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Secretaria de Estado de Segurança Subsecretaria de Educação, Valorização e Prevenção Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças 31 de Voluntários Currículos para os Cursos de Formação Soldados - Cabos - Sargentos Rio de Janeiro 2012

Currículo CFAP

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Grade Curricular - Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças

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Page 1: Currículo CFAP

Secretaria de Estado de Segurança

Subsecretaria de Educação, Valorização e Prevenção

Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças 31 de Voluntários

Currículos para os Cursos de Formação Soldados - Cabos - Sargentos

Rio de Janeiro 2012

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Ficha Técnica JOSÉ MARIANO BELTRAME Secretário de Estado de Segurança - SESEG

CEL. ERIR RIBEIRO COSTA FILHO Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

JULIANA MÁRCIA BARROSO Subsecretária de Educação, Valorização e Prevenção CEL. ROBSON RODRIGUES DA SILVA Comandante do Estado Maior Administrativo MELISSA ALVES DE ALENCAR PONGELUPPI Superintendente de Educação CEL. RICARDO COUTINHO PACHECO Diretor de Ensino da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro CEL. JOÃO SILVESTRE DE ARAÚJO Comandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças

Equipe Envolvida:

Adriano Melo Alexandre do Valle Augusto Magalhães Elias Maforte Fábio Vieira Flavia Peres Hélio Correa Leonardo Souza Mariana da Gama Maria Di Luca Nathalia Vilela

Equipe Pedagógica do CFAP:

Érica Dias Rúbia dos Santos Simone Romeu Tatiane Alves

BERNADETE CORDEIRO

Consultora Pedagógica

© SESEG, 2012 SESEG – Secretaria de Estado da Segurança Subsecretaria de Educação, Valorização e Prevenção Rua Praça Cristiano Ottoni s/n , 4° andar Rio de Janeiro – RJ , 20.221-210 Fones: +55 (21) 2334.9468

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÂO ........................................................................................................................... 4 2. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................................... 5 3. ASPECTOS GERAIS ...................................................................................................................... 9 3.1. Aspectos Históricos ...................................................................................................................... 9 3.1.1. Missão Institucional ................................................................................................................... 9 3.1.2. Visão de Futuro ......................................................................................................................... 9 3.1.3. Valores da Instituição ................................................................................................................ 9 3.2 Aspectos Legais .......................................................................................................................... 10 3.2.1. Documentos de âmbito nacional ............................................................................................. 10 3.2.2. Documentos de âmbito estadual ............................................................................................ 10 3.3. Objetivo Geral dos Cursos de Formação ................................................................................... 11 4. REFERENCIAIS CURRICULARES .............................................................................................. 12 4.1. Perfil Profissiográfico e as Competências a serem Desenvolvidas ........................................... 12 Quadro 2 – Competências Cognitivas .............................................................................................. 13 Quadro 3 – Competências Operativas .............................................................................................. 14 Quadro 4 – Competências Atitudinais ............................................................................................... 16 4.1.1 ........ Competências relacionadas às ações de formação do operador de segurança publica na América Latina................................................................................................................................... 18 4.1.2. A formação de Soldados e os requisitos para Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) ....... 21 4.3 Referenciais Teórico-Metodológicos ........................................................................................... 22 4.4. Avaliação .................................................................................................................................... 33 5 – MATRIZ CURRICULAR .............................................................................................................. 37 5.1. Concepção das Malhas Curriculares ......................................................................................... 37 5.2. A Malha Curricular do Curso de Formação de Soldado ............................................................ 38 5.3. Ementas das Disciplinas ............................................................................................................ 40 5.3.1. Composição das Ementas ...................................................................................................... 40 6- REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA..................................................................................................43

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1. APRESENTAÇÂO

O presente texto apresenta os referenciais orientadores e a proposta educacional

para o Centro de Formação e Aperfeiçoamento das Praças da Polícia Militar do

Estado do Rio de Janeiro - fruto de um trabalho coletivo desenvolvido pelos

dirigentes, coordenadores pedagógicos, colaboradores e parceiros.

Essa proposta é uma reflexão que tem como ponto de partida a atual política de

segurança pública adotada pela Secretaria de Estado da Segurança do Rio de

Janeiro, na qual os processos de aprendizagem passam a ter contornos de uma

ponte entre as atividades policiais e as dinâmicas e demandas da sociedade.

No desenvolvimento das competências dos policiais para prover um Estado

Democrático de Direito, apostamos na formação de um policial ético, técnico e que

aja dentro da legalidade.

A divulgação desse texto tem a intenção de compartilhar nossas reflexões com os

profissionais de outras Instituições que possuem desafios similares, de modo a

construir um trabalho conjunto alicerçado no conhecimento mútuo, na troca de

experiências e no debate permanente de ideias.

Desejamos a tod@s uma boa leitura!

Subsecretaria de Educação, Valorização e Prevenção

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO

As demandas requeridas nas últimas décadas - expressas em estudos, pesquisas

e agendas para a formação - apontam a necessidade do delineamento de um

novo perfil profissional para o policial, que reúna conhecimento, habilidades e

atitudes que os tornem capazes de lidar com as diferentes formas

conflitualidades1, contribuindo assim para garantir a qualidade de vida e a

integridade das pessoas, por meio de metodologias e técnicas fundamentadas em

modelos de segurança que abranjam a articulação de diferentes forças sociais na

promoção da cidadania.

Trata-se da emergência da planificação emancipatória no campo da segurança,

enfatizando a mediação de conflitos e a pacificação da sociedade contemporânea. (...)

Isso significa uma perspectiva de desenvolver um processo civilizador de superação das

formas de violência e de ampliação da cidadania, desenhando uma agenda pública sobre

o direito à segurança de cada cidadão e cidadã. (TAVARES DOS SANTOS, www.sielo.br)

No Rio de Janeiro, somam-se a estas demandas, de forma específica, a

implementação do modelo de policiamento denominado Unidade de Polícia

Pacificadora (UPP) que busca promover a aproximação entre a população e a

polícia, aliadas ao fortalecimento de políticas sociais nas comunidades.

As UPP representam, efetivamente, uma inovação na política de segurança do

Estado do Rio de Janeiro, não somente pela ocupação permanente das favelas

pela polícia, mas pela possibilidade de representar uma resposta efetiva para a

população, instaurando nas comunidades especificadas, o policiamento

comunitário, cujo princípio constitutivo é, em linhas gerais, o contato direto e, em

certa medida, solidário, entre os policiais e os moradores para a identificação

1 Para Tavares dos Santos (www.sielo.br) conflitualidades é o vocábulo que abrange as formas de violência, as

metamorfoses do crime, da crise das instituições de controle social e dos conflitos sociais presentes nesse novo cenário.

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conjunta dos anseios e dos problemas da comunidade, de maneira a delinear os

procedimentos de segurança mais apropriados.

Este cenário exige, por parte do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de

Praças, CFAP 31 de Voluntários - instituição responsável pela formação técnico-

profissionalizante e continuada da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

(PMERJ) que oferece a formação para Soldados, Cabos e Sargentos, bem como

cursos de aperfeiçoamento - a implementação de novas ações organizativas e

pedagógicas referentes a otimização de tempos e espaços de formação. Numa

dimensão politicamente mais ampla, essas demandas estão alinhadas as

diretrizes da SESEG que elegeu a educação como princípio norteador das

mudanças a serem realizadas.

Assim, por intermédio da Subsecretaria de Ensino e Programas de Prevenção,

estão sendo implementadas várias ações educacionais, dentre elas a

reelaboração dos currículos dos cursos de formação, com a finalidade de rever os

aspectos conceituais, metodológicos e técnicos que fundamentam e orientam os

processos de ensino e aprendizagem.

O processo de reelaboração curricular compreendeu uma fase de diagnóstico,

durante a qual foram realizados análise da matriz curricular dos cursos ofertados

pelo CFAP; trabalhos de grupos sobre a estrutura e a organização do trabalho

pedagógico do CFAP; análises das competências profissionais; capacitação dos

professores abordando a fundamentação teórica a ser utilizada, dentre outras

atividades. Essas ações contribuíram para a reunião de pistas que possibilitaram

evidenciar situações que afetam diretamente os resultados dos cursos de

formação e indicam a necessidade da consideração de ações essenciais num

processo de elaboração curricular, como: a melhoria do processo de seleção dos

discentes e docentes, a formação continuada de professores, o espaço para o

planejamento, a discussão coletiva e o acompanhamento sistematizado da prática

pedagógica.

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Os itens apresentados foram discutidos e resignificados, considerando os

referenciais teóricos e metodológicos da Matriz Curricular Nacional – documento

norteador para organização das ações formativas na área de segurança pública

(MJ/SENASP) – que tem no desenvolvimento de competências o centro da sua

concepção educacional.

Os currículos dos cursos de formação do CFAP devem ser entendidos como

instrumentos de referência das ações formativas e da prática pedagógica do

professor nas situações e condições de aprendizagem proporcionadas aos futuros

operadores da área de segurança pública, visando ao desenvolvimento/aquisição

de competências profissionais.

A efetivação de um currículo exige uma relação de congruência entre as

intencionalidades expressas nos documentos legais e conceituais (dimensão

política) e as condições adequadas para a sua operacionalização no dia-a-dia

(dimensão técnico-metodológica). Isso indica a necessidade dos cursos de

formação utilizarem múltiplos espaços para a aprendizagem, como por exemplo,

stands, bibliotecas, teatros e até mesmo os espaços ao ar livre, bem como

diversas “situações problematizadoras” com base em técnicas de estudo ativo

(estudos de caso, simulações, debates, demonstrações, etc.). As ações realizadas

nesses espaços devem estar voltadas para o desenvolvimento das competências

profissionais necessárias à atuação do operador de segurança pública no contexto

social atual, considerando a indissociabilidade com os Direitos Humanos.

Refletir, pesquisar, discutir, debater, aprender e desenvolver foram algumas das

ações que fizeram parte do processo de elaboração deste documento, que está

dividido nas seguintes partes:

Parte 1 – Aspectos Gerais – compreende os aspectos históricos,

organizacionais e legais do CFAP, sua missão institucional, visão de futuro e

valores organizacionais, bem como os objetivos gerais dos cursos de formação;

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Parte 2 – Referenciais Curriculares – apresenta o perfil profissiográfico dos

profissionais da área de segurança pública, os referenciais teóricos, os aportes

metodológicos propostos para o trabalho pedagógico do CFAP.

Parte 3 - Matriz Curricular – Detalha a concepção da malha curricular e as

ementas das disciplinas, que servirão de suporte para elaboração dos diversos

cursos ofertados e para a elaboração dos planos de aula.

Como todo o trabalho pedagógico, o currículo é apenas o referencial para outras

ações a serem desenvolvidas. Especificamente no caso do CFAP, esse currículo

será também a ferramenta para o trabalho de transversalidade dos Direitos

Humanos a ser desenvolvido no âmbito da parceria com o Comitê Internacional da

Cruz Vermelha, cujo objetivo é mapear, junto com os professores, as disciplinas

que possuem uma integração com as normas nacionais e internacionais de

Direitos Humanos para, a partir delas, gerar “situações problematizadoras” (casos

práticos) que possam subsidiar as dinâmicas dos processos de ensino e de

aprendizagem tornando-os mais intencional e efetivo.

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3. ASPECTOS GERAIS

3.1. Aspectos Históricos

O Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças – CFAP 31 de Voluntários

foi criado em 1933, no então Distrito Federal (RJ), com o nome de Escola de

Recrutas (ER). Esta primeira escola foi instalada numa ampla fazenda de

3.189.639 m² que havia sido comprada pela antiga Brigada Policial em 10 de

outubro de 1907. Hoje, a escola de praças está sediada na Fazenda dos Afonsos,

localizada no bairro de Sulacap, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.

Desde a sua fundação, em 1933, o CFAP é responsável pela formação dos

operadores da Polícia Militar do Rio de Janeiro: Cabos, Soldados e Sargentos.

3.1.1. Missão Institucional

Assegurar um ensino de qualidade, formando policiais militares reflexivos,

conscientes e participativos, capazes de interagir e intervir na realidade. Ser um

espaço de conhecimento, onde o aperfeiçoamento favoreça o aprimoramento da

atuação policial, de forma a responder às necessidades emergentes da sociedade.

3.1.2. Visão de Futuro

Ser reconhecida como referência de excelência na formação e aperfeiçoamento

dos policiais militares pelas demais corporações policiais, e pela sociedade em

geral.

3.1.3. Valores da Instituição

O respeito à dignidade da pessoa humana, o respeito ao interesse público,

comportamento ético, a eficiência, o mérito, a criatividade, a modernização, a

cordialidade, o profissionalismo e a transparência.

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3.2 Aspectos Legais

No cumprimento da sua missão, o CFAP norteia sua ação pedagógica pelos

documentos de valor legal, descritos a seguir:

3.2.1. Documentos de âmbito nacional

Constituição Federal.

Matriz Curricular Nacional para a Formação em Segurança Pública do

Ministério da Justiça.

Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.

3.2.2. Documentos de âmbito estadual

Diretriz Geral de Ensino e Instrução – DGEI, no âmbito da Corporação e

suas modificações.

Regimento Interno do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças -

31 de Voluntários.

Regulamento do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças - 31

de Voluntários.

Regulamento Disciplinar da PMERJ (original) - Aditamento Bol PM nº. 17 -

14 de Março de 1983.

Decreto nº 20.530 de 19 de setembro - RPCEE - DOERJ Nº 179 –

Publicação- Regulamento de Preceitos Comuns aos Estabelecimentos de

Ensino da PMERJ.

Instruções Provisórias para o Ensino à Distância na PMERJ (IP-34) - Bol PM

nº. 094 - 31 de Maio de 2010.

Instruções Provisórias para Elaboração e Revisão de Currículos da PMERJ

(IP-37) - Aditamento Bol PM nº. 223 - 02 de Dezembro de 1998.

Instruções Provisórias para Avaliação do Ensino e da Aprendizagem (IP-

13) (Completa) - Aditamento Bol PM nº. 234 - 18 de Dezembro de 1998.

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Instruções Provisórias para Elaboração e Revisão de Currículos da PMERJ

(IP-37) - Aditamento Bol PM nº. 223 – 02 de Dezembro de 1998.

Normas de Planejamento e Conduta do Ensino e da Instrução - 2010 -

(NPCEI - 2010) - Bol PM nº. 119 - 30 de Dezembro de 2009.

3.3. Objetivo Geral dos Cursos de Formação

Consciente das demandas e necessidades atuais, da sua missão institucional e do

compromisso com a sua visão de futuro, o CFAP estabelece para os seus cursos

de formação o seguinte objetivo geral:

Criar condições para que os policiais em formação possam: ampliar

conhecimentos; desenvolver habilidades técnicas e cognitivas; e fortalecer

atitudes pessoais e corporativas necessárias à sua atuação como operadores de

segurança pública.

Considerando-se que a flexibilidade é característica inerente a todo processo de

planejamento, os objetivos específicos de cada curso serão descritos nos

respectivos projetos de curso.

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4. REFERENCIAIS CURRICULARES

4.1. Perfil Profissiográfico e as Competências a serem Desenvolvidas

O perfil profissiográfico é uma ferramenta que auxilia no delineamento do potencial

do profissional para atender às demandas sociais, bem como possibilita a reflexão

sobre as competências profissionais que deverão ser desenvolvidas/exercitadas

durante o processo de formação, mediante a vinculação com a organização

curricular e conseqüentemente com as atividades de aprendizagem.

As competências descritas a seguir, foram extraídas da Matriz Curricular Nacional2

(BRASIL, 2011) e foram classificadas em três grandes grupos, tomando como

base às dimensões do conhecimento: cognitivas (conhecimentos), operativas

(habilidades) e atitudinais (atitudes).

Para uma melhor compreensão das competências, extraídas da Matriz e validadas

pelo CFAP bem como para visualizar as inseridas em consonância com as

peculiaridades da PMERJ, optou-se por abandonar a numeração adotada e

reiniciar do zero, apenas sinalizando a que foram incluídas pela equipe do CFAP.

Assim temos:

2 As competências descritas nesse relatório foram retiradas da Matriz Curricular Nacional (SENASP,

2011) e foram validadas por grupos de trabalhos constituídos por policiais militares, policiais civis e bombeiros militares que atuam em áreas contempladas pelas disciplinas que compõem as Malhas Curriculares da MCN. As atividades dos grupos foram conduzidas por uma pedagoga, consultora desse produto, em conjunto com os servidores do Departamento de Pesquisa, Análise da Informação e Desenvolvimento de Pessoal de Segurança Pública - DEPAID, responsável pelo acompanhamento do processo de elaboração da “análise profissiográfica e do mapeamento de competências da Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, realizado no período de 2009 a 2010”. Além disso, foram complementadas pela equipe técnica do CFAP após análise do documento.

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Quadro 1 – Conceitos das Dimensões

Dimensão Referência

Cognitivas (Conhecimentos) Conhecimentos sistematizados (fatos, conceitos, princípios, métodos de conhecimento; etc.).

Operativas (Habilidades) Habilidades e hábitos intelectuais e sensor motores (observar um fato e extrair conclusões; destacar propriedades e relações das coisas; dominar procedimentos para resolver exercícios; escrever e ler; usar adequadamente os sentidos; manipular objetos e instrumentos; etc.).

Atitudinais (Atitudes) Atitudes e valores (por exemplo, perseverança e responsabilidade no estudo; modo científico de resolver problemas humanos; senso crítico frente aos objetos de estudos e à realidade; espírito de camaradagem e solidariedade; convicções; valores humanos e sociais; interesse pelo conhecimento; modos de convivência social; etc.).

Fonte: Quadro elaborado a partir de Libãneo, 2004, p. 83.

Quadro 2 – Competências Cognitivas

No. Competências

1 Ser capaz de agir demonstrando domínio sobre a legislação, normas e regimentos internos aplicados à função e seus trâmites.

2 Ser capaz de respeitar os direitos humanos e cidadania na atuação profissional.

3 Ser capaz de agir demonstrando conhecimentos sobre relações humanas e noções de psicologia.

4 Atuar demonstrando noções de mecânica e de física, quando necessário.

5 Atuar demonstrando conhecer o organograma e funcionamento das Polícias bem como o funcionamento da Justiça.

6 Atuar de acordo com a filosofia do policiamento comunitário.

7 Atuar demonstrando conhecimento sobre sociologia, história, folclore ou costumes da localidade ao interagir com a Comunidade.

8 Identificar a natureza da infração penal transgredida, com base em entrevistas com as partes envolvidas (vitimas, autores, testemunhas, suspeitos, informantes, dentre outros) ou presos*.

9 Proceder ao encaminhamento de vítima para o juizado de pequenas causas, ao registrar ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo.

10 Ter a capacidade de interagir com Órgãos e integrantes do sistema judiciário, Penitenciário e de Defesa Social.

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11 Ter conhecimento sobre procedimentos administrativos disciplinares.

12 Conhecer fundamentos de segurança de dignitários.

13 Atuar com conhecimentos sobre criminologia, vitimologia e sociologia da violência.

14 Ser capaz de arrolar testemunhas e elementos informativos (CPP) para o flagrante.

*Competência modificada pela equipe pedagógica do CFAP

Quadro 3 – Competências Operativas

No. Competências

1 Ser capaz de agir demonstrando conhecimentos sobre metodologias e técnicas de resoluções e gerenciamento de conflitos.

2 Ter a capacidade de zelar pela manutenção e guarda dos bens, equipamentos e demais materiais sob sua responsabilidade.

3 Ter a capacidade de utilizar a experiência pessoal e profissional ao planejar ações, seguindo normas, doutrinas e legislações pertinentes à segurança pública.

4 Ter a capacidade de avaliar o grau de risco da missão, considerando sua finalidade, objetivos e periculosidade.

5 Demonstrar domínio das técnicas de abordagem.

6 Ser capaz de respeitar e adotar os procedimentos de segurança no desempenho das tarefas inerentes ao cargo.

7 Ter capacidade de aplicar as técnicas de defesa pessoal. (treinamento continuado).

8 Demonstrar conhecimentos sobre técnicas de operações especiais. (fundamentos).

9 Ter capacidade de coletar/analisar dados isolados, transformando-os rapidamente em informações úteis, segundo o contexto de atuação e a finalidade.

10 Ser capaz de redigir documentos de maneira clara, respeitando os padrões da norma culta e técnicas de redação oficial da Língua Portuguesa.

11 Demonstrar domínio no uso de armamentos e equipamentos utilizados pela Instituição.

12 Demonstrar conhecimento sobre a forma de preenchimento e finalidade dos documentos utilizados.

13 Demonstrar domínio sobre técnicas de direção defensiva.

14 Ser capaz de atuar de acordo com o uso diferenciado da força.

15 Ser capaz de gerenciar dados relativos à segurança pública (por exemplo, dados de geoprocessamento, mapas e boletins de ocorrência, dentre outros).

16 Ser capaz de atuar com segurança em locais com índice elevado de violência e criminalidade, demonstrando conhecimento da situação.

17 Ter capacidade de repassar conhecimentos e informações para a equipe, quando necessário.

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18 Demonstrar domínio no uso operacional de veículos da instituição.

19 Capacidade de visão sistêmica (ter compreensão do todo em uma determinada situação; ser capaz de combinar partes coordenadas entre si e que formam um conjunto).

20 Capacidade de raciocínio espacial (visualizar a posição, organização e modificação de um objeto no espaço).

21 Capacidade de utilizar sistemas de segurança da informação ao desempenhar uma ação.

22 Capacidade de raciocínio abstrato (estabelecer relações em situações novas para as quais se possua pouco conhecimento previamente aprendido).

23 Capacidade de raciocínio numérico (compreender e manejar sistemas numéricos, realizando operações matemáticas com exatidão).

24 Capacidade de raciocínio mecânico (compreender princípios de funcionamento de mecanismos simples ou complexos e para manipular ou consertar estes mecanismos). Ter capacidade para agir demonstrando conhecimento sobre o perfil e modus operandi do criminoso.

25 Ter raciocínio lógico (saber resolver problemas com objetividade, coerência e rapidez).

26 Capacidade de raciocínio verbal (expressar-se com facilidade, ter fluência verbal e escrita).

27 Ter raciocínio dedutivo (saber raciocinar por dedução).

28 Ser capaz de utilizar equipamentos e meios de comunicação (rádio, internet, telefone e fax, dentre outros).

29 Capacidade de manter-se visível, quando necessário (ação presença, estar em local que facilite que as pessoas o vejam).

30 Capacidade de atenção concentrada (manter a atenção focada apenas em uma atividade, não permitindo que algo externo interfira).

31 Capacidade de atenção difusa (manter a concentração em uma dada atividade, ao mesmo tempo em que está atento ao que está acontecendo em sua volta).

32 Capacidade de identificar situações de risco e antever sua ocorrência.

33 Capacidade de demonstrar condicionamento físico no desempenho das tarefas do cargo.

34 Capacidade de planejamento.

35 Capacidade de análise e síntese.

36 Capacidade de zelar pela boa imagem própria e da instituição.

37 Demonstrar conhecimento sobre técnicas e procedimentos de preservação da ordem pública.

38 Capacidade de memória visual, fisionômica e/ou auditiva (recordar informações, dados, fatos, conhecimentos percebidos e fisionomia de pessoas, mantendo a lembrança de qualquer coisa ou de alguém).

39 Capacidade de observação (reparar ou perceber características ou aspectos que ocorrem com as pessoas, situações, fatos, objetos ou local/ambiente).

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40 Capacidade de objetividade (saber ser direto e preciso; manter o foco na tarefa, ser conciso). Acuidade visual (boa visão, diferenciar detalhes).

41 Capacidade de agir com rapidez de raciocínio.

42 Capacidade de agir com celeridade (agir com rapidez e perspicácia). Capacidade de ouvir atentamente e compreender.

43 Atuar demonstrando conhecimentos sobre primeiros-socorros.

44 Ser capaz de fazer contato com outros tipos de policiamento para planejar operações integradas.

45 Capacidade de persuasão e argumentação (poder de convencimento; capacidade de argumentar e contra-argumentar) e capacidade de adaptação a imprevistos.

46 Ser capaz de identificar vítimas e suspeitos em potencial.

47 Ser capaz de interagir e orientar vítimas de ocorrências, vítimas potenciais ou pessoas fragilizadas.

48 Ser capaz de conduzir os diferentes envolvidos à delegacia.

49 Ao dirigir viaturas demonstrar conhecimentos sobre as principais vias de acesso e trânsito da cidade.

50 Ter capacidade de agir utilizando equipamentos de proteção individual.

51 Aplicar conhecimentos de informática ao realizar as tarefas inerentes ao cargo.

52 Agir demonstrando conhecimento das normas de abordagem, procedimentos e técnica de condução e legislações pertinentes, ao fazer escolta de presos.*

53 Agir demonstrando conhecimento sobre a área geográfica de atuação (rotas de fugas, itinerários, densidades demográficas, geografia do local, dentre outros).

54 Demonstrar conhecimento sobre escolta, acompanhamento e cerco policial em diversas situações.

55 Demonstrar conhecimento sobre os procedimentos de busca e apreensão.

56 Ter conhecimentos sobre vistoria e cadastro de veículos.

57 Ser capaz de preservar o local do crime.

58 Demonstrar conhecimento básico sobre diversos tipos de perícia.

*Competência modificada pela equipe pedagógica do CFAP

Quadro 4 – Competências Atitudinais

No. Competências

1 Agir com orientação para resultados

2 Capacidade de visão estratégica

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3 Capacidade de discernimento

4 Capacidade de agir proativamente

5 Capacidade de agir com persistência e determinação, demonstrando interesse e comprometimento com o trabalho.

6 Capacidade de resistência à frustração (capacidade de enfrentamento a situações de adversidade).

7 Capacidade de manter sigilo.

8 Capacidade de agir com imparcialidade (agir com neutralidade e impessoalidade).

9 Capacidade de agir com paciência

10 Capacidade de trabalhar em equipe

11 Capacidade de agir com flexibilidade.

12 Capacidade de disciplina

13 Capacidade de agir com humildade.

14 Capacidade de ter controle emocional

15 Capacidade de agir com ética e profissionalismo

16 Capacidade de agir com dinamismo

17 Capacidade de agir com criatividade e inovação

18 Capacidade de pronta reação

19 Capacidade de negociação.

20 Capacidade de reagir e enfrentar situações de risco, com prudência e coragem

21 Capacidade de agir com deferência

22 Capacidade de agir com assertividade

23 Capacidade de agir com versatilidade

24 Ter manejo de estresse (saber controlar-se em situações difíceis/estressantes).

25 Ter abertura para mudanças no uso de novas tecnologias relacionadas ao trabalho

26 Ser capaz de agir com bom senso

27 Capacidade de agir com empatia

28 Ter capacidade de manter respeito à hierarquia da Instituição.

29 Capacidade de comunicação.

30 Ser cordial (educado).

Page 18: Currículo CFAP

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31 Ser capaz de agir demonstrando controle da ansiedade.

32 Ser capaz de agir com preocupação com a própria segurança.

33 Ser capaz de agir com preocupação com a segurança de sua família.

34 Capacidade de agir com senso crítico.

35 Capacidade de agir com discrição.

36 Ser capaz de separar a vida profissional da vida pessoal.

37 Agir com eficiência no desempenho das atividades.

38 Ao realizar as tarefas do cargo, analisar o trabalho e os resultados alcançados de forma crítica e criteriosa.

39 Capacidade de manter bom relacionamento interpessoal.

40 Capacidade de agir com responsabilidade

41 Ser capaz de se relacionar com o público

42 Ser capaz de atender prontamente aos chamados.

43 Capacidade de ser assíduo e pontual

44 Capacidade de agir com urbanidade (agir com civilidade, ser polido e cortês ao desempenhar suas atribuições).

45 Capacidade de agir com zelo.

46 Capacidade de organização

47 Capacidade de manter-se motivado (capacidade de encontrar forças em si mesmo e entusiasmo mesmo diante dos desafios).

48 Capacidade de tomada de decisão

49 Ser capaz de trabalhar de forma interdisciplinar

50 Viver de acordo com a sua realidade*

51 Orientar-se pelo código de ética da PMERJ*

*Competências incluídas pela equipe pedagógica do CFAP

4.1.1 Competências relacionadas às ações de formação do operador de

segurança publica na América Latina

O “Relatório Analítico sobre os Aspectos Pertinentes às Ações de Treinamento,

Correlatos à Realidade das instituições de Segurança Pública – Nacionais e

Page 19: Currículo CFAP

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Internacionais” -, elaborado por Cordeiro (2008), destaca que as agendas de

treinamento para área de segurança pública dos países da América Latina

possuem como ponto de partida as principais diretrizes da ONU para prevenção

ao crime e a violência urbana. Cabendo assim destacar:

É de responsabilidade dos governos criarem, manterem e estimularem um

contexto em que instituições governamentais, sociedade civil e setor

privado possam desempenhar melhor seu papel na prevenção ao crime.

A prevenção ao crime inclui:

a promoção do bem-estar das pessoas ao estimular os laços sociais,

com medidas que incluem saúde, economia, educação. O foco está

nas crianças e jovens, com destaque para os riscos e os fatores de

proteção necessários;

a modificação das condições nas comunidades, que levam a

infrações, vitimização e insegurança (causada pela criminalidade),

com iniciativas, experiência e compromisso por parte dos membros

dessas comunidades;

a prevenção da reincidência de crimes com assistência à

reintegração social dos infratores e de outros mecanismos de

prevenção.

Cabe ao governo liderar o desenvolvimento de estratégias de prevenção,

bem como a criação e manutenção de infra-estrutura institucional para a

implementação e revisão.

O desenvolvimento e a inclusão sócio-econômica fazem parte da

prevenção à criminalidade.

A cooperação e as parcerias fazem parte das medidas de prevenção à

criminalidade.

O respeito aos direitos humanos faz parte da prevenção à criminalidade.

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Os governos devem apoiar a prevenção à criminalidade ao proporcionar

treinamento profissional a autoridades, trabalhar com os setores de

educação e estimular universidades e outras instituições a oferecer

cursos de capacitação e prevenção à criminalidade.

As agendas de capacitação, em geral, recomendam que os currículos das ações

de treinamento contemplem, dentre outros, os seguintes pontos:

Reconhecimento das características da sociedade contemporânea e das

diversas formas de violência e criminalidade encontradas nos espaços

urbanos e rurais.

Compreensão das formas de organização do Estado Moderno e dos papéis

das instituições de segurança pública, dos seus profissionais e da

sociedade na construção de uma cultura de paz para a humanidade.

Atuação a partir de metodologias que orientem o enfoque comunitário, a

colaboração e integração das ações de justiça e segurança.

Desenvolvimento de competências e habilidades que favoreçam um perfil

profissional que seja capaz de:

Comunicar de forma efetiva;

Relacionar-se com a comunidade;

Mediar conflitos;

Atuar proativamente pautado nos princípios dos Direitos Humanos;

Administrar o uso da força;

Utilizar técnicas e tecnologias não letais;

Gerenciar crises;

Lidar com grupos em situação de vulnerabilidade;

Lidar com a complexidade, o risco e a incerteza;

Utilizar tecnologias para planejar ações de prevenção;

Investigar crimes e solucioná-los;

Page 21: Currículo CFAP

21

Utilizar metodologias que possibilitem identificar problemas, bem como

buscar, implementar e avaliar soluções.

4.1.2. A formação de Soldados e os requisitos para Unidades de Polícia

Pacificadora (UPP)

A pesquisa “Unidades de Polícia Pacificadora: o que pensam os policiais”,

realizada em março de 2010, pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania,

aponta, dentre seus resultados, pistas que fortalecem a necessidade de

desenvolvimento de competências para:

­ Mediar conflitos;

­ Procedimentos para lidar com a violência;

­ Utilizar adequadamente equipamento não –letal.

As competências expressas nesse documento auxiliarão a seleção das disciplinas

que compõem a matriz curricular dos cursos de formação de Soldados, Cabos e

Sargentos.

4.2. Os Descritores dos Cursos do CFAP

Com base nas competências listadas anteriormente foi realizada uma verificação

na malha curricular dos cursos ofertados pelo CFAP, notadamente, o Curso de

Formação de Soldado, pois serve de parâmetro para os desenhos dos demais

cursos, ficando assim seus descritores:

­ Curso de Formação de Soldado

O soldado policial militar está capacitado a: executar atividades de policiamento

comunitário e policiamento ostensivo em diversas modalidades; realizar

abordagens a pessoas, veículos e edificações; utilizar da força de forma

Page 22: Currículo CFAP

22

diferenciada; participar de programas sociais na comunidade e contribuir para a

mediação de conflitos. Pode atuar nas Unidades de Polícias Pacificadoras ou em

Batalhões de Polícia. Tem uma visão sistêmica da segurança pública e

conhecimentos jurídicos, técnicos e atitudinais que possibilitam perceber a relação

da sua ação com os Direitos Humanos e a promoção da cidadania.

­ Curso de Formação de Cabo

O Cabo policial militar está capacitado, para além das atividades executadas pelo

soldado, a: coordenar ações de policiamento e a supervisionar pequenas

unidades. Possui visão administrativa- jurídica relacionada aos processos

utilizados pela instituição, sendo capaz de assessorar na solução de problemas

dessa natureza.

­ Curso de Formação de Sargento

O Sargento militar está capacitado, para além das atividades executadas pelo

soldado, a: chefiar unidades, resolver problemas administrativos e planejar e

coordenar ações de policiamento. Possui visão gerencial; conhecimentos de

chefia e liderança e um sólido conhecimento jurídico relacionado aos processos

institucionais.

4.3 Referenciais Teórico-Metodológicos3

Se os aspectos legais legitimam a ação, são os referenciais teórico-metodológicos

que possibilitam as reflexões necessárias para a compreensão e orientação da

prática pedagógica no CFAP possibilitando à fundamentação do currículo a partir

de teorias e metodologias que sejam suporte para o desenvolvimento das

competências descritas no perfil profissiográfico.

3 BRASIL. Matriz Curricular Nacional. Ministério da Justiça. SENASP. 2011 (mimeo)

Page 23: Currículo CFAP

23

Competência é entendida como a capacidade de mobilizar saberes para agir nas

diferentes situações da prática profissional, em que as reflexões antes, durante e

após a ação estimulem a “autonomia intelectual”, traduzida por ALTET (1992)

como a capacidade de “agir em situações diferentes, de gerir incertezas e poder

enfrentar as mudanças no exercício de sua profissão”.

Um modelo curricular organizado em competências requer:

Compreensão ampla dos conhecimentos necessários à ação policial e da

metodologia a ser usada;

Prática docente que não se restrinja à aprendizagem de conceitos, mas que

promova aplicação destes em várias situações;

Compreensão de que a competência a ser demonstrada vai além da mera

execução de uma tarefa, fazendo da prática docente uma prática voltada para

a autonomia do policial em formação, para possa utilizar os conhecimentos e

melhorar cada vez mais o seu desempenho;

Novo tratamento dos conteúdos para que sejam entendidos como recursos a

serem mobilizados pelo policial em situações concretas, privilegiando os que

podem ser utilizados como instrumentos teórico-práticos, orientando a tomada

de decisão na ação profissional;

Comprometimento do docente com o crescimento do policial em formação e

com o desenvolvimento de competências;

Utilização de práticas que estimulem a criatividade, fortaleçam a ação educativa

e a visão global do conhecimento, em estreita relação com os contextos em

que será aplicado.

Os conceitos de competência e autonomia intelectual estão intimamente

relacionados com as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais,

explicitadas a seguir:

A. Competências Cognitivas: Dimensão conceitual – competências que

requerem o desenvolvimento do pensamento superior reflexivo por meio da

Page 24: Currículo CFAP

24

investigação e da organização do conhecimento. Explicam como o indivíduo

constrói e organiza o conhecimento, habilitando-o a pensar de forma crítica e

criativa, posicionar-se, comunicar-se e estar consciente de suas ações.

B. Competências Atitudinais: Dimensão atitudinal – competências que visam

estimular a percepção da realidade, por meio do conhecimento e do

desenvolvimento das potencialidades individuais: conscientização de sua

pessoa e da interação com o grupo. Capacidade de conviver em diferentes

ambientes: familiar, profissional e social.

C. Competências Operativas: Dimensão procedimental – competências que

prevêm a aplicação do conhecimento teórico em prática responsável, refletida

e consciente. Atendimento às necessidades individuais, operadores e

societárias por meio do trabalho, contribuindo para a melhoria da segurança

da sociedade.

O processo de formação do policial exige práticas pedagógicas diferenciadas e

significativas que criem condições para que ocorra a transferência de

conhecimentos. De acordo com PERRENOUD (2000), a transferência é um

processo que ocorre permanentemente e pode ser expressa como a capacidade

de aplicar conhecimentos prévios em novos contextos, com o objetivo de

identificar similitudes e diferenças para agir em novas situações. Essa questão

remete à importância de uma metodologia que tenha como ponto de partida

situações problematizadoras inerentes à ação policial.

A simulação de situações reais no contexto de aprendizagem é importante porque

a prática policial requer destrezas operacionais que permitam a execução de

procedimentos com segurança, técnica e atitudes relacionadas com o sentimento

de humanidade, respeito aos direitos humanos e compromisso social,

fundamentos que asseguram o exercício profissional ético.

Page 25: Currículo CFAP

25

Os programas de educação profissional, com currículos dirigidos para competências requeridas pelo contexto de uma área profissional, caracterizam-se por um conjunto significativo de problemas e projetos, reais ou simulados, propostos aos participantes e que desencadeiam ações resolutivas, incluídas as de pesquisa e estudo de conteúdo. (MEC, 2000, p. 31).

Essas alternativas metodológicas possibilitam abordar o conhecimento de forma

global e significativa, motivando o futuro policial a lidar, em seu processo de

formação, com situações imprevistas e com as dificuldades da profissão.

A partir da crítica à formação profissional sempre relacionada somente com o

campo teórico e organizada de forma cartesiana, SCHÖN (2000), em Educando o

Profissional Reflexivo, propõe um novo desenho para o ensino e a aprendizagem,

em que a teoria e a prática possam estar em constante interação. A chave para

que essa interação seja constante está nas condições criadas para que os

“estudantes” exercitem-se diante de um problema, além dos processos de refletir

antes e após a ação, a reflexão – na – ação. A reflexão – na – ação tem uma

função crítica... Pensamos criticamente sobre o pensamento que nos levou a essa

situação difícil ou essa oportunidade e podemos, nesse processo, reestruturar as

estratégias de ação, as compreensões dos fenômenos ou as formas de conceber

os problemas. (SHÖN, 2000, p. 33).

A compreensão da importância dos policiais em formação exercitarem o processo

de refletir – na – ação auxilia no desenvolvimento de uma atitude contínua de

aprender a aprender e de ampliar as habilidades para buscar novas informações

que gerem novos conhecimentos.

Além de novos ambientes de aprendizagem, o modelo curricular por competência

exige a substituição do professor que transmite informações pelo professor que

contribui para a construção e apropriação do conhecimento. Passando de mero

transmissor de saberes [o professor] deverá converter-se em formulador de

problemas, provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho,

sistematizador de experiências e memória viva de uma educação que, em lugar de

Page 26: Currículo CFAP

26

se aferrar ao passado [transmissão], valoriza e possibilita o diálogo entre culturas

e gerações. (SILVA, 2002, p. 70).

Cabe ao professor assumir um papel ativo e crítico, viabilizando experiências,

abrindo espaços para que o policial em formação possa ampliar, aprofundar,

transferir conhecimentos e refletir sobre a prática policial e as relações desta com

o conhecimento e com o mundo.

A metodologia é o elemento central na execução do currículo, pois possibilita o

desenvolvimento do processo pedagógico. O planejamento encadeado das

atividades para uma aprendizagem coerente com as competências e os objetivos

selecionados favorece a reflexão e o levantamento de conhecimentos que

possibilitem formas diferenciadas de ação com a utilização variada de materiais e

estratégias de aprendizagem individual e em grupo.

O desenvolvimento das ações educativas para um projeto que considere a

efetividade no ensino requer que sejam garantidas aos professores as condições

para o planejamento coletivo, possibilitando a organização de situações de

aprendizagem pautadas numa visão integradora dos conteúdos, assegurando-se

uma prática fundamentada em:

Contextualização – o curso de formação deve estar coerente e sintonizado com a

realidade. Isso implica a seleção estratégica e consciente, por parte do professor,

de conteúdos estreitamente relacionados com as situações reais ou simuladas

extraídas da prática profissional, ou seja, a transformação de uma teoria e uma

prática de referência em uma teoria e prática significativas, criando, assim,

condições para que ocorra o processo de construção e aplicação do conhecimento

pelo policial em formação e não apenas a simples operação sobre os conteúdos.

O trabalho realizado pelo professor em transformar o conteúdo em algo ensinável

e aplicável é denominado transposição didática.

Page 27: Currículo CFAP

27

Contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro lugar, assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto (...). O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Se bem trabalhado, permite que, ao longo da transposição didática, o conteúdo do ensino provoque aprendizagens significativas que mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do conhecimento uma relação de reciprocidade. A contextualização evoca por isso áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal, social e cultural, e mobiliza competências cognitivas já adquiridas. (MEC, 2000, p. 79).

Interdisciplinaridade – as disciplinas a serem trabalhadas no curso de formação

deverão estar articuladas de modo a romper com a segmentação e o

fracionamento das informações. Considerar a possibilidade das relações

existentes entre os diversos campos de conhecimento contribuirá para uma visão

mais ampla da realidade e para a busca de soluções significativas para os

problemas enfrentados no âmbito profissional.

A interdisciplinaridade questiona a segmentação dos diferentes campos do conhecimento, possibilitando uma relação epistemológica entre as disciplinas, ou seja, uma inter-relação existente entre os diversos campos do conhecimento frente ao mesmo objeto de estudo (...) Romper com a fragmentação do conhecimento não significa excluir sua unidade (...), mas sim articulá-la de forma diferenciada possibilitando que o diálogo entre eles possa favorecer a contextualização dos conteúdos frente às exigências de uma sociedade democrática. Levantando questões, abrindo pista, intervindo construtivamente na realidade, favorecendo o pensar antes, durante e depois da ação e conseqüentemente na construção da autonomia intelectual. (CORDEIRO & SILVA, 2003, p. 18).

Transversalidade – enquanto a interdisciplinaridade possibilita a relação

epistemológica das disciplinas, relacionando e articulando campos de saberes

frente a um objeto comum de estudo, a transversalidade dinamiza o currículo,

mediante a inclusão de temas que perpassam todas as disciplinas, ampliando o

vínculo com o real e os possíveis questionamentos a serem feitos frente a essa

realidade.

Segundo Cordeiro & Silva (2003), a transversalidade se refere a temas sociais que

permeiam os conteúdos das diferentes disciplinas, exigindo uma abordagem

ampla e diversificada, não se esgotando num único campo de conhecimento.

Salienta-se que os temas transversais não devem constituir uma disciplina, mas

permear todo o trabalho educativo.

Page 28: Currículo CFAP

28

O enfoque integrador torna a aprendizagem mais significativa, pois o

conhecimento estrutura-se na mente do estudante por meio de uma rede de inter-

relações que modifica a forma de armazenamento de informações, ampliando a

capacidade de ativar os conhecimentos quando necessários para a resolução de

problemas.

A contextualização, a interdisciplinaridade e a transversalidade proporcionam o

questionamento da realidade e a ação dos policiais em formação sobre ela. No

processo de ensino, esse questionamento/ação se dá pela aplicação de técnicas

que possam criar condições para que o aluno seja capaz de utilizar os

conhecimentos e o foco das várias disciplinas na compreensão e solução de

problemas.

São as situações problematizadoras que mobilizam os saberes e geram

esquemas de ação, filtros pessoais que tornam as situações compreensíveis,

envolvendo esquemas de percepção, decisão e avaliação, contribuindo para que

os policiais em formação desenvolvam o analisar, o refletir, o justificar,

considerados metacompetências imprescindíveis na construção da autonomia

intelectual e principalmente na atuação policial.

A utilização das situações problematizadoras como recursos de aprendizagem nos

cursos de formação do CFAP deverá considerar as seguintes orientações

metodológicas:

1- A compreensão de quais são as competências necessárias à prática policial é o

elemento chave para direcionar a prática pedagógica;

2- Os conhecimentos prévios dos policiais em formação e as competências a

serem desenvolvidas passam a ser o eixo estruturador para o planejamento

das propostas de atividades;

Page 29: Currículo CFAP

29

3- As situações problematizadoras a serem apresentadas aos policiais em

formação devem ter um enfoque contextual, interdisciplinar e transversal,

favorecendo a busca, a seleção e a utilização dos conteúdos pautados nos

eixos legal, técnico e ético para auxiliar na compreensão dos processos e

fenômenos tais como eles se apresentam na realidade do trabalho policial;

4- Os conteúdos devem ser considerados ferramentas, meios articuladores, dos

quais os policiais em formação devem lançar mão para compreender a

realidade e auxiliar na resolução de problemas;

5- As situações problematizadoras deverão criar condições para que os policiais

em formação utilizem as habilidades mentais, levantando hipóteses e

estimulando o processo de reflexão que deverá ocorrer antes, durante e após a

ação;

6- O professor, como mediador do processo de aprendizagem, é o responsável

pela seleção e pelo planejamento das técnicas que conduzirão às situações-

problema e principalmente pelas intervenções por meio de questionamentos e

feedback durante a execução.

A organização do currículo que contemple situações problematizadoras permitirá

ao educando adquirir experiências mais integradas e uma série de condutas que

contribuirão para enfrentar diferentes situações de vida, nos aspectos pessoal e

profissional, assim como se apropriar de princípios e conceitos básicos que lhe

permitam estabelecer generalizações frente a novas situações. Sendo assim, a

prática pedagógica exercida no CFAP deverá utilizar técnicas de ensino que

favoreçam a reflexão antes/durante/após a ação.

As técnicas de ensino devem estar relacionadas diretamente com as

competências descritas no perfil profissiográfico, as características dos policiais

em formação dos cursos de formação do CFAP, os objetivos específicos

Page 30: Currículo CFAP

30

pertinentes a cada disciplina, o conteúdo a ser desenvolvido e o nível de interação

a ser proporcionado na aprendizagem.

Tendo como referência os princípios que fundamentam um currículo por

competências e os objetivos descritos para os cursos de formação, sugere-se a

utilização das seguintes técnicas de ensino4:

Resolução de problemas – o professor elabora situações-problema, simulando a

realidade. Os alunos discutem os problemas em pequenos grupos e levantam

hipóteses. A seguir, eles formulam os objetivos de aprendizagem e identificam as

fontes de pesquisa para o estudo individualizado com apoio do tutor. Os estudos e

as conclusões de cada grupo são apresentados ao grande grupo, para revisão e

sistematização de uma proposição final, de uma explicação ou proposta de ação

para o problema, encerrando o ciclo de atividades.

A resolução de problemas é indicada para a formação profissional, pois propicia a

transferência de aprendizagem ao fazer com que o aluno enfrente novas

situações, dotando-o de capacidade para resolver problemas que ultrapassam os

limites de uma única disciplina e possibilitando-o detectar, analisar e solucionar

problemas sob novos enfoques. A resolução de problemas favorece a integração

de conteúdos por se constituir em uma forma diferenciada de estruturar o

conhecimento, possibilitando a compreensão da realidade social e o

posicionamento como cidadão, garantindo a visão global e integradora do

conhecimento.

Simulação (role playing) – a simulação é uma técnica em que se constrói um

cenário para os policiais em formação vivenciarem papéis a partir de uma

experiência (do contexto policial), com o objetivo de conseguir uma aproximação

4 As técnicas estão apresentadas de forma sintetizada, pois estão detalhadas na Trilha do

Educador.

Page 31: Currículo CFAP

31

consistente entre a teoria e a prática, aperfeiçoar as habilidades e atitudes e

construir referências que ajudem a tomar decisões e agir em situações similares.

Cabe ressaltar que os policiais lidam constantemente com a incerteza, com a

singularidade e com o conflito. Portanto, as situações selecionadas para a

atividade de simulação devem incluir fatores-surpresa que estimulem os alunos a

refletir sobre as diversas possibilidades de resposta que tenham como parâmetro

a legalidade, a ética e a técnica.

Simulação em computador – a utilização de software com jogos adequados

permite criar ambientes diferenciados de aprendizagem, colocando o policial em

formação como agente ativo e contribuindo para o desenvolvimento de habilidades

essenciais a sua profissão, como: raciocínio lógico e rápido, senso de atenção e

de alerta, capacidade visual.

Caso – essa técnica compreende a discussão em pequenos grupos de casos

verídicos ou baseados em fatos reais relacionados com situações que farão parte

do cotidiano da área profissional do futuro policial. Os casos deverão vir

acompanhados do máximo de informações pertinentes para que policial em

formação possa analisá-lo (caso análise) ou apresentar possíveis soluções (caso

problema). Essa técnica permite que os participantes analisem a situação

apresentada e apliquem os conhecimentos aprendidos.

Lista de tarefas (Job Aids) – as listas de tarefas devem ser utilizadas quando se

tem por objetivo que os policiais em formação sigam passos na realização de

procedimentos.

Painel de discussão – caracteriza-se pela apresentação de especialistas que

expõem a sua visão sobre determinado tema a ser debatido. Pode ser coordenado

por um moderador, com a função de controlar o tempo de exposição e de debate e

organizar a síntese dos pontos abordados no painel.

Page 32: Currículo CFAP

32

Discussões em grupos – apresentação de um tema a ser discutido a cada grupo.

Ao final do tempo estipulado, os grupos apresentam a síntese da discussão.

Discussão dirigida - técnica de ensino em que os participantes expressam suas

idéias após analisarem criticamente um assunto de interesse relacionado com o

tema. Ao final da atividade, é feita uma avaliação, quando se ressalta o valor das

contribuições feitas pelos participantes, bem como a importância das conclusões.

Debate cruzado – organizado em dois grupos, em que cada grupo terá de debater

uma tese contrária à do outro grupo, invertendo-se os papéis ao final.

Grupo de vivência ou verbalização e grupo de observação (GO - GV) – os

participantes são divididos em dois grupos, em que o primeiro terá a função de

vivência ou verbalização de determinada situação e o segundo desempenhará a

função de observador. Ao final, invertem-se os papéis.

Brainstorming e Brainwriting – utilizados para gerar novas idéias, buscar soluções

para um determinado problema. Todas as idéias surgidas devem ser registradas,

a seguir categorizadas e analisadas com o auxilio de um coordenador. Ao final, o

grupo toma as decisões para a resolução do problema.

Demonstração ou aula prática – explicação por meio da demonstração de técnicas

e procedimentos, oportunizando aos policiais em formação: a exercitação, o

feedback, a automação e a aplicação.

As atividades de demonstração devem proporcionar possibilidades aos policiais

em formação de refletir sobre a demonstração do instrutor, questionando o “por

quê” de determinada ação ou técnica, bem como momentos de intervenções em

que o instrutor, mediante o acompanhamento, emite feedback sobre o

desempenho realizado, proporcionando, caso seja necessário, a devida correção.

Page 33: Currículo CFAP

33

Visitas orientadas – atividades planejadas para levantamento de informações em

instituições que oportunizem aprofundar os temas estudados no curso de

formação.

Recursos estimuladores da aprendizagem também deverão ser utilizados, entre

eles destacam-se:

Filmes – podem ser utilizados para introduzir um assunto, mostrar cenários

desconhecidos, propor problematizações, motivar ou aprofundar determinado

tema, entre outros. Sendo também recomendado para documentar a ação dos

policiais em formação, avaliar o desempenho e proporcionar feedback.

Acervo bibliográfico – deve ser proposta aos policiais em formação a busca de

informações em livros, periódicos, Internet ou outros materiais do acervo da

biblioteca. É interessante que essa busca possa ser feita de forma orientada.

O objetivo da diversificação das técnicas de ensino e dos recursos é possibilitar a

organização de ambientes de aprendizagem mais significativos e adequados às

demandas atuais da sociedade com relação ao policial militar.

4.4. Avaliação

O ato de avaliar é imprescindível, pois envolve ação-reflexão-ação, requerendo

observações, estímulos, planejamentos e replanejamentos das metas e dos

instrumentos a serem utilizados para o aprimoramento das práticas avaliativas.

No CFAP a avaliação segue as orientações contidas no documento denominado

“Instruções Provisórias para Avaliação do Ensino e da Aprendizagem (IP-

13) (Completa) - Aditamento Bol PM nº. 234 - 18 de Dezembro de 1998” ,

destacando que seus objetivos:

Page 34: Currículo CFAP

34

I- Nortear as funções gerais da avaliação no sistema de Ensino da

PMERJ, ajustando práticas políticas e curriculares que possibilitem a

formação integral do policial militar, direcionando todo o processo;

II- Coletar dados fundamentais para o processo de tomada de decisões,

assegurando o currículo e suas funções gerais de avaliação;

III- Aprimorar o processo ensino-aprendizagem, fornecendo bases para o

planejamento e aplicabilidade das ações nos OAE’s.

No CFAP, a avaliação é considerada a bússola do processo ensino-

aprendizagem, apontando o momento propício de intervenção em prol de

retomadas e de novas atitudes frente às dificuldades apresentadas com vistas a:

● Diagnosticar as dificuldades encontradas para melhor intervir desafiando e

direcionando o educando a superação;

● Subsidiar as ações docentes garantindo a qualidade do ensino e

aprendizagem;

● Mediar a aprendizagem focando o erro como processo construtivo, sendo

parte integrante, dinâmico e não linear da construção dos conhecimentos;

● Engendrar mecanismos de verificações e aprendizagens, visando apontar e

corrigir falhas no planejamento promovendo constante aperfeiçoamento.

Os instrumentos de avaliação da aprendizagem existentes no CFAP são:

a) Verificação Corrente (VC): tem por finalidade aferir o progresso do

aprendizado discente, cumprida determinada etapa do conteúdo

programático, não excedendo a metade da carga horária prevista da

disciplina a ser ministrada..

Page 35: Currículo CFAP

35

b) Verificação Final (VF): tem por finalidade verificar o rendimento da

aprendizagem discente, englobando a totalidade do conteúdo programático

previsto para a disciplina, devendo ser aplicada imediatamente ao final do

cumprimento de seu conteúdo.

c) Verificação Suplementar (VS): tem por finalidade reavaliar a

aprendizagem discente após concluída a carga horária e realizadas as

avaliações padrão previstas para alunos que não atinjam o índice de

aprovação mínimo em, no máximo, 02 (duas) disciplinas.

d) Trabalho de Conclusão de Curso (TTC): objetiva avaliar a capacidade do

aluno de confeccionar um trabalho científico de mais abrangente

complexidade e de coordenação de pensamento e estruturação lógica dos

conteúdos das disciplinas do curso, vinculado a sua aplicabilidade e

interesse nos objetivos da Corporação.

Quanto à mensuração da aprendizagem é realizada por meio dos seguintes

instrumentos:

a) Prova Escrita (P.E): Modalidade de avaliação onde o policial em formação

deve escrever com suas próprias palavras o entendimento a respeito da temática

abordada (prova escrita dissertativa) ou indicar uma ou mais opções entre

respostas previamente formuladas (prova escrita objetiva);

b) Prova Prática (P.P): Modalidade de avaliação onde o policial em formação

será avaliado através de simulação de situações que reproduzam a realidade da

atividade policial. Deve ser avaliada a habilidade do educando em aplicar os

conhecimentos adquiridos, utilizando instrumentos, técnicas e equipamentos

necessários;

Page 36: Currículo CFAP

36

c) Produção Intelectual Individual ou em Grupo (P.I): Nessa modalidade de

avaliação o policial em formação terá a possibilidade de ser avaliado

individualmente ou em grupo. A produção intelectual poderá ocorrer através de

trabalhos de pesquisa, produção de artigos científicos, trabalhos de conclusão de

curso, dentre outros.

Page 37: Currículo CFAP

37

5 – MATRIZ CURRICULAR

5.1. Concepção das Malhas Curriculares

As malhas curriculares dos cursos de formação de Soldados, Cabos e Sargentos

do CFAP, possuem os seguintes módulos organizativos:

­ Módulo Comum – reúne disciplinas presentes em todos os cursos de formação

ofertados pelo CFAP e que servem de fundamentos conceituais para a prática

profissional.

­ Módulo Profissional – contempla disciplinas relacionadas a prática profissional

do operador da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

­ Módulo Jurídico – reúne disciplinas que auxiliam a compreensão dos aspectos

jurídicos pertinentes as atividades profissionais.

­ Módulo Complementar – reúne disciplinas e ações que ocorrem durante o

processo de formação, mas que não possuem, necessariamente, conteúdos

conceituais a serem trabalhado. (Exemplos: Estágios, palestras, formaturas, etc.)

A carga horária destinada às Atividades Extracurriculares agregam a formatura

somada a realização de palestras nas temáticas escolhidas pelo CFAP

observando as diretrizes da Secretaria de Estado de Segurança , bem como a

Polícia Militar.

O Curso de Formação de Soldado é o curso de entrada do futuro operador de

segurança pública, portanto, a matriz curricular descrita a seguir serve também de

referencial para os cursos de cabo e sargento ofertados tanto na modalidade

presencial como a distância.

Page 38: Currículo CFAP

38

5.2. A Malha Curricular do Curso de Formação de Soldado

I – Duração do curso:

Aproximadamente 27 semanas

II – Objetivos do curso:

1. Formar o soldado policial militar.

2. Desenvolver as competências – cognitivas, procedimentais e

atitudinais - necessárias ao desempenho da função.

3. Demonstrar a importância e a responsabilidade do mesmo para com

a corporação, em particular, com a sociedade.

III – Disciplinas e carga horária: Disciplinas Carga-Horária

du

lo

Co

mu

m

Direitos Humanos 16

Educação Física 120

Ética 8

História e Organização Policial 8

Imagem Institucional 8

Língua e Comunicação 24

184

du

lo P

rofi

ssio

nal

Armamento 50

Biossegurança 20

Criminalística 12

Instruções Práticas de Ações Táticas - IPAT I 22

Instruções Práticas de Ações Táticas - IPAT II 40

Instruções Práticas de Ações Táticas - IPAT III 18

Legislação Aplicada à PMERJ I 16

Legislação Aplicada à PMERJ II 22

Método de Defesa Policial Militar 30

Noções de telecomunicações 12

Ordem Unida 16

Polícia Comunitária 20

Psicologia e Estresse Policial 12

Policiamento Ostensivo 50

Sociologia Criminal 20

Tiro Policial 70

430

Page 39: Currículo CFAP

39

du

lo J

urí

dic

o Legislação de Trânsito 20

Legislação Penal Comum 20

Legislação Penal Militar 20

Legislação Processual Penal Comum 8

Legislação Processual Penal Militar 12

Leis Penais Especiais 20

Noções de Direito Administrativo 12

Noções de Direito Constitucional 16

128

du

lo

Co

mp

lem

en

tar Atividades Extras Curriculares – Palestras

80

Curso de Aprimoramento da Prática Policial Cidadã

60

Estágio Técnico Operacional 80

Coordenação Pedagógica 120

Prova 100

440

TOTAL 1.182

5.2.1. Regra do ponto de ouro

A regra do “ponto de ouro” ou “ seção áurea”, baseada no princípio contido na Lei

de Extrema e Média Razão, está sendo utilizada nesse trabalho como ferramenta

para verificar se as dimensões que compõem o currículo - conceitual,

procedimental e atitudinal - estão proporcionalmente adequadas.

O ponto de proporção “mais adequado” está compreendido entre o intervalo da

extrema e média razão, ou seja, entre pontos de intervalo que vão de 62% e 38%.

Assim, todos os valores que se aproximem desses pontos estão

proporcionalmente equilibrados. A diferença entre os pontos extremos não pode

ultrapassar um intervalo de 24%.

Para o cálculo do ponto de ouro foram utilizadas as disciplinas e as respectivas

cargas horárias contidas nos módulos básico, profissional e jurídico, o estágio

técnico operacional e o curso “ Prática Policial Cidadã” executado pelo Viva Rio.

Assim temos:

Page 40: Currículo CFAP

40

Dimensão Conceitual Dimensão Procedimental Dimensão Atitudinal

Disciplinas CH Disciplinas CH Disciplinas CH

História e organização policial

8 Língua e Comunicação 24 Ética 8

Legislação Aplicada a PMERJ

38 Educação Física 120 Direitos Humanos 16

Criminalística 12 Tiro Policial 70 Ordem Unida 16

Noções de Telecomunicações

12 Policiamento Ostensivo 50 Imagem Institucional 8

Psicologia e Estresse Policial

12 Instruções Práticas de Ações Táticas

80 Prática Policial Cidadã

60

Polícia Comunitária 20 Método de Defesa Policial Militar

30 Estágio Técnico Operacional

80

Sociologia Criminal 20 Biossegurança 20 Atividades Extra-Curriculares

80

Legislação Fundamental (Adm+ Const)

28 Armamento 50

Legislação Penal

28

Legislação Penal Militar 32

Legislações Penais Especiais

20

Legislação de Trânsito 20

Total 250 26%

Total 444 46%

Total 268 28%

5.3. Ementas das Disciplinas

As ementas das disciplinas têm por objetivo subsidiar a prática pedagógica dos

docentes envolvidos diretamente nas Ações Formativas do CFAP, favorecendo a

unidade de pensamento e ação desses profissionais.

As ementas foram elaboradas por profissionais da área de Segurança Pública

indicados pelo CFAP.

5.3.1. Composição das Ementas

As ementas são compostas das seguintes partes:

a) Nome da Disciplina.

b) Mapa de Competências da Disciplina: instrumento utilizado para orientar a

seleção dos conteúdos de cada disciplina, de acordo com as dimensões do

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conhecimento que expressam conteúdos conceituais, procedimentais e

atitudinais. Os mapas de competências são amplos e abrangentes e

servem de base para a seleção dos conteúdos que comporão as ementas.

c) Descrição da Disciplina

- Contextualização:

Histórico da disciplina contendo uma relação com o contexto

atual.

Diferentes abordagens teóricas sobre a disciplina, se houver,

destacando a que será considerada.

Problemáticas que a disciplina visa levantar/responder.

Importância do estudo da disciplina para a formação do

profissional da área de Segurança Pública.

- Objetivo Geral da Disciplina:

Dentro de um enfoque voltado para a aprendizagem, o papel do professor é o de

facilitador (articulador, mediador, tutor), que “cria condições para...”. Portanto, o

objetivo da disciplina deve conter verbos de ação que permitam visualizar o

comportamento que se espera do aluno ao final da disciplina.

Os objetivos deverão ser descritos obedecendo-se às dimensões do

conhecimento:

SABER (conhecimentos) – expressam os conteúdos

conceituais que o profissional de Segurança Pública deve saber

em relação ao campo disciplinar: leis, princípios e saberes

sistematizados.

SABER FAZER (habilidades e conteúdos procedimentais) –

indicam as habilidades operativas e de pensamento que o

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profissional de Segurança Pública precisa demonstrar em

relação ao campo disciplinar: métodos, técnicas,

procedimentos; bem como as habilidades de pensamento:

observação, análise, síntese.

SABER SER (atitudes) – expressam os conteúdos atitudinais –

os valores, as crenças, as atitudes etc. – que serão fortalecidas

pelas situações vivenciadas dentro do campo disciplinar em

questão.

- Conteúdo Programático

Os conteúdos não devem ser considerados um fim em si mesmo, mas

ferramentas que possibilitem refletir, intencionalmente, sobre a prática do

profissional da área de Segurança Pública e as possibilidades de intervenção na

realidade. Os conteúdos descritos possuem como foco o que o profissional da

área de Segurança Pública precisa saber em relação ao respectivo campo

disciplinar.

a) Estratégias de Ensino-Aprendizagem: seleção de estratégias de ensino

consideradas imprescindíveis para possibilitar o alcance dos objetivos. De

acordo com a linha teórico-metodológica contemplada na Matriz Curricular

Nacional, devem ser privilegiados métodos e técnicas coerentes com o

ensino ativo (situações-problema, estudos de caso, role playing,

demonstrações, etc.) adequados aos objetivos da disciplina.

b) Avaliação da Aprendizagem: descrição dos aspectos que deverão ser

observados durante a execução da disciplina para facilitar o feedback do

docente sobre o desempenho do aluno, propiciando a este a reflexão sobre

a ação realizada.

c) Referências Bibliográficas: referências de livros, artigos e outros

documentos que fundamentam os conteúdos a serem estudados, as

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estratégias de ensino e a avaliação da aprendizagem, servindo de

referenciais para a prática de ensino que segue o padrão ABNT.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTLET, M. (1992) in PAQUAY, L. et al. Formando professores operadores:

quais estratégias? quais competências? Porto alegre: Artmed, 2001.

BALESTRERI, R. B. Direitos Humanos: coisa de polícia. Passo Fundo: CAPEC,

1998.

CORDEIRO, B. M. P. & SILVA, S. S. Direitos Humanos: uma perspectiva

Interdisciplinar e Transversal. Brasília: CICV, 2003.

INSTITUTO DA CIDADANIA. (Brasília). Projeto de Segurança Pública para o

Brasil. Brasília, 2002.

MAMEDE, S. (org) & PENAFORTE, J. (org). Aprendizagem Baseada em

Problemas: anatomia de uma nova abordagem educacional. Fortaleza,

Hucitec, 2001.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (Brasília). Educação Profissional. Brasília, 2000.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (Brasília). PCN: Ensino Médio. Brasília, 2000.

BRASIL. Bases Curriculares para a formação dos operadores da área de

segurança do cidadão. Brasília: Ministério da Justiça/SENASP, 2002.

BRASIL. Matriz Curricular Nacional para a Formação em Segurança Pública:

versão revisada e ampliada. Brasília: Ministério da Justiça/SENASP, 2009.

BRASIL. Trilha do Educador: curso de formação de formadores . Brasília:

Ministério da Justiça/SENASP, 2009.

BRASIL. Matriz Curricular Nacional para a Formação em Segurança Pública.

Brasília: Ministério da Justiça/SENASP, 2011 (Mimeo).

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competências? Porto alegre, Artmed, 2001.

PERRENOUD, P. A Prática Reflexiva no Ofício de professor: profissionalização

e razão pedagógica. Porto Alegre, Artmed, 2002.

PERRENOUD, P. Pedagogia Diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre,

Artmed, 2000.

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SHÖN, D. A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino

e aprendizagem. Porto Alegre, Artmed, 2000.

SILVA, M. Sala de Aula Interativa. Rio de Janeiro, Quarter, 2002.