126
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas - CiPharma LUAN SILVESTRO BIANCHINI SILVA COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES FUNCIONALIZADOS: SÍNTESE, USO EM NANOESFERAS, CITOTOXICIDADE E ENCAPSULAÇÃO DE FÁRMACO MODELO Ouro Preto 2016

COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas - CiPharma

LUAN SILVESTRO BIANCHINI SILVA

COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL

ÉTERES FUNCIONALIZADOS: SÍNTESE, USO

EM NANOESFERAS, CITOTOXICIDADE E

ENCAPSULAÇÃO DE FÁRMACO MODELO

Ouro Preto

2016

Page 2: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

LUAN SILVESTRO BIANCHINI SILVA

COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL

ÉTERES FUNCIONALIZADOS: SÍNTESE, USO

EM NANOESFERAS, CITOTOXICIDADE E

ENCAPSULAÇÃO DE FÁRMACO MODELO

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação

em Ciências Farmacêuticas da

Universidade Federal de Ouro

Preto, como requisito parcial à

obtenção do título de mestre

em ciências farmacêuticas.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Vanessa Carla Furtado Mosqueira

Co-orientadora: Dr.ª Gwenaelle Pound-Lana

Ouro Preto 2016

Page 3: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

Catalogação: www.sisbin.ufop.br

B577c Silva, Luan Silvestro Bianchini. Copolímeros de D,L-lactídeo e glicidil éteres funcionalizados [manuscrito]:síntese, uso em nanoesferas, citotoxicidade e encapsulação de fármaco modelo / Luan Silvestro Bianchini Silva. - 2016. 123f.: il.: color; grafs; tabs.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Vanessa Carla Furtado Mosqueira. Coorientadora: Dr.ª Gwenaelle Elza Nathalie Pound-Lana.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola deFarmácia. Departamento de Farmácia. Programa de Pós-Graduação emCiências Farmacêuticas. Área de Concentração: Fármacos e Medicamentos.

1. Copolímeros. 2. D,L-lactídeo. 3. Éteres glicídicos. 4. Nanoesferas. 5.Benznidazol. I. Mosqueira, Vanessa Carla Furtado. II. Pound-Lana, GwenaelleElza Nathalie. III. Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Titulo.

CDU: 620.3

Page 4: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

mi ijlli?iMa

S3“sssasr

LISTA DE PRESENÇA

Sessão de defesa da 118a dissertação do Programa de Pós-Graduação em

Ciências Farmacêuticas da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro

Preto, que conferiu o grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas a Luan Silvestro

Bianchini Silva, com a defesa da dissertação intitulada: “Copolímeros de D, L-

lactídeo e glicidil éteres funcionalizados: Síntese, uso em nanoesferas, citotoxicidade

e encapsulação de fármaco modelo”, avaliada pela banca examinadora abaixo:

Ouro Preto, 05 de agosto de 2016.

dia,GjyAuProfa. Dra. Gisele Rodrigues da Silva

UFSJ

rrof. Dr. Leandro Vicícius Ãwe:UFOP (J

Profa. Dra. Vanessa Carla Furtado MosqueiraUFOP S

Page 5: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

LOCAL DE REALIZAÇÃO DO PROJETO

Laboratório de Desenvolvimento Galênico e Nanotecnologia (LDGNANO)/ Cipharma/

Escola de Farmácia/ UFOP.

LABORATÓRIOS DE APOIO

Laboratório Multiusuário/ CiPharma/ Escola de Farmácia/ UFOP.

Laboratório NanoLab do Centro Mínero-Metalúrgico da Rede Temática em

Engenharia de Materiais (CMM-REDEMAT)/ Escola de Minas/ UFOP.

Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear (LAREMAR)/ Departamento de

Química/ UFMG.

Page 6: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

AGRADECIMENTOS

Sou grato a Deus e aos amigos espirituais por todas as bênçãos que tenho

alcançado nesta existência.

À CAPES pelo auxílio financeiro. À UFOP, ao Cipharma e à gloriosa Escola

de Farmácia (EFAR) pela confiabilidade e transparência das instituições.

Aos técnicos do Cipharma e da EFAR, em especial à Patrícia Capelari e à

Renata Branquinho por serem sempre tão prestativas. À secretaria do CiPharma,

nas figuras da secretária Mirela Pena e da coordenadora Prof.a Dr.a Neila Barcellos,

pela atenção recebida. Aos professores pela formação acadêmica e por cultivarem a

semente da ciência em seus alunos. Expresso aqui, meu respeito e admiração a

estes profissionais.

Às minhas orientadoras Prof.a Dr.a Vanessa Mosqueira e Dr.a Gwenaelle

Pound-Lana pela orientação, projeto e confiança. Ao Prof. Sidney (Bibo) pela sua

gentileza em ceder vidrarias indispensáveis à elaboração deste trabalho e levar com

boa vontade amostras para análises de RMN. Ao técnico Ney Sampaio do NanoLab

(REDEMAT – UFOP) pela realização das análises de MEV e à técnica Dr.a Ivana

Silva Lula (LAREMAR – UFMG) pela realização das análises de RMN.

Aos colegas do LDGNANO: Carlos Henrique, Izabel, Douglas, Kelly, Elton,

Polly, Líliam, Larissa e Giani, por tornarem o ambiente de trabalho mais prazeroso

com as suas companhias, além de serem solícitos na execução de técnicas e

experimentos. Em especial à Ana Lia pelo fornecimento do benznidazol e à Mônica

pela sua amizade. Agradeço por pertencermos ao mesmo grupo de pesquisa.

Aos demais colegas da Pós-graduação: Lucas, Janaína, Régis, Tamara,

Débora, Thales, Tamires Guedes, Luana, Thaís, Hebert, Stella e Walyson; pelo

aprendizado, convivência, bons momentos. Ao meu querido amigo farmacêutico

Hebert Mendes.

À minha namorada Fernanda Perasoli, pelo seu apoio e otimismo. Mesmo

passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira.

Ao meu pai Paulo César (i.m) pelo exemplo de homem de bem e à minha

mãe Antônia pelo esforço em criar e educar seus filhos. Aos meus irmãos Renan e

Priscila pelo apoio e à minha linda sobrinha Kaianne pelo carinho.

À todo cidadão de bem que pagando os seus impostos investe na educação

por um Brasil melhor. Por fim, a todos que acreditam em mim.

Page 7: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

“Naître, mourir, renaître encore et progresser sans cesse, telle est la Loi”

(Kardec)

Page 8: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AGE alil glicidil éter

ANOVA Análise de Variância

BGE benzil glicidil éter

BHT 2,6-di-terc-butil-4-metilfenol

BNZ N-benzil-2-nitro-1-imidazol acetamida (benznidazol)

BzOH álcool benzílico

CPG cromatografia de permeação em gel

DCM diclorometano

CDCl3 clorofórmio deuterado

DMAP 4-(dimetilamino)piridina

DMEM meio Eagle Modificado por Dulbecco

DMSO dimetilsulfóxido

DMSO-d6 dimetilsulfóxido deuterado

DP desvio padrão

ECF espectroscopia de correlação de fótons

Et2O éter etílico

FDA Food and Drug Administration

GE glicidil éter

HEX n-hexano

IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada

LAC lactídeo; D,L-lacítdeo

MALDI-ToF-MS matrix assisted laser desorption/ionization - time of flight mass-

mass spectroscopy

MEV microscopia eletrônica de varredura

MeOH metanol

mPEG metoxi-polietileno glicol

MTT brometo de 3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difenil tetrazólio

NC nanocápsulas

NP nanopartículas

NS nanoesferas

PBS tampão fosfato salino

PDLA poli-(D-lactídeo)

Page 9: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

PDLLA poli(D,L-lactídeo)

PEG polietileno glicol

PLA ácido poliláctico

PLA-co-AGE ácido poliláctico-co-glicidil éter de alila

PLA-co-BGE ácido poliláctico-co-glicidil éter de benzila

PLA-b-mPEG ácido polilático-b-metoxi-polietileno glicol

PLLA poli(L-lactídeo)

RMN-1H ressonância magnética nuclear de hidrogênio

ROP polimerização por abertura de anel

RPMI meio “Roswell Park Memorial Institute”

SFB soro fetal bovino

SMF sistema mononuclear fagocítico

Sn(Oct)2 2-etil-hexanoato de estanho; octanoato de estanho

TCM clorofórmio

THF tetrahidrofurano

TMS tetrametilsilano

UV/CLAE cromatografia líquida de alta eficiência com detecção no

ultravioleta

d dupleto

Dh diâmetro hidrodinâmico

Đ dispersidade

M massa molar

m multipleto

�̅�𝑛 massa molar numérica média

�̅�𝑤 massa molar ponderal média

q quarteto

R2 coeficiente de determinação

r coeficiente de correlação

s simpleto

t tripleto

δ deslocamento químico

λ comprimento de onda

π-π pi-pi

ζ zeta

Page 10: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Classificação dos polímeros quanto à organização monomérica das cadeias

poliméricas. ......................................................................................................................... 19

Figura 2: Representação esquemática de nanocápsulas (NC) e nanoesferas (NS)

poliméricas seccionadas ao meio. (A) fármaco dissolvido no núcleo das NC. (B) fármaco

adsorvido à parede polimérica das NC. (C) fármaco retido na matriz polimérica das NS. (D)

fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz polimérica das NS. (E) fármaco

adsorvido na superfície das NS. .......................................................................................... 21

Figura 3: O lactídeo (3,6-dimetil-1,4-dioxano-2,5-diona) é um diéster cíclico obtido a partir

de duas moléculas de ácido láctico e que apresenta três isômeros distintos (L,L-lactídeo,

D,L-lactídeo e o D,D-lactídeo). ............................................................................................. 22

Figura 4: Rotas sintéticas de obtenção do PLA. O ácido láctico é o monômero percursor da

síntese. Massas molares e etapas distintas caracterizam as diversas rotas apresentadas. . 23

Figura 5: Esquema reacional da ativação do catalisador Sn(Oct)2 por uma molécula

contendo hidroxila (ROH). Em uma primeira etapa (A) é formado o alcóxido de estanho; na

etapa subsequente (B) o alcóxido de estanho forma o iniciador di-alcóxido de estanho; as

reações ocorrem na presença de um grupo doador de hidrogênio (ROH). .......................... 25

Figura 6: Esquema reacional das etapas de iniciação e propagação na copolimerização via

ROP do monômero D,L-lactídeo. Iniciador de cadeia di-alcoxilado derivado do BzOH ou do

mPEG levam a síntese do homopolímero PLA ou do copolímero dibloco PLA-b-mPEG,

respectivamente, pelo mecanismo de coordenação-inserção e propagação da cadeia de

PLA. ..................................................................................................................................... 26

Figura 7: Proposta de mecanismo da ROP do lactídeo na presença de DMAP como

catalisador. (1) O DMAP é capaz de ativar o monômero e iniciar a polimerização da cadeia

de PLA. (2) A reação de ativação do monômero acontece repetida vezes. (3) A presença de

um álcool é capaz de interromper a reação liberando o DMAP no meio reacional e inserindo

grupos terminais na cadeia de PLA. .................................................................................... 27

Page 11: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

Figura 8: Diferença organizacional entre micela (á esquerda) e nanoesfera (á direita). A

massa molar dos polímeros PLA-b-mPEG envolvidos na formação destes sistemas

determina o tipo de partícula constituída. ............................................................................. 27

Figura 9: Esquema reacional teórico da copolimerização estatística do D,L-lactídeo com

BGE ou AGE, em função do tempo e da temperatura; na presença de um catalisador e de

um iniciador de cadeia, originando os copolímeros PLA-co-AGE ou PLA-co-BGE. Δ =

Temperatura; t = tempo. ...................................................................................................... 29

Figura 10: Fórmulas estruturais da molécula de BNZ. (A) Fórmula estrutural condensada

linear evidenciando as ligações de hidrogênio entre as moléculas. (B) Fórmula estrutural

espacial do estado de mais baixa energia da molécula evidenciando os três grupamentos

planares: 1 – imidazol, 2 – fragmento acetamida, 3 – anel benzila ...................................... 30

Figura 11: Ilustração dos módulos experimentais utilizados. (A) O Ar é fornecido

diretamente para a linha de gás a partir de um cilindro de gás comprimido, saindo da linha

de distribuição através de um borbulhador de óleo. Entre a linha de vácuo e a bomba de alto

vácuo (Edwards® RV5) é conectada uma câmara de captação de vapores, com a função de

impedir que vapores de solventes entrem na bomba e degradem o seu óleo ou motor. A

câmara de captação é imersa em um frasco de Dewar (Nalgene®) contendo N2 líquido para

resfriamento da mesma. Com o vácuo ligado, os vapores do balão volumétrico são sugados

para o interior frio da câmara de captação e condensados. (B) Esquema do aparato

reacional durante a condução das sínteses. O balão volumétrico contendo os reagentes é

imerso em um banho de óleo de silicone sobre placa agitadora magnética (IKA® RCT) com

controlador de temperatura (IKA® ETS-D5). ......................................................................... 41

Figura 12: Espectros de RMN-1H do monômero comercial. (A) Espectro do monômero antes

da recristalização; (B) Espectro do monômero após a recristalização. ................................ 50

Figura 13: Distribuições de massas molares obtidas por CPG dos polímeros PLA em função

das alterações de parâmetros: tempo de reação, temperatura e tipo de catalisador. ........... 54

Figura 14: Espectro de RMN-1H do PLA L1202. ................................................................. 55

Page 12: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

Figura 15: Distribuições de massas molares obtidas por CPG dos copolímeros PLA-b-

mPEG em função das alterações de parâmetros: temperatura e tempo de reação,

quantidade de catalisador, quantidade de iniciador e ativação do catalisador. .................... 58

Figura 16: Espectro de RMN-1H dos copolímeros PLA-b-mPEG. (A) L0901. (B) L0903. ..... 59

Figura 17: Gráfico da porcentagem molar de glicidil éter (GE) no polímero, 𝑀𝑛 e do número

de GE por cadeia em função da porcentagem molar de GE no meio reacional variados os

tipos de comonômeros (AGE ou BGE) e os sistemas de catalisadores (Sn(Oct)2 ou

Sn(Oct)2/DMAP) utilizados nas sínteses. ............................................................................. 62

Figura 18: Distribuições de massas molares obtidas por CPG dos copolímeros sintetizados

variando-se os catalisadores. (A) PLA-co-AGE. (B) PLA-co-BGE. ....................................... 63

Figura 19: Aspecto físico dos copolímeros sintetizados com DMAP/Sn(Oct)2. (LAC) D,L-

lactídeo. (A) PLA-co-AGE. (B) PLA-co-BGE. ....................................................................... 64

Figura 20: Espectro de RMN-1H do PLA-co-AGE L1206. .................................................... 65

Figura 21: Espectro de RMN-1H do PLA-co-BGE L1205. .................................................... 65

Figura 22: Ilustração esquemática do preparo de nanoesferas pelo método de

nanoprecipitação. Os polímeros e o fármaco são solubilizados na fase orgânica e esta é

vertida sobre a fase aquosa. A rápida difusão do solvente orgânico no meio aquoso propicia

a formação de nanoesferas após completa evaporação dos solventes. .............................. 78

Figura 23: Representação esquemática do procedimento adotado para a dosagem de

benznidazol (BNZ) nas formulações de nanoesferas (NS) para os estudos de encapsulação.

............................................................................................................................................ 86

Figura 24: Imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura das nanoesferas (NS)

preparadas. À esquerda são mostradas as NS brancas e à direita as NS contendo

benznidazol 0,3 mg/mL. (A e B) NS de PLA26K; (C e D) NS de PLA21K-co-AGE2,4; (E e F) NS

de PLA24K-co-BGE2,6. (C) circunferência. (r) raio. ................................................................. 95

Figura 25: Imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura da formulação branca

de PLA26K. Ambas as imagens são do mesmo campo amostral, à esquerda (A) são

Page 13: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

mostradas as nanoesferas após aplicação de um potencial de 20 kV. À direita (B) as

nanoesferas após aplicação de um potencial de 25 kV. ....................................................... 96

Figura 26: Curva de calibração obtida a partir do padrão de benznidazol com o respectivo

coeficiente de determinação (R2) e com a equação da reta. ................................................ 96

Figura 27: Gráficos relativos ao estudo da encapsulação do benznidazol (BNZ). (A) BNZ

precipitado (B) porcentagem de encapsulação (C) eficiência de encapsulação (D)

capacidade de carga; sendo todos apresentados em função da concentração teórica de BNZ

na formulação. (ns) grupos comparados e que não apresentaram diferença estatisticamente

significativa entre si. Todas as demais comparações intragrupos (partículas de diferentes

polímeros em uma mesma concentração) e intergrupos (partículas do mesmo polímero em

diferentes concentrações) apresentaram diferença estatística. ............................................ 97

Figura 28: Curvas de viabilidade celular das diferentes formulações em cultura de célula

Vero (A) e macrófagos J774A.1 (B) em função da concentração de polímero na forma de

nanoesferas (µg/mL) em 24h. Para (A) (*) diferença significativa das NS de PLA-co-AGE e

PLA-co-BGE em relação as NS de PLA. Para (B) (*) diferença significativa entre as NS de

PLA-co-AGE e PLA; (**) Diferença significativa entre as NS de PLA-co-AGE e PLA-co-BGE.

............................................................................................................................................ 99

Page 14: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Reagentes e insumos utilizados com seus respectivos fornecedores comerciais,

massas molares e densidades. ............................................................................................ 38

Tabela 2: Variações das condições experimentais utilizadas na síntese do PLA. ............... 42

Tabela 3: Variações das experimentais utilizadas na síntese do PLA-b-mPEG. .................. 43

Tabela 4: Condições experimentais utilizadas nas sínteses dos copolímeros PLA-co-AGE e

PLA-co-BGE. ....................................................................................................................... 43

Tabela 5: Impurezas residuais estimadas por RMN-1H para os polímeros sintetizados em

função das condições de purificação empregadas. .............................................................. 52

Tabela 6: Efeito da variação das condições experimentais na síntese de homopolímeros

PLA caracterizados por CPG e RMN-1H. ............................................................................. 53

Tabela 7: Efeito da variação das condições experimentais na síntese de copolímeros PLA-b-

mPEG caracterizados por CPG e RMN-1H. ......................................................................... 56

Tabela 8: Caracterização dos copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE por CPG e RMN-1H.

............................................................................................................................................ 60

Tabela 9: Materiais utilizados com seus respectivos fornecedores comerciais. ................... 81

Tabela 10: Relação dos constituintes PLA-b-mPEG, solventes e suas quantidades utilizadas

no preparo de nanoesferas de PLA26K. ................................................................................ 82

Tabela 11: Relação dos constituintes e suas quantidades utilizadas ao preparo das

diferentes formulações. ........................................................................................................ 83

Tabela 12: Avaliação da estabilidade de nanoesferas de PLA26K obtidas a partir dos

copolímeros PLA-b-mPEG em diferentes porcentagens nas formulações. .......................... 92

Tabela 13: Valores médios de diâmetro hidrodinâmico, dispersão de tamanho e potencial

zeta das formulações de nanoesferas brancas e com benznidazol. ..................................... 93

Page 15: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação (1): ....................................................................................................................... 40

Equação (2): ....................................................................................................................... 45

Equação (3): ....................................................................................................................... 46

Equação (4): ....................................................................................................................... 46

Equação (5): ....................................................................................................................... 47

Equação (6): ....................................................................................................................... 47

Equação (7): ....................................................................................................................... 48

Equação (8): ....................................................................................................................... 49

Equação (9): ....................................................................................................................... 87

Equação (10): ..................................................................................................................... 88

Equação (11): ..................................................................................................................... 88

Equação (12): ..................................................................................................................... 88

Equação (13): ..................................................................................................................... 91

Page 16: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

RESUMO

O domínio das rotas sintéticas de polímeros biocompatíveis e funcionalizados para

acoplamento de diferentes tipos de ligantes são focos de intensas pesquisas. Estes

polímeros podem ser associados com bioativos e utilizados na terapêutica e no

diagnóstico. A síntese de copolímeros estatísticos a partir da polimerização por

abertura de anel do D,L-lactídeo na presença dos comonômeros alil glicidil éter

(AGE) e benzil glicidil éter (BGE) permitiu avaliar a inserção destes grupos nas

cadeias poliméricas. Os polímeros sintetizados foram caracterizados por

ressonância magnética nuclear de hidrogênio e cromatografia de permeação em gel.

Foram avaliadas as influências dos comonômeros, das condições de síntese e dos

catalisadores utilizados na polimerização. Houve uma relação direta entre maiores

quantidades de glicidil éter no meio reacional, maior inserção deste nas cadeias e a

obtenção de copolímeros de massas molares mais baixas. O acréscimo do co-

catalisador 4-(dimetilamino)piridina associado com o octanoato de estanho não

proporcionou maiores inserções dos comonômeros nas cadeias poliméricas quando

comparado ao uso isolado do octanoato de estanho. O BGE foi inserido em maior

proporção do que o AGE nas cadeias. Foram selecionados para o preparo de

nanoesferas por nanoprecipitação os polímeros que apresentaram massas molares

próximas (≅ 23.000 g/mol), menores dispersidades (1,1-1,3) e com inserções de

comonômeros por cadeia próximas (≅ 2,3 unidades por cadeia). Foram preparadas

nanoesferas a partir dos polímeros sintetizados com e sem benznidazol como

fármaco modelo. Foi observado um aumento no diâmetro hidrodinâmico médio e

diminuição, em módulo, do potencial zeta, com valores de (91 a 92 nm) e (- 25 a - 32

mV), para as nanoesferas brancas, e (94 a 117 nm) e (- 17 a - 21 mV), para as

nanoesferas com benznidazol, sendo todas monodispersas. Variações significativas

destes parâmetros foram observadas devido à presença de fármaco associado ao

vetor em relação às nanoesferas brancas. A porcentagem de encapsulação,

eficiência de encapsulação e capacidade de carga das nanoesferas com

benznidazol foram significativamente maiores para as nanoesferas de PLA-co-AGE

para a formulação com 0,65 mg/mL de benznidazol, sugerindo maior associação do

fármaco com este copolímero. As imagens de nanoesferas por microscopia

eletrônica de varredura mostraram estruturas com estreita faixa de diâmetro (50 a

120 nm) e forma esférica. O teste de viabilidade celular em cultura de células

J774A.1 e Vero evidenciaram uma baixa toxicidade das nanoesferas obtidas com os

diferentes polímeros sintetizados mesmo em altas concentrações (500 µg/mL). A

partir da obtenção de polímeros funcionalizados, este estudo abre perspectivas para

o melhor entendimento da inserção de glicidil éteres em cadeias de poli(D,L-

lactídeo) e das relações intermoleculares entre fármacos e polímeros no subsídio de

novas alternativas terapêuticas.

Palavras-chave: copolímeros, D,L-lactídeo, éteres glicídicos, polimerização por

abertura de anel, nanoesferas poliméricas, encapsulação, benznidazol,

citotoxicidade.

Page 17: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

ABSTRACT

Synthetic routes to obtain biocompatible and functionalized polymers for coupling

biological ligands are the focus of intense studies by major research groups. These

polymers can be associated with bioactive compounds and used in therapy and

medical diagnosis. The synthesis of statistic copolymers via ring opening

polymerization of D,L-lactide in the presence of allyl glycidyl ether (AGE) and benzyl

glycidyl ether (BGE) comonomers allowed evaluating the insertion of these groups in

the polymeric chains. The synthesized polymers were characterized by 1H-NMR and

gel permeation chromatography. The influence of the comonomers, synthetic

conditions and catalysts used in the polymerizations were evaluated. There was a

direct relationship between increasing the amounts of glycidyl ether in the reaction

feed, a higher degree of insertion in the copolymer and lower molecular weights. The

addition of 4-(dimethylamino)pyridine co-catalyst associated with tin octanoate did

not provide higher comonomer insertion in the polymeric chain compared to tin

octanoate alone. A higher degree of insertion was achieved with BGE than with AGE.

The polymers that were selected for the preparation of nanospheres by the

nanoprecipitation method had similar molecular weights (≅ 23,000 g/mol), low

dispersities (1.1-1.3) and similar numbers of comonomer units per chain (≅ 2.3).

Nanospheres were prepared from the synthesized polymers with and without

benznidazole as a model drug. An increase in the average hydrodynamic diameter

and a decrease in the zeta potential (in module) were observed, with values of (91 to

92 nm) and (- 25 to - 32 mV) for blank nanospheres, and (94 to 117 nm) and (- 17 to

- 21 mV) for the nanospheres with benznidazole, all being monodisperse. Significant

variations in these parameters due to the presence of drug associated with the vector

as compared to blank nanospheres. The percentage of encapsulation, encapsulation

efficiency and drug loading of benznidazole in the nanospheres were significantly

higher for the PLA-co-AGE nanospheres with benznidazole at a concentration of 0.65

mg/mL, suggesting higher drug association with this copolymer. The nanosphere

images by scanning electron microscopy showed structures with a narrow diameter

range (50 a 120 nm) and spherical shape. The cell viability test on J774A.1 and Vero

cells culture showed a low toxicity of the nanospheres obtained from the different

copolymers even at high nanospheres concentrations (500 µg/mL). By allowing the

preparation of functionalized polylactide derivatives this study opens perspectives for

a better understanding of the insertion of glycidyl ethers in polylactide chains and of

intermolecular interactions between drugs and polymers towards new therapeutic

alternatives.

Keywords: copolymers, D,L-lactide, glycidyl ethers, ring opening polymerization,

polymeric nanospheres, encapsulation, benznidazole, cytotoxicity.

Page 18: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................ 17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 19

2.1. Polímeros e copolímeros: definições e classificações .......................................... 19

2.2. Vetorização de fármacos e nanoesferas poliméricas ............................................ 20

2.3. Ácido poliláctico .................................................................................................... 22

2.4. Síntese do PLA e do PLA-b-mPEG ...................................................................... 24

2.5. Copolimerização do D,L-lactídeo com glicidil éteres ............................................. 28

2.6. Benznidazol .......................................................................................................... 30

2.7. Métodos para aprimorar a encapsulação de fármacos ......................................... 31

3. OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 33

CAPÍTULO I ........................................................................................................................ 34

I.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 35

I.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 37

I.3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 38

I.3.1. Materiais ......................................................................................................... 38

I.3.2. Preparo e purificação dos reagentes .............................................................. 39

I.3.3. Purificação do D,L-lactídeo ............................................................................. 39

I.3.4. Sínteses dos polímeros .................................................................................. 40

I.3.4.1. Procedimentos gerais .............................................................................. 40

I.3.4.2. Síntese dos homopolímeros PLA............................................................. 42

I.3.4.3. Síntese dos copolímeros PLA-b-mPEG ................................................... 42

I.3.4.4. Síntese dos copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE ............................ 43

I.3.5. Purificação dos polímeros............................................................................... 44

I.3.6. Caracterização físico-química dos polímeros.................................................. 44

I.3.6.1. Cromatografia de permeação em gel ....................................................... 44

I.3.6.2. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio ........... 45

I.4. RESULTADOS .................................................................................................... 50

I.4.1. Purificação do D,L-lactídeo ............................................................................. 50

I.4.2. Purificação dos polímeros............................................................................... 51

I.4.3. Caracterização físico-química dos polímeros.................................................. 53

I.4.3.1. Caracterização físico-química dos homopolímeros PLA .......................... 53

I.4.3.2. Caracterização físico-química dos copolímeros PLA-b-mPEG ................ 56

I.4.3.3. Caracterização físico-química dos copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-

BGE ................................................................................................................ 59

Page 19: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

I.5. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 67

I.6. CONCLUSÃO PARCIAL ...................................................................................... 75

CAPÍTULO II ....................................................................................................................... 76

II-1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 77

II-2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 80

II-3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 81

II-3.1. Materiais ......................................................................................................... 81

II-3.2. Preparo das nanoesferas ............................................................................... 81

II-3.3. Caracterização físico-química das nanopartículas .......................................... 84

II-3.3.1. Determinação de tamanho e dispersão ................................................... 84

II-3.3.2. Determinação do potencial zeta .............................................................. 84

II-3.3.3. Análise das formulações por microscopia eletrônica de varredura........... 84

II-3.3.4. Estudo de encapsulação do benznidazol nas nanopartículas .................. 85

II-3.3.4.1. Condições de quantificação do benznidazol por cromatografia líquida

de alta eficiência ................................................................................................... 85

II-3.3.4.2. Estabelecimento da curva padrão ..................................................... 85

II-3.3.4.3. Determinação da porcentagem de encapsulação ............................. 86

II-3.3.4.4. Determinação da eficiência de encapsulação ................................... 87

II-3.3.4.5. Determinação da porcentagem de benznidazol precipitado .............. 88

II-3.3.4.6. Determinação da porcentagem de capacidade de carga .................. 88

II-3.4. Avaliação da citotoxicidade das nanopartículas .............................................. 89

II-3.4.1. Manutenção da cultura de células ........................................................... 89

II-3.4.2. Ensaio colorimétrico de citotoxicidade ..................................................... 90

II-3.5. Análise estatística dos dados ......................................................................... 91

II-4. RESULTADOS .......................................................................................................... 92

II-4.1. Preparo das nanoesferas ............................................................................... 92

II-4.2. Caracterização físico-química das nanopartículas .......................................... 93

II-4.2.1. Determinação de tamanho, dispersão e potencial zeta ............................ 93

II-4.2.2. Análise das formulações por microscopia eletrônica de varredura........... 94

II-4.2.3. Estudo de encapsulação do benznidazol nas nanoesferas ...................... 96

II-4.3. Avaliação da citotoxicidade dos polímeros na forma de nanoesferas ............. 98

II-5. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 100

II-6. CONCLUSÃO PARCIAL ......................................................................................... 108

4. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 109

5. PERSPECTIVAS DO TRABALHO ................................................................................ 110

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 111

Page 20: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

17

1. INTRODUÇÃO GERAL

Um dos grandes desafios presentes na área de nanotecnologia farmacêutica

consiste no desenvolvimento de vetores poliméricos biocompatíveis e capazes de

encapsular altos teores de bioativos. Este desafio é centrado na necessidade de

diminuição das doses; redução de efeitos indesejados dos fármacos, aumento da

eficácia terapêutica, melhoria das características de direcionamento para o alvo

terapêutico, entre outros (MUDSHINGE et al., 2011; NICOLAS et al., 2013).

Neste contexto as nanopartículas (NP) poliméricas, tais como as nanoesferas

(NS), de natureza matricial, podem apresentar vantagens como: ampla área

superficial, diâmetro pequeno, boa estabilidade físico-química em meios biológicos e

capacidade para carreamento e liberação controlada de diversos ativos. As NS

ainda são sistemas passíveis de sofrerem modificações químicas para vetorização

ativa de fármacos (RAWAT; SINGH; SARAF, 2006; SWATI; GOEL; SINGLA, 2012).

A produção de NS a partir de polímeros biodegradáveis e obtidos a partir de

fontes renováveis, como o ácido poliláctico (PLA), é interessante uma vez que este

polímero é biocompatível e apresenta baixa toxicidade; sendo ainda aprovado pela

“Food and Drug Administration” (FDA) para uso humano por diferentes vias de

administração, na confecção de implantes e de próteses ósseas (GARLOTTA,

2002). As vantagens do PLA são somadas à do metoxi-polietileno glicol (mPEG) na

síntese de copolímeros em blocos do tipo PLA-b-mPEG obtendo-se polímeros com

características anfifílicas para a produção de NP sem o uso de outros tensoativos e

características biológicas únicas de estabilização estérica frente ao processo de

opsonização por proteínas plasmáticas (GREF et al., 1995; RABANEL; HILDGEN;

BANQUY, 2014).

Vetores poliméricos modificados são obtidos a partir da síntese de novos

polímeros, que expressem grupos funcionais ao longo da cadeia polimérica com

possibilidade de pós-modificações químicas para inserção de ligantes biológicos e

alterar biodistribuição (BANQUY et al., 2008) e/ou aprimoramento da encapsulação

de fármacos (SHI et al., 2013). O foco deste trabalho foi a obtenção de PLA

modificado a partir da polimerização estatística por abertura de anel do monômero

D,L-lactídeo, utilizando comonômeros de inserção no meio reacional, no caso, alil

glicidil éter (AGE) (BANQUY et al., 2008) e benzil glicidil éter (BGE) (RABANEL et

al., 2015) com a perspectiva de oferecer novas plataformas terapêuticas.

Page 21: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

18

Entretanto, os níveis de inserção dos epóxidos são ainda questionáveis na

literatura, bem como a influência destes na massa molar dos polímeros obtidos. Há

necessidade também da otimização de parâmetros reacionais para a síntese de PLA

funcionalizado e que resultem em polímeros de massas molares numéricas médias

mais elevadas (�̅�𝑛 ≥ 45.000 g/mol) para a formação de NS, tais como: a avaliação

da associação dos catalisadores 4-(dimetilamino)piridina (DMAP) com octanoato de

estanho (Sn(Oct)2), temperatura, tempo de reação e quantidade de iniciador.

Na literatura não são encontrados trabalhos envolvendo a síntese de

copolímeros estatísticos com grupos AGE e BGE via polimerização por abertura de

anel (ROP) a partir do monômero D,L-lactídeo com a finalidade de aprimorar a

encapsulação de fármacos com estes grupamentos. Os trabalhos descritos

envolvem a síntese destes copolímeros com a finalidade de pós-modificações para a

inserção de grupos funcionais (BANQUY et al., 2008; RABANEL et al., 2015).

Somado a isto, não existem relatos de síntese do PLA com elevada �̅�𝑛 contendo

estes comonômeros inseridos aleatoriamente ao longo da cadeia polimérica,

promovendo maior número de sítios para acoplamento de ligantes de interesse

biológico e/ou para interações intermoleculares entre fármaco e polímero,

possibilitando maior capacidade de carreamento.

Foi utilizado o benznidazol (BNZ) como molécula modelo neste estudo, pela

sua dificuldade de encapsulamento devido à formação de cristais compactos e

estáveis. Assim, foi avaliada a influencia de grupo aromático benzila ou alila nos

copolímeros sintetizados na encapsulação do BNZ. A hipótese da interação destes

grupos com o BNZ foi investigada, com um estudo dos teores de encapsulação do

BNZ a partir das NS constituídas com estes polímeros modificados.

Diante do exposto, configuraram perspectivas inéditas deste trabalho: a

síntese de PLA funcionalizado com AGE e BGE via ROP a partir do monômero D,L-

lactídeo, visando a síntese de polímeros com �̅�𝑛 ≥ 45.000 g/mol e inserções de

comonômeros ao longo da cadeia de PLA. A avaliação dos níveis de inserção dos

epóxidos, bem como a influência destes nas �̅�𝑛 dos polímeros obtidos. A otimização

do uso dos catalisadores DMAP e Sn(Oct)2 e de outros parâmetros reacionais, tais

como temperatura, tempo e quantidade de iniciador, para obtenção de polímeros

com as características descritas anteriormente. O estudo da citotoxicidade de NS

preparadas a partir destes polímeros frente a dois tipos de linhagens celulares e a

avaliação da influência dos comonômeros na encapsulação do BNZ.

Page 22: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Polímeros e copolímeros: definições e classificações

Um polímero é uma macromolécula composta por muitas dezenas ou

centenas de milhares de unidades de repetição denominadas monômeros, ligadas

por ligações covalentes. O percussor da síntese de um polímero é o monômero, isto

é, uma molécula com uma (mono) unidade de repetição. Assim, os polímeros são

obtidos por meio da polimerização dos monômeros. Polímeros formados por apenas

um tipo de monômero são denominados homopolímeros. Em contrapartida,

polímeros formados por várias unidades monoméricas diferentes são denominados

copolímeros, sendo classificados de acordo com o arranjo monomérico na cadeia

polimérica (Figura 1) (CALLISTER; RETHWISCH, 2012; RAVVE, 2012).

Figura 1: Classificação dos polímeros quanto à organização monomérica das cadeias poliméricas. Adaptado de RAVVE (2012).

Assim, copolímeros estatísticos apresentam distribuição de monômeros ao

longo da cadeia polimérica regulada pela quantidade e reatividade de cada espécie

monomérica empregada na síntese. Dentre os copolímeros estatísticos podem-se

distinguir dois subtipos: copolímero aleatório, com disposição dos diferentes

monômeros sem padrão definido, e copolímero alternado, com alternância dos

Page 23: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

20

diferentes monômeros ao longo da cadeia polimérica. Os copolímeros em bloco são

constituídos por sequências de homopolímeros quimicamente ligadas através de

ligações covalentes, sendo que nos copolímeros grafitados essas sequências são

enxertadas em uma cadeia polimérica principal (IUPAC, 1996; RAVVE, 2012).

Podem ser utilizados no preparo de nanocarreadores de fármacos, polímeros

biocompatíveis de origem natural, natural modificada e sintética. Os polímeros

sintéticos tiveram seu uso aumentado para esta finalidade nas duas últimas

décadas, pois o aperfeiçoamento das rotas sintéticas possibilitou uma variedade de

modificações estruturais nas cadeias poliméricas, culminando no aprimoramento das

propriedades físico-químicas desses materiais (TIAN et al., 2012). Essas

propriedades podem modular as propriedades físico-químicas dos carreadores, tais

como hidrofobicidade, carga superficial, eficiência de incorporarão do fármaco,

estabilidade e sua cinética de liberação; influenciando no comportamento in vivo

desses sistemas (ANDERSON; SHIVE, 1997; PLAPIED et al., 2011). Assim, a

síntese de novos materiais poliméricos tem propiciado o desenvolvimento de

nanossistemas cada vez mais eficientes (NICOLAS et al., 2013).

2.2. Vetorização de fármacos e nanoesferas poliméricas

Sistemas vetorizados de fármacos podem oferecer vantagens em relação ao

sistema de liberação convencional (KIM et al., 2009). A liberação lenta e sustentada

de um fármaco no organismo a partir de um vetor nanométrico pode aumentar a

concentração do ativo no sítio de ação, promover redução da toxicidade, melhora da

eficácia e a adesão do paciente ao tratamento devido às propriedades de liberação

controlada (KUMAR, 2000; MUNDARGI et al., 2008).

A redução da toxicidade pode dar-se pela liberação plasmática do fármaco

em níveis abaixo do limiar tóxico, tornando-o menos disponível para efeitos tóxicos

sistêmicos (KUMAR, 2000; MUNDARGI et al., 2008). A melhora da eficácia dos

fármacos geralmente é o resultado do controle da distribuição, permitindo

incrementar as propriedades farmacocinéticas do fármaco como solubilidade

aparente, biodisponibilidade e velocidade de biotransformação quando comparado

com o fármaco livre (SWATI; GOEL; SINGLA, 2012). A adesão do paciente ao

tratamento tende a melhorar, uma vez que os efeitos tóxicos oriundos da distribuição

sistêmica do fármaco podem ser minimizados (RAWAT; SINGH; SARAF, 2006).

Page 24: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

21

As formas de associação dos ativos aos vetores consistem na encapsulação,

dispersão, adsorção ou conjugação de moléculas ativas a uma série de

nanoestruturas, dentre as quais se destacam: nanopartículas poliméricas (NP),

nanopartículas lipídicas sólidas, nanoemulsões, nanocristais, nanotubos de carbono,

lipossomas, micelas poliméricas, ciclodextrinas e dendrímeros (SCHMIDT;

LAMPRECHT, 2009). A classe dos polímeros, pela sua versatilidade, variedade e

propriedades inerentes, são um dos materiais mais investigados no desenvolvimento

de NP. São designados por NP poliméricas os vetores conhecidos como

nanoesferas (NS) e nanocápsulas (NC) (MOHANRAJ; CHEN, 2006).

As NS apresentam uma matriz polimérica esférica; onde o fármaco se

encontra dissolvido, aprisionado, ligado quimicamente ou adsorvido ao polímero

(RAO; GECKELER, 2011). As NC diferem das NS quanto à composição e

organização estrutural, uma vez que elas são sistemas reservatórios, nos quais uma

parede polimérica envolve um núcleo aquoso ou oleoso. Nas NC o fármaco pode

estar dissolvido no interior do núcleo e/ou adsorvido na parede externa (VAUTHIER;

BOUCHEMAL, 2009). As estruturas das NS e NC bem como as possíveis formas de

associação dos fármacos nestes vetores são apresentadas na Figura 2.

Figura 2: Representação esquemática de nanocápsulas (NC) e nanoesferas (NS) poliméricas seccionadas ao meio. (A) fármaco dissolvido no núcleo das NC. (B) fármaco adsorvido à parede polimérica das NC. (C) fármaco retido na matriz polimérica das NS. (D) fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz polimérica das NS. (E) fármaco adsorvido na superfície das NS.

Por suas características nanométricas, as NS têm capacidade de ultrapassar

algumas barreiras biológicas, podendo transportar com integridade o fármaco nos

meios biológicos, propiciando o seu direcionamento passivo e ativo para células e

Page 25: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

22

tecidos específicos (TIAN et al., 2012). Podem ainda ser administradas por várias

vias, como oral (AL-QUADEIB et al., 2015), nasal (MAINARDES et al., 2006),

intraocular (ZHOU et al., 2013) e parenteral (MUDSHINGE et al., 2011). Os

polímeros empregados no preparo de NS devem apresentar produtos de

degradação de baixa toxicidade, passíveis de biotransformação e excreção pelas

vias fisiológicas normais do organismo; além de biocompatibilidade (GOLDBERG;

LANGER; JIA, 2007).

2.3. Ácido poliláctico

Os poli-α-hidroxiácidos são polímeros sintéticos da classe dos poliésteres

alifáticos, dentre os quais são representantes: o ácido poliláctico, o ácido

poliglicólico, os copolímeros de ácido poliláctico-co-glicólico e ácido poli-α-

hidroxibutírico. O ácido láctico (α-ácido 2-hidroxipropanóico), um ácido orgânico

obtido em biorrefinaria a partir da fermentação de produtos de origem natural; é o

monômero percursor na síntese dos poli-α-hidroxiácidos.

Os polímeros derivados do ácido láctico, cuja síntese envolve polimerização

por abertura de anel (ROP) do lactídeo são chamados de polilactídeos. O lactídeo

opticamente ativo pode ser encontrado em duas formas distintas, D,D-lactídeo e L,L-

lactídeo. Além disto, o lactídeo pode ser formado por uma molécula de ácido D-

láctico e outra de ácido L-láctico, formando o D,L-lactídeo (meso-lactídeo). Assim, o

lactídeo (3,6-dimetil-1,4-dioxano-2,5-diona), dímero cíclico do ácido láctico, existe

sob a forma de três estereoisômeros (RAQUEZ et al., 2013). As estruturas químicas

dos isômeros do lactídeo são representadas na Figura 3.

Figura 3: O lactídeo (3,6-dimetil-1,4-dioxano-2,5-diona) é um diéster cíclico obtido a partir de duas moléculas de ácido láctico e que apresenta três isômeros distintos (L,L-lactídeo, D,L-lactídeo e o D,D-lactídeo).

Page 26: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

23

A composição estereoquímica dos polímeros derivados do lactídeo varia em

função dos isômeros envolvidos na síntese destes. Assim a polimerização do L-

lactídeo irá produzir poli-(L-lactídeo) (PLLA) e a polimerização do D-lactídeo

produzirá o poli-(D-lactídeo) (PDLA), ambos são polímeros cristalinos, em virtude da

alta estereorregularidade da cadeia polimérica e opticamente ativos, com

propriedades físico-químicas idênticas (URAYAMA; KANAMORII; KIMURA, 2002).

Entretanto, a polimerização do meso-lactídeo por abertura de anel, terá como

produto o poli(D,L-lactídeo) (PDLLA) que é um polímero amorfo, por causa da

ausência de estereorregularidade e opticamente inativo devido à distribuição

aleatória de unidades monoméricas de ácido L-láctico e ácido D-láctico

(GARLOTTA, 2002). O termo ácido poliláctico (PLA) é aceito como denominação

geral do polímero opticamente inativo (AHMED; VARSHNEY, 2010). A �̅�𝑛 do PLA

formado é relacionada à sua rota de obtenção, assim, a síntese de PLA via ROP

permite a obtenção de um polímero com �̅�𝑛 > 100.000 g/mol (GARLOTTA, 2002;

GUPTA; KUMAR, 2007). A estrutura química do PLA e as suas rotas sintéticas de

obtenção resumidas podem ser vistas na Figura 4.

Figura 4: Rotas sintéticas de obtenção do PLA. O ácido láctico é o monômero percursor da síntese. Massas molares e etapas distintas caracterizam as diversas rotas apresentadas. Adaptado de GARLOTTA (2002); GUPTA e KUMAR (2007).

Page 27: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

24

O PLA é amplamente usado em próteses em humanos e tem despertado

interesse nos estudos de nanotecnologia farmacêutica, pois este polímero apresenta

biocompatibilidade, biodegradabilidade, capacidade de biorreabsorção e de gerar

produtos de degradação atóxicos (VERT et al., 1992; LI, 1999). Tais características

merecem destaque na concepção de novos sistemas vetorizados poliméricos.

A polimerização do lactídeo a partir do macroiniciador mPEG formando o

copolímero dibloco PLA-b-mPEG permite a formação de NS estericamente

estabilizadas e que possuem como resultado circulação sanguínea prolongada in

vivo (GREF et al., 1994). As nanoestruturas formadas a partir deste copolímero

podem alterar a distribuição de um fármaco aumentando o seu tempo de circulação

sanguínea (MOSQUEIRA et al., 2001) e podem também modificar a velocidade de

liberação do fármaco (KAWASHIMA, 2001; OWENS III; PEPPAS, 2006).

2.4. Síntese do PLA e do PLA-b-mPEG

A polimerização do monômero lactídeo por abertura de anel (ROP) pode

ocorrer em solução, em massa ou em suspensão. A síntese de PLA em massa é o

método habitual para a obtenção industrial do polímero, por ser uma técnica que não

envolve o uso de solventes orgânicos, logo é uma técnica mais econômica e

ecologicamente correta que as demais (KOWALSKI et al., 2005).

A síntese do PLA em massa via ROP é catalisada por catalisadores que

atuam via mecanismos de coordenação-inserções (KOWALSKI; DUDA; PENCZEK,

2000), catiônicos (MALGORZATA; PRZEMYSLAW, 2006) e aniônicos (CSIHONY et

al., 2004). A síntese do PLA envolvendo o mecanismo de coordenação-inserção é

possível a partir do Sn(Oct)2, comumente referido como octanoato de estanho, é o

catalisador mais utilizado neste tipo de reação, pois ele é aceito pelo FDA para fins

alimentícios, farmacêuticos e médicos. Além disto, este catalisador apresenta

solubilidade em solventes orgânicos e em monômeros de ésteres cíclicos, além de

alta atividade catalítica (KRICHELDORF; KREISER-SAUNDERS; STRICKER, 2000).

A síntese do PLA pelo mecanismo de coordenação-inserção envolve duas

etapas (Figura 5). Na primeira etapa da reação (Figura 5A), o catalisador Sn(Oct)2

reage com compostos doadores de hidrogênio (co-iniciadores) gerando o alcóxido

de estanho e na segunda etapa (Figura 5B) o di-alcóxido de estanho (ácido fraco de

Page 28: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

25

Lewis), considerado o verdadeiro iniciador da reação é formado (KOWALSKI; DUDA;

PENCZEK, 2000; STOREY; SHERMAN, 2002).

Figura 5: Esquema reacional da ativação do catalisador Sn(Oct)2 por uma molécula contendo hidroxila (ROH). Em uma primeira etapa (A) é formado o alcóxido de estanho; na etapa subsequente (B) o alcóxido de estanho forma o iniciador di-alcóxido de estanho; as reações ocorrem na presença de um grupo doador de hidrogênio (ROH). Adaptado de KOWLSKI, DUDA e PENCZEK (2000); STOREY e SHERMAN (2002).

O metoxi-polietileno glicol (mPEG) diferentemente do PEG convencional, com

duas hidroxilas livres, possui um éter metílico em uma das extremidades de cadeia

que impede o crescimento bidirecional da cadeia de PLA durante a síntese. Assim,

apenas um lado da molécula de mPEG copolimeriza formando o copolímero em

bloco anfifílico com o PLA, o PLA-b-mPEG (ZHU; XIANGZHOU; SHILIN, 1990).

Quando o co-iniciador da polimerização do lactídeo é o mPEG ou um álcool

benzílico (BzOH) o di-alcóxido de estanho reage com o lactídeo (1). Assim é

formado um complexo coordenado que rapidamente se desfaz (2) o monômero

cíclico se insere entre a ligação Sn-OR do di-alcóxido, promovendo o crescimento

unidirecional da cadeia (etapa de propagação) na síntese do dibloco PLA-b-mPEG

ou do homopolímero PLA (3) (Figura 6).

Page 29: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

26

Figura 6: Esquema reacional das etapas de iniciação e propagação na copolimerização via ROP do monômero D,L-lactídeo. Iniciador de cadeia di-alcoxilado derivado do BzOH ou do mPEG levam a síntese do homopolímero PLA ou do copolímero dibloco PLA-b-mPEG, respectivamente, pelo mecanismo de coordenação-inserção e propagação da cadeia de PLA. Adaptado de XIAO e colaboradores (2010).

Apesar das vantagens na utilização do Sn(Oct)2 na polimerização do PLA, a

utilização de catalisadores metálicos abre precedentes para a presença de

contaminantes desta natureza nos polímeros, o que poderia potencialmente

promover toxicidade in vitro e/ou quando administrado in vivo (TANZI et al., 1994).

Neste contexto, é promissora a utilização de 4-(dimetilamino)piridina (DMAP)

(NEDERBERG et al., 2001), um organocatalisador de baixa toxicidade

(NACHTERGAEL et al., 2015) na ROP do PLA. O DMAP é geralmente usado em

sínteses de acilação (XU et al., 2005) e esterificações (SAKAKURA et al., 2007).

NEDERBERG e colaboradores (2001), sugeriram pela primeira vez a

utilização de DMAP na síntese do PLA via ROP. A determinação da hidroxila e do

éster de finais de cadeia do PLA por técnicas espectrométricas corroboram para o

mecanismo apresentado na Figura 7, sugerindo a ativação do monômero a partir do

catalisador nucleofílico (NEDERBERG et al., 2001; CONNOR et al., 2002).

Page 30: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

27

Figura 7: Proposta de mecanismo da ROP do lactídeo na presença de DMAP como catalisador. (1) O DMAP é capaz de ativar o monômero e iniciar a polimerização da cadeia de PLA. (2) A reação de ativação do monômero acontece repetida vezes. (3) A presença de um álcool é capaz de interromper a reação liberando o DMAP no meio reacional e inserindo grupos terminais na cadeia de PLA. Adaptado de NEDERBERG e colaboradores (2001).

Copolímeros de elevada massa molar são importantes na obtenção de NP

estáveis, enquanto copolímeros de baixa massa molar tendem a formar micelas. As

micelas são sistemas de agregados moleculares bem organizados, que se

desagregam quando diluídas em água, com tamanhos de partículas menores que as

NS e com baixa capacidade de carreamento de fármaco (RILEY et al., 1999; HEALD

et al., 2001). Na Figura 8 é mostrada a diferença entre a organização micelar e a de

NS obtidas a partir do copolímero PLA-b-mPEG.

Figura 8: Diferença organizacional entre micela (á esquerda) e nanoesfera (á direita). A massa molar dos polímeros PLA-b-mPEG envolvidos na formação destes sistemas determina o tipo de partícula constituída.

Page 31: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

28

2.5. Copolimerização do D,L-lactídeo com glicidil éteres

O desenvolvimento de copolímeros anfifílicos em bloco de PLA e mPEG

representou grande avanço no delineamento de novos sistemas de liberação

controlada de fármacos. No entanto, para a entrega direcionada de um fármaco a

um determinado tipo celular ou tecido, é necessária a presença de ligantes na

superfície dos carreadores coloidais. Estes se ligam especificamente ao tecido alvo

mediando a captação celular por receptores de reconhecimento nos alvos

terapêuticos (BANQUY et al., 2008; SWATI; GOEL; SINGLA, 2012).

Neste contexto, uma estratégia para conferir capacidade de direcionamento

dos sistemas vetorizados é funcionalizar a sua superfície com um ligante específico.

A copolimerização de lactídeos com um “agente de funcionalização” permite a

formação de uma plataforma para a acoplagem ou reação química com ligantes na

cadeia polimérica. Essa estratégia torna-se ainda mais interessante quando o

agente de acoplagem pode ser inserido aleatoriamente ao longo da cadeia

polimérica durante a propagação da cadeia a partir do monômero D,L-lactídeo

(LEEMHUIS et al., 2006; JING; HILLMYER, 2008; TANG et al., 2010).

É bastante laborioso introduzir funcionalidades na cadeia de PLA. Os esforços

para funcionalizar o PLA são baseados principalmente em: modificação de final de

cadeia a partir do uso de iniciadores de cadeia funcionalizados (WOLF;

FRIEDEMANN; FREY, 2009) e/ou aproveitamento da hidroxila terminal da cadeia do

PLA (BEUILLE et al., 2013), modificação ao longo da cadeia de PLA por

polimerização com o uso de lactídeo funcionalizado (LEEMHUIS et al., 2006; NOGA

et al., 2008) e modificação de toda a estrutura do polímero via funcionalização pós-

polimerização (HABNOUNI et al., 2011). As principais desvantagens de muitas

destas abordagens são: sínteses complexas, onerosas e com várias etapas

sequenciais; além do risco de quebra da cadeia polimérica durante a polimerização

e a obtenção de polímeros com baixos rendimentos e massas molares.

Outro método de funcionalização do PLA é a polimerização estatística por

abertura de anel do monômero D,L-lactídeo, utilizando comonômeros de inserção no

meio reacional. Assim, podem ser citadas as copolimerizações entre lactídeos e

glicidil éteres (GE), tais como o benzil glicidil éter (BGE) (RABANEL et al., 2015) e

alil glicidil éter (AGE) (BANQUY et al., 2008) (Figura 9).

Page 32: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

29

Figura 9: Esquema reacional teórico da copolimerização estatística do D,L-lactídeo com BGE ou AGE, em função do tempo e da temperatura; na presença de um catalisador e de um iniciador de cadeia, originando os copolímeros PLA-co-AGE ou PLA-co-BGE. Δ = Temperatura; t = tempo.

Em teoria, o anel epóxido é aberto nas condições reacionais e aleatoriamente

inserido à cadeia de PLA durante a ROP do D,L-lactídeo (KOMAROVA et al., 1978;

TESKE; VOIGT; SHASTRI, 2014). O carácter inerte do grupo alila e benzila nas

condições de síntese via ROP confere vantagem na escolha do AGE e BGE,

respectivamente, como agentes de acoplagem de cadeia e permitem seu uso

juntamente com os reagentes no meio reacional. No contexto da utilização do DMAP

nas copolimerizações entre anidridos de acido carboxílicos e epóxidos por abertura

de anel (NEJAD et al., 2013) e no uso deste catalisador na polimerização de

epóxidos (DELL'ERBA; WILLIAMS, 2006; BROCAS et al., 2013). O DMAP torna-se

uma alternativa interessante a ser avaliada na inserção de epóxidos na cadeia

polimérica do PLA.

A inserção de grupamentos alila e benzila ao longo da cadeia de PLA

possibilita pós-modificações químicas dos copolímeros para a inserção de ligantes

funcionais de interesse. São exemplos dessas modificações as reações de

desproteção por hidrogenação catalítica com paládio/carbono para copolímeros com

benzila (BANQUY et al., 2008) e com tiol-eno para copolímeros com alila

(OBERMEIER; FREY, 2011).

Alternativamente à inserção de ligantes funcionais de interesse na cadeia de

PLA, a presença de benzila nas cadeias poliméricas abre perspectiva para o

encapsulamento de fármacos contendo grupos aromáticos em sua estrutura, a partir

das interações entre polímero e fármaco (SHI et al., 2013). Alguns fármacos

Page 33: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

30

hidrofóbicos, tal como o benznidazol (BNZ), em teoria, poderiam ser mais facilmente

associados às NP preparadas a partir destes polímeros modificados por meio da

afinidade entre grupamentos aromáticos.

2.6. Benznidazol

O benznidazol (BNZ) (N-benzil-2-nitro-1-imidazol acetamida) é o fármaco de

primeira escolha na terapia da doença de Chagas, sendo bastante efetivo na fase

aguda da doença, mas com baixa ou nenhuma eficácia na fase crônica tardia da

doença. Efeitos tóxicos associados à utilização deste fármaco têm sido reportados,

tendo como consequência a interrupção do tratamento medicamentoso (CALDAS et

al., 2008). Sua fórmula estrutural é apresentada na Figura 10.

Figura 10: Fórmulas estruturais da molécula de BNZ. (A) Fórmula estrutural condensada linear evidenciando as ligações de hidrogênio entre as moléculas. (B) Fórmula estrutural espacial do estado de mais baixa energia da molécula evidenciando os três grupamentos planares: 1 – imidazol, 2 – fragmento acetamida, 3 – anel benzila. Adaptado de SOARES-SOBRINHO e colaboradores (2008).

A conformação estrutural do BNZ pode ser descrita em termos da orientação

relativa aos três fragmentos planares (Figura 10B): o grupo imidazol (1), um

fragmento de acetamida (2) e o grupo benzila (3). O BNZ forma cristais visíveis em

água, o que torna sua a encapsulação em NS problemática, uma vez que esses

Page 34: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

31

cristais não são bem acomodados na matriz hidrofóbica polimérica. O

empacotamento cristalino é reforçado por uma rede de interações intermoleculares

fortes do tipo ligação de hidrogênio (Figura 10A) (SOARES-SOBRINHO et al., 2008).

A molécula do BNZ se caracteriza por ser pouco solúvel em água

(MAXIMIANO et al., 2010). As NP têm desempenhado um papel importante no

aumento da dispersibilidade em água de um grande número de fármacos

hidrofóbicos com baixa solubilidade aparente em água. É bem conhecido que muitas

moléculas candidatas à fármacos são insolúveis em água, configurando um dos

principais obstáculos para o desenvolvimento de formulações farmacêuticas

clinicamente viáveis (SERAJUDDIN, 2007). Nestes casos é possível aprimorar a

encapsulação destes fármacos em nanossistemas poliméricos.

2.7. Métodos para aprimorar a encapsulação de fármacos

A encapsulação de fármacos em NP poliméricas pode ser realizada por meio

de três técnicas: o fármaco é ligado covalentemente ao polímero; o fármaco é

adsorvido na superfície do polímero; ou o fármaco é aprisionado na matriz

polimérica durante a preparação das NP (KAMALYA et al., 2012). O aprisionamento

de um fármaco durante o preparo de NP consiste na técnica mais comum para a

incorporação de fármacos. Para fármacos hidrofóbicos a codissolução com

polímeros hidrofóbicos em solventes orgânicos faz com que seja muito mais fácil o

preparo da formulação. Porém, nem todos os fármacos são facilmente encapsulados

no interior de NP poliméricas por meio desta abordagem devido às suas

características estruturais cristalinas ou amorfas (KAMALYA et al., 2012).

Visando o aprimoramento da encapsulação de fármacos via aprisionamento

durante o preparo das NP, algumas estratégias podem ser adotadas: uso de agente

de reticulação (ABULATEEFEH; TAHA, 2014); modificações do método de preparo

(GOVENDER et al., 1999; SONG et al., 2008), uso de nanoreservatórios (GAO et al.,

2008); uso de sais policátions (JANES et al., 2001); uso de pares iônicos (FATTAL et

al., 1998); derivatização do fármaco (ZHIGALTSEV et al., 2010); modificação da

composição estrutural da matriz polimérica (DE MARTIMPREY et al., 2010).

Dentre os métodos da modificação da composição estrutural da matriz

polimérica estão as estratégias que têm como alvo as interações intermoleculares

entre fármaco e polímero, as quais incluem: sobreposição pi-pi (π-π) (CARSTENS et

Page 35: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

32

al., 2008; LAI et al., 2012), ligações intermoleculares (KIM; PARK; HAMMOND,

2008), formação de estereocomplexos (KANG et al., 2005) e cristalinidade (ZHANG

et al., 2006). Estas abordagens podem aumentar a porcentagem de encapsulação, a

solubilidade de fármacos no interior dos vetores e a estabilidade das partículas (KIM

et al., 2010; SHI et al., 2013).

A sobreposição de orbitais π-π (do inglês π-π stacking), foco inicial deste

estudo, refere-se à interações atrativas, não covalentes entre anéis aromáticos ou

entre anéis aromátios e elétrons π de um grupamento vinil (HUNTER; SANDERS,

1990). As interações π-π têm desempenhado um papel importante na melhoria da

capacidade de encapsulamento de moléculas aromáticas em vetores que

apresentam grupamentos aromáticos em sua composição (YAN et al., 2011;

ZHENG; LI, 2012; SHI et al., 2013).

Neste trabalho foram então sintetizados polímeros modificados do PLA com

inserções de alila e benzila na cadeia polimérica a partir da ROP do lactídeo. Foi

também realizado o estudo da influencia do DMAP e da quantidade de epóxido no

meio reacional sobre a formação dos polímeros. A citotoxicidade das NS produzidas

a partir destes polímeros foi estudada frente a duas linhagens celulares com

diferentes susceptibilidades a presença de xenobióticos. Também foi investigada

experimentalmente a hipótese de interação dos grupamentos alila e benzila com o

fármaco modelo BNZ, por meio de um estudo dos teores de encapsulação de BNZ a

partir de NS constituídas pelos polímeros modificados.

Page 36: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

33

3. OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo geral sintetizar copolímeros de D,L-lactídeo

com glicidil éteres como possíveis plataformas para aprimorar a encapsulação de

fármacos, inserção de marcadores fluorescentes ou de ligantes biológicos. Para tal,

foi buscado investigar o papel dos catalisadores e da proporção dos comonômeros

no meio reacional na inserção dos grupamentos alila e benzila nas cadeias

poliméricas de PLA e analisar a influência destes grupos no preparo de nanoesferas,

na citotoxicidade dos polímeros e na capacidade de encapsulação de um fármaco

modelo, no caso o benznidazol.

Para uma melhor compreensão a dissertação foi divida em dois capítulos:

Capítulo I - Polímeros: síntese e caracterização;

Capítulo II - Nanoesferas: preparo, caracterização, estudo de encapsulação

do benznidazol e avaliação de citotoxicidade.

Page 37: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

34

CAPÍTULO I

Polímeros: síntese e caracterização

Page 38: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

35

I.1. INTRODUÇÃO

A síntese de polímeros envolve a padronização dos parâmetros experimentais

que influenciam no rendimento da reação. O estudo destas variáveis é importante na

obtenção de polímeros com massas molares mais elevadas, com menos impurezas

e na diminuição da formação de produtos de secundários no meio reacional

(KAIHARA et al., 2007). As técnicas de caracterização de polímeros são

normalmente utilizadas para se determinar a massa molar média, a estrutura

molecular, propriedades térmicas e as propriedades mecânicas destes materiais

(CANEVAROLO JÚNIOR, 2010).

Polímeros geralmente possuem estruturas complexas e são formados por

uma mistura de moléculas com diferentes tamanhos de cadeia, o que dificulta a

caracterização destes materiais. Assim é necessário cruzar os resultados de várias

técnicas de caracterização para a obtenção de informações de interesse

(CAMPBELL; PETHRICK; WHITE, 2000). Duas técnicas merecem destaque na

caracterização de polímeros, cromatografia de permeação em gel (CPG) e

espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN-1H).

A CPG é utilizada na determinação da distribuição de massa molar de

materiais poliméricos. É caracterizada como uma técnica rápida, simples e segura

de fracionamento das cadeias poliméricas com relação ao volume hidrodinâmico que

cada uma delas ocupa em solução (SKOOG et al., 2006).

A distribuição de massa molar da amostra é descrita pela razão de dois

parâmetros: massa molar ponderal média (�̅�𝑤) e massa molar numérica média (�̅�𝑛)

onde o primeiro descreve o peso molecular médio em massa de moléculas nas

diferentes faixas de distribuição e o outro o peso molecular médio em número de

moléculas nas diferentes faixas de distribuição (CANEVAROLO JÚNIOR, 2010).

Na recomendação da União Internacional de Química Pura e Aplicada

(IUPAC) (2009) foi criada a palavra “dispersity” (dispersidade), representada pelo

símbolo Đ (pronunciado D-stroke), para representar a razão (�̅�𝑤/�̅�𝑛). Foram

também adotados os termos uniforme (Đ < 1,3) e não uniforme (Đ > 1,3) para

denotar uma medida da dispersão de uma distribuição das espécies

macromoleculares em amostras (IUPAC, 2009).

A espectroscopia de ressonância magnética nuclear é uma técnica bastante

usada para determinação estrutural de compostos, permitindo determinar as

Page 39: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

36

propriedades de uma substância através do registro gráfico das frequências dos

picos de absorção contra suas intensidades, sendo a frequência regida pelas

características estruturais da amostra (FEINSTEIN, 1995). Os espectros obtidos por

RMN-1H permitem confirmar estruturas químicas relativas aos polímeros

sintetizados. Além de estimar quantitativamente as impurezas presentes nos

polímeros e no D,L-lactídeo antes e após a purificação.

Com os resultados obtidos por CPG é possível avaliar se houve influência de

vários parâmetros nas sínteses dos polímeros sintetizados, tais como: temperatura,

tempo de reação, quantidade de catalisador, de monômero e de iniciador de cadeia

nas massas molares e Đ dos polímeros obtidos. Os espectros obtidos por RMN-1H

permitem confirmar estruturas químicas relativas aos polímeros sintetizados. Além

de estimar quantitativamente as impurezas presentes nos polímeros e no D,L-

lactídeo antes e após a purificação. A análise combinada dos resultados de CPG e

RMN-1H permite avaliar a influência da quantidade de comonômeros adicionada no

meio reacional em relação à massa do polímero obtida.

Neste estudo a inserção dos comonômeros AGE e BGE no bloco de PLA foi

estimada por CPG e RMN-1H. Foi avaliada também a influência do DMAP nas

polimerizações, em relação ao número de unidades glicidil éter (GE) inseridas por

cadeia, efeitos na massa molar e na dispersidade de massa molar obtidos para os

polímeros sintetizados.

Page 40: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

37

I.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a influência de certas variáveis na polimerização por abertura de anel

do D,L-lactídeo, tais como: temperatura, tempo, razão catalisador/iniciador,

razão monômero/iniciador e a ativação do mPEG nas massas molares e

dispersidades dos polímeros obtidos;

Desenvolver uma metodologia satisfatória para sintetizar os copolímeros

funcionalizados; ácido poliláctico-co-glicidil éter de alila (PLA-co-AGE) e ácido

poliláctico-co-glicidil éter de benzila (PLA-co-BGE);

Avaliar a influência do catalisador DMAP nas sínteses e na inserção de alila e

benzila nas cadeias poliméricas;

Avaliar a influência da quantidade de epóxido no meio reacional em relação à

inserção de alila e benzila nas cadeias poliméricas.

Page 41: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

38

I.3. MATERIAIS E MÉTODOS

I.3.1. Materiais

Os reagentes e insumos utilizados nesta parte do trabalho são apresentados

na Tabela 1 com seus respectivos fornecedores comerciais, massas molares e

densidades, quando aplicável.

Tabela 1: Reagentes e insumos utilizados com seus respectivos fornecedores comerciais, massas molares e densidades.

Reagentes e insumos Fornecedor comercial

M (g/mol)

Densidade (g/mL) (1atm a 20 °C)

D,L-lactídeo Sigma-Aldrich® 144,13 -

Alil glicidil éter (AGE) Sigma-Aldrich® 114,14 0,962

Benzil glicidil éter (BGE) Sigma-Aldrich® 164,20 1,077

Octanoato de estanho (Sn(Oct)2) Sigma-Aldrich® 405,12 1,251

4-(dimetilamino)piridina (DMAP) Sigma-Aldrich® 122,17 -

Álcool benzílico (P.A.) (BzOH) Vetec® 108,14 1,045

Metoxi-polietileno glicol (mPEG) Sigma-Aldrich® 2000 -

Metoxi-polietileno glicol (mPEG) Sigma-Aldrich® 5000 -

Tolueno anidro (UV/CLAE) Sigma-Aldrich® 92,14 0,867

Metanol (P.A.) (MeOH) Tedia® 32,04 0,792

Diclorometano (P.A.) (DCM) Tedia® 84,93 1,330

Clorofórmio (P.A.) (TCM) Tedia® 119,38 1,490

n-hexano (P.A.) (HEX) Merck® 86,18 0,655

Éter etílico (P.A.) (Et2O) Vetec® 74,12 0,713

Nitrogênio líquido (N2) (99,99% de pureza) White Martins® 28,01 0,808*

Argônio (Ar) (99,99% de pureza) White Martins® 39,94 1,666

Tetrahidrofurano (THF) (UV/CLAE) Sigma-Aldrich® 72,11 0,889

2,6-di-terc-butil-4-metilfenol (BHT) Sigma-Aldrich® 220,35 1,048

Graxa de silicone para alto vácuo Vetec® - -

Óleo de silicone Sigma-Aldrich® - -

Legenda: (M) massa molar; (-) dado não aplicável ou não fornecido; (*) densidade no ponto de ebulição a 1 atm.

Page 42: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

39

I.3.2. Preparo e purificação dos reagentes

Para o preparo da solução estoque de BzOH, certa quantidade de BzOH foi

destilada à vácuo (7 × 102 mbar, 148 °C) para remoção de impurezas, sendo

preparada uma solução a 10% (v/v) do destilado em tolueno anidro.

Para o preparo da solução estoque de Sn(Oct)2, 1 mL de Sn(Oct)2 foi seco em

alto vácuo (≤ 2,8 × 10-2 mbar) por no mínimo 5 horas. Este volume foi então diluído

em 9 mL de tolueno anidro de modo a obter uma solução 10% (v/v). Para o preparo

da solução estoque de DMAP, 31,4 mg de DMAP foi diluída em 2 mL de tolueno

anidro de modo a obter uma solução 1,57% m/v. Todas as soluções foram

acondicionadas em frascos de vidro hermeticamente fechados.

Não foi necessário preparar solução estoque diluída dos monômeros AGE e

BGE, já que estes foram usados em volumes maiores nas sínteses. Em todos os

frascos de reagentes preparados foram adicionadas peneiras moleculares (3 Å) e os

frascos armazenados sob atmosfera de Ar. A cada abertura dos frascos era

renovada a atmosfera inerte. Os reagentes descritos foram depositados em

dessecador com sílica gel anidra azul (Synth®) com exceção do D,L-lactídeo e do

BGE, acondicionados em geladeira (4 ºC).

I.3.3. Purificação do D,L-lactídeo

O monômero foi purificado através de recristalizações em tolueno para que as

reações de síntese não fossem influenciadas por impurezas residuais e umidade. A

certa quantidade de D,L-lactídeo foi adicionado tolueno anidro na proporção de 1:1

(m/v). Em seguida a mistura foi aquecida a 80 ºC para completa solubilização dos

cristais. A solução foi então resfriada à temperatura ambiente até a completa

recristalização, sendo os cristais recuperados manualmente. A fração líquida

contendo impurezas foi descartada e este processo foi realizado três vezes para

maior purificação.

Finalizada as três recristalizações o tolueno residual foi removido por

evaporação da mistura azeotrópica formada em rotavapor (Büchi® R3) (60 RPM, 40

°C, 10 mbar, 1 h). Após este período o monômero foi submetido à alto vácuo (≤ 3,6 ×

10-1 mbar) por no mínimo 5 h para eliminação do solvente residual. Foi realizada

análise do ponto de fusão (triplicata) (Büchi® M-560) e de RMN-1H (400 MHz)

Page 43: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

40

(Bruker Avance® Drx-400 MHz) do D,L-lactídeo antes e após a recristalização para

se verificar a eficiência do processo na eliminação de impurezas. A pureza foi

estimada a partir integração da área dos prótons relativos à impureza majoritária, no

caso o lactato de lactila, um produto formado a partir da abertura do monômero por

hidrólise. Assim, a porcentagem de pureza foi calculada através da Equação 1.

Equação (1):

𝑃𝑈 =𝐴5.07

𝐴5.07 + 𝐴5.18 + 𝐴4.37 × 100

Onde:

PU = Pureza (%);

A5.07 = Integração da área dos picos dos prótons metínicos do D,L-lactídeo (δ = 5.07

ppm);

A5.18 e A4.37 = Integração da área dos picos dos prótons metínicos do lactato de

lactila (δ = 5.18 ppm) e (δ = 4.37 ppm), respectivamente.

I.3.4. Sínteses dos polímeros

I.3.4.1. Procedimentos gerais

Os polímeros foram sintetizados através da reação de polimerização em

massa por abertura de anel do monômero D,L-lactídeo, com base no protocolo

adaptado de KAIHARA e colaboradores (2007). Uma polimerização típica foi

realizada da seguinte maneira: em um balão volumétrico de 50 mL previamente seco

em estufa a 70 °C foram adicionados 2 g de D,L-lactídeo recristalizado, 14 µL de

uma solução a 10% (v/v) em tolueno de Sn(Oct)2 e 20 µL de uma solução a 10%

(v/v) de BzOH destilado em tolueno sob agitação magnética. Foi adaptada uma

torneira ao balão e a esta uma mangueira de silicone que permitiu a dosagem dos

reagentes em 9 ciclos alternados de Ar/alto vácuo terminando em Ar, com o suporte

de um aparato experimental conforme ilustrado na Figura 11A.

Page 44: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

41

Figura 11: Ilustração dos módulos experimentais utilizados. (A) O Ar é fornecido diretamente para a linha de gás a partir de um cilindro de gás comprimido, saindo da linha de distribuição através de um borbulhador de óleo. Entre a linha de vácuo e a bomba de alto vácuo (Edwards® RV5) é conectada uma câmara de captação de vapores, com a função de impedir que vapores de solventes entrem na bomba e degradem o seu óleo ou motor. A câmara de captação é imersa em um frasco de Dewar (Nalgene®) contendo N2 líquido para resfriamento da mesma. Com o vácuo ligado, os vapores do balão volumétrico são sugados para o interior frio da câmara de captação e condensados. (B) Esquema do aparato reacional durante a condução das sínteses. O balão volumétrico contendo os reagentes é imerso em um banho de óleo de silicone sobre placa agitadora magnética (IKA® RCT) com controlador de temperatura (IKA® ETS-D5).

O balão volumétrico foi fechado e transferido para um banho de óleo de

silicone termostatizado (147 ou 137 °C) sobre placa agitadora magnética (300 RPM)

com controlador de temperatura (Figura 11B). Não foram pré-determinados tempos

de reação para as sínteses, salvo quando indicado ao contrário, as reações foram

interrompidas após observação visual indireta da formação de polímero, indicada

pelo impedimento do movimento do agitador magnético, devido ao aumento da

viscosidade do meio reacional. Finalizadas as reações, as polimerizações foram

interrompidas submetendo o frasco a um banho de gelo (0 ºC) e os polímeros foram

isolados por precipitação e acondicionados em geladeira (4 ºC).

Page 45: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

42

I.3.4.2. Síntese dos homopolímeros PLA

As diferentes condições utilizadas na síntese dos homopolímeros PLA são

apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2: Variações das condições experimentais utilizadas na síntese do PLA.

Código TBO (ºC) Catalisador Razão molar

LAC:CAT Razão molar

INI:CAT Razão molar

LAC:INI

GP1026 147 Sn(Oct)2 900:1 1:1 1000:1

L0601 147 Sn(Oct)2 900:1 1:1 1000:1

L0602 147 Sn(Oct)2 900:1 1:1 1000:1

L0801 137 Sn(Oct)2 900:1 1:1 1000:1

L1201 137 DMAP 500:1 1:2 1000:1

L1202 137 DMAP/Sn(Oct)2 500:1 1:2 1000:1

Legenda: (TBO) temperatura do banho de óleo; (LAC) D,L-lactídeo; (INI) iniciador; (CAT) catalisador.

I.3.4.3. Síntese dos copolímeros PLA-b-mPEG

Os copolímeros PLA-b-mPEG foram sintetizados usando o mPEG como

iniciador de cadeia no lugar do BzOH. Em cada balão volumétrico de 50 mL (secos

em estufa a 70 °C) foram adicionados 2 g do iniciador mPEG e 2 mL de tolueno

anidro. O tolueno foi evaporado em rotavapor (Büchi® R3) (60 RPM, 40 °C, 10 mbar,

0,5 h) para remoção de potenciais traços de água por evaporação azeotrópica, o

processo foi repetido duas vezes. Diferentemente das demais sínteses, na síntese

de L0901, o catalisador foi adicionado ao balão contendo mPEG juntamente com 2

mL de tolueno no segundo ciclo de evaporação no rotavapor, um processo

denominado ativação do mPEG. Na sequência foram adicionados o Sn(Oct)2, exceto

no caso de L0901, e o D,L-lactídeo em cada balão e aplicados os ciclos de Ar/vácuo

como descrito anteriormente. As diferentes condições de sínteses são apresentadas

na Tabela 3.

Page 46: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

43

Tabela 3: Variações das experimentais utilizadas na síntese do PLA-b-mPEG.

Código �̅�𝒏 mPEG

(g/mol) TBO (ºC)

Razão molar LAC:CAT

Razão molar INI:CAT

Razão molar LAC:INI

GP1027 2.000 147 555:1 1:1 555:1

L0802 2.000 137 555:1 1:1 555:1

L0803 5.000 137 555:1 1:1 555:1

L0804 5.000 137 2200:1 4:1 555:1

L0903 5.000 137 2200:1 8:1 278:1

L0901 5.000 137 2200:1 4:1 555:1

Legenda: (�̅�𝑛) massa molar numérica média; (TBO) temperatura do banho de óleo; (LAC) D,L-lactídeo; (CAT) catalisador; (INI) iniciador.

I.3.4.4. Síntese dos copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE

Os copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE foram sintetizados

acrescentando ao meio reacional os comonômeros AGE e BGE, respectivamente,

nas porcentagens molares de 6, 24 e 46% em relação ao D,L-lactídeo. Sínteses

usando DMAP como co-catalisador foram realizadas mantendo uma razão molar de

Sn(Oct)2:DMAP = 1:1. As diferentes condições de sínteses são apresentadas na

Tabela 4.

Tabela 4: Condições experimentais utilizadas nas sínteses dos copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE.

CAT GE Código % molar GE:LAC

Razão molar LAC:CAT:INI

Razão molar (LAC+GE):INI

Sn(Oct)2

AGE

L0902 6 968:1:1 1032:1

GP1030 24 864:1:1 1137:1

GP1031 46 702:1:1 1300:1

BGE

L1205 6 967:1:1 1136:1

L0207 24 864:1:1 1136:1

L0206 46 224:1:1 413:1

Sn(Oct)2

/DMAP

AGE

L0201 6 968:1:1 1032:1

L1206 24 864:1:1 1137:1

L0202 46 704:1:1 1296:1

BGE

L0203 6 968:1:1 1032:1

L0204 24 864:1:1 1136:1

L0205 46 704:1:1 1296:1

Legenda: (CAT) catalisador; (GE) glicidil éter; (BGE) benzil glicidil éter; (AGE) alil glicidil éter; (LAC) D,L-lactídeo; (INI) iniciador.

Page 47: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

44

I.3.5. Purificação dos polímeros

Foram testadas diferentes condições de purificação para os polímeros. Para

cada 2 g destes foram testados como solventes 15 mL de metanol, diclorometano e

clorofórmio, com agitação até completa dissolução. Depois de dissolvidos foram

testadas as precipitações em 300 mL de não solvente (n-hexano ou éter etílico). Os

polímeros foram recuperados por filtração e/ou manualmente com o auxílio de uma

espátula, dependendo das características do material. Sendo este processo

realizado em duplicata para alguns polímeros. O resíduo de solvente/não solvente

foi removido em rotavapor (Büchi® R3) (60 RPM/40 °C/10 mbar/1 h). Após este

período foi avaliada a aplicação de alto vácuo com e sem aquecimento a 40 °C para

eliminar quaisquer traços de solvente/não solvente residuais dos polímeros

purificados. O processo foi realizado em diferentes tempos.

I.3.6. Caracterização físico-química dos polímeros

I.3.6.1. Cromatografia de permeação em gel

A análise por CPG foi realizada em cromatógrafo de permeação em gel

(Agilent® 1260 Series) com detector de índice de refração (Infinity G1362ARID), pré-

coluna PL gel 5 µm Mini MIX-D Guard (50 x 4,6 mm), duas colunas PL gel 5 µm Mini

MIX-D (250 x 4,6 mm), unidas em série e aquecidas a 35 °C. O THF (estabilizado

com 250 ppm de BHT) foi utilizado como fase móvel e no preparo das amostras nas

concentrações de 4 mg/mL.

Após a filtração em filtros de seringa de 0,22 μm (Millex®) as amostras foram

injetadas por sistema automatizado em volumes de 20 μL, com eluição ao fluxo de

0,25 mL/min. A curva de calibração foi gerada a partir de padrões de poliestireno

(Supelco®) injetados, com massas molares compreendidas na faixa de 162 a

371.100 g/mol. A análise por CPG permitiu determinar os valores médios de �̅�𝑛, �̅�𝑤

e a Đ. O tratamento dos dados foi realizado utilizando o programa Agilent GPC/SEC

versão 1.2 (Agilent Technologies©) e os cromatogramas foram reproduzidos com o

auxílio do programa OriginPro versão 9.0.0 (OriginLab Corporation©).

Page 48: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

45

I.3.6.2. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio

Os espectros de RMN-1H foram obtidos no espectrômetro (Bruker Avance®

Drx-400 MHz) do Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear (LAREMAR) do

Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os

deslocamentos químicos (δ) foram expressos em ppm. As multiplicidades das

bandas foram indicadas segundo as convenções: s (simpleto), d (dupleto), t

(tripleto), q (quarteto) e m (multipleto). Como referência interna foi utilizado

tetrametilsilano (TMS) (δ = 0 ppm) e como solventes clorofórmio deuterado (CDCl3)

ou dimetilsulfóxido deuterado (DMSO-d6). O tratamento dos dados foi realizado com

o auxílio do programa SpinWorks versão 4.1.0.0 (University of Minitoba©).

A partir dos espectros obtidos foi calculada a razão molar entre os hidrogênios

alila ou benzila e hidrogênios lactídeos. Foi calculado também o grau de

polimerização, ou seja, a razão molar entre a �̅�𝑛 obtida por CPG e a massa molar

do monômero D,L-lactídeo. O produto destes cálculos permitiu estimar

quantitativamente a proporção dos comonômeros AGE ou BGE inseridos no bloco

de PLA, conforme representado na Equação 2.

Equação (2):

𝑈𝐺𝐸/𝐶𝐴𝐷 =�̅�𝑛 𝐶𝑃𝐺

𝑀 𝐿𝐴𝐶 ÷ 2 ×

𝐼𝑝𝐺𝐸𝑛° 𝑝𝐺𝐸𝐼𝑝𝑀𝑒𝑡

𝑛° 𝑝𝑀𝑒𝑡

Onde:

UGE/CAD = Número de unidades glicidil éter por cadeia polimérica;

�̅�𝑛 CPG = �̅�𝑛 obtida por CPG (g/mol);

M LAC = Massa molar do D,L-lactídeo (M LAC = 144,13 g/mol);

IpGe = Integração da área relativa aos prótons dos glicidil éteres: para o AGE (δ =

5.8-5.9 ppm) e para o BGE (δ = 7.2-7.4 ppm);

n° pGE = Número de prótons glicidil éteres correspondentes à IpGe: para o AGE (n°

pGE = 1) e para o BGE (n° pGE = 5);

IpMet = Integração da área relativa aos prótons metínicos do PLA (δ = 4.9-5.5 ppm);

Page 49: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

46

n° pMet = Número de prótons correspondentes à um grupamento metínico da cadeia

de PLA (n° pMet = 1).

O cálculo estimado da proporção dos comonômeros AGE ou BGE inseridos

no bloco de PLA e o grau de polimerização do monômero D,L-lactídeo permitiram

estimar a porcentagem molar de GE no polímero, conforme representado na

Equação 3.

Equação (3):

% 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝐺𝐸 𝑛𝑜 𝑝𝑜𝑙í𝑚𝑒𝑟𝑜 =𝑈𝐺𝐸/𝐶𝐴𝐷

𝑈𝐺𝐸/𝐶𝐴𝐷 +�̅�𝑛 𝐶𝑃𝐺𝑀 𝐿𝐴𝐶

× 100

Onde:

UGE/CAD = Número de unidades glicidil éter por cadeia polimérica;

�̅�𝑛 CPG = �̅�𝑛 obtida por CPG (g/mol);

M LAC = Massa molar do D,L-lactídeo (M LAC = 144,13 g/mol).

Os espectros obtidos permitiram estimar a �̅�𝑛 para os copolímeros diblocos

PLA-b-mPEG sintetizados, a partir da integração dos prótons metila do mPEG e da

integração dos prótons metínicos do bloco PLA conforme representado na Equação

4. Neste cálculo foi considerado que no espectro de RMN-1H todas as cadeias foram

iniciadas pelo mPEG. Foi utilizado o próton metila do grupo metoxila do mPEG como

referência para a integração dos picos marcados, com valor de integração de (3,000)

(δ = 3.3 ppm).

Equação (4):

�̅�𝑛 𝑅𝑀𝑁-1𝐻 = (𝐼𝑝𝑚𝑃𝐸𝐺

𝑛° 𝑝𝑚𝑃𝐸𝐺 × 𝑀 𝑚𝑃𝐸𝐺 ) + ([𝑀 𝐿𝐴𝐶 ÷ 2] ×

𝐼𝑝𝑀𝑒𝑡

𝑛° 𝑝𝑀𝑒𝑡)

Onde:

IpmPEG = Integração dos prótons metilenos do mPEG (δ = 3.4-3.8 ppm);

Page 50: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

47

nº pmPEG = Número de prótons metilenos do monômero mPEG (nº pmPEG = 4);

M mPEG = Massa molar do monômero mPEG (M mPEG = 44 g/mol);

M LAC = Massa molar do D,L-lactídeo (M LAC = 144,13 g/mol);

IpMet = Integração da área relativa aos prótons metínicos do PLA (δ = 4.9-5.5 ppm);

n° pMet = Número de prótons correspondentes à um grupamento metínico da cadeia

de PLA (n° pMet = 1).

Com base na razão entre as �̅�𝑛 obtidas por CPG e as estimada por RMN-1H

para os copolímeros PLA-b-mPEG sintetizados, foi calculada a porcentagem de

cadeias que foram iniciadas pelo mPEG (Equação 5). Este cálculo foi possível uma

vez que no cálculo estimado da �̅�𝑛 por RMN-1H foi considerado que todas as

cadeias foram iniciadas pelo mPEG, enquanto que a �̅�𝑛 obtida por CPG não leva

em consideração o iniciador de cadeia.

Equação (5):

𝐶𝑎𝑑𝑒𝑖𝑎𝑠 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑚𝑃𝐸𝐺 (%) = �̅�𝑛 𝐶𝑃𝐺

�̅�𝑛 𝑅𝑀𝑁-1𝐻 × 100

Onde:

�̅�𝑛 CPG = �̅�𝑛 obtida por CPG (g/mol);

�̅�𝑛 RMN-1H = �̅�𝑛 estimada por RMN-1H (g/mol).

A técnica de RMN-1H também permitiu estimar as porcentagens em mol de

monômero e de não solvente residuais nos polímeros purificados em relação ao

bloco PLA, conforme explicitado na Equação 6.

Equação (6):

𝑀𝑜𝑙% 𝑋 = 𝐼𝑝𝑋

𝑛° 𝑝𝑋 ×

𝑛° 𝑝𝑀𝑒𝑡

𝐼𝑝𝑀𝑒𝑡 + 𝐼𝑝𝑋 × 100

Onde:

Page 51: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

48

Mol% X = Porcentagem em mol de monômero ou não solvente;

IpX = Integração da área do pico relativo aos prótons de interesse do monômero ou

do não solvente;

n° pX = Número prótons do monômero ou do não solvente relativos à área de

interesse;

IpMet = Integração da área relativa aos prótons metínicos do PLA (δ = 4.9-5.5 ppm);

n° pMet = Número de prótons correspondentes à um grupamento metínico da cadeia

de PLA (n° pMet = 1).

Os polímeros foram pesados após a secagem, com a finalidade de determinar

as massas reais dos produtos das reações. As massas obtidas foram comparadas

com as massas teóricas para um rendimento de 100% (massa total dos reagentes).

O rendimento experimental das reações foi corrigido levando-se em consideração as

porcentagens molares de monômero e de não solventes residuais encontradas

conforme descrito anteriormente. Assim, o rendimento experimental corrigido foi

calculado conforme a Equação 7.

Equação (7):

𝑅𝐸𝐶 = 𝑀𝑂

𝑀𝑅 × [1 − (𝑀𝑜𝑙% 𝑋1 + 𝑀𝑜𝑙% 𝑋2)] × 100

Onde:

REC = Rendimento experimental corrigido (%);

MO = Massa do produto obtido (g);

MR = Massa total dos reagentes (g);

Mol% X1 = Porcentagem em mol de monômero;

Mol% X2 = Porcentagem em mol de não solvente.

Com base na �̅�𝑛 teórica e no rendimento experimental corrigido foi calculada

a �̅�𝑛 teórica corrigida para os copolímeros PLA-b-mPEG, conforme explicitado na

Equação 8. Este cálculo corresponde à proporção inicial de D,L-lactídeo e iniciador

no meio reacional (�̅�𝑛 teórica) corrigida pela conversão de D,L-lactídeo

experimental.

Page 52: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

49

Equação (8):

�̅�𝑛 𝑇𝐶 = 𝑅𝐸𝐶 × �̅�𝑛 𝑇𝐸

100

Onde:

�̅�𝑛 TC = �̅�𝑛 teórica corrigida (g/mol);

REC = Rendimento experimental corrigido (%);

�̅�𝑛 TE = �̅�𝑛 teórica (g/mol).

Foram considerados altos os rendimentos experimentais acima de 50%. Nos

resultados foram apresentados apenas os espectros de RMN-1H dos polímeros

sintetizados e que foram utilizados no preparo de NS; com as suas respectivas

estruturas moleculares, contendo as atribuições dos prótons.

Page 53: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

50

I.4. RESULTADOS

I.4.1. Purificação do D,L-lactídeo

Foram obtidos espectros de RMN-1H do monômero antes e após a

recristalização com o intuito de verificar a eficiência do processo na eliminação de

impurezas. Os espectros do D,L lactídeo comercial são apresentados na Figura 12.

Figura 12: Espectros de RMN-1H do monômero comercial. (A) Espectro do monômero antes da recristalização; (B) Espectro do monômero após a recristalização.

Nos espectros de RMN-1H apresentados foram considerados para o D,L-

lactídeo, os picos localizados nos seguintes deslocamentos químicos: δ = 1.64-1.68

ppm (d, 3 H, a) e δ = 5.04-5.14 ppm (q, 1 H, b). Foi adotado como referência o

próton (b) do monômero para a integração das áreas dos picos marcados, com valor

de integração de (1,000). A razão de 3:1 entre os valores de integração das áreas

dos prótons (a) e (b) do D,L-lactídeo confirma a sua estrutura.

Foi observado que o espectro A, correspondente ao D,L-lactídeo não

recristalizado, possui mais picos de impureza referentes ao lactato e em maior

Page 54: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

51

quantidade do que o espectro B, obtido para o monômero após a recristalização. As

porcentagens de pureza quantificadas para o monômero antes e após a

recristalização foram de 23% e 86% respectivamente. A determinação do ponto de

fusão do monômero antes e após a recristalização indicou faixa de fusão entre

121,0-123,6 °C e 125,4-125,9 °C respectivamente, ou seja, um aumento e

estreitamento da faixa de fusão.

Nos espectros de RMN-1H apresentados foram considerados para a impureza

lactato de lactila, os picos localizados nos seguintes deslocamentos químicos: δ =

1.66 ppm (t, 3 H, c), δ = 1.56 ppm (d, 3 H, d), δ = 4.37 ppm (m, 1 H, b) e δ = 5.18

ppm (q, 1 H, a). A razão entre os valores de integração das áreas dos prótons

confirma a estrutura da molécula.

I.4.2. Purificação dos polímeros

Na Tabela 5 são apresentados os valores das porcentagens molares de

monômeros e não solventes residuais calculados a partir dos espectros de RMN-1H

dos polímeros sintetizados. São também apresentados dados experimentais, tais

como tempo de secagem em alto vácuo, a utilização ou não de aquecimento no

processo, o sistema de solvente/não solvente testado e o número de purificações

(ciclos de solubilização/precipitação) realizadas.

Não foi observada diferença entre a utilização de clorofórmio ou

diclorometano como solventes na dissolução dos polímeros. Já o uso de metanol a

frio como não solvente na purificação de GP1027 não se mostrou eficiente, pois o

aspecto viscoso do polímero dificultou a sua recuperação, além de alta turbidez no

sobrenadante.

Em relação ao não solvente foram observados para os copolímeros de PLA-

co-AGE e PLA-co-BGE precipitados em éter, um aspecto muito fluido que dificultou

o recolhimento dos mesmos após a precipitação em béquer. Com base nesta

observação foi utilizado para as sínteses com glicidil éter, o n-hexano como não

solvente, com uso do éter etílico apenas para “lavar” superficialmente os polímeros

antes da aplicação do alto vácuo/40° C.

Em suma, os resultados sugerem que: tempos maiores de aplicação de vácuo

com aquecimento durante a secagem, propiciaram a evaporação mais eficiente dos

solventes residuais. Já o processo de purificação realizado duas vezes favoreceu

Page 55: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

52

uma melhor eliminação do monômero que não reagiu, enquanto o uso do éter etílico

favoreceu a evaporação do n-hexano. Estes processos foram úteis na obtenção de

polímeros sem cheiro residual de solvente, com bom aspecto visual, tátil e mais

puros como indicado pelos espectros de RMN-1H e foram considerados sistemas

satisfatórios para purificação dos polímeros neste estudo.

Tabela 5: Impurezas residuais estimadas por RMN-1H para os polímeros sintetizados em função das condições de purificação empregadas.

Tipo de amostra

Código TS (h)

AQ (40 °C)

Solvente /Não

solvente NU

RMN-1H

mol% de monômero#

mol% de solvente/não

solvente#

PLA

GP1026 01,00 Sim DCM/MeOH 1 < 1 < 1

L0601 01,00 Não DCM/HEX 1 18 3

L0602 01,00 Não DCM/HEX 1 - -

L0801 02,00 Não TCM/HEX 1 24 2

L1202 07,00 Sim TCM/Et2O 1 < 1 < 1

PLA-b-mPEG

GP1027 02,00 Não DCM/HEX 1 1 4

L0802 02,50 Não DCM/HEX 1 13 1

L0803 02,00 Não DCM/HEX 1 20 3

L0804 02,00 Não TCM/HEX 1 32 < 1

L0903 13,17 Sim TCM/Et2O 1 < 1 < 1

L0901 09,00 Não TCM/Et2O 1 < 1 < 1

PLA-co-AGE

L0902 08,25 Sim TCM/Et2O 1 < 1 < 1

GP1030 - Sim DCM/HEX 1 27 4

GP1031 - Sim TCM/HEX 1 6 3

L0201 06,67 Sim TCM/Et2O 2 < 1 < 1

L1206 04,00 Sim TCM/Et2O 1 < 1 < 1

L0202 05,50 Sim TCM/HEX * 2 < 1 < 1

PLA-co-BGE

L1205 06,00 Sim TCM/Et2O 1 < 1 < 1

L0207 10,30 Sim TCM/HEX * 2 < 1 < 1

L0206 11,17 Sim TCM/HEX * 2 < 1 < 1

L0203 07,83 Sim TCM/HEX * 2 < 1 < 1

L0204 07,50 Sim TCM/HEX * 2 < 1 < 1

L0205 07,00 Sim TCM/HEX * 2 < 1 < 1

Legenda: (TS) Tempo de secagem; (AQ) Aquecimento; (NU) Número de purificações; (DCM) Diclorometano; (MeOH) Metanol; (HEX) n-hexano; (TCM) clorofórmio; (Et2O) Éter etílico; (–) Dados não coletados; (*) Purificação seguida de lavagem com Et2O antes da aplicação de vácuo; (

#)

Calculado em relação ao bloco PLA.

Page 56: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

53

I.4.3. Caracterização físico-química dos polímeros

I.4.3.1. Caracterização físico-química dos homopolímeros PLA

Os resultados das caracterizações obtidos para os homopolímeros de PLA

sintetizados em função das alterações dos parâmetros de síntese avaliados podem

ser observados na Tabela 6.

Tabela 6: Efeito da variação das condições experimentais na síntese de homopolímeros PLA caracterizados por CPG e RMN-1H.

Variáveis avaliadas em pares

Tempo reacional Temperatura

reacional Tipo de Catalisador

Código GP1026 L0601 L0602 L0801 L1201 L1202

TEO

TBO (ºC) 147 147 147 137 137 137

Catalisador Sn(Oct)2 Sn(Oct)2 Sn(Oct)2 Sn(Oct)2 DMAP DMAP/

Sn(Oct)2

EXP Tempo de

reação (min) 120 60 17 34 960* 72

EXP + RMN

REC (%) 84 100 100 85 - 50

CPG

�̅�𝒏 (g/mol)

77.500 40.100 59.600 31.500 6.100 25.600

Đ 1,9 1,4 1,3 1,4 1,9 1,2

Legenda: (TEO) teórico; (EXP) experimental; (TBO) temperatura do banho de óleo; (REC) rendimento experimental corrigido; (-) polímero não purificado; (*) síntese interrompida sem que houvesse término da agitação pelo agitador magnético.

Entre as sínteses dos polímeros GP1026 e L0601 o tempo de reação variou.

A síntese de GP1026 foi encerrada com 2 h, sendo que o agitador magnético cessou

a agitação aos 50 min. Nesta reação foi obtido o produto de maior �̅�𝑛, não obstante,

com maior Đ observada, sendo classificado como um polímero não uniforme. A

síntese de L0601 foi interrompida quando o agitador magnético cessou a agitação,

com 1 h. A análise de CPG mostrou um polímero com �̅�𝑛 e Đ menores que GP1026.

A cessação da agitação do meio reacional pelo agitador magnético está intimamente

ligada ao aumento da viscosidade do meio devido à conversão do monômero D,L-

lactídeo em polímero em proporção significativa.

Page 57: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

54

O segundo parâmetro observado foi a alteração de temperatura. O polímero

L0801 foi sintetizado nas mesmas condições reacionais que o polímero L0602, com

variação das temperaturas de sínteses, 137 °C e 147 °C respectivamente. Os

resultados mostram que a síntese de L0801 foi duas vezes mais lenta e formou um

polímero com �̅�𝑛 reduzida à metade em relação à L0602, enquanto a Đ não variou.

O terceiro parâmetro avaliado foi o tipo de catalisador utilizado, no caso,

L1201 e L1202 foram sintetizados nas mesmas condições reacionais e modificados

os sistemas de catalisadores, DMAP e DMAP/Sn(Oct)2 respectivamente. Na síntese

do PLA L1201 unicamente com DMAP, o meio reacional foi se tornando amarelado

gradualmente até atingir a cor marrom. Não houve formação visível de polímero, ou

seja, o meio reacional não ficou viscoso e o agitador magnético não cessou a

agitação sendo necessária a interrupção mecânica da síntese com 960 min. O

polímero não precipitou em nenhum dos não solventes testados, o que inviabilizou a

sua purificação.

Quando foi utilizado o DMAP/Sn(Oct)2 na síntese do PLA L1202, a agitação

magnética cessou com 72 min, em virtude da viscosidade. Assim, a utilização de

apenas DMAP como catalisador na condição de síntese avaliada, não reduziu o

tempo de síntese, com base na observação visual do aumento da viscosidade do

meio reacional. Todos os PLA purificados apresentaram altos rendimentos

experimentais (≥ 50%). Os perfis de distribuições das massas molares analisados

por CPG dos homopolímeros de PLA sintetizados são mostrados na Figura 13.

Figura 13: Distribuições de massas molares obtidas por CPG dos polímeros PLA em função das alterações de parâmetros: tempo de reação, temperatura e tipo de catalisador.

Largos perfis de distribuição de massas molares foram visualizados para os

polímeros sintetizados em tempos maiores GP1026 e L1201. Para os outros

Page 58: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

55

polímeros as distribuições de massas molares foram mais estreitas, embora as

curvas tenham apresentado perfis de distribuição bimodais. Na Figura 14 é

apresentado o espectro de RMN-1H do PLA L1202.

Figura 14: Espectro de RMN-1H do PLA L1202.

No espectro de RMN-1H do PLA L1202 foram avaliados os picos localizados

nos seguintes deslocamentos químicos: δ = 1.0-1.8 ppm (m, 3 H, a) e δ = 4.9-5.5

ppm (m, 1 H, b). Foi adotado como referência o sinal b para a integração dos picos

marcados, com valor de integração de (1,002). A razão de ≅ 1:3 entre os valores de

integração dos prótons (a) e (b) corrobora para a confirmação da estrutura do

homopolímero PLA.

Com base nos perfis de distribuições de massas molares e nos valores de �̅�𝑛

e Đ encontrados para os PLA sintetizados até então, foi inferido que com a

interrupção da reação no momento que o agitador magnético cessasse a agitação

seriam obtidos polímeros de Đ mais baixas; a condução das sínteses a 147 °C

propiciaria reações mais rápidas e na formação de polímeros de �̅�𝑛 maiores; e que

a utilização de apenas DMAP na concentração avaliada não permitiria o término da

reação com base no aspecto visual do incremento da viscosidade.

Page 59: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

56

I.4.3.2. Caracterização físico-química dos copolímeros PLA-b-mPEG

Os resultados das caracterizações obtidos para os copolímeros PLA-b-mPEG

sintetizados em função das alterações dos parâmetros de síntese avaliados podem

ser observados na Tabela 7.

Tabela 7: Efeito da variação das condições experimentais na síntese de copolímeros PLA-b-mPEG caracterizados por CPG e RMN-1H.

Parâmetros avaliados em pares

A A B B,C,D C D

Código GP1027 L0802 L0803 L0804 L0903 L0901

TEO

�̅�𝒏 mPEG (g/mol)

2.000 2.000 5.000 5.000 5.000 5.000

Razão molar mPEG:Sn(Oct)2

1:1 1:1 1:1 4:1 8:1 4:1

Temperatura do banho de óleo (ºC)

147 137 137 137 137 137

EXP

Tempo reacional (min)

120 19 16 50 260 180

�̅�𝒏 teórica corrigida (g/mol)

82.000 78.000 68.900 53.600 28.400 62.000

EXP + RMN

REC (%) 100 95 81 63 63 73

RMN �̅�𝒏 (g/mol) 81.000 65.000 61.000 58.000 27.000 70.000

CPG

�̅�𝒏 (g/mol) 46.900 47.800 44.800 47.200 17.500 26.200

Đ 2,0 1,3 1,2 1,2 1,1 1,3

RMN +

CPG

Cadeias iniciadas por mPEG (%)

79 74 73 81 65 37

Legenda: (A) temperatura do banho de óleo e tempo reacional; (B) quantidade de catalisador; (C) quantidade de iniciador; (D) ativação do catalisador; (TEO) teórico; (EXP) experimental; (REC) rendimento experimental corrigido.

Entre as sínteses do PLA-b-mPEG GP1027 e L0802, foram alterados

concomitantemente os parâmetros temperatura e tempo de reação. Foi observado

que embora as �̅�𝑛 obtidas por CPG fossem próximas para os dois copolímeros,

GP1027 resultou em polímero não uniforme (Đ = 2,0), o que também foi encontrado

na síntese do PLA GP1026. A síntese de GP1027 foi interrompida com 2h, com a

agitação magnética cessada a partir dos 14 min de reação. Na síntese de L0802 a

Page 60: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

57

reação foi interrompida em função da alta viscosidade do meio, resultando em um

copolímero com boa dispersidade (Đ = 1,3).

A literatura indica que copolímeros anfifílicos de PLA com PEG 5.000 g/mol

utilizados no preparo de NS e nanocápsulas foram efetivos no prolongamento do

tempo de circulação sanguínea in vivo (GREF et al., 1994; MOSQUEIRA et al.,

2001). Portanto, o PEG (�̅�𝑛 = 5.000 g/mol) resultou em melhor estabilização estérica

frente à adsorção de proteínas em comparação ao PEG (�̅�𝑛 = 2.000 g/mol) na

superfície de NS poliméricas (GREF et al., 2000). Assim, nas sínteses subsequentes

deste trabalho foi utilizado o PEG 5.000 g/mol como macroiniciador.

Embora a condução das sínteses a 147 °C tenha propiciado até então a

obtenção de polímeros de PLA e PLA-b-mPEG com �̅�𝑛 mais elevadas que a 137 °C;

optou-se nas sínteses subsequentes conduzir as sínteses a 137 °C, uma vez que

esta temperatura foi suficiente para fundir o monômero e que quanto maior a

temperatura do meio reacional maiores as possibilidades de reações de

transesterificação na polimerização do D,L-lactídeo (SCHWACH et al., 1994). Optou-

se também nas sínteses subsequentes, interromper as reações quando fosse

observada alta viscosidade no meio reacional com imobilidade do agitador.

Comparando-se as sínteses de L0803 com L0804 foi observado que o

aumento da razão molar entre iniciador e catalisador não resultou em variação da Đ

e da �̅�𝑛 do polímero, resultou somente no prolongamento do tempo de reação. Com

o objetivo de avaliar o efeito da variação da razão molar entre monômero e iniciador,

o copolímero PLA-b-mPEG L0903 foi sintetizado com o dobro de iniciador em

comparação à L0804. Houve um prolongamento do tempo de reação de cerca de

cinco vezes e os resultados obtidos por CPG mostraram que a relação entre as �̅�𝑛

foi de quase três vezes. O copolímero PLA-b-mPEG L0901 foi sintetizado com as

mesmas razões molares de reagentes que L0804. Com a exceção do processo de

ativação do mPEG com o catalisador na síntese de L0901. Na ativação, o PEG e

catalisador são colocados em contato antes da adição do monômero para permitir

uma formação mais eficiente do alcóxido de estanho, o verdadeiro iniciador da ROP

do D,L-lactídeo (HERZBERGER et al., 2015). Foi observado que com este processo

a �̅�𝑛 do copolímero foi menor e a Đ maior do que a do copolímero sem a ativação,

porém era esperado o inverso.

Page 61: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

58

Foi encontrada boa correlação entre a �̅�𝑛 teórica corrigida pela conversão em

monômero D,L-lactídeo e a �̅�𝑛 calculada por RMN-1H. Para todos os copolímeros

sintetizados foi observado que a �̅�𝑛 calculada por RMN-1H foi maior que a �̅�𝑛 obtida

por CPG. Os rendimentos experimentais foram altos para todos os copolímeros

também (≥ 63%). A exceção do copolímero L0901 as porcentagens de cadeias

iniciadas por mPEG foram altas para os copolímeros sintetizados (≥ 64%). As

distribuições de massas molares dos copolímeros PLA-b-mPEG sintetizados são

mostradas na Figura 15.

Figura 15: Distribuições de massas molares obtidas por CPG dos copolímeros PLA-b-mPEG em função das alterações de parâmetros: temperatura e tempo de reação, quantidade de catalisador, quantidade de iniciador e ativação do catalisador.

Um perfil largo de distribuição de massa molar foi obtido para o copolímero

sintetizado pelo maior tempo GP1027. Para os demais polímeros as distribuições de

massas molares foram mais estreitas e semelhantes entre si, apresentando perfis de

distribuição bimodais. Na Figura 16 são apresentados os espectros de RMN-1H dos

copolímeros diblocos PLA-b-mPEG L0901 e L0903.

Page 62: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

59

Figura 16: Espectro de RMN-1H dos copolímeros PLA-b-mPEG. (A) L0901. (B) L0903.

No espectro de RMN-1H dos copolímeros L0901 e L0903 foram avaliados os

picos localizados nos seguintes deslocamentos químicos: δ = 1.2-1.8 ppm (m, 3 H,

a); δ = 3.3 ppm (s, 3 H, b); δ = 3.4-3.8 ppm (m, 4 H, c) e δ = 4.9-5.5 ppm (m, 1 H, d).

Foram adotados como referência os prótons (b) referentes ao grupo metoxila do

mPEG para a integração dos picos marcados, com valor de integração de (3,000). A

razão de ≅ 1:3 entre os prótons (a) e (d), em ambos os espectros, corrobora para a

confirmação da estrutura do bloco PLA.

I.4.3.3. Caracterização físico-química dos copolímeros PLA-co-AGE e

PLA-co-BGE

Com base nos resultados da influência de alguns parâmetros experimentais

na síntese do PLA e do PLA-b-mPEG, nas �̅�𝑛 e Ð dos produtos formados:

temperatura, momento de encerrar a reação, quantidade de iniciador, de catalisador

Page 63: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

60

e associação de catalisadores; foram sintetizados os copolímeros PLA-co-AGE e

PLA-co-BGE. Os resultados das caracterizações físico-químicas por CPG e RMN-1H

obtidos para os copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE sintetizados podem ser

observados na Tabela 8.

Tabela 8: Caracterização dos copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE por CPG e RMN-1H.

GE CAT Código

TEO EXP EXP+ RMN

CPG RMN + CPG

% molar de GE no

meio reacional

TR (min)

REC (%)

�̅�𝒏 (g/mol)

Đ Unidades GE/CAD

% molar de GE no polímero

AG

E Sn

(Oct)

2 L0902 6 52 71 25.600 1,3 0,3 < 1

GP1030 24 99 61 18.500 1,6 2,1 2

GP1031 46 192* 59 6.900 1,5 4,0 8

Sn

(Oct)

2/

DM

AP

L0201 6 152 21 20.700 1,1 1,1 < 1

L1206 24 107* 57 21.300 1,2 2,4 2

L0202 46 260* 86 10.100 1,4 2,5 4

BG

E Sn

(Oct)

2 L1205 6 63 45 24.400 1,2 2,6 2

L0207 24 264* 58 8.000 1,2 3,4 6

L0206 46 267* 99 6.800 1,4 5,6 11

Sn

(Oct)

2/

DM

AP

L0203 6 191* 49 11.800 1,2 1,8 2

L0204 24 270* 69 5.500 1,4 2,2 5

L0205 46 272* 71 4.100 1,4 2,4 8

Legenda: (GE) glicidil éter; (CAT) catalisador; (TEO) teórico; (EXP) experimental; (TR) tempo de reação; (REC) rendimento experimental corrigido; (CAD) cadeia; (*) sínteses interrompidas sem que houvesse término da agitação pelo agitador magnético.

Nas sínteses dos copolímeros PLA-co-AGE foi observado que o aumento da

porcentagem molar de epóxido de 6% para 46% em relação ao D,L-lactídeo resultou

na obtenção de polímeros com menores �̅�𝑛, maiores Đ e maiores inserções dos

comonômeros. Foi observado que a inserção de AGE na cadeia de PLA variou entre

as séries de catalisadores utilizadas. No caso da série sintetizada com DMAP houve

um limite da inserção de AGE por cadeia (2,4-2,5) em relação ao aumento da

porcentagem molar de epóxido de 24% para 46%. Já na série sintetizada sem

DMAP o aumento da inserção do comonômero foi progressivo de 0,3 para 4,0 e foi

Page 64: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

61

acompanhado da diminuição da �̅�𝑛 do copolímero e aumento da Đ. Quantidades

maiores de AGE no meio reacional dificultaram a determinação do ponto de

interrupção da síntese, não havendo formação visível de copolímero, ou seja, o meio

reacional não ficou viscoso ao ponto de cessar a agitação do agitador magnético. Os

rendimentos experimentais foram altos à exceção da síntese de L0201 cujo

rendimento foi de 21%. Este copolímero foi precipitado duas vezes em éter,

apresentando um aspecto viscoso que dificultou o seu recolhimento do béquer de

precipitação, o que pode explicar o baixo rendimento encontrado.

Na síntese dos copolímeros PLA-co-BGE foi observado que maiores

porcentagens molares de BGE no meio reacional em relação ao D,L-lactídeo

resultaram na obtenção de polímeros com menores �̅�𝑛, maiores Đ e maiores

inserções dos comonômeros. A inserção de BGE na cadeia de PLA variou entre as

séries de catalisadores utilizadas. No caso da série sintetizada com DMAP também

parece ter havido um limite da inserção de BGE por cadeia (2,2-2,4) em relação ao

aumento da porcentagem molar de epóxido de 24% para 46%. Já na série

sintetizada sem DMAP o aumento da inserção do comonômero foi progressivo de

2,6 para 5,6 e acompanhado da diminuição da �̅�𝑛 do copolímero e aumento da Đ. À

exceção do que foi observado para a síntese de L1205, para as demais sínteses não

foi possível determinar um ponto de interrupção das mesmas, não havendo

formação visível de polímero pela mudança de viscosidade do meio reacional. Os

rendimentos experimentais foram altos a exceção da síntese de L1205 e L0203

cujos rendimentos foram inferiores a 50%.

Na Figura 17 são apresentadas as curvas das porcentagens molares de GE

nos polímeros, das �̅�𝑛 e do número de GE por cadeia em função das porcentagens

molares de GE no meio reacional para os polímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE

sintetizados com as séries de catalisadores avaliadas.

Page 65: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

62

Figura 17: Gráfico da porcentagem molar de glicidil éter (GE) no polímero, �̅�𝑛 e do número de GE por cadeia em função da porcentagem molar de GE no meio reacional variados os tipos de comonômeros (AGE ou BGE) e os sistemas de catalisadores (Sn(Oct)2 ou Sn(Oct)2/DMAP) utilizados nas sínteses.

Para a série sintetizada apenas com Sn(Oct)2 foi observado que a diminuição

da �̅�𝑛do polímero com o aumento da quantidade epóxido no meio reacional, foi

relacionada à maiores porcentagens molares de GE nos polímeros e inserções dos

comonômeros nas cadeias. Para os copolímeros sintetizados com Sn(Oct)2/DMAP,

foi observado que a diminuição da �̅�𝑛 do polímero com o aumento da quantidade

epóxido no meio reacional, favoreceu maiores porcentagens molares de GE nos

polímeros, embora não tenha favorecido um aumento do número de inserções dos

comonômeros nas cadeias. Assim, a utilização do DMAP como co-catalisador com o

Sn(Oct)2 não favoreceu a inserção do epóxido da cadeia. Houve um limite de

número de GE inseridos por cadeia quando foi utilizado DMAP (≈ 2,3), enquanto

para a série catalisada apenas com Sn(Oct)2 o número de GE por cadeia foi

crescente mesmo com a redução da �̅�𝑛 do polímero. Para uma mesma série de

catalisador, a porcentagem molar de benzila inserida nos copolímeros foi maior que

a inserção de alila independente da porcentagem molar inicial de GE no meio

me

ro

de

GE

po

r c

ad

eia

0

1

2

3

4

5

6

Mn

(g

/mo

l)

0

1 0 0 0 0

2 0 0 0 0

3 0 0 0 0

% m o la r d e G E n o m e io re a c io n a l

% m

ola

r d

e G

E

no

po

lím

ero

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0

0

2

4

6

8

1 0

1 2

A G E : S n (O c t)2

A G E : S n (O c t)2 /D M A P

B G E : S n (O c t)2

B G E : S n (O c t)2 /D M A P

Page 66: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

63

reacional. As distribuições de massas molares dos copolímeros sintetizados com

AGE e BGE são mostradas na Figura 18.

Figura 18: Distribuições de massas molares obtidas por CPG dos copolímeros sintetizados variando-se os catalisadores. (A) PLA-co-AGE. (B) PLA-co-BGE.

Para os copolímeros PLA-co-AGE (Figura 18A) as distribuições de massas

molares mostram que a série de copolímeros sintetizados somente com Sn(Oct)2

resultaram em picos de distribuição bimodal, enquanto a série sintetizada com

DMAP e Sn(Oct)2 apresentou perfil monomodal. Para os copolímeros PLA-co-BGE

(Figura 18B) foram observadas para ambas as séries de catalisadores distribuições

de massas molares com aspectos bimodais, embora o caráter bimodal tenha sido

mais pronunciado para os copolímeros sintetizados sem DMAP. Os aspectos físicos

dos copolímeros sintetizados com DMAP e Sn(Oct)2 são apresentados na Figura 19.

A

B

Page 67: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

64

Para a série PLA-co-AGE (Figura 19A) o copolímero L0202 apresentou

coloração marcante amarela, sendo este copolímero sintetizado com a maior

proporção de AGE e DMAP no meio reacional em relação ao D,L-lactídeo. Para a

série PLA-co-BGE (Figura 19B) os copolímeros apresentaram coloração amarela

gradativa, assim como nas sínteses com AGE, esta coloração foi mais marcante

para o copolímero sintetizado com a maior proporção de GE e DMAP no meio

reacional em relação ao D,L-lactídeo.

Figura 19: Aspecto físico dos copolímeros sintetizados com DMAP/Sn(Oct)2. (LAC) D,L-lactídeo. (A) PLA-co-AGE. (B) PLA-co-BGE.

Na Figura 20 é apresentado o espectro de RMN-1H do copolímero PLA-co-

AGE L1206. Neste espectro foram avaliados os seguintes deslocamentos químicos:

δ = 1.3-1.7 ppm (s, 3 H, a); δ = 4.9-5.5 ppm (s, 3 H, c + d); δ = 5.8-5.9 ppm (m, 1 H,

e) e δ = 3.9 ppm (d, 2 H, b). Foi usado como referência o próton (e) para a

integração dos picos marcados, com valor de integração de (1,000). A razão de ≅

1:3 entre os valores de integração dos prótons (a) e (c) corrobora para a

confirmação da estrutura do bloco PLA, sendo que da integração dos prótons (c + d)

foram subtraídos dois hidrogênios relativos aos prótons (d).

Page 68: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

65

Figura 20: Espectro de RMN-1H do PLA-co-AGE L1206.

Na Figura 21 é apresentado o espectro de RMN-1H do copolímero PLA-co-

BGE L1205.

Figura 21: Espectro de RMN-1H do PLA-co-BGE L1205.

Page 69: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

66

Neste espectro foram avaliados os seguintes deslocamentos químicos: δ =

1.1-1.9 ppm (m, 3 H, a); δ = 4.9-5.5 ppm (s, 1 H, b); δ = 4.0-4.4 ppm (m, 2 H, c) e δ =

7.2-7.4 ppm (m, 5 H, d). Foi utilizado como referência o próton (d) para a integração

dos picos marcados, com valor de integração de (5,000). A razão de ≈ 1:3 entre os

valores de integração dos prótons (a) e (b) corrobora para a confirmação da

estrutura do bloco PLA.

Page 70: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

67

I.5. DISCUSSÃO

O D,L-lactídeo comercial pode apresentar impurezas tais como a água, ácido

láctico e oligômeros. No espectro de RMN-1H foram observados os sinais

correspondentes ao dímero do ácido lático (lactato de lactila), produto de hidrólise do

lactídeo, como maior contaminante. Este composto e a água, mesmo que em

quantidades residuais, podem interferir com o curso das reações de polimerização,

resultando na diminuição da �̅�𝑛, juntamente com o alargamento da distribuição da

massa molar do polímero formado. Assim, a purificação, secagem e manutenção do

lactídeo em atmosfera inerte são etapas críticas a serem realizadas antes da

polimerização (ZHANG et al., 1992; GUPTA; KUMAR, 2007; KAIHARA et al., 2007).

O método de purificação escolhido para o monômero foi a recristalização com

tolueno, por ser o método mais simples e eficiente descrito na literatura para esta

finalidade. Foi obtido monômero com pureza de 86% e não foram encontrados picos

residuais de tolueno, único solvente utilizado na recristalização. No rótulo do produto

é descrito que a faixa de fusão do D,L-lactídeo é entre 116-119 °C, na literatura é

proposta esta faixa (SÖDERGÅRD; INKINEN, 2011) e a faixa entre (124-126 °C)

(TSUJI, 2002). Assim o resultado de ponto de fusão encontrado para o D,L-lactídeo

após a recristalização está compreendido na segunda faixa citada. O aumento e

estreitamento da faixa de fusão para o lactídeo recristalizado e o espectro de RMN-

1H indicam que o processo de recristalização minimizou as impurezas presentes no

monômero comercial.

Em relação às purificações dos polímeros, a otimização dos processos

empregados propiciou a evaporação mais eficiente dos solventes residuais e melhor

eliminação do monômero que não reagiu. Em trabalho de HYON, JAMSHIDI e

IKADA (1998) foi mostrado que a existência de monômero residual aumentou a

degradação hidrolítica do PLA. Assim, são encontrados trabalhos na literatura nos

quais o processo de purificação do PLA foi repetido três vezes, com secagem do

polímero em alto vácuo e com aplicação de temperatura a 40 °C por até por uma

semana (SCHWACH et al., 2002). Todavia, o processo de purificação otimizado

neste estudo foi considerado satisfatório para a obtenção de polímeros mais puros

como indicado pelos espectros de RMN-1H.

Com relação às sínteses do homopolímero PLA e do copolímero PLA-b-

mPEG, foram estudados os efeitos da temperatura e do tempo reacional na �̅�𝑛 e Đ

Page 71: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

68

dos polímeros obtidos. O incremento da temperatura de 137 para 147 °C aumentou

a cinética de polimerização, porém acréscimos de temperatura favorecem a

ocorrência de reações de transesterificações e consequentemente a formação de

polímeros com maiores Đ, como observado neste estudo e em trabalhos anteriores

(SCHWACH et al., 1994; PLADIS et al., 2014). A interrupção das sínteses com o

incremento da viscosidade do meio reacional foi necessária, sendo que sínteses por

tempos mais longos até alcançar conversões próximas a 100% levam à obtenção de

PLA com maiores �̅�𝑛; porém favorecem a formação de produtos de

transesterificações e aumento da Đ, tal como foi observado neste estudo e descrito

por SCHWACH e colaboradores (1997).

Foi avaliado também na síntese do PLA o uso de apenas DMAP como

catalisador. Nesta condição foi obtido um polímero com �̅�𝑛 semelhante às

encontradas no trabalho de NEDERBERG e colaboradores (2001). Os autores

encontraram uma �̅�𝑛 máxima de 17.000 g/mol quando foi utilizado excesso de

DMAP em relação ao iniciador BzOH (2DMAP:1BzOH) porém as Đ encontradas

foram maiores. O tempo elevado de reação (960 min) pode ter favorecido até

mesmo a degradação da cadeia polimérica e aumento de Đ. Assim, a utilização de

DMAP em excesso em relação ao iniciador poderia ter formado polímero em maior

proporção.

Na síntese do PLA-b-mPEG, foram estudados os efeitos da variação da

quantidade de iniciador e de catalisador na �̅�𝑛 e Đ dos copolímeros obtidos.

Reduzida à quarta parte a concentração de catalisador, mantendo as concentrações

de monômero e iniciador constantes, foram obtidos polímeros com �̅�𝑛 e Đ

semelhantes; foi alterado apenas o tempo de reação, praticamente três vezes mais

lento, uma vez que havia mais cadeias para serem iniciadas para uma mesma

quantidade de catalisador. Os resultados mostraram que duplicada a quantidade de

iniciador foi reduzida à metade a �̅�𝑛 dos polímeros porque foi aumentado o número

de cadeias em crescimento para uma mesma quantidade de monômero, e como o

catalisador foi mantido constante as reações foram mais lentas. Estes resultados

eram esperados, pois estão de acordo com o mecanismo de polimerização via ROP,

onde cada molécula de iniciador inicia uma cadeia e o catalisador acopla com o final

da cadeia permitindo a inserção de lactídeo. Assim a �̅�𝑛 das cadeias é pré-

determinada pela razão entre monômero e iniciador e aumenta proporcionalmente à

Page 72: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

69

conversão do monômero D,L-lactídeo (KRICHELDORF; KREISER-SAUNDERS;

STRICKER, 2000).

Foi buscado entender melhor o efeito destas variáveis nas condições

experimentais disponíveis e utilizadas na ROP do D,L-lactídeo antes de sintetizar os

copolímeros com AGE e BGE visando a obtenção de polímeros modificados com

melhores características. Uma vez que o rendimento das reações e as

transesterificações são afetados, em ordem, pela temperatura de polimerização >

razão monômero/catalisador > tempo de polimerização > tempo de secagem do

monômero (SCHWACH et al., 1994); o estudo de algumas destas variáveis foi

importante.

Neste estudo, muitos polímeros sintetizados quando analisados por CPG

apresentaram picos de distribuição de massas molares bimodais, o que não era

esperado. Em trabalho de PENCZEK, DUDA e SZYMANSKI (1998) envolvendo ciclo

ésteres foi observado o aspecto bimodal de distribuição de massa molar, sendo este

aspecto explicado pelo fato de existirem duas populações coexistentes de cadeias

poliméricas com distribuições de massas molares que são suficientemente diferentes

para distinguir-se no cromatograma.

Nem todos os polímeros sintetizados apresentaram perfis bimodais de

distribuição. Nestes casos, o perfil monomodal foi acompanhado de elevada Đ dos

polímeros (1,9-2,0) e de maiores tempos de reação. Alguns trabalhos explicam que

o caráter bimodal das distribuições de massas molares é ocultado com tempos

maiores de reação e com rendimentos experimentais mais altos, observando-se

picos mais largos e achatados; embora as �̅�𝑛 destes polímeros sejam mais altas,

suas Đ também o são (BARAN et al., 1997; PENCZEK; DUDA; SZYMANSKI, 1998).

A presença de impurezas residuais, como o lactato de lactila e água oriunda

da umidade no meio reacional podem ter influenciado no aparecimento da

bimodalidade nos cromatogramas por CPG. Ambas as moléculas possuem

grupamentos hidroxilas suscetíveis de interagir com o Sn do catalisador e

consequentemente de agirem como iniciadores de cadeias poliméricas. Nos

trabalhos de KARIDI e colaboradores (2015) e KORHONEN, HELMINEN e

SEPPÄLÄ (2001), os autores observaram bimodalidade e concluíram que algumas

cadeias foram iniciadas por grupos hidroxilas provenientes de vestígios de água

presentes no meio reacional.

Page 73: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

70

A ROP ideal do lactídeo deve ocorrer em uma câmara purgada em atmosfera

inerte mantendo a seco catalisador, monômeros, iniciador e o meio reacional, e

assim evitando umidade, pois traços de água no meio poderão provocar reações

secundárias como: competição com o iniciador formando um copolímero de baixa

massa molar e/ou decomposição do catalisador a ácido, inativando-o. Durante a

polimerização, a acidificação do meio na presença de umidade, pode catalisar a

hidrolise do bloco PLA em formação (LI; MCCARTHY, 1999). A água deve ser

removida do lactídeo e do catalisador antes da polimerização, porém traços de água

são difíceis de remover (GARLOTTA, 2002; HYON; JAMSHIDI; IKADA, 1997).

Além do aspecto bimodal, a presença de água residual no meio reacional e do

lactato de lactila poderia também explicar porque o valor das �̅�𝑛 obtidas em todas as

sínteses foram abaixo do esperado para a polimerização do D,L-lactídeo por

abertura de anel pelo mecanismo de coordenação-inserção. Este valor depende da

razão molar entre monômero e iniciador, podendo ser limitado pela ocorrência de

reações secundárias. Foram descritos na literatura valores de �̅�𝑛 na faixa de 70.000

a 540.000 g/mol para o sistema Sn(Oct)2 na temperatura entre 130-180 °C em

massa (DEGÉE et al., 1999; SCHWACH et al., 2002). Os rendimentos experimentais

corrigidos a partir da massa de polímero obtida foram elevados para a maioria das

sínteses, não obstante, a obtenção por CPG de �̅�𝑛 menores do que o esperado a

partir da razão inicial entre iniciador e D,L-lactídeo sugerem que nem todas as

cadeias foram iniciadas pelo iniciador de escolha BzOH e PEG.

ZHANG e colaboradores (1994) estudaram o efeito do grupamento hidroxila

sobre a polimerização do lactídeo na presença de Sn(Oct)2. O grupo contendo a

hidroxila que permite a formação do alcóxido de estanho, verdadeiro iniciador da

ROP, poderia afetar a polimerização por meio de reações que levam à formação de

produtos de transesterificações. Por esta razão, foi usado o catalisador em pequeno

excesso em relação ao iniciador para garantir que não sobrassem espécies

contendo hidroxila durante a polimerização, não obstante, como nem todas as

cadeias foram iniciadas pelo BzOH ou mPEG, houve espécies livres para formação

de produtos de transesterificações.

A ativação do mPEG foi realizada previamente à síntese do copolímero

L0901, colocando o mPEG em contato com o catalisador no rotavapor durante a

remoção azeotrópica da água. Pelo espectro de RMN-1H do copolímero foi possível

quantificar a proporção de mPEG no copolímero e comparar com a quantidade

Page 74: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

71

inicialmente introduzida no meio reacional. Foi verificado que grande parte do mPEG

foi removido no processo de purificação, pois apenas 37% das cadeias foram

iniciadas pelo mPEG neste caso, o que indicou que mais da metade do iniciador

mPEG adicionado ao meio reacional não participou da formação deste copolímero.

Este processo resultou na obtenção de um polímero com baixa �̅�𝑛 e alta Đ quando

comparado ao polímero sintetizado sem ativação. Era esperado que com menos

cadeias iniciadas o polímero tivesse �̅�𝑛 mais alta. Porém os resultados obtidos

indicaram a possível presença de água em quantidade maior. Consequentemente,

nas sínteses subsequentes não foi aplicado este processo, pois ele não favoreceu a

obtenção de maior �̅�𝑛 do copolímero e nem garantiu a participações de todo mPEG

na formação das cadeias.

Nas sínteses do dibloco PLA-b-mPEG foi verificado por RMN-1H que a

proporção de mPEG no copolímero correspondeu a proporção inicial no meio

reacional corrigida pela conversão em monômero D,L-lactídeo, baseando-se na

hipótese de que cada cadeia de mPEG iniciaria uma cadeia de PLA e levaria à

formação de copolímero em bloco PLA-b-mPEG. Assim, foi avaliada a ocorrência de

reações secundárias levando à formação de homopolímero PLA. Estas podem

decorrer da iniciação de cadeias de PLA por outras moléculas que o mPEG, por

exemplo contaminantes como água e lactato de lactila, ou da cisão de cadeias,

como no caso de transesterificações entre cadeia e monômero, entre outros. As �̅�𝑛

obtidas por RMN-1H foram maiores que as obtidas por CPG. Por CPG a

bimodalidade indicou duas espécies de cadeias poliméricas crescendo

concomitantemente, como no caso das amostras de homopolímero PLA.

Comparando as �̅�𝑛 calculadas a partir do espectro de RMN-1H e determinadas por

CPG, foram calculadas porcentagens de cadeias iniciadas pelo mPEG entre 37% e

81%. Estes resultados fortalecem a hipótese que nem todas as cadeias no meio

reacional foram iniciadas por este iniciador. Assim, possivelmente, outras espécies

químicas presentes no meio reacional competiram pela iniciação das cadeias. Esta

discrepância entre �̅�𝑛 obtida por RMN-1H e por CPG também foram encontradas em

outros estudos (STEFANI; COUDANE; VERT, 2006; LI et al., 2009).

Em relação à copolimerização do D,L-lactídeo com epóxidos, foi observado

que os GE inseriram nas cadeias de PLA, como verificado pela presença dos sinais

relativos aos prótons dos grupamentos alila e benzila nos espectros de RMN-1H dos

Page 75: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

72

copolímeros PLA-co-AGE e PLA-co-BGE sintetizados. A inserção de benzila às

cadeias poliméricas foi mais favorável que a inserção de alila independente da

porcentagem molar inicial GE. Esse resultado era esperado, pois como a ROP do

D,L-lactídeo é exotérmica, as polimerizações ocorreram acima da temperatura em

que foram conduzidas as sínteses (137 °C); e uma vez que a temperatura de

ebulição do AGE (154 °C) é menor que a temperatura de ebulição do BGE (171 °C),

o comonômero AGE estaria menos disponível para ser inserido nas cadeias. Outra

hipótese para maior inserção de BGE seria a de que o Sn do catalisador interagiria

com os elétrons π aromáticos deste comonômero, levando a sua aproximação com

o catalisador no meio reacional e aumentando a probabilidade de inserção em

detrimento ao AGE que possuí menos densidade eletrônica no grupo alceno. Esta

hipótese é baseada na interação entre metais de coordenação e elétrons π e é

descrita na literatura (MEISNER et al., 2012; HAZARI et al., 2016).

A maioria das copolimerizações com os GE foram encerradas sem aumento

de viscosidade aparente do meio reacional. Uma vez as conversões experimentais

foram altas para a maioria das sínteses com epóxidos, há a possibilidade que haja

uma competição entre os comonômeros AGE e BGE com o D,L-lactídeo na etapa de

propagação das cadeias de PLA, o que tornaria o crescimento destas mais lentos e

a na obtenção de maiores tempos de reação.

Em geral, maiores inserções de GE nos copolímeros foram acompanhadas da

diminuição de sua �̅�𝑛 e aumento da Đ. Algumas hipóteses foram sugeridas para

explicar este fato: uma vez inserido o GE, a reatividade do final de cadeia para

inserção da próxima unidade de lactídeo pode ter diminuído, levando a tempos de

ração mais longos e maiores Đ, o que foi observado neste estudo. A diminuição da

�̅�𝑛 com aumento da quantidade inicial de GE sugere cisão de cadeias. Neste caso,

a determinação da estrutura química dos finais de cadeias, poderia ajudar na

identificação de reações secundárias como reações de eliminação ou reações de

transferências de grupo intra e/ou intermoleculares.

Com o aumento da porcentagem molar inicial de GE de 6% para 46%, foram

obtidas maiores inserções de GE nos copolímeros, mas este aumento foi limitado há

quatro e seis unidades por cadeia, respectivamente, quando a porcentagem molar

de GE no meio reacional foi de 46%. Isto indica baixa taxa de copolimerização entre

lactídeo e GE, como já observado em outros trabalhos (NADEAU et al., 2005;

TESKE; VOIGT; SHASTRI, 2014). Estes resultados eram esperados, uma vez que o

Page 76: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

73

Sn(Oct)2 é um bom catalisador do D,L-lactídeo e permite a coordenação do Sn pelos

grupamentos carboxilas, o que não acontece no caso de epóxidos. Assim, foi

introduzido DMAP como co-catalisador numa tentativa de aumentar a reatividade

dos GE. Este procedimento foi executado no contexto das copolimerizações entre

anidridos de acido carboxílicos e epóxidos por abertura de anel (NEJAD et al.,

2013); e na observação que o DMAP favorece a homopolimerização de epóxidos

(DELL'ERBA; WILLIAMS, 2006; BROCAS et al., 2013) e do D,L-lactídeo via ROP

(NEDERBERG et al., 2001) . No entanto, neste estudo não foi observada influência

deste catalisador na inserção dos GE nas cadeias poliméricas; ao contrário, houve

um limite para a inserção dos comonômeros com o DMAP, acompanhado de

diminuição da �̅�𝑛 e aumento da Đ dos polímeros.

A influência do catalisador também precisa ser questionada na síntese do

bloco PLA, pois a extensão das reações de transesterificação depende fortemente

do catalisador utilizado. Com a utilização de Sn(Oct)2, ocorrem reações secundárias

desde o início da polimerização do D,L-lactídeo (KRICHELDORF; KREISER-

SAUNDERS; STRICKER, 2000). Neste contexto, embora a utilização do DMAP não

tenha propiciado uma maior incorporação dos epóxidos ao longo das cadeias, os

perfis de distribuição de massas molares obtidos quando este catalisador foi usado

concomitantemente com o Sn(Oct)2 foram mais estreitos.

No RMN-1H não aparecem sinais relativos ao DMAP, ou seja, é pouco

provável que a cor amarelada observada para os copolímeros contendo GE seja

devida à presença de DMAP residual. O significado da cor observada pode ser

proveniente de elétrons π conjugados, o que pode sugerir a presença de

insaturações na cadeia polimérica. Por outro lado, mesmo em quantidade muito

baixa, uma impureza ou uma imperfeição na cadeia polimérica pode gerar uma cor

intensa. Seriam necessárias análises de espectrometria de massa para estudos

mais conclusivos sobre impurezas formadas na presença deste catalisador.

Este estudo permitiu avaliar o processo de copolimerização do lactídeo com

GE como estratégia sintética para a inserção de grupamentos funcionais na cadeia

de PLA. O processo de inserção de GE durante a etapa de propagação da cadeia

polimérica permitiu a inserção de até seis unidades de GE por cadeia no polímero;

porém este processo foi limitado em relação à �̅�𝑛 e inserção de epóxidos. Assim,

quando foram obtidas melhores inserções dos GE, as �̅�𝑛 foram mais baixas.

Page 77: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

74

Consiste como alternativa sintética para introdução de grupamentos

funcionais em cadeias poliméricas o uso de um iniciador e/ou de um agente de

terminação de cadeia funcionalizados, podendo-se obter até duas inserções na

cadeia polimérica (WOLF; FRIEDEMANN; FREY, 2009). Alternativa mais eficiente

para inserir ligantes em cadeias poliméricas é a copolimerização do lactídeo com o

seu comonômero funcionalizado. Desse modo, a taxa de copolimerização entre as

espécies reacionais é alta (LEEMHUIS et al., 2006; NOGA et al., 2008). Porém esta

abordagem é limitada devido à necessidade de sintetizar o comonômero

funcionalizado, tornando o processo laborioso e caro.

Assim, a abordagem utilizada para inserir ligantes em cadeia de PLA nesse

estudo mesmo que limitada à (4) AGE e (6) BGE por cadeia, pode ser uma boa

estratégia para a obtenção de polímeros funcionalizados. Principalmente para a

ligação de marcador fluorescente ou de ligante biológico, onde um ligante por cadeia

já é interessante. A inserção de até seis moléculas por cadeia também é possível,

quando se leva em consideração a obtenção de polímeros com �̅�𝑛 mais baixas (<

10.000 g/mol) e a formação de micelas.

As avaliações individuais e combinadas dos resultados de caracterização por

CPG e RMN-1H permitiram selecionar dentre os polímeros sintetizados aqueles com

melhores perfis para o preparo de NS. Com base nos resultados de CPG foram

selecionados polímeros com �̅�𝑛 semelhantes (≅ 23.000 g/mol) e com menores Đ

(1,1-1,3). As análises dos espectros de RMN-1H propiciaram a escolha de polímeros

com inserções de AGE e BGE por cadeia próximas (2,2 e 2,4, respectivamente) e

com menos traços de impurezas (monômeros e solventes residuais).

Assim, os polímeros escolhidos foram: PLA L1202, PLA-b-mPEG L0903 e

L0901, PLA-co-AGE L1206 e PLA-co-BGE L1205. No Capítulo II estes polímeros

foram denominados: PLA26K; PLA12K-b-mPEG5k; PLA21K-b-mPEG5k; PLA21K-co-AGE2,4

e PLA24K-co-BGE2,6 respectivamente, em função das suas massas molares,

composições químicas e do número de GE inseridos por cadeia.

Page 78: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

75

I.6. CONCLUSÃO PARCIAL

A avaliação da influência de certas variáveis na ROP do D,L-lactídeo foram

úteis na otimização experimental da síntese de copolímeros com alila e benzila.

Foram obtidos copolímeros com inserção máxima de (4) AGE e (6) BGE por cadeia,

respectivamente. Foi constada uma discrepância entre a composição inicial da

mistura reacional e composição química dos polímeros obtidos em relação à

iniciação das cadeias. Houve redução da �̅�𝑛 com a presença de quantidades

maiores de epóxidos no meio reacional, embora maiores inserções dos

comonômeros tenham sido obtidas. O uso de DMAP como co-catalisador não foi

capaz de melhorar os rendimentos das inserções de GE. Além disso, as �̅�𝑛 obtidas

foram baixas em relação ao que foi objetivado neste estudo para estes copolímeros

(�̅�𝑛 ≥ 45.000 g/mol). Nesse estudo foi possível observar, nas condições de síntese

avaliadas, que embora a reatividade dos comonômeros epóxidos com o D,L-lactídeo

seja baixa; essa é uma estratégia útil para a inserção de um ou poucos ligantes na

cadeia de PLA.

Page 79: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

76

CAPÍTULO II

Nanoesferas: preparo, caracterização, estudo de

encapsulação do benznidazol e avaliação de

citotoxicidade

Page 80: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

77

II-1. INTRODUÇÃO

Existem várias técnicas úteis para o preparo de nanoesferas (NS) poliméricas

biodegradáveis (RAO; GECKELER, 2011). O método de precipitação de polímero

pré-formado seguido do deslocamento do solvente, também denominado de

nanoprecipitação (FESSI et al., 1989); se destaca por ser uma técnica simples,

rápida, de baixo custo, de fácil transposição de escala e bastante reprodutível

(VAUTHIER; BOUCHEMAL, 2009). Na técnica de nanoprecipitação descrita

originalmente por FESSI e colaboradores (1989), basicamente, uma solução de um

solvente orgânico miscível com a água (geralmente acetona ou etanol), contendo o

fármaco e o polímero dissolvidos; é vertida sobre um não solvente, geralmente água

sob agitação moderada e constante. Um polímero anfifílico tal como o PLA-b-mPEG

pode ser adicionado na fase orgânica (GREF et al., 2000).

A rápida difusão da fase orgânica na fase aquosa gera uma turbulência na

interface entre as fases. Assim, o fármaco e o polímero são precipitados e se

aglomeram, formando instantaneamente uma dispersão coloidal de NS estabilizadas

pelo polímero anfifílico que se auto-organiza com a parte hidrofóbica formando a

matriz interna (core interno) da NP e com direcionamento das cadeias de PEG para

a fase aquosa (corona externa) (GREF et al., 2000). A mistura de solventes é

evaporada à pressão reduzida para remoção do solvente orgânico e da água até o

volume cuja concentração de NS e fármaco sejam de interesse (Figura 22) (FESSI

et al., 1989; MORA-HUERTAS, 2010).

Para a administração segura e eficaz de nanopartículas poliméricas (NP),

particularmente por vias parenterais, é necessário o conhecimento de suas

características físico-químicas, as quais influenciam diretamente nas suas

propriedades farmacocinéticas (MOGHIMI; HUNTER; ANDRESEN, 2012). Estas

características são importantes parâmetros na avaliação do método de preparo, na

predição da estabilidade das NP em meio biológico e no entendimento da

associação fármaco/vetor (WU; ZHANG; WATANABE, 2011). Assim, a determinação

do tamanho médio e sua dispersão na população de partículas, a determinação do

potencial zeta (ζ), bem como as características morfológicas são amplamente

investigadas por diferentes técnicas complementares.

Page 81: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

78

Figura 22: Ilustração esquemática do preparo de nanoesferas pelo método de nanoprecipitação. Os polímeros e o fármaco são solubilizados na fase orgânica e esta é vertida sobre a fase aquosa. A rápida difusão do solvente orgânico no meio aquoso propicia a formação de nanoesferas após completa evaporação dos solventes. Adaptado de MORA-HUERTAS (2010).

Existem várias técnicas para determinação dos parâmetros supracitados,

cada uma apresentando vantagens e limitações. A espectroscopia de correlação de

fótons (ECF) é uma técnica não destrutiva para determinar a dispersão e o tamanho

das partículas com tamanho menor que 1 µm em uma formulação (BROWN, 1996).

A ECF se baseia na determinação das variações, em função do tempo, da

intensidade de luz espalhada pelas partículas em um dado ângulo, quando

iluminadas por um feixe de luz laser. A técnica fornece informações diretas sobre o

movimento translacional das partículas no meio e permite o cálculo do raio

hidrodinâmico (XU, 2008; LIU et al., 2015).

O potencial ζ é determinado a partir da técnica de microeletroforese

associada à anemometria do laser Doppler, através da aplicação de um campo

elétrico a uma dispersão coloidal. Cada partícula, bem como os íons mais

fortemente ligados à mesma, se move como uma unidade e o potencial no plano de

cisalhamento entre esta unidade e o meio circundante é denominado potencial ζ. O

potencial ζ reflete indiretamente o potencial de superfície das partículas, o qual é

influenciado pelas mudanças na interface com o meio dispersante, em razão da

dissociação de grupos funcionais na superfície da partícula ou da adsorção de

espécies iônicas presentes no meio aquoso de dispersão (LEGRAND et al., 1999).

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é uma técnica que permite a

obtenção de imagens de alta resolução em escala nanométrica, com a vantagem da

Page 82: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

79

relativa facilidade de preparação da amostra (GOLDSTEIN et al., 1992). O

revestimento desta por um filme metálico condutor é necessário para aumentar a

emissão de elétrons secundários, o que possibilita a aquisição de imagens das NP

com maior qualidade (REIMER, 1998).

Os diferentes polímeros e suas diferentes características de

hidrofilicidade/hidrofobia podem ser selecionados para o design de nanopartículas

com alta capacidade de carreamento de bioativos, particularmente fármacos de

natureza hidrofóbica (KAMALYA et al., 2012). Diante disso, novos polímeros podem

ser concebidos para uma melhor interação entre a matriz e o material carreado.

Fármacos modelos que exibem grandes dificuldades de encapsulamento devido as

suas energias de interação intermoleculares são um grande desafio neste campo.

Neste trabalho foi utilizado o benznidazol (BNZ) como modelo deste tipo de

fármaco para o estudo da interação entre os copolímeros modificados com AGE e

BGE. O estudo envolvendo a quantificação do BNZ encapsulado e/ou associados às

NS preparadas é importante para a determinação da eficiência de carreamento

pelas NS desenvolvidas. A observação experimental da influência dos grupamentos

alila e benzila inseridos ao longo do bloco PLA na encapsulação do BNZ foi também

foco do estudo neste capítulo.

A avaliação da citotoxicidade de NPs é a fase inicial do teste de

biocompatibilidade de um material com potencial para aplicações farmacêuticas, o

qual é avaliado quanto à sua interação com um tecido biológico in vitro. Assim,

alterações no crescimento e na permeabilidade da membrana celular, bem como

citólise frente às diferentes substâncias podem ser verificadas (SCHMALZ, 1994;

FRESHNEY, 2010). Um dos métodos de avaliação de citotoxicidade é o ensaio

colorimétrico com o sal brometo de 3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difenil tetrazólio

(MTT), sendo o ensaio desenvolvido originalmente por MOSMANN (1983). O método

é baseado na avaliação quantitativa de células viáveis, pois as células

metabolicamente saudáveis reduzem o MTT por meio da enzima succinil

desidrogenase em cristais de formazan de coloração violácea (FRESHNEY, 2010).

Diante da importância de todas as técnicas abordadas tanto para o preparo

quanto para a caracterização físico-química de NP. Neste capítulo são apresentados

e discutidos os resultados da caracterização físico-química, da análise por MEV, do

estudo de encapsulação do BNZ, bem como da avaliação de citotoxicidade das NS

preparadas a partir dos polímeros sintetizados e selecionados no capítulo 1.

Page 83: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

80

II-2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Investigar a estabilização de nanoesferas de PLA com o uso de copolímeros

PLA-b-mPEG pelo método de nanoprecipitação;

Avaliar a influência dos glicidil éteres inseridos nas cadeias poliméricas na

encapsulação do benznidazol, nas características físico-químicas e

morfológicas das nanoesferas;

Avaliar a influencia dos glicidil éteres inseridos nas cadeias poliméricas

quando na forma de nanoesferas na citotoxicidade de células Vero e J774A.1.

Page 84: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

81

II-3. MATERIAIS E MÉTODOS

II-3.1. Materiais

Os reagentes, tipos celulares e insumos utilizados nesta parte do trabalho

estão apresentados na Tabela 9.

Tabela 9: Materiais utilizados com seus respectivos fornecedores comerciais.

Material Fornecedor

comercial

Acetona (UV/CLAE) Vetec®

Benznidazol (BNZ) Lote: 0442380 Roche®

Acetonitrila (UV/CLAE) Baker®

Raspador de células “cell scraper” Biofil®

Placas de cultivo de 96 poços Sarstedt®

Tampão fosfato salino (PBS) com Ca2+ e Mg2+ Lonza®

Brometo de 3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difenil tetrazólio (MTT) Sigma-Aldrich®

Dimetilsulfóxido (DMSO) Tedia®

Meio “Dulbecco's Modified Eagle's” (DEMEM) Lonza®

Soro fetal de bovino (SFB) Cultilab®

Antibiótico penicilina/estreptomicina em tampão citrato Sigma-Aldrich®

Meio “Roswell Park Memorial Institute” (RPMI) Lonza®

Células Vero ATCC®

Células J774A.1 BCRJ®

Filtro de seringa de 0,45 μm Millipore®

Filtro de seringa de 0,8 μm Millipore®

Dispositivo Amicon de 100 kD Millipore®

Membrana PTFE (47 mm de diâmetro e poro de 0,45 μm) Millipore®

Sistema purificador de água Milli-Q (Symplicity/System 185) Millipore®

Legenda: (ATCC) American Type Culture Collection; (BCRJ) Banco de Células do Rio de Janeiro; (PTFE) Politetrafluoretileno.

II-3.2. Preparo das nanoesferas

Os polímeros em bloco anfifílicos PLA21K-b-mPEG5k e o PLA12K-b-mPEG5k foram

testados quanto à capacidade de atuarem como estabilizantes estéricos ou

Page 85: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

82

surfactantes não-iônicos das partículas. Assim, foram utilizadas blendas destes

copolímeros com o homopolímero de PLA26K em diferentes proporções conforme

apresentado na Tabela 10. Para o preparo das NS, em um béquer de 10 mL foram

adicionados 4 mL de acetona, o PLA26K e os copolímeros em bloco PLA-b-mPEG

nas quantidades descritas na Tabela 10; previamente pesados em balança analítica

(Shimadzu® AUY220). Os constituintes foram então mantidos sob agitação

magnética a 500 RPM em agitador magnético (Corning® PC-220) até a completa

solubilização.

Na sequência, a solução (fase orgânica) foi vertida em 8 mL de água ultrapura

contida em um béquer de 20 mL, sob agitação magnética a 500 RPM (Corning® PC-

220). A mistura foi então mantida sob agitação por mais 10 min para permitir a

formação das NS. Posteriormente, o solvente foi evaporado à pressão reduzida de

20 mbar, a temperatura de 40 ºC em rotavapor (Büchi® R3), até o volume final de 2

mL, obtendo-se dispersões com concentrações poliméricas finais variadas. As

formulações foram classificadas como estáveis (sem precipitado) e instáveis (com

presença de precipitado).

Tabela 10: Relação dos constituintes PLA-b-mPEG, solventes e suas quantidades utilizadas no preparo de nanoesferas de PLA26K.

Fase orgânica FA

Blendas poliméricas AC

(mL) H2O (mL)

VF (mL)

CF (mg/mL) PLA-b-mPEG (mg)

PLA26K

(mg) % mPEG

(p/p)

PLA21K-b-mPEG5k

4 20 3

4 8 2

12

7 20 5 13,5

10,5 20 7 15,3

10 10 10

10 15,8 4,2 15

PLA12K-b-mPEG5k 10 10 14

Legenda: (mPEG) metoxi-polietileno glicol; (AC) acetona; (FA) fase aquosa; (VF) volume final; (CF) concentração polimérica final.

Selecionado o PLA12K-b-mPEG5k como polímero anfifílico de escolha para as

formulações subsequentes; os polímeros PLA26K, PLA21K-co-AGE2,4 e PLA24K-co-

BGE2,6 foram utilizados na formação de NS para os estudos de encapsulação do

BNZ. Para a produção de formulações homogêneas quanto ao teor de BNZ e por

Page 86: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

83

serem requeridas massas pequenas do fármaco, foi utilizada uma solução estoque

de BNZ em acetona na concentração de 1 mg/mL. Assim, foram aliquotados os

volumes correspondentes às massas desejadas com o objetivo de produzir

formulações com concentrações finais teóricas de 0,10; 0,30 ou 0,65 mg/mL de

BNZ. Os constituintes das formulações preparadas e suas quantidades utilizadas

são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11: Relação dos constituintes e suas quantidades utilizadas ao preparo das diferentes formulações.

CT de BNZ (mg/mL)

FA Fase orgânica VF

(mL) CF

(mg/mL) H2O (mL)

S.E. BNZ (mL)

AC (mL)

Polímeros

0,10

4,0

0,2 1,8 10 mg de (PLA, PLA-co-

AGE ou PLA-co-BGE) +

10 mg PLA12K-b-mPEG5k

2 10 0,30 0,6 1,4

0,65 1,3 0,7

Legenda: (CT) Concentração teórica; (FA) Fase aquosa; (S.E.) Solução estoque; (AC) Acetona; (VF) Volume final da dispersão de nanoesfera; (CF) Concentração polimérica final.

De forma geral, para o preparo das NS contendo BNZ, em um béquer de 5

mL foram adicionados 10 mg de polímero (PLA, PLA-co-AGE ou PLA-co-BGE) e 10

mg do copolímero dibloco PLA12K-b-mPEG5k, previamente pesados em balança

analítica (Shimadzu® AUY220). O BNZ foi adicionado a partir da solução estoque

(1mg/mL) e o volume da fase orgânica foi completado com acetona para um volume

de 2 mL de modo a obter as diferentes concentrações teóricas finais de BNZ

conforme apresentado na Tabela 11. A solução foi então colocada sob agitação

magnética a 500 RPM (Corning® PC-220) até completa solubilização dos

constituintes.

Na sequência, a fase orgânica foi vertida em 4 mL de água ultrapura contida

em um béquer de 10 mL sob agitação magnética a 500 RPM (Corning® PC-220). A

mistura foi então mantida sob agitação por mais 10 min para permitir a formação das

NS. As formulações de NS brancas foram produzidas da mesma forma, sem o

acréscimo da solução estoque de BNZ e adicionados 2 mL de acetona na fase

orgânica. Posteriormente, o solvente foi evaporado à pressão reduzida de 20 mbar,

a temperatura de 40 ºC em Rotavapor (Büchi® R3), até o volume final de 2 mL, no

qual a concentração de polímero na dispersão é de 10 mg/mL e as concentrações

Page 87: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

84

de BNZ na formulação são de 0,10; 0,30 ou 0,65 mg/mL. As formulações foram

armazenadas em geladeira (4 °C).

II-3.3. Caracterização físico-química das nanopartículas

II-3.3.1. Determinação de tamanho e dispersão

O diâmetro hidrodinâmico médio (Dh) e a dispersão de tamanho das NS foram

determinados por ECF, utilizando o equipamento Zetasizer Nano ZS (Malvern

Instruments®) com laser de Hélio/Neônio, λ = 633 nm e com detecção no ângulo de

173°. As amostras foram analisadas após diluição de 1 μL em 1000 μL de água

ultrapura à temperatura de 25 ºC. As leituras das formulações brancas foram obtidas

a partir de três formulações distintas e realizadas em triplicata utilizando-se alíquotas

da mesma amostra. Para as formulações com BNZ as leituras foram realizadas em

triplicata utilizando-se alíquotas da mesma amostra. Os resultados obtidos foram

expressos como média + desvio padrão.

II-3.3.2. Determinação do potencial zeta

As formulações, previamente filtradas em filtro de seringa de 0,8 μm, foram

analisadas no equipamento Zetasizer Nano ZS (Malvern Instruments®) após diluição

de 1 μL em 1000 μL de água ultrapura à temperatura de 25 ºC. As amostras foram

introduzidas em uma cubeta com dois eletrodos de cargas opostas e a esta foi

aplicado um potencial elétrico de 150 V/cm. As leituras das formulações brancas

foram obtidas a partir de três formulações distintas e realizadas em triplicata

utilizando-se alíquotas da mesma amostra. Para as formulações com BNZ as leituras

foram realizadas em triplicata utilizando-se alíquotas da mesma amostra. Os

resultados obtidos foram expressos como média + desvio padrão.

II-3.3.3. Análise das formulações por microscopia eletrônica de varredura

As análises de MEV foram realizadas no Laboratório NanoLab do Centro

Mínero-Metalúrgico da Rede Temática em Engenharia de Materiais da UFOP (CMM-

REDEMAT-UFOP). Esta análise permitiu observar a forma e o tamanho médio das

Page 88: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

85

NP. As formulações foram analisadas em microscópico de varredura por emissão de

campo (Tescan® MIRA-3) após diluição de 100 μL em 1000 μL de água ultrapura.

Cerca de 300 µL de cada diluição foi então depositada sobre uma lamínula de vidro,

que foi seca à temperatura ambiente e revestida em um metalizador com ouro

(Quorum Tech® 150RES) durante 10 min sob vácuo (1x10-1 mbar). As amostras

foram analisadas com aplicação de um potencial elétrico de 15 a 25 kV. As imagens

foram registradas em diferentes ampliações.

II-3.3.4. Estudo de encapsulação do benznidazol nas nanopartículas

II-3.3.4.1. Condições de quantificação do benznidazol por cromatografia líquida

de alta eficiência

A quantificação do BNZ nas amostras foi realizada empregando-se um

método analítico por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) com o uso de

detector ultravioleta (UV), descrito e validado por MOREIRA DA SILVA e

colaboradores (2012). Foi empregada uma pré-coluna C18 (2 mm x 4,6 mm, 5 µm)

(Phenomenex® AJO-7597) e uma coluna analítica C18 (150 mm x 4,6 mm, 5 µm)

(Phenomenex® Gemini-NX). A fase móvel foi composta da mistura: acetonitrila e

água, na proporção 30:70 (v/v), filtrada em membrana de PTFE e degaseificada em

banho ultrassônico (Unique® Ultracleaner 1400 A) por 30 min.

O cromatógrafo líquido de alta eficiência (Waters® Alliance 2695) foi

programado para um fluxo isocrático de 1 mL/min, temperatura do forno de colunas

de 40°C, volume de injeção das amostras e das soluções padrões de 25 μL e tempo

de corrida de 6 min. O eluente da coluna foi monitorado com um detector de UV

(Waters® UV 2489) no comprimento de onda de 324 nm. As amostras das

formulações e os padrões de calibração foram preparados e injetados em triplicata

no mesmo dia da quantificação das amostras.

II-3.3.4.2. Estabelecimento da curva padrão

Uma curva analítica padrão foi preparada para que a quantificação do BNZ,

presente nas amostras, fosse realizada a partir da equação da reta obtida. A curva

foi preparada a partir de diluições seriadas de uma solução estoque de BNZ em

Page 89: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

86

acetonitrila na concentração de 1 mg/mL até a obtenção de seis amostras com

concentrações iguais a 0,005; 0,01; 0,05; 0,15; 0,3 e 0,5 mg/mL; que foram injetadas

no cromatógrafo. A média das áreas (n=3) correspondentes às concentrações foi

utilizada para determinar a equação da reta de linearidade e o coeficiente de

determinação (R2).

II-3.3.4.3. Determinação da porcentagem de encapsulação

Na Figura 23 estão representados os procedimentos gerais empregados a

partir das formulações para a obtenção das frações de interesse na determinação da

porcentagem de encapsulação, eficiência de encapsulação, porcentagem de BNZ

precipitado e capacidade de carga.

Figura 23: Representação esquemática do procedimento adotado para a dosagem de benznidazol (BNZ) nas formulações de nanoesferas (NS) para os estudos de encapsulação.

A porcentagem de encapsulação é a quantidade percentual de fármaco

associado às NS em relação ao total de fármaco presente na dispersão coloidal final

de NS. O seu cálculo foi realizado pela diferença entre a concentração total de BNZ

no coloide após a filtração em filtro de seringa de 0,8 μm (Figura 23B) e a

concentração solúvel não encapsulada representada pelo ultrafiltrado (Figura 23E),

dividido pela concentração total na formulação após a filtração (Figura 23B),

conforme a Equação 9.

Page 90: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

87

Equação (9):

% 𝑒𝑛𝑐𝑎𝑝𝑠𝑢𝑙𝑎çã𝑜 =(𝐶 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝐵) − 𝐶 𝑢𝑙𝑡𝑟𝑎𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 (𝐸))

𝐶 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙(𝐵)× 100

Assim, para calcular a concentração total de BNZ não precipitada no coloide

(C total (B) em mg/mL), uma alíquota de 300 μL da formulação filtrada em filtro de 0,8

μm foi diluída em 1200 μL de acetonitrila em tubo Eppendorf®, que foi levado ao

vórtex (IKA® Genius 3) por 5 min e posteriormente submetido à força gravitacional de

500 × g por 30 min em microcentrífuga (Eppendorf® 5415D). Este procedimento

dissolveu as NS e solubilizou o BNZ encapsulado. O sobrenadante foi filtrado em

filtro de seringa de 0,45 μm e injetado no cromatógrafo para a quantificação.

Para determinar a concentração de BNZ livre solúvel (C ultrafiltrado (E) em mg/mL)

400 μL da amostra filtrada previamente em filtro de 0,8 μm foi colocada em um

dispositivo Amicon® de 100 kD acoplado a um tubo Eppendorf® (Figura 23C). O

sistema foi então submetido à força gravitacional de 500 × g por 30 min em

microcentrífuga (Eppendorf® 5415D) (Figura 23D) de maneira que todo BNZ

associado às NS ficou retido no dispositivo, passando através da membrana

somente a quantidade solúvel na fase aquosa externa da dispersão (ultrafiltrado,

Figura 23E). Em seguida, 170 μL do ultrafiltrado foi diluído em 170 μL de acetonitrila.

A solução foi agitada em vórtex (IKA® Genius 3) por 15 min e centrifugada à força

gravitacional de 500 × g por 15 min em microcentrífuga (Eppendorf® 5415D). O

sobrenadante foi filtrado em filtro de seringa de 0,45 μm e injetado no cromatógrafo

para a quantificação.

II-3.3.4.4. Determinação da eficiência de encapsulação

A eficiência de encapsulação é a determinação do rendimento do processo de

encapsulação como um todo. É a porcentagem de BNZ efetivamente associada às

NS sobre a quantidade total colocada na formulação (expressa pela concentração

teórica de BNZ na formulação). Desta forma, esse cálculo evidencia as perdas que

ocorrem durante todas as etapas de preparo, conforme explicitado na Equação 10.

Page 91: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

88

Equação (10):

% 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑐𝑎𝑝𝑠𝑢𝑙𝑎çã𝑜 =(𝐶 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝐵) − 𝐶 𝑢𝑙𝑡𝑟𝑎𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 (𝐸))

𝐶 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑒𝑠𝑎𝑑𝑎× 100

II-3.3.4.5. Determinação da porcentagem de benznidazol precipitado

A porcentagem de BNZ precipitado nas formulações foi calculada pela

diferença entre a concentração total de BNZ no coloide (C total (A) em mg/mL) (Figura

23A) e a concentração total de BNZ no coloide após a filtração em filtro de seringa

de 0,8 μm (C total (B) em mg/mL) dividido pela concentração total de BNZ na

formulação como mostrado na Equação 11.

Equação (11):

% 𝐵𝑁𝑍 𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜 =(𝐶 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝐴) − 𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝐵))

𝐶 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝐴) × 100

Assim, para calcular a concentração total de BNZ no coloide (C total (A) em

mg/mL), uma alíquota de 300 μL de cada formulação foi adicionada a 1200 μL de

acetonitrila em tubo Eppendorf®, que foi levado ao vórtex (IKA® Genius 3) por 5 min

e posteriormente submetido à força gravitacional de 500 × g por 30 min em

microcentrífuga (Eppendorf® 5415D). Este procedimento dissolveu as NS e

solubilizou todo o BNZ presente na amostra. O sobrenadante foi filtrado em filtro de

seringa de 0,45 μm e injetado no cromatógrafo para a quantificação.

II-3.3.4.6. Determinação da porcentagem de capacidade de carga

A relação massa/massa entre fármaco e polímero (capacidade de carga,

chamado em Inglês de “payload”), conforme Equação 12.

Equação (12):

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 (%) =𝐸𝐸 % × 𝐶𝑇 (𝑚𝑔/𝑚𝐿)

𝐶𝑃 (𝑚𝑔/𝑚𝐿)× 100

Page 92: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

89

Onde:

EE = Eficiência de encapsulação;

CT = Concentração teórica de BNZ na formulação;

CP = Concentração polimérica.

A capacidade de carga foi calculada através da razão entre (o produto da

eficiência de encapsulação com a concentração teórica de BNZ na formulação) e a

concentração de polímero na formulação, no caso 10 mg/mL para todas as

formulações.

II-3.4. Avaliação da citotoxicidade das nanopartículas

II-3.4.1. Manutenção da cultura de células

Na manutenção da linhagem de células Vero (linhagem isolada de células

normais do epitélio renal de macaco verde africano “Chlorocebus aethiops”) foram

utilizados meio DEMEM contendo vermelho de fenol, glucose e L-glutamina;

suplementado com 10% (v/v) de SFB e 1% de antibiótico (10.000 UI/mL de penicilina

e 10 mg de estreptomicina/mL) solubilizado em tampão citrato. As células foram

incubadas em estufa (Thermo Scientific® 3111) a 37 °C e 5% CO2.

Na manutenção da linhagem de células J774A.1 (linhagem isolada de

macrófagos tumorais de camundongo) foram utilizados meio RPMI contendo

vermelho de fenol, glucose e L-glutamina; suplementado com 10% (v/v) de SFB e

1% de antibiótico (10.000 UI/mL de penicilina e 10 mg de estreptomicina/mL)

solubilizado em tampão citrato. As células foram incubadas em estufa (Thermo

Scientific® 3111) a 37 °C e 5% CO2.

O desprendimento dos macrófagos a partir das garrafas de cultivo foi

realizado através de PBS sem cálcio e magnésio, seguido do uso de “cell scraper”,

enquanto que para as células Vero o procedimento foi realizado utilizando tripsina a

5%. Ambas as células foram centrifugadas a 1500 RPM por 7 min a 4 °C em

centrífuga para microplaca (Heraeus Multifuge® X3R). O sobrenadante foi

descartado e as células ressuspendidas nos meios respectivos como descrito

Page 93: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

90

anteriormente. Em seguida, foi realizada a contagem manual das células em câmara

de Neubauer acoplada ao microscópio óptico invertido (Zeiss® Axio Vert. A1),

através do teste de exclusão de viabilidade pelo azul de tripan, no qual as células

inviáveis são coradas de azul. Finalmente, o volume de suspensão celular foi

ajustado para uma concentração de 12.000 células/poço para J774A.1 e 3.000

células/poço para Vero, conforme padronizado no Laboratório de Cultivo de

Células/Nanobiomg para a realização do ensaio colorimétrico de citotoxicidade.

II-3.4.2. Ensaio colorimétrico de citotoxicidade

As formulações brancas de NS nas concentrações poliméricas de 10 mg/mL

foram filtradas em filtro de seringa de 0,8 μm e a partir delas preparadas soluções

estoque na concentração de 500 μg/mL em meio DEMEM com 10% de soro fetal

bovino (SFB) e em meio RPMI com 10% SFB, para os testes com células Vero e

J774A.1 respectivamente. Em ambos os meios foi adicionado 1% de antibiótico

(10.000 UI/mL de penicilina e 10 mg de estreptomicina/mL) solubilizado em tampão

citrato. Foram realizadas diluições seriadas a partir das soluções estoque de modo a

obter concentrações poliméricas nas concentrações de 500, 100, 50, 10, 5; e 1

μg/mL.

As suspensões de células foram plaqueadas a uma concentração de (12.000

ou 3.000 células/poço) para um volume de 200 μL em microplacas de 96 poços e

incubadas por 24 h a 37 °C e 5% CO2 em estufa (Thermo Scientific® 3111) para

aderência das células no fundo dos poços. Após este tempo de incubação foram

removidos os sobrenadantes dos poços, sendo estes lavados com PBS contendo

cálcio e magnésio. Foram adicionados 200 μL das formulações diluídas em meio de

cultivo nas devidas concentrações conforme descrito acima. As placas de cultura

foram incubadas por 24 horas a 37 °C e 5% CO2 em estufa (Thermo Scientific®

3111).

Após 24 h o sobrenadante foi retirado e os poços lavados 2 vezes com PBS

com cálcio e magnésio. Foram adicionados 200 μL de solução de MTT (0,5 mg/mL)

diluído em meio de cultivo em cada poço. As placas de cultivo foram incubadas por

mais 4 horas em estufa a 37 °C e 5% CO2. Após este tempo as placas foram

coletadas, retirado o MTT e adicionados 200 μL de DMSO 10% v/v diluído nos

respectivos meios de cultura celular em todos os poços. Em seguida, as placas de

Page 94: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

91

cultura foram centrifugadas por 5 min a 1700 RPM, novamente incubadas em estufa

nas condições descritas acima por um período de 15 min e agitadas em vórtex por

mais 10 min. Todos estes procedimentos são adotados para a máxima solubilização

dos cristais de formazan, o que foi confirmado em microscópio óptico invertido

(Zeiss® Axio Vert. A1).

Em alguns poços foram feitos os controles com células cultivadas sem

tratamento correspondendo a 100% de viabilidade celular. As diferentes diluições

foram colocadas na placa em triplicata e o teste foi realizado três vezes em dias

diferentes. A leitura das absorbâncias (A) foi realizada em espectrômetro leitor de

microplaca (Molecular Devices®) no comprimento de onda de 570 nm com referência

em 650 nm. A citotoxicidade foi calculada conforme a Equação 13.

Equação (13):

% 𝑉𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑒𝑙𝑢𝑙𝑎𝑟 =(𝐴 𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠 − 𝐴 𝑑𝑜 𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜)

(𝐴 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 − 𝐴 𝑑𝑜 𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜)× 100

II-3.5. Análise estatística dos dados

Os dados coletados foram analisados, sendo as diferenças entre as variáveis

avaliadas através do teste de ANOVA (análise de variância), seguida do pós-teste

de Tukey para comparações múltiplas, com o auxilio do programa Prisma versão

6.01 (GraphPad Software©). Empregou-se intervalo de confiança de 95%, sendo os

valores de P inferiores a 0,05 considerados como estatisticamente significativos.

Page 95: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

92

II-4. RESULTADOS

II-4.1. Preparo das nanoesferas

Na Tabela 12 são apresentados os resultados relativos à estabilidade física

macroscópica das formulações obtidas a partir do uso dos copolímeros PLA-b-

mPEG como surfactantes.

Tabela 12: Avaliação da estabilidade de nanoesferas de PLA26K obtidas a partir dos copolímeros PLA-b-mPEG em diferentes porcentagens nas formulações.

Copolímero Porcentagem (p/p) de mPEG Estabilidade

PLA21K-b-mPEG5k

3

Precipitou

5

7

10

15

PLA12K-b-mPEG5k 14 Não precipitou

O copolímero PLA21K-b-mPEG5k não foi eficiente para formar NS nas

quantidades testadas em misturas com o PLA. As formulações precipitaram

grosseiramente durante a remoção do solvente no rotavapor; enquanto o copolímero

PLA12K-b-mPEG5k na quantidade usada foi adequado como surfactante, uma vez

que as NS foram estáveis quando armazenadas em geladeira e não houve formação

de agregados visíveis por pelo menos 1 mês. Assim, para o preparo das NS

objetivando o estudo de encapsulação do BNZ foi utilizado o copolímero PLA12K-b-

mPEG5k como agente estabilizador estérico em misturas com o homopolímero de

PLA ou com os copolímeros contendo glicidil éteres.

Os polímeros PLA26K, PLA21K-co-AGE2,4 e PLA24K-co-BGE2,6 sintetizados se

mostraram adequados para o preparo de NS brancas quando estabilizados pelo

copolímero PLA12K-b-mPEG5k, uma vez que não houve formação de precipitados

visíveis para estas formulações por pelo menos 1 mês. Já para as NS contendo

BNZ, apenas as formulações com (0,1 mg/mL de BNZ) não apresentaram

precipitados na forma de cristais visíveis. Para as demais concentrações

Page 96: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

93

desenvolvidas (0,3 e 0,65 mg/mL) foi observada a formação de cristais de BNZ

poucos minutos após o preparo das formulações.

II-4.2. Caracterização físico-química das nanopartículas

II-4.2.1. Determinação de tamanho, dispersão e potencial zeta

Na Tabela 13 são apresentados os resultados de Dh, dispersão média e

potencial ζ das formulações preparadas.

Tabela 13: Valores médios de diâmetro hidrodinâmico, dispersão de tamanho e potencial zeta das formulações de nanoesferas brancas e com benznidazol.

Formulação Polímero Dh ± DP (nm) Dispersão média ± DP

Potencial zeta ± DP (mV)

Branca

PLA26K 92 ± 10 0,15 ± 0,05 - 25 ± 4

PLA21K-co-AGE2,4 91 ± 7 0,17 ± 0,05 - 32 ± 6

PLA24K-co-BGE2,6 92 ± 6 0,11 ± 0,02 - 31 ± 4

BNZ 0,1 mg/mL

PLA26K 103,1 ± 1,0 * a 0,06 ± 0,02 - 18,6 ± 0,2 *

PLA21K-co-AGE2,4 105,2 ± 0,3 * a 0,10 ± 0,01 - 17 ± 1 *

PLA24K-co-BGE2,6 96,1 ± 0,3 * 0,06 ± 0,03 - 18,2 ± 0,6 *

BNZ 0,3 mg/mL

PLA26K 96,5 ± 0,3 * a b 0,07 ± 0,01 - 18,8 ± 0,9 *

PLA21K-co-AGE2,4 111,2 ± 0,5 * a b 0,08 ± 0,02 - 21 ± 3 *

PLA24K-co-BGE2,6 94,3 ± 0,2 * b 0,06 ± 0,01 - 18 ± 1 *

BNZ 0,65 mg/mL

PLA26K 93,5 ± 0,2 b 0,07 ± 0,01 - 16,8 ± 0,5 *

PLA21K-co-AGE2,4 117,1 ± 0,9 * b 0,1 ± 0,03 - 21 ± 1 *

PLA24K-co-BGE2,6 98,5 ± 0,1 * b 0,07 ± 0,02 - 17,4 ± 0,3 *

Legenda: (BNZ) Benznidazol. (Dh) diâmetro hidrodinâmico. (DP) desvio padrão. (*) diferença estatisticamente significativa em relação à formulação branca para um mesmo tipo de polímero. (

a)

diferença estatisticamente significativa entre as concentrações de 0,1 e 0,3 mg/mL de BNZ para um mesmo tipo de polímero. (

b) diferença estatisticamente significativa entre as concentrações de 0,3 e

0,65 mg/mL de BNZ para um mesmo tipo de polímero.

As formulações avaliadas apresentaram NP com Dh médio entre 91,1-92,4 nm

(brancas) e 93,5-117,1 nm (BNZ). Não foi observada diferença estatisticamente

significativa do Dh entre as NS brancas contendo comonômeros em relação às

obtidas com o homopolímero PLA. Com a exceção da NS de PLA26K (0,65 mg/mL de

BNZ), um aumento significativo do Dh foi observado nas NS contendo BNZ em

Page 97: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

94

relação às NS brancas. Houve diferença significativa do Dh das NS de um mesmo

polímero conforme foram variadas as concentrações de BNZ nas formulações. Os

valores de dispersão obtidos para todas as NS foram inferiores a 0,3, o que

caracterizou estes sistemas coloidais como monodispersos.

As análises do potencial ζ para as formulações avaliadas indicaram a

obtenção de NS de carga predominantemente negativas. As formulações avaliadas

apresentaram NP com potencial ζ em módulo entre 25-32 mV (brancas) e 16,8-21,1

mV (BNZ). Não foi observada diferença significativa de potencial ζ entre as NS

brancas contendo comonômeros em relação às obtidas com o homopolímero PLA.

Uma diminuição estatisticamente significativa do potencial ζ em módulo foi

observada nas NS contendo BNZ em relação às NS brancas para um mesmo tipo de

polímero.

II-4.2.2. Análise das formulações por microscopia eletrônica de varredura

Na Figura 24 são apresentadas as imagens obtidas por MEV das formulações

brancas e das formulações contendo BNZ na concentração de 0,3 mg/mL. As

imagens obtidas por MEV mostraram que as NS preparadas com e sem BNZ

apresentaram tamanho de partícula muito disperso, com estruturas em escala

nanométrica e diâmetros compreendidos entre 50 e 120 nm. Embora as amostras

fossem analisadas sob um feixe de elétrons de energia relativamente baixa (15-20

kV) e sob camada fina de ouro (100 Å), a rápida deformação e o alargamento de

diâmetro das NS em virtude da fusão destas sob aquecimento foi observada com o

aumento do potencial aplicado de 20 para 25 kV. Este efeito foi exemplificado para

as NS brancas de PLA26K na Figura 25. As imagens de MEV da Figura 25B mostram

NS de diâmetros aumentados em relação à Figura 25A, sendo possível observar nas

regiões demarcadas a deformação e alargamento das NS, inclusive com

sobreposição na região circundada.

Page 98: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

95

Figura 24: Imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura das nanoesferas (NS) preparadas. À esquerda são mostradas as NS brancas e à direita as NS contendo benznidazol 0,3 mg/mL. (A e B) NS de PLA26K; (C e D) NS de PLA21K-co-AGE2,4; (E e F) NS de PLA24K-co-BGE2,6. (C) circunferência. (r) raio.

A B

C D

F E

Page 99: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

96

Figura 25: Imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura da formulação branca de PLA26K. Ambas as imagens são do mesmo campo amostral, à esquerda (A) são mostradas as nanoesferas após aplicação de um potencial de 20 kV. À direita (B) as nanoesferas após aplicação de um potencial de 25 kV.

II-4.2.3. Estudo de encapsulação do benznidazol nas nanoesferas

Um pico único e uniforme, com tempo de retenção de 1,94 min foi encontrado

em todas as concentrações do padrão e amostras avaliadas e atribuído ao BNZ. A

curva de calibração do padrão de BNZ juntamente com a equação da reta e o

coeficiente de determinação (R2) são apresentados na Figura 26.

Figura 26: Curva de calibração obtida a partir do padrão de benznidazol com o respectivo coeficiente de determinação (R2) e com a equação da reta.

A B

Page 100: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

97

O valor do R2 obtido foi de 0,9992; assim o valor do coeficiente de correlação

(r) foi de 0,9995. Na Figura 27 estão apresentados os resultados referentes às

quantificações de BNZ por CLAE a partir das formulações preparadas. Foi utilizada a

equação da reta apresentada na Figura 26 para calcular a quantidade de fármaco

em cada amostra.

Figura 27: Gráficos relativos ao estudo da encapsulação do benznidazol (BNZ). (A) BNZ precipitado (B) porcentagem de encapsulação (C) eficiência de encapsulação (D) capacidade de carga; sendo todos apresentados em função da concentração teórica de BNZ na formulação. (ns) grupos comparados e que não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre si. Todas as demais comparações intragrupos (partículas de diferentes polímeros em uma mesma concentração) e intergrupos (partículas do mesmo polímero em diferentes concentrações) apresentaram diferença estatística.

Foi observado que os valores de porcentagem e eficiência de encapsulação;

além da porcentagem de capacidade de carga foram baixos para as NS preparadas,

C

B A

D

Page 101: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

98

enquanto a porcentagem de fármaco precipitado foi elevada, principalmente na

maior concentração de BNZ (0,65 mg/mL). Um aumento significativo da

porcentagem de BNZ precipitado foi observado na concentração de 0,65 mg/mL em

relação às demais (Figura 27A), o que foi compatível com a observação visual de

que a formulação de BNZ (0,65 mg/mL) possuía mais cristais que a formulação de

BNZ (0,3 mg/mL); enquanto que a formulação de BNZ (0,1 mg/mL) não apresentou

cristais visíveis.

Em relação à porcentagem de encapsulação (Figura 27B) foi observada uma

tendência significativa, na qual a porcentagem de encapsulação foi crescente para

as NS de PLA21K-co-AGE2,4 conforme foram aumentadas as concentrações teóricas

de BNZ na formulação; enquanto que para as demais NS foi observado o

comportamento oposto. Quando avaliado o rendimento do processo de

encapsulação como um todo, representado pela eficiência de encapsulação, tal

comportamento foi análogo (Figura 27C), a eficiência de encapsulação foi crescente

para as NS de PLA21K-co-AGE2,4 conforme foram aumentadas as concentrações

teóricas de BNZ na formulação; enquanto que para as demais NS foi observado o

comportamento oposto.

Na avaliação da capacidade de carga (p/p) de BNZ em relação aos polímeros

(Figura 27D) foi observada uma tendência significativa, na qual a porcentagem de

capacidade de carga foi crescente para as NS de PLA21K-co-AGE2,4 conforme foram

aumentadas as concentrações teóricas de BNZ na formulação. Para as demais

formulações não foram observadas tendências. Quando foram relacionados os

resultados de Dh e potencial ζ (Tabela 13) com os resultados de porcentagem de

encapsulação (Figura 27B); foi observado que diâmetros e potenciais ζ

estatisticamente diferentes para formulações de um mesmo polímero, em diferentes

concentrações teóricas de BNZ, estavam relacionados às variações significativas

das porcentagens de encapsulação.

II-4.3. Avaliação da citotoxicidade dos polímeros na forma de nanoesferas

Na Figura 28 são apresentadas as curvas de viabilidade de células Vero e de

macrófagos J774A.1 em função da concentração de polímeros na forma de NS após

incubação por um período de 24h.

Page 102: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

99

Figura 28: Curvas de viabilidade celular das diferentes formulações em cultura de célula Vero (A) e macrófagos J774A.1 (B) em função da concentração de polímero na forma de nanoesferas (µg/mL) em 24h. Para (A) (*) diferença significativa das NS de PLA-co-AGE e PLA-co-BGE em relação as NS de PLA. Para (B) (*) diferença significativa entre as NS de PLA-co-AGE e PLA; (**) Diferença significativa entre as NS de PLA-co-AGE e PLA-co-BGE.

A análise dos dados de citotoxicidade para Vero (Figura 28A) mostrou que há

diferença significativa quando foram comparadas as viabilidades de NS de PLA com

PLA-co-AGE e PLA-co-BGE nas maiores concentrações (50, 100 e 500 µg/mL),

sugerindo que os dois últimos polímeros sejam mais tóxicos nestas concentrações.

A análise dos dados de citotoxicidade para J774A.1 (Figura 28B) mostrou que há

diferença significativa quando foram comparadas as viabilidades de NS de PLA com

PLA-co-AGE na concentração de 50 e 100 µg/mL e as NS de PLA-co-AGE com

PLA-co-BGE na concentração de 50 µg/mL. Não obstante, na maior concentração

analisada não houve diferença significativa entre a viabilidade das formulações. Não

houve citotoxicidade significativa para nenhuma das formulações nas concentrações

poliméricas testadas. De acordo com a ISO 10.993 (2009) valores de viabilidade

celular acima de 70% caracterizam toxicidade significativa da substância analisada.

Page 103: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

100

II-5. DISCUSSÃO

O copolímero PLA21K-b-mPEG5k quando utilizado como blenda com o PLA26K

com porcentagem (p/p) de mPEG de 3-15%; não foi capaz de estabilizar as NS

formadas na formação de NS estáveis, provavelmente devido ao baixo teor de

cadeias de PEG. O uso de blendas de PLA-b-mPEG com PLA foi estudado por

GREF e colaboradores (2000), os autores concluíram que uma porcentagem (p/p)

de mPEG acima de 5% foi suficiente para garantir o efeito estabilizador estérico e

formando NS estáveis. Logo, estes resultados ajudaram a fortalecer a hipótese de

que nem todas as cadeias de PLA21K-b-mPEG5k são iniciadas pelo mPEG. De fato,

como já abordado, este copolímero possui a menor porcentagem estimada de

cadeias iniciadas pelo mPEG (37%).

Já o copolímero PLA12K-b-mPEG5k quando utilizado como blenda com o

PLA26K na porcentagem (p/p) de mPEG de 14%; foi capaz de estabilizar as NS pelo

efeito de repulsão estérica. O bloco de mPEG ligado covalentemente ao bloco PLA

exerce a função de redução da tensão superficial e estabilização estérica na

interface de NP (LUCKE et al., 2000; MOSQUEIRA et al., 2001). O copolímero

PLA12K-b-mPEG5k apresentou porcentagem estimada de cadeias iniciadas pelo

mPEG de 65%, o que poderia explicar porque este formou NS estáveis em

detrimento ao copolímero PLA21K-b-mPEG5k quando usados no preparo das

formulações com porcentagem (p/p) de mPEG próximas (≈ 14%).

O uso de PLA-b-mPEG atuando como surfactante não iônico na superfície de

NS é uma estratégia que visa à obtenção de partículas estáveis retardando a

interação com as opsoninas no plasma, reduzindo a captura de partículas pelas

células do sistema retículo endotelial e aumentando o tempo de circulação

sanguínea (GREF et al., 1995). Assim, o uso do PLA12K-b-mPEG5k como surfactante

na formação de NS estáveis abriu perspectivas em relação à estudos in vivo

posteriores.

Os resultados de diâmetros hidrodinâmicos (Dh), dispersões de tamanho e

potenciais ζ para as formulações brancas foram obtidos a partir da média de três

formulações preparadas em dias diferentes, o que mostra reprodutibilidade da

técnica de preparo das NS. Foram obtidas NS de populações uniformes, uma vez

que os valores de dispersão foram inferiores a 0,3. Os Dh e as dispersões médias

obtidas para as formulações foram condizentes com o preparo de NS por

Page 104: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

101

nanoprecipitação, uma vez que a técnica é capaz de produzir NS nanométricas e

com estreita dispersão de tamanho, resultando em dispersões coloidais, nas quais

os Dh das NS de PLA são de aproximadamente 100 nm quando a �̅�𝑛 do polímero é

inferior a 30.000 g/mol (LEGRAND et al., 2007) e quando é utilizado PLA-b-mPEG

na estabilização estérica das partículas (GREF et al., 1994; MURAKAMI et al., 2000;

CHORNY et al., 2002).

A inserção de alila ou benzila nas cadeias poliméricas, não foi capaz de afetar

o tamanho médio das NS, provavelmente devido à pequena quantidade destes

grupamentos nas cadeias poliméricas. Provavelmente também, em função dos

grupamentos alila e benzila possuírem massas molares baixas (< 100 g/mol) estes

não foram capazes de causar um aumento do Dh na escala nanométrica. Em outros

trabalhos que trataram da funcionalização de polímeros e da formação de NPs

também não foram observados aumentos significativos dos diâmetros de partícula

quando comparadas partículas com e sem ligantes (BANQUY et al., 2008;

KORTHALS et al., 2010).

O aumento do Dh das NS com BNZ em relação às NS brancas, possivelmente

está relacionado à associação do BNZ na nanoestrutura. Desta forma, variações

maiores do Dh das NS estariam relacionadas a uma maior associação de BNZ aos

vetores, o que foi comprovado com os ensaios de porcentagem de encapsulação;

especialmente para a formulação de PLA21K-co-AGE2,4 (0,65 mg/mL de BNZ) que

apresentou maior porcentagem de encapsulação e maior variação do Dh nesta

concentração em relação à formulação sem fármaco quando comparada às demais

NS. Na literatura são encontrados casos de aumento do Dh de NS após

incorporação do fármaco (ROUZES et al., 2003; HAMMADY et al., 2009). Quando

foram comparados o Dh das NS de PLA26K com BNZ (0,65 mg/mL) com os Dh da

respectiva NS branca foi observado que não houve variação significativa deste

parâmetro. A porcentagem de encapsulação mostrou que nesta concentração a

encapsulação do BNZ na NS de PLA26K é praticamente nula, o que poderia explicar

a ausência de variação do Dh entre estas formulações.

Não houve diferenças significativas de potencial ζ entre as formulações

brancas contendo comonômeros em relação às obtidas com o homopolímero PLA.

Isto sugeriu que os grupamentos alila e benzila inseridos nos copolímeros, bem

como as características estruturais das cadeias poliméricas, não modificaram a

carga superficial das NS, uma vez que o potencial ζ é influenciado pela carga dos

Page 105: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

102

diferentes componentes das formulações dissociados na superfície das NP

(LEGRAND et al., 1999; USKOKOVIC, 2007).

GREF e colaboradores (2000) determinaram o potencial ζ de NS formadas a

partir de blendas de PLA com PLA-b-mPEG; os autores observaram que para uma

porcentagem (p/p) de mPEG de aproximadamente 15%, o potencial ζ das partículas

foi próximo a (-15 mV), entretanto, o valor de potencial ζ médio obtido para as NS

brancas de PLA foi de aproximadamente (-25 mV). GREF e colaboradores (2000)

utilizaram meio salino (NaCl 10−3 M) enquanto neste estudo foi utilizada água

ultrapura. É conhecido que as diferenças entre as espécies presentes no meio são

mais distintas em água do que na solução de NaCl. Isso se deve ao fato de que o

sal no meio circundante reduz e equaliza os potenciais ζ devido à compressão da

camada difusa, aproximando o plano de cisalhamento da interface da partícula. Este

efeito foi observado no trabalho de HOFFMANN e colaboradores (1997).

O potencial ζ pode também ser usado comparativamente para determinar o

grau de associação de uma molécula à interface de uma NP ou na sua superfície.

Foi observada diferença estaticamente significativa de potencial ζ entre as

formulações com e sem BNZ, que possivelmente está relacionada à presença de

parte do BNZ associado à superfície das NS. O BNZ poderia interagir com os grupos

ionizados da superfície das NS e consequentemente reduzir o potencial ζ da

formulação. Dentre as formulações preparadas, a formulação de PLA21K-co-AGE2,4

(0,65 mg/mL de BNZ) foi a que apresentou maior variação do potencial ζ nesta

concentração em relação à formulação branca. Esta formulação apresentou maior

quantidade de BNZ associado às NPs, como mostrou os ensaios de porcentagem de

encapsulação.

A determinação do potencial ζ permite prever a estabilidade de dispersões

coloidais, após a sua produção, sendo esta relação diretamente proporcional, pois

quanto maiores os valores observados para o potencial ζ maior a repulsão entre as

partículas e menor tendência à formação de agregados (SCHAFFAZICK et al., 2003;

MORA-HUERTAS, 2010). Em geral o limite que configura as dispersões em estáveis

e instáveis é da ordem de 30 mV em módulo, assim, partículas com potencial

maiores que 30 mV em módulo são normalmente consideradas fortemente aniônicas

ou catiônicas, tornando a dispersão coloidal estável devido às repulsões elétricas

entre as partículas em meio aquoso (XU, 2008; CLOGSTON; PATRI, 2011). Todas

as formulações com BNZ apresentaram potencial ζ menor que 30 mV em módulo,

Page 106: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

103

não obstante, estas formulações foram estáveis quando armazenadas em geladeira

a uma temperatura de 4 °C por um período de até 1 mês, não apresentando

precipitados. Estes resultados comprovam que as NS deste estudo são realmente

estabilizadas por forças estéricas devido ao uso de copolímero anfifílico não iônico,

o PLA21K-b-mPEG5k.

A avaliação de parâmetros tais como: forma, tamanho e superfície das

partículas por meio de microscopias eletrônicas corroboram no estudo morfológico

de sistemas nanoestruturados (LIU, 2005; ZHOU; WANG, 2007). A técnica de MEV

foi útil na confirmação das formas esféricas das NS. O fundo de algumas imagens

apresentou estruturas condizentes de agregação entre as NS. Este aspecto também

foi observado no trabalho de HOLBAN e colaboradores (2014) para NS de PLA.

Provavelmente isto foi associado às condições de fusão das NS sob o feixe de

elétrons durante a análise de MEV, pois os índices de polidispersão obtidos por ECF

foram relativamente baixos para estas partículas (≤ 0,17).

Em relação à variação de potencial elétrico aplicado sobre as amostras de 20

para 25 kV; foi possível atribuir o aumento dos diâmetros das partículas à

deformação causada pela fusão das NS sob aquecimento pelo feixe de elétrons em

virtude do aumento do potencial elétrico aplicado. Em outros trabalhos foram

observados efeitos semelhantes para nanocápsulas de PLA (ATTILI-QADRI et al.,

2013; GARCIA et al., 2015). GARCIA e colaboradores (2015) atribuíram o efeito de

diâmetro aumentado com o aumento do potencial elétrico aplicado, à natureza

líquida do núcleo e a sua fina membrana polimérica, adicionado ao fato de o PLA

apresentar baixa temperatura de transição vítrea (50-84 °C). Portanto, a obtenção de

imagens de MEV para NP a base de PLA é limitada pela escolha adequada da

potência do feixe de elétrons capaz de gerar um aquecimento que funde e alarga o

diâmetro das NPs.

É válido ressaltar que dependendo da técnica utilizada podem ser verificadas

diferenças de tamanho de partícula. A microscopia eletrônica fornece uma imagem

do diâmetro geométrico de poucas partículas isoladas após aplicação de um

potencial elétrico capaz de fundir e deformar as amostra (REIMER, 1998), enquanto

a ECF possibilita a determinação do diâmetro das partículas dispersas em meio

aquoso (BROWN, 1996). Foi observado neste trabalho, que as medidas de ECF

foram maiores que as obtidas por MEV nos campos observados, provavelmente

devido as partículas estarem hidratadas durante a leitura na técnica de ECF

Page 107: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

104

possibilita a obtenção de maiores diâmetros. HOFFMANN e colaboradores (1997)

também observaram esta variação entre as duas técnicas.

Estes resultados sugerem que a avaliação morfológica dos diâmetros das NS

deve ser feito por duas ou mais técnicas complementares de dimensionamento,

considerando as limitações e vantagens de cada uma (HASSELLÖV et al., 2008).

Por exemplo, a utilização complementar neste caso da técnica de microscopia de

força atômica poderia proporcionar uma alta resolução de mapeamento em três

perfis tridimensionais da superfície das NP, o que não é possível com a MEV, uma

vez que as imagens obtidas com esta técnica possuem caráter bidimensional

(NEVES; VILELA; ANDRADE, 1998).

Em relação ao estudo de encapsulação do BNZ, a formação de cristais

visíveis de BNZ nas formulações com concentrações entre 0,3 e 0,65 mg/mL,

sugerem uma saturação do sistema e uma baixa capacidade de encapsulamento do

BNZ. No trabalho de MAXIMIANO e colaboradores (2010) o BNZ foi caracterizado e

sua solubilidade em água destilada foi determinada (0,237 mg/mL). Na concentração

de 0,1 mg/mL de BNZ não foi possível identificar visualmente os cristais, pois

mesmo que houvesse BNZ não associado às NS, ele estaria solúvel no meio aquoso

da formulação. Os resultados de porcentagem de encapsulação e de porcentagem

de BNZ precipitado nesta concentração corroboram com esta observação.

Assim como neste estudo, na literatura são encontrados trabalhos que

também apresentaram baixas porcentagens de encapsulação em NS de PLA para

fármacos como o paclitaxel (MUSUMECI et al., 2006), aciclovir (GIANNAVOLA et al.,

2003) e lidocaína (ROUZES et al., 2003). A encapsulação de um fármaco em um

dado vetor é governada essencialmente pelas interações intermoleculares entre

eles. As fracas interações intermoleculares entre o fármaco e polímero levam o

fármaco a precipitar mesmo após a encapsulação, indicando menor retenção do

fármaco na matriz e baixa estabilidade física (LI; YANG, 2015). Provavelmente o

BNZ e estes fármacos apresentaram baixa interação em relação ao constituinte

polimérico da formulação.

Era esperado devido ás interações entre grupamentos aromáticos do BNZ e

do polímero que as NS de PLA24K-co-BGE2,6 apresentassem melhores resultados de

porcentagem de encapsulação e de eficiência de encapsulação, bem como de

capacidade de carga, em relação às NS obtidas a partir dos demais polímeros. Esse

copolímero apresenta grupos benzila na cadeia polimérica e por meio de interações

Page 108: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

105

intermoleculares de sobreposição de orbitais π esperar-se-ia uma melhor interação

com as moléculas do BNZ após a nanoprecipitação. Não obstante, os parâmetros

avaliados foram mais favoráveis para a encapsulação do BNZ nas NS de PLA21K-co-

AGE2,4.

Como já mencionado, o empacotamento cristalino do BNZ é reforçado por

uma rede de interações intermoleculares fortes do tipo ligação de hidrogênio que

possuem energias mais altas que as interações intermoleculares do tipo π-π, (10-40

kJ/mol e 8-9 kJ/mol) respectivamente (LI; YANG, 2015). O entendimento das

interações π-π também não é tão simples. No trabalho de MARTINEZ e IVERSON

(2012) é discutido que estas interações são afetadas por variados fatores,

reservadas para casos muito específicos, ou mesmo, não são aplicáveis às

interações intermoleculares de moléculas aromáticas comuns. Estes fatos

apresentados quando relacionados à baixa inserção de benzila nas cadeias de PLA

podem ter desfavorecido as interações entre o copolímero PLA24K-co-BGE2,6 e o

BNZ.

A constatação de que as NS de PLA21K-co-AGE2,4 conseguiram encapsular o

BNZ em maior porcentagem na maior concentração avaliada (0,65 mg/mL) e de

como a porcentagem de encapsulação aumentou com o aumento da concentração

de BNZ foi instigante. Nesta concentração cerca de 60% do fármaco precipitou e

40% foi encapsulado, assim houve um equilíbrio maior entre as forças que regem o

empacotamento cristalino do fármaco e a sua associação com as NP. Estas

observações podem ser resultado da combinação de forças de interações

intermoleculares que governam a encapsulação de um fármaco por um vetor, tais

como interações do tipo ligações de hidrogênio, iônicas, hidrofóbicas, π-π e de van

der Waals (LI; YANG, 2015).

O aumento da relação massa/massa entre fármaco e polímero foi crescente

para as NS de PLA21K-co-AGE2,4 em função da concentração de BNZ. Para a maior

concentração de BNZ (0,65 mg/mL) a porcentagem de capacidade de carga foi de (≈

0,9%). NS em geral possuem capacidade de carga baixa (< 5%) quando há pouca

afinidade entre o fármaco e a matriz polimérica (YOO et al., 1999; GIANNAVOLA et

al., 2003). Interações fortes entre fármaco e polímero podem potencialmente reduzir

a mobilidade molecular e reduzir a extensão de cristalização do fármaco (MISTRY et

al., 2015).

Page 109: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

106

Mesmo para a maior porcentagem de encapsulação obtida (NS de PLA21K-co-

AGE2,4 com BNZ 0,65 mg/mL) a eficiência de encapsulação foi baixa (≈ 14%) o que

mostra o baixo rendimento do processo de encapsulação do BNZ como um todo.

Uma vez que a porcentagem de encapsulação foi crescente e que o BNZ só

precipitou efetivamente na concentração de 0,65 mg/mL para a NS de PLA21K-co-

AGE2,4; a eficiência de encapsulação acompanhou esta tendência. Assim como

neste trabalho, no estudo de MUSUMECI e colaboradores (2006) também foi

observado que a eficiência de encapsulação aumentou em NS de PLA conforme foi

aumentada a concentração de paclitaxel na formulação.

Ainda que as inserções principalmente de alila ao longo da cadeia de PLA

tenham modificado a porcentagem e a eficiência de encapsulação de BNZ; os

parâmetros avaliados no estudo de encapsulação (porcentagem de encapsulação,

eficiência de encapsulação e capacidade de carga) apresentaram valores muito

baixos o que não justificaria a síntese destes copolímeros para a finalidade proposta

de aprimoramento de encapsulação do BNZ.

Não obstante, a inserção destes grupos funcionais no PLA é uma estratégia

interessante levada em consideração a possibilidade de encapsulação de moléculas

com menor capacidade cristalina que o BNZ em meio aquoso, que contenha mais

grupamentos aromáticos em sua estrutura; ou que ainda sejam menos sujeitas a

realizarem interações intermoleculares fortes do tipo ligação de hidrogênio.

Outra potencial vantagem da inserção destes grupamentos é a possibilidade

de pós-modificações químicas dos copolímeros para a inserção de ligantes

funcionais de interesse, como visto no trabalho de GESCHWIND, PHILLIPS e FREY

(2013) para um copolímero com benzila e no trabalho de ERBERICH, KEUL e

MÖLLER (2007) para um copolímero com alila. Assim, permitindo que estes ligantes

de interesse aumentem também a encapsulação de ativos em NP (RABANEL et al.,

2015), atuem como sistemas sítio-específicos (BANQUY et al., 2008) ou

biomarcadores (TESKE; VOIGT; SHASTRI, 2014).

Em relação à citotoxicidade das NS, os resultados mostraram que os

polímeros de PLA modificados contendo alila e benzila possuem baixa toxicidade

nas concentrações avaliadas. NADEAU e colaboradores (2005) sintetizaram o

copolímero PLA-co-AGE e avaliaram sua citotoxicidade em culturas de macrófagos

murino RAW 264.7 e J774A.1. Utilizando a técnica do MTT foi demostrado que o

copolímero em concentração de até 1000 µg/mL não apresentou efeito sobre a

Page 110: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

107

viabilidade celular quando comparado ao PLA homopolímero, mostrando que a

presença do grupo alila não interferiu na viabilidade celular. Porém, no estudo de

NADEAU e colaboradores (2005) não foi avaliado o grau de inserção do

comonômero na cadeia polimérica.

A importância da utilização das linhagens celulares Vero e J774A.1 neste

estudo é que se tratam de células não fagocíticas e fagocíticas, respectivamente,

que respondem de forma diferente em relação à toxicidade na presença de NP, uma

vez que as linhagens interagem de formas distintas com estas (SOHAEBUDDIN et

al., 2010). Isto pode explicar as diferenças encontradas nas curvas de viabilidade

entre os tipos celulares.

Para J774A.1, as curvas de citotoxicidade foram semelhantes para as três

formulações, enquanto que para as células Vero, as NS de PLA-co-AGE e PLA-co-

BGE foram mais tóxicas em relação às NS de PLA26K nas maiores concentrações.

Não foi possível correlacionar o Dh com este efeito, visto que não houve diferença

estatística entre os Dh destas NP. É conhecido que o diâmetro pode estar

relacionado com o aumento da toxicidade das NP, pois áreas superficiais maiores

permitem mais interações com as células (HE et al., 2010; SHINDE et al., 2012).

As partículas de PLA26K podem ter interagido com as células Vero de uma

maneira diferente do que as NS preparadas com copolímeros contendo alila e

benzila, uma vez que os resultados de potenciais ζ sugeriram a influência destes

grupos na superfície das NS. É documentado que as modificações de superfície de

nanomateriais podem afetar tanto a sua via de internalização como o seu destino

intracelular (DURÁN; GUTERRES; ALVES, 2014). O modelo utilizado foi útil para se

estudar a interferência das NS na viabilidade celular de duas linhagens de células

por 24h. Contudo, tal procedimento proporciona uma visão limitada dos complexos

celulares intrínsecos ao funcionamento de um organismo e das possíveis vias de

captação e internalização celulares, além da estabilidade das NS nos meios

biológicos (MOORE et al., 2015). Logo, esses resultados in vitro são preliminares,

porém encorajadores para mais estudos toxicológicos.

Page 111: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

108

II-6. CONCLUSÃO PARCIAL

A utilização de blendas de PLA-b-mPEG com polímeros contendo alila e

benzila inseridos na cadeia de PLA se mostrou viável na formação de NS pelo

método de nanoprecipitação, com NS apresentando tamanhos inferiores a 117 nm,

forma esférica, estabilidade coloidal e baixa citotoxicidade até 500 µg/mL.

A associação do BNZ às NS preparadas foi maior para as NS de PLA21K-co-

AGE2,4 em função do aumento da concentração de BNZ na formulação quando

comparada aos demais tipos de NS. Essa maior associação foi indicativo de uma

possível participação e interação dos grupamentos alilas presentes nas cadeias

poliméricas com as moléculas de BNZ. As modificações das características das NP

com BNZ, tais como aumento do tamanho e redução do potencial ζ em módulo

quando comparadas às NS brancas indicou que o BNZ pode estar associado à

matriz polimérica bem como à superfície das NS. Contudo, a estratégia de síntese

de PLA funcionalizado utilizada neste trabalho não foi ideal para a finalidade

proposta de aprimoramento de encapsulação do BNZ a partir da interação de grupos

aromáticos; uma vez que os parâmetros avaliados (porcentagem de encapsulação,

eficiência de encapsulação e capacidade de carga) apresentaram valores muito

baixos.

Page 112: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

109

4. CONCLUSÃO

Em relação às sínteses de polímeros derivados do D,L-lactídeo por abertura

de anel, nesse estudo foram obtidos polímeros modificados e avaliada a influência

de alguns parâmetros reacionais nas características dos produtos sintetizados. Foi

observada a influência da quantidade de epóxido no meio reacional nas massas

molares obtidas, dispersidades e no número de inserções de GE por cadeia. O

DMAP não contribuiu para maiores inserções dos comonômeros nas cadeias

poliméricas em relação ao Sn(Oct)2. Os comonômeros GE foram pouco inseridos

nas cadeias de PLA e as NS obtidas a partir desses copolímeros apresentaram

baixa capacidade de encapsulação do BNZ, sendo obtido no máximo 40% de

encapsulação para as NS de PLA21K-co-AGE2,4.

A capacidade destes copolímeros modificados na formação de NS estáveis e

de baixa toxicidade abre perspectivas de aprimoramento das rotas de síntese e

obtenção de polímeros com maiores massas molares e maiores inserções de GE por

cadeia. A partir das interações intermoleculares entre fármacos e grupos funcionais

podem ser oferecidas novas plataformas poliméricas para o preparo de

nanocarreadores e encapsulação de fármacos com diferentes composições

químicas e que sejam melhores alternativas terapêuticas.

Page 113: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

110

5. PERSPECTIVAS DO TRABALHO

São perspectivas deste trabalho:

Aprimorar as metodologias de síntese desenvolvidas até o momento visando

à obtenção de polímeros com maiores massas molares e melhorar a inserção

de GE por cadeia;

Utilizar a espectroscopia de massa MALDI-TOF para identificar os locais de

inserção dos grupamentos AGE e BGE;

Avaliar para uma mesma série polimérica a relação entre o número de GE por

cadeia com a porcentagem de encapsulação de outra molécula modelo;

Analisar os polímeros sintetizados por técnicas calorimétricas;

Avaliar o perfil de liberação de uma molécula modelo a partir de NP

preparadas com os polímeros modificados com GE;

Dosar possíveis traços metálicos provenientes dos catalisadores nos

polímeros sintetizados.

Page 114: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

111

6. REFERÊNCIAS

ABULATEEFEH, S. R.; TAHA, M. O. Enhanced drug encapsulation and extended release

profiles of calcium–alginate nanoparticles by using tannic acid as a bridging cross-linking

agent. Journal of Microencapsulation, v. 32, n. 1, p. 1-10, 2014.

AHMED, J.; VARSHNEY, S. K. Polylactides - chemistry, properties and green packaging

technology: a review. International Journal of Food Properties, v. 14, p. 37-58, 2010.

AL-QUADEIB, B. T.; RADWAN, M. A.; SILLER, L.; HORROCKS, B.; WRIGHT, M. C. Stealth

amphotericin B nanoparticles for oral drug delivery: in vitro optimization. Saudi

Pharmaceutical Journal, v. 23, n. 3, p. 290-302, 2015.

ANDERSON, J. M.; SHIVE, M. S. Biodegradation and biocompatibility of PLA and PLGA

microspheres. Advanced Drug Delivery Reviews, v. 28, p. 05-24, 1997.

ATTILI-QADRI, S.; KARRA, N.; NEMIROVSKI, A.; SCHWOB, O.; TALMON, Y.; NASSAR, T.;

BENITA, S. Oral delivery system prolongs blood circulation of docetaxel nanocapsules via

lymphatic absorption. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 110, n. 43, p.

17498–17503, 2013.

BANQUY, X.; LECLAIR, G.; RABANEL, J. M.; ARGAW, A.; BOUCHARD, J. F.; HILDGEN,

P.; GIASSON, S. Selectins ligand decorated drug carriers for activated endothelial cell

targeting. Bioconjugate Chemistry, v. 19, p. 2030–2039, 2008.

BARAN, J.; DUDA, A.; KOWALSKI, A.; SZYMANSKI, R.; PENCZEK, S. Intermolecular chain

transfer to polymer with chain scission: General treatment and determination of k(p)/k(tr) in

L,L-lactide polymerization. Macromolecular Rapid Communications, v. 18, p. 325-333,

1997.

BEUILLE, E.; DARCOS, V.; COUDANE, J.; LACROIX-DESMAZES, P.; NOTTELET, B.

Regioselective halogenation of poly(lactide) by free-radical process. Macromolecular

Reaction Engineering, v. 8, n. 2, p. 141-148, 2013.

BROCAS, A. L.; MANTZARIDIS, C.; TUNC, D.; CARLOTTI, S. Polyether synthesis: from

activated or metal-free anionic ring-opening polymerization of epoxides to functionalization.

Progress in Polymer Science, v. 38, n. 6, p. 845-873, 2013.

BROWN, W. Light scattering: principles and development. 1 ª. ed. Oxford: Clarendon

Press, 1996.

CALDAS, I. S.; TALVANI, A.; CALDAS, S.; CARNEIRO, C. M.; DE LANA, M.; DA MATTA

GUEDES, P. M.; BAHIA, M. T. Benznidazole therapy during acute phase of Chagas disease

reduces parasite load but does not prevent chronic cardiac lesions. Parasitology Research,

v. 103, p. 413-421, 2008.

CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciencia e engenharia de materiais: uma

introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

CAMPBELL, D.; PETHRICK, R. A.; WHITE, J. R. Polymer characterization: physical

techniques. 2ª. ed. Boca Raton: CRC Press, 2000.

Page 115: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

112

CANEVAROLO JÚNIOR, S. V. Ciência dos Polímeros: um texto básico para tecnólogos e

engenheiros. 3. ed. São Paulo: Artliber Editora, 2010.

CARSTENS, M. G.; DE JONG, P. H.; VAN NOSTRUM, C. F.; KEMMINK, J.; VERRIJK, R.;

DE LEEDE, L. G.; CROMMELIN, D. J.; HENNINK, W. E. The effect of core composition in

biodegradable oligomeric micelles as taxane formulations. European Journal of

Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 68, n. 3, p. 596-606, 2008.

CHORNY, M.; FISHBEIN, I.; DANENBERG, H. D.; GOLOMB, G. Lipophilic drug loaded

nanospheres prepared by nanoprecipitation : effect of formulation variables on size, drug

recovery and release kinetics. Journal of Controlled Release, v. 83, n. 3, p. 389-400, 2002.

CLOGSTON, J. D.; PATRI, A. K. Zeta potential measurement. In: MCNEIL, S. E.

Characterization of nanoparticles intended for drug delivery. New York: Humana Press,

2011. p. 63-70.

CONNOR, E. F.; NYCE, G. W.; MYERS, M.; MÖCK, A.; HEDRICK, J. L. First Example of N-

Heterocyclic Carbenes as Catalysts for Living Polymerization: Organocatalytic Ring-Opening

Polymerization of Cyclic Esters. Journal of the American Chemical Society, v. 124, n. 6, p.

914-915, 2002.

CSIHONY, S.; BEAUDETTE, T. T.; SENTMAN, A. C.; NYCE, G. W.; WAYMOUTH, R. M.;

HEDRICK, J. L. Bredereck’s reagent revisited: organocatalytic ring-opening polymerization

and transesterification reactions. Advanced Synthesis & Catalysis, v. 346, p. 1081–1086.,

2004.

DE MARTIMPREY, H.; BERTRAND, J. R.; MALVY, C.; COUVREUR, P.; VAUTHIER, C.

New Core-Shell Nanoparticules for the Intravenous Delivery of siRNA to Experimental

Thyroid Papillary Carcinoma. Pharmaceutical Research, v. 27, n. 3, p. 498-509, 2010.

DEGÉE, P.; DUBOIS, P.; JÉRÔME, R.; JACOBSEN, S.; FRITZ, H. G. New catalysis for fast

bulk ring-opening polymerization of lactide monomers. Macromolecular Symposia, v. 144,

p. 289-302, 1999.

DELL'ERBA, I. E.; WILLIAMS, R. J. J. Homopolymerization of epoxy monomers initiated by

4-(dimethylamino)pyridine. Polymer Engineering & Science, v. 46, n. 3, p. 351-359, 2006.

DURÁN, N.; GUTERRES, S. S.; ALVES, O. L. Nanotoxicology: Materials, Methodologies,

and Assessments. New York: Springer Science+Business, 2014.

ERBERICH, M.; KEUL, H.; MÖLLER, M. Polyglycidols with Two Orthogonal Protective

Groups: Preparation, Selective Deprotection, and Functionalization. Macromolecules, v. 40,

p. 3070-3079, 2007.

FATTAL, E.; VAUTHIER, C.; AYNIE, I.; NAKADA, Y.; LAMBERT, G.; MALVY, C.;

COUVREUR, P. Biodegradable polyalkylcyanoacrylate nanoparticles for the delivery of

oligonucleotides. Journal of Controlled Release, v. 53, n. 1-3, p. 137-143, 1998.

FEINSTEIN, K. Guide to spectroscopic identification of organic compounds. Boca

Raton: CRC Press, 1995.

Page 116: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

113

FESSI, H.; PIUSIEUX, F.; DEVISSAGUET, J. P.; AMMOURY, N.; BENITA, S. Nanocapsule

formation by interfacial polymer deposition following solvent displacement. International

Journal of Pharmaceutics, v. 55, p. R1-R4, 1989.

FRESHNEY, R. I. Culture of Animal Cells: A Manual of Basic Technique and Specialized

Applications. 6ª. ed. New Jersey: John Wiley & Sons, 2010.

GAO, H.; JONES, M. C.; CHEN, J.; LIANG, Y.; PRUD'HOMME, R. E.; LEROUX, J. C.

Hydrophilic nanoreservoirs embedded into polymeric micro/nanoparticles: an approach to

compatibilize polar molecules with hydrophobic matrixes. Chemistry of Materials, v. 20, p.

4191-4193, 2008.

GARCIA, G. M.; OLIVEIRA, L. T.; PITTA, I. R.; LIMA, M. C. A.; VILELA, J. M. C.; ANDRADE,

M. S.; ABDALLA, D. S. P.; MOSQUEIRA, V. C. F. Improved nonclinical pharmacokinetics

and biodistribution of a new PPAR pan-agonist and COX inhibitor in nanocapsule

formulation. Journal of Controlled Release, v. 209, p. 207–218, 2015.

GARLOTTA, D. A Literature Review of Poly(Lactic Acid). Journal of Polymers and the

Environment, v. 9, n. 2, p. 63-84, 2002.

GESCHWIND, J.; PHILLIPS, A.; FREY, H. Poly(carbonate) Copolymers with Tailored

Number of Hydroxyl Groups from Glycidyl Ethers and CO2. Polymer Chemistry, v. 5, p.

814-818, 2013.

GIANNAVOLA, C.; BUCOLO, C.; MALTESE, A.; PAOLINO, D.; VANDELLI, M. A.; PUGLISI,

G.; LEE, V. H. L.; FRESTA, M. Influence of Preparation Conditions on Acyclovir-Loaded

Poly-d,l-Lactic Acid Nanospheres and Effect of PEG Coating on Ocular Drug Bioavailability.

Pharmaceutical Research, v. 20, n. 4, p. 584-590, 2003.

GOLDBERG, M.; LANGER, R.; JIA, X. Nanostructured materials for applications in drug

delivery and tissue engineering. Journal of Biomaterials Science. Polymer Edition, v. 18,

n. 3, p. 241–268, 2007.

GOLDSTEIN, J. I.; NEWBURY, D. E.; ECHIL, P.; JOY, D. C.; ROMIG, J. A. D.; LYMAN, C.

E. Scanning electron microscopy and X-ray microanalysis. New York: Plenum Press,

1992.

GOVENDER, T.; STOLNIK, S.; GARNETT, M. C.; ILLUM, L.; DAVIS, S. S. PLGA

nanoparticles prepared by nanoprecipitation: drug loading and release studies of a water

soluble drug. Journal of Controlled Release, v. 57, n. 2, p. 171–185, 1999.

GREF, R.; DOMB, A.; QUELLEC, P.; BLUNK, T.; MÜLLER, R. H.; VERBAVATZ, J. M.;

LANGER, R. The controlled intravenous delivery of drugs using PEG-coated sterically

stabilized nanospheres. Advanced Drug Delivery Reviews, v. 16, p. 215-233, 1995.

GREF, R.; LÜCK, M.; QUELLEC, P.; MARCHAND, M.; DELLACHERIE, E.; HARNISCH, S.;

BLUNK, T.; MÜLLER, R. H. "Stealth‟ corona-core nanoparticles surface modified by

polyethylene glycol (PEG): influences of the corona (PEG chain length and surface density)

and of the core composition on phagocytic uptake and plasma protein adsorption. Colloids

and Surfaces B: Biointerfaces, v. 18, p. 301–313, 2000.

Page 117: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

114

GREF, R.; MINATAKE, Y.; PERACCHIA, M. T.; TRUBETSKOY, V.; TORCHILIM, V.;

LANGER, R. Biodegradable long-circulating polymeric nanospheres. Science, v. 263, p.

1600-1603, 1994.

GUPTA, A. P.; KUMAR, V. New emerging trends in synthetic biodegradable polymers –

Polylactide: A critique. European Polymer Journal, v. 43, p. 4053–4074, 2007.

HABNOUNI, S. E.; DARCOS, V.; GARRIC, X.; LAVIGNE, J. F.; NOTTELET, B.; COUDANE,

J. Mild Methodology for the Versatile Chemical Modification of Polylactide Surfaces: Original

Combination of Anionic and Click Chemistry for Biomedical Applications. Advanced

Functional Materials, v. 21, n. 17, p. 3321-3330, 2011.

HAMMADY, T.; RABANEL, J. M.; DHANIKULA, R. S.; LECLAIR, G.; HILDGEN, P.

Functionalized nanospheres loaded with anti-angiogenic drugs: Cellular uptake and

angiosuppressive efficacy. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics,

v. 72, p. 418–427, 2009.

HASSELLÖV, M.; READMAN, J. W.; RANVILLE, J. F.; TIEDE, K. Nanoparticle analysis and

characterization methodologies in environmental risk assessment of engineered

nanoparticles. Ecotoxicology, v. 17, p. 344-361, 2008.

HAZARI, D.; JANA, S. K.; SETH, S. K.; PUSCHMANN, H.; DALAI, S. Structural variability of

Ag(I) metal–organic networks: C–H⋯π and metal⋯π interactions. Journal of Coordination

Chemistry, v. 69, n. 3, p. 562-573, 2016.

HE, C.; HU, Y.; YIN, L.; TANG, C.; YIN, C. Effects of particle size and surface charge on

cellular uptake and biodistribution of polymeric nanoparticles. Biomaterials, v. 31, p. 3657–

3666, 2010.

HEALD, C. R.; STOLNIK, S.; DE MATTEIS, C.; LEERMAKERS, F. A. M. Self-consistent field

modelling of poly(lactic acid)–poly(ethylene glycol) particles. Colloids and Surfaces A:

Physicochemical and Engineering Aspects, v. 179, p. 79-91, 2001.

HERZBERGER, J.; NIEDERER, K.; POHLIT, H.; SEIWERT, J.; WORM, M.; WURM, F. R.;

FREY, H. Polymerization of ethylene oxide, propylene oxide, and otheralkylene oxides:

synthesis, novel polymer architectures, and bioconjugation. American Chemical Society, v.

116, p. 2170−2243, 2015.

HOFFMANN, F.; CINATL JR., J.; KABICKOVÁ, H.; CINATL, J.; KREUTER, J.; STIENEKER,

F. Preparation, characterization and cytotoxicity of methylmethacrylate copolymer

nanoparticles with a permanent positive surface charge. International Journal of

Pharmaceutics, v. 157, n. 2, p. 189–198, 1997.

HOLBAN, A. M.; GRUMEZESCU, V.; GRUMEZESCU, A. M.; VASILE, B. Ş.; TRUşCă, R.;

CRISTESCU, R.; SOCOL, G.; IORDACHE, F. Antimicrobial nanospheres thin coatings

prepared by advanced pulsed laser technique. Beilstein Journal of Nanotechnology, v. 5,

p. 872–880, 2014.

HUNTER, C. A.; SANDERS, J. K. M. The Nature of π-π Interactions. Journal of the

American Chemical Society, v. 112, p. 5525-5534, 1990.

Page 118: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

115

HYON, S. H.; JAMSHIDI, K.; IKADA, Y. Synthesis of polylactides with different molecular

weights. Biomaterials, v. 18, p. 1503–1508, 1997.

HYON, S. H.; JAMSHIDI, K.; IKADA, Y. Effects of Residual Monomer on the Degradation of

DL-Lactide Polymer. Polymer International, v. 46, p. 196-202, 1998.

ISO 10993. Biological, evaluation of medical devices - Part 5 - Tests for cytotoxicity: in vitro

methods, 2009.

IUPAC. Glossary of basic terms in polymer (IUPAC Recommendations 1996). International,

Union of Pure and Applied Chemistry, v. 68, n. 12, p. 2287-2311, 1996.

IUPAC. Dispersity in polymer science (IUPAC Recommendations 2009). Pure and Applied

Chemistry, v. 81, n. 2, p. 351–353, 2009.

JANES, K. A.; FRESNEAU, M. P.; MARAZUELA, A.; FABRA, A.; ALONSO, M. J. Chitosan

nanoparticles as delivery systems for doxorubicin. Journal of Controlled Release, v. 73, p.

255-267, 2001.

JING, F.; HILLMYER, M. A. A Bifunctional Monomer Derived from Lactide for Toughening

Polylactide. Journal of the American Chemical Society , v. 130, n. 42, p. 13826-13827,

2008.

KAIHARA, S.; MATSUMURA, S.; MIKOS, A. G.; FISHER, J. P. Kaihara, S.; Matsumura, S.;

Mikos, A. G.; Fisher, J. P. Synthesis of poly(L-lactide) and polyglycolide by ring-opening

polymerization, v. 2, n. 11, p. 2767-2771, 2007.

KAMALYA, N.; XIAO, Z.; VALENCIA, P. M.; RADOVIC-MORENO, A. F.; FAROKHZAD, O.

C. Targeted polymeric therapeutic nanoparticles: design, development and clinical

translation. Chemical Society Reviews, v. 41, n. 7, p. 2971-3010, 2012.

KANG, N.; PERRON, M. E.; PRUD'HOMME, R. E.; ZHANG, Y.; GAUCHER, G.; LEROUX, J.

C. Stereocomplex block copolymer micelles: core-shell nanostructures with enhanced

stability. Nano Letters , v. 5, n. 2, p. 315-319, 2005.

KARIDI, K.; MANTOURLIAS, T.; SERETIS, A.; PLADIS, P. Synthesis of high molecular

weight linear and branched polylactides: A comprehensive kinetic investigation. European

Polymer Journal, v. 72, p. 114–128, 2015.

KAWASHIMA, Y. Nanoparticulate systems for improved drug delivery. Advanced Drug

Delivery Reviews, v. 47, p. 1-2, 2001.

KIM, B. S.; PARK, S. W.; HAMMOND, P. T. Hydrogen-bonding layer-by-layer-assembled

biodegradable polymeric micelles as drug delivery vehicles from surfaces. ACS Nano, v. 2,

n. 2, p. 386-392, 2008.

KIM, J. Y.; KIM, S.; PAPP, M.; PARK, K.; PINAL, R. Hydrotropic solubilization of poorly

water-soluble drugs, v. 99, n. 9, p. 3953-3965, 2010.

KIM, S.; KIM, J. H.; JEON, O.; KWON, I. C.; PARK, K. Engineered polymers for advanced

drug delivery. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 71, n. 3, p.

420-430, 2009.

Page 119: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

116

KOMAROVA, L. I.; SALAZKIN, S. N.; BULGAKOVA, I. A.; MALANIYA, M. I.;

VINOGRADOVA, S. V.; KORSHAK, V. V. Interaction of polyesters with epoxy polymers:

Insertion of oxirane rings into ester bonds. Journal of Polymer Science Part a-Polymer

Chemistry , v. 16, n. 7, p. 1643-1657, 1978.

KORHONEN, H.; HELMINEN, A.; SEPPÄLÄ, J. V. Synthesis of polylactides in the presence

of co-initiators with different numbers of hydroxyl groups. Polymer, v. 42, n. 18, p. 7541-

7549, 2001.

KORTHALS, B.; MORANT-MIÑANA, M. C.; SCHMID, M..; MECKING, S. Functionalization of

Polymer Nanoparticles by Thiol-Ene Addition. Macromolecules, v. 43, p. 8071–8078, 2010.

KOWALSKI, A.; DUDA, A.; PENCZEK, S. Kinetics and mechanism of cyclic esters

polymerization initiated with Tin(II) octoate: polymerization of l,l-dilactide. Macromolecules,

v. 33, p. 7359-7370, 2000.

KOWALSKI, A.; LIBISZOWSKI, J.; BIELA, T.; CYPRYK, M.; DUDA, A.; PENCZEK, S.

Kinetics and mechanism of cyclic esters polymerization initiated with tin(II) octoate.

Polymerization of ε-caprolactone and L,L-Lactide co-initiated with primary amines, v. 38, n.

20, p. 8170–8176, 2005.

KRICHELDORF, H. R.; KREISER-SAUNDERS, I.; STRICKER, A. Polylactones 48.

SnOct(2)-initiated polymerizations of lactide: A mechanistic study. Macromolecules, v. 33,

n. 3, p. 702-709, 2000.

KUMAR, M. N. V. R. Nano and microparticles as controlled drug delivery devices. Journal of

Pharmacy and Pharmaceutical Sciences, v. 3, n. 2, p. 234-258, 2000.

LAI, Y.; LONG, Y.; LEI, Y.; DENG, X.; HE, B.; SHENG, M.; LI, M.; GU, Z. A novel micelle of

coumarin derivative monoend-functionalized PEG for anti-tumor drug delivery: in vitro and in

vivo study. Journal of Drug Targeting , v. 20, n. 3, p. 246-254, 2012.

LEEMHUIS, M.; VAN NOSTRUM, C. F.; KRUIJTZER, J. A. W.; ZHONG, Z. Y.; TEN

BRETELER, M. R.; DIJKSTRA, P. J.; FEIJEN, J.; HENNINK, W. E. Functionalized Poly(α-

hydroxy acid)s via Ring-Opening Polymerization:  Toward Hydrophilic Polyesters with

Pendant Hydroxyl Groups. Macromolecules, v. 39, n. 10, p. 3500-3508, 2006.

LEGRAND, P.; BARRAT, G.; MOSQUEIRA, V. C. F.; FESSI, H.; DEVISSAGUET, J. P.

Polymeric nanocapsules as drug delivery systems. A review. S.T.P. Pharma Sciences, v. 9,

p. 411-418, 1999.

LEGRAND, P.; LESIEUR, S.; BOCHOT, A.; GREF, R.; RAATJES, W.; BARRATT, G.;

VAUTHIER, C. Influence of polymer behaviour in organic solution on the production of

polylactide nanoparticles by nanoprecipitation. International Journal of Pharmaceutics, v.

344, p. 33–43, 2007.

LI, S. Hydrolytic Degradation Characteristics of Aliphatic Polyesters Derived from Lactic and

Glycolic Acids. Journal of Biomedical Materials Research Part B: Applied Biomaterials,

v. 48, p. 342–353, 1999.

LI, S.; MCCARTHY, S. Further investigations on the hydrolytic degradation of poly (DL-

lactide). Biomaterials, v. 20, n. 1, p. 35-44, 1999.

Page 120: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

117

LI, Y.; QI, X. R.; MAITANI, Y.; NAGAI, T. PEG–PLA diblock copolymer micelle-like

nanoparticles as all-trans-retinoic acid carrier: in vitro and in vivo characterizations.

Nanotechnology, v. 20, n. 055106, p. 1-10, 2009.

LI, Y.; YANG, L. Driving forces for drug loading in drug carriers. Journal of

Microencapsulation, v. 32, n. 3, p. 1-18, 2015.

LIU, J. Scanning transmission electron microscopy and its application to the study of

nanoparticles and nanoparticle systems. Journal of electron microscopy, v. 54, n. 3, p.

251-278, 2005.

LIU, L.; CAI, X.; ZHANG, J.; CHENGZE, X. Particle-size Measurements in a Micro-channel

with Image Dynamic Light Scattering Method. Procedia Engineering, v. 102, p. 904–910,

2015.

LUCKE, A.; TEβMAR, J.; SCHNELL, E.; SCHMEER, G.; GÖPFERICH!, A. Biodegradable

poly(D,L-lactic acid)-poly(ethylene glycol)-monomethylether diblock copolymers: structures

and surface properties relevant to their use as biomaterials. Biomaterials, v. 21, p. 2361-

2370, 2000.

MAINARDES, R. M.; URBAN, M. C.; CINTO, P. O.; CHAUD, M. V.; EVANGELISTA, R. C.;

GREMIÃO, M. P. Liposomes and micro/nanoparticles as colloidal carriers for nasal drug

delivery. Current Drug Delivery, v. 3, n. 3, p. 275-285, 2006.

MALGORZATA, B.; PRZEMYSLAW, K. Cationic copolymerization of ε-caprolactone and L,L-

lactide by an activated monomer mechanism. Journal of Polymer Science Part A:

Polymer Chemistry, v. 44, n. 24, p. 7071–7081, 2006.

MARTINEZ, C. R.; IVERSON, B. L. Rethinking the term ‘‘pi-stacking’’. Chemical Science, v.

7, n. 3, p. 2191-2201, 2012.

MAXIMIANO, F. P.; COSTA, G. H. Y.; DE SOUZA, J.; CUNHA-FILHO, M. S. S.

Caracterização físico-química do fármaco antichagásico benznidazol. Química Nova, v. 33,

n. 8, p. 1714-1719, 2010.

MEISNER, J. S.; AHN, S.; ARADHYA, S. V.; KRIKORIAN, M.; PARAMESWARAN, R.;

STEIGERWALD, M.; VENKATARAMAN, L.; NUCKOLLS, C. Importance of direct metal-π

coupling in electronic transport through conjugated single-molecule junctions. Journal of the

American Chemical Society, v. 134, n. 50, p. 20440-20445, 2012.

MISTRY, P.; MOHAPATRA, S.; GOPINATH, T.; VOGT, F. G.; SURYANARAYANAN, R. Role

of the Strength of Drug–Polymer Interactions on the Molecular Mobility and Crystallization

Inhibition in Ketoconazole Solid Dispersions. Molecular Pharmaceutics, v. 12, n. 9, p.

3339–3350, 2015.

MOGHIMI, S. M.; HUNTER, A. C.; ANDRESEN, T. L. Factors Controlling Nanoparticle

Pharmacokinetics: An Integrated Analysis and Perspective. Pharmacology and

Toxicology, v. 52, p. 481-503, 2012.

MOHANRAJ, V.; CHEN, Y. Nanoparticles – a review. Tropical Journal of Pharmaceutical

Research, v. 5, p. 561-573, 2006.

Page 121: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

118

MOORE, T. L.; RODRIGUEZ-LORENZO, L.; HIRSCH, V.; BALOG, S.; URBAN, D.; JUD, C.;

ROTHEN-RUTISHAUSER, B.; LATTUADAA, M.; PETRI-FINK, A. Nanoparticle colloidal

stability in cell culture media and impact on cellular interactions. Chemical Society

Reviews, v. 44, n. 17, p. 6287-6305, 2015.

MORA-HUERTAS, C. E. Polymer-based nanocapsules for drug delivery. International

Journal of Pharmaceutics, v. 385, n. 1-2, p. 113-142, 2010.

MOREIRA DA SILVA, R.; OLIVEIRA, L.. T.; BARCELLOS, N. M. S.; DE SOUZA, J.; DE

LANA, M. Preclinical Monitoring of Drug Association in Experimental Chemotherapy of

Chagas’ Disease by a New HPLC-UV Method. Antimicrobial Agents and Chemotherapy,

v. 56, n. 6, p. 3344 –3348, 2012.

MOSMANN, T. Rapid Colorimetric Assay for Cellular Growth and survival: application to

proliferation and cytotoxicity assays. Journal oflmmunological Methods, v. 65, p. 55-63,

1983.

MOSQUEIRA, V. C. F.; LEGRAND, P.; GULIK, A.; BOURDON, O.; GREF, R.; LABARRE, D.;

BARRATT, G. Relationship between complement activation, cellular uptake and surface

physicochemical aspects of novel PEG-modified nanocapsules. Biomaterials, v. 22, p.

2967-2979, 2001.

MUDSHINGE, S. R.; DEORE, A. B.; PATIL, S.; BHALGAT, C. M. Nanoparticles: Emerging

carriers for drug delivery. Saudi Pharmaceutical Journal, , v. 19, n. 3, p. 129–141, 2011.

MUNDARGI, R. C.; BABU, V. R.; RANGASWAMY, V.; PATEL, P. Nano/Micro technologies

for delivering macromolecular therapeutics using poly(D,L-lactide-co-glycolide) and its

derivatives. Journal of Controlled Release, v. 124, p. 193-209, 2008.

MURAKAMI, H.; KOBAYASHI, M.; TAKEUCH, H.; KAWASHIMA, Y. Further application of a

modified spontaneous emulsification solvent diffusion method to various types of PLGA and

PLA polymers for preparation of nanoparticles. Powder Technology, v. 104, p. 137–143,

2000.

MUSUMECI, T.; VICARI, L.; VENTURA, C. A.; GULISANO, M.; PIGNATELLO, R.; PUGLISI,

G. Lyoprotected Nanosphere Formulations for Paclitaxel Controlled Delivery. Journal of

Nanoscience and Nanotechnology, v. 6, n. 8, p. 1–8, 2006.

NACHTERGAEL, A.; COULEMBIER, O.; DUBOIS, P.; HELVENSTEIN, M.; DUEZ, P.;

BLANKERT, B.; MESPOUILLE, L. Organocatalysis Paradigm Revisited: Are Metal-Free

Catalysts Really Harmless? Biomacromolecules, v. 16, p. 507−514, 2015.

NADEAU, V.; LECLAIR, G.; SANT, S.; RABANEL, J. M.; QUESNEL, R.; HILDGEN, P.

Synthesis of new versatile functionalized polyesters for biomedical applications. Polymer, v.

46, p. 11263–11272, 2005.

NEDERBERG, F.; CONNOR, E. F.; MÖLLER, M.; GLAUSER, T.; HEDRICK, J. L. New

Paradigms for Organic Catalysts: The First Organocatalytic Living Polymerization.

Angewandte Chemie International Edition, v. 40, n. 14, p. 2712-2715, 2001.

Page 122: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

119

NEJAD, E. H.; PAONIASARI, A.; VAN MELIS, C. G. W.; KONING, C. E.; DUCHATEAU, R.

Catalytic ring-ppening copolymerization of limonene oxide and phthalic anhydride: toward

partially renewable polyesters. Macromolecules, v. 46, n. 3, p. 631-637, 2013.

NEVES, B. R. A.; VILELA, J. M. C.; ANDRADE, M. S. Microscopia de varredura por sonda

mecânica: uma introdução. Cerâmica, v. 44, n. 290, p. 212-219, 1998.

NICOLAS, J.; MURA, S.; BRAMBILLA, D.; MACKIEWICZ, N.; COUVREUR, P. Design,

functionalization strategies and biomedical applications of targeted

biodegradable/biocompatible polymer-based nanocarriers for drug delivery. Chemical

Society Reviews, v. 42, n. 3, p. 1147-1235, 2013.

NOGA, D. N.; PETRIE, T. A.; KUMAR, A.; WECK, M.; GARCÍA, A. J.; COLLARD, D. M.

Synthesis and Modification of Functional Poly(lactide) Copolymers: Toward Biofunctional

Materials. Biomacromolecules , v. 9, n. 7, p. 2056-2062, 2008.

OBERMEIER, B.; FREY, H. Poly(ethylene glycol-co-allyl glycidyl ether)s: A PEG-Based

Modular Synthetic Platform for Multiple Bioconjugation. Bioconjugate Chemistry, v. 22, n.

3, p. 436–444, 2011.

OWENS III, D. E.; PEPPAS, N. A. Opsonization, biodistribution, and pharmacokinetics of

polymeric nanoparticles. International Journal of Pharmaceutics, v. 307, p. 93-102, 2006.

PENCZEK, S.; DUDA, A.; SZYMANSKI, R. Intra- and intermolecular chain transfer to

macromolecules with chain scission. The case of cyclic esters. Macromolecular Symposia,

v. 132, p. 441-449, 1998.

PLADIS, P.; KARIDI, K.; MANTOURLIAS, T.; KIPARISSIDES, C. An Experimental and

Theoretical Investigation of the Ring-Opening Polymerization of L,L-Lactide.

Macromolecular Reaction Engineering, v. 8, p. 813–825, 2014.

PLAPIED, L.; DUHEM, N.; DES RIEUX, A.; PRÉAT, V. Fate of polymeric nanocarries for oral

drug delivery. Current Opinion in Colloid & Interface Science, v. 16, n. 3, p. 228-237,

2011.

RABANEL, J. M.; FAIVRE, J.; PAKA, G. D.; RAMASSAMY, C.; HILDGEN, P.; BANQUY, X.

Effect of polymer architecture on curcumin encapsulation and release from PEGylated

polymer nanoparticles: Toward a drug delivery nanoplatform to the CNS. European Journal

of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 96, p. 409–420, 2015.

RABANEL, J. M.; HILDGEN, P.; BANQUY, X. Assessment of PEG on polymeric particles

surface, a key step in drug carrier translation. Journal of Controlled Release, v. 185, p. 71–

87, 2014.

RAO, J. P.; GECKELER, K. E. Polymer nanoparticles: preparation techniques and size-

control parameters. Progress in Polymer Science, v. 36, n. 7, p. 887-913, 2011.

RAQUEZ, J. M.; HABIBI, Y.; MURARIU, M.; DUBOIS, P. Polylactide (PLA)-based

nanocomposites. Progress in Polymer Science, v. 38, p. 1504-1542, 2013.

RAVVE, A. Principles of Polymer Chemistry. 3ª. ed. New York: Springer, 2012.

Page 123: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

120

RAWAT, M.; SINGH, D.; SARAF, S. Nanocarriers: promising vehicles for bioactive drugs.

Biological and Pharmaceutical Bulletin, v. 29, p. 1970-1978, 2006.

REIMER, L. Scanning Electron Microscopy: Physics of Image Formation and

Microanalysis. 2ª. ed. New York: InTech, 1998.

RILEY, T.; GOVENDER, T.; STOLNIK, S.; XIONG, C. D.; GARNETT, M. C.; ILLUM, L.

Colloidal stability and drug incorporation aspects of micellar-like PLA–PEG nanoparticles.

Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v. 16, p. 147–159, 1999.

ROUZES, C.; LEONARD, M.; DURAND, A.; DELLACHERIE, E. Influence of polymeric

surfactants on the properties of drugloaded PLA nanospheres. Colloids and Surfaces B:

Biointerfaces, v. 32, p. 125-135, 2003.

SAKAKURA, A.; KAWAJIRI, K.; OHKUBO, T.; KOSUGI, Y.; ISHIHARA, K. Widely Useful

DMAP-Catalyzed Esterification under Auxiliary Base- and Solvent-Free Conditions. Journal

of the American Chemical Society, v. 129, n. 47, p. 14775 – 14779, 2007.

SCHAFFAZICK, R. S.; GUTERRES, S. S.; FREITAS, L. L.; POHLMANN, R. A.

Caracterização e estabilidade físico-química de sistemas poliméricos nanoparticulados para

administração de fármacos. Química Nova, v. 26, n. 5, p. 726-737, 2003.

SCHMALZ, G. Use of cell cultures for toxicity testing of dental materials - advantages and

limitations. Journal of Dentistry, v. 22, n. 2, p. S6-S11, 1994.

SCHMIDT, C.; LAMPRECHT, A. Nanotherapeutics – Drugs Delivery Concepts in

Nanoscience. In: LAMPRECHT, A. Nanocarriers in drug delivery - design, manufacture

and physicochemical properties. [S.l.]: Pan Stanford Publishing, 2009. Cap. 1, p. 3-37.

SCHWACH, G.; COUDANE, J.; ENGEL, R.; VERT, M. Stannous octoate versus zinc iniated

polymerization of racemic lactide. Polymer Bulletin, v. 32, p. 617– 623, 1994.

SCHWACH, G.; COUDANE, J.; ENGEL, R.; VERT, M. More about the polymerization of

lactides in the presence of stannous octoate. Journal of Polymer Science Part A: Polymer

Chemistry, v. 35, n. 16, p. 3431–3440, 1997.

SCHWACH, G.; COUDANE, J.; ENGEL, R.; VERT, M. Influence of polymerization conditions

on the hydrolytic degradation of poly(dl-lactide) polymerized in the presence of stannous

octoate or zinc-metal. Biomaterials, v. 23, p. 993–1002, 2002.

SERAJUDDIN, A. Salt formation to improve drug solubility. Advanced Drug Delivery

Reviews, v. 59, p. 603–616, 2007.

SHI, Y.; VAN STEENBERGEN, M. J.; TEUNISSEN, E. A.; NOVO, L.; GRADMANN, S.;

BALDUS, M.; VAN NOSTRUM, C. F.; HENNINK, W. E. Pi−Pi Stacking Increases the Stability

and Loading Capacity of Thermosensitive Polymeric Micelles for Chemotherapeutic Drugs.

Biomacromolecules, v. 14, n. 6, p. 1826-1837, 2013.

SHINDE, S. K.; GRAMPUROHIT, N. D.; GAIKWAD, D. D.; JADHAV, S. L.; GADHAVE, M. V.;

SHELKE, P. K. Toxicity induced by nanoparticles. Asian Pacific Journal of Tropical

Disease, v. 2, n. 4, p. 331-334, 2012.

Page 124: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

121

SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, R. S. Fundamentos de Química

Analítica, tradução da 8ª edição norte-americana. São Paulo: Editora Thomson, 2006.

SOARES-SOBRINHO, J. L.; CUNHA-FILHO, M. S. S.; NETO, P. J. R.; TORRES-

LABANDEIRA, J. J.; DACUNHA-MARINHO, B. Supporting information: Benznidazole. Acta

Crystallographica Section E, v. o634, n. E64, p. sup-1-7, 2008.

SÖDERGÅRD, A.; INKINEN, S. Production, Chemistry and Properties of Polylactides. In:

PLACKETT, D. Biopolymers – New Materials for Sustainable Films and Coatings. 1ª.

ed. New Jersey: John Wiley and Sons Ltd, 2011. p. 334.

SOHAEBUDDIN, S. K.; THEVENOT, P. T.; BAKER, D.; EATON, J. W.; TANG, L.

Nanomaterial cytotoxicity is composition, size, and cell type dependent. Particle and Fibre

Toxicology, v. 7, n. 22, p. 1-17, 2010.

SONG, X.; ZHAO, Y.; HOU, S.; XU, F.; ZHAO, R.; HE, J.; CAI, Z.; LI, Y.; CHEN, Q. Dual

agents loaded PLGA nanoparticles: Systematic study of particle size and drug entrapment

efficiency. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 69, n. 2, p.

445-453, 2008.

STEFANI, M.; COUDANE, J.; VERT, M. Effects of polymerization conditions on the in vitro

hydrolytic degradation of plaques of poly(DL-lactic acid-block-ethylene glycol) diblock

copolymers. Polymer Degradation and Stability, v. 91, p. 2853-2859, 2006.

STOREY, R. F.; SHERMAN, J. W. Kinetics and mechanism of the stannous octoate-

catalyzed bulk polymerization of e-caprolactone. Macromolecules, v. 35, n. 5, p. 1504-1512,

2002.

SWATI, A.; GOEL, A.; SINGLA, S. Drug delivery special emphasis given on. Advances in

polymer science and technology: An International , v. 2, p. 1-15, 2012.

TANG, M.; DONG, Y.; STEVENS, M. M.; WILLIAMS, C. K. Tailoring Polylactide Degradation:

Copolymerization of a Carbohydrate Lactone and S,S-Lactide. Macromolecules, v. 43, n.

18, p. 7556–7564, 2010.

TANZI, M. C.; VERDERIO, P.; LAMPUGNANI, M. G.; RESNATI, M.; DEJANA, E.; STURANI,

E. Cytotoxicity of some catalysts commonly used in the synthesis of copolymers for

biomedical use. Journal of Materials Science: Materials in Medicine, v. 5, n. 6, p. 393-

396, 1994.

TESKE, N. S.; VOIGT, J.; SHASTRI, V. P. Clickable Degradable Aliphatic Polyesters via

Copolymerization with Alkyne Epoxy Esters: Synthesis and Postfunctionalization with

Organic Dyes. Journal of the American Chemical Society, v. 136, p. 10527−10533, 2014.

TIAN, H.; TANG, Z.; ZHUANG, X.; CHEN, X.; JING, X. Biodegradable synthetic polymers:

Preparation, functionalization and biomedical application. Progress in Polymer Science, v.

37, n. 2, p. 237-280, 2012.

TSUJI, H. Polylactides. In: DOI, Y.; STEINBÜCHELL, A. Biopolymers, Polyesters III -

Applications and Commercial Products. Weinheim: Wiley-VCH, v. 4, 2002. p. 129-177.

Page 125: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

122

URAYAMA, H.; KANAMORII, T.; KIMURA, Y. Properties and biodegradability of polymer

blends of poly(L-lactide)s with different optical purity of the lactate units. Macromolecules

Materials Engineer, v. 287, p. 116-121, 2002.

USKOKOVIC, V. Theoretical and practical aspects of colloid science and self-assembly

phenomena revisited. Reviews in Chemical Engineering, v. 23, p. 301–372, 2007.

VAUTHIER, C.; BOUCHEMAL, K. Methods for the preparation and manufacture of polymeric

nanoparticles. Pharmaceutical research, v. 26, p. 1025–1058, 2009.

VERT, M.; LI, S. M.; SPENLEHAUER, G.; GUERIN, P. Bioresorbability and biocompatibility

of aliphatic polyesters. Journal of Materials Science: Materials in Medicine, v. 3, n. 6, p.

432-446, 1992.

WOLF, F. F.; FRIEDEMANN, N.; FREY, H. Poly(lactide)-block-Poly(HEMA) Block

Copolymers: An Orthogonal One-Pot Combination of ROP and ATRP, Using a Bifunctional

Initiator. Macromolecules, v. 42, n. 15, p. 5622-5628, 2009.

WU, L.; ZHANG, J.; WATANABE, W. Physical and chemical stability of drug nanoparticles.

Advanced Drug Delivery Reviews, v. 63, n. 6, p. 456-469, 2011.

XIAO, R. Z.; ZENG, Z. W.; ZHOU, G. L.; WANG, J. J.; LI, F. Z.; WANG, A. M. Recent

advances in PEG–PLA block copolymer. International Journal of Nanomedicine, v. 5, p.

1057–1065, 2010.

XU, R. Progress in nanoparticles characterization: Sizing and zeta potential measurement.

Particuology, v. 6, n. 2, p. 112-115, 2008.

XU, S.; HELD, I.; KEMPF, B.; MAYR, H.; STEGLICH, W.; ZIPSE, H. The DMAP-Catalyzed

Acetylation of Alcohols—A Mechanistic Study (DMAP=4-(Dimethylamino)pyridine).

Chemistry - A European Journal , v. 11, p. 4751 –4757, 2005.

YAN, J.; YE, Z.; CHEN, M.; LIU, Z.; XIAO, Y.; ZHANG, Y.; ZHOU, Y.; TAN, W.; LANG, M.

Fine tuning micellar core-forming block of poly (ethylene glycol)-block-poly ("-caprolactone)

amphiphilic copolymers based on chemical modification for the solubilization and delivery of

doxorubicin. Biomacromolecules, v. 12, p. 2562–2572, 2011.

YOO, H. S.; OH, J. E.; LEE, K. H.; PARK, T. G. Biodegradable Nanoparticles Containing

Doxorubicin-PLGA Conjugate for Sustained Release. Pharmaceutical Research, v. 16, n. 7,

p. 1114-1118, 1999.

ZHANG, J.; WANG, L. Q.; WANG, H.; TU, K. Micellization phenomena of amphiphilic block

copolymers based on methoxy poly(ethylene glycol) and either crystalline or amorphous

poly(caprolactone-b-lactide). Biomacromolecules, v. 7, n. 9, p. 2492-2500, 2006.

ZHANG, X.; MACDONALD, D. A.; GOOSEN, M. F. A.; MCAULEY, K. B. Mechanism of

Lactide Polymerization in the Presence of Stannous Octoate: The Effect of Hydroxy and

Carboxylic Acid Substances. Journal of Polymer Science: Part A Polymer Chemistry, v.

32, p. 2965-2970, 1994.

Page 126: COPOLÍMEROS DE D,L-LACTÍDEO E GLICIDIL ÉTERES ...‡ÃO... · passando por tribulações parecidas como a minha; foi otimista e companheira. ... para o interior frio da câmara

123

ZHANG, X.; WYSS, U. P.; PICHORA, D.; GOOSEN, M. F. A. An investigation of the

synthesis and thermal stability of poly(DL-lactide). Polymer Bulletin, v. 27, p. 623-629,

1992.

ZHENG, X. T.; LI, C. M. Restoring basal planes of graphene oxides for highly efficient

loading and delivery of beta-lapachone. Molecular Pharmaceutics, v. 9, p. 615–621, 2012.

ZHIGALTSEV, I. V.; WINTERS, G.; SRINIVASULU, M.; CRAWFORD, J.; WONG, M.;

AMANKWA, L.; WATERHOUSE, D.; MASIN, D.; WEBB, M.; HARASYM, N.; HELLER, L.;

BALLY, M. B.; CIUFOLINI, M. A.; CULLIS, P. R.; MAURER, N. Development of a weak-base

docetaxel derivative that can be loaded into lipid nanoparticles. Journal of Controlled

Release, v. 144, n. 3, p. 332-340, 2010.

ZHOU, H.; HAO, J.; WANG, S.; ZHENG, Y.; ZHANG, W. Nanoparticles in the ocular drug

delivery. International Journal of Ophthalmology , v. 6, n. 3, p. 390-396, 2013.

ZHOU, W.; WANG, Z. L. Scanning Microscopy for Nanotechnology - Techniques and

Applications. 1ª. ed. New York: Springer, 2007.

ZHU, K. J.; XIANGZHOU, L.; SHILIN, Y. Preparation, Characterization, and Properties of

Polylactide (PLA) -Poly( ethylene Glycol) (PEG) Copolymers: A Potential Drug Carrier.

Journal of Applied Polymer Science, v. 39, n. 1-9, 1990.