Cuba pode se tornar uma potncia em minrioe petrleo?

3 maio 2015

Cuba vem buscando reservas de petrleo no fundo do mar

Desde que foi anunciada a reaproximao entre Cuba e Estados Unidos no final do ano passado, comearam as especulaes sobre o que ocorrer quando a ilha reestabelecer seus vnculos comerciais com seu vizinho do norte.

Alguns fazem previses sobre a abertura de lojas da Apple na capital Havana ou novos automveis Ford circulando pelas ruas do pas no lugar dos antigos modelos dos anos 1950 que se tornaram um smbolo cubano, por consequncia do embargo.

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Mas outra ideia tambm ronda as mentes de alguns economistas: a possibilidade de um aumento dasatividades de minerao e prospeco de petrleo, quando as empresas americanas puderem finalmente entrar no territrio cubano - algo vedado a elas desde o incio da Revoluo.

Hoje, as regras do embargo americano a Cuba fazem com que seja ilegal para estas companhias investir em projetos nessas reas. Isso pode mudar nos prximos anos se, como muitos esperam, o embargo v sendo anulado gradualmente.

Novos recursosCuba atualmente um dos dez maiores produtores mundiais de nquel e cobalto, e o governo busca novos recursos nos setores de minrio e petrleo para aumentar a capacidade de exportao do pas.

As observaes sobre o potencial de Cuba nessas atividades cresceram quando, no incio do ms, veio pblico um relatrio do Servio Geolgico do governo dos Estados Unidos (USGS, na sigla em ingls) com uma descrio das condies e recursos de minrio e petrleo da ilha.

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Mas, como ocorre com vrias outras iniciativas mencionadas desde que Washington e Havana retomaram relaes, h pouco de concreto e muitas dificuldades a serem superadas antes de Cuba setornar uma potncia de minerao e energia como resultado de investimentos americanos.

Segundo o documento da USGS, em novembro passado, o Ministrio de Comrcio Exterior e Investimento Estrangeiro do governo cubano anunciou que estava buscando US$8 bilhes em investimentos vindos do exterior para o desenvolvimento de 246 projetos.

"O setor de petrleo ofereceu o maior nmero de oportunidades em potencial de investimentos, seguido pela manufatura e a minerao", diz o relatrio.

E, em dezembro, veio tona a deciso do presidente americano, Barack Obama, e do chefe de

governo cubano, Ral Castro, para retomar as relaes econmicas depois de mais de cinco dcadasde embargo.

Reaproximao poltica entre Washington e Havana abre caminho para fim do embargo ilha

Mais investimentosAlguns indicaram a possibilidade - ou, ao menos, a esperana - de que as novas relaes polticas levaro a um maior investimento nas reas de minrio e petrleo em Cuba.

Entre eles, est David Pathe, presidente da mineradora canadense Sherritt, a maior investidora estrangeira na ilha.

Pathe, cuja empresa opera h dcadas um complexo de explorao de nquel no pas, disse em uma entrevista agncia Bloomberg em janeiro que este ano "pode haver mais interesses de companhias internacionais" em Cuba.

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Arch Ritter, especialista na economia cubana e professor na Universidad de Carleton, no Canad, mais ctico.

"No estou certo que sejam to boas assim as oportunidades de minerao em territrio cubano", afirma Ritter.

Ele recorda que, em 1994, quando Cuba expandiu sua abertura aos investimentos canadenses, muitas das empresas deste pas realizaram significativas exploraes de minrio, sem terem encontrado grandes volumes.

"Duvido que faam novas descobertas de ouro ou cobre", diz Ritter.

O especialista tambm no espera muito das exploraes submarinas em buscas de petrleo, nas quais Cuba passou a apostar mais depois que a empresa espanhola Repsol comeou a realizar buscas nas guas do estreito da Flrida.

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"Muitos desses projetos eram comercialmente inviveis, inclusive quando o petrleo estava caro", acrescenta ele.

Por isso, em uma poca de preos baixos, Ritter duvida que ocorrero grandes mudanas no setor petrolfero em breve.

Ele diz tambm no ver como a indstria americana possa levar grandes inovaes tecnolgicas ilha.

"As empresas canadenses, que dominam as explorao de minrio, j esto l."

BenefciosCuba busca investimento estrangeiro para projetos no pas, mas quer reter controle

O que pode mudar, no entanto, a situao das mineradoras canadenses, que atualmente sofrem com as consequncias da lei Helms-Burton, que regula o embargo americano ao pas.

Por seus investimentos na ilha, a Sherritt enfrenta, por exemplo, algumas restries em sua capacidade de fazer negcios com companhias dos Estados Unidos.

Inclusive, Pathe, seu presidente, est proibido de entrar em territrio americano, segundo destaca a Bloomberg.

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Assim, as mineradoras canadenses podem ser as maiores beneficiadas pelo reestabelecimento das relaes entre Cuba e Estados Unidos se o Congresso americano acabar com as restries do embargo.

De qualquer forma, o anncio feito pelo governo cubano em novembro passado esclarece que, mesmo se o interesse estrangeiro se concretizar, tudo ser feito sob os termos de Cuba, com substancial controle estatal.

"O governo cubano disse especificamente que o pas continuar a ter uma economia impulsionada pelo Estado, por meio de holdings governamentais, e que a maioria das iniciativas estrangeiras sero de propriedade majoritariamente cubana", adverte o documento da USGS.

Muitas coisas podem estar a ponto de mudar radicalmente com essa aproximao entre Cuba e Estados Unidos. Mas a indstria de minerao e de petrleo da ilha no parecem estar entre elas no curto prazo.

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