, 2000.

    3 Apud. Lima (2011, p. 111). MEIRELES, H.L. Direito Administrativo Brasileiro. So Paulo, Malheiros Editores, 1997.

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    Tribunal de Contas exerce a funo consultiva.

    Gabarito: Errado

    2. (TCDF Procurador 2002 Cespe) Com relao aos tribunais de contas, entre as inovaes introduzidas pela LRF, encontra-se a instituio da funo cautelar de alertar os demais Poderes ou rgos nas situaes que especifique.

    Comentrio: Como vimos, o rol de funes que estudamos, no total de nove, no imperativo ou exaustivo, pois na doutrina podem-se encontrar sistematizaes diferentes para as atribuies dos Tribunais de Contas. A questo em tela menciona a funo cautelar, que incluiria os alertas previstos na LRF. Na aula, classificamos tais alertas na funo informativa. Perceba que as duas classificaes esto corretas, pois a informao prevista na LRF sob a forma de alerta tem carter cautelar, preventivo. A mesma atribuio poderia ser tambm classificada na funo assessoradora, segundo as categorias consideradas por Hely Lopes Meirelles. Portanto, para fins de prova, o importante conhecer as competncias do Tribunal de Contas e utilizar o bom senso na hora de responder uma questo que as classifique em alguma funo. No caso de uma questo discursiva em que seja necessrio discorrer sobre as funes dos Tribunais de Contas, creio que a apresentao das nove funes dadas na aula, seguidas de um ou dois exemplos, seja suficiente para uma boa resposta.

    Gabarito: Certo

    3. (TCE/ES Procurador Especial de Contas 2009 Cespe) Na CF, o controle externo foi consideravelmente ampliado. Nesse sentido, as funes que os TCs desempenham incluem a

    a) sancionatria, quando se aprovam as contas dos dirigentes e responsveis por bens e valores pblicos.

    b) de julgamento, quando se emite parecer prvio sobre as contas anuais dos chefes de poder ou rgo.

    c) de ouvidor, quando se respondem e esclarecem as dvidas de servidores sobre a aplicao da legislao oramentria e financeira.

    d) corretiva, quando se aplicam multas e outras penalidades aos responsveis por irregularidades.

    e) de fiscalizao financeira, quando se registram os atos de admisso do pessoal efetivo.

    Comentrio: Pede-se para escolher a alternativa correta. Ento, vamos analisar cada uma delas.

    A letra a est errada, pois os Tribunais de Contas exercem a funo judicante ou de julgamento - e no a funo sancionatria - quando

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    aprovam as contas dos administradores pblicos. Assim, a letra b tambm est errada. Com efeito, a emisso de parecer prvio faz parte da funo consultiva ou opinativa dos Tribunais de Contas.

    Quanto letra c, lembre-se que a funo de ouvidor exercida quando o Tribunal recebe denncias e representaes sobre irregularidades que lhe sejam comunicadas pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato. Ademais, o TCU somente decidir sobre consultas - exercendo sua funo consultiva - que sejam formuladas pelas autoridades competentes, as quais esto elencadas do art. 264, I a VII do RI/TCU, e que no incluem os servidores em geral. Portanto, a alternativa c tambm est errada.

    A funo corretiva, expressa na letra d, exercida quando os Tribunais de Contas emitem deliberaes com o objetivo de corrigir irregularidades ou impropriedades existentes na Administrao Pblica que foram constatadas nas atividades de controle. Assim, a assertiva est errada, pois quando aplicam multas e outras penalidades, os Tribunais de Contas exercem a funo sancionatria.

    Por fim, a letra e est correta, pois quando registram os atos de admisso de pessoal, assim como outras atividades de carter investigatrio e que envolvem anlise tcnica de informaes e documentos, os Tribunais de Contas exercem a funo fiscalizadora ou fiscalizatria. A professora Di Pietro a descreve como de fiscalizao financeira4, como est no quesito.

    Gabarito: alternativa e

    4. (TCE/RN Assessor Tcnico de Controle e Administrao 2009 Cespe) Uma das funes de competncia dos TCs, como definido na CF, a de ouvidor, caracterizada pelo recebimento de denncias de irregularidades ou ilegalidades formuladas tanto pelos responsveis pelo controle interno como por qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato.

    Comentrio: O item est perfeito. Na Constituio Federal, a funo de ouvidor exercida pelos TCs encontra-se positivada no art. 74, 1 e 2, consistindo na possibilidade de as Cortes de Contas receberem denncias e representaes relativas a irregularidades ou ilegalidades que lhe sejam comunicadas por responsveis pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato.

    Gabarito: Certo

    4 Apud. Lima (2011, p. 111). DI PIETRO, M.S.Z. Direito Administrativo. 19 edio, Atlas, 2006.

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    5. (TCE/AC ACE 2008 Cespe) Considerando as funes dos tribunais de contas, assinale a opo correta.

    a) A funo opinativa dos tribunais de contas se reveste de contedo vinculativo.

    b) A funo sancionadora ocorre quando os tribunais de contas, por exemplo, efetuam recolhimento da multa proporcional ao dbito imputado.

    c) A funo de fiscalizao dos tribunais de contas compreende as aes relativas ao exame e realizao de diligncias relacionadas a recursos de alienao dos ativos.

    d) O julgamento das contas dos responsveis por bens e valores pblicos constitui funo corretiva dos tribunais de contas.

    e) Assiste aos tribunais de contas o poder regulamentar, tambm chamado de normativo, que, em certos casos, pode ir alm de sua competncia e jurisdio.

    Comentrio: Vamos analisar cada alternativa:

    (a) errada, pois a funo opinativa dos tribunais de contas, como o prprio nome j diz, no possui contedo vinculativo, podendo-se citar como exemplo a emisso de parecer prvio sobre as contas do Chefe do Executivo;

    (b) errada, pois a funo sancionadora ocorre na aplicao - e no no recolhimento - da multa. Ademais, quem a recolhe o responsvel, no o Tribunal!

    (c) certa, tendo como exemplo a fiscalizao exercida pelo TCU nos processos de privatizao de instituies pblicas federais, em que ocorre a alienao de ativos para a iniciativa privada;

    (d) errada, pois o julgamento de contas inerente funo judicante, e no funo corretiva. Esta, por sua vez, exercida quando da emisso de determinaes para corrigir falhas ou impropriedades, na fixao de prazo para o exato cumprimento da lei ou, ainda, na sustao de ato impugnado;

    (e) errada, pois o poder regulamentar que assiste ao Tribunal de Contas apenas pode ser exercido no mbito de sua competncia e jurisdio (LO/TCU, art. 3).

    Gabarito: alternativa c

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    NATUREZA JURDICA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

    Para estudarmos a natureza jurdica dos Tribunais de Contas, vamos adotar como roteiro o enunciado da seguinte questo discursiva:

    (TCU ACE 2008 - Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo com a Constituio Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos:

    natureza jurdica do TCU;

    relao entre o TCU e o Poder Legislativo;

    eventual vinculao hierrquica da Corte de Contas com o Congresso Nacional.

    Natureza jurdica dos Tribunais de Contas

    A doutrina majoritria classifica os Tribunais de Contas como rgos administrativos, autnomos e independentes, de estatura constitucional.

    Por serem rgos, os TCs no possuem personalidade jurdica prpria. A personalidade jurdica de cada Tribunal de Contas a mesma da pessoa jurdica de direito pblico a qual se vinculam. Assim, a personalidade jurdica do TCU a mesma da Unio, enquanto a do TCE-PE a mesma do Estado de Pernambuco.

    No obstante a ausncia de personalidade jurdica prpria, os Tribunais de Contas possuem capacidade para figurar em juzo, ativa ou passivamente, na defesa das suas competncias e direitos prprios (capacidade postulatria). Com efeito, frequentemente so impetrados mandados de segurana ou outras aes judiciais contra decises das Cortes de Contas, ocasies nas quais elas se situam no polo passivo da lide.

    Poder Legislativo e Tribunal de Contas inexistncia de vinculao hierrquica

    Os Tribunais de Contas, apesar de serem Tribunais, no pertencem ao Poder Judicirio. Tampouco pertencem ao Poder Legislativo, apesar de o auxiliarem no controle externo da Administrao Pblica. De fato, os TCs no esto subordinados hierarquicamente a nenhum dos trs Poderes: o Presidente do TCU no deve obedincia ao Presidente do Congresso Nacional, titular do controle externo, e muito menos ao Presidente do STF ou ao Presidente da Repblica. Similarmente, o Presidente do TCE-PE

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    tambm no responde ao Presidente da Assembleia Legislativa, ao Governador do Estado, tampouco ao Presidente do TCU.

    Por outro lado, da mesma forma que o Ministrio Pblico, os Tribunais de Contas tambm no constituem, por si s, um Poder. Diz-se que a tripartio clssica dos Poderes do Estado Executivo, Legislativo e Judicirio no suficiente para abarcar o perfil institucional dos TCs, rgos de estatura constitucional que possuem competncias prprias e privativas, relacionadas ao controle externo da Administrao Pblica.

    No exerccio do controle externo, a Constituio Federal reservou ao TCU e por simetria, aos demais TCs estaduais e municipais atividades de cunho tcnico, como a realizao de auditorias e o exame e julgamento da gesto dos administradores pblicos. O Poder Legislativo representado pelo Congresso Nacional no plano federal, pelas Assembleias Legislativas e Cmaras Municipais nos Estados e Municpios e pela Cmara Legislativa no Distrito Federal -, embora titular do controle externo, no pode exercer nenhuma das atribuies conferidas exclusivamente s Cortes de Contas.

    No campo do controle externo, cabe ao Legislativo atividades de cunho poltico, tambm previstas na Constituio, a exemplo do julgamento das contas prestadas pelo Chefe do Poder Executivo, sem qualquer relao administrativa, hierrquica ou mesmo de coordenao com os Tribunais de Contas. Assim, por exemplo, a Assembleia Legislativa no tem competncia para realizar diretamente uma auditoria contbil em uma Secretaria de Governo do Estado de Pernambuco. Deve solicit-la ao TCE-PE. Este, por sua vez, no realizar a referida fiscalizao por causa de uma eventual subordinao Assembleia Legislativa, e sim por que tal atividade da sua competncia privativa, conferida diretamente pela Constituio do Estado (CE-PE, art. 30, IV), seguindo o modelo delineado na Constituio Federal (CF, art. 71, IV).

    Dessa forma, ao prescrever que o controle externo ser realizado pelo Poder Legislativo com o auxlio do Tribunal de Contas, a Constituio no est criando alguma relao de subordinao entre eles. Pelo contrrio, a interpretao que deve ser dada ao caput do art. 71 da Carta Magna, assim como ao caput do art. 30 da CE-PE, que o controle externo da Administrao Pblica, a cargo do Poder Legislativo, no poder ser realizado seno com o auxlio tcnico do respectivo Tribunal de Contas, que inafastvel e imprescindvel.

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    Para reforar a independncia dos Tribunais de Contas, a Carta Magna Federal lhes assegura autonomia funcional, administrativa, financeira e oramentria, garantindo-lhes quadro prprio de pessoal (CF, art. 73), e estendendo-lhes, no que couber, as atribuies relativas auto-organizao do Poder Judicirio, previstas no art. 96 da CF, como elaborar seu Regimento Interno e organizar sua Secretaria e servios auxiliares. Por simetria, tais garantias tambm esto presentes no art. 33 da Constituio do Estado, assegurando a autonomia do TCE-PE.

    Ademais, como garantia de independncia e autonomia, a Constituio Federal assegura aos Tribunais de Contas a iniciativa exclusiva de projetos de lei para propor alteraes e revogaes de dispositivos das respectivas Leis Orgnicas. Assim, no cabe ao Legislativo ou ao Executivo a iniciativa de propostas tendentes a alterar a Lei Orgnica do TCE-PE, sob pena de vcio de iniciativa.

    Todavia, para fins oramentrios e de responsabilidade fiscal, os Tribunais de Contas esto associados ao Poder Legislativo, uma vez que, nas leis oramentrias, as dotaes relativas aos TCs constam do oramento do Poder Legislativo. Alm disso, pela LRF, os limites de despesas de pessoal dos Tribunais de Contas so includos no limite do Poder Legislativo (LRF, art. 20). Isso, contudo, no retira a autonomia oramentria e financeira das Cortes de Contas, eis que os TCs podem movimentar livremente os recursos previstos no seu oramento, ter ordenador de despesas prprio, elaborar e liquidar a folha de pagamento dos seus servidores, realizar o pagamento dos contratos com seus fornecedores, dentre outros atos de administrao financeira e oramentria, sem qualquer dependncia em relao ao Poder Legislativo.

    A ttulo de conhecimento, registre-se que h na doutrina

    aqueles que consideram os Tribunais de Contas como rgos

    do Poder Legislativo, por sua associao a este Poder nas leis oramentrias e nos

    limites de gastos com pessoal previstos na LRF, bem como pelo fato de o TCU estar

    inserido no captulo da Constituio que trata do Poder Legislativo.

    Contra tais argumentos, alm das consideraes apresentadas nesta aula,

    geralmente ope-se que o texto constitucional no menciona o TCU ao tratar

    expressamente da composio do Poder Legislativo, referindo-se to somente ao

    Congresso Nacional, integrado pela Cmara dos Deputados e pelo Senado Federal

    (CF, art. 44).

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    No obstante a existncia de posies contrrias, percebe-se que prevalece o entendimento de que o TCU rgo administrativo autnomo e independente, sem subordinao hierrquica ao Poder Legislativo ou a qualquer outro rgo ou Poder.

    Dito isso, voltemos questo de prova para ver como ela poderia ser resolvida:

    6. (TCU ACE 2008 Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo com a Constituio Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos:

    natureza jurdica do TCU;

    relao entre o TCU e o Poder Legislativo;

    eventual vinculao hierrquica da Corte de Contas com o Congresso Nacional.

    Comentrio: Quanto natureza jurdica, o TCU tido pela maioria da doutrina como rgo administrativo, de estatura constitucional. Sua personalidade jurdica a da Unio, sem pertencer a nenhum dos trs Poderes. No obstante, possui capacidade postulatria, podendo figurar em juzo ativa ou passivamente.

    Por disposio constitucional, o TCU auxilia tecnicamente o Poder Legislativo no controle externo da Administrao Pblica. Alm disso, o TCU est associado ao Poder Legislativo para fins oramentrios e de responsabilidade fiscal. Todavia, no h vinculao hierrquica entre a Corte de Contas e o Congresso Nacional. O Tribunal rgo autnomo e independente, pois a Constituio lhe atribui competncias prprias e privativas, assim como lhe garante autonomia funcional e financeira.

    Lembrando que a mesma resposta se aplicaria ao TCE-PE, rgo administrativo, autnomo e independente, previsto na Constituio Estadual, que possui a mesma personalidade jurdica do Estado, com capacidade postulatria, possuidor de competncias prprias e privativas, sem ser vinculado hierarquicamente Assembleia Legislativa ou a qualquer outro rgo ou Poder.

    Gabarito: N/A

    7. (TCE/RN Assessor Tcnico Jurdico 2009 Cespe) O TCU faz parte do Congresso Nacional, a quem deve auxiliar no exerccio do controle externo.

    Comentrio: O item est errado, pois o TCU no faz parte do Congresso Nacional, apesar de auxili-lo no exerccio do controle externo. Da mesma

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    forma, o TCE-PE tambm auxilia a Assembleia Legislativa no controle externo, mas no faz parte dela. Com efeito, de acordo com o posicionamento da doutrina majoritria, o TCU, o TCE-PE e os demais tribunais de contas so rgos autnomos e independentes, no subordinados a nenhum outro rgo ou Poder.

    Gabarito: Errado

    8. (TCE/RN Assessor Tcnico Jurdico 2009 Cespe) Na prestao de auxlio para o exerccio do controle externo, os TCs no esto subordinados operacional nem administrativamente s casas legislativas.

    Comentrio: O quesito est correto, pois os Tribunais de Contas so rgos administrativos autnomos e independentes, sem subordinao hierrquica, operacional ou administrativa ao Poder Legislativo ou a qualquer outro rgo ou Poder. Para o exerccio do controle externo, o TCU possui competncias prprias e privativas retiradas da Constituio Federal, as quais devem ser replicadas no mbito estadual, distrital e municipal.

    Gabarito: Certo

    9. (TCDF ACE 2012 Cespe) De acordo com o princpio de autotutela e o sistema de controle existente, o Tribunal de Contas da Unio e o TCDF esto vinculados por uma relao de hierarquia, visando garantir o emprego efetivo do recurso pblico.

    Comentrio: O quesito est incorreto. Da mesma forma que no existe vinculao hierrquica entre os Tribunais de Contas e os rgos do Poder Legislativo, tambm no existe qualquer espcie de relao de hierarquia entre o Tribunal de Contas da Unio e os demais Tribunais de Contas Estaduais e Municipais. Cada Tribunal de Contas um rgo autnomo e independente que atua na respectiva esfera de competncia, garantindo o emprego regular e efetivo dos recursos pblicos federais, estaduais, distritais e municipais.

    Gabarito: Errado

    10. (TCU TCE 2007 Cespe) O TCU deve auxiliar o Congresso Nacional no exerccio do controle externo e da fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta.

    Comentrio: Segundo o art. 70, caput da CF, a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta ser exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo. E o art. 71, caput, consagra o papel do TCU no exerccio do controle externo, qual seja, o de auxiliar o Congresso Nacional:

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    "O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, ser exercido com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio (...)". No obstante, deve-se ressaltar que o auxlio no exerccio do controle externo no significa subordinao do TCU em relao ao Congresso. O TCU possui competncias prprias e privativas, de carter tcnico, enquanto a atuao do Congresso ocorre no campo poltico.

    Vale ressaltar que a mesma interpretao vlida para o TCE-PE em relao Assembleia Legislativa e o controle externo da administrao pblica do Estado de Pernambuco.

    Gabarito: Certo

    NATUREZA E EFICCIA DAS DECISES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

    Conforme aponta a maior parte da doutrina, sendo os TCs rgos administrativos, suas decises tambm possuem natureza administrativa.

    As deliberaes proferidas pelos TCs no exerccio de suas atribuies constitucionais possuem carter impositivo e vinculante para a Administrao Pblica. Contra o mrito dessas decises, somente cabe recurso aos prprios TCs, com natureza de apelao administrativa. Assim, no existem vias recursais junto ao Judicirio ou ao Legislativo que possibilitem a reforma de uma deciso do Tribunal de Contas tomada no exerccio de suas competncias. Da mesma forma, no cabe recurso ao TCU para reformar uma deciso do TCE-PE ou de qualquer outro Tribunal de Contas Estadual ou Municipal. As possibilidades se esgotam no mbito da Corte de Contas que proferiu a deciso.

    Todavia, sabido que o ordenamento jurdico ptrio se rege pelo princpio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5, XXXV). Portanto, possvel acionar o Poder Judicirio contra uma deciso do Tribunal de Contas. A provocao do Judicirio, contudo, no tem natureza de recurso, pois se faz por meio de uma ao judicial nova e totalmente independente do processo no Tribunal de Contas. Ademais, o Judicirio no revisa as decises da Corte de Contas, cabendo-lhe to somente verificar se os aspectos formais foram observados e se os direitos individuais foram preservados. Segundo a jurisprudncia do STF:

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    No julgamento das contas de responsveis por haveres pblicos, a competncia

    exclusiva dos Tribunais de Contas, salvo nulidade por irregularidade formal grave ou

    manifesta ilegalidade.

    Por exemplo: suponha que o TCE-PE, numa sesso em que no houve qurum mnimo (irregularidade formal), tenha julgado irregulares as contas de um administrador pblico, sem ainda lhe oferecer o direito ao contraditrio e ampla defesa (manifesta ilegalidade). Nesse caso, o Poder Judicirio poder declarar nula a deciso do TCE-PE. Entretanto, o Judicirio no poder proferir novo julgamento em relao s contas do administrador, declarando-as regulares ou regulares com ressalva. A matria dever ser submetida mais uma vez apreciao do TCE-PE e, este, agora respeitando o devido processo legal, dever julg-las novamente.

    Em suma, o Judicirio no apreciar o mrito, mas sim a legalidade e a formalidade das decises dos Tribunais de Contas, podendo anul-las, mas no reform-las.

    A competncia para processar e julgar aes contra atos dos Tribunais de Contas, no mbito do Judicirio, se divide da seguinte forma:

    Tipo de ao Contra ato do rgo do Judicirio

    competente Fundamento

    Habeas corpus, mandado

    de segurana, Habeas data

    e mandado de injuno

    TCU Supremo Tribunal

    Federal (STF) CF, art. 102, I, d, q

    Habeas corpus Demais TCs Superior Tribunal de

    Justia (STJ) CF, art. 105, I, c

    Mandado de segurana,

    Habeas data Demais TCs

    Tribunais de Justia

    dos Estados e do DF CF, art. 125

    Alm disso, tambm possvel impetrar aes ordinrias nos juzos de primeiro grau contra as decises dos Tribunais de Contas, em que a competncia para julgar seria dos prprios juzes, de forma monocrtica. Se postulada contra ato do TCU, a competncia para julgar ser dos juzes federais; j aes ordinrias contra as decises dos demais Tribunais de Contas sero apreciadas pelos juzes estaduais.

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    Compreendida a natureza, passemos a falar sobre a eficcia das decises dos Tribunais de Contas.

    As decises dos TCs de que resulte imputao de dbito ou multa somente essas! tero eficcia de ttulo executivo (CF, art. 71, 3).

    No geral, ttulo executivo um documento constitudo no mbito do Poder Judicirio que representa uma dvida lquida e certa, permitindo ao seu titular propor a correspondente ao executiva para fins de cobrana. No caso de decises do Tribunal de Contas de que resulte imputao de dbito e/ou multa, a discusso judicial torna-se desnecessria, pois a prpria deciso do Tribunal j tem essa eficcia de ttulo executivo.

    Assim, caso o responsvel no comprove o recolhimento do dbito e/ou da multa no prazo determinado ou no apresente recurso com efeito suspensivo contra a deciso do Tribunal, no h necessidade de se rediscutir, no mbito do Judicirio, a certeza e liquidez da dvida, bastando que se d incio ao processo de execuo judicial. Portanto, pula-se uma etapa a do conhecimento da dvida no Judicirio -, uma vez que a deciso do Tribunal tem fora de ttulo executivo.

    At mesmo a inscrio em dvida ativa desnecessria, embora s vezes seja feita por motivos gerenciais do rgo de cobrana. No h impedimento para tanto. Neste caso, constitui dvida ativa no tributria.

    Por ser constituda fora do Poder Judicirio, a deciso do Tribunal de Contas que impe dbito e/ou multa produz efeitos de ttulo executivo extrajudicial. Para que tal ttulo tenha validade e eficcia, isto , para que seja apto a fundamentar a ao de execuo, necessrio que no reste qualquer dvida quanto existncia da obrigao e, ainda, que no exista qualquer bice para que a dvida seja cobrada imediatamente. Assim, para se revestir do carter de ttulo executivo extrajudicial, a deciso do Tribunal deve conter a identificao do responsvel e o valor do dbito ou multa, em moeda nacional.

    Alm disso, as possibilidades de recurso contra a referida deciso devem ter sido esgotadas no mbito do Tribunal, ou seja, a deciso deve ser definitiva. Definitivas so as decises contras as quais no caibam recursos ou contra as quais tenham sido interpostos, nos prazos previstos, os recursos cabveis, de modo que no haja mais possibilidade legal de se insurgir contra a deciso no prprio Tribunal.

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    A fim de melhor compreendermos a eficcia das decises dos Tribunais de Contas, vejamos um exemplo de deciso do TCU que imputou dbito e multa ao gestor pblico em um processo de tomada de contas especial:

    Acrdo 42/2011-Plenrio5

    ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do

    Plenrio, diante das razes expostas pelo Relator, em:

    9.1 julgar irregulares as contas do Sr. (...), condenando o responsvel ao pagamento

    do valor de R$ 88.500,06 (...), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da

    notificao, para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento desses valores aos

    cofres da Caixa Econmica Federal, atualizados monetariamente e acrescidos dos

    juros de mora (...);

    9.2. aplicar ao Sr. (...) a multa referida no art. 57 da Lei n 8.443, de 1992, no valor de

    R$ 5.000,00 (...), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificao, para

    que comprove, perante o Tribunal, seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional,

    atualizada monetariamente (...);

    (...)

    9.5 autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n 8.443, de 1992, a

    cobrana judicial dos valores acima, caso no atendidas as notificaes, na forma da

    legislao em vigor;

    Como dito anteriormente, a imputao de dbito tem natureza de responsabilizao civil, para ressarcimento do prejuzo causado aos cofres pblicos. No uma sano. Por isso que, no caso, o Tribunal determinou que o prejuzo apurado, no valor de R$ 88.500,06, fosse recolhido pelo responsvel aos cofres da Caixa Econmica Federal, empresa pblica que teve seu patrimnio lesado. Dessa forma, a condenao pretende fazer com o que o patrimnio pblico retorne ao estado em que se encontrava antes de ter sido lesado pelo ato irregular praticado do responsvel.

    De fato, o dbito deve ser recolhido aos cofres de quem sofreu a leso. Se for uma entidade da administrao indireta autarquia, fundao, empresa pblica ou sociedade de economia mista recolhe-se o dbito aos cofres da prpria entidade, como no exemplo. Se for um rgo

    5 Disponvel em: www.tcu.gov.br

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    da administrao direta suponha que ao invs da Caixa fosse o Ministrio do Turismo - recolhe-se o dbito diretamente aos cofres da Unio, ou seja, ao Tesouro Nacional.

    J a multa sempre recolhida aos cofres do ente da federao (Unio, DF, Municpio etc). No importa se o patrimnio lesado foi de entidade da administrao direta ou da indireta. Isso porque a multa, esta sim, uma sano, de natureza pecuniria, que no visa ressarcir o prejuzo, mas penalizar aquele que o causou. No exemplo, o Tribunal aplicou multa de R$ 5.000, proporcional ao dano causado ao errio (LO/TCU, art. 57), valor que o responsvel deve recolher aos cofres da Unio, ou seja, do Tesouro Nacional.

    O mesmo raciocnio se aplica no mbito do Estado de Pernambuco, ou seja, a reposio do dbito causado ao patrimnio de rgo da administrao direta dever ser realizada junto aos cofres do Estado, enquanto que, no caso de entidade descentralizada, a reposio do bem ou o recolhimento do dbito far-se- prpria entidade. J a multa aplicada pelo TCE-PE, deve ser sempre recolhida aos cofres do Estado.

    E se o responsvel no recolher espontaneamente os valores que lhe foram imputados, no prazo fixado pelo Tribunal6? Ento, a dvida dever ser cobrada judicialmente, como indicado no item 9.5 do nosso exemplo. Para tanto, o instrumento da deciso do Tribunal que imputou o dbito e aplicou a multa o Acrdo torna a dvida lquida e certa, sendo ttulo executivo bastante para fundamentar a respectiva ao de execuo.

    Todavia, a titularidade para promover a cobrana judicial no pertence ao Tribunal de Contas. O Tribunal apenas decide sobre a obrigao de ressarcimento e/ou sobre a cominao da multa, autorizando a cobrana judicial da dvida. Por sua vez, o ttulo executivo oriundo da deciso condenatria deve ser executado pelos rgos prprios do ente destinatrio dos valores devidos. O Ministrio Pblico que atua junto ao TC apenas exerce a funo de intermedirio nesse processo, remetendo a documentao necessria aos rgos executores.

    Assim, caso o dbito deva ser recolhido aos cofres do Tesouro Nacional, o Ministrio Pblico junto ao TCU remete a documentao pertinente Advocacia-Geral da Unio (AGU), a quem cabe o ajuizamento da ao, por meio da Procuradoria Geral da Unio (PGU). No plano estadual, a cobrana judicial dos dbitos devidos aos cofres do Estado

    6 Segundo o art. 126-A do RI/TCE-PE, de quinze dias o prazo para o responsvel provar, perante o TCDF, o pagamento do dbito.

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    efetuada por intermdio da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco, aps receber a documentao pertinente enviada pelo Ministrio Pblico de Contas que atua junto ao TCE-PE.

    No caso de entidade que possua procuradoria prpria como as empresas pblicas e as sociedades de economia mista recair sobre o as procuradorias prprias ou o departamento jurdico dessas entidades a atribuio de deflagrar o processo de execuo, aps receber a documentao do Ministrio Pblico junto ao Tribunal de Contas.

    Quanto execuo judicial da multa, sempre est sob responsabilidade da AGU, no plano federal, ou da Procuradoria Geral do Estado, no plano estadual, vez que sempre recolhida aos cofres da Unio ou do Estado de Pernambuco, respectivamente.

    No nosso exemplo, se o responsvel no comprovar o recolhimento no prazo de 15 dias, competir procuradoria da Caixa Econmica Federal (entidade da administrao indireta com representao judicial prpria) o ajuizamento da execuo relativa ao dbito de R$ 88.500,06 e AGU o ajuizamento da execuo da multa de R$ 5.000,00. O MPTCU deve remeter a esses rgos a documentao necessria ao processo de execuo. Por outro lado, se em um mesmo Acrdo estiverem consignados dbito e multa em razo de dano causado ao patrimnio de rgo da administrao direta, competir AGU a execuo de ambos.

    Por fim, face ao disposto no art. 37, 5 da CF, tem-se que, constitudo o ttulo executivo, isto , exarado o Acrdo, a cobrana do dbito, por sua natureza de ressarcimento do dano causado, imprescritvel. Por outro lado, a imprescritibilidade no se aplica cobrana da multa, que uma sano. No TCU, ante a ausncia de previso legal a respeito do prazo a ser considerado na prescrio da pretenso punitiva da Corte Contas, costuma-se aplicar, por analogia, o prazo prescricional de 10 anos previsto no art. 205 do Cdigo Civil7.

    7 Ver Acrdos TCU 946/2013-Plenrio, 2.177/2013-2 Cmara e 2.183/2013-2 Cmara.

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    Esquematizando:

    Errio/cofres Cobrana por meio de

    Unio (Tesouro Nacional) Advocacia-Geral da Unio (AGU), por meio

    da Procuradoria Geral da Unio (PGU)

    Estados e Distrito Federal Procuradorias dos Estados ou do DF

    Municpios Prefeito ou procurador municipal

    Entidades dotadas de personalidade

    jurdica prpria

    Procuradorias prprias, departamentos

    jurdicos

    11. (TCDF Procurador 2012 Cespe) As decises dos TCs no so imunes reviso judicial, mas, quando imputarem dbito ou multa, constituiro ttulo executivo extrajudicial.

    Comentrio: No ordenamento jurdico ptrio vigora o princpio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5, XXXV), de modo que as decises dos TCS no so imunes reviso judicial. No obstante, segundo a jurisprudncia do STF, o Judicirio no revisa as decises da Corte de Contas, cabendo-lhe to somente verificar se os aspectos formais foram observados e se os direitos individuais foram preservados. Na hiptese de nulidade por irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade o Judicirio pode anular a deciso do TC, mas jamais adotar uma nova deciso sobre matria inserida na competncia da Corte de Contas. Quanto segunda parte da assertiva, est de acordo com o art. 71, 3 CF. Uma vez que o TC no pertence ao Poder Judicirio, o ttulo executivo oriundo da sua deciso que imputar dbito e multa dito extrajudicial.

    Gabarito: Certo

    12. (TCU TCE 2007 Cespe) Considere que determinado gestor de receitas pblicas, aps o devido processo legal, tenha sido condenado pelo TCU a ressarcir o errio. Considere ainda que, na condenao, o tribunal tenha declarado expressamente o agente responsvel e o valor a ser devolvido Unio. Nesse caso, a competncia para executar a deciso do tribunal da Advocacia-Geral da Unio, que dever observar os prazos de cobrana previstos na lei, sob pena de prescrio para atos ilcitos praticados por agente ou servidor pblico.

    Comentrio: A deciso do Tribunal da qual resulte imputao de dbito

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    ou cominao de multa torna a dvida lquida e certa e tem eficcia de ttulo executivo (CF, art. 71, 3). Nesse caso, o responsvel notificado para recolher o valor devido. Se o responsvel, aps ter sido notificado, no recolher tempestivamente a importncia devida, formalizado processo de cobrana executiva, o qual encaminhado por meio Ministrio Pblico junto ao TCE-PE para a Procuradoria-Geral do Estado ou para as unidades jurisdicionadas com procurao judicial prpria promoverem a cobrana judicial da dvida. O erro que, nos termos do art. 37, 5, da CF/88, as aes de ressarcimento sero imprescritveis: "A lei estabelecer os prazos de prescrio para ilcitos praticados por qualquer agente, servidor ou no, que causem prejuzos ao errio, ressalvadas as respectivas aes de ressarcimento".

    Gabarito: Errado

    13. (TCU ACE 2004 Cespe) No sistema brasileiro de controle externo, em face das competncias atribudas pela Constituio da Repblica ao TCU, a doutrina e a jurisprudncia so majoritrias no sentido de que as decises daquele rgo tm natureza jurisdicional e, por isso mesmo, no podem ser reexaminadas pelo Poder Judicirio.

    Comentrio: De pronto j rechaamos a assertiva de que as decises do TCU e, por simetria, as dos demais TCs no podem ser reexaminadas pelo Poder Judicirio, visto que, no ordenamento jurdico ptrio, impera o princpio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5, XXXV). Assim, aquele que se sinta lesado por deciso da Corte de Contas poder sim buscar junto ao Judicirio a defesa dos seus direitos. Todavia, lembre-se de que essa apelao se faz por meio de ao ordinria nova e independente do processo que tramita no Tribunal de Contas, ou seja, no tem natureza de recurso (apesar de comumente utilizar-se a expresso recorrer ao Judicirio). Ademais, o Judicirio no pode reformar a deciso da Corte de Contas, cabendo-lhe to-somente decretar sua nulidade por irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade.

    Tambm merece destaque a afirmao de que a doutrina e a jurisprudncia so majoritrias no sentido de que as decises do TCU tm natureza jurisdicional. Isso no verdade, pois o tema no pacfico.

    Os que defendem que os Tribunais de Contas no possuem jurisdio, ou seja, que suas decises no tm natureza jurisdicional, apoiam-se no argumento de que o termo jurisdio pressupe a existncia de conflitos entre partes, cabendo ao Estado, somente quando provocado, a responsabilidade de dizer o direito, ou seja, solucionar a controvrsia. Asseveram, ento, que as atribuies conferidas ao TCU e aos demais TCs no possuem tais caractersticas, embora o texto constitucional fale em

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    julgar (CF, art. 71, I). Segundo essa posio, a jurisdio seria privativa do Poder Judicirio.

    Outros, porm, defendem a natureza jurisdicional da deciso dos Tribunais de Contas no julgamento das contas, decidindo a regularidade ou irregularidade, pois tal deciso, por fora de disposio constitucional, soberana, privativa e definitiva, no se submetendo a nenhuma outra instncia revisional. Nem mesmo ao Judicirio permitido desconstituir o mrito do julgado do Tribunal de Contas. Ademais, para os defensores da existncia de uma jurisdio prpria e privativa do Tribunal, haveria previso expressa para tanto no caput do art. 73 da Constituio: O TCU (...) tem jurisdio em todo o territrio nacional (...), o que tambm est presente no art. 32 da CE/PE: O Tribunal de Contas do Estado (...) e jurisdio em todo o Territrio do Estado.

    Por fim, h aqueles que sustentam uma posio intermediria, cunhando termos como jurisdio anmala, jurisdio administrativa ou jurisdio constitucional especializada.

    Portanto, muita ateno a esse assunto na prova, principalmente em uma eventual questo discursiva.

    Gabarito: Errado

    14. (TCU TCE 2007 Cespe) O TCU tem atribuies de natureza administrativa; porm, quando julga as contas dos gestores e demais responsveis por bens e valores pblicos, exerce sua natureza judicante. Mesmo assim, no h consenso na doutrina quanto natureza do tribunal.

    Comentrio: Mais uma vez o Cespe explora a divergncia doutrinria em relao natureza do Tribunal de Contas e de suas decises. Como vimos, a maior parte da doutrina sustenta que o Tribunal de Contas possui natureza administrativa, afinal, a maioria de suas atribuies, como a realizao de auditorias e inspees, o registro de atos de pessoal e a emisso de parecer prvio sobre as contas do Chefe do Poder Executivo, situam-se na esfera administrativa. A polmica reside na competncia prpria e privativa atribuda ao TC para julgar as contas dos responsveis por recursos pblicos e a dos causadores de dano ao errio. Em razo dessa competncia, alguns doutrinadores defendem que o TC possui natureza quase jurisdicional, haja vista que nem mesmo o Poder Judicirio pode rever suas decises no julgamento de contas. Outros, ainda, apregoam o meio termo, ou seja, o TC possui natureza jurisdicional quando julga contas, e natureza administrativa quando desempenha suas demais atribuies. Enfim, como o tema no unnime, a questo est correta.

    Gabarito: Certo

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    15. (TCU ACE 2004 Cespe) De acordo com a doutrina, a condenao de gestor pblico por parte do TCU constitui ttulo executivo de natureza judicial, por fora da competncia conferida pelo art. 71 da Constituio quele rgo, para julgar contas de pessoas responsveis por dinheiro pblico.

    Comentrio: Somente as decises dos Tribunais de Contas de que resulte dbito e/ou multa tero eficcia de ttulo executivo que, por ser constitudo fora do Judicirio, dito extrajudicial, e no judicial, como afirma o quesito, da o erro.

    Gabarito: Errado

    16. (TCU Procurador 2004 Cespe) Sempre que se julgar lesado por deciso tomada pelo TCU, o cidado poder recorrer ao Poder Judicirio, mas o remdio juridicamente adequado no ser a impetrao de mandado de segurana contra o ato do tribunal, seja porque as decises deste somente podem ser desconstitudas mediante dilao probatria, seja porque o tribunal no poder figurar no plo passivo da ao mandamental.

    Comentrio: O quesito est errado. A possibilidade de se impetrar mandado de segurana contra deciso do TCU est prevista na prpria CF, ao definir a competncia do STF para processar e julgar tais aes (CF, art. 102, I, d). A propsito, na prtica observa-se que a via frequentemente utilizada para pleitear amparo junto ao Judicirio contra decises dos TCs o mandado de segurana, ocasies nas quais as Cortes de Contas, que, como vimos, possuem capacidade postulatria, figuram no polo passivo da lide.

    Gabarito: Errado

    17. (TCE-ES Procurador Especial de Contas 2009 Cespe) O julgamento das contas dos administradores e responsveis atribuio peculiar dos TCs, de acordo com a CF. Como rgos especializados no julgamento das contas, suas decises no esto sujeitas a reviso do Poder Judicirio, salvo quando

    a) houver observncia do devido processo legal.

    b) o mrito da deciso envolver questes atinentes legitimidade dos atos praticados pelos administradores e responsveis.

    c) o MP representar contra deciso de mrito do TC.

    d) a deciso alterar o entendimento do TC at ento vigente.

    e) houver vcio de forma, como, por exemplo, a inobservncia de direitos e garantias individuais.

    Comentrio: Na questo, pede-se para escolher a alternativa correta. Como se sabe, as decises dos Tribunais de Contas esto sujeitas reviso

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    do Poder Judicirio, mas s podem ser anuladas (nunca reformadas) em caso de irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. Assim, compete ao Judicirio apenas verificar se foi observado o devido processo legal e se no houve violao de direito individual. Portanto, somente a ltima alternativa se enquadra nessas condies. Perceba a pegadinha logo na primeira alternativa, pois a deciso do TC poderia ser anulada em caso de inobservncia do devido processo legal.

    Gabarito: alternativa e

    NATUREZA DAS FISCALIZAES

    A natureza das fiscalizaes exercidas pelos Tribunais de Contas est informada no art. 70, caput, da Constituio Federal: contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial.

    Tais critrios tambm esto presentes na Constituio do Estado de Pernambuco (art. 29, caput) e diz respeito aos possveis objetos da ao de controle, ou seja, nos informa o que poder ser fiscalizado.

    Assim, suponha que a Secretaria da Educao de Pernambuco, no mbito do programa fictcio Livro para Todos tenha realizado uma licitao para adquirir livros didticos destinados a escolas pblicas e uma denncia encaminhada ao TCE-PE com elementos indicando possveis irregularidades na compra. Para apur-la, o Tribunal poder realizar uma fiscalizao que, dependendo do objeto da denncia, ser de natureza:

    Natureza da

    fiscalizao

    O que ser fiscalizado Exemplo

    Contbil

    Lanamentos e

    escriturao contbil

    Auditoria para verificar se os eventos contbeis

    relacionados aquisio dos livros foram

    corretamente registrados.

    Financeira

    Arrecadao de

    receitas e execuo de

    despesas

    Inspeo para verificar se os pagamentos

    efetuados ao fornecedor dos livros esto de

    acordo com o contrato.

    Oramentria Elaborao e execuo

    dos oramentos

    Inspeo para verificar a existncia de previso

    oramentria para a aquisio.

    Operacional

    Processos

    administrativos e

    programas de governo

    Auditoria P;; L ;; TS ;fim de verificar se a distribuio dos livros est

    beneficiando os destinatrios da forma e na

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    medida desejada pelo Programa.

    Patrimonial

    Guarda e administrao

    de bens mveis e

    imveis

    Auditoria para verificar se os livros adquiridos

    foram realmente entregues pelo fornecedor e

    se foram corretamente distribudos para as

    escolas cadastradas no Programa.

    Geralmente, as fiscalizaes que o Tribunal realiza so de natureza mltipla, envolvendo mais de um dos atributos relacionados no art. 70 da CF. Por exemplo, a entrega dos livros e os pagamentos realizados ao fornecedor poderiam ser examinados na mesma auditoria; nessas condies, a fiscalizao teria natureza patrimonial e financeira.

    Segundo o mesmo dispositivo da Constituio (art. 70, caput), reproduzido na CE-PE (art. 29, 1), os aspectos a serem verificados nas fiscalizaes, ou seja, os possveis focos do controle so: legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas. Vejamos como os trs primeiros (legalidade, legitimidade e economicidade) podem ser aplicados ao nosso exemplo:

    Foco da

    fiscalizao

    Caracterstica Exemplo

    Legalidade

    Verifica se a conduta do gestor

    guarda consonncia com as

    normas aplicveis, de qualquer

    espcie - leis, regimentos,

    resolues, portarias etc.

    Geralmente, o aspecto

    predominante nas fiscalizaes

    de natureza contbil, financeira,

    oramentria e patrimonial.

    Verificar: se o processo licitatrio

    seguiu a Lei de Licitaes; se os

    pagamentos foram realizados de

    acordo com a previso contratual; se

    as regras da contabilidade pblica

    foram obedecidas na realizao dos

    lanamentos contbeis.

    Legitimidade

    Verifica se o ato atende ao

    interesse pblico,

    impessoalidade e moralidade.

    Verificar se as escolas mais

    necessitadas foram atendidas em vez

    de, ao contrrio, serem privilegiadas

    aquelas cujos responsveis teriam

    relaes polticas com o Ministro.

    Nesse ltimo caso, a aquisio seria

    ilegtima, mesmo se realizada em

    conformidade com a Lei de Licitaes.

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    Economicidade

    Analisa a relao

    custo/benefcio da despesa

    pblica, isto , se o gasto foi

    realizado com minimizao dos

    custos e sem comprometimento

    dos padres de qualidade.

    Verificar se o preo dos livros est de

    acordo com os referenciais de

    mercado ou, na falta, se o valor pago

    razovel, compatvel com a natureza e

    a qualidade da publicao.

    Alm desses aspectos, a Constituio determina expressamente a fiscalizao da aplicao das subvenes e da renncia de receitas, cujo exame envolve avaliaes de legalidade, legitimidade e economicidade.

    Subvenes, de acordo com a Lei 4.320/1964, so transferncias de recursos oramentrios destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas. Classificam-se em subvenes sociais quando destinadas a rgos ou entidades de carter assistencial, cultural ou de educao; e em subvenes econmicas, quando se destinam a cobrir dficits de empresas pblicas ou privadas de carter industrial, comercial, agrcola ou pastoril. Assim, os beneficirios devero prestar contas da aplicao das subvenes recebidas, sujeitando-se devida fiscalizao dos rgos de controle.

    Renncia de receita envolve benefcios que impliquem reduo discriminada de tributos, tais como anistia, remisso, concesso de iseno em carter no geral, alterao de alquota ou alterao de base de clculo. Assim, o Tribunal de Contas deve fiscalizar os rgos e entidades que tenham atribuio de conceder, gerenciar ou utilizar recursos provenientes de renncia de receita. Existem tambm outros casos, fora do mbito tributrio, que podem ser considerados renncia de receita, a exemplo da falta da cobrana do aluguel de um imvel da administrao ou de uma multa contratual legtima em favor do errio. O gestor que deixa de cobrar esses valores tambm est sujeito fiscalizao do Tribunal de Contas em funo da renncia de receita.

    Eficincia, eficcia e efetividade somam-se a esses critrios, dada a competncia atribuda aos Tribunais de Contas para realizao de auditorias operacionais (CF, art. 71, IV), destacando-se a eficincia, que foi elevada categoria de princpio constitucional da administrao pblica pela EC 19/98, ao lado dos princpios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade (CF, art. 37, caput). Seguindo nosso exemplo:

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    Foco da

    fiscalizao

    Caracterstica Exemplo

    Eficincia

    Analisa os meios utilizados em

    relao aos resultados obtidos

    pela Administrao, com

    critrios de custo, prazo e

    qualidade. De certa forma, se

    confunde com o conceito de

    economicidade.

    Verificar se os recursos dispendidos na

    aquisio dos livros foram otimizados, ou

    seja, se os livros adquiridos atendem as

    necessidades das escolas, se foram

    disponibilizados em quantidades

    suficientes e a custo razovel.

    Eficcia

    Verifica se as metas

    estabelecidas foram alcanadas,

    ou seja, se os bens e servios

    foram providos.

    Verificar se o cronograma estabelecido

    para a aquisio e entrega dos livros foi

    cumprido, se todas as escolas previstas

    receberam os respectivos exemplares, ou

    seja, verificar se os livros foram

    realmente adquiridos e distribudos

    conforme planejado e divulgado.

    Efetividade

    Analisa se os objetivos da ao

    administrativa foram atingidos,

    em termos de impactos sobre a

    populao-alvo.

    Verificar se os livros, aps distribudos,

    realmente atenderam as necessidades

    das escolas, suprindo as carncias que

    motivaram a sua aquisio.

    *****

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    SISTEMAS ADMINISTRATIVOS

    Conforme ensina Hely Lopes Meireles, por sistema administrativo entende-se o regime adotado pelo Estado para correo dos atos administrativos ilegais ou ilegtimos praticados pelo Poder Pblico em qualquer dos seus departamentos de governo. Em outras palavras, a forma adotada pelo Estado para solucionar os litgios decorrentes da sua atuao.

    Existem dois sistemas:

    Sistema francs ou do contencioso administrativo

    Sistema ingls ou judicirio ou de jurisdio nica

    Vejamos as caractersticas prprias desses dois sistemas.

    Sistema francs ou do contencioso administrativo

    Tambm conhecido como sistema da dualidade de jurisdio, aquele em que o Poder Judicirio no pode intervir nas funes administrativas. Estas estariam sujeitas apenas jurisdio especial do contencioso administrativo.

    O sistema do contencioso francs aplicado, com as devidas adaptaes, em pases como a Sua, Finlndia, Grcia, Turquia e Polnia8.

    No o sistema adotado no Brasil. No sistema francs, a correo, anulao ou reforma dos atos da

    Administrao Pblica so promovidas no mbito da prpria Administrao, mediante a atuao de tribunais de ndole administrativa, sem necessidade ou possibilidade de se levar os litgios apreciao do Poder Judicirio, o qual permanece responsvel apenas pela soluo dos litgios que no envolvam a Administrao Pblica.

    Da, portanto, a dualidade de jurisdio do sistema francs: a jurisdio administrativa (formada pelos tribunais administrativos, com plena jurisdio em matria administrativa) e a jurisdio comum (formada pelos rgos do Poder Judicirio, para resolver os demais litgios).

    Frise-se que, conforme leciona Hely Lopes Meireles, na organizao atual do sistema francs, embora a regra seja a jurisdio administrativa

    8 Hely Lopes Meireles (2008, p. 55)

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    (isto , sem a participao do Poder Judicirio), certas demandas de interesse da Administrao ficam sujeitas Justia Comum, desde que se enquadrem numas dessas trs ordens:

    a) Litgios decorrentes de atividades pblicas com carter privado;

    b) Litgios que envolvam questes de estado e capacidade das pessoas e de represso penal;

    c) Litgios que se refiram propriedade privada.

    Como crtica ao sistema francs, diz-se que ele estabelece dois critrios de justia: um da jurisdio administrativa, outro da jurisdio comum. Alm disso, seria uma jurisdio constituda por funcionrios da prpria Administrao, sem as garantias de independncia necessrias ao exerccio da magistratura.

    Sistema ingls ou de jurisdio nica

    aquele em que todos os litgios de natureza administrativa ou que envolvam interesses exclusivamente privados podem ser levados ao Poder Judicirio.

    o sistema adotado no Brasil. No sistema ingls, o Poder Judicirio o nico que dispe de

    competncia para dizer o direito, ou seja, para dar a palavra definitiva na soluo de conflitos que envolvam a Administrao.

    Assim, no sistema de jurisdio nica no existe o contencioso administrativo do regime francs, o que significa dizer que qualquer controvrsia havida no mbito administrativo pode ser levada apreciao do Poder Judicirio, que o nico competente para proferir decises com autoridade final e conclusiva, com fora da chamada coisa julgada.

    Perceba que a caracterstica marcante desse sistema consiste na possibilidade de as decises administrativas poderem ser revistas pelo Judicirio. Assim, no Brasil, caso determinado servidor pblico venha, por exemplo, a requerer Administrao que o remova para outra localidade e seu pleito venha a ser indeferido, poder reclamar seu direito junto ao Poder Judicirio, sem restries, o que no seria possvel caso nosso pas adotasse o sistema francs.

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    O que caracteriza o sistema a predominncia da jurisdio

    comum (formada pelos rgos do Poder Judicirio) ou da

    especial (formada pelos tribunais de natureza

    administrativa), e no a exclusividade de uma ou outra. Isso

    porque, segundo ensina Hely Lopes Meireles, nenhum pas possui um sistema

    de controle puro, seja atravs do Poder Judicirio, seja atravs de tribunais

    administrativos.

    SISTEMA ADMINISTRATIVO BRASILEIRO

    Como visto, o Brasil adota o sistema ingls ou de jurisdio una.

    A base de nosso sistema est expressa no artigo 5, inciso XXXV da Constituio Federal de 1988, pelo qual a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito.

    Tal dispositivo carrega o chamado princpio da inafastabilidade (ou inarredabilidade) de jurisdio, ostentando status de clusula ptrea constitucional.

    Assim, no Brasil, os atos administrativos esto sujeitos ao controle do Poder Judicirio9. Deve ficar claro, porm, que nosso sistema no afasta, de modo absoluto, a capacidade da Administrao de resolver litgios de natureza administrativa ou de controlar a legalidade e legitimidade de seus prprios atos. Com efeito, a Administrao Pblica brasileira pode sim exercer a chamada jurisdio administrativa. Isso ocorre, por exemplo, quando um motorista apresenta recurso junto ao Detran para contestar uma multa de trnsito que lhe tenha sido aplicada pelo rgo. Nessa hiptese, o prprio Detran (instncia administrativa) poder resolver a questo e, se entender cabvel, rever a multa aplicada. Caso o Detran, ao contrrio, decida manter a multa, o motorista ainda poder se socorrer junto ao Judicirio, cuja deciso no se submeter soluo adotada na instncia administrativa, a qual poder ser mantida ou modificada. Ao cabo, a deciso do Judicirio que prevalecer, fazendo coisa julgada, impedindo, assim, que esse mesmo assunto seja novamente discutido em qualquer outra esfera.

    Detalhe que, nesse exemplo, o motorista no precisaria esgotar ou nem mesmo iniciar a soluo na via administrativa para acionar o

    9 A possibilidade jurdica de submeter efetivamente qualquer leso de direito e, por extenso, as ameaas de leso de direito a algum tipo de controle, seja pela prpria Administrao como pelo Judicirio denomina-se princpio da sindicabilidade.

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    Judicirio. Na verdade, o princpio da inafastabilidade de jurisdio assegura ao interessado buscar o socorro da Justia a qualquer tempo, isto , antes, durante ou aps os procedimentos administrativos, podendo ainda, recorrer diretamente ao Poder Judicirio, sem passar pela via administrativa.

    Como se v, entre ns, as decises dos rgos administrativos, em regra, no tm carter conclusivo perante o Poder Judicirio, podendo ser revistas na via judicial. No obstante, existem situaes nas quais o exaurimento ou a utilizao inicial da via administrativa condio para acesso ao Poder Judicirio, a saber:

    O Poder Judicirio s admitir aes relativas disciplina e s competies

    desportivas aps se esgotarem as instncias da Justia Desportiva. Cabe

    destacar que a Justia Desportiva uma via administrativa, pois o artigo 92 da

    Constituio no a inclui como rgo do Poder Judicirio.

    O ato administrativo, ou a omisso da Administrao Pblica, que contrarie

    Smula Vinculante s pode ser alvo de reclamao ao Superior Tribunal

    Federal depois de esgotadas as vias administrativas (Lei 11.417/2006, art. 7,

    1);

    indispensvel para caracterizar o interesse de agir no habeas data ;;do anterior indeferimento do pedido de informao de dados pessoais, ou da

    omisso em atend-WW-se que primeiro tenha que ter ocorrido uma negativa ou omisso da via administrativa para que, posteriormente,

    obtenha-se o acesso ao Poder Judicirio.

    A Lei n 12.016/09 previu que o mandado de segurana no cabvel quando

    caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de cauo;I

    O STF (RE 631.240) firmou a orientao de que, em regra, necessrio o

    prvio requerimento administrativo para ficar caracterizado o interesse de

    agir em aes judiciais contra o INSS relativas concesso de benefcios

    previdencirios. Tal exigncia, contudo, no se confunde com o exaurimento

    das vias administrativas, pois quando o entendimento da Administrao for

    notria e reiteradamente contrrio postulao do segurado, ele poder

    buscar diretamente a via judicial.

    Perceba que, nas hipteses excepcionais acima, necessrio satisfazer determinados requisitos na via administrativa antes que se

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    possa ter acesso ao Judicirio, ou seja, tal acesso no irrestrito como de regra ocorre nas demais situaes.

    Parte da doutrina administrativista brasileira, a exemplo de

    Carvalho Filho e Di Pietro, admite a chamada coisa julgada

    administrativa, que ocorre quando determinada deciso

    firmada pela Administrao no pode mais ser modificada

    na via administrativa. Ou seja, o carter definitivo da deciso d-se apenas

    internamente, no mbito da prpria Administrao. Trata-se, portanto, de

    ; I; ;S; W;; W W ; SWI? W a; I; ;S;administrativa ainda pode ser revista pelo Judicirio.

    A coisa julgada administrativa ocorre, por exemplo, quando h o esgotamento

    da via administrativa, ou seja, quando no h mais recursos cabveis perante

    a Administrao. Outro exemplo so os atos administrativos vinculados, a

    serem estudados em aula especfica. Na prtica desses atos, o administrador

    no tem liberdade de atuao e est rigidamente atrelado ao que dispe a lei,

    ou seja, uma vez praticados, so, em regra, irrevogveis, fazendo coisa julgada

    administrativa.

    Por fim, registre-se que, embora todos os atos administrativos possam ser submetidos apreciao judicial, os chamados atos polticos 10 , em regra, no se sujeitam a esse controle. Como exemplo, pode-se citar a sano/veto a um projeto de lei ou o estabelecimento das polticas pblicas pelo Chefe do Poder Executivo; e o julgamento dos processos de impeachment do Presidente da Repblica pelo Senado Federal.

    O Judicirio no controla os atos polticos em razo do princpio da separao dos Poderes. Com efeito, tais atos so praticados pelos agentes polticos no desempenho das funes executivas, legislativas e judicirias, de acordo com a competncia estabelecida na Constituio. Porm, como toda regra, esta tambm no absoluta: o controle judicial dos atos polticos ser possvel caso ofendam direitos individuais ou coletivos, ou contenham vcios de legalidade ou constitucionalidade.

    Outra observao importante que a inafastabilidade da tutela judicial no autoriza o Poder Judicirio a assumir competncias de natureza administrativa prprias do Executivo. No pode o Judicirio, por exemplo, determinar qual tarifa ser cobrada por determinado servio

    10 Que no so atos administrativos em sentido prprio.

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    pblico ou, ainda, determinar a instaurao de concurso pblico para melhorar a qualidade do servio prestado pela Administrao. Esse tipo de definio se insere no campo de ao tpico da funo administrativa a cargo do Poder Executivo e, a menos que esteja sendo praticada fora dos limites legais, no pode sofrer interferncia dos demais Poderes. Sobre o assunto, vale conhecer um pouco da jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal:

    ADI 3.343/DF, DJ 22/11/2011

    OW;aWSW;SW;CN?FWSW;SW;inequvoco que cabe Unio a competncia legislativa e administrativa para a

    disciplina e a prestao dos servios pblicos de telecomunicaes e energia eltrica

    (CF, arts. XIWXIIHWIVLWSDFWSW;;H; IH;N; S; ;a; SW ;;; H=I; W; IIW=; W;S; SWWNSW=;=TV;I;HWWWa;DFWSW;;I;incorreu em inconstitucionalidade formal, porquanto necessariamente inserida a

    a;N? S; I; ;a=; >H SW SWW WWW

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    MAIS QUESTES DE PROVA

    18. (TCU AUFC 2015 Cespe) As instrues normativas destinadas aos rgos pblicos dos Poderes Executivo e Judicirio expedidas pelo TCU no exerccio de sua competncia possuem carter orientador, podendo ser modificadas por normas especficas, dado o princpio da autonomia dos poderes da Unio.

    Comentrio: As normas expedidas pelo TCU no exerccio do seu poder regulamentar (funo normativa) possuem carter compulsrio, e no apenas orientador, eis que obrigam os destinatrios ao seu cumprimento, sob pena de responsabilidade. o que prev o art. 3 da Lei Orgnica:

    Art. 3 Ao Tribunal de Contas da Unio, no mbito de sua competncia e jurisdio, assiste o poder regulamentar, podendo, em consequncia, expedir atos e instrues normativas sobre matria de suas atribuies e sobre a organizao dos processos que lhe devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento, sob pena de responsabilidade.

    Gabarito: Errado

    19. (TCU TEFC 2015 Cespe) O TCU rgo vinculado e subordinado ao Poder Legislativo.

    Comentrio: Embora o TCU seja vinculado ao Legislativo para fins oramentrios e para observncia dos limites da LRF, no existe relao de hierarquia entre eles, ou seja, o TCU no subordinado ao Poder Legislativo, embora o auxilie tecnicamente no exerccio do controle externo da Administrao Pblica.

    Gabarito: Errado

    20. (TCU TEFC 2015 Cespe) Com o objetivo de viabilizar a ao fiscalizadora do TCU e impedir ingerncias polticas no tribunal, foi-lhe atribuda autonomia na gesto de seu pessoal, o que inclui autonomia para criao, transformao e extino de cargos e funes de seu quadro de pessoal.

    Comentrio: O item est errado. Em relao criao, transformao e extino de cargos, o TCU apenas prope ao Congresso Nacional, ou seja, no cria, transforma ou extingue cargos por si s, visto que tais matrias devem ser tratadas por lei. A autonomia do TCU reside na iniciativa privativa para propor leis que tratem do seu quadro de pessoal. O mesmo ocorre com a fixao da respectiva remunerao. Isso est previsto no art. 1, XV da Lei Orgnica:

    Art. 1 Ao Tribunal de Contas da Unio, rgo de controle externo, compete, nos termos da Constituio Federal e na forma estabelecida nesta Lei:

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    02266653210 - Osmar Arcelino Duarte Silva

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    XV - propor ao Congresso Nacional a criao, transformao e extino de cargos, empregos e funes do Quadro de Pessoal de sua Secretaria, bem como a fixao da respectiva remunerao;

    Gabarito: Errado

    21. (TCU AUFC 2013 Cespe) No uso de sua funo sancionadora, pode o TCU, no caso de ilegalidade, fixar prazo para que o rgo ou entidade adote providncias necessrias ao exato cumprimento da lei.

    Comentrio: A questo est errada. A fixao de prazo para o exato cumprimento da lei constitui atribuio da funo corretiva, visto que o objetivo dessa deliberao corrigir a ilegalidade constatada pelo Tribunal, e no punir o gestor. No por outra razo que o TCU, ao fixar prazo para o exato cumprimento da lei, deve fazer indicao expressa dos dispositivos a serem observados, visando ao saneamento do erro. Se o gestor observar os dispositivos indicados pelo Tribunal e corrigir a ilegalidade, no haver imposio de sano alguma.

    O uso da funo sancionadora ocorreria apenas em momento posterior, na hiptese de a determinao do Tribunal no ser atendida, quando ento haveria a aplicao de multa concomitantemente s providncias especficas para a sustao do ato ou contrato, conforme o caso, nos termos do art. 251 do RI/TCU:

    Art. 251. Verificada a ilegalidade de ato ou contrato em execuo, o Tribunal assinar prazo de at quinze dias para que o responsvel adote as providncias necessrias ao exato cumprimento da lei, com indicao expressa dos dispositivos a serem observados, sem prejuzo do disposto no inciso IV do caput e nos 1 e 2 do artigo anterior.

    1 No caso de ato administrativo, o Tribunal, se no atendido:

    I sustar a execuo do ato impugnado;

    II comunicar a deciso Cmara dos Deputados e ao Senado Federal;

    III aplicar ao responsvel, no prprio processo de fiscalizao, a multa prevista no inciso VII do art. 268.

    Gabarito: Errado

    22. (TCE/RS OCE 2013 Cespe) Considere que o governo do estado do Rio Grande do Sul tenha institudo subsdio para os eletrodomsticos de alta tecnologia, reduzindo dois pontos percentuais na alquota do imposto sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicao (ICMS). Nessa situao, constitui responsabilidade do TCE/RS examinar o ato de concesso do referido subsdio.

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    Comentrio: A questo est correta. O ato de concesso do referido subsdio constitui hiptese de renncia de receitas, objeto da fiscalizao exercida pelos Tribunais de Contas, a teor do art. 70, caput da CF:

    Art. 70. A fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta, quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas, ser exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

    Gabarito: Certo

    23. (TCE/ES ACE 2012 Cespe) Compete exclusivamente Cmara dos Deputados suspender os atos dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal caso estes tenham exorbitado os limites do poder regulamentar das leis