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CRISE NOMERCOSUL
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 26 de marçode 1991 em Montevidéu, pelo Tratado de Assunção, e marcouo início de um projeto de integração regional. Em sua formaçãooriginal, o bloco era composto por Argentina, Brasil, Paraguai eUruguai; em 2012, passou a fazer parte desse grupo de membrosplenos a Venezuela, que atualmente se encontra suspensa. Oobjetivo geral e primeiro é promover a integração econômica, a expansão de mercados e o desenvolvimento industrial.
O Mercosul constituiu-se a partir dos esforços dos países sul-americanos em garantirem um fortalecimento regional frenteao movimento de expansão da globalização. Processo que exigiado Terceiro Mundo a superação da dependência econômica e suareinserção na dinâmica do comércio mundial. Junto dessatendência de integrar-se para defender-se, os novos governosdemocráticos caracterizaram-se pela tomada de medidas deliberalização econômica. A criação de uma zona de livre comércioestava, portanto, em consonância com os movimentos internacionais e domésticos dos países da região: oportunizando melhores níveis de competitividade e redução das vulnerabilidades externas.
A formação do bloco só foi possível pelas boas relações mantidas entre os países durante o período quando passaram a priorizar a cooperação. Declarações conjuntas, formulação de programas e assinatura de tratados acerca do processo de integração só foram possíveis devido esta mudança. Por outro lado, a integração acabou não levando em conta as diferenças estruturais entre os países e implicou, assim, em baixa prospecção política.
O QUE É O MERCOSUL?
MEMBROSMembros
plenos
Argentina (1991)Brasil (1991)
Paraguai (1991)Uruguai (1991)
Venezuela (2012) (suspensa)
Estados associados
Chile (1996)Bolívia (1996)
(em processo de adesão)
Peru (2003)Colômbia (2004)Equador (2004)
Estados observadores
MéxicoNova Zelândia
(2010)
DIFERENÇAS ESTRUTURAIS ECONÔMICAS PODEM SER OBSERVADAS PELA PARTICIPAÇÃO DA PORCENTAGEM DO PIB NO MERCOSUL POR PAÍS
Participação dos países no PIB do Mercosul
A partir de 2003, o bloco passa para um modelo pautado pelo desenvolvimento nacional, marcado pelo fortalecimento institucional. Algumas medidas merecem destaque:
(I) Criação do Fundo de Con-vergência Estrutural do Mer-cosul (Focem), em 2004: é o fundo que garante financia-mento de projetos do bloco que têm como objetivo central a diminuição das assimetrias estruturais
(II) Criação da Comunidade Sul-Americana de Nações, em 2004: atualmente a União de Nações Sul-Americanos (Una-sul) articula questões secu-ritárias e de infraestrutura da região
(III) Criação do Parlamento do Mercosul (Parlasul), em 2006: o órgão busca ser um espaço que contribua para o aprofun-damento da democracia na região e uma ponte com a sociedade civil.
(IV) Associação da Venezuela, em 2006: a partir da assinatura do Protocolo de Montevidéu sobre Compromisso com a Democracia no Mercosul, a Venezuela tornou-se membro pleno do bloco. Tal aconteci-mento alterou o posicionamen-to estratégico do bloco – alca-nçando agora o Caribe – e gerou o status de potência energética global tanto em recursos renováveis quanto não-renováveis.
De sua primeira fase mais comercial, o Mercosul agora amplia sua pauta e engloba objetivos de caráter neodesen-volvimentista. Tal fato se expli-ca pelo século XXI ter levado aos governos presidentes de esquerda ou centro-esquerda críticos do neoliberalismo. Tal movimento provocou mudanças na concepção de integração: de uma pauta estritamente de aumento de riqueza para uma de desenvolvimento e super-ação da pobreza.
FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL PAPELDO BRASILO Brasil se destaca como importante para o concerto do continente devido às dimensões de sua economia, do seu espaço geográfico e do seu tamanho populacional. Oscilações na política exter-na brasileira, portanto, impactam forte-mente o Mercosul:
(I) Política de Autonomia: busca de maior autonomia em relação aos pólos centrais de poder com o intuito de fortalecimento interno. É menos comercial.
(II) Política de Alinhamento: sustenta o alinhamento com os pólos centrais de poder para a melhor inserção internacion-al e para o desenvolvimento. É mais comercial.
Durante períodos no qual a política
externa brasileira se caracteriza pela
autonomia, podem-os perceber um
ganho de importân-cia das relações
com os países vizinhos e, portanto,
do Mercosul. O momento de 2003
até 2016 está visivelmente marca-
do por essa política descrita pelo
ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim como
“ativa e altiva”. Porém, tal modelo
começa a sofrer enfraquecimento
durante o governo de Dilma Rousseff
devido aos obstácu-los acumulados pelo Estado com a perda
de eficiência da função gestora de
caráter indutor. Soma-se a isso a crise de 2008 e a
queda do preço das commodities que
agravam a crise econômica brasilei-ra. A consequência
é a contenção de nossa política
externa afetando diretamente o
Mercosul.
DESDE O IMPEACHMENT DA PRESIDENTA A POLÍTICA EXTERNA É
INCERTA. AS DIRETRIZES SOB O MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
JOSÉ SERRA ADQUIRIRAM CARÁTER MAIS ECONÔMICO, DANDO A ENTENDER A PREVALÊNCIA DE RELAÇÕES COM OS
PAÍSES QUE BENEFICIASSEM A INDÚSTRIA NACIONAL, POR EXEMPLO. ESTARIA SE ENSAIANDO UM RETORNO PARA A POLÍTICA DE ALINHAMENTO E
COM ISSO UM AFASTAMENTO DO MERCOSUL DE NOSSAS PRIORIDADES.
A partir de 2003, o bloco passa para um modelo pautado pelo desenvolvimento nacional, marcado pelo fortalecimento institucional. Algumas medidas merecem destaque:
(I) Criação do Fundo de Con-vergência Estrutural do Mer-cosul (Focem), em 2004: é o fundo que garante financia-mento de projetos do bloco que têm como objetivo central a diminuição das assimetrias estruturais
(II) Criação da Comunidade Sul-Americana de Nações, em 2004: atualmente a União de Nações Sul-Americanos (Una-sul) articula questões secu-ritárias e de infraestrutura da região
(III) Criação do Parlamento do Mercosul (Parlasul), em 2006: o órgão busca ser um espaço que contribua para o aprofun-damento da democracia na região e uma ponte com a sociedade civil.
(IV) Associação da Venezuela, em 2006: a partir da assinatura do Protocolo de Montevidéu sobre Compromisso com a Democracia no Mercosul, a Venezuela tornou-se membro pleno do bloco. Tal aconteci-mento alterou o posicionamen-to estratégico do bloco – alca-nçando agora o Caribe – e gerou o status de potência energética global tanto em recursos renováveis quanto não-renováveis.
De sua primeira fase mais comercial, o Mercosul agora amplia sua pauta e engloba objetivos de caráter neodesen-volvimentista. Tal fato se expli-ca pelo século XXI ter levado aos governos presidentes de esquerda ou centro-esquerda críticos do neoliberalismo. Tal movimento provocou mudanças na concepção de integração: de uma pauta estritamente de aumento de riqueza para uma de desenvolvimento e super-ação da pobreza.
FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL PAPELDO BRASILO Brasil se destaca como importante para o concerto do continente devido às dimensões de sua economia, do seu espaço geográfico e do seu tamanho populacional. Oscilações na política exter-na brasileira, portanto, impactam forte-mente o Mercosul:
(I) Política de Autonomia: busca de maior autonomia em relação aos pólos centrais de poder com o intuito de fortalecimento interno. É menos comercial.
(II) Política de Alinhamento: sustenta o alinhamento com os pólos centrais de poder para a melhor inserção internacion-al e para o desenvolvimento. É mais comercial.
Durante períodos no qual a política
externa brasileira se caracteriza pela
autonomia, podem-os perceber um
ganho de importân-cia das relações
com os países vizinhos e, portanto,
do Mercosul. O momento de 2003
até 2016 está visivelmente marca-
do por essa política descrita pelo
ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim como
“ativa e altiva”. Porém, tal modelo
começa a sofrer enfraquecimento
durante o governo de Dilma Rousseff
devido aos obstácu-los acumulados pelo Estado com a perda
de eficiência da função gestora de
caráter indutor. Soma-se a isso a crise de 2008 e a
queda do preço das commodities que
agravam a crise econômica brasilei-ra. A consequência
é a contenção de nossa política
externa afetando diretamente o
Mercosul.
DESDE O IMPEACHMENT DA PRESIDENTA A POLÍTICA EXTERNA É
INCERTA. AS DIRETRIZES SOB O MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
JOSÉ SERRA ADQUIRIRAM CARÁTER MAIS ECONÔMICO, DANDO A ENTENDER A PREVALÊNCIA DE RELAÇÕES COM OS
PAÍSES QUE BENEFICIASSEM A INDÚSTRIA NACIONAL, POR EXEMPLO. ESTARIA SE ENSAIANDO UM RETORNO PARA A POLÍTICA DE ALINHAMENTO E
COM ISSO UM AFASTAMENTO DO MERCOSUL DE NOSSAS PRIORIDADES.
A CRISE DO MERCOSUL
REFLEXOS PARA O ORGANISMO
Os governos progressistas que estavam à frente do Mercosul começaram a sofrer derrotas, culminando com a ascensão de outros governos e, concomitantemente, com a mudança da postura do Bloco. Abaixo um resumo das mudanças:
Dadas as mudanças governamentais mencionadas, com a chamada desintegração da “hegemonia progressista”, passa-se atualmente por um engessamento do Mercosul. Tal engessamento fica notório tanto pelo recente impasse com a presidência pro tempore e a suspensão da Venezuela do bloco, quanto pela dúvida com relação ao futuro do Mercosul em meio à crise: retornará ao modelo comercial ou retomará o modelo desenvolvimentista?
Internamente, destacam-se três questões importantes para o “estouro” da crise:
(i) A diferenciação entre política de Estado e política de governo faz com que a relação de determinado país com o bloco e a percepção daquele sobre este varie conforme o governo, o que não permite uma constância no caráter mercosulino;
(ii) A falta de institucionalidade mais real do Mercosul, isto é, que de fato esteja presente tanto dentro de cada governo nacional quanto em cada sociedade, dificulta a noção da importância do bloco. Com isso, a consciência sobre seus mecanismos e órgãos, projetos e políticas e sobre seus objetivos e ideais fica aquém do esperado e do talvez necessário para alavancar o processo de integração;
(iii) Alguns dos próprios governos progressistas, enquanto no poder, não buscaram fazer reformas estruturais em seus países. Reformas como a agrária, a tributária, a midiática, ou mesmo a reforma política, teriam reflexos importantes para o bloco, principalmente no que diz respeito à diminuição das assimetrias.
MUDANÇA
MÉTODO
NOVO GOVERNO
PAÍS Paraguai
ORIENTAÇÃODO GOVERNO
PRESIDENTE
MOTIVO
Brasil Argentina Venezuela Uruguai
FernandoLugo
DilmaRoussef
CristinaKirchner
HugoChávez
JoséMujica
Coalizãode partidos
Esquerda Esquerda Esquerda Coalizãode esquerda
EXCEÇÃO
O presidente propunha reformas
estruturais
Troca de regime (golpe
da direita)
Perdeu apoio do setor agroexpor-
tador após aumento de
impostos
Morte Términode mandato
Impeachment Impeachment Eleições Eleições Eleições
HorácioCortes
MichelTemer
MaurícioMacri
NicolásMaduro
TabaréVázquez
Neoliberal Neoliberal NeoliberalPerda da
maioria no Legislativo
Não houve
O impasse com a presidência, bem como o
futuro venezuelano no bloco posto em xeque, são
reflexos tanto do comprometimento da unidade do Mercosul
quanto de uma visão de caráter comercial e
econômico, que se diz não-ideológica, mesmo que seja. A retirada da
Venezuela do Mercosul põe em risco inclusive a
segurança energética de países do bloco, o que
parece muitas vezes não ser levado em conta. De
modo geral, o ano de 2016 demonstrou uma tendência para o
Mercosul: a de que posturas individuais e
bilaterais tendem a ser prevalecidas em relação
às posturas regionais. Além disso, cabe destacar
dois fatores: a relação com potências extra-regionais,
como os EUA, pode ameaçar a segurança
sul-americana, que corre o risco de perder
autonomia em relação a questões securitárias que
conquistou nos últimos anos; e o recente
alinhamento Argentina-Brasil-Paraguai
, principalmente em oposição ao Uruguai e à
Venezuela aponta para um retorno não só ao modelo
comercial, mas para um rechaço ao país
bolivariano e a direção política-estratégica por
ele defendida.
A CRISE DO MERCOSUL
REFLEXOS PARA O ORGANISMO
Os governos progressistas que estavam à frente do Mercosul começaram a sofrer derrotas, culminando com a ascensão de outros governos e, concomitantemente, com a mudança da postura do Bloco. Abaixo um resumo das mudanças:
Dadas as mudanças governamentais mencionadas, com a chamada desintegração da “hegemonia progressista”, passa-se atualmente por um engessamento do Mercosul. Tal engessamento fica notório tanto pelo recente impasse com a presidência pro tempore e a suspensão da Venezuela do bloco, quanto pela dúvida com relação ao futuro do Mercosul em meio à crise: retornará ao modelo comercial ou retomará o modelo desenvolvimentista?
Internamente, destacam-se três questões importantes para o “estouro” da crise:
(i) A diferenciação entre política de Estado e política de governo faz com que a relação de determinado país com o bloco e a percepção daquele sobre este varie conforme o governo, o que não permite uma constância no caráter mercosulino;
(ii) A falta de institucionalidade mais real do Mercosul, isto é, que de fato esteja presente tanto dentro de cada governo nacional quanto em cada sociedade, dificulta a noção da importância do bloco. Com isso, a consciência sobre seus mecanismos e órgãos, projetos e políticas e sobre seus objetivos e ideais fica aquém do esperado e do talvez necessário para alavancar o processo de integração;
(iii) Alguns dos próprios governos progressistas, enquanto no poder, não buscaram fazer reformas estruturais em seus países. Reformas como a agrária, a tributária, a midiática, ou mesmo a reforma política, teriam reflexos importantes para o bloco, principalmente no que diz respeito à diminuição das assimetrias.
MUDANÇA
MÉTODO
NOVO GOVERNO
PAÍS Paraguai
ORIENTAÇÃODO GOVERNO
PRESIDENTE
MOTIVO
Brasil Argentina Venezuela Uruguai
FernandoLugo
DilmaRoussef
CristinaKirchner
HugoChávez
JoséMujica
Coalizãode partidos
Esquerda Esquerda Esquerda Coalizãode esquerda
EXCEÇÃO
O presidente propunha reformas
estruturais
Troca de regime (golpe
da direita)
Perdeu apoio do setor agroexpor-
tador após aumento de
impostos
Morte Términode mandato
Impeachment Impeachment Eleições Eleições Eleições
HorácioCortes
MichelTemer
MaurícioMacri
NicolásMaduro
TabaréVázquez
Neoliberal Neoliberal NeoliberalPerda da
maioria no Legislativo
Não houve
O impasse com a presidência, bem como o
futuro venezuelano no bloco posto em xeque, são
reflexos tanto do comprometimento da unidade do Mercosul
quanto de uma visão de caráter comercial e
econômico, que se diz não-ideológica, mesmo que seja. A retirada da
Venezuela do Mercosul põe em risco inclusive a
segurança energética de países do bloco, o que
parece muitas vezes não ser levado em conta. De
modo geral, o ano de 2016 demonstrou uma tendência para o
Mercosul: a de que posturas individuais e
bilaterais tendem a ser prevalecidas em relação
às posturas regionais. Além disso, cabe destacar
dois fatores: a relação com potências extra-regionais,
como os EUA, pode ameaçar a segurança
sul-americana, que corre o risco de perder
autonomia em relação a questões securitárias que
conquistou nos últimos anos; e o recente
alinhamento Argentina-Brasil-Paraguai
, principalmente em oposição ao Uruguai e à
Venezuela aponta para um retorno não só ao modelo
comercial, mas para um rechaço ao país
bolivariano e a direção política-estratégica por
ele defendida.
LIVROS
As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano - um inventário da dependência de que a
América Latina tem sido vítima, desde que nela aportaram os europeus no final do século XV. No
começo, espanhóis e portugueses. Depois vieram ingleses, holandeses, franceses, modernamente
os norte-americanos, e o ancestral cenário permanece - a mesma submissão, a mesma
miséria, a mesma espoliação.
FILMES E DOCUMENTÁRIOS
Memoria del Saqueo - o filme faz um registro da histórica revolta dos argentinos em 2001, fazendo a genealogia da pior crise da história argentina e
apontando os principais responsáveis por essa situação dramática.
A revolução não será televisionada - documentário irlandês sobre o golpe de Estado
contra Chávez em 2002
PARA SABER MAISDICAS DE LIVROS E FILMES
REDAÇÃO: RODRIGO BRITES E VINÍCIUS MALLMANN | DIAGRAMAÇÃO: VITÓRIA KRAMER