171
Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo julho de 2017 Estudo do sistema normativo contabilístico das microentidades: sua utilidade na perspetiva da entidade e dos profissionais da contabilidade Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo Estudo do sistema normativo contabilístico das microentidades: sua utilidade na perspetiva da entidade e dos profissionais da contabilidade UMinho|2017

Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

Universidade do MinhoEscola de Economia e Gestão

Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo

julho de 2017

Estudo do sistema normativocontabilístico das microentidades: sua utilidade na perspetiva da entidade e dosprofissionais da contabilidade

Cát

ia S

ofia

Oliv

eira

Cer

quei

ra A

raúj

oE

stu

do

do

sis

tem

a n

orm

ati

vo c

on

tab

ilíst

ico

da

s m

icro

en

tid

ad

es:

su

a u

tilid

ad

e n

a p

ers

pe

tiva

da

en

tid

ad

e e

do

s p

rofi

ssio

na

is d

a c

on

tab

ilid

ad

eU

Min

ho|2

017

Page 2: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo

julho de 2017

Estudo do sistema normativocontabilístico das microentidades: sua utilidade na perspetiva da entidade e dosprofissionais da contabilidade

Trabalho efetuado sob a orientação da Professora Doutora Filomena Antunes Brás

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Contabilidade

Universidade do MinhoEscola de Economia e Gestão

Page 3: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual
Page 4: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

iii

Agradecimentos

A realização deste trabalho, há muito um objetivo pessoal, não teria sido

possível sem o apoio de diversas pessoas, a quem agradeço profundamente.

Em primeiro lugar, agradeço à Professora Doutora Filomena Antunes Brás,

orientadora desta dissertação, pelas indicações, disponibilidade e forma como sempre

me atendeu.

Também à Universidade do Minho e à sua Escola de Economia e Gestão, pelos

conhecimentos científicos e pedagógicos que me foram passados ao longo do meu

percurso académico e que serviram na realização deste estudo.

Agradeço, de um modo geral, a todos aqueles que colaboraram neste trabalho.

Por último, e não menos importantes, agradeço à minha família, em especial à

minha avó Conceição, ao Miguel Gomes e aos meus amigos, pelo apoio e incentivo.

Page 5: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

iv

Page 6: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

v

Título

Estudo do sistema normativo contabilístico das microentidades: sua utilidade na

perspetiva da entidade e dos profissionais da contabilidade

Resumo

As micro e pequenas entidades assumem um papel importante na dinâmica

económica de Portugal e da Europa, pela sua representatividade no tecido empresarial.

Neste sentido, a União Europeia (UE) tem vindo a estabelecer medidas que aliviem a

carga administrativa e contabilístico-financeira do grupo das pequenas empresas, com

vista à melhoria do seu ambiente empresarial e internacionalização.

É neste âmbito que em Portugal é publicada a Norma Contabilística para as

Microentidades (NCM) em 2010 (revista em 2015). Esta norma inclui apenas as

matérias contabilísticas que se entenderam como as mais relevantes à informação

financeira deste tipo de empresas, e distingue-se pela simplicidade como as mesmas são

abordadas. Porém, a NCM foi desde logo alvo de críticas que, no essencial, sugerem um

normativo desajustado e desenquadrado às necessidades e valências das empresas a que

se destinam.

A presente investigação procura, assim, aferir a utilidade da NCM,

nomeadamente a sua adequabilidade às necessidades de informação das microentidades.

Para o efeito, foram recolhidos dados quantitativos através de um inquérito por

questionário submetido às microentidades e profissionais da contabilidade (utilizadores

da informação financeira). Os resultados sugerem que a NCM não responde às

necessidades de informação da empresa, revelando-se antes desenquadrada e deficitária

face às suas lacunas, pelo que poder-se-á admitir que a norma não é útil.

O estudo procura assim contribuir para um melhor entendimento da

regulamentação contabilística em torno das microentidades, sinalizando eventuais

fragilidades da NCM que poderão ser tomadas em discussões da área.

Palavras-chave: microentidade, pequena empresa, globalização, norma

contabilística para microentidades (NCM), harmonização, utilidade, informação

contabilística e financeira, Portugal.

Page 7: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

vi

Page 8: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

vii

Title

Study of the Portuguese Micro-Entities Accounting Standard: its utility and

value for micro-entities and accounting professionals

Abstract

Micro and small enterprises have an important role in the dynamics of Portugal

and Europe for their representativeness in the business environment. European Union

(EU) has been establishing some measures in order to reduce bureaucracy and unburden

small companies. The aim is to reduce administrative work, to drive improvements in

the enterprise environment and to promote its internationalization.

With this context, it was published in Portugal the Accounting Normalization for

Micro-Entities (NCM). This standard only includes accounting matters that are

considered the most relevant to the financial information of this type of companies, and

is distinguished by the simplicity of their approach. Nevertheless, the NCM has been,

since the beginning, subject of criticism which, in essence, suggests a misaligned and

disregarded normative to the needs and scopes of the companies for which they are

intended.

The following investigation seeks to assess in what extent the NCM is

appropriate to the financial information needs of micro entities and if it actually

contributes to cost reduction. For this purpose, quantitative data was collected through a

survey submitted to micro entities and accounting professionals (users of financial

information). The results suggest NCM does not respond to the company management

needs, revealing itself unaligned and deficient in terms of its shortcomings.

This study aims to contribute for a better understanding of accounting regulation

around micro entities. Pointing failures in NCM is important for discussions on the

subject.

Keywords: micro-entities, small enterprise, globalization, micro-entity

accounting standard, harmonization, utility, accounting and financial information,

Portugal.

Page 9: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

viii

Page 10: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

ix

Índice geral

Agradecimentos ........................................................................................................... iii

Resumo ......................................................................................................................... v

Abstract ...................................................................................................................... vii

Índice de Esquemas..................................................................................................... xii

Índice de Gráficos ...................................................................................................... xiii

Índice de Quadros ...................................................................................................... xiv

Índice de Tabelas ........................................................................................................ xv

Lista de Abreviaturas ................................................................................................. xvi

1. Introdução .............................................................................................................. 1

1.1. Apresentação e justificação do tema ..................................................... 1

1.2. Objetivos e metodologia ....................................................................... 3

1.3. Estrutura da dissertação ........................................................................ 4

2. As microentidades .................................................................................................. 7

2.1. Importância das Micro e PME em Portugal e na União Europeia .......... 7

2.2. Conceito de Micro e PME .................................................................... 8

2.3. Categorização das Micro e PME em Portugal ....................................... 9

2.4. Principais características das PME (onde se inclui as Microentidades) 11

2.4.1. Estrutura da gestão ....................................................................... 11

2.4.2. Utilizadores da informação financeira........................................... 12

2.4.3. Limitações .................................................................................... 15

3. A informação financeira ....................................................................................... 17

3.1. A importância da informação financeira ............................................. 17

3.2. Harmonização e comparabilidade da informação financeira................ 18

3.2.1. Obstáculos ao processo de harmonização para as PME ................. 20

3.2.2. IFRS para PME ............................................................................ 21

Page 11: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

x

4. A normalização contabilística em Portugal ........................................................... 29

4.1. Evolução legislativa contabilística em Portugal e seu enquadramento na

evolução contabilística da União Europeia ......................................... 29

4.2. Sistema normativo contabilístico português para efeito deste estudo ... 33

4.2.1. Norma contabilística das microentidades ...................................... 35

4.2.2. Principais diferenças entre os normativos vigentes em Portugal -

NCRF, NCRF-PE e NCM ........................................................... 40

4.2.3. Discussão da Norma Contabilística para as Microentidades em

Portugal ...................................................................................... 43

4.3. Alterações ao sistema contabilístico português - Novo SNC - Decreto-

Lei n.º 98/2015, de 2 de junho ............................................................ 47

4.3.1. Implicações gerais do DL n.º 98/2015, de 2 de junho .................... 48

4.3.2. Implicações à NCM decorrentes do DL n.º 98/2015, de 2 de junho

................................................................................................... 51

4.4. Influência do sistema fiscal na prática contabilística em Portugal ....... 53

4.5. Teorias contabilísticas associadas à regulamentação contabilística ..... 54

4.5.1. O porquê da regulamentação contabilística ................................... 56

4.5.2. Teorias contabilísticas .................................................................. 58

5. Contexto do Estudo e Metodologia ....................................................................... 65

5.1. Definição do problema e objetivos ..................................................... 65

5.2. Caracterização da População .............................................................. 67

5.3. Método de Amostragem ..................................................................... 68

5.4. Método de Recolha de Dados ............................................................. 71

6. Apresentação dos resultados – Análise descritiva ................................................. 75

6.1. Caracterização dos respondentes ........................................................ 75

6.2. Caracterização das empresas inquiridas .............................................. 78

6.3. Normativos contabilísticos adotados ................................................... 84

Page 12: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

xi

6.4. Utilidade da Contabilidade ................................................................. 90

6.5. Principal utilizador da informação financeira ...................................... 92

6.6. Utilidade da Norma Contabilística para as Microentidades ................. 92

7. Testes e discussão dos resultados obtidos ............................................................. 95

7.1. Validação das escalas ......................................................................... 95

7.2. Análise inferencial ............................................................................. 99

7.3. Discussão dos Resultados ................................................................. 101

8. Conclusão, contribuições e implicações .............................................................. 107

Apêndices ................................................................................................................. 113

Apêndice A - Pedido de colaboração em Estudo Académico (1º Pedido) .... 113

Apêndice B - Pedido de colaboração em Estudo Académico (2º Pedido) .... 114

Apêndice C – Questionário aplicado às Microentidades ............................. 115

Apêndice C – Questionário aplicado aos Contabilistas Certificados............ 129

Referências bibliográficas ......................................................................................... 143

Page 13: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

xii

Índice de Esquemas

Esquema 1 - Estrutura dos normativos portugueses ..................................................... 40

Page 14: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

xiii

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Função do respondente ............................................................................. 75

Gráfico 2 - Grau de escolaridade do respondente ......................................................... 76

Gráfico 3 – Antiguidade do respondente na empresa onde exerce ou para a qual presta

serviço................................................................................................................. 77

Gráfico 4 - Tipo de serviço de contabilidade que presta à empresa .............................. 78

Gráfico 5 - Diploma legal no qual se baseia a definição de microentidade aplicada à

empresa ............................................................................................................... 79

Gráfico 6 - Tipo de serviço de contabilidade da empresa ............................................. 80

Gráfico 7 – Serviço de contabilidade interna por antiguidade da empresa .................... 80

Gráfico 8 – Presença da empresa no mercado .............................................................. 81

Gráfico 9 - Principal atividade da empresa .................................................................. 81

Gráfico 10 - Forma jurídica da empresa ...................................................................... 82

Gráfico 11 - Número de funcionários da empresa a 31/12/2015 ................................... 83

Gráfico 12 - Fonte de financiamento mais importante da empresa ............................... 84

Gráfico 13 - Normativo usado na preparação das demonstrações financeiras (DF's) no

exercício de 2010 ................................................................................................ 85

Gráfico 14 - Normativo usado na preparação das demonstrações financeiras (DF's) no

exercício de 2011 ................................................................................................ 86

Gráfico 15 - Mudança de normativo contabilístico no período de 2011 a 2015 ............ 86

Gráfico 16 - Normativo para o qual mudaram no período de 2011 a 2015 ................... 87

Gráfico 17 - Motivo que impulsionou a mudança de normativo contabilístico no período

de 2011 a 2015 .................................................................................................... 88

Gráfico 18 - Mudança de normativo contabilístico a curto prazo ................................. 88

Gráfico 19 - Normativo para o qual se prevê que a empresa mude no curto prazo ........ 89

Gráfico 20 – Responsável da escolha do normativo contabilístico para o qual se prevê

que a empresa mude no curto prazo ..................................................................... 89

Page 15: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

xiv

Índice de Quadros

Quadro 1 - Categorização das empresas de acordo com os diversos normativos .......... 10

Quadro 2 - Correspondência vertical entre os normativos contabilísticos vigentes em

Portugal a 31 de dezembro de 2015 ..................................................................... 34

Quadro 3 - Simplificação do Código de Contas das Microentidades ............................ 37

Quadro 4 – Categorização das empresas de acordo com o SNC e o Novo SNC ........... 48

Quadro 5 - Categorização dos pequenos grupos de acordo com o SNC e o Novo SNC 49

Quadro 6 - Simplificação para micro e pequenas empresas: Demonstrações Financeiras

............................................................................................................................ 50

Page 16: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

xv

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Representatividade das PME na empregabilidade e no valor acrescentado na

União Europeia ..................................................................................................... 8

Tabela 2 - Principais indicadores por dimensão da empresa em Portugal, 2010 ............. 8

Tabela 3 - Empresas: total e por dimensão .................................................................. 68

Tabela 4 - Enquadramento das Microentidades ........................................................... 69

Tabela 5 - Processo de Amostragem das Microentidades ............................................. 70

Tabela 6 - Validade dos contactos de endereço de correio eletrónico ........................... 71

Tabela 7 - Mapeamento dos questionários válidos aplicados aos profissionais da

contabilidade por NUTS II .................................................................................. 77

Tabela 8 - Mapeamento dos questionários válidos aplicados às microentidades por

NUTS II .............................................................................................................. 79

Tabela 9 – Número de sócios das empresas inquiridas ................................................. 82

Tabela 10 - Número de sócios das empresas inquiridas que são familiares .................. 83

Tabela 11 – Resultados obtidos no instrumento utilidade da contabilidade .................. 90

Tabela 12 - Resultados obtidos no instrumento principal utilizador da informação

financeira ............................................................................................................ 92

Tabela 13 - Resultados obtidos no instrumento utilidade da norma contabilística das

microentidades .................................................................................................... 92

Tabela 14 - Medidas de tendência central e de dispersão para os diferentes itens do

questionário relativos à Utilidade da Contabilidade ............................................. 97

Tabela 15 - Medidas de tendência central e de dispersão para os diferentes itens do

questionário relativos ao Principal Utilizador da Informação Financeira .............. 98

Tabela 16 - Medidas de tendência central e de dispersão para os diferentes itens do

questionário relativos à Utilidade da NCM .......................................................... 99

Tabela 17 - Testes t de Student .................................................................................. 100

Page 17: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

xvi

Lista de Abreviaturas

AARF - Australian Accounting Research Foundation

AFT - Ativos Fixos Tangíveis

AI - Ativos Intangíveis

ASRB - Accounting Standards Review Board

BADF-ME - Bases para a apresentação de demonstrações financeiras das

microentidades

BCE - Banco Central Europeu

CCI - Código de Contribuição Industrial

CC-ME - Código de contas para microentidades

CEE - Comunidade Económica Europeia

CIRC - Código do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas

CNC - Comissão de Normalização Contabilística

CSC - Código das Sociedades Comerciais

DC - Diretrizes Contabilísticas

DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria

EC - Estrutura Conceptual

EPMC - Enterprise Programme Management Committee

ESNL - Entidades do Setor Não Lucrativo

EUA - Estados Unidos da América

FASB - Financial Accounting Standards Board

GAAP - Generally Accepted Accounting Principles

IAS/NIC - Normas Internacionais de Contabilidade

IASB - International Accounting Standards Board

IES – Informação Empresarial Simplificada

IFRIC - International Financial Reporting Interpretations Committee

Page 18: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

xvii

IFRS - International Financial Reporting Standards

IFRS for SMEs - International Financial Reporting Standards for Small and Medium-

sized Entities

INE - Instituto Nacional de Estatística

MDF-ME - Modelos de demonstrações financeiras para microentidades

NCM- Norma Contabilística para as Microentidades

NCRF - Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro

NCRF-PE - Norma Contabilística de Relato Financeiro para Pequenas Entidades

NI - Normas Interpretativas

NI-ME - Normas interpretativas para microentidades

NUTS II - Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos II

PE – Pequenas Entidades

PIB - Produto Interno Bruto

PME - Pequenas e Médias Empresas

POC - Plano Oficial de Contabilidade

SEC - Securities and Exchange Commission

SIC - Standing Interpretations Committee

SNC - Sistema de Normalização Contabilística

UE - União Europeia

Page 19: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

xviii

Page 20: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

1

1. Introdução

1.1. Apresentação e justificação do tema

A Contabilidade comportou mudanças significativas decorrentes do processo

da globalização dos mercados financeiros que acionou a internacionalização das

empresas, tornando a informação financeira preparada de acordo com os regulamentos

nacionais insuficiente para a tomada de decisão dos responsáveis internacionais

(Zeghal e Mhedhbi, 2006). As Pequenas e Médias Empresas (PME) vêem-se

arrastadas por esta abertura dos mercados. A sua importância na economia dos vários

países aliada ao resultado da globalização releva a necessidade de harmonizar e

padronizar os relatórios financeiros deste tipo de empresas (Smrekar, 2009). Por

conseguinte, à semelhança de diversas áreas, é testemunhada a harmonização das

normas contabilísticas para as PME, que reuniu diferentes interessados: utilizadores

internos e externos, investidores e credores nacionais e estrangeiros (Smrekar, 2009).

Em Portugal, à semelhança de muitos países, o sistema contabilístico sofreu

uma reforma de tal modo expressiva que ainda hoje são debatidas as soluções que

foram e têm sido adotadas no seio da reestruturação contabilística.

A revogação do Plano Oficial de Contabilidade (POC) e correspondente

legislação complementar, a par da entrada em vigor no dia 1 de Janeiro de 2010 do

Sistema de Normalização Contabilística (SNC) aprovado pelo Decreto-Lei n.º

158/2009, de 13 de julho, marca o arranque da mais profunda e, ainda, recente

mudança contabilística. Esta solução é referenciada por Caria e Rodrigues (2014,

p.230) como a “mudança revolucionária”.

O SNC é particularizado pelo seu alinhamento às diretivas e regulamentos

contabilísticos europeus. Foi concebido baseado nas normas internacionais de

contabilidade do International Accounting Standard Board (IASB), procurando assim

ser um modelo contabilístico que se aproxime, o quanto possível, dos padrões

contabilísticos utilizados na União Europeia (UE). Todavia, desde logo se procurou

atender ao tecido empresarial português, procurando eliminar tratamentos que pouco

ou nada se adequam à realidade das empresas portuguesas, evitando, deste modo,

níveis de prestação excessiva de informação contabilística e os custos avultados que

lhe estão associados. Assim, o novo normativo contabilístico começou por distinguir

as pequenas entidades (PE) das demais entidades sujeitas à aplicação das 28 normas

Page 21: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

2

contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) do regime geral, permitindo-lhes a

aplicação opcional de uma norma menos exigente e complexa, a Norma Contabilística

de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE).

O SNC foi alvo de fortes críticas por parte de alguns setores da economia,

nomeadamente empresários e profissionais de contabilidade (Gomes e Pires, 2011).

Estes argumentavam que, dado o SNC ser um modelo assente sobretudo em princípios

aos invés de regras, obrigava à manutenção de sistemas contabilísticos para o qual as

pequenas empresas não estavam munidas e cujo benefício dificilmente superava o seu

custo (Gomes e Pires, 2011). Em resposta foram alargados os limites de

enquadramento das pequenas entidades (PE) com a publicação da Lei n.º 20/2010, de

23 de agosto, fazendo coincidir tais limites com os previstos no artigo 262.º do

Código das Sociedades Comerciais (CSC).

Ainda assim, as contestações dos empresários e profissionais de contabilidade

não cessaram (Gomes e Pires, 2011). A NCRF-PE revelava-se ainda exagerada para

um subgrupo de pequenas entidades: as microentidades. É neste contexto que é

instituída a Norma Contabilística para as Microentidades (NCM), um regime especial

simplificado das normas e informações contabilísticas aplicáveis às microentidades,

através da Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro. Este regime simplificado é mais tarde

regulamentado com a publicação do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, com

aplicação automática a partir do exercício económico de 2010.

A NCM carece de obrigatoriedade e distingue-se da NCRF-PE e do SNC em

geral pela simplicidade e desobrigação de algumas matérias contabilísticas,

nomeadamente pela simplicidade na elaboração do anexo.

É neste contexto que o estudo da NCM é pertinente, pela escassa literatura

relativamente à sua utilidade e ao cumprimento do seu propósito, ou seja, no alívio da

carga administrativa e financeira suportada pelas microentidades com o relato

financeiro, de forma a torná-las mais competitivas e alavancadas.

Esta investigação procura, assim, enriquecer a literatura clarificando em que

medida a NCM é diferente dos restantes normativos, é adotada pelas microentidades,

a quem cabe a opção ou não pela mesma, quais os motivos que justificam a sua

adoção ou não, e por fim, em que medida é cumprido o seu propósito sem, porém,

descurar as necessidades de informação financeira dos utilizadores. Na

Page 22: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

3

impossibilidade de integrar todos os utilizadores da informação financeira das

microentidades no estudo optou-se pelos proprietários/gestores das microentidades e

pelos profissionais da contabilidade, acreditando-se que a adoção ou não da NCM é

da responsabilidade individual ou conjunta dos mesmos e de quem se espera

atribuição de utilidades distintas.

1.2. Objetivos e metodologia

O presente estudo tem como principal objetivo perceber se a NCM satisfaz o

pressuposto por via da identificação da utilidade que lhe é atribuída pelos

proprietários das microentidades e pelos profissionais da contabilidade. A

investigação procura, assim, responder à seguinte questão de partida:

Em que medida a Norma Contabilística para Microentidades aplicada às

microentidades corresponde às expectativas/necessidades deste tipo de

entidades?

A recolha dos dados necessários ao estudo foi feita por via de um questionário.

O questionário permitiu deste modo aferir de forma direta a opinião dos proprietários

ou seus representantes e profissionais da contabilidade relativamente à utilidade que

atribuem à informação financeira, assinaladamente, à decorrente da NCM.

De forma a responder à questão de partida, e após análise das diferenças entre

o novo normativo (NCM) e os restantes normativos foram definidos seis objetivos

gerais:

1) Definir e caracterizar as microentidades;

2) Discutir a importância da informação financeira e dos argumentos a favor e

contra a regulamentação contabilística para as microentidades em Portugal;

3) Analisar a situação da normalização contabilística portuguesa no que

respeita as microentidades;

4) Perceber a utilidade da contabilidade, nomeadamente para a tomada de

decisão do corpo gerente e para a avaliação do desempenho da empresa e

compreender em que medida a informação das demonstrações financeiras

não procurará antes atender às obrigações fiscais;

Page 23: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

4

5) Perceber a utilidade da NCM, nomeadamente em que medida o conteúdo

da NCM responde às necessidades de informação dos

proprietários/gestores;

6) Reconhecer os eventuais incentivos à adoção da NCM.

Os resultados obtidos da análise do questionário sustêm as principais

conclusões do estudo.

1.3.Estrutura da dissertação

A presente dissertação está organizada em oito capítulos, sendo que cada um

está dividido em várias secções.

No primeiro capítulo é apresentado o tema e a justificação da sua escolha,

seguindo-se dos objetivos definidos para o estudo e, em termos gerais, da metodologia

seguida para o seu alcance.

No capítulo 2 é feito um enquadramento teórico das microentidades,

nomeadamente o conceito de microentidade, principais características e a importância

que assumem no seio económico português e europeu.

No terceiro capítulo abordamos a informação financeira, aferindo acerca da

sua utilidade e o processo de harmonização e comparabilidade a que tem vindo a ser

sujeita, designadamente nas PME.

No quarto capítulo é apresenta a evolução contabilística em Portugal e

respetivo reporte à evolução contabilística na União Europeia. É exposto o sistema

normativo contabilístico português para efeitos desta investigação, onde se incluem a

apresentação e discussão da norma contabilística das microentidades e uma análise às

principais diferenças com os restantes normativos vigentes em Portugal. Também têm

lugar neste capítulo a análise das principais alterações ao sistema contabilístico

português decorrentes do DL n.º 98/2015, de 2 de junho, e a questão da influência do

sistema fiscal na prática contabilística em Portugal. O capítulo termina com a

exposição das teorias contabilísticas que constituem o suporte teórico deste estudo.

O capítulo 5 contextualiza o estudo e descreve a metodologia usada para a sua

execução. O problema e objetivos são aclarados por meio da ramificação da questão

Page 24: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

5

central em subquestões sujeitas a repostas com base na análise dos questionários. A

caracterização da população, o método de amostragem e o método de recolha de

dados para o estudo completam este capítulo.

Ao capítulo 6 cabe a apresentação dos resultados obtidos nos questionários

implementados – análise descritiva – que passa pela caracterização dos respondentes e

empresas inquiridas, a identificação dos normativos contabilísticos adotados, e

apresentação dos pareceres dos respondentes relativamente às matérias em análise.

A análise inferencial e discussão dos resultados compõem o capítulo 7.

Por último, o oitavo capítulo destina-se à conclusão, contribuições e

implicações. Neste capítulo são compiladas as principais conclusões da investigação e

referidos alguns contributos e implicações que o estudo possa ter nas áreas

intervenientes. As limitações e pistas para pesquisas futuras são também enunciadas

neste capítulo.

Page 25: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

6

Page 26: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

7

2. As microentidades

2.1.Importância das Micro e PME em Portugal e na União Europeia

O grupo das PME, no qual se inserem as microentidades, constitui uma parte

dominante da economia global pela sua representatividade e desempenho económico

nos diversos países do mundo (Smrekar, 2009; Albu, 2013; Grabinski, Kedzior, e

Krasodomska, 2014).

A apresentação das PME pela Comissão Europeia remete-nos desde logo para

a relevância e potencial deste grupo de empresas.

Small and medium-sized enterprises (SMEs) are the backbone of Europe's

economy. They represent 99% of all businesses in the EU. In the past five

years, they have created around 85% of new jobs and provided two-thirds of the total private sector employment in the EU. The European Commission

considers SMEs and entrepreneurship as key to ensuring economic growth,

innovation, job creation, and social integration in the EU (DG COMM,

2016).

As PME assumem um papel crucial no desenvolvimento e crescimento

económico. São uma importante fonte de criação de emprego, contribuindo para a

estabilidade social e económica dos países (Strouhal, Pasekova, e Mullerová, 2010;

Osotimehin, Jegede, Akinlabi, e Olajide, 2012; Iacob e Buşe, 2010). A importância

das PME na dinâmica e inovação do mercado europeu é partilhada pelas mais

importantes entidades económicas europeias, nomeadamente a Comissão Europeia, o

Banco de Investimento Europeu e o Fundo de Investimento Europeu, que têm vindo a

gerar apoios à inovação das PME (Rupeika-Apoga, 2014). As PME, aliadas à ciência

e tecnologia, podem revelar-se um fator decisivo na transformação da economia

nacional (Iacob e Buşe, 2010). Este grupo de empresas é mesmo apontado como o

motor da economia (Kılıç, Uyar, e Ataman, 2014; Briciu, Groza, e Gânfãlean, 2009;

Smrekar, 2009), sendo que para além de explorar os recursos locais, são as estruturas

que melhor protegem o carácter nacional, a cultura e o comportamento económico e

social (Iacob e Buşe, 2010).

A estatística sustém a importância atribuída às PME. O grupo das PME

representa 99,8% do tecido empresarial europeu (Muller et al., 2016), traduzindo-se

numa contribuição significativa para o aumento do valor acrescentado e para o

aumento da empregabilidade na União Europeia (UE).

Page 27: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

8

Tabela 1 - Representatividade das PME na empregabilidade e no valor

acrescentado na União Europeia

Microempresa Pequena Empresa Média Empresa

Empregabilidade 29,2% 20,4% 17,3%

Valor Acrescentado 21,1% 18,2% 18,5%

Fonte: Adaptado de Muller et al. (2016).

Cenário semelhante se verifica em Portugal. As micro, pequenas e médias

empresas do setor não financeiro representam 99,9% do conjunto do setor

empresarial. Destacam-se as microentidades que representam em toda a série quase

96% do total das PME (INE, 2012).

A representatividade das microentidades no tecido empresarial português é

expressiva. É igualmente expressivo o número de pessoas que empregam, firmando-se

como um motor de empregabilidade.

Tabela 2 - Principais indicadores por dimensão da empresa em Portugal, 2010

Empresas (nº) Pessoal ao Serviço (nº)

Volume de negócios (106

Euros)

PME 1.143.068 3.025.155 216.057

Micro 1.094.125 1.701.959 71.252

Pequenas 42.662 772.512 71.511

Médias 6.281 550.684 73.294

Grandes 1.082 818.113 140.333

Total 1.144.150 3.843.268 356.390

Fonte: Adaptado de INE (2012).

2.2.Conceito de Micro e PME

A Comissão Europeia (2008, p.22) afirma que “[a]small enterprise is not

simply a smaller version of a large enterprise”, a propósito do quadro contabilístico

aplicável às empresas. Alerta que não é possível aplicar um mesmo modelo

contabilístico a todas as empresas, dado que as pequenas e as grandes empresas

operam de maneiras muito distintas.

Page 28: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

9

Contudo, não há uma opinião unânime sobre a definição de PME, sendo que

as diferenças estão relacionadas com os tamanhos e os componentes a serem

considerados relevantes para este tipo de empresas (Briciu et al., 2009). A

classificação das empresas gera discussão em torno da seleção dos critérios de

classificação, sendo que diferentes países experienciam diferentes critérios,

estabelecidos pelas diferentes situações económicas e, consequentemente, diferentes

resultados financeiros das empresas (Smrekar, 2009).

O IASB recorre a critérios qualitativos para identificar as empresas que caiem

no domínio das PME (Bunea, Săcărin, e Minu, 2012), definindo-as como entidades

que não têm responsabilidade pública e publicam demonstrações financeiras para fins

gerais aos usuários externos (IASB, 2007a). Estes usuários externos incluem

proprietários que não estão envolvidos na gestão do negócio, atuais e potenciais

credores e agências de notação de crédito (IASB, 2009; Elena, Catalina, Stefana, e

Niculina, 2009). Assim, de acordo com o IASB, o tamanho da empresa não a exclui

do âmbito das PME, uma vez que qualquer empresa pode integrar este grupo desde

que não tenha responsabilidade pública (IFRS Foundation, 2010). Porém, as

autoridades reguladoras e organismos de normalização de cada país foram incumbidos

de selecionar os critérios de categorização (Bunea et al., 2012; Elena et al., 2009),

podendo optar por critérios quantitativos para definir o tamanho das PME (IASC

Foundation, 2009a).

Os critérios quantitativos (ativo total, volume de negócios e número médio de

empregados durante o exercício) foram a opção de várias jurisdições (Jarvis e Collis,

2003), nomeadamente na UE, onde a maioria dos Estados-Membros optaram pelos

critérios quantitativos para identificar as PME dos seus países (Bunea et al., 2012) .

2.3.Categorização das Micro e PME em Portugal

Os limites de categorização das empresas foram recentemente alvo de

alteração legislativa, decorrente da Diretiva 2013/34/UE, de 26 de junho (adiante

designada Diretiva da Contabilidade), com implicação efetiva em 2016 por via do

Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho. Novos limites de categorização de empresas

entraram em vigor, no entanto, esta investigação serve-se dos limites que antecedem a

Page 29: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

10

transposição da Diretiva da Contabilidade por serem os que vigoravam aquando do

início deste estudo.

Segue-se um quadro sumário elucidativo dos critérios vigentes até e após a

transposição da Diretiva. Para efeitos deste trabalho, o SNC corresponde ao normativo

vigente até 31 de dezembro de 2015, e o Novo SNC é o diploma que vigora a partir de

1 de janeiro de 2016.

Quadro 1 - Categorização das empresas de acordo com os diversos normativos

Categoria Critérios SNC Diretiva 2013/34/UE Novo SNC

Microentidades

Total do balanço 500 000 € 350 000 € 350 000 €

Volume de negócios

líquido 500 000 € 700 000 € 700 000 €

Nº médio de

empregados 5 10 10

Pequenas

Entidades

Total do balanço 1 500 000 € 4.000.000€/ 6.000.000€ 4 000 000 €

Total de vendas

líquidas e outros

rendimentos

3 000 000 € -- --

Volume de negócios

líquido --

8 000 000 € /

12 000 000 € 8 000 000 €

Nº médio de

empregados 50 50 50

Médias

Entidades

Total do balanço > 1 500 000 € Até

20 000 000 € 20 000 000 €

Volume de negócios

líquido > 3 000 000 €

Até

40 000 000 € 40 000 000 €

Nº médio de

empregados > 50 Até 250 250

Grandes Entidades

Total do balanço > 1 500 000 € > 20 000 000 € > 20 000 000

Volume de negócios

líquido > 3 000 000 € > 40 000 000 €

> 40 000 000

Nº médio de

empregados > 250 > 250 > 250

Fonte: Adaptado de Silva, Anjos e Silva (2015, p. 35) e CNC (2016).

Para o enquadramento da empresa numa determinada classificação é

necessário o cumprimento de, pelo menos, dois dos três limites impostos.

Page 30: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

11

No caso das microentidades, até à transposição da Diretiva da Contabilidade,

vigoravam os limites da Comissão de Normalização Contabilística (CNC), nos termos

do artigo 2.º da Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro, bem como do artigo 2.º do

Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março. Nesta classificação, um dos critérios de

enquadramento diferia entre os grupos categorizados. Enquanto nas microentidades

era considerado o volume de negócios líquido, nas pequenas entidades considerava-se

o total de vendas líquidas e outros rendimentos. Com a transposição da Diretiva da

Contabilidade para o normativo português tal não se verifica.

A Diretiva 2013/34/UE alarga, de um modo geral, os limites considerados para

a definição de microentidades e pequenas entidades. Para a categoria das pequenas

empresas a Diretiva prevê ainda que os Estados-Membros possam alargar os limites

indicados para os seguintes montantes - total do balanço: 6.000.000 € e volume de

negócios líquido: 12.000.000 €.

Com a publicação do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, Portugal adotou

os limites mínimos permitidos na Diretiva da Contabilidade, procurando diminuir o

afastamento relativamente à realidade portuguesa até então, e as consequências que

daí decorreriam, nomeadamente para os preparadores e utilizadores da informação

financeira (Silva et al., 2015).

2.4.Principais características das PME (onde se inclui as Microentidades)

2.4.1. Estrutura da gestão

As PME, nas quais se inserem as microentidades, são, regra geral, empresas

detidas pelos seus proprietários que desempenham igualmente a função de gestores

(Smrekar, 2009; Bunea et al., 2012; Dugdale e Hussey, 1998). De um modo geral,

estas empresas são constituídas por desejo do proprietário que a vê como somente sua

e como um instrumento que lhe confere algum estatuto e importância na sociedade e

no meio onde se encontra (Neag, Masca, e Pascan, 2009). Regra geral, estes

proprietários repudiam qualquer distribuição de poder e decisão e, como tal, travam a

entrada de pessoas estranhas para desempenharem funções de chefia e de gestão

(Neag et al., 2009), primam pela independência e procuram gerir o seu próprio

negócio (Bunea et al., 2012). A sobrevivência e a estabilidade da empresa são

Page 31: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

12

objetivos que se sobrepõem aos de crescimento e maximização do lucro (Neag et al.,

2009). O foco reside no desenvolvimento sustentável a longo prazo ao invés de metas

de curto prazo (Smrekar, 2009), o que sugere que mais importante do que a

rendibilidade da empresa é esta operar de alguma forma no futuro. Subsiste uma visão

clara do negócio em continuidade que muito se deve há forte identificação física do

proprietário/gestor com a empresa (Smrekar, 2009).

Este tipo de estrutura determina que a função da gestão nas PME seja muitas

vezes inexistente, sendo que a prestação de contas desempenha apenas um papel de

agência entre o proprietário/gestor e os bancos (Neag et al., 2009). As pequenas

empresas tomam as declarações de receitas por si só como uma fonte útil e suficiente

de informação (Dugdale e Hussey, 1998). Esta perceção vai diminuindo com o

crescimento e evolução da empresa, pois comportam maiores exigências ao nível do

relato da informação financeira (Neag et al., 2009).

As PME são, regra geral, empresas para a qual trabalham poucos funcionários.

O seu tamanho permite-lhes assim adaptarem-se rapidamente às mudanças do

mercado e a novas situações. São capazes de reorientar de forma célere a sua

atividade de acordo com as exigências dos consumidores e parceiros de negócios

(Smrekar, 2009; Iacob e Buşe, 2010; Rupeika-Apoga, 2014). São dotadas de

flexibilidade ao nível da tecnologia e gestão, e capacitadas para trabalhar com

industriais gigantes (Iacob e Buşe, 2010). A força das PME reside assim na

capacidade de adotarem a mudança e criar inovação (Smrekar, 2009; Strouhal et al.,

2010).

2.4.2. Utilizadores da informação financeira

A literatura sugere que os utilizadores e as suas necessidades de informação

financeira variam de acordo com a natureza das entidades (Canadian Institute of

Chartered Accountants, 2001 citado em Bunea et al., 2012, p.29). Estudos mostram a

complexidade em torno deste tema dada pelas diferenças entre países, utilizadores e

características das empresas (Albu, Albu,e Fekete, 2010).

As demonstrações financeiras das empresas cotadas destinam-se a um grupo

ilimitado e diversificado de utilizadores, nomeadamente atuais e potenciais

investidores, e conselheiros de investimento que dependem das informações

Page 32: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

13

publicadas nas demonstrações financeiras para a tomada de decisão económica

(Bunea et al., 2012; Grabinski et al., 2014). No caso das PME, as entidades fiscais

(Bunea et al., 2012; Albu, 2013; Balsari e Varan, 2014; Jindrichovska, Kubickova, e

Kocmanova, 2014; Sucher e Jindrichovska, 2004; Vellam, 2004; Veneziani e Teodori,

2008; Pasekova et al., 2010; Albu et al., 2010), os bancos (Bunea et al., 2012;

Grabinski et al., 2014; Kirsch e Meth, 2007 citados em Di Pietra et al., 2008) e os

proprietários/gestores (Bunea et al., 2012; Albu, 2013) são apontados como os

principais utilizadores da informação financeira destas empresas.

O fisco, enquanto principal utilizador da informação financeira, edifica-se na

constatação de que a informação financeira carece de orientação para o utilizador,

colando-se excessivamente à legislação fiscal (Walinska e Urbanek (1999) citados em

Vellam, 2004). A função de comunicação que lhe é reconhecida é largamente

ultrapassada pelas funções legais e fiscais (Veneziani et al., 2008). A matéria da

tributação surge no topo das principais finalidades das declarações financeiras das

PME, seguindo-se de fornecer informações aos bancos, determinação do pagamento

de dividendos, fornecer informações aos investidores, proporcionar informação à

gestão e, por outro lado, com menor importância, fornecer informações aos clientes,

fornecedores, funcionários ou a potenciais investidores (Di Pietra et al., 2008).

Neag et al. (2009) apresentam argumentos que apoiam o relato de informação

financeira das PME, incidindo essencialmente na lista de utilizadores apontada pelo

IASB, que nomeia as instituições de crédito como o principal utilizador da informação

financeira. Os autores evidenciam a especial importância dada pelo IASB a esta

categoria de utilizadores pelo posicionamento que lhes é concedido a esse propósito

no projeto das IFRS para PME, que arranca com “the banks that give loans to SMEs”

(Neag et al., 2009, p.34). O posicionamento das instituições de crédito poder-se-á

suportar no facto deste tipo de empresas recorrerem essencialmente ao crédito

bancário para se financiarem, ao contrário das empresas cotadas que geralmente

procuram financiamento através da venda de ações (Neag et al., 2009). Em geral, as

PME não estão cotadas e por isso não existe um mercado regulamentado para que

possam ser negociadas as suas ações. Ainda nesta ótica, recorrer a um empréstimo

bancário torna-se mais acessível e exequível do que aguardar pelo interesse de um

investidor no desenvolvimento de uma pequena empresa (Neag et al., 2009). Por outro

lado, como já exposto, a constituição de muitas das pequenas empresas nasce do

Page 33: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

14

desejo do proprietário que não aceita a distribuição do seu poder, bloqueando a

intervenção de outras pessoas na gestão e tomada de decisão. Congruente com estes

registos serve, a título de exemplo, o caso das empresas polacas, maioritariamente

PME, onde os empréstimos bancários têm sido a fonte de financiamento mais

recorrente depois do recurso a fundos próprios da empresa (Grabinski et al., 2014). As

empresas portuguesas têm os bancos como principal fonte de financiamento

(Rodrigues e Guerreiro, 2004). Tavares, Pacheco e Almeida (2015) analisaram o

financiamento das pequenas e médias empresas do distrito do Porto, em Portugal, e

concluíram que o crédito bancário é a principal fonte de financiamento deste tipo de

empresas, seguindo-se o autofinanciamento.

Na mesma lista dos utilizadores da informação financeira do IASB, seguem-se

os clientes e vendedores e, por fim, os acionistas das PME que são também os

gestores. O posicionamento dos acionistas/gestores é amplamente reforçado pelo

IASB quando afirma que fornecer informações para os empresários em nome

individual de forma a ajudá-los nas decisões administrativas não é objetivo do projeto

das IFRS para PME (IASB, 2007b). Esta ideia é ainda sustentada no facto de que os

gerentes podem ter acesso a qualquer informação que necessitem para gerir o seu

negócio, e que muitas vezes as PME produzem demonstrações financeiras apenas para

uso dos seus empresários, para satisfazer requisitos fiscais ou outras obrigações legais,

tornando-as, deste modo, deficitárias para finalidades gerais (IASC Foundation,

2009b).

Esta lista de utilizadores da informação financeira apresentada pelo IASB, à

semelhança de outras listas, não é consensual. À exceção do fisco e dos bancos que

repetidamente surgem no topo da lista de utilizadores, os restantes assumem as mais

variadas posições. Por exemplo, Veneziani e Teodori (2008) ordenam os

financiadores, seguidos dos fornecedores, acionistas, clientes e, por fim, a imprensa

local. Uma lista em parte divergente das listagens anteriormente aludidas.

Estudos revelam que alguns dos utilizadores da informação financeira

estabelecem relações especiais com as PME, exigindo documentos complementares

de acordo com o tipo de relação estabelecida (Veneziani e Teodori, 2008). Os bancos

exigem menos relatórios financeiros do que os acionistas na medida em que dispõem

de acesso privado aos gestores das empresas, exigindo e obtendo destes a informação

que necessitam (Soderstrom e Sun, 2007).

Page 34: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

15

Di Pietra et al. (2008) apontam que existem diferenças significativas ao nível

dos utilizadores das PME menores e maiores. Os autores citam Kirsch e Meth (2007),

que identificam três categorias de PME de acordo com o tipo de utilizadores:

PME de menor dimensão – empresas geridas pelos seus proprietários e com

os bancos a assumirem o papel de principal utilizador da informação

financeira. Neste caso, os bancos não dependem da informação financeira

constante das demonstrações financeiras publicadas uma vez que têm poder

para exigir e obter a informação que necessitam junto da empresa. As

demonstrações financeiras assumem um papel de feedback (verificação);

PME um pouco maiores – empresas com alguns acionistas externos que,

regra geral, têm o direito e o poder de exigir informação interna. As

demonstrações financeiras publicadas assumem também um papel de

feedback (verificação);

PME grandes – empresas com acionistas maioritariamente externos, que

dependem das informações com valor preditivo para a tomada de decisões.

2.4.3. Limitações

As dificuldades relacionadas com as fontes de financiamento disponíveis e o

acesso restrito ao capital ou ao crédito consagram algumas das principais limitações

das PME (Neag et al., 2009; Smrekar, 2009; Strouhal et al., 2010; Amorós e Bosma,

2014; Rogerson, 2008; Harvie, Oum, e Narjoko, 2011; Grabinski et al., 2014;

Rupeika-Apoga, 2014). Estas sentem a falta de vontade dos mercados financeiros em

assumirem riscos com as poucas garantias que este tipo de empresas oferece às

instituições financeiras (Strouhal et al., 2010; Neag et al., 2009; Rupeika-Apoga,

2014). Na Europa, os recursos financeiros externos disponíveis ainda se limitam aos

empréstimos bancários, descobertos bancários e créditos comerciais (Rupeika-Apoga,

2014). Recursos como títulos, capital de risco e outros fundos não são tão comuns no

domínio europeu, sendo que a disponibilidade destes e restantes recursos financeiros

externos dependem largamente do nível de desenvolvimento da empresa (Rupeika-

Apoga, 2014).

Por sua vez, o desempenho e desenvolvimento das PME está relacionado com

o acesso ao financiamento (Mazanai e Fatoki, 2012; Aminu e Shariff, 2015; Harvie et

Page 35: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

16

al., 2011; Amorós e Bosma, 2014; Rogerson, 2008), sendo que a ausência de

financiamento contribui significativamente para o fraco desenvolvimento deste tipo de

empresas (Amorós e Bosma, 2014; Rogerson, 2008). O crescimento, a geração de

emprego, a rendibilidade, o desempenho das exportações, a eficiência, a

produtividade e os retornos das PME são barrados pelo acesso insuficiente ao

financiamento (Harvie et al., 2011). Uma análise conduzida pelo Banco Central

Europeu (BCE) na zona euro acerca do acesso ao financiamento das PME concluiu

que em 2013 o acesso ao financiamento consagrava o segundo problema mais grave

enfrentado pelas PME europeias, sendo o primeiro a procura de clientes (Rupeika-

Apoga, 2014).

A falta de conhecimento das condições de crédito, carências ao nível da

análise de desempenho financeiro, o maior risco inerente à falta de experiência dos

proprietários (Neag et al., 2009) e a estrutura simples que frequentemente dificulta o

acesso a operações internacionais pela falta de pessoal especializado, capaz de

responder às exigências do mercado externo (Smrekar, 2009), são igualmente fatores

limitadores.

Muito embora reconheçam o potencial das PME para o desenvolvimento da

economia nacional, Iacob e Buşe (2010) admitem igualmente que o sucesso comercial

das empresas é embargado por problemas ao nível da contabilidade, marketing,

finanças, produção e exploração, gestão de recursos humanos e implementação de

sub-componentes tecnológicos de informação.

O ingresso das PME no mercado transfronteiriço, além de esbarrar com a

problemática dos recursos financeiros e especialização dos recursos humanos,

enfrenta um obstáculo ainda maior, a existência de 27 sistemas contabilísticos

distintos dentro da EU (Strouhal et al., 2010). As diferenças que prevalecem no

enquadramento jurídico, nas normas contabilísticas, nos sistemas de tributação, o

acesso limitado aos mercados de capitais, os fatores cultural e linguísticos poderão

suster a baixa representatividade das PME no mercado único europeu (Strouhal et al.,

2010).

Page 36: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

17

3. A informação financeira

3.1.A importância da informação financeira

O mercado tornou-se demasiado exigente em diversos campos, sendo que o

impacto tecnológico das últimas décadas provocou profundas alterações na

organização das empresas, no seu ambiente de trabalho, no modo como interagem

com outras empresas e ainda na forma como a riqueza é percebida e valorizada (Iacob

e Buşe, 2010). Hoje, o sucesso e a sobrevivência de um mercado firme residem

essencialmente no domínio da informação, sendo que uma nova era na história da

humanidade é marcada por uma economia edificada na informação e conhecimento

(Iacob e Buşe, 2010).

Como pode ser definida a informação financeira? Porquê produzir informação

financeira? Para quem se destina? Estas questões são pertinentes e complexas na

medida em que com a abertura dos mercados económicos dos vários países são vários

os intervenientes nas operações económicas, com interesses e objetivos distintos. Dar

resposta à procura de informação por parte de um conjunto muito heterogéneo de

interesses é consequência do atual mercado económico.

Já lá vai o tempo em que as empresas procuravam fazer algum tipo de registos

contabilísticos para seu controlo interno apenas. Nesse tempo, a informação produzida

era meramente para uso interno, sendo o seu principal utilizador o proprietário/gestor

do negócio (Bonatto, Oliveira, Mauss, Bleil, e Santos, 1999; Hendriksen e Breda,

1999; Marion, 2005; Crepaldi, 2007; Deegan e Unerman, 2011). Hoje, os registos

contabilísticos são de medida incomparável, e a função de controlo interno que até

então se verificara foi sendo arrebatada pela função de comunicação, que com a

abertura dos mercados tornou-se premente e de maior exigência (Crepaldi, 2007). Os

registos contabilísticos constituem hoje o produto da Contabilidade: a Informação

Financeira.

De acordo com Tavares Lopes (2009), a Contabilidade é entendida como

sendo a ciência que tem por objeto de estudo o património das entidades e por

objetivo transformar dados em informações úteis à tomada de decisão dos seus

utilizadores, internos e externos. Antão, Gonçalves, Sousa, Pereira, e Figueiredo

(2009) assinalam a importância da informação financeira para a gestão da empresa.

Apontam que a contabilidade é um sistema de informação relevante para que os

Page 37: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

18

gestores/proprietários sejam capazes de gerir os seus negócios, num ambiente

competitivo, e possam tomar decisões com base em informação que previna falha nos

negócios (Antão et al., 2009). Um entendimento um tanto divergente do IASB, que

tende a desvalorizar os acionistas/gestores pelo posicionamento que lhes prestam na

sua lista de utilizadores da informação financeira.

O papel da Contabilidade e da informação financeira para o sucesso das

empresas foi estendido às pequenas empresas, nomeadamente pela Direção Geral de

Empresa e Indústria (DGEI) da UE, que implementou um projeto destinado às

pequenas empresas, no sentido de auxiliar os gestores/proprietários destas empresas

na implementação de um sistema contabilístico que permitisse a tomada de melhores

decisões (Antão et al., 2009). O projeto denominado Requirements for accounting

systems from the point of view of small enterprises, foi reconhecido pelo Enterprise

Programme Management Committee (EPMC), entidade da Comissão Europeia, e

culminou no relatório Accounting systems for small enterprises – recommendations

and good practices. Neste relatório é divulgado um conjunto de práticas e orientações

contabilísticas que visam a melhoria do sistema contabilístico das pequenas entidades,

promovendo a contabilidade como um sistema de informação financeira adequado à

tomada de decisão de gestores/proprietários e outros interessados (Antão et al., 2009).

3.2.Harmonização e comparabilidade da informação financeira

A regulamentação dos relatórios financeiros das PME é diferente em vários

países (Iacob e Buşe, 2010). Alguns deles dispõem de normas nacionais de

contabilidade para serem aplicadas pelas empresas de menor dimensão, ao passo que

noutros países as pequenas empresas estão sujeitas ao mesmo regulamento

contabilístico que as grandes empresas cotadas (Smrekar, 2009). As soluções

contabilísticas nacionais e internacionais são diversas, e refletem a falta de adaptação

do sistema contabilístico às necessidades das pequenas e médias empresas,

principalmente as que operam no mercado internacional (Smrekar, 2009).

Ainda assim, na Europa, a comparabilidade da informação financeira tem

vindo a aumentar por via do processo de harmonização, sendo que o IASB é apontado

como o grande responsável deste processo. A comprovar vem o facto de mais de 100

Page 38: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

19

países aplicarem ou procurarem conformidade com as IAS/IFRS (Smrekar, 2009;

Kaytmaz Balsari e Varan, 2014; Elena et al., 2009).

A comparabilidade da informação financeira que até então cingia-se às

empresas cotadas foi reconhecida como uma necessidade de todas as empresas,

nomeadamente das PME. Foi igualmente reconhecido que as IFRS que beneficiavam

a comparabilidade da informação financeira não eram adequadas às PME pela

complexidade e exigências da sua implementação (Neag et al., 2009). Acresce que as

necessidades de informação financeira das PME são significativamente diferentes das

necessidades das grandes empresas, assim como os requisitos de informação deverão

assumir sempre a relação custo-benefício da sua produção (Iacob e Buşe, 2010; Bunea

et al., 2012). É neste contexto que, em julho de 2009, o IASB emitiu a International

Financial Reporting Standards for Small and Medium-sized Entities (IFRS para

PME). A publicação desta norma visa a simplificação das IFRS gerais adequando-as

às necessidades e recursos das PME, empresas que assumem uma posição importante

na economia mundial e como tal a informação financeira por elas relatada deve

assumir a mesma importância (Neag et al., 2009).

De acordo com Smrekar (2009), as razões que estiveram na origem do projeto

de IFRS para PME foram, sucintamente:

A avaliação da concessão e condições de créditos transfronteiriços pelas

instituições financeiras às PME;

A avaliação de transações de bens ou de vendas a crédito pelos

fornecedores a potenciais compradores de outros países;

Os bancos e outras instituições que operam em vários países desenvolverem

muitas vezes classificações semelhantes às avaliações uniformes

transfronteiriças das agências de rating de crédito;

A avaliação pelas PME de parcerias negociáveis viáveis e de longo prazo

com eventuais fornecedores de outros países;

O financiamento transfronteiriço de PME por empresas de capital de risco;

Existem PME que têm investidores externos, nomeadamente investidores

que estão localizados em jurisdições diferentes da empresa na qual

investiram, que não estão envolvidos na gestão diária da empresa.

Page 39: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

20

3.2.1. Obstáculos ao processo de harmonização para as PME

O processo de harmonização por via da adoção das IFRS firmou-se como

estritamente necessário e inevitável, assinaladamente para as PME. Em todo o mundo,

economias desenvolvidas e emergentes demandavam um conjunto rigoroso e comum

de normas de contabilidade para as pequenas empresas (IFRS Foundation, 2010;

Elena et al., 2009). O IASB tem-se empenhado no desenvolvimento de normas

contabilísticas financeiras harmonizadas que satisfaçam as demandas internacionais

(Elena et al., 2009). A IFRS para PME é resultado desse empenho.

Muitas economias emergentes reconhecem na IFRS para PME um potencial

gigantesco para a melhoria da qualidade dos relatórios financeiros e de atração de

capital estrangeiro (Bohušová e Blašková, 2012; Quagli e Paoloni, 2012). Já em

muitos países desenvolvidos, o projeto para as PME é encarado com alguma

desconfiança (Quagli e Paoloni, 2012).

Iacob e Buşe (2010, p.123) consideram que “The idea of developing separate

accounting rules for small businesses is undoubtedly beneficial” mas são vários os

obstáculos que persistem na sua implementação. Além dos diferentes enquadramentos

legais dos vários países existem diferenças ao nível do desenvolvimento económico,

da cultura e da política, que conjugados com fatores ambientais específicos das PME

intervêm criticamente na harmonização das práticas contabilísticas para este grupo de

entidades (Smrekar, 2009).

A relação custo-benefício para as PME amplia o leque de críticas às IFRS, e é

uma das mais acenadas pelos críticos do meio que acusam o custo excessivo incorrido

na preparação de demonstrações financeiras de acordo com as normas internacionais

para os benefícios que daí advêm (Smrekar, 2009; Albu, 2013; Mullerova, Pasekova,

e Kubickova, 2010a). A complexidade das IFRS, a insuficiente preparação dos

profissionais da contabilidade das PME, a legislação nacional e as diferentes soluções

contabilísticas são algumas das razões para a dificuldade na adoção das IFRS pelas

PME (Smrekar, 2009).

Assim, o projeto International Financial Reporting Standards for Small and

Medium-sized Entities (IFRS para PME), que visa suavizar o processo de adoção das

IFRS pelas PME, tem sido contestado um pouco por toda a Europa (Neag et al.,

2009).

Page 40: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

21

3.2.2. IFRS para PME

O desenvolvimento de um normativo específico aplicável às pequenas e

médias empresas não é uma novidade do IASB, dado que mesmo antes da publicação

da IFRS para PME, já muitos países haviam aplicado um normativo para este grupo

de empresas (Bunea et al., 2012). Porém, ainda assim, o padrão contabilístico global

aplicável às PME é reconhecido como um passo gigante para a convergência das

práticas contabilísticas das PME com os padrões globais, contribuindo para o reforço

da qualidade e comparabilidade das demonstrações financeiras destas empresas, que

passam deste modo a ser percebidas pelo mercado internacional, o que pode, a título

de exemplo, desbloquear o acesso ao financiamento apontado como uma das

principais limitações ao desenvolvimento deste tipo de entidades (Ian Ball, IFAC

Chief Executive citado em Neag et al., 2009). Porém, a IFRS para PME pode revelar-

se ainda demasiado complexa para as microentidades (Neag et al., 2009).

Teoricamente, as microentidades são um subgrupo das pequenas e médias empresas,

mas as instituições internacionais da UE não reconhecem a existência deste subgrupo,

incluem-no no grupo das PME (Neag et al., 2009).

De acordo com o IASB, mais de 50 jurisdições decidiram que o conjunto de

IFRS integral deve ser obrigatório ou permitido para todas as empresas. Suportado

neste facto, o IASB considera que se um conjunto completo de IFRS é adequado a

todas as empresas, a IFRS para PME será certamente adequada e suportável pelas

microentidades (Neag et al., 2009). Opinião não partilhada por Neag et al.(2009) que

afirmam que a IFRS para PME não deveria ser obrigatória para todas as empresas.

Defendem que, no âmbito da normalização contabilística global, o reconhecimento

das microentidades enquanto grupo com necessidades específicas de informação é

fundamental. E, vão mais longe, acusando o desprendimento do IASB pelas

microentidades quando exige destas a aplicação da IFRS para PME, afastando a

hipótese do desenvolvimento de uma norma específica para as microentidades.

A IFRS para PME destina-se às empresas não cotadas. Por conseguinte, o

tamanho da empresa não é determinante para que a empresa possa adotar o padrão

simplificado, sendo o único fator decisivo a sua condição em termos de

responsabilidade pública, se tem ou não (Elena et al., 2009; Strouhal et al., 2010). No

entanto, é esperado que um grupo de empresas seja constituído por entidades com

características e necessidades semelhantes de forma a tornar o grupo o mais

Page 41: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

22

homogéneo tanto quanto possível. A homogeneidade do grupo determina o sucesso

das medidas adotadas para satisfazer necessidades e lacunas que se acreditam ser

comuns. Tal não se verifica no grupo das empresas não cotadas. Nerudova e

Bohusova (2008) apontam, com base em resultados de estudos empíricos, que o

principal problema das IFRS parece ser a sua adequação a todos os tipos de PME. A

título de exemplo, e segundo os mesmos autores, as microempresas checas são menos

envolvidas em atividades transfronteiriças comparativamente com as pequenas e

médias empresas. Neag et al. (2009) notam que no grupo das PME podem ser

identificados dois grupos: empresas não cotadas grandes e empresas não cotadas

pequenas. Esta distinção prende-se precisamente com as suas necessidades e

interesses. A categoria das grandes tem um maior interesse na comparabilidade da

informação financeira e na promoção da empresa, dispondo de alguns recursos

financeiros para o efeito. Reconhecem a importância que a informação financeira

comparável tem no processo de ascensão da empresa, e portanto estarão mais

recetivas à adoção da IFRS para PME. A outra categoria é constituída pelas

microentidades. Estas estão do lado oposto às grandes empresas não cotadas, ou seja,

são desprovidas de interesse nos benefícios que advêm da informação financeira

comparável, os recursos financeiros são escassos, o que sugere a baixa possibilidade

de adotarem a IFRS para PME.

Sellhorn e Gornik-Tomaszewski (2006) evidenciam a heterogeneidade do

grupo das empresas não cotadas distinguindo três categorias: 1) grandes empresas não

cotadas, publicamente responsáveis, que deverão adotar as IFRS completas; 2)

empresas não cotadas, sem responsabilidade pública, mas que publicam as

demonstrações financeiras para fins gerais para utilizadores externos e, portanto,

devem aplicar a IFRS para PME, e por fim, 3) pequenas empresas não cotadas que

produzem informação financeira apenas para os proprietários/gerentes e autoridades

fiscais, e por isso deverão, mediante decisão das jurisdições nacionais, optar pela

IFRS para PME ou pelas regras contabilísticas nacionais.

A literatura sugere que as várias jurisdições não apresentam um

comportamento padrão relativamente à adoção da IFRS para PME. A complexidade

do tema da IFRS para PME é mais do que evidente e reside sobretudo na

heterogeneidade do grupo destinatário. Verificar em que medida as necessidades de

informação diferem de uma PME maior para uma PME menor aferia certamente

Page 42: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

23

conclusões importantíssimas. A título de exemplo, poderia demonstrar que as

necessidades das PME menores não justificam a adoção das normas internacionais,

bastando um sistema contabilístico nacional para satisfazer as necessidades de um

ambiente económico tão específico como o deste grupo de empresas (Evans et al.,

2005 citado em Albu et al., 2010). Este tipo de análise não foi considerado pelo IASB

aquando regulamentação do projeto para as PME (Schiebel, 2008).

Schiebel (2008) argumenta que o IASB não identificou as necessidades de

informação dos utilizadores externos das demonstrações financeiras das PME, não

estudou o tipo de informação que estes utilizadores requerem das PME, cingindo-se

apenas às considerações dos órgãos reguladores, dos profissionais e académicos da

área da contabilidade, não atendendo a qualquer parecer dos preparadores da

informação financeira e dos utilizadores da informação financeira das PME. A

argumentação de Schiebel (2008) poder-se-á suster no critério simples do IASB

relativamente a quem deve aplicar a IFRS para PME: empresas sem responsabilidade

pública. Evidencia-se a falta de sensibilidade do IASB a outros critérios relevantes,

que conjugados compilariam um destinatário alvo ao qual deveras se adequasse a

IFRS para PME. Alguns autores questionam mesmo a legitimidade do IASB para a

condução do projeto de IFRS para este tipo de empresas (Neag et al., 2009; Kılıç et

al., 2014; Mantzari, Liew, e Mantzaris, 2009).

Compatibilidade fiscal da IFRS para PME

A compatibilidade da IFRS para PME com os fins fiscais é pertinente e de

especial relevância (Neag et al., 2009).

A propósito do projeto de IFRS para PME, e já aludido neste estudo, o IASB

expõe que muitas vezes as PME produzem demonstrações financeiras apenas para uso

dos seus proprietários, para satisfazer obrigações fiscais e legais. O posicionamento

do IASB relativamente a esta forma de estar das PME é mordaz, alertando que as

demonstrações financeiras produzidas nestes moldes não respondem à finalidade geral

que se pretende com o projeto (IASB, 2007b). Evidencia-se a incompatibilidade da

IFRS para PME com a vertente fiscal e legal tão forçosamente idolatrada pela

contabilidade das PME.

Page 43: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

24

Vários estudos evidenciam a problemática da incompatibilidade das IFRS com

os requisitos fiscais dos países e a estreita ligação entre contabilidade e o domínio

fiscal (Nerudova e Bohusova, 2008; Mullerova et al., 2010a; Paseková et al., 2010;

Bunea et al., 2012; Elena et al., 2009; Grabinski et al., 2014; Iacob e Buşe, 2010;

Kaytmaz Balsari e Varan, 2014).

Produzir relatórios financeiros que satisfaçam as necessidades dos

proprietários, que satisfaçam as exigências fiscais das instituições governamentais, e

que satisfaçam as exigências dos padrões internacionais é a solução que o IASB muito

elegantemente quer impor, contudo incomportável pelas PME, onde os recursos

financeiros são escassos (Neag et al., 2009). A produção de relatórios financeiros

distintos que satisfaçam a contabilidade e a tributação tem impacto no mercado. Para

além do custo de produzir dois relatórios financeiros distintos, emerge a credibilidade

dos resultados divulgados, dado que a uma mesma empresa lhe poderão estar

associados resultados diferentes (Iacob e Buşe, 2010).

Como forma de equilibrar os custos administrativos significativos suportados

com os relatórios financeiros, nomeadamente com os relatórios fiscais, as PME

procuram relatar informações que lhes permitam reaver algum do imposto suportado.

Procuram igualmente selecionar critérios valorimétricos que não entrem em conflito

com as regras fiscais. Porém, os relatórios financeiros produzidos nestes moldes não

são relevantes para os credores bancários, proprietários de capital, parceiros de

negócios, entre outros utilizadores (Iacob e Buşe, 2010). Bunea et al.(2012) apontam

que os contabilistas das pequenas e médias empresas preferem manter, sempre que

possível, as políticas contabilísticas consistentes com as regras fiscais, enumerando

várias razões para tal. Evitar reconciliações entre o resultado contabilístico e o

resultado fiscal, a dificuldade em convencer os administradores e proprietários de

pequenas empresas a suportar os custos mais elevados com os ajustes de software que

assegurem a aplicação de regras contabilísticas, diferentes das regras fiscais, e

adequadas ao negócio, o nível de formação dos contabilistas das pequenas empresas

acerca da importância dos relatórios financeiros, entre outros, são algumas das razões

enumeradas pelos mesmos autores.

Page 44: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

25

Prós e contras da IFRS para PME

A IFRS para PME publicada em julho de 2009 é o resultado de cinco anos de

trabalho do IASB e, muito embora a legitimidade do IASB para a emissão dessa

norma tenha sido amplamente debatida (Neag et al., 2009; Kılıç et al., 2014; Mantzari

et al., 2009), nomeadamente ao nível do seu conhecimento e experiência no campo da

contabilidade das pequenas empresas (Mantzari et al., 2009), a verdade é que foram

vários os países que procuraram adotar as normas internacionais de forma a colocar as

suas PME na vanguarda da economia europeia e mundial por via da harmonização

contabilística.

O projeto da IFRS para PME é assim provido de prós e contras.

Argumentos a favor da IFRS para PME

A adoção da IFRS para PME estriba-se na maior fiabilidade,

compreensibilidade, eficácia (Kılıç et al., 2014), transparência, comparabilidade e

universalidade dos relatórios financeiros (Neag et al., 2009; Pacter, 2004; Evans et al.,

2005; Strouhal et al.,2010; Kılıç et al., 2014). Estes, por sua vez, viabilizam um

conjunto de melhorias para as empresas: gestão e marketing mais eficientes (Marten

et al., 2002 citado em Strouhal et al., 2010), redução da incerteza do investidor e

consequente redução do custo de capital, melhor e maior comunicação entre as

empresas e os utilizadores das suas demonstrações financeiras, maior qualidade da

informação financeira que viabiliza tomadas de decisão mais oportunas e eficazes pela

gestão, possibilidade de uma maior cooperação com empresas estrangeiras e,

consequentemente, aumento de oportunidades de investimento por parte de

investidores externos e aumento da carteira de clientes e de prestadores de serviços

(Strouhal et al.,2010).

Especial destaque é dado para a comparabilidade e o seu efeito no acesso aos

recursos financeiros. O estudo de Kılıç et al. (2014) permite aferir que a

comparabilidade das demonstrações financeiras é o maior contributo da adoção da

IFRS para PME. A primazia da comparabilidade é corroborada noutros estudos,

reconhecendo que a IFRS para PME aumentará a comparabilidade da informação

financeira a nível nacional e internacional (Albu et al., 2010; Madawaki, 2012; Uyar e

Güngörmüş, 2013). A informação financeira produzida de acordo com os padrões

Page 45: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

26

internacionais, que a torna percebível e comparável, promove a confiança dos

parceiros de negócios, traduzindo-se em menores custos de empréstimos e num maior

desenvolvimento de negócios (Strouhal et al., 2010). Esta última ideia é partilhada por

Kılıç et al. (2014), onde no estudo levado a cabo, os seus inquiridos concordam que a

IFRS para PME irá melhorar as oportunidades de financiamento junto do setor

bancário. Kim, Tsui e Yi (2011) estudaram o efeito da adoção das IFRS no

financiamento das empresas pelos bancos. De acordo com as suas conclusões, os

bancos aplicam taxas de endividamento menores e outras condições mais favoráveis

às empresas que adotam as IFRS.

A IFRS para PME facilita a transição para o conjunto completo de IFRS

aquando crescimento das PME (Kılıç et al., 2014). É-lhe reconhecida a função de

infraestrutura para as empresas em crescimento e que se preparam para integrar em

mercados de capitais públicos (Elena et al., 2009).

Argumentos contra a IFRS para PME

As necessidades dos utilizadores, os custos e outros encargos impostos pela

adoção da IFRS para PME não foram considerados aquando da publicação do projeto

destinado às PME (Neag et al., 2009).

O custo total de produzir informação de acordo com os padrões internacionais

excede os benefícios que provêm dessa informação (Neag et al., 2009; Alfredson et

al., 2009; Kılıç et al., 2014; Strouhal et al., 2010). Custos relacionados com a

formação, novo software de contabilidade, alterações nos sistemas de informação,

reformatação das demonstrações financeiras, aquisição de material contabilístico

atualizado e a necessidade de serviços de consultoria tornam o processo de adoção das

IFRS pelas PME demasiado oneroso (Tyrrall, Woodward, e Rakhimbekova, 2007;

Taylor, 2009; Winney, Marshall, Bender, e Swiger, 2010; Bunea-Bontas, Petre, e

Petroianu, 2011).

Embora a IFRS para PME resulte de uma série de revisões ao conjunto

integral de IFRS, das quais resultaram a omissão de temas irrelevantes, a

simplificação de requisitos ao nível do reconhecimento e mensuração e a redução do

número de divulgações (Albu et al., 2010; Müllerova, Pasekova, e Hyblova, 2010b),

leva alguns profissionais da contabilidade a considerar que, mesmo assim, a IFRS

Page 46: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

27

para PME é um fardo para as empresas (Kılıç et al., 2014). Por outro lado, na ausência

de orientações específicas acerca de determinado assunto as PME deverão recorrer

aos requisitos e às considerações previstas nas IFRS completas que abordam questões

similares e, por conseguinte, suportar os custos que daí decorrem. O propósito da

IFRS para PME que se prende com a desburocratização e alívio de custos que

decorrem do normativo integral desmorona-se. Neag et al. (2009) referem mesmo que

a IFRS para PME é uma mera simplificação das IFRS completas.

As demonstrações financeiras das PME devem proporcionar informação

relativa aos fluxos de caixa de curto prazo, liquidez, balanço, cobertura de juros e

problemas de solvência (Neag et al., 2009). Algumas destas principais necessidades

dos utilizadores da informação financeira das PME são desconsideradas no projeto.

A incompatibilidade das normas internacionais com as regras fiscais dos

países também não abona a adoção das IFRS, sobretudo quando o lucro contabilístico

é a base do imposto. Nestes casos, as empresas procurarão relatar o lucro

contabilístico de acordo as normas nacionais que estarão em consonância com as

regras fiscais do país (Strouhal et al., 2010). E mesmo que as normas internacionais

sejam adotadas, nomeadamente a IFRS para PME, acredita-se que as empresas

continuarão a preparar demonstrações financeiras para fins fiscais (Ballas, Skoutela, e

Tzovas, 2010), o que revelar-se-á incomportável.

A morosidade do processo de adoção das IFRS é um outro desafio. A

conversão da informação financeira para os parâmetros internacionais é demorada e

dispendiosa, especialmente para as empresas com quantidade de ativos significativa e

para as empresas que até então não eram obrigadas a cumprir com os padrões

internacionais, beneficiando de muitas simplificações permitidas pelas regras

nacionais que não são admitidas pelos regulamentos internacionais (Strouhal et al.,

2010).

A visão das PME relativamente à informação financeira e ao seu propósito não

favorece igualmente a adoção das IFRS, dado que uma grande maioria mantém

registos contabilísticos para que possam ser apuradas e cumpridas as obrigações

fiscais, e raramente os utiliza para fazer face a questões relativas com a gestão

(Strouhal et al., 2010).

Page 47: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

28

A IFRS para PME revela-se, assim, demasiado complexa e detalhada. O facto

das normas internacionais assentarem em princípios ao invés de regras pode justificar

a complexidade que lhes é apontada (Kılıç et al., 2014). Esta filosofia das normas

internacionais exige um julgamento profissional para o qual muitos profissionais da

contabilidade não estão devidamente preparados dado estarem familiarizados com

normativos baseados em regras (Chand, Patel, e Patel, 2010). O processo de transição

exige um elevado nível de educação e qualificação destes profissionais (Strouhal et

al., 2010).

Depois de termos discutido sobre a importância da informação financeira e dos

argumentos pró e contra normas contabilísticas específicas para as PME, vamos de

seguida apresentar a situação contabilística portuguesa.

Page 48: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

29

4. A normalização contabilística em Portugal

4.1.Evolução legislativa contabilística em Portugal e seu enquadramento

na evolução contabilística da União Europeia

O sistema contabilístico de um país é determinado pelo seu meio envolvente,

político, económico, social e legal (Rodrigues, Schmidt, Santos, e Fonseca, 2011). A

internacionalização e globalização da economia tornaram premente a necessidade de

eliminar obstáculos à comparabilidade da informação financeira. É neste contexto que

Portugal mergulha num processo de reformulação das práticas contabilísticas

caracterizado por um fenómeno de harmonização e normalização internacional.

O processo de normalização contabilística em Portugal teve início no século

XX com a aprovação do Código de Contribuição Industrial (CCI), em 1963. A

referência aos “princípios da contabilidade” no 22.º artigo do CCI denota-lhe a função

de arranque da normalização contabilística portuguesa (Guimarães, 2011; Caria e

Rodrigues, 2014). O CCI vigorou até 1988 e desempenhou um papel preponderante

na tributação das empresas que, até então, era calculado sobre os lucros presumidos e

que passou a ser feito com base nos lucros reais após emissão do código, elevando o

papel da contabilidade.

Segue-se, em 1977,a aprovação do primeiro Plano Oficial de Contabilidade

(POC) como Decreto-Lei n.º 47/77, de 7 de fevereiro (POC/77), abrangendo a

generalidade das entidades, com exceção das instituições de crédito e de seguros. Este

plano não previa a consolidação de contas, que mais tarde veio a ser incluída por força

da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE). Pelo mesmo

Decreto-Lei (47/77, de 7 de fevereiro) foi criada a Comissão de Normalização

Contabilística (CNC). Em 1980, com a publicação da Portaria n.º 819/80, de 13 de

outubro, são definidas as atribuições, organização e funcionamento da CNC, órgão

tecnicamente independente, embora funcionando, administrativa e financeiramente,

no âmbito do Ministério das Finanças e do Plano, a quem fora incumbido o

aperfeiçoamento e a divulgação da normalização contabilística nacional. Mais tarde, a

Portaria n.º 262/87, de 3 de abril, redefiniu as atribuições e funcionamento da

Comissão.

Em 1986, com a adesão de Portugal à CEE (atual UE), a CNC é forçada a

reformular o POC de modo a ajustá-lo às práticas e teorias europeias, transpondo para

Page 49: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

30

o cenário interno as Diretivas que tratassem matérias não previstas no plano

contabilístico português. A desatualização do POC/77 ao novo cenário português era

evidente, e o ajustamento do POC à nova realidade era inevitável. É neste contexto

que é publicado o Decreto-Lei n.º 410/89, de 21 de novembro, que revoga o Decreto-

Lei n.º 47/77 e demais legislação complementar. O POC de 1989 é uma versão

ajustada à Diretiva nº 78/660/CEE (Quarta Diretiva do Conselho) relativa às contas

anuais de determinadas formas de sociedade. Em 1991, segue-se uma nova revisão

com a publicação do Decreto-Lei n.º 238/91, de 2 de julho, que transpõe para a ordem

jurídica interna a Diretiva n.º 83/349/CEE (Sétima Diretiva do Conselho) relativa às

normas de consolidação de contas e as respetivas demonstrações financeiras

consolidadas.

Sucedem-se a emissão de Diretrizes Contabilísticas (DC) e interpretações

técnicas pela CNC. As DC, que se pretendiam de aplicabilidade generalizada a todas

as entidades portuguesas, estavam alinhadas com a orientação traçada pela UE,

revelando-se, deste modo, fortemente influenciadas pelas normas internacionais de

contabilidade. Verificou-se, no entanto, que algumas DC aprofundavam em demasia

determinados assuntos, e outras limitavam-se a uma abordagem muito superficial. De

acordo com Guimarães (2007), a tentativa de reduzir o conteúdo das DC tornou-as

insuficientes e, em determinados casos, incoerentes e desenquadradas. Ainda assim,

as DC evidenciam o esforço da CNC numa aproximação aos procedimentos

contabilísticos do IASB, na tentativa de um paralelismo do desenvolvimento

contabilístico português com o desenvolvimento contabilístico comunitário,

estrategicamente bem definido pela busca da harmonização e uniformização da

informação financeira.

Em 2002, fruto da estratégia contabilística europeia, é publicado pela EU o

Regulamento n.º 1606/2002, de 19 de julho, que prevê, a partir de 2005, a

obrigatoriedade das normas internacionais de contabilidade para as contas

consolidadas das sociedades de qualquer Estado-Membro, cujos títulos sejam

negociados num mercado regulamentado. A extensão deste normativo às restantes

contas e entidades ficou à consideração de cada Estado-Membro. No caso português a

obrigatoriedade coube apenas às contas consolidadas das entidades com títulos

negociados, conforme previsto no Decreto-Lei n.º 35/2005, de 17 de fevereiro. Às

restantes entidades foi permitido que continuassem a utilizar as normas nacionais. De

Page 50: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

31

realçar que todas as empresas, cotadas ou não, estavam sujeitas às normas nacionais

para efeitos de tributação. Assim, tínhamos algumas empresas sujeitas à elaboração de

dois sistemas de registos contabilísticos em simultâneo.

A inconsistência entre as normas do IASB e do POC forçou uma nova etapa

no sistema contabilístico português. Em 2009, é publicado o Decreto-Lei n.º

158/2009, de 13 de julho, que aprova o Sistema de Normalização Contabilística

(SNC) e demais legislação complementar, que Caria e Rodrigues (2014, p.230)

referem mesmo como uma “mudança revolucionária”. Este novo normativo, que

revoga o POC e a correspondente legislação complementar, aplica-se à generalidade

das empresas portuguesas. Pauta-se pelas normas internacionais de contabilidade do

IASB, e começa por distinguir as pequenas entidades das demais entidades sujeitas à

aplicação do conjunto das 28 normas contabilísticas de relato financeiro (NCRF), pela

inclusão da NCRF-PE aplicável opcionalmente pelas entidades que não ultrapassem

os limites de enquadramento previstos para essa categoria. Ainda assim, o SNC foi

alvo de fortes críticas por revelar-se demasiado oneroso para o grupo das pequenas

entidades. Por conseguinte, numa primeira fase, são aumentados os limites de

enquadramento das pequenas empresas através da publicação da Lei n.º 20/2010, de

23 de agosto, que faz coincidir tais limites com os previstos no artigo 262º do Código

das Sociedades Comerciais. Segue-se, ainda fruto das mesmas críticas e da

experiência de aplicação durante o primeiro semestre de 2010, a publicação da Lei n.º

35/2010, de 2 de setembro, que instituiu um regime especial simplificado das normas

e informações contabilísticas em vigor aplicável às denominadas microentidades. O

regime de normalização contabilística para microentidades foi, entretanto,

regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março. O mesmo diploma

define regras quanto a entidades do setor não lucrativo.

Nesta fase são comummente identificados quatro níveis diferenciados de

normalização: entidades cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação

num mercado regulamentado, que aplicam obrigatoriamente as IAS/IFRS; entidades

enquadradas no regime geral do SNC, que aplicam por obrigação ou voluntariamente

as NCRF’s; pequenas entidades, que aplicam opcionalmente a NCRF-PE; e as

microentidades, que aplicam automaticamente a NCM (muito embora o nº 2 do art.º

3º do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março permita à microentidade optar por

seguir as 28 NCRF do SNC).

Page 51: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

32

As microentidades que adotem a NCM ficam assim dispensadas da obrigação

de apresentação quer da demonstração de fluxos de caixa, quer da demonstração de

alterações no capital próprio, sendo que as divulgações exigidas no anexo para

microentidades são estabelecidas em termos menos exigentes comparativamente com

as divulgações exigidas, no âmbito do SNC, para as pequenas entidades.

Em 2013, é publicada a Diretiva n.º 2013/34/UE, de 26 de junho, relativa às

demonstrações financeiras anuais, às demonstrações financeiras consolidadas e aos

relatórios conexos de certas formas de empresas, que altera a Diretiva 2006/43/CE e

revoga as Diretivas 78/660/CEE (Quarta Diretiva) e 83/349/CEE (Sétima Diretiva).

De acordo com Silva (2014, p.9):

Tem esta Diretiva como objetivo conceber e assegurar uma regulamentação da mais

elevada qualidade, respeitando simultaneamente os princípios de subsidiariedade e da

proporcionalidade e assegurando que os encargos administrativos sejam proporcionais

aos benefícios que permitem obter.

Particular destaque para as microentidades, para as quais o normativo

contabilístico até então em vigor era considerado oneroso. Silva et al. (2015, p.15)

afirmam que “desde logo se notou que a grande mais-valia desta diretiva seria a

desburocratização e desoneração das entidades, em especial das micro e pequenas

empresas”. De acordo com documento aprovado no Conselho Geral da Comissão de

Normalização Contabilística, a nova Diretiva pretende alcançar os seguintes objetivos

(CNC, 2012): reduzir os encargos administrativos das pequenas entidades; simplificar

os procedimentos de relato financeiro; reduzir a informação nas notas anexas às

demonstrações financeiras; flexibilizar a obrigatoriedade de auditoria nas pequenas

empresas; dispensar a preparação de demonstrações financeiras consolidadas para

grupos de pequenas empresas; e reduzir o número de opções disponíveis atualmente

existentes para os Estados-Membros.

Todos os Estados-Membros foram incumbidos de analisar a Diretiva e adaptá-

la às realidades nacionais. Segue-se assim a publicação do Decreto-Lei n.º 98/2015,

de 2 de junho, e subsequentes portarias e avisos relativos aos instrumentos

contabilísticos que compõem o SNC, transpondo para o ordenamento jurídico interno

a Diretiva da Contabilidade, com aplicação no período que se inicie em ou após 1 de

janeiro de 2016. A Diretiva da Contabilidade colocou aos Estados-Membros inúmeras

opções de escolha, pelo que a sua transposição para o ordenamento jurídico interno

Page 52: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

33

dos vários países comunitários revelou-se de tal modo flexível, que apenas alguns

temas implicaram mudanças significativas. Em Portugal, concluiu-se que, de um

modo geral, o SNC não ia mudar significativamente (Silva et al., 2015).

4.2.Sistema normativo contabilístico português para efeito deste estudo

Tal como já anunciamos anteriormente, o SNC considerado para efeito de

análise da NCM é aquele que tem por base as regras e conteúdos do SNC vigentes até

31 de dezembro de 2015.

O SNC e respetivos instrumentos legais complementares (avisos e portarias)

contemplam três níveis de normalização contabilística. Um de caráter geral

constituído pelas NCRF e Notas Interpretativas. Um outro aplicável às pequenas

entidades definidas no artigo 9º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho que

aprova o SNC, constituído por uma única norma, a NCRF-PE, adaptada das 28 NCRF

do nível completo de normalização, e inclui 19 capítulos. E por fim, um terceiro nível

de normalização aplicável às designadas microentidades definidas na Lei n.º 35/2010,

de 2 de setembro e no art.º 2º do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, que

aprova a NCM.

O Quadro 2 apresenta uma síntese da correspondência vertical entre os

normativos contabilísticos aplicáveis em Portugal (NCM, NCRF-PE, NCRF,

IAS/IFRS), com o Decreto-Lei n.º 158/2009 em vigor.

Como se pode observar, há uma correspondência absoluta entre os capítulos da

NCM com os capítulos da NCRF-PE, sendo que esta última contém ainda um capítulo

19 designado “Data de eficácia” que não integra o normativo das microentidades. Os

capítulos da NCM são menos extensos e contêm menor detalhe explicativo das

matérias contabilísticas abordadas do que a NCRF-PE (Gomes e Pires, 2011).

Page 53: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

34

Quadro 2 - Correspondência vertical entre os normativos contabilísticos vigentes

em Portugal a 31 de dezembro de 2015

NCM Capítulos da

NCRF-PE NCRF IAS/IFRS

Capítulo Designação

1 Objetivo 1 --- ---

2 Âmbito e conceitos 2 --- ---

3 Considerações gerais sobre

reconhecimento 3 --- ---

4 Estrutura e conteúdo das

demonstrações financeiras 4 NCRF 1 IAS 1

5 Adoção pela primeira vez

da NC-ME 5 NCRF 3 IFRS 1

6

Políticas contabilísticas,

alterações nas estimativas

contabilísticas e erros

6 NCRF 4 IAS 8

7 Ativos fixos tangíveis 7 NCRF 7 IAS 16

8 Ativos intangíveis 8 NCRF 6 IAS 38

9 Locações 9 NCRF 9 IAS 17

10 Custos de empréstimos

obtidos 10 NCRF 10 IAS 23

11 Inventários 11 NCRF 18 IAS 2

12 Rédito 12 NCRF 20 IAS 18

13 Provisões 13 NCRF 21 IAS 37

14 Contabilização dos

subsídios do governo 14 NCRF 22 IAS 20

15 Os efeitos de alterações

em taxas de câmbio 15 NCRF 23 IAS 21

16 Impostos sobre o

rendimento 16 NCRF 25 IAS 12

17 Ativos e passivos

financeiros 17 NCRF 27

IAS 32, IAS 39 e

IFRS 7

18 Benefícios dos

empregados 18 NCRF 28 IAS 19

Fonte: Gomes e Pires (2011, p.45).

Page 54: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

35

4.2.1. Norma contabilística das microentidades

Tal como já foi referido, a norma contabilística para microentidades surge

como resposta às contestações por parte de alguns setores da economia que acusavam

o SNC, nomeadamente a NCRF-PE, de ser excessivo para entidades com menores

exigências qualitativas de relato financeiro (Gomes e Pires, 2011). É neste contexto

que surge a publicação da Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro e o Decreto-Lei n.º 36-

A/2011, de 9 de março, que institui e aprovou, respetivamente, um regime especial

simplificado das normas e informações contabilísticas aplicáveis às microentidades.

Este regime, qualificado como mais simples e menos exigente, dispensa as

microentidades da aplicação das normas contabilísticas previstas no Decreto-Lei n.º

158/2009, de 13 de julho (regime geral), salvo quando por determinação legal ou

estatutária tenham as suas demonstrações financeiras sujeitas a certificação legal de

contas ou integrem o perímetro de consolidação de uma entidade que apresente

demonstrações financeiras consolidadas.

A NCM é de aplicação automática, mas não obrigatória. Neste sentido, as

microentidades podem optar pela aplicação das normas contabilísticas previstas no

Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho: o regime geral ou o regime das pequenas

entidades (Gomes e Pires, 2011). A opção pelo regime contabilístico é efetuada na

declaração periódica de rendimentos referida na alínea b) do n.º 1 do artigo 117º do

Código do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (CIRC).

A NCM tem como objetivo determinar aspetos de reconhecimento,

mensuração e divulgação contabilísticos aplicáveis a este tipo de entidades.

Os pilares do regime de normalização contabilística para microentidades são

os seguintes (Anexo I do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março):

Apresentação;

Bases para a apresentação de demonstrações financeiras das

microentidades (BADF-ME);

Modelos de demonstrações financeiras para microentidades (MDF-ME);

Código de contas para microentidades (CC-ME);

Norma contabilística para microentidades (NC-ME);

Normas interpretativas para microentidades (NI-ME).

Page 55: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

36

A regulamentação contabilística das microentidades compreende os seguintes

diplomas legais:

Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro, que institui o regime especial

simplificado das normas e informações contabilísticas aplicáveis às

microentidades;

Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, que aprova o regime especial

simplificado das normas e informações contabilísticas aplicáveis às

microentidades;

Portaria n.º 104/2011, de 14 de março, que aprova os modelos de

demonstrações financeiras para as microentidades;

Portaria n.º 107/2011, de 14 de março, que aprova o código de contas para

as microentidades;

Aviso n.º 6726-A/2011, de 14 de março, que regula a norma contabilística

aplicável às microentidades.

A NCM é aplicável pelas entidades que cumpram os requisitos para

microentidades previstos no Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e optem pela

prática desta norma ao invés da norma contabilística prevista no Decreto-Lei n.º

158/2009, de 13 de julho. A aplicação da NCM é determinada com base nos limites

previstos na norma reportados às demonstrações financeiras do exercício anterior,

exceto no ano da constituição da empresa, em que é considerada uma previsão para

esse mesmo exercício. A NCM é redigida com base em conceitos, definições, e

procedimentos contabilísticos aceites generalizadamente em Portugal, tal como

enunciados no SNC, tendo como referência a estrutura conceptual (EC) constante do

Aviso n.º 15652/2009, de 7 de setembro. Não é objetivo deste trabalho apresentar os

conceitos previstos na norma pois são numerosos, e assumimos que são conhecidos

pelos leitores deste trabalho.

As empresas que adotem a NCM beneficiam de um sistema contabilístico mais

simples e reduzido, por força da exclusão de algumas temáticas e divulgações menos

exigentes. Acresce a dispensa de apresentação de alguns modelos contabilísticos,

nomeadamente a demonstração de fluxos de caixa, demonstração de resultados por

funções e demonstração de alterações ao capital próprio.

Page 56: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

37

Também o plano de contas foi ajustado para as microentidades. Esta

simplificação prende-se essencialmente à eliminação das contas relativas às temáticas

não aplicáveis ou não previstas pela NCM e às alterações que daí decorrem nas

designações de algumas classes e contas. O código de contas para as microentidades

foi aprovado pela Portaria n.º 107/2011, de 14 de março.

O Quadro 3 resume as principais alterações decorrentes da simplificação para

as microentidades:

Quadro 3 - Simplificação do Código de Contas das Microentidades

Classes Conta Principais alterações

1 - Meios financeiros

líquidos 14 - Outros

A conta 14 passou a designar-se "Outros" ao invés

de "outros instrumentos financeiros".

Eliminação das contas relativas aos instrumentos

financeiros (as subcontas 141 - derivados, 142 -

instrumentos financeiros detidos para negociação e

143 - outros ativos e passivos financeiros).

2 - Contas a receber e a

pagar

21 - Clientes e

22 - Fornecedores

Em ambas, foram eliminadas as contas

relacionadas com empresa-mãe, empresas

subsidiárias, empresas associadas,

empreendimentos conjuntos e outras partes

relacionadas (contas de nível 3).

23 - Pessoal Perde a conta 237 relativa às cauções.

25 - Financiamentos

obtidos

Perde as contas relacionadas com o mercado de

valores mobiliários (as contas 252 - mercado de

valores mobiliários, 253 -participantes de capital e

254 - subsidiárias, associadas e empreendimentos

conjuntos).

27 - Outras contas a

receber e a pagar

Eliminação das contas relacionadas com os

benefícios pós-emprego, os impostos diferidos e os

credores por subscrições não liberadas (contas 273,

274 e 275, respetivamente).

29 - Provisões Eliminação das contas 295 - matérias ambientais,

296 - contratos onerosos e 297 - reestruturação.

3 - Inventários

--- A classe passou a designar-se apenas "Inventários"

ao invés de "Inventários e ativos biológicos".

31 - Compras,

37 - Ativos biológicos e

38 - Reclassificação e

regularização de inventários

Eliminação de todas as contas relativas a ativos

biológicos (subcontas 313 e 387 e conta 37). A

conta 38 passa a designar-se "Reclassificação e

regularização de inventários" ao invés de

"Reclassificação e regularização de inventários e ativos biológicos".

Page 57: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

38

Classes (cont.) Conta (cont.) Principais alterações (cont.)

4 - Investimentos

41 - Investimentos

financeiros

Perde as subcontas 411 – investimentos em

subsidiárias, 412 – investimentos em associadas,

413 – investimentos em entidades conjuntamente

controladas e 415 – outros investimentos

financeiros.

42 - Propriedades de

investimento

Eliminação integral da conta 42 - propriedades de

investimento.

43 - Ativos fixos

tangíveis,

44 -Ativos intangíveis e

45 - Investimentos em curso

Exclusão das subcontas relativas a perdas por

imparidade acumuladas (subcontas 439, 449 e

459). É igualmente excluída a subconta 441

relativa ao goodwill e a conta 452 - propriedades de investimento em curso.

5 - Capital, reservas e

resultados transitados

57 - Ajustamentos em

ativos financeiros

Eliminação total da conta 57 - ajustamentos em

ativos financeiros.

58 - Excedentes de

revalorização de ativos

fixos tangíveis

A conta 58 passou a designar-se apenas

"Excedentes de revalorização de ativos fixos

tangíveis" ao invés de "Excedentes de

revalorização de ativos fixos tangíveis e

intangíveis" e a conta 589 assume simplesmente a

designação "Outros" ao invés de "Outros

excedentes". Perda das subcontas de nível 3

relativas a antes de imposto sobre o rendimento

(subcontas 5811 e 5891) e a impostos diferidos

(subcontas 5812 e 5892).

59 - Outras variações no

capital próprio

Exclusão das subcontas relativas às diferenças de

conversão de demonstrações financeiras (subconta

591) e ajustamentos por impostos diferidos (subconta 592).

6 - Gastos

61 - Custo das

mercadorias vendidas e

das matérias

consumidas

Exclusão da subconta 613 - ativos biológicos

(compras).

62 - Fornecimentos e

serviços externos

Todas as subcontas de nível 3 relativas a

fornecimentos e serviços externos foram excluídas.

63 - Gastos com o

pessoal Perda da subconta 633 - benefícios pós-emprego.

64 - Gastos de

depreciação e de

amortização

Eliminação da subconta 641 - propriedades de

investimento.

65 - Perdas por

imparidade

Exclusão das subcontas relativas a perdas por

imparidade em propriedades de investimento, em

ativos fixos tangíveis, em ativos intangíveis, em

investimentos em curso e em ativos não correntes

detidos para venda (subcontas 654 a 658).

66 - Perdas por reduções

de justo valor

Perda integral da conta 66 - perdas por reduções de

justo valor.

67 - Provisões do

período

Exclusão das subcontas relativas a matérias

ambientais, contratos onerosos e reestruturação

(subcontas 675, 676 e 677, respetivamente).

68 - Outros gastos e

perdas

Perda da subconta 685 - gastos e perdas em

subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos.

Page 58: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

39

Classes Conta Principais alterações

6 - Gastos 68 - Outros gastos e

perdas

Exclusão das subcontas 6863 - diferenças de

câmbio desfavoráveis relativa a gastos e perdas nos

restantes investimentos financeiros (subconta 686),

6874 - gastos em propriedades de investimento

relativa a gastos e perdas em investimentos não

financeiros (subconta 687) e, por fim, 6886 -

perdas em instrumentos financeiros e 6887 -

diferenças de câmbio desfavoráveis, ambas

relativas a outros (subconta 688).

7 - Rendimentos

71 - Vendas e

73 - Variações nos

inventários da produção

Exclusão das subcontas relativas a ativos

biológicos (subcontas 714 e 734).

74 - Trabalhos para a

própria entidade

Perda da subconta relativa a propriedades de

investimento (subconta 743).

76 - Reversões

Exclusão da subconta 7611 - propriedades de

investimento relativa a reversões de depreciações e de amortizações (subconta 761).

Perda das subcontas de nível 3 relativas a reversões

de perdas por imparidade em propriedades de

investimento, em ativos fixos tangíveis, em ativos

intangíveis, em investimentos em curso e em ativos

não correntes detidos para venda (subcontas 7624 a

7628) e a reversões de provisões referentes a

matérias ambientais, contratos onerosos e

reestruturação (subcontas 7635 a 7637).

77 - Ganhos por

aumentos de justo valor

Exclusão da conta 77 - ganhos por aumentos de

justo valor.

78 - Outros rendimentos e ganhos

Perda de todas as subcontas de nível 3 relativas a

rendimentos suplementares (subconta 781).

Exclusão da subconta 785 - rendimentos e ganhos

em subsidiárias, associadas e empreendimentos

conjuntos.

Perda das subcontas 7873 - rendas e outros

rendimentos em propriedades de investimento relativa a rendimentos e ganhos em investimentos

não financeiros (subconta 787) e 7884 - ganhos em

outros instrumentos financeiros e 7887 - diferenças

de câmbio favoráveis, ambas relativas a outros

(subconta 788).

79 - Juros, dividendos e

outros rendimentos

similares

Eliminação das subcontas de nível 3 relativas a

juros obtidos de outras aplicações de meios

financeiros líquidos, de financiamentos concedidos

a associadas e empreendimentos conjuntos e de

financiamentos concedidos a subsidiárias

(subcontas 7912 a 7914).

Perda de todas as subcontas de nível 3 relativas a

dividendos obtidos (subconta 792) e perda da subconta 793 - diferenças de câmbio favoráveis.

8 - Resultados 81 - Resultado líquido

do período

Exclusão da subconta 8122 - imposto diferido

relativa ao imposto sobre o rendimento do período

(subconta 812).

Fonte: Elaboração própria

Page 59: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

40

De acordo com o artigo 1.º da Portaria n.º 104/2011, de 14 de março, que

aprova os modelos de demonstrações financeiras para as microentidades, um conjunto

completo de demonstrações financeiras das microentidades compreende:

Balanço;

Demonstração dos resultados por naturezas;

Anexo para Microentidades - que divulga as bases de preparação e

políticas contabilísticas adotadas e outras divulgações exigidas no

modelo, contratualmente, ou em diplomas legais.

As BADF-ME apresentadas no ponto 2 do Anexo I do Decreto-Lei n.º 36-

A/2011, de 9 de março, têm como objetivo assegurar a comparação entre

demonstrações financeiras de uma entidade em diferentes períodos, assim como a

comparação entre diferentes entidades.

4.2.2. Principais diferenças entre os normativos vigentes em Portugal -

NCRF, NCRF-PE e NCM

O SNC prevê 28 NCRF de aplicação generalizada, salvo exceções previstas

em diploma legal. Das 28 NCRF do regime geral, apenas 16 integram a NCRF-PE por

se entender serem as mais relevantes para a elaboração das demonstrações financeiras

deste grupo de empresas. Encontram-se organizadas em 19 capítulos e 2 apêndices. A

NCM obedece a uma correspondência absoluta com os capítulos da NCRF-PE, sendo

que desta apenas o capítulo 19 não integra o normativo simplificado para as

microentidades. A NCM dispõe, assim, de 18 capítulos que abordam exatamente as

mesmas temáticas previstas na NCRF-PE, contudo com menor detalhe explicativo

sendo por isso menos extensas.

Esquema 1 - Estrutura dos normativos portugueses

Normativo SNC – Regime

geral

SNC – Pequenas Entidades

(NCRF-PE)

NCM

Estrutura 28 NCRF 19 Capítulos e 2 apêndices 18 Capítulos

Fonte: Elaboração própria

Page 60: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

41

Sempre que a NCRF-PE não responda a determinados aspetos em matéria de

contabilização ou relato financeiro de transações ou situações, ou a lacuna em causa

seja de tal modo relevante que o seu não preenchimento impeça o objetivo de ser

prestada informação que reflita, de forma verdadeira e apropriada, a posição

financeira numa certa data e o desempenho para o período abrangido, a entidade deve

recorrer supletivamente e pela ordem indicada (ponto 2.3 da NCRF-PE constante do

Aviso n.º 15654/2009, 7 de setembro):

Às NCRF e Normas Interpretativas (NI);

Às Normas Internacionais de Contabilidade (NIC), adotadas ao abrigo do

Regulamento n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19

de julho;

Às Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) e Normas Internacionais

de Relato Financeiro (IFRS), emitidas pelo IASB, e respetivas

interpretações (Standing Interpretations Committee (SIC) e International

Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC)).

No caso das microentidades, não há uma referência explícita a recursos

supridores tal como sucede no caso da NCRF-PE, porém os pontos 6.2 e 6.3 da NCM

(constante do Aviso n.º 6726-A/2011, de 14 de março) remetem-nos, no seu conjunto,

para o recurso supletivo à NCRF-PE, e caso esta não permita colmatar a lacuna a

superar, ao recurso às NCRF, e por fim, às NIC.

Tendo por base uma análise comparativa entre a NCM e os restantes níveis de

normalização contabilística em Portugal e as análises dos autores Gomes e Pires

(2011), Teixeira de Carvalho (2011), Matos Pereira (2012) e Silva Couto e Silva

Monteiro (s.d.), as principais diferenças entre a NCM e o SNC resumem-se à dispensa

da obrigação de apresentação quer da demonstração de fluxos de caixa, quer da

demonstração de alterações no capital próprio. Não prevê igualmente a demonstração

de resultados por funções. A NCM não prevê a aplicação do justo valor, distingue o

custo histórico. No que concerne a ativos fixos tangíveis e intangíveis, não é permitida

a sua revalorização. A NCM impõe que os custos de empréstimos obtidos sejam

sempre reconhecidos como gastos, não permitindo a sua capitalização. Os ativos

biológicos consumíveis e os produtos agrícolas são reconhecidos e tratados como

inventários. Os ativos biológicos de produção são tratados como ativos fixos

Page 61: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

42

tangíveis. Quanto aos ativos e passivos financeiros, não é aplicável o custo

amortizado. Relativamente aos impostos, apenas se apuram impostos correntes, já os

impostos diferidos não são aplicáveis. A norma das microentidades não prevê

qualquer conta para imparidades. Às participações em partes sociais não é aplicável o

método de equivalência patrimonial. As designadas propriedades de investimento

(terrenos e edifícios) são tratados como ativos fixos tangíveis. O anexo exigido pelo

SNC foi substituído pelo anexo para microentidades, cujas divulgações são

estabelecidas em termos menos exigentes. A NCM não remete para a aplicação

supletiva de outras normas.

Algumas das NCRF do regime geral previstas no SNC não integram assim os

normativos simplificados, a saber:

NCRF 2 – Demonstração de fluxos de caixa;

NCRF 5 – Divulgação de partes relacionadas;

NCRF 8 – Ativos não correntes detidos para venda e unidades operacionais

descontinuadas;

NCRF 11 – Propriedades de investimento (embora excluída, a NCM prevê,

no parágrafo 7.2, que as propriedades de investimento sejam reconhecidas

como ativo fixo tangível);

NCRF 12 – Imparidade de ativos (embora excluída, a NCRF-PE remete, no

parágrafo 7.22 e 8.22, para o uso supletivo da NCRF 12, no que toca às

perdas por imparidade de ativos não correntes, designadamente de ativos

fixos tangíveis e ativos intangíveis);

NCRF 13 – Interesses em empreendimentos conjuntos e investimentos em

associadas;

NCRF 14 – Concentrações de atividades empresariais;

NCRF 15 – Investimentos em subsidiárias e consolidação;

NCRF 16 – Exploração e avaliação de recursos minerais;

NCRF 17 – Agricultura (embora excluída, a NCM estabelece, no parágrafo

7.2, que os ativos biológicos de produção sejam reconhecidos como ativo

fixo tangível e, no parágrafo 11.2, que os ativos biológicos consumíveis e os

produtos agrícolas sejam reconhecidos como inventários);

NCRF 19 – Contratos de Construção;

Page 62: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

43

NCRF 24 – Acontecimentos após a data do Balanço;

NCRF 26 – Matérias ambientais (embora excluída, quer a NCM quer a

NCRF-PE abordam algumas matérias ambientais, nomeadamente no capítulo

8 de ambas que incluem o tema de dispêndios de carácter ambiental).

4.2.3. Discussão da Norma Contabilística para as Microentidades em

Portugal

À semelhança da discussão internacional gerada em torno da IFRS para PME,

também em Portugal são debatidos os modelos simplificados, designadamente a

NCRF-PE e a NCM.

Não muito depois da entrada em vigor do SNC, já se discutia no seio da União

Europeia a isenção de contabilidade para as microempresas e a redefinição de

microempresa. Discussão enquadrada nas propostas de revisão da IV e VII Diretivas

Comunitárias da Contabilidade fundamentadas pela necessidade de reduzir os

encargos burocráticos suportados pelas empresas da União (Roque, 2010).

O SNC já possuía uma norma aplicável às pequenas entidades que, à luz dos

limites redefinidos pela Comissão Europeia, seriam as microempresas. A propósito,

Roque (2010, p.50) observa “a NCRF-PE é apenas uma emissão simplificada, ao nível

da leitura e não do conteúdo, do conjunto completo das NCRF”, e acrescenta

“importa, então, saber que o conteúdo previsto nas NCRF é adequado às

microempresas”. A NCRF-PE acolhe a matéria normativa das IFRS para PME

aprovadas pelo IASB em julho de 2009 (Roque, 2010). Por conseguinte, Roque

(2010) observa que sendo verdade que o IASB não estabeleceu testes quantitativos

para a categorização das entidades, será igualmente verdade que a IFRS para PME

edifica-se nos problemas das empresas com cerca de 50 trabalhadores, assumindo-se

que se a norma serve para as entidades maiores, uma simplificação servirá com

certeza as entidades mais pequenas. Roque (2010) sugere que esta inconsistência

poderá suster a simplificação dos normativos a utilizar pelas microentidades discutida

na União Europeia, nomeadamente a isenção de contabilidade ainda que com a

salvaguarda da declaração fiscal e estatística.

Em Portugal, a proposta de isenção de contabilidade para as microentidades

não vingou. Em vez disso, são publicados os diplomas legais Lei n.º 35/2010, de 2 de

Page 63: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

44

setembro, e o Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, que institui e regulamenta,

respetivamente, um regime especial simplificado aplicável às microentidades, a

designada Norma Contabilística para as Microentidades.

O regime das microentidades é resultado de um processo legislativo que o

grupo parlamentar do CDS-PP iniciou na Assembleia da República com a

apresentação do Projeto de Lei n.º 200XI/1ª, adiante designado projeto, o qual

propunha a isenção de obrigações contabilísticas gerais por parte das microentidades e

o conceito de microentidade (Silva e Antão, 2011). Numa conferência subordinada ao

tema «As Microentidades», adiante designada apenas de conferência, João Pinto de

Almeida1, apresentou as motivações que sustentaram o projeto. No essencial, referiu

que o projeto objetivava encontrar formas de minorar o impacto da crise económica

junto das PME e microentidades, sem contudo descurar a necessidade e transparência

da informação contabilística. Acrescentou ainda que se pretendeu antecipar e adaptar

à realidade portuguesa os objetivos da revisão da IV Diretiva, na altura em curso

(Silva e Antão, 2011). Isabel Castelão2, presente na conferência, confirmou a forte

influência que o contexto comunitário de redução da carga administrativa das

empresas, nomeadamente a apresentação da proposta de isenção de contabilidade para

as pequenas entidades assente na ideia de que as regras contabilísticas não refletem as

necessidades das pequenas empresas e que se traduzem antes num custo relevante,

teve no processo legislativo que culminou no regime especial simplificado aplicável

às microentidades (Silva e Antão, 2011). João Pinto de Almeida considerou o

resultado do projeto positivo. A isenção proposta não se concretizou, mas seguiu-se o

caminho da simplificação, concretizou-se o conceito de microentidade e dispensou-se

estas entidades de algumas obrigações, nomeadamente alguns anexos da declaração

IES – Informação Empresarial Simplificada (IES) (Silva e Antão, 2011). Porém, na

conferência, Carlos Lobo3 intervém, e sem desconceituar a simplificação que

considera sempre meritória, alerta que os objetivos e coerência do sistema jurídico

não devem ser postos em causa. Reprovou a metodologia utilizada no processo

legislativo que culminou no regime das microentidades, considerando que deveriam

ter sido os utilizadores a propor as alterações e não entidades externas. Acusa mesmo

1 Representante do grupo parlamentar do CDS-PP 2 Representante no grupo de trabalho que preparara a revisão da IV Diretiva 3 Orador da conferência «As microentidades» realizada no dia 29 de abril de 2011

Page 64: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

45

a opção legislativa de não ter atendido à necessária coerência do SNC, nomeadamente

na construção vertical das normas. Afirma, por isso, que a NCM é dotada de total

autonomia face às restantes normas, o que prejudica gravemente a sua aplicação,

nomeadamente na interpretação e integração de lacunas (Silva e Antão, 2011).

Leopoldo Alves4, não poupa igualmente o regime das microentidades.

Questiona se de facto a adoção deste normativo contribui para a redução dos custos

administrativos, quando o processo normalizador que o desencadeou, inspirado na

corrente comunitária, propunha a redução dos custos administrativos por via da

isenção. Em resposta à questão, o orador escrutinou a norma das microentidades,

relevando as suas semelhanças e diferenças com o SNC e com a NCRF-PE. Da

análise conclui-se que o normativo aplicável às microentidades “resulta de processo

eminentemente político desencadeado pela Assembleia da República de que não

resulta alterações substanciais nem tão pouco redução de custos” (Silva e Antão,

2011, p. 31). Acresce, as “matérias que absorvem mais tempo estão relacionadas com

as obrigações declarativas de natureza fiscal (IVA, IRC, modelo 22, IES, etc.) que não

sofreram qualquer alteração” (Silva e Antão, 2011, p. 31). Leopoldo Alves admite

assim a revogação da norma das microentidades. Entende que a norma revelar-se-á

dispensável por não cumprir os objetivos propostos (Silva e Antão, 2011).

Alves da Silva5, presente na conferência, desconceitua a isenção da

contabilidade como meio de simplificação, mas partilha da ideia de Leopoldo Alves,

de que os custos administrativos para as empresas enraízam-se sobretudo no

cumprimento das obrigações fiscais (Silva e Antão, 2011). Apraz referenciar Roque

(2010) que já havia alertado que, na verdade, uma proposta de isenção de

contabilidade para as microempresas não dispensava a elaboração de contas fiscais,

nem impediria as partes interessadas e os credores de exigirem a prestação de contas

para suporte às relações comerciais ou concessões de crédito.

Também Fernandes (2011) defende o término das normas contabilísticas para

pequenas e microentidades, advertindo desde logo para a complexidade patente no

facto de existirem diferentes modelos de elaboração das contas. Reforça alertando que

diversos códigos de contas e diferentes modelos de demonstrações financeiras

4 Orador da conferência «As microentidades» realizada no dia 29 de abril de 2011 5 Orador da conferência «As microentidades» realizada no dia 29 de abril de 2011e também na

qualidade de decano dos técnicos oficiais de contas

Page 65: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

46

implicam opções que, por sua vez, aumentam o grau de complexidade de gestão do

sistema contabilístico e prejudicam seriamente a comparabilidade da informação

financeira. O crítico aponta que, na prática, as pequenas entidades que adotam a

NCRF-PE estão sujeitas à complexidade das NCRF. Vale-se do facto da contabilidade

organizada de acordo com a NCRF-PE socorrer-se do mesmo código de contas que

suporta a contabilidade organizada de acordo com as normas do regime geral do SNC.

Questiona, por isso, a existência da própria norma das pequenas entidades e respetivos

modelos reduzidos de demonstrações financeiras. Estende a crítica afirmando que a

NCRF-PE não é mais do que uma síntese de algumas das NCRF, que sujeita as

pequenas entidades à complexidade das normas do regime geral na medida em que

sempre que a NCRF-PE não responda a determinado aspeto, a empresa deverá

suprimir a lacuna com recurso, primário, às NCRF.

Poder-se-á crer que a revogação da NCM segue o mesmo entendimento, já que

a norma das microentidades, embora disponha de um código de contas e modelos de

demonstrações financeiras específicos, é apreendida como uma simplificação da

NCRF-PE. Óscar Figueiredo, também orador da conferência, realça que a norma das

microentidades é um documento de raiz política, e colada à norma das pequenas

entidades (Silva e Antão, 2011). Visão semelhante à do orador Leopoldo Alves.

A par, as microentidades que adotam a NCM são confrontadas com

tratamentos contabilísticos diferenciados e com uma relação com a fiscalidade

complexa (Fernandes, 2011). A colisão com a fiscalidade não abona a NCM na

medida em que subsiste “uma realidade onde a Contabilidade se transforma num mero

instrumento para atender a exigências fiscais, especialmente nas micro e pequenas

empresas” (Tavares Lopes, 2009, p.22).

Poder-se-á discutir igualmente a NCM à luz de alguns aspetos de maior relevo

evidenciados no relatório Accounting systems for small enterprises –

recommendations and good practices e que Antão et al. (2009) destacam. Entre os

aspetos do relatório que consideram mais interessantes constam a demonstração dos

fluxos de caixa e a demonstração dos resultados por funções. Ambos mapas

contabilísticos não estão previstos na NCM.

A demonstração de fluxos de caixa, embora tida como uma demonstração

financeira complexa, é fortemente recomendada pelos especialistas que elaboraram o

Page 66: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

47

relatório, dada a sua utilidade como fonte de informação financeira. A propósito, o

relatório cita um trabalho de Collis e Jarvis de 2000, que anota que a informação

financeira proporcionada pelos fluxos de caixa é a mais utilizada pelos

gestores/proprietários das pequenas entidades. Os peritos recomendam igualmente a

elaboração da demonstração de resultados por funções, na medida em que entendem

que esta demonstração poderá revelar-se, por vezes, particularmente mais eficaz que a

demonstração de resultados por naturezas para fins de tomada de decisão (Antão et

al., 2009).

Face ao exposto, depreende-se que a adoção da NCM provavelmente resultará

em informação deficitária à tomada de decisão do proprietário/gestor.

4.3.Alterações ao sistema contabilístico português - Novo SNC - Decreto-

Lei n.º 98/2015, de 2 de junho

O Decreto-Lei n.º 98/2015 altera e republica o Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13

de julho, introduzindo ainda as alterações necessárias ao Código das Sociedades

Comerciais. As disposições relativas às microentidades e entidades do setor não

lucrativo, até então constantes do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e no caso

das microentidades constantes também da Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro, foram

incluídas no SNC. Procedeu-se de igual modo com as cooperativas.

O novo SNC é “fruto de uma panóplia de legislação” (Silva et al., 2015, p. 34)

que foi surgindo nos anos posteriores à publicação do primeiro SNC em 2009, ao qual

foram sendo introduzidas alterações no sentido de alargar o âmbito de aplicação a

entidades anteriormente não abrangidas (Silva et al., 2015).

A Diretiva da Contabilidade (2013/34/UE), incubadora de uma série de

alterações contabilísticas, apresenta um vasto leque de opções na maior parte dos

temas abordados, cabendo aos Estados-Membros escolher quais as opções a

considerar e a transpor para os seus normativos contabilísticos. Em Portugal,

aplicaram-se as modificações indispensáveis para manter a conformidade com a

norma europeia sem, contudo, descurar a estabilidade para os preparadores e

utilizadores da informação financeira.

Page 67: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

48

4.3.1. Implicações gerais do DL n.º 98/2015, de 2 de junho

O Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho altera os limites de categorização das

entidades, dos grupos de entidades e da sua classificação como pequena, média ou

grande empresa.

Os critérios de classificação previstos no novo diploma coincidem, no geral,

com os instituídos no SNC e no Decreto-Lei n.º 36-A/2011: total do balanço, volume

de negócios líquido e número médio de trabalhadores ao serviço. Exclui-se um dos

critérios previstos para a categorização das pequenas empresas do antigo diploma, o

total de vendas líquidas e outros rendimentos dá lugar ao volume de negócios líquido.

À exceção do limite previsto para o total do balanço para a categoria das

microentidades, as categorias viram os limites de todos os critérios serem alargados.

Quadro 4 – Categorização das empresas de acordo com o SNC e o Novo SNC

Categoria Critérios SNC Novo SNC

Microentidades

Total do balanço 500.000 € 350.000 €

Volume de negócios líquido 500.000 € 700.000 €

Nº médio de empregados 5 10

Pequenas

Entidades

Total do balanço 1.500.000 € 4.000.000 €

Total de vendas líquidas e

outros rendimentos 3.000.000 € --

Volume de negócios líquido -- 8.000.000 €

Nº médio de empregados 50 50

Médias Entidades

Total do balanço > 1.500.000 € 20.000.000 €

Volume de negócios líquido > 3.000.000 € 40.000.000 €

Nº médio de empregados > 50 250

Grandes

Entidades

Total do balanço > 1.500.000 € > 20.000.000 €

Volume de negócios líquido > 3.000.000 € > 40.000.000 €

Nº médio de empregados > 250 > 250

Fonte: Adaptado de Silva et al. (2015, p.35) e CNC (2016).

Para que as entidades se mantenham numa determinada classificação é

necessário cumprir dois dos três limites impostos, sendo que o seu não cumprimento

Page 68: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

49

em dois exercícios consecutivos obriga à reclassificação da empresa e consequente

aplicabilidade do respetivo normativo, tal como previa o sistema anterior ao Decreto-

Lei n.º 98/2015.

Os limites de categorização dos grupos de empresas foram igualmente

revistos. Os pequenos grupos são constituídos pela empresa-mãe e pelas empresas

subsidiárias a incluir na consolidação e que, em base consolidada e à data do balanço

da empresa-mãe, não excedam dois dos três limites previstos.

Quadro 5 - Categorização dos pequenos grupos de acordo com o SNC e o Novo

SNC

Categoria Critérios SNC Novo SNC

Pequenos Grupos

Conjunto

entidades a

consolidar

Total do balanço 7.500.000 € 6.000.000 €

Total de vendas líquidas e outros

rendimentos 15.000.000 € --

Volume de negócios líquido -- 12.000.000 €

Nº médio de empregados 250 50

ESNL

Total do balanço 5.000.000 € 6.000.000 €

Total de vendas líquidas e outros

rendimentos 10.000.000 € --

Volume de negócios líquido -- 12.000.000 €

Nº médio de empregados 250 50

Fonte: Adaptado de Silva et al. (2015, p.37) e CNC (2016).

À semelhança do que acontece com as entidades singulares, sempre que sejam

ultrapassados os limites durante dois períodos contabilísticos seguidos, as entidades

deixam de pertencer à categoria onde se encontram.

Os limites do total do balanço e do volume de negócios líquido para o

enquadramento no “pequeno grupo” podem ser majorados em 20%caso se verifiquem

as disposições previstas no n.º 2 do Artigo 9.º-B do DL n.º 98/2015, de 2 de junho.

Com o Decreto-Lei n.º 98/2015, o sistema normativo português passa a

integrar os seguintes níveis:

Page 69: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

50

Nível 1: Normas Internacionais de Contabilidade – aplicável às demonstrações

financeiras consolidadas das entidades com valores emitidos à negociação em bolsa;

Nível 2: SNC (modelo geral, modelo para pequenas entidades e para ESNL) -

aplicável às restantes entidades do setor não financeiro, assim como às pequenas

entidades e entidades do setor não lucrativo – apenas pode ser adotada por entidades

que cumpram os limites do n.º 2 do artigo 9º do DL n.º 98/2015, de 2 de junho;

Nível 3: Regime das Microentidades (ME) – aplicável às entidades que

cumpram os limites de microentidades do n.º 1 do artigo 9º do DL n.º 98/2015, de 2

de junho.

O novo SNC prevê simplificações ao nível das demonstrações financeiras para

micro e pequenas entidades (Artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho).

Quadro 6 - Simplificação para micro e pequenas empresas: Demonstrações

Financeiras

SNC Diretiva 2013/34/UE Novo SNC

Dispensa de Demonstração de

Alterações no Capital Próprio

Apresentação de Balanço

Sintético

Dispensa de Demonstração de

Alterações no Capital Próprio

Dispensa de Demonstração de

Fluxos de Caixa

Apresentação de Demonstração

de Resultados Sintético

Dispensa de Demonstração de

Fluxos de Caixa

Apresentação de Modelos

Reduzidos das restantes

demonstrações financeiras

Apresentação de Modelos

Reduzidos das restantes

demonstrações financeiras

Microentidades dispensadas de

apresentar Anexo desde que

divulguem informação adicional

relevante

Microentidades dispensadas da

elaboração do relatório de

gestão, desde que divulguem informação adicional relevante

Fonte: Silva et al. (2015, p.43).

Constata-se que a única diferença para o novo paradigma é ao nível das

microentidades que ficam dispensadas da apresentação do anexo e do relatório de

gestão. Em contrapartida, devem divulgar toda a informação adicional exigida pelo

novo diploma (Artigo 11.º, n.º 4, do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho). Nesta

informação adicional incluem-se: montante total dos compromissos financeiros,

Page 70: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

51

garantias ou ativos e passivos contingentes, compromissos existentes em matéria de

pensões bem como compromissos face a empresas coligadas ou associadas; montante

dos adiantamentos e dos créditos concedidos aos membros dos órgãos de

administração, de direção ou de supervisão, com indicação das taxas de juro e

condições principais, bem como eventuais compromissos assumidos em seu nome a

título de garantias de qualquer natureza. Relativamente à dispensa de elaboração do

relatório de gestão, as microentidades ficam sujeitas à divulgação de informação

adicional relevante, relativa a ações/quotas próprias.

As notas de enquadramento do SNC auxiliam os utentes da informação

financeira na interpretação e ligação às normas contabilísticas e de relato financeiro.

No que concerne às microentidades, as notas de enquadramento servem

essencialmente para explicar alguns dos aspetos mais importantes da simplificação a

que foram submetidos.

De um modo geral, ao nível das demonstrações financeiras, foram efetuados

alguns ajustamentos nas designações das rubricas e alguns agrupamentos. No balanço,

no capital próprio substitui-se “capital realizado” por “capital subscrito”, sendo que o

capital subscrito não realizado passa a figurar no ativo. Foram ainda efetuadas

algumas alterações às divulgações exigidas no Anexo.

A transposição da Diretiva da Contabilidade para o regime português obriga à

publicação da estrutura conceptual, publicada através do Aviso n.º 8254/2015, de 29

de julho, adaptada ao novo paradigma, estabelecendo os conceitos que estão

subjacentes à preparação e divulgação das demonstrações financeiras. Verifica-se que

a estrutura conceptual do novo SNC é em tudo idêntica à constante do diploma

anterior.

4.3.2. Implicações à NCM decorrentes do DL n.º 98/2015, de 2 de junho

Com a integração das microentidades no diploma geral assiste-se à publicação

de um novo regime, publicado através do Aviso n.º 8255/2015, de 29 de julho,

aplicável a estas entidades. Congratula-se pela desoneração deste grupo de empresas

em termos de informação que são obrigadas a produzir e a divulgar. Esta norma

específica para microentidades deve ser aplicada apenas pelas entidades que não

optem pela aplicação da NCRF-PE ou das NCRF.

Page 71: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

52

Seguem-se, sucintamente, as alterações previstas para as microentidades no

novo diploma (Silva et al., 2015, p. 56):

Informação a ser apresentada no balanço e na demonstração de resultados: a

informação mínima a ser apresentada é publicada em portaria específica. No

entanto, sempre que se justificar, deve ser relatada informação adicional que

contribua para uma melhor compreensibilidade e fiabilidade das

demonstrações financeiras.

Dispensa da realização e publicação do anexo pelas microentidades,

procurando, deste modo, assegurar a desoneração e desburocratização das

entidades, principalmente as de pequena dimensão.

Ativos fixos tangíveis: a rubrica de terrenos e edifícios passa a conter os

direitos imobiliários e outros direitos similares.

Custos dos empréstimos obtidos: deixam de poder incluir a amortização dos

custos acessórios incorridos com a obtenção dos empréstimos.

Para concluir, e face à análise exposta, constata-se que, em termos gerais, a

norma das microentidades não sofreu alterações significativas, de 2011 para 2015. Os

aspetos de reconhecimento e mensuração mantêm-se de acordo com o preconizado no

antigo diploma que vigorou até final de 2015, salvo raras exceções. A título de

exemplo serve os ativos intangíveis com vidas úteis indefinidas serem agora

amortizados num período máximo de 10 anos, quando o antigo diploma previa a sua

não amortização. A par das escassas alterações significativas, alguns termos que

surgiam no léxico contabilístico da norma não constam agora do novo diploma, tendo

sido substituídos por outros conceitos e/ou expressões.

Page 72: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

53

4.4.Influência do sistema fiscal na prática contabilística em Portugal

Em Portugal, à semelhança de alguns países, a fiscalidade exerce uma forte

influência na contabilidade (Guimarães, 2000). A propósito, Guimarães (2000, p.135)

arrisca mesmo a afirmação “Efectivamente, não há decisão de gestão que não seja

analisada nesta dupla perspectiva contabilística e fiscal.”

As relações entre a fiscalidade e a contabilidade podem ser identificadas de

acordo com duas abordagens (Guimarães, 2000): a corrente continental-europeia,

excessivamente regulamentadora, em que existe uma forte inter-relação entre a

fiscalidade e a contabilidade; e a corrente anglo-saxónica, em que a fiscalidade

praticamente não exerce influência sobre a contabilidade, sendo a preocupação

fundamental a satisfação das necessidades de informação dos investidores bolsistas.

Talvez por Portugal se inserir nos países da designada “área continental-

europeia”, verifica-se uma influência direta da fiscalidade na contabilidade de tal

modo que se afirme que não se adotam políticas contabilísticas mas antes políticas

contabilístico-fiscais, isto é, políticas onde a contabilidade e a fiscalidade coexistem,

com o predomínio de critérios fiscais (Guimarães, 2000). Esta constatação evidencia-

se numa realidade que subsiste sobretudo junto das micro e pequenas empresas, onde

a informação financeira preparada pela contabilidade é voltada quase exclusivamente

para a prestação de contas ao fisco, em detrimento do auxílio para a tomada de

decisão (Tavares Lopes, 2009). Muitas vezes, este tipo de conduta resulta na

divulgação de informação financeira que não corresponde à realidade patrimonial da

entidade com vista a desoneração ilegal tributária da empresa (Tavares Lopes, 2009).

Assim, a dicotomia “critério económico” versus “critério fiscal”, que em bom rigor

contabilístico não deveria despontar, uma vez que as práticas contabilísticas deveriam

ser sempre alicerçadas por critérios de índole económico e de gestão e não de índole

fiscal (Guimarães, 2000), conduz a uma completa descredibilização da contabilidade

como uma ferramenta de gestão e de apoio à tomada de decisão. O domínio fiscal na

contabilidade poder-se-á revelar assolador para muitas empresas que acabam

ludibriadas pela informação financeira que distorce o real resultado e posição

financeira da empresa e se aproxima de uma tributação fiscal benéfica para a entidade.

Page 73: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

54

4.5.Teorias contabilísticas associadas à regulamentação contabilística

A contabilidade financeira é um processo que envolve a busca e

processamento de informações financeiras para auxílio na tomada de decisão por

muitas partes internas e externas à organização. Essas partes são diversas e incluem

atuais e potenciais investidores, credores, fornecedores, colaboradores, clientes,

governos, comunidade local, partes que assumem funções de revisão ou supervisão, e

os meios de comunicação (Deegan e Unerman, 2011).

A existência de muitas partes externas à empresa, com potencialidades e

necessidades de informação distintas, torna inexequível gerar um único relatório que

satisfaça as necessidades de informação específicas de todas as partes. Tal justifica o

propósito geral das demonstrações financeiras, nomeadamente as produzidas de

acordo o Sistema de Normalização Contabilística (Prefácio da Estrutura Conceptual

do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho):

“As demonstrações financeiras preparadas com o propósito de

proporcionar informação que seja útil na tomada de decisões económicas devem responder às necessidades comuns da maior parte

dos utentes.”

No entanto, tal propósito geral do objeto da contabilidade nem sempre se

verificou. Durante muitos anos, a contabilidade desempenhou um papel limitado do

ponto de vista da sua utilidade e dos seus utilizadores. Nos primórdios desta área do

conhecimento, a sua função resumia-se a prestar informação ao proprietário da

entidade acerca do seu posicionamento relativamente a terceiros e evidenciar o seu

património para fazer face a obrigações comportadas, numa perspetiva passada e

presente. Esta função limitada da contabilidade poder-se-á justificar em grande

medida pela estrutura organizacional que caracterizava a maioria das empresas há

alguns anos, empresas com poucos intervenientes na área da gestão empresarial e

financeira, sendo o proprietário da entidade a desempenhar as funções de gestor. No

entanto, a mutação do ambiente económico-financeiro evidenciou muitas carências ao

nível da gestão empresarial das quais resultou um novo paradigma caracterizado pela

separação entre propriedade e gestão, até então afastado. O cargo de gestor passou a

ser exercido por pessoas habilitadas e com conhecimentos para o efeito para que mais

e melhores respostas fossem dadas às exigências do mercado económico emergente.

Este novo modelo estrutural contribuiu em grande medida para a tendência da

regulamentação contabilística (Deegan e Unerman, 2011).

Page 74: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

55

O desenvolvimento do sistema capitalista no século XX elevou a função da

contabilidade canalizando-a fortemente para a prestação de informação ao mercado de

capitais, que acusava uma necessidade crescente de comparação da informação

económico-financeira (Cravo, 2000). O leque de utilizadores e a multiplicidade de

utilidades atribuídas à informação financeira contribuíram de igual modo para a

regulamentação contabilística. Deegan e Unerman (2011, p.61) compilam:

…we can say that regulation is designed to control or govern conduct. Hence

when we are discussing regulations relating to financial accounting, we are

discussing rules that have been developed by an independent authoritative body

that has been given the power to govern how we are to prepare financial

statements, and the actions of the authoritative body will have the effect of

restricting the accounting options that would otherwise be available to an

organization.

A contabilidade financeira é hoje, por isso, fortemente regulamentada na

maioria dos países, que à semelhança de Portugal, impõem normas de contabilidade e

outros regulamentos que determinam como transações e outros factos devem ser

reconhecidos, mensurados e apresentados.

O desenvolvimento da profissão contabilística e das normas contabilísticas

obrigatórias são fenómenos relativamente recentes, tendo sido fortemente

desencadeados pelo número significativo de colapsos corporativos. No século XXI a

área económico-financeira sofreu uma grande pressão política desencadeada pelas

várias falhas devastadoras da contabilidade e da auditoria nos Estados Unidos em

2001 e 2002, nomeadamente os casos Enron e WorldCom, conduzindo a mudanças

significativas na regulamentação da contabilidade de muitos países (Deegan e

Unerman, 2011). O ruído em torno das falhas contabilísticas foi aumentando, e eram

cada vez mais aqueles que as apontavam como as principais causas de perda de

confiança nos mercados de ações e consequente crise dos mercados financeiros.

A pressão política faz-se sentir novamente após a crise bancária e consequente

crise financeira global de 2007/8 em diante, e a eficácia da contabilidade financeira e

a sua regulamentação são novamente miradas e questionadas (Deegan e Unerman,

2011). Os políticos chegaram mesmo a questionar porque é que as demonstrações

financeiras dos bancos que acabaram por falir não apresentaram qualquer sinal/aviso

de risco e de existência de problemas graves enfrentados. É no seio deste cenário

negro alastrador, que os políticos vêem-se pressionados a exigir maior prudência e

rigor na regulamentação, para uma maior transparência e credibilidade das

Page 75: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

56

demonstrações financeiras. Deegan e Unerman (2011, p.39) evidenciam o esforço

político nesse sentido:

This political questioning of the role of accounting, and pressure to take action

to ensure that financial statements helped to provide greater transparency in the

future, reached the highest level when it was placed on the agenda of the G-20

leaders’ summit meetings from their inception in 2008. At the first of these

summit meetings, in November 2008, the first of the five policy areas in the

area of reforming financial markets was Transparency and Accountability.

A discussão em torno do papel da contabilidade e sua regulamentação estava

instalada, e se de um lado eram muitos os que acenavam com pedidos para uma maior

e rigorosa regulamentação, do outro lado havia quem questionasse se realmente era

necessária aquela regulamentação massiva traduzida numa infinidade de normas

contabilísticas.

4.5.1. O porquê da regulamentação contabilística

Como já referido, as partes internas e externas à empresa recorrem

frequentemente à informação financeira para auxílio nas mais diversas tomadas de

decisão. Para os utilizadores externos, a contabilidade financeira assume uma

importância acrescida uma vez que lhes permite ter acesso a informações que de outra

forma, à partida, não seriam acessíveis. As crises financeiras são justificadas por

muitos pelas más decisões tomadas com base na informação financeira, e é neste

contexto que o aperto à regulamentação emerge, no sentido de fortalecer a

transparência do mercado financeiro e evitar riscos excessivos que culminam em

crises assoladoras.

No entanto, embora a regulamentação massiva estivesse em parte justificada

pelos sucessivos escândalos financeiros que evidenciavam falhas contabilísticas

graves, a crescente regulamentação das práticas contabilísticas desencadeou uma onda

de argumentos contra e a seu favor.

Algumas das principais razões a favor da regulamentação são apontadas por

Deegan e Unerman (2011):

Os mercados de informação não são eficientes, e a falta de regulamentação

resultaria num nível de informação financeira abaixo do limiar ideal à

tomada de decisão dos vários usuários;

Page 76: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

57

Os defensores do “mercado livre” ou “anti-regulamentação” argumentam que

o mercado de capitais é, em média, eficiente. No entanto, tais argumentos

ignoram que muitos investidores individuais podem perder as suas poupanças

como resultado de confiarem em divulgações não regulamentadas;

As partes com poder limitado (recursos escassos) são incapazes de exigir

informação financeira de uma empresa, a regulamentação permite a estas

partes vulneráveis aceder a informação que de outra forma seria inacessível;

Os investidores precisam de proteção contra as organizações fraudulentas

que produzem informação enganosa, que devido à assimetria de informação,

não é detetada como dolosa quando usada;

A regulamentação uniformiza os métodos a serem adotados pelas diferentes

entidades, contribuindo para o aumento da comparabilidade.

Deegan e Unerman (2011) apresentam alguns argumentos contra a

regulamentação:

A informação contabilística é como qualquer outro bem e, como tal, os

utilizadores das demonstrações financeiras estarão dispostos a pagar por esse

bem de acordo com a sua necessidade e utilidade, desencadeando um

fornecimento ótimo de informações pelas entidades;

Os mercados de capitais exigem informações, e qualquer organização que

não forneça informações será punida naturalmente pelo próprio mercado. A

ausência de informação é interpretada como má notícia;

O facto dos utilizadores da informação financeira não suportarem,

geralmente, o custo de produção das demonstrações financeiras, conduz a um

excesso de oferta de informação imposta pela regulamentação (aumenta o

custo suportado pelas empresas que a produzem), e a uma tendência dos

utilizadores para exagerar a necessidade de informação;

A regulamentação restringe os métodos contabilísticos que podem ser usados

pelas empresas, impossibilitando-as de usar métodos contabilísticos que

acreditam refletir de forma mais adequada e eficiente o desempenho e a

posição financeira da empresa. Este aspeto tem impacto na eficiência com

que a empresa pode informar os mercados sobre as suas operações e posições

Page 77: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

58

financeiras.

Dos prós e contras da regulamentação contabilística emergem perspetivas

popularizadas por vários autores.

4.5.2. Teorias contabilísticas

A compreensão da regulamentação contabilística é feita à luz das teorias da

regulamentação: interesse público, captura regulatória e interesse privado. As teorias

do interesse público e da captura regulatória são aquelas que consideramos que

melhor poderão explicar o fenómeno da norma contabilística das microentidades em

análise no presente estudo.

Teoria do interesse público

A teoria do interesse público defende que a regulamentação é introduzida para

proteger o público. Esta proteção pode ser necessária devido à ineficiência dos

mercados. A teoria do interesse público pressupõe que o órgão regulador, geralmente

o governo, é neutro, e não deixa que o seu próprio interesse interfira e influencie o

processo de regulação. Tem como objetivo único o interesse público (Deegan e

Unerman, 2011).

Deegan e Unerman (2011, p.42) citam uma observação de Scott (2003) à

teoria do interesse público, nomeadamente ao regulador,

“does its best to regulate so as to maximise social welfare. Consequently,

regulation is thought of as a trade-off between the costs of regulation and its social

benefits in the form of improved operation of markets”.

A implementação da Lei Sarbanes-Oxley nos Estados Unidos em 2002,

desencadeada por escândalos financeiros corporativos, nomeadamente o colapso da

Enron Corporation e da empresa de auditoria Arthur Andersen, pode ser analisada à

luz da teoria do interesse público. Foram desenvolvidos novos relatórios financeiros e

requisitos de governança corporativa, e criadas novas normas e estruturas de

supervisão para os auditores (Godfrey, Hodgson, Tarca, Hamilton, e Holmes, 2010).

Na Austrália, também a criação do Conselho de Revisão de Normas de

Contabilidade (ASRB) em 1984 pelo Governo subentende a teoria do interesse

Page 78: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

59

público. A intervenção do governo no processo de definição das normas

contabilísticas é entendido como uma resposta às falhas que ocorreram no mercado de

informação contabilística, denunciadas pelo avultado número de colapsos

corporativos mesmo quando auditores haviam certificado as contas como “justas e

verdadeiras” (Godfrey et al., 2010).

Outras análises suportam-se na teoria do interesse público. A título de

exemplo, Bratton (2007) analisa as normas privadas e a governança pública por meio

da teoria do interesse público. Reconhece que o FASB serve o interesse público ao

considerar necessárias as empresas de contabilidade para as normas auditáveis. O

autor considera-o por isso um sucesso institucional. Cordery (2013) vale-se da teoria

do interesse público na análise do papel da regulamentação nas pequenas e médias

empresas de carácter social, nomeadamente os impactos na transparência e prestação

de contas.

Teoria da captura regulatória

A teoria da captura regulatória argumenta que embora a regulamentação seja

muitas vezes introduzida para proteger o público, os mecanismos de regulamentação

acabam por ser muitas vezes controlados (capturados) de modo a proteger os

interesses de determinados grupos com interesses próprios dentro da sociedade, cujas

atividades são fortemente afetadas pela regulamentação. Esta perspetiva assenta na

ideia que o “regulado” tende a capturar o “regulador”.

Deegan e Unerman (2011, p.43), referenciam um argumento de Posner (1974)

alusivo a esta perspetiva, explicando que “the original purposes of the regulatory

program are later thwarted through the efforts of the interest group”.

A evidência empírica que o regulador toma decisões individuais para favorecer

determinados grupos que regula não é suficiente para demonstrar a captura

regulatória, uma vez que essas decisões podem ser consideradas como as mais

adequadas às circunstâncias. Neste sentido, é premente trabalhar o interesse do corpo

regulado e afastar o interesse do grupo que o regulador procura proteger (Deegan e

Unerman, 2011).

Page 79: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

60

Retomando um exemplo anterior, a criação do ASRB pelo Governo

australiano, Walker (1987), referenciado em Godfrey et al. (2010), acredita que é a

teoria da captura que melhor explica a ação. Argumenta que embora o Governo tenha

agido inicialmente em prol do interesse público, o ASRB acabou capturado com

sucesso pelos profissionais da contabilidade, o setor regulamentado. De acordo com

Walker, a captura é evidente nas disputas ganhas pela Fundação de Pesquisa de

Contabilidade Australiana (AARF), fundação financiada pela profissão, com o ASRB.

O ASRB tinha poder para considerar as normas que lhe eram apresentadas por

qualquer fonte, promovendo a consulta e participação generalizada, na tentativa de

ampliar a aceitabilidade política das normas aprovadas. Porém, apenas uma em cada

23 normas aprovadas resultava de uma fonte externa à profissão (Godfrey et al.,

2010). No essencial o argumento de Walker assenta no interesse económico dos

profissionais da contabilidade no processo de normalização contabilística e,

consequentemente, a necessidade de o controlar (Godfrey et al., 2010).

Também Deegan e Unerman (2011) observam que em várias jurisdições se

tem argumentado que o processo de definição de normas de contabilidade tem sido

capturado pelas grandes empresas de contabilidade. Citam igualmente Walker (1987)

com o caso da captura do ASRB pela AARF.

À semelhança do ASRB australiano, também o IASB tem sido discutido à

margem da teoria da captura. Zeff, referenciado em Godfrey et al. (2010), afirma que

há muitos grupos interessados na saída do IASB na tentativa de invalidar a captura

por qualquer grupo. Porém, já havia sido sinalizada a captura do IASB pelo Financial

Accounting Standards Board (FASB), organização independente sem fins lucrativos,

dos Estados Unidos da América (EUA), reconhecida pela Securities and Exchange

Commission (SEC), que padroniza os procedimentos da contabilidade financeira de

empresas cotadas em bolsa e não-governamentais. A proximidade das normas do

IASB às Generally Accepted Accounting Principles (GAAP) enfatiza a questão da

influência das GAAP do FASB nas IFRS do IASB (Godfrey et al., 2010). A

propósito, Zeff aponta a discordância na Europa em torno da IFRS 8, que segue o

padronizado pelo FASB, para enfatizar a questão que fervilha novamente acerca do

impacto da convergência entre o IASB e o FASB na Europa (Godfrey et al., 2010).

Page 80: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

61

Á luz da teoria da captura, também a independência dos reguladores da

contabilidade tem sido analisada. Serve de exemplo o IASB, organização

internacional e independente, sem fins lucrativos, que desenvolve e aprova as IFRS.O

IASB inclui 16 membros, nomeados pela IFRS Foundation, dos quais três prestam

serviço única e exclusivamente ao Conselho, e todos se comprometem a atuar em

função do interesse público. Estas condições contribuem para a imagem objetiva e

imparcial que se pretende do IASB e que se espera refletida no processo de definição

das normas. Porém, esta imagem torna-se difícil de acolher quando o IASB ainda

integra membros que são profissionais qualificados da contabilidade cujas aceções são

determinadas, em certa medida, pelas experiências e trabalhos anteriores (Deegan e

Unerman, 2011). David Cronin, referenciado por Deegan e Unerman (2011), afirma

que o IASB é uma empresa privada, dominada pelo setor de contabilidade, bancos e

empresas multinacionais.

Também a harmonização internacional da contabilidade tem sido analisada à

luz da teoria da captura. Na Austrália, embora a harmonização das normas de

contabilidade tenha sido massivamente apoiada, a adoção dos padrões internacionais

reflete fortemente os interesses e preferências das grandes empresas (Godfrey et al.,

2010).

Vários estudos socorrem-se da teoria da captura na sua análise. Albino, Hu e

Bar-Yam (2013) analisam a interação entre as corporações e os reguladores e a sua

influência na captura da regulamentação. Concluíram que a comunicação entre as

empresas e os reguladores promove a captura regulamentar. Os resultados do estudo

mostram que a captura ocorre quando ambas as partes beneficiam da ação. Os

benefícios acedidos pela empresa compensam os custos suportados pelos reguladores

no processo de captura. Os autores observam que no mundo real os benefícios

superam muitas vezes os custos, o que incentiva fortemente a conspiração e a captura.

Cortese (2011) analisa a padronização contabilística para as empresas de petróleo e

gás nos EUA na década de 1970. Retrata a tentativa falhada da indústria em capturar o

processo regulatório. Godfrey e Langfield-Smith (2005) analisam a influência política

exercida no processo de globalização das normas contabilísticas. Procuram perceber

se a influência política e regulamentar que ocorre quando a globalização se torna um

objetivo nacional e internacional cabe na teoria da captura regulamentar.

Page 81: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

62

A regulamentação contabilística pode ter um impacto diferente em diferentes

pessoas ou grupos e há evidências que a regulamentação contabilística tem

consequências sociais e económicas que variam consoante os diferentes grupos

(Deegan e Unerman, 2011).

Uma outra perspetiva explicativa é proposta por pesquisadores como Stigler

(1971) e Peltzman (1976), a teoria do interesse privado, também designada teoria do

grupo de interesse económico (Deegan e Unerman, 2011).

Teoria do interesse privado

A teoria do interesse privado repudia as crenças das teorias anteriormente

descritas, que no essencial defendem que a regulamentação é, num dos casos ainda

que de forma inicial, posta em prática para proteger o interesse público, e que o

governo age como um árbitro neutro afastando todo e qualquer interesse próprio no

processo de regulamentação. Em vez disso, Stigler (1971) citado em Deegan e

Unerman (2011) defende que os governos são compostos por indivíduos que são

movidos pelo seu próprio interesse e, deste modo, irão introduzir uma regulamentação

que mais facilmente conduza à sua reeleição. A propósito Deegan e Unerman (2011,

p.43) observam:

In deciding upon particular regulation they will consider the impacts on key

voters, as well as on election campaign finances. Individuals with an interest in

particular legislation are deemed more likely to get their preferred legislation if

they can form themselves into large organized groups with strong cohesive

voting power.

Assim, no seio da teoria do interesse privado, a regulamentação é

instrumentalizada, ainda que de forma camuflada, para o favorecimento do eleitorado

com vista à reeleição governamental.

Rahman, referenciado por Godfrey et al. (2010), procurou analisar o caso do

ASRB australiano à luz da teoria do interesse privado. Identificou várias limitações na

análise de Walker suportada na teoria da captura. Rahman conclui que o Conselho era

dependente e suscetível à influência de vários grupos de interesse. Além de confirmar

a influência da profissão contabilística na preparação e revisão das normas,

reconheceu igualmente que outras partes garantem um papel importante que lhes

permitem analisar e influenciar constantemente as ações do Conselho. Por

Page 82: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

63

conseguinte, a ação do Conselho alicerçou-se na noção de que as normas aprovadas

seriam sujeitas a aceitação política, pelo que as consequências políticas dos seus

padrões teriam de ser mínimas.

O estudo de Thornburg e Roberts (2008) poderá ser explicado pela teoria do

interesse privado. Os autores debruçaram-se sobre a Lei Sarbanes-Oxley de 2002

implementada nos Estados Unidos. Procuraram analisar como a profissão

contabilística nos EUA intervém na política quando os assuntos da profissão e do

interesse público se cruzam. Concluíram que, embora a profissão assegure orientação

para o interesse público, não parece ser politicamente neutra na medida em que tenta

influenciar as políticas públicas, gerindo estrategicamente a sua relação com o

governo por meio de contribuições políticas.

Em torno da compreensão da regulamentação contabilística, e assente na

aceitação da sua necessidade, questões prementes se indexam: quem deve ser o

responsável pela regulamentação contabilística? Setor privado (como profissionais da

contabilidade) ou setor público (governo)? Poder-se-á esperar que a regulamentação

contabilística a cargo do setor privado esteja isenta de autointeresses?

Na opinião de Deegan e Unerman (2011) a resposta a esta última questão

dependerá em grande medida da visão do mundo de cada um, que por sua vez

influencia a teoria da regulamentação a abraçar.

A discussão em torno da responsabilização da regulamentação contabilística

instala-se, e duas perspetivas distintas são debatidas.

Os defensores da regulamentação emanada pelo setor privado argumentam que

os profissionais da contabilidade são mais capazes de desenvolver normas de

contabilidade devido ao seu conhecimento superior da contabilidade, e pela maior

probabilidade das suas regras e normas contabilísticas serem aceites por parte da

comunidade empresarial. Do outro lado, os defensores da regulamentação instituída

pelo setor público argumentam que o governo tem um maior poder de execução, e

como tal as normas/regras do governo são mais propensas a serem seguidas.

Acrescentam que o governo é menos sensível às pressões exercidas pelas empresas, e

mais propensas a considerar o interesse público em geral (Deegan e Unerman, 2011).

Como se constata da exposição anterior são vários os intervenientes e

interesses envolvidos na regulamentação contabilística. A sua existência, ou por outro

Page 83: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

64

lado a sua carência, pode desencadear inúmeras consequências económicas e sociais.

É neste contexto que a definição das normas contabilísticas é entendida por muitos

como um processo essencialmente político, alimentado por diferentes partes

interessadas.

Após concluir o enquadramento teórico do tema desta dissertação passamos de

seguida à apresentação do estudo empírico realizado e respetivos resultados.

Page 84: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

65

5. Contexto do Estudo e Metodologia

5.1.Definição do problema e objetivos

O presente estudo pretende analisar a utilidade atribuída ao normativo

contabilístico das microentidades pelos utilizadores, assinaladamente, os

proprietários/gestores das microentidades e os profissionais da contabilidade, de quem

se espera perspetivas de utilidade distintas face ao conhecimento e abordagem que

cada um destes intervenientes exibe em relação à contabilidade e ao seu propósito.

A informação contabilística serve de base a tomadas de decisão de muitos

agentes económicos, e naturalmente, no âmbito desta investigação em torno da NCM,

seria interessante estudar o proveito que cada um deles retira da informação prestada

de acordo com esta norma. Porém, um estudo desta dimensão é bastante dispendioso,

e na tentativa de um estudo exequível optou-se pela seleção de apenas dois

utilizadores: a própria entidade (proprietários/gestores) e os profissionais da

contabilidade (contabilistas). A escolha que versa sob estes utilizadores justifica-se

pela potencial intervenção na seleção do normativo contabilístico a adotar e pela

pressuposta visão distinta em relação à função da contabilidade.

O regime contabilístico das microentidades publicitou a ideia de um normativo

que reduz os encargos administrativos das entidades de menor dimensão sem que a

informação divulgada aos utilizadores das demonstrações financeiras fosse

comprometida. Porém, a análise comparativa do conteúdo da NCM com os restantes

normativos, apresentada anteriormente, evidencia as suas carências que podem

traduzir-se em défices de informação. Naturalmente, estes défices de informação terão

maior ou menor importância consoante a utilidade que é atribuída à contabilidade.

Subsiste a ideia de que o sistema contabilístico-fiscal em que Portugal se enquadra

acaba por menosprezar a informação financeira, que é preparada quase única e

exclusivamente para satisfazer as obrigações fiscais (Tavares Lopes, 2009). A

utilidade da informação financeira é aqui circunscrita à vertente fiscal, não assumindo

qualquer relevo no apoio à tomada de decisão do órgão de gestão da entidade que, por

sua vez, não atribuirá qualquer importância às carências da norma das microentidades.

Neste sentido, este estudo procura perceber se a norma contabilística das

microentidades é acolhida ou não, a quem cabe a decisão de opção, e quais os motivos

que sustêm a sua adoção ou rejeição. A opção ou rejeição da NCM poder-se-á

Page 85: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

66

compreender por via da utilidade atribuída à contabilidade e, numa outra aceção, à

NCM.

Desta forma, a investigação proposta procura responder à seguinte questão de

partida:

Em que medida a Norma Contabilística para Microentidades aplicada

pelas Microentidades corresponde às expetativas/necessidades deste tipo de

entidades?

De forma a operacionalizar esta questão, as expetativas correspondem ao que a

Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro se propõe, lei que institui o regime especial

simplificado das normas e informações contabilísticas aplicáveis às microentidades, e

as necessidades são operacionalizadas pelas necessidades dos proprietários/gestores

das microentidades.

A resposta à questão de partida passa por identificar o normativo usado na

preparação das demonstrações financeiras no exercício de 2011, ano em que a NCM é

passível de ser aplicada, e a mudança de normativo nos anos subsequentes. A par,

procurar-se-á perceber a utilidade atribuída à contabilidade e, em particular, à norma

contabilística para microentidades.

Deste modo, o estudo empírico foi organizado em seis objetivos específicos:

1) Qual o nível de adesão à norma contabilística das microentidades?

2) Qual o nível de adesão e/ou abandono da norma contabilística das

microentidades nos anos subsequentes à sua entrada em vigor?

3) Em que medida a contabilidade é útil?

4) Quem são os principais utilizadores da informação financeira das

microentidades?

5) Em que medida a norma contabilística das microentidades é útil?

6) Quais os incentivos à adoção da norma contabilística das microentidades?

Relembrar que a NCM, à semelhança dos restantes normativos contabilísticos

portugueses, foi recentemente alvo de algumas alterações, nomeadamente ao nível dos

limites de categorização das empresas, por força da transposição da Diretiva

2013/34/EU para o sistema contabilístico português. Dado tratarem-se de alterações

recentes e com aplicação em 2016, os limites usados neste estudo são os que

Page 86: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

67

vigoraram até 31 de dezembro de 2015, tal como todo o conteúdo estabelecido na

NCM e restantes normativos.

Com o problema e objetivos da investigação aclarados, segue-se a

caracterização da população inquirida.

5.2.Caracterização da População

A população é o grupo inteiro de objetos (unidades) dos quais se pretende

obter informações. A população deve ser definida claramente e em termos daquilo que

se pretende conhecer. Deverá, portanto, ser representativa daquilo que queremos

estudar.

Nesta investigação, a escolha da população recaiu nas microentidades e nos

profissionais da contabilidade. As microentidades são, hipoteticamente, o principal

beneficiário da NCM e os profissionais da contabilidade surgem, no âmbito deste

estudo, como os entendidos em matéria contabilística a quem cabe por diversas vezes

o aconselhamento ou até mesmo a escolha do normativo a adotar pela organização na

preparação das suas demonstrações financeiras. Naturalmente, as apreciações dos

contabilistas são sustentadas pelo seu domínio contabilístico que permite identificar o

potencial de cada normativo.

As microentidades assumem um papel preponderante na economia de

Portugal, facilmente constatável pela sua representatividade no setor empresarial

português. O tecido empresarial português abarca 0,1% de grandes empresas, 0,5% de

médias empresas e 99,4% dominado pelas micro e pequenas empresas, dos quais

96,2% são microempresas e 3,2% corresponde às pequenas empresas (Pordata,

2016a).

A Tabela 3 representada ilustra o tecido empresarial português distribuído por

dimensão com base nos critérios da UE (Recomendação da Comissão Europeia n.º

2003/361/CE).

Page 87: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

68

Tabela 3 - Empresas: total e por dimensão

Ano 2013

Dimensão

Total PME Grandes

nº 1.119.447 1.118.427 1.020

% 100,0 99,9 0,1

Micros Pequenas Médias

nº 1.077.294 35.446 5.687

% 96,2 3,2 0,5

Fonte: Pordata (2016b)

A representatividade das microentidades no setor empresarial português

enaltece a sua importância na dinâmica económica. No entanto, a vulnerabilidade

deste tipo de entidades entrava no seu desenvolvimento e crescimento, condenando-

as, por vezes, à extinção. A NCM surge, assim, em resposta ao alívio da carga

administrativa e financeira das microentidades e torna-se, por isso, interessante

verificar se a norma satisfaz de facto a exoneração destas entidades sem comprometer

as necessidades de informação dos utilizadores, assinaladamente os

proprietários/gestores das microentidades.

5.3.Método de Amostragem

O presente estudo assume duas amostras, uma formada pelas microempresas e

outra formada pelos profissionais da contabilidade, ambos em Portugal. As

microempresas incluídas na amostra resultam de um procedimento algo complexo,

sendo que a classificação das entidades em função da dimensão segue os critérios

vigentes até 31 de dezembro de 2015. Até esta data, para o enquadramento nas

microentidades, o limite do número de empregados estava fixado em cinco e os

limites do total do balanço e do volume de negócios líquido fixados em 500.000€.

Assim, de acordo com o artigo 2.º da Lei n.º 35/2010, de 2 setembro, bem como do

artigo 2.º do DL n.º 36-A/2011, de 9 de março, a classificação de microempresa

obedece a dois dos três critérios definidos e constantes desses mesmos diplomas

Page 88: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

69

legais. Por conseguinte, foram determinadas as combinações possíveis que permitiam

esta classificação, conforme Tabela 4.

Tabela 4 - Enquadramento das Microentidades

Enquadramento das Microentidades de acordo com a CNC

Total do Balanço Volume de Negócios

Líquido

Nº médio de

empregados durante o

exercício

Combinação 1 <= 500.000 € <= 500.000 € <= 5

Combinação 2 <= 500.000 € <= 500.000 € > 5

Combinação 3 <= 500.000 € > 500.000 € <= 5

Combinação 4 > 500.000 € <= 500.000 € <= 5

CNC – Comissão de Normalização Contabilística

As diferentes combinações foram usadas como filtros na extração das

empresas da Base de Dados Amadeus, disponível na Escola de Economia e Gestão da

Universidade do Minho. Esta base de dados reúne um vasto leque de informação

acerca das empresas que lista, mas ainda assim, a listagem de empresas extraída

carecia de muitos contactos de correio eletrónico. Da base de dados foram extraídas

242.145 empresas enquadradas nos limites de categorização das microentidades,

destas apenas 488 exibiam contacto de endereço de correio eletrónico, o que reduzia

significativamente a amostra das microentidades a estudar. Face à necessidade de

contactos, recorreu-se a uma pesquisa online6 valendo-se de um algoritmo que através

da designação da empresa localizava o seu contacto de endereço de correio eletrónico.

A Tabela 5 resume o processo de amostragem que determinou a amostra de

microentidades usada nesta investigação:

6 Pesquisa no site http://codigopostal.ciberforma.pt/dir/.

Page 89: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

70

Tabela 5 - Processo de Amostragem das Microentidades

Processo de Amostragem das Microentidades

Total extraído

da Base de

Dados

Amadeus

C/Contacto

na Base de

Dados

Amadeus

Contactos

extraídos da

Pesquisa Online7

Total C/Contacto

(Base de Dados Amadeus

+ Pesquisa Online)

Combinação 1 166.929 21 1.511 1.532

Combinação 2 75.199 465 202 667

Combinação 3 0 0 0 0

Combinação 4 17 2 0 2

Total 242.145 488 1.713 2.201

Amostra %

2.201 0,91%

A pesquisa online contribuiu para o aumento do número de contactos de

endereço eletrónico das empresas listadas da base de dados. Dos 488 contactos que

correspondem a 0,20% do total de empresas extraído da base de dados, passamos a

dispor de 2.201 contactos, um acréscimo de 0,71%, determinante para amostra das

microentidades alvo deste estudo. Portanto, o questionário desenvolvido foi enviado a

2.201 empresas.

A amostra dos profissionais da contabilidade é por conveniência. A ideia

inicial assentava no envio de ambos os questionários às microentidades contactáveis

que compunham a amostra, com um pedido de reencaminhamento de e-mail ao seu

contabilista para que este pudesse aceder ao questionário que a ele se dirigia. Porém, o

insucesso desta estratégia evidenciou-se pelo número reduzido de inquéritos recebidos

nos prazos estabelecidos. De forma a aumentar a coleta de dados do lado dos

profissionais da contabilidade, recorreu-se a um grupo público8 de uma rede social, do

qual fazem parte inúmeros profissionais da área contabilística, nomeadamente

profissionais da contabilidade. Esta ação alternativa contribuiu para um aumento do

número de respostas ao inquérito, todavia, pouco significativo. Foram rececionados

21 inquéritos respondidos pelos profissionais da contabilidade. Por conseguinte,

admite-se que amostra dos profissionais da contabilidade é definida pelos inquiridos

que responderam ao inquérito, ou seja, 21 elementos.

7 A pesquisa online inclui apenas as entidades sem contacto de correio eletrónico na Base de

Dados Amadeus. 8 Grupo público da rede social Facebook designado Contabilidade PT.

Page 90: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

71

Aquando do envio do questionário por internet aplicado às microentidades

verificou-se que dos 2.201 endereços de correio eletrónico conseguidos na Base de

Dados Amadeus e pesquisa online, 606 não se encontravam ativos. Em termos

percentuais, traduz-se em 27,53% dos contactos de correio eletrónico obtidos.

Verificou-se também a existência de dois contactos de empresas que já não se

enquadravam nos limites das microentidades, o que corresponde a 0,09%. Note-se que

estas duas empresas não responderam ao questionário, remeteram apenas em resposta

ao e-mail que a sua categorização não encaixa no grupo das microentidades. Face ao

exposto, o número de contactos de correio eletrónico considerados válidos cinge-se a

1.593, o que representa 72,38% do total de contactos disponibilizado. A Tabela 6

resume a validade dos contactos de endereço de correio eletrónico obtidos no

processo de amostragem das microentidades.

Tabela 6 - Validade dos contactos de endereço de correio eletrónico

Amostra das Microentidades

Validade do contacto de correio eletrónico Quantidade %

Contactos de correio eletrónico válidos 1.593 72,38%

Contactos de correio eletrónico inválidos 606 27,53%

Contactos de correio eletrónico de empresas que não se enquadram na categorização das microentidades

2 0,09%

Total da amostra utilizada na implementação do

questionário aplicado às microentidades 2.201 100%

Dos 1.593 contactos de correio eletrónico de microentidades válidos

obtiveram-se 64 questionários respondidos (4,02% do total de contactos válidos).

Todavia, a análise das respostas dos questionários preenchidos determinou a exclusão

de 3 questionários, 2 preenchidos pelas microentidades e 1 preenchido pelos

profissionais da contabilidade. Assim, a análise estatística compreende um total de 82

questionários preenchidos válidos, sendo que 62 são respondidos pelas

microentidades e 20 são preenchidos pelos profissionais da contabilidade.

5.4.Método de Recolha de Dados

A presente investigação adota o método quantitativo pela sua adequabilidade

à análise que se pretende e pela técnica utilizada na recolha de dados.

Page 91: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

72

A coleta de dados empíricos foi feita com recurso à técnica de inquérito por

questionário, sendo por isso dados primários. Os estudos quantitativos recorrem

frequentemente ao inquérito por questionário na extração de dados, que servem ao

apuramento de resultados acerca de uma amostra, podendo ser extrapolados para a

população de onde foi extraída.

O questionário utilizado neste estudo foi elaborado com base numa prévia

análise comparativa da NCM com os restantes normativos portugueses passíveis de

utilização pelas microentidades. Esta análise permitiu identificar as principais

características e carências da NCM que podem justificar a sua adoção ou rejeição que,

por sua vez, aclara a utilidade que lhe é atribuída.

Alguns estudos semelhantes também estão na sua base [entre os quais,

Strouhal et al. (2010), Bunea et al. (2012), Albu (2013) e Kiliç et al. (2014)]. A

metodologia usada e os principais aspetos evidenciados nos estudos acedidos

contribuíram para um questionário mais rico na sua abordagem. Analogamente,

artigos críticos [entre os quais Neag et al. (2009), Antão et al. (2009), Tavares Lopes

(2009), Roque (2010), Fernandes (2011) e Silva e Antão (2011)] em torno da temática

da informação financeira para micro, pequenas e médias empresas determinam alguns

tópicos incluídos no questionário.

Na elaboração das questões procurou-se atender sobretudo aos objetivos

específicos definidos. Foram igualmente incluídas algumas questões que permitam

caracterizar o respondente e a empresa/microentidade.

Deste modo, o questionário está estruturado em seis secções de forma a

distribuir as perguntas por temas de resposta:

1) Identificação do perfil do respondente;

2) Caracterização da empresa;

3) Identificação do modelo contabilístico usado;

4) Utilidade da Contabilidade;

5) Utilizadores da informação financeira;

6) Utilidade da Norma Contabilística das Microentidades e incentivos à sua

adoção;

Page 92: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

73

O questionário é composto maioritariamente por questões fechadas. Nas

questões das secções 4 a 6 foi solicitada a opinião dos inquiridos em termos de grau

de concordância. Utilizou-se a escala de Likert, com cinco opções de resposta (1 -

discordo totalmente; 2 - discordo; 3 - não concordo nem discordo; 4 - concordo; 5 -

concordo totalmente).

A secção 1 do questionário procura definir o perfil do respondente (função e

grau de escolaridade). A secção 2 procura identificar as características da empresa tais

como anos no mercado, atividade da empresa, forma jurídica, tipo de serviço de

contabilidade, tamanho definido em número de funcionários, a região a que pertence e

a principal fonte de financiamento. Na secção 3 pretende-se identificar o modelo

contabilístico adotado nos exercícios de 2010 e 2011 (ano que antecede e ano em que

vigora, respetivamente, o regime contabilístico para as microentidades) e a mudança

de normativo nos anos seguintes. A secção 4 pretende aferir acerca da utilidade da

contabilidade, nomeadamente o seu papel na empresa, se suporte à gestão e tomada de

decisão ou mero instrumento para fazer face às obrigações legais e fiscais. A secção 5

procura identificar os principais utilizadores das demonstrações financeiras das

microentidades. Na secção 6 é aferida a utilidade da NCM, explorando a importância

atribuída a matérias e tratamentos contabilísticos não previstos na norma, e aferido o

incentivo à sua adoção, nomeadamente se a redução de custos administrativos se

concretiza com a sua adoção.

O questionário foi adaptado ao tipo de respondentes. Algumas questões não

faziam sentido para os profissionais da contabilidade pelo que foram excluídas do

questionário que lhes foi submetido. As questões para as quais foi solicitado o grau de

concordância são comuns, na íntegra, a ambos os grupos inquiridos.

A elaboração de um questionário é um processo moroso e complexo na

medida em que obedece a vários parâmetros fulcrais. As questões colocadas devem

permitir extrair informação que contribua para os resultados esperados, o que nem

sempre se verifica numa fase inicial. Torna-se, portanto, imperativo todo um processo

de revisão e validação das questões incluídas no questionário.

Os pré-testes dos questionários desta pesquisa foram realizados em amostras

com três elementos cada. Os questionários dirigidos aos profissionais da contabilidade

foram enviados via chat de uma rede social, enquanto os questionários administrados

Page 93: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

74

aos proprietários/gestores das microentidades foram entregues pessoalmente. Todos

os intervenientes no processo de pré-teste foram escolhidos convenientemente com

base no mais fácil e rápido acesso.

Os pré-testes sinalizaram a necessidade de alguns ajustes. Alguns

itens/questões foram excluídos por existir evidência de que não mediriam a mesma

construção/tema em discussão. Depois de proceder a ajustamentos, o questionário foi

enviado para os potenciais inquiridos.

Os questionários foram desenvolvidos na plataforma web da Google, Forms –

Google Docs (https://docs.google.com/forms). O recurso a esta ferramenta deve-se,

essencialmente, ao fácil manuseio e formatação na construção do questionário.

Contribuiu de igual forma para a sua escolha o facto de ser um serviço de fácil acesso

e gratuito sem quaisquer restrições para a dimensão do questionário, assim como o

potencial que apresenta na extração dos dados para análise, que são facilmente

utilizados em outros softwares de análise.

Os questionários foram enviados via e-mail para as microentidades da nossa

amostra, acompanhados por uma mensagem (disponível em apêndice, enviada a 3 de

fevereiro de 2016) que explicava o propósito do estudo e instruía a forma como

encaminhar o questionário ao profissional da contabilidade. A recolha de dados foi

feita entre Fevereiro e Maio de 2016. Ao longo deste período enviou-se um segundo

pedido de participação (mensagem disponível em apêndice, enviada a 10 de março de

2016) com vista a incentivar e aumentar o número de questionários rececionados. No

caso do questionário aplicado aos profissionais da contabilidade, o mesmo foi

disponibilizado ainda num grupo público da rede social Facebook à data 13 de maio

de 2016.

Os questionários estiveram disponíveis através das seguintes hiperligações:

o Se empresário:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf0h0yPAzgnxqlWY6LlcETWj_bzlI_YnzaPa0tEGxLUwjohyw

/viewform?usp=send_form;

o Se contabilista/CC:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdubuR3x5EedPluxWWby4gOELw1FeRKdqa-

lgImgwx8fl_zww/viewform?usp=send_form.

Page 94: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

75

6. Apresentação dos resultados – Análise descritiva

Os 82 questionários integrados na análise estatística, 62 preenchidos pelas

microentidades e 20 pelos profissionais da contabilidade, constituem o material objeto

de estudo e explanação nos próximos pontos e capítulos.

6.1.Caracterização dos respondentes

Função do respondente

Os questionários aplicados às microentidades foram massivamente

preenchidos pelos gerentes. Dos 62 questionários preenchidos e validados, 83,9%

foram respondidos por gerentes, 9,7% preenchidos por colaboradores que não

identificaram a função que exerciam e 6,5% respondidos por contabilistas

certificados. Os questionários aplicados aos profissionais da contabilidade foram na

sua maioria preenchidos por Contabilistas Certificados, assinaladamente 65,0% dos

inquiridos. Seguem-se os Técnicos de Contabilidade representados por 30,0% dos

elementos e, por fim, apenas 5,0% dos respondentes não se enquadrou em nenhuma

das duas categorias profissionais sugeridas.

Gráfico 1 – Função do respondente

83,9%

6,5%

9,7%

Microentidades

Gerente

Contabilista Certificado/CC (Anteriores Técnicos Oficiais de Contas/TOC)

Outro

30,0%

65,0%

5,0%

Profissionais da Contabilidade

Técnico de Contabilidade

Contabilista Certificado/CC (Anteriores Técnicos Oficiais de Contas/TOC)

Outro

Page 95: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

76

Grau de escolaridade do respondente

O nível de escolaridade dos respondentes das microentidades recai

maioritariamente no Ensino Superior, com 61,3% dos inquiridos. Segue-se 32,3% dos

elementos com Ensino Secundário e, por fim, 6,5% com habilitação ao nível do

Ensino Básico, nomeadamente 3º ciclo. Note-se que nenhum dos respondentes possui

habilitação ao nível do Básico – 2º ciclo e Básico – Igual ou inferior ao 1º ciclo. O

grau de escolaridade predominante no grupo dos profissionais da contabilidade é o

Ensino Superior. Dos 20 inquiridos em análise, 85,0% possuem o Ensino Superior e

15,0% possuem o Ensino Secundário. Numa análise genérica, o grau de escolaridade

de ambos os grupos de inquiridos é igual ou superior ao Básico – 3º ciclo, o que é

positivo face ao nível de escolaridade completo da população em Portugal no ano de

2015, onde 42,7% se posiciona num nível igual ou abaixo do ensino Básico - 2º ciclo

(Portada.pt, 2016c).

Gráfico 2 - Grau de escolaridade do respondente

Antiguidade do respondente

No caso das microentidades, 77,5% dos respondentes exercem funções na

empresa há 10 ou mais anos. Apenas 3,2% dos elementos exercem funções na

empresa inquirida há menos de 5 anos. No grupo dos profissionais da contabilidade,

55,0% exercem a sua função ou prestam serviço à empresa há 10 ou mais anos.

61,3%

32,3%

6,5%

Microentidades

Superior Secundário

Básico - 3º ciclo

85,0%

15,0%

Profissionais da Contabilidade

Superior Secundário

Page 96: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

77

Gráfico 3 – Antiguidade do respondente na empresa onde exerce ou para a qual

presta serviço

Caracterização territorial dos profissionais da contabilidade

A maioria dos profissionais da contabilidade respondentes opera na região

Norte. Dos 20 elementos inquiridos em análise, 70% exercem na região Norte, 25%

dos elementos prestam serviço na região Centro e apenas 5% dos casos está alocado à

Região Metropolitana de Lisboa. As regiões do Alentejo, Algarve, Região Autónoma

dos Açores e Região Autónoma da Madeira não estão aqui representadas, pelo que

nenhum dos inquiridos em análise opera nestas regiões.

Tabela 7 - Mapeamento dos questionários válidos aplicados aos profissionais da

contabilidade por NUTS II

Regiões NUTS II Quantidade %

Norte 14 70%

Centro 5 25%

Área Metropolitana de Lisboa 1 5%

Alentejo 0 0%

Região Autónoma da Madeira 0 0%

Algarve 0 0%

Região Autónoma dos Açores 0 0%

Total de questionários válidos 20 100%

19,4%

58,1%

19,4%

3,2%

Microentidades

20 ou mais anos 10 a 19 anos

5 a 9 anos Menos de 5 anos

10,0%

45,0%

5,0%

40,0%

Profissionais da Contabilidade

20 ou mais anos 10 a 19 anos

5 a 9 anos Menos de 5 anos

Page 97: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

78

Tipo de serviço de contabilidade prestado pelos profissionais da contabilidade

Quanto ao tipo de serviço prestado pelos profissionais da contabilidade

respondentes, a maioria opera num gabinete de contabilidade externo à empresa

(55,0%). Os restantes 45,0% dos inquiridos são funcionários da empresa para a qual

prestam serviços de contabilidade.

Gráfico 4 - Tipo de serviço de contabilidade que presta à empresa

6.2.Caracterização das empresas inquiridas

Região da empresa

O mapeamento dos questionários validados aplicados às microentidades por

Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos II (NUTS II) é ilustrado

na Tabela 8. Verifica-se que a maior taxa de respostas válidas centra-se na Área

Metropolitana de Lisboa, com 39% do total de respostas. Segue-se a região Norte com

35% dos questionários preenchidos, a região Centro com 18% das respostas. Com

representatividades menores surgem o Alentejo e a Região Autónoma da Madeira,

ambas com 3% das respostas e o Algarve a representar 2% do total de respostas

válidas. Da Região Autónoma dos Açores não se obteve respostas válidas.

45,0%

55,0%

Contabilidade interna (CC/TOC é funcionário da empresa)

Contabilidade externa (Gabinete de contabilidade que presta serviço à empresa)

Page 98: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

79

Tabela 8 - Mapeamento dos questionários válidos aplicados às microentidades

por NUTS II

Regiões NUTS II Quantidade %

Área Metropolitana de Lisboa 24 39%

Norte 22 35%

Centro 11 18%

Alentejo 2 3%

Região Autónoma da Madeira 2 3%

Algarve 1 2%

Região Autónoma dos Açores 0 0%

Total de questionários válidos 62 100%

Base da definição de microentidade

A definição de microentidade das empresas inquiridas resulta na sua maioria

da definição prevista no normativo português (NCM), com 32,3% das empresas. Com

base na definição de microentidade estabelecida na Diretiva surgem apenas 9,7% das

empresas. Ainda assim, das 62 empresas inquiridas, 58,1% desconhece a definição de

microentidade aplicada à sua empresa.

Gráfico 5 - Diploma legal no qual se baseia a definição de microentidade

aplicada à empresa

Tipo de serviço de contabilidade da empresa

A contabilidade externa é fortemente representativa no tipo de serviço de

contabilidade das empresas inquiridas. Do total das 62 empresas em análise, 75,8%

recorrem à contabilidade em regime de outsourcing (externa) e apenas 24,2% dos

32,3%

9,7%

58,1%

No Normativo Português (NCM)

Na Diretiva

Não sabe

Page 99: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

80

casos possuem contabilidade interna. Estes valores corroboram com o tipo serviço de

contabilidade comum das microentidades, que face aos escassos recursos financeiros

não conseguem abarcar a área contabilística na empresa, recorrendo na sua maioria

aos gabinetes de contabilidade.

Gráfico 6 - Tipo de serviço de contabilidade da empresa

Serviço de contabilidade interna por antiguidade da empresa

Com menos de 5 anos não há qualquer empresa que integre o serviço de

contabilidade interna. Das que dispõem deste tipo de serviço de contabilidade, a

maioria opera no mercado entre os 10 e 19 anos.

Gráfico 7 – Serviço de contabilidade interna por antiguidade da empresa

24,2%

75,8%

Contabilidade é interna (o CC/TOC é funcionário da empresa)

Contabilidade é externa (recorre-se a um gabinete de contabilidade)

0,0%

6,7%

46,7%

33,3%

6,7% 6,7%

Menos de 5 5 a 9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 50

% d

e em

pre

sas

Antiguidade em anos

Page 100: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

81

Antiguidade da empresa no mercado

Os anos no mercado da maioria das empresas inquiridas em análise estão

compreendidos entre os 10 e 29 anos. Das 62 empresas inquiridas em estudo, 71,0%

operam no mercado há cerca de 10 a 29 anos, seguem-se 14,5% das empresas com

idade compreendida entre os 5 e 9 anos, 12,9% das empresas com idade de destaque

entre os 30 e 50 anos e, por fim, com menos de 5 anos surge apenas 1,6% das

empresas.

Gráfico 8 – Presença da empresa no mercado

Atividade da empresa

A atividade predominante das empresas em estudo é Serviços, com 62,9% dos

elementos, seguidos da Indústria e Construção com 22,6% empresas, e Comércio a

fechar com 14,5% das inquiridas. Nenhuma empresa inquirida em análise se enquadra

na atividade Agrícola e Pescas.

Gráfico 9 - Principal atividade da empresa

1,6%

14,5%

46,8%

24,2%

8,1%4,8%

Menos de 5 5 a 9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 50

% d

e em

pre

sas

Antiguidade em anos

62,9%14,5%

22,6% Serviços

Comércio

Indústria e construção

Page 101: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

82

Forma jurídica da empresa

Na classificação da empresa quanto à forma jurídica a maior frequência incide

significativamente na Sociedade por Quotas, massivamente traduzida em 85,5% das

empresas. A Sociedade Unipessoal por Quotas surge na segunda posição com 12,9%

das empresas, e apenas 1,6% das empresas inquiridas é classificada como Empresário

em Nome Individual.

Gráfico 10 - Forma jurídica da empresa

Número de sócios da empresa

A maioria das empresas inquiridas tem dois e um sócios (82,3% da amostra).

Verifica-se que o número de sócios não vai além dos 5 sócios.

Tabela 9 – Número de sócios das empresas inquiridas

Nº de Sócios Nº de casos/empresas

1 15

2 36

3 5

4 4

5 2

Total de casos/empresas inquiridas em análise 62

Número de sócios familiares

Quanto ao número de sócios da empresa que são familiares verifica-se que

mais de metade das empresas inquiridas tem um ou mais sócios que é familiar. Sem

sócios familiares somam-se 27 empresas.

1,6%12,9%

85,5%

Empresário em nome individual

Sociedade unipessoal por quotas

Sociedade por quotas

Page 102: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

83

Tabela 10 - Número de sócios das empresas inquiridas que são familiares

Nº de sócios que são familiares Nº de casos/empresas

0 27

1 4

2 26

3 1

4 3

5 1

Total de casos/empresas inquiridas em estudo 62

Número de funcionários

Verifica-se que das 62 empresas respondentes, 61,3% têm até 5 funcionários e

os restantes 38,7% têm mais de 5 funcionários. Embora a percentagem de empresas

com até 5 funcionários não seja díspar, ainda assim atesta um dos fatores

caracterizadores das microentidades, empresas habitualmente com um reduzido

número de funcionários.

Gráfico 11 - Número de funcionários da empresa a 31/12/2015

Principal fonte de financiamento

A fonte de financiamento mais importante da empresa é o capital próprio/auto

financiamento com 58,1% dos elementos, seguido do banco com 35,5% das respostas

válidas. Nenhuma das empresas inquiridas em estudo identifica as obrigações como a

sua mais importante fonte de financiamento.

Os dados extraídos relativos a esta questão da fonte de financiamento são

congruentes com a informação compilada na revisão de literatura relativa à

61,3%

38,7% Até 5 funcionários

Mais de 5 funcionários

Page 103: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

84

caracterização das microentidades, empresas que evitam a partilha de controlo e poder

decisório, evitam a exposição a entidades externas que possam de alguma forma fazer

exigências ou intervir em decisões da empresa (Neag et al., 2009). Para o efeito

recorrem primariamente aos sócios, ou seja, capital próprio, para se autofinanciarem.

As microentidades caracterizam-se ainda pelo acanhado chamariz de investidores, não

suscitam interesse por parte de quem investe pelas escassas garantias que este tipo de

entidades oferece (Neag et al., 2009). Assim, na impossibilidade de um

autofinanciamento, o banco surge como a fonte mais acessível e exequível no

financiamento da empresa.

Gráfico 12 - Fonte de financiamento mais importante da empresa

6.3.Normativos contabilísticos adotados

Normativo contabilístico adotado no exercício de 2010

A maioria das empresas inquiridas em estudo usou o Sistema de Normalização

Contabilística (SNC) na preparação das suas demonstrações financeiras no exercício

de 2010. Em termos percentuais, 33,9% usou o SNC geral, 21% adotou a NCRF-PE,

1,6% recorreu às IAS/IFRS, e uma grande parte dos inquiridos não sabe qual o

normativo que havia sido adotado (43,5%). Esta evidência parece suster que os

proprietários/gestores das microentidades (função desempenhada pela maioria dos

respondentes deste questionário) mantêm algum desprendimento pela contabilidade.

35,5%

3,2%

58,1%

3,2%Banco

Leasing/Locações financeiras

Capital próprio/Auto financiamento

Outra

Page 104: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

85

Gráfico 13 - Normativo usado na preparação das demonstrações financeiras

(DF's) no exercício de 2010

Normativo contabilístico adotado no exercício de 2011

No exercício de 2011, ano em que a Norma Contabilística para Microentidades

é passível de adoção, verifica-se que 9,7% das empresas inquiridas adota este novo

normativo. Numa leitura comparativa dos valores percentuais dos anos 2010 e 2011,

verifica-se que o número de empresas que adotam o SNC e as IAS/IFRS em 2010

mantém-se em 2011, percentualmente com 33,9% e 1,6% respetivamente. Já a adoção

da NCRF-PE cai para 14,5% e a proporção de empresas que desconhecera o

normativo usado diminui igualmente para 40,3%. Note-se que o somatório dos

diferenciais da adoção da NCRF-PE e das empresas que desconhecem o normativo

usado corresponde à proporção que adota a NCM. Especial destaque para redução do

número de empresas que adota a NCRF-PE com o aumento em simultâneo da adoção

da NCM. Estes resultados parecem sustentar que parte da adoção da NCM é

justificada pelo abandono da NCRF-PE, que à partida seria até então o normativo

usado.

1,6%

33,9%

21,0%

43,5%

Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE)

Não sabe

Page 105: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

86

Gráfico 14 - Normativo usado na preparação das demonstrações financeiras

(DF's) no exercício de 2011

Mudança de normativo contabilístico no período de 2011 a 2015

A maioria das empresas em análise não mudou de normativo contabilístico no

período de 2011 a 2015, pelo que terão mantido o normativo usado em 2011. Dos 62

inquiridos, 61,3% não mudou, 32,3% não sabe e 6,5%, que corresponde a 4 empresas

inquiridas, admite ter mudado de normativo neste período de tempo.

Gráfico 15 - Mudança de normativo contabilístico no período de 2011 a 2015

1,6%

33,9%

14,5%9,7%

40,3%

Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE)

Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

Não sabe

6,5%

61,3%

32,3%Sim

Não

Não sabe

Page 106: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

87

Normativo para o qual mudaram no período de 2011 a 2015

Das quatro empresas que assumiram ter mudado de normativo contabilístico

no período de 2011 a 2015, 50,0% optaram pela NCRF-PE, 25,0% optou pelo SNC e,

os restantes 25,0% pela NCM. As empresas que optaram pela NCRF-PE e pela NCM

utilizavam anteriormente o SNC. A empresa que admite ter mudado para o SNC não

sabe qual o normativo usado anteriormente.

Gráfico 16 - Normativo para o qual mudaram no período de 2011 a 2015

Motivos que sustêm a mudança de normativo no período de 2011 a 2015

Os motivos apontados para a mudança de normativo passam pela sugestão do

contabilista com 50,0% das respostas, pela variação do volume de negócios e pela

imposição de alguma entidade, com 25,0% das respostas cada. O maior peso da

sugestão do contabilista sugere de certo modo o poder e a influência que estes

profissionais ostentam no seio empresarial, nomeadamente nas decisões do foro

contabilístico para as quais muitas vezes os proprietários/gestores das microentidades

não dispõem de conhecimentos. Contribui igualmente para esta ideia a frequência

nula da resposta sugestiva “opção da empresa”, o que legitima, se quisermos, a

escassa ou até mesmo a inexistente intervenção do proprietário/gestor nas matérias

contabilísticas da sua empresa.

25,0%

50,0%

25,0%

Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE)

Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

Page 107: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

88

Gráfico 17 - Motivo que impulsionou a mudança de normativo contabilístico no

período de 2011 a 2015

Responsável pela escolha do normativo adotado no período de 2011 a 2015

As quatro empresas (100%) admitem que o normativo contabilístico para o

qual mudaram no período de 2011 a 2015 resulta somente da opinião do contabilista.

Este resultado é congruente com a crença explanada no parágrafo anterior, a

intervenção nula da empresa, nomeadamente proprietário/gestor, neste tipo de

questões do âmbito da contabilidade.

Mudança de normativo contabilístico no curto prazo

A maioria das empresas inquiridas não prevê a mudança de normativo

contabilístico a curto prazo. Sendo que 90,3% das empresas não prevê mudar, 4,8%

prevê a mudança de normativo por imposição do contabilista, 3,2% admite a mudança

por imposição legal e a mudança por opção da empresa ganha representatividade com

1,6% das respostas.

Gráfico 18 - Mudança de normativo contabilístico a curto prazo

25,0%

25,0%

50,0%

Variação do volume de negócios

Imposição de alguma entidade

Sugestão do contabilista (CC/TOC)

4,8%1,6%3,2%

90,3%

Imposição do contabilista (CC/TOC)

Opção da empresa

Imposição legal

Não prevê mudar

Page 108: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

89

Normativo para o qual se prevê mudar no curto prazo

Dos 9,6% dos inquiridos que antecipam uma mudança de normativo a curto

prazo, 3,2% admitem o SNC como normativo a adotar num futuro próximo, outros

3,2% incidem na NCM, 1,6% aponta as IAS/IFRS e os restantes 1,6% não especificou

o normativo para o qual se prevê que a empresa mude. Note-se que a NCRF-PE não é

apontada como normativo contabilístico a adotar pelas empresas que preveem uma

mudança a curto prazo.

Gráfico 19 - Normativo para o qual se prevê que a empresa mude no curto prazo

Responsável pela escolha do normativo a adotar no curto prazo

A decisão de escolha do normativo contabilístico para o qual se prevê mudar a

curto prazo foi tomada na sua maioria pelo contabilista, com 6,5% das respostas. Com

3,2% das respostas, a escolha do normativo futuro coube ao contabilista e empresa. A

intervenção incisiva do contabilista neste tipo de decisões é mais uma vez autenticada.

Especial destaque para a opção Empresa, que à semelhança de outros resultados

anteriores não assume qualquer representatividade, o que autentica o papel secundário

dos proprietários/gestores nas decisões e/ou opções de natureza contabilística.

Gráfico 20 – Responsável da escolha do normativo contabilístico para o qual se

prevê que a empresa mude no curto prazo

90,3%

1,6%3,2% 3,2% 1,6%

Não prevê mudar

Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

Outra

90,3%

6,5% 3,2%

Não prevê mudar

Contabilista (CC/TOC)

Contabilista e Empresa

Page 109: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

90

Seguem-se os resultados auferidos no conjunto de afirmações para as quais foi

solicitada a opinião dos inquiridos em termos do nível de concordância. Com estas

afirmações pretende-se, de forma agrupada, responder aos objetivos definidos que,

numa aceção geral, procuram aferir acerca da utilidade da contabilidade e da NCM,

destinatários e principais utilizadores da informação financeira, na perspetiva da

empresa e dos profissionais da contabilidade.

6.4.Utilidade da Contabilidade

Tabela 11 – Resultados obtidos no instrumento utilidade da contabilidade

Proprietários/gestores

Profissionais da

Contabilidade

Afirmação Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

A informação financeira quando preparada

deve ser pensada para apoiar a gestão da

empresa. 4,4 0,4 4,6 0,3

A informação financeira é preparada para

apoiar a tomada de decisão do gerente da

minha empresa. 4,0 0,7 4,3 0,5

As informações contabilísticas influenciam

significativamente a tomada de decisão na

minha empresa. 3,6 0,8 3,7 0,5

As informações contabilísticas influenciam

significativamente a tomada de decisão dos

utilizadores externos (bancos, fornecedores,

investidores).

4,0 0,4 4,2 0,2

O principal utilizador da informação

financeira da empresa é o Fisco/Estado. 2,6 1,3 2,4 1,2

A função de um contabilista é preparar informação contabilística/financeira que

permita minimizar os impostos a pagar ao

Estado.

2,9 1,2 2,5 1,2

A informação financeira não é útil para a

gerência da minha empresa porque há acesso

internamente a toda a informação necessária. 2,7 1,4 2,3 1,5

A informação financeira não é oportuna para

avaliar o desempenho da empresa. 2,5 1,2 2,2 1,4

Minimizar o imposto a pagar é o maior

objetivo a atingir quando se elaboram as

Demonstrações Financeiras (DF's). 2,8 1,1 2,5 1,1

As Microentidades não deveriam ser

obrigadas a ter contabilidade organizada. 2,6 1,4 1,8 1,1

O cumprimento das obrigações fiscais e

tributárias constitui o serviço mais importante

disponibilizado pelo contabilista à empresa. 3,3 1,0 3,0 1,4

(continuação)

Page 110: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

91

Proprietários/gestores

Profissionais da

Contabilidade

Afirmação Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

A informação financeira é preparada pela

contabilidade exclusivamente para a prestação

de contas ao Fisco. 2,5 1,2 2,3 1,6

A informação contabilística/financeira

relatada depende dos objetivos dos gestores. 2,7 0,8 2,9 1,4

A gestão da empresa tem interesse na

informação contida nas demonstrações

financeiras para a tomada de decisão. 4,1 0,4 4,1 0,6

A análise das demonstrações contabilísticas

faz parte do serviço contratado ao contabilista. 3,8 0,5 4,0 0,4

A Contabilidade mais do que uma

obrigatoriedade legal é um diagnóstico à

saúde da empresa. 4,0 0,7 4,5 0,6

O objetivo principal das demonstrações financeiras é prestar informação útil à tomada

de decisão do corpo gerente. 4,0 0,4 4,2 0,7

A informação financeira é útil para avaliar o

desempenho da organização. 4,3 0,4 4,5 0,3

De um modo geral, os inquiridos reconhecem que a informação financeira é

útil à gestão e tomada de decisão. Firmam a importância da contabilidade enquanto

instrumento de gestão e descentralizam o Fisco e as obrigações fiscais do objeto da

contabilidade. No entanto, os resultados evidenciam alguma dispersão nas respostas,

pelo que nem todos os inquiridos partilham da mesma forma algumas das conceções,

nomeadamente acerca do domínio do Fisco e das exigências fiscais na contabilidade,

da utilidade e tempestividade da informação financeira, da influência dos objetivos

dos gestores no relato financeiro e da obrigatoriedade de contabilidade organizada

para as microentidades.

Destaque para as últimas duas ideias dado que, a par da heterogeneidade das

respostas, sobressaem diferenças entre os dois grupos inquiridos. O desacordo exibido

pelos profissionais da contabilidade relativamente à desobrigação de contabilidade

organizada para as microentidades é notoriamente superior ao mostrado pelos

proprietários/gestores. E no que toca à subordinação do relato financeiro aos objetivos

dos gestores, embora ambos os grupos inquiridos se tenham mostrado discordantes, há

uma disparidade expressiva nas opiniões dos profissionais da contabilidade.

Page 111: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

92

6.5.Principal utilizador da informação financeira

Tabela 12 - Resultados obtidos no instrumento principal utilizador da

informação financeira

Proprietários/gestores

Profissionais da

Contabilidade

Afirmação Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

O Estado/Fisco é o principal utilizador da

informação contabilística/financeira. 2,8 1,2 2,7 1,3

Os sócios são o principal utilizador externo da

informação financeira. 3,0 1,0 2,7 1,1

Os fornecedores são o principal utilizador

externo da informação financeira. 2,4 0,6 2,4 0,9

Os bancos são o principal utilizador externo da informação financeira.

3,0 1,1 3,7 1,0

Com a exceção dos resultados obtidos quanto os fornecedores serem o

principal utilizador da informação financeira, há uma disparidade expressiva de

opiniões quanto aos restantes eventuais principais utilizadores da informação

financeira, sendo que a maior disparidade verifica-se no caso do Estado/Fisco.

Destaque para os resultados auferidos no grupo dos profissionais da contabilidade,

dado que entre os utilizadores indicados tendem a admitir os bancos como o principal

utilizador.

6.6.Utilidade da Norma Contabilística para as Microentidades

Tabela 13 - Resultados obtidos no instrumento utilidade da norma contabilística

das microentidades

Proprietários/gestores

Profissionais da

Contabilidade

Afirmação Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

A demonstração de fluxos de caixa é

fundamental para a gestão das empresas. 3,7 0,6 3,6 1,0

A demonstração de resultados por funções

relata informação imprescindível à tomada de

decisão. 3,7 0,6 3,5 0,5

A gestão de tesouraria é fundamental para a

gestão das empresas. 4,5 0,4 4,3 0,3

(continuação)

Page 112: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

93

Proprietários/gestores

Profissionais da

Contabilidade

Afirmação Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

A imparidade de ativos deve ser contemplada

na informação financeira. 3,8 0,5 4,1 0,2

A desvalorização de ativos fixos tangíveis deve ser reconhecida.

3,9 0,3 4,1 0,1

Os ativos fixos tangíveis da empresa devem

ser quantificados pelo seu valor de mercado. 3,8 0,4 3,6 0,5

Deve existir uma conta específica para o

registo das imparidades de ativos. 3,6 0,3 4,0 0,2

O normativo das microentidades não é mais

do que um processo meramente político

desencadeado pela Assembleia da República,

que nada veio melhorar a vida das empresas.

3,3 0,8 2,7 1,0

A norma contabilística das microentidades

resultou de um processo eminentemente

político do qual nenhuma vantagem resultou

para a empresa.

3,1 0,6 3,0 1,1

A adoção da norma contabilística das

microentidades contribui para a redução dos

custos administrativos da empresa. 3,0 0,6 3,2 1,0

Com a exceção do tema da imparidade de ativos, os proprietários/gestores

atribuem uma importância superior à atribuída pelos profissionais da contabilidade a

mapas e tratamentos contabilísticos não previstos na norma das microentidades. É o

caso da demonstração de fluxos de caixa, da demonstração de resultados por funções

e da mensuração dos ativos fixos tangíveis ao valor de mercado.

Destaque também para os resultados auferidos quanto à norma contabilística

das microentidades não passar de um processo meramente político, em que os

proprietários/gestores tendem a subscrever a ideia e já no caso dos profissionais da

contabilidade sobressai a discordância. A par, verifica-se neste último grupo uma

maior dispersão nas respostas.

De um modo geral todos os inquiridos conferem importância a matérias e

tratamentos contabilísticos que a norma contabilística das microentidades não prevê.

Quanto aos eventuais incentivos à adoção da norma das microentidades,

nomeadamente a redução de custos administrativos e financeiros da empresa, os

proprietários/gestores mostram-se indiferentes, e já os profissionais da contabilidade

tendem a creditar a redução de custos administrativos.

Page 113: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

94

Page 114: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

95

7. Testes e discussão dos resultados obtidos

7.1.Validação das escalas

Os testes paramétricos exigem que as variáveis tenham tratamento

quantitativo, ao contrário os não paramétricos podem aplicar-se tanto a variáveis de

nível ordinal como a variáveis de nível superior, de intervalo ou rácio. São usados

igualmente como alternativa aos testes paramétricos quando não se verificam os

pressupostos.

O teste não paramétrico de Mann-Whitney assume que as distribuições tenham

a mesma forma, embora esta possa ser não normal. Enquanto o teste paramétrico t

compara as médias de duas amostras independentes, o teste de Mann-Whitney

compara o centro de localização das duas amostras, como forma de detetar diferenças

entre as duas populações (H0: As duas populações são iguais em tendência central; H1:

As duas populações não são iguais em tendência central). Este teste é de utilização

preferível ao teste t quando a normalidade não se verifica, ou quando a amostra é

pequena ou as variáveis são de nível pelo menos ordinal.

Para as variáveis de nível de medida ordinal ou superior foram pedidas

medidas de correlação. São medidas de associação linear entre variáveis e variam

entre -1 e 1. Os coeficientes de correlação expressam ainda o sentido dessa

associação. Assim, a associação considera-se negativa se a variação entre as variáveis

ocorre em sentido contrário, ou seja, os aumentos nos valores de uma das variáveis

estão associados a diminuições nos valores da outra.

O coeficiente de correlação de Ró de Spearmam utilizou-se quando as

variáveis são medidas em escala ordinal. Aplica-se também em variáveis

intervalo/rácio como alternativa ao R de Pearson, quando neste último se infringe o

pressuposto da normalidade.

Por convenção, sugere-se que R menor que 0,2 indica uma associação muito

baixa; entre 0,2 e 0,39 baixa; entre 0,4 e 0,69 moderada; entre 0,7 e 0,89 alta; entre

0,9 e 1 uma associação muito alta.

Para validar os instrumentos de avaliação do grau de concordância recorreu-se

ao cálculo da consistência interna através do Alpha de Cronbach (α).

Page 115: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

96

A confirmação de não normalidade obtém-se através do teste não paramétrico

Kolmogorov-Smirnov (K-S), com a correção de Lilliefors (H0: A variável segue uma

distribuição normal; H1: A variável não segue uma distribuição normal).

No decorrer desta análise estatística, serão apresentados todos os resultados,

sendo que serão considerados estatisticamente significativos quando p <0,05.O

programa estatístico utilizado foi o SPSS IBM (Statistical Package for Social Science)

versão 22.

Validação da escala de avaliação do grau de concordância da Utilidade da

Contabilidade

Com o objetivo de validar o instrumento de avaliação do conhecimento

recorreu-se ao cálculo da consistência interna através do alpha de Cronbach ao

questionário constituído por 18 itens. As questões de concordância negativa foram

recodificadas, no sentido de a maior pontuação corresponder a maior concordância.

O instrumento que se utilizou neste estudo é composto por 18 itens, que foram

respondidos através de uma escala tipo Likert. Para cada questão existem cinco

opções de resposta (1= discordo totalmente; 2= discordo; 3= não concordo nem

discordo; 4= concordo; 5= concordo totalmente). A pontuação da escala total oscila

entre 18 e 90, a obtenção de uma pontuação alta reflete um grau de concordância

elevado.

Sensibilidade

Para o estudo da sensibilidade procedeu-se ao cálculo de medidas de tendência

central e de dispersão para os diferentes itens do questionário (ver Tabela 14).

Foi calculado o coeficiente alpha de Cronbach para avaliar a fiabilidade do

instrumento e obteve-se um α total de 0,80; o que é considerado bom (Pestana e

Gageiro, 2003). A avaliação do conhecimento é uma nova variável resultante do

somatório dos 18 itens do questionário.

Page 116: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

97

Tabela 14 - Medidas de tendência central e de dispersão para os diferentes itens

do questionário relativos à Utilidade da Contabilidade

Item Média Desvio

Padrão

A informação financeira quando preparada deve ser pensada para apoiar a

gestão da empresa. 4,4 0,6

A informação financeira é preparada para apoiar a tomada de decisão do

gerente da minha empresa. 4,1 0,8

As informações contabilísticas influenciam significativamente a tomada de

decisão na minha empresa. 3,6 0,8

As informações contabilísticas influenciam significativamente a tomada de

decisão dos utilizadores externos (bancos, fornecedores, investidores). 4,0 0,6

O principal utilizador da informação financeira da empresa é o Fisco/Estado. 2,5 1,1

A função de um contabilista é preparar informação contabilística/financeira

que permita minimizar os impostos a pagar ao Estado. 2,8 1,1

A informação financeira não é útil para a gerência da minha empresa porque

há acesso internamente a toda a informação necessária. 2,6 1,2

A informação financeira não é oportuna para avaliar o desempenho da

empresa. 2,4 1,1

Minimizar o imposto a pagar é o maior objetivo a atingir quando se elaboram

as Demonstrações Financeiras (DF's). 2,5 1,0

As Microentidades não deveriam ser obrigadas a ter contabilidade organizada. 2,4 1,2

O cumprimento das obrigações fiscais e tributárias constitui o serviço mais importante disponibilizado pelo contabilista à empresa.

3,2 1,0

A informação financeira é preparada pela contabilidade exclusivamente para a

prestação de contas ao Fisco. 2,5 1,1

A informação contabilística/financeira relatada depende dos objetivos dos

gestores. 2,7 1,0

A gestão da empresa tem interesse na informação contida nas demonstrações

financeiras para a tomada de decisão. 4,1 0,7

A análise das demonstrações contabilísticas faz parte do serviço contratado ao

contabilista. 3,9 0,7

A Contabilidade mais do que uma obrigatoriedade legal é um diagnóstico à

saúde da empresa. 4,1 0,8

O objetivo principal das demonstrações financeiras é prestar informação útil à

tomada de decisão do corpo gerente. 4,1 0,7

A informação financeira é útil para avaliar o desempenho da organização. 4,3 0,6

Validação da escala de avaliação do grau de concordância do Principal

Utilizador da Informação Financeira

Com o objetivo de validar o instrumento de avaliação do conhecimento

recorreu-se ao cálculo da consistência interna através do alpha de Cronbach ao

questionário constituído por 4 itens.

O instrumento que se utilizou neste estudo é composto por 4 itens, que foram

respondidos através de uma escala tipo Likert. Para cada questão existem cinco

opções de resposta (1= discordo totalmente; 2= discordo; 3= não concordo nem

Page 117: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

98

discordo; 4= concordo; 5= concordo totalmente). A pontuação da escala total oscila

entre 4 e 20, a obtenção de uma pontuação alta reflete um grau de concordância

elevado.

Sensibilidade

Para o estudo da sensibilidade procedeu-se ao cálculo de medidas de tendência

central e de dispersão para os diferentes itens do questionário.

Tabela 15 - Medidas de tendência central e de dispersão para os diferentes itens

do questionário relativos ao Principal Utilizador da Informação Financeira

Item Média Desvio

Padrão

O Estado/Fisco é o principal utilizador da informação contabilística/financeira. 2,8 1,1

Os sócios são o principal utilizador externo da informação financeira. 2,9 1,0

Os fornecedores são o principal utilizador externo da informação financeira. 2,4 0,8

Os bancos são o principal utilizador externo da informação financeira. 3,2 1,1

Foi calculado o coeficiente alpha de Cronbach para avaliar a fiabilidade do

instrumento e obteve-se um α total de 0,70; o que é considerado razoável (Pestana e

Gageiro, 2003). A avaliação do conhecimento é uma nova variável resultante do

somatório dos 4 itens do questionário.

Validação da escala de avaliação do grau de concordância da Utilidade da

Norma Contabilística das Microentidades (NCM)

Com o objetivo de validar o instrumento de avaliação do conhecimento

recorreu-se ao cálculo da consistência interna através do alpha de Cronbach ao

questionário constituído por 10 itens. As questões de concordância negativa foram

recodificadas, no sentido de a maior pontuação corresponder a maior concordância.

O instrumento que se utilizou neste estudo é composto por 10 itens, que foram

respondidos através de uma escala tipo Likert. Para cada questão existem cinco

opções de resposta (1= discordo totalmente; 2= discordo; 3= não concordo nem

Page 118: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

99

discordo; 4= concordo; 5= concordo totalmente). A pontuação da escala total oscila

entre 10 e 50, a obtenção de uma pontuação alta reflete um grau de concordância

elevado.

Sensibilidade

Para o estudo da sensibilidade procedeu-se ao cálculo de medidas de tendência

central e de dispersão para os diferentes itens do questionário.

Tabela 16 - Medidas de tendência central e de dispersão para os diferentes itens

do questionário relativos à Utilidade da NCM

Item Média Desvio

Padrão

A demonstração de fluxos de caixa é fundamental para a gestão das empresas. 3,6 0,8

A demonstração de resultados por funções relata informação imprescindível à

tomada de decisão. 3,7 0,7

A gestão de tesouraria é fundamental para a gestão das empresas. 4,4 0,8

A imparidade de ativos deve ser contemplada na informação financeira. 3,8 0,6

A desvalorização de ativos fixos tangíveis deve ser reconhecida. 3,9 0,5

Os ativos fixos tangíveis da empresa devem ser quantificados pelo seu valor de

mercado. 3,7 0,7

Deve existir uma conta específica para o registo das imparidades de ativos. 3,7 0,5

O normativo das microentidades não é mais do que um processo meramente

político desencadeado pela Assembleia da República, que nada veio melhorar a

vida das empresas. 3,1 0,9

A norma contabilística das microentidades resultou de um processo eminentemente político do qual nenhuma vantagem resultou para a empresa.

3,1 0,8

A adoção da norma contabilística das microentidades contribui para a redução dos

custos administrativos da empresa. 3,1 0,8

Foi calculado o coeficiente alpha de Cronbach para avaliar a fiabilidade do

instrumento e obteve-se um α total de 0,60; o que é considerado razoável (Pestana e

Gageiro, 2003). A avaliação do conhecimento é uma nova variável resultante do

somatório dos 10 itens do questionário.

7.2.Análise inferencial

Para se estudar se existiam diferenças na concordância acerca da utilidade da

contabilidade, principal utilizador da informação financeira, e utilidade da norma

Page 119: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

100

contabilística das microentidades, entre os dois grupos inquiridos, aplicou-se o teste t

de Student.

Tabela 17 - Testes t de Student

Instrumento

Proprietários/gestores

(n=62)

Profissionais da

contabilidade

n=20

Teste t

Valor de

p Média ± DP Média ± DP

Utilidade da

contabilidade 66,0±8,1 70,1±7,4 2,130 0,036

*

Utilizadores da

informação financeira 11,3±2,8 11,3±3,1 0.056 0,955

Utilidade da NCM 23,9±3,2 24,5±3,7 0,755 0,452

*p<0,05

Os proprietários/gestores apresentam um índice de concordância inferior aos

profissionais da contabilidade relativamente à utilidade da contabilidade, e as

diferenças observadas são estatisticamente significativas.

Os proprietários/gestores apresentam um índice de concordância semelhante

aos profissionais da contabilidade relativamente aos utilizadores da informação

financeira.

Os proprietários/gestores apresentam um índice de concordância inferior aos

profissionais da contabilidade relativamente à utilidade da NCM, contudo as

diferenças observadas não foram estatisticamente significativas.

Page 120: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

101

7.3.Discussão dos Resultados

1. Características das Microentidades

As microentidades caracterizam-se por uma estrutura proprietária familiar que

não delega funções de gestão e por um quadro de pessoal reduzido. O tipo de serviço

de contabilidade mais comum nestas empresas é o da contabilidade externa,

justificada em grande medida pela incapacidade financeira de incluir este

departamento na empresa. Os resultados desta investigação são congruentes com esta

comummente visão das microentidades, sendo que cerca de 61% das microentidades

inquiridas têm até 5 funcionários, 56% tem pelo menos um sócio que é familiar e 76%

recorre a um profissional da contabilidade em regime de outsourcing.

A fonte de financiamento mais importante da empresa apontada pela maioria

das microentidades inquiridas é o capital próprio/autofinanciamento, com 58% das

respostas, seguido do banco com 35%. Estes resultados incompatibilizam com

Rodrigues e Guerreiro (2004) e Tavares et al. (2015) que referem os bancos como

principal fonte de financiamento de empresas portuguesas. No entanto, assemelham-

se aos resultados relatados por Grabinski et al. (2014) relativos às empresas polacas,

na sua maioria também PME, que recorrem primariamente a fundos próprios da

empresa e só depois ao crédito bancário.

As duas ilações anteriores compatibilizam a caracterização das microentidades

na literatura, onde aparecem descritas como empresas que primam pela independência

e rejeitam qualquer distribuição de poder e decisão (Neag et al., 2009; Bunea et al.,

2012).

O destaque dos bancos enquanto principal fonte de financiamento por algumas

empresas inquiridas é também congruente com a literatura. Na impossibilidade destas

empresas se auto financiar, os bancos surgem como a fonte financeira mais acessível e

exequível, na medida em que as escassas garantias que este tipo de empresas oferece

priva-as de outras fontes de financiamento, nomeadamente investidores (Strouhal et

al., 2010; Neag et al., 2009; Rupeika-Apoga, 2014).

2. Adesão à norma contabilística das microentidades

O nível de adesão à norma contabilística das microentidades aquando da sua

publicação poder-se-á considerar baixo, dado que a maioria das empresas não a

Page 121: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

102

adotou no exercício de 2011, ano em que é passível de adoção. A par, à semelhança

das opções tomadas no exercício de 2010, verifica-se que o SNC é o normativo

adotado pela maioria, seguido da NCRF-PE. Todavia, é de realçar que o número de

empresas que adotam o SNC em 2010 mantém-se em 2011, o mesmo não se verifica

com a NCRF-PE, em que se verifica um decréscimo concomitante com a adoção da

NCM, ainda assim uma adoção muito pouco expressiva.

3. Nível de adesão e/ou abandono da norma contabilística das

microentidades nos anos subsequentes à sua entrada em vigor

Nos anos subsequentes à sua entrada em vigor, a adesão ao normativo

simplificado sofreu um acréscimo, contudo igualmente muito pouco significativo,

sendo que se mantém a opção massiva pelo SNC.

As mudanças de normativo admitidas neste estudo são acionadas, na sua

maioria, pela sugestão do contabilista. Também o contabilista é o responsável pela

escolha do normativo para o qual as empresas mudam. Estes resultados corroboram

com o domínio e influência que estes profissionais contraem junto das empresas,

assinaladamente nas decisões de natureza contabilística para as quais muitas vezes os

proprietários/gestores revelam-se inabilitados pela falta de conhecimentos da área. É

quase que incontestável a protagonização do contabilista nas decisões e escolhas de

carácter contabilístico nas microentidades, e a passividade dos proprietários/gestores

neste domínio.

4. Utilidade da Contabilidade

Dos resultados depreende-se que a contabilidade é percebida como uma

ferramenta de gestão. Estes resultados legitimam o propósito da Contabilidade,

nomeadamente os entendimentos de Tavares Lopes (2009) e Antão et al., (2009).

São representativos os que consideram que a informação financeira deve ser

preparada para o apoio à gestão e à tomada de decisão e que, a par, desconsideram

que a mesma se destine meramente a fins legais e fiscais.

Evidencia-se um panorama diferente do ainda padronizado em Portugal no

seio das microentidades, empresas de quem se conjeturaria uma dispensa da

contabilidade não fosse esta necessária ao cumprimento das obrigações fiscais

impostas por um sistema extremamente regulamentado e por uma forte inter-relação

Page 122: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

103

entre a fiscalidade e a contabilidade que caracterizam a “área continental-europeia”

onde o país se enquadra. Parece existir uma consciencialização dos

proprietários/gestores das microentidades para o relato de informação que reflita de

forma verdadeira e apropriada o desempenho e posição financeira da entidade ao

invés de informação ludibriada que alivie fiscalmente a empresa.

Estes resultados incompatibilizam assim algumas ideias subsistentes na

literatura relativamente às pequenas empresas que, no essencial, sustentam que este

tipo de empresas não acolhe a informação financeira constante das demonstrações

financeiras (Dugdale e Hussey, 1998; Neag et al., 2009; Strouhal et al., 2010) e que

estas são produzidas sobretudo para satisfazer requisitos fiscais e obrigações legais

(IASB, 2007b; Di Pietra et al., 2008; IASC Foundation, 2009b; Tavares Lopes, 2009;

Strouhal et al., 2010), procurando por sua vez relatar informações que sejam

fiscalmente benéficas (Iacob e Buşe, 2010; Tavares Lopes, 2009).

Procurou-se estudar se existiam diferenças significativas nas respostas entre os

grupos inquiridos nesta matéria. Os resultados sinalizaram diferenças estatisticamente

significativas, sendo que a utilidade da contabilidade é legitimada sobretudo pelos

profissionais da contabilidade, conforme conjeturado.

5. Principal utilizador da informação financeira das microentidades

A análise inferencial por via do teste t-Student demonstrou que os dois grupos

inquiridos apresentam opiniões semelhantes relativamente à questão do principal

utilizador da informação financeira das microentidades, sendo que nenhum dos

utilizadores indicados foi distintamente distinguido (Fisco, Sócios, Fornecedores,

Bancos). Ainda assim, constatou-se que os profissionais da contabilidade tendem a

distinguir os bancos.

Estes resultados afastam-se da visão apreendida na literatura, dado que o Fisco

é por diversas vezes apontado como o principal destinatário da informação financeira

produzida pelas pequenas empresas (Bunea et al., 2012; Albu, 2013; Balsari e Varan,

2014; Jindrichovska, Kubickova, e Kocmanova, 2014; Sucher e Jindrichovska, 2004;

Vellam, 2004; Veneziani e Teodori, 2008; Pasekova et al., 2010; Albu et al., 2010).

Porém, no presente estudo não foi distinguido, o que consolida o parecer anterior

relativo à utilidade da contabilidade, onde as obrigações fiscais foram desvalorizadas

face à gestão e tomada de decisão da empresa.

Page 123: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

104

Os bancos foram distinguidos neste âmbito sobretudo pelos profissionais da

contabilidade. Os proprietários/gestores tendem a desvalorizar a ideia de que os

mesmos possam assumir o papel de principal utilizador da informação financeira, o

que compatibiliza com outros resultados deste estudo, nomeadamente a utilidade da

informação financeira aferida e a principal fonte de financiamento das empresas

inquiridas.

Ainda assim, o destaque destas instituições é congruente com alguma literatura

(Bunea et al., 2012; Grabinski et al., 2014; Kirsch e Meth, 2007 citados em Di Pietra

et al., 2008), em especial com a visão do IASB que diz, a propósito do projeto IFRS

para PME, serem os bancos o principal utilizador das demonstrações financeiras das

PME (Neag et al., 2009; IASB, 2007b).

6. Utilidade da norma contabilística da microentidades

A simplificação da norma aplicável às microentidades traduz-se em omissões

e/ou dispensa de alguns mapas contabilísticos e divulgações, e desde logo se advertiu

para o fosso de lacunas que conduzissem, porventura, a informação financeira

deficitária aos utilizadores.

Os resultados da presente investigação sugerem isso mesmo, défices de

informação, na medida em que os inquiridos tendem a atribuir importância a mapas e

tratamentos contabilísticos que a norma não prevê, a título de exemplo serve a

demonstração de fluxos de caixa e a demonstração de resultados por funções. Estes

mapas foram sinalizados no relatório Accounting systems for small enterprises –

recommendations and good practices por se concluir que revelam informações muito

úteis à gestão e tomada de decisão das pequenas empresas (Antão et al., 2009). No

entanto foram desconsiderados nos normativos simplificados, nomeadamente na

NCM.

A NCM é entendida como uma simplificação da NCRF-PE (Silva e Antão,

2011) que por sua vez acolhe a matéria normativa da IFRS para PME do IASB

(Roque, 2010). Schiebel (2008) acusou o IASB de não ter identificado as

necessidades dos utilizadores da informação financeira das PME aquando do projeto

que lhes foi dirigido. Os resultados deste estudo mostram que também em Portugal a

CNC não terá atendido às necessidades dos utilizadores aquando da publicação da

norma das microentidades, nomeadamente as necessidades dos seus

Page 124: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

105

proprietários/gestores. Talvez por influência do IASB, dado que quando publicara o

projeto aplicável às PME alertou que informação constante das demonstrações

financeiras não se destina à tomada de decisão dos proprietários das empresas (Neag

et al., 2009; IASB, 2007b), acrescentando que estes dispõem de acesso único a

qualquer informação que necessitem para gerir o seu negócio (IASC Foundation,

2009b), não dependendo por isso da informação financeira para o efeito. Os

resultados deste estudo não abonam este parecer do IASB.

O processo legislativo que culminou na norma contabilística das

microentidades desabrochou na Assembleia da República pelo grupo parlamentar do

CDS-PP com a apresentação do Projecto de Lei n.º 200XI/1ª inspirado na corrente

comunitária de redução da carga administrativa das microentidades. Este projeto

objetivava a isenção de obrigações contabilísticas para as microentidades. Porém,

resultou somente na simplificação das matérias contabilísticas a que este tipo de

entidades já estava sujeito. Ainda assim, o grupo parlamentar do CDS-PP terá

considerado o resultado do projeto positivo (Silva e Antão, 2011).

Já alguns críticos não partilham da mesma opinião, nomeadamente Carlos

Lobo, Leopoldo Alves e Óscar Figueiredo, desconceituando o regime das

microentidades e o processo legislativo que lhe deu origem (Silva e Antão, 2011). De

um modo geral, reprovam a metodologia utilizada no processo normalizador que lhe

deu origem, na medida em que consideram que deveriam ter sido os utilizadores a

sugerirem as alterações ao invés de entidades externas e questionam se de facto a

NCM contribui para a redução de custos dado que o projeto que a desencadeou

objetivava essa redução por via da isenção (Silva e Antão, 2011). Fazem por isso

notar que a norma das microentidades terá sido antes resultado de um processo

eminentemente político impassível às necessidades e valências das microentidades

(Silva e Antão, 2011).

Os resultados do estudo parecem consolidar as considerações destes críticos à

norma das microentidades.

Poderão eventualmente suportar Leopoldo Alves (Silva e Antão, 2011) e

Fernandes (2011) que admitem a sua revogação, dado que o estudo para além de

tender validar a inutilidade da norma notou um baixo nível de adesão à mesma.

Page 125: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

106

Os resultados do teste t-student executado para analisar as diferenças entre os

grupos inquiridos relativamente a este tema apontaram uma maior desvalorização da

norma por parte dos proprietários/gestores. Poder-se-á depreender que os

proprietários/gestores desacreditam numa melhoria da vida das suas empresas por via

da adoção da NCM, o que naturalmente não abona a sua adoção.

Page 126: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

107

8. Conclusão, contribuições e implicações

A NCM instituída e aprovada, respetivamente, pela Lei n.º 35/2010, de 2 de

setembro e pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, surgiu em resposta às

contestações por alguns setores económicos, que consideravam o SNC e a NCRF-PE

demasiados exigentes para um subgrupo das pequenas entidades, as designadas

microentidades (Gomes e Pires, 2011). Este normativo simplificado, embora de

aplicação automática, carece de obrigatoriedade, pelo que as microentidades têm livre

arbítrio para optar por qualquer outro regime do quadro normativo português,

nomeadamente o regime geral ou regime das pequenas entidades (Gomes e Pires,

2011).

A presente investigação definiu assim como objetivo aferir a utilidade do

sistema normativo contabilístico para as microentidades, com o propósito de perceber

em que medida o projeto foi bem-sucedido. Para o efeito, foram analisadas as

perspetivas dos proprietários/gestores das microentidades e dos profissionais da

contabilidade relativamente a algumas matérias que se entenderam oportunas para um

melhor entendimento do problema definido.

As observações poder-se-ão considerar surpreendentes na medida em que

colidem com a realidade conjeturada para os temas em análise.

Contrariando a comummente visão da contabilidade em Portugal, os resultados

mostraram que está área parece ser apreendida sobretudo como uma ferramenta de

gestão. A função meramente legal e fiscal que lhe é repetidamente atribuída na

literatura é desvalorizada, dado que os inquiridos tendem a desconsiderar com alguma

força o Fisco enquanto principal utilizador da informação financeira, e as obrigações

fiscais enquanto objetivos centrais no processo de elaboração das demonstrações

financeiras. Esta indução parece-nos positiva, dado que tende a enfraquecer a ideia de

que os proprietários/gestores das microentidades usam a contabilidade meramente

para atender às exigências fiscais (Tavares Lopes, 2009)

Ainda assim, e sem querer desconceituar o parecer anterior que consideramos

francamente esperançoso, o resultado do teste t-student executado para analisar as

diferenças das respostas entre os dois grupos inquiridos nesta matéria mostraram que

os profissionais da contabilidade tendem a legitimar mais o propósito da contabilidade

Page 127: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

108

do que os proprietários/gestores. De todo modo poder-se-á admitir que o panorama

português no que toca à utilidade da contabilidade está a mudar.

Os resultados auferidos no domínio do principal utilizador da informação

financeira tendem também a confirmar essa mudança na medida em que os inquiridos

não distinguiram notoriamente nenhum utilizador apontado. E neste caso, os dois

grupos inquiridos tendem a opinar semelhantemente conforme o resultado do teste t-

student mostrou.

No que concerne à NCM, que constitui o cerne desta investigação, poder-se-á

admitir à luz dos resultados que a norma não é útil, na medida em que as suas lacunas

se traduzirão em défices de informação conforme os inquiridos notaram. Talvez por

isso, e tendo por base os dados do estudo, se verifique um baixo nível de adesão à

norma das microentidades.

Na análise das diferenças das respostas entre os grupos respondentes, o

resultado do teste de t-student executado mostrou que os profissionais da

contabilidade tendem a validar a utilidade da norma contabilística das microentidades

mais do que os proprietários/gestores. Este resultado tende a validar algumas

considerações compiladas neste estudo, nomeadamente a ineficácia, dispensabilidade

e a natureza política da norma (Silva e Antão, 2011).

Face ao exposto e com base nas teorias da regulamentação, o processo

legislativo que culminou na norma contabilística das microentidades poderá ser

entendido à luz da teoria do interesse público, na medida em que principiou com o

objetivo de assistir as microentidades, exonerando-as dos encargos burocráticos

decorrentes da contabilidade. Porém, parece-nos que a teoria da captura também

explica parte da ação regulamentar que culminou na norma das microentidades, na

medida em que a isenção objetivada não se concretizou, em vez disso seguiu-se o

caminho da simplificação. Simplificação que não terá atendido às necessidades e

capacidades deste tipo de empresas. Não será ao acaso que o regime simplificado das

microentidades seja qualificado como processo e/ou documento político (Silva e

Antão, 2011). Certamente terá servido outros interesses que não o das microentidades

como deveras deveria ter sido, mas que os resultados desta investigação não

suportam.

Page 128: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

109

Contribuições e implicações

A NCM surge em respostas às críticas acenadas por vários setores e entidades

económicas ao SNC, assinaladamente à NCRF-PE, que embora ajustada às menores

exigências de relato financeiro das pequenas entidades, revelava-se ainda assim

exagerada para um subgrupo destas, as designadas microentidades. Deste modo, a

NCM intitula-se como um sistema simplificado, menos exigente e adequável às

diminutas necessidades de relato financeiro das microentidades. Sendo a NCM de

aplicação automática mas não obrigatória, torna-se interessante perceber em que

medida este normativo simplificado é adotado pelas empresas a que se destina, e quais

os suportes dessa adoção, ou por outro lado, da rejeição. Os proprietários/gestores das

microentidades e os profissionais da contabilidade são tidos como intervenientes

diretos no processo de escolha do normativo a adotar, e são as opiniões destes,

aferidas num conjunto de questões implementadas por um inquérito por questionário,

que fundamentam as conclusões deste estudo e que se revelam um quanto

surpreendentes face ao cenário convencionado. Neste sentido, a presente investigação

poder-se-á revelar útil às empresas e profissionais da contabilidade que num processo

de escolha de normativo contabilístico poderão valer-se das fraquezas da NCM aqui

compiladas. Poder-se-á igualmente revelar útil junto do organismo de normalização

contabilística e das entidades reguladoras, na medida em que os resultados sugerem

que a NCM é ineficaz, nomeadamente por não responder adequadamente às

necessidades de relato financeiro das microentidades, dado que a informação

financeira relatada com base na norma revela-se deficitária, pelos tratamentos e mapas

contabilísticos excluídos. De um modo geral, revelar-se-á útil aos vários setores e

entidades económicas, investigadores e críticos das áreas financeira, contabilística e

de gestão, na medida em que os resultados desta investigação projetam uma visão

distinta da ainda padronizada em Portugal e em muito outros países europeus em

torno das microentidades, onde a contabilidade é grosseiramente instrumentalizada

para fazer face a exigências fiscais, abalroando as necessidades de gestão que deveras

constitui o propósito da contabilidade. E, por fim, poderá ser do interesse da

comunidade académica, tomando-o como referência para outras investigações em

torno do relato financeiro das microentidades.

A escolha do normativo a ser usado atenderá com certeza à capacidade do

mesmo em relatar informação útil. A simplicidade da NCM traduz-se na exclusão de

Page 129: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

110

mapas e tratamentos contabilísticos tidos como necessários ao auxílio da gestão da

empresa.

Face ao exposto, a rejeição da NCM é a mais crível e a mais corrente na

medida em que os resultados desta investigação apontam para uma adesão diminuta

ao normativo das microentidades aquando da sua publicação e em anos subsequentes.

A presente investigação traduz-se no feedback à norma contabilística das

microentidades, descrevendo a reação ou avaliação das empresas às quais se destina

por via dos proprietários/gestores e profissionais da contabilidade, de quem se

previam apreciações diferentes.

Limitações do estudo e trabalho futuro

O estudo adota a abordagem quantitativa pela sua adequabilidade ao problema

de pesquisa definido. Qualquer metodologia apresenta limitações aos objetos de

pesquisa. Deste modo, é procurado um ajuste entre a definição do problema de

pesquisa e o método de investigação.

As técnicas de coleta de dados determinam o tipo de dados recolhidos. A

coleta de dados foi feita com recurso à técnica de inquérito por questionário, o que

permite a recolha de dados primários. Dado ter sido aplicado no ano transato a

microentidades e profissionais da contabilidade que se encontram em atividade, os

dados poder-se-ão considerar atuais. Deste modo, o presente estudo aproxima-se da

realidade atual que cerca o tema em estudo, o que o enriquece.

O questionário implementado é composto por questões fechadas, previamente

estabelecidas de acordo com a revisão de literatura, que permite estabelecer

pressupostos acerca da realidade. Os questionários fechados são mais suscetíveis a

respostas superficiais e a mal entendidos, na medida em que o entrevistado é limitado

às opções previstas na construção do instrumento. A par, dado que o contacto entre o

entrevistador e o entrevistado é feito por via de um questionário, e sendo este aplicado

a indivíduos de categorias profissionais distintas, com experiências e conhecimentos

técnicos também eles distintos, torna-se difícil obter um padrão único, apropriado e

compreendido por todos.

Page 130: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

111

Algumas das questões incluídas no questionário são acerca de factos passados,

que por vezes o inquirido desconhece, o que não abona a análise. Outras questões

sujeitam-se a meras previsões acerca de opções que possam ser tomadas no futuro,

nomeadamente a mudança de normativo contabilístico e o normativo para o qual

preveem mudar. Evidentemente que as previsões não passam de suposições, que

podem ou não confirmar-se. Deste modo, admite-se que o desfasamento temporal de

alguma informação solicitada é limitador, dado o desconhecimento e incerteza que lhe

são inerentes.

Em estudos quantitativos, os resultados apurados acerca de uma amostra

podem ser extrapolados para a população de onde foi extraída. A representatividade

da amostra assume, neste domínio, uma importância acrescida. No presente estudo, a

taxa de respostas ao inquérito por questionário implementado é baixa. Por

conseguinte, a generalização dos resultados não é provida da autenticidade pretendida.

Os resultados da investigação são um quanto surpreendentes na medida em

que contrariam a comummente visão acerca do papel da contabilidade nas

microentidades. Recorde-se, apreendida como uma mera obrigação legal

instrumentalizada para fazer face às exigências fiscais. No entanto, os resultados

evidenciam uma compreensão distinta desta, na medida em que no âmbito da

contabilidade as exigências fiscais parecem ser abalroadas pelas necessidades de

gestão da empresa. Este resultado poderá ser tomado como uma importante pista para

estudos futuros. Sugestivamente, um estudo acerca do futuro da contabilidade e da

fiscalidade nas microentidades, a forma como serão estabelecidas na empresa, dado

que os resultados da presente investigação apontam para a sua dissociação.

Page 131: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

112

Page 132: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

113

Apêndices

Apêndice A - Pedido de colaboração em Estudo Académico (1º Pedido)

Ex.mo (a) Senhor (a),

No âmbito da minha dissertação de mestrado em Contabilidade da

Universidade do Minho pretendo estudar a utilidade do sistema normativo

contabilístico das microentidades: na perspetiva da entidade e na perspetiva dos

profissionais da contabilidade. Este estudo é orientado pela Prof. Doutora Filomena

Antunes Brás da Universidade do Minho.

Assim, venho por este meio solicitar a sua colaboração no preenchimento do

questionário elaborado, que apenas lhe tomará cerca de 10 minutos do seu tempo.

Informo que toda a informação facultada no questionário é estritamente confidencial e

o interesse é meramente académico.

Caso pretenda ter acesso aos resultados do estudo indique, por favor, endereço

de correio electrónico em campo específico para o efeito no final do questionário.

O questionário elaborado destina-se a duas pessoas distintas: os empresários

(gerentes) e os contabilistas certificados (anteriores técnicos oficiais de contas). Neste

sentido, solicito o seguinte:

- se é empresário, por favor, aceda ao seguinte link:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf0h0yPAzgnxqlWY6LlcETWj_bzlI_YnzaPa0tEGxLUwjo

hyw/viewform?usp=send_form

- solicito também que reencaminhe esta mensagem para o seu contabilista/CC

para proceder ao preenchimento do questionário disponível no seguinte link:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdubuR3x5EedPluxWWby4gOELw1FeRKdqa-

lgImgwx8fl_zww/viewform?usp=send_form

Para o sucesso deste trabalho é fundamental a sua colaboração, preenchendo o

questionário até ao próximo dia 15 de fevereiro.

Antecipadamente grata pela colaboração.

Cordiais cumprimentos,

Cátia Araújo

Page 133: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

114

Apêndice B - Pedido de colaboração em Estudo Académico (2º Pedido)

Ex.mo (a) Senhor (a),

No âmbito da minha dissertação de mestrado em Contabilidade da

Universidade do Minho pretendo estudar a utilidade do sistema normativo

contabilístico das microentidades: na perspetiva da entidade e na perspetiva dos

profissionais da contabilidade. Este estudo é orientado pela Prof. Doutora Filomena

Antunes Brás da Universidade do Minho.

Assim, venho por este meio solicitar a sua colaboração no preenchimento do

questionário elaborado, que apenas lhe tomará cerca de 10 minutos do seu tempo.

Informo que toda a informação facultada no questionário é estritamente confidencial e

o interesse é meramente académico.

Caso pretenda ter acesso aos resultados do estudo indique, por favor, endereço

de correio electrónico em campo específico para o efeito no final do questionário.

O questionário elaborado destina-se a duas pessoas distintas: os empresários

(gerentes) e os contabilistas certificados (anteriores técnicos oficiais de contas). Neste

sentido, solicito o seguinte:

- se é empresário, por favor, aceda ao seguinte link:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf0h0yPAzgnxqlWY6LlcETWj_bzlI_YnzaPa0tEGxLUwjo

hyw/viewform?usp=send_form

- solicito também que reencaminhe esta mensagem para o seu contabilista/CC

para proceder ao preenchimento do questionário disponível no seguinte link:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdubuR3x5EedPluxWWby4gOELw1FeRKdqa-

lgImgwx8fl_zww/viewform?usp=send_form

Para o sucesso deste trabalho é fundamental a sua colaboração, preenchendo o

questionário até ao próximo dia 18 de Março.

Caso já tenha respondido ao questionário ignore, por favor, este segundo

pedido. Aproveito para agradecer a sua participação e pedir desculpa pelo

incómodo de uma nova mensagem.

Antecipadamente grata pela colaboração.

Cordiais cumprimentos,

Cátia Araújo

Page 134: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

115

Apêndice C – Questionário aplicado às Microentidades

Page 135: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

116

Page 136: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

Estudo do sistema normativo contabilístico dasmicroentidades: sua utilidade na perspetiva daentidade e dos preparadores da informação financeiraPrezados, Sou aluna do mestrado em contabilidade na Universidade do Minho, e a sua colaboração é fundamental para a conclusão da dissertação que me propus realizar sobre o Normativo Contabilístico das Microentidades: sua utilidade na perspetiva da entidade e dos profissionais da contabilidade. De notar que toda a informação facultada neste questionário é estritamente confidencial e tem como finalidade única e exclusiva o estudo referenciado. Caso pretenda ter acesso aos resultados da pesquisa, os mesmos poderão­lhe ser facultados via e­mail. Para o efeito, indique, por favor, endereço do correio eletrónico para o qual pretende que a informação seja enviada, em campo específico disponível no final deste questionário.  Antecipadamente grata pela participação fundamental para o estudo. 

*Obrigatório

1. Indique o distrito ou região autónoma a que pertence a sua empresa: *Marcar apenas uma oval.

 Aveiro

 Beja

 Braga

 Bragança

 Castelo Branco

 Coimbra

 Faro

 Guarda

 Leiria

 Lisboa

 Portalegre

 Porto

 Santarém

 Setúbal

 Viana do Castelo

 Vila Real

 Viseu

 Évora

 Região Autónoma dos Açores

 Região Autónoma da Madeira

Page 137: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

2. Indique qual a sua função na empresa: *Marcar apenas uma oval.

 Gerente

 Contabilista Certificado/CC (Anteriores Técnicos Oficiais de Contas/TOC)

 Outra: 

3. Indique qual o seu grau de escolaridade *Marcar apenas uma oval.

 Superior

 Secundário

 Básico ­ 3º ciclo

 Básico ­ 2º ciclo

 Básico ­ Igual ou inferior ao 1º ciclo

4. Indique o tipo de serviço de contabilidade da empresa: *Marcar apenas uma oval.

 Contabilidade é interna (o CC/TOC é funcionário da empresa)

 Contabilidade é externa (recorre­se a um gabinete de contabilidade)

5. Indique há quanto tempo a sua empresa está no mercado: *Marcar apenas uma oval.

 40 a 50 anos

 30 a 39 anos

 20 a 29 anos

 10 a 19 anos

 5 a 9 anos

 Menos de 5 anos

6. Há quanto tempo exerce a sua função na empresa? *Marcar apenas uma oval.

 20 ou mais anos

 10 a 19 anos

 5 a 9 anos

 Menos de 5 anos

7. Indique qual a principal atividade da empresa *Marcar apenas uma oval.

 Serviços

 Comércio

 Indústria e construção

 Agrícola e pescas

Page 138: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

8. Classifique a empresa: *Marcar apenas uma oval.

 Empresário em nome individual

 Sociedade unipessoal por quotas

 Sociedade por quotas

9. Número de sócios da empresa: *

10. Número de sócios que são familiares: *

11. A 31/12/2015, qual o número de funcionários da sua empresa? *Marcar apenas uma oval.

 Até 5 funcionários

 Mais de 5 funcionários

12. Qual a fonte de financiamento mais importante da empresa? *Marcar apenas uma oval.

 Banco

 Leasing/Locações financeiras

 Obrigações

 Capital próprio/Auto financiamento

 Outra: 

13. Qual o normativo usado na preparação das demonstrações financeiras (DF's) no exercício de2010: *Marcar apenas uma oval.

 Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF­PE)

 Não sabe

 Outra: 

Page 139: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

14. Indique qual o normativo usado na preparação das demonstrações financeiras (DF's) noexercício de 2011: *Marcar apenas uma oval.

 Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF­PE)

 Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

 Não sabe

 Outra: 

15. A empresa mudou de normativo contabilístico no período de 2011 a 2015? *Marcar apenas uma oval.

 Sim

 Não  Passe para a pergunta 19.

 Não sabe  Passe para a pergunta 19.

16. Para que normativo? *Marcar apenas uma oval.

 Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF­PE)

 Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

 Outra: 

17. Qual o motivo que impulsionou a mudança de normativo contabilístico no período de 2011 a2015? *Marcar apenas uma oval.

 Variação do volume de negócios

 Variação dos ativos da empresa

 Imposição de alguma entidade

 Opção da empresa

 Sugestão do contabilista (CC/TOC)

 Outra: 

18. A escolha do normativo foi feita com base: *Marcar apenas uma oval.

 Na opinião do contabilista (CC/TOC)

 Na opinião do corpo gerente da empresa

 No normativo que os concorrentes usam

 Na opinião conjunta do contabilista e do corpo gerente da empresa

 Não foi uma escolha pensada

Page 140: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

19. A escolha do normativo contabilístico resulta da aplicação da definição de microentidade talcomo aparece: *Tome como referência a legislação vigente até 31/12/2015.Marcar apenas uma oval.

 No Normativo Português (NCM): empresas que à data do balanço, não ultrapassem dois dostrês limites seguintes: i) um total do balanço de € 500.000, ii) um volume de negócios líquido de €500.000, e iii) um número médio de empregados durante o exercício de cinco

 Na Diretiva: empresas que à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limitesseguintes: i) um total do balanço de € 350.000, ii) um volume de negócios líquido de € 750.000, e iii)um número médio de empregados durante o exercício de dez

 Não sabe

20. A empresa prevê mudar de normativo contabilístico a curto prazo por: *Marcar apenas uma oval.

 Imposição do contabilista (CC/TOC)

 Opção da empresa

 Imposição legal

 Não prevê mudar  Passe para a pergunta 23.

21. Para que normativo se prevê que a empresa mude? *Marcar apenas uma oval.

 Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF­PE)

 Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

 Outra: 

22. A decisão de escolha do normativo contabilístico para o qual se prevê mudar foi tomada porquem? *Marcar apenas uma oval.

 Contabilista (CC/TOC)

 Empresa

 Consultor externo

 Contabilista e Empresa

Segue­se um conjunto de afirmações para as quais é solicitada a sua opinião em termos do nível de concordância. Sucintamente, com estas afirmações pretende­se, de forma agrupada, aferir para quem se destinam as demonstrações financeiras, principais utilizadores, que necessidades de informação pretendem responder, qual ou quais as principais utilidades da informação relatada, quais as vantagens da prestação de informação financeira para a empresa e que influência e peso têm na tomada de decisão por parte do corpo gerente da entidade.

Utilidade da Contabilidade

Page 141: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

23. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiraquando preparada deveser pensada para apoiara gestão da empresa.

24. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiraé preparada para apoiara tomada de decisão dogerente da minhaempresa.

25. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

As informaçõescontabilísticasinfluenciamsignificativamente atomada de decisão naminha empresa.

26. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

As informaçõescontabilísticasinfluenciamsignificativamente atomada de decisão dosutilizadores externos(bancos, fornecedores,investidores).

27. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O principal utilizador dainformação financeirada empresa é oFisco/Estado.

Page 142: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

28. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A função de umcontabilista é prepararinformaçãocontabilística/financeiraque permita minimizaros impostos a pagar aoEstado.

29. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiranão é útil para agerência da minhaempresa porque háacesso internamente atoda a informaçãonecessária.

30. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiranão é oportuna paraavaliar o desempenhoda empresa.

31. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Minimizar o imposto apagar é o maior objetivoa atingir quando seelaboram asDemonstraçõesFinanceiras (DF's).

32. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

As Microentidades nãodeveriam ser obrigadasa ter contabilidadeorganizada.

Page 143: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

33. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O cumprimento dasobrigações fiscais etributárias constitui oserviço mais importantedisponibilizado pelocontabilista à empresa.

34. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiraé preparada pelacontabilidadeexclusivamente para aprestação de contas aoFisco.

35. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informaçãocontabilística/financeirarelatada depende dosobjetivos dos gestores.

36. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A gestão da empresatem interesse nainformação contida nasdemonstraçõesfinanceiras para atomada de decisão.

37. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A análise dasdemonstraçõescontabilísticas faz partedo serviço contratadoao contabilista.

Page 144: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

38. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A Contabilidade mais doque umaobrigatoriedade legal éum diagnóstico à saúdeda empresa.

39. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O objetivo principal dasdemonstraçõesfinanceiras é prestarinformação útil àtomada de decisão docorpo gerente.

40. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiraé útil para avaliar odesempenho daorganização.

Principal Utilizador da Informação Financeira

41. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O Estado/Fisco é oprincipal utilizador dainformaçãocontabilística/financeira.

42. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Os sócios são oprincipal utilizadorexterno da informaçãofinanceira.

Page 145: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

43. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Os fornecedores são oprincipal utilizadorexterno da informaçãofinanceira.

44. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Os bancos são oprincipal utilizadorexterno da informaçãofinanceira.

Utilidade da Norma Contabilística das Microentidades

45. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A demonstração defluxos de caixa éfundamental para agestão das empresas.

46. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A demonstração deresultados por funçõesrelata informaçãoimprescindível à tomadade decisão.

47. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A gestão de tesourariaé fundamental para agestão das empresas.

Page 146: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

48. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A imparidade de ativosdeve ser contempladana informaçãofinanceira.

49. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A desvalorização deativos fixos tangíveisdeve ser reconhecida.

50. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Os ativos fixos tangíveisda empresa devem serquantificados pelo seuvalor de mercado.

51. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Deve existir uma contaespecífica para oregisto das imparidadesde ativos.

52. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O normativo dasmicroentidades não émais do que umprocesso meramentepolítico desencadeadopela Assembleia daRepública, que nadaveio melhorar a vidadas empresas.

Page 147: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

Com tecnologia

53. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A norma contabilísticadas microentidadesresultou de umprocessoeminentemente políticodo qual nenhumavantagem resultou paraa empresa.

54. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A adoção da normacontabilística dasmicroentidades contribuipara a redução doscustos administrativosda empresa.

Pretendo ter acesso aos resultados da pesquisa.

55. Endereço de correio eletrónico:

Page 148: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

129

Apêndice C – Questionário aplicado aos Contabilistas Certificados

Page 149: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

130

Page 150: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

Estudo do sistema normativo contabilístico dasmicroentidades: sua utilidade na perspetiva daentidade e dos preparadores da informação financeiraPrezados, Sou aluna do mestrado em contabilidade na Universidade do Minho, e a sua colaboração é fundamental para a conclusão da dissertação que me propus realizar sobre o Normativo Contabilístico das Microentidades: sua utilidade na perspetiva da entidade e dos profissionais da contabilidade. De notar que toda a informação facultada neste questionário é estritamente confidencial e tem como finalidade única e exclusiva o estudo referenciado. Caso pretenda ter acesso aos resultados da pesquisa, os mesmos poderão­lhe ser facultados via e­mail. Para o efeito, indique, por favor, endereço do correio eletrónico para o qual pretende que a informação seja enviada, em campo específico disponível no final deste questionário.  Antecipadamente grata pela participação fundamental para o estudo. 

*Obrigatório

1. Indique o distrito ou região autónoma onde opera: *Marcar apenas uma oval.

 Aveiro

 Beja

 Braga

 Bragança

 Castelo Branco

 Coimbra

 Faro

 Guarda

 Leiria

 Lisboa

 Portalegre

 Porto

 Santarém

 Setúbal

 Viana do Castelo

 Vila Real

 Viseu

 Évora

 Região Autónoma dos Açores

 Região Autónoma da Madeira

Page 151: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

2. Indique qual a sua categoria profissional: *Marcar apenas uma oval.

 Técnico de Contabilidade

 Contabilista Certificado/CC (Anteriores Técnicos Oficiais de Contas/TOC)

 Outra: 

3. Indique qual o seu grau de escolaridade *Marcar apenas uma oval.

 Superior

 Secundário

 Básico ­ 3º ciclo

 Básico ­ 2º ciclo

 Básico ­ Igual ou inferior ao 1º ciclo

4. Indique o tipo de serviço de contabilidade que presta à empresa: *Marcar apenas uma oval.

 Contabilidade interna (CC/TOC é funcionário da empresa)

 Contabilidade externa (Gabinete de contabilidade que presta serviço à empresa)

5. Há quanto tempo exerce a sua função ou presta serviço à empresa? *Marcar apenas uma oval.

 20 ou mais anos

 10 a 19 anos

 5 a 9 anos

 Menos de 5 anos

6. Qual o normativo usado na preparação das demonstrações financeiras (DF's) no exercício de2010 da empresa à qual presta serviço: *Marcar apenas uma oval.

 Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF­PE)

 Não sabe

 Outra: 

Page 152: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

7. Indique qual o normativo usado na preparação das demonstrações financeiras (DF's) noexercício de 2011 da empresa à qual presta serviço: *Marcar apenas uma oval.

 Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF­PE)

 Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

 Não sabe

 Outra: 

8. A empresa mudou de normativo contabilístico no período de 2011 a 2015? *Marcar apenas uma oval.

 Sim

 Não  Passe para a pergunta 12.

 Não sabe  Passe para a pergunta 12.

9. Para que normativo? *Marcar apenas uma oval.

 Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF­PE)

 Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

 Outra: 

10. Qual o motivo que impulsionou a mudança de normativo contabilístico no período de 2011 a2015? *Marcar apenas uma oval.

 Variação do volume de negócios

 Variação dos ativos da empresa

 Imposição de alguma entidade

 Opção da empresa

 Sugestão do CC/TOC

 Outra: 

11. A escolha do normativo foi feita com base: *Marcar apenas uma oval.

 Na opinião do contabilista (CC/TOC)

 Na opinião do corpo gerente da empresa

 No normativo que os concorrentes usam

 Na opinião conjunta do contabilista e do corpo gerente da empresa

 Não foi uma escolha pensada

Page 153: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

12. A escolha do normativo contabilístico resulta da aplicação da definição de microentidade talcomo aparece: *Tome como referência a legislação vigente até 31/12/2015.Marcar apenas uma oval.

 No Normativo Português (NCM): empresas que à data do balanço, não ultrapassem dois dostrês limites seguintes: i) um total do balanço de € 500.000, ii) um volume de negócios líquido de €500.000, e iii) um número médio de empregados durante o exercício de cinco

 Na Diretiva: empresas que à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limitesseguintes: i) um total do balanço de € 350.000, ii) um volume de negócios líquido de € 750.000, e iii)um número médio de empregados durante o exercício de dez

 Não sabe

13. Prevê que a empresa mude de normativo contabilístico a curto prazo por: *Marcar apenas uma oval.

 Imposição do contabilista (CC/TOC)

 Opção da empresa

 Imposição legal

 Não prevê mudar  Passe para a pergunta 16.

14. Para que normativo se prevê que a empresa mude? *Marcar apenas uma oval.

 Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS)

 Sistema de Normalização Contabilística (SNC)

 Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF­PE)

 Norma Contabilística para Microentidades (NCM)

 Outra: 

15. A decisão de escolha do normativo contabilístico para o qual se prevê mudar foi tomada porquem? *Marcar apenas uma oval.

 Contabilista (CC/TOC)

 Empresa

 Consultor externo

 Contabilista e Empresa

Segue­se um conjunto de afirmações para as quais é solicitada a sua opinião em termos do nível de concordância. Sucintamente, com estas afirmações pretende­se, de forma agrupada, aferir para quem se destinam as demonstrações financeiras, principais utilizadores, que necessidades de informação pretendem responder, qual ou quais as principais utilidades da informação relatada, quais as vantagens da prestação de informação financeira para a empresa e que influência e peso têm na tomada de decisão por parte do corpo gerente da entidade.

Utilidade da Contabilidade

Page 154: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

16. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiraquando preparada deveser pensada para apoiara gestão da empresa.

17. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiraé preparada para apoiara tomada de decisão dogerente da empresa.

18. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

As informaçõescontabilísticasinfluenciamsignificativamente atomada de decisão daempresa.

19. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

As informaçõescontabilísticasinfluenciamsignificativamente atomada de decisão dosutilizadores externos(bancos, fornecedores,investidores).

20. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O principal utilizador dainformação financeirada empresa é oFisco/Estado.

Page 155: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

21. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A função de umcontabilista é prepararinformaçãocontabilística/financeiraque permita minimizaros impostos a pagar aoEstado.

22. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiranão é útil para agerência da empresaporque há acessointernamente a toda ainformação necessária.

23. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiranão é oportuna paraavaliar o desempenhoda empresa.

24. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Minimizar o imposto apagar é o maior objetivoa atingir quando seelaboram asDemonstraçõesFinanceiras (DF's).

25. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

As Microentidades nãodeveriam ser obrigadasa ter contabilidadeorganizada.

Page 156: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

26. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O cumprimento dasobrigações fiscais etributárias constitui oserviço mais importantedisponibilizado pelocontabilista à empresa.

27. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiraé preparada pelacontabilidadeexclusivamente para aprestação de contas aoFisco.

28. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informaçãocontabilística/financeirarelatada depende dosobjetivos dos gestores.

29. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A gestão da empresatem interesse nainformação contida nasdemonstraçõesfinanceiras para atomada de decisão.

30. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A análise dasdemonstraçõescontabilísticas faz partedo serviço contratadoao contabilista.

Page 157: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

31. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A Contabilidade mais doque umaobrigatoriedade legal éum diagnóstico à saúdeda empresa.

32. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O objetivo principal dasdemonstraçõesfinanceiras é prestarinformação útil àtomada de decisão docorpo gerente.

33. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A informação financeiraé útil para avaliar odesempenho daorganização.

Principal Utilizador da Informação Financeira

34. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O Estado/Fisco é oprincipal utilizador dainformaçãocontabilística/financeira.

35. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Os sócios são oprincipal utilizadorexterno da informaçãofinanceira.

Page 158: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

36. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Os fornecedores são oprincipal utilizadorexterno da informaçãofinanceira.

37. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Os bancos são oprincipal utilizadorexterno da informaçãofinanceira.

Utilidade da Norma Contabilística das Microentidades

38. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A demonstração defluxos de caixa éfundamental para agestão das empresas.

39. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A demonstração deresultados por funçõesrelata informaçãoimprescindível à tomadade decisão.

40. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A gestão de tesourariaé fundamental para agestão das empresas.

Page 159: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

41. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A imparidade de ativosdeve ser contempladana informaçãofinanceira.

42. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A desvalorização deativos fixos tangíveisdeve ser reconhecida.

43. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Os ativos fixos tangíveisda empresa devem serquantificados pelo seuvalor de mercado.

44. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

Deve existir uma contaespecífica para oregisto das imparidadesde ativos.

45. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

O normativo dasmicroentidades não émais do que umprocesso meramentepolítico desencadeadopela Assembleia daRepública, que nadaveio melhorar a vidadas empresas.

Page 160: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

Com tecnologia

46. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A norma contabilísticadas microentidadesresultou de umprocessoeminentemente políticodo qual nenhumavantagem resultou paraa empresa.

47. *Marcar apenas uma oval por linha.

DiscordoTotalmente Discordo Não concordo

nem discordo Concordo ConcordoTotalmente

A adoção da normacontabilística dasmicroentidades contribuipara a redução doscustos administrativosda empresa.

Pretendo ter acesso aos resultados da pesquisa.

48. Endereço de correio eletrónico:

Page 161: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

142

Page 162: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

143

Referências bibliográficas

Albino, D., Hu, A., & Bar-Yam, Y. (2013). Corporations and Regulators: The

Game of Influence in Regulatory Capture.

Albu, C. N. (2013). How relevant is size for setting the scope of the IFRS for

SMEs? Accounting and Management Information Systems, 12(3), 424–439.

Albu, C. N., Albu, N., & Fekete, S. (2010). The context of the possible IFRS

for SMES implementation in Romania: An exploratory study. Accounting and

Management Information Systems, 9(1), 45–71.

Alfredson, K., Leo, K., Picker, R., Loftus, J., Clark, K., & Wise, V. (2009).

Applying International Financial Reporting Standards (3rd ed.). Milton, Australia:

John Wiley & Sons Inc.

Aminu, I. M., & Shariff, M. N. M. (2015). Influence of strategic orientation on

SMEs access to finance in Nigeria. Asian Social Science, 11(4), 298–309.

doi:10.5539/ass.v11n4p298

Amorós, J. E., & Bosma, N. (2014). Global Entrepreneurship Monitor GEM

2013 Global report. Massachusetts.

Antão, A., Gonçalves, C., Sousa, R., Pereira, A., & Figueiredo, A. (2009,

April). Sistema Contabilístico para pequenas empresas: recomendações e boas

práticas. Revista TOC, 109, 28–33

Ballas, A. A., Skoutela, D., & Tzovas, C. A. (2010). The relevance of IFRS to

an emerging market: Evidence from Greece. Managerial Finance, 36(11), 931–948.

doi:10.1108/03074351011081259

Balsari, C. K., & Varan, S. (2014). IFRS implementation and studies in

Turkey. Accounting and Management Information Systems, 13(2), 373–399.

Bohušová, H., & Blašková, V. (2012). In what ways are countries which have

already adopted IFRS for SMEs different. Acta Universitatis Agriculturae et

Silviculturae Mendelianae Brunensis, 60(2), 37–44.

doi:10.11118/actaun201260020037

Bonatto, A., Oliveira, C. S. D., Mauss, C. V., Bleil, C., & Santos, G. Z. dos

(1999). A evolução da contabilidade e seus objetivos.

Page 163: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

144

Bratton, W. W. (2007). Private Standards, Public Governance: A New Look at

the Financial Accounting Standards Board. Boston College Law Review, 48(1), 5-53.

Briciu, S., Groza, C., & Gânfãlean, I. (2009). International Financial Reporting

Standard (IFRS) will support managemnet accounting system for small and medium

entreprise (SME)? Annales Universitatis Apulensis Series Oeconomica, 11(1), 308–

317.

Bunea, S., Săcărin, M., & Minu, M. (2012). Romanian Professional

accountants’ perception on the differential financial reporting for small and medium-

sized enterprises. Accounting and Management Information Systems, 11(1), 27–43.

Bunea-Bontas, C., Petre, M. C., & Petroianu, O. G. (2011). Consensual and

controversial issues on IFRS for SMEs. Annals. Economic Science Series, 17, 495–

501.

Caria, A. A., & Rodrigues, L. L. (2014). The evolution of financial accounting

in Portugal since the 1960s: A new institutional economics perspective. Accounting

History, 19(1-2), 227–254. doi:10.1177/1032373213511319

Chand, P., Patel, C., & Patel, A. (2010). Interpretation and application of

“new” and “complex” international financial reporting standards in Fiji: Implications

for convergence of accounting standards. Advances in Accounting, 26(2), 280–289.

doi:10.1016/j.adiac.2010.08.004

Comissão de Normalização Contabilística (CNC), (2012). Alterações das

Diretivas da Contabilidade na Europa – Impactos em Portugal.

Comissão de Normalização Contabilística (CNC), (2016). Sumário das

principais alterações ao SNC.

Cordery, C. (2013). Regulating Small and Medium Charities: Does It Improve

Transparency and Accountability?. 24(3), 831-851. doi:10.1007/s11266-013-9381-6

Cortese, C. (2011). Standardizing oil and gas accounting in the US in the

1970s: Insights from the perspective of regulatory capture. Accounting History, 16(4),

403-421. doi:10.1177/1032373211417990

Cravo, D. J. da S. (2000). Da Teoria da Contabilidade às Estruturas

Conceptuais. ISCA de Aveiro.

Page 164: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

145

Crepaldi, S. A. (2007). Contabilidade Gerencial: Teoria e Prática (3rd ed.).

São Paulo: Editora Atlas.

Deegan, C., & Unerman, J. (2011). Financial accounting theory European Edi

(2nd ed.). Maidenhead, Berkshire: McGraw Hill Higher Education.

DG COMM. (2016, June 6). Entrepreneurship and small and medium-sized

enterprises (SMEs) - growth - European commission. Retrieved June 6, 2016, from

European Commission, http://ec.europa.eu/growth/smes/

Di Pietra, R., Evans, L., Chevy, J., Cisi, M., Eierle, B., Jarvis, R., & On Behalf

Of The European Accounting Association’s Financial Reporting Standards

Committee (2008). Comment on the IASB’s exposure draft “IFRS for small and

medium-sized entities.” Accounting in Europe, 5(1), 27–47.

doi:10.1080/17449480802049392

Dugdale, D., & Hussey, J. (1998, February). The statutory accounts of smaller

companies: a burden or an aid to business? Management Accounting, 76(2), 50–52

Elena, H., Catalina, M. C., Stefana, C. I., & Niculina, A. A. (2009). Some

issues about the transition from U.S. generally accepted accounting principles

(GAAP) to international financial reporting standards (IFRS). Annales Universitatis

Series Oeconomica, 11(1), 275–289.

European Commission (2008, November). The Final Report of the Expert

Group Accounting systems for small enterprises - Recommendations and good

practices. European Commission Enterprise and Industry Directorate

Evans, L., Gebhardt, G., Hoogendoorn, M., Marton, J., Di Pietra, R., Mora, A.,

Wagenhofer, A. (2005). Problems and opportunities of an international financial

reporting standard for small and medium-sized entities. The EAA FRSC’s comment

on the IASB’s discussion paper. Accounting in Europe, 2(1), 23–45.

doi:10.1080/09638180500378949

Fernandes, J. D. S. (2011, November). As normas contabilísticas para

pequenas e microentidades deveriam ser revogadas?. Revista TOC,140, 64-67.

Godfrey, J., Hodgson, A., Tarca, A., Hamilton, J., & Holmes, S. (2010).

Accounting theory (7th ed.). Milton Qld: John Wiley & Sons Australia.

Page 165: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

146

Godfrey, J. M., & Langfield-Smith, I. A. (2005). Regulatory capture in the

globalization of accounting standards. Environment & Planning A, (11), 1975.

Gomes, J., & Pires, J. (2011). Normalização Contabilística para

Microentidades – Casos Práticos e Enquadramento Legal. Vida Económica –

Editorial, SA.

Grabinski, K., Kedzior, M., & Krasodomska, J. (2014). The Polish accounting

system and IFRS implementation process in the view of empirical research.

Accounting and Management Information Systems, 13(2), 281–310.

Guimarães, J. C. (2000). O Sistema Contabilístico e Fiscal Português – Uma

abordagem aos relatórios e contas das empresas. Vislis Editores, L.DA.

Guimarães, J. F. C. (2007). Técnicos Oficiais de Contas – História da

Profissão e do Associativismo, Estatuto e Código Deontológico, Contabilidade e

Fiscalidade, Encerramento de Contas. INFOCONTAB.

Guimarães, J. F. C. (2011). Estudos sobre a Normalização Contabilística em

Portugal. Vida Económica.

Harvie, C., Oum, S., & Narjoko, D. (2011). SMEs access to finance in selected

East Asian economies. In D. Harvie, C. Oum, & S. Narjoko (Ed.), Small and Medium

Enterprises’ (SMEs’) Access to Finance in Selected East Asian Economies (pp. 41-

82). Jakarta: ERIA Research Project Report 2010-14.

Hendriksen, E. S., & Breda, M. F. V. (1999). Teoria da Contabilidade (5th

ed.). São Paulo: Editora Atlas.

Iacob, C., & Simionescu (Buşe), S. (2010). Necessity And Reality Between

Information Transparency In Performance SMEs To Track. Annals of the University

of Petrosani - Economics., 10(4), 117–124.

Instituto Nacional de Estatística (INE). (2012). Evolução do Setor Empresarial

em Portugal, 2004-2010. Retrieved from www.ine.pt

International Accounting Standards Board (IASB), (2009). International

Financial Reporting Standard for Small and Medium–sized Entities.

International Accounting Standards Board (IASB). (2007a, February).

Exposure draft of a proposed IFRS for Small and Medium-sized Entities

Page 166: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

147

International Accounting Standards Board (IASB). (2007b, February). Basis

for Conclusions on Exposure Draft IFRS for Small and Medium-sized Entities

International Accounting Standards CommitteeFoundation (IASC Foundation)

(2009a). Basis for conclusions on the IFRS for Small and Medium Sized Entities.

International Accounting Standards CommitteeFoundation (IASC Foundation)

(2009b). IFRS for Small and Medium Sized Entities.

International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS Foundation)

(2010). A guide to the IFRS for SMEs.

Jarvis, R., & Collis, J. (2003, November). International Financial Reporting

Standards and differential reporting. 26th ISBA National Small Firms Policy and

Research Conference, Egham, UK

Jindrichovska, I., Kubickova, D., & Kocmanova, S. (2014). The development

of accounting and application of IFRS in the Czech Republic. Accounting and

Management Information Systems, 13(2), 198–235.

Kaytmaz Balsari, C., & Varan, S. (2014). IFRS implementation and studies in

Turkey. Accounting and Management Information Systems, 13(2), 373–399.

Kılıç, M., Uyar, A., & Ataman, B. (2014). Preparedness for and perception of

IFRS for SMEs: evidence from Turkey. Accounting and Management Information

Systems, 13(3), 492–519.

Kim, J.B., Tsui, J. S. L., & Yi, C. H. (2011). The voluntary adoption of

international financial reporting standards and loan contracting around the world.

Review of Accounting Studies, 16(4), 779–811. doi:10.1007/s11142-011-9148-5

Madawaki, A. (2012). Adoption of international financial reporting standards

in developing countries: The case of Nigeria. International Journal of Business and

Management, 7(3), 152–161. doi:10.5539/ijbm.v7n3p152

Mantzari, E., Liew, P., & Mantzaris, I. (2009). An investigation of the impact

of international financial reporting standards (IFRS) on the usefulness of financial

reports from internal users’ perspective: The case of a Greek medium-sized entity.

Finland, Tampere.

Page 167: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

148

Marion, J. C. (2005). Contabilidade Empresarial (11th ed.). São Paulo:

Editora Atlas.

Marôco, J. (2007). Análise Estatística – Com Utilização do SPSS. 3ª ed.

Lisboa: Edições Sílabo, Lda.

Matos Pereira, E. (2012). O Regime de Normalização para as

Microentidade.(Dissertação para Mestrado em Contabilidade) Universidade de Aveiro

Instituto Superior de Contabilidade e Administração.

Mazanai, M., & Fatoki, O. (2012). Access to finance in the SME sector: A

South African perspective. Asian Journal of Business Management, 4(1), 58–67.

Muller, P., Caliandro, C., Peycheva, C., Gagliardi, D., Marzocchi, C.,

Ramlogan, R., & Cox, D. (2016). Annual Report on European SMEs 2014 / 2015

Müllerova, L., Pasekova, M., & Hyblova, E. (2010b). Harmonization of

financial reporting of small and medium-sized enterprises in the Czech Republic.

Journal of Modern Accounting and Auditing, 6(1), 55–64.

Mullerova, L., Pasekova, M., & Kubickova, D. (2010a). Analysis of

Differences in Reporting According to IFRS in SMEs in the Czech Republic and its

influence on Performance. ACTA VŠFS, Prague: The University of Finance and

Administration 2010, 2, 106–125.

Neag, R., Maşca, E., & Păşcan, I. (2009). Actual Aspects Regardind The Ifrs

For Sme: Opinions, Debates And Future Developments. Annales Universitatis

Apulensis Series Oeconomica, 11(1), 32–42.

Nerudova, D., & Bohusova, H. (2008). The empirical study of the SMEs

position in the process of IFRS for SMEs application in the Czech Republic.

Economics & Management, 1, 157–162.

Osotimehin, K. O., Jegede, C. A., Akinlabi, B. H., & Olajide, O. T. (2012). An

evaluation of the challenges and prospects of micro and small scale enterprises

development in Nigeria. American International Journal of Contemporary Research,

2(4).

Pacter, P. (2004). Will the GAAP widen for SMEs? Accountancy, 133(1325),

118–122

Page 168: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

149

Pasekova, M., Bialic-Davendra, M., Müllerová, L., Hvastová, J., Manová, E.,

Sowa, B., & Čiževská, L. (2010, June). IFRS for SMES: Current issues in reporting of

SMES in the Czech Republic, Slovak Republic, Poland and Ukraine. 5th International

Conference, Bucharest.

Pestana, M. & Gageiro, J. (2003). Análise de Dados para Ciências Sociais – A

complementaridade do SPSS. 3ª ed. Lisboa: Edições Sílabo, Lda.

Pordata.pt. (2016a). Empresas: total e por dimensão - Portugal. Disponível

em: http://www.pordata.pt/Portugal/Empresas+total+e+por+dimens%C3%A3o-2857

[Acedido a 11 Julho 2016].

Pordata.pt. (2016b). Pequenas e médias empresas em % do total de empresas:

total e por dimensão - Portugal. Disponível em:

http://www.pordata.pt/Portugal/Pequenas+e+m%C3%A9dias+empresas+em+percenta

gem+do+total+de+empresas+total+e+por+dimens%C3%A3o-2859 [Acedido a 11

Julho 2016].

Pordata.pt. (2016c). População residente com 15 e mais anos por nível de

escolaridade completo mais elevado (%) em Portugal. Disponível em:

http://www.pordata.pt/Portugal/Popula%C3%A7%C3%A3o+residente+com+15+e+m

ais+anos+por+n%C3%ADvel+de+escolaridade+completo+mais+elevado+(percentag

em)-884 [Acedido a 5 Outubro 2016].

Quagli, A., & Paoloni, P. (2012). How is the IFRS for SME accepted in the

European context? An analysis of the homogeneity among European countries, users

and preparers in the European commission questionnaire. Advances in Accounting,

28(1), 147–156. doi:10.1016/j.adiac.2012.03.003

Rodrigues, L. L., & Guerreiro, M. A. S. (2004). A Convergência de Portugal

com as Normas Internacionais de Contabilidade. Lisboa: Publisher Team.

Rodrigues, L. L., Schmidt, P., Santos, J. L. d., & Fonseca, P. C. D. (2011). A

research note on accounting in brazil in the context of political, economic and social

transformations, 1860-1964. Accounting History, 16(1), 111–123.

doi:10.1177/1032373210373799

Page 169: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

150

Rogerson, C. M. (2008). Tracking SMME development in South Africa: Issues

of finance, training and the regulatory environment. Urban Forum, 19(1), 61–81.

doi:10.1007/s12132-008-9025-x

Roque, O. (2010, July). O SNC e as microempresas. Revista TOC, 124, 49-52.

Rupeika-Apoga, R. (2014). Financing in SMEs: Case of the Baltic states.

Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 116–125.

doi:10.1016/j.sbspro.2014.09.013

Schiebel, A. (2008). Is there a solid empirical foundation for the IASB’s draft

IFRS for SMEs? SSRN Electronic Journal. doi:10.2139/ssrn.994684

Sellhorn, T., & Gornik-Tomaszewski, S. (2006). Implications of the “IAS

regulation” for research into the international differences in accounting systems.

Accounting in Europe, 3(1), 187–217. doi:10.1080/09638180600920392

Silva, A., & Antão, A. (2011, June). Conclusões da conferência «As

microentidades». Revista TOC, 135, 29-32.

Silva Couto, M., & Silva Monteiro, S. (n.d.). Normativo Contabilístico para

Pequenas e Microentidades: implicações ao nível do Relato Financeiro.

Silva, E. S. (2014). A Nova Diretiva da Contabilidade (a mudança previsível).

Vida Económica.

Silva, E. S., Anjos, P., & Silva, T. (2015). O novo SNC – Decreto-Lei no

98/2015, de 2 de junho – Análise Prática do novo enquadramento normativo e

implicações na contabilidade. Vida Económica.

Smrekar, N. (2009). National Accounting Standards In Context Of

Globalization And Harmonization Of Financial Reporting For SMEs.

Soderstrom, N. S., & Sun, K. J. (2007). IFRS adoption and accounting quality:

A review. European Accounting Review, 16(4), 675–702.

doi:10.1080/09638180701706732

Strouhal, J., Pasekova, M., & Mullerová, L. (2010). Is Harmonization of SMEs

Reporting Really Necessary? A Case of Central and Eastern European Countries.

Journal of Business & Economic, 2(1), 48–63.

Page 170: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

151

Sucher, P., & Jindrichovska, I. (2004). Implementing IFRS: A case study of

the Czech Republic. Accounting in Europe, 1(1), 109–141.

doi:10.1080/0963818042000262757

Tavares, F., Pacheco, L., & Almeida, E. (2015). Financiamento das pequenas e

médias empresas: análise das empresas do distrito do Porto em Portugal. Revista De

Administração, 50(2), 254-267. http://dx.doi.org/10.5700/rausp1198

Tavares Lopes, A. C. (2009, March). O papel da Contabilidade nas micro e

pequenas empresas. Revista TOC, 108, 22

Taylor, D. W. (2009). Costs‐benefits of adoption of IFRSs in countries with

different harmonization histories. Asian Review of Accounting, 17(1), 40–58.

doi:10.1108/13217340910956504

Teixeira de Carvalho, C. (2011, March). A NCRF-PE e as NCRF do SNC:

Principais diferenças. Revista TOC, 133, 30-51.

Thornburg, S., & Roberts, R. (2008). Money, politics, and the regulation of

public accounting services: Evidence from the Sarbanes-Oxley Act of 2002.

Accounting Organizations And Society, 33(2-3), 229-248.

Tyrrall, D., Woodward, D., & Rakhimbekova, A. (2007). The relevance of

international financial reporting standards to a developing country: Evidence from

Kazakhstan. The International Journal of Accounting, 42(1), 82–110.

doi:10.1016/j.intacc.2006.12.004

Uyar, A., & Güngörmüş, A. H. (2013). Perceptions and knowledge of

accounting professionals on IFRS for SMEs: Evidence from turkey. Research in

Accounting Regulation, 25(1), 77–87. doi:10.1016/j.racreg.2012.11.001

Vellam, I. (2004). Implementation of international accounting standards in

Poland: Can true Convergence be achieved in practice? Accounting in Europe, 1(1),

143–167. doi:10.1080/0963818042000262784

Veneziani, M., & Teodori, C. (2008, April). The International Accounting

Standards and Italian non-listed companies: perception and economic impact. The

results of an empirical survey. 3rd Annual Congress, Rotterdam, Netherlands.

Page 171: Cátia Sofia Oliveira Cerqueira Araújo · CSC - Código das Sociedades Comerciais DC - Diretrizes Contabilísticas DGEI - Direção Geral de Empresa e Indústria EC - Estrutura Conceptual

152

Winney, K., Marshall, D., Bender, B., & Swiger, J. (2010). Accounting

globalization: roadblocks to IFRS adoption in the United States. Global Review of

Accounting and Finance, 1(1), 167–178.

Zeghal, D., & Mhedhbi, K. (2006). An analysis of the factors affecting the

adoption of international accounting standards by developing countries. The

International Journal of Accounting, 41(4), 373–386.

doi:10.1016/j.intacc.2006.09.009