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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR ARISTHARCO PESSOA CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS A NECESSIDADE DO SERVIÇO DE CAPELANIA MILITAR PARA O CBMPB VALDIMARIO ROLIM CAVALCANTE JOÃO PESSOA - PB 2018

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA DIRETORIA DE … · pós-guerra e à nova dinâmica de vida imposta pelos avanços tecnológicos, especialmente na área das comunicações

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA

DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA

ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR ARISTHARCO PESSOA

CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS

A NECESSIDADE DO SERVIÇO DE CAPELANIA MILITAR PARA O CBMPB

VALDIMARIO ROLIM CAVALCANTE

JOÃO PESSOA - PB

2018

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A NECESSIDADE DO SERVIÇO DE CAPELANIA MILITAR PARA O CBMPB

Artigo científico apresentado à banca

examinadora, como requisito final para a

aprovação na disciplina de trabalho de

conclusão do curso de Habilitação de

Oficiais da Academia de Bombeiro Militar

Aristharco Pessoa, do Corpo de

Bombeiros Militar da Paraíba.

Orientador: Professor Especialista Erik

Francisco Silva de Oliveira - TC QOBM.

Data da aprovação:_____/_____/2018.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Erick Francisco Silva de Oliveira – TC QOBM

(Orientador- Professor Especialista)

__________________________________________________________ Susana Thaís Pedroza Rodrigues da Cunha - 1º TEN QOBM

(Avaliadora Interna- Professora Mestre)

__________________________________________________ Gregory William Faria Coelho de Jesus – CAP QOBM

(Avaliador Externo - Especialista)

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A NECESSIDADE DO SERVIÇO DE CAPELANIA MILITAR PARA O CBMPB

Erik Francisco Silva de Oliveira1

Susana Thaís Pedroza Rodrigues da Cunha2

Valdimário Rolim Cavalcante3

RESUMO

O Serviço de Capelania tem se intensificado nestes últimos anos, principalmente no Brasil, devido ao olhar mais aprofundado das Ciências Humanas acerca da necessidade religiosa e espiritual do homem. Diante desta premissa, esse serviço tornou-se necessário nos seus mais diversos campos de trabalho, destacando aqui as organizações militares. A profissão de Bombeiro Militar é excitante e exigente requer muito do emocional do profissional. Pesquisas realizadas por profissionais da área de saúde mental indicam que essa é uma profissão muito estressante e uma boa porcentagem desses militares desenvolvem doenças ocupacionais, dentre elas as mais significativas são os transtornos mentais e comportamentais. Pesquisas também apontam que a religiosidade e a espiritualidade ajudam no combate a esses transtornos. Dessa forma, o objetivo do presente artigo é analisar a necessidade do Serviço de Capelania Militar para o CBMPB, e a maneira em que esse serviço pode contribuir no auxílio aos militares que lidam diariamente com situações estressantes. A metodologia adotada para elaboração da pesquisa foi à bibliográfica, tendo como fundamentação teórica grandes autores e pesquisadores do tema. Nela destaca-se a origem e o conceito da Capelania Militar, a legislação vigente no país acerca do Serviço de Assistência Religiosa, as principais atividades do capelão militar e sua contribuição para o CBMPB. Palavras-chave: Capelania. Religião. Bombeiro Militar.

1. INTRODUÇÃO

O Serviço de Capelania ou Assistência Religiosa e Espiritual, tem se

intensificado nestes últimos anos, principalmente no Brasil, devido ao olhar mais

aprofundado das Ciências Humanas a cerca da necessidade religiosa e espiritual do

homem.

Isso se deve a diversos fatores relacionados à nova realidade do mundo pós-guerra e à nova dinâmica de vida imposta pelos avanços tecnológicos, especialmente na área das comunicações. Essa nova configuração acarretou algumas consequências: o despertamento da humanidade para os aspectos existenciais do individuo; uma maior valorização dos vínculos

1Orientador. Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba Bacharel em Segurança Pública (2002) e Especialista em Segurança Pública (2009) - Polícia Militar do Estado da Paraíba e graduação em Ppsicologia pelo Centro Universitário de João Pessoa (2015). 2Professor Orientador. 1° Tenente do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Pós-Graduada em

Língua Portuguesa(2010) pela Universidade Federal da Paraíba. Instrutora da disciplina de Metodologia Científica do curso de Formação de Oficiais Bombeiro Militar da Paraíba. 3Aluno do Curso de Habilitação de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba.

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interpessoais; a expansão da visão holística sobre o homem e as organizações; bem como a busca das instituições por integrara os interesses corporativos, individuais e sociais (ALVES, 2017, p.126).

Diante desta premissa, o serviço de Capelania tornou-se necessário nos seus

mais diversos campos de trabalho tais como: hospitais, presídios, escolas,

universidades, empresas, e também nas organizações militares. Segundo Alves

(2017) desde os primórdios dos tempos, a religiosidade está presente de alguma

forma nas organizações humanas. Carl G. Jung, grande psiquiatra e psicoterapeuta,

fundador da Psicologia Analítica diz que a religião é algo inerente ao ser humano, ou

seja, o ser humano é um ser religioso, deste modo, ele precisa da religião, da fé,

para vencer os diversos obstáculos do dia-a-dia. O Dr. Harold Koenig, psiquiatra

norte-americano, um dos maiores pesquisadores mundiais sobre religiosidade e

saúde, diz que a espiritualidade tem a ver com a saúde, não apenas a saúde física,

mais também ela é importante para as emoções. Pessoas que são religiosas, e

praticam sua fé, têm vidas mais saudáveis, mais felizes e mais longas. O Serviço de

Capelania Militar tem essa implicação, contribuir com a prática religiosa e espiritual

dos militares e seus familiares, levando em consideração que essa prática é boa

para sua saúde física, mental e também, a saúde nos seus relacionamentos com

familiares, amigos e colegas de trabalho.

O Serviço de Capelania Militar – acompanhamento religioso e espiritual a

militares – não é uma modalidade nova. Tomando por base a narrativa bíblica,

percebemos que desde o início da humanidade as Forças Militares já se faziam

necessárias; Segundo Mello (2011), a atuação de líderes religiosos ao lado de

militares é observada entre povos de diversas partes do mundo, em tempos remotos

da história da humanidade, a presença de um Capelão em postos militares era algo

de fundamental importância, para o acompanhamento emocional, o aconselhamento

e o suprimento das necessidades religiosas e espirituais dos combatentes – a

segurança de ter um Deus que está guardando e consolando é um conforto, para

aquele que está no campo de batalha tendo que enfrentar a morte. Essa realidade,

nos campos de batalha, está descrita nos registros históricos do Império Romano,

bem como na tradição cristã.

O Bombeiro Militar da Paraíba não difere daqueles militares dos séculos

passados que enfrentavam campos de batalhas dispostos a perderem suas vidas no

cumprimento da missão. São profissionais que todos os dias lidam com situações de

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riscos no desempenho de suas atividades. O “bombeiro humano”, que também tem

sua família e seus problemas pessoais têm suas emoções abaladas, sua

espiritualidade enfraquecida, necessitando na maioria das vezes de uma palavra de

conforto e acolhimento, o que justifica a necessidade do Serviço de Assistência

Religiosa (SAR) que perpassa o aspecto profissional e entra na seara do ser

indivíduo formado e construído socialmente, justificado pela necessidade de culto

religioso que o matem arraigado no contexto social que o compreende

historicamente.

O presente artigo tem como objetivo compreender a necessidade do Serviço

de Capelania Militar, ou seja, da Assistência Religiosa e Espiritual para o CBMPB,

buscando de forma especifica conceituar a Capelania Militar; apresentar os

fundamentos científicos e históricos; descrever a necessidade desse serviço para o

CBMPB e por fim; relacionar as principais atividades em que o Capelão Militar pode

desempenhar dentro da corporação e aos familiares destes. A metodologia adotada

para essa pesquisa versa sobre uma abordagem básica fundamental de fatos,

análise documental e bibliográfica de caráter observacional e exploratória a partir de

uma abordagem qualitativa desenvolvida com base em materiais já elaborados

como artigos científicos e livros sobre o serviço de assistência religiosa e espiritual

no contexto militar. O artigo está organizado da seguinte forma: inicia-se com uma

introdução do tema, o desenvolvimento está pautado em pontos fundamentais para

a compreensão da temática; iniciando com a conceituação, fundamentos históricos e

científicos da capelania, em seguida um breve histórico da Capelania Militar no

Brasil, bem como a legalidade e a importância do serviço, destacando as principais

atividades do Capelão Militar, o último ponto apresenta os aspectos gerais da

profissão de bombeiro militar, encerrando o desenvolvimento será abordada uma

discussão do tema proposto na pesquisa. E por fim as considerações finais

discorrerá o resultado final da pesquisa, destacando sua necessidade e relevância

para o CBMPB. Os referenciais teóricos utilizados na elaboração, e as obras

científicas consultadas serão elencados na referência.

2. CONCEITUAÇÃO E FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA CAPELANIA

2.1 ORIGEM E CONCEITO DA CAPELANIA

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Segundo Almeida, M. (2006, p.19) deste a “[...] antiguidade clássica existem

registros históricos da prestação da assistência religiosa a militares”. Conforme a

história geral apresenta atravésdos relatos históricos de historiadores do século IV, a

prestação da Assistência Religiosa4 em campos de batalhas se deu devido ao fato

de ter Constantino, Imperador Romano, aderido ao Cristianismo. Segundo Justo

González (2011), dois historiadores cristãos que conheceram Constantino,

Lactâncio5 e Eusébio de Cesáreia6 relatam em seus escritos que em vésperas da

batalha este teve uma revelação, essa revelação alguns dizem que seria um sonho,

outros acreditam ter sido uma visão na qual Constantino via um sinal no céu em que

dizia “Com este sinal vencerás”, o sinal era as duas letras gregas X e P, as

quaiseram as iniciais do nome de Cristo em grego, deste modo ele ordenou que

seus soldados colocassem o símbolo nos seus escudos e saíram para vencer

abatalha, atribuindo a vitória a Jesus Cristo, assumindo a partir de sua experiência

pessoal com o Deus dos cristãos um compromisso com o Cristianismo.

Conforme Alves (2017) Hermas Sozomenus7, relata em sua História

Eclesiástica, escrita entre os anos 439 e 450, as providências tomadas por

Constantino, nas guerras:

[...] cada vez que devia afrontar a guerra, costumava levar consigouma tenda disposta a modo de capela, para quando viessem aencontrar-se em lugares solitários, nem ele, nem o seu Exército fossem privados de um lugar sagrado onde pudessem louvar ao Senhor, rezar em comum e celebrar os ritos sagrados. Seguiam-no osacerdote e os diáconos com encargo de atender ao local sagrado ede nele celebrar as funções sagradas. Desde aquela época, cadauma das Legiões Romanas tinha a sua tenda-capela, assim como osseus sacerdotes e diáconos adstritos ao serviço sagrado (MACEDO apud ALVES 2017, p.63).

Não importa a situação, ou o contexto em que o homem, esteja ele precisa da

divindade segundo Alves (2017, p.64) “[...] independentemente do conceito de Deus

4Conforme o Dicionário Jurídico da Academia de Letras Jurídicas, Assistência Religiosa é o acompanhamento assegurado, nas instituições civis e militares de internação coletiva, aos seguidores de qualquer culto religioso. Cf. L 6923, de 29.6.1981. 5Lúcio Cílio Firmino Lactâncio nasceu em 240d.C. professor de retórica em Necomedia (atual Izmit),

autor de várias obras, tornou-se conselheiro de Constantino, o primeiro imperador romano cristão, faleceu em 320 d.C. 6Considerado Pai da História da Igreja, Eusébio nasceu em 265 d.C. foi Bispo de Cesáreia e escritor

da história do Cristianismo Primitivo, iniciou a obra sobre “A vida de Constantino” em 337, não chegou a conclui-la, pois faleceu em 30 de maio de 339. No entanto, a obra tem grande valor histórico pelos documentos que a incorpora. 7É considerado um dos historiadores mais famosos da igreja cristã, Sozomenus nasceu em 375 d.C.

em Betélia região de Gaza, escreveu dois importantes trabalhos sobre História Eclesiástica, dos quais apenas o segundo perdurou. Nessa obra composta por nove livros, relata os acontecimentos no reino de cada um dos imperados romanos; precisamente os livros I e II trata-se da vida de Constantino desde sua conversão ao cristianismo em 312 d.C. até sua morte em 337 d.C.

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adotado por guerreiros [...] o ser humano admite suas limitações e necessidade da

proteção e ajuda divina”. Esse sentimento religioso não os faz fracos, pelo contrário,

é o que lhe traz confiança e esperança para projetarem o futuro e viverem o

presente.

Quanto ao conceito do vocábulo capelania, existe a ele atribuição da lenda de

São Martinho de Tours. O referencial histórico para o vocábulo está em Martinho,

cristão e militar do Exército Romano no século IV:

São Matinho de Tours, sua experiência mística e a lenda a ele atribuída constituem o referencial histórico a partir do qual se origina a nomenclatura “capelania”, que tem sido utilizada para denominar, designar, tipificar, qualificar, ou classificar o serviço religioso especializado prestado pela igreja, por meio de capelães (ALVES, 2017,p.64).

Conforme Antunes (2014) relata na análise que ele faz acerca dabiografia de

Martinho de Tours, escrita entre o IV e o V século da era cristã por Sulpício

Severo8,Martinho nasceu por volta de 316 numa família pagã9, era filho de um oficial

do Exército Romano que atuava na Panônia, hoje Hungria. Quando entrou na

adolescência, começou a admirar as virtudes e os exemplos dos cristãos e começou

a gostar muito do convívio com eles e da doutrina de Cristo, decidiu então seguir a

religião cristã. Seu pai era um forte opositor ao Cristianismo – pois, para ele o

Cristianismo era uma religião falsa, por ensinar que o cristão deve oferecer a outra

face aos ofensores, em seu entendimento isso seria traição ao Império Romano.

Como medida para afastar seu filho da influência do Cristianismo, alistou-o no

Exército, aos 15 anos de idade.

Em 338 d.C., Martinho teve uma experiência religiosa de natureza mística que

transformou sua vida. Na entrada da cidade de Amiens, no norte da França:

E a dada altura , quando já não tinha nada para além das armas e da simples veste de militar, a meio de um inverno que se eriçava mais asperamente do que o habitual, ao ponto de a força do frio fazer muitos sucumbir, haviajunto à porta da cidade de Amiens um pobre nu. Embora este suplicasse aos que passavam para dele se apiedarem, todos passavam ao lado do desgraçado. O varão, arrebatado em Deus, compreendeu, enquanto os outros não prestavam qualquer tipo de auxílio, que aquele estava guardando para si. Mas, o que fazer? Nada tinha para além da clâmide, com a qual se cobria: pois já havia gastado o que lhe restara numa obra semelhante. Então, arrancando a espada que tinha à

8Nasceu em 363 d.C na Aquitânia, foi escritor cristão conhecido por sua História Sacra, e também por

sua biografia de Martinho de Tours, devido a grande influencia que o bispo de Tours, Martinho exerceu sobre sua vida, a pondo de doar todos os seus bens aos pobres e decidir viver uma vida simples dedicada a meditação e a oração, faleceu em 425 d.C, sem deixar filhos. 9Pagã – Termo que designa uma pessoa que não tem o Cristianismo como sua confissão de fé, e que

adotava práticas religiosas romanas, referente à adoração aos deuses da mitologia greco-romana.

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cintura, rasga-a pelo meio e doa-a ao pobre, cobrindo-se novamente com a outra metade (ANTUNES, 2014, p.28).

Segundo Santos (2017) a lenda diz que na noite seguinte, Martinho teve um

sonho no qual Jesus lhe aparecia vestido com a parte da capa que ele havia dado

ao mendigo, e dirigindo a palavra a ele lhe disse: “Martinho, sendo ainda

catecúmeno, vestiu-me com este manto”. Após a experiência ele recebeu o batismo

e tornou-se cristão, sendo posteriormente consagrado a diácono e aos 55 anos de

idade consagrado bispo de Tours, tendo servido 40 anos de sua vida ao Exército

Romano. Seguindo a narrativa de Santos (2017) a capa compartilhada com o

mendigo tornou-se relíquia após a morte do soldado e bispo, São Martinho de Tours,

passando a ser conduzida pelos reis Francos nos campos de batalha, com o

propósito de ajudar nas vitórias. Essa relíquia tão valiosa para os militares passou a

ser guardada em uma cabana, construída com esse propósito, recebendo o nome

de Capela. A fim de que recebesse o cuidado necessário foi designado um religioso

como o seu guardião. Esse guardião recebeu o nome de Capelão, dando origem ao

cargo de Capelão no ambiente Militar.

O vocábulo “capela”, em português, veio a significar, por fim, um templo cristão secundário destinado à prestação de assistência religiosa ea grupos específicos de pessoas ou a comunidades religiosas. Por isso, existem capelas em colégios, universidades, presídios, conventos, quartéis, castelos, fazendas etc. Já os vocábulos “capelão” e “capelães”, na língua portuguesa, originam-se, respectivamente, de capellanusecapellani, do latim. Referem-se originalmente às pessoas responsáveis pela proteção do local onde ficava guardado o manto de São Martinho; posteriormente, referiam-se às pessoas responsáveis pela prestação de assistência religiosa aos frequentadores das capelas, tanto sacerdotes, quanto pastores e outras categorias de líderes religiosos (ALVES, 2017, p. 66,67).

Com base no contexto histórico da origem e do conceito da Capelania,

percebe-se claramente que o conceito evoluiu e se expandiu não abrangendo

apenas o ambiente Militar, atuando, porém, em vários outros contextos da

sociedade. Em termos de definição, na era contemporânea conforme Vieira (2011,

p.9) acapelania é“uma espécie de espaço do sagrado, de apoio espiritual e ético e

de consolo dentro das instituições que a adotam”.

2.2 FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA CAPELANIA

Apesar dos tempos serem outros, o homem continua o mesmo em seus

anseios, incertezas, medos e, necessidades espirituais. Os fenômenos religiosos

são observados desde os primórdios da humanidade. O homem é um ser religioso,

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esse é um consenso da maioria dos autores que estudam a predisposição inata do

homem à religiosidade. A religiosidade está presente em todos os povos, culturas, e

etnias, ou seja, em todas as organizações humanas. Segundo Santos e Ramón

(2007, p. 85) “O comportamento religioso do ser humano, nos seus aspectos éticos,

sócio-culturais e psicológicos, é objeto privilegiado de estudo por parte de todas as

chamadas Ciências Humanas.” Conforme as palavras dos autores podem-se,

entender que, em sentido geral, a Capelania tem um caráter psicossocial, validando

então; o papel fundamental do capelão que é cuidar e zelar da sociedade,

contribuindo intensamente para a saúde espiritual e emocional do ser humano.

A partir de meados do século XX Alves (2017) discorre que tem crescido o

número de cientistas que, além de cultivarem a espiritualidade, também constatam

cientificamente sua importância para o desenvolvimento do ser humano e de suas

organizações. Segundo Almeida, M. (2006), o psiquiatra Carl Jung destaca essa

importância:

Jung considera a religião uma estrutura psicológica da personalidade humana. Portanto, a religião ocupa lugar importante na experiência humana, e, por consequente, esta importância não é menor no ambiente militar. Tal olhar sobre as crenças religiosas pode consolidar-se como factível contribuição ao trabalho dos capelães militares. Sobretudo, porque o papel do capelão militar traduz-se no papel do “guia espiritual”. Este adjetivo é apresentado na obra Psicoterapia e Direção espiritual (1995), na qual Jung entende o homem passível de necessidades espirituais que só podem ser supridas por sua experiência de encontro com “numinoso”

10

(ALMEIDA, M. 2006, p.34, grifo nosso).

Segundo Alves (2017, p.126) o crescente interesse pelo lado espiritual do ser

humano, pode ser percebido na própria evolução do conceito de saúde, ele destaca

o seguinte:

Uma Resolução pública na Emenda da Constituição de 7 de abril de 1999 da Organização Mundial da Saúde propõe incluir o âmbito espiritual no conceito multidisciplinar de saúde, que agrega, ainda, aspectos físicos, psíquicos e sociais.

Ao citar Valadares, Alves diz que o referido autor ao comentar o conceito de

saúde, conclui:

[...] assim, saúde é considerada neste texto como um estado de equilíbrio dinâmico multidimensional, envolvendo tanto aspectos da homeostasia (processos bio, físico, químicos e ambientais) como psicossociais (espiritual, mental, emocional, perceptivo e comportamental) e culturais (saberes, fazeres, regras, normas, estratégias, crenças, ideias, valores, mitos) que se influenciam mutuamente (ALVES, 2017, p.126,127).

10

Numinoso é um termo utilizado por Jung para designar o estado de vivência que o homem possui acerca de questões sobrenaturais, geralmente sagradas, transcendentais ou de divindade, comportando-se e sendo influenciado por essas questões.

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Nas palavras de Alves (2017, p.127) “[...] ideal de saúde integral [...] está na

base do desenvolvimento da assistência religiosa e espiritual [...], pois diz respeito

ao trato com o ser humano de uma forma geral”. Podemos considerar então, que o

Serviço de Assistência Religiosa, ou seja, a Capelania tem todo um fundamento

científico, pautado nas Ciências Humanas, por se tratar do homem numa visão

holística.

3. BREVE HISTÓRICO DA CAPELANIA MILITAR NO BRASIL

A necessidade que o homem tem acerca das coisas espirituais, e pelo divino

tornou o Serviço de Assistência Religiosa necessário, dando origem ao cargo de

capelão. Deste modo conforme Almeida, M. (2006) Capelania chegou aqui ao Brasil,

em 1500, logo após a conquista portuguesa em nossas terras:

Quando Pedro Álvares Cabral aportou na Ilha, logo batizada de Ilha de Vera Cruz ordenou a celebração, em 26 de abril de 1500, de uma missa como ato de posse da nova terra. Esta missa foi oficiada por Frei Henrique Soares de Coimbra, superior dos Franciscanos missionários que compunham a frota Cabralina. Vale notar que esses religiosos eram Capelães da Armada de Pedro Álvares Cabral. Sendo assim, o ato religioso da Primeira Missa pode ser considerado como o primeiro serviço de assistência religiosa prestada a militares da Ordem de Cristo em nosso país (ALMEIDA, M.2006,

p.20,21).

Conforme as palavras da carta de Caminha (1500)11a El-Rei de Portugal em,

1º de maio de 1500 percebe-se o quão importante foi aquela missa diante da tropa,

após vários longos dias sem praticarem sua religiosidade, o autor relata essa

importância:“Acabada a missa [...] em uma cadeira [...] nos pregou o Evangelho [...]

tratando no fim da pregação desse vosso prosseguimento tão santo e virtuoso, que

nos causou mais devoção”.Dessa forma prosseguiu-se o serviço de Assistência

Religiosa e Espiritual aqui no Brasil por meio dos sacerdotes Jesuítas, Carmelitas e

Franciscanos, dando apoio e orientação moral aos militares portugueses. De acordo

com Mello (2011, p.73) “Imediatamente depois da independência, entre 1824 e

11

Pero Vaz de Caminha foi escritor de nacionalidade portuguesa e participou da esquadra, comandada por Pedro Álvares Cabral, que chegou ao Brasil em 1500. Sua função era de escrivão da

esquadra. A carta do descobrimento, também conhecida como "Carta de Pero Vaz de Caminha", redigida por ele e enviada ao rei de Portugal, Dom Manuel I. Nesta carta ele relatou com detalhes a paisagem do litoral do nordeste brasileiro em 1500, os índios que habitavam e os primeiros contatos entre portugueses e indígenas, foi relatado também o exercício da religiosidade por parte da esquadra portuguesa em por os pés em terra firme. É um das principais fontes históricas sobre o Descobrimento do Brasil.

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1831, pelo Decreto desete de julho de 1825 foi criado o cargo de Capelão-Mor, para

o qual existiam normas, instrução militar e uniforme, como o dos demais capelães”.

Segundo Crivelari (2008) apesar de já existir um capelão-mor, apenas em

1858, o ofício de Capelania na área militar recebeu o nome de Repartição

Eclesiástica. Em 1899, o serviço foi abolido e apenasdurante a Segunda Grande

Guerra Mundial em 1944, por sua notória importância aos combatentes brasileiros

na guerra, o serviço foi restabelecido conforme descreve Crivelari (2008, p.27):

O Brasil tentou de várias formas manter-se na neutralidade, mas diante da felonia do inimigo, acarretando reflexos para a economia, nasce em 9 de agosto de 1943 a FEB, a Força Expedicionária Brasileira. Antes dos pracinhas se dirigirem à Europa, ocorreu um desfile na cidade do Rio de Janeiro e diante de milhares de brasileiros, os futuros combatentes desfilam encerrando com as enfermeiras. Após gritos, palmas e vivas à tropa, no palanque presidencial o Chefe de Estado, doutor Getúlio Dornelles Vargas, questionou o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Jayme de Barros Câmara, que estivera ao seu lado, se gostara do desfile. Dom Jayme, diante do Chefe do Brasil, disse que faltavam os capelães. No dia seguinte, 25 de maio de 1944, Getúlio Vargas cria o Corpo de Capelães tendo em mente o que disse Rui Barbosa em um de seus discursos: “Não pode haver disciplina na terra sem a docéu” [...] em 26 de maio de 1944, foi assinado o Decreto-lei nº 5.573 que criava o Serviço de Assistência Religiosa [...] A assistência religiosa foi de tamanha relevância que terminada aguerra foi assinado o Decreto-lei nº 8.921, de 26 de janeiro de 1946, estendendo a Assistência Religiosa à Marinha e à Força Aérea.

Entende-se que o Serviço de Assistência Religiosa e Espiritual, no Brasil, tem

seu início no Exército Brasileiro em meados do século XX. Como marco na história

da Capelania Militar, o Exército Brasileiro comemora no dia 13 de fevereiro, o Dia do

Serviço de Assistência Religiosa, homenageado seu patrono, o Capitão Antônio

Álvares da Silva, Frei Orlando.

3.1 LEGALIDADE DO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA RELIGIOSA E ESPIRITUAL

MILITAR NO BRASIL

Conforme Crivelari (2008) ,Em 26 de maio de 1944, foi assinado o decreto lei

de nº 5.573 por Getúlio Vargas oficializando de vez esse Serviço no Exército

Brasileiro, o qual contribui para a legalização e existência da Capelania Militar em

outras Forças Auxiliares do país, a partir destaoficialização outras leis e decretos

foram criados no âmbito das Forças Auxiliares, a lei que atualmente regulamenta o

Serviço de Assistência Religiosa das Forças Armadas (SARFA), no Brasil é a Lei de

nº 6.923 de 29 junho de 1981.

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A Constituição Federal do Brasil12, em seu preâmbulo, já nos remete a

importância de contarmos com a Proteção de Deus, logo nos é garantido liberdade

para adorá-lo e servi-lo seja de maneira individual ou coletiva e isso inclui as

instituições de internação coletiva, como é no caso a organização Militar.

No art. 5º e incisos citados a seguir, podemos ver claramente o direito

constitucional de termos um serviço de Capelania nas várias instituições da

sociedade:

Art. 5ºTodos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou deconvicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, grifo nosso).

O Brasil é um Estado laico, como garante a Constituição Federal art. 19,

inciso “I”, deste modo como fica a Capelania Militar? Estado laico não é sinônimo de

Estado ateu; No próprio preâmbulo da Constituição Federal, nas cédulas do Real,

com a expressão “Deus seja Louvado!”. O Estado é laico por não sofrer influência de

entidades religiosas, segundo Alves (2017, p.107, grifo nosso) “[...] há primeiramente

limitações de natureza laica do Estado e, de forma secundária, uma ressalva que

aparece com a presença do interesse público [...]”.

[...] a “ressalva” que vem logo a seguir [...] abre a possibilidade de quaisquer relações entre religião e Estado que visem à colaboração de interesse público. [...] a laicidade [...] não pressupõe separação total da religião nos assuntos estatais. O Estado pode efetivar alianças ou manter relações com cultos religiosos ou igrejas, desde que tais alianças ou relações possuam interesse público, beneficiando a coletividade estatal (ALVES p.108, 2017).

O Estado brasileiro é laico, mas os cidadãos possuem o direito de adotar a

posição que melhor lhes convier, individual e coletivamente, em matéria de religião,

logo o Serviço de Assistência Religiosa e Espiritual é direito do militar, ou seja, a

12Constituição Federal. Lei fundamental e suprema do país, a Constituição da República Federativa doBrasil, foi promulgada em 5 de outubro de 1988. Isto é, a Assembleia Constituinte, formada por deputados e senadores eleitos pelo povo,escreveu e aprovou uma novaConstituição, que também pode ser chamada de Carta constitucional. Nela o Estado democrático destina-se a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos.

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Capelania Militar é um serviço de interesse público. Entende-se que o Estado dá o

direito e ao mesmo tempo precisa providenciar o profissional habilitado para exercer

tal serviço, o qual possui previsibilidade legal, pois está regulamentado por lei, não

apenas nas Forças Armadas, mas também há leis que regulamentam os trabalhos

de Capelania Militares no âmbito das Forças Auxiliares.

Conforme Previsto na Lei Nº 6.923, de 29 de Junho de 1981, no seu art. 2º, a

finalidade do SAR é:

[...] prestar assistência religiosa e espiritual aos militares, aos civis das organizações militares e às suas famílias, bem como atender a encargos relacionados com as atividades de educação moral realizadas nas Forças Armadas.

A mesma Lei diz em seu art. 4º quem pode prestar o serviço:

O Serviço de Assistência Religiosa será constituído de Capelães Militares, selecionados entre sacerdotes, ministros religiosos ou pastores, pertencentes a qualquer religião que não atente contra a disciplina, a moral e as leis em vigor.

No art.10 da referida lei, deixa claro que o serviço de capelania deve ser

prestado não apenas por uma religião, mais que deve haver capelães das religiões

professadas pelos militares:

Cada Ministério Militar atentará para que, no posto inicial de Capelão Militar, seja mantida a devida proporcionalidade entre os Capelães das diversas regiões e as religiões professadas na respectiva Força.

Em vários outros estados brasileiros, o Serviço de Assistência Religiosa e

Espiritual já se expandiu as forças auxiliares (Corpo de Bombeiros e Policia Militar),a

exemplo o Distrito Federal, Goiás,Santa Catarina. Na Paraíba o Governo do Estado

em 23 de abril de 2008, criou o cargo de Capelão no âmbito da Policia Militar através

da Lei nº 8.520.

Pela designação adotada em lei Capelão Militar é o oficial concursado que

ingressou no QOC (Quadro de Oficiais Capelães) de determinada Força. Uma

pessoa que não é Militar, presta assistência religiosa a militares na condição de

Capelão Civil, pode ser voluntário, contratado, nomeado ou ainda, cedido por

alguma organização religiosa. Conforme descreve o Rev. Aluísio Laurindo da Silva

(2016, p.2)13

No Brasil, os sacerdotes, pastores e ministros religiosos ingressam no SAR mediante concurso público, e recebem a designação de Capelão Militar (nas

13O Rev. Aluísio Laurindo da Silva é Pastor metodista, presidente da ACMEB (Aliança Pró Capelania Militar Evangélica do Brasil) e capelão militar da reserva do CBMGO, Professor da UniEVANGÈLICA, no curso de Capelania. Cooperador na criação do SAR do CBMGO.

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Forças Armadas), Capelão Policial Militar (nas Polícias Militares) e Capelão Bombeiro Militar (nos Corpos de Bombeiros Militares). São autorizados e cedidos por suas organizações religiosas para, nos termos da legislação específica, prestar assistência aos fiéis militares dos seus respectivos segmentos religiosos, nos assuntos religiosos de natureza confessional e, aos demais membros da Força, nos assuntos religiosos ou afins, de comum interesse do Efetivo em geral.

Essa é uma forma da igreja cooperar com o Estado, sem significar que essa

cooperação prejudique os princípios que regem as partes, a exemplo os PM´s de

Cristo em São Paulo, que realizam um belíssimo trabalho voluntário, nesse sentido.

Atualmente o SAR (Serviço de Assistência Religiosa) existe de forma ativa no

Exército, Marinha, Aeronáutica, Corpo de Bombeiros Militar e Polícia Militar.

3.2 A IMPORTÂNCIA DA CAPELANIA

Falar sobre a importância da religiosidade para o homem moderno é algo

bastante relevante, uma vez que a humanidade caminha para o ceticismo14, no

entanto, pesquisas científicas realizadas pela comunidade acadêmica de vários

países, mostram que a religião é algo inerente do ser humano, é uma capacidade

inata, ou seja, todos já nascem com o sentimento religioso e a necessidade de

adoração, de oferecer culto a uma divindade, se não é ao Criador é a criatura; todos

adoram alguma coisa. É de fundamental importância o olhar de Carl G. Jung para

essa temática, sua pesquisa cientifica revela a influência do sobrenatural sobre a

sua vida, principalmente no que diz respeito a Deus, O Criador. Ele revelava crer em

Deus, pois Ele é um Deus pessoal:

A entrega que Deus faz de si mesmo é livre ato de amor, ao passo que o sacrifício em si é uma morte dolorosa, sangrenta e cruel. Esse cientista insiste que Deus é uma experiência primordial na vida dos seres humanos e, desde épocas imemoriais, a humanidade se entrega a um esforço inaudito para expressar e explicar, de algum modo, essa experiência inefável, a fim de integrá-la à sua vida, mediante a interpretação e o dogma, ou então negá-la (OLIVEIRA, L. et al; 2007, p.40).

Partindo do pressuposto de que a religiosidade não é apenas um fenômeno

privado como também coletivo que pode ser exercida nos diversos contextos

sociais, assegurada pela Constituição Federal do Brasil, observa-se a necessidade

14É um estado de quem duvida de tudo, de quem é descrente. Um indivíduo cético caracteriza-se por ter predisposição constante para a dúvida, para a incredulidade.O ceticismo é um sistema filosófico fundado pelo filósofo grego Pirro (318 a.C.-272 a.C.), que tem por base a afirmação de que o homem não tem capacidade de atingir a certeza absoluta sobre uma verdade ou conhecimento específico.

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desse exercício dentro da organização militar, especificamente o Corpo de

Bombeiros Militar da Paraíba, com amparo na Constituição Federal, que no art. 5º,

inciso VII, diz “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa

nas entidades civis e militares de internação coletiva”. Do ponto de vista de Mello

(2011, p. 42):

[...] há de se compreender que o suporte religioso por meio do contato direto com o sagrado ou através de seus representantes, é de fundamental importância a fim de manter-se vivo o sentido da vida daqueles que integram ações de guerra, mormente em momentos difíceis.

Apesar de ser um Serviço, temido por aqueles que não confessam o

Cristianismo como crença pessoal, a Capelania Militar não tem por objetivo

evangelizar, catequizar ou doutrinar pessoas, e sim de assistir e colaborar com

aqueles que por ventura precisam de acolhimento, aconselhamento e Assistência

Religiosa e Espiritual nas diversas situações da vida, conforme descreve Pargamet

(1997, p.209 apud MELLO 2011, p. 42):

Em tempos difíceis, as pessoas encontram ajuda em seus semelhantes, na literatura religiosa, em imagens de um Deus de amor, que oferece suporte e

está sempre presente para apoiar.

A prática religiosa é importante por contribuir de forma significativa na vida

das pessoas sejam elas militares ou civis, segundo Backs et al (2012, p.1255):

“Pesquisas revelam que a prática religiosa se constitui em uma poderosa fonte de

conforto, esperança e significado, especialmente no enfrentamento de doenças

crônicas, tanto físicas, quanto mentais”.

A Capelania não tem apenas o cunho religioso eclesiástico, mas está apta a

desempenhar várias outras atividades que alcançam o militar; do soldado ao

comandante em todas as áreas de sua vida. Pesquisas internas do Serviço de

Assistência Religiosa da PMDF revelam a importância do serviço para os militares:

[...] revelam um alto grau de influência das ações da capelania na melhoria da qualidade de vida familiar, qualidade do serviço prestado, entre outros fatores. A exemplo disso, 92,42% dos/as entrevistados/asafirmaram que os cursos realizados na capelania poderiam evitar que policial militar ou familiar cometesse suicídio; 97,22% afirmaram que poderia ajudar a evitar a violência doméstica praticada por policial e 99,37% afirmaram que a atividade incentivou a valorizar e respeitar os direitos humanos (EXPOSITOR CRISTÃO, 2018).

O Capitão Capelão da Força Aérea Brasileira, Cláunei Crístian Delgado Dutra,

começou a trabalhar com capelania em 2008, para ele há uma carência na área de

Capelania Militar, uma vez que as necessidades dos militares não são vistas pela

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sociedade civil, em entrevista concedida ao Expositor Cristão (EC) em Março deste

ano, ao ser questionado sobre o número de pessoas que ele atende por mês,

declara o seguinte:

Não há como mensurar exatamente uma quantidade de atendimentos por mês porque isso varia de acordo com a época e com a circunstância em que o milita estiver envolvido. Contudo é possível dizer a quantidade de militares que estão sob a ação assistencial do capelão. No meu caso, sou o único capelão pastor da FAB no Rio de Janeiro. O efetivo evangélico nessa área se aproxima de 10 mil militares. Contudo se considerarmos o atendimento indireto a adeptos de outros grupos religiosos e aos familiares dos militares, que também é competência do capelão, esse número pode passar de 50 mil pessoas, no meu caso específico. Cada capelão tem uma área de atuação e pode acontecer que padres e pastores tenham áreas sobrepostas, mas que ofereçam assistência direta a uns e indireta a outros.

A importância da Capelania Militar é visível e não deve ser negligenciada,

diante de fatores e circunstancias negativa da vida, que abalam a estrutura física,

emocional e espiritual do homem, diante disso faz-se necessário um olhar

humanizado, acolhedor, altruísta, pelo próximo, pelo militar. Conforme relata

Almeida, S. (2008, p.13), em sua pesquisa monográfica para A Escola de Comando

de Estado–Maior da Aeronáutica acerca da influência positiva que a Capelania tem

no ambiente militar:

Durante a Segunda Guerra Mundial ficou evidente nos campos de batalha o papel fundamental do Capelão Militar. Sua presença junto aos combatentes nos momentos de dor e conforto espiritual só foi possível, graças às constantes preocupações dos Comandantes em manter o moral da tropa elevado, diante das perdas impostas pelo ardor das batalhas.

Diante do que foi analisado, percebe-se que é de extrema necessidade e

importância o Serviço de Capelania para o CBMPB, uma vez que a realidade da

Corporação não é diferente do Distrito Federal, Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo e

outros Estados que tem despertado para inserir nas Forças Militares o SAR.

3.3 AS PRINCIPAIS ATIVIDADES DO CAPELÃO MILITAR

O Tenente-Coronel, Capelão-Chefe do Serviço de Assistência Religiosa da

PMDF, Gisleno Gomes de Faria Alves destaca em entrevista dada ao Expositor

Cristão (EC) em março de 2018, que:

Além das atribuições administrativas do oficialato, por lei, a missão dos capelães é prestar assistência religiosa e espiritual e atuar na educação moral do efetivo, na perspectiva de saúde integral. “Estrategicamente, a atuação dos capelães, em conjunto com outras iniciativas, visa ao desenvolvimento pessoal de cada integrante da Corporação, bem como ao desenvolvimento institucional, para que a tropa esteja no máximo de seu potencial para bem servir a sociedade”.

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O Pr. José Geraldo Magalhães (2018, p.10) editor chefe do Jornal Expositor

Cristão, destaca quais são as principais atividades dos Capelães da PMDF:

[...] são a ministração de cursos; momentos com Deus; reflexões em liberações de policiamento e formatura; aconselhamento; visitação domiciliar, prisional e carcerária; apoio em situações de crise e falecimento; celebrações especiais de aniversário ou criação de Batalhões; passagem de policiais para a reserva; atuação em programas de prevenção ao suicídio, à violência doméstica, dependência química, entre outros.

Seguindo o modelo de Capelania do CBMGO e o da PMDF, atribui-se ao

serviço de assistência religiosa as seguintes atividades que podem ser realizadas

pelo SAR do CBMPB:

• Celebração de ofícios religiosos em datas especiais e nas diversas

Organizações Bombeiro Militar – OBM´s do CBMPB;

• Celebração de cultos;

• Aconselhamento pastoral nos casos de: estresse, relacionamentos

interpessoais, conjugais e enlutados;

• Assessoramento ao comandante nos assuntos de ordem ética ou

moral;

• Mensagens de edificação da fé em formaturas e eventos sociais;

• Visita aos enfermos;

• Participação em atividades sociais;

• Visita aos Comandantes de OBM da Corporação;

• Assistência aos familiares e eventos que promovam a edificação da

família;

• Entre outras atividades que podem ser desenvolvidas de acordo com a

necessidade da corporação.

Segundo Santos (2017, p.88):

A capelania militar também engloba a capelania hospitalar, pois existem hospitais militares na paz e na guerra; a capelania prisional, que visa atender militares cumprindo pena em celas nos quarteis; e a capelania escolar, que atendem os colégios destinados aos filhos ou dependentes dos militares. Portanto, a capelania militar, na condição de que se deu origem às demais, assume a primazia no sentido de ser a mais complexa e completa.

Desta forma a Capelania Militar é completa e ampla, pois suas atividades não

se restringe apenas a instituição militar.

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4. ASPECTOS GERAIS DA PROFISSÃO DE BOMBEIROS MILITAR

De acordo com a pesquisa realizada pelo instituto alemão GFK15 a população

brasileira apontou os bombeiros como os profissionais com maior índice de

confiança em um ranking de 32 profissões, a pesquisa ainda revela que o mesmo

acontece em 15 dos 25 países pesquisados ao redor do mundo. A credibilidade e a

confiança que a profissão possui não foi construída de uma hora para outra, foram

muitas lutas e desafios, muitos homens anônimos doaram suas vidas em resgate de

outros.

A profissão de Bombeiro faz parte do sonho de muitas crianças que

consideram esses profissionais como “heróis”. Segundo Campos (1999, p.59)

[...] é uma profissão excitante, exigente, pois além desse profissional colocar em risco sua própria vida, ele precisa enfrentar a pressão da sociedade que espera o sucesso dos atendimentos, os quais se dão na maioria das vezes, em condições adversas.

Mesmo assim, muitos desejam ingressar nessa atividade tão digna e

admirável, pois esse “herói”, “anjo de farda” como é chamado pela sociedade

assume o risco inerente a sua profissão, tais como: busca de afogados em mar

revolto, vitimas de desabamentos, vitimas presas em ferragens e sob perigo de

explosão e incêndio, combate a incêndios de grandes proporções ou em áreas de

risco de explosões, resgate de corpos em situações adversas.

O Bombeiro Militar enfrenta diante dessas circunstâncias, tensão e é

necessário manter o controle emocional diante de imagens fortes, chocantes, e da

fragilidade da vida humana, assim esse profissional apesar de ser considerado um

“herói” por muitos, é humano, limitado, e carregado de sentimentos e emoções, onde

não tem como não se envolver emocionalmente, alguns relatam, por exemplo, a

alegria misturada com riso e lágrimas em fazer um parto em plena via pública e ver

que aquela ação foi determinante para a vida da parturiente e da criança. Conforme

Oliveira, E. (2015, p.5) descreve:

O Corpo de Bombeiros Militar não possui fins lucrativos, contudo o empenho de seu pessoal no cumprimento de suas missões deve ser incessante, pois trabalham para a manutenção e preservação de algo extremamente rico de valor inestimável, a vida do próximo. Assim, a motivação e o empenho para a realização de suas atividades, sejam elas administrativas ou operacionais tem como finalidade a melhor prestação de

15

O GFK é uma empresa de estudos de mercado de origem Alemã, que no português as siglas significam: Crescimento pelo Conhecimento, ele foi criada em 1934, é a maior empresa do ramo na Alemanha, e a quinta em termos mundiais. Após algum tempo no Brasil em 2017, retirou-se do País devido a crise financeira que a nação enfrentava.

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serviços ao cidadão, ou seja, um salvamento mais rápido e eficiente em um permanente enfrentamento de situações de crise.

Essa descrição da profissão de Bombeiro Militar possibilita o entendimento de

o quão engrandecedor e nobre é viver em função do próximo. Natividade (2009,

p.415), em sua pesquisa sobre a identidade profissional do Bombeiro Militar, traz

alguns testemunhos da população, os entrevistados disseram o seguinte: são

“profissionais que estão sempre prontos a atender”, “educados”, “profissionais úteis

na sociedade”.

5. DISCUSSÃO

A variedade de síndromes e distúrbios– doenças emocionais e ocupacionais,

causadas por estresse e outros males deste século – tem aumentado a cada ano.

Tal problemática não é singular à realidade moderna. Embora aconteça de modo

mais acentuado na atualidade, devido o processo de desenvolvimento e

globalização vivenciado por nossa sociedade, em todas as épocas a humanidade

sempre teve problemas a enfrentar, desafios a serem vencidos, principalmente no

que diz respeito ao âmbito militar.

Pesquisas realizadas por profissionais da área de saúde mental indicam que

a profissão de bombeiro militar é muito estressante e uma boa porcentagem desses

militares desenvolvem doenças ocupacionais, dentre elas as mais significativas são

os TMC-Transtornos Mentais e Comportamentais que incluem a depressão,

ansiedade, bipolaridade, esquizofrenia e transtornos mentais relacionados ao

consumo de álcool. Dependendo do grau do TMC muitos são afastados das

atividades, ou tem seu desempenho comprometido no exercício da profissão. Dentre

os TMC, o que mais interfere na qualidade de vida do Bombeiro Militar é o estresse

ocupacional:

O estresse ocupacional tem relação direta com o aumento dos níveis de depressão, ansiedade, crise de pânico e síndrome de Burnout

16, bem como

as situações ou experiências que precipitam tensão, ansiedade, medo ou ameaça, podendo ter consequências negativas para a qualidade de vida do profissional Bombeiro Militar (JUNIOR, 2012, p.11).

16“Burnout” A palavra significa exaustão, queimar-se por completo. Trata-se de uma fase aguda da manifestação do estresse, caracterizando-se pelo cansaço e esgotamento emocional, pela despersonalização e pela diminuição da realização pessoal, com uma auto-avaliação negativa de si mesmo.

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Segundo Backes et al (2012) estudos apontam que a religião pode favorecer

a saúde física e mental, influenciando nos elementos que beneficiam na redução das

taxas de depressão, estresse, ansiedade, suicídio, melhora no bem-estar, desígnio e

sentido à vida, entre outros. Dessa forma, é de se compreender a necessidade do

Serviço de Assistência Religiosa para o CBMPB, uma vez que seu efetivo é

composto de homens e mulheres que estão em condições de enfrentamento a

situações estressantes.

Conforme Alves (2017), a religiosidade e a espiritualidade estão associadas

ao aumento da resiliência, a capacidade de enfrentar dificuldades e ao maior índice

de superação de situações estressantes. O Tenente-Coronel Capelão Gisleno G.

Alves, destaca em entrevista concedido ao Expositor Cristão (2018) que:

[...] a capelania possui uma função estratégica nas Corporações Militares e de Segurança Pública, porque acessa uma área da vida que interfere diretamente em todas as outras, especialmente ao trabalhar os valores, o sentido da vida e do trabalho, a motivação para agir e superar os desafios, entre outros aspectos. “Tudo isso traz resultados cientificamente comprovados de qualidade de vida, melhoria do clima organizacional e maior efetividade no serviço, deixando claro, com isso, o interesse público em relação à capelania. Esse é um aspecto a ser mais explorado nas Corporações [...]”.

É importante esclarecer que o papel do Capelão não é fazer prosélitos17, pois

a sua função concentra-se em dar assistência religiosa e espiritual ao militar e sua

família diante das diversas situações que enfrentam diariamente. Com base nisso a

Psicologia Analítica de Jung foi desenvolvida com uma atenção especial ao estudo

das religiões, observando o homem como um ser religioso em essência e portador

de tais necessidades. Portanto, tais necessidades podem ser supridas pela

corporação, de forma que esse profissional venha ter um melhor desempenho em

suas atribuições profissional, alcançando assim o objetivo comum da corporação.

CONSIDERAÇOES FINAIS

Como foi discorrido no artigo a Capelania contemporânea além de ter sua

origem no ambiente militar, também é oriunda do Cristianismo, o qual contribuiu na

formação de valores éticos e morais da civilização ocidental. Com a expansão do

Cristianismo está o ofício de Capelão, sacerdote cristão que exercia um papel

fundamental junto aos governantes nos campos de batalhas. Conhecidos como

17

Pessoa que se converteu ao judaísmo ou a qualquer outra religião.

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guardiões da fé cristã, o Capelão Militar tem bastante relevância no Serviço de

Assistência Religiosa a corporação, pelo fato de assistir a família “bombeiro militar”

emocionalmente e espiritualmente, trazendo de certa forma força e esperança no

enfrentamento das mais diversas dificuldades, e consequentemente produzindo com

isso bons frutos no que tange aos aspectos da disciplina, cordialidade, honestidade,

pontualidade e bons relacionamentos interpessoais, entre outras virtudes éticas e

morais. Deste modo, a presente pesquisa teve como finalidade primaria

compreender de forma significativa a necessidade da capelania militar contribuindo

em todos os aspectos institucionais e psicossociais dos Bombeiros Militares do

Estado da Paraíba.

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DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Significados de numinoso, prosélito. Disponível em: <https://www.dicio.com.br> Acesso em: 20 ago. 2018.