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COREN-SP • setembro/outubro de 2005 • nº 59 · Assistência humanizada ao recém-nascido Por Daniela Sartorato O quadro de saúde do recém-nascido internado em uma UTI Neonatal

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COREN-SP • setembro/outubro de 2005 • nº 59

Notas 18

Ultimas notícias/cartas 25

Eventos 19

Heródoto Barbeiro 17

prevençãoO poder de suas mãos

internacionalVida em miniatura

interiorSeguuuura Enfermagem!

iniciativaTratamento específico emortopedia: qualidade naassistência de enfermagem

capaA última fronteira

entrevistaEquipe multidisciplinar prestaassistência a pacientes terminaisAparecida Ferreira Mendes

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01ciência e tecnologiaRegenerando vidas

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02mercado de trabalhoUTI Neo-NatalAssistência humanizada aorecém-nascido

ÍNDICE

ABESEValorização do papel daAcademia /3º CABESE 14

Após 30 anos do Conselho Re-gional de Enfermagem do Esta-do de São Paulo, temos muito acomemorar. Foi uma longa tra-jetória de trabalho e esforço demuitos profissionais em prol daenfermagem, com diversas con-quistas. O último exemplar daRevista COREN-SP mostrou umpouco dessa história de vitórias.Nesta edição, temos mais novi-dades e matérias, que trazem al-guns dos desafios da profissão.A matéria de capa fala de umadas questões mais difíceis nãosó para os profissionais da en-fermagem, mas para a socie-dade, que é lidar com a morte.Para vocês, profissionais, o so-frimento e morte dos pacientespodem ser constantes no traba-lho, mas com certeza, é sempreuma parte difícil da profissão. Aentrevista conta com o “depoi-mento” de uma enfermeira quetrabalha com pacientes termi-nais, falando exatamente decuidados importantes dessaassistência e das muitas dificul-

dades. Trabalhamos com assun-tos delicados e polêmicos, masque deveriam ser abordadospor todos os profissionais daenfermagem.Na seção Prevenção, resolve-mos enfatizar a importância dosimples ato, mas fundamental,de higienização das mãos emcada procedimento. Com ele,muitos casos de infecção-hos-pitalar podem ser evitados.Qual o papel da enfermagemnas festas de boiadeiro? Deforma descontraída, a matéria“Interior” explica que é gran-de e obrigatória.Você, leitor, vai observar comouma equipe de saúde multi-disciplinar facilita a assistên-cia, como no exemplo do tra-balho com pacientes termi-nais (Entrevista),e em UTI Neo-natal (seção Mercado de Tra-balho).

Boa leitura,Ruth Mirandapresidente

Desafios da profissão

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Ciência e Tecnologia

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Tudo começou com Ernest McCulloch e James Till. Noinício dos anos 60, esses dois cientistas canadensesfizeram experiências envolvendo a injeção de célulasda medula óssea em ratos submetidos à radiação.Descobriram que elas tinham a capacidade de auto-renovação. Era o primeiro estudo com o que hojeconhecemos por células-tronco.De lá para cá, os estudos evoluíram e se depositanas células-tronco a esperança da cura de várias do-enças. Não é à toa. As terapias aplicadas em sereshumanos têm obtido resultados animadores – e umdeles pôde ser conferido no Brasil.

Do mosaico à reconstruçãoEm abril deste ano, o Dr. Ari Zekcer, médico especia-lista em cirurgia do joelho e medicina esportiva pelaUnifesp/EPM e coordenador da equipe de ortopediado Hospital São Luiz, em São Paulo, anunciou o su-cesso de uma cirurgia inédita, que utilizou células-tronco adultas (veja quadro) para reparar a cartila-gem do joelho de um paciente de 18 anos. “André teve osteocondrite dissecante, uma lesão de-corrente do crescimento rápido. Morreu um expres-sivo pedaço da cartilagem, o joelho o absorveu e sur-giu uma cavidade”, explicou Zekcer para a Revista doCOREN-SP.A solução tradicional consiste na mosaicoplastia, ci-rurgia que retira pedaços de cartilagem de outrasregiões do corpo e os encaixa no local afetado – masnão se consegue cobrir toda a região e, com o tem-po, o paciente desenvolve artrose (degeneração articular).Foi aí que o Dr. Zekcer resolveu aplicar o novo méto-do. “Entrei em contato com as Universidades de Hi-roshima e Osaka. Procedimentos cirúrgicos realiza-dos com sucesso a partir de 2000, no Japão, serviramde base para a realização desse procedimento”.O procedimento consistiu na retirada de 100 mil cé-lulas mesenquimais (tipo de célula-tronco) da medu-la óssea da bacia do paciente. As células foram multi-

plicadas em laboratório. Eram necessárias 10 milhões,e a equipe chegou a 27 milhões. Posteriormente, ascélulas foram cirurgicamente inseridas na lesão (vejadiagrama).Os resultados são promissores. “O tempo de recupe-ração é de mais ou menos 45 a 60 dias e fisioterapianormal em seis meses. O paciente já começou a andarsem muletas”, destaca Zekcer, que tem utilizado célu-las-tronco em outros 20 pacientes, vítimas de artrose.Na época da realização da cirurgia, o ortopedista in-formou que, depois de cinco meses, o paciente seriasubmetido a uma artroscopia para confirmar o cres-cimento da cartilagem. O prazo se completa em se-tembro. O crescimento poderá ser a comprovaçãoda eficácia do procedimento, que insere o Brasil nomapa das grandes revoluções científicas.

RegenerandovidasBrasil realiza cirurgia inéditacom células-troncoPor João Marinho

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Mercado de trabalho

Como o próprio nome já diz, a Unidade de TerapiaIntensiva (UTI) é responsável por pacientes em estadode saúde delicado, que dependem de um acompa-nhamento constante (“intenso”). Nela, existe sempreum clima de angústia, ansiedade e preocupação porparte dos familiares, pacientes e mesmo profissionaisde saúde, perante a responsabilidade e apego emo-cional durante os atendimentos. E quando o pacienteem risco é de um bebê nos seus 28 primeiros dias devida? Para trabalhar em uma UTI Neonatal, o pro-fissional de saúde precisa dispor em primeiro lugarde sensibilidade e paciência, pois está diante de umpaciente que não expõe verbalmente suas dores enecessidades e pais altamente inseguros quanto aofuturo do filho recém-nascido. “Além de prestar oscuidados e estar interada com as inovações tecnoló-gicas, a enfermagem necessita de conhecimento teó-rico-prático, ser versátil, humanizada e perceber asangústias dos familiares, para trazê-los ao convíviodo ambiente hospitalar”, diz Noêmia Aparecida Oli-veira Barros, enfermeira responsável pela UnidadeMaterno-infantil do Hospital e Maternidade Dr. Cris-tóvão da Gama.A equipe de enfermagem de uma UTI Neonatal temum desafio enorme desde a entrada do recém-nasci-do até o momento da alta, sendo que muitas vezes ocontato estabelecido vai além do ambiente hospitalar.Em muitos casos, os bebês internados precisam deum tratamento a longo prazo, após o período de in-ternação, já que doenças freqüentes, como hipotirei-odismo podem levar a graves seqüelas. Mas não só

por doenças e tratamentos os familiares dos bebêsretornam aos hospitais, mas também em gratidãoaos profissionais. Certamente, o ambiente das UTIsneonatais propicia um vínculo entre os profissionaisda enfermagem e familiares do recém-nascido, poisé necessário um trabalho conjunto entre eles durantedias ou meses. “Na verdade, a família toda precisa decuidado e atenção. Facilitamos a entrada e permanên-cia dos pais na UTI, pois para eles não existe horário devisitas. Dependendo da situação, ambos podem per-manecer juntos na UTI e participar de tudo que aconte-ce e é feito com o filho”, diz Silvia Maziero, supervisorade enfermagem da UTI Neo Pediátrica da Unidade In-tensiva da SEPACO.Para muitos profissionais especialistas em neonato-logia, estimular o relacionamento entre os pais e orecém-nascido, conhecido como tríade (mãe, pai e fi-lho), é uma das principais dificuldades, mas essencialna recuperação. Muitos psicanalistas enfatizam o afetoe estímulo biológico e social de um recém-nascido comofundamentais para um desenvolvimento saudável. Oprofissional da UTI Neonato deve estar atento da res-ponsabilidade que tem para estabelecer a ligaçãotríade e a responsabilidade por um trabalho tantotécnico como emocional, a fim de garantir todas asnecessidades do recém-nascido. Para Valéria Concei-ção Torres, enfermeira da UTI Neonatal da Materno-infantil do Hospital e Maternidade Dr. Cristóvão daGama, o profissional que trabalha na área deve termuita sensibilidade ao observar choros, demonstra-ções de desagrado, ajustando-se ao recém-nascidopara minimizar o estresse ao qual é submetido.“Existe uma grande dificuldade em se encontrar pro-fissionais com o perfil para essa clientela”, diz Barros.As instituições de saúde procuram profissionais quetenham além da especialização, características parti-culares, como algumas citadas. “Normalmente, as ins-tituições de saúde oferecem treinamento geral parao profissional de enfermagem recém-admitido, sendooferecido treinamento específico da área de neona-tologia na própria UTI neonatal, com os profissionaisdo berçário. Durante a graduação de enfermagem oenfoque é o recém-nascido normal ou de baixa com-

UTI NeonatalAssistência humanizada ao recém-nascidoPor Daniela Sartorato

O quadro de saúde do recém-nascidointernado em uma UTI Neonatal pode sealterar em poucas horas devido àvulnerabilidade do sistema imunológico.Por isso, são pacientes que requeremcuidados específicos 24 horas por dia.

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plexidade. Não é oferecido conhecimento e nem trei-namento durante a graduação quanto a recém-nas-cido de alto risco”, diz Edi Toma, a enfermeira chefe doberçário anexo à maternidade do Hospital das Clínicasda Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Promoção da saúde para um recém-nascido em risco

O trabalho da equipe de enfermagem em uma UTINeonatal consiste em promover a adaptação do re-cém-nascido ao meio externo, com a manutençãodo equilíbrio térmico (incubadora ou técnica da mãe– canguru), monitoração da quantidade de luz, some umidade. Além de registrar os sinais vitais, provi-denciar a alimentação e os remédios, estimular o be-

bê e incentivar o contato com a família, entre outrasresponsabilidades estabelecidas em um plano deassistência.Com a alta mortalidade nas UTIs Neonatais, os profis-sionais precisam ter rigor no controle das infecções-hospitalares, tornando imprescindível a limpeza fre-qüentes dos equipamentos e a higiene pessoal, comhábitos como “lavar as mãos”. O profissional deve ser,portanto, constantemente treinado para saber atuartambém nesse sentido.Segundo o Ministério de Estado da Saúde, em porta-ria nº 3432, de 1998, todo hospital de nível terciário,com capacidade igual ou superior a 100 leitos, deveter no mínimo 6% dos leitos para a unidade intensivaem geral. Para unidades neonatais, o ideal é a relaçãode um profissional para cada dois recém-nascidos,sendo que todas precisam de um posto, uma centrale uma chefia de enfermagem, com enfermeiros su-pervisores.

Especialização em Neonatologia

Atualmente, muitas universidades oferecem curso deespecialização na área, com conhecimentos teóricose práticos em disciplinas como: enfermagem neonatale perinatal, bioética, processo de cuidar, etc. A duraçãodo curso é geralmente de um ano. “Nos cursos degraduação de enfermagem a abordagem é mais su-perficial do que em outras disciplinas, é uma realidadea ser ressaltada. Há dificuldade na área de estágiopara estes profissionais. A grande chance para quemdeseja trabalhar em neonatologia é a especializa-ção”, diz Torre.

Mãe-canguru:Método que possibilita o

contato e troca de calor entremãe e filho. O recém-nascidofica somente de fraldas emcontato direto com a mãe.

A incubadora ajuda noisolamento e manutenção da

temperatura do paciente

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Mercado de trabalho

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a assistência aos pacientes em estado terminal, os profissionais de saúde,entre eles os da enfermagem lidam constantemente com o sofrimentoe com a questão que mais aflige as pessoas: a morte. Há 24 anos noN

Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo (USP), a enfermeira Aparecida Ferreira Mendes, formadapela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP), passou por vários setores em que acompanhou de perto pacientes emdiferentes estágios para uma morte iminente. Com experiência prática, que vaida assistência ambulatorial à UTI, e por meio de muitos estudos, Mendes seespecializou profissionalmente também em assistir pacientes em estado desaúde crítico. Atualmente, é enfermeira chefe da Unidade de Internação GeralConvênios e Particulares, em trabalho com uma equipe multidisciplinar.

Equipemultidisciplinarpresta assistência apacientes terminais

Por Daniela Sartorato

O suportepara opaciente esua famíliaprecisa serhumano,considerandoaspectosbiológicos,sociais epsicológicos,mas aomesmotempo deveser rápido erealista

Aparecida FerreiraMendes

Enfermeira Chefe daUnidade de InternaçãoGeral do Instituto doCoração do Hospitaldas Clínicas daFaculdade de Medicinada USP

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Entrevista

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Como e quando começou a traba-lhar com pacientes em estágio ter-minal?Em 1998. Estávamos iniciando a pres-tação do cuidado integral embasadona SAE (Sistematização de Assistênciade Enfermagem. À medida em que acompreensão de prestação dessescuidados foi se consolidando, perce-bemos que os familiares passaram anos procurar mais para discutir as si-tuações clínicas e a qualidade de vidade seus parentes. Então, por várias ve-zes, fomos o elo de ligação entre osfamiliares e o médico.

Como se organiza o trabalho queprepara tanto o paciente como afamília para uma morte iminente?Baseado em valores humanitários aequipe multidisciplinar se une parapromover o atendimento mais rápidoe eficiente possível para pacientes ins-titucionalizados no InCor. O diagnós-tico é efetivado pelos médicos após averificação dos exames. Após estabili-zação do estado agravado do pacien-te, os familiares são informados. No re-lacionamento com a família, devemosser serenos e oferecer todo o cuidadonecessário. O trabalho é organizado demaneira a proporcionar dignidade,deixando sempre uma porta abertapara a esperança. Existe um profundorespeito ao paciente e reverência àvida humana.

Como é abordado o estado de saú-de com o paciente nesses casos?Geralmente o esclarecimento dodiagnóstico é realizado pelo médicoe informado à família e à equipe deenfermagem. O melhor caminho parauma relação de confiança é o médicoser a linha de frente no que diz res-peito ao diagnóstico e prognóstico,pois isto define o futuro da relação. Aabordagem da enfermagem se dá pormeio do cuidado prestado com res-ponsabilidade, buscando o aprimora-mento constante na relação Profissi-onal-Paciente e fazendo uso da comu-nicação verbal e não verbal e da es-crita, caso seja necessário (paciente tra-queostomizado, por exemplo). Darmás notícias a um paciente ou familiarcontinua sendo uma parte difícil e es-pecial do trabalho do profissional desaúde. E nós nos comunicamos como paciente partindo de alguns princí-

pios, como: avaliar o estado emocio-nal e psicológico, usar uma lingua-gem clara e simples, expressar tristezapela dor, ser mais humanitário e rea-lista, evitando a tentação de minimizaro problema, mas sem tirar suas espe-ranças, verificar como o paciente sesente depois de receber as notícias;reassegurar a continuidade do cuida-do, não importando o que houver, eassegurar que o paciente tenha su-porte emocional de outras pessoas.

E com a família?A expectativa que a família tem é quealguém dê uma certeza. É justamentepor ser uma situação crítica que elaprecisa de cuidados constantes.A fa-mília é conduzida em um ambienteacolhedor, muitas vezes fora do quartodo paciente, para que a equipe de en-fermagem possa ter uma conversa es-clarecedora sobre a situação do mes-mo. O cuidado de enfermagem é oponto-chave, uma vez que permiteestabelecer intervenções terapêuticascentradas no paciente.

É muito difícil não se envolveremocionalmente com o pacientedurante a assistência?O sofrimento humano sempre existiue não vai desaparecer, não dependeda evolução tecnológica. A boa abor-dagem profissional vai depender da suaprópria capacidade de compreender ador do paciente, respeitando-a. Namedida em que a dor do paciente en-contra um nicho aquecido na vivênciado profissional, ali se aninha e se con-forta. Então o profissional orienta-oquanto ao passo seguinte, quando otempo está realmente contado e apessoa vai falecer em breve. É a fase naqual o paciente prefere a solidão, opouco contato.

Para um trabalho tão delicado, emcontato constante com a morte, épreciso fazer algum treinamentoou acompanhamento psicológico?A Coordenação de Enfermagem de-senvolve 15 projetos, sendo um deleso de “Morte Humanizada” que tem oobjetivo de fornecer suporte hospita-lar para família e paciente fora das pos-sibilidades terapêuticas e preparar aequipe para enfrentar esta passagemao lado do paciente. O profissional daequipe, caso sinta necessidade, pode

ser encaminhado ao Serviço de Ges-tão de Ecossistema Hospitalar para psi-coterapia visando a troca de experi-ências. Devemos lembrar que vivemosem uma sociedade que se caracterizapor uma obsessiva negação à morte.

Existe algum procedimento queseja proibido ou alguma reco-mendação durante o acompanha-mento de doentes terminais?A recomendação que observamosconsiste em atender solicitações como:visita de pessoas queridas, líder es-piritual, alimentos desejados e permi-tidos, manter conforto físico, ambien-te, repousante e aconchegante juntoaos familiares.

A senhora acha que as funções detrabalho dentro dessa equipe mul-tidisciplinar muitas vezes se con-fundem por causa do contato “pró-ximo” com o paciente?Não. A equipe multidisciplinar é aque-la equipe envolvida nos esforços paracuidar com dignidade do paciente, con-siderando-o nos seus aspectos bioló-gicos, sociais, psicológicos e espirituais.Considera-se importante o co-nhecimento de cada profissional quefavorece um diálogo permanente, in-cluindo questionamentos[...] No entan-to compartilhar experiências de outrasdisciplinas exige esforço para admitiros próprios limites e reconhecer anecessidade de superar os obstáculosinsolúveis derivados da própria prática.

De que forma a senhora cuida daEquipe de Enfermagem que atuana prestação de cuidados a paci-entes terminais?Para minimizar o desgaste emocionalde cada profissional, a Enfermeira Che-fe deve estar atenta aos pequenos si-nais, as pequenas perdas. Cabe aos pro-fissionais de enfermagem preservarseus cuidados pessoais como: exercí-cios, alimentação e sono adequado, terinteresses alternativos como hobbiee lazer e quando sentir necessidade,solicitar ajuda. Criar mecanismo pre-ventivo: dispor de tempo para a equipediscutir as dificuldades, manifestar seussentimentos num ambiente acolhedorem que se ofereça apoio, incluindo in-formações e orientações regulares so-bre luto, tanto para a equipe como paraos demais colaboradores.

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Prevenção

Com o simples procedimento da lavagem de mãos, umverdadeiro milagre surge na redução das infecções hospi-talares. As instituições de saúde são uma porta de entradapara fungos, bactérias, vírus e outros microorganismos, jáque recebem pacientes com as mais diferentes patologias,portanto, todos os cuidados com a higiene são imprescin-díveis, principalmente por parte dos profissionais da saúde.“Existe um estudo citando que um terço ou metade das in-fecções hospitalares podem ser prevenidas”, diz o Dr. An-tonio Tadeu Fernandes, coordenador do curso de pós-gra-

duação em gestão e controle de infecção hospitalar daFaculdade Hoyler e responsável pela CCIH (Comissão deControle de Infecção Hospitalar) do hospital do SEPACO.Os profissionais de saúde muitas vezes não se dão conta daresponsabilidade e poder que têm no controle das infec-ções-hospitalares por meio de importantes hábitos, comoa higienização das mãos. Em contato com pacientes, equi-pamentos e fluídos contaminados, as mãos podem funcio-nar como verdadeiras pontes para os invisíveis microorga-nismos causadores das infecções por vias exógenas (ex-ternas).Em grande contato com o paciente, os profissionais da en-fermagem precisam estar atentos em lavar as mãos a cadaassistência. Alguns tipos de bactérias resistentes sobrevi-vem por um longo período nas mãos, criando uma floraperigosa tanto para a saúde do próprio profissional comodos pacientes, que na maioria das vezes, estão propensos adoenças devido à baixa resistência. Embora esse simplesato preventivo seja uma medida abordada na maioria dos

O poder de suas mãosUma pesquisa realizada pelo Ministério Público, em 1994, com 99hospitais terciários vinculados ao Sistema Único de Saúde, localizadosnas capitais brasileiras, registrou 15,5% de infecções-hospitalares

O controle das infecções hospitalaresé um indicador da qualidade deserviços prestados ao paciente.É preciso saber reconhecer as infecçõesmesmo depois da alta hospitalar

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Prevenção

cursos de enfermagem, muitos profissionais não o realizamcomo deveriam por motivos como: falta de estímulo ouestrutura no local de trabalho, sobrecarga de tarefas quefazem com que o profissional esqueça de realizá-lo ou mes-mo por causa das microfissuras decorrentes da lavagemsistemática.

Um marco preventivoNa linha do tempo das medidas preventivas no sistema desaúde, o médico húngaro Ignaz Phillip Semmelweiss ficouconhecido por ter instituído o mecanismo da “higiene dasmãos” nos trabalhos desenvolvidos pela sua equipe, no sé-culo XIX. Percebeu que parturientes contraiam febre puer-peral, que acarretava em muitas mortes, após serem exa-minadas por estudantes de medicina que também realiza-vam autópsias. “A lavagem de mãos é tradicionalmente oato mais importante para a prevenção e o controle dasinfecções hospitalares”, diz a infectologista Raquel MuarrekGarcia, que trabalha SCIH (Serviço de Controle de InfecçãoHospitalar) do Hospital da Sepaco. Alguns estudos apontampara uma redução de 12,24% para 3,04% de mortes noprimeiro ano em que Semmelweiss adotou a medida, e a1,27% ao término do segundo ano.

Novas técnicas: álcool gelCom o intuito de aumentar os cuidados com as mãos, muitasinstituições e profissionais da saúde têm estimulado o usode produtos a base de álcool como opção de antissepsia.Como muitos profissionais reclamam do tempo gasto ouque esquecem de realizar a lavagem convencional a cadaatendimento, o álcool gel passou a ser muito utilizado. “Ogel é prático. Dependendo da qualidade do sabão, podeirritar as mãos. O gel tem melhores propriedades cosméti-cas, melhor aderência”, diz Fernandes.No entanto, mesmo com a importância de produtos práticoscomo o álcool gel, que dispensa água e toalha pela secageminstantânea, muitos profissionais afirmam que a técnica ain-da não foi totalmente aprovada para substituir a lavagemconvencional, feita com água e sabão, geralmente cloro-hexidina ou PVPI (polivinilpirrolidona iodo). “O uso deste

tipo de produto sem a lavagem de mãos é ainda bastantediscutida em nosso meio, embora indicada no manual delavagem de mãos do Ministério da Saúde do Brasil. Um dosmotivos de tal discussão é exemplificado em estudos comoo feito na Noruega onde ficou demonstrada que ainda exis-tia crescimento de microorganismos de mãos contaminadascom 104 microorganismos, e utilizado apenas álcool. Comeste tipo de trabalho, adicionado a outros que demonstrama inefetividade de alguns germicidas a microorganismosresistentes, a questão continua a ser discutida”, diz GarciaMuitos acreditam que o gel é uma boa alternativa à falta dosabão ou mesmo como complemento da lavagem con-vencional.“Muitos tem sido os novos trabalhos indicandoeste produto [álcool gel]”, lembra Garcia. Para ela, é fun-damental a orientação conjunta sobre a lavagem demãos, técnicas assépticas e uso correto das luvas,além de considerar a intensidade do contato com opacientes ou fômites, ou seja, o grau de contaminação equal assistência será realizada.

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Capa

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A primeira reação das pessoas quando fomosaprovar a pauta da matéria de capa da edição58 desta revista foi de surpresa. “É impressio-nante como, mesmo no ambiente onde a morteé algo que constantemente ocorre, ainda haja,entre os profissionais, aqueles que não se sentemà vontade ou não querem falar a respeito.” Anosatrás tivemos acesso a uma reportagem sobre eu-tanásia, distanásia e ortotanásia (veja quadro“Boa morte?”) em que um médico dizia que osprofissionais de medicina não eram preparadospara lidar com a morte de seus pacientes.

A últimaComo os

profissionais deenfermagemlidam com a

morte de seuspacientes

Por João Marinho

“O medo da morte no Homem é universal “Kübler-Ross

fronteira

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Capa

Uma falha global

Cenas da Vida Urbana, IgrejaAbacial de Murbach, França

“Não há preparação. Na faculdade, há aulas sobre a morte e omorrer, mas ninguém sai preparado para lidar com isso notrabalho”, diz a Dra. Iraci Nunes da Silva, enfermeira do setor deoncologia do Hospital Samaritano, em São Paulo.Para a enfermeira Dra. Juliana Cardeal da Costa Zorzo, autora datese de mestrado O Processo de Morte e Morrer da Criança e doAdolescente: Vivências dos Profissionais de Enfermagem, “muitosdocentes não estão preparados para trabalhar com o assunto”.Entretanto, mais do que uma “simples” deficiência dos cursos deenfermagem, a situação faz eco à maneira pela qual a morte éencarada em nossa sociedade.

A psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross é uma das maiores especialis-tas do mundo em terapia de doentes terminais. Em 1965, iniciouem Chicago, Estados Unidos, um projeto que consistia em entre-vistar pacientes desenganados, nos quais também nos inspiramospara escrever esta matéria. As experiências foram reunidas nolivro Sobre a Morte e o Morrer (Ed. Martins Fontes, 1998).Segundo Kübler-Ross, o medo da morte no Homem é universal.A psiquiatra observa que isso se relaciona ao fato de que, emnosso inconsciente, não conseguimos conceber um fim realpara a vida – que, se tiver um fim, será forçosamente por contade algo maligno, fora de nosso alcance.Em seu livro Morte e Desenvolvimento Humano (Ed. Casa doPsicólogo, 1992), a psicóloga Maria Júlia Kovács, citando o autorRobert Kastenbaum, diz que cada um de nós, ao pensarmos em

nossa própria morte, podemos relacioná-la a um dos seguintesaspectos:- Medo de morrer: quanto à própria morte, medo do sofrimentoe da falta de dignidade; quanto à morte do outro, sentimentos deimpotência;- Medo do que vem após a morte: quanto à própria morte, medodo julgamento, do castigo divino e da rejeição; quanto à mortedo outro, da retaliação e da perda da relação;- Medo da extinção: quanto à própria morte, a ameaça do des-conhecido, o medo básico de não ser; quanto à morte do outro,a vulnerabilidade causada pela sensação do abandono;Há, porém, estudiosos que relacionam outras dimensões demedo. A Escala Multidimensional para Medir o Medo da Morte(EMMM), utilizada pela própria Maria Júlia, relaciona oitodimensões, que incluem medo dos mortos, da morte conscientee da morte prematura, entre outros.No artigo “Origens do Medo da Morte”, os psicoterapeutas CelsoFortes de Almeida e Maria Fernanda C. Nascimento afirmam queo medo da morte começa a se instalar antes dos seis meses deidade, quando qualquer ameaça à vida física é percebida comoameaça de morte. Daí em diante, e ao longo da infância, ocorrea experimentação dos sentimentos e das emoções e o medo doabandono e da rejeição. É a “morte emocional”.Embora não necessariamente concorde com a instalação tãoprematura do medo da morte – Almeida e Nascimento chegama situá-la na vida intra-uterina –, Kovács aceita que o abandono, arejeição e a ausência sejam experimentados como morte durantea infância, o que reforça a tese dos estudiosos Herman Feifel e V.T. Nagy de que todos os nossos medos estão relacionados a essemedo maior.

O maior dos medos

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Capa

O profissional de enfermagemprecisa cultivar a percepção daindividualidade dos pacientes,respeitar sua dor, suas crenças,procurar entender a fase em quese encontram e os sinais verbaise não-verbais para auxiliá-los e

a seus familiares

Enterro de St Lucy,de Caravaggio,

Museu de Bellamo,Sinacusa, 1608

Cristo Morto, deAndre Mantegna,

Pinacoteca deBrera, Milão, séc. XV

Enterro em Ornans, de Gustavo Courbet,Museu do Louvre, Paris, 1849

A Persistência daMemória, de Salvador Dalí,

Museu de Arte Moderna,Nova York, 1931

De toda forma, conclui Kovács, o medo da morte tem um ladovital, que é a expressão do instinto de autoconservação. Por isso,deve estar presente , mas se for muito potente e restritivo, podeser letal.

O medo da morte é universal, mas as maneiras pelas quais vi-venciamos essa relação são culturais. Assim, no Ocidente, a morteprogressivamente deixou de ser um eventopúblico para virar um tabu (veja quadro “Umfenômeno ocidental”).Parte do aspecto público da morte semanteve até o início do século XX. “Quandoeu era menino, a morte de alguém nafamília ou na cidade era um acontecimento.Todos iam ver o moribundo [...]. Havia muitabebedeira, comilança e choro”, contaOnaldo Alves Pereira, teólogo formado noBethany Theological Seminary de OakBrook, Estados Unidos, e especialista emreligiões não-cristãs minoritárias e religiõesbrasileiras.Entretanto, ao longo do século passado, a morte se tornou ver-gonhosa. Com o desenvolvimento da medicina, ela ocorre forado lar, institucionalizada (nos hospitais) e sob “supervisão” deprfissionais da saúde. Passa a ser um fenômeno a esconder esobre o qual não convém falar ou pensar.“Ela passa a simbolizar o fracasso [...]. Queremos que a morte‘passe rapidinho’ e tentamos reduzi-la a um acontecimento menor.

Mortos e fracassados

É o que fazemos quando morre, por exemplo, o pai de umaamiga e vamos lá ‘dar uma passadinha’”, explica a psicóloga MariaHelena Pereira Franco, coordenadora do LELu – Laboratório deEstudos e Intervenções sobre o Luto, da PUC-SP.

Laços de família

O impacto é decisivo na área da Saúde: a morte de um pacientetambém é vista como um fracasso do profissional, e o medo

desse fracasso pode levar ao uso deterapias fúteis, que causam, inclusive,mais sofrimento físico e/ou psíquicoao doente (distanásia), que, muitasvezes, sequer é consultado.Em relação à enfermagem, Maria JúliaKovács considera que os cursostendem a focalizar os aspectostécnicos e práticos, com pouco espaçopara discussões sobre o emocional.Isso causa uma grande dificuldadepara os profissionais de enfermagem,já que, via de regra, são eles que

mantêm um relacionamento mais estreito com os pacientes esua família. Forma-se um vínculo afetivo, especialmente comaqueles que passam por longos períodos de tratamento. “É ine-vitável. Eu mesma cheguei a acompanhar o mesmo pacienteem diferentes internações durante 10 anos. Impossível nãoestabelecer um vínculo”, diz a enfermeira Dra. Rosely Moralez deFigueiredo, ao relatar sua experiência de 13 anos com pacientesHIV+.

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Luto e enfermagem

Para a enfermeira Dra. Luciana de Lione Melo, autora datese de mestrado “A Vida que Insiste em Lembrar a Morte:Vivências de uma Criança com Câncer em Iminência deMorte”, o vínculo entre profissional e paciente é positivo e“estende-se a todas as áreas, independente de cuidarmosde crianças, adultos ou idosos”.É certo, porém, que o rompimento faz sofrer o profissionalde enfermagem, que pode, inclusive, entrar em processode luto.A função do luto, segundo a Dra. Maria Helena Pereira, “édar tempo para que a pessoa construa o significado da-quela perda para si, visando a uma mudança”. Portanto, “oprofissional de enfermagem precisa reconhecer que oprocesso de luto é normal, pois ele surge em resposta àsituação de perda”, diz a Dra. Juliana Cardeal.De maneira geral, mortes abruptas de pacientes com quemjá se estabeleceu o vínculo e têm expectativa de cura e/oude pacientes muito jovens são as mais difíceis de lidar. “Aprimeira paciente que perdi era uma garota de 20 anos,que tinha leucemia. A doença estava em remissão, mas,por causa do sistema imunológico debilitado, houve umainfecção, e nós a perdemos em 24 horas. Me senti impo-tente”, conta a Dra. Iraci Nunes.Para a Dra. Luciana, “é essencial que o profissional manifesteas reações de luto: choro, tristeza, pesar, vontade de falarsobre o acontecimento, revolta”. Entretanto, o que ela temobservado “é que o profissional se esforça para não chorar,não gosta de falar sobre o assunto. Dessa forma, não viven-

cia o processo de luto saudável, podendo até manifestardoenças físicas e/ou emocionais”.O envolvimento excessivo, por sua vez, também é prejudi-cial. Nos casos mais graves, degenera em um estado deluto crônico ou na Síndrome de Burnout, desordem psíquicaque pode ter implicações físicas e se manifesta pela exaus-tão emocional e por sentimentos e atitude negativas, comodepressão, dificuldades de relacionamento e uma aparen-te insensibilidade afetiva.Para evitar essas armadilhas, a sugestão da Dra. Rosely é aauto-reflexão. “Quando o profissional ajuda o paciente aprosseguir, ajuda-o a fazer por si, toma consciência do seupapel fundamental, mas limitado, e inicia uma reflexãosobre nossa existência. É essa consciência que dará oslimites”.Não é tarefa fácil, pois, além do problema da formação, oprofissional também não costuma ter apoio em seu traba-lho, salvo o dos colegas.A saída pode ser buscar ajuda psicológica, grupos de apoioou cursos. Há iniciativas promissoras. A Universidade Federalda Bahia (UFBA), por meio do NUREKR I – Núcleo de Renas-cimento Elisabeth Kübler-Ross I, tem abordado a temáticada morte. No Hospital Samaritano, está em implantação oClient Care, projeto que, com a equipe de oncologia, tra-balhará a questão do cuidado de pacientes graves.

(A)o lado do paciente

E qual deve ser a conduta com o paciente? A resposta édada por Elisabeth Kübler-Ross: vê-lo como ser humano,

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Entrevistados

Iraci Nunes da Silva, enfermeira graduada no Hospital AlbertEinstein, especialista em cancerologia. Atua há 10 anos naárea de oncologia e atualmente é enfermeira do HospitalSamaritano, em São Paulo.Juliana Cardeal da Costa Zorzo, enfermeira formada na Es-cola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP/USP) e mestrepelo Departamento Materno-Infantil e Saúde Pública pelamesma escola. Atualmente, é enfermeira encarregada deturno na Clínica Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdadede Medicina de Ribeirão Preto – USP e docente na Uniara(Universidade de Araraquara), nas disciplinas de pediatria.Luciana de Lione Melo, enfermeira formada pela EERP/USP, mestreem psicologia pela USP, doutora em enfermagem pela EERP/USP.Atualmente, é professora do Departamento de Enfermagemda Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, na subárea deEnfermagem Pediátrica.Maria Filomena Ceolim, enfermeira formada pela Unicamp,mestre e doutora em enfermagem pela EERP/USP. Trabalhana área de enfermagem geriátrica e gerontológica e atual-mente, é professora do Departamento de Enfermagem daUnicamp.Maria Helena Pereira Franco, psicóloga, mestre e doutorapelo Programa de Psicologia Clínica da PUC-SP, pós-doutoradapela Universidade de Londres. É professora titular na PUC-SP,professora do curso de especialização em psico-oncologia doInstituto Sedes Sapientiae, fundadora e coordenadora do LELuda PUC-SP e co-fundadora, professora e supervisora do 4Estações Instituto de Psicologia.Onaldo Alves Pereira, teólogo formado no Bethany TheologicalSeminary de Oak Brook, Illinois (EUA), especialista emreligiões não-cristãs minoritárias e religiões brasileiras. Foiatendente de enfermagem entre 1980-1983 e atualmente éassessor sindical e atua em militância nas áreas de fitoterapia,radiodifusão comunitária, político-partidária e de sexualidade.Rosely Moralez de Figueiredo, mestre e doutora em saúde mentalpela Unicamp, onde trabalhou por 13 anos com doentes de Aids.Atualmente, é professora do Departamento de Enfermagem daUniversidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Fontes escritas consultadas

ALMEIDA, Celso Fortes, NASCIMENTO, Maria Fernanda C. “Ori-gens do Medo da Morte”. Celso Fortes (site pessoal). Disponívelem http://celsofortes.sites.uol.com.br/tanatol.htm

ALMEIDA, Marcos de. “Porque a eutanásia”. IstoÉ Gente. Disponívelem www.terra.com.br/istoegente/294/saude/

BUENO, Eva P. “Ngaben ou Pelebon: A festa da morte em Bali”.Revista Espaço Acadêmico, n. 30, nov. 2003. Disponível emwww.espacoacademico.com.br/030/30ebueno.htm

FANTÁSTICO (Rede Globo, edição de 04/09/2005). “Questão deli-cada e polêmica”. Disponível em http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA1028570-4005-351207-0-04092005,00.html

FANTÁSTICO (Rede Globo, edição de 04/09/2005). “A opinião deespecialistas”. Disponível em http://fantastico. globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA1028572-4005-351209-0-04092005,00.html

FRANCISCONI, Carlos Fernando, GOLDIM, José Roberto. “Problemasde fim de vida: paciente terminal, morte e morrer”. Bioética -UFRGS. Porto Alegre: Universidade Federal do R. G. do Sul.Disponível em: www.bioetica.ufrgs. br/morteres.htm

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KLÜBER-ROSS, Elisabeth. Sobre a Morte e o Morrer. São Paulo:Martins Fontes, 1998.

KOVÁCS, Maria Júlia. Morte e Desenvolvimento Humano. SãoPaulo: Casa do Psicólogo, 1992.

MARINHO, João. “Fora de Controle”. Revista do COREN-SP. SãoPaulo, ed. 51, p. 07-11, mai-jun. 2004.

MELO, Luciana de Lione, VALLE, Elizabeth R. M. do. “A criança comcâncer em iminência de morte: revisão da literatura”. Hospitaldo Câncer A. C. Camargo (site). Disponível em www.hcanc.org.br/acta/2004/acta04_20.html

SELMAN, Natasha. “Uma palavra de adeus? Práticas budistas exintoístas no Japão”. Revista Espaço Acadêmico, n. 30, nov.2003. Disponível em www.espacoacademi co.com.br/030/30eselman.htm

ZORZO, Juliana C. da Costa. O processo de morte e morrer dacriança e do adolescente: vivências dos profissionais deenfermagem. Ribeirão Preto: USP (EERP), 2004.

respeitar sua individualidade e ter em mente que ele temdireito a morrer com dignidade. Raciocínio semelhante seestende aos familiares. “O profissional deve ser solidário.Até mesmo chorar junto, se sentir essa emoção”, ponderaa Dra. Maria Filomena Ceolim, enfermeira que trabalhacom idosos há 15 anos.Kübler-Ross aponta cinco fases pelas quais o paciente ter-minal passa:1. Negação e isolamento: manifesta pela expressão “nãopode ser comigo”. Às vezes, resulta em visitas a vários mé-dicos, na esperança de que o diagnóstico seja falso;2. Raiva: não sendo mais possível negar a doença, a reaçãopassa a ser de revolta, ressentimento e inveja de outraspessoas.3. Barganha: o paciente adota a estratégia de fazer “acordos”e promessas, geralmente com alguma força superior, paraadiar a morte.4. Depressão: sobrevém o sentimento de perda dos objetose pessoas amadas. É preciso diferenciar essa etapa, que é aelaboração de um luto por perdas já vividas, da depressãoligada a uma reação contra a doença.5. Aceitação: o paciente aceita a morte e, depois de sedespedir, inicia o processo de desligamento do mundo,com serenidade. Também é preciso diferenciar essa etapade uma desistência precoce.Nem todos passam por todas as fases.A própria Klüber-Ross diz que hápacientes que nunca chegam àaceitação. Os familiares, por sua vez,também enfrentam os estágios – e, em

alguns deles, necessitam de mais apoio que o doente. É oque acontece nas duas últimas fases, quando tendem anão entender a atitude do paciente.Maria Júlia Kovács, recorrendo a outros autores, consideraque a religião pode ajudar, à medida que atenua o medopela certeza do que virá depois. Pessoas muito religiosascostumam ter menos medo da morte do que as mais oumenos religiosas, embora a lógica também funcione dolado oposto: a certeza dos ateístas também tem efeitoatenuante.O profissional de enfermagem precisa cultivar a percepçãoda individualidade dos pacientes, respeitar sua dor, suascrenças, procurar entender a fase em que se encontram eos sinais verbais e não-verbais para auxiliá-los e a seusfamiliares.É preciso, enfim, ouvi-los, mostrar-se disponível e deixarde ver a morte como tabu. Nas palavras de Iraci Nunes daSilva, “quando saímos da faculdade, temos a crença de quecuidamos do paciente para curá-lo. Aprendi que nosso papelé acompanhá-lo natrajetória, indepen-dentemente de qualseja o fim”.

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O Ministério da Saúde reconheceu que por meio daAcademia Brasileira de Especialistas em Enfermagem(ABESE), uma entidade que congrega diversas Socie-dades de Especialistas em Enfermagem, poderá ga-rantir a prestação de serviços especializados em en-fermagem. A medida leva em conta que os profissio-nais precisam comprovar experiência e cursos de es-pecialização nas áreas atuantes para fazer parte daAcademia, com um número significativo de pesquisascientificas.A representação da ABESE, a princípio, será nas Câ-maras Técnicas de Nefrologia, de Assistência Cardio-vascular e da Assistência Traumato-Ortopédica, como parecer técnico de nº 194, expedido pelo Ministérioda Saúde em 14 de julho de 2005.A presidente da ABESE, Ruth Miranda, autora da soli-citação de reavaliação do disposto nas portarias SAS/MS nº 398, nº 399 e nº 400, de 30 de agosto de 2004,comemorou a decisão, pois tem “a inclusão de repre-sentantes das Sociedades de Especialistas nas Câma-ras Técnicas” como uma importante conquista. “Esteé o primeiro passo para que as Sociedades de Especi-alistas sejam reconhecidas e respeitadas pelos órgãospúblicos. É importante ressaltar, também, a respon-sabilidade que isso implica para cada uma das

sociedades”, afirma a presidente Ruth Miranda.A medida é de suma importância para a garantia daassistência de enfermagem à população nos diversosníveis de complexidade, já que são áreas onde o pro-fissional generalista poderia apresentar grandes difi-culdades de atuação. “Esperamos que assim como aSociedade Brasileira de Enfermagem Cardiovascular,a Sociedade Brasileira de Enfermeiros Especialistas emTraumato-ortopedia e a Sociedade Brasileira de Nefro-logia, consigamos em breve a inserção de outras So-ciedades”, diz a presidente.O Ministério da Saúde busca melhorar o atendimentoaos pacientes, nos diferentes níveis de complexidade,com uma equipe de profissionais qualificada e mul-tidisciplinar. É com esse objetivo que o parecer técniconº 194 enfatiza o papel das Sociedades de Especialistas.

Valorização do papel daAcademia Brasileira deEspecialistas emEnfermagemParecer técnico reforça a importância dasSociedades de Especialistas emEnfermagem em selecionar profissionaiscapacitados para o mercado de trabalho

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A Academia Brasileira de Especialistas em Enferma-gem (ABESE), entidade que reúne sociedades de en-fermeiros especialistas, realizou entre os dias 21 e 23de setembro o 3º Congresso Brasileiro de Especialistasem Enfermagem. Pautada pelo tema central “Do sa-cerdócio à especialização, sem perder o humanismo”a programação científica debateu temas voltados pa-ra a educação em enfermagem, prática profissional,saúde do trabalhador de enfermagem, legislação enovas tecnologias.A presidente da ABESE, Ruth Miranda, justificou a es-colha do tema central do congresso na enfermagemespecialista exercida de modo a não perder seu norteno humanismo por existir o temor de que a especia-lização na enfermagem possa “virar do avesso o con-ceito histórico da enfermagem como sacerdócio, em-purrando-o ao extremo oposto da frieza, da mecani-cidade, da impessoalidade”.A conferência de abertura contou com a participaçãodo jornalista Gilberto Dimenstein. Conhecido por suasações e iniciativas de cunho social, atuando, entreoutras atividades, como membro da comissão exe-cutiva do pacto da Criança da Unicef, ele é membrodo Conselho Editorial do jornal Folha de São Paulo eautor de livros como Meninas da Noite e O Aprendizdo Futuro. Seu envolvimento e experiência em ques-tões de cunho social motivaram a diretoria da ABESEa convidá-lo para relatar sua experiência, traçandoum paralelo entre o humano do trabalho que de-senvolve e o humanismo vital ao profissional espe-cialista enfermagem.Durante uma hora Dimenstein compartilhou exem-plos e situações de sua vida profissional e de sua atua-ção em projetos, como o Aprendiz, organização não-governamental, que visa disseminar a proposta detecnologia social, de educação comunitária, que é rea-lizada no “bairro-escola” paulistano da Vila Madalena háoito anos. Destacou, em cada uma das experiências des-critas, a paixão como fator imprescindível para o res-gate do que é humano na realização de um projeto, nodesempenho de uma atividade pessoal ou profissional.

Congresso de enfermeirosespecialistas destaca ahumanizaçãoPor Mônica Farias

A comissão científica do congresso optou por abordarnão apenas a humanização do cuidar pelo profissio-nal, mas também a própria visão humana para com osque exercem a enfermagem. Dentre os temas da pro-gramação científica, a saúde do profissional deenfermagem ganhou destaque. Foram abordadostemas sobre a saúde física e mental. Nesta última, empalestra proferida pela enfermeira, mestre em saúdemental e psiquiátrica, Paula Shinzato, o foco foi sobrea síndrome do burn-out, o desgaste mental decor-rente de questões ligadas ao trabalho – tanto ao am-biente quanto à atividade em si, provocando nos pro-fissionais sintomas como fadiga física, mental, sexuale desmotivação, entre outros. Os reflexos na atuaçãoprofissional costumam ser a deterioração do cuidado,aumento do absenteísmo, abuso de substâncias psi-co-ativas e o abandono da profissão.Enfoque semelhante teve a palestra da enfermeiraIvone Martini, que, dentre as situações em que a en-fermagem tem abandonada a sua condição de serexercida por seres humanos, lembrou ainda existir apostura do próprio profissional, que se sente culpadoem adoecer, desculpa-se pela própria dor, acreditan-do que “existe para cuidar, e não para ser cuidado”.

Gilberto Dimenstein, jornalista, conferencista do 3º CABESE e RuthMiranda, presidente da ABESE

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Nos últimos anos, a Assistência de En-fermagem passou a ser uma ação es-tratégica nas Instituições de Saúde,em busca da qualidade e da minimi-zação dos riscos assistenciais, origina-dos de condutas e atitudes que pos-sam causar iatrogenias.O processo educacional, voltado paraa formação profissional, tem o impor-tante papel de ensinar os caminhosformar o cidadão profissional e, tam-bém, como desenvolver a cidadaniapor meio do exercício profissional. Istoé, ampliar o conhecimento de formaincisiva, permanente e dinâmica. Porisso, é muito importante pensar cons-tantemente sobre o exercício da pro-fissão em busca dos desafios gratifi-cantes ao profissional, principalmentenesse contexto da globalização, emque a velocidade da informação e atecnologia tendem a prejudicar a assis-tência e o ensino mais humanizadosna área da saúde.Um cidadão profissional é o resultadode um processo fundamentado nesseconhecimento e deve ser respaldadonas condições de responsabilidadepelo fazer, no caso, cuidar.Atualmente, o mercado de trabalho,

devido à intensa competitividade,acarreta sentimentos de insegurançae intranqüilidade para o profissional.São muitos os desafios no trabalho quepodem gerar um alto grau de estressee mesmo frustração, resultando em in-satisfação profissional, e até mesmo,na vida pessoal.Portanto, é imprescindível que o pro-fissional tenha plena consciência dos

desafios e obstáculos, convertendo-osem estímulo e motivação. É justamen-te essa a proposta do livro “Curso Didá-tico de Enfermagem”, elaborado porprofessores do Instituto EducacionalSão Paulo, com a coordenação da en-fermeira responsável técnica do Insti-tuto, Enfa. Dra. Andréa Porto da Cruz.A obra resultou de um esforço dos pro-fessores, por quase 18 meses, com abusca da atualização legal, técnica ecientífica dos conceitos necessários àformação profissional competente.Procura desenvolver estratégias didáti-co-pedagógicas que possam transfor-mar a busca do conhecimento estimu-lante.O conteúdo do livro, dividido em doisvolumes, apresenta o conteúdo pro-

gramático do curso de Habilitação Pro-fissional para Técnico de Enfermagem,desenvolvido pelo Instituto Educacio-nal São Paulo, com rica descrição detécnicas das diversas áreas de atuaçãodo profissional.O volume I representa todo o módulodestinado à formação profissional emnível de qualificação para Auxiliar deEnfermagem, tais como: Fundamentosde Enfermagem, Psicologia Aplicada,Saúde da Comunidade, Noções de Saú-de Mental, Nutrição e Dietética, Microe Parasitologia, Anatomia e Fisiologia,Noções de Farmacologia Aplicada, Cál-culos e Diluições de Medicamentos I,Enfermagem em Clínicas Médica e Ci-rúrgica, Enfermagem em DoençasTransmissíveis, Enfermagem em Pron-to-Socorro, Enfermagem em CentroCirúrgico, Enfermagem Obstétrica eGinecológica e Enfermagem Pediá-trica. O volume II, por sua vez, é desti-nado à Complementação de Estudospara Técnico de Enfermagem, quecomportam as disciplinas às compe-tências legais para a profissão, entreelas: Ética Profissional e Legislação, En-fermagem Domiciliar, Noções de Ad-ministração de unidade de Enferma-gem, Farmacologia Aplicada II, Cálculoe Diluição de Medicamentos II, Enfer-magem em Neonatologia, Enferma-gem em Saúde Mental, Enfermagemem Saúde Pública, Enfermagem emUTI e Terminologias em Saúde.

Curso didático de enfermagemvolume I e IIComo associar aqualidade e eficiênciafrente às imensasdificuldades para queocorra um exercícioprofissional consciente,ou seja, livre de riscosprovenientes daimperícia e negligênciaprofissional?

Onde encontrar:

Yendis Editora: Avenida GuidoAliberti 3065 - São Caetano do Sul - SP(11) [email protected]

INTESP: Rua Treze de Maio, 1663São Paulo - SP(11) 32537665 - [email protected]

biblioteca de enfermagem

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A morte é uma tragédia quando atinge alguém de nossa família, ou da nossaquerência. Quando atinge milhares de pessoas desconhecidas são apenas númerosou estatísticas divulgados pela imprensa. Um homem morto no metrô de Londres,suspeito de ser terrorista, mereceu apenas duas linhas nos jornais brasileiros e odesprezo dos veículos eletrônicos. Ao ser identificado como brasileiro ocupou ocentro do noticiário por vários dias seguidos e chegou a ganhar do noticiáriosobre o mensalão. A tragédia é a mesma, um ser humano foi assassinado pelapolícia, mas a qualidade do noticiário não.A mídia banalizou a morte de uma tal forma que dá a sensação que era o destinodessa gente acabar como acabou. Não se aprofunda a explicação dos reaismotivos que levaram a desgraça a tantas famílias. Em um único dia morreramquase mil pessoas em Bagdá, em um tumulto que começou em uma mesquita.Um falso alarme de homem bomba provocou uma grande correria e a multidãopisoteou os que caíram e muitos se atiraram nas águas do Rio Tigre. A maioriados mortos eram crianças e mulheres. Os corpos foram estendidos nas calçadase familiares desesperados choravam. A razão superficial disso tudo foi o tumulto,a razão profunda é o erro da política externa americana no Iraque. É um paradoxocomprovar que morreram mais pessoas depois que a guerra acabou do quedurante o conflito. Milhares de pessoas morreram. Os americanos desestruturaramo estado iraquiano do ditador Saddam, permitiram um verdadeiro saque nosprédios públicos e nada foi poupado. Como reconstruir uma sociedade semum Estado organizado?Um furacão transformou Nova Orleans de uma cidade do primeiro para oterceiro mundo. Deixou nua a pobreza do sul do país. Pobres e negros.Milhares de mortos, saques, tiroteios, repressão policial, pessoas abandona-das à própria sorte nas barbas do riquíssimo Tio Sam. A causa desta outratragédia vai além do rigor da natureza. Mostra que essa população é miserável,negra e desassistida e as cenas eram dignas de uma cidade africana abaladapor uma guerra civil. No meio desses genocídios televisionados lutam contraa morte enfermeiros, médicos, paramédicos, voluntários e visionários queacreditam no ser humano. Esta situação mostra que a distribuição de rendanos Estados Unidos é muito pior do que a nossa vã filosofia é capaz deexplicar Nos gabinetes dos senhores da morte chegam as estatísticas frias einsonsas. As tragédias sempre ocorreram na história da humanidade, porémhoje, graças à mídia, elas não ficam restritas a relatórios de organizaçõeshumanitárias, elas explodem na nossa sala de visitas, graças à televisão. Ouestragam nosso final de semana quando relatadas em um documentário nocinema. È impossível ficar impassível diante de acontecimentos que ceifama vida de milhares de pessoas, sejam eles causados pelo homem ou pelanatureza. Vemos que apesar do domínio da tecnologia espacial, do genoma,da nanotecnologia, da informática, das doenças ainda somos uma espéciefrágil. Esses avanços ainda não alcançaram a maior parte da população doplaneta que vive na miséria, sem assistência e a mercê da brutalidade.Os Estados Unidos começam a recuperar o sul atingido pelo furacão, têmrecursos para isso, recebem ajuda internacional e envolvem Bush, Clinton e Bushpai. Não há dúvidas que em breve Nova Orleans vai ser restaurada e o jazz vaivoltar a ser ouvido nas casas noturnas cheias de turistas. Será que o mesmo estádestinado a Bagdá, envolvida em um verdadeira guerra civil? Para que o socorropossa chegar é preciso um mínimo de organização e nem isso a guerra iraquianadeixou. Infelizmente, para o povo de Bagdá, o furacão não terminou.

Livros

Patch Adams – O amor écontagiosoPatch AdamsInformações: Editora Sextante,tel: 0800 22 6306

Ensaio sobre a cegueiraJosé SaramagoInformações:www.companhiadasletras.com.br

Processo da Enfermagemna UTIJanete Elza FelisbinoInformações: (11) 3168-6077

A Fenomenologia do CuidarDanuta Dawidowicz PokladekInformações: (11) 3146 0340

Filmes

Menina de OuroEUA, 2004Drama, 132 min.

Feliz Ano VelhoBrasil, 1987Drama, 120 min.

Mar AdentroEspanha, 2004Drama, 125 min.

Invasões BárbarasFrança, 2003Drama, 99 min.

Exposições

Cláudio MubaracLocal: Pinacoteca de São Paulo-Lgo. Gal. Osório, 66. Metrô LuzData: até 01/2006Informações: (11) 3337-0185

Museu de Arte Moderna de SãoPauloLocal: Parque do Ibirapuera,portão 3Data: acerco permanente com 4mil obras contemporâneasInformações: (11) 5549-9688

Museu Felícia LernerLocal: Avenida Dr. Luiz ArrobasMartins, 1880 - Campos do JordãoData: acervo permanente a céuaberto com 64 esculturasInformações: (12) 3662-2334

Heródoto Barbeiro

Morte noatacadoHeróto Barbeiro

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Notas e Eventos

IX Congresso Paulista de Saúde Pública -Saúde e DesenvolvimentoData: 22 a 26 de outubro de 2005Local: Universidade Católica de Santos -Campus Dom Idílio - SPEixos Temáticos:-saúde e desenvolvimento político-saúde e desenvolvimento social-saúde e desenvolvimento econômicoInformações: Fone: (11) 3032-6209www.apsp.org.br 8º Congresso Brasileiro de Conselhos deEnfermagem – CBCENFData: 24 a 28 de outubro de 2005Local: Centro Cultural e de Exposiçõesde Maceió - ALTema: Para além da ciência, a docilidadecomo instrumento da enfermagem ver-dadeiraInformações: 0800-2822507www.cbcenf.com.br

III Semana Nacional de EstomaterapiaVI Congresso Brasileiro de EstomaterapiaI Simpósio Internacional de Incontinência III Congresso Nacional de

Auxiliares e Técnicos deEnfermagem

Foi realizado, no último mês de se-tembro, o III Congresso Nacional deAuxiliares e Técnicos de Enferma-gem, com o tema “Reconhecimen-to, participação e responsabilidade”que contou com a presença de RuthMiranda na abertura oficial.

Pesquisadores criam um protótipo de rim com a nanotecnologia

Por meio de uma pesquisa da Universidade da Califórnia, publicada no pe-riódico “Hemodialysis International”, foi criado um dispositivo com a nano-tecnologia para ser utilizado no tratamento de doentes renais no futuro,pois reproduz o funcionamento de um rim normal. Espera-se que já nopróximo ano ele seja testado em mamíferos.Chamado de HNF (sigla em inglês para filtro de néfron humano) tem mem-branas com microestruturas que reproduzem o funcionamento dos néfrons,células modificadas que fazem a filtragem do sangue nos rins.Caso a técnica seja aprovada em humanos, os cientistas esperam uma eficáciaduas vezes maior do que o tratamento com hemodiálise realizado trêsvezes por semana. O dispositivo trabalharia 12 horas por dia se auto-regu-lando de acordo com as necessidades do corpo.

Data: 24 a 28 de outubro de 2005Local: Hotel Vila Galé - Fortaleza-CETema: “Estomaterapia: Ciência, Tecnolo-gia e Empreendedorismo no CuidadoHumano” Informações: (11) 5081-7718www.sobest.org.br/congresso 22º ISQua - International Conference25 a 28 de outubro de 2005Local: Vancouver - CanadaTema: “The International Society for Qual-ity in Health Care”Informações: www.isqua.org I Jornada Norte-Nordeste de VigilânciaSanitáriaIII Semana de Vigilância Sanitária doNatal22 a 25 de novembro de 2005Local: Natal - Rio Grande do Norte Enfoque: Vigilância Sanitária: Olhares eEscutas, Antigas Questões, NovosDesafiosInformações: (84) 3211-4358www.ideiaseventos.com.br/visanatalrn/

IV Congresso Paulista de MedicinaReprodutiva e ClimatérioIV Encontro Internacional do ComitêMultidisciplinar de Reprodução Humanada APMII Encontro Nacional de Embriologistasem Medicina Reprodutiva “Taller”Regional da Rede Latinoamericana deReprodução Assistida14 a 17 de dezembro de 2005Local: Navio Costa Romantica Informações : (11) 3822-4722(11) 3826-3115E-mail: [email protected]: www.spmr.com.br

Agosto de 200628º Congresso Internacional de SaúdeOcupacional ICOHLocal: Milan - ItáliaEnfoque: Renewing a Century of Com-mitment to Safety and Health at WorkInformações: www.icoh2006.it

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Notas e Eventos

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Acordo entre Brasil e Fundação Clinton pretende baixar me-dicamentos anti-retrovirais no país

O Ministério da Saúde e a Fundação Clinton assinaram, em 25 de agosto,um protocolo que inclui o Brasil nos consórcios da entidade para compra demedicamentos anti-retrovirais (ARV) a preços baixos. A intenção é dar apoiotécnico para que o governo brasileiro consiga reduzir preços das matériasprimas para a produção de ARV e dos próprios medicamentos — das 17drogas distribuídas para o tratamento oito são nacionais e nove importadas.O acordo também prevê que o Brasil poderá adquirir testes de diagnósticoe de monitoramento.Uma das prioridades do Ministério da Saúde é fortalecer a produção nacionalde princípios ativos e de ARV no que se refere à sustentabilidade do acessouniversal e à redução progressiva dos preços atualmente praticados.Somente em 2005, o Brasil investirá R$ 1 bilhão na compra de anti-retrovirais,sendo 25% do orçamento do Ministério da Saúde destinado à compra demedicamentos.Atualmente, 90% dos 40 milhões de infectados pelo HIV do mundo estãonos países em desenvolvimento. A fundação Clinton acredita que se oacesso ao tratamento com anti-retrovirais não for ampliado, entre 5 milhõese 6 milhões de pessoas morrerão de aids nos próximos dois anos.

Células-tronco a partir da pele

Nos Estados Unidos, cientistas afir-mam ter criado uma versão híbridade células-tronco, unindo células-tron-co embrionárias cultivadas em labo-ratório com células adultas da pele.A pesquisa, feita por uma equipe daUniversidade Harvard, foi divulgadana Revista Sciense de agosto, e podeser um avanço para o fim da polêmi-ca sobre células-tronco, já que pode-ria tornar dispensável o uso deembriões humanos. A descoberta re-presentaria a cura de muitas doen-ças, como o mal de Parkinson.No entanto, pode demorar anos pa-ra elas serem testadas nas pesquisasdevido a problemas durante o proce-dimento, como apresentar 92 cromos-somos, o dobro de uma célula normal.

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A ortopedia é uma especialidade que exige apri-moramento constante para um atendimento se-guro, eficaz e individualizado devido às peculia-ridades dos cuidados. O Hospital Alemão OswaldoCruz (HAOC), que conta com um grande númerode internações cirúrgicas, observou que 22% delasderivam de causas ortopédicas, o que fez com queuma Unidade de Internação exclusiva para essaespecialidade fosse criada. Também era precisoinvestir no aperfeiçoamento do profissionalpor meio do Treinamento Admissional e Trei-namento Específico.

Com 196 enfermeiros que atuam em diversas á-reas, o HAOC dispõe de um Serviço de EducaçãoContinuada (SEC) para os colaboradores de en-fermagem, que dentro do seu planejamento de-senvolvem os treinamentos. Os enfermeiros par-ticipantes de grupos de estudos no HAOC minis-tram Treinamentos Específicos em parceria com oSEC .Formado em 1989, o Grupo de Estudo em Orto-pedia (GEO), composto inicialmente por enfer-meiros, assumiu um caráter multidisciplinarcom: 11 enfermeiros, 3 médicos e 1 fisioterapeu-ta, sendo que os enfermeiros ministram há 5 anoso Treinamento Específico, a partir de um pla-nejamento baseado no levantamento das ne-cessidades encontradas na assistência de enfer-magem ao paciente ortopédico.

Enfermeiros participam de um grupode estudo multidisciplinar e detectamas necessidades dos colaboradorespara o bom atendimento na ortopedia

Treinamento específico emortopedia: qualidade naassistência de enfermagem

Educação

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Educação

Raio X sobre o Treinamento Específico

Segundo dados estatísticos, dos 138 pacientes sub-metidos à Prótese Total do Quadril (PTQ), implan-tadas no ano de 2004, não houve evidências decomplicações relacionadas aos cuidados deenfermagem, revelando que o treinamento e asreciclagens oferecem resultados concretos.O Treinamento Específico com o tema “Assistênciade Enfermagem ao Paciente com Prótese Total doQuadril e Tração” é realizado mensalmente pelosenfermeiros do GEO com carga horária de 2 horas,com assuntos como definição de PTQ e tração,anatomia coxo-femoral, indicações e com-plicações, visualização da articulação através deRX, apresentação de filme em 3D da instalaçãoesquemática da PTQ na articulação, simulação dainstalação de tração, demonstração dos diversostipos de PTQ e assistência de enfermagem aopaciente com tração e PTQ.Ampliando ainda mais este aprimoramento e vi-sando a melhoria do atendimento ao paciente or-topédico, em 2004 foi realizada a reciclagem deAssistência de Enfermagem em PTQ para todos oscolaboradores que assistem pacientes com oproblema, com o objetivo de atualizar os co-nhecimentos e esclarecer dúvidas.Os recursos metodológicos utilizados para avaliaçãodos treinamentos e reciclagens consistem de:Avaliação de reação: onde o colaborador avalia as-

pectos do treinamento relacionado a horário, tem-po de treinamento, dinâmica, conteúdo, orga-nização e palestrante;Avaliação de aprendizagem: por meio da aplica-ção de um questionário do conhecimento prévioe adquirido (pré e pós-teste).

Impacto do treinamento no trabalho.A importância do conhecimento técnico e científico,que pode advir não só por meio de aulas eexplanações, mas da troca de informações e ex-periências entre os diversos setores, tem comoobjetivo único garantir a qualidade na assistência daequipe de enfermagem, já que esta possui um papelde destaque na recuperação do paciente.Através do comprometimento dos profissionais edo resultado do trabalho em equipe, o HAOC semantém como uma instituição de saúde concei-tuada no país, recebendo em 2004 o prêmio TopHospitalar na categoria “Hospital do Ano” e em2005 o Certificado de Acreditação com Excelência,concedida pela Organização Nacional de Acreditação.

Grupo de estudos em ortopedia – TreinamentoEspecífico: Maria de Fátima Ventura Rodrigues (co-ordenadora), Ruth Leekning, Márcia UtimuraAmino, Cassiane Dezoti, Adriana Abdala, CristianeTalala Zogheib, Edna N. Onoe, Andréa R. B. Moraes,Cristina Esmeralda Moretti, Silvia Helena Valério,Eliane Pires S. Takito.

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Integrantes do Grupo de Estudo em Ortopedia (da esquerda para a direita da mesa): Adriana Abdala, Cristiane Zogheib, Márcia Amino, RuthLeekning,Edna K. N. Onoe, Maria de Fátima V. Rodrigues, Cassiane Dezoti

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Está lá, no Dicionário Houaiss: “nano”, do grego nánnos, “deexcessiva pequenez”, ou nânos, “anão”. Trata-se de um pre-fixo adotado na 11ª. Conferência Geral de Pesos e Medidas,de 1960, para significar o multiplicador 10-9, a bilionésimaparte de uma medida. Assim, o nanômetro (nm) equivalea 0,000000001 m. Essa é a escala ocupada por átomos emoléculas. Aqui, ocorre um “casamento” entre os conheci-mentos da química, da física e da biologia.Nanotecnologia, portanto, pode ser entendida comoa tecnologia aplicada à manipulação desses elementostão pequenos. O objetivo, segundo a proposta de RichardFeynman, que lançou as bases em 1959, é a criação de no-vos materiais e o desenvolvimento de novos produtos eprocessos.O que isso tem a ver a enfermagem? Muita coisa. Invençõesnanotecnológicas têm recebido especial atenção graças àpossibilidade de proverem tratamentos em nível celular emolecular.

Tubos da esperançaUm dos materiais mais promissores são os nanotubos decarbono, base de uma pesquisa feita na Universidade deStanford, Estados Unidos, de autoria dos cientistas NadineWong Shi Kam, Michael O’Connell, Jeffrey A. Wisdom e

Hongjie Dai. O estudo propõe uma nova e eficienteterapia contra o câncer.Nanotubos são minúsculas estruturas cilíndricas de carbonofabricadas pelo homem com uma ou mais folhas de grafeno(nanotubos de paredes simples ou de paredes múltiplas),como são denominadas as camadas da grafite.Eles são tão pequeninos que têm a capacidade de atravessara membrana celular. Essa propriedade faz com que funcio-nem como possíveis transportadores de substâncias para acélula, de onde advém o interesse medicamentoso.Outra característica é que os tubos absorvem luz infraver-melha próxima, conhecida pela sigla NIR (em inglês, near-infrared). Esse tipo de onda, uma das subdivisões do infra-vermelho no espectro – as demais são o infravermelhomédio e o infravermelho estendido –, normalmente passapor nossas células de forma inofensiva.Os cientistas da Universidade de Stanford, porém, desco-briram que, ao colocar uma solução de nanotubos sob umlaser NIR, ela se aquecia até 70ºC em apenas dois minutos.Introduzindo os tubos aquecidos nas células, eles ra-pidamente as destruíam, mas deixavam intactasaquelas que não os haviam recebido.Essa foi a chave para um tratamento experimental contra ocâncer que, ao contrário das terapias atuais, pouparia as

Vida em miniaturaPesquisa utiliza nanotecnologia no combate ao câncerPor João Marinho

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células saudáveis. “É simples e surpreendente. Usamos umapropriedade intrínseca dos nanotubos para desenvolver umaarma que mata o câncer”, disse o Dr. Hongjie Dai.

Atração fatalO próximo passo da pesquisa foi se certificar de que so-mente as células cancerígenas fossem alvo dos nanotubos.A saída foi recorrer à bioquímica. O ácido fólico, ou folato,é um tipo de vitamina B presente na síntese do DNA e doRNA. As células cancerígenas, ao contrário das normais,têm numerosos receptores de ácido fólico em sua super-fície. Revestindo os nanotubos com essa substância, elesforam atraídos pelas células doentes e, após a ativação dolaser sobre elas, rapidamente as mataram.O Dr. Dai explica que o folato é apenas uma opção expe-rimental. Outras substâncias, como determinados anticor-pos presentes em certos tipos de câncer, podem ser usadaspara que os nanotubos ajam contra um tumor específico.Experiências com um rato com tumor linfático já começa-ram a ser feitas.

Para saber mais:KAM, N. W. S. et al. “Carbon nanotubes as multifunctionalbiological transporters and near-infrared agents forselective cancer cell destruction”. Proceedings of theNational Academy of the United States of America, v. 102,n. 33, 16 ago. 2005. Disponível em www.pnas.org/cgi/content/full/102/33/11600

SHWARTZ, M. “Scientists develop nanotech-laser treatmentthat kills cancer cells without harming healthy tis”. StanfordNews Service (press release), 27 jul. 2005. Disponível emwww.stanford.edu/dept/news/pr/2005/nanotube-08105.html

Universidade de Stanford

A Leland Stanford Junior University foifundada em 1891 por Leland Stanford,magnata das estradas de ferro, membro doPartido Republicano e governador daCalifórnia entre os anos de 1861 e 1863. Onome é uma homenagem a seu único filho,morto aos 16 anos de idade, em 1884, apóscontrair febre tifóide em uma viagem à Itália.

A universidade demorou seis anos para serconstruída e nasceu na fazenda de cavalos dafamília na cidade de Palo Alto, no coração doVale do Silício – região em que se encontramos quartéis-generais de gigantes datecnologia, como Microsoft, Apple e HP –,razão pela qual seus estudantes se referem aela como “The Farm”.

Atualmente, a Stanford University tem umcampus de pouco mais de 33 km2, um dosmaiores do mundo, mais de 6,5 mil estudantesde graduação e cerca de 8 mil estudantesgraduados.

Stanford é a sexta instituição mais disputadanos Estados Unidos, depois de MIT(Massachusetts Institute of Technology),Princeton, Yale e Harvard.De seu campus, saíram notáveis como VintonCerf, pioneiro da Internet, o jornalista DanielPearl, morto por terroristas paquistaneses em2002, e a atriz Sigourney Weaver, além de umtime invejável de intelectuais, artistas,executivos e até astronautas.

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Interior

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Com o sucesso da novela América da rede Globo, a “modados rodeios” parece ter ressuscitado e pipocam na impren-sa matérias sobre cowboys, vendas de cabeças de gado ecavalos, além da moda country de chapéus, botas e fivelão.O folhetim da autora Glória Perez, que se transformou nasegunda novela mais vista dos últimos anos, também levan-tou a discussão sobre os maus tratos que muitos touros so-frem e a posição de veterinários sobre o assunto. Mas, o quepoucos lembram é da importância de se garantir a in-tegridade física dos cowboys que montam estes “tourosbravos” e também do público das Festas de Peão de todoo país, o que só acontece graças às equipes de médicos ede profissionais da enfermagem especializados.Uma das maiores Festas de Peão do Brasil, a de Barretos, quecompletou 50 anos de existência em 2005, contou com umaenorme infra-estrutura de atendimento dentro do Parque doPeão – área inaugurada em 1985 especialmente para abrigar afesta, com arena (lugar onde acontecem as competições)projetada por Oscar Niemeyer. Segundo a Assessoria de Imprensada Festa de Peão de Barretos, toda a assistência médica éfornecida aos participantes. Este ano havia dois ambulatórios parao público (um pediátrico e outro adulto). Na arena havia uma salaespecial nos fundos em que uma equipe mista de médicos,enfermeiros e motoristas das UTIs móveis estava de plantão paraatender possíveis acidentes. No total, eram seis ambulâncias:duas na arena, uma na hípica, uma no Berrantão e outras duasnos bretes (local de onde saem os bois para o campeonato),além de 68 funcionários, entre equipe de enfermagem, médicos,motoristas e pessoal de apoio. Toda essa assistência foi garantida24 horas e casos mais graves eram encaminhados à Santa Casada cidade.Contudo, não são todas as Festas de Peão que contam com

tamanha infra-estrutura. O auxiliar de enfermagem Enéas deOliveira Gregório, que também foi candidato a vereador deBarretos afirmou que em campeonatos menores as equipesde enfermagem costumam ser consideravelmente menores.Gregório já trabalhou como auxiliar na Festa de Barretos de1986 a 1990, mas também atuou como técnico deenfermagem em campeonatos menos conhecidos como o deJaguariúna (em 2000 e 2001), e também na Festa do Peão deColina (em 2002). Lá, segundo ele, havia uma equipe reduzidanos bretes formada por um médico, dois profissionais deenfermagem e o motorista da ambulância. E é exatamente nestescasos que a atuação segura e concisa de toda a equipe é essencial.Gregório afirmou que “o risco é muito grande” para ospeões e por isso há sempre um enfermeiro responsável eum auxiliar ou técnico de enfermagem nos bretes, os quaisgeralmente são homens fortes para retirar prontamente o peãoda arena. As mulheres profissionais de enfermagem costumamficar no atendimento ao público, que invariavelmente se excedeno consumo de cerveja fartamente vendida nos rodeios.Não só o trabalho dos profissionais de saúde é fundamental paraa segurança dos cowboys. A assessora Luciana da Festa de Barretosconfirma que sem a equipe de apoio na arena – os famosospalhaços que distraem os bois – o trabalho dos enfermeiros nosbretes seria impossível.Ou seja, muitas vezes, os enfermeiros e sua equipe expõemem risco suas próprias vidas para salvar outras. Em contra-partida, os cowboys ficam tão agradecidos que se cria um fol-clore popular sobre bonificações recebidas por profissionais deenfermagem que cuidam de fissuras, lesões expostas das estrelasdas arenas. O caso mais conhecido é de Tião Procópio, ex-peão eatualmente juiz de rodeios, que se acidentou durante umaapresentação e dentre outras lesões sofreu uma perfuração depulmão. Tião não admite, mas conta-se que depois de curadodeu uma gratificação tão grande para o enfermeiro que cuidaradele que este pôde comprar uma casa.Apesar de toda a estrutura que é oferecida nas Festas de Peão,dentro do Estado de São Paulo e pelo Brasil, não há umalegislação específica ou estatuto sobre o atendimento desaúde que deve ser prestado nestes locais. Há apenas o art.16.III, da Lei n.10.671, de 15 de maio de 2003 do Estatudodo Torcedor, em que consta que é dever da entidaderesponsável pela organização da competição disponibilizarum médico e dois enfermeiros para cada dez miltorcedores presentes. A lei é empregada nos rodeiosque tem o caráter de competição.

Por Graziele Marronato

Profissionais de enfermagem têm atuação fundamental nas Festas de Peão de Boiadeiro

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ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Expediente do COREN-SP

PresidenteRuth MirandaVice PresidenteAkiko KanazawaPrimeira-secretáriaMaria Antonia de Andrade DiasSegunda-secretáriaVanderli de Oliveira DutraPrimeira-tesoureira Rita de Cássia ChammaSegunda-tesoureiraAldaíza Carvalho dos Reis

Presidente da Comissão deTomada de Contas (CTC)Maria Aparecida MastroantonioMembros da CTC

Tomiko Kemoti AbeWilson Florêncio RibeiroConselheiros efetivos

Anézia Fernandes, Francinete deLima Oliveira, Guiomar Jerônimode Oliveira, Lindaura RuasChaves, Magdália Pereira deSousa, Sérgio Luz, Sônia ReginaDelestro Matos, TerezinhaAparecida dos SantosMenegueço

Conselho Regional de Enfermagem de São PauloRua Dona Veridiana, 298 - Higienópolis - São Paulo - SP - CEP 01238-010Fone: (11) 3225-6300 - www.corensp.org.br

Publicação: Demais Editoração e Publicação LtdaFone: (11) 5042-3428 - [email protected]ção e revisão: João Marinho, Mônica Farias, Graziele Noronha eDaniela SartoratoProjeto Gráfico: Arte in Comunicação e MarketingPublicação oficial bimestral do COREN-SP • Reg. Nº 24.929 • 4º registro • 260 milexemplares • distribuição gratuita dirigida

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Parabéns ao COREN-SP pelos 30 anos e pela revista de aniversário, pois mesenti muito orgulhosa de fazer parte desse Conselho de pessoasbatalhadoras e profissionais brilhantes. Parabéns a toda a equipe.Vania Maria de Souza Galhardo Dias - Santos

É com muita satisfação que escrevo novamente para a redação da nossatão querida revista, que vem sempre nos surpreendendo com suas ma-ravilhosas matérias e assuntos que muito tem nos ajudado no nosso dia-a-dia. A última edição (58) que retrata e relata sobre os 30 anos de lutas doCOREN-SP me induziu a uma viagem no tempo e mesmo sem ter participado,ou melhor nem ter nascido quando tudo começou, posso imaginar comofoi difícil legalizar e fazer ser reconhecida a nossa profissão.Altair Vicente Alves - Mocóca

Com grande alegria e orgulho quero parabenizar o COREN- SP pelos seus 30anos de existência, pelo calor humano que nos recebe e cuida de nossacategoria. Parabéns a Sra. Ruth Miranda e equipe.Pedro de Oliveira – Carapicuíba

A revista dos 30 anos do COREN-SP está demais. Matérias interessantes,valorizando a profissão.Ademar R Oliveira – São Bernardo do Campo

Como foi relatado na edição anterior há exatos 30 anos inicia-se a edifi-cação do que hoje é o COREN-SP, onde participaram desta edificaçãohomens e mulheres que deram e ainda continuam dando a importância,valores, respeito e organização a Enfermagem. Graças a tais homens emulheres tivemos e temos conquistas e vitórias. Que esse trabalho su-blime, de dicação, competência e profissionalismo não se apague emnossos corações.Anderson Camacho Silva - Santo André.

Gostaria de parabenizar a todos por fazer um excelente trabalho de re-portagem sobre nossa profissão.Izabel Haila Silva Cardeal – Itapeva

AgradecimentosAgradecemos a Enfª Patricia Torretesi , a Enfª Vera Aquino e os Auxiliares deEnfermagem Anderson Ramos, Maurício Matos Tomé e Helber Fragoso.Agradecemos aos profissionais de enfermagem da UTI Cardiovascular doHospital Nove de Julho, ao atendimento prestado a meu pai.Maria Angélica G. Guglielmi – São Paulo

Agrademos a participação de todos em nossa seção de cartas:Aliceia de Souza Barreto, Artur de Almeida Costa, Débora BarbosaEdilma Barbosa, Leila Maria do Nascimento Rodrigues, Osias Lacerda da Silva,Priscila Sposito de Souza, Regina Maria Martins , Silvia Santos de Souza.Escreva para: [email protected]

Governo financia 41 pesquisas com células-troncoOs Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologiavão financiar 41 projetos de pesquisa com células-tronco adultas - derivadas da medula óssea, docordão umbilical e de outros tecidos - eembrionárias. Todas as propostas selecionadas peloConselho Nacional de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico (CNPq) estão no site: www.saude.gov.br/sctie/decit.

Lista de Denominações Comuns Brasileirasé atualizadaA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)divulga a primeira atualização da lista deDenominações Comuns Brasileiras 2004 (DCB2004), por meio da resolução RDC nº 235/2005.O documento padroniza a nomenclatura e atradução de termos relacionados a fármacos(princípio ativo) e excipientes, usados emmedicamentos. Também revisa os números CAS,código de registro usado mundialmente comoreferência, atribuído às substâncias químicas peloChemical Abstracts Service (CAS). A lista podeser encontrada em:www.anvisa.gov.br/medicamentos/dcb/index.htm.

Proibido uso de Lidocaína em forma líquida espray sem dosadorA Anvisa determinou, em 30 de agosto, a proibiçãodo uso, em todo o país, do medicamento Lidocaína,nas formas líquidas (solução oral) para uso interno ena forma spray, sem o uso do aplicador que garanta aexatidão da dose aplicada.

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