9
[email protected] www.fatimasoares.com.br _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 1 PREPARATÓRIO AO CFS 2014 CAP ROGÉRIO CRIMES CONTRA A AUTORIDADE E DISCIPLINA MILITARES Art. 149 Motim e revolta (propriamente militar) Reunirem-se militares ou assemelhados: I – agindo contra a ordem recebida do superior, ou negando-se a cumpri-la. Na primeira parte do inciso, o superior emite a ordem e os inferiores adotam uma postura diferente, fazendo algo diferente daquilo que foi determinado (ex: o Sgt Comandante da Guarda deu ordem para que não houvesse a troca de sentinelas em determinada posto, todavia, os dois Soldados PM, um assumindo a sentinela e outro deixando o posto da sentinela, ignoram o comando do superior e fazem a troca no posto, agindo ambos contra a ordem recebida). Noutra situação, os inferiores negam-se a cumprir a ordem, omitindo-se em fazer aquilo que foi determinado (ex: durante a chamada para o turno de serviço, o Ten PM CPCia determina que um Cb PM e um Sd PM, que estavam escalados no policiamento a pé, assumam uma viatura para reforçar o policiamento motorizado e os dois militares afirmam que não vão cumprir a ordem). A ordem deve ser legal e emanada por um superior. No art. 24 do CPM tem-se um conceito de superior. E os inferiores devem saber que estão descumprindo o mandamento emanado por um superior (art. 47, I, CPM) II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência. Os inferiores estão agindo por conta própria, sem ordem, e recusam a obedecer o que foi determinado pelo superior (ex: encerrou-se o turno de serviço e a guarnição policial continua realizando diligências por conta própria, o Oficial CPU determina que a guarnição recolha-se para o quartel, todavia, os militares recusam-se a realizar o recolhimento). Note que enquanto no inciso I, a ordem não é específica, já no inc II, a ordem é direcionada para fazer cessar a atitude antes adotada pelo inferior. Como no caso de uma guarnição policial agredindo alguém na rua, o superior manda parar e os militares se recusam a cessar a ação delituosa. III – assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior. Assentir significa consentir, concordar, apoiar. Imagine a situação em que o Chefe da Seção determina que um Sgt faça uma Ordem de Serviço (OSv.) e o Sgt afirma que não vai fazer, pois, não é função dele (até aqui – somente um militar - é recusa de obediência – art. 163), o Oficial, então, determina que outros dois sargentos elaborem a OSv., todavia, aquele sargento fala para os dois não cumprirem a ordem e estes, concordando/apoiando/consentindo com o primeiro, afirmam que não farão, ratificando que não era função deles e sim do Oficial Chefe da Seção. O assentimento para praticar resistência contra superior, configura-se quando este vai realizar um ato de ofício e os inferiores resistem à ação do superior. Por exemplo, um Sd PM desrespeitou um Cb PM diante de outro militar, e quando o Sgt PM foi realizar a prisão do infrator, os demais subordinados que estavam presentes no local impediram (ativa ou passivamente) que o Sargento realizasse a prisão daquele Sd PM. Na terceira situação, os militares estão concordando em praticarem violência contra um superior. Numa situação em que dois Sargentos agridem um Tenente, haverá o crime de motim e não o crime de violência contra superior. Para Coimbra Neves, o crime de violência contra superior absorve o crime de motim, pois, este seria meio para a prática daquele. Todavia, ousamos discordar do ilustre doutrinador, visto que a violência é elemento integrante do tipo penal, sendo o motim neste caso, um delito autônomo, cuja pena, inclusive, é mais alta.

Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

Embed Size (px)

DESCRIPTION

ret

Citation preview

Page 1: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

1

PREPARATÓRIO AO CFS 2014 CAP ROGÉRIO

CRIMES CONTRA A AUTORIDADE E DISCIPLINA MILITARES Art. 149 Motim e revolta (propriamente militar) Reunirem-se militares ou assemelhados: I – agindo contra a ordem recebida do superior, ou negando-se a cumpri-la. Na primeira parte do inciso, o superior emite a ordem e os inferiores adotam uma postura diferente, fazendo

algo diferente daquilo que foi determinado (ex: o Sgt Comandante da Guarda deu ordem para que não houvesse a

troca de sentinelas em determinada posto, todavia, os dois Soldados PM, um assumindo a sentinela e outro deixando o

posto da sentinela, ignoram o comando do superior e fazem a troca no posto, agindo ambos contra a ordem recebida).

Noutra situação, os inferiores negam-se a cumprir a ordem, omitindo-se em fazer aquilo que foi determinado

(ex: durante a chamada para o turno de serviço, o Ten PM CPCia determina que um Cb PM e um Sd PM, que estavam

escalados no policiamento a pé, assumam uma viatura para reforçar o policiamento motorizado e os dois militares

afirmam que não vão cumprir a ordem).

A ordem deve ser legal e emanada por um superior. No art. 24 do CPM tem-se um conceito de superior.

E os inferiores devem saber que estão descumprindo o mandamento emanado por um superior (art. 47, I,

CPM)

II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência. Os inferiores estão agindo por conta própria, sem ordem, e recusam a obedecer o que foi determinado pelo

superior (ex: encerrou-se o turno de serviço e a guarnição policial continua realizando diligências por conta própria, o

Oficial CPU determina que a guarnição recolha-se para o quartel, todavia, os militares recusam-se a realizar o

recolhimento).

Note que enquanto no inciso I, a ordem não é específica, já no inc II, a ordem é direcionada para fazer cessar a

atitude antes adotada pelo inferior. Como no caso de uma guarnição policial agredindo alguém na rua, o superior

manda parar e os militares se recusam a cessar a ação delituosa.

III – assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra

superior. Assentir significa consentir, concordar, apoiar.

Imagine a situação em que o Chefe da Seção determina que um Sgt faça uma Ordem de Serviço (OSv.) e o

Sgt afirma que não vai fazer, pois, não é função dele (até aqui – somente um militar - é recusa de obediência – art.

163), o Oficial, então, determina que outros dois sargentos elaborem a OSv., todavia, aquele sargento fala para os dois

não cumprirem a ordem e estes, concordando/apoiando/consentindo com o primeiro, afirmam que não farão,

ratificando que não era função deles e sim do Oficial Chefe da Seção.

O assentimento para praticar resistência contra superior, configura-se quando este vai realizar um ato de ofício

e os inferiores resistem à ação do superior. Por exemplo, um Sd PM desrespeitou um Cb PM diante de outro militar, e

quando o Sgt PM foi realizar a prisão do infrator, os demais subordinados que estavam presentes no local impediram

(ativa ou passivamente) que o Sargento realizasse a prisão daquele Sd PM.

Na terceira situação, os militares estão concordando em praticarem violência contra um superior. Numa

situação em que dois Sargentos agridem um Tenente, haverá o crime de motim e não o crime de violência contra

superior. Para Coimbra Neves, o crime de violência contra superior absorve o crime de motim, pois, este seria meio

para a prática daquele. Todavia, ousamos discordar do ilustre doutrinador, visto que a violência é elemento integrante

do tipo penal, sendo o motim neste caso, um delito autônomo, cuja pena, inclusive, é mais alta.

Page 2: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

2

Registra-se que os demais doutrinadores nada diz a respeito desta situação.

IV – ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar:

No âmbito das instituições militares estaduais (PM/BM), verifica-se a conduta nos casos em que os militares

ocupam um quartel, agindo contra a ordem ou a disciplina, ou se utilizam de viaturas policiais para praticarem violência.

Este inciso em muito se assemelha com o crime previsto no art.150. A diferença é que neste artigo (150), os

agentes estão portando armamento ou material bélico, de propriedade da administração militar, e não estão agindo

contra ordem recebida de superior. Assim, se um grupo de militares, com arma da PMMG, estiverem praticando

violência, nos termos do art. 150, não haverá o crime de revolta e sim, organização de grupo de para a prática de

violência.

Observe que o tipo não fala ajustarem/concertarem/combinarem, portanto no crime de motim, basta que a ação

de um agente se adira à ação do outro. O ânimo delituoso de um autor incentiva o do outro.

O crime atenta contra a autoridade ou a disciplina militares, não exigindo um número mínimo de agentes, basta,

portanto, que existam 2 ou mais militares praticando a conduta.

O tipo prevê aumento de pena de um terço para os cabeças, assim considerados aqueles (praça) que dirigem,

provocam, instigam ou excitam a ação, bem como, os oficiais se estiverem em concursos com inferiores (praças) e,

também, os inferiores (praça) que exercem função de Oficial (art. 53, §§ 4º e 5º).

Revolta Parágrafo único. Se os agentes estavam armados: Pena – reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças. Haverá o crime de revolta se os agentes estavam armados (parágrafo único). Atente-se que o crime de revolta

é basicamente o mesmo motim (as condutas são as mesmas dos incisos I a IV), diferenciando-se, tão somente, pela

presença de armas entre os agentes.

E, para se configurar a revolta deve haver no mínimo 02 agentes armados.

Não há necessidade de se fazer o uso das armas, basta portá-las. Não se resume à arma de fogo, considera-

se também a faca, facão, foice, machado, ou seja, qualquer instrumento apto a causar ferimento.

No motim e na revolta, aplica-se aos amotinados e revoltosos, também, as penas correspondente à violência,

conforme mandamento do contido no art. 153. É o chamado concurso de crimes.

Cumulação de penas Art. 153. As penas dos artigos 149 e 150 são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Cabe tentativa, por exemplo no caso do inciso IV.

ORGANIZAÇÃO DE GRUPO PARA A PRÁTICA DE VIOLÊNCIA (crime propriamente militar)

Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou assemelhados, com armamento ou material bélico, de propriedade militar, praticando violência à pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não à administração militar:

Pena – reclusão, de quatro a oito anos. Para a configuração do delito torna-se necessário que os agentes estejam portando armamento ou material

bélico, de propriedade militar, todavia, não há necessidade de sua utilização.

De acordo com Coimbra Neves, o material bélico das Polícias Militares engloba armamento, munição, material

Page 3: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

3

de motomecanização, de comunicações, de guerra química, de engenharia de campanha (2012, p. 1005). Portanto, a

termo armamento seria espécie do gênero material bélico.

Caso, os agentes, em concurso, esteja praticando a violência sem estar portando o armamento, inexiste o

crime em comento, podendo, a depender do caso, existir o motim.

Considerando que foi revogada, pela lei 9.299/96, a alínea “f”, inci. II, do art. 9º, que dispunha que seria crime

militar se o militar da ativa praticasse o crime utilizando armamento de propriedade militar, o crime em questão sofreu

algumas limitações (Assis, 2010, p. 320).

Para se enquadrar como crime militar, se a violência for praticada contra civil ou contra a coisa particular (ou

pública – não militar), se exige os seguintes requisitos alternativos: 1) o fato tem que ser praticado em lugar sujeito à

administração militar; 2) os agentes devem estar em serviço ou atuando em razão da função.

A Violência tem que ser física. A violência não importa, necessariamente, em lesão corporal, morte ou dano ao

bem.

Diferentemente do motim, aqui não se conforma a conduta omissiva, já que a prática de violência é elementar

no crime.

Não se exige que todos os participantes pratiquem a violência contra a mesma pessoa ou o mesmo bem, o

importante é a proximidade dos agentes.

Cabe tentativa.

OMISSÃO DE LEALDADE MILITAR (crime propriamente militar)

Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu alcance para impedi-lo:

Pena – reclusão, de três a cinco anos. Aqui a lei busca tutelar a disciplina militar. Não se está aqui orientando que o militar seja ”dedo duro”, mas,

espera-se que todo militar se sinta comprometido com a disciplina, tanto que se este manter-se omisso, comete o crime

em questão.

Existe a previsão de duas condutas omissivas: Deixar de comunicar (o agente tem conhecimento dos atos

preparatórios do delito e não os comunica ao superior); Omitir-se no uso de meios disponíveis (o agente encontra-se

presente no momento imediatamente anterior à consumação do motim ou da revolta e não usa dos meios disponíveis

para impedi-los).

Diferente dos crimes anteriores, aqui exige apenas um agente para sua configuração. E a simples omissão já

consuma o delito omissivo, ainda que o motim ou a revolta não se consumam.

Por se tratar de conduta omissiva, não cabe tentativa.

CONSPIRAÇÃO (crime propriamente militar)

Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 149: Pena – reclusão, de três a cinco anos. Isenção de pena Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando era ainda possível

evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou. O crime é de ajuste, de acordo, de comunhão de vontades, com o fim de cometer os crimes de motim e de

revolta. O tipo não exige reunião dos agentes, o concerto pode resultar da concordância de dois ou mais militares

separados, isto é, da conversa com um ou mais militares, que aceitam realizar o motim ou a revolta.

O que importa é a concordância, é a comunhão de vontades, o acerto para realização do motim ou da revolta.

Page 4: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

4

Não se confunde com conversa, externando insatisfação, discordância, e sim a determinação para realizar o ato ilícito,

embora sem fixação de dia, hora ou local.

Para sua configuração não se exige que o motim ou a revolta se consumam. Se isto ocorrer, a conspiração

será absorvida.

Fica isento de pena, o agente que após realizar atos de concerto, o militar arrependido comunica o ajuste,

mesmo posteriormente aos atos de execução, após iniciar o ataque ao bem jurídico tutelado, mas anteriormente à

consumação e, ainda, quando era possível evitar-lhes as consequências.

A consumação do delito, a omissão da autoridade informada sobre o crime vindouro ou a ineficácia dos meios

adotados, não impede a isenção da pena. O que importa é a denúncia, quando era possível evitar as consequências do

delito ajustado.

Não cabe tentativa.

ALICIAÇÃO PARA MOTIM OU REVOLTA (crime impropriamente militar)

Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes previstos no capítulo anterior:

Pena – reclusão, de dois a quatro anos. O sujeito ativo é qualquer pessoa, militar ou civil (este na esfera federal). No caso do civil praticando a conduta

contra a instituição militar estadual, poderá configurar o crime previsto no art. 286 do CP, se a aliciação for pública.

Aliciar consiste em convidar, seduzir, atrair, um, dois ou mais militares para a prática dos crimes mencionados

no diploma.

Muito embora, o título do diploma indique o “motim ou a revolta”. Na redação do tipo prevê qualquer dos crime

previstos no capítulo anterior e o nome do capítulo é “do motim e da revolta”, mas, inclui-se por exemplo, a organização

de grupo para a prática de violência.

A aliciação se dá por qualquer meio. Ex.: rádio, televisão, panfletos etc, sendo indispensável que chegue ao

conhecimento dos aliciados.

É crime formal, não exigindo a concretização do delito fim, sendo suficiente o convite revestido de

circunstâncias que demonstrem a seriedade de propósito e a possível viabilidade.

Aqui a lei está punindo uma conduta preparatória para a prática dos crimes descritos no tipo penal.

Cabe tentativa, como nos casos em que a aliciação se faz por carta, e esta não chega a seu destinatário.

INCITAR À DESOBEDIÊNCIA, À INDISCIPLINA OU À PRÁTICA DE CRIME MILITAR (crime impropriamente militar)

Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: Pena – reclusão, de dois a quatro anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à

administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo.

O sujeito ativo é qualquer pessoa, militar ou civil (este na esfera federal). No caso do civil praticando a conduta

contra a instituição militar estadual, poderá configurar o crime previsto no art. 286 do CP.

O verbo incitar, descrito no núcleo do tipo, tem a significação de excitar, provocar; é incitar a desobediência,

indisciplina ou prática de crime militar.

Por ser crime formal, consuma-se no momento que o incitado concorde com a idéia, não exigindo a prática do

ato provocado.

Pode ser cometido até mesmo por meio da Internet (Blogs, Orkut etc).

Page 5: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

5

O incitamento é mais abrangente que a aliciação, pois, lá alicia só para crimes específicos e aqui, incita a

prática de crime militar, a desobediência e a indisciplina.

O crime não precisa ser praticado em lugar sujeito à administração militar, a não ser nos casos de afixação de

impressos, cujo conteúdo contenha incitamento á prática dos crimes previstos no artigo (parágrafo único).

Cabe tentativa, como nos casos em que a aliciação se faz por carta, e esta não chega a seu destinatário.

APOLOGIA (crime impropriamente militar) Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à administração militar: Pena – detenção, de seis meses a um ano.

O sujeito ativo é qualquer pessoa, militar ou civil (este na esfera federal). No caso do civil praticando a conduta

contra a instituição militar estadual, poderá configurar o crime previsto no art. 287 do CP.

Fazer apologia significa: louvar, elogiar, enaltecer, exaltar.

Para a configuração do delito é necessário que a apologia se refira a fato real e determinado que o CPM tipifica

como crime ou ao autor do crime militar (deve ter sido condenado transitado em julgado) e deve ocorrer em local sujeito

à administração militar.

É crime formal que se consuma no momento em que ocorre o elogio em público. É possível a tentativa, nos

casos de apologia por meio de carta que não chega ao destinos, uma tentativa de publicação em que o sistema falha.

VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR (crime propriamente militar)

Art. 157. Praticar violência contra superior: Pena – detenção, de três meses a dois anos. Os sujeitos: ativo e passivo devem ser militares.

O agressor tem que saber que a vítima é um superior (art. 47, I).

A violência exigida para caracterização deste delito é a violência física, consistente em tapas, empurrões,

rasgar roupas, puxão de orelhas, pontapés e socos que podem ou não provocar lesões. Caso restem lesões

haverá concurso formal.

A agressão verbal poderá caracterizar outros delitos, tais como desrespeito a superior (art. 160),

desacato a superior (art. 298) etc.

Se o superior agredir ou provocar injustamente o subordinado, fica afastada incidência do crime (art. 47, II).

Imagine por exemplo um superior bêbado destratando um subordinado, agredindo-o, xingando-o.

O crime se consuma no momento da agressão. Cabendo perfeitamente a tentativa.

Formas qualificadas § 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial-general: Pena – reclusão, de três a nove anos.

Observe que se for um militar praticando a violência contra o Comandante de outra Unidade, diversa da que ele

serve, não haverá esta forma qualificada. Assim, se um lotado no 1ª BPM, cumprindo diligência na sede do 22º BPM e

vier a agredir o Comandante desta Unidade (22º BPM), responderá pelo Caput do artigo e não o parágrafo primeiro.

§ 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço. A arma pode ser própria ou imprópria. Aqui o agente tem que efetivamente utilizar a arma para praticar a

violência física. Se apenas, a estiver portando, não incidirá esta majorante (causa de aumento de pena). Se a arma for

utilizada apenas para ameaçar o superior, também, será a figura simples do delito.

Page 6: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

6

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.

§ 4º Se da violência resulta morte: Pena – reclusão, de doze a trinta anos. Preste bastante atenção, haverá concurso formal (uma ação resulta em 2 crimes) se houver lesão corporal. E

se restar morte a pena será única.

Ou seja, resultou em lesão corporal – dois crimes. Causou a morte da vítima – apenas um crime.

Ainda, lesão corporal – dois crimes, morte – qualificadora.

§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço. Quem deve estar em serviço é o autor do delito e não a vítima, pois o próximo delito (art. 158) visa proteger

alguns tipos de serviço realizados pelo militar.

VIOLÊNCIA CONTRA MILITAR DE SERVIÇO (crime impropriamente militar) Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou

plantão: Pena – reclusão, de três a oito anos. § 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.

§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a

pessoa.

§ 3o Se da violência resulta morte: Pena – reclusão, de doze a trinta anos. Com relação à violência, permanecem os comentários feitos ao crime acima. Inclusive, a ausência de elemento

constitutivo do crime previsto no art. 47, II, a saber, a ação praticada em repulsa a agressão.

O sujeito passivo somente será o militar que estiver exercendo uma das funções descritas no tipo penal (Oficial:

de dia, similar ou CPU / praça: sentinela, vigia ou plantão). Tutela-se a integridade do militar responsável pela

segurança do aquartelamento, ou seja, está protegendo à Instituição Militar.

Se a vítima for superior, mas encontrar-se num dos serviços discriminados, o crime previsto no art. 158 absorve

o do art. 157, visto que a violência contra militar de serviço é mais específica.

As causas de aumento de pena e o concurso formal seguem basicamente, o mesmo tratamento do delito

anterior.

Diz o art. 159 que no crime em comento e no anterior, se ficar evidenciado que a morte ou lesão ocorreram por

culpa do agressor a pena do crime de contra a pessoa é reduzida à metade (ex: O Sd PM desfere um tapa no rosto do

Sgt PM, quando este se desequilibra e cai sobre o braço, quebrando este membro do corpo).

Ausência de dolo no resultado Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de metade.

DESRESPEITO A SUPERIOR (crime propriamente militar) Desrespeito a superior

Page 7: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

7

Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar: Pena – detenção de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Desrespeito a comandante, oficial-general ou oficial de serviço Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente,

oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade. Os sujeitos: ativo e passivo devem ser militares.

Desrespeitar significa faltar ao respeito, perturbar, praticar um gesto de indelicadeza. No caso, o agente, inferior

(subordinado), falta com o devido respeito a seu superior. Exige o tipo penal que o fato seja praticado na presença de

outro militar, independentemente do grau hierárquico.

No meio social é considerada mera falta de educação e no serviço público civil, enseja punição disciplinar. Na

sociedade hierarquizada militar, o legislador houve por bem incluir no elenco dos crimes militares a falta de respeito, de

consideração do subordinado para com o superior hierárquico, ampliando, dessa forma, a proteção à disciplina militar.

O desrespeito pode manifestar-se através de gestos, atitudes e palavras. Assim, um gesto de desaprovação,

de crítica, pode considerar-se um a atitude desrespeitosa. Uma palavra de crítica, de menosprezo, brincadeiras na rede

de rádio, gestos, desenhos exibidos ostensivamente, dar as costas a um superior, retirar-se de sua presença sem

licença, podem constituir-se, conforme as circunstâncias, ofensa à autoridade do superior.

É crime subsidiário, pois, se a intenção é de deprimir ou ofender a dignidade do superior será o crime de

desacato a superior (art. 298).

Se a vítima for o Cmt da Unidade, Oficial general ou Oficial de Dia aumenta a pena pela metade.

O crime em comento, em alguns casos, se parece e até se confunde, com o desacato a superior (art. 298).

Sendo, inclusive, controversos os entendimentos acerca de alguns casos concretos, podendo se afirmar seguramente

que o desacato é delito mais grave e mais afrontoso à autoridade, embora, tenha sido tipificado no capitulo dos crimes

contra a administração militar. Nesta esteira, cita-se aqui algumas diferenças entre os dois delitos:

DESRESPEITO DESACATO (art. 298)

Na presença de outro militar. Não precisa estar na presença de outro

militar.

Crime contra a autoridade ou disciplina

militares.

Crime contra a administração militar.

Falta de educação, desconsideração,

indiferença etc.

Procura deprimir a autoridade ou ofender a

dignidade e o decoro

Ex: gestos, caricaturas, rir (zombar) do

superior, etc.

Ex: chamar o superior de muxiba, frouxo,

burro, fraco, incompetente, etc

Desrespeito a superior se difere da recusa a obediência e da desobediência, visto que naquele não existe uma

ordem emanada.

DESRESPEITO A SIMBOLO NACIONAL (crime propriamente militar)

Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à administração militar, ato que se traduza em ultraje a símbolo nacional.

Pena – detenção, de um a dois anos. Somente se configura se praticado diante da tropa ou em lugar sujeito à administração militar. Ultraje a símbolo

nacional consiste no insulto, vilipêndio, menosprezo, manifestados por meio de palavras gestos, escritos etc.

O art. 1º da Lei federal n. 5700/71 estabelece que são Símbolos Nacionais, e inalteráveis: a Bandeira Nacional; o Hino Nacional; as Armas Nacionais; o Selo Nacional.

Page 8: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

8

Exemplos: cuspir na bandeira nacional, dançar funk enquanto é entoado o hino nacional.

Se for bandeira estadual (de MG) não configura o crime.

DESPOJAMENTO DESPREZÍVEL (crime propriamente militar)

Art. 162. Despojar�se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo, por menosprezo ou vilipêndio:

Pena – detenção, de seis meses a um ano. Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é praticado diante da tropa, ou em público.

O agente atua com o dolo de menosprezar, desprezar a instituição militar. Ex: retirar a divisa de sargento e

dizer que ela não significa nada; despe-se da farda, joga-a no chão, pisa em cima e coloca fogo.

Muito embora, o tipo não utiliza a expressão militar, a conduta praticada por um civil não ofende a disciplina

militar.

Despojar significa despir-se, desvestir-se, tornando a ação típica quando é feita em relação ao uniforme,

condecoração militar (medalhas e comendas), insígnia (autoridade – postos e graduações) ou distintivo (cursos) levado

a efeito por menosprezo (desconsiderar) ou vilipêndio (afrontar).

A questão da agravante do parágrafo único. Não precisa ser em local sujeito à administração militar e nem

diante de outro militar. Mas, se ocorrer diante da tropa ou em público aumenta a pena da metade.

RECUSA DE OBEDIÊNCIA (crime propriamente militar)

Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:

Pena – detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. É também chamada de insubordinação. A ordem emanada deve ser inerente a assunto de serviço ou dever

imposto em lei, regulamento ou instrução.

Ex: O Ten manda o soldado confeccionar o BO e este se recusa; O Sgt se recusa a fazer a escala de serviço

determinada pelo Capitão.

O núcleo do tipo é recusar-se, é negar-se a cumprir ordem do superior. A recusa consiste em manifestação de

vontade que se exterioriza sob as formas mais variadas, por meio de palavra, gesto, imobilidade, agir de forma

contrária à ordem recebida.

A ordem pode ser escrita ou verbal, dada diretamente pelo superior ou por interposta pessoa, sendo, no

entanto, indispensável seu conhecimento pelo subordinado. Determinadas circunstâncias relacionadas como a espécie

da ordem ou sua execução, admitem pedido de confirmação pelo subordinado, desde que tal solicitação não sirva de

pretexto para retardar ou deixar de cumprir a ordem.

Requisitos da ordem:

a) a ordem tem que ser: imperativa (exigência), pessoal (não tem caráter geral) e concreta (não sujeita a apreciação,

ordem pura e simples);

b) a ordem tem que ser legal.

Trata-se de crime subsidiário, pois a recusa de obediência poderá evoluir para o delito de motim ou revolta (art.

149), violência contra superior (art. 157), ou outro delito penal militar, cujas penas são mais severas.

Observações: Recusa a obediência e desobediência (art. 301) - enquanto o delito de recusa de obediência é crime militar

próprio, somente podendo praticá-lo o inferior diante de um superior, o de desobediência é crime militar impróprio,

podendo o superior, e até mesmo o civil, praticá-lo. Na recusa, a ordem refere-se a matéria de serviço ou dever imposto

em lei regulamento ou instrução, na desobediência basta que a ordem seja legal e o receptor da ordem figura como se

Page 9: Crimes-contra-a-autoridade-e-disciplina-militares.pdf

[email protected] www.fatimasoares.com.br

                                                          _____________________________________________________________________________________ 

_____________________________________________________________________________________________________ Rua Pouso Alegre, 657 sala 17 - Floresta - BH- MG - (31) 3421-3907 | (31) 3444-2817 | (31)8785-2000 

9

fosse um particular (ex: durante uma blitz o PM fiscalizador determina que o militar, condutor de um veículo entregue-

lhe os documentos para a devida conferência).

Art. 164 - Oposição à ordem de sentinela (crime impropriamente militar) Art. 164. Opor�se às ordens da sentinela: Pena – detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Novamente se tutela a instituição militar, agora representada pelo militar que detém a responsabilidade pela

segurança da Unidade.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive, um superior.

É crime subsidiário, se houver violência contra a sentinela, configura o crime previsto no art. 158.

Só para registro, se o sujeito ativo for civil ou militar federal e a sentinela for militar estadual, inexiste o crime,

prevalecendo o tipo penal previsto no art. 330 do CP.