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O solo é constituído de três fases: sólida, líquida e gasosa. A sólida é formada pelas partículas originadas dadecomposição de rochas; a líquida seria a água, a solução do solo; a gasosa seria o gás carbônico (CO2) e o oxigênio (O). Os solos foram formados pela ação do vento, chuva, calor, frio, geada que decomporam as rochas (intemperismo). O material resultante desta decomposição sofre interações químicas que resultaram em minerais, ou seja, os nutrientes, cujos íons estão na solução do solo. Óxidos de ferro e de alumínio reagiram com a sílica formando as argilas 2:1 e 1:1. Esta relação expressa sílica:alumínio. As argilas 2:1, são características dos solos temperados enquanto as 1:1, dos solos tropicais. Houve, ainda, formação de silte e areia. O perfil de um solo é formado de horizontes e/ou camadas de diferentes cores de acordo com a presença de ferro hidratado, teores de cálcio, óxido de silício e de matéria orgânica. Em comparação aos solos temperados, os solos tropicais são mais quentes, maior teor de alumínio do que de sílica e capacidade de troca de cátions (CTC) baixa. A decomposição da matéria orgânica é mais rápida. A absorção de água, pelas plantas, é maior. Em solos ácidos e arenosos há maior lixiviação de cátions, principalmente pela CTC e matéria orgânica baixas. Os cátions estão retidos nos coloides do solo. Eles podem ser substituídos por outros cátions. A fórmula de cálculo refere-se à soma dos íons positivos (cátions) como cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K) e sódio (Na) mais os íons hidrogênio (H) e alumínio (Al). Estas cargas positivas são adsorvidas pelas argilas em troca com as cargas elétricas negativas. Portanto, a CTC refere-se à quantidade de cargas negativas. A soma destas cargas elétricas negativas é representada pela CTC e nelas estão ligadas eletricamente os íons de cargas positivas. Lembre-se

CTC do Solo

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O solo é constituído de três fases: sólida, líquida e gasosa. A sólida é formada pelas partículas originadas dadecomposição de rochas; a líquida seria a água, a solução do solo; a gasosa seria o gás carbônico (CO2) e o oxigênio (O). Os solos foram formados pela ação do vento, chuva, calor, frio, geada que decomporam as rochas (intemperismo). O material resultante desta decomposição sofre interações químicas que resultaram em minerais, ou seja, os nutrientes,

cujos íons estão na solução do solo. Óxidos de ferro e de alumínio reagiram com a sílica formando as argilas 2:1 e 1:1. Esta relação expressa sílica:alumínio. As argilas 2:1, são características dos solos temperados enquanto as 1:1, dos solos tropicais. Houve, ainda, formação de silte e areia. O perfil de um solo é formado de horizontes e/ou camadas de diferentes cores de acordo com a presença de ferro hidratado, teores de cálcio, óxido de silício e de matéria orgânica. Em comparação aos solos temperados, os solos tropicais são mais quentes, maior teor de alumínio do que de sílica e capacidade de troca de cátions (CTC) baixa. A decomposição da matéria orgânica é mais rápida. A absorção de água, pelas plantas, é maior. Em solos ácidos e arenosos há maior lixiviação de cátions, principalmente pela CTC e matéria

orgânica baixas.Os cátions estão retidos nos coloides do solo. Eles podem ser substituídos por outros cátions. A fórmula de cálculo refere-se à soma dos íons positivos (cátions) como cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K) e sódio (Na) mais os íons hidrogênio (H) e alumínio (Al). Estas cargas positivas são adsorvidas pelas argilas em troca com as cargas elétricas negativas. Portanto, a CTC refere-se à quantidade de cargas negativas. A soma destas cargas elétricas negativas é representada pela CTC e nelas estão ligadas

eletricamente os íons de cargas positivas. Lembre-se que os íons de carga elétrica semelhante se repelem e os de carga elétrica diferente se atraem.Os solos são formados de partículas de argila e matéria orgânica que são os coloides. Estes apresentam cargas negativas predominantemente, se bem que podem apresentar cargas positivas. Por isto é que as partículas atraem os cátions adsorvendo-os na sua superfície. Isto é muito bom porque ao serem adsorvidos pelos coloides, os íons não são tão facilmente carregados pelas águas das chuvas. A planta absorve a água do solo e com ela o nutriente que estava adsorvido. E isto faz com que os coloides, ao perderem íons, atraem novos, estabelecendo-se a troca. A capacidade de um solo trocar seus íons é chamada capacidade de troca catiônica, quando são cátions, e capacidade de troca aniônica, quando são ânions. Conhecer a CTC de um solo é muito importante para elevar a produtividade.Solos com argila de baixa reatividade, baixo teor de matéria orgânica e baixa CTC não retém cátions. Já solos com argila de alta reatividade apresentam CTC alta e

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podem reter grandes quantidades de cátions. Solos arenosos apresentam baixo teor de matéria orgânica e baixa CTC e são mais suscetíveis às perdas de nutrientes por lixiviação. Estas características são importantes para definir as doses e épocas de aplicação dos fertilizantes para

aumentar a eficiência do adubo."O que o solo não pode reter de nutrientes será lixiviado".Origem das cargas negativas:A origem das cargas elétricas negativas podem ser explicadas pelos seguintes aspectos:1. Rompimento do cristal de argila:Quando isto acontece os grupos (OH)‾ podem ficar expostos e o H+, levemente retido nestes radicais OH, é facilmente trocado por outro cátion.2. Substituição isomórfica:Nas argilas tipo 2:1 (as montmorolonitas) alguns Al³+ são substituídos por Mg²+. Resulta, então, uma valência livre de carga elétrica negativa que não sofreu substituição pois o Al é trivalente enquanto o Mg é divalente.As cargas geradas são permanentes pois não dependem do pH do solo para ocorrerem.3. Dissociação do grupo OH:Na argila ou na matéria orgânica, a presença de OH nos cristais pode ocasionar a dissociação do H+ havendo formação de uma carga elétrica negativa.Elevação do pH

Origem das cargas positivas:As cargas positivas, como já vimos, são em número menor que as cargas negativas. A presença de matéria orgânica, que é formada por cargas negativas e dependentes do pH do solo, mantém uma quantidade de cargas negativas na superfície do solo mesmo que exista um grande teor de cargas elétricas positivas. Mas, em certos solos, pode-se encontrar nas camadas superficiais uma predominância de cargas elétricas positivas.

Nestes solos, os compostos formados de óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio sob condições de pH baixo, verifica-se a "protonação" com a ocorrência de cargas elétricas positivas.

CTC's Efetiva e Potencial do Solo

Nos solos há uma predominância de cargas negativas, mas apresentam, também, cargas positivas. A matéria orgânica do solo é formada de cargas negativas e dependentes de pH, proporcionando um equilíbrio entre cargas

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negativas e positivas nas camadas superficiais do solo. Mas pode-se encontrar maior quantidade de cargas elétricas nas camadas subsuperficiais. As cargas negativas têm sua origem da seguinte maneira:1. os cristais de argila podem ter as faces quebradas e alguns grupos (OH) podem ficar expostos. O hidrogênio (H+) dos radicais (OH) pode ser trocado por outros cátions;2. nas argilas tipo 2:1, alguns átomos de Al³+ são substituídos por átomos de Mg²+. Como o alumínio é trivalente e o magnésio é divalente, sobra uma carga negativa livre. É a chamada "substituição isomórfica". Estas cargas negativas livres são permanentes, pois não depende do pH do solo;3. dissociação do grupo OH. Com a dissociação do H+ ocorre a formação de uma carga elétrica negativa.O que é CTC ?Os cátions (cargas positivas) que se encontram adsorvidos (retidos) nos coloides do solo podem ser substituídos por outros cátions. Chamamos a isto de "cátions trocáveis". O cátion Ca pode ser trocado pelo K e pelo H, e vice versa. A Capacidade de Troca de Cátions (CTC) é o número total de cátions que um solo pode reter e que vai depender da quantidade de suas cargas negativas. Quanto maior a CTC do solo, maior a quantidade de cátions que este solo pode reter. Estes cátions retidos podem ser trocados por outros cátions equivalentes, e depende do número de cargas negativas existentes no solo. Isto de dá por "troca estequiométrica".O que é troca estequiométrica?Neste fenômeno de troca, os cátions se substituem em quantidades equivalentes. O peso atômico do cálcio é 40 (arredondando) e ele é divalente.cmolc Ca²+ = 40/2/100 = 0,2 g = 200 mg Ca, para cada 10 mg de H+ . Uma solução com 10 cmolc Ca²+ no solo, provoca  uma troca que, no final, poderá conter somente 6 cmolc Ca²+ e os restantes 4 cmolc deverão ser de outros cátions adsorvidos. Presume-se que os solos de alta CTC seriam formados de alta percentagem de argilas e uma maior capacidade de reter nutrientes. Já os solos com baixa CTC estariam enquadrados como solos arenosos, com alta lixiviação de nitrogênio e potássio. Em suma, solos com maior CTC teriam mais argila, mais cargas negativas para reter os cátions. Solos com baixa CTC teriam menos argila (mais areia), poucas cargas negativas para reter os cátions.Entretanto, pode-se encontrar solos com alta percentagem de argila mas se comportam como se fossem solos arenosos. Isto se deve ao fato das argilas destes solos serem de baixa atividade, como a caulinita, e os óxidos de ferro e alumínio e outras.Como se calcula a CTC do solo ?Existem dois tipos de CTC: a CTC efetiva e a CTC a pH 7.0 também chamada CTC potencial. No cálculo das CTC's é necessário conhecer os teores de cátions trocáveis, como K, Ca, Mg, Al e (H+Al). Os cátions K, Ca, Mg, Na são chamados cátions básicos. Por sua vez, os cátions H e Al são os chamados cátions ácidos.Por hipótese, seja K = 0,06 cmolc/dm³; Ca = 1,2 cmolc/dm³; Mg = 0,4 cmolc/dm³; Al = 1,5 cmolc/dm³ e (H+Al) = 4,7 cmolc/dm³.CTC efetiva (t) = K + Ca + Mg + Al;CTC efetiva (t) = 0,06+1,2+0,4+1,5 = 4,16 cmolc/dm³.A CTC efetiva é a capacidade do solo em reter cátions próxima ao valor do pH natural.A CTC a pH 7,0 reflete a quantidade de cátions adsorvida a pH 7,0. Seria o máximo de cargas negativas liberadas a pH 7,0 e que seriam ocupadas por cátions.

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CTC a pH 7,0 (T) = K + Ca + Mg + (H+Al). Ou seja, no nossa hipótese:CTC a pH 7,0 (T) = 0,06+1,2+0,4+4,7 = 6,36 cmolc/dm³Atenção:As CTC's efetiva e potencial devem ser expressas em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. Todos os cátions devem estar expressos em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. Não podem ser somadas expressões diferentes. Se o valor está expresso em cmolc, multiplicando por 10 obtém-se mmolc/dm³. O contrário, divide-se por 10.

Cátions Trocáveis e CTC's na Análise do SoloInterpretação da Análise do Solo (3)

Um solo tem condições ideais para o desenvolvimento das plantas se a CTC é ocupada por cátions trocáveis, ou seja, K+, Ca²+, Mg²+ e Na+. O sódio (Na+) por estar presente, geralmente, em pequenas quantidades não é levado em consideração. A não ser em solo sódico. Porém, se a CTC está ocupada, em grande parte, por H+ e Al³+, podemos dizer que este solo é pobre e não tem condições de disponibilizar nutrientes para as plantas. Um solo com baixa CTC quer dizer que o solo tem pouca capacidade de reter cátions trocáveis. Há grande perda de nutrientes por lixiviação. Isto significa que a calagem e a adubação devem ser feitas em pequenas quantidades, ou seja, parceladas, para evitar estas perdas. Temos dois tipos de Capacidade de Troca de Cátionc - CTC: a CTC efetiva e a CTC a pH7,0. A soma de bases (S ou SB) dá uma idéia da quantidade de cátions trocáveis que o solo possui.

1. Soma de bases trocáveisS ou SB = K+ + Ca²+ + Mg²+ + Na+

A soma de bases é expressa em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. No caso do potássio K, na análise, vir expresso em mg/dm³ é necessário fazer a conversão para cmolc/dm³ ou mmolc/dm³. Por quê?No cálculo, todos os cátions trocáveis devem estar expressos em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³.K mg/dm³ x 0,002557 = cmolc/dm³ de KK mg/dm³ x 0,02557 = mmolc/dm³ de KNo Quadro 1 o potássio está expresso em mg/dm³. Neste caso, precisamos converter para cmolc/dm³ visto que as outras bases estão em cmolc/dm³. Embora

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no Quadro 1 já apareça a conversão, vamos fazê-la para familarizar o leitor com o cálculo.Amostra 1 - 32 mg/dm³ K x 0,002558 = 0,08 cmolc/dm³ KAmostra 2 - 3,9 mg/dm³ K x 0,002558 = 0,01 cmolc/dm³ KAmostra 3 - 48 mg/dm³ K x 0,002558 = 0,12 cmolc/dm³ KLeia: Unidade cmolc/dm³ e suas conversões          Interpretação da análise do solo - cmolc e mg/dm³

A soma de bases (SB) das referidas amostras são:Amostra 1. SB = 0,08 + 6,0 + 2,20 = 8,28 cmolc/dm³Amostra 2. SB = 0,01 + 1,03 + 0,64 = 1,68 cmolc/dm³Amostra 3. SB = 0,12 + 0,65 + 0,12 = 0,89 cmolc/dm³Uma tabela de interpretação de dados de análise do solo do Estado de Minas Gerais, Quadro 2, estas somas de bases estariam enquadradas assim: amostras: 1 - "muito bom", 2 e 3 - "baixo".

2. CTC efetiva (t)A CTC efetiva compreende a soma de bases mais o Alumínio³+CTC efetiva (t) = K+ + Ca²+ + Mg²+ + Na+ + Al³+

A CTC efetiva não considera o teor do íon H+. Ela, também, é expressa em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³.Amostra 1. CTC efetiva (t) = 0,08 + 6,0 + 2,20 + 0,0 = 8,28 cmolc/dm³.No Quadro 2. estaria enquadrada na faixa  "muito bom".Amostra 2. CTC efetiva (t) = 0,01 + 1,03 + 0,64  + 0,1 = 1,78 cmolc/dm³.Se enquadrada na faixa "baixo".Amostra 3. CTC efetiva (t) = 0,12 + 0,65 + 0,12  + 2,0 = 2,89 cmolc/dm³.Enquadrada na faixa "baixo".

3. CTC a pH7.0 ou CTC potencial (T)A CTC a pH7,0 ou CTC potencial (T) é a soma de todos os cátions trocáveis, ou seja, os bons nutrientes -  K+, Ca²+, Mg²+, e os nutrientes nocivos às plantas, como o H+ e Al³+. Seu valor é expresso em cmolc/dm³ ou mmolc/dm³.A fórmula de cálculo da CTC a pH 7,0 é a seguinte:CTC a pH7.0  (T) = K+ + Ca²+ + Mg²+ + Na+ + (H+ + Al³+)  ou  T = SB + (H+ + Al³+)Amostra 1. CTC a pH 7,0 (T) = 0,08 + 6,0 + 2,20 + 5,0 = 13,28 cmolc/dm³. "bom"Amostra 2. CTC a pH 7,0 (T) = 0,01 + 1,03 + 0,64 + 3,71 = 5,39 cmolc/dm³. "médio"Amostra 3. CTC a pH 7,0 (T) = 0,12 + 0,65 + 0,12 + 7,70 = 8,59 cmolc/dm³. "médio"

Nos solos, argilas e matéria orgânica são as responsáveis pela CTC. Nas argilas, tipo 1:1, a quantidade de CTC é de 3 a 15 cmolc/kg; nas argilas, tipo 2:1, a quantidade de CTC é de 100 a 150 cmolc/kg; no silte, é de 1% e na areia 0%.

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Solos argilosos, com maior teor de matéria orgânica (200 a 300 cmolc/kg), solos com argilas do tipo 2:1 (montmorilonita, 80 a 120 cmolc/kg e vermiculita, 100 a 150 cmolc/kg) apresentam maior teor de CTC. Por outro lado, solos arenosos e com argilas do tipo 1:1 (caulinita, 3 a 15 cmolc/kg e ilita, 20 a 40 cmolc/kg) apresentam menor teor de CTC.Um solo pode ter alta CTC a pH 7,0 e uma CTC efetiva baixa. Por quê? Um grande número de pontos de troca de carga negativa está adsorvendo íons H+. Por exemplo: uma CTC a pH7,0 de 18 cmolc/dm³ em que 70% das cargas negativas estão adsorvendo H+ significa que a CTC efetiva será de 5,4 cmolc/dm³. Ou seja:18 cmolc/dm³ x 70% (H+) = 12,6 cmolc/dm³ de H+. A diferença 18-12,6 = 5,4 cmolc/dm³ é a CTC efetivaA CTC a pH7,0 (T), sendo baixa, indica que o solo armazena pequena quantidade de cátions trocáveis. Ao contrário, se ela é alta significa que o solo tem capacidade de armazenar grandes quantidades de cátions trocáveis.Conclusões:

A amostra 1 é a que está em melhores condições, pois apresenta uma boa quantidade de nutrientes, CTC efetiva e CTC a pH7,0  com valores muito alto e alto, respectivamente. O solo não possui pontos de troca de Al³+, pois a presença deste cátion ácido e a percentagem de saturação por alumínio são zeradas. A soma de bases ocupa 62% da CTC a  pH7,0, enquanto a acidez não trocável atinge 38% desta CTC. A soma de bases é 100% da CTC efetiva o que comprova a alta capaciadde de reter cátions. A necessidade de calagem será pequena, se buscar elevar o V% para 70%, apenas para adicionar mais Ca e Mg para elevar a percentagem de saturação destes dois cátions e neutralizar o H+ (acidez não trocável), gerando cargas negativas. A saturação de potássio (K+) está baixa e será preciso aumentá-la na CTC, através da fertilização potássica. Os assuntos de percentagem de saturação por bases e por alumínio serão abordados em nova publicação integrante desta série "Interpretação da Análise do Solo".A amostra 2 apresenta uma baixa soma de bases (31,20% da CTC a pH7,0)indicativa de uma pobreza de nutrientes no solo, aliada a um baixo teor de matéria orgânica do solo e argila de baixa atividade. A CTC efetiva caracteriza uma baixa capacidade de reter cátions. Há problemas de perdas de cátions por lixiviação. A incorporação de resíduos vegetais e a adubação verde seriam práticas fundamentais para aumentar o teor de matéria orgânica e reter umidade. Praticamente não existe Al³+ trocável pois o teor é muito baixo (0,1 cmolc/dm³) e, consequentemente, a percentagem de saturação por Al³+ deve ser muito baixa. O Al³+ ocupa 1,8% e o H+ 67% da CTC a pH7,0.  Pequena necessidade de calagem deverá ser exigida para neutralizar o H+, liberando cargas negativas e elevando a

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saturação de cátions trocáveis. A percentagem de saturação de K+ deve estar muito baixa  e exigirá uma recomendação corretiva.Na amostra 3, o solo se caracteriza por uma pobreza de nurientes e um baixo teor de argila e médio teor de matéria orgânica. A  soma de bases representa apenas 10% da CTC a pH7,0. Por outro lado, a acidez trocável  (Al³+) ocupa 23,3% e a acidez não trocável (66,4%) da CTC a pH7,0.  A aplicação de calcário neutralizará a acidez não trocável (H+) liberando cargas negativas não dissociadas. A CTC efetiva é média, o que indica uma média capacidade de reter cátions. Em relação a CTC efetiva, a acidez trocável (Al³+) representa 69%. O solo apresenta alto teor de Al³+ e, consequentemente a percentagem de saturação de Al³+  deverá ser alta, o que é prejudicial para as plantas, pois o Al³+, nestas condições,  é tóxico e impede o desenvolvimento radicular das plantas em superfície e profundidade. A aplicação de fertilizantes e corretivos deve ser bem manejada, com parcelamento da quantidade, tanto na aplicação de potássio quanto de calcário - este quando em grandes quantidades, para evitar a lixiviação de cátions básicos. A CTC a pH7,0 em relação a CTC efetiva tem um aumento de quase 200%.

Quanto Adicionar de K para Saturar a CTC do SoloQuando se corrige a acidez do solo, com calcário, pretendemos elevar o pH do

solo a 6,0 e haveria, com isto, a libe ração de cargas negativas, na prática, equivalente a 65% da Capacidade de Troca de Cátions - CTC a pH 7.0 conhecida, também como valor "T". Se queremos saturar com potássio (K) 5,0% da CTC do solo, seria necessário calcular o quanto adicionar deste nutriente, empregando um fertilizante, o cloreto de potássio (KCl) que possui, na sua composição química, 60% de K2O. Qual a quantidade de cloreto de potássio que seria adicionada num solo, cuja análise apresentou os seguintes resultados:K = 0,09 cmolc/dm³Ca = 0,6 cmolc/dm³Mg = 0,2 cmolc/dm³(H+Al) = 5,3 cmolc/dm³

Primeiro Passo:Calcular o valor da CTC  a pH 7.0 (T). A fórmula para calcular o T é a seguinte:T = K+Ca+Mg+(H+Al) expressa esta CTC em cmolc/dm³.T = 0,09+0,6+0,2+5,3T ou CTC a pH 7.0 = 6,19 cmolc/dm³

Segundo Passo:Calcular quanto foi liberado de cargas negativas, na prática 65% quando se atinge pH do solo igual a 6,0 com a calagem.100% ..................... 6,19 cmolc/dm³65% ...................... X cmolc/dm³X = (65 x 6,19) / 100X = 4,02 cmolc/dm³

Terceiro Passo:

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Calcular quanto do valor 4,02 cmolc/dm³ deverá ser ocupado com 5% de potássio.100% ...................... 4,02 cmolc/dm³5% ............................. X cmolc/dm³X = (5 x 4,02) / 100X = 0,201 cmolc K/dm³Como o solo já tem 0,09 cmolc K/dm³, deveremos repor 0,111 cmolc K/dm³ (0,201 - 0,09).

Quarto Passo:Calcular a reposição dos 0,111 cmolc K/dm³.1 cmolc K/dm³ = 0,390 g/dm³ K = 390mg/dm³ K.0,111 x 390 = 43,29 mg/dm³ K.mg/dm³ x 2 = kg/ha43,29 x 2 = 86,58 kg/ha K

Quinto Passo:Transformar K em K2O.K2O .............K2(39x2)+16.....39x294................7894/78 = 1,205Então, K x 1,205 = K2O86,58 x 1,25 = 104 kg/ha K2O.

Sexto Passo:Calcular a quantidade de cloreto de potássio (KCl) necessária para saturar os 5% da CTC do solo:100 kg KCl............. 60 kg K2OX kg KCl ............. 104 kg/ha K2OX = (104 x 100) / 60X = 173,33 kg/ha de cloreto de potássio.

As Argilas e os Níveis de CTC do SoloSolo fértil é aquele que contém todos os nutrientes disponíveis e essenciais às plantas, que não apresenta elementos tóxicos, e ótimas propriedades físico-químicas. Solo produtivo é o solo fértil aliado à ótimas condições de clima e práticas culturais, proporcionando um bom desenvolvimento das plantas e maior produtividade por área. Um solo não fértil pode tornar-se um solo produtivo através da neutralização da acidez pela calagem, mais aplicação de adubos, contando com condições climáticas favoráveis. Encontramos várias leis no campo da Agronomia:Lei dos Acréscimos não Proporcionais - também conhecida como Lei de Mitscherlik ou Lei dos Retornos Decrescentes, em que a produção das culturas aumenta até uma certa quantidade de nutrientes aplicados para depois decrescer, mesmo com o aumento desta quantidade. A planta responde à aplicação de fertilizantes, para depois deixar de responder com o acréscimo na quantidade aplicada.Lei da Restituição - consiste na devolução ao solo dos nutrientes retirados pelas culturas. Se não for feito isto, o solo vai empobrecendo.Lei do Mínimo - as produções das culturas são reguladas pelo nutriente que está limitante.

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Lei do Máximo - qualquer nutriente em excesso tende a não aumentar a produção, e sim diminuí-la.Cada tipo de argila, mesmo a matéria orgânica do solo, possuem uma CTC:

Baseado neste quadro 1 podemos estimar qual o tipo de argila. Para isto é preciso conhecer a Capacidade de Troca de Cátions (T) e o teor de matéria orgânica do solo.Por exemplo: dados de uma análise do solo:CTC a pH 7,0 = 15,38 cmolc/kgMatéria orgânica = 2,8%Argila - 30%Vamos considerar a CTC da matéria orgânica igual a 250 cmolc/kg (média de 200-300)100 g MO............. 250 cmolc/kg2,8 g MO.................... x ........X= (2,8 x 250) / 100; X= 7 cmolc/kg/2,8 g15,38 - 7 = 8,38 cmolc/kg (parte mineral do solo - 30 g de argila)30 g de argila .................... 8,38 cmolc/kg100 g ...................................... X...........X = (100 x 8,38) / 30 = 27,93 cmolc/kgProcurando no quadro 1, a argila que apresenta uma CTC aproximada deste valor, encontramos a Ilita.Para determinar se uma argila apresenta atividade (Targila), utiliza-se a seguinte fórmula:Targila (cmolc/kg) = (CTC pH 7,0 / % argila) x 100Se o valor encontrado em Targila for igual ou maior que 27 cmolc/kg, significa que a argila possui atividade alta, uma 2:1, solo pouco intemperizado.Se o valor de Targila for menor que 27 cmolc/kg, significa uma argila de baixa atividade, tipo 1:1 ou óxidos ou hidróxidos de ferro e alumínio, solo muito intemperizado.Os solos alumínico e alítico são caracterizados pelas diferenças na atividade da argila: os solos alumínicos apresentam Al igual ou maior que 4 cmolc, % de saturação por alumínio igual ou maior que 50%, valor V menor que 50% e atividade da argila menor que 20 cmolc/kg. Os solos alíticos apresentam os mesmos valores diferenciando apenas na atividade da argila que é igual ou maior que 20 cmolc/kg.

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Os solos arenosos apresenta baixa CTC, maior perda de nutrientes por lixiviação e necessitam menores quantidades de calcário para neutralizar a acidez do solo. Por outro lado, os solos argilosos possuem maior CTC, menores perdas de nutrientes por lixiviação, mas necessitam maiores quantidades de calcário.As possibilidades de ocorrer toxidez de alumínio é quando os valores de Al são iguais ou maiores que 4 cmolc/dm³ e a Saturação por alumínio seja igual ou maior que 50%.O Dr. Ribamar Silva (2005) apresenta os valores de SB, T, t e V na sua maior amplitude:Soma de bases (SB) > 5 cmolc/dm³ é considerada alta.Capacidade de Troca de Cátions efetiva (t) > 6 cmolc/dm³ - alta.Capacidade de Troca de Cátions (T) > 10 cmolc/dm3 - alta.Saturação por bases (V): < 50% - solo distrófico; V => 50% - solo eutrófico.Para o Dr. Ribamar, o valor V pouco reflete a fertilidade do solo. Por exemplo:

O solo B tem maior CTC a pH 7,0 (T) e maior soma de bases (SB) em comparação com o solo A. Embora pelo método V% seja o solo A considerado um solo não fértil, ele tem maiores condições de reter e liberar nutrientes para as plantas que o solo A.Retenção de Cátions (RC):RC (cmolc/kg argila) = [(SB+Al³) / % argila] x 100