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Vejam esta Subject: Cordel sobre Filosofia - Sócrates Date: Sun, 4 May 2008 15:08:43 -0300 Cordel sobre Filosofia - Sócrates Medeiros Braga "Sócrates não ensinava... Com seu método de indução Ele só questionava, Só fazia indagação Para ter, conforme a meta, A alternativa correta Definida em discussão. Multiplicando perguntas, Testando comparações, Estudando as diferenças, Fazendo eliminações, Eram as coisas clareadas Pra daí serem fechadas Importantes conclusões." SÓCRATES Há dois milênios e meio Pela Antiga Grécia havia Um filósofo justo, humano, Cuja obra não escrevia, Mas que, fora de alfarrábio, Foi, de fato, o maior sábio De toda filosofia. Era Sócrates o seu nome Nascido na velha Atenas, Em quatrocentos e setenta,

Cordel sobre Filosofia - Sócrates

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Vejam esta

Subject: Cordel sobre Filosofia - SócratesDate: Sun, 4 May 2008 15:08:43 -0300

Cordel sobre Filosofia - Sócrates 

 Medeiros Braga  

"Sócrates não ensinava...Com seu método de induçãoEle só questionava,Só fazia indagaçãoPara ter, conforme a meta,A alternativa corretaDefinida em discussão.  Multiplicando perguntas,Testando comparações,Estudando as diferenças,Fazendo eliminações,Eram as coisas clareadasPra daí serem fechadasImportantes conclusões." 

SÓCRATES  

Há dois milênios e meioPela Antiga Grécia haviaUm filósofo justo, humano,Cuja obra não escrevia,Mas que, fora de alfarrábio,Foi, de fato, o maior sábioDe toda filosofia. Era Sócrates o seu nomeNascido na velha Atenas,Em quatrocentos e setenta,Antes de Cristo, ele encena.Cuidou só em dialogarCom o povo, para acharA saída mais amena. Sua mãe era parteira

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Era seu pai escultor,Fenarete e SofroniscoQue lhe deram muito amor,Como ainda a condiçãoDe ter uma educaçãoPara ser bom pensador. Do pai aprendera a arte,Porém, não fez profissão,Já tinha em riste uma metaDevido a meditação...Um filósofo se tornava,E como tal se encontravaEm grande reflexão. Porém, ele antes dissoFoi patriota guerreiro,Combateu em Potidéia,Foi de todos bom parceiro,Incansável, sempre atento,Não sofreu um ferimentoE salvou seus companheiros. Muito jovem já haviaLido “A Ilíada” e “A Odisséia”,Obras de Homero narradasNos estilos de epopéia,Resultando sua leituraEm saber, em mais culturaPra visão ampla da idéia. Antes dele os filósofosSó estudavam a natureza:“Terra, água, fogo e ar”Estavam sempre na mesa,Porém, Sócrates revertiaPondo o homem que deviaNo centro de tal grandeza.  O primeiro pré-socráticoFoi o Tales de MiletoVia na água o princípioDas coisas, por natureza,Dizia com certa prédica Que a pedra magnética

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Tinha alma, com certeza. Depois veio Anaximandro, Tido o pai da astronomia,Cuidar do processo cósmicoEra a sua primazia,Vindo a criar, como tal,Uma lei universalCom sua filosofia. O filósofo Anaxímenes Depois de muito estudarDemonstrando segurançaNo que ele ia anotarPôs ali na sua lousaQue a razão de todas coisasTem seu princípio no ar. Mas, para Heráclito de Éfeso,Esse grande pensador,Tudo no mundo é formadoPor partículas de calor,Sendo o fogo, com razão,As causas da formaçãoQue constitui seu teor. Porém, para o filósofoEmpédocles de AgrigentoTerra, água, fogo e ar, Todos esses elementosEram, sim, por seu valorO princípio geradorDe todo congraçamento. No entanto, o maior marcoJá na ciência fincado,Foi do filósofo Demócrito Por haver ele estudadoE descoberto, coerente,Que de átomo, tão-somente,Tudo no mundo é formado. Porém, Sócrates, consciente,Rompendo essa tradiçãoTrouxe a filosofia

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Para o centro da questão, Com o princípio da moral,Imprescindível, vital,Para o Estado e o cidadão. Depois de muitos estudosE bem mais reflexão,Ele viu que o EstadoSó teria evoluçãoQuando todos, em comum,Viessem a ser, um por um, Com virtude, cidadão. Convicto desse conceitoAchou, então, que deviaServir à pátria formandoCom muita sabedoria,Bons cidadãos; educados,Muito honestos, temperadosÀ luz da filosofia Seu interesse se voltaPara o mundo espiritual,Modesto, amoroso, justo,Com pudor e com moral,Mais na conta, sem desdém,De que o saber é um bemE a ignorância é um mal. Para ele a ignorânciaEra uma grande excrescência,As causas de todos malesComo mostra a experiência,Porém, que podia serVencida pelo saberNo seu nível de ciência. Dialogando nas praças,Nos ginásios e mercadosIa seu público aumentandoDe jovens abnegadosCom vontade de beberNessa fonte de saberConhecimentos primados. 

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O seu método dialéticoPara a busca do saberEra, sempre, a “indução”Que procurava envolverTodo aluno no direitoDe buscar certo conceitoE por si próprio aprender.  Sócrates não ensinava...Com seu método de induçãoEle só questionava,Só fazia indagaçãoPara ter, conforme a meta,A alternativa corretaDefinida em discussão.  Multiplicando perguntas,Testando comparações,Estudando as diferenças,Fazendo eliminações,Eram as coisas clareadasPra daí serem fechadasImportantes conclusões. Tinha por fim esse métodoDialético da induçãoPenetrar dentro do aluno,Tirar dele sua lição,Mais parecendo, profundo,Com a mãe que traz ao mundoA criança em gestação. Fenarete, a sua mãeFora na vida parteira,Ela o parto de criançasFazia, sobremaneira,Sócrates, sem verborréias,Era o parto das idéiasQue fazia, e de primeira. “Maiêutica” e “ParturaçãoDas Idéias”, se chamavam,Ambas traziam ao mundoAquilo que precisavam:As idéias e a criança

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Trazendo força e esperançaPara os que necessitavam. No seu encontro com jovensExaltava a honestidade,O bom caráter, o saber,O amor, a liberdade,Os princípios de justiça,De humanismo que atiçaO homem em sociedade. Lutava com forças contraAs ciências do egoísmo,Estados autoritários,De corrupção, nepotismo...Esses que querem esconderA verdade pra manterA tirania, o escravismo. Quando algum adversárioVinha para o enfrentamentoInquirido por perguntasDentro de tal argumento,Quase sempre, feito em lava,Pelo ridículo passava,Bem como, o constrangimento.   Não poupando o adversárioMesmo crente da razão,Sócrates, com o seu métodoDe total definição,Mostrava por inconstânciaA mais clara ignorância,Levando à contradição. Em diálogo com os jovensNo seu método naturalDe perguntas e respostasCom análise especial,Chegava, sempre gentil,A traçar um bom perfilPara um Estado ideal. Considerava importante,Do povo, a democracia,

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Mas, a moral externadaNos diálogos todo diaEra, sem atenuante,A parte mais importanteDa sua filosofia. Para Sócrates, a moralEra o espelho do saber,A ciência um sinônimoDa virtude vinha a ser,Era o ensino do pensarPara após filosofarSobre as regras do viver. “Conhece-te a ti mesmo”Era o lema principal Pra abater a ignorância,A cegueira pessoalDeixando pela ciênciaO homem com consciênciaJá na fase inicial. “Conhece-te a ti mesmo,Torna-te, pois, consciente”Era parte do seu método,O seu lema permanente...Era a forma,sem arrogância,De arrancar a ignorânciaDe dentro de muita gente. E mostrando o quanto haviaPara aprender uma grei;Ou talvez para medirA ignorância de um rei,Desprovido de vaidade,Proclamava, com humildade,Que “eu só seu que nada sei”. Descobrindo o melhor tipoDe governo e o seu porquêFoi fazendo os inimigosDentro e fora do poder,Os que, impondo a vontade,Procuravam sua verdadeEterna, prevalecer.

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 Ele por vezes clamavaAos deuses, religião,Que às estrelas do EstadoAtrelavam sua missão;Como um filósofo augustoNão admitia que, injusto,Houvesse um deus sem razão. Em razão dessas idéiasModernas, inovadorasTrazia para o diálogoCom lições educadorasMuitos jovens que queriamAs mudanças que atingiamElites conservadoras. Então, assim, por induçãoContra práticas tão rudesDeixava, por essas formas,De discutir as virtudes,A religião, o poder,Com sua base a estremecerPela ação da juventude. A sua crítica irônicaNos diálogos construídaCausava aborrecimentosNuma conta desmedida;De tal que, no breviário,Criava no adversárioFerida sobre ferida. Meleto, Anitos e Licon,Na maior servilidade,Indispôs Sócrates à leiAcusando com inverdadeDe negar o deus à pátria,De por um outro na área,Corromper a mocidade. Após várias ameaçasDas elites dominantes,Sócrates foi preso e levadoPor uma guarda arrogante...

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Depois de alguns atritosAcusado de delitosSem qualquer prova importante. Posto diante de umTribunal de inquisição,Acusado por Meleto,Por Anitos, por Licão,Sob o fogo mais cerradoEra Sócrates execradoCom mentira e encenação. Negar os deuses da pátriaEra isso um crime infame,Introduzir outros deusesSeria um péssimo ditame...Corromper a juventudeEra expor mais a virtudeÀ perversão, ao vexame. Sócrates enfrenta MeletoE o deixa embaraçado,Sob o crime, a juventude,O seu significado,Que através da induçãoDeu pra ver que a acusaçãoTrazia um crime inventado. Dizia Sócrates seguroPor igual expediente:“Se  corrompo a juventudeAo lhe falar consciente,Que me condene, eu não temo;Mas, quem diz que digo ao extremo,Esse alguém, por certo, mente”. “Eu peço pra que as pessoasSe ocupem mais da alma,Menos dos corpos e bensQue só tiram nossa calma;Que as virtudes, com certeza,Nenhuma vem da riqueza,Mas, ao contrário, se espalma”. Mostrou Sócrates que Meleto

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Desconhecia a verdade,Que não sabia, sequer,Responder com claridade,Sem sofisma, sem mureta,O que era, ao pé da letra, “Corromper a mocidade”.  Deixou tão embaraçadoQue fez ver que não sabiaO que era bom e mauPara os jovens, com mestria,Enfraquecendo bastanteDevido  a causa intriganteDa acusação que fazia. Porém, a sorte de SócratesJá estava encomendadaPela justiça política, Independente de nada;Sua pena, um grande mal,Pelo próprio tribunalJá estava pré-julgada. Mas, ele com inteligênciaConseguia reverter,Meleto, Anitos, Licão  Não conseguiam manterA acusação infundadaSob a trama maquinadaPelos membros do poder. Restava, portanto, a SócratesPor lei para se livrarFazer súplicas aos juízes,Por costumes, bajular,Ou pagar multa pesadaE pegar, até, a estrada,Fora de Atenas morar. Os juízes pelo jeito Se sentiriam contentes,Não seriam obrigadosA julgar injustamente;Um sábio não matariamE uma chance dariam

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De viver independente. Qualquer pena moderadaQue viesse ele a pedirSeria logo acatada,Seria um feito a cumprir,Pois, não o sacrificavamE, por cima não deixavamAo filósofo de punir. Porém, para frustraçãoDas grandes autoridades,Não reconhecia SócratesA culpa de tal maldade;Que ele como ninguémSó pregou ao jovem o bem,A sua felicidade. Para Sócrates aceitarQualquer pena atenuadaSeria reconhecerA infração praticada,E entre a farsa e a verdadePreferiu, com honestidade,A pena máxima votada. Condenado teve SócratesTrinta dias pra beberA cicuta, o tal venenoQue o faria perecer,Devido ao embate raroCom o monstro “Minotauro”Que Teseu pôde vencer. Um navio oficialPara “Delos” viajavaA fim de comemorarEssa vitória tão brava,E enquanto não voltasseNinguém, de nenhuma classe,Em Atenas se matava. Convidado a evadir-seRecusou sem resistir,Justa ou injusta a lei

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Tinha a mesma que nutrir,Fosse livre ou condenadoDar o exemplo, já julgado,Era acatar, não fugir. E mostrava afeto às leisE exemplo de cidadão,Como outros que tiveramA mesma condenação,Ao agir, justo e honesto,Sem resistência, protesto,Ante a própria punição. Na prisão, em dada hora,Retornando do banheiro,Acompanhado de CrítonSeu mais leal  companheiro,Conversavam, caminhandoQuando logo vão parandoPara ouvir o carcereiro: “Sócrates, grande filósofo,O melhor, mais delicado,Não leves queixas de mimPorque não sou o culpado,Sempre adorei teu estudoE, por isso, eu te saúdo”Disse em pranto derramado. Disse Sócrates para ele:“Retribuo tua saudação...Como tu és fascinante,Generoso na missãoAo lamentar minha sorte,As causas da minha morte,A injusta condenação”. E se virando aos discípulosTomados pela emoçãoEle diz: “me traga o cáliceE a cicuta em proporçãoPara que eu possa, sereno,Ingerir esse venenoPara a minha execução”. 

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Chamou Críton seu criadoFazendo ao mesmo um sinalPara que fosse à cozinha  Buscar a taça, afinal,Com a dose da cicuta,Pondo um fim à vida e à lutaDa educação social. E voltando ao carcereiro,Do mesmo solicitou:“Por tuas experiências, Na missão porque passou,Me certifique, oriente,Como devo pela frenteComportar-me nessa dor”. E o carcereiro falouCom vontade de chorar:“Ao ingerir esse ungüentoProcure, então, caminharAqui nas áreas internasAté que sinta que as pernasJá começaram a pesar”. Sócrates pegou a taça,Levou aos lábios, bebeu.Um cenário de tristezaLogo ali se procedeu...Devido os seus seguidoresEntre lágrimas e dores,A prisão umedeceu. Ele, então, repreendeuPela tristeza estampada,Pelos soluços e prantos,Pela lágrima derramada,Dizendo, pois, que queriaMorrer em meio à alegria,Sentir sua alma exaltada. Sócrates apalpou as pernasE sentiu a sensação,Seria o fim, o venenoJá atingia o coração,Depois se voltou a Críton

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Fez um pedido restritoRecusando a negação: “Devo um galo a Asclépios,Não se esqueça de pagar”Disse Críton: não se queixe,Eu haverei de saldar”.Dito isso, em um segundoPartiu ele desse mundoQue tanto bem pôde dar............................................É isso um resumo em versoDe uma história consagrada,Uma lição que, constante,Deve ser aprofundadaPara o mal da gatuniceE tanta sem-vergonhiceNa política praticada. 

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~"Eu aprendi com a primavera a me deixar cortar e voltar sempre inteira".Cecília Meireles~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~Sítio http://www.geocities.com/fatimavieiraMSN [email protected] http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=9491727024977116352~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~