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Nulidade no Processo Penal Todo processo é feito e desenvolvido através de um procedimento, e este é uma serie de atos concatenados direcionados a um fim , este procedimento é previamente estabelecido. Este procedimento tem regras e momentos a serem seguidos, e atos a serem praticados. Toda vez que você tem uma irregularidade, ou a falta da pratica de um desses atos, você pode falar na existência da nulidade. Existe certa divergência em se definir a natureza jurídica da nulidade, se seria: mero vício do procedimento ou se trataria de uma sanção. ● Diferença de um para o outro: → Vício – Você simplesmente diz que aquele procedimento está irregular, está viciado. → Sanção – Além de você dizer que aquele procedimento está irregular ou está viciado, como forma de punição anula-se o ato, volta-se de onde se praticou o ato supostamente anulado. Sistemas que regulam a nulidade: Sistema Legal Formal – Define que será nulo aquilo que a lei diz que é . Se for observado no Código de Processo Penal

Nulidade No Processo Penal 2ª Prova

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Nulidade no Processo Penal

Todo processo é feito e desenvolvido através de um procedimento, e este é

uma serie de atos concatenados direcionados a um fim, este procedimento é

previamente estabelecido. Este procedimento tem regras e momentos a serem

seguidos, e atos a serem praticados.

Toda vez que você tem uma irregularidade, ou a falta da pratica de um desses

atos, você pode falar na existência da nulidade.

Existe certa divergência em se definir a natureza jurídica da nulidade, se seria:

mero vício do procedimento ou se trataria de uma sanção.

● Diferença de um para o outro:

→ Vício – Você simplesmente diz que aquele procedimento está irregular, está

viciado.

→ Sanção – Além de você dizer que aquele procedimento está irregular ou

está viciado, como forma de punição anula-se o ato, volta-se de onde se

praticou o ato supostamente anulado.

● Sistemas que regulam a nulidade:

→ Sistema Legal Formal – Define que será nulo aquilo que a lei diz que é. Se

for observado no Código de Processo Penal existem determinadas situações

que expressamente são definidas como nulidade. Então para o Sistema Legal/Formal é nulo o que a Lei define. Aquilo que a lei define como nulo, será

nulo. Este Sistema Legal/Formal está ligado ao Código de Processo Penal, se

você adotar o Sistema Legal você vai considerar o rol taxativo. Só vai ser nulo aquilo que estiver descrito na Lei, nada mais além. Este não é o Sistema adotado por nós, pelo Código de Processo Penal.

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→ Sistema Instrumental – Este Sistema é adotado pelo Código de Processo Penal. Também conhecido como instrumentalidade das formas,

ou seja, o ato pode até ser praticado de forma irregular, porém se alcançar o

objetivo sem gerar prejuízo, o ato vai prevalecer válido, mesmo sendo nulo.

Aqui os fins justificam os meios, ou seja, você pode chegar ao ponto e ao

absurdo, de ter um ato praticado de forma ilícita, porém se alcançar o objetivo sem gerar prejuízo, ele vai ser válido.

● Desse Sistema surge o chamado: Princípio do Prejuízo. No Princípio do

Prejuízo, mesmo o ato sendo viciado, mesmo o ato sendo eivado de uma

nulidade, é obrigatória a demonstração de prejuízo.

O artigo 400 do CPP fala da ordem que a audiência de Instrução e Julgamento

deve seguir:

→ Oitiva da Vítima

→ Testemunhas: ● Acusação

● Defesa

→ Peritos

→ Acareações e reconhecimento de coisas e pessoas

→ Interrogatório do acusado

Tem uma ordem descrita em Lei, se for invertida essa ordem, por ex: For

ouvida uma testemunha de acusação antes da oitiva da vítima, e se ouvir uma

testemunha de defesa antes da testemunha de acusação, este ato é viciado,

porém por conta do Sistema da Instrumentalidade das Formas para você

declarar esse ato, no caso, essa audiência nula, você tem que demonstrar o

prejuízo.

Exemplo: Suponhamos que houve essa alteração na ordem seqüencial da AIJ,

na oitiva das partes envolvidas, porém o indivíduo foi absolvido, não é

necessário anular essa audiência. Se essa inversão não causa nenhum

prejuízo para o Princípio da Instrumentalidade não tem porque anular o ato,

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retomar o processo voltar a fazer nova AIJ e dar seguimento, é preciso

demonstrar o Prejuízo.

Contemporaneamente se tem sustentado que a nulidade independentemente

da classificação trazida pela doutrina (Quanto às espécies), nulo é nulo, não

tem porque você ficar classificando as espécies de nulidade no Processo

Penal, no Processo Penal nós tratamos de bens indisponíveis, quando nos

falamos de bens indisponíveis pouco importa se teve alta intensidade ou vício,

ou baixa intensidade, nulo é nulo, ponto. E por esse ponto de vista se tornaria

desnecessária a classificação quanto às espécies de nulidade.

No Processo Penal se trata de bens indisponíveis, e no Processo Civil de

bens disponíveis. São institutos diferentes e categorias distintas.

● Espécies de Nulidade

A Doutrina de forma majoritária trás a seguinte classificação:

→ Inexistência - É o fato do ato sequer ter sido praticado. Ex: Mandado de

prisão sem assinatura do Juiz falta autenticidade, o ato não existe. Existem

certas situações em que o indivíduo responde ao Processo Penal, qual é a

imputação?

Resposta: Não tem denúncia, não tem queixa crime, mas tem uma ação penal

correndo, pois é, existe um ato inexistente, falta à prática de um ato obrigatório.

O indivíduo foi processado e supostamente até condenado, sem sequer ter

sido citado mesmo que por edital ou por hora certa. (ATO INEXISTENTE). O

ato inexistente, ele não é válido, não é eficaz e não existe, não tem

aplicabilidade.

→ Nulidade Absoluta – A nulidade absoluta, o ato existe, o ato foi praticado,

porém o ato não é válido, não tem eficácia. Ex: Prova obtida por meio ilícito. A

prova existe, foi produzida, nas não é válida, não tem eficácia, isto é uma

nulidade absoluta.

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Então tanto o ato inexistente como o ato nulo (nulidade absoluta), para a

doutrina que realiza essa classificação, jamais terá aplicabilidade, jamais terá

validade.

Da mesma forma que precisamos estudar a Inexistência conjugada com a

Nulidade Absoluta, embora sejam distintas. A Nulidade Relativa deve ser

estudada e conjugada com a Anulabilidade.

→ Nulidade Relativa - Na nulidade relativa o ato existe, porém a doutrina diz

que existe uma condição suspensiva, ou seja, o ato existe, não é válido, porém

precisa ser convalidado ou sanado para a partir de então surtir efeito.

Observe que a nulidade relativa viola norma de cunho infraconstitucional, o ato

também existe igual na nulidade absoluta, porém não tem validade, não tem

aplicabilidade, a partir do momento que ele é convalidado ou sanado, ele passa a valer.

→ Anulabilidade - Também viola regra de cunho infraconstitucional, o ato

existe, é válido e tem aplicabilidade, porém ele está condicionado a uma

condição resolutiva. Ele tem validade até que seja decretado nulo, até que

seja anulado.

→ Irregularidade – Mera violação procedimental sem relevância são erros

materiais.Erros que não chegam a afetar a existência do ato. Ex: Você tem lá

dois réus, e na denúncia fala corréu.

Como esses conceitos são transportados do Processo Civil para o Processo Penal, junto com isso você trás as seguintes afirmações.

● Nulidade Absoluta - Viola regra de ordem Constitucional, logo pode ser

declarada a qualquer momento, logo pode ser argüida por qualquer uma das

partes, inclusive declarada de ofício pelo Juiz.

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● Nulidade Relativa e Anulabilidade - Viola regra de cunho

Infraconstitucional, tem um tempo determinado para ser argüido, ou seja, após

a prática do ato irregular ou nulo relativamente o próximo momento de

manifestação da parte obrigatoriamente ela terá que se manifestar se não

precluirá o direito de alegar. Logo a Nulidade Relativa e a Anulabilidade por

não se tratar de violação de ordem pública, somente podem ser argüidas pelas

partes do Processo, e especificamente pela parte prejudicada.

● Recurso no Processo Penal

Tema: Classificação e Natureza Jurídica dos Recursos

No que diz respeito à temática atinente aos recursos dois são os princípios

fundamentais que se defrontam e devem ser conciliados, são eles:

Princípio da Justiça – Este princípio leva a pensar que quanto mais se

examinar uma decisão, mais próxima será a distribuição da justiça que se

pretende alcançar.

Princípio da Certeza Jurídica - Impõe a brevidade do processo. Exige que a

decisão seja proferida de uma vez por todas sem procrastinações inúteis, no

menor tempo possível. Fator conhecido que justiça tardia corresponde à

ausência de justiça.

Como possibilitar a coexistência desses dois princípios no ordenamento

jurídico, como possibilitar a revisão das decisões judiciais e a necessidade da

segurança jurídica? Pois bem. Quando se fala em recursos se fala em

irresignação, e quando se fala em recurso em processo penal fala-se em

irresignação em relação a não atuação devida do poder punitivo do Estado pelo

não reconhecimento pelo próprio Estado do Poder Judiciário e de outro lado

pela irresignação do acusado quando tem sobre o seu ponto de vista

injustamente violado o seu direito fundamental, que é o direito de liberdade.

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A preocupação dos modernos sistemas processuais tem sido de conciliar

esses dois princípios a fim de encontrar um ponto de equilíbrio garantindo o

duplo grau de jurisdição, e é justamente sobre o duplo grau de jurisdição que

iremos analisar de acordo com o descrito na Constituição Federal.

Prevê o artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal que a todos os litigantes

em processo administrativo ou judicial, o direito ao contraditório e a ampla

defesa bem como os meios e recursos a ela inerentes, estão garantidos.

Ocorre que a previsão é dos instrumentos inerentes ao exercício da ampla

defesa e não propriamente ao referido princípio, o chamado princípio do duplo grau de jurisdição. Uma vez que se fala em duplo grau de jurisdição e

se sustenta a previsão Constitucional da ampla defesa poder-se-ia sustentar

que o princípio do duplo grau de jurisdição, é um princípio com fundamento

Constitucional.

A Convenção Americana dos Direitos Humanos, de 1969, o chamado Pacto de

San José da Costa Rica, ratificada pelo Estado Brasileiro em 1992, a título de

curiosidade, o Decreto é o 678/92 prevê o direito ao duplo grau de Jurisdição

em seu artigo 8º, inciso II, alínea h. O referido dispositivo legal tem o seguinte

texto: Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma a sua

inocência, enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa, durante o

processo toda pessoa tem direito em plena igualdade, as seguintes garantias

mínimas: Após elencar uma serie de garantias, a Convenção InterAmericana

trás na sua alínea h: O direito de recorrer da sentença ou Tribunal Superior.

Vejamos bem, nós temos uma Convenção Internacional que trás como garantia

fundamental do cidadão o direito á revisão de ato judicial e principalmente á

revisão de ato judicial que importe em constrição, legítima é claro, mas

constrição do direito fundamental de liberdade. O Estado Brasileiro como pode

se perceber é signatário da Convenção InterAmericana, do chamado Pacto de

San José da Costa Rica, logo pode se afirma que o chamado Pacto de San

José da Costa Rica compõem o ordenamento jurídico brasileiro. Resta a

discussão quanto à hierarquia legislativa desta Convenção, tem ela o status de

Direito Constitucional, devendo obviamente ser interpretada conforme a

Constituição, no seu mesmo patamar ou integra a Convenção InterAmericana

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de Direitos Humanos parte da legislação Ordinária, subordinando – se a

Constituição Federal. O STF já teve a oportunidade de se debruçar a respeito

do assunto delimitando a interpretação acerca da hierarquia normativa das

convenções internacionais e também do Pacto de San José da Costa Rica,

isso quando, decidindo e julgando recurso em que se sustentava a

possibilidade de um duplo grau de jurisdição constitucionalmente assegurado,

o que afastava e implicava na nulidade absoluta de julgamentos nas chamadas

ações penais originárias perante o STF. O STF já trouxe a sua interpretação a

questão da validade da Convenção InterAmericana de Direitos Humanos no

ordenamento jurídico brasileiro e principalmente em relação a sua posição

discutindo se integra ou não parte da Legislação Ordinária ou pode ser

encarada como norma de caráter Constitucional portanto no mesmo patamar

da Constituição Federal, os dispositivos da Convenção InterAmericana colocam

– se nos mesmos níveis das demais normas que integram o ordenamento

jurídico e isso decorre da Interpretação da própria Constituição Federal em seu

artigo 5º, § 2º que tem a seguinte redação: Os direitos e garantias expressos

nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios

por ela adotados ou dos Tratados Internacionais em que a República

Federativa do Brasil seja parte. O Supremo Tribunal Federal no julgamento do

recurso em Habeas Corpus nº 79.785 – RJ já se debruçou acerca do tema

quando se sustentava a nulidade de julgamento perante o STF em ação penal

originária ante a violação do chamado duplo grau de jurisdição, e assim decidiu

o STF: Para corresponder a eficácia instrumental que lhe costuma ser

atribuída, o duplo grau de jurisdição à de ser concebido á moda clássica com

seus dois caracteres específicos: a possibilidade de um reexame integral da sentença de primeiro grau e que esse reexame seja confiado a órgão diverso do que proferiu e de hierarquia superior na ordem hierárquica,

com esse sentido próprio sem concessões que o desnaturem, não é possível

sobre as sucessivas Constituições da República erigir o duplo grau em

princípio e garantia Constitucional, tantas são as previsões na própria lei

fundamental do julgamento de única instância ordinária já na área cível, já

particularmente na área penal. A situação não se alterou com a incorporação

ao direito brasileiro da Convenção Americana de Direitos Humanos, Pacto de

San José da Costa Rica, continua a interpretação do relator na qual

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efetivamente o artigo 8º, inciso II, alínea h, consagrou como garantia ao menos

na esfera processual penal o duplo grau de jurisdição em sua acepção mais

própria qual seja, o direito de toda pessoa, acusada de delito, durante o

processo, de recorrer da sentença para Juiz ou Tribunal, e conclui o relator o

eminente Ministro Sepúlveda Pertence: prevalência da Constituição no Direito

Brasileiro, sobre quaisquer Convenções Internacionais, incluídas as de

proteção aos direitos humanos que impede, no caso, a pretendida aplicação da

norma do Pacto de San José da Costa Rica, o princípio do duplo grau não

significa apenas a garantia de revisão da decisão de primeiro grau também

compreende a proibição para o Tribunal de com seu julgamento impedir o

julgamento ou pronunciamento do Juiz de primeiro grau (Garantia do Exame

em Primeiro Grau).

O STF sustentou que a existência de competência de natureza Constitucional

em última instância como, por exemplo, se dá nas ações penais originárias,

não viola o princípio do duplo grau de jurisdição, porque o princípio do duplo

grau de jurisdição encontra previsão em Convenção Internacional e em

interpretação do Supremo Tribunal Federal é que apesar de obviamente haver

interpretações doutrinárias diferenciadas, as Convenções Internacionais se

colocam no patamar de legislação ordinária devendo, portanto se subordinar a

Constituição Federal como toda e qualquer lei. Portanto a existência de

competência originária sem a possibilidade de recurso de decisão não violaria

a Constituição Federal, essa é a interpretação do Supremo Tribunal Federal, e

vai além o Ministro Pertence quando trata das questões relativas às

competências originárias, é a própria Constituição Federal ao propor e

estabelecer as competências originárias dos Tribunais Superiores que também

deverá prever a possibilidade ou não de recurso, silente a Constituição acerca

de recursos nas ações originárias de competência dos Tribunais Superiores

não há recurso e mesmo assim não haverá a violação ao princípio referido,

chamado princípio do duplo grau de jurisdição.

Vimos também que apesar do duplo grau de jurisdição ser uma medida e uma

garantia de todo e qualquer cidadão, brasileiro inclusive, uma vez que o Estado

Brasileiro é signatário do Pacto de San José da Costa Rica, além da sua

dimensão de significar a possibilidade de revisão, também significa que se

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deve garantir a decisão pelo Juízo Natural, ou seja, o órgão revisor ele não

pode se colocar no lugar do órgão natural para o julgamento da causa, sob

pena da chamada “supressão da instância” há uma garantia do exame em

primeiro grau. Dando continuidade a essa interpretação o próprio Supremo

Tribunal Federal sumulou o seu entendimento no enunciado nº 453 que tem o

seguinte teor: Não se aplicam à segunda instância o artigo 384 do CPP que

possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso em virtude de

circunstância elementar não contida explicita ou implicitamente na denúncia ou

queixa. Quando se fala no artigo 384 do CPP fala-se na chamada Mutatio libelli, uma vez que é oferecida a ação penal imputando a alguém a prática de

determinado fato descrito em Lei como crime, esse indivíduo deve se defender

dos argumentos e fatos constantes da denúncia, da ação penal, pois bem,

durante a instrução processual após a oitiva das testemunhas e mesmo após o

interrogatório do acusado, tomando o Juízo o conhecimento de fatos novos que

possam vir a prejudicar a situação do acusado por constituírem novos tipos

penais, deve abrir vistas ao Ministério Público, para que o M.P. adite a

denúncia dessa forma garantindo a dialeticidade e a paridade de armas

conferindo-se a partir desse aditamento vistas a defesa para que possa ser

garantido o princípio do contraditório e da ampla defesa. A Mutatio Libelli é

perfeitamente possível em primeiro grau, no entanto ela é vedada em segundo

grau, o que significa dizer que o Tribunal em exame de recurso de decisão,

seja ela condenatória ou absolutória, mas ordinariamente condenatória, não

poderá considerar fatos que não constituíram fundamento para a sentença

condenatória do Juíz de primeiro grau, se por ventura o órgão revisor constata

que um determinado fato trazido aos autos como meio de prova deve ser

considerado, o caminho é a anulação do julgamento inicial, ou seja, do

julgamento de primeiro grau, e o encaminhamento desse julgamento para o

Juízo Natural, ou seja, o encaminhamento do processo, para que esse

processo, a situação do cidadão cuja nova prova se pretende se examinar, seja

examinada pelo Juízo Natural da causa, que é o Juiz de Direito, o Juiz de

Primeiro Grau.

O STF no julgamento do Habeas Corpus 112.151, de relatoria do Ministro Luiz

Fux já se manifestou acerca da impossibilidade da Mutatio Libelli em nível

Page 10: Nulidade No Processo Penal 2ª Prova

recursal. Encerrada a análise do enunciado 453 do STF, passemos a analisar

um princípio decorrente do Princípio do Duplo Grau de Jurisdição, que é o

Princípio da Colegialidade. Pode até ocorrer que os órgãos competentes para

conhecer e julgar os recursos, não se enquadre na denominada jurisdição

Superior, a chamada competência de derrogação, ordinariamente é o que

acontece quando se recorre de uma decisão, seja ela absolutória ou

condenatória em processo penal, se busca a revisão dessa decisão por um

órgão, um órgão que pelo reexame da questão poderá chegar à justiça

pretendida na visão de quem recorre obviamente, e não necessariamente essa

revisão deverá ser realizada por órgãos compostos por integrantes de instância

Superior do Poder Judiciário, e esse recurso pode ser julgado também por

Turmas de Juízes de Primeiro Grau. Apesar de parecer estranho, cuida-se de

regulamentação constante da própria Lei nº 9.099/95 que tem a sua

competência Constitucionalmente assegurada.

A Lei nº 9.099/1995 que é a Lei dos Juizados Especiais Criminais, cuja

competência é para o julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo, ou

seja, aqueles cuja pena máxima em abstrato não exceda há dois anos. Há a

possibilidade também que essa revisão seja realizada por órgão revisional que

tenha em sua composição Juízes convocados, Juízes convocados de primeiro

grau que atuarão ao lado de Desembargadores integrantes do Tribunal de

Justiça Estadual ou do Tribunal Regional Federal, e mesmo assim não há que

se sustentar que há uma violação ao Princípio do Duplo Grau de Jurisdição ou mesmo ao Princípio da Colegialidade.

O STF no julgamento do HC nº 112.151 de relatoria do Ministro Luiz Fux já

tratou a respeito do assunto ora comentado, a Colegialidade. O julgado diz:

Que o julgamento pelo colegiado integrado em sua maioria por Magistrados de

primeiro grau convocados, não viola o princípio do Juiz Natural, nem o Duplo

Grau de Jurisdição.

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● Natureza Jurídica dos Recursos

O Recurso é um remédio contra decisões judiciais, essas, no entanto podem

ser atacadas pelas chamadas ações impugnativas, as chamadas ações

autônomas de impugnação.

● Diferença entre Recursos x Ações autônomas de Impugnação

As ações autônomas de impugnação das quais podemos citar como

exemplo: A revisão criminal, o Habeas Corpus ou mesmo o mandado de

segurança contra decisão judicial, ordinariamente se dirigem contra decisões

passadas em julgado, ou seja, já houve o trânsito em julgado, a preclusão

que impedi a revisão da decisão pelo órgão de instância Superior. Já os

recursos são exercidos antes do trânsito em julgado, até porque com ele se

busca evitar esse trânsito em julgado, a fim de se possibilitar a rediscussão. Ao

se falar em recurso está se automaticamente a tratar da dilação no tempo do trânsito em julgado, da formação da coisa julgada material que é a

circunstância que impede a alteração daquela decisão trazendo a certeza

jurídica.

Em determinados casos as ações autônomas também podem ser ajuizadas

antes do trânsito em julgado, e isso se dá como no caso do Habeas Corpus e

do Mandado de Segurança com trato jurisdicional havendo sincero e evidente

perigo trazido ao direito fundamental de liberdade do cidadão, aliás, é esse o

âmbito de atuação do habeas corpus, rito constitucional de tradição secular,

que justamente visa a coibir qualquer tipo de arbitrariedade decorrente do Estado em relação ao direito fundamental do cidadão.

O traço mais marcante da distinção, no entanto, entre as ações impugnativas e os recursos se apresenta não na instauração da nova relação processual,

com o recurso opera-se o mero prosseguimento da relação processual já

existente, enquanto nas ações impugnativas configura-se sempre o exercício

de uma nova ação, dando vida a uma diversa relação jurídica processual.

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● Características dos Recursos

→ Os recursos têm como terreno próprio serem anteriores a coisa julgada, já

esclarecemos que justamente o que se pretende é postergar a formação da

coisa julgada ao se recorrer de uma decisão.

→ Não ensejam a instauração de nova relação processual, ao contrário das

ações impugnativas, o recurso é uma seqüência natural do processo que se

inicia com o oferecimento da ação penal, a formação da relação processual

com a citação do acusado, a sentença, e o recurso dessa sentença. A decisão

que julga um determinado recurso na realidade por se tratar de uma sucessão

da sentença de primeiro grau, a substitui.

→ A terceira característica é a chamada Voluntariedade. Ninguém é obrigado

a recorrer de uma decisão, cuida-se de um direito subjetivo, é obvio que

quando se fala em direito de liberdade violado e de sentimento pessoal de

injustiça, é quase que uma necessidade ou uma conseqüência natural da

condenação, o recurso. Pode ser, no entanto que uma pessoa condenada

várias vezes queira obter o trânsito em julgado de uma sentença condenatória

a fim de obter um beneficio com isso, que seria a concessão de benefícios na

execução penal, como: Livramento Condicional, etc. que somente poderia ser

conseguida por meio do trânsito em julgado dessa sentença penal, é uma

questão de discricionariedade, de escolha.

→ Por fim pode-se apontar como derradeira característica do recurso, que se

trata de meio de impugnação da decisão judiciária.

● Conceito de Recurso

O Recurso pode ser definido como: O meio voluntário de impugnação de

decisões, utilizado antes da preclusão e na mesma relação jurídica processual,

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apto a propiciar a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da

decisão.

Como vimos a partir da sua conceituação, recurso é meio voluntário, ele não é

obrigatório, é um direito de todo e qualquer cidadão.

Por meio do recurso busca-se a impugnação de decisões, é evitar que a

decisão alcance a eficiência dela própria decorrente, qual seja a execução da

pena fixada, no caso obviamente de recurso do acusado, no caso do Ministério

Público é buscar a aplicação efetiva do poder punitivo do Estado não

reconhecida em sentença penal absolutória.

O Recurso deve ser utilizado antes da preclusão. A preclusão consiste na

realização de ato positivo ou negativo dentro de determinado prazo, ou

subordinado a um determinado requisito que importará na sua não realização

desse ato pela sua verificação, ou seja, pela verificação da preclusão. O

aspecto mais comum da preclusão é a chamada preclusão temporal que

decorre da impossibilidade de exercício de um direito processual pela sua não

utilização no tempo previsto em lei. Então para se recorrer tem que se evitar a

preclusão, porque a preclusão notoriamente se presta a permitir que o

processo caminhe para frente, como é dá própria natureza do processo, e

dessa maneira ao se evitar constantes recursos, pela não obediência dos

limites da utilização desse direito busca-se a certeza jurídica com a coisa

julgada material, ou seja, com a impossibilidade de revisão daquela decisão

judicial.

O recurso se encontra na mesma relação jurídica processual, o recurso é

impugnação a decisão, e ao haver a decisão no próprio recurso, é essa

decisão do recurso que servirá de decisão na relação processual como decisão

única, a decisão recorrida quando alterada, modificada ela é substituída pela

decisão do recurso.

A finalidade que se busca ao se recorrer se resume em quatro possibilidades:

A reforma, a invalidação, o esclarecimento, ou a integração da decisão.

Quando se busca a reforma sustenta-se de ordinário o chamado Error in

Judicando, ou seja, a aplicação errônea do direito para a solução de um

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determinado caso em concreto e com isso se busca a alteração dessa decisão,

seja no recurso contra decisão condenatória, seja no recurso contra decisão

absolutória.

Ao se falar em invalidação nós estamos tratando por outro lado do chamado

Error in Procedendo. O Error in Procedendo diz respeito às normas de natureza

procedimental, não obedecidas, que, portanto geraram a nulidade da decisão,

por nulidade do processo, é a chamada Invalidação do Processo, o que

certamente implicará na realização de um novo julgamento.

Falamos também em esclarecimento e integração da decisão. Por meio dos

Embargos de Declaração busca-se o esclarecimento de uma obscuridade de

determinada decisão, uma decisão com um dispositivo que não trás a certeza

necessária acerca da situação jurídica do acusado, ela demanda um

esclarecimento. Por outro lado se ela se omite em relação aos temas tratados

durante a própria relação processual, seja pela acusação, seja pela defesa, há

a possibilidade de integração, ou seja, de complementação dessa decisão,

permitindo-se que o Juiz Natural da causa possa se manifestar acerca do tema

não tratado e que importa em lacuna na decisão judicial. Então é por meio dos

Embargos Declaratórios que se obtêm o esclarecimento ou integração de

eventual decisão judicial.

● Classificação dos Recursos no Processo Penal Brasileiro

Os recursos são classificados a partir de diversos critérios, são eles:

→ A extensão da matéria impugnada – Em relação à extensão da matéria

impugnada, os recursos podem ser classificados em: totais e parciais.

→ Levando-se em consideração os fundamentos os recursos podem ser

classificados em: recursos de fundamentação livre e recursos de fundamentação vinculada.

Citando-se como exemplo dos recursos de fundamentação vinculada: Os

recursos contra as decisões do Tribunal do Júri e também os recursos

extraordinários lato sensu como: O recurso especial e o recurso extraordinário.

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→ Podemos também classificar os recursos em recursos ordinários que são

aqueles que buscam a proteção do direito subjetivo do recorrente; ou seja, o

objeto direto que se pretende a tutela do Poder Judiciário, é o direito do

recorrente, e também podemos classificá-los, por outro lado, como os

chamados recursos extraordinários, nestes o objeto específico, imediato é a

proteção do direito objetivo, ou seja, do ordenamento jurídico, da aplicação da

lei no ordenamento jurídico brasileiro, e mediatamente, ou seja, como objeto

indireto o interesse do recorrente deve ser levado em consideração.

Perguntas dos alunos

1- O Órgão Recursal pode aplicar a Mutatio Libelli prevista no artigo 384 do

CPP?

R: A Mutatio Libelli se constitui na possibilidade de complementação da

acusação. Por sua natureza a Mutatio Libelli tem aplicação no Juízo de

Primeiro Grau, o seu procedimento refere-se à possibilidade de

aditamento a denúncia, o aditamento a denúncia consiste em, o

Ministério Público nos casos de ação penal pública incondicionada,

quando oferece a ação penal, atribui a um determinado cidadão, que

ocupa a posição de suspeito ou acusado, uma determinada conduta,

que é abstratamente prevista em tipo penal constante ou do Código

Penal ou da Legislação Extravagante. Pode ser que após a integração

da relação processual, com a apresentação da defesa e oitiva das

testemunhas, e mesmo após o interrogatório do acusado venha se

tomar conhecimento de fato novo, fato novo esse que constitui uma

“elementar”, um elemento essencial de crime que poderá ou imputar a

prática de novo crime aquele cidadão, que deverá também por ele

responder, ou de uma situação qualificada daquele crime pelo qual foi

ele denunciado, em ambas as situações o Juiz não poderá fazer essa

alteração de ofício, ou seja, o Juiz não pode condenar o acusado por um

fato que não é constante da própria ação penal, que delimita o objeto de

analise do Juiz, é necessário que o Juiz então confira a possibilidade ao

Ministério Público que é o órgão natural para o ajuizamento da ação

Page 16: Nulidade No Processo Penal 2ª Prova

penal pública incondicionada de complementar essa acusação. Essa é a

primeira medida a ser tomada.

A segunda medida constitui na possibilidade de que a defesa em

obediência ao Princípio do Contraditório possa falar ao respeito daquela

nova situação de fato, afastando-a, ou sustentando qualquer tese que

seja benéfica ao acusado, de qualquer maneira é como se reabrisse um

novo trânsito processual, um novo procedimento, agora para aquele fato

que compõe a complementação da ação penal, e só a partir daí o Juiz

poderá então decidir acerca daquele novo fato que foi trazido ao

conhecimento na instrução processual.

Ao se falar em Mutatio Libelli, constante ela no artigo 384 do CPP, não

se pode tratar desse instituto no procedimento recursal porque se

entende que a aplicação do instituto da Mutatio Libelli em nível recursal

importaria em supressão de instância.

Supressão de Instância- A supressão de instância importa na retirada do

órgão natural competente para dizer o direito no caso concreto, ou seja,

a jurisdição e sua delimitação pelo Juízo Natural, pelo órgão revisor, ao

se verificar a não atualização daquela situação fática, ou a não

observância daquela situação fática pelo Juiz de Direito, a função do

Órgão Revisor é permitir que o Juízo de Direito Natural possa sobre ela

tecer comentários, sobre ela deitar sua atenção, e dessa maneira ao se

impedir a aplicação do artigo 384 do CPP em nível recursal, se busca a

invalidação daquela decisão, dessa maneira determinando que o órgão

natural efetivamente exerça a jurisdição.

2 – O que diferencia o Recurso das chamadas Ações impugnativas?

R: Nós vimos que o Recurso e as Ações Impugnativas guardam

similitudes, buscam muitas vezes um mesmo resultado que é a

alteração da decisão judicial, no entanto há alguns elementos que

diferenciam um do outro.

Nos Recursos nós temos uma continuidade da relação processual,

relação processual essa, iniciada por meio do oferecimento da ação

penal que acaba com a decisão judicial de primeiro grau e pode ou não

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vir a ser reexaminada por órgão revisor colegiado de instância superior,

essa é basicamente a relação processual envolvendo o Juízo de

Primeiro Grau e o Órgão Revisor, também por meio dos recursos evita-

se justamente a verificação do chamado trânsito em julgado, ou seja, é a

constatação da impossibilidade de revisão ou reformulação daquela

decisão por verificação da coisa julgada, aquela qualidade da decisão

judicial que importa na sua certeza jurídica no ordenamento, no mundo

do direito e no mundo dos fatos.

Pelas Ações Impugnativas como característica essencial, podemos

citar a criação de uma nova relação processual. As Ações Impugnativas

não dão continuidade à ação penal originada com o oferecimento da

denúncia ou queixa crime, na realidade seguem um caminho paralelo,

caminho paralelo este que visa muitas vezes a um mesmo objetivo que

é a revalidação ou revisão da decisão judicial de primeiro grau, mas que

importa no reconhecimento de uma relação processual autônoma e

independente em relação aquela que se pretende revisada. Outra

questão relevante e interessante relativa às ações impugnativas é que

elas ordinariamente ocorrem após o trânsito em julgado da decisão, e aí

citamos como exemplo ordinário, a chamada revisão criminal que é a

possibilidade de revisão de sentença penal transitada em julgado em

face do surgimento de fato novo.

Ex: Um determinado cidadão que foi condenado pela morte de

determinado indivíduo, seu desafeto, e que posteriormente vem esse

indivíduo, supostamente morto, a se apresentar para votação, ou para

retirar um documento num cartório, constatando-se que na realidade ele

não morreu. A partir da constatação do elemento necessário para

condenação de alguém para o crime de homicídio, que é a efetiva morte

da vítima, surge a possibilidade do ajuizamento de uma ação revisional

impugnativa, independente e autônoma em relação ao processo que

acarretou a condenação do acusado, no entanto não se deve trazer o

trânsito em julgado como elemento inafastável para o ajuizamento da

ação impugnativa porque também as ações impugnativas diante de

ameaça concreta ao direito de liberdade, de todo e qualquer cidadão,

podem ser utilizadas antes mesmo do trânsito em julgado, como é o

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exemplo do Habeas Corpus e do Mandado de Segurança conta ato judicial.O Habeas Corpus remédio constitucional de tradição secular, que tenha

na sua seara por excelência o combate a arbitrariedade praticada pelo

Estado no exercício do seu Poder Punitivo.

3 – A participação de Juízes do mesmo nível hierárquico na revisão de

atos judiciais implica na violação do duplo grau de jurisdição?

R: O Duplo Grau de Jurisdição constituísse num princípio aplicável no

Direito Brasileiro por força da adoção do chamado Pacto de San José da

Costa Rica. Vimos que o Pacto de San José da Costa Rica importa no

reconhecimento a revisão de atos judiciais de cunho decisório como

uma garantia de todo e qualquer cidadão, e vimos também que o STF

enquadra o Pacto de San José da Costa Rica a chamada Convenção

InterAmericana de Direitos Humanos como parte da Legislação

Ordinária em relação a Constituição Federal, daí decorrendo

necessariamente a obediência aos princípios gerais que compõem e

integram a própria Carta Magna. O Duplo Grau de Jurisdição é uma

garantia de todo e qualquer cidadão de ver uma decisão judicial revisada

por um Órgão Superior, quando se fala em Órgão e instância Superior

em nível hierárquico, se fala numa relação de Juízes e

Desembargadores ou Juízes e Ministros e Desembargadores e

Ministros, ordinariamente nós sabemos que as casas revisionais trazem

a decisão colegiada, essa decisão colegiada importa no reconhecimento

de uma certeza jurídica a partir da discussão da matéria entre três ou

mais Juízes, entre três ou mais Magistrados, assim se dá perante os

Tribunais Estaduais, assim se dá perante o Tribunal Regional Federal,

perante o Superior Tribunal de Justiça, ou mesmo perante o Supremo

Tribunal Federal.

O volume de processos hoje submetidos à revisão é muito grande, veja-

se um número monstruoso e enorme de processos submetidos ao

recurso especial perante o Superior Tribunal de Justiça ou mesmo que

tem a sua constitucionalidade como objeto de decisão a ser proferida

pelo Supremo Tribunal Federal, especificamente em relação aos Juízes

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Estaduais e as cortes Federais o problema é o mesmo, não há muitas

vezes o número necessário de Desembargadores ou Magistrados de 2º

Grau que possam dar vazão a necessidade do jurisdicionado, isso

importa no reconhecimento de que a administração da justiça muitas

vezes convoca Juízes de 1º Grau ou mesmo Desembargadores em

relação aos Tribunais Superiores para a decisão daqueles casos

submetidos a recurso. O STF já discutiu reiteradamente acerca de uma

Lei do Estado de São Paulo que previa a possibilidade de julgamento

por Órgãos Colegiados e que não necessariamente importasse na sua

composição em integrantes de instância Superior, o STF já decidiu que

a presença, ainda que na sua maioria de Juízes convocados ou

Desembargadores convocados em Tribunal ou Tribunal Superior não

importa em violação do Duplo Grau de Jurisdição, nem importa em

violação do Princípio da Colegialidade, isso porque a própria

Constituição Federal ao definir a competência dos Juizados Especiais

Criminais trás a possibilidade na Lei nº 9.099/95 da utilização desse

mesmo recurso para a revisão das decisões. Nos Juizados Especiais

Criminais propriamente ditos, se prevê a revisão das decisões do Juiz

Singular por um Colegiado de Juízes de mesma instância, e isso não

invalida a revisão da decisão e também não invalida a possibilidade de

reconhecimento do Duplo Grau de Jurisdição

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