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8/19/2019 Criterio Da Verdade http://slidepdf.com/reader/full/criterio-da-verdade 1/7 Critério da verdade É verdadeiro aquilo que é evidente, ou seja, aquilo que é claro e distinto. A Clareza diz respeito à presença da ideia ao entendimento. A distinção signifca separação de uma ideia relativamente a outras, de tal modo que a ela não estejam associados elementos que não lhe pertencem. ipos de ideias em !escartes "natas # são ideias constitutivas da pr$pria razão, são claras e distintas, por isso, verdadeiras e imut%veis, completamente independentes da e&peri'ncia. (&emplo) as ideias de per*eição, pensamento, e&ist'ncia, todas as ideias da matem%tica, etc. Aut'nticas # são ideias que t'm origem na e&peri'ncia sens+vel. (&emplo) as ideias de arco, copo, cão, etc. -ão particulares e contingentes. ( a sua verdade depende da adequação à realidade *+sica. act+cias # são ideias *aricadas pela imaginação. A elas não corresponde nenhuma realidade *+sica nem intelig+vel. /odem ser criadas pela junção de duas ou mais ideias advent+cias. (&emplo) centauro 0 cavalo 1 homem2 cavalo3alado 0 cavalo 1 asas2 sereia, etc. /rova da e&ist'ncia de !eus como ser per*eito -ei que sou imper*eito porque duvido mas qual a condição necess%ria para considerar que duvidar é uma imper*eição4 É de que eu sai a em que consiste a per*eição. -$ comparando as qualidades que eu possuo com a per*eição é que posso dizer que eu, porque duvido e não conheço tudo, sou imper*eito. A ideia de um ser per*eito e&iste no meu pensamento. Corresponde à ideia de um ser que possui todas as per*eiç5es num grau infnito. 6as, se esta ideia e&iste, ser% que e&iste um ser per*eito4 -e !escartes conseguir estaelecer a e&ist'ncia deste ser per*eito, ter% alcançado uma nova verdade que ir% ser de import7ncia decisiva. rata3se de saer como, a partir da ideia de um ser per*eito, vai o sujeito pensante estaelecer a e&ist'ncia real de um ser per*eito. Como s$ o que é per*eito pode ser a causa da ideia de per*eito 8do imper*eito não nasce per*eito, logo o sujeito pensante não pode ser a causa desta ideia9, !escartes conclui que !eus e&iste uma vez que, *altando3lhe a e&ist'ncia, *altar3lhe3ia a per*eição. A teoria do erro e as tr's sust7ncias : erro nasce da vontade e não do entendimento, erramos quando usamos mal a nossa lierdade e julgamos verdadeiros os ju+zos que não e&amin%mos. ipos de sust7ncias para !escartes) 3 a sust7ncia pensante # cujo atriuto essencial é o pensamento2 3 a sust7ncia e&tensa # cujo atriuto essencial é a e&tensão2 3 a sust7ncia divina # cujo atriuto essencial é a per*eição, a qual se identifca, em virtude da simplicidade divina, com os v%rios atriutos de !eus) omnipot'ncia, omnisci'ncia, suma ondade, etc. Conclus5es : conhecimento é poss+vel4 A resposta de !escartes é afrmativa. (mora a d;vida pareça conduzir à descrença na e&ist'ncia da verdade, !escartes não é um céptico. Com e*eito, a d;vida prop5e separar o verdadeiro do *also, o que pressup5e a crença na e&ist'ncia de verdades. : cepticismo cartesiano é apenas metodol$gico. A razão d%3nos conhecimentos acerca da realidade independentemente da e&peri'ncia4 !escartes afrma que sim, rejeitando o empirismo. /ara ele os sentidos não são *onte de conhecimento seguro. !escartes rejeita a ideia de que o conhecimento comece com a e&peri'ncia porque os sentidos nos enganam. <ual a e&tensão do nosso conhecimento4 /odemos conhecer a realidade tal como é em si mesma4 A razão, apoiada na veracidade divina 8!eus é garantia da clareza e distinção de todas as ideias inatas9 pode conhecer a ess'ncia das coisas, constituindo conhecimentos cuja ojectividade escapa à d;vida.

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Critério da verdadeÉ verdadeiro aquilo que é evidente, ou seja, aquilo que é claro e distinto. A Clareza diz

respeito à presença da ideia ao entendimento. A distinção signifca separação de uma ideiarelativamente a outras, de tal modo que a ela não estejam associados elementos que não lhepertencem.

ipos de ideias em !escartes"natas # são ideias constitutivas da pr$pria razão, são claras e distintas, por isso,

verdadeiras e imut%veis, completamente independentes da e&peri'ncia. (&emplo) as ideiasde per*eição, pensamento, e&ist'ncia, todas as ideias da matem%tica, etc.Aut'nticas # são ideias que t'm origem na e&peri'ncia sens+vel. (&emplo) as ideias de

arco, copo, cão, etc. -ão particulares e contingentes. ( a sua verdade depende daadequação à realidade *+sica.

act+cias # são ideias *a ricadas pela imaginação. A elas não corresponde nenhumarealidade *+sica nem intelig+vel. /odem ser criadas pela junção de duas ou mais ideiasadvent+cias. (&emplo) centauro 0 cavalo 1 homem2 cavalo3alado 0 cavalo 1 asas2 sereia, etc.

/rova da e&ist'ncia de !eus como ser per*eito-ei que sou imper*eito porque duvido mas qual a condição necess%ria para considerar

que duvidar é uma imper*eição4 É de que eu sai a em que consiste a per*eição. -$comparando as qualidades que eu possuo com a per*eição é que posso dizer que eu, porqueduvido e não conheço tudo, sou imper*eito. A ideia de um ser per*eito e&iste no meupensamento. Corresponde à ideia de um ser que possui todas as per*eiç5es num grau infnito.6as, se esta ideia e&iste, ser% que e&iste um ser per*eito4 -e !escartes conseguir esta elecera e&ist'ncia deste ser per*eito, ter% alcançado uma nova verdade que ir% ser de import7nciadecisiva. rata3se de sa er como, a partir da ideia de um ser per*eito, vai o sujeito pensanteesta elecer a e&ist'ncia real de um ser per*eito. Como s$ o que é per*eito pode ser a causada ideia de per*eito 8do imper*eito não nasce per*eito, logo o sujeito pensante não pode ser acausa desta ideia9, !escartes conclui que !eus e&iste uma vez que, *altando3lhe a e&ist'ncia,*altar3lhe3ia a per*eição.

A teoria do erro e as tr's su st7ncias: erro nasce da vontade e não do entendimento, erramos quando usamos mal a nossa

li erdade e julgamos verdadeiros os ju+zos que não e&amin%mos. ipos de su st7ncias para !escartes)

3 a su st7ncia pensante # cujo atri uto essencial é o pensamento23 a su st7ncia e&tensa # cujo atri uto essencial é a e&tensão23 a su st7ncia divina # cujo atri uto essencial é a per*eição, a qual se identifca, em virtude dasimplicidade divina, com os v%rios atri utos de !eus) omnipot'ncia, omnisci'ncia, suma

ondade, etc.Conclus5es

: conhecimento é poss+vel4 A resposta de !escartes é afrmativa. (m ora a d;vidapareça conduzir à descrença na e&ist'ncia da verdade, !escartes não é um céptico. Come*eito, a d;vida prop5e separar o verdadeiro do *also, o que pressup5e a crença na e&ist'nciade verdades. : cepticismo cartesiano é apenas metodol$gico.

A razão d%3nos conhecimentos acerca da realidade independentemente da e&peri'ncia4!escartes afrma que sim, rejeitando o empirismo. /ara ele os sentidos não são *onte deconhecimento seguro. !escartes rejeita a ideia de que o conhecimento comece com ae&peri'ncia porque os sentidos nos enganam.

<ual a e&tensão do nosso conhecimento4 /odemos conhecer a realidade tal como é emsi mesma4 A razão, apoiada na veracidade divina 8!eus é garantia da clareza e distinção detodas as ideias inatas9 pode conhecer a ess'ncia das coisas, constituindo conhecimentos cujao jectividade escapa à d;vida.

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Como é justifcado o conhecimento4 A o jectividade do conhecimento, o *acto de seruma crença verdadeira e não uma opinião, é justifcada pela e&ist'ncia de um !eus cujaper*eição garante a verdade de todas as minhas evid'ncias.

!escartes com ate o dogmatismo do realismo ingénuo. !eposita grande confança narazão e ao considerar ser poss+vel alcançar a certeza e a verdade, a sua flosofa aca a por sepoder adequar no 7m ito do dogmatismo.

!avid =ume) o empirismo céptico

=ume pensa que a capacidade cognitiva do entendimento humano é limitada, nãoe&istindo nenhum *undamento meta*+sico para o conhecimento. : conhecimento deriva dae&peri'ncia, tendo todas as crenças e ideias uma ase emp+rica, até as mais comple&as. :o jecto imp5e3se ao sujeito.

(lementos do conhecimentoAs percepç5es humanas são classifcadas segundo o critério da vivacidade e da *orça. As

percepç5es que apresentam maior grau de *orça e vivacidade designam3se por impress5es8sensaç5es, emoç5es e pai&5es9. (nquanto vivenciadas e presentes ao esp+rito8entendimento9. A percepção de algo presente aos sentidos é sempre mais viva do que a suaimaginação ou representação.

As ideias ou pensamentos são as representaç5es das impress5es, ou seja, são as imagensen*raquecidas das impress5es, nunca alcançando a vivacidade e *orça iguais às destas;ltimas.

As ideias derivam das impress5es. >ão s$ cada ideia deriva de determinada impressão,como não podem e&istir ideias das quais não tenha havido uma impressão prévia.

As nossas ideias, ou percepç5es mais *racas, são c$pias das nossas impress5es oupercepç5es mais intensas. Ao analisarmos os nossos pensamentos ou ideias desco rimos queelas se resolvem em ideias tão simples como se *ossem copiadas de uma sensação ousentimento precedente. -e acontecer que um homem, em virtude de um de*eito dos $rgãos,não é suscept+vel de qualquer espécie de sensação, vemos sempre que ele é igualmentepouco suscept+vel das ideias correspondentes.

oda a realidade se pode reduzir à multiplicidade das impress5es e das ideias, emcomo das relaç5es entre elas. : critério usado para distinguir uma ideia verdadeira de umafcção passa a ser a e&ist'ncia ou não de uma impressão que lhes corresponda. >ão h%conhecimento *ora dos limites impostos pelas impress5es.

?ma consequ'ncia desta perspectiva empirista ser% a negação da ideia a stracta, ouseja, da ideia desprovida de aspectos particulares e singulares. : que de *acto e&iste sãoideias particulares, com as quais evocamos outras ideias semelhantes.

"mpress5es) -ão as percepç5es que apresentam maior grau de *orça e vivacidade.>elas se incluem não s$ as sensaç5es, mas tam ém as emoç5es e as pei&5es, enquantovivenciadas e presentes ao esp+rito.

"deias ou pensamentos) são, justamente, as representaç5es das impress5es, ou seja,são as imagens en*raquecidas das impress5es, nunca alcançando vivacidade e *orça iguais àsdestas ;ltimas.

ipos ou modos de conhecimento odos os o jectos da razão ou investigação humanas podem naturalmente dividir3se em

duas classes) relaç5es de ideias e quest5es de *acto.@elaç5es de ideias) geometria, %lge ra e aritmética2 toda a afrmação que é intuitiva ou

demonstrativamente certa. /roposiç5es deste tipo podem desco rir3se pela simples operaçãodo pensamento, sem depend'ncia do que e&iste em alguma parte do universo. :conhecimento das relaç5es que e&istem entre as ideias.

<uest5es de *acto) o contr%rio de toda a questão de *acto é ainda poss+vel porque jamaispode implicar uma contradição. "d'ntico à realidade. Conhecimento de *actos.

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(m ora estas ideias não dei&em de derivar da e&peri'ncia, a relação entre elas éindependente da e&peri'ncia.

: conhecimento humano tam ém se re*ere a *actos. É tecer enunciados relativos a *actose cuja justifcação se encontra na e&peri'ncia sens+vel, nas impress5es. A certeza dasproposiç5es relativas a *actos não se *undamenta no princ+pio de contradição, j% que ésempre poss+vel afrmar o contr%rio de um *acto. -ão por isso proposiç5es contingentes.

Causalidade e cone&ão necess%ria

É justamente na relação de causa e e*eito que se aseiam os nossos racioc+nios acerca dos*actos. : nosso conhecimento dos *actos restringe3se às impress5es actuais e às recordaç5esde impress5es passadas. Assim, uma vez que não dispomos de impress5es relativas ao queacontecer% no *uturo tam ém não possu+mos o conhecimento dos *actos *uturos.

Apesar disso, h% muitos *actos que esperamos ver no *uturo. (&) ?m papel se queime se oatirarmos ao *ogo.

: princ+pio da causalidade B odo o e*eito tem uma causaBB é o *undamento de todas asproposiç5es cient+fcas so re o mundo. (ste princ+pio diz que h% uma cone&ão ou ligaçãonecess%ria entre dois acontecimentos.

(&emplo) B-empre que h% *ogo 8A9 h% *umo 8 9BB

A ligação causal entre A e é uma ligação necess%ria) é sempre assim, sempre *oi e sempreser%.(m termos rigorosos a ligação causal entre dois *en$menos, uma vez que é necess%ria,implica afrmar que o *uturo ser% sempre como o passado. Assim, afrmar que A é causa de ,isto é, antecipar o que vai suceder com toda a certeza, o que nos leva a afrmar que,acontecendo A, o *en$meno não pode dei&ar de acontecer.Assim, afrmar que o *ogo é a causa do *umo é dizer que sempre que h% *ogo h% *umo. A ideiade causalidade é, em suma, a ideia de uma cone&ão necess%ria entre dois *en$menos.

=ume vai su meter o princ+pio de causalidade a uma an%lise cr+tica e rigorosa)D. : servação de um *acto) duas olas de ilhar que chocam. Aparece a impressão

sens+vel A, que =ume descreve assim) Bvendo uma ola de ilhar im$vel em cima damesa e outra ola que rapidamente se move em direcção a elaBB. !e seguida surge aimpressão sens+vel ) Bas duas olas chocam e a que antes estava im$vel adquire,imediatamente, movimento.BB -e continuarmos a jogar verifcamos uma conjunçãoconstante entre A e , em que sucede a A.

E. An%lise do *en$meno) como consequ'ncia da conjunção constante ou sucessão regularde A e nasce na nossa mente a ideia de relação casual ou cone&ão necess%ria.!izemos então) sempre que se d% A acontece . Assim, pensamos que acontecendo Anunca poder% dei&ar de acontecer . :ra, quando dizemos que acontecendo A sempreacontecer% estamos a *alar de um *acto *uturo, qua ainda não aconteceu. É aqui que=ume diz que ultrapassamos o que a e&peri'ncia nos permite. Com e*eito, para =umeo conhecimento dos *actos reduz3se às impress5es actuais e passadas. >ão podemoster conhecimento de *actos *uturos porque não podemos ter qualquer impressãosens+vel ou e&peri'ncia do qua ainda não aconteceu. Fogo, a ideia de relação causal,de cone&ão necess%ria entre dois *en$menos 8sempre *oi assim, sempre ser% assim9 éuma ideia da qual não podemos ter qualquer impressão sens+vel. Como o critério deverdade de um conhecimento *actual é que a uma ideia corresponda uma impressãosens+vel, não temos legitimidade para *alar de uma relação casual entre os dados dae&peri'ncia.

-egundo =ume nos in*erimos que uma relação necess%ria entre causa e e*eito pelo*acto de estarmos ha ituados a constatar uma relação constante entre *actos semelhantesou sucessivos. Contra+mos assim o h% ito de dado um *acto, esperarmos outro. A razãohumana sente3se impelida a criar a fcção de uma cone&ão necess%ria ou causal pela *orçado h% ito e do costume. A constante relação de contiguidade espacial e de prioridade

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temporal entre os *en$menos A e , levam a razão a inventar uma relação que ela julganecess%ria, mas da qual nunca teve e&periencia e contudo a f&ação de uma relaçãocausal é ;til, não s$ para a nossa vida quotidiana, mas tam ém é nela q se aseiam asci'ncias naturais ou e&perimentais.: principio da causalidade considerado um principio racional e o jectivo nada mais é doque uma crença su jectiva, produto de um ha ito, desejo de trans*ormação de umae&pectativa em realidade.

: eu, o mundo e !eusA in*er'ncia causal apenas se pode aceitar quando é esta elecida entre impress5es. As

tr's su st7ncias que !escartes conce era clara e distintamente # o eu, o mundo 8a realidadee&terior9 e !eus # dei&am de *azer parte do horizonte do nosso conhecimento.

(u 8um eu que vai sendo, e não é na totalidade9-e !escartes achara indu it%vel a e&ist'ncia do eu pensante, =ume considera que não se

deve recorrer a qualquer tipo de intuição para justifcar a e&ist'ncia do eu, como sujeitoimut%vel dos v%rios actos ps+quicos, como su st7ncia dotada de realidade permanente. -$dispomos intuição de ideias e impress5es, nenhuma delas apresenta um caracter de

perman'ncia. >ão sendo poss+vel afrmar que e&iste o eu como su st7ncia distinta em relaçãoàs impress5es e às ideias.

6undo 8s$ temos conhecimento das coisas quando as percepcionamos, s$ e&iste nessaaltura9

Afrmar a e&ist'ncia de uma realidade que seja a causa das nossas percepç5es e que sejadistinta delas e e&terior a elas é algo desprovido de sentido. rata3se de uma crençainjustifc%vel, j% que não temos e&peri'ncia ou impressão de tal realidade. oda a realidade éo que n$s vimos, não sa emos se h% uma realidade e&terior. -ão a coer'ncia e a const7nciade certas percepç5es que nos levam a acreditar que h% coisas e&ternas, dotadas de umae&ist'ncia cont+nua e independente. É coerente que haja *ora das percepç5es, mas nãonecess%rio. É constante porque percepcionamos uma coisa como sendo sempre ela, leva3nosa acreditar que h% uma realidade e&terior.

!eus>o que se re*ere à e&ist'ncia de !eus, reconhecendo que o que conce emos como

e&istente tam ém o podemos conce er como não e&istente, =ume conclui que não e&iste umser cuja e&ist'ncia esteja à partida demonstrada. As provas da e&ist'ncia de !eus aseadasno princ+pio da causalidade são criticadas por =ume, uma vez que partem das impress5espara chegar a !eus2 mas !eus não é o jecto de qualquer impressão.

Conclusão: empirismo de =ume traduz3se nas seguintes consequ'ncias)3 o *enomenismo) dado que s$ conhecemos as percepç5es, a realidade aca a por sereduzir aos *en$menos, ou seja, àquilo que aparece.3 o cepticismo) a crença na e&ist'ncia de algo para l% dos *en$menos carece de*undamento. A capacidade cognitiva do entendimento humano limita3se ao 7m ito doprov%vel.

(pistemologia: conhecimento cient+fco *oi assumindo3se como a *orma privilegiada de conhecer o

real. !e *acto as sociedades ocidentais *oram gradualmente depositando toda a suaconfança e esperança na ci'ncia, so retudo no que diz respeito às suas aplicaç5estécnicas e tecnol$gicas. : jectivos da epistemologia 8e&aminando a ci'ncia9 pretende compreender)3 as suas principais caracter+sticas2

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3 o seu método ou modo espec+fco de ler o real23 os seus principais o st%culos23 os seus critérios de validade23 o seu valor em *unção dos seus o jectivos.

A epistemologia é a flosofa das ci'ncias, é o estudo cr+tico dos princ+pios, daship$teses e dos resultados das diversas ci'ncias, destinado a determinar a sua origeml$gica, o seu valor e a sua import7ncia o jectiva. A epistemologia tenta compreender o

sentido do conhecimento cient+fco, os seus principais o st%culos e o modo como osultrapassa.Conhecimento vulgar # *onte e caracter+sticas

: conhecimento vulgar não resulta da reGe&ão. A o servação ir% dar origem a umconjunto de sensaç5es organizadas numa percepção. Aquilo que lhe pareceu à primeiravista pode, depois de um olhar mais atento, ser considerado uma ilusão, uma apar'ncia.Aquilo que perce emos da realidade pode surgir como uma mera apar'ncia, uma ilusão,um erro ou algo que, em ora pareça o que é, e*ectivamente não é. Alguns e&emplosdestas apar'ncias)3 (ra aparentemente evidente que a erra era plana, porque todos podiam *acilmente

verifca3lo. >ão o aceitar signifcaria admitir que tem em algum ponto da erra viveriam,a surdamente, pessoas de ca eça para ai&oHA *onte destes conhecimentos são as e&peri'ncias sensitivas, isto é, as e&peri'ncias

associadas aos nossos $rgãos sensoriais. @elacionamo3nos como mundo que nos rodeia,antes de mais, através dos sentidos. -ão eles que nos permitem diversos tipos dee&peri'ncias) o conhecimento vulgar ou senso comum.

: conhecimento vulgar é o primeiro n+vel de conhecimento e constitui3se a partir daapreensão sensorial espont7nea e imediata do real. @esulta de nenhuma procurasistem%tica e met$dica, nem e&ige qualquer estudo prévio. : senso comum é indisciplinare imet$dico, na medida em que não decorre de nenhum plano prévio, surgeespontaneamente no suceder quotidiano da vida. : senso comum é pr%tico na medida emque é com ase nele que orientamos a nossa vida quotidiana. Aplica3se de imediatoquando surge um pro lema, é imprescind+vel.

/rincipais caracter+sticas)3 espont7neo e imediato, porque não h% qualquer estudo.3 superfcial, constitui a primeira visão so re a realidade. >ão a apro*unda, não cr+tica.3 assistem%tico e desorganizado, acontece de *orma desorganizada, aparece con*orme ospro lemas.3 dogm%tico e acr+tico, acredita que os sentidos dão conhecimento do real.3 sensitivo, tem origem nos sentidos.3 su jectivo, não é rigoroso, *eito de emoç5es.3 amet$dico e não disciplinar, não segue regras, não segue métodos, não se estuda.

: conhecimento vulgar é o conjunto desorganizado de opini5es su jectivas, suposiç5es,pressentimentos, preconceitos e ideias *eitas que nos conduzem a uma visão superfcial e*uncional, em ora, por vezes, err$nea da realidade.

-endo o conhecimento mais imediato que podemos retirar da realidade, ele ser%,assim, e na perspectiva de Iarl /opper, o ponto de partida para qualquer conhecimentomais apro*undado do real # o cient+fco. 6as o *acto de se constituir como ponto de partidanão signifca que não tenhamos de o corrigir, de o re*ormular, numa palavra, de o criticar.É o ponto de partida porque é a partir das ideias que vai começar o estudo.

Jaston achelard considera3o como um o st%culo epistemol$gico, ou seja, como algoque, por si, impede a produção de conhecimento cient+fco. /or conseguinte, não astacriticar o conhecimento vulgar, é preciso romper totalmente com ele. É um o st%culoporque como ele é evidente não temos d;vidas e por isso não resolvemos nada, não h%

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avanços, não h% pro lemas. É evidente porque os sentidos mostram as coisas e por issonão vou duvidar deles, não vou meter quest5es.

Conhecimento cient+fco # caracter+sticas e evolução: conhecimento cient+fco representa um n+vel de conhecimento mais apro*undado do

real do que o conhecimento vulgar. !istingue3se deste na medida que)3 trans*orma as qualidades em quantidades 8através dos instrumentos de medida9

3 unifca racionalmente a diversidade emp+rica3 esta elece relaç5es entre os *en$menos o servados.A cr+tica ou ruptura que o conhecimento cientifco esta elece com o conhecimento

vulgar resulta de uma atitude di*erente *ace ao real.

Atitudes *ace ao real• Conhecimento vulgar # resulta de uma atitude passiva2 é sensitivo2 confa nos sentidos2

mani*esta3se numa atitude dogm%tica2 é pr%tico2 é su jectivo2 é imet$dico eassistem%tico.

• Conhecimento cient+fco # resulta de uma atitude activa2 é racional2 desconfa dos

sentidos2 mani*esta3se numa atitude cr+tica2 é e&plicativo2 é o jectivo2 é met$dico esistem%tico.

Ci'ncia # atitude pro lematizadora, cr+tica e planeada.A ci'ncia antiga ou flosofa procurava as causas primeiras dos *en$menos naturais, a

ci'ncia encontrava3se ainda no seu estado te$rico.A ci'ncia moderna nasce com Jalileu e >eKton. Autonomiza relativamente à flosofa e

torna3se no conhecimento que procura *ormular mediante linguagens rigorosas eapropriadas leis por meio das quais se regem os *en$menos. A matematização, averifcação e&perimental, a lei cient+fca, a ideia de ordem, de determinismo são

dominantes neste estado de evolução da ci'ncia.A ci'ncia p$s3moderna est% associada ao surgimento da teoria da relatividade de(instein e aos avanços da *+sica qu7ntica, est% marcada pelas ideias de relatividade,incerteza, indeterminismo e pro a ilidade.

: conhecimento cient+fco caracteriza3se por)3 o jectivo, ter em atenção o *acto, e&cluindo as apreciaç5es su jectivas3 resultar de um método espec+fco apoiado na verifcação e no controlo e&perimentais3 resultar da *ormulação de hip$teses3 ser constitu+do por um conjunto de teorias3 ser legislador, pois procura as leis que e&primam a invari7ncia e a repeti ilidade dos*actos 8determinismo93 ser preditivo, na medida em que prev' a ocorr'ncia de novos *en$menos3 ser revis+vel, pois encontra3se sujeito a correcç5es3 ser provis$rio, até surgir outra teoria mais efcaz e mais pr$&ima da verdade.

Ci'ncias naturais e ci'ncias sociais e humanasComte, considerado o pai do positivismo # corrente da epistemologia que atri ui à

ci'ncia emp+rica o car%cter de modelo per*eito do verdadeiro conhecimento.A corrente positivista tem como modelo de ci'ncias as ci'ncias naturais. /ara ser

considerado conhecimento cient+fco, qualquer sa er deveria su meter3se às mesmasregras que estas ci'ncias. Caso contr%rio, tratar3se3ia de um conhecimento o scuro, masnão cient+fco.

(&clu+dos do estatuto de cientifcidade, as ci'ncias sociais e humanas. /ara ospositivistas e&istiria um s$ método e uma ;nica e&plicação leg+tima.

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As ci'ncias sociais e humanas t'm como o jecto a condição humana, cujo estudocoloca algumas difculdades ao investigador)3 a coincid'ncia entre sujeito e o jecto de investigação, o investigador não consegue sero jectivo.3 a não universalidade dos *en$menos sociais, *en$menos conte&tualizados.3 a difculdade em produzir previs5es f%veis, pois os *en$menos sociais são hist$rica eculturalmente condicionados, não podemos prever com rigor.

>esta sequ'ncia, não é poss+vel que as ci'ncias sociais e humanas, tendo um o jectodi*erente, se su metam aos mesmos esquemas causalistas e mec7nicos das ci'nciasnaturais. -e o modelo das ci'ncias naturais é e&plicativo 8esta elece relaç5es decausalidade9, o modelo das ci'ncias sociais e humanas é compreensivo 8interpretasentidos culturais, hist$ricos, psicol$gicos, etc., da realidade humana9. É o rigor do métodoque lhes assegura o estatuto de cientifcidade e não as caracter+sticas do seu o jecto.