Cura Para Os Traumas Emocionais - David a. Seamands

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    ndice

    1. Perturbaes Emocionais ....................................... 13

    2. Culpa, Graa e Cobrana de Dbitos .................... 313. O Mdico Ferido .................................................. 474. A Mais Mortfera Arma de Satans ....................... 595. A Cura da Imagem Prpria Negativa (1] .... 716. A Cura da Imagem Prpria Negativa (2) .... 83

    7. Os Sintomas do Perfeicionismo ............................. 958. O Processo de Cura do Perfeicionismo ............ ..... 1099. O Super "Eu" ou o Verdadeiro "Eu"? ...................... 123

    10. Verdades e Inverdades Acerca da Depresso ........ .. 13511. Resolvendo o Problema da Depresso ............. .... 14712. Restaurado Para Ser Bno .................................. 159

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    Traumas

    emocionaisDavid A. Seamands

    Lanamento:Semeadores da Palavra

    Digitalizado por : KarmittaWWW.semeador.forumeiros.com

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    PrefcioH alguns anos atrs esse assunto da cura interior

    tornou-se muito popular, e nessa ocasio um amigo meuque psiclogo deu-me o seguinte conselho:

    Procure ouvir as fitas de David Seamands. Amensagem dele concisa, bblica e o ensinamento maisclaro que j se deu sobre o assunto.

    Agora vemos que o Dr. Seamands ampliou suasmensagens, colocando-as num livro, que alia uma boateologia bblica, com uma slida psicologia e simples

    bom-senso. O autor aborda questes tais como raiva,senso de culpa, depresso, complexo de inferioridade e

    perfeccionismo sentimentos que nos do a sensao deque nunca atingimos a perfeio. Depois ele nos leva aocerne do constante sofrimento emocional e mostra como

    podemos nos libertar, de uma vez por todas, de nossostormentos interiores e dos traumas emocionais.

    Esta obra foge de solues simplistas e de condenaodescaridosa, ao mesmo tempo que procura no utilizar umjargo complicado. No; o Dr. Seamands tem um estilocompassivo, leve e compreensivo, entremeando tudo comum humor agradvel, com ilustraes interessantes sobre

    pessoas reais. Aqui temos, portanto, a palavra de umpastor compreensivo, que se mostra bem vontade, tantopara comunicar as verdades bblicas, como para daraconselhamento aos que buscam solues para seus

    problemas.

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    Como j respeitava profundamente a capacidade deDavid Seamands, abri este livro com tima expectativa. Eno fiquei decepcionado. Constatei que o livro dele interessante, bastante informativo e grandemente valioso

    para mim mesmo. Estou satisfeito pelo alto privilgio derecomendar sua leitura a todos, e o fao com grande

    entusiasmo.Gary R. Collins, Ph. D.Professor e Diretor da

    Escola Teolgica Trinity

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    IntroduoAinda no incio do meu pastorado, descobri que,

    atravs dos trabalhos regulares da igreja, no estavaconseguindo auxiliar algumas pessoas com certos pro-

    blemas. Percebi que nem mesmo com a pregao daPalavra de Deus, nem a entrega pessoal delas a Cristo,nem a plenitude do Esprito, nem com a orao e ossacramentos, essas pessoas estavam conseguindo superarseus problemas.

    Vi tambm que algumas delas tendiam a afastar-se,tornando-se fteis, e perdendo a f no poder de Deus.Embora orassem fervorosamente, no estavam recebendoresposta para suas peties relacionadas com problemas

    pessoais. Tentavam exercitar todo tipo de disciplinacrist, mas sem resultados. E quando rodavam para mim omesmo "disco estragado" de sempre, contando suasderrotas, a agulha se agarrava aos mesmos entravesemocionais. Embora continuassem a manter o mesmoritual religioso exterior orar, contribuir e testemunhar

    estavam-se aprofundando cada vez mais no desesperoe desiluso.

    Percebi tambm que outros com esses problemastendiam para a hipocrisia. Ficavam a reprimir seussentimentos, negando que tivessem dificuldades srias,

    pois "uma pessoa convertida no pode ter esse tipo deproblema". Em vez de encarar a realidade de frente, eles aencobriam com um verniz de versculos bblicos, termosteolgicos e atitudes irreais.

    O que sucedia ento era que esses problemas, cuja

    existncia era negada, ficavam enterrados no ntimo, emais tarde reapareciam sob a forma de enfermidades,excentricidades, casamentos infelizes e, por vezes, atmesmo de desintegrao emocional dos filhos.

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    Na poca em que fiz essas descobertas, Deus me mostrouque as formas comuns do ministrio pastoral no serviriampara solucionar alguns deles. Ele revelou-me tambm quedevia abrir meu corao para um auto-exame, em busca deuma nova viso de meu relacionamento com minha esposa,filhos e amigos mais chegados.

    Depois disso, Deus me orientou para que ampliasse meuministrio pastoral, a fim de incluir nele um cuidado especiale um ministrio de orao por pessoas com problemasemocionais e traumas de infncia.

    E nesses vinte anos em que tenho estado pregando,ensinando, distribuindo fitas sobre o assunto e dandoaconselhamento a indivduos com problemas dessa natureza,tenho ouvido milhares de testemunhos de indivduos queantes eram derrotados na vida crist, e que foram libertadosdos traumas emocionais e ficaram curados de distrbioscausados por lembranas passadas.

    Neste livro, o leitor ficar conhecendo algumas dessaspessoas, e letra a respeito de atitudes e sensaes que conhecebem, por experincia prpria ou pela experincia de um entequerido.

    Qualquer semelhana com pessoas reais aqui perfeitamente intencional, e no mera coincidncia. Todos osindivduos mencionados neste livro so gente real, viva.Narramos sua histria com a devida permisso, mas, o nome elocal dos incidentes foram modificados para corresponder confiana em ns depositada.

    Qualquer semelhana com a sua vida pode parecercoincidncia, mas tambm intencional, pois a maioria daspessoas possui os mesmos anseios e carncias.

    Espero que os captulos deste livro possam ajudar cada

    leitor a enxergar o modo como Deus opera na cura de traumasemocionais, na transformao de desajustes em equilbrioemocional, tornando um convertido derrotado em bno paraoutros.

    David A. SeamandsWilmore, Kentucky

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    "Ele mesmo tomou as nossas enfermidades."

    (MT8.17J

    "Tambm o Esprito, semelhantemente, nos assiste emnossa fraqueza; porque no sabemos orar como convm, mas

    o mesmo Esprito intercede por ns sobremaneira comgemidos inexprimveis. E aquele que sonda os coraes sabequal a mente do Esprito, porque segundo a vontade de Deus que ele intercede pelossantos."

    (Em 8.26,27.]

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    Perturbaes Emocionais

    Em 1966, preguei um sermo, num domingo noite,cujo ttulo era "O Esprito Santo e a cura de nossostraumas emocionais". Foi minha primeira tentativa de

    penetrar nesta rea, e estava convencido de que Deusmesmo me transmitira aquela mensagem, seno nem teriatido coragem de entreg-la. O que eu disse naquelaocasio, sobre a cura interior, hoje j coisa velha.Podemos encontrar essas idias em alguns outros livros.Mas naqueles dias era novidade.

    Quando me levantei para pregar, olhei para acongregao e vi ali o nosso querido e velho conhecidoDr. Smith. Acontece que ele era uma pessoa que estavamuito presente nas lembranas de minha infncia. Na

    ocasio em que eu e minha esposa soubemos quetnhamos sido indicados para exercer o pastorado ondenos encontramos hoje, logo vieram nossa mente arecordao de algumas fisionomias de velhos conhecidos

    para nos perturbarem um pouco. Uma dessas era a do Dr.Smith. Eu me indagava como poderia ser pastor dele.Quando eu era jovem, quantas vezes ficara nervoso com asua pregao, e ainda me sentia um pouco sem jeito na

    presena dele.Quando o avistei no culto, naquela noite, senti meu

    corao apertar-se. Mas, mesmo assim, entreguei amensagem que acreditava me fora dada por Deus. Aps o

    culto, vrias pessoas vieram frente e tivemosmaravilhosos momentos de orao ali. Mas notei que o

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    Dr. Smith permanecera sentado em seu lugar. Enquantoorava pelas pessoas que se achavam no altar, fiqueidesejando interiormente que ele fosse embora. Mas eleno foi. Por fim, veio frente, e, com aqueles seus modossecos, disse:

    David, posso falar com voc em seu gabinete?

    Imediatamente vieram minha lembrana todas asimagens do passado, e quem seguiu aquele idoso ali foium rapazinho assustado. Quando me sentei, senti-me um

    pouco como Moiss deve ter-se sentido perante o fogo e afumaa do monte Sinai. Mas estava muito enganado comrelao a ele no tinha pensado que ou desse terhavido uma mudana. Eu petrificara a imagem que tinhadele no passado, e no deixara que ela se modificassecom o passar dos anos. Mas o Dr. Smith dirigiu-se a mimcom muita mansido e disse:

    David, nunca ouvi uma mensagem igual a estaantes, mas quero dizer-lhe uma coisa.

    A essa altura, os olhos dele estavam marejados. Elefora um extraordinrio evangelista e pregador durantemuitos anos e ganhara milhares de almas para Cristo. Erarealmente um grande homem. Mas, ao reexaminar seuministrio, disse:

    Sabe de uma coisa, sempre houve pessoas porquem nunca pude fazer nada. Eram pessoas sinceras.Acredito que muitas delas eram cheias do Esprito,mas tinham srios problemas. Falavam-me de suasdificuldades, e eu tentava auxili-las. Mas por maisque as aconselhasse, por mais que citasse as Escrituras, por mais que elas orassem, nada disso pareciadar-lhes uma libertao total.

    E em seguida ele acrescentou: Sempre tive um certo senso de culpa em meuministrio, David. Mas acho que voc descobriu umanova verdade a. Procure desenvolv-la mais, estud-la mais. Por favor, continue a pregar sobre isso, poiscreio que voc descobriu a soluo.

    E quando ele se levantou para sair, eram os meusolhos que estavam marejados quando repliquei:

    Obrigado, Dr. Smith.Mas, acima de tudo dizia interiormente: "Obriga-

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    do, Senhor, pela confirmao que me ds por meio destecaro amigo."

    O Problema

    Nestes quinze anos, com as fitas gravadas sendo

    enviadas a todos os recantos do mundo, tenho recebidocartas e testemunhos confirmando minha certeza de queexiste um certo tipo de problema que requer um toquemais profundo do Esprito Santo, e uma orao especial.De um lado esto nossos pecados e do outro nossasdoenas, e entre os dois existe uma rea que a Bbliachama de "enfermidades".

    Podemos explicar isso melhor citando uma ilustraoda prpria natureza. Quem visita o Estado da Califrnia

    pode ver as belas Sequias gigantes. Na maioria dosparques, existem naturalistas que mostram aosinteressados um corte dessa grande rvore, explicando queos anis dela revelam a histria de seu desenvolvimento, acada ano. H por exemplo um anel que representa um anoem que houve terrvel seca. H tambm outros dois anisque falam de um ano que choveu demasiadamente. Ali hum ponto em que a rvore foi atingida por um raio. Aquialguns anis que revelam um desenvolvimento normal.Um outro anel mostra um incndio florestal que quasedestruiu a rvore; outro mais revela um ataque daferrugem e de outras doenas. E tudo isso est gravado notronco da rvore, como se fosse uma autobiografia de seudesenvolvimento.

    Assim acontece tambm conosco. Alguns "centme-tros" abaixo da casca protetora, da mscara dissimuladora,

    acham-se registrados os anis de nossa vida.Ali esto as cicatrizes de mgoas antigas, dolorosas. ..como as do garotinho que acordou na manh do dia de

    Natal e correu janela dos fundos para ver seu sapatinho;e chegando ali encontrou nele apenas uma pedra suja,castigo por uma travessura qualquer. Essa cicatriz fica acorro-lo, causando todo tipo de problema em suasrelaes com os outros.

    Ali est a descolorao de uma mancha trgica que

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    enxovalhou toda uma existncia... quando, alguns anosatrs, um garoto levou a irmzinha para um paiol ou paraum mato, e revelou a ela os mistrios... no, as misriasdo sexo.

    E mais adiante as presses de uma recordaopenosa... quando uma criana tinha de correr atrs de um

    pai alcoolizado que estava a ponto de matar a me, edepois tinha de agarrar o faco antes que ele o fizesse.Essas cicatrizes ficam enterradas por longo tempo edepois provocam mgoas e iras inexplicveis. E elas noso sanadas pela converso, nem pela santificao, nem

    pelos outros benefcios comuns da orao.Tudo est registrado nos anis de nossa mente e de

    nossa psique. As lembranas esto gravadas; todas vivasl dentro. E elas vo afetar diretamente nossos conceitos,sentimentos e relacionamento com outros. Vo afetar omodo como encaramos a vida, como vemos a Deus, osoutros e a ns mesmos.

    Muitas vezes, ns, os pregadores, damos aos ouvintesa enganosa idia de que o novo nascimento e a plenitudedo Esprito iro automaticamente resolver esses

    problemas emocionais. Mas isso no verdade. A grandeexperincia com Cristo, embora seja importante e de valoreterno, no constitui um atalho para a cura de nossosmales mentais. No uma cura instantnea para nossos

    problemas de personalidade. necessrio que compreendamos bem isto, primeiro,

    para que possamos aceitar-nos bem, e permitir que oEsprito Santo opere em ns, de uma forma toda especial,a fim de curar nossas mgoas e complexos. Precisamosentender isso tambm, para no julgarmos os outros com

    muita dureza, mas termos pacincia com aqueles quedemonstram uma conduta contraditria e confusa. Agindoassim, evitaremos fazer crticas injustas e julgamentoserrados contra nossos irmos. Eles no so falsos,fingidos nem hipcritas. Somos pessoas, como ns, comsuas mgoas, cicatrizes emocionais e formao errada, eessas coisas interferem na conduta do momento.

    Se compreendermos bem que a salvao no nos d

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    uma cura imediata dos males emocionais ter umacompreenso melhor com relao doutrina dasantificao. impossvel saber o grau de espiritualidadede uma pessoa simplesmente pela observao de suaconduta exterior.

    Mas no verdade que pelos seus frutos os

    conhecereis? (Mt 7.16.) ; mas verdade tambm quepelas suas razes poderemos compreend-los, sem julg-los. Aqui est Joo, que parece ser mais espiritual e maisresponsvel do que Pedro. Mas, em realidade, se levarmosem considerao as razes de Joo e o solo no qual ele sedesenvolveu, e compararmos com os de Pedro, poderemosconcluir que, na verdade, Pedro um santo. Pode ser queeste tenha crescido muito mais do que Joo, em direo imagem de Jesus Cristo. Como errado, como anticristo julgar as pessoas superficialmente!

    Mas talvez alguns objetem: O que voc est fazendo? Rebaixando os padres

    cristos? Est negando o poder do Esprito Santo paracurar nossos traumas? Est dando uma sada fcil paranossas responsabilidades, para que joguemos a culpa denossos atos, de nossas derrotas e fracassos na vida, nahereditariedade, nos pais, professores, namoradas ouesposas? Ou como diz o apstolo Paulo:"Permaneceremos no pecado, para que seja a graa maisabundante?" (Rm 6.1.)

    E eu responderia como Paulo: "De modo nenhum." Oque estou querendo dizer que existem certas reas denossa vida que precisam de um toque especial do EspritoSanto. So coisas que esto fora do alcance das oraescomuns, da disciplina, da fora de vontade, e exigem um

    discernimento especial, precisam sofrer uma"desprogramao", e passar por uma transformaoremodeladora, com a renovao da mente. E isso noacontece da noite para o dia, como uma experinciamomentnea.

    Dois Extremos

    Se entendermos bem essas coisas, estaremos evitando operigo de cair em um dos dois extremos. Alguns

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    crentes vem o diabo em qualquer coisa um pouco maisestranha. Deixe-me dizer uma palavra muito sria paraesses novos convertidos ou cristos imaturos, mas querodiz-la em amor. Durante estes sculos todos, a igreja temsido muito cautelosa antes de afirmar que uma pessoa estendemoninhada. Existe realmente a possesso demonaca.

    Em meus muitos anos de ministrio, em algumassituaes raras, tenho-me sentido impulsionado a usar daautoridade do nome de Jesus para expulsar um demnio, etenho presenciado cura e libertao nesses momentos.

    Mas somente um cristo maduro, cuidadoso e que oremuito pode tentar expulsar demnios. Quantas vezestenho passado horas e horas em aconselhamento com

    pessoas que se sentem arrasadas e desiludidas, tentandoreanim-las e reergu-las, simplesmente porque umcristo imaturo cismou de expulsar delas demniosimaginrios.

    O outro extremo dar uma soluo demasiadamentesimplista, dizendo:

    Leia mais a Bblia. Ore mais. Tenha mais f. Sevoc estivesse bem espiritualmente, no teria este

    problema. Nunca ficaria deprimido. Nunca teria essestraumas e taras.

    Contudo, aqueles que do tal resposta esto sendomuito insensveis. Esto apenas colocando mais pressessobre uma pessoa que j sofre muito e que est lutando, esem sucesso, com um problema de origem emocional. Ela

    j tem forte sensao de culpa com relao a ele; e quandooutro o leva a sentir-se pior por ter o problema, estredobrando o peso de sua culpa e desespero.

    possvel que o leitor j tenho ouvido a histria

    daquele homem que estava viajando num vo noturno, equando abriu a caixinha com o jantar pr-embaladoencontrou, bem em cima da salada, uma enorme barata.Chegando em casa, escreveu uma veemente carta de

    protesto ao presidente da empresa. Alguns dias depois,recebeu uma carta expressa, assinada pelo presidente.Vinha cheia de desculpas.

    "Foi um acidente bastante raro para ns, mas no

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    se preocupe. Gostaria de assegurar-lhe que aquele avio foitotalmente dedetizado. Alis, todos os assentos eestofamentos foram removidos. Tomamos medidasdisciplinares contra a atendente que serviu a refeio, e talvezseja dispensada. bastante provvel que a prpria aeronaveseja encostada. Posso garantir-lhe que isso nunca mais

    acontecer. Espero que continue a viajar conosco."Pois bem, o passageiro ficou muito impressionado comessa carta, at que notou um fato. Por engano, a carta que eletinha enviado ao presidente viera presa resposta deste. Equando olhou para ela, viu uma nota rabiscada embaixo, quedizia: "Envie nossa costumeira circular para reclamao debarata."

    E quantas vezes ns tambm damos uma costumeiraresposta para a reclamao de baratas s pessoas que estosofrendo problemas emocionais. Damos respostaspadronizadas, simplistas demais, que os deixam ainda maisdesesperados e desiludidos.

    As Evidncias

    Quais so essas doenas emocionais? Uma das maiscomuns um profundo sentimento de desvaJor, uma perenesensao de ansiedade, incapacidade e inferioridade, umavozinha interior que vive a repetir: "Nu presto para nada.Nunca serei nada. Ningum pode gostar de mim. Tudo quefao d errado."

    O que acontece a esse indivduo quando se converte?Uma parte de seu ser cr no amor de Deus, aceita o perdo deDeus e sente paz por algum tempo. Mas depois, de repente,parece que algo dentro dele acorda e grita: " tudo mentira!

    No creia nisso! No ore! No h ningum l em cima paraescut-lo. Ningum pode aliviar sua aflio. Como Deuspoderia amar e perdoar a uma pessoa como voc? Voc ruim demais!"

    O que aconteceu? Aconteceu que as Boas-Novas doevangelho no atingiram o mais ntimo recesso de seu ser, quefoi traumatizado, que tambm precisa receber a mensagem doevangelho. Essas cicatrizes profundas

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    precisam ser alcanadas pelo "Blsamo de Gileade" e porele curadas.

    Mas existe tambm um outro tipo de problema que, nafalta de um termo melhor, denomino complexo de

    perfeicionismo. Trata-se de um sentimento interior deinsatisfao. "No consigo fazer nada. Nunca fao nada

    direito. No consigo satisfazer nem a mim mesmo, nemaos outros, nem a Deus." Esse tipo de pessoa est sempreprocurando alguma coisa, sempre lutando, e geralmentecarrega uma sensao de culpa, sempre impelida pelo quesente ser seu dever. "Devo ser capaz de fazer isso. Devoser capaz de fazer aquilo. Tenho que melhorar." Estsempre tentando "subir", mas nunca chega ao alto.

    Ento, o que se passa com essa pessoa quando seconverte? Infelizmente, em geral, ela transporta essemesmo senso de perfeicionismo para seu relacionamentocom Deus, que ela agora v como um Ser l no alto deuma escada. E diz consigo mesma: "Agora vou subir parachegar at Deus: Sou filho dele e desejo agrad-lo maisque qualquer coisa."

    E assim ela se pe a subir, degrau por degrau, at ficarcom os ns dos dedos em sangue e com os joelhosferidos. Finalmente, chega ao alto, e ali descobre queDeus avanou mais trs degraus. Ento ela resolveesforar-se um pouco mais. E sobe e luta, mas quandocheca l, seu Deus j subiu mais trs degraus.

    Faz alguns anos, recebi um telefonema de umasenhora, esposa de um pastor amigo, pedindo-me queconversasse com ele. O marido acabara de sofrer um sriocolapso nervoso. Quando nos dirigamos para o hospital,ela se ps a explicar algumas coisas a respeito dele.

    No entendo o Bill, disse. Parece at que ele temum "feitor" dentro dele, que no o larga para nada. Elenunca relaxa, pois no consegue largar mo das coisas.Est sempre trabalhando excessivamente. O povo daigreja gosta muito dele, e faria qualquer coisa por ele, masele no o permite. E j est nesse ritmo h tanto tempo,que afinal no agentou mais.

    Fiz diversas visitas a Bill, e quando ele melhorou

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    um pouco, j podendo conversar, falou-me de sua infncia ede seu lar. Quando era criana, desejava ardentemente agradara seus pais. E procurava conquistar a admirao da meajudando-a a pr a mesa de vez em quando. Mas ela dizia:

    Bill, voc colocou as facas do lado errado. Ento ele ascolocava do lado certo. Mas ela dizia:

    Agora colocou os garfos do lado errado. Depois eramos pratos de salada. E nunca pareciaque as coisas estavam certas para ela. E por mais que tentasse,tambm no conseguia satisfazer ao pai. Trazia o boletim comnotas 8 e 9, mas o pai olhava para o cartozinho e dizia:

    Bill, acho que se voc se esforar um pouco,poder tirar 9 em tudo, no poder?

    Ento ele se ps a estudar mais e mais, e certo dia trouxe oboletim com 9 em todas as matrias. Ento o pai disse:

    Mas sabe de uma coisa? Se voc se esforar umpouco mais, poder tirar 10 em tudo.

    E ele estudou e se esforou durante vrios meses, at quefinalmente ganhou 10 em tudo. Ficou to entusiasmado!Agora, o pai e a me certamente ficariam muito satisfeitoscom ele. Correu para casa, pois no via a hora de chegar l. Opai olhou para o carto e depois disse:

    Ah, conheo esses professores. Eles do 10 toa!

    Quando se tornou pastor, sua congregao era para elecomo seus pais: trocou os dois por cem pais. No conseguianunca satisfaz-los, por mais que se esforasse. Afinal, nosuportou mais e teve um colapso, devido ao imenso esforo detentar agrad-los, e de sempre tentar superar a si mesmo.

    Certa vez um telogo modernista, desses que esposam atese de que Deus est morto, estava sendo entrevistado. O

    reprter lhe perguntou: O que Deus, para o senhor? Deus? Ah, para mim, Deus aquela vozinha interior

    que est sempre dizendo: "Ainda no est bom!"

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    Com isso , ele no falou muito acerca de Deus, masrevelou muita coisa sobre seus traumas. E acredito quepessoas doentes assim s podem produzir doutrinas enfermas.Ah, como o complexo de perfeicionismo derrota a muitos nacaminhada crist! E como afasta as pessoas do reino de Deus!

    Existe outro tipo de trauma emocional que podemos

    chamar de susceptibilidade. Em geral, a pessoa que supersensvel j sofreu muitas mgoas. uma pessoa que desejou oamor, a admirao e a afeio de outros, mas s recebeu ocontrrio, e assim carrega profundas cicatrizes emocionais.Muitas vezes, ela v coisas que os outros no vem, e sente arealidade de uma forma que os outros no sentem.

    Certo dia, eu estava andando por uma rua e vi o Charlievindo em minha direo. Ele um indivduo muitosusceptvel. Geralmente dispenso a ele muita ateno, masnaquele dia estava um pouco apressado e disse apenas:

    Oi, Charlie! Como vai?E segui em frente. Quando cheguei ao meu gabinete,

    recebi um telefonema de um membro da igreja que meperguntou:

    O Senhor est chateado com o Charlie? Qual Charlie? O senhor sabe; o Charlie Olson. No; at o vi na rua hoje.Mas, de repente, compreendi que o problema era que no

    havia dado a ele a ateno e considerao que geralmente dou,sabendo que extremamente sensvel.

    As pessoas muito susceptveis exigem muito agrado. E pormais ateno que lhes demos, esta nunca suficiente. Emalguns casos, elas se tornam duras e insensveis. quesofreram tantas mgoas, que, em vez de se tornarem sensveis,

    camuflam o fato tornando-se "duronas". Querem se vingar nosoutros. Assim, quase que inconscientemente, passam a vida aempurrar os outros para o lado, a magoar e dominar aspessoas. E se utilizam de armas tais como dinheiro, posio,autoridade, sexo e at mesmo o plpito para magoar as

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    pessoas. Ser que isso afeta sua experincia crist? Sim, eprofundamente.

    E depois h indivduos que esto sempre cheios detemores. s vezes o maior temor deles o de fracassar. Aspessoas que sofrem esse tipo de trauma tm tanto medo deperder o jogo da vida, que encontram apenas uma sada

    nunca entram no jogo. Ficam sentadas nas laterais. Dizemelas:

    No aceito as regras do jogo; no gosto do juiz. Ouento: A bola no bem redonda. Ouento: As traves no esto na posio certa.H alguns anos, fui a uma revendedora de carros usados.

    Quando estava examinando os carros em exposio nacompanhia de um vendedor, vimos um homem l fora dandochutes nos pneus dos carros estacionados para venda. Depoisele erguia a capota e dava golpes no pra-choques do veculo.O vendedor virou-se para mim e comentou irritado:

    Olhe s aquele sujeito ali. E desses que squerem chutar os pneus. So o espinho de nossaprofisso. Esto sempre entrando aqui, mas nuncacompram, pois no se decidem. Olhe aquele ali. Estdando chutes nos pneus. Diz que as rodas no estoalinhadas. Depois liga o motor, escuta um pouco e diz:"Est ouvindo bater?" Ningum ouve nada, s ele.Sempre h alguma coisa errada no carro. Mas naverdade que ele tem medo de chegar a uma definio, no consegue tomar a deciso, ento fica procurando desculpas.

    E o mundo est cheio desses chutadores de pneus, pessoas

    que tm receio de fracassar, de tomar a deciso e errar. O quese passa com uma pessoa dessas, quando se converte? Crer um grande risco; muito difcil. Fazer uma deciso um atodoloroso para eles. muito difcil ter f. Dar testemunho umpeso. Entregar-se de corpo e alma ao Esprito Santo, fazeruma rendio pessoal a Cristo quase um trauma. Exercitarautodisciplina tambm penoso. Essas pessoas temerosasvivem sempre no plano do se

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    pelo menos: "Se pelo menos houvesse isso ou aquilo,estaria tudo bem." Mas esse se pelo menos nunca seresolve, e assim elas nunca conseguem o que desejam. Ostemerosos so aqueles que esto constantemente sendoderrotados e mostrando-se indecisos.

    A questo do sexo acha-se estreitamente relacionada

    com todas essas mencionadas, mas precisamos dar umapalavra especial sobre ela.Quando Paulo escreveu sua primeira carta aos

    corntios, abordou todos os problemas humanos possveise imaginveis, e alguns dos mais inimaginveis. Falousobre disputas, diviso da igreja em grupos, casos detribunais, contendas acerca de propriedades e vrios tiposde problemas sexuais, desde o incesto at a prostituio.Falou sobre sexo pr-conjugal, conjugai e extra-conjugal.Analisou questes tais como viuvez, divrcio,vegetarianismo, bebedices por ocasio da Ceia do Senhor,dons de lnguas, mortes e enterros, o levantamento deofertas e campanhas pessoais dentro da igreja.

    Contudo, ele inicia sua carta dizendo que no queriasaber nada entre eles, a no ser "Jesus Cristo, e estecrucificado" (1 Co 2.2). Isto significa que o evangelho algo de muito prtico, e atinge toda a nossa vida. Grande

    parte da carta de Paulo tinha a ver com problemas deordem sexual.

    Estamos vivendo uma poca como a de Corinto. muito difcil, em nosso mundo atual, uma pessoa nosofrer algum tipo de trauma sexual na fase de formao.

    Poderia citar milhares de pessoas que me procuramsolicitando orientao. Lembro-me de uma senhora emcuja igreja preguei, e que depois de ouvir-me fez uma

    viagem de quase dois mil quilmetros para falar comigo.Recordo-me tambm de um senhor que entrou em meugabinete certo dia, e disse que havia rodado em torno doquarteiro onze vezes, reunindo coragem para vir falarcomigo. Ambos eram cristos sinceros, e todos os doisestavam enfrentando problemas de ho-mossexualismo.

    Lembro-me de uma jovem, estudante de uma uni-

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    versidade distante, onde preguei. At hoje no sei como a fisionomia da moa, pois ficou o tempo todo de costas

    para mim, com o casaco erguido em torno do rosto,sentada a um canto da sala, soluando. Por fim disse:

    Preciso contar isso para algum, seno vouexplodir.

    E ento, ainda virada para o canto, contou-me umahistria triste, uma histria que estamos ouvindo cada vezmais nestes dias, sobre um pai que no a tratava comofilha, mas como esposa.

    Lembro-me de dezenas de rapazes e moas quereceberam informaes falsas e perniciosas de seus pais e

    pastores, pessoas bem intencionadas, mas ignorantes.Agora so indivduos despreparados para o casamento,incapazes de serem bons maridos e esposas, noconseguindo mais viver sem temores, senso de culpa evergonha. Traumatizados. Sim; e seriamente.

    E o evangelho teria uma soluo para esses diversos

    tipos de traumas? Se ele no puder oferecer a soluopara todos eles, ento ser melhor que ponhamoscadeados em nossas igrejas, paremos de brincar decristianismo e calemos a boca, parando de falar sobre essanossa Boa-Nova.

    A Restaurao Divina

    Deus tem solues para oferecer-nos? Tem sim. Emsua carta aos romanos, Paulo falou sobre o Esprito Santoque nos assiste em nossa fraqueza (Rm 8.26). Um sentidoda palavra assistir justamente o de acompanhar, passo a

    passo, um processo de cura. Ento no se trata apenas de"pegar a outra ponta do peso", que o sentido literal desteverbo, mas o Esprito Santo torna-se nosso companheiro,que trabalha a nosso lado, participando de nosso processode restaurao.

    E qual a parte que nos cabe neste processo de curada alma enferma? O Esprito Santo , realmente, oconselheiro divino, o psiquiatra espiritual que carrega "aoutra ponta" do problema. Mas ns seguramos a

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    de c. E o que exatamente que temos de fazer nesseprocesso?

    Esse justamente o objeto deste livro, e o leitorencontrar muitas sugestes, medida que for pros-seguindona leitura. Contudo, neste ponto, eu gostaria de apresentar osprincpios bblicos gerais, que devem ser observados, para

    que encontremos a cura de nossos traumas emocionais.1. Encarar o problema de /rente. Com a ajuda de Deus,voc ter que encarar de frente essa terrvel e oculta mgoa deinfncia, com toda a sinceridade moral, por mais profundaque ela seja. Reconhea o problema ao nvel do consciente,para si mesmo, e fale dele para outra pessoa. Existemproblemas que nunca podero ser solucionados, enquanto nofalarmos deles para outrem. "Confessai, pois, os vossospecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdescurados." (Tg 5.16.) Algumas pessoas deixam de receber umacura de alcance mais profundo, por no terem coragem deabrir-se totalmente com outros.

    2. Aceitar nossa responsabilidade no fato. Voc poderdizer: "Eu fui uma vtima; essa pessoa pecou contra mim. Osenhor no imagina o que aconteceu comigo."

    verdade. Mas, e a sua reao? E o que dizer do fato devoc ter abrigado ressentimentos e dio, ou ter-se recolhido aum mundo irreal, para fugir ao problema?

    E algum poder dizer: Meus pais no me ensinaram nada sobre o sexo, e

    quando cresci e tomei contato com esse mundo mau, erainocente e ignorante. Por isso tive esses problemas.

    Isso foi o que aconteceu na primeira vez. Mas, e quanto segunda e terceira? De quem foi a culpa? A vida como umatapearia muito complexa, tecida com tear e lanadeira. A

    hereditariedade, o ambiente, as experincias da infnciavividas com pais, professores, colegas, as adversidades davida, tudo isso est do lado do tear, e essas coisas jogam alanadeira para ns. Mas lembremos que ns atiramos alana-

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    deira de volta para o tear. E este ato, juntamente com nossareao para com essas coisas, que vo dando forma tapearia de nossa vida. Somos responsveis por nossas aes.Voc nunca conseguir a cura para seus traumas, enquantono parar de colocar a culpa nos outros, e aceitar suaresponsabilidade.

    3. Perguntar a ns mesmos se desejamos realmente ser curados. Foi essa a pergunta que Jesus dirigiu aoparaltico que estava enfermo havia trinta e oito anos(Jo 5.6.) Voc deseja realmente ser curado, ou estquerendo apenas conversar sobre seu problema? Vocno est querendo apenas usar esse problema paradespertar a compaixo dos outros? No o est querendo apenas como uma muleta, para que possa caminharmanquitolando?

    E o paraltico respondeu para Jesus: "Mas, Senhor,ningum me pe na gua. Eu bem que tento, mas todoschegam antes de mim." Ele no queria examinar o fundo deseu corao, para ver realmente se desejava ser curado.

    Vivemos numa poca que alguns denominam "era damalandragem", onde cada um quer jogar a culpa nos outros,em vez de aceitar suas prprias responsabilidades. Pergunte asi mesmo: "Ser que desejo realmente ser curado? Estoudisposto a encarar minha responsabilidade no problema?"

    4. Perdoar a todos que esto envolvidos em nossoproblema. Encarar nossa responsabilidade no caso e perdoaros outros, so, na verdade, as duas faces de uma mesmamoeda. A razo por que algumas pessoas no conseguemperdoar seu ofensor que, se o fizerem, estaro perdendo oltimo p de apoio, e no tero mais a quem culpar. Encararnossa parte num erro e perdoar ao outro so quase a mesma

    ao. Haver casos em que precisaremos fazer as duas coisassimultaneamente. Jesus deixou bem claro que no pode havercura, enquanto no se der um perdo total.

    5. Perdoar a si mesmo. Muitos dizem: ", eu sei queDeus j me perdoou, mas nunca poderei perdoar a mimmesmo." De certo modo, isto uma contradio. Como umapessoa pode crer realmente que Deus a

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    perdoou, se no pode perdoar a si mesma? Quando Deusnos perdoa, ele enterra nossos pecados no mar de seu

    perdo e esquecimento. como disse Corrie ten Boom:"Depois ele coloca uma placa na margem com os dizeres:'Proibido pescar'." No temos o direito de "dragar" umacoisa que Deus j perdoou e esqueceu. Ele j a deixou

    para trs. Por um mistrio incompreensvel, a oniscinciadivina, de algum modo, j esqueceu nossos pecados. Vocpode perdoar a si mesmo.

    6. Pedir ao Esprito Santo para nos mostrar qual realmente nosso problema, e como devemos orar arespeito dele. Paulo disse que muitas vezes no sabemosorar como convm (Rm 8.26). Mas o Esprito Santo ora

    por nosso intermdio, e intercede por ns. Por vezes, eleutiliza a pessoa de um conselheiro para nos ajudar adescobrir qual nosso verdadeiro problema. Em outras,ele faz isso por meio da Palavra de Deus ou de algumincidente que, num instante, nos revela o problema. muito importante que enxerguemos com clareza a questoe saibamos como devemos orar. Tiago nos adverte de que,s vezes, no somos atendidos em nossas peties porque

    pedimos coisas erradas (Tg 4.3). Pode ser que precisemossolicitar a ajuda de um conselheiro ou pastor, ou mesmode um amigo, e juntamente com essa pessoa orar aoEsprito Santo para que nos aponte onde est o erro.

    J ouviu aquela historieta sobre Henry Ford e CharlesSteinmetz? Steinmetz era ano, um homem feio edeformado, mas possua uma das maiores intelignciasque o mundo j viu, no campo da eletricidade. Foi elequem fabricou os primeiros geradores para a fbrica daFord, em Dearborn, Michigan. Um dia os geradores se

    queimaram, e toda a fbrica parou. Mandaram chamarvrios mecnicos e eletricistas para consert-los, masningum conseguiu recoloc-los em funcionamento. Afirma estava perdendo dinheiro. Ento Henry Fordmandou chamar Steinmetz. E o gnio chegou ali, ficou aremexer por algumas horas, e depois ligou a chave e todaa fbrica voltou a funcionar.

    Alguns dias depois Henry Ford recebeu a conta de

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    Steinmetz, no valor de $10.000 dlares. Embora fossemuito rico, devolveu a conta com um bilhete: "Charlie,essa conta no est muito alta para um servio de poucashoras, em que voc apenas deu uma mexida naquelesmotores?"

    E Steinmetz devolveu-a para Ford, mas desta vez

    tinha uma explicao: "Valor da mexida nos motores: $10dlares. Valor do conhecimento do lugar certo paramexer: $9.990 dlares. Total: $10.000." E Ford pagou aconta.

    O Esprito Santo sabe o lugar certo de mexer. Nosabemos como devemos orar. E muitas vezes norecebemos, porque pedimos erradamente. Ao ler estescaptulos, pea ao Esprito Santo para mostrar-lhe o quevoc precisa saber sobre si mesmo, e tambm que ooriente em sua orao.

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    "Por isso, o reino dos cus semelhante a um rei queresolveu ajustar contas com os seus servos. E... trouxeram-Jheum que devia dez mil talentos. No tendo, ele, porm, comque pagar, ordenou o senhor que fosse vendido... Ento oservo, prostrando-se reverente, rogou: S paciente comigo etudo te pagarei. E o senhor daqueJe servo, compadecendo-se,

    mandou-o embora e perdoou-ihe a dvida. Saindo, porm,aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe deviacem denrios; e, agarrando-o, osufocava, dizendo: Paga-me oque me deves. Ele... o lanou na priso, at que saldasse advida. Ento o seu senhor, chamando-o, disse-lhe: Servomalvado, perdoei-te a-quela dvida toda, porque mesuplicaste; no devias tu, igualmente, compadecer-te do teuconservo, como tambm me compadeci de ti? E, indignando-

    se o seu senhor, o entregou aos verdugos, at que lhe pagassetoda a dvida. Assim tambm meu Pai celeste vos far, se dontimo no perdoardes cada um a seu irmo."

    (Mt 18.23-35.)

    "E perdoa-nos as nossas dvidas, assim como temosperdoado aos nossos devedores."

    [Mt 6.12.)

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    Culpa, Graa e Cobrana

    de DbitosCom esta parbola, Jesus expressou seu ensino sobre o

    perdo com toda a clareza, em cores vivas e somestereofnico. Ela contm muitas revelaes sobre nossarestaurao espiritual e emocional. Mas isso no deve nossurpreender. Jesus foi a nica pessoa equilibrada eperfeitamente sadia que j viveu neste mundo. A Bbliaafirma que ele sabia o que estava no corao do homem, atmesmo o que se esconde bem l no ntimo. Assim sendo,podemos saber de antemo que seus ensinos e princpios

    contm as mais profundas verdades psicolgicas.

    A Parbola

    Certo rei resolveu acertar as contas com seus credores e,ao faz-lo, descobriu que um de seus servos lhe devia afantstica quantia de dez mil talentos. Jesus citou aqui umasoma realmente elevada, praticamente impossvel de seresgatar. Os impostos anuais das provncias da Judia,Idumia, Sama-ria, Galilia e Peria somados chegavamapenas a cerca de 800 talentos. Mas o exagero da quantia para acentuar a verdade ensinada. Nossa dvida para

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    com Deus e com os outros to elevada, que se tornaimpossvel resgat-la, assim como um escravo que recebia umsalrio de poucos talentos por ms no podia economizar osuficiente para saldar um dbito de dez mil talentos.

    E o homem caiu de joelhos pediu misericrdia ao seusenhor. O que ele pede uma concesso especial, a

    makrothumason. Todas as vezes que este vocbulo aparece noNovo Testamento significa "dilatao do tempo, adiamento". Senhor, seja paciente comigo, diz ele. Adie essa

    cobrana, e lhe pagarei tudo. D-me um pouco mais detempo.

    Vemos a que a idia que o servo tinha sobre perdo erauma, e a do rei era outra. O senhor, em sua misericrdia,perdoou-lhe tudo e o libertou.

    Mas aquele mesmo servo, ao sair dali, encontrou umcolega seu, outro servo do rei, que lhe devia a msera quantiade 100 denrios. Ento agarrou-o pelo pescoo e disse:

    Pague-me o que me deve.E vendo que o outro no tinha condies de pagar-lhe, ele

    no teve misericrdia e lanou-o na priso, at que o pagasse.Ento o rei mandou chamar o servo e disse: Olhe aqui, eu lhe perdoei toda a sua dvida, e

    agora voc age assim com seu colega?E bastante irado com ele, mandou-o para a priso, at que

    pagasse o que devia. Se a histria terminasse a, j seriabastante trgica, mas Jesus disse outra coisa logo a seguir, quefoi uma verdadeira "pontada": "Assim tambm meu Paiceleste vos far, se do ntimo no perdoardes cada um a seuirmo."

    Espere um pouco a, Jesus. O que o Senhor est querendodizer com isso? Que imagem do Pai celeste essa que o

    Senhor est projetando? No seria isso uma traduo inexata?No; a inferncia est muito clara. Deus ser um cobradordrstico e duro com aqueles que, no perdoarem e no foremperdoados.

    Ser isso um exagero, como no caso da quantia emdinheiro? Ou ser que se refere apenas vida futura,

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    ao castigo dos mpios? possvel que ela se aplique aosmpios tambm, mas, na verdade, no precisamos esperara outra vida, para vermos essas palavras de Jesus secumprirem. Aqui mesmo e em nossos dias, as pessoas queno perdoam ou no so perdoadas vivem sofrendo comsentimentos de culpa e ressentimento. Elas vivem numa

    priso, onde so torturadas por todo tipo de conflitoemocional.

    Deveres e Dbitos

    Entrelaada a esta parbola de Jesus acha-se umquadro sobre os inter-relacionamentos humanos. O mundofoi feito para o perdo; foi feito para a graa; para o amorem todos os aspectos da vida.

    A prpria estrutura da natureza humana j traz dentrode si a necessidade dessas coisas que est em cada clulade nosso corpo, em cada relacionamento com outros.Fomos criados com a necessidade de graa, amor eaceitao.

    Uma das definies bblicas para o pecado "violaodas leis de Deus". Quando transgredimos uma dessas leis,estamos, num certo sentido, em dbito para com elas. As

    palavras dever e dbito vm da mesma raiz. Quandodizemos: "Devo agir assim" ou "no devo agir assim"estamos praticamente dizendo: "Tenho esse dbito paracom Deus" ou "Tenho esse dbito para com essa pessoa",isto , o dbito de agir ou no agir de certa forma.

    E esse princpio relacionado com a lei de Deus aplica-se tambm ao relacionamento com outras pessoas. Temosdeveres e dbitos uns para com os outros. Muitas vezes,

    quando pecamos contra uma pessoa, dizemos: Sinto que estou em dbito com ele.Ou ento:

    Sinto que ela me deve desculpas.E quando um condenado liberto da cadeia aps o

    cumprimento de sua pena, dizemos que ele pagou seudbito para com a sociedade.

    Jesus expressou este mesmo conceito no mago do

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    Pai Nosso, quando nos ensinou a orar: "E perdoa-nos asnossas dvidas, assim como temos perdoado aos nossosdevedores." Os pastores, conselheiros, ou qualquer outra

    pessoa que trabalhe com a alma humana sabem que essaquesto de dbitos morais acha-se presente na naturezahumana de uma forma incrvel. Existe em ns um

    sentimento de dever, de que temos um dbito, umaespcie de mecanismo automtico pelo qual a cobrana dedvidas entra em funcionamento. E ento buscamosformas de expiar nossos erros, de pagar nossas dvidas, oude cobrar o que os outros nos devem. Se temos raiva dens mesmos, pensamos: " Tenho que pagar por tudo isso."Mas se sentimos raiva de outrem, ento ele quem tem de

    pagar. E deste modo, esse inexorvel processo de dvida ecobrana entra em funcionamento, e a pessoa entregueaos seus "verdugos" interiores. So os carcereiros queatuam como cobradores, nesta horrvel priso.

    Alguns de ns ainda se recorda da escalao da defesado "Rams"* de alguns anos atrs. Os quatro somadosdavam um total de meia tonelada de msculos, quesimplesmente barravam os adversrios. Eles eramchamados de "Os Quatro Temveis". Jesus est ensinandoque os que no perdoam e no so perdoados soentregues a um outro grupo de Quatro Temveis:sentimento de culpa, ressentimento, esforo e aflio.Esses quatro produzem em ns conflitos, stress e toda asorte de problemas psicolgicos.

    O Dr. David Belgum, ao comentar a afirmao de quequase setenta e cinco por cento das pessoas que seencontram internadas nos hospitais hoje com molstiasfsicas sofrem de enfermidades que tm raiz em pro-

    blemas emocionais, diz que esses pacientes com essasdoenas esto punindo a si mesmos, e que os sintomasfsicos e os colapsos podem ser uma involuntria confisode culpe. [Guilt: Where Psychology and Reli-gion Meet

    Culpa: ponto comum entre a Psicologia e a Religio).

    * Rams time de futebol americano da cidade de Los Angeles. NT

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    As Causas dos Problemas Emocionais

    H muitos anos cheguei concluso de que as duasmaiores causas de problemas emocionais entre os evanglicoseram as seguintes: o fato de no compreenderem, nemreceberem, nem viverem na graa e perdo incondicionais deDeus, e o fato de no dispensarem esse perdo e amorincondicionais a outros.

    1. No receber perdo. Muitos de ns somos como oservo da parbola. Como ele no compreendeu a oferta do rei,suplicou-lhe um adiantamento do pagamento. E o queaconteceu? O senhor, em sua misericrdia, deu-lhe mais doque ele pedia, mais do que ele imaginava e desejava. Ele oliberou da dvida, perdoando todo o seu dbito.

    Mas o servo parece no ter ouvido o que o senhor lhedisse. Pensou que ele lhe havia concedido o que pedira. E oque ele pedira? Pedira o alargamento do prazo, pedira quetivesse pacincia com ele. "Senhor, por favor, no executeminha dvida. Estenda o prazo da promissria um pouco mais,

    e lhe asseguro que pagarei tudo que devo." E com suaestupidez e orgulho, pensava que poderia pagar-lhe os dez miltalentos, se este lhe desse um prazo. Mas o senhor, em suamisericrdia, cancelou toda a dvida. No se limitousimplesmente a dilatar o prazo. Ele rasgou a promissria;cancelou o dbito, e o servo ficou livre daquele compromisso,livre da ameaa da priso.

    O pobre homem nem quis acreditar em uma notcia toauspiciosa. Na verdade, no a absorveu. No a introduziu emsua vida. No desfrutou dela... Pensou que ainda seencontrava debaixo de condenao como um devedorqualquer, e que apenas tinha ganhado um dilatamento doprazo para trabalhar mais e economizar, e depois pagar a

    dvida. Como no entendera que seu dbito fora cancelado, osverdugos interiores do ressentimento, do sentimento de culpa,do esforo e da aflio comearam a atuar dentro dele. Comoachava que ainda tinha aquela dvida, pensava tambm queainda tinha de pag-la, e de cobrar os dbitos de seusdevedores.

    Muitos de ns somos assim. Ouvimos falar da

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    maravilhosa doutrina da graa, lemos a respeito dela eacreditamos nela. Mas no vivemos de acordo com ela.Cremos na graa apenas mentalmente, mas no com o maisprofundo de nosso ser, nem em nosso relacionamento comoutros. E, no entanto, a palavra que mais dizemos, e commais sentimento religioso. Mencionamos a graa em nossos

    credos, e falamos a seu respeito quando cantamos.Proclamamos que somos salvos apenas pela graa, por meioda f, sendo esse fato um trao distintivo da f crist. Mastudo isso se acha somente em nossa cabea. A boa-nova doevangelho da graa no atingiu ainda as nossas emoes.Ainda no penetrou no nosso relacionamento com as outraspessoas. Recitamos como papagaios a definio: "A graa um favor imerecido que recebemos de Deus." Mas isso noatinge nossos sentimentos. No afeta nossa vida. No vamosat onde deveramos ir.

    A graa no apenas um favor imerecido de Deus. tambm algo que no podemos conquistar pelo esforoprprio, e que nunca teremos condies de retribuir. E comomuitos de ns no vem, no conhecem e no sentem a graa,so impelidos trgica atitude de trabalhar, esforar-se etentar fazer alguma coisa. Na verdade esto tentando livrar-sedo sentimento de culpa. Esto tentando expiar seus pecados epagar seu dbito. Eles lem um captulo a mais da Bblia,aumentam em dez minutos o momento devo-cional, e depoissaem para fazer um trabalho evange-lstico movidos porsentimentos de culpa. A salvao deles foi recebida como quepor uma nota promissria.

    Muitos so como um certo pastor jovem que veio ver-mecerta vez. Estava com muitos problemas de relacionamentocom outros, principalmente com a esposa e a famlia. Eu j

    havia conversado com a esposa dele em particular; era umaexcelente pessoa atraente, terna, carinhosa e amorosa eo auxiliava muito no ministrio. Mas ele estavaconstantemente a critic-la, a jogar a culpa sobre ela. Tudoque ela fazia estava errado. Ele se mostrava sarcstico e pordemais exigente, e rejeitava suas iniciativas afetivas,recusando seu amor e afeio. Pouco a pouco fui

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    percebendo uma coisa: ele estava destruindo o casamentodeles.

    Depois ele mesmo comeou a perceber que estavaprejudicando as pessoas, com seus sermes por demaisrudes e cheios de julgamento. E realmente um pastor svezes faz isso, no ? Ele estava despejando sua

    infelicidade sobre os outros.Afinal, desesperado, veio conversar comigo. No inciode nossa entrevista ele enfrentou o problema como umverdadeiro homem: jogou a culpa de tudo na esposa. Mas,aps alguns momentos, resolveu ser sincero, e a dolorosaraiz de todo o problema veio tona.

    Quando estava servindo o exrcito na Coria, passaraduas semanas de licena para descanso e recuperao, noJapo. Nessa ocasio, estava caminhando pelas ruas deTquio sentindo-se muito sozinho, vazio e saudoso decasa, e acabou caindo em tentao, tendo ido a uma

    prostituta umas trs ou quatro vezes.Nunca conseguira perdoar-se por isso. Pedira o perdo

    de Deus e, mentalmente, acreditou que o recebera. Mas osenso de culpa continuou a atorment-lo, e ele odiava a simesmo. Todas as vezes que se olhava ao espelho, nosuportava ver-se. Nunca falara sobre isso com ningum eo peso estava-se tornando insuportvel.

    Depois ele voltou para casa e casou-se com a noivaque esperara por ele fielmente, e a seus conflitosemocionais se intensificaram, pois no conseguia aceitar o

    perdo pleno. No conseguia perdoar-se pelo que fizera asi mesmo e a ela, e por isso no conseguia tambm aceitaro amor e afeio que ela lhe oferecia com todasinceridade. Achava que no tinha direito de ser feliz.

    Dizia para si mesmo: "No tenho direito de ser feliz comminha esposa. No tenho direito de ser feliz na vida.Tenho que pagar esse dbito."

    Os terrveis verdugos estavam atuando em seuinterior, e ele tentava castigar a si mesmo, para sofrer eexpiar sua culpa. E durante todos aqueles anos, eleestivera vivendo numa priso, com os cobradoresexecutando seu terrvel ofcio. E, como bem disse A.W.

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    Tozer, aquele jovem pastor estava vivendo na "prisoperptua do remorso".

    Como foi maravilhoso, depois, v-lo receber o perdototal de Deus, de sua esposa e tambm o melhor de todos o perdo de si mesmo. claro que ele era cristo autntico.Ele cria na graa de Deus e pregava sobre ela, mas nunca

    havia aceitado plenamente o perdo divino. Estava tentantopagar sua nota promissria. Estava procurando fazer umaespcie de auto-expiao, com um mecanismo de senso deculpa operando dentro dele.

    No podemos receber o perdo de Deus, enquanto noperdoarmos nosso irmo de todo o corao. E fico a indagarse no temos sido muito limitados em pensar que esse irmose aplica apenas a uma outra pessoa. Quem sabe ns somos oirmo que precisa ser perdoado, e tenhamos que nos perdoar ans mesmos? Isso no se aplica a ns tambm? O SenhorJesus disse para perdoarmos nossos inimigos. E se ns formosnosso pior inimigo? Isso nos exclui? Aquele jovem pastor teveque compreender que perdoar a outrem significa perdoar a simesmo tambm. A raiva e o ressentimento que temos contrans, assim como a recusa em perdoar a ns mesmos, so toprejudiciais e nocivos como os que sentimos contra as outraspessoas.

    2. No perdoar. Quando no conseguimos receber eaceitar o perdo e a graa de Deus, tambm no damosperdo, amor e graa incondicionalmente a nosso prximo. Eo resultado disso uma deteriorao de nosso relacionamentocom os outros, com o surgimento de conflitos emocionaisentre ns e eles. Quem no recebe perdo, tambm no perdoaaos outros, e esse crculo vicioso se fecha com os rancorosos,que tambm no podem ser perdoados.

    Como essa parbola trgica! O servo, que nocompreendera que fora totalmente perdoado, pensava queainda tinha de sair por ali cobrando daqueles que lhe deviam,para que pudesse saldar a dvida com seu senhor, dvida que jhavia sido cancelada. Parece que ele foi para casa, verificou aescrita de seus livros e disse consigo mesmo: "Tenho quereceber esse

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    dinheiro, porque disse ao meu senhor que lhe pagaria tudo." Eo que aconteceu? Agarrou o primeiro colega que encontrou,apertou-lhe a garganta e disse:

    Pague-me o que me deve; d-me aqueles cemdenrios.

    Pense nisso. Ele achava que tinha recebido uma dilatao

    do prazo para sua nota promissria, mas no queria dar quelehomem nem mais um minuto, pois dizia: Pague-me agora, seno vou coloc-lo na cadeia.Como o pobre homem no tinha com que pagar,

    teve que ir para a priso. Positivamente essa no umamaneira muito correta de se manter relacionamento comoutrem.

    E o crculo vicioso torna-se ainda mais vicioso. Quemsofre rejeio, passa a ser um rejeitador de outros. Quem norecebe perdo tambm no perdoa. Quem no recebe graano concede graa. Alis, a conduta deles, por vezes, totalmente desastrada. E a conseqncia disso so conflitosemocionais e o rompimento nas relaes com os outros.

    Veja como voc aplicaria isso s pessoas que participamde sua vida de modo significativo: os pais, que o magoaramquando era criana; os irmos que falharam com voc, quandoprecisou de apoio; ou que zombaram de voc ou o diminuramde alguma forma; um amigo que o traiu; uma namorada que orejeitou; seu cnjuge, que havia prometido am-lo, honr-lo eapreci-lo, mas que em vez de fazer essas coisas, s fica aimplicar com voc, a culp-lo e a infligir-lhe sofrimentos.Todos esses lhe devem alguma coisa, no ?

    Eles lhe devem amor e afeio, segurana e afirmao,mas, como voc se sente em dvida e culpado para com eles,como se sente inseguro, ressentido e aflito, como se v

    rejeitado e sem perdo, por seu lado voc se torna rancoroso erejeita os outros. Voc no recebeu a graa, ento como poded-la a outros? E como se sente atormentado, magoa a outrostambm. Voc tem que cobrar pelas suas mgoas, pelos seussofrimentos. Tem que fazer com que todos que lhe

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    infligiram algum sofrimento paguem o que lhe devem.Voc um cobrador de tristezas.

    Casamento em Dvida

    Muitas pessoas casadas no deixam que Deus lhes d

    o auxlio que s ele pode dar. E ento pedem a seuscnjuges, a outros seres humanos, para que faam o queno podem fazer. Os homens, se se esforarem, podem ser

    bons maridos, e as mulheres tambm podem ser boasesposas. Mas so pssimos deuses. No foram criados

    para isso. E todas as maravilhosas promessas que aspessoas fazem no dia do casamento "Prometo am-lo,respeit-lo e honr-lo em todas as adversi-dades da vida"

    s so possveis, quando o corao est seguro noamor de Deus, na sua graa e seu cuidado. Somente umaalma perdoada e cheia da graa divina pode cumprir tais

    promessas. Na verdade, quando uma pessoa diz aquelaspalavras, o que est querendo expressar o seguinte:"Tenho muitas carncias emocionais, um grande vaziointerior e muitas dvidas a pagar, e vou lhe dar amagnfica oportunidade de preencher este meu "vale" ecuidar de mim. No sou maravilhoso?"

    O psiclogo compara este tipo de conduta a umcarrapato que pica um cachorro. Ele no est nem um

    pouco interessado no bem do cachorro; o tempo todo eleest s sugando. E, infelizmente, em alguns casamentos,os dois cnjuges s querem receber, e a relao deles como se houvesse dois carrapatos, sem cachorro. Doissugadores e nada para ser sugado.

    Faz alguns anos fui procurado por um casal. Estavam

    casados havia quinze anos. Eram quinze anos de umpingue-pongue conjugai. Todas as vezes que ele faziapingue ela fazia pongue, ou vice-versa. Eles alternavamentre si jogadas de ataque e defesa. Quando estvamosconversando os trs, primeiro tivemos que removeralgumas cascas de teologia, para trazer s claras asdecepes, mgoas e ressentimentos que tinham umcontra o outro. Ela se casara com ele, por causa de sualiderana espiritual fora um rapaz

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    muito popular na escola. Parecia uma pessoa disciplinada,firme, trabalhadora um homem que iria fazer grandescoisas por Deus.

    Imagine-se o choque que ela teve ao descobrir que eleera indeciso, indisciplinado, preguioso e procras-tinador.Com a raiva que teve, ela se tornou como o servo da

    parbola, e como que o agarrava pela garganta dizendo:"Voc me enganou. Voc me deve todas as expectativasque tinha quando me casei com voc." Ela o via comouma pessoa que lhe devia alguma coisa. E durante aquelesquinze anos, com todas as suas implicncias, ela estavarealmente querendo dizer: "Pague-me tudo que me deve."

    Mas, por outro lado, ele havia-se casado com ela porsua bela aparncia, pelo seu cuidado com as coisas e oamor ordem. Imagine-se a decepo dele quandodescobriu que ela era desmazelada com a casa, nemcuidava de seus cabelos, roupas e aparncia de um modogeral. Ele se sentiu como se tivesse sido trado por ela."Voc me deve essas coisas, por que foi o que me

    prometeu durante o namoro, pois eu pensava que vocfosse assim. Voc me prometeu essas coisas." Dessemodo, ele a estava agarrando pelo pescoo e, com suas

    palavras sarcsticas e cortantes, estava realmente dizendo:"Pague-me o que me deve. Voc no fez jus sua nota

    promissria."E cada um deles tinha passado aqueles quinze anos

    esperando que o outro se modificasse. Ah, como trgicaessa relao entre aqueles que se professam convertidos!Somos cobradores de dvidas. Cobramos as tristezas quesofremos. E por qu! Porque no compreendemos quenosso dbito j foi totalmente cancelado, que j est

    terminado. E continuamos a nos esforar bastante, emboraDeus j tenha rasgado, no Calvrio, a nossa notapromissria.

    Certa vez preguei sobre esse assunto numa confe-rncia de aconselhamento, e aps a reunio, quando iasaindo pelo corredor, uma senhora agarrou meu brao edisse:

    Eu nunca tinha percebido isso. Mas o que venhofazendo com meus filhos nesses dezoito anos

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    cobrando dvidas, pedindo-lhes que me paguem o que medevem, em vez de dar-lhes um amor incondicional. Equantos traumas isso causou.

    Trs Testes

    Quer se submeter a trs testes aqui comigo? Vamosver se voc precisa perdoar a algum, inclusive a simesmo.

    1. Primeiro, h o teste do ressentimento. Estressentido contra algum? H alguma pessoa que aindano conseguiu "soltar"? Pode ser um dos pais, um irmoou irm, uma namorada ou namorado, cnjuge, amigo,colega de servio, ou uma pessoa que o magoou nainfncia, alguma professora do primrio, ou algum queabusou sexualmente de voc quando pequeno.

    2. O teste da responsabilidade um pouco mais sutil.mais ou menos assim: "Se pelo menos a Maria, ou Josou Joo, ou meus pais, ou minha esposa, ou meus filhos,ou a vida, ou Deus se ao menos eles tivessem me

    pagado o que me deviam, hoje eu no estaria com essavida desgraada. No teria esses problemas de

    personalidade. Se eles tivessem me pagado, ento eupoderia pagar minha dvida para com meu senhor."

    Durante muitos anos eu cometi esse erro de atirar aculpa nos outros. Todas as vezes que fracassava, ou caa,ou falhava, ouvia uma vozinha interior, muitoconsoladora, que dizia: "No se preocupe, no, David.

    No foi culpa sua. Voc teria se sado bem, se no fossepor..."

    Voc assume a responsabilidade de seus fracassos e

    erros, ou l no seu interior um gravador ligado todas asvezes e diz: "Eles me fizeram assim. Foi ele quem fez; foiela quem fez isso"? Em muitos casos, dar perdo aoutrem e assumir a responsabilidade de nossos erros soas duas faces de uma mesma moeda, e s podem ocorrerao mesmo tempo.

    3. Outro teste bastante sutil o da reao contrauma pessoa que nos lembra outrem. Voc s vezes se

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    v reagindo contra uma pessoa, s porque ela o fazlembrar outra? Pode ser que voc no goste do modocomo seu marido castiga seus filhos, porque isso lherecorda seu pai, que era exagerado nesse ponto. E issoocasiona um conflito. Pode ser tambm que no goste dedeterminado vizinho, ou se mostre sempre irritadio e

    ressentido com certo colega de trabalho. Por qu? Porqueexiste algum a quem voc nunca perdoou. E sua reaopara com este que o faz lembrar-se desse algum a quemno perdoou, um ressentimento contra ele.

    Como Resolver o Problema das Dvidas

    Existe um modo bblico de resolvermos o problemadas mgoas recebidas no passado. E o mtodo divinoultrapassa o ato de perdoar e abandonar os velhosressentimentos. Deus toma esses pecados, fracassos emgoas que ocorreram no passado e os envolve em seuelevado propsito para ns, com o objetivo de transform-los.

    A maior ilustrao desse fato a prpria cruz. Ali,Deus tomou um ato que, do ponto de vista humano, seriaa pior injustia que se poderia praticar e a tragdia maiscruel que j houve no mundo, e fez dele o mais sublimedom que um homem pode receber a salvao.

    Vemos uma ilustrao disso na histria de Jos, quefoi brutalmente maltratado por seus irmos. Mais tarde,quando esses irmos tiveram que se inclinar diante dele,que era ento o governador, ele no fez nenhumacobrana, no reclamou nada. Jos no estava preocupadoem cobrar sua dvida. E ele at sabia que eles iriam ter

    dificuldade em perdoar a si mesmos, e por isso disse:"No temais; acaso estou eu em lugar de Deus? Vs, naverdade, intentaste o mal contra mim; porm Deus otornou em bem, para fazer, como vedes agora, que seconserve muita gente em vida." (Gn 50.19,20.)

    Voc faz parte de uma comunidade crist onde no hdvidas? Seu casamento um relacionamento sem

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    cobrana de dvidas? Sua famlia tambm tem umrelacionamento assim? Toda igreja deveria ser umasociedade sem cobranas, onde todos se amam por seremamados. Onde todos se aceitam por serem aceitos, ondetodos temos graa uns para com os outros, poisdesfrutamos da alegria de saber que o Mestre rasgou o

    registro das dvidas que havamos contrado sem poderpagar. Elas foram canceladas. Ele rasgou tudo. O que elefez no foi acrescentar um determinado juro e depoisdizer: "Pois bem, dou-lhe um prazo maior para pagar."

    E como ele nos livrou de nossa dvida, tambmpodemos libertar a outros, dessa forma colocando em aoas foras do amor e da graa. O apstolo Paulo resumiutudo em poucas palavras: "A ningum fiqueis devendocousa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aosoutros." (Rm 13.8.)

    Jesus disse: "De graa recebestes, de graa dai." Nesteversculo, ele empregou termos com a mesma raiz da

    palavra dom, ento essa traduo literal seria assim:"Dado vos foi dado; dado dai." (Mt 10.8.]

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    "Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumosacerdote que penetrou os cus, conservemos firmes a nossaconfisso. Porque no temos sumo sacerdote que no possacompadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado emtodas as cousas, nossa semelhana, mas sem pecado.Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da

    graa, a fim de recebermos misericrdia e acharmos graapara socorro em ocasio oportuna."

    (Hb 4.14-16.J

    "Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, comforte clamor e lgrimas, oraes e splicas a quem o podialivrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade,embora sendo Filho, aprendeu a obedincia pelas cousas quesofreu e, tendo sido aperfeioado, tornou-se o Autor da

    salvao eterna para todos os que lhe obedecem."

    [Hb 5.7-9.)

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    3 O

    Mdico FeridoSe quisermos colocar a declarao de Hebreus 4.15 emforma positiva, diremos o seguinte: "Porque temos umsumo sacerdote que pode compadecer-se das nossasfraquezas." No original, a palavra que aqui traduzidacomo fraquezas um termo relacionado no VelhoTestamento com os sacrifcios oferecidos pelossacerdotes. A fraqueza era, basicamente, uma manchafsica, um defeito. Era uma imperfeio ou deformidade,no animal ou no homem. Se um homem da famlia deAro possusse um defeito, apesar de ser dessa famlia,no poderia exercer o cargo de sacerdote. Aquela falha o

    desqualificava, e no podia entrar na presena dasantidade de Deus (Lv 21.16-24). Da mesma forma, osanimais que eram trazidos para ofertas e holocaustostinham que ser sem mancha ou imperfeio. Existemdezenas de passagens no livro de Levticos que deixam

    bem claro que um animal com defeito no podia seroferecido a Deus. Tanto a oferta como aquele que ofertavatinham que estar livre de fraquezas.

    No Novo Testamento tambm vemos o uso figurativodessa palavra fraqueza. Trata-se de uma metfora, umafigura de linguagem. A palavra empregada no grego aforma negativa de sthenos, que significa fora. umvocbulo formado com esse termo e o

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    prefixo a. Quando colocamos a letra a antes de uma palavrapassamos seu sentido para a negativa. Por exemplo, testa uma pessoa que cr em Deus; se colocarmos um a antes dela,temos o termo atesta, pessoa que no cr em Deus. Secolocarmos um a no incio da palavra sthenos, que em gregosignifica "fora", obtemos a palavra que tem o sentido de

    fraqueza, astheneia, "falta de fora, ausncia de foras,deformidade".No Novo Testamento, a palavra quase no empregada

    com um sentido puramente de fora fsica. Ela se refere maisa uma fraqueza mental, moral e emocional, a uma ausncia deforas. As fraquezas, por si mesmas, no constituem pecado,mas minam nossa resistncia, tornando-nos mais vulnerveis tentao. No Novo Testamento, a palavra fraqueza aplica-se acertos aspectos da natureza humana que podem pre-dispor-nosou inclinar-nos a pecar, por vezes at mesmo sem uma decisoconsciente de nossa parte.

    Dos livros do Novo Testamento, o livro de Hebreus oque mais se assemelha ao de Levtico, mostrando que osistema de holocaustos nele apresentado tem seu cumprimentoem Jesus Cristo, nosso Sumo-Sacerdote. Esse cumprimentoaplica-se tambm questo das fraquezas dos sacerdotes. Osacerdote do Velho Testamento tinha fraquezas porquepartilhava da sorte de toda a humanidade. Portanto, quando eleexecutava o sacrifcio, estava fazendo-o por si mesmo, paraencobrir todas as suas imperfeies, bem como apresentavauma oferta pelo seu povo. Entretanto, como ele tinhafraquezas, entendia bem as fraquezas dos outros, e os tratavacom mansido. Executava seu ofcio de sacerdote com toda acompreenso. Pois tambm ele estava sujeito s mesmasfraquezas que temos e que nos predispem tentao e ao

    pecado.O escritor do livro de Hebreus aplica essa figura ao nossogrande Sumo-Sacerdote e Mediador, o Senhor Jesus Cristo.Como ele nunca tinha pecado, como nunca tinha cedido tentao o que no era o caso dos sacerdotes do VelhoTestamento nunca necessitara executar o holocausto por simesmo. Mas j que

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    fora tentado, j que fora provado em todas as coisas comons o somos, temos um grande Sumo-Sacerdote que. pode"compadecer-se das nossas fraquezas".

    Se ele apenas entendesse o fato de termos fraquezas,j seria o suficiente. Mas a situao ainda melhor. Eleconhece a sensao que temos em nossas fraquezas

    no apenas as deformidades, no apenas a fraqueza em si,no apenas os traumas emocionais e conflitos interiores,mas tambm a dor que tudo isso nos inflige. Elecompreende as frustraes, aflies, depresses, mgoas,os sentimentos de abandono e solido, isolamento erejeio. Aquele que conhece a sensao que temos emnossas fraquezas experimenta toda a gama de emoesque acompanham nossas enfermidades e deformidades.

    E qual a prova disso? Em que se baseia o autor deHebreus para afirmar que Jesus sabia como nos sentimos

    por causa de nossas fraquezas? "Nos dias de sua carne",isto , quando Jesus se achava entre ns, ofereceu, "comforte clamor e lgrimas, oraes e splicas" (Hb 5.7). Eessa orao foi feita em silncio e tranqilidade? No. Eleofereceu "com forte clamor e lgrimas, oraes e splicasa quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido porcausa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu aobedincia pelas cousas que sofreu". (Hb 5.7,8.)

    Isso nos fala do Getsmani, da sua paixo esofrimento a cruz de nosso Senhor, e como que nos diz:"A est; ele passou por tudo isso. Ele sabe o que chorarcom muitas lgrimas. Sabe o que orar a Deus em

    prantos. Ele lutou com emoes que quase odespedaaram. Ele conhece isso. J passou por isso e

    pode sentir o que sentimos. Ele sofre conosco."

    De todas as palavras que descrevem a Encarnao deDeus, a maior delas Emanuel, que quer dizer "Deusconosco". Deus est nisso conosco. Ou melhor ainda,tendo passado pelas mesmas coisas, sabe entrar no

    problema e senti-lo conosco. por isso que podemos nosaproximar com ousadia, podemos chegar perto de Deuscom toda a confiana. Deus no nos diz: "Venha com asua culpa", ou "Venha com a sua

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    vergonha". No precisamos pensar assim: alguma coisaest errada comigo, pois estou tendo esta depresso. Estoucado. So idias cruis que ns mesmos, s vezes,infligimos uns aos outros. Elas no so bblicas.

    No estamos chegando diante de um pai neurtico ques quer ouvir falar bem de seu filho. No estamos nos

    aproximando de um pai que diz: Pare; no sinta essas coisas; errado. No chore.Se continuar chorando, vou dar-lhe um bom motivo parachorar mais.

    Estamos diante de um Pai celeste que compreendenossos sentimentos e nos chama para que lhe falemosdeles. Por isso, podemos aproximar-nos do trono da graacom toda a confiana, sabendo que encontraremos graa emisericrdia diante dele, nos momentos de dificuldade.Podemos nos achegar a ele quando precisarmos de

    perdo, quando sentirmos o peso da culpa de nossospecados. E podemos nos aproximar tambm, quandoestivermos sendo torturados e atormentados peloreconhecimento de nossas fraquezas.

    O Jardim

    Para entendermos bem o preo que o Salvador teve depagar para tornar-se nosso Mdico, precisamos percorrercom ele os caminhos da sua paixo e sofrimento, queesto descritos nos Evangelhos, Salmos e no livro deIsaas.

    Venha comigo ao jardim do Getsmani. Veja o preopago pelo nosso Salvador para ser Emanuel, Deusconosco. Oua a orao que ele fez. Ser que voc

    consegue escut-la, como se a estivesse ouvindo pelaprimeira vez? Ele "comeou a entristecer-se e a angustiar-se. Ento lhes disse: A minha alma est profundamentetriste at morte." (Mt 26.37,38.)

    Espere um pouco a, Jesus. O que o Senhor disse?"Minha alma est profundamente triste at morte?"Estquerendo dizer que o Senhor naquela hora passou porsofrimentos, sensaes e sentimentos de agonia to fortesque at desejou morrer? Isso quer dizer

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    ento, Senhor, que entende quando estou to deprimido queno quero nem viver mais?

    Vejamos agora o Salmo 22, apelidado o "salmo dodesamparo": "Derramei-me como gua, e todos os meus ossosse desconjuntaram; meu corao fez-se como cera, derreteu-se-me dentro em mim. Secou-se o meu vigor como um caco

    de barro, a lngua se me apega ao cu da boca; assim medeitas no p da morte." (SI 22.14,15.)E o Salmo 69 outro desses textos: "Salva-me, 6 Deus,

    porque as guas me sobem at a alma" (v. 1). "Estou nasprofundezas das guas e a corrente me submerge" (v. 2)."Estou cansado de clamar" (v. 3). "O oprbrio partiu-me ocorao, e desfaleci; esperei por piedade, mas debalde; porconsoladores, e no os achei" (v. 20). "Ento, nem uma horapudestes vs vigiar comigo?" (Mt 26.40.) Ele implorou aosseus amigos trs vezes, mas sem resultado. Por fim "osdiscpulos todos, deixando-o, fugiram" (Mt 26.56).

    Quem j enfrentou a agonia de uma terrvel solido, ou deum vazio patolgico, quem j experimen-tou as mais negrascrises de depresso, sabe que, quando estamos nesse abismo,a coisa mais difcil para se fazer orar, pois no sentimos apresena de Deus. Pois eu quero garantir-lhe que ele sabe,entende sente suas fraquezas. Ele vive todas as suas sensa-es, pois j passou por tudo isso.

    O Julgamento

    Acompanhemo-lo agora at o local do julgamento, ondeteve que ouvir falsos testemunhos a seu respeito. Voc j foiacusado injustamente? Conhece a dor que isso nos causa?"Ento uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e

    outros o esbofeteavam..." (Mt 26.67.) "Os que detinham Jesuszombavam dele, davam-lhe pancadas." (Lc 22.63.)Muitas vezes, quando estou conversando com pessoas

    dominadas por uma mgoa profunda, ou por um forte dio ousofrimento, elas me olham com um rosto impassvel, sem omenor vislumbre emocional. Mas,

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    quando comeo a penetrar mais fundo e pergunto: "Qual a pior imagem que voc tem na memria? Qual a que lhetraz mais sofrimento?" logo se nota uma mudana nosemblante. No incio uma mudana leve, mas depois osolhos se enchem de lgrimas, que escorrem pelo rostoabaixo, e da a pouco elas choram. At mesmo homens

    fortes, grandes, soluam pelo sofrimento e raiva. Eu sei qual , dizem. Lembro muito bem. aimagem de quando meu pai me batia de chicote e me dava

    pancadas na cabea. Era quando mame me dava um tapa.Nada mais danoso para a personalidade humana do

    que um tapa no rosto. to humilhante, to degradante,to aviltante. Destri em ns um sentimento bsico denossa personalidade.

    Mas o nosso Mdico ferido compreende isso. Ele sabeo que levar pancadas na cabea, tapas no rosto. Eleconhece as sensaes que temos, que brotam em ns porcausa desse tipo de agresso. Ele sente os problemas quenos afetam. E quer nos curar. Quer que saibamos que noest irado conosco por causa dessas sensaes. Ele ascompreende muito bem.

    A Cruz

    Vamos um pouco mais adiante, vamos prpria cruz.Zombaram dele, meneando a cabea e dizendo: "Salva-tea ti mesmo, se s Filho de Deus! E desce da cruz!" (Mt27.40.) Debocharam dele, protestaram contra ele,zombaram. Debochar, menear a cabea, zombar,reclamar, criticar todas essas palavras nos trazem memria as humilhaes e sofrimentos da adolescncia.

    Um certo homem acha que os anos da adolescncia, eprincipalmente o relacionamento na escola, so totraumatizantes para o jovem, que escreveu um livrointitulado s ThereLife After High School? (H vida apso Ginsio?)

    Fico admirado com as dolorosas lembranas quemuitos adultos me relatam acerca de seus anos deadolescncia. Geralmente as palavras que mais ouvem

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    e que lhes vm lembrana dos anos da adolescncia sode "gozao"; tais como :"sabicho", "Bolo","desajeitado", "espinhento", etc. Ou ento so lembranasdos grandes culos de armao antiquada, ou dosaparelhos nos dentes. Cada um sabe qual seu problema.A crueldade das crianas uma com as outras coisa da

    vida.Jesus sabe quando somos rejeitados por um amigo,desprezados por um namorado ou namorada, criticados

    pela nossa turma. como disse Isaas: "No tinhaaparncia nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma

    beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o maisrejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe oque padecer; e como um de quem os homens escondemo rosto, era desprezado, e dele no fizemos caso." (Is53.2,3.)

    ; ele foi um Homem de dores que sabe o que padecer. Se voc est sofrendo, ele tambm est sentindoo mesmo. E se uma pessoa solitria um vivo, vivaou divorciado ele sabe o que estar sozinho, sabe oque ter a impresso de que uma parte de ns parece tersido arrancada.

    Pesquisas tm mostrado que os dois maiores fatoresprovocadores de stress para o corpo, mente e emoes soa morte de um cnjuge, ou a separao dele pelo divrcioou desquite. De certo modo, a separao pior. A mortede um cnjuge, embora seja dolorosa, como uma feridalimpa. O divrcio ou desquite muitas vezes causa umaferida infecta, puru-lenta, latejando de dor. Jesus entende,quando uma pessoa tem que se esforar para ser pai e me

    para seus filhos.

    Mas ser que ele conhece tambm a pior de todas asnossas fraquezas, que quando no conseguimos nemorar? Quando nos sentimos abandonados pelo prprioDeus? O Credo Apostlico diz: "Desceu ao inferno."Quando Cristo estava na cruz, os cus se tornaram comoque de ferro para ele. Tornaram-se horrivelmente surdos,quando ele foi cortado da terra dos viventes. E ele gritou

    pedindo socorro, em seu ltimo instante de agonia, masno recebeu resposta:

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    "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por quese acham longe de meu salvamento as palavras de meu

    bramido? Deus meu, clamo de dia e no me respondes."(SI 22.1,2.) Deus compreende o grito de desamparo. Elesabe as sensaes que temos em nossas fraquezas.

    Quando os credos antigos afirmam que Cristo desceu

    ao inferno, querem dizer que ele conheceu todos ostemores, horrores e sensaes de aflio que nsexperimentamos nos momentos em que nos encontramosno nvel emocional mais baixo, devido a uma rejeio,abandono e depresso. Isso significa que, assim sendo,

    podemos levar a ele todas as nossas sensaes, mesmo asmais terrveis.

    E no precisamos chegar diante dele com sentimentosde culpa e vergonha, mas sim com toda a confiana eousadia, sabendo que ele no somente sabe o quesentimos, mas quer nos curar. E ele no nos deixousozinhos, pois o Esprito Santo nos ajuda em nossasenfermidades (Rm 8.26). A experincia que Jesus Cristoteve na condio de ser humano acha-se agora conosco na

    pessoa do Esprito Santo, que nos ajuda em nossasfraquezas, havendo uma colaborao mtua, para a curadelas.

    Joni Eareckson era uma jovem bela, cheia de vida eativa. Certo dia, ao mergulhar numa lagoa, bateu com acabea numa pedra. Sofreu leses que a deixaram

    paraltica, e hoje paraplgica. Ela pinta quadrossegurando o pincel com os dentes. Seu testemunho cristo

    j correu o mundo todo atravs de seus livros e do filmeque foi feito sobre sua vida.

    Joni compreendeu toda a extenso de dependncia

    quando, certo dia, desesperada, pediu a uma amiga quelhe desse alguns comprimidos para suicidar-se, mas estalhe recusou. Ento ela pensou: "No posso nem mematar/"

    A princpio, a vida foi um inferno para ela. Seuesprito era abalado por dores, dio, amargura e mgoas.Embora no sentisse dores fsicas, tinha sensaes comoque de agulhadas nos nervos a percorrer-lhe todo o corpo.Isso durou trs anos.

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    Ento, certo dia, teve incio em sua vida umatransformao radical, que fez dela uma crist bela eradiante. Cindy, sua melhor amiga, estava ao lado de suacama tentando desesperadamente consol-la. Em dadomomento, ela disse algo que s poderia ter sido inspirado

    pelo Esprito Santo:

    Joni, Jesus sabe o que voc est sentindo. Vocno a nica pessoa paraltica. Ele tambm esteveparalisado.

    Joni olhou para ela meio enfezada. Que que voc est querendo dizer com isso? verdade, verdade, Joni. Lembra-se de que ele

    foi pregado na cruz? As costas estavam feridas pelaschicotadas, assim como as suas tambm ficam feridas svezes. Ah, ele deve ter tido muita vontade de remexer-seum pouco, para mudar de posio, para aliviar o peso docorpo, mas no podia se mover. Ele sabe o que voc estsentindo.

    Quando aquelas palavras de Cindy penetraram namente de Joni, teve incio toda a transformao. Elanunca pensara naquilo antes. O Filho de Deus haviasentido as agulhadas que torturavam seu corpo. Eleconhecera aquela sensao de desamparo que ela estavasentindo.

    Mais tarde ela iria explicar: "Foi ento que Deus mepareceu incrivelmente prximo de mim. Eu j tinhapercebido o bem que o amor de meus amigos e familiaresme fazia. Agora comeava a compreender que Deustambm me amava." (Where is God When it Hurts Onde est Deus quando sofremos de Philip Yancey.)

    Muitas vezes, agradecemos a Deus pelo fato de Jesus

    haver levado sobre si os nossos pecados na cruz. Masprecisamos lembrar outra coisa. Em sua plenaidentificao com nossa condio humana, principal-mente quando se achava na cruz, ele levou sobre si todosos nossos sentimentos, e carregou as nossas sensaes defraqueza, para que no precisssemos ter que lev-lassozinhos.

    H um hino que expressa bem esse aspecto dosacrifcio de Cristo: "Vale da Solido".

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    Jesus andou pelo vale da solido E teve que andarpor ele sozinho Ningum poderia percorr-lo emseu lugar Ele teve que percorr-lo sozinho.

    Voc tambm tem que passar por suas provaes Temque suport-las sozinho; Ningum poder suport-las

    por voc Voc tem que suport-las sozinho.

    Quando passamos pelo vale da solidoNo andamos por ele sozinhosPois Deus mandou seu Filho para caminhar ali

    conosco; No estamossozinhos.

    (Hymnsfor the Family ofGod Hinos para a famlia de Deus.)

    "Pois no um ser sobre-humano esse nosso Sumo

    Sacerdote, incapaz de compreender a nossa fraqueza.No; como ns, experimentou plenamente toda a espciede tentao que nos assalta." (Hb 4.15 Cartas sIgrejas Novas.) esta certeza que nos fornece as bases

    para termos esperana e sermos curados. O fato desabermos que Deus no apenas sabe de tudo e nos ama,mas tambm compreende plenamente o que passamos um fator altamente teraputico para a cura de nossostraumas emocionais.

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    "Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na forado seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para

    poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque anossa luta no contra o sangue e a carne, e, sim, contra os

    principados e potestades, contra os dominadores deste mundotenebroso, contra as foras espirituais do mal, nas regies

    celestes. Com toda orao e splica, orando em todo tempo noEsprito, e para isto vigiando com toda perseverana e splicapor todos os santos. "

    [Ef 6.10-12, 18.)

    "Para que Satans no alcance vantagem sobre ns, poisno lhe ignoramos os desgnios. "

    (2 Co 2.11.)

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    A Mais Mortfera Arma de

    SatansA imagem que a Bblia nos oferece de Satans bem

    diferente da popular. Na Bblia ele no apresentadocomo essa personagem cmica das histrias emquadrinhos, com chifres, cauda, tridente, ridicula-mentevestida com uma malha vermelha. Na verdade, Satans um adversrio inteligente, ardiloso e muito perigoso (1 Pe5.8).

    E como ele pertence ao mundo espiritual, conhece asnossas fraquezas. Ele conhece as nossas enfermidades, eas utiliza contra ns, sempre com grandes vantagens. ABblia no fala muito do poder de Satans, pelo menosno tanto quanto fala de sua sutileza, artimanha efalsidade. Ele usa de astcias e trapaas, de estratagemas e

    planos bem elaborados. Sabe explorar nossas fraquezas nosentido de enfraquecer-nos, desanimar-nos, fazer-nosfracassar e abdicar da vida crist. A Bblia o descrevecomo um leo que ruge, andando ao nosso redor,

    procurando algum para devorar (1 Pe 5.8). Paulo tambmfalou dos malignos poderes das trevas contra os quaisestamos em luta (Ef 6.12). E nas trevas que somosfacilmente atacados e iludidos.

    Uma Auto-Imagem Negativa

    Algumas das armas mais fortes do arsenal de Satansso de natureza psicolgica. O medo uma

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    delas. A dvida outra. Outras so raiva, hostilidade,preocupao e, naturalmente, o senso de culpa. Oconstante sentimento de culpa muito difcil de serremovido; ele parece permanecer em ns mesmo depoisque nos convertemos e suplicamos o perdo de Deus e

    aceitamos sua graa.Muitos cristos parecem ter um sentimento deautocondenao suspenso sobre a cabea, como umadensa nvoa de poluio. Assim esto sendo derrotados

    pela mais poderosa arma psicolgica que Satans usacontra os cristos. Essa arma tem a eficcia de um mssilmortal. O nome dela? Auto-imagem negativa.

    A maior arma psicolgica de Satans um sentimentode inferioridade, incapacidade e falta de auto-estima, quese acha enraizado no mais profundo de nosso ser. E estesentimento est aprisionando muitos de ns, muitoembora eles possam ter tido experincias espirituaismaravilhosas, embora tenham grande f e bomconhecimento da Palavra de Deus. Apesar de entenderem

    perfeitamente sua condio de filhos de Deus, acham-secomo que amarrados e tensos, acorrentados por terrveiscomplexos de inferioridade, presos a um profundosentimento de que no valem nada.

    Existem quatro maneiras pelas quais Satans aplicaessa arma, que a mais mortal de todas as suas armasemocionais e psicolgicas, com o objetivo de derrotar-nose fazer-nos fracassar.

    1. Uma auto-imagem fraca paralisa nosso potencial.Tenho visto o terrvel impacto dos sentimentos deinferioridade em todos os lugares onde tenho exercido

    meu ministrio. Tenho presenciado trgicos desperdciosde potencial humano, vidas diludas, talentos perdidos,com grande prejuzo de uma verdadeira mina decapacidade e possibilidades humanas. E tenho choradointeriormente.

    Sabe que Deus tambm chora por causa disso? Elefica mais entristecido do que irado com essas coisas. Elechora pela paralisao de nosso potencial causada poruma imagem prpria negativa. E o preo muito alto,

    pois parece que todos estamos lutando contra

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    essas coisas. So muito poucos os que conseguem superaro tormento da dvida quanto a seu prprio valor, asarrasadoras decepes quanto sua identidade e quantoao seu futuro. Uma auto-imagem fraca pode comear no

    bero, acompanhar-nos durante os primeiros anos daescola e intensificar-se na adolescncia. Depois que nos

    tornamos adultos, ela parece se ass