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Publicação divulgada pela Superintência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, formada por artigos sobre a conjuntura econômica da Bahia, resenhas de livros, ponto de vista de especialistas e entrevistas. Além dos textos, a publicação utiliza gráficos, tabelas e indicadores que traduzem o comportamento da economia.

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Entrevista Artigos

26 Análise da estimação do gasto de funcionamento do novo estado do São Francisco

Alex Gama Queiroz dos Santos,Gustavo Casseb Pessoti,Urandi Roberto Paiva Freitas

43 2011: Economia brasileira mantém ritmo de expansão com leve desaceleração

Irailton Silva Santana Junior,Jamilly D. dos Santos

34 A expansão nucleoelétrica no Brasil

Anya Cabral

52 Conjuntura recente do mercado de trabalho da Região Metropolitana de Salvador

Luís Abel da Silva Filho

Sumário

ExpedienteGOVERNO DO ESTADO DA BAHIAJAQUES WAGNER

SECRETARIA DO PLANEJAMENTOZEZéU RIbEIRo

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIAJoSé GERALDo DoS REIS SANToS

CONSELHO EDITORIALAndréa da Silva Gomes; Antônio Alberto Valença; Antônio Plínio Pires de Moura; Celeste Maria Pedreira Philigret baptista; César barbosa; Edmundo Sá barreto Figueirôa; Gildásio Santana Júnior; Jackson ornelas Mendonça; Jorge Antonio Santos Silva; Miguel Matteo; Paulo Henrique de Almeida; Raniere Muricy; Rosemberg Valverde de Jesus; Simone Uderman; Thiago Reis Góes.

DIRETORIA DE INDICADORES E ESTATÍSTICASGustavo Casseb Pessoti

COORDENAÇÃO GERALLuiz Mário Ribeiro Vieira

COORDENAÇÃO EDITORIALElissandra Alves de brittoRosangela Ferreira Conceição

EQUIPE TÉCNICAJorge Tadeu Caffé Maria Margarete de C. Abreu PerazzoRafael Augusto Fagundes Guimarães (estagiário)Gabriel Duran brito (estagiário)

COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO/ NORMALIZAÇÃORaimundo Pereira Santos

COORDENAÇÃO DE DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕESAna Paula Porto

EDITORIA-GERAL Elisabete Cristina Teixeira barretto

REVISÃOLuiz Fernando Sarno (Linguagem)Diana Chagas (Padronização e Estilo)

DESIGN GRÁFICO/EDITORAÇÃO/ILUSTRAÇÕESNando Cordeiro

FOTOSMateus Pereira/Agecom, Manu Dias/Agecom, Stock XCHNG

IMPRESSÃOEGbA – Tiragem: 1.000

Carta do editor5

7 Rumos das economias brasileira e baiana diante das incertezas da crise mundial

Carla do Nascimento,Elissandra britto,Jorge Tadeu Caffé,Rosangela Conceição

Economia em destaque

21 A Bahia no Nordeste

Zezéu Ribeiro

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Av. Luiz Viana Filho, 4ª Avenida, 435, CAb Salvador (bA) Cep: 41.745-002

Tel.: (71) 3115 4822 Fax: (71) 3116 1781www.sei.ba.gov.br [email protected]

Conjuntura & Planejamento / Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da bahia. n. 1 (jun. 1994 ) –. Salvador:SEI, 2011.n. 172TrimestralContinuação de: Síntese Executiva. Periodicidade: Mensal até o número 154.ISSN 1413-1536

1. Planejamento econômico – bahia. I. Superintendênciade Estudos Econômicos e Sociais da bahia.

CDU 338(813.8)

Ponto de vista Indicadores conjunturais

Investimentos na Bahia

64 O estado da Bahia espera investimentos industriais de R$ 36,8 bilhões até 2013

Fabiana Karine Santos de Andrade

Livros68

Colaborou com este número a jornalista Luzia Luna.

os artigos publicados são de inteira respon-sabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da bahia (SEI). é permi-tida a reprodução total ou parcial dos textos desta revista, desde que seja citada a fonte.Esta publicação está indexada no Ulrich’s International Periodicals Directory e no sistema Qualis da Capes.

60 Desindustrialização no Brasil: mitos, verdades e riscos

Fernando Augusto Mansor de Mattos

81 Indicadores Econômicos

88 Indicadores Sociais

98 Finanças Públicas

70 Conjuntura Econômica Baiana

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Carta do editorEm meio a desajustes na conjuntura econômica mundial, a economia brasileira apresenta, transcorrido os primeiros oito meses de 2011, indicadores em desaceleração. Para informar os seus leitores a esse respeito, a revista Conjuntura & Planejamento traz na seção de Economia em destaque a avaliação da equipe de acompanhamento conjuntural sobre o comportamento das economias brasileira e baiana diante de um quadro de incertezas no cenário internacional.

No Ponto de Vista, o professor Fernando Augusto Mansor de Mattos transcorre sobre o processo de desindustrialização no Brasil. Em sua opinião é preciso avaliar a questão de maneira mais crite-riosa para que não se incorra em erros de análise. Ele parte do princípio que todos os indicadores são importantes e devem ser analisados em conjunto, de forma a evitar a desindustrialização.

Para a Entrevista a edição 172 da C&P conta com a colaboração do secretário do Planejamento e atual presidente do Conselho Nacional de Secretários do Planejamento José Eduardo Vieira Ribeiro. Defensor de um modelo regional de desenvolvimento, o secretário avalia o comportamento da Bahia ante o comprometimento da dinâmica da economia global, bem como as perspectivas para esse estado após a realização da Copa do Mundo em 2014.

Na seção de artigos, trabalhos como o de Alex Gama Queiroz dos Santos, Gustavo Casseb Pessoti e Urandi Roberto Paiva Freitas, intitulado Análise da Estimação do Gasto de Funcionamento do Novo Estado do São Francisco, e o de Irailton Silva Santana Junior e Jamilly Dias dos Santos 2011: Economia Brasileira Mantém Ritmo de Expansão com Leve Desaceleração revelam a conjuntura econômica aplicada a áreas específicas de estudos. O primeiro avalia a viabilidade de criação de um estado novo, São Francisco, a partir do desmembramento de 35 municípios da Bahia. O segundo discute o comportamento da economia brasileira com base nos resultados apresen-tados no primeiro semestre de 2011.

A edição 172 traz a reflexão sobre até que ponto o agravamento da crise internacional afetará a economia brasileira e quais as medidas que as autoridades monetárias poderão utilizar para manter o crescimento econômico. As variáveis favoráveis à manutenção da estabilidade no país também são elencadas, como a austeridade fiscal, as reservas internacionais, os compulsórios de US$ 420 bilhões e a atuação da política monetária. Assim, mantendo o compromisso de informar os leitores sobre a conjuntura econômica, a revista Conjuntura & Planejamento revela um cenário ainda favorável ao crescimento da economia brasileira, mas permeado de incertezas, pois há uma tendência à desaceleração do nível de atividade nos próximos meses.

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6 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.6-19, jul./set. 2011

Rumos das economias brasileira e baiana diante das incertezas da crise mundialEconomia Em dEstaquE

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Rumos das economias brasileira e baiana diante das incertezas da crise mundial

Carla do Nascimento*Elissandra britto**

Jorge Tadeu Caffé***Rosangela Conceição****

A crise da dívida pública da Europa, seguida pela dos EUA, criaram expectativas desfavoráveis ao redor do globo. Bolsas de valores de vários países mostraram quedas signi-ficativas, após um difícil processo de acordo político do teto da dívida dos EUA, que culminaram no rebaixamento da avaliação dos EUA pela agência de rating Standard & Poor’s. A economia brasileira, decorridos quase oito meses de 2011, apresenta indicadores em desaceleração e a economia mundial encontra-se cercada de incertezas.

* Mestre pela Universidade Federal da bahia (UFbA); graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Técnica da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da bahia (SEI). [email protected]

** Mestre pela Universidade Federal da bahia (UFbA); graduada em Ciências Econômicas pela UFbA. Técnica da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da bahia (SEI). [email protected]

*** Especialista em Planejamento Agrícola pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal de Pernambuco (Sudene/UFPE); graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da bahia (UFbA). Analista técnico da Secretraria do Planejamento do Estado da bahia (Seplan/SEI). [email protected]

**** Mestranda em Administração pela Universidade Salvador (Unifacs); especialista em Auditoria Fiscal pela Universidade do Estado da bahia (Uneb); graduada em Matemática pela Universidade Católica de brasília (UCb) e em Ciências Econômicas pela Universi-dade Católica do Salvador (UCSal). Técnica da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da bahia (SEI). [email protected]

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A crise na Europa nasceu da exposição dos bancos europeus a ativos altamente arriscados, lastreados em hipotecas de baixa qualidade (cujos valores se erodiram em velocidade recorde), em decorrência da crise finan-ceira de 2008. Após a crise de 2008, países europeus, como Grécia e Irlanda, passaram por graves problemas fiscais, que tiveram origem no excesso de gastos e agravaram-se quando os governos injetaram elevados recursos para blindar as economias da crise. Com isso, a relação endividamento sobre PIB de muitas nações europeias ultrapassou significativamente o limite de 60% estabelecido no Tratado de Maastricht, de 1992, que criou a zona do euro. Ao longo de 2010, a Comissão Europeia constatou que muitas economias da zona do euro encontravam-se em situação de risco e resolveu tomar providências, principalmente quando ocorreu o rebaixamento por parte das agências de classificação de risco das notas dos títulos soberanos da Grécia, Espanha e Portugal – países que se endividaram excessivamente. Diante dessa situação, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional resol-veram socorrer as economias que se encontravam com elevada relação dívida/PIB e pesados déficits orçamentá-rios, uma vez que nunca houve controle fiscal por parte da Comissão Europeia dos países da zona do euro. Caso não ocorresse esse resgate, a desconfiança na Europa poderia ocasionar pânico no mercado e, consequente-mente, desencadear uma recessão nessas economias, colocando o euro em risco. Ao mesmo tempo, a Europa, um dos maiores consumidores do mundo, diminuía o ritmo de importação, prejudicando a dinâmica econô-mica global.

Nos EUA, o alarde teve origem na aprovação do pacote para aumentar o teto da dívida daquele país. Uma disputa política no congresso americano entre repu-blicanos e democratas, “mirando” as eleições de 2012, postergou e condicionou a aprovação de um pacote no limite do dia 02 de agosto, após o qual seria configu-rado o “calote” aos credores. Esse pacote autorizou o governo americano a cortar mais de US$ 2 trilhões de despesas públicas, em dez anos, o que culminou no rebaixamento da classificação de risco do país de AAA para AA+, com as consequentes quedas em bolsas de valores de todo o mundo, instalando-se, assim, a

crise de confiança e incerteza com relação ao futuro da economia mundial. A Bolsa de Nova York teve seu maior recuo em dois anos e fechou em baixa de 4,3%. A Bovespa caiu 5,7%, a maior queda desde novembro de 2008, e acumulou perda de 23,8% no ano. De fato, a economia americana amargará graves consequências nos próximos meses. A política fiscal restritiva deverá reduzir o dinamismo da economia e aumentará ainda mais a taxa de desemprego.

O agravamento da crise internacional deverá afetar inter-namente a economia brasileira. Sem dúvida, o nível de atividade econômica irá reduzir. E como instrumento de manutenção do crescimento, as autoridades monetárias poderão atuar por meio da redução dos juros e aumento da liquidez via compulsórios.

Entretanto, a despeito da incerteza na economia global, a austeridade fiscal é um trunfo do Brasil na crise atual, além das reservas internacionais de US$ 350 bilhões, do colchão de compulsórios de US$ 420 bilhões e do espaço de atuação da política monetária com os juros no patamar atual de 12,5% ao ano. Não se deve descon-siderar a importância dos investimentos estrangeiros diretos sobre o câmbio, forçando assim a apreciação do real. Não obstante essa conjuntura, a expectativa para o crescimento da economia brasileira em 2011 é positiva, estimando-se uma taxa em torno de 4,0%, com perspectiva de queda.

A economia americana amargará graves consequências nos próximos meses. A política fiscal restritiva deverá reduzir o dinamismo da economia e aumentará ainda mais a taxa de desemprego

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Rumos das economias brasileira e baiana diante das incertezas da crise mundialEconomia Em dEstaquE

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Até o momento, os indicadores econômicos do primeiro semestre mostraram-se favoráveis, mas com tendência de desaceleração. O Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 0,3% entre maio e junho. No primeiro semestre a expansão chegou a 3,7% e em 12 meses, encerrados em junho, a 4,9% (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011).

No âmbito do mercado interno, a safra agrícola de 2011 apresentou estimativa de crescimento da produção de grãos em torno de 7,8% maior que a safra obtida em 2010, representando 161,2 milhões de toneladas; a produção industrial acumulou de 1,7% no primeiro semestre do ano em curso; e as vendas do comércio varejista, mesmo mantendo a taxa positiva (7,1%) no semestre, também indicam sinais de desaceleração.

Com relação ao mercado de trabalho, manteve-se dinâmico ao longo dos seis primeiros meses de 2011, contribuindo para os bons resultados alcançados pela economia brasileira. Nos primeiros sete meses de 2011 foram criados 1.593.527 novos postos de trabalho1. No entanto, a criação de vagas de trabalho com carteira assinada desacelerou na economia brasileira em julho, em mais um sinal de desaquecimento da atividade domés-tica, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged (2011).

1 O acumulado no ano inclui as declarações recebidas fora do prazo e os acertos no período de janeiro a julho de 2011.

Após essa retrospectiva introdutória, as próximas seções deste artigo pretendem apresentar mais elementos dinâmicos das conjunturas nacional e baiana ao longo dos primeiros meses de 2011, eviden-ciando as perspectivas diante do cenário de crise que ora se instala.

SAFRA AGRíCoLA CoNTINUA A CRESCER No bRASIL E NA bAHIA

A quinta estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) (2011), divulgado pelo IBGE para a safra nacional de 2011 de cereais, leguminosas e oleaginosas indicou uma produção 7,8% maior que a safra obtida em 2010, expressando um volume de 161,2 milhões de toneladas. A área a ser colhida no ano em foco cresceu 5,1% frente à área colhida em 2010, repre-sentando 48,9 milhões de hectares. Os produtos soja, milho e arroz contribuíram em conjunto para o bom desempenho da produção e área colhida com 90,5% e 82,2%, respectivamente.

A estimativa da produção baiana de grãos (algodão, feijão, milho, soja e sorgo) mostrou crescimento contínuo de janeiro a julho de 2011. Em julho, o volume aproximado de grãos foi de 8,04 milhões de toneladas, representando um incremento da ordem de 19,4% quando comparado com o de 2010. A área colhida teve incremento de 9,5%, e o rendimento físico, 9,1%. Entre os grãos, apenas o feijão figurou com redução de 2,2% da área cultivada, a despeito do seu bom desempenho produtivo.

A produção das culturas tradicionais comportou-se de forma positiva em julho de 2011 (mandioca 12,1%; cana--de-açúcar 31,5%; e cacau 1,8%), excetuando a cultura do café (-13,8%). A boa performance do conjunto dessas culturas estaria ligada ao incremento dos rendimentos físicos, conforme indicado na Tabela 1.

O calendário agrícola da Bahia para a safra 2011, no mês de julho, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (2011), apontava colheitas em andamento de algodão, cacau, cana-de-açúcar, milho 1ª safra e café; entressafras de soja, sorgo e feijão 1ª safra.

A criação de vagas de trabalho com carteira assinada desacelerou na economia brasileira em julho, em mais um sinal de desaquecimento da atividade doméstica, segundo dados do Caged (2011)

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CRISE INTERNACIoNAL AFETARá MoDERADAMENTE A DEMANDA DE ALIMENToS

O agravamento da situação econômica nos Estados Unidos, com o rebaixamento da nota da dívida pela Standart & Poor’s e a concomitante instabilidade nas bolsas de valores em todo o mundo, deverá afetar mini-mamente a demanda de commodities agrícolas do Brasil, segundo analistas de agronegócio. Ademais, sendo o continente asiático, principalmente a China, o maior consumidor de commodities agrícolas do Brasil, acre-dita-se que, por esse fato, a demanda por alimentos não irá diminuir a ponto de impactar a balança comercial brasileira. Entretanto, poderá haver redução na capaci-dade de aumento dos preços, decorrente da influência dos fundos de investimentos em commodities agrícolas, que têm aversão a riscos de mercado, e das restrições impostas pela política fiscal americana ao crescimento do PIB (AGROLINK, 2011).

De acordo com informações da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a principal commodity agrícola brasileira, a soja, pouco sofrerá com possível queda nos preços, pois 75% do volume exportado já foram embar-cados e os 25% restantes têm preço assegurado. Por outro lado, o açúcar deverá sofrer impactos negativos

nos preços. “O preço do açúcar está caindo e com a crise deve cair mais ainda, e devemos fechar com uma queda de receita e volume este ano” (AGROLINK, 2011, p. 1).

RECUo NA PRoDUção INDUSTRIAL E EXPANSão No SALDo DA bALANçA CoMERCIAL

A produção física industrial no país, com base nos dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) (2011), acumulou no primeiro semestre de 2011 aumento de 1,7%. Considerando-se as categorias de uso, destacou-se

A produção física industrial no país, com base nos dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) (2011), acumulou no primeiro semestre de 2011 aumento de 1,7%

Tabela 1Estimativas de produção física, áreas plantada e colhida e rendimento dos principais produtos agrícolas Bahia – 2010/2011

Produtos/safrasProdução física (mil t) Área plantada (mil ha) Área colhida (mil ha) Rendimento (kg/ha)

2010 (1) 2011 (2) Var. (%) 2010 (1) 2011 (2) Var. (%) 2010 (1) 2011 (2) Var. (%) 2010 (3) 2011 (3) Var. (%)

Mandioca 3.211 3.599 12,1 514 473 -8,0 262 280 6,9 12.256 12.846 4,8Cana-de-açúcar 4.976 6.543 31,5 91 115 26,0 84 100 19,2 59.415 65.529 10,3Cacau 149 152 1,8 555 555 0,1 522 509 -2,4 286 298 4,3Café 185 160 -13,8 175 166 -5,3 156 154 -0,9 1.191 1.036 -13,0Grãos 6.732 8.039 19,4 1.874 1.972 5,2 1.733 1.897 9,5 3.886 4.238 9,1Algodão 996 1.529 53,5 271 394 45,4 270 394 45,7 3.687 3.884 5,3Feijão 307 330 7,3 607 559 -8,0 552 540 -2,2 557 611 9,7Milho 2.223 2.493 12,1 810 806 -0,4 724 750 3,6 3.070 3.325 8,3Soja 3.113 3.515 12,9 102 105 2,8 102 105 2,8 30.601 33.599 9,8Sorgo 92 171 85,6 85 109 28,5 84 109 28,6 1.092 1.575 44,3Total - - - 3.209 3.280 2,2 2.756 2.941 6,7 - - -

Fonte: IBGE–LSPA-Ba.Elaboração: SEI/CAC.(1) IBGE–LSPA 2010.(2) IBGE–LSPA previsão de safra 2011 (julho/11).(3) Rendimento = produção física/área colhida.

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o setor de bens de capital, que apresentou a maior variação percentual, com taxa de 6,5%. A categoria bens de consumo duráveis também registrou taxa positiva, de 2,0%, além da produção de bens intermediários, que consignou acréscimo de 1,2%, e da produção de bens de consumo semi e não duráveis, que aumentou 0,2% (PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL, 2011).

No entanto, confirmando a desaceleração na atividade industrial, o indicador de faturamento da indústria aumentou apenas 0,7% na passagem de maio para junho, na comparação dessazonalizada. No primeiro semestre, o faturamento da indústria acumula acréscimo de 5,8% em relação ao mesmo período do ano anterior (PESQUISA INDICADORES INDUSTRIAIS, 2011). De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), as infor-mações sugerem moderação na atividade industrial. O nível de utilização da capacidade instalada também se manteve praticamente estável, pois atingiu 84,1% em julho, na série com ajuste sazonal. É um número que ainda estimula o investimento em atividades produtivas, mas é um investimento bem menor do que se o número estivesse na casa de 85% ou mais, como ocorreu em boa parte de 2010. Nesse sentido, os desembolsos do BNDES atingiram R$ 55,8 bilhões no primeiro semestre de 2011, com queda de 6,0% na comparação com o mesmo período do ano passado. Nos 12 meses encer-rados em junho, as liberações do Banco somaram R$ 139,9 bilhões, o que significou uma redução de 9,0% em relação aos 12 meses anteriores (BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO, 2011).

Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) (2011) do IBGE, a produção física da indústria baiana (transformação e extrativa mineral), no primeiro semestre de 2011, apresentou retração de 4,7%, comparado com o mesmo período de 2010.

A performance da produção industrial baiana, nos primeiros seis meses de 2011, foi influenciada pelos resultados negativos apresentados pelo segmento de produtos químicos (16,1%), seguido por refino de petróleo (4,9%) e metalurgia básica (6,8%). Dentre os segmentos que influenciaram positivamente esse indicador, desta-caram-se: alimentos e bebidas (11,4%) e minerais não metálicos (9,9%).

É interessante ressaltar que a queda do setor industrial no primeiro semestre foi, em parte, decorrente do “apagão” de energia no mês de fevereiro, que resultou em parada na produção de importantes empresas do setor químico.

Mesmo com a retração verificada na produção física da indústria baiana no primeiro semestre de 2011, o nível de emprego registrou acréscimo na indústria geral de 3,4% no período, comparando-se com o mesmo período de 2010, segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salários (PIMES) (2011) do IBGE.

Dentre os segmentos que influenciaram positivamente o resultado do indicador semestral (janeiro a junho de 2011) do emprego industrial, destacaram-se alimentos e bebidas (6,9%), calçados e couro (15,7%) e borracha e plástico (11,1%). Em contrapartida, os principais segmentos que contribuíram negativamente no número de pessoas ocupadas nesse período foram fumo (39,4%) e produtos químicos (3,0%).

No front externo, as empresas brasileiras apresentaram bom desempenho, a despeito da depreciação do dólar, pois exportaram US$ 140,6 bilhões no período janeiro a julho de 2011, representando um aumento de 31,5% em relação ao ano anterior. Já as importações, com um volume de US$ 124,4 bilhões, registraram acréscimo de 27,5%. O maior incremento no percentual das expor-tações, comparativamente às importações, motivou o aumento do superávit da balança comercial para US$

A [...] produção industrial baiana, nos primeiros seis meses de 2011, foi influenciada pelos resultados negativos apresentados pelo segmento de produtos químicos [...] refino de petróleo [...] e metalurgia básica

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16,1 bilhões, contra US$ 9,2 bilhões no mesmo período de 2010. Nesse período, o comércio exterior brasileiro registrou corrente de comércio de US$ 265,0 bilhões, com ampliação de 29,6% sobre 2010, quando atingiu US$ 204,5 bilhões (BRASIL, 2011).

Localmente, o frágil desempenho da produção indus-trial baiana pode ser confirmado no exame dos dados de suas vendas externas. O volume exportado (em toneladas) reduziu na ordem de 3,8% no período janeiro a julho de 2011, ao mesmo tempo em que os valores das exportações incrementaram-se 21,3%, graças ao comportamento dos preços médios dos produtos exportados, que variaram posi-tivamente 26,0% no período. Os segmentos de produtos químicos e papel e celulose registraram queda (em tone-ladas) de 25,4% e 4,5%, respectivamente, no período.

Em outra perspectiva, as exportações baianas, nos primeiros sete meses de 2011, atingiram valores de US$ 5,9 bilhões, com acréscimo de 21,3% comparado ao mesmo período de 2010. O seu desempenho decorreu principalmente da expansão nos segmentos de petróleo e derivados (39,7%), papel e celulose (6,9%), soja (26,9%), metalúrgicos (73,2%) e automotivo (9,5%). Juntos esses setores foram responsáveis por 61,4% das receitas de exportação no período.

Do mesmo modo, as importações registraram acréscimo de 13,7%, com valores de US$ 4,3 bilhões, e a corrente de comércio (exportações mais importações) registrou expansão de 18,0% no período considerado.

A balança comercial da Bahia apresentou superávit de US$ 1,6 bilhão no período janeiro a julho, ante o superávit de US$ 1,1 bilhão no mesmo período do ano anterior, de acordo com as estatísticas do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio, divulgadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (BOLETIM DE COMÉRCIO EXTERIOR DA BAHIA, 2011).

A fim de aumentar a competitividade da indústria e dina-mizar ainda mais as exportações, o governo federal criou novas medidas de política industrial, expostas no Programa Brasil Maior.

O objetivo do Programa, idealizado para o período 2011-2014, é aumentar a competitividade da indústria nacional, apoiado no incentivo à inovação tecnológica e à agregação de valor. O Plano prevê um conjunto de medidas de estímulo ao inves-timento e à inovação, apoio ao comércio exterior e defesa da indústria e do mercado interno (BRASIL MAIOR, 2011).

As medidas caminham para desonerar setores da indústria, incentivar inovação, aumentar as exportações de empresas pequenas e médias e desonerar o investimento produtivo.

O programa favorece setores econômicos tradicionais, que são os maiores empregadores do país, mas não contempla segmentos que dependem de investimentos em tecnologia e inovação.

Uma crítica ao programa industrial do governo Dilma, por parte da maioria dos analistas econômicos, refere--se ao fato de que o impacto no setor industrial de trans-formação deverá ser muito pequeno, pois suas medidas

O frágil desempenho da produção industrial baiana pode ser confirmado no exame dos dados de suas vendas externas. O volume exportado [...] reduziu na ordem de 3,8% no período janeiro a julho de 2011

A balança comercial da Bahia apresentou superávit de US$ 1,6 bilhão no período janeiro a julho, ante o superávit de US$ 1,1 bilhão no mesmo período do ano anterior

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não contemplam os setores com maior participação no valor agregado da indústria e, principalmente, abarcam uma pequena parte do pessoal ocupado no setor.

Outra crítica, talvez a principal, é que o programa Brasil Maior não contribui para estimular o investimento por parte dos empresários, isto porque o programa é insuficiente para solucionar problemas como os juros altos e o dólar barato.

Entretanto, a expectativa é que este Programa constitua--se no início de uma série de medidas que promovam a melhora da competitividade e desenvolvimento indus-trial, principalmente nas unidades federativas do país.

PERSISTêNCIA DA ALTA DoS PREçoS FAZ CoPoM ELEVAR A TAXA DE JURoS

O otimismo dos analistas de mercado proveniente da recuperação da crise financeira internacional deu lugar ao clima de incertezas quanto ao futuro da economia brasileira em 2011. Os primeiros seis meses de 2011 foram marcados por um crescimento menos intenso da atividade econômica, contrariamente ao ano de 2010, em que a aceleração da economia acarretou a elevação dos preços, levando o Banco Central (Bacen) a estabelecer, em dezembro de 2010, medidas macroprudenciais para reduzir a demanda, termo que embasou as discussões pós-crise de 2007-2008, e que tem como objetivo reduzir os riscos sistêmicos do setor bancário.

A inflação no primeiro semestre de 2011 – proveniente do desequilíbrio entre a produção e o ritmo de expansão da demanda – foi liderada pelo comportamento dos preços dos serviços. De acordo com os dados oficiais, a inflação medida pela variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (Ipca) situou-se em 0,15% em junho, abaixo da taxa de 0,47% apresentada em maio. De acordo com o Banco Central (2011), no segundo trimestre deste ano houve desaceleração dos índices de preços ao consumidor decorrente de fatores sazonais rela-cionados ao grupo alimentação e da ausência de reajustes nas tarifas de transportes. Os grupos que apresentaram maiores elevações neste indicador foram os seguintes: educação (7,45%); despesas pessoais (5,10%) e vestuário (4,36%). Nesses grupos, observaram-se acréscimos de 1,89 p.p., 0,93 p.p. e 1,1 p.p., respectivamente, em relação a igual período de 2010. Nos últimos 12 meses, o compor-tamento observado para a inflação foi de crescimento, registrando em junho a taxa de 6,71% e em julho, 6,87%.

Para 2011, o Ipca mantém-se num patamar distante da meta de inflação, que é de 4,50%, mesmo que os analistas do mercado tenham reduzido as projeções de inflação de 6,28% para 6,26%. Em suma, diante dos resul-tados apresentados sobre a inflação no Brasil, nota-se uma manifesta persistência da alta de preços obser-vada desde agosto de 2010, como ilustrado no Gráfico 1. O indicador local de índices de preços, o índice de preços ao consumidor elaborado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), visualizado

IPC-SEI IPCA

8

7

6

5

4

3

23,07

3,36 3,413,96

4,253,69

3,432,98 3,01

3,28

4,12 4,334,67

4,08 4,28 4,233,82 3,96

4,82 4,83

6,01

6,877,23

4,594,83

5,17 5,26 5,224,84

4,60 4,49 4,705,20

5,645,91 5,99

6,30 6,51 6,55 6,71

jan. 10 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan. 11 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago.

Gráfico 1Taxa de inflação (1) – Bahia, Brasil – jan. 2010-jul. 2011

Fonte: IBGE, SEI.Elaboração: SEI/CAC.(1) Variação (%) acumulada em 12 meses.

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Economia Em dEstaquECarla do Nascimento, Elissandra britto, Jorge Tadeu Caffé, Rosangela Conceição

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no Gráfico 1, também evidencia, ainda que a níveis mais reduzidos, leve tendência de alta dos preços.

Tendo por base essa trajetória dos preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou o ambiente macro-econômico e reafirmou que

[...] cabe especificamente à política monetária manter-se

especialmente vigilante para garantir que pressões

detectadas em horizontes mais curtos não se propa-

guem para horizontes mais longos (BANCO CENTRAL

DO BRASIL, 2011, p. 5).

De tal modo, esse cenário de crescimento no nível dos preços serviu para balizar as decisões de política monetária no que diz respeito à taxa de juros. Na última reunião do Copom, realizada nos dias 19 e 20 de julho, foi decido por unanimidade a elevação da taxa Selic para 12,50% a.a, sem viés. A elevação dos juros é um artifício utilizado pelas autoridades monetárias para inibir o consumo exacerbado.

A evidência internacional, no que é ratificada pela expe-

riência brasileira, indica que taxas de inflação elevadas

levam ao aumento dos prêmios de risco, tanto para

o financiamento privado quanto para o público, e ao

encurtamento dos horizontes de planejamento, tanto

das famílias quanto das empresas (BANCO CENTRAL

DO BRASIL, 2011, p. 5).

Portanto, altas taxas de inflação tendem a reduzir os níveis de investimentos, que, por conseguinte, restringem o potencial de crescimento da economia com impactos consideráveis sobre a distribuição de renda. Sendo assim, a alta persistente dos preços não traz benefícios em relação ao crescimento econômico e a geração de emprego, ocasionando apenas danos constantes às variáveis relacionadas por um longo período.

A ATIVIDADE ECoNôMICA VAREJISTA APRESENToU CRESCIMENTo MoDERADo

De acordo com os indicadores econômicos, o nível de atividade no comércio varejista, no primeiro semestre

de 2011, quando comparado a igual período de 2010, apresentou resultado positivo (7,3%), ainda que a um ritmo de crescimento moderado, quando comparado ao segundo semestre de 2010 (10,4%).

No mês de junho, o comércio varejista do país regis-trou um resultado positivo da ordem de 7,1% sobre igual mês do ano anterior, de 7,3% para o acumulado do ano e de 8,9% nos últimos 12 meses. O suave cres-cimento apresentado pelo setor reflete a instabilidade no cenário internacional e, internamente, as medidas adotadas pelo governo para a inflação atingir a meta estabelecida pelas autoridades.

A estratégia adotada pelo Copom visa assegurar a

convergência da inflação para a trajetória de metas,

o que exige a pronta correção de eventuais desvios

em relação a essa trajetória. Tal estratégia leva em

conta as defasagens do mecanismo de transmissão e

é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente

ao processo de formulação e de implementação da

política monetária (BANCO CENTRAL DO BRASIL,

2011, p. 5).

Na Bahia, o volume de vendas do comércio varejista para o mês de junho, em comparação com junho de 2010, cresceu 10,4%. Esse resultado colocou o estado entre os seis primeiros, de um total de 27 unidades da Federação que apresentaram as maiores variações positivas, em razão, provavelmente, do mês de junho ser de intensas comemorações de festas juninas. Para

No mês de junho, o comércio varejista do país registrou um resultado positivo da ordem de 7,1% sobre igual mês do ano anterior, de 7,3% para o acumulado do ano e de 8,9% nos últimos 12 meses

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o acumulado do ano, o acréscimo no varejo foi de 8,6% e nos últimos 12 meses, 8,8%. Os resultados trimestrais demonstram o ritmo de crescimento mais brando dos negócios, conforme tendência apresentada no Gráfico 2, o qual indica estabilidade na variação acumulada ao longo dos últimos quatro trimestres, entre o primeiro e segundo trimestre.

Na análise setorial, durante o primeiro semestre de 2011, as atividades de maiores taxas positivas foram: Móveis e eletrodomésticos (23,4%); Tecidos, vestuário e calçados (11,2%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3%). Essa última atividade, embora não tenha registrado um cresci-mento expressivo, dada a variação negativa em meses anteriores, também é ressaltada por ser a atividade de maior peso relativo para o comércio. Em outro sentido, têm-se Equipamento e materiais para escritório, informá-tica e comunicação com o resultado negativo de 29,5%. Nesse período, o segmento de Veículos, motos, partes e peças e Materiais de construção registraram cresci-mento de 7,2% e 0,1%, respectivamente, mas esses não entram no cálculo do indicador de volume de vendas no comércio varejista.

O tímido crescimento das vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo na Bahia, nos últimos seis meses, pode ser atribuído, em parte, ao comportamento dos preços relativos no setor, resultando num comprometimento da demanda.

Conforme ilustrado no Gráfico 1, em Salvador, a inflação registrada pelo IPC-SEI apresentou uma variação acumu-lada de 2,64%. No acumulado dos últimos 12 meses, o acréscimo foi de 3,96%, analisado até o mês de junho, e 4,82% até julho.

o EMPREGo E o RENDIMENTo APRESENTARAM DESACELERAção No PRIMEIRo SEMESTRE

O comportamento do mercado de trabalho não corro-bora o cenário ilustrado nas seções anteriores, em que se visualiza restrição de demanda. Conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apresentados no Caged, no primeiro semestre de 2011 houve a criação de 1,4 milhão de postos de trabalho no Brasil. Desse montante, mais de 60 mil foram oriundos do estado da Bahia, que registrou crescimento de 3,8% em relação ao mesmo período de 2010.

Outras pesquisas ratificam o crescimento no nível de emprego no ano de 2011. De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) (2011) do IBGE, na análise sem ajuste sazonal, em junho, a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas foi de 6,2%, resultado inferior à variação de 7,0% em igual mês do ano anterior.

Entretanto, mesmo com a queda na taxa de desemprego e o maior número de ocupados nas regiões metropo-litanas, que registrou expansão de 2,4% no segundo

Trimestral

Ao longo dos quatros trimestres

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IV-2

010

I-201

1

II-20

11

(%)

Gráfico 2Variações trimestrais do volume de vendas do comércio varejista (1) – Bahia – 2009-2011

Fonte: IBGE.Elaboração: SEI/CAC.(1) Em relação ao mesmo período ano anterior.

Na análise sem ajuste sazonal, em junho, a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas foi de 6,2%, resultado inferior à variação de 7,0% em igual mês do ano anterior

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trimestre de 2011, observa-se tendência de desacele-ração no total de ocupados, como pode ser visualizado no Gráfico 3. Isso ocorre porque o ano de 2010 apre-sentou crescimento significativo no volume de ocupados, e em 2011, mesmo com recuo em relação àquele ano, encontra-se em um patamar superior ao evidenciado em anos anteriores.

No mesmo sentido, a Região Metropolitana de Salvador (RMS) demonstrou, com a taxa de 2,1% ao longo dos

quatro trimestres, que o nível de ocupação também se encontra em ritmo de queda, o que também pode ser explicado pelo elevado nível de ocupação em 2010. No segundo trimestre de 2011 a variação foi levemente negativa em 0,3%, mas como ilustra o Gráfico 4, o segundo trimestre de 2010 registrou a maior taxa de crescimento no nível de ocupação do ano (6,2%).

Acerca do rendimento médio real habitual da RMS nos primeiros seis meses de 2011, utilizando-se da análise trimestral do rendimento efetivamente recebido, observou--se uma variação entre o primeiro e segundo trimestre de 7,0% para 1,8%. Ao longo dos quatro trimestres, a variação alcançou 5,2%, resultado inferior ao trimestre imediatamente anterior (5,7%) (Gráfico 5).

Analisando-se a taxa de crescimento da massa salarial real no primeiro semestre, observou-se que, mesmo com o acréscimo evidenciado no mês de junho, a tendência apresentada pela massa de rendimento real dos ocupados é de desaceleração (Gráfico 6).

Não obstante a queda da massa salarial, o desempenho positivo do rendimento continua sendo o vetor para a sustentação do aumento da demanda doméstica, aliado à expansão das operações de crédito do setor

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Ao longo dos quatros trimestres

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(%)

Gráfico 4Variações trimestrais da ocupação (1) RMS – 2009-2011

Fonte: IBGE.Elaboração: SEI/CAC.(1) Em relação ao mesmo período ano anterior.

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Ao longo dos quatros trimestres

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(%)

Gráfico 5Variações trimestrais do rendimento médio real efetivamente recebido das pessoas ocupadas (1) RMS – 2009-2010

Fonte: IBGE.Elaboração: SEI/CAC.(1) Em relação ao mesmo período ano anterior.Dados disponíveis até maio/2011. A preços de maio/2011.

Trimestral

Ao longo dos quatros trimestres

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(%)

Gráfico 3Variações trimestrais da ocupação (1)RM – 2009-2011

Fonte: IBGE.Elaboração: SEI/CAC.(1) Em relação ao mesmo período ano anterior.

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Rumos das economias brasileira e baiana diante das incertezas da crise mundialEconomia Em dEstaquE

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financeiro privado para as pessoas físicas, que fechou o primeiro semestre de 2011 com acréscimo de 18,1% em relação ao mesmo período de 2010, segundo dados do Banco Central.

A despeito das turbulências observadas no cenário internacional, os reflexos desse ambiente econômico no Brasil não demonstraram impactos no âmbito do mercado de trabalho.

CoNSIDERAçõES FINAIS

Após ilustrar os principais indicadores econômicos nacionais e da Bahia ao longo do primeiro semestre, observou-se que o ambiente econômico global traz incertezas aos agentes, impactando o nível de ativi-dade econômica.

Os resultados para o produto interno bruto do país no segundo trimestre evidenciaram desaceleração no ritmo de atividade. O segundo trimestre regis-trou um acréscimo de apenas 0,8% comparado ao trimestre exatamente anterior, na série com ajuste sazonal. No primeiro trimestre, o crescimento foi de 1,2%, comparado ao quarto trimestre, também na série com ajuste sazonal, indicando recuo na tendência de crescimento. Comparando-se o segundo trimestre com o mesmo trimestre do ano de 2010, ocorreu aumento

Mensal 12 meses

14

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8

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0

-2jan. 10 fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan. 11 fev. mar. abr. maio jun.

(%)

Gráfico 6Massa de rendimentos reais habituais dos ocupados – RMS – jan. 2010 – jun. 2011

Fonte: IBGE–PME.Elaboração: SEI/CAC.

de 3,1%. O resultado acumulado no primeiro semestre evidencia um acréscimo de 3,6% (CONTAS NACIONAIS TRIMESTRAIS, 2011).

Na Bahia, o segundo trimestre cresceu 2,4% em relação ao primeiro trimestre, na série com ajuste sazonal, e 2,9%, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. O crescimento da atividade econômica no estado foi principalmente determinado pelo desempenho da agro-pecuária que aumentou no período 14,4% em relação ao segundo trimestre de 2010. A indústria e o setor de serviços incrementaram 1,0% e 1,6% no período, respectivamente. Na Bahia, o PIB do primeiro semestre foi de 2,8%.

Internamente, as elevadas taxas de juros restringem o comprometimento da renda – fator de expansão da demanda agregada, e os exportadores contestam a apreciação do câmbio determinando-a como fator limi-tante ao crescimento da indústria. Entretanto é impor-tante ressaltar que outras questões, a exemplo das inovações tecnológica e qualificação da mão de obra, também contribuem para a baixa competitividade da indústria brasileira.

O cenário mundial é de grande incerteza com relação ao futuro. A tão provável austeridade fiscal dos EUA e da Europa aumentará a taxa de desemprego, reduzirá o consumo e a arrecadação e trará, consequentemente, a

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recessão. O baixo consumo resultante dessa recessão, provavelmente, acentuará o risco de estagnação em diversos países do globo.

Com base nesse cenário, o governo já toma provi-dências diante das incertezas e da crise de confiança dos agentes. Além de dar continuidade e aprofundar medidas de política industrial para tornar a indústria mais competitiva, adotou outras medidas para conter o mercado de derivativos e com isso reduzir a volatili-dade no mercado de câmbio.

Entre as medidas recentes tem-se uma de política cambial que coloca IOF de 1,0% sobre as variações das posições vendidas em câmbio, o que visa proteger a demanda externa do país caso os capitais externos desloquem-se para o Brasil – que tem um mercado aberto, com taxas de juros elevadas – e apreciem ainda mais as taxas de câmbio.

Entretanto, mesmo que o país não seja atingido forte-mente pela crise internacional, é importante ressaltar que existem outros fatores limitantes ao seu crescimento, como a reduzida poupança interna, a baixa qualificação da mão de obra, infraestrutura de baixa qualidade e ausência de inovação nas empresas.

Então as medidas ora colocadas não dizem respeito apenas a manter a estabilidade do país ante a crise internacional, mas, sobretudo, a solução de questões internas que são gargalos ao crescimento susten-tável do país. É nesse sentido que há necessidade de mudanças estruturais que visem estimular a competi-tividade em áreas estratégicas e em novos setores de serviços e tecnológicos.

REFERêNCIAS

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PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL. Rio de Janeiro: IBGE, jun. 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 16 ago. 2011.

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Rumos das economias brasileira e baiana diante das incertezas da crise mundialEconomia Em dEstaquE

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PESQUISA MENSAL DO EMPREGO. Rio de Janeiro: IBGE, jun. 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 17 ago. 2011.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Atividade econômica baiana cresce 2,9% no segundo trimestre de 2011. Salvador: SEI, 2° tri/2011. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em: 02 ago. 2011.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Índice de preços ao consumidor. Salvador: SEI, jul. 2011. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em: 17 ago. 2011.

Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.6-19, jul./set. 2011

Economia Em dEstaquECarla do Nascimento, Elissandra britto, Jorge Tadeu Caffé, Rosangela Conceição

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Em março de 2010, a pasta do Planejamento na Bahia foi assumida pelo então deputado federal Zezéu Ribeiro. De lá para cá, o arquiteto e urbanista José Eduardo Ribeiro vem investindo sua experiência no atual projeto político para o estado, dentro de uma visão de desenvolvimento regional. Hoje presidente do Conselho Nacional de Secretários do Planejamento (Conseplan),

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A bahia no NordesteEntrEvista

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Zezéu Ribeiro

A Bahia no Nordeste

C&P – Em todos os territórios de identidade da Bahia, foram realizadas reuniões do Plano Plurianual Participativo. Como o senhor avalia o resultado desse processo e o aproveitamento das sugestões? E de que forma isso aproxima a peça de planejamento que é o PPA dos anseios e necessidades demandados pela sociedade?Zezéu Ribeiro – Nós fizemos o PPA usando e aper-feiçoando a metodologia do anterior, a ideia do PPA com prioridades, com metas definidas, e o PPA pactuado com a sociedade. Quer dizer, da vez passada, nós abrimos a participação à sociedade como um todo. Isso gerou demandas muitas vezes de caráter individual. Agora, nós buscamos trabalhar com a demanda de caráter coletivo, repactuando essas demandas. Quer dizer, do resultado das audi-ências públicas feitas com os segmentos organizados que se prepararam para isso – as plenárias foram abertas, mas permitindo a participação e priorizando esses segmentos organizados –, nós tiramos as nossas diretrizes, que foram depois validadas pelas secretarias. Houve uma participação muito efetiva de todas as secretarias, com maior ou menor inci-dência, mas todas se envolveram nesse processo, e nós retornamos, então, à sociedade. Houve uma média de 70 definições por parte de cada território. Depois eles elegeram 20, que foram contempladas. Agora, o que cabe à gente é, no orçamento, essas diretrizes se materializarem em ações e projetos, e a gente manter um sistema de acompanhamento de participação. Nós entendemos que esse processo vai evoluir na medida em que haja controle social efetivo. Quer dizer, a democracia se constrói dessa forma e, com certeza, a gente, tendo essa participação, vai ter muito mais facilidade de atingir a ponta, de efetivar os programas, de efetivar as ações.

Zezéu é reconhecido defensor de um modelo regional de desenvolvimento, assumindo importante papel nas discussões em prol da Sudene e lutando para que as entidades nacionais tenham ação no Nordeste. Na Bahia, o secretário do Planejamento vem coordenando grandes projetos de infraestrutura, sobretudo com vistas à realização da Copa do Mundo de 2014.

Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.20-25, jul./set. 2011

EntrEvista

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C&P – A LDO também contempla uma arquitetura financeira que viabilizará grandes projetos, tendo como horizonte a Copa do Mundo de 2014. De que forma a Bahia está se preparando para este grande evento?ZR – A LDO é a Lei de Diretrizes Orçamentárias. A gente, no orça-mento, tem alguns marcos. Em volume de recursos, o que mais implica são a mobilidade urbana na cidade de Salvador e a arena. Esses são os dois marcos de maior volume de recursos, mas tem outros – por exemplo, está em andamento o processo de revitalização do Centro Histórico, a criação da estação turís-tica de passageiros no cais do porto, a capacitação e incentivo à inicia-tiva privada, incluindo o serviço de atendimento na rede hoteleira. As pesquisas realizadas em diversos países indicam que o maior anseio dos turistas, independente da reali-zação da Copa do mundo, diz respeito aos atrativos ambientais, culturais e históricos. Nesse aspecto, a Bahia é privilegiada, pois contempla uma pluralidade de riqueza, estendida desde o litoral, Baía de Todos-os-Santos, um sítio colonial, além da diversidade cultural da música e da dança. Assim, o nosso estado possui todos os três aspectos. Uma outra questão é comunicação, segurança e infraestrutura urbana, exigência da sociedade em qualquer lugar no mundo. Esses são os três principais assuntos. Precisamos estar atentos para essas questões. A primeira envolve a capacitação de pessoas que estejam diretamente relacionadas com a atividade do serviço de atendi-mento, como nos restaurantes, guias turísticos e serviços de informação. As

duas outras variáveis dizem respeito à política efetivamente realizada pelo governo, como a política de segu-rança pública através do Pacto pela Vida, e a limpeza urbana, que está sob responsabilidade da prefeitura, com o apoio do governo do estado, além dos programas de mobilidade urbana. Então, acho que, se nós cumprirmos bem essas tarefas, soubermos bem receber, a Copa é uma oportunidade para que toda cidade que vai ser sede desse evento mostre as suas particu-laridades. E nós temos que mostrar isso com efetividade para o mundo, para que aqueles que aqui venham queiram voltar, e aqueles que não vieram, que acompanharam dos seus países, vejam que tem uma tal de cidade da Bahia que vale a pena ser vista. Então, é essa a preparação que a gente tem que ter. O legado da Copa não pode ser imediato, como muitos pretendem. É um legado de médio e longo prazo. É um legado da infraes-trutura, mas também da cultura, do conhecimento.

C&P – O projeto para o Terminal Marítimo de Cruzeiros Turísticos de Salvador foi concluído. Ele traz

uma proposta arquitetônica de criar um diálogo da cidade com o mar e também trará mais conforto para os turistas que chegam a Salvador de navio. Fale um pouco deste poten-cial turístico e do projeto. ZR – O terminal turístico é uma obra de R$ 40 milhões. A sua concepção significa que Salvador vai se espe-cializando cada vez mais em um porto de contêiner. Ele tem algumas cargas, o que se chama carga solta, que ainda funcionam, mas a inci-dência dos contêineres é enorme. Então, a tendência é ele ser exclu-sivamente de contêiner, a carga solta deve ir para Aratu, para outros lugares. Em Salvador, o número de navios que aportam tem crescido exponencialmente, acompanhando o crescimento do turismo marítimo no mundo. Salvador é um dos portos privilegiados nesse sentido. Então, essa é uma obra significativa que deve receber melhorias, estando articulada a um processo de revita-lização do centro antigo ampliado, que inclui toda a região do Comércio. O Terminal Marítimo de Cruzeiros Turísticos será um elemento de revi-goração ambiental do Comércio, onde deverá ser feita uma grande espla-nada articulada com isso, ali onde estão os armazéns, oferecendo de volta o mar à população de Salvador, que perdeu com os armazéns.

C&P – A Copa do Mundo de 2014 é o horizonte temporal para a construção do modal de trans-porte que interligará Salvador, a partir do Acesso Norte/Rótula do Abacaxi, a Lauro de Freitas. Qual a preocupação da Secretaria do Planejamento, que é respon-sável pelo Procedimento de

O legado da Copa não pode ser imediato, como muitos pretendem. É um legado de médio e longo prazo. É um legado da infraestrutura, mas também da cultura, do conhecimento

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Manifestação de Interesse (PMI), ao estabelecer os critérios de defi-nição de qual o melhor modal a ser implantado? Tem-se levado em conta a necessidade de uma solução de mais longo prazo para o trânsito no trecho contemplado?ZR – Se nós não fizéssemos agora um transporte de alta capacidade, para longo prazo, a gente iria demorar mais 30 anos para fazer isso. A gente não poderia perder essa oportunidade. Então, a Copa deve ser vista como uma oportunidade. Até o transporte estar funcionando, é uma contingência que o tempo vai determinar. Acho que a gente tem as condições hoje de colocá-lo funcionando. Por quê? Por ser uma PPP. Então, não é porque se trata de uma obra pública e sim porque a obra pública gera maiores controles, maiores prazos para sua realização que uma obra privada, pois esta é uma obra linear. Então, você pode abrir diversas frentes de trabalho ao mesmo tempo. Quando me dizem: “Mas como é que faz 22 quilômetros”? Faz quatro obras de cinco e meio quilômetros. Então não são 22 quilômetros; são cinco e meio quilômetros. Você tem uma área de maior conflito, que é a área do início da Paralela à Rótula do Abacaxi, ao Acesso Norte. O resto é muito fácil de fazer. Então, é encarar isso. E se é prio-ridade, tem que ter fluxo de recursos. E se é urgente, tem que ter uma sala de situação, um acompanhamento, cabendo ao estado e à sociedade exercer uma efetiva fiscalização, um controle sobre o desenvolvimento da obra. A imprensa tem um papel impor-tante nesse processo. Acompanhamos diariamente para ter o caminho crítico de todos os procedimentos e para que não haja a um acréscimo de custo, mas sim um barateamento da obra.

C&P – Quais as perspectivas para a Bahia diante de um conjunto de investimentos ligados à infra-estrutura, como a FIOL? Como isso pode ter impacto dentro de um processo de desconcentração espacial? ZR – A FIOL é uma ferrovia de grande porte, uma ferrovia que tem que ser de uso múltiplo. A FIOL está proje-tada com a ideia da articulação interoceânica Brasil-Peru-Bolívia. Entendemos que ela não pode ser uma ferrovia que obtenha a carga na origem e a deixe no destino. Primeiro, é necessário ter um processo que beneficie o produto e que, ao inte-gralizar todo o processo, haja a verti-calização da produção. Por exemplo, o algodão. Exportar algodão colhido é uma coisa, mas se você exporta a linha, é outra coisa, se você exporta tecido, é outra coisa, se a esse tecido você agrega outros produtos e faz um tecido de maior qualidade, é outra coisa. Tudo isso gera emprego, gera divisa e você vende um produto

com valor agregado. A mesma coisa a soja. Exportar grão de soja é uma loucura, mas se você exportar óleo de soja e ainda ficar com o resíduo para fazer alimento, adubo para a plantação etc., você agrega valor, reduzindo a quantidade e vendendo mais caro. Então, o que a gente precisa é verticalizar efetivamente a nossa produção, podendo ser feito na origem ou próximo ao destino final, em um retroporto que tenha base industrial para desenvolver.

C&P – A Bahia vem se destacando nos últimos anos na geração de emprego. Como o senhor avalia este quadro e quais as ações do governo para atração de empresas?ZR – Nós temos feito um esforço muito grande para a atração de empreendimentos. Estão sendo implantadas mais de 100 indús-trias no interior da Bahia. Muitas vezes, nos encontramos diante de impasses que são macroeconô-micos, que pouco dependem da realidade local, como, por exemplo, a ausência de uma política nacional de desenvolvimento regional efetiva, tal como uma política fiscal não dife-renciada, que crie incentivos, que crie instrumentos. Essas carên-cias levam os estados a adotarem a guerra fiscal, que é a guerra do perde-perde, porque você atrai um investimento que depois não gera riqueza – quer dizer, não gera riqueza pública, gera até um emprego, mas você não arrecada porque você isentou. Então, é preciso ter uma política de desenvolvimento regional onde as localizações industriais sejam confrontadas com as reali-dades locais, justamente para que

Se nós não fizéssemos agora um transporte de alta capacidade, para longo prazo, a gente iria demorar mais 30 anos para fazer isso. A gente não poderia perder essa oportunidade. Então, a Copa deve ser vista como uma oportunidade

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possamos avaliar onde é necessário investir efetivamente. Assim pode-remos trabalhar, esse procedimento é fundamental. O governo tem feito um esforço nesse sentido, trabalhar com as externalidades da política porque a apropriação disso não se dá individualmente; ela se dá coleti-vamente, com infraestrutura, capa-citação, inovação.

Nós temos tido a preocupação, no âmbito do Conseplan, de fazer a defesa do processo de planeja-mento como um todo. O encontro do IPEA preza essa questão da volta ao planejamento, trabalhando o cres-cimento de curto, médio e longo prazo e o papel dos estados nesse contexto. Nós precisamos refundar a Federação. O pacto federativo não é real. Há uma discriminação efetiva em relação a isso. Você pode constatar por muitas questões. A proporção de vagas de universi-dades federais na Bahia em relação à população é uma das piores do país. Apresentamos situações de debilidade, embora tenhamos um amplo território, maior população e renda comparado a outros estados, como Santa Catarina. Então, isso é efetivamente um rompimento do pacto federativo. Nós temos que tratar diferentemente os desiguais. Criar condições para reduzir essa desigualdade. Então, é necessário criar vantagens comparativas na alocação de recursos, na implan-tação de infraestrutura, na chegada de serviços públicos. Dessa forma, superaremos essa questão. Então, no âmbito do Conseplan, quando se trata de questões que sejam consenso, consegue-se avançar muito. Em outras questões, a nossa

limitação impera, não sendo possível adiantar o processo, como no caso da origem e destino dos recursos advindos do ICMS.

C&P – Existe espaço ainda para um órgão de planejamento regional, nos moldes da Sudene da década de 70?ZR – Acredito que sim. Agora, para que ele tenha efetividade, ele tem que ter poder. Tem que ter poder e tem que ter recursos. Então, é necessário atuar junto à Sudene. E a gente não fez isso. Uma outra questão é a do Pronaf. Quer dizer, o Pronaf, para o resto do Brasil, é bancado por recursos do tesouro nacional, que no final é quem paga. Aí você faz a equalização desses recursos com recursos do Banco do Brasil. Então, é dinheiro da União. No caso do Nordeste, são recursos já do Nordeste, que são recursos do

FNE. No Norte também. A gente vai pegar o dinheiro que já é da gente e botar para isso. Dos recursos do Pronaf, todo aquele que é vinculado ao Banco do Nordeste são recursos do FNE. Então, não chega dinheiro novo. Nos fundos setoriais, a partici-pação do Nordeste é inferior à cota que a gente tem, que varia de 30% até 40% dos fundos setoriais. Mas não tem projeto para atingir. Agora, não tem projeto porque não tem incentivo para que se faça projeto e aí você cai num ciclo vicioso e não cria o desenvolvimento. O que é que eu estou querendo? Tirar isso do plano nacional e trazer para um conselho que seja regional, vincu-lado à Sudene. Então, se a Sudene passa a ter, além do FDNE, que é o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, mais meio por cento sobre os financiamentos, que funciona a fundo não reembolsável, para incentivo a determinadas econo-mias – isso é pouco dinheiro, mas se você inclui os fundos setoriais, você inclui o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, onde a gente teria uma parcela em torno de 56% a 60% desse fundo –, então você dá força para a implementação de uma política de desenvolvimento regional. Aí ela passa a ter outro poder, para intervir mais efetiva-mente na realidade.

C&P – O senhor também foi coor-denador da bancada do Nordeste na Câmara Federal e conhece bem nossa realidade econômica. Quais os entraves que impedem uma redução mais significativa das desigualdades regionais?ZR – Eu acho que a gente ainda tem uma debilidade na leitura do

Nós precisamos refundar a Federação. O pacto federativo não é real. Há uma discriminação efetiva em relação a isso. Você pode constatar por muitas questões. A proporção de vagas de universidades federais na Bahia em relação à população é uma das piores do país

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Brasil como um todo, que é, digamos assim, uma carga paulistana. Os nossos dirigentes em Brasília têm uma origem muito paulistana, ainda entendem muito o Brasil como uma locomotiva que concentra ainda muito da sua força em São Paulo, o que levou, por exemplo, na época neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, ao processo de concen-tração. Quer dizer, eles falam nos cinco eixos de desenvolvimento. Os eixos de desenvolvimento eram os corredores de exportação. E os corredores de exportação atendiam à seguinte lógica: vamos investir onde há mais infraestrutura implantada, porque mais rápido você distribui essa infraestrutura e cria o capital para fazer a distribuição da riqueza. Era esse o discurso lógico do neoli-beralismo. E isso só faz concentrar, como sempre. É a mesma coisa de crescer o bolo para depois dividir. Você investe porque mais rápido você reproduz. E nós entendemos que o eixo principal do nosso desenvolvi-mento era a criação de um mercado interno. Você tinha que distribuir

a riqueza, constituir um mercado interno, e a constituição desse mercado interno criaria um círculo virtuoso de elevação da renda, de necessidade de consumo, gerando produção, e essa produção gerando

melhor condição de trabalho, melhor remuneração, e aí você cria o círculo virtuoso para fazer o crescimento. É essa a mudança de uma situação para outra. É isso que a gente tem que aprofundar. Entender que o Nordeste tem que ter uma atuação diferenciada, privilegiada, pela debi-lidade que tem. O Norte tem que fazer isso de forma diferenciada pelas circunstâncias de ocupação do território, onde você tem 90% da população concentrada em Manaus, no Amazonas. Manaus não tem nem região metropolitana. O Pará já tem uma região metropolitana, tem muni-cípio no Pará que tem segundo turno na região metropolitana. Em Salvador não tem, na sua região metropolitana. É a única região metropolitana que não tem segundo turno nos municí-pios do entorno da capital. Por isso que a Bahia é o estado que não tem uma segunda cidade na sua região metropolitana, a Bahia é o estado que é mais interiorizado no Brasil, que é mais rural, tem a maior população rural e é o que tem a maior popu-lação no interior.

Os nossos dirigentes em Brasília têm uma origem muito paulistana, ainda entendem muito o Brasil como uma locomotiva que concentra ainda muito da sua força em São Paulo, o que levou, por exemplo, na época neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, ao processo de concentração

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Análise da estimação do gasto de funcionamento do novo estado do São Francisco

* Mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); graduado em Ciências Econômicas pela UFBA. Técnico da Coordenação de Estatística da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Professor de Finanças e Economia da União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime) e da Faculdade Metropolitana de Camaçari (Famec). [email protected]

** Mestre em Análise Regional pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano da Universidade Salvador (PPDRU-UNIFACS); graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Diretor de Indica-dores e Estatísticas da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI); coordenador e professor do curso de Ciências Econômicas da UNIFACS. [email protected]

*** Mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); graduado em Ciências Econômicas pela UFBA. Coordenador de Estatística da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI); professor de Estatística e Econometria da Universidade Salvador (Unifacs). [email protected]

Alex Gama Queiroz dos Santos*Gustavo Casseb Pessoti**

Urandi Roberto Paiva Freitas***

Em 2011, ganhou espaço na Academia e em alguns setores do governo do estado da Bahia a discussão sobre a viabilidade de criação de um estado novo, denominado São Francisco, baseado no desmembramento de 35 municípios da Bahia. Esse texto tem como objetivo realizar uma estimação dos custos para a criação do estado do São Francisco, de forma a contribuir para a discussão da viabilidade econômica de tal proposta. Para tal, é importante reforçar que os resultados aqui evidenciados foram elabo-rados com base em critérios econométricos. Utilizou-se, como referência para estabelecer a especificação do modelo a ser aplicado para os municípios baianos, a mesma metodologia do economista e pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA (2009), Rogério Boueri.

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Artigos

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Fonte: SEI.

O estado do São Francisco, uma vez emancipado, terá um território de 173 mil quilômetros quadrados de extensão, composto inicialmente de 35 municípios, dividido em quatro Territórios de Identidade, Oeste Baiano, Bacia do Rio Corrente, Velho Chico e Sertão do São Francisco. Separados pelo Rio São Francisco, boa parte desses integrantes da chamada nova fronteira agrícola baiana

produzem e exportam soja e algodão, têm polos de fruticultura e crescem vigorosamente em agroindústria.

O novo estado de São Francisco, desmembrado do estado da Bahia, teria 908.681 habitantes, 6,5% da população do estado da Bahia, que conta atualmente, de acordo com o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia

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ArtigosAlex Gama Queiroz dos Santos, Gustavo Casseb Pessoti, Urandi Roberto Paiva Freitas

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e Estatística (IBGE), com uma população de 14.021.432 pessoas, quarto estado mais populoso do Brasil.

Com a emancipação, a Bahia perderia 6,4% de suas riquezas, estimadas em R$ 121,5 bilhões, pelo cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) de 2008. Isto é, em termos nominais, o novo estado apresentaria um PIB de R$ 7,7 bilhões, de acordo com dados SEI.

Contudo a criação de um novo estado não deve ser anali-sada apenas com base em dados quantitativos para a esti-mação de receitas para atender as despesas municipais já conhecidas. Há também uma séria preocupação com os desequilíbrios estruturais que envolvem o desmembra-mento de uma região que faz parte do contexto econô-mico de um estado e sua transformação em um estado independente (que envolve uma nova lógica econômica e um novo planejamento de interligação com os demais estados brasileiros). Embora a região do oeste baiano tenha conquistado expressivo crescimento econômico na produção de soja, café, algodão e nos seus polos de fruticulturas ao longo dos últimos anos do século XXI, há uma realidade social marcada pela desigualdade e concentração de renda, o que evidencia a contradição na região, de não haver uma relação direta entre o cres-cimento econômico e o desenvolvimento social.

A explicação para o destaque do crescimento econômico sobre o social decorre da utilização do modo produtivo da agricultura intensiva, com baixa utilização da mão de

obra não qualificada, em grandes propriedades rurais, que geralmente requer grande quantidade de máquinas e insumos que acarretam em impactos ambientais.

Os investimentos na agricultura intensiva visam ganhos de rendimento, produtividade e redução de custos. Há uma tendência de crescimento na produção do setor primário da região, uma vez que os produtos agrícolas destinados à exportação tendem a um crescimento significativo de demanda, especialmente com ingresso de países do leste asiático no mercado comprador de commodities agrícolas e agroindustriais, como soja em grão, farelo, óleo bruto e algodão em pluma. Além disso, e como consequência, os preços das commodities, nos mercados internacionais, batem recordes históricos nos últimos anos.

Entretanto os ganhos dessa atividade não são distribu-ídos de forma equitativa entre todos os envolvidos com o processo produtivo. A maior concentração de riquezas e o forte desnível entre os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores agrícolas reforçam a tese de que embora a agricultura de exportação seja grande geradora de divisas e de empregos diretos e indiretos, ela não contribui para amenizar a desigualdade entre as classes sociais. Portanto, a criação de um estado novo tem que levar em consideração a necessidade de geração de uma dinâmica endógena que seja capaz de aplacar a pobreza e a desigualdade e não reforçar ainda mais os aspectos negativos de economias em que há uma forte concentração espacial e setorial.

PRoJEção Do GASTo DE FUNCIoNAMENTo Do NoVo ESTADo Do São FRANCISCo

Para analisar a estimação do gasto médio dos governos estaduais, utilizou-se o modelo econométrico de regressão linear pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). As variáveis explicativas do modelo foram baseadas no PIB por estado, na população dos estados, tamanho da área geográfica dos estados e no número de muni-cípios de cada estado. A coerência do modelo segue a lógica de que quanto maiores forem a população e o PIB do estado, maiores deverão ser os gastos estaduais, uma vez que estes irão necessitar de maiores estruturas de funcionamento dos serviços públicos.

O destaque do crescimento econômico sobre o social decorre da utilização do modo produtivo da agricultura intensiva, com baixa utilização da mão de obra não qualificada, em grandes propriedades rurais

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Análise da estimação do gasto de funcionamento do novo estado do São FranciscoArtigos

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As informações utilizadas para estimação do gasto foram obtidas na base de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), e são relativas ao ano de 2009. As outras informações, como PIB, população, número de muni-cípios e área dos estados, foram obtidas do banco de dados IPEA data e da SEI.

O primeiro passo foi a realização de uma regressão linear com os dados dos 27 estados da Federação brasileira, obtendo-se assim os parâmetros da estimação linear. O Quadro 1 a seguir evidencia a estimação dos parâmetros do modelo de regressão.

Sendo:

: Despesas totais do estado i (em mil R$);: Produto interno bruto do estado i (em mil R$);: Número de habitantes da população do estado i;: Tamanho da área geográfica do estado i (em mil m2);

: Número de municípios do estado i.

Nesta análise, a constante ou intercepto da regressão, o parâmetro , representa o custo fixo estadual. Este coeficiente expressa o custo hipotético de um estado sem funcionamento, pois são considerados nulos os efeitos do PIB, população, área e número de municípios.

O parâmetro demonstra que o custo fixo médio estimado dos estados da Federação era, em 2009, de R$ 1,039 bilhão. Este parâmetro, além de ser positivo, demonstrou significância estatística ao nível de 10%.

Para estimação do custo variável do estado, utilizaram--se os parâmetros , , e do modelo. Na análise do primeiro, que se refere ao PIB, o sinal é positivo, isto é, quanto maior o PIB, maior o gasto de funcionamento do estado em relação à infraestrutura. O parâmetro foi estatisticamente significativo a 1%. O valor 0,099498 indica que, para cada R$ 1.000 de aumento no PIB de um estado brasileiro, o gasto médio por Federação aumenta em R$ 99,5 ou aproximadamente 10% do PIB.

Na análise do parâmetro , referente à população, o sinal mostrou ser positiva a relação entre o número de habitantes e os gastos estaduais. Maior população requer maiores gastos públicos com educação, saúde e segurança. O parâmetro 0,769065 estimado foi esta-tisticamente significativo a 5%. O coeficiente indica que cada habitante a mais aumenta o gasto público estadual, expresso em R$ mil, em termos per capita, em R$ 769.

Os parâmetros e , no que se referem, respectiva-mente, ao tamanho do estado, expresso em área, e ao número de municípios presentes no estado, não foram estatisticamente significativos ao nível de 10%. Embora o sinal do parâmetro da área seja positivo, o mesmo não ocorreu com o número de municípios, que apre-sentou sinal negativo. O tamanho do estado, área em m2, não apresentou correlação positiva com os gastos.

Uma análise global da regressão demonstra a relevância do modelo da estimação do gasto estadual, visto que o coeficiente de determinação ajustado, , é igual a 0,9937. Isto significa que as variáveis independentes explicam o gasto médio das unidades da Federação em 99,4%. A estatística F foi significativa ao nível de 1%. Estes resul-tados globais confirmam a validação do modelo.

Também foram testadas as violações de heteroce-dasticidade e autocorrelação de resíduos que tornam os estimadores ineficientes em um modelo de MQO. Conforme Gujarati (2006), parâmetros não eficientes podem ser encontrados na presença de heteroce-dasticidade e autocorrelação de resíduos, portanto aplicam-se os respectivos testes de White e Durbin Watson com o objetivo de verificar estas violações, que podem comprometer os testes individuais (t-studant) e F-Snedecor feitos anteriormente.

Variável Coeficientes Erro padrão Estatística t Probabilidade

Constante 1039,837 526,3691 1,97549 0,0609

PIB 0,099498 0,007163 13,89117 0,0000

População 0,769065 0,223642 3,438817 0,0023

Área 0,193229 0,647983 0,298202 0,7683

NM -4,728547 3,452462 -1,369616 0,1846R2= 0,9937 R2ajustado= 0,9926 Estatística F = 867,1667

F (Prob) =0,000 DW = 1,973

Quadro 1Análise de regressão linear

Fonte: Elaboração dos autores.

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ArtigosAlex Gama Queiroz dos Santos, Gustavo Casseb Pessoti, Urandi Roberto Paiva Freitas

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O teste de heterocedasticidade de White aceitou a hipótese nula que os resíduos são homocedásticos, ou seja, apre-sentam variância constante, visto que a probabilidade de cometer um erro do tipo I foi de 7,3% na estatística F e 13,7% na estatística de Multiplicador de Lagrange (ML).

Estatística F 2,3521 Probabilidade 0,0726

Obs* R2 19,7889 Probabilidade 0,1369

Quadro 2Teste de Heterocedasticidade de White

Fonte: Elaboração própria.

O teste de Durbin Watson (DW) apresentado no Quadro 1 da análise de regressão foi igual a 1,973. Como o valor do DW é próximo de dois, aceita-se a hipótese de que não há autocorrelação serial entre os resíduos, neste modelo proposto. Também foi utilizado um teste alternativo de Breusch Godfrey, que apresenta o nível exato de significância de cometer um erro do tipo I. Conforme pode ser visto no Quadro 3, tanto na estatística F quanto no Multiplicador de Lagrange (ML) do teste, aceita-se a hipótese nula de ausência de autocorrelação entre resíduos, visto que a probabilidade dos testes apresentou valores respectivos de 12,1% e 7, 7%, que são superiores ao nível de significância respectivamente de 10% e 5%.

Estatística F 2,3492 Probabilidade 0,1212

Obs* R2 5,1362 Probabilidade 0,0767

Quadro 3Teste de autocorrelação serial de Breusch Godfrey

Fonte: Elaboração própria.

No que se refere à estimativa do gasto estadual em seção cruzada, pode-se afirmar que o modelo apresenta todas as condições necessárias para obtenção do valor da despesa total do estado de São Francisco, uma vez que os parâmetros foram significativos individualmente e no conjunto. Também não foram encontradas violações que tornem os estimadores ineficientes por meio dos testes de White e Breusch Godfrey.

ESTIMAção DoS CUSToS Do NoVo ESTADo Do São FRANCISCo

Para estimação do custo total hipotético do estado do São Francisco foram utilizados os parâmetros obtidos

do modelo de regressão dos 27 estados da Federação. Os parâmetros foram fixados na equação de regressão, apenas substituindo as variáveis pelas médias do PIB e da população, área total do novo estado e o número de 35 municípios que fariam parte do estado.

O custo fixo estimado para os 27 estados da Federação são os mesmos. Hipoteticamente, considera-se um estado “vazio”, ou seja, um estado sem população, sem PIB, tornando-se também irrelevante o número de municípios e o tamanho da área geográfica. Este custo também pode ser denominado de custo de manu-tenção do estado.

O custo total do novo estado será composto pelo custo fixo, igual a R$ 1.039.836.808,00, mais o custo variável, igual a R$ 1.461.561.444,12, que totaliza um custo de R$ 2.501.398.444,12, conforme seguem os respectivos Quadros 4 e 5.

ANáLISE DA VIAbILIDADE DE CRIAção Do NoVo ESTADo Do São FRANCISCo

Verificando do ponto de vista econômico, enquanto a Bahia tem um PIB de R$ 121,5 bilhões, o novo estado do São Francisco teria um PIB de R$ 7,77 bilhões; isto

Vaiável Coeficientes Soma Estimação

Constante 1039,837 1.000,00 1.039.837,00PIB 0,099498 7.671.400,36 763.288,99População 0,769065 908.122 698.404,85Área 0,193229 171,32 33,10NM -4,728547 35,00 -165,50

Total dos gastos 2.501.398,44

Quadro 4Estimação dos custos do novo estado do São Francisco

Fonte: Elaboração própria.

Estado Custos (em R$ mil)

Custo fixo 1.039.837,00

Custo variável 1.461.561,44

Custo total 2.501.398,44

Quadro 5Estimação do custo total do novo estado

Fonte: Elaboração própria.

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Análise da estimação do gasto de funcionamento do novo estado do São FranciscoArtigos

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representa 6,3% do PIB da Bahia. O PIB do novo estado foi calculado agregando os PIBs dos 35 municípios.

Também foi feita uma projeção hipotética das receitas para o estado do São Francisco, tendo como base o somatório das receitas municipais. A receita agregada dos municípios do novo estado seria de R$ 975 milhões, a preços de 2009. Esse montante representava 8,1% da totalidade das receitas dos municípios do estado da Bahia, que à época era de R$ 12,1 bilhões, conforme pode ser visto no Quadro 6.

Sabendo que a receita orçamentária do estado da Bahia era de R$ 21,4 bilhões, projetou-se a receita do estado do São Francisco em R$ 1,7 bilhão, que represen-tava, no referido período de análise, 8,1% das receitas do estado da Bahia. A partir dos dados da receita e despesa do novo estado, pode-se observar o resultado fiscal primário. No modelo projetado1 houve um déficit fiscal de R$ 584,43 milhões, e no modelo estimado o déficit foi de R$ 770,4 milhões por ano. O Quadro 7, a seguir, evidencia a adaptação que estes autores fizeram do estudo de Boueri (2008) para calcular as receitas e despesas orçamentárias do estado do São Francisco. Para isso foram rodadas duas séries de dados: uma que atualiza os coeficientes da regressão, feita em 2005 pelo citado pesquisador, utilizando o IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (dados da segunda coluna da tabela), e outra série, por meio de nova estimação pelo método de mínimos quadrados ordinários (dados da segunda coluna da tabela).

Em um estudo publicado em 2008, Boueri observou que os estados gastam, em média, 12,8% do seu Produto Interno Bruto para se manter. Alguns dos estados

1 O modelo projetado levou em consideração o estudo de Boueri (2008), em que ele deflacionou os coeficientes da regressão pelo IGP-DI do ano de 2009.

propostos pelos parlamentares brasileiros extrapola-riam essa conta. O estado do São Francisco, por exemplo, precisaria de 32,6% do valor do seu PIB somente para manter suas estruturas estaduais funcionando.

A despesa de funcionamento do estado da Bahia para 2009 foi de R$ 21,4 bilhões, e o respectivo PIB igual a R$ 121,5 bilhões. Estes dados demonstram que os gastos de funcionamento do Estado da Bahia são de 17,6% do valor do PIB. Nesse ano houve um superávit primário de R$ 57 milhões.

Os gastos estimados no modelo econométrico dizem respeito apenas ao funcionamento regular de um novo estado e não computam os gastos necessários com infraestrutura de gestão como: construção de sedes dos Poderes Executivos, Legislativo e Judiciário; sede do Ministério Público; equipamentos para secretaria de governo, o que certamente elevariam ainda mais as projeções de déficit da proposição do novo estado.

CoNSIDERAçõES FINAIS

As razões para a inviabilidade técnica são tanto de natureza política como econômica e social, pois se tal divisão vier a ocorrer, todos as demais Unidades da Federação seriam prejudicadas economicamente. O impacto econômico adviria dos inevitáveis custos que a criação desse novo estado acarretaria numa conjuntura de ajuste fiscal e equilíbrio das contas públicas.

Projeção da receita 2009 (em R$)

Receita orçamentária munic. BA 12.069.933.318Receita orçamentária munic. SF 974.869.522% 8,08

Quadro 6Receita municipal do estado da Bahia

Fonte: Elaboração própria.

São Francisco

2009 (regressão

atualizada pelo IGP-DI–FGV)

2009 (Método de

Mínimos Quadrados

Ordinários – MQO)

Gasto estimado do estado do SF 2.315.448.378 2.501.398.444,12PIB (1) 7.609.307.865 7.671.400.360Gasto do SF %PIB 30,4 32,6Receita orçamentária estimada SF 1.731.019.310 1.731.019.310Déficit anual estimado 584.429.068 770.379.134Gasto por habitante 2.554 2.754.474

Quadro 7Resultado fiscal primário dos estados

Fonte: SEI.Elaboração própria.(1) Valores diferentes estão associados à metodologia proposta: um valor foi atualizado pelo IGP-DI e outro foi pesquisado diretamente no site da SEI.

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ArtigosAlex Gama Queiroz dos Santos, Gustavo Casseb Pessoti, Urandi Roberto Paiva Freitas

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Com base nos dados apresentados, a manutenção do novo estado do São Francisco custaria anualmente, em valores de 2009, no mínimo R$ 2,5 bilhões. O mesmo estudo revelou também que o esforço de arrecadação do novo estado possibilitaria uma receita estimada em torno de R$ 1,7 bilhão, que, portanto não seria suficiente para cobrir o montante estimado de seus gastos correntes. Ou seja, tudo mais permanecendo constante, a União teria que arcar, anualmente, com R$ 800 milhões somente para cobrir o déficit nos gastos correntes do novo Estado.

Sem contar ainda os custos de investimento, já que diversas obras públicas de infraestrutura teriam de ser feitas, desde a construção dos edifícios governamentais, infraestrutura de serviços e mesmo o reaparelhamento de uma base logística de escoamento da produção até a base de transportes.

Além disso, a redistribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE) causaria um problema para a União, uma vez que todos os demais estados do Brasil teriam que contribuir indiretamente para a manutenção desse novo estado, reduzindo suas cotas-parte no Fundo de Participação.

A Bahia, nos últimos anos, estabeleceu como uma das metas do seu planejamento estratégico a integração dos diferentes territórios. Um exemplo claro dessa preocupação é a proposição de construção da Ferrovia Oeste-Leste, para tornar o estado mais integrado e competitivo. A divisão da Bahia poderia causar um sério problema nesse processo, pois a ferrovia cortaria mais um estado, com visões dife-rentes de integração e de desenvolvimento econômico.

De acordo com Rogério Boueri, economista do IPEA que fez o mesmo estudo para a criação dos estados de Tapajós e Carajás, no Pará, os estados gastam, em média, 12,8% do seu Produto Interno Bruto para se manter (BOUERI, 2008). Alguns dos estados propostos pelos parlamen-tares brasileiros extrapolariam essa conta. O estado do São Francisco, por exemplo, precisaria de 32,6% do valor do seu PIB somente para manter suas estruturas estaduais funcionando.

Outro problema que se agravaria no país com o novo estado do São Francisco seria a altíssima concentração

dos indicadores socioeconômicos em apenas quatro municípios: Barreiras, Correntina, Luis Eduardo e São Desidério. Somente estes municípios apresenta-riam 83,6% da arrecadação, 60,8% do PIB e 54% dos empregos formais. A composição do novo estado também demonstra concentração populacional, uma vez que os municípios citados, somados aos municípios de Barra, Carinhanha, Remanso e Santa Maria da Vitória, detêm 50% da população, sendo a outra metade distribuída para os 27 municípios restantes. Ou seja, o estado do São Francisco seria extremamente pobre, concentrador de riquezas e com dificuldades de geração de efeitos polarizadores para os municípios menores.

Rebouças, Barbosa e Giudice (2009, p. 2) reforçam a preocupação de que embora sob uma base econômica com potenciais ligados ao agronegócio de exportação, o novo estado do São Francisco teria que enfrentar, desde o seu surgimento, um quadro de graves problemas sociais.

Ainda que tardiamente (a partir da segunda metade

do século XX), a economia do Oeste se desenvolveu

tornando-se o principal pólo agrícola do estado e possui

atualmente base diversificada. A região insere-se na área

do projeto de criação de uma nova Unidade da Federação,

o Estado do Rio São Francisco, já sob avaliação do Senado

Federal. Embora tenha conquistado expressivo cresci-

mento econômico, a região do Oeste Baiano possui uma

realidade social marcada pela desigualdade e deficiência

de fatores básicos à existência, o que demonstra que

o crescimento econômico não foi acompanhado pelo

desenvolvimento social. O Atlas do Desenvolvimento

Humano do Brasil, elaborado a partir dos dados dos

censos de 1991 e 2000, realizados pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) demonstra o baixo Índice

de Desenvolvimento Humano da região em destaque e

a já mencionada concentração de renda.

Neste caso, conforme apresentado, o novo estado não teria autonomia para bancar o custo de funcionamento e dependeria de transferências da União para cobrir o déficit primário de aproximadamente R$ 800 milhões por ano, assim como investimentos de implementação de estrutura do governo e recursos para investimentos em infraestrutura, o que elevaria os custos bem acima dos R$ 2,5 bilhões estimados.

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Análise da estimação do gasto de funcionamento do novo estado do São FranciscoArtigos

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REFERêNCIAS

BOUERI, Rogério. Custo de funcionamento das unidades federativas brasileiras e suas implicações sobre a criação de novos estados. Rio de Janeiro: IPEA, 2008. (Texto para discussão, 1367).

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ÍNDICE GERAL DE PREÇO. Conjuntura Econômica, Rio de Janeiro, v. 64, n. 2, p. II, fev. 2010. Conjuntura estatística.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Brasília: IPEA, 2009. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br>. Acesso em: 13 jul. 2011.

REBOUÇAS, Fádia dos Reis; BARBOSA, Merisa A. L.; GIUDICE, Dante S. Análise da criação do estado do Rio São Francisco sob a caracterização socioeconômica da Região Oeste do Estado da Bahia. 2009. Disponível em: <http://egal2009.easyplanners.info/area01/1122_REBOUCAS_Fadia.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2011.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Produto Interno Bruto dos Municípios da Bahia. Salvador: SEI, jul. 2011. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em: 22 jul. 2011.

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ArtigosAlex Gama Queiroz dos Santos, Gustavo Casseb Pessoti, Urandi Roberto Paiva Freitas

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A expansão nucleoelétrica no brasil

Anya Cabral*

* Mestranda em Ciências Sociais: Cultura, Desigualdades e Desenvol-vimento pela Universidade Federal do Recôncavo da bahia (UFRb); graduada em Economia pela Universidade Salvador (Unifacs). Coorde-nadora do grupo de estudos Energia, Tecnologia e Ambiente no Instituto de Pesquisas Sociais (IPS). [email protected]

Em 2008, o governo brasileiro anunciou o Plano Nacional de Energia (PNE) 2030, o Plano Nacional de Energia Elétrica (PNEE) 2030 e as novas metas do Programa Nuclear Brasileiro (PNB). Todos esses planos davam destaque à energia termonuclear e previam a expansão do setor com a construção de pelo menos quatro novas usinas nucleares e a conclusão de Angra III (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2007a; 2007b). O acidente de Fukushima, em março de 2011, modificou a percepção do risco nuclear, revertendo a tendência mundial de cres-cimento da produção de energia nucleoelétrica. No mundo, muitos projetos de construção de novas usinas nucleares foram abandonados ou paralisados; alguns países como a Alemanha renunciaram à produção de energia termoe-létrica de origem nuclear. No Brasil, não há unanimidade no governo em relação ao plano de expansão nucleoelétrica, mas há indícios que o programa prosseguirá. Este artigo apresenta o plano brasileiro de expansão nucleoelétrica e as medidas tomadas para sua implementação, assim como as perspectivas do plano depois do acidente de Fukushima.

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Artigos

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o PLANo DE EXPANSão Do SEToR NÚCLEoELéTRICo

A disparada dos preços do urânio, em meados de 2007, incentivou países como o Brasil a retomarem ou iniciarem seus programas nucleares. Com a sexta reserva mundial do bem mineral e o domínio do ciclo do combustível, a opção nucleoelétrica apresentava-se como uma alterna-tiva natural à diversificação da matriz energética brasi-leira. Contribuiria à solução da equação energética brasi-leira ao tempo em que dinamizaria toda a cadeia do ciclo do combustível, a começar pela mineração do urânio em território baiano.

O desenvolvimento do setor nuclear no Brasil também beneficiaria outras áreas tais como medicina, agricultura e indústria, que utilizam igualmente energia nuclear; era uma das metas do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e um dos pilares da Estratégia de Defesa Nacional (END). Esperava-se que a construção e implantação das unidades produtivas causassem um efeito de aceleração na demanda de produtos de alta tecnologia e um efeito multiplicador no emprego de mão de obra qualificada.

O plano contemplava a construção de no mínimo quatro novas usinas nucleares (duas no Nordeste e duas no Sudeste), a finalização de Angra III e a produção indus-trial de todas as etapas do ciclo do combustível. Estava dividido em três etapas: a primeira, de planejamento e elaboração de projetos específicos, que incluía os estudos de localização dos sítios e a escolha da tecnologia (tipo de reator); a segunda, de construção e implantação das usinas de produção de eletricidade, de beneficiamento do combustível e de tratamento de rejeitos; e a terceira, de operação das unidades produtivas. Previa-se a parti-cipação do capital privado mediante a flexibilização do monopólio estatal na construção e operação das usinas. Para isso foi apresentada no Congresso Nacional a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 122/2007, do deputado Alfredo Kaefer, que exclui do monopólio da União a construção e operação de reatores nucleares para fins de geração de energia elétrica (BRASIL, 2011b).

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O plano apresentava a energia nuclear como uma fonte limpa e uma tecnologia segura. Argumentava-se que a opção nuclear era uma necessidade para a diversificação da matriz de energia elétrica, em um sistema predominantemente hídrico e sujeito à alea-toriedade das afluências hidrológicas. A energia de origem termonuclear, frente a outras térmicas, teria a vantagem de não emitir CO2 durante a geração de energia, contribuindo para minimizar o “efeito estufa” (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2007a). O preço do combustível nuclear (urânio), pelo fato de o país possuir a sexta reserva de urânio do mundo e dominar o ciclo do combustível, constituía uma atrati-vidade a mais para essa fonte. A entrada em operação de Angra III, prevista para 20151, aumentaria a capaci-dade de geração de energia nuclear dos atuais 2.007 MW para 3.412 MW e cada nova usina deveria contribuir com aproximadamente 1.000MW2. Se as quatro novas usinas entrassem em operação até 2030, a capacidade de geração passaria dos atuais 2.007 MW para 7.412 MW naquele ano. O Plano de Energia Elétrica 2030 calculava um aumento na participação da energia nuclear para 5% em 20153 (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2007b).

1 O tempo previsto para que Angra III entre em operação, tomando-se por base a retomada da construção, é de cinco anos e meio. O atraso do início da construção por problemas de licenciamento ambiental retardará a entrada em operação.

2 Depende do tipo de reator a ser instalado.3 Com o crescimento da produção de energia eólica, mesmo com a

construção das cinco usinas a participação da energia nuclear vai continuar em 2% em 2015.

A implementação do plano

Estudos de localização para as novas usinas foram reali-zados para garantir a segurança dos sítios escolhidos. Com esse objetivo, a Eletronuclear firmou parcerias inicialmente com a Coppe4/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, posteriormente, com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A primeira região estudada foi o Nordeste5. Quatro estados – Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco – entraram na disputa para sediar o empreendimento. Esses estudos apontaram que uma localização ótima no Nordeste poderia ser o Baixo São Francisco, entre Xingó e a foz, entre Alagoas e Sergipe. Estudos mais recentes incluíram o Médio São Francisco. A Eletronuclear considerou a equidistância dos dois maiores centros consumidores no Nordeste, Salvador e Recife; a proximidade da rede de transmissão elétrica; a operação com as hidroelétricas existentes; a disponi-bilidade de fonte fria (a vazão na foz é de 1.850m3/s); o acesso para grandes componentes; e a baixa densidade populacional. As duas usinas localizar-se-iam em uma mesma central nuclear (que seria projetada para abrigar um total de seis usinas), fruto de uma parceria entre a Eletronuclear e a Chesf. Os estudos preliminares de localização custaram R$ 10 milhões e serão pagos com recursos levantados de encargo cobrado nas contas de luz e administrados pela Eletrobras. Esses estudos, concluídos em 2010, foram orientados pelo manual do Electric Power Research Institut (EPRI)6 e excluíram toda a faixa litorânea, por uma conjunção de fatores englobando:

a. existência de aquíferos; b. instabilidade do solo; c. existência de Áreas de Proteção Ambiental (APA); d. existência de gasodutos próximos; e e. alta densidade populacional, indicando uma área no

Médio ou no Baixo São Francisco (A ESCOLHA ..., 2008).

Inicialmente, a escolha de uma área no São Francisco havia sido abandonada em razão do risco de diminuição da vazão de água provocada pela transposição do rio e

4 Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.5 Posteriormente esse estudo foi estendido para todo o Brasil.6 O EPRI é uma organização sem fins lucrativos, sediada na Califórnia, nos

Estados Unidos, que realiza pesquisas para a indústria de energia elétrica dos Estados Unidos.

A energia de origem termonuclear, frente a outras térmicas, teria a vantagem de não emitir CO2 durante a geração de energia, contribuindo para minimizar o “efeito estufa”

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da demanda de água de grandes projetos de mineração, tal como a exploração do ferro de Caetité. O problema da vazão foi solucionado modificando-se o sistema de resfriamento e projetando-se torres de resfriamento, diminuindo a necessidade de água para resfriamento de 65m³/s para 5m³/s. As usinas teriam capacidade de 1.000 MW de potência e, segundo o governo, seriam constru-ídas em um prazo previsto de cinco anos.

No Nordeste, concluiu-se que a melhor localização seria Itacuruna, situada no município de Belém do São Francisco, em Pernambuco, às margens da barragem de Sobradinho. Coincidentemente, Pernambuco é o único dos quatro estados cuja constituição permite (com restrições) a instalação de uma usina nuclear7. Por sua vez, a Eletronuclear inaugurou em Recife, em 2009, seu escritório regional. Por último, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é a única universidade do Nordeste a oferecer um curso de pós-graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares.

Em agosto de 2010, a EPE assinou um acordo de coope-ração técnica com a Eletronuclear para estender os estudos de localização de usinas nucleares para todo o Brasil, em um estudo intitulado Atlas Nuclear de Localização de Centrais Nucleares no Brasil. Inicialmente, os estados estudados seriam Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul, mas prevendo a inclusão de outros estados, mediante aditivo contra-tual. O valor total do acordo foi de pouco mais de R$ 3,3 milhões (EPE E ELETRONUCLEAR..., 2010). O acordo teria duração de 24 meses.

Até o momento, a EPE não iniciou os estudos de loca-lização das usinas na Região Sudeste. No entanto, a Eletronuclear já havia cogitado que a nova central ficaria localizada no Baixo Tietê, entre Ibitinga e Três Irmãos, no estado de São Paulo, numa parceria entre a Eletronuclear e Furnas. A alta densidade demográfica da região e a localização do aquífero Guarani levaram à

7 A Constituição do Estado de Pernambuco, no artigo 216, proíbe a instalação de usinas nucleares no Território do Estado de Pernambuco enquanto não se esgotar toda capacidade de produzir energia hidroelétrica e oriunda de outras fontes.

escolha de uma segunda opção de localização no estado do Espírito Santo, no Rio Doce, próxima à interligação Sudeste-Centro-Oeste. Inicialmente serão construídas as usinas do Nordeste8. A Eletronuclear apresentou, no início de 2010, o estudo ao Ministério de Minas e Energia (MME) com uma lista de vinte locais nos quatro estados (Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco). A decisão ficará a cargo do Congresso, conforme reza a lei constitucional9 (BRASIL, 1988).

Para desmistificar a energia nuclear, considerada como uma tecnologia de risco, a Eletronuclear, juntamente com a Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), realizou, entre agosto de 2009 e dezembro de 2010, quatro workshops de energia nuclear nas capitais dos quatro estados escolhidos no Nordeste, nos quais foi apresentado o plano do governo de construir usinas nucleares no Nordeste. Nesses encontros, representantes e técnicos da Eletronuclear palestraram sobre a importância da energia nuclear na matriz energética brasileira e os critérios para a escolha e a segurança dos sítios, enquanto um representante da Areva NC discursou sobre a experiência internacional do grupo na área de energia em geral e na de energia nuclear em particular. No mesmo período, foram reali-zadas várias sessões técnicas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, apresentando a energia nuclear como uma alternativa segura e limpa para a matriz

8 Essa ordem pode mudar. 9 Existem, no entanto, impedimentos constitucionais nos estados de

Alagoas, Sergipe e Bahia, cujas constituições proíbem a instalação de usinas nucleares.

Em agosto de 2010, a EPE assinou um acordo de cooperação técnica com a Eletronuclear para estender os estudos de localização de usinas nucleares para todo o Brasil

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energética brasileira. Foram realizadas 17 reuniões públicas com comunidades e 8 audiências públicas oficiais para viabilizar ao licenciamento ambiental de Angra III (TRAVASSOS, 2010). Na área acadêmica, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) abriu, em seu curso de pós-graduação, uma quarta área de concentração, dedicada à aceitação da tecnologia nuclear10; e em 2010, teve início o primeiro curso de graduação em engenharia nuclear do Brasil, oferecido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para a viabilização econômica da energia elétrica de origem termonuclear era preciso, inicialmente, modificar o cálculo das tarifas de energia de Angra I e Angra II. Até novembro de 2009, esse cálculo dividia-se em duas etapas: mediante a elaboração de um Demonstrativo de Resultados de Exercício (DRE) e um Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC). A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calculou a tarifa de equilíbrio para Angra I e Angra II em R$ 130,79/MWh, aplicada entre dezembro de 2008 e dezembro de 2009. A Lei 12.111/2009 modificou o reajuste das tarifas de venda de energia da Eletronuclear a Furnas. A partir de dezembro de 2009 a tarifa está sendo calculada e homologada anualmente pela Aneel, aplicando-se uma fórmula paramétrica que considera a variação das despesas com a aquisição do combustível nuclear e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os demais custos

10 Essa área de conhecimento não consta mais no Programa.

e despesas. Em 8 de dezembro de 2009, a tarifa de venda de energia da Eletronuclear a Furnas foi fixada em R$ 135,63/MWh pela Aneel por meio da RH nº 916/2009 (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2009) para o período de 5 de dezembro de 2009 a 4 de dezembro do ano subsequente.

Em 2010, foi tomada mais uma série de medidas para tornar a indústria nucleoelétrica economicamente atrativa. A primeira delas foi considerar a energia produ-zida por Angra III como energia de reserva em 201011. Regulamentada pela Portaria nº 586/10, de 23 de junho de 2010 (BRASIL, 2010c), essa decisão foi o mecanismo encontrado para modificar o sistema de comercialização e aumentar a rentabilidade do setor. A medida permite que a Eletronuclear rateie todos os custos de contra-tação, incluindo custos administrativos, financeiros e tributários, entre todos os usuários finais de energia elétrica do Sistema Interligado Brasileiro (SIN); se desven-cilhe da obrigatoriedade de vender a energia a Furnas, para negociá-la diretamente com as distribuidoras; e possibilite à Eletronuclear acesso a financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A mesma portaria, revogada, em dezembro, pela Portaria nº 980/10 (BRASIL, 2010d), estabeleceu o preço por Megawatt-hora em R$ 148,65 (R$/MWh). Em dezembro do mesmo ano, foi instituído, pela Medida Provisória (MP) nº 517/10, de 30 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2010a), o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear)12. O Renuclear isenta de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), Imposto de Importação (II) e IPI Importação equipamentos, insumos e materiais de construção em projetos aprovados até dezembro de 2012, pelo MME, para a geração de energia elétrica de origem nuclear, até 31 de dezembro de 2015. Por último, foi solicitada a tramitação em regime de urgência da PEC nº 122.

11 O Ministério de Minas e Energia autorizou, em junho de 2010, a contratação da oferta de Angra III como energia de reserva (Portaria nº 586/10). O docu-mento prevê a contratação de até 1.184 MW de energia assegurada por 35 anos, a partir de 2016, por um preço limite de R$148,65/MWh a preços de dezembro de 2009. Pelas suas características, a energia termonuclear não poderia ser considerada energia de reserva, mas essa medida obriga a todos os usuários do SIN, mesmo aqueles que não serão beneficiados pela energia de origem nuclear, a arcar com o Encargo de Energia de Reserva (EER).

12 A construção de Angra III já é beneficiada pelo Regime Especial de Incentivo para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI), com a suspensão da exigibilidade da contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins (BRASIL, 2007).

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calculou a tarifa de equilíbrio para Angra I e Angra II em R$ 130,79/MWh, aplicada entre dezembro de 2008 e dezembro de 2009

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A expansão nucleoelétrica no brasilArtigos

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Em dezembro de 2010, a Eletronuclear conseguiu um finan-ciamento de R$ 6,15 bilhões de reais do BNDES, que corres-ponde a 58,6% do valor da obra de Angra III. O restante da obra, atualmente avaliada em R$9,9 bilhões13, será financiada pela Eletrobras: R$ 890 milhões com recursos provenientes da Reserva Global de Reversão (RGR)14, recen-temente prorrogada por mais 25 anos; e €1,5 bilhão de um empréstimo à Eletrobras por um consórcio de bancos franceses liderado pelo grupo Société Générale, do qual participam o Crédit Agricole e o BNP Paribas. O emprés-timo destina-se ao pagamento de serviços de engenharia e compra de equipamentos importados da Areva NP, com o aval da Hermes alemã (agência de seguro de crédito para exportação) (TRAVASSOS, 2011). Se o governo alemão impedir que a Hermes avalize o empréstimo15, a agência alemã será substituída pela similar francesa Coface.

A EXPANSão NUCLEoELéTRICA PÓS-FUKUSHIMA

O acidente nuclear de Fukushima, em março de 2011, provocado pela conjunção de um tsunami e de um terre-moto de grandes proporções, surpreendeu o mundo e reacendeu o debate sobre os riscos decorrentes do uso da energia nuclear para a produção de energia elétrica. Até então esses riscos pareciam controláveis. Diversos países reavaliaram seus programas nucleares, alguns desistiram de seus planos de expansão ou de adoção da energia termonuclear, outros paralisaram a construção de novas usinas. Países como a Alemanha renunciaram ao uso da energia nucleoelétrica. No Brasil, as conse-quências do acidente de Fukushima não foram imedia-tamente percebidas. Inicialmente o governo brasileiro anunciou que o acidente não afetaria o plano de expansão; depois, que iria revisar o programa. Atualmente não há consenso no que se refere ao seguimento do plano de expansão: enquanto o ministro de Minas Energia Edison Lobão anuncia que não vai haver uma desaceleração do

13 O valor total da obra é, atualmente, de R$ 10,4 bilhões. R$ 9,9 bilhões é o que resta a ser investido.

14 A RGR foi criada pelo Decreto nº 41.019, de 26 de fevereiro de 1957, para prover recursos para reversão ou encampação dos serviços de energia elétrica. É um fundo gerido pela Eletrobrás que deveria ter sido extinto no final do exercício de 2010.

15 O governo alemão decidiu renunciar à energia nuclear após o acidente de Fukushima.

Plano (LEITÃO, 2011), Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, diz que a matriz energética nuclear limita-se, por enquanto, à construção de Angra III (ALBUQUERQUE, 2011). Embora o Plano de Expansão pareça suspenso desde o acidente nuclear de Fukushima, novas medidas estão sendo aprovadas, sugerindo a continuidade do plano original, apenas com alterações no calendário.

Dentre essas novas medidas encontram-se uma nova PEC proposta pelo Deputado Carlos Sampaio “para o fim de vedar a construção e instalação de novas usinas que operem com reator nuclear no país e permitir as atividades das usinas já existentes e em construção” (BRASIL, 2011a); e a conversão da Medida Provisória nº 517/10 na Lei nº 12.431, de 27 de junho de 2011 (ratifi-cada em 29 de junho de 2011), que institui o Renuclear, alterando a validade do benefício para 31 de dezembro de 2015 (BRASIL, 2011c).

CoNSIDERAçõES FINAIS

A expansão nucleoelétrica foi apresentada em 2008 como uma necessidade para viabilizar a diversificação da matriz energética brasileira. Era tida como uma fonte de energia limpa por não emitir CO2 e como uma tecnologia segura, em que os riscos de acidente eram pouco prováveis e controláveis. Previa-se a participação do capital privado na construção e operação das usinas e várias medidas foram tomadas nesse sentido.

Diversos países reavaliaram seus programas nucleares, alguns desistiram de seus planos de expansão ou de adoção da energia termonuclear, outros paralisaram a construção de novas usinas

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O acidente de Fukushima, ocorrido em março de 2011, reverteu a tendência mundial de expansão do setor. O Brasil, pelo contrário, não desistiu do plano de expansão nucleoelétrica.

As últimas ações do governo dão a entender que o plano de expansão do setor prossegue, apenas com um atraso no calendário. Esse atraso, porém, não inviabiliza o aumento da oferta de energia elétrica prevista no PNEE 2030. O Brasil possui uma diversidade de fontes de energia, como eólica, biomassa e solar, e um grande potencial hídrico a ser explorado no Norte do país. Diferentemente do que foi apresentado em 2008, o Brasil pode satisfazer a demanda de energia elétrica até 2030 sem recorrer a um aumento da capacidade instalada de geração de energia termonuclear, o que pode ser comprovado pelos últimos leilões de energia eólica e os recursos recentemente aprovados pelo BNDES para o setor hidroelétrico. A decisão de continuar com o plano de expansão nucleoelétrica é uma decisão que não se coaduna com os argumentos técnicos expostos em 2008. Aparentemente as usinas nucleares do Nordeste serão instaladas por outras razões que não cabem no escopo deste artigo.

REFERêNCIAS

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promulgada em 05 de outubro de 1988 e cria o art. 44-A dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, promulgados em 05 de outubro de 1988, para o fim de vedar a construção e instalação de novas usinas que operem com reator nuclear no país e permitir as atividades das usinas já existentes e em construção. [Brasília], 2011a. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposico-esWeb/fichadetramitacao?idProposicao=509340>. Acesso em: 4 set. 2011.

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BRASIL. Medida provisória nº 517, de 30 de dezembro de 2010. [...] institui o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear); [...] Diário Oficial da União, Brasília, n. 251, 31 dez. 2010a. Seção 1, p. 6.

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A expansão nucleoelétrica no brasilArtigos

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BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Portaria nº 980, de 21 de dezembro de 2010. Autoriza a celebração de Contrato de Energia de Reserva - CER, na modalidade por quanti-dade de energia elétrica, entre a Eletrobrás Termonuclear S.A. - ELETRONUCLEAR e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE, para contratação de até 1.184 Megawatt-médios de Energia de Reserva provenientes da Usina Termonuclear Angra 3. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 2010d.

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ArtigosAnya Cabral

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2011: Economia brasileira mantém ritmo de expansão com leve desaceleração

Irailton Silva Santana Junior*Jamilly D. dos Santos**

* Graduando do Curso de Ciências Econômicas pela Universidade Federal da bahia (UFbA). Estagiário do NEC. [email protected]

** Mestranda em Economia pela Universidade Federal da bahia (UFbA); graduada em Ciências Econômicas pela Univer-sidade Federal de Campina Grande (UFCG). bolsista do NEC. [email protected]

Este artigo tem por principal objetivo refletir sobre as perspectivas de comportamento da economia brasileira com base nos resultados apurados no primeiro semestre deste ano, quando os dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram crescimento de 0,8% do PIB em relação ao trimestre imediatamente anterior, e de 3,1% compara-tivamente ao segundo trimestre de 2010.

A exposição do tema foi subdividida em cinco partes, abordando-se na primeira os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) 2010, comparando--os ao de 2011. Já as partes seguintes prenderam-se à análise do comporta-mento da indústria, do comércio, da agricultura e do mercado de trabalho brasileiros nos meses iniciais de 2011.

PIb MANTéM CRESCIMENTo NoS ÚLTIMoS TRIMESTRES

A taxa de crescimento do PIB em 2010 alcançou 7,5%, alta para o padrão brasileiro das últimas décadas. No entanto cabe enfatizar que tal taxa foi construída sobre base muito fraca: o PIB de 2009, que apresentou variação negativa de 0,6%, pois naquele ano a economia brasileira ainda refletia os efeitos da maior crise internacional ocorrida desde a década de 1930.

A média das taxas dos dois últimos anos, no entanto, ficou compatível com o padrão vigente, desde a implantação do Plano Real, sempre próxima à taxa de crescimento dos anos 1980, a chamada “década perdida”. Quanto ao desempenho dos setores em 2010, destacam-se a Indústria com expansão de 10,1%, seguida da Agropecuária (6,0%) e dos Serviços (5,4%).

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O ano de 2010 iniciou-se com um ritmo forte, herdado do segundo semestre de 2009, explicado pelas políticas governamentais de sustentação da atividade. No segundo e terceiro trimestres ocorreu uma clara redução, inclu-sive apresentando taxas negativas para a Indústria e a Agricultura. Incentivos oferecidos pelo governo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automobilística e para os eletrodomés-ticos, acabaram em abril, mês em que também foram retomadas as elevações na taxa de juros básica, a Selic.

Na avaliação governamental, tais incentivos geraram bons efeitos: o nível de atividade havia reagido com força à crise de 2008/2009 e a economia já estava começando a exigir controles para assegurar o cumpri-mento da meta de inflação. Assim, o Comitê de Política Monetária (Copom), decidiu subir os juros novamente em junho e julho/2010.

O último trimestre do ano de 2010 apresentou uma expansão do PIB de apenas 0,7%, mas, ainda assim, em dezembro, o governo, preocupado com a inflação acima da meta do ano e as projeções em alta para 2011, tomou medidas de restrição ao crédito. A Selic foi elevada mais cinco vezes, em janeiro, março, abril, junho e julho de 2011, sofrendo em agosto sua primeira redução desde julho de 2009, estando atualmente em 12, 00% ao ano.

A maioria das projeções para o crescimento do PIB em 2011 fica em torno de 4%, com inflação acima do centro

da meta de 4,5% e um processo de convergência lento para aquele centro esperado para 2012. Nesse sentido, o governo emite sinais claros de que prefere alongar o prazo para alcançar o centro da meta do que sacrificar a atividade econômica com elevação mais intensa dos juros básicos. Avalia que a inflação atual tem elementos de demanda, mas também estariam presentes elementos de oferta deri-vados dos preços internacionais de commodities. Adota então a tese de que a elevação dos juros não é o único instrumento para conter a inflação, e ao menos parte dos seus componentes deve ser alvo de outras medidas.

Conforme se pode observar no Gráfico 1, quanto ao comportamento da economia brasileira no segundo trimestre de 2011, os dados apontam uma desacele-ração no crescimento do PIB, que se situou em 0,8%; já em relação ao segundo trimestre de 2010, a economia cresceu 3,1%. O destaque no segundo trimestre foi o setor de serviços, que registrou aumento de 0,8% no volume do valor adicionado na comparação com o trimestre anterior, seguido da Indústria, com expansão de 0,2%. Já a Agropecuária teve queda de 0,1%.

Essa redução de ritmo já havia sido antecipada pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que apresentou o primeiro recuo para um mês na série dessazonalizada desde dezembro de 2008, indicando uma variação para junho de 2011 de -0,26% em relação ao mês anterior, e variação de 3,07% em relação a junho de 2010. É importante frisar que o IBC-Br constitui uma

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Agropecuária Indústria Serviços PIB a preços de mercado

Gráfico 1Taxa de crescimento trimestral do PIB por setores de atividade – abr. 2010-jun. 2011

Fonte: Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE).

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medida antecedente da evolução da atividade econômica e incorpora a produção estimada para os três setores da economia acrescida dos impostos sobre produtos, que são avaliados com base na evolução da oferta total (produção + importações).

Sob a ótica da demanda, a desaceleração ao longo de 2010 foi mais nítida no que diz respeito à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e às importações. Os outros itens apresentaram trajetória indefinida, com altas e reduções intercaladas durante os quatro trimestres de 2010.

A FBCF chama a atenção porque a recuperação da atividade não foi suficiente para uma retomada mais persistente dos investimentos. A relação entre FBCF e PIB chegou a 16,2% em 2009 em razão da crise e, a partir de então, deu início a uma recuperação que levou o indi-cador a 19,4% no terceiro trimestre de 2010. No entanto, no último trimestre do ano essa taxa recuou para 18,0% (PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL, 2011).

No que se refere à demanda, a formação FBCF (inves-timentos) registrou crescimento de 1,7% no segundo trimestre de 2011. Segundo o IBGE, a principal justificava para a expansão dos investimentos foi a importação de

máquinas e equipamentos, que em relação ao primeiro trimestre cresceram 12,2%, ainda que a produção tenha registrado queda de 2,8% e as exportações alta de 28% na mesma comparação.

Já em relação à despesa de consumo das famílias, voltou a acelerar no segundo trimestre de 2011, com acrés-cimo de 1,0% após apresentar crescimento de 0,7% no primeiro trimestre. A despesa de consumo do governo teve aumento de 1,2% em relação ao trimestre anterior.

Indústria: crescimento com oscilações

A produção da indústria em 2010 cresceu com força em fevereiro e alcançou um pico em abril, quando cessaram os incentivos tributários. Houve pequenas quedas sucessivas em maio, junho e julho, e a partir de então uma quase estabilidade até outubro de 2010 (PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL, 2011). Contudo, tais quedas não impediram que a taxa de crescimento acumulada em 2010 chegasse a 10,3% em razão, prin-cipalmente, da base de comparação, visto que o inicio de 2009 ainda foi marcado negativamente pelos reflexos da crise internacional.

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Consumo das famílias Consumo do governo FBCF Exportações Importações

Gráfico 2Taxas de crescimento trimestrais do PIB brasileiro pela ótica da demanda, com ajuste sazonalAbr. 2010-jun. 2011

Fonte: IBGE.

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ArtigosIrailton Silva Santana Junior, Jamilly D. dos Santos

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O setor industrial em julho de 2011 apresentou avanço de 0,5% em comparação ao mês imediatamente anterior, após registrar queda em janeiro (1,6%). Com esses resul-tados, a taxa acumulada dos últimos 12 meses manteve a trajetória decrescente iniciada em outubro de 2010 (11,8%), registrando variação de 2,9% em julho de 2011 (PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL, 2011).

Dado o crescimento de 0,5% verificado no total da Indústria entre junho e julho, o patamar de produção do setor ficou 2,0% abaixo do nível recorde alcançado em março deste ano.

Dentre as categorias de uso, somente o segmento de bens intermediários (0,7%) apontou recuo da produção, após também assinalar queda em junho (1,6%). Vale ressaltar que o setor de intermediários é um dos que mais sofrem com a concorrência externa.

As outras categorias de usos registraram resultados positivos, com destaque para bens de consumo semi e não duráveis (3,8%), que apresentou avanço mais acen-tuado, respaldado pela manutenção da demanda das famílias, pelo comportamento do mercado de trabalho e pela expansão do crédito.

A categoria bens de consumo duráveis apresentou variação de 2,9%, tendo, no mês anterior, apresentado variação negativa (0,5%). Bens de capital apresentou variação de 1,7%. O índice de bens de capital é particularmente impor-tante porque confirma a continuidade dos investimentos.

O resultado desses sete meses de 2011 parece indicar certa tendência no comportamento da produção indus-trial. As expectativas de inflação não permitem vislumbrar uma conjuntura propícia a uma série robusta de cresci-mento. Provavelmente o governo não irá deixar de adotar medidas restritivas para conter a inflação, induzindo dessa forma o arrefecimento da demanda agregada, não obstante ter reduzido a taxa básica de juros em agosto.

Os fatores que prejudicam a indústria brasileira de forma mais acentuada não estão com os dias contados, pelo contrário. O cenário composto por taxa de câmbio valo-rizada, concorrência chinesa e problemas estruturais internos persistem, não sinalizando trégua. Portanto, os resultados na produção industrial devem ser acom-panhados com cuidado.

Comércio: bom desempenho assegura expansão da economia

O comércio varejista brasileiro manteve durante o último bimestre de 2010 o bom desempenho dos meses ante-riores, apresentando comportamento fraco apenas para a atividade de hiper e supermercados. A taxa de expansão do volume de vendas em 2010 foi de 12,2% para o comércio ampliado.

De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC/IBGE), em julho as vendas do comércio varejista cresceram

O comércio varejista brasileiro manteve durante o último bimestre de 2010 o bom desempenho dos meses anteriores, apresentando comportamento fraco apenas para a atividade de hiper e supermercados

Categoria de uso

Variação (%)

Julho 2011/junho 2011

Julho 2011/julho 2010

Acumulado no ano

Acumulado nos últimos 12 meses

Indústria Geral 0,5 -0,3 1,4 2,9Bens de Capital 1,7 3,8 5,5 8,3Bens de Consumo 3,5 0,9 0,8 1,7Duráveis 2,9 1,3 1,9 1,8Semiduráveis e não duráveis 3,8 0,8 0,5 1,6Bens intermediários -0,7 -2,4 0,6 2,6

Quadro 1Taxa de variação da produção física industrial brasileira com ajuste sazonal

Fonte: IBGE–Pesquisa Industrial Mensal (PIM).

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pelo terceiro mês seguido, na comparação com junho de 2010, apresentando alta de 1,5%; já em relação a julho do ano passado, crescimento de 7,1%. O varejo ampliado1 apresentou alta de 7,7% nas vendas em relação a julho de 2010 e leve alta de 0,6% em relação ao mês imedia-tamente anterior.

Na relação julho11/julho10 (série sem ajuste), todas as atividades pesquisadas apresentaram aumento no volume de vendas, com destaque para Móveis e eletrodo-mésticos (21,4%); Equipamentos e materiais para escri-tório, informática e comunicação (15,9%); Artigos farma-cêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (10,3%);

1 Classificação que adiciona ao varejo tradicional o atacado e varejo de mate-riais de construção, veículos e peças.

Veículos e motos, partes e peças (8,8%) (PESQUISA MENSAL DE COMÉRCIO, 2011).

No que tange ao comportamento dos consumidores, de acordo com o Banco Central (BC), a inadimplência das pessoas físicas – medida pelo percentual em atraso acima de 90 dias em relação ao total das operações de crédito com recursos livres –, depois de ter atingido em maio de 2009 a marca recorde da série histórica (8,5%) passou a apresentar uma trajetória de redução, atingindo em julho de 2011 a variação de 6,6% (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011b).

A inadimplência do consumidor apontou alta de 3,0% em agosto na comparação com julho deste ano (2,9%). Na analise anual (agosto 2011/agosto 2010), a inadim-plência do consumidor cresceu 29,2%. Essa variação é justificada pelos juros elevados no crédito. O paga-mento da 1ª parcela do 13º salário, em novembro, pode significar um fôlego extra às finanças do consumidor, que poderá priorizar o pagamento das dívidas assu-midas anteriormente.

A inadimplência das empresas fechou julho de 2011 com uma elevação de 3,8% em comparação com igual período de 2010. A inadimplência de pessoa jurídica vem sendo determinada pela política monetária restri-tiva, baseada na elevação dos juros para controle da inflação. No caso das empresas, os fatores agravantes são o encarecimento do capital de giro e a desacele-ração gradual da atividade econômica.

Esses resultados podem ser atribuídos ao ciclo de elevação dos juros (até julho de 2011), à valorização do real, à lenta recuperação global e à inflação crescente, que está mudando a estrutura de custos e a capacidade de pagamento das empresas.

Por outro lado, o mesmo ritmo forte da expansão do consumo, baseado no aumento da massa de rendi-mentos e do crédito, também está ligado ao aumento da inflação e aos indicadores de inadimplência. O governo vem enfrentando essas questões adotando, ainda no final de 2010, medidas de restrição ao crédito. Isso reflete o dilema central do início do governo Dilma no plano interno, prioritariamente não perder o controle da

Atividades

Mês/igual mês do ano anterior 2010-2011

Taxa de variação

AcumuladoTaxa de variação

Maio Junho julho No ano

12 meses

Comércio Varejista 6,3 7,1 7,1 7,3 8,51 - Combustíveis e

lubrificantes -2,2 1,3 0,4 2,5 4,62 - Hiper, supermercados,

prods. alimentícios, bebidas e fumo 1,9 2,7 4,5 4.0 5,3

2.1 - Super e hipermercados 1,8 2,6 4,5 3,9 5,1

3 - Tecidos, vest. e calçados 5,6 11,3 1,4 6,7 8,5

4 - Móveis e eletrodomésticos 20,4 16,4 21,4 18,3 17,8

5 - Artigos farmacêuticos, med., ortop. e de perfumaria 12,0 12,8 10,3 10,6 11,3

6 - Equip. e mat. para escritório informática e comunicação 23,2 34,7 15,9 14,8 18,5

7 - Livros, jornais, ver. e papelaria 8,3 9,0 6,6 8,4 12,0

8 - Outros arts. de uso pessoal e doméstico 3,3 3,2 3,0 6,0 8,4

Comércio Varejista Ampliado 12,9 9,3 7,7 9,0 10.59 - Veículos e motos, partes

e peças 26,0 12,6 8,8 11,5 13,710 - Material de construção 11,6 13,4 7,5 11,7 13,3

Quadro 2Taxas de crescimento das vendas do comércio varejista brasileiro – maio 2011-jul. 2011

Fonte: IBGE–Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).

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ArtigosIrailton Silva Santana Junior, Jamilly D. dos Santos

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inflação, no entanto, ao mesmo tempo, não sacrificar o crescimento, a expansão do mercado de trabalho e o otimismo da população.

Agricultura: aumento da produtividade e safras maiores marcam o campo brasileiro

A oitava estimativa da safra nacional de cereais, legu-minosas e oleaginosas, segundo dados do IBGE, indica uma produção da ordem de 159,0 milhões de toneladas, superior em 6,3% à safra recorde de 2010 (149,6 milhões de toneladas) e 0,1% maior que a estimativa de julho. Já a área a ser colhida em 2011, de 48,8 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 4,9%, frente à área colhida em 2010, mantendo-se estável em relação à estimativa de julho.

As três principais culturas, que somadas representam 90,6% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas (arroz, milho e soja) e respondem por 82,2% da área a ser colhida, apresentaram variações positivas de 1,6%, 4,0% e 3,3%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Já no que se refere à produção, o arroz, o milho e a soja mostram, nessa ordem, acréscimos de 18,9%, 9,3% e 0,7%.

O novo Código Florestal, que flexibiliza regras ambien-tais anteriormente estabelecidas, foi aprovado por ampla maioria na Câmara dos Deputados, após intensas nego-ciações entre o relator, deputado Aldo Rebelo (PCdoB), o governo e parlamentares. O debate vinha da discordância de o governo querer flexibilizar as regras ambientais apenas para os agricultores familiares, enquanto o relator Aldo Rebelo defendia a isenção do replantio para todas as áreas inferiores a quatro módulos fiscais (cerca de 400 hectares).

O texto do novo Código Florestal mantém as exigências de Reserva Legal (toda propriedade rural deve ter entre 20% e 80% de sua área preservada com mata nativa, a proporção variando a depender da região do país) e também as faixas de matas que devem ser preser-vadas ao longo de cursos de água, ou seja, as Áreas de Preservação Permanente (APP) em beiras de rios. No entanto, isenta pequenas propriedades, de até quatro módulos fiscais (medida que varia de 20 a 400 hectares), de recuperar a Reserva Legal.

Mercado de trabalho: taxas de desemprego e desocupação em recuo

Ao longo dos últimos anos, o Brasil apresentou uma redução continuada da sua taxa de desocupação. Em 2010, a taxa manteve-se em um patamar inferior a 8%, sendo a média de janeiro a dezembro estimada em 6,7%, o que corresponde a uma redução de 1,4 ponto percen-tual em relação à média observada em 2009, quando a taxa foi de 8,1%.

A taxa em dezembro de 2010 foi de 5,3%, outro recorde na pesquisa, tendo em vista que esse percentual foi a menor já registrado em toda a série histórica. Observe-se que em dezembro o desemprego cai sazonalmente por dois motivos: a maior oferta de vagas temporárias e a redução da procura por trabalho por conta das festas de final de ano (SOARES, 2011).

Em 2011, o mercado de trabalho brasileiro mantém certa estabilidade, tendo em vista que a taxa de desocupação conservou certo nível entre janeiro e agosto deste ano. A taxa em agosto de 2011 foi estimada em 6,0% para o conjunto das seis regiões metropolitanas; em relação a julho de 2011 a taxa manteve-se estável; já em relação a agosto de 2010, recuou 0,7 ponto percentual. Essa é a menor taxa para um mês de agosto desde o início da série, em março de 2002. Todas as taxas verificadas neste ano são inferiores em relação a 2010.

Em 2011, a taxa de desocupação mantém-se num nível historicamente baixo, fechando a média dos oito primeiros meses em 6,2%, abaixo dos 7,2% registrados em 2010 para o mesmo período.

Para agosto de 2011, na análise regional, a maior taxa de desocupação foi registrada em Salvador (8,9%, porém nota-se queda de 2,8 pontos percentuais em relação a agosto de 2010); por outro lado, a menor taxa de deso-cupação foi registrada em Belo Horizonte (4,8%). Já nas demais regiões metropolitanas, apurou-se taxas de 5,2% em Porto Alegre, 5,1% no Rio de Janeiro, 6,3% em São Paulo e 6,7% no Recife (PESQUISA MENSAL DE EMPREGOS, 2011).

Outra sinalização dessa melhora no mercado de trabalho, ao longo desses últimos anos, é o saldo de empregos com

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carteira assinada cobertos pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). O aumento do emprego celetista, além de contribuir com a redução da taxa de desocupação, significa o crescimento do emprego formal, geração de emprego fixo ou por um período prolongado.

Tradicionalmente, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) evidenciam uma marcada sazonalidade negativa nos meses de dezembro, em razão de alguns fatores como: entres-safra agrícola, término do ciclo escolar, esgotamento da bolha de consumo no final do ano, além de fatores climáticos, que permeiam quase todos os subsetores de

atividade econômica. Em dezembro de 2010, verificou-se uma redução de 407.510 postos de trabalho.

Segundo os dados do Caged, no mês de agosto de 2011 foram gerados 190.446 empregos celetistas, equivalente à expansão de 0,5% em relação ao mês anterior. Por outro lado, na comparação com agosto de 2010, nota-se recuo de 36,3% na criação de empregos formais.

Já no acumulado do ano, levando em consideração a série ajustada, que incorpora as informações declaradas fora do prazo, a economia brasileira totalizou 1.825.382 postos de trabalho formail. É o terceiro melhor resultado

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Gráfico 3Taxa de desocupação (%) de todas as regiões pesquisadas – 2008/2011

Fontes: IBGE–Pesquisa Mensal de Empregos (PME); DPCTR.

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jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.

Gráfico 4Evolução do emprego celetista – sem ajustes – jan. 2008-ago. 2011

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) – Lei n° 4.923/65.

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ArtigosIrailton Silva Santana Junior, Jamilly D. dos Santos

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na série do Caged entre os anos de 2003 e 2011, sendo menor apenas que os ocorridos em 2010 (2.195.370) e em 2008 (1.940.602) (BRASIL, 2011).

Não obstante a redução de 36,3% no emprego formal na comparação anual entre os meses de agosto, e recuo de 16,8% no confronto entre o acumulado do ano de 2010 em relação a 2011, o ministro do trabalho Carlos Lupi tem resistência em admitir que há desaceleração no mercado de trabalho. Para o ministro há uma diminuição, não uma desaceleração. Para ele, há desaceleração quando você tem índices negativos. Lupi completa afirmando que o Brasil continua a ter números positivos mês a mês, dife-rente dos Estados Unidos, por exemplo, que tem criação zero de emprego (LUPI..., 2011).

De acordo com as informações do Caged, no recorte regional, a Região Metropolitana de Salvador apresentou saldo de 30.401 postos de trabalho, o que equivale ao sétimo saldo de emprego entre as regiões metropoli-tanas no acumulado de 2011. Já para as demais RM foram verificados os seguintes resultados: Recife (32.816), Curitiba (44.962), Porto Alegre (47.158), Belo Horizonte (68.530), Rio de Janeiro (91.451) e São Paulo (256.641) (SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 2011).

Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME/IBGE), o rendimento médio real habitual da população ocupada em agosto de 2011 ficou em R$ 1.629.40 no conjunto das seis regiões, o mais alto patamar da série histórica, apre-sentando expansão de 0,5% na comparação mensal. Por

outro lado, na comparação com o mesmo mês do ano anterior ocorreu aumento de 3,2% no poder de compra.

O rendimento médio real habitual dos trabalhadores na análise regional, em relação a julho de 2011, aumentou no Recife (1,8%) e no Rio de Janeiro (3,8%), e teve redução em Salvador (1,4%), Belo Horizonte (0,8%), São Paulo (0,5%) e Porto Alegre (1,1%). Frente a agosto de 2010, cinco regiões tiveram elevação no rendimento: Salvador (4,5%), Belo Horizonte (3,5%), Rio de Janeiro (7,5%), São Paulo (0,8%) e Porto Alegre (3,8), com recuo apenas na Região Metropolitana de Recife (1,0%) (PESQUISA MENSAL DE EMPREGOS, 2011).

CoNSIDERAçõES FINAIS

O segundo trimestre de 2011 indicou um crescimento de 0,8% do PIB em relação ao trimestre imediatamente anterior, e de 3,1% comparativamente ao segundo trimestre de 2010. Nota-se que realmente o Brasil continua cres-cendo, mas com uma taxa mais baixa, isto é, há uma desa-celeração no crescimento. Contudo, cabe destacar que as taxas mais elevadas em 2010 têm relação direta com a base fraca que se tinha em 2009, em virtude da crise.

O setor industrial, por sua vez, vem crescendo com força desde fevereiro de 2010 e alcançou um pico em abril, quando cessaram os incentivos tributários; houve pequenas quedas sucessivas em maio, junho e julho, e a partir de então uma quase estabilidade até março de 2011. No entanto, nota-se que o bom começo de ano da

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Gráfico 5Rendimento médio real habitual da população ocupada (a preços de agosto de 2011) – jan. 2009-ago. 2011

Fontes: IBGE, DPCTR, IBGE–PME.

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indústria brasileira não foi disseminado por todos os setores. O setor industrial, em julho de 2011, apresentou avanço de 0,5% em comparação com o mês imediata-mente anterior, após registrar queda em janeiro (1,6%).

Em relação à agricultura, para 2011, o aumento da produ-tividade e safras maiores marcam o campo brasileiro. A oitava estimativa para a safra nacional de cereais, legu-minosas e oleaginosas indica uma produção da ordem de 159,0 milhões de toneladas, superior em 6,3% à safra recorde de 2010 (149,6 milhões de toneladas) e 0,1% maior que a estimativa de julho. Já a área a ser colhida em 2011, de 48,8 milhões de hectares, apresenta acrés-cimo de 4,9%, frente à área colhida em 2010 e manteve--se estável em relação à estimativa de julho.

A despeito dos últimos aumentos mensais na taxa de desocupação em 2011, a taxa mantém-se num nível histo-ricamente baixo, fechando a média dos oito primeiros meses em 6,2%, abaixo dos 7,2% registrados em 2010 para o mesmo período. O saldo de empregos com carteira assinada cobertos pela CLT também colaborou para a melhora no mercado de trabalho.

O desempenho da atividade econômica ao longo de 2011 atrela-se ao controle inflacionário proposto pelo governo, que não irá deixar de adotar medidas restritivas para conter a inflação, induzindo, dessa forma, o arrefe-cimento da demanda agregada.

REFERêNCIAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Indicadores Econômicos Consolidados. Brasília, 2011a. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?INDECO>. Acesso em: 1 set. 2011.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Comitê de Política Monetária - COPOM. Brasília, 2011b. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?COPOM>. Acesso em: 9 set. 2011.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. CAGED. Brasília: MTE, [2011]. Disponível em: <http://www.mte.gov.br>. Acesso em: 23 set. 2011.

LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. Pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras agrícolas no ano civil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/default.shtm >. Acesso em: 11 set. 2011

LUPI não reconhece desaceleração no mercado de trabalho. UOL, Brasília, 14 set. 2011. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2011/09/14/lupi--nao-reconhece-desaceleracao-no-mercado-de-trabalho.jhtm>. Acesso em: 23 set. 2011.

PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/industria/pimpfbr/pim-pf--br_201107caderno.pdf>. Acesso em: 2 Set.2011.

PESQUISA MENSAL DE EMPREGOS. Rio de Janeiro: IBGE, [2011]. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/pme_201108pubCompleta.pdf>. Acesso em: 23 set. 2011.

PESQUISA MENSAL DE COMÉRCIO. Rio de Janeiro: IBGE, [2011]. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/esta-tistica/indicadores/comercio/pmc/pmc_201107caderno.pdf>. Acesso em: 23 set. 2011.

PIM-PF Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000404.pdf>. Acesso em: 8 jun. 2011.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Bahia registra saldo de emprego formal superior a 75 mil empregos nos oito primeiros meses de 2011. Salvador: SEI, 2011. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br/images/releases_mensais/pdf/caged/rel_CAGED_ago11.pdf>. Acesso em: 23 set.2011.

SOARES, Pedro. Desemprego em 2010 fica em 6,7%, menor taxa desde 2002. Folha.com, Rio de Janeiro, 27 jan. 2011. Mercado. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/866649-desemprego-em-2010-fica-em-67-menor-taxa-desde-2002.shtml >. Acesso em: 24 mar. 2011.

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ArtigosIrailton Silva Santana Junior, Jamilly D. dos Santos

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Conjuntura recente do mercado de trabalho da Região Metropolitana de Salvador

Luís Abel da Silva Filho*

* Mestre em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Pesquisador do Observa-tório das Metrópoles, núcleo da UFRN; professor do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (Urca). [email protected]

A dinâmica econômica dos anos 2000 tem assegurado relativo desempenho ao mercado de trabalho brasileiro. Com a melhora dos indicadores macroeconômicos do país, sobretudo a partir do final de 2003 (DEDECCA; ROSANDISK, 2006; REMY; QUEIROZ; SILVA FILHO, 2010), tem se registrado elevação na contratação de trabalhadores formais em detrimento daqueles sem vínculos empre-gatícios (LEONE; BALTAR, 2010). Para tanto, o quadro de relativa melhora do mercado de trabalho tem se traduzido desde o início dos anos 2000, tendo apresentado saldo de vagas positivo em todo o país (REMY; QUEIROZ; SILVA FILHO, 2010), no Nordeste (SILVA FILHO; QUEIROZ, 2011) e no estado da Bahia (SILVA FILHO et al, 2010), objeto deste estudo.

Diante disso, este artigo tem como objetivo observar a criação e o perfil dos postos de trabalho nos anos de 2000 e 2010. O recorte geográfico limita-se à Região Metropolitana de Salvador (RMS), em razão das elevadas taxas de desemprego aberto já registradas nesse século, mesmo diante de um quadro de relativa melhora, e por esta ser a maior área metropolitana do Nordeste brasileiro. Como instrumentos empíricos utilizaram-se dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), além de uma revisão de literatura pautada na conjuntura econômica nacional e no desempenho do mercado de trabalho.

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Artigos

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Para atingir o objetivo proposto pelo estudo, o artigo está assim estruturado: além das considerações iniciais, na segunda seção descreve-se o panorama da conjun-tura econômica do país nos anos 2000 e sua interação no mercado de trabalho nacional; na terceira seção, apresentam-se as evidências empíricas do mercado de trabalho da grande Salvador e o perfil dos postos de trabalhos criados; e, por último, fazem-se algumas considerações finais.

DINÂMICA ECoNôMICA E MERCADo DE TRAbALHo NoS ANoS 2000

A chegada do século XXI desencadeou expectativas de grandes transformações no cenário econômico brasileiro. Depois das últimas décadas de estagnação da economia, a esperança da volta ao crescimento econômico do país apresentava-se com relativa estabilidade inflacionária e com relativa melhora no balaço de pagamentos. Por um lado, a necessidade de expansão da economia no mercado externo tornava-se evidente, como forma de equilibrar a balança comercial; por outro, a necessidade da elevação do consumo interno era iminente no país.

No entanto, assistiram-se ainda no início do século a dois fatos de grande relevância para a economia brasileira: na conjuntura interna, a crise de energia em 2001 provocou redução efetiva do crescimento econômico do país (REMY; QUEIROZ; SILVA FILHO, 2010); no cenário externo, o ataque terrorista aos Estados Unidos, em setembro de 2001, deixou o mundo em alerta aos fatos, provocando a forte tensão econômica desencadeada em todo o mundo. Os resultados desses acontecimentos traduziram-se em baixas taxas de crescimento dos indicadores macroeconô-micos nacionais nos primeiros anos da década de 2000.

Os resultados mais consistentes de recuperação da economia brasileira ocorreram a partir do final de 2003 (DEDECCA; ROSANDISKI, 2006). Observaram-se melhora

na taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país e relativa recuperação da balança comercial (CINTRA, 2005). No entanto, esse desempenho foi provo-cado principalmente pela relativa elevação das exporta-ções do país, sem, contudo, refletir melhor desempenho do mercado interno, sendo este ainda de baixa partici-pação no consumo da produção nacional.

A partir de 2004, a elevação das exportações de commo-dities (CINTRA, 2005), adicionalmente à de produtos manufaturados (REMY; QUEIROZ; SILVA FILHO, 2010), permitiu saldos significativos da balança comercial, bem como a consolidação do crescimento econômico brasi-leiro na primeira década do século. A forte tendência do desempenho econômico nacional observada alimen-tava as expectativas de melhora das exportações com a elevação do quantum exportado e o aquecimento do mercado interno em virtude da elevação da contra-tação de trabalhadores formais, já observada desde o final de 2003.

Nos anos vindouros, continuou a se observar cresci-mento dos indicadores macroeconômicos do país e a elevação da contratação de trabalhadores formais, seja desencadeada pela demanda internacional por commo-dities e manufaturas, dentre outros, seja pela expansão do consumo interno, diante de maiores oportunidades assistidas no mercado de trabalho nacional. Todavia, os principais achados na literatura apontam para a criação de empregos mais precários em todo o país (CINTRA, 2005), mesmo diante de maior formalidade dos postos de trabalho nacional (LEONE; BALTAR, 2010; SILVA FILHO; QUEIROZ, 2011).

No Nordeste, essas evidências estão sobremaneira acen-tuadas, em virtude da maior vulnerabilidade da mão de obra no mercado de trabalho, bem como pela existência de uma ação sindical menos atuante e mais omissa nas relações trabalhistas (SANTOS; MOREIRA, 2006; SILVA FILHO; QUEIROZ, 2011). Nessa região, os achados

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ArtigosLuís Abel da Silva Filho

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perpetuam as estatísticas históricas, sejam relacionadas ao menor dinamismo econômico, sejam desencadeadas pelo menor poder de barganha sindical.

Além do emprego precário, as elevadas taxas de desem-prego aberto, sobretudo no tecido metropolitano (SILVA FILHO; QUEIROZ, 2011), tanto nacional quanto regional, ainda transmitem a insegurança no mercado de trabalho e a forte vulnerabilidade em que se encontra o assala-riado nesse século. Os postos de trabalho criados ainda são revestidos de fortes evidências daqueles observados nos anos de 1990. Os registros de baixos salários e de elevada rotatividade da mão de obra, além da discrimi-nação por sexo, nível de escolaridade e idade da força de trabalho, tornaram-se constantes. Ante isso, a seção que segue acompanha os registros do Caged na RMS, procurando observar nas evidências empíricas o discu-tido na literatura utilizada.

CRIAção LíQUIDA DE PoSToS DE TRAbALHo NA REGIão METRoPoLITANA DE SALVADoR – 2000/2010

A dinâmica macroeconômica brasileira antes apresen-tada torna-se visível com base nas evidências empíricas apresentadas no Gráfico 1. Nesse, pode-se perceber que a RMS foi beneficiada com a progressão econômica assis-tida nos anos 2000. No ano de 2001, os acontecimentos no cenário interno e externo1 repercutiram no mercado de trabalho da grande Salvador, sendo nesse ano o menor saldo de vagas observado ao longo da série. Observa-se também que o melhor desempenho do mercado de trabalho segue a tendência nacional e se traduz com maior intensidade a partir de 2004. Mesmo tendo-se registrado superávit na balança comercial de commo-dities já a partir de 2002, foi com elevação no quantum de manufaturados em 2004 que o mercado de trabalho respondeu com elevação nos contratos formais. A RMS saiu de um saldo de 5.746 novos postos de trabalho em 2003 e registrou 23.824 novas contratações em 2004.

1 No contexto interno pode-se destacar a crise de energia no ano de 2001; no cenário externo, assistiu-se aos violentos ataques terroristas aos EUA, provocando comoção e medo em todo o mundo.

Os resultados aqui captados mostram elevada oscilação na criação de postos de trabalho na grande Salvador. No ano de 2005, mais de 30.000 novas vagas foram criadas na RMS, tendo redução acentuadamente elevada no ano de 2006, quando foram registrados apenas 14.947 novos postos, menos que a metade do observado no ano anterior. Já nos últimos anos captados na série, observa-se tendência contínua. Em 2009, pós-crise, registrou-se 39.965 novas vagas, resultado suplantado apenas pelo ano de 2010, quando foram registradas 49.262 novas vagas, sendo esse o melhor desempenho observado em toda a série.

Na Tabela 1, é possível acompanhar os tipos de ocor-rências no que concerne à admissão e à demissão na RMS. No ano 2000, dos 187.172 contratados no mercado de trabalho da grande Salvador, 134.102 deles foram

No ano de 2001, os acontecimentos no cenário interno e externo repercutiram no mercado de trabalho da grande Salvador, sendo nesse ano o menor saldo de vagas observado ao longo da série

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Gráfico 1Saldo de vagas no mercado de trabalho – Região Metropolitana de Salvador – 2000-2010

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).

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Conjuntura recente do mercado de trabalho da Região Metropolitana de SalvadorArtigos

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admissão por reemprego, e destacaram-se 35.538 admi-tidos por primeiro emprego. Além disso, sobressaíram-se 17.532 em admissão por transferência.

Já no que concerne à demissão, o fenômeno demissão sem justa causa predominou acentuadamente na RMS. Em 2000, dos 175.520 desligados, 138.943 foram sem justa causa e somente 14.262 demissões foram a pedido. Tais evidências corroboram a tese da desregulamentação do mercado de trabalho brasileiro e a livre mobilidade do contratante em admitir e demitir com total liberdade (POCHMANN, 1999; DEDECCA, 1998; ANTUNES, 2005).

Em 2010, a admissão por reemprego formalizou 331.911 contratos entre os 393.066 assistidos na grande Salvador. Por outro lado, registraram-se 50.575 novas vagas de primeiro emprego no mesmo ano. Além disso, houve 206 empregos por reintegração e 10.374 contratos por tempo determinado.

Em relação às demissões, aquelas sem justa causa predominaram acentuadamente na grande Salvador.

Das 343.804 quebras de contratos, 248.590 foram sem justa causa em 2010. Nesse ano, o desligamento a pedido registrado assumiu 46.714 do total. Além disso, 33.103 das quebras de contratos foram por tempo determinado.

As evidências aqui explicitadas mostram a predomi-nância absoluta do desligamento sem justa causa, o que implica na vulnerabilidade da mão de obra no mercado de trabalho acentuadamente desregulamentado.

O Gráfico 2 apresenta destaque significativamente acen-tuado em dois dos segmentos aqui observados. Em 2001, o Comércio e a Construção Civil sobressaíram-se na criação de vagas no mercado de trabalho da grande Salvador. No mesmo ano, somente a Agropecuária apre-sentou queima de postos de trabalho, sendo essa de sete vagas. Os demais setores apresentaram saldo positivo, mesmo sabendo-se que, do saldo de 11.652 vagas naquele ano, 7.963 concentraram-se no Comércio e 3.390 na Construção Civil.

Em 2010, assiste-se a alavancagem do setor de serviços como aquecedor do mercado de trabalho da RMS, além da Construção Civil, que se mostrou forte concorrente na criação de novas vagas no mercado de trabalho. Naquele ano, dos 49.262 novos postos registrados pelo Caged, 20.190 foram criados no setor de Serviços, que havia registrado apenas 2.182 vagas em 2000, seguido da Construção Civil, que obteve desempenho de 16.785 novos postos de trabalho. O desempenho da Construção

Tabela 1Número de trabalhadores admitidos e desligados segundo o tipo de admissão e demissãoRegião Metropolitana de Salvador – 2000/2010

Tipo de admissão e/ou demissão

2000 2010

Adm. Des. Adm. Des.

Admissão por primeiro emprego 35.538 - 50.575 -Admissão por reemprego 134.102 - 331.911 -Admissão por reintegração - - 206 -Contrato de trabalho por prazo determinado - - 10.374 -Admissão por transferência 17.532 - - -Desligamento por demissão sem justa causa - 138.943 - 248.590Desligamento por demissão com justa causa - 1.463 - 3.110Desligamento a pedido - 14.262 - 46.714Desligamento por término de contrato - - - 33.103Desligamento por aposentadoria - 513 - 329Desligamento por morte - 484 - 810Término de contrato de trabalho por prazo determinado - - - 11.148Desligamento por transferência - 19.855 - -Total 187.172 175.520 393.066 343.804Saldo 11.652 49.262

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Caged/MTE.

25.000

20.000

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5363.390

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-7

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16.785

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20.190

0-134

Ind. C. civil Com. Ser. Agr. IGN

2000 2010

Gráfico 2Saldo de vagas segundo o setor de atividade econômicaRegião Metropolitana de Salvador – 2000-2010

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Caged/MTE.

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ArtigosLuís Abel da Silva Filho

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Civil pode ter sido desencadeado, sobretudo, pela ação das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), e também em razão da elevação do número de casas construídas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, ambas iniciativas do governo federal. Tudo isso permitiu a esse setor responder pela 2ª colocação na criação de empregos formais na grande Salvador no ano de 2010.

Como mostra o Gráfico 3, no ano 2000 observou-se que as novas oportunidades de empregos foram registradas apenas no microestabelecimento (aqueles que empregam até 19 trabalhadores, além daqueles ignorados) Nos demais se observou queima de postos de trabalho no mesmo ano, sendo mais acentuada para o estabeleci-mento de grande porte.

Em 2010, houve saldo de vagas nos estabelecimentos de todos os portes aqui classificados2. Todavia, o micro foi líder absoluto com a criação de novos empregos formais, haja vista que, de um registro de 49.262 vagas criadas, 32.849 foram nos estabelecimentos de microportes. Além disso, o pequeno estabelecimento respondeu por 9.325 novas vagas no mesmo ano. Seja resultado da

2 Para fins de análise, considera-se microestabelecimento aquele que emprega até 19 trabalhadores; pequeno, aquele de 20 até 99 empregados; médio, aquele de 100 a 599; e grande, aquele com 500 ou mais trabalhadores (Classificação do SEBRAE).

desverticalização da produção, seja pelo incentivo do Simples Nacional, é nos menores estabelecimentos que se registra a maior criação de empregos formais na RMS, tendência observada nacionalmente.

Em relação ao sexo dos ocupados nas novas vagas criadas, tanto em 2000 quanto em 2010 os homens foram maioria absoluta. O Gráfico 4 mostra que, em 2000, das 11.652 vagas criadas, 9.936 foram ocupadas por trabalha-dores do sexo masculino. Já as mulheres ocuparam 2.161 vagas criadas no mesmo ano. As evidências empíricas mostram que, mesmo diante da necessidade de maior inserção da mulher no mercado de trabalho, por elas serem em muitos casos as chefes de família (LEONE, 2010) ou por necessitarem de maior autonomia, diante da luta por igualdade de direitos (ARRAES; QUEIROZ; ALVES, 2008), elas ainda são minoria no mercado de trabalho em todo o país, com fortes evidências na grande Salvador.

Em 2010, os homens ocuparam 36.386 empregos nas novas vagas criadas, e as mulheres detiveram apenas 12.876 postos. Essa disparidade acentuada ratifica a forte discriminação do mercado de trabalho no Brasil, espe-cificamente na grande Salvador, mesmo sabendo que a construção civil foi responsável por número elevado de novos postos e por ser esse setor caracteristicamente determinante na criação de empregos masculinos, haja vista que nessa atividade predomina, sobremaneira, a força física.

35.000

30.000

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0

-5.000

-10.000

%

2000 2010

Micro Pequeno Médio Grande Ignorado

20.419

1.608

32.849

9.325

3.512 3.576

0-79

-3.321

-6.975

Gráfico 3Saldo de vagas segundo o porte do estabelecimento na Região Metropolitana de Salvador – 2000-2010

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Caged/MTE.

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0

-10.000

%

2000 2010

Masculino Feminino Ignorado Total

9.936

2.161

11.652

36.386

12.876

0

49.262

-445

Gráfico 4Saldo de vagas segundo o sexoRegião Metropolitana de Salvador – 2000-2010

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Caged/MTE.

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Conjuntura recente do mercado de trabalho da Região Metropolitana de SalvadorArtigos

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Em relação à idade dos ocupantes da totalidade dos novos postos de trabalho criados em 2000, os trabalhadores tinham até 29 anos. O Gráfico 5 indica que para as demais faixas etárias registrou-se queima de postos de trabalho no mesmo ano. Destaque-se, portanto, que, nesse ano, as novas vagas foram ocupadas, sobremaneira, por jovens com idade entre 18 e 24 anos. Com isso, ratifica--se a discriminação contra a mão de obra de idade mais avançada no mercado de trabalho da grande Salvador.

Em 2010, os novos postos de trabalhos, em maioria absoluta, foram ocupados por jovens com idade entre 18 e 24 anos. Além disso, nesse ano, apenas as faixas de 50 a 64 e 65 ou mais anos apresentaram queima de

postos de trabalho. Quanto à discriminação por idade, observou-se melhora nesse ano. Tal resultado pode ser justificado pelo bom desempenho da construção civil na criação de empregos formais na RMS. Nesse setor, como o trabalho é, em sua grande maioria, braçal, os postos de trabalhos podem ter sido ocupados por pessoas com menor nível de instrução e idade mais avançada, care-cendo, contudo, de maior investigação para ratificar a hipótese aqui levantada.

Já no que se refere à escolaridade, observou-se concen-tração para a força de trabalho com 2º grau completo, como mostra o Gráfico 6. Em 2000, mais da metade das vagas criadas foram ocupados por trabalhadores com o

30.000

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0

-5.000

%

2000 2010

Ate 17 18 a 24 25 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 64 65 ou mais Ign.

3821.763

13.140

28.313

2.094

10.067

-306

7.787

-1.624

2.433

-1.411 -693 -146 -408 -4770

Gráfico 5Saldo de vagas segundo a faixa etária – Região Metropolitana de Salvador – 2000-2010

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Caged/MTE.

40.000

35.000

30.000

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0

-5.000

%

2000 2010

Analf. Até 5. A inc. 5. A co. fund. 6. A 9. fund. Fund. com. Méd. inc. Méd. com. Sup. inc. Sup. com. Ign.

-99 170 849 -351 141 563 621

4.698

1.515 2.5601.196

2.892

6.238

35.202

526 325 1.0313.203

-366 0

Gráfico 6Saldo de vagas segundo o nível de escolaridade – Região Metropolitana de Salvador – 2000-2010

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Caged/MTE.

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ArtigosLuís Abel da Silva Filho

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referido nível de escolaridade. Além disso, houve queima de vagas para analfabetos no mesmo ano.

Em 2010, dos 49.262 postos de trabalho criados, 35.202 foram ocupados por trabalhadores com o 2º grau completo. Observa-se forte concentração de vagas para a força de trabalho com melhor nível de escolari-dade. Mesmo não sendo condição suficiente, ela vem se tornando necessária para adquirir uma vaga no mercado de trabalho brasileiro. A grande Salvador tem notificado os mesmos aspectos observados no restante do país.

Em relação aos salários ofertados pelos novos contratos de trabalhos, o Gráfico 7 nos mostra que houve forte concentração na faixa de até 1 salário mínimo (SM) e entre 1 e 2 SM. Na verdade, tanto em 2000 quanto em 2010, o saldo foi notadamente concentrado nessas faixas. Além disso, assistiu-se à queima de postos de trabalho para as demais faixas de remuneração, em ambos os anos analisados.

Esses resultados asseguram a tese de precarização dos postos de trabalho brasileiros, que se traduz em baixos salários e na eliminação de vagas com melhor nível de remuneração. Consequentemente, as vagas criadas na grande Salvador seguiram a tendência nacional e concentraram-se nas faixas que remuneravam em até 2 SM, tendo as demais queimado postos de trabalhos nos dois anos em tela.

CoNSIDERAçõES FINAIS

Este artigo teve como objetivo observar o comportamento do mercado de trabalho da Região Metropolitana de Salvador, no que concerne à capacidade de criar novos postos de trabalhos formais e ao perfil dos mesmos. Com isso, observou-se saldo de vagas positivo nos dois anos analisados, 2000 e 2010.

No que concerne aos contratos de trabalhos, observou-se o reemprego com liderança absoluta tanto em 2000 quanto em 2010. Merece também destaque o contrato em primeiro emprego, que atingiu relativa dimensão nesse período. Já no que se refere à demissão, os resultados encontrados corroboram a literatura vigente e denunciam a elevada quebra de contratos sem justa causa na grande Salvador.

Os resultados constatados permitem inferir o bom desem-penho da construção civil e do setor de serviços, sobre-tudo no ano de 2010, como fortes propulsores na criação de novos contratos formais de trabalho. Além disso, o microestabelecimento, em todos os anos consultados, liderou com maioria absoluta a criação de vagas na grande Salvador. Adicionalmente, os postos de trabalho criados foram, em sua grande maioria, ocupados por homens nos dois anos analisados.

Destacaram-se a força de trabalho com idade até 29 anos, em 2000, e, em menor proporção, aqueles com idade

40.000

35.000

30.000

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0

-5.000

%

2000 2010

Até 1 SM Mais de 1 a 2 SM Mais de 2 a 5 SM Mais de 5 a 10 Mais de 10 a 20 Mais de 20 SM Ign.

6.259

21.589

11.135

35.111

-2.024-3.776 -2.016 -2.349 -438 -408 -1.333 -1.468 -369 155

Gráfico 7Saldo de vagas segundo a faixa de remuneração – Região Metropolitana de Salvador – 2000-2010

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Caged/MTE.

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até 49 anos em 2010, sendo, sobremaneira, registrada a grande maioria com idade até 29 anos também nesse ano. Adicionalmente, os novos postos de trabalho criados tanto em 2000 quanto em 2010 foram ocupados por trabalha-dores com 2º grau completo, em sua grande maioria, e com remuneração de até 2,0 salários mínimos. Além do mais, assistiu-se à queima de postos de trabalho que remune-ravam nas melhores faixas salariais nos dois anos em tela.

Ante isso, propõe-se a criação e implementação de polí-ticas de emprego que possam melhorar a qualidade dos postos de trabalho e reduzir, sobremaneira, os elevados índices de demissão sem justa causa observados na grande Salvador. Destarte, esse fato carece de maior atenção dos órgãos de defesa do trabalhador, como também maior integração entre esses e as empresas que contratam mão de obra na RMS.

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ArtigosLuís Abel da Silva Filho

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Desindustrialização no Brasil: mitos, verdades e riscos

Fernando Augusto Mansor de MattosMestre e doutor em Economia pela Universidade de Campinas (Unicamp).

Pesquisador-visitante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

O processo de valorização cambial ocorrido nos últimos anos (exceto durante o auge da crise de 2009 e em agosto e setembro deste ano de 2011) no Brasil, ao mesmo tempo em que as nossas contas em transações correntes do balanço de pagamentos apontam crescente deterioração, deu ensejo a um debate acerca da desindustrialização no país.

Existem diversas formas de medir o complexo fenômeno da desindustrialização. Uma delas é avaliá-lo com base na evolução da participação do (Produto Interno Bruto) PIB do setor manufatureiro no PIB total; outra forma é avaliar a participação de produtos manufaturados de alta e média tecnologia na pauta de exportações ou, então, comparar a participação de produtos de um determinado país no conjunto de produtos de alta tecnologia exportados na economia mundial. Há também estudos que avaliam simplesmente a participação do emprego industrial no conjunto da ocupação. Todos eles possuem restrições metodológicas1, de tal forma que, tomando-se qualquer um

1 Por exemplo: a queda da participação do emprego industrial no conjunto da ocupação não revela necessariamente uma redução da importância dessas atividades no conjunto da atividade produtiva, pois a produtividade nessas atividades tende a crescer mais do que nos demais setores e, assim, é perfeitamente possível – e inclusive muito habitual – que períodos de redução do peso relativo do emprego na indústria sejam acompanhados de aumento da participação da produção industrial na produção total; de todo modo, também o aumento ou manutenção da participação do produto industrial na produção total da economia pode ocorrer ao lado de pouco dinamismo da mesma como um todo (PIB) e/ou ainda de um crescimento da produtividade das atividades industriais em comparação com o crescimento da produtividade dos parceiros comerciais do país. Também pode ocorrer que uma redução da participação dos bens manufaturados na pauta exportadora signifique simplesmente um aumento mais rápido da exportação de produtos primários ou de serviços em relação aos manufaturados, sem que estes últimos apontem para uma redução de exportação em termos absolutos (de todo modo, em casos como este – que parece ser a situação recente do Brasil – pode surgir uma tendência de valorização da taxa de câmbio, com efeitos perversos no curto ou no longo prazo para as atividades manufatureiras, tanto no mercado interno quanto na própria pauta de exportações – ou em ambos).

deles isoladamente, pode-se incorrer em análises errôneas ou imprecisas, eventualmente levando à adoção de polí-ticas industriais equivocadas. Todos esses indicadores são importantes e deveriam ser avaliados em conjunto, para se poder traçar um diagnóstico mais acurado acerca do processo. Às autoridades econômicas do país cabe avaliar esses fatores em conjunto, de forma a evitar a desindustria-lização, promover o desenvolvimento econômico e manter a competitividade externa da economia.

Antes de analisar sucintamente alguns desses indica-dores para o caso recente do Brasil, cabe perguntar: por que a atividade industrial (manufatureira) é tão importante para o desenvolvimento econômico? Fundamentalmente, a importância da indústria na estrutura produtiva de um país reside no fato de que é nas suas atividades que ocorrem os ganhos de produtividade que são poste-riormente espalhados por todas as demais atividades econômicas, não só da própria estrutura industrial, mas também nas atividades do setor primário (por exemplo: a entrada de máquinas e equipamentos na atividade agropecuária e/ou nas atividades extrativas permite que nestas também ocorram ganhos de produtividade) e nas atividades do setores de serviços e de comércio. Ademais, a produção de novos bens no setor manufatu-reiro cria atividades no setor terciário, como, por exemplo, a simples comercialização desses bens ou o surgimento de serviços de apoio à produção industrial. Dessa forma, ao promover ganhos de produtividade (produzir mais por unidade de trabalho ou produzir mais por unidade de tempo, ou por uma combinação de ambas), o setor manufatureiro, dinâmico por excelência, gera também empregos em outras áreas do próprio setor industrial e em atividades dos setores primário e terciário da economia.

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Ponto de vista

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O aumento cada vez mais rápido da renda permite à socie-dade progredir materialmente. É por meio dos ganhos de produtividade que os salários reais dos trabalhadores de toda a economia podem crescer sem pressionar a inflação, promovendo a ampliação do consumo de bens e serviços. O bem-estar geral criado por esse processo de ganhos de produtividade dependerá da capacidade da atividade econômica em geral de mantê-los ou ampliá--los, e será função também da maneira pela qual eles serão distribuídos socialmente. A repartição dos ganhos econômicos gerados pela atividade produtiva dependerá de fatores sociopolíticos de cada sociedade, em cada momento histórico. A experiência histórica comparada ensina que, também por este aspecto, a presença da indústria é fundamental, pois geralmente é em torno de suas atividades que o movimento sindical organiza--se de forma mais robusta para reivindicar a repartição dos ganhos de produtividade social gerados pelo cresci-mento econômico. Por fim, mas não menos importante, deve-se também lembrar que a atividade manufatureira e, em particular, os ganhos de escala2 e de produtivi-dade que ela gera representam fatores decisivos para incrementar a competitividade externa das economias e, assim, disputar (ou gerar) mercados no cenário inter-nacional, mediante o aumento da participação nacional nas exportações mundiais.

É importante lembrar que um país com um setor expor-tador competitivo desfruta da mais eficiente maneira de obter divisas internacionais, pois as receitas em moeda estrangeira provenientes de exportações não exigem contrapartidas de desembolsos posteriores, como é o caso dos investimentos externos diretos ou dos emprés-timos tomados no exterior, que aumentam o passivo externo do país e exigem remuneração (também em moeda estrangeira, naturalmente) no futuro. Portanto, também no caso da concorrência externa é decisivo para qualquer país possuir um setor industrial em contínua

2 Os ganhos de escala ou retornos crescentes de escala ocorrem quando o crescimento da produção vem acompanhado de diminuição do custo unitário de produção. Os retornos crescentes de escala podem ser definidos como retornos crescentes estáticos, quando se relacionam ao tamanho e à escala das unidades de produção, ou retornos (ou rendimentos) crescentes dinâmicos, assim chamados quando derivam de acumulação de conhecimento, de economias externas da produção (como as decorrentes do desfrute de melhor infraestrutura logística, por exemplo) ou ainda do progresso técnico induzido pela aprendizagem.

transformação tecnológica e incorporação de progresso técnico. Deve-se lembrar, ainda, que as exportações, além do efeito direto em relação à demanda para a atividade econômica, também têm um efeito indireto, pois permitem que todos os outros componentes da demanda possam crescer mais depressa do que acon-teceria se não houvesse a situação do rápido cresci-mento das exportações3.

Historicamente, o processo de desenvolvimento econô-mico da Humanidade mostrou-se mais veloz e robusto a partir da primeira e, principalmente, da segunda revo-lução industrial. Foi a partir da revolução industrial que os ganhos de produtividade da atividade produtiva ocor-reram com maior rapidez e que as diferenças de renda per capita entre os países mais se ampliaram, justamente porque alguns tiveram maior êxito do que outros na forma como incorporaram e promoveram ganhos de progresso técnico e ampliaram a dimensão da estrutura produtiva manufatureira. Basta lembrar dados estudados pelo eminente historiador econômico Angus Maddison que mostram, por exemplo, que, nos países que formam a Europa Ocidental, o crescimento médio anual da renda per capita entre os anos 1000 e 1820 foi de apenas 0,15%, enquanto no período 1820-1998 foi de 1,5%. Esse autor também mostrou, em seus trabalhos seminais, que, entre 1820 e 1998, a renda per capita média dos países atualmente chamados de desenvolvidos multiplicou-se 19 vezes, enquanto nos países subdesenvolvidos4 a renda per capita multiplicou-se apenas 5,5 vezes.

O processo de desenvolvimento econômico gera mudanças da composição setorial do PIB, medida pela participação do setor primário, do secundário e do terciário no conjunto da produção. Nas socie-dades pré-capitalistas, a participação do que hoje chamamos de setor primário e setor terciário (este com modestas formas de atividades mercantis ou serviços pouco sofisticados) eram predominantes. À medida

3 As importações feitas com as divisas trazidas pelas exportações podem muitas vezes trazer componentes de oferta muito importantes para a conti-nuidade do crescimento econômico (por exemplo, bens de capital; ou bens intermediários cuja produção no mercado interno não seja suficiente), promovendo novas possibilidades de gerar ganhos de produtividade por toda a atividade econômica.

4 Conjunto dos países da América Latina, África, Ásia – exceto Japão – e Europa do Leste.

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Ponto de vistaFernando Augusto Mansor de Mattos

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que se instala o setor manufatureiro, ele tende não só a ganhar participação no produto interno bruto, como também a transformar a composição das atividades dos demais setores, além do próprio setor manufatu-reiro, que paulatinamente passa a incorporar atividades manufatureiras mais sofisticadas em termos tecnoló-gicos. À medida que se completa essa incorporação, o setor secundário tende novamente a perder partici-pação, mas desta vez deixando como legado um setor terciário mais diverso e sofisticado (cujas atividades, em sua maior parte, atendem ao próprio processo de desenvolvimento industrial) e um setor primário que muitas vezes emprega modesto percentual de mão de obra e baixa participação no produto total da economia, embora muitas vezes produzindo alimentos em abundância para a população (e eventualmente até mesmo para exportação) e matérias-primas para outros setores de atividade. Em muitos casos, porém, pode acontecer de o setor manufatureiro começar a perder participação antes que tenha sido atingido esse estágio de maturidade da economia capitalista, ou seja, pode ocorrer perda de peso relativo da participação industrial quando a renda per capita da economia em questão ainda se encontrar em patamar inferior ao das economias mais desenvolvidas daquele momento.

O que é preocupante em uma economia capitalista é justamente o risco de que a perda de participação do setor manufatureiro (medida segundo qualquer ponto de vista) ocorra antes que sua renda per capita esteja entre as mais elevadas do mundo.

É nesse sentido que, antes de tudo, a realidade brasileira deve ser interpretada. Olhando-se de uma perspectiva histórica comparada em âmbito internacional, a traje-tória brasileira é decepcionante. Tomando-se o intervalo de tempo entre 1980 e 2007, no grupo de países dado por Coreia do Sul, China, Brasil, Argentina, Alemanha e EUA, houve, nos quatro últimos, queda da participação da indústria no PIB. Na Alemanha (queda de 40% para 35% na participação do PIB industrial no PIB total5)

5 Registre-se que nem por isso a economia alemã deixou de ser uma das principais exportadoras mundiais de manufaturados, notadamente os manufaturados de maior valor agregado e grau mais elevado de conteúdo de alta tecnologia.

e nos EUA (queda de 33% para 24%)6 esse fenômeno começa a ocorrer enquanto suas respectivas rendas per capita saltavam de US$ 23 mil7 para quase US$ 35 mil, no primeiro caso, e de US$ 28 mil para cerca de US$ 45 mil no caso dos americanos. Já no caso brasi-leiro, o conjunto das atividades industriais caiu de cerca de 40% do PIB para pouco menos de 30% no período em tela, enquanto a renda per capita brasileira subiu de US$ 6,5 mil para menos de US$ 10 mil. E no caso argentino, o peso da indústria na renda nacional caiu de 42% para 32% entre 1980 e 2007, enquanto sua renda per capita claudicava de US$ 12 mil para US$ 14 mil. Alternativamente, na Coreia do Sul a participação do PIB industrial cresceu de 37% para 39%, enquanto sua renda per capita saltava de 6 mil para 25 mil dólares. Na China, no mesmo período, a participação do setor manufatureiro no PIB subiu de 45% para 47%, enquanto sua renda per capita mais do que dobrava: saltava de menos de 3 mil para mais de 6 mil dólares.

Tanto no Brasil quanto na Argentina, a queda de partici-pação do PIB industrial ocorreu numa época de ascensão hegemônica do neoliberalismo, perda de dinamismo econômico, inflação altíssima e persistente (e hiperin-flação aberta, no caso argentino) e queda dos salários reais. Contrastando com os exemplos asiáticos, nos quais, notadamente a partir dos anos 1980, foram adotadas políticas desenvolvimentistas conduzidas pelos respec-tivos Estados Nacionais, com incentivos à produção industrial, aumento do peso dos gastos com pesquisa e desenvolvimento e com educação básica e superior em relação ao PIB, investimentos públicos em infraestrutura e, mais recentemente, crescente regulamentação dos mercados financeiros nacionais, controles das taxas de câmbio e manutenção de câmbio desvalorizado para favo-recer as exportações. Um dos resultados mais promis-sores – tomando-se especialmente o caso chinês – foi a ampliação da parcela de produtos manufaturados de alto

6 No caso dos EUA, de todo modo, não obstante o fenômeno ter ocorrido em um estágio de desenvolvimento que se pode considerar “maduro”, o fenômeno da queda de participação da indústria no PIB tem sido consi-derado, por vários autores de truz, como um dos principais elementos explicativos para a crise recente e para o aumento da desigualdade no país. Cf. textos recentes de James Galbraith, Nouriel Roubini , Joseph Stiglitz, entre outros.

7 Todos os dados aqui citados referem-se a valores de paridade de poder de compra em dólares de 2007.

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valor agregado na produção interna e também no que se refere a sua presença na pauta exportadora, conforme aponta estudo recente de Mattos e Carcanholo (2011)8. Nesse estudo, os autores também mostram que a parti-cipação dos produtos primários na pauta exportadora brasileira ganhou 10 pontos percentuais entre 1990 e 2008, enquanto o peso das exportações de manufatu-rados de média tecnologia perdia espaço. Dados mais recentes (de 2010 e 2011) revelam que essa mudança de perfil continua em curso, ampliando-se a deterioração do perfil exportador, agora também com perda de parti-cipação de manufaturados de alto conteúdo tecnológico na pauta exportadora. Esse trabalho, confirmado por dados dos últimos meses, revela que a trajetória recente da pauta de comércio exterior do Brasil tem sido frontal e aceleradamente afetada pelas exportações chinesas, que têm promovido redução da participação dos produtos brasileiros no consumo aparente de nossa economia ao mesmo tempo em que têm deslocado exportações brasileiras em terceiros mercados – sintomas típicos de desindustrialização, embora a participação do PIB industrial na renda nacional ainda não esteja apontando queda significativa9.

8 Cf. artigo intitulado “Evolução recente do perfil das relações comerciais chinesas com o Brasil, Argentina e Chile”, em livro organizado por Marcos Cordeiro Pires e Luís Antônio Paulino, intitulado “As relações entre a China e a América Latina num contexto de crise”, editado pela LCTE Editora.

9 Os períodos de maior perda de participação do PIB industrial no Brasil deram-se no início dos anos 1990 e depois, quando houve uma nova mudança para um patamar ainda mais baixo, em meados da última década do século passado, na condução da política econômica ultra-neoliberal do Plano Real.

Todas as evidências históricas e as mais recentes revelam um quadro preocupante para a atividade industrial brasileira, o que não tem passado desper-cebido por nossas atuais autoridades econômicas. Na verdade, o processo de desindustrialização vem ocorrendo pelo menos desde os anos 1980, e não foi enfrentado, inicialmente, por causa das dificuldades de gestão de política econômica daquele período. A partir dos anos 1990, porém, não o foi por convicções das autoridades econômicas da época de que o fenômeno não deveria ser interpretado como algo problemático. Medidas como as incluídas no recentemente lançado Plano Brasil Maior são importantes, mas é preciso, antes de mais nada, enfrentar a deficiente infraes-trutura, o câmbio valorizado e os juros elevados para que a indústria brasileira seja recolocada na senda do desenvolvimento.

Não deixa de ser relevante também que sejam criados mecanismos para que a expansão da atividade indus-trial promova a melhoria na distribuição regional da renda que tem caracterizado a economia brasileira nos últimos oito anos.

Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.60-63, jul./set. 2011

Ponto de vistaFernando Augusto Mansor de Mattos

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64 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.64-66, jul./set. 2011

InvestImentos na BahIa

* Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Técnica da Superintendência de Indústria da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (SICM). [email protected]

O estado da Bahia espera investimentos industriais de R$ 36,8 bilhões até 2013

Fabiana Karine Santos de Andrade*

O estado da Bahia deverá atrair investimentos industriais da ordem de R$ 36,8 bilhões até 2013, com a implan-tação e/ou ampliação de 314 empresas em diversos setores e a geração de aproximadamente 55.727 mil empregos diretos.

Na análise espacial, destacam-se três territórios: o Território Sertão do São Francisco, com inversões de apro-ximadamente R$ 9,3 bilhões, decorrentes da previsão de instalação dos parques eólicos para geração de energia, aporte esse correspondente a 25% dos investimentos totais previstos, distribuídos em apenas 13 projetos; o Território Metropolitano de Salvador, que pretende forma-lizar em torno de R$ 7 bilhões – contribuindo com 19% das imissões totais – alocados em 129 projetos; e o Território Sertão Produtivo, no qual os investimentos devem chegar a R$ 5,3 bilhões, com um maior volume na atividade de Extração de Minerais Metálicos para exploração de jazidas de ferro, com a construção de um mineroduto, além da produção de ferro e cimento.

Por complexo de atividade destaca-se o Químico-Petroquímico com um volume de R$ 4,8 bilhões, o que envolve a intenção de 78 projetos dos 314 previstos.

No Complexo Atividade Mineral e Beneficiamento o volume chega a R$ 4,3 bilhões em apenas 7 projetos de empresas com decisão de investimento. No Complexo Metal-Mecânico os investimentos devem chegar a R$ 2,8 bilhões em 40 projetos. Neste complexo a previsão é de ampliação da produção de uma grande empresa do setor. Como não poderia ficar de fora, o Complexo Outros aponta inversões que chegam a R$ 22,9 bilhões, focadas em investimentos na área de energia, mais precisamente na geração de energia eólica e em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH). Pretende-se implantar vários parques eólicos e diversas PCH pelos municípios do Estado.

Todos os investimentos fazem parte do Programa Desenvolve, dirigido pelo governo do estado da Bahia com o intuito de promover uma política de atração de investi-mentos industriais via concessão de incentivos fiscais que possibilita a vinda de empresas de diversos segmentos. É uma política que traz nova dinâmica para o setor indus-trial baiano, com a diversificação de sua matriz industrial e, consequentemente, benefícios para a economia. Essa ação governamental, cujo objetivo é desenvolver a indústria baiana, vem ocorrendo desde 2002, com a implementação de programas de incentivos especiais.

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65Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.64-66, jul./set. 2011

InvestImentos na BahIaFabiana Karine Santos de Andrade

Tabela 01Investimentos industriais previstos para a Bahia Volume de investimento e número de empresas por complexo de atividade – Bahia – 2011-2013

Complexo Volume (R$1,00)

Nº projetos

Volume (%)

Projeto (%)

Agroalimentar 1.544.597.049 67 4,2% 21%Atividade mineral e beneficiamento 4.306.650.000 7 11,7% 2%Calçados/têxtil/confecções 120.501.896 33 0,3% 11%Complexo madeireiro 35.582.800 11 0,1% 4%Eletroeletrônico 148.423.955 24 0,4% 8%Metal-mecânico 2.825.810.000 40 7,7% 13%Químico-petroquímico 4.776.886.000 78 13,0% 25%Reciclagem 7.800.000 2 0,0% 1%Transformação petroquímica 145.700.000 18 0,4% 6%Outros 22.910.500.000 34 62,2% 11%Total 36.822.451.700 314 100% 100%

Fonte: Superintendência de Indústria da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (SICM). Elaboração: SICM/Coinc.Nota: Dados preliminares, sujeito a alterações. Coletados até 30.08.2011.

Tabela 2Investimentos industriais previstos para a Bahia Volume de investimento e número de empresas por território de identidade – 2011-2013

Território Volume (R$1,00)

Nº projetos

Volume (%)

Projeto (%)

A definir 1.026.546.000 9 3% 3%Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte 965.200.000 9 3% 3%Bacia do Jacuípe 1.000.000 1 0% 0%Bacia do Rio Corrente 6.000.000 1 0% 0%Chapada Diamantina 3.420.000.000 3 9% 1%Extremo Sul 311.785.000 16 1% 5%Irecê 5.000.000 1 0% 0%Itaparica 12.000.000 2 0% 1%Itapetinga 16.500.000 2 0% 1%Litoral sul 1.977.548.955 20 5% 6%Médio Rio de Contas 100.107.270 11 0% 4%Metropolitano de Salvador 6.943.579.475 129 19% 41%Oeste Baiano 1.037.235.000 18 3% 6%Piemonte da Diamantina 870.000.000 1 2% 0%Piemonte Norte do Itapicuru 2.000.000.000 1 5% 0%Portal do Sertão 87.300.000 24 0% 8%Recôncavo 1.883.960.000 21 5% 7%Semiárido Nordeste II 6.000.000 1 0% 0%Sertão do São Francisco 9.276.500.000 13 25% 4%Sertão Produtivo 5.316.500.000 8 14% 3%Sisal 334.740.000 5 1% 2%Vale do Jequiriçá 273.200.000 3 1% 1%Velho Chico 900.000.000 2 2% 1%Vitória da Conquista 51.750.000 13 0% 4%Total 36.822.451.700 314 100% 100%

Fonte: SICM.Elaboração: SICM/Coinc.Nota: Dados preliminares sujeitos a alterações. Coletados até 31.08.2011.

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66 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.64-66, jul./set. 2011

o estado da bahia espera investimentos industriais de R$ 36,8 bilhões até 2013InvestImentos na BahIa

METoDoLoGIA DA PESQUISA DE INVESTIMENToS INDUSTRIAIS PREVISToS

A metodologia utilizada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) para levantar as intenções de investimentos industriais previstos para os próximos quatro anos no estado da Bahia, desenvolvida inicialmente pela Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia (Seplan), consiste em coletar diariamente as informações primárias dos prováveis investimentos a serem implantados no estado, divulgadas pelos principais meios de comunicação, e obter sua confirmação junto às respectivas empresas. Essas informações são coletadas nas seguintes publicações: Gazeta Mercantil, Valor Econômico, A Tarde, Correio da Bahia e Diário Oficial do Estado da Bahia. O levantamento desses dados também é obtido junto à Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia (SICM) através dos protocolos de intenção e projetos econômico-financeiros entregues à Secretaria para o requerimento de incentivos dos programas Probahia, Bahiaplast e do atual Desenvolve.

Após a verificação dos dados coletados e a confirmação das empresas a serem implantadas no estado, identifica-se a existência de dupla contagem dos dados. Depois de consistidos, os dados serão apresen-tados sob a forma de tabelas e gráficos contendo o volume e participação dos investimentos industriais por complexo de atividade, por eixo de desenvolvimento e o número de projetos. Os valores dos investi-mentos anunciados estão expressos em reais.

Os dados mais desagregados estão sendo disponibilizados e atualizados mensalmente no site da SEI, com dados a partir de 1999, apresentando valores acumulados.

Gráfico 1Investimentos industriais previstos por complexo de atividade – 2011-2013

Fonte: SICM/Coinc.Nota: Dados preliminares, sujeito a alterações. Coletados até 31/08/2011.

Agroalimentar 4,2% Atividade mineral e beneficiamento 11,7%

Calçados/têxtil/confecções 0,3% Complexo madeireiro 0,1%

Eletroeletrônico 0,4% Metal-mecânico 7,7%

Químico-petroquímico 13,0% Reciclagem 0,0%

Transformação petroquímica 0,4% Outros 62,2%

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68 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.68-69, jul./set. 2011

Livros

ESTATíSTICAS DoS MUNICíPIoS bAIANoS, VoLUME 22

Em Estatísticas dos Municípios Baianos, volume 22, a Superin-tendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) retrata a evolução econômica e social dos municípios baianos, que compõem o Território de Identidade Sisal, nos anos mais recentes. Adicionalmente, são apresentadas informações geográficas e ambientais. Neste número são contemplados os muni-cípios de Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Gavião, Ipirá, Mairi, Nova Fátima, Pé de Serra, Pintadas, Quixabeira, Riachão do Jacuípe, São José do Jacuípe, Serra Preta, Várzea do Roça e Várzea do Poço.

ESTATíSTICAS DoS MUNICíPIoS bAIANoS, VoLUME 23

No volume 23 de Estatísticas dos Municípios Baianos, a Superin-tendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) oferece à sociedade informações relativas às características socioeconô-micas dos municípios baianos que compõem o Território de Identidade Sisal, nos anos mais recentes. Neste número são contemplados os muni-cípios de Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente.

PobREZA, DESIGUALDADE E CICLoS ECoNôMICoS

O presente volume da revista Bahia Análise & Dados – Pobreza, Desigualdade e Ciclos Econômicos, da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), expõe um conjunto de questões rela-tivas à pobreza, objeto de particular discussão de pesquisadores sociais e econômicos no Brasil. São elas: as contradições no conceito de pobreza; as relações entre a desigualdade na distribuição de renda, a educação e o capital humano; os impactos das políticas públicas de transferência de renda no país, nas regiões e nas unidades federativas e o papel dessas políticas no mundo rural.

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69Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.68-69, jul./set. 2011

Livros

20 ANoS: EDIção CoMEMoRATIVA DE ANIVERSáRIo

Bahia Análise & Dados, 20 anos é uma edição em que a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) comemora o aprimo-ramento da publicação desde a sua primeira edição. Essa publicação é composta por trabalhos de autores convidados, que colaboraram em volumes anteriores com seus valo-rosos artigos, com reflexões consis-tentes sobre as mudanças políticas, econômicas, sociais, demográficas e ambientais pelas quais passou o mundo nos últimos 20 anos.

SEP 89: DIREIToS HUMANoS NA bAHIA: SITUAção, MoNIToRAMENTo E PERSPECTIVAS, 2001 A 2006

A Série Estudos e Pesquisas da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), volume 89, é dedicado aos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), celebrada em distintas partes do mundo, nas esferas acadêmicas, nas instituições governa-mentais, nos diversos setores e/ou segmentos da sociedade civil. Além disso, o trabalho deriva de esforços que vêm se realizando a fim de propor maneiras de construir indicadores de direitos humanos que ofereçam diag-nósticos de situações encontradas. Esses indicadores também devem servir como ferramenta para implan-tação e monitoramento de políticas e constituir elemento de consulta por parte das mais diversas instâncias comprometidas com o avanço dos direitos humanos em seu sentido amplo.

SEP 90: EM ASSoCIAção DAS AMéRICAS: AS ESTATíSTICAS PÚbLICAS CoMo obJETo DE ESTUDo

A Série Estudos e Pesquisas da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), volume 90, apresenta uma valorosa coletânea de artigos com diversas abordagens e experiências que trazem reflexões sobre sistemas estatísticos; leituras históricas que resgatam aspectos relevantes dos levantamentos; discussões que colocam na ordem do dia o papel das estatísticas oficiais na formu-lação, monitoramento e avaliação de políticas públicas, além de enfa-tizar a importância da informação no exercício da cidadania.

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70 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

Conjuntura Econômica baiana

Os resultados dos indicadores conjunturais entre janeiro e julho de 2011, quando comparados aos do mesmo período do ano anterior, apontaram expansão em todas as atividades econômicas, exceto na atividade da produção industrial, que apresentou retração ao longo do ano. As outras atividades registraram um bom e esperado comportamento com tendências de expansão para os meses vindouros. Vale ressaltar que o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados apresentou retração no primeiro semestre de 2011 (janeiro a junho) em razão da alta do índice de inflação no período.

Segundo a Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIM-IBGE), a produção da indús-tria baiana acumulou, entre janeiro e julho de 2011, decrés-cimo de 4,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Acompanhando essa trajetória, a indústria de transformação apontou variação negativa de 5,0%. Os segmentos que puxaram a taxa para baixo foram: Metalurgia básica (11,9%), Produtos químicos (13,1%), Refino de petróleo e álcool (6,2%), e Celulose, papel e produtos de papel (4,6%). Por outro lado, os segmentos que apontaram expansão foram: Alimentos e bebidas (12,1%), Borracha e plástico (6,6%), Minerais não-metálicos (9,4%) e Veículos automotores (7,2%). Nessa mesma análise, a indústria extrativa mineral proporcionou acréscimo de 2,7% no período.

O comportamento apresentado na atividade industrial não interferiu no nível de pessoal ocupado da indústria baiana, que registrou acréscimos de 3,1% na indústria geral, 2,8% na indústria de transformação e 8,0% na indústria extrativa mineral no mesmo período em questão, com base nos dados divulgados na Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salários (PIMES) do IBGE.

A balança comercial baiana apontou, no acumulado do ano (janeiro a julho), expansão tanto para as exportações

(21,3%), como para as importações (13,7%). As exportações somaram US$ 5,9 bilhões nesse período, e as importações, US$ 4,3 bilhões, proporcionando superávit de US$ 1,6 bilhão, o que representa um aumento de aproximadamente 48,0% em relação ao mesmo período de 2010, de acordo os dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O saldo da balança comercial vem apresentando ao longo do ano de 2011 varia-ções positivas consideráveis, fruto da trajetória expansiva persistente das exportações perante as importações.

Os dados observados na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE demonstraram que o comércio varejista acumulou no ano (janeiro a julho) taxa de 8,9% em relação ao mesmo período de 2010. Os segmentos que evidenciaram as maiores contribuições positivas no período em análise foram: Móveis e eletrodomésticos (24,5%), Livros, jornais, revistas e papelaria (17,9%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (11,9%), Tecidos, vestuário e calçados (10,5%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (10,3%), Combustíveis e lubrificantes (7,3%). Em sentido oposto, apenas o segmento de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (29,0%) registrou retração. As vendas de Veículos, motos e peças e Material para construção registraram crescimento de 4,3% e 0,6%, respectivamente, no mesmo período.

Em relação à inflação ocorrida em Salvador, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-SEI) calculado pela Superintendência de Estrudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) acumulou no ano (janeiro a julho) acréscimo de 3,15% em relação ao mesmo período de 2010, impulsionado pelos grupos ransporte e comunicação (3,80%) e Despesas pessoais (4,15%). Os grupos que apresentaram retração foram: Vestuário (0,48%) e Artigos de residência (0,42%).

Conforme dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-SEI/Dieese/Seade), a taxa média de desemprego em julho de 2011 fechou em 15,1% da população econo-micamente ativa. Com base na mesma pesquisa, o rendi-mento médio real dos trabalhadores ocupados caiu 6,4% nos últimos 12 meses, até junho.

É com esse cenário de 2011 que se inicia a seção dos prin-cipais resultados da conjuntura baiana nas análises do indicador mensal e acumulados dos últimos doze meses.

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71Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

O Índice de Movimentação Econômica (Imec), que mede a atividade econô-mica no município de Salvador, regis-trou, em julho de 2011, acréscimo de 7,1% na comparação com o mês de julho de 2010. O índice apresentou ao longo do ano de 2011 variações posi-tivas tanto para o indicador mensal como para o acumulado dos últimos 12 meses, que apontou taxa de 10,4% entre agosto de 2010 e julho de 2011.

Mensal Acumulado 12 meses

Gráfico 1Índice de Movimentação Econômica (Imec)Salvador – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 1Índice de Movimentação Econômica (Imec)Salvador – jul. 2010-jul. 2011

27

20

13

6

-1

-8

(%)

jul. 10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. 11

Fonte: SEI. Elaboração: SEI/CAC.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pela Superintendência de Estudos Sociais e Econômicos (SEI), registrou inflação de 0,50% em julho de 2011. Ressalte-se que dos 375 produtos/serviços pesquisados mensalmente, 169 registraram alta nos preços, 86 não sofreram alterações e 120 apresentaram queda. Dentre aqueles que demonstraram maiores contribuições positivas para a formação do índice destacam-se: gasolina (8,98%), automóvel novo (1,40%), cursos diversos (11,89%), etanol (6,63%), cerveja (consumida fora do domicílio) (2,65%), aluguel de DVD (13,04%), aparelho de som (7,78%), cerimônias familiares e religiosas (3,09%), anti-inflama-tório e antirreumático (2,08%) e passagem de ônibus interestadual (2,84%). Já os produtos que exerceram maiores contribuições negativas foram: camiseta, blusa e blusão femininos (19,47%), pacote turístico (3,79%), saia feminina (20,44%), cruzeiro marítimo (6,02%), cabeleireiro (3,32%), medicamento vasodilatador (5,39%).

No mês Acumulado 12 meses

Gráfico 2Taxa de variação do IPC-SEI – Salvador – jul. 2010-jul. 2011Gráfico 2Taxa de variação do IPC-SEI – Salvador – jul. 2010-jul. 2011

5

4

3

2

1

0

-1

(%)

jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. 11

Fonte: SEI. Elaboração: SEI/CAC.

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72 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

Transporte e Comunicação (1,85%) e Alimentos e Bebidas (0,39%) foram os grupos que apresentaram, no mês de julho, as maiores contribuições para a inflação em Salvador. Sendo assim, os subgrupos que apresentaram os maiores aumentos de preço no período foram transporte (2,34%) e alimentação fora do domicílio (1,01%). No acumulado dos último 12 meses, o índice apresentou variação positiva de 4,82%.

Segundo informações do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho de 2011, das colheitas em andamento no estado, expandiram-se: a produção de mandioca com 12,1% e a de cana-de-açúcar com 31,5%. A cultura de mandioca apresentou redução na área plantada (8,0%) e ampliação na área colhida (6,9%), que contribuiu para a expansão de 4,8% no rendimento médio. O excelente comportamento registrado na cultura de cana-de-açúcar foi oriundo da expansão observada na área plantada (26,0%) e na área colhida (19,2%), além da ampliação de 10,3% nos rendimentos físicos em relação à safra de 2010.

jul. 2010 jul. 2011

Fonte: SEI. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 3Taxa de variação do IPC–SEI: grupos selecionados – Salvador – jul. 2010-jul. 2011Gráfico 3Taxa de variação do IPC–SEI: grupos selecionados – Salvador – jul. 2010-jul. 2011

(%) 2,0

1,5

1,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

-1,5

-2,0

-2,5

-3,0Alimentose bebidas

Habitação e encargos

Artigos de residência

Vestuário Transporte e comunicação

Saúde e cuidados

pessoais

Despesas pessoais

IPC total

Safra 2010 Safra 2011

Fonte: IBGE–LSPA. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 4Estimativa da produção agrícola: mandioca e cana-de-açucarBahia – 2010/2011

Gráfico 4Estimativa da produção agrícola: mandioca e cana-de-açucarBahia – 2010/2011

7000

6000

5000

4000

3000

(mil

tone

lada

s)

Mandioca Cana-de-açúcar

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73Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

O LSPA apresenta estimativas de crescimento para a produção das culturas de feijão, do milho, da soja e do algodão em relação à de 2010, com variações positivas de 7,3% para a safra do feijão, 12,1% para o milho, 12,9% para a soja e 53,5% para o algodão. As estimativas de área plantada e área colhida para o feijão decresceram 8,0% e 2,2%, respectivamente, porém o rendimento médio apre-sentou expansão de 9,7%. Já a cultura de milho ficou rela-tivamente estável na área plantada (-0,4%), com ampliação na área colhida (3,6%) e no rendimento médio (8,3%). A soja apontou a mesma variação positiva para a área plantada e colhida (2,8%), com rendimento médio de 9,8%. Seguindo a mesma trajetória da soja, o algodão apontou um expres-sivo incremento da área cultivada (45,4%) e colhida (45,7%), porém com rendimento de apenas 5,3%.

As estimativas de produção das tradicionais commodities da agricultura baiana – cacau e café – apresentam comportamentos opostos para 2011. Referente ao cacau, em fase de colheita, constatou-se um acréscimo da produção em torno de 2,0%. A estabilidade verificada na área plantada (0,1%) e o arrefecimento da área colhida (2,4%) não interferiram no resultado do rendimento médio, que apontou variação positiva de 4,3%. Alusivo ao café, em fase de colheita, as estimativas apontam retração da produção do grão (13,8%) em 2011, culminando com um arrefecimento na área plantada (5,3%), na área colhida (0,9%) e no rendimento médio (13,0%).

Safra 2010 Safra 2011

Fonte: IBGE–LSPA. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 5Estimativa da produção agrícola: feijão, milho, soja e algodão – Bahia – 2010/2011

Gráfico 5Estimativa da produção agrícola: feijão, milho, soja e algodão – Bahia – 2010/2011

4000

3500

3000

2500

2000

1500

1000

500

0

(mil

tone

lada

s)

Feijão Milho Soja Algodão

Safra 2010 Safra 2011

Fonte: IBGE–LSPA. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 6Estimativa da produção agrícola: cacau e café – Bahia – 2010/2011

Gráfico 6Estimativa da produção agrícola: cacau e café – Bahia – 2010/2011

200

180

160

140

120

(mil

tone

lada

s)Cacau Café

Mesmo mês do ano anterior Acumulado 12 meses

Fonte: IBGE. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 7Taxa de variação da produção física da indústria de transformaçãoBahia – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 7Taxa de variação da produção física da indústria de transformaçãoBahia – jul. 2010-jul. 2011

20

10

0

-10

-20

(%)

jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

Os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM/IBGE) referentes à indústria de transformação baiana apontaram, em julho de 2011, decréscimo de 4,5% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Os segmentos que mais influenciaram negativamente o resultado mensal foram: metalurgia (36,6%), refino de petróleo e álcool (14,2%) e celulose, papel e produtos de papel (13,9%). Por outro lado, as principais contribuições positivas vieram dos subsetores de Alimentos e bebidas (16,2%), Borracha e plástico (9,5%), Minerais não metálicos (6,7%) e Produtos químicos (4,7%).

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74 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

A análise da Indústria de Transformação, em julho de 2011, eliminando influências sazonais, apontou variação negativa de 6,5% na comparação com o mês de junho do mesmo ano. Esse resul-tado foi influenciado, sobretudo, pela retração de 19,9% registrada no segmento da metalurgia básica. Dentre os demais segmentos que apresentaram contração, destacam--se: refino de petróleo e álcool (8,2%) e celulose, papel e produtos de papel (14,1%). Seguindo a mesma tendência, tanto a Indústria Geral como a Extrativa Mineral também registraram retrações, com variações de 6,8% e 1,1%, respectivamente.

Ind. extrativa mineral Ind. de transformação

Fonte: IBGE. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 8Índice Dessazonalizado de produção física da indústria de transformação e extrativa mineral – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 8Índice Dessazonalizado de produção física da indústria de transformação e extrativa mineral – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

140

130

120

110

100

90

80 jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

(bas

e: M

édia

de

2002

=10

0)

A indústria baiana de transformação teve acréscimo de apenas 0,8% no nível de emprego no mês de julho de 2011, quando comparado ao mesmo mês de 2010, contribuindo para o acréscimo de 4,8% no acumulado dos últimos 12 meses. Sendo assim, cabe destacar os segmentos que exerceram pressão significativa para o resultado do indi-cador mensal: Alimentos e bebidas (6,7%), Máquinas e equipamentos (20,2%) e Borracha e plástico (13,0%). Por outro lado, entre os segmentos que apresentaram contribuições nega-tivas no número de pessoas ocupadas nesse período sobressaem-se fabri-cação de outros produtos da indústria de transformação (30,4%), calçados e couro (3,4%), produtos de metal (8,9%) e vestuário (4,1%).

Mesmo mês do ano anterior Acumulado 12 meses

Fonte: IBGE. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 9Taxa de variação do pessoal ocupado – indústria de transformaçãoBahia – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 9Taxa de variação do pessoal ocupado – indústria de transformaçãoBahia – jul. 2010-jul. 2011

10

8

6

4

2

0 jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

(%)

Page 77: C&P -172

75Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

O consumo total de eletricidade no estado da Bahia registrou, no mês de julho de 2011, retração de 0,7% em relação ao mesmo mês de 2010. Considerando-se as classes de consumo residencial e comer-cial, observa-se que totalizaram, em março, consumo de 443 MWh e 219 MWh, respectivamente, represen-tando para o consumo residencial acréscimo de 6,5% e para o consumo comercial expansão de 7,9% em relação ao mesmo período de 2010. O consumo de energia elétrica na indústria apresentou decréscimo de 7,9% na mesma análise. No acumulado dos últimos 12 meses, o consumo de energia elétrica total retraiu 1,8%; o residencial expandiu 6,8%; e o comercial ampliou 3,4%. Apenas o setor industrial (8,9%) vem ao longo de 2011 apresentando contração em suas variações.

Fonte: Coelba/GMCH. Elaboração: SEI/CAC.(1) Acumulado 12 meses.(2) Total = Rural + Irrigação + Resid. + Indust. + Comercial + Util. pública + S. público + Concessionária.O consumo industrial corresponde a Coelba e Chesf.

Gráfico 10Taxa de variação do consumo de energia elétrica (1)Bahia – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 10Taxa de variação do consumo de energia elétrica (1)Bahia – jul. 2010-jul. 2011

20

15

10

5

0

-5

-10 jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

(%)

Industrial Comercial Residencial Total (2)

De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC/IBGE), no mês de julho de 2011, o comércio vare-jista baiano ampara crescimento das vendas com taxa de 10,7%, conside-rando igual mês do ano passado. O comportamento, verificado em todos os meses do ano, resultou em uma taxa acumulada de 9,1% nos últimos 12 meses. Já o segmento de veículos, motos e peças apontou retração de 1,0%, acumulando nos últimos 12 meses variação positiva de 9,8%.

Comércio varejista Veículos, motos, partes e peças

Fonte: IBGE–PMC. Elaboração: SEI/CAC.(1) Acumulado nos últimos 12 meses.

Gráfico 11Taxa de variação de volume de vendas no varejo (1)Bahia – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 11Taxa de variação de volume de vendas no varejo (1)Bahia – jul. 2010-jul. 2011

20

15

10

5

jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

(%)

Page 78: C&P -172

76 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

Segundo o Bacen, em julho de 2011 foram emitidos 224 mil cheques sem fundos na Bahia. Esse saldo resultou na retração de 6,4% nas emissões de cheques sem fundo, em comparação com o mesmo mês de 2010. Seguindo essa trajetória decrescente, o indi-cador dos últimos 12 meses apontou variação negativa de 2,7%.

Conforme dispõem os dados divul-gados pelo Banco Central do Brasil (Bacen), em junho de 2011, a taxa de inadimplência das Operações de Crédito do Sistema Financeiro Nacional para as pessoas físicas na Bahia apresentou taxa de 5,0%, ante os 5,9% notado em junho de 2010, seguindo uma trajetória média em torno de 5,0% ao longo do ano.

Mesmo mês do ano anterior Acumulado 12 meses

Fonte: Bacen. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 13Quantidade de cheques sem fundos – Bahia – jul. 2010-jul. 2011Gráfico 13Quantidade de cheques sem fundos – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

15

0

-15

-30 jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

(%)

Fonte: Bacen. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 14Taxa de inadimplência – Bahia – jun. 2010-jun. 2011Gráfico 14Taxa de inadimplência – Bahia – jun. 2010-jun. 2011

10

8

6

4

2

0

(%)

jun.10 jul. ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun.11

No acumulado dos últimos 12 meses, os segmentos de maior destaque positivo no comércio varejista foram: móveis e eletrodomésticos (24,0%), artigos farmacêuticos e cosméticos (12,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (11,0%), tecidos e vestu-ários (8,2%), combustíveis e lubri-ficantes (6,5%), e hipermercados e supermercados (2,7%). Dentre todos os segmentos, a atividade de Equipamentos e materiais de escri-tórios e informática foi o único que registrou arrefecimento nas vendas, com variação negativa de 18,6%.

Outros artigos de uso pessoale domésticos

Hipermercados, supermercados,produtos alimentícios, bebidas e fumo

Tecidos, vestuário e calçados Móveis e eletrodomésticos

Fonte: IBGE–PMC. Elaboração: SEI/CAC. (1) Acumulado nos últimos 12 meses.

Gráfico 12Taxa de variação de volume de vendas no varejo (1) principais segmentos – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 12Taxa de variação de volume de vendas no varejo (1) principais segmentos – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

30

24

18

12

6

0 jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

(%)

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77Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em julho de 2011, as exportações baianas somaram US$ 1,032 bilhão, e as importações, US$ 655 milhões, resultando em um supe-rávit de US$ 377 milhões. Confrontando julho de 2011 com o mesmo mês do ano anterior, as exportações apon-taram expansão, com variação positiva de 37,2%, e as importações, no referido mês, registraram expansão de 13,9% na mesma análise.

Fonte: Secex. Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 15Balança comercial – Bahia – jul. 2010-jul. 2011Gráfico 15Balança comercial – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

1200

1000

800

600

400

200

0

(US$

milh

ões)

Exportação Importação Saldo

jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

As exportações por fator agregado, na comparação entre julho de 2011 e julho de 2010, registraram acrés-cimos tanto nas vendas de produtos básicos (26,4%) como de produtos industrializados (42,0%). No acumu-lado dos 12 meses, as exportações dos básicos e industrializados regis-traram expansão de 15,1% e 20,5%, respectivamente.

Básicos Industrializados

Fonte: Secex. Elaboração: SEI/CAC.(1) Acumulado 12 meses.

Gráfico 16Taxa de variação das exportações baianas, por fator agregado (1)Bahia – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 16Taxa de variação das exportações baianas, por fator agregado (1)Bahia – jul. 2010-jul. 2011

50

40

30

20

10

0

-10

-20

-30

-40

(%)

jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

Page 80: C&P -172

78 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

Segundo a Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz), a arreca-dação de ICMS no estado da Bahia, em julho de 2011, expandiu 3,4% na comparação com o mesmo mês de 2010, acumulando nos últimos 12 meses expansão real de 0,6%, ou seja, 10,7 p.p. ante o registrado no mesmo período de 2010.

Mesmo mês do ano anterior Acumulado 12 meses

Fonte: Sefaz/SAF/Dicop. Elaboração: SEI/CAC.Deflator IGP-DI.

Gráfico 17Taxa de variação real da arrecadação de ICMS a preços cosntantesBahia – jul. 2010-jul. 2011

Gráfico 17Taxa de variação real da arrecadação de ICMS a preços cosntantesBahia – jul. 2010-jul. 2011

20

10

0

-10

-20

(%)

jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

Mensal 12 meses

Fonte: Caged. Elaboração: SEI/CAC.(1) Saldo de empregos (admissões – demissões).

Gráfico 18Geração de emprego celetista (1) – Bahia – ago. 2010-ago. 2011Gráfico 18Geração de emprego celetista (1) – Bahia – ago. 2010-ago. 2011

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0

-20.000

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0

-20.000 ago.10 set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago.11

Conforme dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em julho de 2011, o saldo total de empregos com carteira de trabalho assinada na Bahia apresentou ampliação de 7.143 postos de trabalho. Este resultado emanou, sobretudo, do aumento de postos nos setores de serviços (3.921), indústria de transfor-mação (1.559) e comércio (1.335), cujos saldos sobrepõem a queda da agropecuária (932). Com esse resultado, o saldo nos últimos 12 meses acumulou 67.323 postos de trabalho.

Page 81: C&P -172

79Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.70-79, jul./set. 2011

Conjuntura EConômiCa Baiana

Com base nos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) para a Região Metropolitana de Salvador, notou-se que, em julho de 2011, 291 mil pessoas estavam desempregadas, ou seja, 15,6% da População Economicamente Ativa (PEA). Cotejando-se com junho de 2011, verificou-se ampliação de 1,7%, e com relação a julho de 2010, decrés-cimo de 7,9%. Conforme o total de ocupados, ocorreu variação positiva de 1,0% em julho, comparado ao mês de junho. Entre os ocupados por setores de atividade econômica, em termos relativos, houve expansão em três dos cinco setores analisados: Serviços, Comércio e Outros Setores, com taxas de 1,6%, 1,9 e 4,3%, respectivamente. Em sentido oposto, os setores da Construção Civil (4,7%) e Indústria (2,1%) apontaram retração.

Fonte: PED-SEI/Setre/UFBA/Dieese/Seade.Elaboração: SEI/CAC.

Gráfico 19Taxa de desemprego total – RMS – Bahia – jul. 2010-jul. 2011Gráfico 19Taxa de desemprego total – RMS – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

18

16

14

12

(%)

jul.10 ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. jul.11

Mesmo mês do ano anterior Acumulado 12 meses

Gráfico 20Taxa de variação do rendimento médio real (1) – RMSBahia – jun. 2010-jun. 2011

Gráfico 20Taxa de variação do rendimento médio real (1) – RMSBahia – jun. 2010-jun. 2011

15

10

5

0

-5

-10

(%)

jun.10 jul. ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun.11

Fonte: PED-SEI/Setre/UFBA/Dieese/Seade.Elaboração: SEI/CAC.(1) Ocupados no trabalho principal.

O rendimento médio real dos ocupados no mês de junho de 2011 (R$ 1.051,00), em comparação ao mesmo mês de 2010 (R$1.128,00), apresentou queda de 6,8%, conforme a Pesquisa de Emprego e Desemprego para a Região Metropolitana de Salvador (PED-RMS), culminando em um acumu-lado dos últimos 12 meses de 6,4%. Quanto à massa de rendimento médio real dos ocupados, verificou--se decréscimo de 6,4%, acumulando nos últimos 12 meses acréscimo de apenas 0,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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80 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Indicadores EconômicosIndIcadores conjunturaIs

Indicadores Conjunturais

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81Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Econômicos

INDICADoRES ECoNôMICoS

Índice de preços

Tabela 1Índice de Preços ao Consumidor (IPC) (1) – Salvador – jul. 2011

Grandes Grupos

Variações do mês (%) Variações acumuladas (%) Índice acumulado

jul. 2010 jul. 2011 No ano (2) Últimos 12 meses (3) Jun. 2007 = 100 Jun. 1994=100

Alimentos e bebidas -0,87 0,39 3,25 8,70 133,62 327,13 Habitação e encargos -0,01 0,24 5,56 7,28 127,50 874,05 Artigos de residência -1,37 0,68 -0,42 -0,39 90,62 208,51 Vestuário -3,00 -2,71 -0,48 1,21 107,61 192,90 Transporte e comunicação 0,10 1,85 3,80 4,56 111,46 799,19 Saúde e cuidados pessoais 0,15 0,24 1,36 0,33 116,60 390,80 Despesas pessoais 0,58 0,28 4,15 4,62 125,79 496,21 Geral -0,33 0,50 3,15 4,84 119,54 401,93

Fonte: SEI.(1) O IPC de Salvador representa a média de 15.000 cotações de uma cesta de consumo de 375 bens e serviços pesquisados em 634 estabelecimentos e domicílios, para famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos.(2) Variação acumulada observada até o mês do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.(3) Variação acumulada observada nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores.

Tabela 2Pesquisa nacional da cesta básicaCusto e variação da cesta básica – capitais brasileiras – jul. 2011

Capitais Valor da cesta (R$) Variação no mês (1) (%)

Variação acumulada (%) Porcentagem do salário mínimoNo ano (2) 12 meses (3)

Aracaju 184,01 0,42 4,62 1,64 36,70 Belém 233,14 0,22 3,12 8,28 46,50 Belo Horizonte 245,09 -1,20 3,75 12,44 48,88 Brasília 241,89 -1,71 3,52 9,37 48,24 Curitiba 238,77 -3,34 -2,13 10,49 47,62 Florianópolis 254,84 -4,35 7,01 15,09 50,83 Fortaleza 214,71 -4,97 4,41 18,15 42,82 Goiânia 229,38 -1,38 -2,23 6,68 45,75 João Pessoa 204,40 -0,88 5,23 6,92 40,77 Manaus 249,49 -0,32 -1,02 7,08 49,76 Natal 223,31 -3,32 1,60 6,89 44,54 Porto Alegre 259,60 -4,64 2,95 9,23 51,78 Recife 212,55 -0,51 3,43 5,84 42,39 Salvador 241,47 -6,01 -0,49 13,31 48,16 São Paulo 206,58 0,92 2,42 1,85 41,20 Rio de Janeiro 263,38 -3,69 -0,67 10,03 52,53 Vitória 250,76 -2,10 3,62 12,82 50,01

Fonte: Dieese.(1) Variação observada no mês em relação ao mês imediatamente anterior.(2) Variação acumulada observada no ano em relação ao mesmo período do ano anterior.(3) Variação acumulada observada nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores.

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Indicadores EconômicosIndIcadores conjunturaIs

Agricultura

Tabela 3Produção física e área plantada dos principais produtos – Bahia – 2010/2011

LavourasProdução física (t) Área plantada (ha)

2010 2011 (2) Variação (%) 2010 (1) 2011 (2) Variação (%)

TemporáriasAbacaxi (3) 139.324 140.356 0,7 9.699 10.200 5,2Algodão herbáceo 996.220 1.529.412 53,5 270.895 393.776 45,4Alho 5.478 8.768 60,1 729 816 11,9Amendoim 8.431 8.897 5,5 8.477 8.273 -2,4Arroz total 33.370 34.926 4,7 18.499 17.902 -3,2Batata-inglesa 302.575 275.825 -8,8 8.005 7.680 -4,1Cana-de-açúcar 4.976.209 6.542.843 31,5 91.134 114.840 26,0Cebola 297.045 166.720 -43,9 12.654 7.210 -43,0Feijão total 307.417 329.968 7,3 607.260 558.868 -8,0 Feijão 1ª safra 81.391 138.259 69,9 271.598 247.962 -8,7 Feijão 2ª safra 226.026 191.709 -15,2 335.662 310.906 -7,4Fumo 6.147 6.204 0,9 5.879 6.002 2,1Mamona 74.055 95.815 29,4 109.996 137.291 24,8Mandioca 3.211.278 3.599.084 12,1 513.760 472.560 -8,0Milho total 2.223.302 2.493.418 12,1 809.537 805.924 -0,4 Milho 1ª safra 1.547.254 1.832.752 18,5 454.036 454.891 0,2 Milho 2ª safra 676.048 660.666 -2,3 355.501 351.033 -1,3Soja 3.112.929 3.514.713 12,9 1.017.250 1.046.070 2,8Sorgo granífero 92.207 171.101 85,6 84.634 108.723 28,5Tomate 302.783 308.406 1,9 7.332 6.917 -5,7PernamentesBanana (4) 1.079.050 1.152.892 6,8 72.245 72.349 0,1Cacau 149.303 151.964 1,8 554.713 555.296 0,1Café 185.378 159.843 -13,8 175.225 165.904 -5,3Castanha-de-cajú 5.440 5.336 -1,9 26.151 27.727 6,0Coco-da-baía (3) 502.364 526.551 4,8 80.674 79.424 -1,5Guaraná 2.688 2.907 8,1 6.913 7.054 2,0Laranja (4) 987.813 1.018.416 3,1 76.019 77.296 1,7Pimenta-do-reino 4.521 4.299 -4,9 1.869 1.965 5,1Sisal 226.621 257.876 13,8 276.126 265.089 -4,0Uva 78.283 65.371 -16,5 3.273 2.762 -15,6

Fonte: IBGE.Elaboração: SEI/CAC.(1) Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2010(2) Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), julho de 2011 (dados sujeitos a retificação).(3) Produção física em mil frutos e rendimento médio em frutos por hectare.(4) Produção física em tonelada e rendimento médio em quilo por hectare.

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83Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Econômicos

Tabela 4Área colhida e rendimento médio dos principais produtos – Bahia – 2010/2011

LavourasÁrea colhida (ha) Rendimento médio (kg/ha)

2010 (1) 2011 (2) Variação (%) 2010 (1) 2011 (2) Variação (%)

TemporáriasAbacaxi (3) 5.325 5.335 0,2 26.164 26.309 0,6Algodão herbáceo 270.173 393.776 45,7 3.687 3.884 5,3Alho 729 816 11,9 7.514 10.745 43,0Amendoim 8.477 8.273 -2,4 995 1.075 8,1Arroz total 18.371 17.902 -2,6 1.816 1.951 7,4Batata-inglesa 8.005 7.680 -4,1 37.798 35.915 -5,0Cana-de-açúcar 83.753 99.847 19,2 59.415 65.529 10,3Cebola 12.654 7.210 -43,0 23.474 23.123 -1,5Feijão total 552.113 540.053 -2,2 557 611 9,7 Feijão 1ª safra 217.351 230.547 6,1 374 600 60,1 Feijão 2ª safra 334.762 309.506 -7,5 675 619 -8,3Fumo 5.879 6.002 2,1 1.046 1.034 -1,1Mamona 107.051 137.291 28,2 692 698 0,9Mandioca 262.025 280.172 6,9 12.256 12.846 4,8Milho total 724.102 749.829 3,6 3.070 3.325 8,3 Milho 1ª safra 370.391 414.976 12,0 4.177 4.417 5,7 Milho 2ª safra 353.711 334.853 -5,3 1.911 1.973 3,2Soja 1.017.250 1.046.070 2,8 3.060 3.360 9,8Sorgo granífero 84.454 108.623 28,6 1.092 1.575 44,3Tomate 7.332 6.917 -5,7 41.296 44.587 8,0PernamentesBanana (4) 66.623 68.983 3,5 16.196 16.713 3,2Cacau 522.044 509.453 -2,4 286 298 4,3Café 155.620 154.256 -0,9 1.191 1.036 -13,0Castanha-de-cajú 25.848 24.785 -4,1 210 215 2,3Coco-da-baía (3) 76.985 77.209 0,3 6.525 6.820 4,5Guaraná 6.659 6.749 1,4 404 431 6,7Laranja (4) 61.148 61.230 0,1 16.154 16.633 3,0Pimenta-do-reino 1.756 1.819 3,6 2.575 2.363 -8,2Sisal 240.284 253.059 5,3 943 1.019 8,0Uva 3.273 2.730 -16,6 23.918 23.945 0,1

Fonte: IBGE.Elaboração:SEI/CAC.(1) Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2010.(2) Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), julho de 2011 (dados sujeitos a retificação).(3) Produção física em mil frutos e rendimento médio em frutos por hectare.(4) Produção física em tonelada e rendimento médio em quilo por hectare.

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84 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Indicadores EconômicosIndIcadores conjunturaIs

Indústria

Tabela 5Produção física da indústria e dos principais gêneros – Bahia – jul. 2011

(%)

Classes e gêneros Mensal (1) Acumulado no ano (2) Acumulado 12 meses (3)

Indústria Geral -4,4 -4,6 -3,1 Extrativa Mineral -0,8 2,7 5,3 Indústria de Transformação -4,5 -5,0 -3,5 Alimentos e bebidas 16,2 12,1 10,3 Celulose, papel e produtos de papel -13,9 -4,6 -3,5 Refino de petróleo e álcool -14,2 -6,2 -2,4 Produtos químicos 4,7 -13,1 -11,9 Borracha e plástico 9,5 6,6 8,2 Minerais não metálicos 6,7 9,4 7,8 Metalurgia básica -36,6 -11,9 -6,7 Veículos automotores 0,4 7,2 -0,6

Fonte: IBGE. Elaboração:SEI/CAC.(1) Variação observada no mês em relação ao mesmo mês do ano anterior.(2) Variação acumulada observada até o mês do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.(3) Variação acumulada observada nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores.

Tabela 6 Variação mensal do índice da indústria de transformação – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

(%)

Períodos Mensal (1) Acumulado no ano (2) Acumulado 12 meses (3)

Julho 2010 15,1 14,1 9,2Agosto 4,1 12,7 10,1Setembro -1,0 11,0 10,6Outubro 5,2 10,4 11,0Novembro -3,3 9,0 10,3Dezembro -11,6 7,1 7,1Janeiro -9,8 -9,8 4,3Fevereiro -16,8 -13,1 2,3Março -3,7 -9,9 1,2Abril -4,3 -8,5 -0,8Maio -2,5 -7,3 -2,4Junho 6,2 -5,1 -2,0Julho 2011 -4,5 -5,0 -3,5

Fonte: IBGE. Elaboração: SEI/CAC.(1) Variação observada no mês em relação ao mesmo mês do ano anterior.(2) Variação acumulada observada até o mês do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.(3) Variação acumulada observada nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores.

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85Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Econômicos

Energia

Serviços

Tabela 7 Variação percentual do consumo de energia elétrica por classe – Bahia – jul. 2011

(%)

Classes No mês (3) Mensal (4) Acumulado no ano (5) Acumulado 12 meses (6)

Rural/Irrigação 11,6 2,4 5,6 0,9Residencial 4,5 6,5 4,9 6,8Industrial (1) 0,8 -7,9 -10,0 -8,9Comercial 0,7 7,9 3,5 3,4Utilidades públicas (2) 0,0 2,4 2,5 -0,4Setor público -4,7 6,9 6,8 9,2Concessionária 0,5 -4,6 -6,4 -6,2Total 2,2 -0,7 -2,4 -1,8

Fonte: Chesf, Coelba/GMCH.Elaboração: SEI/CAC.(1) Consumo industrial corresponde à Coelba e Chesf.(2) Corresponde a iluminação pública, água, esgoto e saneamento e tração elétrica.(3) Variação observada no mês em relação ao mês imediatamente anterior.(4) Variação observada no mês em relação ao mesmo mês do ano anterior.(5) Variação acumulada observada no ano em relação ao mesmo período do ano anterior.(6) Variação acumulada observada nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores.

Tabela 8 Variação no volume de vendas no varejo (1) – Bahia – jul. 2011

(%)

Classes e gêneros Mensal (2) No ano (3) 12 meses (4)

Comércio varejista 10,7 8,9 9,1 Combustíveis e lubrificantes 7,0 7,3 6,5 Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 4,0 1,7 2,7 Hipermercados e supermercados 4,1 2,1 3,4 Tecidos, vestuário e calçados 6,3 10,5 8,3 Móveis e eletrodomésticos 30,9 24,5 24,0 Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 9,6 11,9 12,0 Livros, jornais, revistas e papelaria 28,3 17,9 14,2 Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação -25,9 -29,0 -18,2 Outros artigos de uso pessoal e doméstico 11,3 10,3 11,0Veículos, motos e peças -1,0 4,3 9,8Material de construção 3,5 0,6 4,0

Fonte: IBGE. Elaboração: SEI/CAC.(1) Dados deflacionados pelo IPCA.(2) Variação observada no mês em relação ao mesmo mês do ano anterior.(3) Variação acumulada observada até o mês do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.(4) Variação acumulada observada nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores.

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86 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Indicadores EconômicosIndIcadores conjunturaIs

Tabela 9 Total de cheques compensados – Bahia – jul. 2010-jul. 2011

(%)

Períodos

Quantidade Valor

No mês (1) Mensal (2) Acum. ano (3) Acum.12 meses (4) Mensal (2) Acum. ano (3) Acum.12

meses (4)

Julho 2010 0,0 -11,4 -7,3 -7,6 1,6 2,7 1,6Agosto 5,9 -4,3 -6,9 -7,7 10,6 3,8 2,3Setembro -5,5 -6,4 -6,9 -6,8 7,3 4,2 3,5Outubro -2,1 -12,1 -7,4 -7,1 0,0 3,7 3,8Novembro 7,2 -2,6 -7,0 -7,3 9,8 4,3 3,9Dezembro -0,3 -6,8 -6,9 -6,9 5,5 4,4 4,4Janeiro -6,5 -1,8 -1,8 -6,1 9,5 9,5 5,2Fevereiro -6,0 -1,5 -1,7 -5,9 5,2 7,4 4,6Março 6,1 -13,7 -6,1 -6,7 18,1 10,8 7,0Abril -10,3 -12,2 -7,6 -7,1 -2,0 7,5 6,3Maio 14,9 -2,0 -6,5 -7,4 10,7 8,2 6,2Junho -11,4 -10,7 -7,2 -7,3 1,6 7,0 6,4Julho 2011 -1,5 -12,1 -7,9 -7,3 -3,1 5,5 6,0

Fonte: Bacen.Elaboração: SEI/CAC.(1) Variação observada no mês em relação ao mês imediatamente anterior.(2) Variação observada no mês em relação ao mesmo mês do ano anterior.(3) Variação acumulada observada no ano em relação ao mesmo período do ano anterior.(4) Variação acumulada observada nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores.

Tabela 10 Exportações, principais segmentos – Bahia – jan.-jul. 2010/2011

SegmentosValores (US$ 1000 FOB) Var.

(%)Part.(%)2009 2010

Petróleo e derivados 788.076 1.101.224 39,7 18,5Papel e celulose 986.217 1.054.306 6,9 17,8Químicos e petroquímicos 1.048.155 1.051.141 0,3 17,7Soja e derivados 516.091 654.704 26,9 11,0Metalúrgicos 315.067 545.647 73,2 9,2Automotivo 264.008 289.204 9,5 4,9Metais preciosos 152.912 245.276 60,4 4,1Cacau e derivados 165.269 170.373 3,1 2,9Borracha e suas obras 126.239 162.291 28,6 2,7Café e especiarias 70.997 105.108 48,0 1,8Algodão e seus subprodutos 80.196 89.114 11,1 1,5Couros e peles 63.281 74.263 17,4 1,3Minerais 16.566 64.182 287,4 1,1Sisal e derivados 36.463 48.805 33,9 0,8Calçados e suas partes 54.145 46.264 -14,6 0,8Máqs., apars. e mat. elétricos 44.220 44.167 -0,1 0,7Frutas e suas preparações 36.106 39.582 9,6 0,7Fumo e derivados 8.202 16.242 98,0 0,3Móveis e semelhantes 7.056 8.795 24,6 0,1Demais segmentos 116.425 126.970 9,1 2,1Total 4.895.690 5.937.658 21,28 100,00

Fonte: MDIC/Secex, dados coletados em 08/08/2011.Elaboração: SEI/CAC.

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87Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Econômicos

Tabela 11 Exportações, princípais países – Bahia – jan.-jul. 2010/2011

PaísesPeso (ton.) Var.

(%)

(US$ 1000 FOB) Var.(%)

Part.(%)2010 2011 2010 2011

Chile 293.032 347.510 18,6 505.012 654.688 29,6 15,1Argentina 457.121 360.021 -21,2 677.669 647.115 -4,5 14,9Argélia 867.695 501.144 -42,2 556.083 445.643 -19,9 10,3China 49.549 80.950 63,4 241.513 338.254 40,1 7,8Estados Unidos 336.399 226.381 -32,7 344.881 327.936 -4,9 7,6México 15.743 59.107 275,5 128.877 257.375 99,7 5,9Malásia 50.301 107.231 113,2 73.575 163.641 122,4 3,8Federação da Rússia 41.453 187.931 353,4 23.320 159.777 585,2 3,7Indonésia 31.809 49.814 56,6 85.678 124.770 45,6 2,9Espanha 70.089 76.665 9,4 63.709 122.761 92,7 2,8Demais países 868.118 1.006.571 15,9 1.113.047 1.095.095 -1,6 25,2Total 3.081.308 3.003.324 -2,5 3.813.364 4.337.055 13,7 100,0

Fonte: MDIC/Secex, dados coletados em 08/08/2011.Elaboração: SEI/CAC.

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88 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Indicadores SociaisIndIcadores conjunturaIs

INDICADoRES SoCIAIS

Emprego

Tabela 12 Estimativa da população total e economicamente ativa e dos inativos maiores de 10 anos, taxas globais de participação e de desemprego totalRegião Metropolitana de Salvador – jan.2010-jul.2011

(%)

Períodos

População Economicamente Ativa (PEA) Inativos maiores de 10 Anos Taxas

População total (1)

Total Ocupados DesempregadosNúmerosabsolutos

(1)

Índice (2)

Participação(PEA/PIA)

Desempregototal

(DES/PEA)Númerosabsolutos

(1)

Índice (2)

Númerosabsolutos

(1)

Índice (2)

Númerosabsolutos

(1)

Índice (2)

Janeiro 2010 1.849 123,5 1.522 138,5 327 82,2 1.333 139,1 58,1 17,7 3.656Fevereiro 1.866 124,6 1.515 137,9 351 88,2 1.324 138,2 58,5 18,8 3.663Março 1.867 124,7 1.495 136,0 372 93,5 1.330 138,8 58,4 19,9 3.669Abril 1.871 125,0 1.516 137,9 355 89,2 1.333 139,1 58,4 19,0 3.676Maio 1.853 123,8 1.516 137,9 337 84,7 1.358 141,8 57,7 18,2 3.682Junho 1.873 125,1 1.560 141,9 313 78,6 1.345 140,4 58,2 16,7 3.688Julho 1.867 124,7 1.551 141,1 316 79,4 1.358 141,8 57,9 16,9 3.695Agosto 1.901 127,0 1.591 144,8 310 77,9 1.332 139,0 58,8 16,3 3.701Setembro 1.882 125,7 1.577 143,5 305 76,6 1.357 141,6 58,1 16,2 3.708Outubro 1.906 127,3 1.612 146,7 294 73,9 1.341 140,0 58,7 15,4 3.714Novembro 1.884 125,9 1.605 146,0 279 70,1 1.370 143,0 57,9 14,8 3.721Dezembro 1.905 127,3 1.642 149,4 263 66,1 1.357 141,6 58,4 13,8 3.727Janeiro 2011 1.889 126,2 1.632 148,5 257 64,6 1.379 143,9 57,8 13,6 3.734Fevereiro 1.874 125,2 1.606 146,1 268 67,3 1.402 146,3 57,2 14,3 3.740Março 1.845 123,2 1.555 141,5 290 72,9 1.438 150,1 56,2 15,7 3.747Abril 1.833 122,4 1.545 140,6 288 72,4 1.458 152,2 55,7 15,7 3.753Maio 1.834 122,5 1.548 140,9 286 71,9 1.464 152,8 55,6 15,6 3.760Junho 1.844 123,2 1.558 141,8 286 71,9 1.461 152,5 55,8 15,5 3.767Julho 1.865 124,6 1.574 143,2 291 73,1 1.448 151,1 56,3 15,6 3.773Variação mensal Jul. 2011/jun. 2011 1,1 1,0 1,7 -0,9 0,9 0,6 –Variação no ano Jul. 2011/dez. 2010 -2,1 -4,1 10,6 6,7 -3,6 13,0 –Variação anual Jul. 2011/jul. 2010 -0,1 1,5 -7,9 6,6 -2,8 -7,7 –

Fonte: PEDRMS (Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTE/FAT).(1) Em 1.000 pessoas. A partir de janeiro/2007 as projeções da população total e da população em idade ativa foram ajustadas com base nos resultados definitivos do Censo 2000.(2) Base: média de 2000 = 100.

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89Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Sociais

Tabela 13 Taxas de desemprego, por tipo de desempregoRegião Metropolitana de Salvador, município de Salvador e demais municípios da Região Metropolitana de Salvador – jan. 2010-jul. 2011

(%)

Trimestres

Taxas de desemprego por tipo

Região Metropolitana de Salvador (RMS) Município de Salvador Demais municípios da RMS

Total AbertoOculto

Total Aberto Oculto Total Aberto OcultoTotal Precário Desalento

Janeiro 2010 17,7 11,1 6,6 4,4 2,2 16,2 10,1 6,1 23,0 14,7 8,4Fevereiro 18,8 11,6 7,2 4,9 2,4 17,6 10,7 6,9 23,3 14,8 8,5Março 19,9 12,4 7,5 5,0 2,5 18,6 11,4 7,2 25,0 16,2 8,8Abril 19,0 12,2 6,8 4,8 2,0 17,7 11,2 6,5 24,2 16,2 8,0Maio 18,2 12,3 6,0 4,2 1,7 16,7 11,1 5,6 23,8 16,6 7,2Junho 16,7 11,3 5,3 3,8 1,6 15,2 10,4 4,8 22,0 14,9 7,1Julho 16,9 11,6 5,2 3,6 1,7 15,2 10,6 4,5 23,1 15,3 7,8Agosto 16,3 10,8 5,5 3,6 1,9 14,9 10,1 4,8 21,7 13,5 8,1Setembro 16,2 10,7 5,5 3,7 1,8 15,2 10,1 5,0 20,4 12,9 7,5Outubro 15,4 10,1 5,3 3,6 1,7 14,9 9,7 5,2 17,6 11,7 (1)Novembro 14,8 10,1 4,7 3,3 1,4 13,8 9,4 4,4 18,8 12,8 (1)Dezembro 13,8 9,8 4,0 2,8 (1) 12,6 8,9 3,7 18,5 13,1 (1)Janeiro 2011 13,6 9,4 4,2 2,8 1,4 12,7 8,8 3,9 17,2 11,8 (1)Fevereiro 14,3 9,6 4,7 3,2 1,5 14,1 9,3 4,8 15,2 10,7 (1)Março 15,7 10,0 5,7 3,6 2,0 15,3 9,5 5,8 17,3 12,0 (1)Abril 15,7 10,2 5,5 3,6 1,9 15,1 9,6 5,5 18,0 12,7 (1)Maio 15,6 10,2 5,4 3,6 1,8 14,8 9,4 5,3 19,1 13,4 (1)Junho 15,5 10,4 5,1 3,6 1,5 14,6 9,7 5,0 18,9 13,2 (1)Julho 15,6 10,6 5,0 3,5 1,5 14,8 10,0 4,7 18,9 13,0 (1)Variação mensal Jul. 2011/jun. 2011 0,6 1,9 -2,0 -2,8 0,0 1,4 3,1 -6,0 0,0 -1,5 –Variação no ano Jul. 2011/dez. 2010 13,0 8,2 25,0 25,0 – 17,5 12,4 27,0 2,2 -0,8 –Variação anual Jul. 2011/jul. 2010 -7,7 -8,6 -3,8 -2,8 -11,8 -2,6 -5,7 4,4 -18,2 -15,0 –

Fonte: PEDRMS (Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTE/FAT ).(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

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90 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Indicadores SociaisIndIcadores conjunturaIs

Tabela 14 Distribuição dos ocupados, por setor de atividade econômicaRegião Metropolitana de Salvador – jan. 2010-jul. 2011

Períodos Total (1)

Setores de atividade econômica

Indústria detransformação

Construçãocivil Comércio Serviços

produção (2)Serviços

pessoais (3)Serviços

domesticos

Janeiro 2010 100,0 8,8 7,0 16,3 33,0 27,2 6,7Fevereiro 100,0 8,5 6,8 16,7 31,9 28,3 7,0Março 100,0 8,2 6,9 16,4 32,1 28,1 7,3Abril 100,0 7,9 6,9 16,7 33,1 26,7 7,7Maio 100,0 8,2 7,1 17,1 33,6 25,5 7,8Junho 100,0 8,2 7,0 17,4 33,8 25,3 7,5Julho 100,0 8,5 7,2 16,3 34,0 25,8 7,4Agosto 100,0 8,3 7,2 15,6 34,4 26,2 7,5Setembro 100,0 8,1 7,4 15,8 34,1 26,2 7,5Outubro 100,0 7,7 7,6 16,3 33,4 26,4 7,4Novembro 100,0 8,2 7,9 16,3 33,2 26,1 6,9Dezembro 100,0 8,3 7,8 16,5 33,3 25,8 6,9Janeiro 2011 100,0 9,1 7,9 16,5 32,7 25,8 7,0Fevereiro 100,0 8,7 8,2 16,3 32,1 26,2 7,7Março 100,0 9,2 8,2 15,8 31,1 27,1 7,9Abril 100,0 9,2 8,1 15,7 31,7 26,8 8,0Maio 100,0 9,6 8,1 16,2 31,0 26,1 8,0Junho 100,0 9,3 8,3 16,6 31,4 25,3 7,9Julho 100,0 9,0 7,8 16,8 31,4 25,7 8,1

Fonte: PEDRMS (Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTE/FAT).(1) Incluem outros setores de atividade.(2) Incluem transporte e armazenagem; utilidade pública; especializados; administração pública, forças armadas e polícia; creditícios e financeiros; comunicação; diversão, radiodifusão e teledifusão; comércio, administração de valores imobiliários e de imóveis; serviços auxiliares; outros serviços de reparação e limpeza.(3) Incluem serviços pessoais diversos, alimentação, educação, saúde, serviços comunitários, oficinas de reparação mecânica e outros serviços.

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91Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Sociais

Tabela 15 Distribuição dos ocupados por posição na ocupaçãoRegião Metropolitana de Salvador – jan. 2010-jul. 2011

(%)

Períodos

Posição na ocupação

Assalariados Autônomos

Empregador Domésticos Outros (2) Total (1)

Assalariado priv.

c/ carteira assin.

Assalariado priv.

s/ carteira

Assalariado público Total

Autônomo trab.

p/ público

Autônomo trab.

p/ empresa

Janeiro 2010 66,3 43,2 9,2 13,8 22,1 19,8 2,3 2,8 6,7 2,1 Fevereiro 67,0 44,4 9,0 13,5 21,0 18,5 2,5 3,0 7,0 2,0 Março 66,9 44,2 9,4 13,3 20,6 18,0 2,6 3,2 7,3 2,0 Abril 66,7 44,4 9,0 13,3 20,2 17,7 2,5 3,4 7,7 2,0 Maio 67,0 44,5 8,5 13,8 20,1 17,7 2,4 3,2 7,8 1,9 Junho 67,2 45,1 8,1 14,0 19,4 16,8 2,6 3,2 7,5 2,7 Julho 67,6 44,8 8,5 14,4 19,4 16,8 2,6 3,0 7,4 2,6 Agosto 67,0 43,7 8,6 14,7 19,9 17,3 2,6 3,0 7,5 2,6 Setembro 67,1 43,5 9,0 14,5 20,3 17,5 2,8 3,1 7,5 2,0 Outubro 66,7 43,4 9,1 14,2 20,2 17,4 2,8 3,2 7,4 2,5 Novembro 67,0 43,8 9,3 13,9 20,8 17,9 2,8 3,2 6,9 2,1 Dezembro 67,1 44,5 8,7 13,8 20,9 18,4 2,5 2,9 6,9 2,2 Janeiro 2011 67,5 45,2 8,6 13,5 20,9 18,5 2,3 2,9 7,0 1,7 Fevereiro 66,9 45,3 8,2 13,3 21,1 18,9 2,2 2,6 7,7 1,7 Março 66,6 45,3 8,3 12,9 21,0 18,6 2,3 2,9 7,9 1,6 Abril 67,2 46,6 8,0 12,5 20,5 18,0 2,5 2,9 8,0 (3)Maio 68,0 47,9 8,0 12,0 19,6 17,2 2,4 2,8 8,0 (3)Junho 68,5 48,2 8,0 12,2 19,8 17,5 2,3 2,4 7,9 (3)Julho 67,7 47,5 7,8 12,4 20,5 17,8 2,7 2,3 8,1 (3)

Fonte: PEDRMS (Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTE/FAT).(1) Incluem os que não informaram o segmento em que trabalham.(2) Incluem trabalhadores familiares edonos de negócios familiares.

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92 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Indicadores SociaisIndIcadores conjunturaIs

Tabela 16 Rendimento médio real trimestral dos ocupados, assalariados e autônomos no trabalho principalRegião Metropolitana de Salvador – jan. 2010-jun. 2011

(R$)

Trimestres

Rendimento médio real

Ocupados (1) Assalariados (2) Autônomos

Valor absoluto (3) Índice (4) Valor absoluto (3) Índice (4) Valor absoluto (3) Índice (4)

Janeiro 2010 1.081 105,9 1.187 105,1 773 112,0 Fevereiro 1.079 105,7 1.179 104,5 769 111,4 Março 1.118 109,6 1.220 108,1 796 115,2 Abril 1.122 109,9 1.216 107,7 792 114,6 Maio 1.142 111,9 1.219 108,0 809 117,2 Junho 1.128 110,5 1.215 107,6 784 113,5 Julho 1.154 113,1 1.248 110,5 816 118,1 Agosto 1.123 110,1 1.227 108,7 791 114,6 Setembro 1.133 111,0 1.225 108,5 777 112,5 Outubro 1.099 107,7 1.200 106,3 720 104,2 Novembro 1.111 108,8 1.212 107,3 768 111,2 Dezembro 1.123 110,0 1.220 108,1 797 115,4 Janeiro 2011 1.101 107,9 1.202 106,5 805 116,5 Fevereiro 1.096 107,4 1.192 105,6 765 110,7 Março 1.042 102,1 1.139 100,9 753 109,0 Abril 1.064 104,2 1.164 103,1 758 109,7 Maio 1.048 102,7 1.147 101,6 753 109,0 Junho 1.051 103,0 1.155 102,3 777 112,5 Variação mensal Jun. 2011/maio 2011 0,4 0,7 3,2Variação no ano Jun. 2011/dez. 2010 -6,4 -5,4 -2,5Variação anual Jun. 2011/jun. 2010 -6,8 -4,9 -0,9

Fonte: PEDRMS (Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTE/FAT).(1) Exclusive os assalariados e os empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores.(2) Exclusive os assalariados que não tiveram remuneração no mês.(3) Inflator utilizado – Índice de Preços ao Consumidor – SEI. Valores em reais de Junho – 2011.(4) Base: Média de 2000 = 100.

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93Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Sociais

Tabela 17 Rendimento médio real trimestral dos ocupados, por grau de instrução (1)Região Metropolitana de Salvador – jan.2010-jun.2011

(R$)

Períodos Total (2)

Rendimento médio real trimestral dos ocupados

Analfabetos 1º grau incompleto

1º grau completo/2º incompleto

2º grau completo/3º incompleto

3º grau completo

Janeiro 2010 1.081 (3) 605 720 1.053 2.429Fevereiro 1.079 (3) 610 718 1.031 2.523Março 1.118 (3) 605 708 1.036 2.712Abril 1.122 (3) 602 691 1.041 2.775Maio 1.142 (3) 595 682 1.050 2.867Junho 1.128 (3) 593 681 1.058 2.786Julho 1.154 (3) 580 713 1.086 2.770Agosto 1.123 (3) 605 701 1.104 2.495Setembro 1.133 (3) 615 682 1.115 2.556Outubro 1.099 (3) 628 688 1.070 2.494Novembro 1.111 (3) 629 729 1.064 2.547Dezembro 1.123 (3) 628 759 1.081 2.523Janeiro 2011 1.101 (3) 607 741 1.083 2.515Fevereiro 1.096 (3) 625 705 1.054 2.564Março 1.042 (3) 620 705 1.005 2.451Abril 1.064 (3) 641 700 1.015 2.527Maio 1.048 (3) 616 713 1.014 2.625Junho 1.051 (3) 609 685 1.020 2.696Variação mensal Jun. 2011/maio 2011 0,4 – -1,2 -3,9 0,7 2,7Variação no ano Jun. 2011/dez. 2010 -6,4 – -3,1 -9,8 -5,6 6,9Variação anual Jun. 2011/jun. 2010 -6,8 – 2,7 0,7 -3,6 -3,2

Fonte: PEDRMS (Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTE/FAT).(1) Inflator utilizado: Índice de Preços ao Consumidor – SEI; valores em reais de junho de 2011.(2) Excluem os assalariados e os empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício.(3) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

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94 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Indicadores SociaisIndIcadores conjunturaIs

Tabela 18 Rendimento médio real trimestral dos assalariados no setor público e privado, por setor de atividadeeconômica e carteira de trabalho assinada e não-assinada pelo atual empregador (1)Região Metropolitana de Salvador – jan. 2010-jun. 2011

Trimestres Total (2)

Assalariados no setor privado Assalariados

do setor público (3)Total

Setor de atividade Carteira de trabalho

Indústria de transformação Comércio Serviços Assinada Não-

assinada

Janeiro 2010 1.187 1.027 1.314 796 1.027 1.102 640 1.841Fevereiro 1.179 1.007 1.254 798 1.011 1.086 599 1.905Março 1.220 1.008 1.313 819 1.002 1.087 581 2.150Abril 1.216 1.009 1.298 825 1.000 1.088 575 2.084Maio 1.219 1.000 1.285 843 971 1.071 578 2.131Junho 1.215 1.022 1.250 848 1.023 1.088 648 1.979Julho 1.248 1.041 1.305 866 1.033 1.105 688 2.041Agosto 1.227 1.052 1.323 874 1.057 1.120 704 1.899Setembro 1.225 1.050 1.338 859 1.061 1.124 677 1.906Outubro 1.200 1.035 1.281 842 1.049 1.113 648 1.853Novembro 1.212 1.026 1.336 826 1.025 1.104 613 1.933Dezembro 1.220 1.047 1.369 864 1.024 1.128 611 1.933Janeiro 2011 1.202 1.033 1.379 836 1.003 1.103 630 1.900Fevereiro 1.192 1.027 1.266 853 1.015 1.096 636 1.906Março 1.139 982 1.165 814 983 1.036 644 1.854Abril 1.164 998 1.196 854 990 1.051 659 1.974Maio 1.147 993 1.237 826 980 1.044 669 1.891Junho 1.155 986 1.235 836 963 1.043 635 1.944Variação mensal Jun. 2011/maio 2011 0,7 -0,7 -0,2 1,2 -1,8 -0,2 -5,2 2,8Variação no ano Jun. 2011/dez. 2010 -5,4 -5,8 -9,8 -3,3 -6,0 -7,5 3,9 0,6Variação anual Jun. 2011/jun. 2010 -4,9 -3,5 -1,2 -1,5 -5,9 -4,2 -2,1 -1,8

Fonte: PEDRMS (Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTE/FAT).(1) Inflator utilizado: Índice de Preços ao Consumidor – SEI; valores em reais de junho de 2011.(2) Excluem os assalariados que não tiveram remuneração no mês e os empregados domésticos.(3) Incluem os estatutários e celetistas que trabalham em instituições públicas (governos municipal, estadual, federal, empresa de economia mista, autarquia, fundação, etc.).

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95Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Sociais

Tabela 19 Rendimento real trimestral máximo e mínimo dos ocupados e dos assalariados no trabalho principal (1)Região Metropolitana de Salvador – jan. 2010-jun. 2011

(R$)

Períodos

Rendimento médio real trimestral

Ocupados (2) Assalariados (3)

10% mais pobres ganham

até

25% mais pobres ganham

até

50% mais pobres ganham

até

25% mais ricos

ganham acima de

10% mais ricos

ganham acima de

10% mais pobres ganham

até

25% mais pobres ganham

até

50% mais pobres ganham

até

25% mais ricos

ganham acima de

10% mais ricos

ganham acima de

Janeiro 2010 318 498 685 1.271 2.187 498 540 794 1.339 2.418Fevereiro 316 535 688 1.191 2.148 498 540 789 1.285 2.356Março 315 535 688 1.258 2.249 535 540 786 1.273 2.448Abril 314 532 684 1.225 2.301 532 536 752 1.262 2.437Maio 312 529 702 1.245 2.412 529 534 756 1.268 2.423Junho 312 528 707 1.244 2.398 528 531 780 1.318 2.417Julho 312 529 726 1.252 2.417 529 532 793 1.361 2.593Agosto 313 532 727 1.251 2.294 530 532 819 1.379 2.495Setembro 312 531 727 1.252 2.299 531 532 814 1.374 2.508Outubro 312 530 711 1.251 2.186 530 532 810 1.356 2.405Novembro 309 525 720 1.245 2.284 525 532 823 1.349 2.411Dezembro 308 524 720 1.245 2.325 523 534 821 1.355 2.469Janeiro 2011 308 523 708 1.231 2.244 523 546 809 1.320 2.372Fevereiro 303 523 708 1.213 2.176 523 551 809 1.314 2.341Março 303 545 704 1.207 2.023 545 551 774 1.214 2.028Abril 303 545 700 1.200 2.021 545 550 800 1.222 2.111Maio 300 545 699 1.199 2.010 545 548 779 1.206 2.100Junho 299 545 685 1.100 2.000 544 545 750 1.200 2.160Variação mensal Jun. 2011/maio 2011 -0,3 0,1 -2,1 -8,3 -0,5 -0,1 -0,5 -3,8 -0,5 2,8Variação no ano Jun. 2011/dez. 2010 -2,9 3,9 -4,8 -11,6 -14,0 3,9 2,1 -8,7 -11,4 -12,5Variação anual Jun. 2011/jun. 2010 -4,1 3,2 -3,1 -11,6 -16,6 3,0 2,6 -3,8 -8,9 -10,6

Fonte: PEDRMS (Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTE/FAT).(1) Inflator utilizado: Índice de Preços ao Consumidor – SEI. Valores em reais de junho – 2011.(2) Exclusive os assalariados e os empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício.(3) Exclusive os assalariados que não tiveram remuneração no mês.

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96 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Indicadores SociaisIndIcadores conjunturaIs

Emprego formal

Tabela 20 Flutuação mensal do emprego – Bahia – jan. 2010-ago. 2011

Períodos

Saldo líquido (admissões – desligamentos)

Total (1) Ind. detransformação Const. civil Comércio Serviços

2010 (2) 91.402 14.742 20.485 17.980 32.198Janeiro 14.424 2.418 4.029 1.578 3.972Fevereiro 6.088 1.505 2.766 1.324 1.198Março 10.226 3.146 4.348 -723 2.033Abril 10.590 2.341 2.600 518 1.436Maio 16.301 2.663 2.620 1.659 3.855Junho 3.705 -343 1.184 775 961Julho 8.137 1.080 4.385 -856 3.104Agosto 11.207 2.313 3.591 1.070 5.657Setembro 10.287 2.060 1.591 2.223 3.962Outubro 7.059 1.184 -351 3.756 3.858Novembro 10.681 390 2.830 5.240 4.189Dezembro -17.303 -4.015 -9.108 1.416 -2.0272011 (3) 56.599 8.660 5.703 4.111 21.008Janeiro 7.438 995 820 671 2.852Fevereiro 3.127 4 -445 160 2.733Março 2.758 510 1.222 -1.518 684Abril 10.623 1.065 2.831 882 4.065Maio 11.710 1.314 2.751 1.484 2.021Junho 11.767 1.764 1.586 716 2.644Julho 2.033 1.449 -3.833 381 2.088Agosto 7.143 1.559 771 1.335 3.921Set. 2010-ago. 2011 67.323 8.279 665 16.746 30.990

Fonte: MTE–Caged – Lei 4.923/65 – Perfil do estabelecimento.(1) Incluem todos os setores. Dados preliminares.(2) Este saldo não levou em consideração a incorporação de 32.545 empregos, provenientes das declarações entregues fora do prazo e dos acertos de declarações, referentes ao período de janeiro a novembro de 2010. O MTE realizou esta mudança metodológica nos dados do Caged, passando a divulgá-lo a partir de janeiro de 2011. Em todo o boletim de dezembro de 2010, será desconsiderado o novo procedimento do MTE, visando preservar a comparabilidade do saldo ao longo da série histórica do Caged.(3) Este saldo não levou em consideração a incorporação de 45.565 empregos, provenientes das declarações entregues fora do prazo e dos acertos de declarações, referentes ao período de janeiro a agosto de 2011. O MTE realizou esta mudança metodológica nos dados do Caged, passando a divulgá-lo a partir de janeiro de 2011.

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97Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsIndicadores Sociais

Tabela 21 Flutuação mensal do empregoRegião Metropolitana de Salvador – jan. 2010-abr. 2011

PeríodosSaldo líquido (admissões – desligamentos)

Total (1) Ind. tranformação Const. civil Comércio Serviços

2010 (2) 91.402 14.742 20.485 17.980 32.198Janeiro 14.424 2.418 4.029 1.578 3.972Fevereiro 6.088 1.505 2.766 1.324 1.198Março 10.226 3.146 4.348 -723 2.033Abril 10.590 2.341 2.600 518 1.436Maio 16.301 2.663 2.620 1.659 3.855Junho 3.705 -343 1.184 775 961Julho 8.137 1.080 4.385 -856 3.104Agosto 11.207 2.313 3.591 1.070 5.657Setembro 10.287 2.060 1.591 2.223 3.962Outubro 7.059 1.184 -351 3.756 3.858Novembro 10.681 390 2.830 5.240 4.189Dezembro -17.303 -4.015 -9.108 1.416 -2.0272011 (3) 56.599 8.660 5.703 4.111 21.008Janeiro 7.438 995 820 671 2.852Fevereiro 3.127 4 -445 160 2.733Março 2.758 510 1.222 -1.518 684Abril 10.623 1.065 2.831 882 4.065Maio 11.710 1.314 2.751 1.484 2.021Junho 11.767 1.764 1.586 716 2.644Julho 2.033 1.449 -3.833 381 2.088Agosto 7.143 1.559 771 1.335 3.921Set. 2010-ago. 2011 67.323 8.279 665 16.746 30.990

Fonte: MTE–Caged – Lei 4.923/65 – Perfil do Estabelecimento.(1) Incluem todos os setores. Dados preliminares.(2) Este saldo não levou em consideração a incorporação de 32.545 empregos, provenientes das declarações entregues fora do prazo e dos acertos de declarações, referentes ao período de janeiro a novembro de 2010. O MTE realizou esta mudança metodológica nos dados do Caged, passando a divulgá-lo a partir de janeiro de 2011. Em todo o boletim de dezembro de 2010, será desconsiderado o novo procedimento do MTE, visando preservar a comparabilidade do saldo ao longo da série histórica do Caged.(3) Este saldo não levou em consideração a incorporação de 45.565 empregos, provenientes das declarações entregues fora do prazo e dos acertos de declarações, referentes ao período de janeiro a agosto de 2011. O MTE realizou esta mudança metodológica nos dados do Caged, passando a divulgá-lo a partir de janeiro de 2011.

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98 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Finanças PúblicasIndIcadores conjunturaIs

FINANçAS PÚbLICAS

União

(Continua)

Tabela 22Demonstrativo das receitas da União Orçamentos fiscal e da seguridade social – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1.000)

Receita realizada

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-fev. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Receita (exceto intra orçamentária) (I) 217.699.240 ... 217.699.240 175.774.095 240.338.895 416.112.990 Receitas correntes 167.875.100 ... 167.875.100 137.483.571 148.929.503 286.413.074 Receita tributária 58.736.333 ... 58.736.333 44.664.813 51.045.657 95.710.470 Impostos 58.019.536 ... 58.019.536 44.112.647 48.240.628 92.353.275 Taxas 716.798 ... 716.798 552.166 2.805.030 3.357.196 Receita de contribuições 86.624.350 ... 86.624.350 73.316.958 74.483.202 147.800.160 Contribuições sociais 84.128.566 ... 84.128.566 71.093.889 72.443.716 143.537.605 Contribuições econômicas 2.495.784 ... 2.495.784 2.223.068 2.039.486 4.262.554 Receita patrimonial 8.683.533 ... 8.683.533 8.697.210 12.254.824 20.952.034 Receitas imobiliárias 119.672 ... 119.672 88.224 99.637 187.861 Receitas de valores mobiliários 3.182.364 ... 3.182.364 3.199.819 6.783.546 9.983.365 Receita de concessões e permissões 266.305 ... 266.305 240.651 145.673 386.324 Compensações financeiras 5.114.229 ... 5.114.229 5.167.503 5.224.855 10.392.358 Outras receitas patrimoniais 963 ... 963 1.013 1.113 2.126 Receita agropecuária 2.994 ... 2.994 3.189 3.365 6.554 Receita da produção vegetal 1.619 ... 1.619 2.334 2.059 4.393 Receita da produção animal e derivados 1.373 ... 1.373 852 1.298 2.150 Outras receitas agropecuárias 2 ... 2 3 8 11 Receita industrial 70.884 ... 70.884 86.254 116.396 202.650 Receita da indústria de transformação 70.884 ... 70.884 86.254 116.396 202.650 Receita de servicos 8.853.973 ... 8.853.973 7.263.314 6.860.773 14.124.087 Transferencias correntes 60.799 ... 60.799 24.616 43.554 68.170 Transferências intergovernamentais 0 ... 0 0 0 0 Transferências de instituições privadas 2.285 ... 2.285 332 609 941 Transferências do exterior 474 ... 474 2.511 3.915 6.426 Transferências de pessoas 79 ... 79 81 79 160 Transferências de convênios 57.904 ... 57.904 21.613 38.911 60.524 Transferências para o combate à fome 57 ... 57 79 40 119 Outras receitas correntes 4.839.886 ... 4.839.886 3.409.429 4.125.494 7.534.923 Multas e juros de mora 2.032.243 ... 2.032.243 1.470.114 1.749.397 3.219.511 Indenizações e restituições 649.886 ... 649.886 508.627 594.432 1.103.059 Receita da dívida ativa 431.911 ... 431.911 258.566 358.251 616.817 Receitas diversas 1.725.845 ... 1.725.845 1.172.121 1.423.414 2.595.535 Receitas de capital 49.824.140 ... 49.824.140 38.290.524 91.409.392 129.699.916 Operações de crédito 37.847.732 ... 37.847.732 29.148.082 74.351.297 103.499.379 Operações de crédito internas 36.921.178 ... 36.921.178 29.126.705 73.699.249 102.825.954 Operações de crédito externas 926.554 ... 926.554 21.377 652.048 673.425 Alienacao de bens 631.882 ... 631.882 44.515 69.073 113.588 Alienação de bens móveis 602.338 ... 602.338 21.315 54.205 75.520 Alienação de bens imóveis 29.543 ... 29.543 23.200 14.868 38.068 Amortizações de empréstimos 5.342.428 ... 5.342.428 4.126.434 4.246.441 8.372.875 Transferências de capital 16.212 ... 16.212 13.889 32.606 46.495 Transferências de pessoas 0 ... 0 40 0 40

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99Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsFinanças Públicas

(Conclusão)

Tabela 22Demonstrativo das receitas da União Orçamentos fiscal e da seguridade social – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1.000)

Receita realizada

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-fev. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Transferência de outras instituições públicas 0 ... 0 312 4.655 4.967 Transferências de convênios 16.212 ... 16.212 13.537 27.951 41.488 Outras receitas de capital 5.985.887 ... 5.985.887 4.957.605 12.709.975 17.667.580 Resultado do banco central do brasil 0 ... 0 0 6.674.518 6.674.518 Rem uneração das disponibilidades 5.985.853 ... 5.985.853 4.957.604 6.035.434 10.993.038 Proveniente da execução de garantias 29 ... 29 0 23 23 Receita dívida ativa alienação estoques de café 4 ... 4 0 0 0 Receitas de capital diversas² 0 ... 0 0 0 0 Receita (intra orçamentária) (II) 2.187.069 ... 2.187.069 1.778.429 1.808.061 3.586.490 Subtotal das receitas (III) = (I+II) ... 0 177.552.524 242.146.956 419.699.480 Operações de crédito - refinanciamento (IV) 66.605.665 ... 66.605.665 47.380.096 45.594.657 92.974.753 Operações de crédito internas 66.605.665 ... 66.605.665 47.380.096 44.838.287 92.218.383 Mobiliária 66.605.665 ... 66.605.665 47.380.096 44.838.287 92.218.383 Operações de crédito externas 0 ... 0 - 756.370 756.370 Mobiliária 0 ... 0 - 756.370 756.370 Subtotal com refinanciamento (V) = (III +IV) 286.491.973 ... 286.491.973 224.932.620 287.741.613 512.674.233 Déficit (VI) - ... - 0 0 0 Total (VII) = (V + VI) 286.491.973 ... 286.491.973 224.932.620 287.741.613 512.674.233 Saldo de exercícios anteriores (utilizados para créditos adicionais) - ... - - - -

Receita realizada intra orçamentária

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado Jan.-fev. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

Jan.-abr.

Receitas correntes 2.050.368 ... 2.050.368 1.778.429 1.808.061 3.586.490 Receita tributária 42 ... 42 5 127 132 Impostos 5 ... 5 -3 -15 -18 Taxas 37 ... 37 8 142 150 Receita de contribuições 2.024.696 ... 2.024.696 1.756.347 1.775.550 3.531.897 Contribuições sociais 2.024.692 ... 2.024.692 1.756.347 1.775.525 3.531.872 Receita patrimonial 223 ... 223 2.328 -68 2.260 Receitas imobiliárias 219 ... 219 632 -89 543 Receitas de valores mobiliários 0 ... 0 1.681 0 1.681 Receita de concessões e permissões 4 ... 4 14 22 36 Compensações financeiras ... 0 0 0 0 Receita industrial 19.709 ... 19.709 13.996 19.701 33.697 Receita da indústria de transformação 19.709 ... 19.709 13.996 19.701 33.697 Receita de serviços 4.501 ... 4.501 3.575 10.488 14.063 Outras receitas correntes 1.197 ... 1.197 2.179 2.263 4.442 Multas e juros de mora 131 ... 131 93 -147 -54 Indenizações e restituições 1.042 ... 1.042 1.864 2.225 4.089 Receitas correntes diversas 25 ... 25 222 185 407 Total 4.096.232 ... 4.096.232 3.556.859 3.616.122 7.172.981

Fonte: STN.Elaboração: SEI/Coref.

RREO – Anexo I (LRF, art. 52, inciso I, alíneas “a” e “b” do inciso II e §1º).(...) Não disponível até 02/06/2011.

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100 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Finanças PúblicasIndIcadores conjunturaIs

Tabela 23Demonstrativo das despesas da União Orçamentos fiscal e da seguridade social – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1.000)

Despesa executada

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-fev. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Despesas (exceto intraorçamentária) (VIII) 523.618.058 ... 523.618.058 142.797.441 77.472.344 220.269.785Despesas correntes 462.639.893 ... 462.639.893 138.263.031 75.852.670 214.115.701Pessoal e encargos sociais 31.912.532 ... 31.912.532 24.743.631 12.761.038 37.504.669Juros e encargos da dívida 136.409.679 ... 136.409.679 34.402.663 27.061.881 61.464.544Outras despesas correntes 294.317.682 ... 294.317.682 79.116.737 36.029.750 115.146.487Transferência a estados, df e municípios 173.891.129 ... 173.891.129 28.398.785 11.346.115 39.744.900Benefícios previdenciários 43.781.913 ... 43.781.913 37.516.736 18.542.988 56.059.724Demais despesas correntes 76.644.640 ... 76.644.640 13.201.216 6.140.648 19.341.864Despesas de capital 60.978.165 ... 60.978.165 4.534.411 1.619.675 6.154.086Investimentos 465.172 ... 465.172 957.673 16.617 974.290Inversões financeiras 24.670.474 ... 24.670.474 2.910.591 1.252.258 4.162.849Amortização da dívida 35.842.519 ... 35.842.519 666.147 350.799 1.016.946Reserva de contingência 0 ... 0 - - -Despesas (intra-orçamentárias) (IX) 3.294.322 ... 3.294.322 2.011.694 1.035.003 3.046.697Despesas correntes 2.294.319 ... 2.294.319 2.010.989 1.034.908 3.045.897Pessoal e encargos sociais 2.180.455 ... 2.180.455 1.975.704 1.023.296 2.999.000Outras despesas correntes 113.864 ... 113.864 35.285 11.612 46.897Demais despesas correntes 113.864 ... 113.864 35.285 11.612 46.897Despesas de capital 1.000.004 ... 1.000.004 704 95 799Investimentos 1 ... 1 20 0 20Inversões financeiras 1.000.003 ... 1.000.003 685 95 780Subtotal das despesas (X) = (VIII + IX) 526.912.380 ... 526.912.380 144.809.135 78.507.347 223.316.482Amortização da dívida - refinanciamento (XI) 674.792.655 ... 674.792.655 120.532.846 118.365.272 238.898.118Amortização da dívida interna 666.235.629 ... 666.235.629 117.691.241 117.448.401 235.139.642Dívida mobiliária 666.235.629 ... 666.235.629 117.690.733 117.448.113 235.138.846Outras dívidas 0 ... 0 508 288 796Amortização da dívida externa 8.557.025 ... 8.557.025 2.841.605 916.872 3.758.477Dívida mobiliária 5.257.800 ... 5.257.800 2.685.460 828.661 3.514.121Outras dívidas 3.299.226 ... 3.299.226 156.146 88.211 244.357Subtotal com refinanciamento (XII) = (X + XI) 1.201.705.034 ... 1.201.705.034 265.341.981 196.872.620 462.214.601Superávit (XIII) - ... - - - -Total (XIV) = (XII + XIII) 1.201.705.034 ... 1.201.705.034 265.341.981 196.872.620 462.214.601

Fonte: STN.Elaboração: SEI/Coref.Nota: Durante o exercício, as despesas liquidadas são consideradas executadas. No encerramento do exercício, as despesas não liquidadas inscritas em restos a pagar não processados são também consideradas executadas. As Despesas liquidadas são consideradas.RREO – Anexo I (LRF, art. 52, inciso I, alíneas “a” e “b” do inciso II e § 1º).(...) Não disponível até 02/06/2011.

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101Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsFinanças Públicas

Estado

(Continua)

Tabela 24Balanço Orçamentário – ReceitaOrçamentos fiscal e da seguridade social – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1,00)

Receita realizada

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-abr. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Receitas (exceto intra-orçamentárias) (I) 4.046.838.010 3.887.776.058 7.934.614.068 3.414.028.707 4.126.652.922 7.540.681.630 Receitas correntes 3.982.044.694 3.800.595.958 7.782.640.652 3.383.061.169 3.776.699.734 7.159.760.903 Receita tributária 2.232.158.821 2.238.018.812 4.470.177.633 2.039.406.989 2.057.329.407 4.096.736.396 Impostos 2.166.738.171 2.155.948.276 4.322.686.447 1.987.533.849 1.984.947.382 3.972.481.232 Taxas 65.420.650 82.070.535 147.491.185 51.873.139 72.382.025 124.255.164 Contribuição de melhoria - - 0 - - 0 Receita de contribuições 228.846.986 244.012.191 472.859.177 210.746.618 211.039.227 421.785.845 Contribuições sociais 228.846.986 244.012.191 472.859.177 210.746.618 211.039.227 421.785.845 Contribuições econômicas - 0 - - 0 Receita patrimonial 60.875.431 71.562.468 132.437.899 22.275.151 70.585.388 92.860.540 Receitas imobiliárias 4.970.733 4.141.762 9.112.495 2.905.907 2.768.030 5.673.937 Receitas de valores mobiliários 34.684.388 67.157.911 101.842.300 19.238.820 46.582.991 65.821.811 Receitas de concessões e permissões 219.448 257.210 476.658 82.687 1.178.648 1.261.336 Outras receitas patrimoniais - 5.585 5.585 47.737 47.737 Receita agropecuária 21.000.861 27.785 21.028.646 4.263 25.932 30.196 Receita da produção vegetal 6.409 807 7.216 - 2.346 2.346 Receita da produção animal e derivados 411 20.132 20.543 - 19.409 19.409 Outras receitas agropecuárias 4.285 6.846 11.131 4.263 4.178 8.441 Receita industrial 1.713 13.693 15.406 - 8.390 8.390 Receita da indústria de transformação 2.915 13.693 16.608 - 8.390 8.390 Receita da indústria de construção 2.915 - 2.915 - 0 Outras receitas industriais - - 0 - 0 Receita de serviços 8.290.499 15.626.749 23.917.248 9.190.762 13.146.061 22.336.823 Transferências correntes 1.863.469.382 1.586.990.105 3.450.459.487 1.322.477.621 1.687.668.540 3.010.146.161 Transferências intergovernamentais 1.853.914.866 1.561.324.091 3.415.238.957 1.313.088.593 1.665.974.911 2.979.063.504 Transferências de instituições privadas - 1.769 1.769 - 50.582 50.582 Transferências do exterior - 158.097 158.097 - 5.750 5.750 Transferências de pessoas - - 0 - - 0 Transferências de convênios 9.554.516 25.506.148 35.060.664 9.389.028 21.637.297 31.026.325 Transferências para o combate à fome - - 0 - - 0 Outras receitas correntes 107.027.486 114.608.097 221.635.583 208.838.934 149.591.801 358.430.735 Multas e juros de mora 27.217.548 26.351.366 53.568.914 23.097.316 24.359.628 47.456.944 Indenizações e restituições 15.069.002 -940.530 14.128.472 22.880.559 8.235.216 31.115.776 Receita da dívida ativa 3.859.109 2.388.343 6.247.452 1.847.825 1.900.399 3.748.224 Receitas diversas 60.881.827 86.808.918 147.690.745 161.013.233 115.096.558 276.109.791 Conta retificadora da receita orçamentária -518.633.235 -470.263.941 -988.897.177 -429.879.169 -412.695.014 -842.574.183 Receitas de capital 64.793.316 87.180.101 151.973.417 30.967.538 349.953.189 380.920.727 Operações de crédito 11.734.367 12.096.583 23.830.949 8.404.553 208.390.138 216.794.691 Operações de crédito internas 2.842.705 1.677.539 4.520.245 479.700 194.118.424 194.598.125 Operações de crédito externas 8.891.661 10.419.043 19.310.705 7.924.853 14.271.714 22.196.567 Alienação de bens 146.259 620.541 766.800 139.125 35.335 174.460 Alienação de bens móveis - 2.330 2.330 135.425 - 135.425 Alienação de bens imóveis 146.259 618.211 764.470 3.700 35.335 39.035

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102 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Finanças PúblicasIndIcadores conjunturaIs

(Conclusão)

Tabela 24Balanço Orçamentário – ReceitaOrçamentos fiscal e da seguridade social – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1,00)

Receita realizada

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-abr. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Amortização de empréstimos 4.382.873 15.634.279 20.017.151 11.331.943 11.982.898 23.314.841 Transferências de capital 48.529.818 58.828.699 107.358.517 11.091.917 129.544.817 140.636.734 Transferências intergovernamentais 427.860 903.764 1.331.624 - - 0 Transferências de instituições privadas - - 0 - - 0 Transferências do exterior - - 0 - - 0 Transferências de pessoas - - 0 - - 0 Transferências de outras instituições públicas - - 0 - - 0 Transferências de convênios 48.101.958 57.924.935 106.026.893 11.091.917 129.544.817 140.636.734 Transferências para o combate à fome - - 0 - - 0 Outras receitas de capital - - 0 - - 0 Integralização do capital social - - 0 - - 0 Dív. atv. prov. da amortiz. de emp. e financ. - - 0 - - 0 Remuneração das disponibilidades - - 0 - - 0 Proveniente da execução de garantias - - 0 - - 0 Receita Dívida Ativa Alienação Estoques de Café - - 0 - - 0 Restituições - - 0 - - 0 Outras receitas - - 0 - - 0 Receitas (intra-orçamentárias) (II) 250.934.446 268.395.771 519.330.218 238.070.981 236.791.517 474.862.498 Subtotal das receitas (III) = (I+II) 4.297.772.456 4.156.171.830 8.453.944.286 3.652.099.688 4.363.444.439 8.015.544.128 Operações de crédito - refinanciamento (IV) - - 0 - - 0 Operações de crédito internas - - 0 - - 0 Para refinanciamento da dívida mobiliária - - 0 - - 0 Para refinanciamento da dívida contratual - - 0 - - 0 Operações de crédito externas - - 0 - - 0 Para refinanciamento da dívida mobiliária - - 0 - - 0 Para refinanciamento da dívida contratual - - 0 - - 0 Subtotal com refinanciamentos (V) = (III + IV) 4.297.772.456 4.156.171.830 8.453.944.286 3.652.099.688 4.363.444.439 8.015.544.128 Déficit (VI) - - 0 - - 0 Total (VII) = (V + VI) 4.297.772.456 4.297.772.456 3.652.099.688 4.363.444.439 8.015.544.128 Saldos de exercícios anteriores - - 0 - - 0

Receita realizada intra orçamentária

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado Jan.-abr. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

Jan.-abr.

Receitas correntes 250.934.446 268.395.771 519.330.218 238.070.981 236.791.517 474.862.498Receita de contribuições 249.761.104 267.856.368 517.617.471 238.070.981 236.674.153 474.745.134Contribuições sociais 249.761.104 267.856.368 517.617.471 238.070.981 236.674.153 474.745.134Receita de serviços 1.173.343 539.404 1.712.746 - 117.364 117.364Total 250.934.446 268.395.771 519.330.218 238.070.981 236.791.517 474.862.498

Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia.Elaboração: SEI/Coref.RREO – Anexo I (LRF Art. 52, inciso I, alínea “a” do inciso II e §1º).

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103Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsFinanças Públicas

Tabela 25Balanço Orçamentário – DespesaOrçamentos fiscal e da seguridade social – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1,00)

Despesa executada

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-abr. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Despesas (exceto intra-orçamentárias) (I) 2.968.266.726 3.847.458.398 6.815.725.124 2.885.166.340 3.741.270.963 6.626.437.303 Despesas correntes 2.733.321.839 3.425.306.408 6.158.628.248 2.651.292.151 3.210.341.363 5.861.633.514 Pessoal e encargos sociais 1.611.312.378 1.803.776.089 3.415.088.466 1.628.944.193 1.612.793.105 3.241.737.298 Juros e encargos da dívida 65.253.811 82.761.501 148.015.312 50.524.027 96.642.356 147.166.383 Outras despesas correntes 1.056.755.651 1.538.768.818 2.595.524.470 971.823.932 1.500.905.901 2.472.729.833 Transferências a municípios 557.306.086 555.715.694 1.113.021.780 510.434.052 512.526.432 1.022.960.484 Demais despesas correntes 499.449.565 983.053.124 1.482.502.689 461.389.880 988.379.470 1.449.769.350 Despesas de capital 234.944.887 422.151.989 657.096.876 233.874.188 530.929.600 764.803.788 Investimentos 64.094.926 211.071.466 275.166.392 56.674.325 346.138.236 402.812.560 Inversões financeiras 9.963.922 86.393.167 96.357.089 25.179.170 31.703.873 56.883.043 Amortização da dívida 160.886.039 124.687.356 285.573.395 152.020.694 153.087.491 305.108.185 Reserva de contingência - - - - - -Reserva do rpps - - - - - -Despesas (intra-orçamentárias) (II) 218.037.312 266.656.090 484.693.402 213.441.631 232.311.884 445.753.516 Subtotal das despesas (III)=(I + II) 3.186.304.038 4.114.114.487 7.300.418.525 3.098.607.971 3.973.582.847 7.072.190.818 Amortização da dívida / refinanciamento(IV) - - - - - -Amortização da dívida interna - - - - - -Dívida mobiliária - - - - - -Outras dívidas - - - - - -Amortização da dívida externa - - - - - -Dívida mobiliária - - - - - -Outras dívidas - - - - - -Subtotal com refinanciamento (V) = (III + IV) 3.186.304.038 4.114.114.487 3.098.607.971 3.973.582.847 7.072.190.818 Superávit (VI) - - - -Total (VIII) = (V + VI) 3.186.304.038 4.114.114.487 3.098.607.971 3.973.582.847 7.072.190.818

Despesa intra orçamentária

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-abr. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Despesas correntes 218.037.312 266.656.090 484.693.402 213.441.631 232.311.884 445.753.516 Pessoal e encargos sociais 183.341.661 224.814.367 408.156.028 191.791.511 198.725.055 390.516.566 Outras despesas correntes 34.695.651 41.841.723 76.537.374 21.650.120 33.586.829 55.236.949 Despesas de capital - - - - - -Investimentos - - - - - -Total 218.037.312 266.656.090 484.693.402 213.441.631 232.311.884 445.753.516

Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia.Elaboração: SEI/Coref.Nota: Durante o exercício, as despesas liquidadas são consideradas executadas. No encerramento do exercício, as despesas não liquidadas inscritas em restos a pagar não processados são também consideradas executadas. As Despesas liquidadas são consideradas.RREO – Anexo I (LRF Art. 52, inciso I, alínea “b” do inciso II e §1º) – LEI 9.394/96, Art. 72 – Anexo X.

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104 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Finanças PúblicasIndIcadores conjunturaIs

Tabela 26Receita tributária mensal – Bahia – jan. 2010-abr. 2011

(R$ 1.000)

MesesICMS Outras Total

2010 2011 2010 2011 2010 2011

Janeiro 979.883 1.068.262 178.173 33.796 1.158.056 1.102.058 Fevereiro 833.413 976.280 258.684 82.396 1.092.097 1.058.676 Março 814.798 972.307 240.109 67.563 1.054.907 1.039.870 Abril 971.788 1.042.697 241.674 75.399 1.213.462 1.118.096 Maio 1.078.347 ... 259.506 ... 1.337.854 ... Junho 896.077 ... 270.318 ... 1.166.395 ... Julho 856.846 ... 265.928 ... 1.122.775 ... Agosto 882.520 ... 302.332 ... 1.184.852 ... Setembro 953.828 ... 271.491 ... 1.225.319 ... Outubro 931.188 ... 236.083 ... 1.167.271 ... Novembro 954.043 ... 226.563 ... 1.180.606 ... Dezembro 1.001.226 ... 356.643 ... 1.357.869 ...Total 11.153.957 4.059.547 3.107.506 259.153 14.261.463 4.318.700

Fonte: Sefaz–Balancetes mensais.Elaboração: SEI.

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105Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsFinanças Públicas

Tabela 27Arrecadação mensal do ICMS por unidades da FederaçãoBrasil – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1.000,00)

Unidade da federação

2011 2010

Jan. Fev. Mar. Abr. Acumulado jan.-mar. Jan. Fev. Mar. Abr. Acumulado

jan.-abr.

Norte 1.405.084 1.294.100 (1) 1.092.714 ... 2.497.798 1.138.889 (1) 1.160.355 1.384.834 1.232.585 4.916.663Acre 49.509 55.925 53.909 ... 159.343 41.045 (1) 43.207 41.591 39.856 165.699Amazonas 469.235 452.890 457.396 ... 1.379.521 392.628 422.257 460.424 449.417 1.724.726Pará 475.572 442.085 421.472 ... 1.339.129 388.763 393.135 555.630 419.308 1.756.836Rondônia 227.274 182.410 (1) 181 ... 227.455 170.054 157.297 172.005 162.780 662.136Amapá 42.548 37.410 34.828 ... 114.786 35.802 35.094 41.452 45.281 157.629Roraima 34.988 32.139 33.261 ... 100.388 28.915 27.541 30.938 31.316 118.710Tocantins 105.958 91.241 91.667 ... 288.866 81.681 81.824 82.794 84.627 330.926Nordeste 3.854.592 3.175.897 2.976.354 ... 10.006.843 2.981.439 (1) 3.063.176 3.165.074 3.208.227 12.417.916Maranhão 279.147 250.500 255.084 ... 784.731 231.483 220.654 228.670 226.970 907.777Piauí 180.784 176.710 148.230 ... 505.724 150.139 142.314 149.029 150.281 591.763Ceará 569.613 503.253 507.648 ... 1.580.514 455.480 464.409 482.008 533.696 1.935.593Rio Grande do Norte 241.446 0 0 ... 241.446 208.413 220.249 222.599 227.751 879.012Paraíba 250.932 238.394 0 ... 489.326 181.888 184.186 206.296 193.335 765.705Pernambuco 865.272 830.231 739.348 ... 2.434.851 595.244 617.217 660.400 702.948 2.575.809Alagoas 205.950 19.542 176.772 ... 402.264 143.180 149.042 160.235 169.688 622.145Sergipe 183.638 152.931 150.019 ... 486.588 123.047 (1) 135.523 129.426 129.861 517.857Bahia 1.077.809 1.004.337 999.252 ... 3.081.398 892.566 929.581 926.411 873.696 3.622.254Sudeste 13.076.777 12.568.474 4.894.979 ... 30.540.230 10.952.185 (1) 11.475.768 11.742.715 12.635.379 46.806.047Minas Gerais 2.356.876 2.133.220 2.233.889 ... 6.723.985 1.984.397 2.072.425 2.123.219 2.067.105 8.247.146Espírito Santo 683.838 650.773 642.345 ... 1.976.956 514.542 530.039 561.732 622.475 2.228.788Rio de Janeiro 2.214.239 1.894.126 2.018.745 ... 6.127.110 1.577.735 1.634.230 1.841.705 1.816.099 6.869.769São Paulo 7.821.823 7.890.355 0 ... 15.712.178 6.875.511 (1) 7.239.073 7.216.059 8.129.701 29.460.344Sul 2.679.422 1.434.280 2.595.236 ... 6.708.938 3.103.200 3.145.250 3.313.432 3.350.296 12.912.178Paraná 0 0 1.140.104 ... 1.140.104 1.157.929 1.119.106 1.111.782 1.136.825 4.525.642Santa Catarina 1.014.916 0 0 ... 1.014.916 702.117 717.389 782.557 787.779 2.989.842Rio Grande do Sul 1.664.506 1.434.280 1.455.132 ... 4.553.918 1.243.154 1.308.755 1.419.094 1.425.691 5.396.694Centro-Oeste 1.709.707 1.578.550 2.057.234 ... 5.345.491 1.736.080 1.772.768 1.769.579(1) 1.764.042 7.042.469Mato Grosso 454.904 368.294 451.669 ... 1.274.867 458.940 480.199 427.703 442.388 1.809.230Mato Grosso do Sul 422.774 383.334 422.255 ... 1.228.363 356.277 347.717 360.888 365.861 1.430.743Goiás 832.029 826.922 791.519 ... 2.450.470 583.006 609.734 610.587 601.180 2.404.507Distrito Federal 0 0 391.791 ... 391.791 337.857 335.117 370.399 (1) 354.614 1.397.987Brasil 22.725.583 20.051.301 (1) 13.616.517 ... 111.310.288 19.911.792 (1) 20.617.316 21.375.634 (1) 22.190.529 64.183.479

Fonte: Confaz/Cotepe/ICMS.Elaboração: SEI/Coref.Última Atualização:30/05/11.(...) Dado indisponível.(1) Dado sujeito a retificação.

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106 Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

Finanças PúblicasIndIcadores conjunturaIs

Município

(Continua)

Tabela 28Balanço orçamentário – ReceitaOrçamentos fiscal e da seguridade social – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1,00)

Receita realizada

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-abr. Jan-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Receitas (exceto intra-orçamentárias) (I) 4.046.838.010 558.200.755 4.605.038.765 521.292.878 488.163.299 1.009.456.177 Receitas correntes 3.982.044.694 589.728.335 4.571.773.029 526.600.164 513.478.967 1.040.079.131 Receita tributária 1.232.158.821 205.677.446 1.437.836.267 222.221.623 167.421.524 389.643.147 Impostos 2.166.738.171 164.915.003 2.331.653.174 185.514.144 134.202.293 319.716.437 Taxas 65.420.650 40.532.677 105.953.327 36.487.595 32.951.379 69.438.974 Outras receitas tributárias - 229.766 229.766 219.884 267.852 487.736 Receita de contribuições 228.846.986 21.689.086 250.536.072 15.480.567 19.228.793 34.709.361 Contribuições sociais 228.846.986 9.706.745 238.553.731 6.322.468 9.117.872 15.440.340 Contribuições econômicas - 11.982.341 11.982.341 9.158.099 10.110.922 19.269.020 Receita patrimonial 60.875.431 8.493.434 69.368.865 4.540.876 6.220.865 10.761.740 Receitas imobiliárias 4.970.733 145.275 5.116.009 81.000 276.774 357.773 Receitas de valores mobiliários 34.684.388 5.435.802 40.120.191 3.226.737 4.139.421 7.366.158 Receitas de concessões e permissões 219.448 2.912.356 3.131.804 1.133.559 1.804.670 2.938.229 Outras receitas patrimoniais 21.000.861 - 21.000.861 99.580 - 99.580 Receita industrial 2.915 439.188 442.103 474.147 -46.412 427.735 Receita da indústria de construção - 439.188 439.188 474.147 -46.412 427.735 Receita de serviços 8.290.499 581.338 8.871.837 669.681 581.908 1.251.588 Transferências correntes 1.863.469.382 326.166.953 2.189.636.335 268.907.496 304.023.295 572.930.791 Transferências intergovernamentais 1.853.914.866 322.749.844 2.176.664.710 260.991.509 300.099.839 561.091.348 Transferências de instituições privadas - 880.200 880.200 5.795.400 1.120.400 6.915.800 Transferências de pessoas - 630 630 820 950 1.770 Transferências de convênios 9.554.516 2.509.102 12.063.618 2.119.768 2.802.106 4.921.873 Outras receitas correntes 107.027.486 26.680.890 133.708.376 14.305.775 16.048.994 30.354.768 Multas e juros de mora 27.217.548 7.351.119 34.568.667 7.627.661 8.535.340 16.163.001 Indenizações e restituições 15.069.002 2.003.874 17.072.876 169.252 443.368 612.621 Receita da dívida ativa 3.859.109 15.703.360 19.562.469 3.964.079 5.534.911 9.498.990 Receitas diversas 60.881.827 1.622.536 62.504.364 2.544.782 1.535.374 4.080.156 Receitas de capital 64.793.316 3.701.598 68.494.914 22.545.987 4.930.176 27.476.162 Operações de crédito 11.734.367 - 11.734.367 - - -Operações de crédito internas 2.842.705 - 2.842.705 - - -Operações de Crédito Externas 8.891.661 - - - - -Alienação de bens 146.259 - 146.259 200.580 106.419 306.999 Alienação de bens móveis - - 0 200.580 106.419 306.999 Alienação de Bens Imóveis 146.259 -Transferências de capital 48.529.818 - 48.529.818 22.345.407 4.823.756 27.169.163 Transferências intergovernamentais 427.860 - 427.860 - - -Transferências de convênios 48.101.958 3.701.598 51.803.556 22.345.407 4.823.756 27.169.163 Outras receitas de capital - - 0 - - -Receitas diversas - - 0 - - -Dedução da receita corrente - -35.229.178 -35.229.178 -27.853.273 -30.245.844 -58.099.116 Receitas (intra-orçamentárias) (II) 250.934.446 10.217.364 261.151.810 10.229.804 8.833.364 19.063.168 Subtotal das receitas (III) = (I+II) 4.297.772.456 568.418.119 4.866.190.575 531.522.682 496.996.663 1.028.519.346 Déficit (IV) - - - - - -Total (V) = (III + IV) 4.297.772.456 568.418.119 4.866.190.575 531.522.682 496.996.663 1.028.519.346

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107Conj. & Planej., Salvador, n.172, p.80-107, jul./set. 2011

IndIcadores conjunturaIsFinanças Públicas

(Conclusão)

Tabela 28Balanço orçamentário – ReceitaOrçamentos fiscal e da seguridade social – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1,00)

Receita intraorçamentária

2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-abr. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.

Receitas correntes 250.934.446 10.217.364 261.151.810 10.229.804 8.833.364 19.063.168Receita de contribuições 249.761.104 9.930.214 259.691.317 9.626.167 8.301.687 17.927.854Receita de serviços 1.173.343 287.150 1.460.493 603.637 531.677 1.135.314Receita de capital - - - - - -Outras receitas de capital intra-orçamentária - - - - - -Total 250.934.446 10.217.364 261.151.810 10.229.804 8.833.364 19.063.168

Fonte: Secretaria da Fazenda do Município de Salvador.Elaboração: SEI/Coref.(...) Dado indisponível até 13/05/2010.RREO – Anexo I (LRF Art. 52, inciso I, alínea “a” do inciso II e §1º).

Tabela 29Balanço orçamentário – DespesaOrçamentos fiscal e da seguridade social – Salvador – jan.-abr. 2010/2011

(R$ 1,00)

Despesa executada2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-abr. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.Despesas (exceto intra-orçamentárias) (I) 2.968.266.726 508.620.042 3.476.886.768 372.838.795 514.147.363 886.986.158 Despesas correntes 2.733.321.839 472.607.385 3.205.929.224 349.875.490 452.167.819 802.043.309 Pessoal e encargos sociais 1.611.312.378 190.529.027 1.801.841.405 159.953.448 166.124.390 326.077.838 Juros e encargos da dívida 65.253.811 11.664.726 76.918.536 11.149.838 11.300.099 22.449.937 Outras despesas correntes 1.228.793.394 270.413.632 1.499.207.026 178.772.204 274.743.329 453.515.533 Despesas de capital 234.944.887 36.012.556 270.957.443 22.963.305 61.979.544 84.942.849 Investimentos 64.094.926 5.531.384 69.626.311 1.726.020 36.941.059 38.667.079 Inversões financeiras 9.963.922 2.715.000 12.678.922 3.293.806 893.806 4.187.611 Amortização da dívida 160.886.039 27.766.272 188.652.311 17.943.480 24.144.679 42.088.159 Reserva de contingência - - - - - -Despesas (intra-orçamentárias) (II) 218.037.312 9.900.508 227.937.820 8.977.446 8.596.806 17.574.252 Subtotal das despesas (III)=(I+II) 3.186.304.038 518.520.850 3.704.824.888 381.816.241 522.744.169 904.560.410 Superávit (IV) - 0 - - -Total (V) = (III + IV) 3.186.304.038 518.520.850 381.816.241 522.744.169 904.560.410

Despesa intra orçamentária2011 2010

Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado jan.-abr. Jan.-fev. Mar.-abr. Acumulado

jan.-abr.Despesas correntes 218.037.312 9.900.808 227.938.120 8.977.446 8.596.806 17.574.252 Pessoal e encargos sociais 183.341.661 9.879.496 193.221.157 8.445.769 8.223.999 16.669.767 Outras despesas correntes 34.695.651 21.312 34.716.963 531.677 372.807 904.484 Despesas de capital - - - - - -Investimentos - - - - - -Total 218.037.312 9.900.808 227.938.120 8.977.446 8.596.806 17.574.252

Fonte: Secretaria da Fazenda do Município de Salvador.Elaboração: SEI/Coref.Nota: Durante o exercício, as despesas liquidadas são consideradas executadas. No encerramento do exercício, as despesas não liquidadas inscritas em restos a pagar não processados são também consideradas executadas. As Despesas liquidadas são consideradas.RREO – Anexo I (LRF Art. 52, inciso I, alínea “b” do inciso II e §1º ) – LEI 9.394/96, Art. 72 – Anexo X.

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