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TEMA: Crenças e atitudes como “co – factores” do VIH/SIDA. RESUMO: Esta comunicação visa apresentar as conclusões de um estudo realizado em Portugal, e que se destinou: a) conhecer os níveis de experiências sexuais dos adolescentes; b) a diagnosticar conhecimentos crenças e atitudes de jovens em idade escolar (14 aos 16 anos de idade); c) demonstrar que as pessoas informadas têm menos comportamentos de risco ; estão mais predispostas a aceitar novas informações; têm atitudes de tolerância para com os infectados e doentes de SIDA. Foi usado o questionário como instrumento de avaliação dividido por três grandes áreas: 1. dados sociológicos; 2. experiências sexuais e prevenção; 3. conhecimentos, crenças e atitudes sobre o VIH/SIDA. A amostra é constituída por 1000 sujeitos, com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos de idade, pertencentes a 32 escolas (norte, centro e sul) de dois graus de ensino (Básico e Secundário) e distribuídas por 15 distritos. Frequentavam o 9º ano (29,1%); 10º ano (48,7%) e 11º ano (19,2%). Pertencem a um agregado familiar com baixa escolaridade (menos que o 9º ano (57% - pai e 56.4% -mãe) e 88.9% não conhecem ninguém com SIDA. Conclui-se que os sujeitos mais informados têm atitudes de aceitação, compreensão e de solidariedade para com os infectados e doentes de SIDA. Porém, confirmam-se outros estudos, que não basta estar informados visto que têm comportamentos preventivos incorrectos. Ao invés dos sujeitos que têm crenças erradas sobre a doença e infectados, que revelam ter atitudes de: intolerância, invulnerabilidade,excesso de auto confiança; homofóbicas, estigmatizantes e com comportamentos de alto risco em contraírem o VIH/SIDA. É preciso mais e melhor informação, actuando de forma articulada, famílias, escola e meios de comunicação de massas Palavras Chave Crenças e atitudes de SIDA , fontes de informação de SIDA; meios de comunicação e SIDA;; sexualidade; precauções e sida; opinião e sida; programas de informação; prevenção; custos e benefícios do preservativo INTRODUÇÃO O comportamento sexual dos adolescentes mudou dramáticamente durante as duas últimas décadas. Têm acesso a uma actividade coital cada vez mais cedo e o

Crenças e Atitudes - Investigação

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Breve Investigação de Crenças e Atitudes em contexto Social, como (co) factores do VIH/SIDA - Cadeira de Psicologia Social.

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Page 1: Crenças e Atitudes - Investigação

TEMA: Crenças e atitudes como “co – factores” do VIH/SIDA.

RESUMO:

Esta comunicação visa apresentar as conclusões de um estudo realizado em Portugal,

e que se destinou: a) conhecer os níveis de experiências sexuais dos adolescentes; b)

a diagnosticar conhecimentos crenças e atitudes de jovens em idade escolar (14 aos

16 anos de idade); c) demonstrar que as pessoas informadas têm menos

comportamentos de risco ; estão mais predispostas a aceitar novas informações; têm

atitudes de tolerância para com os infectados e doentes de SIDA. Foi usado o

questionário como instrumento de avaliação dividido por três grandes áreas: 1. dados

sociológicos; 2. experiências sexuais e prevenção; 3. conhecimentos, crenças e

atitudes sobre o VIH/SIDA. A amostra é constituída por 1000 sujeitos, com idades

compreendidas entre os 14 e os 16 anos de idade, pertencentes a 32 escolas (norte,

centro e sul) de dois graus de ensino (Básico e Secundário) e distribuídas por 15

distritos. Frequentavam o 9º ano (29,1%); 10º ano (48,7%) e 11º ano (19,2%).

Pertencem a um agregado familiar com baixa escolaridade (menos que o 9º ano (57%

- pai e 56.4% -mãe) e 88.9% não conhecem ninguém com SIDA. Conclui-se que os

sujeitos mais informados têm atitudes de aceitação, compreensão e de solidariedade

para com os infectados e doentes de SIDA. Porém, confirmam-se outros estudos, que

não basta estar informados visto que têm comportamentos preventivos incorrectos. Ao

invés dos sujeitos que têm crenças erradas sobre a doença e infectados, que revelam

ter atitudes de: intolerância, invulnerabilidade,excesso de auto confiança;

homofóbicas, estigmatizantes e com comportamentos de alto risco em contraírem o

VIH/SIDA. É preciso mais e melhor informação, actuando de forma articulada, famílias,

escola e meios de comunicação de massas

Palavras Chave

Crenças e atitudes de SIDA , fontes de informação de SIDA; meios de comunicação e

SIDA;; sexualidade; precauções e sida; opinião e sida; programas de informação;

prevenção; custos e benefícios do preservativo

INTRODUÇÃO

O comportamento sexual dos adolescentes mudou dramáticamente durante as duas

últimas décadas. Têm acesso a uma actividade coital cada vez mais cedo e o

Page 2: Crenças e Atitudes - Investigação

comportamento sexual dos adolescentes faz parte de um estilo de vida, nas quais se

incluem condutas tais como: consumo de tabaco, álcool e drogas, que têm

determinantes sócio culturais. A iniciação precoce em comportamentos sexuais tem

sido associada a um conjunto de consequências negativas e de comportamentos de

risco.

É objectivo deste estudo e relativamente ao padrão sexual adolescente procurar

conhecer a conduta sexual dos inquiridos; identificar e medir os níveis de experiências

sexuais (que já tiveram; que têm actualmente e que pensam ter em breve); as

diferenças de comportamentos sexuais entre os géneros e idades. Saber da intenção

de terem tomado (ou virem a tomar) medidas preventivas, com o receio da SIDA.É

importante ainda medir a quantidade de informação que os alunos possuem e julgam

possuir, sobre conceitos básicos do que se entende por VIH/ SIDA, formas de

transmissão, medidas de prevenção e direitos dos infectados. Os que se consideram

mais informados revelam mais ou menos interesse em obter mais informação? O que

pensam sobre a SIDA, que é uma doença só de alguns ou de todos? Qual a relação

entre a informação que possuem (ou julgam possuir) com as atitudes e crenças sobre

a doença? Haverá diferença entre os géneros? Que relação haverá entre os

conhecimentos e as precauções que tomam ou pensam tomar para evitar uma

infecção?

É normal que alunos que frequentam a escolaridade básica obrigatória tenham maior

acompanhamento familiar e escolar. As escolas de Ensino Básico (2º ciclo) promovem

diversas actividades extra escolares, de acordo, ou não, com a programação. Nesta

programação é vulgar encontrar actividades que se destinem a sensibilizar os jovens

para o problema do SIDA. Também as ONG têm tido um papel interventivo, sendo

chamadas às escolas para esclarecer e informar sobre o tema, o que leva a supor que

os alunos que frequentam o 9º ano tenham a percepção de estar mais informados. No

ensino Secundário (3º ciclo), este tipo de programas é mais da responsabilidade dos

alunos que frequentam a área de saúde havendo menos actividades que se

relacionem com a sexualidade. Em nosso entender, os jovens de 14 aos 16 anos vão

perdendo informação com o aumento da idade e na razão directa com o aumento dos

comportamentos sexuais. Pelas suas características de desenvolvimento psicosocial,

estes (10º e 11º anos) têm a percepção de que estão mais informados, em

comparação com os alunos que frequentam o 9º ano.

O Ministério da Educação, ao pretender implementar programas de educação sexual

nas escolas, urge saber como, quando, como e com quem, se podem ou devem pôr

Page 3: Crenças e Atitudes - Investigação

em prática esses programas. As opiniões divergem. Quem deve informar sobre os

problemas relacionados com a sexualidade, os professores, a família, os meios de

comunicação ou os técnicos de saúde? Qual a opinião dos interessados? Pretende-se,

assim, auscultar as suas opiniões sobre quem deveria fornecer-lhes a informação,

programas de prevenção e preferências por fontes de informação (meios de

comunicação, escola, familia etc.).

É sabido que a informação é necessária, mas ela só por si é insuficiente para se poder

deduzir que provoca mudanças de atitudes e de hábitos. Há um conjunto de crenças

em relação á doença que podem constituir um obstáculo á prevenção. Por exemplo,

para quem tenha a percepção de que o SIDA é uma doença só de toxicodependentes

e homossexuais (Le Poire, 1994; Herek y Glunt, 1988), descurará toda a informação e

abrandará os cuidados preventivos, por se considerar fora desses grupos e imune á

doença (Páez et al. 1991; DiClemente, 1990). Quem possua ainda uma atitude

negativa para com os infectados pelo vírus, tenderá a desvalorizar a informação e a

valorizar conceitos incorrectos (Bauman e Siegel, 1987; Pierret, 1990; DiClement,

1990).

Há diversos estudos sobre as representações cognitivas que os sujeitos têm da

doença, protótipos da doença (Bishop, 1991b) e que podem constituir um factor

determinante das condutas relacionadas com a saúde. Será que há atitudes

homofóbicas (Schneider et al., 1993; Kennamer y Honnold, 1995) ao ponto de

aceitarem o princípio do isolamento das pessoas infectadas, situações de exclusão

que contribuirão negativamente para as tarefas de prevenção? (Bochow et al., 1994,

Mann, 1993). Os jovens apesar de possuírem conhecimentos básicos sobre o SIDA,

também se têm deixado levar por equívocos e crenças incorrectas sobre a

transmissão do vírus (ex: um contacto físico, partilha dos mesmos objectos).

Em suma: será que os adolescentes, têm medo da doença? Têm a percepção de que

a SIDA é um doença de todos? Têm atitudes discriminatórias para com os infectados?

Temem a doença ao ponto de não aceitarem uma bebida, evitar tomar banho numa

piscina, evitar sanitários públicos? Considerar-se-ão imunes á infecção? Têm a

percepção da necessidade de informação? Importa ainda diagnosticar o grau de

motivação para temas relacionados com a SIDA, e a sua opinião sobre o que são e o

que devem ser os programas de prevenção de SIDA.

Page 4: Crenças e Atitudes - Investigação

Em Portugal, é também na adolescência que se pode contrair a doença, revelando-se

esta aos 26, 27 anos de idade. E as variáveis que podem influir negativamente no uso

dos contraceptivos são diversas

a) A idealização da sexualidade. Os jovens podem recusar os anticoncepcionais,

porque pensam que desvirtua a relação sexual romântica, apaixonada e espontânea.

b) A dificuldade de acesso a serviços de informação sexual; ao desconhecimento

da sua existência; ter medo de que se perca o anonimato.

c) As características próprias da adolescência, que fazem deste período de

insegurança, impulsividade e interesses imediatos, não seja o momento mais

adequado para a contracepção planificada; as consequências não são pensadas e

consideram que a eles nada lhes acontece.

d) Não possuir habilidades sociais para conseguir informação e anticoncepcionais,

ou mesmo não conseguir falar com o parceiro sexual.

e) Ter fracas expectativas de futuro.

f) A escassa informação sobre contracepção e gravidez, em parte por ausência de

um programa sexual nas escolas;

g) A mudança de atitudes e valores da sociedade actual. Os jovens estão em

contacto com imensas informações, que são por vezes contraditórias. Enquanto que

os amigos, e os meios de comunicação estimulam a sexualidade, os pais e os

educadores desaprovam, vendo até com maus olhos o facto de os filhos irem a

consultas de planeamento familiar; A sociedade é ambígua em relação á adolescência

e sexualidade.

A maioria dos jovens inicia as primeiras relações sexuais sem planificar (Lowenstein y

Furstenberg, 1991), muitas vezes envolvida em elevada dose de romantismo (estar

apaixonado). Têm a percepção de que não estão em risco (sentimento de

invulnerabilidade), que a sua parceira(o) é de confiança, pois pertence ao grupo de

amigos. Confiam na sua capacidade para reconhecer uma pessoa infectadada (por

observação), que associam a grupos marginais (toxicodependentes ou

homossexuais). Estas são algumas das muitas razões que parecem justificar o

elevado número de jovens que têm relações desprotegidas (McLean et al., 1994).

Page 5: Crenças e Atitudes - Investigação

Também a prática contraceptiva tem sofrido alterações e está em função da idade.

Enquanto que nos anos 80 os jovens dos 15 aos 19 anos de idade usavam os

contraceptivos orais, seguido do preservativo, na década de 90 o método mais usado

pelos jovens dos 15 aos 17 anos foi o preservativo, enquanto que a pílula é a escolha

mais frequente para os jovens dos 18 aos 19 anos de idade (Brown & Eisenberg,

1995). Os jovens entendem que o preservativo tem custos: limita o prazer, tira o

romantismo á relação; quando se ama não são precisos; são incómodos; cria dúvidas

á outra pessoa acerca do seu estado de saúde; são caros, não são acessíveis; têm

vergonha de os comprar; etc. Reconhecem que têm também benefícios como: dão

segurança a uma relação; são higiénicos; não têm contra indicações; previnem das

doenças sexualmente transmissíveis; são fáceis de obter; etc. O preservativo será

uma metodologia preventiva a seguir pelo indivíduo, se os benefícios forem

superiores aos custos, se teme uma gravidez ou se tem uma relação esporádica. O

uso do preservativo diminui com a idade, o que associado ao uso excessivo de álcool

e a substâncias psicoactivas, constitui factores de risco acrescidos (Robertson & Plant,

1988; Stall, Mckusick, Wiley, Coates, & Ostrow, 1986).

Procuram-se ainda respostas para o seguinte: Que relação haverá entre as crenças e

atitudes em relação á SIDA e infectados, com os conhecimentos que possuem, a

informação percebida e as precauções para evitar a infecção do vírus? Qual a relação

entre as atitudes e crenças sobre SIDA e infectados e o grau de interesse para temas

relacionados com a SIDA; opinião sobre a doença; fontes de informação; programas

de prevenção; preferências por fontes e crenças sobre o uso do preservativo?

MÉTODO

A amostra.

Participaram nesta investigação 1000 estudantes Portugueses dos ensinos: básico e

secundário, num total de 32 escolas (9 na zona norte; 14 na zona centro e 9 na zona

sul do país) pertencentes a 15 distritos. Frequentam o 9º ano (29,1%); 10ºano (48,7%);

11º ano (19,2%); outro (2,9%).

1. A amostra está distribuída da seguinte forma:

QUADRO 1: Constituição da amostra

Page 6: Crenças e Atitudes - Investigação

Sujeitos

14 - 16 anos

Nível de estudos Número de

Escolas

Distritos (nº)

Norte - 206

Centro - 446

Sul - 348

Ensino Básico

9º, 10º e 11º anos

Norte - 9

Centro - 14

Sul - 9

Norte - 4

Centro - 5

Sul - 6

Total: 1000 Total : 32 Total: 15

Recolheu-se uma amostra, a mais heterogénea possível em termos geográficos,

enviando de forma aleatória, questionários para escolas de Ensino básico 2º e 3º

ciclos, que representassem todos os distritos de Portugal Continental. Foram enviados

25/30 questionários para cada escola (duas por distrito), excepto para Lisboa e Porto

para onde foram enviados 250 questionários aproximadamente (um total de 1560

questionários). Em apenas três meses foram realizados e tratados estatisticamente no

programa SPSS, 1000 questionários (180.000 respostas).

QUADRO 2 : Distribuição dos questionários por distritos

Distritos Nº Zona Nº

questionários

Nº Escolas

1. Guarda 102 Norte Braga 206 9

2. Viseu 82 Porto

3. Coimbra 149 Vila Real

4. Aveiro 89 Viana Castelo

5. Porto 108 Centro Guarda 446 14

6. Lisboa 93 Viseu

7. Évora 90 Coimbra

8. Beja 25 Aveiro

9. Leiria 24 Leiria

10. Braga 40 Sul Lisboa 348 9

11. Faro 53 Évora

12. Setúbal 42 Beja

13. Portalegre 45 Faro

14 Viana do Castelo 38 Setúbal

Page 7: Crenças e Atitudes - Investigação

15. Vila Real 20 Portalegre

Total: 1000 15 1000 32

2. Instrumento de avaliação

· Variáveis do questionário

QUADRO 3: Variáveis do questionário - Conhecimentos, crenças e atitudes sobre

SIDA

Apartados Variáveis Objectivos específicos

DADOS

SOCIOLÓGICOS

- Idade

- Sexo

- Nível de escolaridade

- Habilitações literárias dos

pais

- Identificar o ambiente

sociológico dos inquiridos

EXPERIÊNCIAS

SEXUAIS E

PRECAUÇÕES

Comportamento sexual

- Experiência sexual ao longo

da vida.

- Comportamento sexual

actual.

- Comportamento sexual

dentro de pouco tempo.

Precauções para evitar a SIDA

- Correctas.

- Conhecer o nível de

experiências que têm ou

tiveram ao longo da vida.

- Identificar as

precauções que têm, tiveram

ou pensam Ter, para evitar a

infecção pelo vírus.

Page 8: Crenças e Atitudes - Investigação

- Incorrectas

CONHECIMENTOS

CRENÇAS

E

ATITUDES SOBRE

O

VIH/SIDA

Conhecimentos sobre SIDA

- conhecimentos

- informação percebida

- interesse para temas

relacionados com SIDA

- opinião acerca do problema

da SIDA.

- medir os

conhecimentos dos sujeitos

sobre VIH/SIDA

- medir a informação

que julgam possuir.

- Identificar os temas

que mais motivam os

sujeitos.

- Saber a opinião dos

inquiridos em relação á

doença e aos doentes.

Fontes de informação sobre SIDA

- fontes de informação

- opinião sobre os programas

de prevenção

- preferências por fontes de

informação

- identificar as fontes

de informação.

- conhecer a opinião

sobre os programas de

prevenção de SIDA.

- quem deveria

informar?

Atitudes para com as medidas de

prevenção de SIDA

- Custos e benefícios do uso

do preservativo.

- Atitudes para com a SIDA e

os infectados

- Identificar as crenças

sobre os preservativos.

- Identificar crenças e

atitudes em relação à SIDA

e infectados.

-

Para saber os conhecimentos, crenças e atitudes para com a SIDA e os infectados

que os inquiridos possuem actuou - se do seguinte modo: procedeu -se á análise

factorial de componentes principais da escala de conhecimentos, crenças e atitudes

Page 9: Crenças e Atitudes - Investigação

sobre SIDA e crenças sobre os benefícios e custos do preservativo definiram - se

quatro e oito variáveis explicativas: (Cfr Tabelas 3 e 4)

Tabela 3: Análise factorial dos componentes principais. Factores atitudinais para com

a SIDA e os infectados e as variáveis a explicar.

VARIÁVEIS EXPLICATIVAS VARIÁVEIS A EXPLICAR

Factor 1

Factor 2

Factor 3

Factor 4

1. Medo, rejeição a doentes

com SIDA e infectados e atitudes

discriminatórias.

2. Confiança, percepção de

controlo sobre a doença e atitudes

compreensivas para com os

infectados.

3. Acreditam estar informados

e têm a percepção de que não

precisam de mudar a sua conduta

sexual

4. Medo da doença, rejeição

social e a não defesa da SIDA

- Conhecimentos

- Informação percebida

- Precauções para evitar a

infecção

- Grau de interesse

- Opiniões sobre a doença

- Fontes de informação

- Opinião sobre os programas de

prevenção

- Preferências por fontes

- Crenças sobre o uso do

preservativo (*)

Leg. (*) A escala de crenças sobre o os benefícios e custos do preservativo foi

submetida a análise factorial dos componentes principais tendo -se obtido 8 factores

(Cfr. Tabela 3)

Tabela 4: Análise factorial dos componentes principais. Factores de crenças sobre os

benefícios e custos do uso do preservativo.

Page 10: Crenças e Atitudes - Investigação

Factores VARIÁVEIS DE CRENÇAS SOBRE O USO DO PRESERVATIVO

Factor 1

Factor 2

Factor 3

Factor 4

Factor 5

Factor 6

Factor 7

Factor 8

1.Os preservativos rompem o romantismo e provocam custos afectivos

2. Os preservativos têm benefícios por prevenirem da SIDA, de uma GND

e das DST

3. Os preservativos geram custos sociais como vergonha e preocupação

pelo que dirão

4. Os preservativos são acessíveis e baratos

5. Os preservativos geram preocupação pela sua insegurança e

ineficácia.

6. Os preservativos nem sempre estão á mão, são de difícil acesso.

7. Os preservativos podem ser um jogo erótico, mas frágil

8. Os preservativos não têm contra indicações médicas.

RESULTADOS

1

Comportamento sexual e crenças sobre as precauções para evitar a infecção.

Os sujeitos inquiridos, são 46.3% do sexo masculino e 52.9% do sexo feminino. Têm

14 (19.6%) 15 (37.8%) e 16 anos (42.6%) de idade. A maioria afirma ainda não ter

iniciado relações sexuais coitais e os que já tiveram relações sexuais coitais (com uma

ou mais pessoas) são preferencialmente do sexo masculino e com 16 anos de idade;

Os jovens (22.6%) afirmam que, ao longo da vida, nunca tiveram quaisquer

experiências sexuais; apenas trocaram beijos e carícias (40.8%); já tiveram

intimidades sexuais, próximas ao coito (16.4%); experiências sexuais coitais (com uma

ou mais pessoas) 20.1%. Actualmente, 63.3% não têm relações sexuais e 12.3% têm

relações sexuais coitais. Em breve, 39.0% pensam ter relações sexuais. Os homens

são os que já tiveram mais experiências sexuais, embora a maioria ainda não tenha

Page 11: Crenças e Atitudes - Investigação

tido actividades sexuais que possam constituir comportamentos de risco. Mas, pensam

que ocorra em breve.

2

ATITUDES E CRENÇAS SOBRE SIDA E INFECTADOS E O RELAÇÃO COM OS

CONHECIMENTOS, INFORMAÇÃO PERCEBIDA, PRECAUÇÕES PARA EVITAR A

INFECÇÃO E GRAU DE INTERESSE PARA APRENDER MAIS.

Crenças de que possuem conhecimentos suficientes. Há uma correlação

significativa entre as crenças sobre SIDA e infectados, com os conhecimentos, a

informação percebida, precauções e grau de interesse. Há quatro perfis de crenças e

atitudes sobre a SIDA e os infectados que requerem medidas de intervenção

ajustadas.

1. Os indivíduos que têm a percepção da gravidade da doença e preocupação pela

sua saúde, com um percepção subjectiva de invulnerabilidade e atitudes de rejeição e

de discriminação para com os seropositivos. São pessoas com um baixo nível de

conhecimentos, têm a percepção de que não estão informadas, embora não desejem

aprender nada que se relacione com a doença. Apresentam uma relação significativa

entre as crenças e as precauções, ou seja, as crenças negativas sobre a doença,

originam precauções incorrectas. A relação entre susceptibilidade e a conduta

preventiva é inversa ao que postula o modelo de Crenças de Saúde. Quanto mais

temem a doença, menos comportamentos preventivos têm.

2. Os sujeitos que acreditam nas suas capacidades para evitar a infecção; estão

conscientes dos comportamentos que podem conduzir á infecção, tolerantes e

compreensivos para com os infectados. São pessoas informadas, têm a percepção

subjectiva de que possuem informação, mas desejam aprender mais sobre tudo que

se relacione com a doença. Têm precauções correctas mas também incorrectas.

Segundo o Modelo de Acção Racional (ou de intenção de conduta de Fishbein y

Ajzen,1973)as condutas estão relacionadas com as atitudes. Deste modo, estão

também sujeitos a uma possível infecção, na medida em que assumem ter precauções

incorrectas, para evitar a infecção.

3. Os sujeitos que têm a crença de uma baixa percepção da gravidade da enfermidade

e um optimismo realista estão relacionados com uma elevada percepção subjectiva de

Page 12: Crenças e Atitudes - Investigação

que estão informados e têm precauções incorrectas. Não demonstram interesse em

aprender mais.

4. Os sujeitos que têm a percepção da gravidade da doença e atitudes de rejeição

social, são pessoas que carecem de informação e que têm a percepção de um baixo

nível de conhecimentos, mas não estão motivadas para aprender.

3

CRENÇAS SOBRE SIDA E INFECTADOS RELACIONADOS COM OPINIÕES

SOBRE A DOENÇA.

Em relação á doença acreditam (ambos os sexos) que a SIDA é uma doença que

afecta todos e que deve ser resolvido só por médicos. Os homens distinguem - se das

mulheres pelo cepticismo em relação á existência da doença (têm a crença de que é

uma doença que não existe, que é uma moda e que foi inventada só para evitar

condutas reprovadas socialmente). Pensamos que muitos jovens não acreditam na

existência da doença, por não conhecerem (86.9%) realmente pessoas infectadas.

Crenças erradas sobre a baixa vulnerabilidade, que geram falsa percepção de

segurança face á doença.

Há uma associação significativa entre as crenças que possuem e a opinião sobre a

SIDA. 1: Os indivíduos que têm crenças positivas sobre a doença e os infectados,

acreditam que a doença existe e que afecta a sociedade em geral. Há uma elevada

percepção da susceptibilidade e da gravidade da doença. 2.Ao contrário dos sujeitos

que têm medo da doença, atitudes de rejeição, são a favor da discriminação dos

doentes. Estes são de opinião que a SIDA é uma doença que afecta só alguns grupos,

é uma moda, que a doença não existe e foi inventada, é uma forma de repressão

sexual.

4

CRENÇAS SOBRE A UTILIZAÇÃO DO PRESERVATIVO E INTENÇÃO

PREVENTIVA.

De uma maneira geral os sujeitos acreditam que os preservativos têm mais benefícios

(m = 4.52) do que custos (m = 3.53) e demonstraram ter mais intenções de

precauções correctas do que incorrectas. É um facto que a intenção de conduta é uma

Page 13: Crenças e Atitudes - Investigação

possibilidade, mas não uma certeza da concretização do comportamento. Quando se

procuram relacionar as crenças sobre a doença e as crenças sobre a utilização do

preservativo (correlações significativas) as conclusões são surpreendentes.

1. Os jovens que têm medo da doença, e têm atitudes de discriminação para com os

doentes de SIDA e infectados são de opinião de que os preservativos não têm

benefícios (correlação significativa negativa), mas têm custos (correlação significativa

positiva). Se acreditam que os preservativos têm custos a intenção de conduta deverá

estar de acordo atendendo a que há uma relação significativa com as precauções

incorrectas.

2. Os indivíduos que têm crenças positivas para com a doença e os infectados e

normas subjectivas positivas têm a crença de que os preservativos têm benefícios

(correlação significativa positiva, r = .38,p<.01) e custos ( r =.08,p<.05); a intenção de

conduta é a de poderem usar ou não os preservativos como medida de protecção, o

que se justifica pelas precauções correctas e incorrectas que têm (ou pensam ter) para

evitar a infecção.

3.Os sujeitos que têm a percepção subjectiva de estarem informados e de que não

precisam de mudar os seus comportamentos sexuais só com o medo da SIDA são de

opinião de que os preservativos têm benefícios e têm custos e intenções preventivas

imprudentes (precauções incorrectas).

4. Os indivíduos que têm percepção da gravidade da doença, atitudes de rejeição

social e a não defesa da SIDA acreditam que os preservativos têm custos e o único

benefício é de que não têm contra indicações médicas. A crer nas investigações se as

atitudes são negativas e as normas sociais negativas a intenção de conduta é

negativa.

5

Crenças sobre as fontes de informação e preferências por fontes

Os sujeitos afirmam ter aprendido com a televisão, jornais e revistas, professores e

familiares. 1. Os sujeitos que têm crenças e atitudes de rejeição e de intolerância para

com os seropositivos e doentes de SIDA aprenderam (correlação significativa positiva)

com pessoal sanitário, a televisão e com os professores. 2. Os sujeitos que têm

atitudes positivas de controle, confiança, compreensão e aceitação dos doentes de

Page 14: Crenças e Atitudes - Investigação

SIDA e infectados aprenderam (relação significativa positiva) com a televisão, jornais e

revistas, professores, familiares e amigos. Há ainda um relação significativa entre

crenças sobre SIDA e infectados e as preferências por fontes de informação. 3. Os

jovens que têm crenças negativas em relação á doença, são de opinião de que

deveriam informar os cientistas, os professores ou cada um procurar obter informação

por si próprio. Não concordam que sejam as pessoas que têm a doença ou a família.

4. Os sujeitos com atitudes e crenças positivas para com a doença entendem que

deveriam ser os cientistas, os professores, pessoas que têm a doença, a família, os

meios de comunicação e as instituíções sanitárias; mas não concordam que cada um

deva informar - se por si próprio.

CONCLUSÕES FINAIS

Apesar dos sujeitos afirmarem ter mais precauções correctas para evitar uma infecção

há no entanto alguns erros assinaláveis a merecer atenção.

Há crenças erradas em relação ás precauções que podem dar origem a

comportamentos de risco. Que não estão imunes á doença pelo facto de terem

relações: a) com menos pessoas; b) só com pessoas conhecidas; d) com uma só

pessoa; e) ter um(a) namorada(o) estável; f) que não se conhecem por observação as

pessoas infectadas e as pessoas que se injectaram ou injectam com drogas; g) que as

pílulas anticoncepcionais protegem do vírus; i) associar os preservativos como uma

medida de prevenção masculina.; g) que os rapazes devem procurar informar -se

sobre o estado de saúde da sua parceira sexual.

As campanhas/programas devem dirigir mensagens positivas que reforcem o

comportamento e a auto eficácia dos que ainda não iniciaram um comportamento

sexual coital; que a estratégia das mensagens passe por tornar socialmente

fascinantes os jovens que adoptem esses comportamentos; que testemunhem a sua

opção livre; e que modelem estilos de vida saudáveis, usando técnicas persuasivas

com imagens de pessoas glamorosas e plenas de imaginação, para provocar,

envolvimento, identificação e empatia da audiência jovem, à semelhança das

campanhas publicitárias comerciais. Que haja uma mensagem pelo reforço positivo

(benefícios) e não pela imposição de um modelo de estilo de vida. Que se modelem

comportamentos, para saber resistir à pressão dos grupos de iguais, destacando as

vantagens para si próprios e para os que assim decidem proceder. Que evidenciem as

vantagens (beleza física; psíquica, socialmente valorizada), para os que optem por

Page 15: Crenças e Atitudes - Investigação

rejeitar uma sexualidade "promiscua" (diversos parceiros sexuais) inconsciente e

irresponsável. Que essa seja a norma e não o contrário.

Para os que desejarem iniciar ou já iniciaram uma relação sexual coital devem

ser -lhes fornecidas, para além das competências cognitivas, as competências sociais

e comportamentais, ou seja, um conjunto de recursos que lhes permitam afrontar as

situações, que possam implicar risco, fomentando uma atitude positiva para com uma

prática sexual de prazer, mas segura, mediante a utilização correcta do preservativo.

Este deve ser anunciado como uma das metodologias preventivas mais seguras

(informação); como se utilizam (competências); como resistir á pressão dos que não

desejem usá - lo (habilidades sociais).

Os sujeitos que possuem atitudes e crenças negativas sobre a doença e os infectados,

têm baixo nível de conhecimentos e a percepção de que carecem (ou não) de

informação, mas não demonstram interesse para aprender mais. Mesmo os jovens

que possuem elevado grau de informação e a percepção subjectiva de que estão

informados, apresentam dados que indicam possíveis riscos de infecção, visto

assumirem precauções incorrectas.

Os resultados evidenciaram carências cognitivas que podem estar na base das

falsas crenças e dos poucos cuidados preventivos. É preciso esclarecer o

seguinte: o que é a doença (o que é o VIH e em que se distingue da SIDA; o que

define um seropositivo de um seronegativo; ou um portador e não portador do VIH; o

que simbolizam, no contexto da transmissão do vírus, cada um dos conceitos); vias de

transmissão: correctas (que o VIH pode encontrar -se no fluxo vaginal) e incorrectas

(que a saliva, a urina o suor não transmitem a SIDA, nem o contacto físico); medidas

de prevenção (que a pílula não protege); formas de tratamento (onde obter a

informação; as análises em laboratório e o tempo real de confirmação, ou não da

infecção).

Os jovens têm elevados possibilidades de se infectarem pelo vírus, atendendo: a)

ás crenças de invulnerabilidiade e optimismo excessivo; b) intenções de conduta

erradas (precauções incorrectas); c) á falta de motivação para aprender (julgam - se

muito informados); d) limitados conhecimentos.

Qualquer programa destinado a este tipo de jovens deve: a) motivar para mudar

comportamentos; b) informar de modo a aclarar as crenças e atitudes que possuem

em relação á doença e aos doentes de SIDA; c) envolvê -los de modo a que

Page 16: Crenças e Atitudes - Investigação

acreditem que são susceptíveis de contrair a doença, e as consequências para si

próprio caso se infectem; d)que percebam os benefícios de um comportamento

preventivo, antecipando as barreiras ou custos; e) devem promover a auto eficácia

(habilidades necessárias para dar forma ao comportamento segundo uma variedade

de circunstâncias).

A Teoria de Acção Racional defende que as condutas dependem das crenças dos

sujeitos. Se os sujeitos possuem a crença de que os heterossexuais não se identificam

com os grupos de risco, que se conhecem as pessoas infectadas pelo aspecto, as

suas condutas estarão de acordo com as crenças e por conseguinte em risco de

infectarem -se visto que não haverá intenção de conduta preventiva. A dificuldade para

perceber o risco é um factor que determina uma falsa percepção sobre a

vulnerabilidade ou invulnerabilidade de eles próprios, face ao vírus. Estes e outros

factores relacionados com as crenças erradas, em que se associa a doença com

alguns grupos específicos, geram nos adolescentes uma falsa segurança de si

mesmos ao concluírem que a doença a eles nunca os afectará por não se

identificarem com esses grupos. Não se consideram individualmente responsáveis

pela propagação da doença; sentem -se protegidos (invulnerabilidade); pensam que

só por muito azar se infectariam pelo vírus (optimismo realista) e tendem a crer que só

acontece aos outros (falsa unicidade).

Sendo os seropositivos (infectados ocultos) a maioria dos infectados (a OMS acredita

haver em Portugal 43 mil seropositivos); e como não se conhecem pelo aspecto, como

acreditam alguns dos sujeitos inquiridos, é imperioso que a informação se centre nesta

fase da doença e nas suas implicações para a sua propagação.

Há algumas crenças sobre os preservativos que podem contribuir para uma

desatenção para a prevenção. Consideram que os preservativos rompem o

romantismo e têm custos afectivos; têm vergonha de os trazer consigo; não

consideram que estejam acessíveis ; são caros e de difícil acesso, são frágeis,

inseguros e ineficazes. Muitos jovens que se envolvem em relações sexuais acreditam

que os seu parceiro(a) não os colocariam em perigo; que se conhecem as pessoas

seropositivas pelo aspecto; quem tem um parceiro estável não deve temer a doença;

receiam que o seu parceiro(a) fique molestado(a) se recusar uma relação sem

preservativo.

Os meios de comunicação como fontes de informação para as famílias.A SIDA só

começou a ser noticia nos últimos 15/16 anos e os pais cresceram num época em que

Page 17: Crenças e Atitudes - Investigação

a SIDA não existia. Se tivermos em consideração o nível baixo de escolaridade que

possuem (menos que a escolaridade obrigatória), não é previsível que possam estar

devidamente informados. Acreditamos que os conhecimentos que a maioria das

famílias possui tenham como uma das principais fontes os meios de comunicação de

massas, principalmente a televisão. Para muitas pessoas, os meios de comunicação

(principalmente a televisão) são a única fonte de informação. A televisão deve dirigir

mensagens que informem (números de telefone, locais onde podem obter mais

informação), sensibilizem, motivem o envolvimento familiar para estes temas, para

que possam ser também veículos de informação. Embora as campanhas na televisão

possam ser eficazes para aumentar os conhecimentos e sensibilizar para os

problemas ( Orquídea Lopes, M., 2002ª); 2002 b; 2001) principalmente para um

público disperso e difuso, estas devem ser complementadas com outras formas de

comunicação e de actividades que envolvam as estruturas comunitárias e

interpessoais. Estes contactos são os mais indicados para temas sensíveis e que

requeiram formação/mudanças de comportamento complexos e a longo prazo.

As escolas e o papel dos professores.As escolas não possuem um programa de

educação sexual que permita aos alunos o acesso á informação. Os programas

curriculares fazem uma chamada de atenção para a doença ao nível do 8º ano do

Ensino Básico ( 2º ciclo), mas os professores carecem também eles de informações

correctas, limitando - se a traduzir os conhecimentos que constam do compêndio

adoptado. Apenas pontualmente e recorrendo a programas extra curriculares as

escolas têm dirigido a sua atenção para a informação sobre o problema da SIDA.

Acreditamos também na necessidade de proporcionar informação aos docentes para

que se sintam mais ajustados á realidade da doença.

Programas de educação sexual. A escola deve também ser a geradora de

informação/formação, através da Educação Sexual, envolvendo a comunidade

educativa na definição das linhas gerais de um programa afectivo sexual. Este deve

assentar em princípios e valores que: informem; ensinem competências (skills); a

formar e fortalecer a personalidade; aprender a resistir ás pressões, em particular do

grupo de iguais e, em geral, do meio social e cultural em que vivem. Este programa

deve iniciar - se aos 9/10 anos (e de forma continuada embora variando nas

metodologias e estratégias), até aos 16/17 anos de idade (Orquídea Lopes,

2002)

Crenças sobre os programas de prevenção. Os indivíduos que têm crenças

positivas com os doentes de SIDA são de opinião de que os programas devem

Page 18: Crenças e Atitudes - Investigação

contribuir para educar a conduta sexual dos jovens e motivar para mudar

comportamentos; consideram ainda que os programas são importantes porque

favorecem a aquisição de conhecimentos que ajudam a mudar comportamentos e

atitudes; ajudam a reduzir medos e angústias e contribuem para evitar a propagação.

Os sujeitos que têm crenças negativas e erradas em relação á doença e aos doentes

de SIDA são de opinião de que os programas deveriam informar apenas sobre as vias

de contágio, embora acreditem que nunca dão resultado. Se a crença é negativa em

relação aos programas, a intenção de conduta é não acreditar e aceitar as

informações que veiculam.

É urgente mais e melhor informação, sem alarmismos e espectacularidade. Que ajude

a construir pessoas mais conscientes das suas misérias e grandezas. Uma sociedade

informada poderá viver com a SIDA, como uma ameaça compreendida, uma ameaça

criativa de novos valores. Só as pessoas bem informadas podem ser solidárias e

tolerantes.

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