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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM CURSO COMPLETO DE PEÇAS E QUESTÕES 2º EXAME DE ORDEM DE 2009 PRÁTICA DE DIREITO DO TRABALHO Prezado Aluno, Além da parte expositiva, a apostila contém: 1. Estrutura das peças – além da disposição das principais peças do processo do trabalho, contém exemplos com explicações detalhadas a fim de auxiliá-lo na elaboração destas. 2. Peças completas também são modelos, mas são baseados em casos concretos, ou seja, são peças prontas. 3. Guia de artigos – a própria apostila é um guia de artigos, súmulas e orientações jurisprudenciais com maior incidência nas provas do Cespe. Os dispositivos estão inseridos de acordo com o desenvolvimento do conteúdo. 4. Dicas de estudos – são conselhos e métodos de estudo, com o intuito de melhorar o rendimento do aluno. 5. Bibliografia – contém a referência bibliográfica indicada para estudar e levar para o exame de ordem. 6. Proposta de peças e questões – a 2ª faze do Exame de Ordem refere-se à prova prática-profissional, sendo esta integralmente discursiva, portanto é essencial que o aluno exercite este modelo de prova. Portanto, encontram-se na apostila, peças e questões já cobradas no exame de ordem, que deverão ser corrigidas pelo curso e posteriormente serão revisadas nas aulas de assistência e de correção em sala, conforme o calendário em anexo. 1

CURSO COMPLETO DE PEÇAS E QUESTÕES · Web viewAtenção: se a proposta apresentar um caso de demissão por justa causa de empregado estável, deve-se requerer a nulidade da dispensa

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

CURSO COMPLETO DE PEÇAS E QUESTÕES2º EXAME DE ORDEM DE 2009

PRÁTICA DE DIREITO DO TRABALHO

Prezado Aluno,

Além da parte expositiva, a apostila contém:

1. Estrutura das peças – além da disposição das principais peças do processo

do trabalho, contém exemplos com explicações detalhadas a fim de auxiliá-lo

na elaboração destas.

2. Peças completas – também são modelos, mas são baseados em casos

concretos, ou seja, são peças prontas.

3. Guia de artigos – a própria apostila é um guia de artigos, súmulas e

orientações jurisprudenciais com maior incidência nas provas do Cespe. Os

dispositivos estão inseridos de acordo com o desenvolvimento do conteúdo.

4. Dicas de estudos – são conselhos e métodos de estudo, com o intuito de

melhorar o rendimento do aluno.

5. Bibliografia – contém a referência bibliográfica indicada para estudar e levar

para o exame de ordem.

6. Proposta de peças e questões – a 2ª faze do Exame de Ordem refere-se à

prova prática-profissional, sendo esta integralmente discursiva, portanto é

essencial que o aluno exercite este modelo de prova. Portanto, encontram-se

na apostila, peças e questões já cobradas no exame de ordem, que deverão

ser corrigidas pelo curso e posteriormente serão revisadas nas aulas de

assistência e de correção em sala, conforme o calendário em anexo.

7. Folhas pautadas – estas folhas, localizadas ao final da apostila, deverão ser

destacadas e utilizadas para o desenvolvimento das peças e questões

propostas, as quais serão protocoladas na recepção do curso, no prazo

previsto no calendário em anexo.

8. Canhotos destacáveis com os números de peças e questões a serem protocoladas na recepção do Curso: ao realizar o protocolo, o aluno deve

destacar da apostila e grampear o canhoto correspondente ao conjunto de

peças e questões recebendo o carimbo de protocolo na segunda via do

canhoto.

ÍNDICE

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Parte I

PARTE EXPOSITIVA

Processo do Trabalho

1. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO ........................................4

2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.........................................5

2.1 COMPETÊNCIA TERRITORIAL

2.2 CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA

3. TIPOS PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO ....................11

3.1 PROCEDIMENTO SUMÁRIO

3.2 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

3.3 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

3.3.1 COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

3.3.2 COMPARECIMENTO DAS PARTES NA AUDIÊNCIA

3.3.3 ATOS, PRAZOS E TERMOS

Parte II

PEÇA PASSO A PASSO

Explicação detalhada de como elaborar as principais peças processuais

4. PETIÇÃO INICIAL – RECLAMATÓRIA TRABALHISTA...........................32

4.1 ESTRUTURA COMPLETA DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

4.2 ANÁLISE DOS TÓPICOS DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

I. ENDEREÇAMENTO

II. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

III. PRELIMINAR DE MÉRITO

IV. MÉRITO

ORGANIZAÇÃO DO MÉRITO

V. PEDIDO

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

VI. REQUERIMENTOS FINAIS

VII. VALOR DA CAUSA

5. RESPOSTAS DO RECLAMADO.........................................................1245.1 CONTESTAÇÃO

5.2 ANÁLISE DOS TÓPICOS DA CONTESTAÇÃO

I. ENDEREÇAMENTO

II. QUALIFICAÇÃO

III. PRELIMINAR DE MÉRITO

IV. PREJUDICIAL DE MÉRITO

V. MÉRITO

VI. IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS

VII. REQUERIMENTOS FINAIS

5.3 EXCEÇÃO

5.4 RECONVENÇÃO

6. TEORIA GERAL DOS RECURSOS.........................................................162

7. RECURSO ORDINÁRIO..........................................................................178

8. AGRAVO DE INSTRUMENTO.................................................................205

9. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.............................................................217

10. RECURSO DE REVISTA..........................................................................222

11. EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO......................................239

12. EMBARGOS À EXECUÇÃO....................................................................243

13. AGRAVO DE PETIÇÃO............................................................................. 253

14. EMBARGOS AO TST ..............................................................................260

15. AÇÕES ESPECIAIS: MANDADO DE SEGURANÇA E AÇÃO

RESCISÓRIA..................................................................................................... 269

Parte III

Otimização do estudo

DICAS E MÉTODOS DE ESTUDO...................................................................289

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................291

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Parte IVPEÇAS

Propostas de exercícios para treinamento do candidato

Propostas ......................................................................................................291

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

PROCESSO DO TRABALHO

1. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A justiça do trabalho é composta pelo juiz do trabalho, Tribunal Regional do

Trabalho, Tribunal Superior do Trabalho, conforme o artigo 111, CF/88.

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:I – o Tribunal Superior do Trabalho;II – os Tribunais Regionais do Trabalho;III – Juízes do Trabalho.

Este artigo demonstra claramente que o STF não é um órgão da Justiça do Trabalho.

São órgãos da Justiça do Trabalho:

JUIZ DO TRABALHO TRT TST

Atenção: Existem comarcas que não possuem varas da Justiça do

Trabalho. Nestes casos, os juízes de direito serão investidos da jurisdição

trabalhista. A sentença proferida é recorrível através da interposição de Recurso

Ordinário para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho, de acordo com o artigo

112 da CF e artigo 668, CLT.Art. 112, CF. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-las aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Art. 668, CLT. Nas localidades não compreendidas na jurisdição das Juntas de Conciliação e Julgamento, os Juízos de Direito são os órgãos de administração da Justiça do Trabalho, com a jurisdição que lhes for determinada pela lei de organização judiciária local.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A competência da Justiça do Trabalho é determinada em razão da matéria,

ou seja, se a demanda versa sobre a relação de emprego, bem como sobre as

verbas de natureza trabalhista a competência para processar e julgar esta lide é

da Justiça do Trabalho, conforme o artigo 114, CF.

Neste tópico, é fundamental tratar da Emenda Constitucional nº 45/2004,

que foi responsável por uma significativa ampliação da competência da Justiça do

Trabalho, pois a Justiça do Trabalho passou a ser competente para processar e

julgar não apenas as ações oriundas das relações de emprego, mas também as

ações oriundas das relações de trabalho.

Note que a relação de emprego é espécie, enquanto a relação de trabalho é

gênero, uma vez que abrange os empregados, os autônomos, os temporários, os

avulsos, etc. A relação de trabalho envolve um trabalhador e um tomador de

serviços, que remunera o trabalho prestado.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito

público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios;

II – as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e

trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV – os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato

questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V – os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,

ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da

relação de trabalho;

VII – as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos

empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e

II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é

facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza

econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as

disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as

convencionadas anteriormente.

§ 3º. Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do

interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,

competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

O STF, na ADI n.º 3.395-6/DF, suspendeu toda e qualquer interpretação

dada ao inciso I do art. 114 da Constituição Federal, com a redação dada pela

Emenda Constitucional n.º 45/2004, que inclua, na competência da Justiça do

Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o Poder Público e seus

servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter

jurídico administrativo. Logo, este artigo, ampliado pela EC 45/2004, sofreu uma

restrição proveniente da ADI 3.395-6, a qual excluiu da apreciação da Justiça do

Trabalho as relações trabalhistas entre o Poder Público e seus servidores, quando

esta estiver baseada no regime estatutário ou jurídico administrativo.

CONCLUSÃO: eventuais demandas entre o Poder Público e o servidor

público estatutário não serão de competência da Justiça do Trabalho; no entanto

as demandas entre o Poder Público e o servidor público celetista a competência é da Justiça do Trabalho.

É importante destacar que é competência da Justiça do Trabalho processar

e julgar as ações que visem uma indenização pelo não cadastramento do

empregado no PIS.Súmula 300, TST. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações de empregados contra empregadores, relativas ao cadastramento no Plano de Integração Social (PIS).

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Também é competência da Justiça do Trabalho a lide que verse sobre a

não concessão das guias do seguro desemprego.

Súmula 389, TST. I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não fornecimento das guias do seguro desemprego.II - O não fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro desemprego dá origem ao direito à indenização.

A incompetência em razão da matéria é absoluta. Pode ser declarada

pelo Juízo, de ofício, ou mediante alegação das partes em qualquer tempo ou grau

de jurisdição (art. 795, § 1º da CLT e art. 113 do CPC).

Alegada a incompetência material na contestação, deverá sê-lo como

preliminar e não como exceção, pois no âmbito do processo trabalhista, sob a

forma de exceção, alega-se a incompetência em razão do lugar e o impedimento

ou suspeição do juiz.

2.1 COMPETÊNCIA TERRITORIAL

A competência territorial na Justiça do Trabalho é determinada pelo local de

PRESTAÇÃO dos serviços. Esta regra geral está disposta no caput do artigo 651,

CLT:Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

Este artigo da CLT é composto por três parágrafos que prevêem exceções

a regra geral apresentada pelo caput.

a) Empregados agente ou viajante comercial – art. 651, § 1º:

§ 1º – Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.

b) Competência da Justiça do Trabalho Brasileira para os empregados

brasileiros trabalhando no estrangeiro – art. 652, § 2º, CLT:

§ 2º – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.

Em regra, o empregado brasileiro que presta serviços no exterior subordina-

se as normas do direito material do país onde está prestando serviços, conforme

Súmula 207 do TST (princípio da lex loci executionis). Pode, todavia, propor a

ação no Brasil, desde que não haja tratado internacional em sentido contrário.

Para alguns o foro será o sede ou filial da empresa no Brasil ou do local da

contratação antes do empregado ir para o exterior.

Invocando lei material estrangeira, deverá provar a sua vigência, conforme

previsto no CPC.

Súmula 207, TST. A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação.

c) Empregador que promove realização de atividade fora do lugar do contrato

– art. 651, § 3º:§ 3º – Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

São exemplos, as companhias teatrais ou circos. A regra do § 3º, do art.

651, aplica-se também aos motoristas de ônibus, contratados em Curitiba, para

fazer a linha Curitiba – Recife. Estes poderão propor a ação tanto em Curitiba

como em Recife.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

2.2 CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA

No processo do trabalho, a competência territorial pode sofrer prorrogação

legal ou voluntária tácita.

a) Prorrogação Legal: mudança operada em virtude de conexão, ou

continência. A lei atribui competência a um órgão jurisdicional quando ele

normalmente não a teria, objetivando evitar decisões conflitantes entre dois órgãos

distintos. Diante do fenômeno da conexão ou continência aplica-se,

subsidiariamente, o CPC, artigos 105 e 106:

Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente.Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.

Apesar da norma prevista pelo artigo 106, no processo do trabalho a prevenção é fixada em razão da distribuição e não do despacho, pois não há

um despacho inicial ordenando a citação do réu, o que é feito automaticamente.

b) Prorrogação voluntária tácita: Como a competência em razão do lugar

é relativa, não havendo, no momento oportuno, a argüição de incompetência

territorial por parte do réu, prorroga-se a competência territorial para aquele Juízo

que originariamente não a teria. Portanto, o réu deverá apresentar na primeira

audiência a exceção de incompetência, sob pena de ser prorrogada e o juízo

tornar-se competente para julgar a demanda.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

No processo do trabalho em regra não é admitido foro de eleição (que seria

hipótese de prorrogação de competência expressa), porque as normas de fixação

de competência são de ordem pública, ditadas no interesse do empregado.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

3. TIPOS PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO

SUMÁRIO até 2 salários mínimos

PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO 2 a 40 salários mínimos

ORDINÁRIO mais de 40 sal. mínimos

O rito do processo é estabelecido em função do valor da lide.

Observação: o salário mínimo é nacional e corresponde a R$ 465,00.

SUMÁRIO Lei 5.584/70

DISPOSITIVOS LEGAIS SUMARÍSSIMO Artigo 852-A e ss, CLT

ORDINÁRIO Artigo 837 e ss, CLT

3.1 PROCEDIMENTO SUMÁRIO

O procedimento sumário, instituído pela Lei 5.584/70, tem a finalidade de

garantir maior celeridade aos processos trabalhistas cujo valor não ultrapasse dois

salários mínimos. Estas causas trabalhistas, também chamadas de “causas de

alçada”, possuem uma característica relevante determinada pelo artigo 2°, §4°

desta Lei.

Nenhum recurso é cabível da decisão proferida nas causas que seguem o

rito sumário, EXCETO se versar sobre matéria constitucional, caso em que caberá

a interposição de recurso extraordinário para apreciação pelo STF.

§ 4º. Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Observe que a possibilidade de interposição de recurso extraordinário se dá

por força da disposição constitucional, estabelecida no artigo 102, III, segundo o

qual compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas

em única ou última instância. Portanto, as decisões proferidas nas causas

trabalhistas que não ultrapassem dois salários não cabem nenhum recurso trabalhista, uma vez que o STF não é um órgão da Justiça do Trabalho.

Corroborando a disposição deste §4, tem-se a súmula 640 do STF:

É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.

Note que a promulgação da Constituição é posterior a referida Lei. O

Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (art. 5º, LV, CF), bem como o

impedimento da vinculação do salário mínimo para qualquer fim (art. 7º, IV, CF),

gerou dúvidas quanto a constitucionalidade do §4º, art. 2º desta Lei. O

entendimento do TST, proferido através da súmula 356, afirma que a norma foi

recepcionada pela Constituição. Sinteticamente, a fundamentação da súmula

sustenta que o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição não é um princípio

constitucional, ademais o contraditório e a ampla defesa podem ser exercidos em

uma única instância. E, em relação ao salário mínimo, a intenção do legislador era

de vedar a utilização do mesmo como critério de reajustes dos salários daqueles

empregados que percebem mais do que o mínimo legal. Nada impede que o

salário mínimo seja utilizado como base para a fixação do rito do processo,

inclusive a Lei 9.957/00 que incluiu o rito sumaríssimo no processo do trabalho,

tem o salário mínimo como base, fato que reforça o entendimento do TST.

Súmula 356. O artigo 2°, §4°, da Lei n. 5.584, de 26.6.1970 foi recepcionado pela CF/88, sendo lícita a fixação do valor da alçada com base no salário mínimo.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O artigo 4º desta Lei também traz uma informação importante, pois autoriza

o juiz a impulsionar o processo ex officio, desde que os empregados ou

empregadores reclamarem pessoalmente.

Art. 4º. Nos dissídios de alçada exclusivos das Juntas naqueles em que os empregados ou empregadores reclamarem pessoalmente, o processo poderá ser impulsionado de ofício pelo juiz.

Por fim, faz-se necessária a análise da súmula 303, TST:

Súmula 303. I - Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigência da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo: a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos; b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal Federal ou com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.

Influenciada pela nova redação do artigo 475 do CPC, a referida súmula

resolve que “não há remessa necessária nas causas de valor até 60 salários

mínimos. Logo, na esteira da súmula 303, TST, não se mostra incompatível a

adoção do procedimento sumário nas causas em que figurem entes públicos,

desde que o valor da causa seja igual ou inferior a 2 salários mínimos. A razão é

simples: não há vedação legal expressa, tal como ocorre com o procedimento

sumaríssimo (art. 852-A, § único, CLT).”1

A súmula possui mais dois incisos, que apresentam duas exceções em

relação a dispensa da remessa necessária.

II - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses das alíneas "a" e "b" do inciso anterior.

1 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 299.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Tratando-se de decisão desfavorável ao ente público, na ação rescisória, é

obrigatório o reexame necessário pelo Tribunal Regional do Trabalho

jurisdicionalmente competente.

III - Em mandado de segurança, somente cabe remessa ex officio se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa.

A exceção prevista neste inciso exige dois requisitos: o ato contra o qual se

insurge deve ter causado algum prejuízo ao ente público; a discussão de matéria administrativa no mandado de segurança.

Não há legislação específica quanto ao procedimento da audiência no

procedimento sumário, portanto, aplica-se, subsidiariamente, as normas do

procedimento ordinário.

3.2 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

A Lei nº 9.957, de 12 de janeiro de 2000, trouxe uma série de alterações no

texto da Consolidação das Leis do Trabalho, com a inserção dos seguintes

artigos: 852-A até 852-I, CLT, 895, § 1º, I e II, CLT e § 2º, 896, CLT, § 6º, 897-A,

CLT. O procedimento sumaríssimo, assim como o procedimento sumário, visa a

celeridade e economia processual.

Art. 852-A, CLT. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo.Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Administração Pública direta, autárquica e fundacional.

A compreensão da exceção prevista no § único exige o domine a idéia de

administração pública direta e administração pública indireta.

Verifique o seu conhecimento em relação a este assunto através do

exercício:

( ) O procedimento sumaríssimo não se aplica a administração indireta.

( ) O procedimento sumaríssimo não se aplica a administração direta.

( ) O procedimento sumaríssimo é aplicado na administração indireta.

A administração pública federal está prevista no Decreto-Lei 200/67, no

artigo 4 º:Art. 4º. A administração federal compreende:I - a administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos ministérios;II - a administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:a) autarquias;b) empresas públicas;c) sociedades de economia mista;d) fundações públicas.

A administração direta, portanto, abrange o poder executivo da União, dos

Estados e dos Municípios e as demandas, em que figurarem, seguirão o

procedimento ordinário ou sumário.

Já a administração indireta abarca quatro entidades, dentre estas estão

excluídas da exceção prevista pelo artigo a sociedade de economia mista e a

empresa pública. Isto ocorre porque estas entidades exploram a atividade

econômica, de modo que não seria lógico gozarem dos benefícios concedidos a

administração pública no exercício de funções públicas, ocasionaria uma

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

desigualdade de mercado em relação aos particulares. Conclui-se que a

sociedade de economia mista e a empresa pública equiparam-se ao particular.

O professor Bittencourt, com maestria, leciona que “sociedades de

economia mista e empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado cuja

criação é autorizada por lei específica (art. 37, XIX, CF), submetidas ao controle

estatal, com vinculação aos fins definidos na lei instituidora, para exercer atividade

econômica, seja para intervenção do Estado no domínio econômico (art. 173, CF),

seja para prestação de serviço público (art. 175, CF).”2

Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente;II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado;III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa.§ 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação.

No procedimento sumaríssimo é fundamental que os pedidos formulados sejam líquidos. Cada pedido do reclamante deverá especificar qual é o valor

requerido, sob pena de arquivamento da reclamatória trabalhista. Também

resultará o arquivamento do processo, se o reclamante não fornecer o endereço

correto do reclamado, tendo em vista que é vedada a citação por edital neste

procedimento.

2 BITTENCOURT, Marcus Vinicius Corrêa. Manual de Direito Administrativo. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2008. p. 62.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular.

Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência.

Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente.§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz.§ 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.§ 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva. § 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito. § 5º (VETADO)§ 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de cinco dias.§ 7º Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa.

O procedimento sumaríssimo caracteriza-se pela audiência una, ou seja,

todos os atos da audiência inicial, bem como os de instrução e julgamento,

realizar-se-ão em uma audiência.

As partes devem observar o limite máximo de duas testemunhas, as quais

deverão comparecer espontaneamente na audiência. Caso a testemunha não se

apresente, o juiz só determinará a intimação da mesma, diante da apresentação

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

do convite. Se porventura, após a intimação a testemunha não compareça na

audiência, será ordenada a condução coercitiva e o pagamento de multa.

O artigo 852-E, CLT instrui que o juiz detém a faculdade de realizar a

tentativa conciliatória em qualquer momento da audiência.

1. Tentativa conciliatória

AUDIÊNCIA NO 2. Leitura da petição inicial (se não for dispensada)

PROCEDIMENTO 3. Resposta do reclamado

SUMARÍSSIMO 4. Impugnação aos documentos * 5. Depoimento das partes

6. Oitiva das testemunhas peritos e técnicos

7. Razões Finais

8. Sentença

* Impugnação aos documentos: a audiência una obriga o reclamante a

impugnar todos os documentos apresentados pelo reclamado oralmente naquela

sessão.

3.3 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

No procedimento ordinário, a audiência pode ser una ou até tripartida, da

seguinte maneira: “audiência de conciliação” ou “inicial”, “audiência de instrução” e

“audiência de julgamento”, cujas normas do rito ordinário estão dispostas nos

artigos 837 ao 852 da CLT.

1. Primeira tentativa conciliatória

AUDIÊNCIA NO 2. Leitura da petição inicial (se não for dispensada)

PROCEDIMENTO 3. Resposta do reclamado

ORDINÁRIO 4. Depoimento das partes

5. Oitiva das testemunhas, peritos e técnicos

6. Razões finais

7. Segunda tentativa conciliatória

19

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

8. Sentença

→ Primeira tentativa conciliatóriaAberta a sessão, o juiz deverá conciliar as partes. Além desta, o juiz antes

de proferir a sentença, logo após as razões finais fará a segunda tentativa

conciliatória. Ambas são obrigatórias e devem ser propostas nos momentos legais

mencionados, em face dos artigos 846 e 850, CLT, respectivamente.

Art. 846. Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.§ 1º Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento. § 2º Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo.

Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de Conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.Parágrafo único. O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos Juízes classistas e, havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.

→ Resposta do reclamado O reclamado sempre oferecerá a sua defesa na audiência para a qual foi

notificado. Há três modalidades de resposta que o reclamado poderá apresentar

em juízo: contestação, exceção e reconvenção (art. 297, CPC).

As espécies de resposta do réu serão analisadas no decorrer do curso. Por

ora, basta mencionar que é comum apresentar ao juiz do trabalho a

contestação/exceção escrita. No entanto, destaca-se que é direito do reclamado

aduzir a sua defesa oralmente no prazo de 20 minutos.

20

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Art. 849. A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.

→ Depoimento das partesO depoimento das partes dá início a audiência de instrução e julgamento,

quando o ato for fracionado. A finalidade do depoimento pessoal é extrair da outra

parte a sua confissão. Portanto, é direito do reclamante o depoimento pessoal do

reclamado e vice-versa, de forma que o depoimento pessoal do reclamado só

pode ser dispensado pelo reclamante, assim como o depoimento pessoal do

reclamante só poderá ser dispensado pelo reclamado.

A reclamante dará o seu depoimento pessoal e, em seguida, o reclamado.

→ Oitiva de testemunhas peritos e técnicosAs partes devem respeitar o limite de três testemunhas, SALVO quando se

tratar de inquérito de apuração de falta grave em que o limite é de seis

testemunhas para cada uma das partes.

A testemunha que não comparecer na data da audiência será intimada de

ofício ou a requerimento da parte, sendo possível a sua condução coercitiva.

Art. 821. Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três) testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis).

Art. 825. As testemunhas comparecerão à audiência independentemente de notificação ou intimação.Parágrafo único. As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do Art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à intimação.

21

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Não confunda: no procedimento sumaríssimo, o juiz só ordenará a intimação de

testemunha se restar comprovado o convite. Já no procedimento ordinário, não há

a exigência deste requisito.

LIMITE DE SUMARÍSSIMO 2 TESTEMUNHAS

TESTEMUNHAS ORDINÁRIO 3 TESTEMUNHAS

INQUÉRITO 6 TESTEMUNHAS

→ Razões finais, 2ª tentativa conciliatória e sentença

Após a oitiva das testemunhas, peritos e técnicos, finaliza-se a instrução do

processo. Neste momento é direito das partes apresentar suas razões finais no

prazo máximo de 10 minutos para cada uma das partes. Em seguida o juiz

proporá a segunda tentativa conciliatória e, caso esta reste infrutífera, proferirá

sua decisão.

A eventual conciliação entre as partes não obrigará o juiz a homologar o

acordo celebrado, uma vez que a homologação de acordo é uma faculdade do

juiz. Súmula 418. A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.

A homologação do juiz de um acordo celebrado na Justiça do Trabalho dá

origem a sentença homologatória de acordo, que transita em julgado na data da

homologação e, conseqüentemente, é irrecorrível para as partes . Somente a

União é que poderá recorrer desta sentença, por meio do recurso ordinário, cuja

matéria versará exclusivamente em relação as contribuições previdenciárias. Art. 831. A decisão será proferida depois de rejeitadas pelas partes a proposta de conciliação.Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Súmula 100, inciso V. O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial.

Nota: apesar de constar no texto legal que a Previdência Social poderá recorrer

desta sentença, desde 2007, a União que é parte neste processo, em virtude da

Lei 11.457/07 (Lei da Super Receita), que unificou a arrecadação e fiscalização

dos tributos da antiga Receita Federal e contribuições da Previdência Social.

3.3.1 COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

O escopo da comissão de conciliação prévia é a realização de acordo

extrajudicial entre as partes conflitantes. A CCP é competente para conciliar

apenas os conflitos individuais do trabalho.

Possuem formação paritária, sendo que metade dos seus membros são

indicados pelo empregador e a outra metade é eleita pelos empregadores e pode

ser constituída no âmbito da empresa ou do sindicato. Apenas os empregados

eleitos são detentores de estabilidade, que lhe é garantida até um ano após o

término do mandato, exceto diante de falta grave.

Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical.Art. 625-B. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes normas:I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da categoria profissional;II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes titulares;

23

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma recondução.§ 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.§ 2º O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.

Art. 625-C. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo.

A passagem pela comissão de conciliação prévia era obrigatória, segundo a

disposição do artigo 625-D, CLT. O reclamante não tinha acesso a Justiça do

Trabalho sem a submissão preliminar a comissão de conciliação prévia.

Recentemente o STF deferiu parcialmente medidas cautelares em duas ações

diretas de inconstitucionalidade (ADI 2139 e ADI 2160), a fim de restringir a

aplicabilidade deste artigo da CLT. O STF reputou caracterizada a ofensa ao

princípio do livre acesso ao Judiciário (CF, art. 5º, XXXV). Portanto concedeu

liminar, por maioria de votos, com o objetivo de suspender a obrigatoriedade de

submissão da lide à comissão de conciliação prévia.

CONCLUSÃO: o caput do artigo 625-D, CLT está suspenso, por força da liminar

concedida, de modo que a passagem pela comissão de conciliação prévia é

facultativa.

→ Para informações sobre a ADI 2139 e a ADI 2160: informativo nº 546 STF.

Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria.§ 1º. A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§ 2º. Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão, que deverá ser juntada à eventual reclamação trabalhista.§ 3º. Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento previsto no caput deste artigo, será a circunstância declarada na petição inicial da ação intentada perante a Justiça do Trabalho.§ 4º. Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas para submeter a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido.

A CCP possui o prazo de 10 dias para realizar a sessão conciliatória, a

partir da data de entrada do processo. Durante este lapso temporal, o prazo

prescricional do reclamante será suspenso. Note que o prazo volta a ser contado,

após os 10 dias, independente da realização da sessão conciliatória. Diante disso,

o reclamante possui a faculdade de requerer uma declaração de tentativa

conciliatória frustrada ou de aguardar a realização da sessão. Esta declaração de

tentativa conciliatória frustrada também é fornecida quando, realizada a sessão,

esta resta infrutífera (art. 625-D, § 2, CLT).

Mas se as partes acordarem, a CCP lavrará o termo do acordo, o qual

constituíra um título executivo extrajudicial. Este título, proveniente do acordo

celebrado na CCP, tem EFICÁCIA LIBERATÓRIA GERAL, ou seja, dá quitação

ao contrato de trabalho como um todo. Logo, impede que o reclamante ingresse

com nova reclamação na Justiça do Trabalho. Somente diante de ressalvas

expressas no acordo é que seria possível ingressar com uma RT, que estaria

restrita a matéria ressalvada, tendo em vista que o restante encontra-se quitado

pelo acordo celebrado.Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes.Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado.Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se refere o § 2ºdo Art. 625-D.Art.625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no Art. 625-F.

COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

Acordo Não há acordo

Título Executivo Extrajudicial Declaração de tentativa (art.876, CLT) Conciliatória frustrada

Eficácia liberatória geral: dáquitação ao contrato de trabalho, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.

3.3.2 COMPARECIMENTO DAS PARTES NA AUDIÊNCIA

O não comparecimento do reclamante na audiência inicial gerará o

arquivamento da reclamatória. E, se o reclamante der causa ao segundo

arquivamento do processo em razão do não comparecimento, perderá o direito de

ingressar com nova ação pelo período de seis meses.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O não comparecimento do reclamado importará na revelia e na confissão

ficta, ou seja, é uma confissão presumida e não uma confissão real. Caso o

reclamante não compareça na audiência em prosseguimento (instrução e

julgamento) acarretará a confissão ficta, conforme os ensinamentos da súmula 74,

TST.

Obs: se o reclamante apresentar uma RT verbal ao distribuidor e não comparecer

à Vara do Trabalho para reduzir a termo, mesmo que seja a primeira vez que o

fato tenha ocorrido, será impedido de ingressar com nova ação por seis meses

(art. 731, CLT).Art. 844. O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.Parágrafo único. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento, designando nova audiência.

Súmula 74. I - Aplica-se a pena de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela comunicação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores.

Note que as situações apresentadas acima referem-se as conseqüências

do não comparecimento das partes, quadro totalmente distinto daqueles em que

as partes se fazem substituir na audiência.

O reclamante será escusado do comparecimento em audiência somente

por causa de doença ou outro motivo poderoso e será representado pelo sindicato

ou outro empregado da mesma profissão. Já o reclamado pode ser substituído

sempre pelo gerente ou qualquer outro preposto, é uma faculdade legal do

reclamado. Art. 843. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independente do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§ 1º. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente.§ 2º. Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato.

O preposto deverá estar com a carta de preposição e suas declarações

obrigarão o proponente. Além disso, a súmula 377, TST exige que este seja

empregado do reclamado, excetuando-se desta exigência o micro e pequeno

empresário, que poderá ser substituído por qualquer terceiro que tenha

conhecimento dos fatos; e as reclamações de domésticas, nas quais o reclamado

poderá ser substituído por outro membro família.

Súmula 377. Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra o micro e pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Quando Por quemRECLAMANTE Em caso de doença, ou

outro motivo poderoso.Por outro empregado da mesma profissão ou pelo sindicato.

RECLAMADO

Sempre

Gerente ou outro preposto. Será necessariamente empregado da empresa, salvo os casos previstos Súmula 377, TST.

3.3.3 ATOS, PRAZOS E TERMOS

CITAÇÃO X INTIMAÇÃO

É o ato pelo qual se chama a juízo É o ato pelo qual se dá ciência a

o réu ou o interessado a fim de se alguém dos atos e termos do

defender (art. 213, CPC) processo, para que faça ou deixe

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

de fazer alguma coisa (art. 234, CPC).

Observe que a CLT utiliza o vocábulo “notificação” ora como sinônimo de

citação, ora como sinônimo de intimação.

A notificação postal é a regra no processo do trabalho. O reclamante ajuíza

a reclamatória trabalhista perante a Justiça do Trabalho, esta será distribuída para

uma Vara do Trabalho. A partir do momento em que a petição inicial foi recebida,

o escrivão possui um prazo de 48 horas para enviar uma notificação postal ao

reclamado, na qual constará a segunda via da RT, bem como a data de audiência

para a apresentação de defesa.

Art. 841. Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de secretaria, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.§ 1º. A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.§ 2º. O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior.

A data da audiência será designada a partir de cinco dias, contados

somente após 48 horas do envio da notificação postal, este prazo configura a 1ª

desimpedida. A contagem do prazo inicia-se depois de 48 horas, pois a partir

deste momento presume-se recebida a notificação postal pelo reclamado,

garantindo-lhe o prazo de cinco dias para a elaboração de sua defesa.

A notificação por qualquer pessoa: empregados, zeladores, pessoa com

poderes, caixa postal.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Súmula 16, TST. Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

Verifique o esquema com todas as fases para facilitar a memorização:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

distribuição

VARA DO TRABALHO

48 horas

NOTIFICAÇÃO POSTAL

48 horas

PRESUNÇÃO DE RECEBIMENTO

5 dias – 1ª DESIMPEDIDA

AUDIÊNCIA(apresentação de defesa)

Atenção: em relação aos prazos existem vários dispositivos relevantes!

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A súmula 1 do TST afirma que se o reclamado for intimado na sexta-feira a

contagem do prazo iniciará no próximo dia útil (por exemplo, segunda-feira, salvo

se não houver expediente).

Súmula 1. Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá do dia útil que se seguir.

A súmula 262 do TST também se refere ao início da contagem de prazo, no

entanto quando a intimação é realizada no sábado. Nestes casos, entende o TST

que a intimação será considerada realizada no próximo dia útil (segunda-feira, por

exemplo) e que, diante disso, o prazo começa a fluir no dia seguinte (terça-feira,

por exemplo).

Súmula 262. I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subseqüente. II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais.

A OJ 310 da SDI – I do TST traz importante norma em relação aos prazos

processuais. O processo do trabalho admite o litisconsórcio, isto é, a pluralidade

de litigantes no pólo da lide. Também é permitido que os litisconsortes possuam

procuradores diferentes, contudo não gozaram do benefício de ter seus prazos contados em dobro como ocorre no processo civil, posto que é contrário ao

princípio da celeridade processual. OJ 310, SDI – 1, TST. A regra contida no art. 191 do CPC é inaplicável ao processo do trabalho, em face de sua incompatibilidade com o princípio da celeridade inerente ao processo trabalhista.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Apesar de o prazo ser simples para os litisconsortes com procuradores

diferentes no processo do trabalho, o mesmo não se aplica a Fazenda Pública,

pois quando esta for parte seu prazo para contestar será quadruplicado e para

recorrer será dobrado.

Art. 188, CPC. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

4. PETIÇÃO INICIAL – RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

4.1 ESTRUTURA COMPLETA DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

A redação da Reclamatória Trabalhista sempre começará pelo

endereçamento, do mesmo modo que qualquer petição. Em seguida, é

fundamental a qualificação completa das partes, lembre-se que é uma RT, logo é

a peça que dará inicio ao processo. O corpo, propriamente dito da RT, é formado

pelos seguintes tópicos: Preliminar de Mérito, Mérito, Pedidos, Requerimentos Finais e Valor da Causa.

I. Preliminar de MéritoRECLAMATÓRIA II. MéritoTRABALHISTA III. Pedidos IV. Requerimentos Finais V. Valor da causa

PETIÇÃO INICIAL: Os requisitos fundamentais para a elaboração da petição

inicial trabalhista estão presentes nos artigos 840 da CLT e 282 do CPC.

Reclamação Trabalhista escrita: art. 840, caput e §1°, da CLT

Reclamação verbal: art. 840, caput e § 2°, da CLT

O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de uma RT no

processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para auxiliá-lo na

memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

Obs: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas” apenas por

motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO SE ACONSELHA

PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

33

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE ________.

NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissão,

portador da Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e

no PIS sob o nº, portador da CTPS nº, residente e domiciliado no

endereço completo, vem respeitosamente perante Vossa

Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado

(PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no

endereço completo, com fulcro no artigo 840 da CLT, PROPOR:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em face de NOME DO RECLAMADO, pessoa jurídica de direito

privado, inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço

completo, pelas razões de fato e de direito a seguir expostos.

I – PRELIMINAR DE MÉRITOa) Comissão de Conciliação Prévia

b) Tramitação Preferencial do Feito: Idoso (art. 71, Lei 10741/2003)

c) Dissídio que verse exclusivamente sobre salário ou empregador falido: art. 652, §único, CLT

II – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, uma vez que o mérito é dependente da proposta)

1. DO CONTRATO DE TRABALHO

O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia

________ para exercer a função de _________, a remuneração

percebida era de _______ até a data _________, quando foi

dispensado sem justa causa pelo Reclamado.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

2. DO VÍNCULO DE EMPREGO

§1 Fato

§2 Fundamento

§3 Pedido

ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda inicial)

3. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

4. MULTA DO ART. 467, CLT

Nos termos deste artigo, o Reclamante requer que o

pagamento das verbas incontroversas seja realizado em primeira

audiência, sob pena da incidência de multa de 50% sobre o valor

correspondente.

5. MULTA DO ART. 477, CLT

O Reclamado não respeitou o prazo para pagamento das

parcelas rescisórias previsto no artigo 477, §6º da CLT. Diante

deste fato, o Reclamante requer a condenação do Reclamado ao

pagamento de multa no valor equivalente ao seu salário,

conforme o §8º do artigo 477 da CLT.

6. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

O Reclamante requer a incidência de juros e correção

monetária na forma da Lei.

7. RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

O Reclamante requer que as retenções fiscais, bem como

as contribuições previdenciárias sejam calculadas na forma da

Lei.

35

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

III – PEDIDOS

VI - REQUERIMENTOS FINAIS O Reclamante requer a NOTIFICAÇÃO da Reclamada

para apresentar resposta a presente Reclamatória Trabalhista,

sob pena de revelia.

A PRODUÇÃO de todos os meios de PROVAS em direito

admitidos, em especial o depoimento pessoal do representante

legal da Reclamada, sob pena de confissão, oitiva de

testemunhas, prova pericial e juntada de novos documentos.

Por fim, requer a PROCEDÊNCIA da ação, e a

condenação da Reclamada em todos os pedidos supra,

acrescidos de juros e correção monetária.

Atribui-se a causa valor superior a 40 salários mínimos.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data.

Nome do Advogado

OAB nº

4.2 ANÁLISE DOS TÓPICOS DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

I. ENDEREÇAMENTO

O endereçamento é uma análise da competência, tendo em vista que diante

de um caso concreto é necessário verificar a qual órgão pertence a apreciação

daquela lide. O artigo 651 da CLT afirma que a competência é fixada pelo local em

que o empregado presta serviços ao empregador, independente do local de

contratação.

36

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.§ 1º. Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.§ 2º. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional disposto em contrário.§ 3º. Em se tratado de empregador que promove realização de atividades fora do lugar do controle de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

Isto nos permite concluir que o endereçamento da RT é simples, pois

geralmente a competência é do juízo de 1º grau da localidade onde o empregado

prestava o serviço. Exemplo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DE ______________. → Local da prestação do serviço, se a proposta não

informar deixar em branco.

Não há vara definida, pois não distribuição.

Observação: No caso da petição inicial, a maioria dos casos é de competência do

órgão de primeiro grau. No entanto, vale ressaltar que algumas ações são de

competência originária dos Tribunais, por exemplo: dissídios coletivos, mandados

de segurança, ações rescisórias, habeas corpus, conflitos de competência, etc.

O mandado de segurança sempre será impetrado perante as instâncias

superiores, salvo em um caso específico: quando o MS for impetrado contra o ato

de agentes fiscalizadores do Ministério do Trabalho, situação em que o MS será

endereçado ao juiz do trabalho.

37

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

II. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Normalmente, a prova da OAB não informa todos os dados necessários

para a qualificação completa das partes. Diante disso, o examinando deverá

utilizar o gênero destes dados (ex: nacionalidade, estado civil, etc.). Não devem

ser inventados dados que não estejam na proposta, sob pena de identificação de

prova.

Exemplo:

NOME DO RECLAMANTE (completo e sem abreviações - caixa alta),

nacionalidade, estado civil, profissão (nota: desempregado não é profissão),

portador da Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e no PIS sob o

nº, portador da CTPS nº, residente e domiciliado no endereço completo, vem

respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado

adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no

endereço completo, com fulcro no artigo 840 da CLT, propor:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em face de NOME DO RECLAMADO (completo e sem abreviações - caixa

alta), pessoa jurídica de direito privado (pessoa física, fundação privada etc.),

inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço completo, pelas razões

de fato e de direito que passa a expor.

Observação: se porventura a ação trabalhista for proposta contra a massa falida,

a inicial deve revelar o nome do síndico e o endereço onde receberá as

notificações. Na qualificação deve constar a razão social precedida da expressão

“Massa Falida”.

III. PRELIMINAR

38

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A preliminar de mérito depende do caso concreto, logo não serão todas as

peças que deverão conter o tópico da preliminar. Na RT existem três questões que

devem ser avaliadas a fim de determinar se há necessidade de abrir este tópico

na peça.

a) Comissão de Conciliação Prévia

Já foi abordado que a passagem pela CCP era obrigatória em função do

artigo 625-D, CLT. Contudo, recente concessão de liminar do STF suspendeu a

eficácia deste dispositivo, de modo que a tentativa conciliatória pela CCP nada

mais é do que uma faculdade para o Reclamante.

Observe que, anteriormente, era imprescindível mencionar a passagem do

Reclamante pela CCP e que a tentativa conciliatória foi frustrada, conforme a

declaração em anexo. No entanto, se a proposta fizer qualquer menção a CCP ou

ainda afirme que o cliente não deseja tentar a conciliação, é fundamental que o

examinando redija o tópico das preliminares, explanando que o STF deferiu

parcialmente medidas cautelares em duas ações diretas de inconstitucionalidade

(ADI 2139 e ADI 2160), de forma que a passagem pela CCP é uma faculdade do

autor. Exemplo:

III. PRELIMINAR DE MÉRITOO Reclamante esclarece que não buscou a conciliação com o

Reclamado, por meio da CCP, tendo em vista que esta é uma

faculdade do autor, por força da concessão de duas liminares do STF

em face à ADI 2139 e à ADI 2160, as quais suspenderam a

obrigatoriedade imposta pelo artigo 625-D, CLT.

Este item deve ser elaborado de acordo com as informações trazidas no

problema, não sendo possível criar fatos não constantes na prova.

b) TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL DO FEITO

39

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

TRAMITAÇÃO Idoso

PREFERENCIAL Dissídio sobre salário

Dissídio originado pela falência do empregador

Na Justiça do Trabalho é garantida uma tramitação mais célere para os

idosos, por força do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003); para os dissídios que

versem exclusivamente sobre o pagamento de salário (art. 652, § único, CLT), em

razão do caráter alimentar da parcela e, por último, as demandas derivadas da

falência do empregador (art. 652, § único, CLT).

Art. 71, Lei 10.741/2003. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.§ 1˚. O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo.§ 2˚. A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.§ 3˚. A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária.§ 4˚. Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.

Art. 652, CLT. Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:a) conciliar e julgar:I - os dissídios em que pretende o reconhecimento da estabilidade de empregado;II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão do contrato individual de trabalho;

40

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice;IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho;V -as ações entre trabalhadores portuário e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação do trabalho. b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave;c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência;e) (Suprimida pelo DL-006.353-1944)Parágrafo único. Terão preferência para julgamento os dissídios sobre pagamento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador, podendo o Presidente da Junta, a pedido do interessado, contrair processo em separado, sempre que a reclamação também versar sobre outros assuntos.

IV. MÉRITO

A CLT só faz referência aos fatos, mas estes, conjugados com os

fundamentos jurídicos, compõe o fator mais importante da peça inicial: a causa de

pedir.

Fatos + Fundamentos Jurídicos = Causa de Pedir

Desta forma, redija um tópico para cada questão do problema, abordando o

fato, o direito e o pedido. Demonstrar a ligação entre o fato e o fundamento

jurídico, que alicerça o requerimento (pedido).

É aconselhável listar todos os pontos que serão abordados na peça, com o

intuito de apresentá-los em ordem cronológica e da maneira mais lógica possível

(primeiramente, expor os pedidos principais e, logo após, os pedidos acessórios).

O ideal é ser claro e objetivo, limite-se as informações essenciais.

Atenção: os fatos narrados não podem ser inventados, o examinando está restrito

as informações da proposta. Na falta de dados o mais indicado é deixar

41

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

um espaço em branco, como no tópico DO CONTRATO DE

TRABALHO.

A seguir serão abordados os principais aspectos dos pedidos a serem

realizados na reclamatória trabalhista.

a) CONTRATO DE TRABALHO

Este é o primeiro tópico a ser abordado no mérito e sempre deverá estar

presente na RT, sendo necessário relacionar as seguintes informações da relação

jurídica mantida pelas partes: data de admissão e dispensa, função exercida e

remuneração.

CONTRATO Admissão

DE TRABALHO Função

Salário

Demissão

O Reclamante foi admitido em 01 de dezembro de 2004, para

exercer a função de auxiliar administrativo. Em 30 de novembro de 2006 foi

dispensado sem justa causa. Sua última remuneração foi equivalente a R$

600,00 (seiscentos reais).

É possível que a prova não traga todos estes dados ou talvez não informe

nenhum deles. Suponha que a proposta tenha informado apenas a função do

Reclamante, veja o exemplo:

42

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia ________

para exercer a função de auxiliar administrativo, a remuneração percebida

era de _______ até a data _________, quando foi dispensado sem justa

causa pelo Reclamado.

b) RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO

Sempre que o problema mencionar que o Reclamante foi contratado como

autônomo ou estagiário, etc, mas no decorrer da proposta consta que o autor era

subordinado e prestava o serviço com habitualidade, é necessário pleitear o

reconhecimento do vínculo de emprego, bem como a anotação na CTPS do

Reclamante.

É indispensável que neste tópico estejam presentes os arts. 2º e 3º da CLT,

os quais caracterizam a relação de emprego através da subordinação,

habitualidade, pessoalidade e contraprestação pelos serviços.

Exemplo:

A Reclamante foi admitida como diarista para trabalhar na residência

da Reclamada. Nos últimos dois anos, a Reclamante laborava todos os dias

da semana, salvo os sábados e domingos. (Fato)A Reclamante cumpria a jornada de trabalho diária executando as

ordens emitidas pela Reclamada, demonstrando claramente a

subordinação. Laborava de segunda a sexta-feira e diante de qualquer

imprevisto não podia se fazer substituir por outra pessoa, nota-se não só a

habitualidade como também a pessoalidade deste contrato de trabalho. Sua

remuneração era paga mensalmente pela Reclamada. Restam

comprovados todos os requisitos legais exigidos pelo artigo 3º da CLT.

43

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

(Fundamento)Diante do exposto, requer o reconhecimento do vínculo empregatício,

com base nos artigos 2º e 3º da CLT, bem como requer que a Reclamada

seja compelida a realizar as devidas anotações na CTPS da Reclamante,

sob pena da anotação ser realizada pela Secretaria desta MM.ª Vara,

conforme determina o artigo 39 e seus parágrafos, da CLT. (Pedido)

Nota: repare que o exemplo possui três parágrafos, sendo que o primeiro aborda,

resumidamente, os fatos; o segundo abrange a fundamentação jurídica e o último

contém o pedido. Estabeleça este padrão, pois facilitará a elaboração da peça,

além de economizar tempo no momento da prova.

c) RESPONSABILIDADE PATRONAL

São aquelas relações mais complexas que envolvem mais de um

empregador, logo é preciso analisar a situação do empregador e a extensão da

responsabilidade em relação aos créditos trabalhistas.

Sucessão de empregadores

RESPONSABILIDADE Grupo econômico

PATRONAL Terceirização

Empreitada e Subempreitada

► Sucessão de empregadores

No Direito do Trabalho a sucessão não possui o mesmo significado que nos

demais ramos do Direito. Aqui, exprime a idéia de substituição de empregadores.

Segundo os ensinamentos de Alice Monteiro de Barros, a sucessão

pressupõe os seguintes requisitos: “mudança na estrutura jurídica ou na

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

propriedade da empresa; continuidade do ramo do negócio; continuidade dos

contratos de trabalho com a unidade econômica de produção e não com a pessoa

natural que a explora. Este último requisito não é imprescindível para que haja

sucessão, pois poderá ocorrer que o empregador dispense seus empregados

antes da transferência da empresa, sem lhes pagar os direitos sociais”.3

Os artigos 10 e 448 da CLT afirmam que a sucessão não alterará os

direitos adquiridos de seus empregados e que a responsabilidade trabalhista é do

sucessor. São normas imperativas, portanto não cabe às partes a disposição

destes artigos, conforme a sua vontade individual.

Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.

Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalhos dos respectivos empregados.

A sucessão transfere para o sucessor todas as obrigações decorrentes do

contrato de trabalho, não há nenhuma responsabilidade do sucedido. Diante disso,

a RT deve ser sempre proposta somente em face do sucessor.

Lembrete: caso o problema aborde a sucessão de bancos, a OJ 261 da SDI-1

expressa o entendimento do TST, que corrobora a disposição dos artigos da CLT.

OJ 261, SDI – 1, TST. As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.

► Grupo econômico

3 BARROS. Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5.ed. rev e ampl. São Paulo: Ltr, 2009. p. 390.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A melhor definição de grupo econômico encontra-se no artigo 2, §2º da

CLT: “Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,

personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração

de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade

econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente

responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.”

Grupo econômico é considerado um empregador único, logo nada mais

lógico do que sua responsabilidade ser solidária. Inclusive, é possível que uma

empresa componente do grupo econômico responda com seu patrimônio uma

execução trabalhista, mesmo que não tenha sido sujeito passivo na RT.

Neste sentido, o TST editou a súmula 129, a qual afirma que o trabalho

prestado pelo empregado, durante a mesma jornada, para mais de uma empresa

do grupo econômico, não gera duplo contrato de trabalho por se tratar de

empregador único, salvo disposição em contrário.

Súmula 129. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.

Nota: O grupo econômico de empresas rurais está previsto no art. 3º, § 2º da Lei

5.889/73.

Assim, conclui-se que nas hipóteses em que restar configurado o grupo

econômico a RT deve ser proposta em face de todas as empresas do grupo, requerendo a condenação solidária destas empresas.

► Terceirização

A terceirização consiste em uma relação jurídica triangular em que a

empresa prestadora dos serviços realiza determinado e específico serviço à

empresa tomadora, podendo ser lícita ou ilícita. A diferenciação entre a

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

terceirização lícita e a terceirização ilícita é muito importante, tendo em vista que

influenciará diretamente na responsabilidade da empresa tomadora dos serviços.

Não há legislação específica acerca da terceirização, de modo que o TST,

por intermédio da Súmula 331, regulou esta prática.

SÚMULA 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE. I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993).

No inciso I, o TST pondera que a terceirização é ilícita, exceto diante de

trabalho temporário. O inciso III, por sua vez, também apresenta hipóteses que

caracterizariam terceirizações lícitas: serviços de vigilância, serviços de

conservação e limpeza e os demais serviços especializados que não estejam

relacionados com a atividade fim do tomador de serviços.

O inciso II visou garantir efetividade ao artigo 37, II da CF/88, o qual afirma

que o vínculo de emprego com a Administração Pública depende de prévia

aprovação em concurso público. Portanto, entendeu o TST que mesmo diante de

47

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

uma terceirização ilícita, se a Administração Pública Direta ou Indireta for a

tomadora de serviços não haverá vínculo de emprego.

Em relação à responsabilidade da empresa tomadora de serviços quanto

aos débitos trabalhistas, sustenta o TST, no inciso IV, que a responsabilidade

será subsidiária, inclusive para a Administração Pública. Fundamenta o Tribunal

que o tomador de serviços tem culpa in elegendo e in vigilando, isto é, o tomador

de serviços que optou pela empresa terceirizada, além de ter o dever de fiscalizar

o pagamento aos empregados.

Notas:1. Trabalhador temporário: a Lei 6019/74 admite este tipo de contratação

para atender uma necessidade transitória de substituição de pessoal ou

quando houver um acréscimo extraordinário de serviços, por exemplo

fábrica de chocolate no mês da páscoa. Este contrato de trabalho não pode

ultrapassar o prazo máximo de três meses.

2. Serviços de vigilância: o TST não se refere ao vigia, mas sim ao vigilante

que possui treinamento, porte de armas, etc. É uma atividade altamente

especializada, regulada pela Lei 7102/83. Ademais, não podem estar

presentes a subordinação e a pessoalidade na prestação de serviços.

3. Responsabilidade Subsidiária: é aquela em que a empresa tomadora de

serviços será responsabilizada pelo passivo trabalhista apenas se o patrimônio da

empresa terceirizada não for suficiente para quitar o débito.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Observe o quadro de resumo das hipóteses de terceirização lícita e

terceirização ilícita.

TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA

Serviços especializados ligados à

atividade meio do tomador

Trabalho temporário

Atividades de vigilância

Conservação e limpeza

Qualquer terceirização que não esteja

de acordo com uma das exceções

previstas na Súmula 331 do TST.

Também será ilícita se nas hipóteses de

vigilância, conservação e limpeza e

serviços especializados ligados a

atividade meio do tomador estiverem

presentes a pessoalidade e

subordinação direta entre trabalhador

terceirizado e tomador de serviços.

Qualquer terceirização que esteja

relacionada a atividade fim do tomador

de serviços será considerada ilícita.

Principais Características da Terceirização (segundo a Instrução Normativa nº 03, de 1º de setembro de 1997, advinda do Ministro de Estado de Trabalho)

• A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho

realizado por seus empregados (art. 2º, §5º);

• As relações de trabalho entre a empresa prestadora de serviços e seus

empregados são disciplinadas pela Consolidação das Leis do Trabalho (art. 2º,

§2º);

49

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

• Os empregados da empresa prestadora de serviços não estão subordinados ao

poder diretivo, técnico e disciplinar da empresa contratante (art. 2º, § 6º);

• Em se tratando de empresas do mesmo grupo econômico, onde a prestação de

serviços se dê junto a uma delas, o vínculo empregatício se estabelece entre a

contratante e o trabalhador colocado à sua disposição nos termos do art. 2º da

CLT (art. 3º, §3º); e

• As relações entre a empresa prestadora de serviços e a empresa contratante são

regidas pela lei civil (art. 2º, §1º).

Conclui-se que se a problema apresentar um caso de terceirização é

fundamental a definição se está é lícita ou ilícita. Veja:

Terceirização Lícita: a RT será proposta em face da empresa prestadora de

serviços, e, sucessivamente, em face da empresa

tomadora de serviços, requerendo a sua responsabilização

de forma subsidiária.

Terceirização Ilícita: a RT deverá postular o reconhecimento do vínculo de

emprego com o tomador de serviços, e, sucessivamente,

caso não seja reconhecida a ilicitude da terceirização,

condenação subsidiária da tomadora de serviços.

Exemplo – Terceirização Lícita: condenação Subsidiária

Muito embora o Reclamante tenha sido contratado pela primeira

Reclamada (empresa terceirizada), prestou serviços de vigilância para a segunda

Reclamada (tomadora de serviços) durante todo o pacto laboral, assim como os

demais vigilantes empregados pela primeira Reclamada. (Fato) Resta caracterizada a hipótese de terceirização prevista na Súmula 331,

inciso III do TST, segundo a qual não há formação direta de vínculo de emprego

50

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

com o tomador na contratação de serviços de vigilância, desde que inexistente a

pessoalidade e a subordinação direta. No entanto, diante do inadimplemento das

obrigações trabalhistas, por parte do empregador, há responsabilidade subsidiária

do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, nos termos do inciso IV da

súmula 331, TST. (Fundamento) Deste modo, requer a condenação subsidiária da empresa tomadora de

serviços, com base no inciso IV da Súmula 331, TST, para que diante do

inadimplemento da empresa prestadora de serviços, seja a segunda Reclamada

responsável pelo pagamento, uma vez que tem culpa in elegendo e in vigilando.

(Pedido)

► Empreitada e subempreitada

O contrato de empreitada é aquele em que “uma das partes (o empreiteiro)

se obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar certo trabalho para a

outra (dono da obra), com material próprio ou por este fornecido, mediante

remuneração global ou proporcional ao trabalho executado.”4

O artigo 455, CLT prevê a responsabilidade do empreiteiro, bem como do

subempreiteiro nesta modalidade de “contrato pelo qual o empreiteiro principal,

não considerando conveniente executar todas as obras ou serviços que lhe foram

confiados, os transfere para outrem (pessoa física ou jurídica) chamado

subempreiteiro, que se encarrega de executá-los com seus próprios elementos,

inclusive com seus trabalhadores.”5

Art. 455. Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direto de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.

4 PEREIRA. Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. v. 3. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 201.

5 BARROS. Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5.ed. rev e ampl. São Paulo: Ltr, 2009. p. 383.

51

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Além deste dispositivo, o TST editou a OJ 191, SDI – 1, a fim de

interromper a interpretação analógica de parte da doutrina, segundo a qual o dono

da obra também seria responsável pelo passivo trabalhista nesta modalidade de

contrato. O Tribunal interpretou o artigo restritivamente afirmando que o dono da

obra não tem responsabilidade nestes casos, exceto quando o dono da obra for

construtora ou incorporadora.

Note que a exceção prevista pela OJ é coerente, uma vez que as

construtoras e incorporadoras possuem como atividade fim a mesma atividade dos

contratos de empreitada. Logo, esta seria uma hipótese de terceirização ilícita, o

que geraria não apenas a responsabilização do dono da obra, mas também a

formação de vínculo de emprego diretamente com o mesmo, de acordo com o

entendimento proferido pela súmula 331 do TST.

OJ 191, SDI – 1, TST. Diante da inexistência de previsão legal, o contrato de empreitada entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.

Com base no artigo 455, CLT, consolida-se que nos casos de contrato de

empreitada, a Reclamatória Trabalhista deverá ser proposta em face do empreiteiro principal e do subempreiteiro. A inicial será proposta em face do

dono da obra somente nos casos de empresas construtoras ou incorporadoras,

exceção prevista pela OJ 191 da SDI-1 do TST.

d) REMUNERAÇÃO

► Salário, salário in natura e remuneração

A sistemática adotada pela CLT (art.457), salário é a retribuição dos

serviços prestados paga diretamente pelo empregador, enquanto a remuneração

seria a soma dos salários pagos pelo empregador incluindo outras importâncias

52

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

auferidas de terceiros em decorrência do contrato de trabalho, por exemplo as

gorjetas.

Firmou-se a prática de se utilizar a expressão salário para designar o

salário-base, ou seja, o salário em sentido estrito e a expressão remuneração, ou

conjunto remuneratório, para designar o conjunto de parcelas salariais que

eventualmente compõem a remuneração: salário-base, adicional de

periculosidade, adicional de produtividade, etc.

Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.§ 1º. Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.§ 2º. Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedem de cinqüenta por centro do salário percebido pelo empregado.§ 3º. Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas a qualquer título, e destinada à distribuição aos empregados.

Depreende-se dos artigos 457 e 458 da CLT que a remuneração do

empregado é composta das seguintes verbas:

→ salário pago diretamente pelo empregador, incluindo-se o salário em

sentido estrito e os adicionais de insalubridade, periculosidade, por tempo

de serviço, de transferência, etc.;

→ as gorjetas, a legislação vigente estabelece que as gorjetas pagas pelos

clientes da empresa, mesmo que diretamente ao empregado, integram a

remuneração do mesmo, para cálculo de férias e 13º salários (art. 29, §1º,

CLT e Súmula 354, TST);

→ as comissões, percentagens, gratificações, diárias de viagem (desde que

ultrapassem a 50% do salário) e os abonos pagos pelo empregador;

53

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

→ a alimentação, a habitação, o vestuário, bem como outras parcelas ditas in

natura, fornecidas habitualmente ao empregado, sendo proibido o

pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.

Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.§ 1º. Os valores atribuídos às prestações in natura deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo (arts. 81 e 82).§ 2º. Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador:I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço;II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público;IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;V – seguros de vida e de acidentes pessoais;VI – previdência privada;VII – (vetado)§ 3º. A habitação e a alimentação fornecidas como salário utilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário contratual.§ 4º. Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário utilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-ocupantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família.

O caput do artigo 458, CLT trata do salário pago em utilidades como

habitação, alimentação, vestuário, etc. é o chamado salário in natura. O §2º, deste

54

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

artigo, apresenta um rol de utilidades, que não têm natureza salarial, ainda que

sejam concedidas pelo trabalho.

Em relação ao salário é relevante o conhecimento de algumas súmulas do

TST. A súmula 241 e 367 do TST estão relacionadas ao artigo 458, CLT:

Súmula 241, TST. O vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, tem caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para todos os efeitos legais.

Súmula 367, TST. I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde.

Atenção: a OJ 133 da SDI – 1, TST prevê uma exceção à súmula 241, em

relação as empresas inscritas no PAT (programa de alimentação ao trabalhador).

OJ 133, SDI – 1, TST. A ajuda alimentação fornecida por empresa participante do programa de alimentação ao trabalhador, instituído pela Lei 6321/76, não tem caráter salarial. Portanto, não integra o salário para nenhum efeito legal.

Já a súmula 258 do TST está interligada ao §3º do artigo 458, CLT:

Súmula 258, TST. Os percentuais fixados em lei relativos ao salário "in natura" apenas se referem às hipóteses em que o empregado percebe salário mínimo, apurando-se, nas demais, o real valor da utilidade.

O art. 457, § 3º estabelece que as gorjetas cobradas do cliente ou pagas

diretamente sob a forma de taxa de serviço ou dada espontaneamente por este

integram a remuneração do empregado. Neste sentido, tem-se a súmula 354 do

TST, segundo a qual as gorjetas não servem de base de cálculo para as parcelas

de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.

CONTUDO, integram o cálculo de férias e 13º salário.

55

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Súmula 354, TST. As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.

É necessário tecer algumas considerações gerais sobre o pagamento dos

salários:

a) o pagamento não poderá ser estipulado por período superior a um mês,

salvo comissões, percentagens e gratificações, e deve ser feito até o quinto

dia útil do mês subseqüente ao vencido (art. 459, CLT); após esta data

incidirá o índice de correção monetária do mês posterior ao da prestação

dos serviços (Súmula 381, TST);

b) o pagamento dos salário será efetuado em dia útil e no local de trabalho,

dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste,

podendo ser realizado através de depósito bancário, caso em que terá força

de recibo o comprovante de depósito (art. 464 e art. 465, CLT);

c) O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo

empregado. Caso este seja analfabeto a prova do pagamento se dá

mediante impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo (art.

464, CLT).

d) Não se encontra mais em vigor o art. 503 da CLT que permitia a redução

do salário em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados,

ante a irredutibilidade salarial prevista no art. 7º, VI da Constituição Federal.

► Salário complessivo

O salário em sentido amplo pode ser composto de diversas parcelas:

salário-base, adicionais diversos (de insalubridade, de periculosidade, adicional

noturno, etc.), comissões, horas extras, etc.

Ocorre o chamado salário complessivo quando se estabelece uma

retribuição fixa para quitar, de forma global, vários direitos do empregado.

56

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O salário complessivo é vedado pelo direito brasileiro, por conseguinte a

cláusula contratual que estabelece o chamado salário complessivo é nula. Neste

caso, a parcela fixa representa tão somente o salário-base do empregado, como

prevê a Súmula 91 do TST:Súmula 91, TST. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador.

► Equiparação salarial

Art. 461, CLT. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao

mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem

distinção de sexo, nacionalidade ou idade.

§ 1º – Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com

igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja

diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos.

§ 2º – Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as

promoções deverão obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento.

§ 3º – No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas

alternadamente por merecimento e por antigüidade, dentro de cada categoria

profissional.

§ 4º – O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física

ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de

paradigma para fins de equiparação salarial.

57

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Interpretação do TST quanto aos requisitos da equiparação salarial(Súmula 6, TST)

Súmula 6, TST. I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT, só é válido o

quadro de pessoal organizado em carreira quando homologado pelo Ministério do

Trabalho, excluindo-se, apenas, dessa exigência o quadro de carreira das

entidades de direito público da administração direta, autárquica e fundacional

aprovado por ato administrativo da autoridade competente.

II - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o

tempo de serviço na função e não no emprego.

III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma

exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando

se os cargos têm, ou não, a mesma denominação.

IV - É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial,

reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o

pedido se relacione com situação pretérita.

V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a

função em órgão governamental estranho à cedente, se esta responde pelos

salários do paradigma e do reclamante.

VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância

de que o desnível salarial tenha origem em decisão judicial que beneficiou o

paradigma, exceto se decorrente de vantagem pessoal ou de tese jurídica

superada pela jurisprudência de Corte Superior.

VII - Desde que atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a

equiparação salarial de trabalho intelectual, que pode ser avaliado por sua

perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos.

VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou

extintivo da equiparação salarial.

IX - Na ação de equiparação salarial, a prescrição é parcial e só alcança as

diferenças salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o

ajuizamento.

58

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

X - O conceito de "mesma localidade" de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em

princípio, ao mesmo município, ou a municípios distintos que, comprovadamente,

pertençam à mesma região metropolitana.

e) REFLEXOS

AVISO PRÉVIO

PARCELAS REFLEXOS 13° SALÁRIO

HABITUAIS FÉRIAS + 1/3

FGTS (DEPÓSITOS E MULTA)

Os reflexos das verbas trabalhistas estão interligados a natureza jurídica

desta verba. As parcelas de cunho indenizatório, por exemplo, não refletem nas

outras verbas oriundas do contrato de trabalho.

Já o adicional de insalubridade é uma parcela devida ao empregado que

trabalha sob condições nocivas à saúde. Este acréscimo integra o salário do

empregado, que reflete em diversas verbas trabalhistas como o aviso prévio,

férias, décimo terceiro salário, etc.

Outra característica dos reflexos é a habitualidade. Por exemplo, as horas

extras prestadas com habitualidade também refletirão nas demais verbas

trabalhistas.

Os reflexos atingem as seguintes verbas: aviso prévio, décimo terceiro

salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de

40%).

59

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

► Reflexos e o Descanso Semanal Remunerado

O repouso semanal remunerado é o valor do salário dia, o empregado

recebe no seu descanso o mesmo valor do dia trabalhado. Portanto, é necessário

analisar se a verba pleiteada já engloba ou não o DSR.

De um modo geral, as verbas que incidem sobre o valor do salário

automaticamente incluirão o DSR, por exemplo: adicional de periculosidade,

adicional de insalubridade, equiparação salarial, salário in natura, dentre outros.

Contudo, as verbas que incidem sobre a hora de trabalho não incluem o

DSR. São exemplos: horas extras, intervalo intrajornada, intervalo interjornada,

horas in itinere, horas de sobreaviso, etc. Nestes casos, os reflexos serão

pleiteados no descanso semanal remunerado E COM ESTE EM aviso prévio,

décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS

(depósitos e multa de 40%).

Os quadros abaixo apresentam alguns exemplos da forma do pedido das

verbas trabalhistas e seus reflexos.

ADICIONAL CALCULADO SOB O INCLUÍDO O PERICULOSIDADE SALÁRIO BASE DSR

Diante do exposto, requer a condenação do Reclamado ao

pagamento do adicional de periculosidade, calculada sob o salário

base na razão de 30%, BEM COMO os reflexos em aviso prévio,

décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e

FGTS (depósitos e multa de 40%).

60

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

HE CALCULADA SOB O DSRHABITUAIS VALOR DA HORA EXCLUÍDO

Diante do exposto, requer a condenação do Reclamado ao

pagamento de horas extras assim consideradas as excedentes a

oitava diária e a quadragésima quarta semanal, acrescidas de 50%,

BEM COMO os reflexos em DSR E COM ESTE EM aviso prévio,

décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e

FGTS (depósitos e multa de 40%).

INTERVALO SUPRESSÃO REFLEXOS DSRINTRAJORNADA HABITUAL EXCLUÍDO

Diante do exposto, requer a condenação do Reclamado

ao pagamento da hora cheia, acrescida do adicional de 50%, BEM

COMO os reflexos em DSR E COM ESTE EM aviso prévio, décimo

terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS

(depósitos e multa de 40%).

f) DURAÇÃO DO TRABALHO

Vários doutrinadores distinguem as expressões: jornada de trabalho e

horário de trabalho.

Alice Monteiro de Barros leciona que “jornada é o período, durante um dia

em que o empregado permanece à disposição do empregador, trabalhando ou

aguardando ordens (art. 4°, CLT). Já o horário de trabalho abrange o período que

61

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

vai do início ao término da jornada, como também os intervalos que existem

durante o seu cumprimento.”6

Art. 4, CLT. Considera-se como de serviço o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.Parágrafo único. Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho.

No Brasil o limite diário da jornada de trabalho é de 8 (oito) horas diárias,

enquanto o limite semanal não deve ultrapassar 44 horas, conforme o art. 7º, XIII

da Constituição Federal.

Art. 7, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho[...]

O art. 58, caput, CLT corrobora a norma constitucional:

Art. 58, CLT. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.§ 1º Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. § 2º O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de

6 BARROS. Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5.ed. rev e ampl. São Paulo: Ltr, 2009. p. 662.

62

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução. § 3º Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas de pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o tempo médio despendido pelo empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração.

Observe que há dois limites legais para a jornada de trabalho: o limite diário

de 8 horas e o limite semanal de 44 horas. Ambos devem ser respeitados para

que não haja a obrigação de pagar as horas extras.

Atenção: alguns empregados, elencados no artigo 62, CLT, estão excluídos da

proteção da jornada de trabalho:

a) os empregados que exercem atividade externa incompatível com a

fixação de horário de trabalho;

b) os gerentes que exerçam cargos de gestão e recebem acréscimo

salarial igual ou superior a 40% do cargo efetivo;

c) empregado doméstico.

Art. 62. Não se compreendem no regime deste capítulo:I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento).

A ressalva é relevante, pois estes empregados não têm direito às horas

extras, SALVO quando o empregador tem controle das horas trabalhadas. Em

63

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

relação ao controle de jornada realizado pelo empregador é importante mencionar

a OJ 332, SDI – 1, TST:OJ 332. Motorista. Horas extras. Atividade externa. Controle de jornada por tacógrafo. Resolução n. 816/86 do CONTRAN. O tacógrafo, por si só, sem a existência de outros elementos, não serve para controlar a jornada de trabalho de empregado que exerce atividade externa.

Os horários de trabalho do empregado devem ser observados

minuciosamente, com o intuito de examinar se todos os limites legais foram

impostos e, se for o caso, pleitear as horas extras ou intervalos legais (intrajornada

e interjornada) ou adicional noturno ou domingos e feriados trabalhados ou horas

in itinere ou horas de sobreaviso, etc.

O pedido de pagamento dessas verbas deve ser realizado, com integração

à remuneração do trabalhador, para todos os efeitos legais, com reflexos em

descanso semanal remunerado e com este em aviso prévio, décimo terceiro

salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de

40%), conforme será analisado nos exemplos abaixo.

► Horas extras

A hora extraordinária é aquela que ultrapassa a jornada normal de cada

empregado, seja ela legal (oito horas diárias) ou convencional. Esta hora

trabalhada em sobretempo à jornada regular será acrescida do adicional de, no

mínimo, 50% (cinquenta por cento).

Art. 7, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; [...]

Art. 59, CLT. A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de duas, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.

64

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§ 1º. Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar, obrigatoriamente, a importância remuneração da hora suplementar, que será, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) superior à da hora normal.§ 2º. Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.§ 3º. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior, fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.§ 4º. Os empregados sob o regime de tempo parcial não poderão prestar horas extras.

Súmula 264, TST. A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa.

Conclui-se que o adicional de, no mínimo, 50% calculado sobre a hora

normal será devido em todas as hipóteses de prorrogação de jornada, EXCETO diante de acordo de compensação de horas.

Súmula 85, TST. REGIME DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO SEMANAL - PAGAMENTO DAS HORAS EXCEDENTES. I - A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva.II - O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário. III - O mero não-atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.IV - A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como

65

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário.

Súmula 349, TST. VALIDADE DO ACORDO OU CONVENÇÃO COLETIVA DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO EM ATIVIDADE INSALUBRE. A validade de acordo coletivo ou convenção coletiva de compensação de jornada de trabalho em atividade insalubre prescinde da inspeção prévia da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho (art. 7º, XIII, da CF/1988; art. 60 da CLT).

OJ/SDI-I 323, SDI – 1, TST. ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA. SEMANA ESPANHOLA. VALUDADE. É válido o sistema de compensação de horário quando a jornada adotada é a denominada “semana espanhola”, que alterna a prestação de 48 horas em uma semana e 40 em outra, não violando os art. 59, § 2º, da CLT e 7º, XIII, da CF/88 o seu ajuste mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Acrescenta-se, ainda, que o caput do artigo 59 determina que a duração do

trabalho extraordinário não poderá exceder duas horas diárias. No entanto, o

descumprimento desta norma não exime o empregador de indenizar ao

empregado todas as horas suplementares trabalhadas. Neste sentido é o

entendimento do TST proferido na súmula 376:

Súmula 376, TST. I - A limitação legal da jornada suplementar a duas horas diárias não exime o empregador de pagar todas as horas trabalhadas. II - O valor das horas extras habitualmente prestadas integra o cálculo dos haveres trabalhistas, independentemente da limitação prevista no "caput" do art. 59 da CLT.

→ Para aperfeiçoar o estudo das horas extras, vide o entendimento do TST

proferido nas seguintes súmulas e OJ’s:

● Súmulas: 24, 45, 56, 61, 63, 76, 85, 94, 102, 109, 110, 113, 115, 118,

151, 172, 199, 215, 226, 253, 264, 287, 291, 338, 340, 347, 354, 366, 376.

● OJ da SDI – 1, TST: 23, 47, 48, 49, 60, 63, 89, 97, 117, 206, 233,

234, 235, 239, 240, 242, 267, 275, 306, 332.

66

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

● OJ 5, SDI – 2, TST.

Exemplo – Horas Extras

O Reclamante, durante todo o pacto laboral, cumpriu a jornada de

trabalho, que se estendia de segunda-feira a sábado, das 08h00às 20h00,

sendo que nunca recebeu pelas horas suplementares trabalhadas. (Fato)Claramente houve violação do art. 7º, XIII da CF e do artigo 58, CLT,

os quais determinam que é um direito do trabalhador a duração máxima do

trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais. (Fundamento)Ante ao descumprimento dos dispositivos supra, postula-se o

pagamento das horas extraordinárias, assim consideradas todas as horas

excedentes da 8ª diária e 44ª semanal, acrescidas do adicional de 50%, nos

termos do art. 7º, XVI da Constituição Federal. Ademais, requer os devidos

reflexos, diante da habitualidade, em descanso semanal remunerado e com

este em aviso prévio, décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço

constitucional e FGTS (depósitos e multa de 40%). (Pedido)

► Horas in itinere

O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu

retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de

trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido de

transporte público, o empregador fornecer a condução (art. 58, § 2˚, CLT).

As horas in itinere possuem dois requisitos, sendo que ambos devem

coexistir para caracterizar a exceção prevista neste dispositivo:

Local de difícil acesso ou não servido por

transporte público regular

67

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

+Condução fornecida pelo empregador de

forma gratuita ou onerosa

Neste sentido é o entendimento jurisprudencial enunciado pelas súmulas 90

e 320, TST.

Súmula 90. I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso ou não servido por transporte regular público, e para o seu retorno, é computável na jornada de trabalho.II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas "in itinere". III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas "in itinere".IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas "in itinere" remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público. V - Considerando que as horas "in itinere" são computáveis na jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo.

Súmula 320. O fato de o empregador cobrar, parcialmente ou não, importância pelo transporte fornecido, para local de difícil acesso, ou não servido por transporte regular, não afasta o direito à percepção do pagamento das horas "In itinere".

Exemplo – Horas in itinere

A empresa Reclamada está localizada muito distante do centro

68

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

urbano e devido à falta de transporte público, a condução era fornecida

gratuitamente pela empresa aos empregados. Ocorre que o tempo

despendido no percurso era de 1 hora e 30 minutos, totalizando 3 horas

diárias que não eram computadas na jornada de trabalho do Reclamante.

(Fato) O fato exposto preenche os requisitos legais exigidos pelo artigo

58, § 2˚, CLT e pelo inciso I da súmula 90 do TST, para o tempo do

percurso seja computado na jornada de trabalho, quais sejam: não há

transporte público e o empregador fornecer a condução. (Fundamento)Ante o cumprimento dos requisitos legais, requer que o tempo do

percurso seja computado na jornada de trabalho e, nos termos do inciso V

da súmula 90, TST, o acréscimo do adicional respectivo às horas que

ultrapassarem a jornada legal, bem como os reflexos em descanso

semanal remunerado e com este em aviso prévio, décimo terceiro salário,

férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de

40%). (Pedido)

► Intervalo Intrajornada

O intervalo intrajornada é concedido para alimentação e repouso durante a

jornada. A concessão de intervalo de, pelo menos, uma hora é obrigatória quando

a duração do trabalho ultrapassar seis horas. A jornada que varie entre quatro e

seis horas de trabalho terá um intervalo de quinze minutos.

O intervalo intrajornada não é computado na jornada de trabalho. Contudo,

se o empregador optar pela concessão de intervalos não previstos em lei, estes

serão computados na jornada de trabalho, isto é, será considerado como tempo

de trabalho e será remunerado como hora suplementar se ultrapassar os limites

diários da jornada do empregado (súmula 118 TST).

Art. 71, CLT. Em qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a

69

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será no mínimo, de uma hora e, salvo acordo ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas.§ 1º. Não excedendo de seis horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de quinze minutos quando a duração ultrapassar quatro horas.§ 2º. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.§ 3º. O limite mínimo de uma hora para repouso e refeição poderá ser reduzido por ato do Ministério do Trabalho, quando, ouvido o Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.§ 4º. Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.

Súmula 118, TST. Os intervalos concedidos pelo empregador, na jornada de trabalho, não previstos em lei, representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final da jornada.

Como regra geral, os intervalos concedidos para repouso ou alimentação

não são computados na jornada de trabalho (art.71, § 2º, CLT). Há, todavia,

diversas categorias profissionais, que, diante das peculiaridades que as cercam,

tem intervalos (intrajornada, entre jornadas ou mesmo semanal) diferenciados da

generalidade dos trabalhadores. Além disto, em alguns casos específicos, a

própria lei estabelece, como exceção à regra geral, que alguns intervalos para

descanso, intrajornada, serão computados na jornada de trabalho. São exemplos:

empregados que atuam no serviço permanente de mecanografia e digitação têm

10 minutos de intervalo para cada 90 minutos trabalhados consecutivamente (art.

72 da CLT e Súmula 346, TST); empregados que trabalham em câmaras frias têm

20 minutos de descanso para cada 1 hora e 40 minutos de trabalho (art. 253,

CLT); empregados que trabalham em minas e subsolo têm intervalo de 15 minutos

para cada 3 horas de trabalho (art. 298, CLT), dentre outros.

70

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O descumprimento do intervalo intrajornada obriga o empregador a

remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50%

(cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho

(art. 71, § 4º, CLT). Mesmo que a supressão do intervalo seja parcial (concede um

intervalo de 45 minutos, quando deveria conceder um intervalo de uma hora), o

empregador será obrigado a indenizar o empregado o período integral do repouso,

ou seja, uma hora, acrescida de cinquenta por cento. O TST entende que a

supressão do intervalo inviabiliza a sua finalidade, portanto o empregador deverá

remunerar a hora “cheia” acrescida do adicional de 50%.

OJ 307, SDI – 1, TST. Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT).

Exemplo – Intervalo Intrajornada

O Reclamante cumpria a jornada de 7 horas diárias, no entanto

usufruía apenas de 30 minutos para alimentação e repouso. (Fato)O artigo 71 da CLT não foi respeitado, tendo em vista que este obriga

a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação de, pelo menos, 1

hora em qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda de seis horas.

(Fundamento)Diante da exposição, requer a condenação do Reclamado ao

pagamento do tempo integral do intervalo, nos termos da OJ 307, SDI – 1,

TST, pois a não concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo

implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no

mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho,

conforme o § 4° do art. 71 da CLT. Por fim, face à habitualidade, de tal

parcela gerará reflexos em descanso semanal remunerado e com este em

71

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

aviso prévio, décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional

e FGTS (depósitos e multa de 40%). (Pedido)

► Intervalo Interjornada

Este é o intervalo entre jornadas, isto é, entre um dia e outro. A duração do

intervalo interjornada é de, pelo menos, 11 horas.

Art. 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.

Art. 7, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; [...]

Art. 67, CLT. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte.Parágrafo único. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização.

Súmula 146, TST. O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal.

O descanso semanal remunerado e o intervalo interjornada devem ser

somados, ou seja, quando o empregado tiver direito ao repouso semanal

remunerado de 24 horas, este será somado ao intervalo interjornada de 11 horas.

Portanto, o empregado só retornará ao trabalho após 35 horas. Caso o retorno

72

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

ocorra em prejuízo a este período de descanso consecutivo, as horas serão

consideradas extraordinárias, acrescidas do respectivo adicional.

Súmula 110, TST. No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 (vinte e quatro) horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional.

► Trabalho Noturno (Adicional)

O horário noturno, no meio urbano, inicia-se às 22 horas e termina às 5

horas.

A hora noturna não é computada como 60 minutos, mas sim como 52

minutos e trinta segundos.

A redação do artigo 73 da CLT exclui os empregados que trabalham sob o

regime de revezamento da percepção do adicional noturno. Lembre que a CLT foi

aprovada em 1943, época em que vigorava a Constituição de 1937. Esta ressalva

prevista no caput do artigo foi abolida, tendo em vista que não foi recepcionada

pela CF/88, conforme a súmula 213 do STF.

Todavia, permanece em vigência o art. 73 da CLT quanto às seguintes

disposições:

a) o adicional noturno é de, no mínimo, 20% (vinte por cento) sobre

a hora diurna.

b) a hora de trabalho noturno será computada como sendo 52

minutos e 30 segundos.

c) considera-se noturno, para efeitos deste artigo, o trabalho

executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia

seguinte.

73

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 7º, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; [...]

Súmula 213, STF. É devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento.

Art. 73, CLT. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.§ 1º. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinqüenta dois) e 30 (trinta) segundos.§ 2º. Considera-se noturno, para os efeitos destes artigos, o trabalho executado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte.§ 3º. O acréscimo a que se referia o presente artigo, em se tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de atividade, trabalho noturno habitual, será feito tendo vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas atividades o aumento será calculado sobre o horário mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.§ 4º. Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.§ 5º. Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste Capítulo.

Súmula 60, TST. I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos.II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT.

O empregado que recebe o adicional de periculosidade em razão da sua

atividade e ainda labora no horário noturno, terá seu adicional noturno calculado

sob o valor da hora acrescida com o adicional de periculosidade, tendo em vista

que neste horário o empregado também estará sob condições de risco.

74

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

OJ 259, SDI – 1, TST. O adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno, já que também neste horário o trabalhador permanece sob as condições de risco.

O artigo 468, CLT veda qualquer alteração no contrato de trabalho, salvo

quando houver concordância de ambas as partes e, desde que, não cause

nenhum prejuízo ao empregado. Diante disso, surgiu uma divergência em relação

a possibilidade de transferir o empregado do horário noturno para o horário diurno

com a supressão do respectivo adicional.

O trabalho noturno tem caráter excepcional. O empregador ao transferir

este empregado para o horário diurno estaria beneficiando o mesmo, pois o

trabalho diurno é mais saudável para o empregado. Neste sentido o TST enunciou

a súmula 265:Súmula 265, TST. A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno.

Observações:

● O doméstico não faz jus ao adicional noturno (art. 7°, § único, CF)

● É vedado o trabalho noturno do menor (art. 7º, XXXIII, CF).

● Trabalho noturno rural: não existe redução da hora noturna para o

trabalhador rural e o acréscimo é de 25% sobre a remuneração normal (Art.

7º, Lei 5889/73)

● Súmula 214, STF: A duração legal da hora de serviço noturno (52 minutos

e 30 segundos) constitui vantagem suplementar, que não dispensa o salário

adicional.

● OJ 97, SDI – 1, TST: O adicional noturno integra a base de cálculo das

horas extras prestadas no período noturno.

● Súmula 402, STF: O vigia noturno tem direito a salário adicional.

● Advogados – art. 20, §3, Lei 8906/94: O trabalho noturno é o

compreendido entre as 20:00 e 5:00 horas, com adicional de 25% (vinte

cinco por cento).

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

● Portuário – art. 4º, Lei 4860/65 e OJ 60, SDI – 1, TST: Hora noturna de

sessenta minutos.

A jornada do Reclamante iniciava às 22 horas e encerrava às 5

horas do dia seguinte, quando chegava o outro empregado do

Reclamado. Apesar de trabalhar no período noturno, o Reclamante

sempre recebeu o mesmo salário que o empregado que laborava no

período diurno. (Fato) O art. 7º da Constituição Federal assegura aos trabalhadores

uma remuneração superior para o trabalho noturno em relação ao

trabalho diurno. Não obstante, o artigo 73 da CLT aduz que o trabalho

noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua

remuneração terá acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos,

sobre a hora diurna. (Fundamento)Deste modo, requer a condenação do Reclamado ao

pagamento do adicional noturno, durante todo o pacto laboral, bem

como os devidos reflexos em aviso prévio, décimo terceiro salário,

férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de

40%). (Pedido)

g) DANO MORAL

A EC 45/04 ampliou a competência da Justiça do Trabalho, incluindo as

ações de indenização por danos morais, quando originarem da relação de

trabalho, conforme determina o artigo 114, VI, CF.

Art. 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; [...]

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O pedido de dano moral resta caracterizado na presença dos três requisitos

da responsabilidade civil: culpa, dano e nexo causal. Os fundamentos jurídicos do

dano moral estão positivados no art. 5°, X, CF e nos arts. 186 e 927 do CC.

Art. 5, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; [...]

Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927, CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Atenção. Avaliar a necessidade do pedido de dano moral no seguintes

casos:

● a proposta indique o abalo emocional do empregado;

● o empregador pratica falta grava;

● o empregado foi demitido por justa causa.

Veja o exemplo – 3º EXAME DA ORDEM 2005/PR:

Em razão dos atrasos nos salários, Tomi tornou-se inadimplente no

pagamento das mensalidades escolares vendo-se obrigado a retirar seu único

filho do colégio particular em que estudava, sendo que esta situação está lhe

causando profunda humilhação perante seus familiares e colegas, pretendendo

por isto, ser indenizado em valor a ser fixado pelo juiz.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

CRITÉRIO DE CORREÇÃO: Pagamento de indenização por danos morais, em

valor a ser fixado pelo juiz, com fundamento na

responsabilidade civil do empregador (ausência de

pagamento de salário – culpa; humilhação por tirar

o filho do colégio – dano; nexo causal).

Observe que o examinando não deve arbitrar nenhum valor no pedido de danos morais (veja o exemplo abaixo). A indicação de valores não pontuará

no gabarito, além da possibilidade de ser considerada identificação de prova.

ATENÇÃO: sempre que a RT contiver pedido de dano moral, o rito do processo será o ordinário.

Exemplo 1:

A empresa Reclamada já invadia a privacidade da

Reclamante em virtude da intensa vigilância por câmeras.

Sobretudo, a Reclamada tentou submetê-la a uma revista íntima

por funcionários do sexo oposto. A Reclamante não aceitou tal

constrangimento, motivo pelo qual foi dispensada por justa

causa. (Fato)O artigo 5, X, CF declara que a intimidade, a honra e a

imagem das pessoas são invioláveis, sendo-lhes assegurado o

direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de

sua violação. Neste mesmo sentido aduz o artigo 927 do CC,

que aquele que pratica ato ilícito fica obrigado a reparar o dano

causado a outrem. A conduta da Reclamada violou direito da

Reclamante e, portanto, constitui ato ilícito, nos termos do artigo

186 do CC. Não obstante, avoca-se o artigo 373-A, VI da CLT, o

qual veda expressamente a revista íntima nas empregadas.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

(Fundamento)Diante da comprovação da responsabilidade civil da

Reclamada, requer a sua condenação da Reclamada ao

pagamento de indenização por danos morais em valor a ser

arbitrado por este Juízo. (Pedido)

Exemplo 2:

A reclamada a partir de janeiro de 2006 passou a

descumprir o contrato de trabalho, uma vez que não efetuou o

pagamento do salário do Reclamante, o qual está inadimplente

e obrigou-se a fazer empréstimos de familiares e amigos, o que

está lhe causando profunda humilhação. (Fato)A conduta da Reclamada atinge um direito fundamental

do Reclamante, violando o artigo 5°, X da CF, segundo o qual a

honra das pessoas é inviolável. Ressalta-se que a ausência de

pagamento constitui falta grave, de acordo com o art. 483, “d”,

CLT, pois afirma que o empregado poderá considerar rescindido

o contrato e pleitear a devida indenização quando o empregador

não cumprir as obrigações do contrato.

Assim, dispõe o artigo 927, CC, que a prática de ato

ilícito gera a obrigação de reparar o dano causado a outrem.

Resta comprovado que a atitude da Reclamada constitui ato

ilícito, nos termos do artigo 186 do CC, uma vez que viola o

artigo 5, X da CF e descumpre as obrigações advindas do

contrato de trabalho, de acordo com o artigo 483, “d”, CLT.

(Fundamento) Isto posto, requer a sua condenação da Reclamada ao

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

pagamento de indenização por danos morais em valor a ser

arbitrado por este Juízo. (Pedido)

h) ESTABILIDADE – REINTEGRAÇÃO – INDENIZAÇÃO

A demissão sem justa causa é direito potestativo do empregador, SALVO

quando o empregado for detentor de estabilidade, o que significa que o

empregado tem direito ao EMPREGO.

Estabilidade no emprego consiste no direito do trabalhador de permanecer

no emprego, mesmo contra a vontade do empresário, enquanto inexistir causa

relevante que justifique a sua despedida.

Note que só é possível postular a reintegração do empregado, se este for

detentor de estabilidade e a demissão não tenha justo motivo.

Assim, antes de expor o pedido da peça processual, é fundamental uma

breve análise dos principais exemplos de estabilidade.

► Membro da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidente)

O art. 10, II, “a”, ADCT estabelece que até que seja promulgada a lei

complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição fica vedada a dispensa

arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para o cargo de direção das

comissões internas de prevenção de acidente (CIPA), desde o registro de sua

candidatura até um ano após o final do seu mandato.

Art. 10, ADCT. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o Art. 7º, I, da Constituição:II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato;

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Da mesma forma, a CLT dispõe que os titulares da representação dos

empregados na CIPA não poderão sofrer despedida arbitrária, entende-se como

tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

Ressalte-se que apenas o membro da CIPA represente dos empregados é

eleito; o representante do empregador é simplesmente indicado, não gozando de

qualquer estabilidade.

O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o

presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles o Vice-Presidente, de

acordo com o artigo 164, §5° da CLT. Conclui-se, portanto, que apenas o vice-

presidente é detentor de estabilidade.

Art. 164, CLT. Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo único anterior.§ 1º. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por ele designados.§ 2º. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados.§ 3º. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição.§ 4º. O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do número de reuniões da CIPA.§ 5º. O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente.

O TST entende que o suplente da CIPA também goza da estabilidade

prevista no art. 10, II, “a”, ADCT.Súmula 339, TST. CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988. I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, "a", do ADCT a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração é indevida a indenização do período estabilitário.

► Membro da CCP (Comissão de Conciliação Prévia)

Os empregados que compõem a CCP gozam de estabilidade provisória até

um ano após o final do seu mandato. O benefício visa garantir as atividades dos

membros da CCP.

Art. 625-B, CLT. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes normas:I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da categoria profissional;II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes titulares;III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma recondução.§ 1º. É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.§ 2º. O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.

► Gestante

O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias também veda a

demissão sem justa causa da empregada gestante desde a confirmação

(concepção) da gravidez até cinco meses após o parto.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A empregada gestante não goza de estabilidade quando for admitida

mediante um contrato de experiência, conforme a súmula 244, TST.

Art. 10, ADCT. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o Art. 7º, I, da Constituição:II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: b) da empregada gestante,desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

Súmula 244, TST. I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade. II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa.

► Acidente do Trabalho

A estabilidade do empregado acidentado refere-se apenas aos acidentes de

trabalho. Os acidentes ocorridos no percurso do trabalho para casa e vice versa

também são considerados acidentes de trabalho.

Além disso, o empregado só gozará do benefício caso fique mais do que 15

dias afastado do serviço, situação em que perceberá o auxílio doença acidentário

do INSS. A estabilidade do empregado acidentado é de no mínimo 12 meses após

a cessação do auxílio doença.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 118, Lei 8213/91. O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção de seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

Súmula 378, TST. I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego.

Acidente 16° dia ESTABILIDADE ♦ ♦ 15 dias sem trabalhar Suspensão do contrato Empregador paga o salário Percepção do auxílio doença acidentário

E mais, a súmula 32 do TST também é relevante, pois afirma que após a

cessação do auxílio, isto é, a partir do momento em que o empregado estiver apto

para retornar ao trabalho, este terá o prazo de 30 dias para retornar ao serviço,

sob pena de perder o direito a estabilidade provisória, uma vez que o TST entende

que caracterizaria abandono de emprego.

Súmula 32, TST. Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer.

► Dirigente Sindical

O dirigente sindical também é detentor de estabilidade provisória, a qual

vigora a partir do registro de sua candidatura até um ano após o seu mandato,

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

caso eleito. Contudo, se o registro da candidatura ocorrer durante o aviso prévio o

empregado não terá estabilidade no emprego.

A entidade sindical tem a obrigação de comunicar o empregador da

candidatura do empregado no prazo de 24 horas.

O art. 543 determina que, além da estabilidade no emprego, o empregador

não poderá transferi-lo. Neste sentido, destaca-se o art. 659, inciso X da CLT, o

qual prevê a concessão de medida liminar visando reintegrar dirigente sindical

afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador. Corrobora o pensamento a

OJ 65, SDI – 2 do TST que ressalvada a hipótese do art. 494 da CLT, não fere

direito líquido e certo a determinação liminar de reintegração no emprego de

dirigente sindical, em face da previsão do inciso X do art. 659 da CLT.

Art. 8, CF. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...]VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Art. 543, CLT. O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar impossível o desempenho das suas atribuições sindicais.§ 1º. O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou voluntariamente aceita.§ 2º. Considera-se de licença não remunerada, salvo assentimento da empresa ou cláusula contratual, o tempo em que o empregado se ausentar do trabalho no desempenho das funções a que se refere este artigo.§ 3º. Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. § 4º. Considera-se cargo de direção ou representação sindical aquele cujo exercício ou indicação decorre de eleição prevista em lei.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§ 5º. Para os fins deste artigo, a entidade sindical comunicará por escrito à empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, outrossim, a este, comprovante no mesmo sentido. O Ministério do Trabalho fará no mesmo prazo a comunicação no caso da designação referida no final do § 4º.§ 6º. A empresa que, por qualquer modo, procurar impedir que o empregado se associe a sindicato, organize associação profissional ou sindical ou exerça os direitos inerentes à condição de sindicalizado, fica sujeita à penalidade prevista na letra (a) do Art. 553, sem prejuízo da reparação a que tiver direito o empregado.

Súmula 369, TST. I - É indispensável a comunicação, pela entidade sindical, ao empregador, na forma do § 5º do art. 543 da CLT. II - O art. 522 da CLT, que limita a sete o número de dirigentes sindicais, foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente.IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho.

O dirigente sindical só perderá a estabilidade por falta grave, que será

analisada por meio de Inquérito de Apuração de Falta Grave.

Súmula 379, TST. O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §3º, da CLT.

Atenção: membro do conselho fiscal do sindicato não é detentor de

estabilidade, pois, conforme o art. 522, § 2 da CLT, este não possui

qualquer cargo de direção, limita-se a gestão financeira (OJ 365 da SDI-

1 do TST). O mesmo ocorre com os delegados sindicais, cuja função

86

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

restringe-se a defesa dos interesses da entidade perante os poderes

públicos e as empresas, EXCETO nas situações em que mediante

procuração representem a diretoria do sindicato.

Art. 522, CLT. A administração do Sindicato será exercida por uma diretoria constituída, no máximo, de 7 (sete) e, no mínimo, de 3 (três) membros e de um Conselho Fiscal composto de 3 (três) membros, eleitos esses órgãos pela Assembléia Geral.§ 1º. A diretoria elegerá, dentre os seus membros, o Presidente do Sindicato.§ 2º. A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da gestão financeira do Sindicato.§ 3º. Constituirão atribuirão exclusiva da Diretoria do Sindicato e dos Delegados Sindicais, a que se refere o Art. 523, a representação e a defesa dos interesses da entidade perante os poderes públicos e as empresas, salvo mandatário com poderes outorgados por procuração da Diretoria, ou associado investido em representação prevista em lei.

Estes são os exemplos mais comuns nas provas da Ordem em relação a

estabilidade provisória. Sempre que houver necessidade de pleitear o

reconhecimento de garantia de emprego, deverá ser apresentado o aspecto fático

de que decorre o direito do trabalhador e, em seguida, efetuar os pedidos:

reconhecimento da garantia de emprego e a conseqüente declaração da nulidade da dispensa, requerendo a reintegração do autor ao emprego com o

pagamento de todos os salários e demais haveres trabalhistas relativos aos

meses entre a dispensa e o retorno às atividades e, sucessivamente, requerer o

pagamento de uma indenização substitutiva, pelo número de meses relativos à

garantia postulada, acrescida dos consectários legais.

Observação: se o problema mencionar que já acabou o período de estabilidade, o

pedido será apenas da indenização substitutiva referente ao período

estável em que o empregador o demitiu sem justo motivo (súmula

396 do TST).

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O Reclamante sofreu sério acidente de trabalho e por isto ficou

afastado por 25 dias do serviço, percebendo auxílio doença acidentário

durante este período. No dia seguinte a cessação do auxílio o Reclamante

compareceu na empresa, momento em que o empregador o demitiu sem

justa causa. O Reclamado não poderia ter demiti-lo, tendo em vista que o

Reclamante é detentor de estabilidade. (Fatos) O artigo 118 da Lei 8213/91 aduz que o empregado que sofreu

acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a

manutenção de seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do

auxílio doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-

acidente. Confirma o entendimento a súmula 378 do TST, segundo a qual é

garantida a estabilidade provisória quando o afastamento for superior a 15

dias e a conseqüente percepção do auxílio doença acidentário.

(Fundamento)Assim, requer a nulidade da dispensa sem justa causa e a

conseqüente reintegração do Reclamante ao emprego com o pagamento de

todos os salários dos meses havidos entre a rescisão e o retorno às

atividades. Caso não seja este o entendimento deste Juízo,

sucessivamente, requer o pagamento de indenização substitutiva referente

ao período de estabilidade provisória.

i) RESCISÃO INDIRETA

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A rescisão indireta será pleiteada quando o empregador praticar alguma

falta grave, nos termos do artigo 483, CLT. Neste caso, o empregado poderá

requerer para o Poder Judiciário a rescisão do contrato de trabalho, bem como a

condenação do empregador ao pagamento de todas as verbas rescisórias de uma

demissão sem justa causa.

Observe que o pedido de rescisão indireta pressupõe um contrato de

trabalho em curso, isto é, só ocorrerá se o empregado estiver prestando serviços

para o empregador.

Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por Lei, contrários aos bons costumes ou alheios ao contrato;b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;c) correr perigo manifesto de mal considerável;d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família ato lesivo da honra e boa fama;f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;g) O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.§ 1º. O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com continuação do serviço.§ 2º. No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregador rescindir o contrato de trabalho.§ 3º. Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado preitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.

Veja o exemplo:

89

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O Reclamante está com muitas dificuldades financeiras, pois há três

meses a Reclamada não efetua o pagamento de seu salário. Apesar disso, o

Reclamante ainda está laborando para a Reclamada, que continua

descumprindo o contrato de trabalho. (Fatos) A principal obrigação do empregador em uma relação de trabalho é a

contra prestação, mediante salário, pelos serviços realizados pelo

empregado. A ausência de pagamento é, portanto, o descumprimento de

uma obrigação do empregador. Tal fato motiva o pedido de rescisão indireta

da relação contratual, conforme o artigo 483, “d” da CLT, pois quando o

empregador não cumprir as obrigações do contrato o empregado poderá

considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização.

(Fundamento)Diante do exposto, requer seja declarada judicialmente a rescisão

indireta do contrato de trabalho, bem como a condenação da Reclamada ao

pagamento de todas as verbas rescisórias provenientes de uma dispensa

sem justa causa. (Pedido)

Exemplo de questão da OAB: Caso o empregado considere seu contrato de

trabalho rescindido, imputando ao empregador descumprimento de obrigação

imposta por lei e cessando, de imediato, a prestação de serviço, pode ainda

pretender receber o pagamento de valor correspondente ao aviso prévio?

Critérios de Correção: A questão apresenta uma situação de rescisão indireta,

prevista pelo artigo 483 da CLT. Nestes casos, o

empregador será obrigado a pagar todas as verbas

rescisórias de uma demissão sem justa causa, inclusive o

aviso prévio, norma imposta pelo art. 487, § 4º, da CLT: ”É

devido o aviso prévio na despedida indireta.”

90

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

j) REVERSÃO DA JUSTA CAUSA

O empregado só pode ser demitido por justa causa diante da prática de

uma falta grave e, para que a conduta seja considerada falta grave, deve haver

previsão legal. O artigo 482 da CLT apresenta hipóteses de demissão por justo

motivo, destaca-se que este rol é exemplificativo, posto que outras legislações

também regulamentam situações consideradas falta grave.

Sempre que o empregado for dispensado por justa causa é necessário

postular a reversão para demissão sem justa causa e, consequentemente, o

pagamento de todas as verbas rescisórias.

Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:a) ato de improbidade;b) incontinência de conduta ou mau procedimentoc) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando construir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena;e) desídia no desempenho das respectivas funções;f) embriaguez habitual ou em serviço;g) violação de segredo da empresa;h) ato e indisciplina ou de insubordinação;i) abandono de emprego;j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;k) ato lesivo de honra e boa fama ou ofensas físicas praticada contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem:l) prática constante de jogos de azar.Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.

Atenção: se a proposta apresentar um caso de demissão por justa causa de

empregado estável, deve-se requerer a nulidade da dispensa e a

reintegração ao emprego. Por conseguinte, a indenização substitutiva.

91

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Exemplo:

A Reclamante foi dispensada por justa causa, pois não se

submeteu a revista íntima imposta pelo Reclamado, que a demitiu

alegando que se tratava de ato de indisciplina e insubordinação.

(Fatos)A Reclamante não cometeu nenhuma falta grave, tendo em

vista que apenas estava defendendo um direito garantido pelo artigo

373-A, VI da CLT, segundo o qual é vedado ao empregador realizar

revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias. Ademais, a atitude

do Reclamado viola a disposição do artigo 5°, X da CF, pois a

submissão da Reclamante a revista íntima atinge a sua honra. Diante

disso, a alegação do Reclamado não deve prosperar, posto que a

conduta da Reclamante não constitui ato de indisciplina e

insubordinação. (Fundamento)Assim, requer a reversão da demissão por justa causa para

demissão sem justa causa, bem como a condenação do Reclamante

ao pagamento de todas as verbas rescisórias. (Pedido)

l) TUTELA CAUTELAR E TUTELA ANTECIPADA

Ambas são tutelas de urgência, entretanto possuem finalidades distintas. A

CLT é omissa em relação à tutela cautelar e à tutela antecipada, de forma que as

normas do Código de Processo Civil são aplicadas subsidiariamente.

Art. 769, CLT. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito

92

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

“Não são raras as situações em que, a ter-se de aguardar a composição

definitiva da lide por sentença, o provimento final da justiça se tornará vão e inútil,

porque o bem disputado terá desaparecido ou a pessoa a que era destinado já

não mais terá condições de ser beneficiada pelo ato judicial.

Outras vezes é o direito material mesmo que reclama gozo imediato, sob

pena de não poder fazê-lo o respectivo titular, se tiver de aguardar o estágio final,

ulterior à coisa julgada.

Para estas duas situações, o direito processual moderno concebeu uma

tutela jurisdicional diferenciada, que recebe o nome de tutela de urgência,

desdobrada, no direito brasileiro, em duas espécies distintas: a) a tutela cautelar,

que apenas preserva a utilidade e eficiência do futuro e eventual provimento; b) a

tutela antecipada, que, por meio de liminares ou de medidas incidentais, permite à

parte, antes do julgamento definitivo de mérito, usufruir, provisoriamente, do direito

subjetivo resistido pelo adversário. ”7

► Tutela Cautelar

A tutela cautelar é, na realidade, uma ação própria. Portanto, o pedido de

tutela cautelar é realizado através de uma petição inicial, cuja ação é dependente

da Reclamatória Trabalhista. A ação cautelar pode ser instaurada antes do

processo principal (preparatória) ou no curso do processo principal (incidental).

Art. 796, CPC. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal e deste é sempre dependente.

Art. 801, CPC. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará:I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;

7 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 53.

93

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

III - a lide e seu fundamento;IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;V - as provas que serão produzidas.Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do nº III senão quando a medida cautelar for requerida em procedimento preparatório.

A finalidade da ação cautelar restringe-se apenas em assegurar o resultado

útil do processo, sendo a prevenção seu elemento específico. O doutrinador

Humberto Theodoro Junior conceitua que “consiste, pois, a ação cautelar no

direito de provocar, o interessado, o órgão judicial a tomar providências que

conservem e assegurem os elementos do processo (pessoas, provas e bens),

eliminando a ameaça de perigo ou prejuízo iminente e irreparável ao interesse

tutelado no processo principal.”8

A ação cautelar apresenta dois requisitos específicos: fumus boni iuris e periculum in mora . A fumaça do bom direito é, sinteticamente, uma

aparência de direito, um grau mínimo de certeza onde há uma possibilidade de

que as alegações do autor sejam verdadeiras. Já o perigo da demora é o fundado

receio de dano irreparável ou de difícil reparação diante de uma decisão tardia.

Art. 797, CPC. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o juiz medidas cautelares sem a audiência das partes.

Art. 798, CPC. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.

Por fim, cita-se o artigo 808 do CPC, que aduz as causas que extinguem os

efeitos de eventual tutela cautelar concedida à parte.

8 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Processo de Execução e Cumprimento da Sentença. Processo Cautelar e Tutela de Urgência. 41ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v 2, p. 540.

94

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 808, CPC. Cessa a eficácia da medida cautelar:I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no Art. 806;II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito.Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir o pedido, salvo por novo fundamento.

1. Endereçamento 2. Qualificação ESTRUTURA DA 3. MéritoAÇÃO CAUTELAR 4. Pedido 5. Requerimentos Finais 6. Valor da Causa

No pedido da ação cautelar requer-se a concessão de liminar (in limine litis

– no início da lide) e, posteriormente, confirmação dos termos da liminar.

► Tutela Antecipada

Antecipação de Tutela é o ato do juiz, por meio de decisão interlocutória,

que adianta ao Reclamante os efeitos do julgamento de mérito, ou seja, a

concessão de tutela antecipada tem caráter satisfativo e não assecuratório como

as ações cautelares, uma vez que no “âmbito da tutela antecipatória as medidas

permitem a imediata satisfação da pretensão (direito material) da parte, embora

em caráter provisório e revogável.” 9

Observe que a antecipação de tutela é uma medida mais gravosa para o

réu do que a medida cautelar, pois concede liminarmente a pretensão final do

autor. Assim, para não transformar a liminar satisfativa em regra geral, o que

afetaria a garantia do Devido Processo Legal e o Princípio do Contraditório e da

Ampla Defesa (art. 5°, LIV e LV, CF), a tutela antecipatória submete a parte

9 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 53.

95

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

interessada às exigências dos seguintes requisitos: prova inequívoca dos fatos,

verossimilhança das alegações, receio de dano irreparável ou de difícil reparação

ou abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório, possibilidade de

reversão do provimento antecipado (revogar a concessão de liminar).

Art. 273, CPC. O juiz poderá, a requerimento da

parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ouII - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.§ 1º. Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. § 2º. Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.§ 3º. A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A. § 4º. A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.§ 5º. Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.§ 6º. A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. § 7º. Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

a) prova inequívoca dos fatos b) verossimilhança das alegações

REQUISITOS DA c) receio de dano irreparável ou de difícil

TUTELA ANTECIPADA reparação ou abuso do direito de defesa

ARTIGO 273,CPC ou manifesto propósito protelatório

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

d) possibilidade de reversão do provimento antecipado (revogar a concessão de liminar)

Importante: a CLT prevê duas situações em que serão concedidas a antecipação

da tutela no processo do trabalho (artigo 659, IX e X, CLT).

Art. 659, CLT. Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das que lhes forem conferidos neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes atribuições:I - presidir às audiências das Juntas;II - executar as suas próprias decisões, as proferidas pela Junta e aquelas cuja execução lhes for deprecada;III - dar posse aos Juízes classistas nomeados para a Junta, ao chefe de Secretaria e aos demais funcionários da Secretaria;IV - convocar os suplentes dos Juízes classistas no impedimento destes;V - representar ao Presidente do tribunal regional da respectiva jurisdição, no caso de falta de qualquer Juiz classista a 3 (três) reuniões consecutivas, sem motivo justificado, para os fins do Art. 727;VI - despachar os recursos interpostos pelas partes, fundamentando a decisão recorrida antes da remessa ao tribunal regional, ou submetendo-os à decisão da Junta, no caso do Art. 894;VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e funcionários da Junta;VIII - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional, até 15 de fevereiro de cada ano, o relatório dos trabalhos do ano anterior;IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do Art. 469 desta Consolidação.X – conceder em medida liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.

A primeira baseia-se na possibilidade do Juiz do conceder medida liminar

que visem a tornar sem efeito transferência de empregado para localidade diversa

da que resultar do contrato, sem a sua anuência e comprovação da necessidade

do serviço (art. 469, CLT e súmula 43).

97

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A seguinte refere-se à concessão de liminar para reintegrar no emprego

dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.

Situações em que a RT deve conter o pedido de Antecipação de Tutela

● artigo 659, IX, CLT (sustação de transferência abusiva);

● artigo 659, X, CLT (dirigente sindical que foi despedido a fim de

frustrar a reivindicação da categoria que deveria ocorrer dentro de

10 dias);

● reintegração do empregado portador de estabilidade ou garantia no

emprego, como os membros eleitos das comissões internas de

prevenção de acidentes, a empregada gestante, o empregado

acidentado;

● expedição de guias do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço –

FGTS ou do seguro-desemprego (empregador dispensou sem justa

causa o empregado e não lhe forneceu a guia para levantamento

do FGTS, tampouco a guia para percepção do seguro

desemprego);

● entrega de equipamento de proteção individual a empregado

(empregador mantém os equipamentos de proteção em local

inacessível aos empregados);

● empregador mantém trabalhador adolescente em ambiente

insalubre ou perigoso;

● abstenção de exigir atestado de esterilização de empregadas em

idade fértil;

● o empregador retém ilegalmente a CTPS do empregado.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Empregado estável: quando é necessário postular a tutela antecipada?

É possível afirmar que, de um modo geral, sempre que a estabilidade se dá

em razão do cargo do empregado (dirigente sindical, membro da CCP,

representante dos empregados na CIPA) deve-se pleitear antecipação de tutela. E

diante do direito à estabilidade por razões pessoais (gestante, acidente do

trabalho) não haverá urgência na reintegração, logo não será postulada a tutela

antecipada. Todavia a análise do caso concreto é fundamental para avaliar a

urgência da medida.

A súmula 414 do TST trata dos recursos cabíveis contra as decisões de

concessão liminar de tutela antecipada.

Súmula 414, TST. MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA. I – A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela

via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A

ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso.

II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença,

cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso

próprio.

Comentários: A antecipação de tutela pode ser concedida no momento da

prolação da sentença. Neste caso, por existir um recurso próprio

para impugnar a decisão (Recurso Ordinário) não caberá a

impetração de mandado de segurança. Contudo, se a liminar for

concedida antes da sentença trata-se de uma decisão interlocutória,

que é irrecorrível de imediato no processo do trabalho. Portanto,

nesta hipótese, seria cabível a impetração de MS.10

10 PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Súmulas do TST comentadas. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2008. p. 351.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do

mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou

liminar).

Comentários: A sentença de resolução do mérito tem caráter terminativo, logo

qualquer decisão concedida, provisoriamente, por meio de liminar

terá sua eficácia cessada, pois prevalecerá a sentença. Assim o

mandado de segurança impetrado contra o ato de concessão de

liminar, que ocorreu no curso do processo por meio de uma

decisão interlocutória, perderá seu objeto, tendo em vista que a

liminar já fora revogada pela decisão proferida na sentença.

Suponha que na sentença o Juiz confirmou os termos da liminar

concedida no curso do processa, neste caso a outra parte terá o

seu MS prejudicado e terá que reiterar o pedido por meio de RO,

porque a confirmação foi proferida na sentença, da qual há recurso

próprio para impugnar a decisão.

O pedido de tutela antecipada, conforme já demonstrado, deverá ser

realizado na própria Reclamatória Trabalhista. Exemplo:

NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da

Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e no PIS sob o nº, portador da

CTPS nº, residente e domiciliado no endereço completo, vem respeitosamente

perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado

(PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no endereço completo,

com fulcro no artigo 840 da CLT, propor:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA com pedido de antecipação de tutela

em face de NOME DO RECLAMADO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no

CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço completo, pelas razões de fato e de

direito que passa a expor.

100

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O pedido propriamente dito, isto é, os fatos, fundamentos e pedidos devem

ser inseridos no mérito da RT. É preciso apontar todos os requisitos exigidos pelo

artigo 273, CPC, quais sejam: prova inequívoca dos fatos (FATOS),

verossimilhança das alegações, receio de dano irreparável ou de difícil reparação

ou abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório

(FUNDAMENTOS).

Prova inequívoca dos fatos FATOS

Verossimilhança das alegações

+ FUNDAMENTOS

Receio de dano irreparável (difícil reparação)

Veja o exemplo:

O Reclamante exercia o cargo de dirigente sindical, quando fora

dispensado sem justa causa pelo Reclamado. Ocorre que o Reclamante

desenvolveu diversos projetos para sua categoria, que seriam reivindicados

dentro de 15 dias, contudo a dispensa do Reclamante inviabilizará a

manifestação dos empregados. (Fatos)Destaca-se a presença de todos os requisitos legais exigidos pelo

artigo 273 do CPC, que autoriza o juiz diante de requerimento da parte,

antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido

inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da

verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou

de difícil reparação.

O Reclamante é dirigente sindical, cujo mandato está em curso, logo

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

trata-se de empregado estável e tem direito a reintegração, conforme o art.

8 da CF, que veda a dispensa do empregado sindicalizado a partir do

registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical até um

ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Corrobora o texto constitucional o artigo 543 da CLT, segundo o qual o

empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação

profissional não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem

transferido para lugar impossível o desempenho das suas atribuições

sindicais.

A reintegração imediata é fundamental, sob pena de causar danos

irreparáveis ao Reclamante, bem como a toda a categoria, tendo em vista

que a reivindicação será cancelada. Ressalta-se que o artigo 659, X da CLT

autoriza especificamente para esta hipótese a concessão de medida

liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que

visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou

dispensado pelo empregador. (Fundamentos) Diante de todo o exposto, requer a concessão liminar, com fulcro no

artigo 659, X, CLT, que ordene a reintegração do Reclamante e, em

sentença, a confirmação dos termos da liminar ora requerida. (Pedido)

m) ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA e JUSTIÇA GRATUITA

A concessão da assistência judiciária na Justiça do Trabalho foi disciplinada

pela Lei 5584/70. O artigo 14, § 1º desta Lei 5584/70 regulamentou a concessão

de assistência judiciária na Justiça do Trabalho, estabelecendo que o benefício da

justiça gratuita será fornecido para o empregado cujo salário seja igual ou inferior

ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de

maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família e que tenha como

patrono advogado de sindicado. A assistência judiciária gratuita é monopólio dos

sindicatos.

Os §’s seguintes do artigo 14 não são mais aplicados, tendo em vista que a

OJ 304, SDI – 1, TST dispensa as exigências realizadas por estes dispositivos,

firmando a posição de que atendidos os requisitos da Lei 5584/70 para a

concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou

de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação

econômica.

Art. 14, Lei 5584/70. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.§ 1º. A assistência é devida a todo aquele que perceber salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.§ 2º. A situação econômica do trabalhador será comprovada em atestado fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante diligência sumária, que não poderá exceder de 48 (quarenta e oito) horas.§ 3º. Não havendo no local a autoridade referida no parágrafo anterior, o atestado deverá ser expedido pelo Delegado de Polícia da circunscrição onde resida o empregado.

OJ 304, SDI – 1, TST. Atendidos os requisitos da Lei 5584/70 (art. 14, § 2), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica.

Já o art. 790, §3 da CLT dispõe sobre a Justiça Gratuita, observe:

Art. 790, CLT. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§ 1º. Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. § 2º. No caso de não-pagamento das custas, far-se-á execução da respectiva importância, segundo o procedimento estabelecido no Capítulo V deste Título.§ 3º. É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.

Exemplo:

Ante a declaração do reclamante, conforme determina a OJ 304,

SDI – 1, TST, de que não pode demandar sem prejuízo do sustento

próprio e de sua família, faz jus à concessão dos benefícios da justiça

gratuita, nos termos do artigo 790, §3º da CLT.

n) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Na Justiça do Trabalho vigora o Ius Postulandi, ou seja, não exige a

representação por advogado, a parte pode acompanhar a Reclamatória até o final

(salvo eventual Recurso Extraordinário), de acordo com o artigo 791, CLT.

Observe que somente as partes podem demandar na Justiça do Trabalho, este

direito não pode ser exercido por terceiros.

Art. 791, CLT. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

104

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Além de a parte ter a faculdade de demandar sem a presença de

procurador, os honorários advocatícios na Justiça do Trabalho também

apresentam características distintas das outras esferas do Poder Judiciário.

Na Justiça do Trabalho, os honorários advocatícios podem ser chamados

de honorários assistenciais, uma vez que estão condicionados a dois requisitos: o

benefício da justiça gratuita e a assistência de advogado do sindicato (assistência

judiciária gratuita). Este entendimento foi consolidado nas Súmulas 219 e 329 do

TST.

Os honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho pressupõem a

representação da parte por advogado de sindicato e a percepção de remuneração

inferior a dois salários mínimos ou que não consiga demandar a Reclamatória sem

prejuízo ao seu sustento e de sua família. Nestes casos os honorários

advocatícios nunca ultrapassarão o limite de 15% (quinze por cento).

Súmula 219, TST. I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. II - É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº 5.584/70.

Súmula 329, TST. Mesmo após a promulgação da Constituição da República de 1988, permanece válido o entendimento consubstanciado na Súmula 219 do Tribunal Superior do Trabalho.

OJ 305, SDI – 1, TST. Na Justiça do Trabalho, o deferimento de honorários advocatícios sujeita-se à constatação da ocorrência concomitante de dois requisitos: o benefício da justiça gratuita e a assistência por sindicato.

105

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Atenção: o advento da EC 45/2004 alterou a competência da Justiça do Trabalho,

que não se restringia mais as relações entre empregados e

empregadores. Diante disso, o TST aprovou a Instrução Normativa

27/2005, cujo art. 5º estabelece que os honorários são devidos pela

mera sucumbência, exceto nas lides decorrentes da relação de

emprego.

Portanto, para as relações de trabalho em geral, EXCETO as relações de

emprego, os honorários advocatícios devem ser postulados e, nos termos do

artigo 20, § 3 do CPC limite dos honorários advocatícios é de 20%.

Art. 20, CPC. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.§ 1º. O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido.§ 2º. As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico.§ 3º. Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10% (dez por cento) e o máximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, atendidos:a) o grau de zelo do profissional;b) o lugar de prestação do serviço;c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.§ 4º. Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior. § 5º. Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (Art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2º do referido Art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamentos do devedor.

106

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Na prova da Ordem, o candidato deve estar atento as informações que

constam no problema, a fim de identificar a necessidade ou não de formular o

pedido de honorários advocatícios. O requerimento de honorários deve estar

inserido no mérito da RT e o candidato deve evidenciar o preenchimento dos

pressupostos legais, exigidos pelas súmulas 219 e 329 do TST e OJ 305 da SDI –

1, TST.

o) SEGURO DESEMPREGO

O seguro desemprego foi instituído pelas Leis 7998/90 e 8900/94.

Sinteticamente, determinam que o empregado dispensado sem justa causa, e que

preencher os requisitos legais do artigo 3º da Lei 7998/90, faz jus ao recebimento

das guias para requerimento deste benefício.

Art. 3º, Lei 7998/90. Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa causa que comprove:I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, relativos a cada um dos 6 (seis) meses imediatamente anteriores à data da dispensa;II - ter sido empregado de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada ou ter exercido atividade legalmente reconhecida como autônoma, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses;III - não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, bem como o abono de permanência em serviço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973;IV - não estar em gozo do auxílio-desemprego; eV - não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família.

107

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Oportuno mencionar que caso o empregador se recuse a entregar as guias,

impossibilitando o recebimento deste benefício, o empregado poderá pleitear uma

indenização pelo dano causado, nos termos da súmula 389, II, TST.

Súmula 389, TST. I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego.II - O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização.

Observação: empregados domésticos também têm direito ao seguro

desemprego, mas somente na hipótese de o empregador anotar a

CTPS e efetuar os depósitos do FGTS (alteração trazida pela Lei

10.208/2001 ao texto da Lei 5859/72, que regula o trabalho

doméstico).

Exemplo:

A Reclamada não forneceu as guias para percepção do seguro

desemprego ao reclamante, impossibilitando que o autor percebesse o

benefício. (Fatos) O Reclamante preenche todas as exigências legais previstas pelo

artigo 3º da Lei 7998/94, quais sejam: percepção de salário nos últimos 6

meses, não goza de nenhum benefício previdenciário de prestação

continuada ou auxílio-desemprego, nos últimos 15 meses exerceu

atividade legalmente reconhecida como autônoma. Ademais não possui

renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua

família. (Fundamentos)Assim, requer a concessão das guias para saque de beneficio e,

sucessivamente, pagamento de indenização correspondente, nos termos

108

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

da Súmula 389, II do TST. (Pedido)

ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda inicial)

p) VERBAS RESCISÓRIAS

As verbas rescisórias são provenientes da extinção do contrato de trabalho,

ou seja, são as parcelas que devem ser pagas pelo empregador na ocasião da

rescisão contratual.

Saldo de salário

VERBAS Aviso Prévio

RESCISÓRIAS 13º Salário proporcional

Férias + 1/3 constitucional

Multa de 40% do FGTS

As parcelas rescisórias podem variar em função da causa de dissolução do

contrato, isto é, as verbas rescisórias de um contrato de trabalho por prazo

indeterminado rescindido sem justa causa não são as mesmas do que as verbas

rescisórias de um contrato extinto por justa causa.

► DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA: saldo de salário, aviso prévio, 13º

salário, férias + 1/3 constitucional e

multa de 40% do FGTS. No tópico das

verbas rescisórias deve-se pleitear

109

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

também a liberação da guia do FGTS

e da guia do seguro desemprego.

► DEMISSÃO COM JUSTA CAUSA: saldo de salário, férias vencidas e ao 13º

salário vencido, além é claro, de

eventuais parcelas salariais devidas no

próprio mês da despedida (horas extras,

por exemplo). Não possui direito a multa

de 40% e também as guias para

liberação do FGTS e do seguro-

desemprego. O empregado dispensado

por justa causa não tem direito a

nenhuma verba proporcional.

► RESCISÃO INDIRETA (culpa do empregador): são devidas as mesmas

parcelas que lhe seriam devidas no caso de

demissão sem justa causa, ou seja, saldo de

salário, aviso prévio, 13º salário, férias + 1/3

constitucional e multa de 40% do FGTS, inclusive, a

liberação da guia do FGTS e da guia do seguro

desemprego.

► CULPA RECÍPROCA: são devidas todas as verbas da dispensa sem justa

causa, no entanto são reduzidas pela metade,

EXCETO o saldo de salário.

A culpa recíproca ocorre quando empregado e empregador,

concomitantemente, incorrem em justa causa e dessa situação complexa resultar

o término do contrato de trabalho. O exemplo clássico é a agressão mútua.11

11 JORGER NETO. Francisco Ferreira. Direito do Trabalho. 3 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005. p. 664.

110

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O artigo 484 da CLT que regula as verbas oriundas do contrato rescindido por

culpa recíproca.

Art. 484, CLT. Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal do trabalho reduzirá a indenização à que seria devido em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.

Portanto, se restar comprovada a culpa recíproca, o empregado terá direito:

a) 50% do valor do aviso prévio, décimo terceiro salário e das férias

proporcionais acrescidas do terço constitucional (Súmula 14, TST);

b) multa do FGTS a razão de 20%, calculada sobre os depósitos fundiários

realizados no período contratual (art. 18, § 2º, Lei 8036/90); e

c) movimenta a conta vinculada do FGTS (art. 20, Lei 8036/90). Súmula 14,

TST – Redução à Metade do 13º, Aviso Prévio e Férias Proporcionais.

O tópico das verbas rescisórias é atípico, pois é dispensável o parágrafo da

fundamentação, veja o exemplo:

O Reclamante foi dispensado sem justa causa pelo Reclamado

no dia _____. (Fatos)Diante disso, requer a condenação do Reclamado ao

pagamento de todas as verbas rescisórias provenientes desta

dissolução do contrato de trabalho, quais sejam saldo de salário,

aviso prévio, décimo terceiro salário, férias acrescidas do terço

constitucional e multa de 40% do FGTS. Ademais, requer a guia para

levantamento do FGTS e a guia para percepção do seguro

desemprego. (Pedido)

111

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Observação: no tópico das verbas rescisórias o requerimento refere-se apenas

aos proporcionais das parcelas devidas, portanto se a proposta

mencionar que há falta de pagamento de férias ou 13º salário, por

exemplo, será necessário um tópico específico para pleitear a

verba atrasada.

q) MULTA DO ART. 467 DA CLT

O artigo 467 da CLT afirma que as verbas rescisórias incontroversas, isto é,

que não forem contestadas pelo empregador e, portanto, devidas ao empregado,

deverão ser quitadas em primeira audiência, sob pena da multa prevista neste

artigo.

O § único prevê uma exceção importante, esta multa não é aplicável à

União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e as suas autarquias e

fundações públicas.

Art. 467, CLT. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e as suas autarquias e fundações públicas.

Assim, quando as parcelas rescisórias incontroversas não forem pagas pelo

empregador em primeira audiência, o empregado passará a fazer jus ao

recebimento de uma indenização no valor de 50% das mesmas verbas.

112

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Exemplo:

Nos termos deste artigo, o Reclamante requer que o pagamento

das verbas incontroversas seja realizado em primeira audiência, sob

pena da incidência de multa de 50% sobre o valor correspondente, nos

termos do artigo 467 da CLT.

r) MULTA DO ART. 477 DA CLT

A multa deste artigo só incidirá se o empregador não respeitar o prazo legal

previsto para o pagamento das verbas rescisórias.

Art. 477, CLT. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa. § 1º. O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho.§ 2º. O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma da dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas. § 3º. Quando não existir na localidade nenhum dos órgãos previstos neste artigo, a assistência será prestada pelo representante do Ministério Público ou, onde houver, pelo defensor público, e, na falta ou impedimento destes, pelo juiz de paz.§ 4º. O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro.

113

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§ 5º. Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não poderá exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado. § 6º. O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos:a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; oub) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento.§ 7º. O ato da assistência na rescisão contratual (§§ 1º e 2º ) será sem ônus para o trabalhador e empregador.§ 8º. A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. § 9º. (Vetado).

O § 6º deste artigo estabelece dois prazos diferenciados em função do

aviso prévio. A alínea “a” trata da hipótese de aviso prévio cumprido, ou seja, o

empregado laborou durante 30 dias. Neste caso o pagamento das verbas

rescisórias deve ser até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato.

A alínea “b”, por sua vez, refere-se a hipótese de aviso prévio indenizado,

aquele em que o empregador paga o aviso prévio e dispensa o empregado do seu

cumprimento. Nesta situação o pagamento deverá ser efetuado até o décimo dia,

contado da data da notificação da demissão. Note que NÃO é o décimo dia útil, a

contagem do prazo é de dez dias a partir da dispensa.

Observação: o aviso prévio é de 30 dias e não um mês!

O § 6º prevê os prazos de pagamento, conforme exposto, já o § 8º impõe a

multa em que incorrerá o empregador que não efetuar o pagamento dentro do

prazo legal. A penalidade prevista corresponde ao valor de um salário do

empregado percebido à época da dissolução do contrato de trabalho.

114

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Exemplo:

O Reclamado não respeitou o prazo para pagamento das

parcelas rescisórias previsto no artigo 477, §6º da CLT. Diante deste

fato, o Reclamante requer a condenação do Reclamado ao pagamento

de multa no valor equivalente ao seu salário, conforme o §8º do artigo

477 da CLT.

s) JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Todas as parcelas concedidas em sentença/acórdão devem ser

devidamente atualizadas monetariamente, bem como acrescidas dos juros legais.

Embora a doutrina e jurisprudência majoritária entendam que se trata de pedido

implícito, para fins de exame da Ordem este pedido deve ser requerido

expressamente pelo candidato.

Exemplos:

O Reclamante requer a incidência de juros e correção monetária

na forma da Lei.

OU

Sobre o montante da condenação apurado em liquidação de

sentença, requer-se a incidência de juros e correção monetária,

conforme disciplinou o art. 39 da Lei 8.177/91.

115

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

t) RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

As verbas reconhecidas como devidas ao autor nas decisões proferidas

pela Justiça do Trabalho constituem fato gerador de tributos, como imposto de

renda e contribuições previdenciárias. Portanto, o juiz determinará as respectivas

retenções fiscais e previdenciárias no crédito do autor. Por isto mesmo, o

reclamante que se sentir prejudicado, pode, por exemplo, postular a condenação

da reclamada em indenização capaz de reparar este prejuízo sofrido.

Exemplos:

O Reclamante requer que as retenções fiscais, bem como as

contribuições previdenciárias sejam calculadas na forma da Lei.

OU

A falta de pagamento durante o contrato de trabalho que

ensejou as verbas ora postuladas, bem como as suas retenções fiscais

e previdenciárias. Portanto, nos termos do artigo 186 do CC, requer

que a Reclamada seja condenada a indenizar o Reclamante pelos

correspondentes valores.

Sucessivamente, não sendo este o entendimento deste Juízo,

requer que as retenções fiscais sejam calculadas mês a mês e, por

outro lado, que as contribuições previdenciárias sejam calculadas

sobre o valor total da condenação.

116

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA – PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

No capítulo 3 desta apostila foi abordado o procedimento sumaríssimo e

suas peculiaridades. Neste momento é oportuno relembrar que no rito

sumaríssimo é fundamental que os pedidos formulados sejam líquidos. Cada

pedido do reclamante deverá especificar qual é o valor requerido, sob pena de

arquivamento da reclamatória trabalhista, de acordo com o artigo 852-B, CLT.

A estrutura da RT é a mesma, a única diferença estará no mérito, pois cada

pedido formulado pelo Reclamante deverá especificar o valor exato da verba

postulada. Veja o exemplo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE ________.

NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissão,

portador da Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e

no PIS sob o nº, portador da CTPS nº, residente e domiciliado no

endereço completo, vem respeitosamente perante Vossa

Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado

(PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no

endereço completo, com fulcro no artigo 840 da CLT, PROPOR:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em face de NOME DO RECLAMADO, pessoa jurídica de direito

privado, inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço

completo, pelas razões de fato e de direito a seguir expostos.

117

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

I – PRELIMINAR DE MÉRITOa) Comissão de Conciliação Prévia

b) Tramitação Preferencial do Feito: Idoso (art. 71, Lei 10741/2003)

c) Dissídio que verse exclusivamente sobre salário ou empregador falido: art. 652, §único, CLT

II – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, uma vez que o mérito é dependente da proposta)

1. DO CONTRATO DE TRABALHO

O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia

________ para exercer a função de _________, a remuneração

percebida era de _______ até a data _________, quando foi

dispensado sem justa causa pelo Reclamado.

2. DAS HORAS EXTRAS

§1 Fato

§2 Fundamento

§3 Pedido

§4 Atribui-se ao pedido o valor de R$______

3. DO 13º SALÁRIO

§1 Fato

§2 Fundamento

§3 Pedido

§4 Atribui-se ao pedido o valor de R$______

ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda inicial)

4. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

§1 Fato

§2 Fundamento

118

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§3 Pedido

§4 Atribui-se ao pedido o valor de R$______

5. MULTA DO ART. 467, CLT

Nos termos deste artigo, o Reclamante requer que o

pagamento das verbas incontroversas seja realizado em primeira

audiência, sob pena da incidência de multa de 50% sobre o valor

correspondente.

6. MULTA DO ART. 477, CLT

O Reclamado não respeitou o prazo para pagamento das

parcelas rescisórias previsto no artigo 477, §6º da CLT. Diante

deste fato, o Reclamante requer a condenação do Reclamado ao

pagamento de multa no valor equivalente ao seu salário,

conforme o §8º do artigo 477 da CLT.

7. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

O Reclamante requer a incidência de juros e correção

monetária na forma da Lei.

8. RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

O Reclamante requer que as retenções fiscais, bem como

as contribuições previdenciárias sejam calculadas na forma da

Lei.

III – PEDIDOS

VI - REQUERIMENTOS FINAIS O Reclamante requer a NOTIFICAÇÃO da Reclamada

para apresentar resposta a presente Reclamatória Trabalhista,

sob pena de revelia.

119

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A PRODUÇÃO de todos os meios de PROVAS em direito

admitidos, em especial o depoimento pessoal do representante

legal da Reclamada, sob pena de confissão, oitiva de

testemunhas, prova pericial e juntada de novos documentos.

Por fim, requer a PROCEDÊNCIA da ação, e a

condenação da Reclamada em todos os pedidos supra,

acrescidos de juros e correção monetária.

Atribui-se a causa valor superior 2 e inferior a 40 salários

mínimos.

Termos em que, Pede deferimento.Local e data.Nome do Advogado

OAB nº

V. PEDIDOS

Encerrado o mérito, é oportuno desenvolver o tópico dos PEDIDOS. Os

requerimentos devem ser apresentados na mesma ordem em que foram

abordados no mérito. Enumerados com critério diferente daquele utilizado nos

tópicos da RT (se os tópicos foram relacionados com números romanos, os

pedidos podem ser relacionados por letras, por exemplo).

Este tópico é, na realidade, a cópia dos pedidos feitos durante o

desenvolvimento da peça processual (terceiro parágrafo). É importante pedir a

parcela principal, bem como os seus reflexos, acrescidos de juros e correção

monetária.

Observação: o tópico dos pedidos não é fundamental a Reclamação Trabalhista,

cabe ao examinando ponderar, na hora do exame, a sua

disponibilidade de tempo e de linhas, para decidir se é viável redigi-

lo. Exemplos:

120

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Diante todo o exposto, reitera-se o seguinte:

a) Requer o reconhecimento de vínculo de emprego entre as partes,

conforme exposto no item supra;

b) Requer a anotação na CTPS do Reclamante, no período de xx/xx/xx

a xx/xx/xx;

c) Requer a condenação subsidiária da empresa _____, ao pagamento

de todas as verbas trabalhistas ora pleiteadas, diante do

inadimplemento da empresa prestadora de serviços;

d) Requer a equiparação salarial, inclusive os reflexos no aviso prévio,

13º. Salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS

(depósitos e multa de 40%);

e) Requer a integração do adicional de insalubridade à remuneração

do Autor, com reflexos no aviso prévio, 13º. Salário, férias

acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos e multa de

40%);

f) Requer a condenação da Reclamada ao pagamento das parcelas

rescisórias devidamente corrigidas;

g) Requer a liberação de guia para levantamento do FGTS, bem como

a guia para a percepção do seguro desemprego.

h) Requer a condenação da Reclamada ao pagamento da multa do

artigo 467, CLT.

121

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

VI. REQUERIMENTOS FINAIS

NOTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DE PROVAS

PROCEDÊNCIA

Ao contrário do tópico dos pedidos, os requerimentos finais são

indispensáveis a RT. Neste momento, deve-se requerer a notificação da

reclamada, a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, a

condenação da Reclamada e a procedência de todos os pedidos. Exemplo:

Deste modo, requer a notificação da Reclamada para, querendo,

responder a presente Reclamatória Trabalhista, sob pena de revelia.

E a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em

especial a prova pericial e a oitiva de testemunhas.

Por fim, requer a condenação da Reclamada, bem como a

procedência de todos os pedidos supra, acrescidos de juros e correção

monetária.

Observação: caso a Reclamação Trabalhista contenha pedido de adicional de

periculosidade ou adicional de insalubridade a prova pericial é

obrigatória. Portanto, procure mencioná-la nos requerimentos finais

quando for especificar algumas modalidades de prova em direito

admitidas.

VII. VALOR DA CAUSA

A Consolidação das Leis Trabalhistas é omissa no tocante ao valor da

causa. Contudo, com advento da Lei 5584/70, que fixa o valor de alçada e da Lei

122

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

9957/00, que instituiu o procedimento sumaríssimo, o valor da causa deve ser

apontado na Reclamação Trabalhista.

Cuidado: não é aconselhável atribuir valores específicos a RT, sob pena de

identificar a prova. É mais adequado usar expressões ou valores

genéricos, como os exemplos abaixo:

Procedimento Ordinário→ Atribui-se a causa o valor superior a 40 salários mínimos.

Procedimento SumaríssimoAtenção: se a proposta indicar que o valor da causa está entre 2 a 40 salários

mínimos, o rito será o sumaríssimo. Logo, cada pedido deve ser líquido,

conforme demonstrado anteriormente. Apesar de que os pedidos realizados

estejam líquidos e certos, deve-se atribuir um valor a causa no final da peça.

Vide:

→ Atribui-se a causa valor superior a 2 salários mínimos e inferior a 40

salários mínimos.

FINALIZE A SUA PEÇA!

Termos em que,

Pede deferimento.

Local, data

Nome do Advogado

OAB Nº

Cuidado: Não identifique a prova. Não faça riscos / traços sobre o nome. Não

pule linhas. É importante seguir as orientações descritas na prova. Não

deve ser feito qualquer espécie de marca na assinatura da peça além de

123

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

“Nome do Advogado – OAB nº”, sob pena de ser considerada

identificação de prova.

124

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

5. RESPOSTAS DO RECLAMADO

CONTESTAÇÃO

EXCEÇÃO

RECONVENÇÃO

5.1 CONTESTAÇÃO – ESTRUTURA COMPLETA

O endereçamento e a qualificação sempre serão os primeiros passos de

qualquer petição. O conteúdo da contestação é composto pela Preliminar de Mérito, Prejudicial de Mérito, Mérito, Impugnação aos Documentos, Requerimentos Finais.

I. Preliminar de MéritoCONTESTAÇÃO II. Prejudicial de Mérito III. Mérito IV. Impugnação aos Documentos V. Requerimentos Finais

O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de uma

contestação no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para

auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

Obs: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas” apenas por

motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO SE ACONSELHA

PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

125

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE ________.

Reclamante: OPCIONALReclamado: Avalie a disponibilidade

Autos nº do espaço físico.

NOME DO RECLAMADO, pessoa jurídica de direito privado,

inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço completo,

vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio

de seu advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no endereço completo, com

fulcro no artigo 847 da CLT, OFERECER:

CONTESTAÇÃO

à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO

RECLAMANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas

razões de fato e de direito a seguir expostos.

I – PRELIMINAR DE MÉRITOa) Artigo 301, CPC

b) Pedido líquido e certo (art. 852-B, I, CLT) Exclusivos do

c) Correta indicação do nome e endereço Procedimento do Reclamado (art. 852-B, II, CLT) Sumaríssimo

II – PREJUDICIAL DE MÉRITO

a) Prescrição Bienal

b) Prescrição Quinquenal

c) Prescrição Total

d) Decadência (Ação Rescisória, Mandado de Segurança,

126

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Inquérito para apuração de Falta Grave)

III – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, uma vez que o mérito é dependente da proposta)

1. DO CONTRATO DE TRABALHO

O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia

________ para exercer a função de _________. No dia ______

foi demitido sem justa causa, ocasião em que sua remuneração

somava R$_____.

2. DA REINTEGRAÇÃO

§1 Fato O Reclamante postulou...§2 Fundamento Não assiste razão ao Reclamante, pois...§3 Pedido Diante do exposto requer a improcedência

do pedido do Reclamante.

3. DA ALTERAÇÃO DA JORNADA

§1 Fato O Reclamante postulou...§2 Fundamento Não assiste razão ao Reclamante, pois...§3 Pedido Diante do exposto requer a improcedência

do pedido do Reclamante.

ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda contestação)

4. DA COMPENSAÇÃO

A Reclamada já efetuou o pagamento de todas as verbas

rescisórias devidas ao Reclamante. No entanto, caso não seja

este o entendimento deste Juízo, requer seja feita a

compensação dos valores pagos com as eventuais verbas

deferidas, nos termos do artigo 767, CLT e das súmulas 18 e 48,

TST.

127

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

5. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Por cautela, diante de eventual condenação, requer que os

juros e a correção monetária sejam aplicados de acordo com a

previsão do artigo 459, CLT e da súmula 381, TST.

6. RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

Por conseguinte, requer que as retenções fiscais, bem

como os descontos previdenciários ocorram em conformidade

com a súmula 368, TST.

7. IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS

O Reclamado impugna todos os pedidos e documentos

apresentados pelo Reclamante na inicial, eis que destoam da

realidade do contrato de trabalho.

VI - REQUERIMENTOS FINAIS Ante o exposto, requer provar as alegações por todos os

meios de PROVA em direito admitidos, inclusive o depoimento

pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, nos termos da

Súmula 74 do TST, bem como a juntada de novos documentos

em contraprova, de acordo com o art. 397 do CPC.

Por fim, requer o julgamento IMPROCEDENTE de todos os

pedidos do Reclamante, condenando-o ao pagamento de custas

processuais.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data.

Nome do Advogado

OAB nº

128

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

5.2 ANÁLISE DOS TÓPICOS DA CONTESTAÇÃO

I. ENDEREÇAMENTO

Na contestação o endereçamento da peça não apresenta dificuldades, pois

deverá ser dirigida para o mesmo juízo em que está tramitando a inicial.

Existem duas possibilidades: o problema informa o local em que a RT foi

proposta ou não informa o local de proposição. Neste último caso o

endereçamento será genérico, assim como na RT, diante da ausência de dados.

Exemplo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DE ______________.

Mas se a proposta mencionar o juízo que está apreciando o processo, o

examinando deverá incluir todos os dados informados no endereçamento.

Exemplo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 2ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA – PR.

Além disso, é importante verificar, diante da informação do local de

ajuizamento da RT, se a competência territorial (art. 651 da CLT) está correta, pois

caso o art. 651 e seus parágrafos não tenham sido observados o réu argüirá

exceção de incompetência (art. 799 da CLT), que será estudada no decorrer do

curso.

129

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

II. QUALIFICAÇÃO

A contestação é a primeira manifestação do réu nos autos, de modo que

apesar de já estar qualificado na inicial, o reclamado deve preencher seus dados

da forma mais completa possível, pois neste momento que poderá informar sua

qualificação precisa, como o autor na petição inicial.

Dispensa-se a qualificação completa do reclamante, a qual será substituída

pela expressão "já qualificado nos autos em epígrafe".

Atenção: Não devem ser inventados dados que não estejam na proposta, sob

pena de identificação de prova.

Exemplo:

NOME DA RECLAMADA (completo, sem abreviações e em caixa alta),

pessoa jurídica de direito privado (pessoa física; fundação pública ou

privada, etc.), inscrita no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço

completo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio

de seu advogado adiante assinado, com escritório profissional no endereço

completo, (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com fulcro no art. 847 da

Consolidação das Leis Trabalhistas, oferecer:

CONTESTAÇÃO

à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO RECLAMANTE

(completo e sem abreviações - caixa alta), já qualificado nos autos em

epígrafe, pelas razões de fato e fundamentos de direito a seguir expostas.

130

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

III. PRELIMINAR DE MÉRITO

Neste tópico da contestação argúem-se todos os aspectos processuais. A

defesa do reclamado está relacionada com os problemas do processo (vícios,

nulidades, etc).

A preliminar de mérito dependerá da proposta, logo não serão todas as

peças que apresentarão preliminar de mérito. Na contestação todas as matérias

que devem ser analisadas antes do mérito estão elencadas no rol do art. 301,

CPC.Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:I - inexistência ou nulidade da citação;II - incompetência absoluta;III - inépcia da petição inicial;IV - perempção;V - litispendência;VI - coisa julgada;VII - conexão;VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;IX - convenção de arbitragem; X - carência de ação;XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.§ 1º - Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2º - Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3º - Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. § 4º - Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo.

Comentários ao artigo 301, CPCa) Inciso I: inexistência ou nulidade da citação

O reclamado recebeu a notificação um dia antes da audiência,

131

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

desrespeitando a desimpedida. Portanto, a citação não pode ser

considerada válida.

b) Inciso III: inépcia da petição inicialA petição inicial será considerada inepta quando lhe faltar pedido

ou causa de pedir, ou quando da narração dos fatos não decorrer

logicamente a conclusão, ou se o pedido for juridicamente impossível e,

ainda, quando contiver pedidos incompatíveis entre si(art. 295, §único,

CPC).

c) Inciso V: litispendência Ocorre a litispendência quando duas causas são idênticas

quanto às partes, pedido e causa de pedir, ou seja, quando se ajuíza

uma nova ação que repita outra que já fora ajuizada, sendo iguais as

partes, o conteúdo e pedido formulado. A lide ainda não foi julgada,

está pendente de julgamento.

d) Inciso VI: coisa julgada A lide já não está pendente de julgamento, não só foi apreciada,

como sua decisão transitou em julgado e, portanto, está protegida pelo

manto da coisa julgada. Fato que impede a propositura desta ação

novamente.

e) Inciso IX: convenção de arbitragem Este inciso não é aplicável na Justiça do Trabalho.

f) Inciso X: carência de ação A carência de ação ocorre quando não houver legitimidade da

parte ou diante da impossibilidade jurídica do pedido ou diante da falta

de interesse de agir da parte.

132

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O raciocínio desenvolvido em relação a preliminar de mérito estabelece

que:

PROBLEMA PRELIMINARES ART. 301, CPCNO PROCESSO DE MÉRITO

O próximo passo trata-se do requerimento na preliminar de mérito. Qual é o

pedido do Reclamado neste tópico?

O Reclamado deseja a EXTINÇÃO DO PROCESSO, com fundamento no

artigo 267 ou 269 do CPC (dependendo da hipótese apresentada no problema).

ARTIGO 267, CPC ARTIGO 269, CPC

Hipóteses de extinção do Hipóteses de extinção do processo SEM resolução do processo COM resolução do mérito mérito

Observação: a extinção do processo sem resolução do mérito, isto é, com

fundamento no artigo 267 do CPC, não obsta nova propositura da

ação, eis que ainda não foi apreciada pelo judiciário, SALVO as hipóteses do inciso V. Este inciso apresenta os chamados

pressupostos negativos impedem a nova propositura da ação,

quais sejam a perempção, coisa julgada e a litispendência.

Nota: a eficácia do artigo 625-D, CLT está suspensa por força da concessão de

liminar do STF, logo a ausência de declaração de tentativa de conciliatória

frustrada não pode mais ser alegada como preliminar de mérito, tendo em

vista que a passagem pela comissão de conciliação prévia é facultativa.

133

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Exemplo:

O Reclamado recebeu a notificação somente três dias antes da data

de audiência, conforme a data constante no aviso de recebimento. (Fato) O Reclamado tem o prazo legal de, pelo menos, cinco dias após o

recebimento da notificação, para elaborar a sua defesa. O artigo 841 da

CLT impõe que a audiência será marcada após a primeira desimpedida, ou

seja, 5 dias após o recebimento da notificação. A análise prévia deste fato

se dá por força de lei, tendo em vista que o artigo 301, I do CPC, afirma

que a inexistência ou nulidade de citação deve ser analisada antes do

mérito, objeto da lide. (Fundamento) Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do

mérito, com fulcro no artigo 267, IV do CPC, tendo em vista que a nulidade

de citação é pressuposto de desenvolvimento válido e regular do processo.

Sucessivamente, caso não seja este o entendimento deste Juízo, requer a

apreciação do mérito. (Pedido)

No exemplo acima, note que o pedido de extinção se refere ao processo

como um todo. Isto ocorre porque a citação inválida é atinge todo o processo e

não parte dele. Todavia é possível que um vício processual atinja apenas parte do

processo. Os casos mais comuns ocorrem quando há litisconsórcio passivo nos

autos. Veja o exemplo:

O Reclamante propôs a presente Reclamatória Trabalhista em face do

Reclamado, a fim de requerer o pagamento das verbas rescisórias

134

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

provenientes de um contrato de trabalho, cujo objeto era a reforma da casa do

Reclamado. (Fato) Ocorre que o Reclamado desconhece a existência de qualquer

contrato com o Reclamante, pois celebrou o contrato de empreitada com a

empresa X, também Reclamada neste processo. A empresa X contratou os

serviços do Reclamante, portanto o Reclamado não possui nenhuma

responsabilidade com as obrigações trabalhistas pleiteadas. O embasamento

legal para tal afirmação encontra-se na OJ 191 do TST, segundo a qual o

dono da obra não será considerado responsável pelos débitos trabalhistas

oriundos das contratações realizadas pelo empreiteiro.

Conclui-se que o Reclamado é parte ilegítima no processo. E, diante

da carência de ação, faz-se necessária a apreciação deste fato antes da

discussão do mérito da lide, conforme o artigo 301, X do CPC. (Fundamento) Com todo o exposto, requer a extinção do processo sem a resolução

do mérito em relação ao dono da obra, com base no artigo 267, VI, eis que o

mesmo não possui legitimidade para figurar no pólo passivo desta ação. Caso

não seja este o entendimento deste Juízo, sucessivamente, requer a análise

do mérito. (Pedido)

Observe que o pedido é de extinção do processo APENAS em relação ao

dono da obra. Supondo que o juiz acolha a preliminar, o processo continuará

normalmente em relação a empresa X, que é parte legitima na ação.

PRELIMINAR NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

O procedimento sumaríssimo apresenta um requisito próprio, exigido pelo

artigo 852-B, I e II da CLT:

I. pedido certo ou determinado e indicará o valor

correspondente a cada um deles;

135

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

II. cabe ao reclamante a correta indicação do nome

e endereço do reclamado, eis que não se fará a

citação por edital.

Diante do não atendimento de qualquer um destes requisitos, o reclamado

deverá alegar em Preliminar de Mérito o fato, requerendo o arquivamento da

reclamação, bem como a condenação do Reclamante ao pagamento das custas

processuais sobre o valor da causa, conforme o artigo 852-B, § 1º da CLT.

IV. PREJUDICIAL DE MÉRITO

PREJUDICIAIS PRESCRIÇÃO

DE MÉRITO DECADÊNCIA

Neste tópico alegam-se circunstâncias que, se acolhidas pelo juiz, impedem

a análise dos demais itens, isto é, prejudica a análise do mérito.

Todo e qualquer assunto relacionado com a prescrição ou decadência

deverá estar sob o tópico das prejudiciais de mérito, no qual o reclamado requer a extinção do processo COM resolução do mérito, de acordo com o artigo 269, IV, CPC. Os exemplos serão apresentados a seguir.

DECADÊNCIA NO PROCESSO DO TRABALHO

Só há três hipóteses de prazos decadenciais no processo do trabalho:

136

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

a) Inquérito para apuração de falta grave: prazo decadencial de 30

dias para a sua propositura, quando o empregador optar pela

suspensão do empregado estável, contados a partir da data de

suspensão (art. 853, CLT);

b) Ação Rescisória: prazo decadencial de 2 (dois) anos para o seu

ajuizamento, contados do dia imediatamente subseqüente ao trânsito

em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou

não (art. 495, CPC e súmula 100, TST);

c) Mandado de Segurança: o prazo decadencial de 120 (cento e vinte)

dias contados a partir da ciência do ato ilegal praticado pela

autoridade pública coatora.

PRESCRIÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO

- Prescrição Bienal - Prescrição Qüinqüenal - Prescrição Total

a) Prescrição Bienal

A prescrição bienal está prevista no artigo 7º, XXIX, CF. Este dispositivo

estabelece que o empregado tem o prazo de dois anos, contados a partir da

extinção do contrato de trabalho, para pleitear qualquer verba resultante desta

relação jurídica. Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;

137

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Assim, qualquer reclamatória trabalhista que seja proposta após este prazo

será considerada prescrita em relação a todo o processo, pois a prescrição se dá

em face do direito de propor a ação. Exemplo:

O Reclamante postulou o pagamento das verbas originadas pela extinção

do contrato de trabalho ocorrida no dia 02 de setembro de 2006. (Fato) Todas as verbas pleiteadas estão fulminadas pela prescrição bienal,

prevista no art. 7º, XXIX da Constituição Federal, que a ação, quanto a créditos

resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos

para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a

extinção do contrato de trabalho. A Reclamatória Trabalhista em tela foi

proposta no dia 02 de setembro de 2009, sendo que já se passaram três anos

desde o desligamento do Reclamante, ultrapassando o limite legal.

(Fundamento) Desta feita, requer a extinção do processo com resolução do mérito, nos

termos do artigo 269, IV do Código de Processo Civil. E, sucessivamente, caso

não seja acolhida a prejudicial de mérito, requer a análise dos demais itens a

seguir expostos. (Pedido)

b) Prescrição Qüinqüenal (art. 7º, XXXIX, CF; art. 11, CLT; súm. 308, TST)

A prescrição qüinqüenal refere-se ao período durante o qual as parcelas

são exigíveis na Justiça do Trabalho.

O próprio nome indica que este lapso temporal é de 5 anos, contados da

DATA DO AJUIZAMENTO DA RECLAMAÇÃO, conforme a súmula 308, TST.

138

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Súmula 308, TST. I – Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. II - A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988.

Art. 11 O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve: I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato;II - em dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para o trabalhador rural.§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social.§ 2º (vetado)§ 3º (vetado)

Observação: FALTA DE RECOLHIMENTO DO FGTS – a prescrição qüinqüenal

não se aplica ao direito de reclamar o não recolhimento do FGTS, pois a súmula 362, do TST afirma que esta é trintenária (30

anos), desde que seja respeitado o prazo de 2 (dois) anos após o

término do contrato de trabalho.

Súmula 362. É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos após o término do contrato de trabalho.

Exemplo:

O Reclamante postulou o pagamento de horas extras desde 07 de

agosto de 2001. Ocorre que o contrato de trabalho foi extinto em 07 de

agosto de 2008 e a presente Reclamatória Trabalhista, por sua vez, foi

139

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

proposta no dia 07 de agosto de 2009. (Fato)As supostas horas extras pleiteadas anteriores ao dia 07 de

agosto de 2004 estão fulminadas pela prescrição qüinqüenal. A súmula

308, I do TST consagra que respeitado o biênio subseqüente à

cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às

pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do

ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data

da extinção do contrato. Corrobora o entendimento do TST o artigo 11, I

da CLT, segundo o qual o direito de ação quanto a créditos resultantes

das relações de trabalho prescreve em cinco anos para o trabalhador

urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato.

(Fundamento)Diante do exposto, requer a extinção das verbas anteriores a

07 de agosto de 2004 com resolução do mérito, conforme o artigo 269, IV, CPC. E, sucessivamente, caso não seja acolhida a prejudicial

de mérito, requer a análise dos demais itens a seguir expostos.

(Pedido)

Observação: o pedido neste caso é específico. Assim como nas Preliminares de

Mérito deve-se observar se o pedido de extinção do processo se dá

em relação a todo ele ou apenas em relação a algum pedido

específico.

Oportuno ressaltar que os prazos prescricionais podem ser interrompidos

ou suspensos em determinados casos. A interrupção caracteriza-se pelo

impedimento da fluência do prazo e será REINICIADA a partir do momento em

que cessar a causa interruptiva. Nas palavras de Francisco Amaral, a interrupção

da prescrição é o fato que impede o fluxo normal do prazo, inutilizando o já

decorrido.12

12 AMARAL. Francisco. Direito Civil: introdução. 5 ed. rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 586.

140

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A CLT é omissa no tocante a interrupção do prazo prescricional, sendo

aplicado, subsidiariamente, as hipóteses do art. 202 do Código Civil. Ainda, a

Súmula 268 do TST, afirma que a Reclamatória Trabalhista quando proposta

interromperá a prescrição em relação aos pedidos realizados, mesmo que a ação

seja arquivada. Observe que a súmula admite a interrupção da prescrição

somente em relação aos pedidos idênticos.

Art. 202, CC. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;III - por protesto cambial;IV - pela apresentação do Título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

Súmula 268, TST. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.

A suspensão, por sua vez, é a “cessação temporária do curso do prazo

prescricional sem prejuízo do tempo já decorrido. Cessando as causas

suspensivas, a prescrição continua a correr, aproveitando-se o tempo

anteriormente decorrido".13

O artigo 625-G da CLT prevê uma hipótese de suspensão do prazo

prescricional por, no máximo, 10 dias, prazo em que o trabalhador aguarda a

sessão de tentativa de conciliação perante a Comissão de Conciliação Prévia (art.

625-F, CLT). 13 AMARAL. Francisco. Direito Civil: introdução. 5 ed. rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Renovar,

2003. p. 584.

141

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 625-F, CLT. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado.Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se refere o § 2º do Art. 625-D.

Art.625-G, CLT. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no Art. 625-F.

c) Prescrição Total - Súmula 294, TST

A prescrição total é proveniente de uma alteração unilateral do contrato de

trabalho, no qual ocorre a supressão de uma parcela paga ao empregado.

Nesta situação a natureza salarial da parcela suprimida é fundamental, pois

a prescrição é total se a parcela não estiver prevista na lei, mas se a parcela

suprimida for legal, isto é, tiver previsão na lei a prescrição será parcial.

O entendimento do TST, enunciado na súmula 294, sustenta que se a

parcela suprimida não está prevista em lei e, portanto, é proveniente de uma mera

liberalidade do empregador, a prescrição é total no prazo de 5 anos, contados a

partir da supressão da parcela.

No entanto, se a parcela suprimida for legal, ou seja, está prevista na lei a

prescrição será parcial sendo que o empregado não terá direito apenas as

parcelas anteriores aos últimos 5 anos, contados a partir da data de ajuizamento

da reclamatória trabalhista.

Súmula 294. Tratando-se de demanda que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.

142

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

DISPOSITIVOS IMPORTANTES – PRESCRIÇÃO

Art. 440, CLT. Contra os menores de dezoito anos não corre nenhum prazo de prescrição.

Súmula 153, TST. Prescrição Trabalhista - Instância Ordinária. Não se

conhece de prescrição não argüida na instância ordinária.

Súmula 156, TST. Extinção - Contrato de Trabalho - Prazo Prescricional - Direito de Ação. Da extinção do último contrato é que começa a fluir o prazo

prescricional do direito de ação objetivando a soma de períodos descontínuos

de trabalho.

Súmula 382, TST. Mudança de Regime Celetista para Estatutário - Extinção do Contrato. Prescrição Bienal. A transferência do regime jurídico

de celetista para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o

prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime.

Súmula 114, TST. Justiça do Trabalho - Prescrição Intercorrente. É

inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente.

A Súmula 114, TST é contrária a súmula 327 do STF. Note que

ambas estão em vigência e, portanto, válidas. Defronte de qualquer

questionamento, é aconselhável fazer menção as duas súmulas, bem como a

divergência entre os Tribunais.

Vide os comentários do Juiz do Trabalho Raymundo Antonio

Carneiro Pinto, no livro de Súmulas do TST Comentadas.

Súmula 327, STF. Direito Trabalhista - Admissibilidade - Prescrição Intercorrente. O direito trabalhista admite a prescrição intercorrente.

143

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Atenção: Na peça processual, a fim de manter coerência entre as idéias, a

finalização do tópico das prejudiciais de mérito, bem como das

preliminares de mérito, SEMPRE deverão concluir de forma que

possibilite a discussão do mérito da causa, caso o Juízo não aceite as

alegações destes tópicos. Exemplo:

Caso não seja este o entendimento deste Juízo, sendo

superadas a preliminar e/ou a prejudicial de mérito.

Sucessivamente, requer a análise em relação ao mérito.

V. MÉRITO

Ultrapassadas as questões preliminares e prejudiciais, inicia-se o

desenvolvimento do mérito da contestação, que é mais simples de ser ordenado

do que o mérito da petição inicial, uma vez que os pedidos formulados pelo autor

são diretrizes do conteúdo deste tópico da contestação.

O mérito da resposta do Reclamado deve atacar todos os pedidos

invocados na exordial, negando a pretensão do Reclamante, ponderando, ainda,

as razões de direito que fundam a sua insurgência.

Assim como na RT, redija um tópico para cada questão do problema,

abordando o fato reclamado, a inexistência do direito do autor e o pedido de

improcedência.

É aconselhável listar todos os pontos que serão abordados na peça, com o

intuito de apresentá-los em ordem cronológica e da maneira mais lógica possível

144

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

(primeiramente, contestar os pedidos principais e, logo após, os pedidos

acessórios). O ideal é ser claro e objetivo, limite-se as informações essenciais.

Atenção: não é possível inventar fatos que não foram expostos na proposta,

examinando está restrito a estas informações. Diante da falta de dados

o mais indicado é deixar um espaço em branco, como no tópico DO

CONTRATO DE TRABALHO, ou utilizar frases genéricas, conforme o

exemplo:

Não assiste razão ao Reclamante, pois não são verdadeiros os fatos

alegados. Destaca-se que o ônus da prova é do Reclamante, conforme

dispõe o artigo 818 da CLT, bem como o artigo 333, I, CPC.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do

Reclamante.

Nota: não esqueça que se o Reclamado aduzir FATOS MODIFICATIVOS,

IMPEDITIVOS OU EXTINTIVOS do direito do autor atrairá para si o ônus

da prova, devendo comprovar as suas alegações (artigo 333, II, CPC).Art. 818, CLT. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer.

Art. 333, CPC. O ônus da prova incumbe:I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:I - recair sobre direito indisponível da parte;II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

A seguir serão abordados os principais aspectos dos pedidos a serem

realizados na contestação.

► DO CONTRATO DE TRABALHO

145

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Este é o primeiro tópico a ser abordado no mérito e sempre deverá estar

presente na contestação, sendo necessário relacionar as seguintes informações

da relação jurídica mantida pelas partes: data de admissão e dispensa, função

exercida e remuneração.

CONTRATO Admissão

DE TRABALHO Função

Salário

Demissão

O Reclamante foi admitido em 05 de fevereiro de 2006 pela

Reclamada, para exercer a função de auxiliar administrativo. Em 30 de

novembro de 2007 foi dispensado com justa causa. Sua última

remuneração foi equivalente a R$ 600,00 (seiscentos reais).

É possível que a prova não traga todos estes dados ou talvez não informe

nenhum deles. Suponha que a proposta tenha informado apenas a função do

Reclamante.

Exemplo:

O Reclamante foi admitido pelo Reclamado no dia ________ para

exercer a função de auxiliar administrativo, a remuneração percebida era

de _______ até a data _________, quando foi dispensado com justa

causa pelo Reclamado.

146

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

As alegações seguintes dependerão da proposta, sendo que o examinando

deverá atacar todos os pedidos formulados pelo autor. Com o intuito de facilitar o

aprendizado seguem alguns exemplos padronizados.

DAS HORAS EXTRASO Reclamante postulou o pagamento de horas extras, acrescidas

do adicional de 50% (cinquenta por cento). (Fato)Não assiste razão ao Reclamante, pois as horas extras pleiteadas

foram devidamente compensadas em seguida, conforme o prévio

acordo individual escrito firmado entre as partes. Destaca-se que, nos

termos da súmula 85, I do TST, a compensação de jornada de trabalho

deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou

convenção coletiva. (Fundamento)Diante do exposto requer a improcedência do pedido do

Reclamante. (Pedido)

DA ALTERAÇAO DE JORNADA

O Reclamante postulou o pagamento de adicional noturno a partir de

janeiro de 2009. (Fatos)Não assiste razão ao Reclamante, posto que a Súmula 265 do TST

autoriza a transferência do empregado para o período diurno com a perda

do direito ao adicional noturno, pois o entendimento do Tribunal assevera

que tal alteração é mais benéfica para a saúde do empregado.

(Fundamentos)Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do

147

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Reclamante. (Pedido)

DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

O Reclamante postulou o pagamento de adicional de insalubridade,

afirmando que havia muitos ruídos no ambiente de trabalho, o que o

tornava um local insalubre. (Fatos)Não assiste razão ao Reclamante, pois laborava em ambiente com

pouquíssima incidência de ruídos e sempre utilizava EPI fornecido pela

Reclamada, cuja utilização é fiscalizada. Assim, nos termos do artigo 80 do

TST, o adicional não é devido, uma vez que a eliminação da insalubridade,

pelo fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão

competente do Poder Executivo, exclui a percepção do adicional respectivo.

(Fundamentos)Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do

Reclamante, bem como os reflexos postulados. (Pedido)

► Justiça Gratuita e Honorários Advocatícios

O pedido de Justiça Gratuita, bem como o pedido de Honorários

Advocatícios, serão contestados apenas se a proposta mencionar expressamente

que o Reclamante os postulou. Exemplos:

JUSTIÇA GRATUITA O Reclamante postulou a concessão do benefício da justiça

gratuita. (Fatos)Não assiste razão ao Reclamante, pois este não preenche os

148

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

requisitos estabelecidos pelo § 3º do art. 790 da CLT que concede o

benefício somente àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao

dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não

estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do

sustento próprio ou de sua família. (Fundamento) Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do

Reclamante. (Pedido)

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOSO Reclamante postulou honorários advocatícios, na razão de

15% (quinze por cento). (Fatos)Não assiste razão ao Reclamante, pois não há qualquer amparo

legal à pretensão. Os honorários advocatícios no processo trabalhista

exigem o preenchimento de dois requisitos básicos, estabelecidos pela

súmula 219, I do TST, segundo a qual serão devidos os honorários

assistenciais apenas se a parte estiver assistida por advogado do

sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário

inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação

econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio

sustento ou da respectiva família. Oportuno salientar que, nos termos

da OJ 305, SDI – 1 do TST, o deferimento de honorários advocatícios,

na Justiça do Trabalho, sujeita-se à constatação da ocorrência

concomitante de ambos requisitos supra mencionados.

(Fundamentos) Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do

Reclamante. (Pedido)

149

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

CUIDADO: a proposta poderá afirmar que ambos os requisitos estão presentes,

contudo pleitear porcentagem superior ao limite permitido, que é de

15% para as relações de emprego, conforme a súmula 219 e 329 do

TST.

ITENS PARA MEMORIZAR(Devem estar presente em toda contestação)

► Da Compensação

A compensação é matéria de defesa e visa descontar das verbas

eventualmente deferidas o valor das verbas já quitadas. No tocante a

compensação, três dispositivos são essenciais: artigo 767 da CLT e súmulas 18 e

48 do TST.

Art. 767, CLT. A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa.

Súmula 18, TST. A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza trabalhista.

Súmula 48, TST. A compensação só poderá ser arguida com a contestação.

Exemplo:

A Reclamada já efetuou o pagamento de todas as verbas

rescisórias devidas ao Reclamante. No entanto, caso não seja este o

entendimento deste Juízo, requer seja feita a compensação dos valores

pagos com as eventuais verbas deferidas, nos termos do artigo 767, CLT

e das súmulas 18 e 48, TST.

150

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Ad cautelam, caso algum direito seja reconhecido à reclamante,

requer-se a compensação de todos os valores pagos nos termos do artigo

767, CLT e das súmulas 18 e 48, TST.

► Juros e Correção Monetária

Na contestação deve-se pleitear que a incidência de juros e correção

monetária do valor eventualmente deferido deve ser realizada de acordo com a

súmula 381 do TST, ou seja, a correção monetária ocorrerá a partir da data do

pagamento da prestação e não a partir da data do início da prestação dos serviços

como deseja o Reclamante.

Artigo 459, CLT. O pagamento do salário qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1(um) mês, salvo no que concerne a comissão, percentagens e gratificações.§1º - Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.

Súmula 381, TST. O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subseqüente ao da prestação dos serviços, a partir do dia 1º.

Exemplos:

Diante de eventual condenação do Reclamado, este requer a

incidência de juros e correção monetária na forma da súmula 381, TST.

151

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Por cautela, diante de eventual condenação, requer que os juros

e a correção monetária sejam aplicados de acordo com a previsão do

artigo 459, CLT e da súmula 381, TST.

Por cautela, em caso de eventual condenação, os juros e a

correção monetária devem seguir os ditames da legislação pertinente em

vigor, devendo, quanto à correção monetária, ser aplicado o índice relativo

ao mês imediatamente posterior ao da prestação do serviço, na esteira do

artigo 459, da CLT e Súmula 381 do TST.

► Retenções Fiscais e Previdenciárias

Súmula 368, TST. Descontos Previdenciários e Fiscais - Competência - Responsabilidade pelo Pagamento - Forma de Cálculo. I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei 8.541/1992, art. 46 e Provimento da CGJT nº 03/2005.III - Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto 3.048/99 que regulamentou a Lei 8.212/91 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição.

Exemplos:

152

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Por conseguinte, diante de eventual condenação do Reclamado, requer

que as retenções fiscais, bem como os descontos previdenciários ocorram em

conformidade com a súmula 368, TST.

Urge ressaltar que, na eventual possibilidade de condenação, o

abatimento das contribuições previdenciárias e retenções fiscais dos valores

devidos ao Reclamante, deverá ser feito nos termos da Súmula 368 do TST.

VI. IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS

A contestação SEMPRE deve conter um tópico específico, no entanto

sintético, para impugnar todos os documentos apresentados na exordial.

Exemplos:

Impugnam-se todos os documentos apresentados na

petição inicial, uma vez que não exprimem a realidade dos fatos.

OU

O Reclamado impugna todos os pedidos e documentos

apresentados pelo Reclamante na inicial, eis que destoam da

realidade do contrato de trabalho.

OU

153

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Todos os documentos apresentados na Reclamatória

Trabalhista não correspondem a realidade dos fatos, logo são

impugnados.

VII. REQUERIMENTOS FINAIS

PRODUÇÃO DE PROVAS

IMPROCEDÊNCIA

O reclamado, tal qual o autor, também tem uma pretensão em face do

órgão jurisdicional, que é, basicamente, o julgamento improcedente da ação.

Os requerimentos finais da contestação apresentam o pedido de produção

de provas e de improcedência de todos os pedido do Reclamante. Apenas com o

intuito de complementar, citam-se dois dispositivos que podem ser inseridos nos

requerimentos finais da contestação.

Súmula 74, TST. Pena de confissão trabalhista. I - Aplica-se a pena de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela comunicação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.II - A prova pré constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores.

Art. 397, CPC. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.

Exemplo:

Ante o exposto, requer provar as alegações por todos os meios de

PROVA em direito admitidos, inclusive o depoimento pessoal do

154

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Reclamante, sob pena de confissão, nos termos da Súmula 74 do TST,

bem como a juntada de novos documentos em contraprova, de acordo com

o art. 397 do CPC.

Por fim, requer o julgamento IMPROCEDENTE de todos os pedidos

do Reclamante, condenando-o ao pagamento de custas processuais.

Lembrete: caso a contestação apresente o tópico de preliminar de mérito é

imprescindível que o examinando reitere o acolhimento do mesmo nos

requerimentos finais. Exemplo:

Com todo o exposto, requer a produção de todos os meios de

PROVA em direito admitidos, inclusive o depoimento pessoal do

Reclamante, sob pena de confissão, nos termos da Súmula 74 do TST,

bem como a juntada de novos documentos em contraprova, de acordo

com o art. 397 do CPC.

Por fim, requer o acolhimento da Prejudicial de Mérito,

extinguindo o processo com julgamento de mérito. E, sucessivamente,

caso não seja este o entendimento deste Juízo, requer a análise do

mérito, julgando IMPROCEDENTE todos os pedidos do Reclamante.

FINALIZE A SUA PEÇA!

Termos em que,

Pede deferimento.

Local, data

Nome do Advogado

155

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

OAB Nº

Cuidado: Não identifique a prova. Não faça riscos / traços sobre o nome. Não

pule linhas. É importante seguir as orientações descritas na prova. Não

deve ser feito qualquer espécie de marca na assinatura da peça além de

“Nome do Advogado – OAB nº”, sob pena de ser considerada

identificação de prova.

156

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

5.3 EXCEÇÃO

► Conceito

O doutrinador Humberto Theodoro Junior leciona que “exceção é a indireta

contradição do réu à ação do autor, por meio da qual se perime a mesma ação ou

dilata o seu exercício. Mas, no sentido estrito em que a expressão foi utilizada no

artigo 297 do CPC, exceção é o incidente processual destinado à arguição de

incompetência relativa do juízo, e de suspeição ou impedimento do juiz (art. 304,

CPC).” 14

No processo do trabalho, apenas a arguição da exceção de incompetência

e de impedimento gerará a suspensão do feito (art. 799, CLT), o exceto terá um

prazo improrrogável de 24 horas para se manifestar (art. 800, CLT), enquanto o

juiz ou Tribunal deverá designar audiência de instrução e julgamento da exceção

dentro de 48 horas (art. 802, CLT). As demais exceções deverão ser apresentadas

como matéria de defesa (art. 799, §1º, CLT).

Art. 799, CLT. Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.§ 1º. As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.§ 2º. Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.

Art. 800, CLT. Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao exceto, por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir.

Art. 802, CLT. Apresentada a execução de suspeição, o juiz ou Tribunal designará audiência

14 THEODORO JUNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral de Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 379.

157

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

dentro de 48 (quarenta e oito) horas, para instrução e julgamento da exceção.§ 1º. Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Tribunais Regionais, julgada procedente a exceção de suspeição, será logo convocado para a mesma audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira quando algum dos membros se declarar suspeito.§ 2º. Se tratar de suspeição de Juiz de Direito, será este substituído na forma da organização judiciária local.

► Hipóteses de Cabimento

As hipóteses de cabimento das exceções estão previstas no artigo 801 da

CLT e nos artigos 134 e 135 do CPC.

Art. 801, CLT. O juiz, presidente ou juiz classista, é obrigado a dar-se por suspeito, e pode ser recusada, por algum dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos litigantes:a) inimizade pessoal;b) amizade íntima;c) parentesco por consangüinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;d) interesse particular na causa.Parágrafo único. Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida, se do processo constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de que ela se originou.

Art. 134, CPC. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:I - de que for parte;II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;

158

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.

Art. 135, CPC. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

► EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA - Procedimento

1. Apresentação em peça apartada dentro do prazo de resposta

2. O juiz recebe a exceção

3. Suspende o feito (art. 799,caput, da CLT)

4. Abre vista a parte contrária (excepto) pelo prazo de 24 horas

5. Prolata decisão

6. Caso o juiz acolha a exceção, remeterá os autos para o juízo

declinado como competente.

A decisão proferida em sede de julgamento de exceção de incompetência é

interlocutória. Portanto, seria irrecorrível de imediato (art. 893, § 1º da CLT). No

entanto, a decisão do juiz que acolhe a exceção apresenta uma peculiaridade, a

159

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

súmula 214, “c” do TST prevê uma ressalva em relação à estes casos, que desde

que preenchido alguns requisitos, caberá a interposição de Recurso Ordinário.

Súmula 214, TST. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Se o juiz acolher a exceção de incompetência, remetendo os autos para juiz

que esteja subordinado à TRT distinto daquele TRT que anteriormente seria

competente para julgar eventual recurso do processo, isto é, o processo será

remetido para a 1ª instância de outra Região.

Neste caso, é cabível a interposição de RO em face de uma decisão

interlocutória, o qual será julgado pelo TRT originariamente competente, ou seja,

pelo TRT à que está subordinado o juiz que acolheu a exceção de incompetência,

de acordo com a alínea “c” da súmula 214 do TST.

Observação: nas exceções de suspeição e impedimento, os sujeitos passivos são

juízes, promotores, peritos judiciais, intérpretes e os próprios

serventuários da justiça (art. 138 do CPC). Opostas exceções de

suspeição e impedimento contra o juiz, haverá a suspensão da

marcha processual. No entanto, quando for oposta em relação a

qualquer outro dos sujeitos passivos, não haverá a suspensão do

processo (art. 138, §1º do CPC).

160

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

5.4 RECONVENÇÃO

► Conceito

A reconvenção é a “ação do réu contra o autor, proposta no mesmo feito

em que está sendo demandado” 15, ou seja, duas ações no mesmo processo, que

serão julgadas por uma sentença. Enquanto a contestação do réu é uma simples

resistência a pretensão do autor, a reconvenção é considerada um “contra-ataque,

uma verdadeira ação ajuizada pelo réu (reconvinte) contra o autor (reconvindo),

nos mesmos autos.”16

Em outras palavras, a reconvenção constitui uma ação proposta pela parte

demandada em face da parte autora dentro da mesma relação processual, que

será julgada pela mesma sentença. Portanto, deverá preencher os mesmos

requisitos de uma petição inicial (art. 840, § 1º da CLT c/c art. 282, CPC). Ainda, a

reconvenção deve ter conexão com a petição inicial ou com os fundamentos da

defesa.

► Previsão LegalA reconvenção está prevista nos artigos 315 ao 318 do CPC, aplicados,

subsidiariamente, ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT.

Art. 315, CPC. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem.

Art. 316, CPC. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.

15 THEODORO JUNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral de Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 386.

16 THEODORO JUNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral de Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 386.

161

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 317, CPC. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.

Art. 318, CPC. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

O artigo 317 do CPC expõe uma característica importante da reconvenção:

a autonomia. A reconvenção não é uma ação acessória, tendo em vista que a

desistência da ação do autor (reconvindo), ou a existência de qual quer causa que

a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.

162

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

6. TEORIA GERAL DOS RECURSOS

As decisões proferidas na Justiça do Trabalho admitem os seguintes

recursos: RO, RR, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, EMBARGOS AO TST, AGRAVO DE PETIÇÃO E AGRAVO DE INSTRUMENTO.

Sentença RO RR Emb. TSTJuiz TRT TST TST

Somente as decisões definitivas são passíveis de recurso na Justiça do

Trabalho. Esta conclusão extrai-se da redação do artigo 893, §1º da CLT, segundo

o qual os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal,

admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente

em recurso da decisão definitiva. Portanto, as decisões interlocutórias são

irrecorríveis DE IMEDIATO.

Lembrete: súmula 214, TST que dispõe algumas exceções para esta regra,

conforme explanado anteriormente.

Art. 893, CLT. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:I. embargos;II. recurso ordinário;III. recurso de revista;IV. agravo.§ 1º. Os incidentes do processo são resolvido pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recurso da decisão definitiva.§ 2º. A interposição de recurso para o Supremo Tribunal Federal não prejudicará a execução do julgado.

O efeito suspensivo dos recursos é antagônico ao Princípio da Celeridade

que norteia o Processo do Trabalho. Portanto, os recursos no processo do

trabalho, em geral, têm efeito meramente devolutivo (art. 899, CLT), ou seja,

163

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

apenas devolvem a matéria para nova apreciação do Poder Judiciário. Assim,

pactua-se que é cabível a execução provisória no Processo do Trabalho.

A execução provisória se desenvolve da mesma forma que a execução

definitiva, CONTUDO limita-se aos atos de constrição, ou seja, na execução

provisória não podem ocorrer os atos de expropriação (venda dos bens).

Art. 899, CLT. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Titulo, permitida a execução provisória até a penhora.§ 1º. Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o valor de referência regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.§ 2º. Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito corresponderá ao que for arbitrado para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de 10 (dez) vezes o valor de referência regional.§ 3º. (Revogado)§ 4º. O depósito de que trata o § 1º far-se-á na conta vinculada do empregado a que se refere o Art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, aplicando-se-lhe os preceitos dessa lei, observado, quanto ao respectivo levantamento, o disposto no § 1º.§ 5º. Se o empregado ainda não tiver conta vinculada aberta em seu nome, nos termos do Art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, a empresa procederá à respectiva abertura, para efeito do disposto no § 2º.§ 6º. Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas, exceder o limite de 10 (dez) vezes o valor de referência regional, o depósito para fins de recurso será limitado a este valor.

6.1 PRAZOS RECURSAIS

Os recursos no processo do trabalho possuem um prazo único,

determinado pelo artigo 6º da Lei 5584/70, que é de 8 dias. Os embargos de

declaração, no entanto, são exceção à regra, pois o seu prazo é de 5 dias.

164

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Na Justiça do Trabalho o prazo para apresentar contra razões de um

recurso é o mesmo que o prazo para a sua interposição.

Art 6º, Lei 5584/70. Será de 8 (oito) dias o prazo para interpor e contra-arrazoar qualquer recurso (CLT, art. 893).

Art. 900, CLT. Interposto o recurso, será notificado o recorrido para oferecer as suas razões, em prazo igual ao que tiver o recorrente.

Atenção: quando a União, Estados, Municípios, Distrito Federal, Autarquias, ou

Fundações de Direito Público que não explorem a atividade econômica,

forem parte do processo na Justiça do Trabalho, o prazo para estes

entes federativos interpor recurso, bem como para apresentar contra

razões será em dobro, conforme o Decreto Lei 779/69. Inclusive para

interpor embargos de declaração (OJ 192, SDI – 1, TST).Art. 1º, Dec. Lei 779/69. Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica:I - a presunção relativa de validade dos recibos de quitação ou pedidos de demissão de seus empregados ainda que não homologados nem submetidos à assistência mencionada nos parágrafos 1º, 2º e 3º do artigo 477 da Consolidação das Leis do Trabalho;II - o quádruplo do prazo fixado no artigo 841, "in fine", da Consolidação das Leis do Trabalho;III - o prazo em dobro para recurso;IV - a dispensa de depósito para interposição de recurso;V - o recurso ordinário "ex officio" das decisões que lhe sejam total ou parcialmente contrárias;VI - o pagamento de custas a final salva quanto à União Federal, que não as pagará.

Art. 188, CPC. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

OJ 192, SDI – 1, TST. É em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por pessoa jurídica de direito público.

165

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O artigo 775, § único da CLT dispõe que os prazos vencidos em sábados,

domingos ou feriados, terminará no primeiro dia útil seguinte. Ocorre que além de

feriados nacionais, existem feriados estaduais e municipais, diante disso incumbe

à parte comprovar que não houve expediente em dia útil ou o feriado local, a fim

de confirmar que seu recurso não fora interposto a destempo (Súmula 385, TST).

Art. 775, CLT. Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.Parágrafo único. Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte.

Súmula 385, TST. Cabe à parte comprovar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local ou de dia útil em que não haja expediente forense, que justifique a prorrogação do prazo recursal.

Ainda, em relação aos prazos é relevante o conhecimento da OJ 357, SDI –

1, TST, cuja redação afirma que o recurso interposto antes da publicação da

decisão não será conhecido. OJ 357, SDI – 1, TST. É extemporâneo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.

→ Extemporâneo = que vem fora de tempo; inoportuno; inesperado.17

6.2 REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL

Na Justiça do Trabalho vigora o ius postulandi, no entanto nada impede que

a parte seja representada por advogado, caso em que é indispensável o

instrumento de mandato.

Em relação à representação processual alguns apontamentos são

essenciais para o exame de II fase da prova da OAB.

17 Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: < http://www.priberam.pt/DLPO/>. Acesso em 20 de agosto de 2009.

166

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O artigo 37 do CPC admite a juntada tardia de procuração, a fim de evitar

prescrição ou decadência do direito do autor ou para praticar um ato reputado

urgente. Este artigo só poderá ser avocado subsidiariamente na Justiça do

Trabalho em 1ª instância, uma vez que a súmula 383, I do TST não permite a

juntada posterior na fase recursal, pois o entendimento do Tribunal não considera

a interposição de recurso um ato urgente.

Neste mesmo sentido, tem-se o inciso II da súmula 383 do TST que veda a

concessão de prazo para a regularização de representação, nos termos do artigo

13 do CPC, que também só é aplicável na Justiça do Trabalho em 1ª instância.

Art. 37, CPC. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.

Art. 13, CPC. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;II - ao réu, reputar-se-á revel;III - ao terceiro, será excluído do processo.

Súmula 383, TST. I - É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de procuração, nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto por posterior juntada, já que a interposição de recurso não pode ser reputada ato urgente. II - Inadmissível na fase recursal a regularização da representação processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao Juízo de 1º grau.

Na hipótese de juntada posterior de mandato em caso de urgência,

algumas determinações legais devem ser respeitadas, por exemplo, apresentar a

167

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

procuração no prazo de 15 dias (§ 1º artigo 5º do Estatuto da OAB), a fim de que o

mandato seja considerado eficaz, pois caso contrário todos os atos serão

reputados inexistentes, conforme a súmula 164, TST.

Súmula 164, TST. O não-cumprimento das determinações dos §§ 1º e 2º do art. 5º da Lei nº 8.906, de 04.07.1994 e do art. 37, parágrafo único, do Código de Processo Civil importa o não-conhecimento de recurso, por inexistente, exceto na hipótese de mandato tácito.

Há uma exceção prevista na súmula 164, TST dispensando as exigências

deste dispositivo quando se tratar de mandato tácito. Na Justiça do Trabalho, se o

advogado acompanha-se a parte em audiência, entendia-se como concedida uma

procuração tácita, que autoriza apenas a estrita atuação no foro (cláusula ad

iudicia). Portanto, o procurador investido por meio de mandato tácito não pode

substabelecer, eis que tal poder não está incluído nos poderes concedidos pela

cláusula ad iudicia (OJ 200, SDI – 1, TST).

OJ 200, SDI – 1, TST. É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

A parte pode conceder uma procuração ao advogado, contendo um prazo

de validade, todavia entende o TST que é possível que a procuração confira

poderes ao procurador para que atue até o final do processo, hipótese em que

está dispensada a fixação de um prazo determinado para o mandato (súmula 395,

I, TST).

O inciso III da súmula 395 do TST fixa que o advogado poderá

substabelecer seu mandato, mesmo que não haja previsão expressa para tanto e,

ainda, que os atos do substabelecido serão considerados válidos. O Código Civil

(artigo 667, §’s) faz referência as obrigações do advogado com a parte diante de

qualquer prejuízo que provoque, bem como as suas responsabilidades no caso de

prejuízos causados pelo substabelecido.

168

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Súmula 395, TST. I - Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da demanda. II - Diante da existência de previsão, no mandato, fixando termo para sua juntada, o instrumento de mandato só tem validade se anexado ao processo dentro do aludido prazo. III - São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código Civil de 2002). IV - Configura-se a irregularidade de representação se o substabelecimento é anterior à outorga passada ao substabelecente.

A OJ 52 da SDI – 1, TST afirma que os entes federativos (União, Estados,

Municípios e Distrito Federal, sua autarquias e fundações públicas), quando

representados em juízo por seus procuradores, são dispensados de apresentar

procuração nos autos. “Em geral, os procuradores que representam as pessoas

jurídicas de direito público junto aos órgãos do Poder Judiciário são funcionários

nomeados especialmente para desempenhar tal função. O mandato, portanto,

decorre de um ato do ente público (União, Estados, etc.), devidamente publicado

na imprensa oficial. É evidente que a exigência de procuração torna-se

despicienda.”18

OJ 52, SDI – 1, TST. A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, sua autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato.

6.3 RECURSO ADESIVO

Não há previsão legal na CLT sobre o recurso adesivo, de forma que se

aplicam as normas do CPC de forma subsidiária. Destaca-se que o recurso

adesivo não é um novo recurso, mas sim uma forma de interposição, isto é, um

modo diferente de interpor um recurso.

18 PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Orientações Jurisprudenciais do TST: comentadas. São Paulo: Ltr, 2009. p. 71.

169

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A possibilidade de interpor um recurso na sua forma adesiva exige,

basicamente, dois requisitos: sucumbência recíproca e a interposição de recurso

por uma das partes.

Na Justiça do Trabalho a forma adesiva de interposição é compatível com o

recurso ordinário, recurso de revista, embargos ao TST e agravo de petição (Súmula 283, TST).

Súmula 283, TST. O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.

Preenchidos os requisitos do recurso adesivo, o seu procedimento será o

mesmo que o recurso independente.

O prazo para a interposição é o mesmo que a parte dispõe para responder

o recurso principal, ou seja, após a análise dos pressupostos de admissibilidade,

abre-se vista à parte para que apresente contra razões no prazo de 8 dias,

momento em que, se quiser, deverá interpor o recurso adesivo (art. 500, I do

CPC).

O recurso adesivo é dependente do recurso principal, de forma que se o

recurso principal não for conhecido, o adesivo restará prejudicado ou se a parte

desistir do recurso principal, o adesivo também não será analisado (art. 500, III,

CPC).

Art. 500, CPC. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes: I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder;

170

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial;III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto.Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.

O recurso adesivo não dispensa a parte do preparo, pagamento do depósito

e custas (art. 500, § único, CPC).

6.4 PRESSUSPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

Os pressupostos de admissibilidade são exigências legais, que devem ser

cumpridas, a fim de que seja analisado o mérito do recurso.

Os pressupostos são subdivididos em pressupostos intrínsecos e

pressupostos extrínsecos. Todos devem ser preenchidos, sob pena do não

conhecimento do recurso.

► Pressupostos de Admissibilidade Intrínsecos

Estes estão relacionados às partes, apenas avaliam as características das

partes e sua aptidão para buscar a tutela jurisdicional naquela lide. São

pressupostos de admissibilidade intrínsecos: LEGITIMIDADE DA PARTE,

CAPACIDADE DA PARTE e INTERESSE DA PARTE.

► Pressupostos de Admissibilidade Extrínsecos

Os pressupostos de admissibilidade extrínsecos referem-se ao recurso, a

análise do cumprimento das exigências legais para a interposição de determinado

recurso. São pressupostos de admissibilidade extrínsecos: TEMPESTIVIDADE,

DEPÓSITO RECURSAL, CUSTAS e REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO.

171

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

a) Tempestividade

O conhecimento do recurso é dependente da interposição dentro do prazo

legal. Conforme visto anteriormente, o prazo dos recursos no processo do trabalho

é unificado e corresponde ao período de 8 dias, salvo os embargos de declaração,

cujo prazo é de 5 dias.

Nota: há vários dispositivos relevantes em relação aos prazos, em caso de dúvida

consulte a seção 6.3 Prazos Recursais.

b) Depósito Recursal

O depósito recursal tem natureza de garantia do juízo e, portanto, só é realizado pelo reclamado e se for o empregador (empregado não realiza

depósito recursal).

Os recursos que exigem o depósito recursal são: recurso ordinário, recurso

de revista, Embargos ao TST, Rext e recurso ordinário em ação rescisória.

O prazo para o recolhimento do depósito recursal corresponde ao mesmo

prazo do recurso, ou seja, 8 dias. A súmula 245 do TST assevera que eventual

interposição antecipada do recurso não exige o recolhimento antecipado do

depósito, que poderá ser efetuado a qualquer tempo, independente da data de

interposição, desde que seja respeitado o prazo legal.

Portanto, no prazo de 8 dias deve ser efetuado o recolhimento do depósito,

por meio da GUIA GFIP, e comprovado nos autos.

Súmula 245, TST. O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso, sendo que a interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.

172

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A massa falida é isenta do recolhimento do depósito, bem como das custas

processuais, por força da súmula 86 do TST.

Súmula 86, TST. Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.

Na sentença, o juiz arbitrará o valor da condenação e a partir deste valor é

que são estabelecidos o valor do depósito, bem como o valor das custas. No

tocante ao depósito, a súmula 161 do TST estabelece que o depósito recursal só é

exigível da parte quando houver condenação pecuniária.

Súmula 161, TST. Não havendo condenação em pecúnia, descabe o depósito prévio de que tratam os parágrafos 1º e 2º do Art. 899 da Consolidação das Leis do Trabalho.

A súmula 128, I do TST também apresenta uma hipótese em que descabe

o recolhimento do depósito. A partir do momento em que a parte realizar o

depósito do valor integral da condenação nada mais poderá ser exigido.

O inciso III desta súmula refere-se ao depósito recursal diante de uma

condenação solidária, isto é, há litisconsórcio passivo na lide. O depósito realizado

por um dos litisconsortes, geralmente, será aproveitado pelos demais. No entanto,

se este recorrente estiver pleiteando a sua exclusão da lide, o depósito recursal

não beneficiará os outros litisconsortes, que também deverão garantir o juízo para

recorrer da decisão. Súmula 128, TST. I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo,

173

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

O valor do recolhimento deve ser exato, eis que qualquer diferença, mesmo

relativa a centavos, ensejará a deserção do recurso, nos termos da OJ 140 da SDI

– 1 do TST.OJ 140, SDI – 1, TST. Ocorre deserção do recurso pelo recolhimento insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que a diferença em relação ao quantum devido seja ínfima, referente a centavos.

Assim, se o reclamado (empregador) for condenado, em sentença, ao

pagamento de um determinado valor o seu recurso estará condicionado ao

recolhimento do depósito recursal, com o intuito de garantir o juízo.

O reclamado depositará o valor da condenação, ainda não depositado até o limite do teto estabelecido pelo TST.

Teto RO R$ 5.621,90

TST RR, Emb. TST, Rext, ROAR R$ 11.243,81

c) Custas

As custas processuais SEMPRE serão pagas pela parte vencida. O

recolhimento é efetuado por meio de GUIA DARF após o trânsito em julgado da

decisão ou dentro do prazo de interposição de recurso (art. 789, § 1º, CLT).

A transição entre as partes as custas serão rateadas, salvo se dispuserem

de forma diversa (art. 789, § 3º, CLT). A extinção do processo sem resolução de

mérito gerará ao reclamante a obrigação de recolher as custas.

174

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O reclamante beneficiário da justiça gratuita, mesmo que vencido, poderá

recorrer sem o recolhimento das custas. A massa falida também é isenta do

recolhimento de custas (súmula 86, TST).

O valor das custas processuais corresponde a 2% do valor da condenação

ou, na ausência deste, 2% do valor da causa.

Art. 789, CLT. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e serão calculadas: I. quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;II. quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa;III. no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor da causa;IV. quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.V. acima de 10 (dez) vezes o valor-de-referência regional, 2% (dois por cento). § 1º. As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. § 2º. Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das custas processuais. § 3º. Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes. § 4º. Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal.

Observação: na fase de EXECUÇÃO as custas processuais SEMPRE serão

recolhidas pelo executado e seu valor será determinado pela tabela

do artigo 789 – A da CLT.

175

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 789-A, CLT. No processo de execução são devidas custas, sempre de responsabilidade do executado e pagas ao final, de conformidade com a seguinte tabela: I - autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil, novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos);II - atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada:a) em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos);b) em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos);III - agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);IV - agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);V - embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);VI - recurso de revista: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);VII - impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);VIII - despesa de armazenagem em depósito judicial - por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avaliação;IX - cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo - sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos).

Conforme visto, a parte vencida deverá recolher as custas para recorrer da

decisão. Suponha que este recurso tenha sido favorável ao vencido, que agora é

vencedor, ocorreu uma inversão da sucumbência. No caso da interposição de

novo recurso pela parte que havia sido vencedora em 1ª instância, as custas

devem ser recolhidas novamente?

Não. Esta hipótese é regulada pela súmula 25 do TST e pela OJ 186 da

SDI – 1, TST:

Súmula 25, TST. A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada, independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originária das quais ficará isenta a parte então vencida.

176

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

OJ 186 SDI – 1, TST. No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou atualização do valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela parte vencida, ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, ressarcir a quantia.

Conclui-se que a partir do recolhimento das custas processuais descabe

novo recolhimento (salvo quando houver acréscimo), diante de uma inversão do

ônus da sucumbência em instância superior. A quantia será ressarcida após o

trânsito em julgado para a parte que efetuou o pagamento e resultou vencedora na

lide.

d) Regularidade de Representação

Na Justiça do Trabalho a parte pode exercer os seus direitos independente

de advogado (ius postulandi). Esta é uma faculdade da parte, que, se preferir,

poderá ser assistida por advogado devidamente constituído nos autos, mediante

instrumento de mandato. Salienta-se que não se exige mais o reconhecimento de

firma do constituinte.

→ Para informações sobre a regularidade de representação consulte a seção

6.2 Representação Processual.

177

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

7. RECURSO ORDINÁRIO

O recurso ordinário equivale à apelação do processo civil (não há apelação

no processo do trabalho). É o recurso interposto das decisões que resolvem o

processo, com ou sem resolução de mérito (definitivas ou terminativas), isto é, das

sentenças de primeiro grau e das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais

do Trabalho (segundo grau) em processos de sua competência originária (dissídio

coletivo, mandado de segurança, ação rescisória, dentre outras).

Todos os recursos do processo do trabalho, exceto os Embargos de Declaração, são compostos por duas partes: a folha de rosto e a folha de razões.

Esta forma dos recursos se justifica quando analisamos o seu trâmite.

Primeiramente, o recurso será encaminhado para o Juízo a quo (que

proferiu a decisão), com a finalidade de que seja realizado o primeiro exame dos

pressupostos de admissibilidade do recurso (tempestividade, depósito, custas e

regularidade de representação, etc.). Preenchidos todos estes requisitos, o Juízo

abre vista à outra parte para apresentar as contra razões no mesmo prazo do

recurso (8 dias). Após o cumprimento destas etapas é que o recurso será remetido

para o Tribunal ad quem que analisará a folha de razões e julgará o recurso.

Note que o trâmite dos recursos no processo do trabalho exige do causídico

um conhecimento da organização da Justiça do Trabalho para não cometer

equívocos no endereçamento da peça. É necessário reconhecer a localização do

processo e à qual órgão este Juízo está subordinado, bem como qual é o recurso

adequado para devolver a matéria ao Poder Judiciário.

Sentença RO RR Emb. TST Rext Juiz TRT TST TST STF

178

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Assim, o RO teria a sua folha de rosto dirigida ao juiz de 1º grau, enquanto

que sua folha de razões deve ser endereçada ao TRT, nos termos do artigo 895,

“a” da CLT.

RECURSO ORDINÁRIO

Juiz do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho da __ RegiãoJuízo de Admissibilidade Razões do Recurso

7.1 HIPÓTESES DE CABIMENTO

As hipóteses de cabimento do recurso ordinário encontram-se previstas

no artigo 895 da CLT. Art. 895, CLT. Cabe recurso ordinário para a instância superior:a) das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos no prazo de 8 (oito) dias;b) das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.§ 1º. Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário:I - (vetado)II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão;IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.

179

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§ 2º. Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.

O artigo prevê duas situações para a interposição do recurso. A hipótese da

alínea “a” fixa que as sentenças (decisões definitivas) proferidas pelo Juiz de 1º

grau poderão ser impugnadas por meio do RO.

A hipótese da alínea “b” é mais complexa, pois estabelece que diante de

uma decisão proferida pelo TRT em uma ação de sua competência originária cabe

o Recurso Ordinário, que será julgado pelo TST.

Cumpre salientar, o que é uma ação de competência originária do TRT e

quais são elas. As ações de competência originária são aquelas PROPOSTAS perante o Tribunal, ou seja, não são analisadas pelo juiz do trabalho, tendo em

vista que a LEI ordena que o TRT julgue tais litígios.

CONCLUSÃO: para que seja uma ação de competência originária do TRT deve

haver previsão legal e sua propositura se fará diretamente neste

órgão.

A decisão definitiva do Tribunal nestas ações poderá ser impugnada por

meio de RO, que será julgado pelo TST. Observe que este RO será dirigido para

órgãos distintos do que o RO previsto pela aínea “a”. Veja o esquema:

Decisão definitiva RO EMB. TST TRT TST TST

RECURSO ORDINÁRIO

TRT Tribunal Superior do Trabalho Juízo de Admissibilidade Razões do Recurso

180

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A ação rescisória e o mandado de segurança são os exemplos mais

comuns de ação de competência originária de Tribunais.

Ação Rescisória

Cada Tribunal detém a competência para julgar ação rescisória oriunda de

sua decisão. Portanto, se a decisão a ser desconstituída foi proferida pelas Varas

do Trabalho a interposição da ação rescisória deverá ser dirigida ao Egrégio

Tribunal Regional do Trabalho.

Se a decisão a ser rescindida foi proferida pelo TRT (ação de sua

competência originária) a competência será do próprio Tribunal de onde se

originou o acórdão.

Por fim, se o acórdão a ser desconstituído foi proferido pelo Tribunal

Superior do Trabalho (ação de sua competência originária) a competência para

rescindir a decisão é do próprio Tribunal Superior do Trabalho.

Sentença Ação Rescisória Juiz 1º Grau TRT Cada Tribunal

Decisão Definitiva Ação Rescisória é competente TRT TRT para julgar AR

Decisão Definitiva Ação Rescisória de suas decisões TST TST

A súmula 158 do TST sustenta o esquema acima, pois afirma que em face

da organização da Justiça do Trabalho caberá RO ao TST diante de decisão

proferida pelo TRT em aça rescisória de sua competência originária.

181

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Súmula 158, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, cabível é o recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista.

Sentença Trânsito em Ação Rescisória RO Emb. TST Juiz julgado TRT TST TST

Apenas a título de esclarecimento, destaca-se que o Recurso Ordinário

será remetido para uma das turmas dos TST, enquanto que os Embargos ao TST

serão analisados pela Seção de Dissídios Individuais.

Turmas do TST

TST SDI (Seções de Dissídios Individuais)

SDC (Seções de Dissídios Coletivos)

Mandado de Segurança

O Mandado de Segurança não é um recurso, mas sim uma AÇÃO, proposta

contra um ato praticado por uma autoridade coatora. Assim como na ação

rescisória, cada Tribunal é competente para julgar seus próprios mandados de

seguranças provenientes de atos praticados por seus membros ou subordinados.

Um mandado de segurança impetrado contra um ato praticado por um juiz

do trabalho deve ser dirigido ao TRT à que está subordinado àquela autoridade.

Ato do MSJuiz 1º Grau TRT

182

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Um mandado de segurança impetrado contra um ato praticado por um

membro do TRT deve ser dirigido ao próprio TRT à que está pertence àquela

autoridade.

Ato do membro MSdo TRT TRT

Um mandado de segurança impetrado contra um ato praticado por um

membro do TST deve ser dirigido ao próprio TST à que pertence àquela

autoridade.

Ato do membro MSdo TST TST

Ante a exposição, percebe-se que o MS impetrado contra ato de juiz do

trabalho, bem como o MS impetrado contra o ato de membro do TRT são casos

de ações de competência originária do TRT. Diante do desenvolvimento do estudo

e a redação do artigo 895, “b” da CLT, é possível concluir que da decisão proferida

pelo TRT em mandado de segurança cabe Recurso Ordinário para o TST (Súmula

201, TST).

Súmula 201, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, correspondendo igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de contrariedade.

Mandado de Segurança RO Emb. TST TRT TST TST (Turma) (SDI)

183

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

7.2 ESTRUTURA DO RECURSO ORDINÁRIO

O Recurso Ordinário é formado pela folha de rosto e pela folha de razões.

Logo, inicia-se o seu desenvolvimento pela folha de rosto, que será endereçada

ao Juízo que proferiu a decisão recorrida. O conteúdo da folha de rosto tem a

função de apresentar (comprovar) o cumprimento dos pressupostos de

admissibilidade e requerer a remessa do recurso para o Juízo ad quem .

A folha de razões, por sua vez, é o recurso propriamente dito e será

constituído da seguinte forma:

♦ I. Preliminares de Mérito♦ II. Prejudiciais de Mérito♦ III. Mérito♦ IV. Requerimentos Finais

.

O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de uma

contestação no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para

auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

RECURSO

ORDINÁRIO

Folha de Rosto (Juízo a quo)

Pressupostos de Admissibilidade(tempestividade, depósito

recursal, custas e regularidade)

Folha Razões (Juízo ad quem)I. Preliminares de MéritoII. Prejudiciais de Mérito

III. Mérito IV. Requerimentos Finais

184

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”

apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO

SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _________ VARA DO

TRABALHO DE ______________.

Recorrente: OPCIONALRecorrido: Avalie a disponibilidade

Autos nº: de espaço físico

NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em

que contende com NOME DO RECORRIDO, também qualificado, vem

respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu

advogado adiante assinado, com fulcro no artigo 893 e 895, alínea “a” da CLT, INTERPOR

RECURSO ORDINÁRIO

para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de

admissibilidade do recurso, dentre os quais de destacam:

a) Tempestividade, tendo em vista que as razões ora apresentadas

respeitaram o prazo legal de 8 dias contados a partir da data de

publicação da sentença, ocorrida em _____.

b) Depósito Recursal, no valor de R$ _____ foi efetuado no prazo

do recurso e está comprovado pela guia GFIP anexa, conforme

185

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

exige a Súmula 245 do TST.

c) Custas Processuais no importe de R$ _____, correspondentes a

2% do valor da condenação, foram recolhidas dentro do prazo do

recurso, comprovado pela guia DARF anexa.

Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso e a

sua posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Local e Data.

Nome do Advogado

OAB nº

_______________________________________________

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.Recorrente:

Recorrido: OPCIONAL Autos nº: Avalie a disponibilidade

Origem: de espaço físico

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIOColenda TurmaEméritos Julgadores

(ELOGIO A SENTENÇA + PEDIDO DE REFORMA)

I – PRELIMINAR DE MÉRITONulidades Processuais Error in Procedendo Anulação da

Sentença

186

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

II – PREJUDICIAIS DE MÉRITOa) Prescrição Bienal

b) Prescrição Quinquenal

III – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, uma vez que o mérito é dependente da proposta)

1. DA ESTABILIDADE

§1 Fato O juízo a quo julgou (im)procedente§2 Fundamento A sentença não merece ser mantida, pois§3 Pedido Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir (excluir) da condenação

2. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

§1 Fato O Juízo a quo julgou (im)procedente§2 Fundamento A sentença não merece ser mantida, pois§3 Pedido Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir (excluir) da condenação

IV - REQUERIMENTOS FINAISConhecimento do Recurso;

Acolhimento da Preliminar de Mérito;

Acolhimento da Prejudicial de Mérito;

Total provimento do mérito, para fins de reforma da sentença.

Nestes Termos,

Pede Deferimento,

Local e Data

Nome do Advogado

OAB nº

187

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

7.3 ANÁLISE DOS TÓPICOS DO RECURSO ORDINÁRIO

► Folha de Rosto do Recurso Ordinário

I. ENDEREÇAMENTO

Já foi mencionado que a folha de rosto deve ser endereçada para o Juízo

que proferiu a decisão. Portanto, se a proposta apresentar um caso em que tenha

sido proferida uma sentença (art. 895, “a”, CLT) o endereçamento não traz

novidades.

Exemplos:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DE ______________.

Ou caso o problema forneça os dados do juízo que proferiu a decisão, o

examinando deverá incluir todos os dados informados no endereçamento.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 4ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA – PR.

188

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

II. QUALIFICAÇÃO

A qualificação do Recurso Ordinário é simples, uma vez que tanto o

Recorrente, quanto o Recorrido, já se manifestaram nos autos, de modo que se

dispensa a qualificação completa das partes, que será substituída pela expressão

"já qualificado nos autos em epígrafe" para o recorrente e “também qualificado”

para o recorrido.

Exemplo:

NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em

que contende com NOME DO RECORRIDO, também qualificado, vem

respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu

advogado adiante assinado, com fulcro no artigo 895, alínea “a” da

CLT, interpor

RECURSO ORDINÁRIO

para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.

Na qualificação da folha de rosto do RO é importante observar a

fundamentação, incluir a alínea do artigo 895 da CLT. Além de expor que a

parte está interpondo o recurso PARA O TRT.

III. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

Os pressupostos de admissibilidade que SEMPRE estarão presentes na

folha de rosto do Recurso Ordinário são: tempestividade, depósito recursal e

custas processuais. A regularidade de representação deve ser mencionada se a

189

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

proposta o sugerir, por exemplo, com a menção de que o advogado acaba de ser

contratado.

O primeiro pressuposto, TEMPESTIVIDADE, não exige muitos dados,

basta mencionar que o recurso é tempestivo, pois respeitou o prazo legal de 8

dias contados a partir da publicação da sentença.

Em relação ao DEPÓSITO RECURSAL três informações são necessárias:

valor do depósito, prazo do recolhimento do depósito, guia de recolhimento.

DEPÓSITO no valor de R$____

RECURSAL no prazo de _____

(Súmula 245) por meio da guia GFIP

Ocorre que a exigibilidade do depósito pode variar de acordo com alguns

fatores, por exemplo, se o recorrente é o empregado ou o empregador, se há ou

não condenação em pecúnia, etc.

Exemplo 1: O Reclamante (empregado) é o recorrente

O depósito recursal não foi efetuado, posto que não é

exigível do Recorrente, tendo em vista a sua natureza de garantia do

Juízo.

Exemplo 2: O Reclamado (empregador) é o recorrente, contudo não há

condenação em pecúnia.

190

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O depósito recursal não foi efetuado, pois nos termos da

súmula 161 do TST, descabe a sua exigibilidade quando não houver

condenação em pecúnia.

Exemplo 3: O Reclamado (empregador) é o recorrente e há condenação em

pecúnia.

O depósito recursal, no valor de R$ _____ foi efetuado no

prazo do recurso e está comprovado pela guia GFIP anexa, conforme

exige a Súmula 245 do TST.

Por fim, as CUSTAS PROCESSUAIS, assim como no depósito recursal,

podem variar em razão da parte e em razão da fase processual.

Lembrete: as custas processuais SEMPRE serão pagas pela parte vencida ou

pelo reclamado, no caso de sucumbência recíproca. Na hipótese de

acordo entre as partes as custas serão rateadas. O reclamante

beneficiário da justiça gratuita e a massa falida estão isentos do

recolhimento das custas. O recolhimento é efetuado por meio de GUIA

DARF dentro do prazo de interposição de recurso no importe de 2%

do valor da condenação ou, na ausência deste, 2% do valor da causa.

Exemplo 1: Sentença totalmente improcedente – Reclamante é o vencido

191

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

As custas processuais foram recolhidas, por meio de guia DARF, no importe de R$ _____, correspondente a 2% do valor da

causa, dentro do prazo do recurso ora interposto.

Exemplo 2: Sentença parcialmente improcedente – sucumbência recíproca,

Reclamado é a parte vencida – RO interposto pelo Reclamado

(empregador)

As custas processuais foram recolhidas no valor de R$ _____,

correspondente a 2% do valor da condenação, no mesmo prazo do

alusivo recurso, conforme demonstra a guia DARF anexa.

Exemplo 3: Sentença parcialmente improcedente – sucumbência recíproca,

Reclamado é a parte vencida – RO interposto pelo Reclamante

(empregado)

As custas processuais não foram recolhidas, tendo em vista que

o Recorrente não é a parte vencida em 1ª instância, portanto incumbe

ao Recorrido o seu adimplemento, nos termos do artigo 789, §1º, CLT.

192

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

IV. PEDIDO

A parte que interpõe um recurso deseja a sua apreciação pelo Juízo ad

quem. Entretanto, é obrigatória a passagem pelo Juízo que proferiu a decisão

recorrida, cuja função é examinar a presença dos pressupostos de

admissibilidade. Após a verificação, o recurso será remetido para o Tribunal.

Portanto, o requerimento da folha de rosto deve evidenciar o cumprimento

dos pressupostos, requerendo o seu recebimento, bem como a sua remessa para

o Juízo ad quem.

Exemplo:

Diante do exposto, tendo em vista que foram observados

todos os pressupostos de admissibilidade, requer-se o

recebimento do presente recurso e a sua posterior remessa ao

Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da _____ Região.

► Folha de Razões do Recurso Ordinário

I. ENDEREÇAMENTO

A folha de razões do Recurso Ordinário deve ser endereçada para o TRT,

na hipótese do artigo 895, “a”, CLT (decisão definitiva proferida por um juiz do

trabalho – sentença) ou para o TST, na hipótese do artigo 895, “b”, CLT (decisão

definitiva proferida pelo TRT em ações de sua competência originária).

Exemplos:

193

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.

OU

AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.Observe que não há qualquer menção a qualificação das partes na folha de

razões, pois a folha de rosto já apresentou todas as informações necessárias.

Deste modo a parte introdutória conterá um elogio a sentença, seguido do pedido

de reforma.

Exemplo:

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.Recorrente:

Recorrido: OPCIONAL Autos nº: Avalie a disponibilidade

Origem: de espaço físico

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIOColenda TurmaEméritos Julgadores

A respeitável sentença proferida na Reclamatória Trabalhista

nº ___ não merece ser mantida, motivo pelo qual se expõe os fatos e

as razões jurídicas para, ao final, requerer a reforma da decisão de

1ª instância.

194

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

OU A respeitável sentença não merece ser mantida, pois o Juízo

de 1ª instância equivocou-se na apreciação das provas constantes

nos autos, merecendo reforma à sentença de primeira instância.

OU A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela

qual requer a sua reforma.

II. PRELIMINARES DE MÉRITO

A Preliminar de Mérito do RO abrange todos os assuntos relacionados às

nulidades processuais e aos problemas no processo. De um modo geral, a

nulidade de um ato ou de um processo ocorre quando lhe falta algum requisito,

que lhe é exigido, conforme previsão legal.

Logo, a defesa da parte na Preliminar de Mérito é processual, não ataca o

mérito, ou seja, o direito material. Aborda questões de ordem formal, que em

algum momento descumpriu um dispositivo legal, causando prejuízo à parte (art.

794, CLT).Art. 794, CLT. Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.

Cabe advertir que o processo do trabalho contempla um capítulo próprio

dedicado às nulidades processuais (arts. 794 a 798, CLT)19, todavia as normas do

CPC também são aplicadas subsidiariamente, desde que compatíveis com as

normas do processo do trabalho, por exemplo, o artigo 301 do CPC.

19 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 337.

195

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Preliminar Problema no processo Artigo 301, CPC

de Mérito Error in procedendo Nulidade da sentença (Arts. 794 – 798, CLT)

No tópico da Preliminar de Mérito requer-se a nulidade da sentença. Porém,

este pedido está incompleto, pois a anulação da sentença gera duas

possibilidades:

♦ retorno dos autos ao Juízo a quo; ou

♦ imediato julgamento pelo TRT (quando a causa versar sobre

questão exclusivamente de direito e o processo estiver em

condições de julgamento – artigo 515, § 3º, CPC).

Art. 515, CPC. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.§ 1º. Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.§ 2º. Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.§ 3º. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.§ 4º. Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação.

Retorno dos autos ao Juízo a quoPreliminar Nulidade da de Mérito Sentença Julgamento pelo TRT questão exclusivamente de direito + processo “maduro”

196

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Isto posto, conclui-se que o requerimento da Preliminar de Mérito deverá

pleitear a nulidade da sentença, bem como o retorno dos autos ao Juízo a quo ou

o julgamento pelo TRT, se estiverem preenchidos os requisitos do art. 515, § 3º do

CPC.

Os exemplos mais comuns na prova da Ordem são a nulidade da citação

ou o cerceamento de defesa.

Exemplo:

O Juízo a quo julgou procedente o pedido de adicional de

periculosidade do Recorrido, com base em um laudo desprovido de

qualquer informação técnica. (Fatos)A sentença não merece ser mantida, pois o Juiz do Trabalho

encerrou a instrução processual antecipadamente, obstando a

Recorrente de questionar o Senhor Perito. Violando, desta forma, o

seu direito de ampla defesa, assegurado pelo art. 5º, LV, da CF/88,

segundo o qual aos litigantes, em processo judicial, são

assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e

recursos a ela inerentes. (Fundamento)Diante do exposto, com fulcro no artigo 794 da CLT, requer

seja decretada a nulidade da sentença, bem como sejam remetidos

os autos para o Juízo de 1ª instância, a fim de reabrir a instrução

processual. Sucessivamente, caso não seja acolhida a Preliminar,

requer a análise do mérito. (Pedido)

Com o intuito de manter coerência entre as idéias, a finalização do tópico

das preliminares de mérito, bem como das prejudiciais de mérito, SEMPRE

197

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

deverão concluir de forma que possibilite a discussão do mérito da causa, na

hipótese do Juízo não acolher as alegações destes tópicos. Exemplo:

Caso não seja este o entendimento deste Juízo, sendo superadas

a preliminar e/ou a prejudicial de mérito. Sucessivamente, requer a análise

em relação ao mérito.

Atenção: A semelhança do tópico das Preliminares de Mérito do RO e do tópico

das Preliminares de Mérito da contestação pode gerar confusão no

momento de redigir a peça.

Note que, apesar da semelhança em relação ao assunto abordado, o

pedido realizado é totalmente diferente para cada peça. Em linhas

gerais:

♦ Na contestação requer-se a extinção do processo (com ou sem a

resolução do mérito).

♦ No recurso ordinário requer-se a nulidade da sentença.

PRELIMINAR DE MÉRITO

RECURSO ORDINÁRIO CONTESTAÇÃO

Requer a NULIDADE Requer a EXTINÇÃODA SENTENÇA DO PROCESSO

(arts. 794 e SS., CLT) (arts. 267 ou 269, CPC)

III. PREJUDICIAIS DE MÉRITO

198

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

As prejudiciais de mérito englobam qualquer assunto referente à prescrição

e decadência, matéria que, se acolhida, obsta a análise do direito material, pois

enseja a extinção do processo COM resolução do mérito.

Tanto o Reclamado, quanto o Reclamante poderão interpor RO, a fim de

tratar sobre prejudiciais de mérito. Por exemplo, da sentença que acolhe a

prescrição bienal extinguindo o processo com resolução do mérito, poderá ser

interposto RO pelo Reclamante, com o objetivo de afastar o acolhimento da

prescrição e a consequente extinção do processo.

Por outro lado, da sentença que não acolhe a prescrição bienal, poderá ser

interposto RO pelo Reclamado, requerendo o seu acolhimento. Oportuno destacar

a súmula 153 do TST, que dispõe:

Súmula 153, TST. Não se conhece de prescrição não argüida na instância ordinária.

Na Justiça do Trabalho as instâncias ordinárias abrangem o Juízo de 1º

grau, bem como os Tribunais Regionais do Trabalho. Portanto, a prescrição

poderá ser arguida pela primeira vez no Recurso Ordinário.

Exemplo 1: RO interposto pelo Reclamante em face de sentença que acolheu a

prescrição bienal.

O Juízo a quo acolheu a prejudicial de mérito alegada pelo

Recorrido, afirmando que o direito do ora Recorrente encontra-se

fulminado pela prescrição bienal. (Fatos)A sentença não merece ser mantida, pois o artigo 7º, XXIX da

CF e o artigo 11 da CLT sustentam que a ação, quanto a créditos

199

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

resultantes das relações de trabalho, prescreve dois anos após a

extinção do contrato de trabalho. (Fundamento)Diante do exposto, requer a reforma da sentença, a fim de que

seja afastada a prescrição bienal. Sucessivamente, caso não seja este

o entendimento deste Juízo requer a análise do mérito. (Pedido)

Exemplo 2: RO interposto pelo Reclamado em face de sentença que acolheu a

prescrição quinquenal, contada a partir da extinção do contrato de

trabalho.

O Juízo a quo acolheu a prescrição quinquenal a partir da

rescisão do contrato de trabalho. (Fatos)A sentença não merece ser mantida, pois o artigo 7º, XXIX da

CF, bem como a súmula 308 do TST regulamentam que a prescrição

da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores

a cinco anos, é contada a partir da data do ajuizamento da reclamação

e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato.

(Fundamento)Diante do exposto, requer a reforma da sentença, a fim de que

seja acolhida a prescrição quinquenal, contada da data do ajuizamento

da ação, extinguindo o processo com resolução do mérito em relação

às parcelas anteriores aos últimos cinco anos, desde a propositura da

Reclamatória Trabalhista. Sucessivamente, caso não seja este o

entendimento deste Juízo requer a análise do mérito. (Pedido)

200

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

IV. MÉRITO

Superadas as preliminares e prejudiciais, inicia-se o desenvolvimento do

mérito do Recurso Ordinário.

O mérito do RO deve conter alegações fundamentadas e demonstrar os

motivos que pelos quais a decisão, no tocante ao mérito, também merece reforma

pelo Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.

Cada argumento deve ser desenvolvido em um tópico específico, o qual

será nominado de forma a evidenciar os interesses do cliente e conter dispositivos

legais pertinentes. Finalize os tópicos com frases que demonstrem coesão e

coerência do texto, evidenciando a necessidade de reforma da sentença.

Exemplo: RO do Reclamante

O Juízo a quo julgou improcedente o pedido de condenação

do Reclamado ao pagamento de horas extras, bem como os seus

reflexos em descanso semanal remunerado e com este em aviso

prévio, 13º salário, férias acrescidas do terço constitucional, FGTS

(depósitos e multa de 40%). (Fatos) A sentença não merece ser mantida, pois restou

comprovada a jornada extraordinária, por meio da confissão do

preposto do Recorrido, o qual afirmou que a jornada de trabalho

semanal do Recorrente 50 horas semanais. Claramente houve

violação do art. 7º, XIII da CF e do artigo 58, CLT, os quais

determinam que é um direito do trabalhador a duração máxima do

trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais. (Fundamento)Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir

na condenação o pagamento das horas extraordinárias, assim

consideradas todas as horas excedentes da 8ª diária e 44ª

201

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

semanal, acrescidas do adicional de 50%, nos termos do art. 7º,

XVI da Constituição Federal. Ademais, requer também a inclusão

dos devidos reflexos, diante da habitualidade, em descanso

semanal remunerado e com este em aviso prévio, décimo terceiro

salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos

e multa de 40%). (Pedido)

Atenção: não é possível inventar fatos que não foram expostos na proposta,

examinando está restrito a estas informações. Diante da falta de dados

o mais indicado é deixar um espaço em branco ou utilizar frases

genéricas, conforme o exemplo:

A sentença não merece ser mantida, pois a jornada extraordinária

restou comprovada pelos demais elementos constantes nos autos, uma vez

que a jornada extrapolava 8ª hora diária e 44ª semanal, violando o artigo 7º,

XIII da CF e do artigo 58, CLT.

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir na

condenação o pagamento das horas extraordinárias, bem como os reflexos

em descanso semanal remunerado e com este em aviso prévio, décimo

terceiro salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS (depósitos

e multa de 40%).

V. REQUERIMENTOS FINAIS

Os requerimentos finais do Recurso Ordinário reclamam ao TRT o

conhecimento do recurso, bem como o seu total provimento em relação ao mérito, com o objetivo de reformar a decisão de 1ª instância.

202

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Exemplo:

Ante o exposto, requer o conhecimento do recurso e, no mérito, o seu provimento, reformando-se a sentença nos pontos supra atacados.

Lembrete: caso o RO apresente preliminar de mérito e/ou prejudicial de mérito é

imprescindível que o examinando reitere o acolhimento destes tópicos

nos requerimentos finais.

Conhecimento do Recurso

REQUERIMENTOS Acolhimento da Preliminar de Mérito

FINAIS RO Acolhimento da Prejudicial de Mérito

Total provimento do mérito p/ fins de reforma da sentença

Exemplo:

Com todo o exposto, requer conhecimento do recurso, bem

como o acolhimento da Preliminar de Mérito. Caso seja superada a

Preliminar, sucessivamente requer, no mérito, o seu provimento,

para fins de reforma da sentença.

FINALIZE A SUA PEÇA!

203

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local, data

Nome do Advogado

OAB Nº

Cuidado: Não identifique a prova. Não faça riscos / traços sobre o nome. Não

pule linhas. É importante seguir as orientações descritas na prova. Não

deve ser feito qualquer espécie de marca na assinatura da peça além de

“Nome do Advogado – OAB nº”, sob pena de ser considerada

identificação de prova.

8. AGRAVO DE INSTRUMENTO

8.1 HIPÓTESES DE CABIMENTO

O agravado de instrumento no processo de trabalho tem uma finalidade

específica: “destrancar” outro recurso.

204

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Salvo os embargos de declaração, os demais recursos do processo do

trabalho são dirigidos, previamente, para o Juízo que proferiu a decisão

impugnada, a fim de que seja analisado o cumprimento dos pressupostos de

admissibilidade do recurso. Caso o Juízo a quo impeça a tramitação regular do

recurso, pois entendeu que os pressupostos não estão presentes, o meio

apropriado para impugnar este despacho que nega seguimento ao recurso é o

agravo de instrumento (artigo 897, “b”, CLT).

O cabimento do agravo de instrumento é limitado, uma vez que cabe

somente dos despachos que denegarem a interposição de recurso.

Art. 897, CLT. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.§ 1º. O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença.§ 2º. O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de petição não suspende a execução da sentença.§ 3º. Na hipótese da alínea a deste artigo, o agravo será julgado pelo próprio Tribunal, presidido pela autoridade, salvo se tratar de decisão de decisão de Juiz do Trabalho de 1ª Instância ou do Juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma das Turmas do Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da sentença, observado o disposto no Art. 679 desta Consolidação, a quem este remeterá as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em autos apartados, ou nos próprios autos, se tiver sido determinada a extração de carta de sentença. § 4º. Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.§ 5º. Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de interposição:

205

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, da comprovação do depósito recursal e do recolhimento das custas;II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito controvertida.§ 6º. O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos. § 7º. Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso. § 8º. Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em apartado, conforme dispõe o § 3º, parte final, e remetidas à instância superior para apreciação, após contraminuta.

O agravo de instrumento poderá ser interposto em face das “decisões que

denegarem seguimento a recurso ordinário, de revista, extraordinário, adesivo,

agravo de petição e, por óbvio, contra as decisões que denegarem seguimento ao

próprio agravo de instrumento. Não cabe agravo de instrumento das decisões que

denegarem seguimento ao recurso de embargos ao TST, pois, nesse caso, o

recurso adequado é o agravo regimental”. 20

O artigo 269 do Regimento Interno do TST prevê a hipótese de cabimento

do agravo de instrumento contra despacho denegatório do recurso extraordinário.

Art. 269, Regimento Interno TST. Cabe agravo de instrumento contra despacho denegatório do recurso extraordinário, no prazo de dez dias, contados de sua publicação no órgão oficial.

20 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 731.

206

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

8.2 TRÂMITE DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

O agravo de instrumento será dirigido para o juiz prolator do despacho, no

prazo de oito dias, para que este reforme ou confirme a decisão que denegou

seguimento ao recurso principal. Note que o juiz poderá reformar a decisão, logo o

agravo de instrumento admite juízo de retratação.

Caso o juiz confirme a decisão e conheça o agravo, o agravado será

intimado para apresentar a contra minuta ao agravo de instrumento, bem como as

contrarrazões ao recurso principal, no prazo de 8 dias (art. 897, § 6º, CLT).

O agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o

recurso cuja interposição foi denegada (art. 897, § 4º, CLT).

SENTENÇA RECURSO ORDINÁRIO

Juiz do TrabalhoNão recebeu o RO AGRAVO DE INSTRUMENTO (trancado)

Juiz do Trabalho TRT

Agravo de Instrumento + Contra Minuta do Agravo de Instrumento Recurso Ordinário + Contra razões do Recurso Ordinário

Provido o agravo pelo Juízo ad quem, a Turma deliberará sobre o

julgamento do recurso principal (art. 897, § 7º, CLT). Logo, se não for provido, o

recurso principal restará prejudicado.

Oportuno interpretar, neste momento, a súmula 218 e 353 do TST. A

primeira veda a interposição de recurso de revista em face de uma decisão do

207

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

TRT que julga o agravo de instrumento, eis que não se trata de decisão que

aprecie o mérito. Súmula 218, TST. É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado em agravo de instrumento.

Nesta esteira, a súmula 353 veda a interposição de Embargos ao TST (SDI)

em face de uma decisão do TST (turma) que julga o agravo de instrumento,

EXCETO:

♦ quando a decisão que não conhece do agravo de instrumento se fundamentar na ausência dos pressupostos extrínsecos deste recurso;

♦ quando a decisão que nega provimento ao agravo for contrária à decisão monocrática do Relator e sustentar a ausência dos pressupostos extrínsecos deste recurso;

♦ para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo;

♦ para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento;

♦ para impugnar a imposição de multas previstas no art. 538, parágrafo único, do CPC, ou no art. 557, § 2º, do CPC.

Súmula 353, TST. Não cabem embargos para a Seção de Dissídios Individuais de decisão de Turma proferida em agravo, salvo: a) da decisão que não conhece de agravo de instrumento ou de agravo pela ausência de pressupostos extrínsecos; b) da decisão que nega provimento a agravo contra decisão monocrática do Relator, em que se proclamou a ausência de pressupostos extrínsecos de agravo de instrumento; c) para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo; d) para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento; e) para impugnar a imposição de multas previstas no art. 538, parágrafo único, do CPC, ou no art. 557, § 2º, do CPC.

8.3 DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

208

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O § 5º do artigo 897 da CLT estabelece quais os documentos obrigatórios

que formarão o instrumento do agravo, cujo objetivo é possibilitar o imediato

julgamento do recurso principal diante o provimento do agravo.

Peças obrigatórias: cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva

intimação, das procurações outorgadas aos advogados do

agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação,

da decisão originária, da comprovação do depósito recursal

e do recolhimento das custas;

Peças facultativas: outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da

matéria de mérito controvertida.

O instrumento do agravo, se imperfeito, pode ensejar o não conhecimento

do mesmo.

Observação: o comprovante de depósito recursal, bem como do recolhimento de

custas, mencionado no § 5º, I, artigo 897 da CLT, refere-se ao

recurso principal, pois O AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO EXIGE

PREPARO.

A procuração do agravante e do agravado são peças obrigatórias do

instrumento do agravo. No entanto, é comum na prática trabalhista o mandato

tácito, que se configura quando o advogado comparece a audiência com a parte.

Nestes casos, não consta nos autos um mandato expresso, portanto entende o

TST que a juntada da ata de audiência, na qual compareceu o procurador é

suficiente para suprir a procuração expressa (OJ 286, SDI – 1, TST)

OJ 286, SDI – 1, TST. A juntada da ata de audiência, em que está consignada a presença do advogado do agravado, desde que não estivesse atuando com mandato expresso, torna dispensável a procuração deste, porque demonstrada a existência de mandato tácito.

209

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

8.4 ESTRUTURA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

A folha de rosto do Agravo de Instrumento expõe apenas os pressupostos

de admissibilidade, ou seja, as peças obrigatórias do traslado. Será dirigida ao

Juízo negou seguimento ao recurso principal.

Já a minuta será endereçada ao Juízo ad quem, competente para julgar o

Agravo de Instrumento, bem como o recurso principal. A minuta do agravo será

formada apenas pela exposição da falta de fundamentação dos motivos que

negou seguimento ao recurso e pelo pedido provimento do agravo, a fim de dar

seguimento ao recurso principal.

O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de um agravo de

instrumento no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para

auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”

apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO

SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

Modelo: Agravo de Instrumento interposto contra decisão do Juiz do Trabalho que negou

seguimento ao Recurso Ordinário interposto em face da sentença.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABALHO DE _________.

Agravante OPCIONALAgravado Avalie a disponibilidade

Autos nº de espaço físico

210

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

NOME DO AGRAVANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que

contende com NOME DO AGRAVADO, vem respeitosamente perante

Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado,

para com fulcro no artigo fulcro no artigo 897, alínea “b” da CLT,

INTERPOR:

AGRAVO DE INSTRUMENTO

conforme minuta anexa.

Para tanto indica as seguintes peças do translado, conforme exige

o art. 897, § 5º da CLT:

- Decisão agravada

- Certidão de intimação

- Procurações de ambas as partes

- Petição inicial

- Contestação

- Decisão originária

- Guia deposito recursal

- Comprovante recolhimento das custas.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, requer o

recebimento do presente agravo de instrumento, com sua posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

211

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Local e data.

Nome do Advogado

OAB n°

____________________________________________

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA _____ REGIÃO.

Agravante OPCIONALAgravado Avalie a disponibilidade

Autos nº de espaço físico

Origem

MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTOColenda TurmaEméritos Julgadores

(ELOGIO AO DESPACHO + PEDIDO DE REFORMA )

I – FRASE DE EFEITO (exemplo: DA TEMPESTIVIDADE, DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL)

§1 Fato O juízo a quo julgou não recebeu o recurso§2 Fundamento O despacho não merece ser mantido, pois§3 Pedido Diante do cumprimento de todos os pressupostos de admissibilidade, requer a reforma do despacho.

II – REQUERIMENTOS FINAIS

212

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Ante o exposto, requer o conhecimento do presente agravo, bem

como o seu provimento, determinando o recebimento e o processamento do Recurso Ordinário.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Local e data.

Nome do Advogado

OAB n°

Observe que o conhecimento da organização da Justiça do Trabalho, bem

como da Teoria Geral dos Recursos, é essencial para que o Agravo de

Instrumento seja endereçado corretamente.

Sentença RO RR Emb. TST Rext Juiz TRT TST TST STF

A seguir, uma peça completa, considerando um caso hipotético: um

Recurso de Revista foi interposto em face de um acórdão do TRT, cuja

fundamentação encontra divergência jurisprudencial nos acórdãos da SDI do TST.

Este RR não foi recebido pelo presidente do TRT (a folha de rosto do RR é

endereçada ao presidente do TRT), pois os pressupostos de admissibilidade não

estariam presentes, logo o recurso está “trancado”.

213

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO

TRABALHO DA _________ REGIÃO.

Agravante OPCIONALAgravado Avalie a disponibilidade

Autos nº de espaço físico

NOME DO AGRAVANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que

contende com NOME DO AGRAVADO, vem respeitosamente perante

Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado,

para com fulcro no artigo fulcro no artigo 897, alínea “b” da CLT,

INTERPOR:

AGRAVO DE INSTRUMENTO

conforme minuta anexa.

Para tanto indica as seguintes peças do translado, conforme

exige o art. 897, § 5º da CLT:

- Decisão agravada

- Certidão de intimação

- Procurações de ambas as partes

- Petição inicial

- Contestação

- Decisão originária

- Guia deposito recursal

214

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

- Comprovante recolhimento das custas.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, requer-se o

recebimento do presente agravo de instrumento, com sua posterior remessa ao Colendo TST.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Local e data.

Nome do Advogado

OAB n°

______________________________________________

AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

Agravante OPCIONALAgravado Avalie a disponibilidade

Autos nº de espaço físico

Origem

MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTOColenda TurmaEméritos Julgadores

O respeitável despacho que denegou seguimento ao Recurso de

Revista não merece ser mantido, razão pela qual requer a sua reforma,

a fim de que seja processado regularmente o recurso.

I – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL

O presidente do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ____

215

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Região denegou seguimento ao Recurso de Revista interposto pelo ora

agravante, sob a alegação de que não o agravante não conseguira

demonstrar a divergência jurisprudencial que o fundamentasse. (Fatos)O despacho não merece ser mantido, pois os acórdãos da Seção

de Dissídios Individuais deste Colendo TST, trazidos à colação,

demonstram claramente divergências de interpretação do art. 76 da

CLT. Logo, o agravante cumpriu o art. 896, § 4º da CLT, que exige uma

divergência apta a ensejar o recurso de revista, ou seja, atual, eis não

pode estar ultrapassada por súmula ou superada por iterativa e notória

jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. (Fundamento)Diante do cumprimento de todos os pressupostos de

admissibilidade do Recurso de Revista, inclusive em relação a hipótese

de cabimento prevista pelo artigo 896, “a” da CLT, pois trata-se de

divergência jurisprudencial atual entre os acórdãos da SDI, requer a

reforma do despacho. (Pedido)

II – REQUERIMENTOS FINAIS

Ante o exposto, requer o conhecimento do presente agravo, bem

como o seu provimento, determinando o recebimento e o

processamento do Recurso de Revista.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Local e data.

Nome do Advogado

OAB n°

216

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

9. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Os embargos de declaração estão previstos no artigo 897-A, CLT, embora

os dispositivos do CPC (artigos 535-538) também sejam aplicados

subsidiariamente.

No processo do trabalho, os embargos de declaração representam o meio

adequado para impugnar, no prazo de cinco dias, sentença ou acórdão quando

estas decisões apresentarem omissão, contradição, obscuridade ou manifesto

equívoco na análise dos pressupostos extrínsecos do recurso. Pondera-se que

esta última hipótese de cabimento, exclusiva do processo do trabalho, trata dos

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DO RECURSO (tempestividade, depósito

recursal, custas e regularidade de representação).

Art. 897-A, CLT. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. Parágrafo único. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.

Outra hipótese de cabimento dos embargos declaratórios está na súmula

421, I do TST. Diante de uma decisão monocrática do relator (artigo 557, CPC) é

cabível a interposição de embargos de declaração para suprir omissão, que

também serão julgados por decisão monocrática.

Súmula 421, TST. Embargos Declaratórios - Justiça do Trabalho - Decisão Monocrática – Cabimento. I - Tendo a decisão monocrática de provimento ou denegação de recurso, prevista no art. 557 do CPC, conteúdo decisório definitivo e conclusivo da lide, comporta ser esclarecida pela via dos embargos de declaração, em decisão aclaratória, também monocrática, quando se pretende tão somente suprir omissão e não, modificação do julgado.II - Postulando o embargante efeito modificativo, os embargos declaratórios deverão ser submetidos ao

217

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

pronunciamento do Colegiado, convertidos em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual.

Art. 557, CPC. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. § 1º - A. Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso.§ 1º. Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. § 2º. Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um a dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor.

A súmula 297, II do TST, por sua vez, admite a interposição dos Embargos

Declaratórios com o intuito de prequestionar a matéria. Adiante, será analisado o

Recurso de Revista, ocasião em que será mencionado outro pressuposto

extrínseco exclusivo deste recurso e dos Embargos ao TST. Sinteticamente, o

prequestionamento exige que “o acórdão contra o qual se recorre deve conter, de

forma explícita, referência à tese que se deseja impugnar. Às vezes, o Tribunal

Regional, ao julgar, omite-se a respeito de um argumento utilizado nas razões ou

contra razões do recurso. Tal ocorrendo, compete à parte oferecer embargos de

declaração, sob pena de preclusão.” 21 Corrobora este entendimento a Súmula

184, TST. Súmula 297, TST. I - Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.II - Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o

21 PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Súmulas do TST comentadas. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2008. p. 251.

218

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.III - Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração.

Súmula 184, TST. Embargos de Declaração Trabalhista – Omissão em Recurso de Revista ou Embargos – Preclusão. Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos.

Como visto, este recurso é uma exceção em relação à unificação dos

prazos na Justiça do Trabalho (cinco dias). Ademais, importante relembrar a OJ

192 da SDI – 1 do TST que confirma a contagem do prazo em dobro para os entes

públicos que não exploram a atividade econômica, tendo em vista que os

embargos declaratórios são considerados um recurso.

OJ 192, SDI – 1, TST. Embargos Declaratórios. Prazo e dobro. Pessoa Jurídica de Direito Público. Decreto-Lei 779/69. É em dobro o prazo para a interposição de Embargos Declaratórios por pessoa jurídica de Direito Público.

Entretanto, o prazo diferenciado não é a única distinção dos embargos de

declaração em relação aos outros recursos do processo do trabalho. Observe que

este recurso não será julgado por um órgão superior àquele que proferiu a

decisão, pois não se trata de nova apreciação da matéria, mas tão somente de

eliminar eventual vício na decisão originado por omissão, obscuridade,

contradição ou manifesto equívoco em relação aos pressupostos extrínsecos. O

julgamento cabe ao àquele membro do Poder Judiciário, que proferiu a decisão

embargada, logo a folha de rosto não é necessária, eis que o recurso é dirigido

diretamente ao Juízo que o apreciará. Portanto, o recurso é formado apenas pela

folha de razões.

Atenção: a interposição de embargos de declaração INTERROMPE (zera) o

prazo para interposição de outros recursos até que seja proferida a

219

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

decisão relativa aos embargos. Com o intuito de evitar um

aproveitamento inadequado deste recurso, há previsão para aplicação

de multa se os embargos forem manifestamente protelatórios.

Art. 538, CPC. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes. Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.

► EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM EFEITO MODIFICATIVO

Os embargos de declaração, geralmente, visam apenas suprir uma

omissão, obscuridade, contradição ou manifesto equívoco em relação aos

pressupostos extrínsecos. Contudo, existem situações, que a fim de suprir a

lacuna da decisão embargada, ensejará, por conseguinte, a sua reforma.

Por exemplo, “a ré argúi prescrição na contestação e a sentença, omissa

quanto a esse ponto, julga procedente o pedido do reclamante. Interpostos os

embargos declaratórios pela ré contra tal omissão, e se eles forem providos para

sanar a omissão, o juiz pode, de fato, pronunciar a prescrição e julgar extinto o

processo com resolução do mérito, nos termos do artigo 269, IV do CPC. Houve,

assim, a reforma da sentença e, nesse caso, o recurso de embargos declaratórios

devolveu ao juiz o conhecimento da matéria impugnada.“ 22

Observação: a Súmula 278 do TST foi enunciada anteriormente a Lei 9957/2000,

que acrescentou o artigo 897-A da CLT, cuja redação prevê,

expressamente, o efeito modificativo deste recurso não só em

relação ao julgamento de embargos que supre a omissão, mas 22 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São

Paulo: Ltr, 2009. p. 747.

220

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

também nos casos de contradição e manifesto equívoco no exame

dos pressupostos extrínsecos do recurso. Apesar de a súmula estar

superada, pois dispõe sobre matéria que já encontra previsão legal,

continua em vigor. Portanto, perante uma questão, que aborde os

embargos de declaração, que visam suprir omissão é válido citar a

Súmula 278 do TST, além do artigo 897-A da CLT, que

obrigatoriamente constará na resposta.

Súmula 278, TST. A natureza da omissão suprida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar efeito modificativo no julgado.

No trâmite regular dos embargos de declaração não há manifestação da

outra parte. Contudo, diante de embargos declaratórios com efeito modificativo

deve ser concedida vista à parte contrária, sob pena de nulidade da decisão que

acolheu este recurso. Este é o entendimento da OJ 142 da SDI – 1 do TST , cujo

fundamento está na violação do Princípio do Contraditório (artigo 5º, LV, CF).

OJ 142, SDI – 1, TST. Embargos Declaratórios. Efeito Modificativo. Vista à parte contrária. É passível de nulidade decisão que acolhe Embargos Declaratórios com efeito modificativo sem oportunidade para a parte contrária se manifestar.

Outra peculiaridade dos embargos de declaração com efeito modificativo é

a possibilidade de interposição de RO complementar.

Por exemplo, o Reclamado interpôs um RO após o terceiro dia da

publicação da sentença. No entanto, no quinto dia, o Reclamante interpôs

embargos de declaração com efeito modificativo. Nesta hipótese, se o juiz do

trabalho acolher o recurso, alterando a decisão, o Reclamado poderá interpor um

RO Complementar, contudo versará exclusivamente sobre a matéria acrescida pelos embargos declaratórios.

221

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

10. RECURSO DE REVISTA

O recurso de revista tem o objetivo de uniformizar a jurisprudência. É

interposto em face de decisões em recursos ordinários proferido pelos Tribunais

Regionais do Trabalho em DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DO TRABALHO.

Sentença RO RR Emb. TST Juiz TRT TST (Turma) TST (SDI)

Turmas do TST

TST SDI (Seções de Dissídios Individuais)

SDC (Seções de Dissídios Coletivos)

Registre-se que os dissídios coletivos são ações de competência originária

dos Tribunais, quando de competência do TRT, de seu acórdão caberá recurso

ordinário (artigo 895, “b”, CLT) para uma das turmas do TST. E desta decisão

caberia o recurso de Embargos ao TST para a Seção de Dissídios Coletivos.

Dissídio Coletivo RO Emb. TST TRT TST (Turma) TST (SDC)

10.1 HIPÓTESES DE CABIMENTO

Antes de especificar as hipóteses específicas de cabimento do RR,

destaca-se que este é um recurso de instância extraordinária, logo não há

reapreciação de fatos e provas, a análise é restrita às questões exclusivamente de

direito (súmula 126, TST).Súmula 126, TST. Incabível o recurso de revista ou de embargos (CLT, artigos 896 e 894, “b”, CLT) para reexame de fatos e provas.

222

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O artigo 896 da CLT estabelece em quais circunstâncias é cabível o

Recurso de Revista, no prazo de oito dias contados a partir da publicação da

decisão do TRT.

Art. 896, CLT. Cabe recurso de revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme desta Corte; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente na forma da alínea "a"; e c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.§ 1º. O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão.§ 2º. Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá recurso de revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal.§ 3º. Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à uniformização de sua jurisprudência, nos termos do Livro I, Título IX, Capitulo I do CPC, não servindo a súmula respectiva para ensejar a admissibilidade do recurso de revista quando contrariar Súmula da Jurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. § 4º. A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. § 5º. Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao recurso de revista, aos Embargos, ou ao agravo de

223

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

instrumento. Será denegado seguimento ao recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de agravo.§ 6º. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta da Constituição da República.

Não cabe Recurso de Revista no procedimento sumário, pois é rito de

instância única. Assim, o único recurso cabível da decisão proferida sob o

procedimento sumário, por força do artigo 102, III, CF, é o Rext.

PROCEDIMENTOORDINÁRIO

(Art. 896, “a”, “b”, “c”)

PROCEDIMENTOSUMARÍSSIMO

(Art. 896, §6º, CLT)

EXECUÇÃO

(Art. 896, §2º, CLT)

TRT ≠ TRT“a” AC TRT ≠ SDI OJ

__________

“b” TRT ≠ SÚMULA

___________“c”

CONTRARIEDADE ACONSTITUIÇÃOFEDERAL OU ALEI FEDERAL

OFENSA A

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

E A SÚMULAS

OFENSA ACONSTITUIÇÃO

FEDERAL

“Recurso de Revista na execução, só quando

ofender a Constituição!”

♦ Procedimento OrdinárioO recurso de revista é cabível quando o acórdão do TRT contrariar a

Constituição Federal, Lei Federal, Súmulas, OJ’s e ainda quando contrariar

acórdão da SDI ou de outro TRT.

224

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Observação: se a divergência ocorrer entre acórdãos de Tribunais Regionais do Trabalho, estes devem ser, necessariamente, distintos (OJ 111, SDI – 1, TST). O TST entende que os TRT’s devem uniformizar a sua jurisprudência.

OJ 111, SDI – 1, TST. Não é servível ao conhecimento do recurso de revista aresto oriundo do mesmo Tribunal Regional do Trabalho, salvo se o recurso houver sido interposto anteriormente à vigência da Lei 9756/98.

A possibilidade de interposição de RR prevista no artigo 896, alíneas “a” e

“b” configuram uma divergência jurisprudencial entre os órgãos do Poder

Judiciário.

O entendimento do TST, consagrado pela súmula 296 e súmula 337, afirma

que esta divergência jurisprudencial há de ser específica e não basta ser alegada,

mas deve ser comprovada por meio de juntada da certidão ou cópia autenticada

do acórdão paradigma ou citação da fonte oficial ou o repositório autorizado em

que foi publicado; além da transcrição, nas razões recursais, as ementas e/ou

trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito

de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se

encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso.

Súmula 296, TST. I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram. II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso.

Súmula 337, TST. I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente:a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; eb) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que

225

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores.

♦ Procedimento Sumaríssimo

O recurso de revista é cabível quando o acórdão do TRT contrariar a

Constituição Federal ou Súmulas.

♦ Execução

Nesta fase do processo, o recurso de revista é cabível somente diante de

ofensa literal e direta a Constituição Federal.

Súmula 266, TST. A admissibilidade do recurso de revista contra acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal.

Atenção: na execução o recurso cabível para impugnar a sentença é o agravo de

petição. Portanto, o RR será interposto em face do acórdão proferido no

agravo de petição.

Sentença AG. DE PETIÇÃO RR Juiz TRT TST

226

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

10.2 PREQUESTIONAMENTO

O prequestionamento é um pressuposto extrínseco do Recurso de Revista,

que impõe como condição para admissibilidade do recurso de revista, o

pronunciamento prévio e explícito sobre a matéria veiculada no recurso. Assim, o

TST só conhecerá o recurso, perante a manifestação explícita do TRT no acórdão

sobre a discussão abordada no RR. Inclusive, diante da omissão do Tribunal

sobre o assunto, a Súmula 297, II do TST, prevê hipótese de cabimento de

embargos de declaração, a fim de provocar o pronunciamento para fins de

questionamento. Súmula 297, TST. I - Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.II - Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.III - Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração.

Súmula 184, TST. Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos.

Registre-se que a palavra “explicitamente” no inciso I da súmula 297 do

TST não faz alusão ao dispositivo legal, o que deve estar em evidência é a tese

sustentada na decisão, sendo indiferente a referência expressa da norma legal,

este é o entendimento da OJ 118, SDI – 1 do TST:

OJ 118, SDI – 1, TST. Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como prequestionado este.

A interpretação desta OJ é válida somente para as alíneas “a” e “b” do

artigo 896, CLT, eis que a súmula 221, I do TST “fixou posição no sentido de, em

se tratando de violação a lei federal ou à CF (alínea “c”, art. 896, CLT), deve ser

227

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

feita a indicação expressa do dispositivo legal violado ou da norma constitucional

afrontada.” 23

Súmula 221, TST. I - A admissibilidade do recurso de revista e de embargos por violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado. II - Interpretação razoável de preceito de lei, ainda que não seja a melhor, não dá ensejo à admissibilidade ou ao conhecimento de recurso de revista ou de embargos com base, respectivamente, na alínea "c" do art. 896 e na alínea "b" do art. 894 da CLT. A violação há de estar ligada à literalidade do preceito.

Recomendação

Leitura das seguintes Orientações

Jurisprudenciais, relacionadas ao RR:

♦ 62, SDI – 1, TST;

♦ 119, SDI – 1, TST;

♦ 219, SDI – 1, TST;

♦ 334, SDI – 1, TST.

10.3 ESTRUTURA DO RECURSO DE REVISTA

RECURSO DE REVISTA

Presidente do TRT TST Juízo de Admissibilidade Razões do Recurso

O Recurso de Revista, assim como o RO e o agravo de instrumento é

composto pela folha de rosto e pela folha de Razões. O RR não possui o efeito 23 PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Orientações Jurisprudenciais do TST: comentadas. São

Paulo: Ltr, 2009. p. 89.

228

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

suspensivo, sendo que a norma legal prevê apenas o efeito devolutivo para este

recurso.

A folha de rosto deve ser apresentada ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer

caso, a decisão (art. 896, §1º, CLT). O Presidente do TRT analisará a presença

dos pressupostos de admissibilidade do RR (tempestividade, depósito recursal,

custas processuais, regularidade de representação, prequestionamento e etc.). O

Presidente do TRT pode delegar o exame dos pressupostos do RR para o Vice

Presidente, de acordo com a previsão do Regimento Interno.

§ 1º. O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão.

* TempestividadePRESSUPOSTOS DE * Depósito RecursalADMISSIBILIDADE * Custas DO RR * Regularidade de Representação * PREQUESTIONAMENTO

“Admitido o processamento do RR pelo Presidente do TRT, será intimado o

recorrido para tomar ciência da decisão e, querendo, contra-arrazoar,

oportunidade em que poderá apresentar recurso adesivo (Súmula 283 TST). Em

seguida, os autos serão remetidos ao TST. Neste, o RR será submetido a dois

novos exames de admissibilidade: o primeiro é exercido monocraticamente pelo

Ministro Relator; o segundo, pela Turma.” 24

Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da

Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator,

indicando-o, negar seguimento ao Recurso de Revista. O mesmo ocorrerá com os

Embargos e o ao Agravo de Instrumento. Também será denegado seguimento ao

24 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 712.

229

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e

ilegitimidade de representação, casos em que caberá a interposição (art. 896, §5º,

CLT). § 5º. Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao recurso de revista, aos Embargos, ou ao agravo de instrumento. Será denegado seguimento ao recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de agravo.

O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de um recurso de

revista no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para

auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”

apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO

SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

RECURSODE

REVISTA

Folha de RostoPresidente do TRT

Pressupostos de Admissibilidade(tempestividade, depósito, custas, regularidade de representação e

PREQUESTIONAMENTO)

Folha RazõesTST

I. Preliminares de MéritoII. Prejudiciais de Mérito

III. Mérito IV. Requerimentos Finais

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NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ___ REGIÃO

Recorrente OPCIONALRecorrido Avalie a disponibilidadeAutos nº de espaço físicoOrigem

NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em

que contende com NOME DA RECORRIDA, também qualificada, vem

respeitosamente perante Vossas Excelências, por intermédio de seu

advogado abaixo assinado, com fulcro no artigo 893 e artigo 896, alínea “c” da CLT, INTERPOR: pode variar dependendo do rito e da hipótese de cabimento.

RECURSO DE REVISTA

para o Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de

admissibilidade deste recurso, dentre os quais se destacam:

1) Tempestividade – a publicação do acórdão ocorreu no dia _____.

Logo, o presente recurso é tempestivo, tendo em vista que a

interposição ocorreu dentro do prazo oito dias, ou seja, ______.

2) Depósito Recursal, foi efetuado no valor de R$ _____, no prazo do

231

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

recurso e está comprovado pela guia GFIP anexa, conforme exige a

Súmula 245 do TST.

3) Custas Processuais já foram recolhidas quando da interposição do

recurso ordinário, no valor de R$ ____. Frisa-se que não houve

acréscimo no valor das custas e, portanto, não há valor algum a ser

recolhido.

4) Prequestionamento. A matéria objeto do presente recurso foi

devidamente prequestionada no Tribunal Regional do Trabalho,

tendo sido atendida, portanto, a Súmula nº 297 do Colendo TST.

Diante do exposto, requer o RECEBIMENTO do presente

recurso e a sua posterior REMESSA ao Colendo Tribunal Superior do

Trabalho.

Nesses Termos,

Pede deferimento.

Local e Data.

Nome do Advogado

OAB nº.

AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

Recorrente OPCIONALRecorrido Avalie a disponibilidadeAutos nº de espaço físicoOrigem

232

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

RAZÕES DO RECURSO DE REVISTAColenda Turma

Eminentes Ministros.

(ELOGIO A SENTENÇA + PEDIDO DE REFORMA )

I – PRELIMINARES DE MÉRITO

II – PREJUDICIAIS DE MÉRITO

II – MÉRITO§1º O acórdão (in)deferiu

§2º Tal decisão caracteriza (...). Observe-se:

§3º O (dispositivo legal) estabelece o seguinte: (transcrever o

dispositivo)

§4º Apesar de (dispositivo legal), dispor que (...), o acórdão posicionou-

se de forma contrária, estabelecendo que (...)

§5º Diante do exposto, requer a reforma da decisão a fim de (...).

III – REQUERIMENTOS FINAISEm face de todo o exposto, requer seja conhecido e provido o

presente recurso de revista, reformando-se o acórdão nos pontos

supra atacados.

Nesses Termos,

Pede deferimento.

233

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Local e Data.

Nome do Advogado

OAB nº

OBSERVAÇÕES

1) A fundamentação do RR pode variar, conforme o procedimento e ainda

com em relação a matéria de direito (ofensa a CF, divergência

jurisprudencial, etc.).

2) Depósito Recursal: não há condenação em pecúnia, logo descabe o

depósito (súmula 161 do TST) OU há condenação em pecúnia, mas todo o

valor já foi depositado, o juízo está garantido (súmula 128, I, TST) OU há

condenação e o juízo ainda não está garantido – no valor de, no prazo de,

guia GFIP (súmula 245, TST).

3) As custas são recolhidas pela parte vencida, diante de um RR é preciso

analisar todo o processo para estabelecer se as custas já foram recolhidas.

4) A questão de direito que ensejou o RR determinará em qual tópico a tese

será inserida. Por exemplo, se a discussão versar sobre prescrição, a tese

será inserida sob o tópico das Prejudiciais de Mérito; se versar sobre salário

será inserida no Mérito, etc.

5) Para o §2º do modelo padrão – Tal decisão caracteriza (...) – utilize o

esquema abaixo.

234

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Tal decisão caracteriza (...)

CF – ofensa literal e direta a CF LF – ofensa literal a Lei Federal (CLT) PARA ASúmulas OJ’s divergência PEÇATRT jurisprudencialSDI

Para finalizar o Recurso de Revista, expõe-se uma peça completa, baseada

em uma situação hipotética.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ___ REGIÃO

Recorrente Recorrido Autos nº Origem

NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe,

em que contende com NOME DA RECORRIDA, também qualificada, vem

respeitosamente perante Vossas Excelências, por intermédio de seu

advogado abaixo assinado, com fulcro no artigo 896, alínea “c” da CLT,

interpor:

RECURSO DE REVISTA

para o Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade

deste recurso, dentre os quais se destacam:

235

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

1) Tempestividade – a publicação do acórdão ocorreu no dia _____. Logo,

o presente recurso é tempestivo, tendo em vista que a interposição

ocorreu dentro do prazo oito dias, ou seja, ______.

2) Depósito Recursal não foi efetuado, eis que todo o valor da

condenação já está depositado e, por conseguinte, está garantido o

juízo. Assim, nos termos da Súmula 128, I do TST, mais nenhum

depósito será exigido para qualquer recurso.

3) Custas Processuais já foram recolhidas quando da interposição do

recurso ordinário, no valor de R$ ____. Frisa-se que não houve

acréscimo no valor das custas e, portanto, não há valor algum a ser

recolhido.

4) Prequestionamento. A matéria objeto do presente recurso foi

devidamente prequestionada no Tribunal Regional do Trabalho, tendo

sido atendida, portanto, a Súmula nº 297 do Colendo TST.

Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso e a

sua posterior remessa ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Nesses Termos,

Pede deferimento.

Local e Data.

Nome do Advogado

OAB nº

_______________________________________

AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

Recorrente

236

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Recorrido Autos nº Origem

RAZÕES DO RECURSOColenda Turma

Eminentes Ministros,

O Recorrente, não se conformando com o respeitável acórdão do

Tribunal Regional do Trabalho da ___ Região, que reformou parcialmente

a decisão do juízo de primeiro grau, recorre ao Colendo TST, buscando

um melhor entendimento na presente ação.

I – MÉRITO01. Devolução dos Descontos

O acórdão recorrido entendeu que os descontos realizados nos

salários do Reclamante a título de assistência médica hospitalar são

ilícitas uma vez que não autorizadas pelo artigo 462 da CLT, condenando

a Reclamada a sua devolução.

Tal entendimento caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-

se:

A súmula 342 do TST dispõe que os “descontos salariais efetuados

pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado,

para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico

hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa,

cultural ou recreativa associativa dos seus trabalhadores, em seu

benefício e dos seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da

CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro

defeito que vicie o ato jurídico.”

237

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Apesar da súmula 342 do TST estabelecer que os descontos

salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por

escrito do empregado não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, o

respeitável acórdão adotou posicionamento contrário por entender que o

desconto foi ilícito.

Diante do exposto, merece reforma o acórdão para afastar a

condenação da Reclamada a devolução dos descontos.

II – REQUERIMENTOS FINAIS

Em face do exposto, requer seja conhecido e no mérito provido,

reformando-se a respeitável decisão proferida pelo Egrégio Tribunal

Regional do Trabalho da ___ Região nos pontos supra atacados.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e Data.

Nome do Advogado

OAB nº

238

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

11. EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO

Na execução do processo do trabalho aplicam-se os artigos 876 e

seguintes da CLT. Subsidiariamente, aplica-se a Lei de Cobrança Judicial da

Dívida Ativa da Fazenda Pública (Lei 6830/80) e, depois, o CPC. Assim, ordena o

artigo 889 da CLT.

Art. 889, CLT. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.

Além das condições da ação em geral, notadamente a legitimidade das

partes e o interesse de agir, a execução no processo do trabalho pressupõe o

inadimplemento do devedor e a existência de um título executivo.

11.1 EXECUÇÃO PROVISÓRIA E EXECUÇÃO

A execução é provisória quando há um recurso pendente de julgamento, ou

seja, a sentença não transitou em julgado. Considerando que os recursos no

processo do trabalho possuem efeito meramente devolutivo, é possível a

execução provisória que segue apenas até a penhora (art. 899, CLT). A corrente

majoritária da doutrina e jurisprudência entende que o “até a penhora”

compreende o julgamento dos eventuais embargos ou da impugnação à sentença

de liquidação, pois somente com tal julgamento é que a penhora (atos de

constrição) se aperfeiçoaria.

A execução provisória SEMPRE será requerida pela parte interessada,

posto que o juiz não pode determiná-la ex officio.

Sentença RO EXECUÇÃO Juiz TRT PROVISÓRIA

239

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 899, CLT. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Titulo, permitida a execução provisória até a penhora.§ 1º. Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o valor de referência regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.§ 2º. Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito corresponderá ao que for arbitrado para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de 10 (dez) vezes o valor de referência regional.§ 3º. (Revogado pela L-007.033-1982)§ 4º. O depósito de que trata o § 1º far-se-á na conta vinculada do empregado a que se refere o Art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, aplicando-se-lhe os preceitos dessa lei, observado, quanto ao respectivo levantamento, o disposto no § 1º.§ 5º. Se o empregado ainda não tiver conta vinculada aberta em seu nome, nos termos do Art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, a empresa procederá à respectiva abertura, para efeito do disposto no § 2º.§ 6º. Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas, exceder o limite de 10 (dez) vezes o valor de referência regional, o depósito para fins de recurso será limitado a este valor.

A execução é definitiva, quando a sentença ou acórdão transitou em

julgado, esta pode ser determinada de ofício pelo juiz ou a requerimento do

interessado (art. 878, CLT). Art. 878, CLT. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior.Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.

Execução definitiva

Sentença não há Trânsito em Juiz recurso julgado Ação Rescisória

240

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

11.2 TRÂMITE DA EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO

Manifestação das partes (10 dias)

Sentença Liquidação Apresentação Juiz de sentença do cálculo Sem manifestação

União Contribuições Juiz Apreciação Homologação Previdenciárias dos cálculos dos cálculos

A sentença transitada em julgado faz COISA JULGADA MATERIAL,

portanto não na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar a sentença

liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal (art. 879, § 1º, CLT).

A liquidação de sentença é utilizada quando a sentença condenatória não

apresenta um valor líquido, isto é, são necessários cálculos para determinar o

quantum condenatório. A apuração poderá ser apresentada pelo juiz ou pela parte

ou pelo perito (art. 879, § 3º, CLT).

Há três modalidades liquidação de sentença: cálculos, artigos e

arbitramento. (art. 879, caput, CLT).

a) Cálculos: é a modalidade mais utilizada. A liquidação mediante cálculos

depende apenas de simples operações aritméticas, pois a sentença

oferece todos os elementos necessários para determinar o valor

condenatório.

b) Arbitramento: consiste em exame pericial, de pessoas ou coisas, com a

finalidade de apurar o quantum relativo à obrigação pecuniária

que deverá ser adimplida pelo devedor, ou, em determinados

casos, de individualizar, com precisão, o objeto da condenação.

241

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

c) Artigos: impõe-se a liquidação mediante artigos, quando há necessidade de

provar fatos novos, para quantificar ou individualizar o objeto da

condenação.

Após a apresentação dos cálculos, o juiz possui a FACULDADE de

conceder um prazo de 10 dias, para que as partes peticionem acerca dos cálculos

apresentados (art. 879, §2º, CLT). Caso seja concedido este prazo, as partes

deverão se manifestar, sob pena de preclusão do direito de impugnar a liquidação

da sentença. No entanto, o juiz, se considerar conveniente, poderá postergar a

manifestação das partes.Art. 879, CLT. Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos.§ 1º. Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal.§ 1º-A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas. § 1º-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente. § 2º. Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.§ 3º. Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.§ 4º. A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária. § 5º. O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União quando o valor total das verbas que integram o salário de contribuição, na forma do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão jurídico.

Em seguida, nos termos do 3º do artigo 879, a União será intimada para se

manifestar, no prazo de 10 dias, em relação às contribuições previdenciárias, sob

pena de preclusão.

242

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Após o retorno, os autos serão conclusos, momento destinado a apreciação

e homologação dos cálculos pelo juiz.

PagamentoSentença de Mandado Embargos à ExecuçãoLiquidação de Citação Garantia do Juízo (prazo de 5 dias) Impugnação à Sentença de Liquidação

A homologação dos cálculos é proferida por meio de uma DECISÃO

INTERLOCUTÓRIA.

Atenção: embora a denominação de sentença, a sentença de liquidação no

Processo do Trabalho tem natureza de decisão interlocutória, pois não põe termo ao processo e não é recorrível de imediato. Portanto, desta decisão interlocutória NÃO cabe nenhum recurso. Tal sentença de liquidação só poderá ser impugnada nos embargos à

execução ou na impugnação à sentença de liquidação pelo credor,

caso não tenha ocorrido a preclusão.

A partir da sentença de liquidação é expedido o mandado de citação, que é

a cobrança do valor apurado na sentença de liquidação. O mandado, cumprido

pelo oficial de justiça (art. 880, §2º, CLT), ordena que o executado efetue o

pagamento ou garanta o juízo, no prazo de 48 horas.

Art. 880, CLT. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.

243

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

§ 1º. O mandado de citação deverá conter a decisão exeqüenda ou o termo de acordo não cumprido.§ 2º. A citação será feita pelos oficiais de Justiça.§ 3º. Se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Junta ou Juízo, durante 5 (cinco) dias.

A garantia do juízo é fundamental para o trâmite regular da execução.

Observe que, mesmo diante de cálculos errôneos, o executado só poderá

impugná-los se nomear bens à penhora até que o juízo esteja garantido. Diante da

omissão do executado, o juiz promoverá as diligências necessárias, a fim de

encontrar tantos bens quantos bastem para a garantia do juízo. Na falta de bens

que sejam capazes de garantir o juízo, o processo será arquivado, posto que não

há possibilidade de prosseguimento do feito.

Art. 882, CLT. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 655 do Código Processual Civil.

Art. 883, CLT. Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial.

A execução dos bens passíveis de penhora, no processo do trabalho,

segue a ordem de preferência do artigo 655 do CPC.

Art. 655, CPC. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - veículos de via terrestre; III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves; VI - ações e quotas de sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII - pedras e metais preciosos;

244

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; XI - outros direitos.§ 1º. Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. § 2º. Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado.

BENS Artigo 469, CPC +IMPENHORÁVEIS Lei 8009/90 (Bem de Família)

IMPORTANTE

Súmula 417, TST. Mandado de Segurança - Penhora em Dinheiro - Justiça do Trabalho. I - Não fere direito líquido e certo do impetrante

o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado, em

execução definitiva, para garantir crédito exeqüendo, uma vez que

obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC.

II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o

executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em

dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos

requisitos do art. 666, I, do CPC.

III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo

do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando

nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a

execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos

termos do art. 620 do CPC.

245

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Registre-se que a desconsideração da personalidade jurídica no processo

do trabalho é automática. Assim, se a empresa não possuir bens para garantir o

juízo, a personalidade jurídica poderá ser desconsiderada em face de

descumprimento de lei (sentença), situação em que serão encaminhados

mandados de citação em nome dos sócios da empresa.

Garantido o juízo, as partes serão intimadas para se manifestar no prazo de

cinco dias (art. 884, 3º). Esta manifestação se dará por meio de simples petição,

chamada de Embargos à Execução para o executado e Impugnação à Sentença

de Liquidação para o exequente. Nestas petições, as partes insurgir-se-ão à

sentença de liquidação ou a qualquer matéria de fato ou de direito referente à

execução. Contudo, caso o juiz já tenha concedido 10 dias de prazo para a

manifestação das partes em relação aos cálculos apresentados, nos termos do

artigo 879, § 2º da CLT, esta matéria não poderá ser impugnada neste momento

devido à preclusão do direito.

- EMBARGOS À EXECUÇÃO: manifestação do executado. - IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO: manifestação do exequente.

Art. 884, CLT. Garantida a execução ou penhora os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação.§ 1º. A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.§ 2º. Se na defesa tiverem sido arrolada testemunhas, poderá o Juiz ou o Presidente do Tribunal, caso, julgue necessário seus depoimentos, marcar audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5 (cinco) dias.§ 3º. Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exeqüente igual direito e no mesmo prazo.§ 4º. Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e a impugnação à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.§ 5º. Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou

246

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal.

Sentença Agravo de Petição Recurso de Revista Juiz TRT TST

Após a manifestação das partes é que o juiz proferirá a sentença na

execução, na qual será julgada concomitantemente os embargos à execução e a

impugnação à liquidação de sentença. A sentença na execução poderá ser

impugnada por meio do AGRAVO DE PETIÇÃO (Art. 897, “a”, CLT).

O acórdão proferido pelo TRT em agravo de petição poderá ser impugnado

por meio do Recurso de Revista para o TST, DESDE QUE haja ofensa a

Constituição no julgado.

“Recurso de Revista na execução, só quando ofender a

Constituição!”

11.3 EMBARGOS DE TERCEIROS

Os embargos de terceiros é um recurso que não está previsto na

Consolidação das Leis do Trabalho, razão pela qual se aplica subsidiariamente os

artigos 1046 e seguintes do CPC.

Sempre que ocorrer a penhora de um bem que pertença à terceiro, ou seja,

parte alheia ao processo, o meio adequado para impugnar esta apreensão judicial

são os embargos de terceiros. O prazo de interposição deste recurso é de cinco

dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da

assinatura da respectiva carta (art. 1048, CPC).

247

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 1046, CPC. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhes sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.

Art. 1048, CPC. Os embargos podem ser opostos no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.

11.4 EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

A exceção de pré-executividade é uma construção da doutrina e da

jurisprudência, motivo pelo qual não há previsão legal na CLT.

A exceção de pré-executividade é utilizada pelas partes para arguir matéria

de ordem pública ou comprovar a quitação sem precisar garantir o juízo

novamente. Nesta última hipótese a comprovação deve ser realizada de forma

cabal, isto é, por meio de prova incontestável, por exemplo, o recibo de

pagamento.

Diante da ausência de normas positivadas, a exceção de pré-executividade

não possui prazo para a interposição, assim poderá ser empregada a qualquer

momento da execução.

248

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

12. EMBARGOS À EXECUÇÃO

No capítulo anterior foi mencionado que os embargos à execução é a

petição do executado destinada a impugnar a sentença de liquidação, bem como

qualquer outra matéria de fato ou de direito relacionada ao cumprimento da

decisão, quitação ou prescrição da dívida (art. 884, §1º, CLT). Sua interposição é

dependente da garantia do juízo, eis que seu prazo de cinco dias se inicia

somente após o cumprimento deste requisito.

Ao lado dos embargos à execução, tem-se a figura da impugnação à

sentença de liquidação (art. 884, §3º e §4º, CLT). A impugnação é a petição do

exequente, destinada a discutir a extensão da sentença de liquidação, que

estabelece o quantum condenatório.

Observação 1: ao contrário do processo civil, os embargos à execução no

processo do trabalho tramitam nos mesmos autos da execução.

Observação 2: Embargos à Arrematação e à Adjudicação representam meio

processual de oposição aos atos expropriatórios (alienação

judicial). A legitimidade para interpor é do devedor e devem ser

fundados em nulidade da execução, pagamento, novação,

transação, ou prescrição, desde que supervenientes à penhora. A

competência e o procedimento devem observar as regras

atinentes aos embargos à execução.

O juízo competente para a execução é o mesmo que tiver julgado o dissídio

originariamente (art. 877, CLT) Assim, os embargos à execução serão dirigidos ao

juízo proferiu a sentença, que se encontra na fase de execução, diante do

inadimplemento do devedor.

249

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Art. 877, CLT. É competente para a execução das decisões o Juiz ou Presidente do Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.

Art. 877-A, CLT. É competente para a execução de título executivo extrajudicial o juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria.

Esta peça processual não é um recurso, é uma petição do executado na

execução do processo do trabalho, assim não há folha de rosto, pois a petição

será endereçada ao juízo que analisará o seu requerimento.

I. Garantia do Juízo EMBARGOS II. TempestividadeÀ EXECUÇÃO III. Custas IV. Mérito V. Requerimentos Finais

O exemplo seguinte tem a finalidade de esboçar uma idéia desta petição no

processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para auxiliá-lo na

memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”

apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO

SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

250

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _________ VARA DO TRABALHO DE ______________.

Embargante OPCIONALEmbargado Avalie a disponibilidade

Autos nº de espaço físico

NOME DO EMBARGANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em

que contende com NOME DO EMBARGADO, vem respeitosamente

perante Vossa Excelência, através de seu advogado adiante assinado,

com fulcro no artigo 884, caput, CLT, INTERPOR:

EMBARGOS À EXECUÇÃO

pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir expostos:

I – GARANTIA DO JUÍZO

O embargante recebeu o mandado de citação, que ordenava o

pagamento ou garantir deste juízo. A importância homologada foi

depositada dentro do prazo de 48 horas, de acordo com o artigo 880,

CLT, no importe de R$_____, conforme revela o documento juntado

aos autos.

II – TEMPESTIVIDADEA garantia do juízo foi realizada no dia ____, de modo que os

presentes embargos são tempestivos, pois seu prazo é de cinco dias a

partir da garntia do juízo, nos termos do artigo 884, CLT.

251

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

III – CUSTASAs custas processuais serão quitadas ao final, conforme

autoriza o artigo 789-A da Consolidação das Leis Trabalhistas.

IV – MÉRITOA sentença julgou procedente o pedido do Embargado,

condenando o ora Embargante ao pagamento de 2 horas extras por

dia, bem como os seus devidos reflexos. Contudo, na liquidação de

sentença, o Senhor Perito, por um equívoco, apresentou cálculos de 4

horas extras por dia, acrescidas dos reflexos. (Fatos)

Os cálculos homologados não estão de acordo com o título

executivo que baseia esta execução, uma vez que os valores

apresentados são superiores à condenação proferida. O artigo 879,

§1º da CLT sustenta que na liquidação, não se poderá modificar, ou

inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa

principal, pois esta está protegida pela coisa julgada material. Neste

sentido, o artigo 5º, XXXVI da CF determina que a lei não prejudicará o

direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

(Fundamentos)

Diante do exposto, requer a correção dos cálculos apresentados

pelo Senhor Perito, a fim de excluir do débito os valores que não foram

julgados procedentes na sentença liquidanda. (Pedido)

V – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto requer sejam conhecidos e, no mérito,

julgados procedentes os presentes Embargos à Execução, a fim de se

252

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

promover as reformas necessárias na conta homologada.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Local e data

Nome do advogado

OAB nº

253

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

13. AGRAVO DE PETIÇÃO

O agravo de petição é o recurso adequado para impugnar a sentença

proferida na execução no processo do trabalho.

Sentença AGRAVO DE PETIÇÃO RR Juiz TRT TST

Este recurso tem um pressuposto de admissibilidade específico, qual seja a

delimitação das matérias e valores impugnados, sob pena de não ser recebido

(Art. 897, §1º, CLT). Este pressuposto tem a finalidade de permitir a imediata e

definitiva execução dos valores incontroversos.

Neste sentido, o TST enunciou a Súmula 416 do TST, que veda a

impetração de mandado de segurança impetrado pelo executado, a fim de impedir

a execução em relação aos valores incontroversos.

Art. 897, CLT. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;§ 1º. O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença.§ 8º. Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em apartado, conforme dispõe o § 3o, parte final, e remetidas à instância superior para apreciação, após contraminuta.

Súmula 416 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. LEI Nº 8.432/1992.

254

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

ART. 897, § 1º, DA CLT. CABIMENTO. Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo.

Exceção ao art. 897, §1º, CLT: contudo, se a matéria impugnada no agravo de

petição for EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO,

este requisito não é exigido e, portanto, não será

necessário delimitar os valores impugnados.

AGRAVO DE PETIÇÃO

Juiz do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho da __ RegiãoJuízo de Admissibilidade Razões do Recurso

O Agravo de Petição endereçará sua folha de rosto ao Juízo que proferiu a

decisão recorrida. O conteúdo da folha de rosto apresentará o cumprimento dos

pressupostos de admissibilidade, inclusive, o pressuposto exigido pelo artigo 897,

§1º, CLT, e requerer a remessa do recurso para o Juízo ad quem (TRT).

Observação: nos pressupostos de admissibilidade do Agravo de Petição não há o

depósito recursal, tendo em vista que o juízo já está garantido.

Portanto, serão apenas a tempestividade, custas processuais e o

artigo 897, §1º, CLT.

255

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

A folha de razões (minuta) tem a seguinte estrutura:

♦ I. Preliminares de Mérito♦ II. Prejudiciais de Mérito♦ III. Mérito♦ IV. Requerimentos Finais

.

O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de um agravo de

petição no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para

auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”

apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO

SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

AGRAVODE

PETIÇÃO

Folha de Rosto (Juízo a quo)

Pressupostos de Admissibilidade(tempestividade, custas

processuais e ART. 897, §1º, CLT)

Folha Razões (Juízo ad quem)I. Preliminares de Mérito

II. Prejudiciais de Mérito III. Mérito

IV. Requerimentos Finais

256

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _________ VARA DO TRABALHO DE ______________.

Agravante: OPCIONALAgravado: Avalie a disponibilidade

Autos nº: de espaço físico

NOME DO AGRAVANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que

contende com NOME DO AGRAVADO, também qualificado, vem

respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu

advogado adiante assinado, com fulcro no artigo 897, alínea “a” da CLT,

INTERPORAGRAVO DE PETIÇÃO

para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade

do recurso, dentre os quais de destacam:

a) Tempestividade, tendo em vista que o agravo ora apresentado

respeitou o prazo legal de 8 dias contados a partir da data de

publicação da sentença, ocorrida em _____.

b) Garantia integral do Juízo na forma exigida pelo artigo 884 da CLT.

c) Custas Processuais no valor de R$ 44,26, serão pagas pelo

executado ao final da execução, como determinado pelo art. 789-A,

IV, da CLT.

d) Art. 897, § 1°, da CLT: a fim de delimitar as matérias e valores

impugnados, esclarece que presente agravo versa exclusivamente

257

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

sobre ___________, abrangendo o valor de R$_________.

Diante do exposto, requer o recebimento do presente agravo e a

sua posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Local e Data.

Nome do Advogado

OAB nº

_______________________________________________

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.Agravante:

Agravado: OPCIONAL Autos nº: Avalie a disponibilidade

Origem: de espaço físico

MINUTA DO AGRAVAO DE PETIÇÃOColenda TurmaEméritos Julgadores

(ELOGIO A SENTENÇA + PEDIDO DE REFORMA )

I – PRELIMINAR DE MÉRITONulidades Processuais Error in Procedendo Anulação da

Sentença

II – PREJUDICIAIS DE MÉRITOArgüição de qualquer matéria que esteja relacionada a prescrição e

decadência.

258

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Por exemplo, se os cálculos do perito aplicaram a prescrição quinquenal

somente a partir do término do contrato de trabalho e a sentença julgou os

cálculos procedentes. O erro deve ser demonstrado no tópico das

prejudiciais de mérito. Requerendo o acolhimento da prejudicial, bem como

a extinção, com resolução do mérito em relação as verbas anteriores aos

últimos cinco anos contados da data do ajuizamento da ação.

III – MÉRITO

§1 Fato O juízo da execução julgou (im)procedente os Embargos à Execução, sob os seguintes argumentos

é necessário especificar sobre qual decisãoo Agravo de Petição está recorrendo, pois

pode ser interposto dos Embargos à Execução,Embargos de Terceiros, etc.

§2 Fundamento A sentença não merece ser mantida, pois

§3 Pedido Diante do exposto, requer a reforma da sentença de

Embargos para

IV - REQUERIMENTOS FINAISConhecimento do Recurso;

Acolhimento da Preliminar de Mérito;

Acolhimento da Prejudicial de Mérito;

Total provimento do mérito, para fins de reforma da sentença.

Nestes Termos,

Pede Deferimento,

Local e Data

Nome do Advogado

OAB nº

259

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

14. EMBARGOS AO TST

Cumpre recordar, de início, a organização da Justiça do Trabalho, bem

como do Tribunal Superior do Trabalho:

Turmas do TST

Juiz do TRT TST SDI (Seções de Dissídios Individuais)Trabalho SDC (Seções de Dissídios Coletivos)

Mudanças recentes modificaram o processamento do recurso de Embargos

ao Tribunal Superior do Trabalho. A Lei 11496/2007 alterou a redação do artigo

894 da CLT, bem como o artigo 3º, III, “b” da Lei 7701/88, para modificar o

processamento dos Embargos ao TST.

Os dispositivos supramencionados determinam quais são as hipóteses

específicas de cabimento dos Embargos ao TST:

Art. 894, CLT. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 dias:I – de decisão não unânime de julgamento que:a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; eb) (vetado)II – das DECISÕES DAS TURMAS que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela SEÇÃO DE DISSÍDIOS INDIVIDUAIS, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com SÚMULA ou ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL do Tribunal Superior do Trabalho ou do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

Art. 3º, Lei 7701/88. Compete à Seção de Dissídios Individuais julgar:I - originariamente:a) as ações rescisórias propostas contra decisões das Turmas do Tribunal Superior do Trabalho e suas próprias, inclusive as anteriores à especialização em seções; e

260

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

b) os mandados de segurança de sua competência originária, na forma da lei.II - em única instância:a) os agravos regimentais interpostos em dissídios individuais; eb) os conflitos de competência entre Tribunais Regionais e aqueles que envolvem Juízes de Direito investidos da jurisdição trabalhista e Juntas de Conciliação e Julgamento em processos de dissídio individual.III - em última instância:a) os recursos ordinários interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária;b) os embargos das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais; c) os agravos regimentais de despachos denegatórios dos Presidentes das Turmas, em matéria de embargos, na forma estabelecida no Regimento Interno;d) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos;e) as suspeições argüidas contra o Presidente e demais Ministros que integram a seção, nos feitos pendentes de julgamento; ef) os agravos de instrumento interpostos contra despacho denegatório de recurso ordinário em processo de sua competência.

A redação destas normas é muito concisa, uma vez que oferece diversas

hipóteses de cabimento em poucas palavras, o que torna os artigos confusos.

Portanto, analise o esquema:

DECISÃO Contrariar entendimento de uma das Turmas do TST DE Contrariar acórdão da SDI TURMA Contrariar súmula do STF DO TST Contrariar súmula do TST(Art. 894, CLT) Contrariar OJ

Outra hipótese de ressalte está prevista no art. 3º, III, “a” da Lei. Observe

que esta situação já foi ponderada no estudo em duas situações anteriores

261

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

(Capítulo 7 – RO e Capítulo 10 – RR). Refere-se aos dissídios coletivos, que são

de competência originária do TRT, logo deste acórdão caberá recurso ordinário

(artigo 895, “b”, CLT) para uma das turmas do TST. E desta decisão caberia o

recurso de Embargos ao TST para a Seção de Dissídios Coletivos.

Art. 3º, III, “a”, Lei 7701: os recursos ordinários (art. 895, “b”, CLT)

interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária.

Dissídio Coletivo RO Emb. TST TRT TST (Turma) TST (SDC)

► Embargos ao TST: Súmulas e Orientações Jurisprudenciais

O recurso de Embargos ao TST apresenta diversas semelhanças com o

Recurso de Revista, pois apesar de serem recursos distintos, julgados por setores

diferentes do TST em hipóteses de cabimento que são singulares, ambos

possuem natureza extraordinária.

Assim, boa parte das súmulas e orientações jurisprudenciais aplicadas ao

RR também servirão aos Embargos.

♦ Não há exame de fatos e provas nos embargos ao TST, a matéria é restrita às

questões exclusivamente de direito (Súmula 126, TST).♦ A divergência jurisprudencial há de ser específica, revelando a existência de

teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal (Súmula 296, I, TST).

♦ Ademais, a divergência jurisprudencial deve ser comprovada por meio de

juntada da certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou citação da

262

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; além da

transcrição, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos

trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que

justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem

nos autos ou venham a ser juntados com o recurso (Súmula 337, TST).

♦ PREQUESTIONAMENTO também é um pressuposto extrínseco dos Embargos

ao TST, que impõe como condição para admissibilidade do recurso o

pronunciamento prévio e explícito sobre a matéria veiculada no mesmo (Súmula 297, TST).

♦ Súmula 184, TST: Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos

declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de

embargos.

♦ Súmula 221, TST: I - A admissibilidade do recurso de revista e de embargos por

violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da

Constituição tido como violado.

II - Interpretação razoável de preceito de lei, ainda que não seja a melhor, não

dá ensejo à admissibilidade ou ao conhecimento de recurso de revista ou de

embargos com base, respectivamente, na alínea "c" do art. 896 e na alínea "b"

do art. 894 da CLT. A violação há de estar ligada à literalidade do preceito.

♦ Súmula 23, TST: Não se conhece da revista ou dos embargos, se a decisão

recorrida resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a

jurisprudência transcrita não abranger a todos.

♦ OJ 219, SDI – 1, TST: Recurso de Revista ou de Embargos fundamentado em

Orientação Jurisprudencial do TST. É válida, para efeito de conhecimento do

Recurso de Revista ou de embargos, a invocação de Orientação Jurisprudencial

do Tribunal Superior do Trabalho, desde que, das razões recursais, conste o seu

número ou conteúdo.

263

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

14.1 ESTRUTURA DOS EMBARGOS AO TST

EMBARGOS AO TST

Presidente da Turma do TST SDI do TST Juízo de Admissibilidade Razões dos Embargos

A folha de rosto deve ser apresentada ao Presidente da Turma do TST, que proferiu a decisão recorrida, este analisará a presença dos pressupostos de

admissibilidade (tempestividade, depósito recursal, custas processuais,

regularidade de representação e prequestionamento).

* TempestividadePRESSUPOSTOS DE * Depósito RecursalADMISSIBILIDADE * Custas DOS EMBARGOS * Regularidade de Representação * PREQUESTIONAMENTO

Nos termos do artigo 896, §5º da CLT, poderá o Ministro Relator negar

seguimento ao Recurso de Revista quando a decisão recorrida em consonância

com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. O mesmo ocorrerá com os Embargos e o Agravo de Instrumento. Também será

denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção,

falta de alçada e ilegitimidade de representação, casos em que caberá a

interposição de agravo regimental.Art. 896, § 5º, CLT. Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da

264

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao recurso de revista, aos Embargos, ou ao agravo de instrumento. Será denegado seguimento ao recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de agravo.

O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia dos Embargos ao

TST no processo do trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para auxiliá-

lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”

apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO

SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

EMBARGOSAOTST

Folha de RostoPresidente da Turma

Pressupostos de Admissibilidade(tempestividade, depósito, custas, regularidade de representação e

PREQUESTIONAMENTO)

Folha RazõesSDI do TST

I. Preliminares de MéritoII. Prejudiciais de Mérito

III. Mérito IV. Requerimentos Finais

265

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DA TURMA DO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.

Embargante OPCIONALEmbargado Avalie a disponibilidadeAutos nº de espaço físicoOrigem

NOME DO EMBARGANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em

que contende com NOME DO EMBARGADO, também qualificado, vem

respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu

advogado abaixo assinado, com fulcro no artigo 894, II da CLT,

INTERPOR:

EMBARGOS AO TST

para a Colenda Seção de Dissídios Individuais do TST.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de

admissibilidade deste recurso, dentre os quais se destacam:

1) Tempestividade – a publicação do acórdão ocorreu no dia _____.

Logo, o presente recurso é tempestivo, tendo em vista que a

interposição ocorreu dentro do prazo oito dias, ou seja, ______.

2) Depósito Recursal, foi efetuado no valor de R$ _____, no prazo do

recurso e está comprovado pela guia GFIP anexa, conforme exige a

Súmula 245 do TST.

3) Custas Processuais já foram recolhidas quando da interposição do

266

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

recurso ordinário, no valor de R$ ____. Frisa-se que não houve

acréscimo no valor das custas e, portanto, não há valor algum a ser

recolhido.

4) Prequestionamento. A matéria objeto do presente recurso foi

devidamente prequestionada na Turma do TST, que proferiu o r.

acórdão recorrido, tendo sido atendida, portanto, a Súmula nº 297 do TST.

Diante do exposto, requer o RECEBIMENTO dos Embargos e

a sua posterior REMESSA à Colenda Seção de Dissídios Individuais do

TST.

Nesses Termos,

Pede deferimento.

Local e Data.

Nome do Advogado

OAB nº.

À COLENDA SEÇÃO DE DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.

Embargante OPCIONALEmbargado Avalie a disponibilidadeAutos nº de espaço físicoOrigem

RAZÕES DO RECURSO DE REVISTAColenda SDI

Eminentes Ministros.

267

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

(ELOGIO A DECISÃO + PEDIDO DE REFORMA )

I – PRELIMINARES DE MÉRITO

II – PREJUDICIAIS DE MÉRITO

II – MÉRITO (Veja a observação 1 abaixo)

§1º O acórdão (in)deferiu

§2º Tal decisão caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-se:

§3º O (dispositivo legal) estabelece o seguinte: (transcrever o

dispositivo)

§4º Apesar de (dispositivo legal), dispor que (...), o acórdão posicionou-

se de forma contrária, estabelecendo que (...)

§5º Diante do exposto, requer a reforma da decisão a fim de (...).

III – REQUERIMENTOS FINAISEm face de todo o exposto, requer seja conhecido e provido o

presente recurso de Embargos, reformando-se o acórdão nos pontos

atacados.

Nesses Termos,

Pede deferimento.

Local e Data.

Nome do Advogado

OAB nº

268

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

OBSERVAÇÕES

1) Ao contrário do RR, os Embargos ao TST, normalmente, são oriundos de

uma divergência jurisprudencial (decisão contrária ao entendimento de uma

das Turmas do TST ou acórdão da SDI ou súmula do STF ou súmula do

TST ou Orientação Jurisprudencial). Informação que facilita o §2º do

modelo padrão – Tal decisão caracteriza (...) Tal decisão caracteriza

divergência jurisprudencial.

2) Depósito Recursal – hipóteses: não há condenação em pecúnia, logo

descabe o depósito (súmula 161 do TST) OU há condenação em pecúnia,

mas todo o valor já foi depositado, o juízo está garantido (súmula 128, I,

TST) OU há condenação e o juízo ainda não está garantido – no valor de,

no prazo de, guia GFIP (súmula 245, TST).

3) As custas são recolhidas pela parte vencida, diante da interposição de

Embargos ao TST é preciso analisar todo o processo para estabelecer se

as custas já foram recolhidas.

4) A questão de direito que ensejou os Embargos ao TST determinará em qual

tópico a tese será inserida. Por exemplo, se a discussão versar sobre

prescrição, a tese será inserida sob o tópico das Prejudiciais de Mérito; se

versar sobre salário será inserida no Mérito, etc.

269

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

15. AÇÕES ESPECIAIS: MANDADO DE SEGURANÇA E AÇÃO RESCISÓRIA

O presente capítulo visa tratar, brevemente, do mandado de segurança e

da ação rescisória. Ações, que apesar de não serem exclusivas do processo do

trabalho, lhe são admissíveis.

Assevera-se que o estudo deste capítulo versa sobre AÇÕES e não

recursos. Neste diapasão, a fim de manter a mesma didática fixamos um modelo

padrão para estruturar as ações especiais.

I. Fatos II. Requisitos Específicos Ações III. MéritoEspeciais IV. Liminar V. Requerimentos Finais VI. Valor da Causa

A estrutura será detalhada, por ocasião, do estudo da ação rescisória.

15.1 MANDADO DE SEGURANÇA

O Mandado de Segurança está previsto no artigo 5º, LXIX da CF e está

disciplinado pela Lei 1533/51. Antecipa-se que esta legislação foi alterada

recentemente pela Lei 12.016/2009 sancionada em agosto deste ano.

Art. 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa

270

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; [...]

Este remédio constitucional visa proteger qualquer direito líquido e certo do

cidadão, salvo o direito de locomoção e o direito de acesso a informações

pessoais, que são protegidos pelo habeas corpus e habeas data, respectivamente.

“Direito líquido e certo é aquele que não demanda posteriormente a

produção de prova, uma vez que o direito já está comprovado documentalmente

ou reconhecido pela autoridade coatora.” 25

Observação: a Carta Magna também prevê o mandado de segurança coletivo,

que pode ser impetrado pela organização sindical, dentre outras

entidades. Art. 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:a) partido político com representação no Congresso Nacional;b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Conclui-se que o mandado de segurança é ação utilizada, diante da

inexistência de outro meio jurídico, para proteger um direito líquido e certo, que

fora violado por um ato de autoridade. O MS pode compelir a autoridade pública a

praticar ou deixar de praticar algum ato.

► Mandado de Segurança – Competência da Justiça do Trabalho

Inicialmente, apenas os Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal

Superior do Trabalho tinham competência para apreciar e julgar mandado de

25 BITTENCOURT, Marcus Vinicius Corrêa. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. rev. e ampl. Belo Horizonte: Fórum, 2008. p. 90.

271

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

segurança, uma vez que o artigo 652 e 653 da CLT não incluem o mandado de

segurança no âmbito da atuação jurisdicional dos órgãos de primeira instância.

Contudo, “o advento da EC 45/2004, que modificou substancialmente o

artigo 114 da CF, parece-nos que a Vara do Trabalho será funcionalmente

competente para processar e julgar mandado de segurança em que o empregador

pretenda discutir a validade do ato praticado – penalidade – pela autoridade

administrativa encarregada da fiscalização das relações do trabalho.” 26

Art. 114, VII, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; [...]

Agente de Juiz do EXCEÇÃO – Art. 114, VII, CFFiscalização Trabalho

Ato do TRT Juiz 1º Grau

Ato do membro TRT do TRT Ato do membro TST do TST

► Lei 12.016/2009

A Lei 12.016/2009 sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em

agosto deste ano, alterou a disciplina do mandado de segurança individual e

coletivo.

Cumpre salientar que o estudo das súmulas e OJ’s relativas ao Mandado

de Segurança são fundamentais para o Exame de Ordem de II fase.

26 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 997.

272

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Alguns Dispositivos Relevantes

Art. 18, Lei 1533/51. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á

decorridos 120 dias contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Súmula 632, STF. É constitucional lei que fixa PRAZO DE DECADÊNCIA para a

impetração do Mandado de Segurança.

Súmula 512, STF. Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de

mandado de segurança.

Súmula 105, STJ. Na ação de mandado de segurança não se admite condenação

em honorários advocatícios.

Súmula 266, STF. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.

Súmula 267, STF. Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível

de recurso ou correição.

Súmula 268, STF. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com

trânsito em julgado.

Súmula 33, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial

transitada em julgado.

OJ 99, SDI – 2, TST. Mandado de segurança. Esgotamento de todas as vias

recursais disponíveis. Trânsito em julgado formal. Descabimento. Esgotadas as

vias recursais existentes, não cabe mandado de segurança.

OJ 140, SDI – 2, TST. Não cabe mando de segurança para impugnar despacho

que acolheu ou indeferiu liminar em outro mandado de segurança.

273

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Súmula 201, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de

segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal

Superior do Trabalho, correspondendo igual dilação para o recorrido e

interessados apresentarem razões de contrariedade.

OJ 148, SDI – 2, TST. É responsabilidade da parte, para interpor recurso ordinário

em mandado de segurança, a comprovação do recolhimento das custas

processuais no prazo recursal, sob pena de deserção.

Súmula 414, TST. I - A antecipação da tutela concedida na sentença não

comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável

mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito

suspensivo a recurso.

II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença,

cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso

próprio.

III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do

mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou

liminar).

Súmula 417, TST. I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial

que determina penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para

garantir crédito exeqüendo, uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655

do CPC.

II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado

direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem

depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do

CPC.

III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do

impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros

bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da

forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC.

274

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

Súmula 418, TST. A concessão de liminar ou a homologação de acordo

constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do

mandado de segurança.

OJ 67, SDI – 2, TST. Não fere direito líquido e certo a concessão de liminar

obstativa de transferência de empregado, em face da previsão do inciso IX do art.

659 da CLT.

OJ 92, SDI – 2, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial

passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido.

OJ 98, SDI – 2, TST. É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos

honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo

cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia,

independentemente do depósito.

OJ 137, SDI – 2, TST. Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão

do empregado, ainda que detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do

inquérito em que se apure a falta grave a ele imputada, na forma do art. 494, caput

e § único, da CLT.

275

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

15.2 AÇÃO RESCISÓRIA

A ação rescisória está prevista pelo artigo 836 da CLT, e seu

processamento no processo do trabalho segue as normas do processo civil, com

aplicação subsidiária dos dispositivos 485 ao 495, no que for compatível aos

princípios do processo do trabalho. Além destes, por se tratar de uma nova ação

deve atender também aos requisitos do artigo 282 do CPC, que regula a petição

inicial.

Execução definitiva

Sentença não há Trânsito em Juiz recurso julgado Ação Rescisória

A ação rescisória no processo civil, de acordo com o artigo 488, II do CPC,

está sujeita ao depósito prévio de 5% sobre o valor da causa. No entanto, no

processo do trabalho o depósito prévio é de 20% sobre o valor da causa (art. 836,

CLT).

Art. 836, CLT. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor. Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-se-á nos próprios autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória e a respectiva certidão de trânsito em julgado.

Art. 488, CPC. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do Art. 282, devendo o autor:

276

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente.Parágrafo único. Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao Município e ao Ministério Público.

As hipóteses de cabimento da ação rescisória no processo do trabalho

estão previstas no artigo 485 do CPC.

Art. 485, CPC. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;IV - ofender a coisa julgada;V - violar literal disposição de lei;VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória;VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença;IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa.

Comentários ao artigo 485, CPC

a) Inciso I: prevaricação e concussãoPrevaricação: “delito especial próprio e funcional”27, cometido pelo

servidor público consistente retardar ou deixar de

praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo

27 PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal. 3. ed. reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais: 2006. p. 860.

277

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

contra disposição expressa de lei, para satisfazer

interesse ou sentimento pessoal (art. 319, CP).

Concussão: “delito especial próprio, funcional e de mera atividade” 28,

praticado contra a Administração Pública, que consiste

em exigir, para si ou para outrem, vantagem indevida,

fora de sua função ou antes de assumi-la (art. 316, CP).

b) Inciso III: colusão É o conluio entre as partes, a fim de fraudar a lei e/ou

enganar o juiz.

A ação rescisória não é um recurso. É uma ação que tem por finalidade a

desconstituição de sentença ou acórdão. O direito de propor ação rescisória se

extingue em 2 anos (prazo decadencial), contados do trânsito em julgado da

decisão rescindenda (art. 495 do CPC, Súmula 100, TST e OJ 12 da SDI – 2,

TST).

A observância do disposto nas Súmulas 100 e 299 do TST é indispensável

para a propositura de ação rescisória.

Súmula 100, TST. I - O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia imediatamente subseqüente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não.II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial. III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial.

28 PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal. 3. ed. reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais: 2006. p. 849.

278

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

IV - O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada com a ação rescisória, podendo formar sua convicção através de outros elementos dos autos quanto à antecipação ou postergação do "dies a quo" do prazo decadencial. V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial. VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude. VII - Não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição a decisão do TST que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário, aprecia desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. VIII - A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não tem o condão de afastar a consumação da coisa julgada e, assim, postergar o termo inicial do prazo decadencial para a ação rescisória. IX - Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subseqüente, o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT. X - Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias.

OJ 12, SDI – 2, TST Ação Rescisória. Decadência. Consumação antes ou depois da edição da medida provisória nº 1.577/1997. Ampliação do prazo. I - A vigência da Medida Provisória nº 1.577/1997 e de suas reedições implicou o elastecimento do prazo decadencial para o ajuizamento da ação rescisória a favor dos entes de direito público, autarquias e fundações públicas. Se o biênio decadencial do art. 495 do CPC findou após a entrada em vigor da referida medida provisória e até sua suspensão pelo STF em sede liminar de ação direta de inconstitucionalidade (ADIn 1753-2), tem-se como aplicável o prazo decadencial elastecido à rescisória. II - A regra ampliativa do prazo decadencial para a propositura de ação rescisória em favor de pessoa jurídica de direito público não se aplica se, ao tempo em que sobreveio a Medida Provisória nº 1.577/1997, já se exaurira o biênio do art. 495 do

279

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

CPC. Preservação do direito adquirido da parte à decadência já consumada sob a égide da lei velha.

Súmula 299, TST. I - É indispensável ao processamento da ação rescisória a prova do trânsito em julgado da decisão rescindenda.II - Verificando o relator que a parte interessada não juntou à inicial o documento comprobatório, abrirá prazo de 10 (dez) dias para que o faça, sob pena de indeferimento.III - A comprovação do trânsito em julgado da decisão rescindenda é pressuposto processual indispensável ao tempo do ajuizamento da ação rescisória. Eventual trânsito em julgado posterior ao ajuizamento da ação rescisória não reabilita a ação proposta, na medida em que o ordenamento jurídico não contempla a ação rescisória preventiva. IV - O pretenso vício de intimação, posterior à decisão que se pretende rescindir, se efetivamente ocorrido, não permite a formação da coisa julgada material. Assim, a ação rescisória deve ser julgada extinta, sem julgamento do mérito, por carência de ação, por inexistir decisão transitada em julgado a ser rescindida.

► Competência da Ação Rescisória

A ação rescisória é uma ação originária dos Tribunais, ou seja, a ação

rescisória jamais será proposta para um juiz do trabalho. Assim, perante uma ação

rescisória proposta em face de sentença que transitou em julgado, a competência

será do TRT à que está subordinado o juízo de 1º grau que proferiu a decisão.

Sentença Trânsito em Ação Rescisória RO Emb. TST Juiz julgado TRT TST TST

Cada tribunal é competente para julgar ação rescisória de suas decisões. Atente-se para o fato de que “se o acórdão do TST NÃO apreciar o

mérito da causa, como ocorre, quando aquela Corte não conhece do recurso

280

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

interposto, a ação rescisória voltar-se-á contra o acórdão regional que tenha

adentrado no mérito, sendo competente o TRT para processá-la e julgá-la.” 29

Sentença Ação Rescisória Juiz 1º Grau TRT Cada Tribunal

Decisão Definitiva Ação Rescisória é competente TRT TRT para julgar AR

Decisão Definitiva Ação Rescisória de suas decisões TST TST

► Súmulas e Orientações Jurisprudenciais relacionadas ao CABIMENTO da

Ação Rescisória

Súmula 100, TST + Art. 495, CPC

Súmula 259, TST. Só por rescisória é atacável o termo de conciliação previsto

no parágrafo único do Art. 831 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Súmula 407, TST. A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para propor

ação rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem à

decisão rescindenda, não está limitada às alíneas "a" e "b" do inciso III do art. 487

do CPC, uma vez que traduzem hipóteses meramente exemplificativas.

Art. 487, CPC. Tem legitimidade para propor a ação:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;

II - o terceiro juridicamente interessado;

29 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 1029.

281

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção;

b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.

Súmula 514, TST. Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em

julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotado todos os recursos.

Súmula 219, TST. I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de

honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre

pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por

sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao

dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe

permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.

II - É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação

rescisória no processo trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº

5.584/70.

Súmula 329, TST. Honorários advocatícios. Art. 133 da CF/1988 (mantida).

Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece válido o entendimento

consubstanciado na Súmula nº 219 do Tribunal Superior do Trabalho.

Histórico:

Súmula 299, TST + OJ 84, SDI – 2, TST. Ação rescisória. Petição inicial.

Ausência da decisão rescindenda e/ou da certidão de seu trânsito em julgado

devidamente autenticadas. Peças essenciais para a constituição válida e regular

do feito. Argüição de ofício. Extinção do processo sem julgamento do mérito. A

decisão rescindenda e/ou a certidão do seu trânsito em julgado, devidamente

autenticadas, à exceção de cópias reprográficas apresentadas por pessoa jurídica

de direito público, a teor do art. 24 da Lei nº 10.522/02, são peças essenciais para

o julgamento da ação rescisória. Em fase recursal, verificada a ausência de

qualquer delas, cumpre ao Relator do recurso ordinário argüir, de ofício, a extinção

282

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

do processo, sem julgamento do mérito, por falta de pressuposto de constituição e

desenvolvimento válido do feito.

► Súmula relacionada a hipótese de INTERPOSIÇÃO DE RECURSO em

Ação Rescisória

Súmula 158, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho, em ação

rescisória, cabível é o recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho,

em face da organização judiciária trabalhista.

O recurso ordinário previsto nesta súmula tem previsão no artigo 895, “b”,

CLT). Contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio

individual de sua competência originária é cabível a interposição de RO para o

TST.

Ação Rescisória RO Emb. TST

TRT TST (Turma) TST (SDC)

15.3 ESTRUTURA DA AÇÃO RESCISÓRIA

Consoante o que foi mencionado, não é um recurso, logo não há folha de

rosto e folha de razões, pois se trata de uma petição inicial.

I. Fatos II. Requisitos Específicos Ação III. MéritoRescisória IV. Liminar V. Requerimentos Finais VI. Valor da Causa

283

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

O quadro a seguir tem a finalidade de materializar a idéia de uma ação

rescisória no processo trabalho. Esclarece-se que é apenas um modelo para

auxiliá-lo na memorização, assim como na produção de suas próprias peças.

Observação: o modelo foi redigido com espaços maiores e “pulando linhas”

apenas por motivos didáticos e para facilitar a visualização, NÃO

SE ACONSELHA PULAR LINHAS NO EXAME DE ORDEM.

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.

NOME DO AUTOR, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da

Cédula de Identidade RG nº, inscrito no CPF sob nº e no PIS sob o nº,

portador da CTPS nº, residente e domiciliado no endereço completo,

vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu

advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com

escritório profissional no endereço completo, com fulcro no artigo 836 da CLT combinado com o artigo 485, ____ do CPC, PROPOR:

AÇÃO RESCISÓRIA

em face de NOME DO RÉU, pessoa jurídica de direito privado, inscrita

no CNPJ sob o nº, estabelecida no endereço completo, pelas razões

de fato e de direito a seguir expostos.

I – DOS FATOSO autor ajuizou reclamatória trabalhista em face da empresa ré

postulando (...). A sentença, que julgou (im)procedente o pedido,

transitou em julgado.

284

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

II – REQUISITOS ESPECÍFICOS

A presente ação rescisória foi proposta com observância das

disposições legais.

LEGITIMIDADE – Art. 487, I, CPC.

TEMPESTIVIDADE – Art. 495, CPC + Súmula 100, TST.

DEPÓSITO PRÉVIO – Art. 836, CLT (20% do valor da causa).

DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS – Súmula 299, TST + OJ 84, SDI –

2, TST: (cópia da decisão rescindenda e certidão de transito em

julgado).

III – MÉRITO (é aconselhável que o título do tópico do mérito faça alusão ao inciso do art. 485, CPC, que sofreu violação)

01. DA VIOLAÇÃO LITERAL A DISPOSIÇÃO DE LEI (exemplo)

§1º Fato§2º Fundamento (ex: violação do artigo 440, CLT)

§3º Autorizando assim, conforme artigo 485, inciso ____ do CPC, a desconstituição da decisão transitada em julgado.

§4º Pedido

IV – LIMINAR Artigo 489, CPC - Analise se há necessidade de requerer a

concessão de liminar (urgência do pedido): ● Fumus Boni Iuris e

● Periculum in Mora

V – REQUERIMENTOS FINAIS● Art. 491, CPC – citação ● Produção de provas (mesmo pedido da RT)

● Requerer o julgamento procedente da ação rescisória, a fim de

285

NÚCLEO PREPARATÓRIO EXAME DA ORDEM

rescindir a decisão transitada em julgado.

VI – VALOR DA CAUSAAtribui-se a causa o valor de R$ ______.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data

Nome do Advogado

OAB nº

OBSERVAÇÕES

1) Endereçamento: o endereçamento da ação deve ser realizado de acordo

com a competência para processar e julgar a ação rescisória. Portanto,

conforme visto, a interposição da ação rescisória deverá ser dirigida ao TRT

diante de uma decisão que foi proferida pelas Varas do Trabalho. Caso a

decisão a ser rescindida tenha sido proferida pelo próprio TRT, a

competência será do próprio Tribunal de onde se originou o acórdão (ação

de competência originária). Por fim, perante um acórdão, que foi proferido

pelo TST, a competência para rescindir a decisão é do próprio TST.

2) Artigo 489, CPC: “a Lei 11.280/2006 deu nova redação ao artigo 489 do

CPC, para esclarecer, de maneira definitiva, que o fato de o ajuizamento da

ação rescisória não impedir o cumprimento da sentença ou acórdão

rescindendo não exclui a concessão, caso imprescindíveis e sob os

pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou

antecipatória de tutela. A regra do artigo 489 deixa claro que o ajuizamento

da rescisória não tem o condão de suspender a execução da sentença nela

atacada. Uma vez, porém, que os pressupostos da tutela cautelar ou da

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antecipação de tutela se façam presentes, claro é que a competente

medida de urgência haverá de ser tomada, para impedir que o resultado da

ação rescisória perca a sua utilidade para a parte e para a própria

jurisdição.” 30

Art. 489, CPC. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela.

3) Valor da causa: o trâmite da ação rescisória no processo do trabalho é

disciplinado pelas normas do CPC, com isso não há preocupação com o

valor da causa. Sempre utilize uma frase genérica, sem indicação de valors

específicos, salvo se a proposta mencionar o valor da causa.

30 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 712.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA PARA O EXAME DE ORDEM – II FASE

1. CLT “seca” de 2009

2. CLT Comentada: ● Eduardo Gabriel Saad –Editora LTr

OU

● Valentin Carrion – Editora Saraiva

3. Livro de Súmulas e Orientações Jurisprudenciais – Comentadas● Súmulas do TST Comentadas, Raymundo Antonio Carneiro Pinto, Editora: LTR.

● Orientações Jurisprudenciais do TST: Comentadas, Raymundo Antonio Carneiro

Pinto, Editora: LTR.

4. Direito Material● Alice Monteiro de Barros, Curso de Direito do Trabalho - Editora LTr

● Maurício Godinho Delgado, Curso de Direito do Trabalho – Editora LTr

● Amauri Mascaro Nascimento, Iniciação ao Direito do Trabalho - Editora LTr

(para leitura antes da prova) ● Amauri Mascaro Nascimento – Curso de Direito do Trabalho – Editora Saraiva

5. Direito Processual do Trabalho ● Carlos Henrique Bezerra Leite, Curso de Direito Processual do Trabalho,

Editora LTr;

● Mauro Schiavi, Manual de Direito Processual do Trabalho – Editora LTr;

● Renato Saraiva, Curso de Direito Processual do Trabalho, Editora Método;

● Wagner Giglio e Claudia Giglio Veltri Corrêa, Curso de Direito Processual do

Trabalho – Editora Saraiva;

● Amauri Mascaro Nascimento, Curso de Direito Processual do Trabalho – Editora

Saraiva

6. Vade Mecum

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DICAS E MÉTODO DE ESTUDO

Algumas dicas e sugestões para uma boa prova de II Fase.

- Não menospreze as questões. Procure fazê-las da maneira mais completa

e correta. Muitas vezes, é o excelente aproveitamento em suas respostas que leva

à aprovação, mesmo que a peça não tenha sido bem avaliada.

- A caligrafia e a ortografia, bem como o correto emprego da língua

portuguesa, são um ponto de partida importante para o êxito na 2a fase da

OAB/PR.

- Evite frases longas. A prolixidade é uma das grandes causas de reprovação

na 2a fase de Exame de Ordem. Frases curtas, objetivas e claras são essenciais.

- Cada argumento deve ser desenvolvido em um tópico específico, o qual

será nominado de forma a evidenciar os interesses de seu cliente (frases de

efeito) e conter dispositivos legais pertinentes (sempre com a devida subsunção

dos fatos a norma).

- Ao formar os “capítulos” de sua peça (Síntese dos fatos, preliminares,

prejudiciais de mérito, mérito e pedidos), procure dividir bem os tópicos. Procure

seguir uma ordem esquemática lógica, desenvolvendo primeiro os assuntos

principais e, em seguida, os acessórios.

- Evite juízos de valor na síntese dos fatos. Procure finalizar os tópicos com

frases que demonstrem coesão e coerência do texto, evidenciando, quando for o

caso, a necessidade de reforma da sentença.

- Se bem administrado, o tempo da prova é suficiente.

- A melhor maneira de resolver as peças e questões da apostila é: a) resolva

a primeira proposta de peça e as 05 questões. Não interrompa a resolução e

cronometre o seu tempo de realização. Você deve encarar esta atividade como

um simulado. Isto tornará o treinamento eficaz e auxiliará na administração do

tempo de prova. b) Resolva a segunda proposta de peça, sem preocupação com o

tempo de prova. Isto o ajudará a disciplinar o seu estudo. Não deixe de resolver

nenhuma das peças ou questões.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL. Francisco. Direito Civil: introdução. 5 ed. rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

BARROS. Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5.ed. rev e ampl. São Paulo: Ltr, 2009.

BITTENCOURT, Marcus Vinicius Corrêa. Manual de Direito Administrativo. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2008.

JORGE NETO. Francisco Ferreira. Direito do Trabalho. 3 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005.

LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009.

PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Orientações Jurisprudenciais do TST: comentadas. São Paulo: Ltr, 2009.

PINTO. Raymundo Antonio Carneiro. Súmulas do TST comentadas. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2008.

PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal. 3. ed. reform., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais: 2006.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.

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