Upload
nguyenthien
View
231
Download
5
Embed Size (px)
Citation preview
MANUEL PARRALES ROSPIGLIOSI
A TOMADA DA RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOR JAPONÊS NO PERÚ POR TERRORISTAS:
“EXPRESSÃO POLÍTICA E SOCIAL DOS GRUPOS SUBVERSIVOS” Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Prof. Gustavo Alberto Trompowsky
Heck
Rio de Janeiro 2013
C2013 ESG
Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referencia bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.
Assinatura do autor
Biblioteca General Cordeiro de Farias
Rospigliosi, Manuel Parrales
A tomada da residência do embaixador japonês no Peru por terroristas: “Expressão política e social dos grupos subversivos” / Capitán de Navío A.P. Manuel Parrales Rospigliosi. Rio de Janeiro: ESG, 2013.
67 f.: il. Orientador: Prof. Gustavo Alberto Trompowsky Heck Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2013.
1. Terrorismo. 2. Movimento Revolucionário Tupac Amaru. 3. Sendero Luminoso. 4. Chavin de Huantar. I.Título.
A minha esposa que me dá estabilidade e apoio
necessário para lutar pela realização dos meus desejos.
A meus filhos pela compreensão em minhas decisões.
AGRADECIMENTOS
As Autoridades do Ministério da Defesa brasileiro, pelo convite para
cursar este importante Curso, que faz com que nossas nações se integrem e se
aprimorem mais.
Aos estagiários da Turma Força Brasil do CAEPE, pela amizade recebida
durante a minha estadia.
Ao Corpo Permanente da ESG, por ensinar a importância do Brasil no
cenário americano.
Finja inferioridade e estimula a sua
arrogância.
Mantenhas bajo tensão e desgastá-lo
Quando este unido, divide-lhe.
Atacá-lo onde ele não está preparado, há que sair quando ele não espera...
A Arte da Guerra. (SUN TZU)
RESUMO
Esta monografia tem como objetivo apresentar a história, o desenvolvimento dos
grupos subversivos, os problemas sociais e atos de terrorismo no Peru, buscando
compreender as razões pelas quais foram desenvolvidos estes grupos. Relantando
o ocorrido durante a operação, com experiência própria de ter combatido o
terrorismo no Peru e participado da chamada Operação “Chavín Huántar”,
integrando uma das equipes de resgate de reféns, além de mostrar a situação
política, econômica e social vivida no Peru na década de oitenta e noventa; a
implementação da estratégia contra o terrorismo e as atividades terroristas antes do
assalto a residência do Embaixador do Japão, em Lima, por terroristas do
Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), a tomada de reféns, o processo
de negociação para uma solução pacífica diante da crise dos reféns, bem como, o
desenvolvimento da Operação de Resgate. Verificando a estratégia do Governo
peruano durante a crise dos reféns e as responsabilidades assumidas pelo Estado;
as atividades realizadas para evitar o risco com os reféns e a adoção de alternativas
para chegar a uma solução pacífica. A decisão da opção militar e do uso da força,
executando a Operação Militar "Chavín de Huántar", em 22 de abril de 1997,
descreve os eventos da operação que libertou 72 reféns das mãos dos terroristas.
Apresenta ainda, os acontecimentos após a Operação, as atividades subsequentes
das Organizações Políticas de Esquerda com o apoio de organizações de fachada
do terrorismo que procuravam desacreditar a operação e as consequências políticas
e sociais. Analisando como o Estado deve estar preparado para lidar com situações
de crise; o impacto sobre as Forças Armadas e a importância de se manter
Unidades Especiais Contraterroristas em constante treinamento e pronta quando
necessário.
Palavras chave: Terrorismo, Movimento Revolucionário Tupac Amaru. Sendero
Luminoso. Chavin de Huantar.
RESUMEN
Esta monografía tiene como objetivo dar a conocer los antecedentes, el desarrollo
de los grupos subversivos, los problemas sociales y los actos de terrorismo en el
Perú, buscando comprender los motivos por las cuales se desarrollaron estos
grupos. Relatando lo ocurrido durante la operación, al contar con la experiencia de
haber luchado contra el terrorismo en el Perú y participado en la operación “Chavín
Huantar”, integrando uno de los equipos de equipos de rescate de rehenes , también
muestra la situación política, social y económica vivida en el Perú en los años
ochenta y noventa, la aplicación de la estrategia antiterrorista y las actividades
terroristas previas al asalto de la residencia del embajador del Japón en Lima por los
terroristas del Movimiento Revolucionario Túpac Amaru (MRTA), la toma de rehenes,
el proceso de negociación para una salida pacífica a la crisis de rehenes, y el
desarrollo de la operación de rescate. Verifica la estrategia del gobierno peruano
durante la crisis de rehenes y las responsabilidades asumidas por el estado, las
actividades llevadas a cabo para evitar el riesgo de los rehenes y la adopción de
diversas alternativas para llegar a una solución pacífica. La decisión de la alternativa
militar y el uso de la fuerza mediante la ejecución de la operación militar "Chavín de
Huantar" el 22 de abril de 1997, describe los acontecimientos de la operación que
libero a 72 rehenes de manos de los terroristas. Y presenta los acontecimientos
posteriores a la operación, las consecuentes actividades de las organizaciones
políticas de izquierda con el apoyo de organismos de fachada del terrorismo
intentando desacreditar la operación, y las consecuencias políticas y sociales.
Analiza cómo el Estado debe estar preparado para hacer frente a situaciones de
crisis, el impacto en las Fuerzas Armadas y la importancia de mantener Unidades
Especiales Contraterroristas en constante entrenamiento y listas para cuando sea
necesario.
Palabras Clave: Terrorismo. Movimiento Revolucionario Túpac Amaru. Sendero
Luminoso. Chavín de Huantar
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 Bandeira de Sendero Luminoso .........................................................12 FIGURA 2 Bandeira do Movimento Revolucionário Tupac Amaru ......................20 FIGURA 3 Mapa para 2003 da presença de Sendero Luminoso ........................21 FIGURA 4 Mapa atual da presença de Sendero Luminoso .................................27 FIGURA 5 Representação da casa de negociação .............................................46
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APRA Ação Popular Revolucionária Americano
BPR Bloco Popular Revolucionário
CVR Comissão de Verdade e da Reconciliação
DINCOTE Direcção Nacional Contra o Terrorismo
FARC Forças Armadas Revolucionáriasda Colômbia
FMLN Frente Farabundo Martí para Libertação Nacional
FOCEP Frente Trabalhadora Campesino Estudante do Peru
FSLN Frente Sandinista de Libertação Nacional
JMG Junta Militar de Governo
M-19 Movimento 19 de Abril
MPL Movimento Patriótico Livre
MRTA Movimento Revolucionário Tupac Amaru
PCP Partido Comunista do Peru
PCP-SL. Partido Comunista do Peru-Sendero Luminoso
PRT Partido Revolucionário dos Trabalhadores
PSR Partido Socialista Revolucionário marxista-leninista
PSR-ml Partido Socialista Revolucionário marxista-leninista
SL Sendero Luminoso
UEC Unidade Especial de Combate
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 10
2 MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TUPAC AMARU ................................. 12
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA .......................................................................... 12
2.2 VÍNCULOS INTERNACIONAIS .................................... .............................. 17
2.3 PRINCIPAIS AÇÕES TERRORISTAS ...... ................................................... 18
2.4 PRÁTICA DE SEQUESTRO ... .................................................................... 18
3 SENDERO LUMINOSO (PCP-SL) ................................................................. 20
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............................................................................. 20
3.2 GUERRA FRENTE AO ESTADO ..................................................................... 21
3.3 AÇÕES DO GOVERNO PERUANO ............................................................. 24
3.3.1 Captura de Abimael Guzman .................................................................... 24
3.3.2 Captura de Artemio .................................................................................... 26
4 POLÍTICA ANTITERRORISMO .................................................................... 28
4.1 O CONFISCO DA RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOS DO JAPÃO EM LIMA .. 29
4.2 O INÍCIO DA INVASÃO ................................................................................ 35
5 OPERAÇÃO CHAVÍN DE HUÁNTAR .......................................................... 52
5.1 FASE 1: PLANEJAMENTO, PREPARAÇÃO E ENSAIO ... ............................. 52
5.2 FASE 2: APROXIMAÇÃO E ASSALTO .......................................................... 54
5.3 FASE 3: FINAL DO ASSALTO ...................................................................... 55
6 PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES DE RESGATE DOS REFÉNS .................. 57
6.1 INTELIGÊNCIA ............................................................................................. 58
6.2 SURPRESA .................................................................................................... 58
6.3 HABILIDADES DO OPERADOR ................................................................... 59
6.4 ENGANO ...................................................................................................... 59
7 ANÁLISE ....................................................................................................... 61
7.1 POLÍTICA SOCIAL ......................................................................................... 61
7.2 MILITAR ........................................................................................................ 62
8 RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 64
9 CONCLUSÕES ............................................................................................... 65
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 66
11
1 INTRODUÇÃO
Há mais de 10 anos se desenvolverem, no Peru, dois movimentos
subversivos, tendo causado desolação, terror e morte nas casas, ruas e campos, de
modo que a política de Governo, levou ao sucesso ao combate contra-insurgência
contra as organizações terroristas Sendero Luminoso (SL) e Movimento
Revolucionário Tupac Amarú (MRTA), com o estabelecimento de uma legislação
anti-terrorismo; o Movimento Revolucionário Túpac Amaru, numa ação de
sobrevivência, tomou reféns na residência da Embaixador do Japão, no Peru. Estes
terroristas eram pessoas que foram trazidas para a prática de atos de terrorismo,
convencidas por pseudo-líderes, que os apresentou ao ódio e ressentimento, levou-
os a perder suas vidas tentando desestabilizar o Estado peruano Jurídico-Político e
Social, aproveitando-se de certas vulnerabilidades do Governo, com a pretenção de
impor assim suas demandas. Para por em prática essas ações usavam a elite
diplomática, a qual era cativa, expondo-os a privação desumana e ilegal de sua
liberdade. O Governo peruano, tentou lidar com essa situação delicada de crise de
maneira pacífica, sem deixar de lado a opção militar de resgate dos valiosos reféns.
A solução pacífica infelizmente, não ocorreu. O resgate dos reféns foi executado
através da Operação chamada “Chavin de Huantar”.
A Crise aconteceu depois que 14 terroristas do MRTA invadiram a residência
do embaixador japonês, em Lima, e capturaram cerca de 800 convidados, incluindo
empresários, diplomatas, religiosos, militares e políticos. Eles participavam de uma
recepção para o Imperador japonês no dia do seu aniversário, em 17 de dezembro
de 1996.
Os terroristas conseguiram surpreender os convidados, quando apareceram
na multidão. Durante o evento, alguns estavam disfarçados de garçons e outros
chegaram em uma ambulância que tinha armas de fogo. Foram bem armados e
poderiam facilmente sequestrar todos os convidados.
Vendo que havia muitas pessoas, libertaram as mulheres e os idosos para
ficar com as autoridades civis e militares, num total de 72 reféns. Obviamente, a
situação foi controlada pelos criminosos.
O grupo terrorista pediu entre outras coisas, que 400 prisioneiros terroristas,
fossem libertados das prisões no Peru.
12
Na época, alguns políticos concordaram, pressionando o Governo a aceitar
as condições dos terroristas. Enquanto isso, o Governo percebeu que uma solução
pacífica seria impossível. Então, reuniu-se em segredo com o grupo de comandos
das Forças Armadas e iniciaram o planejamento do resgate, através de uma
operação militar.
Depois de alguns meses de árduo trabalho de Inteligência para introduzir
microfones e algumas câmeras no interior da residência, a operação estava pronta,
com túneis escavados pelos mineiros trazidos de diferentes partes do Peru, que
trabalham contra o tempo, com muito cuidado para não serem percebidos pelos
terroristas.
No dia 22 de abril de 1997, ocorreu uma explosão no interior da Residência,
dando início a operação, levando consigo a vida de vários terroristas.O outro grupo
ficou atordoado, facilitando a entrada dos militares que estavam nas posições
designadas, ingressando pela rede de túneis dos jardins e entrada traseira, através
de aberturas feitas pelos grupos dos explosivos no perímetro da residência,
apoiados por atiradores de elite, com a missão de derrubar alvos oportunamente.
Infelizmente, a operação terminou com a vida um refém e dois comandantes.
Durante os 126 dias, que durou a crise da Embaixada, a atenção do mundo estava
no Peru, jornalistas estrangeiros estavam seguindo as ações e os possíveis
resultados que estavam por acontecer.
Apesar do sucesso da operação de resgate de reféns, existiam grupos pro-
terroristas que usaram a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH),
para desvirtuar e manchar o nome dos comandos que participaram da operação e
eliminou os terroristas.
A operação hoje é um exemplo e é ensinada em todas as Forças de elite do
mundo.
13
2 MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TUPAC AMARU
Figura 1: Bandeira do MRTA Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Revolucion
Tupac_Amaru
O Movimento Revolucionário Tupac Amaru, uma organização terrorista
peruana, fundado em 1984 e inspirado nos guerrilheiros esquerdistas em outros
países da região, que iniciou suas atividades terroristas em julho de 1985. Hoje,
essa organização está quase desarticulada militarmente, mas continua em parceria
com o narcotráfico e existem indícios de que alguns dos membros estão tentando
reconstituir sua estrutura e organização.
Em conjunto com outros grupos terroristas revolucionários auto-
denominados da mesma época como Sendero Luminoso e MRTA, tendo como
função seqüestros, assassinatos e ataques com carro-bomba, aterrorizando a
população urbana.
O MRTA foi liderado por Victor Polay e depois de sua captura e prisão em
julho de 1992, passa a ser liderado por Nestor Cerpa Cartolini, até sua morte,
durante a tomada da residência do embaixador do Japão, em Lima, em 22 de abril
de 1997.
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
O MRTA, nasceu como tal, em 1982, como resultado da união da facção do
Partido Socialista Revolucionário Marxista-Leninista (PSR)1, liderado por Luis
Varesse Scotto e por elementos migrantes do Movimento de Esquerda
Revolucionária – o Militante (MIR-EM)2, de Hugo Avellaneda, Antonio Meza, Elio
1 Partido Socialista Revolucionário marxista-leninista.
2 Movimento de Esquerda Revolucionária – O Militante.
14
Portocarrero e Victor Polay, afiliados ao MIR-EM, no ano de 1977, depois de
regressarem da Europa.
Quando surge públicamente o MRTA, muitos pensavam que era um título de
fachada urbana do Sendero Luminoso (SL)3. Porém, o antecedente histórico de
alguns componentes do MRTA, particularmente do MIR retornar ao ano de 1959,
quando o APRA4, sofre um fracionamento, nascendo o “APRA Rebelde”, de Luis de
Puente Uceda, Elio Portocarreno Ríos e Gonzalo Fernández Gasco.
Em 1962, forma-se o MIR II ETAPA, baseado no “APRA Rebelde” e nos
quadros políticos do Partido Comunista Peruano (PCP)5, adotando a partir de 1965 a
denominação MIR III ETAPA, que com o Exército da Libertação Nacional (ELN)6,
comandado por Héctor Béjar Rivera, inicia as guerrilhas no país. Desarticuladas as
guerrilhas (o presidente Belaúde7 chamou-os de ladrões), o MIR então dividiu-se em
MIR-Histórico e em MIR-Reconstrução; em 1968 se reagrupou ao MIR-Histórico,
mas sem ter maior figuração política, debido entre outros fatores o golpe militar do
General Juan Velasco Alvarado8.
O MRTA, no documento emitido por “conquistando o por vir”, III Comitê
Central, em 1991, onde disse-se sobre sua história:
Os militares que tomaram o Poder, em 3 de outubro de 1968, apareceram para a América Latina, como um fenómeno social inédito e completamente incomum, pois muitas das ações que executaram foram reenvindicações que a esquerda a anos reclamava.
Então, se diz por isto, que a Junta Militar do Governo (JMG)9, arrebatou a
bandeira da esquerda.
Em 23 de novembro de 1976, foi fundado o Partido Socialista Revolucionário
(PSR), liderado pelo General Leónidas Rodriguez Figueroa, quando se uniu as
facções do Exército de Libertação Nacional (ELN) e a Frente Trabalhadora
Camponesa Estudantil, do Peru (FOCEP)10. Em 1977, o PSR, sofre uma divisão
nascendo o PSR-Ml11, comandada por Varesse Scotto (ex-combatente, capitão
3 Sendero Luminoso – Movimento Terrorista.
4 Aliança Popular Revolucionária Americana.
5 Partido Comunista Peruana.
6 Exército de Libertação Nacional.
7 Presidente Belaúnde (1963-1968 e 1980-1985).
8 General Juan Velasco Alvarado (presidente do Governo Revolucionário das Forças Armadas de 1968-1975).
9 Junta Militar de Governo (durante o Governo do General Velasco).
10 Frente de Trabalhadores Camponeses Estudantil do Peru.
11 Partido Socialista Revolucionário-marxista-leninista.
15
guerrilheiro do FSLN12, da Nicarágua). Neste ano, Polay se afilia ao Movimento de
Esquerda Revolucionária, o Militante (MIR-EM), viajaram alguns deles para integrar
ao Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT)13, da Argentina, para adquirirem
experiencia.
O PSR, se estabeleceu em dois níveis: um o “público”, como personalidades
prestigiadas políticamente, com um trabalho “aberto”, com fins eleitoreiros e outro
nível, fechado, clandestino, encarregado do trabalho conspiratório que foi
denominado de “Orga”.
Em 4 de fevereiro de 1979, ocorreu um fato importante para a esquerda, a
greve dos trabalhadores da fábrica Cromotex, que resultou em varios feridos e
detidos, debido a radicalização de suas revindicações e também ao enfrentamento
com a policía. A greve foi liderada por Néstor Cerpa Cartolini, militante do SL, quem
depois viria a integrar o MRTA.
Em março de 1982, se autodenominou Movimento Revolucionário Túpac
Amaru, em memoria ao grande rebelde peruano José Gabriel Condorcanqui
Noguera, Túpac Amaru II, cacique de Tungasuca, Pampamarca e Surimana, que se
rebelou contra a denominação esponhola, em 1780.
A primeira ação armada públicamente conhecida do MRTA, foi o ataque de
um comando tupacamarista com armas de fogo, sobre o posto policial da Vila El
Salvador – Lima, em 22 de janeiro de 1984, através da esquadra de combate
“Micaela Bastidas”; porém, em 31 de maio de 1982, um grupo embrionário do MRTA,
sob o comando de Polay, assaltaram uma agencia do Banco de Crédito, em Lima,
quando morreu Jorge Talledo Feria, pseudônimo “Daniel”, militante considerado
como o primeiro martire revolucionário tupacamarista, integrante do Comitê Central.
Em julho de 1985, ao asumir o Governo, o partido Aliança Popular
Revolucionária Americana (APRA), a organização terrorista “Túpac Amaru”,
concedeu um ano de tregua, aproveitando para organizar os quadros guerrilheiros
de selva do departamento de Cusco, centro desarticulado pelas Forças da Ordem,
em meados de 1986. Após isto, o MRTA, mudou seu centro operativo, quando forma
suas frentes guerrilheiras que permitiram establecer uma aliança com as máfias do
Tráfego Ilícito de Drogas (TID).
12
Frente Sandenista de Libertação Nacional, na Nicarágua. 13
Partido Revolucionário dos Trabalhadores.
16
O líder do MRTA, desde o início e depois de duras lutas internas, era o
senhor Victor Potay Campos, cujo nome de guerra era “Rolando”, foi quem
organizou os primeiros atos. Sua captura em fevereiro de 1989, desarticulou o
Comitê Regional do Centro, localizado nos departamentos de Junín e Pasco; a
captura ocorreu após uma operação em que foram mortos 106 terroristas; o MRTA
atribuiu como sendo uma iniciativa do ex-Ministro da Defesa, o General (Rfm)
Enrique López Albújar14, o que levou a ser assassinado em 1990, sendo este um
dos atos mais desastrosos de sua atividade no começo dessa década.
O período da denominada “Guerra Revolucionária do Povo”, o MRTA,
experimentou um paulatino crescimento de sua estrutura política e militar, prova
disto, é que a partir de 1984, registram-se dezenove atos terroristas, seguindo uma
escala de 198, 219, 392, 413, até chegar a 580 ações em 1989, quantidade trinta
vezes superior as cometidas em seu início.
No começo da década de 90, a organização terrorista “Túpac Amaru”,
contava com quatro frentes guerrilheiras, localizadas nos departamentos de San
Martín, Ucayali, Pasco, Junín, Cusco e Puno. Sua atividade urbana se centralizava
principalmente nas ciudades de Lima, Trujillo, Huancayo e Arequipa. Em julho de
1990, durante o governo do Presidente Alan García Pérez15, sucedeu a astuta fuga
de Victor Polay Campos, “Rolando”, com outros quarenta de seus militantes do
presídio Castro Castro, localizado no departamento de Lima; realizado através de
um túnel que foi construido sigilosamente, embora não se descartem complicidades
de dentro do presídio. Polay retoma a condição, mas precisa esforça-se para impor
suas decisões.
Em seguida, o chamado Bloco Popular Revolucionário (BPR) e o Movimento
Pátria Livre (MPL), facções legais, ambas de esquerda radical, teriam então se
convertido nos principais instrumentos de capacitação e formação ideológica dos
quadros para o MRTA, porém calcula-se que em 1991, teriam uma força que não
superava mil homens, dos quais 60% estavam armados, isto graças a sequestros e
a vínculos estabelecidos com os narcotraficantes, quando adquiriram uma apreciável
quantidade de metralhadoras e outros elementos bélicos. Neste mesmo ano, o
MRTA continua mostrando um aparente fortalecimento político e militar, dando uma
devida importancia a quantidade de militantes que fugiam do presídio.
14
Gral Enrique López Albújar (Ministro de defensa 1987-1989). 15
Presidente Alan García Pérez (1985 a1990 y de 2006 a 2011).
17
Esta recuperação lhe permitiu desenvolver suas ações violentas, tanto na
área urbana como na rural.
Mas, a partir de 1992, começa sua decadencia, devido a ação das Forças de
Ordem, que entre outros éxitos, obtiveram a recaptura de Victor Polay Campos, em
9 de junho de 1992 e de outros integrantes de alta hierarquia. A isto, adcionou-se
que dentro do BPR e do MPL surgiram discrepancias e disputas pelo comando. Em
1993, como consequência de sucessivos fracassos, uma delibitada estrutura política
e militar, a atividade violenta do MRTA diminui ostensivamente, sendo seus atos, na
maioria, orientados para fins claramente propagandistas. Sua atividade diminui, mas
ainda em 1994, devido sobretudo a condução nacional, o movimento foi
desarticulado com a captura de seus principais níveis de comando e devido também
a outros deserções, pelo efeito da “Lei do Arrependimento”16. Vários desertores
passaram a colaborar com as Forças da Ordem, o que aumentou a dissolução de
seus efetivos.
No ano de 1995, sua atividade concentra-se no Comitê Regional do Centro,
cuja ineficacia põe em evidencia a total falta de condução, direção e a transparência
da desorganização que existe em sua estrutura militar e política. Enquanto, a
direção nacional segue sofrendo reveses, em particular pela captura no distrito de La
Molina, localizado no departamento de Lima, do dirigente Miguel Wenceslao Rincón
Ricón, membro dessa direção nacional que cai conjuntamente com outros vintes
dirigentes hierárquicos, entre eles a norte americana Lori Berenson o paramenho
Pacífico Castrillón Santamaria e Nancy Gilvonio Conde, mulher de Néstor Cerpa
Cartolini.
Como consequência da aplicação da estratégia contraterrorista para a
pacificação nacional17, o MRTA sofreu duros golpes na sua estrutura política e
militar. A ação mais significativa de toda a história, está representada pela incursão
realizada em 17 de dezembro de 1996, dirigida por Néstor Cerpa Catolini,
conjuntamente com outros membros do grupo, a residencia do Embaixador do
Japão, em Lima.
O MRTA, ficou reduzido a uma mínima expressão, virtualmente. Desde
então, começou sua decadencia e sua atividade vem limitando-se cada vez mais a 16
Lei de Arrependimento (lei promulgada pelo governo do presidente Fujimori, para terroristas
sentenciados por traição a pátria, que proporcionavam informações as autoridades para localizar outros terroristas em actividades). 17
Estratégia contraterrorista para a Pacificação Nacional dirigida pelo governo do presidente Fujimori.
18
sequestros imprudentes de pessoas importantes por poucas horas, com a finalidade
de dar sinais de vida (GALVEZ, 1993, P.201).
2.2 VÍNCULOS INTERNACIONAIS
Quanto aos vínculos, o MRTA, desde do início, mantém relações de caráter
subversivo a nível internacional com movimentos similares, prioritariamente na
América, que contribuíram para sua formação inicial e para uma consolidação
posterior, como uma organização político-militar e assim tentando subverter o
sistema democrático. Na América, as diversas organizações rebeldes principalmente
as de Cuba, El Salvador, Nicarágua e Colômbia, foram sua inspiração que deram o
tom marxista-leninista. O FSLN da Nicarágua, contribuiu inicialmente, em dar as
primeiras diretrizes, com a participação na denominada convergência18, o M-19, da
Colômbia19, de sua parte, forneceu instruções de guerrilha a seus primeiros
combatentes, no chamado “Batalhão América”20. O FMLN21, de El Salvador
(desativado), enviou ao Peru instrutores militares para treinar os guerrilheiros do
MRTA, na selva, na província de Huallaga22.
Os grupos subversivos do Chile, não ficaram atrás, pois foi comprovada a
participação de subversivos chilenos na invasão ao centro de comunicações do
MRTA, na localidade de Surco – Lima, em 14 de julo de 1993, são eles Marcela
Ximena, Gonzáles(a) “Márcia” e Alejandro Valdivia López, que entraram no Peru
através do departamento de Puno. A nível mundial, se aproveita da situação
democrática particular, que alguns países da Europa estavam enfrentando, para
desenvolver assim propagandas e assim conseguir diferentes apoios de
organizações e grupos afins, alinhados com o Movimento Comunista Internacional
(MCI), especialmente na Suécia, França, Itália e Alemanha.
18
A Convergência Nacional surge no momento eleitoral, pois desde o começo tem como perspectiva
a criação da consolidação de uma nova aliança política. A aliança com o FSLN. 19
O Movimento (M-19) foi uma organização de guerrilla urbana colombiana, surgida nos anos de
1970. 20
Em janeiro de 1986 junto com o grupo Quintín Lame, o MRTA no Peru, e Alfaro Vive Carajo no
Ecuador, Tupamaros no Uruguay fundaram o Batalhão América. Logo reúne a dirección nacional do
M-19, para estudar os caminhos a seguir. 21
FMLN, é um partido político socialista de El Salvador. 22
A província de Huallaga é uma das dez que formam o Departamento de San Martin.
19
2.3 PRINCIPAIS AÇÕES TERRORISTAS
As ações mais importantes deste grupo foram os assassinatos de policiais,
militares e civis, atentados com carro bomba, sequestros, queda da torre de alta
voltagem e incurssões com armas de guerra em centros urbanos, inclusive em Lima.
Estas ações foram o principal mecanismo para fazer-se notar o seu
descontentamento com os setores públicos e privados peruanos. Se estima em 1247
(1,8% do total de vítimas de acordo com a Comissão da Verdade e Reconciliação -
CVR)23, são os números de vítimas de suas ações ao longo dos anos. A diferença
entre o MRTA e o movimiento “senderista” é que os militantes do MRTA, vestiam
uniforme para não serem confundidos com a população civil nas zonas do alto
andino, mas nas ciudades se escondiam entre a população civil.
2.4 PRÁTICA DE SEQUESTRO
Quando se priva a liberdade pessoal através da ação de um grupo armado
de maneira generalizada ou sistemática, constitui-se num crime contra a
humanidade. Entre 1984 a 1996, a CVR, obteve evidencias que o MRTA, teria
realizado dezenas de sequestros individuais e coletivos. Estes sequestros eram uma
prática frequente, orientada pela obtenção de beneficios políticos ou económicos.
Os membros do MRTA atuavam com grande precisão no momento da
apreensão de suas vítimas. Em muitos casos, disparavam a sangue frio, contra
quem tentasse impedir o sequestro ou mesmo contra suas vítimas se as mesmas
oferecem resistência, como foi o caso do empresario vidraceiro Pedro Miyasato
Miyasato, ocorrido em 22 de abril de 199324. Também, segundo a CVR, o cativeiro
implicava em tratos cruéis, desumanos e degradantes.
Em 31 de maio de 1989, um grupo de seis do MRTA, numa ação violenta a
um bar, na cidade de Tarapoto, assassinando oito travestis. Poucos días depois, o
semanário Cambio25, órgão oficial do MRTA, reinvidicou a ação e argumentou que
23
Comição da Verdade e Reconciliação, Elaborou um informe sobre a violência armada interna vivida
no Peru, desde 1980 a 2000. 24
Empresario vidraceiro Pedro Miyasato Miyasato sequestrado pelo MRTA. 25
Semanário Cambio (órgão oficioso do MRTA).
20
era devido esta ação a suposta proteção que as Forças de Ordem, dispensavam a
“estes flagelos sociais, que eram utilizados para corromper a juventude”. O
semanário, também mencionou um assassinato de similares características ao que
aconteceu em fevereiro do mesmo ano, quando o MRTA, executou “um jovem
„homo‟ muito conhecido em Tarapoto”26 (GALVEZ, 1993, P.230).
26
Tarapoto é uma cidade do norte oriente peruano.
21
3 SENDERO LUMINOSO (PCP-SL)
Figura 2: Bandeira do Sendero Luminoso Fonte:http://es.wikipedia.org/wiki/Sendero_Luminoso #cite_note-PGT2003-27
É uma organização terrorista peruana de tendencia maoística. A meta do
Sendero Luminoso é substituir as institutições burguesas peruanas por um regime
revolucionário camponês comunista, inicialmente através do conceito maoísta da
Nova Democracia. Amplamente condenado por sua brutalidade, inclusive violencia
aplicada contra os camponeneses, dirigentes sindiciais, autoridades eleitas
popularmente e a população civil em geral. Considerada como uma organização
terrorista pelo Governo do Peu, pela União Europeia e Canadá, os quais proíbem
fornecimento de fundos ou qualquer outro apoio financiero. Além disto, o Sendero
Luminoso está na lista de organizações terroristas estrangeiras do Departamento
dos Estados Unidos. Os seguidores do grupo são geralmente chamados de
“senderistas”.
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
O grupo comunista Sendero Luminoso foi fundado no final da década de 60,
pelo então profesor de filosofía Abimael Guzmán27. Foi uma organização que se
separou do Partido Comunista do Peru – Bandeira Vermelha28, que por sua vez se
separou do original Partido Comunista peruano e que é uma derivação do Partido
Socialista do Peru, fundado por José Carlos Mariátegui29, em 1928. O Sendero
Luminoso primeiro estabeleceu uma base na Universidade Nacional de São 27
Abimael Guzmán (líder da organização subversiva e terrorista de tendências marxista-leninista-
sendero luminoso). 28
Partido Comunista do Peru - Bandeira Vermelha. 29
José Carlos Mariátegui (pensador político marxista peruano).
22
Cristóvão de Huamanga30, onde Guzmán ensinava filosofía. Entre 1973 a 1975, o
Sendero Luminoso obteve o controle dos conselhos estudantis das universidades do
Centro, em Huancayo e na Cantuta31, desenvolvendo uma presença significativa na
Universidade Nacional de Engenharia e na Universidade Nacional Maior de São
Marcos32. Há indícios de que em 1980, o Sendero Luminoso teve uma série de
encontros clandestinos em Ayacucho. Estes encontros ficaram conhecidos como o
“Segundo Plenário do Comitê Central”. Se formou, então, um “Diretório
Revolucionário”, que tinha a natureza política e militar, onde se ordenaram as
milicias que se movimentavam nas áreas estratégicas das províncias, para iniciarem
a “luta armada”. O grupo também teve sua “Primeira Escola Militar”, onde os
militantes foram instruídos em táticas militares e no uso de armas. Também se levou
a cabo a “crítica e autocrítica”, uma prática maoísta, cuja finalidade era a de evitar a
repetição de erros e eliminar maus hábitos de trabalho. Durante a Primeira Escola
Militar, os membros do Comitê Central cairam sob uma grande crítica. Guzmán se
livrou desta crítica e baseado nisto, emergiu a Primeira Escola Militar, com um líder
visível e inquestionável do Sendero Luminoso.
3.2 GUERRA FRENTE NO ESTADO
Figura 3: Áreas do Peru das quais o Sendero Luminoso teve influência. Fonte:Terrorismo en Perú-Wikipedia, la enciclopédia libre
30
Universidade Nacional de San Cristóvão de Huamanga (situada no departamento peruano de
Ayacucho). 31
Universidades peruanas do Centro em Huancayo e Cantuta. 32
Universidades peruanas Nacional de Engenharia e da Universidade Nacional Maior de San Marcos.
23
Optaram por iniciar uma luta armada nas provínciais do norte do
departamento de Ayacucho. Em 17 de maio de 1980, na véspera das eleições
presidenciais, o Sendero Luminoso queimou as urnas e as cédulas de votação do
povo ayacuchano de Chuschi. Este foi o primeiro ato terrorista levado a cabo pelo
Sendero Luminoso. Através dos anos da década de 80, o Sendero Luminoso,
cresceu tanto em território que controlava, com um número de militantes formado por
parte da organização, principalmente, da serra central e com algum apoio de parte
dos camponeses. Também foram assassinados os capatazes das granjas coletivas,
controladas pelo Estado, e comerciantes acomodados que eram impopulares, entre
os camponeses pobres das zonas rurais. Estas ações contribuíram para que os
camponenese passassem a apoiar ao Sendero Luminoso, dispertando alguma
simpatia pela sua luta, principalmente nos departamentos de Ayacucho, Apurímac e
Huancavelica. A credibilidade do Sendero Luminoso foi agrava devido à insípida
resposta inicial do Governo peruano contra a insurgência terrorista. Durante um bom
tempo o Governo simplesmente ignorou o Sendero Luminoso, crendo que se tratava
de um movimento relativamente inofensivo e mesmo até benigno (no início, as
autoridades municipais ayacuchanas saudaram as ações reinvindicatórias do
Sendero), simples “lunáticos”. Em abril de 1982, um grupo de senderistas tomou de
assalto o presídio da cidade de Ayacucho, matando alguns policiais do efetivo e
liberando vários senderistas detidos. Este epsódio foi, evidentemente o fato que
confirmou que o Sendero Luminoso representava uma ameaça para o Estado
peruano. O Governo, então declarou estado de emergência em todo o departamento
de Ayacucho, incuntindo restrições aos direitos civis e políticos, ortorgando o
controle das Forças Armadas. Como resposta a agressão sofrida, as Forças
Armadas organizaram uma repressão igual de violência, que acarretou em muitas
vítimas.
Por sua vez, o Sendero Luminoso, continuou sua luta armada, desde zonas
rurais, iniciando uma temporada de aniquilação de autoridades civis, políticas e
qualquer vestígio de autoridade estadual. Quando também foram assassinados
supostos informantes, pessoas que foram acusadas de enviar notícias e apoio
logístico aos militares. Em casos como o do povo ayacuchano de Lucanamarca, com
estas matanças, acabaram aniquilando praticamente a toda a comunidade. O efeito
midiático da luta armada era ainda pequeno em relação ao resto do país. No
24
entanto, o incidente de Uchuraccay33, fez com que todo o país viesse a tomar
consciência da situação que vivia os departamentos de Ayacucho, Apurimac e
Huancavelia. Nesta localidade, os aldeões assassinaram seis jornalistas que vieram
de Lima, esses aldeões confundiram os jornalistas com senderistas, linchando-os e
enterrando-os em túmulos anônimos. Quando descoberto este fato, formou-se uma
Comissão para investigar, encabeçada pelo escritor Mario Vargas Llosa34. A partir
de 1983 (ano de maior número de vítimas), os ataques do Sendero Luminoso não
iriam limitar-se somente ao campo. Passando a atacar a infraestrutura das cidades
de Huancayo, Huancavelica, Cerro de Pasco, Huánuco, Andahuaylas, Abancay,
Ayacucho e Lima. Começaram os ataques as linhas de alta tensão, causando
apagões, deixando cidades inteiras sem energia elétrica.
As estratégias do Sendero Luminoso incluíam também a utilização de carros
bomba. Diversas cidades do interior do país, ocorreram ataques armados, durante
os quais os senderistas tomavam o controle da cidade e suspendiam todas as
atividades produtivas das mesmas. O Sendero Luminoso, realizou atentados contra
dirigentes sindicais, dirigentes de partidos de esquerda ou autoridades estatais. Em
24 de abril de 1985, nas vésperas das eleições presidenciais desse ano, o Sendero
Luminoso atacou Domingo García Rada35, presidente do Jurí Nacional de Eleições
do Peru. Também foram assassinados sacerdotes católicos e pastores protestantes,
por serem consideradas suas pregações contrárias a doutrina do partido. Na cidade
de Lima, o Sendero iniciou sua introdução, através dos chamados povos jovens36,
como Huaycán (localizado no atual distrito de Ate) e a Vila El Salvador. Neste último
assassinou em 1992, Maria Elena Moyano37(MATIAS, 1988, P.63), uma dirigente
local, que lutava pelas ações sociais, conhecida por seu trabalho social e
antisenderista. No início de 1991, o Sendero Luminoso apresenta muita influência
nas grandes zonas do país, principalmente na zona central, neste momento ainda
não se podia afirmar que exercia total controle sobre a dita zona. Com o início das
operações do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o Sendero,
enfrentam-se entre si e também os grupos de camponeses de autodefesa ou
33
Uchuraccay, comunidade do alto andino em Ayacucho-Peru. 34
Mario Vargas Llosa, escritor y politico peruano. 35
Domingo García Rada, Presidente do Juri Nacional de Eleições do Peru, 1980. 36
Pvlos jovens, nome dado a grandes barros que rodeavam Lima. 37
María Elena Moyano, lutava pela ação social peruana, dirigente local e feminista, assassinada por
terroristas do Sendero Luminoso.
25
patrulhas camponesas, que se organizaram autonomamente, recebendo ajuda das
Forças Armadas peruanas.
3.3 AÇÕES DO GOVERNO PERUANO
Em 1991, o presidente Alberto Fujimori, promulgou decretos que deram a
patrulha camponesa estatuto legal, os chamados Comitês de Autodefesa38, quando
foram entregues armas e participaram de treinamentos militares. Existiram nesta
época cerca de 7.226 Comitês de Autodefesa, dois quais aproximadamente 4.000
estavam localizados na zona central do país, principalmente na zona de influência
do Sendero Luminoso. Durante o Governo de Fernando Belaúnde Terry, os esforços
estatais foram pouco efetivos. Posteriormente, durante o Governo de Alan García
Pérez, tentou-se aplicar zonas rígidas nas áreas de influência do Sendero Luminoso,
quando foram planejados então os primeiros projetos de inteligência. Mas, foi no
Governo de Alberto Fujimori que se obtiveram melhores resultados, mediante uma
efetiva utilização da inteligência contrasubversiva.
3.3.1 Captura do Abimael Guzman
Em 12 de setembro de 1992, as 08:45 da noite, Abimael Guzmán Reynoso,
principal cabeça do Sendero Luminoso, foi capturado pelo GEIN (Grupo Especial de
Inteligência)39 da polícia, na casa do distrito de Surquillo, na cidade de Lima,
rodeado por quatro mulheres. Uma delas era Elena Iparraguirre, sua segunda
esposa. As outras eram Laura Zambrano Padilla, encarregada de arrecadar os
dólares cobrados do narcotráfego; María Pantoja e Maritza Garrido Lecca. A
captura se deu depois de longos meses de investigação. Policiais disfarçados de
coletores de lixo tiveram a certeza da localização de Guzmán e de suas condições
de saúde (onde foram encontrados vários medicamentos para o tratamento de
Psoríase, enfermidade que sofria Guzmán). Depois dessa captura, foram presas 38
Comitês de autodefensa, organização comum de defensa criado para participar da luta
antiterrorista. 39
GEIN (Grupo Especial de Inteligência da policía peruana reconhecido por sua participação na
captura de Abimael Guzman).
26
outras figuras principais da organização terrorista. Além deste fato, a organização
terrorista começa a perder ações militares, frente as patrulhas camponesas,
ocasionando a divisão da mesma, fazendo com que ficasse sob a direção de vários
comandantes, muitos dos quais estavam enfrentando-se entre eles mesmos. O
papel principal de Guzmán foi assumido por Óscar Ramírez Durand40, pseudônimo
Feliciano, que foi capturado num anexo a cidade de Huancayo, em 1999.
Apesar de virtualmente a organização terrorista ter desaparecido, uma
pequena facção do Sendero Luminoso, autodenominada “Prosseguir”, continua
esporadicamente ativa, na região dos rios Ene e Apurimac, chamado VRAE, na zona
andina oriental. De acordo com o Governo peruano, a facção possui cerca de 200
militantes de outras unidades regionais do Sendero Luminoso, que foram
desativadas. O “Prosseguir” atua em aliança com os narcotraficantes, sendo
responsabilizado por ter iniciado a atividade guerrilheira, em 2003. Em 9 de junho de
2003, um grupo senderista, atacou um campo militar, em Tocate, província do Mar
Ayacucho, tomando como reféns sessenta e oito trabalhadores da empresa
argentina Techint e três policiais. Esta empresa trabalhava no projeto Camisea,
gaseoduto que levaria gás natural desde departamento de Cusco a Lima41. Depois
desta ação as forças do Governo tiveram êxito e conseguiram capturar alguns
membros dessa facção. Em novembro, desse mesmo ano, Jaime Zuñiga,
pseudônimo Cirilo ou Dalton, foi detido depois de uma luta, onde quatro senderistas
morreram e um oficial militar foi ferido, Cirilo fez parte também do planejamento do
seqüestro dos trabalhadores de Techint; liderou uma emboscada contra um
helicóptero do exército, em 1991, onde morreram cindo soldados. Em 2003, as
Forças Armadas encontraram e desativaram vários campos de treinamento
senderistas, capturando vários membros dessa organização, quando liberou cerca
de cem indígenas que estavam sendo mantidos em escravidão (JARRIN,2001,P.65).
Em janeiro de 2004, um homem conhecido como o “camarada Artemio”42 é
identificado como um dos últimos líderes do Sendero Luminoso, isto dito em uma
entrevista televisiva em declaração, ele avisa: o grupo reiniciaria suas operações
violentas, a menos que o Governo peruano anistiase outros líderes senderistas,
40
Oscar Ramirez Durant, pseudônimo camarada Feliciano, foi um dos lideres do Sendero Luminoso. 41
Projeto Camisea, gasoducto de gás natural desde o departamento de Cusco a Lima. 42
Camarada Artemio, ou Florindo Flores Hala, líder do Sendero Luminoso.
27
dentre os próximos sessenta dias. O Ministro do Interior Fernando Rospigliosi43,
disse que o Governo responderia “firme e drasticamente” a qualquer ação violenta.
Em setembro desse mesmo ano em uma operação policial, em cinco cidades do
país foram encontrados dezessete suspeitos. De acordo com o Ministro do Interior,
oito dos presos eram professores escolares e outros dois eram administradores
escolares de alto nível.
Em 22 de dezembro de 2005, o Sendero Luminoso, emboscou uma patrulha
policial no departamento de Huanuco, assassinando oito oficiais. Mais tarde, nesse
mesmo dia, o presidente Alejandro Toledo44, declarou esse departamento em estado
de emergênia. Em outubro de 2006, Abimael Guzmán e sua companheira Elena
Iparraguirre foram condenados a prisão perpétua, pela “Sala Penal Nacional de
Terrorismo do Peru” (JARRIN,2001,P.76).
3.3.2 Captura de Artemio
Em fevereiro de 2012, durante um confronto, cai ferido o camarada Artemio,
cabeça dos grupos remanecentes do Sendero Luminoso. Em 12 de fevereiro de
2012, o presidente Ollanta Humala45 confirmou a captura de Artemio, capturado vivo
porém gravemente ferido46. Este ataque foi fruto do paciente trabalho de inteligência,
com um golpe certeiro contra os grupos senderistas remanecentes, já que Artemio
não tem quem o suceda ao comando. Atualmente como organismo de fachada do
Sendero Luminoso foi criado o Movimento pela Anistia e Direitos Fundamentais
(Movadef)47. Esta organização tratou de se registrar como partido político legal, de
acordo com a legislação peruana, porém, seu registro foi negado pelo Júri Nacional
de Eleições.
O Movimento pela Anístia e Direitos Fundamentais (Movadef) reinvindica a
ideologia do Sendero Luminoso, faixada do terrorismo, afirmou a Defensoria do
43
Fernando Rospigliosi, Ministro do Interior (2004). 44
Alejandro Toledo presidente peruano (2001-2006). 45
Presidente Ollanta Humala, presidente do Peru. 46
Presidente Ollanta Humala confirma a captura de Artemio. 47
Movimiento pela Anístia e Dereitos Fundamentais (Movadef) Organismo de fachada do Sendero
Luminoso.
28
Povo48, que pediu aos peruanos não esquecer o dano que a subversão causou ao
país.
Figura 4:Mapa actual de la presencia de Sendero Luminoso Fonte: Imágenes-La historia de sendero luminoso bajo el ojo critico de la contrainsurgenciahttp://www.izquierdanacional.org/soclat/articulos/ cuando_el_error_teorico_politico_conduce_al_desacierto_estrategico/
48
A Defensoria do Povo é um órgão constitucional autônomo criado pela Constitução de 1993. Sua
missão é proteger os direitos constitucionais e fundamentais da pessoa e da comunidade.
29
4 POLITICA ANTITERRORISTA
Até 1990, a situação do Peru era de um país que apresentava uma
economía em falencia, com um Estado que não tinha como responder aos principais
problemas do país. Em 10 de junho de 1990, se elege como presidente Alberto
Fujimori, que reduziu o tamaño do Estado, abriu a economía ao mercado
internacional, privatizou uma série de empresas estatais, que davam prejuízo ao
país. Em 5 de abril de 1992, Fujimori, encabeça um golpe cívico-militar, através do
qual dividiu o Congresso e inteviu no Poder Judiciário. Depois disso, convocou uma
assembleia constitutuinte e promulgou a Constituição de 1993. Simultaneamente,
iniciou a recuperação económica, mediante uma drástica política de choque
económico. Também estabeleceu uma política antisubversiva de pacificação,
concebida, implementada executada pelo mesmo, que estabelece as diretrizes do
seu plano de Governo no que refere ao novo papel das Forças Armadas, da Polícia
Nacional e também qual seria o objetivos da Polícia antisubversiva a curto prazo,
recuperando assim a confiança da população urbana marginal; combater a fundo o
Sendero Luminoso, o MRTA; isto sustentando-se em quatro pilares fundamentais:
- Uma estratégia integral;
- Potenciação e integração da Comunidade de Inteligência sob sua direção
objetiva, o Serviço de Inteligência Nacional (SIN);
- Marco legal adequado para afrontar eficazmente a ação do SL e do
MRTA; e
- Organização voluntária da população para sua própria autodefesa.
(JARRIN,2001,P.84).
Em reconhecimento ao seu trabalho, Fujimori foi releito em 1995 e inicia
então varias importantes melhorias macroeconômicas e sociais. Durante as eleições
de 2000, Fujimori novamente é reeleito e nesse mesmo ano renunciou a
presidencia, estando no Japão, durante uma visita oficial, devido ao escândalo dos
“vladivideos”, que demonstraram a rede de corrupção, encabeçada por Montesinos.
O Congresso, elegeu como presidente interino o então congresista Valentín
Paniagua49, que foi quem levou adiante as eleições de 2001.
49
Com a renúncia e posterior destitução de Albeto Fujimori, foi nomeado Presidente Interino do Peru
desde Novembr de 2000 até 28 de Julho de 2001 com o fim principal de levar a cabo as eleições presidenciais que ganhou Alejandro Toledo Manrique.
30
4.1 O CONFISCO DA RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOR DO JAPÃO EM LIMA
O Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA), formado em 1983, a
partir do que sobrou do Movimento de Esquerda Revolucionária, tinha como objetivo
a criação de um Regime Marxista, que viria a libertar o Peru dos elementos
imperialistas.
A fim de entender o que projetou os membros do MRTA, através de atos tão
desesperados de reconhecimento, devemos olhar para trás e compreender o início
desta organização e seus comandantes da violencia nas últimas três décadas no
Peru.
No principio de 1982, varios partidos de esquerda deram origem ao
Movimento Revolucionário Túpac Amaru, trazendo uma série de negoiações
conhecidas como: “A Convergência” (MOCORMIK, 1993, P.6). Em 31 de maio,
ocorreu o primeiro ataque ao Banco de Crédito de Lima. No ano seguinte, o
movimento adota oficialmente o nome de Movimento Revolucionário Túpac Amaru,
seguindo desenvolvendo-se e organizando-se até o início de 1984. Um esquadrão
do MRTA, ataca a Embaixada dos EUA, em Lima. Em 1984, ainda, o primeiro
manifesto público do MRTA, reivindica as ações militares em todo o país. Nesta
publicação foi pedido a todas as organizações de esquerda, elementos progresistas
dentro da igreja e ao Sendero Luminoso (SL) unir-se pela luta armada comum em
todo o país. Em janeiro, o primeiro Comitê Central do MRTA foi designado com a
indicação de Jorge Talledo Feria50. Em 22 de janeiro, o MRTA, realiza um ataque
contra a estação de policía de Vila El Salvador51, marcando este como o primeiro
objetivo político explícito da organização. Em fevereiro, o MRTA sequestra pessoas
que trabalhavam no noticiario do rádio, emisora Imperial, obrigando-os a difundirem
através de mensagens subversivas, que declaravam seu propósito, suas intenções
de destruir o atual regime. Esta ação se repete varios días na estação de Rádio
Independência. Em 8 de outubro, o MRTA queimou uma igreja evangélica, dirigida
por missionários norte americanos, na cidade de Ayacucho. Em fevereiro de 1985,
foi formado o segundo Comitê Central do MRTA, com o nome de Carlos Sánches
50
Jorge Talledo Feria, membro do Comitê Central do MRTA, morto durante um assalto a um banco de
Lima. 51
Villa El Salvador, Distrito da cidade de Lima.
31
Neyra52. Em abril, o primeiro folheto do MRTA foi publicado e editado sob o título de
“Vencedores”. Em 20 de março, no local de Kentucky Fried Chicken, em Lima foi
atacado com bombas incendiárias. Vários outros restaurantes de comida rápida
também foram atacados e queimados nas localidades de San Isidro, Surco e
Miraflores. Em maio, a liderança do MRTA, esboça um documento onde pretende
explicar a sua existencia, as expectativas políticas. Em 30 de março, atacam dois
arsenais, levando com eles grande quantidade de armas e munições. Em 16 de
junho, o MRTA intercepta o Canal 5 e transmite sua primeira mensagem de rádio
clandestino. Em 12 de julho, o MRTA ataca sete estações simultáneamente. Em 25
de julho, lançam uma bomba incendiária no veículo do Ministro do Interior, enquanto
estava no estacionamento. Em 4 de novembro, um grupo do MRTA tomou o Diário
La Nación e fez propaganda da organização. Em dezembro, o MRTA enviou varias
equipes militares para treinar com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(FARC)53.
Em janeiro de 1986, o MRTA tomou mais de cinco emisoras de rádio,
obrigando-os a difundir sua propaganda. De 9 a 14 de fevereiro organizou- se o
terceiro Comitê Central. Em 8 de agosto os membros do MRTA atacaram o
Governo. Durante este ano, em junho, realiza-se a rebelião dos Carceres54,
deixando 244 presos mortos por membros das Forças Armadas. Em 21 de abril, o
MRTA detonou um veículo que transportava 60kg de dinamite da residencia do
embaxador dos EUA, um civil foi assassinado e outras oito pessoas ficaram feridas.
Também em abril, terroristas do MRTA colocaram bombas nos escritorios do
Citibank, no centro de Lima e no distrito de San Borja; no armazém das lojas Sears
no distrito de San Luis; no armazém da IBM, no distrito de Breña; no centro
Binacional, em Lima, na cidade de Chiclayo; nas instalações de engarrafamento da
Coca-Cola, na cidade de Trujillo.
Foram colocadas bombas em outros lugares durante o mês de abril, no
armazém da Chancelaria; no escritorio da Dinner‟s Club, no distrito de San Isidro; no
Instituto Lingüístico de Verano, em Lima; no escritorio do Citibank, no distrito de
52
Carlos Sánchez Neyra membro do Comite Central do MRTA falecido. 53
As FARC, é a mais antiga e a maior insurgência marxista da Colômbia. 54
Membros encarcelados do Sendero Luminoso protagonizaram levantamentos coordenados em três
cárceres de Lima: Callao: Penal de Lurigancho, Lima, O Frontón prisão, Lima, e a prisão de Mulheres de Santa Bárbara, Callao, Peru. O governo reaccionou com violência, se declara uma zona de guerra dos cárceres ese chama as Forças Armadas para sufocar os distúrbios.
32
Miraflores; e nas instalações da Kodak, no distrito de San Luis. Em dezembro, o
MRTA, uniu-se ao Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), no primeiro
Comitê Central.
Em 1987, o MRTA expande suas operações para diferentes regiões do país.
Cria a frente Noreste na selva peruana. Em outubro, Lucero Cumpa55, membro do
Comitê Central, é preso. Em 6 de novembro, um esquadrão do MRTA toma a cidade
de Juanjui durante cinco horas. Em 10 de agosto, os generais Hector Jerí e Enrique
Ferreyros, da polícia, são sequestrados. Nesse mesmo dia, um carro bomba explode
os escritorios do Centromin, em Lima. Em setembro, os membros do MRTA
atacaram os escritorios da Sociedade de Mineração do Peru. Durante ese mesmo
ano, o MRTA atacou a residencia do Embaixador dos EUA. Em 13 de março de
1989, um esqueadrão do MRTA toma a cidade de Pichanaki, no Distrito de
Cahanchamayo. Em 1 de maio, um esquadrão do MRTA ataca uma estação de
policía na localidade de Tablada de Lurín. Em 5 de outubro, o diretor de televisão
Hector Delgado Parker é sequestrado. Durante este ano, Victor Polay Campos,
fundador do MRTA e atual líder, é capturado pela primeira vez e colocado na prisão
de Canto Grande, em Lima.
Em 9 de julo de 1990, Victor Polay Campos, com 47 membros do MRTA,
escapa da penitenciária Canto Grande, através de um túnel subterráneo de 332
metros de comprimento. Depois de sua fuga, realizaram um ataque com morteiros
ao Comando Conjunto das Forças Armadas. Durante ese ano os membros do MRTA
assassinaram o general do Exército peruano Enrique López Albújar; lançaram
bombas contra a Embaixada dos EUA; roubaram armazéns de armas; atacaram ao
Kentucky Fried Chicken, em Lima; no Centro Binacional em Trujillo atacaram o
Consulado e a residencia do Embaixador dos EUA. Nessas circunstancias, Alberto
Fujimori, um profesor universitário, asume a presidencia pela primeira vez no Peru.
Em 14 de janeiro de 1991, o MRTA, ataca o Ministério do Interior, com um
carro bomba. Em 5 de fevereiro, um carro bomba explode a Embaixada dos EUA.
Em 11 de março, uma equipe do MRTA, liberta Lucero Cumpa (pseudônimo
comandante “Liliana”), o motorista é morto durante o resgate. Em maio, o MRTA
sequestrou o novo membro do PNP, na cidade de Rioja.
55
Lucero Cumpa integrante do MRTA e membro do Comitê Central.
33
Em agosto, a Lei nº 25.237, que estabelece o Conselho de Paz é aprobada
com a iniciativa de Carlos Torres e Torres Lara, chefe de gabinete. Este Conselho
de Paz estableu-se com a finalidade de envolver diversos setores da sociedade civil
na elaboração de um plano nacional de paz (ARNSON, 1999, p. 212).
Em novembro de 1991, foi aprovado o fortalecimento de uma resposta
exclusivamente militar ao problema da violencia no Peru. O MRTA continua
colocando carros bombas durante todo o ano nos Centros Binacionais das ciudades
de Huancayo e Cuzco, Kentucky-Pizza Hut, em Lima; Centro Binacional de Trujillo; a
Iglesia Mormona, em Huaraz; Kentucky Fried Chicken, em San Isidro; na empresa
de segurança Wackenhut, onde morreu um guarda e dois foram feridos. Também
um lança foguete (RPG) foi lançado contra a Chancelaria peruana. Em 1992, quatro
soldados do Exército peruano foram assassinados durante o fechamento temporário
do tráfego, em Túpac Avenida Amaru. Em 5 de abril deste ano, Fujimori, realiza seu
famoso auto golpe, impossando a si mesmo, dando-lhe poderes ilimitados, fecha o
Congresso, assume o controle dos Poderes Judiciais, põe fim aos Governos
regionais, concentrando todo o Poder no Governo de sua pessoa, começa a
governar (ARNSON, 1999, p. 213). Coloca sua total confiança nas Forças Armadas
e conjuntamente com o estabelecimento de sua política antiterrorista, aprovada
através do golpe de estado, acelerando assim a derrota das organizações
terroristas. Em 24 de julho, o MRTA, atacou com morteiro o Quartel General do
Exército e no dia 9 de agosto atacaram outro comboio militar, em Miraflores. Em 11
de setembro sequestraram o empresario David Ballón Vera. Em 12 de setembro,
Abimael Guzmán foi capturado pelo general Antonio Ketín Vidal, chefe da Diretoria
Contra Terrorismo (DINCOTE – Direção Nacional contra o Terrorismo). Em 10 de
outubro, o MRTA atacou a residencia do Embaixador dos EUA. Em 17 de novembro
a chancelaria dos EUA. Em 15 de dezembro, sequestraram e assassinaram o
empresario Fernando Manrique Acevedo. Em 16 de janeiro de 1993, o MRTA lançou
granadas de RPG contra a Binacional Central de Miraflores. Em 22 de janeiro,
disparam com armas de pequeño calibre num avião da Companhia Estadual
American Airlines, durante a aterrizagem. Em 11 de fevereiro, o MRTA sequestra o
empresário Antonio Furukawa Obara. Em 22 de abril, sequestraram o empresario
Pedro Miyasato Muyasato. Em 7 de junho, sequestraram o empresario Luis Salcedo
Marsano. Em 9 de julho, sequestraram o empresario Raúl Hiraoka Torres. Em 23 de
34
setembro sequestraram o empresario Enrique Uribe Tasayco. Neste mesmo ano,
Víctor Polay Campos e alguns tenentes mais importantes são capturados num
restaurante chinês, em Lima.
Enquanto, Néstor Cerpa Cartolini torna-se o novo homem número um, na
hierarquia do MRTA. Em 1994, os membros do MRTA lançam uma bomba
incendiária nas lojas Wong, Saga e Hiraoka e supermercados, em Lima. Em 21 de
abril, o MRTA emboscou um caminhão do exército, matando três soldados e quinze
civis. Em 28 de abril o MRTA rodea e bloqueia as ciudades de Chanchamayo e
Oxapampa. No dia seguinte interceptaram e queimaram quatro caminhões na
estrada de Satipo. Em 1º de julho, realizaram uma incursão na localidade de Alto
Cuyani e assassinaram o vice-prefeito. Em 12 de julho, o MRTA emboscou um
caminhão do exército matando a dois soldados. Em 26 de julho, o MRTA toma o
controle da cidade de Chanchamayo, por três días. Em 22 de outubro, sequestraram
o prefeito Pedro Vargas da cidade de Pichanaki. O presidente Fujimori, promete
“esmagar” o MRTA, até o final do ano. Embora não obtivesse éxito, a atividade do
MRTA se reduziu drásticamente. A “Lei de Arrependimento”, através da qual, até
5000 guerrilheiros entragaram suas armas, foi revogada. Em 25 de janeiro de 1995,
membros do MRTA emboscaram uma patrulha do PNP em Chanchamayo. Alberto
Fujimori é reeleito. Em 12 de maio, o MRTA distribui copias da primeira edição de
seu folheto “A Voz Rebelde”, na universidade de La Cantuta e San Marcos. Em 12
de junho, o MRTA emboscou uma patrulha militar nos distritos de Pichanaki e
Chanchamayo. Em 9 de julho, um caminhão levando dinamite, explode no centro da
cidade de Chimbote. Em dezembro, um grupo de quarenta terroristas do MRTA são
detidos, os quais estavam preparados para tomar o Congresso da República. A PNP
encontra planos, mapas e desenhos que detalhavam a incurssão, prevista pelo
MRTA. Entre os detidos estava Miguel Rincón Rincón, um dos poucos líderes livre e
o homem número dois, na hierarquia do MRTA; a norte americana Lori Berenson56 e
Nancy Gibonio, esposa de Néstor Cerpa Cartolini. Néstor Cerpa conseguiu escapar
e posteriormente, tomou a decisão de invadir a residencia do Embaixador do Japão,
em 1997.
56
Lori Berenson,cumpre uma condenação de 20 anos, despois de um veredito militar de 1996,
culpada de ajudar a planejar um ataque contra o edificio do Congreso do Peru, sendo posta em liberdade condicional a los 15 anos de prisão. Ela recentemente se casou con um cidadão peruano que ajudou ao MRTA, durante o mesmo plano de ataque congresso. Ambos se enamoraram, embora cumple prisão, em Yanamayo-Peru.
35
Em 1996, as autoridades peruanas afirmaram que o MRTA é uma “força
desgastada”. A liderança do grupo, foi encarregada a Néstor Cerpa que estava fora
da prisão. Sua esposa e seu irmão se encontravam entre os quatrocentos ou mais
membros do MRTA que foram detidos e os fundos de atividades criminosas estavam
acabando. Em 20 de janeiro, o MRTA realiza uma manifestação na cidade de
Tarma. Nesse mesmo dia, atacaram a base militar de Oxapampa, em Pasco.
Durante o mesmo mês, Lori Berenson é condenada a prisão pérputua pelo chamado
“juiz sem rosto”, acusada por traição a patria, por ter atuado dando apoio ao MRTA.
Em fevereiro, Cartolini envia uma fita de vídeo ao diario “A República”, anunciando
que o MRTA continuará com os atos de violencia e com seus planos para liberar
seus camaradas aprisionados. Em 20 de março, o MRTA ataca as bases do Exército
de Pachacútec e Oxapampa. Em 3 de abril, realizam uma incrusão na cidade de
Collique, no setor de Jaén. Em 28 de abril, os membros do MRTA se enfrentam com
a PNP, na localidade de San José de Sisa, no departamento de San Martín. Em 16
de junho, o MRTA realiza ataques a base de San Juan de Cacazú em Oxapampa.
Em 9 de julho, emboscou uma patrulha do Exército de Pichanaki, em Chanchamayo,
Junín, Em 10 de julho, esquadrões do MRTA realizam incursões na zona de
aterrizagem de um campo petrolífero de Satipo. Em 1° de setembro, atacaram a
Base de Pichinaki. Também neste dia, o MRTA difunde propaganda na cidade de
Arequipa. No dia seguinte, emboscaram uma patrulha do Exército na cidade de
Junín. Em 18 de setembro, assaltaram a cidade de Oxapampa. Em 16 de outubro,
difundiram propagandas no setor de La Loma, em Maynas, Loreto.
No principio de outubro, Néstor Cerpa e vários terroristas do MRTA alugam e
ocupam uma casa próxima da residencia do embaixador japonés. A casa estava
localizada na rua Marconi, 225, justo atrás da residencia. Os membros do MRTA
desenvolveram um plano perfeito para realizarem um assalto ousado a residência
japonesa. O novo comandante do MRTA planejou a operação denominada “Edgar
Sánchez”, composta por 14 membros: Néstor Cerpa Cartolini “Comandante Huerta”,
líder do grupo, Rolly Rojas (O Arabe), Eduardo Cruz Sánchez (Tito), Salvador, Luz
Meléndez Cueva Berta (Melisa), Giovanna Vilas Plascencia (Gringa), Rolandro o
Dante Córdoba (O Cuzqueño), Lucas (Gato Seco), Alex, (O Mejicano), Marcos, Leo
(22), Cone (Palestino), Levi e Víctor Huáscar. Em segredo acumularam explosivos e
esconderam armas automáticas, granadas RPGs impulsionadas por foguetes,
36
disfaçaram um veículo para parecer uma ambulancia, a qual utilizariam durante a
entrada inicial.
Enquanto isso os membros do Serviço de Inteligência (SIN) estudavam
várias pistas sobre um possível ataque do MRTA. Sabiam que o MRTA estava
planejando uma grande operação, porém não podiam determinar a localização. Sem
nenhum tipo de indicação adcional para um ataque iminente, a segurança enviada
para a residência do embaixador japonês não foi suficiente.
4.2 O INÍCIO DA INVASÃO
Em 17 de dezembro de 1996, membros do Movimento Revolucionário Túpac
Amaru (MRTA), assaltaram a residencia do Embaixador do Japão (Morihisa Aoki),
em Lima, Peru, tomando como reféns mais de 700 de seus hospédes. Em 22 de
abril de 1977, uma operação de resgate foi realizada pelas Forças Antiterroristas
peruanas, matando os quatorze terroristas do MRTA, inclusive o líder do grupo,
Néstor Cerpa, resgatando com éxito a 71 dos 72 reféns.
A Operação colocou fim a uma dominação de 126 dias e segue sendo uma
das mais bem sucedidas operações de resgate do mundo.
O Embaixador do Japão no Peru, Morihisa Aoki e sua esposa organizavam
uma festa em sua resdiência para comemorar o aniversário de 63 anos do
embaixador japonês, com um número de convidados previstos aproximadamente de
mil personalidades ilustres do Peru e funcionarios do Governo. As 19:00h do dia 17
de dezembro de 1996, o embaixador do Japão começou a receber os convidados e
as 20:00h haviam mais de setecentas pessoas dentro da residência.
Enquanto isso, os quatorzes membros do MRTA escondidos na ambulância
entraram no perímetro da segurança em torno da residencia, afirmando que estavam
repondendo a uma chamada de emergência. A parte de tras da ambulância estava
cheia de explosivos, armas e munições que seriam utilizadas inicialmente e durante
o assalto.
O Membros do MRTA estacionaram a ambulância na Casa de Serviço
Alemã de Cooperação Social Técnica. Nesta casa, dois membros do MRTA falavam
com um guarda e afirmavam que estavam respondendo a uma chamada de alguém
37
de dentro da casa. O guarda disse ao MRTA que não havia emergência e que
ninguém havia chamado uma ambulância. O membro do MRTA aceita e pede ao
guarda que assine uns papéis para confirmar que ninguém havia chamado uma
ambulância e que estavam presentes no lugar respondendo ao suposto chamado
como procedimento padrão. Enquanto o guarda assinava os documentos falsos, os
membros do MRTA o submetem e ocupam a casa passando para a próxima fase
prevista.
A segurança da residencia nas áreas ao redor era normal para um evento
desse tipo no Peru: policiais de trânsito da PNP se encontravam nas esquinas e
interseções da residencia, com a tarefa de verificar a identificação correspondente
do pessoal com uma lista de convidados. Motocicletas da PNP estavam
constantemente rondando o perímetro e um veículo especial da Unidade da
Desarticulação de Explosivos (UDEX) se encontrava estacionada perto da praia e do
estacionamento da residência. Fora da residência havia mais de cinquenta
seguranças privados. Oito seguranças membros da residência do Embaixador do
Japão (peruanos e japoneses) se encontravam na entrada principal verificando o
ingresso das pessoas através de um detector de metais. Aproximadamente as
19:45h, o embaixador do EUA no Peru, Dennis Jett e 0 Embaixador de Israel, Joel
Salpak, saem da residencia.
As 20:23h, uma forte explosão foi escutada na casa, todas as pesoas dentro
da residência pensaram se tratar de carro bomba e correm para se esconder dentro
da residência. Numa medida contraproducente, o pessoal da segurança
imediatamente bloquiou todos os acessos à residência, colocando um cordão de
segurança.
No interior os terroristas do MRTA fizeram um buraco de 5 x 4 polegadas, na
parte posterior da parede próxima que dividia a residência com a casa que o MRTA
ocupou. Os terroristas do MRTA imediatamente entraram na residência, disparando
suas armas para alto, gritando ordens e slongans do MRTA. As pessoas confundem
os terroristas com os policiais que vieram para os ajudarem. Esta ilusão rápidamente
se desfez quando se dão conta dos lenços brancos e vermelhos cobrindo os rostos
dos terroristas do MRTA e seus uniformes.
O pessoal da segurança e demais pessoas se dão conta de que o lugar mais
seguro para eles estava fora da residência. Pelas 20:30h, os membros da
38
Subunidade de Ações Táticas (SUAT), UDEX e unidades antidistúrbios foram
mobilizados e imediatamente são envolvidos num furioso tiroteio com os terroristas.
Todos os convidados mantiveram-se deitados de bruço no chão da residência,
tentando se proteger de uma chuva de balas.
Aproximadamente as 21:00h, o PNP ordenou que fosse lançado gás
lacrimôgeno na residência, esperando que os terroristas do MRTA saíssem. O
MRTA coloca imediatamente suas máscaras de gás e trata de controlar o caos que
se estalou no interior da residência com os reféns em pánico. Mais de seiscentos
reféns cobrem seus rostos com o que podem encontrar. O embaixador do Japão,
Morihisa Aoki, pegou um megafone e pediu a polícia que parasse com os disparos
ao interior da residência.
Depois, Michel Minning, representante da Cruz Roja Internacional, pega o
megafone do embaixador e pede a polícia para deter os lançamentos desvairados
de gás lacrimogênio e balas, que colocam em risco a todos dentro da residência.
O general da PNP Ketín Vidal e o Ministro do Interior General Juan Briones
Dávila aparecem no perímetro de segurança para tomarem o controle da situação e
as 21:30h, os disparos terminaram; quatorze membros do MRTA tem o controle total
da residência. Somente um dos terroristas Edgard Cruz Sánchez (Tito), foi ferido por
uma bala na perna direita disparado de sua própria arma Kalashnikov (AKM).
As 21:35h, a primeira comunicação telefônica foi estabelecida com o líder
terrorista conhecido como “Comandante Huertas” (Néstor Cerpa Cartolín), que emite
uma série de demandas dirigidas ao Governo do Peru, inclusive a liberação de mais
de 450 membros do MRTA presos em todo o país. Por sua própria vontade, Michael
Minning, imediatamente, começava a negociar com Néstor Cerpa para a liberação
de todas as mulheres e pessoas de idade avançada.
Aproximadamente as 21:45h, o primeiro dos dois grupos de reféns foram
liberados. Sem o conhecimento dos terroristas, a mãe e a irmã do presidente Alberto
Fujimori sairam com estes dois grupos. Isto marcou o primeiro erro importante do
MRTA. O irmão do presidente Fujimori, Pedro Fujimori, foi ao interior e se manteve
como refém até o final da crise. O proceso de liberação dos reféns das pessoas de
idade avançada continuou até a meia noite. Depois que as mulheres e anciões
foram postos em liberdade, os terroristas do MRTA decidiram liberar a todos os vinte
camareiros ajudantes e o pessoal da festa. Os terroristas começam a identificar
39
todos os reféns e os colocaram numa determinada habitação ao redor da residência
para facilitar seu controle.
Os reféns estavam separados por função de seus trabalhos e funções: cento
e cinquenta reféns foram postos no primeiro piso da residência, os restantes
duzentois e trinta e um no segundo piso. Os reféns mais importantes ficaram no
segundo: congresistas, líderes militares, representantes estatais, embaixadores,
ministros e empreários japoneses. Uma única operadora de câmara da América
Televisão, está dentro dos terrenos da residência e Néstor Cerpa, permite que
permaneça ali durante as seguintes 23:00h e filme o drama.
Na madrugada de 18 de dezembro, a segunda conversação entre os
terroristas e o pessoal da PNP se estabelece, Néstor Cerpa anuncia que os reféns
são considerados “prisioneiros de guerra”. Nesse momento, o Comando Operativo
da Frente Interno (Quartel General), se estabelece e começa o planejamento e
preparação para um plano de ação de emergência militar para resgatar os reféns.
As 01:47h, o prefeito de Miraflores Fernando Andrade Carmona escapou
através de uma pequena janela em um dos banheiros dentro da residência, onde se
escondeu. O solitário operador de câmera capta toda a cena na televisão ao vivo.
Umas horas mais tarde, vinte e um membros da Cruz Roja Internacional, chegam ao
local e começam a trabalhar fornecendo ajuda da melhor maneira possível.
As 02:20h, os membros da SUAT, ocupam casas ao redor e posicionam
franco atiradores nos telhados. Mais tarde, nessa manhã as 11:30h, Cerpa anuncia
com um megafone sua primeira ameaça oficial: iriei executar o primeiro refén ao
meio dia se não se cumprirem minhas exigências.
As 11:45h, repetiu a ameaça, desta vez pede ao presidente Fujimori que
responda sua exigência, inclusive sua primeira vítima seria o Ministro das Relações
Exteriores Francisco Tudela (de maior classificação entre os reféns dentro da
residência).
Ao meio dia, Cerpa extende o tempo de execução para as 13:00h. Nunca
realizou sua ameaça e o presidente Fujimori nunca respondeu a suas exigências.
Mais tarde, Nesta noite, os terroristas do MRTA recolhem todos os celulares e
“beepers” de todos os reféns, colocando-os num saco de lixo.
Michel Minning segue negociando a libertação de outros reféns que
necessitavam de atenção médica, as 18:30h Juan Gunther (presidente da Lima
40
Patrimonial), José de Cossío Ruiz de Somocurcio (Embaixador peruano aposentado)
e o Sr. Kotaro Kanashiro são liberados. Este último tinha desmaiado durante as
explosões iniciais e permanecia inconsciente detrás de umas árvores no terreno da
residência durante todo o dia. Quando voltou a si, não sabia o que tinha acontecido
e o operador de câmara ajudou ao Sr. Kotaro e lhe explicou o que havia ocorrido
enquanto estava inconciente.
Os terroristas do MRTA decidem designar vários outros embaixadores como
portadores e negociadores principais: Anthony Vincent (Canadá), Heribert Woeckel
(Alemanha), Alcibíades Carokis (Grécia), o francês Hyancinthe D‟Montera e o
ajudante peruano Armando Lecaros. Uma vez liberados, leem uma declaração dada
a eles pelos terroristas e começaram imediatamente uma comissão para establecer
negociações com os membros do MRTA.
Anthony Vicent tornou-se fundamental com sua informação inicial sobre os
terroristas, graças a sua experiencia como chefe do grupo de trabalho de luta contra
o terrorismo junto ao Ministério da Relações Exteriores do Canadá.
O presidente Fujimori, já tinha designado ao Ministro da Educação Domingo
Palermo, como principal porta voz em seu nome, dissolve rápidamente esta
comissão ad-hoc atribuída pelo MRTA.
Nessa noite, a PNP e SIN ordenaram o corte de todas linhas telefônicas da
residência, assim como o sinal do telefone celular num raio de quatrocentros metros
para restringir as comunicações dentro e fora da residência.
Em 19 de dezembro de 1996, o Presidente Fujimori se reuniu com o
conselheiro japonês Yukihiko Ikedo e as 18:05h, três empresários são libertados,
Juan Yamashiro Shimabukuro, Fidel Aray e Noka Seitoko Sueyoshu. Além do
presidente da Nissan Motors, Carlos Chiappori Cambana, que foi liberto por
questões de saúde.
Os reféns começaram a colocar letreiros de papelão ao redor das janelas da
residência, solicitando alimentação e agua. O representante das Nações Unidas Luis
Thays envía quinhentas rações para a residência. As rações foram divididas em dois
grupos de dietas: um específicamente para os reféns japoneses e outro para os
reféns com dieta normal peruana. Enquanto isto, na Embaixada dos EUA, os
membros de uma equipe de reação a crise do Departamento dos Estados Unidos
estabeleceram um centro de reação a crise, supervisinada pelo estado de crise,
41
específicamente para os setes reféns dos EUA57, que se mantiveram no interior. O
elemento da reação crise cresce cerca de cinquenta pessoas durantes as semanas
seguintes.
Aproximadamente as 19:30h, Cerpa se dirige aos reféns com o nome de
“Comandante Hermigidio Huerta”, em honra seu amigo MRTA que tinha sido morto
no incidente a empresa Têxtil Cromotex58. Em sue discurso, Cerpa explicou as
origens de sua organização, sua ideología, as diferenças do Sendero Luminoso,
conflitos anteriores com Abimael Guzmán Reynoso59, as histórias de guerra dos
encontros com as forças da PNP e Forças Armadas nas selvas peruanas.
Mencionou que seu traje era designado Pelotão de Forças Especiais Edgar
Sánchez, que está operação teve como nome chave de “Operação Torre Condesú”,
sob o tema “Rompendo o silêncio, o povo os querem libres” (LÓPEZ, 1998, p. 51).
Durante as primeiras horas da manhã de 20 de dezembro de 1996, varios
reféns penduram cartazes na janela do segundo piso do banheiro que deziam: “não
temos comida, água e pedem que voltem a concectr os telefones” (LÓPEZ, p.55).
Aproximadamente as 19:25h, Michael Minning negocia a liberação de trinta e oito
reféns. O congresista peruano Javier Diez Canseco neste grupo e, em seguida, o
MRTA tem uma lista oficial de exigências:
- A liberação de quatrocentros de sessenta e cinco de seus membros das
prisões em todo país (inclusive a recente prisioneira norteamericana Lori
Berenson e da esposa de Cerpa);
- Uma revisão das reformas governamentias neoliberais de livre mercado;
- A transferência do grupo comando que atacou a residência do
embaixador do Japão, junto com seus companheiros prisioneiros do
MRTA para um zona na selva. (Vários reféns devidamente seleccionados
viajariam com o grupo como garantía e seriam libertados numa zona
guerrilheira do MRTA);
- O pagamento de um imposto de guerra; e
57
Os reféns norte americanos foram: Os Assistentes de Narcóticos John Crow, AID Oficial Andrew
Maxey, Conselheiro de Economia John Riddle, Conselheiro Político Jimmie Wagner, AID FSN Pedro Carrillo, Diretor AID Donald Boyd, AID Adjunto Executivo David Bayer, e a AID Oficial Kris Merschod. 58
CROMOTEX se desenvolveu um conflito de trabalhadores em que seis manifestantes sindicais
foram assassindos pelas forças da PNP, ao tratar de tomarem o controle da fábrica. Néstor Cerpa participou da greve e foi detenido e encarcelado durante um ano. A disputa foi uma das razões que conduziram a formação do movimiento MRTA. 59
Abimael Guzmán Reynoso, líder do movimiento terrorista Sendero Luminoso, foi capturado em
1992, junto com alguns de seus tenentes mais importantes.
42
Em 21 de dezembro de 1996, o Presidente Fujimori rompe seu silêncio e
reponde aos terroristas que não iria negociar, que deixem as armas e liberem a
todos os reféns sãs e salvos.
Em resposta, Cerpa menciona que seriam mais reféns liberados nos
próximos días. Posteriormente, o Ministro das Relações Exteriores Francisco Tudela
e o Embaixador do Japão Morihisa Aoki enviaram mensagens solicitando que o
Governo peruano negocie com os terroristas do MRTA.
Os rumores se “filtraram” as agências de noticias locais que os Governos:
británicos, Israel e nortamericano, estavam enviando uma Unidade de Forças
Especiais Antiterroristas de élite para resolver essa situação com os reféns. A
imprensa panamenha informou que “haviam elementos dos EUA no Panamá
preparados para realizar uma missão de resgate”. Vários meios de comunicação de
toda Lima mencionaram sobre o uso previsto de agentes e havia o receio pelo
envolvimento de diferentes forças antiterroristas durante um possível intento de
resgate. Durante uma noite, em torno de 8.000 pessoas se reuniram na Catedral de
Lima, para orar por uma solução pacífica da crise dos reféns.
Em 22 de dezembro, os terroristas do MRTA colocaram mensagens nas
janelas da residência pintadas em folhas brancas, solicitando restaurar a
eletricidade, o telefone e a água. As 21:40h, um total de duzentos e vinte e cinco
reféns, sem vículos com o Governo peruano foram liberados como um gesto de
“espírito de Natal”. Os sete reféns norteamericanos foram liberados com este grupo.
Em audacioso ato de desafio, o sacerdote jesuíta Juan Julio Wicht, decidiu coloca-
se como refén, por sua própria vontade, se ofereceu numa missa no interior da
residência para todos os presente. Cento e seis reféns ainda se encontravam no
interior da residência. Um dos reféns liberados, o ex Ministro do Trabalho, Sandro
Fuentes, leu uma nova declaração dada a ele pelo MRTA, solicitando a liberação
dos presos do MRTA.
Na manhã seguinte, o Presidente Fujimori e o Ministro do Interior Juan
Briones Dávila manteveram uma reunião com o chefe das Forças Policiais, o
General Luis Malásquez Durand. Desde Europa, o representante do MRTA Isaac
Velazco, emitiu uma declaração e advertiu ao Presidente Fujimori que em caso de
intenção de um resgate militar, todos os reféns morreriam.
43
Em 24 de dezembro de 1996, a primeira dama Keiko Sofía, filha do
Presidente Fujimori, forneceu oito perus a residência. Os terrorista não deixaram que
os reféns comessem os perus, por temerem que tivessem armas ou outros artefatos
escondidos dentro deles. Nesse dia o Governo do Uruguai libera dois terroristas
peruanos do MRTA da prisão: Luis Alberto Miguel Saaniego e Silvia Soria Gora.
As 18:30h, o Embaixador do Uruguai no Peru Tabard Bocalandro Yapeyú, foi
liberado pelo MRTA. Está ação vai contra as intenções e os esforços do Presidente
Fujimori, em represáli contra o Governo do Uruguai, Fujimori retira o Embaixador.
Durante os seguintes días o SIN começa a infiltrar numerosos equipamentos
eletrônicos e dispositivos de vigilancia no interior em artigos como garrafa térmica,
molduras, vassouras e equipamentos de limpeza. Em 25 de dezembro de 1996, o
arcebispo Juan Luis Cipriani entre na residencia pela primeira vez e permaneceu ali
por cerca de sete horas, oferecendo uma missa de Natal, junto ao Padre Wicht. A as
17:20h, Cipriani sai com o Primeiro Secretário da Missão Diplomática do Japão,
Kenyi Hirota é liberado devido a uma grave desidratação. No mesmo dia, o
Presidente ruso Boris Yeltsin se ofereceu para enviar uma unidade antiterrorista
para intervir na crise. O Presidente Fujimori rejeita toda assistência internacional, em
relação a ajuda antiterrorista. Ainda há 104 reféns dentro da residencia.
Em 26 de dezembro de 1996, as 01:47h, ocorreu uma explosão na
residencia e alertou todas as forças da PNP. Acredita-se que um gato ativou uma
das armadilhas colocadas pelos membros do MRTA no perímetro da residencia. O
MRTA tinha colocado obstáculos e armadilhas no perímetro da residencia nas
janelas e as portas da mesma. As 14:45h, o MRTA libera o Embaixador da
Guatemala, José Maria Argueta. Nesse mesmo dia, o Governo boliviano rejeita
negociar a liberação dos cincos terroristas do MRTA da prisão em seu país pela
liberação de seu Embaixador Jorge Gumucio.
No dia seguinte, o governo peruano declara o estado de emeregência em
Callao e nos distritos de Lima. Membros da Cruz Roja Internacional indicam que o
MRTA tinha colocado minas nos terrenos da residencia. O SIN contrata em segredo
e transporta trinta e dois mineiros da cidade de Cerro de Pasco, em Oroya, para
começar a escavação de túneis subterráneos e assim se poder chegar ao interior da
residencia. Os mineiros trabalham em turnos de oito horas sob as ordens do Corpo
de Engenheiros do Exército e o controle do SIN.
44
Em 28 de dezembro de 1996, o porta voz do Governo, Domingo Palermo, e
o Arcebispo Cipriani entram na residencia e mantem conversas com os terroristas.
Eles permanencem no interior por mais de três horas, as 16:00h, 20 reféns são
liberados, incluindo os embaixadores da República Dominicana e Malásia. Domingo
Palermo comenta que a reunião com Néstor Cerpa foi muito produtiva. Enquanto
isso, os escombros da escavação dos túneis são constantemente retirados para
longe do perímetro, nos porta malas dos veículos policiais, nas ambulâncias e nos
veículos de serviço. Também, um grupo de agentes de inteligência do SIN entra na
residência vestidos como jardineiros e pega amostras da terra para analizar a
composição do solo ao redor da residência. Os resultados foram utilizados pelo
Corpo de Engenheiros na construção dos túneis. Há agora oitenta e três reféns,
dentro da casa.
Em 29 de dezembro de 1996, a Cruz Roja Internaional e o MRTA estão de
acordó em permitir que os reféns escrevam cartas para seus familiares. O primeiro
Ministro japonés, Ryutaro Hashimoto, anunciou em Tokio que as medidas adotadas
pelo Presidente Fujimori, foram trabalhadas. Enquanto os terroristas do MRTA
perduram três mensagens na janelas da residência que lia-se “o povo quer a paz om
justiça social”. “Nossos presos não recebem tratamento humanitário”, e “os que
lutam pelo social também merecem a liberdade” (LÓPEZ, 1998, p. 87).
No dia seguinte as primeira oitenta e três cartas dos reféns são recebidas
pela Cruz Roja Internacional e enviadas a seus familiares. Todas as cartas foram
cuidadosamente revisadas e examinadas pelo MRTA. Porém, os reféns já haviam
desenvolvido um sistema para enviar mensagens secretas por escrito dentro do lixo
que era retirado todos os días da residencia pela Cruz Roja Internacional.
Em 31 de dezembro de 1996, vários equipes de noticias são autorizadas a
entrarem na residencia para uma conferencia da imprensa com os terroristas do
MRTA. Néstor Cerpa Cartolini foi entrevistado junto com Francisco Tudela e Morihisa
Aoki, o Embaxador do Japão, aproveitou a oportunidade para pedir desculpas
publicamente pela situação, culpando-se pela crise.
O SIN aproveita esta situação e envía operadores de câmeras com os
jornalistas para fazer trabalho de inteligencia, informação sobre a residencia, armas
e munições dos terroristas, assim como sua força e disposição. As 17:00h, o
Embaixador de Honduras e o Consul argentino foram libertos.
45
Oitenta e um reféns ainda estão na residencia. Em 1° de janeiro de 1997, o
Monsenhor Cipriani entra na residencia para oferecer uma nova Missa de Ano. Os
eclesiásticos deixam a casa em torno das 17:00h As 17:25h sete novos reféns foram
liberados: cinco homens de negocios japoneses e dois funcionarios do Governo
peruano. Setenta e quatro reféns permanecem na residência até 17 de janeiro e em
26 de janeiro, são liberados mais dois reféns, sendo estes altas autoridades da PNP,
liberados devido a suas condições críticas de saúde.
Em 2 de janeiro de 1997, o embaixador dos EUA, no Peru, Dennis Jett,
manifestou seu apoio a postura de não negociação de Fujimori, com os terroristas
do MRTA. Nesse mesmo dia, o Imperador Japonês Akihito pediu a Fujimori uma
solução pacífica para crise. Em um imprudente ato da imprensa, se revela a
identidade do Vice-Almirante (Rfm) Luis Giampietri, como o oficial a cargo das FOE
(Força de Operações Especiais da Marinha peruana), durante a década de 1980, e
como resultado, Giampietri foi interrogado, submetido a uma perseguição continua e
simuladas execuções pelos terroristas do MRTA durante os próximos dias. Os
policiais continuavam pela busca por informações dos reféns, que eram colocadas
no lixo que saía da residência.
Em 4 de janeiro de 1997, os terroristas do MRTA penduram três mensagens
a mais no telhado, reinterando suas exigencias ao Governo peruano e as críticas as
declarações do Presidente Fujimori. O diario japonés Mianichi Shimbun, informou
que o MRTA estava pedindo 30 milhões de dólares pela libertação dos reféns
japoneses. No dia seguinte, o Monsenhor Cipriani volta a residencia levando um
violão, desconhecendo que esta guitarra tinha um transmisor oculto para os reféns,
específicamente para o Vice-Almirante (Rfm) Giampietri para comunicar-se com o
SIN. Em 6 de janeiro de 1997, os membros do MRTA realizaram dois disparos para
o alto no interior da residencia. O Vice-Almirante (Rfm) Giampietri começa a
tramitação de mensagens, utilizando um violão dado pela Cruz Roja Internacional e
recebe informações através de um localizador que foi ocultado os terroristas durante
o período da tomada da residencia (responde e fala diretamente no violão para
transmitir). Giampietri passa a enviar entre 30-40 mensagens todos os días,
informando detalhes necessários para desenvolver a operação de resgate. Durante
a manhã, um repórter da televisão japonesa Asahi (Sr. Tsuyoshi Hitomi) e seu
tradutor se infiltram dentro do perímetro de segurança da residência sem serem
46
detectados. E obtém uma entrevista de 10 minutos com Cerpa, sendo detidos pela
DINCOTE (Direção Nacional Contra o Terrorismo). Em 8 de janeiro de 1997, o
Presidente Fujimori exige novamente a libertação dos reféns que ainda estavam no
interior da residencia reafirmando que não terá negociações. No dia seguinte, o
Governo peruano anuncia que Francisco Tudela se mantinha como ministro. Nesse
mesmo dia, os terroristas do MRTA penduram novos cartazes dizendo: “Sr. Fujimori,
não minta. O dinheiro não nos importa, a demanda é a liberdade de nossos presos”
(EL COMERCIO, 10 de janeiro de 1997, p. A-5).
Em 10 de janeiro de 1997, as 03:45h, o MRTA dispara no agente da PNP,
fora da residência. Fujimori anuncia que não haverá negociações entre Domingo
Palermo e Cerpa, devido a presença no interior da residencia de Tsuyoshi (o
repórter japonês). Na manhã seguinte, Fujimori anuncia que varios países estão
dispostos a oferecer asilo aos terroristas. Também afirma que não necessitaria de
alguma ajuda externa das forças antiterrorismo internacionais.
As 15:30h, se reiniciam as negociações com o MRTA e o Monsenhor
Cipriani, junto com um representante da Cruz Roja Internacional. As 19:30h, o
jornalista japonês é liberado. Em 12 de janeiro de 1997, os meios de imprensa
difundem informações críticas sobre uma das negociações entre Cerpa e Cipriani,
provocando a paralização das negociações futuras.
O Presidente Fujimori anunciou que faria uso das forças, se algum dos
reféns sofresse algum dano. As 11:21h, 12 disparos foram realizados
esporadicamente no interior da residencia. Durante a madrugada do dia 14 de
janeiro, mais disparos foram escultados. Numa conferencia de imprensa, o
Presidente do Equador, Abdalá Bucaram, pediu ao Governo peruano não ceder as
exigencias dos terroristas e declarou que apoiava plenamente a dura postura do
Presidente Fujimori.
Em 15 janeiro de 1997, os terroristas do MRTA aceitam a proposta do
Governo peruano para criarem uma Comissão que garanta uma solução pacífica da
crise.
O MRTA solicita um representante da Guatemala e outro da Europa para
tomarem parte da Comissão. As negociações se detem devido as diferenças não
resolvidas.
47
Yolanda Vila Placencia, mãe de um dos terroristas do MRTA ingressa na
residência e pede ao terrorista que deixe o MRTA e ceda a residência. Todavia,
ainda há 73 reféns na residencia. Na manhã seguinte, se observa que no telhado
dois reféns japoneses tinham colocado novas mensagens do MRTA, solicitando a
libertação de seus prisioneiros.
Em 21 de janeiro de 1997, Michael Minning se instala numa casa perto da
residência (Avenida Tomas Alva Edison, 257), para seu o porta voz de Palermo e
realizar as negociações com o MRTA.
No seguinte diagrama se descreve os seguintes procedimentos utilizados
em cada sessão de negociações entre a Comissão Garante e o representante do
MRTA (O Arábe):
Figura 5: Representação da casa de Negociação. Fonte: Grafico realizado pelo autor
O dia seguinte, o Presidente Fujimori afirma que não haverá diálogo com os
terroristas se insistirem pela libertação de seus prisioneiros. Também nesse dia e
por razões se segurança, a Cruz Roja Internacional limita a quantidade de visitas a
residência. Numa demonstração de força para incomodar os terroristas um
helicóptero da PNP sobrevoa a residência e veículos blindados da PNP rondeam
48
também o perímetro da residência. Os terroristas disparam seus fuzis AKM para o
alto através das janelas.
Em 23 de janeiro de 1997, o Presidente Fujimori, viaja para a Bolívia e
conversa com o Presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada, sobre a crise
dos reféns. No dia seguinte, Fujimori se reúne com 150 turistas japoneses e fala
com eles sobre uma solução pacífica para a crise dos reféns.
Graças a um pedido do Monsenhor Cipriani, o General da PNP José Rivas
Rodrigues foi libertado, devido ao seu crítico estado de saúde às 00:54h, em 26 de
janeiro de 1997. Sendo este o último refém libertado até o dia 22 de abril de 1997,
com o operativo “Chavín de Huantar”60
No dia seguinte, doze alto falantes foram instalados na entrada principal da
residência, com uma música a todo volume de hinos patrióticos reproduzindo-se
durante todo o dia em que ocorreu a batalha de operações psicológicas, entre a
PNP e os terroristas. As 17:15h um terrorista do MRTA disparou sua arma contra um
oficial da PNP que estava no interior de seu veículo.
Em 28 de janeiro de 1997, os terroristas do MRTA e a PNP continuam a
batalha de propaganda com música e diferentes jogos de ruídos que iam e voltavam.
O principal propósito dos alto falantes da PNP era de reduzir os ruídos dos mineiros
cavando os túneis subterrâneos sob a residência. Os reféns não podiam dormir e se
mostravam cada vez mais nervosos e estresados com a música a todo volume e
ruídos.
As 06:00h, do dia 29 de janeiro, a primeira marcha miltiar foi ouvida durante
vinte minutos e depois as 18:00h. As 13:15h, um grupo de médicos do Hospital
Arzobispo Loayza, entra na residência e oferece ajuda a vários reféns em
dificuldades devido ao ruído existente. A PNP acreditava que o MRTA tinha
informantes fora da residência, que informavam todas as medidas adotadas pela
polícia e as forças militares no exterior da residência.
Também que várias agências de notícias proporcionam informações aos
terroristas através das radio comunicações. Em 30 de janeiro de 1997, o presidente
60
“Chavín de Huántar, nome dado pelo presidente Alberto Fujimori no dia da operação de resgate dos reféns, a chamada durante os últimos quatros meses, operação “Tenaz”. O nome de Chavén de Huántar se inspirou na antigua civilização pré Inca do mesmo nome, que data de 3000 AC e está localizado a 100 km da capital de Huaraz, o setor de Ancash no centro da região do Peru. A civilização e a cultura Chavín de Huántar são conhecidas por sua espetacular arquitetura que destaca-se por suas redes de túneis e sistemas de irrigação de água subterrânea que se correm por toda a cidade. Também seus guerreiros utilizam estes túneis para lutar e defender a cidade dos ataques.
49
Fujimori se reuniu com quarenta e três esposas dos reféns e outros membros da
família, para falar sobre a crise e solicitar seu apoio e que mantivessem a calma. Um
pequeno hospital se estabeleceu dentro dos terrenos da residência junto ao edifício
principal. Esta zona era o novo sítio de negociações para todas as próximas
reuniões entre o MRTA e a equipe de negociação.
Quatro médicos e uma enfermeira permaneceram no local para tratar os
reféns, assim como dos terroristas. No dia seguinte, os membros da SUAT
realizaram uma demostração de uma operação de resgate de reféns, em frente das
câmeras dos jornalistas japoneses, para mostrar o poder de força contra o MRTA.
Em 1º de fevereiro de 1997, o presidente Fujimori e o Primeiro Ministro do
Japão, Hashimoto enviam uma mensagem aos terroristas confirmando que
manteriam um diálogo direto com eles, sendo nomeado Terusuke Tarada como novo
membro da Comissão Garante. Mais tarde, nesse mesmo dia, o presidente Fujimori
viaja para o Canadá, onde se reúne com o Primeiro Ministro do Japão, Ryutaro
Hashimoto e firmam uma Declaração Conjunta de Toronto. Esta declaração reafirma
as intenções de ambas as partes (Peru e Japão) de terminarem com a crise de
maneira pacífica, dando prioridade a salvar as vidas humanas (LÓPEZ, 1998, p.
122).
No dia seguinte, o presidente Fujimori viaja a Washington e se reúne com o
presidente Clinton. Revelando que os terroristas do MRTA não continuam exigindo a
liberação de seus companheiros, mas, que estavam dispostos a iniciar um diálogo
mais uma vez. O presidente Clinton elogia os esforços de Fujimori e sua postura
dura. Em 14 de fevereiro, o presidente Fujimori viaja para a República Dominicana e
se reúne com o presidente Leonel Fernández. O presidente Fernández destaca ao
presidente Fujimori e encoraja para que ocorra uma resolução rápida e pacífica para
a crise. De volta à residência japonesa, seis disparos são realizados durante a noite
pelos terroristas do MRTA. Quando se pediu que explicassem o que estava
acontecendo, Cerpa respondeu que era para comemorar a morte de Hermigidio
Huerta e dos cinco trabalhadores da instalação têxtil Cromotex, que teriam sido
mortos há quase vinte anos numa manifestação hostil liderada por Cerpa.
Em 6 de fevereiro de 1997, as 10:30h, Monsenhor Cipriani e Michael
Minning começam as negociações com os terroristas do MRTA, uma vez más. No
dia seguinte, entre as 10:30h e às 17:00h, todos os reféns fazem uma avaliação
50
médica. Em 9 de fevereiro de 1997, Monsenhor Cipriani realiza uma missa dentro da
residência, ouvindo as confissões de dezenas de reféns. No dia seguinte, os
terroristas do MRTA lançam uma granada contra membros da PNP que estavam
numa casa próxima, em resposta as provocações feitas pela polícia.
Durante os próximos três dias, Domingo Palermo procura conversar com o
terrorista Rolly Rojas (homem número dois do MRTA, também conhecido como “O
Arábe”).
Em 10 de fevereiro, Fujimori viajou a Londres e se reuniu com o Primeiro
Ministro John Major, que apóia plenamente as intenções de Fujimori e o aconselha a
continuar com o processo de negociações. Em 20 de fevereiro de 1997, Palermo
conversa com Rolly Rojas pela quarta vez. Durante estas negociações, Néstor
Cerpa assiste pela primeira vez. Membros do SIN, se infiltram como parte da equipe
de negociações e recolhem valiosas informações de inteligência. Quatro dias mais
tarde, Cerpa Cartolini sai da residência e solicita falar com Palermo. Cerpa anuncia
que mais reféns serão libertados nos próximos dias. A quinta rodada de negociações
conduziu a um progresso real no mesmo dia. Em 25 e 27 de fevereiro de 1997,
Palermo conversa com o MRTA, pela sexta vez e a sétima vez com um progresso
real, uma vez mais. Dois terroristas do MRTA foram vistos na noite patrulhando o
telhado da residência com uniforme de combate, carregando suas armas, munição e
granada. No dia seguinte, o presidente Fujimori faz uma visita surpresa a República
Dominicana para reuniu-se com o presidente Leonel Fernández e pede asilo para os
terroristas. Em 3 de março, o presidente Fujimori viaja para Cuba e se reúne com o
presidente Fidel Castro para solicitar asilo aos quatorze terroristas do MRTA. Castro
declara por escrito que não aprova as ações do MRTA, porém estaria disposto a
recebê-los em seu país. De 4 a 5 de março de 1997, as nona e décima rodadas de
negociações foram realizadas entre Palermo e o MRTA. Para Palermo, torna-se
evidente que o MRTA não está disposto a negociar contra qualquer de suas
exigências originais, nem tampouco esperam que a crise durasse tanto tempo. Em 6
de março de 1997, os terroristas do MRTA suspeitam que um túnel foi escavado na
residência, ouvem ruídos da construção sob a residência e vem rachaduras frescas
no piso da sala de estar. O General da PNP Tomás Castillo Meza nega qualquer
51
conhecimento de um túnel quando foi perguntado pelos terroristas quando
inspecionavam o piso61
As negociações entre o MRTA e o porta voz param imediatamente. Fujimori,
admite que esta considerando todas as opções militares para resolver a crise,
inclusive ações aéreas e o uso de tanques.
Os jornais locais publicam imagens de veículos do Governo que são
removidos do perímetro. Estas fotos são transmitidas pela televisão nacional para
que todos as vejam, inclusive os terroristas do MRTA, dentro da residência.
Em 9 de março de 1997, o MRTA está disposto a iniciar as negociações,
uma vez mais. O Papa Paulo II, pede a liberação dos setenta e dois reféns ao
MRTA. Durante os próximos dias aumenta a tensão dentro da residência e o
embaixador boliviano Jorge Gumucio enfrenta os terroristas do MRTA depois de ter
sido insultado e ofendido por eles com insultos sobre a Bolívia. A postura de
Gumucio contra Cerpa incita a todos os reféns a cantar os hinos nacionais do Peru e
da Bolívia, até que Cerpa peça desculpa. Esta confrontação marca um ponto de
inflexão dos reféns.
Em 19 de março de 1997, o Exército peruano captura trinta e dois membros
de Juan Santos Atahualpa do MRTA62. Durante os dias seguintes, o vice Ministro
japonês volta a Tokio e assegura que não haverá uma solução rápida para a crise.
Durante a semana, o MRTA anuncia que aceitará o asilo em Cuba. Também durante
essa semana, as unidades militares descobrem um carregamento de armas
destinadas a Juan Santos Atahualpa, do MRTA, entrando no país através da
fronteira com o Equador. O envio incluía rifles de assalto AK-47, lançadores de
granadas, mísseis e metralhadoras.
Em 28 de março de 1997, o sacerdote jesuíta Juan Julio Wicht, realiza um
serviço na Sexta Feira Santa; vários dos terroristas do MRTA assistem. Na manhã
seguinte, Néstor Cerpa paraliza todas as negociações, insistindo na liberação dos
presos do MRTA. Nesse dia, Francisco Tudela e Morihisa Aoki se vem brevemente
a uma das janelas da residência. Outra vez, em 30 de março, o Papa Juan Paulo II,
pede pela libertação dos setenta e dois reféns ao MRTA.
61
O grupo mineiro responsável pela construção dos túneis chegou a ser conhecido como "Los Topos
del Silencio" e contratou a quase 60 pessoas ao final do projecto (Chávez López, 1998, p. 171). 62
Sub Frente Gerrillero Juan Santos Atahualpa do MRTA, nome do dirigente indígena que quebrou
em 1742, que cujo propósito era restaurar o Inca expulsar os espanhois.
52
Fujimori insiste que não negociará com o MRTA se continuar insistindo pela
libertação dos presos do MRTA.
Em 3 de abril de 1997, uma equipe médica da Cruz Roja Internacional, entra
na residência com uma máquina de resonância magnética portátil para comprovar o
estado de saúde de vários reféns. Vários dias depois, Fujimori visita o presidente
boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada, na Bolívia. Em uma conferência com a
imprensa em Santa Cruz, o presidente Fujimori afirma que uma operação militar será
o último recurso para a resolução da crise. Em 14 de abril, pede que os jornalistas
se afastem uns dez metros do perímetro e voltem à localização original.
Em 16 de abril de 1997, um dos reféns estabeleceu contato com sua família,
através de um megafone, do interior da residência. Nesse mesmo momento, Jean
Pierre Schaerer membro da Cruz Roja Internacional foi expulso do país, por ter
ajudado os terroristas do MRTA. Na manhã seguinte, o ministro das Relações
Exteriores cubano, Roberto Robaina, se reúne com o Primeiro Ministro japonês
Ryutaro Hashimoto, em Tokio, e ofereceu uma vez mais ajuda. O Vice-Almirante
(Rfm) Giampietri enviou mensagem que indica que os reféns estão considerando
seriamento colocar em prática um plano de fuga. O SIN respondeu com outra
mensagem que mantivessem a calma e não tentassem nada, que a crise seria
resolvida. Durante a missa do padre Juan Julio Wicht, o sacerdote chama os
terroristas do MRTA “...irmãos, todos somos filhos de Deus, somo todos peruanos”
(WICHT, 1998, p. 216).
Em 18 de abril de 1997, durante celebração de aniversário de Juan Julio
Wicht, os membros do MRTA propõem um Bride com vinho para o sacerdote. Wicht
reconhece que os terroristas realmente tem feito uma conexão com ele e brinda com
a segurança de que Deus tenha a última palavra. Na manhã seguinte, o Ministro do
Interior e o chefe da PNP renunciam a seus cargos, como protesto a intervenção
militar para resgatar os reféns.
Em 21 de abril de 1997, Domingo Palermo sai do Congresso e insiste no fato
de que as negociações ainda estão em curso. O Vice-Almirante (Rfm) Giampietri,
enviou mais de oitenta mensagens diárias, detalhando tudo o que estavam fazendo
os terroristas. E informa a alguns dos reféns que o resgate é eminente, orientando-
os a vestirem com roupas claras para ajudar a força de resgate em sua identificação.
53
5 OPERAÇÃO CHAVÍN DE HUÁNTAR
Em 22 de abril de 1997, as 14:20h, 140 integrantes das Forças Especiais do
Exército e da Unidade Especiais de Combate (UEC) de Infantaria de Marinha
peruana, ocuparam posições nos túneis subterrâneos, esperando as ordens para
começarem o ataque. Treze terroristas do MRTA foram até o segundo andar para
começarem seu futebol de todos os dias.
Todavia, um terrorista do MRTA estava em cima como guarda e cinco
estavam em baixo vendo o jogo, enquanto os outros estavam jogando. As 15:14h, o
Vice-Almirante (Rfm) Giampietri enviou a palavra chave: “Maria está enferma”,
através do rádio transmissor que estava no fundo falso do violão, dado pela Cruz
Roja Internacional, indicando que haviam cumprido todas as condições prévias para
se iniciar o resgate dos reféns. Vinte comandos de franco atirador assumem suas
posições ao longo dos telhados aos redores da residência, apenas aguardando a
autorização para disparar. Imediatamente depois, um helicópetro da agência de
notícias sobrevoa a residência e quase compromete toda a operação.
As 15:23h, três cargas simultâneas explodem o piso da sala de estar, sala
de jantar e cozinha da residência japonesa, matando imediatamente quatro
terroristas que estavam jogando futebol e vários feridos. Os 140 integrantes das
Forças Especiais saem dos cinco túneis de lados diferentes da residência e tomam o
edifício, matando os outros terroristas. Dois dos integrantes das Forças Especiais
também morreram durante o resgate: o Coronel Juan Valer e o Capitão Raúl
Jiménez. A operação dura aproximadamente trinta e cinco minutos e obteve pleno
êxito, elogiada por todo o mundo.
5.1 FASE 1: PLANEJAMENTO, PREPARAÇÃO E ENSAIOS
A Força de Resgate na Operação Chavín de Huántar, teve cento e vinte seis
dias para sua preparação. Logo após, tomarem a residência dos terroristas, a PNP
desenvolve um plano de assalto de emergência com a SUAT, mantida no local com
uma tarefa de vários dias, até que a unidade designada se organizasse
corretamente, dada a magnitude e designação da “força de regaste”.
54
Em quanto isto, as forças da PNP e SUAT uniam esforços para realizarem o
resgate de emergência. Alguns integrantes da PNP estavam frustrados e
impacientes e queriam terminar logo com a crise, desenvolvendo uma grande
variedade de planos de resgate,elaborados apressadamente. Finalmente, o
presidente Fujimori, como comandante e chefe de todas as Forças, estabeleceu que
o General Hermosa Ríos seria o comandante da Força de Resgate e que o Sr.
Vladimiro Montesinos, ficaria a cargo de todas as Operações de Inteligência.
Deu-se início no princípio de janeiro para a construção de uma réplica da
residência, com o intuito de treinar os integrantes das Forças Especiais, a fim de
obterem sucesso em situações iguais de confronto. Quarenta trabalhadores civis
foram contratados para iniciarem a construção de uma maquete em tamanho real,
na Brigada das Forças Especiais do Exército peruano. Inicialmente, o local estava
destinado a replica somente do Primeiro piso da residência, que seria feita de tijolos.
Como se prolongou a captura dos reféns, deu-se início a construção de uma
maquete do segundo piso da residência, construída ao lado da primeira instalação.
Conforme passou o tempo, a construção continuou com um segundo piso
adicionado a parte superior desta última maquete como a segunda distribução da
instalação, convertendo-se numa construção de dois pisos. Com o tempo, os túneis
foram construídos, o que permitiu realizar ensaios com fogo real e explosivos pelas
Forças de Resgate. Os planos inciais e disponíveis da residência japonesa não
coincidiram com a construção real da residência; pois haviam sido realizadas
modificações estruturais na sua construção original. Finalmente, através de uma
série de esforços, foram atualizadas as plantas da residência com fax enviados do
Japão, que permitiu a construção da maquete fosse idêntica a original.
Foram realizadas numerosas provas e ensaios com diferentes tipos de
cargas explosivas perfeitas que deveriam serem utilizadas durante o resgate. A
principal preocupação era de que a explosão tivesse a força suficiente para fazer um
buraco no piso da residência e eliminasse a maior quantidade de terroristas
possíveis, sem afetar o segundo piso, onde estavam os reféns. Tiveram que
improvisar e elaborar uma série de cargas explosivas que seriam colocadas nos
túneis, no solo em baixo da residência.
55
5.2 FASE 2: APROXIMAÇÃO E ASSALTO
O mais engenhoso do plano de resgate da Operação Chavín de Huántar, foi
desenvolver um ataque com explosivos no subsolo. Os terroristas do MRTA nunca
imaginariam que o ataque viria do subsolo. Ao longo de quatro meses de
planejamento e preparação, nove túneis foram cavados por debaixo da residência
num excelente trabalho de engenharia, os túneis começaram desde habitações
alugadas pelo Governo, do outro lado da rua principal da residência, nas ruas, sob o
muro perimetral, através da zona do jardim, por debaixo da residência real. Estes
túneis não somente proporcionaram uma excelente maneira de infiltrar-se na área
objetiva sem ser detectado, mas também, proporcionou uma zona de segurança
para realizar-se a vigilância, reconhecimento e planejamento do último minuto. Duas
pessoas ajustavam as condições dos túneis durante o dia, para que fossem bem
ventilados, que tivessem iluminação adequada e piso acochoado para eliminar o
ruído. Os túneis estavam conectados por três centros operativos tácticos, com
equipes de comunicações, mesas de planejamento e gráficos, um sistema de alarme
único de sinalização. No dia da execução os 140 membros da Força Resgate foram
ordenados que entrasse nos túneis e assumissem suas respectivas posições. Foi
realizado este treinamento três vezes, até que se completarem todas as condições
pré estabelecidas para se realizar o resgate, era fundamental que pelo menos treze
membros do MRTA estivessem no primeiro piso, num só lugar, de preferência na
zona da sala de jantar e assim se poderia eliminar a todos com uma carga de
explosivos. Uma vez que os trezes terroristas do MRTA estavam no primeiro piso, o
Vice-Almirante (Rfm) Giampietri, deu um sinal e abriu a trava da porta da entrada
que dá acesso do pátio para o segundo piso. Nesse momento, o General Hermosa
Ríos chamou a Vladimiro Montesinos e informou que as Forças Especiais estavam
prontas. Montesinos, chamou pelo telefone a Fujimori, informando o estado alvo.
Fujimori aprovou. As 15:21h, a Força iniciou a incursão depois de cinco segundos da
contagem regressiva, a qual seria o sinal da detonação de três cargas explosivas
debaixo da residência. Imediatamente depois das exploções, os integrantes do
Exército e os Infantes da Marinha da UEC, ingressaram em todas as direções,
equipes especiais, com áreas de responsabilidade específicas, dividiando a
residência em nove zonas das respectivas missões e pontos de coordenação.
56
Em questão de minutos, a residência japonesa estava sob o controle dos
140 integrantes das Forças Especiais. Um terrrorista se entricheirou no segundo
piso e desta posição lutou contra os integrantes das Forças Especiais, durante trinta
minutos mais ou menos, até que dois integrantes que estavam no telhado,
detonaram uma carga no telhado, finalmente neutralizando está ação. Uma equipe
de franco atiradores-observadores do outro lado da rua, informaram a dois dos
militares onde deveriam ser colocadas a carga através do rádio, tendo como objetivo
matar este último terrorista do MRTA. Uma vez que o objetivo foi alcançado,
constatou que vinte e cinco membros da Força Especiais tinham sido feridos e dois
deles foram mortos, assim como um dos reféns (Carlos Giusti), que morreu na
realidade devido a um ataque cardíaco, devido a perda de sangue ocasionado pelo
ferimento a bala que cortou a artéria femoral, na perna direita (CELI,1997,P 58).
5.3 FASE 3: FINAL DO ASSALTO
O presidente Fujimori imediatamente assumiu a situação, diante a realização
do ocorrido, entrou na residência assim que terminou o resgate. Elogiou as Forças
Armadas peruanas publicamente, cantando o hino nacional peruano, conjuntamente
com os Integrantes das Forças Especiais.
Internacionalmente, a operação militar foi vista com bons olhos pelos outros
Governos. Vários presidentes da Região Andina (André Pastrana, da Colômbia,
Gonzalo Sánchez de Lozada, da Bolívia e Rafael Caldera, da Venezuela),
aprovaram as decisões de Alberto Fujimori. Esta informação foi feita numa
declaração pública no IX Conselho Persidencial Andino, embora existam algumas
exceções:
- No dia 25 de abril, ocorreram protestos na embaixada peruana, em
Santiago do Chile. Alguns manifestantes disseram aos repórteres de televisão, que
”Nós somos totalmente contra atos de crueldade e que nunca deveriam ocorrer”;
- Como resposta, o Ministro das Relações Exteriores do Chile, declarou que
“o Governo chileno tem manifestado sua satisfação com o resultado da crise. É
verdade que devemos lamentar a perda de várias vidas, porém é também
importante reconhecer que não havia outra saída possível”; e
57
- Na cidade do México, em 23 de abril, dezenas de pessoas se reuniram em
frente à Embaixada do Peru para protestar. Os manifestantes lançaram pintura
vermelha e tomates contra o edifício, gritando “Fujimori assassino” e “América Latina
está de luto”.
58
6 PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES DE RESGATE DOS REFÉNS
6.1 INTELIGÊNCIA
O fator mais crítico para o êxito da Operação Chavín de Huántar foram às
operações de espionagem. Através da comunicação constante, se obteve uma
vantagem substancial, desde primeiras etapas do desenvolvimento da incursão, pois
o grupo de resgate e as células de planejamento contaram com as ligações
recebidas do beeper, que um dos reféns mantinha em seu poder desde início,
ocultado dos terroristas do MRTA e entregues ao Vice-Almirante (Rfm) Giampietri,
que enviou do número do localizador para as Forças da PNP. Também se
estabeleceu comunicação por meio dos aparatos eletrônicos, a contar do início,
dentro da residência com o material que entrou pela Cruz Vermelha Internacional.
Esta linha aberta de comunicação foi sem precedente, também proporcinou
uma linha de salvamento para os reféns que manteve sua moral e ânimo ao longo
da crise, ao saberem que um plano de resgate estava sendo desenvolvido. Além das
comunicações eletrônicas, os reféns estabeleceram um plano de comunicações com
as Forças Especiais, através de um sistema de sinais com uma toalha pela janela do
banheiro. Eles recebiam mensagens no localizador (beeper) e respondiam com uma
toalha e com o polegar para cima ou para baixo, assim confirmavam ou negavam.
Foi ativada a Inteligência Humana (HUMINT), em torno da residência com o objetivo
de pegar os membros do MRTA ou seus colaboradores. Também houve uma
interferência eletrônica do rádio de cinco kilômetros ao redor da residência, visando
à prevenção das comunicações por telefone celular na zona. Quatro equipes de
observadores-franco atiradores foram enviadas de imediato pela SUAT, ficando
reservados junto com o pessoal de francos atiradores da UEC. Estas equipes
proporcionavam informações constantes do objetivo, dando condições necessárias
para serem disparados tiros de precisão em direção aos terroristas. O SIN alugou
cinco casas ao longo do setor sul da residência, que foram usadas para comandar,
controlar, fazer o reconhecimento, vigilância, sustento da tropa na área durante os
últimos dias prévios ao resgate. “Sabiamos que era indispensável saber o que os
terroristas estavam pensando e ao mesmo tempo ocultar nossas intenções” (RIOS,
1997, p. 144).
59
O pessoal de inteligência utilizou periscópios, dispositivos de escuta dentro
do interior dos túneis para reunir informações sobre os terroristas, sobre as minas e
armadilhas explosivas, que foram colocadas ao redor da residência, além das
informações de interesse.
6.2 SURPRESA
Os terroristas do MRTA nunca esperavam uma incursão em plena luz do dia,
muito menos proveniente do subsolo. A única maneira possível que pensavam seria
através de helicóperos. Os terroristas colocaram armadilhas no jardim e acessos à
residência, pois estavam seguros que qualquer intenção de resgate viria pelo ar. A
detonação dos explosivos na residência, supreendeu a incursão.
À hora eleita, o curso das negociações, as ações de uma inteligência
dissimulada e a inteligência no tempo real alimentaram as Forças Especiais, todos
estes fatores contribuíram então para êxito total do fator surpresa. Treze terroristas
estavam na área da sala de jantar da residência durante a detonação das cargas
explosivas. Acreditaram que somente quatro terroristas morreram por causa da
explosão inicial. Isto devido ao fato que um helicópetro de uma agência de notícias,
sobrevoava a área próxima, vinte segundos antes da explosão; quando os terroristas
escutaram o helicóptero deixaram de jogar futebol e passaram a observar pela
janela. Do contrário, muitos mais terroristas teriam sido mortos durante explosão
inicial. O efeito do choque da explosão inicial deu as Forças Especiais os precisosos
segundos necessários para uma rápida entrada na área objeto, ganhando vantagem
com o choque e o caos produzidos pelas explosões. O princípio da surpresa permitiu
que as Forças Especiais entrassem, apontando rapidamente e assim dominando
todos os pontos vulneráveis, neutralizando a ameaça discrimnada. Imediatamente a
explosão, o pessoal dos túneis retirou as tábuas que sustentava a pouca terra que
cobria as aberturas dos túneis saindo correndo para se localizarem junto às entradas
respectivamente. Uma equipe não pode retirar todas as tábuas e teve que sair
usando um túnel diferente. Os militares responsáveis por abrir a parte superior do
solo, freneticamente rasparam o solo tirando as raízes e as articulações isto com
suas próprias mãos num intento desesperado para eliminarem a terra que estava na
60
entrada. Incapaz de sair do túnel, tendo que voltar atrás e se dirigirem a outro túnel.
Este já testado durante parte do planejamento de contingência nos ensaios,
decidindo-se rapidamente irem ao ponto de entrada alternativo.
Numa missão de Operações Especiais, o conceito de velocidade é simples.
Chegar a seu objetivo o mais rápido que seja possível. Qualquer atraso ampliará sua
área de vulnerabilidade e diminuirá sua oportunidade de obter a superioridade
necessária. (MCRAVEN, 1995, p. 19).
6.3 HABILIDADES DO OPERADOR
As Forças Especiais de cento e quarenta homens, ensaiaram a operação
centenas de vezes, realizando treinamento de tiro real e explosões, simulando o
resgate na replica da residência.
Os militares tinham experiência em situações de stress e combate real.
Cada membro das Forças Especiais sabia exatamente da quantidade de
passos que tinham que tomar e o que fazer diante de uma situação diferente.
Um fator importante para as contigências previstas era o uso de uma ajuda
pré planejada de outros elementos como apoio, equipes específicas que entrariam
como parte da incursão para proporcionar apoio durante o resgate tais como:
bombeiros, médicos e equipes de reserva, todos entrariam imediatamente atrás das
Forças Especiais e todos foram necessários e utilizados durante a incursão.
Os planos de emergência para chamar estas equipes especiais foram
ensaiadas como parte da missão, assinalando códigos específicos para cada
situação particular. Cada contigência foi programada durante os ensaios.
6.4 ENGANO
A Operação Chavín de Huántar foi também um exemplo clássico do
coordenado plano de ilusão nos níveis estratégico, operacional e tático. O
Presidente Fujimori enganou ao MRTA para ganhar tempo, guiando-os através de
uma negociação astuta sem fim. As operações para iludir aos terroristas, utilizaram
61
o SIN e as Forças Armadas, criadas especificamente para aumentar o fator
surpresa. A surpresa foi uma conseqüência direta da utilização com êxito das
operações para iludirem aos terroristas durante cento e vinte e seis dias. O uso de
alto falantes para ocultar os ruídos das escavações do túnel, a propaganda, as
demonstrações de força da Polícia Nacional e do Exército, os sobrevôos, o uso de
pessoal de inteligência como jornalistas, tudo contribui para uma completa estratégia
ilusória bem planejada. Isto permitiu que as Forças Especiais se movessem sob a
residência por mais de trinta horas antes da operação. O Governo peruano dominou
a segurança operacional, inclusive o controle dos meios de comunicação e da
comunidade internacional ao longo do prolongado processo até se planejar o
resgaste.
Os terroristas do MRTA foram enganados e levados a acreditar que tinham
vantagens superiores ao longo de todas as negociações. Foram levados a crer que
o uso da Força não seria considerado, especialmente com o irmão do presidente
Fujimori ainda dentro da residência.
O presidente Fujimori se dirigiu ao MRTA para fazer-los crer que
eventualmente concederia suas exigências, dando-lhes vantagens no processo de
negociações; esgotados os terroristas foram levados a cometer erros críticos.
62
7 ANÁLISE
7.1 POLÍTICO – SOCIAL
O surgimento dos movimentos terroristas no Peru, é realizado nas zonas
mais necessitados do país devido às seguintes razões:
- Nestas regiões existem populações que vivem em extrema pobreza com
pouco ou nenhuma presença do Estado, nos quais o controle e a ordem são
mínimos;
- As escassas vias de comunicação permitem que estas populações possam
sere facilmente controladas por organizações terroristas, desenvolvendo então sua
política de adoutrinamento;
- Os terrenos montanhosos e agrestes facilitam a clandestinidade e ajudam
a escondem os terroristas que acabam obtendo amplo campo de batalha para poder
enfrentar ao Estado, já que conhecem melhor o terreno; e
- Inicialmente eram conhecidos estes movimentos como simples
delinqüentes, mafiosos ou ladrões, nunca como um problema social produzido pela
falta da presença do Estado e o centraritarismo imperante no país.
A situação do Peru nos anos 90 era de um país em queda econômica e com
dois grupos terroristas abalando o país. O presidente Alberto Fujimori realiza trocas
drásticas na política econômica, iniciando assim a recuperação econômica,
mediante uma política radical de choque econômico; na política contra o terrorismo
implementa uma importante e efetiva política antisubversiva de pacificação, com
novos papéis para as Forças Armadas e para a Polícia Nacional com o objetivo de
reconquistar a confiança da população marginal urbana, combatendo a fundo o
Sendero Luminoso, ao MRTA, para isto sustentando-se em quatro pilares
fundamentais:
- Uma estratégia integrada;
- Valorização e integração da Comunidade de Inteligência sob a direção de
sua entidade, o Serviço de Inteligência Nacional (SIN);
- Marco legal adequado face a uma eficaz ação do SL e do MRTA; e
- Organização voluntária da população para sua própria defesa.
63
Obtendo com estas medidas ser reconhecido e reeleito o presidente, porém,
as graves repercussões políticas produzidas por vários anos depois do resgate,
principalmente devido às investigações efetuadas pela CVR, em resposta as
denuncias de assassinato no interior da residência. Denúncias que são instigadas
pelos movimentos de esquerda peruanos, num esforço para prejudicar Fujimori e
levá-lo ao tribunal por sua relação com o Chefe da Inteligência Vladimiro
Montesinos, por supostos vínculos com drogas, extorsão, lavagem de dinheiro e
suborno de funcionários públicos. A CVR indica que o presidente Fujimori ordenou
as Forças Armadas a entrarem na residência e assassinarem a todos os terroristas
do MRTA. Estas acusações enfraqueceram o prestígio das Forças Especiais, logo
depois de executarem uma excelente operação de resgate. Membros das Forças
Especiais foram chamados para responderem um processo judicial, enfrentando
acusações de assassinato e assassinato premeditado. Obviamente, a CVR não
reconhece a natureza deste tipo de operações.
A Comissão da Verdade tem ido tão longe para investigar utilizando-se da
análise forense nos cadáveres do MRTA, para estudar os lugares de impacto da
bala e o número de disparos feitos em cada um dos corpos, tratando de demonstrar
que os terroristas do MRTA foram assassinados. Eles argumentam que dado a
posição dos corpos dos terroristas apresentam tiros nas áreas do peito e de frente,
em todo grupo, portanto estes teriam sido assassinados. Suas conclusões somente
demonstram a excelente pontaria e a disciplina das Forças Especiais do Peru.
7.2 MILITAR
- Quando ocorreu a crise com os reféns no Peru, existiam três Unidades
Militares capacitadas em missões de resgate de reféns: a Unidade Especial de
Combate (UEC) de Infantaria da Marinha; os Comandos do Exército e a Sub-
Unidade de Ações Táticas (SUAT) da PNP. A maioria dos membros destas unidades
tinha participado anteriormente em programas de intercâmbio antiterrorismos nos os
EUA e em Israel, portanto tinham experiência de combate contra o Sendero
64
Luminoso e na Guerra contra o Equador63. Individualmente, estas unidades não
podiam manusear um objetivo de tal magnitude, devido a escassez de pessoal e
equipes. Finalmente, o Presidente do Comando Conjunto das Forças Armadas,
General Hermosa Ríos, deu a direção para se estabelecer uma Unidade Conjunta,
composta principalmente pelos comandos do Exército e dos Infantes da Marinha da
UEC.
- Os EUA, Grã Bretanha e Israel oferecem ajuda mediante envios de
representantes de suas respectivas unidades antiterroristas como assessores, mas
o presidente Fujimori não aceitou.
- A operação foi bem planejada e executda, sendo considerada como uma
das mais exitosas operações de todos os tempos.
- Os militares tiveram quase 25% de baixas, sinalizando a dificuldade da
operação pela fanática resistência dos terroristas e as armadilhas explosivas que
foram plantadas em toda a parte.
- As acusações sobre direitos humanos nos processos contra os militares se
instrumentalizaram com o desprezível fim de saciar uma sede de vingança contra os
que combateram o terrorismo.
O propósito da missão deve ser meticulosamente ser compreendido antes de entrar em ação e os homens devem estar inspirados com uma sensação de dedicação pessoal que não conhece limites. McRaven cit o Capitão alemão Otto Skorzeny quando fala: “Quando um homem é movido pelo puro entusiasmo e pela convicção de que está arriscando sua vida numa nobre causa...proporciona os elementos esenciais para o êxito.
63
Guerra entre Equador e Peru, 26 de janeiro de 1995, nas montanhas seváticas da Cordilheira do Cóndor, um fogo alto entrando em trégua em 1º de março de 1995, depois da paz e tensas conversações, as fronteiras foram desmilitarizadas nas disputas na selva. Em 26 de outubro de 1998, os dois países firmaram um tratado de paz (informaçõ obtida de news.bbc.co.uk/hi/Spanish/latin_america/newsid_7274000/7274638.stm).
65
8 RECOMENDAÇÕES
- Ter a decisão política para enfrentar a subversão frontalmente de forma
aberta, em todas as expressões do Poder Nacional.
- Condições para um marco legal adequado para que o Governo atual não
faça uso destas leis antiterroristas como armas políticas para prender os opositores
ao regime ou desprestigiar os rivais políticos.
- Contar com o funcionamento de uma adequada lei que leve em conta o
arrependimento, evitando que esta lei seja usada como arma política.
- Unificar os sistemas de inteligência para que esta seja controlada pelo
Estado.
- A implementação de uma pena de prisão perpétua para líderes
comprovados e terroristas confessos, evitando que esta lei seja usada como arma
política.
- Atenção a ações socioeconômicas nas zonas mais necessitadas do país,
organizando-as para sua própria defesa.
- Efetivação do controle e erradicação do narcotráfico;
- Continuação da aplicação das normas e princípios dos direitos humanos
por parte das Forças de Ordem do Estado; e
- Que o Estado assuma a subversão como um problema social, produto da
grave situação que vive o país nas últimas décadas.
- Em qualquer situação de crise ocasinada pelos terroristas é necessário
considerar particularmente duas alternativas de solução: Pacífica e Militar.
- Não se deve ceder à extorsão ou a chantagem que seja imposta pelos
terroristas.
- Necessário se faz poder contar pernamente com uma força de intervenção
altamente capacitada para seu empregada em caso de emergência.
- As ações terroristas são imprevisíveis, já que podem se manifestar em
qualquer circunstância, tempo ou lugar, empregando meios que vão desde mais
simples até os mais engenhosos.
- De particular importância contar com uma inteligência preditiva e altamente
eficiente (antecipando-se aos fatos).
66
9 CONCLUSÕES
- A particularidade desta operação e os fatores que contribuíram para o êxito
desta operação de resgate se deveram pela: estratégia utilizada pelo Governo que
permitiu que se tivesse o tempo necessário para a escavação dos túneis
subterrâneos; o profissionalismo do pessoal das Forças Especiais; a ingenuidade
dos terroristas; e a vontade dos países que como Cuba ofereceram asilo aos
terroristas;
- Durante o processo de negociação poderia ter acontecido, que os
terroristas acreditassem que não estavam fazendo nenhum progresso através do
processo de negociação prolongado, elevando-se as tensões e pondo em risco a
segurança da operação e dos reféns. Porém, a Operação Chavín de Huántar teve
pleno êxito e foi um exemplo de uma operação de resgate, utilizando-se dos quatros
princípios para um resgate: Inteligência, Surpresa, Habilidade do Operador e
Engano, que trata de tais fatos:
- A paciência do Estado com os terroristas, esperando realizar o resgate logo
que os terroristas chegaram ao seu limite e assim cometeram erros táticos;
- Esta operação é uma ilustração perfeita da vantagem de que prolongando
o processo de negociações se ganha tempo, se desgasta os terroristas e
desenvolve um plano de resgate que pode ser executado no momento adequado;
- O presidente Fujimori nunca negociou com os terroristas. Nunca lhes deu a
idéia que iria libertar os presos que a solicitavam. Até o dia anterior a incursão;
O MRTA acreditava que tinha a vantagem, quando realmente era tudo ao
contrário;
- Fujimori manipulou a confiança até o ponto que se julgou ter o êxito da
incursão; e
Na operação de resgate dos reféns, buscou-se deter e prender os
terroristas, evitando que muitos reféns morressem.
67
REFERÊNCIAS
MOVIMENTO REVOLUCIONARIO TÚPAC AMARU. In: Wikipedia: a enciclopedialivre.EstadosUnidos: Fundação wikimedia, 2003. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Revolucionario_Túpac_Amaru. Rio de Janeiro, RJ. Acesso em: 4 ago. 2013. GALVEZ, Edgardo. Senderos de odio y muerte. Lima, Perú: Editora Clemente, Mayo 1993. MATIAS, Andres. CIA sendero luminoso : Guerra Política. Lima, Perú: Editora Apoyo. 1988. JARRÍN, Edgardo Mercado. La revolución geoestratégica. Lima, Peru: Centro de Altos Estudios Militares (CAEN). 2001. HISTORIA DE SENDERO LUMINOSO. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.izquierdanacional.org/soclat/articulos/cuando_el_error_teorico_politico_conduce_al_desacierto_estrategico/. Acesso em: 24 set. 2013. MCCORMICK, Gordon H. Sharp dressed man: Peru‟s Túpac Amaru revolutionary movement. Santa Monica, California: Rand-National Defense. Research Institute. 1993. ARNSON, Cynthia J. Comparative peace processes in Latin America. Port Chester, New York: Stanford University Press. 1999. LOPEZ, Danny Chavez. El menor riesgo era morir. Lima, Perú: Centro Cultural ESAN. 1998. BARRENECHEA, Alfredo. Terror en la Residencia. Lima, Perú: Editorial El Comercio,10 jan. 1997, p. A-5 AMPUERO, Fernando. Base Tokio. Lima, Peru: Empresa Editora El Comercio S.A. 1997. WICHT, Juan Julio; CASTRO, Luis Rey. Rehén voluntario. Lima, Perú: Santillana S.A. 1998. CELI, Federico Prieto. Rescate en Lima. San Isidro-Lima, Perú: Realidades S.A. 1997. HERMOSA-RIOS, Nicolas de Bari. Operación chavin de huantar: Rescate en la residencia de la Embajada del Japón. Lima, Perú: Talleres Gráficos Fimart S.A.1997. MCRAVEN, William H. Spec ops-case studies in special operations warfare: theory and practice. Novato, California: Presidio Press. 1996.
68
ASI FUE LA ULTIMA GUERRA, 3 marzo de 2008. Disponível em: News.bbc.co.uk-hi-spanish-latin_america-newssid_7274000-7274638.stm. Acesso em: 2 jul. 2013.