13
___________________________________________________________________ CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA MÓDULO XI DIREITO PROCESSUAL PENAL __________________________________________________________________ Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010 Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

CPP Provas

  • Upload
    dlcsc

  • View
    5.067

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

CPP Provas

Citation preview

Page 1: CPP Provas

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XI

DIREITO PROCESSUAL PENAL

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 2: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

1/12

DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. DA PROVA

1.1. Conceito

Prova é todo elemento trazido ao processo, pelo juiz ou pelas partes, destinado a comprovar a realidade de um fato, a existência de algo ou averacidade de uma afirmação. Sua finalidade é fornecer subsídios para aformação da convicção do julgador.

1.2. Objeto de Prova

São objetos de prova os fatos principais e secundários capazes deinfluenciar a responsabilidade criminal do réu, a aplicação da pena e a medida de segurança. Alguns fatos, entretanto, não podem ser objetos de prova. São eles:

• o direito não pode ser objeto de prova, pois o juiz o conhece; salvo se for direito consuetudinário, estrangeiro, estadual ou municipal;

• os fatos axiomáticos, isto é, aqueles fatos evidentes. O fatoaxiomático é diferente do fato notório, que é aquele de conhecimento geral, que faz parte da história e refere-se a fatos políticos, sociais ou fenômenos da natureza;

• os fatos irrelevantes, aqueles incapazes de influenciar aresponsabilidade criminal do réu, no caso concreto.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 3: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

2/12

• os fatos sobre os quais incida presunção absoluta iuris et de iure. Ex.: o inimputável recebe medida de segurança, absolvição imprópria.Tem como pressuposto a periculosidade, pois a medida de segurança é aplicada apenas aos réus perigosos. Não há necessidade de perícia para confirmar sua periculosidade.

No Processo Penal, os fatos incontroversos também são objetos deprova; não se aplica a regra do Processo Civil, pois o que se discute no Direito Penal é o direito à liberdade.

1.3. Classificação das Provas

• Prova Direta: refere-se diretamente ao tema probandu. Ex.:testemunha presencial, exame de corpo de delito.

• Prova Indireta: refere-se indiretamente ao tema probandu. Ex.: álibi apresentado pelo acusado.

• Prova Pessoal: a prova emana de uma pessoa. Ex.: interrogatório,testemunha.

• Prova Documental: a prova é produzida por escrito. Ex.: laudo pericial.

• Prova Material: refere-se a objetos. Ex.: instrumentos do crime, arma do crime.

• Prova Plena: é a prova que conduz a um juízo de certeza.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 4: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

3/12

• Prova Não Plena: é a prova que conduz a um juízo de probabilidade. Para a decisão de pronúncia, aceita-se a prova não plena, mas para a condenação é necessária a prova plena.

1.4. Meios de Prova

Meios de prova são os métodos por meio dos quais a prova pode ser levada ao processo. Os meios de prova podem ser:

• nominados: são os documentos, acareações, reconhecimento depessoas e objetos, interceptação telefônica, interrogatório. São todos os meios de prova previstos na legislação;

• inominados: são aqueles meios de prova que não estão previstosexpressamente na legislação. Ex.: juntar fita de vídeo, com umprograma de TV em que o acusado aparece, para mostrar aos jurados.

1.5. Sujeitos da Prova

Os sujeitos da prova são as pessoas incumbidas de levar ao juiz os meios de prova. São as testemunhas, com o depoimento; o réu, com o interrogatório; e o perito, com o laudo.

1.6. Princípios Relativos à Prova

• Princípio da Comunhão da Prova: uma vez trazida aos autos umaprova, ela se incorpora ao processo. Por essa razão, a prova trazida por uma das partes, pode ser usada pela parte contrária. Além disso, uma

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 5: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

4/12

vez admitida a prova, para que a parte desista dela, deve haveranuência da parte contrária.

• Princípio da Audiência Contraditória: à parte contrária sempre deve ser dado o direito de impugnar a prova produzida pelo ex adverso.

• Princípio da Liberdade dos Meios de Prova: no Processo Penal são admitidos todos os meios de prova, nominados ou inominados, salvo as provas ilícitas ou as provas ilegítimas.

Prova ilícita é a prova produzida com desrespeito à regra de direitomaterial. Ex.: confissão mediante tortura. Prova ilegítima é a prova produzida com desrespeito à regra de Direito Processual. Ex.: exibição em plenário de documento do qual não foi dado ciência à parte contrária, com pelo menos três dias de antecedência.

Teoria sobre as provas ilícitas: “A árvore dos frutos envenenados”. A prova, ainda que lícita, mas decorrente de outra prova ilícita, também éconsiderada ilícita. Ex.: o réu, mediante tortura, confessa e aponta trêstestemunhas. Essas testemunhas são chamadas a Juízo. A oitiva dessastestemunhas, apesar de lícita, será considerada ilícita, pois originou-se de uma prova ilícita. Não poderá ser aceita.

1.7. Ônus da Prova

O ônus da prova é o encargo que recai sobre as partes, impondo-lhes o dever de provar algo, sob pena de suportar uma situação processual adversa.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 6: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

5/12

A acusação deve fazer prova da autoria e da materialidade do delito. Deve fazer prova plena desses elementos. Compete, ainda, à acusação fazer prova do elemento subjetivo, isto é, do dolo da ação ou do elementonormativo, ou seja, a culpa: provar que o agente agiu com imprudência,negligência ou imperícia.

A defesa deve provar os fatos impeditivos (excludentes de ilicitude),extintivos (causas de extinção da punibilidade) ou modificativos(desclassificação ou causas de diminuição da pena) do direito do autor. Adefesa não precisa produzir prova plena, basta o juízo de probabilidade.

1.8. Sistema de Apreciação da Prova

Sistema Primitivo (hoje já está abandonado). Utilizavam-se doissistemas: o sistema religioso e o sistema étnico-pagão. O sistema religioso invocava a divindade para apreciar as provas, qualquer que fosse o julgamento. No sistema étnico-pagão, a apreciação das provas era feita de forma empírica, sem qualquer regra.

Sistema Moderno. São três os sistemas modernos:

• Sistema da íntima convicção ou da certeza moral do julgador. Nesse sistema, a decisão ficava a cargo do juiz, que decidia com base emregras, porém, não havia necessidade de fundamentação dojulgamento. Ensejou abusos.

• Sistema da prova legal ou da certeza moral do legislador. Nesse sistema, a lei preestabelecia os critérios para julgamento.Preestabelecia o valor de cada prova.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 7: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

6/12

• Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional do juiz. Nesse sistema, o julgador tem liberdade para decidir, porém, com a obrigação de fundamentar seu julgamento.

No Brasil, o Código de Processo Penal adota o sistema do livreconvencimento motivado. A exceção é para o Tribunal do Júri. Os jurados, quando julgam, não justificam, sob pena de ser anulado o Júri.

1.9. Provas em Espécie

1.9.1. Provas periciais

A perícia é um exame realizado por quem tem conhecimento técnico,científico ou artístico. Natureza jurídica: é um meio de prova nominado. Seu valor probatório é idêntico ao dos demais meios de prova. A perícia pode ser realizada a qualquer momento, desde o Inquérito Policial até a execução. A perícia realizada no inquérito é determinada pela autoridade policial, salvo a perícia de insanidade mental, que somente pode ser determinada pelo juiz. A perícia realizada na instrução processual é determinada pela autoridade judicial.

O perito é um sujeito processual secundário. Não podem ser peritos: os menores de 21 anos, os analfabetos, aqueles sujeitos à interdição temporária de direitos, aqueles que já se manifestaram sobre o objeto da perícia.

O perito pode ser um funcionário público concursado. É o perito oficial. Ou pode ser o perito particular, nomeado para fazer uma determinada perícia, chamado de perito não-oficial ou perito louvado. Em regra, as perícias são feitas pelos peritos oficiais, apenas em sua ausência é que a perícia é realizada pelo perito louvado.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 8: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

7/12

O perito louvado é nomeado pela autoridade policial ou judiciária. Assim que assume o encargo, o perito deve prestar o compromisso de bem efielmente cumprir suas funções. Deve portar diploma de curso superior, depreferência na área do exame.

As partes não podem interferir na nomeação dos peritos. Não há noProcesso Penal a figura do assistente técnico. As partes podem requerer,particularmente, uma perícia e juntá-la aos autos.

Na perícia realizada por precatória, quem nomeia o perito é o juiz deprecado. Salvo na Ação Penal Privada em que, havendo acordo entre querelante equerelado, a nomeação será feita pelo juiz deprecante (art. 177 do CPP).

O laudo pericial deve conter: introdução, histórico, informações queantecedem à perícia, descrição minuciosa do objeto, fundamentação, respostas aos quesitos e conclusão. Sempre a perícia deve ser realizada por dois peritos.

O juiz, ao apreciar o laudo pericial, não é obrigado a acatá-lo, mas, para afastá-lo, deve fazê-lo fundamentadamente.

O Exame de Corpo de Delito é o exame pericial obrigatório, destinado a comprovar a materialidade das infrações penais que deixam vestígios, isto é, infrações não transeuntes. Sua falta acarreta a nulidade absoluta do processo. Pode ser: direto, quando examina diretamente os vestígios do crime (ex.:cadáver); ou indireto, quando se analisa outra prova que levará à mesmaconclusão (ex.: os peritos não examinam a vítima, mas a ficha hospitalar).Excepcionalmente, na falta do corpo de delito, esse exame pode ser suprido pela prova testemunhal. A confissão nunca supre a falta do exame de corpo de delito.

O Exame Necroscópico é o exame pericial realizado em cadáver. Seuobjetivo é determinar a causa da morte. Só pode ser realizado seis horas após o óbito. Será dispensado em caso de morte natural ou morte violenta.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 9: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

8/12

Laudo ou exame complementar é qualquer perícia que visecomplementar a perícia anteriormente realizada. No caso de lesão corporalgrave, a perícia complementar deve ser realizada logo depois dos 30 dias da ocorrência do delito.

1.9.2. Interrogatório

Interrogatório é o ato processual por meio do qual o acusado é ouvido pelo juiz. Envolve o direito de presença e o direito de audiência.

O direito de presença é o direito de acompanhar os atos processuais, e o direito de audiência é o direito de ser ouvido.

Para o réu presente, o interrogatório é um ato indispensável e sua falta acarreta a nulidade absoluta. Réu presente sem interrogatório, somente noscasos do Código Eleitoral e na Lei de Imprensa, em que o réu só seráinterrogado se desejar.

O interrogatório é público, oral (salvo para o mudo, o surdo e o surdo-mudo), personalíssimo, individual e privativo entre o juiz e o réu.

O réu tem o direito constitucional (art. 5, inc. LXIII, da CF/88) depermanecer em silêncio. Se optar por responder, não estará obrigado a dizer a verdade. Pode mentir sobre fato. A mentira do réu só será considerada crime se fizer auto-acusação falsa.

Conforme o Provimento n. 84 do Conselho Superior da Magistraturado Estado de São Paulo, o réu pode ser citado e interrogado por precatória.O interrogatório será feito pelo juiz deprecado. Válido somente no Estadode São Paulo.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 10: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

9/12

O interrogatório on line ainda é visto com cautelas, pois o interrogado pode estar sofrendo algum tipo de coação que o juiz pode não perceber. A jurisprudência já aceitou, excepcionalmente.

No interrogatório do menor de 21 anos, doente mental ou silvícolainadaptado, será necessária a presença de um curador.

1.9.3. Confissão

A confissão ocorre com a admissão, pelo réu, da autoria dos fatos a ele imputados. A confissão não é meio de prova, é a própria prova. Não se prova a materialidade do delito pela confissão. A confissão se refere apenas à autoria. A confissão perante a autoridade judicial configura uma atenuante.

A confissão pode ser:

• simples: o réu admite a autoria de fato único;

• complexa: quando o réu admite autoria de fato múltiplo;

• qualificada: o réu admite autoria dos fatos a ele imputados, mas alega algo em seu benefício;

• judicial: feita em Juízo;

• extrajudicial: qualquer confissão feita fora do Juízo, no InquéritoPolicial;

• explícita: admite a autoria dos fatos;

• implícita: não admite a autoria, mas realiza atos que levamindiretamente à conclusão que ele é o autor do delito. Ex.: pagaindenização à vítima, repara os danos causados.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 11: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

10/12

A confissão é um ato personalíssimo, livre, espontâneo, divisível (o juiz não é obrigado a acatar a confissão como um todo, podendo acatá-laparcialmente) e retratável.

Ocorre a confissão delatória quando um co-réu, no interrogatório, imputa a outro acusado a responsabilidade pela prática do crime.

1.9.4. Prova testemunhal

Testemunha é toda pessoa, estranha ao processo e eqüidistante daspartes, chamada em Juízo para depor sobre os fatos que caíram sobre seus sentidos.

A testemunha pode ser:

• direta ou de visu: depõe sobre os fatos que presenciou – teve contato direto;

• indireta ou de audito: depõe sobre os fatos que tomou conhecimento por terceiros – ouviu dizer;

• própria: presta depoimento acerca do tema probandu, do fato objeto da prova;

• imprópria ou instrumentária: é a testemunha chamada a presenciar a prática de atos processuais ou pré-processuais;

• referida: são aquelas citadas no depoimento de outra testemunha;serão ouvidas como testemunhas do Juízo;

• informante: são as testemunhas que não prestam compromisso;

• numerária: testemunha que entra no cômputo legal;

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 12: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

11/12

• extra-numerária: não entra no cômputo legal. São as referidas,informantes, testemunhas que nada souberam a respeito dos fatos.

Características da prova testemunhal:

• retrospectividade: é uma declaração retrospectiva, depõe sobre fatos passados;

• oralidade: a prova testemunhal é oral, exceto para o surdo, osurdo-mudo e o mudo. Podem responder por escrito: o Presidentee o Vice-Presidente da República, os Senadores, os DeputadosFederais, os Ministros de Estado, os Governadores, os Secretários de Estado, os Prefeitos, os Deputados Estaduais, os Membros doJudiciário, os Membros do Tribunal de Contas da União e osMembros do Tribunal Marítimo.

A testemunha não pode trazer o depoimento por escrito, sendo permitida a consulta a apontamentos. O depoimento da testemunha deve ser objetivo, não deve emitir opiniões pessoais.

As testemunhas são notificadas por mandado. O preso e o militar são notificados por requisição. O sistema de inquirição das testemunhas é opresidencialista: apenas o juiz faz as perguntas às testemunhas; salvo noplenário do Júri, em que a inquirição das testemunhas é direta, e a acusação e a defesa podem fazer perguntas.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 13: CPP Provas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

12/12

A testemunha tem o dever de:

• comparecer: se o desrespeitar, a testemunha pode ser conduzidacoercivamente, pode responder por crime de desobediência e pagarmulta fixada pelo juiz.

• depor e dizer a verdade: algumas pessoas, como cônjuge, ascendente, descendente e irmão do réu, são, por lei, dispensadas de depor. Elas têm a obrigação de comparecer, mas não de depor. Se vierem a depor, não prestam compromisso.

Algumas pessoas, em razão da função (atividade de natureza pública), ofício (atividade manual), ministério (atividade de cunho eclesiástico ouassistencial) ou profissão (atividade predominantemente intelectual) são proibidas de depor. Poderão depor, se forem desobrigadas do sigilo e quiserem depor.

As informantes são as testemunhas que não prestam compromisso enão têm a obrigação de dizer a verdade. São os menores de 14 anos e osdeficientes mentais.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com