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Documento de Referência sobre Agricultura Critérios de Agricultura The Climate Bonds Standard & Certification Scheme (Sistema de Normas e Certificação) Documento de Referência Julho de 2020

Critérios de Agricultura...Figura 5. Impacto das emissões de GEEs de diferentes tipos de leite (por copo de 200 ml). Figura 6. Previsão do mercado global de carne (em bilhões de

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Critérios de Agricultura The Climate Bonds Standard & Certification Scheme (Sistema de Normas e Certificação) Documento de Referência Julho de 2020

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Lista de acrônimos e siglas ABS – Título lastreado em ativos (asset-backed securities)

AREG – Grupo de Peritos em Adaptação e Resiliência da Climate Bonds Initiative (Adaptation & Resilience Expert Group) BAU – Atividades normais (business-as-usual)

CBI – Climate Bonds Initiative CH4 – Metano CO2 – Dióxido de carbono GEE – Gás de efeito estufa RNB – Renda nacional bruta HCS – Alto estoque de carbono (terras) (high carbon stock) IWG – Grupo de Trabalho do Mercado (Industry Working Group)

ACV – Avaliação do ciclo de vida RSM – Resíduos sólidos municipais N2O – Óxido nitroso Pure play – Empresas que se concentram em determinado produto ou atividade RCP – Via de concentração representativa (representative concentration pathway) SSP – Via socioeconômica compartilhada (shared socioeconomic pathway) SMR – Reforma a vapor de metano (steam methane reforming)

TAAS – Publicação da FAO sobre o Rastreamento da Adaptação em Setores Agrícolas (Tracking Adaptation in Agricultural Sectors) tCO2e/unidade de produção – Intensidade das emissões tCO2e/ano – Emissões GTT – Grupo de Trabalho Técnico (Technical Working Group)

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Agradecimentos

A Climate Bonds Initiative agradece aos membros dos Grupos de Trabalho Técnico e do Mercado sobre Agricultura, que deram apoio à elaboração destes critérios e cujos nomes encontram-se elencados no apêndice 1 deste documento. Uma versão preliminar dos critérios foi elaborada por Claire Stirling, do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo. Aproveitamos para reconhecer que os Critérios de Agricultura se baseiam nas ações desenvolvidas pelos antigos Grupos de Trabalho sobre o Uso da Terra, liderados por Christine Negra, da Versant Vision LLC, e Tanja Havemann, da Clarmondial AG. Nosso agradecimento especial a elas e a todos os membros dos TWG e IWG sobre o Uso da Terra por suas contribuições. Pelos dados e o apoio oferecido para o cálculo do limiar científico de mitigação, agradecemos a Petr Havlík (IIASA), Detlef van Vuuren (PBL), Elke Stehfest (PBL) e Kyle Dittmer (CCAFS). Agradecemos especialmente a Lini Wollenberg, do CGIAR, a especialista responsável por coordenar a elaboração dos critérios e a redação deste relatório. As atividades foram realizadas com o auxílio do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas, Agricultura e Segurança Alimentar (CCAFS) do CGIAR, que recebe apoio do Fundo Fiduciário do CGIAR e também se beneficia de acordos bilaterais de financiamento. Para mais detalhes, visite o site https://ccafs.cgiar.org/donors. As opiniões expressas neste documento não devem ser consideradas um reflexo das posições oficiais dessas organizações. Esta pesquisa é financiada pela Fundação Gordon e Betty Moore por meio do Programa GBMF5647 de apoio às atividades da Climate Bonds Initiative. A Fundação Gordon e Betty Moore busca fomentar descobertas científicas inovadoras, promover a conservação ambiental, melhorar o atendimento médico e preservar o caráter especial da área da Baía de San Francisco. Visite o site Moore.org e siga @moorefound nas redes sociais.

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Lista de quadros, tabelas e figuras Quadro 1. Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados. Quadro 2. Isenção ao Critério 3. Quadro 3. Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados. Quadro 4. Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados. Quadro 5. Notas metodológicas. Quadro 6. Orientações opcionais sobre o item 2 da lista de verificação: avaliação dos

principais riscos climáticos físicos. Quadro 7. Orientações opcionais sobre o item 3 da lista de verificação: medidas a serem

adotadas para garantir a "adequação à finalidade". Quadro 8. Orientações opcionais sobre o item 4 da lista de verificação: monitoramento e

avaliação da lista de verificação de adaptação e resiliência para a produção agrícola.

Quadro 9. Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados. Quadro 10. Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados. Quadro 11. Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados. Tabela 1. Princípios-chave para a elaboração dos Critérios de Agricultura. Tabela 2. Escopo resumido dos projetos e ativos elegíveis para certificação com base

nos Critérios de Agricultura. Tabela 3. Ativos ou projetos parcial ou totalmente cobertos por outros critérios setoriais. Tabela 4. Lista abrangente de medidas de mitigação relevantes para a agricultura. Tabela 5. Considerações para a seleção de um limiar. Tabela 6. Classificação de riscos relacionados ao clima. Tabela 7. Indicadores TAAS. Tabela 8. Trajetória de redução de emissões para 1,5 °C. Tabela 9. Requisitos de boas práticas: produção agrícola. Tabela 10. Lista de verificação de adaptação e resiliência para avaliação de toda a

unidade de produção agrícola. Tabela 11. Lista de verificação de adaptação e resiliência para intervenções relacionadas

a emissões de GEEs/sequestro de carbono na unidade de produção. Tabela 12. Lista de verificação de adaptação e resiliência para intervenções relacionadas

à adaptação e resiliência climáticas na unidade de produção. Tabela 13. Lista de verificação de adaptação e resiliência para atividades (e produtos ou

serviços resultantes) destinadas a permitir reduções de emissões de GEEs ou sequestro de carbono em unidades de produção agrícola de terceiros.

Tabela 14. Lista de verificação de adaptação e resiliência para atividades (e produtos ou serviços resultantes) destinadas a permitir adaptação e resiliência climáticas em unidades de produção agrícola de terceiros.

Tabela 1-1. Membros do TWG e IWG. Tabela 3-1. Resumo das consultas públicas. Tabela 4-1. Escopo setorial e metodologias comuns para avaliação da mitigação. Tabela 5-1. Ferramenta de Indicadores e Programação de Agricultura Climaticamente

Inteligente (CSA): 3 passos para aumentar a eficácia da programação e o rastreamento dos resultados de intervenções CSA.

Figura 1. Cronograma de elaboração dos Critérios. Figura 2. Escopo dos Critérios de Agricultura. Figura 3. Emissões agrícolas (sumidouros de carbono não refletidos). Figura 4. Pegada de carbono por quilograma de produto preparado. Figura 5. Impacto das emissões de GEEs de diferentes tipos de leite (por copo de 200 ml). Figura 6. Previsão do mercado global de carne (em bilhões de US$, global). Figura 7. Incerteza sobre a mitigação com base no potencial de mitigação e incerteza relativa.

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Figura 8. Resumo dos impactos estimados das mudanças climáticas observadas sobre os rendimentos entre 1960 e 2013 para quatro grandes safras em regiões temperadas e tropicais (o número de pontos de dados analisados para cada categoria encontra-se entre parênteses).

Figura 9. Princípios de resiliência climática da CBI. Figura 10. Critérios para unidades de produção agrícola. Figura 11. Trajetória de redução de emissões. Figura 12. Critérios de avaliação de intervenções específicas em unidades de produção agrícola. Figura 13. Critérios de avaliação de atividades de apoio fora da unidade de produção. Figura 2-1: Processo de Certificação.

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Definições Agricultura: manejo de plantas e animais domésticos para a produção de alimentos,

rações, fibras, combustíveis e outros produtos. Unidade de produção agrícola: conjunto de ativos e atividades associadas ao manejo de

plantas e animais domésticos para a produção de alimentos, rações, fibras, combustíveis e outros produtos. A unidade de produção mais comum é a fazenda. Título climático certificado: título certificado pelo Conselho de Normas de Títulos

Climáticos por atender aos requisitos dessas normas, conforme atestado por uma verificação independente. Certificação de títulos climáticos (climate bond certification): permite que o emissor

use o Selo de Certificação em seu título. A certificação é concedida assim que o Conselho Independente de Normas de Títulos Climáticos estiver convencido de que o título atende aos critérios definidos nas normas. Título climático (climate bond): título usado para financiar – ou refinanciar – projetos necessários para lidar com mudanças climáticas, como, por exemplo, parques eólicos e usinas solares e hidrelétricas; redes de transporte ferroviário; e muros de contenção em cidades ameaçadas pela elevação do nível do mar. Climate Bonds Initiative (CBI): organização sem fins lucrativos, com foco em investidores,

que promove investimentos em grande escala visando a uma economia global de baixo carbono e resiliente ao clima. A CBI busca desenvolver mecanismos para melhor alinhar os interesses de investidores, do setor produtivo e do governo com o objetivo de catalisar investimentos em velocidade e escala suficientes para evitar mudanças climáticas perigosas. Sistema de Normas de Títulos Climáticos (CBS – Climate Bonds Standard): ferramenta

de triagem para investidores e governos que lhes permite identificar títulos verdes e ter certeza de que seus recursos serão empregados para solucionar problemas relacionados às mudanças climáticas, o que pode ser feito por meio da mitigação dos impactos climáticos e/ou da adaptação ou resiliência climática. O CBS é composto de duas partes: o padrão principal (Climate Bonds Standard v3) e um conjunto de critérios de elegibilidade setoriais específicos. O padrão principal abrange o processo de certificação e os requisitos pré- e pós-emissão de todos os títulos certificados, independentemente da natureza dos projetos de capital. Os critérios setoriais detalham requisitos específicos para ativos identificados como parte de um setor específico. A versão mais recente do CBS encontra-se disponível no site da Climate Bonds Initiative. Conselho de Normas de Títulos Climáticos (CBSB – Climate Bonds Standard Board):

conselho de membros independentes que representam coletivamente US$ 34 trilhões em ativos sob gestão. O CBSB é responsável por aprovar: (i) revisões do Sistema de Normas de Títulos Climáticos, incluindo a adoção de critérios setoriais adicionais; (ii) verificadores aprovados; e (iii) pedidos de certificação de títulos no âmbito do CBS. O CBSB é constituído, nomeado e mantido conforme os princípios e processos de governança divulgados no site da Climate Bonds Initiative. Interdependências críticas: Limites e interdependências do ativo ou atividade com os

sistemas de infraestrutura circundantes. As interdependências são específicas ao contexto local, mas geralmente são conectadas a sistemas mais amplos por meio de

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relacionamentos complexos que dependem de fatores "externos aos limites dos ativos", que podem provocar efeitos em cascata ou contribuir para benefícios colaterais do sistema. Título verde: instrumento de investimento que aloca recursos a projetos ambientais. O

termo geralmente se refere a títulos que foram comercializados como "verdes”. Em teoria, os recursos dos títulos verdes poderiam ser usados para uma vasta gama de projetos ambientais. Na prática, contudo, eles são basicamente iguais aos títulos climáticos, com recursos destinados a projetos de mudança climática. Grupo de Trabalho do Mercado (IWG): grupo de importantes organizações que são

potenciais emissores, verificadores e investidores reunidos pela Climate Bonds Initiative. O IWG oferece feedback sobre os critérios setoriais preliminares elaborados pelo TWG antes que esses sejam divulgados para consultas públicas. Período de investimento: intervalo entre a emissão do título e sua data de vencimento.

Também conhecido como prazo. Grupo de Trabalho Técnico (TWG): grupo de importantes especialistas do meio

acadêmico e do mercado, organismos internacionais e ONGs reunidos pela Climate Bonds Initiative. O TWG elabora os critérios setoriais – critérios técnicos detalhados para a elegibilidade de projetos e ativos, bem como orientações sobre o rastreamento do status de

elegibilidade durante a vigência do título.

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Sumário

Lista de acrônimos e siglas ................................................................................................... 2

Lista de quadros, tabelas e figuras........................................................................................ 4

Definições ............................................................................................................................. 6

1 Introdução ................................................................................................................... 10

1.1 Visão geral .......................................................................................................... 10

1.2 Necessidades de financiamento de uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima .......................................................................................................................... 11

1.3 Papel dos títulos .................................................................................................. 12

1.4 Introdução à Climate Bonds Initiative e ao Climate Bonds Standard .................... 12

1.5 Processo de elaboração de critérios setoriais ...................................................... 13

1.6 Revisões destes Critérios .................................................................................... 14

2 Visão geral do setor .................................................................................................... 15

2.1 O que é agricultura? ............................................................................................ 15

2.2. O futuro da alimentação e da agricultura ............................................................. 15

2.3. Agricultura e mudanças climáticas ....................................................................... 16

2.4. Necessidade de investimento .............................................................................. 17

2.5. Títulos do setor .................................................................................................... 17

3 Princípios e limites dos Critérios .................................................................................. 19

3.1 Princípios orientadores ........................................................................................ 19

3.2. Ativos e atividades abrangidas por estes Critérios ............................................... 21 3.2.1. Escopo do uso de recursos.............................................................................. 21

3.3. Alinhamento com outros critérios setoriais ........................................................... 29

3.4. Definição dos limiares de mitigação na agricultura .............................................. 30 3.4.1. Problemas relacionados aos critérios de mitigação ........................................... 36

3.5. Adaptação e resiliência na agricultura. ................................................................ 41 3.5.1. Problemas relacionados aos critérios de adaptação e resiliência ...................... 48

4. Critérios ....................................................................................................................... 52

4.1. Critérios de avaliação de unidades de produção agrícola .................................... 54

4.1.1. Critérios de mitigação para unidades de produção agrícola .................................. 54

4.1.2. Critérios de adaptação e resiliência para unidades de produção agrícola ............. 63

4.2. Critérios de avaliação de intervenções específicas em unidades de produção agrícola ........................................................................................................................... 68

4.2.1. Critérios de mitigação para intervenções específicas em unidades de produção agrícola.............................................................................................................................69

4.2.2. Critérios de adaptação e resiliência para intervenções específicas em unidades de produção agrícola ...................................................................................................... 71

4.3. Critérios de avaliação de atividades de apoio fora da unidade de produção. ....... 77

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4.3.1. Critérios de mitigação para atividades de apoio fora da unidade de produção agrícola..............................................................................................................................77

4.3.2. Critérios de adaptação e resiliência para atividades de apoio fora da unidade de produção...... ................................................................................................................... 78

5. Apêndices ................................................................................................................... 83

Apêndice 1: Membros do TWG e IWG ............................................................................ 83

Apêndice 2. Processo de Certificação ............................................................................. 84

Apêndice 3: Resumo das consultas públicas. ................................................................. 85

Apêndice 4: Escopo setorial e metodologias comuns para avaliação da mitigação ......... 93

Apêndice 5: Compilação de indicadores de resiliência .................................................... 96

Apêndice 6: Leituras adicionais ....................................................................................... 99

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1 Introdução 1.1 Visão geral Este Documento de Referência fornece informações adicionais sobre os Critérios de Agricultura, que constituem a segunda versão desses critérios publicada pela CBI. A primeira versão definia os Critérios de Agricultura Protegida no México,1 ao passo que este documento estabelece critérios para um conjunto mais amplo de atividades de produção e apoio à agricultura. A primeira fase dos Critérios de Agricultura inclui apenas a produção agrícola. Posteriormente, podem ser divulgados requisitos específicos relacionados à pecuária. O objetivo deste Documento de Referência é fornecer uma visão geral das principais considerações e questões levantadas durante a elaboração dos Critérios de Agricultura. Os critérios para diferentes setores da economia são desenvolvidos por meio de um processo consultivo envolvendo Grupos de Trabalho Técnicos (TWGs) e Grupos de Trabalho do Mercado (IWGs) específicos de cada setor, além de consultas públicas. Os TWGs incluem instituições acadêmicas e de pesquisa, organizações da sociedade civil, bancos multilaterais e consultorias especializadas, ao passo que os IWGs são formados por especialistas do setor financeiro e de cada setor específico, inclusive potenciais emissores de títulos, investidores e seguradores. Este documento visa a capturar esses vários diálogos e contribuições e embasar o raciocínio por trás dos Critérios de Agricultura. Um período de consultas públicas oferece uma oportunidade para o público em geral apresentar comentários sobre os Critérios. Este Documento de Referência começa com uma introdução aos desafios relacionados a como financiar um mundo com baixo carbono e resiliente ao clima; e uma descrição do papel que os títulos podem desempenhar para enfrentar esses desafios, especialmente por meio da padronização das definições do que é verde. A seção 2 apresenta uma introdução ao setor agrícola e às implicações das mudanças climáticas em termos de emissões e riscos climáticos. A seção 3 explica os princípios e limites da elaboração dos Critérios de Agricultura. A seção 4 descreve o que está incluído nos Critérios e excluído deles. Ademais, sintetiza os debates gerados a partir do TWG e do IWG de Agricultura e apresenta os Critérios resultantes. Segue uma lista de fontes de informações adicionais: 1. Climate Bonds Standard V3: documento abrangente que estabelece os requisitos gerais

aos quais todos os títulos climáticos certificados devem atender, além de seus critérios

setoriais específicos (a versão V3 é a mais recente e atualizada). 2. Síntese do Sistema de Normas e Certificação de Títulos Climáticos: visão geral do

objetivo, contexto e requisitos do Sistema de Normas e Certificação de Títulos

Climáticos.

Os documentos listados acima encontram-se disponíveis em https://www.climatebonds.net/agriculture. Mais informações sobre a Climate Bonds Initiative e o Sistema de Normas e Certificação de Títulos Climáticos (Climate Bond Standard & Certification Scheme) estão disponíveis em: https://www.climatebonds.net/standard.

1 https://www.climatebonds.net/standard/protected-agriculture. Não serão elaborados outros critérios diferenciados de

agricultura para outras regiões.

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1.2 Necessidades de financiamento de uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima

A atual trajetória das mudanças climáticas deve levar a um aquecimento global de 3,1 °C a 3,7 °C acima dos níveis pré-industriais até 2100,2 o que representa uma enorme ameaça para o futuro das nações e economias do mundo todo. Os efeitos das mudanças climáticas e os riscos associados a um aumento superior a 2 °C nas temperaturas globais até o final do século são significativos: elevação do nível do mar, aumento da frequência e severidade de furacões, secas, incêndios florestais e tufões; e alterações nos rendimentos e padrões agrícolas. Evitar essas mudanças climáticas catastróficas requer uma redução dramática nas emissões globais de gases de efeito estufa. Enquanto isso, o mundo está entrando em uma era de urbanização sem precedentes, que inclui a construção de infraestruturas relacionadas a tal urbanização. O investimento global em infraestrutura deve chegar a US$ 90 trilhões nos próximos 15 anos, o que é mais que todo o valor da infraestrutura atual.3 Para assegurar um desenvolvimento sustentável e desacelerar as mudanças climáticas, a infraestrutura deve ser de baixo carbono e resiliente às mudanças climáticas. Contudo, não deve comprometer o tipo de crescimento econômico necessário para melhorar os meios de subsistência e o bem-estar das populações mais vulneráveis. Segundo estimativas, garantir que a infraestrutura construída seja de baixo carbono eleva as necessidades de investimento anual a US$ 6,2 trilhões (um aumento de 3% a 4%).4 As necessidades de adaptação climática agregam outro montante significativo de investimento, estimado em US$ 280–500 bilhões ao ano até 2050 para um cenário de 2 ºC.5 Segundo a Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD), as mudanças climáticas podem representar riscos para atividades e ativos empresariais por meio de dois amplos canais:6 1. Riscos físicos: riscos de impactos gerados por eventos relacionados a condições

climáticas e meteorológicas, tais como inundações e tempestades que danifiquem propriedades ou interrompam as cadeias de suprimentos e o comércio;

2. Riscos de transição: riscos financeiros que resultem do processo de ajuste a uma economia de baixo carbono. Incluem alterações repentinas na demanda; riscos jurídicos resultantes de perdas ou danos sofridos pelas partes envolvidas e dos consequentes processos de indenização; e mudanças nas políticas que favoreçam tecnologias de baixo carbono.

Tais riscos podem levar à revaloração de uma vasta gama de ativos à medida que se tornarem aparentes os custos e oportunidades. A disseminação de informações inadequadas sobre esses riscos poderia até ameaçar a estabilidade do sistema financeiro. Os riscos para a estabilidade financeira serão minimizados se a transição começar cedo e seguir um caminho previsível, o que ajudaria o mercado a antecipar a transição rumo a um aumento de temperatura de 2 ºC.

2 De acordo com o Climate Tracker, se forem mantidas as políticas atuais, podemos prever um aumento de 3,1 ºC a 3,7 ºC.

Temperatures: Addressing global warming. Acessado em: 17/05/2018. Disponível em:

http://climateactiontracker.org/global.html. 3 Comissão Global sobre Economia e Clima (2016a). The Sustainable Infrastructure Imperative: Financing for Better Growth

and Development. The 2016 New Climate Economy Report. (n.d.). Disponível online. 4 Comissão Global sobre Economia e Clima (2016a). The Sustainable Infrastructure Imperative: Financing for Better Growth

and Development. The 2016 New Climate Economy Report. (n.d.). Disponível online. 5 Pnuma (2016). The Adaptation Finance Gap Report. Disponível online. 6 TFCD (2017). Final Report: Recommendations of the Task Force on Climate-related Financial Disclosures. Disponível em:

https://www.fsb-tcfd.org/publications/final-recommendations-report/. Acessado em: 04/06/2018.

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1.3 Papel dos títulos As fontes tradicionais de capital para investimentos em infraestrutura (governos e bancos comerciais) são insuficientes para atender às necessidades de capital até 2030. Por conseguinte, investidores institucionais, especialmente os fundos de pensão e os fundos soberanos, são cada vez mais vistos como soluções viáveis para preencher essas lacunas de financiamento. Os mercados de capital permitem que emissores de títulos tenham acesso a grandes volumes de capital privado de investidores institucionais. Os títulos são veículos de investimento adequados para esses investidores, pois têm risco baixo e vencimento de longo prazo. Assim, se adaptam bem às responsabilidades dos investidores institucionais (por exemplo, pensões a serem pagas por várias décadas). Considerando todos os investidores e mercados financeiros, entidades diferentes enfrentam tipos e níveis diferentes de riscos relacionados às mudanças climáticas. Isso depende de muitos fatores, tais como o grau de exposição de longo prazo, a probabilidade de impactos climáticos negativos e a capacidade de mitigar impactos ou mudar de posição. Os títulos oferecem retornos relativamente estáveis e previsíveis, além de vencimentos de longo prazo. Isso os torna adequados às necessidades de investimento dos investidores institucionais. Os títulos considerados verdes são aqueles cujos recursos são usados para projetos verdes, principalmente para ações de mitigação e/ou adaptação às mudanças climáticas, e que são rotulados como tal. O rápido crescimento do mercado de títulos verdes rotulados demonstrou, na prática, que os mercados de títulos oferecem um canal promissor para financiar investimentos climáticos. O mercado de títulos verdes pode recompensar os investidores e emissores de títulos por investimentos sustentáveis que acelerem o progresso rumo a uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima. Geralmente usados como instrumentos de dívida de longo prazo, os títulos verdes são emitidos por governos, empresas, municípios, bancos comerciais e bancos de desenvolvimento para financiar ou refinanciar ativos ou atividades com benefícios ambientais. Os títulos verdes estão em alta demanda e podem ajudar os emissores a atrair novos tipos de investidores. Os títulos verdes são títulos regulares com uma característica distinta: os recursos são destinados a projetos com benefícios ambientais, principalmente mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O rótulo verde ajuda os investidores a localizar esses títulos. Ele permite a identificação de investimentos alinhados ao clima com recursos limitados para processos de due diligence. Ao fazer isso, reduz o atrito nos mercados e facilita o crescimento dos investimentos climáticos. No entanto, atualmente os títulos verdes ainda representam menos de 0,2% do mercado global de títulos de US$ 100 trilhões. O potencial de expansão é, portanto, enorme, e o mercado precisa crescer muito mais rapidamente.

1.4 Introdução à Climate Bonds Initiative e ao Climate Bonds Standard A Climate Bonds Initiative é uma organização sem fins lucrativos, com foco em investidores, que promove investimentos em grande escala por meio de títulos verdes e outros instrumentos de dívida visando a acelerar a transição global rumo a uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima.

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A ativação dos mercados de dívida convencionais para financiar e refinanciar projetos e ativos climáticos é fundamental para atingir as metas climáticas internacionais, e uma rotulagem eficiente dos títulos verdes é um requisito-chave para isso. É fundamental que haja confiança nos objetivos climáticos e no uso de fundos destinados a enfrentar as mudanças climáticas. Isso dará credibilidade do papel dos títulos verdes em uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima. A confiança no rótulo verde e a transparência relativa aos ativos subjacentes são essenciais para que tal mercado ganhe escala. Todavia, o investidor tem capacidade limitada para avaliar credenciais verdes, especialmente considerando o ritmo acelerado do mercado de títulos. Portanto, a Climate Bonds Initiative criou o Climate Bonds Standard & Certification Scheme (Sistema de Normas e Certificação

de Títulos Climáticos) que visa a fornecer ao mercado de títulos verdes a confiança e a garantia necessárias para sua expansão. O Climate Bonds Standard & Certification Scheme é uma ferramenta simples e acessível

para investidores e emissores, que os ajuda a priorizar investimentos que realmente contribuam para o enfrentamento das mudanças climáticas, tanto do ponto de vista de resiliência quanto de mitigação. O sistema é composto pela norma abrangente Climate Bonds Standard, que define os processos de gerenciamento e elaboração de relatórios, e por um conjunto de Critérios Setoriais que detalham os requisitos aos quais os ativos devem atender para serem elegíveis para a certificação. Os Critérios Setoriais cobrem uma gama de setores, tais como energia solar; energia eólica; energia marinha renovável; energia geotérmica; edificações de baixo carbono; transportes de baixo carbono; silvicultura; bioenergia; gestão de resíduos; e recursos hídricos. O

Sistema de Certificação exige que os emissores obtenham uma verificação independente, pré e pós-emissão, para garantir que o título atenda aos requisitos do Climate Bonds Standard.

1.5 Processo de elaboração de critérios setoriais O Climate Bonds Standard foi desenvolvido a partir de consultas públicas; testes em ambiente real; análises realizadas pela mesa redonda de garantias; e apoio especializado de atores experientes do mercado de títulos verdes. O CBS é revisado e atualizado anualmente para se manter alinhado ao crescente mercado de títulos verdes. Os Critérios Setoriais específicos, ou as definições de verde, são elaborados por Grupos de Trabalho Técnicos (TWGs) formados por cientistas, engenheiros e especialistas técnicos. Versões preliminares dos Critérios são apresentadas aos Grupos de Trabalho do Mercado (IWGs) antes de serem divulgadas para comentários do público. Por fim, os Critérios são apresentados ao Conselho de Normas de Títulos Climáticos (Climate Bonds Standard Board) para aprovação (ver figura 1).

Figura 1. Cronograma de elaboração dos Critérios

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1.6 Revisões destes Critérios Como parte do objetivo da Climate Bonds Initiative de acelerar a transição global rumo a uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima, os Critérios de Agricultura buscam maximizar as emissões de títulos viáveis com resultados climáticos verificáveis. Todos os grupos e indivíduos envolvidos reconhecem a natureza única deste setor e sua inerente falta de dados. Os Critérios devem servir de base e ponto de partida para encorajar mais transparência e consistência na aplicação de boas práticas e de dados científicos no contexto das emissões de títulos. Os Critérios serão revisados três anos após seu lançamento, ou mais cedo, se necessário. Na ocasião, o TWG fará um balanço dos títulos emitidos nos estágios iniciais e quaisquer desdobramentos em métodos e dados aprimorados que possam aumentar a integridade climática de futuros títulos. Após a primeira revisão, os Critérios serão atualizados periodicamente conforme as necessidades, à medida que evoluírem as tecnologias e o mercado. Como resultado, é provável que os Critérios sejam refinados ao longo do tempo, à medida que mais informações estiverem disponíveis. No entanto, não será revogado retroativamente o status de quaisquer títulos certificados com base em versões anteriores

dos Critérios.

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2 Visão geral do setor 2.1 O que é agricultura?

Agricultura é o manejo de plantas e animais domésticos para a produção de alimentos, rações, fibras, combustíveis e outros produtos. Definir o termo agricultura é algo desafiador devido à amplitude do setor e à natureza dos sistemas de produção agrícola. Essa grande variabilidade engloba vários fatores, como, por exemplo, produção agrícola e animal, tamanho da fazenda, ativos dos agricultores, renda, condições ambientais, potencial de mitigação e riscos climáticos. O papel da agricultura nas cadeias de suprimentos, sistemas alimentares, economia familiar e paisagens requer a definição de limites setoriais no que diz respeito a:

o Outros usos da terra, incluindo florestas, turfeiras, campos e áreas costeiras; o Produção agrícola, incluindo insumos, capital e processos de transformação; terra; mão de

obra; sementes; criações de animais; fertilizantes; rações; água e irrigação; maquinários; pesticidas; herbicidas; e serviços climáticos e outros serviços de consultoria;

o Processamento da cadeia de suprimentos; transporte; mercados; consumo; uso de resíduos e reciclagem;

o Uso e produção de energia, inclusive energia renovável; o Meios de subsistência rurais, segurança alimentar e nutrição.

2.2. O futuro da alimentação e da agricultura7

Segundo projeções, a população global chegará a 10 bilhões até 2050, o que resultará em um aumento de 50% na demanda por alimentos. A demanda global por grãos deverá dobrar no período. Em países de renda baixa e média, a elevação da renda já está provocando mudanças nas dietas, com aumento do consumo de produtos de origem animal, que geram mais emissões e que, muitas vezes, são alimentados com grãos. Embora seja clara a necessidade de aumentar a produtividade das lavouras, como fazer isso é menos óbvio, dados os prováveis impactos negativos das mudanças climáticas. Ademais, há indícios de que as safras dos principais produtos vêm se estabilizando na maioria dos principais países produtores (Ray et al., 2012; Grassini et al., 2013). Além disso, esse nivelamento nos rendimentos foi observado tanto na produção potencial (Duvick et al., 1999; Peng et al., 1999) quanto na produção real (Grassini et al., 2013). Dado o papel central da agricultura nas mudanças climáticas, no desenvolvimento sustentável e na segurança alimentar, será impossível cumprir as principais metas internacionais de políticas relativas ao setor sem que sejam tomadas ações significativas. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas demandam a transformação de nossos sistemas econômicos, financeiros, de energia e de uso da terra. Empresas pioneiras já se comprometeram a manter cadeias de suprimentos com desmatamento zero. A mitigação das mudanças climáticas no setor fundiário, que está fortemente vinculado aos mercados de commodities (por exemplo, carne bovina, soja, biocombustíveis, papel e celulose), pode consolidar a experiência adquirida por meio das mesas redondas de sustentabilidade e dos sistemas de certificação. A transição rumo a um setor agrícola sustentável, resiliente ao clima e com baixas emissões pode ser viabilizada por inovações tecnológicas, tais como:

Tecnologias de melhora do rendimento, que podem aumentar a produtividade das colheitas e a resistência a mudanças climáticas extremas, ao mesmo tempo que reduzem o uso de recursos hídricos;

7 FAO (2017). The future of food and agriculture: Trends and challenges.

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Melhora dos níveis de nutrientes por meio de processos de fortificação/biofortificação que reduzam a fome e a desnutrição;

Variedades de arroz com baixas emissões;

Vacinas para reduzir as emissões de metano do gado;

Agricultura hidropônica e vertical, que oferecem a oportunidade de otimizar o uso da terra e reduzir o estresse sobre os recursos.

2.3. Agricultura e mudanças climáticas

O setor de uso da terra, e a agricultura em particular, difere de outros setores no que diz respeito à emissão de títulos climáticos de várias maneiras importantes:

A agricultura pode atuar como fonte e sumidouro de emissões de GEEs.

As atividades e ativos agrícolas são vulneráveis às mudanças climáticas, mas também apoiam a adaptação e a resiliência devido a seu papel na subsistência rural e nos serviços ecossistêmicos.

O potencial de mitigação das melhorias nos reservatórios de carbono do solo e da biomassa é complexo, e sua atribuição às ações de manejo pode ser desafiadora. Os níveis de equilíbrio e saturação do armazenamento de carbono variam com base nas práticas de manejo e ao longo do tempo. O carbono armazenado é sempre vulnerável à liberação futura na atmosfera.

As emissões e o sequestro de GEEs variam espacialmente e são altamente heterogêneos. Não há dados baseados em medições disponíveis para muitos lugares. Portanto, é alta a incerteza em torno das estimativas de emissões.

A agricultura desempenha um papel fundamental para o cumprimento dos objetivos globais de descarbonização. Segundo estimativas divulgadas pelo IPCC em 2014,8 o setor teria sido responsável por aproximadamente 10% a 12% das emissões antrópicas de gases de efeito estufa (GEEs), ou 5 a 5,8 GtCO.2e/ano, entre os anos 2000 e 2010. Posteriormente, de 2007 a 20169, a agricultura teria contribuído com 6,2 GtCO2e/ano, com uma margem de 2,6. Isso representa 12% das emissões antrópicas de gases de efeito estufa (GEEs), o que demonstra que a contribuição da agricultura vem crescendo ano após ano. A agricultura também é um dos principais vetores de desmatamento, contribuindo com pelo menos outros 2,3 GtCO2 nas emissões anuais no período 2010-201410 devido à expansão de terras agrícolas e pastagens em áreas florestais.11 A implementação de práticas agrícolas sustentáveis é necessária para que a indústria possa reduzir com sucesso as emissões, adaptar-se às mudanças nos padrões climáticos e suportar as pressões impostas à segurança alimentar pelo crescimento da população. Simultaneamente, é imprescindível limitar o desmatamento e a degradação florestal para garantir que as florestas atuem como sumidouros líquidos de carbono, em vez de emissores de GEEs. Segundo estimativas, são necessários de US$ 7 bilhões a US$ 7,6 bilhões por ano para medidas de adaptação nos setores de Agricultura, Alimentação e Florestas.12 Apesar da necessidade de mais fluxos financeiros direcionados ao enfrentamento dos impactos climáticos nesses setores, o investimento permanece baixo: US$ 37,3 bilhões, ou pouco mais de 3% do universo de títulos alinhados ao clima.13

8 https://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/wg3/ipcc_wg3_ar5_summary-for-policymakers.pdf. 9 https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2019/08/4.-SPM_Approved_Microsite_FINAL.pdf. 10 No período de 2010 a 2014, os índices de desmatamento no Brasil foram baixos.

https://rainforests.mongabay.com/amazon/deforestation_calculations.html. 11 Pendrill et al., 2019. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0959378018314365#sec0080. Pendrill et al. indicam que 2,6

GtCOe de emissões causadas pelo desmatamento derivaram de atividades agrícolas e plantações florestais. Com base em seus dados

relativos a áreas de cultivo e pastagem, calculamos que 2,3 GtCO2e podem ser atribuídos apenas à agricultura. 12 Ver http://siteresources.worldbank.org/INTCC/Resources/EACCReport0928Final.pdf. 13 Climate Bonds Initiative, 2018. Títulos de dívida e mudanças climáticas, análise do mercado, 2018. Disponível em:

https://www.climatebonds.net/files/files/CBI_SotM_2018_POR_Final_02G-web.pdf. Ver também Buchner 2017. https://climatepolicyinitiative.org/publication/global-landscape-of-climate-finance-2017/.

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2.4. Necessidade de investimento Os custos de adaptação podem variar muito. Considerando o que dizem o Banco Mundial, o Relatório Stern, a Oxfam, o PNUD e a UNFCCC, os custos de adaptação às mudanças climáticas em todos os setores variam de US$ 4 bilhões a US$ 109 bilhões por ano.14 O setor de uso da terra recebe apenas 2,5% do financiamento público para mitigação, mas é responsável por cerca de 25% das emissões globais (CPI, 2015). Oitenta e seis por cento dos investimentos privados em ações climáticas derivados da emissão de títulos verdes beneficiam os setores de energia e transportes, e apenas 0,9% é direcionado ao uso da terra (CBI, 2016). Segundo estimativas, são necessários de US$ 7 bilhões a US$ 7,6 bilhões por ano para medidas de adaptação nos setores de Agricultura, Alimentação e Florestas.15

Para mobilizar investimentos em um setor de uso sustentável da terra a partir de grandes volumes de capital global, os emissores de títulos climáticos de uso da terra precisarão pagar a dívida dos títulos gerando receitas de formas mais tradicionais, tais como a venda de produtos agrícolas ou fluxos de receita relacionados à produção (por exemplo, insumos, financiamento do comércio etc.).

2.5. Títulos do setor

Em 2017, a agricultura e a silvicultura representaram uma pequena proporção do universo geral de títulos climáticos, respondendo por apenas 1% do valor dos títulos climáticos,16 sendo a maioria proveniente de papéis e embalagens certificados. Em 2018, apesar da necessidade de mais financiamento para lidar com mudanças climáticas nesses setores, o investimento permaneceu pequeno: US$ 37,3 bilhões, ou pouco mais de 3% do universo de títulos climáticos.17 Em parte, isso ocorre porque frequentemente os títulos não são emitidos por emissores desses setores e porque é um desafio identificar empresas que se concentrem em determinado produto ou atividade nesse setor (“operações puras”). Até 2018, ainda não haviam sido identificados emissores agrícolas "verdes".18 Permanece incerto, portanto, o papel que os títulos desempenharão no financiamento de uma transição neste setor. Materiais de orientação, tais como os Critérios de Agricultura da Climate Bonds Initiative, em que ativos e projetos se alinham ao financiamento verde do setor agrícola, provavelmente catalisarão os investimentos e poderão ser utilizados pelos governos na definição de regulamentos ou recomendações para descarbonizar o setor. Há inúmeras oportunidades de investimento. Sistemas de agricultura hidropônica e vertical, por exemplo, oferecem a oportunidade de otimizar o uso da terra e reduzir o estresse sobre os recursos. Tecnologias que melhoram o rendimento podem aumentar a produtividade e a resiliência a mudanças climáticas extremas, ao mesmo tempo que reduzem o uso de água, garantindo assim fluxos de receita mais estáveis para os agricultores. Raças e culturas com baixas emissões podem reduzir significativamente as emissões. Aumentar os níveis de nutrientes das plantações por meio da fortificação ou biofortificação pode ajudar a combater a fome e a desnutrição. A disponibilidade de tais inovações apresenta oportunidades significativas de investimento para ajudar a criar um sistema agrícola eficiente e possivelmente de baixo carbono. O Brasil é um exemplo do potencial de crescimento dos títulos agrícolas.19 O Brasil, um dos principais produtores agrícolas do mundo, lançou vários programas de financiamento da agricultura e do agronegócio, inclusive para a agricultura de baixo carbono. No entanto, o uso de títulos verdes tem se limitado à silvicultura sustentável e à produção de papel. Há muitas oportunidades, mas é

14 IIED (2009). Assessing the costs of adaptation to climate change. Disponível online. 15 Ver http://siteresources.worldbank.org/INTCC/Resources/EACCReport0928Final.pdf. 16 Climate Bonds Initiative, 2017. Títulos de Dívida e Mudanças Climáticas: Análise de Mercado 2017. Disponível online. 17 Climate Bonds Initiative, 2018. Títulos de Dívida e Mudanças Climáticas: Análise do Mercado 2018. Disponível online. 18 Climate Bonds Initiative, 2017. Títulos de Dívida e Mudanças Climáticas: Análise de Mercado 2017. Disponível online. 19 Climate Bonds Initiative, 2018. Os títulos verdes podem financiar a agricultura brasileira? Disponível online.

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necessário um esforço mais concentrado na promoção e apoio ao financiamento verde. A agregação de pequenos empréstimos e recebíveis pode ajudar a expandir o mercado. Financiamentos obtidos nos mercados de capital podem não ser economicamente viáveis para produtores de pequeno e médio porte. No entanto, a escala e a composição dos empréstimos atuais para esse setor sugerem que há uma oportunidade para ampliar o investimento sustentável por meio da agregação. Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), cuja eficiência já foi testada e comprovada, podem ser usados para agrupar fluxos de receita menores (direitos de crédito agrícola) e usá-los como garantia para títulos verdes lastreados em ativos vendidos a investidores nacionais ou internacionais. Além disso, é fundamental enfrentar eventuais obstáculos que dificultem ou impeçam o recebimento de financiamento por agricultores, especialmente os pequenos produtores das regiões rurais dos países em desenvolvimento. É particularmente importante agilizar os processos de solicitação, aprovação e desembolso de crédito; garantir que as condições de crédito para a agricultura sustentável sejam iguais ou até melhores que as práticas tradicionais; melhorar a capacidade dos produtores de obter assistência técnica; e capacitar adequadamente o quadro de pessoal dos bancos rurais e órgãos públicos e privados. Por meio de colaboração entre atores globais e locais para desenvolver normas robustas, porém flexíveis, aumentar o conhecimento técnico de práticas sustentáveis e melhorar os processos de empréstimo, o mercado internacional de títulos verdes pode, sem dúvida alguma, tornar-se um veículo poderoso para enfrentar as barreiras identificadas até agora e impulsionar o financiamento da agricultura sustentável em todo o mundo.

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3 Princípios e limites dos Critérios Esta seção estabelece os princípios-chave que regem os Critérios de qualificação de ativos e atividades agrícolas no âmbito do Climate Bonds Standard e descreve os ativos e atividades abrangidos por tais Critérios.

3.1 Princípios orientadores

O Climate Bonds Standard precisa garantir que os ativos e projetos agrícolas incluídos nos títulos climáticos certificados proporcionem potencial de mitigação de GEEs e benefícios de resiliência climática alinhados aos melhores conhecimentos científicos disponíveis e compatíveis com os objetivos do Acordo de Paris. Ao mesmo tempo, os Critérios de Agricultura precisam ser pragmáticos e prontamente utilizáveis pelas partes interessadas para maximizar seu engajamento e uso. Devido aos altos custos das transações, há um risco de que a adoção de padrões no mercado de títulos verdes seja reduzida. É importante manter os custos de avaliação baixos e, ao mesmo tempo, manter a implementação robusta dos critérios. A tabela 1 define os princípios que orientam o desenvolvimento dos Critérios de Agricultura para atender a esses dois objetivos e equilibrá-los. Tabela 1. Princípios-chave para a elaboração dos Critérios de Agricultura Princípio Requisito para os Critérios

Nível de ambição Compatível com o cumprimento do objetivo de limitar o aumento da temperatura em 2 ºC ou menos acima dos níveis pré-industriais, estabelecido pelo Acordo de Paris; e com uma rápida transição rumo a uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima.

Robustez do sistema Cientificamente robusto para manter a credibilidade do Climate Bond Standard.

“Não reinventar a roda”

Aproveitar ferramentas, metodologias, padrões e dados existentes e confiáveis para avaliar as credenciais de baixas emissões de carbono e resiliência ao clima de qualquer tecnologia, com o endosso de várias partes interessadas, sempre que possível.

Igualdade de condições

Nenhuma discriminação contra certos grupos de produtores (como, por exemplo, pequenos proprietários), geografias ou tecnologias.

Apoio de várias partes interessadas

Apoiado pelas principais partes interessadas: as que fazem parte do setor relevante, a comunidade financeira e a sociedade civil em geral.

Aprimoramento contínuo

Sujeito a um processo de desenvolvimento em constante evolução com o objetivo de impulsionar a melhoria contínua e a credibilidade do mercado de títulos verdes.

São propostos os seguintes princípios abrangentes adicionais para os Critérios de Agricultura: 1. Todas as emissões devem contribuir tanto para a mitigação das mudanças climáticas quanto

para a resiliência dos ativos. 2. Todas as emissões devem reduzir as emissões absolutas ou aumentar o sequestro de carbono

para contribuir definitivamente para a mitigação das mudanças climáticas globais. 3. A resiliência deve ser determinada como o valor sustentado do ativo em face das mudanças

climáticas durante o período do investimento. O TWG recomendou uma abordagem prescritiva a ser usada no caso do componente de mitigação, ao passo que, para a avaliação mais complexa da elegibilidade em relação à adaptação às

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mudanças climáticas, foi recomendada a adoção de um conjunto de princípios orientadores. Tal abordagem foi adotada aqui. O TWG deve considerar se devem ser incluídos princípios relacionados a "boas práticas", a saber:

Todas as emissões devem empregar boas práticas agrícolas, conforme recomendado para o local.

Em relação às premissas para a elaboração de critérios:

Os critérios devem ter limiares ou metas quantitativas, sempre que possível.

Os limiares ou metas devem refletir a incerteza das estimativas.

A avaliação incidirá sobre os ativos do investimento durante o termo do título.

A avaliação dos critérios deve levar à decisão de “elegível” ou “não elegível” para certificação. Nenhum status intermediário será aceito.

Para fins de validação, a CBI incentiva os emissores de títulos a fazer uso de ferramentas, padrões e metodologias reconhecidas existentes, sempre que possível, como, por exemplo, calculadoras validadas de GEEs.

O alinhamento dos critérios aos padrões existentes promoverá a eficiência nesse aspecto.

Os métodos devem seguir as orientações do IPCC sobre métodos para estimar emissões de GEEs.

Para fazer o mercado crescer significativamente, os títulos do setor agrícola devem atender às necessidades tanto dos investidores quanto dos emissores. O papel do Climate Bonds Standard e dos Critérios de Agricultura é elaborar limiares de resiliência e mitigação climáticas para o setor que sejam imparciais em relação às tecnologias adotadas. Essas métricas e limiares ajudam os proprietários, emissores e investidores de ativos a determinar quais atividades financiadas são mais compatíveis com o clima. Ao determinar os tipos de atividades que serão financiadas por meio de títulos, os emissores serão os principais impulsionadores do crescimento no mercado de títulos agrícolas climáticos/verdes. No entanto, os potenciais investidores em títulos também podem impulsionar o crescimento do mercado, sinalizando os tipos de investimentos que desejam realizar. Para investidores em títulos, isso significa que os critérios de elegibilidade devem promover emissões de títulos que sejam: • Relativamente diretas, previsíveis e fáceis de entender (por exemplo, em termos da fonte e

credibilidade dos fluxos de caixa esperados); • Transparentes em relação ao uso de recursos dos títulos e aos impactos pretendidos,

facilitando o escrutínio independente de terceiros; • De tamanho considerável, líquidas e, de preferência, classificadas; e • Uma oportunidade de investimento comparável aos títulos sem o rótulo verde. Isso pode

exigir, por exemplo, financiamentos facilitados ou incentivos governamentais para melhorar o perfil de risco/retorno, especialmente no estágio inicial.

Para os emissores de títulos, isso significa que os Critérios de elegibilidade devem: • Permitir um escopo relativamente amplo de atividades elegíveis; • Indicar referências e abordagens cientificamente robustas para calcular os benefícios

climáticos (por exemplo, diretrizes para escolher entre as metodologias e ferramentas existentes);

• Atender às necessidades de uma vasta gama de emissores em potencial (e usuários das orientações), tais como: (a) empresas relativamente grandes, inclusive bancos, que

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agregam vários setores e indústrias; (b) empresas e organizações menores, onde pode haver a necessidade de alguma agregação e/ou apoio assistencial; e (c) órgãos governamentais; e

• Dar espaço a emissões de curto prazo, como, por exemplo, financiamento de comércio/insumos; seguros; e adoção de tecnologias comprovadas e relevantes.

3.2. Ativos e atividades abrangidas por estes Critérios

3.2.1. Escopo do uso de recursos

Os critérios setoriais e de elegibilidade precisam ser suficientemente amplos para que possam captar diversos sistemas e seus impactos de mitigação e adaptação. Ao mesmo tempo, devem ter limites claros com outros setores, especialmente aqueles cobertos por outros critérios setoriais da Climate Bonds Initiative (CBI). Com base em debates anteriores e após a elaboração dos Critérios de Agricultura, Silvicultura e Outros Usos da Terra (Afolu), a CBI (2016) recomendou que os Critérios Afolu fossem divididos em subsetores, com critérios de elegibilidade distintos para agricultura, silvicultura, pesca e aquicultura. Talvez seja necessário aplicar um princípio semelhante no âmbito da própria agricultura para capturar as diferenças entre sistemas de produção, níveis de renda ou outras fontes de variação. O escopo e os critérios devem ser consistentes com outros sistemas contábeis importantes para permitir a comparação e evitar contabilidade redundante. O Grupo de Trabalho Técnico considerou a aplicação de categorias de uso da terra ou tipos de sistema de produção para definir melhor o escopo da agricultura. Embora o uso da terra apresente uma boa correspondência com os métodos do IPCC para estimativas de emissões, os investimentos geralmente estão vinculados a sistemas de produção agrícola. Foi tomada a decisão, portanto, de alinhar o escopo aos sistemas de produção. Vale notar que escopo é diferente da elegibilidade, que é avaliada com base em critérios específicos (ver seção sobre Critérios). Os seguintes sistemas de produção agrícola fazem parte do escopo dos Critérios:

Culturas perenes e não perenes – incluindo alfafa, árvores frutíferas, óleo de palma, café, chá, cacau, borracha, oleaginosas, cereais, arroz em casca, cana, soja e algodão.20

A agrossilvicultura21 faz parte do escopo destes Critérios e será tratada, na avaliação, como combinações da produção agrícola com os impactos de quaisquer interações sinérgicas (por exemplo, árvores fixadoras de nitrogênio). O limite do sistema de produção agrícola elegível é, essencialmente, de “porteira a porteira”. Para fins de esclarecimento, esses limites de “porteira” a “porteira” podem incluir terras e sistemas de produção não contíguos. A fazenda é tratada como a unidade de produção e, portanto, inclui propriedades florestais vinculadas ao sistema de produção agrícola com base em quem detêm a posse ou na função de ecossistema. As atividades de produção não contíguas são elegíveis se estiverem relacionadas a atividades de produção agrícola anteriores à venda do produto (tais como armazenamento, manejo de esterco ou compostagem) e desde que gerenciadas pela unidade de produção.

20 A pecuária – ou seja, a criação (no pasto e em currais) de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, suínos e aves, bem como os resíduos

(estrume) e/ou laticínios derivados dessas atividades e os campos ou pastagens relacionados a elas – não faz parte do escopo destes

Critérios. No entanto, podem ser publicados posteriormente critérios específicos para a pecuária, pois há potencial para reduzir substancialmente as emissões nesse segmento em relação às atividades normais (BAU). Para mais explicações, consulte a questão n.º 7 da seção 3.4.1. (Problemas relacionados aos critérios de mitigação) do Documento de Referência sobre Agricultura.

21 A agrossilvicultura é definida pela FAO como sistemas e tecnologias de uso da terra nos quais plantas lenhosas perenes (árvores, arbustos, palmeiras, bambus etc.) são deliberadamente utilizadas nas mesmas unidades de manejo da terra onde são realizadas atividades agrícolas e/ou pecuárias, com base em algum arranjo espacial ou sequenciamento temporal. Ver

www.fao.org/forestry/agroforestry/80338/en/.

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As atividades elegíveis e os ativos e projetos associados incluem elementos que integram toda a unidade de produção (como os custos de aquisição de terras para uma fazenda inteira) ou apenas uma parte da unidade de produção (como equipamentos ou infraestrutura para aspectos específicos da produção, ou a aquisição de terras visando à expansão da fazenda). Os Critérios variarão conforme os usos de recursos (isto é, se abrangerem todo o sistema de produção, ou somente um de seus componentes). Exemplos e informações adicionais estão disponíveis na tabela 2. Sistemas de produção agrícola fora do escopo A agricultura ambiental controlada, como, por exemplo, a produção hidropônica ou em estufas, está fora do escopo destes Critérios devido às considerações especiais associadas à sua infraestrutura e ao uso de energia. No entanto, a CBI já publicou Critérios de Agricultura Protegida no México22. Não serão elaborados, neste momento, outros critérios diferenciados de agricultura para regiões específicas.23 Para fins de esclarecimento, a piscicultura não é abrangida por estes Critérios.24 Atividades de apoio dentro do escopo Estes Critérios também abrangem atividades realizadas fora de unidades específicas de produção agrícola, mas que gerem ou forneçam produtos e serviços que permitam que as unidades de produção reduzam suas emissões e/ou aumentem sua adaptação e resiliência climáticas. Alguns exemplos encontram-se listados na tabela 2. Tipos de despesas elegíveis

Conforme o sistema de normas amplo Climate Bonds Standard V3.0, que define o marco para todos os títulos certificados, as despesas elegíveis incluem:

Despesas relacionadas e suplementares de projetos ou ativos físicos, em que os projetos ou ativos físicos atendam aos critérios setoriais de elegibilidade relevantes (como aqueles contidos neste documento);

Despesas de capital realizadas para aumentar o valor e/ou a vida útil de ativos ou projetos; e

Despesas relacionadas e suplementares, inclusive despesas relevantes de instalação e manutenção de rotina, bem como as melhorias realizadas para manter o valor e/ou a vida útil do ativo.

Portanto, em termos gerais, os usos de recursos elegíveis relacionados aos sistemas de produção agrícola podem incluir despesas operacionais e de capital relacionadas a (1) insumos (por exemplo, terra, sementes, fertilizantes,25 energia, informação); (2) bens de capital (por exemplo, terra, equipamentos, imóveis); (3) processos de transformação agrícola (por exemplo, plantações e áreas reflorestadas); (4) produtos agrícolas (por exemplo, grãos, vegetais, fibras, carne, laticínios26); (5) manejo de resíduos (por exemplo, compostagem, esterco, processamento de resíduos agrícolas, reciclagem); e (6) processamento e armazenamento primários antes do ponto de venda.

22 https://www.climatebonds.net/standard/protected-agriculture. 23 Não serão elaborados outros critérios diferenciados de agricultura para outras regiões. 24 Um Grupo de Trabalho Técnico separado considerou possíveis critérios de piscicultura, mas, até o momento, não finalizou uma

proposta de critérios. Ver as notas seguintes da CBI para mais informações. 25 As versões futuras dos Critérios incluirão, de preferência (dependendo dos desdobramentos referentes às normas de rotulagem

adotadas por produtores de fertilizantes), requisitos para que sejam usados somente fertilizantes de fontes domésticas produzidos em conformidade com as diretrizes da Associação Internacional de Fertilizantes.

26 Inclui o leite cru fornecido pelos agricultores, bem como seu processamento.

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Em termos gerais, os usos de recursos elegíveis relacionados às atividades de apoio geradas fora do sistema de produção que permitam a mitigação ou a adaptação e resiliência climáticas nos sistemas de produção podem incluir uma série de despesas operacionais e de capital associadas ao fornecimento dos produtos ou serviços qualificados. Para evitar dúvidas, não serão elegíveis atividades, ativos ou projetos em que os benefícios climáticos não sejam claros, ou cujo horizonte temporal seja vago, como por exemplo:

Programas de pesquisa e desenvolvimento em que os benefícios climáticos não sejam claros;

Projetos de biodiversidade com benefícios climáticos pouco claros;

Treinamento genérico sobre mudanças de comportamento;

Qualquer projeto com horizonte temporal pouco claro em relação a seus benefícios climáticos; e

Despesas relacionadas a atividades empresariais gerais.

3.2.2. Definição do escopo em relação às cadeias de suprimentos

As cadeias de suprimentos de alimentos respondem por 19% a 29% das emissões globais de GEEs (Vermeulen et al., 2012), e até um terço dos alimentos são perdidos e desperdiçados (FAO, 2011). No entanto, a maioria das emissões do sistema alimentar (na maioria das cadeias de suprimentos) ocorrem em nível de fazenda (80% a 86%); o restante vem da produção antes da porteira e de atividades depois da porteira, tais como processamento, embalagem, refrigeração, transporte, varejo, refeições, gestão de alimentos domésticos e eliminação de resíduos (Vermeulen et al., 2012).

A produção antes da porteira de fertilizantes nitrogenados é uma fonte significativa de emissões,27 responsável por cerca de 50% das emissões totais de GEEs da cadeia de suprimentos. Na China, por exemplo, devido à predominância de fábricas de fertilizantes à base de carvão, estima-se que a pegada de carbono da ureia seja três vezes superior à da União Europeia, onde o gás natural é a principal fonte de energia para essas fábricas. A China consome e produz cerca de um terço dos fertilizantes nitrogenados no mundo todo, o que indica a possibilidade de reduções consideráveis das emissões. A inclusão da avaliação da pegada de GEEs dos fertilizantes nitrogenados pode incentivar o investimento e a busca por tecnologias mais limpas e por fertilizantes de última geração. Os fertilizantes nitrogenados, portanto, farão parte do escopo, mas a produção de fertilizantes industriais como classe de ativos, não. Da mesma forma, as emissões do uso direto de energia na unidade agrícola, como, por exemplo, o uso de combustível e eletricidade, podem ser comparáveis às emissões de metano ou óxido nitroso28 (por exemplo, em fazendas de gado leiteiro na Holanda)29 e, portanto, são considerados parte do escopo. Este escopo de contabilização de GEEs corresponde às emissões dos escopos 1 e 2 das Normas Corporativas do Protocolo de GEEs e inclui, ainda. as emissões de fertilizantes. O Protocolo de GEEs abrange três níveis de contabilização das emissões de GEEs de uma empresa: “As emissões do escopo 1 são emissões diretas de fontes próprias ou controladas. As emissões de escopo 2 são emissões indiretas da geração de energia comprada. As emissões do escopo 3 são todas as emissões indiretas não incluídas no escopo 2 que ocorram na cadeia de valor da empresa relatora, inclusive as emissões a montante e a jusante.”30 Devido à complexidade das cadeias de suprimentos agrícolas depois da porteira e às

27 https://academic.oup.com/bioscience/article/63/4/263/253267. 28 https://academic.oup.com/bioscience/article/63/4/263/253267. 29 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1573521413000705. 30 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1573521413000705.

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sobreposições com os setores de energia, manufatura e transporte, os Critérios de Agricultura não abordam a cadeia de suprimentos depois da porteira. O processamento primário e outros processos da cadeia de suprimentos, exceto no caso do armazenamento, também estão fora do escopo, mesmo se ocorrerem “na fazenda” ou forem realizados pelo produtor. Uma exceção são os produtos à base de plantas que funcionam como alternativas a carnes e laticínios. Espera-se que tais produtos gerem um efeito geral de substituição no consumo de carnes e laticínios, com emissões de gases de efeito estufa por quilograma equivalentes à metade daquelas dos produtos que substituem (ver seção sobre Mitigação). O escopo do sistema de produção agrícola, portanto, será baseado em todos os ativos e atividades relacionados à agricultura em tal sistema até, inclusive, a porteira. O escopo dos Critérios de Agricultura é apresentado na figura 2.

Figura 2. Escopo dos Critérios de Agricultura.

O princípio geral é que o uso de recursos será elegível para a Certificação de Títulos Climáticos se for possível demonstrar que os requisitos de mitigação e resiliência são atendidos de forma diretamente vinculada a tal uso. Em termos gerais, o uso de recursos pode ser categorizado de duas maneiras: despesas de capital e despesas operacionais vinculadas (ver tabela 2). Talvez ocorra o financiamento direto desses tipos de uso de recursos (por exemplo, pelo proprietário do ativo) ou o financiamento indireto, por meio de subsídios ou linhas de crédito (por exemplo, por um banco ou Estado soberano). Os ativos e projetos não precisam estar fisicamente localizados no terreno em questão. Ver tabela 2 para exemplos. A tabela 2 apresenta exemplos de atividades e projetos agrícolas e usos de recursos associados considerados elegíveis e não elegíveis para certificação. A tabela usa as seguintes classificações:

Círculo verde: quase certamente compatível com uma economia de baixas emissões ou resiliente ao clima em todas as circunstâncias e, portanto, automaticamente elegível para certificação.

Quadrado amarelo: potencialmente elegível, desde que cumpra os critérios de elegibilidade contidos neste documento.

Tabela 2. Escopo resumido dos projetos e ativos elegíveis para certificação com base nos Critérios de Agricultura.

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Categoria Exemplos de atividades ou

projetos, bem como usos de recursos associados

Mitigação (emissões líquidas)

Adaptação às mudanças climáticas

Por critérios, na seção:

Produção de culturas perenes e não perenes

Estabelecimento, expansão ou manutenção das atividades da unidade de produção como um todo (por exemplo, conversão de terras degradadas para produção agrícola ou manutenção de práticas agrícolas favoráveis ao clima). Alguns exemplos de usos de recursos associados são:

Custos de aquisição e/ou conversão de terras;

Aquisição de insumos;

Custos de plantio e manejo;

Aquisição ou operação de estruturas, por exemplo, estruturas de armazenamento ou de secagem na unidade de produção;

Aquisição ou operação de maquinários na unidade de produção;

Treinamento sobre práticas favoráveis ao clima;

Custos de serviços de consultoria;

Custos de monitoramento de desempenho, como aqueles relacionados ao monitoramento de emissões de GEEs ou ao desenvolvimento de planos de manejo agrícola.

Seção 3.1 (unidades de produção)

Intervenções específicas dentro da unidade de produção visando à adoção de práticas com baixas emissões de GEEs (por exemplo, novos sistemas para aplicação de fertilizantes). Alguns exemplos de usos de recursos associados são:

Aquisição de insumos;

Custos de plantio e manejo;

Aquisição ou operação de estruturas, por exemplo, estruturas de armazenamento ou de secagem na unidade de produção;

Aquisição ou operação de maquinários na unidade de produção;

Seção 3.2 (intervenções específicas em unidades de produção)

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Treinamento sobre práticas favoráveis ao clima;

Custos de serviços de consultoria;

Custos de monitoramento de desempenho, como aqueles relacionados ao monitoramento de emissões de GEEs ou ao desenvolvimento de planos de manejo agrícola.

As intervenções específicas em unidades de produção para melhorar a adaptação ou resiliência da unidade de produção são apenas as seguintes:

Uso de microrganismos para substituir ou reduzir o uso de fertilizantes ou pesticidas minerais N ou promover o crescimento das culturas;

Agricultura de precisão (AP);

Agricultura por satélite ou manejo sítio-específico (SSCM);

Uso de espécies e raças adaptadas às mudanças de CO2 e clima, como, por exemplo, temperatura, regimes hídricos, eventos extremos;

Medidas de amortecimento ecológico de impactos climáticos, tais como manejo de recursos hídricos ou microclima, incluindo, por exemplo, irrigação, armazenamento de água, aumento da capacidade de retenção hídrica do solo, agrossilvicultura para amortecer temperaturas extremas ou aumento do carbono orgânico no solo; diversificação ecológica, inclusive por meio da alteração do uso da terra (de monocultura para policulturas, ou outro tipo de produção diversificada); faixas ripárias; conservação do solo e da água; manejo de manguezais; restauração de habitat.

Realocação física de ativos ou atividades vulneráveis.

Produção agroflorestal

Estabelecimento, expansão ou manutenção das atividades da unidade de produção como um todo (por exemplo, conversão de

Seção 3.1 (unidades de produção)

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terras degradadas para produção agrícola ou manutenção de práticas agrícolas favoráveis ao clima). Alguns exemplos de usos de recursos associados são:

Custos de aquisição e/ou conversão de terrenos;

Aquisição de insumos;

Custos de plantio e manejo;

Aquisição ou operação de estruturas, por exemplo, estruturas de armazenamento ou de secagem na unidade de produção;

Aquisição ou operação de maquinários na unidade de produção;

Treinamento sobre práticas favoráveis ao clima;

Custos de serviços de consultoria;

Custos de monitoramento de desempenho, como aqueles relacionados ao monitoramento de emissões de GEEs ou ao desenvolvimento de planos de manejo agrícola.

Intervenções específicas em unidades de produção para implementar práticas favoráveis ao clima, como, por exemplo, introdução e manutenção de práticas agroflorestais e outros exemplos listados para a produção agrícola acima. Alguns exemplos de usos de recursos associados são:

Aquisição de insumos;

Custos de plantio e manejo;

Aquisição ou operação de estruturas, por exemplo, estruturas de armazenamento ou de secagem na unidade de produção;

Aquisição ou operação de maquinários na unidade de produção;

Treinamento sobre práticas favoráveis ao clima;

Custos de serviços de consultoria;

Custos de monitoramento de desempenho, como aqueles relacionados ao

Seção 3.2 (intervenções específicas em unidades de produção)

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monitoramento de emissões de GEEs ou ao desenvolvimento de planos de manejo agrícola.

Serviços auxiliares (ou seja, produtos e serviços fornecidos por terceiros para aprimorar a mitigação e/ou adaptação e resiliência em nível de unidade de produção). A atividade (e produto ou serviço resultante) busca viabilizar a redução das emissões de GEEs ou o sequestro de carbono em unidades de produção agrícola de terceiros.

São consideradas elegíveis apenas as atividades a seguir que reduzam GEEs/aumentem o sequestro:

Prestação de serviços de medição, monitoramento, elaboração de relatórios e verificação de GEEs;

Prestação de serviços de capacitação ou educação relacionados a práticas agrícolas de baixo carbono;

Pesquisa e desenvolvimento de rações para ruminantes que reduzam as emissões de metano;

Pesquisas sobre carnes e laticínios alternativos que possam substituir o consumo de carne.

Seção 3.3 (serviços auxiliares)

A atividade (e produto ou serviço resultante) busca viabilizar o aumento da adaptação e resiliência climáticas em unidades de produção agrícola de terceiros.

São consideradas elegíveis apenas as atividades a seguir que aumentem a adaptação e resiliência climáticas:

Desenvolvimento e distribuição de sementes públicas de culturas mais resistentes aos impactos das mudanças climáticas, usando tecnologias reprodutivas convencionais ou CRISPR31 (por exemplo, sementes tolerantes à seca, tolerantes a inundações, resistentes a pragas etc.);

Setores de tecnologia da informação e serviços de informação, como, por exemplo, serviços de informações climáticas; imagens de monitoramento e avaliação; e serviços de análise do solo e monitoramento climático.

Seção 3.3 (serviços auxiliares)

Nos casos em que vários projetos forem agrupados em um único título, pode ser necessária uma prova de conformidade com outros critérios setoriais. Por exemplo, se o título financiar projetos de agricultura sustentável que incluam projetos de irrigação e energia solar, o emissor teria de provar a

31O termo CRISPR é formado pelas iniciais (em inglês) de repetições palindrômicas curtas agrupadas e regularmente espaçadas. Refere-

se a uma ferramenta simples para a edição de genomas que permite que os pesquisadores alterem sequências de DNA com facilidade

e modifiquem a função dos genes.

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conformidade não apenas com os Critérios de Agricultura, mas também com os Critérios Hídricos e Solares (ver tabela 3 para todas as sobreposições do setor).

3.3. Alinhamento com outros critérios setoriais

Nos casos em que os usos de recursos de vários setores forem agrupados em um único título, pode ser necessária uma prova de conformidade com base em múltiplos critérios setoriais para todo o portfólio. Por exemplo, se o título financiar tanto atividades de produção agrícola quanto parques eólicos e solares, o emissor teria de provar a conformidade com os Critérios de Agricultura para as primeiras e os Critérios Solares em relação às últimas. Em alguns casos, pode não ser imediatamente claro se as atividades ou projetos se enquadrariam nestes ou em outros critérios setoriais. A tabela 3 apresenta e esclarece os exemplos mais comuns e os critérios setoriais apropriados. Tabela 3. Ativos ou projetos parcial ou totalmente cobertos por outros critérios setoriais.

Uso de recursos em potencial Critérios setoriais

Manejo de resíduos agrícolas associados à unidade de produção agrícola.

Agricultura

Resíduos alimentares recolhidos por serviços municipais de manejo de resíduos.

Manejo de resíduos

Estruturas dedicadas ao processamento de biomateriais (por exemplo, culturas e seus resíduos) para a produção de biocombustíveis ou geração de eletricidade, aquecimento ou refrigeração.

Bioenergia

Agrossilvicultura em que mais de 50% da terra seja destinada ao cultivo.

Agricultura

Produção de madeira, ou restauração ou conservação florestal. Florestal

Produção de pesticidas ou fertilizantes. Manufatura (ainda não em fase de elaboração)

No México: agricultura protegida, estufas hortícolas e casas de sombra em operação ou construção, inclusive casas de sombra e estufas de vidro ou película de PVC.

Agricultura Protegida no México

Fora do México: agricultura protegida, estufas hortícolas e casas de sombra em operação ou construção, inclusive casas de sombra e estufas de vidro ou película de PVC.

Nenhum critério até o momento

Aquisição, manutenção ou operação de veículos em unidades de produção.

Transportes

Aquisição, instalação ou operação de painéis solares ou turbinas eólicas em terrenos/estruturas agrícolas para fornecer energia elétrica à fazenda ou revendê-la para a rede.

Solar/Eólica, respectivamente

Aquisição, instalação ou operação de sistemas de irrigação, tratamento, distribuição ou armazenamento de água em uma unidade de produção; proteção contra inundações e secas e manejo de águas pluviais; restauração ecológica para manejo de bacias hidrográficas; manejo de áreas úmidas.

Infraestrutura Hídrica

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Áreas de conservação (com e sem cobertura florestal). Florestal

Áreas de conservação associadas aos sistemas de produção agrícola, como áreas de cultivo reservadas ou faixas ripárias. O vínculo a um sistema de produção agrícola específico deve ser fortemente justificado (por exemplo, se a área for gerenciada e utilizada pelo mesmo produtor, ou se desempenhar um papel funcional na produção agrícola, como, por exemplo, o controle de enchentes ou a atração de polinizadores).

Agricultura

3.4. Definição dos limiares de mitigação na agricultura

A mitigação na agricultura deve considerar as oportunidades para reduzir as emissões causadas por mudanças no uso da terra (por exemplo, remoção de florestas para pastagens ou plantações), produção e consumo em nível de fazenda. Mudanças no uso da terra A agricultura é um importante vetor de mudanças no uso da terra, incluindo o desmatamento e a conversão de turfeiras e outras áreas úmidas que armazenam grandes quantidades de carbono na biomassa e no solo. Evitar futuras conversões do uso da terra é uma forma altamente econômica de reduzir as mudanças climáticas. Como as projeções para atender às demandas agrícolas futuras indicam que será necessária a expansão das terras agrícolas, as principais opções de mitigação consistem em medidas que reduzam a demanda pelo uso de terras agrícolas e a expansão em áreas sensíveis, promovam maior produtividade nas terras existentes e criem incentivos para evitar a conversão de terras com alto teor de carbono. Produção agrícola Os principais gases de efeito estufa vinculados à agricultura são o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o dióxido de carbono (CO2). Em seus cálculos, o IPCC considera apenas as emissões agrícolas de metano e óxido nitroso. De acordo com essa definição, a agricultura respondeu por 10% a 12% das emissões de GEEs/ano entre 2000 e 2010. As principais fontes de emissões de metano e óxido nitroso são apresentadas na figura 3. Carbono do solo, biomassa (árvores, arbustos, campos) e combustíveis fósseis também são relevantes como grandes reservatórios de CO2. Evitar a conversão desses reservatórios em mais CO2 será fundamental para cumprir as metas das políticas climáticas.

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Figura 3. Emissões agrícolas (sumidouros de carbono não refletidos).32

A mitigação na agricultura inclui práticas que reduzem as emissões absolutas ou a intensidade das emissões (definida como emissões/rendimento unitário), ou ainda a eficiência de GEEs, em relação a um ano-base ou projeção de linha de base BAU (business-as-usual) para o futuro. A mitigação também inclui práticas que armazenam carbono no solo ou biomassa (árvores, arbustos, plantações, campos) e que, em alguns casos, podem compensar as emissões. Para atingir as metas globais de mitigação das mudanças climáticas, é necessária uma redução líquida das emissões de GEEs em relação a determinado momento no passado (ano-base). Como princípios gerais, o uso de insumos com GEEs baixos ou iguais a zero, o uso mais eficiente dos insumos, a adoção de sistemas de produção que desacelerem ou inibam a geração de GEEs, o armazenamento de carbono, o uso de resíduos e a integração de sistemas de cultivo podem ajudar a aumentar a eficiência dos GEEs da agricultura.33 Muitas atividades agrícolas atuais têm potencial para reduzir suas emissões líquidas de GEEs (tabela 4) e já são consideradas boas práticas devido a seus outros impactos na produtividade, eficiência, saúde do solo ou biodiversidade agrícolas.

32 Carbon Disclosure Project, 2015. 33 Rabobank, 2016. Integrated crop-livestock-forest systems (ICLF): environmental and agricultural benefits.

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Tabela 4. Lista abrangente de medidas de mitigação relevantes para a agricultura.34

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Consumo de alimentos

34 Potencial técnico de mitigação: Área = (tCO2eq/ha)/ano. Animal = redução percentual das emissões entéricas. Baixo = < 1, < 5%

(branco); Médio = 1–10, 5–15% (cinza claro); Alto = > 10, > 15% (cinza). Facilidade de implementação (aceitação ou adoção pelo gestor da terra): Difícil (branco); Média (cinza claro); Fácil, ou seja, aplicabilidade universal (cinza). Cronograma de implementação: Longo prazo (em fase de pesquisa e desenvolvimento: branco); Médio prazo (testes em andamento, prazo de 5 a 10 anos: cinza claro);

Imediata (tecnologia já disponível: cinza). IPCC AR 5, 2014.

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Como a pecuária é a principal fonte de emissões na agricultura, o consumo de produtos que substituam as carnes e laticínios pode reduzir essas emissões. Um estudo realizado para a Associação Holandesa de Consumidores35 cujo objetivo era informar os consumidores sobre a sustentabilidade dos substitutos da carne demonstrou que as emissões de gases de efeito estufa dos substitutos da carne equivalem a cerca de metade daquelas dos produtos à base de carne (figura 4). O estudo baseou-se em uma análise do ciclo de vida total (do "berço ao túmulo"), que incluiu todos os principais processos de produção, desde as matérias-primas até o tratamento dos resíduos finais, como a embalagem.

Figura 4. Pegada de carbono por quilograma de produto preparado.

Em 2019, a Quorn, empresa britânica produtora de micoproteínas, anunciou que seus rótulos passariam a incluir dados sobre a pegada de carbono de seus produtos, cujas emissões correspondem a cerca de 5% das emissões da carne bovina; 25% das emissões da carne de frango; e são mais baixas até que as dos tomates.36

35 blonk consultants, (2017). Milieueffecten van vlees en vleesvervangers. Disponível online.

https://www.blonkconsultants.nl/2017/12/07/environmental-impact-of-meat-substitutes/?lang=en; Ver também Our Meatless Future: How The $1.8T Global Meat Market Gets Disrupted. Disponível online: https://www.cbinsights.com/research/future-of-meat-industrial-

farming/. 36 Climate Action, (2019). Quorn unveils carbon footprint labelling of its products. Disponível online:

http://www.climateaction.org/news/quorn-unveils-carbon-footprint-labelling-of-its-

products?utm_source=ActiveCampaign&utm_medium=email&utm_content=Air+Pollution+could+kill+160,000+in+the+UK+over+next+decade+-+Climate+Action+News&utm_campaign=CA+Newsletter+14th+January+2020.

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A comparação entre produtos lácteos à base de plantas e laticínios tradicionais demonstra um padrão semelhante (figura 5).37

Figura 5. Impacto das emissões de GEEs de diferentes tipos de leite (por copo de 200 ml).38 Pesquisas sobre algumas alternativas à carne são elegíveis no âmbito dos Critérios não apenas por ajudar a produzir alimentos com emissões de GEEs inferiores às das versões convencionais dos produtos, mas também devido ao efeito observado de substituição da carne. A economia de GEEs gerada pela substituição do consumo de carne também é substancial. De acordo com a análise feita pela Faunalytics, Associations Between Consumption Of Meats And Animal Product Alternatives (Associações entre o Consumo de Carnes e de Alternativas a Produtos

de Origem Animal)39, foi observado um efeito de substituição no caso de produtos alternativos à carne. Embora a maioria dos onívoros consumidores de alternativas à carne o fizessem relativamente raramente, eles ainda comiam significativamente menos carne em comparação aos onívoros que nunca consumiam alternativas. Mais da metade (57%) dos onívoros convencionais comiam carne vermelha e aves quase diariamente – mas entre os onívoros consumidores de alternativas à carne, apenas 40% comiam carne vermelha e aves com tanta frequência. Parece que, pelo menos no caso de alguns onívoros, as alternativas à carne substituem a carne com sucesso. Além disso, um estudo realizado pela empresa A. T. Kearney intitulado How Will Cultured Meat and Meat Alternatives Disrupt the Agricultural and Food Industry? (Como a carne cultivada e as

alternativas à carne desestabilizarão a indústria agrícola e alimentícia?) previu um efeito de substituição da carne no mercado motivado por novos substitutos veganos da carne40 e pelas carnes cultivadas.41

37 Poore e Nemecek (2018). Disponível online: https://science.sciencemag.org/content/360/6392/987. 38 Poore e Nemecek (2018). Disponível online: https://science.sciencemag.org/content/360/6392/987 Figura adaptada de https://www.bbc.com/news/science-environment-46654042. 39 https://faunalytics.org/associations-between-consumption-of-meats-and-animal-product-alternatives/. 40 Novos substitutos veganos da carne – Não são necessários ingredientes de origem animal, pois esses produtos são totalmente feitos

de insumos vegetais. No entanto, seu perfil sensorial fica muito mais próximo ao da carne que os clássicos substitutos de carne vegana. A principal razão para a melhora do perfil sensorial é um sofisticado processo de produção com o uso de hemoglobina e

ligantes (extraídos por meio da fermentação de plantas) que imita o perfil sensorial da carne e até do sangue para aproximá-los à experiência de consumo da carne. Algumas start-ups do setor, como a Impossible Foods, a Just e a Beyond Meat, começaram a surgir em torno de 2010. (A. T. Kearney, How Will Cultured Meat and Meat Alternatives Disrupt the Agricultural and Food Industry?).

41 Este tipo de carne, também conhecido como carne limpa, carne à base de células ou carne livre de abate, evoluiu nos últimos anos e representa a carne criada por meio do crescimento exponencial de células em biorreatores. O resultado é uma carne idêntica à produzida de forma convencional. (A. T. Kearney, How Will Cultured Meat and Meat Alternatives Disrupt the Agricultural and Food

Industry?).

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Figura 6. Previsão do mercado global de carne (em bilhões de US$)

3.4.1. Problemas relacionados aos critérios de mitigação 1. Problema: Linhas de base A mitigação pode ser contabilizada em relação a um ano-base ou uma linha de base projetada de atividades normais (business-as-usual, ou BAU). A contabilidade do ano-base é necessária para

rastrear os orçamentos de emissões rumo à meta global de 2°C. No entanto, as linhas de base business-as-usual (BAU) são úteis nos casos em que a segurança alimentar e os objetivos de desenvolvimento econômico exigirem ações que aumentem as emissões, e as intervenções possam reduzir as emissões abaixo dos valores previstos sem intervenções. Embora o IPCC forneça uma metodologia para calcular as linhas de base, as projeções modeladas podem estar sujeitas a questionamentos, dependendo significativamente das premissas e da qualidade do modelo. No âmbito do padrão CBI, em linha com o princípio de contribuir “definitivamente para a mitigação das mudanças climáticas globais”, a mitigação é calculada usando um ano-base em vez de uma linha de base BAU. O ano-base deve ser definido pela data de início do período do investimento em títulos. 2. Problema: Intensidade de emissões Requisitos ambiciosos de mitigação não devem prejudicar a conquista da segurança alimentar, especialmente em países de baixa renda. A elevação do rendimento inevitavelmente acarreta aumentos nos insumos (por exemplo, fertilizantes) e um aumento concomitante nas emissões de GEEs. Os países de baixa renda que precisarem ampliar sua produção agrícola, devem fazê-lo com a máxima eficiência dos insumos, buscando minimizar os impactos negativos sobre o clima. As organizações que visam a objetivos conjuntos de agricultura e mitigação geralmente usam a intensidade das emissões como medida de mitigação, em vez da redução das emissões absolutas. Como o foco dos objetivos dos Critérios de Agricultura da CBI são resultados climáticos, não é aplicada uma medida de intensidade de emissões. Além disso, os pequenos agricultores cujas emissões iniciais forem iguais a zero produzirão intensidades de emissões crescentes, pois não podem diminuir a intensidade a partir de uma linha de base igual a zero, a menos que produzam emissões negativas. Da mesma forma, os produtores que já usam boas práticas não diminuirão a intensidade de suas emissões.

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Também é possível que os resultados sejam ambíguos. Os produtores poderiam reduzir o N, mas se o rendimento de sua produção de alimentos também diminuir, não haverá diminuição na intensidade das emissões. Dois produtores podem aumentar suas emissões na mesma quantidade, mas o que produzir mais alimentos obteria uma pontuação de “mitigação” melhor, o que não é um método justo ou transparente para o propósito da Climate Bonds Initiative. Os critérios de “boas práticas” levarão em consideração os aumentos de rendimento necessários nesses contextos. Um limiar baseado na prática atinge muitos dos mesmos objetivos de um indicador de intensidade de emissões, além de ser mais aplicável a uma variedade de condições; ser independente da produção de alimentos; e ser mais transparente. No âmbito do padrão CBI, as emissões (tCO2e/ano) são usadas como métrica de mitigação, e não a intensidade das emissões (tCO2e/unidade de produção). 3. Problema: Confiança nas estimativas de emissões As estimativas de nível 1 de emissões de GEEs normalmente apresentam níveis de erro de 30% a 50%, chegando a 300% no caso do óxido nitroso. Se a verificação depender de calculadoras de nível 1, os intervalos de confiança serão grandes. São preferíveis as estimativas de nível 2, embora elas possam exigir mais conhecimento técnico para identificar ou calcular as emissões. O TWG deve considerar como refletir essa incerteza nos limiares e em seus cálculos, bem como se algumas práticas do subsetor não deveriam ser elegíveis, visto que exigiriam que a verificação da medição de campo estivesse dentro de faixas aceitáveis de certeza. Por exemplo, espera-se um nível mais alto de incerteza para o sequestro de carbono do solo em áreas de cultivo ou mitigação de óxido nitroso de fertilizantes nitrogenados que para o sequestro de carbono em sistemas agroflorestais. No âmbito do padrão CBI, são necessários critérios mais rigorosos para práticas com alto nível de incerteza.

Incerteza relativa

Baixa Média Alta

Po

ten

cia

l d

e m

itig

ação

Baixo Pecuária: ração

melhorada, manejo animal

Campos: manejo dos pastos, redução da queima

Manejo de fertilizantes N

Médio

Arroz: Irrigação intermitente (AWD)

Plantio: Práticas de aprimoramento de COS

Manejo de esterco

Campos: cobertura verde melhorada

Alto Agrossilvicultura

Legenda Verde = nível de incerteza baixo Amarelo = nível de incerteza médio

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Vermelho = nível de incerteza alto

Figura 7. Incertezas sobre a mitigação com base no potencial de mitigação e incertezas relativas.42

4. Problema: Potencial de aquecimento global (PAG) Dados os diferentes potenciais de aquecimento global do metano (25) e do óxido nitroso (298) em relação ao dióxido de carbono (1) ao longo de 100 anos (IPCC, 2006), deveria ser feita um cálculo separado para cada gás? O tratamento de gases separadamente permitiria uma melhor compreensão dos efeitos de curta duração (por exemplo, do metano) em comparação aos efeitos de longa duração (por exemplo, do CO2). O metano, que tem uma vida útil média de apenas 12 anos e, portanto, é rapidamente eliminado da atmosfera, tem um grande impacto de aquecimento inicial, com um PAG de 72. (IPCC AR5, 2013, p. 714). Todavia, quando é calculada a média do efeito ao longo de 100 anos, o PAG é de apenas 25, um resultado que parece menos importante. A desagregação também permitiria correções futuras no PAG à medida que evoluir a ciência. A agregação convencional de gases permite uma avaliação mais simples e é mais prática. No âmbito do padrão CBI, as emissões líquidas de GEEs de CH4, N2O, CO2 e fontes e sumidouros de carbono serão expressas em tCO2e. 5. Problema: São necessários critérios de elegibilidade adicionais para um componente de sequestro de carbono? Embora seja grande o potencial dos solos de servirem como sumidouros de carbono, foram verificadas perdas em massa do carbono dos solos principalmente devido à agricultura e a mudanças no uso da terra, especialmente ao longo dos últimos 200 anos (Sanderman et al., 2017). As maiores perdas foram associadas a plantações e pastagens, principalmente em regiões áridas e semiáridas. Não há dúvida de que a restauração do carbono do solo pode ter um impacto positivo na adaptação e resiliência às mudanças climáticas. Há menos certeza, no entanto, sobre até que ponto a restauração do carbono do solo pode contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, com base no argumento de que foi superestimado o potencial de sequestro de carbono de certas práticas, inclusive a agricultura de plantio direto (Powlson et al., 2014) e o aprimoramento do manejo de pastagens (Henderson et al., 2015), especialmente se forem levadas em consideração as emissões de GEEs não CO2 (ver, por exemplo, Gao et al., 2018). Além das remoções de GEEs devido ao sequestro de carbono do solo, o carbono também pode ser armazenado na biomassa acima do solo e, no contexto dos Critérios de Agricultura, os ativos dentro do escopo são principalmente os sistemas agroflorestais e pousios aprimorados (Feliciano et al., 2018). O debate em torno do potencial de sequestro de carbono acima e abaixo do solo concentra-se em três questões: (i) o processo é reversível com eventuais benefícios de perda de carbono se, por exemplo, sistemas de plantio direto forem arados para plantar novas safras; (ii) as práticas de manejo de terras associadas ao sequestro de carbono podem resultar em um aumento de emissões não CO2 (por exemplo, associadas ao uso de fertilizantes) que possam compensar os ganhos devido ao sequestro de carbono acima e abaixo do solo; e (iii) a quantidade de carbono que pode ser retida no solo é finita, de modo que a taxa de sequestro se estabiliza uma vez que se chega a um novo valor de equilíbrio de carbono do solo. O equilíbrio geralmente é alcançado em 20 anos. Os aumentos de carbono orgânico do solo são difíceis de detectar em períodos inferiores a 5 anos. Além disso, estimativas confiáveis podem ser caras. Ver, por exemplo, os métodos do Fundo de Redução de Emissões da Austrália.43

42 As diretrizes e os fatores de emissão do IPCC foram usados para embasar os níveis de incerteza e os potenciais de mitigação (figura

gentilmente cedido por Meryl Richards e adaptada). 43 https://www.legislation.gov.au/Details/F2018L00089.

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Os mercados de carbono lidam com os riscos de perda de carbono usando descontos de incerteza ou exigindo provas de que será feito um manejo especial da terra durante certo período de tempo. No âmbito do padrão CBI, com vista a garantir níveis detectáveis de carbono, apenas projetos de cinco anos ou mais são elegíveis para contabilizar a biomassa acima do solo e o carbono orgânico do solo. Para tratar da questão de permanência, os critérios precisam apresentar comprovação das condições de permanência ou sequestrar um adicional de 50% de carbono como buffer.

6. Problema: Aplicação prática do princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas (RCPD) Se for adotado o princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas, os agricultores de baixa renda atingiriam apenas uma parte do limiar. Um limiar inferior também serve como incentivo para investir em fazendas de baixa renda. O princípio RCPD exigiria a definição de agricultores de baixa renda e de um limiar. Os padrões comuns são a linha de pobreza internacional do Banco Mundial de US$ 1,90/dia (preços de 2011) para pobreza extrema, além das linhas de pobreza nacionais. No entanto, avaliar a renda do agricultor com base em qualquer um dos padrões é um desafio, devido à falta de informações e à subjetividade dos autorrelatos. Um limiar mais prático, porém menos preciso, poderia se basear no status de renda dos países, ou seja, países de baixa renda (RNB per capita < 995 em 2018-2019), usando o padrão do Banco Mundial,44 ou status de desenvolvimento dos países, usando a classificação de país menos desenvolvido das Nações Unidas.45 Ambas as classificações são atualizadas regularmente; portanto, o status do produtor

precisaria ser verificado anualmente. Nenhum sistema de classificação capturará perfeitamente os agricultores pobres, deixando alguns agricultores pobres sem o benefício do limiar inferior. Além disso, dadas as disparidades de renda entre os agricultores, aqueles à margem da classificação podem considerar o sistema injusto. A definição de um limiar para agricultores de baixa renda é algo um tanto arbitrária. Ele poderia ser definido com base em uma porcentagem arbitrária ou algum indicador como, por exemplo, o déficit

alimentar (a produção global de alimentos precisa aproximadamente dobrar até 2050, de modo que o limiar de mitigação poderia ser a metade do limiar dos agricultores mais abastados). No âmbito do padrão CBI, dadas as dificuldades práticas de classificar os agricultores e estabelecer um limiar defensável, o padrão não adota o princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas.

3.4.2 Emissões líquidas equivalentes ao limiar de boas práticas Prevendo práticas novas ou inesperadas, as emissões também podem respeitar o limiar de boas práticas, demonstrando “emissões líquidas equivalentes” para qualquer requisito básico que não seja documentado por boas práticas. As emissões líquidas equivalentes são definidas como aquelas menores ou iguais à soma total das reduções de emissões exigidas nas boas práticas de baixas emissões. As boas práticas de equivalentes de emissões serão baseadas nos fatores de emissão de nível 2 publicados pelo IPCC adequados ao sistema de produção, à localização e às condições ambientais. Quando não houver fatores de emissão de nível 2 geográficos específicos, devem ser selecionados os fatores de emissão para a prática e a região geográfica mais semelhantes ao investimento. Se esses também não estiverem disponíveis, pode ser usado o valor-padrão médio global do nível 1. Tal abordagem é potencialmente sensível à relevância e precisão dos fatores de emissão e dos dados sobre as atividades disponíveis para determinado sistema; portanto, são necessários números bem embasados, e devem ser fornecidas faixas de incerteza. No caso do sequestro de carbono, também são exigidos os critérios de duração do projeto (pelo menos cinco anos) e provas de que o sequestro de carbono provavelmente será mantido (ver

44 Ver https://blogs.worldbank.org/opendata/new-country-classifications-income-level-2018-2019. 45 Ver https://www.un.org/development/desa/dpad/least-developed-country-category/ldcs-at-a-glance.html.

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tabelas 7 e 8). A conformidade será determinada com base nos registros de gestão da fazenda, inclusive mapas e fotografias georreferenciadas, no detalhamento das práticas agrícolas para o ano e nas estimativas de emissões e mitigação com base em calculadoras de carbono. As calculadoras aceitáveis para estimar as emissões incluem a Ferramenta de Benefícios de Carbono, a Ferramenta Ex-Act e a Ferramenta Cool Farm, devido a sua consistência com as diretrizes do IPCC, aos níveis de verificação e à ampla aplicação, que podem oferecer exemplos comparativos. Ademais, podem ser usadas metodologias contábeis padrão, como a metodologia da Verra para Agricultura Sustentável e Gerenciamento da Terra. 4.2.3 Mitigação de emissões líquidas de 20% ao ano ao longo de dez anos. Em alguns casos, pode

não ser prática a adoção de boas práticas; no entanto, ainda assim é possível reduzir as emissões, especialmente ao longo do tempo. Por esse motivo, também é oferecido um limiar de mitigação de 20%. O limiar de 20% é relevante para os casos em que o investimento tratar apenas de melhorias incrementais; em que não puderem ser cumpridas todas as boas práticas; em que forem previstos atrasos na implementação das boas práticas; ou em que as emissões forem superiores aos valores equivalentes das boas práticas, mas ainda assim for possível obter reduções. Assim como nos equivalentes de boas práticas, o limiar permite flexibilidade na escolha da prática e no uso de novas práticas. Um período de dez anos é adotado com o objetivo de fornecer tempo suficiente para atingir e demonstrar os impactos médios de mitigação. Podem ser feitos ajustes para investimentos de menos de dez anos, por meio do aumento proporcional do limiar (por exemplo, uma mitigação líquida de 40% para investimentos de menos de cinco anos, ou 80% para investimentos de menos de dois e anos e meio). Os investimentos superiores a dez anos serão avaliados com base no limiar de 20%. O limiar de 20% reflete as metas da UNFCCC, pois é o nível de mitigação de CH4 e N2O necessário para cumprir a meta de 2 °C do Acordo de Paris. Com base em modelos de cenários, o setor agrícola precisa, até 2030, atingir uma economia global (mediante ações de mitigação) de 1 gigatonelada de equivalentes de dióxido de carbono por ano (GtCO2e/a-1) de metano e o óxido nitroso para cumprir a meta de 2 °C (Wollenberg et al., 2016).46 Essa economia de mitigação equivale a 17% das emissões agrícolas projetadas para 2030 de 5,8 GtCO2e (FAOSTAT, 2019) (1 GtCO2e/5,8 GtCO2e). O número foi arredondado para 20% por conveniência. A meta deve ser revista para investimentos a partir de 2030 de forma a refletir os avanços científicos relativos aos requisitos esperados de orçamento de carbono, aos cenários de emissões e às metas de sequestro de carbono. No caso do sequestro de carbono, também são exigidos os critérios de duração do projeto (pelo menos cinco anos) e provas de que o sequestro de carbono provavelmente será mantido (ver tabelas 7 e 8). A tabela 5 contém orientações sobre as decisões subjacentes à seleção do limiar. Tabela 5. Considerações para a seleção de um limiar.

Considerações Boas práticas Equivalente às

boas práticas 20% de mitigação líquida por ano ao longo de 10 anos

Todas as boas práticas podem ser atendidas.

As emissões podem ser quantificadas.

46 O número não considera o carbono do solo, a biomassa ou as metas de CO2.

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Uso de novas práticas que ainda não estejam na lista de boas práticas.

As emissões são superiores às boas práticas, mas é possível reduzi-las.

Atraso na implementação ou melhoria incremental.

3.5. Adaptação e resiliência na agricultura.

A agricultura precisará se adaptar e ser resiliente às mudanças climáticas para garantir uma produção estável no futuro. O clima é o principal determinante da produtividade agrícola, e, em média, a variabilidade climática responde por um terço da variabilidade global de rendimento. Contudo, em algumas áreas consideradas celeiros globais, ela pode representar mais de 60% da variabilidade de rendimento (Ray et al., 2015).47 A vulnerabilidade dos sistemas agrícolas às mudanças climáticas é determinada por seu nível de exposição aos riscos climáticos, sua sensibilidade a esses riscos e sua capacidade de adaptação (IPCC AR4, 2007).48 Riscos climáticos A CBI se concentra na resiliência aos riscos climáticos físicos. Os riscos relacionados ao clima49 podem ser expressos como a probabilidade de ocorrência de um perigo climático, ou seja, a variabilidade ou incerteza de um resultado esperado. Os riscos climáticos variam em termos de gravidade e frequência. Incluem riscos crônicos (associados a mudanças de longo prazo nos padrões climáticos, como, por exemplo, o aumento do nível do mar devido a temperaturas mais altas) e agudos (impulsionados por eventos específicos, como eventos climáticos extremos).50 Os investimentos especialmente suscetíveis a riscos climáticos são aqueles com: 51

ativos fixos de longa duração;

locais ou operações em regiões sensíveis ao clima (por exemplo, zonas costeiras e de inundação);

dependência da disponibilidade de água; e

cadeias de valor expostas aos fatores acima. Os Princípios de Resiliência Climática apresentam a lista mínima definitiva de perigos climáticos físicos a serem considerados para os Critérios de Agricultura (tabela 6). Tabela 6. Classificação de riscos relacionados ao clima.52

Alterações nos padrões climáticos e na frequência/gravidade de eventos relacionados ao clima que sejam:

Relacionados à temperatura, Relacionados ao vento, Relacionados à água, Relacionados à massa sólida

47 Ray, D., Gerber, J., MacDonald, G. et al. Climate variation explains a third of global crop yield variability. Nat Commun 6, 5989 (2015)

doi:10.1038/ncomms6989. https://www.nature.com/articles/ncomms6989. 48 Ver https://www.iso.org/standard/68507.html. Ver também os padrões de risco da IFC: https://www.ifc.org/wps/wcm/connect/8804e6fb-

bd51-4822-92cf-3dfd8221be28/PS1_English_2012.pdf?MOD=AJPERES&CVID=jiVQIfe Ver, em particular, 8, 9 e 10. 49 Ver também a classificação geral de riscos climáticos do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) e do Centro

Global de Adaptação (GCA). “Advancing TCFD Guidance on Physical Climate Risk and Opportunities”. 2018. https://s3.eu-west-2.amazonaws.com/ebrd-gceca/EBRD-GCECA_draft_final_report_full_2.pdf.

50 Climate Resilience Principles: A framework for assessing climate resilience investments. C limate Bonds Initiative.

https://www.climatebonds.net/files/files/climate-resilience-principles-climate-bonds-initiative-20190917.pdf. 51 https://www.fsb-tcfd.org/wp-content/uploads/2017/06/FINAL-2017-TCFD-Report-11052018.pdf. 52 https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/business_economy_euro/banking_and_finance/documents/190618-sustainable-finance-teg-

report- taxonomy_en.pdf e https://www.climatebonds.net/files/files/climate-resilience-principles-climate-bonds-initiative-20190917.pdf.

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CRÔNICAS

Variações de temperatura (ar, água doce, água marinha) Variações nos padrões dos ventos Variações nos padrões e tipos de precipitação (chuva, granizo, neve/gelo) Erosão costeira

Estresse térmico Precipitação e/ou variabilidade hidrológica Degradação do solo

Variabilidade térmica Acidificação do oceano Erosão do solo

Descongelamento do pergelissolo Intrusão salina Solifluxão

Elevação do nível do mar

Estresse hídrico

AGUDAS

Ondas de calor Ciclones, furacões, tufões Secas, Avalanches

Ondas frias/geadas (chuva, granizo, neve/gelo) Tempestades (incluindo fortes chuvas, deslizamentos, nevascas e tempestades de areia e poeira)

Incêndios florestais Tornados Inundações (costeiras, fluviais, pluviais de subsidência, águas subterrâneas)53

Transbordamento glacial54

Eventos meteorológicos ou climáticos extremos podem ser definidos conforme um limiar; a probabilidade de ocorrência; a frequência, sequência ou acúmulo de impactos em determinado período de tempo; ou o custo ou duração da recuperação a níveis anteriores de produtividade ou renda. Os impactos de eventos extremos podem variar com base no local ou no tempo, o que dificulta a adoção de limiares padronizados. O relatório do IPCC (2012) define eventos climáticos ou meteorológicos extremos como "a ocorrência de um valor de variável climática ou meteorológica acima (ou abaixo) de um limiar próximo às extremidades superiores (ou inferiores) da faixa de valores observados da variável."55 As considerações incluem "valores com probabilidade de ocorrência inferior a 10%, 5%, 1% ou até menos em determinada época do ano (dia, mês, estação, ano inteiro) durante um período de referência especificado (geralmente de 1961 a 1990).” A análise dos impactos das mudanças climáticas sobre as mudanças no rendimento das lavouras demonstra que o clima foi a causa de estabilidade ou declínio no rendimento por década das principais culturas de cereais, especialmente o trigo (figura 8). A figura indica que os impactos na produção podem variar significativamente conforme a cultura e a região, e nem sempre são negativos; portanto, devem ser avaliados os riscos específicos do sistema de cultivo e da região de interesse. Figura 8. Resumo dos impactos estimados das mudanças climáticas observadas sobre os rendimentos entre 1960 e 2013 de quatro grandes culturas em regiões temperadas e tropicais (número de pontos de dados analisados para cada categoria entre parênteses).56

53 Não observado na Taxonomia da UE, mas vale incluir ondas oceânicas, pois são muito comuns no Caribe. 54 Na Taxonomia da UE, o risco foi identificado como "transbordamento de lagos glaciais”. No entanto, inundações glaciais não

relacionadas a lagos representam um risco significativo em muitos locais, como os Andes. Portanto, esse risco foi alterado aqui. 55 https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/03/SREX_Full_Report-1.pdf, p. 117. 56 IPCC, 2014a.

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Resiliência e adaptação às mudanças climáticas A resiliência descreve a capacidade dos ativos agrícolas de tolerar mudanças climáticas, ou seja, sua não vulnerabilidade aos riscos impostos por essas mudanças, como estresse térmico, secas, inundações, mudanças na sazonalidade ou eventos climáticos extremos. A resiliência difere da adaptação, que descreve ações para reduzir a vulnerabilidade aos riscos climáticos (Nelson et al., 2007). As definições formais de adaptação e resiliência, conforme o Quinto Relatório de Avaliação do IPCC são: 57 Adaptação: “Processo de ajuste ao clima atual ou esperado e seus efeitos. Em sistemas humanos,

a adaptação visa a moderar ou evitar danos ou explorar oportunidades benéficas. Em alguns sistemas naturais, a intervenção humana pode facilitar o ajuste ao clima esperado e seus efeitos.” Resiliência: “Capacidade dos sistemas sociais, econômicos e ambientais de lidar com eventos,

tendências ou perturbações perigosas, reagindo ou reorganizando-se de forma a manter sua função, identidade e estrutura essenciais, bem como sua capacidade de adaptação, aprendizagem e transformação. ” Ao aplicar essas definições ao contexto de investimentos, a CBI considera os investimentos em resiliência climática como aqueles que "melhoram a capacidade dos ativos e sistemas de persistir, se adaptar e/ou transformar de maneira oportuna, eficiente e justa de forma a reduzir os riscos, evitar a má adaptação, estimular o desenvolvimento e criar benefícios, inclusive para o bem público, contra o aumento da prevalência e gravidade de estresses e choques relacionados ao clima”.58 Segundo os Princípios de Resiliência Climática da CBI, adaptação às mudanças climáticas é o que é feito (ação) para alcançar a resiliência às mudanças climáticas (uma condição ou estado). Os conceitos são combinados e uniformemente denominados resiliência climática no âmbito do marco. O ativo/atividade ou sistema deve ser suficientemente resiliente para demonstrar certa tolerância mínima aos riscos em sintonia com as normas atuais do setor ao longo da vida útil do ativo. Ademais, deve ser flexível o suficiente para conseguir fazer isso em face das incertezas das mudanças climáticas, com níveis de incidentes e interrupções aceitáveis e gerenciáveis.59 Também não deve prejudicar a resiliência climática do sistema mais amplo, como, por exemplo, por meio da redução dos incentivos à adaptação.

57 IPCC, “Annex II: Glossary in Climate Change 2014: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fifth

Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change” (Genebra, Suíça: IPCC (2014). 58 Climate Resilience Principles: A framework for assessing climate resilience investments. Climate Bonds Initiative.

https://www.climatebonds.net/files/files/climate-resilience-principles-climate-bonds-initiative-20190917.pdf. 59 https://www.climatebonds.net/files/files/climate-resilience-principles-climate-bonds-initiative-20190917.pdf.

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Em termos práticos para avaliar os investimentos agrícolas, a resiliência pode ser observada como o valor mantido ou aumentado de um ativo agrícola e do desempenho positivo, além de nenhum dano ao sistema em face das mudanças climáticas no período do investimento. Tanto os indicadores de resultados (valor do ativo e desempenho) quanto os de processos (medidas tomadas para proteger o valor do ativo ou seu desempenho) são relevantes. O Grupo de Peritos em Adaptação e Resiliência da Climate Bonds Initiative (AREG) propôs que, para demonstrar sua resiliência, os investidores da CBI devem demonstrar que avaliaram os riscos climáticos e tomaram medidas de redução de riscos adequadas aos riscos climáticos dos sistemas

e ativos do investimento. O investimento deve garantir a resiliência do projeto de investimento, bem como a contribuição do projeto à resiliência do sistema mais amplo. Princípios para avaliar a resiliência Com base nessas suposições, o AREG definiu os princípios para avaliar a resiliência,60 resumidos na figura 9 e a seguir:

Figura 9. Princípios de resiliência climática da CBI. Princípio 1. Identificação de limites claros e interdependências críticas Os ativos e atividades em que estiverem sendo realizados investimentos devem ter limites claramente definidos e identificar interdependências para avaliar os riscos climáticos e os impactos de resiliência.61 Os emissores devem definir os limites do investimento resiliente ao clima e os ativos e atividades associados. Os limites devem ser consistentes com o escopo de agricultura definido neste padrão. O período a ser avaliado quanto à resiliência deve ser o ciclo de vida do projeto. Os emissores também devem identificar as interdependências críticas entre os ativos ou atividades e o sistema socioambiental mais amplo (ver princípio 4). O custo de avaliação e enfrentamento de alguns riscos interdependentes pode ser alto, com implicações que vão além da esfera de influência do proprietário ou gerente do ativo ou atividade. No entanto, os emissores devem avaliar, documentar e permitir as interdependências na medida do possível. Os limites podem se estender por várias fazendas. Alguns exemplos de vínculos com implicações para diferentes tipos de limites são:

Emissões soberanas: desenvolvimento de reservatórios, defesas costeiras;

60 Climate Resilience Principles: A framework for assessing climate resilience investments. Climate Bonds Initiative.

https://www.climatebonds.net/files/files/climate-resilience-principles-climate-bonds-initiative-20190917.pdf. 61 O texto nos quadros com fundo azul indica o princípio extraído do documento do AREG de setembro de 2019.

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Emissões subsoberanas: programas para financiar subsídios orgânicos (na Índia chamados de agricultura de orçamento zero); programas de gestão de recursos hídricos em nível distrital; subvenções para o plantio de árvores visando a restaurar o lençol freático e conservar o solo;

Emissões de bancos agrícolas: sustentadas por empréstimos a agricultores ou outros na cadeia de suprimentos para induzir mudanças de comportamento em nível de fazenda, como, por exemplo, safras resistentes a secas, ou uso eficiente de fertilizantes nitrogenados;

Investimentos em infraestrutura intangível, como, por exemplo, capacitação de agricultores visando à adoção de práticas resilientes.

Princípio 2. Avaliação de riscos climáticos físicos Devem ser avaliados os riscos climáticos físicos dos ativos e atividades em que estiverem sendo realizados investimentos. Os emissores de títulos devem avaliar os perigos climáticos físicos aos quais o ativo ou atividade em questão estará exposto ao longo de sua vida útil. Os emissores devem usar avaliações de risco baseadas nos cenários de emissões RCP 4.5 e 8.5 e em uma vasta gama de modelos, quando possível. Isso deve ser complementado com a análise dos riscos observados no contexto local. Os impactos de perigos climáticos devem ser avaliados com base nos seguintes critérios: probabilidade anual de falha, custos anuais de perdas/danos e transferência indireta de riscos de ou para o projeto, como limiares de segurabilidade. Brown (2017) analisa algumas ferramentas de avaliação de riscos climáticos na agricultura e observa que elas geralmente se concentram nos aumentos de produtividade e rendimento, em vez de reduzir a variabilidade dos rendimentos ou minimizar as perdas, o que seria fundamental para agricultores vulneráveis.62 As ferramentas também não indicam como lidar com incertezas ou falta de informações sobre o clima. Brown sugere, nesses casos, o uso de estratégias no regret (sem

arrependimento), especialmente aquelas que viabilizem a prontidão para lidar com condições climáticas extremas. Outro desafio é que as ferramentas ajudam a identificar os riscos, mas fazem pouco para apoiar as decisões sobre as ações. Essas lacunas identificam áreas onde é necessário aprofundar o trabalho. Princípio 3. Identificação de medidas de redução de riscos climáticos (resiliência em nível de ativos) Medidas de redução de riscos para os riscos de resiliência climática identificados.

Deve ser demonstrado que os riscos identificados por meio da avaliação de riscos serão mitigados de tal forma que o ativo ou atividade seja suficientemente resiliente para funcionar de forma adequada e não cause danos significativos à resiliência geral do sistema do qual faz parte, levando em consideração os limites e interdependências desses ativos ou atividades. Os emissores de títulos são incentivados a selecionar opções de redução de riscos que ofereçam soluções flexíveis adequadas a uma variedade de cenários. Dada a incerteza das mudanças climáticas, as opções provavelmente precisarão ir além dos limites atuais de segurabilidade, boas práticas de sustentabilidade e códigos ou regulamentos.

62 Brown, D.R. 2017. Review of climate screening approaches and tools for agricultural investment: Areas for action and opportun ities to

add value. CCAFS Working Paper no. 214. Wageningen, Holanda: CGIAR Research Program on Climate Change, Agriculture and Food Security (CCAFS). Disponível online em: https://ccafs.cgiar.org/publications/review-climate-screening-approaches-and-tools-agricultural-

investment-areas-action-and#.XX7g7i2ZPEY.

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As práticas de resiliência na agricultura podem incluir, ou frequentemente incluem:

Produtividade melhorada ou mais estável (amortecimento econômico dos impactos climáticos): aumento ou manutenção do rendimento, ou redução dos custos para gerar ganhos

líquidos em produto ou receita; produção diversificada; aumento das economias e do valor dos ativos; aumento da eficiência de recursos hídricos, energia, fertilizantes e outros insumos; melhora das capacidades de armazenamento de produtos; uso das práticas agronômicas mais adequadas à mudança das condições climáticas; redução do percentual de área plantada com culturas vulneráveis; aumento do percentual da produção sob sistemas de agricultura ambiental controlada;

Estoque adaptado: uso de espécies e raças adaptadas a mudanças de CO2 e clima, como, por

exemplo, temperatura, regimes hídricos, eventos extremos ou sazonalidade;

Medidas de amortecimento ecológico de impactos climáticos: manejo de recursos hídricos

ou microclima, incluindo, por exemplo, irrigação, armazenamento de água, aumento da capacidade de retenção hídrica do solo, agrossilvicultura para amortecer temperaturas extremas ou aumento do carbono orgânico no solo; diversificação ecológica; faixas ripárias; conservação do solo e da água; manejo de manguezais; restauração de habitat;

Gestão de riscos: ativos tangíveis (estações meteorológicas, satélites, infraestrutura de

computação e comunicação) usados para serviços de informações climáticas e sistemas de aviso prévio; seguro de safras; monitoramento e avaliação do desempenho da fazenda; identificação e tratamento de riscos além das normas de elaboração do projeto (por exemplo, diques/aterros ou outras infraestruturas físicas); preparação para emergências e outros serviços que ajudem a evitar ou compensar riscos climáticos em nível de propriedade agrícola;

Realocação física de ativos ou atividades vulneráveis: uso evitado de áreas vulneráveis a

riscos climáticos, como, por exemplo, inundações, salinização ou estresse térmico. Alguns indicadores simples que permitem avaliar a resiliência em nível da fazenda são (1) manutenção da produtividade acima de um limiar; (2) minimização de perdas; (3) minimização de falhas de ativos e seu desempenho; e (4) variação nos rendimentos ao longo dos anos/estações com riscos climáticos em relação à variação no rendimento ao longo dos anos/estações sem riscos climáticos. A resiliência deve ser avaliada para uma série de cenários climáticos ao longo da vida útil do projeto. Alguns exemplos de intervenções de resiliência amplamente adequadas para a emissão de títulos são:

Sistemas melhorados ou novos de gestão de recursos hídricos para a irrigação e agricultura;63

Práticas e técnicas que aumentem o valor ou a produtividade da terra em um contexto de mudanças climáticas (por exemplo, estoque adaptado ao clima; agronomia melhorada; uso mais eficiente de nutrientes, energia ou água);

Instalação e atualização de hardware aprimorado para observação e alerta precoce (por exemplo, sistemas de informações meteorológicas).

Melhorar a produtividade na fazenda é uma forma de aumentar a resiliência em climas futuros de maneira consistente com as prioridades de investimentos e desenvolvimento econômico. Em países em desenvolvimento, em particular, o excedente permite que as famílias de agricultores busquem oportunidades de educação ou emprego fora da fazenda, diversificando os meios de subsistência e reduzindo ainda mais sua vulnerabilidade aos choques climáticos. Fora da fazenda, a adaptação pode incluir melhor acesso a financiamento e a outros recursos de produção; fortalecimento de instituições e redes de proteção social, inclusive para o combate à fome; e gestão de riscos climáticos (IPCC, 2014).

63 Vale notar que a rapidez da depreciação tecnológica deve ser considerada na determinação do vencimento do título nestes casos.

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Princípio 4. Avaliação dos benefícios da resiliência climática (resiliência em nível de sistema) Avaliação dos benefícios esperados da resiliência climática no caso de ativos e atividades sistêmicas em que são feitos investimentos.

De acordo com o relatório CBI AREG, devem ser demonstrados os benefícios da resiliência climática dos investimentos com foco no sistema. Os benefícios devem oferecer soluções flexíveis e robustas em uma vasta gama de cenários. Alguns tipos de benefícios importantes de resiliência são:

● Resiliência para beneficiários além dos limites do projeto; ● Bens públicos que gerem benefícios além do projeto; ● Mudança transformacional (por exemplo, redução das barreiras de mercado e de políticas

que impeçam o ingresso no mercado de outros investimentos em resiliência). As emissões de títulos no setor agrícola podem elevar a resiliência do sistema mais amplo por meio, por exemplo, do uso de técnicas de economia de recursos hídricos que disponibilizem mais água para terceiros; aumento do carbono orgânico do solo, para promover maior saúde do solo no longo prazo; uso de variedades e raças resistentes a pragas e doenças; atração de novos polinizadores; sistemas agroflorestais ou plantações limítrofes que atuem como quebra-ventos ou amorteçam as temperaturas para terceiros; e introdução de variedades, raças e sistemas produtivos mais diversos. Os ativos ou projetos podem reduzir a resiliência climática do sistema social e biofísico mais amplo em que operam, por meio, por exemplo, do desvio de recursos hídricos escassos de outros usuários; da limpeza e compactação da terra; da construção de estruturas; da adoção de práticas que exacerbem a ocorrência e os impactos de enchentes ou erosão; do plantio de árvores ou da construção de estruturas que possam impor perigos na presença de ventos fortes; de mudanças no mercado de variedades ou raças adaptadas ao clima, como, por exemplo, aumentos dos preços de sementes e insumos; do uso ineficiente de recursos escassos de energia, nutrientes, terra ou trabalho; ou da incapacidade de empregar trabalhadores locais no caso de eventos climáticos catastróficos. Embora seja desejável aumentar a resiliência do sistema como um todo, o TWG e o IWG consideraram que a adoção do princípio de “nenhum dano” em relação à resiliência do sistema é um limiar mínimo suficiente para o setor agrícola. Devem ser considerados tanto os impactos adversos diretos quanto os indiretos. Os impactos no sistema podem ser identificados por meio do foco nas interdependências críticas e nas situações em que forem possíveis impactos adversos. Na agricultura, interdependências críticas com efeitos adversos podem ser categorizadas como (1) efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) relações do ativo/projeto com zonas de inundação próximas; (3) introdução de pragas e doenças; (4) queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) redução de biodiversidade ou habitat; (6) dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a

árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis locais; (10) uso excessivo de insumos agrícolas, (11) declínio na produtividade de um ativo; ou (12) declínio nas condições a níveis inferiores às políticas aplicáveis. Um exemplo de impacto adverso indireto é o fato de uma seca de vários anos poder levar à falência de várias fazendas e florestas em determinado local, reduzindo adições ao carbono do solo, diminuindo os polinizadores e aumentando o risco de incêndios. Assim, quando ocorre um grande

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incêndio e a maior parte da comunidade é afetada, não há proteção comunitária para os necessitados, e os recursos de emergência são limitados. Ativos e atividades que sirvam principalmente para oferecer resiliência ao sistema mais amplo, além dos limites do sistema de produção agrícola, precisam demonstrar a resiliência que buscam alcançar. Por exemplo, um viveiro de mudas agroflorestais adaptadas ao clima deve demonstrar a resiliência que as novas mudas proporcionarão ao ambiente mais amplo onde serão inseridas. Os sistemas de informações climáticas devem demonstrar a resiliência que proporcionarão aos agricultores que servirão. A melhoria da eficiência hídrica visando a disponibilizar água aos usuários a jusante deve demonstrar os benefícios de resiliência que confere a tais usuários. Se a CBI adotasse um sistema de certificação baseado em um padrão de vários níveis (por exemplo, limiares básicos e avançados), o padrão avançado poderia incluir uma avaliação mais abrangente dos benefícios de resiliência aprimorados para o sistema mais amplo. Princípio 5. Identificação de trade-offs de mitigação das mudanças climáticas Avaliação dos trade-offs de mitigação.

Os requisitos de mitigação podem ser reduzidos ou considerados irrelevantes para ativos ou atividades com foco na resiliência climática nos casos em que os benefícios da resiliência superarem consideravelmente as emissões associadas. Os emissores de títulos devem demonstrar, no mínimo, que o investimento não causa "nenhum dano" ao clima (as emissões líquidas de gases de efeito estufa não aumentam); que as opções de mitigação foram examinadas, mencionando as razões pelas quais foram descartadas; e que o investimento não impõe práticas que possam impedir a mitigação no futuro. Os esforços para quantificar os benefícios líquidos da mitigação e adaptação (baseados, por exemplo, na norma ISO 14044 e na análise do ciclo de vida resultante) foram examinados pelo AREG e considerados não robustos. Portanto, são recomendadas medidas qualitativas. Além disso, com base nos objetivos da CBI, não devem, em princípio, ser permitidas compensações de carbono. Dadas as necessidades de segurança alimentar e desenvolvimento econômico em países de baixa renda, o TWG recomenda que sejam feitas exceções à exigência de mitigação para países de baixa renda com altos riscos climáticos e baixa responsabilidade pelas mudanças climáticas. Princípio 6. Monitoramento e avaliação Monitoramento e avaliação constantes. Os emissores de títulos devem ter um plano viável para monitorar os riscos e benefícios climáticos vinculados aos ativos e atividades de forma a determinar se continuam a ser resilientes ao clima à medida que evoluírem os riscos climáticos, bem como sua exposição e vulnerabilidade. O emissor deve ter um plano para verificar anualmente seu desempenho em relação à resiliência climática por meio de monitoramento e avaliação. Isso deve incluir uma previsão de riscos climáticos novos ou em evolução. O plano de monitoramento e avaliação deve cobrir apenas a vida útil do Título Climático Certificado.

3.5.1. Problemas relacionados aos critérios de adaptação e resiliência Alguns problemas relacionados aos critérios de resiliência são a decisão de avaliar a resiliência do

ambiente em que está inserido o ativo/projeto; como garantir avaliações gerenciáveis e consistentes do ambiente do ativo/projeto; com que frequência avaliar os riscos climáticos; a incerteza dos riscos

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de mudanças climáticas; a atribuição de danos aos ativos causados pelo clima; a natureza múltipla da vulnerabilidade e resiliência; o uso de critérios de resultados versus critérios de processos; a falta de padrões; a necessidade de resiliência nos locais mais vulneráveis às mudanças climáticas; e os vieses possíveis e impactos imprevistos gerados pelos critérios. 1. Problema: Avaliar ou não a resiliência do ambiente físico e social do ativo/projeto. Ativos ou projetos podem ter impactos adversos, benéficos ou neutros sobre a resiliência climática do sistema social e biofísico mais amplo ou do ambiente em que atuam. A resiliência aos riscos climáticos é necessária em várias escalas (por exemplo, fazenda, família, ambiente, mercados globais) e os mecanismos para lidar com tais riscos também existem em várias escalas (agricultor, família, família extensa, comunidade, serviços governamentais, acordos financeiros globais). Pode haver interações entre as escalas (por exemplo, fortes mecanismos de enfrentamento em uma escala conseguem frequentemente compensar mecanismos mais fracos em outra, como no caso de serviços de combate à fome que reduzem perdas no caso de safras não tolerantes à seca). As intervenções também podem afetar os riscos em diferentes escalas. A introdução de um sistema silvipastoril em um ambiente florestal pode reduzir a resiliência da floresta próxima devido à queima de pastagem, fragmentação da floresta, concentração de nutrientes na água ou uso de pesticidas. Isso, por sua vez, poderia afetar a bacia hidrográfica e a capacidade de armazenamento de água do local, além de reduzir a qualidade da pastagem, afetando, em última instância, a operação pecuária. Como resultado, os riscos e a resiliência às mudanças climáticas precisam ser vistos como um sistema, e a resiliência deve ser idealmente medida em várias escalas para corresponder a esses diferentes riscos e mecanismos de enfrentamento. No entanto, é necessário um conjunto simples de critérios, e o ambiente mais amplo geralmente foge ao controle do investimento. No âmbito do padrão CBI, para permitir avaliações consistentes e gerenciáveis, o TWG e o IWG recomendaram que os critérios dos princípios 3 (foco nos ativos) e 4 (foco no sistema) se concentrem nos riscos e resiliência climáticos em nível de fazenda, bem como nas interdependências críticas adversas com o ambiente maior. Ver também o problema 2 abaixo. 2. Problema: Avaliação gerenciável e consistente dos impactos do ativo ou atividade no meio ambiente? O ambiente mais amplo de um sistema de produção agrícola pode se estender a centenas de quilômetros do ativo/projeto e envolver milhares de interações complexas, dependendo dos tipos de relações de resiliência examinadas. Além disso, caracterizar os benefícios da resiliência para sistemas extensos e complexos não é algo direto ou simples. Para definir o ambiente de ativos/projetos de maneira justa, consistente e gerenciável, é necessário limitar o ambiente e avaliar a resiliência desse ambiente de forma clara e generalizável. O padrão CBI (1) considera apenas impactos diretos, em vez de indiretos do ativo ou atividade; (2) concentra-se em "nenhum dano", em vez de todos os benefícios de resiliência; e (3) concentra-se nas interdependências críticas como indicadores de onde eventuais riscos de danos ligados ao clima podem afetar o ambiente mais amplo. Distinguir os riscos climáticos dos riscos de mudanças climáticas não é uma tarefa simples ou objetiva. 3. Problema: Quando e com que frequência avaliar os riscos climáticos? Os riscos de mudanças climáticas ocorrem em escalas de curto e longo prazo. No curto prazo, podem ser identificadas mudanças nos padrões da próxima estação ou nas fases das estações (por exemplo, início da chuva, temperaturas máximas noturnas, risco de seca ou inundação, tempestades). Alguns analistas de riscos climáticos preferem trabalhar com o clima atual e seus riscos climáticos conhecidos, pois as projeções futuras podem ser altamente incertas. Ao mesmo tempo, variações climáticas de longo prazo são altamente prováveis na maioria dos lugares com

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base em diferentes cenários de CO2 e concentrações. Embora os modelos climáticos possam prever as mudanças climáticas nas próximas décadas, eles não podem fazer isso com alto nível de confiabilidade, especialmente para locais específicos. A natureza e a extensão das mudanças climáticas futuras são altamente incertas devido a processos de sistemas complexos; a vários possíveis pontos de inflexão; e à falta de certeza sobre prováveis intervenções políticas. As projeções de mudanças de longo prazo são mais confiáveis na medida em que refletem o clima médio esperado com base em vários modelos climáticos e cenários de concentração. A resiliência exigirá a antecipação de uma série de mudanças possíveis, reconhecendo que mesmo as melhores projeções são inerentemente incertas. As plantas perenes nos sistemas agroflorestais atuais podem estar mal adaptadas à temperatura prevista para daqui a 20 anos, mas o plantio de espécies adaptadas a essas condições futuras também pode deixar de lograr bons resultados se as projeções estiverem erradas. Para contabilizar os riscos climáticos de curto e longo prazos, as previsões sazonais anuais fornecem informações significativas de curto prazo, ao passo que as projeções decenais fornecem informações sobre a gama de mudanças climáticas de longo prazo possíveis e seus riscos associados. O padrão CBI contém uma escala de tempo de avaliação como orientação opcional apenas para permitir que os emissores de títulos determinem os horizontes de tempo mais relevantes para seus investimentos e riscos. 4. Problema: Falta de padrões para quantificar a adaptação. A medição da adaptação às mudanças climáticas é um campo relativamente novo. Já foram desenvolvidas várias diretrizes e estruturas para tal, além de conjuntos de indicadores (Quinney et al., 2016). Contudo, muitas vezes esses indicadores não são generalizáveis, e não há acordo sobre um padrão. O amplo marco intitulado Rastreamento da Adaptação em Setores Agrícolas (TAAS – Tracking Adaptation in Agricultural Sectors), elaborado pela FAO (2018), consiste na melhor

referência disponível para avaliações padronizadas. Ainda é necessário desenvolver indicadores relevantes para locais específicos, mas isso também permite flexibilidade na seleção de indicadores, bem como sua classificação e pontuação com base nos objetivos e na disponibilidade de dados (TAAS, 2018). O marco TAAS é composto por quatro categorias de indicadores (tabela 7): i) sistemas de produção agrícola; ii) recursos naturais e ecossistemas; iii) indicadores socioeconômicos e institucionais; e iv) sistemas de políticas. O marco TAAS (2018) propõe uma lista indicativa de dezesseis indicadores baseados em processos e resultados. Os indicadores baseados em processos são geralmente qualitativos, e aqueles baseados em resultados, quantitativos. Os indicadores recebem uma pontuação de 0 a 10 para refletir o nível de progresso da adaptação: muito baixo (0 a < 3), baixo (3 a < 5), moderado (5 a < 7), alto (7 a < 9) e muito alto (9 a 10). O padrão CBI trata os indicadores TAAS apenas como um marco opcional, devido à sua natureza altamente genérica. Tabela 7. Indicadores TAAS.

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5. Problema: Resiliência nos locais mais vulneráveis às mudanças climáticas e incentivos criados pelos critérios da CBI. Os critérios da CBI têm, como objetivo, catalisar investimentos em ativos e projetos de baixo carbono e resilientes ao clima. É nas fazendas e locais mais vulneráveis às mudanças climáticas que se torna mais necessária a resiliência da agricultura às mudanças climáticas. No entanto, esses também são os contextos em que os investimentos financeiros são mais arriscados e a adaptação, mais cara. Os critérios podem exigir uma demonstração de alta vulnerabilidade às mudanças climáticas para direcionar os investimentos. Na prática, porém, isso tornaria a aplicação dos critérios muito limitada e desencorajaria a atualização geral. Se, no futuro, a CBI adotar um sistema de certificação em vários níveis, as medidas de resiliência em um sistema altamente vulnerável podem receber um status de certificação proporcional, reconhecendo essa conquista.

Definições padronizadas de riscos e avaliações de risco podem exacerbar o viés rumo a metas já resilientes. Limiares locais específicos que definam o que é aceitável em zonas climáticas de alto risco, como, por exemplo, a África Ocidental, podem ajudar a mitigar esses problemas. Na prática, isso significaria permitir níveis mais elevados de riscos para regiões distintas. No entanto, essa concessão também significaria que os investimentos enfrentariam maior risco de fracasso, o que apenas aumenta a desvantagem das populações mais vulneráveis. Outra opção é fornecer incentivos adicionais aos emitentes que assumam ativos de alto risco ou vulneráveis por meio de parcerias com entidades financeiras públicas, compartilhando, assim, os riscos. O padrão CBI considera a isenção de mitigação de GEEs (princípio 5) como uma medida para promover investimentos em locais ou fazendas vulneráveis aos riscos de mudanças climáticas. Os Critérios podem criar outros incentivos e desincentivos que levem a potenciais exclusões ou inclusões forçadas; à má adaptação; ou a limitações no acesso ao financiamento durante o período de transição rumo à adaptação às mudanças climáticas (por exemplo, até 2050), especialmente devido à incerteza e à fluidez das mudanças climáticas. Por esse motivo, o padrão CBI exige monitoramento e avaliação anuais, além de um mecanismo de reparação de queixas das partes interessadas.

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4. Critérios Os Critérios variam conforme o uso de recursos do título, a saber:

O uso de recursos refere-se a toda a unidade de produção agrícola (seção 3.1);

O uso de recursos refere-se a um componente da unidade de produção agrícola ou a uma intervenção específica na unidade de produção agrícola (seção 3.2)

O uso de recursos refere-se a atividades externas a uma unidade de produção agrícola que permitam às entidades produtoras reduzir as emissões de GEEs/aumentar o sequestro, ou aprimorar sua adaptação e resiliência climáticas (seção 3.3)

Os emissores de títulos devem determinar em qual dessas categorias seu uso de recursos se enquadra e adotar os Critérios apropriados. Para cada uma dessas categorias, os Critérios abrangem os requisitos de elegibilidade relacionados a:

Mitigação de GEEs; e/ou

Adaptação e resiliência climáticas. A fim de demonstrar a conformidade, são estabelecidas disposições especiais, no âmbito das quais o uso de recursos é alocado a muitas unidades de produção distintas. Especificamente, isso se refere aos casos em que os recursos são alocados a mais de 50 produtores, não sendo permitido que produtores individuais representem mais de 20% do portfólio e que a concentração máxima dos cinco principais produtores exceda 35%. Alguns exemplos podem ser os casos em que muitos pequenos agricultores tenham acesso a financiamento por meio de uma cooperativa, um parceiro da cadeia de suprimentos ou um banco. Esses são considerados "títulos altamente pulverizados ". Essas disposições encontram-se nos quadros relevantes abaixo, quando necessário. Nos casos em que forem aplicadas as disposições especiais, os emissores de títulos também deverão demonstrar a existência de procedimentos para garantir a conformidade coletiva e a resolução de controvérsias. Os sistemas agrícolas para mitigação das mudanças climáticas são normalmente definidos no nível de (1) fazenda (unidade territorial) (IPCC); (2) commodity (quilograma de produto ou outra unidade relevante); ou (3) a empresa ou agricultor que tiver a posse ou controle operacional das fontes de emissões (unidade de controle) (Protocolo de GEEs da Agricultura). Às vezes, são estendidos os limites para incluir fontes de emissões de insumos ou da cadeia de suprimentos, especialmente quando forem fontes significativas. Ver, por exemplo, a ferramenta Cool Farm ou a ferramenta Ex-Act para Cadeias de Suprimentos. No caso dos Critérios de Agricultura, o TWG determinou que o escopo da contabilização das emissões incluirá:

Emissões embutidas em insumos de fertilizantes e transporte de insumos agrícolas;

Emissões resultantes da produção na fazenda, uso de bens de capital ou produtos na fazenda;

Emissões resultantes dos processos necessários para o processamento ou armazenamento primário da produção da fazenda, como lavagem ou embalagem simples;

As emissões de estruturas ou maquinários agrícolas não fazem parte do escopo devido à falta de informações prontamente disponíveis para essas fontes. As emissões indiretas (por exemplo, de emissões relacionadas ao nitrogênio da água a jusante) estão fora do escopo devido à dificuldade de contabilização. Os Critérios de Agricultura não tratam da cadeia de abastecimento depois da porteira (por exemplo, emissões associadas à perda e desperdício de alimentos, ou ao consumo)

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dadas as dificuldades de rastreabilidade, à mistura de produtos e a sobreposições com outros Critérios. Uma exceção é para produtos à base de plantas que constituam alternativas a carnes e laticínios, devido à suposição de que reduzirão o consumo de carnes e laticínios. O TWG e o IWG recomendaram que os critérios de mitigação deveriam reconhecer uma série de cenários de produtores e incentivos, inclusive (1) produtores que expandam a produção ou aumentem a produtividade, mas também melhorem a eficiência de GEEs; e (2) produtores que já adotem boas práticas no início do período de investimento, ou antes dele. Também foi recomendado que a contabilização permitisse flexibilidade na especificação das boas práticas, de forma a permitir práticas novas ou imprevistas que alcancem resultados equivalentes de mitigação. Determinação da mitigação: No setor agrícola, a mitigação é definida aqui como a redução líquida

das emissões de gases de efeito estufa ou o aumento do sequestro de carbono em relação ao ano inicial do investimento (conhecido como ano-base) e medido como tCO2e. O uso de boas práticas para uma agricultura de baixas emissões pode ser adotado como substituto. Critérios de mitigação: Os títulos devem atingir um limiar de mitigação para que sejam elegíveis.

Os limiares devem refletir atividades de mitigação ambiciosas e adequadas ao sistema de produção, mas também devem considerar o que é praticável no curto prazo para atrair financiamentos e o que é justo, dadas as diferenças regionais. A ambição deve estar alinhada às metas da UNFCCC, como, por exemplo, emissões líquidas iguais a zero até 2050 e cumprimento da meta de 2 °C até 2100. Os Princípios de Resiliência Climática fornecem um marco para critérios setoriais de resiliência. Ver o resumo dos seis princípios de resiliência na seção anterior ou o documento de Princípios de Resiliência Climática da CBI.64 O escopo dos sistemas agrícolas para a resiliência às mudanças climáticas é definido em nível de (1) ativo ou atividade agrícola diretamente afetada pelo investimento; e (2) interdependências críticas do ativo ou atividade com os sistemas ambientais e sociais mais amplos em que o ativo ou atividade estiver inserido. Alguns exemplos de sistemas relevantes são fazendas vizinhas, zonas de inundação, bacias hidrográficas, jurisdições administrativas do governo, associações de produtores ou comércio, famílias extensas e redes sociais. Devido ao fato de a adaptação estar diretamente relacionada a cada contexto específico, os emissores de títulos deverão definir limiares apropriados para os ativos e atividades vinculadas ao uso de recursos (ver princípio 1). Determinação da resiliência: A resiliência será determinada com base em provas de que o ativo

ou projeto (1) está adotando medidas que aumentem a resiliência aos riscos climáticos; e (2) não causa danos significativos à resiliência do sistema. O objetivo da certificação não é fornecer garantia aos investidores sobre os riscos de crédito. A certificação não é uma garantia pétrea de que o desempenho financeiro futuro do ativo não será afetado por mudanças climáticas no longo prazo. Demonstra, no entanto, que foi realizada uma avaliação justa dos riscos climáticos associados ao ativo e das respostas adequadas. Este é um campo novo. Eventuais versões futuras destes Critérios serão atualizadas com base na evolução das avaliações da resiliência climática da agricultura, à medida que aumentar a experiência no setor, e considerarão quaisquer pontos fortes ou fracos evidenciados pela aplicação dos Critérios. Critérios de resiliência: Para um sistema definido (princípio 1), os títulos devem demonstrar que

foram adotadas medidas para enfrentar, de maneira adequada, os riscos climáticos (princípio 2) em nível de ativo ou atividade (princípio 3), e que nenhum dano será causado à resiliência do sistema, conforme indicado pelas interdependências críticas (princípio 4). São permitidos trade-offs entre

resiliência e mitigação em algumas circunstâncias que reflitam baixa responsabilidade pela mitigação e alta vulnerabilidade às mudanças climáticas (princípio 5). A emissão dos títulos é

64 https://www.climatebonds.net/files/files/climate-resilience-principles-climate-bonds-initiative-20190917.pdf.

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necessária para demonstrar anualmente a relevância dos riscos e das medidas de resiliência por meio de monitoramento, avaliação e ajustes relacionados (princípio 6). Com base nesses princípios orientadores, os requisitos de resiliência são os seguintes:

4.1. Critérios de avaliação de unidades de produção agrícola Os critérios, resumidos na figura 10, são explicados em mais detalhes a seguir.

Figura 10. Critérios de avaliação de unidades de produção agrícola.

4.1.1. Critérios de mitigação para unidades de produção agrícola Critério M1: Nenhuma conversão de terras com alto estoque de carbono A unidade de produção não funciona em áreas convertidas a partir de terras com alto estoque de

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carbono (HCS) que abranjam mais de um hectare após 1º de janeiro de 2010,65 ou qualquer data-limite prevista na legislação nacional do país de emissão, ou conforme definido por iniciativas regionais de financiamento verde nos casos em que a data for anterior a 2010.66 Isso inclui áreas úmidas, turfeiras, áreas florestais ou outras áreas designadas como HCS, conforme definido pelo limiar de 35 tC/ha.67 A conformidade pode ser demonstrada por meio de mapas (consulte mapas do Global Forest Watch68), fotografias georreferenciadas ou imagens de satélite de queimadas e mudanças no uso da terra, por exemplo. Também podem ser utilizados estudos de inventário florestal ou outros dados governamentais formais.

E Critério M2: Status de uso da terra69

Não houve remoção de vegetação lenhosa com mais de 3 metros de altura na unidade de produção em questão após 2020.70 A conformidade pode ser demonstrada por meio de mapas (consulte mapas do Global Forest

65 A data de 1º de janeiro de 2010 foi selecionada como data-limite, pois atende aos principais requisitos de certificação ou normas de

"ausência de desmatamento.” As principais normas relevantes para a agricultura incluem a Mesa Redonda da Soja Responsável; a

Moratória da Soja; o Acordo do G4 sobre Pecuária; a Diretiva I da União Europeia de 2008 sobre Energias Renováveis e RED II; as recomendações técnicas do grupo de especialistas em Finanças Sustentáveis da União Europeia (p. 115, https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/business_economy_euro/banking_and_finance/documents/190618-sustainable- finance-teg-

report-taxonomy_en.pdf); a Certificação Internacional de Sustentabilidade e Carbono (ISCC); e a Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável (RSPO). Todas essas normas adotam 2009 como data-limite para o desmatamento. O Forest Stewardship Council, que se concentra principalmente no manejo florestal sustentável, adota o ano de 1994. O TWG considerou os compromissos de

desmatamento zero de 2020 de muitas empresas. A adoção de uma data futura ou de uma mais recente não foi considerada suficientemente ambiciosa, além de poder incentivar um aumento do desmatamento.

66 Como a taxonomia da UE para atividades sustentáveis estabeleceu a data-limite de 2008 para a conversão de terras com alto estoque de carbono, essa será a data-limite das emissões de títulos da UE que buscam a certificação CBI

https://ec.europa.eu/info/publications/sustainable-finance-teg-taxonomy_en. 67 A avaliação de terras com alto estoque de carbono (HCS) foi desenvolvida com o objetivo de evitar alterações no uso da terra devido à

conversão de óleo de palma que tenha resultado em perdas líquidas de carbono. Como resultado, qualquer uso da terra com mais que

o estoque médio de C por hectare de palmeiras de óleo, ou seja, mais de 35 tC/ha, é considerado alto estoque de carbono. As classificações de florestas podem ser usadas como referência para a classificação. Na Indonésia, por exemplo, as terras classificadas como “floresta de recrescimento predominantemente jovem, mas com manchas ocasionais de floresta mais antiga dentro do estrato” ou

acima em termos de biomassa são consideradas terras com alto estoque de carbono (HCS.land). Elas contrastam com “áreas recentemente desmatadas, com algum recrescimento lenhoso e cobertura do solo rasteira. Abaixo disso, BM (mata jovem) e LT (terra limpa/aberta)" e abaixo, que não são. Ver, por exemplo, a definição contida em Highcarbonstock.org. A avaliação de Alto Valor de Conservação/Alto Estoque de Carbono e o Norma de Desempenho 6 da IFC, com suas avaliações de Habitat Crítico e Natural, são as

duas ferramentas de avaliação mais frequentemente adotadas. 68

https://www.globalforestwatch.org/map?map=eyJjZW50ZXIiOnsibGF0IjoyNywibG5nIjoxMn0sImJlYXJpbmciOjAsInBpdGNoIjowLCJ6b29tIjoyfQ%3D%3D.

69 A alternância de culturas (rodízio) não é considerada uma mudança no uso da terra. 70 Este requisito visa a impedir a remoção vegetal para aumentar a área de pasto ou cultivo. Ele não deve ser aplicado para desqualificar

a remoção quando isso for necessário para a operação comercial da empresa. Por exemplo, a remoção de cobertura vegetal é permitida para a construção de infraestrutura agrícola (por exemplo, estradas, represas ou cercas); aceiros ou faixas de proteção em

torno de linhas de transmissão elétrica; ou outras medidas de mitigação de riscos de incêndio em torno da infraestrutura agrícola. Além disso, é permitida a remoção de árvores comerciais plantadas como parte de um sistema agroflorestal. Caso o uso de recursos se refira ao Cerrado no Brasil, a regra de três metros não se aplica à vegetação. No caso do Cerrado, nenhuma vegetação lenhosa nativa deve

ser removida após 2020 na unidade de produção em questão. Algumas ferramentas podem ser muito úteis, como, por exemplo, a plataforma InfoAmazonia: https://infoamazonia.org/en/datasets/monthly-deforestation-brazil-deter/.

Quadro 1: Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados Conforme a descrição acima, a conformidade pode ser demonstrada por meio de mapas, fotografias georreferenciadas ou imagens de satélite de queimadas e mudanças no uso da terra, por exemplo. Também podem ser utilizados estudos de inventário florestal ou outros dados governamentais formais. No entanto, podem ser usados dados agregados se houver um número muito grande de unidades de produção, o que dificultaria o envio de mapas, fotografias ou imagens de satélite individuais.

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Watch71), fotografias georreferenciadas ou imagens de satélite de queimadas e mudanças no uso da terra, por exemplo. Também podem ser utilizados estudos sobre a vegetação ou outros dados governamentais formais. E

Critério M3: Manejo de culturas com baixas emissões

Exceto pela isenção descrita no quadro 2 abaixo, a unidade de produção vem adotando continuamente práticas de baixas emissões. O emissor do título pode escolher uma das duas opções a seguir para demonstrar isso72.

Opção M3.1: Redução percentual alinhada ao clima de emissões de GEEs (tCO2e) durante o período de investimento em comparação ao início do período A unidade de produção reduzirá as emissões de GEEs (tCO2e) de acordo com a trajetória ilustrada graficamente na figura 11 e numericamente na tabela 8.

71

https://www.globalforestwatch.org/map?map=eyJjZW50ZXIiOnsibGF0IjoyNywibG5nIjoxMn0sImJlYXJpbmciOjAsInBpdGNoIjowLCJ6b29tIjoyfQ%3D%3D.

72 A inclusão de uma opção baseada na demonstração do uso de boas práticas visa a reduzir o custo da avaliação, além de acomodar os

sistemas de produção em uma variedade de cenários. Isso inclui produtores que tenham expandido sua produção ou aumentado a produtividade, ou ainda que já adotassem boas práticas no início ou antes do período de investimento. Com base na contabilização convencional de GEEs, muitos desses sistemas de produção não demonstrariam uma diminuição nas emissões em relação a um ano

base ou uma linha de base.

Quadro 2: Isenção ao critério 3 Caso a unidade de produção atenda a todos os requisitos a seguir, ela estará isenta do requisito 3, com base em sua baixa responsabilidade pela mitigação e alta vulnerabilidade às mudanças climáticas:

• Unidade localizada em país de baixa renda, definido conforme os critérios do Banco Mundial, ou situada abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial, com base no valor médio anual esperado de sua produção comercializada;

• Produção agrícola usada apenas para consumo interno no país, e não para exportação; e • Prova de que o emissor analisou as opções de mitigação e justificativa por não ter podido

superar os obstáculos para cumprimento dos requisitos.

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Figura 11. Trajetória de redução de emissões

Tabela 8. Trajetória de redução de emissões para 1,5 °C

Ano Mitigação percentual necessária em 2020-2050 em relação ao ano-base para a meta de 1,5 °C73

2020 4%

2030 24%

2040 36%

2050 47%

Por exemplo, seria necessária uma redução de 24% nas emissões de GEEs até 2030 em comparação às emissões de 2020; e uma redução de 36% nas emissões de 2040 em relação a 2020. O limiar pode ser reduzido proporcionalmente no caso de períodos de investimento inferiores a dez anos (por exemplo, mitigação das emissões líquidas em 14% para investimentos durante o período 2020-2025, ou redução líquida de 7% para investimentos de 2,5 anos durante o período 2020-2023). A conformidade deve ser demonstrada por meio de uma avaliação validada de GEEs. Consulte o quadro 5: "Notas Metodológicas" para mais detalhes sobre como realizar a avaliação de GEEs.

73 A trajetória baseia-se nos valores médios da mitigação necessária para o cenário da via de concentração representativa de 1,5 °C

(RCP 1.9), usando a Via Socioeconômica Compartilhada 2 (SSP2 – “Via Intermediária”) em relação ao cenário de atividades normais para AIM/CGE2.0, GCAM 4.2, IMAGE 3.0.1, MESSAGE-GLOBIUM 1.0 e REMIND-MAgPIE 1.5. Os requisitos de mitigação para 2020

refletem as emissões acumuladas necessárias até 2020. Fonte de dados: https://data.ene.iiasa.ac.at/iamc-1.5c-explorer/#/login. Agradecemos a Petr Havlík (IIASA), Detlef van Vuuren (PBL) e Elke Stehfest (PBL) por seus conselhos sobre métodos e fornecimento de dados.

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Ou Opção M3.2: Prova de que a unidade adota boas práticas de baixas emissões para sua produção agrícola

4.2 Orientações para critérios de práticas agrícolas de baixas emissões 4.2.1 Limiar de boas práticas As boas práticas são indicadas por um conjunto ou pacote de práticas agrícolas identificadas pelo TWG como os melhores métodos ou tecnologias agrícolas com baixas emissões disponíveis no

subsetor. A agricultura de baixas emissões é um passo inicial rumo à agricultura de carbono zero líquido. A abordagem pressupõe a existência de uma variedade de métodos de cultivo e impactos de emissões associados e visa a alterar as normas de cultivo para práticas mais favoráveis ao clima – por exemplo, aquelas situadas entre as 25% melhores de toda a gama. As atualizações regulares dos critérios devem reconhecer as novas práticas que surgirem, bem como aumentar a ambição dos critérios de atender aos padrões de emissões líquidas iguais a zero até 2050. No âmbito do padrão CBI, o limiar de boas práticas de baixas emissões é determinado pelo uso adequado de práticas-chave (ou combinações de práticas) para assegurar uma alta

probabilidade de mitigação, ao mesmo tempo que reflitam as boas práticas na agricultura, conforme definidas por políticas nacionais ou outras normas relevantes. Por exemplo, a quantidade e a qualidade dos aditivos orgânicos aplicados ao solo devem ser consistentes com as recomendações para realizar sequestro líquido de carbono e melhorar a produtividade, sem prejudicar o meio ambiente. . Algumas das premissas para avaliação de boas práticas são:

Os requisitos devem ser atendidos para todas as principais categorias de fontes e sumidouros de emissões em toda a fazenda onde estiver localizado o investimento. Uma

abordagem abrangente é adotada para encorajar a ambição e reduzir o vazamento.

Devem ser cumpridos todos os requisitos essenciais de boas práticas para sistemas de

produção agrícola (tabelas 9 e 10).

São observadas tanto reduções de emissões de GEEs quanto nenhuma perda de carbono sequestrado.

As principais categorias de fontes e sumidouros de emissões são aquelas que totalizam cumulativamente 95% das emissões agrícolas, determinadas com base nos métodos IPCC de nível 1.74 As categorias recomendadas seguem o IPCC:

Emissões de CH4 e N2O da queima de savanas;

Emissões de CH4 e N2O da queima de resíduos agrícolas;

Emissões diretas de N2O de solos agrícolas;

Emissões diretas de N2O de nitrogênio usado na agricultura;

Emissões de CH4 da produção de arroz;

74 Ver seção 5.4.2.1 em https://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/gpglulucf/gpglulucf_files/Chp5/Chp5_4_KeyCategory.pdf. O método de

nível 1 demanda a soma do valor absoluto de todas as fontes e sumidouros no sistema.

Quadro 3: Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados As metas de redução percentual são aquelas descritas acima. No entanto, a meta deve ser alcançada de forma agregada em todas as unidades de produção às quais tiverem sido alocados os recursos, e não em cada unidade de produção individualmente.

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Sequestro de carbono no solo ou biomassa. Os critérios para a seleção de práticas foram baseados nas recomendações do Grupo Técnico Especializado (GTE) da UE e nas análises do TWG da CBI. Os critérios são:

1) Há suficientes conhecimentos científicos e acordo sobre os efeitos de mitigação das práticas em uma variedade de condições biofísicas e agrícolas (ver Smith et al., 2008)

2) Os efeitos de mitigação das práticas são altamente prováveis, levando em consideração sua incerteza e a consistência dos efeitos de mitigação em condições variáveis.

3) Nos casos em que os efeitos de mitigação não forem significativos, a incerteza da mitigação for alta ou os métodos de estimativas simples não fornecerem estimativas confiáveis, as práticas não devem ser excluídas, pois os efeitos dessas práticas e seu monitoramento

podem melhorar no futuro. Limiares mais específicos ou robustos devem ser exigidos para fins de compensação (ver carbono do solo).

4) As práticas não apresentam riscos de vazamento ou outros efeitos negativos. 5) Os requisitos essenciais devem ser facilmente monitorados ou documentados e não devem

exigir medição de campo ou outras medidas caras. 6) As práticas que levarem, de forma consistente e previsível, ao aumento das emissões serão

excluídas, como, por exemplo, a conversão de paisagens com alto teor de carbono. 7) As práticas essenciais necessárias refletem as práticas que puderem alcançar uma

mitigação significativa e forem amplamente relevantes em contextos agroecológicos. Opções adicionais são indicadas para fornecer soluções adequadas a diversos contextos agroecológicos, bem como apoiar o uso crescente de novas práticas e de práticas que aumentam a ambição.

É possível demonstrar que a sistema de produção está seguindo os requisitos de boas práticas descritos na tabela 9 para a produção agrícola durante todo o período de investimento. As principais práticas devem ser adotadas. A conformidade deve ser demonstrada por meio de um plano de manejo agrícola validado. Consulte o quadro 5: "Notas Metodológicas" para mais detalhes.

Tabela 9. Requisitos de boas práticas: produção agrícola

Categoria Práticas principais Práticas opcionais Exclusões

Uso de fertilizantes

• Há um plano de manejo de nutrientes que identifica a taxa correta75 de uso de fertilizantes N na unidade de produção;

além de, pelo menos, três práticas opcionais.

• O plano de manejo de nutrientes também identifica a fonte correta de fertilizantes;

• O plano de manejo de nutrientes também identifica o momento certo de aplicação dos fertilizantes;

• Aplicação correta de fertilizantes;76 • Aplicação de ureia (em profundidade ou

em outra camada do subsolo; • Práticas agronômicas que gerem

rendimentos na faixa superior de 25% para o agroecossistema;

• Fertilizantes produzidos com métodos de

75 A palavra "correta" nesta categoria refere-se à produção das menores emissões possíveis, mantendo a produtividade; 76 A aplicação correta pode ser indicada pelo maquinário utilizado.

Quadro 4: Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados Oitenta por cento da terra das unidades de produção agregadas devem adotar boas práticas até o vencimento do título.

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eficiência energética (por exemplo, reforma a vapor de metano (SMR), amônia verde, ou um processo que use < 36 gigajoules/t de amônia);77

• Fertilizante de liberação controlada; • Fixação biológica de N como fonte de

insumos nitrogenados; • Qualquer prática que reduza ou

compensa as emissões de N2O em 20%. Manejo do solo para sequestro líquido de carbono

Duração do projeto de pelo menos cinco anos;

Plantio reduzido;78

Erosão evitada;

Sem queima aberta;

Prova de que o sequestro de carbono no solo provavelmente será mantido por 20 anos79 ou mais (direitos fundiários seguros, baixa ameaça de conversão, compromissos contratuais), ou demonstração de um nível 50% maior de sequestro; além de, pelo menos, uma prática opcional.

Aumento da biomassa acima do solo (culturas de cobertura, agrossilvicultura e retenção de resíduos);

Alterações da matéria orgânica no solo (compostagem);

Qualquer prática que aumente o carbono orgânico do solo (ou acima ou abaixo do solo) em 20% ao longo de dez anos.

Manejo da biomassa para sequestro líquido de carbono

Aumento da biomassa acima do solo (produtividade de campos/pastagens, culturas de cobertura, agrossilvicultura) em pelo menos 20%;

Prova de que o sequestro de carbono no solo provavelmente será mantido por 20 anos80 ou mais (direitos fundiários seguros, baixa ameaça de conversão, compromissos contratuais), ou demonstração de um nível 50% maior de sequestro;

Energia, incluindo a

Eficiência energética da tração, irrigação e

Uso de fontes de

77 Limiar baseado na pesquisa de benchmark de 2018 realizada pela International Fertilizer Association (IFA) em 78 fábricas de amônia,

representando ~ 20% da produção global de amônia (ou 28%, se for excluída a China). Trinta e cinco das 78 fábricas que partic iparam da pesquisa de 2018 encontravam-se na União Europeia. A eficiência energética líquida média das fábricas participantes no período operacional de 2 anos (2016-2017) foi de 35,8 GJ/mt NH3 (LHV). Todas, exceto duas, eram de projeto convencional, com base na

reforma da matéria-prima de hidrocarbonetos (geralmente gás natural) para a produção de amônia, a tecnologia mais usada atualmente. As fábricas que usavam hidrogênio como matéria-prima foram tratadas separadamente. Excluindo as fábricas de amônia que usavam hidrogênio como matéria-prima, as 76 fábricas convencionais tiveram uma eficiência energética líquida média de 36,0

GJ/mt NH3, que pode ser considerada uma meta de eficiência global moderada, dada a alta proporção de produtores na UE. As fábricas de amônia do 1º quartil (as 25% mais eficientes), as quais usavam hidrocarbonetos como matéria-prima, apresentaram uma eficiência energética líquida média de 30,9 GJ/mt NH3, o que poderia ser considerado um objetivo de eficiência aspiracional. As

fábricas que usam o hidrogênio como matéria-prima são inerentemente mais eficientes em termos energéticos, uma vez que a energia necessária para converter o hidrocarboneto em hidrogênio não faz parte do processo de produção da amônia. Informações gentilmente fornecidas por Lucia Castillo, analista técnica e de segurança-saúde-ambiente da IFA.

78 O plantio reduzido deixa entre 15% e 30% de cobertura de resíduos da colheita no solo, ou 500 a 1000 libras por acre (560 kg a 1.100 kg/ha) de pequenos resíduos de grãos durante o período crítico de erosão.

79 O período de 20 anos é apenas para prova de manutenção. 80 Ibid.

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energia incorporada aos insumos

armazenamento (taxas de eficiência energética entre as 25% mais altas para os equipamentos disponíveis no país);

OU Uso apenas de energias renováveis.

energia à base de madeira ou carvão.

Manejo de Resíduos

Uso sustentável de resíduos.

Perda de alimentos

Nenhuma micotoxina ou outra condição de cultivo contaminada que possa resultar em redução do rendimento.

Arroz irrigado por inundação (se aplicável)

Dias de inundação reduzidos em 10%.

Turfeiras (se aplicável)

Restauração de turfeiras.

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Quadro 5: Notas metodológicas Nota 1: O limite da unidade de produção agrícola Espera-se, dos emissores de títulos, que definam claramente os limites das unidades de produção, conforme as orientações de "porteira a porteira" contidas na seção 2 e o escopo do uso de recursos. Normalmente, isso será a fazenda em si, incluindo faixas ripárias, áreas de reserva e conservação, prados ou áreas florestais. Para fins de esclarecimento, as áreas de reserva e conservação podem ser consideradas parte da unidade de produção agrícola se constituírem parte da propriedade fundiária da unidade de produção agrícola pertencente ou arrendada pela mesma unidade que a de produção, e desde que não sejam usadas para compensar outras fontes de emissões de GEEs. Nota 2: GEEs a serem incluídos nas avaliações de GEEs O termo emissões é utilizado aqui para se referir às emissões líquidas resultantes de emissões de GEEs e do sequestro de carbono. Portanto, a mitigação é definida aqui como a redução líquida das emissões de gases de efeito estufa ou o aumento do sequestro de carbono em relação ao ano inicial do investimento (conhecido como ano-base) e medido como tCO2e. Quando os Critérios exigirem uma avaliação de GEEs, as seguintes emissões deverão ser incluídas na avaliação:

Emissões embutidas em fertilizantes e transporte de insumos agrícolas;

Emissões resultantes da produção na fazenda, uso de bens de capital ou produtos da fazenda;

Emissões resultantes dos processos necessários para o processamento ou armazenamento primário da produção da fazenda, como lavagem ou embalagem simples;

Emissões decorrentes do uso e da mudança do uso da terra, além dos usos agrícolas.

As emissões resultantes de distúrbios naturais não meteorológicos ou climáticos devem ser excluídas da avaliação. Eventos climáticos ou eventos climáticos extremos não deverão embasar exceções de força maior. Espera-se que o emissor lide com riscos meteorológicos e climáticos extremos conforme os critérios de resiliência das normas. Nota 3: Ferramentas para estimar os GEEs As estimativas de emissões e mitigação devem ser baseadas em calculadoras de contabilização de carbono. As calculadoras aceitáveis para estimar as emissões incluem a Ferramenta de Benefícios de Carbono, a Ferramenta Ex-Act, a Ferramenta Cool Farm e as Ferramentas de Orientação Agrícola do Protocolo de GEEs. Para cadeias de suprimentos, a calculadora ecológica AtSource também é aceitável. Ademais, podem ser usadas metodologias contábeis padrão, como a metodologia da Verra para Agricultura Sustentável e Gerenciamento da Terra. Esta lista não é exaustiva, e outras calculadoras nacionais ou regionais podem ter uma calibragem mais adequada às condições e valores de cada região. Nota 4: Demonstração de conformidade com a lista de boas práticas de gestão A conformidade com as boas práticas pode ser demonstrada por meio da apresentação de registros de manejo agrícola, tais como planos de manejo de nutrientes, mapas e fotografias georreferenciadas, que detalhem as práticas agrícolas realizadas no ano e sua extensão (por exemplo, a área) em cada estação do ano e para cada sistema de produção associado ao investimento. Cada prática deverá ser documentada por meio de, por exemplo, registros de compra de fertilizantes; comprovantes de classificação de eficiência energética; imagens de satélite de queimadas e mudanças do uso da terra; ou fotos georreferenciadas de insumos usados ou forma de uso. Também podem ser utilizados outros dados governamentais formais. Além disso, algumas boas práticas recomendadas exigem estimativas de emissões e mitigação, com base nas calculadoras de contabilização de carbono mencionadas acima para determinar a conformidade.

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4.1.2. Critérios de adaptação e resiliência para unidades de produção agrícola Em resumo:

As emissões de títulos devem demonstrar que foi realizada uma avaliação dos riscos climáticos físicos aos quais a unidade de produção ficará exposta e vulnerável ao longo de sua vida útil; que as medidas que foram ou serão tomadas para lidar com tais riscos são capazes de mitigá-los de forma que a unidade de produção seja "adequada à finalidade" em face de futuras mudanças climáticas ao longo de sua vida útil; e que a unidade de produção não prejudique a resiliência do sistema definido em que atua, conforme indicado pelos limites e interdependências críticas com esse sistema.

Ademais, a emissão de títulos deverá demonstrar que haverá monitoramento e avaliação contínuos da relevância das medidas de resiliência e contenção de riscos, bem como dos ajustes relacionados a tais medidas, conforme a necessidade.

Especificamente, devem ser atendidos os critérios resumidos na lista de verificação abaixo (tabela 10). Vale notar que não são necessárias avaliações profissionais e análises de cenários climáticos e que estes são apenas exemplos e sugestões com o propósito de fornecer orientação. Tabela 10. Lista de verificação de adaptação e resiliência para avaliação de toda a unidade de produção agrícola

81 Os critérios de habitat de Alto Valor De Conservação (HCV) são definidos de acordo com https://www.hcvnetwork.org. 82 Conforme os Padrões de Desempenho da IFC.

Lista de verificação de adaptação e resiliência para toda a unidade de produção agrícola

Status

1. São identificados limites claros e interdependências críticas entre a propriedade agrícola e o sistema em que atua.

1.1. São definidos os limites das unidades de produção usando (1) uma lista de todas as propriedades agrícolas, bem como as atividades e ativos associados ao uso dos recursos to título; (2) um mapa de sua localização; e (3) a identificação da vida útil esperada da atividade, ativo ou projeto.

1.2. São identificadas interdependências críticas entre a propriedade agrícola e o sistema em que atua. A identificação dessas interdependências deve considerar o potencial de impactos adversos decorrentes: (1) dos efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) das relações do ativo/projeto com zonas de inundação próximas; (3) da introdução de pragas e doenças; (4) da queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) da redução da biodiversidade ou de habitat de Alto Valor de Conservação;81 (6) de dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) de queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) de influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) da apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis locais;82 e (10) do uso excessivo de insumos.

2. Foi realizada uma avaliação para identificar os principais riscos climáticos físicos aos quais a unidade de produção ficará exposta e vulnerável ao longo de toda a sua vida útil.

2.1. São identificados os principais riscos climáticos físicos e os indicadores desses riscos de acordo com as diretrizes a seguir:

São identificados os riscos com base em (a) uma gama de perigos climáticos e (b) informações sobre riscos no contexto local atual, incluindo referências a

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83 https://health2016.globalchange.gov. Ver também Loladze, I. (2002) Rising atmospheric CO2 and human nutrition: toward globally

imbalanced plant stoichiometry? Trends in Ecology and Evolution 17: 457-461; Müller, C., Elliott, J., e Levermann, A. (2014) Fertilizing hidden hunger. Nature Climate Change 4: 540-541; e Myers, S.S., Zanobetti, A., Kloog, I. et al. (2014). Increasing CO2 threatens human

nutrition. Nature 510: 139-142

quaisquer zonas de perigo relevantes. previamente identificadas, como, por exemplo, zonas de inundação.

A tabela 6 apresenta uma lista completa dos possíveis riscos climáticos físicos que podem ser considerados. No mínimo, devem ser considerados os riscos relativos a cada uma das seguintes categorias:

1. Temperatura: temperaturas altas/baixas, variação no número de noites

quentes, duração do período de calor, ondas frias, geadas. 2. Água

2.1 Precipitação: altos níveis de precipitação, chuvas intensas, alagamento, inundação, seca, chuva congelada (granizo, chuva congelada, gelo). 2.2 Estresse hídrico: estresse hídrico da lavoura (refletindo a combinação de temperatura, precipitação e vento), razão entre captação e disponibilidade de água. 2.3. Nível do mar: inundações, enchentes ou tempestades, salinização devido à intrusão de água salgada ou regimes hídricos instáveis. 2.4 Derretimento glacial e transbordamento de lagos glaciais: inundações causadas pelo transbordamento de geleiras ou derretimento glacial.

3. Vento: ciclones (furacões, tornados, tufões), tempestades de areia e poeira, nevascas, padrões de ventos.

4. Solo: erosão (incluindo erosão costeira), deslizamentos de terra, avalanches, degradação.

5. Sazonalidade: início das chuvas, mudanças nas datas da semeadura, duração da estação de crescimento, mudanças nos dias livres de geada na estação, outros riscos fenológicos específicos de cada cultura.

6. Pragas e doenças: novos padrões de pragas e doenças, alterações nos vetores de pragas e doenças.

7. Fogo: aumento da incidência e extensão de incêndios florestais, ou controle de queimadas.

8. Concentrações de CO2: espera-se que, em geral, gerem efeitos positivos (devido ao efeito fertilizante do CO2) e estimulem o crescimento e a produção de carboidratos; contudo, há um risco de alterações no conteúdo e na densidade nutricionais (proteínas, açúcares e minerais essenciais) do trigo, arroz e batatas, por exemplo.83

3. As medidas que foram ou serão adotadas para lidar com esses riscos são capazes de atenuá-los, fazendo com que as unidades de produção se tornem adequadas às condições de mudanças climáticas ao longo de sua vida útil.

3.1 São implementadas medidas de redução de riscos para todos os principais riscos que afetam a unidade de produção. Tais medidas devem permitir que a unidade de produção atinja um limiar médio de produtividade anual relativo a uma série de riscos climáticos esperados durante o período de investimento. O limiar mínimo de produtividade é determinado pelo nível médio de perda de rendimento em comparação com a média de produção de cinco anos, para pelo menos três empreendimentos agrícolas comparáveis com cinco anos ou mais de produção. Nos casos em que não houver empreendimentos comparáveis, o limiar mínimo de produtividade será calculado como 10% menor que a produtividade média anual dos cinco anos anteriores, desde que não tenham sido verificados eventos climáticos extremos.

3.2 As medidas de redução de riscos devem ser tolerantes a uma série de riscos climáticos e não devem impor condições que possam resultar em má adaptação.

4. As medidas que foram ou serão tomadas não prejudicam a resiliência do sistema definido em que atuam, conforme indicado pelos limites e pelas interdependências críticas com tal sistema, identificados no item 1 desta lista de verificação.

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84 Os critérios de habitat de alto valor de conservação (HCV) são definidos de acordo com https://www.hcvnetwork.org. 85 Conforme os Padrões de Desempenho da IFC. 86 http://www.pops.int/ 87 https://www.who.int/ipcs/publications/pesticides_hazard/en/ 88 http://www.pic.int/

4.1 É realizada uma avaliação para demonstrar que a unidade de produção não apresenta risco significativo de prejudicar os ativos naturais, sociais ou financeiros de terceiros, de acordo com o princípio da melhor evidência disponível durante o período de investimento, levando em conta os limites da unidade de produção e as interdependências críticas, conforme as definições do critério 1. Entende-se por dano qualquer efeito adverso em qualquer um dos seguintes casos:

(1) efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) aumento do risco de inundações; (3) introdução de pragas e doenças; (4) queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) redução da biodiversidade ou de habitat de Alto Valor de Conservação;84 (6) dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis locais;85 (10) uso excessivo de insumos; (11) declínio na produtividade de um ativo; ou (12) declínio nas condições a níveis inferiores às políticas aplicáveis; e (13) não utilização de produtos químicos listados na Convenção de Estocolmo,86 ou nos itens 1a ou 1b da classificação da OMS de pesticidas por risco,87 ou não conformidade com a Convenção de Roterdã.88

5. A emissão do título deverá demonstrar que haverá monitoramento e avaliação contínuos da relevância das medidas de resiliência e contenção de riscos, e serão feitos eventuais ajustes relacionados a tais medidas conforme a necessidade.

5.1. São fornecidos indicadores para os riscos identificados no item 2 desta lista de verificação.

5.2. São fornecidos indicadores para as medidas de resiliência identificadas no item 3 desta lista de verificação.

5.3. São fornecidos indicadores de “nenhum dano” aos ativos relevantes do sistema identificados no item 3 desta lista de verificação.

5.4. Os emissores dispõem de um plano viável para monitorar anualmente (a) os riscos climáticos vinculados à unidade de produção, (b) o desempenho da resiliência climática e (c) a adequação das intervenções de resiliência climática, podendo ajustá-las conforme o caso para lidar com variações nos riscos climáticos.

5.5. Os emissores dispõem de um processo de monitoramento e avaliação, e isso é realizado anualmente.

5.6. Existe um mecanismo de reparação de queixas para permitir que as partes interessadas identifiquem impactos adversos imprevistos, inclusive vieses de investimentos em locais e ativos de alto risco.

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Quadro 6. Orientações opcionais sobre o item 2 da lista de verificação: avaliação dos principais riscos climáticos físicos.

Os usuários podem optar por aplicar cenários climáticos baseados nas vias de concentração representativa (RCP) 4.5 e 8.5, ou em cenários semelhantes para garantir que seja considerado o pior cenário possível.

Uma vasta gama de modelos pode ser usada para gerar cenários climáticos.

Os horizontes temporais para avaliar o risco climático na agricultura podem ser baseados em previsões sazonais anuais e a cada dez anos durante a vida útil dos ativos e projetos. Nos casos em que não forem possíveis avaliações precisas da variabilidade climática de locais específicos, recomenda-se usar o pior cenário possível.

Os riscos podem ser caracterizados pela probabilidade anual associada de falha, ou pelos custos anuais de perdas ou danos.

Para a avaliação de riscos, recomenda-se A Utilização da Análise de Cenários na Divulgação de Riscos e Oportunidades Relacionados às Mudanças Climáticas da Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).

Recursos para realizar avaliações de riscos: Plataformas

Climate Adapt e Ferramenta de Avaliação GRaBS da União Europeia

Sistema Nacional de Informações Agrícolas (SNIA), Uruguai

Portal de Conhecimentos sobre Mudanças Climáticas do Banco Mundial

Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), Brasil

Ferramenta Global de Previsão de Secas http://iridl.ldeo.columbia.edu/maproom/Global/World_Bank/Drought_Monitor/index3.html?gmap=%5B98.56491816776989%2C14.15605487421816%2C2%5D

Ferramentas e marcos

Ferramentas de Triagem e Gestão de Riscos Climáticos da USAID

Procedimentos de Avaliação e Análise de Triagem e Adaptação Climáticas do Banco Africano de Desenvolvimento

Ferramenta CEDRIG (Guia para a Integração do Clima, do Meio Ambiente e da Redução dos Riscos de Desastres) da Agência Suíça para o Desenvolvimento e a Cooperação

Avaliação e Gestão de Riscos Climáticos na Agricultura (Selvaraju, 2012) da FAO – ver também outros documentos do workshop sobre Resiliência para a Adaptação às Mudanças Climáticas na Agricultura, realizado em 2012.

Filtro de Riscos Hídricos do WWF

Atlas de Aquedutos do WRI

Ferramenta Hídrica do WBCSD

Portal de Dados sobre Zonas Agroecológicas Globais da FAO

Normas de Boas Práticas do Sasb Dados climáticos

Biblioteca de Dados Climáticos do IRI

Portal de Dados Reduzidos do Modelo de Circulação Global (GCM): http://ccafs-climate.org/data_spatial_downscaling/

MarkSim GCM,http://gismap.ciat.cgiar.org/MarkSimGCM/, que pode fornecer dados diários característicos para condições atuais ou futuras (usando dados de GCM do Projeto de Intercomparação com Modelo Acoplado Fase 5 (CMIP5) 1). Para isso, bastar clicar no mapa e selecionar o cenário de GEEs/modelo/ano. Existe uma versão autônoma que pode ser usada para executar modelagens agrícolas em grandes áreas.

O Grupo de Trabalho 1 do IPCC está produzindo um atlas online. Até que esteja disponível, o Assistente de Clima do CIAT é um recurso, embora use dados mais antigos do CMIP3.

Projeções de mudanças climáticas de governos ou órgãos meteorológicos nacionais.

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Quadro 7. Orientações opcionais sobre o item 3 da lista de verificação: medidas a serem tomadas para garantir a "adequação à finalidade".

Além da produtividade ou perda mínima, a resiliência também pode ser indicada pela variação no rendimento em anos/estações com riscos climáticos em relação à variação no rendimento em anos/estações sem riscos climáticos. Isso permite comparar o rendimento sob risco de mudanças climáticas e a variabilidade normal do rendimento. Uma pontuação de 1 ou mais indica que a variação do rendimento sob riscos climáticos é igual ou superior àquela sem mudanças climáticas, ou seja, um bom desempenho apesar dos riscos climáticos. Uma pontuação menor que 1 indica que a produtividade sob riscos climáticos está abaixo da alcançada em anos normais.

É possível considerar o momento da gestão dos riscos. O que pode ser feito antes da construção ou criação de um ativo para reduzir sua vulnerabilidade? Quais são as opções de ajuste após a construção do sistema? Como podem ser aprimoradas as práticas operacionais para aumentar a resiliência?

Podem ser realizadas consultas com partes interessadas com o objetivo de identificar diferentes opiniões sobre o que constitui um risco significativo de danos e quais são os níveis inaceitáveis de danos ao sistema. As partes interessadas devem incluir membros da comunidade afetada.

A seguir, são apresentados, apenas para fins informativos, alguns exemplos de práticas agrícolas resilientes. As medidas selecionadas para a propriedade agrícola e os ativos associados em questão devem ser selecionadas conforme os riscos identificados para o empreendimento, em seu contexto específico.

Produtividade melhorada ou mais estável (amortecimento econômico dos impactos climáticos): aumento ou manutenção do rendimento, ou redução dos custos para gerar ganhos líquidos em produto ou receita; produção diversificada; aumento das economias e do valor dos ativos; aumento da eficiência de recursos hídricos, energia, fertilizantes e outros insumos; melhora das capacidades de armazenamento de produtos; uso das práticas agronômicas mais adequadas à mudança das condições climáticas; redução do percentual de área plantada com culturas vulneráveis; aumento do percentual da produção sob sistemas de agricultura ambiental controlada;

Estoque adaptado: uso de espécies e raças adaptadas a mudanças de CO2 e clima, como, por exemplo, temperatura, regimes hídricos, eventos extremos ou sazonalidade;

Medidas de amortecimento ecológico de impactos climáticos: manejo de recursos hídricos ou microclima, incluindo, por exemplo, irrigação, armazenamento de água, aumento da capacidade de retenção hídrica do solo, agrossilvicultura para amortecer temperaturas extremas ou aumento do carbono orgânico no solo; diversificação ecológica, inclusive por meio da alteração do uso da terra (de monocultura para policulturas, ou outro tipo de produção diversificada); faixas ripárias; conservação do solo e da água; manejo de manguezais; restauração de habitat;

Gestão de riscos: ativos tangíveis (estações meteorológicas, satélites, infraestrutura de computação e comunicação) usados para serviços de informações climáticas e sistemas de aviso prévio; seguro de safras; monitoramento e avaliação do desempenho da fazenda; identificação e tratamento de riscos além das normas de elaboração do projeto (por exemplo, diques/aterros ou outras infraestruturas físicas); preparação para emergências e outros serviços que ajudem a evitar ou compensar riscos climáticos em nível de propriedade agrícola.

Realocação física de ativos ou atividades vulneráveis: uso evitado de áreas vulneráveis a riscos climáticos, como, por exemplo, inundações, salinização ou estresse térmico.

Consulte o anexo 6 do Documento de Apoio para obter uma lista de indicadores de resiliência.

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4.2. Critérios de avaliação de intervenções específicas em unidades de produção agrícola

Figura 12. Critérios de avaliação de intervenções específicas em unidades de produção agrícola.

Quadro 8. Orientações opcionais para o item 4 da lista de verificação: monitoramento e avaliação da lista de verificação de adaptação e resiliência para a produção agrícola. Recursos para requisitos de monitoramento: Alguns dos recursos relativos a indicadores de riscos climáticos são: TAAS (2018) (ver abaixo),Rosenzweig e Tubiello (2008),1 Hatfield et al. (2018),1 Bizikova e Waldick 2019.1 Alguns dos recursos para monitoramento e avaliação da adaptação são:

Marco de Monitoramento e Avaliação da organização NAMA Facility (Ações de Mitigação Nacionalmente Adequadas) www.nama-facility.org/fileadmin/user_upload/publications/documents/2018-11_doc_nama-facility_me-framework.pdf. Orientação para projetos de apoio a NAMAs financiados pela organização NAMA Facility para avaliação formativa de relevância, eficiência, eficácia, sustentabilidade e impacto.

A Importância da Adaptação: conceitos e opções para monitoramento e avaliação da adaptação às mudanças climáticas www.wri.org/publication/making-adaptation-count. Relatório que fornece um marco de "aprendizagem prática" baseado na teoria da mudança para rastrear as conquistas e obstáculos de adaptação em projetos com objetivos de desenvolvimento. Inclui exemplos de indicadores relevantes para a agricultura.

Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres.

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4.2.1. Critérios de mitigação para intervenções específicas em unidades de produção

agrícola Critério M1: A unidade de produção na qual a intervenção é realizada deve funcionar em uma área que não tenha sido convertida a partir de terras com alto estoque de carbono. A unidade de produção não funciona em áreas convertidas a partir de terras com alto estoque de carbono (HCS) que abranjam mais de um hectare após 1º de janeiro de 201089, ou qualquer data-limite prevista na legislação nacional do país de emissão, ou conforme definido por iniciativas regionais de financiamento verde nos casos em que a data for anterior a 2010.90 Isso inclui áreas úmidas, turfeiras, áreas florestais ou outras áreas designadas de HCS, conforme definido pelo limiar de 35 tC/ha.91 A conformidade pode ser demonstrada por meio de mapas (consulte mapas do Global Forest Watch92), fotografias georreferenciadas ou imagens de satélite de queimadas e mudanças no uso da terra, por exemplo. Também podem ser utilizados estudos de inventário florestal ou outros dados governamentais formais.

Critério M2: Caso a intervenção vise a tratar de emissões de GEEs ou sequestro de carbono, ela deve viabilizar ou apoiar boas práticas identificadas para baixas emissões de GEEs. O emissor do título pode escolher uma das duas opções a seguir para demonstrar isso93. Opção M2.1: Redução percentual alinhada ao clima de emissões de GEEs (tCO2e) durante o período de investimento em comparação ao início do período.

89 A data de 1º de janeiro de 2010 foi selecionada como data-limite, pois atende aos principais requisitos de certificação ou normas de

"ausência de desmatamento”. As principais normas relevantes para a agricultura incluem a Mesa Redonda da Soja Responsável; a

Moratória da Soja; o Acordo do G4 sobre Pecuária; a Diretiva I da União Europeia de 2008 sobre Energias Renováveis e RED II; as recomendações técnicas do grupo de especialistas em Finanças Sustentáveis da União Europeia (p. 115, https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/business_economy_euro/banking_and_finance/documents/190618-sustainable- finance-teg-

report-taxonomy_en.pdf); a Certificação Internacional de Sustentabilidade e Carbono (ISCC); e a Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável (RSPO). Todas essas normas adotam 2009 como data-limite para o desmatamento. O Forest Stewardship Council, que se concentra principalmente no manejo florestal sustentável, adota o ano de 1994. O TWG considerou os compromissos de

desmatamento zero de 2020 de muitas empresas. A adoção de uma data futura ou de uma mais recente não foi considerada suficientemente ambiciosa, além de poder incentivar um aumento do desmatamento.

90 Ano de 2008 para emissões de títulos na União Europeia. 91 A avaliação de terras com alto estoque de carbono (HCS) foi desenvolvida com o objetivo de evitar alterações no uso da terra devido à

conversão de óleo de palma que tenha resultado em perdas líquidas de carbono. Como resultado, qualquer uso da terra com mais que o estoque médio de C por hectare de palmeiras de óleo, ou seja, mais de 35 tC/ha, é considerado estoque de alto carbono. As

classificações de florestas podem ser usadas como referência para a classificação. Na Indonésia, por exemplo, as terras classificadas como “floresta de recrescimento predominantemente jovem, mas com manchas ocasionais de floresta mais antiga dentro do estrato” ou acima em termos de biomassa são consideradas terras com alto estoque de carbono (HCS.land). Elas contrastam com “áreas

recentemente desmatadas, com algum recrescimento lenhoso e cobertura do solo rasteira. Abaixo disso, BM (mata jovem) e LT (terra limpa/aberta)" e abaixo, que não são. Ver, por exemplo, a definição contida em Highcarbonstock.org.

92

https://www.globalforestwatch.org/map?map=eyJjZW50ZXIiOnsibGF0IjoyNywibG5nIjoxMn0sImJlYXJpbmciOjAsInBpdGNoIjowLCJ6b29tIjoyfQ%3D%3D

93 A inclusão de uma opção baseada na demonstração do uso de boas práticas visa a reduzir o custo da avaliação, além de acomodar os

sistemas de produção em uma variedade de cenários. Isso inclui produtores que tenham expandido sua produção ou aumentado a produtividade, ou ainda que já adotassem boas práticas no início ou antes do período de investimento. Com base na contabilização convencional de GEEs, muitos desses sistemas de produção não demonstrariam uma diminuição nas emissões em relação a um ano

base ou uma linha de base.

Quadro 9: Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados Conforme a descrição acima, a conformidade pode ser demonstrada por meio de mapas, fotografias georreferenciadas ou imagens de satélite de queimadas e mudanças no uso da terra, por exemplo. Também podem ser utilizados estudos de inventário florestal ou outros dados governamentais formais. No entanto, podem ser usados dados agregados se houver um número muito grande de unidades de produção, o que dificultaria a apresentação de mapas, fotografias ou imagens de satélite individuais.

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Como resultado da intervenção, a unidade de produção alcançará uma redução nas emissões de GEEs (tCO2e) de acordo com a trajetória descrita acima graficamente na figura 11 e numericamente na tabela 8. A conformidade deve ser demonstrada por meio de uma avaliação validada de GEEs. Consulte o quadro 5: "Notas Metodológicas" para mais detalhes sobre como realizar a avaliação de GEEs.

OU

Opção M2.2: Prova de que a intervenção adota boas práticas agrícolas de baixas emissões.

O emissor deve identificar quais das seguintes categorias de boas práticas a intervenção afeta, além de atender às principais práticas definidas para essas categorias. Vale notar que qualquer intervenção pode ter impacto em mais de uma categoria. Para a produção agrícola, as categorias são:

Uso de fertilizantes

Manejo do solo para sequestro líquido de carbono

Manejo da biomassa para sequestro líquido de carbono

Energia, incluindo a energia incorporada aos insumos

Arroz irrigado por inundação

Manejo de Resíduos

Turfeiras Para obter uma lista das práticas principais em cada uma dessas categorias, consulte as tabelas 4 e 5 acima. A conformidade deve ser demonstrada por meio de um plano de manejo agrícola validado. Consulte o quadro 5: "Orientação Metodológica" acima para mais detalhes.

Critério M3: Caso a intervenção vise a tratar de adaptação e resiliência climáticas na unidade de produção, a intervenção não precisa atender aos critérios de mitigação. As atividades elegíveis se limitam a:

• Uso de microrganismos para substituir ou reduzir o uso de fertilizantes ou pesticidas minerais N ou promover o crescimento das culturas;

• Agricultura de precisão (AP); • Agricultura por satélite ou manejo sítio-específico (SSCM); • Uso de espécies e raças adaptadas a mudanças de CO2 e clima, como, por exemplo,

temperatura, regimes hídricos, eventos extremos; • Medidas de amortecimento ecológico de impactos climáticos, tais como manejo de recursos

Quadro 10: Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados As metas de redução percentual são aquelas descritas acima. No entanto, a meta precisa ser alcançada de forma agregada em todas as unidades de produção às quais tiverem sido alocados os recursos, e não em cada unidade de produção individualmente.

Quadro 11: Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados Oitenta por cento da terra das unidades de produção agregadas devem adotar boas práticas até o vencimento do título.

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hídricos ou microclima, incluindo, por exemplo, irrigação, armazenamento de água, aumento da capacidade de retenção hídrica do solo, agrossilvicultura para amortecer temperaturas extremas ou aumento do carbono orgânico no solo; diversificação ecológica, inclusive por meio da alteração do uso da terra (de monocultura para policulturas, ou outro tipo de produção diversificada); faixas ripárias; conservação do solo e da água; manejo de manguezais; restauração de habitat;

• Realocação física de ativos ou atividades vulneráveis.

4.2.2. Critérios de adaptação e resiliência para intervenções específicas em unidades de

produção agrícola Critério R1: Caso a intervenção vise a tratar de emissões de GEEs ou sequestro de carbono, deve ser preenchida a lista de verificação de adaptação e resiliência abaixo.

Em resumo:

as emissões devem demonstrar que foi realizada uma avaliação dos riscos climáticos físicos aos quais a unidade de produção agrícola estará exposta e vulnerável ao longo de sua vida útil (princípio 2); e que as medidas propostas financiadas permitem/permitirão que a propriedade agrícola seja "adequada à finalidade" em face das futuras mudanças climáticas ao longo de sua vida útil e que não prejudiquem a resiliência do sistema definido no qual a unidade de produção atua (princípio 3), conforme indicado pelos limites e interdependências com tal sistema (princípio 1).

Preencha a lista de verificação abaixo para atender aos requisitos de adaptação e resiliência de intervenções de adaptação e resiliência que tratem de emissões de GEEs/sequestro de carbono dentro da unidade de produção. Vale notar que não são necessárias avaliações profissionais e análises de cenários climáticos, e que estes são apenas exemplos e sugestões com o propósito de fornecer orientação. Tabela 11. Lista de verificação de adaptação e resiliência para intervenções relacionadas a emissões de GEEs/sequestro de carbono na unidade de produção.

Lista de verificação de adaptação e resiliência para intervenções relacionadas a emissões de GEEs/sequestro de carbono na unidade de produção.

Status

1. São identificados limites claros e interdependências críticas entre a intervenção, a unidade de produção agrícola e o sistema mais amplo em que atua.

1.1. São definidos os limites das propriedades agrícolas onde estão sendo implementadas medidas de resiliência usando (1) uma lista de todas as propriedades agrícolas, bem como as atividades e ativos associados ao uso de recursos to título; (2) um mapa de sua localização; e (3) a identificação da vida útil do projeto.

1.2. São identificadas interdependências críticas entre a intervenção, a unidade de produção e o sistema mais amplo em que atua. A identificação dessas interdependências deve considerar o potencial de impactos adversos decorrentes: (1) dos efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) das relações do ativo/projeto com zonas de inundação próximas; (3) da introdução de pragas e doenças; (4) da queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) da redução da biodiversidade ou de habitat de Alto Valor de Conservação;94

94 Os critérios de habitat de alto valor de conservação (HCV) são definidos de acordo com https://www.hcvnetwork.org.

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(6) de dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) de queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) de influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) da apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis locais;95 (10) do uso excessivo de insumos.

2. Foi realizada uma avaliação para identificar os principais riscos climáticos físicos aos quais a unidade de produção ficará exposta e vulnerável ao longo de toda a sua vida útil.

2.1. São identificados os principais riscos climáticos físicos e os indicadores desses riscos de acordo com as diretrizes a seguir.

São identificados os riscos com base em (a) uma gama de perigos climáticos e (b) informações sobre riscos no contexto local atual, incluindo referências a quaisquer zonas de perigo relevantes previamente identificadas, como, por exemplo, zonas de inundação.

A tabela 6 apresenta uma lista completa dos possíveis riscos climáticos físicos que podem ser considerados. No mínimo, devem ser considerados os riscos relativos a cada uma das seguintes categorias:

1. Temperatura: temperaturas altas/baixas, variação no número de noites quentes, duração do período de calor, ondas frias, geadas.

2. Água: 2.1 Precipitação: altos níveis de precipitação, chuvas intensas, alagamento, inundação, seca, chuva congelada (granizo, chuva congelada, gelo). 2.2 Estresse hídrico: estresse hídrico da lavoura (refletindo a combinação de temperatura, precipitação e vento), razão entre captação e disponibilidade de água. 2.3. Nível do mar: inundações, enchentes ou tempestades, salinização devido à intrusão de água salgada ou regimes hídricos instáveis. 2.4 Derretimento glacial e transbordamento de lagos glaciais: inundações causadas pelo transbordamento de geleiras ou derretimento glacial.

3. Vento: ciclones (furacões, tornados, tufões), tempestades de areia e poeira, nevascas, padrões de ventos.

4. Solo: erosão (incluindo erosão costeira), deslizamentos de terra, avalanches, degradação.

5. Sazonalidade: início das chuvas, mudanças nas datas da semeadura, duração da estação de crescimento, mudanças nos dias livres de geada na estação, outros riscos fenológicos específicos de cada cultura.

6. Pragas e doenças: novos padrões de pragas e doenças, alterações nos vetores de pragas e doenças.

7. Fogo: aumento da incidência e extensão de incêndios florestais, ou controle de queimadas.

8. Concentrações de CO2: espera-se que, em geral, gerem efeitos positivos (devido ao efeito fertilizante do CO2) e estimulem o crescimento e a produção de carboidratos; contudo, há um risco de alterações no conteúdo e na densidade nutricionais (proteínas, açúcares e minerais essenciais) do trigo, arroz e batatas, por exemplo.96

Orientações opcionais sobre a realização de avaliações de risco.

Os usuários devem aplicar cenários climáticos com base nas vias de concentração representativa (RCP) 4.5 e 8.5, ou em cenários

95 Conforme os Padrões de Desempenho da IFC. 96 https://health2016.globalchange.gov. Ver também Loladze, I. (2002) Rising atmospheric CO2 and human nutrition: toward globally

imbalanced plant stoichiometry? Trends in Ecology and Evolution 17: 457-461; Müller, C., Elliott, J., e Levermann, A. (2014) Fertilizing hidden hunger. Nature Climate Change 4: 540-541; e Myers, S.S., Zanobetti, A., Kloog, I. et al. (2014). Increasing CO2 threatens human

nutrition. Nature 510: 139-142

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semelhantes/equivalentes para garantir que seja considerado o pior cenário possível.

Uma vasta gama de modelos pode ser usada para gerar cenários climáticos.

Os horizontes temporais para avaliar o risco climático na agricultura podem ser baseados em previsões sazonais anuais e a cada dez anos durante a vida útil dos ativos e projetos. Nos casos em que não forem possíveis avaliações precisas da variabilidade climática de locais específicos, recomenda-se usar o pior cenário possível.

Os riscos podem ser caracterizados pela probabilidade anual associada de falha, ou pelos custos anuais de perdas ou danos.

Para a avaliação de riscos, recomenda-se A Utilização da Análise de Cenários na Divulgação de Riscos e Oportunidades Relacionados às Mudanças Climáticas da Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).

3. A intervenção não prejudica a resiliência da unidade de produção (levando em consideração os riscos físicos de mudanças climáticas às quais está exposta conforme identificado no item 2 desta lista de verificação), nem o sistema mais amplo em que opera (conforme indicado pelos limites e interdependências críticas com esse sistema, conforme identificado no item 1 desta lista de verificação).

3.1. A intervenção em si não apresenta risco significativo de danos à unidade de produção em que está localizada, ou aos ativos naturais, sociais ou financeiros de terceiros, de acordo com o princípio da melhor evidência disponível durante o período de investimento, levando em consideração os limites e as interdependências críticas, conforme as definições do critério 1. Entende-se por dano qualquer efeito adverso em qualquer um dos seguintes casos: (1) efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) aumento do risco de inundações; (3) introdução de pragas e doenças; (4) queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) redução da biodiversidade ou de habitat de Alto Valor de Conservação;97 (6) dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis98 locais; (10) uso excessivo de insumos; (11) declínio na produtividade de um ativo; ou (12) declínio nas condições a níveis inferiores às políticas aplicáveis; e (13) não utilização de produtos químicos listados na Convenção de Estocolmo,99 ou nos itens 1a ou 1b da classificação da OMS de pesticidas por risco,100 ou não conformidade com a Convenção de Roterdã.101 Orientações opcionais: Podem ser realizadas consultas com partes interessadas com o objetivo de identificar diferentes opiniões sobre o que constitui um risco significativo de danos e quais são os níveis inaceitáveis de danos ao sistema. As partes interessadas devem incluir membros da comunidade afetada.

4. Caso a intervenção esteja relacionada a alguma infraestrutura construída, essa deve ser adequada às condições de mudanças climáticas ao longo de sua vida útil.

97 Os critérios de habitat de alto valor de conservação (HCV) são definidos de acordo com https://www.hcvnetwork.org. 98 Conforme os Padrões de Desempenho da IFC. 99 http://www.pops.int/ 100 https://www.who.int/ipcs/publications/pesticides_hazard/en/ 101 http://www.pic.int/

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4.1. A infraestrutura deve ser tolerante à gama de riscos climáticos identificados no item 2 desta lista de verificação e não impor condições que possam resultar em má adaptação.

Critério R2: Caso a intervenção vise a tratar de adaptação e resiliência climáticas, ela deve fazer parte de uma estratégia e plano confiáveis para abordar a adaptação e resiliência climáticas em toda a unidade de produção em que estiver sendo implementada.

Em resumo:

as emissões devem demonstrar que foi realizada uma avaliação dos riscos climáticos físicos aos quais a unidade de produção agrícola estará exposta e vulnerável ao longo de sua vida útil (princípio 2); e que as intervenções financiadas permitem/permitirão que a propriedade agrícola seja "adequada à finalidade" em face das futuras mudanças climáticas ao longo de sua vida útil e que não prejudiquem a resiliência do sistema definido no qual a unidade de produção atua, conforme indicado pelos limites e interdependências com tal sistema.

Especificamente, devem ser atendidos os requisitos resumidos na lista de verificação abaixo (tabela 12). Tabela 12. Lista de verificação de adaptação e resiliência para intervenções relacionadas à adaptação e resiliência climática na unidade de produção.

Lista de verificação de adaptação e resiliência para intervenções relacionadas à adaptação e resiliência climática na unidade de produção.

Status

1. São identificados limites claros e interdependências críticas entre a intervenção, a unidade de produção agrícola e o sistema mais amplo em que atua.

1.1. São definidos os limites das propriedades agrícolas onde estão sendo implementadas medidas de resiliência usando (1) uma lista de todas as propriedades agrícolas, bem como as atividades e ativos associados ao uso dos recursos to título; (2) um mapa de sua localização; e (3) a identificação da vida útil do projeto.

1.2. São identificadas interdependências críticas entre a intervenção, a unidade de produção e o sistema mais amplo em que atua. A identificação dessas interdependências deve considerar o potencial de impactos adversos decorrentes: (1) dos efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) das relações do ativo/projeto com zonas de inundação próximas; (3) da introdução de pragas e doenças; (4) da queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) da redução da biodiversidade ou de habitat de Alto Valor de Conservação;102 (6) de dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) de queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) de influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) da apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis locais;103 (10) do uso excessivo de insumos.

2. Foi realizada uma avaliação para identificar os principais riscos climáticos físicos aos quais a unidade de produção ficará exposta e vulnerável ao longo de toda a sua vida útil.

102 Os critérios de habitat de alto valor de conservação (HCV) são definidos de acordo com https://www.hcvnetwork.org. 103 Conforme os Padrões de Desempenho da IFC.

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2.1. São identificados os principais riscos climáticos físicos e os indicadores desses riscos de acordo com as diretrizes a seguir.

São identificados os riscos com base em (a) uma gama de perigos climáticos e (b) informações sobre riscos no contexto local atual, incluindo referências a quaisquer zonas de perigo relevantes previamente identificadas, como, por exemplo, zonas de inundação.

A tabela 6 apresenta uma lista completa de riscos. No mínimo, devem ser considerados os riscos relativos a cada uma das seguintes categorias:

1. Temperatura: temperaturas altas/baixas, variação no número de noites quentes, duração do período de calor, ondas frias, geadas.

2. Água: 2.1 Precipitação: altos níveis de precipitação, chuvas intensas, alagamento, inundação, seca, chuva congelada (granizo, chuva congelada, gelo). 2.2 Estresse hídrico: estresse hídrico da lavoura (refletindo a combinação de temperatura, precipitação e vento), razão entre captação e disponibilidade de água. 2.3. Nível do mar: inundações, enchentes ou tempestades, salinização devido à intrusão de água salgada ou regimes hídricos instáveis. 2.4 Derretimento glacial e transbordamento de lagos glaciais: inundações causadas pelo transbordamento de geleiras ou derretimento glacial.

3. Vento: ciclones (furacões, tornados, tufões), tempestades de areia e poeira, nevascas, padrões de ventos.

4. Solo: erosão (incluindo erosão costeira), deslizamentos de terra, avalanches, degradação.

5. Sazonalidade: início das chuvas, mudanças nas datas da semeadura, duração da estação de crescimento, mudanças nos dias livres de geada na estação, outros riscos fenológicos específicos de cada cultura.

6. Pragas e doenças: novos padrões de pragas e doenças, alterações nos vetores de pragas e doenças.

7. Fogo: aumento da incidência e extensão de incêndios florestais ou controle de incêndios agrícolas.

8. Concentrações de CO2: espera-se que, em geral, gerem efeitos positivos (devido ao efeito fertilizante do CO2) e estimulem o crescimento e a produção de carboidratos; contudo, há um risco de alterações no conteúdo e na densidade nutricionais (proteínas, açúcares e minerais essenciais) do trigo, arroz e batatas, por exemplo.104

Orientações opcionais sobre a realização de avaliações de risco.

Os usuários devem aplicar cenários climáticos com base nas vias de concentração representativa (RCP) 4.5 e 8.5, ou em cenários semelhantes/equivalentes para garantir que seja considerado o pior cenário possível.

Uma vasta gama de modelos pode ser usada para gerar cenários climáticos.

Os horizontes temporais para avaliar o risco climático na agricultura podem ser baseados em previsões sazonais anuais e a cada dez anos durante a vida útil dos ativos e projetos. Nos casos em que não forem possíveis avaliações precisas da variabilidade climática de locais específicos, recomenda-se usar o pior cenário possível.

Os riscos podem ser caracterizados pela probabilidade anual associada de falha, ou pelos custos anuais de perdas ou danos.

104 https://health2016.globalchange.gov. Ver também Loladze, I. (2002) Rising atmospheric CO2 and human nutrition: toward globally

imbalanced plant stoichiometry? Trends in Ecology and Evolution 17: 457-461; Müller, C., Elliott, J., e Levermann, A. (2014) Fertilizing hidden hunger. Nature Climate Change 4: 540-541; e Myers, S.S., Zanobetti, A., Kloog, I. et al. (2014). Increasing CO2 threatens human

nutrition. Nature 510: 139-142

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Para a avaliação de riscos, recomenda-se A Utilização da Análise de Cenários na Divulgação de Riscos e Oportunidades Relacionados às Mudanças Climáticas da Força-tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).

3. As intervenções financiadas fazem parte de um pacote de medidas que mitigam os riscos climáticos físicos (identificados no item 2 desta lista de verificação) a um nível que ajude as propriedades agrícolas a garantir sua "adequação à finalidade" em face de futuras mudanças climáticas ao longo de sua vida útil.

3.1 São implementadas medidas de redução de riscos para todos os principais riscos que afetam a unidade de produção nos próximos cinco anos. Tais medidas devem permitir que a unidade de produção atinja um limiar médio de produtividade anual relativo a uma série de riscos climáticos esperados durante o período de investimento. O limiar mínimo de produtividade é determinado pelo nível médio de perda de rendimento em comparação com a média de produção de cinco anos, para pelo menos três empreendimentos agrícolas comparáveis com cinco anos ou mais de produção. Nos casos em que não houver empreendimentos comparáveis, o limiar mínimo de produtividade será calculado como 10% menor que a produtividade média anual dos cinco anos anteriores, desde que não tenham sido verificados eventos climáticos extremos. As intervenções financiadas fazem parte do pacote de medidas de redução de riscos.

4. As intervenções não prejudicam a resiliência do sistema definido em que atuam, conforme indicado pelos limites e interdependências críticas desse sistema, identificados no critério 1.

4.1. As intervenções não apresentam risco significativo de danos aos ativos naturais, sociais ou financeiros de terceiros, de acordo com o princípio da melhor evidência disponível durante o período de investimento levando em consideração os limites da fazenda e as interdependências críticas, conforme as definições do critério 1. Entende-se por dano qualquer efeito adverso em qualquer um dos seguintes casos: (1) efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) aumento do risco de inundações; (3) introdução de pragas e doenças; (4) queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) redução da biodiversidade ou de habitat de Alto Valor de Conservação;105 (6) dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis106 locais; (10) uso excessivo de insumos; (11) declínio na produtividade de um ativo; ou (12) declínio nas condições a níveis inferiores às políticas aplicáveis; e (13) não utilização de produtos químicos listados na Convenção de Estocolmo,107 ou nos itens 1a ou 1b da classificação da OMS de pesticidas por risco,108 ou não conformidade com a Convenção de Roterdã.109 Orientações opcionais: Podem ser realizadas consultas com partes interessadas com o objetivo de identificar diferentes opiniões sobre o que constitui um risco significativo de

105 Os critérios de habitat de alto valor de conservação (HCV) são definidos de acordo com https://www.hcvnetwork.org. 106 Conforme os Padrões de Desempenho da IFC. 107 http://www.pops.int/ 108 https://www.who.int/ipcs/publications/pesticides_hazard/en/ 109 http://www.pic.int/

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danos e quais são os níveis inaceitáveis de danos ao sistema. As partes interessadas devem incluir membros da comunidade afetada.

5. Caso a intervenção esteja relacionada a alguma infraestrutura construída, essa deve ser adequada às condições das mudanças climáticas ao longo de sua vida útil.

5.1. A infraestrutura deve ser tolerante à gama de riscos climáticos identificados no item 2 desta lista de verificação e não impor condições que possam resultar em má adaptação.

4.3. Critérios de avaliação de atividades de apoio fora da unidade de produção.

Figura 13. Critérios de avaliação de atividades de apoio fora da unidade de produção.

4.3.1. Critérios de mitigação para atividades de apoio fora da unidade de produção agrícola Critério M1: Caso a atividade (e o produto ou serviço resultante) busque viabilizar reduções

das emissões de GEEs ou sequestro de carbono em unidades de produção agrícola de terceiros, ela não estará sujeita a nenhum critério de mitigação. As atividades elegíveis se limitam a:

Atividades que permitam medir, monitorar, relatar e verificar reduções de emissões;

Pesquisa e desenvolvimento de rações para ruminantes que reduzam as emissões de metano;

Pesquisa sobre carnes e laticínios alternativos; e

Treinamento sobre alguma das boas práticas aprovadas (consultar tabelas 4 e 5). Critério M2: Caso a atividade (e o produto ou serviço resultante) busque viabilizar adaptação e resiliência climáticas em unidades de produção agrícola de terceiros, ela não estará sujeita

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a nenhum critério de mitigação.

As atividades elegíveis se limitam a:

Desenvolvimento e distribuição de sementes públicas de culturas mais resistentes aos impactos das mudanças climáticas, usando tecnologias reprodutivas convencionais ou Crispr (por exemplo, sementes tolerantes à seca, tolerantes a inundações, resistentes a pragas etc.);

Setores de tecnologia da informação e serviços de informação, como, por exemplo, serviços de informações climáticas; imagens de monitoramento e avaliação; e serviços de análise do solo e monitoramento climático;

Setores de tecnologia da informação e serviços de informação, como, por exemplo, sistemas de imagens de monitoramento e avaliação, ferramentas de análise do solo e serviços de monitoramento climático; e

Treinamento em técnicas agrícolas adaptativas e resilientes ao clima.

4.3.2. Critérios de adaptação e resiliência para atividades de apoio fora da unidade de produção

Critério R1: Caso a atividade (e o produto ou serviço resultante) busque viabilizar

reduções das emissões de GEEs ou sequestro de carbono em unidades de produção agrícola de terceiros, deve ser preenchida a lista de verificação de adaptação e resiliência abaixo. Em resumo:

As emissões de títulos devem demonstrar que o produto ou serviço serve principalmente para fornecer benefícios de resiliência, e que esses benefícios são substanciais ou significativos e não prejudicam a resiliência quando aplicados ao sistema de produção agrícola (princípio 4).

Especificamente, devem ser atendidos os requisitos resumidos na lista de verificação abaixo (tabela 13). Vale notar que não são necessárias avaliações profissionais e análises de cenários climáticos e que estes são apenas exemplos e sugestões com o propósito de fornecer orientação. Tabela 13. Lista de verificação de adaptação e resiliência para atividades (e produtos ou serviços resultantes) destinadas a permitir reduções de emissões de GEEs ou sequestro de carbono em unidades de produção agrícola de terceiros.

Lista de verificação de adaptação e resiliência para atividades (e produtos ou serviços resultantes) destinadas a permitir reduções de emissões de GEEs ou sequestro de carbono em unidades de produção agrícola de terceiros.

Verificação

1. Os produtos ou serviços não devem aumentar substancialmente os impactos de importantes riscos climáticos físicos quando aplicados na fazenda.

1.1 O impacto potencial sobre os riscos deve considerar os seguintes riscos climáticos, que afetam particularmente os sistemas de produção na fazenda: 1. Temperatura: temperaturas altas/baixas, variação no número de noites

quentes, duração do período de calor, ondas frias, geadas. 2. Água

2.1 Precipitação: altos níveis de precipitação, chuvas intensas, alagamento, inundação, seca, chuva congelada (granizo, chuva congelada, gelo). 2.2 Estresse hídrico: estresse hídrico da lavoura (refletindo a combinação de temperatura, precipitação e vento), razão entre captação e disponibilidade de água. 2.3. Nível do mar: inundações, enchentes ou tempestades, salinização devido à intrusão de água salgada ou regimes hídricos instáveis.

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2.4 Derretimento glacial e transbordamento de lagos glaciais: inundações causadas pelo transbordamento de geleiras ou derretimento glacial.

3. Vento: ciclones (furacões, tornados, tufões), tempestades de areia e poeira, nevascas, padrões de ventos.

4. Solo: erosão (incluindo erosão costeira), deslizamentos de terra, avalanches, degradação.

5. Sazonalidade: início das chuvas, mudanças nas datas da semeadura, duração da estação de crescimento, mudanças nos dias livres de geada na estação, outros riscos fenológicos específicos de cada cultura.

6. Pragas e doenças: novos padrões de pragas e doenças, alterações nos vetores de pragas e doenças.

7. Fogo: aumento da incidência e extensão de incêndios florestais, ou controle de queimadas.

8. Concentrações de CO2: espera-se que, em geral, gerem efeitos positivos (devido ao efeito fertilizante do CO2) e estimulem o crescimento e a produção de carboidratos; contudo, há um risco de alterações no conteúdo e na densidade nutricionais (proteínas, açúcares e minerais essenciais) do trigo, arroz e batatas, por exemplo.110

1.2. As avaliações de impacto de riscos devem considerar (a) uma gama de condições climáticas e (b) informações sobre riscos prováveis em contextos nos quais essas medidas possam ser aplicadas.

2. Os produtos ou serviços não causam/causarão danos significativos à resiliência ou aos ecossistemas mais amplos nos quais possam estar inseridos.

2.1. As medidas de redução de riscos não apresentam riscos significativos de danos a ativos naturais, sociais ou financeiros, de acordo com o princípio da melhor evidência disponível durante o período de investimento. Entende-se por dano qualquer efeito adverso em qualquer um dos seguintes casos: (1) efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) aumento do risco de inundações; (3) introdução de pragas e doenças; (4) queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) redução da biodiversidade ou de habitat de Alto Valor de Conservação111; (6) dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis112 locais; (10) uso excessivo de insumos; (11) declínio na produtividade de um ativo; ou (12) declínio nas condições a níveis inferiores às políticas aplicáveis; e (13) não utilização de produtos químicos listados na Convenção de Estocolmo,113 ou nos itens 1a ou 1b da classificação da OMS de pesticidas por risco,114 ou não conformidade com a Convenção de Roterdã.115 Orientações opcionais: Podem ser realizadas consultas com partes interessadas com o objetivo de identificar diferentes opiniões sobre o que constitui um risco significativo de danos

110 https://health2016.globalchange.gov. Ver também Loladze, I. (2002) Rising atmospheric CO2 and human nutrition: toward globally

imbalanced plant stoichiometry? Trends in Ecology and Evolution 17: 457-461; Müller, C., Elliott, J., e Levermann, A. (2014) Fertilizing hidden hunger. Nature Climate Change 4: 540-541; e Myers, S.S., Zanobetti, A., Kloog, I. et al. (2014). Increasing CO2 threatens human nutrition. Nature 510: 139-142

111 Os critérios de habitat de alto valor de conservação (HCV) são definidos de acordo com https://www.hcvnetwork.org. 112Conforme os Padrões de Desempenho da IFC. 113 http://www.pops.int/ 114 https://www.who.int/ipcs/publications/pesticides_hazard/en/ 115 http://www.pic.int/

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e quais são os níveis inaceitáveis de danos ao sistema. As partes interessadas devem incluir membros da comunidade afetada. Deve ser demonstrada a conformidade com os critérios abaixo.

Dados científicos, citando estudos relevantes revisados por pares, disponibilizados em publicações aprovadas.116

Referência aos cenários climáticos utilizados para estimar o impacto, como, por exemplo, o clima atual.

Basear-se em emissões das vias de concentração representativa (RCPs) 4.5 e 8.5 para indicar as piores condições possíveis.

Uma vasta gama de modelos pode ser usada para gerar cenários climáticos.

Os horizontes temporais para avaliar o risco climático na agricultura podem ser baseados em previsões sazonais anuais e a cada dez anos durante a vida útil dos ativos e projetos. Nos casos em que não forem possíveis avaliações precisas da variabilidade climática de locais específicos, recomenda-se usar o pior cenário possível.

Os riscos podem ser caracterizados pela probabilidade anual associada de falha, ou pelos custos anuais de perdas ou danos.

Critério R2: Caso a atividade (e o produto ou serviço resultante) busque viabilizar adaptação e resiliência climáticas em unidades de produção agrícola de terceiros, ela deverá cumprir a seguinte lista de verificação. Em resumo:

As emissões de títulos devem demonstrar que o produto ou serviço serve principalmente para fornecer benefícios de resiliência quando aplicado em unidades de produção agrícola, e que esses benefícios são substanciais ou significativos e não prejudicam a resiliência dos sistemas mais amplos em que tais unidades de produção possam atuar.

Especificamente, devem ser atendidos os requisitos resumidos na lista de verificação abaixo (tabela 14). Tabela 14. Lista de verificação de adaptação e resiliência para atividades (e produtos ou serviços resultantes) destinadas a permitir adaptação e resiliência climática em unidades de produção agrícola de terceiros.

Lista de verificação de adaptação e resiliência para atividades (e produtos ou serviços resultantes) destinadas a permitir adaptação e resiliência climática em unidades de produção agrícola de terceiros.

Verificação

1. Os produtos ou serviços reduzem substancialmente importantes riscos climáticos físicos quando aplicados na fazenda.

1.1 A redução do risco deve estar relacionada aos seguintes riscos climáticos que afetam particularmente os sistemas de produção na fazenda: 1. Temperatura: temperaturas altas/baixas, variação no número de noites quentes,

duração do período de calor, ondas frias, geadas. 2. Água

2.1 Precipitação: altos níveis de precipitação, chuvas intensas, alagamento, inundação, seca, chuva congelada (granizo, chuva congelada, gelo). 2.2 Estresse hídrico: estresse hídrico da lavoura (refletindo a combinação de temperatura, precipitação e vento), razão entre captação e disponibilidade de água.

116 Podem ser usados artigos publicados em publicações predatórias, como, por exemplo, https://arxiv.org/pdf/1912.10228.pdf.

Normalmente, devem ser consideradas a qualidade dos dados (por exemplo, fonte, método de coleta, tamanho da amostra) e sua quantidade (ou seja, número de repetições, ou metanálise de estudos), e não apenas o fato de terem sido revisados por pares. Muitas

publicações e dados científicos oferecem acesso livre por meio de fontes como o ResearchGate.

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2.3. Nível do mar: inundações, enchentes ou tempestades, salinização devido à intrusão de água salgada ou regimes hídricos instáveis. 2.4 Derretimento glacial e transbordamento de lagos glaciais: inundações causadas pelo transbordamento de geleiras ou derretimento glacial.

3. Vento: ciclones (furacões, tornados, tufões), tempestades de areia e poeira, nevascas, padrões de ventos.

4. Solo: erosão (incluindo erosão costeira), deslizamentos de terra, avalanches, degradação.

5. Sazonalidade: início das chuvas, mudanças nas datas da semeadura, duração da estação de crescimento, mudanças nos dias livres de geada na estação, outros riscos fenológicos específicos de cada cultura.

6. Pragas e doenças: novos padrões de pragas e doenças, alterações nos vetores de pragas e doenças.

7. Fogo: aumento da incidência e extensão de incêndios florestais, ou controle de queimadas.

9. Concentrações de CO2: espera-se que, em geral, gerem efeitos positivos (devido ao efeito fertilizante do CO2) e estimulem o crescimento e a produção de carboidratos; contudo, há um risco de alterações no conteúdo e na densidade nutricionais (proteínas, açúcares e minerais essenciais) do trigo, arroz e batatas, por exemplo.117

1.2. A redução de risco viabilizada pelos produtos ou serviços é tolerante a uma gama de condições climáticas e não impõe condições que possam resultar em má adaptação.

1.3. As avaliações de redução de riscos devem considerar (a) uma gama de condições climáticas e (b) informações sobre riscos prováveis em contextos nos quais essas medidas possam ser aplicadas.

2. Os produtos ou serviços não causam/causarão danos significativos ao ecossistema.

2.1. As medidas de redução de riscos não apresentam riscos significativos de danos aos ativos naturais, sociais ou financeiros de terceiros, de acordo com o princípio da melhor evidência disponível durante o período de investimento, levando em consideração os limites da fazenda e as interdependências críticas, conforme as definições do critério 1. Entende-se por dano qualquer efeito adverso em qualquer um dos seguintes casos: (1) efeitos do uso ou poluição da água para outros usuários da água, ou da erosão na bacia hidrográfica; (2) aumento do risco de inundações; (3) introdução de pragas e doenças; (4) queda no número de aves e insetos polinizadores; (5) redução da biodiversidade ou de habitat de Alto Valor de Conservação;118 (6) dano ou redução no valor de propriedades vizinhas devido a árvores limítrofes, outras estruturas que apresentem risco de queda durante tempestades ou outros eventos extremos, pragas e doenças agrícolas; (7) queimadas e outras práticas que afetem a qualidade do ar; (8) influências do mercado, como um excesso de oferta que reduza os preços; (9) apropriação de terras ou ativos econômicos de grupos vulneráveis119 locais; (10) uso excessivo de insumos; (11) declínio na produtividade de um ativo; ou (12) declínio nas condições a níveis inferiores às políticas aplicáveis; e (13) não utilização de produtos químicos listados na Convenção de Estocolmo,120 ou nos itens 1a ou 1b da classificação da OMS de pesticidas por risco,121 ou não conformidade com a Convenção de Roterdã.122

117 https://health2016.globalchange.gov. Ver também Loladze, I. (2002) Rising atmospheric CO2 and human nutrition: toward globally

imbalanced plant stoichiometry? Trends in Ecology and Evolution 17: 457-461; Müller, C., Elliott, J., e Levermann, A. (2014) Fertilizing

hidden hunger. Nature Climate Change 4: 540-541; e Myers, S.S., Zanobetti, A., Kloog, I. et al. (2014). Increasing CO2 threatens human nutrition. Nature 510: 139-142

118 Os critérios de habitat de alto valor de conservação (HCV) são definidos de acordo com https://www.hcvnetwork.org. 119Conforme os Padrões de Desempenho da IFC. 120 http://www.pops.int/ 121 https://www.who.int/ipcs/publications/pesticides_hazard/en/ 122 http://www.pic.int/

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Orientações opcionais: Podem ser realizadas consultas com partes interessadas com o objetivo de identificar diferentes opiniões sobre o que constitui um risco significativo de danos e quais são os níveis inaceitáveis de danos ao sistema. As partes interessadas devem incluir membros da comunidade afetada. Deve ser demonstrada a conformidade com os critérios abaixo.

Dados científicos, citando estudos relevantes revisados por pares, disponibilizados em publicações aprovadas.123

Referência aos cenários climáticos utilizados para estimar o impacto, como, por exemplo, o clima atual.

Basear-se em emissões das vias de concentração representativa (RCPs) 4.5 e 8.5 para indicar as piores condições possíveis.

Uma vasta gama de modelos pode ser usada para gerar cenários climáticos.

Os horizontes temporais para avaliar o risco climático na agricultura podem ser baseados em previsões sazonais anuais e a cada dez anos durante a vida útil dos ativos e projetos. Nos casos em que não forem possíveis avaliações precisas da variabilidade climática de locais específicos, recomenda-se usar o pior cenário possível.

Os riscos podem ser caracterizados pela probabilidade anual associada de falha, ou pelos custos anuais de perdas ou danos.

123 Podem ser usados artigos publicados em publicações predatórias, como, por exemplo, https://arxiv.org/pdf/1912.10228.pdf.

Normalmente, devem ser consideradas a qualidade dos dados (por exemplo, fonte, método de coleta, tamanho da amostra) e sua quantidade (ou seja, número de repetições, ou metanálise de estudos), e não apenas o fato de terem sido revisados por pares. Muitas

publicações e dados científicos oferecem acesso livre por meio de fontes como o ResearchGate.

Quadro 3: Requisitos alternativos de conformidade para títulos altamente pulverizados As metas de redução percentual são aquelas descritas acima. No entanto, a meta precisa ser alcançada de forma agregada em todas as unidades de produção às quais tiverem sido alocados os recursos, e não em cada unidade de produção individualmente.

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5. Apêndices Apêndice 1: Membros do TWG e IWG Tabela 1-1. Membros do TWG e IWG.

Especialista Chefe do GTT Lini Wollenberg (2019-2020) – CGIAR-CCAFS Clare Stirling (2018) – CIMMYT

TWG IWG

Amy Dickie – California Environmental Associates Aarti Ramachandran/Iman Effendi – Iniciativa FAIRR

Anna Lorant – Instituto de Política Ambiental Europeia

Andrew Gazal – ESG Tech

Bob Scholes – Universidade Wits de Joanesburgo Ankita Shukla – Sustainanalytics

Brent Matthies – Universidade de Helsinki Aurélie Choiral Gupta – Credit Suisse

Christine Negra – Versant Vision Brian Kernohan – Hancock Natural Resource Group

Clare Stirling – CIMMYT Chang He – CECEP

Debbie Reed – Ecosystem Services Markets Consortium

Dana Muir, Mike Faville – BNZ

Gerard Rijk – Profundo Francisco Avendano – Climate Policy IFC

Gillian Galford – Gund Institute for Environment Gustavo Pimentel/Débora Masullo de Goes – Sitawi

Greg Fishbein – The Nature Conservancy Hamish McDonald – NaturesCoin

Jonathan Hillier – Universidade de Edinburgo Jacob Michaelsen – Nordea

Kim Schumacher – Universidade de Oxford John Kazer – Carbon Trust

Ngonidzashe Chirinda – CGIAR Mareike Hussels – SAIL Ventures

Pablo Fernandez de Mello e Souza – BVRio Maria De Filippo – Affirmative Investment Management

Pedro Luiz Oliveira de Almeida Machado – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

Pedro Moura Costa – SIM/Facility

Raylene Watson – ebsadvisory Pip Best – E&Y

Sam Schiller – Kellogg School of Management Robert Rosenberg/Mélanie Comble – ISS ESG

Stephen Donofrio – Forest Trends Roberto Strumpf – Pangea Capital

Tanja Havemann – Clarmondial AG Rosemarie Thijssens – Rabobank

Timm Tennigkeit – UNIQUE Scot Bryson – Orbital Farm

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Apêndice 2. Processo de Certificação A Certificação de Títulos Climáticos está disponível para títulos ou outros instrumentos de dívida que financiem ativos ou projetos que atendam aos requisitos do Climate Bonds Standard. O processo efetivo de certificação real tem cinco etapas, conforme demonstra a figura 2-1. Em primeiro lugar, o emissor deve preparar o título identificando os ativos ou projetos que constituirão o uso de recursos. Para que seja concedida a certificação, o uso de recursos deve corresponder aos ativos e projetos considerados elegíveis com base nos Critérios Setoriais do Climate Bonds Standard (com base na lista que consta em tais critérios). Um título pode incluir ativos elegíveis de uma combinação de diferentes Critérios Setoriais. Em seguida, o emissor potencial deve nomear um validador externo aprovado, que fornecerá uma declaração de que o título atende às normas do Climate Bonds Standard. O Climate Bonds Standard permite a certificação de um título antes de sua emissão, e o emissor pode usar a Marca de Certificação em ações de marketing e eventos para investidores. Conforme o parecer do

validador terceirizado e após submeter todos os relatórios relevantes, o emissor potencial recebe a Certificação de Títulos Climáticos. Após a emissão do título, o emissor e o validador têm 12 meses para apresentar um relatório pós-emissão, confirmando que os recursos foram alocados aos ativos elegíveis. Posteriormente, o emissor deve preparar um breve relatório anual para confirmar se o título ainda está em conformidade com o Climate Bonds Standard. A Certificação de Títulos Climáticos também está disponível para títulos que já foram emitidos, em um processo conhecido como certificação pós-emissão. O emissor só precisa nomear um validador terceirizado para elaborar um relatório afirmando que todo o uso de recursos se enquadra nos projetos e ativos elegíveis do Climate Bonds Standard.

Figura 2-1: Processo de Certificação.

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Apêndice 3: Resumo das consultas públicas. Entre janeiro e março de 2020, foram realizadas consultas públicas sobre os Critérios de Agricultura. As consultas públicas consistiram em um webinar e ações promocionais no blog e no

Twitter da CBI. Os membros do Grupo de Trabalho Técnico e do Grupo de Trabalho do Mercado também realizaram consultas públicas em suas redes. Tabela 3-1. Resumo das consultas públicas.

N° Categoria Feedback recebido Resposta

1 Definições O que significa "propriedade agrícola"? Quais limites foram estabelecidos?

Para fins de esclarecimento, esses limites de “porteira” a “porteira” podem incluir terras e sistemas de produção não contíguos. A fazenda é tratada como a unidade de produção e, portanto, inclui propriedades florestais vinculadas ao sistema de produção agrícola com base na propriedade ou na função de ecossistema.

2 Escopo da contabilização de emissões

O escopo da contabilização de emissões deve incluir as áreas localizadas dentro das fazendas reservadas para fins de conservação.

Isso já foi incluído no escopo das emissões medidas.

3 Escopo Cana-de-açúcar, soja e algodão devem ser incluídos na lista de exemplos dentro do escopo.

Cana-de-açúcar, soja e algodão foram adicionados à lista de exemplos.

4 Não está claro por que o efeito estufa ou a produção hidropônica estão fora do escopo.

Suas características são consideradas mais semelhantes às de processos industriais e, portanto, seus critérios de mitigação e adaptação são diferentes.

5 Uso de recursos A agrossilvicultura deve ser considerada um exemplo distinto de uso de recursos.

A agrossilvicultura foi adicionada separadamente à lista de boas práticas.

6 A agricultura para produção de biocombustíveis deve ser considerada um exemplo distinto de uso de recursos.

O ciclo de vida e os potenciais efeitos indiretos da produção de biocombustíveis no desmatamento tornam seus impactos difíceis de avaliar com segurança.

7 A agricultura de precisão deve ser mencionada de forma mais explícita.

A agricultura de precisão foi adicionada aos exemplos de atividades elegíveis.

8 A tabela 1 (exemplos de despesas de capital elegíveis) inclui a conversão de pastagens em plantações de soja/produtos agrícolas e investimentos para aumentar a produtividade.

A conversão só seria elegível se o saldo líquido de GEEs do novo uso da terra fosse maior que o da pastagem. Não é possível indicar tal caso como automaticamente elegível.

9 Alinhamento com outros Critérios da CBI

O manejo de resíduos agrícolas deve ser coberto pelos critérios de resíduos.

O manejo de esterco e o manejo de resíduos agrícolas não são adequadamente cobertos pelos critérios de resíduos, uma vez que tais resíduos costumam ser reciclados na fazenda e podem não envolver processos industriais.

10 O uso dos Critérios do México como exemplo/referência pode gerar confusão e a expectativa de que todos os países terão Critérios Personalizados.

No momento, tais critérios existem apenas para o México, pois foram elaborados para um projeto e contexto específicos. A ideia pode ser expandida

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no futuro para o resto do mundo, dependendo da disponibilidade.

11 Sugerimos que o padrão inclua peixes de viveiro.

A CBI já tentou elaborar Critérios de Pesca, mas, infelizmente, a avaliação precisa dos benefícios de mitigação, adaptação e resiliência dos títulos de pesca foi considerada muito difícil neste momento devido à falta de dados e ferramentas disponíveis. Foi elaborado um white paper (relatório informativo) sobre o progresso realizado em relação aos critérios, que pode ser usado no futuro, caso haja mais dados e ferramentas disponíveis.

12 Requisitos de mitigação (gerais)

Os requisitos atuais propostos pela CBI para "Mitigação" e "Conformidade com Adaptação e Resiliência Climáticas" devem ser aplicados aos produtores empresariais, e um conjunto mais viável de requisitos/medidas deve ser considerado em um CRA/título pulverizado com ativos subjacentes de produtores não empresariais. Devem ser consideradas as recomendações (enviadas separadamente a Lini Wollenberg) para produtores não empresariais com base na experiência e na avaliação do mercado.

Já incluímos algumas especificações em todo o documento para facilitar o trabalho de cooperativas/títulos dispersos.

13 Os requisitos são necessários em todas as fazendas que o emissor administra e possui? Ou apenas onde os recursos estão sendo usados? Esta é uma questão importante.

Já esclarecemos no texto que os requisitos se aplicam apenas aonde os recursos estão sendo usados.

14 Requisitos de mitigação: terras com HCS

Nenhuma conversão de HCS parece não incluir o habitat do Cerrado.

Os requisitos de mudança de uso da terra evitam mudanças no uso da terra que emitam mais emissões que o uso anterior.

15 O critério de desmatamento zero pós-2008 deve ser reavaliado.

Alteramos a data para 2010, exceto no caso da União Europeia, que manterá o ano de 2008 para se alinhar à taxonomia de finanças sustentáveis da UE. Se a lei local de desmatamento ditar uma data anterior a 2010, então tal data será aplicada.

16 A definição de altura das árvores > 5 m ou de percentual do dossel é claramente tendenciosa no caso de florestas úmidas ou temperadas. Há outros biomas com árvores menores, menor cobertura de dossel e alta biodiversidade onde é praticada a agricultura.

Já expandimos as ferramentas usadas para definir terras com HCS dentro dos Critérios para que elas não se concentrem apenas nas regiões temperadas.

17 Considerem também diversificar o conjunto de calculadoras indicadas e flexibilizar a aceitação de novos métodos. 2.1. As calculadoras HCS são ferramentas essencialmente declarativas (ou seja, os produtores

Já incluímos disposições para cooperativas/títulos dispersos nos Critérios.

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respondem a perguntas em uma plataforma, e as perguntas são processadas para avaliar a mitigação das emissões de carbono). Portanto, sugerimos que outros critérios de conformidade também sejam baseados nas declarações dos produtores, desde que (i) o título seja altamente pulverizado; (ii) os produtores sejam classificados como pequenos ou médios produtores; e (iii) haja monitoramento e penalidades associadas para produtores que forneçam informações falsas ou imprecisas.

18 Requisitos de mitigação: novas emissões a partir de mudanças no uso da terra

A data-limite é um ano antes do período de investimento, mas sem data-limite harmonizada (ou seja, isso resultará em datas diferentes para emissões diferentes).

O requisito agora foi alterado para: "Não houve remoção de vegetação lenhosa com mais de 3 metros de altura na unidade de produção em questão após 2020." A conformidade pode ser demonstrada por meio de mapas (consulte mapas do Global Forest Watch), fotografias georreferenciadas ou imagens de satélite de queimadas e mudanças no uso da terra, por exemplo. Também podem ser utilizados estudos sobre a vegetação ou outros dados governamentais formais. Esse requisito visa a impedir a remoção vegetal para aumentar a área de pasto ou cultivo. Ele não deve ser aplicado para desqualificar a remoção quando isso for necessário para a operação comercial da empresa. A remoção de cobertura vegetal é permitida para a construção de infraestrutura agrícola (por exemplo, estradas, represas ou cercas); aceiros ou faixas de proteção em torno de linhas de transmissão elétrica; ou outras medidas de mitigação de riscos de incêndio em torno da infraestrutura agrícola.

19 Acreditamos que o conceito de “período de investimento” não é suficientemente claro e deve ser mais detalhado.

20 Entendemos que esse critério significa que um agricultor pode alterar o uso da terra (por exemplo, de floresta para plantio), desde que adote medidas compensatórias proporcionais para reduzir as emissões de carbono e/ou aumentar o estoque de carbono. Isso está certo? Alternar as culturas pode ser considerada uma mudança no uso da terra (por exemplo, da soja ao milho)? Vale ressaltar que, no Brasil, a alternância de culturas (rotação) é prática normal e auxilia na fixação dos nutrientes do solo.

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21 Requisito de mitigação: redução dos limiares das metas de GEEs

Com base em nossa experiência, a maioria das operações agrícolas em países tropicais em desenvolvimento enfrentará dificuldade para atender a qualquer uma das opções do requisito 3. Uma possível solução alternativa é a aplicação da exceção de resiliência, cujos critérios provavelmente serão cumpridos mais facilmente pelos agricultores (especialmente os pequenos proprietários). No entanto, a restrição em torno da produção para exportação significa que as cadeias de abastecimento voltadas à exportação, que muitas vezes geram desmatamento e dependem de muitos pequenos proprietários, serão excluídas, o que parece contraproducente em termos dos impactos ambientais e sociais da norma. Recomendamos que tal restrição seja flexibilizada.

Presume-se que as cadeias de suprimentos voltadas à exportação tenham mais recursos para poder lidar com a mitigação. As atividades que impulsionam o desmatamento não podem ser elegíveis.

22 Não está claro se as taxas sugeridas para a trajetória de redução (20% nos primeiros 10 anos, 30% após 20 anos e 40% após 30 anos) são exemplos/recomendações ou um requisito específico em si. Apesar de mencionar que o limite pode ser ajustado para investimentos de menos de dez anos, devem ser fornecidas orientações mais objetivas (por exemplo, redução de 40% das emissões ao final do período de investimento).

São metas específicas. Um investidor pode ter até dez anos para demonstrar a redução, e esse prazo considera o tempo necessário para desenvolver um sistema de baixas emissões (por exemplo, crescimento de árvores).

23 O IPCC demanda um “declínio de cerca de 45% em relação aos níveis de 2010 até 2030, atingindo zero líquido por volta de 2050 (intervalo interquartil de 2045–2055)". Por que a CBI está se desviando das recomendações do IPCC de 1,5 °C em favor do alinhamento com a taxonomia da UE? Dado que os critérios são prospectivos, o que acontecerá caso o projeto não atenda a um/vários dos marcos de redução de GEEs no futuro? Existe algum plano para fazer com que a taxa de juros do empréstimo ou seu pagamento seja condicionado à estrita aderência à trajetória de GEEs exigida?

Já incluímos um alvo de 1,5 °C. O zero líquido é uma meta para toda a economia. As metas atuais refletem a contribuição de mitigação mais econômica do setor agrícola com base em modelos de avaliação integrados da via de concentração representativa RCP 2.6.

24 Existe algum plano para fazer com que a taxa de juros do empréstimo ou seu pagamento seja condicionado à estrita aderência à trajetória de GEEs exigida?

Isso não é algo que possa ser resolvido com estes Critérios. Este documento deve ser usado apenas para certificar que o título verde está alinhado ao clima.

25 A aplicação da opção 2 é restrita a projetos > 5 anos como resultado

O período de 5 anos é necessário para garantir tempo suficiente no âmbito do

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Requisito de mitigação: lista de boas práticas

dos critérios de "manejo do solo e biomassa para sequestro líquido de carbono". Dados os requisitos de manejo para garantir que o sequestro persista por 20 anos, não parece ser necessária a exigência de 5 anos de duração. É importante verificar quais tipos de títulos agrícolas seriam emitidos (se alguns tiverem vencimento de curto prazo [1-3 anos], é importante que os critérios da CBI levem isso em consideração).

projeto para que os aumentos de carbono no solo sejam detectáveis e possam ser verificados. O período de 20 anos é apenas para prova de manutenção.

26 São necessários mais detalhes sobre o que fonte certa, momento certo e aplicação certa de fertilizantes. São o mesmo que "fertilizante de liberação controlada"? Falta a referência à nota de rodapé 15. No caso da energia, faltam detalhes para justificar a exclusão da madeira, uma vez que ela poderia ser adotada para fontes renováveis.

A aplicação correta pode ser indicada pelo maquinário utilizado; e o momento certo e a fonte certa, por um plano de gestão de nutrientes. Isso é enfatizado mais adiante no documento. Nenhuma medida isolada pode ser avaliada como suficiente de forma independente, mas o fertilizante de liberação controlada seria um exemplo de aplicação de fertilizante mais eficiente.

27 O manejo de resíduos (de algum tipo) deve ser uma prática essencial necessária para todos os tipos de requisitos de boas práticas de todas as culturas (não apenas arroz irrigado). O uso sustentável de resíduos de energia, por exemplo, também pode ser incluído.

Foi incluído na lista de boas práticas.

28 A expansão em terras desmatadas ou a intensificação sustentável deveriam ser incluídas aqui como meio de reduzir as emissões de GEEs.

Ambas fazem parte do escopo se aplicarem boas práticas ou reduzirem as emissões em comparação ao ano-base, mas não podem ser consideradas automaticamente elegíveis.

29 Sugerimos que as normas tratem das condições de cultivo contaminadas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as micotoxinas, das quais as aflatoxinas são um subconjunto, são substâncias tóxicas produzidas por certos tipos de fungos que contaminam as plantações de alimentos e representam uma ameaça séria e fatal à saúde humana. As aflatoxinas causam a destruição anual de cerca de 25% ou mais das safras de alimentos do mundo.

De acordo com as boas práticas, agora incluímos a categoria de perda de alimentos e o requisito de " Nenhuma micotoxina ou outra condição de cultivo contaminada que possa resultar em redução do rendimento”.

30 Por favor, esclareçam a periodicidade e a forma de monitoramento necessárias ao verificar a introdução de "boas práticas". Acreditamos que deve haver mais flexibilidade ao considerar o que são exatamente as "boas práticas".

Estamos abertos para trabalhar com outras organizações na elaboração de listas de boas práticas regionais específicas. O Brasil será o país com a primeira lista regional específica.

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31 Notas metodológicas

Quando se trata de demonstração de conformidade, “mapas, fotografias georreferenciadas ou imagens de satélite de mudanças no uso da terra” são apenas exemplos? Quais seriam as outras maneiras de demonstrar isso? No Brasil, em algumas áreas, “nenhuma conversão” é considerada uma exigência legal nas propriedades rurais, e temos dados oficiais do governo para comprovar isso.

São exemplos; outros meios semelhantes também podem ser usados.

32 No primeiro parágrafo da página, estão listadas algumas ferramentas para estimar as emissões de carbono, mas é preciso esclarecer que não se trata de uma lista exaustiva. Existem algumas ferramentas regionais que podem ser mais eficazes nos cálculos de um país/região. Além disso, podem ser usadas as Ferramentas de Orientação Agrícola do Protocolo de GEEs.

Adicionamos o esclarecimento e a ferramenta à lista.

33 No detalhamento das abordagens de cálculo da redução de emissões de GEE, a Ferramenta Brasileira do Protocolo de GEEs deve ser apontada como opção metodológica (https: //pastagem.org/index.php/pt-br/tools/documents/download/12-planilhas/ 269-ferramenta-de-calculo-ghg-protocol-agropecuario.)

Adicionamos a ferramenta à lista.

34 Carnes e laticínios alternativos

Podemos incluir leguminosas nesta categoria?

Eliminamos a categoria separada destes produtos e, em vez disso, adicionamos pesquisas sobre carnes e laticínios alternativos à lista de atividades de apoio elegíveis fora da unidade de produção.

35 Mais detalhes devem ser fornecidos sobre o escopo das "alternativas a carnes e laticínios". Por exemplo, incluem a produção de soja e a fabricação de hambúrgueres vegetais?

36 A produção de certas carnes e laticínios alternativos é, por si só, um uso diferente e específico do produto. Portanto, devem ser fornecidos mais detalhes sobre sua inclusão como categoria para este tipo de projeto/ativo.

37 Não está claro por que os leites de soja e de amêndoas estão fora do escopo.

38 Isso pode criar uma desvantagem para os produtores que não conseguem comprovar o uso de seus produtos. Além disso, o escopo do padrão para a produção agrícola e pecuária é de “porteira a porteira".

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Considerar o uso final (no caso de carnes e laticínios alternativos) de produtos parece estar fora do escopo desta norma.

39 É necessária mais clareza sobre o fato de os leites de soja e amêndoas não se qualificarem apenas como carnes e laticínios alternativos (e, portanto, não estarem obrigados a atender aos critérios de mitigação), ou não poderem ser certificados como títulos climáticos. É recomendada uma lista de processos que se qualifiquem como carnes e laticínios alternativos.

40 Medidas de resiliência dentro e fora da fazenda

Deve ser fornecida uma distinção mais detalhada para esclarecer as diferentes categorias. O componente de interdependência das medidas de resiliência dificulta a compreensão de sua escala (se é especificamente orientado a uma área/propriedade ou se impacta a região inteira).

Reordenamos as categorias agora para torná-las mais distintas.

41 Requisitos de resiliência

Os requisitos de resiliência estão muito além da capacidade de desenvolvimento de estudos e análises, especialmente no contexto sul-americano. Com base nos dados e modelos de cenários disponíveis, isso não é viável, e sua complexidade pode ser uma barreira de entrada. Os requisitos devem ser simplificados e orientações detalhadas devem ser fornecidas para que se obtenham resultados objetivos. Devem ser indicadas as ferramentas e estruturas específicas a serem adotadas, da mesma forma que para os requisitos de mitigação (por exemplo, Protocolo de GEEs), a fim de evitar conclusões subjetivas ou vagas sobre os possíveis benefícios.

Já incluímos nos Critérios uma isenção de baixa renda; no caso dos emissores que se qualificarem, certos requisitos não são necessários.

42 É necessária orientação adicional sobre avaliação de riscos para estabelecer cenários e/ou linhas de base para as atividades do pilar de adaptação. É importante reconhecer que tais estudos não estão facilmente disponíveis para o setor agrícola e, na maioria dos casos, são caros e exigem disponibilidade de dados e conhecimento técnico que podem inviabilizar uma operação, principalmente para projetos menores. Seria útil se esses estudos, bem como aqueles relativos à linha de base das emissões de GEEs, pudessem ser realizados durante os primeiros meses do projeto.

Já esclarecemos no texto que os cenários/linhas de base para os requisitos de adaptação e resiliência não exigem uma avaliação profissional e não precisam de cenários etc. Eles somente são fornecidos como orientação.

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43 É necessária uma definição adicional sobre o termo “para aumentar a resiliência”. O pilar da adaptação é fundamental para o setor. No entanto, é necessário fornecer orientações adicionais sobre as atividades/projetos que podem ser realizados nesta categoria.

Já listamos as atividades específicas elegíveis nesta categoria.

44 Cooperativas/ títulos dispersos

A CBI considerou como aplicar as Normas de Agricultura da CBI no caso de títulos de renda fixa lastreados em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais ou cooperativas? Nessa modalidade de emissões, a empresa transfere seus recebíveis para um veículo de securitização, que emite títulos e os disponibiliza aos investidores. E o que dizer sobre as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) utilizadas no Brasil, em que uma instituição financeira emite o título? Não parece viável comprovar que os projetos ou ativos subjacentes são originados de práticas que atendem aos Critérios de Agricultura da CBI.

Já incluímos disposições para cooperativas/títulos dispersos nos Critérios.

45 Áreas de conservação dentro de fazendas

Como a política considerará as jurisdições onde os produtores agrícolas são obrigados a preservar 1% de sua propriedade e manter florestas nativas?

Contabilizadas como áreas conservadas e incluídas se tiverem o mesmo proprietário ou função ecológica demonstradas para a fazenda.

46 Sugerimos a inserção da atividade rural na conservação de matas nativas como mecanismo de manutenção dos reservatórios de carbono do solo e prestação de diversos serviços ambientais.

O manejo florestal está fora do escopo.

47 Acessibilidade aos documentos

A tabela de semáforos nos Critérios e no documento de referência não é acessível para leitores daltônicos. Nenhuma diferença nas cores dos semáforos.

Alteramos a tabela e passamos a usar formas diferentes.

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Apêndice 4: Escopo setorial e metodologias comuns para avaliação da mitigação Tabela 4-1. Escopo setorial e metodologias comuns para avaliação da mitigação. Guia de boas práticas do IPCC 2006 – diretrizes de contabilização.

Padrões de Carbono validados pela Verra.

Fundo de Redução de Emissões da Austrália.

Gold Standard.

Outros CAR – Reserva de Ação Climática (Climate Action Reserve); ACR – Registro Norte-Americano de Carbono (American Carbon Registry); MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

Terras agrícolas Adoção de Gestão Sustentável de Terras Agrícolas (SALM) (uso de fertilizantes, espécies fixadoras de N, gestão de resíduos de culturas, queima de biomassa, espécies lenhosas perenes, carbono orgânico do solo, culturas de cobertura, práticas de cultivo aprimoradas e sistemas agroflorestais).

- Biomassa Ver SALM

- Carbono do solo -Quantificação de carbono do solo; -Ver SALM.

-Estimativa de sequestro de carbono no solo usando valores-padrão; -Medição do sequestro de carbono do solo em sistemas agrícolas.

A “Metodologia de Plantio Mínimo” do Gold Standard contabiliza as emissões de GEEs da agricultura, alterando as práticas de preparo do solo nos sistemas agrícolas.

- Emissões de GEEs não CO2 da queima de biomassa

Ver SALM.

- Emissões de N20 de solos manejados e emissões de CO2 da aplicação de cal e ureia

Quantificação da redução de emissões de N2O em culturas agrícolas por meio da redução da taxa de fertilizantes nitrogenados.

Eficiência de uso de fertilizantes em algodão irrigado.

Uso reduzido de fertilizantes nitrogenados em culturas agrícolas (ACR); Mudanças na gestão de fertilizantes (ACR).

- Cultivo de arroz - Sistemas de manejo de arroz (ACR);

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- Semeadura a seco com alagamento retardado: adoção de um método de semeadura a seco que envolve a semeadura de sementes secas em solo seco ou úmido com o alagamento do campo adiado até que o estande do arroz seja estabelecido. (CAR); - Remoção da palha de arroz pós-colheita e enfardamento (CAR); -Redução das emissões de metano por meio da gestão ajustada da água (CDM).

Campos/pastagens -Metodologia para o manejo sustentável de pastagens; -Metodologia para Adoção de Campos Sustentáveis por meio de Ajustes de Queimadas e Pastagens.

- Biomassa

- Carbono do solo Sequestro de carbono em solos em sistemas de pastagens.

Adição de compostagem em pastagens (ACR).

- Emissões de GEEs não CO2 da queima de biomassa

-Manejo de fogo em savanas (prevenção de emissões); -Manejo de fogo em savanas (sequestro e prevenção de emissões).

- Terra convertida em pastagem

Pecuária Manejo de rebanho bovino de corte.

Devem ser aprimorados o uso e cultivo de espécies de plantas fixadoras de N como fertilizante

Manejo de gado e pastagens (metano entérico, metano de estrume, óxido nitroso do uso de fertilizantes,

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orgânico e forragem para gado. .

emissões de combustíveis fósseis e sequestro biótico em solos e biomassa acima e abaixo do solo) (ACR).

- CH4 da fermentação entérica

Redução das emissões de gases de efeito estufa em gado de corte por meio da alimentação com suplementos contendo nitrato; Redução das emissões de gases de efeito estufa em gado de leite por meio de aditivos alimentares.

- CH4 do manejo de esterco

- N20 do manejo de esterco

- Destruição de metano de pocilgas usando biodigestores projetados; - Destruição do metano gerado a partir de esterco bovino em lagoas anaeróbicas cobertas; Destruição de metano gerado a partir de esterco em pocilga.

Sistema de controle de biogás (BCS) que capture e destrua o metano (CH4) do tratamento de estrume e/ou instalações de armazenamento em operações pecuárias (CAR); -Recuperação de metano em sistemas de manejo de esterco animal (ACR); -Recuperação de metano em sistemas de manejo de esterco animal).

Mudanças no uso da terra

Metodologia para conversão evitada de ecossistema.

- Terra convertida em pastagem

Conversão evitada de pastagens e matas em produção agrícola (ACR).

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Apêndice 5: Compilação de indicadores de resiliência Tabela 5-1. Ferramenta de Indicadores e Programação de Agricultura Climaticamente Inteligente (CSA): Três passos para aumentar a eficácia da programação e o rastreamento dos resultados de intervenções CSA124

124 https://cgspace.cgiar.org/handle/10568/75646

Indicadores com foco na produtividade

Os pequenos produtores aplicam esquemas de manejo adequados para aumentar a lucratividade de sua produção agrícola.

Número de unidades familiares que recebem informações e conselhos sobre hortas familiares.

Número de agricultores e outros que aplicaram tecnologias ou práticas de manejo aprimoradas como resultado da assistência.

Número de hectares com tecnologias ou práticas de manejo aprimoradas como resultado da assistência.

Número de pessoas com novos fluxos de renda dentro/fora da fazenda.

Número de pessoas com aumento do número de empreendimentos agrícolas (não financeiros).

Número de pessoas com renda diversificada.

Número de famílias recebendo ativos produtivos.

Número de MPMEs, inclusive agricultores, que recebem serviços de desenvolvimento de negócios de fontes assistidas.

Prevalência de pobreza: percentual de pessoas que vivem com menos de US$ 1,25/dia. Profundidade da pobreza: deficit percentual médio em relação à linha de pobreza de US$ 1,25.

Número de dias/pessoa do Projeto de Emprego de Infraestrutura (IEP) durante a entressafra.

Percentual de mulheres participantes em programas assistidos destinados a aumentar o acesso a recursos econômicos produtivos (bens, crédito, renda ou emprego).

Número de novas empresas estabelecidas com base em novas tecnologias ou inovações.

Número de partes interessadas que implementam práticas/ações de redução de riscos para melhorar a resiliência às mudanças climáticas como resultado da assistência.

Valor de novos investimentos do setor privado no setor agrícola ou na cadeia alimentar alavancados pela implementação do programa FTF.

Número de parcerias público-privadas formadas como resultado da assistência do programa FTF.

Número de pessoas com acesso a serviços de mercado.

Número de pessoas com acesso a serviços financeiros.

Número de beneficiários de assistência social participantes de redes de segurança produtiva.

Valor dos empréstimos agrícolas e rurais.

Número de MPMEs, inclusive agricultores, que recebem assistência para acessar empréstimos.

Número de pessoas com acesso a serviços de formação de solo de maior valor.

Número de pessoas com acesso a serviços de ciclagem de nutrientes de maior valor.

Aumento na formação institucional de grupos de agricultores, cooperativas, serviços de extensão e partes interessadas para melhorar a produção e comercialização agrícola.

Maior acesso a serviços financeiros relevantes para famílias que investem em saúde animal, produtividade e qualidade de produção.

Indicadores com foco em adaptação e resiliência

Bens naturais protegidos ou reabilitados.

Número de pessoas que implementam práticas/ações de redução de riscos para melhorar a resiliência às mudanças climáticas como resultado da assistência.

Número de cabeças de gado sujeitas às práticas de CSA como resultado do projeto.

Adoção de medidas de conservação do solo.

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Proporção de gestores florestais que adotam medidas de adaptação.

Área onde foram adotadas práticas de CSA como resultado do projeto.

Número de agricultores que adotaram práticas de CSA promovidas pelo projeto (desagregado por gênero).

Número de áreas de águas superficiais sujeitas a declínio da qualidade da água devido a temperaturas extremas.

As famílias executam medidas de adaptação às mudanças climáticas.

Número de empresas privadas de segurança alimentar (com fins lucrativos), organizações de produtores, associações de usuários de água, grupos de mulheres, associações comerciais e empresariais e organizações de base comunitária (OBCs) que recebem assistência.

Número de membros de organizações de produtores e organizações de base comunitária que recebem assistência.

Percentual de árvores resilientes ao clima plantadas (em áreas com probabilidade de serem climaticamente adequadas no longo prazo).

Valor em dólares de infraestrutura rural nova ou existente tornada resiliente ao clima.

Número de hectares com práticas melhoradas ou novas de conservação do solo como resultado da assistência do programa.

Número de agricultores que aplicam práticas aprimoradas ou novas de eficiência energética como resultado da assistência.

Número de agricultores que implementam sistemas agroflorestais.

Número de agricultores que adotam plantio reduzido.

Número de partes interessadas que implementam práticas/ações de redução de riscos para melhorar a resiliência às mudanças climáticas como resultado da assistência.

Número de agricultores e outras partes interessadas que aplicaram tecnologias ou práticas de manejo aprimoradas como resultado da assistência.

Número de empresas privadas (com fins lucrativos), organizações de produtores, associações de usuários de água, grupos de mulheres, associações comerciais e empresariais e organizações de base comunitária (OBCs) que aplicaram novas tecnologias ou práticas de gestão como resultado da assistência.

Número de hectares com tecnologias ou práticas de manejo aprimoradas como resultado da assistência.

Aumento no percentual de culturas resistentes ao clima.

Percentual de superfície cultivada com variedades resistentes à seca.

Percentual de árvores resilientes ao clima.

Existe a capacidade necessária para apoiar o acesso dos agricultores aos bancos de sementes e disponibilizar sementes adaptadas para CSA.

Certa proporção do grupo-alvo aplica as tecnologias aprimoradas propostas e confirma sua utilidade.

Número de agricultores que usam variedades de sementes melhoradas ou novas tolerantes a estresses como resultado da assistência.

Número de culturas resilientes ao clima em uso com menos de 20 anos.

Número de partes interessadas que implementam práticas/ações de redução de riscos para melhorar a resiliência às mudanças climáticas como resultado da assistência.

Indicadores financeiros

Número de mecanismos financeiros identificados para apoiar a adaptação às mudanças climáticas.

Estratégias de financiamento são desenvolvidas e recursos são garantidos para programas de CCA.

Produtos de crédito verde e outras opções de financiamento climático disponíveis para práticas de CCA.

Número de hectares sob esquemas de certificação CSA.

Número de novos mecanismos financeiros/de investimentos de impacto implementados para apoiar a adoção de práticas, tecnologias e políticas de CSA ao longo da cadeia de valor.

Número de práticas e tecnologias de CSA promovidas por programas de certificação voluntária.

Número de agricultores com acesso a esquemas de certificação destinados a promover a adoção de práticas e tecnologias de CSA que aumentem a resiliência.

Número de agricultores com acesso a serviços financeiros ou mecanismos de investimento de impacto destinados a promover a adoção de práticas e tecnologias de CSA que aumentem a resiliência.

Acesso percebido a crédito e capital acessíveis que aumentem a promoção de tecnologias e práticas de CSA.

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Montante de investimento mobilizado (em dólares americanos) para ações relacionadas a mudanças climáticas, apoiado pela assistência.

Número de empresas com planos de gestão de riscos, considerando aspectos das mudanças climáticas/ou opções de adaptação.

Percentual de empresas que avaliam riscos e oportunidades de eventos climáticos extremos e disponibilidade reduzida de água em suas cadeias de suprimentos.

Indicadores de capacitação

Cursos para multiplicadores locais com foco na disseminação e resposta a alertas precoces são realizados por plataformas locais de gestão de riscos de desastres.

Número e tipo de instituições-alvo com maior capacidade para minimizar a exposição aos riscos de variabilidade climática.

Número de indivíduos que receberam treinamento sobre produtividade do setor agrícola ou segurança alimentar de longo prazo.

Número de indivíduos que receberam treinamento sobre produtividade do setor agrícola ou segurança alimentar de curto prazo.

Número de pessoas apoiadas pelo PPCR para lidar com as mudanças climáticas.

Número de partes interessadas vulneráveis que usam ferramentas de resposta ao clima para lidar com a variabilidade ou mudanças climáticas.

A agência responsável tem conhecimentos, recursos e poder decisório suficientes para operar de forma eficaz.

Número de agricultores treinados para responder e mitigar os impactos de eventos relacionados ao clima.

Número de pessoas que recebem treinamento em mudanças climáticas globais como resultado da assistência.

Número de dias de assistência técnica financiada sobre mudanças climáticas fornecida a contrapartes ou partes interessadas.

Capacidade de geração de energia limpa instalada ou reabilitada como resultado da assistência.

Número de partes interessadas vulneráveis que usam ferramentas de resposta ao clima para lidar com a variabilidade ou mudanças climáticas.

Número de agricultores que usam serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC) para obter informações sobre (i) tempo e clima (desagregadas por gênero), (ii) práticas de CSA e (iii) informações de mercado (preço).

Número de ferramentas de comunicação que incorporam adaptação às mudanças climáticas.

Número de pessoas com maior consciência e conhecimento sobre práticas sustentáveis.

O setor privado e as organizações de agricultores rurais, incluindo grupos de mulheres e jovens, apoiam o acesso à informação e oportunidades para inovação, aprendizagem e implementação.

As informações são facilmente acessíveis a todas as agências nacionais, jurisdições e sociedade civil.

Grupos públicos ou privados usam informações de boa qualidade para projetar infraestrutura ou programas de CSA.

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Apêndice 6: Leituras adicionais Buchner, B.K. et al. (2015). Global Landscape of Climate Finance 2015. Climate Policy Initiative.

Disponível online. Acessado em 3 de janeiro de 2018.

Carbon Disclosure Project. (2015). The Forgotten 10%. London: Carbon Disclosure Project. Disponível online.

Climate Bonds Initiative (2016). Títulos de Dívida e Mudança Climática: Análise do Mercado em 2016. Disponível online.

Duvick, D.N.; Cassman, K.G. (1999). Post-green revolution trends in yield potential of temperate maize in the north-central United States. Crop. Sci. Soc. Am. 39: p. 1622–30.

Gao et al. (2018). Chinese cropping systems are a net source of greenhouse gases despite soil carbon sequestration. Glob Change Biol.;24: p. 5590–5606.

Griscom et al. (2018). Natural Climate Solutions. PNAS. Disponível online.

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IPCC (2006). Good practice guidelines. Disponível online.

IPCC (2019). 2019 Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Disponível online.

IPCC (2012). Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation. A Special Report of Working Groups I and II of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Field, C. B.; V. Barros; T. F. Stocker; D. Qin; D. J. Dokken; K. L. Ebi; M. D. Mastrandrea; K. J. Mach; G. K. Plattner; S. K. Allen; M. Tignor; P. M. Midgley (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, Reino Unido, e Nova Iorque, NY, EUA, p. 582. Disponível online.

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