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1 Clipping de notícias do dia 09/12/2016 CORREIO BRAZILIENSE (DF) 09/12/2016 OPINIÃO Em defesa dos médicos Luciano Carvalho Presidente da Associação Médica de Brasília (AMBr) O governo se comprometeu com a continuidade dos principais projetos sociais, entre os quais o polêmico programa Mais Médicos. Agora, somos surpreendidos com a notícia de que médicos estrangeiros cubanos em sua maioria estão sendo dispensados. Dias atrás, os hotéis de Brasília estavam cheios deles fechando contratos e malas para voltarem aos seus países de origem. Ao fim do terceiro ano de contrato, cerca de 4 mil médicos estrangeiros deixam os longínquos municípios e suas licenças para serem substituídos. A ideia do governo é mandar de volta pelo menos 40% dos 11.424 contratados pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O ministro Ricardo Barros anunciou que a substituição será feita por médicos brasileiros recém-formados, especialmente os que fizeram seus cursos em faculdades particulares ou em países vizinhos como Bolívia, Panamá, Venezuela, Peru, El Salvador, Guatemala etc. Além disso, por ser municipalista, o ministro especula que os recursos dos novos médicos devem ser repassados às prefeituras, o que pode repetir os descaminhos já conhecidos, como os das merendas escolares. Ora, o governo federal errou antes, ao contratar estrangeiros sem aplicar o processo de revalidação, previsto pelo próprio Ministério da Saúde e normatizado pelo MEC. Agora está replicando a incorreção com os brasileiros que se formaram fora do país em faculdades - muitas delas - sem a tradição e o rigor que um curso de medicina exige. Por lei, são as universidades públicas que possuem a competência de validar qualquer diploma estrangeiro. Desde que o MEC lançou o Revalida, a maioria das faculdades federais e estatuais de medicina adotou a prova do governo como uma das fases do processo. Portanto, contratar médicos estrangeiros com vistos e licenças temporárias se constituiu violação às normas republicanas. Imaginem, então, autorizar brasileiros natos certificados em faculdades e cursos duvidosos, tanto no exterior quanto no território nacional, a atender à população. Isso significa a perpetuação da burla. Especialmente porque sabemos que escolas particulares de medicina se transformaram em um grande negócio, cujas mensalidades, segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) variam de R$ 3 mil a R$ 11,7mil. Para obter o Revalida, o formando deve enviar requerimento à instituição pública de ensino superior do Brasil. Deverão ainda ser apresentados, além do requerimento, cópia

CORREIO BRAZILIENSE (DF) - Hospital da Criança de ... · manter estado de alerta nesse plantão médico brasileiro. CORREIO BRAZILIENSE (DF) 09/12/2016 SAÚDE Luz contra o Alzheimer

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Clipping de notícias do dia 09/12/2016

CORREIO BRAZILIENSE (DF)

09/12/2016

OPINIÃO

Em defesa dos médicos

Luciano Carvalho – Presidente da Associação Médica de Brasília (AMBr)

O governo se comprometeu com a continuidade dos principais projetos sociais, entre os

quais o polêmico programa Mais Médicos. Agora, somos surpreendidos com a notícia

de que médicos estrangeiros — cubanos em sua maioria — estão sendo dispensados.

Dias atrás, os hotéis de Brasília estavam cheios deles fechando contratos e malas para

voltarem aos seus países de origem. Ao fim do terceiro ano de contrato, cerca de 4 mil

médicos estrangeiros deixam os longínquos municípios e suas licenças para serem

substituídos. A ideia do governo é mandar de volta pelo menos 40% dos 11.424

contratados pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O ministro Ricardo Barros anunciou que a substituição será feita por médicos brasileiros

recém-formados, especialmente os que fizeram seus cursos em faculdades particulares

ou em países vizinhos como Bolívia, Panamá, Venezuela, Peru, El Salvador, Guatemala

etc. Além disso, por ser municipalista, o ministro especula que os recursos dos novos

médicos devem ser repassados às prefeituras, o que pode repetir os descaminhos já

conhecidos, como os das merendas escolares.

Ora, o governo federal errou antes, ao contratar estrangeiros sem aplicar o processo de

revalidação, previsto pelo próprio Ministério da Saúde e normatizado pelo MEC. Agora

está replicando a incorreção com os brasileiros que se formaram fora do país em

faculdades - muitas delas - sem a tradição e o rigor que um curso de medicina exige.

Por lei, são as universidades públicas que possuem a competência de validar qualquer

diploma estrangeiro.

Desde que o MEC lançou o Revalida, a maioria das faculdades federais e estatuais de

medicina adotou a prova do governo como uma das fases do processo. Portanto,

contratar médicos estrangeiros com vistos e licenças temporárias se constituiu violação

às normas republicanas. Imaginem, então, autorizar brasileiros natos certificados em

faculdades e cursos duvidosos, tanto no exterior quanto no território nacional, a atender

à população. Isso significa a perpetuação da burla. Especialmente porque sabemos que

escolas particulares de medicina se transformaram em um grande negócio, cujas

mensalidades, segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) variam

de R$ 3 mil a R$ 11,7mil.

Para obter o Revalida, o formando deve enviar requerimento à instituição pública de

ensino superior do Brasil. Deverão ainda ser apresentados, além do requerimento, cópia

2

do diploma a ser revalidado com documentos referentes à instituição de origem,

duração, currículo do curso, conteúdo programático, bibliografia e histórico escolar. Para

o julgamento da equivalência e para efeito de revalidação do diploma, é constituída

comissão especial, composta por professores da própria universidade ou de outros

estabelecimentos. É um teste meritório.

De toda sorte, sabemos que a caminhada da carreira médica é longa e dura. São no

mínimo 6 anos de aprendizagem. Para obter e portar a autorização do exercício pelo

CRM, o aluno deve, primeiro, ter a plena consciência da profissão que escolheu, cumprir

integralmente a grade curricular estabelecida pelo governo brasileiro e ser fiel aos

princípios humanitários e éticos que a profissão exige.

Dessa forma, o futuro médico deve estar ciente dos desafios e obstáculos grandiosos

que enfrentará para sua formação teórica, intelectual e humana. São anos de estudos,

cursos, vestibulares, graduações, formação, residência, estágios. E, finalmente, o

médico irá a campo, onde desenvolverá relações diretas com os mais variados

pacientes. Daí a necessidade permanente da defesa da carreira médica e da boa prática

da medicina. Precisamos ficar atentos às mudanças, pois o próximo passo pode ser a

municipalização do programa, distorcendo ainda mais um projeto nacional de base

social em ferramenta politiqueira partidária regional. As entidades médicas devem

manter estado de alerta nesse plantão médico brasileiro.

CORREIO BRAZILIENSE (DF)

09/12/2016

SAÚDE

Luz contra o Alzheimer

Em ratos, o uso de LED piscante reduz pela metade o acúmulo da proteína que

desencadeia a doença neurodegenerativa. Cientistas dos EUA cogitam a possibilidade

de a estimulação visual funcionar também em humanos

Produzida pelo cérebro em pequena quantidade, a proteína amiloide ajuda no

funcionamento dos neurônios. Se a geração desregula, essa substância em excesso

pode se agrupar dentro do cérebro, passando a comprometer as sinapses, a

transmissão de impulsos de uma célula nervosa para a outra. Dá-se aí um dos primeiros

passos para o Alzheimer, doença neurodegenerativa sem cura e mais incidente na

terceira idade. Cientistas dos Estados Unidos acreditam ser possível usar estimulação

visual, por meio de luzes LED piscantes, para induzir as ondas cerebrais elétricas que

se tornaram disfuncionais com a enfermidade. Detalhada na versão on-line da revista

Nature, a técnica funcionou em ratos e abre a possibilidade de desenvolvimento de uma

nova intervenção para humanos.

3

“É um grande se”, ponderou a coautora do estudo Li-Huei Tsai, do Instituto de

Tecnologia de Massachusetts (MIT). “Mas se os seres humanos se comportarem de

forma semelhante aos ratos em resposta a esse tratamento, eu diria que o potencial é

enorme porque é um tratamento não invasivo e acessível”, complementou. O

experimento consistiu na exposição de camundongos à luz estroboscópica para tentar

influenciar a atividade elétrica do cérebro deles. Após uma hora de estimulação,

constatou-se a redução de 40% a 50% dos níveis de beta-amiloide no hipocampo, a

parte do cérebro essencial para a formação e a recuperação da memória.

Especialistas acreditam que as ondas cerebrais variam de 25 a 80 hertz, faixa que

contribui para funções cerebrais como atenção, percepção e memória. Em pessoas com

Alzheimer, porém, essa oscilação é prejudicada. Na primeira fase do experimento, os

investigadores estimularam as oscilações a 40 hertz no hipocampo dos roedores e

chegaram aos resultados promissores. As cobaias que receberam outras frequências,

variando de 20 a 80 hertz, não tiveram os mesmos benefícios.

A equipe, então, decidiu testar uma técnica menos invasiva: estimular as ondas

cerebrais pela visão. Depois de tratar os ratinhos por uma hora por dia, durante uma

semana, com luz piscante, as placas e as proteínas amiloides flutuantes foram

“reduzidas acentuadamente”. Os pesquisadores também descobriram que a técnica

reduziu outra característica da doença de Alzheimer: a ação da proteína Tau, que

anormalmente modificada pode formar emaranhados no cérebro.

Além do córtex

A nova etapa do trabalho é descobrir se a luz LED pode conduzir oscilações em regiões

cerebrais além do córtex visual. Segundo os autores, dados preliminares sugerem que

isso é possível. “(O estudo) pode muito bem nos dar uma faísca para novas formas de

pesquisa para explorar mais a relação entre os ritmos da atividade elétrica no cérebro e

a doença de Alzheimer”, disse, em comunicado, Doug Brown, diretor de pesquisa da

Sociedade de Alzheimer, uma instituição britânica.

Reitor da Escola de Ciência do MIT, Michael Sipser também ressaltou o potencial da

abordagem proposta. “Nossos cientistas abriram a porta para uma direção inteiramente

nova de pesquisa sobre esse distúrbio cerebral e os mecanismos que podem causá-lo

ou impedi-lo (…) Esse importante anúncio pode ser o início de um avanço na

compreensão e no tratamento de uma aflição que afeta milhões de pessoas e suas

famílias ao redor do mundo.”

A Organização Mundial da Saúde estima que a demência acometa cerca de 47,5

milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que 7,7 milhões de novos casos são

registrados a cada ano. O Alzheimer é a forma mais comum de demência, sendo

responsável por 60% a 70% dos casos. Diagnosticado pela primeira vez há mais de 100

anos, o mal geralmente evolui de episódios de esquecimento e distração para uma

grande perda de memória e dependência quase total.

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CORREIO BRAZILIENSE (DF)

09/12/2016

CIDADES

MP fecha o cerco contra atestados falsos

Em parceria com a Polícia Civil, o Ministério Público deflagrou uma operação para

investigar possíveis fraudes no afastamento do trabalho de médicos e de outros

servidores da pasta. Dois funcionários foram levados coercitivamente para prestar

depoimento

As investigações começaram há oito meses e, inicialmente, envolveriam apenas a

emissão de atestados “frios” entre servidores da Secretaria de Saúde. O alto índice de

profissionais afastados do trabalho — o índice chegou a 53,7% em um ano e meio —

causou estranhamento na Corregedoria da pasta. A cada fato apurado, porém, a

dimensão do esquema aumentava de tal modo que nem o feriado do Judiciário, em

comemoração ao dia da Justiça, impediu o Ministério Público (MPDFT) de deflagrar,

ontem, a Operação Trackcare. A partir daí, a história ganhou novos personagens e

formas de atuação. As investigações apontam, inclusive, que políticos se beneficiaram

nas eleições de 2014 com a distribuição de remédios, obtidos de forma fraudulenta.

Logo no início da manhã, mandados de busca e apreensão foram cumpridos no

Cruzeiro, no Sudoeste e no Centro de Saúde Nº 3 do Guará. Dois servidores tiveram de

prestar depoimento à Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública

(Decap). Dois promotores e um delegado cuidam do caso. Além dos atestados

fraudulentos, que o Correio revelou com exclusividade na edição de quarta-feira, há

indícios de distribuição de medicamento com uso de receitas falsas e adulteração de

dados dos sistemas de ponto da Secretaria de Saúde. Entre junho de 2015 e setembro

passado, 2.578 dos 4,8 mil médicos da rede pública pediram afastamento do trabalho

(veja A fraude).

Não é possível afirmar ainda quantos atestados são “frios”, mas as investigações

identificaram casos específicos de servidores que burlam plantões e escalas para

trabalhar na rede privada (leia Casos apurados). Por esse motivo, o técnico de

enfermagem Marcelo Cereja e a enfermeira Daniela Moiana foram levados

coercitivamente à Decap. Ele apresentou 16 atestados e teve 47 abonos duvidosos na

folha de ponto. Ela também homologou 18 licenças e teve 18 incidências estranhas —

a principal delas, 402 horas-extras em cinco meses. Eles não responderam a nenhuma

pergunta dos investigadores e foram liberados.

Os servidores se revezaram nos últimos dois anos na chefia do Centro de Saúde Nº 3

do Guará. Segundo as investigações, a dupla usava carimbos e assinaturas falsas de

cinco médicos para abonar as próprias faltas — um dos profissionais usados no

esquema deixou a Secretaria de Saúde em 2001. Os investigadores chegaram aos

suspeitos por meio de denúncia anônima. “Não há registro de nenhum atendimento

médico dessas duas pessoas. Precisamos da colaboração, com outras denúncias, para

termos acesso a mais informações”, ponderou o promotor de Defesa da Saúde (Prosus),

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Luis Henrique Ishihara. Ele recolheu caixas de documentos e as folhas de ponto de

Marcelo e de Daniela. A Secretaria de Saúde garantiu que vai iniciar “uma rigorosa

investigação”, mas admitiu a vulnerabilidade na fiscalização, além de informar que não

há nada que possa ser feito para “fortalecer” a segurança dos sistemas de ponto.

Fiscalização

A fraude pode ainda ter levado à morte pacientes na rede pública. Duas pessoas vieram

a óbito num hospital em que estavam escalados pelo menos três médicos. Ninguém

apareceu para trabalhar. O caso é investigado em sigilo. Outros envolvidos na fraude

nem sequer cumpriam o cronograma de trabalho. Quando estavam escalados para o

Hospital Regional de Taguatinga (HRT), por exemplo, registraram presença no Hospital

de Base (HBDF). “Se todos os profissionais estivessem exercendo suas atividades, não

haveria essa sangria na rede pública. A falta de fiscalização e a certeza da impunidade

levam os profissionais a cometerem fraudes como essa”, criticou o promotor de Defesa

dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida), Maurício Miranda.

Os envolvidos podem ser penalizados por seis crimes: peculato, falsificação de

documentos, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações

e associação criminosa. “Vamos cobrar daqueles gestores que registram os atestados.

Precisamos que protocolos sejam implantados para frear essa prática. As chefias que

fazem o controle e o registro tiveram uma conivência passiva”, completa Miranda. O

promotor destaca que há indícios de que candidatos tenham usado recursos públicos

para angariar votos. “O paciente que recebe medicamento também é eleitor”, pondera.

O Correio apurou que as primeiras pistas estão ligadas a servidores específicos que

apoiaram candidaturas ou trabalharam como cabos eleitorais.

O papel deles na investigação

Corregedoria

» A apuração começou em abril. O órgão estima que até 40% dos 2,5 mil atestados

homologados entre junho de 2016 e setembro passado são fraudulentos. Uma parcela

desses médicos se ausenta dos afazeres nos hospitais públicos, mas continua a atuar

na rede privada. Com a fraude, eles recebem os dois salários, mas trabalham

efetivamente em apenas um local — normalmente, clínicas particulares ou próprias.

MPDFT

» As promotorias de Defesa da Saúde (Prosus) e de Defesa dos Usuários dos Serviços

de Saúde (Pró-vida) deflagraram, em conjunto com a Polícia Civil, a Operação

Trackcare para investigar as fraudes. Dois servidores foram levados para prestar

depoimento coercitivamente. Os promotores vão pedir que as secretarias de Saúde e

de Planejamento implantem mecanismos de controle e fiscalização dos atestados

médicos.

Seplag

» Há uma discussão, segundo a pasta, que estuda maneiras de melhorar a forma de

tratamento dos dados. A Seplag garante que todas as informações serão digitalizadas

a partir do próximo ano. Para as investigações continuarem, o MPDFT e a Corregedoria

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precisam da Classificação Internacional de Doença (CID). Sem o dado, não é possível

saber a causa do afastamento e se a licença é válida. A SubSaúde discute a

possibilidade de abrir a confidencialidade da informação.

SindMédicos

» Vai pedir acesso às investigações. A entidade diz que nunca recebeu denúncias sobre

o assunto e que, se a fraude de fato ocorre, é de maneira pontual. Segundo cálculos do

sindicato, há um deficit de 3,5 mil médicos na rede pública. Sobre os afastamentos, o

SindMédicos atribui o alto índice de licenças às péssimas condições de trabalho.

CRM-DF

» Para o Conselho Regional de Medicina, cabe à Secretaria de Saúde a apuração das

denúncias no âmbito administrativo,

sendo que os casos concretos devem ser encaminhados à entidade para apuração do

“ponto de vista ético-profissional”. As eventuais denúncias ou suspeitas devem ser

apuradas com rigor, com amplo direito de defesa, evitando-se generalizações que

prejudicam a relação médico-paciente e não trazem benefícios à assistência oferecida.

Casos apurados

» Uma pediatra que deveria clinicar 60 horas semanais no DF, mas mora no Rio de

Janeiro.

» Um casal de cardiologistas que atende no Hospital Regional do Gama (HRG). Quando

um tira férias, o outro, no mesmo período, entra com o afastamento.

» Um neuropediatra que está há mais 280 dias sem trabalhar na rede pública e, segundo

apuração da Corregedoria, atende regularmente numa clínica em Águas Claras.

» Uma médica que estava afastada havia dois meses, suspendeu o atestado, participou

como palestrante em um evento na Secretaria de Saúde e, no outro dia, protocolou

novamente a licença.

A fraude

» De 856 clínicos, 541 entraram de licença entre janeiro e setembro.

» Dos 614 ginecologistas da rede pública, 425 protocolaram atestados médicos.

» Dos 629 pediatras, 194 se ausentaram por mais de três dias.

» Dos 4,8 mil médicos da rede, 2,5 mil pediram afastamento, em um ano e meio.

» Até setembro, 63 anestesiologistas protocolaram atestados.

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JORNAL DE BRASÍLIA (DF)

09/12/2016

CIDADES

Nova investigação ameaça farra dos atestados

médicos

“Com tantas fraudes, nem mesmo se dobrar o número de médicos e enfermeiros será

possível atender a demanda da saúde pública do Distrito Federal”, disparou o promotor

de Justiça Luís Henrique Ishihara. Ele participa das investigações da “prática

corriqueira” de abonar de forma fraudulenta as faltas não justificadas. Para as

autoridades, isso ocorre devido à fragilidade do sistema e à falta de fiscalização. Ontem,

dois servidores que atuariam há pelo menos dois anos prestaram depoimento, mas o

problema é geral: 40% dos atestados apresentados pela categoria neste ano estão na

berlinda.

Saiba mais

A investigação foi iniciada com uma denúncia anônima. Os promotores pedem a

colaboração da população com informações sobre irregularidades identificadas. De

acordo com eles, a notícia precisa chegar às autoridades para que os responsáveis

sejam punidos.

Ocorreram buscas nas casas dos servidores, nas salas onde trabalham e no setor de

departamento pessoal do Centro de Saúde 3. Na operação, 22 policiais participam da

investigação.

Entre os crimes em apuração estão o de peculato, falsificação de documentos, falsidade

ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações e associação

criminosa.

De acordo com o promotor Maurício Miranda, há provas de que medicamentos do

Sistema Único de Saúde foram distribuídos na última campanha política por intermédio

de Danielle. Isso, afirmou, está sob investigação.

A operação Trackcare, deflagrada ontem, faz alusão ao software da Secretaria de

Saúde que registra os atendimentos diários. Os alvos foram o auxiliar de enfermagem

Marcelo Mendes Cereja e a enfermeira Daniela Moaiana de Toledo. Juntos, eles teriam

apresentado 34 atestados médicos entre janeiro e agosto deste ano, apesar da

inexistência de lançamentos de atendimento médico prestados a eles no período.

Durante dois anos, eles também teriam se apropriado de medicamentos das farmácias

com receitas fraudadas.

Acesso ao sistema

Ishihara explicou que os dois servidores se revezavam na chefia do Centro de Saúde 3

do Guará e, com acesso ao sistema, atestavam a folha de ponto um do outro ou

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forneciam atestados entre si. Eles fraudavam assinatura e carimbos de pelo menos

cinco médicos para emitir licenças e receitas de remédios.

No entanto, o atestado de comparecimento – quando é apenas uma consulta, por

exemplo – era o mais usado, já que pode ser emitido por enfermeiros e técnicos e não

precisavam ser encaminhados à Secretaria de Saúde, o que permitia que ninguém

descobrisse. Aos investigadores, os médicos negaram a autoria. Um deles, inclusive,

deixou a pasta há dez anos.

Apesar da série de atestados, Danielle disse que acumulou, em 5 meses, 402 horas

extras. Os chefes deles também serão investigados. “As chefias que fazem o controle e

o registro tiveram conivência passiva”, acredita o promotor Maurício Miranda. Ambos

foram levados para prestar depoimento na Delegacia de Combate aos Crimes contra a

Administração Pública (Decap). O homem preferiu o silêncio.

Reflexos no atendimento

Apesar de as provas direcionarem para a dupla, os investigadores não descartam o

envolvimento de outros servidores no esquema. “O problema que se afigura é no sentido

da sangria que existe na saúde pela ausência do profissional das unidades de saúde.

Muitos se afastam por problemas reais, mas tantos outros usam de fraude. Temos

ciência de médicos de atestado que continuam trabalhando em estabelecimentos

particulares. Essa é a primeira operação. Fraudes existem, temos que descobrir quem

as pratica”, ressalta o promotor de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde,

Maurício Miranda.

Memória

Em outubro, dados da folha de ponto de cerca de 33 mil funcionários da pasta foram

deletados do sistema. Todas as informações referentes a faltas, marcação de entrada

e saída e frequência desapareceram dos registros. No mês passado, o órgão informou

que os dados estavam salvos no backup e foram recuperados.

O Ministério Público e a Secretaria de Saúde investigam a regularidade de atestados

que os 5,3 mil médicos da rede pública apresentaram. De janeiro a setembro, 900

solicitaram afastamento. A estimativa da Corregedoria da pasta é de que até 40% das

licenças tenham sido fraudadas. Segundo os promotores, há investigação, inclusive, de

dois pacientes que morreram quando três médicos de uma unidade apresentaram

atestado. Um deles tirou um dia de licença por insuficiência cardíaca que, em tese,

necessitaria de mais tempo.

Por isso, o Ministério deve recomendar que a Secretaria de Saúde mude práticas. Entre

elas a facilidade para alteração nos softwares usados para registro de faltas. “Brasília

devia ter atendimento de primeiro mundo. Mas é um dos piores locais. E a população

sofre”, advertiu Ishihara.

VERSÃO OFICIAL

Em nota, a Secretaria de Saúde afirmou que colabora com as investigações e que tem

atuado para coibir as irregularidades por meio da Corregedoria da pasta. O órgão diz

não tolerar atos ilícitos e garante que as práticas “prejudicam o atendimento à

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população, além de sobrecarregar outros servidores”. De acordo com a pasta, as

condutas da enfermeira e do técnico de enfermagem investigados pela Operação

Takecare passarão por “investigação rigorosa”.

JORNAL DE BRASÍLIA (DF)

09/12/2016

DO ALTO DA TORRE

OSs ficam para depois. Bem depois

Estava prevista para ontem a votação do projeto de lei que disciplina a atuação de

organizações sociais no DF na Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara

Legislativa. O governo tem pressa. O relator do texto no colegiado, deputado Rafael

Prudente (PMDB), parece que não. Agora, uma das propostas mais importantes para o

Executivo ficou para o ano que vem. É que esta seria a primeira comissão onde o texto

tramitaria. E, agora, não resta tempo hábil para que o projeto chegue ao Plenário. O

parlamentar alegou compromissos assumidos anteriormente para faltar à sessão

extraordinária, marcada para a manhã de ontem. E disse que o texto estava lá, com o

parecer dele anexados. Nas contas dele, foram cerca de 15 emendas apresentadas.

Emendas

“O relatório estava pronto pra ser votado. Fiz as emendas porque, da forma como o

governo mandou, não dava para ser aprovado. Limitamos o projeto para que a Câmara

Legislativa e os órgãos de fiscalização tenham um controle maior. Já tinha

compromisso. Agora, fica para o ano que vem”, explica Prudente.

Buriti foi com tudo

Com a proposta, o governo Rollemberg quer disciplinar a qualificação de OSs para

atuação na educação, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e

preservação do meio ambiente, cultura e saúde. O Buriti tinha tanto interesse na

aprovação do texto que apareceu até o deputado Juarezão (PSB) para votar. Ocorre

que, mesmo sendo vice-presidente, ele está no exercício do comando da Casa e

presidentes não podem votar em comissões. Mas ele bateu o pé e lá ficou. O deputado

Wasny de Roure (PT), que também participa do colegiado, questionou a presença e

atuação de Juarezão, que é membro da comissão originalmente, mas não poderia votar,

como impede o Regimento Interno da Casa. Ele diz que a presença do deputado do

PSB lá indicaria uma manobra do Executivo para aprovar o texto a qualquer custo.

Irregularidades? Nãããão!

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O médico ortopedista Fabiano Dutra, ex-coordenador técnico da Ortopedia do Hospital

de Base, e o advogado Raphael Rosa de Paiva, ex-chefe da Assessoria Jurídica

Legislativa da Secretaria de Saúde, foram ouvidos ontem na CPI da Saúde. Ambos

negaram aos deputados Wellington Luiz (PMDB), Wasny de Roure (PT) e Lira (PHS)

terem participado de irregularidades nos cargos. Dutra, que foi preso durante a

Operação Hyde, da Polícia Civil, negou que tenha queimado provas que incriminassem

a empresa Home Care, onde também trabalhava. Disse que apenas eliminou arquivos

pessoais.

Pagamento recorde

Na próxima segunda-feira, a ex-chefe da Assessoria Jurídica da Secretaria de Saúde,

Ellen Falcão, será ouvida pelos deputados. O deputado Wasny de Roure (PT), que

apresentou o requerimento para convocação, explicou que ela fora citada nas gravações

por ter sido supostamente indicada pela filha do governador, Gabriela Rollemberg. O

distrital justificou que quer apurar a relação das advogadas com a aprovação “recorde”

do pagamento de UTIs – um dia após sanção do projeto aprovado na Câmara

Legislativa, por parte do governador, com “supressões” que retiraram poderes da

Assessoria Jurídica transferindo-os ao diretor executivo do Fundo de Saúde, Ricardo

Cardoso.

FOLHA DE S. PAULO (SP)

09/12/2016

COTIDIANO

Para frear custos, planos e hospitais testam novo

modelo de pagamento

Diante da grave crise e do aumento recorde de custos, planos de saúde e hospitais

estão testando um novo modelo de remuneração que levará em conta a qualidade da

assistência prestada, e não mais a quantidade de procedimentos realizados.

Hoje, vigora o "fee for service" (pagamento por serviços). Quanto mais insumos um

hospital utiliza, mais o plano paga. Isso estimula o desperdício e o aumento de custos

para os planos e, no final, para os usuários.

A Abrange (Associação Brasileira de Planos de Saúde) diz estar preparada para iniciar

a implantação do novo modelo até o fim de 2017. A entidade, junto à Fenasaúde

(Federação Nacional de Saúde Suplementar), realiza projeto piloto que deve estar

pronto em março.

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O modelo proposto pelos planos é o DRG (Grupos de Diagnósticos Relacionados, numa

tradução livre), um sistema que vigora em 20 países, entre eles Estados Unidos,

Austrália e África do Sul.

Ele reúne grupos de pacientes com as mesmas doenças e características e estabelece

um valor fixo a ser pago pelo tratamento. Por exemplo: tratar um homem de 40 anos

com pneumonia, sem outros problemas de saúde, seria mais barato do que tratar um

idoso de 80 anos, cardiopata e que toma dez remédios/dia.

Também existem compensações financeiras para hospitais com melhores indicadores

de qualidade, como menores taxas de infecção hospitalar, de mortalidade e de eventos

adversos.

Segundo Bruno Maciel, diretor da consultoria PwC, responsável pelo projeto piloto,

situações em que o desfecho clínico não é tão previsível –como um bebê prematuro

internado na UTI neonatal–, continuarão remuneradas com base no "fee for service".

Ele diz que nos países que usam o DRG, de 20% a 30% das contas são pagas por

serviços. "São modelos híbridos, mas o DRG prevalece."

­

ENTENDA MUDANÇA NA SAÚDE

COMO É HOJE: Prevalece o sistema de pagamento por serviço, em que o hospital

recebe pelos procedimentos e itens usados

PROBLEMAS: A qualidade não é considera­da, e há desperdício e aumento de custo

para o plano, que repassa a conta ao usuário

VANTAGENS: Para situações clínicas mais imprevisíveis, o pagamento por serviço

segue sendo a melhor alternativa

O NOVO MODELO: Classifica grupos de pacientes com as mesmas doenças e

ca­racterísticas e estabelece um valor fixo a cada tratamento

PROBLEMAS: Pode incentivar que hospitais usem produtos piores para obter lucro e

gerar recusa de pacientes mais complexos

VANTAGENS: Contém os custos médicos, melhora a eficiência, diminui os tratamentos

excessivos e aumenta a transparência

­

INSUSTENTÁVEL

Pedro Ramos, diretor da Abrange, diz que o atual "fee for service" é insustentável. "A

galinha dos ovos de ouro está morrendo. Nós pagamos 97% das contas hospitalares e

não vamos abrir mão dessa mudança. Mas tem de haver honestidade de todos [planos,

hospitais e fornecedores]."

Com a crise, os planos de saúde perderam quase 2 milhões de usuários e enfrentam

aumento recorde de custos, puxados pelo avanço das despesas médico­hospitalares.

12

Para Luiz Carneiro, superintendente do IESS (Instituto de Estudos de Saúde

Suplementar), além da redução de custos, o DRG dará mais transparência à qualidade

da assistência de um hospital. "Hoje não sabemos, por exemplo, qual a taxa de infecção

hospitalar e de reinternação."

O Hospital Israelita Albert Einstein testa o DRG há um ano como ferramenta de

avaliação do consumo de recursos de acordo com a complexidade dos casos clínicos.

Segundo Sidney Klajner, recém­eleito presidente do Einstein, o modelo tem permitido

comparar a prática médica assistencial e a eficiência de um tratamento.

"Com ele, os hospitais terão que assumir a responsabilidade por complicações evitáveis

que o paciente possa ter por falta de um processo de segurança interno."

Francisco Balestrin, presidente da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados),

diz ser preciso mudar a forma de remuneração, que o atual modelo gera desperdícios,

mas tem ressalvas sobre o DRG. "Ele implica mudar todo o sistema de informação de

um hospital. Isso não é barato e leva tempo."

PEÇA­CHAVE

A mudança no modelo de remuneração é considerada a peça­chave para uma nova

forma de assistência que está em curso em vários países do mundo, chamada de

cuidados de saúde baseados em valor (VBHC, em inglês).

Na semana passada, a consultoria The Economist Intelligence Unit divulgou em Miami

um estudo patrocinado pela Medtronic em que avaliou a situação dos sistemas de saúde

de 25 países –na América Latina, Brasil, Chile, Colômbia e México.

Segundo David Humphreys, diretor da consultoria, os países latino-americanos têm

baixo alinhamento com esses novos princípios –apenas a Colômbia teve classificação

moderada. "Existem boas iniciativas, como a implantação dos registros eletrônicos no

Brasil, mas ainda há muito o que avançar."

O estudo analisou 17 indicadores, como cuidados integrados e concentrados no

paciente e medição de resultados e despesas.

Para a médica Ana Maria Malik, coordenadora da FGV saúde, o Brasil precisa avançar

na melhoria e transparência das informações. "Mas a questão é que sistemas de

informação mostram coisas que não gostamos de ver. Por isso, há tanta resistência."

A avaliação geral é que as atuais abordagens não são eficientes nem sustentáveis. Os

sistemas ainda recompensam o volume de atendimentos, não o valor do cuidado.

Em geral, são fragmentados, desconectados e caros. Pacientes crônicos, por exemplo,

podem ter o mesmo exame pedido várias vezes pelos diversos especialistas que estão

consultando, o que gera enorme desperdício.

Para enfrentar esses desafios, países como os EUA criaram novas métricas e já

recompensam a qualidade, não o volume dos serviços.

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Hugo Villegas, presidente da Medtronic na América Latina, diz que a empresa tem feito

várias parcerias com sistemas de saúde que permitam ampliar o acesso a produtos e

serviços de alta qualidade com uma boa relação de custo e benefício.

Na Holanda, por exemplo, participa de uma iniciativa que busca melhorar os cuidados

à saúde de 1.800 pacientes com diabetes tipo 1. "Conseguimos baixar a hipoglicemia

em 82%, o reingresso nos hospitais em 51% e os custo desses pacientes em 9%."

Segundo Villegas, a empresa só é remunerada se consegue demonstrar os bons

resultados clínicos.

No Brasil, a Medtronic participa de um projeto piloto com médicos, seguradoras e

hospitais privados em que vai avaliar o tratamento de um grupo de pacientes cardíacos

e definir o desfecho clínico esperado após 18 meses.

"Eles serão tratados e continuarão sendo acompanhados após a alta. Se não tiverem

complicações e o tratamento se mostrar efetivo, aí a equipe será remunerada."

Mas é factível para empresa esperar 18 meses para ser remunerada? "É uma grande

mudança, difícil, mas é factível. Estamos convencidos de que temos que mudar o

modelo de negócios. A sustentabilidade do setor também será a nossa como empresa."

Outras de dias anteriores

CORREIO BRAZILIENSE (DF)

08/12/2016

CIDADES-DF

Saúde admite fragilidade na fiscalização de

atestados médicos falsos

Pela segunda vez este ano, sistemas são alvo de investigação. Secretaria admite que

não tem como fazer mudanças para fortalecer a segurança do sistema que gerencia

os dados

Apesar de colaborar com as investigações da Operação Trackcare, que apura fraudes

em atestados médicos, a Secretaria de Saúde admite que não tem como fazer

mudanças para fortalecer a segurança do sistema que gerencia os dados. A pasta

afirma que vai iniciar "uma rigorosa investigação" para identificar os integrantes do

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esquema de corrupção. Essa é a segunda vez que centrais de dados da pasta são alvo

de investigação.

A Corregedoria da Saúde acredita que até 40% dos 2,5 mil atestados homologados

entre junho de 2015 e setembro deste ano podem ser fraudulentos, conforme revelou o

Correio na última quarta-feira (7/12). Caso seja comprovada a fraude, os servidores

envolvidos podem responder por infração grave. A punição vai de advertência e até

demissão, sob a acusação de abandono de cargo.

O Ministério Público (MPDFT) atribui a fraude à falta de fiscalização. "Vamos ter de

cobrar mais daqueles gestores que registram os atestados. Precisamos que protocolos

sejam implantados para frear essa sangria. Não podemos permitir que esses crimes

aconteçam. Queremos um efeito educativo dentro da administração pública", criticou o

promotor de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida), Maurício Miranda.

Falha nos sistemas

Dados do Sistema Forponto - que registra a produtividade dos servidores da Secretaria

de Saúde - foram apagados em 21 de outubro. Sem as referências, a pasta não tem

como analisar a presença dos servidores, contabilizar as horas trabalhadas, medir as

horas extras, entre outras informações, como adiantou o site Correio à época.

A Subsecretaria de Gestão de Pessoas (Sugep) registrou ocorrência. Ao todo, cerca de

32 mil servidores da Secretaria de Saúde tiveram as informações perdidas. A pasta

recuperou parte das informações com um backup.

Nesta quinta-feira (8/12), a Secretaria de Saúde admitiu vulnerabilidade. "A respeito dos

sistemas ForPonto e Trackcare, a secretaria informa que ambos são para registros de

informações, com acesso restrito a pessoas autorizadas e mediante senha de uso

pessoal. Não há o que ser feito para fortalecer os sistemas", explicou, em nota.

JORNAL DE BRASÍLIA (DF)

08/12/2016

BRASIL

Troca de cubanos do Mais Médicos pode deixar

cidades sem assistência

A substituição de profissionais cubanos que já completaram três anos no Mais Médicos

corre o risco de provocar vazios assistenciais em vários municípios no País. Embora o

governo brasileiro e o de Cuba já tenham acertado que novos médicos deverão ocupar

vagas disponíveis nas cidades brasileiras, o Ministério da Saúde reconhece que a

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operação não é imediata, demanda um tempo de preparação, aumentando o risco de

cidades ficarem sem profissionais durante um período.

A previsão é de que 1.384 médicos cubanos cheguem em dezembro. Outros dois mil

devem desembarcar no Brasil entre janeiro e fevereiro. “O problema é que ao chegar,

eles não podem ir direto para cidades”, afirmou Neilton Oliveira, do Ministério da Saúde.

Ele conta que um esforço está sendo realizado para tentar tornar mais ágil os

preparativos, que envolvem a abertura em conta em um banco brasileiro, o registro

temporário que autoriza o exercício de Medicina no País, a designação e o

deslocamento para cidades. “São várias áreas envolvidas. Ministério da Saúde, da

Defesa, da Educação”, completou.

O receio é de que os municípios fiquem mais de 90 dias sem assistência, o que poderia

levar a uma interrupção no direito de cidades receberem uma parcela de recursos do

Ministério da Saúde. “Estamos trabalhando para isso não acontecer. Não vai acontecer”,

disse Oliveira.

O Ministério da Saúde renovou em setembro o contrato com a Organização Pan-

Americana de Saúde para recrutar profissionais cubanos para participar do Mais

Médicos. No acordo, no entanto, foi acertado que profissionais que já tenham cumprido

três anos de serviços no Brasil regressem ao país de origem e deem lugar a profissionais

que já estão sendo treinados em Cuba. Até agora, uma turma já se formou. Outra deverá

concluir o curso em meados de dezembro.

A estimativa é de que até o fim deste mês 4 mil cubanos que atualmente trabalham em

municípios brasileiros retornem à ilha. “Eles estão sendo e continuarão sendo

substituídos. E a velocidade deverá ser acelerada”, disse o secretário. Outro fator que

retarda o processo de substituição é a necessidade de se preencher, num primeiro

momento, as vagas com profissionais brasileiros. Os primeiros postos abertos são agora

alvo de um edital, para que médicos formados no Brasil possam disputar as vagas. A

previsão é de que o processo termine neste mês.

Até setembro, 11.400 profissionais cubanos trabalhavam no Mais Médicos. Eles

representam a grande força do programa, criado em 2013 em uma resposta às

manifestações populares que reivindicavam melhoria de acesso à saúde. Ao todo, o

Mais Médicos reúne 18.240 profissionais, dos quais apenas 5.274 são brasileiros.

Outros 1.537 são profissionais que obtiveram diploma no exterior.

G1

08/12/2016

CIÊNCIA E SAÚDE

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Projeto de pesquisadora da UFU concorre a prêmio

nacional

Ela desenvolveu biossensor para diagnosticar vírus associado ao câncer. Pesquisa de

Uberlândia concorreu com outras 89 cidades do Brasil.

O trabalho de uma pesquisadora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) está na

lista dos finalistas do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia Para o SUS 2016.

Ela está desenvolvendo um biossensor para diagnóstico em tempo real um tipo de vírus

associado ao câncer. A pesquisa concorreu com outras 89 de todo o país e o resultado

será divulgado no próximo dia 13 de dezembro, em Brasília.

O projeto é desenvolvido no laboratório do Instituto de Genética e Bioquímica da UFU

pela pesquisadora Renata Balvedi. O biossensor diagnostica o vírus epstein-barr, que

tem sido associado a diversos tipos de tumores, entre eles de cabeça e pescoço.

O protótipo trata-se de uma tira, semelhante às utilizadas em exames de glicose, onde

foi agregado um fragmento de DNA do vírus. Nela é colocada uma amostra de sangue

ou de saliva do paciente e o resultado da reação aparece na tela do computador.

Mais prêmios

A pesquisa começou em 2011 e é orientada pela Ana Graci Brito Maduro, que coordena

o laboratório. O trabalho ainda está em estágio inicial, mas já foi premiado pela

Sociedade Brasileira de Química. Quatro anos depois é finalista no prêmio que

reconhece trabalhos que tenham potencial de aplicação no Sistema Único de Saúde.

AGÊNCIA BRASIL

08/12/2016

GERAL

SUS compra supercomputadores para unificar dados

de prontuários eletrônicos

O Ministério da Saúde anunciou hoje (8) a compra de três supercomputadores que vão

ampliar em até dez vezes a capacidade de armazenamento de dados do Sistema Único

de Saúde (SUS). O investimento da pasta com os processadores foi de R$ 67 milhões.

A expectativa é que a expansão permita a unificação de todos os sistemas de

informática da saúde, possibilitando a integração do uso de recursos e do histórico de

atendimento de pacientes em todo o país.

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O ministro da Saúde, Ricardo Barros, defende que os novos equipamentos representam

redução de gastos públicos por meio da manutenção dos sistemas e da melhoria da

gestão. A pasta também aposta que os supercomputadores devem colaborar para um

atendimento mais rápido do cidadão por meio do prontuário eletrônico, do Cartão

Nacional de Saúde e do Registro Eletrônico em Saúde, entre outros serviços

informatizados nacionalmente.

“Recebemos agora os equipamentos, fruto de uma licitação que foi feita em janeiro. E

esperamos que, com a licitação do software, consigamos implantar todo o sistema o

mais breve possível”, afirmou. “Precisamos que eles [estados, municípios e entidades

filantrópicas] nos enviem corretamente as informações.”

O ministério informou que, antes da compra dos supercomputadores, a capacidade de

uso de processamento dos servidores estava em torno de 92%. Com a aquisição das

máquinas, o número foi reduzido para uma média de 15% a 20% em horários de pico,

permitindo o aumento da velocidade no processamento das informações.

A estimativa da pasta é que a implantação da nova plataforma gere uma economia de

10% a 20% dos gastos com atenção básica – algo em torno de R$ 7 bilhões a R$ 14

bilhões.

Prontuário eletrônico

Termina no próximo sábado (10), o prazo dado pelo governo para a adoção do

prontuário eletrônico nas unidades básicas de saúde. Por meio da plataforma digital, a

previsão é que todos os serviços de saúde do município possam acompanhar histórico,

dados e resultados de exames dos pacientes, além de verificar em tempo real a

disponibilidade de medicamentos e registrar visitas de agentes de saúde.

A transmissão de dados da rede municipal para a base nacional permite ainda que o

ministério verifique online como estão sendo investidos os repasses feitos pela pasta ao

município.

“Recebendo essa informação, saberemos quantos brasileiros já estarão integrados ao

nosso sistema nacional e saberemos o que cada município precisa de apoio, sejam

computadores, conectividade ou qualificação de profissional, para que eles possam se

integrar ao sistema nacional”, concluiu o ministro.

SES/DF

08/12/2016

NOTÍCIAS

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Inscrições abertas de curso para Auxiliar em

Enfermagem

Inscrições e matrículas devem ser efetuadas nesta sexta-feira (9)

O Curso de Complementação para Auxiliar em Enfermagem, com habilitação em técnico

de enfermagem, permanece com as inscrições e matrículas abertas à população nesta

sexta-feira (9). A capacitação será oferecida pela Escola Técnica de Saúde de Brasília

(ETESB) da Secretaria de Saúde e é voltada aos auxiliares de enfermagem com ensino

médio completo.

Quem se interessar, deve comparecer ao Edifício da FEPECS no dia 9 de dezembro,

das 8h às 11h30, no período da manhã e, à tarde, das 14h às 17h. A turma tem início

previsto para maio de 2017.

CURSO – O curso será dividido em duas partes: teoria e prática. Durante à noite, das

19h às 22h15, serão ministradas as aulas teóricas na ETESB (SMHN, Conjunto A, Bloco

1). Já as atividades práticas acontecerão nas unidades de saúde que compõem a rede

pública do Distrito Federal durante os turnos matutino ou vespertino, além dos finais de

semana. Para mais informações, basta acessar o edital da seleção aqui.

DOCUMENTAÇÃO – Para efetuar a matrícula são necessários os seguintes

documentos: entregar o formulário de matrícula, fornecido no local, com todos os

campos preenchidos após a retirada de senha na Sala C da ETESB, certidão de

nascimento e/ou casamento, cédula de identidade ou outro documento de identidade

que tenha a data de emissão da carteira de identidade e naturalidade, certificado de

conclusão do curso de Auxiliar em Enfermagem, certificado de conclusão de ensino

médio ou equivalente, histórico escolar do ensino médio ou equivalente, CPF, título de

eleitor, comprovante de quitação eleitoral, comprovante de quitação militar e três fotos

3x4 idênticas.

SERVIÇO

Inscrição e matrícula para o Curso de Complementação para Auxiliar em Enfermagem

Data: 9 de dezembro (sexta-feira), das 8h às 11h30 e das 14h às 17h

Público Alvo: Auxiliares de Enfermagem com ensino médio completo

Local: na Sala "C" da ETESB – SMHN, Quadra 03, Conjunto A, Bloco 1 - Edifício Fepecs

(referência – início da W3 Norte e no mesmo complexo do Hemocentro e Compp)

Duração do curso: maio de 2017 a abril de 2018

METRÓPOLES

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08/12/2016

DISTRITO FEDERAL

No Hran, o mesmo elevador transporta cadáver,

paciente e refeições

Três semanas após o Metrópoles denunciar que pessoas internadas dividiam os

elevadores com lixo, problema se agravou no Hran

A vida e a morte ainda se cruzam, literalmente, no elevador do Hospital Regional da Asa

Norte (Hran). Três semanas após o Metrópoles noticiar que apenas dois dos seis

ascensores da unidade de saúde estavam em operação, a situação se agravou. Hoje,

apenas um funciona e um vídeo gravado na manhã desta quinta-feira (8/12) revela que

a situação está dramática: o mesmo equipamento transporta cadáveres, pacientes e

refeições das pessoas internadas na instituição.

Nas imagens, uma paciente é levada sobre uma maca pelo saguão do Hran. A pessoa

que filma reclama das condições do transporte, uma vez que eles são obrigados a

passar pela sala de espera na entrada do hospital, onde há muito vento. Ao chegar no

elevador, eles entram “na fila”. À frente, outro funcionário aguarda para levar um corpo,

todo coberto por um lençol branco. Em seguida, uma servidora chega com as bandejas

do almoço para os pacientes e acompanhantes. A filmagem foi feita por volta das 11h30

desta quinta (8).

Veja o vídeo.

“O mesmo elevador que transporta o corpo também leva as refeições que serão

entregues a todas as pessoas internadas no hospital”, diz o homem que fez a filmagem.

Ele trabalha no Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde

do DF (SindSaúde).

O sindicalista reforça a situação denunciada pelo Metrópoles em 15 de novembro:

“Desce de tudo” pelos únicos elevadores que funcionam no Hran. Além de pacientes,

acompanhantes, médicos, enfermeiros e demais servidores, são transportados sacos

de lixo infectado, refeições, roupas sujas e roupas limpas.

Só um elevador em operação

Procurada para comentar o assunto, a direção do Hran confirmou que apenas um dos

elevadores está funcionando na unidade. “Eles estão sem contrato de manutenção,

porém, um técnico da Novacap está no hospital para fazer a avaliação do que será

necessário fazer para voltarem a funcionar”, disse a unidade, por meio de nota.

Ainda segundo o Hran, o hospital “utiliza elevadores diferentes para a execução de

serviços ‘limpos’ (visitante, pacientes, internação alimentação e roupa limpa) e para

serviços ‘sujos’ (lixo, roupa suja e óbito). O fato ocorrido nesta quinta-feira (8) foi isolado,

pois o cadáver era de uma paciente que havia acabado de chegar via aérea, pelo Corpo

de Bombeiros, após tentativa de ressuscitação cardiopulmonar”.

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Meses de espera

Em novembro, os defeitos afetavam quatro dos seis ascensores da unidade. Segundo

relatos de servidores, os problemas se arrastavam desde outubro, mas se agravaram

no início de novembro. De acordo com os funcionários, os dois elevadores que ainda

funcionavam apresentavam falhas com frequência e, muitas vezes, quebravam com

pessoas dentro.

O Hran tem sete andares. Pela entrada principal, no térreo, é possível acessar o centro

cirúrgico, a unidade de terapia intensiva (UTI), o pronto-socorro e a pediatria. O

problema é quando há a necessidade de subir ou descer os pavimentos. A unidade de

queimados — setor de referência do Hran —, por exemplo, fica no terceiro andar.

“Vi o mesmo elevador usado para transportar o lixo levando pacientes sedados.

Também já presenciei, diversas vezes, macas sendo carregadas pela escada”, contou

uma servidora que pediu para não ser identificada.

Na época, a direção administrativa do Hran conformou que os elevadores estavam

parados para manutenção. De acordo com a Secretaria de Saúde, a empresa

responsável por fazer os reparos já havia sido acionada. “Para o conserto, são

necessárias peças que não temos no Distrito Federal. O pedido foi feito e virá de São

Paulo. Deve chegar nos próximos dias”, informou a pasta, por meio de nota. No entanto,

mais de 20 dias se passaram e, até agora, nada.

Água gelada e cheiro de cadáveres

O Hran tem sido palco de uma série de problemas nos últimos meses. Em julho, em

pleno inverno, quem estava internado na unidade teve que tomar banho de água fria

porque as caldeiras encontravam-se quebradas.

Em setembro, a câmara mortuária, onde são guardados os cadáveres de pacientes que

morreram na unidade, estava sem a devida refrigeração. Dessa forma, o cheiro dos

restos mortais em decomposição podia ser sentido nos corredores do hospital.

METRÓPOLES

08/12/2016

DISTRITO FEDERAL

Votação de projeto que trata das OSs deve ficar

para 2017

Reunião para discutir o assunto em comissão da Câmara estava marcada para esta

quinta (8/12), mas relator não compareceu

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Deve ficar para o ano que vem a apreciação pela Câmara Legislativa do Projeto de Lei

nº1186/2016, que estabelece novas regras para a entrada de organizações sociais

(OSs) no Distrito Federal. A proposta do Poder Executivo deveria ter sido apreciada, em

sessão extraordinária, pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura (Cesc), nesta

quinta-feira (8/12), mas o relator da matéria, Rafael Prudente (PMDB), não compareceu

à reunião.

“Nós ligamos para o Rafael (foto em destaque), mas ele não apareceu nem atendeu o

telefone. Então, existe apenas 1% de chance de que esse projeto seja votado ainda

este ano”, afirmou o presidente da Cesc, Reginaldo Veras (PDT). A Casa entra de

recesso no próximo dia 15.

A proposta começou a ser analisada na última quarta-feira (7/12), com 11 emendas

elaboradas pelo próprio relator. Mas um pedido de vista do Wasny de Roure (PT)

interrompeu a análise e uma sessão extraordinária foi marcada para esta quinta-feira

(8).

Outra proposta

Em outra frente, nesta quarta-feira (7), a Comissão de Emendas à Lei Orgânica (Cepelo)

aprovou proposta que proíbe a contratação de OSs na gestão de escolas públicas e

unidades de saúde. O projeto pode ser votado ainda na próxima semana pelo plenário

da Casa.

A experiência com as OSs no passado não é das melhores. Levantamento divulgado

recentemente mostra que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios cobra na

Justiça o ressarcimento de pelo menos R$ 59 milhões em contratos firmados entre o

governo local e essas organizações na área da saúde. Os valores são referentes a

prejuízos que teriam sido provocados por esse tipo de parceria, segundo o MP, que

terceiriza a gestão.