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Paulo Ricardo de Avelar [email protected] 12/062013 Notas da aula 7. CRESCIMENTO ECONÔMICO E SAÚDE Crescimento x Desenvolvimento

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Paulo Ricardo de Avelar [email protected]

12/062013

Notas da aula

7. CRESCIMENTO ECONÔMICO E SAÚDE

Crescimento x

Desenvolvimento

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SCATOLIN, 1989, apud OLIVEIRA, 2002, p. 38:

“O debate acerca do desenvolvimento é bastante rico no meio acadêmico, principalmente quanto a distinção entre desenvolvimento e crescimento econômico, pois muitos autores atribuem apenas os incrementos constantes no nível de renda como condição para se chegar ao desenvolvimento, sem, no entanto, se preocupar como tais incrementos são distribuídos. Deve se acrescentar que “apesar das divergências existentes entre as concepções de desenvolvimento, elas não são excludentes. Na verdade, em alguns pontos, elas se completam”.

Notas de Aula

Somente a partir da década de 1980 é que as relações entre saúde e desenvolvimento passaram a ser investigadas mais sistematicamente.

A relação entre saúde e desenvolvimento, o debate não deve restringir se somente a estas questões consideradas pela economia da saúde, uma vez que seriam ignoradas variáveis de suma importância para esta análise, referentes ao padrão nacional de desenvolvimento, à concentração regional e pessoal de renda e, sobretudo, à fragilidade da base produtiva e de inovação em saúde.

A saúde precisa ser considerada a partir de uma abordagem estruturalista que enfatize os fatores histórico estruturais característicos da sociedade brasileira, sua inserção internacional, assim como sua relação com uma difusão extremamente assimétrica e, muitas vezes, dissociada das necessidades locais de progresso técnico e conhecimento (Gadelha e Costa, 2011).

É reconhecida a inadequação do uso dos conceitos “crescimento econômico” e “desenvolvimento” como sinônimos, uma vez que o primeiro é apenas uma das dimensões do segundo. Conforme afirmou Schumpeter (1982): “não será designado aqui como um processo de desenvolvimento o mero crescimento da economia (...), pois isso não suscita nenhum fenômeno qualitativamente novo (...)”.

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Compreende-se, ademais, o desenvolvimento “em termos da universalização e do exercício efetivo de todos os direitos humanos: políticos, civis e cívicos; econômicos, sociais e culturais; bem como os direitos coletivos ao desenvolvimento, ao ambiente etc.” (Sachs, 2004, p.37).

O desenvolvimento deve contemplar, portanto, vertentes sociais, econômicas, além das ambientais e, no caso brasileiro particularmente, territoriais, de modo a garantir a sustentabilidade do exercício da potencialidade e bem-estar humanos.

7.2. Fatores do Crescimento

Crescimento econômico refere-se a um aumento no produto total na economia. Ele é definido por alguns como sendo um aumento do PIB real per capita.

O crescimento econômico moderno é o período no qual verifica-se um rápido e sustentado aumento no produto real per capita que inicia, no mundo ocidental, com a Revolução Industrial.

Crescimento implica em saber quais as razões que tornam uma sociedade mais produtiva. Segundo Angus Maddison, haveria quatro razões básicas:

(i) o progresso tecnológico;

(ii) os investimentos em capital humano;

(iii) os investimentos em capital físico e;

(iv) a eficiência na organização econômica que se traduz na estrutura de incentivos que induzem os indivíduos a inovar e acumular.

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Fonte: Maddison (1995)

Nicholas Kaldor (1961):

- o produto per capita cresce ao longo do tempo, e sua taxa de crescimento não tende a diminuir;

- o capital físico por trabalhador cresce ao longo do tempo;

- a taxa de retorno do capital é praticamente constante;

- a razão capital físico/produto é praticamente constante;

- a taxa de crescimento do produto por trabalhador difere substancialmente entre os países.

FUNÇÃO DE PRODUÇÃO:

Y = f (K,N)

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Taxas de Crescimento Per Capita (1960 - 2000).

Fonte: Weil (2004) - Países Selecionados

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Elaboração própria. Dados do IPEA

7.3. Fatores do Desenvolvimento

O desenvolvimento econômico de um país é o processo de acumulação de capital e incorporação de progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento da produtividade, dos salários, e do padrão médio de vida da população.

A medida mais geral de desenvolvimento econômico é a do aumento da renda por habitante porque esta mede aproximadamente o aumento geral da produtividade; já os níveis comparativos de desenvolvimento econômico são geralmente medidos pela renda em termos de PPP (purchasing power parity) por habitante porque a renda ou produto do país corrigido dessa maneira avalia melhor a capacidade média de consumo da população do que a renda nominal.

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Países produtores de petróleo, que renda per capita não reflete em absoluto o nível de produtividade e de desenvolvimento econômico de um país.

Uma alternativa é o índice de desenvolvimento humano, que foi um importante avanço na avaliação do desenvolvimento econômico, mas não substitui as duas rendas por habitante anteriores, antes as complementa.

O desenvolvimento econômico visa atender diretamente um objetivo político fundamental das sociedades modernas – o bem estar – e, apenas indiretamente os quatro outros grandes objetivos que essas sociedades buscam – a segurança, a liberdade, a justiça social e a proteção do ambiente. Por isso, é importante não confundi-lo com o desenvolvimento ou o progresso total da sociedade que implica um avanço equilibrado nos cinco objetivos.

Schumpeter (1911) foi o primeiro economista a assinalar esse fato, quando afirmou que o desenvolvimento econômico implica transformações estruturais do sistema econômico que o simples crescimento da renda per capita não assegura. Ele usou essa distinção para salientar a ausência de lucro econômico no fluxo circular onde no máximo ocorreria crescimento, e para mostrar a importância da inovação – ou seja, de investimento com incorporação do progresso técnico – no verdadeiro processo de desenvolvimento econômico.

DOENÇA HOLANDESA

Quando há aumento da renda per capita, mas a economia não se transforma porque não aumenta a produtividade de toda ela, mas apenas de um enclave geralmente de baixo valor adicionado per capita, não ocorre nem desenvolvimento nem crescimento econômico. Nos países vítimas da doença holandesa pode ocorrer um aumento limitado da renda per capita, mas não acontecem as transformações estruturais, culturais e institucionais que são inerentes ao processo de desenvolvimento ou crescimento econômico, nem existe o aumento dos padrões de vida da população.

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Muitos economistas não ortodoxos a identificação do desenvolvimento econômico com crescimento seria ideológica: ela ocultaria o fato de o desenvolvimento econômico implicar melhor distribuição de renda enquanto que crescimento, não. Amartya Sen (1989 [1993], 1999), cujo nome está ligado à formulação do Índice de Desenvolvimento Humano, é talvez o mais radical nessa matéria: para ele desenvolvimento econômico implica expansão das capacidades humanas ou aumento da liberdade.

IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, calculado pela ONU, quem um resultado mais próximo de um (1), mais desenvolvido é o país, não levando em consideração apenas as questões econômicas, mas também as sociais, como o índice de educação, índice de esperança de vida e índice de rendimentos, que é um dos indicadores bases desse estudo, com os dados obtidos pelo Brasil no período em estudo, uma vez que nesse curto período de tempo, a economia brasileira apresentou um crescimento satisfatório, longe do ideal é verdade, porém que já demonstrou mudanças na sociedade brasileira, sobretudo nos indicadores sociais.

Apesar de sua abrangência, não podemos usar única e exclusivamente o IDH como taxa de Desenvolvimento de uma nação, ainda seria de maior valia, de acordo com Bresser Pereira, utilizarmos a Renda Per Capita por paridade de poder de compra.

Altas rendas facilitam o acesso a bens e serviços, tais como uma dieta equilibrada e nutritiva, água potável, cuidados médicos de qualidade que promovem a saúde e a longevidade...

Para Mushkin (1962) a formação do capital humano mediante educação e serviços apoia-se na noção de que as pessoas, sendo agentes produtivos, melhoram a capacidade produtiva com investimentos nesses serviços, gerando maiores rendimentos no futuro.

Furtado (1964, apud Guillén, 2007, p. 143) afirma que o desenvolvimento econômico pode, também, ser definido como um “processo de mudança social pelo qual o crescente número de necessidades humanas, pré-existentes ou criadas pela própria mudança, são satisfeitas [por meio] de uma diferenciação no sistema produtivo, gerado pela introdução de inovações tecnológicas”.

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7.4. Indicadores Sociais Brasileiros

Pode-se identificar na Tabela a seguir, que retrata a evolução do PIB brasileiro com alguns indicadores sociais, que todos demonstraram resultados positivos na maioria dos anos. O produto da economia cresceu consideravelmente, saltando de pouco mais de 640 bilhões para mais de dois (2) trilhões de dólares em 2010, valor este que fez do Brasil naquele ano, a 10ª economia, a frente de países desenvolvidos como Itália e Canadá, porém o país continua com um longo percurso para melhor as condições de vida da população.

Elaboração própria. Dados do Banco Mundial, IPEA e PNUD. * Dados não disponibilizados.

Observa-se um aumento significativo do PIB per capita, agregando mais de quatro (4) mil dólares no período, passando de pouco mais de US$ 7.000 no início da série para US$ 11.127,06 no ano fim. Aqui, o PIB per capita, foi medido em PPC, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Há de se notar também que em 2009, quando a economia apresentou uma pequena retração de 0,33%, o PIB per capita sofreu uma diminuição de R$ 63,57 recuperando o valor perdido em 2011, com um acréscimo de R$ 782,84 quando a economia cresceu mais de 7%sobre o ano da retração.

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Taxa Anual de Crescimento do PIB - Brasil

Elaboração própria. Dados do IPEA.

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População vivendo com menos de US$ 1,00 por dia - Brasil

Elaboração própria. Dados do IPEA.

Assim como os outros indicadores sociais, o percentual da população vivendo em extrema Pobreza no Brasil também apresentou um resultado positivo no período, com uma pequena alta em 2003, a mesma caiu de 15,28% em 2001 para 7,28% em 2009, como aponta o Gráfico. No período em análise houve, além do crescimento econômico, uma intensificação dos programas sociais de transferência de renda, o que impactou positivamente esse nicho da população.

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Expectativa de Vida

Elaboração própria. Dados do IPEA.

Ao mesmo tempo em que população vem envelhecendo, em 2000 a população idosa respondia por 8,56% do total, passando para 10,79% em 2010, a expectativa de vida também cresceu, de 70,14 anos para 73,10 anos respectivamente. Esses são dados convergentes, quanto maior a expectativa de vida, maior a concentração de pessoas com mais de 70 anos, que é faixa etária que mais demanda serviços de saúde.

Vídeo mostrado em aula:

https://www.youtube.com/watch?v=jbkSRLYSojo

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Ao mesmo tempo em que população vem envelhecendo, em 2000 a população idosa respondia por 8,56% do total, passando para 10,79% em 2010, a expectativa de vida também cresceu, de 70,14 anos para 73,10 anos respectivamente. Esses são dados convergentes, quanto maior a expectativa de vida, maior a concentração de pessoas com mais de 70 anos, que é faixa etária que mais demanda serviços de saúde.

IDH – Brasil

Elaboração própria. Dados do IPEA.

O Índice de Desenvolvimento Humano, que apresentou o menor crescimento entre os outros indicadores da mesma classe, posicionou o Brasil,em 2010, na 73ª posição, atrás de países como o Peru, por exemplo, sendo o primeiro colocado, a Noruega, com um IDH de 0,938.

Segundo a classificação das Nações Unidas, o Brasil se encontra no grupo de países com elevado desenvolvimento humano. O IDH é utilizado pela ONU para medir o grau de desenvolvimento humano dos países membros, e é formado por três índices: índice de expectativa de vida, de escolaridade e o índice de rendimentos da população, traçando uma síntese do país. Em tese, pode-se afirmar que o nível da qualidade de vida da população brasileira está muito a quem dos níveis dos países desenvolvidos.

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Evolução das Despesas com Saúde no Brasil de 2000 a 2010

Elaboração própria. Dados do IPEA.

O dispêndio com saúde no Brasil crescera no período em questão, juntamente com o crescimento da economia, principalmente as despesas com saúde pública em percentual do total das despesas governamentais, saindo de 7,16% para 9% em 2010, de modo geral, pode-se afirmar que essas despesas vêm acompanhando os demais indicadores analisados, seguindo o crescimento da economia.

Percebe-se uma queda nos três tipos de dispêndio em 2003 de até meio ponto percentual na despesa com saúde pública como percentual das despesas governamentais, e um forte crescimento em 2004, ultrapassando o percentual de 2002, e novamente uma forte alta em 2010 sobre 2009, quando o montante chegou a pouco mais de 7% das despesas governamentais.

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- O crescimento econômico foi acompanhado de uma significativa elevação do PIB per capita, que indica uma melhora no poder aquisitivo;

- IDH, que passou de 0,665 para 0,715 em igual período; evidenciando a melhoria das condições de vida em termos de rendimentos, expectativa de vida e educação,

- Embora exista um longo caminho a percorrer para se chegar a um patamar de desenvolvimento social e econômico satisfatório, os dados comprovam que o Brasil possui um grande potencial para alcançar um nível de qualidade de vida semelhante ao observado em países desenvolvidos em algumas décadas.

17/06/2013

Notas da aula.

7.4.1 Coeficiente de Gini

A investigação sobre a distribuição de renda da população leva a questões ligadas à mensuração de quanta desigualdade há em uma sociedade e quais os problemas que surgem na mensuração.

Estabelecer e entender os indicadores de avaliação da desigualdade tem sido objeto de trabalho de estudiosos de diversas áreas.

É uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini e publicada no documento “Variabilità e Mutabilità” em 1912, comumente utilizado para calcular a desigualdade de distribuição de renda, mas pode ser usada também para qualquer distribuição, como concentração de terra, riqueza entre outras.

Consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm). A construção do coeficiente de Gini é baseada na “Curva de Lorenz”.

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Coeficiente de Gini - Brasil

Fonte: IPEA.

O Coeficiente de Gini brasileiro sempre foi elevado, demonstrando a alta desigualdade de renda no país. Como já explicitado anteriormente, quanto mais próximo um (1), maior é o nível de desigualdade.

Tal resultado brasileiro pode ser explicado pelos modelos de crescimento adotados pelo país no século passado, e também pela grande disparidade regional que o país apresenta, com regiões bem industrializadas, como o Sul e o Sudeste, e outras com baixos níveis de emprego além de condições climáticas pouco favoráveis como a que se vê no Nordeste por exemplo.

A desigualdade apenas diminui quando a renda da parcela mais pobre da população cresce mais rapidamente que a dos mais ricos, o que de certo modo poderia ser garantido com o crescimento econômico, porém, se a renda dos mais ricos crescer mais rapidamente que a renda dos mais pobres, a desigualdade aumentará, o que sempre foi um dos males da economia brasileira.

1990 0.613

1991 -

1992 0.582

1993 0.604

1994 -

1995 0.600

1996 0.602

1997 0.602

1998 0.600

1999 0.593

2000 -

2001 0.596

2002 0.589

2003 0.583

2004 0.572

2005 0.569

2006 0.562

2007 0.556

2008 0.547

2009 0.542

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CURVA DE LORENZ

É uma curva que mostra como a proporção acumulada da renda varia em função da proporção acumulada da população, estando os indivíduos ordenados pelos valores crescentes da renda.

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7.5 Saúde e Desigualdade

O tema das desigualdades que imperam no país tem adquirido relevância no cenário atual do setor saúde, como bem atesta o número crescente de estudos a esse respeito. Além da superação das desigualdades ser um objetivo da própria Constituição Federal de 1988, passou a constituir um ponto de primeira importância nos discursos ou agendas governamentais. Assim mesmo, a questão hoje faz parte das preocupações das agências internacionais de assistência e crédito.

De fato, a Carta de 1988 tem entre seus objetivos reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas (Art. 3º, inc. III e IV). Esses ditames têm como fundamento o conceito de cidadania, segundo o qual todos os indivíduos são iguais, tendo, portanto, os mesmos direitos. Esse princípio constitucional também está presente na Lei Orgânica do SUS (Lei 8080/90, art.7º, inc. IV), que veda preconceitos ou privilégios e nas normas operacionais relativas à descentralização dos serviços.

Em países da periferia do capitalismo como o Brasil, onde o desenvolvimento econômico tem sido acompanhado de situações que convergem para a pobreza, a concentração de renda e as precárias condições de vida, principalmente em grandes centros urbanos e entre regiões, tendem a se agravar.

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Fonte: Estadão.com

O Brasil apresenta 1,3 médico por 1.000 habitantes, valor superior ao preconizado pela OMS que é de 1 médico para o mesmo denominador (World Health Organization, 1978). Porém, esse excedente não representa, necessariamente, uma cobertura adequada e homogênea em todos os estados brasileiros. Marcada desigualdade na distribuição desse recurso é observada, estando a maior parte dos médicos concentrada nos estados mais urbanizados e com menores taxas de pobreza: estados do Sul e do Sudeste. Dessa forma, grande déficit é observado, principalmente, nos estados da região Norte.

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Fonte: O Globo

As insuficiências e as desigualdades manifestam-se no espaço geográfico, refletindo a história social, econômica e cultural de cada região.

Nos grupos sociais menos providos, onde os níveis de saúde são mais baixos, a desigualdade é refletida pelo histórico de exclusão dos mesmos.

O acesso à educação e ao saneamento básico é considerado parte do desenvolvimento sócio econômico dos países e da qualidade de vida. As desigualdades educacionais e sanitárias brasileiras são um entrave ao desenvolvimento.

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As desigualdades em saúde, como sugerem diversos estudos empíricos são verificadas em praticamente quase todos os países. Entretanto, nem toda a desigualdade em saúde mensurada pode ser caracterizada como iniquidade em termos de bem estar individual.

O estado de saúde de um indivíduo depende de diversos fatores. Podemos classificá-los em pelo menos três grupos: fatores associados às preferências dos indivíduos; fatores exógenos aos indivíduos; fatores associados às condições sócias econômicas.

Fatores sócio econômicos

Existem diversos mecanismos que podem explicar a relação entre nível de renda ou situação sócia econômica e estado de saúde. Além disso, a causalidade desta relação não é única.

Relação entre produtividade e saúde

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- Podemos supor, por um lado, que trabalhadores mais saudáveis são mais produtivos e, portanto auferem níveis de renda mais elevados. Por outro lado, podemos também imaginar que trabalhadores com níveis de renda mais elevados têm maior acesso a informações sobre saúde podendo optar por tratamento preventivo e nesse caso apresentar estados de saúde melhores.

- Condições de trabalho e moradia: indivíduos de baixa renda frequentemente estão expostos a trabalhos que apresentam altos riscos a sua saúde, além de possuírem habitações com piores condições de saneamento. Dessa forma, controlando para os fatores biológicos e para aqueles relacionados às preferências individuais, os indivíduos de classes socioeconômicas mais baixas têm maior chance de morrer e adoecer.

7.5.1 Saúde e Desenvolvimento

Desigualdade social em saúde em favor das camadas de renda mais elevada.

Desigualdade socioeconômica pode ser definida como a distribuição desigual de bens e serviços entre grupos sociais. A saúde ou os processos saúde/doença e seus determinantes podem também ser desigualmente distribuídos nas populações. Desigualdade em saúde é, então, um termo genérico que se refere às diferenças nos níveis de saúde de grupos socioeconômicos distintos em um sentido descritivo (Kunst & Mackenbach, 1994; Mackenbach & Kunst, 1997).

A Saúde é uma política bifront e, de um lado voltada para uma fronteira do mercado, caracterizada pela inovação, fronteira industrial e tecnológica e, de outro, voltada para as necessidades e vulnerabilidades de uma população carente, assistida desigualmente no território nacional, por ações e serviços subfinanciados e por uma oferta de infraestrutura ainda marcada por profunda heterogeneidade regional e micro regional.

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O pesado fardo das doenças e o efeito na produtividade, demografia e educação estão a contribuir para a rápida erosão dos árduos ganhos socioeconômicos da África são a razão porque alguns países não conseguem escapar à armadilha da pobreza. Por exemplo, na África a sul do Saara calcula-se que as perdas resultantes do HIV/AIDS representam pelo menos 12% do PIB. E, em certas regiões, a elevada prevalência do paludismo está associada a uma redução do crescimento econômico de 1% por ano.

____ _ _

- Como existe um maior número de idosos entre os grupos com maior renda, o que pode ser constatado pela maior esperança de vida ao nascer entre esses indivíduos, provavelmente o número de pessoas doentes é maior nestas camadas sociais.

Problemática:

A saúde está envolvida no arranjo político institucional, nacional e internacional, relacionando as diversas esferas de governo, fator importante, dadas as assimetrias socioeconômicas no território brasileiro.

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A análise da complexidade desta relação implica entender a saúde como direito social, bem econômico e espaço de acumulação de capital. Deste modo, as relações entre saúde e desenvolvimento são entendidas “como um processo dinâmico e virtuoso que combina, ao mesmo tempo, crescimento econômico, mudanças fundamentais na estrutura produtiva e melhora do padrão de vida da população” (Viana e Elias, 2007, p.1766).

- Participação da saúde na geração de demanda efetiva para o sistema produtivo nacional perfaz 9% do PIB (WHO, 2011), observado no consumo final de bens e serviços.

- As ocupações diretas em saúde crescem significativamente e acima da taxa média das ocupações totais; como também 12% do total de empregos qualificados estão ocupados pelo sistema produtivo da saúde.

- Gasto público com a saúde representa no Brasil aproximadamente 4,1% do PIB (WHO, 2011), sendo insuficiente quando considerados os princípios do SUS.

Não basta que o governo realize investimentos na economia, já que o crescimento econômico não determina necessariamente o desenvolvimento social. Pode-se afirmar apenas que o aumento do PIB influencia o avanço dos índices sociais, mas não se pode afirmar que existe uma relação causal entre essas variáveis. Dessa maneira, deve-se voltar a atenção para fatores que promovam equidade social, aumento da oferta de emprego, qualificação profissional e a melhora dos níveis de saúde da população. Apenas através da mudança estrutural e continuada desses fatores, o país alcançará um desenvolvimento social permanente e adequado.

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Referências:

ANDRADE, Mônica Viegas. LISBOA, Marcos de Barros. Ensaios em Economia da Saúde, EPGE –FGV,Rio de Janeiro, 2000. ASSUNCAO, Renato Martins et al . Mapas de taxas epidemiológicas: uma abordagem Bayesiana.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,v. 14,n. 4,Oct. 1998. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1998000400013&lng=en&nrm=iso>. access on 01 June 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X1998000400013 . BALBINOTTO NETO, Giácomo. Notas de Aula, Economia da Saúde. PPGE/UFRGS -2010 FOLLAND, S., GOODMAN, A. C. e STANO, M. A Economia da Saúde, 5º Edição. Porto Alegre: Bookman, 2008.

PASCHE, D.F. Tópicos de Política de Saúde no Brasil, Texto de Apoio para Discussão em Sala de Aula – Escola Nacional de Administração Pública, ENAP.http://www.enap.gov.br/downloads/ec43ea4fPoliticas_de_saude_Brasil_colonia_a_deada_d e_50_1950.pdf acesso em 20/05/2013.

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_economia_saude_3_macroeconomia.pdf Acesso em 25/05/2013

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http://www.unc.br/mestrado/textos/Bibliografia-2013-Desenvolvimento-e-Saude.pdf

Acesso em 05/06/2013