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FACULDADE DE NATAL Coordenação do Curso de Licenciatura em Pedagogia Ana Cristina Paula de Oliveira PEDAGOGIA HOSPITALAR: A importância dos Contos de Fadas na reabilitação de crianças entre 02 e 06 anos, internadas no Hospital Maria Alice Fernandes em Natal/RN Natal, 12 de dezembro de 2011

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FACULDADE DE NATAL

Coordenação do Curso de Licenciatura em Pedagogia

Ana Cristina Paula de Oliveira

PEDAGOGIA HOSPITALAR:

A importância dos Contos de Fadas na reabilitação de crianças entre 02 e 06

anos, internadas no Hospital Maria Alice Fernandes em Natal/RN

Natal, 12 de dezembro de 2011

Ana Cristina Paula de Oliveira

PEDAGOGIA HOSPITALAR:

A importância dos Contos de Fadas na reabilitação de crianças entre 02 e 06

anos, internadas no Hospital Maria Alice Fernandes em Natal/RN

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Coordenação do Curso de

Licenciatura em Pedagogia da Faculdade

de Natal - FAL, como requisito parcial

para obtenção do grau de Licenciado em

Pedagogia.

Orientador: JÁNUA COELI DA SILVA E MELO

Natal, 12 de dezembro de 2011.

Banca Examinadora

_________________________________________

Nome do Examinador

Titulação

Instituição a qual é filiado

__________________________________________

Nome do Examinador

Titulação

Instituição a qual é filiado

___________________________________________

Nome do Examinador

Titulação

Instituição a qual é filiado

Nota: ______

Dedico esse trabalho a DEUS, meus pais,

minha filha Ana Beatriz e aos meus

professores que muito contribuíram para

a minha formação.

RESUMO

A Pedagogia tem ampliado a sua atuação e os novos campos têm

proporcionado ao Pedagogo o aprimoramento de estratégias para atuar de

maneira diversificada em busca da aprendizagem nos diversos contextos ao

qual ele está inserido. A justificativa da escolha do tema se deu pelo fato do

interesse em conhecer melhor a área da Pedagogia Hospitalar e ratificar a

eficácia dos Contos de Fadas no tratamento de crianças entre 02 e 06 anos.

Dentro deste contexto, neste trabalho busquei pesquisar a importância do

Conto como recurso terapêutico. Para o desenvolvimento da pesquisa,

visando alcançar os objetivos, a metodologia utilizada foi à visitação

periódica ao referido Hospital para a constatação do Conto de Fadas como

recurso essencial a reabilitação de alunos/pacientes. Os resultados desta

pesquisa demonstram a importância desse recurso e a excelência do papel

do Pedagogo na instituição hospitalar.

Palavras-chave: Pedagogia Hospitalar; Conto de Fadas; Pedagogo.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 6

2 BREVE HISTÓRICO ................................................................................................................... 7

3 A PEDAGOGIA HOSPITALAR .................................................................................................. 8

3.1 LEGISLAÇÃO QUE PRECONIZA O ATENDIMENTO PEDAGÓGICO HOSPITALAR .10

3.2 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO RN E EM NATAL ......................................................11

4 CONHECENDO O HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES ...............................................13

4.1 PRINCÍPIOS DO SUS .........................................................................................................14

4.2 DESENVOLVENDO PARCERIAS .....................................................................................15

5 PLANEJANDO PARA A CLASSE HOSPITALAR .................................................................16

5.1 O CONTO DE FADAS .........................................................................................................17

5.2 O CONTO DE FADAS COMO RECURSO TERAPÊUTICO............................................18

6 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA DE 2 A 6 ANOS DE IDADE ............19

7 O MUNDO ENCANTADO DA LITERATURA INFANTIL E SUA RELEVÂNCIA NO

CONTEXTO HOSPITALAR ..........................................................................................................21

8 A PEDAGOGIA HOSPITALAR COMO UMA NOVA PERSPECTIVA DO TRABALHO DO

PROFESSOR .................................................................................................................................23

9 A EXPERIÊNCIA NO HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES ..........................................25

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................28

APÊNDICE .....................................................................................................................................33

6

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi elaborado com a finalidade de detectar a influência

dos Contos de Fadas no processo de reabilitação de crianças entre dois e seis anos

de idade, internadas no Hospital Maria Alice Fernandes em Natal/RN.

A legislação no decorrer dos anos tem ampliado o conceito da Educação no

Hospital favorecendo o aluno/paciente e transformando o que era simplesmente uma

forma de tirar a ociosidade, em construção do saber a partir da continuidade dos

estudos, preconizando os direitos próprios da criança.

Ao longo dos anos a modalidade da Pedagogia Hospitalar tem ampliado a

atuação do professor e dentre as metodologias utilizadas, a contação de histórias

tem espaço garantido por fazer parte do entretenimento e por desenvolver o

imaginário infantil. Mas como esse instrumento educacional pode influenciar na

reabilitação de crianças hospitalizadas? Como está sendo desenvolvida a

Pedagogia Hospitalar no Hospital Maria Alice Fernandes? O trabalho do Pedagogo

tem apresentado quais resultados perante o desafio da educação no hospital? São

questionamentos que pretendo responder ao longo do trabalho.

Para direcioná-lo melhor restringi o estudo a crianças entre dois e seis anos

de idade, por estarem referenciadas, de acordo com o MEC, ao Ensino Infantil ou

pré-escola, onde o conto é preconizado.

A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo e a coleta de dados foi por

meio de entrevista estruturada aberta com a Pedagoga Ana Lúcia de Souza Costa e

acompanhantes das crianças hospitalizadas.

Inicio o trabalho relatando um breve histórico da Pedagogia Hospitalar no

mundo, no Brasil, no Rio Grande do Norte e por fim, em Natal. Enfatizando o

Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, campo da pesquisa.

7

2 BREVE HISTÓRICO

A classe hospitalar, uma sala específica em hospitais, com propósito

educacional, direcionada a atender crianças internadas, em idade escolar, tem seus

primórdios no ano de 1935, no momento em que Henri Sellier inaugura a primeira

escola para crianças inadaptadas, nos arredores de Paris.

O modelo educacional foi seguido em várias partes do mundo, como por

exemplo, França e Europa com a finalidade de prover as dificuldades escolares de

crianças tuberculosas, já em países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra

foram resultados de estudos acadêmicos que desde o inicio deste século se

ocuparam em direcionar atenção devida à preocupação com as crianças

hospitalizadas.

A segunda guerra mundial tornou-se efetivamente um marco decisório quanto

à existência da classe hospitalar devido ao grande número de crianças e jovens

mutilados, dessa forma impossibilitados de frequentar a classe regular.

No Brasil, o trabalho educacional em hospitais tem os primeiros registros a

partir de 1931, iniciado na Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. Sua definição

na política educacional brasileira só chegou em 1994, com a Política Nacional de

Educação Especial. Essa definição restringia-se ao fator da transposição das

atividades realizadas no contexto escolar para o ambiente hospitalar.

Com o intuito de ampliar esta definição, em 2002, o Ministério da Educação (MEC) publicou o documento basilar para esta modalidade de ensino com o título Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações (BRASIL, 2002). Neste documento, entende-se que o aluno da classe hospitalar é o educando cuja condição clínica interfere em sua permanência ou freqüência escolar de forma temporária ou permanente, necessitando de um acompanhamento educacional durante seu processo de hospitalização. (FONTES, 2010)

1

Na década de 50 (séc. XX) foi iniciado o trabalho com classes hospitalares na

cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente no Hospital Municipal Jesus.

As classes hospitalares foram sendo inseridas a partir da necessidade de

oferecer tal atendimento às crianças/adolescentes hospitalizados, contudo ainda

existem poucas classes, se comparado a grande quantidade de hospitais. 1 Disponível em: http://vidaeducacao.com.br/?p=201

8

Há registro de apenas 66 classes hospitalares no Ministério da Educação (MEC). É muito pouco, considerando que o País tem 6.400 hospitais. Mas o próprio governo acredita que existam mais. Do total, 47 delas estão em instituições públicas e o restante, em particulares. (G1/Brasil, 2006)

2

É importante ampliar o número de classes hospitalares para que haja uma

maior cobertura, logo, mais crianças serão beneficiadas com o apoio pedagógico

que lhes é de direito mesmo estando em condições adversas, como o internamento

temporário ou permanente em hospitais, clínicas, casas de apoio ou ainda

impossibilitados de frequentar a escola regular.

3 A PEDAGOGIA HOSPITALAR

A Pedagogia em seu contexto contempla uma ampla área de atuação, das

quais a Pedagogia Hospitalar tem a sua relevância por permear dois direitos

essenciais ao ser humano para sua sobrevivência: educação e saúde.

O Pedagogo como profissional que permeia o processo educacional deve

estar inserido nos ambientes onde ocorrem tais processos, pois a sua atuação

nesses espaços contempla uma visão ampla, a qual permite o desenvolvimento

sócio-educativo em longo prazo de forma individual e social.

A Pedagogia não é mais uma área profissional que está inserida apenas no

contexto escolar devido às mudanças pertinentes as necessidades da sociedade,

seu campo de atuação perpassa as áreas administrativa, social e psicossocial.

O educador percebe que mudança pedagógica é não só promover a auto-aprendizagem de seu aluno fora da sala de aula, mas também ele próprio vivenciar novas experiências e caminhar para novas descobertas de suas habilidades e competências fora da abrangência escolar. Passou a buscar, então, novas matizes pedagógicas, ampliando a dimensão pessoal e social do conceito de educador.

3

Atualmente, a Pedagogia Hospitalar como processo pedagógico é uma

realidade no amplo leque de atuação do pedagogo na sociedade contemporânea.

2 Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,AA1274814-5598,00.html

3 Disponível em:

http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092006000100040&script=sci_arttext

9

Nessa perspectiva, segundo MATOS e MUGIATTI (2009, p. 37)

[...] a Pedagogia Hospitalar é um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente hospitalar e/ou domiciliar.

A criança recebe orientações pedagógicas no contexto hospitalar, onde

temporariamente está inserida, sem ter prejuízos quanto ao desenvolvimento de

atividades escolares decorrentes ao ano letivo.

―O atendimento pedagógico em ambiente hospitalar é reconhecido pela

legislação brasileira como direito da continuidade de escolarização aquelas crianças

e adolescentes que se encontrem hospitalizados‖ (CNDCA, 1995)4

Essa continuidade quanto ao processo educacional permite a criança e o

adolescente hospitalizados manter-se vinculados ao seu convívio cotidiano, anterior

a doença, para poder reintegrar-se após a hospitalização.

A criança hospitalizada tem o ―direito de desfrutar de alguma forma de

recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo

escolar durante sua permanência hospitalar‖, de acordo com Conselho Nacional dos

Direitos da Criança e do Adolescente Resolução 41/95.

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) Lei 8.069/ 905 preconiza com

base nos princípios universais dos direitos provenientes ao indivíduo, em seu artigo

3º estabelece que

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

A pedagogia hospitalar tem por finalidade, contemplar ao educando

hospitalizado; ações integradas, as quais possibilitem o desenvolvimento escolar, a

partir do fator primordial, a vida. Assim, em conjunto com a equipe responsável pelo

paciente, o Pedagogo articula projetos essenciais nesse processo.

4 Disponível em: http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/1683233-pedagogia-hospitalar/

5 Disponível em: http://www.saosebastiao.sp.gov.br/cmdca/lei8069-90.htm

10

―A educação hospitalizada tem como base o atendimento personalizado ao

educando internado, onde se desenvolve uma proposta pedagógica de acordo com

as suas necessidades e possibilidades diárias‖ (FIGHERA, 2008)6.

O ato de educar no ambiente hospitalar exige muito do educador, pois vai

além do currículo escolar. Proporcionar ao educando a descoberta de valores

essenciais a vida humana, como por exemplo, a solidariedade, o amor ao próximo, a

compaixão, é fator primordial. FONTES (2010) relata que

Mais do que o profissional, o maior parceiro da criança é a outra criança que está ali dentro, que almoça, acorda e passa pelo sofrimento junto com ela. É papel do professor incentivar essa parceria, essa solidariedade, buscar fazer com que a criança enxergue o outro como alguém semelhante a ela. Isso é um processo educativo que não está atrelado diretamente ao conteúdo curricular.

7

3.1 LEGISLAÇÃO QUE PRECONIZA O ATENDIMENTO PEDAGÓGICO

HOSPITALAR

Os direitos fundamentais de todo ser humano são: a vida, saúde, educação,

lazer, moradia, dentre outros, os quais são garantidos pela Constituição Federal do

Brasil e reconhecidos internacionalmente a partir da Declaração da Organização das

Nações Unidas de 1948.

O artigo 214 da Constituição Federal afirma, ainda, que as ações do Poder Público devem conduzir à universalização do atendimento escolar. Entretanto, diversas circunstâncias podem interferir na permanência escolar ou nas condições de construção do conhecimento ou, ainda, impedir a freqüência escolar, temporária ou permanentemente. (BRASIL, 2002)

8

Nessa perspectiva, a criança não deve estar exclusa de nenhum dos direitos,

mesmo que sua situação momentânea seja dito impossível conciliar, como no caso

de crianças hospitalizadas em período escolar.

Hoje além de haver classes hospitalares, existe o atendimento escolar ao

doente em casas de apoios, e em entidades que prestam atendimento ao doente em

6 Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=1039

7 Disponível em: http://vidaeducacao.com.br/?p=201

8 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/livro9.pdf>

11

fase escolar. O atendimento pode também se estender ao domicílio do aluno que,

por motivos de saúde não possa frequentar a escola.

As leis que amparam a Pedagogia Hospitalar estão descritas na Constituição

Federal de 1988, no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), na LDB (Leis e

Diretrizes de Base da Educação Brasileira) e no CNEE (Conselho Nacional de

Educação Especial).

Segundo COSTA (2008)9

A legislação brasileira reconhece tal direito através da Constituição Federal de 1988, da Lei n. 1.044/69, da Lei n. 6.202/75, da Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente, da Resolução n. 41/95 do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Lei n. 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, da Resolução n. 02/01 do Conselho Nacional de Educação. A esta modalidade de atendimento educacional denomina-se Classe Hospitalar, que segundo a Política Nacional de Educação Especial, publicada pelo MEC – Ministério da Educação e da Cultura, em Brasília, em 1994, visa ao atendimento pedagógico às crianças e adolescentes que, devido às condições especiais de saúde, encontram-se hospitalizados.

Conciliar em um mesmo ambiente, educação e saúde, requer esforços por

parte de segmentos peculiares a criança, como família, escola e em detrimento da

condição do educando, profissionais da saúde, para juntos alcançarem o pleno êxito

quanto à recuperação a saúde e o desenvolvimento educacional desse paciente.

O governo por sua vez, sanciona leis e diretrizes de base da Educação e

Saúde para o amparo legal, o qual rege todo o processo de Educação Especial.

3.2 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO RN E EM NATAL

No Rio Grande do Norte, a primeira classe hospitalar se estabelece em

território Caicoense no Hospital do Seridó, com a Classe Hospitalar Sulivan

Medeiros. Segundo a professora Adriana Flávia ―[...] fundada aos 11 de Novembro

de 2004 pelo professor MS. Adailson Tavares de Macêdo e professor Anderson

Clayton Duarte de Medeiros‖.10

9 Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/11289/1/PedagogiaHospitalar/pagina1.html>

10 Disponível em: http://classesulivanmedeiros.blogspot.com/

12

Surgiu a partir do projeto de extensão dos alunos de Pedagogia com a

participação de alunos do curso de matemática da UFRN, denominado ―cuidando da

criança internada e de seus acompanhantes‖

[...] cujas atividades de atendimento às crianças internadas acontecem nas instalações da referida unidade hospitalar, em Caicó/RN, em uma sala especialmente cedida por esta instituição, que por ocasião de sua implantação denominou-se sala Sulivan Medeiros. Este projeto de Extensão desenvolve uma proposta pedagógica de atenção escolar às crianças em situação de internação, procurando fornecer orientações e suporte especializado para que vençam as dificuldades originárias do período de tratamento bem como sejam minimizados os danos decorrentes do período prolongado de afastamento da instituição escolar. (PIRES, 2008)

11

O projeto é mantido com apoio financeiro da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – UFRN, através do CERES e PROEX, além das doações de

material feitas pela comunidade e voluntários.

A rotina da classe hospitalar Sulivan Medeiros envolve atividades de apoio

escolar, como reforço, e ainda, recreação, leitura e teatro. Metodologias coerentes

com a concepção de proporcionar aos pacientes a aproximação com o cotidiano

vivenciado fora do ambiente hospitalar.

É composta por ―[...] brinquedoteca, cantinho de leitura voltado para literatura

infantil, cantinho do artista para trabalhos artesanais e cantinho pedagógico,

atendendo uma média de 400 crianças ao ano e contando com 14 voluntários‖ 12.

A segunda classe hospitalar implantada no Estado resultou do

reconhecimento e sucesso da classe Sulivan Medeiros. Localiza-se em Parelhas no

hospital Dr. José Augusto Dantas, denominada classe hospitalar Dr. Servulo

Azevedo Dias.

Percebe-se que a Pedagogia Hospitalar no Brasil e no estado do Rio Grande

do Norte é muito recente. Apesar de se saber que o trabalho educacional nos

hospitais provém de tempos anteriores, hoje por haver o embasamento por leis e

decretos, e o reconhecimento de tal necessidade, tem crescido o interesse pela área

11

Disponível em: http://www.robsonpiresxerife.com/blog/notas/classe-hospitalar-uma-realidade-no-

serido/

12 Disponível em: http://aflordaterra.blogspot.com/2008/11/classe-hospitalar-do-hospital-do-serid.html

13

e com isso, o aprimoramento as questões pedagógicas em ambientes não escolares

tem sido reforçadas.

A implantação da Pedagogia Hospitalar no Estado a priori se constituiu a

partir do interesse particular dos hospitais em realizar tal trabalho, sem a intervenção

dos poderes públicos, entretanto, com a expansão do projeto, fez-se necessário a

participação efetiva dos governos Estaduais e Municipais.

A participação pioneira no Estado foi a da Prefeitura do Município de Natal,

segundo o Dr. Thiago Pereira, coordenador do CIRADS (Comitê Interinstitucional de

Resolução Administrativa de Demandas da Saúde) enfatizou no Seminário Classe

Hospitalar

―Antes existiam ações próprias dos hospitais sem a participação direta do Município e do Estado. Agora, estamos implantando uma política pública através da cooperação entre as instituições e o primeiro passo, nesse sentido, foi dado pela Prefeitura do Natal ao estabelecer um termo de cooperação técnica com o Hospital Varela Santiago‖.

13

Aproximadamente cinco anos após a fundação da primeira classe hospitalar

no Estado, surge a pioneira no município de Natal, implantada no Hospital Infantil

Varela Santiago, a partir do projeto da pedagoga Christianne Nery. É um programa

pedagógico que acompanha e ensina alunos em tratamento hospitalar. Funciona do

Ensino Infantil ao Ensino Médio.

A segunda classe hospitalar implantada em Natal foi no ano de 2010. Está

inserida no Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, o qual foi escolhido para a

pesquisa em campo, pelo pouco tempo implantado e consequentemente por estar

em fase de desenvolvimento.

4 CONHECENDO O HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES

Hospital pediátrico da rede estadual de saúde. Classificado como unidade de médio porte, o Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes foi fundado em 12 de outubro de 1999, sendo administrado por empresa terceirizada até agosto de 2003. Com sua missão de integrar o Sistema Único de Saúde (SUS), proporciona atendimento 24 horas a crianças e pré-adolescentes na faixa etária de zero a quatorze anos, advindos de todo o Estado. Atua também na área de ensino com resolutividade, ética e humanização. Atualmente conta com uma equipe multidisciplinar de 439 profissionais,

13 Disponível em: http://www.natal.rn.gov.br/noticia/ntc-4431.html

14

treinados para oferecer uma assistência digna à população nas clínicas pediátricas e cirúrgicas, com uma média de 5.390 atendimentos por mês. Possui 57 leitos clínicos e 14 cirúrgicos, com uma taxa de ocupação de 95%, nos quais é oferecida uma assistência humanizada à criança e família. Conta também com uma UTI com sete leitos com média de ocupação de 100%. Seu Centro Cirúrgico possui duas salas, onde são realizadas cerca de 200 de urgência e emergência por mês. Oferece diariamente atendimento ambulatorial em cirurgia e cardiologia pediátrica, como também serviços de Fisioterapia; Suporte Nutricional e Dietético; Enfermagem; Serviço Social; Assistência Farmacêutica; Parecer Técnico; Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; Serviço de Apoio ao Diagnóstico e Tratamento, através da Radiologia E Ultra-Sonografia; Hemoterapia; Análises Clínicas e Microbiologias

14.

Também realiza atividades voltadas para a humanização tanto dos pacientes

como de seus familiares. Como por exemplo: brinquedoteca; cirurgia feliz; entre

outras.

A brinquedoteca é um espaço onde as crianças e familiares podem interagir

com brinquedos, participar de brincadeiras; desenvolver trabalhos artísticos, etc.

Cirurgia Feliz, como o próprio nome sugere, o trabalho tem por finalidade

diminuir os possíveis transtornos a nível emocional da criança que será submetida à

cirurgia, bem como dar suporte psicossocial as mães.

4.1 PRINCÍPIOS DO SUS

Em seus princípios, pode-se ressaltar a Universalidade, onde cabe ao Estado

promover e garantir o acesso ao Sistema Único de Saúde a todo o povo, sem

distinção.

O princípio da Integralidade

Significa a garantia do fornecimento de um conjunto articulado e contínuo

de ações e serviços preventivos, curativos e coletivos, exigidos em cada

caso para todos os níveis de complexidade de assistência. Engloba ações

de promoção, proteção e recuperação da saúde 15

.

Entre os princípios do SUS os aqui apresentados representam a importância

do sistema onde todas as pessoas têm o acesso e beneficiam-se de ações

14

Disponível em: http://hospitalmariaalicefernandes.blogspot.com/

15 Disponível em: http://www.portalsisreg.epm.br/conteudo/principios.htm

15

singulares das quais é possível haver a união de componentes necessários ao

conceito amplo de saúde.

A Organização Mundial de Saúde define que "saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não a simples ausência de doença". Essa definição aponta para a complexidade do tema, e a reflexão mais aprofundada sobre seu significado nos leva a considerar a necessidade de ações intersetoriais e interdisciplinares no sentido de criar condições de vida saudáveis

16.

Logo, a pedagogia hospitalar contempla o conceito ampliado de saúde, pois,

proporciona ao interno a continuidade de sua escolaridade e o melhor, reforça a

esperança de saída do quadro clínico, o qual no momento inspira cuidados, e

consequentemente, sua volta ao convívio familiar e social.

4.2 DESENVOLVENDO PARCERIAS

O trabalho educacional no hospital requer parcerias importantes para o seu

desenvolvimento. Os órgãos do governo (Estadual e Municipal) tendem a auxiliar

com professores e pedagogos lotados na rede pública de educação.

A principal parceria é acondicionada entre hospital e família em conjunto com

a escola regular de ensino, a qual a criança e/ou adolescente encontra-se

matriculado.

O contato entre hospital e escola é feito com o auxílio dos pais ou

responsável. O pedagogo hospitalar faz o cadastro da criança que participa pela

primeira vez da classe hospitalar e solicita a intervenção dos pais em ser o elo entre

hospital e escola, para que esta tenha o conhecimento da necessidade específica da

criança a partir de sua internação quanto à continuidade de seus estudos.

Esse contato nem sempre é fácil, pois, geralmente, as crianças internadas

são de cidades vizinhas ou de municípios distantes, o que dificulta o acesso à escola

regular por seu acompanhante.

A criança hospitalizada tem a companhia da mãe ou responsável e

geralmente, devido à distância não recebe visitas no período de internamento, às

vezes, apenas da pessoa que vai revezar com a acompanhante, o que acontece em

16

Disponível em:

http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_02/03_01.html

16

poucos casos, pois, o que mais ocorre é ficar apenas um único acompanhante

durante toda a hospitalização.

5 PLANEJANDO PARA A CLASSE HOSPITALAR

Tudo precisa ser considerado em relação à organização do trabalho no

ambiente hospitalar, desde um planejamento diversificado e flexível até o entrar e o

sair da criança/adolescente no espaço onde estão sendo desenvolvidas as

atividades.

É válido ressaltar a importância do olhar individualizado no trabalho didático

pedagógico, ao observar a necessidade de cada criança/adolescente internado e até

mesmo respeitar a solicitação de cada criança.

As atividades recreativas tornam-se indispensáveis no processo de internação

hospitalar no momento em que contribui para o próprio tratamento.

Quando se planeja atividades envolvendo a literatura infanto-juvenil, onde são

dispostas atividades lúdicas, as crianças são estimuladas a ampliar o gosto pela

leitura, a afetividade, a alegria, na perspectiva de despertar a criatividade, levando-

as ao sentido da liberdade, pois o foco sai da ‘prisão da dor’ e os conduz a real

possibilidade da melhora na qualidade do tratamento ao qual estão sendo

submetidos, visto que o estado emocional influencia nesse processo.

Na perspectiva da pedagogia hospitalar onde a criança/adolescente internado

tem as suas limitações é de extrema importância que o respeito seja priorizado por

ambas as partes.

A participação do educando hospitalizado na classe hospitalar, no período

transitório da internação é voluntária, entretanto, o foco do pedagogo deve estar

junto à possibilidade de todos os internos estarem inclusos, de acordo com as

características peculiares de cada patologia, a qual a criança esteja acometida,

verificar qual melhor estratégia a ser abordada para alcançar o envolvimento deste

usuário no processo educacional.

Utilizar-se de metodologias adequadas é imprescindível na construção do

saber. O educador percebe a individualidade e estimula o desenvolvimento

psicossocial por meio de atividades lúdicas, por exemplo, o trabalho com os contos

17

de fadas. Seja qual for a idade, o encantamento pelas histórias permanece e

perpassa por gerações. A criança que passa por procedimentos invasivos e

dolorosos no ambiente hospitalar tem a oportunidade de vivenciar a sua infância,

utilizando-se intrinsecamente do imaginário no combate a difícil realidade.

Enfrentar a realidade de uma doença e de uma hospitalização é uma tarefa muito difícil para uma criança, considerando-se sua personalidade em formação e seu grau de dependência. Os contos de fadas podem ser utilizados [...] como um recurso terapêutico visto fazerem parte do universo infantil. (ROMARO e FERNANDES, 2009)

17

5.1 O CONTO DE FADAS

Para um maior esclarecimento de como os contos de fadas podem auxiliar no

tratamento a crianças hospitalizadas é preciso conhecer um pouco da sua história e

significado, assim como a representação do herói.

Desde muito tempo o homem busca sentido para sua existência, um fato

relacionado a essa busca é a permanência dos contos até os dias atuais.

Em toda a história percebem-se os contos sendo narrados para crianças, ou

ainda para adultos. ―O primeiro autor a escrever para crianças no século XVIII foi o

francês Charles Perrault. Perrault ouvia historias de contadores populares, e então

as adaptava ao gosto da corte francesa [...]‖. (A origem e o significado dos contos de

fadas, 2011) 18

Na Europa tem por trajetória, a princípio, de simples diversão até ―uma forma

de ocupação espiritual essencialmente importante‖ (Von Franz, 1990 apud Romaro e

Fernandes, 2009).

Os contos em seu contexto trazem personagens como princesas, fadas,

príncipes, estes por sua vez, tornam-se heróis no decorrer da história, vencendo as

maiores dificuldades, causas até mesmo aparentemente impossíveis, como por

exemplo, no conto ‗A Branca de Neve e os sete anões’, onde a princesa morre

envenenada e o príncipe com um beijo a ―desperta‖.

17

Disponível em: http://www.brinquedoteca.org.br/si/site/0018030?idioma=portugues

18 Disponível em: http://www.pedagogiaaopedaletra.com/posts/a-origem-e-o-significado-dos-contos-

de-fadas/

18

Em uma análise mais profunda dos contos constata-se a sua influência no

imaginário infantil a partir da manifestação da criança em querer fazer parte do

mundo da história. Assim, o educador pode trabalhar diversos assuntos, entre eles

podem-se citar os que motivam a coragem, a esperança e o amor, tão preconizados

nos contos infantis.

O conto de fadas utilizado de maneira consciente pode ajudar as crianças

a resolverem suas angústias ou seus conflitos de forma saudável e prazerosa.

Os contos de fadas, de acordo com Dieckmam (1986 apud Mattar, 2007), são tipos de sonhos da humanidade, que mesmo sem interpretação determinada, se dirige aos [...] problemas do ser humano, mais intensos do momento, desenvolvendo sua ação no inconsciente, onde se aprofunda e se fortalece.

19

É válido ressaltar a importância da utilização do conto como recurso

terapêutico, para que a criança hospitalizada, em seu mundo mágico, resgate e

recupere a alto-estima e se fortaleça no combate a enfermidade.

5.2 O CONTO DE FADAS COMO RECURSO TERAPÊUTICO

O medo é um constante no momento em que a criança percebe-se no

contexto hospitalar, devido os procedimentos peculiares a instituição de saúde, dos

quais, geralmente, a dor faz parte por serem, em sua maioria, invasivos. Conforme

Goldenberg (2007 apud Romaro e Fernandes, 2009), ―a criança hospitalizada passa

por mudanças de ordem psicológica em função das alterações corporais, da dor e

do sofrimento causados pela doença e pelos tratamentos a que é submetida‖.

O ato de contar histórias proporciona à criança um momento de relaxamento, de descontração e equilíbrio, promove o seu bem estar físico, emocional, intelectual e social, e cria condições favoráveis para que o seu sistema imunológico reaja, o que pode tornar sua recuperação mais fácil. (ARAUJO, et al. 2009)

20

Os contos e seus personagens viabilizam a oportunidade de rever medos,

inquietações, peculiares ao ser humano, preparando para o enfrentamento de

desafios e dificuldades. Os contos como recurso terapêutico, segundo Bello 21

19

Disponível em: http://www.fc.unesp.br/upload/pedagogia/TCC%20Regina%20-%20Final.pdf

20 Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/1952_1419.pdf

19

É um riquíssimo instrumento cheio de signos, símbolos, ícones, salvando o imaginário, possibilitando ao indivíduo extrair dele recursos para suas necessidades e então entrar no reino das possibilidades, equilibrando razão e emoção. Eles nos levam ao movimento e a uma porção de coisas que julgavamos perdidas sem termos acesso, então começam a sair do fundo do baú: sonhos e fantasias. As metáforas e imagens dos contos enriquecem e restauram o movimento que é terapêutico por si mesmo.

Culturalmente o contar histórias une gerações por desencadear uma série de

sentimentos, os quais são base para ações e reações perante a instabilidade do

desconhecido. A criança no ambiente hospitalar tem anseios e ao mesmo tempo um

temor, geralmente, aguardando momentos desagradáveis inerentes ao tratamento.

Contudo, a angústia deixa de existir e dá lugar ao encantamento, quando o

aluno/paciente se vê frente à magia do conto.

Assim, a suprema importância dos contos de fadas para as crianças em crescimento, reside em algo mais do que ensinamentos sobre as formas corretas de se comportar, eles são terapêuticos, porque o paciente encontra sua própria solução através da contemplação do que a "estória" parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida (AZEVEDO, 2009).

6 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA DE 2 A 6 ANOS DE IDADE

De acordo com a teoria cognitiva do suíço Jean Piaget, para explicar o

desenvolvimento cognitivo humano, a criança nessa faixa etária encontra-se no

estágio Pré-Operacional.

Nesse estágio as características observáveis mais comuns são:

Pré-operatório (2 a 7 anos) 22

Também chamado de estágio da Inteligência Simbólica. Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor). A criança deste estágio: É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro; Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"); Já pode agir por simulação, "como se"; Possui percepção global sem discriminar detalhes;

Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.

21 BELLO, Vera Lucia Seixas. Encontro com o conto um ato de amor. Disponível em:

<http://veraseixasbello.blogspot.com/2009_08_01_archive.html>

22 BARDINE, Renan Roberto. Jean Piaget. Disponível em:

<http://www.coladaweb.com/pedagogia/jean-piaget>

20

A criança nesse estágio, de acordo com a teoria de Piaget, já consegue se

imaginar como se fosse um personagem da história contada, pois pode agir por

simulação. É nesta fase que surge na criança, a capacidade de substituir um objeto

ou acontecimento por uma representação, esta substituição é possível, conforme

Piaget, graças à função simbólica.

Segundo Sayegh (2006) 23,

A abordagem de Vygotsky se contrapõe a de Piaget, o desenvolvimento é de fora para dentro, através da internalização. Vygotsky afirma que o conhecimento se dá dentro de um contexto, afirmando serem as influências sociais mais importantes que o contexto biológico.

Para Vygotsky o desenvolvimento cognitivo da criança se dá através da

interação, a aprendizagem acontece a partir da sua relação com o meio, nessa

perspectiva o conto favorece e facilita o processo, por ser descrito em um momento

essencialmente interpessoal.

Aproveitar o melhor das histórias infantis e por fim minimizar a primeira

impressão – ―ruim‖ do internamento hospitalar, permite a criança voltar aos seus

sonhos e fantasias peculiares a sua infância, tratando assim do seu relacionamento

intrapessoal.

Em processo de desenvolvimento cognitivo e social, as crianças

hospitalizadas no Maria Alice Fernandes, da faixa etária de dois a seis anos de

idade, enfatizada neste trabalho, têm a oportunidade de sair do estágio do

egocentrismo, mesmo que momentaneamente, e aprender a ‗participar‘ do

sofrimento do outro, devido à concentração de outras crianças passando pelos

mesmos problemas. O educador e os pais devem estimular a criança dar o melhor

de si, mesmo em período de adversidade e buscar o amor ao próximo e a

solidariedade, conteúdos da ética preconizados na boa educação.

O educador pode se utilizar do conto de fadas e proporcionar ao

aluno/paciente momento de grande descontração e aprendizagem, do qual sua

23

Disponível em: http://www.profala.com/artpsico60.htm

21

personalidade se apropria. Segundo BETTELHEIM (2004, p-20, apud Azevedo,

2009) 24

Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança.

A literatura infantil funde sonhos e a vida prática, permitindo assim, o

equilíbrio entre realidade e fantasia.

7 O MUNDO ENCANTADO DA LITERATURA INFANTIL E SUA RELEVÂNCIA NO

CONTEXTO HOSPITALAR

A literatura infantil leva ao mundo da imaginação, universo fantástico, próprio

da criança, experimentado através de fábulas, histórias e contos. Proporciona

benefícios, desde a primeira infância, o contato com os livros desenvolve várias

funções, entre elas a memória e a capacidade de estruturar informações.

As histórias infantis levam a criança a imaginar e nessa vivência é possível

encorajar as crianças que se encontram enfermas a sentir emoções significativas até

então obscuras, como o medo, raiva, tristeza, otimismo, superação, impotência,

insegurança, alegria, entre outras sensações.

Através dos contos é possível que as crianças expressem e sintam segurança e confiança, além disso, pode-se ainda descobrir outros lugares, outros tempos e viajar mesmo sem sair dos leitos do hospital, para lugares fascinantes criados pela imaginação. Assim pode-se estimular o pensamento, a dúvida, o questionamento, a argumentação, a construção de desenhos, o estimulo a musica, a criação de peças teatrais ,a interação através de brincadeiras e a pratica do reconto,promovendo a oralidade e a escrita.

25

Vivenciar uma história, seja ouvindo ou lendo é adentrar em um mundo

mágico, cheia ou não de mistérios e prazeres inesperados, mas sempre muito

24

Disponível em: http://www.artigonal.com/educacao-infantil-artigos/a-importancia-dos-contos-de-

fadas-na-alfabetizacao-762528.html

25 Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-literatura-infantil-promovendo-a-educacao-no-

ambiente-hospitalar/24725/

22

envolvente, curiosa, que diverte e ensina. É na relação lúdica e prazerosa da criança

com a obra literária que temos uma das possibilidades de formarmos o leitor.

A literatura infantil também pode ser utilizada no ambiente hospitalar com a

finalidade de acalmar, acalentar; uma história aprazível pode auxiliar a criança a ter

um sono tranqüilo concedendo um conforto inerente a saúde. Drauzio Viegas (2008,

p.28 apud Forneck, 2009) afirma que:

Tirando a ênfase predominante do combate a doença em si, esta visão amplia consideravelmente a ótica de recuperação: priveligia um espaço que favorece a criança expressar de forma simbólica seu sofrimento, ao mesmo tempo em que representa e vivencia do que tem mais saudável em si, seu apego á vida, sua alegria em fazer algo seu, de forma prazerosa e espontânea.

A positividade é aflorada e a criança se encanta com a possibilidade de

enfrentando o mal, vencer; assim como no contexto literário dos contos de fadas,

que geralmente, em suas histórias priorizam passar ensinamentos relevantes a

enfrentamentos dos medos mais comuns das crianças, como por exemplo, a

‗enfrentar o monstro‘, encarar uma doença.

Em certos casos, como nas enfermidades oncológicas, existe a ameaça

sombria da morte o que acrescenta a essas crianças uma fragilidade ainda maior,

resgatar a sua auto-estima e buscar meios de levá-las ao mundo dos sonhos em

uma realidade tão contraditória, é tarefa do Pedagogo Hospitalar.

Segundo RCNEI (1998) 26

A auto-estima que a criança aos poucos desenvolve é, em grande parte, interiorização da estima que se tem por ela e da confiança da qual é alvo. Disso resulta a necessidade de o adulto confiar e acreditar na capacidade de todas as crianças com as quais trabalha. A postura corporal, somada à linguagem gestual, verbal etc., do adulto transmite informações às crianças, possibilitando formas particulares e significativas de estabelecer vínculos com elas. É importante criar situações educativas para que, dentro dos limites impostos pela vivência em coletividade, cada criança possa ter respeitados os seus hábitos, ritmos e preferências individuais. Da mesma forma, ouvir as falas das crianças, compreendendo o que elas estão querendo comunicar, fortalece a sua autoconfiança.

As crianças identificam a sua situação nos contos que perpassam do ―era

uma vez até o felizes para sempre‖, com a idéia da dor em princípio no passado e a

eternização da felicidade com a saúde restabelecida, assim as crianças

26

RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, pág. 30. 1998.

23

correlacionam a sua vivência na expectativa da cura e se fortalecem, por meio da

auto-estima, para enfrentar o período transitório.

Era uma vez... Geralmente, primeiras palavras de um conto apresentam-se há

um tempo remoto, passado, mas que em seu contexto, trás o que existe de mais

atual, a busca do homem pela sua felicidade ou bem-estar. Mesmo com as

adversidades pertinentes a vida humana, o homem sobrepõe o desejo pelo melhor,

dessa forma, temos o poder da escolha e as histórias infantis têm papel fundamental

neste processo.

O conto de fadas enfatiza a luta entre o bem e o mal, onde fatos

extraordinários acontecem, os quais requerem soluções de mesmo nível, assim o

maravilhoso, o sobrenatural favorece a solícita reposta. Logo, o conto atrai o público

mais diversificado, todos se rendem a magia do final feliz.

8 A PEDAGOGIA HOSPITALAR COMO UMA NOVA PERSPECTIVA DO

TRABALHO DO PROFESSOR

É válido ressaltar que a criança e o adolescente hospitalizado estão em

período de aprendizagem e se encontram desejosos pelo novo. O afastamento da

escola regular dificulta o processo de aprendizagem.

Nessa perspectiva, se faz necessário a intervenção da escola, mesmo sendo

instituição externa ao ambiente hospitalar, o professor a partir deste princípio, tem

um novo campo de trabalho a ser explorado em seus pormenores.

O trabalho do Pedagogo não está mais restrito unicamente ao contexto

escolar, ultrapassa seus muros e está preconizado em todos os lugares onde a

educação possa existir, sejam em empresas, ONGs, hospitais, etc.; pois se trata de

um processo contínuo. Sendo um dos principais objetivos da educação ressalto:

―[...] o desenvolvimento de uma consciência crítica que permite ao homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente. Na medida em que os homens, dentro de sua sociedade, vão respondendo os espaços geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora. (FREIRE, 1983, p. 33 apud Matos & Mugiatti, p. 68)‖

Para a atuação no contexto hospitalar é necessária a licenciatura em

Pedagogia e especialização em Pedagogia Hospitalar ou em Educação Especial.

24

A Pedagogia em toda a sua história concentra um acervo teórico-prático de

ensino e aprendizagem que autoriza a sua participação no contexto hospitalar,

procurando sempre o melhoramento como base em uma práxis responsável e

adequada.

Articular teoria e prática, integrar os saberes científico-tecnológicos bem como associar os conhecimentos específicos da formação profissional e os saberes tácitos advindos das práticas sociais e da experiência profissional a sua prática, relacionando-os e adequando-os aos lugares em que trabalham são alguns dos desafios a serem enfrentados pelo pedagogo em sua atuação (SAID, 2011)

27.

Nessa perspectiva, a intervenção pedagógica oferece auxílio à criança (ou

adolescente) hospitalizada, a qual está submetida a uma situação

momentaneamente negativa, e assim possa se desenvolver dando continuidade ao

processo educacional. Entretanto, para que haja essa ajuda, o profissional deve

estar bem preparado, o que não acontece em alguns casos. Segundo Barbosa

(1991, apud Andrade, 2009) 28

Quando se vêem numa enfermaria pediátrica (são raros, mas existem), a solução que encontram é improvisar, deixar-se levar pela intuição e o senso comum. O resultado é a impossibilidade de refletir criticamente sobre a realidade com que se defrontam e os procedimentos que adotam.

Logo, o Pedagogo deve estar em constante auto-avaliação, procurando

transformar-se para transformar, pois a educação é transformadora e é com esse

intuito que o Pedagogo deve observar o ambiente hospitalar a fim de transformar a

dolorosa realidade em algo menos pungente, deixando-o mais alegre e educativo.

O educador deve priorizar a continuidade dos conteúdos vivenciados pela

criança anteriormente a internação. Na construção do saber é preciso buscar as

diversas possibilidades de aprendizagem, desenvolvendo atividades lúdicas,

recreativas, utilizando-se, por exemplo, dos jogos, dos brinquedos, mas não com o

propósito apenas do brincar e sim do divertimento que ensina.

27

Disponível em: http://www.socultura.com/index.php?option=com_content&view=article&id=356:livro-

eletronico-pedagogia-para-o-seculo-xxi&catid=74:isabel-said&Itemid=109

28 Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/as-atuacoes-do-pedagogo-em-classe-

hospitalar/25436/

25

Dentre as perspectivas do trabalho do Pedagogo, a Pedagogia Hospitalar

talvez seja o maior desafio, por ultrapassar as necessidades simplesmente

pedagógicas da criança (ou adolescente), todos os procedimentos são mais ricos

em detalhes, por depender do estado físico/emocional dos educandos, por vezes,

nesse ambiente, fragilizado pela condição de pacientes.

A afetividade deve estar acrescida de atenção redobrada; a didática é flexível;

a participação ativa dos pais auxilia no processo educacional; o educador deve estar

sensível e saber até onde ir, no momento da dor; entre outros aspectos que

influenciam a prática docente no contexto hospitalar deixando emergir o lado

humano do profissional.

9 A EXPERIÊNCIA NO HOSPITAL MARIA ALICE FERNANDES

O acompanhamento do trabalho pedagógico com crianças entre dois e seis

anos internadas no referido hospital foi realizado em dias alternados, no turno

vespertino, por um período de um mês. A Pedagoga e técnica em enfermagem Ana

Lúcia de Souza Costa, professora da classe hospitalar foi acolhedora e sempre

muito atenciosa.

Conta com o apoio de uma equipe formada por quatro profissionais da

instituição e uma estagiária. Estão assim distribuídos: uma supervisora, duas

professoras, a estagiária como auxiliar e uma recreadora que é responsável pela

brinquedoteca do hospital. Frequentemente trabalham em conjunto e por projetos.

Na minha chegada a classe hospitalar a Pedagoga Ana Lúcia de Souza Costa

relatou como acontece o trabalho e em paralelo mostrou-me os projetos até então

desenvolvidos. Explicou todo o processo desde quando a criança é internada até a

sua alta.

Detalhou a importância da comunicação com a escola por intermédio dos

familiares /acompanhantes, o qual relatou não ser um procedimento simples, devido

às dificuldades aqui neste artigo anteriormente apresentadas. Enfatizou: ―é um árduo

trabalho‖ (informação verbal – 22/09), mas afirmou ser também muito prazeroso.

A sala tem características educacionais, mesinhas e cadeiras proporcionais

as crianças; quadro branco; materiais pedagógicos, brinquedos e jogos além dos

murais: hoje o tempo está; combinados da sala; calendário; aniversariantes do mês;

26

ajudantes da semana; as letras do alfabeto e os números. Todo um perfil escolar,

para que as crianças se sintam num ambiente acolhedor e atrativo, lugar esse que

pertence à vida, a aprendizagem e a alegria.

As crianças geralmente são internadas por causa de pneumonia, doença que

requer normalmente entre sete e dez dias de hospitalização.

No dia 22 de setembro do referido ano, estava sendo desenvolvido o projeto

chamado ―Conto de Fadas‖, o qual é pertinente a proposta do meu artigo que se

refere a “PEDAGOGIA HOSPITALAR: a importância dos Contos de Fadas na

reabilitação de crianças entre 02 e 06 anos, internadas no Hospital Maria Alice

Fernandes em Natal/RN”. Logo, darei maior ênfase a essa proposta no relato da

vivência.

Antes de detalhar o projeto, vou priorizar a organização do espaço e quem

são as crianças acolhidas na classe. Os alunos/pacientes têm a opção de frequentar

à sala em dois horários, manhã ou tarde, contudo a preferência no turno da manhã

está para os alunos do Ensino Fundamental e Médio, e a tarde para o Ensino

Infantil.

As crianças são convidadas a participar da classe hospitalar a partir do seu

primeiro dia no hospital. Ao chegarem à sala, a Pedagoga recebe-os com um

acolhimento todo especial. O acompanhante responde as perguntas do cadastro e é

solicitado que procure a escola regular onde o aluno/paciente está matriculado para

levar uma carta. Nesta carta é informada a situação da criança e a necessidade em

serem enviados os conteúdos do currículo escolar ao qual estaria estudando, para

haver a continuidade no processo educacional. Na alta, a escola regular recebe um

relatório informando como foi o desempenho, a participação nas aulas e quais foram

os conteúdos abordados.

Duas professoras acompanham essas crianças, uma em cada horário, e de

acordo com o relato da professora Ana Lúcia é compensador ajudar essas crianças

a superarem o momento difícil e prosseguir com os estudos. É duplamente

satisfatório pela recuperação da saúde e a continuidade da formação educacional,

devido à promoção a saúde desenvolvida no ato da contação de histórias, pela

alegria proporcionada diante de tanta dor.

27

O projeto ―Contos de Fadas‖ foi desenvolvido durante uma semana no mês de

setembro do corrente ano. Foram trabalhadas as histórias dos três porquinhos;

Branca de Neve e os sete anões; chapeuzinho Vermelho; entre outras. Quando uma

criança chegava à sala, a história era contada e em seguida lhe era proposta uma

atividade. O interessante é que algumas das crianças não conheciam as histórias.

Acredito que seja a falta de oportunidade em ter livros de contos infantis, ou ainda

questão sociocultural, entre outros possíveis aspectos e por esse motivo, não

tiveram acesso à literatura Infantil.

Durante o período de observação, me deparei com diversas situações, dentre

todas ressalto algumas, que demonstram a importância do trabalho educacional em

instituição hospitalar, respeitando o educando em seu direito de aprender,

satisfazendo-lhe essa necessidade. A menina M. V. de nove anos, muito debilitada,

não estava em condições de frequentar à classe hospitalar, contudo, a mãe relatou o

desejo de que ela pudesse fazer parte do momento junto às outras crianças, apesar

de participar no seu próprio leito, onde a mãe, orientada pela Pedagoga Ana Lúcia,

levou livros de contos infantis e atividades.

Minutos depois de expressar o desejo, a mãe trouxe M. V. envolvida em seus

braços, essa por sua vez, gemendo de dor, e acomodou-a em uma das cadeiras. A

menina pediu para desenhar. Após ouvir a história, começou a rabiscar o papel, de

início foi orientada a desenhar personagens da história Chapeuzinho Vermelho, mas

logo depois, houve a flexibilização e pode desenhar o que quisesse. Passou em

torno de uma hora com as outras crianças para a sua alegria e de sua mãe e depois

retornou ao leito, sem tanta dor como na chegada a sala.

Outro momento importante foi na semana em comemoração ao dia da

criança, o menino M. G. de seis anos internado para realizar uma cirurgia no canal

da uretra, estava assistindo a uma apresentação na brinquedoteca, quando convidei

a mãe para uma entrevista (a qual está em apêndice para melhor esclarecimento),

pude perceber que o menino estava de sonda e mesmo com todos os aparatos

como o coletor de urina e o soro, a mãe fez questão de levá-lo para participar do

evento, atendendo a um pedido do próprio menino.

28

Por meio de entrevista com os pais/ acompanhantes das crianças percebi um

grande apoio ao serviço proposto pela classe hospitalar. Reconhecem a sua

importância e incentivam os filhos a participarem.

Pude observar que os adultos têm carência de leitura tanto quanto as

crianças, muitos deles não conhecem os contos de fadas, não tiveram em suas

vivências a leitura como fator primordial ao conhecimento.

Portanto, o ambiente hospitalar por envolver a família durante o período de

internação é propício ao despertamento de gerações quanto ao aprendizado por

meio da literatura. Cabe ao Educador estimular o gosto pela leitura por ser favorável

ao processo de reabilitação.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em consideração o artigo descrito percebe-se a influência que o

conto de fadas representa por sua grande contribuição quanto à melhora no estado

de saúde dos alunos/pacientes do hospital Maria Alice Fernandes. No

desenvolvimento do projeto foi notória a empolgação das crianças e a participação

efetiva proporcionou alegria e contentamento, amenizando a dor e o sofrimento

causado por procedimentos invasivos.

Constatei que o trabalho na classe hospitalar tem suas dificuldades, porém

mesmo com a adversidade da dor, do choro, do medo, as crianças podem participar

desse espaço contraditório que trás satisfação e aprendizagem. Não se trata apenas

de divertimento ou passa-tempo, mas é um lugar onde a criança credita a sua

confiança, por saber que nesse ambiente pode contar com o amor e auxílio da

professora e da família e juntos construir e idealizar sonhos.

A Pedagogia Hospitalar tem crescido em passos lentos se comparada ao

número da demanda, contudo, no geral, onde a sua atuação é permanente tem

realizado um trabalho de qualidade.

O contar histórias, utilizando-se dos Contos Infantis facilita o processo de

aprendizagem e contribui para a reabilitação das crianças proporcionando satisfação

para os familiares/ acompanhantes pelo fato de favorecer a saída do quadro clínico,

promovendo a saúde.

29

O Pedagogo que escolhe a Pedagogia Hospitalar como seu campo de

atuação deve se preparar para os desafios pertinentes a esse ramo, pois além do

processo educacional é preciso desenvolver habilidades importantes, inerentes ao

público atendido, como por exemplo, a sensibilização de saber até onde ir; que

prática favorece a participação integral; observar o movimento da mão imobilizada

pelo soro na veia e com isso selecionar a melhor metodologia; escolher o melhor

momento para oferecer uma nova atividade ao aluno debilitado; entre outras.

Todavia, na mesma medida é o retorno duplamente significativo ao Pedagogo, por

dar continuidade ao processo educacional e por ver a melhora no estado de saúde

da criança, retornando a vida cotidiana.

Para a minha formação muito acrescentou por ampliar o conceito de

educador, por me fazer entender a importância dos diversos ramos da Pedagogia,

mais especificamente o da Pedagogia Hospitalar.

Sugiro a expansão do Projeto Contos de Fadas aos leitos da UTI Neonatal.

As mães seriam contempladas a partir de uma capacitação realizada anteriormente,

com o propósito de estreitar os laços com a literatura infantil, visto que muitas delas

não conheceram os contos infantis e consequentemente após o internamento, o

gosto pela leitura venha ser uma prática constante na vida da família.

Utilizando-se da perspectiva terapêutica promover o conto com bebês

prematuros poderá trazer benefícios imensuráveis, pois a criança passa a ouvir com

maior frequência a voz da mãe, quando esta lhe recita as histórias. O contato físico

é favorecido e a criança estimulada deverá reagir positivamente tanto ao fator

psicológico como o afetivo, entre outros aspectos.

O Pedagogo hospitalar deve ter esse olhar ampliado, o qual busca integrar

educação e saúde na esperança de atingir a plenitude do ser.

30

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09/11/2011.

SAID, Isabel. Livro eletrônico: Pedagogia para o Século XXI. Publicado em 20 de

setembro de 2011. Disponível em:

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em: 18/11/2011.

SAYEGH, Flávia. As Relações entre Desenvolvimento e Aprendizagem para

Piaget e Vygotsky. 2006. Disponível em: <http://www.profala.com/artpsico60.htm>

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UM CONCEITO AMPLIADO DE SAÚDE. Disponível em: <http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_02/03_

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WEBER, Carine. Entre educação, remédios e silêncios: trajetórias, discursos e

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33

APÊNDICE

ENTREVISTAS

Aos acompanhantes das crianças foi questionado:

Para você é fundamental o trabalho educacional preconizado na classe

hospitalar? Justifique.

Quinze mães foram entrevistadas e o resultado segue na tabela abaixo:

Porcentagem relacionada ao número de mães entrevistadas

SIM

NÃO

JUSTIFICATIVA

―É importante, pois não ficam dispersos do conteúdo quando retornam a escola regular‖

―É muito importante porque dá continuidade ao que está vendo na escola‖

Outras respostas

15 = 100%

100%

0%

38%

(06 mães)

53%

(08 mães)

9%

A Pedagoga Ana Lúcia de Souza Costa:

Como foi a participação das crianças durante o projeto Conto de Fadas e

no seu desenvolvimento foi percebida a melhora no quadro clínico dos

alunos/pacientes? Cite caso para exemplificar.

Como todos os projetos realizados na nossa classe, houve um bom

desenvolvimento e participação, pois neste período tinha muitas crianças

internadas, principalmente, alunos do Fundamental. Então realizamos muitas

atividades de desenho com quatro alunos que desenhavam muito bem,

passavam os personagens no papel onde nós aproveitamos todos os desenhos

34

para expor na CIENTEC, onde a classe hospitalar teve a oportunidade de

apresentar seus trabalhos em um estande.

Todas as atividades que realizamos com os alunos/pacientes, foram

observadas melhoras, pois naquele momento, eles esquecem um pouco a

doença e a dor.

Tivemos vários casos de alunos com dores devido a cirurgias, mas mesmo

assim, permaneceram na classe, realizando todas as atividades do dia.

Destacamos o caso de Vitória, uma criança especial e não anda, queixava-se de

dores abdominais, mas mesmo assim veio para a classe e quis escrever, copiar a

história da Chapeuzinho e quando não podia vir, a mãe levava os desenhos para

ela colorir no leito, pintava todos e sempre vimos um sorriso em seu rosto.

Ficamos felizes quando ela saiu de alta.

Portanto, o Conto de Fadas é um tema que encanta a todos, imagine as

crianças internadas que tiveram a oportunidade de viajar na imaginação através

dos contos, das dramatizações, das histórias com fantoche, da leitura e

desenhos livres para colorir. Realmente ficamos felizes e gratas a DEUS por esta

oportunidade de trazer alegria, conhecimentos e realizar este trabalho

pedagógico em um hospital.