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Outubro 2010 Outubro - Número 24

Correio da USALMA n.º 24

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Correio da USALMA n.º 24 outubro 2010

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Outubro 2010Outubro 2010

Correio da Usalma

Outubro - Número 24

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Notícias da UsalmaCalendário Escolar 2010/2011

1.º PeríodoInício:18 de Outubro de 2010 Termo: 17 de Dezembro de 20102.º PeríodoInício: 3 de Janeiro de 2011Termo: 8 de Abril de 2011 3.º PeríodoInício: 26 de Abril de 2011Termo: 9 de Junho de 2011, nas escolas onde há exames.22 de Junho de 2011, nos outros locais.Interrupções Lectivas:1.ª Interrupção: de 20 a 31 de Dezembro, inclusive2.ª Interrupção: de 07 a 09 de Março, inclusive3.ª Interrupção: de 11 a 21 de Abril, inclusive

MagustoEste ano vamos comemorar o São Martinho, no dia 13 de

Novembro, na Quinta da Broeira no Cartaxo.Para além de um suculento almoço temos água-pé, castanhas e

bailarico para nos animarmos.

Próximas Actividades:Colóquios • No próximo dia 19 de Novembro, no Frei Luís de Sousa,

pelas 15h00, terá lugar um colóquio cujo o tema, “Cultura Índia, Biodiversidade e Direitos das Mulheres e das Minorias”, será tratado pela Doutora Eliane Lima dos Santos.

• Ainda no mês de Novembro, no Frei Luís de Sousa, terá lugar um colóquio subordinado ao tema: “No Centenário da República… Encontro com Guerra Junqueiro”, em que será orador o Dr. Alexandre Castanheira.

Assembleia de DelegadosA Assembleia de Delegados é integrada pelos Delegados eleitos nas respectivas turmas e mandatados

para os representar nas reuniões formalmente convocadas. .A 1.ª Assembleia do Ano Lectivo de 2010/2011, realiza-se a 3 de Dezembro, pelas 10h00, no

Auditório da Escola Secundária de Cacilhas Tejo.

Todos os delegados de turma devem comparecer para eleger o Conselho de Delegados.

O Conselho de Delegados resulta da eleição de listas que devem ser apresentadas à Direcção até dia 30 de Novembro, inclusive.

A Direcção apresentará uma lista.O número de representantes ao Conselho de Delegados, não pode exceder 10 elementos e deve

obedecer às seguintes regras:• De 1 a 14 turmas – 1 Conselheiro

p.4

Ficha Técnica:

Direcção : Jerónimo de Matos

Redacção : Joaquim da SilvaFeliciano OleiroGracelinda NascimentoEmília Evaristo

Fotografi a: Joaquim Ribeiro

Designer Gráfi co: Joaquim Ribeiro

Colaboração: A. M. da Silva e PinhoAmérico MorgadoAntónio Maria TomásEdite PradaGraciete L. PascoalMarta Oliveira e Silva

Paginação: Joaquim Ribeiro Sónia Tomás

Copy Desk: Sónia Tomás

Depósito Legal - 284512/08

ISSN 1647-1067

Redacção / Administração : Rua Conde Ferreira 2800-077 AlmadaTelefone e fax : 21 274 39 28E-Mail : [email protected]

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Correio da Usalma

EditorialProfessorJerónimo de Matos

AUSALMA entrou no 7ºano de vida com o vigor duma instituição que atingiu a matu-AUSALMA entrou no 7ºano de vida com o vigor duma instituição que atingiu a matu-Aridade e cresce de forma sustentada e equilibrada.Aridade e cresce de forma sustentada e equilibrada.A A 19 de Outubro com a normalidade possível e a hospitalidade das escolas de acolhimento, tiveram início as aulas, com novos cursos, novos professores, novos alunos e um novo Polo na Costa da Caparica (Escola Básica 2/3 da Costa).

A 23 teve lugar a sessão solene de abertura, momento alto que levou ao auditório Fernando Lopes Graça do Fórum Municipal Romeu Correia numerosa assistência de convidados, pro-fessores e estudantes que participaram e aplaudiram com entusiasmo os momentos musicais, as várias intervenções da mesa e sobretudo a notável oração de sapiência da Professora Dou-tora Elvira Fortunato, investigadora da FCT da Universidade Nova de Lisboa, que expôs com clareza os mais recentes avanços científi cos nos domínios da electrónica transparente e da na-notecnologia, transportando a assistência para a antevisão do futuro próximo (ver reportagem neste número).

A intervenção do Senhor Vereador da Educação e Cultura, Engenheiro António Matos, para além da expressão de apreço e apoio da Câmara Municipal ao projecto da USALMA, veio confi rmar a expectativa da próxima dotação duma sede própria e condigna, no decorrer do próximo ano lectivo.

Este novo ano exigiu das Direcções das escolas que nos acolhem um acrescido esforço para que os cerca de 900 estudantes inscritos tenham boas condições de trabalho e apoio, sem pre-judicar a aprendizagem dos jovens alunos formais.

Nunca é demais reconhecer a hospitalidade das escolas Secundárias: Cacilhas/Tejo, Emídio Navarro, Anselmo de Andrade, Fernão Mendes Pinto, Ruy Luís Gomes (Laranjeiro), António Gedeão (Cova da Piedade), Romeu Correia (Feijó), Escola Secundária do Monte de Capari-ca, EB 2/3 D. António da Costa, EB 2/3 Costa da Caparica, a cujas Direcções aqui deixamos a expressão de reconhecimento de todos os que benefi ciam da sua generosa disponibilidade, cientes como todos estamos de que se trata de uma experiência benéfi ca e que, não obstante a dotação da nova sede, se deve continuar e ampliar, levando-a a todas as freguesias do concelho, mormente às mais distantes do centro.

Trata-se da abertura das escolas à comunidade, optimizando em favor desta recursos edu-cativos e culturais e contribuindo com a presença dos seniores no interior da escola para as relações intergeracionais, factor de equilíbrio social a desenvolver.

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Festa de Encerramento do ano lectivo 2009/2010

Jantar de Homenagem aos Professores da Usalma

À semelhança de anos anteriores e enquadrado no programa de encerramento do ano lectivo 2009-2010, realizou-se no dia 18 de Junho o Jantar de Homenagem aos Professores da Usalma, o qual teve lugar no restaurante Dia-a-Dia, com o seguinte progra-ma:

19:00 – Recepção aos participantes;20:00 – Sessão de Boas Vindas;20:05 – Início do Jantar;21:00 - Homenagem aos Professores21:35 – Música para DançarEste acontecimento decorreu com grande participação e inte-

resse dos presentes, com destaque para a homenagem aos professores pelo “seu empenho e dedicação aos seus alunos”, reconhecimento expresso em documento que foi entregue a cada um.

O convívio terminou com animação musical e dança, em que participou grande parte dos presentes.

Joaquim Silva, Prof. da Usalma

• De 14 a 28 turmas – 2 Conselheiros• Mais de 28 turmas – 3 Conselheiros

A distribuição das turmas é a seguinte:

EscolasEscolas Nº de TurmasNº de TurmasAnselmo de AndradeAnselmo de Andrade 14Cacilhas TejoCacilhas Tejo 31SeminárioSeminário 28Emídio NavarroEmídio Navarro 14Monte de Caparica Monte de Caparica 07Costa de CaparicaCosta de Caparica 05António Gedeão António Gedeão 03Ruy Luis GomesRuy Luis Gomes 03Alembrança Alembrança 01Romeu CorreiaRomeu Correia 01António da Costa António da Costa 05Arquivo HistóricoArquivo HistóricoArquivo Histórico 01Imargem 03

Pagamento de Propinas

As propinas relativas ao 1.º semestre encontram-se a pagamento.

Alertam-se os alunos que ainda não regularizaram a sua situação que o façam, o mais rápido possível, para evitar a sua exclusão da(s) turma(s) que frequenta(m).

As propinas relativas ao 2.º semestre deverão ser pagas durante o mês de FEVEREIRO.

Horário de atendimento da secretaria: De 2.ªfeira a 6.ªfeira das 10h00 às 12h302.ª, 3.ª e 5.ª feira das 15h00 às 17h00

Prof. Emília Evaristo

Notícias da Usalma p.2

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Realizou-se no passado dia 23 de Outubro, no Fórum Municipal Romeu Correia, a Sessão Solene de Abertura do ano lectivo de 2010-2011, com a presença de número elevado de pessoas.

Na abertura da sessão, ac-tuou o Coro Polifónico da Usalma, dirigido pelo ma-estro Victor Gaspar, inter-pretando o hino académico “Gaudeamus igitur”.

A mesa foi constituída por: Vereador da Cultura da CMA Engº. António Matos, oradora convidada Profª. Doutora Elvira Fortunato, Presidente da USALMA Dr. Jerónimo de Matos, 1ª. Secretária da AG da Asso-ciação de Professores Drª. Graça Pessoa e represen-tante dos alunos Coronel José Evaristo.

Abriu a sessão o Presidente da Usalma, começando por referir o número de alunos inscritos no presente ano lectivo, cerca de 900, sendo mais de 80 os profes-sores, distribuídos por várias escolas e outros locais do concelho de Almada, tendo-se verifi cado um cresci-mento continuado desde o seu início no ano de 2005.

Disse que a actividade da Usalma depende do apoio daquelas entidades, incluindo o prestado pela Câmara Municipal ao longo dos anos. Agradeceu a presença de grande número de alunos e professores na sessão, manifestação do interesse de todos nas actividades da escola.

De seguida deu a palavra à representante da AG, a qual começou por saudar os elementos da mesa e dis-se da sua tripla participação, como professora, aluna e membro dos corpos sociais da Associação de Profes-sores.

Pretendendo partilhar alguns aspectos importantes daquelas actividades, todas elas relacionadas com o ob-jectivo primordial “aprender ao longo da vida, aliada à partilha de experiências de conhecimentos e afectos”, disse considerar que a Universidade Sénior constitui um local de formação e convívio que tem permitindo o combate ao isolamento, numa cidade que tem como lema “Ser uma Cidade Educadora”.

Como professora, afi rmou que o trabalho tem sido entusiasmante e de grande alegria, por partilhar sabe-res entre todos de uma forma aberta e construtiva.

Seguiu-se o representante dos alunos que, depois de saudar os elementos da mesa e outras entidades, disse ser a Abertura Solene um dia de festa e feliz para a comunidade da Universidade Sénior de Almada, des-crevendo o seu trajecto na mesma, desempenhando tarefas de Delegado de turma, Conselheiro de escola e Coordenador do Conselho de Delegados.

Disse, de seguida ser a Usalma uma universidade aberta, multicultural, internacional, intergeracional e inclusiva, descrevendo cada uma destas característi-cas.

Agradeceu, de seguida, ao presidente da Usalma e restantes Fundadores, pela excelente ideia que tiveram na criação da Universidade e melhor, por a terem con-cretizado.

Relativamente aos professores, salientou quanto os alunos estão reconhecidos aos mesmos, que tão ge-nerosamente dispõem voluntariamente do seu tempo livre para transmitirem os seus saberes.

Quanto aos alunos, disse que os mesmos têm por dever colaborar, de forma positiva, com a Direcção da Usalma, sublinhando que essa colaboração deverá ser gerenosa, dedicada e integrada em espírito de equipa, destacando-se a participação como delegados de tur-ma.

Aos novos colegas, disse: bem-vindos à nau que é a Usalma, procurando integrar-se nela.

Finalmente, uma palavra sobre a distinta oradora, sobre quem muito haveria a dizer, competindo isso, por certo, ao presidente da Usalma.

Dada a palavra ao vereador António Matos, este re-feriu-se à criação da Usalma e aos passos dados pelos fundadores da Associação de Professores com esse objectivo e lembrou o apoio da Câmara ao longo dos anos de vida da Usalma.

Sessão solene de Aberturado ano lectivo 2010/2011

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Correio da Usalma

A Segurança não é um custo mas sim um investimento

Se tivermos em conta que a insegurança é nor-malmente exógena às Sociedades correcta-mente estruturadas, seremos forçados a dar

razão a Trotsky que dizia: “Talvez a guerra não vos interesse, mas a guerra interessa-se por vós”.

Isto remete-nos para os efeitos colaterais das guer-ras que são estranhas aos nacionais de um Estado não beligerante, com as inevitáveis perdas de Segurança e Liberdade.

Surge assim o primeiro patamar de análise a esta problemática, e que se situa na relação quase sempre tu-multuosa, entre o Estado e o indivíduo.

Ou seja, a Segurança ou é uma “ condição” assumida e inerente ao Estado, que visa proteger a sociedade, da violência, quer seja interna quer seja externa, ou então é a expressão da ordem po-lítica e social, naturalmente imposta pelo próprio Esta-do.

Estas relações de exer-cício da soberania, foram sendo contratualizadas ao longo dos tempos, pelo Di-reito quer interno, quer in-ternacional, sendo que neste ultimo caso, não raras vezes vê ser posta em causa a sua efi cácia, por se constatar a não observância do seu va-lor real e operacionalidade.

Como dizia alguém, “não se pode prender um Es-tado”.

Ainda recentemente e a propósito da decisão do Tribunal Penal Internacional, de emitir um mandato internacional de captura contra Omar Al-Bashir, Pre-sidente do Sudão, foi de imediato avançada a hipóte-se, de o mesmo mandato ser suspenso pelo Conselho de Segurança da ONU, mediante a aceitação de certas condições por parte do referido Al-Bashir. Natural-mente que pelo menos os EUA e o Reino Unido ve-tariam a suposta suspensão. Ou seja, também na cena internacional a Politica (ONU) confl itua com a Justi-ça (TPI), o que é de todo inaceitável.

Contudo a comunidade internacional, sabe, como no dizer de Erasmo “que as guerras são basicamen-te inúteis”, pelo que vem utilizando outras medidas de coacção de carácter não beligerante, tais como os “embargos”, os “bloqueios”, “os cortes de relações

diplomáticas”, ou em sentido oposto, as “parcerias económicas, militares e culturais”.

As guerras, e a consequente perda de segurança e liberdade, como vimos, causam efeitos colaterais, até mesmo em termos da elementar cidadania.

O Comissário Europeu Fritz Bolkestein, contava com certa graça que um cidadão europeu da cidade de UNGVAR, ao ser-lhe perguntado em quantos países tinha vivido, respondeu que em 5, obtendo como co-mentário do interrogador, que então tinha feito muitas

viagens.Não, respondeu o in-

terrogado, vivi sempre no mesmo local. Primeiro na Hungria depois na Che-coslováquia, em seguida na Ucrânia, mais tarde na URSS e agora novamente na Ucrânia.

Refl ectindo sobre esta situação algo anedóti-ca, percebe-se o que os confl itos podem fazer às fronteiras geográfi cas pré-existentes, alterando-as nem sempre respeitando critérios sócio-culturais e características das nacio-nalidades, adulterando por completo as estruturas das comunidades nacionais e desregulando as suas iden-tidades históricas, costu-mes, língua e cultura, para além das implicações de

carácter económico e territorial.Por esta razão, e por outras mais marcadamente

militares, entende-se melhor a mudança ocorrida no Conceito Estratégico da NATO, ao assumir a adopção do critério de intervenção numa lógica de fronteiras móveis, a qual subalterniza as fronteiras geográfi cas, sempre que seja posto em causa a segurança dos Esta-dos e/ou dos cidadãos e também dos seus interesses. Digamos que o betão rígido das fronteiras deu lugar a membranas permeáveis e facilmente transponíveis.

Esta mudança do conceito estratégico da NATO, nem sempre é vista como conforme com o normativo do Direito Internacional, e poderá mesmo conduzir a situações de grande confl itualidade legal, sempre que as acções tomadas não se sustentarem na legitimação por parte do Conselho de Segurança da ONU, como aconteceu na intervenção da NATO no ataque à Sér-via por causa do Kosovo, e também quando a Admi-

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A Segurança não é um custo mas sim um investimento

nistração Republicana dos E.U.A. decidiu unilateral-mente intervir no Iraque.

Face a tudo o que se tem passado neste conturbado período do já chamado “unilateralismo”, a sociedade global clama pelo regresso ao multilateralismo, prin-cipalmente quando estão em causa eventuais tomadas de decisão de carácter violento. Recordo aqui o enor-me esforço diplomático desenvolvido pelos E.U.A. para agregar outros Países á decisão já tomada de in-vadir o Iraque, no sentido de diminuir o impacto ne-gativo duma decisão puramente unilateral e solitária.

Acontece que no Mundo real, as estratégias con-fl ituantes não obedecem a regras previamente esta-belecidas, aceites e respeitadas por todos os actores internacionais, e por isso as ameaças á segurança e liberdade dos indivíduos é cada vez menos transfron-teiriça, e cada vez mais caracterizada pela capacidade de organizações paramilitares, dissimuladas e infi l-tradas no tecido social dos países alvo, exercerem as chamadas “ameaças assimétricas” o que conduziu a uma situação quase paradoxal.

Ou seja: A única superpotência que sobreviveu ao período da guerra fria, os E.U.A, detêm a maior ca-pacidade estratégica de todos os tempos, mas também as maiores fragilidades, alguma vez sentidas ao longo da sua história.

Assim, tem-se vindo a assistir a um movimento de pressão internacional, no sentido de levar a uma re-forma urgente da ONU, naturalmente sem alterar os seus princípios inspiradores, mas reforçando a ope-racionalidade da sua função regularizadora da ordem internacional, e fazendo com que a lógica maquiavé-lica do Conselho de Segurança se coadune com o le-gado humanista da Assembleia Geral.

Contudo, também existem duas faces nesta moe-da, e a lógica da diplomacia, também se subordina a interesses bastas vezes inconfessáveis, tornando-se assim num obstáculo ao funcionamento regular da Assembleia Geral da ONU, dando razão a Paul Spaak, que terá afi rmado “ Durante a minha vida ouvi muitos discursos que fi zeram mudar a minha opinião, mas não ouvi nenhum que tivesse mudado o meu voto”.

Este é o drama da existência das famílias geopo-líticas no seio da ONU, por vezes inviabilizando discussões pragmáticas, e tomadas de decisão que defendam o interesse comum e sejam conformes à Carta e ao Direito Internacional.

Tenho portanto a convicção, que independente-mente da relevância geopolítica detida por um deter-minado Estado, e das características sócio culturais a ele vinculadas, o mesmo deverá deter capacidades diplomáticas e de segurança, nomeadamente For-ças Armadas, Policias e Serviços de Informações, porque como vimos, as ameaças são assimétricas, ou seja, são aleatórias quer no modo quer na sua efectivação, e não respeitam fronteiras, justifi can-do assim a integração dos Países em Organizações Internacionais, quer elas sejam de matriz militar ou não, e nesta condição, quanto a mim inquestionável, temos que ser contributivos para podermos também ser receptadores, numa lógica de “mutualista de segurança”, concluindo-se que a Segurança dever ser considerado um investimento absolutamente necessário.

A.M. da Silva e Pinho, prof. da Usalma

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Calendário do Plano de Actividades 2011

EVENTO LOCAL DATA

Reunião do Conselho de Delegados • Sede • 07/01/2011

Noite de Fado • A determinar • 12/02/2011

Reunião Geral de Professores • Convento dos Capuchos • 26/02/2011

Festival de Grupos Musicais Seniores • Abrantes • 18/03/2011

Reunião do Conselho Pedagógico • Sede • 26/03/2011

Festival de Teatro • Carnide • 14/04/2011

Passeio Cultural a Santiago de Compostela • Espanha • 15; 16 e 17/04/ 2011

Mostra do Ensino • Almada • 4 a 7/05/2011

1.ª Assembleia de Delegados • Cacilhas Tejo • 06/05/ 2011

Renovação de matrícula • Sede • De 16 a 27/05/2011

Actividades de Encerramento – Exposição • A determinar • De 31/05 a 05/06/2011

Actividades de Encerramento – Espectáculo • A determinar • 04/06/2011

Passeio Cultural • A determinar • 11/06/2011

X Encontro Nacional das UTIS • Oliveira de Azeméis • 12/06/2011

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Calendário do Plano de Actividades 2011

EVENTO LOCAL DATA EVENTO LOCAL DATA

Almoço de homenagem aos professores • A determinar • 18/06/2011

Participação nas Marchas Populares de Almada • Almada • 23/06/2011

Encontro Anual de Professores• A determinar • 02/07/2011

Viagem ao estrangeiro • A determinar • Julho de 2011

Reunião de Professores por áreas • Sede • 21,22 e 23/09/2011

Inscrições para novos alunos • Sede • De 26/09 a 03/10/2011

Reunião do Conselho de Delegados • Sede • 14/10/2011

Início das aulas • Escolas • 17/10/2011

Abertura Solene da USALMA • A determinar • 22/10/2011

Magusto • A determinar • 12/11/2011

Reunião do Conselho de Delegados • Sede • 18/11/2011

Assembleia de Delegados • Escola Secundária Cacilhas Tejo • 02/12/2011

Nota 1 – De acordo com o que tem sido proposto pela Direcção, recomenda-se aos Senhores Professores a realização de visitas de estudo com as suas turmas, as quais devem ser comunicadas à Direcção para efeitos de SeguroSeguro. Reafi rma-se ainda a disponibilidade dos serviços administrativos da USALMA para a organização das viagens, caso o pretendam.Nota 2 - Este calendário do Plano de Actividades é aberto à dinâmica cultural do País, nomeadamente de Almada e Lisboa.

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Foi com a avidez dos colecciona-

dores de pérolas que um grupo de 55 iti-nerantes, constituído por sócios da Asso-ciação de Professo-res e estudantes da USALMA, partiram de Almada, com o in-tuito de rever ou des-cobrir as margens do Báltico, os seus fi or-des e as duas pérolas mais brilhantes. Vo-ámos primeiro para São Petersburgo, para uma estada de 5 dias, tempo míni-mo para tanta história, tanta arte e tanta beleza natural.

Fundada há 300 anos por Pedro o Grande, o Czar que deixou marcas indeléveis naquela que constituiu capital de todos as Rússias, terminou a sua preponderância políti-ca 200 anos e 180 dias após a revolução bolchevique.

Os seus tesouros, porém, lá fi caram embora desfalca-dos e maltratados pela violência dos exércitos nazis que a cercaram durante 3 anos, provocando um milhão de mor-tos, sem contudo a ter vencido.

Após uma visita panorâmica, percorrendo entre outras, a interminável avenida Nevsky (4Km de comprimento), mon-tra imensa do comércio, da moda e da sociedade russa.

Após o percurso por avenidas e ruas pontuadas de pa-lácios, na sucessão de edifícios de traça neo-clássica, cuja monotonia é quebrada por belas Igrejas ortodoxas de esti-lo bizantino: Santo Isaac, Ressurreição de Cristo, as Cate-drais da Trindade e dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo, ou a mais modesta igreja católica romana de Santa Catarina, preparamo-nos para a aventura de percorrer o maior mu-seu do mundo, o Hermitage, com 24 Km de percurso, 420 salas e 2.700.000 obras de arte. É uma viagem maravilho-seu do mundo, o Hermitage, com 24 Km de percurso, 420 salas e 2.700.000 obras de arte. É uma viagem maravilho-seu do mundo, o Hermitage, com 24 Km de percurso, 420

sa pelas criações mais sublimes dos génios da pintura e da escultura, ao longo da história da arte, até às vanguardas do sec. XX. Picasso tem ali ampla representação, este ano acrescida pelo recheio do museu Picasso de Paris que, tendo entrado em obras, depositou as suas colecções no Hermitage.

Inesquecível pela monumentalidade e riqueza o com-plexo de palácios dos Czares, denominado Peteroff e o Palácio de Catarina, onde, entre inumeráveis riquezas ar-tísticas sobressai a sala de âmbar, revestida com painéis de âmbar e decorada com quadros em mosaico fl orentino. Não deixámos São Petersburgo sem nos deliciarmos com um belo espectáculo do melhor folclor russo, num palácio onde também degustámos especialidades gastronómicas da região.

A viagem para a Finlândia foi feita de comboio; viagem

lenta que nos deu a oportunidade de conhecer algumas de-bilidades da economia russa, manifestas no defi ciente orde-namento e exploração do território em contraste com o bom ordenamento fi nlandês, onde se sucedem harmoniosamente a fl oresta, a seara, a horticultura e os agregados populacio-nais.

Helsinquía surgiu-nos ao fi m da linha como uma cidade jovem na sua arquitectura moderna, duma variedade surpre-endente ou não fosse a terra de grandes arquitectos da mo-dernidade, casos de Alvar Aalto e Eero Saarinem.

Surpreendente também a relação da cidade com a natu-reza e o mar, em que os jardins e bosques alternam com a penetração das enseadas marítimas ou disseminação de ilhas próximas e convidativas á descoberta.

A presença forte da natureza é sublimada num dos templos mais originais da Europa: a Igreja dita Temppeliaukio, escava-da num monumental rochedo, casamento perfeito entre arte e natureza. Nela pudemos assistir a um memorável concerto de obras de J. S. Bach, com órgão de tubos, oboé e soprano.

Outro lugar de culto é o monumento ao grande compositor fi nlandês Jean Sibélius, erguido no parque Sibélius, atracção turística edifi cada em 1945, no octogésimo aniversário do compositor.

Plena de interesse é também a visita ao museu de arte con-temporânea Kiasma, no qual é possível conhecer muitas experiências estéticas das últimas décadas.

A Finlândia é um dos países da Europa, onde a educação e as políticas sociais e económicas são orientadas no sentido de atenuar as desigualdades sociais. E o sucesso destas polí-ticas é visível na harmonia social, que é observável mesmo pelo turista acidental.

É justo concluir com uma palavra de apreço para a boa pelo turista acidental.

É justo concluir com uma palavra de apreço para a boa pelo turista acidental.

organização da viagem e para o trabalho das 4 guias: duas russas, a Finlandesa, falando todas um português, ora impe-cável ora muito aceitável e a portuguesa, incansável no cui-dado e acompanhamento do grupo em todos os momentos da excursão.

J.M.J.M.J.M

À Descoberta das Pérolas do Báltico: São Petersburgo a Helsínquia

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Correio da Usalma

Projecto de VoluntariadoUma Palavra um Alento

Ser voluntário, segundo as Nações Unidas é “ o jovem ou adulto que, devido ao seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte

do seu tempo, sem renumeração alguma, a diversas formas de actividades organizadas, ou não, de bem-formas de actividades organizadas, ou não, de bem-estar social, ou outros campos...”.

Ser portador de espírito de boa vontade, humildade e responsabilidade é factor essencial para ser volun-tário. O grau de escolaridade e a idade não são deter-minantes.

Contudo, o trabalho voluntário exige um grande grau de profi ssionalismo, tanto ou mais do que aquele que é exigido em qualquer empresa e com regras a seguir.

A consciência de que o trabalho voluntário contri-bui para um mundo mais justo, faz com que as pessoas bui para um mundo mais justo, faz com que as pessoas que a ele se dedicam sejam melhores, mais felizes e com uma maior auto-estima.

A cada um de nós são intrínsecas apetências que po-dem ser postas ao serviço do bem social. O importante é descobri-las e canalizá-las para melhorar realidadesda nossa sociedade.

A Associação de Professores do Concelho de Almada (APCA) consciente de que o trabalho volun-tário, movido essencialmente pela solidariedade, mas com objectivos cada vez mais exigentes, é um valioso suporte social. Assim, e de acordo com o previsto nos seus Estatutos, está a desenvolver o Projecto de Vo-luntariado “uma palavra um alento”, que tem como objectivos gerais:

- Promover a co-responsabilização social e parti-cipação dos cidadãos; - Apoiar pessoas idosas e dependentes no domicí-

lio, minorando o isolamento.É conhecimento geral que, embora, sentindo o peso

da solidão, são muitos os idosos que recusam a hipóte-se de receber apoio em instituições, pois as memórias e os laços afectivos fazem com que a sua casa tenha um signifi cado único.

Como dever moral, a sociedade não pode ser indi-ferente a estas necessidades, devendo para isso pro-porcionar-lhes um conjunto de medidas que visem a porcionar-lhes um conjunto de medidas que visem a melhoria da sua qualidade de vida. O seu acompanha-mento social é imprescindível, pois o estabelecimento de relações afectivas contribui para o aumento da auto-estima do idoso refl ectindo-se no desejo de viver.

Este Projecto, coordenado e dinamizado pela APCA, desenvolve-se em parceria com o Grupo Concelhio de Idosos de Almada (GCIA) que integra a Rede Social Local, tendo como população alvo os utentes dos ser-viços de apoio domiciliário das Instituições que in-tegram o GCIA, e que se encontram em situação de isolamento.

Uma equipa de voluntários, assente numa perspecti-

va biopsicossocial e com competências de comunica-ção e de atitudes, ajuda a complementar a actividade das instituições, através de actividades de animação ao domicílio, tais como:

- Companhia, promovendo relações afectivas;- Conversa/escuta;- Leitura/interpretação de cartas e documentos;- Leitura de revistas, livros, jornais;- Escrita de uma carta, uma história de vida, etc.- Realização de pequenas caminhadas/passeios – na área da residência, ao cabeleireiro, ao cemi-tério, à Igreja, ao mercado, a casa de vizinhos ou familiares, etc.;- Dinamização de jogos;- Acompanhamento na comemoração de datas festivas.

Esta equipa, tendo em conta o número de idosos que se encontra em situação de isolamento, no nosso con-celho, urge crescer para que sejam, cada vez mais, aqueles que possam benefi ciar da presença, do sorriso, da palavra, do beijo dos voluntários, que com a sua capacidade de amar, dispõem um pouco do seu tem-po para melhorar a qualidade de vida daqueles …que alguns insistem em chamar de terceira ou de quarta idade, que outros preferem apelidar de seniores, mas que poucos consideram pessoas muito importantes para transmitir valores, contar experiências e rea-fi rmar o direito de amar e ser amados. (Mons. Vítor (Mons. Vítor Feytor Pinto, do Livro “SOLIDÃO”, Edição Associa-ção Coração Amarelo, Outubro 2006)

A forma apaixonada com que os voluntários relatam as suas experiências vividas neste Projecto, não deixa dúvidas quão gratifi cante é o amor com que estão a presentear aqueles idosos, alguns dos quais vivem, há anos, em situação de extrema solidão.

Apesar de raramente termos consciência, não há dúvida de que a necessidade mais profunda do ser hu-mano é dar-se. (Jacques Philippe)

Quantos de nós, muitas vezes, queremos contribuir Quantos de nós, muitas vezes, queremos contribuir para uma causa e não sabendo como, nos perguntamos “O que posso fazer?”

O Projecto “uma palavra um alento” pode ser uma resposta a essa questão.

Vamos pois, com um pouquinho do nosso tempo, mas com o coração cheio de muito, ser voluntários neste Projecto (esclarecimentos sobre o mesmo são dados na Sede da APCA) ajudando, assim, a minorar dados na Sede da APCA) ajudando, assim, a minorar a solidão daqueles que ao longo das suas vidas, com a força do seu trabalho ajudaram a construir a sociedade e que, como fonte de sabedoria, continuam activos e úteis.

Prof. Gracelinda Nascimento

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Colóquio A Vida antes de nós

No dia 14 de Maio, realizou-se no auditório da escola Frei Luís de Sousa o colóquio designado “A Vida antes de nós – Fósseis e Geistória da Região de Almada e Lisboa”, durante a Época Miocénica e que teve por orador o Dr. Manuel Lima, reconhecido especialista sobre a matéria.

Abriu a sessão o presidente da Usalma professor Jerónimo de Matos, que agradeceu a presentaça do orador.

Coube à professora Graça Pessoa a apresentação do orador, fazendo referência ao seu currículo.

O orador iniciou o colóquio começando por dizer quanto o assunto do mesmo lhe é grato, dado consi-derar que nasceu no meio dos fósseis.

Apresentou de seguida um quadro representando as épocas da história longínqua da vida terrena, com especial referência para a Miocénica, na qual se en-quadra o tema do colóquio.

Disse que não é difícil na nossa região a recolha destes materiais, uma vez que basta procurar, nos le-vantamentos de terras das obras de construção civil, que põem a descoberto fósseis que se encontram de-positados no solo, alguns há milhões de anos, em re-

sultado do processo de fossilização.A exposição do orador decorreu com grande inte-

resse da assistência, tendo sido possível adquirir no fi nal obras do autor sobre a matéria abordada.

Joaquim Silva, Prof. da Usalma

Este tema, introduzido nas aulas da Universidade Sénior de Almada, foi uma feliz coincidência com o ano internacional da Biodiversidade.

Foi uma honra, para mim, estudar este tema e veri-fi car que a terceira idade pode infl uenciar, com a sua vivência no terreno e conhecimento adquirido, a ju-ventude de hoje (nossa terceira geração), na defesa do nosso Planeta.

Na verdade, a nossa geração tem assistido à trans-formação radical do estilo de vida.

Primeiro vivia-se maioritariamente no campo, uti-lizando-se para alimento, ali mesmo, os produtos que a terra dava.

Hoje, quase toda a gente vive nas cidades. Tudo é criado artifi cialmente, com um só objectivo: o lucro fácil.

Na minha opinião – e aproveitando a aprendizagem que fi zemos sobre a compreensão da natureza, nome-adamente a evolução da espécie Humana, através do LEGADO DE DRAWIN – devemos transmitir aos jovens de hoje que a vida confortável das cidades não

pode ser duradoura porque alguém tem que produzir comida no campo o qual está neste preciso momento ao abandono.

Cada vez a nossa comida vem de mais longe: o tri-go vem da América, as hortícolas da Espanha, as ma-çãs do Chile e as laranjas da África do Sul. Enquanto go vem da América, as hortícolas da Espanha, as ma-çãs do Chile e as laranjas da África do Sul. Enquanto go vem da América, as hortícolas da Espanha, as ma-

isso, os nossos campos produzem frutos silvestres que ninguém apanha.

Ainda bem que esta matéria vai continuar na Uni-versidade Sénior. É que só a terceira idade viveu o

Ainda bem que esta matéria vai continuar na Uni-versidade Sénior. É que só a terceira idade viveu o

Ainda bem que esta matéria vai continuar na Uni-

período sem sedentarismo, quando se podia comer toucinho no pão! Agora, é quase proibido comê-lo, face à obesidade que está a crescer, muito por causa do tal sedentarismo.

A própria instituição (Universidade Sénior de Al-mada) fi cará prestigiada se conseguir fazer-se eco da triste realidade da nossa agricultura e da qualidade dos produtos que comemos junto da juventude do nosso concelho, bem como de outras Universidades Seniores do país.

António M.ª Tomás, aluno da Usalma

“A ORIGEM DA VIDA E A BIODIVERSIDADE”

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Correio da Usalma

Memórias da minha infância

Numa aldeia de Trás-os-Montes donde sou natu-ral passavam a maior parte do tempo de férias.

Admirava os trabalhos do campo e, por vezes, gostava de participar neles, pois os meus avós eram agricultores. No mês de Junho, no tempo da ceifa, fi cava na varanda a ver passar mulheres de cestos à cabeça, levando a merenda coberta com alvos panos de linho aos malhadores que malhavam o trigo na eira comunitária, lá no cimo da aldeia. No Inverno eram as bestas que passavam carregadas de lenha para atear as grandes lareiras, amenizando o rigo-roso Inverno transmontano. Batiam ritmadamente com as ferraduras no empedrado do chão, levando no meio da carga um menino descalço, para que seus pés não se ferissem nas desgastadas pedras da calçada.

Dessa mesma varanda, quando a noite caía, admi-rava as estrelas que luziam e tremiam na vastidão de um céu, que na cidade eu nunca via.

E quando em Setembro, se iniciava a faina da amêndoa, com os meus 8 ou 9 anos lá ia eu no meio de um rancho de raparigas e rapazes da mesma ida-de, pelos campos fazer o “rebusco”, que consistia em procurar as amêndoas que caíam no chão depois de varejadas e também as que fi cavam nos ramos mais altos. Por vezes, estas amêndoas eram vendidas para ajudar ao sustento das famílias mais pobres.

O rebusco

Ouvia-se uma voz atrás do postigo.Anda, vem connosco, vamos ao rebusco.Traz a cesta da merenda, vamos p’rá AlbagueiraE pé ante pé, sem que a minha avó se apercebesseLá me esgueirava eu pela porta traseira.

Ao longe, nos amendoais, eu assistiaHomens varejando e mulheres curvadasA apanhar amêndoa, ao sol escaldanteE com a cesta numa mão, o chapéu na outraLá seguia eu no grupo, radiante.

E dessas amendoeiras, que na PrimaveraMais se pareciam com um mar fl oridoPendiam agora ramos a tocar o chãoEsperando que alguma mão amigaTivesse delas alguma compaixão.

Subindo a encosta um burrito carregadoCom dois sacos no dorso sobre a sua albardaNo meio, um rapazito que o guiava.O burrito de suor todo molhadoDe tal modo era pesada a sua carga.

E numa amendoeira aliviadaDe seus frutos agora já despida.No extremo de um comprido galhoAvistei duas amendoítas lá perdidasTalvez um varejador mais descuidadoOu mais curto de braço as deixara láOu talvez por serem pequeninasBatíamos-lhes com a vara, num gesto forte e seco.E procurávamo-las no chãoDebaixo das pedrinhas.

E quando no fundo da cestinhaSe aninhavam essas pobres enjeitadasEra tão grande a alegria que sentiaE talvez maior a delas por serem libertadas.

Terminada a faina, no chão da casa, a amêndoa era despejadaE num dia ou outro era revolvidaNão fosse o bolor dar cabo dela.Ali fi cava algum tempo amontoadaEsperando o dia da partida.Era ao serão, junto à lareira.Com a família toda reunidaContavam-se histórias, anedotasOu até se cantava alegrementeComiam-se fi gos secos, pão e azeitonasBebia-se licor e aguardente.

E o som dos inúmeros martelosBatendo nas amêndoas com algum jeitoEntrava em mim, e no cantinho do escano* adormeciaComo menino embalado no seu leito.

Graciete Lourenço Pascoal, Aluna da Usalma

————————* Banco de madeira colocado junto à lareira

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Cursos da UsalmaHistória da Arte I e V

Visita ao Museu Gulbenkian

1Na passada sexta-feira,ao décimo quarto dia,houve uma bela maneirade irmos em romaria

2Numa visita de estudoà Gulbenkian, ao Museu,deu-se a volta quase a tudo...estivemos no apogeu...

3Várias salas percorremosp’ra podermos observaro que de belo nós temosno Museu, para admirar.

4Cabeça de Senuseret,cabeça de Hamen-Hotep,estatueta de Hesmeref e torso de Badibastet.

5Reis e deuses em quantidadecom uma deusa p’lo meio,era grande a qualidadee nada mesmo era feio...

6Estatuetas funerárias,uma lâmpada lindíssima,uma garrafa fi níssima, belas obras milenárias.

7Da Mesopotâmia vimosum belo relevo muralobra d’arte a que assistimos,do Palácio d,Assurnasipal.

8Uma urna muito belada chamada época parta,dava vontade de tê-lapor ser bonita à farta....

9Uma sítula e um vasodecorados com primor,nada foi feito ao acaso, tudo com grande rigor.

10Moedas eram bastantese de datas variadas,decorações deslumbrantes,perfeitamente cunhadas.

11Do Egipto até à Grécia,com as suas divindades,passando depois à Pérsiacom suas preciosidades.

12Ricos tapetes estendidose ricas tapeçarias,também uns belos vestidose muitas peças lendárias.

13Uma Bíblia da Arméniae um Evangeliário,e um belo relicário,com uma devida vénia...

14Manuscritos iluminadose peças em belo marfi m,tapeçarias e bordados,era só arte sem fi m...

15Entrando então na Pintura, com os muito bons pintores,foi mesmo uma loucurac’ a pintura dos senhores.

16Pintores a destacarpelas suas obras belas,de Rembrant a Fragonardfoi uma delícia vê-las.

17Passando ainda em Fantine antes por Claude Monet, também se viu o Manete por último o Rodin. escultor

18No fi m em grupo tirámosa foto, na claridade,e então assim fi cámos,rindo p’ra posteridade.

Marta Oliveira e Silva, estudante da UsalmaMarta Oliveira e Silva, estudante da UsalmaMarta Oliveira e Silva

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Cursos da UsalmaLíngua e Cultura Portuguesa

Alunos visitam Biblioteca da AjudaOs alunos de Língua Portuguesa deslocaram-se, no

dia 29 de Maio passado, à Ajuda, com o objectivo de visitar a Biblioteca da Ajuda. Esta visita foi promovi-da no âmbito de uma abordagem feita em aula acer-ca dos suportes da escrita. Surgiu nesse momento, a pergunta acerca das semelhanças e diferenças entre alguns, sobretudo entre o papel, o papiro e o perga-minho. Desta abordagem nasceu a hipótese de ir à Biblioteca da Ajuda observar alguns documentos em pergaminho normal e num pergaminho muito fi no, o velino, que se obtinha com a partir de crias bebés ou, mesmo, de fetos.

Na biblioteca, onde fomos muito bem recebidos, observámos o Cancioneiro da Ajuda, Séc. XIII, tendo podido ver páginas concluídas e algumas inconclu-sas, com capitulares por ilustrar e sem a pauta musi-cal. Ficámos com uma ideia da riqueza do documen-to e sentimo-nos pequeninos perante a vetustez do documento. Porém, o ponto alto, para muitos, foi a observação de bíblia, do século XIII, iluminada, em velino. O pergaminho, ou velino, de que foi feita é de tal forma fi no, que a bíblia tem o formato de uma bíblia de bolso impressa. As suas folhas parecem de papel-bíblia. A letra, legível e certinha, é de dimen-sões reduzidas. Não deixa de ter assinalados, a cor diferente, os capítulos e os versículos, que se iniciam no meio das linhas para não se perder espaço.

Tomámos ainda conhecimento da acção de Ale-xandre Herculano na preservação da Biblioteca, bem como na divulgação de documentos. Vimos primei-ras edições dos Portugaliae Monumenta Historica, publicados entre 1856 e 1873, bem como do Eurico, o Presbítero, obra que fora abordada quer em Língua Portuguesa, quer no Clube de Leitura. A par desta obra vimos igualmente os outros dois volumes que se incluem no Monasticon.

Como gentileza, por nos deslocarmos de Almada, foi-nos ainda possível observar o manuscrito de Frei Luís de Sousa, Anais de D. João III, editados igual-Anais de D. João III, editados igual-Anais de D. João IIImente por Alexandre Herculano. Recorda-se a liga-ção de Frei Luís de Sousa a Almada, no tempo em que ainda se chamava Manuel de Sousa Coutinho, mais conhecido como personagem da obra de Almei-da Garrett Frei Luís de Sousa.

Aproveitando o facto de nos deslocarmos à Ajuda, visitámos ainda o Palácio da Ajuda, acompanhados de excelente guia, que nos foi dando preciosas infor-mações. A concluir, e já depois do almoço, visitámos igualmente o Jardim Botânico da Ajuda, onde tam-bém nos foram dadas indicações importantes.

Edite Prada, prof. da Usalma

SóSentado numa escadaparou o mundo na rua solitária.Só uma árvore solidária encurtava a sombra.

Desci à praia a caminhar comigo na areia molhadasem saber se havia sol ou montanha azulada.Era eu imagem invertida na água que pisava

observando o mar brancura, que me chamavalençol que me cobria e avançavasobre a onda que me trazia a mão de onde voou a gaivota.

Agarrei a minha solidãopuxei-a até à orla e aí fi cámos horas sobre horas.

Caminhámos, depois sobre a ponte do cais, as lágrimas e na minha frente o infi nito, a gota de água para ainda viver.

Américo Morgado, Prof. da Usalma

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Sessão solene de Aberturado ano lectivo 2010-2011

Falou ainda dos projectos da Casa do Professor na Cova da Piedade, que está em curso, e das futuras instalações da Usalma, enquadradas na requalifi cação de Almada Velha. Sobre o assunto confi rmou o compromisso da Câmara para levar a cabo este projecto, cuja conclusão ocorrerá no ano de 2012, não obstante as restrições orçamentais previstas, notícia que o presidente da Usalma agradeceu.

De seguida apresentou a oradora convidada para a ora-ção de sapiência, Prof. Doutora Elvira Fortunato da FCT-UNL, lembrando ser a segunda vez que estava numa ac-tividade da universidade e ser o seu vasto currículo do conhecimento geral.

A oradora disse ser com grande prazer que se en-contrava na sessão, dando os parabéns pelo projecto Usalma e apresentando os temas da sua conferência com o título [Um “mar” de oportunidades], exposição muito apreciada pela assistência presente.

Dada a importância do tema e o seu grande interes-se, apresenta-se nesta página um resumo do mesmo.

Encerrou a sessão o coro da Anselmo, acompanhado ao piano, com a execução do Glória de Vivaldi, seguin-do-se um Porto de Honra servido no átrio do Fórum.

Prof. Joaquim Silva

A área das tecnolo-gias da informação e comunicação tem so-frido nos úl� mos anos uma evolução extrema-mente rápida associada

quer ao aparecimento de novos materiais semicon-dutores quer ao desenvolvimento de novos sistemas, processados a baixas temperaturas, mais ergonómicos, efi cientes, com menos consumo energé� co, amigos do ambiente, baixo custo e, onde a fl exibilidade dos sistemas é um factor relevante, entre outros aspectos. Para este efeito, a Comissão Europeia tem desempe-nhado um papel predominante nesta (r)evolução atra-vés da integração deste tópico nos programas especí-fi cos que tem lançado nos úl� mos programas quadro. Para tal tem contribuído o grande desenvolvimento associado à chamada Electrónica Transparente de que o Centro de Inves� gação de Materiais da FCT-UNL é pioneiro a nível mundial. Entende-se por electrónica transparente a capacidade de se fabricarem circuitos integrados a par� r de materiais semicondutores à base de óxidos metálicos como uma forte alterna� va à tecnologia do silício com todas as vantagens que lhe são intrinsecamente inerentes tais como: possibilida-de de serem processados a baixas temperaturas, que adiciona uma forte componente de baixo custo para além daquele associado aos materiais e às tecnologias de processamento, o que permite fabricar disposi� vos fl exíveis, recorrendo a substratos de baixo custo, como sejam os materiais poliméricos ou o papel, de eleva-do desempenho electrónico, independentemente da sua estrutura ser cristalina ou amorfa (a preferida, por conduzir á produção de grandes áreas homogéneas e uniformes) e poderem ser de elevada transparência, o que abre uma nova área de aplicações que à par� da estão proibidas pela tecnologia convencional, pelo si-lício, como seja a capacidade de se realizarem mostra-

dores completamente transparentes ou mesmo outro � po de circuitos integrados invisíveis para aplicações em sistemas de segurança, por exemplo e, podermos ter qualquer super� cie vidrada ou mesmo papel, com sistemas deste � po, embebidos na sua estrutura.

Esta nova classe de materiais semicondutores tem � do uma aplicação massiva na área dos mostradores quer do � po LCD (Liquid Crystal Display) quer OLED (Organic Light Emmi� ng Diodes) numa faixa de tempo recorde no que concerne a desenvolvimentos na área da electrónica e � sica dos semicondutores. Muito em-bora algumas tenta� vas tenham sido feitas na década de 60, em especial com SnO2 e ZnO somente cerca de 40 anos mais tarde com o trabalho desenvolvido por Hosono, Wager e Fortunato surgiu um interesse mun-dial no estudo e aplicação destes materiais em TFTs de matrizes ac� vas para endereçamento de TFTs, quer pela parte da comunidade cien� fi ca quer pela indús-tria, em especial as detentoras do fabrico de mostra-dores como é o caso da Samsung e LG na Coreia do Sul.

Tal deve-se na sua maioria às inúmeras vantagens apresentadas por estes novos semicondutores e dis-posi� vos das quais se destacam:

- elevada mobilidade electrónica;- capacidade de se u� lizarem grandes áreas;- excelente uniformidade;- baixo custo;- materiais abundantes e amigos do ambiente;- baixa temperatura de processo, em alguns casos

temperatura ambiente;- u� lização de substratos de baixo custo como polí-

meros ou mesmo papel.Durante a exposição serão apresentados alguns re-

sultados não só na área da electrónica transparente mas também na sua aplicação a biossensores para en-zimas e ADN.

Novos materiais semicondutores para além do silícioUma nova era na área dos descobrimentos associados à electrónica

Elvira Fortunato, Prof. Associada do Departamento de Ciência dos Materiais da FCT-UNL e Directora do Centro de Inves� gação de Materiais (CENIMAT|I3N)

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