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SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Preceitos comuns entre Responsabilidade Contratual e Responsabilidade Extracontratual (Aquiliana); 3 Conceituação; 4 Distinção dos preceitos entre Responsabilidade Contratual e Extracontratual; 5 Dolo ou Culpa na Responsabilidade Extracontratual; 6 Considerações Finais; 7 Referências __________________________________ 1. Introdução Ao longo dos anos, e com a evolução das civilizações, a sociedade sentiu a necessidade de organizar-se através de uma ordem social (regras e normas) alicerçada na normatização das condutas dos indivíduos. Diante de tais necessidades, nosso trabalho tem o intuito de analisar a Responsabilidade Civil Aquiliana ou Extracontratual bem como todos os seus aspectos, visto que esta é parte integrante do corpo normativo que nos circundam no âmbito social. 2. Preceitos comuns entre Responsabilidade Contratual e Responsabilidade Extracontratual (Aquiliana) Visto que a responsabilidade civil se apresenta em diferentes espécies, analisaremos estas quanto ao fato gerador, sendo elas: Responsabilidade Contratual e Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana. José de Aguiar Dias nos esclarece que (1997, p.107): (...) todos os casos de responsabilidade civil obedecem a quatro séries de exigencias comuns: a) o dano, que deve ser certo, podendo, entretanto, ser material ou moral; b) e a relaçao de causalidade, a casual connexion, laço ou relação direta de causa a efeito entre o fato gerador da responsabilidade e o dano são seus pressupostos indispensáveis; c) a força maior e a exclusiva culpa da vítima tem, sobre a ação de responsabilidade civil, precisamente porque suprimem esse laço de causa a efeito, o mesmo efeito preclusivo; d) as autorizações judiciárias e administrativas não constituem motivo de exoneração de responsabilidade. 3. Conceituação Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. É alicerçada no Artigo supra citado do CCB (Código Civil Brasileiro) que a Responsabilidade Extracontratual também chamada de Aquiliana é definida, sendo assim, citada por Maria Helena Diniz (1992, p. 567):

Culpa contratual ou extra contratual

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Page 1: Culpa contratual ou extra contratual

SUMÁRIO:   1 Introdução; 2 Preceitos comuns entre Responsabilidade Contratual e

Responsabilidade Extracontratual (Aquiliana); 3 Conceituação; 4 Distinção dos preceitos

entre Responsabilidade Contratual e Extracontratual; 5 Dolo ou Culpa na Responsabilidade

Extracontratual; 6 Considerações Finais; 7 Referências

__________________________________

 

1. Introdução

 Ao longo dos anos, e com a evolução das civilizações, a sociedade sentiu a necessidade de

organizar-se através de uma ordem social (regras e normas) alicerçada na normatização das

condutas dos indivíduos. Diante de tais necessidades, nosso trabalho tem o intuito de

analisar a Responsabilidade Civil Aquiliana ou Extracontratual bem como todos os seus

aspectos, visto que esta é parte integrante do corpo normativo que nos circundam no âmbito

social.

 

2. Preceitos comuns entre Responsabilidade Contratual e Responsabilidade

Extracontratual (Aquiliana)

Visto que a responsabilidade civil se apresenta em diferentes espécies, analisaremos estas

quanto ao fato gerador, sendo elas: Responsabilidade Contratual e Responsabilidade

Extracontratual ou Aquiliana.

José de Aguiar Dias nos esclarece que (1997, p.107):

(...) todos os casos de responsabilidade civil obedecem a quatro séries de exigencias

comuns: a) o dano, que deve ser certo, podendo, entretanto, ser material ou moral; b) e a

relaçao de causalidade, a casual connexion, laço ou relação direta de causa a efeito entre o

fato gerador da responsabilidade e o dano são seus pressupostos indispensáveis; c) a força

maior e a exclusiva culpa da vítima tem, sobre a ação de responsabilidade civil,

precisamente porque suprimem esse laço de causa a efeito, o mesmo efeito preclusivo; d) as

autorizações judiciárias e administrativas não constituem motivo de exoneração de

responsabilidade.

 

 

 3. Conceituação

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a

repará-lo.

É alicerçada no Artigo supra citado do CCB (Código Civil Brasileiro) que a Responsabilidade

Extracontratual também chamada de Aquiliana é definida, sendo assim, citada por Maria

Helena Diniz (1992, p. 567):

Page 2: Culpa contratual ou extra contratual

A responsabilidade Extracontratual se resulta do inadimplemento normativo, ou seja, da

prática de um ato ilícito por pessoa capaz ou incapaz ( Art. 156 CC), da violação de um dever

fundado em algum princípio geral de direito ( Art. 159 CC), visto que não há vínculo anterior

entre as partes, por não estarem ligadas por uma relação obrigacional. A fonte desta

inobservância é a lei. É a lesão a um direito sem que entre o ofensor e o ofendido preexista

qualquer relação jurídica. Aqui, ao contrário da contratual, caberá à vítima provar a culpa do

agente.

Contudo, existem pressupostos para que alguém tenha o dever de indenizar a outro,são

esses:

1.Ação ou omissão do agente: o ato ilícito pode advir não só de uma ação, mas também de

omissão do agente.

2.Relação de causalidade: entre a ação do agente e o dano causado tem que haver um nexo

de causalidade, pois é possível que tenha havido um ato ilícito e tenha havido dano, sem que

um seja causa do outro.

3.Existência de dano: tem que haver um dano (seja moral ou material), pois a

responsabilidade civil baseia-se no prejuízo para que haja uma indenização.

4.Dolo ou culpa: é necessário que o agente tenha agido com dolo ou c

ulpa.

Brilhantemente Carlos Roberto Gonçalves, nos elucida de forma simples e clara da seguinte

maneira ( 2006, p. 452):

Uma pessoa pode causar prejuízo a outrem por descumprir uma obrigação contratual (dever

contratual), (...). O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as

perdas e danos nos termos do art. 389 do Código Civil. Quando porém, a responsabilidade

não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto

genericamente no art. 927 do mesmo diploma, diz-se que ela é extracontratual ou aquiliana.

Muito embora a consequência da infração ao dever legal e ao dever contratual seja a mesma

(obrigação de ressarcir o prejuízo causado), o Código Civil brasileiro distinguiu as duas

espécies de responsabilidade, acolhendo a teoria dualista e afastando a unitária,

disciplinando a extracontratual nos arts. 186 e 187 complementando sob regulamentação

nos arts. 927. Grifo Nosso.

 

4. Distinção dos preceitos entre Responsabilidade Contratual e Responsabilidade

Extracontratual

Vistos os princípios comuns a todos os casos de Responsabilidade Civil bem como a

conceituação de responsabilidade extracontratual, iremos agora distingui-los para que

possamos ter uma visão ampla do que o Código Civil Brasileiro nos normatiza.

Ainda, segundo Gonçalves (2006, p.452):

Page 3: Culpa contratual ou extra contratual

As diferenças que podem ser apontadas entre responsabilidade contratual e extracontratual

são:

a) A primeira e talvez mais significativa, diz respeito ao ônus da prova. Na responsabilidade

contratual, o inadimplemento presume-se culposo, logo, na extracontratual, ao lesado

incumbe o ônus de provar culpa ou dolo do causador do dano.

b) A responsabilidade Contratual tem origem na convenção, enquanto a extracontratual a

tem na inobservância do dever genérico de não lesar a outrem (neminem laedere).

c) A capacidade sofre limitações no terreno da responsabilidade contratual, sendo mais

ampla no campo extracontratual. Com efeito, os atos ilícitos podem ser perpetrados por

amentais e por menores e podem gerar o dano indenizável, ao passo que somente as

pessoas plenamente capazes são sucetíveis de celebrar convenções válidas.

(... )

 

5. Dolo ou Culpa na Responsabilidade Extracontratual

"Ato ilícito, é o fato não autorizado pelo direito, causador de dano a outrem, vislumbrando-se,

no texto do dispositivo legal duas espécies: dolo (ação ou omissão voluntária) e culpa

(negligencia ou imprudência)"

Sendo assim, dando-nos um apanhado geral, Aguiar Dias (1997, p.109) nos enobrece com o

seguinte comentário:

Sem dúvida, a culpa varia de aspectos, o que induz à necessidade de estabelecer distinções.

Mas o fato de perceber e reconhecer que ela pode revestir, ora de forma contratual, ora de

forma extracontratual, de nenhum modo influi na unidade de conceito fundamental. Chironi,

atendendo a isso mostra que culpa é a lesão de direito alheio imputável ao agente, e nisto

reside a unidade de sua substância. (...) O mesmo autor sustenta que não é possível,

entretanto, aplicar indiferentemente as regras da culpa contratual e extracontratual.

 

Tendo em vista as noções expostas, fica-nos a concepção de culpa genérica, que se

desdobra em dolo e culpa propriamente dita, ou seja, elementos objetivos e subjetivos

respectivamente:

·Dolo - Não é vicio de vontade, mas sim, elemento interno, que reveste o ato da

intenção de causar o resultado.

·Culpa – A vontade é dirigida pelo fato causador da lesão, mas o resultado não é

querido pelo agente.

Da culpa caracterizada no art. 159 do Código Civil como negligência ou imprudência,

decorrem outras noções, que demandam exame. Nesse título, estão, com efeito,

compreendidas a negligência, a imprudência e a imperícia que são todas formas desse

elemento essencial: a falta de diligência, falta de prevenção e cuidado.

Page 4: Culpa contratual ou extra contratual

Visto, para uma melhor apreciação de todo o exposto acima, apresentamos um caso

concreto onde fica claro a ligação intrínseca entre a Responsabilidade Civil Aquiliana e a

reparação de danos:

RESPONSABILIDADE CIVIL AQUILIANA. REPARAÇÃO DE DANOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO.

IMPRUDÊNCIA DO MOTORISTA. manobra de mARCHA-RÉ. DESIMPORTA SE O OUTRO VEÍCULO

ESTAVA ESTACIONADO EM LOCAL PROIBIDO.

Foi imprudente o motorista que manobrou o veículo de marcha-ré, não se certificando acerca

da inexistência de outros automóveis estacionados em local próximo. Presente o nexo de

causalidade entre a ação imprudente do réu e o dano provocado no veículo do autor, de

modo a configurar o dever de indenizar. Neste contexto, desnecessário perquirir acerca de

culpa do autor, cujo veículo estava parado. A infração administrativa de trânsito, por si só,

não caracteriza conduta culposo.

DERAM PROVIMENTO AO RECURSO. [1]

[1] Recurso Inominado. Segunda Turma Recursal . Nº 71001619261 – Rio Grande do sul.

 

6. Considerações Finais

 Do que vimos, emanam as evidências, que o nosso Código Civil brasileiro adotou o princípio

da culpa como fundamento genérico das responsabilidades.

O referido código distinguiu entre responsabilidade contratual e extracontratual, regulando-

as em seções marcadamente diferentes do seu texto.

Entendemos assim, por Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana quando a

responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta (dever legal)

imposto genericamente no art. 927 do NCCB – Novo Código Civil Brasileiro.

 

7. Referências Bibliográficas

 

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 6 ed.v.7: Responsabilidade civil. São

Paulo: Saraiva: 1992.

 

DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1997.

 

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: v.1: parte geral – 3 ed. São Paulo:

Saraiva, 2006.

Page 5: Culpa contratual ou extra contratual

  

(Artigonal SC #1527312)

Alexandre Santiago - Perfil do Autor:

Graduando em Direito - Ciencias Jurídicas- Pela Universidade Tirandentes de Aracaju- SE. Portador de Cursos em Extensão e Pesquisador das áreas jurídicas.