Críticas, Queixumes e Bajulações

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROALOSIO TEIXEIRA

    Reitor

    CENTRO DE LETRAS E ARTES

    LO AFFONSO DE MORAES SOARESDecano

    FACULDADE DE LETRAS

    RONALDO LIMA LINSDiretor da Faculdade de Letras

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  • UFRJUniversidade Federal do Rio de Janeiro

    Ps-Graduao em Letras VernculasRio de Janeiro 2006

    AFRNIO BARBOSA E CLIA LOPESOrganizao

  • Crticas, queixumes e bajulaes naImprensa Brasileira do sculo XIX: cartas de leitores

    2006 Afranio Barbosa e Clia Lopes

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOSFACULDADES DE LETRAS UFRJ

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    REVISO E EDITORAOAlexandre Xavier Lima (UFRJ/Bolsista FAPERJ)

    Aline Santos da Silva (UFRJ/Bolsista PIBIC)Anderson Xavier (UFRJ/PROFAG)

    Andreza da Silva (UFRJ/Bolsista PIBIC)Cria da Silva Lima (UFRJ/Bolsista PIBIC)

    Daniela Mattos Reis (UFRJ/Bolsista PIBIC)Leonardo Lennertz Marcotulio (UFRJ/Bolsista PIBIC)

    Lcia Rosado Barcia (UFRJ/Bolsista PIBIC)Natlia do Nascimento Ferreira (graduanda UFRJ)

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    Rosane Manhes da Rocha Faria (UFRJ/Bolsista PIBIC)e Os organizadores.

    CAPAJos Carlos Martins

    ARTE-FINAL DIGITALCamilla Pinheiro

    Cristiane Marcela

    Catalogao na fonteBiblioteca Jos de Alencar FL/UFRJ

    C934 ba Crticas, queixumes e bajulaes na imprensa brasileira do sculoXIX: cartas de leitores / Afrnio Barbosa, Clia Lopes (Org.). Riode Janeiro: UFRJ, Ps-Graduao em Letras Vernculas: FAPERJ,2006.299 p.; 21 cm

    Inclui bibliografia.

    ISBN 85-87043-49-8

    1. Lngua portuguesa Histria. 2. Lngua portuguesa Histria Sc. XIX. 3. Lngua portuguesa Brasil. 4. Cartas brasileiras Sc.XIX. 5.Imprensa brasileira Sc. XIX. 6. Jornalismo Brasil Sc.XIX. I. Barbosa, Afrnio. II. Lopes, Clia.

    CDD 469.09

  • A edio e seu contexto histrico de produo 7AFRANIO GONALVES BARBOSA e CLIA REGINA DOS SANTOS LOPES

    CAPTULO 1

    Cartas em jornais oitocentistas da Bahia 13ILZA RIBEIRO

    ROSA VIRGNIA MATTOS E SILVASalvador

    ZENAIDE DE OLIVEIRA N. CARNEIRO e NORMA LCIA F. DE ALMEIDAFeira de Santana

    CAPTULO 2

    Cartas em jornais oitocentistas de Minas Gerais 95JNIA RAMOS e MNICA ALKMIM

    CAPTULO 3

    Cartas em jornais oitocentistas do Paran 123SNIA M. L. CYRINO

    CAPTULO 4

    Cartas em jornais oitocentistas de Pernambuco 149MARLOS DE BARROS PESSOA

    CAPTULO 5

    Cartas em jornais oitocentistas do Rio de Janeiro 185AFRANIO BARBOSA, CLIA LOPES e DINAH CALLOU

    CAPTULO 6

    Cartas em jornais de oitocentistas So Paulo 225ATALIBA DE CASTILHO, MARCELO MODOLO, MARILZA DE OLIVEIRA e VERENA KEWITZ

    Normas de edio 275

    Lista dos jornais utilizados: cidade e tipologia de origem 277

    Tabelas anexas 281

    ndice onomstico 285

    Sumrio

  • No domingo 22 do corrente s onze horas da noite, vindoo Senhor Ramou Zalduando do Bomfim, ao entrar em casa,

    notou que dous degros da escada, que fica sobre a sua loja decharutos, na rua dAlfandega (...) achavo-se fora do logarcompetente, e, pressentindo logo que havia sido roubado,

    chamou os soldados da guarda d alfandega, (...) A policia anda vigilante, e apezar disso apparecem destes casos!

    Ser acaso porque as patrulhas gostam de dormir?

    Carta de redatorJornal da Bahia

    Salvador, 24 de janeiro de 1854Biblioteca Central dos Barris

    Ha factos nesta sociedade, a que o homem no pdeassistir, sem que o corao se lhe confranja ncarando(sic)

    o estado de miseravel degradao, a que se v reduzido umcerto nmero de creaturas, dotadas, como ns, ( verdade)

    de uma alma capaz de raciocinar, de um corao capaz de sentir,mas cuja alma no raciocina (...) Alli, sob um mizeravel tldo

    construida de panno, (...) estavo aglomerados, mulheres, homens,crianas, simi-nus, esfaimados offerecendo um tal grao

    de deslocao, que at repugna descrever! (...)aqui, uma mulher tentando enganar a fome do filhinho

    com um pedao de bolorenta bolacha (...) Acol e mais alem,mulheres acocoradas juncto a pequenas trempes feitas com tres

    pedras, occupavo-se em fazer cuzer ao calrde mesquinho lume o parco jantar que se compunhade um magro pedao de carne secca, alguns caroos

    de feijo, e poucas folhas de legumes...

    Carta de redatorCorreio Comercial

    Rio de Janeiro 18 de junho de 1879Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

  • ....................................................................77

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    AFRANIO GONALVES BARBOSAUFRJ/FAPERJ

    CLIA REGINA DOS SANTOS LOPESUFRJ/CNPq

    A despeito das diferenas grficas e lxico-gramaticais presentesnesses escritos de uma sincronia passada, a sua contemporaneidadetemtica remete-nos aos problemas que ainda permeiam as cartasde leitores e de redatores publicadas nos nossos jornais brasileirosde grande circulao.

    Entretanto, longe de serem cartas publicadas em um jornal do s-culo XXI, essas duas de redatores e as demais editadas em outro vo-lume da srie do Projeto Para a Histria do Portugus Brasileiro fo-ram extradas de 114 jornais oitocentistas de 6 estados brasileiros:Bahia, Minas Gerais, Paran, Pernambuco e So Paulo. Trata-se dareunio de 566 documentos, sendo 278 cartas de leitores e 289 cartasde redatores distribudas por 03 perodos distintos do sculo XIX:fase 1 (de 1808-1840), fase 2 (1841-1870) e fase 3 (de 1871-1900). Essaamostra representativa do sculo XIX, com a data-cone do prprioincio da imprensa do Brasil (1808), agrupa a documentao em fa-ses que se espelham na diviso geracional de 30 anos normalmenteassumida na composio de corpora orais na pesquisa cientfica.

    A preparao e organizao da primeira parte desse material, ascartas de leitores, que ora se apresenta em livro, d continuidade aotrabalho iniciado com a publicao do volume contendo anncios dejornais brasileiros do sculo XIX1 . A divulgao de corpora de per-odos pretritos constitui um dos objetivos do Projeto Nacional Paraa Histria do Portugus Brasileiro-PHPB que rene, desde 1997, equi-pes regionais e projetos individuais de todo o pas. Desenvolve-se, noProjeto, uma investigao coordenada sobre os caminhos da lnguaportuguesa no Brasil sob trs perspectivas principais: 1) Organiza-o de corpora diacrnicos com variados tipos de textos manuscri-

    A edio e seu contextohistrico de produo

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................88

    tos e impressos; 2) Mudanas lingsticas; e 3) Histria Social doPortugus do Brasil. A cada novo encontro nacional, os grupos regi-onais avaliam os resultados de mais uma etapa cumprida e estabe-lecem metas para a reunio vindoura, garantindo, assim, a continui-dade de um trabalho integrado de suma importncia para o conheci-mento do principal elemento da identidade nacional: a lngua.

    Foi durante a realizao do III Seminrio do PHPB realizado emCampinas, em 1999, que se tomou a deciso de reunir cartas de lei-tores e de redatores para o encontro seguinte, a encargo da equipecarioca. Depois da publicao de anncios oitocentistas que noti-ciavam, desde um agradecimento pelo acompanhamento de um ca-dver, at a fuga, venda ou aluguel de escravos, optou-se, ainda combase nos textos jornalsticos impressos, por dar voz ao leitor brasi-leiro daquele momento scio-histrico.

    Afloram no discurso das cartas as reivindicaes dos direitos, asinsatisfaes individuais e coletivas de um Brasil recm-indepen-dente. Com as cartas de leitores pode-se ouvir as angstias e desejosdo cidado letrado do Brasil imperial e republicano em seu primeiromomento; com as cartas de redatores, por outro lado, identifica-se aperspectiva ideolgica dos jornais da poca que foram (e ainda o so)formadores de opinio. Mais que isso, nessa relao leitor-editor, atemtica do material, por vezes, reflete o fato de maior repercussosocial na ordem do dia. De certo modo, conhecer a histria da vidaprivada tornada pblica em um novo veculo de comunicao demassa conhecer um pouco da histria da imprensa brasileira.

    A aventura da imprensa livre no Brasil fato relativamente tardio:s no incio do sculo XIX, no apagar das luzes coloniais, viu-se o avanodo parque tipogrfico, a partir do Rio de Janeiro, por todo o pas. Nose deve imaginar, contudo, que a postura dos portugueses fosse muitodiferente de quaisquer outros europeus para com suas colnias. A ati-tude metropolitana era igualmente variada de lado a lado. A mesmaEspanha que introduziu a impresso no Mxico e no Peru negou-a pormuito tempo s suas demais possesses. O incio da imprensa argen-tina, assim como o da brasileira, um evento oitocentista. A Inglater-ra liberou bem mais cedo, em relao s outras colnias britnicas, aNova Inglaterra para o uso de uma tipografia. Os portugueses, a des-peito da situao no Brasil, muito cedo desenvolveram a impressoem suas possesses asiticas e africanas. O que motivava essa varia-o de postura eram as diferentes necessidades locais de controlepoltico. A longa fase de proibio rgia de haver qualquer atividadede impresso na Amrica Portuguesa uma boa medida do quanto eracaro aos lusitanos o Brasil-colnia.

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    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    No por acaso, observa-se na documentao histrica que as ini-ciativas isoladas eram prontamente desbaratadas por fora de lei, oudo confronto. Assim o foi com uma prensa dos jesutas, com outra dosholandeses; assim tambm sofreu o tipgrafo Isidoro da Fonseca, ex-pulso em 1747 da cidade do Rio de Janeiro. Mesmo tendo cincia deiniciativas clandestinas ao final do sculo XVIII, que testemunham aprogressiva perda do controle portugus sobre diversas atividades co-loniais, no se deve subestimar a presso policialesca sobre as ativi-dades grficas na colnia. Era tal a situao, que se criou o fato ins-lito de nosso primeiro jornal talvez um peridico mais afeito ao queconcebemos como uma revista ter sido impresso no exterior. Essa foia aventura londrina de Hiplito Jos da Costa e seu Correio Brazilienseou Armazem Literario a partir de junho de 1808. quela altura, de fato,os livros e os avulsos chegavam-nos unicamente por importao.

    Realmente s com a transferncia da Corte portuguesa para o Bra-sil, em 1808, pode-se precisar o comeo de tudo. Nos pores do navioMeduza, os prelos encaixotados da tipografia encomendada na In-glaterra por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, posteriormente o Condede Linhares, foram as primeiras peas do novo cenrio de autonomiatecnolgica. Bem rpido se deixa de atender exclusivamente s ne-cessidades da burocracia oficial e passa-se a servir difuso demodelos (de escrita e de idias) tanto pequena camada letrada dasociedade, quanto aos iletrados que, no plano simblico construdono ler-ouvir das rodas de leituras, seguiam rascunhando a nao.

    A difuso da imprensa por todo o Brasil oitocentista promoveua formao de um novo pblico leitor, um pblico mais amplo doque aquele antes alcanado pelos livros importados, material com-prado ou encomendado aos livreiros. Isso pode ser percebido emdados diretos, o registro de testemunhos coevos, e indiretos, empistas colidas, s vezes, nos prprios jornais. Uma informao dire-ta nos dada na revista O Beija-Flor:

    DA IMPRENSA NO BRASILSe os progressos da Imprensa fossem os degros | certos dhum

    thermometro para o adiantamento da civilizao, podiamos nos felicitar

    do nosso avana- | mento, pois que de quatro annos para c o nu- | mero

    das publicaes periodicas tem quadruplicado | no Brasil. Em 1827

    apenas se contavo 12 ou 13, | e hoje, conforme a conta tirada da Aurora

    de Sexta | feira 26 do corrente, 54 sahem luz do Imperio; (...) destas 16

    pertencem Corte. Em 1827 apenas h- | vio 8, e por tanto o numero

    tem dobrado; ... (O Beija-Flor, n 4, Rio de Janeiro, 1830, BNRJ Seo

    de Obras Raras PR SOR 00083 (1) microfilme. PO2,01,07 original)

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................1010

    Quase vinte anos aps a inaugurao da imprensa no Brasil, arevoluo cultural viabilizada pela autonomia no controle dos meiosde produo grfica chegou a um nmero significativo de brasilei-ros. Nesses quatro anos referidos no fragmento dO Beija-Flor, umadentre as vrias publicaes da Aurora, foram alcanadas cifrasde produo que revelam a dimenso maior do novo grande neg-cio oitocentista: a imprensa. Diz nos o editor que

    Alis fazendo abstraco da influencia moral que a publicidade exer-

    cita (...) contentando-nos com o producto pecuniario deste ramo de

    trabalho, acharemos que entre Directores, Compositores, Impres-

    sores, e Distribuidores mais de 200 pessoas so empregadas e sus-

    tentadas por 54 publicaes... (O Beija-Flor, n 4, Rio de Janeiro, 1830,

    pg. 105 BNRJ Seo de Obras Raras PR SOR 00083 (1) microfilme.

    PO2,01,07 original)

    Se podemos crer em seus dados, o redator do Beija-Flor, na mes-ma fonte citada, d-nos uma boa idia do porqu de tantos empre-gos diretos e indiretos, ou como ele mesmo chama, trabalhosannexos. Livreiros e encadernadores se juntam aos distribuidores,impressores e compositores para podendo sem exagerao taxar-se mais de duzentos contos de reis o capital que nisto gira. Umapequena fortuna poca criada pela acquisio industrial de tan-ta monta da qual no havia coisa semelhante nove anos antes dapublicao de suas palavras (1830), ou seja, foram nove anos da for-mao de um parque industrial que se espalhou pelo pas.

    Por outras vias, confirmam-se essas informaes. Veja-se, porexemplo, que, se a presena de livros em esplios relativamentepequena, a assinatura para recebimento de impressos prticainexistente e impensvel na sociedade colonial ato corriqueiroentre os letrados ao final do sculo XIX. Pode-se dizer que, apesarde o percentual de leitores ser pequeno em termos absolutos noBrasil de ento, parece ser significativo, dentre os letrados, o n-mero de assinantes dos jornais; a tal ponto, que se estabeleceu trn-sito entre a produo interiorana e a da capital. o que se v naspalavras do redator de A Platia, jornal da capital paulista de 1897:

    Um nosso assignante de Tapera Grande queixa-se de que todas as

    semanas lhe faltam numeros da Plata e que o que succede com o nosso

    jornal succede com o Estado de So Paulo, Diario de Campinas, Ci-

    dade de Campinas, Apparecida do Norte, Progresso de Itatiba e Cor-

    reio de Campinas, folhas que assigna, que as respectivas administra-

  • ....................................................................1111

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    es remetem, mas que so alli entregues s vezes com grande atrazo

    e que outras vezes no recebe. || J a respeito do correio de Tapera

    Grande temos lido noutros jornaes reclamaes contra o servio alli

    feito; agora, por nossa vez, levamos tambem ao conhecimento do digno

    administrador dos correios a justa reclamao que nos dirige o nosso

    assignante naquella localidade. (Carta de redator: A Platia So Paulo,

    14 de julho de 1897 Arquivo do Estado de So Paulo, n 18/005)

    Note-se que o leitor dA platia era assinante de mais seis outrosjornais de So Paulo e que no est sozinho em suas reclamaes. Trsdcadas depois das parcas assinaturas cariocas no princpio dA Ga-zeta, verifica-se todo um esquema de distribuio entre capital e ci-dades pequenas articulando a estrutura de integrao montada pe-los correios e a velha prtica colonial do comissionado. Em outroexemplar, encontra-se o aviso aos leitores do interior de que nossorepresentante no interior do Estado o senhor Joo Firmino de Men-dona que est auctorisado a fazer recebimentos e a tratar dosnegocios desta empreza em qualquer localidade que se ache2 . Vriasinformaes levam a crer ter sido o evento Jornal um sucesso edito-rial em territrio brasileiro, principalmente, ao que parece, pelaintegrao criada na prtica do repasse de notcias nacionais e in-ternacionais, tendo o Rio de Janeiro, no incio, como principal inter-medirio. L-se em um exemplar dA Noite:

    Contina sendo procuradissima a nossa folha, cujas edies apesar

    de terem sido sempre augmentadas se exgottam diariamente. || No

    fazemos reclame que, sem elle, se tem feito a nossa folha. O publico

    habituou-se a encontrar nA Noite alm do completo servio da nossa

    reportagem as ultimas noticias do Rio e do estrangeiro, que damos

    no nosso desenvolvido servio telegraphico. || E ao publico que

    mais uma vez agradecemos esse lisongeiro acolhimento, unica

    recompensa do muito que nos esforamos em bem servil-o e que

    nos anima a envidar cada vez maiores esforos para sempre e em

    primeira mo lhe darmos noticias completas de todos os

    acontecimentos. (Carta de Redator: A Noite So Paulo, 28 de abril

    de 1898 Arquivo do Estado de So Paulo, n12/474)

    O vnculo forte com o Rio de Janeiro era sentido, inclusive, no nvelbsico dos meios de produo, como o do papel:

    Pedimos desculpa aos nossos assignantes pela irregularidade com que

    tem sido feita ultimamente a publicao deste jornal, e que tem

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................1212

    succedido em consequencia de falta de papel, cuja encommenda se

    fez para o Rio h um mez. Podemos porem assegurar aos nossos

    assignantes, que dhora avante haver regularidade na publicao do

    Correio PAULISTANO. (Carta de Redator: Correio Paulistano So Pau-

    lo, 22 de maio de 1855 Arquivo do Estado de So Paulo, n 04/01/002)

    Apesar de uma certa dependncia do suporte dos jornais cariocas,at certa altura da expanso dos jornais no Brasil, sempre foramempregadas estratgias arrojadas, como a utilizao do telgrafona agilizao da notcia. Coisas assim deixaram homens de todasas partes em contato com determinados padres lingsticos e cul-turais veiculados pelos jornais, contato esse de, ao menos, um se-mestre ou ano a depender do contrato de assinante (a 16$000 e30$000, respectivamente, nA Platia, em 1898). Mais que isso, o su-cesso ficou garantido pela conjugao entre o que vem de fora e asatisfao dos indivduos do local de produo verem suas ques-tes provincianas aladas ao nvel pblico, como num passe demgica, nas folhas peridicas. No mesmo nmero em que se acom-panham notcias da Europa, l-se numa carta de leitor:

    AO CHICO SALLES || Eu s pagarei os dias que fiquei | restando-te,

    quando vieres pelas co- | lumnas deste jornal dizer qual o | motivo

    porque j no foste embol- | sado. || Olha, seu paraguayo malcreado:

    | pregar no deserto perder sermo; | ensaboar cabea de burro

    gastar | sabo. | | Santos, 30 de Agosto de 1899. | | RAYMUNDO

    THEODOZIO GOMES. (CARTA DE LEITOR)

    Diante de todo esse processo de estabelecimento de redes de trn-sito entre o local, o nacional e o internacional, uma questo inte-ressante que se apresenta saber se houve, onde houve e o quantoperdurou a promoo (ou a negao) do vernculo brasileiro nosplanos simblico e ideolgico-lingstico na escrita veiculada nosjornais do sculo XIX. A publicao desta primeira parte das cartasest a servio dessa e de outras questes do sculo em que o Brasilse consolida brasileiro. Aproveitem-se nossas cartas mestias.

    Notas1. Guedes, Marymarcia & Berlinck, Rosane de A. (org.) E os preos eram commodos ...:Anncios de Jornais Brasileiros do Sculo XIX. So Paulo, Humanitas/FFLCH/USP, 2000.

    2. A Platia 9 de dezembro de 1897/Ano X, n 139 Arquivo do Estado de So Paulo, n

    18/005.

  • CAPTULO 1

    BAH IA

    Salvador

    ILZA MARIA DE OLIVEIRA RIBEIROUniversidade Salvador

    (UNIFACS/CNPq)

    ROSA VIRGNIA MATTOS E SILVAUniversidade Federal da Bahia

    CNPq

    EQUIPE DE APOIO

    ANA CRISTINA SANTOS FARIASSORAIA OLIVEIRA REBOUAS

    Feira de Santana

    ZENAIDE DE OLIVEIRA NOVAIS CARNEIRONORMA LCIA FERNANDES DE ALMEIDAUniversidade Estadual de Feira de Santana

    EQUIPE DE APOIO

    ALDSIA MALAFAIAHILMARA MOURA

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................1414

    Havana 7 de Julho. || A expedio contra o Mexico| sahio a 5 deJulho com o maior | brilhantismo, as tropas vo cheias| deenthusiasmo. Os transportes so| os seguintes navios Americanos | Robin Hood, Comandante. Evans; Roger, | Mestre Williams;Bingham; Tri- | to, Comandante Smith; Chiliano; Butler; | Cornelia;Constant; e o brigue | Hespanhol Catalina, com 3500 sol- | dados.|| Embarcaes de guerra. | No Soberano; fragatas Lealda-| de eRestaurao; brigues, Cati- | vo e Amalia. O Almirante La- | bordehe o Commandante da es- | quadra, e pde desembarcar dos | seusnavios 800 soldados de mari- | nha, bem armados e disciplinados.|| A expedio vai fornecida de | 350 a 500 mil pezos. | | Aproclamao do General | Barradas, Commandante do exer- | citoHespanhol aos habitantes do | Mexico he a seguinte: | |Habitantes da nova Hespa- | nha, Sua Excellencia o Capito |General da Ilha de [ilegvel] vos fal- | la em nome do Rei ao mesmotem- | po que eu me appresento nas vos- | sas praias com a primeiradiviso| do Real exercito, que vem occu-| par o vosso reino, paranelle res- | tabelecer a ordem e o paternal go- | verno do melhordos Soberanos. || Mexicanos, No venho | vingar insultos, nemsatisfazer ao | desejo de vingar injurias. Tudo que | passou fica emesquecimento, por | que esta he a real vontade de nos- | so augustoe benigno Soberano. | Venho com baionetas, no para em | prega-las contra vossos peitos, mas | para resistir a aquelles que persisti-| rem na rebellio contra a vontade e | clemencia do nosso generosoMonar- | cha. Como fiel executor da real | vontade, vos offereo,debaixo de | minha palavra de honra, que a ve- | reis cumprida muiprontamente,| e ento quando a raso tiver suc- | cedido paixo[ilegvel] compa- | rar e julgar a differena entre 300 | annos de[ilegvel], para os sete | de horrivel [ilegvel] || Graas a DivinaProviden- | cia, estaes a ponto de livrar-vos | de to horrivelflagello. || Mexicanos! Est prximo | o momento, em que vos hode | ser restituidas a paz e a abundan- | cia: retirai-vos da odiosabandei- | ra da anarquia, que tem aliena- | do este formoso paiz,que tem s- | mente alistado os aventureiros sem | principios, quenos tem tiranisa- | do. Ficai nos vossos lares; conti- | nuai nosvossos empregos diarios,| e vossas pessoas e bens sero res- |peitados. A diviso, que eu tenho | a honra de commandar he oexem- | plo de subordinao e disciplina; | os soldados que acompe so vos- | sos irmos; a nossa religio, a | nossa linguagem,

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 02 de janeiro

    de 1830/n 1, volume 3, seo: Notcias

    Estrangeiras Amrica, p. 2

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 1CARTA 1

  • ....................................................................1515

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    e os nossos costu- | mes so os mesmos, e o mesmo| sangue correem nossas veias. || Se contra toda a esperan- | a houver algumindividuo da di | viso, que esquecendo se dos seus | deveres,commetta algum ultrage,| eu saberei castigal-o com todo ri- | gordas leis.| || Quartel General. || (Assignado)

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 02 de janeiro

    de 1830/n 1, volume 3, seo:

    Correspondencia, p. 2

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 2

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 16 de janeiro

    de 1830/n 4, volume 3, seo:

    Correspondencia, p. 4

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    O Doutor Caetano Ferrz Pin- | to, Professo na Ordem de Christo, | doDezembargo de Sua Magestade Imperial seo| Dezembargador naRellao desta| Provincia, e nella Ouvidor Geral | do Crime e IntendenteGeral da | Policia, tudo com Alada pelo mes- | mo Senhor que DeosGuarde &c. | Fao saber a todas as pessoas des- | ta Cidade e seo termo,que nas | Cadeias desta Rellao se acho | prezos os escravos seguin-tes: Jos, | Moambique, escravo de Joaquim | Bonifacio; Jaime, quediz ser de | hum Francez; hum preto, que no | sabe dizer seo nome, nemdo seo | Senhor; outro dito nag, que no sa- | be seo nome, nem de seo

    CARTA 3

    Senhor Redactor || Eis o pobre Camponez a incom- | modal-o. Ninguemo mandou plantar | hum Cruzeiro. Ao p da Cruz chorou | aMagdaleua(sic) os seus peccados; no he | muito, qae(sic) chore eu osmeus, e os de | alguns dos meus patricios, abraado com | o signal denossa redempo.|| Todos me dizem, que he moda o es- | crevinhar; eque o supra summum da | moda he mudar somente a orthographia: |explico-me. Supponha Vossa merc que os jo- | vens meus amigos (salveDeus tal lu- | gar!) me invio hum papelucho. Que | fao eu. Tenho otrabalho de mudar as| letras, humas por outras; e depois de| maiafadigado grito: Viva Verney: Vi- | va o Bispo Azeredo! || Ora se tal he, eque no padece du-| vida: tambem hum tolo Camponez p- | de trocarhuma palavra Franceza por | huma Prtugueza. Seja como for: co- | moos jovens desejo, que o nosso Con- | gresso mude tudo, de huma s vez;| e mesmo que mudem os telhados para | baixo, e os alicerces para cima;Offe- | reo-lhe este Dialogo, e com elle o seu | corao. || O Camponez.

    CARTA 2

    CARTA 3

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................1616

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 22 de maio

    de 1830/n 40, volume 3, seo:

    Correspondencia, p. 3

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 4

    Senhor; | Delfina, que diz pertencer Gre- | gorio de tal, os quaes escra-vos se- | ro entregnes(sic) aos seos respectivos | Senhores, apresen-tando estes a le- | galidade dos seos dominios; e para | que chegue noticia de todos man- | dei passar o presente, que ser af- | fixado nolugar publico desta Cida- | de. Bahia 11 de Janeiro 1830 e | Eu VirissimoFerreira da Silva, | que subscrevi, Caetano Ferrs | Pinto.

    Senhor Redactor || Rogo-lhe o obsequio de fazer trans- | mittir por viado seu interessante jor- | nal a presente carta, aos Escrevinha- | doresdos papeis incendiarios desta Cor- | te, no que muito me obrigar. ||No he com escriptos revolucio- | narios, nem com as venenosas lies,| para a mais ruinosa anarchia que se | promove a felicidade do Brasil!....| No he, oh! malvados escrevinhado- | res, com o mortifero veneno damale- | dicencia, (sempre em desabono da ver- | dade) que se faz a venturada Patria, | digna de huma sorte mais feliz, que | essa que lhe quereispreparar, quaes | filhos ingratos. O Grande Genio Tu- | telar do Brasil;ha de cumprir sua pa- | lavra, ha de ser o seu Perpetuo De- | fensor!....Avossa ingratido no | o far desanimar na grande obra da | vossaventura!.... Elle marchar cons- | tantemente em proteger a ardua, efe- | liz empreza, que principiou, e comple- | tou A Independencia doBrasil! | S Este Heroe Magnanimo, e uni- | camente Suacoustancia(sic), se deve es- | te complemento asssombroso(sic), que pela| rapidez, com que se firmou, enche de | pasmo esses Povos, que lutandono | alcance de huma ventura igual nossa | Independencia, j maisa tem po- | dido consolidar!.... || Desgraado Brasil! Voe misero! | Queseria de ti, se os desacisados | Campioens da mal entendida liberdade| te dominassem, e regessem?.... Tu | serias por certo humverdadeiroThea- | tro de horroriveis Tragedias; imitando | essasdestroadas Republicas, que ten- | do sacodido o jugo da sua antigaMe- | tropole, se tem arrojado mais des- | truidora Anarchia!.... || Evs, oh! maliciosissimos Hypo- | critas, que bem conheceis esta verda-| de!.. Famintos Lobos, coberto com | peles de Ovelhas!.. Se no receaesa | Luz, deixai as Trevas!.. Fallai cla- | ro, e desmascarai-vos!.. Dizei que| vos cubria com os Sagrados Nomes de | Imperador, e Constituio,para os | vossos fins sinistros!.... || Os Bons Brasileiros, que s que- |rem Imperador, e Constituio, bem | vos conhecem!.... Elles tem Unio,| e Olho bem vivo!.... Para se oppo- | rem vossas ciladas!.... Elles bem| conhecem que a feliz Independencia do | Brasil, he obra do seu Corajoso

    CARTA 4

  • ....................................................................1717

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 22 de maio

    de 1830/n 40, volume 3, seo:

    Correspondencia, p. 3

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    Ge- | nio Protector!.... Elles cheios do | mais grato reconhecimento beijosua | Mo Bemfeitora, e Paternal, e cer- | cando seu Throno Inabalavel,que fir- | mo em seus Coraes agradecidos, e | Fieis; fazem admiravelcontraste da | vossa infame perfidia. || Quem he com firmeza HumCons- | titucional. A [ilegvel] da felicidade do Brasil.

    Senhor Redactor || Non est maior iganorantia [ilegvel] sua | vitia nonsagnsceere Nada mais estu- | pido, que o homem no conhecer seus| proprios vicios! || Apezar de serem os Anjos crea- || turas de Deos, asmais perfeitas, | houve entre elles alguns, que per- | tendero rebellar-se: mas apenas | concebero to atrs projecto, para | logo foroprecipitados nos Infer- | nos. Foi este o primeiro exemplo, | que Deosquiz deixar aos homens | da sua imparcial justia. Porm | que digo?Seguir-se-ha daqui, que | os Imperantes devo ou posso imi- | tar risca, e inalteravelmente to- | dos os exemplos que encontramos | emtodas as paginas da revelao? | Parece que podem algumas vezes, | eem certos casos, moderar este | rigor por duas razes: 1. porque | ohomem he to fraco, e imperfei- | to, que nenhuma comparao tem |com a fora, e perfeio do Crea | dor: 2. porque os Imperantes as- | simcomo no tem c na terra pa- | ra dar aos homens hum premio |equivalente ao Ceo, ou bemaven- | turana, assim podem a certos res-| peitos modificar o castigo compara- | do ao do Inferno, onde Deos pre-| cipitou aquelles, que se tinho con- | jurado. Com tudo, no se entenda| daqui, ou no pertendo os mos, | (que he a quem convm a errada |consequencia do principio estebele- | cido) que os Imperantes podemdei- | xar impunes as maldades, e cri- | mes, que imperradamente estopra- | ticando esses infames papeluxos, ou | antes pasquins, intitulados Luz | Brasileira e Voz Fluminense. | Que colleco de disparates,Senhor | Redactor! Que enfiada de parvoi- | ces se me appresentou nomomento, | em que lhe puz a vista! Oh! Deos!.... | Que papeluxos serioestes? De | que forja sahirio estas infernaes | produces, que no sendomais que | hum composto de asneiras, ellas s | se encaminho adesacreditar o que | ha de mais sagrado, calumniando | as Authoridades,espalhando a zi- | zania, e fomentando partidos! Ge- | nio extravagante,eu te lastimo! | Desgraa fatal! Ou antes moles | tia, que tanto perseguea certos | homens, que pelos effeitos de hu- | ma debilidade capital seprope a dar | Leis ao Mundo, quando elles se no | sabem reger a siproprios. As Leis | sanccionadas pelos Imperantes, pro- | tegem a

    CARTA 5CARTA 5

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................1818

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Quarta-feira, Salvador, 26 de maio

    de 1830/n 41, volume 3, seo: Avisos, p. 4

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 6

    Sociedade, a Monarchia, | e a Religio; Leis que elles mes- | mos jurarocumprir, e guardar, | pelo atributo Imperial de agraciar| em algum caso,ou para com ou- | tro individuo particular; mas nun- | ca em casos[ilegvel] para com in- | dividuos, de cuja impunidade pde | vir mal, eruina, a essa mesma | Religio, Realeza, e Sociedade, || de que so Chefes,Imperadores | Reis, e Ministros, pelo poder, e | vontade de hum Deos. Hecontra | tudo isto, que diariamente se v | sahir pelos bicos dessapestifera | penna, que rabisca os nojentos pa- | peluxos, forjados nainfame bigor- | na da impiedade, e do delirio! | Para que seria creadoesse Tri- | bunal do Jury? Acaso ser s pa- | ra punies previas, e demera | correco, aquelles que por fragi- | lidade, e lapso de pena, avano| alguma proposio, contra esses | monstros que imperradamente tro-| vejo, e dsparo settas sobre a | innocencia, e probidade? Ter (sic) |s elles o direito de blasonar? | Arrogando a s prvilegios, que | no tem,ficando impunes seus | crimes? Oh! tempora! Senhor Re- | dactor, paraestes malvados, j | mais pde haver iudulgencia(sic) da | parte de SuaMagestade o 1......| por que so crimes atrozes, que | escandalizo,ameao a sociedade, | abalando os thronos, e attacando | a Religio:este crime he imper- | doavel. No pde haver Monar- | cha que vendopraticar taes absur- | dos contra o decoro, e dignidade, | pelo abuso daImprensa, deixe de | obrar o que lhe aprz. Por tanto, | pelo que tem ditoa depravada Luz, | e pelo que acaba de dizer a infa- | me Voz, sejoimmediatamente | processados esses dous Judas, es- | ses Trombetasda anarquia, cuja | doutrina s pde ser acolhida en- | tre esses barbaros,com quem se | familiariso, e a cuja estirpe per- | tencem Fugite partesVersae. | Desapparecei malditos demonios! | Vossos escriptos sejoreduzidos a | p, e o vosso nome riscado da | ordem social. Ah! SenhorTribu- | nal do Jury! Ah Senhor Promo- | tor no sei, se me entendem.....||A todos fao patente, Como | se deve tratar, a to m gen- | te... | P. G. ||(Diario Fluminense nmero 92, e 94.)

    Lendo a Gazeta da Bahia Nmero 40, encontrei nella hum avizo feitopor Manoel | Ferreira Oliveira Guimares meo respei- | to, em queem suma diz, que ninguem fa- | a commigo negocio, nem tranzao| alguma com huma Letra passada por | Loureno Luiz Pereira deSouza da quan- | tia de 245$, a vencer-se quatro me- | zes; nemcompre, nem tambem faa | tranzao com os bens, que me perten-| o, inda sendo com data anterior, por | que tanto naquella, comonestes per- | tende fazer penhora pela quantia de | 631$255, de

    CARTA 6

  • ....................................................................1919

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    effeitos, que tobem diz, | vendeo a Francisco de Moraes para sor- |timento de huma venda baixa dos a- | pateiros, contra quem jmove execu- | o pela Ouvedoria Geral do Civel; e | Cartorio doTabellio Miranda, que es- | te me vendeo, e que eu prevenir-me, |de que no fizesse penhora nella, a | vend ao predito Loureno,protestando | recahir contra quem o fizer; ao qual avi- | zo respondo,que he calumnio[s]o, e in- | justo; calumnioso, porque todos sabem, |que eu no sou capaz de fazer contra- | ctos simulados; e injusto,porque, quan- | do comprei dita venda, o vendedor | Francisco deMoraes, no tinha impe- | dimento algum: e assim comprei-a muito| bem, e porque me no fez conta, con- | tinuar com ella a vend aodito Lou- || reno Luiz Pereira de Souza, de quem | estou pago, esatisfeito; e outro sim se | o Annunciante reconhece, que aquelle |originario vendedor he, que he seo | devedor, contra quem, confessaque promo- | ve Execuo, indicando at o Juizo, e | o Cartorio, heclaro, que nada tem, | que me encommodar hum tal respeito, | emenos os bens, que so propriedade | minha, e que em nada estosujeitos | soluo do predito Annunciante. Bahia | 22 de Maio de1830. Manoel + Jos | Teixeira .,,(sic) Como Testemunhas, Epi- | fanioAntonio de Abreu, Antonio An- | gelo do Oiteiro.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Quarta-feira, Salvador, 26 de maio

    de 1830/n 41, volume 3, p. 4

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 7

    ESCRAVOS FUGIDOS || O abaixo assignado, em cu | ja Roa aparecera,e se conser- | va desde o dia 16 do corrente, | hum preto novo, faz publicoque | o entregar a seu Proprietario lo- | go que este apresente-sedando | identicos signaes de pertencer a | seu dominio o dito preto, epa- | gando toda a dispeza que tenha | feito em poder do annunciante,| no se responsabelizando este por | modo nenhum em caso de fuga,| ou obito do referido preto. || Jos Feliciano de Moraes Cid.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 29 de maio

    de 1830/n 42, volume 3, p. 4, Supplemento

    (caderno suplementar 2 pgina)

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 8

    Diz Manoel Jos Teixeira, | no seu [[seu]] avizo na Gazeta da | Bahianumero 41, em resposta ao | meu em numero 40, que vendeo aquel-| la venda a Loureo Luiz Perei- | ra de Souza, de que est pago e |

    CARTA 7

    CARTA 8

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................2020

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 28 de julho de

    1832/n 57, volume 5, seo: Variedades, p. 4

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 10

    satisfeito; por tanto conhea o | Respeitavel Publico que caso a Le-| tra saia a giro, devem consi- | derar como fala, visto elle mes- |mo dizer que est pago; O an- | nunciante hade provar sua execu- |o pelos meios que a Lei lhe tem | marcado, e por isso nenhum effei-| to tem a sua resposta feita em o | numero 41. Bahia 27 de Maio de| 1830. Manoel Ferreira de Oli- | veira Guimares.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Quarta-feira, Salvador, 18 de julho

    de 1832/n 55, vol. 5, seo:

    Correspondencia, p. 3

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 9

    ANNUNCIO || Faz-se publico que se tem marca- | do o dia 31 docorrente para os exa- | mes no s dos Concurrentes s Ca- | deirasde Latim, que se acho vagas, | como de primeiras Letras das Villase | Povoaes desta Provincia que esto | nas mesmascircunstancias, e que por | isso tem estado a concurso, devendo | ospertendentes que se quizerem oppr | qualquer dellas apresentar-se na Sal- | la do Palacio do Governo da Provin- | cia s 10 horas damanh do referido | dia. Palacio do Governo da Bahia 14 | de Julhode 1832. Antonio Joaquim | Alvares do Amaral.

    Senhor Redactor da Gazeta da Bahia. || Quero dever-lhe mais oobzequio | de inserir na sua folha o requerimento | que fiz SuaExcelencia para dezemganar ao | Respeitavel Publico de que a Casado | Theatro no ameaa a menor ruina. | | Illustrissimo eExcelentismo Senhor || Despacho.||Remetido aos Senhores. Coro- |nel Jos Eloy Pessoa, e | Tenente Coronel Euzebio| Gomes Barreiros,para | procederem a vestoria, e | attestarem o seu resultado. | Bahia13 de Julho de 1832. || Pinheiro. || Diz Domingos Antonio Zuanny,Em- | prezario do Theatro de So Joo desta Ci- | dade que tendo-seespalhado o boato de | se acharem fendidas as paredes da Casa | domesmo Theatro, e ameaarem ruina, | por este motivo, entregandoos Assi- | guantes as chaves dos Camarotes deixou | de haverrepresentao na noite 8 do | corrente, e sendo necessario desvanecer| esse infundado receio, procedeudo-se(sic) por | Engenheiros avestoria, exame em to- | da casa, do Theatro, e publicado pela |

    CARTA 10

    CARTA 9

  • ....................................................................2121

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    Imprensa o seo resultado: || Post scriptum Vossa Excelencia [ilegvel]digne man- | dar que os Engenheiros pro- | cedo o referido exame,a | fim de que chegando pela | Imprensa ao conhecimento do | Publicoo seu resultado se | convena da falcidade daquel- | le boato. || EReceber|| Merc || Attestao.|| Em vertude do respeitavel despachosu- | pra examinamos cuidadosamente a Casa, | e paredes do Theatro,e conseguinte- | mente cingindo-nos letra do requeri- | mentoattestamos: que no esto as pa- | redes fendidas, e nemdesaprumadas e | ultimamente attestamos: que o Theatro | no dat o prezente indicio algum de || se ressentir em consequencia dedesa- | batimento das terras adjacentes. || Jos Eloi Pessoa.|| EuzebioGomes Barreiros.|| Domingos Antonio Zuanny.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 28 de julho

    de 1832/n 57, volume 5, seo: Edital, p. 4

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 11

    O Administrador da Mesa de Diversas Rendas | Nacionaes, FellipeManoel de Castro, tendo em | vista o notorio, e manifesto prejuizoque tem cau- | sado Fazenda Publica alguns Despachantes de Em-| barcaes, fazendo-as sahir deste Porto sem a le- | gal medio daLotao de toneladas, que deve ser | feita pelos respectivos Peritos,e em conformidade | da Lei de 9 de Dezembro de 1819, para vista| della pagarem os Direitos de Farol, e Ancoragem: | e constandoigualmente, que os mesmos se escuso | de Imposto, e da Arquiao,allegando franquia, | ou arribada, quando alias a referida Lei sizenta | a arribada forada, que se entender por [ilegvel] aber- | ta,runa na mastriao, ou qualquer outro acon- | tecimento de talqualidade, no se verificando s | pelos simples ditos das Partesinteressadas (que | em objecto de Impostos sempre propendem para| o prejuizo da Fazenda Publica) mas sim por meio | de hum Protesto,ratificado, e julgado por Senten- | a no competente Juizo daOuvedoria dAlfandega, | como sempre se praticou: faz por tantopublico, | que da prezente data em diante no ser atten- | didoattestado algum sobre toneladas sem vir aver- | bado pelo Escrivodos Peritos desta Cidade e | sobre as arribadas, sem que aprezentempor Sen- | tena o termo de mar, justificando a necessidade | de talacesso. Bahia 21 de Julho de 1832.|| Fillipe Manoel de Castro.

    CARTA 11

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................2222

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Quarta-feira, Salvador, 01 de agosto

    de 1832/n 58, volume 5, seo: Variedades, p. 3

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 13

    O Administrador da Mesa de Diversas Rendas | Nacionaes, FellipeManoel de Castro, faz saber | aos Lavradores de Tabaco, e seusCorrespondeu- | tes(sic) nesta Praa, que no improrogavel termo de| trinta dias, contados da data deste, devera vir | despachar os rlosde Tabaco, que esto em limpa | na Casa do Pezo respectivo, e lhesposso per- | tencer, constantes da lista que se acha na porta | damesma Casa, pena de, o no fazendo, proce- | der-se a leilo na formada Lei, visto que tem ex- | cedido o prazo. E, para que chegue a noticia | todos, faz affixar o prezente Edital. Bahia 11 de | Julho de 1832.|| Fillipe Manoel de Castro.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Sbado, Salvador, 28 de julho

    de 1832/n 57, volume 5, seo: Edital, p. 4

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 12

    Senhor Redactor da Gazeta. || Estranhei muito vr no Domingo 25 |do corrente parte do 3. Batalho de | Guardas Nacionaesacompanhando hu- | ma Procisso na Freguezia de Nossa Senhorada | Conceio da Praia. Segundo me consta | os festeiros tendorequerido ao Excellentissimo | Senhor Presidente permisso para oindicado | fim, obtivero em Despacho, que fosse | accompanhar aProcisso aquelles Guar- | das do Districto que quizessem. || No achoproprio que as Guardas | Nacionaes pouco a pouco se tornem Cor- |pos de Procisses. Ellas foro criadas pa- | ra os fins expressos na Leide 18 Agos- | to 1831 Artigo I. - Deffender a Consti- | tuio, aLiberdade Independencia, e In- | tegridade do Imperio; para mantera obe- | diencia s Leis, conservar ou restabelecer | a ordem, e atranquilidade publica, e | auxiliar o Exercito de Linha na deffeza |das Fronteiras e Costas; o que nenhu- | ma analogia tem comaccompanhamentos | de Procisses, nem estas, com pequenas |excepes, expectaculos de luxo e fana- | tismo, relao algumaofferece simples | e moral Religio Catholica e Apostolica | Romanaque professamos, a qual quan- | do necessario seja, achar hum apoionas | Guardas Nacionaes sem que seja preci- | so accompanhar (comona Quarta feira) | Procisses que esto diametralmente | oppostasa singeleza de nossa Religio. | Santo Antonio que em sua vida profes-| sou e praticou a verdadeira humildade, | base fundamental da nossaReligio, de- | pois de morto, alvorado em Capito ou | Coronel, com

    CARTA 13

    CARTA 12

  • ....................................................................2323

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    dragonas por cima do ha- | bito de penitencia, banda Militar cingi- |da por cima do cordao da sua ordem, | espada ao lado, chapo armadoenfei- | tado e circulado de pluma e rica cruz | de habito pendente aopescoo!!! Era | bem de dezejar que as nossas primeiras | AuthoridadesEcclesiasticas, em quem se- | guramente no conheo fanatismoprohi- | bissem taes excessos, que ero mais per- | doaveis em outrosSeculos de ignorancia | e hypocrisia. He mui justo que sigamos | oscostumes da nossa Santa Religio; | mas convm tambem quedesappareo | excessos e luxos que accompanho a al- | guns actosdella. Estamos em o 19 Se- | culo, o Brasil caminha (ainda que |passo(sic) lentos) civilisao; he necessa- | rio assim elevar o nossopovo a admi- | rar e venerar a verdadeira essencia da | nossa Religioque consiste em huma mo- | ral pura encaminhando o homem mais| subida perfeio; e no acostumal-o | considerar como Religioaquelle que as | vezes tem sido causa della ter tido dis- | sidentes, einimigos. Se so indispensa- | veis as Procisses, ellas devem ser ac-| companhadas pela Milicia da Igreja, (as | Irmandades e Clero) e nopelas Guar- | das Nacionaes que foro creadas para ou- | tros fins, eque quanto menos forem | chamadas, mais promptas estaro para |as occasies. No sou todavia da opi- | nio daquelles que julgo malentendido | o comparecimento dellas s Festas Na-| cionaes &c. &c.Alm do Artigo 70 da Lei | das Guardas Nacionaes dar a entender ||que ellas tem de comparecer nas festas | e ceremonias civs; acresceque semelhan- | tes ajuntamentos em dias que commemo- | ro factosou epocas de Constitnio(sic) Li- | berdade Independencia &c. &c.Suscitan- | do motivos de alegria e Jubilo, tem | por fim chamar aatteno dos mesmos | Guardas aos objectos para que existem; | eneste sentido he mui proprio o compa- | recimento dellas em 7 deSetembro, 7 | de Abril, 2 de Julho, 25 de Maro, | 3 de Maio &c. &c. &c.;tudo o mais | he vexatorio, e improprio, ao menos se- | gundo o fracopensar do bem. || Guarda Nacional.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Gazeta da Bahia

    Data/Edio: Quarta-feira, Salvador, 26 de

    setembro de 1832/n 73, volume 5, seo:

    Correspondencias, p. 2

    CARTA 14

    Senhor Redactor da Gazeta da Bahia || Tendo noticia que a folhaintitula- | da Orgo da Lei trazia huma correspon- | dencia contra oSenhor Tenente Coronel Car- | doso Marques, passei a compral-a para| melhor conhecer o motivo de tal corres- | pondencia. L-a, e no pudedeixar de | admirar, Senhor Redactor, que quatro bil- | tres, vadios deprofisso, tenho enreda- | do esta Cidade mais de hum anno a fim

    CARTA 14

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................2424

    | de vr se por este meio [e]mpolgo luga- | res de primeiro porte,[ilegvel] seja Depu- | tado, Conselheiro de Governo, Conse- | lheiro deProvincia, e outros &c., j | dando-se denuncias, apparecendo corres-| pondencias attacando Brasileiros, exal- | tando-se aos [ilegvel],com prejuiso dos | Natos, como [ilegvel] do insultante numero 54 | doOrgo da [ilegvel] de 19 do corrente Se- | tembro, e [ilegvel] muitascousas que tem | sdo publicadas por vazios periodicos nes- | ta Cidade,e quando se descobrem as ver- | dades, dizem esses senhores, so osrus- | guentos, so inimigos da Ordem, que- | rem fazer rusgas,querem..... he pre- | ciso que se lembrem, que os seos feitos | so bemconhecidos desde 1824. Vamos | a correspondencia do razo erefrmado | soldado (talvez effectivo s ordens do seo | Superior porquatro annos.) Diz elle | qual ser o motivo porque tanto se enco- |lerisou o Senhor Tenente Coronel C. M., | contra os G. N. do 1. Batalhona oc- || casio do insulto que soffreo o Batalho | no largo de SoBento: a isso direi que | falta verdade, por quanto o Tenente | Coronelnesse dia no passou da praa | de Palacio; e o dizer que observou al-| gumas praas com cartuxame embalado na | patrona, he puraverdade, mas isso foi | defronte da casa do Doutor Dormund, | ruaque vai da ladeira da praa, por | que encontrando-se com J.E., estedisse | vinha cansadissimo, e porque nessa mesma | occasiocomeasse a chover muito, reco- | lheo-se o J.E., e outra praa dosNa- | cionaes em casa de [ilegvel] de tal, ahi | foi que se vio o mesmoJ.E. com 22 | cartuxos embalados na patrona, e o ou- | tro disse, quetambm levra vinte; per- | guntou-se-lhe o motivo porque tinho le-| vado esses cartuxos, visto que sabia te- | rem elles sido avisadospara huma revis- | ta, e se o seo Commandante do Bata- | lho notinha passado a sua primeira | revista, e com as respostas dos mesmos| nada mais se passou sobre este objecto, | o que sendo preciso seprovar com tes- | temunhas da casa que viro este facto; | logo estevidente, que as ironias do | raso, com quanto sejo gratuitas no po-| dem ter applicao alguma. Diz mais esse | miseravel que vai atinarcom a causa se | o no tiverem por bruxa; quanto se en- | gana odesf[a]rado reformado em seme- | lhante augurio, porque hadocumentos os | mais honrosos para serem apresentados | quandofrem precisos dos tres Comman- | dos, que esse Tenente Coronelexerceo | desde a primeira linha, e servio pres- | tados desde 1799at o presente, e nem | hade constar que elle fizesse caballas pa- | raobter este ou aquelle Commando; e | quando o Batalho for dissolvidorecor- | rer Militarmente Authoridade compe- | tente para serempregado confrme a sua | autiguidade(sic). Eis quanto, por estarde | paxorra, me delibero responder aos da | tal quadrilha de joelhoem terra; que | tendo espalhado (a bem poucos annos) o | susto, a dr,e o pranto entre os ha- | bitantes desta Cidade, agora (porque isso | debrio parece ser para elles palavra va- | zia de sentido) fazem [ilegvel]

  • ....................................................................2525

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    conver- | sas, certamente para com mais seguran- | a attrahirem osBeneficios, e Senecu- | ras, com que os incautos costumo mi- | mosear Impostores, que com o nome | da Patria na bcca, tem s no coraoo | desejo de empolgarem-se, locupletarem-se | expensas dosverdadeiros interesses da | Patria; que deve s ser servida por hon- |rados, e benemeritos Cidados, e no | por esse, ou aquelle Almocrvede [ilegvel], | que ou com [ilegvel] pergaminhos,| ou com insssas, edesafinadas gazetas se | esforo por parecer importantes, e at |mesmo necessarios Causa Publica: o | Tenente Coronel [ilegvel]trilhando sempre, | Senhor Redactor, a estrada da honra, e | coherentecom seos principios, no se p- | de acusar de haver, ao menos empoliti- | ca, dado passos falsos, para seno ver | depois compellido,como Patusca, dos | que se denomino (amigos da ordem) a | figurarem differentes theatros. Sirva-se | pois de dar [ilegvel] bem acceitaFo- | lha, a quanto levo dito, para desengano | dos Zoilos do sobreditoTenente Coronel. || O seo amigo e Patricio. || Bahia 22 de Setembro de1832. || Hum que he tambem Tenente Coronel.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Recopilador Cachoeirense

    Data/Edio: Quarta-feira, Salvador, 12

    de dezembro de 1832, n 46, seo:

    Correspondencias, p. 2 do jornal e 186

    do peridico

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 15

    Senhor Redactor. || Nem era bem, que deixassem de | apparecer emscena as pobres, mais le- | gaes Eleies do dia 21 de Outubro pro-| ximo passado para Juiz de Paz, Sup- | plente, e Camaristas, napobre Fregue- | zia de Santo Estevo de Jacuipe!! Por- | que entoa hypocrisia, e maledicencia | de mos dadas, deixariam de afflictas| morderem a retrocida cauda, e num ou | outro botedesmascararse. || Apparece em o Numero 37 do Recopila- | dorCachoeirense de Quarta feira 7 do | passado mez de Novembro, umaCor- | respondencia de Luiz Fernandes Pereira | Tupinamb; exSupplente desta Fregue- | zia, pertendendo desfigurar as Eleies,| enchendo-as de falsidades, com o intui- | to de nodoar a inteirezae circunspeco | do actual Juiz de Paz, Presidente da- | quellasEleies Jeronimo Pires Gomes, | ao qual chrismou por FranciscoPires | Gomes; (*) mas se Luiz Fernandes apai- | xonado e raivosode no sair Juiz de | Paz, para o que nenhuma capacidade | tem, cest o testemunho de [ilegvel]| Cidados desinteressados, e dereconhe- | cida probidade, para no consentirem, | que a imposturagire sem apparecer a | verdade. || Despeijadamente diz o ex-Supplen-| te Luiz Fernandes, que o actual Juiz | de Paz lanara quatro

    CARTA 15

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................2626

    postilhes gente | da sua escolha, a darem listas a todos | aquellesque as no tinham, que as no | sabiam fazer, e que no sabiam ler,| sem declarar os nomes desses postilhes, | alias cogitados nadesorganisada cabea | do ex-Supplente; por quanto Jeronimo |Pires Gomes para ser Juiz de Paz des- | ta Freguezia nunca precisoucabalar, o | que lhe seria sobre maneira desairoso; | ainda quandosuas qualidades moraes o | no fizessem merecedor desse e maiores| cargos; elle est certo que he indigno | delles quem os procura:conhecemo-lo | muito de perto para tanto avanar, e | passamos ademonstral-o por factos. || Em fevereiro de 1829 foi segunda | vezreeleito Juiz de Paz desta Fregue- | sia, jasendo molesto em umacama un- | gido e sacramentado, sem esperanas de | vida, o queera notorio a todos os seos | comparochianos, e nem assim divergi-| ram seos votos; verdade esta constante | da Acta daquellasEleies: e qual seria | Senhor Redactor, o motivo de ser reeleito, |como foi, seno a boa opinio publica, | que este Juiz gosa nestaFreguesia? Ac- 1 || caso seria cabala da intermitente que o | affligia?Pelo contrario para sair Juiz | Supplente naquella poca LuizFernan- | des, foram necessarios milagres da Igrei- | ja manobradospelo seu Compadre, seo | parente, e seo amigo, o Padre Jos Pe- |reira Bastos, Coadjutor desta Freguesia, | podendo-nos capacitarque a no ser por | esse mysterio muito conhecido e com- |prehensivel, no obteria Luiz Fernan- | des os suffragios dos seoscomparochia- | nos pelos seos bem conhecidos feitos e | conductamoral. || Desde Junho proximo passado, aquel- | le Pastor de mansoscordeiros, (menos | habil em cural-os do que em tosquial-os, | o PadreJos Pereira Bastos) que liga- | do a seo amigo e parente Luiz Fernan-| des, cabalaram para ser eleito Juiz de | Paz effectivo o precitadoLuiz Fernan- | des, e para que se no diga que isto | he desforo, ouasseres vagas, paten- | tearemos a verdade. || Quem foi que nodito mez de Ju- | nho no casamento de uma filha de Ma- | noelRibeiro de Britto com Bernardino | de Senna Ferreira, perante algunscon- | vidados disse Ora pois, temos proxi- | mas Eleies no mezde Setembro, e | devemos votar em outro Juiz de Paz, | porque oactual Jeronimo Pires he mui- | to sabido, e quer se fazer muitogran-| de: devemos votar em outro que ns | lhe peguemos pelasorelhas, e o levemos | aonde quizermos, e quando lhe disser- | mosarre para ali, que elle v,,(sic) o Pa- | dre Bastos. || Quem no mezde Setembro findo | por occasio de ir na Capela de Santo | Antoniode Arguim cazar uma filha de | Antonio Dias do Couto, ou parentedes- | te, com Francisco Ferreira, trabalhou | assiduamente a cabalapara sair nas pre- | sentes Eleies Juiz de Paz Luiz Fer- | nandesPereira, e seo Supplente Gaspar | Jos Bastos? O mesmo Padre JosPe- | reira Bastos, e seo predilecto Luiz Fer- | nandes Pereiracoadjuvados por seos ami- | gos cujos nomes por ora se omittem.

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    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    || Quem foi que pedio ao Capito Ig- | nacio Baptista de Souza paravotar em | Luiz Fernandes, e fazer com que seos | parentes e amigosvotassem no mesmo, || querendo assim illudir aquelle Cidado | aser cabalista? O Padre Bastos apolo- | gista de Luiz Fernandes. ||Quem no dia 21 das Eleies poz | um escrevente em sua casa aescrever | votos para serem eleitos Luiz Fernandes | Pereira, Juiz, eSupplente Gaspar Jos | Bastos? O Padre Bastos mancomunado |com Luiz Fernandes. || Quem dias antes escreveo de seo | propriopunho votos para esse fim, e | os repartio com os ignorantes, cujosvo- | tos alguns ha, e podero apparecer se | for preciso? O padreBastos e seo pre- | dilecto Luiz Fernandes. || Quem no mesmo dia21 espalhou | por todo o Arraial de Santo Estevo aos | emissariosManoel Joaquim Soares, Vi- | cente Ferreira Soares, Jos JoaquimSoa- | res, Francisco Jos de Moura, Felippe | de So Tyago e Sousa,Sevirino Gomes | de Asevedo, Antonio Joaquim de Santa | Anna,Jos Ricardo de Normandia, Pe- | dro de tal, Antonio Joaquim,(morador | em So Felix), Manoel de Oliveira e Sou- | sa, (ao qualchamam por appelido o | Comta) Mariana de tal (nem ao sexo |feminino perdoou!) e seo filho Francis- | co (aggregados este dousde Luiz Fer- | nandes) a escrever e a repartir votos pe- | los votantes,que no sabiam ler, e at | subtilmente trocando os que alguns vo-| tantes ja tinham feitos em suas casas, | pelos outros de sua cabala?O Padre | Bastos, e o mesmo Luiz Fernandes. || Quem incumbiriaaos dous mal ama- | nhados correctores, Jos da Silva Cer- | queiraJunior, e Joo da Silva Barbosa | a andarem dias antes das eleiesde ca- | sa em casa pedindo votos para Luiz Fer- | nandes? || Quemno dia 21 indo para as Elei- | es apanhou em caminho a ManoelJo- | s da Costa, e perguntando a este em | quem votava para Juizde Paz, lhe res- | pondeo, que no mesmo actual: avista de | cujadeclarao alterou bastantes, e afron- | tosas ameaas, a ponto dequerer ir as | unhas com aquelle Cidado Costa? Luiz | FernandesPereira Tupinamb!!!! || A vista do que a verdade acaba de |annunciar, ajuize o Respeitavel Publico, | as Authoridades, e Vossamerc Senhor Redactor,2 || qual dos dous foi o cabalista: se o actual| Juiz de Paz Jeronimo Pires Gomes (que caso negado gostasse decargos contava | pela experiencia com a opinio de seos |comparochianos, e que sendo Capito | confirmado em outro tempodo Esqua- | dro da Cavallaria da Villa de Cachoei- | ra, muitotrabalhou, e despendeo face | de seos superiores e subalternos,para | obter, como obteve sua reforma, despin- | do-se por estamaneira de pavonadas e | commandos), ou se Luiz Fernandes Pe- |reira, mosso agigantado em Quixotados | planos, e que mal sabeexprimir a lingua- | gem patria, e muito menos escrevel-a. || Menoscasa com a verdade o diser o | precitado Luiz Fernandes em suaCorres-| pondencia, que o Juiz Presidente rasga- | ra perante a Mesa

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................2828

    as cdolas que emit- | tiam o voto em seo favor, porque eu, | e muitagente curiosa, que presenceava | o acto, no vimos, que se rasgassemmais | do que duas cdulas que por fra tinham | o rotolo ParaJuiz de Paz e Supplen- | te e dentro destas continham sete no- |mes em cada uma, que se devia suppor | serem para Camaristas, epor esse erro | demonstrado pelo Juiz Presidente e re- | conhecidopelos membros da Mesa, foi | que aquelle as rasgou; pelo que he de| presumir que na apurao dos votos nes- | ta Villa de Cachoeirapela Camara para | os novos Vereadores se achassem outras | duascdolas, e que dentro destas s se | achassem dous nomes para Juizde Paz | e Supplente, cujo segundo engano no| podia a Mesaperceber. || A nica verdade, que Luiz Fernan- | des annuncia na suacorrespondencia se- | gundo o que presenciamos, foi a do Juiz |Presidente regeitar-lhe as suas Cedulas, | disendo-lhe que estavacriminoso, e que | como tal, no podia votar, nem ser vo- | tado; aoque retorquindo Luiz Fernan- | des que lhe declarasse seo crime,ento | foi respondido pelo Juiz Presidente, que | constava daOuvedoria Geral da Bahia, | e produsindo seos argumentosdesconcer- | tados, o ex-Juiz Supplente Fernandes, | foi-lheultimamente dito pelo Juiz Pre- | sidente que respeitasse o acto, ese re- | tirasse; e que o no mandava capturar | por acatamentodevido ao Sanctuario, || e por ser o dia que era, o mais plau- | siveldos Cidados. || Ningum ouvio, nem ousar affir- | mal-o que LuizFernandes requeresse | protesto algum, que para tanto no che- |garia o seo discernimento, e apenas seo | mentor insulso, o PadreBastos excla- | mou, que servissem todos os circunstan- | tes detestemunhas em como o Juiz Pre- | sidente no aceitava os votosdum Ci- | dado livre, pois que disso pertendia | queixar-se; ao queouvimos responder o | mesmo Juiz, que sim, o fizesse quantas | veseslhe parecesse, porque elle Juiz | nada movia que no fosse emconformi- | dade da Lei: isto Senhor Redactor (e mais | que tem abondade de ouvirnos) he | muito diverso de Protestos; e como tem| o ex-Supplente o ousado arrojo de men- | tir perante o Publico? Ocerto he, que | aquelle que tem ruins manhas nunca as | perde: dizum proverbio. E porque Senhor | Redactor influiria tanto nascabalas o nos- | so Reverendissimo Bastos, fasendo at | as vesesde requerente de Auditorio por | parte do seo cliente Luiz Fernandes?Pa- | ra ter um Juiz que elle podesse torcer | a seo geito e modo, afim de espraiar | suas terrenas possesses pelas alheias de | seosconfinantes, no que no tem sido | preguioso; mas no com tantaampli- | tude como talvez deseja, por encontrar | na rectido doactual Juiz a devida op- | posio a seos intentos, as veses que as| partes lha requerem; nascendo disso a | nosso ver, sua inimisadeao atual Juiz: | a quem (disem) no podera sobornar. || Melhor foraque o nosso Reveren- | do Coadjutor Bastos deixasse de alterar | a

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    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    hora da Missa nos dias de preceito, | celebrando-a uma veses tarde,outras | cedo, conforme a vontade de ir acudir | as vaqueijadas desua Fasenda, e dei- | xando assim muitos de seos fregueses | com aestafa de 3, 4, e 5 legoas no cos- | tado perder Missa! Ou, maisacertado | seria que fosse cuidar de sua lavoura e | criaes, do quedeixar morrer min- | goa sem os socorros da Religio aos |infermos que lhe cheiram a pobresa; de | cuja advertencia particular,e fraternal, | que o actual Juiz lhe fisera por escrip- | ta (publicadaindiscretamente pelo mes- 3 || mo Padre Bastos) he de presumir que| se elevasse o gaz de sua intriga e cabala. || Tornando SenhorRedactor, ao nosso | ex-Supplente, como queria elle (ainda es- |tando no goso do seos direitos) ser Juiz | de Paz effectivo se apezarda grande ca- | balla que fica exposta apenas obteve 74 | votoscontados segundo a vontade do seo | mentor o reverendissimoBastos?!! e o | actual Juiz de Paz obteve a maioria de | 95 votos seno me engano, o que se | poder ver da respectiva acta das ditas| Eleies na qual tambem assignou o qom(sic) | Padre Bastos, porestar fazendo as ves- | es do Parocho. || Se o qom(sic) Senhor LuizFernandes quer | ser authoridade, e merecer os encomios | de seosConcidados, pode vir a conse- | guil-o; mas ento hade instruir-se nos | seos deveres, amar a Deos e ao proxi- | mo como a si mesmo,no querer para | este, o que no quer para si: verbi gratia se- | noquizer ouvir verdades no diga men- | tiras, trate a todos comurbanidade res- | peitosa, no attaque aos que mansos se- | guemo caminho a dar seo voto em quem | lhes parece, porque esse helivre; res- | peite a propriedade alheia, para que res- | peitem a sua;e feito isto no se duvida | que venha a ser Juiz, peromnia secula |secolorum; que com estas reformas di- | remos Amen. || Peo-lhe,Senhor Redactor, a insero | destas verdades, e se as achar tocadasde | alguma acrimonia, (que muito se deve- | ria apartar de papeispublicos) serviro | de purificar estomagos nauseados, e ver- | mosse assim, s vomitam realidades, que | corrijam a uns, e modelema outros. Sou | do Senhor Redactor, seo constante leitor. || Um deSanto Estevo.|| [espao] Post Scriptum4 Mais duas palavras:depois | desta feita vimos uma outra correspon- | dencia imbutidanesta mesma folha Numero | 41, acerca duma consiliao feitaperan- | te o nosso recto e imparcial Juiz, que | no refutamos porella a si mesmo se re- | futar com o seo zotismo. E posto se dis- |farce com a assignatura de Zumba nel- | le que no sabemos oque quer dizer | (parecendo-nos ser cousa dalgum zurra- | dor, quepor isso quiz escrever Zurra || nelle mas no lhe chegou a tantoa lin- | gua) com tudo no deixa de ser desen- | graada pea doauthor das outras, o | aquixotado Luiz Fernandes e companhia, |pelo bual, e molecal estylo em que a | abortou. Ns, SenhorRedactor, em summa | no nos daremos ao trabalho de mais de- |

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................3030

    fesas para provar a muito regular con- | ducta do Juiz de Paz deSanto Estevo; | porque ella he notoria e exemplar: de- | claramosa Luiz Fernandes e companhia, | que a presente correspondenciaservir | de resposta a todas as suas preteritas, | presentes efuturas; no s por seguir | aquelle antigo rifao que a discursos| loucos, ouvidos moucos como por ser | bem seguida praxe, doque diz um men- | tiroso, impostor e farroma, em desa- | bono dohomem probo; tomar-se pelo | avsso, e tanto bastar. || (*) Esseingano foi da Typographia, | o qual declarou-se em o numeroseguinte ao | que sahio a Correspondencia. | Do Redactor.

    Para que o mundo inteiro saiba da | sobeja raso que eu tive paradivorciar-me | perpetuamente de meo marido o Senhor | JosJanuario de Lima; queira Vossa merc | por me faser o favor inserirna sua folha | a seguinte copia da Sentena que obtive | a meofavor na Rellao Ecclesiastica da | Cidade da Bahia. Acordoda Rella- | o Que examinados estes autos de | libello de divorcioda A. D. Marianna | Senhoria de So Jos, e o Reo Jos J- | nuariode Lima, se prova ter o Ro bar- | baramente civiciado A. dandoparto ao | seo genio indocil, e fero, a ponto de | maltratal-a compancadas donde resultou | sofrer A. fracturao no brao esquerdo,| tornando-se defeituosa; segundo allega no | artigo 5 do seolibello, e o comprova a | folha 13 por um corpo de delicto a quepro- | cedeo; o que bastaria s por si a tornar | a ao procedente,como dispe o Con- | cilio Sinodal no sendo possivel A. vi- | verja mais em companhia do Ro, sem | por-se em manifesto perigode vida; tu- | do plenamente provado pelas folha e folha e folha|que juro contestes sobre o dedusido pe- | la5 A. Acresce mais,que o Ro mos- | trase indifferente, o que serve de tacita |confisso dos seos inormes attentados: Portanto mando queA. viva divorciada6 | perpetuamente do Ro, com separao | debens; pagas as custas Bahia. 23 de | Novembro de 1832. Ceslo. Doutor | Almeida. || Em virtude da qual devo ser ouvi- | da em Juiso,ou fora delle em tudo quan- | to diz respeito aos negocios de minha| herana, e os do meo casal sem o que | se torno nullos, o queprotesto. Ca- | choeira 1o De desembro de 1832. || MariannaSenhorinha de So Jos.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Recopilador Cachoeirense

    Data/Edio: Quarta-feira, Salvador,

    12 de dezembro de 1832/n 46,

    seo: correspondencias, p. 6 do

    jornal e p. 189 do peridico

    Fonte/Cota: Arquivo Pblico da Bahia

    CARTA 16CARTA 16

  • ....................................................................3131

    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Jornal da Soc. de

    Agricultura, Commercio, e Industria

    da Provincia da Bahia

    Data/Edio: Sexta-feira, Salvador, 15

    de maro de 1833/n 2, p. 1 do jornal e

    p. 33 do peridico

    Fonte/Cota: Biblioteca Central dos Barris

    CARTA 17

    A diversidade de pezos e medidas, em uzo | nas differentesProvincias do Imperio, e mesmo | em varias Povoaes de algumasdelle, he sem du- | vida de grande embarao nas especulaesCommer- | ciaes; muito por tanto folgamos de vr, que o Go- | vernoCentral, attentando em sua sabedoria remover este embarao, temnomeado, pelo Decreto, | que ora transcrevemos, uma Commissaencarre- | gada de apresentar um trabalho preparatorio a tal |respeito, a fim de que, sendo levado ao Conheci- | mento daAssembla Geral Legislativa nesta pro- | xima Sessa, sirva debase, em que assente uma | razoavel reforma do sistema de pesos,e medidas.|| DECRETO. || A Regencia em Nome do Imperador, o Se-7

    || nhor D. Pedro II.. Desejando levar ao conheci- | mento da AssemblaGeral Legislativa um tarbalho(sic) | preparatorio, methodica escientificamente prepara- | do, sobre que assente uma razoavelreforma do | actual systema de pesos e medidas, que at o | presentese acha em pratica no Brazil, e tambem | pelo que respeita aosistema monetario: Ha por | bem crear uma Commissoencarregada de apre- | sentar um plano de melhoramento para osreferidos | objectos, respeitando quanto ser possa os usos re- |cebidos a tal respeito; cujos membros va desi- | gnados naRelaa, que com este baixa, assigna- | da por Candido Jos deAraujo Vianna, do Con- | selho de Sua Magestade o Imperador,Ministro e | Secretario dEstado dos Negocios da Fazenda, e |Presidente do Tribunal do Thesouso(sic) Publico Nacio- | nal, queassim o far executar com os despachos | necessarios. Palacio doRio de Janeiro, em 8 de | Janeiro de 1833, duodecimo daIndependencia, e | do Imperio. Francisco de Lima e Silva. Jos da| Costa Carvalho. Joo Braulio Muniz. Candido | Jos de AraujoVianna. Cumpra-se e registe-se. | Rio, em 9 de Janeiro de 1833.Araujo Vianna. || Relao das pessoas, que compoem a Commisso| encarregada do plano de melhoramento dos actuaes | sistemasde pesos e medidas, e monetario, a que | se refere o Decreto destadata.|| Ignacio Ratton. Francisco Cordeiro da Silva | Torres Candido Baptista de Oliveira. Rio de | Janeiro, em 8 de Janeirode 1833.- Candido Jos | de Araujo Vianna.

    CARTA 17

  • CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES....................................................................3232

    O susto, ou antes terror panico, que se tem | incutido nos animosde nossos conterraneos, de que | o horrivel flagelo da CholeraMorbus transpon- | do o Athlantico, venha trazer aos nossosbenignos | climas, a morte, e a dessolao, que espantosa- | mentetem causado nas diversas Regies onde in- | felizmente temchegado, nos faz crer, que na | ser desagradavel aos Leitores donosso Jornal te- | rem conhecimento da opinio de um habil Perito| a respeito, ennunciada em duas Cartas publicadas | no Jornal doCommercio da Capital deste Imperio, | do qual passamos atrasladar j a primeira neste | Numero, e no seguinte daremos asegunda. || [espao] Senhor Redactor8 || Permittindo a liberdade daimprensa, fructo | precioso do seculo XIX, que cada um possa dar| livre curso aos seos pensamentos, conceda-me que | lhecommunique os que occupam o meo espirito, | respeito de umobjecto, que ha longo tempo des- | perta dolorosamente a attenopublica, persuadido, | como estou, de que Vossa Senhoria se dignardar-lhe um | lugar nas columnas da sua util e interessante folha: |he da Cholera morbus, que vou tratar. Ja em o | numero 98 doMessager, jornal que se distingue, | no s pelas suas sas doutrinas,como por um | estilo to correto quo elegante, eu inseri, em |Novembro de 1831, uma carta, na qual expen- | di algumasconsideraoens em ordem de provar, | que ns no seriamosvisitados, no Brasil, pela | Cholera morbus, e que sobre tudo noera contagio- | sa. Tal era ento a minha opinio, e ainda hoje | estoufirme nella, porque a marcha seguida por es-9 || se flagello depoisdessa epoca, e as circunstancias | que a acompanharam, deram-lhe nova fora.| Esperando tirar algumas inducoens de sua his- |toria, util, segundo creio, eu vou percorrer ra- | pidamente para aodepois passar outras conside- | raoens. || Haver coisa de doisseculos e meio que a Cho- | lera-morbus, originaria da Asia e daChina, fez uma | excurso na Europa, onde reinou epidemicamente;| mas no passou ao novo continente, circunscreven- | do os seusestragos ao antigo. Desde ento s mos- | trou-se isoladamente,ou antes, sporadicamente, em | certos lugares, e de maneira a noattrahir grande | atteno. Porm depois de 1817 as informaoens| dos viajantes successivamente fiseram reconhecer, | que a CholeraAsiatica era mais terrivel entre | os povos visinhos do | Ganges, daChina, Cochin- | china, Costa de Malabar, e Bourbon, na Arabia, | na

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Jornal da Soc. de

    Agricultura, Commercio, e Industria

    da Provincia da Bahia

    Data/Edio: Sexta-feira, Salvador,

    15 de maro de 1833/n 2, p. 35 do

    peridico 3 do Jornal

    Fonte/Cota: Biblioteca Central dos Barris

    CARTA 18CARTA 18

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    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    Persia, no Egypto etc. onde o numero das vic- | timas, decimadaspelo seo furor, bem se pode ava- | liar em mais de 4 milhoens. ||Chegando Persia, e ao Egypto a Cholera asia- | tica continuou aseguir direco que parecia ter sido traada, como limite, isto he,do oriente ao | occidente. De repente da embocadura do Volga sal-| tou a distancia que a separava da fronteira da Si- | beria, e invadioa Russia por differentes pontos. Des- | de ento percorro o parallelocomprehendido entre | os 60, e 45 grus de latitude do antigo mundo,| respeitando certos lugares intermediarios, para des- | envolver-se com grande furor, com preferencia nas | Cidades afastadas umasdas outras. || Do centro da Europa, a Cholera, como por | um salto,lanou se sobre o oceano, e apportou ao10 || continenteNortAmerica, onde hoje exerce os seos | estragos. Poder-se-hainferir daqui, que ella, ca- | minhando para o Sul, chegar at ns?Estou lon- | ge de admittir esta supposio; e pelo contrario con- |sidero a sua appario no territorio americano como | umargumento de mais em favor da convico, que | me faz crer, queno chegar ao Brasil. E com | effeito nessa viagem sobre um pontodo Norte do | novo mundo a Cholera asiatica exorbitou do paral- |lelo, de que ja fallei? Certamente no. Logo, por | que supporemosns que a sua visita vir antes da | America do Norte, do que daEuropa, entretan- | to que o seo trajecto de um e de outro ponto, |seria de duas trez mil legoas? De mais, pelo | effeito mesmo desua aco este flagello no deve | diariamente perder sua malignainfluencia sobre nos- | sa organisao? Se igualmente nsattendermos s | modificaoens infinitas, que cada momentosobre | veem na composio da atmosphera, influencia | reciprocados astros, posio, que o Brasil oc- | cupa em o nosso planeta,aos mares immensos, | que nos separam dos lugares onde a Cholerafaz | os seos estragos, no he de raso esperar, que ns | no seremosaccommettidos por ella? No h du- | vida: e por que nos havemosde entregar um | terror panico, que no pode em nenhum casopre- | venir o mal, mas que, sem contestaa, o torna- | ria maisdesastroso, no caso de sermos por elle as- | saltados? Eu digo terror,porque, nada ha mais | proprio para o suscitar, do que esses artigosque | de tempos em tempos se publicam, e onde a che- | gada daCholera nos he apresentada, como estando | j emminente. 11 || Sejacomo for destas reflexoens, eu vou seguir | agora a Cholera em Pariz,onde foi estudada com | maior proveito, e colherei do que foiobservado pe- | los primeiros Medicos da Europa o que for de maior| utilidade para o paiz, que habitamos, no caso pou- | co provavel,de que sejamos assaltados pela Chole- | ra. O espetaculo de votaa,de abnegao, e | [[e]] de todas as virtudes sublimes, que offere- | cea Capital da civilisaca, e centro das Bellas | Artes, no momentoem que a Cholera-morbus se | desenvolveo no seo seio, ha de em

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    todos os espi- | ritos causar admirao. Mas, de que profunda dr| na sera penetrados todos os coraoens sensiveis, | lendo adescripo dessas scenas lugubres, em que | a morte se apresentatriumphante! Sim, Senhor Re- | dactor, ninguem tem podido serinsensivel este | espectaculo; todavia, o que na deveram soffrer| mais particularmente esses filhos da bella Frana, | dispersos sobreos diversos pontos do globo, que na | impossibilidade de dar o seotributo de zelo nesse | grande acto de humanidade, onde todosestavam | confundidos, classes, opinioens, riquezas, indigen- | cia,tiveram de acrescimo uma perplexidade desso- | lante sobre a sortede parentes, e amigos queridos! | Mais felises do que ns,estrangeiros de todas as | Naoens rivalisarr de votaa comnossos compa-| [[pa]]triotas: o Brasil forneceo tambem seu contin-| gente de generosidade para combater a Cholera, | e ja se acham noseio da Patria muitos Brasilei- | ros, que podem attestartestemunhos honorificos | de sua parte neste drama dessolante.Honra, e | gratido lhes sejam dadas, elles adquiriram di- | reito solicitude de todos os coraoens que, | quando for mister, estarmem posia de pres-12 || tar seos compatriotas os servios que osnossos | delles recebram. || Na obstante terem-se tomado emPariz as | necessarias precauoens contra a invasa da Cholera, |todavia, quando ella appareceo, foi ali tao geral | a consternaoao principio, que poucas pessoas, | mesmo das mais intrepidas,deixaram de patente- | ar um sentimento de medo, ou terror. OsMedi- | cos mais affeitos a observar as epidemias, que | para elleshe o mesmo, que a brecha para o sol- | dado no ultimo assalto,mostraram coragem, mas | combatiam ao caso, e, para assim dizer,sem dis- | ciplina: cada um por amor da sua arte, e da hu- | manidadeabrio um caminho particular, e dahi | nasceo uma infinidade detratamentos em opposi- | o uns aos outros. Em fim fiseram seobserva-(sic) | com mais sangue frio, multiplicaram-se as utopsias| cadavericas, e o sabio Broussais desenvolveo uma | theorialuminosa, segundo a qual estatue um me- | thodo curativo racional,que numerosos successos | parecem justificar. || Entretanto aindaque este eloquente professor te- | nha de algum modo demonstradoa natureza, e | a sede da enfermidade, em duas interessantes li- |es, que serviram para attestar a superioridade de | seosconhecimentos medicos, todavia elle no me- | teo totalmente odedo sobre a ferida: estava re- | servado para ontros(sic) Medicosdistinctos o accres- | centar mais alguma coisa s suasobservaoens. Es- | tes ultimos reconheceram sobre os corpos de516 | dos Cholericos, que a membrana muscosa digestiva | era a sedede uma erupo semelhante que se | designa sob o nome de Boutonmiliaire. A Cho- | lera-morbus seria pois para os intestinos o queo13 || millet he para a pelle. Se se no perdem de vista | que os

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    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    estragos, que causa esta ultima enfermidade quan- | do ella reinaepidemicamente, no causariam sur- | presa os estragos ainda maismortiferos, que causa | a Cholera, visto que a pelle esta encarregadade | funcoens muito menos importantes, do que a mem- | branamuscosa digestiva. || Este facto do estudo da anatomia pathologicate- | ve por consequencia introduzir mais harmonia no | tratamento,obrigando a ceder a evidencia esses | mesmos, que attribuiam aCholera um princi- | pio mortifero, uma leso do principio vital;en- | gano dos nossos maiores, que inultimente(sic) procu- | ravamreviver em nosssos dias, quando est de- | monstrado, que asaffecoens sine materia, no so | mais do que entidades. || Se pois,sem levar mais avante o paralello en- | tre o millet, sempre toperigoso, e a Cholera asiatica, buscamos todavia tirar algumasinduc- | oens, poderemos concluir que a Cholera he da na- | turesainflammatoria, que ataca todos os orgaons | digestivos, que o seocausal he uma erupo, e | que a base do tratamento deve serantephlogistico | com as declaraoens porem, que reclamam asoc- | currencias da idade, sexo, posio social, etc. N | uma segundacarta, se as minhas idas no lhe | parecem fora de proposito,passarei a desenvolver | algumas outras consideraoens, que eujulgo do | maior interesse. Sou, Senhor Redactor || Imbert. || D. M.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Dirio da Bahia

    Data/Edio: Segunda-feira, Salvador, 09

    de maio de 1836/n 6, vol 1, seo:

    Variedades, p. 3

    Fonte/Cota: Biblioteca Central dos Barris

    CARTA 19

    Senhor Redactor || Li na sua folha de 12 de Janeiro, que | na occasiade celebrarem o Anniversario | do dia 7 do mesmo mez, os HeroicosHa- | bitantes de Itaparica, trouceram memoria | uma das minhasProclamaes, na qual eu | rendia seo valor aquella justia de que| se fizeram dignos; igualmente li o quanto | me honram com a suaamizade. Vossa merc, Senhor | Redactor, pde certificar-lhes, sejulgar con- | veniente, (por meio do vosso Jornal) o | quanto eu meinteresso pelo seu bem es- | tar; e prasa Deos, que nestes temposnu- | blados, que pendem sobre o Imperio, elles | saibam conservara necessaria Unio, affas- | tando de si toda a discordia civil, facho| danniquilao dos Povos. Eu me uno seos | sentimentos,desejando vr neste bello Paiz | do novo Mundo, a consolidao daLiber- | dade legal, pela qual todos ns combate- | mos, sob oGoverno dos descendentes do | Magnanimo Principe, que deo aIndepen- | dencia. || [espao] Sou Senhor Redactor. || [espao] De Vossamerc attento venerador e criado. || [espao] Pedro Labatut.

    CARTA 19

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    Senhor Redactor: || Das partes officiaes, que tem Vossa Senhoriapublica- | do, se infere achar-se meu irmo, Manoel Maria | Alvesdos Santos, preso ds(sic) do dia 20 do proximo passado | dezembro,e dellas se collige tambem que duas | vezes fora pela policiavarejada a casa de sua re- | sidencia Lapinha, conseguindo-se na1 busca | sua priso, (que era o mais) e a apprehenso de | umafrasqueira, e dos seus borradores, e da cor- | respondencia particular,e na segunda nada. || Soffrendo o damno commum reputao de |toda minha familia, que deve de ser conse- | quencia das calumnias,e machinaes que | contra aquelle meu irmo foram premiditadas,| e executadas; cabe-me pedir a Vossa Senhoria permisso | deoccupar alguma parte do seu jornal com a | defeza dessa reputaode honestos, que de | meu pae herdamos. ||E pois queira VossaSenhoria publicar tambem que os | liquidos contidos na frasqueiraforam j man- | dados examinar pela policia, e que se achou | seremresiduos de solues fracas de eyanure- | tos duplos douro, e depotassio, e que do exame | da sua correspondencia no resultaindicio al- | gum de ser elle merecedor de suspeita de fabri- | cantede moeda falsa. || Queira de mais Vossa Senhoria publicar: || Que,preso ds do dia 20 de dezembro, no | houve ordem escripta paraque meu irmo fos- | se conservado incommunicavel; || Que no 5dia de priso, depois da posse do | Senhor Doutor I. M. Araujo Goes, que lhe foi intima- | da a nota Constitucional; || Que, posto adisposio do Senhor Doutor juiz mu- | nicipal da 1 vara dsde odia 24 do mesmo | mez, fra meu irmo interrogado posterior- |mente (no dia 30) pelo delegado do 2. districto, | o Senhor DoutorSebro; || Que s pesquisas policires(sic) tem sido meu ir- | mosubmettido sem assistencia nossa; || Que no nos foi possivel athoje obter algu- | ma das certides que temos em seu nome re- |querido; || Que anteriormente a priso de meu irmo | lhe foram porduas vezes subtrahidas as cha- | ves de seu escriptorio a cidade baixa,e da casa | de sua residencia Lapinha; || Que o interrogatorio quelhe fez o Senhor Doutor | juiz municipal da 4 vara se effeituou nacasa | do mesmo juiz sem testemunhas, e sem que nos | fossepermittido assistir; || Que finalmente contra meu irmo no hou- |ve nunca suspeitas de fabricante ou passador | de moeda falsa, eque muito pelo contrario a | Bahia inteira lhe attribuio um votocontra J. | M.C. Ribeiro em seu primeiro julgamento, do | mesmo modoque a mim prestou a opinio de | perito consciencioso na feitura de

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Jornal da Bahia

    Data/Edio: Quarta-feira, Salvador, 04

    de janeiro de 1854/Ano I, n 18, seo:

    Correspondencia, p. 3

    Fonte/Cota: Biblioteca Central dos Barris

    CARTA 20CARTA 20

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    CRTICAS, QUEIXUMES E BAJULAES NA IMPRENSA BRASILEIRA DO SCULO XIX: CARTAS DE LEITORES

    um parecer, | que lhe no foi favoravel, em seu segundo jul- | gamentoperante o jury, no qual foi condem- | nado. || Sou do SenhorRecdactor(sic) || Muito respeitador. || Bahia 3 de janeiro de 1854. ||Dr. Malaquias Alves dos Santos.

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Jornal da Bahia

    Data/Edio: Tera-feira, Salvador, 30 de maio de

    1854/Ano II, n 510, seo: Correspondencia, p. 3

    Fonte/Cota: Biblioteca Central dos Barris

    CARTA 22

    Estado/Cidade: BA/Salvador

    Tipo de texto: Carta de Leitor

    Ttulo do jornal: Jornal da Bahia

    Data/Edio: Tera-feira, Salvador, 14

    de maro de 1854/Ano I, n 248, seo:

    Correspondencias, p. 2

    Fonte/Cota: Biblioteca Central dos Barris

    CARTA 21

    Senhor Redactor: || Aquelle Campo Grande um grande | campo! ||To grande que as vistas do fiscal no o | podem abarcar! || Entretantoha malevolos, Senhor Redactor, | que vo alli fazer enormesburaqueiras, onde | pode soffrer notavel prejuizo uma perua | mortal!|| Eu por exemplo ia deixando l o meu cal- | canher(sic), e confessoque nessa hora mandei | tres vezes o fiscal ao inferno, e pedi a Deus| que mettesse nos buracos o individuo que os | abrio. Communico-lhe isto para sua intelli- | gencia, pedindo-lhe porem que tenha no |maior segredo o que lhe acabo de dizer, para | que no comecem depois perguntar: [espao]- quem | abrio os buracos? quem o fiscal que os| consente? || Perguntas s quaes decerto no responde- | r, senodizendo, so buracos de formigas ... | quem abrio foi innocente, o fiscal cama- | rada ..