110
CAROLINE SIANLIAN KWEE ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR NO AUTISMO: O PROGRAMA TEACCH Dissertaªo apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obtenªo do grau de Mestre. Orientadora: Profa.Dra.Tania Maria Marinho Sampaio Rio de Janeiro 2006

Cp 117828

Embed Size (px)

DESCRIPTION

dissertação

Citation preview

  • CAROLINE SIANLIAN KWEE

    ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR NO AUTISMO: O PROGRAMA TEACCH

    Dissertao apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obteno do grau de Mestre.

    Orientadora: Profa.Dra.Tania Maria Marinho Sampaio

    Rio de Janeiro 2006

  • CAROLINE SIANLIAN KWEE

    ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR NO AUTISMO: O PROGRAMA TEACCH

    Dissertao apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obteno do grau de Mestre.

    Aprovada em 24 de novembro de 2006

    BANCA EXAMINADORA

    Profa. Dra. Tania Maria Marinho Sampaio Universidade Veiga de Almeida UVA

    Prof. Dr. Ciraco Cristvo Tavares Atherino Universidade Veiga de Almeida UVA

    Profa. Dra. Maria Lcia Abrantes Fortuna Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

  • Agradecimentos minha orientadora, pela pacincia, competncia e coragem em compartilhar dessa idia; aos professores do mestrado, pelo exemplo; ao Prof. Dr. Ciraco Atherino pela orientao com a metodologia; ao Prof. Dr. Sylvio Brock pela clareza no trabalho estatstico dos resultados; aos meus pais e irm por acreditarem; aos meus filhos, Rodrigo e Marcelo pela compreenso nas minhas ausncias; a Mikaella, pela dedicao e Rafael pela renovao; aos meus amigos por existirem; a Daniela, ao Csar e ao Henrique pela amizade; ao Cris pelo carinho, companheirismo, incentivo e apoio; ao CRADD, pela formao profissional; a Suany, pelo auxlio inestimvel com os protocolos; equipe, pela garra em acreditarem no trabalho transdisciplinar e a todos os alunos e suas famlias por me ensinarem o verdadeiro valor da responsabilidade social.

  • As capelas cientficas, fundadas sobre o signo da especializao, vivem muito mais vontade num mundo fechado, onde a verdade de cada um menos contestada, do que num mundo aberto, onde esto expostas aos ventos da crtica.

    Hilton Japiassu

  • RESUMO

    A presente pesquisa tem o objetivo de apresentar protocolo de avaliao transdisciplinar no autismo a partir do programa denominado Treatment and Education of Autistic and related Communicattion handicapped Children TEACCH e sua aplicao no programa desenvolvido na Organizao-No Governamental Centro de Referncia e Apoio s Desordens do Desenvolvimento CRADD. Foram escolhidos seis indivduos, entre sete e doze anos, com diagnstico de autismo que freqentam o programa da referida instituio e que foram avaliados em trs momentos durante o ano de 2005 (janeiro, junho e dezembro). Foram verificados os desenvolvimentos de cada um deles nas reas de interao social, comportamento, aspecto cognitivo e linguagem. Concluiu-se que independente do grau e do tipo de autismo, existe desenvolvimento em todas as reas avaliadas atravs do protocolo avaliativo, proporcionando o efetivo estabelecimento das suas funes comunicativas.

  • ABSTRACT The main objective of this study is to introduce a transdiciplinary protocol of evaluation for autism using as a base the program called Treatment and Education of Autistic and related Communication handicapped Children TEACCH and its application in the program developed in the Non-Governmental Organization - Centro de Referncia e Apoio s Desordens do Desenvolvimento CRADD. Six subjects who belong to the education program of the institution above, all with a positive diagnostic of autism, ages between seven and twelve years old, were evaluated in three distinctive moments during the year of 2005 (January, June and December). The developments of each one of them in the areas of social interaction, behavior, cognitive aspects and language had been verified. One concluded that independent of the degree and the type of autism, development in all the areas evaluated through the evaluative protocol exists, proving the effective establishment of its communicative functions.

  • SUMRIO

    RESUMO ABSTRACT

    1) INTRODUO p. 08 2) OBJETIVO p. 12 3) REVISO DE LITERATURA 3.1) HISTRICO DO AUTISMO p. 13 3.2) CARACTERSTICAS DO AUTISMO p. 17 3.3) CONSIDERAES DIAGNSTICAS p. 23 3.4) TRANSDISCIPLINARIDADE 3.4.1) Consideraes Gerais p. 25 3.4.2) Definies conceituais: Multidisciplinaridade, Pluridisciplinaridade, Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade p. 28

    3.4.3) Programa TEACCH: Histrico p. 33 3.4.4) Programa Educativo do CRADD: Pressupostos Tericos p. 38

    4) METODOLOGIA p. 43 5) RESULTADOS p. 45 6) DISCUSSO p. 94 7) CONCLUSO p. 98 8) REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS P. 101 9) ANEXOS p. 106

  • 1 . Introduo

    A principal caracterstica do Transtorno do Espectro Autista o dficit

    considervel na interao social, comportamento e invariavelmente na

    comunicao, em sua maioria, com ausncia de comunicao verbal e

    quando presente, geralmente nos casos de Autismo Leve e na Sndrome de

    Asperger, as dificuldades se encontram principalmente no que se refere

    pragmtica, prejudicando ainda mais a interao social deste indivduo. O que

    mais me chamou a ateno foi a complexidade dos sintomas e a ainda atual,

    diversidade de explicaes etiolgicas que tentam enquadrar o autismo nas

    mais distintas reas do conhecimento, que resultam em diferentes e por

    vezes divergentes abordagens clnicas, teraputicas e educacionais.

    Diferentes autores concordam em citar o autismo como uma questo

    que apresenta grandes controvrsias, uma vez que engloba, dentro dos seus

    conceitos, uma gama bastante variada de doenas com diferentes quadros

    clnicos que tm como fator comum o autismo. (ASSUMPO JR.,1995)

    Colocam ainda o autismo como objeto de controvrsias e freqentes

    alteraes na sua descrio e categorizao. (FERNANDES, 1996).

    Com a dificuldade e ocasionalmente o desconhecimento especfico do

    Transtorno do Espectro Autista, encontramos diversas abordagens clnicas e

    teraputicas e, por vezes, at mesmo antagnicas. Assistimos as famlias em

    verdadeiras peregrinaes de atendimentos especializados, dentro de uma

    proposta multi ou interdisciplinar e com dificuldades em atingir objetivos

    comuns.

  • Nestas teorias formuladas do autismo, a linguagem

    constantemente bastante enfocada, sendo o profissional da fonoaudiologia,

    um dos primeiros que so procurados pelas famlias para diagnstico e

    interveno nos atrasos de linguagem destas crianas. Esse papel varia de

    acordo com a perspectiva terica abordada e afeta diretamente a atuao

    teraputica e educativa da prtica fonoaudiolgica.

    Dentro da perspectiva do atendimento fonoaudiolgico individual, a

    criana com autismo estimulada a fazer uso da comunicao, desde a

    utilizao de padres articulatrios adequados, atravs do treino da fala

    (quando ela existe) at o uso da linguagem funcional da abordagem

    pragmtica (FERNANDES, 1996). Porm, com a prtica clnica dos ltimos

    anos, pude observar que ainda existia uma lacuna no processo comunicativo

    destas crianas, principalmente das no-verbais, que invariavelmente

    passava por suas caractersticas mais marcantes que so as dificuldades de

    comportamento e de interao social.

    O uso dos discretos resultados conseguidos na fonoterapia, ainda

    deixava as crianas com severas dificuldades comunicativas na famlia e a

    escola que recebe esta criana pouco consegue ajudar e se v atnita diante

    deste indivduo habitante de outro planeta, no contribuindo de forma

    satisfatria com seu desenvolvimento. Conforme pesquisa feita por

    FERNANDES (2003), as crianas atendidas h mais tempo em fonoterapia,

    atingiram uma espcie de plat, no qual, o desenvolvimento, embora continue

    a ocorrer, d-se em ritmo mais lento.

  • Partindo do princpio de que a comunicao surge da interao

    me/adulto com o beb, no difcil imaginar porque a linguagem est

    bastante prejudicada no Transtorno do Espectro Autista, sendo quase uma

    conseqncia das dificuldades que esse indivduo tem nas capacidades de

    interao social e comportamento. Estas dificuldades geram inmeras

    alteraes na forma de estabelecer contato com o mundo, criando em torno

    deste indivduo um universo repleto de estereotipias, ecolalias,

    comportamentos rotineiros e hiperativos, dificuldades graves de

    generalizaes, reaes inusitadas s mudanas de rotina, alm de uma

    comunicao verbal e no-verbal sem contexto.

    diante deste quadro que muitas vezes o Fonoaudilogo recebe uma

    criana com autismo. Com os recursos tericos da Fonoaudiologia,

    esperamos ento recuperar e/ou estabelecer a fala ou alguma comunicao

    com ela. exatamente neste momento que este trabalho procura reavaliar a

    atuao deste atendimento clnico isolado e desconectado das vrias outras

    necessidades deste cliente to peculiar e complexo, enfocando

    principalmente a criana no-verbal.

    Nesse modelo de atendimento, onde as crianas percorrem diferentes

    profissionais que vo desde o Neuropediatra ou Psiquiatra, Fonoaudilogo,

    Psiclogo, Psicomotricista, Musicoterapeuta, Psicopedagogo at as

    consideradas terapias alternativas como a Equoterapia, os pais e familiares

    vivem uma verdadeira peregrinao entre as diversas especialidades que

    aps algum tempo, tornam-se extremamente cansativas, dispendiosas e na

    grande maioria das vezes, pouco efetivas em relao aos resultados. No caso

    da criana com Autismo, o modelo dos atendimentos multi ou

  • interdisciplinares reforam uma das principais caractersticas do Transtorno

    que a dificuldade de generalizao e aumenta o tempo de investimento na

    criao dos vnculos com cada profissional, j que a criana com autismo

    possui graves problemas de interao.

    Esta pesquisa tem a partir de ento, o objetivo de apresentar protocolo

    de avaliao transdisciplinar do Programa Treatment and Education of

    Autistic and related Communicattion handicapped Children - TEACCH a fim

    de observar o desenvolvimento e realizar os devidos ajustes nos programas

    de seis alunos inseridos no programa educativo da Organizao No-

    Governamental Centro de Referncia e Apoio s Desordens do

    Desenvolvimento CRADD.

    Esperamos que os dados levantados nessa dissertao possam

    iluminar novos caminhos para a fonoaudiologia e mais eficazes para o

    indivduo portador de autismo.

  • 2 . Objetivo

    Sendo da competncia do Fonoaudilogo a viso maior da

    comunicao relativas interao social e comportamento, que so os

    fatores mais comprometidos no indivduo com autismo, este trabalho, atravs

    do protocolo de avaliao do Programa TEACCH, visa apontar os ajustes

    necessrios a cada criana em particular, com vistas a maior efetividade na

    sua integrao social.

  • 3 . Reviso de literatura

    3.1 . Histrico do Autismo

    Muito antes da identificao e descrio desta Sndrome ter sido feita,

    outros autores j se debruaram sobre o estudo das particularidades e

    idiossincrasias do comportamento humano. Como exemplo disso, as

    descries de Victor, o rapaz selvagem de Aveyron de 1802. (FILIPE, 2005;

    BAPTISTA&OLIVEIRA,apud BATISTA, 2002), que suscitaram posteriormente

    possveis correlaes com um quadro Autista.

    Mesmo aps sessenta anos de pesquisas sobre o autismo,

    descreveram-se muito sobre suas principais caractersticas, suas

    associaes com diversas patologias, suas possveis causas etiolgicas e a

    organizao de inmeros itens que auxiliam no diagnstico, at hoje,

    estritamente clnicos. As pesquisas levantadas nesta reviso procuram

    esclarecer, principalmente, sobre o histrico, a etiologia e as caractersticas

    do autismo, que justificam nossa escolha pela abordagem transdisciplinar.

    O termo autismo foi utilizado pela primeira vez por E. Bleuler em 1911,

    para designar a perda de contato com a realidade, que acarretaria em uma

    dificuldade ou impossibilidade de se comunicar com os demais.

    (AJURIAGUERRA, 1991). Segundo ele, o termo foi empregado para se referir

    ao retraimento ativo no imaginrio dos esquizofrnicos, que foi ento a fonte

    de confuso entre o autismo nos esquizofrnicos de Bleuler, que possuam

    uma imaginao rica e um retraimento das relaes sociais, e o autismo que

    Kanner, descreveu pela primeira vez, em artigo publicado em 1943 nos

    Estados Unidos. Seu estudo apresentou onze crianas, com idade variando

  • entre dois e onze anos, sendo oito meninos e trs meninas, revelando uma

    falta de imaginao e uma incapacidade de desenvolver o relacionamento

    social, acarretando da, as primeiras descries diagnsticas de esquizofrenia

    infantil e psicose infantil para o autismo (LEBOYER, 2003). Essa questo

    importante para a tentativa de conceituao do autismo, uma vez que

    remonta a prpria origem do termo e justifica porque existe at hoje, o

    emprego desta conceituao.

    Kanner passou a referir-se ao quadro com o nome de Autismo Infantil

    Precoce, (ASSUMPO JR.,1995) descrevendo-o com um quadro de

    profunda dificuldade de contato com as pessoas, um desejo obsessivo de

    preservar as coisas e as situaes, uma ligao especial com os objetos,

    presena de fisionomia inteligente e graves alteraes de linguagem que se

    estendiam do mutismo a uma linguagem sem funo comunicativa, refletindo

    as dificuldades de contato e de comunicao interpessoal

    (HOLMES,1997;FRITH,1989;RUTTER,1987). Essa linguagem revelava

    inverso pronominal, neologismos e metforas (ASSUMPO JR.,1995;

    FERNANDES,1996; BISHOP, 2002), com isso, Kanner acreditava que o

    Autismo deveria ser separado da Esquizofrenia, embora tivesse intima

    relao com ela.

    O isolamento social autista que descreveu era diferente do evitamento

    social que observou na esquizofrenia. Naquele, dizia, "h desde o incio um

    isolamento autstico extremo (extreme autistic aloneness) que, sempre que

    possvel, no v, ignora, afasta qualquer coisa que chegue criana a partir

    do exterior" (FILIPE,2005). Assim, notou que estas crianas no tinham

    respostas antecipatrias estimulao, satisfaziam-se em brincar sozinhas e

  • tratavam as pessoas como tratavam os objetos. Outra particularidade comum

    a estas crianas era a sua insistncia na repetio.

    Distinta tambm das crianas com esquizofrenia era a idade do

    aparecimento dos sintomas: as crianas com autismo mostravam sinais de

    perturbaes muito antes das crianas com esquizofrenia manifestarem

    sintomatologia psictica, por isso Kanner acreditava que o autismo pudesse

    estar presente desde a nascena. Alm disso, com o acompanhamento

    continuado destas crianas, observou-se que no desenvolviam alucinaes,

    caractersticas muito comuns na esquizofrenia. (FRITH,1992)

    Em 1944, Hans Asperger, pediatra austraco, descreveu em sua tese

    um conjunto de sinais semelhantes dos descritos por Kanner e o denominou

    de Psicopatia Autista (hoje conhecido com Sndrome de Asperger). As

    caractersticas eram semelhantes, como a manifestao a partir dos trs

    anos, marcha tardia, fala precoce, dificuldades no contato visual e graves

    problemas de interao social (PERISSINOTO, 2003). A fala foi descrita com

    pedante e com pouca modulao, interesses profundos por alguma rea

    especfica, e pouco comprometimento de linguagem e do cognitivo, o que

    ainda bastante questionvel (MOUSINHO,2003).

    Kanner e Asperger nunca se encontraram e desconheciam por

    completo o trabalho um do outro, mas descreveram, quase que

    simultaneamente, dois grupos de crianas com perturbaes idnticas que

    ambos interpretaram e designaram como Autismo. O texto de Asperger,

    escrito em alemo, foi muito menos divulgado que o de Kanner, tendo sido

    quase ignorado at a dcada de 1980. Sua traduo e divulgao na lngua

    inglesa em 1991 por Utha Frith, viria a contribuir decisivamente para a grande

  • divulgao que o trabalho de Asperger tem hoje e constituiu um marco no

    estudo das perturbaes do Espectro do Autismo. (FILIPE,2005)

    Mesmo com o rigor das descries feitas pelos autores, o autismo no

    mereceu muita ateno da comunidade mdica e em 1954, Kanner descreve

    o autismo como uma psicose, j que no existiam dados laboratoriais que

    comprovassem o autismo. Na poca, observou que as famlias possuam

    uma sofisticao e uma dificuldade de relaes interpessoais com um padro

    obsessivo, usando o termo refrigerao emocional para descrever a relao

    travada principalmente entre a me e o seu filho autista, o que reforou a

    viso etiolgica psicoafetiva da questo. (ASSUMPO JR.,1995)

    Assim, durante os anos de 50 e 60 a comunidade mdica passou a

    acreditar, erroneamente, que o Autismo era uma perturbao psicolgica e

    resultava do suposto abandono da relao no-afetiva da me com seu filho.

    Vrias geraes de mes foram injustamente recriminadas, acrescentando-

    lhes ao peso de terem um filho com deficincia grave, a culpabilidade de

    serem delas a responsabilidade.

    Na poca, o psicanalista Bruno Bettleheim, nascido em Viena em 1903,

    fundou a Escola Ortognica de Universidade de Chicago, onde acolheu, em

    regime de internato, crianas gravemente perturbadas e autistas.

    (BETTLHEIM,1987).

    A hiptese de Bettlheim era de que a criana encontra no isolamento

    autstico, o nico recurso possvel a uma experincia intolervel do mundo

    exterior, experincia negativa vivida muito precocemente na relao com sua

    me no seu ambiente familiar. Partindo deste princpio, ele s aceitava

    crianas no seu Instituto que pudessem, ao menos temporariamente, serem

  • separadas de seus pais. Ele afirmava querer dar a elas a possibilidade de

    estabelecer com os adultos uma relao calorosa, porm, jamais intrusiva.

    (AMY,2001)

    RUTTER (1978), em seu estudo com gmeos verdadeiros e gmeos

    falsos com autismo, demonstrou no s a origem biolgica do autismo, como

    a contribuio da origem gentica do mesmo. Sendo o autismo uma

    perturbao do neurodesenvolvimento, a criana nasce autista, porm, a

    causa ou as causas especficas ainda no so conhecidas.

    Por volta dos anos 80, surgiu um conceito mais alargado de Autismo,

    passando a ser descrito como Perturbaes do Espectro do Autismo, quando

    Lorna Wing, psiquiatra inglesa e me de uma criana com autismo, incluiu a

    Sndrome de Asperger neste grupo e descreveu a Trade de caractersticas

    que auxiliam no diagnstico clnico at hoje (WING,1980).

    Com o passar dos anos, as caractersticas iniciais descritas por Kanner

    continuam servindo de referncia, mas no podemos dizer o mesmo com

    relao etiologia, tratamento clnico, interveno teraputica e prognstico.

    3.2 . Caractersticas do autismo

    As caractersticas diagnsticas do autismo, tais como dficits na rea

    social e problemas de comunicao, so teis para distingui-lo de outras

    deficincias, mas so relativamente imprecisos para a conceituao de como

    um indivduo com autismo entende o mundo, age com base nesta

    compreenso, e aprende (HOLMES,1997). A seguir se encontram as suas

    caractersticas fundamentais que interagem para produzir os comportamentos

    que abrangem este transtorno.

  • As dificuldades, no so exclusivas do autismo. Muitas das

    caractersticas encontradas no autismo so vistas em outros transtornos do

    desenvolvimento, tais como deficincia mental, transtornos de aprendizagem

    e transtornos da linguagem.(HAGE&GUERREIRO,2001). Algumas so

    observadas em certas condies psiquitricas, tais como o transtorno

    obsessivo-compulsivo, personalidade esquizide, e transtornos de ansiedade.

    Muitas delas so tambm vistas em crianas com desenvolvimento normal,

    ou at em ns mesmos. O que distingue o autismo o nmero, a gravidade,

    combinao e interao de problemas, que resultam em deficincias

    funcionais significativas.

    O autismo um compsito de dficits, no uma caracterstica isolada.

    (LANG,2003)

    As caractersticas que descreveremos a seguir foram baseadas no

    trabalho de MESIBOV (1997) e PEETERS (1998) e visam melhor

    aproximao do entendimento do comportamento, interao social e de

    linguagem do indivduo com autismo e justificam posteriormente, a

    abordagem educativa transdisciplinar deste trabalho.

    PENSAMENTO

    1. Falta do conceito de sentido.

    O problema primrio que caracteriza o pensamento de indivduos com

    autismo a inabilidade de dar sentido a suas experincias. Eles atuam em

    seus ambientes, podem aprender habilidades, alguns podem aprender a usar

    a linguagem, mas no tm capacidade independente de entender o

    significado de suas atividades. No estabelecem relaes entre idias e

  • eventos. Seu mundo consistido por uma srie de experincias e demandas

    sem relao uma com as outras, enquanto os temas, conceitos, razes ou

    princpios subjacentes so, para eles, tipicamente obscuros. Este grave

    prejuzo na gerao de sentido est provavelmente relacionado a vrias

    outras graves dificuldades cognitivas.

    2. Foco excessivo em detalhes, com habilidade limitada em priorizar a

    relevncia destes detalhes.

    Indivduos com autismo so, com muita freqncia, muito bons na

    observao de detalhes minsculos, especialmente os visuais. Eles

    freqentemente percebem quando os objetos do seu ambiente foram

    mudados, eles podem ver pequenos fragmentos de refugo para serem

    colhidos, fios de linha para serem puxados, flocos de pintura a serem

    pinados, quadrados do forro a serem contados, etc. Alguns deles tambm

    notam outros detalhes sensoriais, como os sons de ventiladores e

    maquinrio. Indivduos que funcionam a um nvel de inteligncia mais alto

    usualmente se concentram em detalhes mais cognitivos, tais como chamadas

    de estaes de rdio, cdigos de rea de nmeros de telefone, ou capitais de

    estados. O que as pessoas com autismo so menos capazes de acessar a

    importncia relativa de todos os detalhes que foram observados. Eles podem

    se concentrar na viso do fio de linha que esto balanando enquanto

    atravessam uma rua, e no perceber a aproximao de um nibus que estiver

    chegando; ou eles podem entrar em uma sala de jantar e comentar sobre os

    sons dos ventiladores, ignorando o fato de que a refeio est na mesa.

  • 3. Distractibilidade.

    freqentemente difcil para pessoas com autismo prestar ateno no que

    seus professores, por exemplo, querem, porque esto concentrados em

    sensaes que para eles so mais interessantes e importantes. Alm do

    mais, seus focos de ateno com freqncia mudam rapidamente de uma

    sensao para outra. Mormente as fontes de distrao para crianas de nvel

    funcional mais baixo so visuais. Um professor pode colocar um lpis em

    uma mesa, e a criana ser to distrada pelo lpis que no consegue executar

    seu trabalho. Ou o aluno v algo alm da porta e ficar to distrado que pra

    de trabalhar para ver mais de perto. Os estmulos auditivos podem ser

    tambm fonte de bastante distrao. Um aluno pode ouvir um rudo que o

    professor no pode nem ouvir e ser incapaz de se concentrar. Alguns

    indivduos com autismo so tambm facilmente distrados por estimulao

    interna, tais como o desejo por um palito de madeira, barbante, xcara, ou

    outro objeto que eles se lembrem de experincias passadas. So distrados

    por processos cognitivos internos tais como, rimar, contar, calcular ou recitar

    fatos que tenham memorizado. Independentemente da fonte de distrao,

    pessoas com autismo tm uma grande dificuldade em interpretar e priorizar a

    importncia da estimulao externa e pensamentos que os bombardeiam.

    Alguns deles olham, se movem, e exploram constantemente, como se todas

    as sensaes fossem igualmente novas e excitantes, o que de fato para eles,

    elas o so. Outros lidam com este bombardeamento, aparentemente

    bloqueando a maior parte da estimulao circundante, ficando preocupados

    com um tipo muito limitado de objetos.

  • 4. Pensamento Concreto.

    Indivduos com autismo, independente do nvel cognitivo, tm maior

    dificuldade com conceitos lingsticos simblicos ou abstratos do que com

    fatos e descries objetivas. No autismo cada palavra significa apenas uma

    coisa; eles no tm conotaes adicionais ou associaes subjacentes.

    5. Dificuldade em Combinar ou Integrar Idias.

    mais fcil para pessoas com autismo entender fatos ou conceitos isolados

    do que combinar conceitos, ou integr-los com informaes relacionadas a

    este, particularmente quando eles parecem ser de alguma forma,

    contraditrios.

    6. Dificuldade em Organizar e Seqenciar

    Esto relacionados com a dificuldade geral em integrar mltiplas informaes.

    A capacidade de organizar requer a integrao de vrios elementos para

    atingir um objetivo pr-determinado. As habilidades de organizao so

    difceis para pessoas com autismo porque elas demandam ao mesmo tempo,

    a habilidade de concentrao, tanto na tarefa imediata, quanto no resultado

    almejado. Neste tipo de foco duplo, indivduos que respondem a detalhes

    especficos e individuais no se do bem. Seqncia algo difcil para

    pessoas com autismo, porque demanda habilidades similares. No

    incomum executarem uma srie de atos em uma ordem ilgica e

    contraprodutiva, que eles parecem no perceber.

  • 7. Dificuldade em Generalizar.

    Pessoas com autismo com freqncia aprendem habilidades ou

    comportamentos em uma situao, mas tm grande dificuldade em transferi-

    las para uma outra situao.

    PADRES BIO-COMPORTAMENTAIS

    1. Forte Impulsividade.

    Pessoas com autismo so freqentemente muito persistentes em buscar

    coisas que eles desejam, no importa que estas sejam objetos preferidos,

    experincias, ou sensaes, tais como tocar algo, executar um ritual

    complexo, ou repetir um padro comportamental estabelecido. Estes

    comportamentos, que se assemelham aos sintomas do transtorno obsessivo-

    compulsivo, podem ser muito difceis para os pais e profissionais que

    trabalham com essas crianas. Na verdade, existe nestes comportamentos

    tamanha determinao que eles parecem no estar sob o controle consciente

    do indivduo com autismo.

    2. Ansiedade Excessiva

    Muitas pessoas com autismo tendem a apresentar altos nveis de ansiedade;

    eles esto freqentemente frustrados ou por um fio de ficarem frustrados.

    Uma dose desta ansiedade provavelmente atribuvel a fatores biolgicos.

    Alm disto, a ansiedade pode ser resultado das constantes confrontaes

    com o ambiente que imprevisvel e opressivo. Por causa de seus dficits

    cognitivos, as pessoas com autismo tm dificuldade em entender o que

    esperado deles e o que est acontecendo ao seu redor; a ansiedade e a

  • agitao so reaes compreensveis diante desta constante incerteza e das

    significativas dificuldades de estabelecer a comunicao.

    3. Anormalidades Sensrio-perceptuais.

    Os sistemas de processamento sensorial so alterados nas pessoas com

    autismo. Existem pessoas com preferncias alimentares muito incomuns, que

    usam seu tempo olhando seus dedos em movimento, ou friccionando texturas

    em suas bochechas, atentos a ouvir sons no usuais muito perto do ouvido

    para poder tambm sentir as vibraes. Sabemos que as pessoas com

    autismo que no respondem a sons da mesma forma que os outros, causam

    a idia ou suspeita inicial que so surdos, quando tm perfeita acuidade

    auditiva. Algumas pessoas com autismo parecem confundir o sentimento de

    ser beliscado com o de receber ccegas, ou parecem no sentir dor alguma.

    Outros escolhem se balanar por horas, para frente e para trs, com um

    padro repetitivo. De muitas formas diferentes, pessoas com autismo

    mostram que suas diferenas comeam ao nvel de processamento de

    algumas ou de todas as sensaes que atingem seus corpos a todo minuto.

    3.3. Consideraes diagnsticas

    Atualmente, h pelo menos 4 variantes clnicas do autismo.

    Freqentemente estas variantes so descritas a partir da trade de

    deficincias nas reas social, de comunicao e de comportamento, mas est

    ficando cada vez mais difcil saber se todas as deficincias que compem a

    trade realmente aparecem em conjunto em todos os casos. H casos de

    problemas de comunicao social sem os problemas comportamentais, e h

  • casos de problemas comportamentais sem os problemas de comunicao

    social, e esto crescendo as dificuldades em saber onde esto os limites do

    chamado autismo. (GILLBERG, 2005)

    Para o diagnstico de autismo necessrio haver sintomas nos trs

    domnios: pelo menos dois sintomas dos aspectos sociais, pelo menos um de

    comunicao e pelos menos um de comportamento, com um total de quatro

    desses sintomas. O indivduo precisa estar extremamente prejudicado por

    esses sintomas para que o diagnstico possa ser feito. Algumas pessoas

    realmente tm problemas similares e leves, mas pode-se dizer que elas no

    cruzam a linha do diagnstico, porque no so gravemente incapacitadas

    por esses problemas, permanecendo no que se denomina Espectro do

    Autismo. (LANG,2003;GILLBERG,2005).

    O fentipo do autismo, como descrevemos anteriormente, bastante

    variado, mas todos os autores concordam que suas perturbaes ocorrem

    antes dos trs anos e persistem at a vida adulta. Cerca de 75% dos casos

    apresentam deficincia mental e 30% apresentam convulses

    (CARVALHEIRA,G.;VERGANI,N.;BRUNONI,D.;2004).

    O Manual de Diagnstico e Estatstica de Doenas Mentais, o DSM-IV

    e a Classificao Internacional das Doenas, o CID-10, criaram e incluram o

    autismo na categoria diagnstica de Distrbios Globais do Desenvolvimento e

    Transtornos Invasivos do Desenvolvimento.

    Quanto sua epidemiologia, acreditava-se que o autismo era uma

    ocorrncia relativamente rara, mas atualmente, o autismo atinge 0,2% da

    populao em geral e, portanto, cinco a dez vezes mais comum do que se

  • acreditava nos anos 1960 e 1970, atingindo mais a meninos que meninas na

    proporo 4:1 (GILLBERG,2005).

    Diante da diversidade que caracteriza as reas comprometidas no

    indivduo com autismo, propomos uma direo que aportando na

    transdisciplinaridade, faz-se via de atravessamento dessa complexidade.

    3.4.Transdisciplinaridade

    3.4.1. Consideraes Gerais

    A cultura se refere a padres compartilhados do comportamento

    humano. As normas culturais afetam a maneira com que as pessoas pensam,

    comem, se vestem, trabalham, compreendem os fenmenos naturais, usam o

    tempo de lazer, se comunicam e outros aspectos fundamentais das

    interaes humanas.

    As culturas apresentam ampla diversidade quanto a estes aspectos, de

    forma que as pessoas de uma cultura para outra, podem s vezes, perceb-

    los como incompreensveis ou muito estranhos. A cultura passada de uma

    gerao para outra; as pessoas pensam, sentem e se comportam de certa

    forma porque outras em sua cultura as ensinaram. Algum nos ensina como

    devemos viver nesse mundo.

    O Autismo, obviamente no uma cultura; um transtorno de

    desenvolvimento causado por uma disfuno neurolgica. Entretanto, o

    Autismo tambm afeta a maneira como as pessoas com Autismo se

    alimentam, se vestem, usam seu tempo de lazer, entendem seu mundo e se

    comunicam. Conseqentemente, de alguma forma, o Autismo funciona como

  • uma cultura, sob a perspectiva de que ele produz padres de comportamento

    caractersticos e previsveis nas pessoas sob esta condio.

    O papel do profissional que trabalha com Autismo semelhante ao de

    um intrprete ou guia transcultural: algum que entende ambas as culturas e

    capaz de traduzir e orientar as expectativas e procedimentos de um

    ambiente no-Autstico para o indivduo com alteraes complexas e

    abrangentes como o Autismo.

    Porm, com a extenso das dificuldades enfrentadas pelo indivduo

    com Autismo, surgem, em nome da cincia, diferentes tipos de intrpretes.

    Observamos a proliferao de diferentes e concomitantes atuaes

    disciplinares. Deixamos de olhar o indivduo com Autismo e passamos a tratar

    do Autismo. Repartimos os saberes e institumos graus de importncia a cada

    rea que apresenta comprometimento neste indivduo. Concordamos quanto

    complexidade da Sndrome e deletamos a complexidade do indivduo.

    Como se pudssemos compartimentaliz-lo de acordo com a necessidade da

    construo do nosso conhecimento especfico. Como coloca Edgar Morin:

    Os progressos conseguidos nos conhecimentos das especializaes disciplinares, esto dispersos e desunidos, devido justamente especializao que muitas vezes fragmenta os contextos, as globalidades e as complexidades. O enfraquecimento da percepo global, conduz ao enfraquecimento da responsabilidade, pois cada um tende a ser responsvel apenas por sua rea especializada. (Morin,2005)

    Associado ao mesmo processo, a segmentao do saber ganhou em

    nmero numa escala jamais vista. O prprio conhecimento passou a ser

    gerado, manipulado e guardado por um corpo de especialistas, multiplicados

    pela prpria Universidade em correspondente profuso e escala, os quais

  • montam guarda na cancela, vigiam suas fronteiras e zelam pela difuso

    setorizada do conhecimento. Este cenrio bem conhecido, porm mal

    compreendido, resultou na acumulao de uma massa gigantesca de

    conhecimentos, compartimentalizada em disciplinas e especialidades

    vizinhas, porm que se ignoram umas s outras e no se tocam.

    Estamos ento diante de uma diversidade de saberes

    disciplinares com o advento das especializaes. imprescindvel a

    necessidade de ligaes entre as diferentes disciplinas, para atender

    complexidade do nosso indivduo com Autismo.

    Para tentar uniformizar os objetivos, foram estabelecidas

    nomenclaturas como equipe multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar

    que muitas vezes so usadas como sinnimos. Porm, segundo Japiassu

    (1976), preciso esclarecer o sentido de disciplinaridade, examinando

    primeiro o que vem a ser disciplina.

    Disciplinas so arranjos lgicos e poltico-administrativos, segundo

    padres de racionalidade de uma dada situao histrica (PAVIANI,2003).

    Pode ser usada tambm para designar uma rea de conhecimento ou

    matria, ou ainda indicar o estudo de uma teoria. A disciplina em geral, tende

    a coincidir com o programa de ensino, mas possvel que seja ministrada

    com diversos contedos e perspectivas tericas, atendendo s estruturas

    curriculares e a profissionais que pretendem realizar isoladamente as metas

    da formao cientfica.

    Do ponto de vista epistemolgico, disciplina ter o mesmo sentido de

    cincia. Disciplinaridade significar ento, a explorao cientfica e

    especializada de determinado domnio homogneo de estudo

  • (IRIBARRY,2003). Tal explorao, tem como objetivo fazer surgir novos

    conhecimentos que iro substituir os antigos. Vale ainda ressaltar que, toda

    cincia uma disciplina, mas nem toda disciplina uma cincia. Por isso,

    faz-se necessrio estabelecer nveis de agrupamento para as disciplinas em

    questo.

    3.4.2.Definies conceituais: multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade,

    interdisciplinaridade e transdisciplinaridade

    Multidisciplinaridade

    Sua descrio geral evoca uma gama de disciplinas propostas

    simultaneamente, mas sem fazer aparecer as relaes que podem existir

    entre elas. No h uma cooperao entre as disciplinas e elas no so

    articuladas entre si. (NICOLESCU,2004)

    Pluridisciplinaridade

    A pluridisciplinaridade, diz respeito ao estudo de um objeto (indivduo

    com Autismo, por exemplo), efetuada por diversas disciplinas ao mesmo

    tempo.

    O procedimento pluridisciplinar, ultrapassa os limites da disciplina, mas

    sua finalidade permanece restrita quela determinada disciplina.

    (DOMINGUES,2000).

    Suas atuaes, normalmente esto situadas no mesmo nvel

    hierrquico e agrupadas de modo a existir relaes entre elas. Os

  • profissionais cooperam, mas no se articulam de maneira coordenada.

    (NICOLESCU,2002).

    Interdisciplinaridade

    A multiplicao excessiva das disciplinas, no permitiu que os avanos

    pedaggicos e a produo de conhecimentos novos nas pesquisas,

    pudessem acompanhar este crescimento. A origem do fenmeno da

    interdisciplinaridade, surge quase como uma necessidade, como uma

    condio epistemolgica e de poltica fundamental do conhecimento.

    (PAVIANI,2003).

    Sua organizao envolve um objetivo comum a um grupo de disciplinas

    conexas e definidas no nvel hierrquico ligadas a uma coordenao.

    (IRIBARRY,2003).

    A interdisciplinaridade, diz respeito transferncia dos mtodos de

    uma disciplina para outra (NICOLESCU,2002), e est caracterizada por trs

    graus:

    a) Grau de aplicao: onde os mtodos de uma disciplina so

    aplicados em outra, gerando novas formas de atuao desta segunda.

    b) Grau epistemolgico: onde os mtodos de uma disciplina so

    transferidos para os estudos epistemolgicos de outra disciplina.

    c) Grau de formao de novas disciplinas: onde os mtodos de uma

    disciplina passam para outra, criando uma terceira.

  • O conceito de interdisciplinaridade aponta para a tenso existente entre

    os movimentos de sistematizao de conhecimentos e os de produo de

    conhecimentos novos. (PAVIANI,2003). Ela surge como soluo para o

    problema da fragmentao do conhecimento e da perda da viso de conjunto

    da realidade e de resultados eficazes dos problemas. A interdisciplinaridade,

    realiza-se em cada situao, de modo peculiar e pressupe a integrao de

    saberes, de unidades de conhecimento e do nvel lgico dos saberes. Para

    isso, faz-se necessrio uma reavaliao das atuaes disciplinares na

    produo da pesquisa cientfica.

    Nos casos do surgimento das novas reas de conhecimento, a

    multiplicidade de pontos de vista nem sempre alcana a unidade e a

    autonomia desejada. Sem unidade terica a multiplicidade apenas um

    conjunto de partes tericas isoladas e desordenadas (PAVIANI,2003)

    O uso inadequado e superficial do conceito de interdiscipinaridade gera

    disciplinas com programas fixos e inflexveis, como os currculos e programas

    de pesquisa, que valorizam o conhecimento em si, procurando mostrar a

    autonomia, independente das necessidades sociais e dos avanos do

    conhecimento terico global. Por isso, sua finalidade tambm continua sendo

    o investimento na pesquisa disciplinar (original ou a recm criada) e neste

    grau, contribui ento para compartimentalizao do conhecimento.

    (NICOLESCU,2000)

    A caracterstica dessas novas abordagens pareceu consistir (ainda que no exclusivamente), em muitos casos, na diviso de um mesmo objeto de estudos entre diferentes disciplinas, acompanhada de um esforo de unificao. Todavia, neste esforo de aproximao, as disciplinas em questo foram levadas a trabalhar, como que por um vcio de origem, os vrios aspectos do objeto que elas dividiam em comum segundo pontos de vista diferentes, cada qual resguardando suas fronteiras e permanecendo intocada ao fim da aproximao - como na partilha da categoria de trabalho por diferentes disciplinas das cincias humanas, biolgicas ou exatas. (DOMINGUES e col,1999)

  • O advento da interdisciplinaridade, inicia a quebra do isolamento das

    disciplinas e especialidades, mostrando que o fato possvel. o caso de

    multiplicar as experincias com as abordagens interdisciplinares, bem mais

    do que multidisciplinares, e mesmo de se propor o desafio de ir alm,

    potencializar e complexificar cada vez mais o conhecimento.

    Transdisciplinaridade

    Na dcada de 70, aps a pluri e a interdisciplinaridade como tentativas

    sucessivas de estabelecer relaes entre as disciplinas, aparece a

    transdisciplinaridade. A origem do uso do termo foi registrada em um colquio

    sobre relaes interdisciplinares, feito por Piaget em 1970.(PAUL,1998)

    A transdisciplinaridade reside na possibilidade de ultrapassar o domnio

    das disciplinas formalmente estabelecidas e at da cincia, para estabelecer

    uma ponte entre a cincia, a arte, a religio, a poltica, etc.(PAVIANI,2003).

    Diz respeito quilo que est ao mesmo tempo entre as disciplinas, atravs

    das diferentes disciplinas e alm de qualquer disciplina. Seu objetivo a

    compreenso do mundo presente, e para tal, imprescindvel a unidade do

    conhecimento (NICOLESCU,2000;MORIN,1996).

    Enquanto a interdisciplinaridade torna flexveis os limites das

    disciplinas e promove o intercmbio terico e metodolgico, a

    transdisciplinaridade prope novas teorias e metodologias, que se situam

    alm do cotidiano das disciplinas acadmicas (PAVIANI,2003).

    Foi o que ocorreu, por exemplo, com o estudo transdisciplinar da

    energia (DOMINGUES & col.,1999) pelas mais diferentes disciplinas das

    cincias exatas, biolgicas e humanas. Tal estudo, ensejado em meados do

  • sculo passado e conduzido at o incio deste, ainda que sem esta

    denominao, ps em contato ntimo a fsica, a qumica, a biologia, a

    economia e a psicologia, que terminaram por se ver transfiguradas ao fim da

    aproximao e de sua cooperao mtua ao tratarem aquele conceito,

    levando a dois resultados distintos e complementares. De um lado, fuso

    pura e simples de algumas delas, como a fsico-qumica, a biofsica e a

    psicofisiologia; de outro, sua imbricao e mesmo integrao, ao menos no

    tocante a certos aspectos do conceito, sem todavia perder a especificidade,

    como a psicanlise e a economia.

    A transdisciplinaridade uma ao de abertura e de fuso de cincias

    e disciplinas que envolvem pesquisadores e comunidades cientficas, com

    objetivo de integrar teorias e mtodos de investigao para buscar solues

    de problemas complexos. Tem a finalidade de impedir que o ser humano seja

    reduzido a simples estruturas formais. Mais ainda, cabe a ela a tarefa de

    reconhecer, ao mesmo tempo, as contribuies cientficas, filosficas,

    artsticas, religiosas, mticas, acerca de um determinado problema. (cf.Carta

    da Transdisciplinaridade,Convento da Arrbida, Portugal,1994)

    Com a transdisciplinaridade, procura-se sanar as contingncias

    encontradas na interdisciplinaridade, realizando interaes entre os seus

    projetos. Assim, mais do que defender uma nomenclatura, a

    transdisciplinaridade procura refletir e explicar a realidade e esclarecer as

    interaes com o conhecimento (PAVIANI,2003).

    A Transdisciplinaridade uma teoria do conhecimento, uma

    compreenso de processos, um dilogo entre as diferentes reas do saber

    e uma aventura do esprito. A Transdisciplinaridade uma nova atitude, a

  • assimilao de uma cultura, uma arte, no sentido da capacidade de articular

    a multirreferencialidade e a multidimensionalidade do ser humano e do

    mundo. Ela implica numa postura sensvel, intelectual e transcendental

    perante si mesmo e perante o mundo. Implica, tambm, em aprendermos a

    decodificar as informaes provenientes dos diferentes nveis que compem

    o ser humano e como eles repercutem uns nos outros. A transdisciplinaridade

    transforma nosso olhar sobre o individual, o cultural e o social, remetendo

    para a reflexo respeitosa e aberta sobre as culturas do presente e do

    passado, do Ocidente e do Oriente, buscando contribuir para a

    sustentabilidade do ser humano e da sociedade. (MORIN,2005)

    A transdisciplinaridade procura pontos em comum entre a cincia,

    cultura, tradio, tecnologia e outras manifestaes sociais e histricas.

    Contra o excesso de especializaes e de fragmentaes, a

    transdisciplinaridade deseja buscar novas formas de conhecimento e uma

    nova concepo de natureza. Seu desafio consiste em gerar uma nova

    mentalidade cientfica, uma civilizao democrtica e politicamente

    harmoniosa.

    3.4.3) O Programa TEACCH: Histrico

    Treatment and Education of Autistic and related Communication

    handicapped CHildren o TEACCH, ou Tratamento e Educao para Autistas

    e Crianas com dficits relacionados Comunicao um programa que

    envolve as esferas de atendimento educacional e clnico, em uma prtica com

    abordagem psicoeducativa, tornando-o por definio, um programa

    transdisciplinar.

  • Criado em 1966, na diviso de Psiquiatria da Escola de Medicina da

    Universidade da Carolina do Norte (EUA), por Eric Shopler e colaboradores,

    atravs de um projeto de pesquisa que procurou questionar a prtica clnica

    daquela poca, na sociedade americana, em que se acreditava que o

    Autismo tinha uma causa emocional e deveria ser tratado atravs dos

    princpios da psicanlise. (LEON,2002;SCHARTZMAN,1995)

    O projeto envolvia basicamente a observao aprofundada e criteriosa

    dos comportamentos de crianas autistas em diferentes settings e frente a

    diferentes estmulos e propuseram a participao dos pais como elementos

    importantes de ajuda em todo o processo.

    Atualmente, o Programa TEACCH que iniciou como um projeto de

    pesquisa, cresceu graas a seus resultados empricos e hoje, a Diviso

    TEACCH responsvel por todo o setor de educao e sade pblica do

    Estado da Carolina do Norte, abrangendo as reas de construo e

    desenvolvimento de instrumentos de avaliao diagnstica e

    psicoeducacional, treinamento de profissionais, orientao a pais, alm da

    criao de locais de atendimentos, escolas, residncias assistidas e

    programas de acompanhamento profissional. (LEON,2002)

    Suas bases tericas so a Teoria Behaviorista e a Psicolingstica. A

    valorizao das descries das condutas, a utilizao de programas passo a

    passo e o uso de reforadores, evidenciam as caractersticas

    comportamentais. Por outro lado, foi na psicolingstica que se buscou as

    estratgias para compensar os dficits comunicativos desta Sndrome, como

    a utilizao de recursos visuais, proporcionando interao entre pensamento

    e linguagem e para ampliar as capacidades de compreenso, onde a imagem

  • visual geradora de comunicao. Assim, a teoria comportamental e a

    psicolingstica bases epistemolgicas do TEACCH convergem para uma

    prtica funcional e pragmtica. Alm disso, o entendimento da condio

    neurobiolgica da Sndrome fundamental neste modelo.

    medida que avana a pesquisa aliada experincia clnica,

    comeam a ser questionadas as formulaes iniciais, apontando o tratamento

    educacional como o mais indicado, nos EUA e na Inglaterra

    (RUTTER,1971,RIMLAND,1964) e a sndrome passa de uma patologia

    parental s interpretaes cognitivo-organicistas. Com isso, os pais foram

    desenvolvendo uma atividade poltica, exigindo e estabelecendo servios e

    tratamento para seus filhos (LANSING & SCHOPLER,1978).

    Sendo assim em 1972, o TEACCH foi legitimado pela legislao do

    estado da Carolina do Norte como o primeiro programa estadual nos EUA

    para atendimento vitalcio s crianas autistas e deficincias na comunicao

    correlata e suas famlias (SCHOPLER, MESIBOV, SHIGLEY, BASHFORD,

    1984). Os objetivos da proposta de atendimento foi centrado em 4 pontos: (1)

    oferecer ajuda e servios para as crianas e suas famlias, (2) desenvolver

    pesquisa em um contexto de ajuda e trabalho clnico (retorno populao

    estudada), (3) capacitar profissionais no contexto do servio, (4) esclarecer e

    educar o pblico (SCHOPLER& VAN BOURGONDIEN,1991).

    O TEACCH se prope atualmente a garantir de forma vitalcia, o

    desenvolvimento de uma ampla gama de servios para pessoas com Autismo

    e suas famlias. Para tanto, acredita que os programas de atendimento

    devam ser to abrangentes quanto o prprio continuum autstico,

  • demandando mltiplas abordagens, estruturas administrativas complexas e

    servios extensivos.

    Os princpios cardeais so (SCHOPLER & VAN BOURGONDIEN,1991;

    SCHOPLER,1995) :

    1. o objetivo do programa promover a adaptao de cada indivduo de duas

    formas trans-atuantes: a primeira melhorar todas as habilidades para o viver

    atravs das melhores tcnicas educacionais disponveis; a segunda, na

    medida em que existe um dficit envolvido, entender e aceitar esta

    deficincia, planejando estruturas ambientais que possam compens-la;

    2. estas pessoas sero mais bem apoiadas atravs de seus pais e outros

    membros da famlia e com os pais e/ou responsveis como co-terapeutas. Na

    verdade, isto se traduz por uma colaborao mtua em nvel de trabalho ativo

    onde os profissionais aprendem com os pais e usam suas experincias

    particulares relativas a seu prprio filho e, em contrapartida, os profissionais

    oferecem aos pais seu conhecimento na rea e sua experincia. Juntos

    definem as prioridades dos programas, na Instituio, em casa e na

    comunidade. Esta unio politicamente a mais potente, tanto para o

    tratamento quanto para a pesquisa;

    3. a base dos programas de tratamento a avaliao que permita a

    compreenso de quais so as habilidades atuais da criana, as habilidades

    emergentes e o que ajuda a desenvolv-las. Os programas especficos de

    ensino e tratamento so individualizados e baseados em uma compreenso

    personalizada de cada indivduo. A avaliao cuidadosa de cada um envolve

  • tanto um processo de avaliao formal (os melhores e mais adequados testes

    disponveis, quando possvel), quanto informal (observaes melhores e mais

    perspicazes dos pais, professores e outras pessoas em contato regular com a

    criana);

    4. dos sistemas tericos, as teorias cognitivistas e behavioristas so as mais

    teis, e guiam tanto a pesquisa quanto os procedimentos desenvolvidos pelo

    TEACCH;

    5. um modelo generalista e transdisciplinar, no qual os profissionais de

    qualquer disciplina interessados em trabalhar com esta populao so

    capacitados como Generalistas. Isto significa que se espera que eles tenham

    uma habilidade funcional de lidar com toda a ampla gama de problemas

    provocados pelo autismo, independentemente de suas reas de

    especializao. Isto permite que estes assumam a responsabilidade pelo

    indivduo como um todo, assim como de consultar especialistas quando

    necessrio, no entanto equipe que cabe a deciso. Com este modelo eles

    tambm aprendem a conhecer o ponto de vista dos pais, pois deles se espera

    a funo de generalistas em relao a seu filho, tendo este necessidades

    especiais ou no.

    6. fundamental que os profissionais que trabalham com pessoas com

    Autismo recebam capacitao interna em oito reas, cujos conceitos e

    questes tm dirigido a maior parte da atividade de pesquisa do TEACCH

    durante os ltimos 30 anos:

  • 1. Avaliaes da criana diferentes situaes;

    2. envolvimento dos pais em colaborao com a famlia;

    3. ensino estruturado;

    4. manejo de comportamento;

    5. desenvolvimento e aquisio de comunicao espontnea;

    6. aquisio de habilidades sociais;

    7. como ensinar capacitando nas reas de independncia e vocacional;

    8. o desenvolvimento de habilidades de lazer e recreao.

    3.4.4) O Programa educativo do CRADD: Pressupostos tericos

    Devido aos padres cognitivos e comportamentais caractersticos do

    autismo, o Programa TEACCH (MESIBOV,1997;SPERRY&MESIBOV,2005),

    tem desenvolvido formas de ajudar as pessoas com autismo a funcionar,

    inseridos na cultura sua volta. Com seis anos de trabalho nesta direo, O

    CRADD utiliza programa educativo baseado neste modelo, que tem sido

    extremamente bem sucedido em atingir o objetivo em questo. O programa

    baseado nos seguintes princpios:

    1. reas de competncia e interesses. Todos os alunos tm suas reas de

    competncia (pontos fortes) e interesses que podem se tornar mais

    funcionais para eles. Para isso, preciso desenvolver uma avaliao

    cuidadosa e constante. Todos os alunos tm potencial para desenvolver e

    melhorar suas habilidades. Do indivduo mais gravemente retardado,

    criana no verbal com problemas de higiene e agresso, at aquele com alto

    nvel funcional que pode ler, escrever e passar algum tempo sozinho na

  • comunidade; todos os alunos com autismo tm lacunas nas habilidades, e

    todos tm potencial para progredir. No CRADD, iniciamos o processo de

    planejar um programa educativo pela observao da forma como o aluno

    responde e aborda uma variedade de materiais, instrues e atividades,

    apresentadas de diferentes formas com diferentes quantidades de estrutura

    organizacional. Damos ateno especial as reas de comunicao, auto -

    cuidado, habilidades vocacionais e habilidades de recreao e lazer. So

    priorizadas as necessidades, e s ento so estabelecidas as metas em cada

    rea.

    2. Assistncia para a compreenso do sentido. Todos os alunos com autismo

    tm limitaes na habilidade de entender o sentido de suas experincias. A

    dificuldade, previamente descrita, de entender ou apreender o sentido

    central no autismo. Ns no podemos nem ao menos assumir que nossos

    alunos entendem o porqu ns pedimos que eles faam determinadas coisas,

    como as habilidades e os comportamentos que os ensinamos esto

    relacionados, ou mesmo o qu, especificamente, estamos pedindo. Mesmo o

    aluno com autismo mais inteligente, freqentemente confundido ou inseguro

    em relao s expectativas e costumes da nossa cultura. Os terapeutas e

    professores, definitivamente, no podem perder de vista a constante

    necessidade por parte do sujeito, de um guia emptico e til no nosso

    ambiente.

  • 3. A resistncia como resultante da falta de pertencimento. A maioria dos

    comportamentos que os alunos apresentam devido a sua dificuldade

    cognitiva em entender o que se espera deles. extremamente raro, em

    nossa experincia, para um aluno com Autismo, ser deliberadamente

    desafiante ou provocativo. Infelizmente, alguns observadores interpretam seu

    comportamento desta forma, principalmente quando o aluno com Autismo

    olha diretamente para eles, e depois faz o oposto do que foi pedido, ou faz

    justamente o que foi proibido. Em outros indivduos, podemos supor que este

    tipo de comportamento apresentado para expressar raiva, ou para

    reivindicar ou afirmar a independncia do outro. Entretanto, estas so

    explicaes raramente adequadas para este tipo de comportamento em

    sujeitos com autismo. mais plausvel que eles no tenham entendido as

    palavras usadas, a expresso facial e a linguagem corporal da pessoa com

    quem falaram, ou as expectativas sociais da situao. O aluno pode ser

    movido por impulsos fortes que agem independentemente das regras ou das

    conseqncias, ou pode estar agitado ou sobrecarregado pela estimulao

    sensorial da sala. As normas podem ser muito abstratas ou muito vagas. A

    recusa uma concepo raramente til no Autismo.

    4. Colaborao dos Pais. O planejamento educacional deve ser sensvel ao

    ambiente onde o aluno vive (sua casa), e que ir viver quando adulto.

    importante a incluso no programa educacional dos desejos e estilos de vida

    da famlia. Se os pais querem ou precisam que o aluno participe do jantar ou

    que ocupe produtivamente seu tempo de lazer, ns nos esforamos muito na

    tentativa de ensinar estas habilidades. Muitas vezes, necessrio organizar

  • visitas s residncias para que possamos planejar e adequar essas

    atividades. Alm disso, a ONG oferece reunies para grupos de pais de

    alunos e no-alunos para a discusso de temas sobre a especificidade do

    programa e assuntos do interesse do grupo. Assim, divulgamos as

    informaes pertinentes utilizao do Programa, tornando os pais co-

    participativos no processo.

    Nosso objetivo mais importante que nossos alunos percebam que

    existem padres no universo, e que eles podem identificar e seguir estes

    padres, independentemente da presena de um professor ou de um adulto

    familiar. Apesar dos professores ou terapeutas serem aqueles que propiciam

    a seus alunos a obteno deste objetivo, ns queremos que o resultado final

    seja que os alunos com autismo sejam capazes de atuar sem a superviso

    intensiva de um professor, pela simples razo que a nossa cultura no

    proporciona recursos para a existncia de professores pela vida toda.

    Conseqentemente, ensinar ao aluno a dar sentido e ordem a seu mundo

    um reflexo prtico do objetivo geral de ajudar o aluno a se inserir em nossa

    cultura quando adulto.

    A comunicao tambm um objetivo extremamente importante para

    todos os alunos. Alguns alunos com autismo tm, inicialmente, que ser

    ensinados que a comunicao existe, que possvel para uma pessoa

    influenciar o comportamento da outra atravs de um ato expressivo. A

    natureza deste ato deve ser individualizada ao nvel do aluno, com uma gama

    de opes que inclui produzir um som, tocar um sino, trocar objetos, trocar

    uma figura, dizer palavras, digitar palavras, ou usar gestos ou sinais

    simblicos. Aos alunos que tm algumas habilidades de comunicao podem

  • e devem ser ensinados refinamentos, tais como, vocabulrio adicional, mais

    estruturas de sentenas complexas ou expandir os sistemas de linguagem

    (ex. linguagem falada e escrita).

  • 4. Metodologia

    3.1) Amostra

    Foram selecionados 6 (seis) indivduos, alunos do CRADD Centro de

    Referncia e Apoio s Desordens do Desenvolvimento, a partir de entrevista

    inicial para registro dos dados pessoais bsicos e confirmao do diagnstico

    de autismo recebido pelo neuropediatra que acompanha cada criana. A

    faixa etria dos participantes de sete a doze anos. Os alunos freqentam a

    instituio diariamente, por perodo mnimo de quatro horas, desde o ano de

    2003. No houve ndice de absentesmo considervel como varivel.

    4.4) Procedimento

    Os dados foram organizados em tabelas a partir das reas

    comprometidas nos indivduos com autismo: Interao social, com nove

    critrios; funes comunicativas, com oito critrios; aspectos cognitivos, com

    dez critrios e comportamento, com oito critrios. So observadas suas

    presenas ou ausncias e foram convencionados os usos de palavras que

    determinam: Passou (P), para o evento que o aluno realiza com

    independncia e adequao, Emergente (E), para o evento que o aluno

    demonstra conhecimento mas no executa sozinho, Falhou (F), para o evento

    que o aluno no executou mesmo aps demonstrao e repetio. Todas as

    tabelas se encontram no anexo deste trabalho.

    Foram realizadas trs avaliaes com cada sujeito da amostra a fim de

    comparar os resultados intra-sujeitos. A primeira avaliao utilizando os

    protocolos propostos foi aplicada no incio do ano letivo de 2005, no ms de

    janeiro. A segunda, no ms de junho, e a ltima, no ms de dezembro. Todas

  • as avaliaes utilizaram o mesmo protocolo e foram realizadas com um

    mediador (a professora) e um observador (a pesquisadora) que marca as

    respostas. Ocorreram dentro da sala de aula dos alunos, por ser um

    ambiente conhecido e tiveram durao de noventa minutos. As atividades

    propostas para as investigaes dos itens foram as mesmas nas trs

    avaliaes. Como se trata de uma pesquisa de ordem qualitativa, no foram

    utilizados testes formais para as investigaes dos critrios propostos. As

    atividades do programa psicoeducativo dos alunos e que foram avaliadas

    neste trabalho, fazem parte da sua rotina escolar diria.

    5. Resultados

  • Os resultados foram organizados por rea avaliada e para cada sujeito,

    com tabelas que demonstram seu desenvolvimento em cada momento

    avaliativo. Seguem, aps cada tabela, comentrios sobre os itens inalterados e

    os progressos. Nestes, o comentrio 1 considera os itens inalterados durante o

    perodo avaliativo; o comentrio 2 considera os itens que evoluram

    positivamente e o comentrio 3 registra o total de itens que cada sujeito evoluiu

    positivamente dentro de cada critrio avaliado. Para cada sujeito, foram ainda

    acrescentados grficos, que reproduzem os resultados descritos das tabelas,

    visando maior clareza visual do desenvolvimento de cada aluno. Cabe aqui

    ressaltar, que para tanto, foram convencionados nmeros que representam as

    letras usadas na marcao dos protocolos: o nmero 1 (um) representando F

    (falhou); o nmero 2 (dois) representando E (emergente) e o nmero 3 (trs)

    representando P (passou).

    A escolha pela apresentao dos resultados de cada sujeito de forma

    individual com seus respectivos comentrios, atende o objetivo deste trabalho e

    o propsito do protocolo, que visa estudar as relaes intra-sujeitos e no

    compar-los entre si, respeitando suas caractersticas individuais.

    Tabela I

  • INTERAO SOCIAL / Sujeito RD, 7 anos Atividade/ Ms Janeiro Junho Dezembro Contato Visual F E E Contato Fsico E E E Imitao F F E Regras Sociais F F E Repertrio Bsico de Conduta F F E Reconhecimento do Ambiente F F E Atividade em Grupo E E E Relacionamento com Terapeuta

    F F E

    Relacionamento com os Colegas

    F F E

    Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito RD manteve inalterado o desempenho da seguinte atividade:

    Contato Fsico (E) Atividade em Grupo (E)

    2- Apresentou progresso no desempenho das seguintes atividades:

    Imitao Regras Sociais Repertrio Bsico de Conduta Reconhecimento de Ambiente Relacionamento com Terapeuta e Relacionamento com os Colegas passando de F, em janeiro e junho,

    diretamente para E em dezembro. Contato Visual passando de F no ms de janeiro para E em junho,

    mantendo-se neste estgio no ms de dezembro.

    3 Portanto, dos nove critrios avaliados no item Interao Social, o sujeito RD apresentou evoluo positiva em sete.

  • Interao Social

    0 1 2 3

    Contato Visual

    Contato Fsico

    Imitao

    Regras Sociais

    Rep.Bs.Conduta

    Recon.Ambiente

    Ativid.em Grupo

    Relac.Terapeuta

    Relac.Colegas

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho RD 7 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela II

    FUNES COMUNICATIVAS / Sujeito RD, 7 anos Atividade / Ms Janeiro Junho Dezembro Linguagem Compreensiva F F E Linguagem Gestual F E E Compreenso das Mudanas Entonativas

    F F E

    Linguagem Social F F F Ecolalia P P P Linguagem Expressiva F F F Linguagem Escrita F F F Leitura F F F Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito RD manteve inalterados os desempenhos das seguintes atividades:

    Linguagem Social (F) Linguagem Expressiva (F) Linguagem Escrita (F) Leitura. (F) Ecolalia (P)

    2- Apresentou progresso no desempenho das seguintes atividades: Linguagem Compreensiva e Compreenso das Mudanas Entonativas passando de F, em janeiro e junho,

    para E em dezembro. Linguagem Gestual passando de F no ms de janeiro para E nos meses de

    junho e dezembro. 3 Portanto dos oito critrios avaliados no item Funes Comunicativas, o sujeito RD apresentou evoluo positiva em trs.

  • Funes Comunicativas

    0 1 2 3

    Linguagem Compreensiva

    Linguagem Gestual

    Compreen.dasMudan.Entonat.

    Linguagem Social

    Ecolalia

    Linguagem Expressiva

    Linguagem Escrita

    Leitura

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho RD 7 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela III

    AVALIAO COGNITIVA / Sujeito RD, 7 anos Atividade / Ms Janeiro Junho Dezembro Ateno F E E Interesses P P P Pareamento F E P Discriminao Visual F E E Discriminao Auditiva

    P P P

    Classificao F E P Figura-Fundo F E P Associao de Idias F F E Memria Visual F F E Memria Auditiva F F F Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito RD manteve inalterados os desempenhos de todas as atividades, nos seguintes estgios:

    Memria Auditiva (F) Interesses (P) Discriminao Auditiva (P)

    2- Apresentou progresso nas seguintes atividades: Pareamento Classificao e Figura-Fundo em que obteve desempenho F no ms de janeiro, passando a E

    em junho e evoluindo para P em dezembro. Ateno e Discriminao Visual em que obteve desempenho F no ms de janeiro,

    passando para E em julho e mantendo este desempenho em dezembro. Associao de Idias e Memria Visual passando de F nos meses de janeiro e junho para E em

    dezembro. 3- Portanto, dos dez critrios avaliados no item Avaliao Cognitiva, o sujeito RD apresentou evoluo positiva em sete.

  • Avaliao Cognitiva

    0 1 2 3

    Ateno

    Interesses

    Pareamento

    Discrim.Visual

    Discrim.Auditiva

    Classificao

    Figura-Fundo

    Assoc.de Idias

    Memria Visual

    Memria Audit.

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho RD 7 anos

    DezembroJunhoJaneiro

    Tabela IV

  • AVALIAO DO COMPORTAMENTO / Sujeito RD, 7 anos

    Atividade / Ms Janeiro Junho Dezembro Estereotipias F F F Agressividade F E E Passividade P P E Hiperatividade E E E Hipoatividade P P E Alimentao F F E Comportamento Sensorial

    F F F

    Atividades da Vida Diria

    F F E

    Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito RD manteve inalterados os desempenhos de todas as atividades, nos seguintes estgios:

    Estereotipias (F) Comportamento Sensorial (F) Hiperatividade (E)

    2- Apresentou progresso nas seguintes atividades: Agressividade com desempenho F em janeiro, passando a E em junho e

    mantendo-se nesse estgio em dezembro. Alimentao e Atividades da Vida Diria passando de F em janeiro e julho para E em

    dezembro. Passividade e Hipoatividade passando de P nos meses de janeiro e junho para E no ms de

    dezembro. 3- Nas atividades em que apresentou progresso obteve desempenho E no ms de dezembro. Portanto, dos oito itens avaliados no critrio Comportamento, obteve evoluo positiva em cinco.

  • Avaliao do Comportamento

    0 1 2 3

    Estereotipias

    Agressividade

    Passividade

    Hiperatividade

    Hipoatividade

    Alimentao

    Comport.Sensorial

    Ativ.da Vida Diria

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho RD 7 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela V

    INTERAO SOCIAL / Sujeito D, 7 anos Atividade/ Ms Janeiro Junho Dezembro Contato Visual E E P Contato Fsico P P P Imitao F E E Regras Sociais F F E Repertrio Bsico de Conduta F F E Reconhecimento do Ambiente E P P Atividade em Grupo F F E Relacionamento com Terapeuta

    F F E

    Relacionamento com os Colegas

    F F F

    Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito D manteve inalterado o desempenho da seguinte atividade:

    Relacionamento com os Colegas (F) Contato Fsico (P)

    2- Apresentou progresso no desempenho das seguintes atividades:

    Regras Sociais Repertrio Bsico de Conduta Atividade em Grupo Relacionamento com Terapeuta, todos passando de F, em janeiro e junho,

    diretamente para E em dezembro. Imitao passando de F no ms de janeiro para E em junho, mantendo-se

    neste estgio no ms de dezembro. Contato Visual passando de E nos meses de janeiro e junho para P no ms

    de dezembro. Reconhecimento do Ambiente passando de E no ms de janeiro para P no

    ms de junho e mantendo-se neste estgio no ms de dezembro. 3 Portanto, dos nove critrios avaliados no item Interao Social, o sujeito D apresentou evoluo positiva em sete.

  • Interao Social

    0 1 2 3

    Contato Visual

    Contato Fsico

    Imitao

    Regras Sociais

    Rep.Bs.Conduta

    Recon.Ambiente

    Ativid.em Grupo

    Relac.Terapeuta

    Relac.ColegasA

    tivid

    ades

    Desempenho D 7 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela VI

    FUNES COMUNICATIVAS / Sujeito D, 7 anos Atividade / Ms Janeiro Junho Dezembro Linguagem Compreensiva F F E Linguagem Gestual F F F Compreenso das Mudanas Entonativas

    F F E

    Linguagem Social F E P Ecolalia F F E Linguagem Expressiva F F E Linguagem Escrita F E E Leitura F E E Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios:

    2- Ao longo do ano de 2005 o sujeito D manteve inalterados os desempenhos das seguintes atividades:

    Linguagem Gestual (F) 2- Apresentou progresso no desempenho das seguintes atividades:

    Linguagem Compreensiva Compreenso das Mudanas Entonativas Ecolalia Linguagem Expressiva. passando de F, em janeiro e junho, para E em

    dezembro Linguagem Escrita passando de F em janeiro para E em junho e dezembro. Leitura passando de F no ms de janeiro para E no ms de junho e

    mantendo-se nesse estgio no ms de dezembro Linguagem Social passando de F no ms de janeiro para E no ms de junho

    e alcanando o estgio P no ms de dezembro.

    3 - Observa-se que o sujeito D , no ms de janeiro apresentou desempenho F em todas as atividades, progrediu nas mesmas, exceto em Linguagem Gestual. Portanto, dos oito critrios avaliados no item Funes Comunicativas , o sujeito D apresentou evoluo positiva em sete.

  • Funes Comunicativas

    0 1 2 3

    Linguagem Compreensiva

    Linguagem Gestual

    Compreen.dasMudan.Entonat.

    Linguagem Social

    Ecolalia

    Linguagem Expressiva

    Linguagem Escrita

    LeituraA

    tivid

    ades

    Desempenho D 7 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela VII

    AVALIAO COGNITIVA / Sujeito D, 7 anos Atividade / Ms Janeiro Junho Dezembro Ateno E E E Interesses P P P Pareamento E P P Discriminao Visual E P P Discriminao Auditiva

    F F E

    Classificao F E E Figura-Fundo E P P Associao de Idias F F E Memria Visual E P P Memria Auditiva F F E Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito D manteve inalterados os desempenhos de todas as atividades, nos seguintes estgios:

    Ateno (E) Interesses (P)

    2- Apresentou progresso nas seguintes atividades:

    Discriminao Auditiva Associao de Idias e Memria Auditiva em que obteve desempenho F nos meses de janeiro e

    junho, passando a E em dezembro. Classificao em que obteve desempenho F no ms de janeiro, passando

    para E em junho e mantendo este desempenho em dezembro. Pareamento Discriminao Visual Figura-Fundo e Memria Visual passando de E no ms de janeiro para P no ms de junho,

    mantendo-se neste estgio em dezembro. 3 Portanto, dos dez critrios avaliados no item Avaliao Cognitiva, o sujeito D apresentou evoluo positiva em oito.

  • Avaliao Cognitiva

    0 1 2 3

    Ateno

    Interesses

    Pareamento

    Discrim.Visual

    Discrim.Auditiva

    Classificao

    Figura-Fundo

    Assoc.de Idias

    Memria Visual

    Memria Audit.

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho D 7 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela VIII

    AVALIAO DO COMPORTAMENTO / Sujeito D, 7 anos Atividade/Ms Janeiro Junho Dezembro Estereotipias F F F Agressividade P E E Passividade P P P Hiperatividade F F E Hipoatividade P P P Alimentao F F E Comportamento Sensorial

    F F F

    Atividades da Vida Diria

    F F E

    Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito D manteve inalterados os desempenhos de todas as atividades, nos seguintes estgios:

    Estereotipias (F) Comportamento Sensorial (F) Passividade (P) Hipoatividade (P)

    2- Apresentou progresso nas seguintes atividades: Hiperatividade Alimentao Atividades da Vida Diria passando de F em janeiro e junho para E em

    dezembro.

    3 Portanto, dos oito critrios avaliados no item Avaliao do Comportamento, o sujeito D apresentou evoluo positiva em trs e uma alterao de comportamento.

  • Avaliao do Comportamento

    0 1 2 3

    Estereotipias

    Agressividade

    Passividade

    Hiperatividade

    Hipoatividade

    Alimentao

    Comport.Sensorial

    Ativ.da Vida Diria

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho D 7 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela IX

    INTERAO SOCIAL / Sujeito G, 8 anos Atividade/ Ms Janeiro Junho Dezembro Contato Visual P E E Contato Fsico F F E Imitao F F E Regras Sociais F F E Repertrio Bsico de Conduta F F E Reconhecimento do Ambiente E E P Atividade em Grupo F E E Relacionamento com Terapeuta

    F F E

    Relacionamento com os Colegas

    F F F

    Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito G manteve inalterado o desempenho da seguinte atividade:

    Relacionamento com os Colegas (F)

    2- Apresentou progresso no desempenho das seguintes atividades: Contato Fsico Imitao, Regras Sociais Repertrio Bsico de Conduta e Relacionamento com Terapeuta passando de F, em janeiro e junho,

    diretamente para E em dezembro. Reconhecimento do Ambiente passando de E no ms de janeiro e junho para

    P no ms de dezembro. Atividade em Grupo com desempenho F em janeiro, evoluindo para E em

    junho e mantendo-se nesse estgio em dezembro. 3- Portanto, dos oito itens avaliados no critrio Interao Social, obteve evoluo positiva em seis. Apresentou oscilao, com piora no desempenho na seguinte atividade: Contato Visual passando de P em janeiro para E em junho e mantendo-se nesse estgio em dezembro.

  • Interao Social

    0 1 2 3

    Contato Visual

    Contato Fsico

    Imitao

    Regras Sociais

    Rep.Bs.Conduta

    Recon.Ambiente

    Ativid.em Grupo

    Relac.Terapeuta

    Relac.Colegas

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho G 8 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela X

    FUNES COMUNICATIVAS / Sujeito G, 8 anos Atividade/Ms Janeiro Junho Dezembro Linguagem Compreensiva F F E Linguagem Gestual F F F Compreenso das Mudanas Entonativas

    F E P

    Linguagem Social F F F Ecolalia F F F Linguagem Expressiva F E E Linguagem Escrita F E E Leitura P P P Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito G manteve inalterados os desempenhos das seguintes atividades:

    Linguagem Gestual (F) Linguagem Social (F) Ecolalia (F) Leitura (P)

    2- Apresentou progresso no desempenho das seguintes atividades:

    Linguagem Compreensiva passando de F, em janeiro e junho, para E em dezembro.

    Linguagem Expressiva e Linguagem Escrita, passando de F no ms de janeiro para E nos meses de

    junho e dezembro. Compreenso das Mudanas Entonativas passando de F em janeiro para E

    em junho e desse estgio para P em dezembro. 3- Portanto dos oito itens avaliados no critrio Funes comunicativas, obteve evoluo positiva em quatro.

  • Funes Comunicativas

    0 1 2 3

    Linguagem Compreensiva

    Linguagem Gestual

    Compreen.dasMudan.Entonat.

    Linguagem Social

    Ecolalia

    Linguagem Expressiva

    Linguagem Escrita

    Leitura

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho G 8 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela XI

    AVALIAO COGNITIVA / Sujeito G, 8 anos Atividade/Ms Janeiro Junho Dezembro Ateno F E P Interesses P P P Pareamento P P P Discriminao Visual P P P Discriminao Auditiva

    P P P

    Classificao E P P Figura-Fundo E P P Associao de Idias F E P Memria Visual E P P Memria Auditiva P P P Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito G manteve inalterados os desempenhos de todas as atividades, nos seguintes estgios:

    Interesses (P) Pareamento (P) Discriminao Visual (P) Discriminao Auditiva (P) Memria Auditiva (P)

    2- Apresentou progresso nas seguintes atividades:

    Ateno e Associao de Idias em que obteve desempenho F no ms de janeiro,

    passando a E em junho e evoluindo para P em dezembro. Classificao e Memria Visual em que obteve desempenho E no ms de janeiro, passando

    para P em junho e mantendo este desempenho em dezembro. Figura-Fundo passando de E no ms de janeiro para P em junho e mantendo-

    se nesse estgio em dezembro. 3- Portanto, dos dez itens avaliados no critrio Cognitivo, obteve evoluo positiva em cinco. Observa-se que no ms de dezembro o sujeito G obteve o melhor desempenho P em todas as atividades o que configura um progresso nessa rea de Avaliao Cognitiva.

  • Avaliao Cognitiva

    0 1 2 3

    Ateno

    Interesses

    Pareamento

    Discrim.Visual

    Discrim.Auditiva

    Classificao

    Figura-Fundo

    Assoc.de Idias

    Memria Visual

    Memria Audit.

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho G

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela XII

    AVALIAO DO COMPORTAMENTO / Sujeito G, 8 anos

    Atividade/Ms Janeiro Junho Dezembro Estereotipias F F F Agressividade E E E Passividade P P P Hiperatividade E E E Hipoatividade P P P Alimentao F F E Comportamento Sensorial

    F F F

    Atividades da Vida Diria

    F E E

    Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito G manteve inalterados os desempenhos de todas as atividades, nos seguintes estgios:

    Estereotipias (F) Comportamento Sensorial (F) Agressividade (E) Hiperatividade (E) Passividade (P) Hipoatividade (P)

    2- Apresentou progresso nas seguintes atividades:

    Alimentao passando de F em janeiro e junho para E em dezembro. Atividades da Vida Diria com desempenho F em janeiro, passando a E em

    junho e mantendo-se nesse estgio em dezembro. 3- Portanto, dos oito itens avaliados no critrio Comportamento, obteve evoluo positiva em apenas dois.

  • Avaliao do Comportamento

    0 1 2 3

    Estereotipias

    Agressividade

    Passividade

    Hiperatividade

    Hipoatividade

    Alimentao

    Comport.Sensorial

    Ativ.da Vida Diria

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho G 8 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela XIII

    INTERAO SOCIAL / Sujeito F, 10 anos Atividade/ Ms Janeiro Junho Dezembro Contato Visual E P P Contato Fsico P P P Imitao P P P Regras Sociais E P P Repertrio Bsico de Conduta E P P Reconhecimento do Ambiente P P P Atividade em Grupo P P P Relacionamento com Terapeuta

    E E P

    Relacionamento com os Colegas

    F E P

    Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito F manteve inalterados os desempenhos das seguintes atividades:

    Contato Fsico (P) Imitao (P) Reconhecimento do Ambiente (P) Atividade em Grupo (P)

    2- Apresentou progresso no desempenho das seguintes atividades:

    Contato Visual Regras Sociais e Repertrio Bsico de Conduta passando de E, em janeiro, para P em junho e

    mantendo-se neste estgio em dezembro. Relacionamento com Terapeuta mantendo-se em E nos meses de janeiro e

    junho e passando para P no ms de dezembro. Relacionamento com os Colegas passando de F em janeiro para E em junho

    e alcanando P em dezembro. 3- Portanto, dos oito itens avaliados no critrio Interao social, obteve evoluo positiva em quatro. Dos resultados acima se observa uma considervel melhora nesta ltima atividade ao longo do ano de 2005. Apresentou em dezembro o melhor desempenho em todas as atividades da rea de Interao Social.

  • Interao Social

    0 1 2 3

    Contato Visual

    Contato Fsico

    Imitao

    Regras Sociais

    Rep.Bs.Conduta

    Recon.Ambiente

    Ativid.em Grupo

    Relac.Terapeuta

    Relac.Colegas

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho F 10 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela XIV

    FUNES COMUNICATIVAS / Sujeito F, 10 anos Atividade/Ms Janeiro Junho Dezembro Linguagem Compreensiva E E P Linguagem Gestual P P P Compreenso das Mudanas Entonativas

    P P P

    Linguagem Social F E P Ecolalia F E P Linguagem Expressiva E E P Linguagem Escrita F E P Leitura F E P Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito F manteve inalterados os desempenhos das seguintes atividades:

    Linguagem Gestual (P) Compreenso das Mudanas Entonativas (P)

    2- Apresentou progresso no desempenho das seguintes atividades:

    Linguagem Compreensiva e Linguagem Expressiva passando de E, em janeiro e junho para P em

    dezembro. Linguagem Social Ecolalia Linguagem Escrita e Leitura passando de F em janeiro, para E em junho e evoluindo ainda para P

    em dezembro. 3- Portanto, dos oito itens avaliados no critrio Funes comunicativas, apresentou evoluo positiva em seis. Tambm apresentou o melhor desempenho em todas as atividades em dezembro.

  • Funes Comunicativas

    0 1 2 3

    Linguagem Compreensiva

    Linguagem Gestual

    Compreen.dasMudan.Entonat.

    Linguagem Social

    Ecolalia

    Linguagem Expressiva

    Linguagem Escrita

    Leitura

    Ativ

    idad

    es

    Desempenho F 10 anos

    DezembroJunhoJaneiro

  • Tabela XV

    AVALIAO COGNITIVA / Sujeito F, 10 anos

    Atividade/Ms Janeiro Junho Dezembro Ateno E E P Interesses P P P Pareamento E P P Discriminao Visual P P P Discriminao Auditiva

    P P P

    Classificao E P P Figura-Fundo P P P Associao de Idias F E P Memria Visual P P P Memria Auditiva E E E Convenes: P = Passou E = Emergente F = Falhou Comentrios: 1- Ao longo do ano de 2005 o sujeito F manteve inalterados os desempenhos de todas as atividades, nos seguintes