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Universidade de Aveiro 2019 Escola Superior de Saúde Cátia Diana Vieira Luís DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM PROCESSAMENTO AUDITIVO PARA CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR

Cátia Diana DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA Vieira Luís … · 1 Alguns autores utilizam o termo Processamento Auditivo Central, por se tratar da informação auditiva processada

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Universidade de Aveiro 2019

Escola Superior de Saúde

Cátia Diana

Vieira Luís

DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA

DE INTERVENÇÃO EM

PROCESSAMENTO AUDITIVO PARA

CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR

Universidade de Aveiro 2019

Escola Superior de Saúde

Cátia Diana

Vieira Luís

DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA DE

INTERVENÇÃO EM PROCESSAMENTO

AUDITIVO PARA CRIANÇAS EM IDADE

ESCOLAR

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento

dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Terapia

da Fala, realizada sob a orientação científica da Doutora Catarina

Alexandra Monteiro de Oliveira, Professora Adjunta da Escola

Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e coorientação científica

do Doutor Jorge Humberto Ferreira Martins, Audiologista do Serviço

de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar e Universitário de

Coimbra.

Para a minha família. Grata pelo apoio incondicional em todos

os momentos e pelo orgulho que sentem em todas as minhas

conquistas.

O júri

Presidente Professora Doutora Marisa Lobo Lousada Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

Arguente Professora Doutora Susana Maria Capitão da Silva Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto

Orientadora Professora Doutora Catarina Alexandra Monteiro de Oliveira Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

Agradecimentos À Professora Doutora Catarina Oliveira, pela orientação científica,

pela partilha de conhecimento, pela revelação do belo ser humano

que é e pelo incentivo constante em melhorar cada detalhe deste

trabalho.

Ao Doutor Jorge Humberto Martins, pela coorientação científica,

pelos ensinamentos na área do Processamento Auditivo, pela

simplicidade com que resolveu todas as dúvidas e pela confiança

no trabalho dos Terapeutas da Fala.

À Terapeuta Marisa Alves, por toda a disponibilidade, pela

assertividade com que respondeu a todas as questões, por toda a

ajuda, pelos incentivos e pela colaboração neste projeto.

Às Terapeutas da Fala, Ana Martins, Ana Severino, Alexandra

Lopes, Daniela Ramos, Joana Carvalho e Leonor Fontes, por

aceitarem colaborar neste estudo, dando contributos ao nível do

conhecimento e experiência clínica, essenciais para a validação de

conteúdo do programa.

À Terapeuta da Fala Alexandrina Martins, por todo o empenho e

ajuda na correção dos estímulos sob o ponto de vista sintático.

À Professora Anabela Silva, pelos esclarecimentos numa fase tão

precoce do estudo.

À Ana Micaela, por embarcar nesta aventura comigo, por se tornar

uma verdadeira amiga e companheira de jornada e por permitir que

os anseios, as dúvidas e as incertezas se transformassem numa

partilha de conhecimento exponencial.

Ao Francisco, por questionar e (re)inventar tantos jogos, por

demonstrar que tudo é possível, que mesmo as maiores barreiras

podem ser derrubadas e que os meninos brilhantes e especiais

vencem a Perturbação do Processamento Auditivo.

À Joana e à Marques, por todos os momentos vividos e por

demonstrarem que a amizade pode ser mágica.

Aos meus pais e à minha irmã, por apoiarem todo este percurso e

pela força motivacional constante.

A todos os meus amigos e familiares, pelo incentivo, pelo apoio,

pela compreensão e pela companhia em todos os momentos.

A todas as crianças com Perturbação do Processamento Auditivo

que se cruzaram no meu caminho, no âmbito profissional, por me

entusiasmarem todos os dias.

Palavras-chave Perturbação do processamento auditivo, treino auditivo, idade escolar

Resumo Enquadramento: O terapeuta da fala é um dos profissionais

responsáveis pela intervenção na Perturbação do Processamento

Auditivo (PPA). Contudo, a nível nacional, não foram encontrados

programas de intervenção na área do Processamento Auditivo (PA),

testados e validados para crianças em idade escolar. Esta escassez

dificulta a uniformização de procedimentos e, consequentemente,

condiciona a atuação baseada em evidência científica.

Objetivos: O presente trabalho teve como objetivos desenvolver e

validar (através de um painel de peritos) um Programa de Intervenção

em Processamento Auditivo (PIPA), destinado a crianças em idade

escolar, com PPA. No âmbito desta dissertação, foram desenvolvidas

atividades que estimulam as seguintes competências auditivas:

separação binaural, integração binaural, fusão binaural e figura-fundo.

Metodologia: O estudo decorreu em duas etapas: a primeira etapa

consistiu no desenvolvimento do programa de intervenção e respetivo

manual de instruções, que inclui os objetivos para as diferentes

competências auditivas, bem como todas as tarefas, procedimentos,

materiais, reforços, instruções dadas aos utilizadores e estímulos

verbais utilizados; na segunda etapa procedeu-se à validação de

conteúdo, através de um painel composto por seis peritos que

analisaram o PIPA no que respeita à abrangência, clareza, adequação

e pertinência de conteúdos, através da resposta a um questionário. A

validade de conteúdo foi calculada através do Índice de Validade de

Conteúdo (IVC).

Resultados: Os resultados obtidos após a avaliação por um painel de

peritos demonstram a validade de conteúdo do PIPA, com um IVC global

0,96. Onze itens apresentam um IVC de 1. Alguns conteúdos foram

modificados depois da análise dos comentários e sugestões dos peritos.

Conclusão: O estudo permitiu o desenvolvimento de um programa de

intervenção em PA, completo e com estímulos verbais em português

europeu, destinado a crianças com idades entre os seis e os dez anos.

Este apresenta validade de conteúdo para intervenção com crianças

com PPA. Futuramente, deverão ser realizados estudos de

aceitabilidade e eficácia do PIPA junto da população a que se destina.

Keywords Auditory processing, auditory training, school age, intervention

Abstract Background: The Speech and Language Therapist is one of the

professionals responsible for the intervention in the Auditory Processing

Disorder (APD). However, at the national level, Auditory Processing

Intervention Programmes tested and validated to school-aged children

were not found. This lack hinders the standardization of procedures and,

consequently, conditions the action based on scientific evidence.

Aim: The present work aimed to develop and validate (through an expert

panel) an Auditory Processing Intervention Programme, for school-aged

children with APD. Within the scope of this dissertation, activities were

developed in order to stimulate the following auditory abilities: binaural

separation, binaural integration, binaural fusion and figure-ground.

Methods: The study was carried out in two stages: the first stage

consisted on the development of the intervention program and its

instruction manual, which includes the objectives for the different

auditory abilities, as well as all tasks, procedures, materials,

reinforcements, instructions given to users and verbal stimulus used; In

the second stage, the content was validated through a panel composed

of six experts who analysed the Auditory Processing Intervention

Programme regarding the comprehensiveness, clarity, adequacy and

relevance of the contents, by answering a questionnaire. Content validity

was calculated using the Content Validity Index (CVI).

Results: Results obtained after evaluation by an expert panel

demonstrate the content validity of Auditory Processing Intervention

Programme, with an overall CVI of 0.96. Eleven items have a CVI of 1.

Some contents were modified after reviewing the expert comments and

suggestions.

Conclusions: The study allowed the development of a complete

intervention program in Auditory Processing, with verbal stimulus in

European Portuguese, intended for children aged between six and ten

years old. This program has the content validity for intervention with

children with APD. In the future, Auditory Processing Intervention

Program acceptability and effectiveness studies should be conducted

with the target population.

Abreviaturas e/ou siglas

IVC – Índice de Validade de Conteúdo

PA – Processamento Auditivo

PE – Português Europeu

PIPA – Programa de Intervenção em Processamento Auditivo

PPA – Perturbação do Processamento Auditivo

TF – Terapeuta da Fala

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1

1.1 Motivação ................................................................................................................................. 1

1.2 Objetivos do estudo .................................................................................................................. 1

1.3 Estrutura da dissertação .......................................................................................................... 2

2. REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................................... 3

2.1 Sistema auditivo ................................................................................................................... 3

2.2. Processamento Auditivo ...................................................................................................... 4

2.2.1. Competências auditivas ................................................................................................. 4

2.3. Perturbação do Processamento Auditivo ............................................................................ 7

2.3.1. Avaliação do Processamento Auditivo .......................................................................... 9

2.3.2. Intervenção na Perturbação do Processamento Auditivo ........................................... 10

2.3.2.1. Programas de treino auditivo............................................................................ 12

3. METODOLOGIA ....................................................................................................................... 13

3.1. Tipo de estudo ................................................................................................................... 13

3.2. Fases metodológicas ......................................................................................................... 13

3.2.1. Fase 1: Desenvolvimento do Programa de Intervenção em Processamento Auditivo 13

3.2.2. Fase 2: Validação do programa de intervenção .......................................................... 16

3.2.2.1. Validação de conteúdo ..................................................................................... 16

3.2.2.1.1 Caracterização da amostra .............................................................................. 17

3.2.2.1.2 Procedimentos de recolha de dados e instrumentos ...................................... 17

3.2.2.1.3 Procedimentos de análise de dados................................................................ 18

4. RESULTADOS ......................................................................................................................... 19

4.1. Fase 1: Desenvolvimento do Programa de Intervenção em Processamento Auditivo ..... 19

4.2. Fase 2: Validação do programa de intervenção ................................................................ 20

5. DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 23

5.1 Discussão dos resultados .................................................................................................. 23

5.2 Limitações do estudo e trabalho futuro .............................................................................. 24

6. CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 27

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................. 29

ÍNDICE DE APÊNDICES

Apêndice 1 - Programas de treino auditivo ...................................................................................... 43

Apêndice 2 - Exemplo de atividade do PIPA ................................................................................... 45

Apêndice 3 - Questionário enviado ao painel de peritos ................................................................. 47

Apêndice 4 - Exemplo de instrução reformulada após a validação por peritos ............................... 51

Apêndice 5 - Exemplo de frases reformuladas nas tarefas de escuta dicótica ............................... 53

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Corte no plano frontal do sistema auditivo periférico ........................................................ 3

Figura 2 - Representação esquemática da integração comportamental da informação auditiva, na

via auditiva, até ao sistema nervoso auditivo central ......................................................................... 3

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Frequência de ocorrência dos formatos de palavra no PIPA e no PE ........................... 14

Tabela 2 - Frequência de ocorrência dos formatos de sílaba no PIPA e no PE ............................. 15

Tabela 3 - Caracterização do painel de peritos ............................................................................... 17

Tabela 4 - Concordância obtida entre os elementos que integram o painel de peritos, em relação ao

PIPA ................................................................................................................................................. 20

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

O Processamento Auditivo (Central)1 refere-se à capacidade que permite ao sistema

auditivo reconhecer e interpretar a informação (Bamiou, Musiek, & Luxon, 2001; Machado,

Teixeira, & da Costa, 2018).

A Perturbação do Processamento Auditivo (PPA) está comummente associada a

perturbações da linguagem, da aprendizagem e da leitura e da escrita, tendo uma prevalência

de 2 a 5%, no caso das crianças em idade escolar (AAA, 2010; Bellis & Bellis, 2015; BSA, 2018;

Carvalho, Ubiali, Amaral, & Santos, 2019; CISG, 2012; Loo, Rosen, & Bamiou, 2016). Esta

perturbação pode ter implicações nas atividades de vida diária da criança, afetando a sua

capacidade de resposta aos estímulos auditivos (ASHA, 2005b; Chermak, Bamiou, Iliadou, &

Musiek, 2017; Iliadou, Chermak, Bamiou, & Musiek, 2019). Neste sentido, e uma vez que o

Terapeuta da Fala (TF) deve fazer parte da equipa em todo o processo de intervenção nas

crianças com PPA, é necessário fomentar a prática baseada na evidência também nesta área

(AAA, 2010; ASHA, 2005a, 2005c; Bellis & Bellis, 2015; BSA, 2011).

Ao nível internacional existe uma oferta vasta de programas de intervenção, testados e

validados para o desenvolvimento de competências auditivas (AAA, 2010; BSA, 2011; Loo,

Bamiou, Campbell, & Luxon, 2010; Weihing, Chermak, & Musiek, 2015; Zalcman & Schochat,

2007), contudo, no que concerne ao Português Europeu (PE) não foram encontrados programas

de intervenção testados e/ou validados para intervenção na PPA.

A escassez de material de intervenção na área do PA, a par com o gosto pessoal por

esta temática, serviram de motivação para a realização deste estudo.

1.2 Objetivos do estudo

O objetivo principal deste estudo consiste no desenvolvimento de um programa de

intervenção para as crianças em idade escolar (dos 6 aos 10 anos) que apresentem PPA.

Para o cumprimento do objetivo principal, consideraram-se dois objetivos específicos:

1. Desenvolvimento de um programa de intervenção, no qual se incluem objetivos

terapêuticos, várias atividades, procedimentos, recursos e materiais necessários.

2. Validação do programa de intervenção por um painel de peritos, selecionado através

de critérios previamente definidos.

1 Alguns autores utilizam o termo Processamento Auditivo Central, por se tratar da informação auditiva processada no

Sistema Nervoso Auditivo Central (Bellis, 2011; Heine & O’Halloran, 2015; Santos et al., 2010), outros preferem o termo Processamento Auditivo (Bailey, 2010; CISG, 2012; Jerger & Musiek, 2000), alegando que é mais abrangente, e outros ainda, usam ambos os termos indistintamente (Vermiglio et al., 2019). No presente trabalho, optou-se pela utilização do termo Processamento Auditivo, doravante referido como PA.

2

1.3 Estrutura da dissertação

A presente dissertação é composta por seis capítulos, organizados da seguinte forma:

Capítulo 1 (Introdução), Capítulo 2 (Revisão da Literatura), Capítulo 3 (Metodologia), Capítulo 4

(Resultados), Capítulo 5 (Discussão) e Capítulo 6 (Conclusões).

No presente capítulo (Capítulo 1), apresentam-se as motivações, os objetivos do estudo

e o modo como o conteúdo da dissertação está organizado. O Capítulo 2 é dedicado à revisão

da literatura no que reporta ao PA. No Capítulo 3, apresenta-se a metodologia utilizada no

presente trabalho, com a descrição das etapas indispensáveis à efetivação do estudo. Os

resultados obtidos neste estudo são descritos no Capítulo 4, sendo discutidos no Capítulo 5. O

Capítulo 5 inclui ainda as limitações do estudo e possibilidades de trabalho futuro. No Capítulo

6, sumariam-se as conclusões obtidas.

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Sistema auditivo

O sistema auditivo divide-se numa componente periférica e outra central, as quais são

responsáveis pelos processos de captação do som e análise e interpretação dos estímulos

sonoros respetivamente (Pereira, 2014).

O sistema auditivo periférico (Figura 1) situa-se no osso temporal e no crânio e é formado

pelo ouvido externo, ouvido médio, cóclea e nervo auditivo, ao passo que o sistema auditivo

central (Figura 2) se situa no cérebro e contempla o núcleo coclear, o complexo olivar superior,

o lemnisco lateral, o colículo inferior, o corpo geniculado medial, o córtex auditivo secundário, o

córtex e o espaço inter-hemisférico, incluindo o corpo caloso (Bailey, 2010; Musiek & Baran,

2007).

Figura 1 - Corte no plano frontal do sistema auditivo periférico

(Subtil & Martins, 2018)

Figura 2 - Representação esquemática da integração comportamental da informação auditiva, na via auditiva, até ao sistema nervoso auditivo central

(Monteiro & Trigueiros, 2018)

4

A audição consiste num processo complexo que envolve a transformação do estímulo

acústico em impulsos neurais pelo ouvido, a transmissão ao cérebro através do nervo auditivo,

o registo percetivo e a descodificação cognitiva do sinal acústico pelo córtex (Bamiou et al.,

2001). Quando um estímulo sonoro é captado pelo pavilhão auricular, é conduzido através do

canal auditivo externo até à membrana timpânica (Giacheti & Gimeniz-Paschoal, 2013). A

vibração mecânica da membrana timpânica provoca a vibração dos ossículos, fazendo o

estímulo sonoro chegar à cóclea, através de energia hidráulica (Garbe, 2010). Na cóclea, o

estímulo é transformado num sinal elétrico e transmitido pelo nervo auditivo até ao córtex

(Santos, Santos, Neves, & Nunes, 2010).

Para processar a informação recebida no dia-a-dia, é necessário que os sons sejam

detetados, interpretados e codificados a nível neuronal, tornando a audição essencial ao

desenvolvimento cognitivo e linguístico (Eugênio, Escalda, & Lemos, 2012; Machado et al.,

2018).

2.2. Processamento Auditivo

O PA pode ser definido como um processo neurológico que se inicia quando um estímulo

acústico é recebido e termina quando é efetuada uma resposta a esse estímulo (Ferre, 2014).

Segundo a American Speech-Language-Hearing Association (1996), o PA é o mecanismo do

sistema auditivo responsável pelas competências ao nível da localização e lateralização sonora,

discriminação auditiva, reconhecimento de padrões auditivos, aspetos temporais da audição

(resolução temporal, mascaramento, integração e ordenação temporal), desempenho auditivo

na presença de sinais competitivos e desempenho auditivo com sinais acústicos degradados.

Pode dizer-se que o PA é a capacidade do sistema auditivo para reconhecer e interpretar

a informação acústica através de um conjunto de mecanismos e processos (Attoni, Quintas, &

Mota, 2010; Bailey, 2010; Bamiou et al., 2001; Hassaan & Ibraheem, 2016; Machado et al., 2018;

Magimairaj & Nagaraj, 2018). Esta capacidade permite que o indivíduo compreenda aquilo que

consegue ouvir, estando intimamente ligada a competências como atenção, memória, linguagem

e outras funções cognitivas (CISG, 2012; Hassaan & Ibraheem, 2016; Machado et al., 2018).

Stefanatos & DeMarco (2012) definiram PA como a eficácia e eficiência usada pelo sistema

nervoso central para processar as informações auditivas.

2.2.1. Competências auditivas

O PA contempla várias competências auditivas, designadamente, localização e

lateralização sonora, discriminação auditiva, reconhecimento de padrões auditivos,

processamento auditivo temporal (resolução, mascaramento, integração e ordenação

temporais), desempenho auditivo com sinais acústicos competitivos (figura-fundo), e

desempenho auditivo na presença de sinais acústicos degradados (fechamento) (ASHA, 1996;

Hassaan & Ibraheem, 2016; Roggia & Colares, 2008; Yathiraj & Vanaja, 2018). Para além destas,

o PA inclui também as competências relacionadas com o processamento binaural,

5

designadamente, a escuta dicótica (separação binaural e integração binaural) a interação

binaural e a integração inter-hemisférica (Ferre, 2015).

A capacidade do indivíduo para determinar o local de onde é proveniente o sinal acústico,

em relação à posição do próprio no espaço é a competência auditiva de localização sonora

(Alvarado, Ampuero, Collins, Smith, & Soto, 2005; Nunes, 2015). A lateralização refere-se à

capacidade de o indivíduo detetar a localização do som (direita ou esquerda) quando escuta

através de auscultadores (Magimairaj & Nagaraj, 2018).

Quanto à discriminação auditiva, esta consiste na capacidade para analisar diferenças

muito precisas nos estímulos acústicos, ou seja, trata-se da capacidade de percecionar se dois

estímulos acústicos são iguais ou diferentes (ASHA, 2005b; Nunes, 2015; Santos et al., 2010).

Está totalmente maturada por volta dos dez anos de idade, mas inicia o seu desenvolvimento

por volta dos doze meses (Ferre, 2015).

O reconhecimento de padrões auditivos compreende a capacidade de detetar mudanças

nos padrões sonoros, nas dimensões de duração, frequência e intensidade, estando intimamente

relacionado com o processamento temporal (resolução temporal) e a capacidade de reconhecer

timbres (Ferre, 2015; Magimairaj & Nagaraj, 2018; Walker, Givens, Cranford, & Walker, 2006).

O processamento temporal é a capacidade para representar e processar mudanças no

sinal acústico em termos de tempo (ASHA, 2005b; Magimairaj & Nagaraj, 2018). O seu

desenvolvimento tem início por volta dos seis anos de idade, estando concluído por volta dos

doze anos (ASHA, 2005b; Ferre, 2015; Nunes, 2015; Weihing et al., 2015). Esta capacidade

permite extrair e utilizar os aspetos prosódicos da fala, tais como ritmo, tonicidade e entoação,

uma vez que está dependente da competência de discriminação de frequência, intensidade e

duração (Nunes, 2015; Vilela, Wertzner, Sanches, Neves-Lobo, & Carvallo, 2012; Weihing et al.,

2015). O processamento temporal envolve quatro subprocessos, designadamente, resolução

temporal, mascaramento temporal, integração temporal e ordenação temporal (Nunes, 2015;

Weihing et al., 2015).

A resolução temporal trata da capacidade de detetar intervalos de tempo entre dois (ou

mais) estímulos sonoros e inclui a discriminação de frequência, duração e intensidade (AAA,

2010; Nunes, 2015; Vatanabe, Navas, Mariano, Murphy, & Durante, 2014; Weihing et al., 2015).

O mascaramento temporal refere-se à dificuldade em percecionar sons mais suaves

mascarados por sons mais intensos (Alvarado et al., 2005; Magimairaj & Nagaraj, 2018).

A competência de integração temporal permite ao sistema auditivo integrar a energia

acústica, de forma rápida, possibilitando processar atempadamente os diferentes sons da

linguagem (Alvarado et al., 2005; Magimairaj & Nagaraj, 2018).

A capacidade de reconhecer a sequência de ordenação de um som diz respeito à

competência de ordenação temporal, sendo muito comum a sua alteração em crianças com baixo

desempenho académico (Magimairaj & Nagaraj, 2018; Nunes, 2012).

Relativamente à competência auditiva de figura-fundo, esta consiste no mecanismo que

permite ao indivíduo extrair os sons relevantes (mensagem principal) de entre os ruídos de fundo

estranhos (ex.: conversas, áudios e momentos de aprendizagem em sala de aula) que ocorrem

6

durante as várias atividades auditivas (sons competitivos) (Hassaan, 2015; Hassaan & Ibraheem,

2016; Nunes, 2015).

Estudos mais recentes (Cameron & Dillon, 2008; Cameron, Glyde, & Dillon, 2012; W.

Keith, Purdy, Baily, & Kay, 2019), indicam ainda a competência auditiva de segregação espacial

que consiste na capacidade para separar estímulos acústicos de distratores que chegam de

outras direções. Está associada à competência de figura-fundo, uma vez que também implica

ignorar estímulos competitivos (Cameron & Dillon, 2008).

No que toca ao fechamento (desempenho auditivo na presença de sinais acústicos

degradados), este refere-se à capacidade de reconhecer estímulos acústicos quando o sinal está

danificado e, consequentemente, parte da informação está ocultada (ASHA, 2005b).

A escuta dicótica consiste na capacidade de processar simultaneamente a informação

proveniente dos dois ouvidos e ajuda no processamento de diferentes entradas acústicas

(integração binaural) e/ou a ignorar alvos na presença de sinais acústicos competitivos

(separação binaural) (ASHA, 2005b; Ferre, 2015; Vilela et al., 2016; Weihing et al., 2015). Está

presente por volta dos cinco anos, mas só por volta dos dez anos está completamente

desenvolvida, aquando da completa mielinização do corpo caloso (Delphi & Zamiri Abdollahi,

2018; Ferre, 2015).

É a competência de interação binaural que ajuda o indivíduo a localizar o som no espaço

(Ferre, 2015). Esta competência, também denominada de fusão binaural, é processada no tronco

cerebral e é muito importante para a atenção e para a audição no ruído, estando presente a partir

dos dois anos de idade, uma vez que se refere à capacidade dos dois ouvidos trabalharem em

conjunto para integrar estímulos incompletos que são apresentados simultânea ou

alternadamente (Alves, Teixeira, Bastos, Martins, & Ribeiro, 2013; Ferre, 2015; J. H. F. Martins,

2018; J. H. F. Martins, Teixeira, & Vieira, 2012; Weihing et al., 2015).

No que respeita à integração inter-hemisférica, pode dizer-se que está relacionada com

a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais através do corpo caloso e que contribui para

a capacidade de processar discurso mais complexo ou com maior extensão, seguir direções,

sintetizar várias tarefas, como por exemplo o processamento fonológico, e completar exercícios

em tempo oportuno (Ferre, 2015). O desenvolvimento desta competência inicia-se durante o

primeiro ano de vida, mas não está completamente maturado no início da idade adulta,

apresentando grande variabilidade abaixo dos seis anos de idade (Ferre, 2015).

A atenção, função executiva superior, é também considerada uma componente do

sistema auditivo, quando está envolvida no processamento das informações auditivas (ASHA,

2005b; Schminky & Baran, 1999). Desta forma, a competência auditiva de atenção auditiva é

definida como a capacidade de manter a atenção durante um longo período de tempo (W. Keith

et al., 2019).

A memória auditiva, embora não seja exclusiva das competências auditivas, é o processo

de retenção de estímulos auditivos por curtos períodos de tempo, quando os mesmos já não

estão presentes no ambiente e envolve as fases de codificação, manutenção e recuperação

(Kumar et al., 2016; Nunes, 2015).

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2.3. Perturbação do Processamento Auditivo

A PPA foi descrita pela primeira vez em 1954 por Mykelbust (citado por BSA, 2018) como

a dificuldade para “estruturar o mundo auditivo”. Atualmente, a PPA é definida como o

processamento atípico da informação auditiva ao longo do sistema nervoso auditivo central que

inclui a conectividade neuronal aferente e eferente (Bellis & Anzalone, 2008; Chermak et al.,

2017; Iliadou et al., 2017; W. Keith et al., 2019; Magimairaj & Nagaraj, 2018; Weihing et al., 2015).

Esta perturbação resulta de um défice na capacidade do sistema auditivo central para usar as

informações enviadas pelo sistema auditivo periférico (ouvidos externo, médio e interno e nervo

auditivo) e traduz-se por uma dificuldade numa ou mais competências auditivas, que culmina

num défice do processamento da informação auditiva, mesmo com a audição periférica

preservada. (ASHA, 2005b; Bellis & Anzalone, 2008; Chermak et al., 2017; Ferre, 2014; Iliadou

et al., 2019; Koravand, Jutras, & Lassonde, 2017; Pereira, 2014).

Segundo a British Society of Audiology (2011), a PPA é caracterizada por uma fraca

perceção dos sons verbais e não-verbais; tem origem num comprometimento da função

neurológica (vias aferentes e eferentes); tem impacto na vida diária, uma vez que reduz a

capacidade de escuta e de responder adequadamente aos estímulos auditivos; deve ser avaliada

através de testes estandardizados; não é resultado de défices de compreensão, mas sim um

conjunto de sintomas que normalmente coocorrem com perturbações da linguagem, défices de

atenção, autismo e dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita.

Atualmente estão definidas três categorias de PPA: do desenvolvimento, adquirida e

secundária (BSA, 2011, 2018; Iliadou et al., 2017). A PPA do desenvolvimento acontece na

infância, quando as crianças apresentam dificuldades auditivas, com audição periférica normal e

sem qualquer etiologia ou potenciais riscos conhecidos, ou história familiar de perturbações da

comunicação (BSA, 2018). A PPA adquirida acontece em casos relacionados com o

envelhecimento ou com um evento, tal como uma lesão adquirida, infeções, traumatismos ou

acidente vascular cerebral (BSA, 2018). Já a PPA secundária trata dos casos em que a

perturbação ocorre na presença ou como resultado de surdez periférica permanente ou de

transição (BSA, 2018).

A PPA tem etiologia desconhecida, contudo sabe-se que resulta de uma anomalia

neuroanatómica ou de um atraso na maturação do sistema nervoso central e que a exposição a

fatores exógenos desconhecidos durante períodos críticos do desenvolvimento cerebral podem

contribuir para o aparecimento da PPA (AAA, 2010; Amin, Orlando, Monczynski, & Tillery, 2015;

Chermak & Musiek, 2011; Tomlin & Rance, 2016). A literatura também descreve que otites

frequentes na primeira infância, febres altas e contínuas e privação sensorial durante a primeira

infância poderão provocar PPA (Capovilla, 2002; CISG, 2012; Pereira, 2014). Foram ainda

encontradas relações entre os efeitos da exposição ao ruído e as dificuldades de PA em

indivíduos sem alterações nos limiares auditivos, uma vez que esta exposição ao ruído pode

agravar a degeneração neuronal (CISG, 2012).

8

Estudos têm demonstrado também uma maior tendência para que as crianças com

nascimento pré-termo desenvolvam alterações de PA, já que o cérebro prematuro é mais

suscetível a lesões por neurotoxinas (Amin et al., 2015; Pereira, 2014). Por outro lado, a

exposição a fototerapia, para tratamento da icterícia neonatal, é considerada um fator etiológico

comum quer à PPA quer à perturbação da linguagem (Amin et al., 2015). As perturbações

convulsivas, os neoplasmas, as doenças neurodegenerativas, os acidentes vasculares cerebrais,

as doenças metabólicas e genéticas também podem provocar alterações no PA (Chermak &

Musiek, 2011). No caso dos indivíduos adultos, as alterações no PA também coocorrem com

condições psiquiátricas, tais como esquizofrenia, ou défices cognitivos, entre os quais Alzheimer

(Chermak et al., 2017).

Os indivíduos com PPA apresentam, geralmente, dificuldades na linguagem,

aprendizagem, leitura, em ouvir na presença de ambientes ruidosos, em compreender instruções

orais, sobretudo quando são apresentadas em débito acelerado, em discriminar palavras com

pares mínimos e em identificar as vozes das pessoas (AAA, 2010; Bellis & Bellis, 2015; BSA,

2018; Carvalho et al., 2019; Chermak & Musiek, 2011; CISG, 2012; Ghanizadeh, 2009; R. W.

Keith, 1999; Krishnamurti, Forrester, Rutledge, & Holmes, 2013; Loo et al., 2016; Sauer, Pereira,

Ciasca, Pestun, & Guerreiro, 2006). Isto é, se as condições acústicas e/ou linguísticas forem

deficitárias, é despendida maior energia neuronal para perceber o sinal e/ou a figura auditiva

restando menos energia para funções linguístico-cognitivas que são mais exigentes do ponto de

vista neuronal (Ferre, 2015). As crianças com PPA apresentam também dificuldades em localizar

os sons, em seguir instruções apresentadas oralmente e nas competências musicais ou de canto

(Sharma, Purdy, & Kelly, 2012).

As competências de consciência fonológica, atenção e memória auditivas, compreensão

e interpretação de informação apresentada auditivamente requerem integridade do sistema

nervoso auditivo central pelo que, podem manifestar alterações na presença de PPA (ASHA,

2005b).

É também comum a dificuldade na compreensão de sarcasmos e na utilização da

pontuação nas produções escritas, devido às limitações na perceção de mudanças prosódicas,

o que acaba por influenciar negativamente, quer a linguagem, quer a comunicação e interação

social (Ferre, 2015). Por outro lado, a PPA interfere direta e negativamente na capacidade de

discriminação fonológica e, consequentemente, na assimilação e utilização dos sons da fala

(Attoni et al., 2010).

Está descrito na literatura que o desenvolvimento da cognição e linguagem ocorre ao

mesmo tempo que o amadurecimento das competências auditivas, pelo que uma alteração em

qualquer uma destas pode acarretar danos na capacidade de aprendizagem (Buriti & Rosa,

2014). Para que ocorra compreensão da leitura, são necessários alguns pré-requisitos

fundamentais, entre os quais a atenção seletiva, a perceção auditiva, a memória e a consciência

fonológica (Brasil & Schochat, 2018; Neves & Schochat, 2005; Sauer et al., 2006; Simões &

Schochat, 2010). Assim, uma PPA pode causar dificuldades na consciência fonológica e,

consequentemente, na aquisição das competências de literacia, resultando em dificuldades de

9

aprendizagem (Vanvooren, Poelmans, De Vos, Ghesquière, & Wouters, 2017). Para além disso,

as habilidades de ordenação temporal, fechamento e figura-fundo estão relacionadas com fraco

rendimento académico (Nunes, Pereira, & Carvalho, 2013a). Uma alteração no PA pode

prejudicar o sistema linguístico, social e académico dos indivíduos, sobretudo no caso das

crianças, restringindo, por exemplo a atividade e participação em sala de aula (CISG, 2012;

Simões & Schochat, 2010).

A PPA afeta cerca de 2% a 5% da população em idade escolar, contudo atinge 30% a

50% das crianças com dificuldades de aprendizagem, bem como cerca de 52% das crianças

com dislexia e/ou perturbação específica de linguagem (Bellis & Bellis, 2015; CISG, 2012; Heine

& O’Halloran, 2015; I. Martins, Carvalho, Nunes, & Capellini, 2017; Sharma, Purdy, & Kelly,

2009).

2.3.1. Avaliação do Processamento Auditivo

A avaliação do PA ainda não é um procedimento comum a todos os audiologistas, sejam

eles nacionais, ou internacionais (CISG, 2012). Segundo a CISG (2012), apenas 45% dos

audiologistas canadianos a realizam na sua prática clínica. A avaliação deve ser bem planeada

e estruturada pelo profissional, uma vez que alguns procedimentos estão dependentes de outras

competências dos indivíduos, nomeadamente competências cognitivas, linguísticas e de atenção

(AAA, 2010; ASHA, 2005b; Heine & O’Halloran, 2015). Para além disso, dado que a surdez

periférica pode conduzir a alterações de PA, deve ser feita uma avaliação periférica previamente

à avaliação do PA (ASHA, 2005b).

No caso das crianças, numa fase inicial, deve ser feito um despiste através de

questionários comportamentais aos pais/professores, de modo a identificar crianças em risco de

desenvolvimento de PPA e obter informações acerca do impacto da mesma no seu dia-a-dia

(AAA, 2010; ASHA, 2005b; Volpatto et al., 2019). Na literatura internacional estão disponíveis

vários questionários comportamentais que podem ajudar na triagem de alterações do PA

(Bamiou, Iliadou, Zanchetta, & Spyridakou, 2015; Iliadou et al., 2017). São exemplos destes

questionários: ECLiPS – Evaluation of Children’s Listening and Processing Skills (Barry, Tomlin,

Moore, & Dillon, 2015); CHAPS – Children’s Auditory Performance Scale (Smoski, Brunt, &

Tannahill, 1998); SIFTER – Screening Instrument for Targeting Educational Risk (W. Keith et al.,

2019; Anderson, K, Matkin, NH, 1998 citado em Volpatto et al., 2019); LIFE-7 – Listening

Inventories for Education (Anderson & Smaldino, 1999; Barry et al., 2015); TEAP- Teacher

Evaluation of Auditory Performance (Barry et al., 2015; W. Keith et al., 2019). Através destes

questionários, é possível detetar alguns sintomas presentes na PPA, tais como dificuldades em

compreender a linguagem em ambientes ruidosos ou quando o débito é muito acelerado,

dificuldade em discriminar pares mínimos e dificuldade em seguir comandos verbais complexos

(Carvalho et al., 2019).

No caso do PE, existem quatro questionários complementares à avaliação do PA: o

Scale of Auditory Behaviours (SAB) (Nunes, 2015; Nunes, Pereira, & Carvalho, 2013b); o LIFE-

R – Listening Inventory For Education – Revised (Quadros, Capitão, Martins, & Alves, 2014), a

10

Escala de Desempenho do Processamento Auditivo na Criança (P-CHAPPS) (Oliveira, 2013) e

a Checklist de Fisher (A. I. M. S. Martins, 2010), estando as duas últimas validadas para a

população portuguesa.

A avaliação realizada pelo audiologista deve incluir testes comportamentais, que avaliam

as diferentes competências auditivas através de sons verbais e não-verbais, bem como testes

eletrofisiológicos (ASHA, 2005b; Bellis & Bellis, 2015). Os testes comportamentais devem possuir

confiabilidade, validade, sensibilidade, especificidade e eficiência e devem incluir elementos para

a avaliação das competências de localização e lateralização sonora, discriminação auditiva,

processamento temporal, processamento de padrões auditivos, escuta dicótica e desempenho

auditivo na presença de sinais competitivos e na presença de sinais acústicos degradados (AAA,

2010; ASHA, 2005b; BSA, 2011). Os testes eletrofisiológicos incluem os potenciais evocados

auditivos do tronco cerebral, os potenciais auditivos de média latência, os potenciais auditivos

de longa latência (P300) e o mismatch negativity (BSA, 2011).

Tal como já referido, na avaliação do PA deve ser tido em conta o facto de o desempenho

poder ser afetado por competências não auditivas, tais como atenção, motivação e até mesmo

a capacidade cognitiva (Koravand et al., 2017). Neste sentido, para que a avaliação do PA seja

completa, o audiologista, o TF, o psicólogo, o terapeuta ocupacional, entre outros, devem

determinar, em equipa, se as dificuldades manifestadas na avaliação resultam da PPA, do défice

de linguagem, do défice de atenção ou de uma combinação entre eles (AAA, 2010; ASHA, 2005b;

Chermak et al., 2017; Ferre, 2015).

Para o PE, existe uma bateria formal de avaliação do PA, com dados normativos entre

os 5 e os 11 anos (J. H. F. Martins, 2016). Esta bateria é composta pelo teste dicótico: SSW-

PE; pelos testes de processamento temporal: DIR (deteção de intervalo no ruído), teste de

padrão de duração e teste de padrão de frequência e pelos testes monoaurais de baixa

redundância: teste de fala filtrada e teste de fala no ruído (J. H. F. Martins, 2016). Alguns destes

testes foram aplicados a outras faixas etárias (Alves, 2010; Alves et al., 2013; J. H. F. Martins,

2016; J. H. F. Martins et al., 2012).

2.3.2. Intervenção na Perturbação do Processamento Auditivo

A intervenção na PPA inclui abordagens bottom-up (melhoria do sinal acústico e treino

auditivo) e top-down (estratégias cognitivas, linguísticas e metacognitivas) e deve ser planeada

no seio de uma equipa multidisciplinar que integre TFs e audiologistas, podendo também incluir

psicólogos, professores e terapeutas ocupacionais (AAA, 2010; ASHA, 2005a; Bellis & Bellis,

2015; BSA, 2011). Esta intervenção deve ser implementada o mais precocemente possível, deve

incluir treino intensivo e deve estar de acordo com o diagnóstico previamente realizado, de modo

a explorar a plasticidade neuronal que caracteriza o sistema nervoso auditivo (AAA, 2010; ASHA,

2005b; Bellis & Anzalone, 2008).

A intervenção pode passar por modificações ambientais, estratégias compensatórias

(treino de competências cognitivo-linguísticas) ou remediação direta (ASHA, 2005b; Bellis &

Anzalone, 2008; Bellis & Bellis, 2015; Iliadou et al., 2017). As modificações ambientais e as

11

estratégias compensatórias visam a diminuição do impacto da PPA no dia-a-dia dos indivíduos

e a remediação direta (treino auditivo) visa a redução do défice no PA (Ferre, 2014).

As modificações ambientais são abordagens do tipo bottom-up, quando incluem a

utilização de discurso claro e o uso de sistemas de apoio à escuta, e top-down quando incluem

atividades em que o vocabulário novo é trabalhado previamente à aula (para melhorar o

fechamento), há repetição da informação, uso de apoio visual e adaptações em casa (Bellis &

Bellis, 2015; Slauterbeck, 2009). São ainda consideradas modificações ambientais quando

ocorrem modificações na sala de aula ou no local de estudo para redução do ruído e da

reverberação, tais como colocação de carpetes, cortinados, borrachas nas bases do mobiliário,

vidro duplo nas janelas, quadros de cortiça e bases de secretária (ASHA, 2005b; BSA, 2011). No

caso das crianças com PPA, sobretudo nas competências de perceção de fala no ruído e/ou de

escuta dicótica, é recomendado o uso de sistemas FM (frequência modulada) para melhorar a

capacidade auditiva em ambientes ruidosos, como por exemplo, a sala de aula (Iliadou et al.,

2017; Vermiglio et al., 2019). Esta utilização revela-se ainda mais importante quando a criança

com perturbação se encontra sentada longe do professor (BSA, 2011).

As estratégias compensatórias (treino de competências cognitivo-linguísticas) são

abordagens top-down que incluem tarefas metalinguísticas e metacognitivas tais como

autoinstrução, resolução de problemas, treino de assertividade, entre outras (Bellis & Bellis,

2015). Este tipo de abordagem proporciona benefícios ao nível da escuta, da comunicação, da

socialização e da aprendizagem quando o treino auditivo não se revelou suficiente e ainda se

encontram dificuldades residuais (Bellis & Bellis, 2015).

Na remediação direta, são incluídas atividades de treino auditivo comportamental

focadas nas competências identificadas como deficitárias (Loo et al., 2016; Weihing et al., 2015).

O treino auditivo pode ser formal, quando é realizado em contexto clínico e os estímulos

acústicos são controlados através de equipamento audiológico, ou pode ser informal quando é

realizado em casa do indivíduo ou na escola, não havendo tanto controlo audiológico dos

estímulos (Bellis & Bellis, 2015). O treino auditivo formal é realizado numa cabine insonorizada

e utiliza estímulos previamente gravados, incluindo tons puros, ruído, palavras e dígitos,

apresentados com recurso a um computador. Por sua vez, o treino auditivo informal não utiliza o

audiómetro e pode ser apresentado sem utilização de material previamente gravado e inclui

palavras e frases adequadas à idade do paciente (Weihing et al., 2015).

As atividades de treino auditivo devem incluir tarefas variadas e estimulantes; estímulos

com níveis de intensidade confortáveis; devem ser apresentadas sistematicamente e em graus

de dificuldade crescente, de modo a promover a mudança e a motivação, com feedback e reforço

positivo; devem atender às diferenças entre ouvidos (esquerdo e direito), avançando somente

quando os dois ouvidos obtêm desempenho adequado e devem promover a prática intensiva, se

possível diária, durante o tempo estabelecido para a intervenção (AAA, 2010; Loo et al., 2016).

A duração do treino auditivo não está bem definida na literatura, porém é comum a

indicação de que o mesmo deverá ocorrer durante vinte a trinta minutos, entre três a quatro vezes

por semana, durante pelo menos seis semanas, variando consoante o número de competências

12

alteradas (BSA, 2011; Weihing et al., 2015). Para que o treino auditivo esteja adequado, o

desempenho do paciente deverá situar-se entre os 30% e os 70% de acertos (Bellis & Anzalone,

2008; Nunes, 2015). Neste sentido, quando o desempenho for inferior a 30% deverá ser

trabalhado um nível de dificuldade ligeiramente inferior, do mesmo modo que, assim que

ultrapasse os 70% de acertos deverá transitar para o nível de dificuldade seguinte (Zalcman &

Schochat, 2007). Outro estudo refere que a transição para o nível seguinte deve ocorrer quando

se atingem entre 70 a 80% de acertos (Weihing et al., 2015).

O treino auditivo tem-se mostrado eficaz para reabilitação (remediação direta) das

competências auditivas, melhorando a perceção de sinais acústicos mais complexos, como por

exemplo, a fala (Bellis & Bellis, 2015; Brasil & Schochat, 2018; Melo, Mezzomo, Garcia, &

Biaggio, 2016; Sharma et al., 2012; Weihing et al., 2015; Zalcman & Schochat, 2007). Para além

disso, quando inclui atividades direcionadas para as competências de processamento temporal,

também melhora o desempenho das crianças ao nível da leitura (Vatanabe et al., 2014).

Ao longo dos anos têm sido criados softwares computacionais (CBAT – computer-based

auditory training) para intervenção nesta área que, geralmente, apresentam um formato estético

agradável, com estimulação multissensorial, feedback, reforço positivo e oportunidade para

treino intensivo e adaptativo, tornando-se assim numa ferramenta eficaz, sobretudo para a

população pediátrica que apresenta dificuldades de linguagem, aprendizagem e de leitura

concomitantes com as alterações no PA (AAA, 2010; Loo et al., 2010). Com o avanço

tecnológico, estes programas têm vindo a ser adaptados para tablets e smartphones (BSA,

2018).

2.3.2.1. Programas de treino auditivo

Para a realização do treino auditivo, existem vários programas de intervenção descritos

na literatura internacional (consultar exemplos no Apêndice 1), que contemplam sons verbais e

não-verbais e estimulam diferentes competências auditivas, combinadas com algumas tarefas

de linguagem e memória (BSA, 2011; Loo et al., 2010).

Contudo, como incluem instruções e sons verbais, não são diretamente utilizáveis pela

população cuja língua materna é o PE, uma vez que o treino auditivo deverá ocorrer na língua

materna do paciente (AAA, 2010; Bellis, Chermak, Weihing, & Musiek, 2012).

Para o PE, não foi encontrado nenhum programa de intervenção, destaca-se contudo, o

material APA – Atividades de Processamento Auditivo (cd 1, 2 e 3), mas desconhece-se qualquer

estudo científico relacionado com a validação e/ou a eficácia do mesmo (Nunes, n.d.).

13

3. METODOLOGIA

3.1. Tipo de estudo

Atendendo ao objetivo da presente investigação, procedeu-se à realização de um estudo

exploratório, transversal e descritivo, com uma abordagem quantitativa (Fortin, Côté, & Filion,

2009). Foi realizado um estudo de validação de conteúdo através de um painel de peritos

(Alexandre & Coluci, 2009).

3.2. Fases metodológicas

As fases metodológicas seguidas na presente investigação tiveram em vista a criação e

desenvolvimento do Programa de Intervenção em Processamento Auditivo (PIPA), sendo

descritas seguidamente, de acordo com os objetivos apresentados no capítulo 1.2.

3.2.1. Fase 1: Desenvolvimento do Programa de Intervenção em Processamento

Auditivo

O PIPA surgiu da necessidade de intervenção, por parte do TF, junto de crianças em

idade escolar com alterações no PA. Inicialmente, procedeu-se a uma revisão bibliográfica, não

só para aprofundamento teórico da temática, como essencialmente, para pesquisa de programas

existentes a nível nacional e internacional.

Ao nível internacional, existem vários programas (cf. Apêndice 1), testados e validados,

para diferentes línguas, e jogos de computador com vista à intervenção em PA, nos quais são

trabalhadas diferentes competências auditivas (AAA, 2010; BSA, 2018; Weihing et al., 2015).

Estes podem ser utilizados na intervenção com crianças cuja língua materna é o PE, no que

respeita às tarefas que incluem apenas estímulos não verbais, sendo da responsabilidade do TF

a explicação das instruções do jogo.

Uma vez que não foi encontrado qualquer programa testado e validado para a população

portuguesa, optou-se por criar um programa que incluísse as competências auditivas mais

dependentes dos estímulos verbais.

De entre as competências auditivas apresentadas no capítulo 2.2.1 “competências

auditivas”, foram selecionadas as competências de discriminação auditiva, atenção auditiva,

memória auditiva, fechamento, figura-fundo, separação binaural, integração binaural e fusão

binaural. Estas competências auditivas implicam escuta monótica e dicótica de estímulos verbais

e interferem diretamente nos processos de perceção, reconhecimento e compreensão de fala

que, por sua vez, interferem no desenvolvimento da linguagem e consciência fonológica (Ferre,

2015; Vilela et al., 2016; Weihing et al., 2015). As competências de fechamento e figura-fundo

são ainda essenciais para a extração da mensagem principal, quer no ruído, quer na presença

de sinais acústicos competitivos, sendo fundamental estarem desenvolvidas para que a

aprendizagem em sala de aula se processe de forma natural e favorável (CISG, 2012; Hassaan

& Ibraheem, 2016). Neste sentido, considerou-se fundamental a inclusão das mesmas no PIPA,

em detrimento das que envolvem estímulos não-verbais.

14

No âmbito da presente dissertação, apenas foram trabalhadas as competências de

figura-fundo, separação binaural, integração binaural e fusão binaural, uma vez que as restantes

estão contempladas noutra dissertação de mestrado.

Após a seleção das competências auditivas a incluir no PIPA, procedeu-se à definição

de objetivos específicos para cada uma delas, à elaboração de atividades que os cumprissem,

de forma hierarquizada em função do grau de dificuldade.

Na elaboração das atividades, foram tidas em consideração algumas premissas,

nomeadamente, o cumprimento dos objetivos, um enquadramento lúdico, com cenários

motivadores para a população infantil, bem como um sistema de recompensas para os acertos,

de modo a serem aliciantes para as crianças e tornarem o treino auditivo agradável (AAA, 2010).

Paralelamente, houve um cuidado acrescido na escolha dos estímulos verbais a incluir em cada

atividade, que assentou em critérios linguísticos como extensão e estrutura silábica da palavra,

tendo em conta os estudos de frequência de formatos de palavra e de sílaba para o PE

(Guerreiro, 2007; Ramalho, 2017; Vigário, Martins, & Frota, 2006). Desta forma, para cada uma

das atividades do PIPA, os estímulos contemplam palavras monossilábicas, dissilábicas,

trissilábicas e polissilábicas numa percentagem próxima da frequência do PE, conforme pode

ser verificado na Tabela 1:

Tabela 1 - Frequência de ocorrência dos formatos de palavra no PIPA e no PE

(Guerreiro, 2007; Ramalho, 2017; Vigário, Martins, et al., 2006)

Extensão de palavra

Monossílabos Dissílabos Trissílabos Polissílabos

PE 31,46% 42,55% 18,3% 7,6%

PIP

A

Coruja caçadora (60 palavras)

30,00% 43,33% 20,00% 6,67%

Tronco da Iguana (80 palavras)

28,75% 45,00% 18,75% 7,50%

Labirinto da cobra (60 palavras)

30,00% 43,33% 20,00% 6,67%

O porco esfomeado (30 palavras)

------

63,33% (62,88% no

PE em proporção)

26,67% (26,77% no PE em proporção)

10,00% (11,09% no PE em proporção)

Coelho comilão (30 palavras)

------

63,33% (62,88% no

PE em proporção)

26,67% (26,77% no PE em proporção)

10,00% (11,09% no PE em proporção)

Esquilo (30 palavras)

30,00% 43,33% 20,00% 6,67%

Salienta-se que nas atividades o porco esfomeado e coelho comilão do espaço a quinta

do tio Manel (fusão binaural) não se incluíram monossílabos, uma vez que as mesmas implicam

que o estímulo auditivo seja apresentado com uma parte num ouvido e a restante no ouvido

contralateral. Assim, a percentagem correspondente aos monossílabos foi distribuída

proporcionalmente pelas restantes extensões de palavra.

15

Nas atividades em que foi possível2, foi ainda aplicado o critério de formato de sílaba, de

acordo com as percentagens encontradas no PE (ver Tabela 2).

Tabela 2 - Frequência de ocorrência dos formatos de sílaba no PIPA e no PE

(Guerreiro, 2007; Ramalho, 2017; Vigário, Martins, et al., 2006)

PE

PIPA

Coruja

caçadora

Tronco da

iguana

Labirinto da cobra

O porco esfomeado

Coelho comilão

Esquilo

Fo

rma

to d

e S

ílab

a

CV 46,36% 56,56% 44,51% 69,67%

Não

ap

licá

vel (a

tivid

ade

co

m p

se

udo

pala

vra

s) 48,65% 45,90%

V 15,83% 11,48% 14,63% 3,28% 16,22% 16,39%

CVC 11,01% 10,66% 12,80% 11,48% 10,81% 13,11%

CVGn 5,62% 4,10% 6,10% 4,10% 5,41% 6,56%

CVn 5,37% 4,10% 6,10% 4,10% 5,41% 4,92%

VC 3,03% 3,28% 3,05% 0,82% 4,05% 3,28%

CVG 2,66% 3,28% 3,05% 4,10% 2,70% 3,28%

Vn 2,64% 2,46% 2,44% 0,00% 2,70% 3,28%

CCV 2,18% 2,46% 2,44% 0,82% 2,70% 1,64%

VG 1,51% 0,82% 0,61% 0,00% 1,35% 1,64%

CVGC 1,21% 0,82% 1,83% 0,00% 0,00% 0,00%

VGn 0,59% 0,00% 1,22% 0,00% 0,00% 0,00%

CCVn 0,47% 0,00% 0,61% 0,00% 0,00% 0,00%

CCVC 0,38% 0,00% 0,61% 1,64% 0,00% 0,00%

Cada secção do PIPA tem como objetivo a estimulação de uma competência auditiva

principal, contudo, naturalmente que em todas as secções são várias as competências

envolvidas (Magimairaj & Nagaraj, 2018). Cada secção está organizada por níveis, por ordem

crescente de dificuldade, sendo que todas as atividades devem ser realizadas individualmente,

com acompanhamento de um TF e com a utilização de auscultadores, quer por parte da criança,

quer do TF. Em cada jogo/tarefa são apresentados cerca de 10 a 15 estímulos consecutivos e,

se a criança atingir 75% de acertos, conquista um animal e é possível avançar de nível

(Slauterbeck, 2009; Weihing et al., 2015). A percentagem de acertos, para que a criança possa

passar para o nível seguinte, foi definida como 75%, que corresponde a um valor intermédio, em

relação aos apresentados na literatura, designadamente, entre 70 a 80% de acertos (Weihing et

al., 2015).

O PIPA inclui também um manual, que contempla a descrição de todas as atividades,

bem como os objetivos, os materiais, os procedimentos e o reforço dado à criança em cada uma

delas (consultar exemplo no Apêndice 2). O enquadramento do PIPA consiste numa menina que

visita um jardim zoológico, com vários espaços/habitats onde pode conquistar os animais que lá

se encontram. Para tal, terá de executar as tarefas que estimulam as diferentes competências

auditivas (baía dos golfinhos – discriminação auditiva; alimentação dos pelicanos – atenção

auditiva; selva encantada – memória auditiva; céu colorido – separação binaural; esconderijo dos

2 Em algumas atividades não foi possível atender ao critério de formato de sílaba, uma vez que os estímulos se

restringem a campos semânticos específicos (por exemplo: fruta).

16

rastejantes – integração binaural; a quinta do tio Manel – fusão binaural; parque pré-histórico –

fechamento; floresta mágica – figura-fundo).

Considera-se fundamental referir que, apesar do programa conter atividades de

estimulação de várias competências auditivas (correspondentes a vários espaços do jardim

zoológico), cada criança apenas visitará os espaços que o TF definir, de acordo com o plano de

intervenção traçado, implicando obrigatoriamente um diagnóstico realizado previamente por um

audiologista (Chermak et al., 2017; Ferre, 2014; Magimairaj & Nagaraj, 2018). Salienta-se,

novamente, que os espaços baía dos golfinhos – discriminação auditiva; alimentação dos

pelicanos – atenção auditiva; selva encantada – memória auditiva e floresta mágica – figura-

fundo que integram o PIPA, foram desenvolvidos no âmbito de outra dissertação de mestrado.

3.2.2. Fase 2: Validação do programa de intervenção

A validação é de extrema importância na construção ou aplicação de instrumentos de

medida ou de intervenção, podendo ser verificada através da proximidade entre as competências

que o instrumento desenvolve e aquelas que pretende desenvolver ou potenciar. (Kelly et al.,

2015; Roberts, Priest, & Traynor, 2006).

A validação pode ser realizada através da validade de conteúdo, da validade de construto

ou da validade de critério (Alexandre & Coluci, 2009; Kelly et al., 2015). Apesar de todas serem

fundamentais na criação de um instrumento e uma vez que se trata de um plano de intervenção,

estruturado e suportado por várias referências bibliográficas considerou-se fundamental

proceder a uma validação de conteúdo (Polit & Beck, 2006).

3.2.2.1. Validação de conteúdo

A validação de conteúdo é um fator crucial no desenvolvimento de um novo instrumento,

uma vez que verifica se o mesmo corresponde exatamente ao que se propõe (Alexandre &

Coluci, 2009; Coutinho, 2014; Grant & Davis, 1997). Neste sentido, a validade de conteúdo

implica um julgamento com duas fases: a conceção do instrumento de acordo com uma análise

conceptual cuidada e a análise da relevância desse conteúdo, através da avaliação por um grupo

de especialistas (Grant & Davis, 1997; Kelly et al., 2015; Moreira, Guedes, Lopes, Cavalcante, &

Araújo, 2014; Polit & Beck, 2006). Estes especialistas têm como função a análise da correção,

coerência e adequação do conteúdo (Kelly et al., 2015; Nora, Zoboli, & Vieira, 2017).

O número de especialistas a incluir numa validação de conteúdo não está bem definido

na literatura, variando consoante o tema em estudo, sendo que os critérios de seleção dos

mesmos devem incluir a experiência clínica na área e o conhecimento teórico da mesma

(Almeida, Spínola, & Lancman, 2009; Galdeano & Rossi, 2006). Contudo, Lynn (1986)

recomenda a inclusão de cinco a dez peritos.

A validade de conteúdo pode incluir análises qualitativas e quantitativas (Roberts et al.,

2006). Neste sentido, os peritos devem ser convidados a participar no estudo e a responder a

um questionário relacionado com a caracterização do perito e um outro relacionado com o

instrumento a utilizar (Polit & Beck, 2006). Neste último, para além de questões fechadas

17

relativas à relevância dos itens, deve ser incluído um espaço para sugestões ou comentários

(Alexandre & Coluci, 2009).

Na área da saúde, não existe um método único para verificar a validade de conteúdo.

Destaca-se a Percentagem de Concordância, o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e o

Coeficiente Kappa (Alexandre & Coluci, 2009). O IVC permite a análise de cada item

individualmente e também do instrumento como um todo, medindo a proporção de peritos que

estão em concordância sobre o instrumento e os seus itens, designadamente, estrutura,

conteúdo, materiais e estímulos (Zamanzadeh et al., 2014).

Para validar o conteúdo do PIPA, nomeadamente no que respeita à sua abrangência,

clareza, adequação e pertinência de conteúdos, constituiu-se um painel de peritos, com base

nos critérios descritos na literatura, designadamente experiência clínica e conhecimento teórico

na área de estudo (Alexandre & Coluci, 2009; Galdeano & Rossi, 2006; Moreira et al., 2014).

3.2.2.1.1 Caracterização da amostra

Para a realização deste estudo de validação, foi utilizado o método de amostragem não

probabilístico por conveniência (Freitag, 2018).

A amostra foi constituída por um painel de seis peritos, cujos critérios de inclusão

consistiam em possuir conhecimento específico na área em estudo (intervenção em PA) e, pelo

menos, cinco anos de experiência clínica como TF (Fortin et al., 2009; Galdeano & Rossi, 2006).

O painel de peritos foi composto por seis TFs (n=6), todos do sexo feminino.

Relativamente ao grau académico, 50% (n=3) responderam Licenciatura, 33,33% (n=2)

Mestrado e 16,67% (n=1) Doutoramento. No que concerne aos anos de profissão, 50% (n=3)

trabalha como TF entre dez e quinze anos, 33,33% (n=2) há mais do que quinze anos e apenas

16,67% (n=1) entre cinco e dez anos. Todos os peritos intervêm na área do PA e todos já

realizaram formação na mesma área. Importa ainda referir que 66,67% (n=4) já deram formação

na área do PA. Estas informações estão sumariadas na Tabela 3.

Tabela 3 - Caracterização do painel de peritos

Identificação dos Sujeitos

Género Grau

Académico Anos de

Profissão Intervenção* Formação* Formador*

Sujeito 1 Feminino Licenciatura 14 Sim Sim Sim

Sujeito 2 Feminino Licenciatura 20 Sim Sim Sim

Sujeito 3 Feminino Licenciatura 19 Sim Sim Sim

Sujeito 4 Feminino Mestrado 8 Sim Sim Não

Sujeito 5 Feminino Mestrado 14 Sim Sim Não

Sujeito 6 Feminino Doutoramento 12 Sim Sim Sim

*no âmbito do PA

3.2.2.1.2 Procedimentos de recolha de dados e instrumentos

Os peritos foram contactados por correio eletrónico, solicitando a sua colaboração no

estudo. Para tal, foi-lhes explicado o objetivo do estudo e os procedimentos a seguir.

18

Posteriormente, foi enviado o manual do PIPA, que contempla os objetivos do programa

e das respetivas tarefas, o enquadramento, a descrição/procedimentos das tarefas, as

instruções, o feedback/recompensa fornecidos, os materiais utilizados e os estímulos envolvidos,

para que pudessem analisar. Foram ainda convidados a preencher um questionário, dividido em

duas partes, uma com a caracterização sociodemográfica e outra com a análise do conteúdo do

PIPA (Apêndice 3).

A primeira parte do questionário teve como objetivo a recolha de dados

sociodemográficos dos elementos que integraram o painel de peritos (sexo, nível de

escolaridade, anos de profissão, formação na área de PA, entre outros), bem como atestar o

cumprimento dos critérios de inclusão.

Já a segunda parte teve o propósito de recolher a opinião dos peritos relativamente ao

conteúdo do programa e é composta por catorze afirmações, pontuadas através de uma escala

de Lickert com 4 níveis (1= Discordo totalmente; 2= Discordo em parte; 3= Concordo em parte;

4= Concordo totalmente). Pretendeu-se avaliar a opinião dos especialistas relativamente aos

seguintes itens: utilidade do programa, adequação à prática clínica e ao público-alvo,

competências auditivas selecionadas, instruções, enquadramento, recompensas, tarefas,

estímulos (quantidade e seleção) e organização. Os peritos dispuseram de duas semanas para

a devolução do questionário preenchido.

3.2.2.1.3 Procedimentos de análise de dados

A análise dos dados foi feita através do IVC, calculado para cada afirmação

individualmente e também para o questionário na globalidade, tal como sugerido na literatura

(Alexandre & Coluci, 2009; DeVon et al., 2007; Polit & Beck, 2006; Zamanzadeh et al., 2014).

Para o cálculo do IVC soma-se o número de afirmações às quais os peritos atribuíram 3

ou 4 na escala de Lickert e divide-se pelo número total de afirmações (Fortin et al., 2009). Os

itens que obtiverem classificação 1 ou 2 devem ser reformulados ou retirados (DeVon et al.,

2007; Zamanzadeh et al., 2014).

No caso de o número total de peritos ser de cinco ou menos, o IVC deve ser 1 (Alexandre

& Coluci, 2009). Caso participem mais do que cinco peritos, o IVC deve ser igual ou superior a

0,78 (Alexandre & Coluci, 2009; Fortin et al., 2009; Polit & Beck, 2006; Zamanzadeh et al., 2014).

19

4. RESULTADOS

4.1. Fase 1: Desenvolvimento do Programa de Intervenção em Processamento Auditivo

Como já foi referido, a Fase 1 consistiu no desenvolvimento do programa de intervenção

e respetivo manual de instruções. Este contempla objetivos para as diferentes competências

auditivas, bem como todas as tarefas, procedimentos, materiais, reforços, instruções dadas aos

utilizadores e estímulos verbais utilizados.

O PIPA tem como enquadramento uma personagem que visita um jardim zoológico e

que vai percorrer diferentes espaços, nos quais pode conquistar diversos animais. Em cada um

desses espaços, a personagem irá encontrar vários jogos/atividades que pretendem desenvolver

determinadas competências auditivas, designadamente, baía dos golfinhos – discriminação

auditiva; alimentação dos pelicanos – atenção auditiva; selva encantada – memória auditiva; céu

colorido – separação binaural; esconderijo dos rastejantes – integração binaural; a quinta do tio

Manel – fusão binaural; parque pré-histórico – fechamento; floresta mágica – figura-fundo.

Salienta-se mais uma vez que, apesar de o objetivo principal ser a estimulação de determinada

competência auditiva, outras competências, quer auditivas, quer linguísticas poderão ser

estimuladas ao mesmo tempo.

No âmbito da presente dissertação, foram consideradas as seguintes competências /

espaços: 1. Céu colorido – separação binaural; 2. Esconderijo dos rastejantes – integração

binaural; 3. A quinta do tio Manel – fusão binaural; 4. Floresta mágica – figura-fundo.

Os estímulos consistem em palavras, pseudopalavras, frases e histórias, mas em cada

tarefa só é pedido um tipo de estímulo (exemplos: jogo coruja caçadora – palavras; jogo o porco

esfomeado – pseudopalavras; jogo o voo da águia – frases).

A secção céu colorido, em que é estimulada a competência de separação binaural, é

composta por cinco jogos (cinco níveis de dificuldade). Em cada nível, a criança vai encontrar

um cenário com uma ave que tem de conquistar para passar para o nível seguinte e colorir o seu

céu. Neste espaço pode conquistar os seguintes animais: coruja, papagaio, cegonha, pombo e

águia. O TF tem a possibilidade de manipular as condições de jogo, nomeadamente, introduzir

desfasamento temporal, introduzir desnível de intensidade ou realizar a atividade com os

estímulos em simultâneo (ouvido direito e ouvido esquerdo) e com a mesma intensidade. Nesta

secção é utilizada a escuta dicótica e é possível realizar tarefas de identificação de palavras alvo,

identificação de palavras em imagens e repetição de frases.

Na secção esconderijo dos rastejantes há quatro jogos em que a competência alvo de

estimulação é a integração binaural. Em cada nível, o jogador vai encontrar um cenário com um

réptil que tem de conquistar para passar para o nível seguinte e completar o seu esconderijo. No

esconderijo dos rastejantes pode conquistar os seguintes animais: cobra, iguana, camaleão e

salamandra. O TF tem a possibilidade de manipular as condições de jogo através da

introdução/retirada de desfasamento temporal na apresentação dos estímulos em escuta

dicótica. Nesta secção, os estímulos também são apresentados através da escuta dicótica de

palavras, frases e frases agramaticais.

20

A quinta do tio Manel é composta por quatro jogos em que se usa a repetição de frases,

palavras, pseudopalavras e uma história para estimular a competência auditiva de fusão binaural.

Em cada nível, é apresentado um cenário de uma quinta, com animais que tem de conquistar

para passar para o nível seguinte e preencher a sua quinta. Neste espaço pode conquistar os

seguintes animais: galinha, coelho, porco e cabra. No nível 4 é apresentada uma história num

dos ouvidos e perguntas sobre a mesma história no ouvido contralateral e, neste caso, o TF tem

a possibilidade de escolher em qual dos ouvidos quer iniciar a escuta da história / perguntas,

sendo que a criança terá sempre de realizar a tarefa nas duas formas para poder passar de nível.

Em apêndice (Apêndice 2) é possível encontrar um exemplo de uma das atividades incluídas no

espaço a quinta do tio Manel, referente ao nível 3.

Por último, a floresta mágica estimula a competência de figura-fundo através de três

jogos com repetição de palavras e frases. Em cada um dos jogos é apresentado um cenário de

uma floresta, com animais que tem de conquistar para passar para o jogo/nível seguinte e

preencher a sua floresta. Neste espaço pode conquistar os seguintes animais: esquilo, lobo e

raposa. O TF tem a possibilidade de escolher em qual dos ouvidos quer iniciar a escuta da

história / palavras, sendo que a criança terá sempre de realizar a tarefa nas duas formas para

poder passar de nível.

4.2. Fase 2: Validação do programa de intervenção

A validação do PIPA foi efetuada através do IVC, tendo sido utilizado o valor de 0,78

como referência para assumir a existência de validade de conteúdo. Este é o valor preconizado

na literatura quando se recorre a mais do que cinco peritos na validação dos instrumentos

(Alexandre & Coluci, 2009; Fortin et al., 2009; Polit & Beck, 2006; Zamanzadeh et al., 2014). Os

resultados quantitativos obtidos na validação do PIPA são apresentados na Tabela 4:

Tabela 4 - Concordância obtida entre os elementos que integram o painel de peritos, em relação ao PIPA

Itens a validar/validados IVC

1. Estes materiais são úteis na prática clínica. 1

2. As competências auditivas selecionadas são adequadas. 1

3. As instruções apresentam clareza e pertinência prática. 0,83

4. O programa é adequado para crianças de idade escolar, com Perturbação do Processamento Auditivo.

1

5. O enquadramento do programa (uma menina que visita um jardim zoológico) é adequado.

0,83

6. A divisão por competências em diferentes espaços a visitar no jardim zoológico é adequada.

1

7. O feedback/recompensa dado em cada atividade é adequado. 1

8. As tarefas incluídas na secção separação binaural (céu colorido) permitem a intervenção adequada com crianças com dificuldades nesta competência.

1

21

9. As tarefas incluídas na secção integração binaural (esconderijo dos rastejantes) permitem a intervenção adequada com crianças com dificuldades nesta competência.

0,83

10. As tarefas incluídas na secção fusão binaural (a quinta do tio Manel) permitem a intervenção adequada com crianças com dificuldades nesta competência.

1

11. As tarefas incluídas na secção figura-fundo (floresta mágica) permitem a intervenção

adequada com crianças com dificuldades nesta competência. 1

12. Os estímulos selecionados para cada uma das tarefas são adequados. 1

13. O número de estímulos incluídos nas tarefas é adequado. 1

14. Dentro de cada competência, a organização das tarefas em níveis de dificuldade é adequada.

1

Total global do PIPA 0,96

Relativamente ao IVC global obtido, da análise efetuada às tarefas que constituem o

PIPA, registou-se um IVC global de 0,96.

Apesar de todos os itens apresentarem validade de conteúdo, os itens 3, 5 e 9 tiveram

um valor de IVC inferior aos restantes devido à cotação (valor 2) atribuída por um dos peritos.

De modo a atender a todas as considerações dos peritos, incluindo as registadas no campo

destinado às observações/sugestões, foram realizadas algumas alterações à versão inicial do

PIPA.

As instruções das tarefas foram melhoradas, tendo em vista uma melhor compreensão

das mesmas por parte do TF e da criança, tendo sido utilizadas frases mais curtas e fornecidos

alguns exemplos, conforme pode ser consultado em apêndice (Apêndice 4). Para garantir que a

criança percebe a tarefa, foram também adicionados itens de treino em cada jogo, uma vez que

vários peritos referiram que essa estratégia facilitava a compreensão da tarefa.

Relativamente ao enquadramento do programa, por sugestão dos peritos, foi introduzida

a possibilidade de a criança escolher o género (masculino/feminino) da personagem principal do

PIPA (o visitante do jardim zoológico).

Nas tarefas de separação binaural (céu colorido) foi contemplada a introdução de um

maior desnível de intensidade (20 dB, 15 dB, 10dB, 5dB e sem desnível) entre os estímulos que

surgem no lado direito vs. esquerdo, para casos de crianças com maior severidade de

perturbação e/ou com perda auditiva associada. Do mesmo modo, foi tida em conta a sugestão

de introduzir a possibilidade de manipular o desnível de intensidade (20 dB, 15 dB, 10dB, 5dB e

sem desnível) nas tarefas de figura-fundo (floresta-mágica).

Relativamente aos estímulos, foram alteradas algumas frases, por apresentarem uma

estrutura gramatical mais complexa do que as restantes (cf. Apêndice 5). Foi ainda acolhida a

sugestão de não inserir no mesmo grupo de estímulos frases com agramaticalidade semântica

e frases com agramaticalidade sintática, na tarefa quantas minhocas come a salamandra do

espaço esconderijo dos rastejantes (integração binaural), optando-se apenas pela utilização de

frases com agramaticalidade semântica. Foi também revisto o léxico de algumas frases, que por

estar associado a um dialeto particular, poderia não ser familiar para crianças de outros pontos

geográficos.

22

23

5. DISCUSSÃO

5.1 Discussão dos resultados

Neste trabalho, foram cumpridas as etapas definidas na literatura para a criação de

novos instrumentos, nomeadamente, a identificação dos domínios, a formação dos itens e a

construção de um instrumento preliminar para que, posteriormente, os peritos pudessem

proceder à avaliação do mesmo (Alexandre & Coluci, 2009).

O desenvolvimento e validação de um programa de intervenção, particularmente no que

reporta à área do PA, constitui um fator inovador para a língua portuguesa. Neste âmbito, e dada

a escassez de materiais, optou-se por criar um programa em que são utilizados estímulos verbais

para a estimulação das diferentes competências auditivas (Bellis & Bellis, 2015; Slauterbeck,

2009; Weihing et al., 2015), uma vez que o treino auditivo deve ser realizado com estímulos na

língua materna da criança (AAA, 2010; Bellis et al., 2012). Neste sentido, foi fundamental a

seleção cuidada dos estímulos verbais que foram incluídos no PIPA, balanceados de acordo com

os padrões de frequência do PE (Guerreiro, 2007; Ramalho, 2017; Ramalho, Almeida, & Freitas,

2015; Vigário, Frota, Martins, & Cruz, 2006).

Para a elaboração do PIPA procurou realizar-se uma seleção cuidada de competências,

objetivos, tarefas e estímulos, tendo sempre em vista a sua utilização em contexto clínico.

Paralelamente, foi tido em consideração o facto de o programa ter como público-alvo crianças

em idade escolar e, como tal, ser necessária a utilização de ferramentas lúdicas como forma de

motivação e adesão às mesmas (AAA, 2010; Loo et al., 2016).

A inclusão de um sistema de recompensas e de monitorização de acertos por parte da

criança, para além de ter sido validada por unanimidade pelos peritos, constitui um fator

fundamental na avaliação contínua da criança, na (re)definição de objetivos de intervenção e na

manutenção de índices motivacionais para a tarefa, estando de acordo com o que é defendido

na literatura para a intervenção em casos de PPA (Loo et al., 2016; Nunes, 2015). Para além

disso, está em conformidade com alguns programas disponíveis internacionalmente, que

mostram os progressos da criança nas atividades de treino auditivo (Donadon, Sanfins, Borges,

& Colella-Santos, 2019; Melo et al., 2016).

Cada secção do programa está organizada por níveis, por ordem crescente de

dificuldade. Em alguns jogos, o TF poderá manipular as condições, tais como desníveis de

intensidade dos estímulos, relação sinal-ruído, seleção de lado de apresentação dos estímulos

(ouvido direito vs. ouvido esquerdo) e desnível temporal de apresentação dos estímulos em

escuta dicótica. Poderá ainda monitorizar o desempenho/progresso da criança e realizar itens

de treino no início de cada atividade, de modo a familiarizar a criança com a tarefa.

A validação através de um painel de peritos busca aperfeiçoar o conteúdo do

instrumento, tornando-o mais confiável preciso e válido, pelo que, a versão final do PIPA está

em conformidade com as sugestões fornecidas pelos peritos (Nora et al., 2017).

O IVC global obtido com a validação do PIPA é de 0,96, que se considera um índice

elevado e que atesta a validade do conteúdo do instrumento, considerando o valor de referência

24

de 0,78 preconizado na literatura (Alexandre & Coluci, 2009; Fortin et al., 2009; Polit & Beck,

2006).

Os peritos foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão previamente

definidos (Almeida et al., 2009; Galdeano & Rossi, 2006). Todos os peritos cumpriram os critérios

de experiência clínica e de conhecimento específico na área do PA, destacando-se o facto de

quatro dos seis peritos já terem ministrado formação em PA. Estes dois critérios demonstram

que o avaliador está familiarizado com a área do PA (Grant & Davis, 1997). Importa também

referir que nenhum elemento do painel de peritos participou ou colaborou em qualquer outra fase

deste estudo, pois, caso contrário, seria desaconselhada a sua integração no processo de

validação do programa (Galdeano & Rossi, 2006).

A seleção de seis peritos para integrarem o painel revelou-se, então, adequada, já que

se encontra dentro do intervalo de cinco a dez peritos encontrado na literatura (Alexandre &

Coluci, 2009; Lynn, 1986). Cumpre no entanto salientar que foi difícil reunir um painel de peritos

que cumprisse todos os critérios previamente estabelecidos, uma vez que se trata de uma área

ainda pouco desenvolvida em Portugal.

Apesar de não ter sido necessária a completa reformulação de qualquer item, já que foi

validado o conteúdo de todos os itens, foram realizadas algumas modificações ao PIPA, para

atender às sugestões dos especialistas. Neste sentido, algumas instruções foram melhoradas,

foram introduzidos itens de treino, foram alterados alguns estímulos, sobretudo no que concerne

às frases, foi contemplada a possibilidade de se escolher o género da personagem dos jogos, e

foi também considerado um maior desnível de intensidade nas tarefas de escuta dicótica. Estas

alterações foram efetuadas, uma vez que os peritos se encontravam de acordo em relação às

sugestões (Polit & Beck, 2006). Caso contrário, Polit & Beck (2006) defendem que deverá ser

novamente revista a literatura para melhorar o programa. Estas situações foram previstas

também noutros estudos de desenvolvimento de programas de intervenção para a população

pediátrica (Lousada, Ramalho, & Marques, 2016).

5.2 Limitações do estudo e trabalho futuro

O estudo apresenta limitações relacionadas com o facto de se recorrer a um painel de

peritos para validação do instrumento, uma vez que se trata de um método subjetivo, cujas

características intrínsecas dos avaliadores podem influenciar os resultados obtidos (Roberts et

al., 2006).

Por outro lado, o facto de se utilizar uma amostra por conveniência de apenas seis

elementos poderá ser limitativo (Marotti et al., 2008). Apesar disso, cumpriram-se os requisitos

de um estudo de validação de conteúdo, selecionando seis especialistas de várias zonas

geográficas do território nacional continental que cumprem todos os critérios de inclusão

(Alexandre & Coluci, 2009; Grant & Davis, 1997). O facto de os elementos do painel de peritos

não conhecerem o PIPA no seu todo terá dificultado o trabalho de análise solicitado, contudo,

considerou-se pouco viável o mesmo painel de peritos avaliar um tão vasto conjunto de tarefas,

associadas a um grande número de estímulos diferentes.

25

Considera-se também uma limitação importante a impossibilidade de desenvolver o

PIPA num formato digital, devido à falta de meios técnicos. O desenvolvimento do software do

PIPA, em parceria com a área de programação/engenharia informática, seria importante para

viabilizar, num futuro próximo, um estudo piloto de aceitabilidade, junto de crianças em idade

escolar sem patologia do PA. Seguidamente, seria importante a realização de estudos de eficácia

do PIPA, com crianças com PPA, com afetação de uma ou mais competências que o programa

abarca.

O desenvolvimento do software permitirá um modo de intervenção de carácter lúdico e

motivacional, fatores indicados na literatura como essenciais para o sucesso de uma intervenção

terapêutica, na população pediátrica com PPA (Weihing et al., 2015). Para além disso, estudos

têm vindo a mostrar eficácia e maior adesão por parte das crianças ao treino auditivo realizado

através de software computorizado, inclusivamente quando adaptado para tablets e smatphones

(AAA, 2010; BSA, 2018; Loo et al., 2010).

26

27

6. CONCLUSÕES

Os materiais de intervenção, no caso de estarem validados, permitem a uniformização

de terapêuticas adotadas pelos TFs e permitem uma prática baseada na evidência. Esta

escassez, aliada ao número de casos diagnosticados com PPA e ao gosto pessoal da autora

nesta área, motivou o desenvolvimento e a concretização deste trabalho.

A realização deste estudo possibilitou o desenvolvimento de um programa de

intervenção em PA, que contempla várias atividades que permitem desenvolver as competências

auditivas das crianças, com idades entre os seis e os dez anos, com diagnóstico de PPA e utiliza

estímulos verbais do PE, criteriosamente definidos.

A validação de conteúdo do PIPA constituiu um fator fundamental para a melhoria e

aperfeiçoamento do programa, tendo o instrumento revelado um IVC adequado.

As competências auditivas desenvolvidas no PIPA (discriminação auditiva, atenção

auditiva, memória auditiva, separação binaural, integração binaural, fusão binaural, fechamento

e figura-fundo) permitem a compreensão de fala, uma vez que envolvem a discriminação, o

reconhecimento, a atenção seletiva e sustentada dos sons e a capacidade de memorização dos

mesmos (CISG, 2012; Roggia & Colares, 2008). Desta forma, e atendendo a que a PPA pode

ter consequências prejudiciais ao sistema linguístico, social e académico dos indivíduos (CISG,

2012; Ferre, 2015; W. Keith et al., 2019; Simões & Schochat, 2010), o PIPA poderá ter um

impacto positivo nos seus utilizadores, no que concerne aos fatores pessoais que promovem a

atividade e participação nos vários contextos.

O PIPA abre assim caminho para outros estudos no âmbito da intervenção na PPA em

crianças cuja língua materna é o PE, contribuindo para melhoria da prática clínica dos TFs nesta

área.

28

29

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42

43

APÊNDICES

Apêndice 1 - Programas de treino auditivo

Programa

Competências

auditivas

desenvolvidas

Língua Validação Tarefas

Earobics (Cognitive

Concepts Inc.,

1993; Institute of

Education Sciences,

2009; Loo et al.,

2010; Weihing et al.,

2015)

Atenção auditiva;

memória auditiva;

discriminação auditiva;

ordenação temporal;

reconhecimento de

padrões auditivos;

resolução temporal;

fechamento e figura-

fundo

Inglês

Correspondência som

(palavra)-imagem, com e

sem ruído;

correspondência

fonema-grafema, com e

sem ruído; perceção de

gap – contagem de sons;

identificação de palavras

que rimam;

discriminação de sons

FastForword

(Krishnamurti et al., 2013; Scientific Learning, 1997; Veale, 1999; Weihing et al., 2015)

Memória auditiva; atenção auditiva; processamento temporal; discriminação auditiva

Inglês (EUA)

Discriminação de frequências; seguir instruções verbais; correspondência som (palavra) – imagem; consciência fonológica; jogos de memória sonoros e emparceiramento palavra-imagem.

Phonomena

(Moore, Rosenberg, & Coleman, 2005)

Discriminação auditiva Inglês

(British)

Seleção do dinossauro que produziu o som igual ao ouvido anteriormente

LiSN & Learn

(Cameron & Dillon, 2011; Weihing et al., 2015)

Figura-fundo e processamento binaural

Inglês (Austrália)

Seleção de uma imagem cuja palavra foi ouvida inserida numa frase, num ambiente sonoro tridimensional com ruído verbal (histórias, outras frases).

PER – Programa de Escuta no Ruído (Brasil &

Schochat, 2018; Calarga, 2016)

Fechamento, discriminação auditiva, reconhecimento de padrões de frequência

Português (Brasil) e Francês

(Canadá)

(Brasil)

Sem informação (Canadá)

Discriminação auditiva de palavras isoladas; identificação de palavas em contexto de frase; identificação de palavras isoladas; identificação de frases e compreensão de textos curtos, complexos ou longos.

Escuta Ativa (Melo

et al., 2016)

Ordenação temporal; atenção; memória; discriminação de padrão de frequência; resolução temporal; fechamento; separação binaural; integração binaural e localização sonora

Português (Brasil)

Reprodução de sequências sonoras; deteção de intervalos; sequenciação; repetição de palavras e identificação de palavras com outras competitivas.

SAT – Sound Auditory Training

(Chermak, Musiek, & Weihing, 2013; Weihing et al., 2015)

Discriminação auditiva; discriminação de padrões de frequência e duração; reconhecimento de padrões temporais; interação binaural;

Inglês Sem

informação Sem informação

44

fechamento e escuta dicótica

Treinamento temporal auditivo com estímulos não verbais e verbais com fala expandida®

(Vatanabe et al., 2014)

Processamento temporal (discriminação e ordenação de frequências) e discriminação auditiva

Português (Brasil)

Discriminação de frequências; ordenação de frequências; consciência fonológica (discriminação e identificação de sílaba inicial)

Audio Training

(Pinheiro & Capellini, 2010)

Padrão de duração; padrão de frequência; atenção auditiva; discriminação auditiva e memória auditiva para sons não-verbais

Português (Brasil)

Discriminação temporal; discriminação de frequências; deteção de falhas em sequências de linguagem serial (números, meses do ano); memorização e associação à imagem de sons não-verbais.

SARDA – Software

Auxiliar na Reabilitação de Distúrbios Auditivos (Silva, Junior, Balen, & Bevilacqua, 2012)

Discriminação auditiva; memória auditiva e atenção auditiva

Português (Brasil)

Tarefas com vários formatos de sílabas para discriminação, memória e atenção

Pedro na Casa mal assombrada (J. S.

Martins, Pinheiro, & Blasi, 2008)

Discriminação auditiva; figura-fundo; ordenação temporal para sons verbais e não-verbais; padrão de frequência e duração; atenção e fechamento

Português (Brasil)

Deteção; Discriminação; reconhecimento; atenção; memorização e contagem

DIID – Dichotic

Interaural Intensity Diference (Musiek, 2004; Musiek, Weihing, & Lau, 2008)

Figura-fundo; integração binaural e separação binaural

Inglês e Espanhol

Escuta dicótica de dígitos, pares mínimos, palavras e frases com controlo de intensidade

Zoo Caper – Acoustic Pioneer

(Barker & Bellis, 2018)

Separção binaural e integração binaural

Inglês (sons não verbais)

Escuta dicótica (sons não verbais)

Afinando o Cérebro

(Donadon et al., 2019)

Integração binaural; resolução temporal; ordenação temporal (frequência, intensidade e duração) e figura-fundo

Português (Brasil)

Jogos interativos com tarefas de escuta monótica e dicótica

45

Apêndice 2 - Exemplo de atividade do PIPA

Fusão binaural – A quinta do tio Manel

Objetivo: O objetivo do espaço “A quinta do tio Manel” é estimular a competência de fusão binaural através da escuta dicótica. Neste espaço, a criança

vai encontrar, em cada nível, um cenário com um animal da quinta que tem de conquistar para passar para o nível seguinte e preencher a sua “quinta do tio

Manel”. Na quinta do tio Manel, podem conquistar-se os seguintes animais: galinha, coelho e porco.

Nível 3 – O porco esfomeado

Descrição/Procedimentos Instruções Feedback e recompensa Material Estímulos/palavras

A criança ouve uma

pseudopalavra, sendo que

metade surge num ouvido e

outra metade no ouvido

contralateral. É pedido que

repita as palavras que ouviu e

o TF carrega no símbolo “”

ou no símbolo “X”, consoante a

criança acerte ou erre.

Vais ouvir metade de uma

palavra inventada no ouvido

direito e outra metade dessa

palavra no ouvido esquerdo.

Depois, vais repetir a palavra.

Tenta acertar todas as palavras

para que o teu porco coma

muitas bolotas e o conquistes

para a quinta do tio Manel.

Se acertar, o porco come

bolotas. No final, a criança

conquista o porco para a quinta

do tio Manel.

- Estímulos auditivos (N=30)

- Cenário de um campo com

porcos a procurarem bolotas. O

porco come uma bolota cada vez

que a criança acerta na resposta.

Foi realizada uma proporção,

uma vez que não se considerou

pertinente introduzir

monossílabos.

Dissílabos (19):

Trope, cado, nasso, dalo, bunfe,

lilo, tife, jope, rope, cijo, bila, fajo,

nala, rupa, tiga, fema, pova,

muva, zaspe.

Trissílabos (8):

Balega, filega, jitope, catrona,

mojundo, nassilum, chefema,

pranfado.

Polissílabos (3):

Bunfedalo, , palifemo, atopiga.

46

47

Apêndice 3 - Questionário enviado ao painel de peritos

Questionário para painel de peritos

O Programa de Intervenção em Processamento Auditivo (PIPA) foi elaborado no âmbito do

Mestrado em Terapia da Fala, Ramo Comunicação e Linguagem na Criança, da Escola Superior de Saúde

da Universidade de Aveiro, e pretende dar um contributo aos Terapeutas da Fala que intervêm com

crianças com Perturbação do Processamento Auditivo.

O programa de intervenção inclui diversas tarefas que visam estimular diferentes competências

auditivas (discriminação auditiva, atenção auditiva, memória auditiva, separação binaural, integração

binaural, fusão binaural, fechamento e figura-fundo), desenvolvidas no âmbito de duas dissertações de

mestrado.

Este questionário tem como objetivo avaliar uma parte do programa de intervenção. Pretende-

se perceber a opinião de um painel de peritos quanto às tarefas elaboradas, à dificuldade, ao conteúdo,

à aplicabilidade e à apresentação das mesmas. Serão analisadas as seguintes competências auditivas:

separação binaural, integração binaural, fusão binaural e figura-fundo.

Agradece-se a disponibilidade para preencher o seguinte questionário, considerando que a sua

participação é fundamental para o desenvolvimento do estudo.

Parte 1 – Caraterização do profissional

Esta primeira parte do questionário destina-se à caracterização do perfil profissional de

cada um dos peritos selecionados para a validação do conteúdo do PIPA. Neste sentido, solicita-

se que responda às seguintes questões:

1. Género Masculino ☐ Feminino ☐

2. Grau Académico

Licenciatura ☐

Mestrado ☐ Doutoramento ☐ Outro ☐

Qual? Clique ou

toque aqui para

introduzir texto.

3. Ano de conclusão da formação de base Clique ou toque aqui para introduzir texto.

4. Há quantos anos exerce a profissão de Terapeuta da Fala? Clique ou toque aqui para

introduzir texto.

5. Intervém junto de crianças, em idade escolar, com Perturbação do

Processamento Auditivo? Sim ☐ Não ☐

48

Se sim, há quanto tempo? Clique ou toque aqui para introduzir texto.

6. Possui formação específica na área do Processamento Auditivo? Sim ☐ Não ☐

Se sim, que tipo de formação (Formação Universitária, formação complementar, etc.)?

Clique ou toque aqui para introduzir texto.

7. Já deu formação nesta área? Sim ☐ Não ☐

Se sim, em que contexto (Formação Universitária, formação complementar, etc.)?

Clique ou toque aqui para introduzir texto.

8. Já realizou alguma publicação científica na área do Processamento

Auditivo?

Sim ☐ Não ☐

49

Parte 2 – Validação de conteúdo do Programa de Intervenção em Processamento Auditivo

Com a segunda parte do questionário pretende-se recolher informação sobre o

desenvolvimento do PIPA. Analise as afirmações e classifique-as numa escala de 1 a 4 (1-

discordo totalmente; 2 – discordo em parte; 3 – concordo em parte; 4 – concordo totalmente).

1 2 3 4

Estes materiais são úteis na prática clínica. ☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

As competências auditivas selecionadas são adequadas. ☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

As instruções apresentam clareza e pertinência prática. ☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

O programa é adequado para crianças de idade escolar, com Perturbação do

Processamento Auditivo.

☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

O enquadramento do programa (uma menina que visita um jardim

zoológico) é adequado.

☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

A divisão por competências em diferentes espaços a visitar no jardim

zoológico é adequada.

☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

O feedback/recompensa dado em cada atividade é adequado. ☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

As tarefas incluídas na secção separação binaural (céu colorido) permitem a

intervenção adequada com crianças com dificuldades nesta competência.

☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

50

As tarefas incluídas na secção integração binaural (esconderijo dos

rastejantes) permitem a intervenção adequada com crianças com

dificuldades nesta competência.

☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

As tarefas incluídas na secção fusão binaural (a quinta do tio Manel)

permitem a intervenção adequada com crianças com dificuldades nesta

competência.

☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

As tarefas incluídas na secção figura-fundo (floresta mágica) permitem a

intervenção adequada com crianças com dificuldades nesta competência.

☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

Os estímulos selecionados para cada uma das tarefas são adequados. ☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

O número de estímulos incluídos nas tarefas é adequado. ☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

Dentro de cada competência, a organização das tarefas em níveis de

dificuldade é adequada.

☐ ☐ ☐ ☐

Sugestões: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

Outras sugestões/considerações: Clique ou toque aqui para introduzir texto.

51

Apêndice 4 - Exemplo de instrução reformulada após a validação por peritos

Instrução inicial Instrução depois da validação de conteúdo

Vais ouvir uma palavra no ouvido direito e

outra palavra, no ouvido esquerdo, ao mesmo

tempo.

Depois, vais repetir a palavra que ouviste no

ouvido direito / esquerdo.

Tenta acertar todas as palavras para que a

tua cegonha transporte um bebé e a

conquistes para o teu céu colorido.

Vais ouvir uma palavra no ouvido direito e

outra palavra, no ouvido esquerdo, ao mesmo

tempo.

Depois, vais repetir a palavra que ouviste no

ouvido direito / esquerdo.

Por exemplo, vais ouvir “limão”, do lado

esquerdo e “irmão” do lado direito. Tens de

repetir a palavra irmão porque a ouviste do

lado direito.

Tenta acertar todas as palavras para que a

tua cegonha transporte um bebé e a

conquistes para o teu céu colorido.

52

53

Apêndice 5 - Exemplo de frases reformuladas nas tarefas de escuta dicótica

Pares de frases iniciais Pares de frases depois da validação de

conteúdo

O menino come o bolo.

A menina salta à corda.

O menino come o bolo.

A menina bebe o sumo.

O telemóvel partiu-se.

O baloiço está estragado.

O telemóvel está partido.

O baloiço está estragado.

O carro tem rodas pretas.

A mota anda devagar.

O carro tem volante preto.

A mota tem rodas vermelhas.

54