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CULTIVO DA BANANA INTRODUÇÃO A bananeira (Musa spp.) é a frutífera tropical mais difundida no mundo, apresentando grandes áreas cultivadas e grande volume de comercialização. Segundo dados da F.A.O. – 1994, a produção mundial de bananas foi cerca de 52 milhões de toneladas. ASPECTOS ECONÔMICOS A banana concorre como uma das principais fontes de divisas para vários países da América Latina, responsável por 83% do volume exportado mundialmente; entre os exportadores destacam-se o Equador (24%), Costa Rica (16%) e Colômbia (14%). O Brasil apesar de produzir cerca de 11% do total mundial, exporta apenas 1 a 2% do que produz anualmente, em sua maioria para a Argentina e o Uruguai. Problemas ligados a qualidade e regularidade de oferta do produto, associados a entraves específicos de comercialização, são os responsáveis pelo país não conseguir melhor posicionamento no mercado internacional de bananas. Deve-se destacar também a importância da produção de bananas para fritar ou cozinhar, bananas ácidas, amiláceas (plantains ou plátanos). Os países africanos são grandes plantadores destas bananas, consumidas diariamente substituíndo o pão de farinha de trigo nas suas refeições. São grandes produtores países como a Uganda, Colômbia, Ruanda, Zaire e Nigéria. Em 1994, a produção de bananas deste grupo atingiu 28 milhões de toneladas. Perfil da Cultura no Brasil No Brasil, a bananeira é cultivada em todos os estados da federação, desde a faixa litorânea até os planaltos do interior, atingindo uma área cultivada de 500 mil hectares, destacando-se como produtores os apresentados na Tabela 2. Especificamente no caso da bananicultura deve-se mencionar não só os pontos favoráveis da atividade bem como aqueles desfavoráveis onde se incluem as "dificuldades e riscos". Desta maneira destaca-se: Pontos Favoráveis: Implantação e manejo: comparativamente com outras atividades frutícolas a bananicultura pode ser considerada como das mais simples na implantação e condução do pomar. Ciclo e vida útil, custo de implantação: é uma frutífera que quando em condições climáticas favoráveis possibilita as primeiras safras aos 10-12 meses pós-plantio. Traçando um paralelo com outras frutíferas este retorno pode ser considerado bastante precoce. Desta forma pode ser considerada uma cultura de retorno relativamente rápido e vida útil longa. Produções frequentes: pode-se afirmar que, dependendo das condições climáticas da região a bananeira se desenvolve em ritmo constante o que leva a

Cultivo Da Banana

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CULTIVO DA BANANA INTRODUÇÃO

A bananeira (Musa spp.) é a frutífera tropical mais difundida no mundo, apresentando grandes áreas cultivadas e grande volume de comercialização. Segundo dados da F.A.O. – 1994, a produção mundial de bananas foi cerca de 52 milhões de toneladas.

ASPECTOS ECONÔMICOS

A banana concorre como uma das principais fontes de divisas para vários países da América Latina, responsável por 83% do volume exportado mundialmente; entre os exportadores destacam-se o Equador (24%), Costa Rica (16%) e Colômbia (14%). O Brasil apesar de produzir cerca de 11% do total mundial, exporta apenas 1 a 2% do que produz anualmente, em sua maioria para a Argentina e o Uruguai. Problemas ligados a qualidade e regularidade de oferta do produto, associados a entraves específicos de comercialização, são os responsáveis pelo país não conseguir melhor posicionamento no mercado internacional de bananas. Deve-se destacar também a importância da produção de bananas para fritar ou cozinhar, bananas ácidas, amiláceas (plantains ou plátanos). Os países africanos são grandes plantadores destas bananas, consumidas diariamente substituíndo o pão de farinha de trigo nas suas refeições. São grandes produtores países como a Uganda, Colômbia, Ruanda, Zaire e Nigéria. Em 1994, a produção de bananas deste grupo atingiu 28 milhões de toneladas. Perfil da Cultura no Brasil No Brasil, a bananeira é cultivada em todos os estados da federação, desde a faixa litorânea até os planaltos do interior, atingindo uma área cultivada de 500 mil hectares, destacando-se como produtores os apresentados na Tabela 2. Especificamente no caso da bananicultura deve-se mencionar não só os pontos favoráveis da atividade bem como aqueles desfavoráveis onde se incluem as "dificuldades e riscos". Desta maneira destaca-se: Pontos Favoráveis: Implantação e manejo: comparativamente com outras atividades frutícolas a

bananicultura pode ser considerada como das mais simples na implantação e condução do pomar.

Ciclo e vida útil, custo de implantação: é uma frutífera que quando em condições climáticas favoráveis possibilita as primeiras safras aos 10-12 meses pós-plantio. Traçando um paralelo com outras frutíferas este retorno pode ser considerado bastante precoce. Desta forma pode ser considerada uma cultura de retorno relativamente rápido e vida útil longa.

Produções frequentes: pode-se afirmar que, dependendo das condições climáticas da região a bananeira se desenvolve em ritmo constante o que leva a

produções frequentes durante o ano, podendo-se realizar colheitas até mesmo semanais. Este é um ponto extremamente atrativo da exploração uma vez que permite ao produtor sempre dispor de recursos.

Aceitação da fruta: trata-se de uma fruta extremamente conhecida e popular no país, sendo portanto de fácil colocação no mercado; é conhecida pelas suas qualidades nutritivas e até mesmo medicinais.

Utilização da fruta: além do consumo "in natura" a banana se presta à fabricação dos mais variados produtos como por exemplo doces, compotas, geléias, sucos, banana em pó, banana "passa", entre outros. Os frutos descartados poderão ainda ser utilizados para alimentação de animais.

Pontos Desfavoráveis:

Manejo na colheita e pós-colheita: embora possa ser colhida verde o que seria uma vantagem, as operações de colheita e preparo da fruta após colhida requerem cuidados significativos quando comparadas com outras frutas. Estima-se que o Brasil perde 40% de sua produção nestas fases o que representaria de 2 a 3 milhões de toneladas/ano. É uma fruta extremamente perecível, com casca delicada, polpa macia, frutos dispostos em pencas, sem possibilidade de ser armazenada por períodos longos.

Estrutura de comercialização: a nível internacional o mercado de bananas é dominado por grandes grupos que formam um monopólio e dominam a comercialização. Afirma-se que existem apenas três grandes "marcas" de banana no mundo, ou seja: DEL MONTE, DOLE e CHIQUITA. O Brasil apesar de ser um dos maiores produtores é inexpressivo no mercado internacional, não fazendo parte nem mesmo da U.P.E.B. – União dos países exportadores de bananas da América Latina. No mercado interno a comercialização é feito de maneira bastante empírica com a estimativa de que 75% do volume comercializado é feito através de intermediários. Não é comum a formação de grupos ou cooperativas de produtores de banana o que resulta em comercialização totalmente desorganizada, sem controle de qualidade e sem a freqüência necessária para se ganhar qualquer mercado.

Aspectos Fitossanitários: algumas doenças e pragas da bananeira têm se disseminado com maior intensidade na atualidade, podendo-se destacar o "mal do Panamá" (Fusarium oxyxporum f. sp. Cubense) e fitonematóides, além de preocupação com doenças como a Sigatoka Negra (Mycosphaerella fijenses var. difformis) e Moko (Pseudomonas solanacearum Smith, raça 2) que estão presentes nos países vizinhos. A principal razão da disseminação destas doenças e pragas está na quase ausência de viveiristas produtores de mudas. As culturas são implantadas através de mudas obtidas de produtores de banana, sem nenhum controle sanitário mais rigoroso.

Utilização na indústria: embora seja uma fruta que se presta à fabricação dos mais variados produtos, a indústria ainda a aproveita pouco; os frutos descartados

não são utilizados nem mesmo para a alimentação de animais. Considerando-se os pontos favoráveis e desfavoráveis mencionados, bem como o grande interesse pela cultura nos últimos anos, os futuros bananicultores deverão observar os seguintes aspectos:

Comercialização: realizar um bom estudo de mercado verificando as possibilidades, volume comercializado, cultivar, época de melhores preços. Deve-se ressaltar que se trata de uma fruta que quando entra em processo de amadurecimento, esse é irreversível e que não possibilita por exemplo armazenamento por longos períodos; deve portanto ser colhida e enviada ao mercado com a maior rapidez possível: para tanto aquele deverá estar bastante definido. - estudar como será o aproveitamento de frutos descartados, quer seja industrializando ou explorando paralelamente criação de animais como suínos que fariam o aproveitamento. - tomar todo cuidado possível com a aquisição de matrizes e instalação de viveiro de multiplicação.

- treinamento de pessoal: uma vez que a cultura exige cuidados especiais principalmente nas fases de colheita e pós-colheita; desta maneira operários não habituados com a colheita e o manejo do cacho após colhido poderão prejudicar em muito a qualidade e assim comprometer a lucratividade.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA A banana pode ser considerada a fruta mais popular consumida no Brasil apresentando não só alto valor nutritivo, como também alguma característica medicinal segundo vários autores. Afirmam que seria um excelente remédio para pressão alta, protege as artérias contra a formação de placas de colesterol, doenças do aparelho gastrointestinal, rins, fígado, poderes terapêuticos contra a asma e icterícia, dentre outros. Pode-se destacar os seguintes aspectos interessantes com relação ao consumo de bananas no Brasil:

- Dentre as frutas preferidas pelos consumidores a banana coloca-se em 2o lugar, precedida apenas pela laranja.

- É considerada a mais barata, a de maior valor alimentício e melhor para crianças, bem como a melhor para se fazer doces caseiros.

- Ocupa o 3o lugar quanto à durabilidade e para a saúde, ficando em 5o lugar quanto ao sabor, precedida pela laranja, abacaxi, maçã e uva.

- Não tem status, sendo considerada a mais barata e não adequada para oferecer às visitas.

- É, juntamente com o abacate, a mais usada para elaboração de vitaminas. - Está presente em 90% dos domicílios que servem salada de frutas. - Considerada pelos vendedores varejistas como das mais fáceis para vender.

Embora as característcas físicas e químicas da banana possam variar de acordo com as condições edafoclimáticas, práticas de manejo e tratos culturais nas Tabelas 3 e 4 são apresentados valores que exprimem a composição de algumas cultivares. Nutrição e Adubação A bananeira é uma frutífera que apresenta crescimento vigoroso e contínuo e produções freqüentes, que podem variar de 8 a 45 ton./ha. Suas exigências em nutrientes podem superar às de outras culturas, como apresentado na Tabela 12. Em ordem decrescente, a bananeira absorve os seguintes nutrientes: Macronutrientes: K> N> Ca> Mg> S> P; Micronutrientes: Cl> Mn> Fe> Zn> B> Cu. O pico de absorção pode variar de acordo com as condições edafoclimáticas de cada região e da tecnologia de condução, geralmente entre o 3o mês pós-plantio até a emissão da inflorescência (7o ao l2o mês). Em média, um bananal extrai por hectare l.300 kg de K, 350 kg de N, 200 kg de Ca, l00 kg de Mg, 60 kg de S e 50 kg de P e exporta do solo, por tonelada de fruto, l,8 kg de N, 0,23 kg de P, 5,4 kg de K, 0,21 kg de Ca e 0,27 kg de Mg. Deve-se considerar que pelas suas particularidades morfológicas e hábitos de crescimento e produção, dois terços da parte aérea desenvolvida pela bananeira durante o seu período vegetativo são devolvidos ao solo sob a forma de pseudocaule e folhas, que serão mineralizadas. O restante, corresponderia à extração através dos cachos. Desta forma, ocorreria a recuperação significativa do potássio aplicado e de outros nutrientes. Nutrientes e seus efeitos Os nutrientes, quando fornecidos em níveis deficientes, excessivos ou mesmo desequilibrados entre si poderão afetar tanto o ciclo de produção, como também produtividade e qualidade de frutos. Na Tabela 13, destacam-se alguns dos efeitos especialmente sobre frutos, podendo-se ainda acrescentar: Nitrogênio Fundamental para o crescimento vegetativo da planta, especialmente nos primeiros meses, favorecendo ainda a emissão e o desenvolvimento das brotações laterais. Os sintomas de deficiência poderão aparecer na fase inicial do pomar, se caracterizando por clorose generalizada das folhas, que são emitidas com distâncias reduzidas entre si, proporcionando um aspecto de "roseta". Há redução do número de folhas e aumento do intervalo de emissão das mesmas. Fósforo É o macronutriente menos absorvido pela bananeira e, cerca de 60% é exportado

através dos cachos. Solos com baixo teor induzem ao crescimento atrofiado da planta e sistema radicular pouco desenvolvido. As folhas mais velhas apresentam clorose marginal, tornam-se retorcidas, ocorrendo a quebra dos pecíolos. Potássio É o nutriente mais importante para a bananeira correspondendo a 60% do total de macronutrientes e cerca de 40% do total de nutrientes na planta, sendo que 54% do seu total é exportado através dos cachos. Níveis deficientes provocam amarelecimento, murchamento e secamento das folhas mais velhas. Também é o principal responsável pela produçào e qualidade dos frutos, afetando características do cacho. Cálcio Apresenta pouca mobilidade na planta e, assim, os sintomas de deficiência se manifestam em folhas novas. Caracterizam-se por amarelecimentos marginais, descontínuos e em forma de dentes de uma serra. O limbo foliar torna-se irregular áspero e corrugado, com redução do tamanho da folha. Magnésio É considerado um dos nutrientes mais importantes, uma vez que participa de processos fisiológicos da bananeira, além de ser constituinte da clorofila. Sua deficiência é caracterizada pelo amarelecimento paralelo às margens do limbo foliar, por deformações e irregularidade nas emissões florais e podridão dos pecíolos, com mau cheiro e tombamento das bainhas do pseudocaule. As folhas mais velhas permanecem com a coloração verde normal porém, a nervura principal se torna clorófica. Enxofre Influencia as partes jovens da bananeira e sua deficiência acarreta distúrbio no metabolismo o que dificulta a formação da clorofila, resultando na redução das atividades vegetativas. Poderá haver uma clorose generalizada das folhas mais novas e, em grau acentuado, há necrose de margem do limbo e engrossamento das nervuras. Boro Em níveis deficientes provoca deformações nas folhas, com redução do limbo, que se apresenta com listras amarelo/brancas, paralelas à nervura principal. Em casos agudos há o aparecimento de "goma" no pseudocaule, que ao atingir a inflorescência provoca o seu bloqueamento dentro do mesmo. Zinco As plantas sob condições de deficiência de zinco apresentam porte reduzido, com folhas pequenas e lanceoladas; há também o aparecimento de listras amarelo-brancas entre as nervuras secundárias e coloração avermelhada na face inferior da folha. Os sintomas poderão ser confundidos com ataque de vírus.

Interação entre nutrientes Para que se tenha o máximo de aproveitamento dos nutrientes pela planta, deve-se considerar que além da aplicação de doses consideradas adequadas, tem que se verificar o equilíbrio entre os mesmos. Poderão existir interações positivas (sinergismo), quando o fornecimento de um determinado nutriente resulta no aumento da absorção e concentração de outro, ou negativas (antagonismo) em que ocorreria o contrário. Dentre as interações de importância para a bananeira, destacam-se:

- Nitrogênio/Potássio: níveis elevados de nitrogênio e menores de potássio provocam a "desgrana" ou seja, queda de frutos durante a colheita e pós-colheita. Uma alta relação K/N, entre l,8 a 2,2 na folha, induz ao desenvolvimento anormal das bananas imaturas e polpa amarela.

- Fósforo/Zinco: doses elevadas de fósforo, afetam negativamente a absorção de zinco.

- Fósforo/Magnésio: níveis menores de magnésio concorrem para menores níveis de absorção de fósforo.

- Potássio/Magnésio: alta relação K/Mg no solo induz à deficiência de magnésio pelo excesso de potássio (azul da Bananeira).

- Potássio/Cálcio: níveis elevados de cálcio concorrem para menor absorção de

potássio. - Relação Potássio/Magnésio/Cálcio: o equilíbrio entre estes nutrientes, verificando-

se as suas interações é o principal fator a ser considerado para uma correta adubação da bananeira. Vários autores têm relatado valores que podem direcionar esta relação. No solo, expressos em meq./100 cc, a relação K/Mg/Ca deverá permanecer em torno de 0.4/l.5/4.0, respectivamente. Outra recomendação se baseia no valor S (soma de bases) em que se deve se ter valores iguais a l0%, 30% e 60% da soma de bases, respectivamente para potássio magnésio e cálcio. Assim, Ca/Mg deve permanecer na faixa de l,5:l a 3:l. Quanto ao potássio, valores abaixo de 5% do valor S são considerados deficientes e acima de 20% poderá ocorrer toxicidade.

Determinação de Calagem e Adubação Considerando-se que a bananeira ao interagir com o meio em que é cultivada (fatores climáticos e de solo), variáveis em cada região além das diferentes tecnologias utilizadas, uma adubação em níveis adequados e de forma econômica só será possível associando-se os resultados de análise do solo e análise foliar, realizadas periodicamente. Análise Química do Solo As amostragens poderão ser realizadas em duas profundidades (0 a 20 cm e de 20 a

40 cm), em duas regiões (próximo da planta onde as raízes se desenvolvem e nas entre linhas). Deverá ser feita a coleta de l0 a 20 subamostras que, após bem misturadas, deverão constituir a amostra composta. Devem ser coletadas aleatoriamente em área uniforme quanto a cor do solo, vegetação, produtividade, relevo, histórico da aplicação de corretivos e fertilizantes, tamanho da quadra ou talhão. Amostragem e Diagnose Foliar De acordo com normas internacionais, a folha a ser amostrada é a terceira a contar do ápice em plantas cuja inflorescência apresente todas as pencas femininas e não mais de três pencas de flores masculinas descobertas (sem brácteas). Faz-se a coleta de 30 cm da parte interna mediana do limbo foliar, eliminando-se a nervura central (Esquema 8). Em quadras ou talhões entre um e quatro hectares, recomenda-se amostrar 10 a 20 plantas quando 70% das bananeiras já emitiram a inflorescência. Após a coleta, as amostras devem ser acondicionadas em sacos de papel comum e encaminhadas ao laboratório de análise, pela via de transporte mais rápida. Não sendo possível encaminhá-las até 24 horas após colhidas, devem ser lavadas com água destilada, colocadas em sacos de papel e secar em forno de cozinha (70o C) ou ao sol, antes de se enviar ao laboratório. Em termos de padrões de nutrientes nas folhas, o recomendável é que se tenha os mesmos para cada cultivar, entretanto na Tabela 14, é apresentado um padrão geral segundo IFA (1992). As recomendações de calagem e adubações indicadas a seguir se destinam apenas a fornecer um suporte básico, uma vez que deverão ser consideradas as particularidades de cada caso. Calagem Deve ser vista sob dois ângulos, ou seja, elevação do pH (ideal entre 5,5 a 6.5) e como fornecedora de cálcio e magnésio às plantas. Em geral deve ser elevar a saturação de bases a 70%, quando o valor V for inferior a 60%. NC (1/ha) = (V2 – V1) CTC x f S = K + Ca + Mg + Na V = 100 x S 100 CTC = S + H + Al CTC V1 = Saturação de bases atual V2 = Saturação de bases adequada A calagem deve ser realizada com antecedência de 45 a 60 dias do plantio, preferencialmente com calcário dolomítico, que contém cálcio e magnésio, para minimizar a ocorrência do distúrbio fisiológico "azul-da-bananeira". Adubações Orgânicas

A bananeira sempre apresenta respostas significativas quando se aplica matéria orgânica que, além de fornecer nutrientes, mantém a umidade e melhora as características físicas e biológicas do solo. Deve-se considerar ainda que dois terços dos restos vegetais da bananeira retornam ao solo, estimando-se que estes forneçam aproximadamente 180-200 toneladas de material orgânico por ano por hectare. Dependendo da disponibilidade e do custo, recomenda-se de 10 a 20 l/família/ano de esterco de galinha, curral, compostos, tortas, etc... Fosfatagem De acordo com os resultados da análise do solo, aplicar l00 g de fosfato natural calcinado por m2, quando os níveis no solo estiverem entre 5 a 10 meq/cm3 de P resina (ou 5 a 10 g/cm3 de P resina); para níveis inferiores a 5 recomenda-se 200g por m2. Estas quantidades não dispensariam o uso de fósforo solúvel (superfosfato simples). Adubações em cobertura em N, P e K As sugestões de adubação são extremamente variáveis considerando-se as particularidades regionais em termos de clima, solo e sistema de adubação e manejo. Como referência a seguir está apresentada sugestões de adubação indicada por MANICA (1997): Para realização das adubações deve-se observar: As quantidades sugeridas, poderão ser reduzidas caso os níveis determinados no

solo sejam médios ou altos. Caso não se utilize fontes que contenham enxofre deve-se fazer complementação

com 30 gramas de enxofre/família/ano. Geralmente tem sido necessária a aplicação de 2 a 5 gramas/família/ano de boro

e zinco. Preferencialmente devem ser realizadas após o desbaste de plantas e antes da

desfolha. No caso de bananais irrigadas pode-se realizar até 5 a 6 aplicações/ano,

parcelando-se o total a ser aplicado. Devem ser feitas em círculo ou semi-círculo, em faixas de 20 cm de largura,

distante de 20 a 40 cm da planta; sempre direcionar para as plantas mais jovens da família.

Origem e Dispersão A palavra BANANA é oriunda das línguas serra-leonesa e liberiana da costa ocidental da África. Apesar de não se precisar com exatidão sua origem admite-se que seja do oriente, sul da China ou Indochina. Há referências da sua presença na Índia, Malásia e Filipinas, onde tem sido cultivada há mais de 4.000 anos.

As bananeiras existem no Brasil desde antes do descobrimento, quando os indígenas já consumiam ao natural uma cultivar que poderia se tratar do "tipo"prata, além de outra rica em amido que precisava ser cozida, denominada "Pacoba". Por se tratar de uma planta tropical, a bananeira encontra condições mais favoráveis na faixa limitada entre os paralelos 30o norte e sul, em áreas onde as temperaturas não limitam o desenvolvimento e a expressão de sua capacidade produtiva. Ao observarmos o mapa mundial constatamos grandes concentrações de cultivo em ilhas e regiões litorâneas; as principais regiões produtoras são a América Latina e Caribe, alguns países do continente Africano, Ilhas Canárias e Madeira e Ásia. Taxionomia As bananeiras produtoras de frutos comestíveis são plantas monocotiledoneas pertecentes à ordem Scitaminea, onde se inclui a sub-família Musoideae e o gênero MUSA. A classificação que predomina há vários anos é a proposta por Simmonds e Shepherd (1995) baseada no número de cromossomas ou seja: grupo com 10 cromossomos e com 11 cromossomos, podendo ser diplóides, triplóides e tetraplóides. A distinção entre os grupos é feita através de características morfológicas das plantas, além da contagem do número de cromossomos. O grupo de bananeiras que possui o número básico de 11 cromossomos se divide em duas espécies Musa acuminata e Musa balbisiana, além dos híbridos entre as duas. Desta maneira, aquelas que têm interesse como produtoras de frutos comestíveis estão inseridas nesses grupos. Existe no Brasil um grande número de bananeiras, muitas delas ainda não classificadas, bem como um grande número de sinonimias, o que dificulta em muito a identificação das mesmas. As cultivares poderiam ser divididas em vários grupos considerando-se por exemplo o número de cromossomos, forma de utilização, porte da planta, entre outros. Como exemplos de cultivares, segundo a sua ploidia temos: Grupo AA – Ouro Grupo AAA – Caru, São Tomé, Nanica, Nanicão Grupo AAB – Prata, Maçã, Mysore, Terra Grupo ABB – Figo Grupo AAAB – Ouro da Mata Morfologia A bananeira se destaca como uma das fruteiras mais tipicamente tropicais que existem, apresentando desenvolvimento e produção contínuos nestas condições. O seu comportamento portanto é muito afetado pelas condições edafoclimáticas da área produtora, ocorrendo, às vezes, variações marcantes nas suas características morfológicas, produção e qualidade dos frutos. É considerada um vegetal herbáceo completo, apresentando sistema radicular, caule ou rizoma, pseudocaule, folhas, flores, frutos e em

alguns casos, sementes. A água entra em sua constituição em altas percentagens, ou seja, mais de 90% na parte vegetativa e cerca de 75% nos frutos, Moreira (1987). Considerando-se as partes que a compõe Esquema 1, podemos caracterizá-la da seguinte forma: Sistema Radicular É originado na parte central do rizoma, se distribuíndo em sua maior parte nas camadas superficiais do solo: estima-se que acima de 70% do sistema radicular ativo estaria nos primeiros 30 cm do solo, embora em condições favoráveis algumas raízes possam atingir 4 m ou mais de profundidade. Nestas condições, uma muda após 60 dias do plantio já poderá apresentar raízes com 1 m de comprimento. As raízes da bananeira cultivada em solo fértil e bem adubado, com boa drenagem, sem problemas de salinização apresentam-se bastante vigorosas, fasciculadas com um grande número de radicelas que facilitam a absorção de água e nutrientes. A bananeira emite raízes simultaneamente à emissão de suas folhas até o momento da diferenciação floral; daí em diante, à medida que as folhas vão morrendo, morrem também as raízes correspondentes. Após a colheita do cacho a morte é acelerada significativamente. Rizoma O rizoma ou caule subterrâneo da bananeira é a parte onde todas as demais estruturas da planta se apoiam, apresentando na região inferior forma semi-esférica e, na porção superior uma forma cônica que se alonga à medida que a planta torna-se mais velha. É composto por duas partes, a primeira denominada córtex que é mais externa e, o cilindro central, bastante fibroso e envolvido pelo córtex que é mais carnoso. No rizoma aparecem arcos formados pela inserção das bainhas das folhas, que crescem com a idade da folha, sendo o maior diâmetro correspondente a folha mais externa e portanto, a mais velha. O rizoma pode atingir até 45 cm de diâmetro dependendo da cultivar e das condições de fertilidade da área. Gema apical de crescimento e gemas laterais de brotação No centro do "colo"da bananeira, implantada no cilindro central do rizoma está situado um conjunto de células meristemáticas denominado gema apical de crescimento. Pode-se afirmar que esta seria o órgão vital da bananeira, que só pode ser morta caso se mate a gema. A gema apical de crescimento é responsável por todo o desenvolvimento aéreo da bananeira. Sua primeira função é a formação de todas as folhas que a planta vai emitir durante a vida. Para tanto ela se divide dando a formação de uma folha com sua gema lateral de brotação e se regenera para sucessivamente ir formando folhas associadas às suas gemas de brotação. Desse modo, a bananeira poderá ter inseridas no seu rizoma tantas gemas de brotação quantas forem as folhas. Cada folha gerada e sua respectiva gema de brotação apresentam um deslocamento radial concêntrico, em todos os sentidos. Quando a gema lateral de brotação se aproxima da parte externa do rizoma, ela aumenta

significativa o seu tamanho, e à medida que isto acontece passa a exercer as funções de gema apical que no futuro será uma nova planta. Pseudocaule e folhas O pseudocaule ou falso caule da bananeira nada mais é do que o embricamento das bainhas das folhas, que se inserem de maneira concêntrica no rizoma. Em seu interior temos o "palmito" que é o resultado do alongamento do cilíndro central, e que conduz em sua extremidade a inflorescência até a mesma ser emetida. A gema apical durante o processo de multiplicação poderá dar origem entre 30 a 70 folhas, número variável de acordo com a cultivar e condições de solo e clima. É portanto uma planta que apresenta uma área foliar bastante grande e, por exemplo, para a cultivar "Nanicão" poderia atingir 32 m2. A folha basicamente é composta por bainha, pecíolo, limbo foliar, nervuras e aguilhão ou pavio. As bainhas embricadas formam o pseudocaule, sendo que a base da bainha mais externa envolve todo o pseudocaule e na altura da roseta foliar já se torna bastante "afilada" em forma de U. Existem três tipos de nervura na folha ou seja, nervura central, nervura de bordo que contorna o limbo foliar e nervuras secundárias paralelas entre si. Inicialmente as folhas têm o lóbulo esquerdo completamente enrolado sobre si mesmo e o direito enrolado sobre o primeiro, de uma forma bastante compacta que se apresenta como uma vela ao ser emitida e com um filamento na extremidade denominado pavio. No início as folhas das brotações são estreitas, de forma lanceolada e denominadas "espada"; este fato se deve a inibição hormonal da planta "mãe" que vai diminuindo progressivamente até a fase de diferenciação floral. Nesta fase se observa um grande desenvolvimento dos filhos ou rebentos. Próximo do lançamento da inflorescência, a bananeira emite de três a quatro folhas menores, as quais correspondem às últimas a serem lançadas. A última folha emite é mais coriácea e envolve a inflorescência ainda dentro do pseudocaule. Quando jovens as bananeiras apresentam as primeiras folhas com manchas de cor pardo-chocolate ou avermelhadas, devido a reação da antocianina ao pH mais ácido do suco foliar. Diferenciação da Bananeira Após gerar todas as folhas e respectivas gemas laterais de brotação, a gema apical se transforma na inflorescência que será responsável pela frutificação. O momento de ocorrência desta fase está ligado a fatores hormonais internos da planta, bem como às condições externas de solo e clima e a própria cultivar. Afirma-se que a diferenciação ocorreria quando cerca de 60% das folhas já se abriram externamente e 40% embora já formadas encontram-se dentro do pseudocaule. Desse modo, a bananeira emite inicialmente todas as folhas e por último a inflorescência, entrando em "declínio" a partir desse

momento. Ao se realizar um corte transversal no pseudocaule de uma planta que já sofreu a diferenciação floral, poderemos observar na extremidade do "palmito" a inflorescência, ocasião em que se poderia contar o número de pencas e de flores que as mesmas possuem e, desta maneira teríamos uma estimativa "teórica" da produção ou do futuro cacho. Esta observação serve como referência para se chamar a atenção de que a bananeira deverá ser corretamente conduzida em termos de suprimento de água, nutrientes e práticas culturais no geral, meses antes da emissão da inflorescência, pois quando ocorre a diferenciação floral parte do que será o futuro cacho já estará definido. Inflorescência, Cachos e Frutos A inflorescência da bananeira é do tipo espiga, formada por um conjunto de pencas protegidas por brácteas. As flores das bananeiras que produzem frutos comestíveis são consideradas "inicialmente" completas ou hermafroditas porém, apresentado elevado grau de atrofias sendo assim consideradas flores femininas (quando as anteras são atrofiadas, pólen degenerado) e flores masculinas (quando o ovário é atrofiado). As pencas de flores consideradas femininas são as primeiras a serem formadas e posteriormente, as pencas de flores masculinas que protegidas pelas brácteas formam o que chamamos de umbigo ou coração. Existem bananeiras que chegam a produzir pencas de flores hermafroditas perfeitas, na região de transição entre as pencas femininas e masculinas, porém, os frutos que poderão conter grande número de sementes, não se prestam para o consumo. Este fato é bastante raro nas bananeiras cultivadas com finalidade de produção de frutos. Desta maneira os frutos que consumimos são partenocárpicos, oriundos de flores femininas cujos ovários não foram fecundados devido a atrofia do estigma que impede a passagem do pólen; raramente aconteceria a formação de sementes férteis e, as pequenas pontuações pretas encontradas nos frutos seriam sementes abortivas. Em bananeiras "selvagens" poderão se encontrar até l00 sementes férteis por fruto enquanto que em programas de melhoramento, a polinização artificial dificilmente ultrapassa 5 sementes por fruto. O cacho é constituído por engaço, ráquis, pencas e umbigo ou coração. O engaço resulta do alongamento do cilindro central do rizoma e termina na inserção da la penca, constituindo-se no pedúnculo da inflorescência. A ráquis é a continuação do engaço e inicia-se a partir da inserção da la penca e termina no botão floral (umbigo ou coração); constituí-se no eixo onde se inserem as pencas e onde permanecem cicatrizes de brácteas que foram caindo. As características físicas do cacho como o número de pencas e número de frutos por penca podem variar segundo a cultivar, clima, fertilidade do solo e tratos culturais. A penca ou mão é o conjunto de frutos reunidos através de seus pendúnculos em duas fileiras horizontais e paralelas, constituindo neste ponto de união a almofada. Os frutos partenocárpicos são bagas alongadas e triloculares, com o pericarpo correspondendo à casca e o mesocarpo a polpa que se come. Podem apresentar formatos

retos ou curvos, coloração de casca de tons esverdeados, amarelos e vermelhos e polpa de coloração branca, creme, amarela e rósea. A bananeira poderá apresentar o fenômeno da DICOTOMIA que seria a produção de mais de um cacho pela mesma planta. Este fato poderá acontecer antes ou depois da diferenciação floral e se resume na subdivisão da gema apical de crescimento em duas ou mais partes, cada uma delas mantendo a sua estrutura e dando origem a bifurcação do pseudocaule, ligados um ao outro, cada um emitindo um cacho. Se a dicotomia se limitar apenas à inflorescência teremos apenas um pseudocaule e dois ou mais cachos. Seria considerado um fenômeno quase hereditário que acontece com frequência na cultivar São Tomé, porém, apesar do desenvolvimento quase normal dos cachos não há a idéia de exploração comercial do mesmo. Variedades Segundo Moreira (1987), estima-se que existam 130 cultivares básicos distribuídos pelo mundo e outro tanto de pequenas mutações que ainda dependem de identificação. Ressalta-se também que a mesma cultivar recebe os mais variados nomes, de acordo com a região. Não existiria ainda a cultivar de bananeira ideal e, dessa maneira, a escolha de cultivares para a implantação de um pomar se faz prioritariamente em função de destino da produção (mercado interno "ao natural", exportação "ao natural" e indústria) e a observação de características, tais como: - Planta sistema radicular: número de raízes, comprimento; rizoma: tamanho, peso, gemas de brotação; pseudocaule: altura, diâmetro; folhas: número, comprimento e largura, inserção, nervuras, cerosidade; resistência ou tolerância a doenças e pragas: mal do Panamá, Sigatoka, Moko,

broca da bananeira, nematóides, etc... - Cachos/Frutos cacho: peso, tamanho, forma; pencas: número, número de frutos/penca, distância entre pencas; frutos: curvatura, comprimento, quinas; pedicelos: comprimento, resistência; ponta do fruto: abertura, restos florais; umbigo ou coração: tamanho, brácteas persistentes ou não; casca do fruto: coloração, espessura, resistência; qualidade interna: textura da polpa, consistência, coloração, teor de açúcares,

ácidos, amido, tanino.

As características mencionadas podem servir como parâmetro ao se avaliar uma cultivar de bananeira em um programa de melhoramento ou mesmo na escolha a nível comercial. Considerando-se o destino que a banana vai ter podemos dividir as cultivares pelo menos em três grupos, onde se destacariam:

a. Bananas para consumo "ao natural" no mercado interno Neste grupo teríamos cultivares cujos frutos se destinam quase que exclusivamente ao consumo no mercado interno; apresentam em alguns casos melhor aceitação e melhor valor de mercado. Entre as mais conhecidas no Brasil temos: grupo "Prata", Maçã, Ouro, Mysore, Nanica, Figo cinza e vermelha, Caru verde e roxa, São Domingos, São Mateus, Lacatan, Valery, etc...

b. Bananas destinadas à exportação e mercado interno:

Pelas características exigidas pelo mercado externo, em especial quanto ao tamanho grande dos frutos, destacam-se as cultivares: Nanica, Nanicão, Grand Naine, Lacatan, Robusta, Valery.

c. Bananas destinadas à indústria, fritar, cozinhar: São denominadas internacionalmente de PLATANOS e em muitos países se constituem na base da alimentação. As mais difundidas são: Figo cinza e vermelha, Maranhão, Terra, São Domingos. Nas Tabelas 5 e 6 são apresentadas algumas características de cultivares que têm expressão econômica no Brasil ou que são consideradas promissoras. Além das cultivares e de suas características apresentadas nas Tabelas 5 e 6, existem outras cultivares e características de importância agronômica que devem ser mencionadas, como: Subgrupo Prata (Grupo AAB) São inseridas neste grupo diversas variações dentre as quais se destacam Prata Comum, Prata Anã, Ponta Aparada, Branca, Santa Maria e Pacovan entre outras. Representam de 50 a 60% do total cultivado no Brasil, Alves (1990). Prata Comum (Grupo AAB) Trata-se de uma das mais importantes bananas "nobres" cultivadas no país, de grande aceitação e valor no mercado interno. Pode-se destacar como desvantagens seu porte muito elevado que dificulta a execução de tratos culturais e colheita, associado a um

cacho de peso relativamente baixo, em muitas regiões não ultrapassando em média 10 kg. Na região sul de Minas Gerais, que possui cerca de 8.000 ha de bananeira "Prata", a incidência do Mal do Panamá tem aumentado de maneira alarmante comprometendo a viabilidade da cultura. Prata Anã (Grupo AAB) Também denominada de "Enxerto" ou "Prata Santa Catarina", se difere em características morfológicas da "prata comum", porém os frutos são semelhantes e, desse modo, não haveria problemas de se comercializá-la como "prata". Quando comparada com a "prata comum" apresenta como vantagens menor altura, maior produtividade, menor susceptibilidade ao "Mal de Sigatoka" e maior resistência ao vento. No entanto, no mercado da C.E.A.S.A. – Belo Horizonte os atacadistas têm colocado algumas restrições como a presença de quinas e facilidades despencamento o que reduziria o seu valor em torno de 20%. Pioneira É uma variedade nova, obtida pelo C.N.P.M.F. – EMBRAPA – (Cruz das Almas – Ba), resultante do cruzamento da "Prata Anã" (Triplóide AAB) com o Lidi (Diplóide). Portanto trata-se de uma bananeira quadriplóide, de porte mais reduzido, mais resistente às doenças como a Sigatoka Amarela e frutos maiores e de melhor qualidade. Ressalta-se ainda a sua precocidade, chegando a fruticar em apenas sete meses. Pacovan (Grupo AAB) Poderia ser chamada de "Prata do Nordeste", região onde é mais difundida, sendo considerada uma mutação da Prata. Entretanto é mais robusta, pseudocaule mais grosso e mais alto, apresentando brotações vigorosas. Seus cachos podem atingir de 25 – 30 kg, com sabor semelhante à prata, porém frutos bastante "quinados", característica considerada desfavorável no mercado. Frutos 40% maiores que a prata. Apresenta elevada resistência ao "Mal de Sigatoka"e elevada tolerância do "Mal do Panamá e é menos atacada pela "Broca da Bananeira". Produtividade pode chegar a 40 t/ha/Ciclo. Maçã (Grupo AAB) Denominada também de leite ou branca, constituindo-se numa das cultivares mais aceitas e de melhor valor no mercado, pelo seu paladar delicado, polpa macia e perfumada. Popularmente é considerada como uma fruta "medicinal" e adequada para se oferecer às pessoas doentes. Existem algumas variações em torno desta cultivar se destacando "Maçã Amarela", "Maçã Casca Branca", "Platina". Trata-se de uma cultivar cuja exploração é de alto risco pela sua extrema suscetibilidade ao "Mal do Panamá". Desta forma os cuidados básicos para sua implantação se referem a áreas não contaminadas e mudas sadias, o que não é fácil de se conseguir

considerando-se a propagação realizada à nível de campo. O distúrbio do empedramento extremamente comum nessa cultivar, a desvaloriza comercialmente e até mesmo provoca o descarte dos frutos. O empedramento é representado quando a polpa apresenta grunos escuros, endurecidos e de coloração ferrugem. Constatou-se que o grau de empedramento é reduzido em bananas "magras"ou mais verdes, o que estaria relacionado com o "ponto de colheita". Esse distúrbio poderia estar relacionado com temperaturas baixas na fase de diferenciação da bananeira, enquanto outros lançam hipóteses relacionadas com sua nutrição. Mysore (Grupo AAB) Trata-se de uma "novidade" em termos de cultivares de bananeira no Brasil, de origem Indiana e que tem sido muito divulgada pela imprensa, órgãos e técnicos. A sua mais importante característica é a alta tolerância ao mal do Panamá, destacando-se também alta resistência ao "mal de Sigatoka". Apresenta porte considerado médio, pseudocaule escuro, folhas com nervura central rosada. Os cachos bastante compactos, chegam a 200 frutos que quando maduros se assemelham na sua aparência externa à banana Maçã. Porém, a expectativa de se comercializá-la como um tipo de banana "Maçã" parece não se concretizar, uma vez que a maioria dos consumidores definem as características internas do fruto como "Prata". A nível de campo tem-se observado que o seu pseudocaule, relativamente fino, tende a se curvar com o peso do cacho e poderá vir a quebrar em regiões de ventos mais intensos. Atacadistas da C.E.A.S.A. – MG em Belo Horizonte descartam a possibilidade de sucesso desta cultivar no mercado, colocando uma série de restrições entre as quais a de que ela seria comercializada como uma banana "Prata" de pequeno tamanho. Seu sucesso inicial deve ser visto com reservas, não se desvalorizando entretanto a sua utilização em áreas contaminadas pelo "Mal do Panamá", quando não se quer optar por outras cultivares resistentes ou tolerantes à doença. Ouro (Grupo AA) É denominada ainda de Pera, Bananinha, Ouro-Paulista, Dourada, Inajá. Pertencem a esse grupo variações como "Ouro Mel" e "Colatina Ouro". É uma cultivar de porte médio, atingindo entre 3,0 e 4,0 m de altura, pseudocaule verde amarelo com manchas marrom-chocolate. Suas folhas são verde-claras, brilhantes e sem a cerosidade característica que recobre as folhas da maioria das cultivares. Esta característica talvez seja responsável pela sua alta susceptibilidade ao "mal de Sigatoka" que praticamente dizima sua folhagem. Os cachos possuem peso entre 8,0 a 10,0 kg, apresentando entre 70 a l20 frutos pequenos. Polpa amarelo-ouro, muito doce e perfumada, difícil de descascar. Tem uma aceitação relativamente boa no mercado, porém, seus frutos pequenos e baixa produtividade não a colocam como uma cultivar de grande expressão. Ouro da Mata (Grupo AAAB)

É considerada um híbrido espontâneo da Prata. A Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária – EMCAPA introduziu esta cultivar no Espírito Santo à partir de material oriundo do Rio de Janeiro e, após observações e pesquisas a lançou como promissora para o Brasil, denominando-a "EMCAPA 602 – Ouro da Mata". Apresenta plantas vigorosas com 3,0 a 5,0 m de altura, cachos entre l2,0 a l5,0 kg, 7,0 a 10,0 pencas, podendo atingir de l00 a l20 frutos/cacho. Frutos de polpa ligeiramente amarela, doce, macia, se assemelhando ao sabor da "Prata". Deve-se salientar a sua resistência ao "Mal do Panamá" e sua menor exigência em fertilidade do solo, comparada com a "Prata". Nanica (Grupo AAA) Conhecida como Caturra, China, Banana D'água, Baé, Banana de Italiano, "Dwarf Cavendish". Trata-se possivelmente da bananeira de porte mais baixo entre as mais conhecidas, pseudocaule verde-brilhante com manchas marrom-escuras, brácteas masculinas persistentes. Apresenta a polpa de coloração creme e muito doce. Deve-se ressaltar sua alta produtividade e resistência ao "Mal do Panamá", embora seja muito susceptível ao "Mal de Sigatoka". Nanicão (Grupo AAA) Apresenta os nomes de Congo, Anã do Alto, "Gaint Cavendish". O mercado mundial de bananas atualmente é quase que na sua totalidade constituído pela comercialização de bananas pertencentes ao sub-grupo Cavendish inseridas no Grupo AAA, destacando-se cultivares como Congo, Grand Naine, Lacatan, Robusta ou Poyo, Valery, Nanica e Nanicão. O nanicão reuniria portanto características adequadas à exportação, além de ser comercializado no mercado interno. O nanicão é um mutante da nanica, estimando-se que mutações em bananeira poderão acontecer com a frequência de um caso, a cada ano, em uma população de um milhão de plantas. Devido a esse fato no litoral de São Paulo existem diferentes tipos de nanicão tais como: Nanicão Eldorado, Nanicão de Santos, Nanicão Açú, Nanicão Pseudocaule Roxo, Jangada, etc... Comparativamente à Nanica, o Nanicão apresentaria as seguintes vantagens: maior produtividade, melhor aspecto e uniformidade do cacho e pencas, maior resistência à seca, considerando-se também sua resistência ao "Mal do Panamá", como também ocorre com a Nanica. Como desvantagem apresentaria maior facilidade de tombamento e susceptibilidade à "Broca da Bananeira". Recentemente foi introduzida no Brasil a cultivar Grand Naine do Grupo Nanicão, porém com maiores produtividades, porte intermediário Nanica/Nanicão, pseudocaule vigoroso. Destaca-se ainda a cultivar Williams com porte semelhante à Grand Naine, cachos entre 25 a 60 kg, l00 a 300 frutos e pouco afetada pelo "chilling". Figo Cinza (Grupo ABB)

Esta cultivar, conhecida como Marmelo, Figo, Zinco, Jasmim, Sapo, Couruda, apresenta porte médio (4,0 m), pseudocaule e pecíolos verde-claros. Os frutos são grossos, curtos e pentaquinados (6 a 7), distantes entre si. Própria para fritar e para a fabricação de doces, com os frutos apresentando ainda casca grossa e alto teor de amido. A planta é resistente ao "Mal do Panamá" e ao "Mal de Sigatoka" e altamente susceptível à broca. Terra (Grupo AAB, PLANTAIN) É conhecida também por Maranhão, Comprida, Chifre de Boi. Cultivar de porte alto, pseudocaule de cor verde manchado de roxo, frutos podem atingir até 500 gramas, com pedúnculo longo, casca amarela quando maduros, polpa rosada, especialmente utilizada para fritar. A planta é resistente ao "Mal do Panamá" e ao "Mal de Sigatoka" porém, altamente susceptível à "Broca da Bananeira". É uma cultivar bastante difundida no sul do estado da Bahia. Caru (Grupo AAA) Temos a cultivar Caru Verde (Banana Verde, Cobre, São Domingos) e a Caru Roxa (Vinagre, Ferro, Sanguínea, Carnaval), Banana Roxa, Sangue de Boi. Possuem menor expressão no país, sendo que a Caru Roxa apresentam frutos de coloração roxo-amarelada e polpa creme-rosada e, em algumas variações polpa de amarelo muito forte, doce e aromática. A Caru Verde provém de "variação" da Caru Roxa, possuindo frutos de coloração amarelada e polpa creme-róseo. A casca é mais "almofadada" que a Nanica e são excelentes para cozidos e à milanesa. São Tomé (Grupo AAA) Também não é muito difundida no Brasil, sendo denominada banana curta ou banana do paraíso, assemelhando-se ao Nanicão quando ainda não emitiu a inflorescência. Pseudocaule fino, 3,0 – 4,0 m de altura, pecíolo e face inferior das folhas de coloração vermelho-castanho. Cachos grandes , 6 a l0 pencas, l50 frutos de pedúnculos curtos, grossos e fortes. A casca é espessa, coloração verde-amarelada, polpa rósea, aromática, sabor doce e agradável. Muito utilizada cozida e amassada. Apresenta a tendência de rachar os frutos quando maturos. Variedades Segundo Moreira (1987), estima-se que existam 130 cultivares básicos distribuídos pelo mundo e outro tanto de pequenas mutações que ainda dependem de identificação. Ressalta-se também que a mesma cultivar recebe os mais variados nomes, de acordo com a região. Não existiria ainda a cultivar de bananeira ideal e, dessa maneira, a escolha de cultivares para a implantação de um pomar se faz prioritariamente em função de destino da produção (mercado interno "ao natural", exportação "ao natural" e indústria) e a observação de características, tais como:

- Planta sistema radicular: número de raízes, comprimento; rizoma: tamanho, peso, gemas de brotação; pseudocaule: altura, diâmetro; folhas: número, comprimento e largura, inserção, nervuras, cerosidade; resistência ou tolerância a doenças e pragas: mal do Panamá, Sigatoka, Moko,

broca da bananeira, nematóides, etc... - Cachos/Frutos cacho: peso, tamanho, forma; pencas: número, número de frutos/penca, distância entre pencas; frutos: curvatura, comprimento, quinas; pedicelos: comprimento, resistência; ponta do fruto: abertura, restos florais; umbigo ou coração: tamanho, brácteas persistentes ou não; casca do fruto: coloração, espessura, resistência; qualidade interna: textura da polpa, consistência, coloração, teor de açúcares,

ácidos, amido, tanino. As características mencionadas podem servir como parâmetro ao se avaliar uma cultivar de bananeira em um programa de melhoramento ou mesmo na escolha a nível comercial. Considerando-se o destino que a banana vai ter podemos dividir as cultivares pelo menos em três grupos, onde se destacariam:

a. Bananas para consumo "ao natural" no mercado interno Neste grupo teríamos cultivares cujos frutos se destinam quase que exclusivamente ao consumo no mercado interno; apresentam em alguns casos melhor aceitação e melhor valor de mercado. Entre as mais conhecidas no Brasil temos: grupo "Prata", Maçã, Ouro, Mysore, Nanica, Figo cinza e vermelha, Caru verde e roxa, São Domingos, São Mateus, Lacatan, Valery, etc...

b. Bananas destinadas à exportação e mercado interno:

Pelas características exigidas pelo mercado externo, em especial quanto ao tamanho grande dos frutos, destacam-se as cultivares: Nanica, Nanicão, Grand Naine, Lacatan, Robusta, Valery.

c. Bananas destinadas à indústria, fritar, cozinhar: São denominadas internacionalmente de PLATANOS e em muitos países se constituem na base da alimentação. As mais difundidas são: Figo cinza e vermelha, Maranhão, Terra, São Domingos. Nas Tabelas 5 e 6 são apresentadas algumas características de cultivares que têm expressão econômica no Brasil ou que são consideradas promissoras. Além das cultivares e de suas características apresentadas nas Tabelas 5 e 6, existem outras cultivares e características de importância agronômica que devem ser mencionadas, como: Subgrupo Prata (Grupo AAB) São inseridas neste grupo diversas variações dentre as quais se destacam Prata Comum, Prata Anã, Ponta Aparada, Branca, Santa Maria e Pacovan entre outras. Representam de 50 a 60% do total cultivado no Brasil, Alves (1990). Prata Comum (Grupo AAB) Trata-se de uma das mais importantes bananas "nobres" cultivadas no país, de grande aceitação e valor no mercado interno. Pode-se destacar como desvantagens seu porte muito elevado que dificulta a execução de tratos culturais e colheita, associado a um cacho de peso relativamente baixo, em muitas regiões não ultrapassando em média 10 kg. Na região sul de Minas Gerais, que possui cerca de 8.000 ha de bananeira "Prata", a incidência do Mal do Panamá tem aumentado de maneira alarmante comprometendo a viabilidade da cultura. Prata Anã (Grupo AAB) Também denominada de "Enxerto" ou "Prata Santa Catarina", se difere em características morfológicas da "prata comum", porém os frutos são semelhantes e, desse modo, não haveria problemas de se comercializá-la como "prata". Quando comparada com a "prata comum" apresenta como vantagens menor altura, maior produtividade, menor susceptibilidade ao "Mal de Sigatoka" e maior resistência ao vento. No entanto, no mercado da C.E.A.S.A. – Belo Horizonte os atacadistas têm colocado algumas restrições como a presença de quinas e facilidades despencamento o que reduziria o seu valor em torno de 20%. Pioneira É uma variedade nova, obtida pelo C.N.P.M.F. – EMBRAPA – (Cruz das Almas – Ba), resultante do cruzamento da "Prata Anã" (Triplóide AAB) com o Lidi (Diplóide). Portanto trata-se de uma bananeira quadriplóide, de porte mais reduzido, mais resistente às doenças como a Sigatoka Amarela e frutos maiores e de melhor qualidade. Ressalta-se

ainda a sua precocidade, chegando a fruticar em apenas sete meses. Pacovan (Grupo AAB) Poderia ser chamada de "Prata do Nordeste", região onde é mais difundida, sendo considerada uma mutação da Prata. Entretanto é mais robusta, pseudocaule mais grosso e mais alto, apresentando brotações vigorosas. Seus cachos podem atingir de 25 – 30 kg, com sabor semelhante à prata, porém frutos bastante "quinados", característica considerada desfavorável no mercado. Frutos 40% maiores que a prata. Apresenta elevada resistência ao "Mal de Sigatoka"e elevada tolerância do "Mal do Panamá e é menos atacada pela "Broca da Bananeira". Produtividade pode chegar a 40 t/ha/Ciclo. Maçã (Grupo AAB) Denominada também de leite ou branca, constituindo-se numa das cultivares mais aceitas e de melhor valor no mercado, pelo seu paladar delicado, polpa macia e perfumada. Popularmente é considerada como uma fruta "medicinal" e adequada para se oferecer às pessoas doentes. Existem algumas variações em torno desta cultivar se destacando "Maçã Amarela", "Maçã Casca Branca", "Platina". Trata-se de uma cultivar cuja exploração é de alto risco pela sua extrema suscetibilidade ao "Mal do Panamá". Desta forma os cuidados básicos para sua implantação se referem a áreas não contaminadas e mudas sadias, o que não é fácil de se conseguir considerando-se a propagação realizada à nível de campo. O distúrbio do empedramento extremamente comum nessa cultivar, a desvaloriza comercialmente e até mesmo provoca o descarte dos frutos. O empedramento é representado quando a polpa apresenta grunos escuros, endurecidos e de coloração ferrugem. Constatou-se que o grau de empedramento é reduzido em bananas "magras"ou mais verdes, o que estaria relacionado com o "ponto de colheita". Esse distúrbio poderia estar relacionado com temperaturas baixas na fase de diferenciação da bananeira, enquanto outros lançam hipóteses relacionadas com sua nutrição. Mysore (Grupo AAB) Trata-se de uma "novidade" em termos de cultivares de bananeira no Brasil, de origem Indiana e que tem sido muito divulgada pela imprensa, órgãos e técnicos. A sua mais importante característica é a alta tolerância ao mal do Panamá, destacando-se também alta resistência ao "mal de Sigatoka". Apresenta porte considerado médio, pseudocaule escuro, folhas com nervura central rosada. Os cachos bastante compactos, chegam a 200 frutos que quando maduros se assemelham na sua aparência externa à banana Maçã. Porém, a expectativa de se comercializá-la como um tipo de banana "Maçã" parece não se concretizar, uma vez que a maioria dos consumidores definem as características internas do fruto como "Prata". A nível de campo tem-se observado que o seu pseudocaule, relativamente fino, tende a se

curvar com o peso do cacho e poderá vir a quebrar em regiões de ventos mais intensos. Atacadistas da C.E.A.S.A. – MG em Belo Horizonte descartam a possibilidade de sucesso desta cultivar no mercado, colocando uma série de restrições entre as quais a de que ela seria comercializada como uma banana "Prata" de pequeno tamanho. Seu sucesso inicial deve ser visto com reservas, não se desvalorizando entretanto a sua utilização em áreas contaminadas pelo "Mal do Panamá", quando não se quer optar por outras cultivares resistentes ou tolerantes à doença. Ouro (Grupo AA) É denominada ainda de Pera, Bananinha, Ouro-Paulista, Dourada, Inajá. Pertencem a esse grupo variações como "Ouro Mel" e "Colatina Ouro". É uma cultivar de porte médio, atingindo entre 3,0 e 4,0 m de altura, pseudocaule verde amarelo com manchas marrom-chocolate. Suas folhas são verde-claras, brilhantes e sem a cerosidade característica que recobre as folhas da maioria das cultivares. Esta característica talvez seja responsável pela sua alta susceptibilidade ao "mal de Sigatoka" que praticamente dizima sua folhagem. Os cachos possuem peso entre 8,0 a 10,0 kg, apresentando entre 70 a l20 frutos pequenos. Polpa amarelo-ouro, muito doce e perfumada, difícil de descascar. Tem uma aceitação relativamente boa no mercado, porém, seus frutos pequenos e baixa produtividade não a colocam como uma cultivar de grande expressão. Ouro da Mata (Grupo AAAB) É considerada um híbrido espontâneo da Prata. A Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária – EMCAPA introduziu esta cultivar no Espírito Santo à partir de material oriundo do Rio de Janeiro e, após observações e pesquisas a lançou como promissora para o Brasil, denominando-a "EMCAPA 602 – Ouro da Mata". Apresenta plantas vigorosas com 3,0 a 5,0 m de altura, cachos entre l2,0 a l5,0 kg, 7,0 a 10,0 pencas, podendo atingir de l00 a l20 frutos/cacho. Frutos de polpa ligeiramente amarela, doce, macia, se assemelhando ao sabor da "Prata". Deve-se salientar a sua resistência ao "Mal do Panamá" e sua menor exigência em fertilidade do solo, comparada com a "Prata". Nanica (Grupo AAA) Conhecida como Caturra, China, Banana D'água, Baé, Banana de Italiano, "Dwarf Cavendish". Trata-se possivelmente da bananeira de porte mais baixo entre as mais conhecidas, pseudocaule verde-brilhante com manchas marrom-escuras, brácteas masculinas persistentes. Apresenta a polpa de coloração creme e muito doce. Deve-se ressaltar sua alta produtividade e resistência ao "Mal do Panamá", embora seja muito susceptível ao "Mal de Sigatoka". Nanicão (Grupo AAA) Apresenta os nomes de Congo, Anã do Alto, "Gaint Cavendish". O mercado mundial de bananas atualmente é quase que na sua totalidade constituído pela

comercialização de bananas pertencentes ao sub-grupo Cavendish inseridas no Grupo AAA, destacando-se cultivares como Congo, Grand Naine, Lacatan, Robusta ou Poyo, Valery, Nanica e Nanicão. O nanicão reuniria portanto características adequadas à exportação, além de ser comercializado no mercado interno. O nanicão é um mutante da nanica, estimando-se que mutações em bananeira poderão acontecer com a frequência de um caso, a cada ano, em uma população de um milhão de plantas. Devido a esse fato no litoral de São Paulo existem diferentes tipos de nanicão tais como: Nanicão Eldorado, Nanicão de Santos, Nanicão Açú, Nanicão Pseudocaule Roxo, Jangada, etc... Comparativamente à Nanica, o Nanicão apresentaria as seguintes vantagens: maior produtividade, melhor aspecto e uniformidade do cacho e pencas, maior resistência à seca, considerando-se também sua resistência ao "Mal do Panamá", como também ocorre com a Nanica. Como desvantagem apresentaria maior facilidade de tombamento e susceptibilidade à "Broca da Bananeira". Recentemente foi introduzida no Brasil a cultivar Grand Naine do Grupo Nanicão, porém com maiores produtividades, porte intermediário Nanica/Nanicão, pseudocaule vigoroso. Destaca-se ainda a cultivar Williams com porte semelhante à Grand Naine, cachos entre 25 a 60 kg, l00 a 300 frutos e pouco afetada pelo "chilling". Figo Cinza (Grupo ABB) Esta cultivar, conhecida como Marmelo, Figo, Zinco, Jasmim, Sapo, Couruda, apresenta porte médio (4,0 m), pseudocaule e pecíolos verde-claros. Os frutos são grossos, curtos e pentaquinados (6 a 7), distantes entre si. Própria para fritar e para a fabricação de doces, com os frutos apresentando ainda casca grossa e alto teor de amido. A planta é resistente ao "Mal do Panamá" e ao "Mal de Sigatoka" e altamente susceptível à broca. Terra (Grupo AAB, PLANTAIN) É conhecida também por Maranhão, Comprida, Chifre de Boi. Cultivar de porte alto, pseudocaule de cor verde manchado de roxo, frutos podem atingir até 500 gramas, com pedúnculo longo, casca amarela quando maduros, polpa rosada, especialmente utilizada para fritar. A planta é resistente ao "Mal do Panamá" e ao "Mal de Sigatoka" porém, altamente susceptível à "Broca da Bananeira". É uma cultivar bastante difundida no sul do estado da Bahia. Caru (Grupo AAA) Temos a cultivar Caru Verde (Banana Verde, Cobre, São Domingos) e a Caru Roxa (Vinagre, Ferro, Sanguínea, Carnaval), Banana Roxa, Sangue de Boi. Possuem menor expressão no país, sendo que a Caru Roxa apresentam frutos de coloração roxo-amarelada e polpa creme-rosada e, em algumas variações polpa de amarelo muito forte, doce e aromática. A Caru Verde provém de "variação" da Caru Roxa, possuindo frutos de

coloração amarelada e polpa creme-róseo. A casca é mais "almofadada" que a Nanica e são excelentes para cozidos e à milanesa. São Tomé (Grupo AAA) Também não é muito difundida no Brasil, sendo denominada banana curta ou banana do paraíso, assemelhando-se ao Nanicão quando ainda não emitiu a inflorescência. Pseudocaule fino, 3,0 – 4,0 m de altura, pecíolo e face inferior das folhas de coloração vermelho-castanho. Cachos grandes , 6 a l0 pencas, l50 frutos de pedúnculos curtos, grossos e fortes. A casca é espessa, coloração verde-amarelada, polpa rósea, aromática, sabor doce e agradável. Muito utilizada cozida e amassada. Apresenta a tendência de rachar os frutos quando maturos. C ECOLOGIA A bananeira é uma frutífera de comportamento tipicamente tropical, originária de regiões asiáticas que possuem clima tropical úmido. É uma planta perene, cujo desenvolvimento em condições adequadas ocorre de maneira contínua, não havendo necessidade de um período de "repouso" como seria o caso de fruteiras temperadas. Sua exploração econômica está concentrada entre as latitudes de 25oN e 25oS, embora sejam encontradas até latitudes de 34o. Nem todas as áreas dentro desta faixa são consideradas adequadas uma vez que podem apresentar temperaturas baixas em função da altitude e baixa precipitação. Quando as condições climáticas e de solo não atendem suas exigências ela pode até produzir porém, apresentando ciclos vegetativos e de produção mais longos, menor produção e frutos de pior qualidade. Deve-se estudar criteriosamente as condições edafoclimáticas quando da instalação do bananal. Em se tratando de uma cultura largamente difundida no país, encontrada desde o Rio Grande do Sul, passando pelo Sudeste, regiões semi-áridas do nordeste e áreas tropicais da região Amazônica, muitos acreditam que a bananeira seria pouco exigente e que produziria em qualquer local. Não se deve confundir produção econômica e de qualidade com produção doméstica, de fundo de "quintal". Em condições "marginais" ou inadequadas a bananeira tem todas as etapas de sua vida prejudicadas resultando em ciclos longos, produtividade baixa e qualidade inferior. A "produção" nestas condições seria viável em casos muito especiais e na falta de outras alternativas na propriedade. Exigências Climáticas As condições climáticas exercem influência marcante na bananeira e se constituem em fatores que, em alguns casos, não temos condições de controlar se tornando limitantes à cultura.

Temperatura

Como ocorre com outras fruteiras tropicais, a bananeira é uma planta estenotérmica, ou seja, mesmo em clima quente e úmido, apresenta grande sensibilidade às mudanças, apresentando faixas ou limites térmicos bem estreitos. A primeira grande influência deste fator se faz sentir no ciclo da planta. Ao compararmos três regiões produtoras de banana no Brasil constatamos a grande diferença no ciclo, como por exemplo: Litoral de São Paulo: plantio/colheita 1o cacho = 10 – 12 meses Norte de Minas Gerais: plantio/colheita 1o cacho = 12 – 14 meses Sul de Minas Gerais: plantio/colheita 1o cacho = 18 meses Estas diferenças se devem em grande parte ao fator temperatura que poderá estar associado a outros. Estima-se que no litoral de São Paulo poderia se obter a colheita de três cachos em 24 meses, enquanto que no Sul de Minas Gerais esta colheita só aconteceria em 36 meses ou mais. Temperaturas entre 15oC e 35oC são consideradas como limite dentro do qual a cultura seria "inicialmente" viável. Abaixo de 15oC a planta quase "paralisa"suas atividades e acima de 35oC o seu desenvolvimento é inibido, ocorrendo desidratação dos tecidos. Dentro desta faixa, entretanto, poderão ocorrer temperaturas prejudiciais, razão pela qual deve-se conhecer não simplesmente as médias mensais, bem como verificar a ocorrência das temperaturas mais baixas, que poderão estar "mascaradas" pelo limite médio inferior de 15oC. Quando as temperaturas caem abaixo de 12oC ocasionam o distúrbio denominado chilling, principalmente no fruto, que resulta no fechamento dos estômatos e coagulação das células lactíferas. As bananas têm o processo de maturação prejudicado, a casca fica "enfumaçada" e a polpa não amolece normalmente, exalando forte odor de fermentação. O distúrbio pode acontecer quando a temperatura mínima atinge a faixa entre 4,5 e 12oC no campo, ou mesmo na fase pós-colheita nas câmaras de climatização. O efeito das baixas temperaturas é somatório e os prejuízos dependem do número de horas "frio", necessitando de dois ou mais dias com ocorrência das mesmas. Deve-se ressaltar que as "geadas" se constituem em fator limitante para um bananal, se constituindo em sinônimo de poda drástica das folhas da planta. Existem diferenças entre as cultivares considerando-se a Cv. Maçã como mais resistente e a Cv. Nanica como mais sensível. Os efeitos das baixas temperaturas em bananeiras podem ser resumidos em: diminuição da taxa de crescimento vegetativo e consequente alongamento do ciclo, concentração da produção nos finais das estações favoráveis ao crescimento, ocorrência de "chilling" ou friagem, queima das plantas por geadas, menor produção, qualidade inferior.

Considerando-se vários autores pode-se afirmar que as temperaturas favoráveis para a bananeira estariam na faixa entre 20 a 26oC; Simmonds (1960), menciona uma média de 26,5o C como satisfatória. Estudos realizados por Brunini (1984), permitiram estabelecer faixas de aptidão para a cultura baseadas em temperaturas médias e deficiência hídrica anual, apresentadas na Tabela 7. Observações: Faixa A – os fatores climáticos avaliados não apresentam restrições ao cultivo;

comparativamente a nível internacional a média de temperatura estaria um pouco abaixo do considerado satisfatório que seria em torno de 24-26oC.

Faixa B –não apresenta restrições térmicas, porém há uma restrição hídrica, podendo ocorrer deficiências de umidade sazonais.

Faixa C – sem restrição térmica, mas com uma deficiência hídrica um pouco acentuada, o que poderá levar à necessidade de irrigação.

Faixa D – dentro da média de 20-22oC poderão estar incluídas temperaturas inferiores a 18oC que seriam prejudiciais; a deficiência hídrica embora não acentuada poderá afetar as cultivares menos tolerantes.

Faixa E – não apresenta restrições hídricas, porém poderá apresentar temperaturas abaixo de 18oC que afetariam sensivelmente as plantas.

Faixa F – restrição hídrica e térmica que poderiam afetar significativamente as

plantas Faixa G – a restrição hídrica não é tão acentuada porém, inseridas na média de 18-

20oC poderão estar temperaturas iguais ou inferiores a 15oC, havendo inclusive a possibilidade de geadas.

Faixa H – a deficiência hídrica é muito acentuada, e o cultivo exigiria a prática obrigatória da irrigação.

Faixa I – restrição térmica muito acentuada, ocorrendo problemas de "friagem"e mesmo geadas.

Em Minas Gerais, Antunes (1980) dividiu o estado em cinco faixas de acordo com a aptidão climática para o cultivo da bananeira considerando os parâmetros Temperatura média do mês de julho (o mais frio no estado), e Deficiência hídrica anual, dispostas da seguinte forma: Faixa A: considerada como apta no fator térmico, com restrição hídrica para as

cultivares menos resistentes como "Ouro", "Nanica", "Nanicão". Temperatura média do mês de julho acima de 18oC e deficiência hídrica anual entre 80 e 200 mm. Essa faixa compreende o norte e nordeste do estado onde a cultura tem se expandido com sucesso, utilizando-se irrigação.

Faixa B: considerada apta com restrições; temperatura média de julho acima de 18oC e deficiência hídrica acentuada entre 200 a 500 mm. Neste caso só com o uso obrigatório de irrigação seria viável a cultura. Compreende áreas do norte e nordeste do estado.

Faixa C: apta com restrições; temperatura média do mês de julho inferior a 18oC, com deficiência hídrica superior a 80 mm. Compreende áreas do centro do estado se estendendo desde a zona da mata na divisa com o estado do Rio de Janeiro até municípios como Uberlândia no Triângulo Mineiro.

Faixa D: apta com restrição térmica para todas as cultivares, com temperaturas médias do mês de julho entre 15-18oC e deficiência hídrica não muito acentuada entre 0-80 mm. Estão incluídas nesta região áreas do sul de Minas Gerais que poderão apresentar geadas.

Faixa E: inapta por restrição térmica, temperaturas médias de julho inferiores a 15oC e deficiência hídrica superior a 500mm. Compreende também áreas da região sul do estado, com elevadas altitudes e ocorrência freqüente de geadas.

Umidade do Solo A bananeira é uma planta bastante exigente em água, considerando-se que 90-95% de suas partes vegetativas e cerca de 75% dos cachos se constituem em água. Algumas das melhores regiões de banana do mundo apresentam de 2.000-3.000 mm anuais de precipitação. Alguns autores chegam a afirmar que a bananeira apresenta uma certa tolerância à seca, desde que o período vegetativo não sofra restrições hídricas. O grau de tolerância varia de acordo com as cultivares, sendo a Cv. "Ouro" muito pouco tolerante, "Nanicão" e "Nanica" medianamente tolerante e demais cultivares bastante tolerantes à seca. Deve-se entretanto distinguir o que seria a simples "sobrevivência" desta planta em condições inadequadas, de sua exploração racional, econômica e com produção de frutos de qualidade. Deve-se ressaltar também que temos no campo plantas em diferentes estádios de desenvolvimento e, desta maneira, mesmo que o período seco não afete o próximo cacho a ser colhido poderá influir em produções futuras. Segundo Moreira (1987), a quantidade de água exigida pela bananeira é grande e constante, variando o consumo diário de 3 a 8mm/planta. Em várias regiões da América Central cujas precipitações ultrapassam 3.000 mm anuais, se realizam irrigações quando da ocorrência de períodos secos mais acentuados. Pesquisas realizadas no Vale do Ribeira – SP, indicam que nesta região 50 mm de chuvas no inverno (período frio) e 120 mm no verão (período quente) são os níveis mínimos suportáveis para as plantas vegetarem, porém não o suficiente para uma boa produção. Admite-se que a quantidade de água para um bom desenvolvimento e consequentemente boa produção, seria aproximadamente o dobro do que a bananeira precisaria para viver precariamente ou "sobreviver". Pode-se resumir os efeitos da deficiência de umidade no solo para a bananeira nos seguintes pontos: - Alongamento do ciclo de produção; - Menor desenvolvimento, menor

número de folhas, menor diâmetro do pseudo-caule; - "Engasgamento" da inflorescência na roseta foliar, com dificuldade de ser lançada externamente; - Cachos de pior qualidade, mais curtos e com poucas pencas, frutos mal "granados e curtos, menor peso do cacho.

Umidade do ar As tradicionais regiões produtoras de banana no mundo se caracterizam por climas tropicais úmidos apresentando acima de 80% de umidade relativa. Esta alta umidade favorece e acelera a emissão de folhas e o lançamento da inflorescência, além de uniformizar a coloração dos frutos. Deve-se considerar que umidades relativas tão elevadas teriam a desvantagem de favorecer o desenvolvimento de fungos como o causador do "Mal de Sigatoka".

Luminosidade e insolação Pode-se considerar a bananeira como bastante exigente em luminosidade, fato que se observa quando das tentativas de mudanças nos espaçamentos com plantio em densidades muito elevadas, e os prejuízos provocados por esta prática. Em regiões muito chuvosas e com tempo nublado, bem como, em densidades inadequadas ocorre uma baixa taxa de fotossíntese e conseqüente redução no crescimento. Na ausência parcial e prolongada de luz, menos de 30%, a bananeira não interrompe seu contínuo desenvolvimento e não sofre a diferenciação floral, alongando muito seu ciclo. Desta forma, qualquer sombreamento quer seja artificial ou natural é prejudicial para a planta. Insolações excessivas podem provocar queimaduras especialmente nos frutos, inclusive na fase pós-colheita quando deverão ser protegidos. A faixa entre 1.000 a 2.000 horas de luz por ano (horas Lux) é considerada ideal, acima da qual já ocorre queimaduras na planta. Ventos Este é um fator climático não muito citado a nível de Brasil, porém, extremamente considerado nas regiões produtoras de banana do mundo concentradas em ilhas e regiões litorâneas. Ventos mais intensos e freqüentes podem provocar prejuízos como: "chilling" caso seja vento frio, desidratação da planta, rasgamento das folhas que têm o seu período de vida reduzido, rompimento das raízes pelo "balançar" da planta, quebra do pseudocaule, tombamento da planta. Considerando-se a intensidade, ventos acima de 30 km/hora provocam o fendilhamento das folhas, acima de 70 km/hora provocam o rompimento de raízes e acima de 100 km/hora quebra do pseudocaule e tombamento das plantas. Há uma estimativa de que no estado de São Paulo a queda de produção causada por ventos atinja de 20 a 25% ao ano.

Como medidas para se diminuir ou evitar os efeitos prejudiciais recomenda-se; cuidado na escolha da área de plantio verificando sua exposição, uso de cultivares de porte mais baixo, uso de tutores de bambu, madeira ou fios plásticos, composição de quebra-ventos. Com relação ao plantio de quebra-ventos, deve-se considerar que a largura da faixa de bananal protegida é de l5 a 20 vezes a altura das plantas utilizadas como quebra-vento. Existe preferência pela utilização de bambus da variedade Bambusa oldhami que chegam a atingir l5 a 20 m de altura que teriam, além de suas características adequadas a esta prática, uma utilização muito grande na propriedade. Curiosamente, a bananeira tem sido utilizada como quebra-ventos em culturas como a do cafeeiro, apesar dos graves prejuízos que os ventos lhe causam. Esta utilização poderá se dever a fatos como: facilidade de obtenção de mudas, facilidade no plantio, rápido crescimento e "perfilhamento" formando precocemente o quebra-vento, produção de frutos de valor. Altitude A altitude tem efeitos significativos sobre os outros fatores climáticos como a temperatura, chuvas, umidade relativa, luminosidade. Desde modo, mesmo de maneira indireta, afeta de forma marcante o desenvolvimento e a produção da bananeira. Pesquisas realizadas em regiões tropicais com baixas altitudes demonstraram que o ciclo de produção por exemplo do "Nanicão" pode ser de 8 a l0 meses; porém, a mesma cultivar cultivada à 900 m de altitude o ciclo poderia chegar a l8 meses. Há estimativa de aumento de 30 a 45 dias no ciclo de produção a cada 100 m de acréscimo na altitude. Exigências Edáficas Tem-se cultivado a bananeira nos mais variados tipos de solo, havendo, no entanto, um consenso de que as características físicas são as mais importantes. A maior parte do sistema radicular se concentra nos primeiros 30 cm de solo, de onde retiram os nutrientes necessários à planta. O restante do sistema radicular, formado por raízes mais grossas, além da função de absorção de água e nutrientes, é responsável pela fixação da planta ao solo, atingindo maiores profundidades. Basicamente a bananeira exige solos com características físicas que possibilitem um bom desenvolvimento das raízes, incluindo boa aeração. Solos de "baixada" e áreas mal drenadas no geral devem ser vistos com reservas porém, possíveis de serem utilizados desde que corretamente drenados. Em áreas com problemas de compactação há de se tomar medidas auxiliares no preparo como por exemplo a utilização de subsolador. Os solos "rasos" não permitem o desenvolvimento de raízes mais profundas, fixando menos a planta além de fazer com que a mesma sofra deficiência de água nos períodos mais secos. Quando apresentarem o horizonte a menos de 60 cm da superfície são desaconselhados para a bananicultura. Os solos arenosos também não são considerados

adequados para a cultura, normalmente apresentando baixa fertilidade, baixa retenção de umidade, facilitam o tombamento das plantas pelo vento além de favorecer a disseminação de nematóides. Considerando-se as características químicas deve-se salientar que essa cultura extrai uma quantidade de nutrientes bastante elevada e que exige correção de pH e alumínio tóxico. Com relação ao pH constatou-se a influência do mesmo sobre o rendimento, com resultados de pesquisa demonstrando que ao se elevar o pH de uma faixa de 4,5 – 5,0 para 5,5 – 6,0 a produção pode aumentar em cerca de 80%. Uma vez que a bananeira apresenta deficiência relacionada ao magnésio, recomenda-se quando da correção de solo, o uso de calcário dolomítico mesmo que inicialmente seja mais dispendioso pois, dessa forma, pode-se evitar correções no futuro que se tornariam mais caras. Regiões como o sul de Minas Gerais bem como algumas áreas do Espírito Santo e Rio de Janeiro cultivam bananeiras em altitudes muito elevadas e alta declividade. Essas áreas, além de quase sempre não apresentarem características climáticas favoráveis, dificultam em muito todo o manejo da cultura, incluindo os problemas na colheita e escoamento da produção. Deste modo, quando possível, áreas de grande altitude e elevadas declividades devem ser evitadas. Portanto, pode-se caracterizar de forma resumida um solo adequado para cultura da bananeira da seguinte forma: argilo-arenoso, relativamente profundo (pelo menos 60 cm), bem drenado, sem problemas de compactação, se possível rico em matéria orgânica, pH 6,0-6,5, declividade baixa a moderada.

INTRODUÇÃO

Deve-se ressaltar que na atualidade, uma das maiores preocupações dos técnicos ligados à bananicultura se refere ao material propagativo que vem sendo utilizado na implantação de novos bananais. Como mencionado em outro tópico, praticamente inexistem "viveiristas" produtores de mudas de bananeira o que leva à possibilidade de disseminação de doenças e pragas que com certeza vão comprometer o sucesso da exploração. O futuro produtor ou mesmo aquele que já está comprometido nessa exploração deve avaliar todas as possibilidades de propagação, escolhendo a melhor metodologia que, nem sempre será "inicialmente" a mais barata. A perpetuação de uma espécie depende da existência de variabilidade genética, porém, o processo de reprodução sexuada origina genótipos com reduzida adaptação aos ambientes nos quais terá seu desenvolvimento. Esse fato se aplica à bananeira, que é um vegetal que exige temperatura, umidade e intensidade de luz elevadas, sendo muito sensível quando não atendida nesses fatores. No entanto, deve-se ressaltar a grande importância dos trabalhos de melhoramento através de hibridações, como por exemplo os realizados no CNPMF – EMBRAPA – Cruz das Almas – Bahia, visando principalmente a resistência das plantas à doenças como "Mal do Panamá", "Sigatoka Amarela e Negra", "Moko".

Como já mencionado, as bananeiras cultivadas, ao contrário das "selvagens", são partenocárpicas e muitas vezes poliplóides o que praticamente elimina a possibilidade de produção de sementes férteis. Isto se deve entre outras causas a: esterilidade genética em triplóides (problemas de pareamento); irregularidades ou retardamento do crescimento do tubo polínico; necrose do nectário da flor feminina. Dessa forma, conclui-se que a propagação da bananeira, a nível de campo, ocorre exclusivamente por via assexuada ou vegetativa. Basicamente teríamos três formas de multiplicação da bananeira por via assexuada ou vegetativa: propagação "in vitro" através de meristemas, propagação "in vivo" através do rizoma ou partes do mesmo e propagação "convencional" utilizando-se gemas e brotações que a planta emite no campo.

Propagação "In Vitro" Trata-se de metodologia mais avançada em termos de propagação, apresentando como grande vantagem a produção de mudas uniformes, isentas de doenças e pragas. Sua aplicação prática na instalação de pomares comerciais apresenta algumas restrições, tais como:

- Alto custo da muda, estimado no Brasil em U$ 1,00 dólar americano; o recomendável seria considerar a muda de cultura de tecidos como uma "matriz", a ser instalada e multiplicada em viveiro;

- o alto índice de mutações ou variações que tem ocorrido, em alguns casos, chegando a 20-30%. Recomenda-se a aquisição de mudas de diferentes laboratórios, que utilizem tecnologia adequada e idôneos;

- a muda que é comercializada apresenta entre 10-20 cm de altura e se levada diretamente para o plantio no campo poderá apresentar perdas significativas; há necessidade de se realizar uma etapa intermediária colocando-a em substrato adequado acondicionados em sacos de polietileno com capacidade para 2 a 3 litros, por um período em torno de 60 dias.

Apesar das restrições trata-se de tecnologia de grande utilidade no presente caso e que poderá se tornar viável quando se contornar os pontos mencionados.

Propagação Convencional A nível de campo a bananeira é propagada através de seu rizoma ou partes do mesmo e, também por brotações laterais em diferentes estádios de desenvolvimento. Esta metodologia de propagação via vegetativa apesar de simples e de custo relativamente baixo, tem sido responsável pela disseminação e mesmo a perpetuação de problemas fitossanitários como "Mal do Panamá". Estima-se que no campo uma bananeira emite em média, apenas dez brotações por ano.

TIPOS DE MUDAS

Existem várias classificações e denominações para os vários tipos de mudas,

apresentadas no Esquema 2, destacando-se: Mudas "Pedaços de Rizoma" A bananeira apresenta tantas gemas laterais de brotação quantas forem as folhas, uma vez que se formam simultaneamente. Desta forma, no rizoma das plantas teremos um grande número de gemas que, inicialmente, se situam no centro do mesmo e à medida que a planta vai se desenvolvendo se deslocam para a parte externa e afloram à superfície. Assim, quando se colhe o cacho de uma bananeira poderemos cortar o pseudocaule rente ao solo, arrancar e retalhar o rizoma em pedaços ou "fatias" que se constituirão em mudas; eventualmente esta prática poderá ser feita utilizando-se bananeiras que ainda não produziram. Este tipo de muda também é denominada de "Tijolo", "Cepa", "Olhadura" e "Muda Talhada"; recomenda-se que cada pedaço de rizoma deva possuir pelo menos 1,0 kg. Mudas de "Rizoma Inteiro" As gemas laterais de brotação inseridas no rizoma, à medida que afloram à superfiície iniciam o seu desenvolvimento, se transformando em brotações que recebem, de acordo com seu estádio de desenvolvimento as seguintes denominações: - Chifrinho: rebento recém-brotado, com cerca de 20 a 30 cm de altura, l,0 kg de

peso; denominadas de 'Young suckers'. - Chifre: rebento em estádio intermediário de desenvolvimento, entre 30 a l00 cm de

altura, 2,0 a 3,0 kg de peso; recebem o nome de "Suckers". - Chifrão: é o rebento mais desenvolvido, entre l00 a l50 cm de altura e peso de 3,0

a 5,0 kg. - Muda Alta: constitui-se em uma planta já bastante desenvolvida, acima de l,5 m de

altura, peso que chega a 5,0 kg ou mais; trata-se de material pouco disponível e de difícil manejo.

- Muda Guarda-Chuva: também denominada orelha de elefante, muda dágua (water sucker); muda com folhas normais, leves e com poucas reservas; normalmente é descartada como material de plantio.

Considerando-se os aspectos ligados ao desenvolvimento das gemas deve-se mencionar que as gemas laterais não surgem da axila das folhas como ocorre normalmente em outras plantas e sim da face abaxial destas. Os brotos só iniciam o desenvolvimento a partir do surgimento dos primórdios da 9a a lla folhas. Vários fatores indicam que as auxinas têm um papel primordial no controle das brotações. Relaciona-se ao fato de que a forte dominância apical da bananeira é quebrada quando ocorre a decapitação da planta principal, reduzindo o teor desse hormônio, favorecendo desta maneira a emissão das mesmas. Sabe-se também da relação das brotações com o índice Citocinina/Auxina; com o aumento da distância do ápice e conseqüente aproximação das raízes, há aumento desse índice e o surgimento de brotações. A aplicação de citocinina após breve período aumenta o número de brotos.

A escolha do tipo de muda vai depender basicamente de sua disponibilidade, havendo em muitos casos a necessidade de se utilizar todas as alternativas possíveis. A influência do tipo de muda na produção, qualidade e ciclo da planta foi estudada por vários autores que em grande parte não encontraram diferenças marcantes entre os tipos, Marciani-Bendezú (1991); apesar desse fato, deve-se fazer as seguintes ressalvas: - As diferenças que eventualmente possam ocorrer, por exemplo, ao se comparar

uma muda tipo "pedaço de rizoma" com uma tipo 'chifre', se resumem em redução apenas do 1o ciclo para o 2o tipo de muda citado. Posteriormente, o bananal se estabiliza e as mudas proporcionam o mesmo desempenho.

- As mudas do tipo "chifre" são mais recomendáveis pois apresentam maior resistência às variações climáticas, menos sujeitas ao "aterramento" logo após plantio, menos infestadas pela broca da bananeira.

- Os pedaços de rizoma devem ser utilizados quando se necessita de grande quantidade de material; a falta ou excesso de água comprometem o seu pegamento, estando mais infestados por pragas e doenças. Porém, se corretamente obtidos e preparados se constituem em material propagativo de qualidade e em grande disponibilidade.

- As mudas altas também chamadas de adultas raramente devem ser utilizadas devido à grande dificuldade de obtenção, transporte, preparo e plantio. Pode-se afirmar que ao se fazer o plantio de uma muda deste tipo, estamos na verdade transplantando uma bananeira, que, se já sofreu a diferenciação floral, deverá emitir o cacho precocemente, apresentando assim um ciclo menor. Porém, esse cacho não tem condições de apresentar por exemplo um bom peso uma vez que, ao se realizar o transplantio provocou-se um estresse muito forte na planta que perdeu grande parte do seu sistema radicular e boa parte de suas folhas.

OBTENÇÃO E PREPARO DE MUDAS

Qualquer que seja o tipo de muda, algumas normas e práticas deverão ser observadas e executadas durante as etapas de obtenção e preparo, tais como: - Seleção do Bananal Os bananais já implantados cuja finalidade é a produção de frutos têm como "resíduo" as brotações que serão eliminadas por ocasião dos desbastes e mesmo o rizoma das plantas onde se colheu o cacho. Estes bananais são as principais fontes de mudas para a implantação de novas áreas e se constituem em grande parte em alto "risco". Deve-se portanto realizar uma visita ao local e avaliar os seguintes pontos: idade do bananal, considerando-se como ideal até 5 anos; não apresentar mistura de cultivares no mesmo talhão; não apresentar ervas daninhas como a "tiririca", não apresentar qualquer tipo de nematóides, "Mal do Panamá", murcha bacteriana ou "Moko", Erwinia, viroses; baixo nível de infestação de "Broca da Bananeira", ideal até 5%. Aliados aos fatores mencionados, o próprio aspecto geral do bananal dá uma visão inicial de seu estado. Bananais em que se tem realizado corretamente controle de plantas

daninhas, desbaste de plantas, limpeza de folhas secas e demais práticas correntes na cultura terão menor probabilidade de presença de doenças e pragas. A obtenção de mudas em bananais velhos, sujos e entoucerados pode-se constituir popularmente no "barato que sai caro". - Arranquio das mudas Ao se arrancar as mudas chamadas de "rizoma inteiro" deve-se ter o cuidado de se manter a estrutura básica que compõe o rizoma; muitos, ao seccionar o ponto de união da brotação com a planta mãe, realizam um corte que as vezes deixa grande parte do rizoma no solo e, deste modo, diminuem as reservas das mudas. Quando se tratar de mudas "pedaços de rizoma" estes deverão ser seccionados em porções com a forma de uma "fatia" considerando-se o peso mínimo recomendado ou seja, 1,0 kg. - Limpeza das mudas Qualquer que seja o tipo de muda, estas deverão sofrer uma limpeza rigorosa, prática que possibilita o descarte de mudas com sintomas de doenças ou ataque severo de pragas, além de facilitar e aumentar a eficiência do tratamento posterior. Consiste na retirada da terra aderente à muda, eliminação de todo o sistema radicular e descorticamento retirando-se toda a parte cortical externa, tecidos escuros e necrosados. Quando possível evitar ferimentos nas gemas já afloradas (Esquema 3, A). Recomenda-se que esta operação seja feita no local de aquisição das mudas ou longe da área de plantio. Deve-se ter também o cuidado de se trabalhar com ferramentas (foices, facões, enxadões) exclusivas para esta atividade e que poderão sofrer desinfeções periódicas com água sanitária a 2%. Dentro desta prática de preparo da muda, deve-se também realizar o corte em bissel do pseudocaule, a cerca de l0 a 30 cm do "colo" nas mudas tipo "chifre" (chifrinho, chifre, chifrão), mudas mais desenvolvidas ou altas o corte seria mais alto. Esse corte favorece todo o manejo da muda como seu tratamento, transporte, plantio. - Tratamento da muda Discute-se muito sobre a necessidade e mesmo da eficiência do tratamento das mudas de bananeira, com muitos autores chegando mesmo a não recomendar a prática. Mesmo considerando que uma boa limpeza de mudas aliada ao tratamento, não dá certeza de sanidade total das mesmas, pode-se afirmar que a realização destas práticas diminui bastante a probabilidade de se disseminar algumas doenças ou pragas. Dessa forma, recomenda-se o tratamento químico das mudas por imersão, período entre l5 e 20 minutos, em solução acondicionada em tambores, caixas de cimento amianto ou tanques (Esquema 3, B). A solução deverá conter um defensivo contra "Broca da Bananeira" e fungicidas. Observar a compatibilidade dos produtos e demais recomendações

no preparo e manuseio. Pode-se ainda realizar um tratamento mais simples, fazendo-se a imersão das mudas, por 10 minutos, em solução resultante da diluição de l l de hipoclorito de sódio a 5% (água sanitária) em 5 l de água. O tratamento da muda reduz a infestação dos nematóides mas, a erradicação, só é possível quando se utiliza nematicidas em concentrações elevadas ou associada com aplicação posterior de nematicida granulado na cova ou sulco de plantio. O tratamento térmico, mergulhando-se as mudas em água quente à 55oC durante 20 minutos apresenta alta eficiência contra os nematóides, porém, é pouco utilizado pela estrutura que exige. Entretanto, há indicações de tratamento químico, com produtos à base de Carbofuram (400 ml/l00 l de água). - Armazenamento de Mudas Recomenda-se realizar o preparo das mudas e efetuar o plantio no dia posterior ao tratamento ou, no máximo, dentro de uma semana, uma vez que as mudas vão se desidratando, ocorrendo também maior possibilidade de contaminação por doenças e pragas. Porém, caso haja alguma dificuldade em se realizar o plantio dentro do prazo recomendado, as mudas poderão ser "encanteiradas" preferencialmente em locais sombreados, cobertas com um tipo de palha ou capim, e irrigadas semanalmente. Esta prática não deverá ser feita em local próximo a bananais já instalados e, o período máximo seria em torno de 30 dias. - Ceva de Muda Quando se obtêm as mudas denominadas pedaços de rizoma, nem todas apresentam já em sua superfície uma gema bem desenvolvida, prestes a brotar. A ceva consistiria em se colocar estes pedaços em canteiros que funcionam como "germinadores". Os canteiros devem ser feitos diretamente no chão, preferencialmente em solos mais "soltos", não muito próximos de bananais já instalados, em áreas mais altas evitando-se, desta maneira, o encharcamento. Não recebem nenhum preparo em especial e devem ter entre l,0-1,20 de largura e comprimento variável. Os pedaços de rizoma após limpos e tratados são acondicionados nos canteiros, um ao lado do outro, na mesma posição em que estavam no rizoma inteiro (em pé), chegando-se terra ou areia em torno dos mesmos e uma fina camada em cima. Realiza-se uma irrigação suficiente para umidece-los bem, cobre-se com qualquer tipo de palha, capim. Sob a cobertura vegetal pode-se colocar uma lona plástica ou até mesmo sacos plásticos de adubo. Após duas a três semanas retira-se a cobertura e faz-se a seleção levando-se para plantio os pedaços em que gema(s) afloraram, descartando-se os demais. Não se deve prolongar o período de ceva além do mencionado um vez que as mudas se enraizam com rapidez e aquelas muito desenvolvidas poderão quebrar durante o transporte e plantio. Esta prática apresenta uma série de vantagens destacando-se: praticamente não ocorrerá replantas no bananal, uniformidade dos talhões, orientação do operário quanto à posição da

muda no momento do plantio. Implantação de Viveiro Considerando-se a necessidade urgente de se incentivar a instalação de viveiros produtores de mudas de bananeira, faz-se necessário estabelecer metodologias praticamente inexistentes ou bem definidas até o momento. Aproveitando-se algumas indicações feitas por Moreira (1987) e por Godinho (1994), adaptando-se as várias opções de multiplicação pode-se fazer as seguintes sugestões: Muda "Matriz" A princípio só se consideraria "mudas matrizes" aquelas obtidas por cultura de tecidos que oferecem um alto grau de confiabilidade com relação à sua sanidade. No entanto, considerando-se as restrições mencionadas no item 'Propagação In Vitro', poderia se instalar viveiros com as mudas tradicionais utilizadas em campo porém, com mais rigor na avaliação dos vários aspectos ligados ao bananal fornecedor mencionados no subtópico "Seleção do Bananal", em especial aqueles que tratam da sanidade do mesmo. Localização do Viveiro Ao se escolher a área para a instalação do viveiro deve-se observar aspectos como: fácil acesso, textura mais "solta", área não sujeita a encharcamento, não estar próxima à bananal já instalado (minímo l00m), disponibilidade de água, livre de ervas daninhas como a "tiririca", etc... Realizar coleta de amostra de solo para avaliar as características químicas e também a presença de nematóides. Preparo da Área As áreas escolhidas devem ser preferencialmente mecanizáveis e, desta forma, o preparo consistiria nas práticas convencionais de aração, calagem, se necessária, uma a duas gradagens destorrando e uniformizando bem o solo e sulcamento; quando não há possibilidade de mecanização o plantio poderá ser feito em covas (30 x 30 x 30 cm). Antes de se realizar o preparo pode-se aplicar sobre a vegetação existente um herbicida como por exemplo aqueles à base de Glyphosate ou Diuron, o que contribuiria em muito para facilitar o manejo das ervas daninhas posteriormente. Espaçamentos Os espaçamentos que poderão ser utilizados irão variar de acordo com uma série de fatores, tais como: metodologia de multiplicação a ser utilizada, práticas culturais, uso de máquinas e equipamentos, condições de clima e solo, entre outros. De uma maneira geral estão na faixa de 1,0 a 2,5 m entre ruas por 0,5 a 1,5 m entre mudas. Os métodos de multiplicação de duração mais curta (em torno de 6 meses) e o uso de herbicidas poderão direcionar para um espaçamento mais reduzido.

Plantio e Condução No tópico descrito a seguir, "Multiplicação" de "matrizes" de laboratório, são relatados os cuidados quanto ao plantio e condução do viveiro. Multiplicação de 'Matrizes' de Laboratório Várias pesquisas foram desenvolvidas na Universidade Federal de Lavras – UFLA, visando aprimorar e desenvolver tecnologia de propagação da bananeira de forma econômica e que permitisse obter o maior número possível de mudas sadias, dentro dos padrões estabelecidos pela legislação, para o estado de Minas Gerais. Considerando-se os resultados obtidos por Silva e Batista (1996), que testaram diferentes metodologias de multiplicação em viveiro à campo, de 'matrizes' produzidas em laboratório, recomenda-se a utilização de tecnologia relatada a seguir e apresentada no Esquema 4, observando-se os pontos mencionados no item Implantação do Viveiro. Enviveiramento das matrizes - Mudas em bandejas de isopor com l0 a l5 cm de altura, devem ser transplantadas

para sacos plásticos, com capacidade para 2 a 3 litros de substrato. - Substrato básico: composto por 60% solo, 20% areia grossa, 20% matéria

orgânica, (esterco de galinha, de bovino, suínos). Acrescenta-se ainda 5 kg de superfosfato simples/m3 do substrato.

- Condução das mudas: sob cobertura de tela plástica, irrigações duas vezes/semana, adubações nitrogenadas em solução, de 7-7 dias, utilizando-se nitrato de potássio ou salitre duplo potássio ou monoamoniofosfato (MAP) na base de 5 gramas do fertilizante/muda/aplicação. Período de enviveiramento de 50 – 60 dias.

Preparo da área e plantio das matrizes - Eliminação prévia de plantas daninhas de difícil controle, através do uso de

herbicidas específicos, avaliando a toxicidade de seus resíduos em relação à bananeira.

- Aração (30 – 40 cm de profundidade), distribuição de calcário, duas gradagens. - Marcação e abertura de sulcos (30 cm de profundidade), espaçamento de 2m entre

sulcos e lm entre plantas. - Preparo de "pseudocovas" (30 x 30 x 30 cm) misturando-se ao solo os

fertilizantes: 5 litros de matéria orgânica, l00 gramas de superfosfato simples, l0 g de sulfato de magnésio, 5g de sulfato de zinco, 5g de ácido bórico.

- Plantio das mudas em torrão, altura da muda em torno de 30 a 40 cm; o plantio deve ser um pouco fundo, com o nível do torrão abaixo do nível da superfície do solo (5 – 10 cm).

Condução do Viveiro - Irrigações: plantio fora do período chuvoso da região ou mesmo naquelas de índice

pluviométrico baixo, exigem irrigações semanais (10 – 15 l c/muda); os sistemas de aspersão ou de sulcos poderão ser utilizados.

- Adubações em cobertura: realizadas mensalmente, a partir de 30 dias do plantio, excetuando-se o período seco da região, quando não se utilizar irrigação. Os fertilizantes devem ser distribuídos em semi-círculo, próximo das brotações (25-30 cm). Nas três primeiras adubações poderão ser aplicadas l0 g N (50 g de sulfato de amônio) e 30 K2O (50 g de cloreto de potássio) por matriz. Nas demais, em número de 4 a 5, recomenda-se 20 g N (l00 g de sulfato de amônio) e 30 g K2O (50 g de cloreto de potássio) por matriz e em cada aplicação.

- Capinas manuais: o viveiro deverá ser mantido no limpo, realizando-se capinas em média a cada 45 dias, distribuídas principalmente durante o período chuvoso.

- Limpeza de folhas e eliminação da gema da planta matriz: Periodicamente deve-se eliminar, com auxílio de facão, as folhas baixeiras, quebradas, rasgadas ou muito atacadas por mal de Sigatoka. Não puxar o pecíolo da folha, fazendo o corte rente ao pseudocaule. Entre l20 a l50 dias pós-plantio poderá ser feita a recepa da planta matriz (l0 cm do solo) e a extração de sua gema apical com o auxílio do desbrotador (lurdinha). Os restos do pseudocaule devem ser retirados das entre-linhas. Em seguida deve-se chegar terra junto ao rizoma da planta recepada. Esta prática poderá auxiliar, acelerando a emissão e desenvolvimento das brotações.

Arranquio e Limpeza de Mudas São consideradas mudas "comercializáveis", aquelas denominadas tipo "chifre" com altura mínima de 50 cm. Devem ser arrancadas com o auxílio de enxadão, mantendo-se o seu rizoma integral; após o arranquio deverão sofrer a limpeza com o auxílio de facão eliminando-se "drasticamente" todo o sistema radicular. Devem ainda ser decepadas entre 10-30 cm de seu colo, com o corte em bisel. Poderão ser armazenadas à sombra, sendo recomendável não ultrapassar de 7 – l0 dias de armazenamento. Mudas de pequeno tamanho (20 -–30 cm) poderão ser extraídas do rizoma e enviveiradas em sacos plásticos da mesma forma como realizado para o enviveiramento das matrizes.

CUSTO DE IMPLANTAÇÃO

Na Tabela 9 estão apresentados os coeficientes técnicos para a implantação de l ha de viveiro, à partir dos quais pode-se estimar as possibilidades de produção e rentabilidade. Os coeficientes apresentados na Tabela 9 se referem a instalação de viveiro e sua eliminação definitiva após um período entre 8 a l2 meses pós-plantio das matrizes; este é variável de acordo com as condições climáticas de cada região e do uso de tecnologia como a irrigação. Desta forma, a retirada de mudas do tipo "chifre" (entre 50 a l00 cm de altura) pode se iniciar as 6 meses pós-plantio se estendendo até o l2o mês, ocasião em que o viveiro

seria eliminado. Considerando-se ainda uma taxa de multiplicação média de 7 (sete) mudas/matriz, com possibilidade de se atingir a l0 mudas/matriz, estima-se em 35.000 mudas produzidas a partir de 5.000 matrizes em 1 hectare. E. PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO O sucesso do empreendimento dependerá do correto planejamento e posterior execução de etapas que abrangem desde estudos iniciais de mercado até a correta execução de práticas de colheita e pós-colheita. Estudos Prévios

- Mercado/Comercialização: canais de comercialização, volume, época de oferta,

variedades de maior preferência. - Mudas: locais de aquisição, instalação de viveiro. - Agroindústria: como aproveitar o descarte de frutos; possibilidades de industria-

lização. - Estimativas de custos de implantação, rentabilidade, fontes de recursos.

Características da Área - Características de clima e solo. - Vias de acesso (produção durante todo o ano). - Disponibilidade de mão-de-obra, água, energia elétrica. - Distância de portos, indústrias, CEASAS. Deve-se considerar que em termos de condições edafoclimáticas temperaturas médias abaixo de 18oC e déficit hídrico acima de 200 mm ou mais são consideradas "inaptas" para a cultura, além da possibilidade de geadas. Também conhecer o histórico de cultivo, pois poderá ainda existir problemas fitossanitários como "Mal do Panamá" e Nematóides. Por ser uma fruta altamente perecível, de maturação rápida e que não suporta armazenamento à temperaturas baixas, a propriedade deverá ser servida de estradas que possibilitem o escoamento da produção em qualquer época do ano. Os grandes países exportadores de bananas concentram a produção em faixas litorâneas, próximas dos portos. Infraestrutura Básica Qualquer que seja o tamanho do empreendimento, em bananicultura há a necessidade de se construir uma infraestrutura básica para atender especialmente as etapas de colheita e pós-colheita. A banana é uma fruta que deve ser manuseada com cuidado e que não possibilita armazenamento por longos períodos. Assim, deve-se planejar e construir estruturas como:

- Escritório, armazém para insumos, defensivos.

- Sistema de escoamento e transporte de cachos da cultura até a casa de embalagem ou embarque (cabos aéreos, espumas para proteção de cachos).

- Galpão para recepção dos cachos: poderá ser apenas uma cobertura rústica, onde os cachos devem ser dependurados.

- Tanques ou caixas, destinados ao tratamento das pencas. - Câmara de amadurecimento constituída por estrutura de alvenaria ou simples

caixas ou caixotes onde se realiza a aplicação de produtos para o amadurecimento. - Agroindústria ou criação de animais visando o aproveitamento do descarte sob a

forma de doces, compotas, banana "passa" ou até mesmo a criação de animais (suínos).

O grau de tecnologia e sofisticação das estruturas vai depender do nível de exigência do mercado em termos de qualidade, disponibilidade de recursos e do tamanho do empreendimento. Preparo da Área O preparo da área, abrangendo etapas desde a sua limpeza até o momento do plantio deverá ser realizado considerando-se as exigências da bananeira decorrentes de suas características morfológicas e hábitos de crescimento e produção. Também são relevantes as características físicas do solo, topografia e objetivos do cultivo. Em áreas declivosas, que não permitem a utilização de máquinas e implementos, o preparo se resume em limpeza manual e abertura de covas (50 x 50 x 50 cm). Nesse caso, pode-se utilizar práticas conservacionistas como curvas de nível, faixas de proteção, cordões em contorno e até mesmo banquetas individuais. Atualmente, há a tendência de implantação em áreas de menor declive, que possibilitam o preparo mecanizado, que deve ser realizado com antecedência de 45-60 dias antes do plantio, executando-se as atividades:

- Coleta de amostras do solo: colher em duas profundidades 0-20 cm e 20-40 cm. Os resultados irão indicar a necessidade de calagem; na cultura da bananeira, preferencialmente, deve-se utilizar o calcário dolomítico, uma vez que a mesma é bastante exigente em magnésio. Recomenda-se ainda amostragens visando a determinação de presença de nematóides.

- Destoca e limpeza da área: realizar a destoca quando necessária retirando da área os restos de tocos e galhos ou o encoivaramento e a queima.

- Conservação do solo, carreadores, quadras: o fundamento básico da conservação do solo é o de mantê-lo próximo de suas características originais possibilitando altas produtividades, através de práticas de manejo capazes de controlar os mecanismos de erosão. Metodologias como o plantio em nível, cordões de contorno e terraços poderão ser utilizadas. Deve-se considerar as características do

sistema radicular da bananeira, seu rápido e vigoroso crescimento, o alto potencial de perfilhamento e a cobertura morta natural que proporciona através de seus resíduos. Esta cobertura poderá reter 90% a mais de água em relação ao solo totalmente limpo, além de elevar os teores de potássio e cálcio no solo. Pelas características da exploração, que exige rapidez e facilidade no escoamento da produção, as áreas deverão ter carreadores bem distribuídos, com largura entre 5 a 8m, se possível retos e paralelos, distantes entre si de 50m. Estes dividem a área em quadras com tamanho entre 1,0 a 1,5 ha. Desta forma, todas as práticas de condução e colheita serão facilitadas. No caso de ventos frequentes, acima de 40 Km/h fazer plantio de quebra-ventos (Ex.: bambu).

- Aração, calagem, gradagens: recomenda-se, no caso de áreas com solos arenosos e

mesmo aquelas com problemas de salinidade, executar o menor número de práticas possíveis, procurando-se manter ao máximo a estrutura do solo; naquelas sujeitas a encharcamento é indispensável estabelecer um sistema de drenagem, uma vez que o excesso de umidade poderá prejudicar o sistema radicular da planta, afetando negativamente sua produção ou até mesmo causando sua morte. Considerando-se que a maioria do sistema radicular da bananeira se concentra na faixa de 0-30cm do solo, a aração deve ser feita atendendo a esta profundidade. Äreas cultivadas anteriormente com pastagens ou que apresentem camadas compactas ou endurecidas devem ser subsoladas a 60cm de profundidade. Antecedendo as gradagens, normalmente em número de duas. deve-se realizar a distribuição do calcário, em área total. Em alguns casos, além desta calagem, recomenda-se a aplicação localizada de calcário no fundo da cova ou sulco.

- Espaçamentos e densidade: os espaçamentos e densidades para a bananeira dependerão de fatores como o sistema de condução, porte da variedade, declividade da área e condições de clima e solo.

A pesquisa já demonstrou que a bananeira é muito sensível á redução de espaçamentos e, em altas densidades, poderá ocorrer alongamento do ciclo, diminuição do peso do cacho e diminuição no tamanho do fruto. O mercado consumidor está cada vez mais exigente e, efeitos negativos sobre características de qualidade, poderão comprometer a comercialização e a rentabilidade. Além destes, temos ainda as dificuldades com o manejo do bananal. Nas diferentes regiões do mundo são encontradas densidades que variam de 375 a 5.000 bananeiras por hectare, com predominância da faixa de 1.000 a 2.000 bananeiras/hectare. Tradicionalmente se cultiva a bananeira no Brasil deixando-se três plantas/cova ou sulco (mãe, filha, neta) ou duas plantas/cova ou sulco, representadas no Esquema 5. Neste caso, de acordo com o porte da cultivar temos:

- Variedades de porte baixo (Nanica, Nanicão, Grande Naine): 2,0 x 2,0m; 2,5m x 2,0m; 2,5m x 2,5m.

- Variedades de porte médio (Prata Anã, Mysore, Maçã, Ouro, Figo): 3,0m x 2,0m; 3,0m x 2,5m; 3,0 x 3,0m.

- Variedades de porte alto (Prata Comum, Pacovan, Ouro da Mata, Banana da Terra): 4,0m x 2,5m; 4,0 x 3,0m.

As disposições mais comuns dos espaçamentos seguem traçados em retângulo ou quadrado, sendo desejável a divisão homogênea das plantas no solo, considerando-se que cada bananeira deve dispor de espaço que permita à sua foliar receber insolação adequada. Pesquisadores têm relatado que a produtividade de um bananal (t/ha) tende a aumentar na mesma proporção da densidade do plantio, até um certo limite, e que a maioria dos plantios comerciais do Brasil, se desenvolvem abaixo da densidade recomendável. Considerando-se esta fato, bem como a tentativa de se obter retorno econômico o mais rápido possível, ocorre no momento a instalação de pomares com altas densidades (4.000-5.000 plantas/ha) com a perspectiva de se colher cachos apenas do 1o ao 3o ciclos, com eliminação do bananal em seguida. Desta forma, há tentativa de tornar a cultura da bananeira semi-perene (2-3 anos), ao invés de perene (5-10 anos). Esta tecnologia, embora possa trazer alguns benefícios, deve ser vista com reservas pois, a nível de Brasil, raros são os estudos que demonstram sua viabilidade técnica e econômica. Outra alternativa seria o plantio denso, com redução da população após a colheita da primeira safra, eliminando-se uma rua ou plantas alternadas dentro da rua. Apresenta como vantagens:

Elevada produção na primeira safra, apesar de os cachos sofrerem redução no seu tamanho. Por outro lado, há um rápido retorno do capital empregado na implantação do bananal.

Sombreamento uniforme e precoce de toda a área cultivada, o que dificulta o desenvolvimento das plantas daninhas.

As capinas tornam-se mais fáceis e se reduzem a duas ou três durante o primeiro ciclo do cultivo.

O solo, graças ao sombreamento, sofre menor insolação e, consequentemente, registra menor evaporação.

A implantação de pomares em filas duplas (exs: 4,0 x 2,0 x 1,5; 4,0 x 2,0 x 2,0 m; 3,0 x 2,0 x 2,0 m) embora não seja largamente utilizada no país, poderá apresentar vantagens como: a vigilância do bananal é mais fácil e efetiva; os tratamentos fitossanitários não provocam grandes estragos nas folhas das bananeiras; o consórcio com culturas anuais por períodos mais longos é viável; a mecanização do cultivo é mais prolongada e efetiva. Preparo de Covas ou Sulcos Nas áreas não mecanizáveis as covas são abertas manualmente com cavadeira, com dimensões entre 40 x 40 x 40 cm a 50 x 50 x 50 cm, de acordo com o tamanho da muda e as características de textura e estrutura do solo. Em áreas mecanizáveis há a possibilidade de se abrir covas com trado mecânico acoplado ao trator ou então, após a aração, calagem e gradagens realizar a marcação e abertura de sulcos de acordo com o espaçamento, nos quais

serão preparadas "pseudocovas" (30 x 30 x 30 cm a 40 x 40 x 40 cm). Os sulcos devem ser abertos na direção nascente-poente, para que a emissão do primeiro cacho se posicione na entre-linha o que facilita a colheita e a escolha do seguidor. A adubação de plantio deverá obedecer os princípios apresentados no item "Nutrição e Adubação da Bananeira", podendo-se de uma maneira geral se recomendar: - Adubação orgânica: a bananeira responde significativamente quando se coloca

entre l0-20 litros por cova ou no sulco de esterco de curral, esterco de galinha, composto, tortas ou outro material orgânico disponível.

- Adubação química: deve-se observar os resultados da análise de solo; como

sugestão recomenda-se por cova ou no sulco 250 gramas de superfosfato simples, 500-l000 gramas de fosfato natural, l00 gramas de cloreto de potássio, 5 gramas de sulfato de zinco, 5 gramas de bórax ou ácido bórico.

Além de calagem em área total, pode-se colocar no fundo da cova ou sulco l00 gramas de calcário dolomítico por cada tonelada que foi aplicada em área total; quando o preparo se limitou a limpeza e abertura de covas, poderá se aplicar de 500 a l000 gramas de calcário no fundo da cova. As covas ou sulcos devem ser enchidos até l0 cm abaixo do nível da superfície o que possibilitará, após o plantio, um enraizamento mais profundo das primeiras gerações de bananeira . Plantio A época de plantio normalmente mais utilizada é a do início do período chuvoso de cada região que no sudeste se situa entre novembro-dezembro; deve-se evitar os períodos que apresentam altos índices de pluviosidade pois, solos encharcados e mal drenados podem favorecer o apodrecimento das mudas. No caso da região sudeste, o plantio tardio entre março/abril, induzirá o desenvolvimento das mudas em período frio e seco (maio/setembro), podendo comprometer o pegamento e alongando o ciclo. Em regiões com temperaturas relativamente elevadas durante todo o ano e com a utilização de irrigação o plantio poderá ser realizado em qualquer época. A distribuição das mudas na área deve ser feita por tipo e tamanho afim de que sejam plantadas, em quadras distintas, procedimento que irá facilitar o planejamento e execução de tratos culturais, colheita e comercialização. As mudas do tipo pedaço de rizoma são colocadas no centro da cova ou sulco, com a gema voltada sempre para o lado de cima da área, firmando-as bem e cobrindo com apenas 5 cm de terras. As mudas do tipo rizoma inteiro (chifrinho, chifre, chifrão) também são colocados de tal maneira que brotem do mesmo lado, cobrindo-se o seu rizoma, enquanto o pseudocaule decepado fica à superfície (Esquema 6). Com este procedimento, a primeira gema diferenciada aparece do lado oposto, permitindo que os cachos fiquem a uma menor distância do solo, facilitando a colheita, especialmente das bananeiras de porte alto.

Entre as práticas culturais logo após plantio destacam-se a irrigação em caso de "veranico" (30 l de água/muda/semana), coroamento das plantas evitando-se a competição das plantas daninhas e retirada das folhas baixeiras secas ou quebradas. Nos primeiros 4-5 meses da cultura pode-se realizar plantio de feijão, arroz e outras plantas de porte baixo, respeitando-se o afastamento de 0,5-1,0 m de cada lado da linha de plantio. F. CONDUÇÃO A bananeira para atingir o seu máximo potencial de produtividade e qualidade dos frutos, depende de uma série de fatores (Esquema 7) que, isolados ou associados entre si, deverão ser atendidos dentro dos níveis recomendados, de forma equilibrada e econômica. Desbaste, desfolha e poda Desbaste de plantas A bananeira é uma frutífera com alta capacidade de emitir brotações laterais, uma vez que cada folha que emite corresponde a uma gema de brotação localizada no rizoma. Ao se plantar uma muda, estariam inclusas na mesma, várias gemas de brotação e, em poucos meses pós-plantio pode-se observar os brotos aflorando à superfície. Esta capacidade de emissão dos rebentos varia de acordo com as condições edafoclimáticas, tecnologia de condução e cultivares. A nível de campo, poderia se atingir 5-l0 brotações/planta/ano. O desbaste tem a finalidade de eliminar o excesso de plantas, aumentando a produtividade e qualidade dos frutos. Deve-se considerar os sistemas tradicionais de condução em que se tem por cova 3 ou 2 plantas; no primeiro caso tem-se uma planta adulta com cacho (mãe), uma segunda planta adulta sem o cacho (filha) e uma terceira planta de pequeno porte (neta); procura-se seguir "literalmente" as denominações, ou seja, a 2a planta é originada da la e a 3a planta é originada da 2a (Esquema 5,C). Outra possibilidade de condução seria deixar a mãe e um ou dois seguidores. Apesar de quase não ser utilizado no Brasil, existe a possibilidade de através do desbaste, selecionar brotações de tamanho e maturidade semelhantes, eliminando-se aquelas de diferentes idades na família. Desta forma, conhecendo-se o ciclo da bananeira no local de cultivo, poderá se direcionar a produção para uma determinada época (colheita programada). Para a realização do desbaste recomenda-se: - Verificar a posição das brotações que irão permanecer evitando "andar" com o

bananal; em área com declive deve-se deixar brotações do lado de cima. - O número de desbastes vai depender da rapidez de emissão e crescimento das

brotações; bananais sem irrigação, instalados em regiões que apresentam um período mais frio e seco durante o ano (maio/setembro), 3 a 4 desbastes no período chuvoso (outubro/abril) são suficientes. Em regiões com alta temperatura durante todo o ano e com irrigação, pode-se considerar como necessários de 5 a 6 desbastes. Um parâmetro para se definir a necessidade de sua realização seria à

altura das brotações; a presença de grande número de brotações com 50 – 100 cm indicaria a necessidade da prática.

- Para sua execução utiliza-se o desbrotador denominado "Lurdinha", representado no Esquema 9, de fácil manejo e que tem a finalidade de extrair a gema apical da bananeira. As brotações a serem eliminadas são aparadas rente ao solo com auxílio de facão, introduz o desbrotador no centro do pseudocaule até atingir o rizoma e, a seguir, faz-se movimento de flexão no sentido do operador, extraindo a gema. Em alguns casos utiliza-se ferramenta semelhante à empregada na colheita de arroz, denominado "ferro" ou, apenas o enxadão, quando as brotações do bananal se encontram bastante afloradas a superfície.

O desbaste químico, através da aplicação de herbicidas no centro do pseudocaule e até mesmo através da introdução de palitos de madeira previamente embebidos em 2,4 D no pseudocaule não tem apresentado resultados satisfatórios, além de interferir no desenvolvimento das demais plantas da família. Desfolha Esta prática poderá estar associada ao desbaste de plantas e deve ser realizada antes do mesmo e após as adubações o que facilitaria sua execução. Periodicamente eliminar com auxílio de facão ou penado, folhas secas, com pecíolo quebrado ou severamente atacadas por doenças (Mal de Sigatoka Amarela). Fazer o corte de baixo para cima rente ao pseudocaule. Apresenta como vantagens a melhoria do arejamento e insolação no bananal, menor incidência de doenças e pragas, maior facilidade na execução de tratos culturais e colheita. Poda de plantas Como mencionado no item "Preparo da Área", há na atualidade, tendência de se adensar os plantios e até mesmo de se aumentar o número de plantas na área. Assim, tem-se configurado que os bananais teriam um período de vida útil mais curto (l a 3 colheitas), proporcionariam alta produtividade/ha e retorno mais rápido. As pesquisas neste sentido a nível de Brasil, ainda são restritas, e a utilização desta tecnologia ainda deve ser avaliada com mais critério. Dentre as alternativas que tem sido mencionadas, temos: - Plantios adensados, chegando a 4.000 – 5.000 plantas por hectare, colheita do lo

cacho e eliminação do bananal, realizando novo plantio. A condução é realizada deixando-se apenas a planta mãe.

- Plantios adensados, colheita do lo cacho e eliminação de uma linha de plantio ou uma família dentro da linha de plantio de forma alternada.

- Plantios em espaçamentos tradicionais, porém utilizando-se 2 a 3 mudas/cova ou sulco, com condução apenas das plantas "mãe" e eliminação das brotações laterais. Colheita de 2 ou 3 cachos "quase" simultaneamente e eliminação do bananal.

- Plantios adensados e realização de podas de equilíbrio, indicadas por Belalcázar

Carvajal (1991) na Colômbia.

Controle de Plantas Invasoras A presença de plantas daninhas no bananal, concorrendo em água, luz e nutrientes afeta significativamente o crescimento e a produção. A escolha do método de controle mais adequado e econômico deverá levar em consideração, aspectos como: - Rápido e vigoroso crescimento da bananeira que, pela sua arquitetura foliar,

sombreará a área em poucos meses (4 – 8 meses), reduzindo o número de espécies daninhas.

- As características do sistema radicular da bananeira, que se apresenta em sua

maior concentração na faixa de 0 – 30 cm; esta característica concorre para a utilização de implementos como as grades, apenas nos primeiros meses pós-plantio (4-6 meses).

- Por se tratar de uma planta herbácea e frágil, a bananeira apresenta grande sensibilidade à ação de determinados herbicidas, que deverão ser utilizados com rigoroso critério.

- A cobertura morta (mulching) "natural" que a bananeira propicia, através de seus restos, como folhas e pseudocaule, que auxilia no controle.

Desta forma, os métodos de controle ou a associação dos mesmos será variável em função destes aspectos, destacando-se ainda a possibilidade ou não, de mecanização da área e da adequação da tecnologia ao produtor. Em áreas de grande declividade, a predominância é quase que exclusivamente da capina manual. Naquelas mecanizáveis, pode-se utilizar as grades até o 4o mês e enxadas rotativas até 5o ou 6o mês, em associação com coroamento manual ou químico; a profundidade de corte deve ser mínima, evitando-se danos aos sistema radicular. O uso exclusivo de capina manual, fica restrito aos bananais de menor porte, área declivosa e quando se dispõem de grande oferta de mão de obra, uma vez que o rendimento é baixo, em torno de l5 dias homem/Ha. Em algumas regiões há necessidade de se realizar capinas mensalmente. O controle químico através de herbicidas poderá estar associado a outros métodos e apresentar vantagens, desde que se tenha cuidado com relação à sua escolha e aplicação. Dentre os herbicidas mais utilizados, de forma isolada ou associados, destacam-se os do Grupo AMETRINE, SIMAZINE, DIURON, PARAQUAT, DALAPON. O controle cultural, através do uso de cobertura morta, apresenta vantagens como a diminuição das plantas daninhas, mantém umidade, evita a compactação e endurecimento do solo e fornece nutrientes, como por exemplo o potássio, no caso de restos da própria bananeira. Trabalhos realizados pelo CNPMF – EMBRAPA (Cruz da Almas-Ba), apresentaram, ao se comparar a produção (peso de cacho) de parcelas cobertas com restos da cultura, com aquela em que se realizou capina manual, diferenças acima de 500% no

peso do cacho, em favor da cobertura morta. Durante a fase de formação do bananal, que poderá se estender do plantio até o 6o mês, poderá se utilizar as entrelinhas para o cultivo intercalar, como o feijão por exemplo, respeitando o afastamento de 0,5 – l,0m de cada lado da linha. Doenças Existe uma série de doenças que atacam a bananeira e que podem comprometer a exploração, levando até mesmo à morte do bananal. O produtor poderá ter menos problemas fitossanitários se executar os tratos culturais corretamente, tais como: capinas, desfolha, desbaste de plantas e adubações. Relacionamos a seguir apenas aquelas de maior incidência, ressaltando que o uso de defensivos sempre deverá ser feito de acordo com as recomendações e sob orientação de um técnico. Mal de Sigatoka – amarela Agente causal: Mycosphaerella musicola Leach É a doença mais comum da bananeira, também denominada CERCOSPORIOSE, estando disseminada em todas as regiões bananeiras do mundo. O ataque se dá especialmente sobre as folhas, que secam e morrem mais rapidamente resultando em diminuição do peso do cacho, Cordeiro (1995). Sintomatologia e Epidemiologia Inicialmente há a descoloração em forma de ponto, entre as nervura da segunda a quarta folhas (folha "vela" = no 0). Estes, com a evolução se transformam em pequenas estrias amareladas e, posteriormente, em manchas de grande tamanho, necrófitas, de cor acinzentada, que se reúnem e provocam a morte de toda a folha. Os estádios de desenvolvimento destas lesões podem ser graduados de I a V, desde a fase inicial de ponto até a mancha atingir 12-15mm de comprimento por 2-5mm de largura. A associação de alta precipitação, alta umidade relativa e alta temperatura contribui para a maior incidência da doença. Em condições favoráveis a germinação do esporo ocorre entre 2 a 6 horas após sua deposição sobre o limbo e, após 2 a 6 dias, haverá a formação de um apressório e penetração por estômatos. O ataque ocorre principalmente nas folhas mais jovens (até folha 3), e a disseminação se dá principalmente pelo vento. Controle É necessário a integração de uma série de medidas no controle desta doença, tais como:

- Uso de variedades resistentes, considerando-se que as pertencentes ao grupo Nanicão e Nanica são bastante susceptíveis, apesar do desenvolvimento de algumas cultivares com maior resistência.

- Controle cultural através da correta execução de práticas como capinas, desbastes, retirada e queima de folhas muito atacadas, adubações equilibradas e instalação de quebra-ventos.

- Controle químico através de pulverizações no período chuvoso de cada região, com intervalos variáveis entre l4 a 28 dias. Normalmente se faz a associação entre óleo mineral (OPPA, Spray Oil) com fungicidas dos grupos Benomil, Tiabendazol, Metiltiofanato.

Existe também a Sigatoka Negra (Mycosphaerella fijiensis, Morelet), cuja ocorrência não foi verificada no Brasil, porém, de grande importância em países vizinhos como a Colômbia e Venezuela. Apresenta-se com virulência superior a Sigatoka Amarela, destruindo rapidamente a área foliar, com reflexos sobre a produção. Os princípios básicos aplicados à Sigatoka Amarela são sugeridos para o seu controle. Mal do Panamá Agente causal: Fusarium oxysporium f.sp. cubense (E. F / Smith) Sn e Hansen Também denominada de fusariose ou murcha de Fusarium, se constitui na doença mais séria da bananeira, atacando principalmente as variedades do grupo Prata e Maçã. Entretanto, há relatos do aparecimento de nova raça do patógeno, capaz de atacar as variedades antes consideradas resistentes, do subgrupo Cavendish, o que agrava ainda mais o problema. Sintomatologia e Epidemiologia As plantas atacadas apresentam um amarelecimento progressivo das folhas mais velhas para as mais novas, que murcham, secam e se fecham como um guarda-chuva junto ao pseudocaule. Ao se fazer o corte transversal do mesmo, observa-se uma descoloração pardo-avermelhada devido à presença do patógeno. Pode-se considerar o solo como um "hospedeiro" desta doença, com indicações de permanência do fungo por mais de dez anos. A disseminação se dá pelo contato do sistema radicular de plantas doentes com o de plantas sadias, pelo homem, água de irrigação e de inundação, equipamentos e pelo vento. Entretanto, pode-se considerar os fatores solo contaminado e ou muda contaminada como mais relevantes. Controle

O desenvolvimento de pesquisas visando a obtenção de cultivares resistentes deverá ser o objetivo para solucionar os problemas causados pela doença. Pode-se utilizar medidas preventivas relacionadas a seguir e que poderão reduzir os riscos da incidência. Deve-se entretanto ressaltar que são "preventivas" e não deverão ser consideradas como uma tentativa de convivência com a doença, induzindo os produtores ao continuísmo do uso de mudas e áreas contaminadas. Recomenda-se: - Fazer o plantio em áreas novas e não contaminadas, utilizando-se mudas sadias,

livres de nematóides. - Plantio de cultivares resistentes como os do grupo "Nanicão". - Inspecionar periodicamente o bananal e eliminar as plantas com os sintomas bem

como as touceiras vizinhas num raio de l0 m. - Corrigir o pH do solo, mantendo-se próximo à neutralidade e com níveis ótimos de

cálcio e magnésio. - Manter as plantas bem nutridas, guardando sempre uma boa relação entre cálcio,

magnésio e potássio. Viroses As doenças causadas por vírus, apesar de relevantes a nível da bananicultura mundial, ainda não são consideradas como sérias no Brasil, podendo assumir importância no futuro. Dentre estas, destacam-se: - BSV (Banana streak vírus): de incidência mais recente, atacando principalmente a

cultivar Mysore. - Bunch Top ou Vírus do Topo-em-Leque: se constitui na virose mais comum que

ataca a bananeira. Caracteriza-se pelo aparecimento de estrias verde-escuras no pecíolo e nas nervuras das folhas. Há o estreitamento do limbo foliar, amarelecimento e formação de roseta.

- Vírus do Mosaico-do-Pepino: já detectada no país, porém, não em níveis de se considerar como graves. Os sintomas se apresentam através de estrias amarelas sobre folhas velhas, formação de "mosaico", plantas com porte reduzido, aparência de roseta (leque) das folhas. Hospeda-se em plantas da família CUCURBITÁCEA sendo transmitido por pulgões que normalmente não se alimentam da bananeira. Também é possível a transmissão mecânica, recomendando-se a erradicação das plantas doentes e as hospedeiras do vírus.

Moko ou Murcha Bacteriana da Bananeira (Pseudomonas Solanacearum, raça 2) A distribuição desta bacteriose ainda é restrita no Brasil, comprovando-se inicialmente sua presença na região Norte (Amapá) em bananeiras do grupo Prata. Os sintomas podem apresentar semelhanças com o Mal do Panamá. Rebentos jovens após cortadas, ao brotarem novamente, escurecem, atrofiam e suas folhas amarelecem e se

tornam necrosadas. Ao contrário do ataque do Mal do Panamá, ao se fazer o corte transversal do pseudocaule, constata-se a descoloração vascular no seu centro e não na área periférica. O controle se resume basicamente na erradicação das plantas atacadas e das adjacentes e rigorosa inspeção impedindo a disseminação do material propagativo das regiões onde sua presença é relatada. Doenças de Frutos Existem uma série de fungos que atacam os frutos tanto a nível de campo ou após colhidos, que prejudicam seriamente a aparência e reduzem a vida útil dos mesmos. Estas doenças, em associação com práticas inadequadas na fase de colheita e pós-colheita conferem à banana um dos mais elevados índices de perdas, ultrapassando em muitos casos 50% da produção. Entre outras destacam-se: - Pinta de Pyricularia grisea ou lesão de Johnston: considerado o principal fungo

que mancha os frutos, de maior incidência em bananas do grupo Nanicão. Inicialmente ocorre o aparecimento de uma pontuação escura, que se expande e se torna de cor parda, posteriormente quase preta e com halo amarelo.

- Mancha-Parda (Cercospora hayi): muito comum em países produtores de banana

da América Central, preferencialmente incidindo sobre o subgrupo Cavendish (Nanicão, Nanica). Se caracteriza por manchas marrons sobre a raquis que evoluem atingindo a coroa e os dedos.

- Manchas de Diamond (Losango, Quadrado) (Cercospora hayi + Fusarium solani e

Fusarium roseum): há o aparecimento sobre a casca verde do fruto de uma mancha amarela, surgindo posteriormente uma rachadura circundada por halo amarelo. O tecido amarelo torna-se escuro e necrótico.

- Ponta de Charuto (Verticilium theobramae e Traclysphaera fructigena): os

sintomas se caracterizam por necrose preta que começa no perianto e progride até a ponta dos frutos, ainda verdes, comprometendo até 2 cm da ponta, que se apresenta com o aspecto da ponta de um charuto. Recomenda-se, especialmente antes do ensacamento dos cachos, aplicações com fungicidas dos grupos DITHANE e MANZATE.

- Antracnose (Colletotrichum musae e C. glocosporioides): constitui-se em doença

das mais comuns na fase pós-colheita e, em associação com as machucaduras provocadas nos frutos a partir da colheita, é responsável por grande percentual das perdas de banana. Verifica-se a formação de lesões escuras e deprimidas, que tornam a coloração rosada aumentam de tamanho e se coalescem. Deve-se tomar todos os cuidados para se evitar ferimento, realizar corretamente as práticas culturais, tratamento das pencas ou buquês com detergentes e fungicidas.

- Podridão-da-Coroa (Fusarium roseum (Link) e Hans., Verticillium theobramae

(Torc.) Hughes e Gloeosporium musarum Cooke e Massel (Colletotrichum musae

Berk e Curt.): esta podridão, caracterizada pelo escurecimento dos tecidos da coroa, normalmente não chega a atingir o pedicelo e os frutos. Os cortes realizados pelo despencamento e posterior divisão das pencas em buquês contribuem para facilitar a penetração dos fungos. Recomenda-se o tratamento por imersão em solução contendo de 200 a 400 ppm do princípio ativo dos fungicidas Tiofanato metílico (Cercobin M-70, Cycosin), Benomil (Benlate), Thiabendazol (Tecto 60, TBZ, Mertect, Temazol).

Pragas De acordo com Fancelli (1995) pelo menos 78 espécies de insetos estariam associados com a cultura da bananeira, entretanto, um grupo entre 5 a l0 pode ser considerado como de importância econômica, destacando-se: BROCA-DO-RIZOMA Cosmopolites sordidus (Germar, 1824) (Coleoptera: Curculionidae) Esta praga conhecida por broca do rizoma ou moleque da bananeira se constitui no principal inseto que ataca esta frutífera. O seu ataque, de acordo com o grau da infestação poderá reduzir a produção entre 30% a 80%. O adulto é um besouro negro, que atinge l,0 cm de comprimento; suas larvas abrem galerias no rizoma e na parte inferior do pseudocaule, debilitando a planta e tornando-a mais susceptível à ação dos ventos e favorecendo a penetração de fungos como o causador do Mal do Panamá. Quando em grau severo de infestação o sistema radicular é muito danificado, com reflexo negativo sobre a produção (até 40% menos). Verifica-se, em plantas jovens, o amarelecimento e secamento das folhas e morte do broto. A avaliação dos danos, a partir da qual se define as práticas de controle, deverá ser realizada em amostragem de 30 plantas/ha, repetida periodicamente. Basicamente se considera a presença de galerias em cortes realizados em rizomas, de plantas que já produziram, atribuindo-se coeficientes ou notas que expressam o grau de infestação. Métodos de controle a) Obtenção, preparo e tratamento de mudas: considerando-se que as mudas se

constituem no principal meio de disseminação, deve-se adquirir mudas de bananais com até 5 anos de idade, bem conduzidos e com baixo índice da broca. As mudas devem sofrer um rigoroso descorticamento, podendo em seguida sofrer tratamento por imersão em calda contendo por exemplo, DIAZINON 600 ce.

b) Instalação de iscas atrativas: recomenda-se a instalação de 20 iscas por hectare,

sendo metade do tipo "telha" (pseudocaule em corte longitudinal com 40-50 cm) e metade do tipo "queijo" (pseudocaule da planta onde se colhe o cacho com 25-50 cm); a presença de 5 adultos vivos/isca, em contagem realizada aos 15 e 30 dias após a colocação das mesmas, indica a necessidade de controle. Os inseticidas recomendados podem ser: COUNTER 50 G (5 g/isca), FURADAN 50 G (3 – 5 g/isca), RALZER 50 G (3 – 5 g/isca), RHOCAP (2,5 g/isca).

c) Controle químico: Em plantas desbastadas, em touceiras sem cacho, divide-se a quantidade do inseticida pelo número de rebentos desbastados, colocando-se o produto granulado no orifício deixado pelo desbrotador (lurdinha). Nas plantas colhidas, decepadas a 40 cm do solo, introduz-se o desbrotador no centro do pseudocaule e, em seguida, coloca-se o inseticida no orifício. Estas metodologias poderão reduzir em 30% a quantidade do produto a ser aplicada, com menos risco de contaminação.

d) Controle biológico: pesquisas realizadas por Alves e Reis (1996), no Centro

Regional de Pesquisa do Sul de Minas, Lavras-MG/EPAMIG, apresentaram resultados satisfatórios no controle, utilizando-se o fungo Beauveria bassiana, aplicado em pasta, sobre a superfície cortada das iscas tipo "telha" e "queijo". Este tipo de controle apresenta efeito duradouro, não contamina o meio ambiente e não oferece riscos de intoxicação. Os autores tem a disponibilidade de oferecer a tecnologia de aplicação e de multiplicação do fungo à nível de propriedade rural.

e) Controle cultural: plantios corretamente conduzidos têm menor possibilidade de

ocorrência e disseminação da praga. Assim, a execução de práticas como o desbaste de plantas e controle de plantas daninhas, contribui para o controle.

TRIPES-DA-FERRUGEM-DOS-FRUTOS – Tryphactothrips lineatus Hood (Thysanoptera, Thripidae), Caliothrips bicinctus (Bagnall, 1919), (Thysanoptera, Thripidae) O seu ataque reveste-se de importância uma vez que compromete a aparência externa do fruto. As larvas e adultos alimentam-se da seiva da casca dos frutos, ocorrendo um "prateamento" da casca, que posteriormente toma uma coloração castanho-avermelhada, sem brilho e de superfície áspera. Como controle recomenda-se a eliminação do umbigo ou coração e pulverizações sobre a inflorescência com produtos à base de MALATION e PARATION METÍLICOS. TRIPES-DA-FLOR – Franklinniella spp. (Thysanoptera, Thripidae), Sua ocorrência é bastante comum, principalmente sobre flores novas, mesmo ainda protegidas pelas brácteas. Os danos sobre os frutos novos caracterizam-se por pontuações marrons e ásperas ao tato, reduzindo o valor do fruto. Como medidas de controle realizar a eliminação do umbigo e pulverizações mencionadas anteriormente. TRAÇA-DA-BANANEIRA – Opogona sacchari (Bojer, 1856) (Lepidoptera, Lyonetidae) Provoca sérios danos aos frutos através da penetração das larvas na região estilar dos mesmos. Ocorre a formação de galerias na polpa, provocando o seu apodrecimento.

Como medidas de controle recomenda-se a despistilagem, manejo dos restos culturais e pulverizações sobre os cachos ainda verdes, com produtos à base de CARBARIL ou TRICLORFON. ABELHA IRAPUÁ – Trigona spinipes (Fabr., 1793) (Hymenoptera, Apidae) A abelha irapuá é, freqüentemente, detectada nos bananais por ocasião da emissão das inflorescências. Procuram as flores e frutos jovens para extrair a resina empregada na confecção de seus ninhos. Ocorre o aparecimento de lesões ao longo das quinas, nos frutos que estão se desenvolvendo. Realizar a queima dos ninhos e também a eliminação do umbigo, práticas que reduzem a sua incidência. Nematóides: Radopholus similis, Helycotylenchus multicinctus, Pratylenchus coffeae e Meloidogyne spp. Radopholus similis (Raça Bananeira) Denominado de "nematóide cavernícola", cujos danos se devem ao ataque da larvas e fêmeas nas raízes e rizoma, destruindo o núcleo das células corticais, que se tornam necrosadas. Esta espécie induz ao parasitismo de patógenos como o Fusarium oxysporum f. sp. cubense. As perdas podem atingir 100% em bananeiras do subgrupo Cavendish e sua dispersão se dá basicamente através das mudas. Helycotylenchus multicinctus É uma espécie ectoparasita e endoparasita migratória, cujas larvas e adultos se alimentam de citoplasma do parênquima cortical. Os sintomas do ataque se constituem em pequenas lesões marrons nas raízes mais grossas e, em graus severos, dá as mesmas um aspecto necrosado. Tem sido freqüentemente detectada nos levantamentos realizados no Brasil. Pratylenchus coffeae Pertence ao grupo dos nematóides das lesões radiculares, com parasitismo semelhante ao Radopholus similis bem como sua dispersão; sua incidência ocorre em níveis restritos nas regiões produtoras. Meloidogyne spp. (Nematóides das Galhas) (Meloidogyne incógnita e M. javanica) As larvas do segundo estágio penetram na planta através da região meristemática da raiz e migram até a zona de maturação alimentando-se na região vascular. O desenvolvimento das galhas radiculares se dá pela hipertrofia e hiperplasia de células do

parênquima vascular da raiz. As espécies deste gênero são consideradas de menor relevância do que as anteriores. Os danos causados pelos nematóides nos cultivos da bananeira são diretamente proporcionais ao aumento de suas populações, que por sua vez, está associada às condições edafoclimáticas e à própria biologia da espécie. Quanto ao controle, a medida básica é evitar a sua introdução na área. Entretanto, quando presentes, deve-se avaliar o nível dos danos causados (número de nematóides nas raízes e rizomas, índice de lesões nas raízes e rizomas e contagem do número de plantas tombadas) e executar práticas como: - Descorticamento e tratamento de mudas: rigorosa limpeza das mudas com auxílio

de facão eliminando todo o sistema radicular e tecidos necrosados do rizoma. Em seguida imersão das mesmas em calda, durante 20 minutos, contendo FURADAN 350 SC (400 – 500 ml/l00 litros água).

- Alqueive (eliminação do bananal) e manter terreno limpo no mínimo por 6 meses). - Inundação da área por um período mínimo de 6 meses. - Rotação de culturas; uso de plantas ou cultivares não hospedeiros. - Tratamento químico do solo: a eficiência dos nematicidas está na dependência do

tipo de solo, dosagem e métodos de aplicação. Podem ser usados por ocasião do plantio (mais eficiente) ou em cobertura, direcionadas para as plantas mais jovens. Entre os principais nematicidas relaciona-se o FURADAN, MOCAP, NEMACUR e TEMIK, em dosagens variáveis entre 2 a 3 gramas do i.a./planta.

Práticas Especiais Escoramento da bananeira A bananeira é uma frutífera que possui características que favorecem o tombamento ou quebra tais como a sua consistência herbácea a grande massa vegetativa de sua parte aérea, o peso dos frutos que pode chegar a 40 – 50 kg/cacho e o seu sistema radicular concentrado a pouca profundidade (0 – 30 cm). Assim, quando cultivada em regiões com ventos mais intensos e freqüentes e em solos mais arenosos, há necessidade de seu escoramento, utilizando uma ou duas estacas de bambu ou madeira, logo após a emissão da última penca. Pode-se também empregar fios de nylon (tipo "varal") amarrados na roseta foliar da planta a ser escorada e na base do pseudocaule de plantas vizinhas. Rebaixamento do pseudocaule após colheita O corte alto do pseudocaule após a colheita, deixando parte de sua estrutura junto à família, poderá ter algum efeito sobre as plantas remanescentes, porém não muito significativo. O fato se deve à translocação de água e nutrientes para as demais plantas (40 – 50 dias) porém, do ponto de vista prático e econômico não seria recomendável este procedimento e sim a sua decepa o mais próximo possível do solo, logo após a realização da colheita do cacho.

Eliminação do umbigo e ensacamento do cacho Estas práticas, inicialmente utilizadas em plantios com finalidade de produção para exportação, já se disseminam também nos cultivos direcionados ao mercado interno, considerando-se a exigência cada vez maior do consumidor em termos de qualidade. A eliminação do coração (umbigo ou mangará) deve ser realizada quando a última penca se voltar para cima, ou seja, em torno de 30-45 dias após o aparecimento da inflorescência; deve ser realizada a 15 cm da última penca, que em alguns casos pode ser eliminada deixando-se apenas um fruto ou dedo. Após a eliminação do coração o cacho poderá ser ensacado utilizando-se sacos de polietileno perfurados e adequados para esta finalidade. A execução destas práticas aumenta a velocidade de crescimento dos frutos e sua uniformidade, reduz o ataque de pragas como os tripes e abelha irapuá, reduz as machucaduras nos frutos ocasionadas pelo atrito com as folhas e mesmo durante a colheita. G. COLHEITA E PÓS-COLHEITA Esta fase da cultura é responsável pela perda de até 50% da produção brasileira uma vez que não se observam os cuidados necessários por ocasião da colheita, transporte e preparo do cacho e de suas pencas. Para se evitar ou reduzir este alto índice de perdas torna-se necessária a execução de uma série de práticas que se iniciam à nível de campo durante a fase de produção, passando pela operação de colheita e preparo de frutos e prosseguindo até chegar o momento do consumidor adquirir o fruto no ponto de venda. Ponto de Colheita e Cuidados O ponto de colheita é determinado basicamente pela distância do mercado. Assim, para mercados distantes a banana terá que ser colhida mais verde enquanto que para mercado local ou regional em estágio mais desenvolvido, porém, ainda verde. No Brasil, a maioria dos produtores estabelece o ponto de colheita visualmente, baseando-se no aspecto das "quinas" dos frutos, que normalmente tendem a ficar menos salientes à medida que caminham para a maturação. Desta forma, estabeleceram uma classificação empírica em 5 classes, ou seja, banana MAGRA, 3/4 MAGRA, 3/4 NORMAL, 3/4 GORDA e GORDA. Entretanto é um método não muito preciso uma vez que as "quinas" poderão ser influenciadas por fatores climáticos e de nutrição além de não se prestar para cultivares do grupo Terra e Figo. Para os cultivos de bananeiras do grupo "Nanicão, especialmente destinadas à exportação", recomenda-se a utilização de métodos baseados no diâmetro de frutos centrais da 2a penca, através do Calibre e, em alguns casos, a associação entre este diâmetro e a idade dos cachos considerando-se a possibilidade de marcá-los no campo, quando são emitidos, utilizando-se fitas plásticas coloridas. De acordo com Cereda (1984) e Moreira (1987) pode-se estabelecer uma relação do tipo de cacho com o estádio de desenvolvimento

do fruto, como apresentado na Tabela 16. Na realização da colheita recomenda-se observar os seguintes cuidados: - Realizar o corte sempre com dois operários, sendo um responsável pelo corte

parcial do pseudocaule, enquanto o outro apara o cacho sobre o ombro. - Colocar no ombro do operário um aparador ou almofada (80 cm de comprimento x

35 cm largura) feito de plástico ou fibra de vidro; o mesmo deverá ter a curvatura adequada e ser recoberto com espuma de borracha (6 cm espessura).

- Andar o menos possível com o cacho nos ombros. - Não deixar cair na cica (nódoa ou látex) sobre as pencas. - Colocar pedaços de espuma entre os cachos quando transportados em carretas. - Não empilhar os cachos e não deixá-los expostos ao sol. - Evitar, quando possível, a colheita após chuvas ou pela manhã. tRecepção dos Cachos e Preparo dos frutos Deve-se considerar inicialmente que o sistema tradicional de colheita e despencamento no próprio local deve ser desprezado, uma vez que proporciona elevado índice de perdas, pelos danos provocados nos frutos. O transporte dos cachos para o galpão ou local de despencamento e embalagem é feito através dos carreadores, em carrocerias de veículos ou carreta de trator. É necessário colocar entre os cachos espumas de borracha para sua proteção; outra alternativa seria a colocação de travessas de madeira ou canos, onde os cachos seriam dependurados e transportados. Com a evolução da tecnologia poderá se difundir o uso de cabos aéreos, já utilizados pelos países exportadores porém, com custo de implantação ainda relativamente elevado no Brasil. Para a recepção dos cachos deve-se ter uma estrutura básica, simples e econômica constituída por galpão onde os cachos seriam dependurados para iniciar o processo de beneficiamento, de acordo com as seguintes etapas: - Despistilagem: retirada manual dos restos florais da ponta dos frutos, quando não

realizada por ocasião do ensacamento do cacho no campo. - Despencamento: deve ser cuidadoso para não ferir os frutos, utilizando-se facas,

espátulas e despencadores apropriados. Pode-se neste momento classificar as pencas em dois grupos (la a 6a penca) e as demais.

- Tratamento das pencas: por ocasião do despencamento as pencas já devem cair em solução contendo água, detergente doméstico neutro (1 a 2 l/1.000 l de água) e sulfato de alumínio (0,25 kg/1.000 l de água); devem permanecer por l0 minutos nesta solução que poderá estar acondicionada em tanques de alvenaria adequados a esta finalidade. Em pequenas propriedades seria possível adaptar-se caixas de cimento amianto para realizar este tratamento.

- Tratamento dos buquês (cluster): o mercado está se direcionando para a comer- cialização de pencas partidas, formando porções com 4 a 7 frutos denominadas de buquês. Desta forma, caso se faça esta prática, é necessário um segundo tratamento, imediatamente após a divisão das pencas fazendo-se imersão dos buquês, em solução de água e sulfato de alumínio (0,4 kg/1.000 l de água), por 10

minutos. - Tratamento fúngico: após os tratamentos as pencas ou buquês são colocados em

bandejas plásticas, passando a seguir por uma câmara de nebulização ou então utilizando-se um pulverizador costal para aplicação de fungicidas como Benlate, Tecto e Mertec (4 a 8g/l água).

tRecepção dos Cachos e Preparo dos frutos Deve-se considerar inicialmente que o sistema tradicional de colheita e despencamento no próprio local deve ser desprezado, uma vez que proporciona elevado índice de perdas, pelos danos provocados nos frutos. O transporte dos cachos para o galpão ou local de despencamento e embalagem é feito através dos carreadores, em carrocerias de veículos ou carreta de trator. É necessário colocar entre os cachos espumas de borracha para sua proteção; outra alternativa seria a colocação de travessas de madeira ou canos, onde os cachos seriam dependurados e transportados. Com a evolução da tecnologia poderá se difundir o uso de cabos aéreos, já utilizados pelos países exportadores porém, com custo de implantação ainda relativamente elevado no Brasil. Para a recepção dos cachos deve-se ter uma estrutura básica, simples e econômica constituída por galpão onde os cachos seriam dependurados para iniciar o processo de beneficiamento, de acordo com as seguintes etapas: - Despistilagem: retirada manual dos restos florais da ponta dos frutos, quando não

realizada por ocasião do ensacamento do cacho no campo. - Despencamento: deve ser cuidadoso para não ferir os frutos, utilizando-se facas,

espátulas e despencadores apropriados. Pode-se neste momento classificar as pencas em dois grupos (la a 6a penca) e as demais.

- Tratamento das pencas: por ocasião do despencamento as pencas já devem cair em solução contendo água, detergente doméstico neutro (1 a 2 l/1.000 l de água) e sulfato de alumínio (0,25 kg/1.000 l de água); devem permanecer por l0 minutos nesta solução que poderá estar acondicionada em tanques de alvenaria adequados a esta finalidade. Em pequenas propriedades seria possível adaptar-se caixas de cimento amianto para realizar este tratamento.

- Tratamento dos buquês (cluster): o mercado está se direcionando para a comer- cialização de pencas partidas, formando porções com 4 a 7 frutos denominadas de buquês. Desta forma, caso se faça esta prática, é necessário um segundo tratamento, imediatamente após a divisão das pencas fazendo-se imersão dos buquês, em solução de água e sulfato de alumínio (0,4 kg/1.000 l de água), por 10 minutos.

- Tratamento fúngico: após os tratamentos as pencas ou buquês são colocados em bandejas plásticas, passando a seguir por uma câmara de nebulização ou então utilizando-se um pulverizador costal para aplicação de fungicidas como Benlate, Tecto e Mertec (4 a 8g/l água).

Embalagem

As principais regiões produtoras de banana do mundo embalam os buquês em caixas de papelão com capacidade para 45 libras (18.14 kg), revestidas internamente com plástico. No Brasil há predominância de caixas de madeira leve, em geral pinho, com dimensões de 60 x 33 x 25 cm, com cantoneiras como suporte. A capacidade destas caixas é de 18 kg de frutos porém, chegam a acondicionar até 20 kg ou mais. Tem se utilizado ainda caixas de plástico, tipo supermercado, que chegam a embalar 25 kg de frutos não sendo consideradas adequadas à esta finalidade. Amadurecimento e Armazenamento Fisiologia do amadurecimento Ao se colher um cacho e despencá-lo observa-se que há uma acentuada desuniformidade das pencas, uma vez que não possuem o mesmo grau de desenvolvimento ou "maturidade", resultando em desuniformidade no amadurecimento. Esta desuniformidade se acentua ao se colher centenas e milhares de cachos, cujo "ponto de colheita" na maioria dos casos é determinado de forma empírica. Pode-se então utilizar processos que visam acelerar e uniformizar o amadurecimento, melhorando a qualidade dos frutos e sua vida útil. A banana é uma fruta climatérica, ou seja, amadurece após colhida, exigindo energia, obtida através do aumento da respiração (aumento climatérico), como exemplificado por Bleinroth (1990), no Esquema 10, para bananas do grupo Cavendish. Durante a evolução do processo de amadurecimento, pode-se correlacionar a aparência externa dos frutos com as modificações internas em termos do teor de amido (%) e açúcares totais (%) como apresentado na Tabela 17. De acordo com Rocha (1984) as alterações pós-colheita podem ser resumidas em:

- Amido/açúcares: quando verdes apresentam elevado teor de amido (20%) que com o desenvolvimento do processo, se transforma quase que totalmente em açúcares redutores, glicose e frutose (8 a 10%) e em sacarose (8-10%), restando ao final apenas de 0,5 – 2% de amido.

- Acidez: ao contrário das demais frutas, apresenta baixa acidez inicialmente, aumentando lentamente em seguida e finalmente decrescendo quando madura; há predominância do ácido málico, com teores entre 0,2 a 0,5%.

- Cor: a cor verde vai progressivamente sendo substituída pela amarela (caroteno e xantofila); a relação polpa/casca tende a aumentar, por exemplo para o Nanicão, de 1.58 para 1.96.

- Sabor e aroma: a banana verde apresenta alto teor de taninos, que lhe dá a adstringência, sendo reduzido quando no estágio madura; os aldeídos, cetona, ésteres e alcoóis são responsáveis pelo aroma.

Controle do amadurecimento O controle poderá ser feito através de CÂMARAS DE CLIMATIZAÇÃO, estruturas em que se controla a temperatura (20-22o C), a umidade relativa (75 – 90%) e injeta-se etileno; após 24 horas realiza-se a exaustão dos gases e repete-se o processo

novamente por 2 – 3 vezes. Trata-se de tecnologia acessível apenas a grandes produtores, cooperativas e centrais de abastecimento. Entretanto têm sido desenvolvidas pesquisas que visam adequar este tipo de câmara, em menor porte, para pequenos produtores. Também pode-se utilizar uma câmara "caipira", estrutura que se resumiria a um pequeno cômodo de alvenaria, vedado e contendo prateleiras; poderia se constituir ainda em caixas de madeira, caixotes e caixas de cimento, com mecanismo de vedação. Qualquer que seja a estrutura, seguir as etapas:

- Colocar as pencas verdes, porém colhidas dentro do ponto ou padrão recomendado, na câmara.

- Com um "spray" ou mesmo pulverizador, borrifar levemente água sobre as pencas. - Colocar dentro de uma lata (tipo goiabada), CARBURETO DE CÁLCIO, na

proporção de 2,66 gramas/m3 da câmara. - Vedar cuidadosamente a câmara, deixando-a fechada por 1 a 2 dias.

Armazenamento de bananas A banana é uma fruta em que temperaturas abaixo de 10o C, que seriam eficientes em termos de conservação, não podem ser utilizadas pois provocam o escurecimento denominado "Chillihg". Desta forma, a possibilidade de armazenamento se reduz, considerando-se recomendável temperaturas na faixa 13o C, ou pouco acima, e níveis de 5% CO2 e 5 – 12% O2, 90-95% de umidade relativa, condições que após a pré- refrigeração com ar forçado, possibilitam armazenamento entre 1 e 4 semanas. Pode-se ainda utilizar filmes plásticos, perfurados ou não, ceras, fitohormônios (GA), radiação (20 – 30 krad.) e permanganato de potássio, Durigan e Ruggiero (1995). H. ESTIMATIVAS DE CUSTOS E RENTABILIDADE Ao se estudar a viabilidade de um empreendimento e realizar o seu planejamento, deve-se conhecer as estimativas de custo e rentabilidade do mesmo, uma vez que irão colaborar na tomada de decisão quanto ao empreendimento. A bananicultura brasileira apresenta um perfil extremamente variável, com regiões produtoras com alta tecnologia e produtividade, enquanto em outras a exploração é quase que "extrativa". Nas Tabelas 18 e 19 estão apresentados os custos de IMPLANTAÇÃO/ FORMAÇÃO e de PRODUÇÃO, por hectare, para as cultivares "PRATA ANÃ" e "NANICÃO" , que têm o objetivo de fornecer subsídios básicos, porém deve-se avaliar as situações específicas em cada caso. As estimativas de rentabilidade apresentadas, estão na dependência de muitos fatores, podendo ter valores superiores ou inferiores, devendo-se assim considerar:

- As produtividades médias, por hectare, são extremamente variáveis, de acordo com as condições edafoclimáticas e manejo do bananal.

- Os ciclos de produção são diversos, em cada região; condições climáticas adequadas possibilitam colher três safras nos dois primeiros anos (1a safra = 12 meses); em condições "marginais" a inaptas (Ex. Sul do estado de Minas Gerais), seria possível colher três safras em três anos (1a safra = 18 meses).

- Os valores obtidos por kg de fruto dependem de como se comercializa o produto; no Brasil 75% da comercialização de bananas é realizada através de intermediários que não remuneram corretamente o produtor.

- Plantios irrigados terão um custo adicional, médio, de cerca de R$ 3.000,00 – R$ 5.000,00/ha, para a instalação do sistema de irrigação.

Cultivar Prata-Anã Densidade: 1.600 Famílias/ha (3 x 2 m) Produtividade Média: 15 ton/ha Custo Implantação/Fromação: R$ 2.700,50/ha Custo Produção: R$ 1.996,00/ha/ano Rentabilidade Bruta: 15 ton/ha x R$ 400,00/ton = R$ 6.000,00/ha Rentabilidade Líquida: R$ 6.000,00 – R$ 1.996,50 = R$ 4.003,50/ha/ano. Cultivar Nanicão Densidade: 2.000 Famílias/ha (2.5 x 2 m) Produtiviade Média: 30 ton/ha Custo Implantação/Formação: R$ 3.204,70/ha Custo Produção: R$ 3.092,00/ha/ano Rentabilidade Líquida: R$ 7.500,00 – R$ 3.902,00 = R$ 4.408,00/ha/ano.